Uma ficção científica com alma! Não existe outra maneira de definir uma das maiores e melhores surpresas de 2023 - o filme "Resistência". O novo projeto de Gareth Edwards (de "Rogue One: Uma História Star Wars" e "Godzilla") chegou quietinho, mas logo de cara se mostrou uma experiência cinematográfica imperdível, equilibrando perfeitamente a ação com a reflexão em um futuro distópico. Ao explorar as consequências da guerra entre humanos e a tecnologia, especialmente a tão comentada inteligência artificial, o filme traz uma mensagem poderosa sobre a nossa humanidade e o valor das relações, algo como vimos em "I am Mother" e em "Devs" - só para citar duas obras imperdíveis disponíveis no streaming.
"Resistência" conta a história de Joshua (John David Washington), um ex-agente das forças especiais dos EUA que é recrutado para uma missão perigosa: caçar e eliminar o Criador, o arquiteto por trás de uma inteligência artificial avançada que desenvolveu uma arma misteriosa capaz de acabar com a soberania bélica americana em uma guerra contra o Oriente que pode custar a extinção de toda a humanidade. Confira o trailer:
Embora a sinopse possa parecer algo simples e talvez até um pouco batido, você não vai precisar mais do que quinze minutos para entender que o filme é muito mais profundo e interessante do que uma trama onde o "bem" luta contra o "mal" em pró da salvação do planeta e de sua raça. Edwards, com todo o seu talento para estabelecer universos bastante caóticos e visualmente requintados, cria uma narrativa complexa e envolvente, que explora temas como a natureza da inteligência artificial, o papel da humanidade no futuro e a importância da empatia, misturando a gramática da ação de filmes como "Distrito 9" e a poesia cheia de simbolismos, como encontramos em "Contos do Loop", por exemplo.
O roteiro, escrito por Edwards e Chris Weitz (também de "Rogue One") é bem planejado para explorar temas mais espinhosos sem ser expositivo demais - a passagem sobre a bomba atômica que dizimou Los Angeles sendo contata por quem foi acusado de começar uma guerra é simplesmente genial. Provocativo na medida certa sem esquecer do entretenimento do gênero, "Resistência" pontua o valor politico daquela relação entre humanos e máquinas enquanto seu subtexto discute o conceito de livre arbítrio e da natureza predadora da guerra. Com cenas de ação eletrizantes, Edwards também sabe da importância de imprimir um tom reflexivo à obra pra colocar sua narrativa e conceito estético em outro patamar - e consegue!
A fotografia de Greig Fraser (de "Duna" e "The Madalorian") é deslumbrante, enquanto a trilha sonora do mestre Hans Zimmer (de "A Origem") é proporcionalmente emocionante. As atuações de John David Washington como Joshua e da jovem Madeleine Yuna Voyles como Alphie, completam a receita do que há de melhor em ficção cientifica com o bônus de um desenho de produção e um CGI realmente impressionantes. Dito isso fica fácil perceber que estamos falando de um filme digno de Oscar, daqueles que ficam na nossa cabeça por muito tempo, testam a nossa humanidade e nos faz refletir sobre o futuro que nos espera.
"The Creator" (no original) é realmente imperdível!
Uma ficção científica com alma! Não existe outra maneira de definir uma das maiores e melhores surpresas de 2023 - o filme "Resistência". O novo projeto de Gareth Edwards (de "Rogue One: Uma História Star Wars" e "Godzilla") chegou quietinho, mas logo de cara se mostrou uma experiência cinematográfica imperdível, equilibrando perfeitamente a ação com a reflexão em um futuro distópico. Ao explorar as consequências da guerra entre humanos e a tecnologia, especialmente a tão comentada inteligência artificial, o filme traz uma mensagem poderosa sobre a nossa humanidade e o valor das relações, algo como vimos em "I am Mother" e em "Devs" - só para citar duas obras imperdíveis disponíveis no streaming.
"Resistência" conta a história de Joshua (John David Washington), um ex-agente das forças especiais dos EUA que é recrutado para uma missão perigosa: caçar e eliminar o Criador, o arquiteto por trás de uma inteligência artificial avançada que desenvolveu uma arma misteriosa capaz de acabar com a soberania bélica americana em uma guerra contra o Oriente que pode custar a extinção de toda a humanidade. Confira o trailer:
Embora a sinopse possa parecer algo simples e talvez até um pouco batido, você não vai precisar mais do que quinze minutos para entender que o filme é muito mais profundo e interessante do que uma trama onde o "bem" luta contra o "mal" em pró da salvação do planeta e de sua raça. Edwards, com todo o seu talento para estabelecer universos bastante caóticos e visualmente requintados, cria uma narrativa complexa e envolvente, que explora temas como a natureza da inteligência artificial, o papel da humanidade no futuro e a importância da empatia, misturando a gramática da ação de filmes como "Distrito 9" e a poesia cheia de simbolismos, como encontramos em "Contos do Loop", por exemplo.
O roteiro, escrito por Edwards e Chris Weitz (também de "Rogue One") é bem planejado para explorar temas mais espinhosos sem ser expositivo demais - a passagem sobre a bomba atômica que dizimou Los Angeles sendo contata por quem foi acusado de começar uma guerra é simplesmente genial. Provocativo na medida certa sem esquecer do entretenimento do gênero, "Resistência" pontua o valor politico daquela relação entre humanos e máquinas enquanto seu subtexto discute o conceito de livre arbítrio e da natureza predadora da guerra. Com cenas de ação eletrizantes, Edwards também sabe da importância de imprimir um tom reflexivo à obra pra colocar sua narrativa e conceito estético em outro patamar - e consegue!
A fotografia de Greig Fraser (de "Duna" e "The Madalorian") é deslumbrante, enquanto a trilha sonora do mestre Hans Zimmer (de "A Origem") é proporcionalmente emocionante. As atuações de John David Washington como Joshua e da jovem Madeleine Yuna Voyles como Alphie, completam a receita do que há de melhor em ficção cientifica com o bônus de um desenho de produção e um CGI realmente impressionantes. Dito isso fica fácil perceber que estamos falando de um filme digno de Oscar, daqueles que ficam na nossa cabeça por muito tempo, testam a nossa humanidade e nos faz refletir sobre o futuro que nos espera.
"The Creator" (no original) é realmente imperdível!
É muito provável que se você está lendo esse review, você também conheça o astro do basquete norte-americano e MVP da NBA em 2021, Giannis Antetokounmpo. O que provavelmente você ainda não conheça é sua incrível história de vida e o que levou um jovem grego de descendência africana até o topo do esporte ao fazer do modesto Milwaukee Bucks, campeão depois de meio século da sua última conquista e, pasmem, marcando 50 pontos no jogo final - onde apenas 7 jogadores na história conseguiram esse feito.
"Rise" não mostra o sucesso de Giannis mais sim a jornada da família Antetokounmpo após Veronika (Yetide Badaki) e Charles (Dayo Okeniyi) chegarem na Grécia, vindos na Nigéria, onde lutaram para sobreviver e sustentar seus cinco filhos, enquanto viviam sob a ameaça diária de deportação. Com seu filho mais velho ainda na Nigéria com parentes, o casal estava desesperado para obter cidadania grega mas se via minado por um sistema que bloqueava, a cada tentativa, todas as possibilidades de se legalizarem. Quando não estavam estudando ou vendendo artigos para turistas nas ruas com o resto da família, os irmãos Thanasis (Ral Agada) e Giannis (Uche Agada) iam escondidos jogar basquete com um time juvenil local. Ingressando tarde no esporte, eles descobriram suas grandes habilidades na quadra e se esforçaram muito para se tornarem atletas de altíssimo nível. Com a ajuda de um jovem agente, Haris (Efthimis Chalkidis), Giannis se credenciou para o NBA Draft em 2013 em uma improvável perspectiva que mudaria não apenas sua vida, mas a vida de toda a sua família. Confira o trailer (dublado):
"Rise" é uma mistura de "Arremessando Alto" com "King Richard" e com um toque de "American Underdog" - ou seja, se você gostou de qualquer um desses títulos, você está no lugar certo! Embora o roteiro do Arash Amel (indicado ao Emmy em 2014 por "Grace of Monaco") não seja um primor e a direção do nigeriano Akin Omotoso (mais conhecido como o ator que interpretou o General Solomon em "Senhor das Armas") seja apenas mediana, "Rise" tem uma história sensacional e extremamente curiosa - eu diria até surpreendente visto que os três irmão de Giannis também conseguiram jogar no basquete americano.
Obviamente que pelo tamanho do seu protagonista, essa história merecia um diretor mais experiente e uma produção mais bem cuidada, mas em nada isso atrapalha nossa experiência como audiência. Você vai se revoltar, se emocionar e ainda torcer pelos personagens (mesmo sabendo o que a realidade já tratou de nos contar), mas também vai encontrar inúmeras frases de efeito (sempre com aquele tom motivacional barato) e algumas cenas super clichês (mesmo que bonitas visualmente), como a de Thanasis e Giannis treinando na chuva sob o olhar atento do seu pai Charles. Um ponto alto, sem dúvida, é a presença de Fela Kuti na trilha sonora, que, diga-se de passagem, é um dos elementos mais bem trabalhados no filme.
O fato é que "Rise", embora seja um filme para quem gosta de histórias marcantes e de superação sobre, hoje, astros do esporte; ainda traz um drama familiar muito interessante e real, além de uma jornada pela busca de pertencimento que toca em assuntos delicados e sensíveis como o racismo e a crise de imigração da Grécia no inicio dos anos 2000, mas que peca pela superficialidade como tratou o processo de ascensão de Giannis até chegar na NBA - talvez não fosse nem essa a proposta, eu entendo, mas é impossível não lembrar de como os títulos recentes que mencionei acima olharam para esse elemento dramático tão essencial e que acaba colocando o filme em outro patamar.
Vale pela história, pelo entretenimento e pela sensação de alegria e satisfação ao ver os créditos subindo com o resultado real de toda essa jornada!
É muito provável que se você está lendo esse review, você também conheça o astro do basquete norte-americano e MVP da NBA em 2021, Giannis Antetokounmpo. O que provavelmente você ainda não conheça é sua incrível história de vida e o que levou um jovem grego de descendência africana até o topo do esporte ao fazer do modesto Milwaukee Bucks, campeão depois de meio século da sua última conquista e, pasmem, marcando 50 pontos no jogo final - onde apenas 7 jogadores na história conseguiram esse feito.
"Rise" não mostra o sucesso de Giannis mais sim a jornada da família Antetokounmpo após Veronika (Yetide Badaki) e Charles (Dayo Okeniyi) chegarem na Grécia, vindos na Nigéria, onde lutaram para sobreviver e sustentar seus cinco filhos, enquanto viviam sob a ameaça diária de deportação. Com seu filho mais velho ainda na Nigéria com parentes, o casal estava desesperado para obter cidadania grega mas se via minado por um sistema que bloqueava, a cada tentativa, todas as possibilidades de se legalizarem. Quando não estavam estudando ou vendendo artigos para turistas nas ruas com o resto da família, os irmãos Thanasis (Ral Agada) e Giannis (Uche Agada) iam escondidos jogar basquete com um time juvenil local. Ingressando tarde no esporte, eles descobriram suas grandes habilidades na quadra e se esforçaram muito para se tornarem atletas de altíssimo nível. Com a ajuda de um jovem agente, Haris (Efthimis Chalkidis), Giannis se credenciou para o NBA Draft em 2013 em uma improvável perspectiva que mudaria não apenas sua vida, mas a vida de toda a sua família. Confira o trailer (dublado):
"Rise" é uma mistura de "Arremessando Alto" com "King Richard" e com um toque de "American Underdog" - ou seja, se você gostou de qualquer um desses títulos, você está no lugar certo! Embora o roteiro do Arash Amel (indicado ao Emmy em 2014 por "Grace of Monaco") não seja um primor e a direção do nigeriano Akin Omotoso (mais conhecido como o ator que interpretou o General Solomon em "Senhor das Armas") seja apenas mediana, "Rise" tem uma história sensacional e extremamente curiosa - eu diria até surpreendente visto que os três irmão de Giannis também conseguiram jogar no basquete americano.
Obviamente que pelo tamanho do seu protagonista, essa história merecia um diretor mais experiente e uma produção mais bem cuidada, mas em nada isso atrapalha nossa experiência como audiência. Você vai se revoltar, se emocionar e ainda torcer pelos personagens (mesmo sabendo o que a realidade já tratou de nos contar), mas também vai encontrar inúmeras frases de efeito (sempre com aquele tom motivacional barato) e algumas cenas super clichês (mesmo que bonitas visualmente), como a de Thanasis e Giannis treinando na chuva sob o olhar atento do seu pai Charles. Um ponto alto, sem dúvida, é a presença de Fela Kuti na trilha sonora, que, diga-se de passagem, é um dos elementos mais bem trabalhados no filme.
O fato é que "Rise", embora seja um filme para quem gosta de histórias marcantes e de superação sobre, hoje, astros do esporte; ainda traz um drama familiar muito interessante e real, além de uma jornada pela busca de pertencimento que toca em assuntos delicados e sensíveis como o racismo e a crise de imigração da Grécia no inicio dos anos 2000, mas que peca pela superficialidade como tratou o processo de ascensão de Giannis até chegar na NBA - talvez não fosse nem essa a proposta, eu entendo, mas é impossível não lembrar de como os títulos recentes que mencionei acima olharam para esse elemento dramático tão essencial e que acaba colocando o filme em outro patamar.
Vale pela história, pelo entretenimento e pela sensação de alegria e satisfação ao ver os créditos subindo com o resultado real de toda essa jornada!
"Safety" é muito bacana (muito "mesmo"!) - daqueles filmes emocionantes que nos fazem sorrir com o coração e com a alma! Safety para quem está pouco familiarizado com o Futebol Americano é uma posição importante da linha de defesa de um time e que em uma tradução livre significa "segurança". Muito mais do que contar a história de um atleta que joga nessa posição, o título do filme pretende explorar o real significado da palavra dentro do âmbito familiar e é isso que transforma essa produção original da Disney em um filme simplesmente imperdível!
Essa é a história real de Ray McElrathbey (Jay Reeves), um jovem jogador de futebol americano recém chegado em uma das Universidades mais tradicionais dos EUA quando o assunto é o programa de bolsas para o esporte. A oportunidade de jogar nos "Tigers" de Clemson é tão relevante quanto ganhar uma bolsa integral da Universidade, porém McElrathbey precisa enfrentar uma série de desafiadores obstáculos na vida e lutar contra muitas adversidades para manter essa condição de estudante e atleta, ao mesmo tempo que precisa cuidar de seu irmão de 11 anos de idade enquanto sua mãe passa por um tratamento para se livrar das drogas. Confira o trailer:
Veja, mesmo com inúmeras referências ao esporte, inclusive com diálogos bastante complicados até para os mais familiarizados, "Safety" não é um filme de futebol americano na sua essência - são pouquíssimas cenas de jogos ou de citações sobre a necessidade de vencer o título da temporada. Obviamente que a atmosfera esportiva e a importância dos Tigers para a comunidade são claramente perceptíveis durante o desenrolar do filme, mas eu diria que a relação direta com o esporte em si para por aí. É inegável que a audiência acostumada com o futebol americano vai se relacionar de uma maneira muito mais profunda com a trama, mas o roteiro de Nick Santora (da série “Prison Break”) cumpre muito bem o papel didático para fisgar um público mais abrangente.
"Safety" é um excelente exemplo de história que daria um filme impactante se o conceito narrativo se apoiasse no realismo brutal do drama familiar como em "Florida Project"ou "Palmer", mas assim não seria um filme "Disney". A escolha (ou imposição) do diretor Reginald Hudlin (“O Pai da Black Music”) por um tom mais brando prejudica a experiência? Não, muito pelo contrário, mas não dá para negar que a busca pela solução do problema acaba ganhando uma importância narrativa muito maior do que o problema em si.
Tecnicamente o filme é muito bem realizado - dos planos abertos do campo de futebol americano para nos posicionar perante a grandiosidade do esporte e de sua tradição para a universidade de Clemson aos cortes bem executados entre uma câmera subjetiva ou um movimento de travelling para nos colocar no campo de jogo. Tudo isso, porém, são apenas elementos visualmente impactantes para emoldurar as mensagens inspiradoras e emocionantes, além de ótimos momentos que servem como alívios cômicos (principalmente com o ótimo Thaddeus J. Mixson - o irmão mais novo de Ray, Fahmarr).
"Safety" é repleto de clichês, mas que funciona perfeitamente para nos emocionar, além de trazer aquela sensação de bem-estar tão característico das produções da Disney que em nenhum momento perdem o seu brilho ou a simpatia dos personagens.
Vale muito a pena!
"Safety" é muito bacana (muito "mesmo"!) - daqueles filmes emocionantes que nos fazem sorrir com o coração e com a alma! Safety para quem está pouco familiarizado com o Futebol Americano é uma posição importante da linha de defesa de um time e que em uma tradução livre significa "segurança". Muito mais do que contar a história de um atleta que joga nessa posição, o título do filme pretende explorar o real significado da palavra dentro do âmbito familiar e é isso que transforma essa produção original da Disney em um filme simplesmente imperdível!
