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O Gambito da Rainha

Antes de mais nada é preciso dizer que "O Gambito da Rainha" não se trata de xadrez, da mesma forma que o filme "Rocky" não se tratava de boxe - o esporte, seja ele qual for, nos conta ótimas histórias, reais ou de ficção, mas serve apenas como pano de fundo para mover o que mais nos interessa: o personagem em busca de superação, a partir de resiliência, dedicação e, acredite, fé (seja ela qual for)!

Beth Harmon (Anya Taylor-Joy) é uma criança prodígio, com um passado conturbado, sem nenhuma referência familiar ou de afeto. Com a morte de sua mãe em um acidente de carro, ela é levada para um orfanato e é lá que acaba aprendendo e se apaixonando pelo xadrez. A partir daí acompanhamos sua jornada como enxadrista: dos primeiros campeonatos até a disputa do campeonato mundial, competindo com os melhores do mundo (leia-se, os soviéticos) em plena Moscou da Guerra-Fria. Confira o trailer:

Ambientada nos anos 60, em um cenário onde a tensão política entre EUA e URSS criava uma uma atmosfera competitiva entre os dois países, "O Gambito da Rainha" acerta na mosca ao usar o esporte como fio condutor para tocar em outros temas bastante relevantes atualmente, como o abandono parental, o abuso de substâncias químicas como o álcool e calmantes, o patriarcado e a até a desigualdade de gênero. Sem dúvida alguma, estamos falando de uma minissérie leve, então não espere diálogos marcantes ou cenas impactantes no desenvolvimentos desses assuntos mais espinhosos e talvez por esse motivo. tenha atraído tanta audiência e se transformado na minissérie mais assistida do serviço de streaming da história nos seus primeiros 28 dias de exibição!

"O Gambito da Rainha" é um movimento de abertura em uma partida de xadrez onde se oferece um peão para adquirir vantagem de posição, romper a posição central do adversário ou organizar um ataque mais rápido e eficiente. Você sabia disso? Pois é, eu também não! E aí talvez esteja a jogada mais genial do planejamento estratégico da Netflix: mesmo com um título tão especifico como esse (que em português é ainda mais duvidoso) e tendo um esporte pouco, digamos, emocionante em destaque; colocar Anya Taylor-Joy no papel de protagonista para gerar o mínimo de curiosidade sobre a história se mostrou um grande acerto! Taylor-Joy (de "A Bruxa", "Fragmentado" e "Os Novos Mutantes") está simplesmente sensacional - e pode separar o Emmy ou Globo de Ouro de 2021 para ela! Além de linda, ela tem um efeito que hipnotiza com seu carisma - ela fala com olhar, com a o silêncio, com a paixão! É realmente um presente de personagem!

O roteiro, baseado no livro homônimo de Walter Trevis (1983), é muito bem construído - se respeitarmos as limitações narrativas impostas pelo serviço de streaming para atingir uma maior audiência. Se pensarmos que o projeto inicialmente seria de um filme (com Ellen Page como Beth Harmon), posso garantir que saímos ganhando! Os 7 episódios cobrem muito bem o desenvolvimento da protagonista como esportista e pincela razoavelmente bem os temas que vão ajudar a compor sua personalidade - você não verá o processo de decadência de Beth Harmon, mesmo com o texto flertando em vários momentos com essa expectativa, porém a jornada é tão bem trabalhada que nem nos damos conta que para o herói conseguir seu objetivo, ele precisa cair, retornar e enfrentar seus maiores fantasmas até a vitória final!

A minissérie é muito bem dirigida pelo Scott Frank - um talento como roteirista, indicado duas vezes ao Oscar ("Logan" e "Irresistível Paixão"), e que vem se provando um promissor diretor desde "Godless". O Desenho de Produção faz uma reconstituição de época bem interessante também, embora algumas aplicações de cenários virtuais tenham ficado bem falsos, mas mesmo assim, tanto os figurinos, quanto a direção de arte em si, estão muito bonitos. Dois pontos merecem nossa atenção: a trilha sonora é cuidadosa, funciona como gatilhos emocionais em todo momento chave - da mesma forma como em "Rocky 4" para seguirmos com a comparação (mesmo que pareça esdrúxula). E a intervenções gráficas do tabuleiro de xadrez quando Harmon está sob o efeito dos calmantes, são muito legais!

Não poderia terminar essa análise sem deixar de citar Isla Johnston - a  Beth Harmon criança do primeiro episódio. Essa menina é um fenômeno - guardem o nome dela! Pois bem, "O Gambito da Rainha" não é um sucesso por acaso, como fica fácil comprovar após esse texto. Tudo que é preciso para criar uma jornada emocionante de superação está na história. Procurei não entrar em tantos detalhes narrativos para não influenciar na sua experiência, mas pode embarcar tranquilamente que serão quase sete horas de um ótimo entretenimento, mas poucas surpresas! Vale a pena ! 

Assista Agora

Antes de mais nada é preciso dizer que "O Gambito da Rainha" não se trata de xadrez, da mesma forma que o filme "Rocky" não se tratava de boxe - o esporte, seja ele qual for, nos conta ótimas histórias, reais ou de ficção, mas serve apenas como pano de fundo para mover o que mais nos interessa: o personagem em busca de superação, a partir de resiliência, dedicação e, acredite, fé (seja ela qual for)!

Beth Harmon (Anya Taylor-Joy) é uma criança prodígio, com um passado conturbado, sem nenhuma referência familiar ou de afeto. Com a morte de sua mãe em um acidente de carro, ela é levada para um orfanato e é lá que acaba aprendendo e se apaixonando pelo xadrez. A partir daí acompanhamos sua jornada como enxadrista: dos primeiros campeonatos até a disputa do campeonato mundial, competindo com os melhores do mundo (leia-se, os soviéticos) em plena Moscou da Guerra-Fria. Confira o trailer:

Ambientada nos anos 60, em um cenário onde a tensão política entre EUA e URSS criava uma uma atmosfera competitiva entre os dois países, "O Gambito da Rainha" acerta na mosca ao usar o esporte como fio condutor para tocar em outros temas bastante relevantes atualmente, como o abandono parental, o abuso de substâncias químicas como o álcool e calmantes, o patriarcado e a até a desigualdade de gênero. Sem dúvida alguma, estamos falando de uma minissérie leve, então não espere diálogos marcantes ou cenas impactantes no desenvolvimentos desses assuntos mais espinhosos e talvez por esse motivo. tenha atraído tanta audiência e se transformado na minissérie mais assistida do serviço de streaming da história nos seus primeiros 28 dias de exibição!

"O Gambito da Rainha" é um movimento de abertura em uma partida de xadrez onde se oferece um peão para adquirir vantagem de posição, romper a posição central do adversário ou organizar um ataque mais rápido e eficiente. Você sabia disso? Pois é, eu também não! E aí talvez esteja a jogada mais genial do planejamento estratégico da Netflix: mesmo com um título tão especifico como esse (que em português é ainda mais duvidoso) e tendo um esporte pouco, digamos, emocionante em destaque; colocar Anya Taylor-Joy no papel de protagonista para gerar o mínimo de curiosidade sobre a história se mostrou um grande acerto! Taylor-Joy (de "A Bruxa", "Fragmentado" e "Os Novos Mutantes") está simplesmente sensacional - e pode separar o Emmy ou Globo de Ouro de 2021 para ela! Além de linda, ela tem um efeito que hipnotiza com seu carisma - ela fala com olhar, com a o silêncio, com a paixão! É realmente um presente de personagem!

O roteiro, baseado no livro homônimo de Walter Trevis (1983), é muito bem construído - se respeitarmos as limitações narrativas impostas pelo serviço de streaming para atingir uma maior audiência. Se pensarmos que o projeto inicialmente seria de um filme (com Ellen Page como Beth Harmon), posso garantir que saímos ganhando! Os 7 episódios cobrem muito bem o desenvolvimento da protagonista como esportista e pincela razoavelmente bem os temas que vão ajudar a compor sua personalidade - você não verá o processo de decadência de Beth Harmon, mesmo com o texto flertando em vários momentos com essa expectativa, porém a jornada é tão bem trabalhada que nem nos damos conta que para o herói conseguir seu objetivo, ele precisa cair, retornar e enfrentar seus maiores fantasmas até a vitória final!

A minissérie é muito bem dirigida pelo Scott Frank - um talento como roteirista, indicado duas vezes ao Oscar ("Logan" e "Irresistível Paixão"), e que vem se provando um promissor diretor desde "Godless". O Desenho de Produção faz uma reconstituição de época bem interessante também, embora algumas aplicações de cenários virtuais tenham ficado bem falsos, mas mesmo assim, tanto os figurinos, quanto a direção de arte em si, estão muito bonitos. Dois pontos merecem nossa atenção: a trilha sonora é cuidadosa, funciona como gatilhos emocionais em todo momento chave - da mesma forma como em "Rocky 4" para seguirmos com a comparação (mesmo que pareça esdrúxula). E a intervenções gráficas do tabuleiro de xadrez quando Harmon está sob o efeito dos calmantes, são muito legais!

Não poderia terminar essa análise sem deixar de citar Isla Johnston - a  Beth Harmon criança do primeiro episódio. Essa menina é um fenômeno - guardem o nome dela! Pois bem, "O Gambito da Rainha" não é um sucesso por acaso, como fica fácil comprovar após esse texto. Tudo que é preciso para criar uma jornada emocionante de superação está na história. Procurei não entrar em tantos detalhes narrativos para não influenciar na sua experiência, mas pode embarcar tranquilamente que serão quase sete horas de um ótimo entretenimento, mas poucas surpresas! Vale a pena ! 

Assista Agora

O Golpista do Tinder

"O Golpista do Tinder" é excelente, mas chega embrulhar o estômago! Eu diria até que o documentário é surpreendente, pela sua história bizarra e pela qualidade narrativa impressa pela diretora estreante Felicity Morris (que já havia produzido "Don't F**k with Cats: Uma Caçada Online"). O fato é que essa produção original da Netflix é uma mistura muito equilibrada de sucessos como "Fyre Festival" e "A Bad Boy Billionaires" com "Dirty John – O Golpe do Amor".

O filme tem uma premissa básica, acompanhar a história real de Simon Leviev, um prolífico vigarista conhecido por ganhar a confiança e aplicar golpes financeiros em várias mulheres que o conheceram pelo Tinder, a partir dos relatos de suas próprias vítimas. Confira o trailer:

Talvez o grande mérito de "O Golpista do Tinder" tenha sido humanizar uma história que para muitos pode parecer absurda (ou um ato de ingenuidade) com tantas ferramentas e informações que temos hoje em dia para nos proteger. Veja, quando Marcelo Nascimento da Rocha se passou por Henrique Constantino, filho do fundador daGole deu entrevista para Amaury Jr. falando (olha a cara de pau) dos planos de expansão da empresa aérea no meio de um famoso camarote do carnaval de Salvador, os tempos eram outros - era quase impossível validar uma informação (ou uma identidade) tão rapidamente para evitar o constrangimento de dar voz para um picareta. Hoje não, bastam alguns cliques e temos praticamente todas as informações que precisamos antes de conhecer uma pessoa pessoalmente - e mesmo assim histórias como essa continuam a se repetir.

Isso só mostra como Simon Leviev era profissional (além de doente). Partindo do principio que não é fácil achar o "amor da vida online", Cecilie (que teve mais de mil "matches" pelo app) mal conseguia acreditar quando encontrou um playboy boa pinta e bilionário que, de cara, se interessou por ela. Seu depoimento é tão sincero quanto desafiador - já que é impossível, sentado no sofá e sem conhecer profundamente o contexto de vida da vítima, não julgar suas atitudes desde o primeiro momento. Muito bem montado pelo premiado Julian Hart (Fórmula 1: Dirigir para Viver) e com um roteiro redondinho de Morris, "O Golpista do Tinder" vai construindo uma linha temporal coerente e dinâmica, usando de vários elementos narrativos muito pessoais para ilustrar os depoimentos das vitimas como mensagens de WhatsApp, ligações telefônicas, fotos do Instagram, etc.

Do depoimento da vítimas até a descoberta do golpe e o envolvimento da imprense norueguesa,"O Golpista do Tinder" constrói um conto de fadas, montando um verdadeiro palácio com cartas de baralho que depois simplesmente desmoronam - o interessante é que esse processo levou tempo e o documentário é muito feliz em nos posicionar nessa jornada a partir do desespero das vitimas perante as descobertas e do cinismo com que o golpista fortalecia suas relações. Aliás, esse cinismo é tão provocador que nos sentimos insultados pelas vitimas, impactando diretamente na nossa experiência ao assistir as quase duas horas de filme.

Olha, o que eu posso dizer é que vale muito a pena o seu play, mas o sentimento quando subirem os créditos não será dos mais agradáveis. Você vai entender!

Ah, e antes de finalizar, olhe são essa história: Em dezembro de 2020, Simon fingiu ser um paramédico para furar a fila das vacinas e ser imunizado contra a Covid-19. Em uma entrevista à emissora israelense Channel 12, ele comentou: “Não sou alguém que costuma esperar em filas”! 

Sem comentários!

Assista Agora

"O Golpista do Tinder" é excelente, mas chega embrulhar o estômago! Eu diria até que o documentário é surpreendente, pela sua história bizarra e pela qualidade narrativa impressa pela diretora estreante Felicity Morris (que já havia produzido "Don't F**k with Cats: Uma Caçada Online"). O fato é que essa produção original da Netflix é uma mistura muito equilibrada de sucessos como "Fyre Festival" e "A Bad Boy Billionaires" com "Dirty John – O Golpe do Amor".

O filme tem uma premissa básica, acompanhar a história real de Simon Leviev, um prolífico vigarista conhecido por ganhar a confiança e aplicar golpes financeiros em várias mulheres que o conheceram pelo Tinder, a partir dos relatos de suas próprias vítimas. Confira o trailer:

Talvez o grande mérito de "O Golpista do Tinder" tenha sido humanizar uma história que para muitos pode parecer absurda (ou um ato de ingenuidade) com tantas ferramentas e informações que temos hoje em dia para nos proteger. Veja, quando Marcelo Nascimento da Rocha se passou por Henrique Constantino, filho do fundador daGole deu entrevista para Amaury Jr. falando (olha a cara de pau) dos planos de expansão da empresa aérea no meio de um famoso camarote do carnaval de Salvador, os tempos eram outros - era quase impossível validar uma informação (ou uma identidade) tão rapidamente para evitar o constrangimento de dar voz para um picareta. Hoje não, bastam alguns cliques e temos praticamente todas as informações que precisamos antes de conhecer uma pessoa pessoalmente - e mesmo assim histórias como essa continuam a se repetir.

Isso só mostra como Simon Leviev era profissional (além de doente). Partindo do principio que não é fácil achar o "amor da vida online", Cecilie (que teve mais de mil "matches" pelo app) mal conseguia acreditar quando encontrou um playboy boa pinta e bilionário que, de cara, se interessou por ela. Seu depoimento é tão sincero quanto desafiador - já que é impossível, sentado no sofá e sem conhecer profundamente o contexto de vida da vítima, não julgar suas atitudes desde o primeiro momento. Muito bem montado pelo premiado Julian Hart (Fórmula 1: Dirigir para Viver) e com um roteiro redondinho de Morris, "O Golpista do Tinder" vai construindo uma linha temporal coerente e dinâmica, usando de vários elementos narrativos muito pessoais para ilustrar os depoimentos das vitimas como mensagens de WhatsApp, ligações telefônicas, fotos do Instagram, etc.

Do depoimento da vítimas até a descoberta do golpe e o envolvimento da imprense norueguesa,"O Golpista do Tinder" constrói um conto de fadas, montando um verdadeiro palácio com cartas de baralho que depois simplesmente desmoronam - o interessante é que esse processo levou tempo e o documentário é muito feliz em nos posicionar nessa jornada a partir do desespero das vitimas perante as descobertas e do cinismo com que o golpista fortalecia suas relações. Aliás, esse cinismo é tão provocador que nos sentimos insultados pelas vitimas, impactando diretamente na nossa experiência ao assistir as quase duas horas de filme.

Olha, o que eu posso dizer é que vale muito a pena o seu play, mas o sentimento quando subirem os créditos não será dos mais agradáveis. Você vai entender!

Ah, e antes de finalizar, olhe são essa história: Em dezembro de 2020, Simon fingiu ser um paramédico para furar a fila das vacinas e ser imunizado contra a Covid-19. Em uma entrevista à emissora israelense Channel 12, ele comentou: “Não sou alguém que costuma esperar em filas”! 

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O Homem Duplicado

"Enemy" (título original) é simplesmente sensacional, mas já aviso: é uma loucura, daqueles de dar nó na cabeça ao melhor estilo Nolan - e por isso pode decepcionar quem busca algo mais, digamos, tradicional! 

O filme narra a história de Adam Bell (Jake Gyllenhaal), professor universitário preso a uma monótona rotina diária, que descobre um sósia famoso enquanto assiste a um filme. Intrigado, ele passa a seguir este homem, transformando a vida de ambos em uma loucura. Baseado no livro "O Homem Duplicado" de José Saramago, o filme vai te provocar e fazer com que você busque muitas respostas fora do filme - sim, esse é daqueles que nos faz pensar, discutir, pesquisar por horas!

