Você vai se surpreender com "Paradise" - e aqui não me refiro de forma figurada, muito pelo contrário, já que a série do Hulu (aqui no Disney+) parece ter como premissa quebrar todas as expectativas de uma maneira tão fluída que dificilmente você se dará conta de "para onde está indo essa maluquice"! Veja, Dan Fogelman, conhecido por sua habilidade em construir reviravoltas narrativas realmente marcantes, retorna em "Paradise" depois de explorar com muita competência os dramas emocionais em "This Is Us" e "Pitch". Seu novo projeto, mais ambicioso, é um mergulho em uma atmosfera delicada, já que mistura intriga, conspiração e política, em um cenário bastante inesperado. O resultado é uma narrativa envolvente, que se distancia do sentimentalismo característico de suas obras anteriores e aposta em um suspense mais intenso, ágil e envolvente que vai te provocar a cada episódio. O fato é que "Paradise" chega como uma nova abordagem ao drama político com um toque primoroso de ficção científica!
A trama, basicamente, acompanha Xavier Collins (Sterling K. Brown), um agente do Serviço Secreto encarregado de proteger o presidente dos Estados Unidos, Cal Bradford (James Marsden), que governa em meio a uma importante crise mundial. Até que a rotina de Collins é bruscamente interrompida quando um crime coloca em xeque toda a estrutura do governo americano - o que parecia ser apenas mais uma história sobre proteção e lealdade, rapidamente se revela algo muito maior, trazendo à tona segredos, rivalidades e questões que vão muito além do que se podia imaginar. Confira o trailer (ou pare antes e vá direto ao "assista agora" - eu faria isso):
Pois bem, se você assistiu ao trailer, já sabe o que a aconteceu com Cal Bradford, mas esse fato é só a ponta de um iceberg que Fogelman insiste em esconder. Desde os primeiros episódios, "Paradise" se diferencia ao equilibrar um mistério intrigante com uma atmosfera politica de constante tensão ao melhor estilo "House of Cards". A narrativa que intercala o presente com momentos do passado dos personagens, vai revelando aos poucos as circunstâncias que os levaram até ali - e é impressionante como as peças vão se encaixando perfeitamente nessa história. A ambientação e a forma como o universo da série é construído, aliás, contribuem para que esse conceito "homeopático" brilhe, nos convidando para uma intensa imersão ao mesmo tempo em que cria uma sensação absurda de desconforto e incerteza sobre o que realmente está acontecendo. O roteiro de Fogelman utiliza dessas camadas de (pouca) informação para manter um ritmo alucinante, sem abrir mão do desenvolvimento dos personagens que conduzem a trama - e aqui eu já destaco o trabalho de Sterling K. Brown, de James Marsden, de Julianne Nicholson e de Sarah Shahi.
K. Brown entrega um protagonista tão carismático quanto complexo - um homem de caráter que carrega o peso de um trauma pessoal enquanto tenta navegar entre as conspirações que permeiam a sociedade em que vive. James Marsden, por sua vez, interpreta um presidente pop com um misto de charme e arrogância, sendo o tipo de figura política que oscila entre uma liderança inspiradora e a desconfiança de ser a peça fundamental de uma corrupção moral. Julianne Nicholson no papel de Sinatra, uma poderosa bilionária, influente politicamente e muito visionária (cuidado com as comparações irresponsáveis...rs) e Sarah Shahi, a psicoterapeuta Gabriela Torabi, encarregada de manter os ânimos sob controle dentro daquele universo, são as cerejas do bolo de "Paradise".
Um ponto interessante da série é que ao percebermos na narrativa a dualidade entre uma segurança aparente e um perigo iminente, entendemos perfeitamente sua proposta de manter um ar de diversão e imprevisibilidade que sempre oferece uma camada extra de mistério antes mesmo que tenhamos tempo de processar a anterior. Mesmo que "Paradise"gere comparações inevitáveis (que não vou citá-las para não estragar sua experiência), ainda assim, a série consegue manter um frescor ao apostar em ótimas reviravoltas e, claro, em um senso de urgência constante que vai te impedir de sair da frente da tela - como poucas vezes você já vivenciou. Posso apostar!
Vale muito o seu play!
Você vai se surpreender com "Paradise" - e aqui não me refiro de forma figurada, muito pelo contrário, já que a série do Hulu (aqui no Disney+) parece ter como premissa quebrar todas as expectativas de uma maneira tão fluída que dificilmente você se dará conta de "para onde está indo essa maluquice"! Veja, Dan Fogelman, conhecido por sua habilidade em construir reviravoltas narrativas realmente marcantes, retorna em "Paradise" depois de explorar com muita competência os dramas emocionais em "This Is Us" e "Pitch". Seu novo projeto, mais ambicioso, é um mergulho em uma atmosfera delicada, já que mistura intriga, conspiração e política, em um cenário bastante inesperado. O resultado é uma narrativa envolvente, que se distancia do sentimentalismo característico de suas obras anteriores e aposta em um suspense mais intenso, ágil e envolvente que vai te provocar a cada episódio. O fato é que "Paradise" chega como uma nova abordagem ao drama político com um toque primoroso de ficção científica!
A trama, basicamente, acompanha Xavier Collins (Sterling K. Brown), um agente do Serviço Secreto encarregado de proteger o presidente dos Estados Unidos, Cal Bradford (James Marsden), que governa em meio a uma importante crise mundial. Até que a rotina de Collins é bruscamente interrompida quando um crime coloca em xeque toda a estrutura do governo americano - o que parecia ser apenas mais uma história sobre proteção e lealdade, rapidamente se revela algo muito maior, trazendo à tona segredos, rivalidades e questões que vão muito além do que se podia imaginar. Confira o trailer (ou pare antes e vá direto ao "assista agora" - eu faria isso):
Pois bem, se você assistiu ao trailer, já sabe o que a aconteceu com Cal Bradford, mas esse fato é só a ponta de um iceberg que Fogelman insiste em esconder. Desde os primeiros episódios, "Paradise" se diferencia ao equilibrar um mistério intrigante com uma atmosfera politica de constante tensão ao melhor estilo "House of Cards". A narrativa que intercala o presente com momentos do passado dos personagens, vai revelando aos poucos as circunstâncias que os levaram até ali - e é impressionante como as peças vão se encaixando perfeitamente nessa história. A ambientação e a forma como o universo da série é construído, aliás, contribuem para que esse conceito "homeopático" brilhe, nos convidando para uma intensa imersão ao mesmo tempo em que cria uma sensação absurda de desconforto e incerteza sobre o que realmente está acontecendo. O roteiro de Fogelman utiliza dessas camadas de (pouca) informação para manter um ritmo alucinante, sem abrir mão do desenvolvimento dos personagens que conduzem a trama - e aqui eu já destaco o trabalho de Sterling K. Brown, de James Marsden, de Julianne Nicholson e de Sarah Shahi.
K. Brown entrega um protagonista tão carismático quanto complexo - um homem de caráter que carrega o peso de um trauma pessoal enquanto tenta navegar entre as conspirações que permeiam a sociedade em que vive. James Marsden, por sua vez, interpreta um presidente pop com um misto de charme e arrogância, sendo o tipo de figura política que oscila entre uma liderança inspiradora e a desconfiança de ser a peça fundamental de uma corrupção moral. Julianne Nicholson no papel de Sinatra, uma poderosa bilionária, influente politicamente e muito visionária (cuidado com as comparações irresponsáveis...rs) e Sarah Shahi, a psicoterapeuta Gabriela Torabi, encarregada de manter os ânimos sob controle dentro daquele universo, são as cerejas do bolo de "Paradise".
Um ponto interessante da série é que ao percebermos na narrativa a dualidade entre uma segurança aparente e um perigo iminente, entendemos perfeitamente sua proposta de manter um ar de diversão e imprevisibilidade que sempre oferece uma camada extra de mistério antes mesmo que tenhamos tempo de processar a anterior. Mesmo que "Paradise"gere comparações inevitáveis (que não vou citá-las para não estragar sua experiência), ainda assim, a série consegue manter um frescor ao apostar em ótimas reviravoltas e, claro, em um senso de urgência constante que vai te impedir de sair da frente da tela - como poucas vezes você já vivenciou. Posso apostar!
Vale muito o seu play!
O terceiro capítulo da franquia "Planeta dos Macacos", possivelmente é o menos profundo se olharmos pela perspectiva de um roteiro cheio de camadas e nuances, que sempre nos deixou aquela sensação de ser algo inteligente, bem desenvolvido. No entanto, também é preciso que se diga, esse talvez seja o filme que melhor se aproxima de sua proposta em ser um thriller de ação e não um drama existencial. Lançado em 2017, "A Guerra" (ou "War for the Planet of the Apes", no original) seria o encerramento épico da trilogia que redefiniu o legado da franquia, até que, sete anos depois, a 20th Century Studios inventou o competente, "O Reinado" - mas esse é assunto para outro review. Mais uma vez dirigido pelo Matt Reeves, esse filme combina um escopo grandioso de um universo bem construído e com uma abordagem emocionalmente íntima capaz de entregar uma história que explora as consequências do "Confronto"- especialmente temas como liderança e os limites da luta pela sobrevivência. Assim como grandes épicos do cinema, Reeves utiliza a grandiosidade de um conceito visual único e o impacto emocional de nossa relação com personagens já marcantes para oferecer um desfecho que é ao mesmo tempo espetacular e introspectivo.
A narrativa acompanha César (Andy Serkis), o líder dos macacos, enquanto ele enfrenta uma guerra implacável contra os humanos liderados por um coronel impiedoso (Woody Harrelson). Após sofrer uma perda devastadora, César embarca em uma jornada pessoal de vingança e redenção, que o coloca diante de decisões morais complexas e questionamentos sobre o verdadeiro significado de liderança e sacrifício. Confira o trailer:
Veja, "Planeta dos Macacos: A Guerra" até busca o equilibro entra a ação de grande escala com momentos de pura introspecção, no entanto a evolução emocional de César como personagem central já estava estabelecida desde os outros dois filmes, o que transformou sua motivação aqui em algo mais visceral (primitivo) - e funciona, mas causa uma certa estranheza ao percebermos que os sub-plots encontram soluções mais óbvias (e muitas vezes mais fáceis) do que estávamos acostumados. O roteiro, assinado por Reeves e pelo time liderado pelo Mark Bomback, se pauta nas consequências sanguinárias de uma guerra e na luta por encontrar um estado de paz que parece ser impossível. Bomback continua sua busca por humanizar os macacos ao mesmo tempo que usa da simbologia para questionar a crueldade e a hipocrisia dos humanos. A construção de César como um líder complexo e moralmente ambíguo é um dos grandes méritos da trilogia, e "A Guerra" só aprofunda ainda mais sua jornada, com mais ação para destacar, na prática, os dilemas éticos que ele enfrenta ao tentar proteger seu povo enquanto lida com sua sede de vingança (tão discutida no filme anterior "com" e "por" Koba).
Matt Reeves demonstra mais uma vez sua habilidade excepcional como diretor. Ele constrói uma narrativa explorando temas como empatia, moralidade e brutalidade. Sua segunda direção na franquia, dessa vez se destaca pela maneira como ele utiliza a fotografia e os efeitos visuais para dar mais amplitude e fluidez, e assim contar sua história - confiando nos movimentos, gestos e olhares tanto quanto nos diálogos. Sua escolha por planos longos em uma atmosfera desoladora reforça a sensação de tensão e melancolia que permeia o filme. Nesse sentido Andy Serkis entrega uma das melhores performances de sua carreira - ele é capaz de transmitir a dor, mas também a determinação e a sabedoria de César. Woody Harrelson, como o Coronel, é o outro pilar do conflito principal - ele traz intensidade ao papel de um antagonista cuja motivação é moldada pelo medo e pela crueldade, criando um vilão de fato ameaçador.
Tecnicamente, o filme é impecável. Os efeitos visuais, mais uma vez criados pela Weta Digital, elevam o realismo dos macacos para um novo patamar - garantindo, inclusive, a terceira indicação ao Oscar de Efeitos Visuais. É realmente incrível como, filme após filme, o visual em CG (e captura) só melhora! "Planeta dos Macacos: A Guerra" é uma conclusão coerente para a trilogia, com ação, tensão e ritmo, mas sem nunca esquecer da importância de um impacto emocional. Para quem procura uma imersão ao universo da franquia, esse filme é tão essencial quanto os outros e certamente fará ainda mais sentido no destino de uma nova geração de personagens que vem por aí!
Vale seu play!
O terceiro capítulo da franquia "Planeta dos Macacos", possivelmente é o menos profundo se olharmos pela perspectiva de um roteiro cheio de camadas e nuances, que sempre nos deixou aquela sensação de ser algo inteligente, bem desenvolvido. No entanto, também é preciso que se diga, esse talvez seja o filme que melhor se aproxima de sua proposta em ser um thriller de ação e não um drama existencial. Lançado em 2017, "A Guerra" (ou "War for the Planet of the Apes", no original) seria o encerramento épico da trilogia que redefiniu o legado da franquia, até que, sete anos depois, a 20th Century Studios inventou o competente, "O Reinado" - mas esse é assunto para outro review. Mais uma vez dirigido pelo Matt Reeves, esse filme combina um escopo grandioso de um universo bem construído e com uma abordagem emocionalmente íntima capaz de entregar uma história que explora as consequências do "Confronto"- especialmente temas como liderança e os limites da luta pela sobrevivência. Assim como grandes épicos do cinema, Reeves utiliza a grandiosidade de um conceito visual único e o impacto emocional de nossa relação com personagens já marcantes para oferecer um desfecho que é ao mesmo tempo espetacular e introspectivo.
A narrativa acompanha César (Andy Serkis), o líder dos macacos, enquanto ele enfrenta uma guerra implacável contra os humanos liderados por um coronel impiedoso (Woody Harrelson). Após sofrer uma perda devastadora, César embarca em uma jornada pessoal de vingança e redenção, que o coloca diante de decisões morais complexas e questionamentos sobre o verdadeiro significado de liderança e sacrifício. Confira o trailer:
Veja, "Planeta dos Macacos: A Guerra" até busca o equilibro entra a ação de grande escala com momentos de pura introspecção, no entanto a evolução emocional de César como personagem central já estava estabelecida desde os outros dois filmes, o que transformou sua motivação aqui em algo mais visceral (primitivo) - e funciona, mas causa uma certa estranheza ao percebermos que os sub-plots encontram soluções mais óbvias (e muitas vezes mais fáceis) do que estávamos acostumados. O roteiro, assinado por Reeves e pelo time liderado pelo Mark Bomback, se pauta nas consequências sanguinárias de uma guerra e na luta por encontrar um estado de paz que parece ser impossível. Bomback continua sua busca por humanizar os macacos ao mesmo tempo que usa da simbologia para questionar a crueldade e a hipocrisia dos humanos. A construção de César como um líder complexo e moralmente ambíguo é um dos grandes méritos da trilogia, e "A Guerra" só aprofunda ainda mais sua jornada, com mais ação para destacar, na prática, os dilemas éticos que ele enfrenta ao tentar proteger seu povo enquanto lida com sua sede de vingança (tão discutida no filme anterior "com" e "por" Koba).
Matt Reeves demonstra mais uma vez sua habilidade excepcional como diretor. Ele constrói uma narrativa explorando temas como empatia, moralidade e brutalidade. Sua segunda direção na franquia, dessa vez se destaca pela maneira como ele utiliza a fotografia e os efeitos visuais para dar mais amplitude e fluidez, e assim contar sua história - confiando nos movimentos, gestos e olhares tanto quanto nos diálogos. Sua escolha por planos longos em uma atmosfera desoladora reforça a sensação de tensão e melancolia que permeia o filme. Nesse sentido Andy Serkis entrega uma das melhores performances de sua carreira - ele é capaz de transmitir a dor, mas também a determinação e a sabedoria de César. Woody Harrelson, como o Coronel, é o outro pilar do conflito principal - ele traz intensidade ao papel de um antagonista cuja motivação é moldada pelo medo e pela crueldade, criando um vilão de fato ameaçador.
Tecnicamente, o filme é impecável. Os efeitos visuais, mais uma vez criados pela Weta Digital, elevam o realismo dos macacos para um novo patamar - garantindo, inclusive, a terceira indicação ao Oscar de Efeitos Visuais. É realmente incrível como, filme após filme, o visual em CG (e captura) só melhora! "Planeta dos Macacos: A Guerra" é uma conclusão coerente para a trilogia, com ação, tensão e ritmo, mas sem nunca esquecer da importância de um impacto emocional. Para quem procura uma imersão ao universo da franquia, esse filme é tão essencial quanto os outros e certamente fará ainda mais sentido no destino de uma nova geração de personagens que vem por aí!
Vale seu play!
"Planeta dos Macacos: A Origem" é entretenimento puro - e se você também demorou para dar o play nessa nova versão do clássico de 1968, saiba que você está perdendo 120 minutos de muita diversão e adrenalina. Dirigido por Rupert Wyatt (da série "The Mosquito Coast") e baseado na obra de Pierre Boulle, esse filme é uma reinvenção ousada e tecnicamente impressionante da icônica franquia de ficção científica composta pelos cinco filmes originais - e que não tem nenhuma ligação com o filme do Tim Burton de 2001. Com um roteiro assinado por Rick Jaffa e Amanda Silver (dupla responsável por "Avatar: O Caminho da Água"), "Rise of the Planet of the Apes", no original, mistura ação e drama, com uma pitada de crítica social nas entrelinhas, para explorar as origens de um dos universos mais fascinantes do cinema. O interessante desse reboot, podemos chamar assim, é que ele equilibra perfeitamente o espetáculo visual com uma narrativa dinâmica e bem construída, criando uma obra que ressoa emocionalmente enquanto expande sua mitologia.
