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Aftersun

Quanto menos você souber sobre "Aftersun", melhor será a sua experiência! No entanto, e isso é preciso que se diga, não será uma jornada das mais tranquilas e nem todos vão se conectar com a proposta intimista, reflexiva e cheia de sensibilidade que a diretora estreante Charlotte Wells propõe. Talvez o primeiro ponto a se levantar seja justamente a forma como Wells retrata sensações e sentimentos bastante particulares quando evocamos algo tão preciso em nossa vida: as memórias de um ente querido ou de um tempo que, infelizmente, não voltará. Aqui, a diretora, com habilidade, pesa na mão ao discutir as relações familiares pela perspectiva de uma garota de 11 anos em uma viagem de férias com seu pai - como em "Um Lugar Qualquer" existe um desconforto entre a nostalgia e a melancolia que, de fato, nos corrói por dentro. Mas atenção, embora "Aftersun" brinque com uma sensação de que algo impactante pode acontecer a qualquer momento, eu alinho sua expectativa: o filme não é sobre um fato e sim sobre o contexto que aqueles personagens viveram (já que o filme é basicamente uma página de um livro de memórias).

Sophie (Celia Rowlson-Hall na versão adulta) reflete sobre a alegria e a melancolia das férias que ela (Frankie Corio, na versão pré-adolescente) passou com seu pai Calum (Paul Mescal) na Turquia, 20 anos antes. Em um jogo de memórias reais ou simplesmente imaginárias, Sophie tenta preencher as lacunas entre o pai amoroso e cuidadoso que conheceu, com o homem cheio de marcas e dores que ela acreditava nem existir. Confira o trailer:

"Aftersun" é o tipo do filme que não deve ser definido assim que os créditos sobem - ele exige um certo tempo para digestão, para alguma reflexão e, quem sabe até, para um olhar mais íntimo sobre nossa própria relação com a "saudade". Com uma linguagem quase experimental, uma identidade marcante e um conceito independente bem latente, o filme é tocante na sua essência e emocionante na sua simplicidade - o que traz certo frescor narrativo e até alguma provocação já que o roteiro tem uma trama direta e clara ao apresentar apenas uma passagem da vida de dois personagens. O segredo, no entanto, está na maneira como a protagonista revisita essa viagem a partir das suas lembranças e de gravações em VHS feitas na época - é como se ela montasse um quebra-cabeça, agora mais madura, com peças que jamais teve contato.

A performance de Paul Mescal (indicado ao Oscar 2023 por esse personagem) é um dos pontos fortes do filme - o ator captura com maestria a complexidade de Calum, um homem que luta contra seus próprios demônios enquanto tenta ser um bom pai para Sophie. Reparem como Mescal mantém, ou pelo menos tenta manter, a filha propositalmente (e com certa dor de quem quer apenas proteger seu grande amor) afastada de certos aspectos de sua vida - as perguntas da filha sobre o relacionamento dele com a mãe, com outras namoradas, com o dinheiro; enfim, tudo toca na alma de quem assiste e te falo: nem é preciso diálogos rebuscados ou cenas de embate, é tudo no olhar, no silêncio, na sensibilidade de Wells em insinuar e não escancarar o óbvio. Frankie Corio, como não poderia deixar de ser, também brilha, transmitindo a inocência e a confusão da juventude com muita propriedade - olho nessa atriz!

"Aftersun" tem na fotografia de Gregory Oke (de "Raf") uma contribuição importante para a construção dessa atmosfera melancólica do filme, com cores desbotadas e imagens granuladas que evocam a nostalgia das férias em família. A montagem impressionista de Blair McClendon (a mesma de "A Assistente") também merece elogios: tudo acontece no seu tempo, independente de onde esteja na cronologia dos fatos - é muito bom! Mesmo que definido pela própria Charlotte Wells como uma história autobiográfica, "Aftersun" sabe exatamente como escapar do egocentrismo com poesia e simbolismo, e assim entregar uma jornada autêntica, generosa e profundamente verdadeira sobre o que há de mais particular, e por isso inquestionável, na experiência humana quando o amor está acima de tudo.

Dói, mas vale seu play!

Assista Agora

Quanto menos você souber sobre "Aftersun", melhor será a sua experiência! No entanto, e isso é preciso que se diga, não será uma jornada das mais tranquilas e nem todos vão se conectar com a proposta intimista, reflexiva e cheia de sensibilidade que a diretora estreante Charlotte Wells propõe. Talvez o primeiro ponto a se levantar seja justamente a forma como Wells retrata sensações e sentimentos bastante particulares quando evocamos algo tão preciso em nossa vida: as memórias de um ente querido ou de um tempo que, infelizmente, não voltará. Aqui, a diretora, com habilidade, pesa na mão ao discutir as relações familiares pela perspectiva de uma garota de 11 anos em uma viagem de férias com seu pai - como em "Um Lugar Qualquer" existe um desconforto entre a nostalgia e a melancolia que, de fato, nos corrói por dentro. Mas atenção, embora "Aftersun" brinque com uma sensação de que algo impactante pode acontecer a qualquer momento, eu alinho sua expectativa: o filme não é sobre um fato e sim sobre o contexto que aqueles personagens viveram (já que o filme é basicamente uma página de um livro de memórias).

Sophie (Celia Rowlson-Hall na versão adulta) reflete sobre a alegria e a melancolia das férias que ela (Frankie Corio, na versão pré-adolescente) passou com seu pai Calum (Paul Mescal) na Turquia, 20 anos antes. Em um jogo de memórias reais ou simplesmente imaginárias, Sophie tenta preencher as lacunas entre o pai amoroso e cuidadoso que conheceu, com o homem cheio de marcas e dores que ela acreditava nem existir. Confira o trailer:

"Aftersun" é o tipo do filme que não deve ser definido assim que os créditos sobem - ele exige um certo tempo para digestão, para alguma reflexão e, quem sabe até, para um olhar mais íntimo sobre nossa própria relação com a "saudade". Com uma linguagem quase experimental, uma identidade marcante e um conceito independente bem latente, o filme é tocante na sua essência e emocionante na sua simplicidade - o que traz certo frescor narrativo e até alguma provocação já que o roteiro tem uma trama direta e clara ao apresentar apenas uma passagem da vida de dois personagens. O segredo, no entanto, está na maneira como a protagonista revisita essa viagem a partir das suas lembranças e de gravações em VHS feitas na época - é como se ela montasse um quebra-cabeça, agora mais madura, com peças que jamais teve contato.

A performance de Paul Mescal (indicado ao Oscar 2023 por esse personagem) é um dos pontos fortes do filme - o ator captura com maestria a complexidade de Calum, um homem que luta contra seus próprios demônios enquanto tenta ser um bom pai para Sophie. Reparem como Mescal mantém, ou pelo menos tenta manter, a filha propositalmente (e com certa dor de quem quer apenas proteger seu grande amor) afastada de certos aspectos de sua vida - as perguntas da filha sobre o relacionamento dele com a mãe, com outras namoradas, com o dinheiro; enfim, tudo toca na alma de quem assiste e te falo: nem é preciso diálogos rebuscados ou cenas de embate, é tudo no olhar, no silêncio, na sensibilidade de Wells em insinuar e não escancarar o óbvio. Frankie Corio, como não poderia deixar de ser, também brilha, transmitindo a inocência e a confusão da juventude com muita propriedade - olho nessa atriz!

"Aftersun" tem na fotografia de Gregory Oke (de "Raf") uma contribuição importante para a construção dessa atmosfera melancólica do filme, com cores desbotadas e imagens granuladas que evocam a nostalgia das férias em família. A montagem impressionista de Blair McClendon (a mesma de "A Assistente") também merece elogios: tudo acontece no seu tempo, independente de onde esteja na cronologia dos fatos - é muito bom! Mesmo que definido pela própria Charlotte Wells como uma história autobiográfica, "Aftersun" sabe exatamente como escapar do egocentrismo com poesia e simbolismo, e assim entregar uma jornada autêntica, generosa e profundamente verdadeira sobre o que há de mais particular, e por isso inquestionável, na experiência humana quando o amor está acima de tudo.

Dói, mas vale seu play!

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AIR: A história por trás do logo

Se você gosta de uma história bem construída que além de curiosa, é muito divertida, você vai adorar "AIR: A história por trás do logo"! Se você é empreendedor e adora estudos de caso, você também vai amar esse filme e, muito provavelmente, não vai assistir apenas uma vez! Agora, se você precisa vender uma ideia, então eu sugiro que você estude (e muito) o roteiro desse filme, afinal o diretor Ben Affleck, em sua quinta empreitada na função, contextualiza tão bem a jornada de convencimento pela qual o executivo de marketing Sonny Vaccaro (que cuidava da divisão de basquete da Nike) passou, que não vou me surpreender se começar a ver cenas do filme em inúmeras palestras sobre o tema daqui para frente (contém ironia). É sério: Vaccaro (Matt Damon), além inovar em sua proposta, ainda foi capaz de convencer o "todo poderoso" Phil Knight (Ben Affleck) de que era possível investir em apenas um jogador (e não em três como de costume), ter muito lucro e ainda transformar o mercado de calçados esportivos mesmo sendo, na época, a terceira empresa em market share nos EUA - bem longe da primeira que, inclusive, foi adquirida pela Nike anos mais tarde.

O filme tem uma premissa das mais simples, mas nem por isso menos empolgante: revelar a inacreditável história sobre uma parceria improvável (que se tornou revolucionária) entre o então desconhecido Michael Jordan e a incipiente divisão de basquete da Nike, que revolucionou o mundo dos esportes e da cultura contemporânea com a marca "Air Jordan". Confira o trailer:

Como "A Rede Social" foi capaz de nos surpreender em 2010 ao contar a história de criação do Facebook, tenho a impressão que  "AIR" (que definitivamente não precisava desse subtítulo) vai pelo mesmo caminho. De fato a história nem é tão desconhecida assim, mas o interessante do roteiro escrito pelo estreante Alex Convery, está justamente na forma como o recorte histórico é retratado, alternando curiosidades dos bastidores com a dinâmica corporativa (e de inovação) do inicio dos anos 80, e sempre criando paralelos com elementos que fazem parte da cultura da Nike até hoje - como nas várias vezes em que os valores da empresa são citados para justificar uma ação (ou postura) de Vaccaro durante sua cruzada de convencimento. Esse conceito narrativo funciona muito bem, afinal, como sabemos onde essa história vai dar, algumas passagens soam, de fato, muito engraçadas ao analisarmos os fatos em retrospectiva.

Embora a edição do craque William Goldenberg (vencedor do Oscar por "Argo", também de Affleck) pontue muito bem os cirúrgicos enquadramentos de outro craque, o diretor de fotografia Robert Richardson (vencedor de 3 Oscars e indicados para outros 7), criando uma atmosfera quase mística sobre acreditar em uma ideia e ir até as últimas consequências para provar que ela vai realmente funcionar, é muito provável que nada disso funcionasse não fosse o trabalho impecável do elenco: de Matt Damon ao Jason Bateman (como o diretor de marketing da Nike, Rob Strasser); passando pelos impagáveis Chris Tucker (como Howard White - hoje VP da Marca "Air Jordan") e Matthew Maher (como Peter Moore, designer icônico do "Air Jordan 1"); sem falar nas performances de Chris Messina, que interpreta o agente de MJ que trava duelos hilários com Vaccaro; e a sempre competente Viola Davis como a mãe de Jordan.

"AIR: A história por trás do logo" é o tipo do filme que tem cheiro de Oscar - pelo seu equilíbrio perfeito entre o contexto histórico dos mais relevantes e sua narrativa heróica tipicamente americana (no bom sentido), cheia de alívios cômicos inteligentes e lições empreendedoras pertinentes, envolvidas, claro, ao som de uma trilha sonora nostálgica que dá o exato tom de leveza que Affleck impõe à trama. Olha, é incrível como o filme está redondinho e como funciona bem como entretenimento - eu diria que segue a linha de "Lakers: Hora de Vencer" da HBO, mas sem a necessidade de ter que mostrar uma única cena em quadra!

Imperdível!

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Se você gosta de uma história bem construída que além de curiosa, é muito divertida, você vai adorar "AIR: A história por trás do logo"! Se você é empreendedor e adora estudos de caso, você também vai amar esse filme e, muito provavelmente, não vai assistir apenas uma vez! Agora, se você precisa vender uma ideia, então eu sugiro que você estude (e muito) o roteiro desse filme, afinal o diretor Ben Affleck, em sua quinta empreitada na função, contextualiza tão bem a jornada de convencimento pela qual o executivo de marketing Sonny Vaccaro (que cuidava da divisão de basquete da Nike) passou, que não vou me surpreender se começar a ver cenas do filme em inúmeras palestras sobre o tema daqui para frente (contém ironia). É sério: Vaccaro (Matt Damon), além inovar em sua proposta, ainda foi capaz de convencer o "todo poderoso" Phil Knight (Ben Affleck) de que era possível investir em apenas um jogador (e não em três como de costume), ter muito lucro e ainda transformar o mercado de calçados esportivos mesmo sendo, na época, a terceira empresa em market share nos EUA - bem longe da primeira que, inclusive, foi adquirida pela Nike anos mais tarde.

O filme tem uma premissa das mais simples, mas nem por isso menos empolgante: revelar a inacreditável história sobre uma parceria improvável (que se tornou revolucionária) entre o então desconhecido Michael Jordan e a incipiente divisão de basquete da Nike, que revolucionou o mundo dos esportes e da cultura contemporânea com a marca "Air Jordan". Confira o trailer:

Como "A Rede Social" foi capaz de nos surpreender em 2010 ao contar a história de criação do Facebook, tenho a impressão que  "AIR" (que definitivamente não precisava desse subtítulo) vai pelo mesmo caminho. De fato a história nem é tão desconhecida assim, mas o interessante do roteiro escrito pelo estreante Alex Convery, está justamente na forma como o recorte histórico é retratado, alternando curiosidades dos bastidores com a dinâmica corporativa (e de inovação) do inicio dos anos 80, e sempre criando paralelos com elementos que fazem parte da cultura da Nike até hoje - como nas várias vezes em que os valores da empresa são citados para justificar uma ação (ou postura) de Vaccaro durante sua cruzada de convencimento. Esse conceito narrativo funciona muito bem, afinal, como sabemos onde essa história vai dar, algumas passagens soam, de fato, muito engraçadas ao analisarmos os fatos em retrospectiva.

Embora a edição do craque William Goldenberg (vencedor do Oscar por "Argo", também de Affleck) pontue muito bem os cirúrgicos enquadramentos de outro craque, o diretor de fotografia Robert Richardson (vencedor de 3 Oscars e indicados para outros 7), criando uma atmosfera quase mística sobre acreditar em uma ideia e ir até as últimas consequências para provar que ela vai realmente funcionar, é muito provável que nada disso funcionasse não fosse o trabalho impecável do elenco: de Matt Damon ao Jason Bateman (como o diretor de marketing da Nike, Rob Strasser); passando pelos impagáveis Chris Tucker (como Howard White - hoje VP da Marca "Air Jordan") e Matthew Maher (como Peter Moore, designer icônico do "Air Jordan 1"); sem falar nas performances de Chris Messina, que interpreta o agente de MJ que trava duelos hilários com Vaccaro; e a sempre competente Viola Davis como a mãe de Jordan.

"AIR: A história por trás do logo" é o tipo do filme que tem cheiro de Oscar - pelo seu equilíbrio perfeito entre o contexto histórico dos mais relevantes e sua narrativa heróica tipicamente americana (no bom sentido), cheia de alívios cômicos inteligentes e lições empreendedoras pertinentes, envolvidas, claro, ao som de uma trilha sonora nostálgica que dá o exato tom de leveza que Affleck impõe à trama. Olha, é incrível como o filme está redondinho e como funciona bem como entretenimento - eu diria que segue a linha de "Lakers: Hora de Vencer" da HBO, mas sem a necessidade de ter que mostrar uma única cena em quadra!

Imperdível!

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Alabama Monroe

Eu não precisei mais do que quatro minutos para ter meu coração completamente destruído por esse filme! É sério, "Alabama Monroe" é um excelente filme, mas também implacável, duro, intenso e muito profundo. Uma aula de roteiro, de direção e de montagem - não por acaso foi um dos filmes mais premiados no circuito de festivais entre os anos de 2013 e 2015, inclusive representou a Bélgica no Oscar de 2014 como "Melhor Filme Internacional".

Elise (Veerle Baetens) e Didier (Johan Heldenbergh) se apaixonam à primeira vista, apesar das diferenças entre eles: ela toda tatuada, realista religiosa e cosmopolita; ele um músico, ateu romântico e do campo. Quando a filha do casal fica muito doente, o amor dos dois é levado a julgamento pela dor, mas principalmente pela maneira como cada um enxerga o mundo. Confira o trailer:

Eu poderia iniciar esse review dizendo que "Alabama Monroe" é um filme sobre as dificuldades que a vida nos impõe sem pedir licença. Mas não, essa belíssima produção belga é, na verdade, uma verdadeira história de amor - mas não dessas onde as peças se encaixam perfeitamente. Aliás, é na diferença "de ser e de viver" que Elise e Didier se conectam, mesmo que o preço passe a ser muito alto quando os conflitos de ideias começam a pautar a relação. Embora tocante, principalmente se você já tiver uma família formada, o roteiro usa e abusa da música para estabelecer o mais profundo elo entre o casal e é assim, desde o inicio, que essa linda história é construída (e destruída).