A força de "O Homem Duplicado" reside justamente em sua habilidade de criar uma atmosfera de tensão e paranoia, alimentada pela atuação magistral de Gyllenhaal. Sua interpretação de dois personagens aparentemente idênticos, mas com nuances distintas, é verdadeiramente impressionante e cativante. Villeneuve, conhecido por sua habilidade em construir tramas cheias de suspense, utiliza cenários sombrios e uma trilha sonora inquietante para mergulhar a audiência na mente perturbada de Adam.

O roteiro de Javier Gullón (de "Invasor") é de uma complexidade e profundidade absurdos. Ao explorar temas como identidade, alienação e desejo, o filme desafia as nossas expectativas a cada nova descoberta e nos convida à reflexão sobre a natureza da realidade e da individualidade sem pedir permissão. A escolha de Villeneuve em manter o mistério e a ambiguidade ao longo da narrativa eleva o filme a um nível absurdo de excelência artística, deixando espaço para interpretações diversas e debates profundos após os créditos.

Além da performance estelar de Gyllenhaal, o elenco de apoio também merece destaque, com atuações sólidas de Mélanie Laurent, Sarah Gadon e Isabella Rossellini. Cada personagem adiciona uma camada adicional à complexidade da trama, contribuindo para a riqueza emocional e intelectual do filme. Dito isso, recomendar "O Homem Duplicado" acaba se tornando fácil, já que é considerada por muitos uma obra-prima do cinema moderno, que combina uma narrativa envolvente, performances excepcionais e uma profundidade temática incomparável. 

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"Enemy" (título original) é simplesmente sensacional, mas já aviso: é uma loucura, daqueles de dar nó na cabeça ao melhor estilo Nolan - e por isso pode decepcionar quem busca algo mais, digamos, tradicional! 

O filme narra a história de Adam Bell (Jake Gyllenhaal), professor universitário preso a uma monótona rotina diária, que descobre um sósia famoso enquanto assiste a um filme. Intrigado, ele passa a seguir este homem, transformando a vida de ambos em uma loucura. Baseado no livro "O Homem Duplicado" de José Saramago, o filme vai te provocar e fazer com que você busque muitas respostas fora do filme - sim, esse é daqueles que nos faz pensar, discutir, pesquisar por horas!

A força de "O Homem Duplicado" reside justamente em sua habilidade de criar uma atmosfera de tensão e paranoia, alimentada pela atuação magistral de Gyllenhaal. Sua interpretação de dois personagens aparentemente idênticos, mas com nuances distintas, é verdadeiramente impressionante e cativante. Villeneuve, conhecido por sua habilidade em construir tramas cheias de suspense, utiliza cenários sombrios e uma trilha sonora inquietante para mergulhar a audiência na mente perturbada de Adam.

O roteiro de Javier Gullón (de "Invasor") é de uma complexidade e profundidade absurdos. Ao explorar temas como identidade, alienação e desejo, o filme desafia as nossas expectativas a cada nova descoberta e nos convida à reflexão sobre a natureza da realidade e da individualidade sem pedir permissão. A escolha de Villeneuve em manter o mistério e a ambiguidade ao longo da narrativa eleva o filme a um nível absurdo de excelência artística, deixando espaço para interpretações diversas e debates profundos após os créditos.

Além da performance estelar de Gyllenhaal, o elenco de apoio também merece destaque, com atuações sólidas de Mélanie Laurent, Sarah Gadon e Isabella Rossellini. Cada personagem adiciona uma camada adicional à complexidade da trama, contribuindo para a riqueza emocional e intelectual do filme. Dito isso, recomendar "O Homem Duplicado" acaba se tornando fácil, já que é considerada por muitos uma obra-prima do cinema moderno, que combina uma narrativa envolvente, performances excepcionais e uma profundidade temática incomparável. 

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O Juíz

Assista esse filme -  especialmente se você se identifica com tramas que transitam entre a força de um drama de tribunal e a sensibilidade de um drama de relações, nesse caso, familiar, com aquele toque de humor, ironia e acidez quase uma comédia britânica. Diante de uma trama que tenta (e evidentemente consegue) se levar a sério, o filme do diretor David Dobkin, que fez carreira entre os vídeos musicais de bandas como Maroon 5 e as comédias despretensiosas como "Penetras Bons de Bico", "O Juiz" apresenta um excelente resultado no que tange aos aspectos narrativos, mesmo que a obra em si não seja algo, digamos, tão inovador. Não é à toa que o filme recebeu diversas indicações em importantes premiações, incluindo uma nomeação ao Oscar de 2015 pela performance magistral de Robert Duvall como ator coadjuvante.

Na trama, um advogado de sucesso, Hank Palmer (Robert Downey Jr.), precisa retornar para a pacata cidadezinha onde nasceu assim que recebe a notícia da morte de sua mãe. Lá, no entanto, ele reencontra seu pai, Joseph Palmer (Duvall), o juiz da cidade e uma espécie de bastião moral perante a comunidade, depois de décadas de um difícil rompimento familiar. Tudo muda de figura quando Hank se vê em uma situação inusitada: seu pai é acusado de um assassinato e ele é a única opção para livrá-lo da prisão. Confira o trailer:

Só pelo trailer você já consegue sentir o moodque vai te acompanhar por mais de duas horas de uma emocionante jornada e acredite, você vai se surpreender ainda mais! Partindo de um princípio básico: "o reencontro forçado entre pai e filho que vai revelando segredos do passado e que desencadeiam uma narrativa intensa, onde a busca pela verdade colide com as emoções profundas de uma família dividida", "O Juiz" não só te prende como te provoca inúmeras reflexões, especialmente se alguma relação familiar anda estremecida.

O conceito narrativo de Dobkin que praticamente nos força olhar para o passado, está incrivelmente alinhada com a fotografia de Janusz Kaminski, vencedor do Oscar "só" por "A Lista de Schindler" e "O Resgate do Soldado Ryan" - ele captura a essência da cidade pequena de Carlinville de maneira sublime, transmitindo visualmente a tensão e a nostalgia que permeiam o retorno de Hank. A escolha assertiva de planos e enquadramentos contribui para a construção de uma atmosfera tão imersiva que intensifica nossa conexão emocional com os personagens e a história em si, como poucas vezes você vai encontrar no gênero. Sem exageros.

Já o desempenho do elenco é outro elemento que coloca "O Juiz" em um patamar superior - certamente construído para chegar ao Oscar. Robert Downey Jr. entrega uma atuação excepcional, transcendendo as expectativas ao retratar a complexidade e a vulnerabilidade de Hank Palmer. A química entre Downey Jr. com seu parceiro Robert Duvall é palpável, proporcionando momentos de pura intensidade emocional - chega ser um absurdo ele também não ter recebido sua indicação em 2015. 

Se Dobkin conduz a história com tanta maestria, equilibrando habilmente os aspectos jurídicos com as complexidades familiares em uma jornada emocional cheia de camadas, posso garantir que é na narrativa intrincada, que oferece reflexões profundas sobre a natureza humana, que está o maior desafio - é impressionante como ela nos faz questionar nossas próprias convicções e preconceitos sem pedir licença. Dito isso, é quase impossível não recomendar "O Juiz" de olhos fechados por essa experiência que vai além das barreiras didáticas de uma disputa de tribunal e que mergulha no cerne da condição humana nos presenteando com um entretenimento de primeiríssima qualidade!

Imperdível!

Assista Agora

Assista esse filme -  especialmente se você se identifica com tramas que transitam entre a força de um drama de tribunal e a sensibilidade de um drama de relações, nesse caso, familiar, com aquele toque de humor, ironia e acidez quase uma comédia britânica. Diante de uma trama que tenta (e evidentemente consegue) se levar a sério, o filme do diretor David Dobkin, que fez carreira entre os vídeos musicais de bandas como Maroon 5 e as comédias despretensiosas como "Penetras Bons de Bico", "O Juiz" apresenta um excelente resultado no que tange aos aspectos narrativos, mesmo que a obra em si não seja algo, digamos, tão inovador. Não é à toa que o filme recebeu diversas indicações em importantes premiações, incluindo uma nomeação ao Oscar de 2015 pela performance magistral de Robert Duvall como ator coadjuvante.

Na trama, um advogado de sucesso, Hank Palmer (Robert Downey Jr.), precisa retornar para a pacata cidadezinha onde nasceu assim que recebe a notícia da morte de sua mãe. Lá, no entanto, ele reencontra seu pai, Joseph Palmer (Duvall), o juiz da cidade e uma espécie de bastião moral perante a comunidade, depois de décadas de um difícil rompimento familiar. Tudo muda de figura quando Hank se vê em uma situação inusitada: seu pai é acusado de um assassinato e ele é a única opção para livrá-lo da prisão. Confira o trailer:

Só pelo trailer você já consegue sentir o moodque vai te acompanhar por mais de duas horas de uma emocionante jornada e acredite, você vai se surpreender ainda mais! Partindo de um princípio básico: "o reencontro forçado entre pai e filho que vai revelando segredos do passado e que desencadeiam uma narrativa intensa, onde a busca pela verdade colide com as emoções profundas de uma família dividida", "O Juiz" não só te prende como te provoca inúmeras reflexões, especialmente se alguma relação familiar anda estremecida.

O conceito narrativo de Dobkin que praticamente nos força olhar para o passado, está incrivelmente alinhada com a fotografia de Janusz Kaminski, vencedor do Oscar "só" por "A Lista de Schindler" e "O Resgate do Soldado Ryan" - ele captura a essência da cidade pequena de Carlinville de maneira sublime, transmitindo visualmente a tensão e a nostalgia que permeiam o retorno de Hank. A escolha assertiva de planos e enquadramentos contribui para a construção de uma atmosfera tão imersiva que intensifica nossa conexão emocional com os personagens e a história em si, como poucas vezes você vai encontrar no gênero. Sem exageros.

Já o desempenho do elenco é outro elemento que coloca "O Juiz" em um patamar superior - certamente construído para chegar ao Oscar. Robert Downey Jr. entrega uma atuação excepcional, transcendendo as expectativas ao retratar a complexidade e a vulnerabilidade de Hank Palmer. A química entre Downey Jr. com seu parceiro Robert Duvall é palpável, proporcionando momentos de pura intensidade emocional - chega ser um absurdo ele também não ter recebido sua indicação em 2015. 

Se Dobkin conduz a história com tanta maestria, equilibrando habilmente os aspectos jurídicos com as complexidades familiares em uma jornada emocional cheia de camadas, posso garantir que é na narrativa intrincada, que oferece reflexões profundas sobre a natureza humana, que está o maior desafio - é impressionante como ela nos faz questionar nossas próprias convicções e preconceitos sem pedir licença. Dito isso, é quase impossível não recomendar "O Juiz" de olhos fechados por essa experiência que vai além das barreiras didáticas de uma disputa de tribunal e que mergulha no cerne da condição humana nos presenteando com um entretenimento de primeiríssima qualidade!

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O Julgamento de Paris

O Julgamento de Paris

No vasto cenário da sétima arte, poucas temáticas têm o poder de cativar a imaginação e o paladar do público como o universo dos vinhos. Nesse contexto, o filme 'O Julgamento de Paris' se ergue como um verdadeiro 'achado' dentro dos infindáveis catálogos dos serviços de streaming atualmente. Mesmo que, à primeira vista, o filme dirigido por Randall Miller (da série 'Jack & Jill') soe datado, e até superficial, é impressionante como a narrativa sutilmente complexa é capaz de entrelaçar a cultura do vinho com a busca pelo reconhecimento e superação pessoal - algo similar ao que vimos em "Notas de Rebeldia". 

"O Julgamento de Paris" é baseado em fatos reais, e retrata os primeiros tempos da indústria do vinho em Napa Valley nos anos 70, e que culminou com a participação das vinícola californiana Chateau Montelena na competição internacional de melhor vinho em 1976, em Paris - evento que acabou colocando a região no mapa dos melhores produtores de vinho do planeta. Confira o trailer:

Lançado em 2008, "O Julgamento de Paris" trouxe para o grande público uma história das mais interessantes, mas que poucas pessoas conheciam. O evento que eternizou a degustação cega que redefiniu a hierarquia dos vinhos e desafiou as convenções estabelecidas pela França é, de fato, algo muito marcante; no entanto alguns outros temas discutidos no roteiro nos remetem aos desafios de empreender, de inovar e de ter resiliência. É claro que o universo onde a história acontece está longe das jornadas disruptivas e tecnológicas de séries como "Som na Faixa" ou  "Super Pumped: A Batalha Pela Uber", mas eu diria que o DNA, o conceito básico, estão ali e vale a pena um olhar mais critico sobre esse aspecto.

O ponto alto está na história, muito bem contada, inclusive; mas é inegável que seus personagens, em alguns momentos até estereotipados para dar um tom mais leve no que poderia ser uma drama muito mais impactante, são cruciais para nosso envolvimento - o que poderia ser uma trama apenas para os apreciadores e conhecedores de vinho, se transforma em algo mais universal, onde encontramos muito mais camadas que vão dos desejos e ambições até os anseios e arrependimentos de uma forma muito humana. Reparem como o roteiro explora as relações interpessoais ao mesmo tempo que viajamos pelas deslumbrantes paisagens das vinhas de Napa, com muita naturalidade.

A fotografia do Mike Ozier (de "Tudo por um Sonho") é realmente um espetáculo por si só. Com um conceito visual que nos remete ao cinema dos anos 70, com o aspecto mais granulado da imagem e uma saturação bem proeminente, ele é capaz de capturar a elegância das vinhas banhadas pelo sol, as cores ricas das adegas e a intensidade das expressões dos personagens, com a mesma maestria - cada cena parece meticulosamente pensada por Ozier e Miller para destacar tanto as interações humanas quanto os elementos sensoriais associados ao vinho.

Resumindo, "Bottle Shock" (no original) é uma celebração da paixão e do poder transformador que o cinema pode exercer sobre sua audiência ao retratar a convergência entre o vinho e uma boa história. A obra tem uma capacidade muito interessante de nos transportar para um universo repleto de sabores, aromas e aspirações, tornando a experiência de assistir o filme em algo único e, obviamente, enriquecedora. Se você acha que estou exagerando, assim que subirem os créditos, eu duvido que você não vá até o google para pesquisar o preço de um Chateau Montelena Chardonnay!

Vale muito o seu play!

PS: Apenas uma observação, a versão disponível na Prime Vídeo, infelizmente, não tem a opção de som original com legendas - apenas dublado.

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No vasto cenário da sétima arte, poucas temáticas têm o poder de cativar a imaginação e o paladar do público como o universo dos vinhos. Nesse contexto, o filme 'O Julgamento de Paris' se ergue como um verdadeiro 'achado' dentro dos infindáveis catálogos dos serviços de streaming atualmente. Mesmo que, à primeira vista, o filme dirigido por Randall Miller (da série 'Jack & Jill') soe datado, e até superficial, é impressionante como a narrativa sutilmente complexa é capaz de entrelaçar a cultura do vinho com a busca pelo reconhecimento e superação pessoal - algo similar ao que vimos em "Notas de Rebeldia". 

"O Julgamento de Paris" é baseado em fatos reais, e retrata os primeiros tempos da indústria do vinho em Napa Valley nos anos 70, e que culminou com a participação das vinícola californiana Chateau Montelena na competição internacional de melhor vinho em 1976, em Paris - evento que acabou colocando a região no mapa dos melhores produtores de vinho do planeta. Confira o trailer:

Lançado em 2008, "O Julgamento de Paris" trouxe para o grande público uma história das mais interessantes, mas que poucas pessoas conheciam. O evento que eternizou a degustação cega que redefiniu a hierarquia dos vinhos e desafiou as convenções estabelecidas pela França é, de fato, algo muito marcante; no entanto alguns outros temas discutidos no roteiro nos remetem aos desafios de empreender, de inovar e de ter resiliência. É claro que o universo onde a história acontece está longe das jornadas disruptivas e tecnológicas de séries como "Som na Faixa" ou  "Super Pumped: A Batalha Pela Uber", mas eu diria que o DNA, o conceito básico, estão ali e vale a pena um olhar mais critico sobre esse aspecto.

O ponto alto está na história, muito bem contada, inclusive; mas é inegável que seus personagens, em alguns momentos até estereotipados para dar um tom mais leve no que poderia ser uma drama muito mais impactante, são cruciais para nosso envolvimento - o que poderia ser uma trama apenas para os apreciadores e conhecedores de vinho, se transforma em algo mais universal, onde encontramos muito mais camadas que vão dos desejos e ambições até os anseios e arrependimentos de uma forma muito humana. Reparem como o roteiro explora as relações interpessoais ao mesmo tempo que viajamos pelas deslumbrantes paisagens das vinhas de Napa, com muita naturalidade.

A fotografia do Mike Ozier (de "Tudo por um Sonho") é realmente um espetáculo por si só. Com um conceito visual que nos remete ao cinema dos anos 70, com o aspecto mais granulado da imagem e uma saturação bem proeminente, ele é capaz de capturar a elegância das vinhas banhadas pelo sol, as cores ricas das adegas e a intensidade das expressões dos personagens, com a mesma maestria - cada cena parece meticulosamente pensada por Ozier e Miller para destacar tanto as interações humanas quanto os elementos sensoriais associados ao vinho.