A história acompanha Will Rodman (James Franco), um cientista dedicado a encontrar a cura para o Alzheimer, doença que afeta seu pai, Charles (John Lithgow). Durante seus experimentos, no entanto, Will desenvolve uma espécie de vírus que nos macacos testados, aumenta significativamente sua inteligência. É nesse contexto que nasce César (Andy Serkis), um chimpanzé que herda a inteligência extraordinária do experimento e se torna o centro de uma revolução contra os humanos. Ao longo do filme, a relação entre César e Will evolui, enquanto questões de ética, controle e evolução são exploradas de forma realmente envolvente. Confira o trailer:
Rupert Wyatt dirige o filme com uma abordagem que busca nivelar elementos dramáticos que remetem tanto ao íntimo quanto ao épico. Wyatt constrói, cuidadosamente, a jornada de César, transformando um chimpanzé inocente e curioso em um líder carismático e inspirador - sim, você vai torcer para os macacos contra os seres-humanos (e isso é muito divertido)! Wyatt usa sequências de ação impactantes, mas sem sacrificar o desenvolvimento emocional dos personagens, criando assim uma narrativa que surpreendentemente se torna reflexiva. Obviamente que o gênero pede uma edição dinâmica com uma fotografia que capture tanto a beleza da natureza quanto a opressão dos ambientes controlados pelos humanos, no entanto é essa dicotomia bem pontuada no roteiro que coloca o filme em outro patamar.
O roteiro de Jaffa e Silver é uma das maiores forças do filme. Ele consegue equilibrar o drama humano com questões éticas de forma acessível e envolvente. A transformação de César é o coração da história, claro, mas o roteiro consegue oferecer bons momentos de introspecção com a mesma potência com que traz a tensão para a narrativa. Ao abordar questões como a exploração científica, os impactos dos testes em animais e os perigos do poder descontrolado, "Planeta dos Macacos: A Origem" ganha musculatura e cria uma conexão interessante com a audiência sem precisar ser verborrágico demais. Aliás, ponto para Andy Serkis - ele entrega uma atuação impressionante como César, mesmo com sua composição em CG. Por meio de captura de movimento, Serkis traz uma complexidade emocional impressionante ao personagem, tornando-o uma figura sensível e poderosa ao mesmo tempo. James Franco também vai bem - ele entrega uma atuação sólida, especialmente na sua relação com John Lithgow, trazendo uma dose significativa de humanidade perante uma relação familiar pautada pela finitude.
Mesmo datados, os efeitos visuais, criados pela Weta Digital, são um marco na indústria cinematográfica. A captura de movimentos e a animação digital que deu vida ao César (e aos outros macacos) têm um nível de realismo e expressividade sem precedentes - sem dúvida que elevou o filme a um novo patamar técnico (tanto que foi indicado ao Oscar da categoria em 2012). Cada detalhe, desde o olhar de César até suas interações com o ambiente, é meticulosamente projetado para criar uma experiência imersiva e emocionalmente impactante - funciona demais e foi o que abriu espaço para o que viria anos depois. A trilha sonora de Patrick Doyle (de "Frankenstein de Mary Shelley") intensifica o impacto emocional e a tensão do filme, enquanto o espetacular desenho de som destaca o contraste entre os mundos (humano e animal), amplificando a atmosfera de conflito e de transformação. Então, para finalizar um conselho: assista o filme na maior tela que puder e com o som mais alto que suportar, a experiência será sensacional!
Vale demais o seu play!
"Planeta dos Macacos: A Origem" é entretenimento puro - e se você também demorou para dar o play nessa nova versão do clássico de 1968, saiba que você está perdendo 120 minutos de muita diversão e adrenalina. Dirigido por Rupert Wyatt (da série "The Mosquito Coast") e baseado na obra de Pierre Boulle, esse filme é uma reinvenção ousada e tecnicamente impressionante da icônica franquia de ficção científica composta pelos cinco filmes originais - e que não tem nenhuma ligação com o filme do Tim Burton de 2001. Com um roteiro assinado por Rick Jaffa e Amanda Silver (dupla responsável por "Avatar: O Caminho da Água"), "Rise of the Planet of the Apes", no original, mistura ação e drama, com uma pitada de crítica social nas entrelinhas, para explorar as origens de um dos universos mais fascinantes do cinema. O interessante desse reboot, podemos chamar assim, é que ele equilibra perfeitamente o espetáculo visual com uma narrativa dinâmica e bem construída, criando uma obra que ressoa emocionalmente enquanto expande sua mitologia.
A história acompanha Will Rodman (James Franco), um cientista dedicado a encontrar a cura para o Alzheimer, doença que afeta seu pai, Charles (John Lithgow). Durante seus experimentos, no entanto, Will desenvolve uma espécie de vírus que nos macacos testados, aumenta significativamente sua inteligência. É nesse contexto que nasce César (Andy Serkis), um chimpanzé que herda a inteligência extraordinária do experimento e se torna o centro de uma revolução contra os humanos. Ao longo do filme, a relação entre César e Will evolui, enquanto questões de ética, controle e evolução são exploradas de forma realmente envolvente. Confira o trailer:
Rupert Wyatt dirige o filme com uma abordagem que busca nivelar elementos dramáticos que remetem tanto ao íntimo quanto ao épico. Wyatt constrói, cuidadosamente, a jornada de César, transformando um chimpanzé inocente e curioso em um líder carismático e inspirador - sim, você vai torcer para os macacos contra os seres-humanos (e isso é muito divertido)! Wyatt usa sequências de ação impactantes, mas sem sacrificar o desenvolvimento emocional dos personagens, criando assim uma narrativa que surpreendentemente se torna reflexiva. Obviamente que o gênero pede uma edição dinâmica com uma fotografia que capture tanto a beleza da natureza quanto a opressão dos ambientes controlados pelos humanos, no entanto é essa dicotomia bem pontuada no roteiro que coloca o filme em outro patamar.
O roteiro de Jaffa e Silver é uma das maiores forças do filme. Ele consegue equilibrar o drama humano com questões éticas de forma acessível e envolvente. A transformação de César é o coração da história, claro, mas o roteiro consegue oferecer bons momentos de introspecção com a mesma potência com que traz a tensão para a narrativa. Ao abordar questões como a exploração científica, os impactos dos testes em animais e os perigos do poder descontrolado, "Planeta dos Macacos: A Origem" ganha musculatura e cria uma conexão interessante com a audiência sem precisar ser verborrágico demais. Aliás, ponto para Andy Serkis - ele entrega uma atuação impressionante como César, mesmo com sua composição em CG. Por meio de captura de movimento, Serkis traz uma complexidade emocional impressionante ao personagem, tornando-o uma figura sensível e poderosa ao mesmo tempo. James Franco também vai bem - ele entrega uma atuação sólida, especialmente na sua relação com John Lithgow, trazendo uma dose significativa de humanidade perante uma relação familiar pautada pela finitude.
Mesmo datados, os efeitos visuais, criados pela Weta Digital, são um marco na indústria cinematográfica. A captura de movimentos e a animação digital que deu vida ao César (e aos outros macacos) têm um nível de realismo e expressividade sem precedentes - sem dúvida que elevou o filme a um novo patamar técnico (tanto que foi indicado ao Oscar da categoria em 2012). Cada detalhe, desde o olhar de César até suas interações com o ambiente, é meticulosamente projetado para criar uma experiência imersiva e emocionalmente impactante - funciona demais e foi o que abriu espaço para o que viria anos depois. A trilha sonora de Patrick Doyle (de "Frankenstein de Mary Shelley") intensifica o impacto emocional e a tensão do filme, enquanto o espetacular desenho de som destaca o contraste entre os mundos (humano e animal), amplificando a atmosfera de conflito e de transformação. Então, para finalizar um conselho: assista o filme na maior tela que puder e com o som mais alto que suportar, a experiência será sensacional!
Vale demais o seu play!
No que se propõe, essa continuação é um raro caso de ser tão boa quanto o primeiro filme! "Planeta dos Macacos: O Confronto", dessa vez dirigido por um talentoso Matt Reeves que havia brilhado ao construir uma narrativa incrivelmente tensa e angustiante em "Cloverfield: Monstro" e em "Deixe-me Entrar", é um complemento interessante no projeto de revitalizar a franquia. Continuando a história iniciada em "A Origem"de 2011, o filme expande sua proposta de modernizar um clássico da ficção cientifica com o equilíbrio magistral entre o drama humano, uma ação de tirar o fôlego e outras reflexões sobre poder, liderança e convivência entre diferentes.
A trama se passa uma década após os eventos do primeiro filme. A vida como conhecemos foi transformada por uma pandemia causada pelo vírus símio (tema introduzido com muita inteligência em "A Origem"), enquanto os macacos liderados por César (Andy Serkis) prosperam em uma comunidade organizada e isolada nas florestas próximas a São Francisco. A paz entre humanos e macacos é colocada à prova quando um grupo de sobreviventes humanos, liderado por Malcolm (Jason Clarke), precisa acessar uma usina hidrelétrica na área dominada pelos símios para restaurar a energia de sua colônia. Apesar das tentativas de César e Malcolm de estabelecerem um entendimento pacífico, tensões externas e internas, especialmente com Koba (Toby Kebbell), ameaçam desencadear um confronto inevitável que pode mudar a história da humanidade. Confira o trailer:
É inegável a qualidade de Matt Reeves como diretor e ao imprimir sua marca - ele transforma "O Confronto" em uma experiência cinematográfica realmente épica e emocionalmente bem envolvente. Sua habilidade em equilibrar sequências de ação espetaculares com momentos mais intimistas e carregados de significado, eleva o filme a um nível muito interessante de sofisticação - especialmente se pensarmos que aqui temos uma continuação de um reboot! O trabalho de Reeves com seus belos planos e com o desenvolvimento de um ritmo que respeita a gramática do gênero, é exemplar - ele utiliza das nuances da natureza para contrastar a harmonia do mundo dos macacos com o caos e a desesperança de uma sociedade humana devastada. A frase de César "Macaco não mata Macaco", pode até parecer "pronta" demais, mas nesse contexto comparativo ela vem carregada de simbolismo - repare como a direção se aproveita disso para transmitir uma sensação constante de tensão crescente, culminando em um clímax emocionante e devastador.
O roteiro, assinado por Rick Jaffa e Amanda Silver (de "A Origem") com o reforço de Mark Bomback, (de "Em Defesa de Jacob"), traz para a jornada personagens ricos e mais complexos, que tomam decisões moralmente ambíguas. César se desenvolve como um líder carismático e ético, mas que passa a enfrentar os desafios e dúvidas em seu próprio grupo, principalmente com Koba - um macaco traumatizado pelos abusos humanos do passado. Do outro lado, somos apresentados a Malcolm que serve como um contraponto esperançoso ao pragmatismo brutal de Dreyfus (Gary Oldman). A construção desses quatro personagens e a forma como o roteiro explora as nuances das relações entre eles fazem de "O Confronto" uma história capaz de discutir nas entrelinhas, temas como confiança, traição e os perigos latentes do preconceito.
Com uma direção magistral de Matt Reeves, performances marcantes lideradas por Andy Serkis (agora 100% protagonista) e uma narrativa visualmente arrebatadora, com efeitos especiais ainda melhores que do primeiro filme, eu diria que "O Confronto" se consolida como um dos melhores da franquia e que deve ser encarado com um certo destaque na perspectiva do cinema contemporâneo de reinvenção. Esse "Planeta dos Macacos" é mesmo um espetáculo visual, emocionante e reflexivo, que transcende o entretenimento banal para se tornar uma obra profundamente impactante como experiência que vai fazer valer muito o seu play!
Pegue a pipoca e divirta-se!
No que se propõe, essa continuação é um raro caso de ser tão boa quanto o primeiro filme! "Planeta dos Macacos: O Confronto", dessa vez dirigido por um talentoso Matt Reeves que havia brilhado ao construir uma narrativa incrivelmente tensa e angustiante em "Cloverfield: Monstro" e em "Deixe-me Entrar", é um complemento interessante no projeto de revitalizar a franquia. Continuando a história iniciada em "A Origem"de 2011, o filme expande sua proposta de modernizar um clássico da ficção cientifica com o equilíbrio magistral entre o drama humano, uma ação de tirar o fôlego e outras reflexões sobre poder, liderança e convivência entre diferentes.
A trama se passa uma década após os eventos do primeiro filme. A vida como conhecemos foi transformada por uma pandemia causada pelo vírus símio (tema introduzido com muita inteligência em "A Origem"), enquanto os macacos liderados por César (Andy Serkis) prosperam em uma comunidade organizada e isolada nas florestas próximas a São Francisco. A paz entre humanos e macacos é colocada à prova quando um grupo de sobreviventes humanos, liderado por Malcolm (Jason Clarke), precisa acessar uma usina hidrelétrica na área dominada pelos símios para restaurar a energia de sua colônia. Apesar das tentativas de César e Malcolm de estabelecerem um entendimento pacífico, tensões externas e internas, especialmente com Koba (Toby Kebbell), ameaçam desencadear um confronto inevitável que pode mudar a história da humanidade. Confira o trailer:
É inegável a qualidade de Matt Reeves como diretor e ao imprimir sua marca - ele transforma "O Confronto" em uma experiência cinematográfica realmente épica e emocionalmente bem envolvente. Sua habilidade em equilibrar sequências de ação espetaculares com momentos mais intimistas e carregados de significado, eleva o filme a um nível muito interessante de sofisticação - especialmente se pensarmos que aqui temos uma continuação de um reboot! O trabalho de Reeves com seus belos planos e com o desenvolvimento de um ritmo que respeita a gramática do gênero, é exemplar - ele utiliza das nuances da natureza para contrastar a harmonia do mundo dos macacos com o caos e a desesperança de uma sociedade humana devastada. A frase de César "Macaco não mata Macaco", pode até parecer "pronta" demais, mas nesse contexto comparativo ela vem carregada de simbolismo - repare como a direção se aproveita disso para transmitir uma sensação constante de tensão crescente, culminando em um clímax emocionante e devastador.
O roteiro, assinado por Rick Jaffa e Amanda Silver (de "A Origem") com o reforço de Mark Bomback, (de "Em Defesa de Jacob"), traz para a jornada personagens ricos e mais complexos, que tomam decisões moralmente ambíguas. César se desenvolve como um líder carismático e ético, mas que passa a enfrentar os desafios e dúvidas em seu próprio grupo, principalmente com Koba - um macaco traumatizado pelos abusos humanos do passado. Do outro lado, somos apresentados a Malcolm que serve como um contraponto esperançoso ao pragmatismo brutal de Dreyfus (Gary Oldman). A construção desses quatro personagens e a forma como o roteiro explora as nuances das relações entre eles fazem de "O Confronto" uma história capaz de discutir nas entrelinhas, temas como confiança, traição e os perigos latentes do preconceito.
Com uma direção magistral de Matt Reeves, performances marcantes lideradas por Andy Serkis (agora 100% protagonista) e uma narrativa visualmente arrebatadora, com efeitos especiais ainda melhores que do primeiro filme, eu diria que "O Confronto" se consolida como um dos melhores da franquia e que deve ser encarado com um certo destaque na perspectiva do cinema contemporâneo de reinvenção. Esse "Planeta dos Macacos" é mesmo um espetáculo visual, emocionante e reflexivo, que transcende o entretenimento banal para se tornar uma obra profundamente impactante como experiência que vai fazer valer muito o seu play!
Pegue a pipoca e divirta-se!
A longeva (e para alguns já desgastada) franquia "Planeta dos Macacos" retorna com mais um episódio, dessa vez "O Reinado". Dirigido por Wes Ball (de "Maze Runner"), o filme traz uma nova perspectiva ao universo estabelecido na trilogia de César, comandada por Rupert Wyatt e Matt Reeves. Ambientado muitos anos após os eventos de "A Guerra", "Kingdom of the Planet of the Apes" (no original) busca expandir a mitologia da saga, apresentando novos personagens, uma nova sociedade animal e outros dilemas morais em um mundo onde a humanidade se tornou uma sombra do que já foi. Novamente com um visual deslumbrante e uma trama que mantém a essência reflexiva da franquia, "O Reinado" é mais um bom entretenimento para um final de semana chuvoso - ainda que sem a mesma profundidade emocional dos filmes anteriores, vai te divertir!
A história se passa várias gerações após a morte de César, quando os macacos já estabeleceram diferentes comunidades e vivem em uma sociedade onde a hierarquia e o controle são disputados com novas ideologias. Noé (Owen Teague), um jovem macaco pertencente a um clã pacífico, vê sua vida mudar drasticamente quando seu vilarejo é atacado por Proximus César (Kevin Durand), um líder tirânico que distorce o legado do verdadeiro César para justificar sua busca por poder. Durante sua jornada de vingança e autodescoberta, Noé se alia à Nova (Freya Allan), cuja inteligência desafia a crença de que os humanos perderam completamente sua racionalidade. À medida que ambos exploram o mundo em transformação, o filme levanta questionamentos importantes sobre memória histórica, sobre poder e sobre a natureza da liderança sob diversos aspectos. Confira o trailer:
Diferente da trilogia anterior, que acompanhava a evolução filosófica de César e sua busca por coexistência, "O Reinado" adota uma estrutura mais próxima de uma aventura épica. Wes Ball imprime sua assinatura visual, criando um universo realmente grandioso e cheio de detalhes, com cenários impressionantes que mostram tanto a degradação humana quanto a ascensão das civilizações dos macacos. A direção se destaca pelas sequências de ação bem construídas e pelo ritmo que mantém a audiência realmente imersa na jornada do jovem Noé. Ainda assim, a profundidade emocional que marcou os filmes anteriores é diluída em prol de uma narrativa mais convencional de uma jornada do herói versus o tirano que agora é seu semelhante.
O roteiro de Josh Friedman (de "Avatar: O Caminho da Água") até que busca equilibrar bem os elementos de ficção científica com o drama íntimo e assim fortalecer a construção de um novo capítulo da franquia que certamente terá mais desdobramentos. A escolha de explorar um vilão como Proximus César, que manipula o legado de César para seus próprios fins, adiciona elementos interessantes sobre o uso da história para justificar o autoritarismo - uma temática, aliás, que dialoga fortemente com eventos do mundo real, não é mesmo? Contudo, Noé, apesar de ser um protagonista cativante, carece do tempo e de um arco transformador mais forte - algo que César teve durante sua trilogia. Sua jornada é eficiente, porém menos impactante, mas, sinceramente, acho que vale pelo beneficio da dúvida. Quem sabe não estamos sendo precipitados demais em julgar o personagem por um único filme?!