Essa é a história real de Ray McElrathbey (Jay Reeves), um jovem jogador de futebol americano recém chegado em uma das Universidades mais tradicionais dos EUA quando o assunto é o programa de bolsas para o esporte. A oportunidade de jogar nos "Tigers" de Clemson é tão relevante quanto ganhar uma bolsa integral da Universidade, porém McElrathbey precisa enfrentar uma série de desafiadores obstáculos na vida e lutar contra muitas adversidades para manter essa condição de estudante e atleta, ao mesmo tempo que precisa cuidar de seu irmão de 11 anos de idade enquanto sua mãe passa por um tratamento para se livrar das drogas. Confira o trailer:
Veja, mesmo com inúmeras referências ao esporte, inclusive com diálogos bastante complicados até para os mais familiarizados, "Safety" não é um filme de futebol americano na sua essência - são pouquíssimas cenas de jogos ou de citações sobre a necessidade de vencer o título da temporada. Obviamente que a atmosfera esportiva e a importância dos Tigers para a comunidade são claramente perceptíveis durante o desenrolar do filme, mas eu diria que a relação direta com o esporte em si para por aí. É inegável que a audiência acostumada com o futebol americano vai se relacionar de uma maneira muito mais profunda com a trama, mas o roteiro de Nick Santora (da série “Prison Break”) cumpre muito bem o papel didático para fisgar um público mais abrangente.
"Safety" é um excelente exemplo de história que daria um filme impactante se o conceito narrativo se apoiasse no realismo brutal do drama familiar como em "Florida Project"ou "Palmer", mas assim não seria um filme "Disney". A escolha (ou imposição) do diretor Reginald Hudlin (“O Pai da Black Music”) por um tom mais brando prejudica a experiência? Não, muito pelo contrário, mas não dá para negar que a busca pela solução do problema acaba ganhando uma importância narrativa muito maior do que o problema em si.
Tecnicamente o filme é muito bem realizado - dos planos abertos do campo de futebol americano para nos posicionar perante a grandiosidade do esporte e de sua tradição para a universidade de Clemson aos cortes bem executados entre uma câmera subjetiva ou um movimento de travelling para nos colocar no campo de jogo. Tudo isso, porém, são apenas elementos visualmente impactantes para emoldurar as mensagens inspiradoras e emocionantes, além de ótimos momentos que servem como alívios cômicos (principalmente com o ótimo Thaddeus J. Mixson - o irmão mais novo de Ray, Fahmarr).
"Safety" é repleto de clichês, mas que funciona perfeitamente para nos emocionar, além de trazer aquela sensação de bem-estar tão característico das produções da Disney que em nenhum momento perdem o seu brilho ou a simpatia dos personagens.
Vale muito a pena!
"Sentimental" vai te surpreender pela qualidade do texto, pela capacidade do elenco e, principalmente, pela forma inteligente como as relações entre casais são discutidas com um leve toque de ironia, mas nem por isso menos verdadeira. Esse filme do excelente diretor catalão Cesc Gay (o mesmo dos também excelentes "O que os homens falam" e "Truman") é mais um presente do cinema espanhol que transita perfeitamente entre a comédia e o drama para expor, sem receio algum de parecer invasivo, a complexidade das relações humanas - com suas similaridades e particularidades.
Há 15 anos juntos, o casamento de Julio (Javier Cámara) e Ana (Griselda Siciliani) já não é mais o mesmo. Apesar de se gostarem, eles estão constantemente em embates, sempre dispostos em implicar um com o outro - sem falar, é claro, que em termos de relações sexuais, há muito já não existe. As coisas se complicam ainda mais quando os vizinhos de cima, Laura (Belén Cuesta) e Salva (Alberto San Juan), são convidados por Ana para um vinho em seu apartamento. O choque de realidades entre um casal aparentemente feliz e de bem com a vida e outro em plena crise, é imediato, e quando um assunto delicado vem à tona... Confira o trailer:
Com apenas 82 minutos e um time perfeito, "Sentimental" é muito competente em apresentar um cenário inusitado de forma espirituosa e inteligente - bem ao estilo de "Perfeitos Desconhecidos", eu diria. Inegavelmente referenciado pelos áureos tempos de Woody Allen, Cesc Gay equilibra o sarcasmo com uma franqueza quase ofensiva para tocar em pontos extremamente realistas e por si só bastante delicados. Ao usar discussões ou abordagens não convencionais sobre sexo, o diretor se aprofunda mesmo é no tédio que afeta as relações ao longo do tempo - com isso ele acaba criando um embate natural e introspectivo do que representa, de fato, estar com alguém (sem saber exatamente se é isso que ambos querem).
Por se tratar de dois casais de classe-média, algumas propostas estabelecidas pelo roteiro nos impactam de imediato - as convenções sociais que muitas vezes nos orientam, independente dos nossos planejamentos como indivíduos, são brilhantemente retratadas por um Javier Cámara no melhor da sua forma e por uma Griselda Siciliani que entrega uma personagem muito mais profunda e cheia de camadas do que possa parecer - ambos foram indicados para o Goya Awards em 2021. Mas quem ganhou mesmo foi o "bombeiro" Salva, Alberto San Juan - ele está simplesmente impecável (é impressionante como seus pensamentos, quase todos eróticos, são facilmente decodificados pelo seu olhar e pelo seu sorriso).
Como uma imperdível peça de teatro e com um elenco dos mais afiados, "Sentimental" vai te fazer sorrir, refletir e até te emocionar, dentro de uma simplicidade narrativa, sem se apegar em estereótipos ou atalhos cômicos, para contar uma história inusitada, mas tão palpável e realista que, mesmo com cenas mais longas e basicamente apoiadas nos diálogos, se justificam pelo simples fato de estar mostrando a vida exatamente como ela é!
Vale muito o seu play!
"Sentimental" vai te surpreender pela qualidade do texto, pela capacidade do elenco e, principalmente, pela forma inteligente como as relações entre casais são discutidas com um leve toque de ironia, mas nem por isso menos verdadeira. Esse filme do excelente diretor catalão Cesc Gay (o mesmo dos também excelentes "O que os homens falam" e "Truman") é mais um presente do cinema espanhol que transita perfeitamente entre a comédia e o drama para expor, sem receio algum de parecer invasivo, a complexidade das relações humanas - com suas similaridades e particularidades.
Há 15 anos juntos, o casamento de Julio (Javier Cámara) e Ana (Griselda Siciliani) já não é mais o mesmo. Apesar de se gostarem, eles estão constantemente em embates, sempre dispostos em implicar um com o outro - sem falar, é claro, que em termos de relações sexuais, há muito já não existe. As coisas se complicam ainda mais quando os vizinhos de cima, Laura (Belén Cuesta) e Salva (Alberto San Juan), são convidados por Ana para um vinho em seu apartamento. O choque de realidades entre um casal aparentemente feliz e de bem com a vida e outro em plena crise, é imediato, e quando um assunto delicado vem à tona... Confira o trailer:
Com apenas 82 minutos e um time perfeito, "Sentimental" é muito competente em apresentar um cenário inusitado de forma espirituosa e inteligente - bem ao estilo de "Perfeitos Desconhecidos", eu diria. Inegavelmente referenciado pelos áureos tempos de Woody Allen, Cesc Gay equilibra o sarcasmo com uma franqueza quase ofensiva para tocar em pontos extremamente realistas e por si só bastante delicados. Ao usar discussões ou abordagens não convencionais sobre sexo, o diretor se aprofunda mesmo é no tédio que afeta as relações ao longo do tempo - com isso ele acaba criando um embate natural e introspectivo do que representa, de fato, estar com alguém (sem saber exatamente se é isso que ambos querem).
Por se tratar de dois casais de classe-média, algumas propostas estabelecidas pelo roteiro nos impactam de imediato - as convenções sociais que muitas vezes nos orientam, independente dos nossos planejamentos como indivíduos, são brilhantemente retratadas por um Javier Cámara no melhor da sua forma e por uma Griselda Siciliani que entrega uma personagem muito mais profunda e cheia de camadas do que possa parecer - ambos foram indicados para o Goya Awards em 2021. Mas quem ganhou mesmo foi o "bombeiro" Salva, Alberto San Juan - ele está simplesmente impecável (é impressionante como seus pensamentos, quase todos eróticos, são facilmente decodificados pelo seu olhar e pelo seu sorriso).
Como uma imperdível peça de teatro e com um elenco dos mais afiados, "Sentimental" vai te fazer sorrir, refletir e até te emocionar, dentro de uma simplicidade narrativa, sem se apegar em estereótipos ou atalhos cômicos, para contar uma história inusitada, mas tão palpável e realista que, mesmo com cenas mais longas e basicamente apoiadas nos diálogos, se justificam pelo simples fato de estar mostrando a vida exatamente como ela é!
Vale muito o seu play!
Se você não é um leitor fanático dos HQs da Marvel, certamente você não havia ouvido falar do Mestre do Kung-Fu, Shang-Chi - como provavelmente você também não conhecia os "Guardiões das Galáxia". Pois bem, a comparação é válida, pois a Marvel já provou ser capaz de transformar suas IPs (propriedades intelectuais) mais secundárias em grandes surpresas (e promissoras franquias) quando adaptadas para as telas de cinema - e aqui eu afirmo com todas as letras: "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é muito (muito mesmo) divertido! Entretenimento puro com o carimbo do Estúdio!
No filme, acompanhamos a história de Shang-Chi (Simu Liu), um jovem chinês que foi criado por seu pai em reclusão para que pudesse focar totalmente em ser um mestre de artes marciais. Entretanto, quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo pela primeira vez, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar e traçar o seu próprio caminho. Confira o trailer:
É inegável que os amantes de artes marciais vão se conectar rapidamente com o filme, da mesma forma que as pessoas que gostam de filmes de fantasia também vão - o mix de "O Tigre e o Dragão" com a competente linha narrativa de "história de origem" da Marvel funciona bem demais. mas não é perfeita e, quer saber, não tem a menor importância! "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é tão dinâmico e bem realizado que nem vemos o tempo passar - é tanta pancadaria, que os alívios cômicos acabam funcionando como um escapemuito mais para retomar o fôlego - a incrível sequência do ônibus nas ladeiras de San Francisco que o diga!
O filme tem o mérito de transformar citações da mitologia chinesa em elementos narrativos muito presentes em séries de fantasia - a luta entre "dragões" no terceiro ato é um convite emocional aos bons momentos de "Game of Thrones". Ao mesmo tempo, com a direção de Destin Daniel Cretton (de "Luta por Justiça") e a performance de Liu, temos lutas muito bem coreografadas - quando enquadradas "homem a homem", o ballet é perfeito e a sensação de leveza dos golpes contrastando com o peso do impacto produzido pelo desenho de som, chega a ser impactante visualmente. Mérito de uma equipe experiente de coreografia em artes marciais (nos EUA conhecido como "stage combat") comandada pelo Andy Cheng.
Outro detalhe que merece um destaque, sem dúvida, é o trabalho pontual, mas bem interessante de Awkwafina, como a melhor amiga de Shang-Chi, Katy - ela esbanja simpatia e carisma! Simu Liu é outro que deve ganhar cada vez mais destaque no MCU - ele está impecável como herói e trabalha tão bem com os elementos em CGI, que, certamente, será muito bem aproveitado daqui para frente.
Um filme que apresenta Xialing (Meng’er Zhang) e resgata Trevor (Ben Kingsley) de "Homem de Ferro 3", atém de apresentar um arco perfeito e enxuto do verdadeiro "Mandarim" Wenwu (Tony Leung), merece muito respeito. "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" tem seus defeitos? Claro que sim - inclusive técnicos, mas em hipótese alguma isso é motivo para tirar o filme daquela disputada prateleira como uma das maiores (e boas) surpresas que a Marvel já produziu até hoje!
Vale muito a pena!
Se você não é um leitor fanático dos HQs da Marvel, certamente você não havia ouvido falar do Mestre do Kung-Fu, Shang-Chi - como provavelmente você também não conhecia os "Guardiões das Galáxia". Pois bem, a comparação é válida, pois a Marvel já provou ser capaz de transformar suas IPs (propriedades intelectuais) mais secundárias em grandes surpresas (e promissoras franquias) quando adaptadas para as telas de cinema - e aqui eu afirmo com todas as letras: "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é muito (muito mesmo) divertido! Entretenimento puro com o carimbo do Estúdio!
No filme, acompanhamos a história de Shang-Chi (Simu Liu), um jovem chinês que foi criado por seu pai em reclusão para que pudesse focar totalmente em ser um mestre de artes marciais. Entretanto, quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo pela primeira vez, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar e traçar o seu próprio caminho. Confira o trailer:
É inegável que os amantes de artes marciais vão se conectar rapidamente com o filme, da mesma forma que as pessoas que gostam de filmes de fantasia também vão - o mix de "O Tigre e o Dragão" com a competente linha narrativa de "história de origem" da Marvel funciona bem demais. mas não é perfeita e, quer saber, não tem a menor importância! "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é tão dinâmico e bem realizado que nem vemos o tempo passar - é tanta pancadaria, que os alívios cômicos acabam funcionando como um escapemuito mais para retomar o fôlego - a incrível sequência do ônibus nas ladeiras de San Francisco que o diga!
O filme tem o mérito de transformar citações da mitologia chinesa em elementos narrativos muito presentes em séries de fantasia - a luta entre "dragões" no terceiro ato é um convite emocional aos bons momentos de "Game of Thrones". Ao mesmo tempo, com a direção de Destin Daniel Cretton (de "Luta por Justiça") e a performance de Liu, temos lutas muito bem coreografadas - quando enquadradas "homem a homem", o ballet é perfeito e a sensação de leveza dos golpes contrastando com o peso do impacto produzido pelo desenho de som, chega a ser impactante visualmente. Mérito de uma equipe experiente de coreografia em artes marciais (nos EUA conhecido como "stage combat") comandada pelo Andy Cheng.
Outro detalhe que merece um destaque, sem dúvida, é o trabalho pontual, mas bem interessante de Awkwafina, como a melhor amiga de Shang-Chi, Katy - ela esbanja simpatia e carisma! Simu Liu é outro que deve ganhar cada vez mais destaque no MCU - ele está impecável como herói e trabalha tão bem com os elementos em CGI, que, certamente, será muito bem aproveitado daqui para frente.
Um filme que apresenta Xialing (Meng’er Zhang) e resgata Trevor (Ben Kingsley) de "Homem de Ferro 3", atém de apresentar um arco perfeito e enxuto do verdadeiro "Mandarim" Wenwu (Tony Leung), merece muito respeito. "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" tem seus defeitos? Claro que sim - inclusive técnicos, mas em hipótese alguma isso é motivo para tirar o filme daquela disputada prateleira como uma das maiores (e boas) surpresas que a Marvel já produziu até hoje!
Vale muito a pena!
Aclamado como um dos melhores filmes de 2004, "Sideways" (que no Brasil ganhouo sugestivo subtítulo e "Entre Umas e Outras") é uma verdadeira obra-prima do diretor Alexander Payne(de "Os Decendentes"). O roteiro (vencedor na categoria "Roteiro Adaptado" no Oscar de 2005) mergulha profundamente nas complexidades da vida adulta e de seus relacionamentos. Com uma equilíbrio perfeito entre a comédia, o drama e seus vários momentos de reflexão, o filme oferece uma experiência cinematográfica memorável e muito cativante.
A trama gira em torno de dois amigos de longa data, Miles (Paul Giamatti) e Jack (Thomas Haden Church). Miles é um escritor fracassado e divorciado, que busca conforto em sua paixão pelo vinho, enquanto Jack é um ator em decadência que está prestes a se casar e decide aproveitar sua última semana de solteiro com uma viagem pelo Vale de Santa Ynez, na Califórnia. Em crise e lidando com suas próprias questões pessoais, o filme é uma verdadeira jornada sobre solidão e reencontro. Confira o trailer (em inglês):
O que torna "Sideways" tão especial é a maneira como Payne retrata as nuances das emoções humanas. O roteiro do próprio Payne ao lado de Rex Pickett e de Jim Taylor explora os altos e baixos da vida, a fragilidade das relações interpessoais e as oportunidades perdidas ao longo desse caminho. O filme, de fato, nos leva por uma jornada emocional, que nos faz rir e chorar ao mesmo tempo, e nos provoca uma reflexão sobre nossas próprias vidas e escolhas - então esteja preparado!
Além da narrativa envolvente, "Sideways" também brilha em sua abordagem visual. A fotografia do diretor Phedon Papamichael captura a beleza deslumbrante do Vale de Santa Ynez, com suas vastas paisagens de vinhedos e montanhas de uma forma única - chega a ser impressionante sua não indicação ao Oscar daquela temporada (ele que foi indicado anos depois por "Nebraska" e "Os 7 de Chicago"). As cenas são cirurgicamente bem enquadradas, transmitindo tanto a sensação de serenidade quanto a de solidão dos personagens. Lindo de ver e de sentir!
