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Som da Liberdade

"As crianças de Deus não estão a venda!" - é com essa frase de impacto e emocionalmente difícil de digerir, já sabendo da realidade que "Som da Liberdade" retrata, que te garanto: esse filme é imperdível! Dirigido pelo talentoso Alejandro Monteverde (de "Little Boy - Além do Impossível"), o filme é muito mais do que um simples relato de eventos reais; é uma jornada emocional que transcende as telas, deixando uma marca profunda em quem a assiste (especialmente para quem tem filhos), mesmo que o roteiro, em vários momentos, pese um pouco na mão ao colocar seu protagonista na condição divina de "grande salvador". Na realidade essa escolha narrativa do roteirista Rod Barr (do premiado "Is That You?") e do próprio Monteverde, nem seria um problema se o foco fosse a ação, mas por se tratar de um drama tão impactante fica difícil acreditar que tudo ocorreu exatamente daquela maneira. Isso impacta na sua experiência? De forma alguma, eu diria que pelo contrário, já que mesmo se tratando de um assunto tão sério, o entretenimento também existe ali, especialmente após o meio do segundo ato.

"Sound of Freedom" conta a história real de Tim Ballard (Jim Caviezel), um ex-agente do governo americano responsável por uma missão de resgate de dezenas de crianças vítimas do tráfico sexual na Colômbia. Na trama, depois de recuperar Miguel (Lucás Ávila) um garoto hondurenho que estava nas mãos de uma rede de pedofilia, Ballard descobre que a irmã do menino, Roccio (Cristal Aparicio) também está sendo mantida como refém. Ele decide, então, dar início a uma perigosa, porém nobre, jornada para salvá-la, mesmo que para isso precise enfrentar a violência do exército rebelde colombiano. Confira o trailer:

Produzido em 2018 com um orçamento modesto de US$14 milhões, "Som da Liberdade" arrecadou mais de US$250 milhões mundialmente, só nas bilheterias - números realmente impressionantes para um filme que ficou na gaveta por muitos anos mesmo depois de finalizado, já que a Disney, quando comprou a Fox, se recusou a lançá-lo comercialmente até que um de seus produtores, Eduardo Verástegui, conseguiu readquirir os direitos e o ofereceu à Angel Studios, pequena distribuidora de produções cristãs, como "The Chosen", que o aceitou o desafio e o risco - e que acabou se dando muito bem.

No coração do sucesso de "O Som da Liberdade", sem dúvida, está a habilidade de Monteverde em transmitir a verdadeira essência do protagonista equilibrando o drama com a ação - não se surpreenda se os olhos marejarem e o coração apertar na primeira metade do filme e se um misto de ansiedade e torcida emergirem na segunda metade com a mesma facilidade. A fotografia de Gorka Gómez Andreu (de "Uma Janela para o Mar") captura de maneira impressionante as nuances emocionais dos personagens com igual capacidade com que recorta uma atmosfera tensa e inóspita da geografia colombiana - algo como vimos em "Narcos", por exemplo. Ao mergulhar a audiência nos bastidores das missões de Ballard, as lentes de Andreu deixa claro o que, de fato, representa o terror desprezível do turismo sexual na Colômbia bem como as profundezas daquela selva opressora, um "lugar de ninguém", berço da produção de cocaína do país e do mundo.

Antes de finalizar quero destacar mais dois elementos: o primeiro é a  trilha sonora do Javier Navarrete - poética na medida certa e extremamente alinhada com o belíssimo conceito visual do filme, as músicas são um fator crucial que intensifica a nossa experiência, criando uma atmosfera emotiva que permanece mesmo após o término do filme. Já o segundo merece um aplauso de pé: Bill Camp como "Vampiro" dá uma aula - ao ponto de, para mim, merecer até uma indicação ao Oscar (que infelizmente esqueceu de "Som da Liberdade" em muitos aspectos). Um filme que aborda temas sensíveis e urgentes, que não apenas destaca a brutalidade do tráfico humano, mas também oferece uma visão esperançosa e, mesmo acompanhada da crítica dos chatos de plantão, inspiradora.

Um filme imperdível em todos os seus méritos e que vale muito o seu play!

Assista Agora

"As crianças de Deus não estão a venda!" - é com essa frase de impacto e emocionalmente difícil de digerir, já sabendo da realidade que "Som da Liberdade" retrata, que te garanto: esse filme é imperdível! Dirigido pelo talentoso Alejandro Monteverde (de "Little Boy - Além do Impossível"), o filme é muito mais do que um simples relato de eventos reais; é uma jornada emocional que transcende as telas, deixando uma marca profunda em quem a assiste (especialmente para quem tem filhos), mesmo que o roteiro, em vários momentos, pese um pouco na mão ao colocar seu protagonista na condição divina de "grande salvador". Na realidade essa escolha narrativa do roteirista Rod Barr (do premiado "Is That You?") e do próprio Monteverde, nem seria um problema se o foco fosse a ação, mas por se tratar de um drama tão impactante fica difícil acreditar que tudo ocorreu exatamente daquela maneira. Isso impacta na sua experiência? De forma alguma, eu diria que pelo contrário, já que mesmo se tratando de um assunto tão sério, o entretenimento também existe ali, especialmente após o meio do segundo ato.

"Sound of Freedom" conta a história real de Tim Ballard (Jim Caviezel), um ex-agente do governo americano responsável por uma missão de resgate de dezenas de crianças vítimas do tráfico sexual na Colômbia. Na trama, depois de recuperar Miguel (Lucás Ávila) um garoto hondurenho que estava nas mãos de uma rede de pedofilia, Ballard descobre que a irmã do menino, Roccio (Cristal Aparicio) também está sendo mantida como refém. Ele decide, então, dar início a uma perigosa, porém nobre, jornada para salvá-la, mesmo que para isso precise enfrentar a violência do exército rebelde colombiano. Confira o trailer:

Produzido em 2018 com um orçamento modesto de US$14 milhões, "Som da Liberdade" arrecadou mais de US$250 milhões mundialmente, só nas bilheterias - números realmente impressionantes para um filme que ficou na gaveta por muitos anos mesmo depois de finalizado, já que a Disney, quando comprou a Fox, se recusou a lançá-lo comercialmente até que um de seus produtores, Eduardo Verástegui, conseguiu readquirir os direitos e o ofereceu à Angel Studios, pequena distribuidora de produções cristãs, como "The Chosen", que o aceitou o desafio e o risco - e que acabou se dando muito bem.

No coração do sucesso de "O Som da Liberdade", sem dúvida, está a habilidade de Monteverde em transmitir a verdadeira essência do protagonista equilibrando o drama com a ação - não se surpreenda se os olhos marejarem e o coração apertar na primeira metade do filme e se um misto de ansiedade e torcida emergirem na segunda metade com a mesma facilidade. A fotografia de Gorka Gómez Andreu (de "Uma Janela para o Mar") captura de maneira impressionante as nuances emocionais dos personagens com igual capacidade com que recorta uma atmosfera tensa e inóspita da geografia colombiana - algo como vimos em "Narcos", por exemplo. Ao mergulhar a audiência nos bastidores das missões de Ballard, as lentes de Andreu deixa claro o que, de fato, representa o terror desprezível do turismo sexual na Colômbia bem como as profundezas daquela selva opressora, um "lugar de ninguém", berço da produção de cocaína do país e do mundo.

Antes de finalizar quero destacar mais dois elementos: o primeiro é a  trilha sonora do Javier Navarrete - poética na medida certa e extremamente alinhada com o belíssimo conceito visual do filme, as músicas são um fator crucial que intensifica a nossa experiência, criando uma atmosfera emotiva que permanece mesmo após o término do filme. Já o segundo merece um aplauso de pé: Bill Camp como "Vampiro" dá uma aula - ao ponto de, para mim, merecer até uma indicação ao Oscar (que infelizmente esqueceu de "Som da Liberdade" em muitos aspectos). Um filme que aborda temas sensíveis e urgentes, que não apenas destaca a brutalidade do tráfico humano, mas também oferece uma visão esperançosa e, mesmo acompanhada da crítica dos chatos de plantão, inspiradora.

Um filme imperdível em todos os seus méritos e que vale muito o seu play!

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Sombra Lunar

"Sombra Lunar" é uma ficção científica que a Netflix produziu que conta com muitos elementos do gênero policial. Esse mix de conceitos narrativos trás uma certa grife para o filme, algo interessante, misterioso e até surpreendente, principalmente no primeiro ato - a impressão é que o filme vai entregar algo além da nossa expectativa! Mas a história que explora a vida do investigador Thomas Lockhart (Boyd Holbrook) e sua obsessão pelo responsável por uma série de assassinatos misteriosos que acontece na Filadélfia de 9 em 9 anos, vai perdendo força até cair no usual com um final óbvio! De fato "Sombra Lunar" é um bom entretenimento, com coisas muito bacanas e outras nem tanto, mas não deixa de ser um filme pipoca para um dia chuvoso que não vai te fazer pensar tanto!

Em uma noite chuvosa de 1988, o policial Thomas Lockhart sai de casa para o que deveria ser uma noite normal de trabalho quando, em quatro pontos diferentes da cidade, quatro pessoas, sem qualquer ligação entre si, são encontradas mortas com uma estranha hemorragia, tendo seus cérebros destruídos e vazando pelas orelhas, olhos e nariz. As cenas por si só já chocariam pela estranheza, porém Lock encontra uma misteriosa marca no pescoço das vítimas - três perfurações provavelmente causadas por uma injeção! - aqui eu já achei que o roteiro perdeu uma grande oportunidade de criar um tom ainda maior de mistério, ao entregar de cara que não se tratava de algo místico ou fantasioso, mas ok!!!

O primeiro ato inteiro acompanha as investigações desses assassinatos até o encontro do policial com a suspeita - os primeiros 30/40 minutos de filme são realmente muito dinâmicos, com cenas grandiosas até, e temos a impressão que a história será capaz de nos deixar com a cabeça fervendo, principalmente se você gosta de filmes policiais! A partir do segundo ato a ficção científica se torna mais presente e começa dividir a atenção com as investigações, quando 9 anos depois outra série de assassinatos repetem o mesmo padrão de 1988. É aqui que o tom realista perde espaço para uma narrativa menos inspirada e mais óbvia. Embora o tom misterioso da trama ganhe mais força, a qualidade da produção começa a sofrer sensivelmente com as escolhas erradas do roteiro e isso vai atrapalhando a nossa experiência.

Mais um salto na linha do tempo, já em 2006, começa o terceiro ciclo de 9 anos. Tudo aquilo de excelente que vimos no trailer e que nos empolgou no primeiro ato vai se transformando em um amontoado de esteriótipos - e aqui cabe uma observação: embora a maquiagem seja apenas mediana, o trabalho do Boyd Holbrook convence com o passar dos anos, pena que a história começa a perder o sentido. As falhas e incoerências do roteiro vão aparecendo com mais frequência e aí, meu amigo, só com pipoca para nos segurar até o final do filme. O resultado dos dois primeiros ciclos quase desaparecem no terceiro e no quarto (2015), deixando claro que, talvez, o projeto tivesse uma outra sorte se fosse uma série e não um filme. Tudo fica muito superficial, espremido, inconsistente. Muitos elementos de "Dark" são facilmente encontrados em "Sombra Lunar", mas não com tanta competência e complexidade como da série alemã. A direção do Jim Mickle e a fotografia do David Lanzenberg até tentam se manter inventivos, mas claramente o roteiro não acompanha esse suspiro de criatividade. O texto no finalzinho do filme define o que a história se tornou: ultrapassada!

"Sombra Lunar" tem um argumento potente, mas seu desenvolvimento é decrescente. A empolgação do inicio se torna quase decepcionante quando chegamos no final. Não é um filme ruim, isso é um fato, mas nem de longe cumpre o que prometia. Tem ação, mistério, ficção e até um drama água com açúcar ao melhor estilo novela mexicana, só que não convence como um produto cinco estrelas. Se você gostou de "Dark", mas achou complicado, é possível que "Sombra Lunar" te divirta mais e te prenda até o final, agora se você espera algo além de um bom "filme pipoca" e que será esquecido na semana que vem, nem dê o play!

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"Sombra Lunar" é uma ficção científica que a Netflix produziu que conta com muitos elementos do gênero policial. Esse mix de conceitos narrativos trás uma certa grife para o filme, algo interessante, misterioso e até surpreendente, principalmente no primeiro ato - a impressão é que o filme vai entregar algo além da nossa expectativa! Mas a história que explora a vida do investigador Thomas Lockhart (Boyd Holbrook) e sua obsessão pelo responsável por uma série de assassinatos misteriosos que acontece na Filadélfia de 9 em 9 anos, vai perdendo força até cair no usual com um final óbvio! De fato "Sombra Lunar" é um bom entretenimento, com coisas muito bacanas e outras nem tanto, mas não deixa de ser um filme pipoca para um dia chuvoso que não vai te fazer pensar tanto!

Em uma noite chuvosa de 1988, o policial Thomas Lockhart sai de casa para o que deveria ser uma noite normal de trabalho quando, em quatro pontos diferentes da cidade, quatro pessoas, sem qualquer ligação entre si, são encontradas mortas com uma estranha hemorragia, tendo seus cérebros destruídos e vazando pelas orelhas, olhos e nariz. As cenas por si só já chocariam pela estranheza, porém Lock encontra uma misteriosa marca no pescoço das vítimas - três perfurações provavelmente causadas por uma injeção! - aqui eu já achei que o roteiro perdeu uma grande oportunidade de criar um tom ainda maior de mistério, ao entregar de cara que não se tratava de algo místico ou fantasioso, mas ok!!!

O primeiro ato inteiro acompanha as investigações desses assassinatos até o encontro do policial com a suspeita - os primeiros 30/40 minutos de filme são realmente muito dinâmicos, com cenas grandiosas até, e temos a impressão que a história será capaz de nos deixar com a cabeça fervendo, principalmente se você gosta de filmes policiais! A partir do segundo ato a ficção científica se torna mais presente e começa dividir a atenção com as investigações, quando 9 anos depois outra série de assassinatos repetem o mesmo padrão de 1988. É aqui que o tom realista perde espaço para uma narrativa menos inspirada e mais óbvia. Embora o tom misterioso da trama ganhe mais força, a qualidade da produção começa a sofrer sensivelmente com as escolhas erradas do roteiro e isso vai atrapalhando a nossa experiência.

Mais um salto na linha do tempo, já em 2006, começa o terceiro ciclo de 9 anos. Tudo aquilo de excelente que vimos no trailer e que nos empolgou no primeiro ato vai se transformando em um amontoado de esteriótipos - e aqui cabe uma observação: embora a maquiagem seja apenas mediana, o trabalho do Boyd Holbrook convence com o passar dos anos, pena que a história começa a perder o sentido. As falhas e incoerências do roteiro vão aparecendo com mais frequência e aí, meu amigo, só com pipoca para nos segurar até o final do filme. O resultado dos dois primeiros ciclos quase desaparecem no terceiro e no quarto (2015), deixando claro que, talvez, o projeto tivesse uma outra sorte se fosse uma série e não um filme. Tudo fica muito superficial, espremido, inconsistente. Muitos elementos de "Dark" são facilmente encontrados em "Sombra Lunar", mas não com tanta competência e complexidade como da série alemã. A direção do Jim Mickle e a fotografia do David Lanzenberg até tentam se manter inventivos, mas claramente o roteiro não acompanha esse suspiro de criatividade. O texto no finalzinho do filme define o que a história se tornou: ultrapassada!

"Sombra Lunar" tem um argumento potente, mas seu desenvolvimento é decrescente. A empolgação do inicio se torna quase decepcionante quando chegamos no final. Não é um filme ruim, isso é um fato, mas nem de longe cumpre o que prometia. Tem ação, mistério, ficção e até um drama água com açúcar ao melhor estilo novela mexicana, só que não convence como um produto cinco estrelas. Se você gostou de "Dark", mas achou complicado, é possível que "Sombra Lunar" te divirta mais e te prenda até o final, agora se você espera algo além de um bom "filme pipoca" e que será esquecido na semana que vem, nem dê o play!

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Sophie - A Murder in West Cork

Se você gostou de “The Keepers” e “Sob Suspeita: O Caso Wesphael”não pode perder “Sophie: a Murder in West Cork", mais uma minissérie documental de true crime da Netflix. O documentário em três partes segue uma fórmula vencedora que desde “Making a Murderer” (2015): aborda um crime brutal, mostra falhas graves na investigação e um erro judiciário que leva ao reexame do caso, que permanece sem solução. 

Nessa minissérie, que foi produzida com o aval da família da vítima (importante citar pelo impacto que tem na narrativa), explora as circunstâncias em torno do misterioso assassinato da produtora de cinema e TV francesa Sophie Toscan du Plantier, esposa do famoso produtor de cinema francês Daniel Toscan du Plantier. O corpo de Sophie foi encontrado dois dias antes do Natal de 1996 em sua casa de férias no condado de Cork na Irlanda. O principal suspeito do assassinato foi o jornalista inglês Ian Bailey, que manteve sua alegação de inocência. Bailey, um jornalista que colaborava com vários jornais ingleses, chegou a ser detido duas vezes, mas não foi indiciado por falta de provas. As suspeitas surgiram por matérias jornalísticas escritas por Bailey que revelavam elementos do crime que apenas os investigadores e o assassino poderiam conhecer. Confira o trailer (em inglês):

Sophie: a Murder in West Cork" foi dirigida e escrita pelo John Dower (“My Scientology Movie”) ecoproduzida pelo vencedor do Oscar Simon Chinn (“Man On Wire” e “Searching For Sugarman”) e é conduzida através dos depoimentos da polícia, residentes de Schull (cidade costeira da Irlanda), amigos e família da vítima, além do próprio suspeito do crime, Ian Bailey, que foi inclusive o primeiro a reportar a morte da produtora. A maioria das três partes do documentário é focada em como a polícia construiu um caso contra Bailey, que incluiu vários depoimentos de testemunhas. 

