Tem franquias que não deveriam ter um fim!
Fiz questão de começar o review dessa forma para deixar bem claro que "Toy Story" vai muito além dos 4 filmes que a Pixar (e agora Disney) produziu! "Toy Story" representa uma mudança de paradigmas na animação (desde 1995), claro, mas talvez seu maior valor esteja na maneira como cada uma das 4 histórias foram criadas, contadas e consumidas por toda uma geração que aprendeu que os "valores" estão inseridos desde as pequenas atitudes até as grandes conquistas... Que esses "valores" não são um "fim" e sim um caminho que vale muito a pena ser percorrido ao lado das pessoas (ou brinquedos) que amaramos na construção do nosso caráter!!!
"Toy Story 4" mais uma vez nos faz refletir sobre a importância dessas pequenas conquistas e o quanto ela pode representar no nosso desenvolvimento como ser humano! "Toy Story 4" apresenta Bonnie, uma simpática e adorável criança (e é incrível como nos entregamos à ela - nem parece que estamos falando de uma animação, dada a qualidade emocional que os animadores e roteiristas aplicaram na personagem) que está a caminho do seu primeiro dia na escola. Todo receio de enfrentar essa nova situação é jogada na nossa cara de uma maneira muito real: toda a relação com seus pais, a vontade de se apegar a algum brinquedo como necessidade de estar ao lado de algo conhecido e seguro nessa jornada de descobertas e até a apresentação da primeira professora e daquele novo mundo que vai acompanha-la por muito tempo durante a vida. Confira o trailer:
É muito bacana que já na primeira atividade na sala de aula, Bonnie cria o simpático e descompensado "Garfinho". Nessa atividade solitária de artesanato, Bonnie estabelece sua identificação com o novo personagem e é inacreditável como passamos a nos importar com eles. Woody que não quis deixar Bonnie ir sozinha para escola, chega a duvidar se aquela "colagem" poderia mesmo representar algo para ela e quando ele percebe que aquele garfo plástico também tem vida (e sentimento), mesmo não sendo um brinquedo, tudo muda! "Garfinho" representa tudo que foge do padrão, do "status quo", mas que aos olhos de uma criança, não importa, afinal as crianças não se preocupam com isso e sim com a magia de ter algo que represente algo verdadeiro para elas, mesmo que lúdico! A alegria da criança está na simplicidade e na inocência - "Slapt", tapa na cara!
A história mostra a jornada de Woody para provar que o "Garfinho" é realmente importante para Bonnie. Só que as coisas começam a sair do controle quando, em uma viagem, o "Garfinho" resolve fugir por acreditar que o melhor lugar para ele seria o lixo - afinal ele não é um brinquedo de verdade e foi de lá que ele saiu ("Slapt" de novo!). Entendendo a importância do novo "brinquedinho" de Bonnie, Woody enfrenta os mais diferentes desafios dentro de um "Antiquário" repleto de elementos "assustadores" para recuperar o bendito "Garfinho" antes mesmo que Bonnie se dê conta do seu desaparecimento definitivo. Mas "crianças perdem brinquedos a todo momento!" - essa frase é repetida várias vezes durante o filme, mas não justifica ou não conforta o sentimento de Woody perante aquela simpática criaturinha!!! Woody nunca deixa um brinquedo para trás, certo? É incrível como as metáforas são colocadas em todos os momentos durante o filme e isso, por si só, já credencia "Toy Story 4" como um dos grandes filmes do ano! Soma-se a isso uma animação de cair o queixo, principalmente nas cenas dentro do "Antiquário" cheio de teias de aranha e poeira; e das cenas noturnas do parque de diversão!!! A luz desfocada em segundo plano parece de verdade de tão perfeita que está. É realmente lindo!!!!
O fato é que a franquia "Toy Story" foi se reinventando (para nossa surpresa) e nos provocando para olhar o mundo de uma outra forma, sem vacilar um frame no que tem de mais importante, na sua essência: uma boa história, uma história com alma! "Toy Story 4" não foge disso, é uma aula de storyteling e de representatividade, mas sem levantar nenhuma bandeira, apenas tratando seu propósito com verdade e paixão!
Não deixe de assistir com seu filhos, sozinho, com a namorada... e prepare-se para enxugar aquela lágrima que vai teimar em cair! Vale muito a pena!!!!!
Up-date: "Toy Story 4" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Animação!
Tem franquias que não deveriam ter um fim!
Fiz questão de começar o review dessa forma para deixar bem claro que "Toy Story" vai muito além dos 4 filmes que a Pixar (e agora Disney) produziu! "Toy Story" representa uma mudança de paradigmas na animação (desde 1995), claro, mas talvez seu maior valor esteja na maneira como cada uma das 4 histórias foram criadas, contadas e consumidas por toda uma geração que aprendeu que os "valores" estão inseridos desde as pequenas atitudes até as grandes conquistas... Que esses "valores" não são um "fim" e sim um caminho que vale muito a pena ser percorrido ao lado das pessoas (ou brinquedos) que amaramos na construção do nosso caráter!!!
"Toy Story 4" mais uma vez nos faz refletir sobre a importância dessas pequenas conquistas e o quanto ela pode representar no nosso desenvolvimento como ser humano! "Toy Story 4" apresenta Bonnie, uma simpática e adorável criança (e é incrível como nos entregamos à ela - nem parece que estamos falando de uma animação, dada a qualidade emocional que os animadores e roteiristas aplicaram na personagem) que está a caminho do seu primeiro dia na escola. Todo receio de enfrentar essa nova situação é jogada na nossa cara de uma maneira muito real: toda a relação com seus pais, a vontade de se apegar a algum brinquedo como necessidade de estar ao lado de algo conhecido e seguro nessa jornada de descobertas e até a apresentação da primeira professora e daquele novo mundo que vai acompanha-la por muito tempo durante a vida. Confira o trailer:
É muito bacana que já na primeira atividade na sala de aula, Bonnie cria o simpático e descompensado "Garfinho". Nessa atividade solitária de artesanato, Bonnie estabelece sua identificação com o novo personagem e é inacreditável como passamos a nos importar com eles. Woody que não quis deixar Bonnie ir sozinha para escola, chega a duvidar se aquela "colagem" poderia mesmo representar algo para ela e quando ele percebe que aquele garfo plástico também tem vida (e sentimento), mesmo não sendo um brinquedo, tudo muda! "Garfinho" representa tudo que foge do padrão, do "status quo", mas que aos olhos de uma criança, não importa, afinal as crianças não se preocupam com isso e sim com a magia de ter algo que represente algo verdadeiro para elas, mesmo que lúdico! A alegria da criança está na simplicidade e na inocência - "Slapt", tapa na cara!
A história mostra a jornada de Woody para provar que o "Garfinho" é realmente importante para Bonnie. Só que as coisas começam a sair do controle quando, em uma viagem, o "Garfinho" resolve fugir por acreditar que o melhor lugar para ele seria o lixo - afinal ele não é um brinquedo de verdade e foi de lá que ele saiu ("Slapt" de novo!). Entendendo a importância do novo "brinquedinho" de Bonnie, Woody enfrenta os mais diferentes desafios dentro de um "Antiquário" repleto de elementos "assustadores" para recuperar o bendito "Garfinho" antes mesmo que Bonnie se dê conta do seu desaparecimento definitivo. Mas "crianças perdem brinquedos a todo momento!" - essa frase é repetida várias vezes durante o filme, mas não justifica ou não conforta o sentimento de Woody perante aquela simpática criaturinha!!! Woody nunca deixa um brinquedo para trás, certo? É incrível como as metáforas são colocadas em todos os momentos durante o filme e isso, por si só, já credencia "Toy Story 4" como um dos grandes filmes do ano! Soma-se a isso uma animação de cair o queixo, principalmente nas cenas dentro do "Antiquário" cheio de teias de aranha e poeira; e das cenas noturnas do parque de diversão!!! A luz desfocada em segundo plano parece de verdade de tão perfeita que está. É realmente lindo!!!!
O fato é que a franquia "Toy Story" foi se reinventando (para nossa surpresa) e nos provocando para olhar o mundo de uma outra forma, sem vacilar um frame no que tem de mais importante, na sua essência: uma boa história, uma história com alma! "Toy Story 4" não foge disso, é uma aula de storyteling e de representatividade, mas sem levantar nenhuma bandeira, apenas tratando seu propósito com verdade e paixão!
Não deixe de assistir com seu filhos, sozinho, com a namorada... e prepare-se para enxugar aquela lágrima que vai teimar em cair! Vale muito a pena!!!!!
Up-date: "Toy Story 4" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Animação!
Depois de meses sem ser encontrado o culpado no terrível caso de homicídio onde sua filha foi estuprada e depois carbonizada, Mildred Hayes (Frances McDormand) faz uma jogada ousada ao alugar três outdoors na entrada da pequena cidade de Ebbing no Missouri, e colocar uma mensagem polêmica dirigida a William Willoughby (Woody Harrelson), o respeitado chefe de polícia da cidade. Quando o seu parceiro Dixon (Sam Rockwell), um menino mimado pela mãe, extremamente imaturo e com uma inclinação para a violência, se envolve, a batalha entre Mildred e a policia, acaba saindo do controle. Confira o trailer:
Olha, "Três Anúncios para um Crime" é muito bom, mas não achei fenomenal! O roteiro é interessante, mas hoje em dia, com o que assistimos nas séries, acaba soando tão superficial no cinema que chega a ser cruel ter que entregar 200 páginas de roteiro para contar uma história como essa. Parece que não dá tempo de desenvolver a trama como ela merecia - foi uma sensação que tive e entendo que se trata de uma outra mídia, mas filmes de crimes (e principalmente quando envolve investigação) sofrem muito com essa limitação de tempo.
Agora, o filme parece que foi feito para Frances McDormand - vai ser difícil tirar o Oscar de "Melhor Atriz" dela. Sam Rockwell também está impecável - é meu favorito em ator coadjuvante. O Diretor foi muito bem, principalmente na direção dos atores, mas não dá pra comparar (ainda) com Del Toro e Nolan - e olha que ele, Martin McDonagh, já ganhou um Oscar em 2006 com seu Curta-Metragem "Six Shooter"- aliás, ele é o tipo de Diretor (e Roteirista) que vale a pena acompanhar!
Resumindo: "Three Billboards Outside Ebbing, Missouri" (título original) é sim um grande filme, teve 7 indicações em 2018, mas não seria minha aposta para maior prêmio da noite!
Up-date: "Três Anúncios para um Crime" ganhou em duas categorias no Oscar 2018: Melhor Atriz e Melhor Ator Coadjuvante!
Depois de meses sem ser encontrado o culpado no terrível caso de homicídio onde sua filha foi estuprada e depois carbonizada, Mildred Hayes (Frances McDormand) faz uma jogada ousada ao alugar três outdoors na entrada da pequena cidade de Ebbing no Missouri, e colocar uma mensagem polêmica dirigida a William Willoughby (Woody Harrelson), o respeitado chefe de polícia da cidade. Quando o seu parceiro Dixon (Sam Rockwell), um menino mimado pela mãe, extremamente imaturo e com uma inclinação para a violência, se envolve, a batalha entre Mildred e a policia, acaba saindo do controle. Confira o trailer:
Olha, "Três Anúncios para um Crime" é muito bom, mas não achei fenomenal! O roteiro é interessante, mas hoje em dia, com o que assistimos nas séries, acaba soando tão superficial no cinema que chega a ser cruel ter que entregar 200 páginas de roteiro para contar uma história como essa. Parece que não dá tempo de desenvolver a trama como ela merecia - foi uma sensação que tive e entendo que se trata de uma outra mídia, mas filmes de crimes (e principalmente quando envolve investigação) sofrem muito com essa limitação de tempo.
Agora, o filme parece que foi feito para Frances McDormand - vai ser difícil tirar o Oscar de "Melhor Atriz" dela. Sam Rockwell também está impecável - é meu favorito em ator coadjuvante. O Diretor foi muito bem, principalmente na direção dos atores, mas não dá pra comparar (ainda) com Del Toro e Nolan - e olha que ele, Martin McDonagh, já ganhou um Oscar em 2006 com seu Curta-Metragem "Six Shooter"- aliás, ele é o tipo de Diretor (e Roteirista) que vale a pena acompanhar!
Resumindo: "Three Billboards Outside Ebbing, Missouri" (título original) é sim um grande filme, teve 7 indicações em 2018, mas não seria minha aposta para maior prêmio da noite!
Up-date: "Três Anúncios para um Crime" ganhou em duas categorias no Oscar 2018: Melhor Atriz e Melhor Ator Coadjuvante!