Dirigida pelo talentoso Felix van Groeningen (de "Querido Menino"), "Alabama Monroe" teve o roteiro escrito pelo próprio diretor ao lado de Carl Joos Johan, adaptando de uma peça teatral de Johan Heldenbergh, o que cria uma atmosfera profunda de identificação entre o autor e o ator - fossem os tempos da Academia, Heldenbergh teria enormes chances de receber uma indicação como "Melhor Ator" no Oscar. Sua performance atém de visceral, é realista e tão cheia de camadas que temos a impressão de estarmos assistindo um documentário e não uma ficção. A cena em que ele expõe toda sua dor para a platéia durante um show da sua banda, já no terceiro ato do filme, é digna de se aplaudir de pé! Reparem. Veerle Baetens não fica muito atrás, ela é uma espécie de camaleão, capaz de entregar uma doçura em uma cena e imediatamente depois o que vemos é uma pessoa completamente diferente, selvagem, impulsiva. Essa quebra de expectativa é lindamente orquestrada por uma montagem que passei por várias linhas do tempo com muita sabedoria, criando um clima de incerteza e tensão impressionantes - Nico Leunen (de "Ad Astra") matou a pau!

Veja, inicialmente o filme parece querer nos levar para uma certa emotividade barata a partir de uma história que traz, em seu centro, uma linda criança com câncer - e de fato somos tocados por essa circunstância. Mas Groeningen é genial ao nos surpreender, ele entende o peso da sua narrativa e ao lado de Leunen, nos afasta desse sentimentalismo fácil, dispensando, por exemplo, uma trilha sonora nesses momentos de maior sofrimento. Por outro lado, ele usa a música para nos reconectar com o casal, com o amor, com a relação, na esperança de que tudo pode dar certo para eles, porém, como na vida, algumas marcas não são esquecidas assim!

Embora "Alabama Monroe" também faça sentido como título, talvez o original "The Broken Circle Breakdown" tenha muito mais a dizer sobre o filme!

Vale muito o seu play!

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Eu não precisei mais do que quatro minutos para ter meu coração completamente destruído por esse filme! É sério, "Alabama Monroe" é um excelente filme, mas também implacável, duro, intenso e muito profundo. Uma aula de roteiro, de direção e de montagem - não por acaso foi um dos filmes mais premiados no circuito de festivais entre os anos de 2013 e 2015, inclusive representou a Bélgica no Oscar de 2014 como "Melhor Filme Internacional".

Elise (Veerle Baetens) e Didier (Johan Heldenbergh) se apaixonam à primeira vista, apesar das diferenças entre eles: ela toda tatuada, realista religiosa e cosmopolita; ele um músico, ateu romântico e do campo. Quando a filha do casal fica muito doente, o amor dos dois é levado a julgamento pela dor, mas principalmente pela maneira como cada um enxerga o mundo. Confira o trailer:

Eu poderia iniciar esse review dizendo que "Alabama Monroe" é um filme sobre as dificuldades que a vida nos impõe sem pedir licença. Mas não, essa belíssima produção belga é, na verdade, uma verdadeira história de amor - mas não dessas onde as peças se encaixam perfeitamente. Aliás, é na diferença "de ser e de viver" que Elise e Didier se conectam, mesmo que o preço passe a ser muito alto quando os conflitos de ideias começam a pautar a relação. Embora tocante, principalmente se você já tiver uma família formada, o roteiro usa e abusa da música para estabelecer o mais profundo elo entre o casal e é assim, desde o inicio, que essa linda história é construída (e destruída).

Dirigida pelo talentoso Felix van Groeningen (de "Querido Menino"), "Alabama Monroe" teve o roteiro escrito pelo próprio diretor ao lado de Carl Joos Johan, adaptando de uma peça teatral de Johan Heldenbergh, o que cria uma atmosfera profunda de identificação entre o autor e o ator - fossem os tempos da Academia, Heldenbergh teria enormes chances de receber uma indicação como "Melhor Ator" no Oscar. Sua performance atém de visceral, é realista e tão cheia de camadas que temos a impressão de estarmos assistindo um documentário e não uma ficção. A cena em que ele expõe toda sua dor para a platéia durante um show da sua banda, já no terceiro ato do filme, é digna de se aplaudir de pé! Reparem. Veerle Baetens não fica muito atrás, ela é uma espécie de camaleão, capaz de entregar uma doçura em uma cena e imediatamente depois o que vemos é uma pessoa completamente diferente, selvagem, impulsiva. Essa quebra de expectativa é lindamente orquestrada por uma montagem que passei por várias linhas do tempo com muita sabedoria, criando um clima de incerteza e tensão impressionantes - Nico Leunen (de "Ad Astra") matou a pau!

Veja, inicialmente o filme parece querer nos levar para uma certa emotividade barata a partir de uma história que traz, em seu centro, uma linda criança com câncer - e de fato somos tocados por essa circunstância. Mas Groeningen é genial ao nos surpreender, ele entende o peso da sua narrativa e ao lado de Leunen, nos afasta desse sentimentalismo fácil, dispensando, por exemplo, uma trilha sonora nesses momentos de maior sofrimento. Por outro lado, ele usa a música para nos reconectar com o casal, com o amor, com a relação, na esperança de que tudo pode dar certo para eles, porém, como na vida, algumas marcas não são esquecidas assim!

Embora "Alabama Monroe" também faça sentido como título, talvez o original "The Broken Circle Breakdown" tenha muito mais a dizer sobre o filme!

Vale muito o seu play!

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Além da Vida

"Além da Vida" conta a história de três pessoas que são assombradas pela "morte", de diferentes formas. George (Matt Damon) é um trabalhador da construção civil que tem uma ligação especial com a vida além da morte. Marie (Cécile de France), uma jornalista francesa, é uma das vítimas do Tsunami de 2004 que quase a matou. E Marcus (George McLaren e Frankie McLaren), é uma criança londrina, que quando perde o seu irmão gêmeo, procura desesperadamente obter respostas que fogem do seu entendimento. Cada um deles está em busca da sua verdade até que seus caminhos se cruzam e alteram para sempre aquilo em que eles acreditavam existir além da vida. Confira o Trailer:

"Hereafter" (no original) é um filme de 2010 dirigido pelo excelente Clint Eastwood que fala sobre a relação do ser humano com a morte (ou o que não se sabe dela). Por si só o tema já chamaria a atenção, mas somando uma direção precisa e segura de um premiado Eastwood e uma cena simplesmente sensacional do Tsunami (que, inclusive, lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Efeitos Visuais em 2011), teríamos um drama dos bons, certo? Certo, mas quando as três histórias dos três personagens distintos se encontram no final (ao melhor estilo Alejandro Gonzalez Inarritu) percebemos que o filme não supera nossas expectativas - seu sentimentalismo, na minha opinião, passou um pouco do ponto. Não chega a atrapalhar a nossa experiência, mas coloca "Além da Vida" em outra prateleira.

Certamente a direção é melhor do filme: as histórias são muito bem construídas, os personagens são intensos com seus dramas particulares e os “eventos” que os fazem pensar sobre a razão de suas próprias existências funcionam muito bem - mas o roteiro oscila, ele acaba alternando momentos grandiosos (e não falo só da cena do Tsunami) com momentos um pouco arrastados, que chega a cansar um pouco.

Claro que o filme vale a pena, existem três momentos específicos que justificam muito as duas horas de duração, mas admito que esperava um pouco mais - talvez até pelo tamanho das minhas expectativas depois de assistir um trailer tão empolgante.

Otimo entretenimento!

Assista Agora

"Além da Vida" conta a história de três pessoas que são assombradas pela "morte", de diferentes formas. George (Matt Damon) é um trabalhador da construção civil que tem uma ligação especial com a vida além da morte. Marie (Cécile de France), uma jornalista francesa, é uma das vítimas do Tsunami de 2004 que quase a matou. E Marcus (George McLaren e Frankie McLaren), é uma criança londrina, que quando perde o seu irmão gêmeo, procura desesperadamente obter respostas que fogem do seu entendimento. Cada um deles está em busca da sua verdade até que seus caminhos se cruzam e alteram para sempre aquilo em que eles acreditavam existir além da vida. Confira o Trailer:

"Hereafter" (no original) é um filme de 2010 dirigido pelo excelente Clint Eastwood que fala sobre a relação do ser humano com a morte (ou o que não se sabe dela). Por si só o tema já chamaria a atenção, mas somando uma direção precisa e segura de um premiado Eastwood e uma cena simplesmente sensacional do Tsunami (que, inclusive, lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Efeitos Visuais em 2011), teríamos um drama dos bons, certo? Certo, mas quando as três histórias dos três personagens distintos se encontram no final (ao melhor estilo Alejandro Gonzalez Inarritu) percebemos que o filme não supera nossas expectativas - seu sentimentalismo, na minha opinião, passou um pouco do ponto. Não chega a atrapalhar a nossa experiência, mas coloca "Além da Vida" em outra prateleira.

Certamente a direção é melhor do filme: as histórias são muito bem construídas, os personagens são intensos com seus dramas particulares e os “eventos” que os fazem pensar sobre a razão de suas próprias existências funcionam muito bem - mas o roteiro oscila, ele acaba alternando momentos grandiosos (e não falo só da cena do Tsunami) com momentos um pouco arrastados, que chega a cansar um pouco.

Claro que o filme vale a pena, existem três momentos específicos que justificam muito as duas horas de duração, mas admito que esperava um pouco mais - talvez até pelo tamanho das minhas expectativas depois de assistir um trailer tão empolgante.

Otimo entretenimento!

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Além do Tempo

Além do Tempo

Esse filme é simplesmente sensacional, mas vai mexer com você e já te aviso: não vai ser uma jornada emocionalmente tranquila! "Além do Tempo" ou "Zee van tijd", no original, é um filme holandês profundamente tocante que explora com sutileza as complexidades do luto e da reconstrução emocional após uma perda irreparável. Inserido numa tradição cinematográfica europeia que se dedica a mergulhar fundo no íntimo de seus personagens, semelhante a obras como "Manchester à Beira-Mar" e "Amor", de Michael Haneke, esse drama dirigido com muita sensibilidade por Theu Boermans se destaca por sua abordagem mais poética e introspectiva, e pela precisão cirúrgica com que investiga os limites do amor diante de uma tragédia familiar.

A trama, basicamente, gira em torno do jovem casal Lucas (Reinout Scholten van Aschat) e Johanna (Sallie Harmsen), que embarcam em uma viagem marítima com seu filho pequeno, Kai (River Oosterink). O que deveria ser um momento idílico de conexão familiar se transforma em um pesadelo quando, no meio ao Atlântico, a criança misteriosamente some. Esse evento devastador não só quebra a estrutura familiar, como molda e redefine completamente suas vidas pelos próximos 30 e poucos anos. Confira o trailer:

Baseado em uma história real, o roteiro, escrito por Marieke van der Pol, opta por uma narrativa que intercala diferentes linhas do tempo da vida do casal, apresentando não apenas os acontecimentos imediatos após a tragédia, mas também como as consequências ecoam décadas depois, trazendo temas sensíveis para a discussão como as dores inerentes da memória e da culpa, além dos diferentes caminhos de superação que cada um escolhe trilhar após uma situação limite. A direção de Boermans, vale dizer, é particularmente impressionante - a forma como ele lida com a cronologia não linear da história é primorosa. Boermans conduz o filme como um quebra-cabeças emocional, montando com cuidado as peças do passado e presente de maneira fluída e natural, permitindo que a audiência acompanhe o desenvolvimento dos personagens de forma gradual, envolvente e visceral. Boermans usa de uma montagem excelente de Herman P. Koerts e Job ter Burg para criar transições que enfatizam o impacto emocional das lembranças e o peso das decisões tomadas pelos protagonistas, evitando assim que a narrativa caia em um melodrama fácil. Veja, aqui tudo é retratado com muita (mas, muita) sensibilidade.

Tecnicamente, "Além do Tempo" é primoroso. A fotografia do Myrthe Mosterman merece destaque especial pela forma como capta as nuances emocionais da história, variando entre a claridade vibrante das cenas iniciais, representando a plenitude, e os tons mais sóbrios e cinzentos que predominam nos períodos posteriores, refletindo o estado emocional dos personagens. Veja, a escolha visual de retratar o mar tanto como símbolo de liberdade quanto de dor insuperável é especialmente poderosa, ao ponto de transformar o oceano em um personagem próprio dentro da narrativa. Como todo filme de relação, impossível não citar as atuações extraordinárias do elenco. Reinout Scholten van Aschat e Sallie Harmsen entregam performances extremamente convincentes e emocionantes, construindo personagens cheio de camadas e realmente humanos. Aschat consegue, com poucos gestos e olhares, transmitir a profunda angústia e o isolamento emocional de Lucas, enquanto Harmsen impressiona pela forma como Johanna internaliza sua dor, exibindo uma marca silenciosa que se manifesta em pequenas nuances. Já Gijs Scholten van Aschat e Elsie de Brauw, que interpretam o casal 30 anos depois, adicionam elementos de complexidade ao filme, refletindo o desgaste e a resiliência acumulados ao longo dos anos, cada qual com seus fantasmas.

Se há algo que pode incomodar em "Além do Tempo" certamente é o seu ritmo. Até pela própria proposta do diretor, o filme exige uma dose significativa de paciência e entrega emocional, podendo soar contemplativo demais para alguns, mas é justamente esse ritmo mais lento que permite um mergulho mais profundo na psicologia dos personagens e na exploração detalhada das consequências da perda e, claro, do seu luto. Em última análise, "Além do Tempo" é uma experiência intensa, que usa uma linguagem artística sofisticada para investigar questões universais sobre o amor, e os caminhos de cura que o tempo pode ou não proporcionar. Com uma direção precisa, atuações de se aplaudir de pé e uma abordagem visual de estremo bom gosto, Theu Boermans entrega um filme emocionalmente maduro e reflexivo, que certamente irá permanecer na sua mente muito depois que os créditos finais rolarem na tela.

Olha, um filme indispensável para quem aprecia o cinema de qualidade e saber tocar profundamente na alma humana. Vale demais!

Assista Agora

Esse filme é simplesmente sensacional, mas vai mexer com você e já te aviso: não vai ser uma jornada emocionalmente tranquila! "Além do Tempo" ou "Zee van tijd", no original, é um filme holandês profundamente tocante que explora com sutileza as complexidades do luto e da reconstrução emocional após uma perda irreparável. Inserido numa tradição cinematográfica europeia que se dedica a mergulhar fundo no íntimo de seus personagens, semelhante a obras como "Manchester à Beira-Mar" e "Amor", de Michael Haneke, esse drama dirigido com muita sensibilidade por Theu Boermans se destaca por sua abordagem mais poética e introspectiva, e pela precisão cirúrgica com que investiga os limites do amor diante de uma tragédia familiar.

A trama, basicamente, gira em torno do jovem casal Lucas (Reinout Scholten van Aschat) e Johanna (Sallie Harmsen), que embarcam em uma viagem marítima com seu filho pequeno, Kai (River Oosterink). O que deveria ser um momento idílico de conexão familiar se transforma em um pesadelo quando, no meio ao Atlântico, a criança misteriosamente some. Esse evento devastador não só quebra a estrutura familiar, como molda e redefine completamente suas vidas pelos próximos 30 e poucos anos. Confira o trailer:

Baseado em uma história real, o roteiro, escrito por Marieke van der Pol, opta por uma narrativa que intercala diferentes linhas do tempo da vida do casal, apresentando não apenas os acontecimentos imediatos após a tragédia, mas também como as consequências ecoam décadas depois, trazendo temas sensíveis para a discussão como as dores inerentes da memória e da culpa, além dos diferentes caminhos de superação que cada um escolhe trilhar após uma situação limite. A direção de Boermans, vale dizer, é particularmente impressionante - a forma como ele lida com a cronologia não linear da história é primorosa. Boermans conduz o filme como um quebra-cabeças emocional, montando com cuidado as peças do passado e presente de maneira fluída e natural, permitindo que a audiência acompanhe o desenvolvimento dos personagens de forma gradual, envolvente e visceral. Boermans usa de uma montagem excelente de Herman P. Koerts e Job ter Burg para criar transições que enfatizam o impacto emocional das lembranças e o peso das decisões tomadas pelos protagonistas, evitando assim que a narrativa caia em um melodrama fácil. Veja, aqui tudo é retratado com muita (mas, muita) sensibilidade.

Tecnicamente, "Além do Tempo" é primoroso. A fotografia do Myrthe Mosterman merece destaque especial pela forma como capta as nuances emocionais da história, variando entre a claridade vibrante das cenas iniciais, representando a plenitude, e os tons mais sóbrios e cinzentos que predominam nos períodos posteriores, refletindo o estado emocional dos personagens. Veja, a escolha visual de retratar o mar tanto como símbolo de liberdade quanto de dor insuperável é especialmente poderosa, ao ponto de transformar o oceano em um personagem próprio dentro da narrativa. Como todo filme de relação, impossível não citar as atuações extraordinárias do elenco. Reinout Scholten van Aschat e Sallie Harmsen entregam performances extremamente convincentes e emocionantes, construindo personagens cheio de camadas e realmente humanos. Aschat consegue, com poucos gestos e olhares, transmitir a profunda angústia e o isolamento emocional de Lucas, enquanto Harmsen impressiona pela forma como Johanna internaliza sua dor, exibindo uma marca silenciosa que se manifesta em pequenas nuances. Já Gijs Scholten van Aschat e Elsie de Brauw, que interpretam o casal 30 anos depois, adicionam elementos de complexidade ao filme, refletindo o desgaste e a resiliência acumulados ao longo dos anos, cada qual com seus fantasmas.