O interessante é que a família de Sophie continua convencida da culpa de Bailey, mas nenhum elemento de informação coletado durante a investigação foi suficiente para elucidar o mistério em torno da morte dela. O único vestígio de DNA encontrado na cena do crime, que não pertencia a Sophie, não foi identificado. As especulações sobre outros assassinos em potencial vão desde a teoria de que um assassino perseguiu e matou Sophie até a improvável (e absurda) suposição de que ela foi atacada por um cavalo perdido.

O fato é que a minissérie vale a pena pela belíssima fotografia, uma excelente direção e pela sensibilidade ao retratar uma história tão absurda. “Sophie: a Murder in West Cork" nos faz pensar que nem em uma cidadezinha remota da Irlanda estamos a salvo da maldade humana. Sophie foi para Schull para ter paz de espírito e acabou encontrando a morte aos 39 anos. 

Escrito por Ana Cristina Paixão

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Se você gostou de “The Keepers” e “Sob Suspeita: O Caso Wesphael”não pode perder “Sophie: a Murder in West Cork", mais uma minissérie documental de true crime da Netflix. O documentário em três partes segue uma fórmula vencedora que desde “Making a Murderer” (2015): aborda um crime brutal, mostra falhas graves na investigação e um erro judiciário que leva ao reexame do caso, que permanece sem solução. 

Nessa minissérie, que foi produzida com o aval da família da vítima (importante citar pelo impacto que tem na narrativa), explora as circunstâncias em torno do misterioso assassinato da produtora de cinema e TV francesa Sophie Toscan du Plantier, esposa do famoso produtor de cinema francês Daniel Toscan du Plantier. O corpo de Sophie foi encontrado dois dias antes do Natal de 1996 em sua casa de férias no condado de Cork na Irlanda. O principal suspeito do assassinato foi o jornalista inglês Ian Bailey, que manteve sua alegação de inocência. Bailey, um jornalista que colaborava com vários jornais ingleses, chegou a ser detido duas vezes, mas não foi indiciado por falta de provas. As suspeitas surgiram por matérias jornalísticas escritas por Bailey que revelavam elementos do crime que apenas os investigadores e o assassino poderiam conhecer. Confira o trailer (em inglês):

Sophie: a Murder in West Cork" foi dirigida e escrita pelo John Dower (“My Scientology Movie”) ecoproduzida pelo vencedor do Oscar Simon Chinn (“Man On Wire” e “Searching For Sugarman”) e é conduzida através dos depoimentos da polícia, residentes de Schull (cidade costeira da Irlanda), amigos e família da vítima, além do próprio suspeito do crime, Ian Bailey, que foi inclusive o primeiro a reportar a morte da produtora. A maioria das três partes do documentário é focada em como a polícia construiu um caso contra Bailey, que incluiu vários depoimentos de testemunhas. 

O interessante é que a família de Sophie continua convencida da culpa de Bailey, mas nenhum elemento de informação coletado durante a investigação foi suficiente para elucidar o mistério em torno da morte dela. O único vestígio de DNA encontrado na cena do crime, que não pertencia a Sophie, não foi identificado. As especulações sobre outros assassinos em potencial vão desde a teoria de que um assassino perseguiu e matou Sophie até a improvável (e absurda) suposição de que ela foi atacada por um cavalo perdido.

O fato é que a minissérie vale a pena pela belíssima fotografia, uma excelente direção e pela sensibilidade ao retratar uma história tão absurda. “Sophie: a Murder in West Cork" nos faz pensar que nem em uma cidadezinha remota da Irlanda estamos a salvo da maldade humana. Sophie foi para Schull para ter paz de espírito e acabou encontrando a morte aos 39 anos. 

Escrito por Ana Cristina Paixão

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Spotlight

"Spotlight" é de fato marcante e vai te provocar inúmeras reflexões! Dirigido pelo Tom McCarthy (de "Ganhar ou Ganhar: A Vida é um Jogo"), o filme retrata uma das maiores investigações jornalísticas da história recente dos Estados Unidos. Lançado em 2015, o roteiro aborda com maestria, detalhes sobre o escândalo de abusos sexuais envolvendo membros da Igreja Católica em Boston, Massachusetts. Olha, é impressionante como filme apresenta uma análise detalhada da investigação ao mesmo tempo em que nos provoca um olhar critico para temas importantes e indigestos, como o abuso de poder e a influência institucional da Igreja.

O drama vencedor do Oscar de "Melhor Filme" em 2016, acompanha a equipe de jornalistas investigativos do jornal The Boston Globe, conhecida como "Spotlight", enquanto eles se aprofundam na denúncia de abusos sexuais cometidos por padres católicos na cidade de Boston. A história se desenrola de forma envolvente e realista, à medida que a equipe luta para desvendar o caso e expor a verdade por trás do abuso de poder dentro da Igreja. Confira o trailer:

O ponto alto de "Spotlight - Segredos Revelados" é, sem dúvida, sua abordagem sóbria e intensamente realista. O diretor Tom McCarthy opta por uma narrativa linear, focando no desenvolvimento meticuloso da investigação e no impacto que ela tem sobre toda equipe de jornalistas. Aliás, o trabalho dos atores só colabora para validar a escolha desse conceito. Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams e Stanley Tucci entregam performances poderosas e emocionalmente densas - chega a ser impressionante a entrega do elenco na construção de algumas camadas tão sensíveis que fica impossível não se identificar com toda aquela cruzada. É como se estivéssemos lá, nessa luta!

O roteiro, também vencedor do Oscar, foi escrito pelo próprio McCarthy com a ajuda de Josh Singer - olha, eu diria que é uma verdadeira obra-prima. Ele equilibra tão bem a complexidade da investigação com os dilemas éticos e morais enfrentados pelos personagens que não são raras a vezes que nos pegamos pensando o que faríamos naquelas situações. Outro ponto interessante do roteiro de "Spotlight" é a forma como ele mergulha no tema da responsabilidade da Igreja, questionando a influência e a força da instituição perante uma comunidade inteira - raparem no senso de urgência que acompanha os personagens na tentativa de expor a verdade, independentemente das consequências dessa decisão. A direção de McCarthy é precisa e minimalista, sem recorrer a artifícios visuais desnecessários ou cair em clichês baratos. Ele enfatiza o trabalho dos jornalistas e o peso das informações reveladas, criando uma atmosfera de tensão crescente ao longo do filme onde uma bela trilha sonora, embora sutil, soa extremamente eficaz como complemento para esse estilo de narrativa.

A grande verdade é que "Spotlight" é muito mais do que um simples filme de investigação. Sua complexidade ideológica está nos detalhes, na forma como ele aponta o problema e estimula o debate, a reflexão. Ao construir a sua narrativa em cima de discussões sobre a hipocrisia, a ética e a coragem, somos diretamente impactados e nos sentimos desafiados a sempre questionar o sistema e a lutar pelo que é certo, mesmo que para isso tenhamos que olhar para os nossos próprios fantasmas como sociedade e enfrenta-los.

Vale muito o seu play!

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"Spotlight" é de fato marcante e vai te provocar inúmeras reflexões! Dirigido pelo Tom McCarthy (de "Ganhar ou Ganhar: A Vida é um Jogo"), o filme retrata uma das maiores investigações jornalísticas da história recente dos Estados Unidos. Lançado em 2015, o roteiro aborda com maestria, detalhes sobre o escândalo de abusos sexuais envolvendo membros da Igreja Católica em Boston, Massachusetts. Olha, é impressionante como filme apresenta uma análise detalhada da investigação ao mesmo tempo em que nos provoca um olhar critico para temas importantes e indigestos, como o abuso de poder e a influência institucional da Igreja.

O drama vencedor do Oscar de "Melhor Filme" em 2016, acompanha a equipe de jornalistas investigativos do jornal The Boston Globe, conhecida como "Spotlight", enquanto eles se aprofundam na denúncia de abusos sexuais cometidos por padres católicos na cidade de Boston. A história se desenrola de forma envolvente e realista, à medida que a equipe luta para desvendar o caso e expor a verdade por trás do abuso de poder dentro da Igreja. Confira o trailer:

O ponto alto de "Spotlight - Segredos Revelados" é, sem dúvida, sua abordagem sóbria e intensamente realista. O diretor Tom McCarthy opta por uma narrativa linear, focando no desenvolvimento meticuloso da investigação e no impacto que ela tem sobre toda equipe de jornalistas. Aliás, o trabalho dos atores só colabora para validar a escolha desse conceito. Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams e Stanley Tucci entregam performances poderosas e emocionalmente densas - chega a ser impressionante a entrega do elenco na construção de algumas camadas tão sensíveis que fica impossível não se identificar com toda aquela cruzada. É como se estivéssemos lá, nessa luta!

O roteiro, também vencedor do Oscar, foi escrito pelo próprio McCarthy com a ajuda de Josh Singer - olha, eu diria que é uma verdadeira obra-prima. Ele equilibra tão bem a complexidade da investigação com os dilemas éticos e morais enfrentados pelos personagens que não são raras a vezes que nos pegamos pensando o que faríamos naquelas situações. Outro ponto interessante do roteiro de "Spotlight" é a forma como ele mergulha no tema da responsabilidade da Igreja, questionando a influência e a força da instituição perante uma comunidade inteira - raparem no senso de urgência que acompanha os personagens na tentativa de expor a verdade, independentemente das consequências dessa decisão. A direção de McCarthy é precisa e minimalista, sem recorrer a artifícios visuais desnecessários ou cair em clichês baratos. Ele enfatiza o trabalho dos jornalistas e o peso das informações reveladas, criando uma atmosfera de tensão crescente ao longo do filme onde uma bela trilha sonora, embora sutil, soa extremamente eficaz como complemento para esse estilo de narrativa.

A grande verdade é que "Spotlight" é muito mais do que um simples filme de investigação. Sua complexidade ideológica está nos detalhes, na forma como ele aponta o problema e estimula o debate, a reflexão. Ao construir a sua narrativa em cima de discussões sobre a hipocrisia, a ética e a coragem, somos diretamente impactados e nos sentimos desafiados a sempre questionar o sistema e a lutar pelo que é certo, mesmo que para isso tenhamos que olhar para os nossos próprios fantasmas como sociedade e enfrenta-los.

Vale muito o seu play!

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Sr. & Sra. Smith

Sr. & Sra. Smith

"Sr. & Sra. Smith" está mais para "Killing Eve" do que para "Segurança em Jogo", ou seja, todos os elementos de espionagem, investigação, crimes e conspiração estão aqui, mas é o "tom" que vai direcionar a narrativa. Lançada em 2024, essa produção original da Amazon para seu Prime Video, é uma releitura moderna e estilizada do filme de 2005, desta vez criada por Donald Glover e Francesca Sloane. A série traz uma abordagem moderna e cheia de energia para a premissa clássica de um casal de espiões cujas vidas secretas colidem de maneira explosiva em uma mistura de ação, comédia e drama. "Sr. & Sra. Smith" busca capturar a química entre seus protagonistas enquanto explora temas como amor, lealdade e identidade, sempre com um toque de humor afiado e cativante. Um excelente entretenimento!

A trama segue John e Jane Smith (interpretados por Donald Glover e Maya Erskine), dois estranhos solitários que conseguem empregos em uma misteriosa agência que lhes oferece uma oportunidade gloriosa como um casal de mentira que vive uma vida dupla como espiões. A série explora como missões perigosas e segredos cuidadosamente guardados começam a se entrelaçar com suas vidas pessoais, levando a situações caóticas e muitas vezes cômicas. A relação entre John e Jane é complexa, oscilando entre amor e rivalidade, confiança e traição. Confira o trailer:

Inspirado nos personagens criados por Simon Kinberg, essa adaptação co-escrita por Glover e Sloane (ambos de "Atlanta") expande o universo do filme de uma maneira até mais inteligente e, por consequência, com reviravoltas mais bem construídas - aliás, uma característica essencial para o sucesso de uma trama de espionagem. "Sr. & Sra. Smith" chama atenção desde o primeiro episódio pela sua capacidade de equilibrar habilmente o desenvolvimento dos personagens pela perspectiva mais intima e pessoal com cenas de ação repletas de ironias e alívios cômicos, criando assim uma narrativa envolvente e divertida. Veja, a série não tem medo de explorar os aspectos mais sombrios e complicados do relacionamento entre John e Jane, mas faz isso com um toque leve que evita aquela sensação de tensão e angústia constantes. A equipe de direção sabe disso e, mesmo sem pesar na mão, nos surpreende com um conceito estiloso e cheio de energia, utilizando ângulos dinâmicos, cortes rápidos e uma paleta de cores vibrante para criar uma atmosfera que combina ação de alta octanagem com um toque de comédia (romântica) e sofisticação. Repare como as sequências de ação são coreografadas com precisão, oferecendo uma mistura de combate corpo a corpo, tiroteios e perseguições que deixa muito "drama realista" com inveja.

Donald Glover, além de co-criar a série, também brilha como protagonista. Conhecido por seu talento que transita por vários gêneros, Glover traz seu carisma e charme com um timing cômico impecável ao papel, criando um personagem que é ao mesmo tempo letal e vulnerável. Sua performance é repleta de nuances, pontuando seu lado divertido com momentos de seriedade que revelam a profundidade emocional de suas lutas internas. Já Maya Erskine, sua co-protagonista, entrega um trabalho igualmente dinâmico ao capturar a dualidade oriental de Jane com habilidade, mostrando uma personagem que é tanto uma espiã implacável quanto uma mulher lidando com os desafios de um relacionamento complexo e com as marcas de seu passado. Agora vale o registro: o que é muito bacana mesmo é a química entre os dois - tudo é palpável, seus diálogos são cirúrgicos e até nas cenas de ação, onde o ritmo é mais acelerado, eles fazem com que essa relação seja, de fato, um dos pontos altos da série.

"Sr. & Sra. Smith", em sua tentativa de combinar tantos elementos diferentes, pode até se tornar um pouco dispersa em termos de tom e ritmo, especialmente nos primeiros episódios. No entanto, eu sugiro um pouco de paciência até se conectar com a proposta de Glover e Sloane, pois essa nova adaptação é realmente divertida, traz boas ideias e muita energia para um projeto que parecer ter potencial para muitas temporadas.

Vale o seu play, especialmente se você estiver em busca de histórias de espionagem com um toque de humor e com personagens cativantes!

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"Sr. & Sra. Smith" está mais para "Killing Eve" do que para "Segurança em Jogo", ou seja, todos os elementos de espionagem, investigação, crimes e conspiração estão aqui, mas é o "tom" que vai direcionar a narrativa. Lançada em 2024, essa produção original da Amazon para seu Prime Video, é uma releitura moderna e estilizada do filme de 2005, desta vez criada por Donald Glover e Francesca Sloane. A série traz uma abordagem moderna e cheia de energia para a premissa clássica de um casal de espiões cujas vidas secretas colidem de maneira explosiva em uma mistura de ação, comédia e drama. "Sr. & Sra. Smith" busca capturar a química entre seus protagonistas enquanto explora temas como amor, lealdade e identidade, sempre com um toque de humor afiado e cativante. Um excelente entretenimento!

A trama segue John e Jane Smith (interpretados por Donald Glover e Maya Erskine), dois estranhos solitários que conseguem empregos em uma misteriosa agência que lhes oferece uma oportunidade gloriosa como um casal de mentira que vive uma vida dupla como espiões. A série explora como missões perigosas e segredos cuidadosamente guardados começam a se entrelaçar com suas vidas pessoais, levando a situações caóticas e muitas vezes cômicas. A relação entre John e Jane é complexa, oscilando entre amor e rivalidade, confiança e traição. Confira o trailer:

Inspirado nos personagens criados por Simon Kinberg, essa adaptação co-escrita por Glover e Sloane (ambos de "Atlanta") expande o universo do filme de uma maneira até mais inteligente e, por consequência, com reviravoltas mais bem construídas - aliás, uma característica essencial para o sucesso de uma trama de espionagem. "Sr. & Sra. Smith" chama atenção desde o primeiro episódio pela sua capacidade de equilibrar habilmente o desenvolvimento dos personagens pela perspectiva mais intima e pessoal com cenas de ação repletas de ironias e alívios cômicos, criando assim uma narrativa envolvente e divertida. Veja, a série não tem medo de explorar os aspectos mais sombrios e complicados do relacionamento entre John e Jane, mas faz isso com um toque leve que evita aquela sensação de tensão e angústia constantes. A equipe de direção sabe disso e, mesmo sem pesar na mão, nos surpreende com um conceito estiloso e cheio de energia, utilizando ângulos dinâmicos, cortes rápidos e uma paleta de cores vibrante para criar uma atmosfera que combina ação de alta octanagem com um toque de comédia (romântica) e sofisticação. Repare como as sequências de ação são coreografadas com precisão, oferecendo uma mistura de combate corpo a corpo, tiroteios e perseguições que deixa muito "drama realista" com inveja.