"Trojan War" é um verdadeiro mergulho no mundo fascinante do futebol americano universitário em uma das histórias mais surpreendentes que você, amante do esporte, vai conhecer. Com um enfoque particular na lendária equipe da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, a USC e uma narrativa das mais envolventes, o documentário da ESPN Filmes explora a incrível história (e todos os desafios enfrentados) da USC desde a chegada do Pete Carroll (vencedor coach do Seahawks na NFL) e como ele transformou um time decadente em um dos melhores times de todos os tempos, com 34 vitórias seguidas. O filme ainda mostra toda a polêmica envolvendo o Reggie Bush, astro do time, antes de chegar na NFL.
Quando Pete Carroll assume como treinador do time de futebol da USC após a temporada de 2000, os outrora grandes "Cavalos de Tróia" estavam indo de mal a pior. Mas, graças à experiência de Caroll, além de seu otimismo e de sua excelente habilidade de recrutamento, o "Southern Cal" logo voltou ao topo do mundo do futebol universitário, com a popularidade disparando em uma jornada que entrou para a história, seja pelas inúmeras vitórias, seja pelas polêmicas que envolviam suas estrelas. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo Aaron Rahsaan Thomas (famoso por produzir C.S.I.), "Trojan War" oferece uma visão profunda e emocionante sobre o programa de futebol americano da USC. O interessante é que o documentário vai além do esporte em si - sua capacidade de retratar a tradição e a cultura arraigadas na equipe de futebol americano da USC, é o que impressiona. O filme começa contextualizando as raízes históricas do programa, destacando momentos marcantes e lendas do passado. Através de entrevistas com ex-jogadores, treinadores e figuras-chave dessa história, o documentário faz um recorte dos mais interessantes sobre os desafios que moldaram a identidade da equipe "Trojan".
A estrutura narrativa é habilmente construída a partir de uma mistura de imagens de arquivo, entrevistas atuais e cenas dos jogos da equipe, em uma montagem dinâmica que contribui de uma maneira única para criar um senso de imersão no mundo do futebol americano universitário, mesmo para aqueles pouco familiarizados com o esporte. Veja, aqui não estamos falando apenas de uma jornada de superação e resiliência esportiva, e sim da importância de uma construção de cultura sólida capaz de marcar gerações.
A forma como Aaron Rahsaan Thomas conduz a história permite que a audiência experimente a intensidade dos jogos e a paixão dos torcedores de uma maneira quase visceral. Reparem que o filme não se limita apenas em celebrar os momentos de glória, mas também o de explorar com muita honestidade os desafios enfrentados pelos jogadores, as lesões, as dores, as decepções, a pressão pelo sucesso e, principalmente, a necessidade de equilibrar a vida acadêmica com a esportiva. Eu diria que essa abordagem tão ampla, humaniza os jogadores e cria uma conexão emocional que nos impede de tirar os olhos da tela - como em "Last Chance U", uma aula de roteiro!
Vale muito o seu play!
"Trojan War" é um verdadeiro mergulho no mundo fascinante do futebol americano universitário em uma das histórias mais surpreendentes que você, amante do esporte, vai conhecer. Com um enfoque particular na lendária equipe da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, a USC e uma narrativa das mais envolventes, o documentário da ESPN Filmes explora a incrível história (e todos os desafios enfrentados) da USC desde a chegada do Pete Carroll (vencedor coach do Seahawks na NFL) e como ele transformou um time decadente em um dos melhores times de todos os tempos, com 34 vitórias seguidas. O filme ainda mostra toda a polêmica envolvendo o Reggie Bush, astro do time, antes de chegar na NFL.
Quando Pete Carroll assume como treinador do time de futebol da USC após a temporada de 2000, os outrora grandes "Cavalos de Tróia" estavam indo de mal a pior. Mas, graças à experiência de Caroll, além de seu otimismo e de sua excelente habilidade de recrutamento, o "Southern Cal" logo voltou ao topo do mundo do futebol universitário, com a popularidade disparando em uma jornada que entrou para a história, seja pelas inúmeras vitórias, seja pelas polêmicas que envolviam suas estrelas. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo Aaron Rahsaan Thomas (famoso por produzir C.S.I.), "Trojan War" oferece uma visão profunda e emocionante sobre o programa de futebol americano da USC. O interessante é que o documentário vai além do esporte em si - sua capacidade de retratar a tradição e a cultura arraigadas na equipe de futebol americano da USC, é o que impressiona. O filme começa contextualizando as raízes históricas do programa, destacando momentos marcantes e lendas do passado. Através de entrevistas com ex-jogadores, treinadores e figuras-chave dessa história, o documentário faz um recorte dos mais interessantes sobre os desafios que moldaram a identidade da equipe "Trojan".
A estrutura narrativa é habilmente construída a partir de uma mistura de imagens de arquivo, entrevistas atuais e cenas dos jogos da equipe, em uma montagem dinâmica que contribui de uma maneira única para criar um senso de imersão no mundo do futebol americano universitário, mesmo para aqueles pouco familiarizados com o esporte. Veja, aqui não estamos falando apenas de uma jornada de superação e resiliência esportiva, e sim da importância de uma construção de cultura sólida capaz de marcar gerações.
A forma como Aaron Rahsaan Thomas conduz a história permite que a audiência experimente a intensidade dos jogos e a paixão dos torcedores de uma maneira quase visceral. Reparem que o filme não se limita apenas em celebrar os momentos de glória, mas também o de explorar com muita honestidade os desafios enfrentados pelos jogadores, as lesões, as dores, as decepções, a pressão pelo sucesso e, principalmente, a necessidade de equilibrar a vida acadêmica com a esportiva. Eu diria que essa abordagem tão ampla, humaniza os jogadores e cria uma conexão emocional que nos impede de tirar os olhos da tela - como em "Last Chance U", uma aula de roteiro!
Vale muito o seu play!
Todos temos a certeza que um dia vamos morrer, faz parte do ciclo natural da vida; porém saber que esse dia se aproxima e que algumas questões precisam ser resolvidas não deve ser o melhor dos sentimentos. "Truman" trata desse assunto delicado de uma forma mais leve - não divertida, mas talvez com uma sensibilidade que nos conecta imediatamente aos personagens e nos convida a acompanhar essa jornada de despedidas. "Truman" é um filme duro, mas muito bonito e, principalmente, honesto com o sentimento de todos os personagens sem aquela obrigação de parecer politicamente correto - esse é apenas um dos muitos elogios que essa premiada co-produção argentina/espanhola merece.
Quando Julián (Ricardo Darín) recebe a visita de seu amigo de infância, Tomás (Javier Cámara), ele sabe que, na verdade, o reencontro não será de todo feliz. Julián tem câncer e decidiu parar o tratamento para aproveitar os últimos meses de vida e colocar as coisas em ordem antes de partir. Para isso, ele precisa da ajuda de Tomás, em especial, para achar um lar adequado para o seu amado cachorro, Truman. Confira o trailer:
Veja, diferente de "O melhor está por vir", belíssimo filme francês, que equilibra perfeitamente a comédia e o drama partindo de uma premissa muito parecida; "Truman" é mais realista, com isso o drama acaba se sobressaindo - obviamente que isso não exclui momentos divertidos e até constrangedores da relação entre Julián e Tomás, mas, de fato, aqui o tom é outro. Dirigido e roteirizado (em parceria com Tomàs Aragay) pelo excelente diretor espanhol, Cesc Gay (de "O Que os Homens Falam"), a trama não tem deslizes, não escolhe o caminho fácil do dramalhão e nos coloca um sorriso no rosto com a mesma tranquilidade com que nos emociona.
Ter o Darín no elenco é a certeza de encontrar um personagem humano, cheio de camadas, com qualidades e defeitos. Mais uma vez ele entrega uma performance exemplar - dessa vez pontuando com a mesma classe uma certa afetuosidade com um dolorido enfrentamento da realidade. A coisa só melhora quando encontramos ao seu lado o ótimo Javier Cámara (um dos atores favoritos de Pedro Almodóvar e que já esteve em três de seus filmes) que embora coadjuvante, tem uma sensibilidade impressionante e mesmo com suas fraquezas como homem, justifica sua dor, seus arrependimentos e sua empatia - o interessante de tudo isso, é que os diálogos não contam essa história, mas o subtexto sim.
"Truman" tem seu maior valor ao nos provocar olhar para dentro, em revisitar nossa memória afetiva e, claro, fazendo tudo isso sem nos obrigar a carregar o peso de nossas escolhas. Premiado em Festivais renomados como o "Gaudí Awards", "Goya Awards" e "San Sebastián" (só para citar alguns), esse drama com toques de comédia, é muito mais importante pelo significado que carrega do que pela sequência de ações de cada uma das cenas, ou seja, se algo pode parecer superficial ou cotidiano demais, é justamente no silêncio da alma que essa história ganha força e beleza.
Tipo do filme que ao final, merece um brinde de uma boa taça de vinho ao lado das pessoas que amamos para que assim possamos celebrar a vida!
Vale muito seu play!
Todos temos a certeza que um dia vamos morrer, faz parte do ciclo natural da vida; porém saber que esse dia se aproxima e que algumas questões precisam ser resolvidas não deve ser o melhor dos sentimentos. "Truman" trata desse assunto delicado de uma forma mais leve - não divertida, mas talvez com uma sensibilidade que nos conecta imediatamente aos personagens e nos convida a acompanhar essa jornada de despedidas. "Truman" é um filme duro, mas muito bonito e, principalmente, honesto com o sentimento de todos os personagens sem aquela obrigação de parecer politicamente correto - esse é apenas um dos muitos elogios que essa premiada co-produção argentina/espanhola merece.
Quando Julián (Ricardo Darín) recebe a visita de seu amigo de infância, Tomás (Javier Cámara), ele sabe que, na verdade, o reencontro não será de todo feliz. Julián tem câncer e decidiu parar o tratamento para aproveitar os últimos meses de vida e colocar as coisas em ordem antes de partir. Para isso, ele precisa da ajuda de Tomás, em especial, para achar um lar adequado para o seu amado cachorro, Truman. Confira o trailer:
Veja, diferente de "O melhor está por vir", belíssimo filme francês, que equilibra perfeitamente a comédia e o drama partindo de uma premissa muito parecida; "Truman" é mais realista, com isso o drama acaba se sobressaindo - obviamente que isso não exclui momentos divertidos e até constrangedores da relação entre Julián e Tomás, mas, de fato, aqui o tom é outro. Dirigido e roteirizado (em parceria com Tomàs Aragay) pelo excelente diretor espanhol, Cesc Gay (de "O Que os Homens Falam"), a trama não tem deslizes, não escolhe o caminho fácil do dramalhão e nos coloca um sorriso no rosto com a mesma tranquilidade com que nos emociona.
Ter o Darín no elenco é a certeza de encontrar um personagem humano, cheio de camadas, com qualidades e defeitos. Mais uma vez ele entrega uma performance exemplar - dessa vez pontuando com a mesma classe uma certa afetuosidade com um dolorido enfrentamento da realidade. A coisa só melhora quando encontramos ao seu lado o ótimo Javier Cámara (um dos atores favoritos de Pedro Almodóvar e que já esteve em três de seus filmes) que embora coadjuvante, tem uma sensibilidade impressionante e mesmo com suas fraquezas como homem, justifica sua dor, seus arrependimentos e sua empatia - o interessante de tudo isso, é que os diálogos não contam essa história, mas o subtexto sim.
"Truman" tem seu maior valor ao nos provocar olhar para dentro, em revisitar nossa memória afetiva e, claro, fazendo tudo isso sem nos obrigar a carregar o peso de nossas escolhas. Premiado em Festivais renomados como o "Gaudí Awards", "Goya Awards" e "San Sebastián" (só para citar alguns), esse drama com toques de comédia, é muito mais importante pelo significado que carrega do que pela sequência de ações de cada uma das cenas, ou seja, se algo pode parecer superficial ou cotidiano demais, é justamente no silêncio da alma que essa história ganha força e beleza.
Tipo do filme que ao final, merece um brinde de uma boa taça de vinho ao lado das pessoas que amamos para que assim possamos celebrar a vida!
Vale muito seu play!
Se você acompanhou o dia a dia da Família Roy, dona de um dos maiores conglomerados de Mídia e Entretenimento do Mundo na ficção, certamente vai se envolver com a história real da família Getty, que fez fortuna com a indústria do petróleo e foi considerada uma das mais ricas do mundo, mas também uma das mais infelizes. Pelas mão do grande Danny Boyle (de "Steve Jobs") e do roteirista Simon Beaufoy (de "Quem Quer Ser um Milionário?"), a minissérie "Trust" faz um radiografia muito inteligente e provocativa sobre a dinâmica familiar dos Getty, proporcionando uma experiência que não por acaso nos remete aos clássicos como "O Poderoso Chefão" ou "Fargo". Dito isso, é muito fácil entender a razão pela qual não conseguimos tirar os olhos da tela desde o primeiro episódio e como somos cativados por uma narrativa tensa, angustiante e muitas vezes constrangedora, com atuações incríveis e uma direção capaz de nos inserir tanto no glamour quanto na decadência brutal da aristocracia britânica.