Se há algo que pode incomodar em "Além do Tempo" certamente é o seu ritmo. Até pela própria proposta do diretor, o filme exige uma dose significativa de paciência e entrega emocional, podendo soar contemplativo demais para alguns, mas é justamente esse ritmo mais lento que permite um mergulho mais profundo na psicologia dos personagens e na exploração detalhada das consequências da perda e, claro, do seu luto. Em última análise, "Além do Tempo" é uma experiência intensa, que usa uma linguagem artística sofisticada para investigar questões universais sobre o amor, e os caminhos de cura que o tempo pode ou não proporcionar. Com uma direção precisa, atuações de se aplaudir de pé e uma abordagem visual de estremo bom gosto, Theu Boermans entrega um filme emocionalmente maduro e reflexivo, que certamente irá permanecer na sua mente muito depois que os créditos finais rolarem na tela.

Olha, um filme indispensável para quem aprecia o cinema de qualidade e saber tocar profundamente na alma humana. Vale demais!

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Alguém em Algum Lugar

Todo mundo tem problemas, claro, e aqui, nessa imperdível dramédia que está na Max, somos convidados a explorar camadas tão profundas dessa dinâmica cotidiana e assim discutir o real poder que temos para encontrar a felicidade que, olha, provavelmente você não vai conseguir parar de assistir - mas já te aviso: será preciso uma certa dose de sensibilidade para entender a proposta dos criadores Hannah Bos e Paul Thureen (ambos roteiristas de "High Maintenance" e "Strangers"). "Alguém em Algum Lugar" é uma verdadeira joia - uma série inteligente e sensível que transforma o "dia a dia" em uma fonte de humor e emoção, de fato, marcante. Ambientada em uma pequena cidade do Kansas, essa produção da HBO, aborda questões universais sobre pertencimento, luto e aceitação, mas de uma maneira íntima e sutil, sem recorrer a grandes reviravoltas ou eventos dramáticos - aqui é a vida como ela é. Importante: "Alguém em Algum Lugar" não é um entretenimento fácil, especialmente por construir uma narrativa centrada em personagens que são profundamente humanos, falhos e adoravelmente reais!

"Somebody Somewhere", basicamente, segue Sam (Bridget Everett), uma mulher que está lidando com o luto pela morte de sua irmã e tentando encontrar sentido em uma vida que parece estagnada após seus 40 anos. Apesar de sua conexão cada vez mais distante com sua família e um trabalho desinteressante e burocrático, Sam encontra esperança e renovação ao se reconectar com a música e ao formar laços inesperados com pessoas de sua comunidade. Entre essas conexões está Joel (Jeff Hiller), um ex-colega de escola que apresenta Sam para um grupo eclético e acolhedor, ponto de partida para ela redescobrir o poder de sua voz — literalmente e metaforicamente. Confira o trailer:

"Alguém em Algum Lugar"combina humor sutil com momentos de introspecção emocional que ressoam profundamente na audiência - esse é o ponto a ser observado na série. Como em "Método Kominsky", o roteiro evita o melodrama gratuito, optando por explorar os pequenos triunfos e alguns fracassos da vida com uma honestidade que é ao mesmo tempo cômica e tocante. A narrativa acerta demais ao não tentar resolver os problemas de seus personagens de forma apressada - ela abraça a complexidade de suas jornadas pessoais e celebra a beleza de encontrar apoio e aceitação em lugares inesperados. A direção de "Alguém em Algum Lugar", que traz nomes como Robert Cohen (de "Black·ish") e Jay Duplass (de "Togetherness"), enfatiza a simplicidade e o realismo da história. Os cenários, que incluem casas modestas, igrejas e campos abertos do Kansas, criam uma atmosfera de autenticidade que reflete a monotonia e a beleza das pequenas cidades americanas. A fotografia é discreta, mas eficaz nesse sentido, com enquadramentos muito bem construídos que capturam a solidão de Sam e, especialmente, sua transformação gradual, conforme ela se abre para novas possibilidades.

Bridget Everett, que atriz incrível! Ela brilha no papel de Sam, trazendo uma vulnerabilidade crua, sincera, e um senso de humor "autodepreciativo" que tornam sua personagem imediatamente empática e cativante. Sua performance é um equilíbrio perfeito entre melancolia e esperança, capturando as nuances de alguém que está tentando encontrar um propósito em meio ao caos interno que se tornou sua vida. Jeff Hiller, como Joel, é o complemento ideal para Everett - é sua dupla dinâmica, eu diria. Ele  oferece um retrato caloroso e engraçado de um homem que, assim como Sam, busca pertencimento e conexão, mas com uma vibe diferente. A trilha sonora é outro ponto que vale destacar: com músicas que refletem a jornada emocional de Sam e sua paixão pela arte, muitas vezes interpretadas pela própria Bridget Everett, elas adicionam uma camada extra de intimidade e autenticidade à série, tornando essas canções um elemento fundamental para a narrativa.

"Alguém em Algum Lugar" pode não agradar a todos - isso é um fato. Seu ritmo cadenciado e a ausência de grandes eventos podem ser um desafio para aqueles que preferem narrativas repletas de conflitos óbvios. No entanto, é exatamente essa abordagem mais contida que torna a série tão única e especial, pois ela se concentra nos detalhes sutis e nos momentos aparentemente mundanos que compõem a vida - a sua, a minha. "Alguém em Algum Lugar" é uma grande surpresa, uma da melhores do ano - profundamente humana e tocante, que encontra beleza e significado nas pequenas coisas. Lindo de ver!

Vale muito o seu play!

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Todo mundo tem problemas, claro, e aqui, nessa imperdível dramédia que está na Max, somos convidados a explorar camadas tão profundas dessa dinâmica cotidiana e assim discutir o real poder que temos para encontrar a felicidade que, olha, provavelmente você não vai conseguir parar de assistir - mas já te aviso: será preciso uma certa dose de sensibilidade para entender a proposta dos criadores Hannah Bos e Paul Thureen (ambos roteiristas de "High Maintenance" e "Strangers"). "Alguém em Algum Lugar" é uma verdadeira joia - uma série inteligente e sensível que transforma o "dia a dia" em uma fonte de humor e emoção, de fato, marcante. Ambientada em uma pequena cidade do Kansas, essa produção da HBO, aborda questões universais sobre pertencimento, luto e aceitação, mas de uma maneira íntima e sutil, sem recorrer a grandes reviravoltas ou eventos dramáticos - aqui é a vida como ela é. Importante: "Alguém em Algum Lugar" não é um entretenimento fácil, especialmente por construir uma narrativa centrada em personagens que são profundamente humanos, falhos e adoravelmente reais!

"Somebody Somewhere", basicamente, segue Sam (Bridget Everett), uma mulher que está lidando com o luto pela morte de sua irmã e tentando encontrar sentido em uma vida que parece estagnada após seus 40 anos. Apesar de sua conexão cada vez mais distante com sua família e um trabalho desinteressante e burocrático, Sam encontra esperança e renovação ao se reconectar com a música e ao formar laços inesperados com pessoas de sua comunidade. Entre essas conexões está Joel (Jeff Hiller), um ex-colega de escola que apresenta Sam para um grupo eclético e acolhedor, ponto de partida para ela redescobrir o poder de sua voz — literalmente e metaforicamente. Confira o trailer:

"Alguém em Algum Lugar"combina humor sutil com momentos de introspecção emocional que ressoam profundamente na audiência - esse é o ponto a ser observado na série. Como em "Método Kominsky", o roteiro evita o melodrama gratuito, optando por explorar os pequenos triunfos e alguns fracassos da vida com uma honestidade que é ao mesmo tempo cômica e tocante. A narrativa acerta demais ao não tentar resolver os problemas de seus personagens de forma apressada - ela abraça a complexidade de suas jornadas pessoais e celebra a beleza de encontrar apoio e aceitação em lugares inesperados. A direção de "Alguém em Algum Lugar", que traz nomes como Robert Cohen (de "Black·ish") e Jay Duplass (de "Togetherness"), enfatiza a simplicidade e o realismo da história. Os cenários, que incluem casas modestas, igrejas e campos abertos do Kansas, criam uma atmosfera de autenticidade que reflete a monotonia e a beleza das pequenas cidades americanas. A fotografia é discreta, mas eficaz nesse sentido, com enquadramentos muito bem construídos que capturam a solidão de Sam e, especialmente, sua transformação gradual, conforme ela se abre para novas possibilidades.

Bridget Everett, que atriz incrível! Ela brilha no papel de Sam, trazendo uma vulnerabilidade crua, sincera, e um senso de humor "autodepreciativo" que tornam sua personagem imediatamente empática e cativante. Sua performance é um equilíbrio perfeito entre melancolia e esperança, capturando as nuances de alguém que está tentando encontrar um propósito em meio ao caos interno que se tornou sua vida. Jeff Hiller, como Joel, é o complemento ideal para Everett - é sua dupla dinâmica, eu diria. Ele  oferece um retrato caloroso e engraçado de um homem que, assim como Sam, busca pertencimento e conexão, mas com uma vibe diferente. A trilha sonora é outro ponto que vale destacar: com músicas que refletem a jornada emocional de Sam e sua paixão pela arte, muitas vezes interpretadas pela própria Bridget Everett, elas adicionam uma camada extra de intimidade e autenticidade à série, tornando essas canções um elemento fundamental para a narrativa.

"Alguém em Algum Lugar" pode não agradar a todos - isso é um fato. Seu ritmo cadenciado e a ausência de grandes eventos podem ser um desafio para aqueles que preferem narrativas repletas de conflitos óbvios. No entanto, é exatamente essa abordagem mais contida que torna a série tão única e especial, pois ela se concentra nos detalhes sutis e nos momentos aparentemente mundanos que compõem a vida - a sua, a minha. "Alguém em Algum Lugar" é uma grande surpresa, uma da melhores do ano - profundamente humana e tocante, que encontra beleza e significado nas pequenas coisas. Lindo de ver!

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Alien: Romulus

Enfim um ar de esperança! Não é surpresa para ninguém em como a franquia "Alien" sempre oscilou entre o horror mais claustrofóbico e a ação gratuitamente desenfreada, alternando abordagens bastante duvidosas ao longo das últimas décadas. Já "Alien: Romulus", dirigido pelo talentoso Fede Álvarez (de "O Homem nas Trevas"), busca resgatar a essência aterrorizante do projeto original de Ridley Scott ao mesmo tempo em que se esforça para modernizar sua estética e sua estrutura narrativa - e funciona uns 90%! Dito isso, é fácil afirmar que o resultado que Álvarez consegue é satisfatório até demais - eu diria que "Romulus" é um filme que se posiciona bem entre "Alien: O Oitavo Passageiro" (de 1979) e "Aliens: O Resgate" (de 1986), não só na linha do tempo, como também pela forma e pelo seu estilo. Para quem sabe do que eu estou falando, provavelmente aqueles maiores de 40 anos, esse novo capítulo da franquia oferece, de fato, uma experiência nostálgica, intensa e visceral que nos remete aos bons tempos do cinema de ficção cientifica!

A trama, basicamente, acompanha um grupo de jovens colonizadores espaciais que enxergam a oportunidade de mudar de vida ao explorar uma estação aparentemente abandonada. O problema é que o plano que parecia simples de roubar algumas câmaras de criogenia dá errado, e eles se vêem presos em um ambiente extremamente hostil, onde os xenomorfos transformam aqueles corredores escuros em um verdadeiro jogo de gato e rato. Confira o trailer (em inglês):

A grande força de "Alien: Romulus", sem dúvida, está na tensão constante e na forma como Álvarez manipula o suspense. Diferente dos últimos filmes, como Prometheus (2012) e Alien: Covenant (2017), que apostaram em tramas mais filosóficas, este novo capítulo mantém o foco no terror puro, remetendo à dinâmica de sobrevivência a qualquer custo. O roteiro equilibra bem os momentos de ação e de silêncio, permitindo que a audiência sinta o peso da ameaça a cada nova aparição dos xenomorfos - realmente é uma atmosfera angustiante. Álvarez aposta nesse DNA narrativo em cada detalhe - o design de produção, por exemplo, resgata a estética industrial e desgastada dos primeiros filmes, evitando o excesso de CGI em favor de efeitos práticos e até animatrônicos para os Aliens. A fotografia do Galo Olivares (que foi operador de câmera em "Roma") utiliza uma iluminação baixa e enquadramentos sufocantes para reforçar a sensação de confinamento, enquanto a música de Benjamin Wallfisch (de "Blade Runner 2049") mantém um equilíbrio entre o suspense crescente e a grandiosidade épica da franquia.

Aqui, a protagonista Rain Carradine (Cailee Spaeny), assume um papel de destaque, evocando o espírito de heroínas clássicas da saga, mas com uma abordagem mais humana e talvez por isso, mais realista. Diferente das protagonistas hipercompetentes que dominam o gênero, Rain se desenvolve organicamente ao longo da história, reagindo ao medo, ao desespero e a resiliência como parte da audiência diante das ameaças crescentes que encontram na tela. Spaeny conduz a história perante essa proposta com uma performance sólida, transmitindo exatamente o significado do peso da desesperança e da luta pela sobrevivência. David Jonsson, o androide Andy, cuja presença adiciona um elemento de mistério e ambiguidade moral, nos remete a personagens icônicos da franquia como o inesquecível Ash (de 1979) e Bishop (de 1986). A química entre Rain e Andy, bem como com os outros membros da tripulação, é bem construída, embora alguns personagens recebam um desenvolvimento menor, tornando-se previsíveis dentro da lógica de "vítimas em sequência".

Se há algo que pode ser criticado, talvez seja a sua previsibilidade - alguns elementos narrativos de "Alien: Romulus" se mantém fiel à estrutura mais clássica, sem grandes inovações em termos de desenvolvimento de personagens ou reviravoltas. No entanto, essa abordagem funciona dentro do contexto proposto, oferecendo um regaste aquela experiência intensa e satisfatória de um terror espacial que fez história, mas que precisava alcançar novas gerações - funcionou, tanto que em breve teremos uma nova continuação. Tecnicamente impecável e respeitando o legado da saga sem abrir mão de sua identidade como cineasta, Álvarez se posiciona como uma referência quando o assunto é experiência claustrofóbica, cheia de tensão e em uma atmosfera opressiva - seja no espaço ou na rua perto de nossa casa como em "O Homem nas Trevas".

Vale demais seu play!

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Enfim um ar de esperança! Não é surpresa para ninguém em como a franquia "Alien" sempre oscilou entre o horror mais claustrofóbico e a ação gratuitamente desenfreada, alternando abordagens bastante duvidosas ao longo das últimas décadas. Já "Alien: Romulus", dirigido pelo talentoso Fede Álvarez (de "O Homem nas Trevas"), busca resgatar a essência aterrorizante do projeto original de Ridley Scott ao mesmo tempo em que se esforça para modernizar sua estética e sua estrutura narrativa - e funciona uns 90%! Dito isso, é fácil afirmar que o resultado que Álvarez consegue é satisfatório até demais - eu diria que "Romulus" é um filme que se posiciona bem entre "Alien: O Oitavo Passageiro" (de 1979) e "Aliens: O Resgate" (de 1986), não só na linha do tempo, como também pela forma e pelo seu estilo. Para quem sabe do que eu estou falando, provavelmente aqueles maiores de 40 anos, esse novo capítulo da franquia oferece, de fato, uma experiência nostálgica, intensa e visceral que nos remete aos bons tempos do cinema de ficção cientifica!

A trama, basicamente, acompanha um grupo de jovens colonizadores espaciais que enxergam a oportunidade de mudar de vida ao explorar uma estação aparentemente abandonada. O problema é que o plano que parecia simples de roubar algumas câmaras de criogenia dá errado, e eles se vêem presos em um ambiente extremamente hostil, onde os xenomorfos transformam aqueles corredores escuros em um verdadeiro jogo de gato e rato. Confira o trailer (em inglês):

A grande força de "Alien: Romulus", sem dúvida, está na tensão constante e na forma como Álvarez manipula o suspense. Diferente dos últimos filmes, como Prometheus (2012) e Alien: Covenant (2017), que apostaram em tramas mais filosóficas, este novo capítulo mantém o foco no terror puro, remetendo à dinâmica de sobrevivência a qualquer custo. O roteiro equilibra bem os momentos de ação e de silêncio, permitindo que a audiência sinta o peso da ameaça a cada nova aparição dos xenomorfos - realmente é uma atmosfera angustiante. Álvarez aposta nesse DNA narrativo em cada detalhe - o design de produção, por exemplo, resgata a estética industrial e desgastada dos primeiros filmes, evitando o excesso de CGI em favor de efeitos práticos e até animatrônicos para os Aliens. A fotografia do Galo Olivares (que foi operador de câmera em "Roma") utiliza uma iluminação baixa e enquadramentos sufocantes para reforçar a sensação de confinamento, enquanto a música de Benjamin Wallfisch (de "Blade Runner 2049") mantém um equilíbrio entre o suspense crescente e a grandiosidade épica da franquia.

