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O Mundo depois de nós

"O Mundo depois de nós" é muito bom, principalmente por saber como alimentar nossas expectativas, com uma atmosfera de tensão constante realmente impressionante,  para depois, conscientemente, quebrá-las sem dar todas as explicações. Dito isso, fica fácil atestar que sua maior força pode ser sua maior fraqueza para muitas pessoas - se colocando naquela incomoda prateleira do "8 ou 80" ou do "ame ou odeie" e adianto: para nós, está muito mais para o amor do 80!  Dirigido por Sam Esmail (mente criativa por trás de "Mr. Robot") o filme mistura drama e suspense, quase psicológico, ao melhor estilo, e respeitando suas diferenças de gênero, "The Bar" e "Rua Cloverfield, 10". Aqui, mais uma vez, é o terror perante o desconhecido que nos move como audiência!

O casal Amanda (Julia Roberts) e Clay (Ethan Hawke) vão passar um final de semana em uma mansão afastada da cidade com o simples intuito de descansar com seus filhos. Tudo vai bem até que um apagão traz dois desconhecidos com notícias de que algo muito estranho está acontecendo em todo EUA. E não é só isso, já que G.H. (Mahershala Ali) e Ruth (Myha'la) estão desesperados por abrigo, alegando que a casa é deles e que precisam entrar para se protegerem da grande ameaça invisível que arrisca a vida de todos. Agora, as duas famílias precisam se unir para se salvarem de um possível desastre e que, a cada momento, parece ficar mais assustador e perigoso. Confira o trailer:

O romance de Rumaan Alam que serviu de base para essa produção da Netflix, saiu bem em 2020 em uma época onde, infelizmente, a perspectiva sobre "o fim do mundo" pareceu sair da ficção para fazer parte do nosso cotidiano. Aquela sensação de angustia sobre a imprevisibilidade de uma situação que parecia impossível de acontecer, mas aconteceu, deixava um certo vazio e olha, assistindo essa adaptação posso te garantir que Esmail conseguiu replicar muito bem esse clima de incertezas em uma trama dinâmica, profunda e bem interessante. Saiba que a perspectiva de um "final infeliz" pelo ponto de vista de seis personagens diferentes, com suas prioridades e dores, é tão palpável que até os momentos visualmente mais impactantes (bem ao estilo filme catástrofe) parecem possíveis. 

Produzido por Michelle e Barack Obama, "O Mundo depois de nós" parece ter uma mensagem um tanto óbvia: estamos mais perto desse absurdo do que você pode imaginar! Tecnicamente tudo é construído para confirmar essa premissa - as composições em GC, por exemplo, são ótimas e estão muito bem integradas ao trabalho fotográfico do diretor Tod Campbell de ("Stranger Things") - reparem como aquela mansão, com tudo que ela proporciona de conforto, não serve para absolutamente nada quando o caos está presente do lado de fora. Campbell brinca com nossa percepção se insegurança usando a amplitude focal da mesma forma como Kyung-pyo Hong fez em "Parasita" - os movimentos mostram os pavimentos como uma forma de subversão social ao mesmo tempo que a porta de vidro no fundo da sala serve como uma espécie de moldura que separa o "real" (com uma Amanda tranquila se servindo de uma taça de vinho) do "improvável" (com uma dezena de cervos assustados observando ela entre as sombras e frio) - lindo de ver toda essa simbologia.

Com um elenco afiado, um roteiro bem construído e uma direção acima da média, "Leave the World Behind" (no original) vai além do óbvio e entrega uma experiência cativante e provocativa, especialmente em seus detalhes - seja com diálogos mais críticos ou com nuances visuais que exigem nossa atenção por tamanha sensibilidade. De fato Esmail consegue mesclaro terror do desconhecido com as complexidades das relações humanas na medida certa e isso nos provoca algumas reflexões sobre a fragilidade da sociedade moderna - como, aliás, aconteceu em 2020 (então não se esqueça desse detalhe em nenhum momento que tudo fará ainda mais sentido). 

Vale o seu play, mas não espere um filme com muita ação - a questão aqui é muito mais intima e interpretativa, ok?

Assista Agora

"O Mundo depois de nós" é muito bom, principalmente por saber como alimentar nossas expectativas, com uma atmosfera de tensão constante realmente impressionante,  para depois, conscientemente, quebrá-las sem dar todas as explicações. Dito isso, fica fácil atestar que sua maior força pode ser sua maior fraqueza para muitas pessoas - se colocando naquela incomoda prateleira do "8 ou 80" ou do "ame ou odeie" e adianto: para nós, está muito mais para o amor do 80!  Dirigido por Sam Esmail (mente criativa por trás de "Mr. Robot") o filme mistura drama e suspense, quase psicológico, ao melhor estilo, e respeitando suas diferenças de gênero, "The Bar" e "Rua Cloverfield, 10". Aqui, mais uma vez, é o terror perante o desconhecido que nos move como audiência!

O casal Amanda (Julia Roberts) e Clay (Ethan Hawke) vão passar um final de semana em uma mansão afastada da cidade com o simples intuito de descansar com seus filhos. Tudo vai bem até que um apagão traz dois desconhecidos com notícias de que algo muito estranho está acontecendo em todo EUA. E não é só isso, já que G.H. (Mahershala Ali) e Ruth (Myha'la) estão desesperados por abrigo, alegando que a casa é deles e que precisam entrar para se protegerem da grande ameaça invisível que arrisca a vida de todos. Agora, as duas famílias precisam se unir para se salvarem de um possível desastre e que, a cada momento, parece ficar mais assustador e perigoso. Confira o trailer:

O romance de Rumaan Alam que serviu de base para essa produção da Netflix, saiu bem em 2020 em uma época onde, infelizmente, a perspectiva sobre "o fim do mundo" pareceu sair da ficção para fazer parte do nosso cotidiano. Aquela sensação de angustia sobre a imprevisibilidade de uma situação que parecia impossível de acontecer, mas aconteceu, deixava um certo vazio e olha, assistindo essa adaptação posso te garantir que Esmail conseguiu replicar muito bem esse clima de incertezas em uma trama dinâmica, profunda e bem interessante. Saiba que a perspectiva de um "final infeliz" pelo ponto de vista de seis personagens diferentes, com suas prioridades e dores, é tão palpável que até os momentos visualmente mais impactantes (bem ao estilo filme catástrofe) parecem possíveis. 

Produzido por Michelle e Barack Obama, "O Mundo depois de nós" parece ter uma mensagem um tanto óbvia: estamos mais perto desse absurdo do que você pode imaginar! Tecnicamente tudo é construído para confirmar essa premissa - as composições em GC, por exemplo, são ótimas e estão muito bem integradas ao trabalho fotográfico do diretor Tod Campbell de ("Stranger Things") - reparem como aquela mansão, com tudo que ela proporciona de conforto, não serve para absolutamente nada quando o caos está presente do lado de fora. Campbell brinca com nossa percepção se insegurança usando a amplitude focal da mesma forma como Kyung-pyo Hong fez em "Parasita" - os movimentos mostram os pavimentos como uma forma de subversão social ao mesmo tempo que a porta de vidro no fundo da sala serve como uma espécie de moldura que separa o "real" (com uma Amanda tranquila se servindo de uma taça de vinho) do "improvável" (com uma dezena de cervos assustados observando ela entre as sombras e frio) - lindo de ver toda essa simbologia.

Com um elenco afiado, um roteiro bem construído e uma direção acima da média, "Leave the World Behind" (no original) vai além do óbvio e entrega uma experiência cativante e provocativa, especialmente em seus detalhes - seja com diálogos mais críticos ou com nuances visuais que exigem nossa atenção por tamanha sensibilidade. De fato Esmail consegue mesclaro terror do desconhecido com as complexidades das relações humanas na medida certa e isso nos provoca algumas reflexões sobre a fragilidade da sociedade moderna - como, aliás, aconteceu em 2020 (então não se esqueça desse detalhe em nenhum momento que tudo fará ainda mais sentido). 

Vale o seu play, mas não espere um filme com muita ação - a questão aqui é muito mais intima e interpretativa, ok?

Assista Agora

O Nevoeiro

Esse filme é uma verdadeira pancada - e olha, extremamente corajoso! "O Nevoeiro" é surpreendente em sua proposta de construir um suspense que mergulha a audiência em um verdadeiro pesadelo recheado de mistério e desespero. Comandado pelo Frank Darabont, diretor conhecido por duas das melhores adaptações de obras de Stephen King para o cinema, "Um Sonho de Liberdade" e "À Espera de um Milagre", mais uma vez demonstra sua habilidade em criar uma atmosfera realmente intensa e muito angustiante - se inicialmente você acha que o filme poder ser mais uma produção de baixo orçamento do autor, não vai demorar muito para você entender o tamanho da profundidade que tem esse texto. Sem brincadeira, o filme é uma baita jornada emocional que desafia as nossas expectativas e deixa uma marca poderosa bem no estilo "explodiu minha cabeça" assim que o créditos sobem!

A história de "O Nevoeiro" se desenrola em uma pequena cidade que, após uma tempestade violenta, é envolvida por um misterioso nevoeiro. Conforme o nevoeiro se espessa, os moradores descobrem que algo sinistro se esconde dentro dele, algo que desperta medo e paranoia. Presos em um supermercado, um grupo de sobreviventes luta não apenas contra o mal que habita o nevoeiro, mas também contra o colapso da civilidade e da esperança do ser humano. Confira o trailer (em inglês):

Como um amante da obra de Stephen King, mas sempre receoso pela forma como a adaptação vai acontecer, posso te garantir que a força de "O Nevoeiro", como no livro, está na nossa capacidade de imaginar o "mal" - seja ela a entidade que for, dessa ou de outra dimensão, desse ou de outro planeta. A estrutura narrativa construída por Darabont, que também assina o roteiro, está extremamente alinhada com sua capacidade de criar uma relação opressora e claustrofóbica com o ambiente, ao mesmo tempo em que eleva o tom de discussões religiosas ou filosóficas sobre a morte, sobre o desconhecido - essa combinação explosiva do medo, do isolamento e da necessidade de se relacionar com o outro ser humano, amplia a tensão de uma maneira avassaladora.

Como diretor, Darabont é magistral, capturando não apenas o terror físico das criaturas escondidas no nevoeiro, mas também o terror psicológico que surge da incerteza e da desconfiança entre os sobreviventes. A fotografia do Rohn Schmidt (um dos responsáveis pelo look de "The Walking Dead") é sombria, pesada e alinhada aos efeitos visuais (uns bons, outros nem tanto) que nos transporta para dentro do supermercado com a mesma eficiência que nos convida a explorar o desconhecido em forma de nevoeiro. Essa sensação de isolamento de um lado e desamparo de outro, é tão palpável que não se surpreenda se você precisar pausar o filme algumas vezes para recuperar o fôlego. Aliás, dois pontos que fazem o filme brilhar: a edição de som e sua trilha sonora. Repleta de notas dissonantes e atmosféricas, essa combinação intensifica ainda mais a sensação de angústia e suspense - um pouco de  "Aniquilação" com "Rua Cloverfield, 10".

Thomas Jane como David Drayton, Marcia Gay Harden como Mrs. Carmody, e Toby Jones como Ollie Weeks, sem dúvida fazem de "The Mist" (no original) algo muito mais profundo - suas interações e conflitos adicionam camadas de complexidade à narrativa, elevando o filme para além do simples suspense com toques de mistério. Eu diria até que estamos mais próximos de um thriller psicológico, daqueles que não apenas assusta, mas também provoca boas reflexões sobre a natureza humana e os limites da busca pela sobrevivência. 

Imperdível!

Assista Agora

Esse filme é uma verdadeira pancada - e olha, extremamente corajoso! "O Nevoeiro" é surpreendente em sua proposta de construir um suspense que mergulha a audiência em um verdadeiro pesadelo recheado de mistério e desespero. Comandado pelo Frank Darabont, diretor conhecido por duas das melhores adaptações de obras de Stephen King para o cinema, "Um Sonho de Liberdade" e "À Espera de um Milagre", mais uma vez demonstra sua habilidade em criar uma atmosfera realmente intensa e muito angustiante - se inicialmente você acha que o filme poder ser mais uma produção de baixo orçamento do autor, não vai demorar muito para você entender o tamanho da profundidade que tem esse texto. Sem brincadeira, o filme é uma baita jornada emocional que desafia as nossas expectativas e deixa uma marca poderosa bem no estilo "explodiu minha cabeça" assim que o créditos sobem!

A história de "O Nevoeiro" se desenrola em uma pequena cidade que, após uma tempestade violenta, é envolvida por um misterioso nevoeiro. Conforme o nevoeiro se espessa, os moradores descobrem que algo sinistro se esconde dentro dele, algo que desperta medo e paranoia. Presos em um supermercado, um grupo de sobreviventes luta não apenas contra o mal que habita o nevoeiro, mas também contra o colapso da civilidade e da esperança do ser humano. Confira o trailer (em inglês):

Como um amante da obra de Stephen King, mas sempre receoso pela forma como a adaptação vai acontecer, posso te garantir que a força de "O Nevoeiro", como no livro, está na nossa capacidade de imaginar o "mal" - seja ela a entidade que for, dessa ou de outra dimensão, desse ou de outro planeta. A estrutura narrativa construída por Darabont, que também assina o roteiro, está extremamente alinhada com sua capacidade de criar uma relação opressora e claustrofóbica com o ambiente, ao mesmo tempo em que eleva o tom de discussões religiosas ou filosóficas sobre a morte, sobre o desconhecido - essa combinação explosiva do medo, do isolamento e da necessidade de se relacionar com o outro ser humano, amplia a tensão de uma maneira avassaladora.

Como diretor, Darabont é magistral, capturando não apenas o terror físico das criaturas escondidas no nevoeiro, mas também o terror psicológico que surge da incerteza e da desconfiança entre os sobreviventes. A fotografia do Rohn Schmidt (um dos responsáveis pelo look de "The Walking Dead") é sombria, pesada e alinhada aos efeitos visuais (uns bons, outros nem tanto) que nos transporta para dentro do supermercado com a mesma eficiência que nos convida a explorar o desconhecido em forma de nevoeiro. Essa sensação de isolamento de um lado e desamparo de outro, é tão palpável que não se surpreenda se você precisar pausar o filme algumas vezes para recuperar o fôlego. Aliás, dois pontos que fazem o filme brilhar: a edição de som e sua trilha sonora. Repleta de notas dissonantes e atmosféricas, essa combinação intensifica ainda mais a sensação de angústia e suspense - um pouco de  "Aniquilação" com "Rua Cloverfield, 10".

Thomas Jane como David Drayton, Marcia Gay Harden como Mrs. Carmody, e Toby Jones como Ollie Weeks, sem dúvida fazem de "The Mist" (no original) algo muito mais profundo - suas interações e conflitos adicionam camadas de complexidade à narrativa, elevando o filme para além do simples suspense com toques de mistério. Eu diria até que estamos mais próximos de um thriller psicológico, daqueles que não apenas assusta, mas também provoca boas reflexões sobre a natureza humana e os limites da busca pela sobrevivência. 

Imperdível!

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O Ninho: Futebol & Tragédia

Olha, "O Ninho: Futebol & Tragédia" é uma pancada tão forte quanto o excelente documentário da Globoplay, "Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria". Essa produção da Netflix em parceria com o UOL, é um relato visceral e sensível sobre a tragédia que abalou o Flamengo em 2019, quando um incêndio no seu centro de treinamento vitimou 10 jovens jogadores das categorias de base do clube. Mais do que um doloroso registro histórico, a minissérie dirigida pelo Pedro Asbeg (de "Lei da Selva - A história do jogo do bicho") é um mergulho profundo na dor e na luta por justiça das famílias das vítimas, abrindo espaço para reflexões sobre as falhas estruturais e a negligência que culminaram em uma das mais brutais tragédias do nosso país.

"O Ninho: Futebol & Tragédia" acompanha a trajetória profissional de alguns jovens que estavam no centro de treinamento do Flamengo no dia do incêndio em 2019. Reunindo jornalistas, parentes, dirigentes e advogados, a minissérie de três episódios explora e busca as respostas sobre a tragédia ao mesmo tempo em que conta as histórias desses atletas que passavam parte de suas vidas dentro do Ninho, sob os cuidados do clube. "O Ninho" investiga não só o incêndio que marcou o futebol nacional, como também as consequências diretas da inércia da justiça em todos aqueles que foram impactados pela tragédia! Confira o trailer:

O fato do filme não se limitar apenas em apresentar os fatos obscuros que culminaram no dia do incêndio, sem a menor dúvida que humaniza a narrativa - muito ao expor a dor de quem, de fato, sofre até hoje com aquela tragédia. O roteiro é inteligente em se apoiar nas entrevistas com os familiares e com os jogadores sobreviventes para construir uma verdadeira cruzada emocional sobre o drama que todos viveram naquela noite sob diversas perspectivas. Essa estratégia conceitual funciona como uma espécie de quebra-cabeça e conforme as peças vão sendo apresentadas, sua montagem tem um resultado impressionante em quem assiste - eu diria que é um soco no estômago atrás do outro. 