Ambientada em 1973, a trama inicia quando o jovem neto de J. Paul Getty (Donald Sutherland) é sequestrado em Roma e um resgate de milhões de dólares é exigido. O problema é que a família não demonstra tanto interesse em conseguir o rapaz de volta: o próprio avô de J. Paul Getty III (Harris Dickinson) se recusa a liberar a quantia e argumenta que se pagasse um centavo para os sequestradores, em breve teria os outros 14 netos sequestrados. Já o pai do sequestrado, envolvido em drogas, não responde os telefonemas dos sequestradores e sobra para mãe do rapaz, Gail Getty (Hilary Swank), com dificuldades financeiras, negociar pela vida do filho. Confira o trailer (em inglês):
O que realmente diferencia "Trust", e que mais uma vez nos faz lembrar de “Succession”, é a maneira como o texto de Beaufoy mergulha na psicologia doentia de seus personagens e na complexidade das relações entre eles. À medida que a história se desenrola, somos levados a questionar o que motiva esses indivíduos, com tanto dinheiro, a agir de uma forma tão extrema para proteger seus interesses. Ao confrontar questões morais profundas, enquanto nos mantém presos em um enredo de fato cativante, a minissérie se apropria da disfuncionalidade absurda da família para criar um palco onde Donald Sutherland brilha e Brendan Fraser, como James Fletcher Chace, entrega uma das melhores performances de sua carreira. Aliás, é inegável a química entre eles - de arrepiar.
Ao olhar sob o aspecto mais técnico de "Trust", posso te garantir: é igualmente impressionante! A direção de arte da Suttirat Anne Larlarb (de "Obi-Wan Kenobi") e a fotografia da dupla Christopher Ross e Monika Lenczewska, ambos sem muito destaque até aquele momento, mas extremamente talentosos, merecem nossa atenção - eles constroem uma atmosfera de ostentação e riqueza em detalhes. Cada cenário, figurino e enquadramento contribuem para uma imersão profunda na década de 1970 onde o luxo da família Getty salta aos olhos, mas também machuca o coração. Aqui cabe o elogio para a trilha sonora do James Lavelle (de "The Man From Mo' Wax") que combina músicas clássicas com contemporâneas que ressaltam, como poucas, as emoções e a tensão da narrativa durante todos os episódios.
O fato é que "Trust" é o tipo de obra-prima que merecia um maior reconhecimento - ser de 2018 e da FX certamente prejudicou seu alcance; e sim, a minissérie também tem alguns momentos mais lentos, escuros, introspectivos, mas repare como tudo é tão bem encaixado com a proposta de Boyle que olha, se você está em busca de uma trama inteligente e com algumas reviravoltas muito bem construídas, pode dar o play sem receio algum. Você certamente vai encontrar atuações soberbas, uma produção meticulosa e uma narrativa que desafia as convenções, entregando uma experiência realmente envolvente e intrigante.
Imperdível!
Se você acompanhou o dia a dia da Família Roy, dona de um dos maiores conglomerados de Mídia e Entretenimento do Mundo na ficção, certamente vai se envolver com a história real da família Getty, que fez fortuna com a indústria do petróleo e foi considerada uma das mais ricas do mundo, mas também uma das mais infelizes. Pelas mão do grande Danny Boyle (de "Steve Jobs") e do roteirista Simon Beaufoy (de "Quem Quer Ser um Milionário?"), a minissérie "Trust" faz um radiografia muito inteligente e provocativa sobre a dinâmica familiar dos Getty, proporcionando uma experiência que não por acaso nos remete aos clássicos como "O Poderoso Chefão" ou "Fargo". Dito isso, é muito fácil entender a razão pela qual não conseguimos tirar os olhos da tela desde o primeiro episódio e como somos cativados por uma narrativa tensa, angustiante e muitas vezes constrangedora, com atuações incríveis e uma direção capaz de nos inserir tanto no glamour quanto na decadência brutal da aristocracia britânica.
Ambientada em 1973, a trama inicia quando o jovem neto de J. Paul Getty (Donald Sutherland) é sequestrado em Roma e um resgate de milhões de dólares é exigido. O problema é que a família não demonstra tanto interesse em conseguir o rapaz de volta: o próprio avô de J. Paul Getty III (Harris Dickinson) se recusa a liberar a quantia e argumenta que se pagasse um centavo para os sequestradores, em breve teria os outros 14 netos sequestrados. Já o pai do sequestrado, envolvido em drogas, não responde os telefonemas dos sequestradores e sobra para mãe do rapaz, Gail Getty (Hilary Swank), com dificuldades financeiras, negociar pela vida do filho. Confira o trailer (em inglês):
O que realmente diferencia "Trust", e que mais uma vez nos faz lembrar de “Succession”, é a maneira como o texto de Beaufoy mergulha na psicologia doentia de seus personagens e na complexidade das relações entre eles. À medida que a história se desenrola, somos levados a questionar o que motiva esses indivíduos, com tanto dinheiro, a agir de uma forma tão extrema para proteger seus interesses. Ao confrontar questões morais profundas, enquanto nos mantém presos em um enredo de fato cativante, a minissérie se apropria da disfuncionalidade absurda da família para criar um palco onde Donald Sutherland brilha e Brendan Fraser, como James Fletcher Chace, entrega uma das melhores performances de sua carreira. Aliás, é inegável a química entre eles - de arrepiar.
Ao olhar sob o aspecto mais técnico de "Trust", posso te garantir: é igualmente impressionante! A direção de arte da Suttirat Anne Larlarb (de "Obi-Wan Kenobi") e a fotografia da dupla Christopher Ross e Monika Lenczewska, ambos sem muito destaque até aquele momento, mas extremamente talentosos, merecem nossa atenção - eles constroem uma atmosfera de ostentação e riqueza em detalhes. Cada cenário, figurino e enquadramento contribuem para uma imersão profunda na década de 1970 onde o luxo da família Getty salta aos olhos, mas também machuca o coração. Aqui cabe o elogio para a trilha sonora do James Lavelle (de "The Man From Mo' Wax") que combina músicas clássicas com contemporâneas que ressaltam, como poucas, as emoções e a tensão da narrativa durante todos os episódios.
O fato é que "Trust" é o tipo de obra-prima que merecia um maior reconhecimento - ser de 2018 e da FX certamente prejudicou seu alcance; e sim, a minissérie também tem alguns momentos mais lentos, escuros, introspectivos, mas repare como tudo é tão bem encaixado com a proposta de Boyle que olha, se você está em busca de uma trama inteligente e com algumas reviravoltas muito bem construídas, pode dar o play sem receio algum. Você certamente vai encontrar atuações soberbas, uma produção meticulosa e uma narrativa que desafia as convenções, entregando uma experiência realmente envolvente e intrigante.
Imperdível!
"Um Motivo para Lutar" realmente pode te surpreender! O filme dirigido por Romain Cogitore é uma mistura equilibrada de drama e romance, que se apoia em uma narrativa emocionalmente intensa e cheia de contrastes bem ao estilo "Mil Vezes Boa Noite". Essa produção francesa da Disney, explora a interseção delicada entre a ideologia e as relações humanas, oferecendo uma reflexão profunda sobre o impacto das convicções em momentos de conflito. O filme se destaca ao discutir como o ativismo social e ambiental moldam as escolhas e as dinâmicas entre os personagens, criando dilemas complexos que desafiam os limites entre o dever e o afeto.
A trama segue Stella (Lyna Khoudri), uma jovem ativista engajada na resistência contra um projeto de construção em uma área ambientalmente protegida conhecida como "ZAD" (Zone à Défendre). No meio desse conflito, ela se envolve com Alexandre (François Civil), um policial infiltrado na comunidade de ativistas. À medida que o relacionamento entre eles se desenvolve, os dilemas éticos e emocionais emergem, colocando em risco tanto suas convicções quanto seus sentimentos. Confira o trailer (em francês):
Cogitore dirige o filme com uma sensibilidade impressionante, especialmente ao tratar da intimidade inserida dentro de um contexto de tensão política. Sua direção evita simplificações, focando justamente na ambiguidade moral que permeia a relação entre os protagonistas e a própria causa que eles defendem. A construção narrativa é tão cuidadosa que faz com que a tensão emocional entre Stella e Alexandre se desenvolva de um forma gradual, mantendo a audiência intrigada e entretida até o final. O roteiro escrito por Cogitore em parceria com Thomas Bidegain (de "Ferrugem e Osso") e Catherine Paillé (de "O Segredo da Câmara Escura") equilibra bem essa relação mais pessoal sem nunca abrir mão do pano de fundo político. A forma como "Um Motivo para Lutar"aborda a linha tênue entre o idealismo e o extremismo é notável, evitando juízos fáceis e oferecendo uma visão humana tanto dos ativistas quanto das forças de repressão.
A performance do elenco encabeçado por Lyna Khoudri e François Civil, sem dúvida, é um dos pontos altos do filme. Khoudri entrega uma personagem autêntica e visceral, revelando a sua intensidade e a sua vulnerabilidade diante dos dilemas afetivos e sociais que permeiam a narrativa. Civil também brilha ao interpretar Alexandre, um homem dividido entre sua missão profissional e o envolvimento emocional que nasce dentro da comunidade - a química entre os dois é palpável, e suas interações refletem a tensão entre "dever e desejo" a cada cena. Outro fator que ajuda a construir essa atmosfera de dualidade é a fotografia de Julien Hirsch (de "Lady Chatterley") - ao capturar as paisagens naturais da "ZAD", ele reforça tanto a beleza quanto a fragilidade do local. Os ambientes densos e isolados simbolizam a resistência dos ativistas e a pressão crescente que eles enfrentam, enquanto a escolha de cores mais naturalistas e uma iluminação suave complementam o tom intimista da narrativa. Repare como essa estética acentua os momentos de silêncio e reflexão, intensificando o impacto da história.
O foco na construção emocional e nas nuances dos personagens é um ponto relevante do trabalho de Cogitore, por outro lado essa identidade mais autoral impacta no ritmo e isso pode desgarrar alguns - e também pode dar a sensação de que a trama se alonga desnecessariamente em alguns momentos. No entanto, "Une Zone à Défendre" (no original), posso garantir, é uma experiência bastante envolvente especialmente por explorar a dinâmica entre Stella e Alexandre, respeitando a complexidade dos vínculos formados em contextos de conflito e a dificuldade de conciliar afetos com convicções. Realmente um convite para a reflexão sobre a natureza do compromisso e as fronteiras entre o amor e a lealdade por um ideal.
Vale muito o seu play!
"Um Motivo para Lutar" realmente pode te surpreender! O filme dirigido por Romain Cogitore é uma mistura equilibrada de drama e romance, que se apoia em uma narrativa emocionalmente intensa e cheia de contrastes bem ao estilo "Mil Vezes Boa Noite". Essa produção francesa da Disney, explora a interseção delicada entre a ideologia e as relações humanas, oferecendo uma reflexão profunda sobre o impacto das convicções em momentos de conflito. O filme se destaca ao discutir como o ativismo social e ambiental moldam as escolhas e as dinâmicas entre os personagens, criando dilemas complexos que desafiam os limites entre o dever e o afeto.
A trama segue Stella (Lyna Khoudri), uma jovem ativista engajada na resistência contra um projeto de construção em uma área ambientalmente protegida conhecida como "ZAD" (Zone à Défendre). No meio desse conflito, ela se envolve com Alexandre (François Civil), um policial infiltrado na comunidade de ativistas. À medida que o relacionamento entre eles se desenvolve, os dilemas éticos e emocionais emergem, colocando em risco tanto suas convicções quanto seus sentimentos. Confira o trailer (em francês):
Cogitore dirige o filme com uma sensibilidade impressionante, especialmente ao tratar da intimidade inserida dentro de um contexto de tensão política. Sua direção evita simplificações, focando justamente na ambiguidade moral que permeia a relação entre os protagonistas e a própria causa que eles defendem. A construção narrativa é tão cuidadosa que faz com que a tensão emocional entre Stella e Alexandre se desenvolva de um forma gradual, mantendo a audiência intrigada e entretida até o final. O roteiro escrito por Cogitore em parceria com Thomas Bidegain (de "Ferrugem e Osso") e Catherine Paillé (de "O Segredo da Câmara Escura") equilibra bem essa relação mais pessoal sem nunca abrir mão do pano de fundo político. A forma como "Um Motivo para Lutar"aborda a linha tênue entre o idealismo e o extremismo é notável, evitando juízos fáceis e oferecendo uma visão humana tanto dos ativistas quanto das forças de repressão.