Resumindo, "Bottle Shock" (no original) é uma celebração da paixão e do poder transformador que o cinema pode exercer sobre sua audiência ao retratar a convergência entre o vinho e uma boa história. A obra tem uma capacidade muito interessante de nos transportar para um universo repleto de sabores, aromas e aspirações, tornando a experiência de assistir o filme em algo único e, obviamente, enriquecedora. Se você acha que estou exagerando, assim que subirem os créditos, eu duvido que você não vá até o google para pesquisar o preço de um Chateau Montelena Chardonnay!

Vale muito o seu play!

PS: Apenas uma observação, a versão disponível na Prime Vídeo, infelizmente, não tem a opção de som original com legendas - apenas dublado.

Assista Agora

O Labirinto de Mentiras

"O Labirinto de Mentiras" não é um filme fácil - em sua "forma" e muito menos em seu "conteúdo". Trazer os fantasmas do passado nazista pelos olhos de um povo que teve sua história (e essência) manchada durante o período da segunda guerra mundial, não é uma tarefa muito confortável. O diretor italiano Giulio Ricciarelli estreia em um longa-metragem "pisando em ovos" justamente por isso, embora consiga entregar um filme honesto em sua proposta e dolorido por sua veracidade - aliás, foi esse o filme que disputou uma vaga no Oscar 2014 pela Alemanha.

Em 1958, na Alemanha, o jovem procurador Johann Radmann (Alexander Fehling) investiga casos relacionados aos crimes nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, e descobre diversos fatos capazes de incriminar pessoas que passaram a levar uma vida comum, na impunidade. Mesmo sofrendo grande pressão para abandonar a investigação, Radmann se mantém determinado a revelar todas as atrocidades cometidas por seus compatriotas, principalmente em Auschwitz, na Polônia. Confira o trailer:

Bem na linha do elogiado "O Caso Collini""O Labirinto de Mentiras" constrói uma trama bastante linear e coerente com os fatos reais, porém (é preciso que se diga) se perde com algumas distrações que acabam funcionando muito mais como um alivio narrativo do que como impulso para a história caminhar - é o caso da relação amorosa entre Radmann e Marlene Wondrak (Friederike Becht). Existem pontos que justificariam esse arco, porém é pouco aproveitado pelo roteiro; dando muito mais um tom hollywoodiano para a produção do que a camada dramática que a história merecia.

Deixo claro que esse deslize não prejudica nossa experiência, mas impacta no andamento do filme. A impressão é que o terceiro ato é muito mais acelerado do que os dois primeiros, por outro lado o encaixe de algumas peças tornam a história ainda mais envolvente - as insinuações são tão verdadeiras quanto a obsessão de Radmann por Josef Mengele, médico alemão conhecido como "Anjo da Morte" que fazia experiências em crianças nos campos de concentração. Por outro lado, alguns temas que são pincelados no roteiro como a relação da sociedade alemã perante o nazismo, parecem se perder conforme o protagonista vai mergulhando naquele labirinto de investigação e descobertas - muito provavelmente essa escolha conceitual tenha sido até proposital, mas é impossível deixar de lado a sensação de vazio e confusão que o filme nos provoca. 

"O Labirinto de Mentiras" tem uma história muito interessante para quem gosta de discutir os reflexos do nazismo na Alemanha pós-guerra. Com alguns momentos bem dramáticos, o filme foge do entretenimento usual e mergulha em um assunto espinhoso (e importante) com uma linguagem que mistura o tradicional com o independente - nesse sentido eu achei a proposta do filme excelente. Ricciarelli conduz uma narrativa quase documental ao mesmo tempo em que usa e abusa de clichês como a trilha sonora marcante (linda por sinal - bem ao estilo "Lee Miserables") para pontuar a emoção.

Ao explorar os dramas psicológicos de uma geração que vivia uma realidade sem ao menos saber qual a posição de seus pais perante todas aquelas atrocidades, "O Labirinto de Mentiras" se coloca como uma boa surpresa no catálogo do streaming. Vale o seu play!

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"O Labirinto de Mentiras" não é um filme fácil - em sua "forma" e muito menos em seu "conteúdo". Trazer os fantasmas do passado nazista pelos olhos de um povo que teve sua história (e essência) manchada durante o período da segunda guerra mundial, não é uma tarefa muito confortável. O diretor italiano Giulio Ricciarelli estreia em um longa-metragem "pisando em ovos" justamente por isso, embora consiga entregar um filme honesto em sua proposta e dolorido por sua veracidade - aliás, foi esse o filme que disputou uma vaga no Oscar 2014 pela Alemanha.

Em 1958, na Alemanha, o jovem procurador Johann Radmann (Alexander Fehling) investiga casos relacionados aos crimes nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, e descobre diversos fatos capazes de incriminar pessoas que passaram a levar uma vida comum, na impunidade. Mesmo sofrendo grande pressão para abandonar a investigação, Radmann se mantém determinado a revelar todas as atrocidades cometidas por seus compatriotas, principalmente em Auschwitz, na Polônia. Confira o trailer:

Bem na linha do elogiado "O Caso Collini""O Labirinto de Mentiras" constrói uma trama bastante linear e coerente com os fatos reais, porém (é preciso que se diga) se perde com algumas distrações que acabam funcionando muito mais como um alivio narrativo do que como impulso para a história caminhar - é o caso da relação amorosa entre Radmann e Marlene Wondrak (Friederike Becht). Existem pontos que justificariam esse arco, porém é pouco aproveitado pelo roteiro; dando muito mais um tom hollywoodiano para a produção do que a camada dramática que a história merecia.

Deixo claro que esse deslize não prejudica nossa experiência, mas impacta no andamento do filme. A impressão é que o terceiro ato é muito mais acelerado do que os dois primeiros, por outro lado o encaixe de algumas peças tornam a história ainda mais envolvente - as insinuações são tão verdadeiras quanto a obsessão de Radmann por Josef Mengele, médico alemão conhecido como "Anjo da Morte" que fazia experiências em crianças nos campos de concentração. Por outro lado, alguns temas que são pincelados no roteiro como a relação da sociedade alemã perante o nazismo, parecem se perder conforme o protagonista vai mergulhando naquele labirinto de investigação e descobertas - muito provavelmente essa escolha conceitual tenha sido até proposital, mas é impossível deixar de lado a sensação de vazio e confusão que o filme nos provoca. 

"O Labirinto de Mentiras" tem uma história muito interessante para quem gosta de discutir os reflexos do nazismo na Alemanha pós-guerra. Com alguns momentos bem dramáticos, o filme foge do entretenimento usual e mergulha em um assunto espinhoso (e importante) com uma linguagem que mistura o tradicional com o independente - nesse sentido eu achei a proposta do filme excelente. Ricciarelli conduz uma narrativa quase documental ao mesmo tempo em que usa e abusa de clichês como a trilha sonora marcante (linda por sinal - bem ao estilo "Lee Miserables") para pontuar a emoção.

Ao explorar os dramas psicológicos de uma geração que vivia uma realidade sem ao menos saber qual a posição de seus pais perante todas aquelas atrocidades, "O Labirinto de Mentiras" se coloca como uma boa surpresa no catálogo do streaming. Vale o seu play!

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O Lagosta

Ame ou odeie! Sem dúvida essa será a sensação de assistir "O Lagosta", dirigido por Yorgos Lanthimos (de "A Favorita"). Embora seja assumidamente um drama distópico, o tom non-sentede sua narrativa extrapola e desafia as convenções do cinema contemporâneo que estamos acostumados. Lanthimos sabe exatamente como mergulhar sua audiência nesse mundo absurdo e sombrio, onde as relações humanas são exploradas de forma provocativa e muitas vezes perturbadora - reparem como a performance dos atores só aumenta o desconforto que a própria situação, por si só, já representa. Mais uma vez, o diretor demonstra uma habilidade magistral em criar uma atmosfera única, combinando um pontual humor negro, cheio de simbolismos, com o surrealismo prático - ao ponto de desprezar a lógica e renegar os padrões estabelecidos de ordem moral e social para criticar a superficialidade das conexões emocionais de maneira brilhante. Olha, você pode até não gostar de proposta de Lanthimos, mas nunca poderá negar que se trata de uma experiência cinematográfica verdadeiramente original e muito reflexiva.

A trama de "O Lagosta" se passa em um futuro distópico, onde os solteiros são obrigados a encontrar um parceiro dentro de um prazo estipulado. Caso contrário, são transformados em um animal de sua escolha e soltos na floresta. Após perder a esposa, o protagonista, David (Colin Farrell), decide se refugiar em um hotel peculiar, onde os hóspedes têm a oportunidade de encontrar um novo amor. No entanto, o que parece ser uma simples busca por companhia revela-se uma jornada existencial surreal. Condira o trailer (em inglês):

Mais atual do que nunca, "O Lagosta" é uma obra de arte que transcende o ordinário ao fazer um retrato dos relacionamentos em uma sociedade que não tolera o meio-termo, ou seja, onde o extremismo faz parte do dia a dia auto-destrutivo daquele universo. E é justamente nesse ponto que a direção de Lanthimos soa magistral, já que ele potencializa essa atmosfera de estranheza e alienação permeando toda a narrativa com metáforas muito inteligentes - reparem na forma como os hóspedes do hotel se relacionam entre si, todos da mesma forma, vestidos iguais, seguindo as mesmas regras rígidas e, principalmente, sabendo que o tempo é seu pior inimigo nesse objetivo de encontrar um grande amor e assim não virar, por exemplo, uma lagosta.  

O roteiro, co-escrito por Lanthimos e Efthymis Filippou, chegou a ser indicado ao Oscar em 2017 por sua originalidade acima da média. Seu texto é uma mistura perspicaz de comédia, drama e sátira social que usa de uma linguagem peculiar e de diálogos absurdos para acrescentar uma camada extra de estranheza e humor capaz de desafiar nossas expectativas a cada nova sequência - algo entre "O Ensaio sobre a Cegueira" e "Parasita". A fotografia do Thimios Bakatakis (de "O Chalé") segue o mesmo conceito desolador da narrativa e dentro daqueles cenários minimalistas, clean ao extremo, contribui ainda mais para a construção de um gélido mundo distópico, onde as regras sociais são tão distorcidas quanto a solidão como uma forma de ameaça constante.

O elenco, é preciso ressaltar, entrega performances excepcionais, com destaque para Colin Farrell, Rachel Weisz e Olivia Colman. Farrell incorpora brilhantemente a angústia e a vulnerabilidade de seu personagem, enquanto Weisz e Colman trazem uma profundidade emocional cativante às suas interpretações - a química entre eles é tão palpável que adiciona uma complexidade para as relações que de fato nos faz refletir sobre temas como identidade, amor e liberdade de escolha. "The Lobster" (no original) realmente desafia e fascina em igual medida, então se você está em busca de uma experiência verdadeiramente única e provocativa, não ignore essa recomendação - mas saiba que você está prestes a navegar por um oceano pouquíssimo explorado no cinema comercial!

Vale seu play!

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Ame ou odeie! Sem dúvida essa será a sensação de assistir "O Lagosta", dirigido por Yorgos Lanthimos (de "A Favorita"). Embora seja assumidamente um drama distópico, o tom non-sentede sua narrativa extrapola e desafia as convenções do cinema contemporâneo que estamos acostumados. Lanthimos sabe exatamente como mergulhar sua audiência nesse mundo absurdo e sombrio, onde as relações humanas são exploradas de forma provocativa e muitas vezes perturbadora - reparem como a performance dos atores só aumenta o desconforto que a própria situação, por si só, já representa. Mais uma vez, o diretor demonstra uma habilidade magistral em criar uma atmosfera única, combinando um pontual humor negro, cheio de simbolismos, com o surrealismo prático - ao ponto de desprezar a lógica e renegar os padrões estabelecidos de ordem moral e social para criticar a superficialidade das conexões emocionais de maneira brilhante. Olha, você pode até não gostar de proposta de Lanthimos, mas nunca poderá negar que se trata de uma experiência cinematográfica verdadeiramente original e muito reflexiva.

A trama de "O Lagosta" se passa em um futuro distópico, onde os solteiros são obrigados a encontrar um parceiro dentro de um prazo estipulado. Caso contrário, são transformados em um animal de sua escolha e soltos na floresta. Após perder a esposa, o protagonista, David (Colin Farrell), decide se refugiar em um hotel peculiar, onde os hóspedes têm a oportunidade de encontrar um novo amor. No entanto, o que parece ser uma simples busca por companhia revela-se uma jornada existencial surreal. Condira o trailer (em inglês):

Mais atual do que nunca, "O Lagosta" é uma obra de arte que transcende o ordinário ao fazer um retrato dos relacionamentos em uma sociedade que não tolera o meio-termo, ou seja, onde o extremismo faz parte do dia a dia auto-destrutivo daquele universo. E é justamente nesse ponto que a direção de Lanthimos soa magistral, já que ele potencializa essa atmosfera de estranheza e alienação permeando toda a narrativa com metáforas muito inteligentes - reparem na forma como os hóspedes do hotel se relacionam entre si, todos da mesma forma, vestidos iguais, seguindo as mesmas regras rígidas e, principalmente, sabendo que o tempo é seu pior inimigo nesse objetivo de encontrar um grande amor e assim não virar, por exemplo, uma lagosta.  

O roteiro, co-escrito por Lanthimos e Efthymis Filippou, chegou a ser indicado ao Oscar em 2017 por sua originalidade acima da média. Seu texto é uma mistura perspicaz de comédia, drama e sátira social que usa de uma linguagem peculiar e de diálogos absurdos para acrescentar uma camada extra de estranheza e humor capaz de desafiar nossas expectativas a cada nova sequência - algo entre "O Ensaio sobre a Cegueira" e "Parasita". A fotografia do Thimios Bakatakis (de "O Chalé") segue o mesmo conceito desolador da narrativa e dentro daqueles cenários minimalistas, clean ao extremo, contribui ainda mais para a construção de um gélido mundo distópico, onde as regras sociais são tão distorcidas quanto a solidão como uma forma de ameaça constante.

O elenco, é preciso ressaltar, entrega performances excepcionais, com destaque para Colin Farrell, Rachel Weisz e Olivia Colman. Farrell incorpora brilhantemente a angústia e a vulnerabilidade de seu personagem, enquanto Weisz e Colman trazem uma profundidade emocional cativante às suas interpretações - a química entre eles é tão palpável que adiciona uma complexidade para as relações que de fato nos faz refletir sobre temas como identidade, amor e liberdade de escolha. "The Lobster" (no original) realmente desafia e fascina em igual medida, então se você está em busca de uma experiência verdadeiramente única e provocativa, não ignore essa recomendação - mas saiba que você está prestes a navegar por um oceano pouquíssimo explorado no cinema comercial!

Vale seu play!

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O Leitor

"O Leitor" é um filme imperdível por diversos motivos, mas especialmente pela sua essência. Em um primeiro olhar, a obra trata de temas importantes e complexos, como o amor, a culpa e a redenção, mas ao nos permitirmos um mergulho na proposta do diretor Stephen Daldry (de "As Horas") nos damos conta que a trama é ainda mais envolvente graças a sua capacidade de nos provocar como audiência ao pontuar toda uma jornada emocional e intelectual que nos toca a alma. Sim, o filme que você está prestes a assistir é mesmo uma história de amor, mas são as sensações que ele provoca ao trazer para o presente todos os fantasmas do passado e o questionamento se é, de fato, possível encontrar o perdão mesmo diante de atos tão terríveis, que vai te conquistar! Filmaço!

O filme é baseado no romance homônimo de Bernhard Schlink, publicado em 1995. A história se passa na Alemanha pós-guerra, e conta a história de Michael Berg (David Kross), um adolescente que se apaixona por Hanna Schmitz (Kate Winslet), uma mulher mais velha que trabalha como cobradora de ônibus. Apesar das diferenças de idade e classe social, os dois vivem um romance intenso e apaixonado. No entanto, um dia Hanna desaparece misteriosamente. Anos depois, Michael, que agora é um estudante de direito, se surpreende ao reencontrá-la no banco dos réus de um tribunal alemão, acusada de crimes de guerra cometidos pelos nazistas. Confira o trailer:

Indicado em 5 categorias no Oscar de 2009, é inegável que a verdadeira grandiosidade de "O Leitor" se deve a uma abordagem narrativa bem construída e com performances absolutamente impecáveis de seu elenco. Kate Winslet entrega uma atuação magistral, capturando as nuances emocionais de sua personagem de uma maneira única - trabalho, inclusive, que rendeu o único Oscar ao filme. Já para a direção de Daldry (três vezes indicado ao Oscar durante a sua carreira, sendo uma delas por esse trabalho) não existe outra definição além de excepcional. Guiando a audiência por uma jornada complexa e introspectiva, o diretor nos coloca em uma sensação constante de desconforto que durante os três atos do filme vai mudando de perspectiva, mas nunca deixando cair sua potência como drama.