O elenco, como não poderia deixar de ser, é um dos pontos altos do filme - Giamatti oferece uma performance magnífica, transmitindo com maestria a tristeza e a amargura de seu personagem. Já Thomas Haden Church traz uma energia vibrante e um toque de comicidade, equilibrando perfeitamente as nuances entre eles. Além deles, Virginia Madsen e Sandra Oh merecem destaque por suas interpretações apaixonadas e envolventes. Madsen retrata Maya, uma garçonete local que desperta o interesse de Miles, enquanto Oh interpreta Stephanie, uma sedutora e carismática amiga de Jack. Ambas as atrizes entregam trabalhos convincentes, adicionando camadas de profundidade emocional ao filme capaz de colocá-lo em outro patamar.
Veja, embora "Sideways" seja ambientado no mundo do vinho, o filme é muito mais do que uma história sobre essa maravilha - ele é um retrato sensível sobre a condição humana que explora temas universais como o amadurecimento, a amizade e a busca contínua pela felicidade. Com diálogos afiados e personagens dos mais complexos, o filme nos leva por uma viagem introspectiva que nos deixa com uma sensação de conexão com os personagens que chega tocar a alma.
Vale muito o seu play, para ver ou rever!
Up-date: "Sideways" recebeu cinco indicações no Oscar 2005, inclusive de "Melhor Filme do Ano"!
Aclamado como um dos melhores filmes de 2004, "Sideways" (que no Brasil ganhouo sugestivo subtítulo e "Entre Umas e Outras") é uma verdadeira obra-prima do diretor Alexander Payne(de "Os Decendentes"). O roteiro (vencedor na categoria "Roteiro Adaptado" no Oscar de 2005) mergulha profundamente nas complexidades da vida adulta e de seus relacionamentos. Com uma equilíbrio perfeito entre a comédia, o drama e seus vários momentos de reflexão, o filme oferece uma experiência cinematográfica memorável e muito cativante.
A trama gira em torno de dois amigos de longa data, Miles (Paul Giamatti) e Jack (Thomas Haden Church). Miles é um escritor fracassado e divorciado, que busca conforto em sua paixão pelo vinho, enquanto Jack é um ator em decadência que está prestes a se casar e decide aproveitar sua última semana de solteiro com uma viagem pelo Vale de Santa Ynez, na Califórnia. Em crise e lidando com suas próprias questões pessoais, o filme é uma verdadeira jornada sobre solidão e reencontro. Confira o trailer (em inglês):
O que torna "Sideways" tão especial é a maneira como Payne retrata as nuances das emoções humanas. O roteiro do próprio Payne ao lado de Rex Pickett e de Jim Taylor explora os altos e baixos da vida, a fragilidade das relações interpessoais e as oportunidades perdidas ao longo desse caminho. O filme, de fato, nos leva por uma jornada emocional, que nos faz rir e chorar ao mesmo tempo, e nos provoca uma reflexão sobre nossas próprias vidas e escolhas - então esteja preparado!
Além da narrativa envolvente, "Sideways" também brilha em sua abordagem visual. A fotografia do diretor Phedon Papamichael captura a beleza deslumbrante do Vale de Santa Ynez, com suas vastas paisagens de vinhedos e montanhas de uma forma única - chega a ser impressionante sua não indicação ao Oscar daquela temporada (ele que foi indicado anos depois por "Nebraska" e "Os 7 de Chicago"). As cenas são cirurgicamente bem enquadradas, transmitindo tanto a sensação de serenidade quanto a de solidão dos personagens. Lindo de ver e de sentir!
O elenco, como não poderia deixar de ser, é um dos pontos altos do filme - Giamatti oferece uma performance magnífica, transmitindo com maestria a tristeza e a amargura de seu personagem. Já Thomas Haden Church traz uma energia vibrante e um toque de comicidade, equilibrando perfeitamente as nuances entre eles. Além deles, Virginia Madsen e Sandra Oh merecem destaque por suas interpretações apaixonadas e envolventes. Madsen retrata Maya, uma garçonete local que desperta o interesse de Miles, enquanto Oh interpreta Stephanie, uma sedutora e carismática amiga de Jack. Ambas as atrizes entregam trabalhos convincentes, adicionando camadas de profundidade emocional ao filme capaz de colocá-lo em outro patamar.
Veja, embora "Sideways" seja ambientado no mundo do vinho, o filme é muito mais do que uma história sobre essa maravilha - ele é um retrato sensível sobre a condição humana que explora temas universais como o amadurecimento, a amizade e a busca contínua pela felicidade. Com diálogos afiados e personagens dos mais complexos, o filme nos leva por uma viagem introspectiva que nos deixa com uma sensação de conexão com os personagens que chega tocar a alma.
Vale muito o seu play, para ver ou rever!
Up-date: "Sideways" recebeu cinco indicações no Oscar 2005, inclusive de "Melhor Filme do Ano"!
Esteja preparado para uma jornada que vai mexer com suas emoções - do inicio ao fim e sem pedir muita licença! "Somos os que Tiveram Sorte", minissérie criada por Erica Lipez (de "The Morning Show"), é baseada no aclamado romance homônimo de Georgia Hunter e retrata a emocionante e angustiante história de uma família judia polonesa durante a Segunda Guerra Mundial. Com uma estrutura narrativa que abrange vários países e linhas temporais diferentes, "Somos os que Tiveram Sorte" pode ser considerada uma verdadeira saga épica sobre resiliência, sobrevivência e amor, sempre pela perspectiva dos inabaláveis laços familiares. Para os fãs de dramas históricos sobre o Holocausto, esta minissérie oferece uma experiência, de fato, envolvente, difícil, profunda e emocionalmente poderosa.
A trama segue a família Kurc, começando na cidade de Radom, na Polônia, um ano antes da invasão nazista em 1939. À medida que a guerra se aproxima e vai se espalhando pela Europa, os Kurc são forçados a se separar e seguir diferentes caminhos, cada um enfrentando desafios devastadores em sua luta pela sobrevivência. A minissérie explora justamente as jornadas dos irmãos Kurc — incluindo uma fuga perigosa para a Rússia, as dores e dificuldades nos campos de trabalho forçado, a busca desesperada por entes queridos desaparecidos e a resistência corajosa em face da ocupação nazista. Confira o trailer:
Como é possível perceber por esse belíssimo trailer, a narrativa não apenas ilumina as histórias individuais de coragem e sacrifício dos Kurc, como também destaca a força coletiva da família e sua determinação de se reunir novamente após o terror da guerra. Nesse sentido, Erica Lipez adapta o romance de Georgia Hunter com uma fidelidade impressionante ao mesmo tempo em que cria uma dinâmica cinematográfica visualmente deslumbrante e emocionalmente envolvente. A minissérie é estruturada de uma maneira não linear, saltando entre diferentes linhas temporais (e geográficas), o que permite uma exploração mais profunda dos personagens e de suas experiências únicas diante do medo em várias esferas. Essa estrutura, aliás, é ponto fundamental para refletir, com muita veracidade, o caos e a fragmentação causados pela guerra, entrelaçando as histórias da família de maneira a nos manter envolvidos e emocionalmente provocados.
A direção de "Somos os que Tiveram Sorte", realizada pelo talentoso trio Thomas Kail (de "Hamilton"), Amit Gupta (de "His Dark Materials") e Neasa Hardiman (de "Happy Valley"), consegue capturar tanto a grandiosidade dos eventos históricos quanto a intimidade das experiências mais pessoais dos personagens, proporcionando uma imersão brutal em um período que transformou a vida das pessoas e deixou marcas difíceis de curar. Aqui preciso citar dois pontos: primeiro a fotografia de Tim Ives (indicado a três Emmys e responsável pelo conceito visual de "Stranger Things") - seu trabalho é notável ao partir de uma paleta desbotada que reflete o ambiente sombrio e opressor da guerra, enquanto nas cenas de flashback ele se apropria de cores mais quentes e vibrantes, para destacar o contraste entre os tempos de paz e os horrores da guerra. Repare como essa escolha visual impacta diretamente na nossa relação emocional com a história. Depois, a trilha sonora, composta por Jon Ehrlich (de "House") e Rachel Portman (vencedora do Oscar por Emma") - é impressionante como as composições melancólicas (e muitas vezes evocativas) intensificam as cenas mais dramáticas e oferecem um contraponto potente aos momentos de silêncio e de reflexão, ajudando a criar uma atmosfera não só de tristeza, mas também de esperança e perseverança.
"Somos os que Tiveram Sorte" é dura! Parte da audiência pode achar que a minissérie é cadenciada demais e até um pouco confusa de acompanhar. É verdade, no entanto é preciso que se diga que a natureza mais abrangente da narrativa ajuda demais nessa conexão mais empática com os personagens e, de maneira comovente, nos oferece uma exploração rica e complexa de um dos períodos mais sombrios da história moderna.
Uma pancada, mas que vale cada segundo do seu play!
Esteja preparado para uma jornada que vai mexer com suas emoções - do inicio ao fim e sem pedir muita licença! "Somos os que Tiveram Sorte", minissérie criada por Erica Lipez (de "The Morning Show"), é baseada no aclamado romance homônimo de Georgia Hunter e retrata a emocionante e angustiante história de uma família judia polonesa durante a Segunda Guerra Mundial. Com uma estrutura narrativa que abrange vários países e linhas temporais diferentes, "Somos os que Tiveram Sorte" pode ser considerada uma verdadeira saga épica sobre resiliência, sobrevivência e amor, sempre pela perspectiva dos inabaláveis laços familiares. Para os fãs de dramas históricos sobre o Holocausto, esta minissérie oferece uma experiência, de fato, envolvente, difícil, profunda e emocionalmente poderosa.
A trama segue a família Kurc, começando na cidade de Radom, na Polônia, um ano antes da invasão nazista em 1939. À medida que a guerra se aproxima e vai se espalhando pela Europa, os Kurc são forçados a se separar e seguir diferentes caminhos, cada um enfrentando desafios devastadores em sua luta pela sobrevivência. A minissérie explora justamente as jornadas dos irmãos Kurc — incluindo uma fuga perigosa para a Rússia, as dores e dificuldades nos campos de trabalho forçado, a busca desesperada por entes queridos desaparecidos e a resistência corajosa em face da ocupação nazista. Confira o trailer:
Como é possível perceber por esse belíssimo trailer, a narrativa não apenas ilumina as histórias individuais de coragem e sacrifício dos Kurc, como também destaca a força coletiva da família e sua determinação de se reunir novamente após o terror da guerra. Nesse sentido, Erica Lipez adapta o romance de Georgia Hunter com uma fidelidade impressionante ao mesmo tempo em que cria uma dinâmica cinematográfica visualmente deslumbrante e emocionalmente envolvente. A minissérie é estruturada de uma maneira não linear, saltando entre diferentes linhas temporais (e geográficas), o que permite uma exploração mais profunda dos personagens e de suas experiências únicas diante do medo em várias esferas. Essa estrutura, aliás, é ponto fundamental para refletir, com muita veracidade, o caos e a fragmentação causados pela guerra, entrelaçando as histórias da família de maneira a nos manter envolvidos e emocionalmente provocados.
A direção de "Somos os que Tiveram Sorte", realizada pelo talentoso trio Thomas Kail (de "Hamilton"), Amit Gupta (de "His Dark Materials") e Neasa Hardiman (de "Happy Valley"), consegue capturar tanto a grandiosidade dos eventos históricos quanto a intimidade das experiências mais pessoais dos personagens, proporcionando uma imersão brutal em um período que transformou a vida das pessoas e deixou marcas difíceis de curar. Aqui preciso citar dois pontos: primeiro a fotografia de Tim Ives (indicado a três Emmys e responsável pelo conceito visual de "Stranger Things") - seu trabalho é notável ao partir de uma paleta desbotada que reflete o ambiente sombrio e opressor da guerra, enquanto nas cenas de flashback ele se apropria de cores mais quentes e vibrantes, para destacar o contraste entre os tempos de paz e os horrores da guerra. Repare como essa escolha visual impacta diretamente na nossa relação emocional com a história. Depois, a trilha sonora, composta por Jon Ehrlich (de "House") e Rachel Portman (vencedora do Oscar por Emma") - é impressionante como as composições melancólicas (e muitas vezes evocativas) intensificam as cenas mais dramáticas e oferecem um contraponto potente aos momentos de silêncio e de reflexão, ajudando a criar uma atmosfera não só de tristeza, mas também de esperança e perseverança.
"Somos os que Tiveram Sorte" é dura! Parte da audiência pode achar que a minissérie é cadenciada demais e até um pouco confusa de acompanhar. É verdade, no entanto é preciso que se diga que a natureza mais abrangente da narrativa ajuda demais nessa conexão mais empática com os personagens e, de maneira comovente, nos oferece uma exploração rica e complexa de um dos períodos mais sombrios da história moderna.
Uma pancada, mas que vale cada segundo do seu play!
"Soul" é mais uma daquelas animações da Pixar que temos vontade de agradecer assim que ela termina, só pela oportunidade de ter assistido algo tão bacana! A delicadeza como assuntos tão profundos são retratados e a criatividade para transformar cada um dos elementos narrativos em signos que nos ajudam refletir a todo momento, é de uma sabedoria impressionante, embora, e é preciso que se diga, o filme não tenha alcançado o brilhantismo e a originalidade de "Divertidamente" ou de "A Vida é uma Festa" - o que não tem problema algum na verdade. Tenho, inclusive, a impressão que mesmo assim, "Soul" pode ser considerado um dos melhores filmes de 2020, pelo roteiro inteligente e pela qualidade técnica - essa sim, impecável!
Insatisfeito com a sua vida como professor, o sonhador Joe Gardner (Jamie Foxx) tem certeza absoluta que nasceu para ser um astro da música - esse era sua missão! Porém, após inúmeras tentativas fracassadas, sua auto-confiança parece estar tão abalada quanto a enorme pressão que sofre da família para encontrar um trabalho "de verdade". Até que ele recebe a oportunidade de sua vida ao ser convidado para tocar em um show de uma famosa banda de jazz. Acontece que tudo muda quando o Gardner sofre um repentino acidente e morre. Já no mundo astral, ele precisa encontrar uma forma de retornar a Terra para cumprir sua missão e dar um propósito a sua existência e para isso ele vai contar com a ajuda de 22, uma alma que precisa reencarnar, mas que tem verdadeiro pavor de lidar com a possibilidade de voltar a viver.
"Soul" é perfeito tecnicamente! A construção de Nova York chega a impressionar - sério, em vários momentos, não dá para saber se estamos diante de um live-action ou de uma animação, tamanho é o realismo. Outro elemento que me impressionou diz respeito a mixagem: tanto o desenho de som quanto a trilha sonora são tão bem ajustados que eu diria que é justamente eles que criam a dinâmica narrativa que a história pede - as sequências de jazz são de cair o queixo tanto quanto os momentos de silêncio que se equilibram com as músicas mais etéreas e que nos levam até uma outra dimensão. É quase um experiência sensorial - reparem!
Olha, o filme é sensível, agradável, profundo e super reflexivo, além de muito simpático na composição de cada um dos seus personagens ao melhor "estilo Pixar" - aqui cabe o registro: Jamie Foxx e Tina Fey (22) estão afinadíssimos! "Soul", como o próprio nome sugere, vale muito a pena, pelo que vemos e pelo que sentimos!
"Soul" é mais uma daquelas animações da Pixar que temos vontade de agradecer assim que ela termina, só pela oportunidade de ter assistido algo tão bacana! A delicadeza como assuntos tão profundos são retratados e a criatividade para transformar cada um dos elementos narrativos em signos que nos ajudam refletir a todo momento, é de uma sabedoria impressionante, embora, e é preciso que se diga, o filme não tenha alcançado o brilhantismo e a originalidade de "Divertidamente" ou de "A Vida é uma Festa" - o que não tem problema algum na verdade. Tenho, inclusive, a impressão que mesmo assim, "Soul" pode ser considerado um dos melhores filmes de 2020, pelo roteiro inteligente e pela qualidade técnica - essa sim, impecável!
Insatisfeito com a sua vida como professor, o sonhador Joe Gardner (Jamie Foxx) tem certeza absoluta que nasceu para ser um astro da música - esse era sua missão! Porém, após inúmeras tentativas fracassadas, sua auto-confiança parece estar tão abalada quanto a enorme pressão que sofre da família para encontrar um trabalho "de verdade". Até que ele recebe a oportunidade de sua vida ao ser convidado para tocar em um show de uma famosa banda de jazz. Acontece que tudo muda quando o Gardner sofre um repentino acidente e morre. Já no mundo astral, ele precisa encontrar uma forma de retornar a Terra para cumprir sua missão e dar um propósito a sua existência e para isso ele vai contar com a ajuda de 22, uma alma que precisa reencarnar, mas que tem verdadeiro pavor de lidar com a possibilidade de voltar a viver.
