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The Equalizer

Sabe aquele tipo de série "se dormir, dormiu", mas que não deixa de ser um ótimo entretenimento - bem no estilo procedural de ""CSI" ou "The Law & Order", com alguma ação mais empolgante, investigações razoavelmente inteligentes e uma narrativa bem amarrada? Pois bem, "The Equalizer" é a bola da vez - lançada em 2021 pela CBS, é um verdadeiro sucesso nos EUA, rendendo várias temporadas com uma dinâmica de ação e crime que reinventa a clássica série dos anos 80, mas agora com uma nova protagonista e uma abordagem mais contemporânea. Estrelada por Queen Latifah, a série oferece um novo conceito sobre os dilemas de um herói urbano, trazendo uma forte protagonista feminina para o centro de missões muito divertidas para quem quer passar o tempo sem ter que pensar muito.

Basicamente, a trama segue Robyn McCall (Queen Latifah), uma ex-agente da CIA que, após se afastar do mundo da espionagem, dedica-se a ajudar aqueles que não têm mais para onde recorrer. Usando suas habilidades de combate, investigação e inteligência, McCall se torna uma figura misteriosa conhecida como "The Equalizer", protegendo os oprimidos e punindo aqueles que se aproveitam dos mais fracos. Ao mesmo tempo, no entanto, ela precisa lidar com os desafios de ser mãe solteira de uma adolescente e de manter sua vida dupla em segredo para quem sabe encontrar um caminho menos traumático como mulher. Confira o trailer:

"The Equalizer" é dirigida por uma equipe talentosa que inclui nomes como Liz Friedlander (de "Jessica Jones") e Solvan "Slick" Naim (de "Black List") - eles conseguem manter um ritmo dinâmico e envolvente ao longo dos mais de 50 episódios, durante todas as temporadas. Com roteiro escrito por Andrew W. Marlowe (do clássico "Força Aérea Um") e Terri Edda Miller (de "Castle"), a série equilibra uma ótima atmosfera de ação com histórias que exploram questões sociais mais atuais, como corrupção, violência doméstica e até injustiça racial. Pautada nos clássicos da TV aberta americana, cada episódio funciona como uma narrativa fechada, com McCall resolvendo um caso por vez ao mesmo tempo em que outros arcos dos personagens vão, pouco a pouco, se ampliando e se desenvolvendo ao ponto de não conseguirmos mais parar de assistir. Veja, embora o formato "caso da semana" seja familiar e possa até parecer previsível para alguns, eu diria que aqui a série consegue manter nosso interesse especialmente por se aprofundar na vida pessoal de McCall. 

Queen Latifah traz uma presença carismática e poderosa para a série. Ela transita muito bem entre a dureza necessária de uma vigilante implacável com a sensibilidade de uma mãe que está tentando proteger sua família. Latifah é convincente nas cenas de ação da mesma forma que entrega ótimos momentos emocionais, tornando McCall uma personagem cheio de camadas e fácil de se conectar - tudo isso sem maiores neuroses para não complicar demais! Sua performance, é preciso que se diga, é o coração da série, proporcionando uma ancoragem dramática que eleva o básico para um patamar que entrega uma ótima jornada de entretenimento. Já no elenco de apoio, é preciso citar Tory Kittles como o honrado Marcus Dante; Adam Goldberg como o hacker/nerd/moderninho, Harry Keshegian; e Liza Lapira como a ex-soldado sempre parceira, Melody. É muito bacana ver como cada "estereótipo" contribui significativamente para que a narrativa funcione de uma maneira tão orgânica e que nos traz certo conforto ao dar o play.

Antes de embarcar em "The Equalizer", saiba que, em sua tentativa de combinar ação e drama, a narrativa se apoia demais em clichês do gênero - o que pode diminuir sensivelmente a sua originalidade, mas ao mesmo tempo traz ótimas lembranças de uma época onde o divertido era só assistir Jack Bauer em "24 Horas". Esse é objetivo do projeto: soar familiar para os mais velhos e divertir uma nova geração sem exigir muito ou ter que fazer a audiência quebrar a cabeça. Não espere arcos mais longos e complexos, isso não faz parte do DNA da série - e funciona!

Assista Agora

Sabe aquele tipo de série "se dormir, dormiu", mas que não deixa de ser um ótimo entretenimento - bem no estilo procedural de ""CSI" ou "The Law & Order", com alguma ação mais empolgante, investigações razoavelmente inteligentes e uma narrativa bem amarrada? Pois bem, "The Equalizer" é a bola da vez - lançada em 2021 pela CBS, é um verdadeiro sucesso nos EUA, rendendo várias temporadas com uma dinâmica de ação e crime que reinventa a clássica série dos anos 80, mas agora com uma nova protagonista e uma abordagem mais contemporânea. Estrelada por Queen Latifah, a série oferece um novo conceito sobre os dilemas de um herói urbano, trazendo uma forte protagonista feminina para o centro de missões muito divertidas para quem quer passar o tempo sem ter que pensar muito.

Basicamente, a trama segue Robyn McCall (Queen Latifah), uma ex-agente da CIA que, após se afastar do mundo da espionagem, dedica-se a ajudar aqueles que não têm mais para onde recorrer. Usando suas habilidades de combate, investigação e inteligência, McCall se torna uma figura misteriosa conhecida como "The Equalizer", protegendo os oprimidos e punindo aqueles que se aproveitam dos mais fracos. Ao mesmo tempo, no entanto, ela precisa lidar com os desafios de ser mãe solteira de uma adolescente e de manter sua vida dupla em segredo para quem sabe encontrar um caminho menos traumático como mulher. Confira o trailer:

"The Equalizer" é dirigida por uma equipe talentosa que inclui nomes como Liz Friedlander (de "Jessica Jones") e Solvan "Slick" Naim (de "Black List") - eles conseguem manter um ritmo dinâmico e envolvente ao longo dos mais de 50 episódios, durante todas as temporadas. Com roteiro escrito por Andrew W. Marlowe (do clássico "Força Aérea Um") e Terri Edda Miller (de "Castle"), a série equilibra uma ótima atmosfera de ação com histórias que exploram questões sociais mais atuais, como corrupção, violência doméstica e até injustiça racial. Pautada nos clássicos da TV aberta americana, cada episódio funciona como uma narrativa fechada, com McCall resolvendo um caso por vez ao mesmo tempo em que outros arcos dos personagens vão, pouco a pouco, se ampliando e se desenvolvendo ao ponto de não conseguirmos mais parar de assistir. Veja, embora o formato "caso da semana" seja familiar e possa até parecer previsível para alguns, eu diria que aqui a série consegue manter nosso interesse especialmente por se aprofundar na vida pessoal de McCall. 

Queen Latifah traz uma presença carismática e poderosa para a série. Ela transita muito bem entre a dureza necessária de uma vigilante implacável com a sensibilidade de uma mãe que está tentando proteger sua família. Latifah é convincente nas cenas de ação da mesma forma que entrega ótimos momentos emocionais, tornando McCall uma personagem cheio de camadas e fácil de se conectar - tudo isso sem maiores neuroses para não complicar demais! Sua performance, é preciso que se diga, é o coração da série, proporcionando uma ancoragem dramática que eleva o básico para um patamar que entrega uma ótima jornada de entretenimento. Já no elenco de apoio, é preciso citar Tory Kittles como o honrado Marcus Dante; Adam Goldberg como o hacker/nerd/moderninho, Harry Keshegian; e Liza Lapira como a ex-soldado sempre parceira, Melody. É muito bacana ver como cada "estereótipo" contribui significativamente para que a narrativa funcione de uma maneira tão orgânica e que nos traz certo conforto ao dar o play.

Antes de embarcar em "The Equalizer", saiba que, em sua tentativa de combinar ação e drama, a narrativa se apoia demais em clichês do gênero - o que pode diminuir sensivelmente a sua originalidade, mas ao mesmo tempo traz ótimas lembranças de uma época onde o divertido era só assistir Jack Bauer em "24 Horas". Esse é objetivo do projeto: soar familiar para os mais velhos e divertir uma nova geração sem exigir muito ou ter que fazer a audiência quebrar a cabeça. Não espere arcos mais longos e complexos, isso não faz parte do DNA da série - e funciona!

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The Feed

Antes de mais nada, "The Feed" é uma provocação das mais interessantes - especialmente se você se permitir buscar na realidade atual referências que de alguma forma nos remetem ao perigo que é a possibilidade de perdermos o equilíbrio entre o bom senso e a tecnologia. Ao melhor estilo "Black Mirror" (aquele mais raiz), mas com um toque bem presente de "Devs" e "Osmosis", "The Feed" explora os impactos da tecnologia em um futuro próximo, onde a conectividade total transformou as interações humanas (e a privacidade) em uma mercadoria obsoleta. Baseada no romance homônimo de Nick Clark Windo, essa série de ficção científica distópica da Prime Vídeo, lançada em 2019, mistura elementos de thriller psicológico, drama familiar e crítica social, abordando temas que ressoam profundamente em um mundo cada vez mais dependente do controle total da informação - eu diria até que "The Feed" é um reflexo inquietante do nosso presente projetado em um futuro realmente perturbador.

A trama é centrada na família Hatfield, criadora de um implante neural chamado "The Feed", que permite às pessoas compartilhar informações, emoções e memórias em tempo real. Apesar de ser uma revolução tecnológica que conecta o mundo em níveis sem precedentes, o Feed começa a apresentar falhas, transformando os usuários em assassinos incontroláveis. À medida que o sistema ameaça se desintegrar, a família Hatfield é forçada a confrontar os custos éticos e pessoais de sua criação, enquanto lutam para salvar o que resta da sociedade. Confira o trailer (em inglês):

"The Feed" é muito inteligente ao utilizar a premissa do desenvolvimento tecnológico brutal dos dias de hoje para explorar dinâmicas humanas e familiares de uma forma mais intimista e reflexiva - mas sem esquecer da ação. O protagonista Tom Hatfield (Guy Burnet) se vê dividido entre sua desconfiança em relação ao Feed e sua lealdade à sua família, particularmente seu pai, Lawrence Hatfield (David Thewlis), o criador visionário e impiedoso do sistema. O conflito entre a inovação sem limites e as consequências não intencionais cria uma tensão constante que impulsiona a narrativa de um maneira surpreendente - você não vai precisar mais do que um episódio para se sentir dentro da trama como se fosse algo bem palpável. A direção, seguindo esse caminho, enfatiza o contraste entre a conectividade e o isolamento emocional, com uma estética visual que mistura ambientes minimalistas e frios com cenas mais caóticas e visceralmente humanas. É interessante como a série alterna entre tons suaves e estéreis para as cenas conectadas ao Feed com os tons mais naturais para os momentos de desconexão, refletindo o conflito central da narrativa sem pesar na mão ou inventar a roda.

O roteiro, embora ambicioso, nem sempre mantém o ritmo perfeito entre o thriller tecnológico e o drama humano. Alguns diálogos expõem ideias complexas de maneira didática, enquanto outras subtramas parecem excessivamente dependentes de clichês do gênero - isso é uma fraqueza, não há como negar, mas também é preciso dizer que alguns gaps podem até passar despercebidos quando os temas centrais são explorados com mais profundidade. Repare como assuntos atuais como a perda de privacidade, o impacto da hiperconectividade como identidade e as consequências éticas da inovação, são jogadas na narrativa com muita sabedoria, nos provocando reflexões pertinentes.

Mesmo com alguns esteriótipos marcantes, as performances do elenco justificam o interesse na série - especialmente David Thewlis, que entrega uma interpretação intensa e multifacetada como Lawrence Hatfield, um visionário bem Elon Musk, que luta para justificar os sacrifícios feitos em nome do progresso. Guy Burnet traz vulnerabilidade e determinação ao seu Tom, enquanto Nina Toussaint-White, como Kate, a esposa de Tom, adiciona camadas de conflito e resiliência à história. Outro ponto técnico bacana de se observar é o desenho de som: ao lado da trilha sonora, eles desempenham papéis importantes na criação da atmosfera da série com sons eletrônicos e pulsantes que refletem o domínio do Feed na vida das pessoas, enquanto os momentos de silêncio ou efeitos sonoros naturais sublinham a desconexão e a luta por autenticidade em um mundo dominado pela tecnologia.

Apesar de seus méritos, "The Feed" se torna excessivamente dependente de reviravoltas, sacrificando o desenvolvimento orgânico dos personagens em prol do impacto narrativo - funciona, mas soa familiar demais. Além disso, a ambição da série em abordar múltiplos temas nem sempre é acompanhada por uma execução consistente, resultando em algumas tramas subdesenvolvidas que vão exigir mais boa vontade do que empolgação. Mesmo deixando alguns pontos abertos, "The Feed" entrega um entretenimento que vai fazer valer muito o seu play em uma primeira temporada intrigante e, por vezes, perturbadora sobre o impacto da tecnologia na sociedade!

Assista Agora

Antes de mais nada, "The Feed" é uma provocação das mais interessantes - especialmente se você se permitir buscar na realidade atual referências que de alguma forma nos remetem ao perigo que é a possibilidade de perdermos o equilíbrio entre o bom senso e a tecnologia. Ao melhor estilo "Black Mirror" (aquele mais raiz), mas com um toque bem presente de "Devs" e "Osmosis", "The Feed" explora os impactos da tecnologia em um futuro próximo, onde a conectividade total transformou as interações humanas (e a privacidade) em uma mercadoria obsoleta. Baseada no romance homônimo de Nick Clark Windo, essa série de ficção científica distópica da Prime Vídeo, lançada em 2019, mistura elementos de thriller psicológico, drama familiar e crítica social, abordando temas que ressoam profundamente em um mundo cada vez mais dependente do controle total da informação - eu diria até que "The Feed" é um reflexo inquietante do nosso presente projetado em um futuro realmente perturbador.

A trama é centrada na família Hatfield, criadora de um implante neural chamado "The Feed", que permite às pessoas compartilhar informações, emoções e memórias em tempo real. Apesar de ser uma revolução tecnológica que conecta o mundo em níveis sem precedentes, o Feed começa a apresentar falhas, transformando os usuários em assassinos incontroláveis. À medida que o sistema ameaça se desintegrar, a família Hatfield é forçada a confrontar os custos éticos e pessoais de sua criação, enquanto lutam para salvar o que resta da sociedade. Confira o trailer (em inglês):

"The Feed" é muito inteligente ao utilizar a premissa do desenvolvimento tecnológico brutal dos dias de hoje para explorar dinâmicas humanas e familiares de uma forma mais intimista e reflexiva - mas sem esquecer da ação. O protagonista Tom Hatfield (Guy Burnet) se vê dividido entre sua desconfiança em relação ao Feed e sua lealdade à sua família, particularmente seu pai, Lawrence Hatfield (David Thewlis), o criador visionário e impiedoso do sistema. O conflito entre a inovação sem limites e as consequências não intencionais cria uma tensão constante que impulsiona a narrativa de um maneira surpreendente - você não vai precisar mais do que um episódio para se sentir dentro da trama como se fosse algo bem palpável. A direção, seguindo esse caminho, enfatiza o contraste entre a conectividade e o isolamento emocional, com uma estética visual que mistura ambientes minimalistas e frios com cenas mais caóticas e visceralmente humanas. É interessante como a série alterna entre tons suaves e estéreis para as cenas conectadas ao Feed com os tons mais naturais para os momentos de desconexão, refletindo o conflito central da narrativa sem pesar na mão ou inventar a roda.

O roteiro, embora ambicioso, nem sempre mantém o ritmo perfeito entre o thriller tecnológico e o drama humano. Alguns diálogos expõem ideias complexas de maneira didática, enquanto outras subtramas parecem excessivamente dependentes de clichês do gênero - isso é uma fraqueza, não há como negar, mas também é preciso dizer que alguns gaps podem até passar despercebidos quando os temas centrais são explorados com mais profundidade. Repare como assuntos atuais como a perda de privacidade, o impacto da hiperconectividade como identidade e as consequências éticas da inovação, são jogadas na narrativa com muita sabedoria, nos provocando reflexões pertinentes.