Tecnicamente é impossível não citar o trabalho da dupla de fotógrafos Chris Menges (de "A Missão") e Roger Deakins (de "1917") - reparem como os tons evoluem junto com a narrativa, dando a exata noção da beleza de uma Alemanha pós-guerra, mas também do impacto de toda uma melancolia impregnada naqueles personagens. Veja, é na minúcia dos detalhes que "O Leitor" revela sua grandeza - a simbologia nas cenas de leitura, adiciona camadas de significado à narrativa que impactam diretamente na dualidade de Hanna como amante e ré criminosa, proporcionando uma complexidade intrigante à trama. A maestria do roteiro de David Hare (também indicado ao Oscar pelo filme e por "As Horas") na construção dos personagens é tão evidente, criando laços emocionais genuínos com a audiência ao mesmo tempo que desafia as expectativas ao explorar a moralidade e o arrependimento com a mesma densidade e competência.

"The Reader" (no original) é uma experiência cinematográfica das mais interessantes. O equilíbrio entre as performances excepcionais de Winslet e Kross, a direção brilhante de Daldry e uma narrativa envolvente escrita por Hare, faz desse filme uma verdadeira obra de arte capaz de emocionar e provocar reflexões que ficarão na memória por muito tempo. Dito isso, fica fácil afirmar com todas as letras que se você gosta de histórias que tratam do amor e da culpa com a mesma seriedade e sem julgamentos perante sua complexidade, esse filme é para você!  

Imperdível!

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"O Leitor" é um filme imperdível por diversos motivos, mas especialmente pela sua essência. Em um primeiro olhar, a obra trata de temas importantes e complexos, como o amor, a culpa e a redenção, mas ao nos permitirmos um mergulho na proposta do diretor Stephen Daldry (de "As Horas") nos damos conta que a trama é ainda mais envolvente graças a sua capacidade de nos provocar como audiência ao pontuar toda uma jornada emocional e intelectual que nos toca a alma. Sim, o filme que você está prestes a assistir é mesmo uma história de amor, mas são as sensações que ele provoca ao trazer para o presente todos os fantasmas do passado e o questionamento se é, de fato, possível encontrar o perdão mesmo diante de atos tão terríveis, que vai te conquistar! Filmaço!

O filme é baseado no romance homônimo de Bernhard Schlink, publicado em 1995. A história se passa na Alemanha pós-guerra, e conta a história de Michael Berg (David Kross), um adolescente que se apaixona por Hanna Schmitz (Kate Winslet), uma mulher mais velha que trabalha como cobradora de ônibus. Apesar das diferenças de idade e classe social, os dois vivem um romance intenso e apaixonado. No entanto, um dia Hanna desaparece misteriosamente. Anos depois, Michael, que agora é um estudante de direito, se surpreende ao reencontrá-la no banco dos réus de um tribunal alemão, acusada de crimes de guerra cometidos pelos nazistas. Confira o trailer:

Indicado em 5 categorias no Oscar de 2009, é inegável que a verdadeira grandiosidade de "O Leitor" se deve a uma abordagem narrativa bem construída e com performances absolutamente impecáveis de seu elenco. Kate Winslet entrega uma atuação magistral, capturando as nuances emocionais de sua personagem de uma maneira única - trabalho, inclusive, que rendeu o único Oscar ao filme. Já para a direção de Daldry (três vezes indicado ao Oscar durante a sua carreira, sendo uma delas por esse trabalho) não existe outra definição além de excepcional. Guiando a audiência por uma jornada complexa e introspectiva, o diretor nos coloca em uma sensação constante de desconforto que durante os três atos do filme vai mudando de perspectiva, mas nunca deixando cair sua potência como drama.

Tecnicamente é impossível não citar o trabalho da dupla de fotógrafos Chris Menges (de "A Missão") e Roger Deakins (de "1917") - reparem como os tons evoluem junto com a narrativa, dando a exata noção da beleza de uma Alemanha pós-guerra, mas também do impacto de toda uma melancolia impregnada naqueles personagens. Veja, é na minúcia dos detalhes que "O Leitor" revela sua grandeza - a simbologia nas cenas de leitura, adiciona camadas de significado à narrativa que impactam diretamente na dualidade de Hanna como amante e ré criminosa, proporcionando uma complexidade intrigante à trama. A maestria do roteiro de David Hare (também indicado ao Oscar pelo filme e por "As Horas") na construção dos personagens é tão evidente, criando laços emocionais genuínos com a audiência ao mesmo tempo que desafia as expectativas ao explorar a moralidade e o arrependimento com a mesma densidade e competência.

"The Reader" (no original) é uma experiência cinematográfica das mais interessantes. O equilíbrio entre as performances excepcionais de Winslet e Kross, a direção brilhante de Daldry e uma narrativa envolvente escrita por Hare, faz desse filme uma verdadeira obra de arte capaz de emocionar e provocar reflexões que ficarão na memória por muito tempo. Dito isso, fica fácil afirmar com todas as letras que se você gosta de histórias que tratam do amor e da culpa com a mesma seriedade e sem julgamentos perante sua complexidade, esse filme é para você!  

Imperdível!

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O Mago das Mentiras

Você conhece a expressão "não existe almoço grátis"? Pois é, Bernie Madoff elevou essa expressão para um nível estratosférico, mais precisamente, na casa de 50 bilhões de dólares... de prejuízo. Madoff, é preciso que se diga, era um dos profissionais mais respeitados do mercado financeiro nos EUA, tendo sido presidente da NASDAQ e CEO de uma das empresas de investimentos com mais prestigio em Wall Street. O único problema é que Madoff foi ambicioso demais e para alcançar seus objetivos resolveu cortar um caminho que acabou custando muito caro para ele e para seus clientes que, da noite para dia, perderam todo seu patrimônio!

Como é de se imaginar, a trama dessa produção original da HBO de 2017 gira em torno da história real de Bernard Madoff, um ex-consultor financeiro norte-americano que acabou condenado a 150 anos de prisão - ele foi responsável por uma sofisticada operação, nomeada Esquema Ponzi, uma espécie de pirâmide, que é considerada a maior fraude financeira da história dos EUA. Confira o trailer:

Dirigido por Barry Levinson, indicado 5 vezes ao Oscar e vencendor em 1988 com "Rain Man", "The Wizard of Lies" (no original) é um retrato brutal da ganância que sempre permeou o mercado financeiro de Wall Street, justamente no auge da crise do subprime deflagrada com a quebra de um dos bancos de investimentos mais tradicionais dos EUA, o Lehman Brothers, e que desencadeou uma queda insustentável nas bolsas do mundo todo - tema que você pode se aprofundar em filmes como: "Grande demais para Quebrar", "Trabalho Interno" e "Margin Call - o dia antes do fim". É nesse contexto que o diretor traz para ficção a história real da família Madoff, incrivelmente bem interpretada por Robert De Niro (Bernie), Michelle Pfeiffer (Ruth) - ambos indicados ao Emmy pelos respectivos personagens -  e um surpreendente Alessandro Nivola (como Mark - filho mais velho do casal e completamente renegado pelo pai). Veja, se você gosta de "Succession", a relação de Bernie e Mark é incrivelmente parecida com a dinâmica de Logan e Kendall.

O roteiro de Sam Levinson (isso mesmo, aquele de Euphoria e Malcolm & Marie) é extremamente feliz ao não aliviar na seriedade em uma cena sequer. A construção da narrativa é tão consistente e simples que a imersão naquela situação terrível é imediata - reparem na cena em que Bernie pede desculpas para seus clientes minutos antes de receber sua sentença! É mais uma aula de de interpretação de De Niro! Outro ponto muito interessante do roteiro diz respeito a desconstrução do "Mito Madoff" perante seus clientes e sua família, especialmente para os filhos. Figura intocável, exemplo de honestidade, durante 15, 20 anos, ele convenceu clientes de peso a investir em fundos que simplesmente não existiam e quando houve a necessidade de liquidez devido a crise de 2008, ele não teve como honrar com o enorme volume de dinheiro que ele mesmo manipulou e o reflexo disso é perfeitamente pontuado durante o filme, seja em flashes ou no arco paralelo de sua família, criando a exata sensação de desespero e angústia que todos aqueles que foram afetados pelo golpe sofreram.

"O Mago das Mentiras" pode até ser definido como cadenciado demais, lento, mas é coerente com a proposta de entregar uma história dramática e densa, com performances de um elenco que seguram a nossa atenção do início ao fim. A forte relação entre obsessão e destruição, bem como o efeito colateral que isso gerou alcançou as últimas consequências - é de embrulhar estômago, mas nos faz refletir e nos ensina ao mesmo tempo que entretem!

Vale seu play! 

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Você conhece a expressão "não existe almoço grátis"? Pois é, Bernie Madoff elevou essa expressão para um nível estratosférico, mais precisamente, na casa de 50 bilhões de dólares... de prejuízo. Madoff, é preciso que se diga, era um dos profissionais mais respeitados do mercado financeiro nos EUA, tendo sido presidente da NASDAQ e CEO de uma das empresas de investimentos com mais prestigio em Wall Street. O único problema é que Madoff foi ambicioso demais e para alcançar seus objetivos resolveu cortar um caminho que acabou custando muito caro para ele e para seus clientes que, da noite para dia, perderam todo seu patrimônio!

Como é de se imaginar, a trama dessa produção original da HBO de 2017 gira em torno da história real de Bernard Madoff, um ex-consultor financeiro norte-americano que acabou condenado a 150 anos de prisão - ele foi responsável por uma sofisticada operação, nomeada Esquema Ponzi, uma espécie de pirâmide, que é considerada a maior fraude financeira da história dos EUA. Confira o trailer:

Dirigido por Barry Levinson, indicado 5 vezes ao Oscar e vencendor em 1988 com "Rain Man", "The Wizard of Lies" (no original) é um retrato brutal da ganância que sempre permeou o mercado financeiro de Wall Street, justamente no auge da crise do subprime deflagrada com a quebra de um dos bancos de investimentos mais tradicionais dos EUA, o Lehman Brothers, e que desencadeou uma queda insustentável nas bolsas do mundo todo - tema que você pode se aprofundar em filmes como: "Grande demais para Quebrar", "Trabalho Interno" e "Margin Call - o dia antes do fim". É nesse contexto que o diretor traz para ficção a história real da família Madoff, incrivelmente bem interpretada por Robert De Niro (Bernie), Michelle Pfeiffer (Ruth) - ambos indicados ao Emmy pelos respectivos personagens -  e um surpreendente Alessandro Nivola (como Mark - filho mais velho do casal e completamente renegado pelo pai). Veja, se você gosta de "Succession", a relação de Bernie e Mark é incrivelmente parecida com a dinâmica de Logan e Kendall.

O roteiro de Sam Levinson (isso mesmo, aquele de Euphoria e Malcolm & Marie) é extremamente feliz ao não aliviar na seriedade em uma cena sequer. A construção da narrativa é tão consistente e simples que a imersão naquela situação terrível é imediata - reparem na cena em que Bernie pede desculpas para seus clientes minutos antes de receber sua sentença! É mais uma aula de de interpretação de De Niro! Outro ponto muito interessante do roteiro diz respeito a desconstrução do "Mito Madoff" perante seus clientes e sua família, especialmente para os filhos. Figura intocável, exemplo de honestidade, durante 15, 20 anos, ele convenceu clientes de peso a investir em fundos que simplesmente não existiam e quando houve a necessidade de liquidez devido a crise de 2008, ele não teve como honrar com o enorme volume de dinheiro que ele mesmo manipulou e o reflexo disso é perfeitamente pontuado durante o filme, seja em flashes ou no arco paralelo de sua família, criando a exata sensação de desespero e angústia que todos aqueles que foram afetados pelo golpe sofreram.

"O Mago das Mentiras" pode até ser definido como cadenciado demais, lento, mas é coerente com a proposta de entregar uma história dramática e densa, com performances de um elenco que seguram a nossa atenção do início ao fim. A forte relação entre obsessão e destruição, bem como o efeito colateral que isso gerou alcançou as últimas consequências - é de embrulhar estômago, mas nos faz refletir e nos ensina ao mesmo tempo que entretem!

Vale seu play! 

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O Mar da Tranquilidade

"O Mar da Tranquilidade" é uma excelente série de ficção científica, mas é preciso que se diga: embora dinâmica, não serão as ótimas cenas de ação que vão fazer a diferença na sua experiência! Aqui, o foco está na construção de uma história potente, na busca por respostas e, principalmente, na relação humana sob diversos olhares - mas uma coisa eu garanto, embora com um certo lirismo, toda essa estrutura narrativa está apoiada em um impactante conceito visual com efeitos muito bacanas. 

Em um planeta Terra do futuro que sofre uma terrível crise hídrica, a série (que tranquilamente poderia ser uma minissérie) acompanha a cientista e astrobióloga, Song Ji-an (Bae Doona de "Sense8"), que decide se juntar a uma importante missão para recuperar misteriosas amostras de uma substância em uma estação espacial na Lua. Porém, algum tempo antes, um trágico acidente aconteceu na estação, matando todos os astronautas que estavam lá, incluindo sua irmã. Agora esse novo grupo precisará descobrir o que aconteceu e talvez enfrentar uma perigosa ameaça. Confira o trailer:

Mar da Tranquilidade é uma região na lua, onde o Módulo Lunar Eagle, da Apollo 11, pousou em 1969 - e é justamente nesse local que se encontra uma enorme Estação de Pesquisa Lunar chamada "Balhae" e onde se desenvolve grande parte da história dessa produção sul coreana surpreendente. Apoiada em uma construção cênica sensacional, que mais parece um labirinto claustrofóbico do que um laboratório de pesquisa, o roteiro da série é muito inteligente em trabalhar, dentro da ficção científica, elementos que misturam suspense e conspiração política.  

É inegável que muitas das cenas, e até pelo clima de tensão construído pelo diretor estreante Choi Hang-Yong, nos fazem lembrar os bons tempos de "Alien, o Oitavo Passageiro" de Ridley Scott. Ao mesmo tempo que a narrativa vai nos entregando as peças de um enorme quebra-cabeça e as relações entre os personagens vão se estabelecendo, existe um certo tom de urgência e de mistério que nos move episódio por episódio - a edição é um primor! Mas não é só isso, Hang-Yong também se apropria das dores mais intimas dos seus personagens e, pouco a pouco, vai justificando suas atitudes a partir das memórias mais marcantes de cada um - e desfecho do  capitão Han (Gong Yoo de "Round 6") é um ótimo exemplo.

Baseado em um curta-metragem homônimo do próprio Choi Hang-Yong, "O Mar da Tranquilidade" sabe trabalhar os símbolos de esperança (ao melhor estilo "Armagedom"), indicando que com inteligência, estudo e amor é possível almejar uma continuidade improvável diante de uma paisagem pós-apocalíptica (como em "O Céu da Meia-Noite") mesmo com muitos seres-humanos, mais uma vez, pensando só em si (como em "Passageiro Acidental").

Se você gosta de uma ficção científica raiz ao melhor estilo "Enigma de Andromeda", com uma história muito boa e uma produção incrível, pode dar o play sem medo!

Assista Agora

"O Mar da Tranquilidade" é uma excelente série de ficção científica, mas é preciso que se diga: embora dinâmica, não serão as ótimas cenas de ação que vão fazer a diferença na sua experiência! Aqui, o foco está na construção de uma história potente, na busca por respostas e, principalmente, na relação humana sob diversos olhares - mas uma coisa eu garanto, embora com um certo lirismo, toda essa estrutura narrativa está apoiada em um impactante conceito visual com efeitos muito bacanas. 

Em um planeta Terra do futuro que sofre uma terrível crise hídrica, a série (que tranquilamente poderia ser uma minissérie) acompanha a cientista e astrobióloga, Song Ji-an (Bae Doona de "Sense8"), que decide se juntar a uma importante missão para recuperar misteriosas amostras de uma substância em uma estação espacial na Lua. Porém, algum tempo antes, um trágico acidente aconteceu na estação, matando todos os astronautas que estavam lá, incluindo sua irmã. Agora esse novo grupo precisará descobrir o que aconteceu e talvez enfrentar uma perigosa ameaça. Confira o trailer:

Mar da Tranquilidade é uma região na lua, onde o Módulo Lunar Eagle, da Apollo 11, pousou em 1969 - e é justamente nesse local que se encontra uma enorme Estação de Pesquisa Lunar chamada "Balhae" e onde se desenvolve grande parte da história dessa produção sul coreana surpreendente. Apoiada em uma construção cênica sensacional, que mais parece um labirinto claustrofóbico do que um laboratório de pesquisa, o roteiro da série é muito inteligente em trabalhar, dentro da ficção científica, elementos que misturam suspense e conspiração política.  

É inegável que muitas das cenas, e até pelo clima de tensão construído pelo diretor estreante Choi Hang-Yong, nos fazem lembrar os bons tempos de "Alien, o Oitavo Passageiro" de Ridley Scott. Ao mesmo tempo que a narrativa vai nos entregando as peças de um enorme quebra-cabeça e as relações entre os personagens vão se estabelecendo, existe um certo tom de urgência e de mistério que nos move episódio por episódio - a edição é um primor! Mas não é só isso, Hang-Yong também se apropria das dores mais intimas dos seus personagens e, pouco a pouco, vai justificando suas atitudes a partir das memórias mais marcantes de cada um - e desfecho do  capitão Han (Gong Yoo de "Round 6") é um ótimo exemplo.

