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Jojo Rabbit

Diretor
Taika Waititi
Elenco
Roman Griffin Davis, Thomasin McKenzie, Scarlett Johansson
Ano
2019
País
EUA

Comédia ml-dramedia ml-livro ml-oscar ml-segunda ml-aronofsky ml-gb ml-guerra Disney+ ml-nazismo

Jojo Rabbit

"Jojo Rabbit" é um filme sensacional - eu diria que é uma mistura de "A Vida é Bela" com "Amélie Poulain", no melhor que os dois têm para "oferecer"! E justamente por isso, aqui surge a primeira dificuldade: definir o gênero do filme! Claro que toda comunicação segue o conceito visual e narrativo que o diretor Taika Waititi (Thor: Ragnarok) imprimiu, nos sugerindo uma comédia non-sense e, sim, talvez seja isso - mesmo sabendo que o assunto não é nada engraçado: a Segunda Guerra Mundial, o nazismo e o antissemitismo. Porém Waititi foi capaz de deslocar as idéias mais absurdas (e de fato, reais) da realidade, criando uma espécie de alivio cômico de algumas situações a partir de um texto excelente e de um roteiro muito (mas muito) bem adaptado - o que, inclusive, lhe rendeu o Oscar da categoria em 2020!

Jojo é um garoto de 10 anos (Roman Griffin Davis), defensor ferrenho do nazismo e que tem Hitler como amigo imaginário ("carinhosamente" chamado de Adolph). Em uma cidade tipicamente alemã e que vive as sombras da Segunda Guerra Mundial, com direito a cartazes com a suástica espalhados por todos os cantos, o jovem precisa lidar com a idéia de ter uma garota judia (Thomasin McKenzie) escondida em sua casa. Confira esse belíssimo trailer:

É natural o estranhamento tendo um assunto tão delicado como fio condutor de uma história que tem o claro propósito de nos mostrar o quão absurdos eram os ideais nazistas e a forma como Hitler "entrava na cabeça" dos alemães usando a força do seu discurso. Dito isso, existe uma linha muito tênue entre uma piada e a falta de respeito, e tenho a impressão que "Jojo Rabbit" caminhou muito bem sobre ela e entregou um filme agradável de assistir, mesmo com momentos difíceis de embarcar no conceito. Talvez (e por favor não me entendam mal) o filme funcione melhor para aqueles que não levem as coisas tão a sério, no sentido de aceitar a narrativa exagerada como uma alegoria que merece a reflexão em retrospectiva! O que eu posso adiantar, é que se trata de um grande filme, um dos melhores de 2019!

A sequência inicial montada com cenas que nos remetem a histeria pop de estar próximo de um "rock star" ao som de "I Want to Hold Your Hand" dos Beatles, só que em alemão, já define exatamente o que vamos encontrar pela frente: muita criatividade para lidar com as bizarrices de uma época cruel! Ao tocar em temas espinhosos com velado tom de crítica, "Jojo Rabbit" é absolvido com a inocência do seu protagonista e com a sensibilidade de sua mãe Rosie (Scarlett Johansson) bem ao estilo de Guido e de seu filho Giosué em "A Vida é Bela". Por outro lado existe muito drama envolvido no roteiro escrito pelo próprio Taika Waititi, baseado no livro "O céu que nos oprime" de Christine Leunens - reparem como Waititi dá uma importância para os sapatos e botas durante o filme. O enquadramento trás muito do conceito do desenho Snoopy ou do Filme "E.T." onde os adultos são basicamente "pernas" do ponto de vista lúdico de uma criança! Essa escolha conceitual tem um desfecho impressionante - tão simbólico quanto o vestido vermelho de "A Lista de Schindler".

Além de uma trilha sonora muito inspirada, o departamento de arte está simplesmente fabuloso: o que trás o tom "Amélie Poulain" para a narrativa! Foram duas indicações ao Oscar: Figurino e Desenho de Produção. Tudo é impecável e ajuda a construir aquela suspensão da realidade com uma certa poesia ou com uma crítica inteligente e cito duas, reparem: o pijama de Rosie tem a mesma estampa do pijama de Jojo, o que deixa claro os laços entre os dois, sem precisar nos dizer com palavras sobre a importância que isso terá na história. Outra passagem magnífica é quando Jojo comenta com seu melhor amigo, York (Archie Yates), que sua roupa de soldado é feita de papel e ele responde se tratar de uma tecnologia desenvolvida pelo incríveis cientistas alemães! Aliás, o elenco é algo para se aplaudir de pé! Destaco Scarlett Johansson como Rosie, Sam Rockwell como o nazista gay Klenzendorf, Archie Yates e, claro, Roman Griffin Davis - é imperdoável esse moleque não ter sido indicado ao Oscar! Thomasin McKenzie também está incrível, tipo da atriz que fala com os olhos - atenção ao trabalho dela que muito em breve será reconhecido merecidamente!

"Jojo Rabbit" tem um conteúdo dramático, mas foi dirigido ao olhar da semiótica, leve; e é por isso que que aquela estranheza inicial praticamente desaparece durante o filme e nos choca mais pelo que é sugerido do que pelo que é mostrado e esse é o mérito que levou "Jojo" à disputa de Melhor Filme do Ano! Todos os seus mais de 30 prêmios, 150 indicações, em Festivais do mundo inteiro são merecidíssimos - como obra cinematográfica que alinha perfeitamente a técnica, a arte e a crítica sem parecer didático ou impositor!

Vale o seu play!