Donald Glover, além de co-criar a série, também brilha como protagonista. Conhecido por seu talento que transita por vários gêneros, Glover traz seu carisma e charme com um timing cômico impecável ao papel, criando um personagem que é ao mesmo tempo letal e vulnerável. Sua performance é repleta de nuances, pontuando seu lado divertido com momentos de seriedade que revelam a profundidade emocional de suas lutas internas. Já Maya Erskine, sua co-protagonista, entrega um trabalho igualmente dinâmico ao capturar a dualidade oriental de Jane com habilidade, mostrando uma personagem que é tanto uma espiã implacável quanto uma mulher lidando com os desafios de um relacionamento complexo e com as marcas de seu passado. Agora vale o registro: o que é muito bacana mesmo é a química entre os dois - tudo é palpável, seus diálogos são cirúrgicos e até nas cenas de ação, onde o ritmo é mais acelerado, eles fazem com que essa relação seja, de fato, um dos pontos altos da série.

"Sr. & Sra. Smith", em sua tentativa de combinar tantos elementos diferentes, pode até se tornar um pouco dispersa em termos de tom e ritmo, especialmente nos primeiros episódios. No entanto, eu sugiro um pouco de paciência até se conectar com a proposta de Glover e Sloane, pois essa nova adaptação é realmente divertida, traz boas ideias e muita energia para um projeto que parecer ter potencial para muitas temporadas.

Vale o seu play, especialmente se você estiver em busca de histórias de espionagem com um toque de humor e com personagens cativantes!

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Stillwater

"Stillwater" poderia, tranquilamente, ser mais uma série de true crime que tanto nos acostumamos assistir. No entanto, o filme dirigido pelo brilhante Tom McCarthy (de "Spotlight: Segredos Revelados"), vai além daquela premissa envolvente onde a busca pela verdade vai ao encontro da inocência depois de um crime cruel - aqui o filme, mesmo que em muitos momentos soe cadenciado demais, é muito mais provocativo e sabe exatamente como nos tocar a alma com uma atmosfera de melancolia como se fosse a fusão perfeita de "Nomadland"com "Making a Murderer". Sim, aquela desconfortante sensação de perda, de deslocamento e de uma eterna finitude que anuncia sua chegada apenas com o vazio, vai te acompanhar por toda jornada.

A história do filme gira em torno de Bill Baker (Matt Damon), um trabalhador da construção civil de Oklahoma que viaja até Marselha, na França, para visitar sua filha Allison (Abigail Breslin), que está cumprindo pena por um crime que ela alega não ter cometido. Quando novas provas parecem surgir e que poderiam inocentar sua filha, Bill inicia uma cruzada pessoal ao lado da francesa Virginie (Camille Cottin) para reabrir o caso e finalmente encontrar o suposto assassino depois de cinco anos. Confira o trailer (em inglês):

Mesmo que o trailer e a sinopse de "Stillwater" deixem a entender que o roteiro está mais preocupado em acompanhar Bill tentando provar a inocência da filha, posso te garantir que existem camadas emocionais ainda mais profundas ao também retratar a jornada de redenção do personagem. A trama, de fato, se aproveita desses dois gatilhos narrativos e é habilmente construída, alternando momentos de drama, tensão, angustia e até de reflexão, para explorar temas que vão ganhando força, como justiça, família e a difícil jornada de um pai em busca de uma reconciliação com seu passado - a relação de Bill com Virginie e com a filha dela, Maya (Lilou Siauvaud), serve justamente como ponto de equilíbrio entre seus fantasmas do passado e a dura realidade que parece não dar um chance de felicidade para ele.

O roteiro de McCarthy, de Marcus Hinchey ("A Caminho da Fé"), de Thomas Bidegain ("Ferrugem e Osso") e de Noé Debré ("Reputação") é genial - se não na sua estrutura, certamente nos detalhes. Reparem na cena em que Virginie ensaia sua peça de teatro sob os olhos atentos de Bill - em um close-up belíssimo ela diz: “Não há verdade. Apenas histórias para contar”. Uma passagem que pode parecer inofensiva, na verdade serve de gatilho para a transformação que vem a seguir em muitas esferas: da relação entre ela e Bill ao entendimento do crime que colocou Allison na cadeia. Aliás, aqui cabe um comentário pertinente: o elenco é outro ponto forte do filme - Matt Damon entrega uma performance excepcional. Sua interpretação transmite a angústia e a determinação do personagem de forma visceral, enquanto Abigail Breslin se destaca pela complexidade entre a sua vulnerabilidade e o contraste da carga cármica que ela carrega com ódio e repulsa, mesmo que em silêncio.

“Stillwater" (que o Brasil ganhou o didático subtítulo de "Em Busca da Verdade”) pode até parecer ter um grave problema de ritmo, dando a impressão de durar bem mais do que as duas horas e vinte que de fato tem, mas eu diria que o resultado final pode, tranquilamente, ser classificado como um ótimo entretenimento - com uma história que transcende os limites do gênero investigativo para oferecer uma experiência emocionalmente muito mais poderosa e reflexiva do que poderíamos imaginar.

Vale muito o seu play!

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"Stillwater" poderia, tranquilamente, ser mais uma série de true crime que tanto nos acostumamos assistir. No entanto, o filme dirigido pelo brilhante Tom McCarthy (de "Spotlight: Segredos Revelados"), vai além daquela premissa envolvente onde a busca pela verdade vai ao encontro da inocência depois de um crime cruel - aqui o filme, mesmo que em muitos momentos soe cadenciado demais, é muito mais provocativo e sabe exatamente como nos tocar a alma com uma atmosfera de melancolia como se fosse a fusão perfeita de "Nomadland"com "Making a Murderer". Sim, aquela desconfortante sensação de perda, de deslocamento e de uma eterna finitude que anuncia sua chegada apenas com o vazio, vai te acompanhar por toda jornada.

A história do filme gira em torno de Bill Baker (Matt Damon), um trabalhador da construção civil de Oklahoma que viaja até Marselha, na França, para visitar sua filha Allison (Abigail Breslin), que está cumprindo pena por um crime que ela alega não ter cometido. Quando novas provas parecem surgir e que poderiam inocentar sua filha, Bill inicia uma cruzada pessoal ao lado da francesa Virginie (Camille Cottin) para reabrir o caso e finalmente encontrar o suposto assassino depois de cinco anos. Confira o trailer (em inglês):

Mesmo que o trailer e a sinopse de "Stillwater" deixem a entender que o roteiro está mais preocupado em acompanhar Bill tentando provar a inocência da filha, posso te garantir que existem camadas emocionais ainda mais profundas ao também retratar a jornada de redenção do personagem. A trama, de fato, se aproveita desses dois gatilhos narrativos e é habilmente construída, alternando momentos de drama, tensão, angustia e até de reflexão, para explorar temas que vão ganhando força, como justiça, família e a difícil jornada de um pai em busca de uma reconciliação com seu passado - a relação de Bill com Virginie e com a filha dela, Maya (Lilou Siauvaud), serve justamente como ponto de equilíbrio entre seus fantasmas do passado e a dura realidade que parece não dar um chance de felicidade para ele.

O roteiro de McCarthy, de Marcus Hinchey ("A Caminho da Fé"), de Thomas Bidegain ("Ferrugem e Osso") e de Noé Debré ("Reputação") é genial - se não na sua estrutura, certamente nos detalhes. Reparem na cena em que Virginie ensaia sua peça de teatro sob os olhos atentos de Bill - em um close-up belíssimo ela diz: “Não há verdade. Apenas histórias para contar”. Uma passagem que pode parecer inofensiva, na verdade serve de gatilho para a transformação que vem a seguir em muitas esferas: da relação entre ela e Bill ao entendimento do crime que colocou Allison na cadeia. Aliás, aqui cabe um comentário pertinente: o elenco é outro ponto forte do filme - Matt Damon entrega uma performance excepcional. Sua interpretação transmite a angústia e a determinação do personagem de forma visceral, enquanto Abigail Breslin se destaca pela complexidade entre a sua vulnerabilidade e o contraste da carga cármica que ela carrega com ódio e repulsa, mesmo que em silêncio.

“Stillwater" (que o Brasil ganhou o didático subtítulo de "Em Busca da Verdade”) pode até parecer ter um grave problema de ritmo, dando a impressão de durar bem mais do que as duas horas e vinte que de fato tem, mas eu diria que o resultado final pode, tranquilamente, ser classificado como um ótimo entretenimento - com uma história que transcende os limites do gênero investigativo para oferecer uma experiência emocionalmente muito mais poderosa e reflexiva do que poderíamos imaginar.

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Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal

"Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal"  é um filme muito interessante! Embora seja um história já conhecida, essa adaptação do livro "The Phantom Prince: My Life with Ted Bundy", surpreende pela originalidade. "A Irresistível Face do Mal" não é um filme sobre serial-killer ou um thriller policial como poderia se imaginar.. É um drama, e é aí que o filme ganha muitos pontos. Ao mostrar a visão de quem convivia com Ted Bundy, um charmoso e inteligente estudante de direito, o roteiro nos guia por um caminho cheio de incertezas: nos provocando, nos instigando e, principalmente, brincando com nossos julgamentos - aliás, esse tipo de ferramenta narrativa foi muito bem utilizada em projetos mais documentais como "Making a Murderer", por exemplo. O fato é que embarcamos nessa proposta e realmente ficamos em dúvida sobre sua inocência, mesmo sabendo de toda história... mas calma, será que a história que conhecemos é a verdadeira?

Ted Bundy foi considerado um dos serial killers mais perigosos dos anos 70 nos EUA - é o que dizia a mídia da época! Além de ser um assassino, era sequestrador, estuprador, ladrão e até necrófilo. Sua namorada, Elizabeth Kloepfer, tornou-se uma de suas defensoras mais leais, pois era difícil acreditar que seu companheiro, tão amoroso e dedicado, pudesse realmente ser o autor de crimes tão cruéis. Sabe-se que Ted foi acusado pelo assassinato de mais de 30 mulheres, mas especula-se que esse número seja bem maior. 

Após a estreia mundial no Festival de Sundance desse ano, o filme passou a ser muito comentado por três fatores: o primeiro já descrevemos acima, sua originalidade narrativa (acompanhar a história pelos olhos de Elizabeth é muito interessante... de verdade!). O segundo, pelo excelente trabalho do diretor Joe Berlinger (indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2011 por Paradise Lost 3: Purgatory) - ele inclusive ganhou o prêmio de melhor diretor no último Festival de Cinema de Atlanta. O terceiro fator, para mim o menos relevante, é a atuação de Zac Efron como Ted Bundy. Sem dúvida seu trabalho é infinitamente melhor do que o do Eric Bana em Dirty John, mas mesmo assim, minha impressão é que Efron foi encontrando o personagem apenas durante o filme -  primeira cena dele é de uma canastrice absurda... já a última, impressiona pela verdade sem dizer uma única palavra!

É um filme que merece ser assistido em algum momento. Tecnicamente muito bem realizado - mesmo sendo gravado com equipamento digital, a pós inseriu um grão que deu todo um charme para o filme - parece película inclusive. O roteiro é inteligente e as atuações também não comprometem. Eu diria que para um dia chuvoso, sem muita pretenção, é uma ótima sugestão. Vale a pena, mas se dormir, ok!

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"Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal"  é um filme muito interessante! Embora seja um história já conhecida, essa adaptação do livro "The Phantom Prince: My Life with Ted Bundy", surpreende pela originalidade. "A Irresistível Face do Mal" não é um filme sobre serial-killer ou um thriller policial como poderia se imaginar.. É um drama, e é aí que o filme ganha muitos pontos. Ao mostrar a visão de quem convivia com Ted Bundy, um charmoso e inteligente estudante de direito, o roteiro nos guia por um caminho cheio de incertezas: nos provocando, nos instigando e, principalmente, brincando com nossos julgamentos - aliás, esse tipo de ferramenta narrativa foi muito bem utilizada em projetos mais documentais como "Making a Murderer", por exemplo. O fato é que embarcamos nessa proposta e realmente ficamos em dúvida sobre sua inocência, mesmo sabendo de toda história... mas calma, será que a história que conhecemos é a verdadeira?

Ted Bundy foi considerado um dos serial killers mais perigosos dos anos 70 nos EUA - é o que dizia a mídia da época! Além de ser um assassino, era sequestrador, estuprador, ladrão e até necrófilo. Sua namorada, Elizabeth Kloepfer, tornou-se uma de suas defensoras mais leais, pois era difícil acreditar que seu companheiro, tão amoroso e dedicado, pudesse realmente ser o autor de crimes tão cruéis. Sabe-se que Ted foi acusado pelo assassinato de mais de 30 mulheres, mas especula-se que esse número seja bem maior. 

Após a estreia mundial no Festival de Sundance desse ano, o filme passou a ser muito comentado por três fatores: o primeiro já descrevemos acima, sua originalidade narrativa (acompanhar a história pelos olhos de Elizabeth é muito interessante... de verdade!). O segundo, pelo excelente trabalho do diretor Joe Berlinger (indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2011 por Paradise Lost 3: Purgatory) - ele inclusive ganhou o prêmio de melhor diretor no último Festival de Cinema de Atlanta. O terceiro fator, para mim o menos relevante, é a atuação de Zac Efron como Ted Bundy. Sem dúvida seu trabalho é infinitamente melhor do que o do Eric Bana em Dirty John, mas mesmo assim, minha impressão é que Efron foi encontrando o personagem apenas durante o filme -  primeira cena dele é de uma canastrice absurda... já a última, impressiona pela verdade sem dizer uma única palavra!

É um filme que merece ser assistido em algum momento. Tecnicamente muito bem realizado - mesmo sendo gravado com equipamento digital, a pós inseriu um grão que deu todo um charme para o filme - parece película inclusive. O roteiro é inteligente e as atuações também não comprometem. Eu diria que para um dia chuvoso, sem muita pretenção, é uma ótima sugestão. Vale a pena, mas se dormir, ok!

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Tese sobre um Homicídio

"Tese sobre um Homicídio" é mais um daqueles filmes como o também argentino "O segredo dos seus olhos" do diretor Juan José Campanella ou, mais recentemente, como o espanhol "Um Contratempo" do Oriol Paulo. Todos os três filmes partem do mesmo conceito narrativo: construir uma trama envolvente, cheio de peças aparentemente perdidas, mas que aos poucos vão sendo encaixadas de uma forma menos conveniente e que no final nos surpreende de alguma forma - mas sem roubar no jogo!

Nesse filme do diretor argentino Hernán Goldfrid, acompanhamos Roberto Bermudez (Ricardo Darín), um especialista em Direito Criminal que ministra um curso bastante concorrido na universidade local. Seco e um tanto quanto arrogante, Roberto já não vê as coisas com o idealismo da juventude por saber como tudo funciona na prática. Apesar disto, ele sente-se incomodado com o jovem Gonzalo (Alberto Ammann), filho de um velho conhecido, que está matriculado em seu curso, simplesmente por ser seu fã. Quando um brutal assassinato acontece perto da universidade, o professor logo se interessa pelo caso e passa a investigá-lo, por mera curiosidade e graças aos anos de profissão na área criminal. Uma pista leva a outra e, pouco a pouco, Roberto passa a desconfiar que Gonzalo esteja por trás do crime. Confira o trailer:

Um elemento que me chamou muito atenção em "Tese sobre um Homicídio" é justamente como o roteiro do Patricio Vega consegue criar um clima misterioso e bastante envolvente em torno de uma possível paranoia de Roberto - principalmente a partir de seu relacionamento com Gonzalo. Cria-se aí uma espécie de confronto psicológico dos mais interessantes onde cada um dos personagens se desafiam a todo instante. O curioso é que, por mais que os indícios apresentados por Roberto, sejam nítidos e até óbvios se olharmos pela perspectiva de quem conhece o gênero, o filme jamais os assume o fato de que ele possa estar certo. Reparem.

Ricardo Darín, claro, dá outro show. Seu personagem sente a progressão da história fisicamente, mas é mentalmente que ele vai ganhando camadas profundas: se ele bebe e fuma cada vez mais, é com seu descontrole que ele parece se preocupar e isso ajuda a expor uma complexidade que poucos estão dispostos a encarar. A direção de fotografia de Rolo Pulpeiro está completamente alinhada com um conceito de direção bastante estiloso de Hernán Goldfrid - como se os atores estivessem livres para brilhar em cima de uma história maravilhosamente bem contada em imagens e diálogos - e como disse inicialmente: sem inventar ou encontrar uma solução mirabolante para justificar suas escolhas. Como diz o protagonista: o segredo está no detalhe!

Baseado no livro deDiego Paszkowski,  "Tese sobre um Homicídio" não se propõe a fechar uma questão sem nos colocar para pensar (daí a força do seu título) - isso é preciso ficar claro! O que não deixa a narrativa didática demais, porém pode decepcionar quem prefere algo mais mastigado como em outros filmes do gênero, porém a jornada é tão interessante quanto o final e vale muito a pena pelo entretenimento de excelente qualidade!  

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"Tese sobre um Homicídio" é mais um daqueles filmes como o também argentino "O segredo dos seus olhos" do diretor Juan José Campanella ou, mais recentemente, como o espanhol "Um Contratempo" do Oriol Paulo. Todos os três filmes partem do mesmo conceito narrativo: construir uma trama envolvente, cheio de peças aparentemente perdidas, mas que aos poucos vão sendo encaixadas de uma forma menos conveniente e que no final nos surpreende de alguma forma - mas sem roubar no jogo!