A dor dilacerante dos pais que perderam seus filhos é retratada com sensibilidade e respeito, sem cair no sensacionalismo barato, graças a direção precisa e elegante de Asbeg - ele sabe respeitar o espaço do entrevistado, deixando a câmera fazer o seu papel de contar aquilo que não pode ser falado. Asbeg também utiliza de uma série de recursos gráficos e algumas reconstituições muito bem planejadas que não só contextualizam a história e dão voz aos personagens como também nos provoca algumas sensações nada agradáveis. Já com as imagens de arquivo, especialmente dos programas esportivos da época, e mais depoimentos de algumas peças-chave do processo, somos convidados a, mais uma vez, lidar com aquele terrível sentimento de impunidade que assola nosso pais desde sempre. Existe um tom de melancolia, denso e extremamente realista, que contribui demais para a imersão nessa atmosfera de luto e desolação que permeiam todos os episódios.

"O Ninho: Futebol & Tragédia" é um documentário essencial para entender as raízes da tragédia que atingiu o Flamengo e, por extensão, o futebol brasileiro e suas politicagens. Mais do que um filme sobre um incêndio, eu diria que é no grito por justiça e uma reflexão sobre a fragilidade da vida - somos tocados na alma como em "Dossiê Chapecó", por exemplo. Dito isso, fica fácil atestar que é mesmo impossível assistir a essa minissérie e não se emocionar com a dor das famílias, a resiliência dos sobreviventes e ao mesmo tempo não se indignar com a falta de empatia do clube e da justiça na busca pelos responsáveis. "O Ninho: Futebol & Tragédia" é uma obra imperdível, mas de difícil digestão - uma jornada realmente dolorosa e impactante que marca!

Vale seu play!

Assista Agora

Olha, "O Ninho: Futebol & Tragédia" é uma pancada tão forte quanto o excelente documentário da Globoplay, "Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria". Essa produção da Netflix em parceria com o UOL, é um relato visceral e sensível sobre a tragédia que abalou o Flamengo em 2019, quando um incêndio no seu centro de treinamento vitimou 10 jovens jogadores das categorias de base do clube. Mais do que um doloroso registro histórico, a minissérie dirigida pelo Pedro Asbeg (de "Lei da Selva - A história do jogo do bicho") é um mergulho profundo na dor e na luta por justiça das famílias das vítimas, abrindo espaço para reflexões sobre as falhas estruturais e a negligência que culminaram em uma das mais brutais tragédias do nosso país.

"O Ninho: Futebol & Tragédia" acompanha a trajetória profissional de alguns jovens que estavam no centro de treinamento do Flamengo no dia do incêndio em 2019. Reunindo jornalistas, parentes, dirigentes e advogados, a minissérie de três episódios explora e busca as respostas sobre a tragédia ao mesmo tempo em que conta as histórias desses atletas que passavam parte de suas vidas dentro do Ninho, sob os cuidados do clube. "O Ninho" investiga não só o incêndio que marcou o futebol nacional, como também as consequências diretas da inércia da justiça em todos aqueles que foram impactados pela tragédia! Confira o trailer:

O fato do filme não se limitar apenas em apresentar os fatos obscuros que culminaram no dia do incêndio, sem a menor dúvida que humaniza a narrativa - muito ao expor a dor de quem, de fato, sofre até hoje com aquela tragédia. O roteiro é inteligente em se apoiar nas entrevistas com os familiares e com os jogadores sobreviventes para construir uma verdadeira cruzada emocional sobre o drama que todos viveram naquela noite sob diversas perspectivas. Essa estratégia conceitual funciona como uma espécie de quebra-cabeça e conforme as peças vão sendo apresentadas, sua montagem tem um resultado impressionante em quem assiste - eu diria que é um soco no estômago atrás do outro. 

A dor dilacerante dos pais que perderam seus filhos é retratada com sensibilidade e respeito, sem cair no sensacionalismo barato, graças a direção precisa e elegante de Asbeg - ele sabe respeitar o espaço do entrevistado, deixando a câmera fazer o seu papel de contar aquilo que não pode ser falado. Asbeg também utiliza de uma série de recursos gráficos e algumas reconstituições muito bem planejadas que não só contextualizam a história e dão voz aos personagens como também nos provoca algumas sensações nada agradáveis. Já com as imagens de arquivo, especialmente dos programas esportivos da época, e mais depoimentos de algumas peças-chave do processo, somos convidados a, mais uma vez, lidar com aquele terrível sentimento de impunidade que assola nosso pais desde sempre. Existe um tom de melancolia, denso e extremamente realista, que contribui demais para a imersão nessa atmosfera de luto e desolação que permeiam todos os episódios.

"O Ninho: Futebol & Tragédia" é um documentário essencial para entender as raízes da tragédia que atingiu o Flamengo e, por extensão, o futebol brasileiro e suas politicagens. Mais do que um filme sobre um incêndio, eu diria que é no grito por justiça e uma reflexão sobre a fragilidade da vida - somos tocados na alma como em "Dossiê Chapecó", por exemplo. Dito isso, fica fácil atestar que é mesmo impossível assistir a essa minissérie e não se emocionar com a dor das famílias, a resiliência dos sobreviventes e ao mesmo tempo não se indignar com a falta de empatia do clube e da justiça na busca pelos responsáveis. "O Ninho: Futebol & Tragédia" é uma obra imperdível, mas de difícil digestão - uma jornada realmente dolorosa e impactante que marca!

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O Paciente

Profundo, denso e surpreendente, talvez essa seja a melhor forma de definir "O Paciente". Embora tenha sido vendida como mais uma história de serial killer, eu diria que essa minissérie de 10 episódios (curtos) do Star+ vai muito além, pois a partir do ponto de vista de um terapeuta, somos inseridos em um violento embate psicológico que traz para discussão assuntos como traumas, luto, arrependimentos, mas que, principalmente, expõe as dores de uma relação familiar que em algum momento perdeu sua conexão. Para quem espera uma jornada de investigação e sangue, saiba que aqui o drama é muito mais intimo, cheio de camadas, cadenciado de tal forma que muitas vezes nos vemos dentro daquela situação sem ao menos tirar os olhos da tela. Eu diria que a jornada é tão angustiante quanto intensa e o seu realismo impacta demais nossa experiência!

"The Patient" (no original) acompanha o psicanalista, Alexander Strass (Steve Carell) tratando de um jovem extremamente conturbado, Sam Fortner (Domhnall Gleeson). O paciente (do título) é um serial killer que já fez dezenas de vítimas, sempre como consequência de fortes ataques nervosos. A questão é que Sam quer parar de matar e por isso ele sequestra Dr. Strauss com o intuito de intensificar seu tratamento. A partir daí se inicia uma luta contra o tempo na busca por repostas ou o próprio terapeuta pode ser a próxima vítima. Confira o trailer:

Muito bem dirigida pelo Chris Long (de "The Americans"), pelo Kevin Bray (de "Succession") e pela Gwyneth Horder-Payton (de "Clube da Sedução"), "O Paciente" é uma verdadeira aula de roteiro ao pontuar uma série de assuntos espinhosos dentro de uma dinâmica psicológica, um contra um, de cair o queixo - e aqui cabe um comentário: inicialmente o conceito narrativo pode causar certo estranhamento e até cansar um pouco, mas aguente firme pois é impressionante como as peças vão se encaixando, alguns delírios vão fazendo sentido e no final, meu Deus, que entrega!

Como em "In Treatment"(e fatalmente Sam poderia ser um dos pacientes do terapeuta Paul Weston), a história se passa praticamente em um único cenário com dois personagens em uma verdadeiro jogo mental. Carell está impecável - seu personagem é tão bom e complexo emocionalmente como o recente Mitch Kessler. Já Gleeson, talvez na melhor performance da sua carreira até aqui (mesmo depois do inesquecível "Questão de Tempo"), está perfeito - eu não gostaria de cometer o sacrilégio de o comparar ao Hannibal Lecter de Anthony Hopkins, mas olha, eu diria com a mais absoluta certeza que como "serial killer", está muito bem representado - reparem em uma das cenas-chave do último episódio como Gleeson praticamente se desfigura durante um ataque de fúria criando um contraponto inacreditável com a introspecção e a timidez de outros momentos menos tensos do personagem.

Sim, a minissérie criada pelo Joel Fields (do premiado "Fosse/Verdon") e pelo Joseph Weisberg (de "Damages") tem muito do que de melhor encontramos em "O Silêncio dos Inocentes" e isso é um baita elogio! Se para alguns o "O Paciente" pode parecer parado demais, dando até a impressão que a história não sai do lugar; para aqueles dispostos a enxergar e a ouvir além do que está na tela, essa jornada será um desafio intelectual muito divertido, uma provocação psicológica envolvente, como se estivéssemos em frente a um espelho onde a mente humana fosse capaz de criar e depois nos convencer de que até o improvável pode ser real (e muitas vezes fatal)!

Vale muito o seu play! Só vai!

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Profundo, denso e surpreendente, talvez essa seja a melhor forma de definir "O Paciente". Embora tenha sido vendida como mais uma história de serial killer, eu diria que essa minissérie de 10 episódios (curtos) do Star+ vai muito além, pois a partir do ponto de vista de um terapeuta, somos inseridos em um violento embate psicológico que traz para discussão assuntos como traumas, luto, arrependimentos, mas que, principalmente, expõe as dores de uma relação familiar que em algum momento perdeu sua conexão. Para quem espera uma jornada de investigação e sangue, saiba que aqui o drama é muito mais intimo, cheio de camadas, cadenciado de tal forma que muitas vezes nos vemos dentro daquela situação sem ao menos tirar os olhos da tela. Eu diria que a jornada é tão angustiante quanto intensa e o seu realismo impacta demais nossa experiência!

"The Patient" (no original) acompanha o psicanalista, Alexander Strass (Steve Carell) tratando de um jovem extremamente conturbado, Sam Fortner (Domhnall Gleeson). O paciente (do título) é um serial killer que já fez dezenas de vítimas, sempre como consequência de fortes ataques nervosos. A questão é que Sam quer parar de matar e por isso ele sequestra Dr. Strauss com o intuito de intensificar seu tratamento. A partir daí se inicia uma luta contra o tempo na busca por repostas ou o próprio terapeuta pode ser a próxima vítima. Confira o trailer:

Muito bem dirigida pelo Chris Long (de "The Americans"), pelo Kevin Bray (de "Succession") e pela Gwyneth Horder-Payton (de "Clube da Sedução"), "O Paciente" é uma verdadeira aula de roteiro ao pontuar uma série de assuntos espinhosos dentro de uma dinâmica psicológica, um contra um, de cair o queixo - e aqui cabe um comentário: inicialmente o conceito narrativo pode causar certo estranhamento e até cansar um pouco, mas aguente firme pois é impressionante como as peças vão se encaixando, alguns delírios vão fazendo sentido e no final, meu Deus, que entrega!

Como em "In Treatment"(e fatalmente Sam poderia ser um dos pacientes do terapeuta Paul Weston), a história se passa praticamente em um único cenário com dois personagens em uma verdadeiro jogo mental. Carell está impecável - seu personagem é tão bom e complexo emocionalmente como o recente Mitch Kessler. Já Gleeson, talvez na melhor performance da sua carreira até aqui (mesmo depois do inesquecível "Questão de Tempo"), está perfeito - eu não gostaria de cometer o sacrilégio de o comparar ao Hannibal Lecter de Anthony Hopkins, mas olha, eu diria com a mais absoluta certeza que como "serial killer", está muito bem representado - reparem em uma das cenas-chave do último episódio como Gleeson praticamente se desfigura durante um ataque de fúria criando um contraponto inacreditável com a introspecção e a timidez de outros momentos menos tensos do personagem.

Sim, a minissérie criada pelo Joel Fields (do premiado "Fosse/Verdon") e pelo Joseph Weisberg (de "Damages") tem muito do que de melhor encontramos em "O Silêncio dos Inocentes" e isso é um baita elogio! Se para alguns o "O Paciente" pode parecer parado demais, dando até a impressão que a história não sai do lugar; para aqueles dispostos a enxergar e a ouvir além do que está na tela, essa jornada será um desafio intelectual muito divertido, uma provocação psicológica envolvente, como se estivéssemos em frente a um espelho onde a mente humana fosse capaz de criar e depois nos convencer de que até o improvável pode ser real (e muitas vezes fatal)!

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O Pacto

O Pacto

"O Pacto" talvez seja o filme de ação menos "Guy Ritchie" do Guy Ritchie. Digo isso com a tranquilidade de quem conhece praticamente todos os projetos do diretor no gênero, que, de alguma forma, impõe sua identidade com a mesma competência com que constrói uma trama normalmente fragmentada, cheia de intervenções gráficas e que fomenta uma certa ironia no tom e na performance dos atores. Aqui, o que temos é sim um filme de ação, que nos faz lembrar os bons tempos de "Homeland", mas a potência da narrativa está mesmo é no drama, na atmosfera de tensão e de angustia pela qual os personagens precisam passar. É uma experiência inesquecível? Certamente não, mas posso te garantir que são 120 minutos de um ótimo e dinâmico entretenimento - eu diria até, imperdível!

Durante a Guerra do Afeganistão, o Sargento John Kinley (Jake Gylenhaal) recruta o intérprete local Ahmed (Dar Salim) para acompanhar a equipe na missão de neutralizar o maior número possível de instalações do Talibã. Porém, no confronto, Kinley acaba sendo atingido e é gravemente ferido. Para salvar o sargento, Ahmed não pensa duas vezes antes de colocar a própria vida em risco e carregar Kinley através de cenários perigosos para escapar dos inimigos. Porém, Kinley volta para casa e descobre que, no Afeganistão, Ahmed está sendo perseguido pelo Talibã por ter salvo sua vida. Com as autoridades se negando a enviar ajuda, John decide retornar para o campo de batalha por conta própria para ajudar o homem. Confira o trailer (em inglês):

Sem a menor dúvida que "The Covenant" (no original) pode ser definido como um drama de guerra dos mais eficientes e empolgantes, no entanto é de se questionar por qual razão que o diretor não se arriscou mais? Isso não é uma critica, mas uma constatação - com exceção de um ou outro plano mais criativo, a sua condução é mais flat. A narrativa também é mais linear, ao ponto de termos a exata sensação de estarmos assistindo um episódio de "Homeland" - no bom e no mal sentido. No bom, é perceptível que Ritchie se apropria dos dramas dos personagens para dimensionar o tamanho do problema que foi a Guerra do Afeganistão - inclusive ao abordar o evento de forma realista, explorando as complexidades morais e éticas enfrentadas pelos soldados americanos, bem como os dilemas enfrentados pelos afegãos que eram contra o sistema talibã. Já pelo lado, digamos, "ruim"; o filme não traz nada de muito novo, ou seja, é mais um filme sobre a jornada do herói que busca sua redenção.

Visualmente, o trabalho do diretor de fotografia Ed Wild (o mesmo de "Invasão a Londres") é impecável. Os planos construídos ao lado Ritchie são incríveis - a forma como Wild interpreta a geografia local soa quase documental (e não é exagero). As montanhas, o silêncio, as estradas vazias, o ar pesado, o calor, enfim, todos esses elementos são brilhantemente explorados e dão o tom claustrofóbico da trama. Reparem que até nas sequências de ação na fábrica e depois na barragem, a câmera pontua o local do embate sem esquecer do cenário em que ele está inserido e ao somar aqueles enquadramentos mais baixos, com as caminhonetes cheias de talibãs chegando, pronto, tudo fica muito alinhado à angústia e ao suspense do momento.

Olhar a Guerra no Oriente Médio sob o contexto dos americanos e suas alianças estratégicas superficiais virou algo comum em Hollywood nesses mais de 20 anos de produção do gênero - algo como os anos 80 fez com o Vietnã. No entanto, "O Pacto" parece ter adicionado algumas camadas que o diferenciam e, de certa forma, insere mais realidade ao filme. O excepcional trabalho de Gyllenhaal ao lado de Salim potencializa essa premissa e nos conecta à jornada sem muito esforço. Até quando o roteiro aponta bem rapidamente para a Síndrome de Estresse Pós-Traumático do personagem, sabemos que aquilo vai funcionar apenas como gatilho para um embate que vem pela frente. Em um filme claramente dividido só em dois atos, cada qual com seu "salvamento" para guiar a narrativa, eu reforço que ambos são dignos de muitos elogios.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

"O Pacto" talvez seja o filme de ação menos "Guy Ritchie" do Guy Ritchie. Digo isso com a tranquilidade de quem conhece praticamente todos os projetos do diretor no gênero, que, de alguma forma, impõe sua identidade com a mesma competência com que constrói uma trama normalmente fragmentada, cheia de intervenções gráficas e que fomenta uma certa ironia no tom e na performance dos atores. Aqui, o que temos é sim um filme de ação, que nos faz lembrar os bons tempos de "Homeland", mas a potência da narrativa está mesmo é no drama, na atmosfera de tensão e de angustia pela qual os personagens precisam passar. É uma experiência inesquecível? Certamente não, mas posso te garantir que são 120 minutos de um ótimo e dinâmico entretenimento - eu diria até, imperdível!