A performance do elenco encabeçado por Lyna Khoudri e François Civil, sem dúvida, é um dos pontos altos do filme. Khoudri entrega uma personagem autêntica e visceral, revelando a sua intensidade e a sua vulnerabilidade diante dos dilemas afetivos e sociais que permeiam a narrativa. Civil também brilha ao interpretar Alexandre, um homem dividido entre sua missão profissional e o envolvimento emocional que nasce dentro da comunidade - a química entre os dois é palpável, e suas interações refletem a tensão entre "dever e desejo" a cada cena. Outro fator que ajuda a construir essa atmosfera de dualidade é a fotografia de Julien Hirsch (de "Lady Chatterley") - ao capturar as paisagens naturais da "ZAD", ele reforça tanto a beleza quanto a fragilidade do local. Os ambientes densos e isolados simbolizam a resistência dos ativistas e a pressão crescente que eles enfrentam, enquanto a escolha de cores mais naturalistas e uma iluminação suave complementam o tom intimista da narrativa. Repare como essa estética acentua os momentos de silêncio e reflexão, intensificando o impacto da história.
O foco na construção emocional e nas nuances dos personagens é um ponto relevante do trabalho de Cogitore, por outro lado essa identidade mais autoral impacta no ritmo e isso pode desgarrar alguns - e também pode dar a sensação de que a trama se alonga desnecessariamente em alguns momentos. No entanto, "Une Zone à Défendre" (no original), posso garantir, é uma experiência bastante envolvente especialmente por explorar a dinâmica entre Stella e Alexandre, respeitando a complexidade dos vínculos formados em contextos de conflito e a dificuldade de conciliar afetos com convicções. Realmente um convite para a reflexão sobre a natureza do compromisso e as fronteiras entre o amor e a lealdade por um ideal.
Vale muito o seu play!
Assisti "Vidro" (Glass), filme que "teoricamente" fecha a trilogia de "Corpo Fechado" e "Fragmentado", e "ok"! Na verdade talvez eu tenha me decepcionado mais do que não gostado o filme. Minha expectativa era alta, pois eu tinha a esperança que a trilogia havia sido planejada desde o começo e muito bem desenvolvida para ter um grande final ou até mesmo para fomentar o início de mais uma ótima franquia de heróis! Ilusão!!!!
Conhecendo o negócio, eu tenho absoluta certeza que o M. Night Shyamalan aproveitou a provocação de colocar o David Dunn em uma aparição rápida no filme anterior (e que funcionou para muita gente) para inventar essa trilogia! Eu digo isso tranquilamente porque "Vidro" comete um erro clássico de arco narrativo: tem uma quantidade absurda de diálogos explicativos - o que coloca o roteiro do filme em um nível muito medíocre (principalmente tendo um cara tão criativo como o Shyamalan no comando). Desde do inicio do filme a impressão que fica é a de uma necessidade enorme em unir a história dos outros dois filmes com a trama de "Vidro" - e não funciona, fica forçado, nada surpreende e, na boa, muito superficial!!!!
Eu sou um fã do M. Night Shyamalan, defendo o cara até quando o filme é ruim porque acho ele um excelente cineasta. Ele tem um domínio impressionante da gramatica cinematográfica, principalmente quando o assunto é criar tensão e por isso, me decepcionei. Ele estava irreconhecível, mesmo tendo escolhido a "ação" para vender seu filme e não o "suspense". Teve lapsos de genialidade, uma ou outra sequência bem filmada - como a cena em que a câmera está dentro do furgão enquanto Dunn e a Fera brigam do lado de fora - ali ele nos coloca dentro do filme de verdade, mas não durou muito!!! Ele abusou das câmeras em primeira pessoa e não ficou bacana. Eu sempre digo: se você não é o Spielberg, evite esse plano. Talvez em dois momentos tenha até funcionado, mas não mais que isso!
Outro momento de pouca inspiração foi na escolha de trabalhar com planos fechados demais, normalmente no rosto do ator, em algumas cenas de ação ou quando a câmera acompanhava os movimentos do ator por estar presa a ele - aqui cabe uma observação: juro que só vi essa técnica funcionar nas mãos do Vince Gilligan em Breaking Bad e porque tinha tudo a ver com a escolha conceitual da série. "Vidro" não tem unidade narrativa ou estética que lembre os outros filmes, da mesma forma como Fragmentado não tinha com o Corpo Fechado - são filmes tão diferentes que poderiam se completar tão genialmente, que chega a dar raiva esse terceiro ato!
Talvez quem leia esse Review tenha a certeza que eu odiei o filme. Não foi o caso, de verdade! Eu me diverti em alguns momentos. O filme tem sacadas excelentes como a do plano que antecede o prólogo de Corpo Fechado que o Shyamalan trouxe de volta ou até mesmo as cenas em que James McAvoy vai trocando de personalidade em sequência - o cara realmente é muito bom! Em compensação a participação dos personagens Casey Cooke (Fragmentado), Joseph Dunn e da Mrs. Price (Corpo Fechado) chega a ser constrangedora!
O fato é que a tentativa de criar uma franquia de heróis não deu certo na minha opinião - a solução que ele encontrou para uma possível sequência lembra os piores anos de "Heroes" - que aliás era tão genial na primeira temporada que se tornou case de como destruir uma idéia com tanto potencial - e acho que "Vidro" deixa o mesmo gosto amargo!!!
Shyamalan vinha bem, fez dois filmes ótimos, quando trouxe para tela o que mais domina - a tensão e o foco no diálogo! "Vidro" para mim, não funciona porque não tem nenhum desses pilares. A minha torcida é para que ele volte a fazer filme sem muito orçamento onde a sua criatividade realmente aparece e que, no gênero certo, faz toda a diferença! Já para "Vidro", eu sugiro: assista e depois me diga se eu fui duro demais; porque juro que eu queria mesmo era poder fazer um review mais bacana sobre o filme, mas não deu!!
Vale como entretenimento e só!
Assisti "Vidro" (Glass), filme que "teoricamente" fecha a trilogia de "Corpo Fechado" e "Fragmentado", e "ok"! Na verdade talvez eu tenha me decepcionado mais do que não gostado o filme. Minha expectativa era alta, pois eu tinha a esperança que a trilogia havia sido planejada desde o começo e muito bem desenvolvida para ter um grande final ou até mesmo para fomentar o início de mais uma ótima franquia de heróis! Ilusão!!!!
Conhecendo o negócio, eu tenho absoluta certeza que o M. Night Shyamalan aproveitou a provocação de colocar o David Dunn em uma aparição rápida no filme anterior (e que funcionou para muita gente) para inventar essa trilogia! Eu digo isso tranquilamente porque "Vidro" comete um erro clássico de arco narrativo: tem uma quantidade absurda de diálogos explicativos - o que coloca o roteiro do filme em um nível muito medíocre (principalmente tendo um cara tão criativo como o Shyamalan no comando). Desde do inicio do filme a impressão que fica é a de uma necessidade enorme em unir a história dos outros dois filmes com a trama de "Vidro" - e não funciona, fica forçado, nada surpreende e, na boa, muito superficial!!!!
Eu sou um fã do M. Night Shyamalan, defendo o cara até quando o filme é ruim porque acho ele um excelente cineasta. Ele tem um domínio impressionante da gramatica cinematográfica, principalmente quando o assunto é criar tensão e por isso, me decepcionei. Ele estava irreconhecível, mesmo tendo escolhido a "ação" para vender seu filme e não o "suspense". Teve lapsos de genialidade, uma ou outra sequência bem filmada - como a cena em que a câmera está dentro do furgão enquanto Dunn e a Fera brigam do lado de fora - ali ele nos coloca dentro do filme de verdade, mas não durou muito!!! Ele abusou das câmeras em primeira pessoa e não ficou bacana. Eu sempre digo: se você não é o Spielberg, evite esse plano. Talvez em dois momentos tenha até funcionado, mas não mais que isso!
Outro momento de pouca inspiração foi na escolha de trabalhar com planos fechados demais, normalmente no rosto do ator, em algumas cenas de ação ou quando a câmera acompanhava os movimentos do ator por estar presa a ele - aqui cabe uma observação: juro que só vi essa técnica funcionar nas mãos do Vince Gilligan em Breaking Bad e porque tinha tudo a ver com a escolha conceitual da série. "Vidro" não tem unidade narrativa ou estética que lembre os outros filmes, da mesma forma como Fragmentado não tinha com o Corpo Fechado - são filmes tão diferentes que poderiam se completar tão genialmente, que chega a dar raiva esse terceiro ato!
Talvez quem leia esse Review tenha a certeza que eu odiei o filme. Não foi o caso, de verdade! Eu me diverti em alguns momentos. O filme tem sacadas excelentes como a do plano que antecede o prólogo de Corpo Fechado que o Shyamalan trouxe de volta ou até mesmo as cenas em que James McAvoy vai trocando de personalidade em sequência - o cara realmente é muito bom! Em compensação a participação dos personagens Casey Cooke (Fragmentado), Joseph Dunn e da Mrs. Price (Corpo Fechado) chega a ser constrangedora!
O fato é que a tentativa de criar uma franquia de heróis não deu certo na minha opinião - a solução que ele encontrou para uma possível sequência lembra os piores anos de "Heroes" - que aliás era tão genial na primeira temporada que se tornou case de como destruir uma idéia com tanto potencial - e acho que "Vidro" deixa o mesmo gosto amargo!!!
Shyamalan vinha bem, fez dois filmes ótimos, quando trouxe para tela o que mais domina - a tensão e o foco no diálogo! "Vidro" para mim, não funciona porque não tem nenhum desses pilares. A minha torcida é para que ele volte a fazer filme sem muito orçamento onde a sua criatividade realmente aparece e que, no gênero certo, faz toda a diferença! Já para "Vidro", eu sugiro: assista e depois me diga se eu fui duro demais; porque juro que eu queria mesmo era poder fazer um review mais bacana sobre o filme, mas não deu!!
Vale como entretenimento e só!
Olha, se você acompanhou pelo menos 70% desses 11 anos de filmes da Marvel, você PRECISA assistir "Vingadores - Ultimato" de preferência em uma tela enorme e com o melhor sistema de som que você encontrar!!! O filme é realmente grandioso em todos os elementos narrativos, estéticos, técnicos e de produção que você possa imaginar! Sério, é uma das coisas mais bacanas que eu já assisti no cinema na minha vida!!! Aí você pode me perguntar: "Mas é um filme tão bom assim"? Sim e não! "Não????"....rs
Vamos lá, vou tentar explicar... O Filme tem o grande mérito de ter conseguido amarrar as histórias principais desses 11 anos de construção do Universo - coisa muito rara de acontecer, diga-se de passagem! Embora ele não tenha a dinâmica de "Guerra do Infinito", "Ultimato" trabalha tão bem cada um dos plots que você nem sente as 3 horas de filme passar. Ele resgata elementos de muito filmes anteriores e vai costurando de uma forma tão orgânica que dá a impressão que tudo foi minimamente planejado desde o primeiro "Homem de Ferro" - e não foi, ok? Mas parece! A maneira como eles introduziram a questão da viagem no tempo foi de uma sagacidade impressionante, principalmente por se tratar de uma solução narrativa muito comum em produções recentes. "Ultimato" fez o que "Lost" tinha que ter feito e não fez - ou melhor, fez muito mal! Em "Utimato" essa escolha narrativa é tão explicita que os roteiristas fizeram questão de citar as referências que os levaram aquelas soluções e como o Universo da Marvel permite "alívios cômicos" como nenhum outro, essas citações se tornaram engraçadas e elegantes - o comunidade NERD deve ter pirado!!!!...rs.
É obvio que em um determinado momento se iniciou um planejamento para que as histórias se fechassem nesse filme e isso ficou claro em cada ação dos personagens. Filmes com personagens menos conhecidos como do "Homem-Formiga" ou da "Capitã Marvel" , por exemplo, acabaram se tornando essenciais para o entendimento, ou melhor, para uma total imersão em "Ultimato". O filme tem cenas espetaculares. A Batalha final é daquelas coisas que você não consegue tirar os olhos da tela! Um excelente exemplo de como os efeitos especiais devem ser usados à favor da história. Ficou lindo! Parecia tão real que comecei a achar que Game of Thrones deveria ter deixado para lançar a Temporada Final só depois que passasse o "hype" do filme! Acho que é a batalha mais intensa e bem feita que eu já assisti ou pelo menos no mesmo nível de "Senhor do Anéis" - desculpem os românticos, mas tenho a impressão que o filme é tão grandioso quanto o "Retorno do Rei"!!!