No campo técnico, "O Reinado" supera ainda mais o padrão que já era elevado. Os trabalhos de composição e de captura continuam impressionantes, tornando os macacos incrivelmente mais realistas, especialmente nas expressões faciais e agora com uma movimentação bem mais fluida - e claro que justifica sua indicação para o Oscar de Efeitos Visuais em 2025. A fotografia do húngaro Gyula Pados também merece destaque - ele captura com maestria a grandiosidade dos ambientes naturais e das ruínas de Proximus César, enquanto a trilha sonora de John Paesano complementa toda essa atmosfera épica da narrativa de Ball. O fato é que "Planeta dos Macacos: O Reinado" abre sim um caminho para novas possibilidades dentro desse universo, deixando plots promissores para futuras sequências e quem sabe, para consolidar ainda mais o valor e o poder da franquia!
Especialmente para os fãs da saga, vale muito o seu play!
A longeva (e para alguns já desgastada) franquia "Planeta dos Macacos" retorna com mais um episódio, dessa vez "O Reinado". Dirigido por Wes Ball (de "Maze Runner"), o filme traz uma nova perspectiva ao universo estabelecido na trilogia de César, comandada por Rupert Wyatt e Matt Reeves. Ambientado muitos anos após os eventos de "A Guerra", "Kingdom of the Planet of the Apes" (no original) busca expandir a mitologia da saga, apresentando novos personagens, uma nova sociedade animal e outros dilemas morais em um mundo onde a humanidade se tornou uma sombra do que já foi. Novamente com um visual deslumbrante e uma trama que mantém a essência reflexiva da franquia, "O Reinado" é mais um bom entretenimento para um final de semana chuvoso - ainda que sem a mesma profundidade emocional dos filmes anteriores, vai te divertir!
A história se passa várias gerações após a morte de César, quando os macacos já estabeleceram diferentes comunidades e vivem em uma sociedade onde a hierarquia e o controle são disputados com novas ideologias. Noé (Owen Teague), um jovem macaco pertencente a um clã pacífico, vê sua vida mudar drasticamente quando seu vilarejo é atacado por Proximus César (Kevin Durand), um líder tirânico que distorce o legado do verdadeiro César para justificar sua busca por poder. Durante sua jornada de vingança e autodescoberta, Noé se alia à Nova (Freya Allan), cuja inteligência desafia a crença de que os humanos perderam completamente sua racionalidade. À medida que ambos exploram o mundo em transformação, o filme levanta questionamentos importantes sobre memória histórica, sobre poder e sobre a natureza da liderança sob diversos aspectos. Confira o trailer:
Diferente da trilogia anterior, que acompanhava a evolução filosófica de César e sua busca por coexistência, "O Reinado" adota uma estrutura mais próxima de uma aventura épica. Wes Ball imprime sua assinatura visual, criando um universo realmente grandioso e cheio de detalhes, com cenários impressionantes que mostram tanto a degradação humana quanto a ascensão das civilizações dos macacos. A direção se destaca pelas sequências de ação bem construídas e pelo ritmo que mantém a audiência realmente imersa na jornada do jovem Noé. Ainda assim, a profundidade emocional que marcou os filmes anteriores é diluída em prol de uma narrativa mais convencional de uma jornada do herói versus o tirano que agora é seu semelhante.
O roteiro de Josh Friedman (de "Avatar: O Caminho da Água") até que busca equilibrar bem os elementos de ficção científica com o drama íntimo e assim fortalecer a construção de um novo capítulo da franquia que certamente terá mais desdobramentos. A escolha de explorar um vilão como Proximus César, que manipula o legado de César para seus próprios fins, adiciona elementos interessantes sobre o uso da história para justificar o autoritarismo - uma temática, aliás, que dialoga fortemente com eventos do mundo real, não é mesmo? Contudo, Noé, apesar de ser um protagonista cativante, carece do tempo e de um arco transformador mais forte - algo que César teve durante sua trilogia. Sua jornada é eficiente, porém menos impactante, mas, sinceramente, acho que vale pelo beneficio da dúvida. Quem sabe não estamos sendo precipitados demais em julgar o personagem por um único filme?!
No campo técnico, "O Reinado" supera ainda mais o padrão que já era elevado. Os trabalhos de composição e de captura continuam impressionantes, tornando os macacos incrivelmente mais realistas, especialmente nas expressões faciais e agora com uma movimentação bem mais fluida - e claro que justifica sua indicação para o Oscar de Efeitos Visuais em 2025. A fotografia do húngaro Gyula Pados também merece destaque - ele captura com maestria a grandiosidade dos ambientes naturais e das ruínas de Proximus César, enquanto a trilha sonora de John Paesano complementa toda essa atmosfera épica da narrativa de Ball. O fato é que "Planeta dos Macacos: O Reinado" abre sim um caminho para novas possibilidades dentro desse universo, deixando plots promissores para futuras sequências e quem sabe, para consolidar ainda mais o valor e o poder da franquia!
Especialmente para os fãs da saga, vale muito o seu play!
"Pobres Criaturas" é realmente excelente, mas não se deixe levar por tantos elogios da critica e do público - e muito menos pelos quatro Oscars que o filme abocanhou em 2024. Sim, nem todos vão gostar do filme, mas saiba que quem gostar, na verdade vai amar! Escrevo isso com a mais absoluta tranquilidade, pois o filme é uma experiência cinematográfica única, que te fará rir, pensar e questionar a própria natureza humana de uma forma bastante particular. Por essa perspectiva, o filme é imperdível. Dirigido pelo aclamado Yorgos Lanthimos (de "A Favorita"), "Poor Things" (no original) tem uma dinâmica visual impressionante e uma narrativa pouco usual, orbitando entre uma comédia mais ácida e o drama totalmente existencialista - daqueles que desafiam as convenções sociais e exploram temas como identidade, gênero, sexualidade e morte, tudo junto e misturado. Profundo, não? Sim, muito, no entanto só dê o play se estiver disposto a mergulhar na proposta mais conceitual do diretor com seu estilo mais teatral, criativo e muito inventivo.
Baseado no livro homônimo de Alasdair Grey e referenciando o clássico "Frankenstein", a história se passa em uma atmosfera vitoriana atemporal e acompanha Bella Baxter (Emma Stone), trazida de volta à vida após se jogar de uma ponte. O experimento realizado pelo doutor Godwin Baxter (Willem Dafoe), um cientista brilhante, porém nada ortodoxo, é um sucesso, no entanto Bella, querendo conhecer mais do mundo, foge com um advogado e graças a maturidade que vai adquirindo passa exigir igualdade e liberdade. Confira o trailer:
Todos sabemos que o grego Yorgos Lanthimos é conhecido por seu estilo peculiar, que combina o humor negro com temas mais sérios em uma abordagem quase sempre perturbadora. Pois bem, aqui ele utiliza da sua assinatura como cineasta para recriar, com muita simbologia e sensibilidade, o cabo de guerra intenso entre o desejo e a razão - claro, com aquele toque de monstruosidade que tende a penalizar, com a mesma força, mas de modos distintos, os homens e as mulheres. Reparem como, em cinco "capítulos", o desenvolvimento da mente de Bella vai se transformando e a experiência de conhecer o mundo (e sair daquilo que a limitava) faz com que ela se aproxime cada vez mais do seu corpo amadurecido. É lindo de perceber esses detalhes a partir de planos simétricos e lentes completamente anguladas, criando uma atmosfera surreal e desconcertante, perfeita para os diálogos secos e sarcásticos do roteiro de Tony McNamara (duas vezes indicado ao Oscar) que coloca frente a frente modos tão diferentes de pensar e agir.
Obviamente que o elenco de "Pobres Criaturas" é a cereja do bolo dessa overdose visual de cor e estilo. Impecável em todas as camadas, eu diria que esse é o melhor trabalho (até aqui) da atriz Emma Stone - ela é capaz de entregar uma performance multifacetada e complexa, mesmo mergulhada no esteriótipo que vai se desconstruindo de acordo com o seu ganho de maturidade. Stone captura perfeitamente a confusão, a frustração e a resiliência de Bella perante suas descobertas, em todas as suas fases. Willem Dafoe, meu Deus, também está excelente como o Dr. Baxter - um personagem excêntrico e enigmático, sempre com aquele toque de sadismo tão sutil e ao mesmo tempo tão potente. Outro que merece destaque, claro, é Mark Ruffalo - simplesmente impecável, mais uma vez!
"Pobres Criaturas" é um filme que não se encaixa em nenhuma dessas prateleiras mais tradicionais do cinema atual. Ele é uma comédia, um drama e um filme de terror clássico, tudo ao mesmo tempo - uma mistura de "A Tragédia de Macbeth" com "A Invenção de Hugo Cabret" e aquele toque final de "Irma Vep" ou de "Hereditário". Veja, Lanthimos não tem, e nunca terá, medo de abordar temas ou tabus e ainda assim desafiar as expectativas da audiência com textos e cenas de fato impactantes, então esteja preparado para se chocar. Para aqueles mais tradicionais, sugiro passar longe dessa recomendação. Já para aqueles que vão se aventurar nesse mundo estranho e fascinante do diretor, muito possivelmente, serão recompensados com uma obra de arte singular e memorável.
Vale muito o seu play!
Up-date: "Pobres Criaturas" ganhou em quatro categorias no Oscar 2024, inclusive de Melhor Atriz!
"Pobres Criaturas" é realmente excelente, mas não se deixe levar por tantos elogios da critica e do público - e muito menos pelos quatro Oscars que o filme abocanhou em 2024. Sim, nem todos vão gostar do filme, mas saiba que quem gostar, na verdade vai amar! Escrevo isso com a mais absoluta tranquilidade, pois o filme é uma experiência cinematográfica única, que te fará rir, pensar e questionar a própria natureza humana de uma forma bastante particular. Por essa perspectiva, o filme é imperdível. Dirigido pelo aclamado Yorgos Lanthimos (de "A Favorita"), "Poor Things" (no original) tem uma dinâmica visual impressionante e uma narrativa pouco usual, orbitando entre uma comédia mais ácida e o drama totalmente existencialista - daqueles que desafiam as convenções sociais e exploram temas como identidade, gênero, sexualidade e morte, tudo junto e misturado. Profundo, não? Sim, muito, no entanto só dê o play se estiver disposto a mergulhar na proposta mais conceitual do diretor com seu estilo mais teatral, criativo e muito inventivo.
Baseado no livro homônimo de Alasdair Grey e referenciando o clássico "Frankenstein", a história se passa em uma atmosfera vitoriana atemporal e acompanha Bella Baxter (Emma Stone), trazida de volta à vida após se jogar de uma ponte. O experimento realizado pelo doutor Godwin Baxter (Willem Dafoe), um cientista brilhante, porém nada ortodoxo, é um sucesso, no entanto Bella, querendo conhecer mais do mundo, foge com um advogado e graças a maturidade que vai adquirindo passa exigir igualdade e liberdade. Confira o trailer:
Todos sabemos que o grego Yorgos Lanthimos é conhecido por seu estilo peculiar, que combina o humor negro com temas mais sérios em uma abordagem quase sempre perturbadora. Pois bem, aqui ele utiliza da sua assinatura como cineasta para recriar, com muita simbologia e sensibilidade, o cabo de guerra intenso entre o desejo e a razão - claro, com aquele toque de monstruosidade que tende a penalizar, com a mesma força, mas de modos distintos, os homens e as mulheres. Reparem como, em cinco "capítulos", o desenvolvimento da mente de Bella vai se transformando e a experiência de conhecer o mundo (e sair daquilo que a limitava) faz com que ela se aproxime cada vez mais do seu corpo amadurecido. É lindo de perceber esses detalhes a partir de planos simétricos e lentes completamente anguladas, criando uma atmosfera surreal e desconcertante, perfeita para os diálogos secos e sarcásticos do roteiro de Tony McNamara (duas vezes indicado ao Oscar) que coloca frente a frente modos tão diferentes de pensar e agir.
Obviamente que o elenco de "Pobres Criaturas" é a cereja do bolo dessa overdose visual de cor e estilo. Impecável em todas as camadas, eu diria que esse é o melhor trabalho (até aqui) da atriz Emma Stone - ela é capaz de entregar uma performance multifacetada e complexa, mesmo mergulhada no esteriótipo que vai se desconstruindo de acordo com o seu ganho de maturidade. Stone captura perfeitamente a confusão, a frustração e a resiliência de Bella perante suas descobertas, em todas as suas fases. Willem Dafoe, meu Deus, também está excelente como o Dr. Baxter - um personagem excêntrico e enigmático, sempre com aquele toque de sadismo tão sutil e ao mesmo tempo tão potente. Outro que merece destaque, claro, é Mark Ruffalo - simplesmente impecável, mais uma vez!
"Pobres Criaturas" é um filme que não se encaixa em nenhuma dessas prateleiras mais tradicionais do cinema atual. Ele é uma comédia, um drama e um filme de terror clássico, tudo ao mesmo tempo - uma mistura de "A Tragédia de Macbeth" com "A Invenção de Hugo Cabret" e aquele toque final de "Irma Vep" ou de "Hereditário". Veja, Lanthimos não tem, e nunca terá, medo de abordar temas ou tabus e ainda assim desafiar as expectativas da audiência com textos e cenas de fato impactantes, então esteja preparado para se chocar. Para aqueles mais tradicionais, sugiro passar longe dessa recomendação. Já para aqueles que vão se aventurar nesse mundo estranho e fascinante do diretor, muito possivelmente, serão recompensados com uma obra de arte singular e memorável.
Vale muito o seu play!
Up-date: "Pobres Criaturas" ganhou em quatro categorias no Oscar 2024, inclusive de Melhor Atriz!
Imagine-se diferente de todos ao seu redor. Imagine que resolva mostrar ao mundo quem você é, e não há preconceito, luta, injustiça e humilhação que o detenha de alcançar seu grande sonho... simplesmente ser quem você é! "Pose" é isso e muito mais!
A série se passa em meados dos anos 80/90, em Nova York, onde, para sobreviver e se proteger, os transexuais se reúnem em "famílias", sob as diretrizes das chamadas "Mães", que enxergam o melhor em cada um de seus "filhos", e se lançam nos badalados bailes LGBTQ, em busca de oportunidades para mostrar ao mundo toda a sua sensualidade, beleza e ousadia, através dos movimentos inusitados da Dança Vogue - leia-se a diva mor Madonna no hot parade. Confira o trailer:
Antes de mais nada é preciso dizer que a trilha sonora é um elemento a parte - simplesmente incrível! Já o roteiro não suaviza ao expor o fantasma da AIDS e como a doença continuava causando medo e incerteza na comunidade, embora o tratamento já mostrasse alguns resultados importantes - bem diferente de “Halston”dos anos 70 e do mesmo Ryan Murphy (criador da série). Drogas, violência, conteúdo sexual e uma pegada de humor trágico, é um retrato do que enfrentavam os transsexuais, com muita pose, para serem aceitos e respeitados em suas diferenças - e há muita sensibilidade para dimensionar isso naquela sociedade.
Outro ponto que merece destaque, diz respeito ao maior elenco transexual reunido em uma única produção! Blanca (Mj Rodriguez), Elektra (Dominique Jackson), Angel (Indya Moore) e Candy (Angelica Ross) trazem para a tela, o que há por trás de todas as cores e brilhos daquele universo onde não se trata de escolha ou de opção, é simplesmente ser quem realmente é - e olha, não foi por acaso que "Pose" teve 10 indicações ao Emmy, inclusive como "Melhor Elenco em Série Dramática", além de mais de 70 indicações e 30 prêmios em vários festivais pelo mundo.
O fato é que "Pose" brilha dentro e fora de cada um dos personagens, sem perder de vista a elegância e a sutileza para tocar em temas muito desconfortáveis, mas essenciais na discussão sobre tolerância e respeito, onde a voz das minorias reverbera, humildemente, na evolução do ser humano pelos olhos da cultura pop.
Vale o play!
Escrito por Willy Roosevelt com Edição de André Siqueira - uma parceria @tudocine1
Imagine-se diferente de todos ao seu redor. Imagine que resolva mostrar ao mundo quem você é, e não há preconceito, luta, injustiça e humilhação que o detenha de alcançar seu grande sonho... simplesmente ser quem você é! "Pose" é isso e muito mais!
A série se passa em meados dos anos 80/90, em Nova York, onde, para sobreviver e se proteger, os transexuais se reúnem em "famílias", sob as diretrizes das chamadas "Mães", que enxergam o melhor em cada um de seus "filhos", e se lançam nos badalados bailes LGBTQ, em busca de oportunidades para mostrar ao mundo toda a sua sensualidade, beleza e ousadia, através dos movimentos inusitados da Dança Vogue - leia-se a diva mor Madonna no hot parade. Confira o trailer:
Antes de mais nada é preciso dizer que a trilha sonora é um elemento a parte - simplesmente incrível! Já o roteiro não suaviza ao expor o fantasma da AIDS e como a doença continuava causando medo e incerteza na comunidade, embora o tratamento já mostrasse alguns resultados importantes - bem diferente de “Halston”dos anos 70 e do mesmo Ryan Murphy (criador da série). Drogas, violência, conteúdo sexual e uma pegada de humor trágico, é um retrato do que enfrentavam os transsexuais, com muita pose, para serem aceitos e respeitados em suas diferenças - e há muita sensibilidade para dimensionar isso naquela sociedade.
Outro ponto que merece destaque, diz respeito ao maior elenco transexual reunido em uma única produção! Blanca (Mj Rodriguez), Elektra (Dominique Jackson), Angel (Indya Moore) e Candy (Angelica Ross) trazem para a tela, o que há por trás de todas as cores e brilhos daquele universo onde não se trata de escolha ou de opção, é simplesmente ser quem realmente é - e olha, não foi por acaso que "Pose" teve 10 indicações ao Emmy, inclusive como "Melhor Elenco em Série Dramática", além de mais de 70 indicações e 30 prêmios em vários festivais pelo mundo.