Durante a Guerra do Afeganistão, o Sargento John Kinley (Jake Gylenhaal) recruta o intérprete local Ahmed (Dar Salim) para acompanhar a equipe na missão de neutralizar o maior número possível de instalações do Talibã. Porém, no confronto, Kinley acaba sendo atingido e é gravemente ferido. Para salvar o sargento, Ahmed não pensa duas vezes antes de colocar a própria vida em risco e carregar Kinley através de cenários perigosos para escapar dos inimigos. Porém, Kinley volta para casa e descobre que, no Afeganistão, Ahmed está sendo perseguido pelo Talibã por ter salvo sua vida. Com as autoridades se negando a enviar ajuda, John decide retornar para o campo de batalha por conta própria para ajudar o homem. Confira o trailer (em inglês):

Sem a menor dúvida que "The Covenant" (no original) pode ser definido como um drama de guerra dos mais eficientes e empolgantes, no entanto é de se questionar por qual razão que o diretor não se arriscou mais? Isso não é uma critica, mas uma constatação - com exceção de um ou outro plano mais criativo, a sua condução é mais flat. A narrativa também é mais linear, ao ponto de termos a exata sensação de estarmos assistindo um episódio de "Homeland" - no bom e no mal sentido. No bom, é perceptível que Ritchie se apropria dos dramas dos personagens para dimensionar o tamanho do problema que foi a Guerra do Afeganistão - inclusive ao abordar o evento de forma realista, explorando as complexidades morais e éticas enfrentadas pelos soldados americanos, bem como os dilemas enfrentados pelos afegãos que eram contra o sistema talibã. Já pelo lado, digamos, "ruim"; o filme não traz nada de muito novo, ou seja, é mais um filme sobre a jornada do herói que busca sua redenção.

Visualmente, o trabalho do diretor de fotografia Ed Wild (o mesmo de "Invasão a Londres") é impecável. Os planos construídos ao lado Ritchie são incríveis - a forma como Wild interpreta a geografia local soa quase documental (e não é exagero). As montanhas, o silêncio, as estradas vazias, o ar pesado, o calor, enfim, todos esses elementos são brilhantemente explorados e dão o tom claustrofóbico da trama. Reparem que até nas sequências de ação na fábrica e depois na barragem, a câmera pontua o local do embate sem esquecer do cenário em que ele está inserido e ao somar aqueles enquadramentos mais baixos, com as caminhonetes cheias de talibãs chegando, pronto, tudo fica muito alinhado à angústia e ao suspense do momento.

Olhar a Guerra no Oriente Médio sob o contexto dos americanos e suas alianças estratégicas superficiais virou algo comum em Hollywood nesses mais de 20 anos de produção do gênero - algo como os anos 80 fez com o Vietnã. No entanto, "O Pacto" parece ter adicionado algumas camadas que o diferenciam e, de certa forma, insere mais realidade ao filme. O excepcional trabalho de Gyllenhaal ao lado de Salim potencializa essa premissa e nos conecta à jornada sem muito esforço. Até quando o roteiro aponta bem rapidamente para a Síndrome de Estresse Pós-Traumático do personagem, sabemos que aquilo vai funcionar apenas como gatilho para um embate que vem pela frente. Em um filme claramente dividido só em dois atos, cada qual com seu "salvamento" para guiar a narrativa, eu reforço que ambos são dignos de muitos elogios.

Vale muito o seu play!

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O Pálido Olho Azul

"O Pálido Olho Azul" é excelente! Mesmo com um estilo narrativo um pouco mais cadenciado, com diálogos cheio de nuances e uma fotografia um pouco mais densa, eu diria que a história é muito bem amarrada, construída em cima de camadas bem desenvolvidas e com um final que pode surpreender muita gente - sem falar, óbvio, na performance digna de prêmios de Christian Bale e Harry Melling.

Baseado no romance de Louis Bayard, o filme acompanha o detetive Augustus Landor (Bale) que viaja para West Point, em Nova York, para investigar uma série de assassinatos assombrosos que colocam em xeque a reputação e a segurança da Academia Militar dos Estados Unidos. Ao chegar lá, Landor se alia a um dos cadetes locais, Edgar Allan Poe (Melling), para encontrar pistas acerca de quem pode estar por trás dos crimes. Entretanto, o detetive descobre que as coisas são muito mais complicadas do que parecem quando ele compreende que os homicídios são apenas o primeiro passo de um plano ainda mais macabro. Confira o trailer:

Em uma temporada onde Benoit Blanc trouxe seu charme para o segundo capítulo de "Knives Out" com muito mistério, leveza e um toque homeopático de humor, transportar exatamente o mesmo subgênero investigativo para 1830, em um cenário mais sinistro, que se confunde entre a literatura e o teatro, ao melhor estilo Sherlock Holmes, só que dessa vez pautado no drama mais obscuro, com um forte elemento de suspense sobrenatural, é no mínimo um risco calculado! O filme muito bem dirigido pelo Scott Cooper (de "Espíritos Obscuros") nos convida para uma imersão clara naquela atmosfera gélida e esfumaçada, onde os personagens carregam no olhar o sofrimento de suas histórias mais íntimas ao mesmo tempo em que precisam lidar com o medo do desconhecido.

Mesmo com um roteiro que mostra certa dificuldade para unir essas duas pontas, muitas vezes se apoiando em diálogos expositivos demais, é de se elogiar a forma como a atmosfera de "The Pale Blue Eye"(no original) nos envolve - existe uma tensão constante em meio a um afinado elemento gótico, poético e excêntrico personificado em Edgar Allan Poe que se encaixa perfeitamente ao estilo investigativo de Landor que parece beber na mesma fonte de Robert Langdon e da simbologia "ocultista" de Dan Brown.

Tecnicamente muito bem realizado, "O Pálido Olho Azul" tem o impacto necessário para nos deixar muito satisfeito com sua resolução, mesmo que soe um pouco exagerado em alguns momentos. As peças se encaixam perfeitamente e olhando em retrospectiva, tudo faz sentido - do seu conceito narrativo que se mostra completamente alinhado com a forma como Cooper e o diretor de fotografia, Masanobu Takayanagi (de "O canto do cisne"), decodificam as falhas de caráter do ser humano à dicotomia de um universo misterioso dividido entre o fúnebre e a paixão pela vida.

Vale muito seu play!

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"O Pálido Olho Azul" é excelente! Mesmo com um estilo narrativo um pouco mais cadenciado, com diálogos cheio de nuances e uma fotografia um pouco mais densa, eu diria que a história é muito bem amarrada, construída em cima de camadas bem desenvolvidas e com um final que pode surpreender muita gente - sem falar, óbvio, na performance digna de prêmios de Christian Bale e Harry Melling.

Baseado no romance de Louis Bayard, o filme acompanha o detetive Augustus Landor (Bale) que viaja para West Point, em Nova York, para investigar uma série de assassinatos assombrosos que colocam em xeque a reputação e a segurança da Academia Militar dos Estados Unidos. Ao chegar lá, Landor se alia a um dos cadetes locais, Edgar Allan Poe (Melling), para encontrar pistas acerca de quem pode estar por trás dos crimes. Entretanto, o detetive descobre que as coisas são muito mais complicadas do que parecem quando ele compreende que os homicídios são apenas o primeiro passo de um plano ainda mais macabro. Confira o trailer:

Em uma temporada onde Benoit Blanc trouxe seu charme para o segundo capítulo de "Knives Out" com muito mistério, leveza e um toque homeopático de humor, transportar exatamente o mesmo subgênero investigativo para 1830, em um cenário mais sinistro, que se confunde entre a literatura e o teatro, ao melhor estilo Sherlock Holmes, só que dessa vez pautado no drama mais obscuro, com um forte elemento de suspense sobrenatural, é no mínimo um risco calculado! O filme muito bem dirigido pelo Scott Cooper (de "Espíritos Obscuros") nos convida para uma imersão clara naquela atmosfera gélida e esfumaçada, onde os personagens carregam no olhar o sofrimento de suas histórias mais íntimas ao mesmo tempo em que precisam lidar com o medo do desconhecido.

Mesmo com um roteiro que mostra certa dificuldade para unir essas duas pontas, muitas vezes se apoiando em diálogos expositivos demais, é de se elogiar a forma como a atmosfera de "The Pale Blue Eye"(no original) nos envolve - existe uma tensão constante em meio a um afinado elemento gótico, poético e excêntrico personificado em Edgar Allan Poe que se encaixa perfeitamente ao estilo investigativo de Landor que parece beber na mesma fonte de Robert Langdon e da simbologia "ocultista" de Dan Brown.

Tecnicamente muito bem realizado, "O Pálido Olho Azul" tem o impacto necessário para nos deixar muito satisfeito com sua resolução, mesmo que soe um pouco exagerado em alguns momentos. As peças se encaixam perfeitamente e olhando em retrospectiva, tudo faz sentido - do seu conceito narrativo que se mostra completamente alinhado com a forma como Cooper e o diretor de fotografia, Masanobu Takayanagi (de "O canto do cisne"), decodificam as falhas de caráter do ser humano à dicotomia de um universo misterioso dividido entre o fúnebre e a paixão pela vida.

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O Paraíso e a Serpente

"O Paraíso e a Serpente" é uma coprodução da BBC One com a Netflix e poderia ser tranqüilamente uma temporada de "American Crime Story" - e isso é uma grande elogio, pois considero a produção, que tem Ryan Murphy no comando uma das melhores séries antológicas já produzidas. Em "O Paraíso e a Serpente" temos exatamente a mesma fórmula, limitada em 8 episódios como uma minissérie, baseada em fatos reais e tendo como pano de fundo um (ou vários crimes) que chamaram a atenção da mídia na época.

Na história conhecemos Charles Sobhraj (Tahar Rahim), um assassino em série e golpista que fingia ser um comprador e vendedor de pedras preciosas que atuava em vários países da Ásia, como Tailândia e Índia, e tinha como principais alvos jovens e sonhadores viajantes, no auge dos anos 70. Charles tinha o dom de manipular facilmente as pessoas, conquistar sua confiança, inclusive de sua namorada, a canadense Marie-Andrée Leclerc (Jenna Coleman), e com todo o seu talento, drogava suas vitimas, roubava todo dinheiro e seus documentos para depois falsificar sua identidade, e por fim assassinava cruelmente cada um deles para não deixar rastros, enquanto enriquecia as custas desses crimes. Confira o trailer:

"O Paraíso e a Serpente" é surpreendentemente boa, mas tem alguns pontos que precisam ser levantados. O primeiro, sem dúvida, é a edição: o conceito narrativo da minissérie é 100% não linear, ou seja, a todo momento, os acontecimentos do passado, presente e até do futuro são exibidos a partir de uma animação que simula o painel de uma aeroporto com a data, local e a informação de "X anos antes" e "Y meses depois". De fato, essa escolha cria um certo desgaste, mas depois que entendemos que o artifício não serve apenas para estabelecer o tempo e o espaço de uma ação e sim para servir como referência para as peças de um quebra-cabeça que vão se unindo e mostrando os diversos pontos de vista para uma mesma passagem da história, tudo passa a fazer muito mais sentido.

Outro ponto que pode incomodar um pouco, mas com o tempo nos acostumamos e entendemos perfeitamente, diz respeito ao conceito visual e estético escolhido pelos diretores Hans Herbots e Tom Shankland. Nos colocar imersos no mood da época para entendermos toda a atmosfera da região e da cultura oriental não é tarefa fácil, sendo assim os diretores misturam cenas reais para indicar o local de uma determinada passagem do roteiro, com um desenho de produção que, as vezes, pode parecer fora do tom - a maquiagem e o cabelo de Tahar Rahim é um bom exemplo dessa escorregada, mas contrasta com um ótimo figurino e cenários bem produzidos. Um artificio que também é proposital é o uso de zoom in e zoom out para estabelecer a tensão emocional de uma cena - muito comum nos filmes da época, essa gramática cinematográfica é muito bem utilizada aqui e, mesmo causando um pouco de incomodo inicialmente, está 100% alinhada com o estilo imposto na narrativa.

"The Serpent" (no original) tem o mérito de nos apresentar a impressionante história de um criminoso que aterrorizou turistas ocidentais na Ásia por muito tempo e que dava um baile nas autoridades do mundo inteiro. É, sem dúvida alguma, uma minissérie que vai te impactar pela crueldade e tensão pela qual muitos personagens passam com o protagonista, te assustar em alguns momentos, te prender em outros, mas não vai deixar de ser um ótimo e divertido entretenimento. 

A verdade é que se você gosta do estilo "true crime", mesmo não sendo um documentário, pode dar o play seguramente!

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"O Paraíso e a Serpente" é uma coprodução da BBC One com a Netflix e poderia ser tranqüilamente uma temporada de "American Crime Story" - e isso é uma grande elogio, pois considero a produção, que tem Ryan Murphy no comando uma das melhores séries antológicas já produzidas. Em "O Paraíso e a Serpente" temos exatamente a mesma fórmula, limitada em 8 episódios como uma minissérie, baseada em fatos reais e tendo como pano de fundo um (ou vários crimes) que chamaram a atenção da mídia na época.

Na história conhecemos Charles Sobhraj (Tahar Rahim), um assassino em série e golpista que fingia ser um comprador e vendedor de pedras preciosas que atuava em vários países da Ásia, como Tailândia e Índia, e tinha como principais alvos jovens e sonhadores viajantes, no auge dos anos 70. Charles tinha o dom de manipular facilmente as pessoas, conquistar sua confiança, inclusive de sua namorada, a canadense Marie-Andrée Leclerc (Jenna Coleman), e com todo o seu talento, drogava suas vitimas, roubava todo dinheiro e seus documentos para depois falsificar sua identidade, e por fim assassinava cruelmente cada um deles para não deixar rastros, enquanto enriquecia as custas desses crimes. Confira o trailer:

"O Paraíso e a Serpente" é surpreendentemente boa, mas tem alguns pontos que precisam ser levantados. O primeiro, sem dúvida, é a edição: o conceito narrativo da minissérie é 100% não linear, ou seja, a todo momento, os acontecimentos do passado, presente e até do futuro são exibidos a partir de uma animação que simula o painel de uma aeroporto com a data, local e a informação de "X anos antes" e "Y meses depois". De fato, essa escolha cria um certo desgaste, mas depois que entendemos que o artifício não serve apenas para estabelecer o tempo e o espaço de uma ação e sim para servir como referência para as peças de um quebra-cabeça que vão se unindo e mostrando os diversos pontos de vista para uma mesma passagem da história, tudo passa a fazer muito mais sentido.

Outro ponto que pode incomodar um pouco, mas com o tempo nos acostumamos e entendemos perfeitamente, diz respeito ao conceito visual e estético escolhido pelos diretores Hans Herbots e Tom Shankland. Nos colocar imersos no mood da época para entendermos toda a atmosfera da região e da cultura oriental não é tarefa fácil, sendo assim os diretores misturam cenas reais para indicar o local de uma determinada passagem do roteiro, com um desenho de produção que, as vezes, pode parecer fora do tom - a maquiagem e o cabelo de Tahar Rahim é um bom exemplo dessa escorregada, mas contrasta com um ótimo figurino e cenários bem produzidos. Um artificio que também é proposital é o uso de zoom in e zoom out para estabelecer a tensão emocional de uma cena - muito comum nos filmes da época, essa gramática cinematográfica é muito bem utilizada aqui e, mesmo causando um pouco de incomodo inicialmente, está 100% alinhada com o estilo imposto na narrativa.

"The Serpent" (no original) tem o mérito de nos apresentar a impressionante história de um criminoso que aterrorizou turistas ocidentais na Ásia por muito tempo e que dava um baile nas autoridades do mundo inteiro. É, sem dúvida alguma, uma minissérie que vai te impactar pela crueldade e tensão pela qual muitos personagens passam com o protagonista, te assustar em alguns momentos, te prender em outros, mas não vai deixar de ser um ótimo e divertido entretenimento. 

A verdade é que se você gosta do estilo "true crime", mesmo não sendo um documentário, pode dar o play seguramente!

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O Passado

Eu sou suspeito para falar sobre o diretor iraniano AsgharFarhadi, mas como eu já havia comentado no review de "O apartamento", ele é daqueles poucos diretores que temos a certeza que sempre entregará um grande filme! Ele tem uma sensibilidade para falar sobre as relações humanas impressionante, especialmente entre casais, e ao mesmo tempo construir uma atmosfera de mistério que não necessariamente existe, mas que ao criarmos a expectativa sobre o "algo mais", ele simplesmente junta as peças e nos entrega o óbvio propositalmente - provando que a vida é cheia de segredos, mas que as respostas são as mais simples possíveis, basta ter coragem para encará-las.