"Soul" é perfeito tecnicamente! A construção de Nova York chega a impressionar - sério, em vários momentos, não dá para saber se estamos diante de um live-action ou de uma animação, tamanho é o realismo. Outro elemento que me impressionou diz respeito a mixagem: tanto o desenho de som quanto a trilha sonora são tão bem ajustados que eu diria que é justamente eles que criam a dinâmica narrativa que a história pede - as sequências de jazz são de cair o queixo tanto quanto os momentos de silêncio que se equilibram com as músicas mais etéreas e que nos levam até uma outra dimensão. É quase um experiência sensorial - reparem!
Olha, o filme é sensível, agradável, profundo e super reflexivo, além de muito simpático na composição de cada um dos seus personagens ao melhor "estilo Pixar" - aqui cabe o registro: Jamie Foxx e Tina Fey (22) estão afinadíssimos! "Soul", como o próprio nome sugere, vale muito a pena, pelo que vemos e pelo que sentimos!
"Spark Story - Tudo começa com uma idéia" é mais um presente que a Disney nos entrega através da sua plataforma de streaming. Seguindo o conceito de desmistificar seus bastidores, mas ao mesmo tempo exaltar o trabalho e, principalmente, a cultura de seus Estúdios, como vimos em "A História da Pixar" e em "A História do Imagineering", esse documentário de 90 minutos é mais uma aula de empreendedorismo com o foco na criatividade como processo de crescimento de seus ativos.
"A Spark Story" (no original) apresenta Aphton Corbi (diretora de "20 e Poucos") e Louis Gonzales (diretor de "Nona"), que navegam na montanha-russa emocional de assumir um papel de liderança e de inspirar suas equipes ao serem escolhidos para participar do programa SparkShorts. O filme é um olhar exclusivo e imersivo sobre os cineastas e seus projetos, a partir da filosofia criativa que torna a Pixar única. Confira o trailer (em inglês):
Para quem não sabe, o "SparkShorts" é um programa da Pixar que incentiva seus funcionários a buscar novos olhares técnicos, artísticos e narrativos a partir do desenvolvimento e produção de curtas-metragens autorais por um período de seis meses. Todo ano são escolhidos alguns artistas para apresentar suas ideias, montar suas equipes e liderar todo o processo para transformar o projeto em uma obra audiovisual - algumas delas, inclusive, já até ganharam o Oscar de "Melhor Animação em Curta-Metragem" (é o caso de "Bao").
Dirigido por Jason Sterman e Leanne Dare da Supper Club (produtora responsável por "Chef’s Table"), "Spark Story - Tudo começa com uma idéia" é quase um recorte institucional desse programa, mas como tudo na Pixar tem um apelo emocional, honesto e sensível, a jornada dos dois funcionários escolhidos em 2020 para produzir seus filmes é muito bacana. Posicionando a audiência de uma forma bastante simples sobre os estágios de uma processo criativo pelo ponto de vista da Pixar (de seus executivos e de seus artistas), o documentário equilibra perfeitamente elementos bastante didáticos com depoimentos completamente pessoais, onde as referências de vida se misturam com o desejo de colocar na tela algo verdadeiramente humano e inesquecível - e aqui cabe um comentários sobre a produção: os planos, os movimentos de câmera e as inserções gráficas do documentários são a "cereja do bolo"!
Eu diria que "Spark Story" é imperdível para quem trabalha com criatividade e para aquele empreendedor que enxerga na cultura, um pilar importante para o desenvolvimento das pessoas que refletirá de uma forma muito sólida nos resultados da empresa rapidamente. Mais uma vez, ao assistir um documentário, tenho cada vez mais certeza sobre uma afirmação de Roy Disney que dizia: "em uma empresa criativa, será a criatividade o motor propulsor para o sucesso do negócio" - e a Pixar leva isso muito a sério!
Vale muito a pena!
Obs: os dois curtas, "20 e Poucos" e "Nona", também estão disponíveis no Disney+ e valem tanto a pena quanto o documentário!
"Spark Story - Tudo começa com uma idéia" é mais um presente que a Disney nos entrega através da sua plataforma de streaming. Seguindo o conceito de desmistificar seus bastidores, mas ao mesmo tempo exaltar o trabalho e, principalmente, a cultura de seus Estúdios, como vimos em "A História da Pixar" e em "A História do Imagineering", esse documentário de 90 minutos é mais uma aula de empreendedorismo com o foco na criatividade como processo de crescimento de seus ativos.
"A Spark Story" (no original) apresenta Aphton Corbi (diretora de "20 e Poucos") e Louis Gonzales (diretor de "Nona"), que navegam na montanha-russa emocional de assumir um papel de liderança e de inspirar suas equipes ao serem escolhidos para participar do programa SparkShorts. O filme é um olhar exclusivo e imersivo sobre os cineastas e seus projetos, a partir da filosofia criativa que torna a Pixar única. Confira o trailer (em inglês):
Para quem não sabe, o "SparkShorts" é um programa da Pixar que incentiva seus funcionários a buscar novos olhares técnicos, artísticos e narrativos a partir do desenvolvimento e produção de curtas-metragens autorais por um período de seis meses. Todo ano são escolhidos alguns artistas para apresentar suas ideias, montar suas equipes e liderar todo o processo para transformar o projeto em uma obra audiovisual - algumas delas, inclusive, já até ganharam o Oscar de "Melhor Animação em Curta-Metragem" (é o caso de "Bao").
Dirigido por Jason Sterman e Leanne Dare da Supper Club (produtora responsável por "Chef’s Table"), "Spark Story - Tudo começa com uma idéia" é quase um recorte institucional desse programa, mas como tudo na Pixar tem um apelo emocional, honesto e sensível, a jornada dos dois funcionários escolhidos em 2020 para produzir seus filmes é muito bacana. Posicionando a audiência de uma forma bastante simples sobre os estágios de uma processo criativo pelo ponto de vista da Pixar (de seus executivos e de seus artistas), o documentário equilibra perfeitamente elementos bastante didáticos com depoimentos completamente pessoais, onde as referências de vida se misturam com o desejo de colocar na tela algo verdadeiramente humano e inesquecível - e aqui cabe um comentários sobre a produção: os planos, os movimentos de câmera e as inserções gráficas do documentários são a "cereja do bolo"!
Eu diria que "Spark Story" é imperdível para quem trabalha com criatividade e para aquele empreendedor que enxerga na cultura, um pilar importante para o desenvolvimento das pessoas que refletirá de uma forma muito sólida nos resultados da empresa rapidamente. Mais uma vez, ao assistir um documentário, tenho cada vez mais certeza sobre uma afirmação de Roy Disney que dizia: "em uma empresa criativa, será a criatividade o motor propulsor para o sucesso do negócio" - e a Pixar leva isso muito a sério!
Vale muito a pena!
Obs: os dois curtas, "20 e Poucos" e "Nona", também estão disponíveis no Disney+ e valem tanto a pena quanto o documentário!
Se o ótimo documentário francês "Marvel Stories" (que infelizmente saiu do catálogo da Globoplay) dava uma visão mais corporativa sobre a história da Marvel Comics, a produção da Disney, "Stan Lee", basicamente humaniza essa jornada e faz um retrato mais, digamos, "inspirador" sobre a vida de um dos maiores ícones da indústria do entretenimento em todos os tempos. Dirigido com maestria pelo David Gelb (o mesmo de "Wolfgang"), o filme faz um recorte bastante interessante sobre a vida e carreira desse lendário escritor e editor, bem como seu impacto duradouro no universo dos super-heróis e, claro, na cultura pop mundial. Mesmo que em alguns momentos o roteiro pareça um pouco atropelado, te garanto: o documentário é uma aula sobre inovação e resiliência!
Narrado pelo próprio Stan Lee, o documentário fornece um contexto histórico importante ao explorar a participação de Lee no surgimento da indústria de quadrinhos nos Estados Unidos, as mudanças culturais que foram repercutindo na sua arte e, claro, todo o impacto que representou a criação de super-heróis perante a sociedade ao longo de décadas. Essa contextualização nos permite justamente entender melhor como Lee conseguiu captar as oportunidades, inovar em um mercado, para muitos, sem o menor futuro e mesmo assim moldar suas HQs, transformando histórias e personagens em uma forma de arte tão influente quanto rentável. Confira o trailer:
"Stan Lee", em um primeiro olhar, se destaca por dois elementos narrativos que dão um tom todo especial ao projeto. O primeiro, sem dúvida, é o fato de que toda a narrativa é feita a partir de uma série de entrevistas do próprio Lee explanando sobre diversos temas - escutar sua voz, mesmo depois de sua morte, cria um elo emocional tão forte que mesmo quando somos colocados diante de assuntos mais espinhosos, como o seu relacionamento com o ilustrador Steve Ditko (ou de como seu ego praticamente excluiu todos os outros artistas que ajudaram no processo criativo da Marvel), ainda assim enxergamos um senhorzinho simpático que venceu graças apenas aos seus esforços.
O segundo, é como a Gelb resolve com muita criatividade a falta de imagens de arquivo da vida pessoal e profissional de Lee. O diretor usa de maquetes e bonecos em massinha para recriar a infância, a juventude e até o estúdio Marvel que Lee ajudou a consolidar. Reparem como essas escolhas estéticas evocam carinho e afeto, além de nos dar um visão lúdica de momentos e lugares que ele viveu - tudo com detalhes tão delicados que fica impossível não se envolver ainda mais com a história. Já o roteiro traz muitas curiosidades e mesmo que o tom pareça até mais cadenciado (muito pela narração morosa de Lee), é muito bacana entender por uma perspectiva de bastidores, como ele criou personagens imperfeitos, com problemas do mundo real, e como isso ajudou na conexão com o público de uma maneira avassaladora - a passagem sobre o homem-aranha é um ótimo exemplo dessa abordagem criativa.
Lee sempre acreditou que a ideia era muito mais importante que sua materialização, dando assim mais valor para aquele que sonhava e criava, e não para aquele que realizava. Concordem ou não, seu ponto de vista diz muito sobre sua postura perante a vida e, principalmente, perante sua equipe no processo criativo. No entanto é de se exaltar como ele também foi um realizador - sua visão sobre o mercado, sobre as oportunidades que se abriam de acordo com os movimentos políticos em diferentes épocas que marcaram sua trajetória de uma maneira muito criativa e, inegavelmente, de como ele capitalizou suas criações, mesmo entendendo que vacilou quando o assunto era "propriedade intelectual". Enfim, "Stan Lee", o documentário, é muito mais uma peça, a princípio feita para canonizar Stan Lee como o grande pai da Marvel, do que um recorte definitivo sobre o homem imperfeito e artista genial que foi.
Vale seu play!
Se o ótimo documentário francês "Marvel Stories" (que infelizmente saiu do catálogo da Globoplay) dava uma visão mais corporativa sobre a história da Marvel Comics, a produção da Disney, "Stan Lee", basicamente humaniza essa jornada e faz um retrato mais, digamos, "inspirador" sobre a vida de um dos maiores ícones da indústria do entretenimento em todos os tempos. Dirigido com maestria pelo David Gelb (o mesmo de "Wolfgang"), o filme faz um recorte bastante interessante sobre a vida e carreira desse lendário escritor e editor, bem como seu impacto duradouro no universo dos super-heróis e, claro, na cultura pop mundial. Mesmo que em alguns momentos o roteiro pareça um pouco atropelado, te garanto: o documentário é uma aula sobre inovação e resiliência!
Narrado pelo próprio Stan Lee, o documentário fornece um contexto histórico importante ao explorar a participação de Lee no surgimento da indústria de quadrinhos nos Estados Unidos, as mudanças culturais que foram repercutindo na sua arte e, claro, todo o impacto que representou a criação de super-heróis perante a sociedade ao longo de décadas. Essa contextualização nos permite justamente entender melhor como Lee conseguiu captar as oportunidades, inovar em um mercado, para muitos, sem o menor futuro e mesmo assim moldar suas HQs, transformando histórias e personagens em uma forma de arte tão influente quanto rentável. Confira o trailer:
"Stan Lee", em um primeiro olhar, se destaca por dois elementos narrativos que dão um tom todo especial ao projeto. O primeiro, sem dúvida, é o fato de que toda a narrativa é feita a partir de uma série de entrevistas do próprio Lee explanando sobre diversos temas - escutar sua voz, mesmo depois de sua morte, cria um elo emocional tão forte que mesmo quando somos colocados diante de assuntos mais espinhosos, como o seu relacionamento com o ilustrador Steve Ditko (ou de como seu ego praticamente excluiu todos os outros artistas que ajudaram no processo criativo da Marvel), ainda assim enxergamos um senhorzinho simpático que venceu graças apenas aos seus esforços.
O segundo, é como a Gelb resolve com muita criatividade a falta de imagens de arquivo da vida pessoal e profissional de Lee. O diretor usa de maquetes e bonecos em massinha para recriar a infância, a juventude e até o estúdio Marvel que Lee ajudou a consolidar. Reparem como essas escolhas estéticas evocam carinho e afeto, além de nos dar um visão lúdica de momentos e lugares que ele viveu - tudo com detalhes tão delicados que fica impossível não se envolver ainda mais com a história. Já o roteiro traz muitas curiosidades e mesmo que o tom pareça até mais cadenciado (muito pela narração morosa de Lee), é muito bacana entender por uma perspectiva de bastidores, como ele criou personagens imperfeitos, com problemas do mundo real, e como isso ajudou na conexão com o público de uma maneira avassaladora - a passagem sobre o homem-aranha é um ótimo exemplo dessa abordagem criativa.
Lee sempre acreditou que a ideia era muito mais importante que sua materialização, dando assim mais valor para aquele que sonhava e criava, e não para aquele que realizava. Concordem ou não, seu ponto de vista diz muito sobre sua postura perante a vida e, principalmente, perante sua equipe no processo criativo. No entanto é de se exaltar como ele também foi um realizador - sua visão sobre o mercado, sobre as oportunidades que se abriam de acordo com os movimentos políticos em diferentes épocas que marcaram sua trajetória de uma maneira muito criativa e, inegavelmente, de como ele capitalizou suas criações, mesmo entendendo que vacilou quando o assunto era "propriedade intelectual". Enfim, "Stan Lee", o documentário, é muito mais uma peça, a princípio feita para canonizar Stan Lee como o grande pai da Marvel, do que um recorte definitivo sobre o homem imperfeito e artista genial que foi.
Vale seu play!
Selecionado para o Festival de Sundance em 2024, "Suncoast" é uma verdadeira pancada emocional, mas de uma beleza e sensibilidade admiráveis - ainda mais sabendo que muito do que vemos na tela faz parte de uma dolorida jornada que a própria diretora e sua família precisaram enfrentar. O filme dirigido pela estreante Laura Chinn captura com maestria a complexa dinâmica familiar e os desafios da vida sob a sombra da morte e aqui, sem cair no sentimentalismo piegas. "Suncoast" mostra o peso da iminência da morte, aquela que assombra, atormenta e sufoca, pela perspectiva de uma adolescente que transita entre a culpa, a angústia, a aflição e o desejo de seguir com sua vida e buscar a felicidade que sua mãe insiste em negar. Dói, eu admito, mas adianto que o roteiro transmite um inegável sentimento de aceitação que nos conforta e nos mantém reflexivos (talvez até positivos) durante todo o filme.
Doris (Nico Parker) é uma adolescente que passou os últimos seis anos ao lado da mãe, Kristine (Laura Linney), ajudando a cuidar do irmão que está gravemente doente. É nesse contexto de dor e revolta que ela acaba conhecendo o excêntrico ativista Paul Warren (Woody Harrelson) que está protestando contra um dos casos médicos mais marcantes do EUA e que acontece justamente na clínica onde o irmão de Doris está. Em um período de auto-descoberta e transformações, Doris se apoia nos conselhos de Paul para encontrar um caminho entre ser uma garota comum, aproveitando sua juventude com os colegas de turma da mesma idade, e viver uma jornada importante de amadurecimento, mesmo acompanhada do luto em vida. Confira o trailer:
Existe uma dor tão ou mais dolorosa do que a difícil tarefa de aceitar que o fim da vida de um ente querido está próximo - é a dor de precisar lidar com a verdade antes mesmo dela acontecer. Chinn (que como atriz se apresentava como Laura Kenley) sentiu isso na pele e com uma sabedoria singular foi capaz de transmitir toda essa confusão sentimental através de Doris e Kristine - é impressionante como ela consegue criar uma atmosfera intimista e muito realista, sem perder de vista uma certa beleza e até alguma poesia, em um momento onde em que a vida insiste em trazer dor e sofrimento. Ok, mas onde encontrar beleza e poesia tendo um filho (ou um irmão, dependendo do ponto de vista) com câncer no cérebro? A resposta não é simples e é justamente por isso que a diretora merece tantos elogios já que ela não romantiza o luto, mas nos posiciona como espectadores de um processo de aceitação muito bem desenvolvido. Veja, tanto Doris quanto Kristine têm seus próprios dilemas e frustrações mais íntimos, isso gera um embate constante, mas as possibilidades de entendimento diante da morte, basicamente é o que as mantém esperançosas perante a vida.