O fato é que "Pose" brilha dentro e fora de cada um dos personagens, sem perder de vista a elegância e a sutileza para tocar em temas muito desconfortáveis, mas essenciais na discussão sobre tolerância e respeito, onde a voz das minorias reverbera, humildemente, na evolução do ser humano pelos olhos da cultura pop.
Vale o play!
Escrito por Willy Roosevelt com Edição de André Siqueira - uma parceria @tudocine1
"Proibido por Deus" é muito bom! Esse documentário produzido pela Hulu (e que aqui no Brasil você encontra no Star+) acompanha mais uma história "cabeluda" que expõe aquela receita explosiva que tem tudo para dar errado: politica, religião, sexo e poder, com um certo toque especial de hipocrisia que a sociedade americana adora fingir que não existe. Mesmo que inicialmente nossa percepção seja baseada em uma única perspectiva sobre o escândalo que derrubou Jerry Fallwell Jr., filho de um dos mais influentes pastores evangélicos do país, diretor da Liberty University e um dos mais importantes apoiadores de Donald Trump durante a campanha que o levou à presidência dos EUA, o filme dirigido pelo premiado Billy Corben (de "Cocaine Cowboys: The Kings of Miami") se esforça para equilibrar inúmeros fatos relevantes sobre o caso com um recorte de como a comunidade evangélica e o culto à personalidade podem, de fato, decidir uma eleição presidencial.
"God Forbid: The Sex Scandal that Brought Down a Dynasty" (no original) nos apresenta Giancarlo Granda, um ex-funcionário do badalado Fontainebleau Hotel em Miami Beach, que compartilha detalhes íntimos sobre seu relacionamento de 7 anos com uma mulher 20 anos mais velha, Becki Falwell, e seu influente marido, Jerry Falwell Jr. Confira o trailer (em inglês):
Com uma pegada que mistura "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão" (da Netflix) com "The Vow" (da HBO), "Proibido por Deus" é muito mais do que um olhar ingênuo sobre fantasias e desejos como pode parecer em seu primeiro ato, já que o roteiro não se limita em contar apenas as aventuras sexuais de um complicado e sórdido relacionamento de Granda com o casal de evangélicos, mas em uma camada mais profunda, ele discute a enorme influência que a rica cúpula evangélica americana tem sobre a política dos Estados Unidos e sobre a perigosa ascensão do ultra-nacionalismo cristão. Veja, é muito interessante como Corben vai contextualizando os acontecimentos envolvendo Granda e os Fallwell, e criando pontos de conexão com uma herança histórica, social e politica vergonhosa.
Através de uma narrativa extremamente envolvente e dinâmica que mostra, aí sim, os reflexos da falta de maturidade de um jovem ambicioso, o filme acaba provocando discussões significativas ao levantar questões importantes sobre as lideranças religiosas, sobre os valores mais conservadores, sobre a ética pessoal e, principalmente, sobre moralidade - talvez por isso, esse caso tenha ganhado uma repercussão tão importante ao mostrar a capacidade que os escândalos tem em influenciar a percepção pública e a reputação dos envolvidos em tempos de redes sociais, mesmo que isso vá mudando enquanto as verdades vão aparecendo.
Se apropriando de um tom de denúncia, "Proibido por Deus" funciona muito bem como entretenimento, no entanto não deixa de tocar em pontos sensíveis à condição humana que nos tiram de uma zona de conforto como audiência, e, claro, nos convida ao julgamento - esse conceito funciona tão bem que nem vemos o tempo passar, mesmo quando a história parece não caminhar para uma conclusão. Dito isso, tenho certeza que vale pela diversão então fica impossível não recomendar o play!
"Proibido por Deus" é muito bom! Esse documentário produzido pela Hulu (e que aqui no Brasil você encontra no Star+) acompanha mais uma história "cabeluda" que expõe aquela receita explosiva que tem tudo para dar errado: politica, religião, sexo e poder, com um certo toque especial de hipocrisia que a sociedade americana adora fingir que não existe. Mesmo que inicialmente nossa percepção seja baseada em uma única perspectiva sobre o escândalo que derrubou Jerry Fallwell Jr., filho de um dos mais influentes pastores evangélicos do país, diretor da Liberty University e um dos mais importantes apoiadores de Donald Trump durante a campanha que o levou à presidência dos EUA, o filme dirigido pelo premiado Billy Corben (de "Cocaine Cowboys: The Kings of Miami") se esforça para equilibrar inúmeros fatos relevantes sobre o caso com um recorte de como a comunidade evangélica e o culto à personalidade podem, de fato, decidir uma eleição presidencial.
"God Forbid: The Sex Scandal that Brought Down a Dynasty" (no original) nos apresenta Giancarlo Granda, um ex-funcionário do badalado Fontainebleau Hotel em Miami Beach, que compartilha detalhes íntimos sobre seu relacionamento de 7 anos com uma mulher 20 anos mais velha, Becki Falwell, e seu influente marido, Jerry Falwell Jr. Confira o trailer (em inglês):
Com uma pegada que mistura "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão" (da Netflix) com "The Vow" (da HBO), "Proibido por Deus" é muito mais do que um olhar ingênuo sobre fantasias e desejos como pode parecer em seu primeiro ato, já que o roteiro não se limita em contar apenas as aventuras sexuais de um complicado e sórdido relacionamento de Granda com o casal de evangélicos, mas em uma camada mais profunda, ele discute a enorme influência que a rica cúpula evangélica americana tem sobre a política dos Estados Unidos e sobre a perigosa ascensão do ultra-nacionalismo cristão. Veja, é muito interessante como Corben vai contextualizando os acontecimentos envolvendo Granda e os Fallwell, e criando pontos de conexão com uma herança histórica, social e politica vergonhosa.
Através de uma narrativa extremamente envolvente e dinâmica que mostra, aí sim, os reflexos da falta de maturidade de um jovem ambicioso, o filme acaba provocando discussões significativas ao levantar questões importantes sobre as lideranças religiosas, sobre os valores mais conservadores, sobre a ética pessoal e, principalmente, sobre moralidade - talvez por isso, esse caso tenha ganhado uma repercussão tão importante ao mostrar a capacidade que os escândalos tem em influenciar a percepção pública e a reputação dos envolvidos em tempos de redes sociais, mesmo que isso vá mudando enquanto as verdades vão aparecendo.
Se apropriando de um tom de denúncia, "Proibido por Deus" funciona muito bem como entretenimento, no entanto não deixa de tocar em pontos sensíveis à condição humana que nos tiram de uma zona de conforto como audiência, e, claro, nos convida ao julgamento - esse conceito funciona tão bem que nem vemos o tempo passar, mesmo quando a história parece não caminhar para uma conclusão. Dito isso, tenho certeza que vale pela diversão então fica impossível não recomendar o play!
"Projeto Gemini" é um filme divertido, do tipo que merece ser visto em uma tela bem grande e comendo um balde enorme de pipoca; mas não espere um graaaande filme - ele é o que é: entretenimento puro! Talvez por isso o marketing em cima do projeto tenha sido muito mais pela tecnologia de captação (3D+ em HFR) que o Diretor Ang Lee (Tigre e o Dragão) usou nas filmagens do que propriamente pela história em si - mas isso nós vamos falar um pouco mais para frente.
Ter Will Smith protagonizando um filme de ação já é garantia de uma boa bilheteria e os Estúdios sabem muito bem que essa receita permite pesar um pouco na mão pela forma e não se preocupar tanto com o conteúdo - mais ou menos como acontece em alguns games do gênero: é preciso ser divertido e não tão profundo ou complicado; e essa comparação não é por acaso. O filme conta história de um assassino de elite prestes a se aposentar chamado Henry Brogan. Após sua última missão, ele recebe uma informação que colocam os motivos dessa missão em cheque, expondo uma enorme rede de mentiras do Governo dos EUA. Até aí aí nada de novo para um filme de ação, até que se descobre que o tal jovem agente é uma versão 30 anos mais nova de Brogan. Dá só uma olhada no trailer:
Agora vamos falar da tecnologia "inovadora" por trás dessa história:
Quando em 2012, Peter Jackson gravou "Hobbit" em 48 quadros por segundo (o normal seria 24) ele justificou sua escolha como "uma oportunidade de colocar a audiência mais próxima dos personagens", já que, como o dobro de quadros, ganharíamos em qualidade e profundidade ao mesmo tempo que os movimentos pareceriam mais próximos da realidade - isso de fato acontece, mas o estranhamento foi tanto que muita gente achou que o filme estivesse com problemas (o que fez a Warner preparar um informativo explicando porque o filme estaria diferente) - o fato é que o tiro saiu pela culatra, primeiro pela quantidade de cinemas que tinham a capacidade de exibir o filme usando essa tecnologia nativa e depois pelas centenas de salas que tinham cópias convertidas e que, na opinião de muita gente, fez o filme parecer uma novela. Aqui cabe um comentário: antigamente uma novela era gravada (em vídeo) à 30 quadros por segundo, enquanto os filmes eram feitos (em película) à 24 - por isso tínhamos uma sensação mais poética ao ver um filme, enquanto a novela parecia mais com as nossas gravações caseiras. Por favor, é óbvio que existiam muitas outras diferenças, mas o ponto que quero exemplificar para todos entenderem é que essa velocidade de captação de imagem influenciava na forma como enxergávamos os filmes! Aliás, era por esse mesmo motivo que achávamos a séries americanas melhores, "parecendo filme" - pois elas também eram captadas em 24 quadros (e em película).
Dito isso, o "Projeto Gemini" foi vendido como uma nova era na captação imagens, pois o filme foi rodado em 120 quadros por segundo - uma taxa muito maior que o normal, ou seja, a qualidade da imagem seria melhor percebida devido a quantidade de quadros. Acontece que, como na época de "Hobbit", poucos cinemas estão preparados para exibir um filme nessa velocidade nativa - é preciso fazer uma conversão para, no mínimo, 60 quadros (o que já seria lindo), mas nossas salas só conseguem exibir em 24 ou 30 quadros na sua maioria. Ok, então porque resolveram filmar assim? Simples, existe um conceito visual em cima do filme muito claro e esse mérito não dá pra passar batido: aproximar o público da ação como se ele estive jogando um video-game e aí a experiência me pareceu funciona! Nas cenas de ação, a velocidade, sem a menor dúvida, interfere positivamente no resultado - tem um plano específico, feito em primeira pessoa, que realmente nos remete a um "jogo de tiro"! Qual o problema para mim (que conhece câmera que o Ang Lee usou): quando o plano está muito fechado (em Close) para cenas de diálogo (sem muito movimento) temos a sensação que os atores estão em um estúdio com "fundo verde", pois existe tanta informação visível em profundidade (pelo dobro de quadros) que parece que a paisagem é uma pintura aplicada - não fica nada natural e isso acontece muito no filme! Enquanto os planos abertos (gerais) ficam lindos, os fechados sofrem com essa percepção (ainda mais em 3D que o primeiro plano tende a "saltar" na tela).
De fato as cenas de ação funcionam muito bem - fica clara a capacidade inventiva do Ang Lee como diretor (o que muitas vezes exige uma boa dose de suspensão de realidade para embarcarmos na dinâmica do filme) para criar uma movimentação muito próxima dos games - o filme vale por esse aspecto técnico e artístico. Já o roteiro é terrível de ruim, sem a menor coerência narrativa que justifique a importância de alguns personagens na trama, fica parecendo que depois que cada um fez sua cena, basta eliminação-los e está tudo resolvido! O próprio final é super previsível e nenhum ator se sobressai à tecnologia - isso, para mim, é sempre um problema! Como eu disse, vale pelo entretenimento, se você gosta de muita ação, perseguição, tiroteiro e uma pitada de ficção científica; caso contrário não perca seu tempo. Assistir o filme para conhecer a nova tecnologia e se impressionar (ou não) por ela, também é um bom motivo, mas não espere mais do que uma boa experiência de entretenimento!
Só como curiosidade, o personagem do Will Smith mais novo não é maquiagem ou rejuvenescimento digital, é um rosto construído 100% do zero por computador e ficou bem interessante mesmo! Vale reparar! ;)
"Projeto Gemini" é um filme divertido, do tipo que merece ser visto em uma tela bem grande e comendo um balde enorme de pipoca; mas não espere um graaaande filme - ele é o que é: entretenimento puro! Talvez por isso o marketing em cima do projeto tenha sido muito mais pela tecnologia de captação (3D+ em HFR) que o Diretor Ang Lee (Tigre e o Dragão) usou nas filmagens do que propriamente pela história em si - mas isso nós vamos falar um pouco mais para frente.
Ter Will Smith protagonizando um filme de ação já é garantia de uma boa bilheteria e os Estúdios sabem muito bem que essa receita permite pesar um pouco na mão pela forma e não se preocupar tanto com o conteúdo - mais ou menos como acontece em alguns games do gênero: é preciso ser divertido e não tão profundo ou complicado; e essa comparação não é por acaso. O filme conta história de um assassino de elite prestes a se aposentar chamado Henry Brogan. Após sua última missão, ele recebe uma informação que colocam os motivos dessa missão em cheque, expondo uma enorme rede de mentiras do Governo dos EUA. Até aí aí nada de novo para um filme de ação, até que se descobre que o tal jovem agente é uma versão 30 anos mais nova de Brogan. Dá só uma olhada no trailer:
Agora vamos falar da tecnologia "inovadora" por trás dessa história:
Quando em 2012, Peter Jackson gravou "Hobbit" em 48 quadros por segundo (o normal seria 24) ele justificou sua escolha como "uma oportunidade de colocar a audiência mais próxima dos personagens", já que, como o dobro de quadros, ganharíamos em qualidade e profundidade ao mesmo tempo que os movimentos pareceriam mais próximos da realidade - isso de fato acontece, mas o estranhamento foi tanto que muita gente achou que o filme estivesse com problemas (o que fez a Warner preparar um informativo explicando porque o filme estaria diferente) - o fato é que o tiro saiu pela culatra, primeiro pela quantidade de cinemas que tinham a capacidade de exibir o filme usando essa tecnologia nativa e depois pelas centenas de salas que tinham cópias convertidas e que, na opinião de muita gente, fez o filme parecer uma novela. Aqui cabe um comentário: antigamente uma novela era gravada (em vídeo) à 30 quadros por segundo, enquanto os filmes eram feitos (em película) à 24 - por isso tínhamos uma sensação mais poética ao ver um filme, enquanto a novela parecia mais com as nossas gravações caseiras. Por favor, é óbvio que existiam muitas outras diferenças, mas o ponto que quero exemplificar para todos entenderem é que essa velocidade de captação de imagem influenciava na forma como enxergávamos os filmes! Aliás, era por esse mesmo motivo que achávamos a séries americanas melhores, "parecendo filme" - pois elas também eram captadas em 24 quadros (e em película).
Dito isso, o "Projeto Gemini" foi vendido como uma nova era na captação imagens, pois o filme foi rodado em 120 quadros por segundo - uma taxa muito maior que o normal, ou seja, a qualidade da imagem seria melhor percebida devido a quantidade de quadros. Acontece que, como na época de "Hobbit", poucos cinemas estão preparados para exibir um filme nessa velocidade nativa - é preciso fazer uma conversão para, no mínimo, 60 quadros (o que já seria lindo), mas nossas salas só conseguem exibir em 24 ou 30 quadros na sua maioria. Ok, então porque resolveram filmar assim? Simples, existe um conceito visual em cima do filme muito claro e esse mérito não dá pra passar batido: aproximar o público da ação como se ele estive jogando um video-game e aí a experiência me pareceu funciona! Nas cenas de ação, a velocidade, sem a menor dúvida, interfere positivamente no resultado - tem um plano específico, feito em primeira pessoa, que realmente nos remete a um "jogo de tiro"! Qual o problema para mim (que conhece câmera que o Ang Lee usou): quando o plano está muito fechado (em Close) para cenas de diálogo (sem muito movimento) temos a sensação que os atores estão em um estúdio com "fundo verde", pois existe tanta informação visível em profundidade (pelo dobro de quadros) que parece que a paisagem é uma pintura aplicada - não fica nada natural e isso acontece muito no filme! Enquanto os planos abertos (gerais) ficam lindos, os fechados sofrem com essa percepção (ainda mais em 3D que o primeiro plano tende a "saltar" na tela).
De fato as cenas de ação funcionam muito bem - fica clara a capacidade inventiva do Ang Lee como diretor (o que muitas vezes exige uma boa dose de suspensão de realidade para embarcarmos na dinâmica do filme) para criar uma movimentação muito próxima dos games - o filme vale por esse aspecto técnico e artístico. Já o roteiro é terrível de ruim, sem a menor coerência narrativa que justifique a importância de alguns personagens na trama, fica parecendo que depois que cada um fez sua cena, basta eliminação-los e está tudo resolvido! O próprio final é super previsível e nenhum ator se sobressai à tecnologia - isso, para mim, é sempre um problema! Como eu disse, vale pelo entretenimento, se você gosta de muita ação, perseguição, tiroteiro e uma pitada de ficção científica; caso contrário não perca seu tempo. Assistir o filme para conhecer a nova tecnologia e se impressionar (ou não) por ela, também é um bom motivo, mas não espere mais do que uma boa experiência de entretenimento!