Mesmo com alguns esteriótipos marcantes, as performances do elenco justificam o interesse na série - especialmente David Thewlis, que entrega uma interpretação intensa e multifacetada como Lawrence Hatfield, um visionário bem Elon Musk, que luta para justificar os sacrifícios feitos em nome do progresso. Guy Burnet traz vulnerabilidade e determinação ao seu Tom, enquanto Nina Toussaint-White, como Kate, a esposa de Tom, adiciona camadas de conflito e resiliência à história. Outro ponto técnico bacana de se observar é o desenho de som: ao lado da trilha sonora, eles desempenham papéis importantes na criação da atmosfera da série com sons eletrônicos e pulsantes que refletem o domínio do Feed na vida das pessoas, enquanto os momentos de silêncio ou efeitos sonoros naturais sublinham a desconexão e a luta por autenticidade em um mundo dominado pela tecnologia.

Apesar de seus méritos, "The Feed" se torna excessivamente dependente de reviravoltas, sacrificando o desenvolvimento orgânico dos personagens em prol do impacto narrativo - funciona, mas soa familiar demais. Além disso, a ambição da série em abordar múltiplos temas nem sempre é acompanhada por uma execução consistente, resultando em algumas tramas subdesenvolvidas que vão exigir mais boa vontade do que empolgação. Mesmo deixando alguns pontos abertos, "The Feed" entrega um entretenimento que vai fazer valer muito o seu play em uma primeira temporada intrigante e, por vezes, perturbadora sobre o impacto da tecnologia na sociedade!

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The Good Doctor

Você vai precisar de muita suspensão da realidade para se conectar com "The Good Doctor" - é como se estivéssemos assistindo uma série do final dos anos 90, por outro lado é inegável a forma como ela cativa o público com sua abordagem única de um gênero que parece nunca sair de moda na televisão americana: o drama médico. Com uma premissa intrigante e personagens muito bem desenvolvidos, a série proporciona uma experiência emocional do início ao fim - e é isso que nos mantém envolvidos.

Criada pelo David Shore, a mesma mente por trás de "House", "The Good Doctor" vem conquistando o coração do mundo inteiro ao explorar não apenas a genialidade da investigação médica, mas também as emoções e desafios pessoais enfrentados pelos próprios personagens - é como se a humanização de seus dramas se conectassem imediatamente aos desafios profissionais.

"The Good Doctor", basicamente, acompanha a jornada de Shaun Murphy (Freddie Highmore), um brilhante jovem cirurgião com autismo e síndrome de Savant. Enfrentando desafios e preconceitos, Shaun usa suas habilidades extraordinárias para salvar vidas no Hospital San Jose St. Bonaventure, enquanto precisa lidar com seus próprias desafios pessoais e emocionais. Confira o trailer:

Sem dúvida que o ponto alto de "The Good Doctor" é o desempenho extraordinário de Highmore. É impressionante como ele mergulha profundamente na psique de seu personagem - em muitos momentos temos a exata sensação de que Highmore na verdade nem existe, o que vemos ali é só o Shaun Murphy mesmo. Sua performance é irretocável, capaz de transmitir a vulnerabilidade e a inteligência do personagem com uma precisão notável. Ele consegue capturar os maneirismos de Shaun de uma forma muito autêntica, orgânica até, proporcionando uma representação extremamente respeitosa e empática do autismo.

Além disso, o roteiro habilmente escrito de "The Good Doctor" apresenta casos médicos intrigantes e complexos, mas de fácil assimilação graças ao texto inteligente e as aplicações gráficas que acontecem durante os episódios. A série explora uma variedade de temas e aborda dilemas éticos - sem falar em nos gatilhos emocionais com as histórias de superação, perseverança  e compaixão, oferecendo assim uma visão inspiradora da profissão. Como em "House", essa diversidade de casos mantém a trama fresca e empolgante, nos permitindo assistir um episódio aqui e outro ali, sem a necessidade de uma imersão mais profunda.

Apesar de todos os aspectos positivos, como é de se esperar pelo estilo narrativo da série, "The Good Doctor" tem alguns momentos em que a trama pode ser previsível demais. Em certos, os desfechos dos casos seguem uma fórmula já conhecida das séries do gênero e isso impacta na nossa experiência, mas não nos impede de seguir adiante pois já que sabemos que o formato é esse e pronto. Eu diria que, no geral, "The Good Doctor" é um ótimo e despretensioso entretenimento.

Vale o play!

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Você vai precisar de muita suspensão da realidade para se conectar com "The Good Doctor" - é como se estivéssemos assistindo uma série do final dos anos 90, por outro lado é inegável a forma como ela cativa o público com sua abordagem única de um gênero que parece nunca sair de moda na televisão americana: o drama médico. Com uma premissa intrigante e personagens muito bem desenvolvidos, a série proporciona uma experiência emocional do início ao fim - e é isso que nos mantém envolvidos.

Criada pelo David Shore, a mesma mente por trás de "House", "The Good Doctor" vem conquistando o coração do mundo inteiro ao explorar não apenas a genialidade da investigação médica, mas também as emoções e desafios pessoais enfrentados pelos próprios personagens - é como se a humanização de seus dramas se conectassem imediatamente aos desafios profissionais.

"The Good Doctor", basicamente, acompanha a jornada de Shaun Murphy (Freddie Highmore), um brilhante jovem cirurgião com autismo e síndrome de Savant. Enfrentando desafios e preconceitos, Shaun usa suas habilidades extraordinárias para salvar vidas no Hospital San Jose St. Bonaventure, enquanto precisa lidar com seus próprias desafios pessoais e emocionais. Confira o trailer:

Sem dúvida que o ponto alto de "The Good Doctor" é o desempenho extraordinário de Highmore. É impressionante como ele mergulha profundamente na psique de seu personagem - em muitos momentos temos a exata sensação de que Highmore na verdade nem existe, o que vemos ali é só o Shaun Murphy mesmo. Sua performance é irretocável, capaz de transmitir a vulnerabilidade e a inteligência do personagem com uma precisão notável. Ele consegue capturar os maneirismos de Shaun de uma forma muito autêntica, orgânica até, proporcionando uma representação extremamente respeitosa e empática do autismo.

Além disso, o roteiro habilmente escrito de "The Good Doctor" apresenta casos médicos intrigantes e complexos, mas de fácil assimilação graças ao texto inteligente e as aplicações gráficas que acontecem durante os episódios. A série explora uma variedade de temas e aborda dilemas éticos - sem falar em nos gatilhos emocionais com as histórias de superação, perseverança  e compaixão, oferecendo assim uma visão inspiradora da profissão. Como em "House", essa diversidade de casos mantém a trama fresca e empolgante, nos permitindo assistir um episódio aqui e outro ali, sem a necessidade de uma imersão mais profunda.

Apesar de todos os aspectos positivos, como é de se esperar pelo estilo narrativo da série, "The Good Doctor" tem alguns momentos em que a trama pode ser previsível demais. Em certos, os desfechos dos casos seguem uma fórmula já conhecida das séries do gênero e isso impacta na nossa experiência, mas não nos impede de seguir adiante pois já que sabemos que o formato é esse e pronto. Eu diria que, no geral, "The Good Doctor" é um ótimo e despretensioso entretenimento.

Vale o play!

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The Jinx

Quando Ted Sarandos disse que queria que a Netflix se tornasse a HBO antes que a HBO pudesse se tornar uma Netflix, ele projetava que a Netflix pudesse ser tão boa quanto a HBO na produção de conteúdo original, antes mesmo que a HBO pudesse ser tão bom quanto a Netflix em oferecer produtos sob demanda. Assistindo "The Jinx" não pude deixar de refletir sobre essa afirmação do executivo da Netflix! "The Jinx" é incrível, realmente muito bom, ganhou 2 Emmys em 2015, inclusive de melhor série de "não-ficção" e mesmo assim não teve 1/5 da projeção, pelo menos no Brasil, do que representou "Making a Murderer"!

Isso mostra a força que a Netflix tem e como o trabalho de construção de uma marca ganhou tanta credibilidade ao desenvolver tantas produções de qualidade em tão pouco tempo. Não que a HBO não tenha feito, muito pelo contrário, mas as franquias Game of Thrones ou True Detective não duraram pra sempre. 

Dito isso, vamos ao que interessa: "The Jinx" é a melhor série de true crime já desenvolvida - pelo menos na nossa opinião! Após o relativo sucesso de "Entre Segredos e Mentiras", filme baseado nos casos de violência que cercaram o protagonista Robert Durst com Rian Gosling e Kristen Dunst, o diretor Andrew Jarecki recebeu um telefonema do próprio Durst. A proposta era simples, ele queria dar um depoimento em vídeo sobre sua versão dos acontecimentos da história. Esclarecer de uma vez por todas que ele não é e nunca foi um assassino em série. Completamente extasiado, Jarecki aceitou na hora e aí surgiu essa obra de arte da HBO. Confira o trailer:

O fato de "The Jinx" ser uma série documental de seis episódios ampliou nosso entendimento sobre a psique do milionário nova-iorquino Robert Durst. Andrew Jarecki usou de anos de pesquisa para compor uma verdadeira e complicada investigação sobre Durst - um homem complexo, frio, tido como o principal suspeito de uma série de crimes não solucionados. Chega a ser impressionante como Jarecki tem a capacidade de fazer as perguntas certas ao mesmo tempo em que vai construindo uma linha temporal que culmina em um dos finais mais impressionantes que eu já assisti em toda a minha vida - e não estou brincando! Foram 25 horas de depoimento de Durst muito bem amarrados com encenações e gravações de arquivo que vão mudando a história de acordo com a própria investigação.

Carismático e inteligente, Robert Durst parece ter saído das histórias mais macabras sobre assassinatos e, mesmo que o público não saiba se ele realmente cometeu os assassinatos, sua serenidade assustadora acaba nos conquistando - é impressionante! O fato é que o documentário nos provoca a cada episódio, nos fazendo questionar se aquele homem tão particular (e corajoso - afinal ele está dando a cara a tapa a todo momento) é realmente um assassino ou apenas um azarado (por isso o “jinx” do título), que estava sempre no lugar e na hora errada.

Veja, "Making a Murderer" é realmente muito bom, claro, mas "The Jinx" é ainda melhor! Pode acreditar!

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Quando Ted Sarandos disse que queria que a Netflix se tornasse a HBO antes que a HBO pudesse se tornar uma Netflix, ele projetava que a Netflix pudesse ser tão boa quanto a HBO na produção de conteúdo original, antes mesmo que a HBO pudesse ser tão bom quanto a Netflix em oferecer produtos sob demanda. Assistindo "The Jinx" não pude deixar de refletir sobre essa afirmação do executivo da Netflix! "The Jinx" é incrível, realmente muito bom, ganhou 2 Emmys em 2015, inclusive de melhor série de "não-ficção" e mesmo assim não teve 1/5 da projeção, pelo menos no Brasil, do que representou "Making a Murderer"!

Isso mostra a força que a Netflix tem e como o trabalho de construção de uma marca ganhou tanta credibilidade ao desenvolver tantas produções de qualidade em tão pouco tempo. Não que a HBO não tenha feito, muito pelo contrário, mas as franquias Game of Thrones ou True Detective não duraram pra sempre. 

Dito isso, vamos ao que interessa: "The Jinx" é a melhor série de true crime já desenvolvida - pelo menos na nossa opinião! Após o relativo sucesso de "Entre Segredos e Mentiras", filme baseado nos casos de violência que cercaram o protagonista Robert Durst com Rian Gosling e Kristen Dunst, o diretor Andrew Jarecki recebeu um telefonema do próprio Durst. A proposta era simples, ele queria dar um depoimento em vídeo sobre sua versão dos acontecimentos da história. Esclarecer de uma vez por todas que ele não é e nunca foi um assassino em série. Completamente extasiado, Jarecki aceitou na hora e aí surgiu essa obra de arte da HBO. Confira o trailer:

O fato de "The Jinx" ser uma série documental de seis episódios ampliou nosso entendimento sobre a psique do milionário nova-iorquino Robert Durst. Andrew Jarecki usou de anos de pesquisa para compor uma verdadeira e complicada investigação sobre Durst - um homem complexo, frio, tido como o principal suspeito de uma série de crimes não solucionados. Chega a ser impressionante como Jarecki tem a capacidade de fazer as perguntas certas ao mesmo tempo em que vai construindo uma linha temporal que culmina em um dos finais mais impressionantes que eu já assisti em toda a minha vida - e não estou brincando! Foram 25 horas de depoimento de Durst muito bem amarrados com encenações e gravações de arquivo que vão mudando a história de acordo com a própria investigação.

Carismático e inteligente, Robert Durst parece ter saído das histórias mais macabras sobre assassinatos e, mesmo que o público não saiba se ele realmente cometeu os assassinatos, sua serenidade assustadora acaba nos conquistando - é impressionante! O fato é que o documentário nos provoca a cada episódio, nos fazendo questionar se aquele homem tão particular (e corajoso - afinal ele está dando a cara a tapa a todo momento) é realmente um assassino ou apenas um azarado (por isso o “jinx” do título), que estava sempre no lugar e na hora errada.

Veja, "Making a Murderer" é realmente muito bom, claro, mas "The Jinx" é ainda melhor! Pode acreditar!

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The Killing

The Killing

"The Killing", para mim, é uma das melhores séries de drama policial já produzida - um dos raros casos que a versão americana é melhor ou, no mínimo, tão boa quanto a versão original! A série foi um verdadeiro sucesso em 2011, quando chegou a receber 6 indicações ao Emmy daquele ano. Com uma narrativa muito bem equilibrada e extremamente envolvente, a série mistura elementos de suspense e mistério capaz de prender a nossa atenção desde o primeiro até o último episódio, bem ao estilo das minisséries de crimes da HBO - aliás, talvez aqui caiba minha única crítica à produção, mesmo entendendo que eram outros tempos: ela poderia ter terminado no final da segunda temporada, mas o fato é que seu final só foi na quarta. Com uma trama meticulosamente elaborada e uma direção impecável, a série nos conduz por uma jornada intensa e repleta de reviravoltas que vai te surpreender.

Baseada na dinamarquesa "Forbrydelsen", "The Killing" se passa em Seattle e acompanha a detetive Sarah Linden (Mireille Enos) e seu parceiro Stephen Holder (Joel Kinnaman) enquanto investigam o assassinato da adolescente Rosie Larsen. O que parece ser um caso isolado acaba se tornando uma teia complexa de mistérios e segredos, envolvendo políticos, famílias influentes e até a própria polícia. Confira o trailer (em inglês):

Sem dúvida que o estilo de narrativa de "The Killing" é marcado por uma abordagem bastante cuidadosa, extremamente detalhada, para que as peças apresentadas, encaixadas ou não, nos deixem cheios de dúvidas. Cada episódio, de fato, é repleto de pistas e diálogos bem estruturados para que não tenhamos a sensação de estarmos sendo "enrolados". Soma-se a isso uma atmosfera sombria (brilhantemente fotografado, em sua maioria, pelo Gregory Middleton de "Game of Thrones" e "Watchmen") que contribui demais para a tensão crescente da trama. 

Os personagens também são muito bem construídos - não existe superficialidade. Todos são bem desenvolvidos ao longo das temporadas de forma a percebermos suas complexidades - seja no que existe de melhor e de pior no ser humano. Mireille Enos entrega uma performance cativante como a determinada detetive Linden, cuja dedicação à resolução do caso muitas vezes a coloca em conflito com sua própria vida pessoal. Joel Kinnaman também se destaca como o carismático e perspicaz Stephen Holder, trazendo um equilíbrio perfeito para a dupla de investigadores. Os dois dão um show - nos importamos com eles!