"O Passado" mostra a ruína de uma relação entre um marido iraniano e sua esposa francesa, vivendo na Europa. Após quatro anos de separação, Ahmad (Ali Mosaffa) retorna a Paris, vindo de Teerã, a pedido da ex-mulher, Marie (Bérénice Bejo), para finalizar o processo do divórcio. Durante sua rápida estadia, Ahmad nota a conflituosa relação entre Marie e sua filha Lucie (Pauline Burlet). Os esforços de Ahmad para melhorar esse relacionamento acabam revelando muitos segredos e a cada embate os fantasmas do passado retornam ainda com mais força. Confira o trailer:

Tecnicamente perfeito - da Fotografia à Direção de Arte, o filme inteiro se apoia em um roteiro excelente. É incrível como os diálogos, mesmo longos, são bem construídos. Reparem como eles criam uma atmosfera de constrangimento e desencontros, tão palpável e natural se olharmos pelo ponto de vista das relações - seja elas quais forem! Farhadi mostra perfeitamente como é complicado lidar com relações disfuncionais: o futuro marido que sente inseguro com a presença do ex, a esposa que não consegue lidar com as escolhas de todos os homens que passaram pela sua vida, a filha adolescente que não consegue se comunicar com a mãe e olhem que interessante: como as crianças enxergam todos esses conflitos e sofrem por estar em um ambiente tão caótico emocionalmente. Sério, é um aula de atuação de todo elenco - especialmente de Bérénice Bejo que, inclusive, ganhou na categoria "Melhor Atriz" no Festival de Cannes em 2013.

Se para alguns o filme pode parecer cansativo, afinal muitas cenas parecem durar tempo demais, pode ter a mais absoluta certeza: ela é necessária para a total compreensão da história. Dentro do conceito narrativo de Asghar Farhadi (que mais uma vez também assina o roteiro) nenhum personagem ou situação é desperdiçada, todos e tudo cumprem suas funções com o único objetivo: nos provocar emocionalmente e criar sensações bem desconfortáveis - o próprio cenário, a casa da Marie, em reforma, sempre bagunçada e cheia de problemas, onde 70% do filme acontece, é quase uma metáfora de sua vida e nos dá uma agonia absurda.

De fato a cinematografia de Farhadi não agrada a todos e é compreensível, mas para aqueles dispostos a mergulhar nas camadas mais profundas dos personagens - que parecem simples, mas carregam uma complexidade inerente ao ser humano, olha, "Le passé" (no original) é outro filme imperdível desse talentoso e premiado cineasta! 

Vale muito seu play!

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Eu sou suspeito para falar sobre o diretor iraniano AsgharFarhadi, mas como eu já havia comentado no review de "O apartamento", ele é daqueles poucos diretores que temos a certeza que sempre entregará um grande filme! Ele tem uma sensibilidade para falar sobre as relações humanas impressionante, especialmente entre casais, e ao mesmo tempo construir uma atmosfera de mistério que não necessariamente existe, mas que ao criarmos a expectativa sobre o "algo mais", ele simplesmente junta as peças e nos entrega o óbvio propositalmente - provando que a vida é cheia de segredos, mas que as respostas são as mais simples possíveis, basta ter coragem para encará-las.

"O Passado" mostra a ruína de uma relação entre um marido iraniano e sua esposa francesa, vivendo na Europa. Após quatro anos de separação, Ahmad (Ali Mosaffa) retorna a Paris, vindo de Teerã, a pedido da ex-mulher, Marie (Bérénice Bejo), para finalizar o processo do divórcio. Durante sua rápida estadia, Ahmad nota a conflituosa relação entre Marie e sua filha Lucie (Pauline Burlet). Os esforços de Ahmad para melhorar esse relacionamento acabam revelando muitos segredos e a cada embate os fantasmas do passado retornam ainda com mais força. Confira o trailer:

Tecnicamente perfeito - da Fotografia à Direção de Arte, o filme inteiro se apoia em um roteiro excelente. É incrível como os diálogos, mesmo longos, são bem construídos. Reparem como eles criam uma atmosfera de constrangimento e desencontros, tão palpável e natural se olharmos pelo ponto de vista das relações - seja elas quais forem! Farhadi mostra perfeitamente como é complicado lidar com relações disfuncionais: o futuro marido que sente inseguro com a presença do ex, a esposa que não consegue lidar com as escolhas de todos os homens que passaram pela sua vida, a filha adolescente que não consegue se comunicar com a mãe e olhem que interessante: como as crianças enxergam todos esses conflitos e sofrem por estar em um ambiente tão caótico emocionalmente. Sério, é um aula de atuação de todo elenco - especialmente de Bérénice Bejo que, inclusive, ganhou na categoria "Melhor Atriz" no Festival de Cannes em 2013.

Se para alguns o filme pode parecer cansativo, afinal muitas cenas parecem durar tempo demais, pode ter a mais absoluta certeza: ela é necessária para a total compreensão da história. Dentro do conceito narrativo de Asghar Farhadi (que mais uma vez também assina o roteiro) nenhum personagem ou situação é desperdiçada, todos e tudo cumprem suas funções com o único objetivo: nos provocar emocionalmente e criar sensações bem desconfortáveis - o próprio cenário, a casa da Marie, em reforma, sempre bagunçada e cheia de problemas, onde 70% do filme acontece, é quase uma metáfora de sua vida e nos dá uma agonia absurda.

De fato a cinematografia de Farhadi não agrada a todos e é compreensível, mas para aqueles dispostos a mergulhar nas camadas mais profundas dos personagens - que parecem simples, mas carregam uma complexidade inerente ao ser humano, olha, "Le passé" (no original) é outro filme imperdível desse talentoso e premiado cineasta! 

Vale muito seu play!

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O Preço da Verdade

"O Preço da Verdade" (Dark Waters) é o típico projeto que se fosse uma minissérie seria sensacional - nível "Chernobyl", mas devido a limitação de tempo, se tornou apenas um ótimo filme!

Ele conta a história real de um recém-nomeado sócio de um escritório de advocacia, Rob Bilott (Mark Ruffalo), que tem como especialidade defender empresas químicas em processos corporativos. Após ser procurado por um fazendeiro de sua cidade natal em West Virgínia, devido a uma misteriosa sequência de 190 mortes de cabeças de gado, Bilott se vê no meio de uma suspeita muito indesejável: a responsável seria uma fábrica da "gigante" DuPont que emprega 90% da cidade de Parkersburg e que estaria contaminando a principal fonte de abastecimento de água da região! A partir daí, Rob Bilott começa a reunir provas contundentes e ao iniciar um processo contra a Dupont, ele descobre que os efeitos desse crime ambiental é infinitamente maior do que ele imaginava e que podem ter provocado reflexos na saúde de 99% da população mundial até os dias de hoje. Olha, é de revirar o estômago - pode até soar como uma grande conspiração, mas o filme é muito inteligente em se apoiar em uma série de fatos amplamente divulgados na época e que, de alguma forma, nos convidam a refletir sobre nossa atuação perante o planeta que gostaríamos de deixar para os nosso filhos e netos! Não é um filme que se propõe a levantar bandeiras ideológicas, mas, certamente, é um filme que vai te fazer pensar! Vale muito a pena!

"O Preço da Verdade" é inspirado numa história verdadeira e seu roteiro foi desenvolvido a partir de um artigo publicado em 2016 pelo jornal The New York Times, intitulado: “O advogado que se tornou o maior pesadelo da Dupont” (você pode ler esse artigo na íntegra, em inglês, aqui). A história é, de fato, complexa, já que a cadeia de eventos é extensa e as informações vão se amontoando na mesma velocidade em que os documentos da Dupont chegam no escritório de Rob Bilott para serem analisados. São mais de 20 anos de processo que precisaram ser condensados em pouco mais de duas horas de filme - é pouco para a riqueza do material, pela força da trama e pelas motivações de ótimos personagens. Por mais estereotipados que possam parecer, não podemos esquecer que estamos falando de personagens típicos de uma cidade do interior de West Virgínia que hoje tem cerca de 30 mil habitantes ou de advogados corporativos de Cincinnati, Ohio e não de Nova Yorke.  Por outro lado vemos a jornada de ascensão social e profissional de um jovem e talentoso advogado, maravilhosamente interpretado por Mark Ruffalo - aliás Ruffalo poderia ter disputado a temporada premiações como "Melhor Ator", tranquilamente! A quem diga que é sua melhor atuação desde "Foxcatcher".

Outro ponto que merece destaque é a direção do Todd Haynes - é dele o excelente "Longe do Paraíso", indicado à 4 Oscars em 2003. Haynes não inventa moda, foca na direção dos atores e prova que não é preciso de uma câmera documental (nada contra) estilo Adam McKay, para se "documentar" uma história real na ficção! Os planos são bem construídos, mas fica claro que o foco está na relação entre os personagens, no diálogo, no peso das investigações e no reflexo da impunidade - é esse o grande trunfo do filme que nos move até o final com a faca nos dentes! O roteiro soube alinhar todos esses elementos, com as ferramentas que tinha e com isso transformou um filme complexo em uma história dinâmica e muito passional! O departamento de arte foi competente em fazer todas as transições de épocas e a fotografia do Edward Lachman foi inteligente em se aproveitar disso para deixar o filme ainda mais bonito visualmente - aliás, Lachman é aquele tipo de diretor de fotografia que praticamente não erra. Parceiro de Haynes em vários projetos, foi indicado ao Oscar duas vezes por filmes do diretor: 2016 por "Carol" e 2003 por "Longe do Paraíso".

"O Preço da Verdade" é um filme que foi pouco percebido nas premiações, talvez por seu lançamento ter acontecido muito no final do ano, mas merecia uma melhor chance. O elenco, além de Ruffalo, conta com Anne Hathaway como a esposa de Bilott - uma personagem discreta, mas com momentos pontuais que merecem destaque: a cena do hospital onde ela contra-cena com outro peso-pesado, Tim Robbins (Tom Terp), é sensacional! Bill Pullman e Victor Garber também estão no filme. Resumindo: gostei do que assisti, me penalizei com o roteirista por ter tido que adaptar uma grande história em pouco tempo de tela e fico muito a vontade para indicar "O Preço da Verdade". É um filme que nos provoca e mexe com a gente, principalmente por nos mostrar um outro lado da busca incansável do capitalismo americano pelo lucro a qualquer preço! Vale a pena!

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"O Preço da Verdade" (Dark Waters) é o típico projeto que se fosse uma minissérie seria sensacional - nível "Chernobyl", mas devido a limitação de tempo, se tornou apenas um ótimo filme!

Ele conta a história real de um recém-nomeado sócio de um escritório de advocacia, Rob Bilott (Mark Ruffalo), que tem como especialidade defender empresas químicas em processos corporativos. Após ser procurado por um fazendeiro de sua cidade natal em West Virgínia, devido a uma misteriosa sequência de 190 mortes de cabeças de gado, Bilott se vê no meio de uma suspeita muito indesejável: a responsável seria uma fábrica da "gigante" DuPont que emprega 90% da cidade de Parkersburg e que estaria contaminando a principal fonte de abastecimento de água da região! A partir daí, Rob Bilott começa a reunir provas contundentes e ao iniciar um processo contra a Dupont, ele descobre que os efeitos desse crime ambiental é infinitamente maior do que ele imaginava e que podem ter provocado reflexos na saúde de 99% da população mundial até os dias de hoje. Olha, é de revirar o estômago - pode até soar como uma grande conspiração, mas o filme é muito inteligente em se apoiar em uma série de fatos amplamente divulgados na época e que, de alguma forma, nos convidam a refletir sobre nossa atuação perante o planeta que gostaríamos de deixar para os nosso filhos e netos! Não é um filme que se propõe a levantar bandeiras ideológicas, mas, certamente, é um filme que vai te fazer pensar! Vale muito a pena!

"O Preço da Verdade" é inspirado numa história verdadeira e seu roteiro foi desenvolvido a partir de um artigo publicado em 2016 pelo jornal The New York Times, intitulado: “O advogado que se tornou o maior pesadelo da Dupont” (você pode ler esse artigo na íntegra, em inglês, aqui). A história é, de fato, complexa, já que a cadeia de eventos é extensa e as informações vão se amontoando na mesma velocidade em que os documentos da Dupont chegam no escritório de Rob Bilott para serem analisados. São mais de 20 anos de processo que precisaram ser condensados em pouco mais de duas horas de filme - é pouco para a riqueza do material, pela força da trama e pelas motivações de ótimos personagens. Por mais estereotipados que possam parecer, não podemos esquecer que estamos falando de personagens típicos de uma cidade do interior de West Virgínia que hoje tem cerca de 30 mil habitantes ou de advogados corporativos de Cincinnati, Ohio e não de Nova Yorke.  Por outro lado vemos a jornada de ascensão social e profissional de um jovem e talentoso advogado, maravilhosamente interpretado por Mark Ruffalo - aliás Ruffalo poderia ter disputado a temporada premiações como "Melhor Ator", tranquilamente! A quem diga que é sua melhor atuação desde "Foxcatcher".

Outro ponto que merece destaque é a direção do Todd Haynes - é dele o excelente "Longe do Paraíso", indicado à 4 Oscars em 2003. Haynes não inventa moda, foca na direção dos atores e prova que não é preciso de uma câmera documental (nada contra) estilo Adam McKay, para se "documentar" uma história real na ficção! Os planos são bem construídos, mas fica claro que o foco está na relação entre os personagens, no diálogo, no peso das investigações e no reflexo da impunidade - é esse o grande trunfo do filme que nos move até o final com a faca nos dentes! O roteiro soube alinhar todos esses elementos, com as ferramentas que tinha e com isso transformou um filme complexo em uma história dinâmica e muito passional! O departamento de arte foi competente em fazer todas as transições de épocas e a fotografia do Edward Lachman foi inteligente em se aproveitar disso para deixar o filme ainda mais bonito visualmente - aliás, Lachman é aquele tipo de diretor de fotografia que praticamente não erra. Parceiro de Haynes em vários projetos, foi indicado ao Oscar duas vezes por filmes do diretor: 2016 por "Carol" e 2003 por "Longe do Paraíso".

"O Preço da Verdade" é um filme que foi pouco percebido nas premiações, talvez por seu lançamento ter acontecido muito no final do ano, mas merecia uma melhor chance. O elenco, além de Ruffalo, conta com Anne Hathaway como a esposa de Bilott - uma personagem discreta, mas com momentos pontuais que merecem destaque: a cena do hospital onde ela contra-cena com outro peso-pesado, Tim Robbins (Tom Terp), é sensacional! Bill Pullman e Victor Garber também estão no filme. Resumindo: gostei do que assisti, me penalizei com o roteirista por ter tido que adaptar uma grande história em pouco tempo de tela e fico muito a vontade para indicar "O Preço da Verdade". É um filme que nos provoca e mexe com a gente, principalmente por nos mostrar um outro lado da busca incansável do capitalismo americano pelo lucro a qualquer preço! Vale a pena!

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O Problema dos 3 Corpos

"O Problema dos 3 Corpos" é uma mistura de "Contato", "A Chegada" e até de "V" (aquela do SBT mesmo, dos extraterrestres lagartos e tal). Lançada em 2024 pela Netflix, essa série é uma adaptação ambiciosa da aclamada trilogia de ficção científica escrita por Cixin Liu e desenvolvida por nada menos que David Benioff e D. B. Weiss (de "Game of Thrones") e pelo Alexander Woo (de "True Blood"). Com um nível de produção bastante requintado, essa adaptação busca capturar a complexidade e a profundidade do material original, trazendo uma narrativa densa e intelectualmente estimulante para as telas, explorando os meandros da ciência, da filosofia, da humanidade e do mistério com muito equilíbrio e sem esquecer do entretenimento. E oha, que entretenimento bom!

A trama de "O Problema dos 3 Corpos" gira em torno da descoberta da existência de uma civilização alienígena em um sistema estelar triplamente complexo, que pode ameaçar a sobrevivência da humanidade em algum momento do futuro. A série alterna entre o passado e o presente, começando com os eventos da Revolução Cultural Chinesa e progredindo até os dias de hoje onde cientistas enfrentam a possibilidade de um invasão extraterrestre. Confira o trailer:

Benioff e Weiss, juntamente com Woo, trazem sua experiência em criar narrativas épicas para uma ficção científica que vai construindo camadas, de fato, envolventes. Desde o primeiro episódio, o que vemos é a essência filosófica e científica do romance de Liu, adaptada em uma história dinâmica e provocadora. O roteiro é denso e exige atenção pela falta de linearidade temporal e por carregar na sua gênese temas menos usuais para a audiência, por outro lado é recompensador para os apreciadores do gênero todo esse desafio intelectual e, principalmente, essa provocação sobre uma percepção de mundo cheia de simbolismos. A direção de Minkie Spiro (de "Fosse/Verdon") e dos outros diretores envolvidos no projeto, é eficaz ao capturar a grandiosidade do universo original com maestria - se há alguns anos essa adaptação parecia impossível, posso dizer que a cinematografia aplicada em "O Problema dos 3 Corpos" é realmente impressionante - com uma paleta de cores rica e efeitos visuais de alta qualidade, a direção foi capaz de criar cenários visualmente deslumbrantes. As sequências que retratam o sistema estelar triplamente complexo pela perspectiva de um jogo de video-game são particularmente notáveis, oferecendo uma sensação de maravilha pelo visual e de perigo iminente pela narrativa. Incrível!