Aqui, a protagonista Rain Carradine (Cailee Spaeny), assume um papel de destaque, evocando o espírito de heroínas clássicas da saga, mas com uma abordagem mais humana e talvez por isso, mais realista. Diferente das protagonistas hipercompetentes que dominam o gênero, Rain se desenvolve organicamente ao longo da história, reagindo ao medo, ao desespero e a resiliência como parte da audiência diante das ameaças crescentes que encontram na tela. Spaeny conduz a história perante essa proposta com uma performance sólida, transmitindo exatamente o significado do peso da desesperança e da luta pela sobrevivência. David Jonsson, o androide Andy, cuja presença adiciona um elemento de mistério e ambiguidade moral, nos remete a personagens icônicos da franquia como o inesquecível Ash (de 1979) e Bishop (de 1986). A química entre Rain e Andy, bem como com os outros membros da tripulação, é bem construída, embora alguns personagens recebam um desenvolvimento menor, tornando-se previsíveis dentro da lógica de "vítimas em sequência".

Se há algo que pode ser criticado, talvez seja a sua previsibilidade - alguns elementos narrativos de "Alien: Romulus" se mantém fiel à estrutura mais clássica, sem grandes inovações em termos de desenvolvimento de personagens ou reviravoltas. No entanto, essa abordagem funciona dentro do contexto proposto, oferecendo um regaste aquela experiência intensa e satisfatória de um terror espacial que fez história, mas que precisava alcançar novas gerações - funcionou, tanto que em breve teremos uma nova continuação. Tecnicamente impecável e respeitando o legado da saga sem abrir mão de sua identidade como cineasta, Álvarez se posiciona como uma referência quando o assunto é experiência claustrofóbica, cheia de tensão e em uma atmosfera opressiva - seja no espaço ou na rua perto de nossa casa como em "O Homem nas Trevas".

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Amar

Esse é um filme pouco diferente do cinema espanhol que conhecemos, mas que também não deixa de ser uma ótima surpresa - embora tenha um conceito mais poético, profundo eu diria.

"Amar", basicamente, acompanha a história de amor que Laura (María Pedraza) e Carlos (Pol Monen) vivenciam: desde sua intensidade até a natural fragilidade do primeiro amor e como eles enxergam a realidade quando se sentem abalados pelas dificuldades naturais de uma relação e sentem que todo romantismo que idealizaram não passou de uma fase! Confira o trailer (em espanhol):

Antes de mais nada é preciso dizer que "Amar" é muito bem dirigido pelo Esteban Crespo, embora seja apenas seu primeiro longa-metragem. O filme dialoga com alguns dramas adolescentes como sexualidade, descobertas, inseguranças, sonhos e decepções; mas sem se fazer piegas - de fato existe um cuidado em retratar com certo realismo a relação entre os protagonistas. Veja, não estamos diante de um grande roteiro, mas é preciso elogiar a forma como Crespo construiu a narrativa, provocando os atores, trabalhando com as lentes mais fechadas nos momentos mais introspectivos, mas enquadrando a cidade ora em segundo plano como um pano de fundo completamente desfocado e colorido, ora como um personagem, aqui com uso das grandes angulares, para estabelecer todo aquele universo underground europeu.

Como um resultado desse apuro estético. Amar", para mim, é um bastante maduro e merecedor de todos os elogios que recebeu desde seu lançamento - além de uma indicação para o Prêmio Goya (o "Oscar Espanhol") para a incrível performance de Pol Monen. Saiba que você está diante de um filme de relações adolescentes muito bem realizado e que não se apega a esteriótipos para conseguir tocar no alma - e acredite: ele vai tocar.

Vale muito o seu play - como entretenimento, mas com uma pegada de cinema independente!

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Esse é um filme pouco diferente do cinema espanhol que conhecemos, mas que também não deixa de ser uma ótima surpresa - embora tenha um conceito mais poético, profundo eu diria.

"Amar", basicamente, acompanha a história de amor que Laura (María Pedraza) e Carlos (Pol Monen) vivenciam: desde sua intensidade até a natural fragilidade do primeiro amor e como eles enxergam a realidade quando se sentem abalados pelas dificuldades naturais de uma relação e sentem que todo romantismo que idealizaram não passou de uma fase! Confira o trailer (em espanhol):

Antes de mais nada é preciso dizer que "Amar" é muito bem dirigido pelo Esteban Crespo, embora seja apenas seu primeiro longa-metragem. O filme dialoga com alguns dramas adolescentes como sexualidade, descobertas, inseguranças, sonhos e decepções; mas sem se fazer piegas - de fato existe um cuidado em retratar com certo realismo a relação entre os protagonistas. Veja, não estamos diante de um grande roteiro, mas é preciso elogiar a forma como Crespo construiu a narrativa, provocando os atores, trabalhando com as lentes mais fechadas nos momentos mais introspectivos, mas enquadrando a cidade ora em segundo plano como um pano de fundo completamente desfocado e colorido, ora como um personagem, aqui com uso das grandes angulares, para estabelecer todo aquele universo underground europeu.

Como um resultado desse apuro estético. Amar", para mim, é um bastante maduro e merecedor de todos os elogios que recebeu desde seu lançamento - além de uma indicação para o Prêmio Goya (o "Oscar Espanhol") para a incrível performance de Pol Monen. Saiba que você está diante de um filme de relações adolescentes muito bem realizado e que não se apega a esteriótipos para conseguir tocar no alma - e acredite: ele vai tocar.

Vale muito o seu play - como entretenimento, mas com uma pegada de cinema independente!

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American Son

Antes de mais nada, uma informação importante sobre "American Son": essa produção original da Netflix é uma adaptação de uma peça da Broadway, escrita por Christopher Demos-Brown que acompanha o drama de um ex-casal, em uma interminável noite de espera na delegacia, em busca de informações sobre o desaparecimento do seu filho. A história ganha ainda mais força por trazer para pauta um assunto delicado, o racismo em suas diversas formas de expressão e opressão, porém, é preciso que se diga: o filme não vai agradar a todos, não pelo conteúdo e sim pela forma. "American Son" se passa em um mesmo cenário 98% do tempo, com 4 atores se revezando entre diálogos longos, muitas vezes didáticos, sem um sentido cronológico e, muitas vezes, com atuações acima do tom - certamente funciona no palco, mas no cinema a dinâmica é outra (e o diretor Kenny Leon deveria saber disso). Só dê o play se você estiver consciente que se trata de uma oportunidade de assistir uma peça de teatro da Broadway (não é um musical) no seu serviço de streaming., com um texto forte, difícil de digerir e que expõe uma enorme discussão cheia dor, de ressentimento e de verdade!

Jamal, um jovem de 18 anos, negro, está desaparecido. Kendra, sua mãe, negra, está em uma delegacia esperando por notícias do filho. Um jovem policial, branco, faz o atendimento. O clima é tenso, é possível ver o desespero de uma mãe nessa situação. Os diálogos parecem traiçoeiros entre quem diz e quem escuta - tudo nos leva para discussões sobre diferenças raciais ou sobre a forma como isso interfere naquela investigação, em algum incidente que poderia ter corrido ou até no tratamento institucional entre o policial e a mãe. Quando o pai de Jamal, ex-marido de Kendra, Scott, um agente do FBI, branco, chega, as discussões ganham novos elementos como: postura perante o problema, machismo, ressentimentos entre homem e mulher, diferenças de ponto de vista sobre um mesmo tema, paternidade, maternidade, educação, escolhas de vida, etc; mas tudo isso tendo o racismo como reflexo de causa. É fato que o roteiro trás plots muito bem elaborados, consistentes e importantes para se discutir. Ele levanta temas que provavelmente passariam batidos por uns, mas que tem enorme importância para outros e aí vem o elemento dramático que mais merece destaque no filme: a necessidade de nos colocarmos no lugar do outro, de praticarmos a empatia! Eu diria que é esse sentimento que nos segura até o final (um ótimo final, inclusive). 

Como disse anteriormente, o problema não está no "conteúdo" e sim na "forma". Adaptar uma peça de teatro em filme exige entender a gramática cinematográfica e ter a consciência que muita coisa vai precisar mudar, não tem jeito! Mesmo com a escolha de um único cenário (o que não seria problema nenhum, basta lembrar de "Nada a Esconder" ou "7 años") o roteiro poderia ser mais dinâmico, mas não, ele é teatral, respeita as entradas e saídas do atores usando os corredores da delegacia como coxias e isso é um grande equívoco, porque os tempos são diferentes. As atuações sofrem do mesmo problema - o atores da peça são exatamente os mesmos do filme e, claro, eles carregam o tom do teatro para a câmera e, em muitos momentos, ficar] over demais! Kerry Washington (Scandal) faz tantas caras e bocas que deixa as ótimas passagens do texto, superficiais demais - ela não mergulha no sofrimento, ela expões o sofrimento, e essa diferença é fatal (embora algumas pessoas tendem a gostar desse tipo de trabalho)! Talvez o único do elenco que tenha equilibrado (ou se adaptado melhor) a atuação foi o delegado John Stokes (Eugene Lee) - pontual e contido, na medida e no tempo certo!

Bom, mas você só criticou, por que eu devo assistir? A resposta é simples: a história é boa, o texto é bom (embora o roteiro nem tanto) e o assunto é importante, nos faz refletir em vários momentos, principalmente quando os pontos de vista são colocados na mesa sem medo de julgamentos. Eu, tranquilamente, assistiria essa peça e provavelmente sairia satisfeito, porém como obra cinematográfica, fica impossível elogiar. Uma pena!

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Antes de mais nada, uma informação importante sobre "American Son": essa produção original da Netflix é uma adaptação de uma peça da Broadway, escrita por Christopher Demos-Brown que acompanha o drama de um ex-casal, em uma interminável noite de espera na delegacia, em busca de informações sobre o desaparecimento do seu filho. A história ganha ainda mais força por trazer para pauta um assunto delicado, o racismo em suas diversas formas de expressão e opressão, porém, é preciso que se diga: o filme não vai agradar a todos, não pelo conteúdo e sim pela forma. "American Son" se passa em um mesmo cenário 98% do tempo, com 4 atores se revezando entre diálogos longos, muitas vezes didáticos, sem um sentido cronológico e, muitas vezes, com atuações acima do tom - certamente funciona no palco, mas no cinema a dinâmica é outra (e o diretor Kenny Leon deveria saber disso). Só dê o play se você estiver consciente que se trata de uma oportunidade de assistir uma peça de teatro da Broadway (não é um musical) no seu serviço de streaming., com um texto forte, difícil de digerir e que expõe uma enorme discussão cheia dor, de ressentimento e de verdade!

Jamal, um jovem de 18 anos, negro, está desaparecido. Kendra, sua mãe, negra, está em uma delegacia esperando por notícias do filho. Um jovem policial, branco, faz o atendimento. O clima é tenso, é possível ver o desespero de uma mãe nessa situação. Os diálogos parecem traiçoeiros entre quem diz e quem escuta - tudo nos leva para discussões sobre diferenças raciais ou sobre a forma como isso interfere naquela investigação, em algum incidente que poderia ter corrido ou até no tratamento institucional entre o policial e a mãe. Quando o pai de Jamal, ex-marido de Kendra, Scott, um agente do FBI, branco, chega, as discussões ganham novos elementos como: postura perante o problema, machismo, ressentimentos entre homem e mulher, diferenças de ponto de vista sobre um mesmo tema, paternidade, maternidade, educação, escolhas de vida, etc; mas tudo isso tendo o racismo como reflexo de causa. É fato que o roteiro trás plots muito bem elaborados, consistentes e importantes para se discutir. Ele levanta temas que provavelmente passariam batidos por uns, mas que tem enorme importância para outros e aí vem o elemento dramático que mais merece destaque no filme: a necessidade de nos colocarmos no lugar do outro, de praticarmos a empatia! Eu diria que é esse sentimento que nos segura até o final (um ótimo final, inclusive). 

Como disse anteriormente, o problema não está no "conteúdo" e sim na "forma". Adaptar uma peça de teatro em filme exige entender a gramática cinematográfica e ter a consciência que muita coisa vai precisar mudar, não tem jeito! Mesmo com a escolha de um único cenário (o que não seria problema nenhum, basta lembrar de "Nada a Esconder" ou "7 años") o roteiro poderia ser mais dinâmico, mas não, ele é teatral, respeita as entradas e saídas do atores usando os corredores da delegacia como coxias e isso é um grande equívoco, porque os tempos são diferentes. As atuações sofrem do mesmo problema - o atores da peça são exatamente os mesmos do filme e, claro, eles carregam o tom do teatro para a câmera e, em muitos momentos, ficar] over demais! Kerry Washington (Scandal) faz tantas caras e bocas que deixa as ótimas passagens do texto, superficiais demais - ela não mergulha no sofrimento, ela expões o sofrimento, e essa diferença é fatal (embora algumas pessoas tendem a gostar desse tipo de trabalho)! Talvez o único do elenco que tenha equilibrado (ou se adaptado melhor) a atuação foi o delegado John Stokes (Eugene Lee) - pontual e contido, na medida e no tempo certo!

Bom, mas você só criticou, por que eu devo assistir? A resposta é simples: a história é boa, o texto é bom (embora o roteiro nem tanto) e o assunto é importante, nos faz refletir em vários momentos, principalmente quando os pontos de vista são colocados na mesa sem medo de julgamentos. Eu, tranquilamente, assistiria essa peça e provavelmente sairia satisfeito, porém como obra cinematográfica, fica impossível elogiar. Uma pena!

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Amigos para a Vida

"Amigos para a Vida" é muito melhor do que pode parecer em um primeiro olhar, especialmente se você gostou de séries como "This is Us" ou  "A Million Little Things". O filme dirigido pelo Jesse Zwick (da série "Nashville: No Ritmo da Fama") mescla com muita sabedoria um certo humor carregado de ironias com um drama cheio de camadas que vai ganhando corpo conforme a trama se desenrola, deixando uma aparente superficialidade para trás até chegar ao ponto de explorar com seriedade temas como amizade, amor, perda e a busca pela felicidade. Talvez quem tenha assistido a excelente produção francesa "Les petits mouchoirs" (que aqui no Brasil surgiu como "Até a Eternidade") ache "Amigos para a Vida" mais do mesmo, mas eu posso te garantir que além de um ótimo e leve entretenimento, esse filme vai tocar o seu coração.

A história, basicamente, gira em torno de Alex (Jason Ritter), um jovem que tenta lidar com a depressão. Quando seus amigos de faculdade descobrem sua tentativa de suicídio, decidem se reunir para um fim de semana juntos, na esperança de animá-lo. A partir desse encontro, antigos segredos são revelados, velhas feridas são reabertas e novos laços são formados. Confira o trailer (em inglês):

O tweet de Alex antes de sua tentativa de suicídio dizia: "Pergunte por mim amanhã e você encontrará um homem morto" - essa é uma frase dita por Mercutio antes de sua morte em "Romeu e Julieta" de William Shakespeare e não por acaso o ponto de partida para uma jornada de reencontro que discute a cada momento a importância de estar "hoje" ao lado de quem você realmente estima. "For Alex" (no original) se apropria de uma situação dramática para fazer um retrato honesto e comovente da vida, com seus altos e baixos, alegrias e tristezas. Quando o roteiro do próprio Zwick encontra seu verdadeiro caminho (e isso demora pelo menos um ato), percebemos que o desenvolvimento da trama vai além de uma premissa batida sobre a importância da amizade, do amor e da esperança; e a leveza como tudo isso é personificado pelo elenco cria uma fácil (e nostálgica) conexão que te fará rir, chorar e refletir sobre a vida.

O elenco, de fato, é um dos pontos fortes de "Amigos para a Vida" - basta dizer que esse foi um dos primeiros trabalhos de Jane Levy (a Zoey de "Zoey e a Sua Fantástica Playlist") e de Aubrey Plaza (a Harper Spiller de "The White Lotus"). Basicamente formado por 7 atores, o elenco mostra uma química invejável para esse tipo de texto - a forma como o roteiro vai envolvendo os personagens e seus dramas do passado, embora previsíveis, nos coloca dentro daquela dinâmica tão particular. Jason Ritter entrega uma performance interessante como Alex, transmitindo uma dor e uma fragilidade que vai além do estereótipo. Nate Parker e Max Greenfield também estão ótimos - seus personagens são multidimensionais e cheios de nuances, trazendo uma veracidade para a história que vale a pena ressaltar.

A direção de Jesse Zwick é competente, mas pouco criativa. Embora sensível e perspicaz, ele prefere se apoiar no equilíbrio entre o humor e o drama, sem cair em pieguices ou clichês, do que provocar seus atores e assim leva-los para um lugar desconhecido que traria ainda mais profundidade para as discussões - e é aqui que a fotografia do Andre Lascaris (de "Playdates") potencializa o trabalho do elenco, já que ele é capaz de capturar as nuances de cada relação sem expor seu real significado. "Amigos para a Vida" é isso, um filme que mostra como os amigos podem ser a nossa maior fonte de apoio nos momentos mais difíceis da vida, mesmo que essa relação seja carregada de marcas que precisam ser discutidas!

Vale seu play!

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"Amigos para a Vida" é muito melhor do que pode parecer em um primeiro olhar, especialmente se você gostou de séries como "This is Us" ou  "A Million Little Things". O filme dirigido pelo Jesse Zwick (da série "Nashville: No Ritmo da Fama") mescla com muita sabedoria um certo humor carregado de ironias com um drama cheio de camadas que vai ganhando corpo conforme a trama se desenrola, deixando uma aparente superficialidade para trás até chegar ao ponto de explorar com seriedade temas como amizade, amor, perda e a busca pela felicidade. Talvez quem tenha assistido a excelente produção francesa "Les petits mouchoirs" (que aqui no Brasil surgiu como "Até a Eternidade") ache "Amigos para a Vida" mais do mesmo, mas eu posso te garantir que além de um ótimo e leve entretenimento, esse filme vai tocar o seu coração.

