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Mil Vezes Boa Noite

Diretor
Erik Poppe
Elenco
Juliette Binoche, Nikolaj Coster-Waldau, Lauryn Canny
Ano
2013
País
Noruega

Drama AppleTV+ ml-real ml-investigação ml-terrorismo ml-relacoes ml-politico ml-hc

Mil Vezes Boa Noite

Toda escolha gera uma consequência, isso é um fato e faz parte do ciclo da vida, porém são os reflexos dessas consequências que muitas vezes não podemos prever ou controlar - e é justamente seguindo esse conceito narrativo que o talentoso diretor norueguês Erik Poppe (que depois veio a dirigir o imperdível "Utoya 22 de Julho") entrega mais um filme visceral sobre as dores do terrorismo e o impacto dessas experiências nos relacionamentos de quem viveu o drama de perto . O fato é que "Mil Vezes Boa Noite" é aquele tipo de filme autoral, belíssimo visualmente, quase poético, e extremamente profundo que merece ser aplaudido de pé!

Rebecca (Juliette Binoche) é uma das melhores fotógrafas de guerra em atividade e precisa enfrentar um turbilhão de emoções quando seu marido (Nikolaj Coster-Waldau) lhe dá um ultimato: ou o trabalho ou a família. Ele e a filha mais velha do casal, Stephanie (Lauryn Canny), não suportam mais sua rotina arriscada e exigem mudanças, mas ela, apesar de amar a família, tem verdadeira adoração pela profissão e pelos impactos que seu trabalho podem provocar na sociedade. Confira o trailer:

Pope é um ex-fotografo de guerra, talvez por isso ele tenha escolhido falar sobre o tema para iniciar sua carreira internacional - mesmo sendo uma produção norueguesa,  "Mil Vezes Boa Noite" é falado totalmente em inglês. É possível perceber no filme o esmero estético - cada plano é uma verdadeira poesia visual, trazendo para o movimento a profundidade do still. Ao lado do seu diretor de fotografia, John Christian Rosenlund (de "A onda"), Pope equilibra perfeitamente o drama das situações em que a protagonista está inserida com a dor introspectiva dessas experiências. Veja, não serão poucas as vezes que você vai encontrar um plano aberto visualmente deslumbrante (como a de Rebecca sozinha em uma praia deserta a noite) e imediatamente depois um plano fechado onde os atores contracenam apenas com os olhares (como na cena do café da manhã após o retorno de Rebecca).

Pope, notadamente um especialista na construção de imagens, é também um exímio diretor de atores - o trabalho que ele faz ao lado de Binoche é lindo. As dores das decisões da personagem, bem como o conflito interno sobre o amor que sente pela família, mas que não a completa por inteiro, é desenvolvido com camadas tão sensíveis que chega a mexer com nossa percepção de "certo" e "errado" - sim, você vai julga-la muitas vezes. Tanto Coster-Waldau quanto Canny também merecem destaque - a química entre eles três é algo de se elogiar incansavelmente, tanto que todos foram indicados ou ganharam prêmios em festivais pelo mundo graças a esses personagens.

"Mil Vezes Boa Noite" só escorrega em institucionalizar alguns discursos levemente didáticos para explicar os males do mundo - mesmo que muito faça sentido, o texto soa falso. Porém se existe um trunfo que Pope sabe mesmo desenvolver e aproveitar como poucos, eu diria que é o silêncio - as cenas falam por si só, mesmo que com o auxilio do desenho de som ou uma trilha sonora fantástica que pontuam esse silêncio, visualmente o filme é maravilhoso e muito sensorial. Poppe é um craque, ele acredita no que filma e justamente por isso não tem como não mergulharmos na sua proposta.

Grande filme, cadenciado, profundo, sensível, mas imperdível para quem gosta de dramas existenciais! 

Assista Agora

Toda escolha gera uma consequência, isso é um fato e faz parte do ciclo da vida, porém são os reflexos dessas consequências que muitas vezes não podemos prever ou controlar - e é justamente seguindo esse conceito narrativo que o talentoso diretor norueguês Erik Poppe (que depois veio a dirigir o imperdível "Utoya 22 de Julho") entrega mais um filme visceral sobre as dores do terrorismo e o impacto dessas experiências nos relacionamentos de quem viveu o drama de perto . O fato é que "Mil Vezes Boa Noite" é aquele tipo de filme autoral, belíssimo visualmente, quase poético, e extremamente profundo que merece ser aplaudido de pé!

Rebecca (Juliette Binoche) é uma das melhores fotógrafas de guerra em atividade e precisa enfrentar um turbilhão de emoções quando seu marido (Nikolaj Coster-Waldau) lhe dá um ultimato: ou o trabalho ou a família. Ele e a filha mais velha do casal, Stephanie (Lauryn Canny), não suportam mais sua rotina arriscada e exigem mudanças, mas ela, apesar de amar a família, tem verdadeira adoração pela profissão e pelos impactos que seu trabalho podem provocar na sociedade. Confira o trailer:

Pope é um ex-fotografo de guerra, talvez por isso ele tenha escolhido falar sobre o tema para iniciar sua carreira internacional - mesmo sendo uma produção norueguesa,  "Mil Vezes Boa Noite" é falado totalmente em inglês. É possível perceber no filme o esmero estético - cada plano é uma verdadeira poesia visual, trazendo para o movimento a profundidade do still. Ao lado do seu diretor de fotografia, John Christian Rosenlund (de "A onda"), Pope equilibra perfeitamente o drama das situações em que a protagonista está inserida com a dor introspectiva dessas experiências. Veja, não serão poucas as vezes que você vai encontrar um plano aberto visualmente deslumbrante (como a de Rebecca sozinha em uma praia deserta a noite) e imediatamente depois um plano fechado onde os atores contracenam apenas com os olhares (como na cena do café da manhã após o retorno de Rebecca).

Pope, notadamente um especialista na construção de imagens, é também um exímio diretor de atores - o trabalho que ele faz ao lado de Binoche é lindo. As dores das decisões da personagem, bem como o conflito interno sobre o amor que sente pela família, mas que não a completa por inteiro, é desenvolvido com camadas tão sensíveis que chega a mexer com nossa percepção de "certo" e "errado" - sim, você vai julga-la muitas vezes. Tanto Coster-Waldau quanto Canny também merecem destaque - a química entre eles três é algo de se elogiar incansavelmente, tanto que todos foram indicados ou ganharam prêmios em festivais pelo mundo graças a esses personagens.

"Mil Vezes Boa Noite" só escorrega em institucionalizar alguns discursos levemente didáticos para explicar os males do mundo - mesmo que muito faça sentido, o texto soa falso. Porém se existe um trunfo que Pope sabe mesmo desenvolver e aproveitar como poucos, eu diria que é o silêncio - as cenas falam por si só, mesmo que com o auxilio do desenho de som ou uma trilha sonora fantástica que pontuam esse silêncio, visualmente o filme é maravilhoso e muito sensorial. Poppe é um craque, ele acredita no que filma e justamente por isso não tem como não mergulharmos na sua proposta.

Grande filme, cadenciado, profundo, sensível, mas imperdível para quem gosta de dramas existenciais! 

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