Baseado em um curta-metragem homônimo do próprio Choi Hang-Yong, "O Mar da Tranquilidade" sabe trabalhar os símbolos de esperança (ao melhor estilo "Armagedom"), indicando que com inteligência, estudo e amor é possível almejar uma continuidade improvável diante de uma paisagem pós-apocalíptica (como em "O Céu da Meia-Noite") mesmo com muitos seres-humanos, mais uma vez, pensando só em si (como em "Passageiro Acidental").

Se você gosta de uma ficção científica raiz ao melhor estilo "Enigma de Andromeda", com uma história muito boa e uma produção incrível, pode dar o play sem medo!

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O melhor está por vir

"O melhor está por vir" é um filme francês surpreendente, pois equilibra muito bem dois gêneros que, ao mesmo tempo tão diferentes, se completam: a comédia e o drama. Reparem na história: após descobrir por engano que seu melhor amigo, César (Patrick Bruel), está com câncer e que tem apenas três meses de vida, Arthur (Fabrice Luchini) precisa contar esse duro diagnóstico, porém ele acaba se atrapalhando e deixa a entender que quem está doente é ele e não César. A partir daí eles resolvem deixar os problemas do cotidiano para trás, recuperar o tempo perdido e viver o pouco tempo que lhes restam juntos, da melhor maneira possível!

Olha, o filme é realmente uma graça! Embora a premissa possa parecer batida, dolorida e até indicar uma história cheia de sofrimento fantasiado de nostalgia, "O melhor está por vir" é justamente o contrário, ele é leve, divertido, inteligente e muito sensível para transitar entre o amor e a dor, entre a vida e a morte, sem pegar atalhos! Confesso que fui pego de surpresa, não sabia muito sobre o filme  e posso garantir que a experiência não poderia ter sido melhor.

O roteiro, dos também diretores, Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière, fala de amizade, claro, mas fala muito sobre o valor e a importância do perdão - para o outro e para si mesmo! É muito inteligente a maneira como o texto pontua algumas das situações de vida desses dois amigos de infância, com personalidades tão diferentes, que precisaram lidar com as consequências de algo que não saiu tão bem como planejado. Arthur tem uma personalidade difícil, sofre com o fim do seu casamento e com a dificuldade de se relacionar com a filha pré-adolescente. Já César é um fracassado profissional, que deve muito dinheiro, mas não abre mão da boa vida. O roteiro dá uma aula de estrutura, tudo é muito bem definido e perceptível: o primeiro ato funciona como apresentação dos personagens, a origem da amizade entre eles e suas particularidades emocionais. O conflito também é naturalmente construído e ainda fortalece a diferença e o estilo de vida de cada um, agora adultos , mas sempre pontuando um elo em comum: a forte amizade! O segundo ato, nos trás muitas referências de  “Antes de Partir” com Jack Nicholson e Morgan Freeman, mas mesmo assim só faz aumentar nossa empatia com os personagens e nos divertir com as situações que eles estão passando juntos durante a jornada. E para finalizar, no terceiro ato, uma entrega sem ser excessivamente dramática, com uma mensagem completamente alinhada à tudo que foi construído durante a narrativa e o melhor: uma sensação de missão cumprida absurda - é lindo, emocionante e verdadeiro!

Se no inicio temos a sensação que "O melhor está por vir" é uma comédia "estilo pastelão" com atuações acima do tom, em seguida já percebemos algo mais suave, com mais pausas, olhares e uma química impressionante entre os dois atores que se sustenta até o final, onde a comédia, naturalmente, dá lugar ao drama - mas tudo, absolutamente tudo, sem perder a alma e a sutileza do texto - para mim, grande mérito de uma direção extremamente competente, técnica e segura de onde queria chegar! Uma menção importante: a fotografia do Guillaume Schiffman (indicado ao Oscar pelo "O Artista") é maravilhosa - vemos uma Paris pelos olhos de parisienses e isso faz toda a diferença - parece que estamos ouvindo uma história de quem realmente viveu tudo aquilo! É lindo!

Pode se preparar, "O melhor está por vir", vai mexer com seu coração, mas de uma forma leve, sem muito drama e com muita sinceridade e sutileza.

Vale muito a pena!

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"O melhor está por vir" é um filme francês surpreendente, pois equilibra muito bem dois gêneros que, ao mesmo tempo tão diferentes, se completam: a comédia e o drama. Reparem na história: após descobrir por engano que seu melhor amigo, César (Patrick Bruel), está com câncer e que tem apenas três meses de vida, Arthur (Fabrice Luchini) precisa contar esse duro diagnóstico, porém ele acaba se atrapalhando e deixa a entender que quem está doente é ele e não César. A partir daí eles resolvem deixar os problemas do cotidiano para trás, recuperar o tempo perdido e viver o pouco tempo que lhes restam juntos, da melhor maneira possível!

Olha, o filme é realmente uma graça! Embora a premissa possa parecer batida, dolorida e até indicar uma história cheia de sofrimento fantasiado de nostalgia, "O melhor está por vir" é justamente o contrário, ele é leve, divertido, inteligente e muito sensível para transitar entre o amor e a dor, entre a vida e a morte, sem pegar atalhos! Confesso que fui pego de surpresa, não sabia muito sobre o filme  e posso garantir que a experiência não poderia ter sido melhor.

O roteiro, dos também diretores, Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière, fala de amizade, claro, mas fala muito sobre o valor e a importância do perdão - para o outro e para si mesmo! É muito inteligente a maneira como o texto pontua algumas das situações de vida desses dois amigos de infância, com personalidades tão diferentes, que precisaram lidar com as consequências de algo que não saiu tão bem como planejado. Arthur tem uma personalidade difícil, sofre com o fim do seu casamento e com a dificuldade de se relacionar com a filha pré-adolescente. Já César é um fracassado profissional, que deve muito dinheiro, mas não abre mão da boa vida. O roteiro dá uma aula de estrutura, tudo é muito bem definido e perceptível: o primeiro ato funciona como apresentação dos personagens, a origem da amizade entre eles e suas particularidades emocionais. O conflito também é naturalmente construído e ainda fortalece a diferença e o estilo de vida de cada um, agora adultos , mas sempre pontuando um elo em comum: a forte amizade! O segundo ato, nos trás muitas referências de  “Antes de Partir” com Jack Nicholson e Morgan Freeman, mas mesmo assim só faz aumentar nossa empatia com os personagens e nos divertir com as situações que eles estão passando juntos durante a jornada. E para finalizar, no terceiro ato, uma entrega sem ser excessivamente dramática, com uma mensagem completamente alinhada à tudo que foi construído durante a narrativa e o melhor: uma sensação de missão cumprida absurda - é lindo, emocionante e verdadeiro!

Se no inicio temos a sensação que "O melhor está por vir" é uma comédia "estilo pastelão" com atuações acima do tom, em seguida já percebemos algo mais suave, com mais pausas, olhares e uma química impressionante entre os dois atores que se sustenta até o final, onde a comédia, naturalmente, dá lugar ao drama - mas tudo, absolutamente tudo, sem perder a alma e a sutileza do texto - para mim, grande mérito de uma direção extremamente competente, técnica e segura de onde queria chegar! Uma menção importante: a fotografia do Guillaume Schiffman (indicado ao Oscar pelo "O Artista") é maravilhosa - vemos uma Paris pelos olhos de parisienses e isso faz toda a diferença - parece que estamos ouvindo uma história de quem realmente viveu tudo aquilo! É lindo!

Pode se preparar, "O melhor está por vir", vai mexer com seu coração, mas de uma forma leve, sem muito drama e com muita sinceridade e sutileza.

Vale muito a pena!

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O Melhor Lance

Sabe aqueles filmes de suspense psicológico bem anos 90 que faziam nossa cabeça explodir, mas muito mais pelo entretenimento que eles ofereciam do que por se tratar de uma obra perfeita com um roteiro impecável? Pois bem, "O Melhor Lance" é justamente isso - embora aqui seja chancelado pelo excelente trabalho do diretor italiano Giuseppe Tornatore, responsável por verdadeiras pérolas como "Cinema Paradiso" e "Malena". O filme é eficaz em sua proposta de fomentar o mistério e ao desvendar-lo, criar ramificações interessantes que exploram o drama, o erotismo (muito mais platônico do que visual) e algum romance que se misturam em uma trama envolvente e fácil de assistir - lembrando muito o estilo de "A Grande Mentira" de 2019, em seus méritos e falhas. 

"La Migliore Offerta" (no original) segue a história de Virgil Oldman (Geoffrey Rush), um excêntrico especialista em arte que é contratado para avaliar a coleção de uma misteriosa herdeira, Claire Ibbetson (Sylvia Hoeks). À medida que Virgil mergulha no mundo fascinante das obras de arte, ele se vê cada vez mais intrigado e envolvido com a figura enigmática de Claire que nunca aparece - dada sua condição médica, já que aparentemente ela sofre de agorafobia. O que começa como uma relação profissional entre eles, logo se transforma em uma jornada emocional e existencial que leva Virgil a confrontar seus próprios demônios interiores. Confira o trailer:

De fato "O Melhor Lance" instiga desde o primeiro olhar e nos faz parecer se tratar de um filme excepcional. No entanto o roteiro acaba não sustentando sua proposta inicial, entregando um primeiro e um terceiro ato excelentes, mas um segundo ato pouco inspirado. A maneira habilidosa como Tornatore constrói sua narrativa ameniza essa deficiência, ajudando a diminuir o impacto dessa instabilidade na nossa experiência, especialmente com um visual deslumbrante que se confunde com próprio pano de fundo da trama - os bastidores dos leilões e avaliações de obras de arte. Existe uma elegância estética que funciona muito bem nessa atmosfera mais poética de mistério criada pelo diretor - essencialmente na fotografia, rica em detalhes e com composições impecáveis de segundo plano.

Com uma trama até certo ponto complexa na sua essência, mas fluida e até previsível na sua forma, o filme acaba se beneficiando da performance emocionalmente rica de Geoffrey Rush - ele é um verdadeiro tour de force, proporcionando uma profundidade e nuances ao personagem que são ao mesmo tempo cativantes e comoventes. O fotógrafo Fabio Zamarion (de "A Desconhecida") sabe muito bem disso e não por acaso potencializa o deslumbrante trabalho de Rush, capturando cada detalhe de um Virgil cheio de camadas ao mesmo tempo em que personifica nele (e no seu fiel amigo, Billy Whistler) a beleza e as intrigas do mundo da arte. Além disso, é impossível não citar a trilha sonora do gênio Ennio Morricone - ela eleva ainda mais essa experiência, nos envolvendo em um mood de completo mistério e simbolismo.

Saiba que "O Melhor Lance" é um filme sobre os dilemas do ser humano bem emoldurado pela beleza da arte - é uma reflexão sobre a natureza da solidão, os perigos do desejo e da busca pela redenção. Mas saiba também que, na verdade, diferente de "Retrato de uma Jovem em Chamas", o que nos move mesmo é o mistério de sua trama, de sua narrativa envolvente, com performances interessantes e uma direção magistral de Tornatore. Aqui temos um filme que desafia nossas percepções com o único e claro objetivo de nos entreter o tempo todo. É um filme inesquecível? Longe disso, mas certamente vai te proporcionar duas horas de muitas teorias e algumas emoções.

Vale o seu play!

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Sabe aqueles filmes de suspense psicológico bem anos 90 que faziam nossa cabeça explodir, mas muito mais pelo entretenimento que eles ofereciam do que por se tratar de uma obra perfeita com um roteiro impecável? Pois bem, "O Melhor Lance" é justamente isso - embora aqui seja chancelado pelo excelente trabalho do diretor italiano Giuseppe Tornatore, responsável por verdadeiras pérolas como "Cinema Paradiso" e "Malena". O filme é eficaz em sua proposta de fomentar o mistério e ao desvendar-lo, criar ramificações interessantes que exploram o drama, o erotismo (muito mais platônico do que visual) e algum romance que se misturam em uma trama envolvente e fácil de assistir - lembrando muito o estilo de "A Grande Mentira" de 2019, em seus méritos e falhas. 

"La Migliore Offerta" (no original) segue a história de Virgil Oldman (Geoffrey Rush), um excêntrico especialista em arte que é contratado para avaliar a coleção de uma misteriosa herdeira, Claire Ibbetson (Sylvia Hoeks). À medida que Virgil mergulha no mundo fascinante das obras de arte, ele se vê cada vez mais intrigado e envolvido com a figura enigmática de Claire que nunca aparece - dada sua condição médica, já que aparentemente ela sofre de agorafobia. O que começa como uma relação profissional entre eles, logo se transforma em uma jornada emocional e existencial que leva Virgil a confrontar seus próprios demônios interiores. Confira o trailer:

De fato "O Melhor Lance" instiga desde o primeiro olhar e nos faz parecer se tratar de um filme excepcional. No entanto o roteiro acaba não sustentando sua proposta inicial, entregando um primeiro e um terceiro ato excelentes, mas um segundo ato pouco inspirado. A maneira habilidosa como Tornatore constrói sua narrativa ameniza essa deficiência, ajudando a diminuir o impacto dessa instabilidade na nossa experiência, especialmente com um visual deslumbrante que se confunde com próprio pano de fundo da trama - os bastidores dos leilões e avaliações de obras de arte. Existe uma elegância estética que funciona muito bem nessa atmosfera mais poética de mistério criada pelo diretor - essencialmente na fotografia, rica em detalhes e com composições impecáveis de segundo plano.

Com uma trama até certo ponto complexa na sua essência, mas fluida e até previsível na sua forma, o filme acaba se beneficiando da performance emocionalmente rica de Geoffrey Rush - ele é um verdadeiro tour de force, proporcionando uma profundidade e nuances ao personagem que são ao mesmo tempo cativantes e comoventes. O fotógrafo Fabio Zamarion (de "A Desconhecida") sabe muito bem disso e não por acaso potencializa o deslumbrante trabalho de Rush, capturando cada detalhe de um Virgil cheio de camadas ao mesmo tempo em que personifica nele (e no seu fiel amigo, Billy Whistler) a beleza e as intrigas do mundo da arte. Além disso, é impossível não citar a trilha sonora do gênio Ennio Morricone - ela eleva ainda mais essa experiência, nos envolvendo em um mood de completo mistério e simbolismo.

Saiba que "O Melhor Lance" é um filme sobre os dilemas do ser humano bem emoldurado pela beleza da arte - é uma reflexão sobre a natureza da solidão, os perigos do desejo e da busca pela redenção. Mas saiba também que, na verdade, diferente de "Retrato de uma Jovem em Chamas", o que nos move mesmo é o mistério de sua trama, de sua narrativa envolvente, com performances interessantes e uma direção magistral de Tornatore. Aqui temos um filme que desafia nossas percepções com o único e claro objetivo de nos entreter o tempo todo. É um filme inesquecível? Longe disso, mas certamente vai te proporcionar duas horas de muitas teorias e algumas emoções.

Vale o seu play!

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O Método Kominsky

Embora estivesse na minha lista desde o lançamento, eu comecei assistir "O Método Kominsky" apenas após as premiações do Globo de Ouro de 2019, onde a série levou "Melhor Comédia ou Musical" e "Melhor Ator" com o Michael Douglas. Olha, de cara eu posso te dizer que a série não é para qualquer um; ela tem um humor bem peculiar, muito ácido - quase inglês!!! A narrativa também não é tão dinâmica, pois o texto exige muitas pausas, reflexões - o silêncio diz muito nessa série!!! A verdade é que quem não estiver realmente disposto a mergulhar nesse universo (tão particular e reflexivo), não vai se divertir.

Dois grandes amigos, acima dos 70 anos: um respeitado Professor de Teatro (por isso a referência do título) e seu agente precisam lidar com os reflexos da idade e a relação com mundo em que vivem. E como todo senhor "bem" humorado, é no mal humor dessa intimidade verdadeira que estão as pérolas dessa série. Michael Douglas (como Sandy Kominsky) e Alan Arkin (como Norman) estão simplesmente perfeitos - aliás, merecidíssimo o prêmio de melhor ator para Douglas e a indicação de ator coadjuvante para Arkin!!! Os dois são a série e dão um show!!!

Eu não sabia absolutamente nada sobre a série e logo depois da primeira cena, já me arrependi de não ter assistido antes - ela é sensacional!!! Enganasse quem assiste com o intuito de encontrar uma comédia tipo "Two and a half man", por exemplo (que é do mesmo produtor - Chuck Lorre, por isso a comparação) - é completamente diferente, pois mesmo parecendo estereotipados, os personagens são muito humanos e isso trás para a tela uma complexidade muito bem trabalhada nas situações que esses dois amigos vivem! A série fala de amizade, de relações entre pessoas e com o amadurecimento como ser humano. Fala sobre envelhecer, sobre perder a vitalidade. Fala sobre as novas gerações, suas diferenças, peculiaridades. Mas principalmente, fala sobre o que projetamos para nossa vida em alguns anos! São muito sensíveis essas discussões no roteiro, tudo está muito escondido entre um comentário (que pode até soar engraçado) e uma piada (que nem sempre nos faz rir e sim refletir). Existe um leveza na dor de lidar com o tempo e isso é magnífico!