Nesse filme do diretor argentino Hernán Goldfrid, acompanhamos Roberto Bermudez (Ricardo Darín), um especialista em Direito Criminal que ministra um curso bastante concorrido na universidade local. Seco e um tanto quanto arrogante, Roberto já não vê as coisas com o idealismo da juventude por saber como tudo funciona na prática. Apesar disto, ele sente-se incomodado com o jovem Gonzalo (Alberto Ammann), filho de um velho conhecido, que está matriculado em seu curso, simplesmente por ser seu fã. Quando um brutal assassinato acontece perto da universidade, o professor logo se interessa pelo caso e passa a investigá-lo, por mera curiosidade e graças aos anos de profissão na área criminal. Uma pista leva a outra e, pouco a pouco, Roberto passa a desconfiar que Gonzalo esteja por trás do crime. Confira o trailer:

Um elemento que me chamou muito atenção em "Tese sobre um Homicídio" é justamente como o roteiro do Patricio Vega consegue criar um clima misterioso e bastante envolvente em torno de uma possível paranoia de Roberto - principalmente a partir de seu relacionamento com Gonzalo. Cria-se aí uma espécie de confronto psicológico dos mais interessantes onde cada um dos personagens se desafiam a todo instante. O curioso é que, por mais que os indícios apresentados por Roberto, sejam nítidos e até óbvios se olharmos pela perspectiva de quem conhece o gênero, o filme jamais os assume o fato de que ele possa estar certo. Reparem.

Ricardo Darín, claro, dá outro show. Seu personagem sente a progressão da história fisicamente, mas é mentalmente que ele vai ganhando camadas profundas: se ele bebe e fuma cada vez mais, é com seu descontrole que ele parece se preocupar e isso ajuda a expor uma complexidade que poucos estão dispostos a encarar. A direção de fotografia de Rolo Pulpeiro está completamente alinhada com um conceito de direção bastante estiloso de Hernán Goldfrid - como se os atores estivessem livres para brilhar em cima de uma história maravilhosamente bem contada em imagens e diálogos - e como disse inicialmente: sem inventar ou encontrar uma solução mirabolante para justificar suas escolhas. Como diz o protagonista: o segredo está no detalhe!

Baseado no livro deDiego Paszkowski,  "Tese sobre um Homicídio" não se propõe a fechar uma questão sem nos colocar para pensar (daí a força do seu título) - isso é preciso ficar claro! O que não deixa a narrativa didática demais, porém pode decepcionar quem prefere algo mais mastigado como em outros filmes do gênero, porém a jornada é tão interessante quanto o final e vale muito a pena pelo entretenimento de excelente qualidade!  

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Tetris

"Tetris", isso mesmo, o filme que conta a história daquele famoso jogo da Nintendo, é surpreendente de tão divertido - mesmo que em alguns momentos soe fantasioso demais! Com muitos elementos dramáticos que acostumamos encontrar em séries que desvendam os bastidores de uma startup como em "WeCrashed" ou de um produto revolucionário como "Batalha Bilionária: O Caso Google Earth", essa produção da AppleTV+ ainda traz para trama toda uma atmosfera de nostalgia, de dramas políticos e até de filmes de ação, que nos envolve de tal maneira que não conseguimos tirar os olhos da tela durante duas horas. Olha, é entretenimento puro, mas com muita qualidade.

Antes de Tetris se tornar um fenômeno, ele passou por uma jornada extraordinária: quando o representante de jogos, Henk Rogers (Taron Egerton), descobriu o jogo do programador russo Alexey Pajitno (Nikita Efrenov) no final da década de 1980, quando a "Cortina de Ferro" da URSS estava prestes a cair. Com o objetivo de licenciar o titulo mundialmente para consoles de videogame, fliperamas, PCs e também para o futuro "gameboy", Rogers se envolve em um turbilhão de mentiras e corrupção, de modo que precisa negociar até com o serviço secreto russo, a KGB. Enquanto várias partes fazem reivindicações legais sobre o jogo, Rogers logo se vê no meio de uma enorme batalha legal que pode custar até seu casamento. Confira o trailer (em inglês):

É claro que, mesmo se baseando em fatos, o promissor diretor Jon S. Baird (de "Stan & Ollie") se permitiu algumas licenças poéticas para criar uma dinâmica que vai além de um estudo de caso e acaba se tornando um filme muito divertido - como o próprio Baird antecipou em uma matéria para o Collider, Tetris "não é um documentário"! Dito isso, fica muito fácil aceitar toda a jornada de Rogers já que Egerton mostra mais uma vez seu range na interpretação, capaz de dominar os alívios cômicos com a mesma qualidade em que convence como um empreendedor em busca de um sonho (muito arriscado) que parece impossível de realizar.

O roteiro de Noah Pink (criador de "Genius"), de fato, está longe de ser um profundo mergulho na psique do personagem - daqueles construídos em cima de inúmeras camadas e dramas marcantes que refletem algumas ações intempestivas no presente. Muito menos é uma detalhada investigação sobre a importância sociocultural ou politica do jogo em questão, no entanto, a simplicidade do texto, que em nenhum momento se perde em referências nostálgicas ou na densidade jurídica dos conflitos, aliada a uma narrativa inteligente, faz da nossa experiência como audiência, algo muito prazeroso.

As referências visuais, normalmente pautadas nos gráficos 8 bits dos videogames mais antigos, e uma trilha sonora simplesmente fantástica são as cerejas do bolo de "Tetris". Mesmo que em alguns momentos o filme vacile ao abusar dos estereótipos soviéticos (ao melhor estilo Stranger Things), é interessante perceber que tudo isso faz parte de escolha conceitual que torna a história, em termos narrativos, algo leve e fácil de consumir; deixando claro que até por trás dos bloquinhos caindo do alto de uma tela, existe uma boa história!

Vale muito o seu play!

PS: Sugiro, para contextualizar esse universo dos primórdios dos video-games, assistir a série "GDLK".

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"Tetris", isso mesmo, o filme que conta a história daquele famoso jogo da Nintendo, é surpreendente de tão divertido - mesmo que em alguns momentos soe fantasioso demais! Com muitos elementos dramáticos que acostumamos encontrar em séries que desvendam os bastidores de uma startup como em "WeCrashed" ou de um produto revolucionário como "Batalha Bilionária: O Caso Google Earth", essa produção da AppleTV+ ainda traz para trama toda uma atmosfera de nostalgia, de dramas políticos e até de filmes de ação, que nos envolve de tal maneira que não conseguimos tirar os olhos da tela durante duas horas. Olha, é entretenimento puro, mas com muita qualidade.

Antes de Tetris se tornar um fenômeno, ele passou por uma jornada extraordinária: quando o representante de jogos, Henk Rogers (Taron Egerton), descobriu o jogo do programador russo Alexey Pajitno (Nikita Efrenov) no final da década de 1980, quando a "Cortina de Ferro" da URSS estava prestes a cair. Com o objetivo de licenciar o titulo mundialmente para consoles de videogame, fliperamas, PCs e também para o futuro "gameboy", Rogers se envolve em um turbilhão de mentiras e corrupção, de modo que precisa negociar até com o serviço secreto russo, a KGB. Enquanto várias partes fazem reivindicações legais sobre o jogo, Rogers logo se vê no meio de uma enorme batalha legal que pode custar até seu casamento. Confira o trailer (em inglês):

É claro que, mesmo se baseando em fatos, o promissor diretor Jon S. Baird (de "Stan & Ollie") se permitiu algumas licenças poéticas para criar uma dinâmica que vai além de um estudo de caso e acaba se tornando um filme muito divertido - como o próprio Baird antecipou em uma matéria para o Collider, Tetris "não é um documentário"! Dito isso, fica muito fácil aceitar toda a jornada de Rogers já que Egerton mostra mais uma vez seu range na interpretação, capaz de dominar os alívios cômicos com a mesma qualidade em que convence como um empreendedor em busca de um sonho (muito arriscado) que parece impossível de realizar.

O roteiro de Noah Pink (criador de "Genius"), de fato, está longe de ser um profundo mergulho na psique do personagem - daqueles construídos em cima de inúmeras camadas e dramas marcantes que refletem algumas ações intempestivas no presente. Muito menos é uma detalhada investigação sobre a importância sociocultural ou politica do jogo em questão, no entanto, a simplicidade do texto, que em nenhum momento se perde em referências nostálgicas ou na densidade jurídica dos conflitos, aliada a uma narrativa inteligente, faz da nossa experiência como audiência, algo muito prazeroso.

As referências visuais, normalmente pautadas nos gráficos 8 bits dos videogames mais antigos, e uma trilha sonora simplesmente fantástica são as cerejas do bolo de "Tetris". Mesmo que em alguns momentos o filme vacile ao abusar dos estereótipos soviéticos (ao melhor estilo Stranger Things), é interessante perceber que tudo isso faz parte de escolha conceitual que torna a história, em termos narrativos, algo leve e fácil de consumir; deixando claro que até por trás dos bloquinhos caindo do alto de uma tela, existe uma boa história!

Vale muito o seu play!

PS: Sugiro, para contextualizar esse universo dos primórdios dos video-games, assistir a série "GDLK".

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The Ashley Madison Affair

Independente das discussões (e serão muitas) sobre Juízo de Valor, eu diria que a minissérie documental do Hulu, "The Ashley Madison Affair", é imperdível. A partir de um roteiro extremamente dinâmico, temos acesso aos bastidores do controverso site de relacionamentos para pessoas casadas, o Ashley Madison, e tudo que envolveu os vazamentos de dados de milhões de usuários em 2005. O filme, dirigido com maestria pela competente Johanna Hamilton (de "Bad Boys e Bilionários: Índia"), não apenas apresenta os escândalos de adultérios que chocaram o mundo, mas também oferece uma visão crítica e envolvente sobre a interseção entre negócio, tecnologia e intimidade. Elogiado pela profundidade de sua abordagem e pela coragem ao discutir verdades incômodas, aqui temos uma obra que transcende a mera exposição de fatos para explorar as complexidades morais e sociais que envolvem a privacidade online, mesmo para quem trai.

"The Ashley Madison Affair" nos conduz por uma jornada fascinante pelos meandros do site conhecido por facilitar encontros extraconjugais. O documentário revela a ascensão e queda do império digital comandado pelo então CEO da companhia, Noel Biderman. Por meio de entrevistas exclusivas com funcionários da empresa, jornalistas e investigadores, além de um rico material de arquivo e encenações de muito bom gosto, a minissérie discute as consequências devastadoras para relacionamentos e reputações depois do vazamento de dados que impactou, além da empresa, milhões de pessoas. Confira o trailer (em inglês):

Vale tudo para fazer um negócio se tornar um enorme sucesso financeiro, mesmo com um produto teoricamente imoral, se existirem milhões de pessoas dispostas a pagar por ele? Talvez tenha partido desse questionamento a construção narrativa que Hamilton brilhantemente explora em três episódios. Em nenhum momento você vai ficar confortável com o que está assistindo, ao mesmo tempo, olhando pela perspectiva do negócio, sua análise ficará ainda mais confusa, pois mesmo que tenhamos a exata sensação de que tudo aquilo faz um grande sentido, do conceito ao produto em si, curiosamente ficamos em dúvida se realmente vale a pena embarcar na jornada.

Ao adentrar os meandros da história, "The Ashley Madison Affair" não se contenta em ser um mero relato sobre eventos polêmicos envolvendo os usuários de um site que estimula o adultério. Muito pelo contrário, a diretora quer mesmo provocar, para só depois expor as motivações por trás do negócio, dando voz para a figura de Noel Biderman que revela uma complexidade humana que transcende os julgamentos mais simplistas - chega ser impressionante como ele se expõe ao mesmo tempo em fazia muita coisa errada nos bastidores da empresa. Veja, o roteiro destaca essa interconexão entre o sucesso do site e os desejos de seus usuários frequentes, dando certo holofote para um mal que acompanha a sociedade americana desde sempre: a hipocrisia.

Na linha de "Sexo Bilionário", o que eleva "The Ashley Madison Affair" é sua capacidade de fundir uma história polêmica com uma qualidade técnica e artística de produção de uma maneira bastante harmoniosa - os depoimentos de usuários na voz de atores e atrizes dão o exato tom do que significa essa exploração intensa sobre os limites da privacidade em um mundo cada vez mais conectado. A fotografia também cria uma atmosfera de sedução que intensifica as emoções, guiando a audiência por esse labirinto de escândalos e fantasia, de fato, envolvente.A pesquisa meticulosa é evidente em cada cena, revelando nuances que escapariam a narrativas superficiais - e isso é um golaço. A edição dinâmica mantém um ritmo que prende a nossa atenção, transformando informações densas em uma experiência cativante que certamente vai te fazer refletir, independente do olhar que você tenha sobre o site ou sobre o caso (e aqui sem trocadilhos)!

Vale muito o seu play!

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Independente das discussões (e serão muitas) sobre Juízo de Valor, eu diria que a minissérie documental do Hulu, "The Ashley Madison Affair", é imperdível. A partir de um roteiro extremamente dinâmico, temos acesso aos bastidores do controverso site de relacionamentos para pessoas casadas, o Ashley Madison, e tudo que envolveu os vazamentos de dados de milhões de usuários em 2005. O filme, dirigido com maestria pela competente Johanna Hamilton (de "Bad Boys e Bilionários: Índia"), não apenas apresenta os escândalos de adultérios que chocaram o mundo, mas também oferece uma visão crítica e envolvente sobre a interseção entre negócio, tecnologia e intimidade. Elogiado pela profundidade de sua abordagem e pela coragem ao discutir verdades incômodas, aqui temos uma obra que transcende a mera exposição de fatos para explorar as complexidades morais e sociais que envolvem a privacidade online, mesmo para quem trai.

"The Ashley Madison Affair" nos conduz por uma jornada fascinante pelos meandros do site conhecido por facilitar encontros extraconjugais. O documentário revela a ascensão e queda do império digital comandado pelo então CEO da companhia, Noel Biderman. Por meio de entrevistas exclusivas com funcionários da empresa, jornalistas e investigadores, além de um rico material de arquivo e encenações de muito bom gosto, a minissérie discute as consequências devastadoras para relacionamentos e reputações depois do vazamento de dados que impactou, além da empresa, milhões de pessoas. Confira o trailer (em inglês):

Vale tudo para fazer um negócio se tornar um enorme sucesso financeiro, mesmo com um produto teoricamente imoral, se existirem milhões de pessoas dispostas a pagar por ele? Talvez tenha partido desse questionamento a construção narrativa que Hamilton brilhantemente explora em três episódios. Em nenhum momento você vai ficar confortável com o que está assistindo, ao mesmo tempo, olhando pela perspectiva do negócio, sua análise ficará ainda mais confusa, pois mesmo que tenhamos a exata sensação de que tudo aquilo faz um grande sentido, do conceito ao produto em si, curiosamente ficamos em dúvida se realmente vale a pena embarcar na jornada.

Ao adentrar os meandros da história, "The Ashley Madison Affair" não se contenta em ser um mero relato sobre eventos polêmicos envolvendo os usuários de um site que estimula o adultério. Muito pelo contrário, a diretora quer mesmo provocar, para só depois expor as motivações por trás do negócio, dando voz para a figura de Noel Biderman que revela uma complexidade humana que transcende os julgamentos mais simplistas - chega ser impressionante como ele se expõe ao mesmo tempo em fazia muita coisa errada nos bastidores da empresa. Veja, o roteiro destaca essa interconexão entre o sucesso do site e os desejos de seus usuários frequentes, dando certo holofote para um mal que acompanha a sociedade americana desde sempre: a hipocrisia.

Na linha de "Sexo Bilionário", o que eleva "The Ashley Madison Affair" é sua capacidade de fundir uma história polêmica com uma qualidade técnica e artística de produção de uma maneira bastante harmoniosa - os depoimentos de usuários na voz de atores e atrizes dão o exato tom do que significa essa exploração intensa sobre os limites da privacidade em um mundo cada vez mais conectado. A fotografia também cria uma atmosfera de sedução que intensifica as emoções, guiando a audiência por esse labirinto de escândalos e fantasia, de fato, envolvente.A pesquisa meticulosa é evidente em cada cena, revelando nuances que escapariam a narrativas superficiais - e isso é um golaço. A edição dinâmica mantém um ritmo que prende a nossa atenção, transformando informações densas em uma experiência cativante que certamente vai te fazer refletir, independente do olhar que você tenha sobre o site ou sobre o caso (e aqui sem trocadilhos)!

Vale muito o seu play!

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The Equalizer

Sabe aquele tipo de série "se dormir, dormiu", mas que não deixa de ser um ótimo entretenimento - bem no estilo procedural de ""CSI" ou "The Law & Order", com alguma ação mais empolgante, investigações razoavelmente inteligentes e uma narrativa bem amarrada? Pois bem, "The Equalizer" é a bola da vez - lançada em 2021 pela CBS, é um verdadeiro sucesso nos EUA, rendendo várias temporadas com uma dinâmica de ação e crime que reinventa a clássica série dos anos 80, mas agora com uma nova protagonista e uma abordagem mais contemporânea. Estrelada por Queen Latifah, a série oferece um novo conceito sobre os dilemas de um herói urbano, trazendo uma forte protagonista feminina para o centro de missões muito divertidas para quem quer passar o tempo sem ter que pensar muito.