A história, basicamente, gira em torno de Alex (Jason Ritter), um jovem que tenta lidar com a depressão. Quando seus amigos de faculdade descobrem sua tentativa de suicídio, decidem se reunir para um fim de semana juntos, na esperança de animá-lo. A partir desse encontro, antigos segredos são revelados, velhas feridas são reabertas e novos laços são formados. Confira o trailer (em inglês):

O tweet de Alex antes de sua tentativa de suicídio dizia: "Pergunte por mim amanhã e você encontrará um homem morto" - essa é uma frase dita por Mercutio antes de sua morte em "Romeu e Julieta" de William Shakespeare e não por acaso o ponto de partida para uma jornada de reencontro que discute a cada momento a importância de estar "hoje" ao lado de quem você realmente estima. "For Alex" (no original) se apropria de uma situação dramática para fazer um retrato honesto e comovente da vida, com seus altos e baixos, alegrias e tristezas. Quando o roteiro do próprio Zwick encontra seu verdadeiro caminho (e isso demora pelo menos um ato), percebemos que o desenvolvimento da trama vai além de uma premissa batida sobre a importância da amizade, do amor e da esperança; e a leveza como tudo isso é personificado pelo elenco cria uma fácil (e nostálgica) conexão que te fará rir, chorar e refletir sobre a vida.

O elenco, de fato, é um dos pontos fortes de "Amigos para a Vida" - basta dizer que esse foi um dos primeiros trabalhos de Jane Levy (a Zoey de "Zoey e a Sua Fantástica Playlist") e de Aubrey Plaza (a Harper Spiller de "The White Lotus"). Basicamente formado por 7 atores, o elenco mostra uma química invejável para esse tipo de texto - a forma como o roteiro vai envolvendo os personagens e seus dramas do passado, embora previsíveis, nos coloca dentro daquela dinâmica tão particular. Jason Ritter entrega uma performance interessante como Alex, transmitindo uma dor e uma fragilidade que vai além do estereótipo. Nate Parker e Max Greenfield também estão ótimos - seus personagens são multidimensionais e cheios de nuances, trazendo uma veracidade para a história que vale a pena ressaltar.

A direção de Jesse Zwick é competente, mas pouco criativa. Embora sensível e perspicaz, ele prefere se apoiar no equilíbrio entre o humor e o drama, sem cair em pieguices ou clichês, do que provocar seus atores e assim leva-los para um lugar desconhecido que traria ainda mais profundidade para as discussões - e é aqui que a fotografia do Andre Lascaris (de "Playdates") potencializa o trabalho do elenco, já que ele é capaz de capturar as nuances de cada relação sem expor seu real significado. "Amigos para a Vida" é isso, um filme que mostra como os amigos podem ser a nossa maior fonte de apoio nos momentos mais difíceis da vida, mesmo que essa relação seja carregada de marcas que precisam ser discutidas!

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Amor e Monstros

Verdade seja dita: não é fácil encontrar bons "blockbusters". Histórias batidas, atores no piloto automático e CGI caro/ruim são a receita de dezenas de títulos lançados ano após ano. Felizmente, "Amor e Monstros" é diferente. Em poucos minutos, o filme estabelece o contexto daquele mundo pós-apocalíptico: a humanidade perdeu o topo da cadeia alimentar e a soberania da superfície terrestre. Os poucos que sobraram foram relegados a (sobre)viver em bunkers e abrigos subterrâneos.

Após 7 anos, o medroso Joel (Dylan O’Brien) encarna o Thomas de Maze Runner para correr até a sua amada Aimee (Jessica Henwick). No caminho, encontra alguns aliados e vários monstros. A premissa simples parece uma mistura de Zumbilândia com Sessão da Tarde, mas eu garanto: a execução é impecável! Confira o trailer:

Conhecemos um mundo selvagem, verde, pitoresco e ameaçador. Desde Aniquilação (2018) a natureza anômala não era retratada de forma tão estupenda. Os efeitos visuais, reconhecidos pela academia do Oscar com uma indicação na categoria, são incríveis: da computação gráfica que cria os monstros aos efeitos práticos empregados nas cenas de ação. A facilidade do filme em transitar por vários gêneros chama atenção. Além do "terrir" (terror + comédia), vemos uma aventura cheia de ação e suspense, com um tempero de ficção científica - mérito do diretorMichael Matthews. Destaque para o bom elenco coadjuvante, especialmente Michael Rooker como Clyde e a sagaz Minnow de Ariana Greenblatt, sem falar no "Melhor Cachorro de 2021" - Boy é ótimo!

"Love and Monsters" (título original) pode ainda deixar reflexões sobre a importância da comunicação e do enfrentamento dos medos. Mas antes disso, deve ser encarado como um entretenimento ótimo e empolgante, capaz de assustar e divertir na mesma proporção.

A verdade é que o filme poderia ser uma premiada animação da Pixar - o contexto narrativo da jornada do herói e do auto-conhecimento está todo ali, porém é um "Cinema Pipoca" acima da média, acredite!

Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria @dicastreaming 

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Verdade seja dita: não é fácil encontrar bons "blockbusters". Histórias batidas, atores no piloto automático e CGI caro/ruim são a receita de dezenas de títulos lançados ano após ano. Felizmente, "Amor e Monstros" é diferente. Em poucos minutos, o filme estabelece o contexto daquele mundo pós-apocalíptico: a humanidade perdeu o topo da cadeia alimentar e a soberania da superfície terrestre. Os poucos que sobraram foram relegados a (sobre)viver em bunkers e abrigos subterrâneos.

Após 7 anos, o medroso Joel (Dylan O’Brien) encarna o Thomas de Maze Runner para correr até a sua amada Aimee (Jessica Henwick). No caminho, encontra alguns aliados e vários monstros. A premissa simples parece uma mistura de Zumbilândia com Sessão da Tarde, mas eu garanto: a execução é impecável! Confira o trailer:

Conhecemos um mundo selvagem, verde, pitoresco e ameaçador. Desde Aniquilação (2018) a natureza anômala não era retratada de forma tão estupenda. Os efeitos visuais, reconhecidos pela academia do Oscar com uma indicação na categoria, são incríveis: da computação gráfica que cria os monstros aos efeitos práticos empregados nas cenas de ação. A facilidade do filme em transitar por vários gêneros chama atenção. Além do "terrir" (terror + comédia), vemos uma aventura cheia de ação e suspense, com um tempero de ficção científica - mérito do diretorMichael Matthews. Destaque para o bom elenco coadjuvante, especialmente Michael Rooker como Clyde e a sagaz Minnow de Ariana Greenblatt, sem falar no "Melhor Cachorro de 2021" - Boy é ótimo!

"Love and Monsters" (título original) pode ainda deixar reflexões sobre a importância da comunicação e do enfrentamento dos medos. Mas antes disso, deve ser encarado como um entretenimento ótimo e empolgante, capaz de assustar e divertir na mesma proporção.

A verdade é que o filme poderia ser uma premiada animação da Pixar - o contexto narrativo da jornada do herói e do auto-conhecimento está todo ali, porém é um "Cinema Pipoca" acima da média, acredite!

Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria @dicastreaming 

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Amor e Morte

"Amor e Morte" é a "versão HBO" da igualmente competente "Candy"- talvez um pouco menos estereotipada e sensivelmente mais profunda na construção das camadas dos personagens. Essa versão lançada em 2023, foi criada por David E. Kelley ("Acima de Qualquer Suspeita") e dirigida por Lesli Linka Glatter ("Homeland") e Clark Johnson (de "Seven Seconds"), ou seja, um time que definitivamente sabe o que está fazendo quando o assunto é construir tensão. Baseada em uma história real e adaptado do livro "Evidence of Love: A True Story of Passion and Death in the Suburbs", a minissérie mergulha nas profundezas da psique de Candy, explorando sua obsessão a partir de uma traição - eu diria que a trama faz um recorte muito interessante sobre escuridão que pode se esconder sob a superfície de vidas aparentemente comuns. Com uma narrativa que combina romance, investigação, suspense (psicológico) e até um toque de drama de tribunal, "Amor e Morte" oferece uma experiência, de fato, envolvente e emocionalmente complexa. Para os fãs de dramas criminais baseados em fatos reais, impossível não dar um play!

Candy Montgomery (Elizabeth Olsen) é uma dona de casa de uma pequena cidade do Texas que, em 1978, se envolve em um caso extraconjugal com Allan Gore (Jesse Plemons), o marido de sua colega de comunidade, Betty Gore (Lily Rabe). O relacionamento secreto entre os dois leva a uma série de eventos devastadores que culminam em um brutal assassinato. "Amor e Morte" segue justamente o desenrolar desses acontecimentos, desde a descoberta do caso até as consequências legais e emocionais, oferecendo um retrato perturbador das nuances morais e psicológicas envolvidas no crime. Confira o trailer:

David E. Kelley, conhecido por sua habilidade em criar dramas policiais e jurídicos com uma camada emocional bastante complexa, traz mais uma vez sua identidade para "Amor e Morte". Kelley constrói a narrativa de maneira meticulosa, não se limitando a um simples relato de um crime real, mas sim se aprofundando nas motivações e nas pressões sociais que moldam as vidas dos personagens. Ele, definitivamente, sabe construir o suspense "true crime", mas sempre com o equilíbrio de quem explora os aspectos emocionais e psicológicos dos envolvidos - está aí seu grande diferencial e aqui, mais uma vez, ele coloca sua proposta em jogo e sai ganhando. A direção de Glatter e Johnson é crucial para que o tom de Kelley alcance a eficácia necessária. Glatter, com sua vasta experiência em séries como "Homeland", "The Morning Show e "The Leftovers" (só para citar três grandes sucessos de seu extenso currículo), traz para a narrativa uma sensibilidade visual que captura perfeitamente claustrofobia e a tensão emocional dos protagonistas; enquanto Johnson, por sua vez, contribui com sua vasta experiência em dramas policiais e de tribunal, garantindo que toda linha jurídica e investigativa seja bem convincente. 

Elizabeth Olsen entrega uma performance extraordinária como Candy Montgomery. Olsen entende a complexidade de sua personagem, retratando Candy como uma mulher aparentemente comum, mas que esconde uma intensidade emocional e uma capacidade de violência que são reveladas de forma chocante. Sua atuação é ao mesmo tempo sutil e poderosa, tornando Candy uma figura fascinante e perturbadora - esse trabalho lhe rendeu algumas boas indicações como "Melhor Atriz" como no Critics Choice, no Globo de Ouro e no Bafta de 2024.Já Jesse Plemons, o Allan Gore, oferece uma atuação igualmente forte, retratando um homem que é simultaneamente culpado e vítima das circunstâncias - chega a ser impressionante a forma como ele expõe suas dúvidas como marido e seus desejos como amante. Aliás, por esse personagem, Plemons foi indicado ao Emmy. Lily Rabe e Patrick Fugit, também merecem elogios como os "pares traídos" dos protagonistas.

Um detalhe que vale pontuar: a trilha sonora da minissérie é simplesmente fantástica - um mergulho ao final dos anos 70 e inicio dos anos 80. Ela complementa a atmosfera de uma forma que habilmente intensifica o suspense e a carga emocional de diversas cenas - sutil, mas eficaz, essa trilha sonoraajuda a criar uma sensação de inquietação que permeia todos os episódios, em muitos momentos sem diálogo algum, inclusive! Dito isso, é preciso alinhar as expectativas: "Amor e Morte" pode parecer lenta em certos momentos, especialmente nos três primeiros episódios onde a minissérie constrói a linha mais romântica da trama para depois preparar o terreno para o crime e assim tomar um caminho mais tradicional, focando na investigação e no julgamento do assassinato em si.

"Amor e Morte" é corajosa e fascinante ao discutir as complexidades morais e emocionais de um crime real sem hipocrisia. Ao questionar as aparências e os papéis sociais, oferecendo uma visão perturbadora do que acontece quando a pressão da conformidade social e os desejos ocultos entram em colisão, a minissérie não decepciona. Pode acreditar!

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"Amor e Morte" é a "versão HBO" da igualmente competente "Candy"- talvez um pouco menos estereotipada e sensivelmente mais profunda na construção das camadas dos personagens. Essa versão lançada em 2023, foi criada por David E. Kelley ("Acima de Qualquer Suspeita") e dirigida por Lesli Linka Glatter ("Homeland") e Clark Johnson (de "Seven Seconds"), ou seja, um time que definitivamente sabe o que está fazendo quando o assunto é construir tensão. Baseada em uma história real e adaptado do livro "Evidence of Love: A True Story of Passion and Death in the Suburbs", a minissérie mergulha nas profundezas da psique de Candy, explorando sua obsessão a partir de uma traição - eu diria que a trama faz um recorte muito interessante sobre escuridão que pode se esconder sob a superfície de vidas aparentemente comuns. Com uma narrativa que combina romance, investigação, suspense (psicológico) e até um toque de drama de tribunal, "Amor e Morte" oferece uma experiência, de fato, envolvente e emocionalmente complexa. Para os fãs de dramas criminais baseados em fatos reais, impossível não dar um play!

Candy Montgomery (Elizabeth Olsen) é uma dona de casa de uma pequena cidade do Texas que, em 1978, se envolve em um caso extraconjugal com Allan Gore (Jesse Plemons), o marido de sua colega de comunidade, Betty Gore (Lily Rabe). O relacionamento secreto entre os dois leva a uma série de eventos devastadores que culminam em um brutal assassinato. "Amor e Morte" segue justamente o desenrolar desses acontecimentos, desde a descoberta do caso até as consequências legais e emocionais, oferecendo um retrato perturbador das nuances morais e psicológicas envolvidas no crime. Confira o trailer:

David E. Kelley, conhecido por sua habilidade em criar dramas policiais e jurídicos com uma camada emocional bastante complexa, traz mais uma vez sua identidade para "Amor e Morte". Kelley constrói a narrativa de maneira meticulosa, não se limitando a um simples relato de um crime real, mas sim se aprofundando nas motivações e nas pressões sociais que moldam as vidas dos personagens. Ele, definitivamente, sabe construir o suspense "true crime", mas sempre com o equilíbrio de quem explora os aspectos emocionais e psicológicos dos envolvidos - está aí seu grande diferencial e aqui, mais uma vez, ele coloca sua proposta em jogo e sai ganhando. A direção de Glatter e Johnson é crucial para que o tom de Kelley alcance a eficácia necessária. Glatter, com sua vasta experiência em séries como "Homeland", "The Morning Show e "The Leftovers" (só para citar três grandes sucessos de seu extenso currículo), traz para a narrativa uma sensibilidade visual que captura perfeitamente claustrofobia e a tensão emocional dos protagonistas; enquanto Johnson, por sua vez, contribui com sua vasta experiência em dramas policiais e de tribunal, garantindo que toda linha jurídica e investigativa seja bem convincente. 

Elizabeth Olsen entrega uma performance extraordinária como Candy Montgomery. Olsen entende a complexidade de sua personagem, retratando Candy como uma mulher aparentemente comum, mas que esconde uma intensidade emocional e uma capacidade de violência que são reveladas de forma chocante. Sua atuação é ao mesmo tempo sutil e poderosa, tornando Candy uma figura fascinante e perturbadora - esse trabalho lhe rendeu algumas boas indicações como "Melhor Atriz" como no Critics Choice, no Globo de Ouro e no Bafta de 2024.Já Jesse Plemons, o Allan Gore, oferece uma atuação igualmente forte, retratando um homem que é simultaneamente culpado e vítima das circunstâncias - chega a ser impressionante a forma como ele expõe suas dúvidas como marido e seus desejos como amante. Aliás, por esse personagem, Plemons foi indicado ao Emmy. Lily Rabe e Patrick Fugit, também merecem elogios como os "pares traídos" dos protagonistas.

Um detalhe que vale pontuar: a trilha sonora da minissérie é simplesmente fantástica - um mergulho ao final dos anos 70 e inicio dos anos 80. Ela complementa a atmosfera de uma forma que habilmente intensifica o suspense e a carga emocional de diversas cenas - sutil, mas eficaz, essa trilha sonoraajuda a criar uma sensação de inquietação que permeia todos os episódios, em muitos momentos sem diálogo algum, inclusive! Dito isso, é preciso alinhar as expectativas: "Amor e Morte" pode parecer lenta em certos momentos, especialmente nos três primeiros episódios onde a minissérie constrói a linha mais romântica da trama para depois preparar o terreno para o crime e assim tomar um caminho mais tradicional, focando na investigação e no julgamento do assassinato em si.

"Amor e Morte" é corajosa e fascinante ao discutir as complexidades morais e emocionais de um crime real sem hipocrisia. Ao questionar as aparências e os papéis sociais, oferecendo uma visão perturbadora do que acontece quando a pressão da conformidade social e os desejos ocultos entram em colisão, a minissérie não decepciona. Pode acreditar!

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Amor e outras Drogas

“Amor e Outras Drogas” é uma ótima comédia romântica para ver, dar muitas risadas e até se emocionar! Eu diria até que o filme poderia ser, tranquilamente, um longo episódio de “Modern Love” da Prime Video - até a personagem Maggie de Hathaway, lembra o papel que a atriz interpretou na série, aquela que transitava de mulher radiante de felicidade para uma pessoa deprimida.

