indika.tv - Não Fale o Mal
No-Fale-Mal-2.jpeg

Não Fale o Mal

Diretor
James Watkins
Elenco
James McAvoy, Mackenzie Davis, Scoot McNairy
Ano
2024
País
EUA

Lançamentos Suspense Prime Video ml-psicologico ml-shyamalan ml-relacoes ml-violencia ml-livro ml-familia ml-nordica ml-vc ml-nfm

Não Fale o Mal

Como a versão americana, com Naomi Watts, do premiado filme austríaco "Goodnight Mommy", dos diretores Severin Fiala e Veronika Franz, eu diria que essa nova adaptação de "Não Fale o Mal" também não decepciona, no entanto é preciso ressaltar que ela não não tem, nem de longe, a coragem e o requinte narrativo/estético do seu original - e aqui cabe uma sugestão: assista essa versão primeiro e se você gostar, pode ir tranquilo buscar o play do filme dinamarquês que tenho certeza, você vai amar justamente por suas diferenças! "Speak No Evil", no original, é daqueles filmes que permanecem martelando na nossa cabeça muito tempo após os créditos finais. Dirigido pelo James Watkins, conhecido pelo perturbador “A Mulher de Preto” (2012), o filme é mais do que um remake em inglês do excelente thriller psicológico de Christian e Mads Tafdrup, é na verdade uma releitura do material original que escolhe outros caminhos, talvez mais expositivos e menos impactantes, para entreter um público menos alternativo. Tal qual obras contemporâneas que causam muito desconforto ao trazer o horror mais psicológico para a narrativa, como “Midsommar” de Ari Aster, esse "Não Fale o Mal" de Watkins entrega uma jornada realmente intensa que sabe explorar magistralmente os limites sociais e a natureza da maldade escondida sob as aparências, digamos, mais gentis.

A trama segue um casal, a americana Louise (Mackenzie Davis) e o britânico Ben Dalton (Scoot McNairy), que durante uma viagem de férias na Itália, conhece outro casal, que transita entre o simpático e o sem noção, formado pelo carismático Paddy (James McAvoy) e sua esposa Agnes (Alix West Lefler). Encantados pelo novo vínculo criado, Louise e Ben aceitam o convite para visitar a casa dos novos amigos em uma isolada propriedade rural na Europa. O que deveria ser um agradável final de semana, rapidamente se transforma em uma sucessão perturbadora de situações chatas, pequenos conflitos, e manipulações sutis que questionam até onde somos capazes de suportar o desconforto para manter as aparências. Confira o trailer:

Para começar uma análise mais profunda, vale citar que Watkins acerta em cheio ao preservar a essência do original dinamarquês enquanto adiciona sua própria visão cinematográfica, aproveitando ao máximo o talento do elenco liderado por um inspirado McAvoy e destacando ainda mais os elementos inquietantes do roteiro dos Tafdrup. Sua direção é extremamente hábil ao manipular a tensão psicológica sem nunca revelar demais, preferindo trabalhar com uma atmosfera de ansiedade crescente. A sensação de ameaça constante permeia cada diálogo e cada silêncio prolongado, muitas vezes até constrangedores, enquanto o diretor brinca com a nossas expectativas sobre quando e como o verdadeiro terror irá se manifestar. Aqui, Watkins prova novamente que domina o gênero do suspense psicológico com excelência, nos guiando por uma experiência que nos tira da zona de conforto - olha, é impossível não nos colocarmos na situação que Ben e Louise estão passando.

A fotografia assinada por Tim Maurice-Jones (de "Atentado em Paris") traz uma iluminação baixa e enquadramentos meticulosamente posicionados que criam uma atmosfera claustrofóbica e opressora, especialmente no contraste entre as cenas internas, carregadas de ansiedade e tensão, e as paisagens externas aparentemente tranquilas e bucólicas. Cada plano, aliás, parece estrategicamente pensado para aumentar a sensação de vulnerabilidade dos protagonistas, reforçando o sentimento de que algo muito errado está acontecendo sob aquela superfície de gentileza excessiva. O roteiro é perfeito ao retratar como funciona o comportamento passivo-agressivo, especialmente por parte dos antagonistas. James McAvoy entrega mais uma performance assustadoramente convincente, oscilando entre a simpatia irresistível e uma marcante ambiguidade moral. Mackenzie Davis, para mim, é o grande destaque dessa versão - sua atuação é cheia de subtextos, um misto de força e insegurança muito convincente, que vão moldando o drama mais profundo que aquele casal vive (o gatilho da crise me pareceu até mais interessante que o original, inclusive).

Para quem já viu a versão dinamarquesa, algumas passagens podem parecer atenuadas, reduzindo levemente a surpresa que tanto marcou o filme original - mas o contrário não será verdadeiro, pode confiar. Mesmo assim, Watkins acerta ao preservar o impacto devastador da mensagem social sobre as armadilhas de algumas convenções e sobre o medo do confronto deliberado fantasiado de educação - algo que nos remete ao ótimo "Pisque Duas Vezes".  É exatamente nessa reflexão que reside o verdadeiro horror da narrativa: até onde uma pessoa comum pode ir, abrindo mão de seus instintos e ignorando sinais de perigo, apenas para evitar desconfortos sociais? “Não Fale o Mal” em ambas as versões é uma obra profundamente perturbadora, cujo verdadeiro terror está nas banalidades que regem nosso comportamento - e isso vai te fazer pensar durante toda a jornada!