Basicamente, a trama segue Robyn McCall (Queen Latifah), uma ex-agente da CIA que, após se afastar do mundo da espionagem, dedica-se a ajudar aqueles que não têm mais para onde recorrer. Usando suas habilidades de combate, investigação e inteligência, McCall se torna uma figura misteriosa conhecida como "The Equalizer", protegendo os oprimidos e punindo aqueles que se aproveitam dos mais fracos. Ao mesmo tempo, no entanto, ela precisa lidar com os desafios de ser mãe solteira de uma adolescente e de manter sua vida dupla em segredo para quem sabe encontrar um caminho menos traumático como mulher. Confira o trailer:

"The Equalizer" é dirigida por uma equipe talentosa que inclui nomes como Liz Friedlander (de "Jessica Jones") e Solvan "Slick" Naim (de "Black List") - eles conseguem manter um ritmo dinâmico e envolvente ao longo dos mais de 50 episódios, durante todas as temporadas. Com roteiro escrito por Andrew W. Marlowe (do clássico "Força Aérea Um") e Terri Edda Miller (de "Castle"), a série equilibra uma ótima atmosfera de ação com histórias que exploram questões sociais mais atuais, como corrupção, violência doméstica e até injustiça racial. Pautada nos clássicos da TV aberta americana, cada episódio funciona como uma narrativa fechada, com McCall resolvendo um caso por vez ao mesmo tempo em que outros arcos dos personagens vão, pouco a pouco, se ampliando e se desenvolvendo ao ponto de não conseguirmos mais parar de assistir. Veja, embora o formato "caso da semana" seja familiar e possa até parecer previsível para alguns, eu diria que aqui a série consegue manter nosso interesse especialmente por se aprofundar na vida pessoal de McCall. 

Queen Latifah traz uma presença carismática e poderosa para a série. Ela transita muito bem entre a dureza necessária de uma vigilante implacável com a sensibilidade de uma mãe que está tentando proteger sua família. Latifah é convincente nas cenas de ação da mesma forma que entrega ótimos momentos emocionais, tornando McCall uma personagem cheio de camadas e fácil de se conectar - tudo isso sem maiores neuroses para não complicar demais! Sua performance, é preciso que se diga, é o coração da série, proporcionando uma ancoragem dramática que eleva o básico para um patamar que entrega uma ótima jornada de entretenimento. Já no elenco de apoio, é preciso citar Tory Kittles como o honrado Marcus Dante; Adam Goldberg como o hacker/nerd/moderninho, Harry Keshegian; e Liza Lapira como a ex-soldado sempre parceira, Melody. É muito bacana ver como cada "estereótipo" contribui significativamente para que a narrativa funcione de uma maneira tão orgânica e que nos traz certo conforto ao dar o play.

Antes de embarcar em "The Equalizer", saiba que, em sua tentativa de combinar ação e drama, a narrativa se apoia demais em clichês do gênero - o que pode diminuir sensivelmente a sua originalidade, mas ao mesmo tempo traz ótimas lembranças de uma época onde o divertido era só assistir Jack Bauer em "24 Horas". Esse é objetivo do projeto: soar familiar para os mais velhos e divertir uma nova geração sem exigir muito ou ter que fazer a audiência quebrar a cabeça. Não espere arcos mais longos e complexos, isso não faz parte do DNA da série - e funciona!

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Sabe aquele tipo de série "se dormir, dormiu", mas que não deixa de ser um ótimo entretenimento - bem no estilo procedural de ""CSI" ou "The Law & Order", com alguma ação mais empolgante, investigações razoavelmente inteligentes e uma narrativa bem amarrada? Pois bem, "The Equalizer" é a bola da vez - lançada em 2021 pela CBS, é um verdadeiro sucesso nos EUA, rendendo várias temporadas com uma dinâmica de ação e crime que reinventa a clássica série dos anos 80, mas agora com uma nova protagonista e uma abordagem mais contemporânea. Estrelada por Queen Latifah, a série oferece um novo conceito sobre os dilemas de um herói urbano, trazendo uma forte protagonista feminina para o centro de missões muito divertidas para quem quer passar o tempo sem ter que pensar muito.

Basicamente, a trama segue Robyn McCall (Queen Latifah), uma ex-agente da CIA que, após se afastar do mundo da espionagem, dedica-se a ajudar aqueles que não têm mais para onde recorrer. Usando suas habilidades de combate, investigação e inteligência, McCall se torna uma figura misteriosa conhecida como "The Equalizer", protegendo os oprimidos e punindo aqueles que se aproveitam dos mais fracos. Ao mesmo tempo, no entanto, ela precisa lidar com os desafios de ser mãe solteira de uma adolescente e de manter sua vida dupla em segredo para quem sabe encontrar um caminho menos traumático como mulher. Confira o trailer:

"The Equalizer" é dirigida por uma equipe talentosa que inclui nomes como Liz Friedlander (de "Jessica Jones") e Solvan "Slick" Naim (de "Black List") - eles conseguem manter um ritmo dinâmico e envolvente ao longo dos mais de 50 episódios, durante todas as temporadas. Com roteiro escrito por Andrew W. Marlowe (do clássico "Força Aérea Um") e Terri Edda Miller (de "Castle"), a série equilibra uma ótima atmosfera de ação com histórias que exploram questões sociais mais atuais, como corrupção, violência doméstica e até injustiça racial. Pautada nos clássicos da TV aberta americana, cada episódio funciona como uma narrativa fechada, com McCall resolvendo um caso por vez ao mesmo tempo em que outros arcos dos personagens vão, pouco a pouco, se ampliando e se desenvolvendo ao ponto de não conseguirmos mais parar de assistir. Veja, embora o formato "caso da semana" seja familiar e possa até parecer previsível para alguns, eu diria que aqui a série consegue manter nosso interesse especialmente por se aprofundar na vida pessoal de McCall. 

Queen Latifah traz uma presença carismática e poderosa para a série. Ela transita muito bem entre a dureza necessária de uma vigilante implacável com a sensibilidade de uma mãe que está tentando proteger sua família. Latifah é convincente nas cenas de ação da mesma forma que entrega ótimos momentos emocionais, tornando McCall uma personagem cheio de camadas e fácil de se conectar - tudo isso sem maiores neuroses para não complicar demais! Sua performance, é preciso que se diga, é o coração da série, proporcionando uma ancoragem dramática que eleva o básico para um patamar que entrega uma ótima jornada de entretenimento. Já no elenco de apoio, é preciso citar Tory Kittles como o honrado Marcus Dante; Adam Goldberg como o hacker/nerd/moderninho, Harry Keshegian; e Liza Lapira como a ex-soldado sempre parceira, Melody. É muito bacana ver como cada "estereótipo" contribui significativamente para que a narrativa funcione de uma maneira tão orgânica e que nos traz certo conforto ao dar o play.

Antes de embarcar em "The Equalizer", saiba que, em sua tentativa de combinar ação e drama, a narrativa se apoia demais em clichês do gênero - o que pode diminuir sensivelmente a sua originalidade, mas ao mesmo tempo traz ótimas lembranças de uma época onde o divertido era só assistir Jack Bauer em "24 Horas". Esse é objetivo do projeto: soar familiar para os mais velhos e divertir uma nova geração sem exigir muito ou ter que fazer a audiência quebrar a cabeça. Não espere arcos mais longos e complexos, isso não faz parte do DNA da série - e funciona!

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The Good Doctor

Você vai precisar de muita suspensão da realidade para se conectar com "The Good Doctor" - é como se estivéssemos assistindo uma série do final dos anos 90, por outro lado é inegável a forma como ela cativa o público com sua abordagem única de um gênero que parece nunca sair de moda na televisão americana: o drama médico. Com uma premissa intrigante e personagens muito bem desenvolvidos, a série proporciona uma experiência emocional do início ao fim - e é isso que nos mantém envolvidos.

Criada pelo David Shore, a mesma mente por trás de "House", "The Good Doctor" vem conquistando o coração do mundo inteiro ao explorar não apenas a genialidade da investigação médica, mas também as emoções e desafios pessoais enfrentados pelos próprios personagens - é como se a humanização de seus dramas se conectassem imediatamente aos desafios profissionais.

"The Good Doctor", basicamente, acompanha a jornada de Shaun Murphy (Freddie Highmore), um brilhante jovem cirurgião com autismo e síndrome de Savant. Enfrentando desafios e preconceitos, Shaun usa suas habilidades extraordinárias para salvar vidas no Hospital San Jose St. Bonaventure, enquanto precisa lidar com seus próprias desafios pessoais e emocionais. Confira o trailer:

Sem dúvida que o ponto alto de "The Good Doctor" é o desempenho extraordinário de Highmore. É impressionante como ele mergulha profundamente na psique de seu personagem - em muitos momentos temos a exata sensação de que Highmore na verdade nem existe, o que vemos ali é só o Shaun Murphy mesmo. Sua performance é irretocável, capaz de transmitir a vulnerabilidade e a inteligência do personagem com uma precisão notável. Ele consegue capturar os maneirismos de Shaun de uma forma muito autêntica, orgânica até, proporcionando uma representação extremamente respeitosa e empática do autismo.

Além disso, o roteiro habilmente escrito de "The Good Doctor" apresenta casos médicos intrigantes e complexos, mas de fácil assimilação graças ao texto inteligente e as aplicações gráficas que acontecem durante os episódios. A série explora uma variedade de temas e aborda dilemas éticos - sem falar em nos gatilhos emocionais com as histórias de superação, perseverança  e compaixão, oferecendo assim uma visão inspiradora da profissão. Como em "House", essa diversidade de casos mantém a trama fresca e empolgante, nos permitindo assistir um episódio aqui e outro ali, sem a necessidade de uma imersão mais profunda.

Apesar de todos os aspectos positivos, como é de se esperar pelo estilo narrativo da série, "The Good Doctor" tem alguns momentos em que a trama pode ser previsível demais. Em certos, os desfechos dos casos seguem uma fórmula já conhecida das séries do gênero e isso impacta na nossa experiência, mas não nos impede de seguir adiante pois já que sabemos que o formato é esse e pronto. Eu diria que, no geral, "The Good Doctor" é um ótimo e despretensioso entretenimento.

Vale o play!

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Você vai precisar de muita suspensão da realidade para se conectar com "The Good Doctor" - é como se estivéssemos assistindo uma série do final dos anos 90, por outro lado é inegável a forma como ela cativa o público com sua abordagem única de um gênero que parece nunca sair de moda na televisão americana: o drama médico. Com uma premissa intrigante e personagens muito bem desenvolvidos, a série proporciona uma experiência emocional do início ao fim - e é isso que nos mantém envolvidos.

Criada pelo David Shore, a mesma mente por trás de "House", "The Good Doctor" vem conquistando o coração do mundo inteiro ao explorar não apenas a genialidade da investigação médica, mas também as emoções e desafios pessoais enfrentados pelos próprios personagens - é como se a humanização de seus dramas se conectassem imediatamente aos desafios profissionais.

"The Good Doctor", basicamente, acompanha a jornada de Shaun Murphy (Freddie Highmore), um brilhante jovem cirurgião com autismo e síndrome de Savant. Enfrentando desafios e preconceitos, Shaun usa suas habilidades extraordinárias para salvar vidas no Hospital San Jose St. Bonaventure, enquanto precisa lidar com seus próprias desafios pessoais e emocionais. Confira o trailer:

Sem dúvida que o ponto alto de "The Good Doctor" é o desempenho extraordinário de Highmore. É impressionante como ele mergulha profundamente na psique de seu personagem - em muitos momentos temos a exata sensação de que Highmore na verdade nem existe, o que vemos ali é só o Shaun Murphy mesmo. Sua performance é irretocável, capaz de transmitir a vulnerabilidade e a inteligência do personagem com uma precisão notável. Ele consegue capturar os maneirismos de Shaun de uma forma muito autêntica, orgânica até, proporcionando uma representação extremamente respeitosa e empática do autismo.

Além disso, o roteiro habilmente escrito de "The Good Doctor" apresenta casos médicos intrigantes e complexos, mas de fácil assimilação graças ao texto inteligente e as aplicações gráficas que acontecem durante os episódios. A série explora uma variedade de temas e aborda dilemas éticos - sem falar em nos gatilhos emocionais com as histórias de superação, perseverança  e compaixão, oferecendo assim uma visão inspiradora da profissão. Como em "House", essa diversidade de casos mantém a trama fresca e empolgante, nos permitindo assistir um episódio aqui e outro ali, sem a necessidade de uma imersão mais profunda.

Apesar de todos os aspectos positivos, como é de se esperar pelo estilo narrativo da série, "The Good Doctor" tem alguns momentos em que a trama pode ser previsível demais. Em certos, os desfechos dos casos seguem uma fórmula já conhecida das séries do gênero e isso impacta na nossa experiência, mas não nos impede de seguir adiante pois já que sabemos que o formato é esse e pronto. Eu diria que, no geral, "The Good Doctor" é um ótimo e despretensioso entretenimento.

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The Jinx

Quando Ted Sarandos disse que queria que a Netflix se tornasse a HBO antes que a HBO pudesse se tornar uma Netflix, ele projetava que a Netflix pudesse ser tão boa quanto a HBO na produção de conteúdo original, antes mesmo que a HBO pudesse ser tão bom quanto a Netflix em oferecer produtos sob demanda. Assistindo "The Jinx" não pude deixar de refletir sobre essa afirmação do executivo da Netflix! "The Jinx" é incrível, realmente muito bom, ganhou 2 Emmys em 2015, inclusive de melhor série de "não-ficção" e mesmo assim não teve 1/5 da projeção, pelo menos no Brasil, do que representou "Making a Murderer"!

Isso mostra a força que a Netflix tem e como o trabalho de construção de uma marca ganhou tanta credibilidade ao desenvolver tantas produções de qualidade em tão pouco tempo. Não que a HBO não tenha feito, muito pelo contrário, mas as franquias Game of Thrones ou True Detective não duraram pra sempre. 

Dito isso, vamos ao que interessa: "The Jinx" é a melhor série de true crime já desenvolvida - pelo menos na nossa opinião! Após o relativo sucesso de "Entre Segredos e Mentiras", filme baseado nos casos de violência que cercaram o protagonista Robert Durst com Rian Gosling e Kristen Dunst, o diretor Andrew Jarecki recebeu um telefonema do próprio Durst. A proposta era simples, ele queria dar um depoimento em vídeo sobre sua versão dos acontecimentos da história. Esclarecer de uma vez por todas que ele não é e nunca foi um assassino em série. Completamente extasiado, Jarecki aceitou na hora e aí surgiu essa obra de arte da HBO. Confira o trailer:

O fato de "The Jinx" ser uma série documental de seis episódios ampliou nosso entendimento sobre a psique do milionário nova-iorquino Robert Durst. Andrew Jarecki usou de anos de pesquisa para compor uma verdadeira e complicada investigação sobre Durst - um homem complexo, frio, tido como o principal suspeito de uma série de crimes não solucionados. Chega a ser impressionante como Jarecki tem a capacidade de fazer as perguntas certas ao mesmo tempo em que vai construindo uma linha temporal que culmina em um dos finais mais impressionantes que eu já assisti em toda a minha vida - e não estou brincando! Foram 25 horas de depoimento de Durst muito bem amarrados com encenações e gravações de arquivo que vão mudando a história de acordo com a própria investigação.

Carismático e inteligente, Robert Durst parece ter saído das histórias mais macabras sobre assassinatos e, mesmo que o público não saiba se ele realmente cometeu os assassinatos, sua serenidade assustadora acaba nos conquistando - é impressionante! O fato é que o documentário nos provoca a cada episódio, nos fazendo questionar se aquele homem tão particular (e corajoso - afinal ele está dando a cara a tapa a todo momento) é realmente um assassino ou apenas um azarado (por isso o “jinx” do título), que estava sempre no lugar e na hora errada.

Veja, "Making a Murderer" é realmente muito bom, claro, mas "The Jinx" é ainda melhor! Pode acreditar!

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Quando Ted Sarandos disse que queria que a Netflix se tornasse a HBO antes que a HBO pudesse se tornar uma Netflix, ele projetava que a Netflix pudesse ser tão boa quanto a HBO na produção de conteúdo original, antes mesmo que a HBO pudesse ser tão bom quanto a Netflix em oferecer produtos sob demanda. Assistindo "The Jinx" não pude deixar de refletir sobre essa afirmação do executivo da Netflix! "The Jinx" é incrível, realmente muito bom, ganhou 2 Emmys em 2015, inclusive de melhor série de "não-ficção" e mesmo assim não teve 1/5 da projeção, pelo menos no Brasil, do que representou "Making a Murderer"!

Isso mostra a força que a Netflix tem e como o trabalho de construção de uma marca ganhou tanta credibilidade ao desenvolver tantas produções de qualidade em tão pouco tempo. Não que a HBO não tenha feito, muito pelo contrário, mas as franquias Game of Thrones ou True Detective não duraram pra sempre. 

Dito isso, vamos ao que interessa: "The Jinx" é a melhor série de true crime já desenvolvida - pelo menos na nossa opinião! Após o relativo sucesso de "Entre Segredos e Mentiras", filme baseado nos casos de violência que cercaram o protagonista Robert Durst com Rian Gosling e Kristen Dunst, o diretor Andrew Jarecki recebeu um telefonema do próprio Durst. A proposta era simples, ele queria dar um depoimento em vídeo sobre sua versão dos acontecimentos da história. Esclarecer de uma vez por todas que ele não é e nunca foi um assassino em série. Completamente extasiado, Jarecki aceitou na hora e aí surgiu essa obra de arte da HBO. Confira o trailer:

O fato de "The Jinx" ser uma série documental de seis episódios ampliou nosso entendimento sobre a psique do milionário nova-iorquino Robert Durst. Andrew Jarecki usou de anos de pesquisa para compor uma verdadeira e complicada investigação sobre Durst - um homem complexo, frio, tido como o principal suspeito de uma série de crimes não solucionados. Chega a ser impressionante como Jarecki tem a capacidade de fazer as perguntas certas ao mesmo tempo em que vai construindo uma linha temporal que culmina em um dos finais mais impressionantes que eu já assisti em toda a minha vida - e não estou brincando! Foram 25 horas de depoimento de Durst muito bem amarrados com encenações e gravações de arquivo que vão mudando a história de acordo com a própria investigação.