O Método Kominsky é daquelas séries que você não quer acabe. O fato de termos 8 episódios de 30 minutos ajuda na experiência, pois não cansa viver cada um daqueles minutos. O mal humor tem seu charme (vide Dr. House) e o desprendimento de lidar com ele de uma forma leve, trás muita coisa boa para essa comédia cheia de drama (e de verdade). Se você tem mais de 35 anos, fez teatro na adolescência, tem aqueles amigos de uma vida inteira, faz um favor pra você: não deixe de assistir! Se não se enquadra na lista anterior, mas está disposto a encarar como bom humor o que vem por aí, também aproveite, porque vale o play! 

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Embora estivesse na minha lista desde o lançamento, eu comecei assistir "O Método Kominsky" apenas após as premiações do Globo de Ouro de 2019, onde a série levou "Melhor Comédia ou Musical" e "Melhor Ator" com o Michael Douglas. Olha, de cara eu posso te dizer que a série não é para qualquer um; ela tem um humor bem peculiar, muito ácido - quase inglês!!! A narrativa também não é tão dinâmica, pois o texto exige muitas pausas, reflexões - o silêncio diz muito nessa série!!! A verdade é que quem não estiver realmente disposto a mergulhar nesse universo (tão particular e reflexivo), não vai se divertir.

Dois grandes amigos, acima dos 70 anos: um respeitado Professor de Teatro (por isso a referência do título) e seu agente precisam lidar com os reflexos da idade e a relação com mundo em que vivem. E como todo senhor "bem" humorado, é no mal humor dessa intimidade verdadeira que estão as pérolas dessa série. Michael Douglas (como Sandy Kominsky) e Alan Arkin (como Norman) estão simplesmente perfeitos - aliás, merecidíssimo o prêmio de melhor ator para Douglas e a indicação de ator coadjuvante para Arkin!!! Os dois são a série e dão um show!!!

Eu não sabia absolutamente nada sobre a série e logo depois da primeira cena, já me arrependi de não ter assistido antes - ela é sensacional!!! Enganasse quem assiste com o intuito de encontrar uma comédia tipo "Two and a half man", por exemplo (que é do mesmo produtor - Chuck Lorre, por isso a comparação) - é completamente diferente, pois mesmo parecendo estereotipados, os personagens são muito humanos e isso trás para a tela uma complexidade muito bem trabalhada nas situações que esses dois amigos vivem! A série fala de amizade, de relações entre pessoas e com o amadurecimento como ser humano. Fala sobre envelhecer, sobre perder a vitalidade. Fala sobre as novas gerações, suas diferenças, peculiaridades. Mas principalmente, fala sobre o que projetamos para nossa vida em alguns anos! São muito sensíveis essas discussões no roteiro, tudo está muito escondido entre um comentário (que pode até soar engraçado) e uma piada (que nem sempre nos faz rir e sim refletir). Existe um leveza na dor de lidar com o tempo e isso é magnífico!

O Método Kominsky é daquelas séries que você não quer acabe. O fato de termos 8 episódios de 30 minutos ajuda na experiência, pois não cansa viver cada um daqueles minutos. O mal humor tem seu charme (vide Dr. House) e o desprendimento de lidar com ele de uma forma leve, trás muita coisa boa para essa comédia cheia de drama (e de verdade). Se você tem mais de 35 anos, fez teatro na adolescência, tem aqueles amigos de uma vida inteira, faz um favor pra você: não deixe de assistir! Se não se enquadra na lista anterior, mas está disposto a encarar como bom humor o que vem por aí, também aproveite, porque vale o play! 

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O Milagre na Cela 7

Talvez o maior mérito de "O Milagre na Cela 7" seja estabelecer um vínculo emocional imediato com quem assiste, usando três elementos narrativos imbatíveis: uma criança, um pai autista e a injustiça! É impossível desvincular o sucesso dessa adaptação turca de um filme coreano de 2013, do poder que uma plataforma de streaming tem de alcançar um público certeiro e depois democratizar várias formas de dramaturgia - explicarei essa afirmação um pouco mais abaixo, já que esse é o tipo de filme que exige uma análise cuidadosa.

"O Milagre na Cela 7" conta a história de Memo (Aras Bulut Iynemli), um pai autista que vive em um pequeno vilarejo da Turquia com a filha, Ova (Nisa Sofiya Aksongur) e a avó, Fatma (Celile Toyon Uysal). Muito ingênuo e amável, Memo sempre foi muito querido por todos, mas sua vida muda completamente quando ele se envolve em um acidente que mata a filha de um importante tenente do exército turco (Yurdaer Okur). Acusado injustamente de assassinato e supostamente sem elementos para provar sua inocência, Memo é encaminhado para uma prisão enquanto aguarda o momento de sua execução de pena de morte. Confira o trailer:

Como é possível perceber pelo trailer, o roteiro constrói uma jornada extremamente sensível do ponto de vista de uma criança que não tem a menor noção da gravidade de uma acusação como a que o pai está sofrendo, ao mesmo tempo que o pai também não consegue entender aquela injusta realidade graças a sua condição - aliás, sua interpretação sobre o que está vivendo na prisão nos faz lembrar muito do conceito narrativo de "A Vida é Bela" (1997). Essa dinâmica, de fato, nos coloca dentro do filme durante duas horas, com muita leveza e pontuando alguns aspectos religiosos que humanizam os personagens e levantam questões tão atuais como culpa, perdão e com que olhos enxergamos isso tudo! Eu diria que o filme vale o play pela história, pela mensagem, mas para uma audiência com um olhar mais técnico, o filme não deve agradar!

Vamos lá, o diretor Mehmet Ada Öztekin entregou um filme, mas parecia que estava dirigindo uma novela. E aqui cabe uma observação importante: não por acaso a Turquia se tornou um grande exportador de novelas desde 2013 (algumas com grande sucesso no Brasil, inclusive) e "O Milagre na Cela 7" segue exatamente aquela linguagem. A Turquia é uma espécie de "México da Europa" no que diz respeito a qualidade de produção e dramaturgia - os atores são exagerados, a fotografia interna é falsa, os movimentos de câmera, na sua grande maioria, sem muito propósito e o desenho de produção é completamente fora da realidade.Isso é um problema? Claro que não, desde que você não se apegue ao trailer e a esse tipo de detalhe mais técnico; e foque no que mais te interessa: a história!

Dito isso, é natural que "O Milagre na Cela 7" agrade muita gente, da mesma forma que "A Cabana"agradou - em vários aspectos os filmes são similares, com uma história muito interessante, emocionante e que te prende do começo ao fim, mas sem um cuidado técnico e artístico que justifique voos mais altos. Eu indico o filme, é uma ótima "Sessão da Tarde", entretenimento despretensioso que vai mexer com suas emoções, mas dê o play sabendo das suas imitações para não se decepcionar!

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Talvez o maior mérito de "O Milagre na Cela 7" seja estabelecer um vínculo emocional imediato com quem assiste, usando três elementos narrativos imbatíveis: uma criança, um pai autista e a injustiça! É impossível desvincular o sucesso dessa adaptação turca de um filme coreano de 2013, do poder que uma plataforma de streaming tem de alcançar um público certeiro e depois democratizar várias formas de dramaturgia - explicarei essa afirmação um pouco mais abaixo, já que esse é o tipo de filme que exige uma análise cuidadosa.

"O Milagre na Cela 7" conta a história de Memo (Aras Bulut Iynemli), um pai autista que vive em um pequeno vilarejo da Turquia com a filha, Ova (Nisa Sofiya Aksongur) e a avó, Fatma (Celile Toyon Uysal). Muito ingênuo e amável, Memo sempre foi muito querido por todos, mas sua vida muda completamente quando ele se envolve em um acidente que mata a filha de um importante tenente do exército turco (Yurdaer Okur). Acusado injustamente de assassinato e supostamente sem elementos para provar sua inocência, Memo é encaminhado para uma prisão enquanto aguarda o momento de sua execução de pena de morte. Confira o trailer:

Como é possível perceber pelo trailer, o roteiro constrói uma jornada extremamente sensível do ponto de vista de uma criança que não tem a menor noção da gravidade de uma acusação como a que o pai está sofrendo, ao mesmo tempo que o pai também não consegue entender aquela injusta realidade graças a sua condição - aliás, sua interpretação sobre o que está vivendo na prisão nos faz lembrar muito do conceito narrativo de "A Vida é Bela" (1997). Essa dinâmica, de fato, nos coloca dentro do filme durante duas horas, com muita leveza e pontuando alguns aspectos religiosos que humanizam os personagens e levantam questões tão atuais como culpa, perdão e com que olhos enxergamos isso tudo! Eu diria que o filme vale o play pela história, pela mensagem, mas para uma audiência com um olhar mais técnico, o filme não deve agradar!

Vamos lá, o diretor Mehmet Ada Öztekin entregou um filme, mas parecia que estava dirigindo uma novela. E aqui cabe uma observação importante: não por acaso a Turquia se tornou um grande exportador de novelas desde 2013 (algumas com grande sucesso no Brasil, inclusive) e "O Milagre na Cela 7" segue exatamente aquela linguagem. A Turquia é uma espécie de "México da Europa" no que diz respeito a qualidade de produção e dramaturgia - os atores são exagerados, a fotografia interna é falsa, os movimentos de câmera, na sua grande maioria, sem muito propósito e o desenho de produção é completamente fora da realidade.Isso é um problema? Claro que não, desde que você não se apegue ao trailer e a esse tipo de detalhe mais técnico; e foque no que mais te interessa: a história!

Dito isso, é natural que "O Milagre na Cela 7" agrade muita gente, da mesma forma que "A Cabana"agradou - em vários aspectos os filmes são similares, com uma história muito interessante, emocionante e que te prende do começo ao fim, mas sem um cuidado técnico e artístico que justifique voos mais altos. Eu indico o filme, é uma ótima "Sessão da Tarde", entretenimento despretensioso que vai mexer com suas emoções, mas dê o play sabendo das suas imitações para não se decepcionar!

Assista Agora

O Mundo depois de nós

"O Mundo depois de nós" é muito bom, principalmente por saber como alimentar nossas expectativas, com uma atmosfera de tensão constante realmente impressionante,  para depois, conscientemente, quebrá-las sem dar todas as explicações. Dito isso, fica fácil atestar que sua maior força pode ser sua maior fraqueza para muitas pessoas - se colocando naquela incomoda prateleira do "8 ou 80" ou do "ame ou odeie" e adianto: para nós, está muito mais para o amor do 80!  Dirigido por Sam Esmail (mente criativa por trás de "Mr. Robot") o filme mistura drama e suspense, quase psicológico, ao melhor estilo, e respeitando suas diferenças de gênero, "The Bar" e "Rua Cloverfield, 10". Aqui, mais uma vez, é o terror perante o desconhecido que nos move como audiência!

O casal Amanda (Julia Roberts) e Clay (Ethan Hawke) vão passar um final de semana em uma mansão afastada da cidade com o simples intuito de descansar com seus filhos. Tudo vai bem até que um apagão traz dois desconhecidos com notícias de que algo muito estranho está acontecendo em todo EUA. E não é só isso, já que G.H. (Mahershala Ali) e Ruth (Myha'la) estão desesperados por abrigo, alegando que a casa é deles e que precisam entrar para se protegerem da grande ameaça invisível que arrisca a vida de todos. Agora, as duas famílias precisam se unir para se salvarem de um possível desastre e que, a cada momento, parece ficar mais assustador e perigoso. Confira o trailer:

O romance de Rumaan Alam que serviu de base para essa produção da Netflix, saiu bem em 2020 em uma época onde, infelizmente, a perspectiva sobre "o fim do mundo" pareceu sair da ficção para fazer parte do nosso cotidiano. Aquela sensação de angustia sobre a imprevisibilidade de uma situação que parecia impossível de acontecer, mas aconteceu, deixava um certo vazio e olha, assistindo essa adaptação posso te garantir que Esmail conseguiu replicar muito bem esse clima de incertezas em uma trama dinâmica, profunda e bem interessante. Saiba que a perspectiva de um "final infeliz" pelo ponto de vista de seis personagens diferentes, com suas prioridades e dores, é tão palpável que até os momentos visualmente mais impactantes (bem ao estilo filme catástrofe) parecem possíveis. 

Produzido por Michelle e Barack Obama, "O Mundo depois de nós" parece ter uma mensagem um tanto óbvia: estamos mais perto desse absurdo do que você pode imaginar! Tecnicamente tudo é construído para confirmar essa premissa - as composições em GC, por exemplo, são ótimas e estão muito bem integradas ao trabalho fotográfico do diretor Tod Campbell de ("Stranger Things") - reparem como aquela mansão, com tudo que ela proporciona de conforto, não serve para absolutamente nada quando o caos está presente do lado de fora. Campbell brinca com nossa percepção se insegurança usando a amplitude focal da mesma forma como Kyung-pyo Hong fez em "Parasita" - os movimentos mostram os pavimentos como uma forma de subversão social ao mesmo tempo que a porta de vidro no fundo da sala serve como uma espécie de moldura que separa o "real" (com uma Amanda tranquila se servindo de uma taça de vinho) do "improvável" (com uma dezena de cervos assustados observando ela entre as sombras e frio) - lindo de ver toda essa simbologia.

Com um elenco afiado, um roteiro bem construído e uma direção acima da média, "Leave the World Behind" (no original) vai além do óbvio e entrega uma experiência cativante e provocativa, especialmente em seus detalhes - seja com diálogos mais críticos ou com nuances visuais que exigem nossa atenção por tamanha sensibilidade. De fato Esmail consegue mesclaro terror do desconhecido com as complexidades das relações humanas na medida certa e isso nos provoca algumas reflexões sobre a fragilidade da sociedade moderna - como, aliás, aconteceu em 2020 (então não se esqueça desse detalhe em nenhum momento que tudo fará ainda mais sentido). 

Vale o seu play, mas não espere um filme com muita ação - a questão aqui é muito mais intima e interpretativa, ok?

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"O Mundo depois de nós" é muito bom, principalmente por saber como alimentar nossas expectativas, com uma atmosfera de tensão constante realmente impressionante,  para depois, conscientemente, quebrá-las sem dar todas as explicações. Dito isso, fica fácil atestar que sua maior força pode ser sua maior fraqueza para muitas pessoas - se colocando naquela incomoda prateleira do "8 ou 80" ou do "ame ou odeie" e adianto: para nós, está muito mais para o amor do 80!  Dirigido por Sam Esmail (mente criativa por trás de "Mr. Robot") o filme mistura drama e suspense, quase psicológico, ao melhor estilo, e respeitando suas diferenças de gênero, "The Bar" e "Rua Cloverfield, 10". Aqui, mais uma vez, é o terror perante o desconhecido que nos move como audiência!

O casal Amanda (Julia Roberts) e Clay (Ethan Hawke) vão passar um final de semana em uma mansão afastada da cidade com o simples intuito de descansar com seus filhos. Tudo vai bem até que um apagão traz dois desconhecidos com notícias de que algo muito estranho está acontecendo em todo EUA. E não é só isso, já que G.H. (Mahershala Ali) e Ruth (Myha'la) estão desesperados por abrigo, alegando que a casa é deles e que precisam entrar para se protegerem da grande ameaça invisível que arrisca a vida de todos. Agora, as duas famílias precisam se unir para se salvarem de um possível desastre e que, a cada momento, parece ficar mais assustador e perigoso. Confira o trailer:

O romance de Rumaan Alam que serviu de base para essa produção da Netflix, saiu bem em 2020 em uma época onde, infelizmente, a perspectiva sobre "o fim do mundo" pareceu sair da ficção para fazer parte do nosso cotidiano. Aquela sensação de angustia sobre a imprevisibilidade de uma situação que parecia impossível de acontecer, mas aconteceu, deixava um certo vazio e olha, assistindo essa adaptação posso te garantir que Esmail conseguiu replicar muito bem esse clima de incertezas em uma trama dinâmica, profunda e bem interessante. Saiba que a perspectiva de um "final infeliz" pelo ponto de vista de seis personagens diferentes, com suas prioridades e dores, é tão palpável que até os momentos visualmente mais impactantes (bem ao estilo filme catástrofe) parecem possíveis. 

Produzido por Michelle e Barack Obama, "O Mundo depois de nós" parece ter uma mensagem um tanto óbvia: estamos mais perto desse absurdo do que você pode imaginar! Tecnicamente tudo é construído para confirmar essa premissa - as composições em GC, por exemplo, são ótimas e estão muito bem integradas ao trabalho fotográfico do diretor Tod Campbell de ("Stranger Things") - reparem como aquela mansão, com tudo que ela proporciona de conforto, não serve para absolutamente nada quando o caos está presente do lado de fora. Campbell brinca com nossa percepção se insegurança usando a amplitude focal da mesma forma como Kyung-pyo Hong fez em "Parasita" - os movimentos mostram os pavimentos como uma forma de subversão social ao mesmo tempo que a porta de vidro no fundo da sala serve como uma espécie de moldura que separa o "real" (com uma Amanda tranquila se servindo de uma taça de vinho) do "improvável" (com uma dezena de cervos assustados observando ela entre as sombras e frio) - lindo de ver toda essa simbologia.