Aqui, Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) é um "pegador" do tipo que perde a conta do número de mulheres com quem já transou. Após ser demitido do cargo de vendedor em uma loja de eletrodomésticos por ter seduzido uma das funcionárias, ele passa a trabalhar num grande laboratório da indústria farmacêutica. Como representante comercial, sua função é abordar médicos e convencê-los a prescrever os produtos da empresa para seus pacientes. Em uma dessas visitas, ele conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem de 26 anos que sofre de mal de Parkinson. Inicialmente, Jamie fica atraído pela beleza física e por ter sido dispensado por ela, mas aos poucos descobre que existe algo mais forte. Maggie, por sua vez, também sente o mesmo, mas não quer levar o caso adiante por causa de sua condição. Confira o trailer (em inglês):

Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, é o elenco. O ator Jake Gyllenhaal está perfeito, com seu charme e desenvoltura. - é impressionante a química que ele tem em cena ao lado de Anne Hathaway, que também está ótima. O filme se passa nos anos 90, então pode esperar inúmeras cenas com os dois embalados por uma trilha sonora cheia de músicas viciantes.

A direção de Edward Zwick (“Diamante de Sangue”) é competente ao mesclar comédia, romance e drama de forma fluída e leve. A fotografia de Steven Fierberg (de "Emily em Paris") também impressiona pela sensibilidade - algo pouco comum em filmes do gênero. Fierberg transida perfeitamente entre os planos mais abertos para estabelecer a dinâmica quase caótica do relacionamento dos personagens com o close-ups das passagens mais introspectivas e sentimentais que seguem - sua lente é capaz de captar perfeitamente o sentimento que o diretor provoca em seus atores e que, inegavelmente, nos toca de uma forma impressionante.

Escrita por Charles Randolph, Edward Zwick e Marshall Herskovitz e baseado no livro de Jamie Reidy, “Amor e Outras Drogas” tem um início cheio de momentos cômicos e muito romance, mas também vai te fazer refletir sobre alguns temas bem relevantes. E prepare-se para se comover com essa história que vai muito além de uma trama água com açúcar que possa parecer.

Vale muito a pena!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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“Amor e Outras Drogas” é uma ótima comédia romântica para ver, dar muitas risadas e até se emocionar! Eu diria até que o filme poderia ser, tranquilamente, um longo episódio de “Modern Love” da Prime Video - até a personagem Maggie de Hathaway, lembra o papel que a atriz interpretou na série, aquela que transitava de mulher radiante de felicidade para uma pessoa deprimida.

Aqui, Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) é um "pegador" do tipo que perde a conta do número de mulheres com quem já transou. Após ser demitido do cargo de vendedor em uma loja de eletrodomésticos por ter seduzido uma das funcionárias, ele passa a trabalhar num grande laboratório da indústria farmacêutica. Como representante comercial, sua função é abordar médicos e convencê-los a prescrever os produtos da empresa para seus pacientes. Em uma dessas visitas, ele conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem de 26 anos que sofre de mal de Parkinson. Inicialmente, Jamie fica atraído pela beleza física e por ter sido dispensado por ela, mas aos poucos descobre que existe algo mais forte. Maggie, por sua vez, também sente o mesmo, mas não quer levar o caso adiante por causa de sua condição. Confira o trailer (em inglês):

Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, é o elenco. O ator Jake Gyllenhaal está perfeito, com seu charme e desenvoltura. - é impressionante a química que ele tem em cena ao lado de Anne Hathaway, que também está ótima. O filme se passa nos anos 90, então pode esperar inúmeras cenas com os dois embalados por uma trilha sonora cheia de músicas viciantes.

A direção de Edward Zwick (“Diamante de Sangue”) é competente ao mesclar comédia, romance e drama de forma fluída e leve. A fotografia de Steven Fierberg (de "Emily em Paris") também impressiona pela sensibilidade - algo pouco comum em filmes do gênero. Fierberg transida perfeitamente entre os planos mais abertos para estabelecer a dinâmica quase caótica do relacionamento dos personagens com o close-ups das passagens mais introspectivas e sentimentais que seguem - sua lente é capaz de captar perfeitamente o sentimento que o diretor provoca em seus atores e que, inegavelmente, nos toca de uma forma impressionante.

Escrita por Charles Randolph, Edward Zwick e Marshall Herskovitz e baseado no livro de Jamie Reidy, “Amor e Outras Drogas” tem um início cheio de momentos cômicos e muito romance, mas também vai te fazer refletir sobre alguns temas bem relevantes. E prepare-se para se comover com essa história que vai muito além de uma trama água com açúcar que possa parecer.

Vale muito a pena!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Amor ou Consequência

“Amor ou Consequência” é daqueles filmes que passam bem rápido, mas que a gente gostaria que não tivesse fim!

“Jeux d'enfants” (título original) é uma produção fraco-suiça de 2003, que aproveita de seu roteiro primoroso e uma narrativa fantástica (no sentido estético da palavra), para contar um ingênua história de amor através do tempo: já adultos, os melhores amigos Julien Janvier (Guillaume Canet) e Sophie Kowalsky (Marion Cotillard) continuam um estranho jogo que começaram quando ainda eram crianças - uma espécie de competição onde, para superar o outro, é preciso aceitar desafios bem ousados que os colocam em situações bastante, digamos, constrangedoras! Veja o trailer: 

Seguindo o conceito estético de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain",  “Amor ou Consequência” tem o mérito de unir fotografia, trilha, interpretação e construir uma unidade narrativa impressionante - tudo é muito bem planejado pelo diretor Yann Samuel (de "Ironias do Amor"). É incrível como ele faz com que a gente tenha a estranha sensação de não parar de sorrir durante o filme inteiro, tão belo é o seu trabalho.

Eu diria que “Amor ou Consequência” não se trata de uma comédia romântica normal ou uma história água com açúcar tipo "Sessão da tarde", mas sim de um filme inteligente, criativo, muito bem realizado, tecnicamente perfeito - leve, reflexivo e, além de tudo, muito gostoso de assistir!

Recomendadíssimo!!!!! 

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“Amor ou Consequência” é daqueles filmes que passam bem rápido, mas que a gente gostaria que não tivesse fim!

“Jeux d'enfants” (título original) é uma produção fraco-suiça de 2003, que aproveita de seu roteiro primoroso e uma narrativa fantástica (no sentido estético da palavra), para contar um ingênua história de amor através do tempo: já adultos, os melhores amigos Julien Janvier (Guillaume Canet) e Sophie Kowalsky (Marion Cotillard) continuam um estranho jogo que começaram quando ainda eram crianças - uma espécie de competição onde, para superar o outro, é preciso aceitar desafios bem ousados que os colocam em situações bastante, digamos, constrangedoras! Veja o trailer: 

Seguindo o conceito estético de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain",  “Amor ou Consequência” tem o mérito de unir fotografia, trilha, interpretação e construir uma unidade narrativa impressionante - tudo é muito bem planejado pelo diretor Yann Samuel (de "Ironias do Amor"). É incrível como ele faz com que a gente tenha a estranha sensação de não parar de sorrir durante o filme inteiro, tão belo é o seu trabalho.

Eu diria que “Amor ou Consequência” não se trata de uma comédia romântica normal ou uma história água com açúcar tipo "Sessão da tarde", mas sim de um filme inteligente, criativo, muito bem realizado, tecnicamente perfeito - leve, reflexivo e, além de tudo, muito gostoso de assistir!

Recomendadíssimo!!!!! 

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Amor Platônico

"Amor Platônico" vai te surpreender - especialmente se você gostou de séries como "Easy" ou "Love", ambas da Netflix. Eu diria, inclusive, que a série criada pela Francesca Delbanco (de "Amigos da Faculdade") e pelo Nicholas Stoller (de "Mais que Amigos") é a junção do que existe de melhor dessas duas referências. A produção original da AppleTV+ com a Sony nos conquista pela inteligência e sensibilidade com que equilibra o humor ácido com o drama real, trazendo para a história personagens cheios de camadas, que carregam suas inúmeras falhas, mas que nem por isso deixam de ser cativantes; além de uma abordagem extremamente honesta e complexa das relações interpessoais, especialmente entre homem e mulher, mas pela perspectiva (dúbia) da amizade.

"Platonic" (no original), basicamente, gira em torno de Will (Seth Rogen) e Sylvia (Rose Byrne), amigos de longa data que se reencontram após o divórcio de Will. Apesar do respeito mútuo, existe uma química inegável entre eles, o que transforma essa afetuosa relação em algo mais desafiador do que todos podiam imaginar, confrontando-os com seus próprios medos, inseguranças e expectativas de uma vida adulta que teima em complicar as coisas. Confira o trailer (em inglês):

Em um primeiro olhar fica claro que "Amor Platônico" se destaca pela forma com que o roteiro tece sua narrativa - existe uma dinâmica carregada de humor non senseque nos envolve. Veja, o humor ácido e perspicaz que encontramos no texto muito bem desenvolvido por Delbanco e Stoller funciona perfeitamente ao abordar os momentos de profunda sensibilidade que seus personagens estão vivendo - mesmo as situações soando absurdas, existe um toque de realismo que nos provoca alguma identificação e empatia. Ao explorar as nuances das relações humanas com essa leveza, a série sobe de patamar - ela não se contenta com soluções fáceis ou clichês, quebrando nossas expectativas ao mesmo tempo que nos convida para refletir sobre as diversas formas de amor e sobre a natureza de certa forma complexa da amizade entre o homem e a mulher.

Assuntos como: problemas no trabalho, desconfianças nos relacionamentos, o próximo passo dentro de um casamento de longa data, as idas e vindas conflituosas por problemas que surgem aos montes na vida adulta, o ciúmes fantasiado de segurança, enfim, vários pontos tão próximos de nós que aqui são uma espécie de plano de fundo para situações pela qual Will e Sylvia precisam passar - o interessante é que o fato dos personagens estarem na meia idade só potencializa tais discussões. Tanto Delbanco quanto Stoller também se dividem na direção dos episódios, deixando com que Seth Rogen e Rose Byrne entreguem o que têm de melhor. A química entre os dois atores é invejável e essencial para que nos apaixonemos pela proposta da série - mesmo que inicialmente pareça bobinha demais. A trilha sonora também merece destaque: as músicas da abertura dão o exato tom do que vem pela frente nos dez episódios da temporada.

"Amor Platônico" tem uma atmosfera positiva e acolhedora - é uma delicia de assistir. Seu conceito narrativo não busca grandiosidade, mas tenta (e quase sempre consegue) se aprofundar na dinâmica natural entre os personagens em pouco mais de trinta minutos por episódio - não será raro você se pegar refletindo sobre uma passagem que acabou de assistir ou de fazer algum paralelo com suas próprias histórias mais íntimas. Aqui realmente temos uma série inteligente, divertida e até emocionante; um retrato honesto sobre relacionamentos modernos que merece demais sua atenção!

Imperdível!

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"Amor Platônico" vai te surpreender - especialmente se você gostou de séries como "Easy" ou "Love", ambas da Netflix. Eu diria, inclusive, que a série criada pela Francesca Delbanco (de "Amigos da Faculdade") e pelo Nicholas Stoller (de "Mais que Amigos") é a junção do que existe de melhor dessas duas referências. A produção original da AppleTV+ com a Sony nos conquista pela inteligência e sensibilidade com que equilibra o humor ácido com o drama real, trazendo para a história personagens cheios de camadas, que carregam suas inúmeras falhas, mas que nem por isso deixam de ser cativantes; além de uma abordagem extremamente honesta e complexa das relações interpessoais, especialmente entre homem e mulher, mas pela perspectiva (dúbia) da amizade.

"Platonic" (no original), basicamente, gira em torno de Will (Seth Rogen) e Sylvia (Rose Byrne), amigos de longa data que se reencontram após o divórcio de Will. Apesar do respeito mútuo, existe uma química inegável entre eles, o que transforma essa afetuosa relação em algo mais desafiador do que todos podiam imaginar, confrontando-os com seus próprios medos, inseguranças e expectativas de uma vida adulta que teima em complicar as coisas. Confira o trailer (em inglês):

Em um primeiro olhar fica claro que "Amor Platônico" se destaca pela forma com que o roteiro tece sua narrativa - existe uma dinâmica carregada de humor non senseque nos envolve. Veja, o humor ácido e perspicaz que encontramos no texto muito bem desenvolvido por Delbanco e Stoller funciona perfeitamente ao abordar os momentos de profunda sensibilidade que seus personagens estão vivendo - mesmo as situações soando absurdas, existe um toque de realismo que nos provoca alguma identificação e empatia. Ao explorar as nuances das relações humanas com essa leveza, a série sobe de patamar - ela não se contenta com soluções fáceis ou clichês, quebrando nossas expectativas ao mesmo tempo que nos convida para refletir sobre as diversas formas de amor e sobre a natureza de certa forma complexa da amizade entre o homem e a mulher.

Assuntos como: problemas no trabalho, desconfianças nos relacionamentos, o próximo passo dentro de um casamento de longa data, as idas e vindas conflituosas por problemas que surgem aos montes na vida adulta, o ciúmes fantasiado de segurança, enfim, vários pontos tão próximos de nós que aqui são uma espécie de plano de fundo para situações pela qual Will e Sylvia precisam passar - o interessante é que o fato dos personagens estarem na meia idade só potencializa tais discussões. Tanto Delbanco quanto Stoller também se dividem na direção dos episódios, deixando com que Seth Rogen e Rose Byrne entreguem o que têm de melhor. A química entre os dois atores é invejável e essencial para que nos apaixonemos pela proposta da série - mesmo que inicialmente pareça bobinha demais. A trilha sonora também merece destaque: as músicas da abertura dão o exato tom do que vem pela frente nos dez episódios da temporada.

"Amor Platônico" tem uma atmosfera positiva e acolhedora - é uma delicia de assistir. Seu conceito narrativo não busca grandiosidade, mas tenta (e quase sempre consegue) se aprofundar na dinâmica natural entre os personagens em pouco mais de trinta minutos por episódio - não será raro você se pegar refletindo sobre uma passagem que acabou de assistir ou de fazer algum paralelo com suas próprias histórias mais íntimas. Aqui realmente temos uma série inteligente, divertida e até emocionante; um retrato honesto sobre relacionamentos modernos que merece demais sua atenção!

Imperdível!

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Amor, Drogas e Nova York

"Amor, Drogas e Nova York" é um soco no estômago! Esse drama é tão intenso e visceral quanto "Eu, Christiane F." sem a menor dúvida - o que justifica meu aviso: só assista o filme se estiver preparado para enfrentar uma realidade quase documental de tão perturbadora! O filme dirigido pelos irmãos Safdie (Jóias Brutas) acompanha a relação doentia entre Harley (Arielle Holmes) e Ilya (Caleb Landry Jones), dois jovens "sem teto" que vivem em Nova York perambulando de um lado para o outro em busca de alguns trocados para poder comprar e consumir heroína.

Pesado? Então saiba que "Amor, Drogas e Nova York" é baseado no livro autobiográfico (Mad Love in New York Cityde Arielle Holmes - isso mesmo, a atriz que interpreta a protagonista, revive em cena os eventos mais marcantes de uma época da sua vida em que flertava com a morte a cada instante! Isso pode até explicar o trabalho sensacional de Holmes, mas, sinceramente, os irmãos Safdie dão uma aula de direção ao nos colocar ao lado dos personagens como poucas vezes vemos - vou analisar mais a fundo esse trabalho abaixo, mas adianto: é impressionante! Se você, como eu, gostou de "Euphoria" da HBO, não deixe de dar o play, mas saiba que estamos falando uma obra alguns degraus acima, não apenas na forma, mas também no conteúdo!

O roteiro de "Amor, Drogas e Nova York" trás a dor de uma personagem perdida, dependente e, principalmente, solitária. Embora a relação com a heroína seja o ponto mais marcante ou até impactante para quem assiste, o filme tem um mood de solidão que incomoda na alma. Ter Nova York como cenário só potencializa essa sensação e a forma como algumas situações são enquadradas trazem um realismo absurdo - não raro, os personagens discutem, gritam, se agridem no meio da rua, completamente alterados pela droga, e as pessoas ao redor se relacionam com aquela cena de uma forma muito natural (ou pelo menos tentando ser muito natural). Reparem! O sofrimento dos personagens (de todos) é outro ponto crucial no filme: ele está estampado em olhos completamente perdidos e os diretores fazem questão de amplificar essa percepção com lentes bem fechadas, 85mm, em closes belíssimos, mas muito cruéis! A câmera mais solta, ajuda na sensação de desordem, de caos, e a fotografia do americano Sean Price Williams, vencedor no Tribeca Film Festival de 2016 com "Contemporary Color", tem o mérito dessa organicidade. 

Ver a forma como Harley está inserida no meio do tráfico, em um universo de mendicância, de pequenos furtos, de pouco dinheiro e de nomadismo, impressiona até aquele que parece estar mais preparado - chega a ser cruel (e vemos isso todos os dias e nem nos damos conta no que está por trás daquela condição). Nesse cenário desolador ainda tem o "amor" entre os protagonistas, pautado no abuso psicológico e fisico, e isso, meu amigo, é só a ponta do iceberg para completar a escolha de não romantizar aquela situação e muito menos as escolhas absurdas que eles próprios fazem, em todo momento! O mérito de tanto impacto visual imposto pelos irmãos Safdie só tem sentido pelo sensacional trabalho do elenco e aí eu tenho que reforçar: todos os atores, sejam eles os mais desconhecidos, estão impecáveis. Além de Arielle Holmes e Caleb Landry Jones, eu ainda destaco, Buddy Duress (Mike) e Necro (Skully).