Carismático e inteligente, Robert Durst parece ter saído das histórias mais macabras sobre assassinatos e, mesmo que o público não saiba se ele realmente cometeu os assassinatos, sua serenidade assustadora acaba nos conquistando - é impressionante! O fato é que o documentário nos provoca a cada episódio, nos fazendo questionar se aquele homem tão particular (e corajoso - afinal ele está dando a cara a tapa a todo momento) é realmente um assassino ou apenas um azarado (por isso o “jinx” do título), que estava sempre no lugar e na hora errada.

Veja, "Making a Murderer" é realmente muito bom, claro, mas "The Jinx" é ainda melhor! Pode acreditar!

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The Killing

"The Killing", para mim, é uma das melhores séries de drama policial já produzida - um dos raros casos que a versão americana é melhor ou, no mínimo, tão boa quanto a versão original! A série foi um verdadeiro sucesso em 2011, quando chegou a receber 6 indicações ao Emmy daquele ano. Com uma narrativa muito bem equilibrada e extremamente envolvente, a série mistura elementos de suspense e mistério capaz de prender a nossa atenção desde o primeiro até o último episódio, bem ao estilo das minisséries de crimes da HBO - aliás, talvez aqui caiba minha única crítica à produção, mesmo entendendo que eram outros tempos: ela poderia ter terminado no final da segunda temporada, mas o fato é que seu final só foi na quarta. Com uma trama meticulosamente elaborada e uma direção impecável, a série nos conduz por uma jornada intensa e repleta de reviravoltas que vai te surpreender.

Baseada na dinamarquesa "Forbrydelsen", "The Killing" se passa em Seattle e acompanha a detetive Sarah Linden (Mireille Enos) e seu parceiro Stephen Holder (Joel Kinnaman) enquanto investigam o assassinato da adolescente Rosie Larsen. O que parece ser um caso isolado acaba se tornando uma teia complexa de mistérios e segredos, envolvendo políticos, famílias influentes e até a própria polícia. Confira o trailer (em inglês):

Sem dúvida que o estilo de narrativa de "The Killing" é marcado por uma abordagem bastante cuidadosa, extremamente detalhada, para que as peças apresentadas, encaixadas ou não, nos deixem cheios de dúvidas. Cada episódio, de fato, é repleto de pistas e diálogos bem estruturados para que não tenhamos a sensação de estarmos sendo "enrolados". Soma-se a isso uma atmosfera sombria (brilhantemente fotografado, em sua maioria, pelo Gregory Middleton de "Game of Thrones" e "Watchmen") que contribui demais para a tensão crescente da trama. 

Os personagens também são muito bem construídos - não existe superficialidade. Todos são bem desenvolvidos ao longo das temporadas de forma a percebermos suas complexidades - seja no que existe de melhor e de pior no ser humano. Mireille Enos entrega uma performance cativante como a determinada detetive Linden, cuja dedicação à resolução do caso muitas vezes a coloca em conflito com sua própria vida pessoal. Joel Kinnaman também se destaca como o carismático e perspicaz Stephen Holder, trazendo um equilíbrio perfeito para a dupla de investigadores. Os dois dão um show - nos importamos com eles!

Assim como alguns filmes no estilo "Garota Exemplar" ou até séries como "Sharp Objects" ou "The Night Of""The Killing" desafia as convenções do gênero ao partir de um crime e sua investigação, para explorar temas ainda mais profundos sobre a natureza humana, as consequências de algumas escolhas e o preço da busca pela verdade. Eu diria que essa série é uma das experiências mais intensas e satisfatórias de uma era pré-streaming que vai prender os amantes de suspense e dramas policiais bem elaborados, como poucas - pode me cobrar depois!

Se prepare e dê o play sem medo!

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"The Killing", para mim, é uma das melhores séries de drama policial já produzida - um dos raros casos que a versão americana é melhor ou, no mínimo, tão boa quanto a versão original! A série foi um verdadeiro sucesso em 2011, quando chegou a receber 6 indicações ao Emmy daquele ano. Com uma narrativa muito bem equilibrada e extremamente envolvente, a série mistura elementos de suspense e mistério capaz de prender a nossa atenção desde o primeiro até o último episódio, bem ao estilo das minisséries de crimes da HBO - aliás, talvez aqui caiba minha única crítica à produção, mesmo entendendo que eram outros tempos: ela poderia ter terminado no final da segunda temporada, mas o fato é que seu final só foi na quarta. Com uma trama meticulosamente elaborada e uma direção impecável, a série nos conduz por uma jornada intensa e repleta de reviravoltas que vai te surpreender.

Baseada na dinamarquesa "Forbrydelsen", "The Killing" se passa em Seattle e acompanha a detetive Sarah Linden (Mireille Enos) e seu parceiro Stephen Holder (Joel Kinnaman) enquanto investigam o assassinato da adolescente Rosie Larsen. O que parece ser um caso isolado acaba se tornando uma teia complexa de mistérios e segredos, envolvendo políticos, famílias influentes e até a própria polícia. Confira o trailer (em inglês):

Sem dúvida que o estilo de narrativa de "The Killing" é marcado por uma abordagem bastante cuidadosa, extremamente detalhada, para que as peças apresentadas, encaixadas ou não, nos deixem cheios de dúvidas. Cada episódio, de fato, é repleto de pistas e diálogos bem estruturados para que não tenhamos a sensação de estarmos sendo "enrolados". Soma-se a isso uma atmosfera sombria (brilhantemente fotografado, em sua maioria, pelo Gregory Middleton de "Game of Thrones" e "Watchmen") que contribui demais para a tensão crescente da trama. 

Os personagens também são muito bem construídos - não existe superficialidade. Todos são bem desenvolvidos ao longo das temporadas de forma a percebermos suas complexidades - seja no que existe de melhor e de pior no ser humano. Mireille Enos entrega uma performance cativante como a determinada detetive Linden, cuja dedicação à resolução do caso muitas vezes a coloca em conflito com sua própria vida pessoal. Joel Kinnaman também se destaca como o carismático e perspicaz Stephen Holder, trazendo um equilíbrio perfeito para a dupla de investigadores. Os dois dão um show - nos importamos com eles!

Assim como alguns filmes no estilo "Garota Exemplar" ou até séries como "Sharp Objects" ou "The Night Of""The Killing" desafia as convenções do gênero ao partir de um crime e sua investigação, para explorar temas ainda mais profundos sobre a natureza humana, as consequências de algumas escolhas e o preço da busca pela verdade. Eu diria que essa série é uma das experiências mais intensas e satisfatórias de uma era pré-streaming que vai prender os amantes de suspense e dramas policiais bem elaborados, como poucas - pode me cobrar depois!

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The Last of Us

Se você ainda não assistiu, dê o play sem o menor receio de errar, mas saiba: muito mais do que uma "série de zumbis", "The Last of Us" é uma jornada de autoconhecimento, emocionalmente carregada de feridas profundas, onde as relações estabelecidas entre os personagens tem muito mais valor do que a mera luta pela sobrevivência ou pela cura da humanidade. Lançada em 2023 pela HBO, a série é uma adaptação do aclamado jogo de videogame da Naughty Dog, criado por Neil Druckmann. Com uma narrativa poderosa e personagens cheios de camadas, "The Last of Us" traz para as telas uma história de redenção em um mundo pós-apocalíptico que nos envolve do inicio ao fim! Desenvolvida por Craig Mazin (a mente criativa por trás de "Chernobyl") e pelo próprio Neil Druckmann, a série consegue capturar a essência do jogo ao mesmo tempo que expande as possibilidades dramáticas, oferecendo uma experiência cinematográfica intensa e emocionalmente, de fato, ressonante. Imperdível!

A trama se passa em uma realidade onde parte da humanidade foi dizimada por uma infecção fúngica que transforma pessoas em uma espécie de zumbi. Joel (Pedro Pascal), um sobrevivente que carrega a dor de ter perdido sua filha adolescente, é incumbido de proteger Ellie (Bella Ramsey), uma jovem que pode ser a chave para encontrar uma cura. A série segue sua perigosa jornada através de um Estados Unidos devastado, explorando os laços que se formam na busca por um bem maior e os sacrifícios feitos em troca de alguma esperança. Confira o trailer:

Mazin e Druckmann trazem para "The Last of Us" uma jornada sensível diante do caos que é 'viver sob uma ameaça invisível - algo que parecia distante, mas que, nas devidas proporções, experienciamos durante a pandemia. Acontece que aqui o invisível vai ganhando forma e o horror do inexplicável se transforma em algo ainda mais assustador. Embora a série nos entregue uma fotografia deslumbrante e grandiosa das paisagens devastadas de um EUA irreconhecível, é na intimidade das interações humanas (e na sua constante tensão) que a série muda de patamar. As cores sombrias e a iluminação naturalista extremamente recortada pelas intervenções externas da destruição, criam uma atmosfera tão opressiva quanto autêntica que acaba nos envolvendo em uma realidade brutal de um mundo pós-apocalíptico que nem parece tão absurdo assim - e esse fator mais, digamos, palpável diante do que em outros tempos parecia apenas ficção, é que se torna essencial para nossa imersão pela cruzada de Joel e Ellie. E olha, de certa forma foi assim do videogame, e agora só potencializou na série.

O roteiro é fiel ao material original e o conceito visual, idem. Mas é preciso dizer que a série também oferece novas camadas de profundidade aos personagens e ao mundo que nos é apresentado. Mazin e Druckmann sabem equilibrar a luta pela vida, em vários momentos de ação, com pausas introspectivas, poéticas até, que exploram temas como a dor e as marcas da perda, sugerindo um olhar de esperança e de fé na humanidade. É interessante como essa premissa mais sensível do roteiro impacta em diálogos mais afiados e cheios de subtexto, fugindo um pouco do gênero "sobrevivência" para refletir as complexidades das relações entre os personagens e os dilemas morais que cada um deles enfrentam durante a jornada. Pedro Pascal captura a dureza quase bronca de Joel com a vulnerabilidade interior de um pai marcado por uma tragédia - sua intensidade emocional torna seu personagem uma figura profundamente empática. Já Bella Ramsey traz uma mistura de coragem, inocência e determinação, sempre com um toque de ironia para não dizer, de deboche. Mas é a química entre os dois que deixa tudo ainda mais real, formando uma conexão emocional entre a audiência e a série que chama atenção desde o primeiro episódio.

"The Last of Us" não está isenta de críticas. Algumas pessoas podem achar que a série, em sua fidelidade ao jogo, é previsível demais. Eu discordo. Claro que a história é a mesma, alguns enquadramentos e várias sequências são praticamente uma cópia em live-action, mas a série traz uma intensidade emocional diferente, mais contemplativa até, e a violência gráfica que encontramos no jogo, na minha opinião, está ainda melhor aqui. O fato é que "The Last of Us" é uma adaptação notável, que consegue honrar o legado do jogo e ainda oferecer uma experiência cinematográfica envolvente e profunda -  uma exploração poderosa da condição humana em face da adversidade extrema, destacando os laços que nos definem e os sacrifícios que fazemos por aqueles que amamos. Sem dúvida, uma das melhores produções realizadas nos últimos anos!

"The Last of Us" ganhou 8 Emmys em 2023 depois de receber, surpreendentes, 24 indicações!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Se você ainda não assistiu, dê o play sem o menor receio de errar, mas saiba: muito mais do que uma "série de zumbis", "The Last of Us" é uma jornada de autoconhecimento, emocionalmente carregada de feridas profundas, onde as relações estabelecidas entre os personagens tem muito mais valor do que a mera luta pela sobrevivência ou pela cura da humanidade. Lançada em 2023 pela HBO, a série é uma adaptação do aclamado jogo de videogame da Naughty Dog, criado por Neil Druckmann. Com uma narrativa poderosa e personagens cheios de camadas, "The Last of Us" traz para as telas uma história de redenção em um mundo pós-apocalíptico que nos envolve do inicio ao fim! Desenvolvida por Craig Mazin (a mente criativa por trás de "Chernobyl") e pelo próprio Neil Druckmann, a série consegue capturar a essência do jogo ao mesmo tempo que expande as possibilidades dramáticas, oferecendo uma experiência cinematográfica intensa e emocionalmente, de fato, ressonante. Imperdível!

A trama se passa em uma realidade onde parte da humanidade foi dizimada por uma infecção fúngica que transforma pessoas em uma espécie de zumbi. Joel (Pedro Pascal), um sobrevivente que carrega a dor de ter perdido sua filha adolescente, é incumbido de proteger Ellie (Bella Ramsey), uma jovem que pode ser a chave para encontrar uma cura. A série segue sua perigosa jornada através de um Estados Unidos devastado, explorando os laços que se formam na busca por um bem maior e os sacrifícios feitos em troca de alguma esperança. Confira o trailer:

Mazin e Druckmann trazem para "The Last of Us" uma jornada sensível diante do caos que é 'viver sob uma ameaça invisível - algo que parecia distante, mas que, nas devidas proporções, experienciamos durante a pandemia. Acontece que aqui o invisível vai ganhando forma e o horror do inexplicável se transforma em algo ainda mais assustador. Embora a série nos entregue uma fotografia deslumbrante e grandiosa das paisagens devastadas de um EUA irreconhecível, é na intimidade das interações humanas (e na sua constante tensão) que a série muda de patamar. As cores sombrias e a iluminação naturalista extremamente recortada pelas intervenções externas da destruição, criam uma atmosfera tão opressiva quanto autêntica que acaba nos envolvendo em uma realidade brutal de um mundo pós-apocalíptico que nem parece tão absurdo assim - e esse fator mais, digamos, palpável diante do que em outros tempos parecia apenas ficção, é que se torna essencial para nossa imersão pela cruzada de Joel e Ellie. E olha, de certa forma foi assim do videogame, e agora só potencializou na série.

O roteiro é fiel ao material original e o conceito visual, idem. Mas é preciso dizer que a série também oferece novas camadas de profundidade aos personagens e ao mundo que nos é apresentado. Mazin e Druckmann sabem equilibrar a luta pela vida, em vários momentos de ação, com pausas introspectivas, poéticas até, que exploram temas como a dor e as marcas da perda, sugerindo um olhar de esperança e de fé na humanidade. É interessante como essa premissa mais sensível do roteiro impacta em diálogos mais afiados e cheios de subtexto, fugindo um pouco do gênero "sobrevivência" para refletir as complexidades das relações entre os personagens e os dilemas morais que cada um deles enfrentam durante a jornada. Pedro Pascal captura a dureza quase bronca de Joel com a vulnerabilidade interior de um pai marcado por uma tragédia - sua intensidade emocional torna seu personagem uma figura profundamente empática. Já Bella Ramsey traz uma mistura de coragem, inocência e determinação, sempre com um toque de ironia para não dizer, de deboche. Mas é a química entre os dois que deixa tudo ainda mais real, formando uma conexão emocional entre a audiência e a série que chama atenção desde o primeiro episódio.

"The Last of Us" não está isenta de críticas. Algumas pessoas podem achar que a série, em sua fidelidade ao jogo, é previsível demais. Eu discordo. Claro que a história é a mesma, alguns enquadramentos e várias sequências são praticamente uma cópia em live-action, mas a série traz uma intensidade emocional diferente, mais contemplativa até, e a violência gráfica que encontramos no jogo, na minha opinião, está ainda melhor aqui. O fato é que "The Last of Us" é uma adaptação notável, que consegue honrar o legado do jogo e ainda oferecer uma experiência cinematográfica envolvente e profunda -  uma exploração poderosa da condição humana em face da adversidade extrema, destacando os laços que nos definem e os sacrifícios que fazemos por aqueles que amamos. Sem dúvida, uma das melhores produções realizadas nos últimos anos!

"The Last of Us" ganhou 8 Emmys em 2023 depois de receber, surpreendentes, 24 indicações!

Vale muito o seu play!

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The Looming Tower

"The Looming Tower" é uma das melhores minisséries que assisti ultimamente. Se você gosta da "tríade": investigação x terrorismo x política, você não vai conseguir parar de assistir esse projeto da Hulu que aqui no Brasil é distribuído pela Amazon Prime Vídeo! Confira o trailer:

Baseada no livro de Lawrence Wright, lançado em 2006 e ganhador do Prêmio Pulitzer, a história acompanha o crescimento da ameaça de terrorismo que os EUA viviam no inicio dos anos 2000, representada pela Al-Qaeda de Osama bin Laden. O roteiro expõe de maneira muito inteligente, a tensão, a desconfiança  e a rivalidade entre a CIA e o FBI, além das falhas (reais) que essa disputa representou na luta para impedir a tragédia de 11 de setembro. É realmente um absurdo!