Só como curiosidade, o personagem do Will Smith mais novo não é maquiagem ou rejuvenescimento digital, é um rosto construído 100% do zero por computador e ficou bem interessante mesmo! Vale reparar! ;)
Futebol é coisa séria, certo? Certíssimo, mas para nós que somos brasileiros o nível de seriedade extrapola o óbvio! Já para o time de Samoa Americana e seus torcedores, futebol é apenas mais um jogo, que deve ser levado a sério, claro, mas que em hipótese alguma chancela a felicidade de um ser humano pelos seus resultados no esporte. Aliás, é assim que deveria ser, não? Talvez mais do que pela qualidade como obra cinematográfica, "Quem Fizer Ganha" de fato tem uma história incrível, especialmente por sua importante mensagem sobre o real valor das conexões humanas, mas que aqui não tem a menor pretensão de não se deixar cair no clichê - e é aí que Taika Waititi (de "JoJo Rabbit"), literalmente, marca um golaço! Seu filme é um amontoado de clichês, mas construído de uma maneira leve, divertida e propositalmente simples; que nem por isso deixa de ser um excelente entretenimento bem ao estilo que fez de "Ted Lasso" um grande sucesso de crítica e público. O fato é que existe um caminho para contar boas histórias sobre o esporte sem precisar se apegar ao estilo documental ou ter uma estrutura dramática demais; é possível simplesmente rir e chorar sem ter que se levar tão a sério - fica a dica!
Em 2001, a seleção da Samoa Americana sofreu a maior derrota da história do futebol, perdendo por 31 a 0 para a Austrália. Dez anos depois, o técnico americano/holandês Thomas Rongen (Michael Fassbender) assume o desafio de levar a equipe à sua primeira vitória nas Eliminatórias da Copa do Mundo. Com um elenco excêntrico, composto por jogadores inexperientes e até mesmo a primeira jogadora de futebol transgênero do mundo, Jaiyah Saelua (Kaimana), Rongen precisa superar as diferenças culturais e as dificuldades do país para construir um time coeso e, quem sabe, competitivo. Confira o trailer:
Baseado no documentário homônimo de 2014, dirigido por Steve Jamison, "Quem Fizer Ganha" parte de uma improvável história real de superação para contar, da sua maneira, um episódio esportivo sem muita importância no cenário mundial, mas certamente inesquecível para um pequeno grupo de torcedores de um território não incorporado dos Estados Unidos situado na Polinésia, Oceania, com pouco menos de 200km de extensão. Com um humor próximo ao "pastelão", mas muito divertido pela sua proposta, o filme pontua o contraste cultural entre a ocidentalidade, de certa maneira agressiva, personificada por Rogen, e a tranquilidade e o respeito às tradições religiosas dos samoanos.
A direção de Waititi é inteligente, pois ele sabe ser sensível e bem-humorado na dose certa. Waititi se apoia no absurdo para capturar a essência da cultura de Samoa Americana, suas referências capitalistas e a paixão do seu povo pelo futebol. O roteiro, co-escrito por Waititi e Iain Morris (o mesmo de "O Que Fazemos nas Sombras") é leve, mas sempre com a preocupação de não deixar de lado os momentos dramáticos da história que dão certa veracidade para a jornada - as marcas da goleada para a Austrália e a redenção do goleiro Nicky Salapu são bons exemplos disso. Outro ponto que merece certo destaque é a trilha sonora composta por Michael Giacchino (vencedor do Oscar por "Up: Altas Aventuras") - ela é empolgante e contribui demais para a atmosfera vibrante do filme.
Embora Fassbender não tenha o carisma de Jason Sudeikis e de seu Ted Lasso, é inegável o valor da sua entrega como ator através de uma performance memorável. Ele consegue mostrar o lado humano de um técnico marcado pela vida e pela profissão - inclusive com uma cena que certamente vai te deixar de queixo caído. O elenco de apoio também é excelente, destaque para Kaimana.
"Quem Fizer Ganha" é um ótimo entretenimento, daquelesque te fará rir, chorar e vibrar com uma história real que merecia ser contada. Imperdível!
Futebol é coisa séria, certo? Certíssimo, mas para nós que somos brasileiros o nível de seriedade extrapola o óbvio! Já para o time de Samoa Americana e seus torcedores, futebol é apenas mais um jogo, que deve ser levado a sério, claro, mas que em hipótese alguma chancela a felicidade de um ser humano pelos seus resultados no esporte. Aliás, é assim que deveria ser, não? Talvez mais do que pela qualidade como obra cinematográfica, "Quem Fizer Ganha" de fato tem uma história incrível, especialmente por sua importante mensagem sobre o real valor das conexões humanas, mas que aqui não tem a menor pretensão de não se deixar cair no clichê - e é aí que Taika Waititi (de "JoJo Rabbit"), literalmente, marca um golaço! Seu filme é um amontoado de clichês, mas construído de uma maneira leve, divertida e propositalmente simples; que nem por isso deixa de ser um excelente entretenimento bem ao estilo que fez de "Ted Lasso" um grande sucesso de crítica e público. O fato é que existe um caminho para contar boas histórias sobre o esporte sem precisar se apegar ao estilo documental ou ter uma estrutura dramática demais; é possível simplesmente rir e chorar sem ter que se levar tão a sério - fica a dica!
Em 2001, a seleção da Samoa Americana sofreu a maior derrota da história do futebol, perdendo por 31 a 0 para a Austrália. Dez anos depois, o técnico americano/holandês Thomas Rongen (Michael Fassbender) assume o desafio de levar a equipe à sua primeira vitória nas Eliminatórias da Copa do Mundo. Com um elenco excêntrico, composto por jogadores inexperientes e até mesmo a primeira jogadora de futebol transgênero do mundo, Jaiyah Saelua (Kaimana), Rongen precisa superar as diferenças culturais e as dificuldades do país para construir um time coeso e, quem sabe, competitivo. Confira o trailer:
Baseado no documentário homônimo de 2014, dirigido por Steve Jamison, "Quem Fizer Ganha" parte de uma improvável história real de superação para contar, da sua maneira, um episódio esportivo sem muita importância no cenário mundial, mas certamente inesquecível para um pequeno grupo de torcedores de um território não incorporado dos Estados Unidos situado na Polinésia, Oceania, com pouco menos de 200km de extensão. Com um humor próximo ao "pastelão", mas muito divertido pela sua proposta, o filme pontua o contraste cultural entre a ocidentalidade, de certa maneira agressiva, personificada por Rogen, e a tranquilidade e o respeito às tradições religiosas dos samoanos.
A direção de Waititi é inteligente, pois ele sabe ser sensível e bem-humorado na dose certa. Waititi se apoia no absurdo para capturar a essência da cultura de Samoa Americana, suas referências capitalistas e a paixão do seu povo pelo futebol. O roteiro, co-escrito por Waititi e Iain Morris (o mesmo de "O Que Fazemos nas Sombras") é leve, mas sempre com a preocupação de não deixar de lado os momentos dramáticos da história que dão certa veracidade para a jornada - as marcas da goleada para a Austrália e a redenção do goleiro Nicky Salapu são bons exemplos disso. Outro ponto que merece certo destaque é a trilha sonora composta por Michael Giacchino (vencedor do Oscar por "Up: Altas Aventuras") - ela é empolgante e contribui demais para a atmosfera vibrante do filme.
Embora Fassbender não tenha o carisma de Jason Sudeikis e de seu Ted Lasso, é inegável o valor da sua entrega como ator através de uma performance memorável. Ele consegue mostrar o lado humano de um técnico marcado pela vida e pela profissão - inclusive com uma cena que certamente vai te deixar de queixo caído. O elenco de apoio também é excelente, destaque para Kaimana.
"Quem Fizer Ganha" é um ótimo entretenimento, daquelesque te fará rir, chorar e vibrar com uma história real que merecia ser contada. Imperdível!
“Red: Crescer É Uma Fera” é uma belíssima e divertida animação sobre crescimento e desafios da adolescência - bem ao "estilo Pixar" (como não poderia ser diferente, mas que se justifica por si só).
Na trama, Mei, uma adolescente de 13 anos que quando fica muito nervosa, agitada, emocionada ou estressada, se transforma em um panda vermelho gigante, e isso só resulta em mais problemas para a jovem. Confira o trailer (dublado):
Como o próprio trailer deixa muito claro, “Red: Crescer É Uma Fera” explora o amadurecimento e as inseguranças dessa fase tão particular da vida de uma garota que sempre foi reprimida pela mãe - e por isso está dividida entre ser a filha obediente ou se permitir ser seu novo "eu", que parece muito mais disposto a viver suas aventuras e emoções. Através dessa transformação incomum, a animação foi muito feliz ao usar de uma inteligente metáfora para discutir os desafios da adolescência e assim explorar o maior conflito interno da protagonista: viver uma vida dupla - já que fora de casa ela esbanja auto-confiança e dentro é como se vivesse em um casulo por medo do que sua mãe possa achar sobre seus gostos, desejos e vontades.
O roteiro além de abordar questões culturais, certamente fará os pais refletirem sobre algumas decisões em relação aos filhos, mas também garantirá aos pequeninos diversão, boas doses de fofura e muito humor genuíno. O público adulto, aliás, também vai se conectar com a história pelo elemento nostálgico, já que Mei usa um bichinho virtual, é apaixonada por uma boys band, os "4-Town" (que lembra bastante N’Sync e Backstreet Boys), além das revistas que logo remetem as famosas "Caprichos".
Dirigido por Domee Shi, que venceu o Oscar por Melhor Curta-Metragem de Animação por ”Bao”, o filme repete um pouco o conceito narrativo das relações entre mães e filhos, por isso percebe-se um certo cuidado nesse tratamento, já que a mãe não soa apenas como alguém autoritária, mas também alguém que ama sua filha e procura da maneira exagerada (como qualquer mãe) manter esse laço familiar tão forte.
O relacionamento "mãe e filha" facilmente vai conectar a audiência, pois o que vemos na tela é o que de fato acontece em muitas famílias - encontrar o equilíbrio perfeito entre uma mãe superprotetora e uma criança que também precisa de momentos de lazer, nem sempre é tarefa das mais fáceis. Sendo assim, como a maioria das animações da Pixar, na reta final a megalomania acaba tomando conta da narrativa e o foco mais certeiro dos primeiros atos, se dissolve em uma aventura mais genérica. Prejudica? Não, mas é um fato. Ainda assim, ”Red: Crescer é Uma Fera” finaliza com uma belíssima mensagem sobre amadurecimento e amor que vale a pena ser apreciada.
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
“Red: Crescer É Uma Fera” é uma belíssima e divertida animação sobre crescimento e desafios da adolescência - bem ao "estilo Pixar" (como não poderia ser diferente, mas que se justifica por si só).
Na trama, Mei, uma adolescente de 13 anos que quando fica muito nervosa, agitada, emocionada ou estressada, se transforma em um panda vermelho gigante, e isso só resulta em mais problemas para a jovem. Confira o trailer (dublado):
Como o próprio trailer deixa muito claro, “Red: Crescer É Uma Fera” explora o amadurecimento e as inseguranças dessa fase tão particular da vida de uma garota que sempre foi reprimida pela mãe - e por isso está dividida entre ser a filha obediente ou se permitir ser seu novo "eu", que parece muito mais disposto a viver suas aventuras e emoções. Através dessa transformação incomum, a animação foi muito feliz ao usar de uma inteligente metáfora para discutir os desafios da adolescência e assim explorar o maior conflito interno da protagonista: viver uma vida dupla - já que fora de casa ela esbanja auto-confiança e dentro é como se vivesse em um casulo por medo do que sua mãe possa achar sobre seus gostos, desejos e vontades.
O roteiro além de abordar questões culturais, certamente fará os pais refletirem sobre algumas decisões em relação aos filhos, mas também garantirá aos pequeninos diversão, boas doses de fofura e muito humor genuíno. O público adulto, aliás, também vai se conectar com a história pelo elemento nostálgico, já que Mei usa um bichinho virtual, é apaixonada por uma boys band, os "4-Town" (que lembra bastante N’Sync e Backstreet Boys), além das revistas que logo remetem as famosas "Caprichos".
Dirigido por Domee Shi, que venceu o Oscar por Melhor Curta-Metragem de Animação por ”Bao”, o filme repete um pouco o conceito narrativo das relações entre mães e filhos, por isso percebe-se um certo cuidado nesse tratamento, já que a mãe não soa apenas como alguém autoritária, mas também alguém que ama sua filha e procura da maneira exagerada (como qualquer mãe) manter esse laço familiar tão forte.
O relacionamento "mãe e filha" facilmente vai conectar a audiência, pois o que vemos na tela é o que de fato acontece em muitas famílias - encontrar o equilíbrio perfeito entre uma mãe superprotetora e uma criança que também precisa de momentos de lazer, nem sempre é tarefa das mais fáceis. Sendo assim, como a maioria das animações da Pixar, na reta final a megalomania acaba tomando conta da narrativa e o foco mais certeiro dos primeiros atos, se dissolve em uma aventura mais genérica. Prejudica? Não, mas é um fato. Ainda assim, ”Red: Crescer é Uma Fera” finaliza com uma belíssima mensagem sobre amadurecimento e amor que vale a pena ser apreciada.
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
É muito provável que se você está lendo esse review, você também conheça o astro do basquete norte-americano e MVP da NBA em 2021, Giannis Antetokounmpo. O que provavelmente você ainda não conheça é sua incrível história de vida e o que levou um jovem grego de descendência africana até o topo do esporte ao fazer do modesto Milwaukee Bucks, campeão depois de meio século da sua última conquista e, pasmem, marcando 50 pontos no jogo final - onde apenas 7 jogadores na história conseguiram esse feito.
"Rise" não mostra o sucesso de Giannis mais sim a jornada da família Antetokounmpo após Veronika (Yetide Badaki) e Charles (Dayo Okeniyi) chegarem na Grécia, vindos na Nigéria, onde lutaram para sobreviver e sustentar seus cinco filhos, enquanto viviam sob a ameaça diária de deportação. Com seu filho mais velho ainda na Nigéria com parentes, o casal estava desesperado para obter cidadania grega mas se via minado por um sistema que bloqueava, a cada tentativa, todas as possibilidades de se legalizarem. Quando não estavam estudando ou vendendo artigos para turistas nas ruas com o resto da família, os irmãos Thanasis (Ral Agada) e Giannis (Uche Agada) iam escondidos jogar basquete com um time juvenil local. Ingressando tarde no esporte, eles descobriram suas grandes habilidades na quadra e se esforçaram muito para se tornarem atletas de altíssimo nível. Com a ajuda de um jovem agente, Haris (Efthimis Chalkidis), Giannis se credenciou para o NBA Draft em 2013 em uma improvável perspectiva que mudaria não apenas sua vida, mas a vida de toda a sua família. Confira o trailer (dublado):
"Rise" é uma mistura de "Arremessando Alto" com "King Richard" e com um toque de "American Underdog" - ou seja, se você gostou de qualquer um desses títulos, você está no lugar certo! Embora o roteiro do Arash Amel (indicado ao Emmy em 2014 por "Grace of Monaco") não seja um primor e a direção do nigeriano Akin Omotoso (mais conhecido como o ator que interpretou o General Solomon em "Senhor das Armas") seja apenas mediana, "Rise" tem uma história sensacional e extremamente curiosa - eu diria até surpreendente visto que os três irmão de Giannis também conseguiram jogar no basquete americano.
Obviamente que pelo tamanho do seu protagonista, essa história merecia um diretor mais experiente e uma produção mais bem cuidada, mas em nada isso atrapalha nossa experiência como audiência. Você vai se revoltar, se emocionar e ainda torcer pelos personagens (mesmo sabendo o que a realidade já tratou de nos contar), mas também vai encontrar inúmeras frases de efeito (sempre com aquele tom motivacional barato) e algumas cenas super clichês (mesmo que bonitas visualmente), como a de Thanasis e Giannis treinando na chuva sob o olhar atento do seu pai Charles. Um ponto alto, sem dúvida, é a presença de Fela Kuti na trilha sonora, que, diga-se de passagem, é um dos elementos mais bem trabalhados no filme.
O fato é que "Rise", embora seja um filme para quem gosta de histórias marcantes e de superação sobre, hoje, astros do esporte; ainda traz um drama familiar muito interessante e real, além de uma jornada pela busca de pertencimento que toca em assuntos delicados e sensíveis como o racismo e a crise de imigração da Grécia no inicio dos anos 2000, mas que peca pela superficialidade como tratou o processo de ascensão de Giannis até chegar na NBA - talvez não fosse nem essa a proposta, eu entendo, mas é impossível não lembrar de como os títulos recentes que mencionei acima olharam para esse elemento dramático tão essencial e que acaba colocando o filme em outro patamar.
Vale pela história, pelo entretenimento e pela sensação de alegria e satisfação ao ver os créditos subindo com o resultado real de toda essa jornada!
É muito provável que se você está lendo esse review, você também conheça o astro do basquete norte-americano e MVP da NBA em 2021, Giannis Antetokounmpo. O que provavelmente você ainda não conheça é sua incrível história de vida e o que levou um jovem grego de descendência africana até o topo do esporte ao fazer do modesto Milwaukee Bucks, campeão depois de meio século da sua última conquista e, pasmem, marcando 50 pontos no jogo final - onde apenas 7 jogadores na história conseguiram esse feito.
"Rise" não mostra o sucesso de Giannis mais sim a jornada da família Antetokounmpo após Veronika (Yetide Badaki) e Charles (Dayo Okeniyi) chegarem na Grécia, vindos na Nigéria, onde lutaram para sobreviver e sustentar seus cinco filhos, enquanto viviam sob a ameaça diária de deportação. Com seu filho mais velho ainda na Nigéria com parentes, o casal estava desesperado para obter cidadania grega mas se via minado por um sistema que bloqueava, a cada tentativa, todas as possibilidades de se legalizarem. Quando não estavam estudando ou vendendo artigos para turistas nas ruas com o resto da família, os irmãos Thanasis (Ral Agada) e Giannis (Uche Agada) iam escondidos jogar basquete com um time juvenil local. Ingressando tarde no esporte, eles descobriram suas grandes habilidades na quadra e se esforçaram muito para se tornarem atletas de altíssimo nível. Com a ajuda de um jovem agente, Haris (Efthimis Chalkidis), Giannis se credenciou para o NBA Draft em 2013 em uma improvável perspectiva que mudaria não apenas sua vida, mas a vida de toda a sua família. Confira o trailer (dublado):
"Rise" é uma mistura de "Arremessando Alto" com "King Richard" e com um toque de "American Underdog" - ou seja, se você gostou de qualquer um desses títulos, você está no lugar certo! Embora o roteiro do Arash Amel (indicado ao Emmy em 2014 por "Grace of Monaco") não seja um primor e a direção do nigeriano Akin Omotoso (mais conhecido como o ator que interpretou o General Solomon em "Senhor das Armas") seja apenas mediana, "Rise" tem uma história sensacional e extremamente curiosa - eu diria até surpreendente visto que os três irmão de Giannis também conseguiram jogar no basquete americano.