Assim como alguns filmes no estilo "Garota Exemplar" ou até séries como "Sharp Objects" ou "The Night Of""The Killing" desafia as convenções do gênero ao partir de um crime e sua investigação, para explorar temas ainda mais profundos sobre a natureza humana, as consequências de algumas escolhas e o preço da busca pela verdade. Eu diria que essa série é uma das experiências mais intensas e satisfatórias de uma era pré-streaming que vai prender os amantes de suspense e dramas policiais bem elaborados, como poucas - pode me cobrar depois!

Se prepare e dê o play sem medo!

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"The Killing", para mim, é uma das melhores séries de drama policial já produzida - um dos raros casos que a versão americana é melhor ou, no mínimo, tão boa quanto a versão original! A série foi um verdadeiro sucesso em 2011, quando chegou a receber 6 indicações ao Emmy daquele ano. Com uma narrativa muito bem equilibrada e extremamente envolvente, a série mistura elementos de suspense e mistério capaz de prender a nossa atenção desde o primeiro até o último episódio, bem ao estilo das minisséries de crimes da HBO - aliás, talvez aqui caiba minha única crítica à produção, mesmo entendendo que eram outros tempos: ela poderia ter terminado no final da segunda temporada, mas o fato é que seu final só foi na quarta. Com uma trama meticulosamente elaborada e uma direção impecável, a série nos conduz por uma jornada intensa e repleta de reviravoltas que vai te surpreender.

Baseada na dinamarquesa "Forbrydelsen", "The Killing" se passa em Seattle e acompanha a detetive Sarah Linden (Mireille Enos) e seu parceiro Stephen Holder (Joel Kinnaman) enquanto investigam o assassinato da adolescente Rosie Larsen. O que parece ser um caso isolado acaba se tornando uma teia complexa de mistérios e segredos, envolvendo políticos, famílias influentes e até a própria polícia. Confira o trailer (em inglês):

Sem dúvida que o estilo de narrativa de "The Killing" é marcado por uma abordagem bastante cuidadosa, extremamente detalhada, para que as peças apresentadas, encaixadas ou não, nos deixem cheios de dúvidas. Cada episódio, de fato, é repleto de pistas e diálogos bem estruturados para que não tenhamos a sensação de estarmos sendo "enrolados". Soma-se a isso uma atmosfera sombria (brilhantemente fotografado, em sua maioria, pelo Gregory Middleton de "Game of Thrones" e "Watchmen") que contribui demais para a tensão crescente da trama. 

Os personagens também são muito bem construídos - não existe superficialidade. Todos são bem desenvolvidos ao longo das temporadas de forma a percebermos suas complexidades - seja no que existe de melhor e de pior no ser humano. Mireille Enos entrega uma performance cativante como a determinada detetive Linden, cuja dedicação à resolução do caso muitas vezes a coloca em conflito com sua própria vida pessoal. Joel Kinnaman também se destaca como o carismático e perspicaz Stephen Holder, trazendo um equilíbrio perfeito para a dupla de investigadores. Os dois dão um show - nos importamos com eles!

Assim como alguns filmes no estilo "Garota Exemplar" ou até séries como "Sharp Objects" ou "The Night Of""The Killing" desafia as convenções do gênero ao partir de um crime e sua investigação, para explorar temas ainda mais profundos sobre a natureza humana, as consequências de algumas escolhas e o preço da busca pela verdade. Eu diria que essa série é uma das experiências mais intensas e satisfatórias de uma era pré-streaming que vai prender os amantes de suspense e dramas policiais bem elaborados, como poucas - pode me cobrar depois!

Se prepare e dê o play sem medo!

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The Last of Us

Se você ainda não assistiu, dê o play sem o menor receio de errar, mas saiba: muito mais do que uma "série de zumbis", "The Last of Us" é uma jornada de autoconhecimento, emocionalmente carregada de feridas profundas, onde as relações estabelecidas entre os personagens tem muito mais valor do que a mera luta pela sobrevivência ou pela cura da humanidade. Lançada em 2023 pela HBO, a série é uma adaptação do aclamado jogo de videogame da Naughty Dog, criado por Neil Druckmann. Com uma narrativa poderosa e personagens cheios de camadas, "The Last of Us" traz para as telas uma história de redenção em um mundo pós-apocalíptico que nos envolve do inicio ao fim! Desenvolvida por Craig Mazin (a mente criativa por trás de "Chernobyl") e pelo próprio Neil Druckmann, a série consegue capturar a essência do jogo ao mesmo tempo que expande as possibilidades dramáticas, oferecendo uma experiência cinematográfica intensa e emocionalmente, de fato, ressonante. Imperdível!

A trama se passa em uma realidade onde parte da humanidade foi dizimada por uma infecção fúngica que transforma pessoas em uma espécie de zumbi. Joel (Pedro Pascal), um sobrevivente que carrega a dor de ter perdido sua filha adolescente, é incumbido de proteger Ellie (Bella Ramsey), uma jovem que pode ser a chave para encontrar uma cura. A série segue sua perigosa jornada através de um Estados Unidos devastado, explorando os laços que se formam na busca por um bem maior e os sacrifícios feitos em troca de alguma esperança. Confira o trailer:

Mazin e Druckmann trazem para "The Last of Us" uma jornada sensível diante do caos que é 'viver sob uma ameaça invisível - algo que parecia distante, mas que, nas devidas proporções, experienciamos durante a pandemia. Acontece que aqui o invisível vai ganhando forma e o horror do inexplicável se transforma em algo ainda mais assustador. Embora a série nos entregue uma fotografia deslumbrante e grandiosa das paisagens devastadas de um EUA irreconhecível, é na intimidade das interações humanas (e na sua constante tensão) que a série muda de patamar. As cores sombrias e a iluminação naturalista extremamente recortada pelas intervenções externas da destruição, criam uma atmosfera tão opressiva quanto autêntica que acaba nos envolvendo em uma realidade brutal de um mundo pós-apocalíptico que nem parece tão absurdo assim - e esse fator mais, digamos, palpável diante do que em outros tempos parecia apenas ficção, é que se torna essencial para nossa imersão pela cruzada de Joel e Ellie. E olha, de certa forma foi assim do videogame, e agora só potencializou na série.

O roteiro é fiel ao material original e o conceito visual, idem. Mas é preciso dizer que a série também oferece novas camadas de profundidade aos personagens e ao mundo que nos é apresentado. Mazin e Druckmann sabem equilibrar a luta pela vida, em vários momentos de ação, com pausas introspectivas, poéticas até, que exploram temas como a dor e as marcas da perda, sugerindo um olhar de esperança e de fé na humanidade. É interessante como essa premissa mais sensível do roteiro impacta em diálogos mais afiados e cheios de subtexto, fugindo um pouco do gênero "sobrevivência" para refletir as complexidades das relações entre os personagens e os dilemas morais que cada um deles enfrentam durante a jornada. Pedro Pascal captura a dureza quase bronca de Joel com a vulnerabilidade interior de um pai marcado por uma tragédia - sua intensidade emocional torna seu personagem uma figura profundamente empática. Já Bella Ramsey traz uma mistura de coragem, inocência e determinação, sempre com um toque de ironia para não dizer, de deboche. Mas é a química entre os dois que deixa tudo ainda mais real, formando uma conexão emocional entre a audiência e a série que chama atenção desde o primeiro episódio.

"The Last of Us" não está isenta de críticas. Algumas pessoas podem achar que a série, em sua fidelidade ao jogo, é previsível demais. Eu discordo. Claro que a história é a mesma, alguns enquadramentos e várias sequências são praticamente uma cópia em live-action, mas a série traz uma intensidade emocional diferente, mais contemplativa até, e a violência gráfica que encontramos no jogo, na minha opinião, está ainda melhor aqui. O fato é que "The Last of Us" é uma adaptação notável, que consegue honrar o legado do jogo e ainda oferecer uma experiência cinematográfica envolvente e profunda -  uma exploração poderosa da condição humana em face da adversidade extrema, destacando os laços que nos definem e os sacrifícios que fazemos por aqueles que amamos. Sem dúvida, uma das melhores produções realizadas nos últimos anos!

"The Last of Us" ganhou 8 Emmys em 2023 depois de receber, surpreendentes, 24 indicações!

Vale muito o seu play!

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Se você ainda não assistiu, dê o play sem o menor receio de errar, mas saiba: muito mais do que uma "série de zumbis", "The Last of Us" é uma jornada de autoconhecimento, emocionalmente carregada de feridas profundas, onde as relações estabelecidas entre os personagens tem muito mais valor do que a mera luta pela sobrevivência ou pela cura da humanidade. Lançada em 2023 pela HBO, a série é uma adaptação do aclamado jogo de videogame da Naughty Dog, criado por Neil Druckmann. Com uma narrativa poderosa e personagens cheios de camadas, "The Last of Us" traz para as telas uma história de redenção em um mundo pós-apocalíptico que nos envolve do inicio ao fim! Desenvolvida por Craig Mazin (a mente criativa por trás de "Chernobyl") e pelo próprio Neil Druckmann, a série consegue capturar a essência do jogo ao mesmo tempo que expande as possibilidades dramáticas, oferecendo uma experiência cinematográfica intensa e emocionalmente, de fato, ressonante. Imperdível!

A trama se passa em uma realidade onde parte da humanidade foi dizimada por uma infecção fúngica que transforma pessoas em uma espécie de zumbi. Joel (Pedro Pascal), um sobrevivente que carrega a dor de ter perdido sua filha adolescente, é incumbido de proteger Ellie (Bella Ramsey), uma jovem que pode ser a chave para encontrar uma cura. A série segue sua perigosa jornada através de um Estados Unidos devastado, explorando os laços que se formam na busca por um bem maior e os sacrifícios feitos em troca de alguma esperança. Confira o trailer:

Mazin e Druckmann trazem para "The Last of Us" uma jornada sensível diante do caos que é 'viver sob uma ameaça invisível - algo que parecia distante, mas que, nas devidas proporções, experienciamos durante a pandemia. Acontece que aqui o invisível vai ganhando forma e o horror do inexplicável se transforma em algo ainda mais assustador. Embora a série nos entregue uma fotografia deslumbrante e grandiosa das paisagens devastadas de um EUA irreconhecível, é na intimidade das interações humanas (e na sua constante tensão) que a série muda de patamar. As cores sombrias e a iluminação naturalista extremamente recortada pelas intervenções externas da destruição, criam uma atmosfera tão opressiva quanto autêntica que acaba nos envolvendo em uma realidade brutal de um mundo pós-apocalíptico que nem parece tão absurdo assim - e esse fator mais, digamos, palpável diante do que em outros tempos parecia apenas ficção, é que se torna essencial para nossa imersão pela cruzada de Joel e Ellie. E olha, de certa forma foi assim do videogame, e agora só potencializou na série.

O roteiro é fiel ao material original e o conceito visual, idem. Mas é preciso dizer que a série também oferece novas camadas de profundidade aos personagens e ao mundo que nos é apresentado. Mazin e Druckmann sabem equilibrar a luta pela vida, em vários momentos de ação, com pausas introspectivas, poéticas até, que exploram temas como a dor e as marcas da perda, sugerindo um olhar de esperança e de fé na humanidade. É interessante como essa premissa mais sensível do roteiro impacta em diálogos mais afiados e cheios de subtexto, fugindo um pouco do gênero "sobrevivência" para refletir as complexidades das relações entre os personagens e os dilemas morais que cada um deles enfrentam durante a jornada. Pedro Pascal captura a dureza quase bronca de Joel com a vulnerabilidade interior de um pai marcado por uma tragédia - sua intensidade emocional torna seu personagem uma figura profundamente empática. Já Bella Ramsey traz uma mistura de coragem, inocência e determinação, sempre com um toque de ironia para não dizer, de deboche. Mas é a química entre os dois que deixa tudo ainda mais real, formando uma conexão emocional entre a audiência e a série que chama atenção desde o primeiro episódio.

"The Last of Us" não está isenta de críticas. Algumas pessoas podem achar que a série, em sua fidelidade ao jogo, é previsível demais. Eu discordo. Claro que a história é a mesma, alguns enquadramentos e várias sequências são praticamente uma cópia em live-action, mas a série traz uma intensidade emocional diferente, mais contemplativa até, e a violência gráfica que encontramos no jogo, na minha opinião, está ainda melhor aqui. O fato é que "The Last of Us" é uma adaptação notável, que consegue honrar o legado do jogo e ainda oferecer uma experiência cinematográfica envolvente e profunda -  uma exploração poderosa da condição humana em face da adversidade extrema, destacando os laços que nos definem e os sacrifícios que fazemos por aqueles que amamos. Sem dúvida, uma das melhores produções realizadas nos últimos anos!

"The Last of Us" ganhou 8 Emmys em 2023 depois de receber, surpreendentes, 24 indicações!

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The Morning Show

Quando "The Morning Show" foi apresentado, rapidamente associei sua importância como uma espécie de "House of Cards" da AppleTV+! Não só por na época ser o cartão de visitas do novo serviço de streaming da Apple, mas também por trabalhar elementos muito próximos ao sucesso da Netflix. Focado nos dramas e intrigas nos bastidores do programa jornalístico matinal de maior sucesso dos EUA, "The Morning Show" escancara a incansável necessidade do ser humano na busca pelo poder e pelo sucesso a qualquer preço!

Baseada no livro "Top of the Morning: Inside the Cutthroat World of Morning TV", de Brian Stelter e com roteiro de Kerry Ehrin ("Bates Motel"), "The Morning Show" retrata os reflexos de um escândalo sexual envolvendo seu principal âncora, Mitch Kessler (Steve Carell). Após 15 anos de parceria, agora sozinha na bancada, a experiente e respeitada jornalista Alex Levy (Jennifer Aniston) se vê pressionada a reformular o programa a fim de aumentar a audiência e manter seu emprego - já que para os executivos da emissora, uma transformação seria necessária para se adequar a um estilo de jornalismo mais moderno. É nesse turbilhão que surge Bradley Jackson (Reese Witherspoon), uma repórter vinda do interior que ganhou notoriedade nacional após um vídeo, onde confrontava um manifestante, viralizar na internet. Convidada a dividir a bancada com Alex Levy, Bradley Jackson "cai de para-quedas" em um ambiente cheio de egos, traições e mentiras onde o desafio diário não é a busca pela verdade e sim a manutenção do emprego!

Depois de alguns episódios fica claro que "The Morning Show" tem força, mas que precisa de alguns ajustes - e isso acontece. A necessidade de criar uma dinâmica que prendesse um potencial novo assinante, mais atrapalha do que ajuda. No começo você vai perceber uma necessidade enorme de criar subtramas que surgem sem o menor sentido, mas depois elas vão perdendo força porque não se sustentam como deveriam e o que interessa passa a fluir melhor.

Jennifer Aniston começa muito bem, mas com o decorrer dos episódios vai cansando (é incrível como ainda vemos a Rachel em determinadas atitudes da personagem - aliás, eu diria até que Alex Levy é o que poderia ter se tornado a personagem de "Friends" mais velha - mimada e fria). Reese Witherspoon por outro lado mostra que continua em ótima forma depois de "Big Little Lies" - ela funciona bem como uma desbocada jornalista caipira idealista. É perceptível que o elenco cheio de atores conhecidos como Nestor Carbonell, Billy Crudup, Mark Duplass, Bel Powley e Joe Marinelli, podem entregar ótimas histórias, com personagens bem complexos e interessantes, mas depois da primeira temporada, será vital para a série que o roteiro de Kerry Ehrin encontre um maior equilíbrio e uma certa identidade!