A série também se destaca por performances convincentes de seu elenco realmente talentoso. Zine Tseng no passado e Rosalind Chao no presente, entregam uma jornada poderosa e emotiva para Ye Wenjie, capturando a dor e a determinação de uma mulher que testemunhou tragédias inimagináveis e que busca respostas em meio ao caos. já Eiza González (como Auggie Salazar), Jess Hong (como Jin Cheng) e Jovan Adepo (como Saul Durand) trazem uma mistura de curiosidade intelectual e vulnerabilidade emocional, tornando seus personagens cativantes em suas dinâmicas de amizade. Benedict Wong e Jonathan Pryce também merecem elogios por entregar atuações sólidas que ajudam a ancorar a narrativa em uma realidade que passa a ser palpável graças a eles - a cena em que Pryce tenta explicar sobre a mentira a partir de um conto de fadas para alguém que é literal é simplesmente sensacional.

É inegável que "O Problema dos 3 Corpos" carrega o peso de sua profundidade como narrativa e de sua densidade vinda do material original - não é uma série fácil de acompanhar e isso pode afastar aqueles que buscam só um entretenimento banal. Aqui, nada é banal - o que vemos na tela é realmente algo ambicioso e estimulante, uma história que oferece uma visão fascinante de um dos romances de ficção científica mais influentes dos últimos tempos e que, com um conceito visual estilizado e sua narrativa desafiadora, nos faz pensar com mais cuidado sobre a ciência e a existência humana através do tempo e do espaço. Simples, não?

Um golaço da Netflix que pede o seu play!

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"O Problema dos 3 Corpos" é uma mistura de "Contato", "A Chegada" e até de "V" (aquela do SBT mesmo, dos extraterrestres lagartos e tal). Lançada em 2024 pela Netflix, essa série é uma adaptação ambiciosa da aclamada trilogia de ficção científica escrita por Cixin Liu e desenvolvida por nada menos que David Benioff e D. B. Weiss (de "Game of Thrones") e pelo Alexander Woo (de "True Blood"). Com um nível de produção bastante requintado, essa adaptação busca capturar a complexidade e a profundidade do material original, trazendo uma narrativa densa e intelectualmente estimulante para as telas, explorando os meandros da ciência, da filosofia, da humanidade e do mistério com muito equilíbrio e sem esquecer do entretenimento. E oha, que entretenimento bom!

A trama de "O Problema dos 3 Corpos" gira em torno da descoberta da existência de uma civilização alienígena em um sistema estelar triplamente complexo, que pode ameaçar a sobrevivência da humanidade em algum momento do futuro. A série alterna entre o passado e o presente, começando com os eventos da Revolução Cultural Chinesa e progredindo até os dias de hoje onde cientistas enfrentam a possibilidade de um invasão extraterrestre. Confira o trailer:

Benioff e Weiss, juntamente com Woo, trazem sua experiência em criar narrativas épicas para uma ficção científica que vai construindo camadas, de fato, envolventes. Desde o primeiro episódio, o que vemos é a essência filosófica e científica do romance de Liu, adaptada em uma história dinâmica e provocadora. O roteiro é denso e exige atenção pela falta de linearidade temporal e por carregar na sua gênese temas menos usuais para a audiência, por outro lado é recompensador para os apreciadores do gênero todo esse desafio intelectual e, principalmente, essa provocação sobre uma percepção de mundo cheia de simbolismos. A direção de Minkie Spiro (de "Fosse/Verdon") e dos outros diretores envolvidos no projeto, é eficaz ao capturar a grandiosidade do universo original com maestria - se há alguns anos essa adaptação parecia impossível, posso dizer que a cinematografia aplicada em "O Problema dos 3 Corpos" é realmente impressionante - com uma paleta de cores rica e efeitos visuais de alta qualidade, a direção foi capaz de criar cenários visualmente deslumbrantes. As sequências que retratam o sistema estelar triplamente complexo pela perspectiva de um jogo de video-game são particularmente notáveis, oferecendo uma sensação de maravilha pelo visual e de perigo iminente pela narrativa. Incrível!

A série também se destaca por performances convincentes de seu elenco realmente talentoso. Zine Tseng no passado e Rosalind Chao no presente, entregam uma jornada poderosa e emotiva para Ye Wenjie, capturando a dor e a determinação de uma mulher que testemunhou tragédias inimagináveis e que busca respostas em meio ao caos. já Eiza González (como Auggie Salazar), Jess Hong (como Jin Cheng) e Jovan Adepo (como Saul Durand) trazem uma mistura de curiosidade intelectual e vulnerabilidade emocional, tornando seus personagens cativantes em suas dinâmicas de amizade. Benedict Wong e Jonathan Pryce também merecem elogios por entregar atuações sólidas que ajudam a ancorar a narrativa em uma realidade que passa a ser palpável graças a eles - a cena em que Pryce tenta explicar sobre a mentira a partir de um conto de fadas para alguém que é literal é simplesmente sensacional.

É inegável que "O Problema dos 3 Corpos" carrega o peso de sua profundidade como narrativa e de sua densidade vinda do material original - não é uma série fácil de acompanhar e isso pode afastar aqueles que buscam só um entretenimento banal. Aqui, nada é banal - o que vemos na tela é realmente algo ambicioso e estimulante, uma história que oferece uma visão fascinante de um dos romances de ficção científica mais influentes dos últimos tempos e que, com um conceito visual estilizado e sua narrativa desafiadora, nos faz pensar com mais cuidado sobre a ciência e a existência humana através do tempo e do espaço. Simples, não?

Um golaço da Netflix que pede o seu play!

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O Próprio Enterro

O cinema muitas vezes nos surpreende ao contar histórias emocionantes e inspiradoras que são baseadas em eventos da vida real, mas em "O Próprio Enterro" ainda temos um elemento que, de fato, chama a atenção: trata-se de uma história, no mínimo, inusitada. O filme dirigido pela Maggie Betts (de "Noviciado") é uma dessas pérolas que não apenas merece sua atenção, mas também vai te envolver do começo ao fim, graças a uma narrativa muito bem construída, atuações notáveis e uma direção precisa capaz criar uma experiência cativante! Eu diria que "The Burial" (no original) tem aquele toque de batalha jurídica ao melhor estilo “David x Golias corporativo" que fez de "Erin Brockovich" uma referências para filmes como "O Preço da Verdade".

Quando o acordo com o poderoso Loewen Group dá errado, o dono de uma pequena cadeia de funerárias do Mississipi, Jeremiah O’Keefe (Tommy Lee Jones), contrata o advogado rockstar Willie E. Gary (Jamie Foxx) para salvar o negócio de sua família. Os ânimos explodem quando os dois passam a expor as práticas questionáveis da gigante canadense do ramo funerário, que vão de corrupção à injustiças raciais, em um contexto social que vai muito além dos tribunais. Confira o trailer (em inglês):

A narrativa de "O Próprio Enterro"se desenrola de maneira envolvente, se apoiando na "dramédia" para revelar detalhes complexos de um caso que mudou a vida de seu protagonista e serviu de gatilho para discussões muito mais profundas - essencialmente no que diz respeito aos conflitos raciais da história americana através das décadas. Betts sabe que não é preciso pesar na mão em nenhum momento - sua proposta conceitual traz sim o embate, mas nunca de uma forma dramática demais. Mesmo que exista uma certa densidade no assunto, sua atmosfera nunca é impactante, mesmo com aquela profundidade emocional que nos remete ao básico do "já sei onde tudo isso vai dar"!

A fotografia da incrível Maryse Alberti (de "O Lutador") é meticulosamente planejada para pontuar as sombras e contrastes do tribunal perante a luz e a cor do "maravilhoso mundo de Willie E. Gary" - a conotação de "sonho americano" realmente acompanha a jornada dos personagens, mas cada um com sua particularidade, inclusive visual. Se o roteiro da própria Maggie Betts acerta na apresentação desses personagens, ela certamente derrapa no desenvolvimento de outros - algumas peças (raras) se perdem e ótimas premissas simplesmente são deixadas de lado para focar apenas em  O’Keefe e Gary. É o caso da personagem Mame Downes da atriz Jurnee Smollet e de Mike Allred e Hal Dockins dos atores Alan Ruck e Mamoudou Athie, respectivamente. Ah, Bill Camp como o todo poderoso Ray Loewen brilha quando é demandado e por isso merece elogios.

"O Próprio Enterro" é realmente um ótimo entretenimento, mas longe de ser inesquecível. No entanto é daqueles que chega quietinho e vai conquistando a audiência ao ponto de marcar 91% de aprovação no Rotten Tomatoes.As performances acima da média são um bom atrativo - especialmente de Foxx; mas não é só isso já que Betts conduz uma narrativa que, mesmo com seus vacilos, é cativante. O filme sabe mesmo mergulhar nas complexidades da justiça americana pelos olhos de quem está disposto a lutar pela verdade até quando tudo leva a crer que a batalha já está perdida. Original? Longe disso, mas muito divertido mesmo sem ser uma comédia como muitos disseram por aí.

Vale seu play!

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O cinema muitas vezes nos surpreende ao contar histórias emocionantes e inspiradoras que são baseadas em eventos da vida real, mas em "O Próprio Enterro" ainda temos um elemento que, de fato, chama a atenção: trata-se de uma história, no mínimo, inusitada. O filme dirigido pela Maggie Betts (de "Noviciado") é uma dessas pérolas que não apenas merece sua atenção, mas também vai te envolver do começo ao fim, graças a uma narrativa muito bem construída, atuações notáveis e uma direção precisa capaz criar uma experiência cativante! Eu diria que "The Burial" (no original) tem aquele toque de batalha jurídica ao melhor estilo “David x Golias corporativo" que fez de "Erin Brockovich" uma referências para filmes como "O Preço da Verdade".

Quando o acordo com o poderoso Loewen Group dá errado, o dono de uma pequena cadeia de funerárias do Mississipi, Jeremiah O’Keefe (Tommy Lee Jones), contrata o advogado rockstar Willie E. Gary (Jamie Foxx) para salvar o negócio de sua família. Os ânimos explodem quando os dois passam a expor as práticas questionáveis da gigante canadense do ramo funerário, que vão de corrupção à injustiças raciais, em um contexto social que vai muito além dos tribunais. Confira o trailer (em inglês):

A narrativa de "O Próprio Enterro"se desenrola de maneira envolvente, se apoiando na "dramédia" para revelar detalhes complexos de um caso que mudou a vida de seu protagonista e serviu de gatilho para discussões muito mais profundas - essencialmente no que diz respeito aos conflitos raciais da história americana através das décadas. Betts sabe que não é preciso pesar na mão em nenhum momento - sua proposta conceitual traz sim o embate, mas nunca de uma forma dramática demais. Mesmo que exista uma certa densidade no assunto, sua atmosfera nunca é impactante, mesmo com aquela profundidade emocional que nos remete ao básico do "já sei onde tudo isso vai dar"!

A fotografia da incrível Maryse Alberti (de "O Lutador") é meticulosamente planejada para pontuar as sombras e contrastes do tribunal perante a luz e a cor do "maravilhoso mundo de Willie E. Gary" - a conotação de "sonho americano" realmente acompanha a jornada dos personagens, mas cada um com sua particularidade, inclusive visual. Se o roteiro da própria Maggie Betts acerta na apresentação desses personagens, ela certamente derrapa no desenvolvimento de outros - algumas peças (raras) se perdem e ótimas premissas simplesmente são deixadas de lado para focar apenas em  O’Keefe e Gary. É o caso da personagem Mame Downes da atriz Jurnee Smollet e de Mike Allred e Hal Dockins dos atores Alan Ruck e Mamoudou Athie, respectivamente. Ah, Bill Camp como o todo poderoso Ray Loewen brilha quando é demandado e por isso merece elogios.

"O Próprio Enterro" é realmente um ótimo entretenimento, mas longe de ser inesquecível. No entanto é daqueles que chega quietinho e vai conquistando a audiência ao ponto de marcar 91% de aprovação no Rotten Tomatoes.As performances acima da média são um bom atrativo - especialmente de Foxx; mas não é só isso já que Betts conduz uma narrativa que, mesmo com seus vacilos, é cativante. O filme sabe mesmo mergulhar nas complexidades da justiça americana pelos olhos de quem está disposto a lutar pela verdade até quando tudo leva a crer que a batalha já está perdida. Original? Longe disso, mas muito divertido mesmo sem ser uma comédia como muitos disseram por aí.

Vale seu play!

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O Relatório

"O Relatório" é um dos melhores filmes de 2019 sem a menor dúvida e muito me impressiona o fato de ter sido praticamente descartado na temporada de prêmios do ano passado!

Uma co-produção original da Amazon em parceria com a Vice, baseado em fatos reais, "O Relatório" acompanha uma delicada investigação comandada por Daniel Jones (Adam Driver), um funcionário da senadora norte-americana Dianne Feinstein (Annette Bening), sobre um sigiloso programa de "Detenção e Interrogatório" desenvolvido pela CIA (sempre ela), logo após os ataques de 11 de Setembro. Jones acaba descobrindo que a metodologia usada contra os presos, conhecida como “técnicas de interrogatório avançadas”, nada mais era do que várias formas de tortura e, pior, muitos dos 119 detidos eram civis sem nenhuma ligação com a Al Qaeda. Essas práticas autorizadas pelo alto escalão da CIA, resultaram na morte de vários inocentes e de suspeitos pouco relevantes na prevenção de ataques terroristas, sendo considerada um fracasso em sua execução, além de infringir a legislação norte-americana e o Direitos Humanos. Confira o trailer (em inglês):

"O Relatório" é quase uma continuação dos fatos retratados em outra produção que está disponível na Prime Vídeo chamada "The Looming Tower" (da Hulu) - inclusive vários personagens são facilmente reconhecidos. Se em "The Looming Tower" a CIA demostrava sua total incompetência para impedir um ataque terrorista ao guardar para si informações importantes, graças a uma rixa política dom o FBI, em "O Relatório" é apenas a comprovação do seu despreparo para lidar com suas próprias falhas. É mais uma história de embrulhar o estômago, cercada de burocratas egocêntricos, que é muito bem contada por um diretor quase estreante, Scott Z. Burns - o roteirista que já nos entregou dois ótimos thrillers: "Terapia de Risco" e "Contágio"! 

Olha, o filme vale muito a pena, mas se você assina Amazon Prime eu sugiro que você assista os dez episódios de  "The Looming Tower" e logo depois "O Relatório" - pode se preparar para uma experiência incrível com dramas políticos (reais) de primeiríssima qualidade!

Um dos elementos que mais me impressionou no filme foi seu roteiro. Ele comprime cerca de dez anos de história em "apenas" duas horas, com muita maestria - não entendo como esse roteiro não concorreu ao Oscar! São várias cenas de interrogatórios com prisioneiros, filmadas quase documentalmente de uma maneira muito parecida ao premiado "A Hora Mais Escura", enquanto as cenas de investigação segue muito o conceito visual do cultuado "Spotlight" - eu diria que "O Relatório" é uma junção dessas duas referências. Imagine que o relatório oficial dessa investigação era composta por sete mil páginas e sua versão publicada, 400. Tendo em mente que o roteiro não tem mais que 200 páginas, imagine o trabalho que foi equilibrar os fatos reais com a dinâmica cinematográfica de uma história que precisaria ser assimilada pelo público e ainda sem uma denotação de superficial!

A senadora vivida por Annette Bening, responsável pelo comitê que ordena a investigação, é outro elemento que merece destaque. Ela funciona como o ponto de equilíbrio para o personagem de Adam Driver, já que ambos parecem comprometidos com a investigação, mas com preocupações completamente diferentes - o que ajuda a criar um ponto de tensão muito interessante para a história. Reparem quando ela questiona Dan: "Você trabalha para mim ou para o relatório?" E completa logo em seguida: "Cuidado com sua resposta!" - tecnicamente ela é a força racional enquanto ele é a emocional! Um verdadeiro convite ao nosso julgamento, posso concluir!

Sem dúvida que o trabalho do diretor Scott Z. Burns diminui a impressão que "O Relatório" poderia gerar ao assumir que está usando a linguagem cinematográfica como meio para tornar acessível uma informação relevante para a sociedade americana (e mundial) - e isso teria muito do envolvimento do grupo Vice na produção, mas também não dá para esquecer que o filme é uma espécie de aula sobre politica com toques de drama, com um texto denso e bastante difícil de se localizar para quem desconhece completamente o caso (ou a linha temporal que culminou na investigação).

Olha, eu gostei demais - em todos os aspectos: dos cinematográficos ao histórico! Vale muito a pena, mesmo!

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"O Relatório" é um dos melhores filmes de 2019 sem a menor dúvida e muito me impressiona o fato de ter sido praticamente descartado na temporada de prêmios do ano passado!