O roteiro tem como foco a jornada de dois personagens: John O'Neill (Jeff Daniels), chefe do esquadrão antiterrorista do FBI, e seu braço direito Ali Soufan (Tahar Rahim), libanês naturalizado americano. Juntos eles trabalhavam para impedir os avanços da Al-Qaeda, tanto no ocidente como no oriente. Porém, além das naturais dificuldades nas investigações, existia uma disputa de ego e poder, que dificultava o fluxo de informações entre a burocrata CIA e os agentes de campo do FBI. O triste é perceber que a individualidade do ser humano não foi capaz impedir o maior ataque terrorista da história - e isso fica muito claro nas cenas reais do interrogatório feito pelo Congresso Americano após os acontecimentos! É preciso dizer, porém, que o roteirista e criador da série Dan Futterman (de "Gracepoint" e "Foxcatcher") demoniza apenas um lado da história - uma dinâmica que ajuda a estabelecer quem é o bandido e quem é o mocinho, mas que na vida real sabemos não ser assim que acontece e isso enfraquece a credibilidade da discussão principal da série: a incapacidade que as agências do FBI e da CIA tiveram de trabalhar em conjunto!

Sempre ancorado em eventos reais, a linha do tempo de "The Looming Tower" nos ajuda a entender a lógica de muitos personagens: da ideologia à ação. Vemos (ou ouvimos) comentários sobre o caso de Monica Lewinsky e o então presidente Bill Clinton no exato período onde alguns ataques aéreos ao Afeganistão matavam centenas de inocentes - a cena do menino olhando o míssil se aproximando é uma das coisas mais bacanas que eu já assisti e depois toda sua explicação sobre o fato deixa claro que o problema é muito maior do que podemos imaginar (e os EUA é parte dele). Os ataques a embaixada no Quênia, ao destroyer USS Cole no porto de Áden, no Iêmen, e até a liderança desastrosa de George W. Bush e Condeleeza Rice já mais próximos ao "9/11", tudo está lá, muito bem pontuado! Jeff Daniels talvez tenha feito seu melhor trabalho da carreira - o que lhe rendeu uma indicação ao Emmy de 2018. Peter Sarsgaard está intragável como Martin Schmidt e, claro, Bill Camp sempre impecável!

Muito bem dirigida e extremamente bem produzida (a recriação das Torres Gêmeas chega a dar um certo mal estar pela perfeição da fotografia), "The Looming Tower" é daquelas minisséries inesquecíveis, tipo "Chernobyl" - sem o menor medo de errar! Não espere cenas de terroristas dentro dos aviões ou até dos aviões batendo nas Torres - embora esse exato momento tenha sido uma das soluções mais inteligentes que já acompanhei e muito, mas muito, impactante! A série é sobre os bastidores, com uma ou outra cena de ação, mas seu forte está no diálogo e na construção do quebra-cabeça para impedir atos terroristas!

Vale muito a pena, são 10 episódio de 50 minutos que vão te prender, mesmo todos já sabendo o final!

Assista Agora

"The Looming Tower" é uma das melhores minisséries que assisti ultimamente. Se você gosta da "tríade": investigação x terrorismo x política, você não vai conseguir parar de assistir esse projeto da Hulu que aqui no Brasil é distribuído pela Amazon Prime Vídeo! Confira o trailer:

Baseada no livro de Lawrence Wright, lançado em 2006 e ganhador do Prêmio Pulitzer, a história acompanha o crescimento da ameaça de terrorismo que os EUA viviam no inicio dos anos 2000, representada pela Al-Qaeda de Osama bin Laden. O roteiro expõe de maneira muito inteligente, a tensão, a desconfiança  e a rivalidade entre a CIA e o FBI, além das falhas (reais) que essa disputa representou na luta para impedir a tragédia de 11 de setembro. É realmente um absurdo!

O roteiro tem como foco a jornada de dois personagens: John O'Neill (Jeff Daniels), chefe do esquadrão antiterrorista do FBI, e seu braço direito Ali Soufan (Tahar Rahim), libanês naturalizado americano. Juntos eles trabalhavam para impedir os avanços da Al-Qaeda, tanto no ocidente como no oriente. Porém, além das naturais dificuldades nas investigações, existia uma disputa de ego e poder, que dificultava o fluxo de informações entre a burocrata CIA e os agentes de campo do FBI. O triste é perceber que a individualidade do ser humano não foi capaz impedir o maior ataque terrorista da história - e isso fica muito claro nas cenas reais do interrogatório feito pelo Congresso Americano após os acontecimentos! É preciso dizer, porém, que o roteirista e criador da série Dan Futterman (de "Gracepoint" e "Foxcatcher") demoniza apenas um lado da história - uma dinâmica que ajuda a estabelecer quem é o bandido e quem é o mocinho, mas que na vida real sabemos não ser assim que acontece e isso enfraquece a credibilidade da discussão principal da série: a incapacidade que as agências do FBI e da CIA tiveram de trabalhar em conjunto!

Sempre ancorado em eventos reais, a linha do tempo de "The Looming Tower" nos ajuda a entender a lógica de muitos personagens: da ideologia à ação. Vemos (ou ouvimos) comentários sobre o caso de Monica Lewinsky e o então presidente Bill Clinton no exato período onde alguns ataques aéreos ao Afeganistão matavam centenas de inocentes - a cena do menino olhando o míssil se aproximando é uma das coisas mais bacanas que eu já assisti e depois toda sua explicação sobre o fato deixa claro que o problema é muito maior do que podemos imaginar (e os EUA é parte dele). Os ataques a embaixada no Quênia, ao destroyer USS Cole no porto de Áden, no Iêmen, e até a liderança desastrosa de George W. Bush e Condeleeza Rice já mais próximos ao "9/11", tudo está lá, muito bem pontuado! Jeff Daniels talvez tenha feito seu melhor trabalho da carreira - o que lhe rendeu uma indicação ao Emmy de 2018. Peter Sarsgaard está intragável como Martin Schmidt e, claro, Bill Camp sempre impecável!

Muito bem dirigida e extremamente bem produzida (a recriação das Torres Gêmeas chega a dar um certo mal estar pela perfeição da fotografia), "The Looming Tower" é daquelas minisséries inesquecíveis, tipo "Chernobyl" - sem o menor medo de errar! Não espere cenas de terroristas dentro dos aviões ou até dos aviões batendo nas Torres - embora esse exato momento tenha sido uma das soluções mais inteligentes que já acompanhei e muito, mas muito, impactante! A série é sobre os bastidores, com uma ou outra cena de ação, mas seu forte está no diálogo e na construção do quebra-cabeça para impedir atos terroristas!

Vale muito a pena, são 10 episódio de 50 minutos que vão te prender, mesmo todos já sabendo o final!

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The Morning Show

Quando "The Morning Show" foi apresentado, rapidamente associei sua importância como uma espécie de "House of Cards" da AppleTV+! Não só por na época ser o cartão de visitas do novo serviço de streaming da Apple, mas também por trabalhar elementos muito próximos ao sucesso da Netflix. Focado nos dramas e intrigas nos bastidores do programa jornalístico matinal de maior sucesso dos EUA, "The Morning Show" escancara a incansável necessidade do ser humano na busca pelo poder e pelo sucesso a qualquer preço!

Baseada no livro "Top of the Morning: Inside the Cutthroat World of Morning TV", de Brian Stelter e com roteiro de Kerry Ehrin ("Bates Motel"), "The Morning Show" retrata os reflexos de um escândalo sexual envolvendo seu principal âncora, Mitch Kessler (Steve Carell). Após 15 anos de parceria, agora sozinha na bancada, a experiente e respeitada jornalista Alex Levy (Jennifer Aniston) se vê pressionada a reformular o programa a fim de aumentar a audiência e manter seu emprego - já que para os executivos da emissora, uma transformação seria necessária para se adequar a um estilo de jornalismo mais moderno. É nesse turbilhão que surge Bradley Jackson (Reese Witherspoon), uma repórter vinda do interior que ganhou notoriedade nacional após um vídeo, onde confrontava um manifestante, viralizar na internet. Convidada a dividir a bancada com Alex Levy, Bradley Jackson "cai de para-quedas" em um ambiente cheio de egos, traições e mentiras onde o desafio diário não é a busca pela verdade e sim a manutenção do emprego!

Depois de alguns episódios fica claro que "The Morning Show" tem força, mas que precisa de alguns ajustes - e isso acontece. A necessidade de criar uma dinâmica que prendesse um potencial novo assinante, mais atrapalha do que ajuda. No começo você vai perceber uma necessidade enorme de criar subtramas que surgem sem o menor sentido, mas depois elas vão perdendo força porque não se sustentam como deveriam e o que interessa passa a fluir melhor.

Jennifer Aniston começa muito bem, mas com o decorrer dos episódios vai cansando (é incrível como ainda vemos a Rachel em determinadas atitudes da personagem - aliás, eu diria até que Alex Levy é o que poderia ter se tornado a personagem de "Friends" mais velha - mimada e fria). Reese Witherspoon por outro lado mostra que continua em ótima forma depois de "Big Little Lies" - ela funciona bem como uma desbocada jornalista caipira idealista. É perceptível que o elenco cheio de atores conhecidos como Nestor Carbonell, Billy Crudup, Mark Duplass, Bel Powley e Joe Marinelli, podem entregar ótimas histórias, com personagens bem complexos e interessantes, mas depois da primeira temporada, será vital para a série que o roteiro de Kerry Ehrin encontre um maior equilíbrio e uma certa identidade!

Os assuntos são ótimos e aí eu destaco a maneira como a história do assédio envolvendo Mitch é contada - além de mostrar a famosa "caça as bruxas", tão comum nos dias de hoje, ela nos provoca a pensar sobre o princípio da dúvida, isso instiga e valoriza a discussão - o último episódio, inclusive, coloca o assunto em outro patamar, com cenas chocantes e diálogos bem pesados! Outro ponto interessante é a relação familiar de Alex e a sensação de vazio que a personagem passa, mesmo quando está ao lado do ex-marido e da filha adolescente - é uma pena que vá perdendo força durante a temporada até sumir nos 3 ou 4 últimos episódios!

A produção não poderia ser melhor - são 15 milhões de dólares por episódio (números nível GoT). Muito bem dirigida e fotografada (aqui a referência de House of Cards é até mais clara). Vários planos sequência, trocando o foco do protagonismo naturalmente, tudo realizado com inteligência, técnica e propósito - muito bom! A trilha sonora também está excelente. 

Indico com a maior tranquilidade. Vale seu play!

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Quando "The Morning Show" foi apresentado, rapidamente associei sua importância como uma espécie de "House of Cards" da AppleTV+! Não só por na época ser o cartão de visitas do novo serviço de streaming da Apple, mas também por trabalhar elementos muito próximos ao sucesso da Netflix. Focado nos dramas e intrigas nos bastidores do programa jornalístico matinal de maior sucesso dos EUA, "The Morning Show" escancara a incansável necessidade do ser humano na busca pelo poder e pelo sucesso a qualquer preço!

Baseada no livro "Top of the Morning: Inside the Cutthroat World of Morning TV", de Brian Stelter e com roteiro de Kerry Ehrin ("Bates Motel"), "The Morning Show" retrata os reflexos de um escândalo sexual envolvendo seu principal âncora, Mitch Kessler (Steve Carell). Após 15 anos de parceria, agora sozinha na bancada, a experiente e respeitada jornalista Alex Levy (Jennifer Aniston) se vê pressionada a reformular o programa a fim de aumentar a audiência e manter seu emprego - já que para os executivos da emissora, uma transformação seria necessária para se adequar a um estilo de jornalismo mais moderno. É nesse turbilhão que surge Bradley Jackson (Reese Witherspoon), uma repórter vinda do interior que ganhou notoriedade nacional após um vídeo, onde confrontava um manifestante, viralizar na internet. Convidada a dividir a bancada com Alex Levy, Bradley Jackson "cai de para-quedas" em um ambiente cheio de egos, traições e mentiras onde o desafio diário não é a busca pela verdade e sim a manutenção do emprego!

Depois de alguns episódios fica claro que "The Morning Show" tem força, mas que precisa de alguns ajustes - e isso acontece. A necessidade de criar uma dinâmica que prendesse um potencial novo assinante, mais atrapalha do que ajuda. No começo você vai perceber uma necessidade enorme de criar subtramas que surgem sem o menor sentido, mas depois elas vão perdendo força porque não se sustentam como deveriam e o que interessa passa a fluir melhor.

Jennifer Aniston começa muito bem, mas com o decorrer dos episódios vai cansando (é incrível como ainda vemos a Rachel em determinadas atitudes da personagem - aliás, eu diria até que Alex Levy é o que poderia ter se tornado a personagem de "Friends" mais velha - mimada e fria). Reese Witherspoon por outro lado mostra que continua em ótima forma depois de "Big Little Lies" - ela funciona bem como uma desbocada jornalista caipira idealista. É perceptível que o elenco cheio de atores conhecidos como Nestor Carbonell, Billy Crudup, Mark Duplass, Bel Powley e Joe Marinelli, podem entregar ótimas histórias, com personagens bem complexos e interessantes, mas depois da primeira temporada, será vital para a série que o roteiro de Kerry Ehrin encontre um maior equilíbrio e uma certa identidade!

Os assuntos são ótimos e aí eu destaco a maneira como a história do assédio envolvendo Mitch é contada - além de mostrar a famosa "caça as bruxas", tão comum nos dias de hoje, ela nos provoca a pensar sobre o princípio da dúvida, isso instiga e valoriza a discussão - o último episódio, inclusive, coloca o assunto em outro patamar, com cenas chocantes e diálogos bem pesados! Outro ponto interessante é a relação familiar de Alex e a sensação de vazio que a personagem passa, mesmo quando está ao lado do ex-marido e da filha adolescente - é uma pena que vá perdendo força durante a temporada até sumir nos 3 ou 4 últimos episódios!

A produção não poderia ser melhor - são 15 milhões de dólares por episódio (números nível GoT). Muito bem dirigida e fotografada (aqui a referência de House of Cards é até mais clara). Vários planos sequência, trocando o foco do protagonismo naturalmente, tudo realizado com inteligência, técnica e propósito - muito bom! A trilha sonora também está excelente. 

Indico com a maior tranquilidade. Vale seu play!

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The Newsroom

"The Newsroom" é daquelas pérolas que nem acreditamos que deixamos passar na época de seu lançamento - no caso, em 2012. Aqui temos um drama verdadeiramente imperdível, dinâmico, inteligente e viciante, que acompanha os bastidores de um telejornal americano, liderado pelo ácido e talentoso Will McAvoy (um Jeff Daniels no melhor de sua forma). Criada pelo premiado Aaron Sorkin (de "A Rede Social"), a série se destaca pelas tramas fluídas de seus episódios, com aqueles diálogos rápidos e envolventes (tão característicos de Sorkin), personagens extremamente complexos e temas bastante relevantes ainda hoje. Ao levantar discussões sobre a ética jornalística, o patriotismo como pauta e os desafios da mídia na era digital, "The Newsroom"pode até soar datado para alguns, mas ao olhar em retrospectiva, certamente será um entretenimento de altíssima qualidade que deixará saudades após sua terceira temporada - pode acreditar!

A trama em si gira em torno da equipe do "News Night", que busca apresentar notícias de qualidade em um mundo dominado pela busca por audiência. Will, um jornalista veterano e idealista, se choca com a nova produtora executiva, MacKenzie McHale (Emily Mortimer), sua ex-namorada, que deseja modernizar o programa. Juntos, eles e a equipe enfrentam dilemas éticos, conflitos pessoais e, claro, a pressão constante pela conquista do público. Confira o trailer:

"The Newsroom", pode acreditar, é mais do que um drama sobre jornalismo. A série é uma reflexão sobre o papel da mídia na sociedade americana e como os desafios da profissão em tempos de fake news são tão delicados. O roteiro de Sorkin é muito feliz ao apresentar um retrato idealizado do jornalismo, onde a verdade e a ética são prioridades absolutas, e apesar de algumas críticas por ser fantasioso demais, é impossível não reconhecer sua força como entretenimento. Veja, a série consegue ser emocionante e inspiradora, mostrando a importância de um jornalismo sério e comprometido com a verdade - e isso é de fato empolgante para quem gosta dos bastidores da TV.

Visualmente rica, a fotografia belíssima do Todd McMullen (de "The Leftovers") e a direção precisa de Alan Poul (de "Tokyo Vice) capturam todo aquele clima de tensão e ansiedade, além daquela energia tão particular de uma redação - sim, existe um certo tom de romance aqui, mas eu diria completamente perdoável dada a experiência maravilhosa que essa imersão proporciona. As performances, claro, são memoráveis - e como não poderia deixar de ser, o destaque fica para Jeff Daniels, que entrega um Will McAvoy complexo e convincente. Personagem esse que lhe rendeu um Emmy em 2013.  Emily Mortimer, John Gallagher Jr., Alison Pill e Sam Waterston, é preciso dizer, também brilham com seus personagens - aliás, o elenco secundário de "The Newsroom" é uma aula de casting bem produzido! .

"The Newsroom"é uma série que nos faz pensar sobre o papel da mídia na sociedade ao longo da história. É uma provocação das mais interessantes sobre a importância da verdade e os desafios do jornalismo no mundo atual.  Não por acaso que seu roteiro busca fazer uma espécie de raio-x sobre a produção de notícias no mundo contemporâneo e apesar do olhar americano, passagens como a reeleição de Barack Obama, o movimento Ocuppy Wall Street, a Primavera Árabe e o acidente nuclear de Fukushima, ganham outra dimensão, menos dramática talvez, mas certamente  muito divertida de assistir.

Imperdível!