Nada em "Suncoast" é fácil de dirigir - existe uma certa dualidade entre esperança e tristeza que praticamente acompanha as protagonistas durante todo o filme. Aliás, que performances excepcionais! Laura Linney transmite com maestria a angústia e a resiliência de uma mãe que olha para a vida com a dificuldade de aceitar a doença do filho ao mesmo tempo que não admite ver sua outra filha amadurecer e buscar seus caminhos - esse, sem dúvida, é o seu melhor trabalho (e merece nossa atenção ao ponto de não me surpreender se for lembrada na temporada de premiações que vem pela frente). Já Nico Parker é o apoio que Linney. precisava - com muito talento, ela sabe equilibrar sentimentos complexos que partem da negação e da incompreensão até o encontro de uma beleza escondida nas relações sociais com pessoas da sua idade. E é aí que entra o outro pilar dessa tríade: Woody Harrelson - ele é a voz da razão, a figura paterna que carrega suas próprias dores, mas que está sempre disposto a ajudar ou, ao menos, consolar com sabedoria e experiência. Brilhante!
Produzido pelo Hulu, "Suncoast" é um filme difícil, cheio de simbolismos e que vai exigir alguma sensibilidade para entender que o que vemos na tela é só um recorte da dor mais profunda que um ser humano pode sentir. A narrativa é tocante no ponto certo, é vibrante ao não criar exageros ou embates desnecessários, é um convite para a reflexão sobre a importância da família, sobre a fragilidade da vida e, principalmente, sobre a força do amor eterno que nos mantém respirando mesmo dilacerados. Sensível, abordando temas tão delicados e sem a pretenção de ser inesquecível, mas cumprindo o seu papel como um ótimo drama familiar, "Suncoast" é uma adorável (e viceral) surpresa do Star+!
Vale muito o seu play!
Selecionado para o Festival de Sundance em 2024, "Suncoast" é uma verdadeira pancada emocional, mas de uma beleza e sensibilidade admiráveis - ainda mais sabendo que muito do que vemos na tela faz parte de uma dolorida jornada que a própria diretora e sua família precisaram enfrentar. O filme dirigido pela estreante Laura Chinn captura com maestria a complexa dinâmica familiar e os desafios da vida sob a sombra da morte e aqui, sem cair no sentimentalismo piegas. "Suncoast" mostra o peso da iminência da morte, aquela que assombra, atormenta e sufoca, pela perspectiva de uma adolescente que transita entre a culpa, a angústia, a aflição e o desejo de seguir com sua vida e buscar a felicidade que sua mãe insiste em negar. Dói, eu admito, mas adianto que o roteiro transmite um inegável sentimento de aceitação que nos conforta e nos mantém reflexivos (talvez até positivos) durante todo o filme.
Doris (Nico Parker) é uma adolescente que passou os últimos seis anos ao lado da mãe, Kristine (Laura Linney), ajudando a cuidar do irmão que está gravemente doente. É nesse contexto de dor e revolta que ela acaba conhecendo o excêntrico ativista Paul Warren (Woody Harrelson) que está protestando contra um dos casos médicos mais marcantes do EUA e que acontece justamente na clínica onde o irmão de Doris está. Em um período de auto-descoberta e transformações, Doris se apoia nos conselhos de Paul para encontrar um caminho entre ser uma garota comum, aproveitando sua juventude com os colegas de turma da mesma idade, e viver uma jornada importante de amadurecimento, mesmo acompanhada do luto em vida. Confira o trailer:
Existe uma dor tão ou mais dolorosa do que a difícil tarefa de aceitar que o fim da vida de um ente querido está próximo - é a dor de precisar lidar com a verdade antes mesmo dela acontecer. Chinn (que como atriz se apresentava como Laura Kenley) sentiu isso na pele e com uma sabedoria singular foi capaz de transmitir toda essa confusão sentimental através de Doris e Kristine - é impressionante como ela consegue criar uma atmosfera intimista e muito realista, sem perder de vista uma certa beleza e até alguma poesia, em um momento onde em que a vida insiste em trazer dor e sofrimento. Ok, mas onde encontrar beleza e poesia tendo um filho (ou um irmão, dependendo do ponto de vista) com câncer no cérebro? A resposta não é simples e é justamente por isso que a diretora merece tantos elogios já que ela não romantiza o luto, mas nos posiciona como espectadores de um processo de aceitação muito bem desenvolvido. Veja, tanto Doris quanto Kristine têm seus próprios dilemas e frustrações mais íntimos, isso gera um embate constante, mas as possibilidades de entendimento diante da morte, basicamente é o que as mantém esperançosas perante a vida.
Nada em "Suncoast" é fácil de dirigir - existe uma certa dualidade entre esperança e tristeza que praticamente acompanha as protagonistas durante todo o filme. Aliás, que performances excepcionais! Laura Linney transmite com maestria a angústia e a resiliência de uma mãe que olha para a vida com a dificuldade de aceitar a doença do filho ao mesmo tempo que não admite ver sua outra filha amadurecer e buscar seus caminhos - esse, sem dúvida, é o seu melhor trabalho (e merece nossa atenção ao ponto de não me surpreender se for lembrada na temporada de premiações que vem pela frente). Já Nico Parker é o apoio que Linney. precisava - com muito talento, ela sabe equilibrar sentimentos complexos que partem da negação e da incompreensão até o encontro de uma beleza escondida nas relações sociais com pessoas da sua idade. E é aí que entra o outro pilar dessa tríade: Woody Harrelson - ele é a voz da razão, a figura paterna que carrega suas próprias dores, mas que está sempre disposto a ajudar ou, ao menos, consolar com sabedoria e experiência. Brilhante!
Produzido pelo Hulu, "Suncoast" é um filme difícil, cheio de simbolismos e que vai exigir alguma sensibilidade para entender que o que vemos na tela é só um recorte da dor mais profunda que um ser humano pode sentir. A narrativa é tocante no ponto certo, é vibrante ao não criar exageros ou embates desnecessários, é um convite para a reflexão sobre a importância da família, sobre a fragilidade da vida e, principalmente, sobre a força do amor eterno que nos mantém respirando mesmo dilacerados. Sensível, abordando temas tão delicados e sem a pretenção de ser inesquecível, mas cumprindo o seu papel como um ótimo drama familiar, "Suncoast" é uma adorável (e viceral) surpresa do Star+!
Vale muito o seu play!
Independente das discussões (e serão muitas) sobre Juízo de Valor, eu diria que a minissérie documental do Hulu, "The Ashley Madison Affair", é imperdível. A partir de um roteiro extremamente dinâmico, temos acesso aos bastidores do controverso site de relacionamentos para pessoas casadas, o Ashley Madison, e tudo que envolveu os vazamentos de dados de milhões de usuários em 2005. O filme, dirigido com maestria pela competente Johanna Hamilton (de "Bad Boys e Bilionários: Índia"), não apenas apresenta os escândalos de adultérios que chocaram o mundo, mas também oferece uma visão crítica e envolvente sobre a interseção entre negócio, tecnologia e intimidade. Elogiado pela profundidade de sua abordagem e pela coragem ao discutir verdades incômodas, aqui temos uma obra que transcende a mera exposição de fatos para explorar as complexidades morais e sociais que envolvem a privacidade online, mesmo para quem trai.
"The Ashley Madison Affair" nos conduz por uma jornada fascinante pelos meandros do site conhecido por facilitar encontros extraconjugais. O documentário revela a ascensão e queda do império digital comandado pelo então CEO da companhia, Noel Biderman. Por meio de entrevistas exclusivas com funcionários da empresa, jornalistas e investigadores, além de um rico material de arquivo e encenações de muito bom gosto, a minissérie discute as consequências devastadoras para relacionamentos e reputações depois do vazamento de dados que impactou, além da empresa, milhões de pessoas. Confira o trailer (em inglês):
Vale tudo para fazer um negócio se tornar um enorme sucesso financeiro, mesmo com um produto teoricamente imoral, se existirem milhões de pessoas dispostas a pagar por ele? Talvez tenha partido desse questionamento a construção narrativa que Hamilton brilhantemente explora em três episódios. Em nenhum momento você vai ficar confortável com o que está assistindo, ao mesmo tempo, olhando pela perspectiva do negócio, sua análise ficará ainda mais confusa, pois mesmo que tenhamos a exata sensação de que tudo aquilo faz um grande sentido, do conceito ao produto em si, curiosamente ficamos em dúvida se realmente vale a pena embarcar na jornada.
Ao adentrar os meandros da história, "The Ashley Madison Affair" não se contenta em ser um mero relato sobre eventos polêmicos envolvendo os usuários de um site que estimula o adultério. Muito pelo contrário, a diretora quer mesmo provocar, para só depois expor as motivações por trás do negócio, dando voz para a figura de Noel Biderman que revela uma complexidade humana que transcende os julgamentos mais simplistas - chega ser impressionante como ele se expõe ao mesmo tempo em fazia muita coisa errada nos bastidores da empresa. Veja, o roteiro destaca essa interconexão entre o sucesso do site e os desejos de seus usuários frequentes, dando certo holofote para um mal que acompanha a sociedade americana desde sempre: a hipocrisia.
Na linha de "Sexo Bilionário", o que eleva "The Ashley Madison Affair" é sua capacidade de fundir uma história polêmica com uma qualidade técnica e artística de produção de uma maneira bastante harmoniosa - os depoimentos de usuários na voz de atores e atrizes dão o exato tom do que significa essa exploração intensa sobre os limites da privacidade em um mundo cada vez mais conectado. A fotografia também cria uma atmosfera de sedução que intensifica as emoções, guiando a audiência por esse labirinto de escândalos e fantasia, de fato, envolvente.A pesquisa meticulosa é evidente em cada cena, revelando nuances que escapariam a narrativas superficiais - e isso é um golaço. A edição dinâmica mantém um ritmo que prende a nossa atenção, transformando informações densas em uma experiência cativante que certamente vai te fazer refletir, independente do olhar que você tenha sobre o site ou sobre o caso (e aqui sem trocadilhos)!
Vale muito o seu play!
Independente das discussões (e serão muitas) sobre Juízo de Valor, eu diria que a minissérie documental do Hulu, "The Ashley Madison Affair", é imperdível. A partir de um roteiro extremamente dinâmico, temos acesso aos bastidores do controverso site de relacionamentos para pessoas casadas, o Ashley Madison, e tudo que envolveu os vazamentos de dados de milhões de usuários em 2005. O filme, dirigido com maestria pela competente Johanna Hamilton (de "Bad Boys e Bilionários: Índia"), não apenas apresenta os escândalos de adultérios que chocaram o mundo, mas também oferece uma visão crítica e envolvente sobre a interseção entre negócio, tecnologia e intimidade. Elogiado pela profundidade de sua abordagem e pela coragem ao discutir verdades incômodas, aqui temos uma obra que transcende a mera exposição de fatos para explorar as complexidades morais e sociais que envolvem a privacidade online, mesmo para quem trai.
"The Ashley Madison Affair" nos conduz por uma jornada fascinante pelos meandros do site conhecido por facilitar encontros extraconjugais. O documentário revela a ascensão e queda do império digital comandado pelo então CEO da companhia, Noel Biderman. Por meio de entrevistas exclusivas com funcionários da empresa, jornalistas e investigadores, além de um rico material de arquivo e encenações de muito bom gosto, a minissérie discute as consequências devastadoras para relacionamentos e reputações depois do vazamento de dados que impactou, além da empresa, milhões de pessoas. Confira o trailer (em inglês):
Vale tudo para fazer um negócio se tornar um enorme sucesso financeiro, mesmo com um produto teoricamente imoral, se existirem milhões de pessoas dispostas a pagar por ele? Talvez tenha partido desse questionamento a construção narrativa que Hamilton brilhantemente explora em três episódios. Em nenhum momento você vai ficar confortável com o que está assistindo, ao mesmo tempo, olhando pela perspectiva do negócio, sua análise ficará ainda mais confusa, pois mesmo que tenhamos a exata sensação de que tudo aquilo faz um grande sentido, do conceito ao produto em si, curiosamente ficamos em dúvida se realmente vale a pena embarcar na jornada.
Ao adentrar os meandros da história, "The Ashley Madison Affair" não se contenta em ser um mero relato sobre eventos polêmicos envolvendo os usuários de um site que estimula o adultério. Muito pelo contrário, a diretora quer mesmo provocar, para só depois expor as motivações por trás do negócio, dando voz para a figura de Noel Biderman que revela uma complexidade humana que transcende os julgamentos mais simplistas - chega ser impressionante como ele se expõe ao mesmo tempo em fazia muita coisa errada nos bastidores da empresa. Veja, o roteiro destaca essa interconexão entre o sucesso do site e os desejos de seus usuários frequentes, dando certo holofote para um mal que acompanha a sociedade americana desde sempre: a hipocrisia.
Na linha de "Sexo Bilionário", o que eleva "The Ashley Madison Affair" é sua capacidade de fundir uma história polêmica com uma qualidade técnica e artística de produção de uma maneira bastante harmoniosa - os depoimentos de usuários na voz de atores e atrizes dão o exato tom do que significa essa exploração intensa sobre os limites da privacidade em um mundo cada vez mais conectado. A fotografia também cria uma atmosfera de sedução que intensifica as emoções, guiando a audiência por esse labirinto de escândalos e fantasia, de fato, envolvente.A pesquisa meticulosa é evidente em cada cena, revelando nuances que escapariam a narrativas superficiais - e isso é um golaço. A edição dinâmica mantém um ritmo que prende a nossa atenção, transformando informações densas em uma experiência cativante que certamente vai te fazer refletir, independente do olhar que você tenha sobre o site ou sobre o caso (e aqui sem trocadilhos)!
Vale muito o seu play!
"A vida é boa, mas não é fácil" - é com essa frase que o excelente documentário "The Book of Manning", da ESPN Filmes, termina depois de uma jornada cativante que mergulha na vida e no legado de uma das famílias mais influentes e talentosas do futebol americano: os Mannings. Dirigido por Rory Karpf, o documentário é um tributo comovente ao patriarca da família, Archie Manning, e para seus filhos, Cooper, Peyton e Eli Manning, que se tornaram ícones inesquecíveis do esporte.
O filme captura habilmente a trajetória da família Manning, desde as origens modestas de Archie em uma pequena cidade do Mississippi até a ascensão meteórica de seus filhos ao estrelato do futebol americano profissional. Ao longo do filme, somos levados a uma jornada emocional, explorando não apenas as conquistas esportivas dos Mannings, mas também os desafios pessoais e as adversidades que enfrentaram. Confira o trailer (em inglês):
É inegável que uma das maiores forças de "The Book of Manning" é a maneira como Karpf equilibra o contexto histórico com as jornadas pessoais dos Mannings. O filme examina o sul segregado da década de 1960, onde Archie enfrentou obstáculos raciais significativos, e mostra como essas experiências moldaram seu caráter e influenciaram sua abordagem em relação à paternidade e ao futebol americano em si. Além disso, o roteiro lança uma luz sobre o relacionamento íntimo entre pai e filhos, revelando como Archie desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de seus filhos como atletas, e como Peyton e Eli se inspiraram no exemplo e no apoio de seu pai para se tornarem tão vencedores.
Os depoimentos sinceros e comoventes com os membros da família Manning dão ao documentário uma autenticidade notável, permitindo que a audiência se conecte emocionalmente com a história e com as lutas e triunfos dos protagonistas, além , é claro, de oferecer uma visão fascinante sobre os bastidores da NFL, mostrando tanto os desafios enfrentados pelos jogadores no campo quanto a pressão implacável fora dele. É impressionante como a narrativa foi habilmente construída com imagens de arquivo cuidadosamente selecionadas para tornar a nossa experiência ainda mais envolvente e dinâmica, capaz de nos transportar para os momentos cruciais da carreira dos Mannings.
O fato é que "The Book of Manning" transmite uma mensagem poderosa sobre o valor do trabalho árduo, da dedicação e das referências (e exemplos) familiares. Ao explorar a resiliência dos Mannings diante das adversidades, o documentário nos inspira a perseguirmos nossos sonhos e a valorizarmos nossas relações mais intimas criando assim a base para o sucesso - eu diria, inclusive, que esse é o tipo do filme para você assistir quando você achar que já fez o suficiente para se tornar o melhor naquilo que se propõe.
Se você é fã de futebol americano ou simplesmente aprecia histórias emocionantes, este documentário é a escolha perfeita!
"A vida é boa, mas não é fácil" - é com essa frase que o excelente documentário "The Book of Manning", da ESPN Filmes, termina depois de uma jornada cativante que mergulha na vida e no legado de uma das famílias mais influentes e talentosas do futebol americano: os Mannings. Dirigido por Rory Karpf, o documentário é um tributo comovente ao patriarca da família, Archie Manning, e para seus filhos, Cooper, Peyton e Eli Manning, que se tornaram ícones inesquecíveis do esporte.