Uma co-produção original da Amazon em parceria com a Vice, baseado em fatos reais, "O Relatório" acompanha uma delicada investigação comandada por Daniel Jones (Adam Driver), um funcionário da senadora norte-americana Dianne Feinstein (Annette Bening), sobre um sigiloso programa de "Detenção e Interrogatório" desenvolvido pela CIA (sempre ela), logo após os ataques de 11 de Setembro. Jones acaba descobrindo que a metodologia usada contra os presos, conhecida como “técnicas de interrogatório avançadas”, nada mais era do que várias formas de tortura e, pior, muitos dos 119 detidos eram civis sem nenhuma ligação com a Al Qaeda. Essas práticas autorizadas pelo alto escalão da CIA, resultaram na morte de vários inocentes e de suspeitos pouco relevantes na prevenção de ataques terroristas, sendo considerada um fracasso em sua execução, além de infringir a legislação norte-americana e o Direitos Humanos. Confira o trailer (em inglês):

"O Relatório" é quase uma continuação dos fatos retratados em outra produção que está disponível na Prime Vídeo chamada "The Looming Tower" (da Hulu) - inclusive vários personagens são facilmente reconhecidos. Se em "The Looming Tower" a CIA demostrava sua total incompetência para impedir um ataque terrorista ao guardar para si informações importantes, graças a uma rixa política dom o FBI, em "O Relatório" é apenas a comprovação do seu despreparo para lidar com suas próprias falhas. É mais uma história de embrulhar o estômago, cercada de burocratas egocêntricos, que é muito bem contada por um diretor quase estreante, Scott Z. Burns - o roteirista que já nos entregou dois ótimos thrillers: "Terapia de Risco" e "Contágio"! 

Olha, o filme vale muito a pena, mas se você assina Amazon Prime eu sugiro que você assista os dez episódios de  "The Looming Tower" e logo depois "O Relatório" - pode se preparar para uma experiência incrível com dramas políticos (reais) de primeiríssima qualidade!

Um dos elementos que mais me impressionou no filme foi seu roteiro. Ele comprime cerca de dez anos de história em "apenas" duas horas, com muita maestria - não entendo como esse roteiro não concorreu ao Oscar! São várias cenas de interrogatórios com prisioneiros, filmadas quase documentalmente de uma maneira muito parecida ao premiado "A Hora Mais Escura", enquanto as cenas de investigação segue muito o conceito visual do cultuado "Spotlight" - eu diria que "O Relatório" é uma junção dessas duas referências. Imagine que o relatório oficial dessa investigação era composta por sete mil páginas e sua versão publicada, 400. Tendo em mente que o roteiro não tem mais que 200 páginas, imagine o trabalho que foi equilibrar os fatos reais com a dinâmica cinematográfica de uma história que precisaria ser assimilada pelo público e ainda sem uma denotação de superficial!

A senadora vivida por Annette Bening, responsável pelo comitê que ordena a investigação, é outro elemento que merece destaque. Ela funciona como o ponto de equilíbrio para o personagem de Adam Driver, já que ambos parecem comprometidos com a investigação, mas com preocupações completamente diferentes - o que ajuda a criar um ponto de tensão muito interessante para a história. Reparem quando ela questiona Dan: "Você trabalha para mim ou para o relatório?" E completa logo em seguida: "Cuidado com sua resposta!" - tecnicamente ela é a força racional enquanto ele é a emocional! Um verdadeiro convite ao nosso julgamento, posso concluir!

Sem dúvida que o trabalho do diretor Scott Z. Burns diminui a impressão que "O Relatório" poderia gerar ao assumir que está usando a linguagem cinematográfica como meio para tornar acessível uma informação relevante para a sociedade americana (e mundial) - e isso teria muito do envolvimento do grupo Vice na produção, mas também não dá para esquecer que o filme é uma espécie de aula sobre politica com toques de drama, com um texto denso e bastante difícil de se localizar para quem desconhece completamente o caso (ou a linha temporal que culminou na investigação).

Olha, eu gostei demais - em todos os aspectos: dos cinematográficos ao histórico! Vale muito a pena, mesmo!

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O segredo dos seus olhos

"O segredo dos seus olhos" do diretor Juan José Campanella é o filme argentino que venceu o Oscar em 2010 o que nos faz partir do princípio que é um filme bom - e te garanto: o filme é simplesmente sensacional! É muito original e tecnicamente perfeito!

Após trabalhar a vida inteira em num Tribunal, Benjamín (Ricardo Darín) resolve se aposentar e aproveitar o seu tempo livre para escrever um romance baseado num acontecimento que ele mesmo vivenciou alguns anos atrás: em 1974, ele foi encarregado de investigar um violento assassinato. Ao encarar velhos traumas, Benjamín confronta o intenso romance que teve com sua antiga chefe Irene (Soledad Villamil), assim como decisões e equívocos que tomou no passado. Com o tempo, as memórias terminam por transformar novamente sua vida e os reflexos de suas descobertas podem ser devastadores. Confira o trailer:

"O segredo dos seus olhos" equilibra perfeitamente os elementos de suspense com o drama, mas sem esquecer de vários momentos onde o alivio cômico dá o tom irônico que ajuda a construir a personalidade de Benjamín. O roteiro nos entrega uma trama nada previsível, muito envolvente  e que consegue nos deixar tenso sempre que necessário. A capacidade que Darín tem como ator é muito bem aproveitado no filme, sua composição externa é tão bem construída quando seu trabalho íntimo. Tudo acaba se tornando bastante orgânico - do roteiro ao produto final que vemos na tela. Aliás é impossível não citar o "plano sequência" que busca Benjamín no meio de um Estádio de Futebol lotado. Reparem. A edição também merece destaque, pois o conceito narrativo imposta pelo roteiro sugere várias quebras na linha do tempo e a montagem do próprio Campanella resolve esse desafio de uma maneira muito criativa e uniforme - está realmente linda!

De fato é um grande trabalho do cinema argentino, sem dúvida um dos melhores da sua história e a vitória no Oscar 2010 só serviu para coroar um grande sucesso nas bilheterias - o filme custou 2 milhões de dólares e rendeu mais de 42 milhões no mundo inteiro!

Vale muito a pena e se prepare: o final é surpreendente!

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"O segredo dos seus olhos" do diretor Juan José Campanella é o filme argentino que venceu o Oscar em 2010 o que nos faz partir do princípio que é um filme bom - e te garanto: o filme é simplesmente sensacional! É muito original e tecnicamente perfeito!

Após trabalhar a vida inteira em num Tribunal, Benjamín (Ricardo Darín) resolve se aposentar e aproveitar o seu tempo livre para escrever um romance baseado num acontecimento que ele mesmo vivenciou alguns anos atrás: em 1974, ele foi encarregado de investigar um violento assassinato. Ao encarar velhos traumas, Benjamín confronta o intenso romance que teve com sua antiga chefe Irene (Soledad Villamil), assim como decisões e equívocos que tomou no passado. Com o tempo, as memórias terminam por transformar novamente sua vida e os reflexos de suas descobertas podem ser devastadores. Confira o trailer:

"O segredo dos seus olhos" equilibra perfeitamente os elementos de suspense com o drama, mas sem esquecer de vários momentos onde o alivio cômico dá o tom irônico que ajuda a construir a personalidade de Benjamín. O roteiro nos entrega uma trama nada previsível, muito envolvente  e que consegue nos deixar tenso sempre que necessário. A capacidade que Darín tem como ator é muito bem aproveitado no filme, sua composição externa é tão bem construída quando seu trabalho íntimo. Tudo acaba se tornando bastante orgânico - do roteiro ao produto final que vemos na tela. Aliás é impossível não citar o "plano sequência" que busca Benjamín no meio de um Estádio de Futebol lotado. Reparem. A edição também merece destaque, pois o conceito narrativo imposta pelo roteiro sugere várias quebras na linha do tempo e a montagem do próprio Campanella resolve esse desafio de uma maneira muito criativa e uniforme - está realmente linda!

De fato é um grande trabalho do cinema argentino, sem dúvida um dos melhores da sua história e a vitória no Oscar 2010 só serviu para coroar um grande sucesso nas bilheterias - o filme custou 2 milhões de dólares e rendeu mais de 42 milhões no mundo inteiro!

Vale muito a pena e se prepare: o final é surpreendente!

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O Símbolo Perdido

Se você gostou das adaptações para o cinema de "O Código Da Vinci" (2006), "Anjos & Demônios" (2011) e "Inferno" (2016), você nem precisa terminar de ler esse review, basta dar o play que sua diversão estará garantida por quase dez horas de história que estão divididas em 10 episódios! Para aqueles que ainda não se aventuraram pelas obras de Dan Brown, talvez a série "O Símbolo Perdido" seja um bom ponto de partida, já que os próprios produtores (e diretor) da trilogia cinematográfica, Ron Howard e Brian Grazer, quebraram a linha temporal do personagem eternizado por Tom Hanks, Robert Langdon, transformando o terceiro livro do autor em uma espécie de prequel, contando a mesma história, porém com Langdon em inicio de carreira.

Chamado por seu amigo e mentor, Peter Solomon (Eddie Izzard), para dar uma palestra em Washington, Robert Langdon (Ashley Zukerman) viaja até a capital americana, mas antes de entrar no palco para iniciar sua apresentação, descobre que tudo aquilo foi uma armação para obriga-lo a desvendar uma série de enigmas e assim iniciar uma busca por um antigo portal místico em meio a uma enorme conspiração que envolve políticos, pensadores históricos, perigosos assassinos, extremistas religiosos, a maçonaria e a própria CIA. Confira o trailer (em inglês):

Criada por Dan Dworkin ao lado de Jay Beattie e produzida originalmente para o Peacock, "O Símbolo Perdido" chegou ao Brasil pelo Globoplay com status de superprodução, porém o que seria uma série antológica acabou se transformando em uma minissérie (sim, a história tem um final) já que a NBCUniversal resolveu não dar continuidade ao projeto pelo seu alto custo e baixo retorno após a exibição do que seria a primeira temporada. O fato é que mesmo sendo apresentada como uma nova abordagem do trabalho de Dan Brown, Howard e Grazer replicaram muito da dinâmica visual e narrativa que fizeram com que os filmes funcionassem - talvez com menos intervenções gráficas e sem, obviamente, a maestria de Hanks.

É inegável que mesmo com uma atualização inteligente em sua forma, a minissérie sofra com o conteúdo datado em seu conceito narrativo - o sucesso arrebatador do estilo bem particular de escrita de Dan Brown, já com mais de vinte anos de "Anjos & Demônios", dificilmente se conecta com uma audiência acostumada com tramas menos expositivas. Por outro lado, o fã do autor sabe exatamente o que vai encontrar e gosta: entretenimento, aquela sensação de urgência a todo momento e o equilíbrio inteligente entre o místico, o cientifico e o religioso - tudo isso com uma boa dose de suspensão da realidade e uma certa boa vontade com todas aquelas reviravoltas sem muita lógica que ele propõe.

A minissérie tem o beneficio do tempo, fator que até justifica algumas criticas sobre os filmes, mas parece ter chegado às telas alguns anos atrasada. Por outro lado, ela se aproveita muito bem de uma fórmula que agrada uma audiência muito grande (basta lembrar do sucesso que foi "Lupin"na Netflix): a mistura dos gêneros policial e de ação, com um personagem marcante e muito atraente, como Robert Langdon (e seus parceiros de investigação), e ainda uma trama de muito mistério e misticismo - elementos que nos remetem ao Sherlock Holmes de Benedict Cumberbatch ou o Assane Diop de Omar Sy, com um toque romântico de Indiana Jones de Harrison Ford.

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Se você gostou das adaptações para o cinema de "O Código Da Vinci" (2006), "Anjos & Demônios" (2011) e "Inferno" (2016), você nem precisa terminar de ler esse review, basta dar o play que sua diversão estará garantida por quase dez horas de história que estão divididas em 10 episódios! Para aqueles que ainda não se aventuraram pelas obras de Dan Brown, talvez a série "O Símbolo Perdido" seja um bom ponto de partida, já que os próprios produtores (e diretor) da trilogia cinematográfica, Ron Howard e Brian Grazer, quebraram a linha temporal do personagem eternizado por Tom Hanks, Robert Langdon, transformando o terceiro livro do autor em uma espécie de prequel, contando a mesma história, porém com Langdon em inicio de carreira.

Chamado por seu amigo e mentor, Peter Solomon (Eddie Izzard), para dar uma palestra em Washington, Robert Langdon (Ashley Zukerman) viaja até a capital americana, mas antes de entrar no palco para iniciar sua apresentação, descobre que tudo aquilo foi uma armação para obriga-lo a desvendar uma série de enigmas e assim iniciar uma busca por um antigo portal místico em meio a uma enorme conspiração que envolve políticos, pensadores históricos, perigosos assassinos, extremistas religiosos, a maçonaria e a própria CIA. Confira o trailer (em inglês):

Criada por Dan Dworkin ao lado de Jay Beattie e produzida originalmente para o Peacock, "O Símbolo Perdido" chegou ao Brasil pelo Globoplay com status de superprodução, porém o que seria uma série antológica acabou se transformando em uma minissérie (sim, a história tem um final) já que a NBCUniversal resolveu não dar continuidade ao projeto pelo seu alto custo e baixo retorno após a exibição do que seria a primeira temporada. O fato é que mesmo sendo apresentada como uma nova abordagem do trabalho de Dan Brown, Howard e Grazer replicaram muito da dinâmica visual e narrativa que fizeram com que os filmes funcionassem - talvez com menos intervenções gráficas e sem, obviamente, a maestria de Hanks.

É inegável que mesmo com uma atualização inteligente em sua forma, a minissérie sofra com o conteúdo datado em seu conceito narrativo - o sucesso arrebatador do estilo bem particular de escrita de Dan Brown, já com mais de vinte anos de "Anjos & Demônios", dificilmente se conecta com uma audiência acostumada com tramas menos expositivas. Por outro lado, o fã do autor sabe exatamente o que vai encontrar e gosta: entretenimento, aquela sensação de urgência a todo momento e o equilíbrio inteligente entre o místico, o cientifico e o religioso - tudo isso com uma boa dose de suspensão da realidade e uma certa boa vontade com todas aquelas reviravoltas sem muita lógica que ele propõe.

A minissérie tem o beneficio do tempo, fator que até justifica algumas criticas sobre os filmes, mas parece ter chegado às telas alguns anos atrasada. Por outro lado, ela se aproveita muito bem de uma fórmula que agrada uma audiência muito grande (basta lembrar do sucesso que foi "Lupin"na Netflix): a mistura dos gêneros policial e de ação, com um personagem marcante e muito atraente, como Robert Langdon (e seus parceiros de investigação), e ainda uma trama de muito mistério e misticismo - elementos que nos remetem ao Sherlock Holmes de Benedict Cumberbatch ou o Assane Diop de Omar Sy, com um toque romântico de Indiana Jones de Harrison Ford.

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O Telefone Preto

"O Telefone Preto" chega com aquele ar de "clássico do suspense" em pleno 2022! Sim, pode parecer brincadeira, mas o filme do diretor Scott Derrickson (de "O Exorcismo de Emily Rose" e "A Entidade") recupera elementos narrativos que equilibram perfeitamente o "psicológico" com o "sobrenatural" ao melhor estilo "Stephen King" (mas sem decepcionar no final) - aliás, diga-se de passagem, o conto que deu origem ao filme é de autoria do filho de King, Joe Hill e foi retirado do best-seller do New York Times, "Fantasmas do Século XX".

Finney Shaw (Mason Thames), um menino tímido e inteligente, de 13 anos, é sequestrado pelo sádico "Grabbler" (Ethan Hawke) e preso em um porão à prova de som. Quando um telefone preto desconectado na parede começa a tocar, Finney descobre que pode ouvir as vozes das cinco vítimas anteriores do assassino. São eles que tentam garantir que Finney possa ter um destino diferente do deles. Confira o trailer:

É bem possível que você, amante do gênero, tenha a impressão de já ter assistido algo semelhante ao "O Telefone Preto". O roteiro do próprio Derrickson com seu parceiro de "A Entidade" e "Doutor Estranho I", C. Robert Cargill, traz fortes referências de filmes como "It" e o "O Sexto Sentido" - eu diria até que não seria nada absurdo dizer que aqui temos uma mistura das duas obras, com seus méritos, com seus clichês e com suas falhas (mesmo que nenhuma delas impactem na nossa experiência como audiência se estivermos dispostos a mergulhar naquele universo proposto pela história).

Um dos grandes méritos de Derrickson é o de criar personagens interessantes e profundos que geram empatia logo de cara - ninguém gosta de ver um garoto bonzinho sendo ameaçado na escola ou a irmã mais nova apanhando do pai alcoólatra e depressivo. Aliás, mesmo como coadjuvante, Jeremy Davies (o inesquecível Dr. Daniel Faraday de "Lost") está excelente como o pai de Finney e de sua irmã Gwen (Madeleine McGraw). Pois bem, estabelecida essa conexão com o protagonista, é impossível pensar que a trama de suspense que vem pela frente não possa ser bem sucedida, afinal já nos importamos com os personagens e com suas dores. Mas o diretor ainda fortalece essa possibilidade ao mostrar sua enorme competência em criar uma atmosfera aterrorizante: se você lembrar do drama psicológico e perturbador de "3096 Dias" ou dos sustos de "A Entidade", vai entender exatamente o que "O Telefone Preto" quer te provocar.