Com um elenco afiado, um roteiro bem construído e uma direção acima da média, "Leave the World Behind" (no original) vai além do óbvio e entrega uma experiência cativante e provocativa, especialmente em seus detalhes - seja com diálogos mais críticos ou com nuances visuais que exigem nossa atenção por tamanha sensibilidade. De fato Esmail consegue mesclaro terror do desconhecido com as complexidades das relações humanas na medida certa e isso nos provoca algumas reflexões sobre a fragilidade da sociedade moderna - como, aliás, aconteceu em 2020 (então não se esqueça desse detalhe em nenhum momento que tudo fará ainda mais sentido). 

Vale o seu play, mas não espere um filme com muita ação - a questão aqui é muito mais intima e interpretativa, ok?

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O Museu

Esse é mais um projeto dos criativos Mariano Cohn, Andrés Duprat e Gastón Duprat - e se você não sabe de quem eu estou falando, volte três casas e assista os imperdíveis: "O Cidadão Ilustre", "Meu Querido Zelador" e "O Faz Nada"! Olha, é impressionante como esse trio (um dos mais criativos do cinema argentino em muito tempo) tem uma capacidade absurda de criar personagens complexos e ao mesmo tempo apaixonantes - em todos os seus projetos, nada é o que parece e nem por isso o roteiro se apoia em esteriótipos para soar engraçado. Na verdade, e me contradizendo, os estereótipos até estão lá, mas mais humanizados, cheios de camadas, na linha tênue entre o ame ou odeie ou entre o mocinho e o bandido - simplesmente genial! Em "O Museu", mais uma vez, seu protagonista, o impagável Antonio Dumas (brilhantemente interpretado pelo Oscar Martínez), brilha e traz consigo a interessante premissa de discutir (e criticar) o papel da arte na superficial sociedade contemporânea.

Basicamente, "Bellas Artes" (no original) acompanha o dia a dia de Antonio Dumas, um renomado e cínico curador, que acaba de assumir a direção do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri. A partir dessa premissa aparentemente simples, essa série de seis episódios tece uma narrativa inteligente e multifacetada, explorando temas sensíveis como a mercantilização da arte, a superficialidade da elite cultural, a banalização da cultura woke e a busca por um significado em um mundo cada vez mais caótico. Confira o trailer:

Pautada pelo humor ácido e cirúrgico,"O Museu" nos apresenta a um universo peculiar, onde obras de arte desafiam as convenções e provocam questionamentos sobre o que realmente é arte - obviamente que sempre carregada de muita crítica e alguns apontamentos bem politicamente incorretos (ainda bem). É através do olhar aguçado de Antonio Dumas que somos confrontados com algumas das instalações mais bizarras, performances excêntricas e conceitos pseudo-abstratos que desafiam nossa percepção do belo. Com uma dinâmica narrativa das mais agradáveis, a série nos leva além das aparências ao buscar um significado mais profundo nas obras, questionando os valores e as crenças que permeiam o mundo na atualidade, sem perder a classe, o respeito ou a piada - não necessariamente nessa ordem.

Oscar Martínez (o protagonista de "O Cidadão Ilustre"), mais uma vez entrega uma performance magistral como Antonio Dumas, capturando com perfeição toda a arrogância, o egocentrismo, o cinismo e até um descompasso geracional do seu personagem com muita verdade. Veja, aqui não se trata de levantar bandeiras ou de diminuir algumas lutas, mas de discutir todas essas agendas por outras perspectivas ao ponto de refletirmos sobre algumas "verdades absolutas" que não se sustentam (ou pelo menos, não deveriam). Ao lado de Martínez, encontramos um elenco talentoso, incluindo um impagável Fernando Albizu e uma divertida Aixa Villagrán - mesmo sem tanto tempo de tela, eles a ajudam a construir um Antonio Duma bem mais palpável. Aqui a direção dos Duprat e de Cohn ganha força - utilizando de uma gramática cinematográfica já conhecida desde seus outros projetos, o trio basicamente recria a mesma atmosfera divertida e constrangedora que já virou uma identidade e que nos coloca na frente da tela com a certeza de que vamos encontrar um ótimo entretenimento.

A verdade é que "O Museu" é uma obra de arte em si mesma, desde que você se conecte com o humor mais ácido e provocador de seus criadores. Eu diria até que a série é um convite para uma jornada intelectual única que vai te fazer pensar ao mesmo tempo em que vai te desafiar a rever suas percepções sobre a arte em um mundo transformado, conectado e superficial, mas com um toque de cinismo divertidíssimo!

Vale muito o seu play!

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Esse é mais um projeto dos criativos Mariano Cohn, Andrés Duprat e Gastón Duprat - e se você não sabe de quem eu estou falando, volte três casas e assista os imperdíveis: "O Cidadão Ilustre", "Meu Querido Zelador" e "O Faz Nada"! Olha, é impressionante como esse trio (um dos mais criativos do cinema argentino em muito tempo) tem uma capacidade absurda de criar personagens complexos e ao mesmo tempo apaixonantes - em todos os seus projetos, nada é o que parece e nem por isso o roteiro se apoia em esteriótipos para soar engraçado. Na verdade, e me contradizendo, os estereótipos até estão lá, mas mais humanizados, cheios de camadas, na linha tênue entre o ame ou odeie ou entre o mocinho e o bandido - simplesmente genial! Em "O Museu", mais uma vez, seu protagonista, o impagável Antonio Dumas (brilhantemente interpretado pelo Oscar Martínez), brilha e traz consigo a interessante premissa de discutir (e criticar) o papel da arte na superficial sociedade contemporânea.

Basicamente, "Bellas Artes" (no original) acompanha o dia a dia de Antonio Dumas, um renomado e cínico curador, que acaba de assumir a direção do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri. A partir dessa premissa aparentemente simples, essa série de seis episódios tece uma narrativa inteligente e multifacetada, explorando temas sensíveis como a mercantilização da arte, a superficialidade da elite cultural, a banalização da cultura woke e a busca por um significado em um mundo cada vez mais caótico. Confira o trailer:

Pautada pelo humor ácido e cirúrgico,"O Museu" nos apresenta a um universo peculiar, onde obras de arte desafiam as convenções e provocam questionamentos sobre o que realmente é arte - obviamente que sempre carregada de muita crítica e alguns apontamentos bem politicamente incorretos (ainda bem). É através do olhar aguçado de Antonio Dumas que somos confrontados com algumas das instalações mais bizarras, performances excêntricas e conceitos pseudo-abstratos que desafiam nossa percepção do belo. Com uma dinâmica narrativa das mais agradáveis, a série nos leva além das aparências ao buscar um significado mais profundo nas obras, questionando os valores e as crenças que permeiam o mundo na atualidade, sem perder a classe, o respeito ou a piada - não necessariamente nessa ordem.

Oscar Martínez (o protagonista de "O Cidadão Ilustre"), mais uma vez entrega uma performance magistral como Antonio Dumas, capturando com perfeição toda a arrogância, o egocentrismo, o cinismo e até um descompasso geracional do seu personagem com muita verdade. Veja, aqui não se trata de levantar bandeiras ou de diminuir algumas lutas, mas de discutir todas essas agendas por outras perspectivas ao ponto de refletirmos sobre algumas "verdades absolutas" que não se sustentam (ou pelo menos, não deveriam). Ao lado de Martínez, encontramos um elenco talentoso, incluindo um impagável Fernando Albizu e uma divertida Aixa Villagrán - mesmo sem tanto tempo de tela, eles a ajudam a construir um Antonio Duma bem mais palpável. Aqui a direção dos Duprat e de Cohn ganha força - utilizando de uma gramática cinematográfica já conhecida desde seus outros projetos, o trio basicamente recria a mesma atmosfera divertida e constrangedora que já virou uma identidade e que nos coloca na frente da tela com a certeza de que vamos encontrar um ótimo entretenimento.

A verdade é que "O Museu" é uma obra de arte em si mesma, desde que você se conecte com o humor mais ácido e provocador de seus criadores. Eu diria até que a série é um convite para uma jornada intelectual única que vai te fazer pensar ao mesmo tempo em que vai te desafiar a rever suas percepções sobre a arte em um mundo transformado, conectado e superficial, mas com um toque de cinismo divertidíssimo!

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O Nevoeiro

Esse filme é uma verdadeira pancada - e olha, extremamente corajoso! "O Nevoeiro" é surpreendente em sua proposta de construir um suspense que mergulha a audiência em um verdadeiro pesadelo recheado de mistério e desespero. Comandado pelo Frank Darabont, diretor conhecido por duas das melhores adaptações de obras de Stephen King para o cinema, "Um Sonho de Liberdade" e "À Espera de um Milagre", mais uma vez demonstra sua habilidade em criar uma atmosfera realmente intensa e muito angustiante - se inicialmente você acha que o filme poder ser mais uma produção de baixo orçamento do autor, não vai demorar muito para você entender o tamanho da profundidade que tem esse texto. Sem brincadeira, o filme é uma baita jornada emocional que desafia as nossas expectativas e deixa uma marca poderosa bem no estilo "explodiu minha cabeça" assim que o créditos sobem!

A história de "O Nevoeiro" se desenrola em uma pequena cidade que, após uma tempestade violenta, é envolvida por um misterioso nevoeiro. Conforme o nevoeiro se espessa, os moradores descobrem que algo sinistro se esconde dentro dele, algo que desperta medo e paranoia. Presos em um supermercado, um grupo de sobreviventes luta não apenas contra o mal que habita o nevoeiro, mas também contra o colapso da civilidade e da esperança do ser humano. Confira o trailer (em inglês):

Como um amante da obra de Stephen King, mas sempre receoso pela forma como a adaptação vai acontecer, posso te garantir que a força de "O Nevoeiro", como no livro, está na nossa capacidade de imaginar o "mal" - seja ela a entidade que for, dessa ou de outra dimensão, desse ou de outro planeta. A estrutura narrativa construída por Darabont, que também assina o roteiro, está extremamente alinhada com sua capacidade de criar uma relação opressora e claustrofóbica com o ambiente, ao mesmo tempo em que eleva o tom de discussões religiosas ou filosóficas sobre a morte, sobre o desconhecido - essa combinação explosiva do medo, do isolamento e da necessidade de se relacionar com o outro ser humano, amplia a tensão de uma maneira avassaladora.

Como diretor, Darabont é magistral, capturando não apenas o terror físico das criaturas escondidas no nevoeiro, mas também o terror psicológico que surge da incerteza e da desconfiança entre os sobreviventes. A fotografia do Rohn Schmidt (um dos responsáveis pelo look de "The Walking Dead") é sombria, pesada e alinhada aos efeitos visuais (uns bons, outros nem tanto) que nos transporta para dentro do supermercado com a mesma eficiência que nos convida a explorar o desconhecido em forma de nevoeiro. Essa sensação de isolamento de um lado e desamparo de outro, é tão palpável que não se surpreenda se você precisar pausar o filme algumas vezes para recuperar o fôlego. Aliás, dois pontos que fazem o filme brilhar: a edição de som e sua trilha sonora. Repleta de notas dissonantes e atmosféricas, essa combinação intensifica ainda mais a sensação de angústia e suspense - um pouco de  "Aniquilação" com "Rua Cloverfield, 10".

Thomas Jane como David Drayton, Marcia Gay Harden como Mrs. Carmody, e Toby Jones como Ollie Weeks, sem dúvida fazem de "The Mist" (no original) algo muito mais profundo - suas interações e conflitos adicionam camadas de complexidade à narrativa, elevando o filme para além do simples suspense com toques de mistério. Eu diria até que estamos mais próximos de um thriller psicológico, daqueles que não apenas assusta, mas também provoca boas reflexões sobre a natureza humana e os limites da busca pela sobrevivência. 

Imperdível!

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Esse filme é uma verdadeira pancada - e olha, extremamente corajoso! "O Nevoeiro" é surpreendente em sua proposta de construir um suspense que mergulha a audiência em um verdadeiro pesadelo recheado de mistério e desespero. Comandado pelo Frank Darabont, diretor conhecido por duas das melhores adaptações de obras de Stephen King para o cinema, "Um Sonho de Liberdade" e "À Espera de um Milagre", mais uma vez demonstra sua habilidade em criar uma atmosfera realmente intensa e muito angustiante - se inicialmente você acha que o filme poder ser mais uma produção de baixo orçamento do autor, não vai demorar muito para você entender o tamanho da profundidade que tem esse texto. Sem brincadeira, o filme é uma baita jornada emocional que desafia as nossas expectativas e deixa uma marca poderosa bem no estilo "explodiu minha cabeça" assim que o créditos sobem!

A história de "O Nevoeiro" se desenrola em uma pequena cidade que, após uma tempestade violenta, é envolvida por um misterioso nevoeiro. Conforme o nevoeiro se espessa, os moradores descobrem que algo sinistro se esconde dentro dele, algo que desperta medo e paranoia. Presos em um supermercado, um grupo de sobreviventes luta não apenas contra o mal que habita o nevoeiro, mas também contra o colapso da civilidade e da esperança do ser humano. Confira o trailer (em inglês):

Como um amante da obra de Stephen King, mas sempre receoso pela forma como a adaptação vai acontecer, posso te garantir que a força de "O Nevoeiro", como no livro, está na nossa capacidade de imaginar o "mal" - seja ela a entidade que for, dessa ou de outra dimensão, desse ou de outro planeta. A estrutura narrativa construída por Darabont, que também assina o roteiro, está extremamente alinhada com sua capacidade de criar uma relação opressora e claustrofóbica com o ambiente, ao mesmo tempo em que eleva o tom de discussões religiosas ou filosóficas sobre a morte, sobre o desconhecido - essa combinação explosiva do medo, do isolamento e da necessidade de se relacionar com o outro ser humano, amplia a tensão de uma maneira avassaladora.

Como diretor, Darabont é magistral, capturando não apenas o terror físico das criaturas escondidas no nevoeiro, mas também o terror psicológico que surge da incerteza e da desconfiança entre os sobreviventes. A fotografia do Rohn Schmidt (um dos responsáveis pelo look de "The Walking Dead") é sombria, pesada e alinhada aos efeitos visuais (uns bons, outros nem tanto) que nos transporta para dentro do supermercado com a mesma eficiência que nos convida a explorar o desconhecido em forma de nevoeiro. Essa sensação de isolamento de um lado e desamparo de outro, é tão palpável que não se surpreenda se você precisar pausar o filme algumas vezes para recuperar o fôlego. Aliás, dois pontos que fazem o filme brilhar: a edição de som e sua trilha sonora. Repleta de notas dissonantes e atmosféricas, essa combinação intensifica ainda mais a sensação de angústia e suspense - um pouco de  "Aniquilação" com "Rua Cloverfield, 10".

Thomas Jane como David Drayton, Marcia Gay Harden como Mrs. Carmody, e Toby Jones como Ollie Weeks, sem dúvida fazem de "The Mist" (no original) algo muito mais profundo - suas interações e conflitos adicionam camadas de complexidade à narrativa, elevando o filme para além do simples suspense com toques de mistério. Eu diria até que estamos mais próximos de um thriller psicológico, daqueles que não apenas assusta, mas também provoca boas reflexões sobre a natureza humana e os limites da busca pela sobrevivência. 

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O Paciente

Profundo, denso e surpreendente, talvez essa seja a melhor forma de definir "O Paciente". Embora tenha sido vendida como mais uma história de serial killer, eu diria que essa minissérie de 10 episódios (curtos) do Star+ vai muito além, pois a partir do ponto de vista de um terapeuta, somos inseridos em um violento embate psicológico que traz para discussão assuntos como traumas, luto, arrependimentos, mas que, principalmente, expõe as dores de uma relação familiar que em algum momento perdeu sua conexão. Para quem espera uma jornada de investigação e sangue, saiba que aqui o drama é muito mais intimo, cheio de camadas, cadenciado de tal forma que muitas vezes nos vemos dentro daquela situação sem ao menos tirar os olhos da tela. Eu diria que a jornada é tão angustiante quanto intensa e o seu realismo impacta demais nossa experiência!

"The Patient" (no original) acompanha o psicanalista, Alexander Strass (Steve Carell) tratando de um jovem extremamente conturbado, Sam Fortner (Domhnall Gleeson). O paciente (do título) é um serial killer que já fez dezenas de vítimas, sempre como consequência de fortes ataques nervosos. A questão é que Sam quer parar de matar e por isso ele sequestra Dr. Strauss com o intuito de intensificar seu tratamento. A partir daí se inicia uma luta contra o tempo na busca por repostas ou o próprio terapeuta pode ser a próxima vítima. Confira o trailer:

Muito bem dirigida pelo Chris Long (de "The Americans"), pelo Kevin Bray (de "Succession") e pela Gwyneth Horder-Payton (de "Clube da Sedução"), "O Paciente" é uma verdadeira aula de roteiro ao pontuar uma série de assuntos espinhosos dentro de uma dinâmica psicológica, um contra um, de cair o queixo - e aqui cabe um comentário: inicialmente o conceito narrativo pode causar certo estranhamento e até cansar um pouco, mas aguente firme pois é impressionante como as peças vão se encaixando, alguns delírios vão fazendo sentido e no final, meu Deus, que entrega!