Por que então eu disse que o filme também não é tão bom?! - E aqui eu preciso deixar claro que é uma opinião muito pessoal: Tem muita piada fora de hora e alguns personagens foram infantilizados de uma forma ofensiva para quem gosta de filmes de herói. O Hulk, por exemplo, já tinha sido uma das minhas maiores críticas quando assisti "Thor: Ragnarok". Poxa, o Hulk é para se ter medo só de olhar!!! Mas entendo que a estratégia do Estúdio que precisava "humanizar" o personagem - tanto é que a aplicação gráfica das reações do Mark Ruffalo ficaram impressionantes nesse filme. Mas, desculpa, o Hulk é um animal incontrolável, não um personagem de roupa e óculos que tira self em restaurante!!!! Atrapalha a história? Não, pelo fato que você aceitar o tom sugerido, mas enfraquece o arco de um herói tão único que já foi muitas vezes classificado como "anti-herói". Agora, por outro lado, o roteiro tem várias sacadas, bem pontuais (e pertinentes), que um bom observador vai se divertir. São muitas referências e easter-eggs durante o filme todo que fica impossível não se envolver!
"Vingadores - Ultimato" foi feito para os fans e entregou um final de fase à altura das expectativas. Ponto para Marvel!!! Acabou??? Duvido!!! A Disney vai lançar seu serviço de streaming e certamente vai produzir histórias paralelas que vão ampliar ainda mais esse Universo. Reboot então? Acho que ainda não, mas uma sensível transformação virá naturalmente - eu não descartaria essa saga de jeito nenhum! Tem muita coisa boa (e algumas nem tanto - Homem de Ferro 3 confirma isso!). A Disney ainda comprou a FOX e com isso X-men, Quarteto Fantástico, Deadpool passam a fazer parte de um mesmo guarda-chuva e que, com inteligência, devem ser inseridos pouco a pouco nas histórias que vem pela frente. O fato é que "Vingadores - Ultimato" fez história e abriu novos caminhos, que, eu diria, são infinitos!!! Ainda bem que eles perceberam que as sagas de heróis poderiam ser bem sucedidos também no cinema, porque à longo prazo (entendeu DC?) se transformam em uma grande franquia, ou melhor, em uma máquina de fazer dinheiro sem fim.
Olha, se você acompanhou pelo menos 70% desses 11 anos de filmes da Marvel, você PRECISA assistir "Vingadores - Ultimato" de preferência em uma tela enorme e com o melhor sistema de som que você encontrar!!! O filme é realmente grandioso em todos os elementos narrativos, estéticos, técnicos e de produção que você possa imaginar! Sério, é uma das coisas mais bacanas que eu já assisti no cinema na minha vida!!! Aí você pode me perguntar: "Mas é um filme tão bom assim"? Sim e não! "Não????"....rs
Vamos lá, vou tentar explicar... O Filme tem o grande mérito de ter conseguido amarrar as histórias principais desses 11 anos de construção do Universo - coisa muito rara de acontecer, diga-se de passagem! Embora ele não tenha a dinâmica de "Guerra do Infinito", "Ultimato" trabalha tão bem cada um dos plots que você nem sente as 3 horas de filme passar. Ele resgata elementos de muito filmes anteriores e vai costurando de uma forma tão orgânica que dá a impressão que tudo foi minimamente planejado desde o primeiro "Homem de Ferro" - e não foi, ok? Mas parece! A maneira como eles introduziram a questão da viagem no tempo foi de uma sagacidade impressionante, principalmente por se tratar de uma solução narrativa muito comum em produções recentes. "Ultimato" fez o que "Lost" tinha que ter feito e não fez - ou melhor, fez muito mal! Em "Utimato" essa escolha narrativa é tão explicita que os roteiristas fizeram questão de citar as referências que os levaram aquelas soluções e como o Universo da Marvel permite "alívios cômicos" como nenhum outro, essas citações se tornaram engraçadas e elegantes - o comunidade NERD deve ter pirado!!!!...rs.
É obvio que em um determinado momento se iniciou um planejamento para que as histórias se fechassem nesse filme e isso ficou claro em cada ação dos personagens. Filmes com personagens menos conhecidos como do "Homem-Formiga" ou da "Capitã Marvel" , por exemplo, acabaram se tornando essenciais para o entendimento, ou melhor, para uma total imersão em "Ultimato". O filme tem cenas espetaculares. A Batalha final é daquelas coisas que você não consegue tirar os olhos da tela! Um excelente exemplo de como os efeitos especiais devem ser usados à favor da história. Ficou lindo! Parecia tão real que comecei a achar que Game of Thrones deveria ter deixado para lançar a Temporada Final só depois que passasse o "hype" do filme! Acho que é a batalha mais intensa e bem feita que eu já assisti ou pelo menos no mesmo nível de "Senhor do Anéis" - desculpem os românticos, mas tenho a impressão que o filme é tão grandioso quanto o "Retorno do Rei"!!!
Por que então eu disse que o filme também não é tão bom?! - E aqui eu preciso deixar claro que é uma opinião muito pessoal: Tem muita piada fora de hora e alguns personagens foram infantilizados de uma forma ofensiva para quem gosta de filmes de herói. O Hulk, por exemplo, já tinha sido uma das minhas maiores críticas quando assisti "Thor: Ragnarok". Poxa, o Hulk é para se ter medo só de olhar!!! Mas entendo que a estratégia do Estúdio que precisava "humanizar" o personagem - tanto é que a aplicação gráfica das reações do Mark Ruffalo ficaram impressionantes nesse filme. Mas, desculpa, o Hulk é um animal incontrolável, não um personagem de roupa e óculos que tira self em restaurante!!!! Atrapalha a história? Não, pelo fato que você aceitar o tom sugerido, mas enfraquece o arco de um herói tão único que já foi muitas vezes classificado como "anti-herói". Agora, por outro lado, o roteiro tem várias sacadas, bem pontuais (e pertinentes), que um bom observador vai se divertir. São muitas referências e easter-eggs durante o filme todo que fica impossível não se envolver!
"Vingadores - Ultimato" foi feito para os fans e entregou um final de fase à altura das expectativas. Ponto para Marvel!!! Acabou??? Duvido!!! A Disney vai lançar seu serviço de streaming e certamente vai produzir histórias paralelas que vão ampliar ainda mais esse Universo. Reboot então? Acho que ainda não, mas uma sensível transformação virá naturalmente - eu não descartaria essa saga de jeito nenhum! Tem muita coisa boa (e algumas nem tanto - Homem de Ferro 3 confirma isso!). A Disney ainda comprou a FOX e com isso X-men, Quarteto Fantástico, Deadpool passam a fazer parte de um mesmo guarda-chuva e que, com inteligência, devem ser inseridos pouco a pouco nas histórias que vem pela frente. O fato é que "Vingadores - Ultimato" fez história e abriu novos caminhos, que, eu diria, são infinitos!!! Ainda bem que eles perceberam que as sagas de heróis poderiam ser bem sucedidos também no cinema, porque à longo prazo (entendeu DC?) se transformam em uma grande franquia, ou melhor, em uma máquina de fazer dinheiro sem fim.
"Viúva Negra" me parece o maior erro estratégico da Marvel até aqui. Não que o filme seja ruim, eu não achei pelo menos, mas não dá para negar que ele está completamente deslocado na linha do tempo - na ficção e na realidade. Antes de mais nada vamos lembrar que estamos falando de um "filme de herói", ou seja, toda suspensão de realidade é praticamente um pré-requisito para embarcar na jornada sem torcer o nariz para cada cena impossível de explicar para aqueles que se apegam ao realismo fantástico só para criticar o gênero! Dito isso, eu afirmo: "Viúva Negra" é entretenimento puro, como suas falhas narrativas, mas com o mérito de ser um filme de ação dinâmico e divertido!
O filme acompanhaa vida de Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) após os eventos de "Guerra Civil". Se escondendo do governo norte-americano devido a sua aliança com o time do Capitão América, Natasha ainda precisa confrontar partes de sua história quando surge uma conspiração perigosa ligada ao seu passado. Perseguida por uma força que não irá parar até derrotá-la, ela tem que lidar com sua antiga vida de espiã, e também reencontrar membros de sua família que deixou para trás antes de se tornar parte dos Vingadores. Confira o trailer:
"Viúva Negra" é uma mistura de muitas histórias e com um visual muito similar a algumas produções recentes do gênero e isso impacta diretamente na sua identidade como obra de um universo cinematográfico que é reconhecido justamente por sua originalidade. A diretora Cate Shortland até procura impor algum conceito narrativo, mas o roteiro de Eric Pearson, baseado na história de Jac Schaeffer e Ned Benson, soa como uma colcha de retalhos que repetem elementos (já pouco originais) de "Bloodshot", "Anna"e "Projeto Gemini".
Natasha Romanoff nunca foi uma personagem de primeira linha, mas Scarlett Johansson acabou transformando a Viúva Negra em queridinha da Marvel - o que sem dúvida fomentou a ideia de lhe entregar um filme solo em uma época onde o Disney+ era apenas um projeto ambicioso. Pois bem, ao posicionar sua história na linha temporal do MCU entre "Capitão América: Guerra Civil" e "Vingadores: Guerra Infinita", a solução do Estúdio acabou criando um problema já que a produção sofreu em seu desenvolvimento e depois em sua distribuição (graças à pandemia). Já na fase 4 do MCU e com o destino da personagem traçado, ficou claro que contar essa história ganhou status de "projeto datado", perdendo uma grande chance de coroar o ótimo trabalho de Johansson e do próprio Estúdio até aqui - é como se o desejo de conhecer a história de Romanoff tenha esfriado ou tenha sido esquecido pelo tempo (e os números de sua estreia só colaboram com essa tese).
"Viúva Negra" não é um filme de origem e não vai influenciar em nada no MCU daqui para frente - mesmo com uma cena pós-crédito completamente desconectada do resto da história, mas que tende a funcionar como gancho (mesmo que improvisado). Eu diria que se o filme fosse uma minissérie de 6 episódios no streaming, tudo faria mais sentido já que os inúmeros (e ótimos) momentos de ação se equilibrariam com uma construção mais honesta de motivação e desenvolvimento de personagens - tanto o vilão "Treinador" quanto o "Guardião Vermelho". O fato é que "Viúva Negra" tem ação para dar e vender, mas poderia ter mais - algo que chamamos de "história"!
Vale o play para os fãs de ação e para quem curte filme de herói, mas você não vai encontrar nada de novo, que saltem aos olhos ou que nos transportem para os melhores momentos (até mesmo dos inusitados como "Guardiões da Galáxia") do MCU.
"Viúva Negra" me parece o maior erro estratégico da Marvel até aqui. Não que o filme seja ruim, eu não achei pelo menos, mas não dá para negar que ele está completamente deslocado na linha do tempo - na ficção e na realidade. Antes de mais nada vamos lembrar que estamos falando de um "filme de herói", ou seja, toda suspensão de realidade é praticamente um pré-requisito para embarcar na jornada sem torcer o nariz para cada cena impossível de explicar para aqueles que se apegam ao realismo fantástico só para criticar o gênero! Dito isso, eu afirmo: "Viúva Negra" é entretenimento puro, como suas falhas narrativas, mas com o mérito de ser um filme de ação dinâmico e divertido!
O filme acompanhaa vida de Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) após os eventos de "Guerra Civil". Se escondendo do governo norte-americano devido a sua aliança com o time do Capitão América, Natasha ainda precisa confrontar partes de sua história quando surge uma conspiração perigosa ligada ao seu passado. Perseguida por uma força que não irá parar até derrotá-la, ela tem que lidar com sua antiga vida de espiã, e também reencontrar membros de sua família que deixou para trás antes de se tornar parte dos Vingadores. Confira o trailer:
"Viúva Negra" é uma mistura de muitas histórias e com um visual muito similar a algumas produções recentes do gênero e isso impacta diretamente na sua identidade como obra de um universo cinematográfico que é reconhecido justamente por sua originalidade. A diretora Cate Shortland até procura impor algum conceito narrativo, mas o roteiro de Eric Pearson, baseado na história de Jac Schaeffer e Ned Benson, soa como uma colcha de retalhos que repetem elementos (já pouco originais) de "Bloodshot", "Anna"e "Projeto Gemini".
Natasha Romanoff nunca foi uma personagem de primeira linha, mas Scarlett Johansson acabou transformando a Viúva Negra em queridinha da Marvel - o que sem dúvida fomentou a ideia de lhe entregar um filme solo em uma época onde o Disney+ era apenas um projeto ambicioso. Pois bem, ao posicionar sua história na linha temporal do MCU entre "Capitão América: Guerra Civil" e "Vingadores: Guerra Infinita", a solução do Estúdio acabou criando um problema já que a produção sofreu em seu desenvolvimento e depois em sua distribuição (graças à pandemia). Já na fase 4 do MCU e com o destino da personagem traçado, ficou claro que contar essa história ganhou status de "projeto datado", perdendo uma grande chance de coroar o ótimo trabalho de Johansson e do próprio Estúdio até aqui - é como se o desejo de conhecer a história de Romanoff tenha esfriado ou tenha sido esquecido pelo tempo (e os números de sua estreia só colaboram com essa tese).