"Amor, Drogas e Nova York" venceu o prêmio da crítica no Festival de Veneza em 2014 e, mesmo cruel, teve o mérito de trazer um assunto delicado, mas sem maquiagem, que choca ao mesmo tempo em que emociona. Como se não existisse a necessidade de explicar a razão pela qual tudo aquilo está acontecendo, a verdade é que aquilo é a verdade e por isso incomoda tanto. É um belíssimo filme, embora não seja para todos, eu diria que é imperdível se você gostar de uma pegada mais independente, com um nível técnico e artístico acima da média!

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"Amor, Drogas e Nova York" é um soco no estômago! Esse drama é tão intenso e visceral quanto "Eu, Christiane F." sem a menor dúvida - o que justifica meu aviso: só assista o filme se estiver preparado para enfrentar uma realidade quase documental de tão perturbadora! O filme dirigido pelos irmãos Safdie (Jóias Brutas) acompanha a relação doentia entre Harley (Arielle Holmes) e Ilya (Caleb Landry Jones), dois jovens "sem teto" que vivem em Nova York perambulando de um lado para o outro em busca de alguns trocados para poder comprar e consumir heroína.

Pesado? Então saiba que "Amor, Drogas e Nova York" é baseado no livro autobiográfico (Mad Love in New York Cityde Arielle Holmes - isso mesmo, a atriz que interpreta a protagonista, revive em cena os eventos mais marcantes de uma época da sua vida em que flertava com a morte a cada instante! Isso pode até explicar o trabalho sensacional de Holmes, mas, sinceramente, os irmãos Safdie dão uma aula de direção ao nos colocar ao lado dos personagens como poucas vezes vemos - vou analisar mais a fundo esse trabalho abaixo, mas adianto: é impressionante! Se você, como eu, gostou de "Euphoria" da HBO, não deixe de dar o play, mas saiba que estamos falando uma obra alguns degraus acima, não apenas na forma, mas também no conteúdo!

O roteiro de "Amor, Drogas e Nova York" trás a dor de uma personagem perdida, dependente e, principalmente, solitária. Embora a relação com a heroína seja o ponto mais marcante ou até impactante para quem assiste, o filme tem um mood de solidão que incomoda na alma. Ter Nova York como cenário só potencializa essa sensação e a forma como algumas situações são enquadradas trazem um realismo absurdo - não raro, os personagens discutem, gritam, se agridem no meio da rua, completamente alterados pela droga, e as pessoas ao redor se relacionam com aquela cena de uma forma muito natural (ou pelo menos tentando ser muito natural). Reparem! O sofrimento dos personagens (de todos) é outro ponto crucial no filme: ele está estampado em olhos completamente perdidos e os diretores fazem questão de amplificar essa percepção com lentes bem fechadas, 85mm, em closes belíssimos, mas muito cruéis! A câmera mais solta, ajuda na sensação de desordem, de caos, e a fotografia do americano Sean Price Williams, vencedor no Tribeca Film Festival de 2016 com "Contemporary Color", tem o mérito dessa organicidade. 

Ver a forma como Harley está inserida no meio do tráfico, em um universo de mendicância, de pequenos furtos, de pouco dinheiro e de nomadismo, impressiona até aquele que parece estar mais preparado - chega a ser cruel (e vemos isso todos os dias e nem nos damos conta no que está por trás daquela condição). Nesse cenário desolador ainda tem o "amor" entre os protagonistas, pautado no abuso psicológico e fisico, e isso, meu amigo, é só a ponta do iceberg para completar a escolha de não romantizar aquela situação e muito menos as escolhas absurdas que eles próprios fazem, em todo momento! O mérito de tanto impacto visual imposto pelos irmãos Safdie só tem sentido pelo sensacional trabalho do elenco e aí eu tenho que reforçar: todos os atores, sejam eles os mais desconhecidos, estão impecáveis. Além de Arielle Holmes e Caleb Landry Jones, eu ainda destaco, Buddy Duress (Mike) e Necro (Skully).

"Amor, Drogas e Nova York" venceu o prêmio da crítica no Festival de Veneza em 2014 e, mesmo cruel, teve o mérito de trazer um assunto delicado, mas sem maquiagem, que choca ao mesmo tempo em que emociona. Como se não existisse a necessidade de explicar a razão pela qual tudo aquilo está acontecendo, a verdade é que aquilo é a verdade e por isso incomoda tanto. É um belíssimo filme, embora não seja para todos, eu diria que é imperdível se você gostar de uma pegada mais independente, com um nível técnico e artístico acima da média!

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Amor, Sublime Amor

"Amor, Sublime Amor" é uma verdadeira declaração de amor de um dos maiores diretores de todos os tempos, Steven Spielberg, ao clássico "West Side Story" e ao cinema cantado dos anos 50. Definido pelo próprio diretor como “um sonho de criança”, o filme é uma adaptação do musical de Arthur Laurents, Leonard Bernstein e Stephen Sondheim e um remake da premiada produção de 1961 comandada por Robert Wise e Jerome Robbins. Perceba como essa trágica história de amor se confunde com as artes, ao melhor estilo "Romeu & Julieta", tirando o diretor de sua zona de conforto e o colocando para se divertir - e é isso que o filme representa: uma divertida e emocionante versão de Spielberg para um clássico musical que recebeu 7 indicações para o Oscar 2022!

Na trama acompanhamos uma história de amor à primeira vista, que acontece quando o jovem Tony (Ansel Elgort) vê Maria (Rachel Zegler) em um baile do ensino médio em 1957, na cidade de Nova York. Seu romance florescente ajuda a alimentar o fogo entre duas gangues adolescentes rivais que disputam o controle das ruas do Upper West Side: os Jets (formada por americanos brancos de terceira geração de imigrantes europeus) e os Sharks (de imigrantes porto-riquenhos de primeira geração). Confira o trailer:

Desde a divulgação do primeiro teaser do filme já dava para se ter a exata noção do espetáculo visual que seria "Amor, Sublime Amor"! O que Spielberg faz ao lado do seu parceiro, o diretor de fotografia, Janusz Kaminski, é uma aula de cinematografia - um verdadeiro baile que mistura movimentos de câmera tradicionais com outros extremamente criativos (e inventivos) em uma verdadeira festa de cores e texturas em um cenário que remete ao palco de um teatro com a amplitude de um estúdio de cinema, com muita luz, fumaça e poesia - puxa, como tem poesia em casa sequência desse filme!

Com base no roteiro de Tony Kushner (de "Munique" e "Lincoln") o diretor moderniza a narrativa ao dar um contexto ainda mais realista da rivalidade entre as gangues dos anos 50, apresentando elas como vítimas de um sistema que os quer longe de uma Manhattan que se moderniza. A sensibilidade crítica do diretor é completamente perceptível já no primeiro plano sequência do filme, que passeia pelo silêncio do caos até ganhar vida com a música envolvente de Leonard Bernstein. Aliás, o elenco é um show a parte - e quando escrevo "show" não é um exagero, já que as performances musicais são de cair o queixo. Destaque para a incrível Rita Moreno, queno novo filme faz as vezes do personagem Doc do original, e que interpreta Valentina, uma senhora que por essência está entre as duas gangues, por ser porto-riquenha, mas ter casado com um americano - ouvi-la cantando “Somewhere”, cheia de emoção, vale o filme! Ariana DeBose (a Anita), indicada ao Oscar de coadjuvante, também merece todos os elogios!

O fato é que "Amor, Sublime Amor" é um espetáculo - no significado mais contundente da palavra. O filme tem uma qualidade técnica e artística que, sem dúvida, o coloca em outro patamar. Para quem gosta dos musicais da Broadway, a produção é o equilíbrio perfeito entre cinema e o teatro, respeitando suas peculiaridades como manifestação artística, mas também não esquecendo das suas virtudes únicas - mais ou menos como fez Tom Hooper com "Les Miserables". Com seus 75 anos, Spielberg mostra que tem muita lenha para queimar, e que é capaz de transformar aquele seu toque mágico (que marcou sua carreira) em uma ferramenta essencial quando o assunto é visitar um clássico que parecia intocável, mas que na verdade, na opinião de muitos, acabou superando o original!

Vale muito seu play!

Up-date: "Amor, Sublime Amor" ganhou em uma categoria no Oscar 2022: Melhor Atriz Coadjuvante!

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"Amor, Sublime Amor" é uma verdadeira declaração de amor de um dos maiores diretores de todos os tempos, Steven Spielberg, ao clássico "West Side Story" e ao cinema cantado dos anos 50. Definido pelo próprio diretor como “um sonho de criança”, o filme é uma adaptação do musical de Arthur Laurents, Leonard Bernstein e Stephen Sondheim e um remake da premiada produção de 1961 comandada por Robert Wise e Jerome Robbins. Perceba como essa trágica história de amor se confunde com as artes, ao melhor estilo "Romeu & Julieta", tirando o diretor de sua zona de conforto e o colocando para se divertir - e é isso que o filme representa: uma divertida e emocionante versão de Spielberg para um clássico musical que recebeu 7 indicações para o Oscar 2022!

Na trama acompanhamos uma história de amor à primeira vista, que acontece quando o jovem Tony (Ansel Elgort) vê Maria (Rachel Zegler) em um baile do ensino médio em 1957, na cidade de Nova York. Seu romance florescente ajuda a alimentar o fogo entre duas gangues adolescentes rivais que disputam o controle das ruas do Upper West Side: os Jets (formada por americanos brancos de terceira geração de imigrantes europeus) e os Sharks (de imigrantes porto-riquenhos de primeira geração). Confira o trailer:

Desde a divulgação do primeiro teaser do filme já dava para se ter a exata noção do espetáculo visual que seria "Amor, Sublime Amor"! O que Spielberg faz ao lado do seu parceiro, o diretor de fotografia, Janusz Kaminski, é uma aula de cinematografia - um verdadeiro baile que mistura movimentos de câmera tradicionais com outros extremamente criativos (e inventivos) em uma verdadeira festa de cores e texturas em um cenário que remete ao palco de um teatro com a amplitude de um estúdio de cinema, com muita luz, fumaça e poesia - puxa, como tem poesia em casa sequência desse filme!

Com base no roteiro de Tony Kushner (de "Munique" e "Lincoln") o diretor moderniza a narrativa ao dar um contexto ainda mais realista da rivalidade entre as gangues dos anos 50, apresentando elas como vítimas de um sistema que os quer longe de uma Manhattan que se moderniza. A sensibilidade crítica do diretor é completamente perceptível já no primeiro plano sequência do filme, que passeia pelo silêncio do caos até ganhar vida com a música envolvente de Leonard Bernstein. Aliás, o elenco é um show a parte - e quando escrevo "show" não é um exagero, já que as performances musicais são de cair o queixo. Destaque para a incrível Rita Moreno, queno novo filme faz as vezes do personagem Doc do original, e que interpreta Valentina, uma senhora que por essência está entre as duas gangues, por ser porto-riquenha, mas ter casado com um americano - ouvi-la cantando “Somewhere”, cheia de emoção, vale o filme! Ariana DeBose (a Anita), indicada ao Oscar de coadjuvante, também merece todos os elogios!

O fato é que "Amor, Sublime Amor" é um espetáculo - no significado mais contundente da palavra. O filme tem uma qualidade técnica e artística que, sem dúvida, o coloca em outro patamar. Para quem gosta dos musicais da Broadway, a produção é o equilíbrio perfeito entre cinema e o teatro, respeitando suas peculiaridades como manifestação artística, mas também não esquecendo das suas virtudes únicas - mais ou menos como fez Tom Hooper com "Les Miserables". Com seus 75 anos, Spielberg mostra que tem muita lenha para queimar, e que é capaz de transformar aquele seu toque mágico (que marcou sua carreira) em uma ferramenta essencial quando o assunto é visitar um clássico que parecia intocável, mas que na verdade, na opinião de muitos, acabou superando o original!

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Up-date: "Amor, Sublime Amor" ganhou em uma categoria no Oscar 2022: Melhor Atriz Coadjuvante!

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Amour

Lindo e sensível - talvez não tenha melhor forma de definir o francês, "Amour". Lançado em 2012 e dirigido por Michael Haneke (de "Happy End"), posso dizer que esse é um drama austero e profundamente comovente que explora as complexidades do amor pela perspectiva da velhice e da realidade que vai se tornando o fim da vida. O filme, que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2012 e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2013, é um retrato intimista, e de certa forma brutal, da devoção entre um casal idoso que enfrenta os desafios de uma doença e da inevitável perda. Com performances impecáveis e uma direção bastante minimalista, "Amour" oferece uma reflexão implacável sobre o amor e a dignidade no final da vida. Para aqueles que gostaram de "Meu Pai", "Amour" é uma experiência parecida e, justamente por isso, imperdível.

A trama segue Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), um casal de aposentados que vive uma vida tranquila e culta em Paris. Ambos são ex-professores de música e compartilham uma vida de amor e companheirismo. No entanto, sua rotina é abalada quando Anne sofre um derrame que paralisa um lado de seu corpo. À medida que sua condição se deteriora, Georges assume o papel de cuidador, enfrentando a dor emocional e física de ver sua amada esposa perder gradualmente sua independência e dignidade. Confira o trailer:

Michael Haneke é conhecido por sua abordagem fria e meticulosa diante de uma narrativa cinematográfica que muitas vezes se comunica pelo subtexto. Certamente ele aplica seu estilo em "Amour" de uma maneira que intensifica o impacto emocional da história. Haneke evita qualquer sentimentalismo ou melodrama, optando por uma direção precisa e uma câmera fixa que conta a história por si só - é lindo e angustiante. Repare como essa abordagem permite que a audiência experimente a crueza e a realidade da situação, oferecendo uma visão não filtrada da fragilidade humana e da natureza implacável de uma doença - como se estivéssemos observando os fatos, ali, no silêncio. A direção de fotografia de Darius Khondji (indicado ao Oscar por "Bardo" e "Evita") é igualmente discreta, utilizando luz natural e uma paleta de cores suaves para criar uma sensação de intimidade e desolação. No entanto, como o apartamento do casal serve como o único cenário do filme, Khondji brinca com as limitações, criando uma extensão da experiência dos personagens, se apropriando dos espaços cada vez mais confinados para refletir o mundo em declínio de Anne e Georges. Aliás, as escolhas visuais de Haneke e Khondji enfatizam demais essa claustrofobia e esse isolamento, aumentando a sensação de impotência e desespero que permeia toda a narrativa.

Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva entregam performances extraordinárias como Georges e Anne. Trintignant, com uma contenção emocional notável, retrata Georges como um homem dedicado, cuja paciência e compaixão são testadas ao limite enquanto ele cuida de sua esposa. Sua atuação é uma masterclass de sutileza, capturando a força silenciosa e a vulnerabilidade de um homem confrontado com a perda iminente. Riva, em uma performance profundamente corajosa, retrata Anne com uma dignidade e graça comoventes, mesmo quando sua personagem está sendo consumida pela doença. A deterioração de Anne é retratada com uma autenticidade dolorosa, e Riva lida com os desafios físicos do papel de maneira que é ao mesmo tempo devastadora e inspiradora. O filme também conta com uma breve, mas impactante, participação de Isabelle Huppert como Eva, a filha do casal, cuja incapacidade de compreender plenamente o que seus pais estão enfrentando adiciona outra camada de complexidade emocional à narrativa. Huppert representa o ponto de vista externo, mostrando o conflito entre as obrigações familiares e as realidades da vida cotidiana. Uma pancada!

"Amour" não é um filme fácil de assistir, é preciso que se diga - sua narrativa lenta e implacável, combinada com a recusa de Haneke em fornecer qualquer forma de alívio emocional ou resolução simples. No entanto, é justamente essa honestidade brutal em não suavizar a experiência do envelhecimento e da morte que tornam "Amour" tão poderoso - você vai se sentir forçado a confrontar a realidade da mortalidade de uma maneira que é desconfortável, mas necessária; e isso é lindo! Um filme que não se esquiva das verdades difíceis da vida, um retrato corajoso e honesto do amor e da dor - em sua ambiguidade e incômodo! Filmaço!

Vale muito o seu play!

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Lindo e sensível - talvez não tenha melhor forma de definir o francês, "Amour". Lançado em 2012 e dirigido por Michael Haneke (de "Happy End"), posso dizer que esse é um drama austero e profundamente comovente que explora as complexidades do amor pela perspectiva da velhice e da realidade que vai se tornando o fim da vida. O filme, que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2012 e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2013, é um retrato intimista, e de certa forma brutal, da devoção entre um casal idoso que enfrenta os desafios de uma doença e da inevitável perda. Com performances impecáveis e uma direção bastante minimalista, "Amour" oferece uma reflexão implacável sobre o amor e a dignidade no final da vida. Para aqueles que gostaram de "Meu Pai", "Amour" é uma experiência parecida e, justamente por isso, imperdível.