Os assuntos são ótimos e aí eu destaco a maneira como a história do assédio envolvendo Mitch é contada - além de mostrar a famosa "caça as bruxas", tão comum nos dias de hoje, ela nos provoca a pensar sobre o princípio da dúvida, isso instiga e valoriza a discussão - o último episódio, inclusive, coloca o assunto em outro patamar, com cenas chocantes e diálogos bem pesados! Outro ponto interessante é a relação familiar de Alex e a sensação de vazio que a personagem passa, mesmo quando está ao lado do ex-marido e da filha adolescente - é uma pena que vá perdendo força durante a temporada até sumir nos 3 ou 4 últimos episódios!

A produção não poderia ser melhor - são 15 milhões de dólares por episódio (números nível GoT). Muito bem dirigida e fotografada (aqui a referência de House of Cards é até mais clara). Vários planos sequência, trocando o foco do protagonismo naturalmente, tudo realizado com inteligência, técnica e propósito - muito bom! A trilha sonora também está excelente. 

Indico com a maior tranquilidade. Vale seu play!

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Quando "The Morning Show" foi apresentado, rapidamente associei sua importância como uma espécie de "House of Cards" da AppleTV+! Não só por na época ser o cartão de visitas do novo serviço de streaming da Apple, mas também por trabalhar elementos muito próximos ao sucesso da Netflix. Focado nos dramas e intrigas nos bastidores do programa jornalístico matinal de maior sucesso dos EUA, "The Morning Show" escancara a incansável necessidade do ser humano na busca pelo poder e pelo sucesso a qualquer preço!

Baseada no livro "Top of the Morning: Inside the Cutthroat World of Morning TV", de Brian Stelter e com roteiro de Kerry Ehrin ("Bates Motel"), "The Morning Show" retrata os reflexos de um escândalo sexual envolvendo seu principal âncora, Mitch Kessler (Steve Carell). Após 15 anos de parceria, agora sozinha na bancada, a experiente e respeitada jornalista Alex Levy (Jennifer Aniston) se vê pressionada a reformular o programa a fim de aumentar a audiência e manter seu emprego - já que para os executivos da emissora, uma transformação seria necessária para se adequar a um estilo de jornalismo mais moderno. É nesse turbilhão que surge Bradley Jackson (Reese Witherspoon), uma repórter vinda do interior que ganhou notoriedade nacional após um vídeo, onde confrontava um manifestante, viralizar na internet. Convidada a dividir a bancada com Alex Levy, Bradley Jackson "cai de para-quedas" em um ambiente cheio de egos, traições e mentiras onde o desafio diário não é a busca pela verdade e sim a manutenção do emprego!

Depois de alguns episódios fica claro que "The Morning Show" tem força, mas que precisa de alguns ajustes - e isso acontece. A necessidade de criar uma dinâmica que prendesse um potencial novo assinante, mais atrapalha do que ajuda. No começo você vai perceber uma necessidade enorme de criar subtramas que surgem sem o menor sentido, mas depois elas vão perdendo força porque não se sustentam como deveriam e o que interessa passa a fluir melhor.

Jennifer Aniston começa muito bem, mas com o decorrer dos episódios vai cansando (é incrível como ainda vemos a Rachel em determinadas atitudes da personagem - aliás, eu diria até que Alex Levy é o que poderia ter se tornado a personagem de "Friends" mais velha - mimada e fria). Reese Witherspoon por outro lado mostra que continua em ótima forma depois de "Big Little Lies" - ela funciona bem como uma desbocada jornalista caipira idealista. É perceptível que o elenco cheio de atores conhecidos como Nestor Carbonell, Billy Crudup, Mark Duplass, Bel Powley e Joe Marinelli, podem entregar ótimas histórias, com personagens bem complexos e interessantes, mas depois da primeira temporada, será vital para a série que o roteiro de Kerry Ehrin encontre um maior equilíbrio e uma certa identidade!

Os assuntos são ótimos e aí eu destaco a maneira como a história do assédio envolvendo Mitch é contada - além de mostrar a famosa "caça as bruxas", tão comum nos dias de hoje, ela nos provoca a pensar sobre o princípio da dúvida, isso instiga e valoriza a discussão - o último episódio, inclusive, coloca o assunto em outro patamar, com cenas chocantes e diálogos bem pesados! Outro ponto interessante é a relação familiar de Alex e a sensação de vazio que a personagem passa, mesmo quando está ao lado do ex-marido e da filha adolescente - é uma pena que vá perdendo força durante a temporada até sumir nos 3 ou 4 últimos episódios!

A produção não poderia ser melhor - são 15 milhões de dólares por episódio (números nível GoT). Muito bem dirigida e fotografada (aqui a referência de House of Cards é até mais clara). Vários planos sequência, trocando o foco do protagonismo naturalmente, tudo realizado com inteligência, técnica e propósito - muito bom! A trilha sonora também está excelente. 

Indico com a maior tranquilidade. Vale seu play!

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The Newsroom

"The Newsroom" é daquelas pérolas que nem acreditamos que deixamos passar na época de seu lançamento - no caso, em 2012. Aqui temos um drama verdadeiramente imperdível, dinâmico, inteligente e viciante, que acompanha os bastidores de um telejornal americano, liderado pelo ácido e talentoso Will McAvoy (um Jeff Daniels no melhor de sua forma). Criada pelo premiado Aaron Sorkin (de "A Rede Social"), a série se destaca pelas tramas fluídas de seus episódios, com aqueles diálogos rápidos e envolventes (tão característicos de Sorkin), personagens extremamente complexos e temas bastante relevantes ainda hoje. Ao levantar discussões sobre a ética jornalística, o patriotismo como pauta e os desafios da mídia na era digital, "The Newsroom"pode até soar datado para alguns, mas ao olhar em retrospectiva, certamente será um entretenimento de altíssima qualidade que deixará saudades após sua terceira temporada - pode acreditar!

A trama em si gira em torno da equipe do "News Night", que busca apresentar notícias de qualidade em um mundo dominado pela busca por audiência. Will, um jornalista veterano e idealista, se choca com a nova produtora executiva, MacKenzie McHale (Emily Mortimer), sua ex-namorada, que deseja modernizar o programa. Juntos, eles e a equipe enfrentam dilemas éticos, conflitos pessoais e, claro, a pressão constante pela conquista do público. Confira o trailer:

"The Newsroom", pode acreditar, é mais do que um drama sobre jornalismo. A série é uma reflexão sobre o papel da mídia na sociedade americana e como os desafios da profissão em tempos de fake news são tão delicados. O roteiro de Sorkin é muito feliz ao apresentar um retrato idealizado do jornalismo, onde a verdade e a ética são prioridades absolutas, e apesar de algumas críticas por ser fantasioso demais, é impossível não reconhecer sua força como entretenimento. Veja, a série consegue ser emocionante e inspiradora, mostrando a importância de um jornalismo sério e comprometido com a verdade - e isso é de fato empolgante para quem gosta dos bastidores da TV.

Visualmente rica, a fotografia belíssima do Todd McMullen (de "The Leftovers") e a direção precisa de Alan Poul (de "Tokyo Vice) capturam todo aquele clima de tensão e ansiedade, além daquela energia tão particular de uma redação - sim, existe um certo tom de romance aqui, mas eu diria completamente perdoável dada a experiência maravilhosa que essa imersão proporciona. As performances, claro, são memoráveis - e como não poderia deixar de ser, o destaque fica para Jeff Daniels, que entrega um Will McAvoy complexo e convincente. Personagem esse que lhe rendeu um Emmy em 2013.  Emily Mortimer, John Gallagher Jr., Alison Pill e Sam Waterston, é preciso dizer, também brilham com seus personagens - aliás, o elenco secundário de "The Newsroom" é uma aula de casting bem produzido! .

"The Newsroom"é uma série que nos faz pensar sobre o papel da mídia na sociedade ao longo da história. É uma provocação das mais interessantes sobre a importância da verdade e os desafios do jornalismo no mundo atual.  Não por acaso que seu roteiro busca fazer uma espécie de raio-x sobre a produção de notícias no mundo contemporâneo e apesar do olhar americano, passagens como a reeleição de Barack Obama, o movimento Ocuppy Wall Street, a Primavera Árabe e o acidente nuclear de Fukushima, ganham outra dimensão, menos dramática talvez, mas certamente  muito divertida de assistir.

Imperdível!

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"The Newsroom" é daquelas pérolas que nem acreditamos que deixamos passar na época de seu lançamento - no caso, em 2012. Aqui temos um drama verdadeiramente imperdível, dinâmico, inteligente e viciante, que acompanha os bastidores de um telejornal americano, liderado pelo ácido e talentoso Will McAvoy (um Jeff Daniels no melhor de sua forma). Criada pelo premiado Aaron Sorkin (de "A Rede Social"), a série se destaca pelas tramas fluídas de seus episódios, com aqueles diálogos rápidos e envolventes (tão característicos de Sorkin), personagens extremamente complexos e temas bastante relevantes ainda hoje. Ao levantar discussões sobre a ética jornalística, o patriotismo como pauta e os desafios da mídia na era digital, "The Newsroom"pode até soar datado para alguns, mas ao olhar em retrospectiva, certamente será um entretenimento de altíssima qualidade que deixará saudades após sua terceira temporada - pode acreditar!

A trama em si gira em torno da equipe do "News Night", que busca apresentar notícias de qualidade em um mundo dominado pela busca por audiência. Will, um jornalista veterano e idealista, se choca com a nova produtora executiva, MacKenzie McHale (Emily Mortimer), sua ex-namorada, que deseja modernizar o programa. Juntos, eles e a equipe enfrentam dilemas éticos, conflitos pessoais e, claro, a pressão constante pela conquista do público. Confira o trailer:

"The Newsroom", pode acreditar, é mais do que um drama sobre jornalismo. A série é uma reflexão sobre o papel da mídia na sociedade americana e como os desafios da profissão em tempos de fake news são tão delicados. O roteiro de Sorkin é muito feliz ao apresentar um retrato idealizado do jornalismo, onde a verdade e a ética são prioridades absolutas, e apesar de algumas críticas por ser fantasioso demais, é impossível não reconhecer sua força como entretenimento. Veja, a série consegue ser emocionante e inspiradora, mostrando a importância de um jornalismo sério e comprometido com a verdade - e isso é de fato empolgante para quem gosta dos bastidores da TV.

Visualmente rica, a fotografia belíssima do Todd McMullen (de "The Leftovers") e a direção precisa de Alan Poul (de "Tokyo Vice) capturam todo aquele clima de tensão e ansiedade, além daquela energia tão particular de uma redação - sim, existe um certo tom de romance aqui, mas eu diria completamente perdoável dada a experiência maravilhosa que essa imersão proporciona. As performances, claro, são memoráveis - e como não poderia deixar de ser, o destaque fica para Jeff Daniels, que entrega um Will McAvoy complexo e convincente. Personagem esse que lhe rendeu um Emmy em 2013.  Emily Mortimer, John Gallagher Jr., Alison Pill e Sam Waterston, é preciso dizer, também brilham com seus personagens - aliás, o elenco secundário de "The Newsroom" é uma aula de casting bem produzido! .

"The Newsroom"é uma série que nos faz pensar sobre o papel da mídia na sociedade ao longo da história. É uma provocação das mais interessantes sobre a importância da verdade e os desafios do jornalismo no mundo atual.  Não por acaso que seu roteiro busca fazer uma espécie de raio-x sobre a produção de notícias no mundo contemporâneo e apesar do olhar americano, passagens como a reeleição de Barack Obama, o movimento Ocuppy Wall Street, a Primavera Árabe e o acidente nuclear de Fukushima, ganham outra dimensão, menos dramática talvez, mas certamente  muito divertida de assistir.

Imperdível!

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The Night Manager

Você até pode não ter assistido "The Night Manager", mas certamente vai se arrepender de não ter feito isso antes assim que os créditos do sexto episódio subirem. Sim, essa minissérie que agora virou série (e comento sobre isso no final dessa análise) é simplesmente imperdível e talvez não tenha se tornado um grande hit como "House of Cards", por exemplo, por ter sido lançada em um momento onde os serviços de streaming ainda se consolidavam entre os assinantes. Essa produção de 2016, dirigida pela Susanne Bier (de "The Undoing"), é uma mistura irresistível de espionagem, intriga e drama político onde, basicamente, os segredos revelados e a lealdade do ser humano são colocados à prova a cada episódio - bem na linha "Homeland" ou "Califado", eu diria.

Baseada no romance de John Le Carré, "The Night Manager" nos mergulha em um mundo de intrigas internacionais, corrupção e jogos de poder com uma trama que segue Jonathan Pine (Tom Hiddleston), um ex-soldado que se torna gerente noturno de um luxuoso hotel no Egito. No entanto, sua vida dá uma reviravolta quando ele é recrutado para uma missão perigosa em que precisa se infiltrar e ganhar a confiança do traficante de armas Richard Roper (Hugh Laurie) e assim impedir uma transação capaz de iniciar uma nova guerra. Confira o trailer:

Co-produzindo pela AMC e pela BBC,  "The Night Manager" foi uma das minisséries mais premiadas na temporada de seu lançamento, vencendo, inclusive, 2 Emmys depois de ter recebido 12 indicações (isso mesmo, doze!) - Bier venceu como melhor diretora de séries limitadas e Víctor Reyes venceu com sua incrível trilha sonora. Sem dúvida que essa carreira vitoriosa se deu pela qualidade absurda de seu roteiro, mas essencialmente o que chama muito a atenção é a grandiosidade da sua produção muito bem alinhada com uma fotografia deslumbrante do Michael Snyman (de "See") que nos transporta para cenários exóticos e elegantes que vão de Palma de Mallorca na Espanha até um luxuoso hotel no Cairo, ainda passando por locações na Suíça, na Inglaterra, na Turquia e no Marrocos.  A direção habilidosa de Susanne Bier aproveita dessa linda moldura para criar uma atmosfera tensa de contrastes, extremamente envolvente e lindamente pontuada por uma trilha sonora que intensifica cada momento de angustia e emoção - pode ter certeza que sensações não faltarão na sua jornada como audiência.

O interessante, no entanto, é que a minissérie não se limita ao enorme quebra-cabeça politico e diplomático da trama, ela também traz para tela muita ação e suspense, sempre explorando as relações complexas e emocionais entre os personagens. Existe uma profundidade a cada reação do personagens, brilhantemente potencializadas pela câmera de Bier, que dá o tom do drama que cada um está vivendo, revelando suas motivações e dilemas internos de uma maneira muito orgânica e impactante. Destaque para ela, Olivia Colman como a incansável agente Angela Burr e para a química entre Hiddleston e Laurie em seus jogos de ironia, desconfiança e até de afeto.

Antes de finalizar, é importante ressaltar que desde seu lançamento, "The Night Manager" foi conquistando uma base de fãs muito fiel graças a essa combinação de um roteiro dos mais inteligentes e dinâmicos, com performances impressionantes, esse toque de espionagem, de ação e, claro, com aquela constante tensão emocional que nos acompanha por todos os episódios. Uma obra-prima esquecida na Prime-Vídeo que, mais de sete anos depois, deve voltar a receber atenção, pois já foi confirmada a produção de mais duas temporadas com o retorno de Tom Hiddleston como protagonista. Ainda bem!

Olha, vale muito o seu play!

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Você até pode não ter assistido "The Night Manager", mas certamente vai se arrepender de não ter feito isso antes assim que os créditos do sexto episódio subirem. Sim, essa minissérie que agora virou série (e comento sobre isso no final dessa análise) é simplesmente imperdível e talvez não tenha se tornado um grande hit como "House of Cards", por exemplo, por ter sido lançada em um momento onde os serviços de streaming ainda se consolidavam entre os assinantes. Essa produção de 2016, dirigida pela Susanne Bier (de "The Undoing"), é uma mistura irresistível de espionagem, intriga e drama político onde, basicamente, os segredos revelados e a lealdade do ser humano são colocados à prova a cada episódio - bem na linha "Homeland" ou "Califado", eu diria.