"Viúva Negra" não é um filme de origem e não vai influenciar em nada no MCU daqui para frente - mesmo com uma cena pós-crédito completamente desconectada do resto da história, mas que tende a funcionar como gancho (mesmo que improvisado). Eu diria que se o filme fosse uma minissérie de 6 episódios no streaming, tudo faria mais sentido já que os inúmeros (e ótimos) momentos de ação se equilibrariam com uma construção mais honesta de motivação e desenvolvimento de personagens - tanto o vilão "Treinador" quanto o "Guardião Vermelho". O fato é que "Viúva Negra" tem ação para dar e vender, mas poderia ter mais - algo que chamamos de "história"!
Vale o play para os fãs de ação e para quem curte filme de herói, mas você não vai encontrar nada de novo, que saltem aos olhos ou que nos transportem para os melhores momentos (até mesmo dos inusitados como "Guardiões da Galáxia") do MCU.
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Apesar de a música ter sido banida há algumas gerações em sua família, Miguel (Anthony Gonzalez) sonha em se tornar um grande músico como seu ídolo, Ernesto de la Cruz (Benjamin Bratt). Desesperado para provar o seu talento, Miguel acaba sendo levado para o "Mundo dos Mortos" onde conhece um encantador trapaceiro chamado Hector (Gael García Bernal), e juntos eles partem em uma jornada extraordinária para descobrir a verdade por trás da história da família de Miguel.
De fato, o roteiro não é tão original ou criativo quanto "Divertidamente", mas certamente é uma das mensagens mais bonitas (e generosas) que um filme que Pixar já produziu - além de um visual incrivelmente lindo! Digno de Oscar! Vale dizer que "
"Coco" (título original) é daqueles filmes imperdíveis, para ver e rever quantas vezes nosso coração aguentar!
Up-date: "
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Apesar de a música ter sido banida há algumas gerações em sua família, Miguel (Anthony Gonzalez) sonha em se tornar um grande músico como seu ídolo, Ernesto de la Cruz (Benjamin Bratt). Desesperado para provar o seu talento, Miguel acaba sendo levado para o "Mundo dos Mortos" onde conhece um encantador trapaceiro chamado Hector (Gael García Bernal), e juntos eles partem em uma jornada extraordinária para descobrir a verdade por trás da história da família de Miguel.
De fato, o roteiro não é tão original ou criativo quanto "Divertidamente", mas certamente é uma das mensagens mais bonitas (e generosas) que um filme que Pixar já produziu - além de um visual incrivelmente lindo! Digno de Oscar! Vale dizer que "
"Coco" (título original) é daqueles filmes imperdíveis, para ver e rever quantas vezes nosso coração aguentar!
Up-date: "
Da mesma forma que eu disse que "Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez"era uma minissérie dura de assistir, daquelas que precisamos parar e respirar em várias passagens, certamente em "Volta Priscila" a condição será a mesma - esses quatro episódios vão dilacerar o seu coração! Dirigida por Eduardo Rajabally e Bruna Rodrigues para o Disney+, "Volta Priscila" explora o misterioso e ainda não resolvido desaparecimento de Priscila Belfort, irmã do lutador de MMA Vitor Belfort. A produção traz uma abordagem sensível e cuidadosa sobre o caso, equilibrando o impacto emocional da tragédia familiar com uma análise investigativa dos eventos que levaram ao desaparecimento de Priscila em 2004. "Volta Priscila" não apenas revisita o caso, mas também lança luz sobre questões mais delicadas como as imposições nas relações familiares e o impacto da depressão na vida das pessoas.
A minissérie conta com entrevistas com familiares, amigos e envolvidos no processo que relembram os eventos em torno do desaparecimento de Priscila. Ela desapareceu em plena luz do dia no centro do Rio de Janeiro, e, apesar dos esforços incansáveis de sua família e de investigações, seu paradeiro ainda permanece desconhecido. O foco emocional da minissérie está em Jovita Belfort, que desde o desaparecimento da filha se tornou uma voz ativa na busca por respostas. Confira o trailer:
Inegavelmente que Rajabally e Rodrigues optam por uma abordagem delicada e respeitosa ao levantar algumas questões sobre o desaparecimento de Priscila - isso de fato impacta na nossa experiência como audiência já faltam provocações. Ao dar o play você não vai encontrar grandes novidades sobre o caso, mas vai entender perfeitamente todo o contexto familiar, pessoal e investigativo que deixaram muito mais perguntas do que respostas. Ao mesmo tempo que utilizam de recursos documentais tradicionais, como entrevistas e imagens de arquivo, a direção consegue entregar uma narrativa eficaz intercalando o passado e o presente, mas principalmente o intimo e o especulativo. Veja, com os depoimentos de Jovina, de Vitor, de Joana Prado e de algumas amigas de Priscila, temos um olhar humano e sincero do impacto devastador do desaparecimento em suas vidas. Os depoimentos de Joana, por exemplo, são especialmente tocantes, transmitindo a dor, a frustração e a esperança que perdura na família quase duas décadas depois, mas com um tom um pouco mais racional (mesmo que cheio de emoção).
Já quando minissérie explora o desaparecimento de Priscila em um cenário mais amplo, tentando analisar as falhas durante a investigação e como a mídia lidou com o caso, entendemos exatamente como algumas questões, especialmente institucionais, dificultam a busca por pessoas desaparecidas no país - minha crítica é pelo fato de não existir uma imersão tão evidente em alguns pontos sensíveis que facilmente percebemos durante a minissérie. A relação do pai de Priscila com o pai do namorado de sua filha, por exemplo, não é explorado, apenas citado. Aliás, só sabemos que a família desse namorado de Priscila é poderosa, mas não sabemos nem quem é e nem o que fazem (e consigo imaginar a razão)! Ao citar outras linhas de investigação durante esses "quase vinte anos", por outro lado, temos uma noção bem dolorosa de como é difícil lidar com as especulações e com a falta de humanidade das pessoas em um momento tão difícil. Em uma passagem do documentário, Vitor Belfort chega a falar abertamente sobre a dor permanente que a família enfrenta por ter que lidar com as respostas erradas diariamente: “Ontem meus pais enterraram minha irmã. Hoje temos que enterrar minha irmã de novo. É um enterro diário. É assim há 20 anos”!
Embora as investigações tenham chegado a vários becos sem saída, "Volta Priscila" foi inteligente ao revisitar alguns eventos, levantar algumas hipóteses e até discutir teorias que foram exploradas ao longo dos anos. Ao fazer isso, a minissérie nos mantém ligados, o tom de mistério nos acompanha e, sem sensacionalismo, cria uma abordagem interessante sobre o todo. Sim, eu sei que a falta de uma conclusão definitiva soa frustrante, dada a natureza não resolvida do caso, mas mais do que o aspecto "true crime" da narrativa, o recorte emocional é ainda mais potente - pode deixar uma sensação de vazio e talvez seja essa a razão que a torna interessante como conceito: tentar replicar 1% da dor que é viver com a incerteza! Funciona!
Vale muito o seu play!
Da mesma forma que eu disse que "Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez"era uma minissérie dura de assistir, daquelas que precisamos parar e respirar em várias passagens, certamente em "Volta Priscila" a condição será a mesma - esses quatro episódios vão dilacerar o seu coração! Dirigida por Eduardo Rajabally e Bruna Rodrigues para o Disney+, "Volta Priscila" explora o misterioso e ainda não resolvido desaparecimento de Priscila Belfort, irmã do lutador de MMA Vitor Belfort. A produção traz uma abordagem sensível e cuidadosa sobre o caso, equilibrando o impacto emocional da tragédia familiar com uma análise investigativa dos eventos que levaram ao desaparecimento de Priscila em 2004. "Volta Priscila" não apenas revisita o caso, mas também lança luz sobre questões mais delicadas como as imposições nas relações familiares e o impacto da depressão na vida das pessoas.
A minissérie conta com entrevistas com familiares, amigos e envolvidos no processo que relembram os eventos em torno do desaparecimento de Priscila. Ela desapareceu em plena luz do dia no centro do Rio de Janeiro, e, apesar dos esforços incansáveis de sua família e de investigações, seu paradeiro ainda permanece desconhecido. O foco emocional da minissérie está em Jovita Belfort, que desde o desaparecimento da filha se tornou uma voz ativa na busca por respostas. Confira o trailer:
Inegavelmente que Rajabally e Rodrigues optam por uma abordagem delicada e respeitosa ao levantar algumas questões sobre o desaparecimento de Priscila - isso de fato impacta na nossa experiência como audiência já faltam provocações. Ao dar o play você não vai encontrar grandes novidades sobre o caso, mas vai entender perfeitamente todo o contexto familiar, pessoal e investigativo que deixaram muito mais perguntas do que respostas. Ao mesmo tempo que utilizam de recursos documentais tradicionais, como entrevistas e imagens de arquivo, a direção consegue entregar uma narrativa eficaz intercalando o passado e o presente, mas principalmente o intimo e o especulativo. Veja, com os depoimentos de Jovina, de Vitor, de Joana Prado e de algumas amigas de Priscila, temos um olhar humano e sincero do impacto devastador do desaparecimento em suas vidas. Os depoimentos de Joana, por exemplo, são especialmente tocantes, transmitindo a dor, a frustração e a esperança que perdura na família quase duas décadas depois, mas com um tom um pouco mais racional (mesmo que cheio de emoção).
Já quando minissérie explora o desaparecimento de Priscila em um cenário mais amplo, tentando analisar as falhas durante a investigação e como a mídia lidou com o caso, entendemos exatamente como algumas questões, especialmente institucionais, dificultam a busca por pessoas desaparecidas no país - minha crítica é pelo fato de não existir uma imersão tão evidente em alguns pontos sensíveis que facilmente percebemos durante a minissérie. A relação do pai de Priscila com o pai do namorado de sua filha, por exemplo, não é explorado, apenas citado. Aliás, só sabemos que a família desse namorado de Priscila é poderosa, mas não sabemos nem quem é e nem o que fazem (e consigo imaginar a razão)! Ao citar outras linhas de investigação durante esses "quase vinte anos", por outro lado, temos uma noção bem dolorosa de como é difícil lidar com as especulações e com a falta de humanidade das pessoas em um momento tão difícil. Em uma passagem do documentário, Vitor Belfort chega a falar abertamente sobre a dor permanente que a família enfrenta por ter que lidar com as respostas erradas diariamente: “Ontem meus pais enterraram minha irmã. Hoje temos que enterrar minha irmã de novo. É um enterro diário. É assim há 20 anos”!
Embora as investigações tenham chegado a vários becos sem saída, "Volta Priscila" foi inteligente ao revisitar alguns eventos, levantar algumas hipóteses e até discutir teorias que foram exploradas ao longo dos anos. Ao fazer isso, a minissérie nos mantém ligados, o tom de mistério nos acompanha e, sem sensacionalismo, cria uma abordagem interessante sobre o todo. Sim, eu sei que a falta de uma conclusão definitiva soa frustrante, dada a natureza não resolvida do caso, mas mais do que o aspecto "true crime" da narrativa, o recorte emocional é ainda mais potente - pode deixar uma sensação de vazio e talvez seja essa a razão que a torna interessante como conceito: tentar replicar 1% da dor que é viver com a incerteza! Funciona!
Vale muito o seu play!
Existe um certo tom melancólico em "Pantera Negra: Wakanda para Sempre" que o talentoso diretor e roteirista Ryan Coogler consegue transformar em homenagem - embora as imagens sejam lindas e as performances dos atores notavelmente sinceras, é no silêncio que a emoção explode quando a lembrança de Chadwick Boseman é invocada. Talvez esse seja o gatilho emocional que Coogler precisava para entregar, mais uma vez, um filme de herói com certo diferencial - o roteiro, de fato, exige mais dos atores e em muitos momentos a própria direção se apoia na câmera mais solta, naquele close-up escolhido cirurgicamente e no bem executado "foco e desfoco" da cena, para que aquela poesia mais intimista seja capaz de colocar o filme em outro patamar. Sim, o "Pantera Negra 2" tem muita ação, muita piadinha "estilo Marvel", mas é inegavelmente mais equilibrado e inteligente do que normalmente encontramos no MCU!