O filme captura habilmente a trajetória da família Manning, desde as origens modestas de Archie em uma pequena cidade do Mississippi até a ascensão meteórica de seus filhos ao estrelato do futebol americano profissional. Ao longo do filme, somos levados a uma jornada emocional, explorando não apenas as conquistas esportivas dos Mannings, mas também os desafios pessoais e as adversidades que enfrentaram. Confira o trailer (em inglês):
É inegável que uma das maiores forças de "The Book of Manning" é a maneira como Karpf equilibra o contexto histórico com as jornadas pessoais dos Mannings. O filme examina o sul segregado da década de 1960, onde Archie enfrentou obstáculos raciais significativos, e mostra como essas experiências moldaram seu caráter e influenciaram sua abordagem em relação à paternidade e ao futebol americano em si. Além disso, o roteiro lança uma luz sobre o relacionamento íntimo entre pai e filhos, revelando como Archie desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de seus filhos como atletas, e como Peyton e Eli se inspiraram no exemplo e no apoio de seu pai para se tornarem tão vencedores.
Os depoimentos sinceros e comoventes com os membros da família Manning dão ao documentário uma autenticidade notável, permitindo que a audiência se conecte emocionalmente com a história e com as lutas e triunfos dos protagonistas, além , é claro, de oferecer uma visão fascinante sobre os bastidores da NFL, mostrando tanto os desafios enfrentados pelos jogadores no campo quanto a pressão implacável fora dele. É impressionante como a narrativa foi habilmente construída com imagens de arquivo cuidadosamente selecionadas para tornar a nossa experiência ainda mais envolvente e dinâmica, capaz de nos transportar para os momentos cruciais da carreira dos Mannings.
O fato é que "The Book of Manning" transmite uma mensagem poderosa sobre o valor do trabalho árduo, da dedicação e das referências (e exemplos) familiares. Ao explorar a resiliência dos Mannings diante das adversidades, o documentário nos inspira a perseguirmos nossos sonhos e a valorizarmos nossas relações mais intimas criando assim a base para o sucesso - eu diria, inclusive, que esse é o tipo do filme para você assistir quando você achar que já fez o suficiente para se tornar o melhor naquilo que se propõe.
Se você é fã de futebol americano ou simplesmente aprecia histórias emocionantes, este documentário é a escolha perfeita!
Antes de mais nada é preciso alinhar as expectativas: "The Con" não é uma série documental - pelo menos não como estamos acostumados a encontrar nas plataformas de streaming. "The Con" é um programa de TV que está disponível em um streaming. Dito isso, a série antológica da ABC americana se apoia em um conteúdo que vem fazendo muito sucesso ultimamente: contar histórias de falcatruas pela ótica de quem sofreu a fraude e te garanto: embora cruel, é muito divertido!
Whoopi Goldberg narra esta série que explora histórias perturbadoras de pessoas enganadas por promessas que provaram serem boas demais para, de fato, serem verdadeiras. Confira o trailer do episódio de estreia (em inglês):
Veja, por se tratar de uma série para a TV, você não vai encontrar uma profundidade na narrativa - a proposta é, propositalmente, contar uma história absurda, mas sem se preocupar em conectar todos os pontos ou criar um perfil mais aprofundado dos criminosos. Muito pelo contrário, a ideia de "The Con" é entreter e para isso ele usa um formato bem estabelecido em outros gêneros (como em realities de gastronomia, transformações ou de empreendedorismo) para criar uma atmosfera de suspense e ser a base de toda uma temporada, não importando a história que está sendo contada no episódio. Do tom da narração à trilha sonora escolhida, tudo tem um certo, digamos, sensacionalismo, mas isso não quer dizer que não tenha qualidade, é só o estilo - até porquê o diretor, Star Price, vem chancelado com 10 indicações ao Emmy no currículo.
Em 8 episódios vemos desde uma fraude de identidade em um romance mentiroso até o escândalo de admissão em faculdades nos EUA, passando pelo inesquecível "Fyre Festival". A dinâmica da narrativa se propõe a revelar como as vítimas foram enganadas e mostrar o custo dessa falsa confiança – seja ela emocional ou financeira. Apresentando entrevistas com as principais pessoas envolvidas nos golpes, incluindo vítimas e testemunhas oculares e, em alguns casos, policiais e os próprios golpistas, "The Con" é aquele típico programa para relaxar, se indignar e, eventualmente, dar até umas boas risadas com nossa terrível mania de sempre julgar os fatos (e as vítimas).
Se você gostou de documentários como"Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas", "O Golpista do Tinder", "Fyre Festval" e "Educação Americana - Fraude e Privilégio" (os dois últimos, inclusive com episódios inteiramente dedicados aos fatos), ou até de séries como "Inventando Anna", "Dirty John – O Golpe do Amor", "O Paraíso e a Serpente" e "Má Educação", pode dar o play tranquilamente que sua diversão está garantida. Aliás, reparem na história Anthony Gignac, que apesar de ter nascido no estado de Michigan, usava uma identidade falsa para forjar uma origem saudita e mais do que isso: ele se declarava membro da família real; ou mesmo no caso de Marianne Smyth, uma jovem que alegou ser uma herdeira irlandesa cuja família estava tentando roubar sua enorme herança, mas que no fundo queria mesmo é ganhar muito dinheiro nas custas dos amigos (bem no estilo de Anna Delvey).
Olha, vale muito a pena como aquele entretenimento despretensioso.
Antes de mais nada é preciso alinhar as expectativas: "The Con" não é uma série documental - pelo menos não como estamos acostumados a encontrar nas plataformas de streaming. "The Con" é um programa de TV que está disponível em um streaming. Dito isso, a série antológica da ABC americana se apoia em um conteúdo que vem fazendo muito sucesso ultimamente: contar histórias de falcatruas pela ótica de quem sofreu a fraude e te garanto: embora cruel, é muito divertido!
Whoopi Goldberg narra esta série que explora histórias perturbadoras de pessoas enganadas por promessas que provaram serem boas demais para, de fato, serem verdadeiras. Confira o trailer do episódio de estreia (em inglês):
Veja, por se tratar de uma série para a TV, você não vai encontrar uma profundidade na narrativa - a proposta é, propositalmente, contar uma história absurda, mas sem se preocupar em conectar todos os pontos ou criar um perfil mais aprofundado dos criminosos. Muito pelo contrário, a ideia de "The Con" é entreter e para isso ele usa um formato bem estabelecido em outros gêneros (como em realities de gastronomia, transformações ou de empreendedorismo) para criar uma atmosfera de suspense e ser a base de toda uma temporada, não importando a história que está sendo contada no episódio. Do tom da narração à trilha sonora escolhida, tudo tem um certo, digamos, sensacionalismo, mas isso não quer dizer que não tenha qualidade, é só o estilo - até porquê o diretor, Star Price, vem chancelado com 10 indicações ao Emmy no currículo.
Em 8 episódios vemos desde uma fraude de identidade em um romance mentiroso até o escândalo de admissão em faculdades nos EUA, passando pelo inesquecível "Fyre Festival". A dinâmica da narrativa se propõe a revelar como as vítimas foram enganadas e mostrar o custo dessa falsa confiança – seja ela emocional ou financeira. Apresentando entrevistas com as principais pessoas envolvidas nos golpes, incluindo vítimas e testemunhas oculares e, em alguns casos, policiais e os próprios golpistas, "The Con" é aquele típico programa para relaxar, se indignar e, eventualmente, dar até umas boas risadas com nossa terrível mania de sempre julgar os fatos (e as vítimas).
Se você gostou de documentários como"Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas", "O Golpista do Tinder", "Fyre Festval" e "Educação Americana - Fraude e Privilégio" (os dois últimos, inclusive com episódios inteiramente dedicados aos fatos), ou até de séries como "Inventando Anna", "Dirty John – O Golpe do Amor", "O Paraíso e a Serpente" e "Má Educação", pode dar o play tranquilamente que sua diversão está garantida. Aliás, reparem na história Anthony Gignac, que apesar de ter nascido no estado de Michigan, usava uma identidade falsa para forjar uma origem saudita e mais do que isso: ele se declarava membro da família real; ou mesmo no caso de Marianne Smyth, uma jovem que alegou ser uma herdeira irlandesa cuja família estava tentando roubar sua enorme herança, mas que no fundo queria mesmo é ganhar muito dinheiro nas custas dos amigos (bem no estilo de Anna Delvey).
Olha, vale muito a pena como aquele entretenimento despretensioso.
Antes de assistir "The Dropout" eu sugiro que você conheça a história da Theranos, especificamente de sua fundadora Elizabeth Holmes. Não que a minissérie do Hulu (aqui no Brasil distribuída pelo Disney+) baseada no podcast homônimo apresentado por Rebecca Jarvis e produzido pela ABC News, não seja suficiente o bastante para nos mostrar um recorte bem relevante do que foi a jornada dessa staturp que transformou seu valuation de 10 bilhões em zero "da noite para o dia", mas te garanto: se você assistir o documentário da HBO, "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício", sua experiência será outra - muito mais completa (e curiosa)!
Elizabeth Holmes (Amanda Seyfried) é uma jovem empresária que afirmou ter criado uma forma revolucionária de analisar exames de sangue, utilizando apenas uma pequena gota tirada do dedo ela seria capaz de identificar 200 doenças com um custo de apenas dez dólares. Rapidamente, Holmes conquistou o desejo de investidores e se tornou uma das pessoas mais ricas e influentes do Vale do Silício, se apoiando na promessa de "disruptar" o mercado valioso de biotecnologia. A grande questão é que tudo ficou na promessa e mesmo com um propósito real, Elizabeth Holmes se tornou uma pária quando o mundo descobriu que tudo não passou de uma grande fraude. Confira o trailer (em inglês):
Antes de sucessos como "Inventando Anna" ou "Fyre Festival", era difícil acreditar que uma jovem de 19 anos sem o que chamamos de track record (uma espécie de histórico de sucesso) no universo empreendedor, seria capaz de fazer com que investidores, cientistas e até políticos comprassem uma ideia que sequer havia sido testada e, pior, comprovada. Mas é exatamente o que Elizabeth Holmes, uma ex-aluna de Stanford, fez após largar a faculdade (por isso o nome "dropout" do título) em 2003.
Embora o roteiro da minissérie sofra para retratar todos os anos entre o desejo, a ideia, a construção e a derrocada da Theranos, deixando alguns personagens importantes completamente fora de contexto (e de continuidade) dentro da narrativa, é de se elogiar a forma como a linha temporal é construída. Divida em capítulos, respeitando a minutagem de cada episódio, "The Dropout" não se preocupa com os saltos temporais, nem com a consistência da história para criar um drama envolvente e cercado de muitas curiosidades. Ao estabelecer a relação entre Holmes e o co-CEO Sunny Balwani (Naveen Andrews), embarcamos na intimidade da personagem e como suas conquistas ajudaram a transformar sua personalidade perante todos que a rodeavam. A frase clássica já no último episódio define exatamente essa profundidade e complexidade que Amanda Seyfried conseguiu entregar - ela pergunta para a mãe: “Se você escolhe esquecer de algumas coisas, isso é o mesmo que mentir?”
O tom da minissérie deixa a veracidade das situações um pouco em segundo plano para priorizar conflitos encenados e carregar no drama - o trio de diretores, Michael Showalter (de "Os Olhos de Tammy Faye"), Francesa Gregorini (de "Killing Eve") e Erica Watson (de "Snowpiercer") são muito competentes em encontrar o cerne de tensão de cada cena, de cada interação da protagonista com seus investidores, colaboradores e familiares, sem carregar no didatismo. Com isso "The Dropout" acaba equilibrando o elemento documental da história com o entretenimento dinâmico da proposta narrativa, impondo uma experiência das mais agradáveis, até para aqueles pouco envolvidos no universo de startups que anda tão em alta.
Vale muito o seu play!
Antes de assistir "The Dropout" eu sugiro que você conheça a história da Theranos, especificamente de sua fundadora Elizabeth Holmes. Não que a minissérie do Hulu (aqui no Brasil distribuída pelo Disney+) baseada no podcast homônimo apresentado por Rebecca Jarvis e produzido pela ABC News, não seja suficiente o bastante para nos mostrar um recorte bem relevante do que foi a jornada dessa staturp que transformou seu valuation de 10 bilhões em zero "da noite para o dia", mas te garanto: se você assistir o documentário da HBO, "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício", sua experiência será outra - muito mais completa (e curiosa)!
Elizabeth Holmes (Amanda Seyfried) é uma jovem empresária que afirmou ter criado uma forma revolucionária de analisar exames de sangue, utilizando apenas uma pequena gota tirada do dedo ela seria capaz de identificar 200 doenças com um custo de apenas dez dólares. Rapidamente, Holmes conquistou o desejo de investidores e se tornou uma das pessoas mais ricas e influentes do Vale do Silício, se apoiando na promessa de "disruptar" o mercado valioso de biotecnologia. A grande questão é que tudo ficou na promessa e mesmo com um propósito real, Elizabeth Holmes se tornou uma pária quando o mundo descobriu que tudo não passou de uma grande fraude. Confira o trailer (em inglês):
Antes de sucessos como "Inventando Anna" ou "Fyre Festival", era difícil acreditar que uma jovem de 19 anos sem o que chamamos de track record (uma espécie de histórico de sucesso) no universo empreendedor, seria capaz de fazer com que investidores, cientistas e até políticos comprassem uma ideia que sequer havia sido testada e, pior, comprovada. Mas é exatamente o que Elizabeth Holmes, uma ex-aluna de Stanford, fez após largar a faculdade (por isso o nome "dropout" do título) em 2003.
Embora o roteiro da minissérie sofra para retratar todos os anos entre o desejo, a ideia, a construção e a derrocada da Theranos, deixando alguns personagens importantes completamente fora de contexto (e de continuidade) dentro da narrativa, é de se elogiar a forma como a linha temporal é construída. Divida em capítulos, respeitando a minutagem de cada episódio, "The Dropout" não se preocupa com os saltos temporais, nem com a consistência da história para criar um drama envolvente e cercado de muitas curiosidades. Ao estabelecer a relação entre Holmes e o co-CEO Sunny Balwani (Naveen Andrews), embarcamos na intimidade da personagem e como suas conquistas ajudaram a transformar sua personalidade perante todos que a rodeavam. A frase clássica já no último episódio define exatamente essa profundidade e complexidade que Amanda Seyfried conseguiu entregar - ela pergunta para a mãe: “Se você escolhe esquecer de algumas coisas, isso é o mesmo que mentir?”
O tom da minissérie deixa a veracidade das situações um pouco em segundo plano para priorizar conflitos encenados e carregar no drama - o trio de diretores, Michael Showalter (de "Os Olhos de Tammy Faye"), Francesa Gregorini (de "Killing Eve") e Erica Watson (de "Snowpiercer") são muito competentes em encontrar o cerne de tensão de cada cena, de cada interação da protagonista com seus investidores, colaboradores e familiares, sem carregar no didatismo. Com isso "The Dropout" acaba equilibrando o elemento documental da história com o entretenimento dinâmico da proposta narrativa, impondo uma experiência das mais agradáveis, até para aqueles pouco envolvidos no universo de startups que anda tão em alta.
Vale muito o seu play!
"The Killing", para mim, é uma das melhores séries de drama policial já produzida - um dos raros casos que a versão americana é melhor ou, no mínimo, tão boa quanto a versão original! A série foi um verdadeiro sucesso em 2011, quando chegou a receber 6 indicações ao Emmy daquele ano. Com uma narrativa muito bem equilibrada e extremamente envolvente, a série mistura elementos de suspense e mistério capaz de prender a nossa atenção desde o primeiro até o último episódio, bem ao estilo das minisséries de crimes da HBO - aliás, talvez aqui caiba minha única crítica à produção, mesmo entendendo que eram outros tempos: ela poderia ter terminado no final da segunda temporada, mas o fato é que seu final só foi na quarta. Com uma trama meticulosamente elaborada e uma direção impecável, a série nos conduz por uma jornada intensa e repleta de reviravoltas que vai te surpreender.
Baseada na dinamarquesa "Forbrydelsen", "The Killing" se passa em Seattle e acompanha a detetive Sarah Linden (Mireille Enos) e seu parceiro Stephen Holder (Joel Kinnaman) enquanto investigam o assassinato da adolescente Rosie Larsen. O que parece ser um caso isolado acaba se tornando uma teia complexa de mistérios e segredos, envolvendo políticos, famílias influentes e até a própria polícia. Confira o trailer (em inglês):
Sem dúvida que o estilo de narrativa de "The Killing" é marcado por uma abordagem bastante cuidadosa, extremamente detalhada, para que as peças apresentadas, encaixadas ou não, nos deixem cheios de dúvidas. Cada episódio, de fato, é repleto de pistas e diálogos bem estruturados para que não tenhamos a sensação de estarmos sendo "enrolados". Soma-se a isso uma atmosfera sombria (brilhantemente fotografado, em sua maioria, pelo Gregory Middleton de "Game of Thrones" e "Watchmen") que contribui demais para a tensão crescente da trama.