Obviamente que pelo tamanho do seu protagonista, essa história merecia um diretor mais experiente e uma produção mais bem cuidada, mas em nada isso atrapalha nossa experiência como audiência. Você vai se revoltar, se emocionar e ainda torcer pelos personagens (mesmo sabendo o que a realidade já tratou de nos contar), mas também vai encontrar inúmeras frases de efeito (sempre com aquele tom motivacional barato) e algumas cenas super clichês (mesmo que bonitas visualmente), como a de Thanasis e Giannis treinando na chuva sob o olhar atento do seu pai Charles. Um ponto alto, sem dúvida, é a presença de Fela Kuti na trilha sonora, que, diga-se de passagem, é um dos elementos mais bem trabalhados no filme.
O fato é que "Rise", embora seja um filme para quem gosta de histórias marcantes e de superação sobre, hoje, astros do esporte; ainda traz um drama familiar muito interessante e real, além de uma jornada pela busca de pertencimento que toca em assuntos delicados e sensíveis como o racismo e a crise de imigração da Grécia no inicio dos anos 2000, mas que peca pela superficialidade como tratou o processo de ascensão de Giannis até chegar na NBA - talvez não fosse nem essa a proposta, eu entendo, mas é impossível não lembrar de como os títulos recentes que mencionei acima olharam para esse elemento dramático tão essencial e que acaba colocando o filme em outro patamar.
Vale pela história, pelo entretenimento e pela sensação de alegria e satisfação ao ver os créditos subindo com o resultado real de toda essa jornada!
"Safety" é muito bacana (muito "mesmo"!) - daqueles filmes emocionantes que nos fazem sorrir com o coração e com a alma! Safety para quem está pouco familiarizado com o Futebol Americano é uma posição importante da linha de defesa de um time e que em uma tradução livre significa "segurança". Muito mais do que contar a história de um atleta que joga nessa posição, o título do filme pretende explorar o real significado da palavra dentro do âmbito familiar e é isso que transforma essa produção original da Disney em um filme simplesmente imperdível!
Essa é a história real de Ray McElrathbey (Jay Reeves), um jovem jogador de futebol americano recém chegado em uma das Universidades mais tradicionais dos EUA quando o assunto é o programa de bolsas para o esporte. A oportunidade de jogar nos "Tigers" de Clemson é tão relevante quanto ganhar uma bolsa integral da Universidade, porém McElrathbey precisa enfrentar uma série de desafiadores obstáculos na vida e lutar contra muitas adversidades para manter essa condição de estudante e atleta, ao mesmo tempo que precisa cuidar de seu irmão de 11 anos de idade enquanto sua mãe passa por um tratamento para se livrar das drogas. Confira o trailer:
Veja, mesmo com inúmeras referências ao esporte, inclusive com diálogos bastante complicados até para os mais familiarizados, "Safety" não é um filme de futebol americano na sua essência - são pouquíssimas cenas de jogos ou de citações sobre a necessidade de vencer o título da temporada. Obviamente que a atmosfera esportiva e a importância dos Tigers para a comunidade são claramente perceptíveis durante o desenrolar do filme, mas eu diria que a relação direta com o esporte em si para por aí. É inegável que a audiência acostumada com o futebol americano vai se relacionar de uma maneira muito mais profunda com a trama, mas o roteiro de Nick Santora (da série “Prison Break”) cumpre muito bem o papel didático para fisgar um público mais abrangente.
"Safety" é um excelente exemplo de história que daria um filme impactante se o conceito narrativo se apoiasse no realismo brutal do drama familiar como em "Florida Project"ou "Palmer", mas assim não seria um filme "Disney". A escolha (ou imposição) do diretor Reginald Hudlin (“O Pai da Black Music”) por um tom mais brando prejudica a experiência? Não, muito pelo contrário, mas não dá para negar que a busca pela solução do problema acaba ganhando uma importância narrativa muito maior do que o problema em si.
Tecnicamente o filme é muito bem realizado - dos planos abertos do campo de futebol americano para nos posicionar perante a grandiosidade do esporte e de sua tradição para a universidade de Clemson aos cortes bem executados entre uma câmera subjetiva ou um movimento de travelling para nos colocar no campo de jogo. Tudo isso, porém, são apenas elementos visualmente impactantes para emoldurar as mensagens inspiradoras e emocionantes, além de ótimos momentos que servem como alívios cômicos (principalmente com o ótimo Thaddeus J. Mixson - o irmão mais novo de Ray, Fahmarr).
"Safety" é repleto de clichês, mas que funciona perfeitamente para nos emocionar, além de trazer aquela sensação de bem-estar tão característico das produções da Disney que em nenhum momento perdem o seu brilho ou a simpatia dos personagens.
Vale muito a pena!
"Safety" é muito bacana (muito "mesmo"!) - daqueles filmes emocionantes que nos fazem sorrir com o coração e com a alma! Safety para quem está pouco familiarizado com o Futebol Americano é uma posição importante da linha de defesa de um time e que em uma tradução livre significa "segurança". Muito mais do que contar a história de um atleta que joga nessa posição, o título do filme pretende explorar o real significado da palavra dentro do âmbito familiar e é isso que transforma essa produção original da Disney em um filme simplesmente imperdível!
Essa é a história real de Ray McElrathbey (Jay Reeves), um jovem jogador de futebol americano recém chegado em uma das Universidades mais tradicionais dos EUA quando o assunto é o programa de bolsas para o esporte. A oportunidade de jogar nos "Tigers" de Clemson é tão relevante quanto ganhar uma bolsa integral da Universidade, porém McElrathbey precisa enfrentar uma série de desafiadores obstáculos na vida e lutar contra muitas adversidades para manter essa condição de estudante e atleta, ao mesmo tempo que precisa cuidar de seu irmão de 11 anos de idade enquanto sua mãe passa por um tratamento para se livrar das drogas. Confira o trailer:
Veja, mesmo com inúmeras referências ao esporte, inclusive com diálogos bastante complicados até para os mais familiarizados, "Safety" não é um filme de futebol americano na sua essência - são pouquíssimas cenas de jogos ou de citações sobre a necessidade de vencer o título da temporada. Obviamente que a atmosfera esportiva e a importância dos Tigers para a comunidade são claramente perceptíveis durante o desenrolar do filme, mas eu diria que a relação direta com o esporte em si para por aí. É inegável que a audiência acostumada com o futebol americano vai se relacionar de uma maneira muito mais profunda com a trama, mas o roteiro de Nick Santora (da série “Prison Break”) cumpre muito bem o papel didático para fisgar um público mais abrangente.
"Safety" é um excelente exemplo de história que daria um filme impactante se o conceito narrativo se apoiasse no realismo brutal do drama familiar como em "Florida Project"ou "Palmer", mas assim não seria um filme "Disney". A escolha (ou imposição) do diretor Reginald Hudlin (“O Pai da Black Music”) por um tom mais brando prejudica a experiência? Não, muito pelo contrário, mas não dá para negar que a busca pela solução do problema acaba ganhando uma importância narrativa muito maior do que o problema em si.
Tecnicamente o filme é muito bem realizado - dos planos abertos do campo de futebol americano para nos posicionar perante a grandiosidade do esporte e de sua tradição para a universidade de Clemson aos cortes bem executados entre uma câmera subjetiva ou um movimento de travelling para nos colocar no campo de jogo. Tudo isso, porém, são apenas elementos visualmente impactantes para emoldurar as mensagens inspiradoras e emocionantes, além de ótimos momentos que servem como alívios cômicos (principalmente com o ótimo Thaddeus J. Mixson - o irmão mais novo de Ray, Fahmarr).
"Safety" é repleto de clichês, mas que funciona perfeitamente para nos emocionar, além de trazer aquela sensação de bem-estar tão característico das produções da Disney que em nenhum momento perdem o seu brilho ou a simpatia dos personagens.
Vale muito a pena!
"Sentimental" vai te surpreender pela qualidade do texto, pela capacidade do elenco e, principalmente, pela forma inteligente como as relações entre casais são discutidas com um leve toque de ironia, mas nem por isso menos verdadeira. Esse filme do excelente diretor catalão Cesc Gay (o mesmo dos também excelentes "O que os homens falam" e "Truman") é mais um presente do cinema espanhol que transita perfeitamente entre a comédia e o drama para expor, sem receio algum de parecer invasivo, a complexidade das relações humanas - com suas similaridades e particularidades.
Há 15 anos juntos, o casamento de Julio (Javier Cámara) e Ana (Griselda Siciliani) já não é mais o mesmo. Apesar de se gostarem, eles estão constantemente em embates, sempre dispostos em implicar um com o outro - sem falar, é claro, que em termos de relações sexuais, há muito já não existe. As coisas se complicam ainda mais quando os vizinhos de cima, Laura (Belén Cuesta) e Salva (Alberto San Juan), são convidados por Ana para um vinho em seu apartamento. O choque de realidades entre um casal aparentemente feliz e de bem com a vida e outro em plena crise, é imediato, e quando um assunto delicado vem à tona... Confira o trailer:
Com apenas 82 minutos e um time perfeito, "Sentimental" é muito competente em apresentar um cenário inusitado de forma espirituosa e inteligente - bem ao estilo de "Perfeitos Desconhecidos", eu diria. Inegavelmente referenciado pelos áureos tempos de Woody Allen, Cesc Gay equilibra o sarcasmo com uma franqueza quase ofensiva para tocar em pontos extremamente realistas e por si só bastante delicados. Ao usar discussões ou abordagens não convencionais sobre sexo, o diretor se aprofunda mesmo é no tédio que afeta as relações ao longo do tempo - com isso ele acaba criando um embate natural e introspectivo do que representa, de fato, estar com alguém (sem saber exatamente se é isso que ambos querem).
Por se tratar de dois casais de classe-média, algumas propostas estabelecidas pelo roteiro nos impactam de imediato - as convenções sociais que muitas vezes nos orientam, independente dos nossos planejamentos como indivíduos, são brilhantemente retratadas por um Javier Cámara no melhor da sua forma e por uma Griselda Siciliani que entrega uma personagem muito mais profunda e cheia de camadas do que possa parecer - ambos foram indicados para o Goya Awards em 2021. Mas quem ganhou mesmo foi o "bombeiro" Salva, Alberto San Juan - ele está simplesmente impecável (é impressionante como seus pensamentos, quase todos eróticos, são facilmente decodificados pelo seu olhar e pelo seu sorriso).
Como uma imperdível peça de teatro e com um elenco dos mais afiados, "Sentimental" vai te fazer sorrir, refletir e até te emocionar, dentro de uma simplicidade narrativa, sem se apegar em estereótipos ou atalhos cômicos, para contar uma história inusitada, mas tão palpável e realista que, mesmo com cenas mais longas e basicamente apoiadas nos diálogos, se justificam pelo simples fato de estar mostrando a vida exatamente como ela é!
Vale muito o seu play!
"Sentimental" vai te surpreender pela qualidade do texto, pela capacidade do elenco e, principalmente, pela forma inteligente como as relações entre casais são discutidas com um leve toque de ironia, mas nem por isso menos verdadeira. Esse filme do excelente diretor catalão Cesc Gay (o mesmo dos também excelentes "O que os homens falam" e "Truman") é mais um presente do cinema espanhol que transita perfeitamente entre a comédia e o drama para expor, sem receio algum de parecer invasivo, a complexidade das relações humanas - com suas similaridades e particularidades.
Há 15 anos juntos, o casamento de Julio (Javier Cámara) e Ana (Griselda Siciliani) já não é mais o mesmo. Apesar de se gostarem, eles estão constantemente em embates, sempre dispostos em implicar um com o outro - sem falar, é claro, que em termos de relações sexuais, há muito já não existe. As coisas se complicam ainda mais quando os vizinhos de cima, Laura (Belén Cuesta) e Salva (Alberto San Juan), são convidados por Ana para um vinho em seu apartamento. O choque de realidades entre um casal aparentemente feliz e de bem com a vida e outro em plena crise, é imediato, e quando um assunto delicado vem à tona... Confira o trailer:
Com apenas 82 minutos e um time perfeito, "Sentimental" é muito competente em apresentar um cenário inusitado de forma espirituosa e inteligente - bem ao estilo de "Perfeitos Desconhecidos", eu diria. Inegavelmente referenciado pelos áureos tempos de Woody Allen, Cesc Gay equilibra o sarcasmo com uma franqueza quase ofensiva para tocar em pontos extremamente realistas e por si só bastante delicados. Ao usar discussões ou abordagens não convencionais sobre sexo, o diretor se aprofunda mesmo é no tédio que afeta as relações ao longo do tempo - com isso ele acaba criando um embate natural e introspectivo do que representa, de fato, estar com alguém (sem saber exatamente se é isso que ambos querem).
Por se tratar de dois casais de classe-média, algumas propostas estabelecidas pelo roteiro nos impactam de imediato - as convenções sociais que muitas vezes nos orientam, independente dos nossos planejamentos como indivíduos, são brilhantemente retratadas por um Javier Cámara no melhor da sua forma e por uma Griselda Siciliani que entrega uma personagem muito mais profunda e cheia de camadas do que possa parecer - ambos foram indicados para o Goya Awards em 2021. Mas quem ganhou mesmo foi o "bombeiro" Salva, Alberto San Juan - ele está simplesmente impecável (é impressionante como seus pensamentos, quase todos eróticos, são facilmente decodificados pelo seu olhar e pelo seu sorriso).
Como uma imperdível peça de teatro e com um elenco dos mais afiados, "Sentimental" vai te fazer sorrir, refletir e até te emocionar, dentro de uma simplicidade narrativa, sem se apegar em estereótipos ou atalhos cômicos, para contar uma história inusitada, mas tão palpável e realista que, mesmo com cenas mais longas e basicamente apoiadas nos diálogos, se justificam pelo simples fato de estar mostrando a vida exatamente como ela é!
Vale muito o seu play!
Se você não é um leitor fanático dos HQs da Marvel, certamente você não havia ouvido falar do Mestre do Kung-Fu, Shang-Chi - como provavelmente você também não conhecia os "Guardiões das Galáxia". Pois bem, a comparação é válida, pois a Marvel já provou ser capaz de transformar suas IPs (propriedades intelectuais) mais secundárias em grandes surpresas (e promissoras franquias) quando adaptadas para as telas de cinema - e aqui eu afirmo com todas as letras: "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é muito (muito mesmo) divertido! Entretenimento puro com o carimbo do Estúdio!
No filme, acompanhamos a história de Shang-Chi (Simu Liu), um jovem chinês que foi criado por seu pai em reclusão para que pudesse focar totalmente em ser um mestre de artes marciais. Entretanto, quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo pela primeira vez, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar e traçar o seu próprio caminho. Confira o trailer:
É inegável que os amantes de artes marciais vão se conectar rapidamente com o filme, da mesma forma que as pessoas que gostam de filmes de fantasia também vão - o mix de "O Tigre e o Dragão" com a competente linha narrativa de "história de origem" da Marvel funciona bem demais. mas não é perfeita e, quer saber, não tem a menor importância! "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é tão dinâmico e bem realizado que nem vemos o tempo passar - é tanta pancadaria, que os alívios cômicos acabam funcionando como um escapemuito mais para retomar o fôlego - a incrível sequência do ônibus nas ladeiras de San Francisco que o diga!
O filme tem o mérito de transformar citações da mitologia chinesa em elementos narrativos muito presentes em séries de fantasia - a luta entre "dragões" no terceiro ato é um convite emocional aos bons momentos de "Game of Thrones". Ao mesmo tempo, com a direção de Destin Daniel Cretton (de "Luta por Justiça") e a performance de Liu, temos lutas muito bem coreografadas - quando enquadradas "homem a homem", o ballet é perfeito e a sensação de leveza dos golpes contrastando com o peso do impacto produzido pelo desenho de som, chega a ser impactante visualmente. Mérito de uma equipe experiente de coreografia em artes marciais (nos EUA conhecido como "stage combat") comandada pelo Andy Cheng.
Outro detalhe que merece um destaque, sem dúvida, é o trabalho pontual, mas bem interessante de Awkwafina, como a melhor amiga de Shang-Chi, Katy - ela esbanja simpatia e carisma! Simu Liu é outro que deve ganhar cada vez mais destaque no MCU - ele está impecável como herói e trabalha tão bem com os elementos em CGI, que, certamente, será muito bem aproveitado daqui para frente.
Um filme que apresenta Xialing (Meng’er Zhang) e resgata Trevor (Ben Kingsley) de "Homem de Ferro 3", atém de apresentar um arco perfeito e enxuto do verdadeiro "Mandarim" Wenwu (Tony Leung), merece muito respeito. "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" tem seus defeitos? Claro que sim - inclusive técnicos, mas em hipótese alguma isso é motivo para tirar o filme daquela disputada prateleira como uma das maiores (e boas) surpresas que a Marvel já produziu até hoje!
Vale muito a pena!
Se você não é um leitor fanático dos HQs da Marvel, certamente você não havia ouvido falar do Mestre do Kung-Fu, Shang-Chi - como provavelmente você também não conhecia os "Guardiões das Galáxia". Pois bem, a comparação é válida, pois a Marvel já provou ser capaz de transformar suas IPs (propriedades intelectuais) mais secundárias em grandes surpresas (e promissoras franquias) quando adaptadas para as telas de cinema - e aqui eu afirmo com todas as letras: "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é muito (muito mesmo) divertido! Entretenimento puro com o carimbo do Estúdio!