Após a morte de T'Challa (Boseman) e com a nação de Wakanda já fragilizada, Rainha Ramonda (Angela Bassett), Shuri (Letitia Wright), M'Baku (Winston Duke), Okoye (Danai Gurira) e as Dora Milaje precisam lutar contra uma grande pressão internacional para que o país divida suas reservas de Vibranium, material que permitiu grandes avanços tecnológicos no país. Ao mesmo tempo em que uma nova raça, também detentora de reservas de Vibranium, os Talokan, emerge das profundezas do oceano, sob a liderança de seu rei Namor (Tenoch Huerta), para cobrar por séculos e séculos de exploração. Confira o trailer:
Visualmente, um verdadeiro espetáculo - o que justifica três das cinco indicações ao Oscar 2023: cabelo e maquiagem, figurino e, finalmente o favorito, efeitos especiais. O interessante, no entanto, é que especificamente na franquia Pantera Negra, o visual serve muito mais como elemento de apoio ao ator e sua história, do que como bengala para as inúmeras (e muito bem feitas) cenas de ação. Veja, é muito claro o cuidado de Coogler em usar todos esses elementos visuais para potencializar seu propósito de mexer com a emoção da audiência - o que talvez tenha justificado, inclusive, as duas outras indicações: canção original com "Lift Me Up" de Rhianna e Angela Bassett como atriz coadjuvante.
Bassett dá um show - ela é o ponto de conexão entre a dor e o instinto de proteção. Sua Ramonda é a personificação do sentimento materno mais puro e o que para muitos críticos soou piegas demais, para mim funcionou como uma luva. Dizer que "Pantera Negra: Wakanda para Sempre" tende para o sentimentalismo em detrimento ao aspecto transgressor e politico, desculpe, mas me parece superficial demais. É óbvio que a morte de Boseman influenciou em algumas escolhas conceituais e narrativas do filme, mas, embora longa, a história funciona como um excelente entretenimento. Veja, as provocações sobre racismo, colonialismo e representação cultural continuam lá, mesmo que sem aquela enorme bandeira levantada - e isso é mais um ponto para se aplaudir, não para criticar.
O risco de trazer uma sequência para um personagem que fez tanto sucesso no passado recente e que não pode contar mais com a figura carismática de seu protagonista, era um risco e todos sabiam disso. Porém, independente de qualquer coisa, eu posso te dizer tranquilamente que "Pantera Negra: Wakanda para Sempre" mesmo não sendo tão autoral quando o primeiro, mesmo sem um roteiro tão redondinho e até sem aquela história surpreendente de origem que chamou atenção até do Oscar, ainda sim é muito divertido e muito bem realizado, com muitos momentos tão emocionantes quanto marcantes.
Vale o seu play!
Up-date: "Pantera Negra: Wakanda para Sempre" levou o Oscar na categoria "Melhor Figurino" em 2023!
Existe um certo tom melancólico em "Pantera Negra: Wakanda para Sempre" que o talentoso diretor e roteirista Ryan Coogler consegue transformar em homenagem - embora as imagens sejam lindas e as performances dos atores notavelmente sinceras, é no silêncio que a emoção explode quando a lembrança de Chadwick Boseman é invocada. Talvez esse seja o gatilho emocional que Coogler precisava para entregar, mais uma vez, um filme de herói com certo diferencial - o roteiro, de fato, exige mais dos atores e em muitos momentos a própria direção se apoia na câmera mais solta, naquele close-up escolhido cirurgicamente e no bem executado "foco e desfoco" da cena, para que aquela poesia mais intimista seja capaz de colocar o filme em outro patamar. Sim, o "Pantera Negra 2" tem muita ação, muita piadinha "estilo Marvel", mas é inegavelmente mais equilibrado e inteligente do que normalmente encontramos no MCU!
Após a morte de T'Challa (Boseman) e com a nação de Wakanda já fragilizada, Rainha Ramonda (Angela Bassett), Shuri (Letitia Wright), M'Baku (Winston Duke), Okoye (Danai Gurira) e as Dora Milaje precisam lutar contra uma grande pressão internacional para que o país divida suas reservas de Vibranium, material que permitiu grandes avanços tecnológicos no país. Ao mesmo tempo em que uma nova raça, também detentora de reservas de Vibranium, os Talokan, emerge das profundezas do oceano, sob a liderança de seu rei Namor (Tenoch Huerta), para cobrar por séculos e séculos de exploração. Confira o trailer:
Visualmente, um verdadeiro espetáculo - o que justifica três das cinco indicações ao Oscar 2023: cabelo e maquiagem, figurino e, finalmente o favorito, efeitos especiais. O interessante, no entanto, é que especificamente na franquia Pantera Negra, o visual serve muito mais como elemento de apoio ao ator e sua história, do que como bengala para as inúmeras (e muito bem feitas) cenas de ação. Veja, é muito claro o cuidado de Coogler em usar todos esses elementos visuais para potencializar seu propósito de mexer com a emoção da audiência - o que talvez tenha justificado, inclusive, as duas outras indicações: canção original com "Lift Me Up" de Rhianna e Angela Bassett como atriz coadjuvante.
Bassett dá um show - ela é o ponto de conexão entre a dor e o instinto de proteção. Sua Ramonda é a personificação do sentimento materno mais puro e o que para muitos críticos soou piegas demais, para mim funcionou como uma luva. Dizer que "Pantera Negra: Wakanda para Sempre" tende para o sentimentalismo em detrimento ao aspecto transgressor e politico, desculpe, mas me parece superficial demais. É óbvio que a morte de Boseman influenciou em algumas escolhas conceituais e narrativas do filme, mas, embora longa, a história funciona como um excelente entretenimento. Veja, as provocações sobre racismo, colonialismo e representação cultural continuam lá, mesmo que sem aquela enorme bandeira levantada - e isso é mais um ponto para se aplaudir, não para criticar.
O risco de trazer uma sequência para um personagem que fez tanto sucesso no passado recente e que não pode contar mais com a figura carismática de seu protagonista, era um risco e todos sabiam disso. Porém, independente de qualquer coisa, eu posso te dizer tranquilamente que "Pantera Negra: Wakanda para Sempre" mesmo não sendo tão autoral quando o primeiro, mesmo sem um roteiro tão redondinho e até sem aquela história surpreendente de origem que chamou atenção até do Oscar, ainda sim é muito divertido e muito bem realizado, com muitos momentos tão emocionantes quanto marcantes.
Vale o seu play!
Up-date: "Pantera Negra: Wakanda para Sempre" levou o Oscar na categoria "Melhor Figurino" em 2023!
"WandaVision" além de ser mais uma aula de storytelling da Marvel, escancara, mais uma vez, a capacidade do Estúdio de se reinventar baseado em um planejamento cuidadosamente construído para que tudo faça sentido independente do canal de distribuição! Dito isso, fica fácil considerar que essa primeira experiência do MCU no streaming da Disney foi mais um acerto nessa construção única de uma grande jornada, principalmente porquê nem Wanda e nem Vision teriam força o suficiente para segurar um filme solo nos cinemas, então por que não em uma série (ou melhor, em uma minissérie pelo que tudo indica)?
Após os eventos de "Vingadores: Ultimato"(2019), Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany), misteriosamente, passam a levar uma vida normal em uma cidade do interior dos EUA. Escondendo seus poderes, a dupla logo começa a suspeitar que nem tudo está tão tranquilo assim. Eles se encontram, na verdade, dentro de uma constante sitcom, que vai desde a década de 50 até os dias de hoje. Conforme o tempo vai passando, Wanda e Visão começam a perder a noção daquela "realidade", a "ficção" vai mostrando outras camadas e a certeza de que algo realmente está muito errado se torna uma questão de tempo. Confira o trailer:
O que vemos em "WandaVision" é selo da Marvel do cinema agora no streaming. Esquece tudo que você já viu antes: de "Demolidor" (que é incrível) à "Agentes da S.H.I.E.L.D." - estamos em uma outra era! A série (vamos chamar assim até que se prove o contrário) segue a cartilha de outras produções de sucesso em seu "conteúdo", alternando momentos de comédia com suspense e ação com maestria, mas, na minha opinião, o que coloca o projeto em outro patamar é a sua "forma". Construir duas linhas narrativas completamente distintas (realidade e ficção) e depois cruzá-las para entregar um final sensacional, com o surgimento de toda mitologia em cima da Feiticeira Escarlate, foi de uma sabedoria para deixar a DC de boca aberta!
Além de uma qualidade técnica e artística em toda produção, que é indiscutível, reparem como elenco, com Kathryn Hahn (Agnes) e Teyonah Parris (Monica Rambeau) está sensacional! Paul Bettany e sua versão "atrapalhada" do Visão subverte aquela postura de herói tecnológico, sem emoções, da sua estreia em "A Era de Ultron" - e faz todo o sentido, diferente da versão pastelão do Hulk que, inclusive, já critiquei anteriormente. Elizabeth Olsen com sua Wanda, que até aqui estava limitada ao segundo plano dos Vingadores, dá um show, equilibrando com muita naturalidade a comédia e o drama - digna de prêmios!
Com um uma trama que discute como lidar com o luto, depois de estarem presos em um eterno vai e vem, da Era de Ouro da TV nos EUA, com imagens em preto e branco, até o presente e vice-versa; "WandaVision" vai além do que vemos nessa tela, pois usa de uma estrutura narrativa complexa para guiar com muita inteligência aos novos caminhos que aquele sensacional Universo tem a oferecer. Imperdível!
"WandaVision" além de ser mais uma aula de storytelling da Marvel, escancara, mais uma vez, a capacidade do Estúdio de se reinventar baseado em um planejamento cuidadosamente construído para que tudo faça sentido independente do canal de distribuição! Dito isso, fica fácil considerar que essa primeira experiência do MCU no streaming da Disney foi mais um acerto nessa construção única de uma grande jornada, principalmente porquê nem Wanda e nem Vision teriam força o suficiente para segurar um filme solo nos cinemas, então por que não em uma série (ou melhor, em uma minissérie pelo que tudo indica)?
Após os eventos de "Vingadores: Ultimato"(2019), Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany), misteriosamente, passam a levar uma vida normal em uma cidade do interior dos EUA. Escondendo seus poderes, a dupla logo começa a suspeitar que nem tudo está tão tranquilo assim. Eles se encontram, na verdade, dentro de uma constante sitcom, que vai desde a década de 50 até os dias de hoje. Conforme o tempo vai passando, Wanda e Visão começam a perder a noção daquela "realidade", a "ficção" vai mostrando outras camadas e a certeza de que algo realmente está muito errado se torna uma questão de tempo. Confira o trailer:
O que vemos em "WandaVision" é selo da Marvel do cinema agora no streaming. Esquece tudo que você já viu antes: de "Demolidor" (que é incrível) à "Agentes da S.H.I.E.L.D." - estamos em uma outra era! A série (vamos chamar assim até que se prove o contrário) segue a cartilha de outras produções de sucesso em seu "conteúdo", alternando momentos de comédia com suspense e ação com maestria, mas, na minha opinião, o que coloca o projeto em outro patamar é a sua "forma". Construir duas linhas narrativas completamente distintas (realidade e ficção) e depois cruzá-las para entregar um final sensacional, com o surgimento de toda mitologia em cima da Feiticeira Escarlate, foi de uma sabedoria para deixar a DC de boca aberta!
Além de uma qualidade técnica e artística em toda produção, que é indiscutível, reparem como elenco, com Kathryn Hahn (Agnes) e Teyonah Parris (Monica Rambeau) está sensacional! Paul Bettany e sua versão "atrapalhada" do Visão subverte aquela postura de herói tecnológico, sem emoções, da sua estreia em "A Era de Ultron" - e faz todo o sentido, diferente da versão pastelão do Hulk que, inclusive, já critiquei anteriormente. Elizabeth Olsen com sua Wanda, que até aqui estava limitada ao segundo plano dos Vingadores, dá um show, equilibrando com muita naturalidade a comédia e o drama - digna de prêmios!
Com um uma trama que discute como lidar com o luto, depois de estarem presos em um eterno vai e vem, da Era de Ouro da TV nos EUA, com imagens em preto e branco, até o presente e vice-versa; "WandaVision" vai além do que vemos nessa tela, pois usa de uma estrutura narrativa complexa para guiar com muita inteligência aos novos caminhos que aquele sensacional Universo tem a oferecer. Imperdível!
Analisar "What If...?" sob o contexto pontual de uma série de animação que subverte o Universo da Marvel sem a menor preocupação de ser imparcial é um erro tão claro quanto imaginar que esse mesmo produto é uma espécie de alivio narrativo sem a pretensão de se conectar com tudo que foi construído até aqui. Se você está lendo esse review, você já deveria saber: a Marvel não entrega uma produção que não possa fazer parte do seu enorme quebra-cabeça - mesmo que isso gere criticas como: "What If…? termina como uma oportunidade perdida". Não meu caro critico, provavelmente você ainda não entendeu a diferença entre planejamento e criatividade!