Alinhar as expectativas será essencial para que você se envolva com o filme, ou seja, "O Telefone Preto" não é (e muito menos se propõe a ser) um terror raiz. Derrickson está bem mais preocupado na criação de uma tensão constante do que em te impactar com imagens grotescas ou banhos de sangue - não que não tenha, mas não é o que vai mais te interessar. Se o protagonista parece ter saído de "Stranger Things" enquanto o antagonista deixa claro ser grande fã de John Kramer (de "Jogos Mortais") e de Hannibal Lecter (de "Silêncio dos Inocentes") é de se esperar uma trama com uma boa história, alguns sustos e ótimos personagens - e é isso!

Antes de finalizar, reparou como eu citei vários filmes para descrever essa produção da Blumhouse? Pois bem, será essa a receita que vai te fazer ficar satisfeito quando os créditos subirem!

Vale o play!

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"O Telefone Preto" chega com aquele ar de "clássico do suspense" em pleno 2022! Sim, pode parecer brincadeira, mas o filme do diretor Scott Derrickson (de "O Exorcismo de Emily Rose" e "A Entidade") recupera elementos narrativos que equilibram perfeitamente o "psicológico" com o "sobrenatural" ao melhor estilo "Stephen King" (mas sem decepcionar no final) - aliás, diga-se de passagem, o conto que deu origem ao filme é de autoria do filho de King, Joe Hill e foi retirado do best-seller do New York Times, "Fantasmas do Século XX".

Finney Shaw (Mason Thames), um menino tímido e inteligente, de 13 anos, é sequestrado pelo sádico "Grabbler" (Ethan Hawke) e preso em um porão à prova de som. Quando um telefone preto desconectado na parede começa a tocar, Finney descobre que pode ouvir as vozes das cinco vítimas anteriores do assassino. São eles que tentam garantir que Finney possa ter um destino diferente do deles. Confira o trailer:

É bem possível que você, amante do gênero, tenha a impressão de já ter assistido algo semelhante ao "O Telefone Preto". O roteiro do próprio Derrickson com seu parceiro de "A Entidade" e "Doutor Estranho I", C. Robert Cargill, traz fortes referências de filmes como "It" e o "O Sexto Sentido" - eu diria até que não seria nada absurdo dizer que aqui temos uma mistura das duas obras, com seus méritos, com seus clichês e com suas falhas (mesmo que nenhuma delas impactem na nossa experiência como audiência se estivermos dispostos a mergulhar naquele universo proposto pela história).

Um dos grandes méritos de Derrickson é o de criar personagens interessantes e profundos que geram empatia logo de cara - ninguém gosta de ver um garoto bonzinho sendo ameaçado na escola ou a irmã mais nova apanhando do pai alcoólatra e depressivo. Aliás, mesmo como coadjuvante, Jeremy Davies (o inesquecível Dr. Daniel Faraday de "Lost") está excelente como o pai de Finney e de sua irmã Gwen (Madeleine McGraw). Pois bem, estabelecida essa conexão com o protagonista, é impossível pensar que a trama de suspense que vem pela frente não possa ser bem sucedida, afinal já nos importamos com os personagens e com suas dores. Mas o diretor ainda fortalece essa possibilidade ao mostrar sua enorme competência em criar uma atmosfera aterrorizante: se você lembrar do drama psicológico e perturbador de "3096 Dias" ou dos sustos de "A Entidade", vai entender exatamente o que "O Telefone Preto" quer te provocar.

Alinhar as expectativas será essencial para que você se envolva com o filme, ou seja, "O Telefone Preto" não é (e muito menos se propõe a ser) um terror raiz. Derrickson está bem mais preocupado na criação de uma tensão constante do que em te impactar com imagens grotescas ou banhos de sangue - não que não tenha, mas não é o que vai mais te interessar. Se o protagonista parece ter saído de "Stranger Things" enquanto o antagonista deixa claro ser grande fã de John Kramer (de "Jogos Mortais") e de Hannibal Lecter (de "Silêncio dos Inocentes") é de se esperar uma trama com uma boa história, alguns sustos e ótimos personagens - e é isso!

Antes de finalizar, reparou como eu citei vários filmes para descrever essa produção da Blumhouse? Pois bem, será essa a receita que vai te fazer ficar satisfeito quando os créditos subirem!

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O.J.: Made in America

Lançado em uma época em que o "True Crime" ainda colhia os frutos do sucesso repentino de "Making a Murderer"e do surpreendente "The Jinx", "O.J.: Made in America" foi uma verdadeira bomba no mercado cinematográfico quando a ESPN, e seu diretor Ezra Edelman, montaram uma versão de 8 horas, transformando a minissérie de 5 episódios em um longa-metragem que rodou os principais festivais de cinema do mundo, sendo amplamente premiado e mais: fechando sua carreira como o grande vencedor do Oscar de 2017.

Essa minissérie documental é uma profunda exploração sobre o caso O.J. Simpson (quando o ex-astro da NFL "supostamente" assassinou sua ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e um amigo dela, Ron Goldman) em uma das tramas mais famosas da história dos Estados Unidos e provavelmente a narrativa criminal mais importante da cultura recente do hemisfério ocidental. A partir desse evento brutal, o que vemos é uma análise definitiva sobre o culto à personalidade, sobre as celebridades, a mídia sensacionalista, o racismo estrutural, o poder e, principalmente, sobre o falho sistema de justiça americano. Confira o trailer (em inglês):

Muito do que se tornou "O.J.: Made in America" é mérito de Edelman, pois com muita criatividade (e sagacidade), o diretor conta a história dos Estados Unidos dos últimos 50 anos a partir de um olhar crítico sobre um crime que simplesmente parou o país em 1994. Pelo prisma da tensão racial que sempre existiu por lá, a minissérie discute a adoração cega por celebridades durante o processo de transformação midiática da sociedade que passou a se relacionar com assuntos sérios (muitos deles extremamente pesados) com se fossem espetáculos em uma era pré-rede social.

Com uma edição lindamente equilibrada e muito competente do trio Bret Granato, Maya Mumma e Ben Sozanski, "O.J.: Made in America" basicamente se divide em três linhas narrativas diferentes, mas que se conversam a todo momento: a primeira explora a carreira esportiva de sucesso de  O.J.. A segunda já faz um recorte mais intimista da vida pessoal do ex-atleta, enquanto a terceira, expõe, sem se preocupar com o impacto do tema, o aumento da violência racial em Los Angeles. Veja, tudo isso é costurado de forma muito orgânica e, de certa forma, respeitando toda a cronologia do caso - com isso, temos a impressão de estar assistindo a vários documentários misturados em um; contudo, cada um desenvolvido com extrema competência pelo roteiro do próprio Edelman.

"O.J.: Made in America" é, acima de tudo, um sério e minucioso trabalho jornalístico que habilmente se transformou em entretenimento - esse de muita qualidade e sempre muito preocupado em não levantar bandeiras desnecessárias ou que fugissem ao contexto tão bem estabelecido pela produção. Todos os lados da história e seus atores, são apresentados como iguais: O.J., a família das vítimas, a comunidade negra dos EUA, o departamento de polícia de Los Angeles, etc. Por tudo isso, a minissérie merece todo o reconhecimento recebido e não por acaso é considerado um dos melhores trabalhos do gênero "true crime" da história!

Vale muito o seu play!

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Lançado em uma época em que o "True Crime" ainda colhia os frutos do sucesso repentino de "Making a Murderer"e do surpreendente "The Jinx", "O.J.: Made in America" foi uma verdadeira bomba no mercado cinematográfico quando a ESPN, e seu diretor Ezra Edelman, montaram uma versão de 8 horas, transformando a minissérie de 5 episódios em um longa-metragem que rodou os principais festivais de cinema do mundo, sendo amplamente premiado e mais: fechando sua carreira como o grande vencedor do Oscar de 2017.

Essa minissérie documental é uma profunda exploração sobre o caso O.J. Simpson (quando o ex-astro da NFL "supostamente" assassinou sua ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e um amigo dela, Ron Goldman) em uma das tramas mais famosas da história dos Estados Unidos e provavelmente a narrativa criminal mais importante da cultura recente do hemisfério ocidental. A partir desse evento brutal, o que vemos é uma análise definitiva sobre o culto à personalidade, sobre as celebridades, a mídia sensacionalista, o racismo estrutural, o poder e, principalmente, sobre o falho sistema de justiça americano. Confira o trailer (em inglês):

Muito do que se tornou "O.J.: Made in America" é mérito de Edelman, pois com muita criatividade (e sagacidade), o diretor conta a história dos Estados Unidos dos últimos 50 anos a partir de um olhar crítico sobre um crime que simplesmente parou o país em 1994. Pelo prisma da tensão racial que sempre existiu por lá, a minissérie discute a adoração cega por celebridades durante o processo de transformação midiática da sociedade que passou a se relacionar com assuntos sérios (muitos deles extremamente pesados) com se fossem espetáculos em uma era pré-rede social.

Com uma edição lindamente equilibrada e muito competente do trio Bret Granato, Maya Mumma e Ben Sozanski, "O.J.: Made in America" basicamente se divide em três linhas narrativas diferentes, mas que se conversam a todo momento: a primeira explora a carreira esportiva de sucesso de  O.J.. A segunda já faz um recorte mais intimista da vida pessoal do ex-atleta, enquanto a terceira, expõe, sem se preocupar com o impacto do tema, o aumento da violência racial em Los Angeles. Veja, tudo isso é costurado de forma muito orgânica e, de certa forma, respeitando toda a cronologia do caso - com isso, temos a impressão de estar assistindo a vários documentários misturados em um; contudo, cada um desenvolvido com extrema competência pelo roteiro do próprio Edelman.

"O.J.: Made in America" é, acima de tudo, um sério e minucioso trabalho jornalístico que habilmente se transformou em entretenimento - esse de muita qualidade e sempre muito preocupado em não levantar bandeiras desnecessárias ou que fugissem ao contexto tão bem estabelecido pela produção. Todos os lados da história e seus atores, são apresentados como iguais: O.J., a família das vítimas, a comunidade negra dos EUA, o departamento de polícia de Los Angeles, etc. Por tudo isso, a minissérie merece todo o reconhecimento recebido e não por acaso é considerado um dos melhores trabalhos do gênero "true crime" da história!

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Olhos que condenam

"Olhos que condenam" é uma minissérie Original da Netflix com apenas 4 episódios de uma hora de duração, em média (o último tem quase um hora e meia), produzida pela Oprah Winfrey e que recentemente se tornou a "série" mais assistida nos EUA desde o seu lançamento no final de maio! E olha, posso garantir que não foi por acaso!!! "Olhos que condenam" embrulha o estômago de uma forma que chega a incomodar, pois, embora seja uma ficção, foi baseada em fatos reais e esses fatos são cruéis, injustos, doloridos, e tudo de ruim que você possa imaginar! Saber que tudo aquilo realmente aconteceu transforma nossa experiência de uma forma avassaladora! Sem exageros!

A minissérie conta a história de cinco adolescentes do Harlem - quatro negros e um hispânico - que foram condenados por um estupro que, aparentemente, não cometeram. A trajetória de Antron McCray, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana e Korey Wise é retratada desde os primeiros interrogatórios em 1989 até  a absolvição em 2002 de uma forma muito inteligente e dinâmica. "Olhos que condenam" traz para ficção muito do que vimos no documental "Making a Murderer" - com o agravante dos suspeitos serem adolescentes! A narrativa tem a preocupação de mostrar todos os lados da história, independente dos seus valores e isso nos choca, nos faz refletir sobre nossos próprios julgamentos ou preconceitos.

A direção da excelente Ava DuVernay, de "Selma" e do indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2017, "A 13ª Emenda", é segura e vital para entendimento de cada detalhe da história. Ela mistura cenas reais da época do crime, com planos muito criativos e inteligentes - ela passeia pela linha do tempo sem a necessidade de legendar cada salto com muita delicadeza. A fotografia também é ótima, mas falha em alguns planos por excesso de inventividade - alguns "blurs" chegam atrapalhar o trabalho dos atores, principalmente nos planos fechados. Aliás, os atores estão ótimos: das crianças aos adultos, passando pela família e pelos advogados - todos muito bem escalados e no tom certo. Destaque para: Jharrel Jerome como Korey Wise, Felicity Huffman como Linda Fairstein e os sempre geniais John Leguizamo e Michael Kenneth William como Raymond Santana Sr. e Bobby McCray, respectivamente.

A verdade é que "Olhos que condenam" é o tipo de minissérie que mexe com a gente pelo simples fato de ter uma história surpreendente, que nos coloca na situação daqueles personagens imediatamente. É difícil não se emocionar, não se revoltar, não sofrer com aquilo que estamos assistindo e esse, na minha opinião, é o grande acerto da Netflix em querer contar essa história absurda. Se você gostou de filmes como "Tempo de Matar" ou do já comentado "Making a Murderer", dê o play  sem o menor receio porque vale muito a pena, mesmo!!!

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"Olhos que condenam" é uma minissérie Original da Netflix com apenas 4 episódios de uma hora de duração, em média (o último tem quase um hora e meia), produzida pela Oprah Winfrey e que recentemente se tornou a "série" mais assistida nos EUA desde o seu lançamento no final de maio! E olha, posso garantir que não foi por acaso!!! "Olhos que condenam" embrulha o estômago de uma forma que chega a incomodar, pois, embora seja uma ficção, foi baseada em fatos reais e esses fatos são cruéis, injustos, doloridos, e tudo de ruim que você possa imaginar! Saber que tudo aquilo realmente aconteceu transforma nossa experiência de uma forma avassaladora! Sem exageros!

A minissérie conta a história de cinco adolescentes do Harlem - quatro negros e um hispânico - que foram condenados por um estupro que, aparentemente, não cometeram. A trajetória de Antron McCray, Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana e Korey Wise é retratada desde os primeiros interrogatórios em 1989 até  a absolvição em 2002 de uma forma muito inteligente e dinâmica. "Olhos que condenam" traz para ficção muito do que vimos no documental "Making a Murderer" - com o agravante dos suspeitos serem adolescentes! A narrativa tem a preocupação de mostrar todos os lados da história, independente dos seus valores e isso nos choca, nos faz refletir sobre nossos próprios julgamentos ou preconceitos.

A direção da excelente Ava DuVernay, de "Selma" e do indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2017, "A 13ª Emenda", é segura e vital para entendimento de cada detalhe da história. Ela mistura cenas reais da época do crime, com planos muito criativos e inteligentes - ela passeia pela linha do tempo sem a necessidade de legendar cada salto com muita delicadeza. A fotografia também é ótima, mas falha em alguns planos por excesso de inventividade - alguns "blurs" chegam atrapalhar o trabalho dos atores, principalmente nos planos fechados. Aliás, os atores estão ótimos: das crianças aos adultos, passando pela família e pelos advogados - todos muito bem escalados e no tom certo. Destaque para: Jharrel Jerome como Korey Wise, Felicity Huffman como Linda Fairstein e os sempre geniais John Leguizamo e Michael Kenneth William como Raymond Santana Sr. e Bobby McCray, respectivamente.

A verdade é que "Olhos que condenam" é o tipo de minissérie que mexe com a gente pelo simples fato de ter uma história surpreendente, que nos coloca na situação daqueles personagens imediatamente. É difícil não se emocionar, não se revoltar, não sofrer com aquilo que estamos assistindo e esse, na minha opinião, é o grande acerto da Netflix em querer contar essa história absurda. Se você gostou de filmes como "Tempo de Matar" ou do já comentado "Making a Murderer", dê o play  sem o menor receio porque vale muito a pena, mesmo!!!

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Onde nascem os fortes

Seguindo o padrão Globo, "Onde nascem os fortes" pode ser definida como uma história de amores impossíveis, ódio e perdão, que se passa no sertão do Nordeste, um território onde, às vezes, quem vence é o mais forte e não a lei. 

A minissérie da Globo mostra o desespero de uma irmã em busca de respostas - Nonato (Marco Pigossi) desaparece sem deixar rastros após flertar justamente com a amante de Pedro (Alexandre Nero), a sedutora Joana (Maeve Jinkings). O suposto envolvimento de Pedro, o homem mais poderoso da cidade, no sumiço de Nonato é o estopim de uma batalha que interrompe de forma abrupta romances, altera o destino de uns e obriga outros a desenterrarem segredos de família. 

Eu costumo dizer que trabalho de Diretor bom é simples e ao mesmo tempo elegante. Em todos os projetos do José Luiz Villamarim (e sua parceria com o fotógrafo e diretor Walter Carvalho) a câmera está sempre no lugar certo, mesmo que seja no lugar mais inusitado. Dessa vez ele não dirigiu de ponta a ponta como de costume, mas sua condução artística está impressa em cada detalhe: nada de muitos cortes (aquela coisa de plano, contra-plano e geral); "pra que?" se dá pra fazer em um plano único e fica lindo! Mais uma vez vemos uma bela fotografia, como sempre cinematográfica! Alice Wegmann já tinha me chamado muito a atenção em "Ligações Perigosas" e agora, certamente, sobe de patamar. Alexandre Nero e Henrique Dias, impecáveis - mas aí não é novidade!