Up-date: "Jojo Rabbit" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor roteiro adaptado, mas levou outras cinco indicações:  Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Edição, Melhor Figurino e Melhor Desenho de Produção!

Assista Agora

"Jojo Rabbit" é um filme sensacional - eu diria que é uma mistura de "A Vida é Bela" com "Amélie Poulain", no melhor que os dois têm para "oferecer"! E justamente por isso, aqui surge a primeira dificuldade: definir o gênero do filme! Claro que toda comunicação segue o conceito visual e narrativo que o diretor Taika Waititi (Thor: Ragnarok) imprimiu, nos sugerindo uma comédia non-sense e, sim, talvez seja isso - mesmo sabendo que o assunto não é nada engraçado: a Segunda Guerra Mundial, o nazismo e o antissemitismo. Porém Waititi foi capaz de deslocar as idéias mais absurdas (e de fato, reais) da realidade, criando uma espécie de alivio cômico de algumas situações a partir de um texto excelente e de um roteiro muito (mas muito) bem adaptado - o que, inclusive, lhe rendeu o Oscar da categoria em 2020!

Jojo é um garoto de 10 anos (Roman Griffin Davis), defensor ferrenho do nazismo e que tem Hitler como amigo imaginário ("carinhosamente" chamado de Adolph). Em uma cidade tipicamente alemã e que vive as sombras da Segunda Guerra Mundial, com direito a cartazes com a suástica espalhados por todos os cantos, o jovem precisa lidar com a idéia de ter uma garota judia (Thomasin McKenzie) escondida em sua casa. Confira esse belíssimo trailer:

É natural o estranhamento tendo um assunto tão delicado como fio condutor de uma história que tem o claro propósito de nos mostrar o quão absurdos eram os ideais nazistas e a forma como Hitler "entrava na cabeça" dos alemães usando a força do seu discurso. Dito isso, existe uma linha muito tênue entre uma piada e a falta de respeito, e tenho a impressão que "Jojo Rabbit" caminhou muito bem sobre ela e entregou um filme agradável de assistir, mesmo com momentos difíceis de embarcar no conceito. Talvez (e por favor não me entendam mal) o filme funcione melhor para aqueles que não levem as coisas tão a sério, no sentido de aceitar a narrativa exagerada como uma alegoria que merece a reflexão em retrospectiva! O que eu posso adiantar, é que se trata de um grande filme, um dos melhores de 2019!

A sequência inicial montada com cenas que nos remetem a histeria pop de estar próximo de um "rock star" ao som de "I Want to Hold Your Hand" dos Beatles, só que em alemão, já define exatamente o que vamos encontrar pela frente: muita criatividade para lidar com as bizarrices de uma época cruel! Ao tocar em temas espinhosos com velado tom de crítica, "Jojo Rabbit" é absolvido com a inocência do seu protagonista e com a sensibilidade de sua mãe Rosie (Scarlett Johansson) bem ao estilo de Guido e de seu filho Giosué em "A Vida é Bela". Por outro lado existe muito drama envolvido no roteiro escrito pelo próprio Taika Waititi, baseado no livro "O céu que nos oprime" de Christine Leunens - reparem como Waititi dá uma importância para os sapatos e botas durante o filme. O enquadramento trás muito do conceito do desenho Snoopy ou do Filme "E.T." onde os adultos são basicamente "pernas" do ponto de vista lúdico de uma criança! Essa escolha conceitual tem um desfecho impressionante - tão simbólico quanto o vestido vermelho de "A Lista de Schindler".

Além de uma trilha sonora muito inspirada, o departamento de arte está simplesmente fabuloso: o que trás o tom "Amélie Poulain" para a narrativa! Foram duas indicações ao Oscar: Figurino e Desenho de Produção. Tudo é impecável e ajuda a construir aquela suspensão da realidade com uma certa poesia ou com uma crítica inteligente e cito duas, reparem: o pijama de Rosie tem a mesma estampa do pijama de Jojo, o que deixa claro os laços entre os dois, sem precisar nos dizer com palavras sobre a importância que isso terá na história. Outra passagem magnífica é quando Jojo comenta com seu melhor amigo, York (Archie Yates), que sua roupa de soldado é feita de papel e ele responde se tratar de uma tecnologia desenvolvida pelo incríveis cientistas alemães! Aliás, o elenco é algo para se aplaudir de pé! Destaco Scarlett Johansson como Rosie, Sam Rockwell como o nazista gay Klenzendorf, Archie Yates e, claro, Roman Griffin Davis - é imperdoável esse moleque não ter sido indicado ao Oscar! Thomasin McKenzie também está incrível, tipo da atriz que fala com os olhos - atenção ao trabalho dela que muito em breve será reconhecido merecidamente!

"Jojo Rabbit" tem um conteúdo dramático, mas foi dirigido ao olhar da semiótica, leve; e é por isso que que aquela estranheza inicial praticamente desaparece durante o filme e nos choca mais pelo que é sugerido do que pelo que é mostrado e esse é o mérito que levou "Jojo" à disputa de Melhor Filme do Ano! Todos os seus mais de 30 prêmios, 150 indicações, em Festivais do mundo inteiro são merecidíssimos - como obra cinematográfica que alinha perfeitamente a técnica, a arte e a crítica sem parecer didático ou impositor!

Vale o seu play!

Up-date: "Jojo Rabbit" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor roteiro adaptado, mas levou outras cinco indicações:  Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Edição, Melhor Figurino e Melhor Desenho de Produção!

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