"What If...?" parte de um conceito genial vindo das HQs: "E se..." a história de determinado personagem fosse outra, baseada em algumas decisões específicas de uma jornada, transformando certos momentos-chave em outros acontecimentos que mudam seu destino? Confira o trailer para ficar um pouco mais claro:
Tecnicamente os episódios de "What…If?" tem uma estética sensacional - muito próximo do princípio cinematográfico de que uma ação é o resultado de uma sobreposição de 24 desenhos por segundo. Ou seja, é como se estivéssemos lendo uma página com 24 quadros de uma HQ com cenários belíssimos, uma fotografia repleta de luzes e sombras e uma colorização que parece uma pintura. Em muitos momentos você terá a exata sensação de estar assistindo alguns dos filmes em live-action da Marvel, só que em animação 2D. Soma-se a isso um conceito narrativo poético embarcada no off do brilhante Jeffrey Wright, que me fez lembrar os bons tempos da primeira temporada de "Heroes" de 2006. É lindo!
Durante os episódios de "What If…?", a montagem cria uma dinâmica sem atropelos, que apresenta uma situação, um personagem e, imediatamente, a sua nova versão, para aí sim desenrolar a trama - é preciso dizer, porém, que muitos episódios deixam pontas abertas e nem todas são fechadas durante o episódio final que tem a clara intenção de conectar essa experiência ao MCU, servindo como uma espécie de prólogo, ambientando a audiência para as novas propostas narrativas que estão sendo criadas para a nova fase e fortalecendo o entendimento do que já foi feito, principalmente sobre o propósito de alguns personagens (mesmo sob o olhar de um novo contexto).
Eu diria que essa primeira temporada de "What…If?" tem um elemento nostálgico que coloca suas histórias além do entretenimento superficial - é como se cada um dos detalhes (e são muitos) funcionassem como um primeiro esboço de um novo universo cheio de possibilidades, mas igualmente divertido. Você não será o único a refletir sobre o potencial escondido atrás de personagens incríveis que podem ganhar muito com a liberdade criativa de mentes como A.C. Bradley e Matthew Chauncey (os roteiristas da série).
Se você gosta do gênero, sua diversão está garantida e, provavelmente, muito das criticas que a série recebeu nessa temporada se transformarão em um pedido de desculpas no futuro quando outras peças começarem a se encaixar.
Veremos!
Analisar "What If...?" sob o contexto pontual de uma série de animação que subverte o Universo da Marvel sem a menor preocupação de ser imparcial é um erro tão claro quanto imaginar que esse mesmo produto é uma espécie de alivio narrativo sem a pretensão de se conectar com tudo que foi construído até aqui. Se você está lendo esse review, você já deveria saber: a Marvel não entrega uma produção que não possa fazer parte do seu enorme quebra-cabeça - mesmo que isso gere criticas como: "What If…? termina como uma oportunidade perdida". Não meu caro critico, provavelmente você ainda não entendeu a diferença entre planejamento e criatividade!
"What If...?" parte de um conceito genial vindo das HQs: "E se..." a história de determinado personagem fosse outra, baseada em algumas decisões específicas de uma jornada, transformando certos momentos-chave em outros acontecimentos que mudam seu destino? Confira o trailer para ficar um pouco mais claro:
Tecnicamente os episódios de "What…If?" tem uma estética sensacional - muito próximo do princípio cinematográfico de que uma ação é o resultado de uma sobreposição de 24 desenhos por segundo. Ou seja, é como se estivéssemos lendo uma página com 24 quadros de uma HQ com cenários belíssimos, uma fotografia repleta de luzes e sombras e uma colorização que parece uma pintura. Em muitos momentos você terá a exata sensação de estar assistindo alguns dos filmes em live-action da Marvel, só que em animação 2D. Soma-se a isso um conceito narrativo poético embarcada no off do brilhante Jeffrey Wright, que me fez lembrar os bons tempos da primeira temporada de "Heroes" de 2006. É lindo!
Durante os episódios de "What If…?", a montagem cria uma dinâmica sem atropelos, que apresenta uma situação, um personagem e, imediatamente, a sua nova versão, para aí sim desenrolar a trama - é preciso dizer, porém, que muitos episódios deixam pontas abertas e nem todas são fechadas durante o episódio final que tem a clara intenção de conectar essa experiência ao MCU, servindo como uma espécie de prólogo, ambientando a audiência para as novas propostas narrativas que estão sendo criadas para a nova fase e fortalecendo o entendimento do que já foi feito, principalmente sobre o propósito de alguns personagens (mesmo sob o olhar de um novo contexto).
Eu diria que essa primeira temporada de "What…If?" tem um elemento nostálgico que coloca suas histórias além do entretenimento superficial - é como se cada um dos detalhes (e são muitos) funcionassem como um primeiro esboço de um novo universo cheio de possibilidades, mas igualmente divertido. Você não será o único a refletir sobre o potencial escondido atrás de personagens incríveis que podem ganhar muito com a liberdade criativa de mentes como A.C. Bradley e Matthew Chauncey (os roteiristas da série).
Se você gosta do gênero, sua diversão está garantida e, provavelmente, muito das criticas que a série recebeu nessa temporada se transformarão em um pedido de desculpas no futuro quando outras peças começarem a se encaixar.
Veremos!
"Wish", que aqui no Brasil ganhou o subtítulo de "O Poder dos Desejos", é uma graça - e para muitos uma verdadeira viagem até uma época onde a técnica de animação funcionava a favor da história, não ao contrário. Talvez essa percepção mais nostálgica sobre os valores de uma filme com o "selo Disney" que para muitos representa uma força inimaginável, para outros tenha um impacto diametralmente inverso, ou seja, o da falta de criatividade e de ousadia para inovar - o que, acreditem, não é uma verdade absoluta. Sim, "Wish" pode despertar essa reflexão, mas dentro de um contexto mais amplo eu diria que o filme dirigido por Chris Buck (de "Frozen") e Fawn Veerasunthorn (de "Moana"), é um deleite atemporal para os amantes da animação clássica e um presente honesto e apaixonante pelo centenário do estúdio de animação fundado por Walt Disney.
A história é simples e direta, ela acompanha Asha (Ariana DeBose), uma jovem otimista e talentosa que vive em um reino onde os desejos podem se tornar realidade se o Rei Magnifico (Chris Pine) assim for convencido. Ao perceber que sua maior referência no mundo da magia é na verdade um ser desprezível, egocêntrico e egoísta, Asha embarca em uma aventura épica ao lado de Valentino (Alan Tudyk), determinada a encontrar a estrela cadente que realmente concede desejos e que pode ser a chave para desmascarar o Rei de Rosas. Confira o trailer:
Inteligente, "Wish" se apropria de inúmeras referências e até alguns easter eggs que funcionam como uma verdadeira homenagem aos clássicos do Estúdio, mesmo que em fases distintas de sua história. Com uma paleta de cores que nos remetem aos tons mágicos de uma aquarela, o visual do filme se conecta diretamente ao roteiro de Jennifer Lee (vencedora do Oscar por "Frozen") e de Allison Moore (do live-action de "A Bela e a Fera") que de repente transforma animais em personagens falantes, que entrega um vilão vaidoso e obcecado por espelhos logo de cara, e que dá para a protagonista sete amigos leais que vão ajuda-la em sua nobre missão. Entende o clima? Isso é Disney!
Mas calma, existem pontos que merecem ser mencionados: Asha, por exemplo, é uma protagonista forte e inspiradora que desafia os padrões tradicionais das princesas Disney. Sua inteligência, perspicácia e determinação fazem dela um modelo positivo, mesmo que inconsciente, para a jovem audiência - aqui existe uma atualização de conceito narrativo e de construção de personagem importantes. Ao longo da jornada, ela aprende o verdadeiro significado dos desejos e da felicidade, descobrindo que a força interior e a perseverança são as ferramentas mais poderosas para alcançar seus objetivos. Disney de novo! Já a trilha sonora original, composta por Dave Metzge (também de "Frozen"), é até competente, mas não tão grandiosa como estamos acostumados - talvez por isso "Wish" nos dê a sensação de que algo poderia ser melhor. Se antes as músicas complementavam nossa experiência com performances memoráveis que amplificavam nossas emoções, aqui ela soa mais protocolar. É fofo? Sim, mas não vai entrar naquela prateleira de "Alladin" ou da própria "Frozen".
Em resumo, em seus erros e acertos, "Wish" é uma carta de amor à rica história secular da Disney. Elementos mágicos e inspiradores estão de volta em uma combinação do clássico com o atual em uma narrativa com personagens cativantes que torna o filme uma delicia de assistir com a família. O objetivo de ser uma celebração da esperança, da perseverança e da magia que habita dentro de cada um de nós, é cumprido, no entanto isso não chancela a história como inesquecível - e aqui, os anos podem funcionar muito a seu favor. Tenha certeza que teremos, no futuro, um olhar mais carinhoso por "Wish".
Vale muito pelo entretenimento afetivo, daqueles com um leve sorriso no rosto!
"Wish", que aqui no Brasil ganhou o subtítulo de "O Poder dos Desejos", é uma graça - e para muitos uma verdadeira viagem até uma época onde a técnica de animação funcionava a favor da história, não ao contrário. Talvez essa percepção mais nostálgica sobre os valores de uma filme com o "selo Disney" que para muitos representa uma força inimaginável, para outros tenha um impacto diametralmente inverso, ou seja, o da falta de criatividade e de ousadia para inovar - o que, acreditem, não é uma verdade absoluta. Sim, "Wish" pode despertar essa reflexão, mas dentro de um contexto mais amplo eu diria que o filme dirigido por Chris Buck (de "Frozen") e Fawn Veerasunthorn (de "Moana"), é um deleite atemporal para os amantes da animação clássica e um presente honesto e apaixonante pelo centenário do estúdio de animação fundado por Walt Disney.
A história é simples e direta, ela acompanha Asha (Ariana DeBose), uma jovem otimista e talentosa que vive em um reino onde os desejos podem se tornar realidade se o Rei Magnifico (Chris Pine) assim for convencido. Ao perceber que sua maior referência no mundo da magia é na verdade um ser desprezível, egocêntrico e egoísta, Asha embarca em uma aventura épica ao lado de Valentino (Alan Tudyk), determinada a encontrar a estrela cadente que realmente concede desejos e que pode ser a chave para desmascarar o Rei de Rosas. Confira o trailer:
Inteligente, "Wish" se apropria de inúmeras referências e até alguns easter eggs que funcionam como uma verdadeira homenagem aos clássicos do Estúdio, mesmo que em fases distintas de sua história. Com uma paleta de cores que nos remetem aos tons mágicos de uma aquarela, o visual do filme se conecta diretamente ao roteiro de Jennifer Lee (vencedora do Oscar por "Frozen") e de Allison Moore (do live-action de "A Bela e a Fera") que de repente transforma animais em personagens falantes, que entrega um vilão vaidoso e obcecado por espelhos logo de cara, e que dá para a protagonista sete amigos leais que vão ajuda-la em sua nobre missão. Entende o clima? Isso é Disney!
Mas calma, existem pontos que merecem ser mencionados: Asha, por exemplo, é uma protagonista forte e inspiradora que desafia os padrões tradicionais das princesas Disney. Sua inteligência, perspicácia e determinação fazem dela um modelo positivo, mesmo que inconsciente, para a jovem audiência - aqui existe uma atualização de conceito narrativo e de construção de personagem importantes. Ao longo da jornada, ela aprende o verdadeiro significado dos desejos e da felicidade, descobrindo que a força interior e a perseverança são as ferramentas mais poderosas para alcançar seus objetivos. Disney de novo! Já a trilha sonora original, composta por Dave Metzge (também de "Frozen"), é até competente, mas não tão grandiosa como estamos acostumados - talvez por isso "Wish" nos dê a sensação de que algo poderia ser melhor. Se antes as músicas complementavam nossa experiência com performances memoráveis que amplificavam nossas emoções, aqui ela soa mais protocolar. É fofo? Sim, mas não vai entrar naquela prateleira de "Alladin" ou da própria "Frozen".
Em resumo, em seus erros e acertos, "Wish" é uma carta de amor à rica história secular da Disney. Elementos mágicos e inspiradores estão de volta em uma combinação do clássico com o atual em uma narrativa com personagens cativantes que torna o filme uma delicia de assistir com a família. O objetivo de ser uma celebração da esperança, da perseverança e da magia que habita dentro de cada um de nós, é cumprido, no entanto isso não chancela a história como inesquecível - e aqui, os anos podem funcionar muito a seu favor. Tenha certeza que teremos, no futuro, um olhar mais carinhoso por "Wish".
Vale muito pelo entretenimento afetivo, daqueles com um leve sorriso no rosto!