Baseada no romance de John Le Carré, "The Night Manager" nos mergulha em um mundo de intrigas internacionais, corrupção e jogos de poder com uma trama que segue Jonathan Pine (Tom Hiddleston), um ex-soldado que se torna gerente noturno de um luxuoso hotel no Egito. No entanto, sua vida dá uma reviravolta quando ele é recrutado para uma missão perigosa em que precisa se infiltrar e ganhar a confiança do traficante de armas Richard Roper (Hugh Laurie) e assim impedir uma transação capaz de iniciar uma nova guerra. Confira o trailer:

Co-produzindo pela AMC e pela BBC,  "The Night Manager" foi uma das minisséries mais premiadas na temporada de seu lançamento, vencendo, inclusive, 2 Emmys depois de ter recebido 12 indicações (isso mesmo, doze!) - Bier venceu como melhor diretora de séries limitadas e Víctor Reyes venceu com sua incrível trilha sonora. Sem dúvida que essa carreira vitoriosa se deu pela qualidade absurda de seu roteiro, mas essencialmente o que chama muito a atenção é a grandiosidade da sua produção muito bem alinhada com uma fotografia deslumbrante do Michael Snyman (de "See") que nos transporta para cenários exóticos e elegantes que vão de Palma de Mallorca na Espanha até um luxuoso hotel no Cairo, ainda passando por locações na Suíça, na Inglaterra, na Turquia e no Marrocos.  A direção habilidosa de Susanne Bier aproveita dessa linda moldura para criar uma atmosfera tensa de contrastes, extremamente envolvente e lindamente pontuada por uma trilha sonora que intensifica cada momento de angustia e emoção - pode ter certeza que sensações não faltarão na sua jornada como audiência.

O interessante, no entanto, é que a minissérie não se limita ao enorme quebra-cabeça politico e diplomático da trama, ela também traz para tela muita ação e suspense, sempre explorando as relações complexas e emocionais entre os personagens. Existe uma profundidade a cada reação do personagens, brilhantemente potencializadas pela câmera de Bier, que dá o tom do drama que cada um está vivendo, revelando suas motivações e dilemas internos de uma maneira muito orgânica e impactante. Destaque para ela, Olivia Colman como a incansável agente Angela Burr e para a química entre Hiddleston e Laurie em seus jogos de ironia, desconfiança e até de afeto.

Antes de finalizar, é importante ressaltar que desde seu lançamento, "The Night Manager" foi conquistando uma base de fãs muito fiel graças a essa combinação de um roteiro dos mais inteligentes e dinâmicos, com performances impressionantes, esse toque de espionagem, de ação e, claro, com aquela constante tensão emocional que nos acompanha por todos os episódios. Uma obra-prima esquecida na Prime-Vídeo que, mais de sete anos depois, deve voltar a receber atenção, pois já foi confirmada a produção de mais duas temporadas com o retorno de Tom Hiddleston como protagonista. Ainda bem!

Olha, vale muito o seu play!

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The Night Of

"The Night Of", na verdade, é um remake da HBO de uma série inglesa chamada "Criminal Justice", mas que nessa versão americana dirigida pelo James Marsh (de "A Teoria de Tudo" e vencedor do Oscar pelo documentário "Man on Wire") acabou virando uma incrível e angustiante minissérie de 8 episódios. Embora seja ficção, a história traz muitos elementos narrativos que fizeram de "Making a Murderer"um grande fenômeno em uma época em que as produções de "True Crime" começaram a ganhar um pouco mais de destaque nos catálogos das plataformas de streaming - e te adiando: se você gosta do tema e assistiu a produção da Netflix, vai ficar fácil perceber as similaridades e, claro, você vai se envolver profundamente. 

Após ter passado a noite com uma mulher desconhecida, Nasir "Naz" Khan (Riz Ahmed), ao acordar, encontra ela morta, toda esfaqueada. Naz, um jovem descendente paquistanês, acaba sendo acusado de tê-la assassinado. No entanto, as investigações lançam uma luz sobre complexas relações entre alguns casos analisados pela polícia de Nova York e é aí que passamos a acompanhar os bastidores dos procedimentos legais do sistema criminal americano e o inferno que é viver no "feroz purgatório" de Rikers Island, onde os acusados são mantidos enquanto esperam pelo julgamento. Confira o trailer (em inglês):

Eu não conhecia a série original, mas já no primeiro episódio de "The Night Of" ficou claro para mim, a enorme qualidade do roteiro dessa versão. A maneira como eles constroem o drama do protagonista é sensacional - você se importa com o personagem logo de cara e isso vai gerando uma certa sensação de angústia que a cada erro ou vacilo que ele vai cometendo durante a história, só aumenta. Reparem como esse sentimento vai nos corroendo de uma forma, que fica impossível você não se colocar no lugar do personagem! 

O roteiro escrito pelos craques Richard Price e Steven Zaillian (baseada na história original do Peter Moffat) é capaz de apresentar e desenvolver uma trama complexa de uma forma inteligente, explorando temas delicados de um jeito extremamente realista. O impacto da mídia e a dinâmica racial/social que permeiam todo o caso funcionam como gatilhos emocionais que, sério, nos tiram do eixo. É muito interessante como o roteiro mergulha profundamente nos detalhes do processo legal, expondo as falhas do sistema e questionando a ideia de que existe uma justiça verdadeira - os dilemas morais e as decisões difíceis enfrentadas pelos personagens tornam a narrativa ao mesmo tempo que intrigante, muito emocionante.

Riz Ahmed entrega uma performance cativante, mostrando um range de emoções muito particular: ele vai desde a ingenuidade inicial até o desespero, mas acho que é a transformação na prisão que mais impressiona. John Turturro (como o advogado de defesa, John Stone) com a maestria de sempre, também merece elogios - sua representação do advogado dedicado, mas imperfeito, é muito autêntica, realista. Outro detalhe que merece sua atenção é a fotografia de "The Night Of"- ela apresenta uma estética sombria e imersiva que se conecta perfeitamente às nossas sensações durante a história criando uma atmosfera de suspense e mistério como poucas vezes vimos. Existe uma sensação latente de opressão que é muito marcante.

Bom, com 13 indicações e 5 troféus na sacola no Emmy de 2017, não tem como negar que essa é uma das melhores minisséries de drama policial produzidas nos últimos tempos! Com a sagacidade de ir além do crime e assim mergulhar no efeito devastador que ele pode ter sobre as famílias das vítimas e dos acusados, "The Night Of", posso afirmar, é uma experiência difícil,  que deixa uma marca profunda em quem assiste e, justamente por isso, ela é imperdível!

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"The Night Of", na verdade, é um remake da HBO de uma série inglesa chamada "Criminal Justice", mas que nessa versão americana dirigida pelo James Marsh (de "A Teoria de Tudo" e vencedor do Oscar pelo documentário "Man on Wire") acabou virando uma incrível e angustiante minissérie de 8 episódios. Embora seja ficção, a história traz muitos elementos narrativos que fizeram de "Making a Murderer"um grande fenômeno em uma época em que as produções de "True Crime" começaram a ganhar um pouco mais de destaque nos catálogos das plataformas de streaming - e te adiando: se você gosta do tema e assistiu a produção da Netflix, vai ficar fácil perceber as similaridades e, claro, você vai se envolver profundamente. 

Após ter passado a noite com uma mulher desconhecida, Nasir "Naz" Khan (Riz Ahmed), ao acordar, encontra ela morta, toda esfaqueada. Naz, um jovem descendente paquistanês, acaba sendo acusado de tê-la assassinado. No entanto, as investigações lançam uma luz sobre complexas relações entre alguns casos analisados pela polícia de Nova York e é aí que passamos a acompanhar os bastidores dos procedimentos legais do sistema criminal americano e o inferno que é viver no "feroz purgatório" de Rikers Island, onde os acusados são mantidos enquanto esperam pelo julgamento. Confira o trailer (em inglês):

Eu não conhecia a série original, mas já no primeiro episódio de "The Night Of" ficou claro para mim, a enorme qualidade do roteiro dessa versão. A maneira como eles constroem o drama do protagonista é sensacional - você se importa com o personagem logo de cara e isso vai gerando uma certa sensação de angústia que a cada erro ou vacilo que ele vai cometendo durante a história, só aumenta. Reparem como esse sentimento vai nos corroendo de uma forma, que fica impossível você não se colocar no lugar do personagem! 

O roteiro escrito pelos craques Richard Price e Steven Zaillian (baseada na história original do Peter Moffat) é capaz de apresentar e desenvolver uma trama complexa de uma forma inteligente, explorando temas delicados de um jeito extremamente realista. O impacto da mídia e a dinâmica racial/social que permeiam todo o caso funcionam como gatilhos emocionais que, sério, nos tiram do eixo. É muito interessante como o roteiro mergulha profundamente nos detalhes do processo legal, expondo as falhas do sistema e questionando a ideia de que existe uma justiça verdadeira - os dilemas morais e as decisões difíceis enfrentadas pelos personagens tornam a narrativa ao mesmo tempo que intrigante, muito emocionante.

Riz Ahmed entrega uma performance cativante, mostrando um range de emoções muito particular: ele vai desde a ingenuidade inicial até o desespero, mas acho que é a transformação na prisão que mais impressiona. John Turturro (como o advogado de defesa, John Stone) com a maestria de sempre, também merece elogios - sua representação do advogado dedicado, mas imperfeito, é muito autêntica, realista. Outro detalhe que merece sua atenção é a fotografia de "The Night Of"- ela apresenta uma estética sombria e imersiva que se conecta perfeitamente às nossas sensações durante a história criando uma atmosfera de suspense e mistério como poucas vezes vimos. Existe uma sensação latente de opressão que é muito marcante.

Bom, com 13 indicações e 5 troféus na sacola no Emmy de 2017, não tem como negar que essa é uma das melhores minisséries de drama policial produzidas nos últimos tempos! Com a sagacidade de ir além do crime e assim mergulhar no efeito devastador que ele pode ter sobre as famílias das vítimas e dos acusados, "The Night Of", posso afirmar, é uma experiência difícil,  que deixa uma marca profunda em quem assiste e, justamente por isso, ela é imperdível!

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The One

"The One" é um novelão, mas não faço essa afirmação com nenhum tipo de demérito, até porquê o entretenimento é muito bom, mas apenas posiciono a série em uma categoria bastante específica para que você não crie uma expectativa e se decepcione. Bem mais próximo da francesa "Osmosis" do que da americana "Soulmates", essa produção inglesa vem chamando a atenção do público desde seu lançamento com uma premissa bastante explorada recentemente, mas dessa vez com uma trama bem amarrada, com toques de mistério policial e ótimos ganchos para as demais temporadas.

O arco principal acompanha a história de uma revolucionária startup multibilionária chamada The One, que já uniu milhões de pessoas ao redor do mundo graças a ciência e ao desenvolvimento de uma tecnologia capaz de indicar com exatidão quem é o seu match perfeito. Basta enviar uma amostra de DNA (um fio de cabelo, por exemplo) para que em alguns dias você tenha o perfil de sua alma gêmea. Encabeçando essa jornada empreendedora está Rebecca Webb (Hannah Ware), a co-fundadora e CEO da The One, que está sendo investigada pela detetive Kate Saunders (Zoë Tapper) por um suposto assassinato de seu colega de apartamento, que sumiu pouco depois da empresa estourar. Confira o trailer:

Como todo bom novelão, algumas histórias paralelas são inseridas na trama e acabam criando uma dinâmica bastante interessante para os episódios. Embora as histórias desses coadjuvantes estejam conectadas ao sistema da The One, garantindo explicações bem didáticas sobre seu funcionamento e suas consequências nas vidas das pessoas, pouco impacto causa no arco principal - esse com uma narrativa bem mais para "How To Get Away With Murder" do que para "Black Mirror". O roteiro aliás é bem previsível, com uma ou outra boa surpresa, mas nem por isso deixa de nos prender - a investigação de um suposto assassinato, bem no meio de uma jornada de sucesso profissional e de impacto na sociedade, com os reflexos da tecnologia ajudando (ou destruindo) casais; tudo isso se amarra muito bem - mas em nenhum momento se aprofunda em elementos filosóficos ou discussões éticas, tudo está ali com o único propósito do entretenimento!

A produção é bem cuidada, tem uma direção que não compromete, atores desconhecidos e medianos, um texto que vai exigir uma boa suspensão da realidade, com muitos flashbacks; e mesmo assim funciona - aliás, essa parece ser a receita infalível da Netflix: adaptações de livros bem avaliados pelo público (nesse caso do autor John Marrs), um orçamento sem grandes pretensões e equipes dispostas a entregar um bom produto - sem necessariamente ter alguém de grife como acontecia antigamente. Foi assim com "Não Fale com Estranhos" e "Por trás dos seus olhos", e até com o catalão "Se eu não tivesse te conhecido".

Para quem gosta da receita, só dar o play!

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"The One" é um novelão, mas não faço essa afirmação com nenhum tipo de demérito, até porquê o entretenimento é muito bom, mas apenas posiciono a série em uma categoria bastante específica para que você não crie uma expectativa e se decepcione. Bem mais próximo da francesa "Osmosis" do que da americana "Soulmates", essa produção inglesa vem chamando a atenção do público desde seu lançamento com uma premissa bastante explorada recentemente, mas dessa vez com uma trama bem amarrada, com toques de mistério policial e ótimos ganchos para as demais temporadas.

O arco principal acompanha a história de uma revolucionária startup multibilionária chamada The One, que já uniu milhões de pessoas ao redor do mundo graças a ciência e ao desenvolvimento de uma tecnologia capaz de indicar com exatidão quem é o seu match perfeito. Basta enviar uma amostra de DNA (um fio de cabelo, por exemplo) para que em alguns dias você tenha o perfil de sua alma gêmea. Encabeçando essa jornada empreendedora está Rebecca Webb (Hannah Ware), a co-fundadora e CEO da The One, que está sendo investigada pela detetive Kate Saunders (Zoë Tapper) por um suposto assassinato de seu colega de apartamento, que sumiu pouco depois da empresa estourar. Confira o trailer:

Como todo bom novelão, algumas histórias paralelas são inseridas na trama e acabam criando uma dinâmica bastante interessante para os episódios. Embora as histórias desses coadjuvantes estejam conectadas ao sistema da The One, garantindo explicações bem didáticas sobre seu funcionamento e suas consequências nas vidas das pessoas, pouco impacto causa no arco principal - esse com uma narrativa bem mais para "How To Get Away With Murder" do que para "Black Mirror". O roteiro aliás é bem previsível, com uma ou outra boa surpresa, mas nem por isso deixa de nos prender - a investigação de um suposto assassinato, bem no meio de uma jornada de sucesso profissional e de impacto na sociedade, com os reflexos da tecnologia ajudando (ou destruindo) casais; tudo isso se amarra muito bem - mas em nenhum momento se aprofunda em elementos filosóficos ou discussões éticas, tudo está ali com o único propósito do entretenimento!

A produção é bem cuidada, tem uma direção que não compromete, atores desconhecidos e medianos, um texto que vai exigir uma boa suspensão da realidade, com muitos flashbacks; e mesmo assim funciona - aliás, essa parece ser a receita infalível da Netflix: adaptações de livros bem avaliados pelo público (nesse caso do autor John Marrs), um orçamento sem grandes pretensões e equipes dispostas a entregar um bom produto - sem necessariamente ter alguém de grife como acontecia antigamente. Foi assim com "Não Fale com Estranhos" e "Por trás dos seus olhos", e até com o catalão "Se eu não tivesse te conhecido".

Para quem gosta da receita, só dar o play!