Assista Agora

"The Newsroom" é daquelas pérolas que nem acreditamos que deixamos passar na época de seu lançamento - no caso, em 2012. Aqui temos um drama verdadeiramente imperdível, dinâmico, inteligente e viciante, que acompanha os bastidores de um telejornal americano, liderado pelo ácido e talentoso Will McAvoy (um Jeff Daniels no melhor de sua forma). Criada pelo premiado Aaron Sorkin (de "A Rede Social"), a série se destaca pelas tramas fluídas de seus episódios, com aqueles diálogos rápidos e envolventes (tão característicos de Sorkin), personagens extremamente complexos e temas bastante relevantes ainda hoje. Ao levantar discussões sobre a ética jornalística, o patriotismo como pauta e os desafios da mídia na era digital, "The Newsroom"pode até soar datado para alguns, mas ao olhar em retrospectiva, certamente será um entretenimento de altíssima qualidade que deixará saudades após sua terceira temporada - pode acreditar!

A trama em si gira em torno da equipe do "News Night", que busca apresentar notícias de qualidade em um mundo dominado pela busca por audiência. Will, um jornalista veterano e idealista, se choca com a nova produtora executiva, MacKenzie McHale (Emily Mortimer), sua ex-namorada, que deseja modernizar o programa. Juntos, eles e a equipe enfrentam dilemas éticos, conflitos pessoais e, claro, a pressão constante pela conquista do público. Confira o trailer:

"The Newsroom", pode acreditar, é mais do que um drama sobre jornalismo. A série é uma reflexão sobre o papel da mídia na sociedade americana e como os desafios da profissão em tempos de fake news são tão delicados. O roteiro de Sorkin é muito feliz ao apresentar um retrato idealizado do jornalismo, onde a verdade e a ética são prioridades absolutas, e apesar de algumas críticas por ser fantasioso demais, é impossível não reconhecer sua força como entretenimento. Veja, a série consegue ser emocionante e inspiradora, mostrando a importância de um jornalismo sério e comprometido com a verdade - e isso é de fato empolgante para quem gosta dos bastidores da TV.

Visualmente rica, a fotografia belíssima do Todd McMullen (de "The Leftovers") e a direção precisa de Alan Poul (de "Tokyo Vice) capturam todo aquele clima de tensão e ansiedade, além daquela energia tão particular de uma redação - sim, existe um certo tom de romance aqui, mas eu diria completamente perdoável dada a experiência maravilhosa que essa imersão proporciona. As performances, claro, são memoráveis - e como não poderia deixar de ser, o destaque fica para Jeff Daniels, que entrega um Will McAvoy complexo e convincente. Personagem esse que lhe rendeu um Emmy em 2013.  Emily Mortimer, John Gallagher Jr., Alison Pill e Sam Waterston, é preciso dizer, também brilham com seus personagens - aliás, o elenco secundário de "The Newsroom" é uma aula de casting bem produzido! .

"The Newsroom"é uma série que nos faz pensar sobre o papel da mídia na sociedade ao longo da história. É uma provocação das mais interessantes sobre a importância da verdade e os desafios do jornalismo no mundo atual.  Não por acaso que seu roteiro busca fazer uma espécie de raio-x sobre a produção de notícias no mundo contemporâneo e apesar do olhar americano, passagens como a reeleição de Barack Obama, o movimento Ocuppy Wall Street, a Primavera Árabe e o acidente nuclear de Fukushima, ganham outra dimensão, menos dramática talvez, mas certamente  muito divertida de assistir.

Imperdível!

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The Night Manager

Você até pode não ter assistido "The Night Manager", mas certamente vai se arrepender de não ter feito isso antes assim que os créditos do sexto episódio subirem. Sim, essa minissérie que agora virou série (e comento sobre isso no final dessa análise) é simplesmente imperdível e talvez não tenha se tornado um grande hit como "House of Cards", por exemplo, por ter sido lançada em um momento onde os serviços de streaming ainda se consolidavam entre os assinantes. Essa produção de 2016, dirigida pela Susanne Bier (de "The Undoing"), é uma mistura irresistível de espionagem, intriga e drama político onde, basicamente, os segredos revelados e a lealdade do ser humano são colocados à prova a cada episódio - bem na linha "Homeland" ou "Califado", eu diria.

Baseada no romance de John Le Carré, "The Night Manager" nos mergulha em um mundo de intrigas internacionais, corrupção e jogos de poder com uma trama que segue Jonathan Pine (Tom Hiddleston), um ex-soldado que se torna gerente noturno de um luxuoso hotel no Egito. No entanto, sua vida dá uma reviravolta quando ele é recrutado para uma missão perigosa em que precisa se infiltrar e ganhar a confiança do traficante de armas Richard Roper (Hugh Laurie) e assim impedir uma transação capaz de iniciar uma nova guerra. Confira o trailer:

Co-produzindo pela AMC e pela BBC,  "The Night Manager" foi uma das minisséries mais premiadas na temporada de seu lançamento, vencendo, inclusive, 2 Emmys depois de ter recebido 12 indicações (isso mesmo, doze!) - Bier venceu como melhor diretora de séries limitadas e Víctor Reyes venceu com sua incrível trilha sonora. Sem dúvida que essa carreira vitoriosa se deu pela qualidade absurda de seu roteiro, mas essencialmente o que chama muito a atenção é a grandiosidade da sua produção muito bem alinhada com uma fotografia deslumbrante do Michael Snyman (de "See") que nos transporta para cenários exóticos e elegantes que vão de Palma de Mallorca na Espanha até um luxuoso hotel no Cairo, ainda passando por locações na Suíça, na Inglaterra, na Turquia e no Marrocos.  A direção habilidosa de Susanne Bier aproveita dessa linda moldura para criar uma atmosfera tensa de contrastes, extremamente envolvente e lindamente pontuada por uma trilha sonora que intensifica cada momento de angustia e emoção - pode ter certeza que sensações não faltarão na sua jornada como audiência.

O interessante, no entanto, é que a minissérie não se limita ao enorme quebra-cabeça politico e diplomático da trama, ela também traz para tela muita ação e suspense, sempre explorando as relações complexas e emocionais entre os personagens. Existe uma profundidade a cada reação do personagens, brilhantemente potencializadas pela câmera de Bier, que dá o tom do drama que cada um está vivendo, revelando suas motivações e dilemas internos de uma maneira muito orgânica e impactante. Destaque para ela, Olivia Colman como a incansável agente Angela Burr e para a química entre Hiddleston e Laurie em seus jogos de ironia, desconfiança e até de afeto.

Antes de finalizar, é importante ressaltar que desde seu lançamento, "The Night Manager" foi conquistando uma base de fãs muito fiel graças a essa combinação de um roteiro dos mais inteligentes e dinâmicos, com performances impressionantes, esse toque de espionagem, de ação e, claro, com aquela constante tensão emocional que nos acompanha por todos os episódios. Uma obra-prima esquecida na Prime-Vídeo que, mais de sete anos depois, deve voltar a receber atenção, pois já foi confirmada a produção de mais duas temporadas com o retorno de Tom Hiddleston como protagonista. Ainda bem!

Olha, vale muito o seu play!

Assista Agora

Você até pode não ter assistido "The Night Manager", mas certamente vai se arrepender de não ter feito isso antes assim que os créditos do sexto episódio subirem. Sim, essa minissérie que agora virou série (e comento sobre isso no final dessa análise) é simplesmente imperdível e talvez não tenha se tornado um grande hit como "House of Cards", por exemplo, por ter sido lançada em um momento onde os serviços de streaming ainda se consolidavam entre os assinantes. Essa produção de 2016, dirigida pela Susanne Bier (de "The Undoing"), é uma mistura irresistível de espionagem, intriga e drama político onde, basicamente, os segredos revelados e a lealdade do ser humano são colocados à prova a cada episódio - bem na linha "Homeland" ou "Califado", eu diria.

Baseada no romance de John Le Carré, "The Night Manager" nos mergulha em um mundo de intrigas internacionais, corrupção e jogos de poder com uma trama que segue Jonathan Pine (Tom Hiddleston), um ex-soldado que se torna gerente noturno de um luxuoso hotel no Egito. No entanto, sua vida dá uma reviravolta quando ele é recrutado para uma missão perigosa em que precisa se infiltrar e ganhar a confiança do traficante de armas Richard Roper (Hugh Laurie) e assim impedir uma transação capaz de iniciar uma nova guerra. Confira o trailer:

Co-produzindo pela AMC e pela BBC,  "The Night Manager" foi uma das minisséries mais premiadas na temporada de seu lançamento, vencendo, inclusive, 2 Emmys depois de ter recebido 12 indicações (isso mesmo, doze!) - Bier venceu como melhor diretora de séries limitadas e Víctor Reyes venceu com sua incrível trilha sonora. Sem dúvida que essa carreira vitoriosa se deu pela qualidade absurda de seu roteiro, mas essencialmente o que chama muito a atenção é a grandiosidade da sua produção muito bem alinhada com uma fotografia deslumbrante do Michael Snyman (de "See") que nos transporta para cenários exóticos e elegantes que vão de Palma de Mallorca na Espanha até um luxuoso hotel no Cairo, ainda passando por locações na Suíça, na Inglaterra, na Turquia e no Marrocos.  A direção habilidosa de Susanne Bier aproveita dessa linda moldura para criar uma atmosfera tensa de contrastes, extremamente envolvente e lindamente pontuada por uma trilha sonora que intensifica cada momento de angustia e emoção - pode ter certeza que sensações não faltarão na sua jornada como audiência.

O interessante, no entanto, é que a minissérie não se limita ao enorme quebra-cabeça politico e diplomático da trama, ela também traz para tela muita ação e suspense, sempre explorando as relações complexas e emocionais entre os personagens. Existe uma profundidade a cada reação do personagens, brilhantemente potencializadas pela câmera de Bier, que dá o tom do drama que cada um está vivendo, revelando suas motivações e dilemas internos de uma maneira muito orgânica e impactante. Destaque para ela, Olivia Colman como a incansável agente Angela Burr e para a química entre Hiddleston e Laurie em seus jogos de ironia, desconfiança e até de afeto.

Antes de finalizar, é importante ressaltar que desde seu lançamento, "The Night Manager" foi conquistando uma base de fãs muito fiel graças a essa combinação de um roteiro dos mais inteligentes e dinâmicos, com performances impressionantes, esse toque de espionagem, de ação e, claro, com aquela constante tensão emocional que nos acompanha por todos os episódios. Uma obra-prima esquecida na Prime-Vídeo que, mais de sete anos depois, deve voltar a receber atenção, pois já foi confirmada a produção de mais duas temporadas com o retorno de Tom Hiddleston como protagonista. Ainda bem!

Olha, vale muito o seu play!

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The Night Of

"The Night Of", na verdade, é um remake da HBO de uma série inglesa chamada "Criminal Justice", mas que nessa versão americana dirigida pelo James Marsh (de "A Teoria de Tudo" e vencedor do Oscar pelo documentário "Man on Wire") acabou virando uma incrível e angustiante minissérie de 8 episódios. Embora seja ficção, a história traz muitos elementos narrativos que fizeram de "Making a Murderer"um grande fenômeno em uma época em que as produções de "True Crime" começaram a ganhar um pouco mais de destaque nos catálogos das plataformas de streaming - e te adiando: se você gosta do tema e assistiu a produção da Netflix, vai ficar fácil perceber as similaridades e, claro, você vai se envolver profundamente. 

Após ter passado a noite com uma mulher desconhecida, Nasir "Naz" Khan (Riz Ahmed), ao acordar, encontra ela morta, toda esfaqueada. Naz, um jovem descendente paquistanês, acaba sendo acusado de tê-la assassinado. No entanto, as investigações lançam uma luz sobre complexas relações entre alguns casos analisados pela polícia de Nova York e é aí que passamos a acompanhar os bastidores dos procedimentos legais do sistema criminal americano e o inferno que é viver no "feroz purgatório" de Rikers Island, onde os acusados são mantidos enquanto esperam pelo julgamento. Confira o trailer (em inglês):

Eu não conhecia a série original, mas já no primeiro episódio de "The Night Of" ficou claro para mim, a enorme qualidade do roteiro dessa versão. A maneira como eles constroem o drama do protagonista é sensacional - você se importa com o personagem logo de cara e isso vai gerando uma certa sensação de angústia que a cada erro ou vacilo que ele vai cometendo durante a história, só aumenta. Reparem como esse sentimento vai nos corroendo de uma forma, que fica impossível você não se colocar no lugar do personagem! 

O roteiro escrito pelos craques Richard Price e Steven Zaillian (baseada na história original do Peter Moffat) é capaz de apresentar e desenvolver uma trama complexa de uma forma inteligente, explorando temas delicados de um jeito extremamente realista. O impacto da mídia e a dinâmica racial/social que permeiam todo o caso funcionam como gatilhos emocionais que, sério, nos tiram do eixo. É muito interessante como o roteiro mergulha profundamente nos detalhes do processo legal, expondo as falhas do sistema e questionando a ideia de que existe uma justiça verdadeira - os dilemas morais e as decisões difíceis enfrentadas pelos personagens tornam a narrativa ao mesmo tempo que intrigante, muito emocionante.

Riz Ahmed entrega uma performance cativante, mostrando um range de emoções muito particular: ele vai desde a ingenuidade inicial até o desespero, mas acho que é a transformação na prisão que mais impressiona. John Turturro (como o advogado de defesa, John Stone) com a maestria de sempre, também merece elogios - sua representação do advogado dedicado, mas imperfeito, é muito autêntica, realista. Outro detalhe que merece sua atenção é a fotografia de "The Night Of"- ela apresenta uma estética sombria e imersiva que se conecta perfeitamente às nossas sensações durante a história criando uma atmosfera de suspense e mistério como poucas vezes vimos. Existe uma sensação latente de opressão que é muito marcante.

Bom, com 13 indicações e 5 troféus na sacola no Emmy de 2017, não tem como negar que essa é uma das melhores minisséries de drama policial produzidas nos últimos tempos! Com a sagacidade de ir além do crime e assim mergulhar no efeito devastador que ele pode ter sobre as famílias das vítimas e dos acusados, "The Night Of", posso afirmar, é uma experiência difícil,  que deixa uma marca profunda em quem assiste e, justamente por isso, ela é imperdível!

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"The Night Of", na verdade, é um remake da HBO de uma série inglesa chamada "Criminal Justice", mas que nessa versão americana dirigida pelo James Marsh (de "A Teoria de Tudo" e vencedor do Oscar pelo documentário "Man on Wire") acabou virando uma incrível e angustiante minissérie de 8 episódios. Embora seja ficção, a história traz muitos elementos narrativos que fizeram de "Making a Murderer"um grande fenômeno em uma época em que as produções de "True Crime" começaram a ganhar um pouco mais de destaque nos catálogos das plataformas de streaming - e te adiando: se você gosta do tema e assistiu a produção da Netflix, vai ficar fácil perceber as similaridades e, claro, você vai se envolver profundamente. 

Após ter passado a noite com uma mulher desconhecida, Nasir "Naz" Khan (Riz Ahmed), ao acordar, encontra ela morta, toda esfaqueada. Naz, um jovem descendente paquistanês, acaba sendo acusado de tê-la assassinado. No entanto, as investigações lançam uma luz sobre complexas relações entre alguns casos analisados pela polícia de Nova York e é aí que passamos a acompanhar os bastidores dos procedimentos legais do sistema criminal americano e o inferno que é viver no "feroz purgatório" de Rikers Island, onde os acusados são mantidos enquanto esperam pelo julgamento. Confira o trailer (em inglês):

Eu não conhecia a série original, mas já no primeiro episódio de "The Night Of" ficou claro para mim, a enorme qualidade do roteiro dessa versão. A maneira como eles constroem o drama do protagonista é sensacional - você se importa com o personagem logo de cara e isso vai gerando uma certa sensação de angústia que a cada erro ou vacilo que ele vai cometendo durante a história, só aumenta. Reparem como esse sentimento vai nos corroendo de uma forma, que fica impossível você não se colocar no lugar do personagem! 

O roteiro escrito pelos craques Richard Price e Steven Zaillian (baseada na história original do Peter Moffat) é capaz de apresentar e desenvolver uma trama complexa de uma forma inteligente, explorando temas delicados de um jeito extremamente realista. O impacto da mídia e a dinâmica racial/social que permeiam todo o caso funcionam como gatilhos emocionais que, sério, nos tiram do eixo. É muito interessante como o roteiro mergulha profundamente nos detalhes do processo legal, expondo as falhas do sistema e questionando a ideia de que existe uma justiça verdadeira - os dilemas morais e as decisões difíceis enfrentadas pelos personagens tornam a narrativa ao mesmo tempo que intrigante, muito emocionante.

Riz Ahmed entrega uma performance cativante, mostrando um range de emoções muito particular: ele vai desde a ingenuidade inicial até o desespero, mas acho que é a transformação na prisão que mais impressiona. John Turturro (como o advogado de defesa, John Stone) com a maestria de sempre, também merece elogios - sua representação do advogado dedicado, mas imperfeito, é muito autêntica, realista. Outro detalhe que merece sua atenção é a fotografia de "The Night Of"- ela apresenta uma estética sombria e imersiva que se conecta perfeitamente às nossas sensações durante a história criando uma atmosfera de suspense e mistério como poucas vezes vimos. Existe uma sensação latente de opressão que é muito marcante.

Bom, com 13 indicações e 5 troféus na sacola no Emmy de 2017, não tem como negar que essa é uma das melhores minisséries de drama policial produzidas nos últimos tempos! Com a sagacidade de ir além do crime e assim mergulhar no efeito devastador que ele pode ter sobre as famílias das vítimas e dos acusados, "The Night Of", posso afirmar, é uma experiência difícil,  que deixa uma marca profunda em quem assiste e, justamente por isso, ela é imperdível!

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