Já o texto do George Moura, mesmo com a forte personalidade que lhe é característica, não é consistente o bastante para suportar tantos episódios: 53 no total! Se fossem 10, eu diria que a minissérie seria um enorme sucesso pois, de fato, é uma linda produção, com uma premissa muito interessante (mesmo não sendo das mais originais), uma atmosfera criada pelo Villamarim que trouxe a angustia suficiente para nos identificarmos com a protagonista e querer segui-la durante toda essa dolorosa jornada. Pena que o texto foi perdendo força com episódios completamente dispensáveis. Pena mesmo!

Vale o play, claro, mas só se você estiver disposto a assistir uma novela um pouco mais curta!

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Seguindo o padrão Globo, "Onde nascem os fortes" pode ser definida como uma história de amores impossíveis, ódio e perdão, que se passa no sertão do Nordeste, um território onde, às vezes, quem vence é o mais forte e não a lei. 

A minissérie da Globo mostra o desespero de uma irmã em busca de respostas - Nonato (Marco Pigossi) desaparece sem deixar rastros após flertar justamente com a amante de Pedro (Alexandre Nero), a sedutora Joana (Maeve Jinkings). O suposto envolvimento de Pedro, o homem mais poderoso da cidade, no sumiço de Nonato é o estopim de uma batalha que interrompe de forma abrupta romances, altera o destino de uns e obriga outros a desenterrarem segredos de família. 

Eu costumo dizer que trabalho de Diretor bom é simples e ao mesmo tempo elegante. Em todos os projetos do José Luiz Villamarim (e sua parceria com o fotógrafo e diretor Walter Carvalho) a câmera está sempre no lugar certo, mesmo que seja no lugar mais inusitado. Dessa vez ele não dirigiu de ponta a ponta como de costume, mas sua condução artística está impressa em cada detalhe: nada de muitos cortes (aquela coisa de plano, contra-plano e geral); "pra que?" se dá pra fazer em um plano único e fica lindo! Mais uma vez vemos uma bela fotografia, como sempre cinematográfica! Alice Wegmann já tinha me chamado muito a atenção em "Ligações Perigosas" e agora, certamente, sobe de patamar. Alexandre Nero e Henrique Dias, impecáveis - mas aí não é novidade!

Já o texto do George Moura, mesmo com a forte personalidade que lhe é característica, não é consistente o bastante para suportar tantos episódios: 53 no total! Se fossem 10, eu diria que a minissérie seria um enorme sucesso pois, de fato, é uma linda produção, com uma premissa muito interessante (mesmo não sendo das mais originais), uma atmosfera criada pelo Villamarim que trouxe a angustia suficiente para nos identificarmos com a protagonista e querer segui-la durante toda essa dolorosa jornada. Pena que o texto foi perdendo força com episódios completamente dispensáveis. Pena mesmo!

Vale o play, claro, mas só se você estiver disposto a assistir uma novela um pouco mais curta!

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Only Murders in the Building

"Only Murders in the Building" é muito divertida - ao lado de "Ted Lasso" e "O Método Kominsky", talvez tenha sido a série que mais trouxe um frescor narrativo nos últimos anos para um gênero que tem dificuldade de chamar atenção de uma parte considerável dos assinantes de streaming. Com uma primeira temporada afinadíssima, a produção original da HULU, aqui distribuída pelo Star+, segue a linha conceitual do clássico "Os 7 Suspeitos" e das histórias de Agatha Christie, porém repaginada e pontualmente inserida no contexto dos recentes sucessos dos podcasts de "True Crime".

Na história conhecemos um inusitado trio de vizinhos que moram em um tradicional prédio de NY - o deslumbrante Arconia. Com personalidades completamente distintas, Charles-Haden Savage (Steve Martin), Oliver Putnam (Martin Short) e Mabel Mora (Selena Gomez) têm em comum a paixão por histórias de investigação policial. Embora a aproximação entres eles tenha acontecido por acaso, tudo muda quando os três se veem envolvidos em um possível caso de assassinato, que para a polícia não passa de um suicídio, e resolvem, por conta própria, tentar desvendar o mistério e ainda produzir um podcast sobre o caso. Confira o trailer: 

É inegável que "Only Murders in the Building" caminha na linha tênue entre o "pastelão" e o "genial" - uma marca de Steve Martin nos anos 90 que ele replica ao lado de John Robert Hoffman (de "Grace and Frankie") com os devidos ajustes para equilibrar o mistério com a comédia transformando a série em algo genuinamente original e carismática. Chama atenção como o texto, mesmo satírico, consegue manter a história empolgante durante os dez episódios sem enjoar - existe um clima de leveza, quase ingênua, como se estivéssemos jogando uma partida de "Detetive" com os amigos.

No que diz respeito ao conceito narrativo, cada episódio procura brincar com a forma como os personagens são apresentados. Sempre com um narrador diferente, somos provocados a entender como cada um desses personagens podem interferir na história mesmo quando são meros e passageiros coadjuvantes. Essa dinâmica é divertida, pois as soluções são realmente muito criativas - veja, se em um episódio entendemos o life style novaiorquino a partir de um ator aposentado que vive do seu passado glorioso, mas que carrega o peso da solidão representada por atores fantasiados de personagens infantis; em outro conhecemos alguns fatos importantes da história pelo ponto de vista de um jovem surdo, ou seja, passamos o episódio inteiro sem ouvir um único diálogo - apenas observando a linguagem de sinais e fazendo leitura labial dos atores.

É fato que "Only Murders in the Building" pode parecer bobinha, mas não se engane: ela é tão inteligente quanto divertida. A história se encaixa, os protagonistas são um show a parte, o roteiro é sagaz e a produção é impecável - você vai perceber um certo toque vintageno figurino, no cenário e na trilha sonora, mesmo com um texto dinâmico e moderno. Aliás esse choque de gerações é muito bem explorado na relação de Martin e Short com Selena Gomez - a química entre eles surpreende. E pode se preparar que vem algumas indicações de Emmys e Globos de Ouro pela frente!

Vale muito o seu play!

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"Only Murders in the Building" é muito divertida - ao lado de "Ted Lasso" e "O Método Kominsky", talvez tenha sido a série que mais trouxe um frescor narrativo nos últimos anos para um gênero que tem dificuldade de chamar atenção de uma parte considerável dos assinantes de streaming. Com uma primeira temporada afinadíssima, a produção original da HULU, aqui distribuída pelo Star+, segue a linha conceitual do clássico "Os 7 Suspeitos" e das histórias de Agatha Christie, porém repaginada e pontualmente inserida no contexto dos recentes sucessos dos podcasts de "True Crime".

Na história conhecemos um inusitado trio de vizinhos que moram em um tradicional prédio de NY - o deslumbrante Arconia. Com personalidades completamente distintas, Charles-Haden Savage (Steve Martin), Oliver Putnam (Martin Short) e Mabel Mora (Selena Gomez) têm em comum a paixão por histórias de investigação policial. Embora a aproximação entres eles tenha acontecido por acaso, tudo muda quando os três se veem envolvidos em um possível caso de assassinato, que para a polícia não passa de um suicídio, e resolvem, por conta própria, tentar desvendar o mistério e ainda produzir um podcast sobre o caso. Confira o trailer: 

É inegável que "Only Murders in the Building" caminha na linha tênue entre o "pastelão" e o "genial" - uma marca de Steve Martin nos anos 90 que ele replica ao lado de John Robert Hoffman (de "Grace and Frankie") com os devidos ajustes para equilibrar o mistério com a comédia transformando a série em algo genuinamente original e carismática. Chama atenção como o texto, mesmo satírico, consegue manter a história empolgante durante os dez episódios sem enjoar - existe um clima de leveza, quase ingênua, como se estivéssemos jogando uma partida de "Detetive" com os amigos.

No que diz respeito ao conceito narrativo, cada episódio procura brincar com a forma como os personagens são apresentados. Sempre com um narrador diferente, somos provocados a entender como cada um desses personagens podem interferir na história mesmo quando são meros e passageiros coadjuvantes. Essa dinâmica é divertida, pois as soluções são realmente muito criativas - veja, se em um episódio entendemos o life style novaiorquino a partir de um ator aposentado que vive do seu passado glorioso, mas que carrega o peso da solidão representada por atores fantasiados de personagens infantis; em outro conhecemos alguns fatos importantes da história pelo ponto de vista de um jovem surdo, ou seja, passamos o episódio inteiro sem ouvir um único diálogo - apenas observando a linguagem de sinais e fazendo leitura labial dos atores.

É fato que "Only Murders in the Building" pode parecer bobinha, mas não se engane: ela é tão inteligente quanto divertida. A história se encaixa, os protagonistas são um show a parte, o roteiro é sagaz e a produção é impecável - você vai perceber um certo toque vintageno figurino, no cenário e na trilha sonora, mesmo com um texto dinâmico e moderno. Aliás esse choque de gerações é muito bem explorado na relação de Martin e Short com Selena Gomez - a química entre eles surpreende. E pode se preparar que vem algumas indicações de Emmys e Globos de Ouro pela frente!

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Operação Lioness

Operação Lioness" ou simplesmente "Lioness", é uma série com muita ação e boas pitadas de drama político, que mergulha nos perigos e nas complexidades da vida de agentes secretos envolvidos em operações especiais anti-terrorismo. Criada pelo Taylor Sheridan, conhecido por seu trabalho em séries como "Yellowstone" e "Mayor of Kingstown", "Lioness" repete sua fórmula de sucesso de "Homeland", com uma narrativa intensa e focada em personagens realmente bem desenvolvidos, oferecendo uma visão cheia de adrenalina de um mundo onde a espionagem se mistura com o cotidiano para entregar episódios de tirar o fôlego!

A trama, basicamente, segue a história de Joe (Zoe Saldaña), uma agente da CIA encarregada de liderar uma unidade ultra-secreta de operações especiais conhecida como "Lioness". Essa unidade é composta por mulheres altamente treinadas, cuja missão é se infiltrar em redes terroristas de alto risco, ganhando a confiança de pessoas próximas aos alvos e com isso realizar operações suicidas que são cruciais para a segurança nacional dos Estados Unidos. Confira o trailer:

O mais interessante de "Lioness" é a forma como a série sabe explorar tanto os perigos físicos das missões quanto os dilemas morais e emocionais enfrentados pelas protagonistas - especialmente quando tentam equilibrar essa vida dupla, muitas vezes com lealdade conflitantes, e onde os traumas psicológicos dessas atividades clandestinas parecem impossíveis de lidar com naturalidade. Sheridan, mais uma vez, traz uma intensidade característica à narrativa, que é envolvente e implacável. Ele constrói o roteiro da temporada com uma estrutura que alterna entre cenas de ação explosivas e momentos de desenvolvimento de personagem mais introspectivos, criando um equilíbrio que mantém a audiência imersa na trama ao mesmo tempo em que tenta se conectar com as motivações dos personagens - nesse ponto, a série, de fato, traz muito de "Homeland".

Rica em tensão e suspense, fica fácil para a direção de John Hillcoat (e equipe) encontrar um ritmo que basicamente nos impede de parar de assistir um episódio após o outro. Tudo é muito bem executado, com um estilo muito particular e uma cinematografia que captura a vastidão e o isolamento dos ambientes desérticos onde muitas das missões se desenrolam com a mesma competência com que enquadra o visual mais cosmopolita das grandes cidades onde as estratégias são desenhadas. O uso de câmeras na mão e os ângulos mais dinâmicos durante as cenas de ação aumentam a sensação de urgência e perigo, enquanto as sequências mais calmas utilizam enquadramentos fechados para explorar a vulnerabilidade emocional dos personagens - eu diria que aqui temos um thriller de ação e espionagem com alma. Nesse sentido, Zoe Saldaña entrega uma performance poderosa, liderando o elenco com uma intensidade que reflete a dureza de uma personagem cheia de marcas - repare como ela traz aquela camada de humanidade para um papel que poderia facilmente ter sido unidimensional, mostrando tanto a força quanto as dores de uma agente que é, antes de tudo, uma mulher de carne e osso. 

"Lioness" sabe perfeitamente como explorar temas espinhosos como a moralidade das operações, os efeitos psicológicos da violência e o impacto das decisões de "colarinho branco" nas vidas dos indivíduos. A série questiona as linhas tênues entre bem e mal, certo e errado, muitas vezes colocando suas personagens em posições onde a escolha certa é ambígua ou até inexistente. Essa exploração adiciona profundidade à narrativa e oferece para a audiência uma experiência desconfortavelmente mais reflexiva - o prólogo do primeiro episódio é um bom exemplo desse conceito na prática. Eficaz em capturar o perigo e a incerteza do mundo da espionagem moderna, ao mesmo tempo em que oferece uma visão humana das pessoas que realizam essas missões, "Lioness" merece muitos elogios por conseguir traçar uma jornada de ação e drama de uma maneira que nos mantém engajados e reflexivos sobre os reais custos do dever e da lealdade.

Olha, entretenimento da melhor qualidade! Só dar o play!

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Operação Lioness" ou simplesmente "Lioness", é uma série com muita ação e boas pitadas de drama político, que mergulha nos perigos e nas complexidades da vida de agentes secretos envolvidos em operações especiais anti-terrorismo. Criada pelo Taylor Sheridan, conhecido por seu trabalho em séries como "Yellowstone" e "Mayor of Kingstown", "Lioness" repete sua fórmula de sucesso de "Homeland", com uma narrativa intensa e focada em personagens realmente bem desenvolvidos, oferecendo uma visão cheia de adrenalina de um mundo onde a espionagem se mistura com o cotidiano para entregar episódios de tirar o fôlego!

A trama, basicamente, segue a história de Joe (Zoe Saldaña), uma agente da CIA encarregada de liderar uma unidade ultra-secreta de operações especiais conhecida como "Lioness". Essa unidade é composta por mulheres altamente treinadas, cuja missão é se infiltrar em redes terroristas de alto risco, ganhando a confiança de pessoas próximas aos alvos e com isso realizar operações suicidas que são cruciais para a segurança nacional dos Estados Unidos. Confira o trailer:

O mais interessante de "Lioness" é a forma como a série sabe explorar tanto os perigos físicos das missões quanto os dilemas morais e emocionais enfrentados pelas protagonistas - especialmente quando tentam equilibrar essa vida dupla, muitas vezes com lealdade conflitantes, e onde os traumas psicológicos dessas atividades clandestinas parecem impossíveis de lidar com naturalidade. Sheridan, mais uma vez, traz uma intensidade característica à narrativa, que é envolvente e implacável. Ele constrói o roteiro da temporada com uma estrutura que alterna entre cenas de ação explosivas e momentos de desenvolvimento de personagem mais introspectivos, criando um equilíbrio que mantém a audiência imersa na trama ao mesmo tempo em que tenta se conectar com as motivações dos personagens - nesse ponto, a série, de fato, traz muito de "Homeland".

Rica em tensão e suspense, fica fácil para a direção de John Hillcoat (e equipe) encontrar um ritmo que basicamente nos impede de parar de assistir um episódio após o outro. Tudo é muito bem executado, com um estilo muito particular e uma cinematografia que captura a vastidão e o isolamento dos ambientes desérticos onde muitas das missões se desenrolam com a mesma competência com que enquadra o visual mais cosmopolita das grandes cidades onde as estratégias são desenhadas. O uso de câmeras na mão e os ângulos mais dinâmicos durante as cenas de ação aumentam a sensação de urgência e perigo, enquanto as sequências mais calmas utilizam enquadramentos fechados para explorar a vulnerabilidade emocional dos personagens - eu diria que aqui temos um thriller de ação e espionagem com alma. Nesse sentido, Zoe Saldaña entrega uma performance poderosa, liderando o elenco com uma intensidade que reflete a dureza de uma personagem cheia de marcas - repare como ela traz aquela camada de humanidade para um papel que poderia facilmente ter sido unidimensional, mostrando tanto a força quanto as dores de uma agente que é, antes de tudo, uma mulher de carne e osso. 

"Lioness" sabe perfeitamente como explorar temas espinhosos como a moralidade das operações, os efeitos psicológicos da violência e o impacto das decisões de "colarinho branco" nas vidas dos indivíduos. A série questiona as linhas tênues entre bem e mal, certo e errado, muitas vezes colocando suas personagens em posições onde a escolha certa é ambígua ou até inexistente. Essa exploração adiciona profundidade à narrativa e oferece para a audiência uma experiência desconfortavelmente mais reflexiva - o prólogo do primeiro episódio é um bom exemplo desse conceito na prática. Eficaz em capturar o perigo e a incerteza do mundo da espionagem moderna, ao mesmo tempo em que oferece uma visão humana das pessoas que realizam essas missões, "Lioness" merece muitos elogios por conseguir traçar uma jornada de ação e drama de uma maneira que nos mantém engajados e reflexivos sobre os reais custos do dever e da lealdade.

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