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The Pitt

"The Pitt" é muito (mas, muito) boa, porém já te adianto: não será uma jornada fácil! O fato é que essa produção Original Max chega como um sopro de vitalidade em um gênero que há décadas parecia ter cristalizado suas fórmulas. Embora seja impossível ignorar os paralelos com "ER" (ou "Plantão Médico", como preferir), uma série que moldou o formato de dramas médicos modernos, "The Pitt" se posiciona como uma evolução natural do gênero - fato que fará você pouco se lembrar daquele tom mais novelesco de "The Good Doctor" ou "Grey's Anatomy". Com a presença de R. Scott Gemmill e de John Wells, figuras essenciais na construção do legado criativo de "ER", e de Noah Wyle (o "John Carter" de "ER") retornando à TV em um papel central, essa série combina a nostalgia com a inovação, utilizando um formato que remete ao documental e que evoca aquele ritmo frenético em tempo real que vimos em "24 Horas". O resultado disso, é uma experiência imersiva e emocionalmente intensa, que traz relevância e urgência para histórias que vão te tirar da zona de conforto como audiência.

A trama de "The Pitt"acompanha um plantão de 15 horas no pronto-socorro de um hospital em Pittsburgh, liderado pelo experiente Dr. Michael “Robby” Robinavitch (Wyle). Durante esse período, Robby e sua equipe enfrentam uma série de desafios, desde casos médicos de altíssima complexidade até questões administrativas e emocionais que testam os limites de sua resiliência. Enquanto lida com a superlotação e a falta de recursos do hospital, Robby também carrega o peso pessoal de ser o aniversário de morte de seu antigo mentor, cuja perda durante a pandemia de Covid-19 ainda ecoa profundamente em sua vida. Confira o trailer e sinta o clima do que te espera:

Diferentemente de outras produções do gênero, "The Pitt" assume, sem o menor receio de errar, sua vocação em priorizar a prática médica no meio do caos, em detrimento do entretenimento despretensioso. A equipe de direção da série, liderada por John Wells, captura a intensidade de um pronto-socorro com uma precisão impressionante e visceral. Planos rápidos e câmeras mais nervosas enfatizam o sentimento de urgência do hospital, enquanto os momentos de respiro dramático oferecem passagens mais emocionais que aprofundam as camadas dos personagens. A fotografia se aproveita desse conceito e utiliza tons frios e uma iluminação clínica para refletir o ambiente funcional e, ao mesmo tempo, destacar a atmosfera clautrosfóbica por onde profissionais e seus pacientes precisam se relacionar. O roteiro de Gemmill é um dos pilares do sucesso da série por misturar a tensão médica com discussões sociais, abordando questões como desigualdade no acesso à saúde, burnout médico e os efeitos de traumas coletivos, como a pandemia, por exemplo. Os diálogos, mesmo repletos de termos técnicos, são naturais e bem ritmados, com momentos de alívio cômico que equilibram a intensidade dramática.

Já as relações entre os personagens até que são exploradas, mas é preciso reforçar que o foco da narrativa está mesmo na dinâmica do local, de seus casos e do impacto psicológico que o ambiente exerce sobre os profissionais, pacientes e familiares - então muito cuidado com alguns gatilhos. Cada episódio se desenrola em tempo real, intensificando a imersão e a sensação de que cada decisão é vital. Essa estrutura oferece uma perspectiva autêntica do trabalho médico, onde cada segundo pode definir a linha tênue entre a vida e a morte. Noah Wyle traz para a tela a complexidade de um médico veterano confiante e seguro, mas também assombrado pelas pressões de seu trabalho e pelas perdas pessoais ao longo da vida. A carga emocional de seu personagem é palpável, especialmente nas cenas que exploram sua luta para equilibrar a compaixão pelos pacientes com as demandas práticas de um sistema em colapso. Todo elenco de apoio é igualmente forte, com destaques para Tracy Ifeachor como Dr. Collins e Fiona Dourif como a  Dr. McKay - suas histórias adicionam uma profundidade emocional bem bacana para a série.

"The Pitt" é uma obra que resgata o espírito dos melhores tempos dos dramas médicos, mesmo que em alguns momentos perca força por alguns casos menos interessantes que acabam interrompendo o ritmo estabelecido pelos episódios mais intensos. Com performances de destaque, uma narrativa realmente imersiva e uma direção tecnicamente impecável, a série se firma como uma das grandes surpresas de 2025. Para quem busca uma experiência com intensidade emocional e autenticidade narrativa, "The Pitt" é um recorte pulsante do que significa salvar vidas em um ambiente cheio de imperfeições. 

Vale muito o seu play!

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"The Pitt" é muito (mas, muito) boa, porém já te adianto: não será uma jornada fácil! O fato é que essa produção Original Max chega como um sopro de vitalidade em um gênero que há décadas parecia ter cristalizado suas fórmulas. Embora seja impossível ignorar os paralelos com "ER" (ou "Plantão Médico", como preferir), uma série que moldou o formato de dramas médicos modernos, "The Pitt" se posiciona como uma evolução natural do gênero - fato que fará você pouco se lembrar daquele tom mais novelesco de "The Good Doctor" ou "Grey's Anatomy". Com a presença de R. Scott Gemmill e de John Wells, figuras essenciais na construção do legado criativo de "ER", e de Noah Wyle (o "John Carter" de "ER") retornando à TV em um papel central, essa série combina a nostalgia com a inovação, utilizando um formato que remete ao documental e que evoca aquele ritmo frenético em tempo real que vimos em "24 Horas". O resultado disso, é uma experiência imersiva e emocionalmente intensa, que traz relevância e urgência para histórias que vão te tirar da zona de conforto como audiência.

A trama de "The Pitt"acompanha um plantão de 15 horas no pronto-socorro de um hospital em Pittsburgh, liderado pelo experiente Dr. Michael “Robby” Robinavitch (Wyle). Durante esse período, Robby e sua equipe enfrentam uma série de desafios, desde casos médicos de altíssima complexidade até questões administrativas e emocionais que testam os limites de sua resiliência. Enquanto lida com a superlotação e a falta de recursos do hospital, Robby também carrega o peso pessoal de ser o aniversário de morte de seu antigo mentor, cuja perda durante a pandemia de Covid-19 ainda ecoa profundamente em sua vida. Confira o trailer e sinta o clima do que te espera:

Diferentemente de outras produções do gênero, "The Pitt" assume, sem o menor receio de errar, sua vocação em priorizar a prática médica no meio do caos, em detrimento do entretenimento despretensioso. A equipe de direção da série, liderada por John Wells, captura a intensidade de um pronto-socorro com uma precisão impressionante e visceral. Planos rápidos e câmeras mais nervosas enfatizam o sentimento de urgência do hospital, enquanto os momentos de respiro dramático oferecem passagens mais emocionais que aprofundam as camadas dos personagens. A fotografia se aproveita desse conceito e utiliza tons frios e uma iluminação clínica para refletir o ambiente funcional e, ao mesmo tempo, destacar a atmosfera clautrosfóbica por onde profissionais e seus pacientes precisam se relacionar. O roteiro de Gemmill é um dos pilares do sucesso da série por misturar a tensão médica com discussões sociais, abordando questões como desigualdade no acesso à saúde, burnout médico e os efeitos de traumas coletivos, como a pandemia, por exemplo. Os diálogos, mesmo repletos de termos técnicos, são naturais e bem ritmados, com momentos de alívio cômico que equilibram a intensidade dramática.

Já as relações entre os personagens até que são exploradas, mas é preciso reforçar que o foco da narrativa está mesmo na dinâmica do local, de seus casos e do impacto psicológico que o ambiente exerce sobre os profissionais, pacientes e familiares - então muito cuidado com alguns gatilhos. Cada episódio se desenrola em tempo real, intensificando a imersão e a sensação de que cada decisão é vital. Essa estrutura oferece uma perspectiva autêntica do trabalho médico, onde cada segundo pode definir a linha tênue entre a vida e a morte. Noah Wyle traz para a tela a complexidade de um médico veterano confiante e seguro, mas também assombrado pelas pressões de seu trabalho e pelas perdas pessoais ao longo da vida. A carga emocional de seu personagem é palpável, especialmente nas cenas que exploram sua luta para equilibrar a compaixão pelos pacientes com as demandas práticas de um sistema em colapso. Todo elenco de apoio é igualmente forte, com destaques para Tracy Ifeachor como Dr. Collins e Fiona Dourif como a  Dr. McKay - suas histórias adicionam uma profundidade emocional bem bacana para a série.

"The Pitt" é uma obra que resgata o espírito dos melhores tempos dos dramas médicos, mesmo que em alguns momentos perca força por alguns casos menos interessantes que acabam interrompendo o ritmo estabelecido pelos episódios mais intensos. Com performances de destaque, uma narrativa realmente imersiva e uma direção tecnicamente impecável, a série se firma como uma das grandes surpresas de 2025. Para quem busca uma experiência com intensidade emocional e autenticidade narrativa, "The Pitt" é um recorte pulsante do que significa salvar vidas em um ambiente cheio de imperfeições. 

Vale muito o seu play!

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The Sinner - 1ª Temporada

"The Sinner" é o projeto mais "HBO" que estreiou na Netflix em 2017 - e isso é um baita elogio!

Baseada no livro de Petra Hammesfahr, a história acompanha uma jovem mãe, Cora Tannetti (Jessica Biel), que esfaqueou um estranho até à morte sem explicação aparente, enquanto o detetive Harry Ambrose (Bill Pullman) tenta descobrir o mistério escondido por trás das memórias perdidas de Cora.

"The Night Of", "Big Little Lies" e até "The Killing" eram produções baseadas na mesma premissa: um crime aconteceu, ninguém entende muito bem a razão e sempre algum detetive cheio de problemas existenciais investiga ou tenta tenta descobrir a razão de todo esse mistério. Essencialmente, "The Sinner" não trás nada de novo, porém seu roteiro é extremamente interessante e nos prende até o final - mesmo encontrando algumas atalhos (erros que normalmente as séries da HBO não comentem).

"The Sinner" também seguiu a estratégia da concorrente "Big Little Lies" e inventou uma segunda temporada, transformando uma minissérie onde tudo já estava muito bem resolvido, em uma série, porém o "cliffhanger" que foi delicadamente inserido no episódio final deixou claro que não se trata de uma continuação e sim de uma antologia - a cada temporada um crime diferente! De fato estava em Ambrose, a única saída viável para que a produção sobrevivesse!

Vale ressaltar que projetos como "The Night Of" ou "Big Little Lies" (ambos da HBO) tendem a ser mais recorrentes na Netflix. "The Sinner" , mesmo não sendo uma produção original, recebeu o selo de Original graças a um acordo de distribuição internacional - resultado: o primeiro teste com um material mais bem acabado e no formato de minissérie, foi um sucesso!

"The Sinner" é uma minissérie muito bem construída, bastante intrigante (para assistir numa sentada) com 8 episódios de 42 minutos - tem começo, meio e fim; e vale muito a pena!

Um detalhe antes de finalizar: Jessica Biel e Bill Pullman dão um show!

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"The Sinner" é o projeto mais "HBO" que estreiou na Netflix em 2017 - e isso é um baita elogio!

Baseada no livro de Petra Hammesfahr, a história acompanha uma jovem mãe, Cora Tannetti (Jessica Biel), que esfaqueou um estranho até à morte sem explicação aparente, enquanto o detetive Harry Ambrose (Bill Pullman) tenta descobrir o mistério escondido por trás das memórias perdidas de Cora.

"The Night Of", "Big Little Lies" e até "The Killing" eram produções baseadas na mesma premissa: um crime aconteceu, ninguém entende muito bem a razão e sempre algum detetive cheio de problemas existenciais investiga ou tenta tenta descobrir a razão de todo esse mistério. Essencialmente, "The Sinner" não trás nada de novo, porém seu roteiro é extremamente interessante e nos prende até o final - mesmo encontrando algumas atalhos (erros que normalmente as séries da HBO não comentem).

"The Sinner" também seguiu a estratégia da concorrente "Big Little Lies" e inventou uma segunda temporada, transformando uma minissérie onde tudo já estava muito bem resolvido, em uma série, porém o "cliffhanger" que foi delicadamente inserido no episódio final deixou claro que não se trata de uma continuação e sim de uma antologia - a cada temporada um crime diferente! De fato estava em Ambrose, a única saída viável para que a produção sobrevivesse!

Vale ressaltar que projetos como "The Night Of" ou "Big Little Lies" (ambos da HBO) tendem a ser mais recorrentes na Netflix. "The Sinner" , mesmo não sendo uma produção original, recebeu o selo de Original graças a um acordo de distribuição internacional - resultado: o primeiro teste com um material mais bem acabado e no formato de minissérie, foi um sucesso!

"The Sinner" é uma minissérie muito bem construída, bastante intrigante (para assistir numa sentada) com 8 episódios de 42 minutos - tem começo, meio e fim; e vale muito a pena!

Um detalhe antes de finalizar: Jessica Biel e Bill Pullman dão um show!

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The Sinner - 2ª Temporada

Se a segunda temporada de "The Sinner" não tem o impacto da primeira, certamente, tem uma trama tão bem construída quanto e se bobear, ainda melhor!!! Dito isso, quero fazer uma retrospectiva de quando escrevi o review da primeira temporada lá no final de 2017 (e também disponível aqui). Eu havia dito que a série era "a mais HBO" que a Netflix já havia produzido - mesmo não sendo, de fato, um projeto "Original"!

"The Sinner" leva o selo pela exclusividade na Distribuição Internacional e com isso a Netflix se apropria de um Formato muito inteligente que a concorrente HBO sabe explorar muito bem - alto nível de produção, um roteiro muito bem desenvolvido (muitas vezes até complexo demais) e um conceito estético mais cinematográfico que une os outros dois pilares sem a menor dificuldade. A questão é que esse Formato se encaixa perfeitamente nas minisséries, mas gera um certo ruído quando o canal deseja transformar em uma série - "True Detective" comprovou isso! É quase impossível manter o mesmo nível pelo tempo disponível de desenvolvimento entre uma temporada e outra!!! "The Sinner" nasceu para ser curta (e ganhar muitos prêmios...rs)! Seria um pecado continuar uma história que já estava muito bem resolvida (como no livro que serviu de base para o roteiro), mas ao mesmo tempo era  preciso aproveitar aquele sucesso, então por que não criar uma espécie de Antologia mantendo apenas um personagem central (Graças a Deus o escolhido foi o detetive Ambrose e não a Cora) para unir todo esse universo? Funcionou!!!!

Essa nova temporada mostra um pré-adolescente que assassina dois adultos sem o menor motivo aparente (e isso é um elemento de formato muito claro, que impactou como diferencial na primeira temporada e que sempre deve se repetir). Aliás, essa premissa é apenas a ponta do iceberg de uma trama muito mais profunda e instigante que vai sendo desconstruída durante cada um dos 8 episódios. O mérito da série é justamente esse: repetir tudo que teve de melhor na primeira temporada e acrescentar elementos ainda mais complexos nessa segunda de uma forma muito orgânica e até delicada muitas vezes - o próprio drama de Ambrose em relacionar a dor com o prazer é retomada, mas dessa vez muito menos explicita, o que fortalece muito o desenvolvimento humano do personagem e seus fantasmas para as próximas temporadas! Alias, Bill Pullman e Carrie Coon (Vera) dão um show a parte - digno de Emmy!!! O jovem Elisha Henig também merece destaque!!! A direção é excelente, a fotografia extremamente bem trabalhada para trazer o clima mais sombrio, enfim, tecnicamente, é quase perfeita!!! Minha única crítica: The Sinner poderia ser um pouco mais dinâmica se tivesse dois episódios a menos e isso não interferiria em nada no desenrolar da história principal!

A verdade é que eu gostei muito; como disse, estava receoso por uma segunda temporada, achei a solução dos produtores inteligente e com isso conseguiram manter o nível da série! Embora a terceira temporada não esteja confirmada, sou capaz de apostar que se a USA Network não confirmar, a própria Netflix produzirá!!! 

Não é uma série fácil, mas pode dar o play tranquilamente!!!!