Como em "In Treatment"(e fatalmente Sam poderia ser um dos pacientes do terapeuta Paul Weston), a história se passa praticamente em um único cenário com dois personagens em uma verdadeiro jogo mental. Carell está impecável - seu personagem é tão bom e complexo emocionalmente como o recente Mitch Kessler. Já Gleeson, talvez na melhor performance da sua carreira até aqui (mesmo depois do inesquecível "Questão de Tempo"), está perfeito - eu não gostaria de cometer o sacrilégio de o comparar ao Hannibal Lecter de Anthony Hopkins, mas olha, eu diria com a mais absoluta certeza que como "serial killer", está muito bem representado - reparem em uma das cenas-chave do último episódio como Gleeson praticamente se desfigura durante um ataque de fúria criando um contraponto inacreditável com a introspecção e a timidez de outros momentos menos tensos do personagem.

Sim, a minissérie criada pelo Joel Fields (do premiado "Fosse/Verdon") e pelo Joseph Weisberg (de "Damages") tem muito do que de melhor encontramos em "O Silêncio dos Inocentes" e isso é um baita elogio! Se para alguns o "O Paciente" pode parecer parado demais, dando até a impressão que a história não sai do lugar; para aqueles dispostos a enxergar e a ouvir além do que está na tela, essa jornada será um desafio intelectual muito divertido, uma provocação psicológica envolvente, como se estivéssemos em frente a um espelho onde a mente humana fosse capaz de criar e depois nos convencer de que até o improvável pode ser real (e muitas vezes fatal)!

Vale muito o seu play! Só vai!

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Profundo, denso e surpreendente, talvez essa seja a melhor forma de definir "O Paciente". Embora tenha sido vendida como mais uma história de serial killer, eu diria que essa minissérie de 10 episódios (curtos) do Star+ vai muito além, pois a partir do ponto de vista de um terapeuta, somos inseridos em um violento embate psicológico que traz para discussão assuntos como traumas, luto, arrependimentos, mas que, principalmente, expõe as dores de uma relação familiar que em algum momento perdeu sua conexão. Para quem espera uma jornada de investigação e sangue, saiba que aqui o drama é muito mais intimo, cheio de camadas, cadenciado de tal forma que muitas vezes nos vemos dentro daquela situação sem ao menos tirar os olhos da tela. Eu diria que a jornada é tão angustiante quanto intensa e o seu realismo impacta demais nossa experiência!

"The Patient" (no original) acompanha o psicanalista, Alexander Strass (Steve Carell) tratando de um jovem extremamente conturbado, Sam Fortner (Domhnall Gleeson). O paciente (do título) é um serial killer que já fez dezenas de vítimas, sempre como consequência de fortes ataques nervosos. A questão é que Sam quer parar de matar e por isso ele sequestra Dr. Strauss com o intuito de intensificar seu tratamento. A partir daí se inicia uma luta contra o tempo na busca por repostas ou o próprio terapeuta pode ser a próxima vítima. Confira o trailer:

Muito bem dirigida pelo Chris Long (de "The Americans"), pelo Kevin Bray (de "Succession") e pela Gwyneth Horder-Payton (de "Clube da Sedução"), "O Paciente" é uma verdadeira aula de roteiro ao pontuar uma série de assuntos espinhosos dentro de uma dinâmica psicológica, um contra um, de cair o queixo - e aqui cabe um comentário: inicialmente o conceito narrativo pode causar certo estranhamento e até cansar um pouco, mas aguente firme pois é impressionante como as peças vão se encaixando, alguns delírios vão fazendo sentido e no final, meu Deus, que entrega!

Como em "In Treatment"(e fatalmente Sam poderia ser um dos pacientes do terapeuta Paul Weston), a história se passa praticamente em um único cenário com dois personagens em uma verdadeiro jogo mental. Carell está impecável - seu personagem é tão bom e complexo emocionalmente como o recente Mitch Kessler. Já Gleeson, talvez na melhor performance da sua carreira até aqui (mesmo depois do inesquecível "Questão de Tempo"), está perfeito - eu não gostaria de cometer o sacrilégio de o comparar ao Hannibal Lecter de Anthony Hopkins, mas olha, eu diria com a mais absoluta certeza que como "serial killer", está muito bem representado - reparem em uma das cenas-chave do último episódio como Gleeson praticamente se desfigura durante um ataque de fúria criando um contraponto inacreditável com a introspecção e a timidez de outros momentos menos tensos do personagem.

Sim, a minissérie criada pelo Joel Fields (do premiado "Fosse/Verdon") e pelo Joseph Weisberg (de "Damages") tem muito do que de melhor encontramos em "O Silêncio dos Inocentes" e isso é um baita elogio! Se para alguns o "O Paciente" pode parecer parado demais, dando até a impressão que a história não sai do lugar; para aqueles dispostos a enxergar e a ouvir além do que está na tela, essa jornada será um desafio intelectual muito divertido, uma provocação psicológica envolvente, como se estivéssemos em frente a um espelho onde a mente humana fosse capaz de criar e depois nos convencer de que até o improvável pode ser real (e muitas vezes fatal)!

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O Passado

Eu sou suspeito para falar sobre o diretor iraniano AsgharFarhadi, mas como eu já havia comentado no review de "O apartamento", ele é daqueles poucos diretores que temos a certeza que sempre entregará um grande filme! Ele tem uma sensibilidade para falar sobre as relações humanas impressionante, especialmente entre casais, e ao mesmo tempo construir uma atmosfera de mistério que não necessariamente existe, mas que ao criarmos a expectativa sobre o "algo mais", ele simplesmente junta as peças e nos entrega o óbvio propositalmente - provando que a vida é cheia de segredos, mas que as respostas são as mais simples possíveis, basta ter coragem para encará-las.

"O Passado" mostra a ruína de uma relação entre um marido iraniano e sua esposa francesa, vivendo na Europa. Após quatro anos de separação, Ahmad (Ali Mosaffa) retorna a Paris, vindo de Teerã, a pedido da ex-mulher, Marie (Bérénice Bejo), para finalizar o processo do divórcio. Durante sua rápida estadia, Ahmad nota a conflituosa relação entre Marie e sua filha Lucie (Pauline Burlet). Os esforços de Ahmad para melhorar esse relacionamento acabam revelando muitos segredos e a cada embate os fantasmas do passado retornam ainda com mais força. Confira o trailer:

Tecnicamente perfeito - da Fotografia à Direção de Arte, o filme inteiro se apoia em um roteiro excelente. É incrível como os diálogos, mesmo longos, são bem construídos. Reparem como eles criam uma atmosfera de constrangimento e desencontros, tão palpável e natural se olharmos pelo ponto de vista das relações - seja elas quais forem! Farhadi mostra perfeitamente como é complicado lidar com relações disfuncionais: o futuro marido que sente inseguro com a presença do ex, a esposa que não consegue lidar com as escolhas de todos os homens que passaram pela sua vida, a filha adolescente que não consegue se comunicar com a mãe e olhem que interessante: como as crianças enxergam todos esses conflitos e sofrem por estar em um ambiente tão caótico emocionalmente. Sério, é um aula de atuação de todo elenco - especialmente de Bérénice Bejo que, inclusive, ganhou na categoria "Melhor Atriz" no Festival de Cannes em 2013.

Se para alguns o filme pode parecer cansativo, afinal muitas cenas parecem durar tempo demais, pode ter a mais absoluta certeza: ela é necessária para a total compreensão da história. Dentro do conceito narrativo de Asghar Farhadi (que mais uma vez também assina o roteiro) nenhum personagem ou situação é desperdiçada, todos e tudo cumprem suas funções com o único objetivo: nos provocar emocionalmente e criar sensações bem desconfortáveis - o próprio cenário, a casa da Marie, em reforma, sempre bagunçada e cheia de problemas, onde 70% do filme acontece, é quase uma metáfora de sua vida e nos dá uma agonia absurda.

De fato a cinematografia de Farhadi não agrada a todos e é compreensível, mas para aqueles dispostos a mergulhar nas camadas mais profundas dos personagens - que parecem simples, mas carregam uma complexidade inerente ao ser humano, olha, "Le passé" (no original) é outro filme imperdível desse talentoso e premiado cineasta! 

Vale muito seu play!

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Eu sou suspeito para falar sobre o diretor iraniano AsgharFarhadi, mas como eu já havia comentado no review de "O apartamento", ele é daqueles poucos diretores que temos a certeza que sempre entregará um grande filme! Ele tem uma sensibilidade para falar sobre as relações humanas impressionante, especialmente entre casais, e ao mesmo tempo construir uma atmosfera de mistério que não necessariamente existe, mas que ao criarmos a expectativa sobre o "algo mais", ele simplesmente junta as peças e nos entrega o óbvio propositalmente - provando que a vida é cheia de segredos, mas que as respostas são as mais simples possíveis, basta ter coragem para encará-las.

"O Passado" mostra a ruína de uma relação entre um marido iraniano e sua esposa francesa, vivendo na Europa. Após quatro anos de separação, Ahmad (Ali Mosaffa) retorna a Paris, vindo de Teerã, a pedido da ex-mulher, Marie (Bérénice Bejo), para finalizar o processo do divórcio. Durante sua rápida estadia, Ahmad nota a conflituosa relação entre Marie e sua filha Lucie (Pauline Burlet). Os esforços de Ahmad para melhorar esse relacionamento acabam revelando muitos segredos e a cada embate os fantasmas do passado retornam ainda com mais força. Confira o trailer:

Tecnicamente perfeito - da Fotografia à Direção de Arte, o filme inteiro se apoia em um roteiro excelente. É incrível como os diálogos, mesmo longos, são bem construídos. Reparem como eles criam uma atmosfera de constrangimento e desencontros, tão palpável e natural se olharmos pelo ponto de vista das relações - seja elas quais forem! Farhadi mostra perfeitamente como é complicado lidar com relações disfuncionais: o futuro marido que sente inseguro com a presença do ex, a esposa que não consegue lidar com as escolhas de todos os homens que passaram pela sua vida, a filha adolescente que não consegue se comunicar com a mãe e olhem que interessante: como as crianças enxergam todos esses conflitos e sofrem por estar em um ambiente tão caótico emocionalmente. Sério, é um aula de atuação de todo elenco - especialmente de Bérénice Bejo que, inclusive, ganhou na categoria "Melhor Atriz" no Festival de Cannes em 2013.

Se para alguns o filme pode parecer cansativo, afinal muitas cenas parecem durar tempo demais, pode ter a mais absoluta certeza: ela é necessária para a total compreensão da história. Dentro do conceito narrativo de Asghar Farhadi (que mais uma vez também assina o roteiro) nenhum personagem ou situação é desperdiçada, todos e tudo cumprem suas funções com o único objetivo: nos provocar emocionalmente e criar sensações bem desconfortáveis - o próprio cenário, a casa da Marie, em reforma, sempre bagunçada e cheia de problemas, onde 70% do filme acontece, é quase uma metáfora de sua vida e nos dá uma agonia absurda.

De fato a cinematografia de Farhadi não agrada a todos e é compreensível, mas para aqueles dispostos a mergulhar nas camadas mais profundas dos personagens - que parecem simples, mas carregam uma complexidade inerente ao ser humano, olha, "Le passé" (no original) é outro filme imperdível desse talentoso e premiado cineasta! 

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O Peso do Talento

"O Peso do Talento" é muito divertido - muito mesmo! O filme do diretor Tom Gormican (de "Namoro ou Liberdade") é uma clara homenagem aos filmes clássicos de ação, aqueles cheios de clichês, mas que nos mantém ligados durante toda exibição - obviamente que dentro desse contexto, ninguém melhor do que Nicolas Cage para personificar essa era de ouro do gênero.

Sofrendo por não conseguir bons trabalhos e não ter mais a fama como antes, estando insatisfeito com a vida e cheio de dívidas, Nicolas Cage chegou ao fundo do poço. Após correr atrás de Quentin Tarantino implorando por um papel em seu novo filme e não obtendo sucesso, Cage acaba aceitando US$ 1 milhão para fazer uma espécie de "presença VIP" no aniversário de Javi (Pedro Pascal), um bilionário, superfã e fanático pelo ator. As coisas tomam um rumo inesperado quando Cage é recrutado por uma agente da CIA (Tiffany Haddish) e é forçado a investigar um sequestro onde o principal suspeito é, justamente, seu anfitrião. Confira o trailer:

"O Peso doTalento" chega com a chancela do sucesso que foi sua exibição no festival de cinema SXSW, nos EUA, fazendo com que seu índice de aprovação crítica fosse de surpreendentes 100% no site Rotten Tomatoes. Segundo o The Hollywood Reporter, o filme foi a produção com a melhor avaliação entre os mais de 100 filmes da carreira de Cage. Se 100% de aprovação pode parecer um exagero, eu diria que para os cinéfilos amantes de filmes de ação essa porcentagem é mais do que justa - e de fato ela se justifica, já que o roteiro cria toda uma atmosfera de nostalgia em cima de uma história simples, mas envolvente, principalmente pela excelente performance de Cage vivendo uma versão estereotipada de si mesmo.

Tudo em "O Peso doTalento" é construído para provocar um certo saudosismo despretensioso, já que é impossível levar a sério aquilo que vemos na tela, ao mesmo tempo em que rimos exatamente desses absurdos - veja, não estamos falando de um filme "pastelão", mas sim de uma narrativa que usa muito bem todos os gatilhos dramáticos do gênero para criar as mais diversas sensações na audiência. Muitos diálogos são basicamente livres interpretações de cenas de outros filmes, bem como os movimentos de câmera, os enquadramentos, o estilo da edição de som e da trilha sonora e até, claro, do tom das performances dos atores.

"O Peso do Talento" é uma comédia agradável, engraçada e inteligente - daquelas que nos deixam com um sorriso no rosto durante todo o filme. O mérito de Cage interpretando si mesmo é o maior exemplo de como a metalinguagem pode ser divertida se usada corretamente, com ótimas sacadas e piadas completamente sem noção, mas que fazem todo sentido na proposta de Gormican. Olha, já no prólogo é possível entender qual será o tom da história e quando isso acontece, fica impossível não se conectar com a trama e com um personagem tão marcante.

Vale cada segundo!

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"O Peso do Talento" é muito divertido - muito mesmo! O filme do diretor Tom Gormican (de "Namoro ou Liberdade") é uma clara homenagem aos filmes clássicos de ação, aqueles cheios de clichês, mas que nos mantém ligados durante toda exibição - obviamente que dentro desse contexto, ninguém melhor do que Nicolas Cage para personificar essa era de ouro do gênero.

Sofrendo por não conseguir bons trabalhos e não ter mais a fama como antes, estando insatisfeito com a vida e cheio de dívidas, Nicolas Cage chegou ao fundo do poço. Após correr atrás de Quentin Tarantino implorando por um papel em seu novo filme e não obtendo sucesso, Cage acaba aceitando US$ 1 milhão para fazer uma espécie de "presença VIP" no aniversário de Javi (Pedro Pascal), um bilionário, superfã e fanático pelo ator. As coisas tomam um rumo inesperado quando Cage é recrutado por uma agente da CIA (Tiffany Haddish) e é forçado a investigar um sequestro onde o principal suspeito é, justamente, seu anfitrião. Confira o trailer:

"O Peso doTalento" chega com a chancela do sucesso que foi sua exibição no festival de cinema SXSW, nos EUA, fazendo com que seu índice de aprovação crítica fosse de surpreendentes 100% no site Rotten Tomatoes. Segundo o The Hollywood Reporter, o filme foi a produção com a melhor avaliação entre os mais de 100 filmes da carreira de Cage. Se 100% de aprovação pode parecer um exagero, eu diria que para os cinéfilos amantes de filmes de ação essa porcentagem é mais do que justa - e de fato ela se justifica, já que o roteiro cria toda uma atmosfera de nostalgia em cima de uma história simples, mas envolvente, principalmente pela excelente performance de Cage vivendo uma versão estereotipada de si mesmo.

Tudo em "O Peso doTalento" é construído para provocar um certo saudosismo despretensioso, já que é impossível levar a sério aquilo que vemos na tela, ao mesmo tempo em que rimos exatamente desses absurdos - veja, não estamos falando de um filme "pastelão", mas sim de uma narrativa que usa muito bem todos os gatilhos dramáticos do gênero para criar as mais diversas sensações na audiência. Muitos diálogos são basicamente livres interpretações de cenas de outros filmes, bem como os movimentos de câmera, os enquadramentos, o estilo da edição de som e da trilha sonora e até, claro, do tom das performances dos atores.

"O Peso do Talento" é uma comédia agradável, engraçada e inteligente - daquelas que nos deixam com um sorriso no rosto durante todo o filme. O mérito de Cage interpretando si mesmo é o maior exemplo de como a metalinguagem pode ser divertida se usada corretamente, com ótimas sacadas e piadas completamente sem noção, mas que fazem todo sentido na proposta de Gormican. Olha, já no prólogo é possível entender qual será o tom da história e quando isso acontece, fica impossível não se conectar com a trama e com um personagem tão marcante.

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