Vale demais o seu play!

Assista Agora

Como a versão americana, com Naomi Watts, do premiado filme austríaco "Goodnight Mommy", dos diretores Severin Fiala e Veronika Franz, eu diria que essa nova adaptação de "Não Fale o Mal" também não decepciona, no entanto é preciso ressaltar que ela não não tem, nem de longe, a coragem e o requinte narrativo/estético do seu original - e aqui cabe uma sugestão: assista essa versão primeiro e se você gostar, pode ir tranquilo buscar o play do filme dinamarquês que tenho certeza, você vai amar justamente por suas diferenças! "Speak No Evil", no original, é daqueles filmes que permanecem martelando na nossa cabeça muito tempo após os créditos finais. Dirigido pelo James Watkins, conhecido pelo perturbador “A Mulher de Preto” (2012), o filme é mais do que um remake em inglês do excelente thriller psicológico de Christian e Mads Tafdrup, é na verdade uma releitura do material original que escolhe outros caminhos, talvez mais expositivos e menos impactantes, para entreter um público menos alternativo. Tal qual obras contemporâneas que causam muito desconforto ao trazer o horror mais psicológico para a narrativa, como “Midsommar” de Ari Aster, esse "Não Fale o Mal" de Watkins entrega uma jornada realmente intensa que sabe explorar magistralmente os limites sociais e a natureza da maldade escondida sob as aparências, digamos, mais gentis.

A trama segue um casal, a americana Louise (Mackenzie Davis) e o britânico Ben Dalton (Scoot McNairy), que durante uma viagem de férias na Itália, conhece outro casal, que transita entre o simpático e o sem noção, formado pelo carismático Paddy (James McAvoy) e sua esposa Agnes (Alix West Lefler). Encantados pelo novo vínculo criado, Louise e Ben aceitam o convite para visitar a casa dos novos amigos em uma isolada propriedade rural na Europa. O que deveria ser um agradável final de semana, rapidamente se transforma em uma sucessão perturbadora de situações chatas, pequenos conflitos, e manipulações sutis que questionam até onde somos capazes de suportar o desconforto para manter as aparências. Confira o trailer:

Para começar uma análise mais profunda, vale citar que Watkins acerta em cheio ao preservar a essência do original dinamarquês enquanto adiciona sua própria visão cinematográfica, aproveitando ao máximo o talento do elenco liderado por um inspirado McAvoy e destacando ainda mais os elementos inquietantes do roteiro dos Tafdrup. Sua direção é extremamente hábil ao manipular a tensão psicológica sem nunca revelar demais, preferindo trabalhar com uma atmosfera de ansiedade crescente. A sensação de ameaça constante permeia cada diálogo e cada silêncio prolongado, muitas vezes até constrangedores, enquanto o diretor brinca com a nossas expectativas sobre quando e como o verdadeiro terror irá se manifestar. Aqui, Watkins prova novamente que domina o gênero do suspense psicológico com excelência, nos guiando por uma experiência que nos tira da zona de conforto - olha, é impossível não nos colocarmos na situação que Ben e Louise estão passando.

A fotografia assinada por Tim Maurice-Jones (de "Atentado em Paris") traz uma iluminação baixa e enquadramentos meticulosamente posicionados que criam uma atmosfera claustrofóbica e opressora, especialmente no contraste entre as cenas internas, carregadas de ansiedade e tensão, e as paisagens externas aparentemente tranquilas e bucólicas. Cada plano, aliás, parece estrategicamente pensado para aumentar a sensação de vulnerabilidade dos protagonistas, reforçando o sentimento de que algo muito errado está acontecendo sob aquela superfície de gentileza excessiva. O roteiro é perfeito ao retratar como funciona o comportamento passivo-agressivo, especialmente por parte dos antagonistas. James McAvoy entrega mais uma performance assustadoramente convincente, oscilando entre a simpatia irresistível e uma marcante ambiguidade moral. Mackenzie Davis, para mim, é o grande destaque dessa versão - sua atuação é cheia de subtextos, um misto de força e insegurança muito convincente, que vão moldando o drama mais profundo que aquele casal vive (o gatilho da crise me pareceu até mais interessante que o original, inclusive).

Para quem já viu a versão dinamarquesa, algumas passagens podem parecer atenuadas, reduzindo levemente a surpresa que tanto marcou o filme original - mas o contrário não será verdadeiro, pode confiar. Mesmo assim, Watkins acerta ao preservar o impacto devastador da mensagem social sobre as armadilhas de algumas convenções e sobre o medo do confronto deliberado fantasiado de educação - algo que nos remete ao ótimo "Pisque Duas Vezes".  É exatamente nessa reflexão que reside o verdadeiro horror da narrativa: até onde uma pessoa comum pode ir, abrindo mão de seus instintos e ignorando sinais de perigo, apenas para evitar desconfortos sociais? “Não Fale o Mal” em ambas as versões é uma obra profundamente perturbadora, cujo verdadeiro terror está nas banalidades que regem nosso comportamento - e isso vai te fazer pensar durante toda a jornada!

Vale demais o seu play!

Assista Agora

Acesse com o Facebook Acesse com o Google

Cookies: a gente guarda estatísticas de visitas para melhorar sua experiência de navegação, ao continuar navegando você concorda com a nossa Política de Privacidade.