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Se a segunda temporada de "The Sinner" não tem o impacto da primeira, certamente, tem uma trama tão bem construída quanto e se bobear, ainda melhor!!! Dito isso, quero fazer uma retrospectiva de quando escrevi o review da primeira temporada lá no final de 2017 (e também disponível aqui). Eu havia dito que a série era "a mais HBO" que a Netflix já havia produzido - mesmo não sendo, de fato, um projeto "Original"!

"The Sinner" leva o selo pela exclusividade na Distribuição Internacional e com isso a Netflix se apropria de um Formato muito inteligente que a concorrente HBO sabe explorar muito bem - alto nível de produção, um roteiro muito bem desenvolvido (muitas vezes até complexo demais) e um conceito estético mais cinematográfico que une os outros dois pilares sem a menor dificuldade. A questão é que esse Formato se encaixa perfeitamente nas minisséries, mas gera um certo ruído quando o canal deseja transformar em uma série - "True Detective" comprovou isso! É quase impossível manter o mesmo nível pelo tempo disponível de desenvolvimento entre uma temporada e outra!!! "The Sinner" nasceu para ser curta (e ganhar muitos prêmios...rs)! Seria um pecado continuar uma história que já estava muito bem resolvida (como no livro que serviu de base para o roteiro), mas ao mesmo tempo era  preciso aproveitar aquele sucesso, então por que não criar uma espécie de Antologia mantendo apenas um personagem central (Graças a Deus o escolhido foi o detetive Ambrose e não a Cora) para unir todo esse universo? Funcionou!!!!

Essa nova temporada mostra um pré-adolescente que assassina dois adultos sem o menor motivo aparente (e isso é um elemento de formato muito claro, que impactou como diferencial na primeira temporada e que sempre deve se repetir). Aliás, essa premissa é apenas a ponta do iceberg de uma trama muito mais profunda e instigante que vai sendo desconstruída durante cada um dos 8 episódios. O mérito da série é justamente esse: repetir tudo que teve de melhor na primeira temporada e acrescentar elementos ainda mais complexos nessa segunda de uma forma muito orgânica e até delicada muitas vezes - o próprio drama de Ambrose em relacionar a dor com o prazer é retomada, mas dessa vez muito menos explicita, o que fortalece muito o desenvolvimento humano do personagem e seus fantasmas para as próximas temporadas! Alias, Bill Pullman e Carrie Coon (Vera) dão um show a parte - digno de Emmy!!! O jovem Elisha Henig também merece destaque!!! A direção é excelente, a fotografia extremamente bem trabalhada para trazer o clima mais sombrio, enfim, tecnicamente, é quase perfeita!!! Minha única crítica: The Sinner poderia ser um pouco mais dinâmica se tivesse dois episódios a menos e isso não interferiria em nada no desenrolar da história principal!

A verdade é que eu gostei muito; como disse, estava receoso por uma segunda temporada, achei a solução dos produtores inteligente e com isso conseguiram manter o nível da série! Embora a terceira temporada não esteja confirmada, sou capaz de apostar que se a USA Network não confirmar, a própria Netflix produzirá!!! 

Não é uma série fácil, mas pode dar o play tranquilamente!!!!

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The Staircase

Se você gostou das séries "The Jinx" (HBO), "Making a Murderer" (Netflix) e do documentário "Amanda Knox" (Netflix) não deixe de assistir "The Staircase" (Netflix). Embora tenha uma dinâmica narrativa um pouco diferente de todos os outros, onde a investigação se mistura com o julgamento (e sua repercussão), "The Starircase" foca, 80% do tempo, no julgamento (e nas estratégias de defesa) de Michael Peterson - um escritor americano que foi acusado de ter assassinado sua mulher Kathleen empurrando ela escada abaixo. 

O documentário com oito episódios acompanha a história de Michael Peterson, um romancista norte-americano com então 58 anos que foi acusado de ter assassinado sua mulher Kathleen jogando-a da escada. David Rudolf, advogado de Peterson, argumenta que Kathleen estava sozinha quando levou um tombo e caiu, tratando-se o caso de um acidente. Michael e Kathleen moravam em Durham, na Carolina do Norte, em uma casa com Clayton, Todd, Margaret e Martha, filhos de Michael, e Caitlin, filha de Kathleen. Na madrugada do acidente, Michael afirmou que estava no quintal perto da piscina quando ouviu um barulho no interior do imóvel, se deparando com Kathleen sangrando na beira das escadas. Confira o trailer:

Bom, como é característica desse tipo de série documental, vemos apenas um lado dos envolvidos, mas sem dúvida alguma isso não diminui a complexidade que é contar uma história maluca como essa. E acreditem, a história é muito maluca!!! A série tem um ritmo interessante, embora não tão cheio de reviravoltas como "Making a Murderer" - isso precisa ser dito. Ela é mais convidativa à reflexão dos fatos do que sobre as teorias de conspiração, o que pode dar a sensação que ela é mais lenta, mas não é! Assim que você pega o ritmo, ela voa! O caso é complexo, cheio de especulações, e isso ajuda quem assiste a não querer parar a maratona!

Se você gosta do tema, vai adorar a série - só não espere um final surpreendente como "The Jinx", por exemplo, pois acho que nunca mais vai acontecer aquilo! "The Starircase" tem 13 episódios, de 50 minutos em média, que passam voando! Vale muito o seu play!

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Se você gostou das séries "The Jinx" (HBO), "Making a Murderer" (Netflix) e do documentário "Amanda Knox" (Netflix) não deixe de assistir "The Staircase" (Netflix). Embora tenha uma dinâmica narrativa um pouco diferente de todos os outros, onde a investigação se mistura com o julgamento (e sua repercussão), "The Starircase" foca, 80% do tempo, no julgamento (e nas estratégias de defesa) de Michael Peterson - um escritor americano que foi acusado de ter assassinado sua mulher Kathleen empurrando ela escada abaixo. 

O documentário com oito episódios acompanha a história de Michael Peterson, um romancista norte-americano com então 58 anos que foi acusado de ter assassinado sua mulher Kathleen jogando-a da escada. David Rudolf, advogado de Peterson, argumenta que Kathleen estava sozinha quando levou um tombo e caiu, tratando-se o caso de um acidente. Michael e Kathleen moravam em Durham, na Carolina do Norte, em uma casa com Clayton, Todd, Margaret e Martha, filhos de Michael, e Caitlin, filha de Kathleen. Na madrugada do acidente, Michael afirmou que estava no quintal perto da piscina quando ouviu um barulho no interior do imóvel, se deparando com Kathleen sangrando na beira das escadas. Confira o trailer:

Bom, como é característica desse tipo de série documental, vemos apenas um lado dos envolvidos, mas sem dúvida alguma isso não diminui a complexidade que é contar uma história maluca como essa. E acreditem, a história é muito maluca!!! A série tem um ritmo interessante, embora não tão cheio de reviravoltas como "Making a Murderer" - isso precisa ser dito. Ela é mais convidativa à reflexão dos fatos do que sobre as teorias de conspiração, o que pode dar a sensação que ela é mais lenta, mas não é! Assim que você pega o ritmo, ela voa! O caso é complexo, cheio de especulações, e isso ajuda quem assiste a não querer parar a maratona!

Se você gosta do tema, vai adorar a série - só não espere um final surpreendente como "The Jinx", por exemplo, pois acho que nunca mais vai acontecer aquilo! "The Starircase" tem 13 episódios, de 50 minutos em média, que passam voando! Vale muito o seu play!

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The Tunnel

Se você gostou de "The Killing", essa recomendação é para você! "The Tunnel" é uma co-produção entre Inglaterra e França que estreou em 2013 e continuou até 2018. A série é uma adaptação de uma produção sueco-dinamarquesa de muito sucesso chamada "Bron/Broen". Aqui desenvolvida por Ben Richards (de "A Diplomata") e dirigida por nomes como Thomas Vincent (de "Segurança em Jogo") e Gilles Bannier (de "Marcella"), "The Tunnel" combina elementos que fazem de um drama policial algo único à partir de uma mistura de mistério e thriller psicológico, sempre explorando as tensões culturais e políticas entre a França e o Reino Unido. Ao longo de suas três temporadas, a série se destacou por sua atmosfera sombria, pela narrativa complexa e pelos seus personagens muito bem construídos.

A primeira temporada de "The Tunnel" (que recebeu o subtítulo de "Sabotage") segue os detetives Karl Roebuck (Stephen Dillane) do Reino Unido e Elise Wassermann (Clémence Poésy) da França, que são forçados a colaborar após o corpo de um político francês ser encontrado no Euro Tunel, precisamente na fronteira entre os dois países. Esse cenário inicial cria uma premissa tensa e única, explorando as diferenças culturais e metodológicas entre os dois detetives enquanto eles investigam o caso, que rapidamente se transforma em uma série de crimes interligados por um assassino que se autodenomina "Truth Terrorist". Confira o teaser da série:

Como fica fácil perceber pelo teaser, a dinâmica entre Karl e Elise é o coração pulsante de "The Tunnel". Stephen Dillane e Clémence Poésy entregam performances cativantes, com Dillane interpretando Karl, um detetive britânico experiente e um tanto cínico, enquanto Poésy traz uma intensidade calculada e quase robótica para Elise, refletindo sua natureza meticulosa e lógica. A química entre os dois atores é sensacional, proporcionando tanto momentos de alívio cômico quanto de tensão emocional à medida que suas diferenças começam a se tornar menos, digamos, impactantes.

A direção da primeira temporada é habilidosa em reproduzir uma atmosfera de mistério e suspense bem ao estilo nórdico de séries policiais, utilizando a locação do túnel de forma eficaz para criar um cenário claustrofóbico e inquietante. A fotografia destaca os contrastes entre as paisagens sombrias do Reino Unido e as cores mais vibrantes da França, reforçando as diferenças culturais também como conceito visual. Veja, no original sueco/dinamarquês essa disputa não é tão acentuada o que permite um foco maior na construção intima de cada personagem deixando a relação menos estereotipada, mas também é preciso entender como cada versão respeita sua maneira de produzir, de filmar - existe uma identidade nesse time narrativo, nos movimentos, nos enquadramentos, nas sutilezas. Agora, é inegável que o roteiro é igualmente bem elaborado, mantendo a audiência engajada com reviravoltas inesperadas e uma exploração profunda das motivações do "Truth Terrorist", que busca expor as falhas sociais e políticas dos dois países de um forma bastante provocadora.

A segunda temporada, intitulada "The Tunnel: Sabotage", mantém o foco em Karl e Elise, que se reunem para resolver um novo caso depois que um avião cai no Canal da Mancha. Este evento inicial se revela parte de uma conspiração maior, envolvendo terrorismo, cibercrime e uma série de outros elementos que desafiam a dupla a explorar ainda mais as áreas cinzentas da justiça. A dinâmica entre eles evolui significativamente nesta temporada, explorando a complexidade emocional e o desenvolvimento pessoal dos personagens enquanto eles enfrentam dilemas éticos e desafios pessoais. A temporada também aprofunda os elementos de suspense psicológico, com a série não tendo medo de abordar temas sombrios e complexos, incluindo o terrorismo e a paranoia em um mundo cada vez mais digital..

Já a terceira e última temporada, "Vengeance", encerra o ciclo de "The Tunnel" com uma narrativa que traz um certo toque de "vingança pessoal". Quando uma nova série de crimes começa a ocorrer, Karl e Elise são novamente forçados a trabalhar juntos, enfrentando um criminoso que parece estar sempre um passo à frente. Essa temporada explora temas como xenofobia, imigração e as divisões crescentes na sociedade moderna, refletindo as tensões mais contemporâneas na Europa. Na narrativa, o arco de Karl é particularmente emocional, pois ele enfrenta perdas pessoais e questões sobre sua própria noção de moralidade. Elise, por sua vez, continua a lidar com seus próprios traumas e vulnerabilidades. A direção e o roteiro da terceira temporada são eficazes em amarrar os arcos narrativos e fornecer uma conclusão satisfatória para a série, mas talvez deixe um gostinho de "quero mais" ou de "poderia ter sido diferente".

O fato é que "The Tunnel", o longo de suas três temporadas, consegue manter sua qualidade ao misturar de maneira eficaz o drama policial com o suspense psicológico. Apesar de algumas críticas quanto ao ritmo em certos momentos, a série se consolidou como uma adaptação sólida e bem executada do material original, oferecendo uma experiência envolvente e provocativa em muitas escalas que certamente vai fazer valer a pena o seu play!

Pode ir sem medo que a escolha é certeira!

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Se você gostou de "The Killing", essa recomendação é para você! "The Tunnel" é uma co-produção entre Inglaterra e França que estreou em 2013 e continuou até 2018. A série é uma adaptação de uma produção sueco-dinamarquesa de muito sucesso chamada "Bron/Broen". Aqui desenvolvida por Ben Richards (de "A Diplomata") e dirigida por nomes como Thomas Vincent (de "Segurança em Jogo") e Gilles Bannier (de "Marcella"), "The Tunnel" combina elementos que fazem de um drama policial algo único à partir de uma mistura de mistério e thriller psicológico, sempre explorando as tensões culturais e políticas entre a França e o Reino Unido. Ao longo de suas três temporadas, a série se destacou por sua atmosfera sombria, pela narrativa complexa e pelos seus personagens muito bem construídos.

A primeira temporada de "The Tunnel" (que recebeu o subtítulo de "Sabotage") segue os detetives Karl Roebuck (Stephen Dillane) do Reino Unido e Elise Wassermann (Clémence Poésy) da França, que são forçados a colaborar após o corpo de um político francês ser encontrado no Euro Tunel, precisamente na fronteira entre os dois países. Esse cenário inicial cria uma premissa tensa e única, explorando as diferenças culturais e metodológicas entre os dois detetives enquanto eles investigam o caso, que rapidamente se transforma em uma série de crimes interligados por um assassino que se autodenomina "Truth Terrorist". Confira o teaser da série:

Como fica fácil perceber pelo teaser, a dinâmica entre Karl e Elise é o coração pulsante de "The Tunnel". Stephen Dillane e Clémence Poésy entregam performances cativantes, com Dillane interpretando Karl, um detetive britânico experiente e um tanto cínico, enquanto Poésy traz uma intensidade calculada e quase robótica para Elise, refletindo sua natureza meticulosa e lógica. A química entre os dois atores é sensacional, proporcionando tanto momentos de alívio cômico quanto de tensão emocional à medida que suas diferenças começam a se tornar menos, digamos, impactantes.

A direção da primeira temporada é habilidosa em reproduzir uma atmosfera de mistério e suspense bem ao estilo nórdico de séries policiais, utilizando a locação do túnel de forma eficaz para criar um cenário claustrofóbico e inquietante. A fotografia destaca os contrastes entre as paisagens sombrias do Reino Unido e as cores mais vibrantes da França, reforçando as diferenças culturais também como conceito visual. Veja, no original sueco/dinamarquês essa disputa não é tão acentuada o que permite um foco maior na construção intima de cada personagem deixando a relação menos estereotipada, mas também é preciso entender como cada versão respeita sua maneira de produzir, de filmar - existe uma identidade nesse time narrativo, nos movimentos, nos enquadramentos, nas sutilezas. Agora, é inegável que o roteiro é igualmente bem elaborado, mantendo a audiência engajada com reviravoltas inesperadas e uma exploração profunda das motivações do "Truth Terrorist", que busca expor as falhas sociais e políticas dos dois países de um forma bastante provocadora.

A segunda temporada, intitulada "The Tunnel: Sabotage", mantém o foco em Karl e Elise, que se reunem para resolver um novo caso depois que um avião cai no Canal da Mancha. Este evento inicial se revela parte de uma conspiração maior, envolvendo terrorismo, cibercrime e uma série de outros elementos que desafiam a dupla a explorar ainda mais as áreas cinzentas da justiça. A dinâmica entre eles evolui significativamente nesta temporada, explorando a complexidade emocional e o desenvolvimento pessoal dos personagens enquanto eles enfrentam dilemas éticos e desafios pessoais. A temporada também aprofunda os elementos de suspense psicológico, com a série não tendo medo de abordar temas sombrios e complexos, incluindo o terrorismo e a paranoia em um mundo cada vez mais digital..