Os personagens também são muito bem construídos - não existe superficialidade. Todos são bem desenvolvidos ao longo das temporadas de forma a percebermos suas complexidades - seja no que existe de melhor e de pior no ser humano. Mireille Enos entrega uma performance cativante como a determinada detetive Linden, cuja dedicação à resolução do caso muitas vezes a coloca em conflito com sua própria vida pessoal. Joel Kinnaman também se destaca como o carismático e perspicaz Stephen Holder, trazendo um equilíbrio perfeito para a dupla de investigadores. Os dois dão um show - nos importamos com eles!
Assim como alguns filmes no estilo "Garota Exemplar" ou até séries como "Sharp Objects" ou "The Night Of", "The Killing" desafia as convenções do gênero ao partir de um crime e sua investigação, para explorar temas ainda mais profundos sobre a natureza humana, as consequências de algumas escolhas e o preço da busca pela verdade. Eu diria que essa série é uma das experiências mais intensas e satisfatórias de uma era pré-streaming que vai prender os amantes de suspense e dramas policiais bem elaborados, como poucas - pode me cobrar depois!
Se prepare e dê o play sem medo!
"The Killing", para mim, é uma das melhores séries de drama policial já produzida - um dos raros casos que a versão americana é melhor ou, no mínimo, tão boa quanto a versão original! A série foi um verdadeiro sucesso em 2011, quando chegou a receber 6 indicações ao Emmy daquele ano. Com uma narrativa muito bem equilibrada e extremamente envolvente, a série mistura elementos de suspense e mistério capaz de prender a nossa atenção desde o primeiro até o último episódio, bem ao estilo das minisséries de crimes da HBO - aliás, talvez aqui caiba minha única crítica à produção, mesmo entendendo que eram outros tempos: ela poderia ter terminado no final da segunda temporada, mas o fato é que seu final só foi na quarta. Com uma trama meticulosamente elaborada e uma direção impecável, a série nos conduz por uma jornada intensa e repleta de reviravoltas que vai te surpreender.
Baseada na dinamarquesa "Forbrydelsen", "The Killing" se passa em Seattle e acompanha a detetive Sarah Linden (Mireille Enos) e seu parceiro Stephen Holder (Joel Kinnaman) enquanto investigam o assassinato da adolescente Rosie Larsen. O que parece ser um caso isolado acaba se tornando uma teia complexa de mistérios e segredos, envolvendo políticos, famílias influentes e até a própria polícia. Confira o trailer (em inglês):
Sem dúvida que o estilo de narrativa de "The Killing" é marcado por uma abordagem bastante cuidadosa, extremamente detalhada, para que as peças apresentadas, encaixadas ou não, nos deixem cheios de dúvidas. Cada episódio, de fato, é repleto de pistas e diálogos bem estruturados para que não tenhamos a sensação de estarmos sendo "enrolados". Soma-se a isso uma atmosfera sombria (brilhantemente fotografado, em sua maioria, pelo Gregory Middleton de "Game of Thrones" e "Watchmen") que contribui demais para a tensão crescente da trama.
Os personagens também são muito bem construídos - não existe superficialidade. Todos são bem desenvolvidos ao longo das temporadas de forma a percebermos suas complexidades - seja no que existe de melhor e de pior no ser humano. Mireille Enos entrega uma performance cativante como a determinada detetive Linden, cuja dedicação à resolução do caso muitas vezes a coloca em conflito com sua própria vida pessoal. Joel Kinnaman também se destaca como o carismático e perspicaz Stephen Holder, trazendo um equilíbrio perfeito para a dupla de investigadores. Os dois dão um show - nos importamos com eles!
Assim como alguns filmes no estilo "Garota Exemplar" ou até séries como "Sharp Objects" ou "The Night Of", "The Killing" desafia as convenções do gênero ao partir de um crime e sua investigação, para explorar temas ainda mais profundos sobre a natureza humana, as consequências de algumas escolhas e o preço da busca pela verdade. Eu diria que essa série é uma das experiências mais intensas e satisfatórias de uma era pré-streaming que vai prender os amantes de suspense e dramas policiais bem elaborados, como poucas - pode me cobrar depois!
Se prepare e dê o play sem medo!
"The Mandalorian" é sem dúvida o maior acerto do Universo "Stars Wars" em muito tempo! A série da Disney+ foi capaz de captar a essência, tanto visual quanto narrativa, que parecia estar perdida em uma sequência de equívocos que colocaram em dúvida a capacidade da própria Disney em perpetuar uma franquia de sucesso e com tantos fãs - e mais uma vez, o streaming parece ter conseguido colocar o conceito criativo do próprio George Lucas nos eixos logo na estreia!
Ambientada na linha do tempo de "Star Wars" entre a "Era da Rebelião" de "Retorno de Jedi", cinco anos após a queda do Império, e a "Era da Resistência", 25 anos antes da ascensão da Primeira Ordem de "O Despertar da Força", "The Mandalorian" mostra a derrocada do Império quando a Galáxia se torna uma terra de ninguém, caótica, repleta de caçadores de recompensas, entre eles, o próprio "Mando" - como é conhecido por onde passa.
Com uma estrutura narrativa bem próxima de um "procedural", com episódios independentes entre si, que focam em uma nova missão do protagonista por semana, a trama traz uma arco maior muito interessante e que funciona como linha condutora para unir, de certa forma, toda temporada: o Mandalorian precisa proteger uma criatura chamada de "The Child", que também ficou conhecida como "Baby Yoda" - aqui cabe uma observação importante: ele não é o Mestre Yoda de Star Wars, eles são somente da mesma espécie e pertencem a uma ordem de "feiticeiros" conhecida como Jedi (assim se explica na primeira temporada)! Vamos ao trailer:
É natural uma certa confusão inicial para aqueles que não seguem o Universo Star Wars quase como uma religião - de fato, faltam referências mais óbvias para estabelecer o momento exato na linha do tempo e, vou além, para apresentar as peculiaridades daqueles personagens. Porém, quem tem algum conhecimento dos três primeiros filmes da franquia, ou melhor, os episódios IV, V e VI; facilmente embarca na jornada do personagem justamente pelo alinhamento conceitual que o diretorJon Favreau conseguiu recuperar.
Claramente inspirado nos filmes de western, "The Mandalorian" equilibra muito bem aquela ficção cientifica raiz com a ação e os tiroteios do "velho oeste", em troca de algumas moedas. Não que os próprios filmes da franquia também não possuam essa inspiração, mas aqui é tudo mais claro - não existe (pelo menos por enquanto) a necessidade do protagonista se tornar algo maior ou importante demais para todo o universo: o foco é sobreviver de pequenos bicos enquanto tenta se livrar do "Baby Yoda".
Como em "WandaVision", a série original do Disney+ também não economiza na produção e muito menos relativiza os aspectos os aspectos técnicos e artistisicos por se tratar de um projeto para o streaming - isso não existe mais e aqui temos outra prova desse posicionamento! Desde os efeitos especiais, passando pela trilha sonora, edição de som, fotografia, desenho de produção, enquadramentos e até as coreografias das cenas de ação que são deslumbrantes, tudo tem nível de blockbuster! Então, se você é fã de Star Wars, claro que a série é imperdível, mas caso você queira iniciar essa jornada eu sugiro: assista os filmes I, II, III, IV, V e VI e depois venha voando para "The Mandalorian"!
"The Mandalorian" é sem dúvida o maior acerto do Universo "Stars Wars" em muito tempo! A série da Disney+ foi capaz de captar a essência, tanto visual quanto narrativa, que parecia estar perdida em uma sequência de equívocos que colocaram em dúvida a capacidade da própria Disney em perpetuar uma franquia de sucesso e com tantos fãs - e mais uma vez, o streaming parece ter conseguido colocar o conceito criativo do próprio George Lucas nos eixos logo na estreia!
Ambientada na linha do tempo de "Star Wars" entre a "Era da Rebelião" de "Retorno de Jedi", cinco anos após a queda do Império, e a "Era da Resistência", 25 anos antes da ascensão da Primeira Ordem de "O Despertar da Força", "The Mandalorian" mostra a derrocada do Império quando a Galáxia se torna uma terra de ninguém, caótica, repleta de caçadores de recompensas, entre eles, o próprio "Mando" - como é conhecido por onde passa.
Com uma estrutura narrativa bem próxima de um "procedural", com episódios independentes entre si, que focam em uma nova missão do protagonista por semana, a trama traz uma arco maior muito interessante e que funciona como linha condutora para unir, de certa forma, toda temporada: o Mandalorian precisa proteger uma criatura chamada de "The Child", que também ficou conhecida como "Baby Yoda" - aqui cabe uma observação importante: ele não é o Mestre Yoda de Star Wars, eles são somente da mesma espécie e pertencem a uma ordem de "feiticeiros" conhecida como Jedi (assim se explica na primeira temporada)! Vamos ao trailer:
É natural uma certa confusão inicial para aqueles que não seguem o Universo Star Wars quase como uma religião - de fato, faltam referências mais óbvias para estabelecer o momento exato na linha do tempo e, vou além, para apresentar as peculiaridades daqueles personagens. Porém, quem tem algum conhecimento dos três primeiros filmes da franquia, ou melhor, os episódios IV, V e VI; facilmente embarca na jornada do personagem justamente pelo alinhamento conceitual que o diretorJon Favreau conseguiu recuperar.
Claramente inspirado nos filmes de western, "The Mandalorian" equilibra muito bem aquela ficção cientifica raiz com a ação e os tiroteios do "velho oeste", em troca de algumas moedas. Não que os próprios filmes da franquia também não possuam essa inspiração, mas aqui é tudo mais claro - não existe (pelo menos por enquanto) a necessidade do protagonista se tornar algo maior ou importante demais para todo o universo: o foco é sobreviver de pequenos bicos enquanto tenta se livrar do "Baby Yoda".
Como em "WandaVision", a série original do Disney+ também não economiza na produção e muito menos relativiza os aspectos os aspectos técnicos e artistisicos por se tratar de um projeto para o streaming - isso não existe mais e aqui temos outra prova desse posicionamento! Desde os efeitos especiais, passando pela trilha sonora, edição de som, fotografia, desenho de produção, enquadramentos e até as coreografias das cenas de ação que são deslumbrantes, tudo tem nível de blockbuster! Então, se você é fã de Star Wars, claro que a série é imperdível, mas caso você queira iniciar essa jornada eu sugiro: assista os filmes I, II, III, IV, V e VI e depois venha voando para "The Mandalorian"!
Muito criativa, "The Old Man" tem um pouquinho de "Slow Horses, de "Homeland" e até de "Jack Ryan", mas acredite, por incrível que pareça, essa série do Disney+ não é nada do que você já viu quando o assunto é espionagem! Lançada em 2022 e criada por Jonathan E. Steinberg e Robert Levine, "The Old Man" é mais cadenciada do que o gênero pede, tem menos ação, mais drama e uma boa pitada de suspense. Por ser baseada no romance de Thomas Perry, a produção se apropria de uma narrativa sombria e complexa sobre segredos profundos em mundo que sempre viveu sob as sombras do terrorismo e onde algumas conexões do passado simplesmente perdem todo o sentindo quando as peças do tabuleiro se movimentam até o presente. A série co-estrelada por Jeff Bridges e John Lithgow, mergulha no mundo de um ex-agente da CIA que, após décadas de reclusão, se vê forçado a voltar à ação quando alguns segredos finalmente vêm à tona. Saiba que você está diante de uma das melhores séries daquele ano!
A trama segue Dan Chase (Jeff Bridges), um ex-agente que vive uma vida tranquila e isolada após desaparecer do radar da CIA por décadas. Contudo, sua vida pacífica é interrompida quando um assassino tenta eliminá-lo, forçando Chase a sair da aposentadoria e embarcar em uma luta pela sobrevivência. Ao longo da série, segredos antigos e ligações de Chase com o Oriente Médio são revelados, enquanto ele tenta proteger sua filha e desmantelar uma enorme conspiração. O FBI, liderado pelo agente Harold Harper (John Lithgow), também entra em cena tentando capturar Chase, enquanto ele próprio se questiona sobre sua lealdade e, principalmente, sobre sua moralidade. Confira o trailer:
Jonathan E. Steinberg e Robert Levine, conhecidos por seu trabalho em "Black Sails", "See" e "Jericho", entregam uma narrativa muito interessante a partir de uma proposta que mistura ação com uma profunda introspecção psicológica. "The Old Man" sabe equilibrar ótimas cenas de perseguição e combate com uma abordagem mais reflexiva sobre o envelhecimento, sobre a traição e sobre o peso de um passado violento que insiste em voltar para os holofotes - repare como as narrações em "off" se comunicam com a trama, trazendo um subtexto cheio de camadas, quase poético eu diria. O roteiro nesse sentido, é bem construído e mantém a audiência presa à trama com reviravoltas e flashbacks que revelam gradualmente os eventos que moldaram tanto Chase quanto Harper, criando um nível de complexidade que só enriquece ambos os personagens.
A direção de "The Old Man" foi orquestrada por nada menos que Jon Watts (da trilogia "Homem-Aranha"). Sua proposta, levada pelo resto da temporada por diretores do nível de Jet Wilkinson (de "Demolidor") e Greg Yaitanes (de "Manhunt"), é eficiente em capturar o tom sombrio e tenso da história, com uma gramática cinematográfica que utiliza planos mais fechados e cenas escuras para aumentar a sensação de claustrofobia e incerteza que a trama pede - o estado de espírito dos personagens e o isolamento emocional que os define, são bons exemplos de como a "forma" impacta o "conteúdo" por aqui. Aliás, é devido esse conceito que Jeff Bridges talvez entregue uma das suas melhores performances da sua carreira como Dan Chase - sua combinação de força física e vulnerabilidade emocional dá ao personagem uma sensação palpável de cansaço e desgaste, mas também de uma resiliência silenciosa que transita entre o desejo de escapar de sua antiga vida e a necessidade de lutar para proteger aqueles que fazem do presente uma luz de esperança. John Lithgow, como Harold Harper, é igualmente impressionante. Sua interpretação de um agente do FBI que se vê dividido entre lealdades pessoais e profissionais adiciona camadas de ambiguidade moral à série que traz ao personagem um toque de humanidade em um conflito interno permanente que contrasta demais com o pragmatismo implacável de Chase.
Como não poderia deixar de ser, as interações entre Bridges e Lithgow são um dos pontos altos de "The Old Man", criando uma dinâmica rica em tensão e respeito mútuo, enquanto cada um tenta superar o outro em uma espécie de jogo mental de "gato e rato". Mas não é só isso, a atmosfera tensa e a trama bem amarrada trazem para a série um senso de iminente perigo que permeia toda temporada, mesmo quando a narrativa desacelera - por isso tenha paciência que em algum momento ela vai te envolver como você nem imagina. "The Old Man" é um thriller imperdível por sua exploração fascinante das consequências de uma vida marcada por segredos e pela violência, com personagens que enfrentam dilemas morais e que lutam contra o peso de seu passado - prato cheio para que busca um ótimo drama politico!
Vale muito o seu play!
Muito criativa, "The Old Man" tem um pouquinho de "Slow Horses, de "Homeland" e até de "Jack Ryan", mas acredite, por incrível que pareça, essa série do Disney+ não é nada do que você já viu quando o assunto é espionagem! Lançada em 2022 e criada por Jonathan E. Steinberg e Robert Levine, "The Old Man" é mais cadenciada do que o gênero pede, tem menos ação, mais drama e uma boa pitada de suspense. Por ser baseada no romance de Thomas Perry, a produção se apropria de uma narrativa sombria e complexa sobre segredos profundos em mundo que sempre viveu sob as sombras do terrorismo e onde algumas conexões do passado simplesmente perdem todo o sentindo quando as peças do tabuleiro se movimentam até o presente. A série co-estrelada por Jeff Bridges e John Lithgow, mergulha no mundo de um ex-agente da CIA que, após décadas de reclusão, se vê forçado a voltar à ação quando alguns segredos finalmente vêm à tona. Saiba que você está diante de uma das melhores séries daquele ano!
A trama segue Dan Chase (Jeff Bridges), um ex-agente que vive uma vida tranquila e isolada após desaparecer do radar da CIA por décadas. Contudo, sua vida pacífica é interrompida quando um assassino tenta eliminá-lo, forçando Chase a sair da aposentadoria e embarcar em uma luta pela sobrevivência. Ao longo da série, segredos antigos e ligações de Chase com o Oriente Médio são revelados, enquanto ele tenta proteger sua filha e desmantelar uma enorme conspiração. O FBI, liderado pelo agente Harold Harper (John Lithgow), também entra em cena tentando capturar Chase, enquanto ele próprio se questiona sobre sua lealdade e, principalmente, sobre sua moralidade. Confira o trailer:
Jonathan E. Steinberg e Robert Levine, conhecidos por seu trabalho em "Black Sails", "See" e "Jericho", entregam uma narrativa muito interessante a partir de uma proposta que mistura ação com uma profunda introspecção psicológica. "The Old Man" sabe equilibrar ótimas cenas de perseguição e combate com uma abordagem mais reflexiva sobre o envelhecimento, sobre a traição e sobre o peso de um passado violento que insiste em voltar para os holofotes - repare como as narrações em "off" se comunicam com a trama, trazendo um subtexto cheio de camadas, quase poético eu diria. O roteiro nesse sentido, é bem construído e mantém a audiência presa à trama com reviravoltas e flashbacks que revelam gradualmente os eventos que moldaram tanto Chase quanto Harper, criando um nível de complexidade que só enriquece ambos os personagens.