A trama segue Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), um casal de aposentados que vive uma vida tranquila e culta em Paris. Ambos são ex-professores de música e compartilham uma vida de amor e companheirismo. No entanto, sua rotina é abalada quando Anne sofre um derrame que paralisa um lado de seu corpo. À medida que sua condição se deteriora, Georges assume o papel de cuidador, enfrentando a dor emocional e física de ver sua amada esposa perder gradualmente sua independência e dignidade. Confira o trailer:

Michael Haneke é conhecido por sua abordagem fria e meticulosa diante de uma narrativa cinematográfica que muitas vezes se comunica pelo subtexto. Certamente ele aplica seu estilo em "Amour" de uma maneira que intensifica o impacto emocional da história. Haneke evita qualquer sentimentalismo ou melodrama, optando por uma direção precisa e uma câmera fixa que conta a história por si só - é lindo e angustiante. Repare como essa abordagem permite que a audiência experimente a crueza e a realidade da situação, oferecendo uma visão não filtrada da fragilidade humana e da natureza implacável de uma doença - como se estivéssemos observando os fatos, ali, no silêncio. A direção de fotografia de Darius Khondji (indicado ao Oscar por "Bardo" e "Evita") é igualmente discreta, utilizando luz natural e uma paleta de cores suaves para criar uma sensação de intimidade e desolação. No entanto, como o apartamento do casal serve como o único cenário do filme, Khondji brinca com as limitações, criando uma extensão da experiência dos personagens, se apropriando dos espaços cada vez mais confinados para refletir o mundo em declínio de Anne e Georges. Aliás, as escolhas visuais de Haneke e Khondji enfatizam demais essa claustrofobia e esse isolamento, aumentando a sensação de impotência e desespero que permeia toda a narrativa.

Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva entregam performances extraordinárias como Georges e Anne. Trintignant, com uma contenção emocional notável, retrata Georges como um homem dedicado, cuja paciência e compaixão são testadas ao limite enquanto ele cuida de sua esposa. Sua atuação é uma masterclass de sutileza, capturando a força silenciosa e a vulnerabilidade de um homem confrontado com a perda iminente. Riva, em uma performance profundamente corajosa, retrata Anne com uma dignidade e graça comoventes, mesmo quando sua personagem está sendo consumida pela doença. A deterioração de Anne é retratada com uma autenticidade dolorosa, e Riva lida com os desafios físicos do papel de maneira que é ao mesmo tempo devastadora e inspiradora. O filme também conta com uma breve, mas impactante, participação de Isabelle Huppert como Eva, a filha do casal, cuja incapacidade de compreender plenamente o que seus pais estão enfrentando adiciona outra camada de complexidade emocional à narrativa. Huppert representa o ponto de vista externo, mostrando o conflito entre as obrigações familiares e as realidades da vida cotidiana. Uma pancada!

"Amour" não é um filme fácil de assistir, é preciso que se diga - sua narrativa lenta e implacável, combinada com a recusa de Haneke em fornecer qualquer forma de alívio emocional ou resolução simples. No entanto, é justamente essa honestidade brutal em não suavizar a experiência do envelhecimento e da morte que tornam "Amour" tão poderoso - você vai se sentir forçado a confrontar a realidade da mortalidade de uma maneira que é desconfortável, mas necessária; e isso é lindo! Um filme que não se esquiva das verdades difíceis da vida, um retrato corajoso e honesto do amor e da dor - em sua ambiguidade e incômodo! Filmaço!

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Amsterdam

Do mesmo diretor de "Joy: O Nome do Sucesso"e "Trapaça", o premiadíssimo David O. Russell, "Amsterdam" fatalmente vai entrar naquela prateleira do "ame ou odeie" - a própria bilheteria do filme provou essa tese. Bem na linha de Wes Anderson (de "O Grande Hotel Budapeste" e "A Crônica Francesa") com um leve toque de "Entre Facas e Segredos" a história tranquilamente poderia ter sido tirada da obra de Agatha Christie ou de um conto de Sherlock Holmes, porém (e aí que está a divisão do público) com uma narração mais cadenciada, muitas vezes até cansativa, onde os detalhes estéticos se sobrepõem à trama (que curiosamente foi baseada em fatos reais) - é como se estivéssemos lendo um livro do Jô Soares (O Xangô de Baker Street ) que era cheio de descrições contextuais, mas ainda assim com uma história com certa criatividade.

"Amsterdam" acompanha a jornada de três amigos que se conheceram durante a Primeira Guerra Mundial. Eles são Burt Berendsen (Christian Bale), um médico que perdeu o olho em combate; seu amigo advogado Harold Woodman (John David Washington); e uma excêntrica artista/enfermeira Valerie Voze (Margot Robbie). Após retornarem do campo de batalha, o trio passa um período se divertindo em Amsterdam, mas acabam se separando, apenas para se reunirem muitos anos depois no meio de um assassinato em plena década de 30, em que Burt e Harold são suspeitos. Os amigos, então, se unem para limpar seus nomes, enquanto tentam desvendar uma conspiração gigantesca. Confira o trailer:

Inegavelmente que o que mais chama atenção inicialmente é a qualidade da produção no que diz respeito ao departamento de arte - do desenho de produção, passando pelo figurino e maquiagem, "Amsterdam" brilha no quesito técnico e artístico extremamente alinhado com a fotografia do (sempre ele) Emmanuel Lubezki (vencedor de três Oscars, sendo o último deles por "O Regresso"). Logo depois, no entanto, o que vemos brilhar é o elenco - e aqui cabe uma observação importante: os protagonistas e os coadjuvantes são tão importantes quanto todo elenco de apoio que é recheado de convidados que vão de Taylor Swift até Robert De Niro.

O que teria tudo para fazer o filme brilhar, na verdade acaba escondendo um roteiro que soa um pouco confuso e uma edição (de Jay Cassidy) com soluções que várias vezes mais atrapalham do que nos conecta com a história - os flashbacks contextualizam, mas ao mesmo tempo quebram o ritmo. Além disso, o conceito narrativo que O. Russell propõe causa um certo estranhamento - demora para entendermos sua intenção (muitas delas, inclusive, criadas para funcionar como alivio cômico onde não precisava). É preciso dizer, no entanto, que a sensação de "caos" existe e ao embarcarmos na jornada, atentos a proposta, vemos que tudo isso faz sentido.

Após duas horas de filme, temos a exata noção que "Amsterdam" aproveita da sua excentricidade para discutir elementos políticos de uma época onde o fascismo começava a imperar. Mesmo que com essa caricatura visual na sua forma, é de se perceber o propósito politico de O. Russell no seu conteúdo até quando soa dispensável - o personagem de Chris Rock é um bom exemplo: ele aparece, faz um comentário sobre racismo e/ou supremacia branca e depois desaparece na mesma velocidade. O fato é que o filme transita entre a conspiração e a espionagem, mas com sua base enraizada na sátira política, quase pastelão, com aquele leve toque de drama de relação mais emocional. Confuso? Sim, mas como entretenimento é inegável o seu charme!

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Do mesmo diretor de "Joy: O Nome do Sucesso"e "Trapaça", o premiadíssimo David O. Russell, "Amsterdam" fatalmente vai entrar naquela prateleira do "ame ou odeie" - a própria bilheteria do filme provou essa tese. Bem na linha de Wes Anderson (de "O Grande Hotel Budapeste" e "A Crônica Francesa") com um leve toque de "Entre Facas e Segredos" a história tranquilamente poderia ter sido tirada da obra de Agatha Christie ou de um conto de Sherlock Holmes, porém (e aí que está a divisão do público) com uma narração mais cadenciada, muitas vezes até cansativa, onde os detalhes estéticos se sobrepõem à trama (que curiosamente foi baseada em fatos reais) - é como se estivéssemos lendo um livro do Jô Soares (O Xangô de Baker Street ) que era cheio de descrições contextuais, mas ainda assim com uma história com certa criatividade.

"Amsterdam" acompanha a jornada de três amigos que se conheceram durante a Primeira Guerra Mundial. Eles são Burt Berendsen (Christian Bale), um médico que perdeu o olho em combate; seu amigo advogado Harold Woodman (John David Washington); e uma excêntrica artista/enfermeira Valerie Voze (Margot Robbie). Após retornarem do campo de batalha, o trio passa um período se divertindo em Amsterdam, mas acabam se separando, apenas para se reunirem muitos anos depois no meio de um assassinato em plena década de 30, em que Burt e Harold são suspeitos. Os amigos, então, se unem para limpar seus nomes, enquanto tentam desvendar uma conspiração gigantesca. Confira o trailer:

Inegavelmente que o que mais chama atenção inicialmente é a qualidade da produção no que diz respeito ao departamento de arte - do desenho de produção, passando pelo figurino e maquiagem, "Amsterdam" brilha no quesito técnico e artístico extremamente alinhado com a fotografia do (sempre ele) Emmanuel Lubezki (vencedor de três Oscars, sendo o último deles por "O Regresso"). Logo depois, no entanto, o que vemos brilhar é o elenco - e aqui cabe uma observação importante: os protagonistas e os coadjuvantes são tão importantes quanto todo elenco de apoio que é recheado de convidados que vão de Taylor Swift até Robert De Niro.

O que teria tudo para fazer o filme brilhar, na verdade acaba escondendo um roteiro que soa um pouco confuso e uma edição (de Jay Cassidy) com soluções que várias vezes mais atrapalham do que nos conecta com a história - os flashbacks contextualizam, mas ao mesmo tempo quebram o ritmo. Além disso, o conceito narrativo que O. Russell propõe causa um certo estranhamento - demora para entendermos sua intenção (muitas delas, inclusive, criadas para funcionar como alivio cômico onde não precisava). É preciso dizer, no entanto, que a sensação de "caos" existe e ao embarcarmos na jornada, atentos a proposta, vemos que tudo isso faz sentido.

Após duas horas de filme, temos a exata noção que "Amsterdam" aproveita da sua excentricidade para discutir elementos políticos de uma época onde o fascismo começava a imperar. Mesmo que com essa caricatura visual na sua forma, é de se perceber o propósito politico de O. Russell no seu conteúdo até quando soa dispensável - o personagem de Chris Rock é um bom exemplo: ele aparece, faz um comentário sobre racismo e/ou supremacia branca e depois desaparece na mesma velocidade. O fato é que o filme transita entre a conspiração e a espionagem, mas com sua base enraizada na sátira política, quase pastelão, com aquele leve toque de drama de relação mais emocional. Confuso? Sim, mas como entretenimento é inegável o seu charme!

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Aniquilação

É muito difícil pensar que "Aniquilação" seria uma unanimidade - pelo contrário, embora cheio de camadas e interpretações que realmente nos envolvem, o filme dirigido pelo Alex Garland (de "Devs") é muito mais para aquele amante do cinema que aprecia narrativas mais desafiadoras, com visuais deslumbrantes, mas fora do óbvio; do que para aquele que busca apenas o conforto de um bom entretenimento. Sim, "Aniquilação" é realmente desconfortável na sua essência, principalmente por explorar de uma forma muito inteligente, a fragilidade da humanidade perante o desconhecido, mergulhando fundo em conceitos existenciais e psicológicos que olha, são de cair o queixo.

Na trama, acompanhamos a jornada da bióloga Lena (Natalie Portman) para descobrir o motivo do desaparecimento de seu marido Kane (Oscar Isaac). Após um longo tempo sem respostas, Lena é contactada pela doutora Ventress (Jennifer Jason Leigh), uma psicóloga que trabalha para o governo e que há três anos estuda um fenômeno que vem ganhando proporções catastróficas. Conversando com a doutora, a bióloga descobre que o marido desapareceu em um local chamado "Area X", marco zero desse misterioso fenômeno. É então que Lena parte para uma expedição, com outras três cientistas, cada uma em sua especialidade, com o propósito de descobrir o que realmente está acontecendo naquela região. Confira o trailer:

Talvez o primeiro impacto de "Aniquilação" seja justamente a qualidade de diversos aspectos técnicos e artísticos. A direção de Alex Garland cria uma atmosfera intensa e misteriosa, incorporando elementos que vão desde o terror psicológico até a ficção científica extraterrestre, passando por ótimos momentos de ação e suspense. Ao usar na narrativa sua enorme capacidade de mergulhar na psicologia humana e explorar o desconhecido como poucos, Garland entrega personagens complexos emocionalmente em uma jornada de sobrevivência  que vai muito além das mutações e dos eventos aparentemente inexplicáveis. Veja, o filme levanta questões profundas sobre identidade, sobre autodestruição e sobre a própria natureza como se fosse um enorme quebra-cabeça que nem todos estarão dispostos a desvendar.

Visualmente belíssimo, mas com algumas escolhas conceituais que também vão dividir opiniões, eu diria que é a fotografia do Rob Hardy (também de "Devs") que alinha as expectativas entre o bom gosto do real e e a provocação do imaginário como função cinematográfica -  com visuais que misturam beleza e terror em um só golpe, tornando a "Área X" um lugar intrigante e amedrontador, "Aniquilação" ganha tons de angustia e ansiedade como dificilmente encontramos. É aí que entra uma trilha sonora simplesmente genial - Geoff Barrow e Ben Salisbury complementam a experiência, jogando a audiência em um verdadeiro estado imersivo e alucinante (literalmente).

Natalie Portman, claro, segura a história com elegância - ela captura a complexidade emocional de sua personagem enquanto enfrenta o desconhecido (externo e íntimo). Jennifer Jason Leigh, Tessa Thompson, Gina Rodriguez e Oscar Isaac também entregam boas performances, acrescentando certa profundidade aos membros da expedição, cada um com suas próprias motivações e medos - mas aqui eu achei que faltou um pouco de tempo de tela para que essas relações, de fato, impactassem no todo como poderia.

Produzido pela Netflix, "Aniquilação" nos desafia a questionar o que somos e como enfrentamos o que não podemos explicar, algo como vimos em "A Chegada".  E creio eu que é essa reflexão que torna a obra realmente imperdível, então se você prefere narrativas mais leves e previsíveis, talvez seja melhor buscar outra opção, caso contrário pode dar o play sem medo!

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É muito difícil pensar que "Aniquilação" seria uma unanimidade - pelo contrário, embora cheio de camadas e interpretações que realmente nos envolvem, o filme dirigido pelo Alex Garland (de "Devs") é muito mais para aquele amante do cinema que aprecia narrativas mais desafiadoras, com visuais deslumbrantes, mas fora do óbvio; do que para aquele que busca apenas o conforto de um bom entretenimento. Sim, "Aniquilação" é realmente desconfortável na sua essência, principalmente por explorar de uma forma muito inteligente, a fragilidade da humanidade perante o desconhecido, mergulhando fundo em conceitos existenciais e psicológicos que olha, são de cair o queixo.

Na trama, acompanhamos a jornada da bióloga Lena (Natalie Portman) para descobrir o motivo do desaparecimento de seu marido Kane (Oscar Isaac). Após um longo tempo sem respostas, Lena é contactada pela doutora Ventress (Jennifer Jason Leigh), uma psicóloga que trabalha para o governo e que há três anos estuda um fenômeno que vem ganhando proporções catastróficas. Conversando com a doutora, a bióloga descobre que o marido desapareceu em um local chamado "Area X", marco zero desse misterioso fenômeno. É então que Lena parte para uma expedição, com outras três cientistas, cada uma em sua especialidade, com o propósito de descobrir o que realmente está acontecendo naquela região. Confira o trailer:

Talvez o primeiro impacto de "Aniquilação" seja justamente a qualidade de diversos aspectos técnicos e artísticos. A direção de Alex Garland cria uma atmosfera intensa e misteriosa, incorporando elementos que vão desde o terror psicológico até a ficção científica extraterrestre, passando por ótimos momentos de ação e suspense. Ao usar na narrativa sua enorme capacidade de mergulhar na psicologia humana e explorar o desconhecido como poucos, Garland entrega personagens complexos emocionalmente em uma jornada de sobrevivência  que vai muito além das mutações e dos eventos aparentemente inexplicáveis. Veja, o filme levanta questões profundas sobre identidade, sobre autodestruição e sobre a própria natureza como se fosse um enorme quebra-cabeça que nem todos estarão dispostos a desvendar.

Visualmente belíssimo, mas com algumas escolhas conceituais que também vão dividir opiniões, eu diria que é a fotografia do Rob Hardy (também de "Devs") que alinha as expectativas entre o bom gosto do real e e a provocação do imaginário como função cinematográfica -  com visuais que misturam beleza e terror em um só golpe, tornando a "Área X" um lugar intrigante e amedrontador, "Aniquilação" ganha tons de angustia e ansiedade como dificilmente encontramos. É aí que entra uma trilha sonora simplesmente genial - Geoff Barrow e Ben Salisbury complementam a experiência, jogando a audiência em um verdadeiro estado imersivo e alucinante (literalmente).

Natalie Portman, claro, segura a história com elegância - ela captura a complexidade emocional de sua personagem enquanto enfrenta o desconhecido (externo e íntimo). Jennifer Jason Leigh, Tessa Thompson, Gina Rodriguez e Oscar Isaac também entregam boas performances, acrescentando certa profundidade aos membros da expedição, cada um com suas próprias motivações e medos - mas aqui eu achei que faltou um pouco de tempo de tela para que essas relações, de fato, impactassem no todo como poderia.

Produzido pela Netflix, "Aniquilação" nos desafia a questionar o que somos e como enfrentamos o que não podemos explicar, algo como vimos em "A Chegada".  E creio eu que é essa reflexão que torna a obra realmente imperdível, então se você prefere narrativas mais leves e previsíveis, talvez seja melhor buscar outra opção, caso contrário pode dar o play sem medo!

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