No filme, acompanhamos a história de Shang-Chi (Simu Liu), um jovem chinês que foi criado por seu pai em reclusão para que pudesse focar totalmente em ser um mestre de artes marciais. Entretanto, quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo pela primeira vez, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar e traçar o seu próprio caminho. Confira o trailer:
É inegável que os amantes de artes marciais vão se conectar rapidamente com o filme, da mesma forma que as pessoas que gostam de filmes de fantasia também vão - o mix de "O Tigre e o Dragão" com a competente linha narrativa de "história de origem" da Marvel funciona bem demais. mas não é perfeita e, quer saber, não tem a menor importância! "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é tão dinâmico e bem realizado que nem vemos o tempo passar - é tanta pancadaria, que os alívios cômicos acabam funcionando como um escapemuito mais para retomar o fôlego - a incrível sequência do ônibus nas ladeiras de San Francisco que o diga!
O filme tem o mérito de transformar citações da mitologia chinesa em elementos narrativos muito presentes em séries de fantasia - a luta entre "dragões" no terceiro ato é um convite emocional aos bons momentos de "Game of Thrones". Ao mesmo tempo, com a direção de Destin Daniel Cretton (de "Luta por Justiça") e a performance de Liu, temos lutas muito bem coreografadas - quando enquadradas "homem a homem", o ballet é perfeito e a sensação de leveza dos golpes contrastando com o peso do impacto produzido pelo desenho de som, chega a ser impactante visualmente. Mérito de uma equipe experiente de coreografia em artes marciais (nos EUA conhecido como "stage combat") comandada pelo Andy Cheng.
Outro detalhe que merece um destaque, sem dúvida, é o trabalho pontual, mas bem interessante de Awkwafina, como a melhor amiga de Shang-Chi, Katy - ela esbanja simpatia e carisma! Simu Liu é outro que deve ganhar cada vez mais destaque no MCU - ele está impecável como herói e trabalha tão bem com os elementos em CGI, que, certamente, será muito bem aproveitado daqui para frente.
Um filme que apresenta Xialing (Meng’er Zhang) e resgata Trevor (Ben Kingsley) de "Homem de Ferro 3", atém de apresentar um arco perfeito e enxuto do verdadeiro "Mandarim" Wenwu (Tony Leung), merece muito respeito. "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" tem seus defeitos? Claro que sim - inclusive técnicos, mas em hipótese alguma isso é motivo para tirar o filme daquela disputada prateleira como uma das maiores (e boas) surpresas que a Marvel já produziu até hoje!
Vale muito a pena!
Aclamado como um dos melhores filmes de 2004, "Sideways" (que no Brasil ganhouo sugestivo subtítulo e "Entre Umas e Outras") é uma verdadeira obra-prima do diretor Alexander Payne(de "Os Decendentes"). O roteiro (vencedor na categoria "Roteiro Adaptado" no Oscar de 2005) mergulha profundamente nas complexidades da vida adulta e de seus relacionamentos. Com uma equilíbrio perfeito entre a comédia, o drama e seus vários momentos de reflexão, o filme oferece uma experiência cinematográfica memorável e muito cativante.
A trama gira em torno de dois amigos de longa data, Miles (Paul Giamatti) e Jack (Thomas Haden Church). Miles é um escritor fracassado e divorciado, que busca conforto em sua paixão pelo vinho, enquanto Jack é um ator em decadência que está prestes a se casar e decide aproveitar sua última semana de solteiro com uma viagem pelo Vale de Santa Ynez, na Califórnia. Em crise e lidando com suas próprias questões pessoais, o filme é uma verdadeira jornada sobre solidão e reencontro. Confira o trailer (em inglês):
O que torna "Sideways" tão especial é a maneira como Payne retrata as nuances das emoções humanas. O roteiro do próprio Payne ao lado de Rex Pickett e de Jim Taylor explora os altos e baixos da vida, a fragilidade das relações interpessoais e as oportunidades perdidas ao longo desse caminho. O filme, de fato, nos leva por uma jornada emocional, que nos faz rir e chorar ao mesmo tempo, e nos provoca uma reflexão sobre nossas próprias vidas e escolhas - então esteja preparado!
Além da narrativa envolvente, "Sideways" também brilha em sua abordagem visual. A fotografia do diretor Phedon Papamichael captura a beleza deslumbrante do Vale de Santa Ynez, com suas vastas paisagens de vinhedos e montanhas de uma forma única - chega a ser impressionante sua não indicação ao Oscar daquela temporada (ele que foi indicado anos depois por "Nebraska" e "Os 7 de Chicago"). As cenas são cirurgicamente bem enquadradas, transmitindo tanto a sensação de serenidade quanto a de solidão dos personagens. Lindo de ver e de sentir!
O elenco, como não poderia deixar de ser, é um dos pontos altos do filme - Giamatti oferece uma performance magnífica, transmitindo com maestria a tristeza e a amargura de seu personagem. Já Thomas Haden Church traz uma energia vibrante e um toque de comicidade, equilibrando perfeitamente as nuances entre eles. Além deles, Virginia Madsen e Sandra Oh merecem destaque por suas interpretações apaixonadas e envolventes. Madsen retrata Maya, uma garçonete local que desperta o interesse de Miles, enquanto Oh interpreta Stephanie, uma sedutora e carismática amiga de Jack. Ambas as atrizes entregam trabalhos convincentes, adicionando camadas de profundidade emocional ao filme capaz de colocá-lo em outro patamar.
Veja, embora "Sideways" seja ambientado no mundo do vinho, o filme é muito mais do que uma história sobre essa maravilha - ele é um retrato sensível sobre a condição humana que explora temas universais como o amadurecimento, a amizade e a busca contínua pela felicidade. Com diálogos afiados e personagens dos mais complexos, o filme nos leva por uma viagem introspectiva que nos deixa com uma sensação de conexão com os personagens que chega tocar a alma.
Vale muito o seu play, para ver ou rever!
Up-date: "Sideways" recebeu cinco indicações no Oscar 2005, inclusive de "Melhor Filme do Ano"!
Aclamado como um dos melhores filmes de 2004, "Sideways" (que no Brasil ganhouo sugestivo subtítulo e "Entre Umas e Outras") é uma verdadeira obra-prima do diretor Alexander Payne(de "Os Decendentes"). O roteiro (vencedor na categoria "Roteiro Adaptado" no Oscar de 2005) mergulha profundamente nas complexidades da vida adulta e de seus relacionamentos. Com uma equilíbrio perfeito entre a comédia, o drama e seus vários momentos de reflexão, o filme oferece uma experiência cinematográfica memorável e muito cativante.
A trama gira em torno de dois amigos de longa data, Miles (Paul Giamatti) e Jack (Thomas Haden Church). Miles é um escritor fracassado e divorciado, que busca conforto em sua paixão pelo vinho, enquanto Jack é um ator em decadência que está prestes a se casar e decide aproveitar sua última semana de solteiro com uma viagem pelo Vale de Santa Ynez, na Califórnia. Em crise e lidando com suas próprias questões pessoais, o filme é uma verdadeira jornada sobre solidão e reencontro. Confira o trailer (em inglês):
O que torna "Sideways" tão especial é a maneira como Payne retrata as nuances das emoções humanas. O roteiro do próprio Payne ao lado de Rex Pickett e de Jim Taylor explora os altos e baixos da vida, a fragilidade das relações interpessoais e as oportunidades perdidas ao longo desse caminho. O filme, de fato, nos leva por uma jornada emocional, que nos faz rir e chorar ao mesmo tempo, e nos provoca uma reflexão sobre nossas próprias vidas e escolhas - então esteja preparado!
Além da narrativa envolvente, "Sideways" também brilha em sua abordagem visual. A fotografia do diretor Phedon Papamichael captura a beleza deslumbrante do Vale de Santa Ynez, com suas vastas paisagens de vinhedos e montanhas de uma forma única - chega a ser impressionante sua não indicação ao Oscar daquela temporada (ele que foi indicado anos depois por "Nebraska" e "Os 7 de Chicago"). As cenas são cirurgicamente bem enquadradas, transmitindo tanto a sensação de serenidade quanto a de solidão dos personagens. Lindo de ver e de sentir!
O elenco, como não poderia deixar de ser, é um dos pontos altos do filme - Giamatti oferece uma performance magnífica, transmitindo com maestria a tristeza e a amargura de seu personagem. Já Thomas Haden Church traz uma energia vibrante e um toque de comicidade, equilibrando perfeitamente as nuances entre eles. Além deles, Virginia Madsen e Sandra Oh merecem destaque por suas interpretações apaixonadas e envolventes. Madsen retrata Maya, uma garçonete local que desperta o interesse de Miles, enquanto Oh interpreta Stephanie, uma sedutora e carismática amiga de Jack. Ambas as atrizes entregam trabalhos convincentes, adicionando camadas de profundidade emocional ao filme capaz de colocá-lo em outro patamar.
Veja, embora "Sideways" seja ambientado no mundo do vinho, o filme é muito mais do que uma história sobre essa maravilha - ele é um retrato sensível sobre a condição humana que explora temas universais como o amadurecimento, a amizade e a busca contínua pela felicidade. Com diálogos afiados e personagens dos mais complexos, o filme nos leva por uma viagem introspectiva que nos deixa com uma sensação de conexão com os personagens que chega tocar a alma.
Vale muito o seu play, para ver ou rever!
Up-date: "Sideways" recebeu cinco indicações no Oscar 2005, inclusive de "Melhor Filme do Ano"!
O esporte é incrível em construir narrativas simplesmente sensacionais, mas quase sempre o contexto é tão importante quanto o arco principal e talvez por isso que nos impacte tanto e deixe tantas lições. "Sobre Milagres e Homens", documentário produzido pela ESPN, é mais um filme disposto a contar a façanha do time de hóquei no gelo dos Estados Unidos durante as Olimpíadas de Inverno de 1980, porém com um diferencial fundamental para colocar essa obra naquela prateleira de "Imperdível" - pela primeira vez, essa história é contada pelo ponto de vista de quem perdeu aquele jogo, ou seja, os jogadores da ex-URSS.
Numa sexta-feira à noite, em Lake Placid, Nova York, um grupo de universitários norte-americanos surpreendeu a quase imbatível equipe nacional soviética, na competição de hóquei nas Olimpíadas de 1980. Os americanos começaram a acreditar em milagres naquela noite, já que algumas semanas antes, em um amistoso, os soviéticos haviam humilhado os americanos com um sonoro 10 a 3. Quando os membros da equipe americana conquistaram a medalha de ouro, eles se tornaram um time histórico, mas outro lado nunca havia sido escutado... até aqui.
"Of Miracles and Men" (no original) é muito mais importante do que o simples recorte daquela façanha esportiva que acabou virando filme em 2004 pelas mãos do diretor Gavin O'Connor e com Kurt Russell no papel do lendário treinador Herb Brook. Em "Miracle" (por aqui "Desafio no Gelo") os EUA são os mocinhos e os soviéticos os bandidos, uma escolha narrativa muito diferente do que o diretor Jonathan Hock escolheu para seu documentário.
A produção da ESPN que venceu o "Sports Emmy Awards" em 2015 é cirúrgica em retratar um lado pouco romântico para os americanos, trazendo para o protagonismo os jogadores soviéticos que estiveram no rinque. Digo pouco romântico, pois estávamos no auge da Guerra Fria, em um ano que os americanos boicotaram as Olimpíadas de Moscou e que usavam do esporte como uma forma de orientar seus cidadãos na promoção de tensão politica onde não existiam "santos" - para se ter uma ideia, o time de hóquei soviético ficou em uma prisão que serviu de vila olímpica durante a competição.
Momentos marcantes para a história estão nesse documentário: a criação de uma cultura vencedora na URSS a partir da chegada do hóquei canadense foi o inicio de uma jornada interessante que teve Anatoly Tarasov como responsável pela formação de um dos maiores times de esporte coletivo já visto. O time de hóquei soviético se tornou uma espécie de Drean Team (sem exageros, como aquele do basquete que encantou em 92). Liderado por Slava Fetisov (o primeiro atleta russo a jogar na NHL em plena Guerra Fria), o quinteto soviético ficou 12 anos sem perder um único jogo olímpico, criou um estilo de jogo que privilegiava o grupo em detrimento do individual e ainda se sobressaia até quando enfrentava os "All Stars" da liga profissional.
Mas como tudo que é revolucionário também é romântico, e depois se torna fanático até se transformar em cínico, o modelo soviético de preparação para eventos esportivos deixou Tarasov em segundo plano para ascender Tikhonov que, como o regime politico do seu país, pautava seu treinamento no controle absoluto e em um playbook com processos rigorosamente definidos. É aí que Slava Fetisov ganha protagonismo no documentário expondo sua relação conturbada com seu técnico e começa a se tornar a referência entre os "Homens" do título que estiveram naquela final olímpica e que precisaram lidar com aquela derrota.
"Sobre Milagres e Homens" fala muito sobre os valores do esporte, mas também sobre politica, sobre hipocrisia, sobre transformação, sobre aprendizados nas derrotas, sobre os perigos do excesso de confiança que vem com as vitórias e, finalmente, fala sobre pessoas. São histórias incríveis contatadas por quem viveu esse período de uma forma muito humana: são jogadores, jornalistas, treinadores e até familiares. Eu diria que o filme é um presente da ESPN, que está disponível no Disney+ e te garanto: você não precisa saber nada de hóquei no gelo para se apaixonar por essa obra!
Vale muito o seu play!
O esporte é incrível em construir narrativas simplesmente sensacionais, mas quase sempre o contexto é tão importante quanto o arco principal e talvez por isso que nos impacte tanto e deixe tantas lições. "Sobre Milagres e Homens", documentário produzido pela ESPN, é mais um filme disposto a contar a façanha do time de hóquei no gelo dos Estados Unidos durante as Olimpíadas de Inverno de 1980, porém com um diferencial fundamental para colocar essa obra naquela prateleira de "Imperdível" - pela primeira vez, essa história é contada pelo ponto de vista de quem perdeu aquele jogo, ou seja, os jogadores da ex-URSS.
Numa sexta-feira à noite, em Lake Placid, Nova York, um grupo de universitários norte-americanos surpreendeu a quase imbatível equipe nacional soviética, na competição de hóquei nas Olimpíadas de 1980. Os americanos começaram a acreditar em milagres naquela noite, já que algumas semanas antes, em um amistoso, os soviéticos haviam humilhado os americanos com um sonoro 10 a 3. Quando os membros da equipe americana conquistaram a medalha de ouro, eles se tornaram um time histórico, mas outro lado nunca havia sido escutado... até aqui.
"Of Miracles and Men" (no original) é muito mais importante do que o simples recorte daquela façanha esportiva que acabou virando filme em 2004 pelas mãos do diretor Gavin O'Connor e com Kurt Russell no papel do lendário treinador Herb Brook. Em "Miracle" (por aqui "Desafio no Gelo") os EUA são os mocinhos e os soviéticos os bandidos, uma escolha narrativa muito diferente do que o diretor Jonathan Hock escolheu para seu documentário.
A produção da ESPN que venceu o "Sports Emmy Awards" em 2015 é cirúrgica em retratar um lado pouco romântico para os americanos, trazendo para o protagonismo os jogadores soviéticos que estiveram no rinque. Digo pouco romântico, pois estávamos no auge da Guerra Fria, em um ano que os americanos boicotaram as Olimpíadas de Moscou e que usavam do esporte como uma forma de orientar seus cidadãos na promoção de tensão politica onde não existiam "santos" - para se ter uma ideia, o time de hóquei soviético ficou em uma prisão que serviu de vila olímpica durante a competição.
Momentos marcantes para a história estão nesse documentário: a criação de uma cultura vencedora na URSS a partir da chegada do hóquei canadense foi o inicio de uma jornada interessante que teve Anatoly Tarasov como responsável pela formação de um dos maiores times de esporte coletivo já visto. O time de hóquei soviético se tornou uma espécie de Drean Team (sem exageros, como aquele do basquete que encantou em 92). Liderado por Slava Fetisov (o primeiro atleta russo a jogar na NHL em plena Guerra Fria), o quinteto soviético ficou 12 anos sem perder um único jogo olímpico, criou um estilo de jogo que privilegiava o grupo em detrimento do individual e ainda se sobressaia até quando enfrentava os "All Stars" da liga profissional.
Mas como tudo que é revolucionário também é romântico, e depois se torna fanático até se transformar em cínico, o modelo soviético de preparação para eventos esportivos deixou Tarasov em segundo plano para ascender Tikhonov que, como o regime politico do seu país, pautava seu treinamento no controle absoluto e em um playbook com processos rigorosamente definidos. É aí que Slava Fetisov ganha protagonismo no documentário expondo sua relação conturbada com seu técnico e começa a se tornar a referência entre os "Homens" do título que estiveram naquela final olímpica e que precisaram lidar com aquela derrota.
"Sobre Milagres e Homens" fala muito sobre os valores do esporte, mas também sobre politica, sobre hipocrisia, sobre transformação, sobre aprendizados nas derrotas, sobre os perigos do excesso de confiança que vem com as vitórias e, finalmente, fala sobre pessoas. São histórias incríveis contatadas por quem viveu esse período de uma forma muito humana: são jogadores, jornalistas, treinadores e até familiares. Eu diria que o filme é um presente da ESPN, que está disponível no Disney+ e te garanto: você não precisa saber nada de hóquei no gelo para se apaixonar por essa obra!
Vale muito o seu play!
Esteja preparado para uma jornada que vai mexer com suas emoções - do inicio ao fim e sem pedir muita licença! "Somos os que Tiveram Sorte", minissérie criada por Erica Lipez (de "The Morning Show"), é baseada no aclamado romance homônimo de Georgia Hunter e retrata a emocionante e angustiante história de uma família judia polonesa durante a Segunda Guerra Mundial. Com uma estrutura narrativa que abrange vários países e linhas temporais diferentes, "Somos os que Tiveram Sorte" pode ser considerada uma verdadeira saga épica sobre resiliência, sobrevivência e amor, sempre pela perspectiva dos inabaláveis laços familiares. Para os fãs de dramas históricos sobre o Holocausto, esta minissérie oferece uma experiência, de fato, envolvente, difícil, profunda e emocionalmente poderosa.