A direção de "The Old Man" foi orquestrada por nada menos que Jon Watts (da trilogia "Homem-Aranha"). Sua proposta, levada pelo resto da temporada por diretores do nível de Jet Wilkinson (de "Demolidor") e Greg Yaitanes (de "Manhunt"), é eficiente em capturar o tom sombrio e tenso da história, com uma gramática cinematográfica que utiliza planos mais fechados e cenas escuras para aumentar a sensação de claustrofobia e incerteza que a trama pede - o estado de espírito dos personagens e o isolamento emocional que os define, são bons exemplos de como a "forma" impacta o "conteúdo" por aqui. Aliás, é devido esse conceito que Jeff Bridges talvez entregue uma das suas melhores performances da sua carreira como Dan Chase - sua combinação de força física e vulnerabilidade emocional dá ao personagem uma sensação palpável de cansaço e desgaste, mas também de uma resiliência silenciosa que transita entre o desejo de escapar de sua antiga vida e a necessidade de lutar para proteger aqueles que fazem do presente uma luz de esperança. John Lithgow, como Harold Harper, é igualmente impressionante. Sua interpretação de um agente do FBI que se vê dividido entre lealdades pessoais e profissionais adiciona camadas de ambiguidade moral à série que traz ao personagem um toque de humanidade em um conflito interno permanente que contrasta demais com o pragmatismo implacável de Chase.
Como não poderia deixar de ser, as interações entre Bridges e Lithgow são um dos pontos altos de "The Old Man", criando uma dinâmica rica em tensão e respeito mútuo, enquanto cada um tenta superar o outro em uma espécie de jogo mental de "gato e rato". Mas não é só isso, a atmosfera tensa e a trama bem amarrada trazem para a série um senso de iminente perigo que permeia toda temporada, mesmo quando a narrativa desacelera - por isso tenha paciência que em algum momento ela vai te envolver como você nem imagina. "The Old Man" é um thriller imperdível por sua exploração fascinante das consequências de uma vida marcada por segredos e pela violência, com personagens que enfrentam dilemas morais e que lutam contra o peso de seu passado - prato cheio para que busca um ótimo drama politico!
Vale muito o seu play!
"This is Us" talvez tenha sido a melhor série da TV aberta americana (produzida e exibida pela NBC) dos últimos tempos - certamente de 2016 foi, tanto que foi a única série de TV aberta finalista do último Globo de Ouro. "This is Us" é excelente e se você ainda não assistiu, por favor, faça isso por você! Embora o marketing tenha focado na premissa dos personagens principais terem nascido no mesmo dia e isso não ter representado absolutamente nada no desenvolvimento narrativo das temporadas iniciais, sendo apenas o ponto de partida. "This is Us" vai muito além - é uma série sobre sensível sobre as relações familiares, sobre como o passado é importante na construção dos vínculos que temos com o presente, de como nossa personalidade amadurece (ou não) e de como cada fase da nossa vida é essencial para o nosso aprendizado e crescimento.
Criada por Dan Fogelman, a série acompanha o cotidiano da família Pearson durante várias linhas do tempo. Depois da morte de um dos seus trigêmeos no parte, o casal Rebecca (Mandy Moore) e Jack (Milo Ventimiglia) decidem adotar um recém nascido que acabara de ser resgatado pelos bombeiros. Durante os episódios, a série apresenta os problemas e dilemas dos Pearsons enquanto família e também tentando entender a vida particular de seus filhos depois de adultos: Randall (Sterling K. Brown) um advogado lidando com a volta de seu pai biológico, Kevin (Justin Hartley), um ator de televisão buscando novas oportunidades no teatro e Kate (Chrissy Metz), uma mulher tentando lidar com seu peso e superar traumas da infância. Confira o trailer:
O roteiro de "This is Us" trabalha muito bem a falta de linearidade das histórias - vamos do presente para o passado em um piscar de olhos e com isso nos surpreendemos com a forma como os arcos vão sendo desenvolvidos e encaixados! Esse conceito narrativo ajuda a construir a personalidade de cada um dos personagens como se estivéssemos abrindo um enorme álbum de fotos, sem seguir uma cronologia exata, mas sempre se apegando aos assuntos mais relevantes da vida de cada um - e é isso que nos prende aos episódios. O primeiro, que ainda pode ser chamado de piloto, já entrega a genialidade de Fogelman em nos surpreender pouco a pouco. Os atores estão muito bem, destaque para Brown (vencedor o Globo de Ouro), Jones e para Metz.
A verdade é que "This is Us"não traz nada de novo na forma ou no conteúdo, mas tem o mérito de aperfeiçoar a estrutura dramática de histórias pensadas para a TV aberta do começo dos anos 2000, sempre com uma bela trilha sonora de fundo e uma carga dramática bem potente - aquelas de desidratar de chorar, sabe? A série trouxe o melhor de "What about Brian" e de "Reunion" (séries que não funcionaram muito bem na época por estarem um pouco fora do Zeitgeist), mas que tinham qualidade e inovações interessantes e aqui melhor desenvolvidas e com um conceito mais claro para quem estava disposto esperar uma semana para o próximo episódios.
Mesmo "This is Us" sendo uma obra-prima pré-streaming, pode encarar a jornada que você não vai se arrepender - e melhor: a série tem um final! Dito isso, vale o play com muita segurança, mas tenha sempre um lenço de papel do lado - você vai precisar!
"This is Us" talvez tenha sido a melhor série da TV aberta americana (produzida e exibida pela NBC) dos últimos tempos - certamente de 2016 foi, tanto que foi a única série de TV aberta finalista do último Globo de Ouro. "This is Us" é excelente e se você ainda não assistiu, por favor, faça isso por você! Embora o marketing tenha focado na premissa dos personagens principais terem nascido no mesmo dia e isso não ter representado absolutamente nada no desenvolvimento narrativo das temporadas iniciais, sendo apenas o ponto de partida. "This is Us" vai muito além - é uma série sobre sensível sobre as relações familiares, sobre como o passado é importante na construção dos vínculos que temos com o presente, de como nossa personalidade amadurece (ou não) e de como cada fase da nossa vida é essencial para o nosso aprendizado e crescimento.
Criada por Dan Fogelman, a série acompanha o cotidiano da família Pearson durante várias linhas do tempo. Depois da morte de um dos seus trigêmeos no parte, o casal Rebecca (Mandy Moore) e Jack (Milo Ventimiglia) decidem adotar um recém nascido que acabara de ser resgatado pelos bombeiros. Durante os episódios, a série apresenta os problemas e dilemas dos Pearsons enquanto família e também tentando entender a vida particular de seus filhos depois de adultos: Randall (Sterling K. Brown) um advogado lidando com a volta de seu pai biológico, Kevin (Justin Hartley), um ator de televisão buscando novas oportunidades no teatro e Kate (Chrissy Metz), uma mulher tentando lidar com seu peso e superar traumas da infância. Confira o trailer:
O roteiro de "This is Us" trabalha muito bem a falta de linearidade das histórias - vamos do presente para o passado em um piscar de olhos e com isso nos surpreendemos com a forma como os arcos vão sendo desenvolvidos e encaixados! Esse conceito narrativo ajuda a construir a personalidade de cada um dos personagens como se estivéssemos abrindo um enorme álbum de fotos, sem seguir uma cronologia exata, mas sempre se apegando aos assuntos mais relevantes da vida de cada um - e é isso que nos prende aos episódios. O primeiro, que ainda pode ser chamado de piloto, já entrega a genialidade de Fogelman em nos surpreender pouco a pouco. Os atores estão muito bem, destaque para Brown (vencedor o Globo de Ouro), Jones e para Metz.
A verdade é que "This is Us"não traz nada de novo na forma ou no conteúdo, mas tem o mérito de aperfeiçoar a estrutura dramática de histórias pensadas para a TV aberta do começo dos anos 2000, sempre com uma bela trilha sonora de fundo e uma carga dramática bem potente - aquelas de desidratar de chorar, sabe? A série trouxe o melhor de "What about Brian" e de "Reunion" (séries que não funcionaram muito bem na época por estarem um pouco fora do Zeitgeist), mas que tinham qualidade e inovações interessantes e aqui melhor desenvolvidas e com um conceito mais claro para quem estava disposto esperar uma semana para o próximo episódios.
Mesmo "This is Us" sendo uma obra-prima pré-streaming, pode encarar a jornada que você não vai se arrepender - e melhor: a série tem um final! Dito isso, vale o play com muita segurança, mas tenha sempre um lenço de papel do lado - você vai precisar!
Embora não seja minha preferência, eu definitivamente entendo as escolhas conceituais de "Thor: Amor e Trovão" e como a escolha do diretor Taika Waititi (de "Jojo Rabbit") potencializou uma construção de um sub-gênero dentro do MCU muito mais próximo do "pastelão" do que de um desenvolvimento de um realismo mais fantástico ou até mitológico dos personagens - não que isso não exista, mas é inegável que a aposta da Marvel em trazer um mood mais leve para alguns de seus heróis, agora ganhou status de "receita de bolo". Em outras palavras, "Thor: Amor e Trovão" é tão divertido quanto bobinho, bem na levada autoral que Waititi imprimiu em “Ragnarok”, de 2017, definido pelo próprio Estúdio como "uma aventura cósmica e cômica".
Aqui, o "Deus do Trovão" embarca em uma jornada diferente de tudo que já viveu: uma jornada de autoconhecimento. Contudo, sua busca é comprometida por um assassino galáctico conhecido como Gorr (Christian Bale), o Carniceiro dos Deuses, que deseja a extinção dessas figuras mitológicas. Para combater essa ameaça, Thor (Chris Hemsworth) pede a ajuda de Rei Valkiria (Tessa Thompson), Korg (Taika Waititi) e da ex-namorada Jane Foster (Natalie Portman). Juntos, eles se lançam em uma terrível aventura cósmica para desvendar o mistério da vingança do Carniceiro dos Deuses e detê-lo antes que seja tarde demais. Confira o trailer:
Essa liberdade autoral que a Marvel vem imprimindo cada vez mais em seus títulos, sem dúvida alguma, traz algum frescor para os filmes de herói, mas ao mesmo tempo nos afasta daquela unidade dramática que o próprio Estúdio apresentou em suas primeiras fases (principalmente no inicio da jornada, nas fases 1 e 2). Na prática, os filmes perdem certa coerência e passam a servir muito mais de vitrine para que os diretores deixem sua marca, onde, normalmente, eles se sentem mais confortáveis, ao invés de trabalhar a favor do "todo". Em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", por exemplo, Sam Raimi deu o seu tom e funcionou magistralmente; em "Eternos", Chloé Zhao impôs o seu ritmo com status de "super star" ganhadora do Oscar e já não conseguiu o mesmo sucesso, porém em ambos os casos era perceptível uma linha mais, digamos, adulta.
Em "Thor: Amor e Trovão" pegue isso e jogue fora, pois existe uma certa infantilização da narrativa que vai dividir opiniões - mesmo quando o diretor traz o drama para os holofotes. Ok, mas o filme é ruim? Claro que não - a aventura é muito divertida, temos muitas cenas de ação bem construídas e até várias sacadas inteligentes do roteiro - mas a sensação que fica é que o filme é bobo! Talvez o Gorr de Christian Bale seja o único personagem que traz uma certa profundidade dramática - nem o fato das vitimas serem crianças nos fazem ter empatia pela jornada de Thor. Por outro lado a chegada da "Poderosa Thor" na história é impactante - lembra um pouco a chegada da Capitã Marvel em "Vingadores - Ultimato" e aí sim temos uma conexão mais forte com a personagem.
O fato é que essa produção da Marvel se encaixa muito mais naquela prateleira de "entretenimento despretensioso" do que na de um "grande filme do gênero" - eu diria que "Thor: Amor e Trovão" é o filme que mais se apoia na comédia de todo MCU até aqui. Eu, pessoalmente, não gosto - até porquê eu tenho a referência saudosista da animação clássica de 1966, que no Brasil teve sua exibição nas décadas de 70 e 80. Essa informalidade cinematográfica de Waititi rende sim algumas boas risadas, muita criatividade (destaco a trilha sonora e a homenagem ao "Guns N'Roses" que o diretor faz) e umas ótimas duas horas de diversão em meio a um visual deslumbrante (até quando o "preto e branco" ganha força em seu simbolismo); o que nos facilita muito no momento da indicação: se você gostou de “Thor: Ragnarok” vai gostar de "Thor: Amor e Trovão" (porém o inverso também será verdadeiro).
Embora não seja minha preferência, eu definitivamente entendo as escolhas conceituais de "Thor: Amor e Trovão" e como a escolha do diretor Taika Waititi (de "Jojo Rabbit") potencializou uma construção de um sub-gênero dentro do MCU muito mais próximo do "pastelão" do que de um desenvolvimento de um realismo mais fantástico ou até mitológico dos personagens - não que isso não exista, mas é inegável que a aposta da Marvel em trazer um mood mais leve para alguns de seus heróis, agora ganhou status de "receita de bolo". Em outras palavras, "Thor: Amor e Trovão" é tão divertido quanto bobinho, bem na levada autoral que Waititi imprimiu em “Ragnarok”, de 2017, definido pelo próprio Estúdio como "uma aventura cósmica e cômica".
Aqui, o "Deus do Trovão" embarca em uma jornada diferente de tudo que já viveu: uma jornada de autoconhecimento. Contudo, sua busca é comprometida por um assassino galáctico conhecido como Gorr (Christian Bale), o Carniceiro dos Deuses, que deseja a extinção dessas figuras mitológicas. Para combater essa ameaça, Thor (Chris Hemsworth) pede a ajuda de Rei Valkiria (Tessa Thompson), Korg (Taika Waititi) e da ex-namorada Jane Foster (Natalie Portman). Juntos, eles se lançam em uma terrível aventura cósmica para desvendar o mistério da vingança do Carniceiro dos Deuses e detê-lo antes que seja tarde demais. Confira o trailer:
Essa liberdade autoral que a Marvel vem imprimindo cada vez mais em seus títulos, sem dúvida alguma, traz algum frescor para os filmes de herói, mas ao mesmo tempo nos afasta daquela unidade dramática que o próprio Estúdio apresentou em suas primeiras fases (principalmente no inicio da jornada, nas fases 1 e 2). Na prática, os filmes perdem certa coerência e passam a servir muito mais de vitrine para que os diretores deixem sua marca, onde, normalmente, eles se sentem mais confortáveis, ao invés de trabalhar a favor do "todo". Em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", por exemplo, Sam Raimi deu o seu tom e funcionou magistralmente; em "Eternos", Chloé Zhao impôs o seu ritmo com status de "super star" ganhadora do Oscar e já não conseguiu o mesmo sucesso, porém em ambos os casos era perceptível uma linha mais, digamos, adulta.
Em "Thor: Amor e Trovão" pegue isso e jogue fora, pois existe uma certa infantilização da narrativa que vai dividir opiniões - mesmo quando o diretor traz o drama para os holofotes. Ok, mas o filme é ruim? Claro que não - a aventura é muito divertida, temos muitas cenas de ação bem construídas e até várias sacadas inteligentes do roteiro - mas a sensação que fica é que o filme é bobo! Talvez o Gorr de Christian Bale seja o único personagem que traz uma certa profundidade dramática - nem o fato das vitimas serem crianças nos fazem ter empatia pela jornada de Thor. Por outro lado a chegada da "Poderosa Thor" na história é impactante - lembra um pouco a chegada da Capitã Marvel em "Vingadores - Ultimato" e aí sim temos uma conexão mais forte com a personagem.
O fato é que essa produção da Marvel se encaixa muito mais naquela prateleira de "entretenimento despretensioso" do que na de um "grande filme do gênero" - eu diria que "Thor: Amor e Trovão" é o filme que mais se apoia na comédia de todo MCU até aqui. Eu, pessoalmente, não gosto - até porquê eu tenho a referência saudosista da animação clássica de 1966, que no Brasil teve sua exibição nas décadas de 70 e 80. Essa informalidade cinematográfica de Waititi rende sim algumas boas risadas, muita criatividade (destaco a trilha sonora e a homenagem ao "Guns N'Roses" que o diretor faz) e umas ótimas duas horas de diversão em meio a um visual deslumbrante (até quando o "preto e branco" ganha força em seu simbolismo); o que nos facilita muito no momento da indicação: se você gostou de “Thor: Ragnarok” vai gostar de "Thor: Amor e Trovão" (porém o inverso também será verdadeiro).