A trama segue a família Kurc, começando na cidade de Radom, na Polônia, um ano antes da invasão nazista em 1939. À medida que a guerra se aproxima e vai se espalhando pela Europa, os Kurc são forçados a se separar e seguir diferentes caminhos, cada um enfrentando desafios devastadores em sua luta pela sobrevivência. A minissérie explora justamente as jornadas dos irmãos Kurc — incluindo uma fuga perigosa para a Rússia, as dores e dificuldades nos campos de trabalho forçado, a busca desesperada por entes queridos desaparecidos e a resistência corajosa em face da ocupação nazista. Confira o trailer:
Como é possível perceber por esse belíssimo trailer, a narrativa não apenas ilumina as histórias individuais de coragem e sacrifício dos Kurc, como também destaca a força coletiva da família e sua determinação de se reunir novamente após o terror da guerra. Nesse sentido, Erica Lipez adapta o romance de Georgia Hunter com uma fidelidade impressionante ao mesmo tempo em que cria uma dinâmica cinematográfica visualmente deslumbrante e emocionalmente envolvente. A minissérie é estruturada de uma maneira não linear, saltando entre diferentes linhas temporais (e geográficas), o que permite uma exploração mais profunda dos personagens e de suas experiências únicas diante do medo em várias esferas. Essa estrutura, aliás, é ponto fundamental para refletir, com muita veracidade, o caos e a fragmentação causados pela guerra, entrelaçando as histórias da família de maneira a nos manter envolvidos e emocionalmente provocados.
A direção de "Somos os que Tiveram Sorte", realizada pelo talentoso trio Thomas Kail (de "Hamilton"), Amit Gupta (de "His Dark Materials") e Neasa Hardiman (de "Happy Valley"), consegue capturar tanto a grandiosidade dos eventos históricos quanto a intimidade das experiências mais pessoais dos personagens, proporcionando uma imersão brutal em um período que transformou a vida das pessoas e deixou marcas difíceis de curar. Aqui preciso citar dois pontos: primeiro a fotografia de Tim Ives (indicado a três Emmys e responsável pelo conceito visual de "Stranger Things") - seu trabalho é notável ao partir de uma paleta desbotada que reflete o ambiente sombrio e opressor da guerra, enquanto nas cenas de flashback ele se apropria de cores mais quentes e vibrantes, para destacar o contraste entre os tempos de paz e os horrores da guerra. Repare como essa escolha visual impacta diretamente na nossa relação emocional com a história. Depois, a trilha sonora, composta por Jon Ehrlich (de "House") e Rachel Portman (vencedora do Oscar por Emma") - é impressionante como as composições melancólicas (e muitas vezes evocativas) intensificam as cenas mais dramáticas e oferecem um contraponto potente aos momentos de silêncio e de reflexão, ajudando a criar uma atmosfera não só de tristeza, mas também de esperança e perseverança.
"Somos os que Tiveram Sorte" é dura! Parte da audiência pode achar que a minissérie é cadenciada demais e até um pouco confusa de acompanhar. É verdade, no entanto é preciso que se diga que a natureza mais abrangente da narrativa ajuda demais nessa conexão mais empática com os personagens e, de maneira comovente, nos oferece uma exploração rica e complexa de um dos períodos mais sombrios da história moderna.
Uma pancada, mas que vale cada segundo do seu play!
Esteja preparado para uma jornada que vai mexer com suas emoções - do inicio ao fim e sem pedir muita licença! "Somos os que Tiveram Sorte", minissérie criada por Erica Lipez (de "The Morning Show"), é baseada no aclamado romance homônimo de Georgia Hunter e retrata a emocionante e angustiante história de uma família judia polonesa durante a Segunda Guerra Mundial. Com uma estrutura narrativa que abrange vários países e linhas temporais diferentes, "Somos os que Tiveram Sorte" pode ser considerada uma verdadeira saga épica sobre resiliência, sobrevivência e amor, sempre pela perspectiva dos inabaláveis laços familiares. Para os fãs de dramas históricos sobre o Holocausto, esta minissérie oferece uma experiência, de fato, envolvente, difícil, profunda e emocionalmente poderosa.
A trama segue a família Kurc, começando na cidade de Radom, na Polônia, um ano antes da invasão nazista em 1939. À medida que a guerra se aproxima e vai se espalhando pela Europa, os Kurc são forçados a se separar e seguir diferentes caminhos, cada um enfrentando desafios devastadores em sua luta pela sobrevivência. A minissérie explora justamente as jornadas dos irmãos Kurc — incluindo uma fuga perigosa para a Rússia, as dores e dificuldades nos campos de trabalho forçado, a busca desesperada por entes queridos desaparecidos e a resistência corajosa em face da ocupação nazista. Confira o trailer:
Como é possível perceber por esse belíssimo trailer, a narrativa não apenas ilumina as histórias individuais de coragem e sacrifício dos Kurc, como também destaca a força coletiva da família e sua determinação de se reunir novamente após o terror da guerra. Nesse sentido, Erica Lipez adapta o romance de Georgia Hunter com uma fidelidade impressionante ao mesmo tempo em que cria uma dinâmica cinematográfica visualmente deslumbrante e emocionalmente envolvente. A minissérie é estruturada de uma maneira não linear, saltando entre diferentes linhas temporais (e geográficas), o que permite uma exploração mais profunda dos personagens e de suas experiências únicas diante do medo em várias esferas. Essa estrutura, aliás, é ponto fundamental para refletir, com muita veracidade, o caos e a fragmentação causados pela guerra, entrelaçando as histórias da família de maneira a nos manter envolvidos e emocionalmente provocados.
A direção de "Somos os que Tiveram Sorte", realizada pelo talentoso trio Thomas Kail (de "Hamilton"), Amit Gupta (de "His Dark Materials") e Neasa Hardiman (de "Happy Valley"), consegue capturar tanto a grandiosidade dos eventos históricos quanto a intimidade das experiências mais pessoais dos personagens, proporcionando uma imersão brutal em um período que transformou a vida das pessoas e deixou marcas difíceis de curar. Aqui preciso citar dois pontos: primeiro a fotografia de Tim Ives (indicado a três Emmys e responsável pelo conceito visual de "Stranger Things") - seu trabalho é notável ao partir de uma paleta desbotada que reflete o ambiente sombrio e opressor da guerra, enquanto nas cenas de flashback ele se apropria de cores mais quentes e vibrantes, para destacar o contraste entre os tempos de paz e os horrores da guerra. Repare como essa escolha visual impacta diretamente na nossa relação emocional com a história. Depois, a trilha sonora, composta por Jon Ehrlich (de "House") e Rachel Portman (vencedora do Oscar por Emma") - é impressionante como as composições melancólicas (e muitas vezes evocativas) intensificam as cenas mais dramáticas e oferecem um contraponto potente aos momentos de silêncio e de reflexão, ajudando a criar uma atmosfera não só de tristeza, mas também de esperança e perseverança.
"Somos os que Tiveram Sorte" é dura! Parte da audiência pode achar que a minissérie é cadenciada demais e até um pouco confusa de acompanhar. É verdade, no entanto é preciso que se diga que a natureza mais abrangente da narrativa ajuda demais nessa conexão mais empática com os personagens e, de maneira comovente, nos oferece uma exploração rica e complexa de um dos períodos mais sombrios da história moderna.
Uma pancada, mas que vale cada segundo do seu play!
"Soul" é mais uma daquelas animações da Pixar que temos vontade de agradecer assim que ela termina, só pela oportunidade de ter assistido algo tão bacana! A delicadeza como assuntos tão profundos são retratados e a criatividade para transformar cada um dos elementos narrativos em signos que nos ajudam refletir a todo momento, é de uma sabedoria impressionante, embora, e é preciso que se diga, o filme não tenha alcançado o brilhantismo e a originalidade de "Divertidamente" ou de "A Vida é uma Festa" - o que não tem problema algum na verdade. Tenho, inclusive, a impressão que mesmo assim, "Soul" pode ser considerado um dos melhores filmes de 2020, pelo roteiro inteligente e pela qualidade técnica - essa sim, impecável!
Insatisfeito com a sua vida como professor, o sonhador Joe Gardner (Jamie Foxx) tem certeza absoluta que nasceu para ser um astro da música - esse era sua missão! Porém, após inúmeras tentativas fracassadas, sua auto-confiança parece estar tão abalada quanto a enorme pressão que sofre da família para encontrar um trabalho "de verdade". Até que ele recebe a oportunidade de sua vida ao ser convidado para tocar em um show de uma famosa banda de jazz. Acontece que tudo muda quando o Gardner sofre um repentino acidente e morre. Já no mundo astral, ele precisa encontrar uma forma de retornar a Terra para cumprir sua missão e dar um propósito a sua existência e para isso ele vai contar com a ajuda de 22, uma alma que precisa reencarnar, mas que tem verdadeiro pavor de lidar com a possibilidade de voltar a viver.
"Soul" é perfeito tecnicamente! A construção de Nova York chega a impressionar - sério, em vários momentos, não dá para saber se estamos diante de um live-action ou de uma animação, tamanho é o realismo. Outro elemento que me impressionou diz respeito a mixagem: tanto o desenho de som quanto a trilha sonora são tão bem ajustados que eu diria que é justamente eles que criam a dinâmica narrativa que a história pede - as sequências de jazz são de cair o queixo tanto quanto os momentos de silêncio que se equilibram com as músicas mais etéreas e que nos levam até uma outra dimensão. É quase um experiência sensorial - reparem!
Olha, o filme é sensível, agradável, profundo e super reflexivo, além de muito simpático na composição de cada um dos seus personagens ao melhor "estilo Pixar" - aqui cabe o registro: Jamie Foxx e Tina Fey (22) estão afinadíssimos! "Soul", como o próprio nome sugere, vale muito a pena, pelo que vemos e pelo que sentimos!
"Soul" é mais uma daquelas animações da Pixar que temos vontade de agradecer assim que ela termina, só pela oportunidade de ter assistido algo tão bacana! A delicadeza como assuntos tão profundos são retratados e a criatividade para transformar cada um dos elementos narrativos em signos que nos ajudam refletir a todo momento, é de uma sabedoria impressionante, embora, e é preciso que se diga, o filme não tenha alcançado o brilhantismo e a originalidade de "Divertidamente" ou de "A Vida é uma Festa" - o que não tem problema algum na verdade. Tenho, inclusive, a impressão que mesmo assim, "Soul" pode ser considerado um dos melhores filmes de 2020, pelo roteiro inteligente e pela qualidade técnica - essa sim, impecável!
Insatisfeito com a sua vida como professor, o sonhador Joe Gardner (Jamie Foxx) tem certeza absoluta que nasceu para ser um astro da música - esse era sua missão! Porém, após inúmeras tentativas fracassadas, sua auto-confiança parece estar tão abalada quanto a enorme pressão que sofre da família para encontrar um trabalho "de verdade". Até que ele recebe a oportunidade de sua vida ao ser convidado para tocar em um show de uma famosa banda de jazz. Acontece que tudo muda quando o Gardner sofre um repentino acidente e morre. Já no mundo astral, ele precisa encontrar uma forma de retornar a Terra para cumprir sua missão e dar um propósito a sua existência e para isso ele vai contar com a ajuda de 22, uma alma que precisa reencarnar, mas que tem verdadeiro pavor de lidar com a possibilidade de voltar a viver.
"Soul" é perfeito tecnicamente! A construção de Nova York chega a impressionar - sério, em vários momentos, não dá para saber se estamos diante de um live-action ou de uma animação, tamanho é o realismo. Outro elemento que me impressionou diz respeito a mixagem: tanto o desenho de som quanto a trilha sonora são tão bem ajustados que eu diria que é justamente eles que criam a dinâmica narrativa que a história pede - as sequências de jazz são de cair o queixo tanto quanto os momentos de silêncio que se equilibram com as músicas mais etéreas e que nos levam até uma outra dimensão. É quase um experiência sensorial - reparem!
Olha, o filme é sensível, agradável, profundo e super reflexivo, além de muito simpático na composição de cada um dos seus personagens ao melhor "estilo Pixar" - aqui cabe o registro: Jamie Foxx e Tina Fey (22) estão afinadíssimos! "Soul", como o próprio nome sugere, vale muito a pena, pelo que vemos e pelo que sentimos!
"Spark Story - Tudo começa com uma idéia" é mais um presente que a Disney nos entrega através da sua plataforma de streaming. Seguindo o conceito de desmistificar seus bastidores, mas ao mesmo tempo exaltar o trabalho e, principalmente, a cultura de seus Estúdios, como vimos em "A História da Pixar" e em "A História do Imagineering", esse documentário de 90 minutos é mais uma aula de empreendedorismo com o foco na criatividade como processo de crescimento de seus ativos.
"A Spark Story" (no original) apresenta Aphton Corbi (diretora de "20 e Poucos") e Louis Gonzales (diretor de "Nona"), que navegam na montanha-russa emocional de assumir um papel de liderança e de inspirar suas equipes ao serem escolhidos para participar do programa SparkShorts. O filme é um olhar exclusivo e imersivo sobre os cineastas e seus projetos, a partir da filosofia criativa que torna a Pixar única. Confira o trailer (em inglês):
Para quem não sabe, o "SparkShorts" é um programa da Pixar que incentiva seus funcionários a buscar novos olhares técnicos, artísticos e narrativos a partir do desenvolvimento e produção de curtas-metragens autorais por um período de seis meses. Todo ano são escolhidos alguns artistas para apresentar suas ideias, montar suas equipes e liderar todo o processo para transformar o projeto em uma obra audiovisual - algumas delas, inclusive, já até ganharam o Oscar de "Melhor Animação em Curta-Metragem" (é o caso de "Bao").
Dirigido por Jason Sterman e Leanne Dare da Supper Club (produtora responsável por "Chef’s Table"), "Spark Story - Tudo começa com uma idéia" é quase um recorte institucional desse programa, mas como tudo na Pixar tem um apelo emocional, honesto e sensível, a jornada dos dois funcionários escolhidos em 2020 para produzir seus filmes é muito bacana. Posicionando a audiência de uma forma bastante simples sobre os estágios de uma processo criativo pelo ponto de vista da Pixar (de seus executivos e de seus artistas), o documentário equilibra perfeitamente elementos bastante didáticos com depoimentos completamente pessoais, onde as referências de vida se misturam com o desejo de colocar na tela algo verdadeiramente humano e inesquecível - e aqui cabe um comentários sobre a produção: os planos, os movimentos de câmera e as inserções gráficas do documentários são a "cereja do bolo"!
Eu diria que "Spark Story" é imperdível para quem trabalha com criatividade e para aquele empreendedor que enxerga na cultura, um pilar importante para o desenvolvimento das pessoas que refletirá de uma forma muito sólida nos resultados da empresa rapidamente. Mais uma vez, ao assistir um documentário, tenho cada vez mais certeza sobre uma afirmação de Roy Disney que dizia: "em uma empresa criativa, será a criatividade o motor propulsor para o sucesso do negócio" - e a Pixar leva isso muito a sério!
Vale muito a pena!
Obs: os dois curtas, "20 e Poucos" e "Nona", também estão disponíveis no Disney+ e valem tanto a pena quanto o documentário!
"Spark Story - Tudo começa com uma idéia" é mais um presente que a Disney nos entrega através da sua plataforma de streaming. Seguindo o conceito de desmistificar seus bastidores, mas ao mesmo tempo exaltar o trabalho e, principalmente, a cultura de seus Estúdios, como vimos em "A História da Pixar" e em "A História do Imagineering", esse documentário de 90 minutos é mais uma aula de empreendedorismo com o foco na criatividade como processo de crescimento de seus ativos.
"A Spark Story" (no original) apresenta Aphton Corbi (diretora de "20 e Poucos") e Louis Gonzales (diretor de "Nona"), que navegam na montanha-russa emocional de assumir um papel de liderança e de inspirar suas equipes ao serem escolhidos para participar do programa SparkShorts. O filme é um olhar exclusivo e imersivo sobre os cineastas e seus projetos, a partir da filosofia criativa que torna a Pixar única. Confira o trailer (em inglês):
Para quem não sabe, o "SparkShorts" é um programa da Pixar que incentiva seus funcionários a buscar novos olhares técnicos, artísticos e narrativos a partir do desenvolvimento e produção de curtas-metragens autorais por um período de seis meses. Todo ano são escolhidos alguns artistas para apresentar suas ideias, montar suas equipes e liderar todo o processo para transformar o projeto em uma obra audiovisual - algumas delas, inclusive, já até ganharam o Oscar de "Melhor Animação em Curta-Metragem" (é o caso de "Bao").
Dirigido por Jason Sterman e Leanne Dare da Supper Club (produtora responsável por "Chef’s Table"), "Spark Story - Tudo começa com uma idéia" é quase um recorte institucional desse programa, mas como tudo na Pixar tem um apelo emocional, honesto e sensível, a jornada dos dois funcionários escolhidos em 2020 para produzir seus filmes é muito bacana. Posicionando a audiência de uma forma bastante simples sobre os estágios de uma processo criativo pelo ponto de vista da Pixar (de seus executivos e de seus artistas), o documentário equilibra perfeitamente elementos bastante didáticos com depoimentos completamente pessoais, onde as referências de vida se misturam com o desejo de colocar na tela algo verdadeiramente humano e inesquecível - e aqui cabe um comentários sobre a produção: os planos, os movimentos de câmera e as inserções gráficas do documentários são a "cereja do bolo"!
Eu diria que "Spark Story" é imperdível para quem trabalha com criatividade e para aquele empreendedor que enxerga na cultura, um pilar importante para o desenvolvimento das pessoas que refletirá de uma forma muito sólida nos resultados da empresa rapidamente. Mais uma vez, ao assistir um documentário, tenho cada vez mais certeza sobre uma afirmação de Roy Disney que dizia: "em uma empresa criativa, será a criatividade o motor propulsor para o sucesso do negócio" - e a Pixar leva isso muito a sério!
Vale muito a pena!
Obs: os dois curtas, "20 e Poucos" e "Nona", também estão disponíveis no Disney+ e valem tanto a pena quanto o documentário!