Já a terceira e última temporada, "Vengeance", encerra o ciclo de "The Tunnel" com uma narrativa que traz um certo toque de "vingança pessoal". Quando uma nova série de crimes começa a ocorrer, Karl e Elise são novamente forçados a trabalhar juntos, enfrentando um criminoso que parece estar sempre um passo à frente. Essa temporada explora temas como xenofobia, imigração e as divisões crescentes na sociedade moderna, refletindo as tensões mais contemporâneas na Europa. Na narrativa, o arco de Karl é particularmente emocional, pois ele enfrenta perdas pessoais e questões sobre sua própria noção de moralidade. Elise, por sua vez, continua a lidar com seus próprios traumas e vulnerabilidades. A direção e o roteiro da terceira temporada são eficazes em amarrar os arcos narrativos e fornecer uma conclusão satisfatória para a série, mas talvez deixe um gostinho de "quero mais" ou de "poderia ter sido diferente".

O fato é que "The Tunnel", o longo de suas três temporadas, consegue manter sua qualidade ao misturar de maneira eficaz o drama policial com o suspense psicológico. Apesar de algumas críticas quanto ao ritmo em certos momentos, a série se consolidou como uma adaptação sólida e bem executada do material original, oferecendo uma experiência envolvente e provocativa em muitas escalas que certamente vai fazer valer a pena o seu play!

Pode ir sem medo que a escolha é certeira!

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The Undoing

"The Undoing" nunca foi uma aposta e isso precisa ficar muito claro, pois desde o seu anúncio em 25 de janeiro de 2020, foi muito fácil perceber que a junção de alguns elementos resultariam no sucesso absoluto que a minissérie se tornou - tanto que a própria HBO atrasou ao máximo o seu lançamento para evitar algum tipo de impacto inicial devido a pandemia, já que a série estrearia em maio. 

"The Undoing" é mais um thriller psicológico com o selo de David E. Kelley, um cara que já ganhou 11 Emmys, e assinou um outro recente sucesso da HBO: "Big Little Lies". Dito isso, você traz para a direção Susanne Bier do incrível "The Night Manager" e um elenco com Nicole Kidman, Hugh Grant, Noah Jupe e Donald Sutherland; e a receita está pronta! Repare: a minissérie conta a história de Grace Sachs (Nicole Kidman), uma terapeuta de sucesso que parece ter uma vida perfeita. Ela mora no Upper East Side, é casada com Jonathan (Hugh Grant), um marido extremamente dedicado, oncologista pediátrico de um grande hospital de câncer de NY, e tem um filho tranquilo e inteligente, Henry (Noah Jupe de "Um lugar silencioso"). Acontece que, da noite para o dia, sua vida vira de ponta cabeça quando uma morte violenta toma conta dos noticiários locais e seu marido desaparece misteriosamente - criando assim uma suspeita que parecia muito distante da realidade de Grace, mas na verdade não era. Confira o trailer:

"The Undoing" têm muitos méritos e o primeiro talvez seja o de nos prender durante seis episódios, provocando aquele sentimento de incerteza a cada plot twist e, sem roubar no jogo, escondendo quem realmente matou Elena (Matilda De Angelis). O bacana do roteiro, mesmo com algumas escorregadas, é que todas as peças são colocadas na mesa rapidamente e mesmo assim ainda é muito difícil encaixá-las, como se o "óbvio" fosse um pecado e o "surpreendente" apenas uma ferramenta narrativa para nos deixar incrédulos. Como tudo que a HBO faz nesse sentido, essa minissérie é mais uma daquelas imperdíveis e que vai te entreter com inteligência e qualidade!

Quando assisti o primeiro episódio de "The Undoing" comenteique o roteiro precisaria amarrar muito bem os perfis dos personagens com as descobertas das investigações para que o mistério se mantivesse até o final e com isso eliminasse a impressão inicial de que apenas Jonathan tinha muito a esconder. Finalizado todos os episódios, é fácil afirmar que o roteiro cumpriu o seu papel de nos provocar a descobrir "quem matou", porém é preciso que se diga que acontece um distanciamento das investigações para focar no impacto que o crime teve na família de Grace. Alguns pontos que levantei, como a tensão sexual criada entre Grace e Elena foi praticamente esquecida e muito mal aproveitada. Outro elemento que, na minha opinião fez muita falta no final e que amarraria perfeitamente com o depoimento de Grace no julgamento, foi a escolha de eliminar do roteiro o fato dela estar prestes a lançar um livro chamado “Você deveria ter conhecido”, em que ela critica as mulheres por não valorizarem sua intuição e as ensina a prestar mais atenção nas primeiras impressões dos homens ao começarem um relacionamento - assim que terminarem de assistir, reparem como seria perfeito essa conexão com tudo que vimos no episódio 6!

Fora essas duas passagens, Kelley é muito perspicaz em usar da nossa familiaridade com o gênero para ir nos distanciando da realidade, dos fatos - ele faz isso tão bem e Susanne Bie aproveita cada umas dessas possibilidades para criar uma atmosfera de dúvida que vai se sustentando e nos criando uma sensação de ansiedade. Um ponto que exemplifica muito bem essa característica do texto é quando Jonathan comenta com sua advogada que, além de Elena, teve mais um caso fora do casamento - pronto, bastou isso para colocar uma puga atrás da nossa orelha! Outro ponto alto, claro, é o trabalho do elenco: Donald Sutherland está simplesmente impecável e chega forte para as premiações de 2021! Nicole Kidman e Hugh Grant tem química, são carismáticos, bonitos, inteligentes, elegantes e a soma de tudo isso entrega um casal que parece ser inabalável - o legal é que, juntamente tudo isso, rotula os personagens, mas de uma forma tão orgânica que nos perdemos entre ficção e realidade! Talvez aqui esteja o diferencial do projeto: "The Undoing" não é sobre descobrir o assassino e sim uma busca por entender "como" e "porquê" uma pessoa aparentemente normal pode se tornar um!

Antes de finalizar, fica um comentário muito pessoal: a minissérie pode até parecer um pouco decepcionante com seu final - para mim, não foi o caso; mas será preciso observar as várias camadas que vão sendo construídas durante a história, principalmente porque sabemos do o background profissional de Grace - e ao perceber isso, "The Undoing" se torna ainda mais fascinante, pois ela está sempre buscando respostas no seu repertório como psiquiatra. Haley Fitzgerald (Noma Dumezweni), a advogada que conduziu o caso, talvez seja a personificação do que estamos pensando como audiência, mas com aquela "coragem" que não temos para assumir nossas (su)posições e que ao trazer a "sociopatia" para uma discussão tão próxima da realidade, no mínimo, devemos repensar e ligar nosso sinal de alerta!

Dê o play e divirta-se!

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"The Undoing" nunca foi uma aposta e isso precisa ficar muito claro, pois desde o seu anúncio em 25 de janeiro de 2020, foi muito fácil perceber que a junção de alguns elementos resultariam no sucesso absoluto que a minissérie se tornou - tanto que a própria HBO atrasou ao máximo o seu lançamento para evitar algum tipo de impacto inicial devido a pandemia, já que a série estrearia em maio. 

"The Undoing" é mais um thriller psicológico com o selo de David E. Kelley, um cara que já ganhou 11 Emmys, e assinou um outro recente sucesso da HBO: "Big Little Lies". Dito isso, você traz para a direção Susanne Bier do incrível "The Night Manager" e um elenco com Nicole Kidman, Hugh Grant, Noah Jupe e Donald Sutherland; e a receita está pronta! Repare: a minissérie conta a história de Grace Sachs (Nicole Kidman), uma terapeuta de sucesso que parece ter uma vida perfeita. Ela mora no Upper East Side, é casada com Jonathan (Hugh Grant), um marido extremamente dedicado, oncologista pediátrico de um grande hospital de câncer de NY, e tem um filho tranquilo e inteligente, Henry (Noah Jupe de "Um lugar silencioso"). Acontece que, da noite para o dia, sua vida vira de ponta cabeça quando uma morte violenta toma conta dos noticiários locais e seu marido desaparece misteriosamente - criando assim uma suspeita que parecia muito distante da realidade de Grace, mas na verdade não era. Confira o trailer:

"The Undoing" têm muitos méritos e o primeiro talvez seja o de nos prender durante seis episódios, provocando aquele sentimento de incerteza a cada plot twist e, sem roubar no jogo, escondendo quem realmente matou Elena (Matilda De Angelis). O bacana do roteiro, mesmo com algumas escorregadas, é que todas as peças são colocadas na mesa rapidamente e mesmo assim ainda é muito difícil encaixá-las, como se o "óbvio" fosse um pecado e o "surpreendente" apenas uma ferramenta narrativa para nos deixar incrédulos. Como tudo que a HBO faz nesse sentido, essa minissérie é mais uma daquelas imperdíveis e que vai te entreter com inteligência e qualidade!

Quando assisti o primeiro episódio de "The Undoing" comenteique o roteiro precisaria amarrar muito bem os perfis dos personagens com as descobertas das investigações para que o mistério se mantivesse até o final e com isso eliminasse a impressão inicial de que apenas Jonathan tinha muito a esconder. Finalizado todos os episódios, é fácil afirmar que o roteiro cumpriu o seu papel de nos provocar a descobrir "quem matou", porém é preciso que se diga que acontece um distanciamento das investigações para focar no impacto que o crime teve na família de Grace. Alguns pontos que levantei, como a tensão sexual criada entre Grace e Elena foi praticamente esquecida e muito mal aproveitada. Outro elemento que, na minha opinião fez muita falta no final e que amarraria perfeitamente com o depoimento de Grace no julgamento, foi a escolha de eliminar do roteiro o fato dela estar prestes a lançar um livro chamado “Você deveria ter conhecido”, em que ela critica as mulheres por não valorizarem sua intuição e as ensina a prestar mais atenção nas primeiras impressões dos homens ao começarem um relacionamento - assim que terminarem de assistir, reparem como seria perfeito essa conexão com tudo que vimos no episódio 6!

Fora essas duas passagens, Kelley é muito perspicaz em usar da nossa familiaridade com o gênero para ir nos distanciando da realidade, dos fatos - ele faz isso tão bem e Susanne Bie aproveita cada umas dessas possibilidades para criar uma atmosfera de dúvida que vai se sustentando e nos criando uma sensação de ansiedade. Um ponto que exemplifica muito bem essa característica do texto é quando Jonathan comenta com sua advogada que, além de Elena, teve mais um caso fora do casamento - pronto, bastou isso para colocar uma puga atrás da nossa orelha! Outro ponto alto, claro, é o trabalho do elenco: Donald Sutherland está simplesmente impecável e chega forte para as premiações de 2021! Nicole Kidman e Hugh Grant tem química, são carismáticos, bonitos, inteligentes, elegantes e a soma de tudo isso entrega um casal que parece ser inabalável - o legal é que, juntamente tudo isso, rotula os personagens, mas de uma forma tão orgânica que nos perdemos entre ficção e realidade! Talvez aqui esteja o diferencial do projeto: "The Undoing" não é sobre descobrir o assassino e sim uma busca por entender "como" e "porquê" uma pessoa aparentemente normal pode se tornar um!

Antes de finalizar, fica um comentário muito pessoal: a minissérie pode até parecer um pouco decepcionante com seu final - para mim, não foi o caso; mas será preciso observar as várias camadas que vão sendo construídas durante a história, principalmente porque sabemos do o background profissional de Grace - e ao perceber isso, "The Undoing" se torna ainda mais fascinante, pois ela está sempre buscando respostas no seu repertório como psiquiatra. Haley Fitzgerald (Noma Dumezweni), a advogada que conduziu o caso, talvez seja a personificação do que estamos pensando como audiência, mas com aquela "coragem" que não temos para assumir nossas (su)posições e que ao trazer a "sociopatia" para uma discussão tão próxima da realidade, no mínimo, devemos repensar e ligar nosso sinal de alerta!

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The Vow

Se você assistiu algum dos dois (razoavelmente) recentes documentários, "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício" (HBO) e "Fyre" (Netflix), você já entendeu como a força de uma comunicação e do poder do convencimento podem influenciar uma pessoa (ou muitas), independente da capacidade de realização que o interlocutor possa ter. Em diferentes níveis, foi isso que Elizabeth Holmes da Theranos fez com seus investidores e Billy McFarland fez com todos que estavam envolvidos em seu Festival megalomaníaco! Pois bem, em "The Vow" surge um personagem raro, que consegue unir, com a mesma competência, a capacidade de comunicação com a de realização e ainda chancelado por um QI de 240 pontos: esse é o fundador da NXIVM, Keith Raniere.

"The Vow", documentário divido em 9 partes de 50 minutos, conta mais do que a história de Keith Raniere, criador de uma empresa de marketing multi-nível, que cresceu absurdamente nos Estados Unidos até ser fechada por sérios problemas trabalhistas. Aproveitando do seu comprovado discurso de convencimento, Keith criou a ESP (Executive Success Programs) um Programa de Sucesso Executivo focado no desenvolvimento pessoal. Seguindo o mesmo conceito de pirâmide, ele foi, pouco a pouco, transformando seus professores em aliciadores e seus alunos em uma espécie de seguidores de uma seita com atuações bastante questionáveis e que, posteriormente, acabou se transformando no principal motivo para uma dura jornada pessoal de ex-membros da organização para desmascarar seu fundador, que se auto-denominava "Vanguarda", e suas reais intenções com tudo isso! Confira o trailer:

A história por trás de "The Vow" chamou atenção da mídia internacional pelo fato da atriz Allison Mack, a Chloe Sullivan em "Smallville", ser uma das aliciadoras mais próxima de Keith Raniere, porém o comentário é muito feliz em dissecar a instituição pelos olhos de quem esteve lá, mas saiu por vontade própria ao perceber que algo estava muito errado. A jornada de três personagens bastante importantes na desconstrução dessa organização criminosa que se tornou a NXIVM, é o ponto de partida para uma história realmente impressionante. Sarah Edmonson, Bonnie Piesse e Mark Vicente, e um pouco mais a frente, Catherine Oxenberg, são acompanhados pela produção durante todos os episódios, contando suas histórias e tentando reverter uma situação que eles mesmos ajudaram a provocar, cada um em seu nível. Ao mesmo tempo vemos inúmeras imagens de arquivos, depoimentos, cenas do treinamento, entrevistas do próprio Keith e sua equipe, e até um encontro bastante impactante com o Dalai-lama.

O que mais me chamou a atenção foram os discursos de Keith: completamente coerentes, bem estruturados e de uma capacidade intelectual e de manipulação que em muitos momentos me fizeram questionar se, em algum momento da vida, eu também não seria uma potencial vítima - tenho certeza que você fará esse mesmo questionamento e talvez por isso, esse sentimento gere tanta vergonha e arrependimento nos protagonistas.

Dê o play sem o menor receio!

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Se você assistiu algum dos dois (razoavelmente) recentes documentários, "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício" (HBO) e "Fyre" (Netflix), você já entendeu como a força de uma comunicação e do poder do convencimento podem influenciar uma pessoa (ou muitas), independente da capacidade de realização que o interlocutor possa ter. Em diferentes níveis, foi isso que Elizabeth Holmes da Theranos fez com seus investidores e Billy McFarland fez com todos que estavam envolvidos em seu Festival megalomaníaco! Pois bem, em "The Vow" surge um personagem raro, que consegue unir, com a mesma competência, a capacidade de comunicação com a de realização e ainda chancelado por um QI de 240 pontos: esse é o fundador da NXIVM, Keith Raniere.

"The Vow", documentário divido em 9 partes de 50 minutos, conta mais do que a história de Keith Raniere, criador de uma empresa de marketing multi-nível, que cresceu absurdamente nos Estados Unidos até ser fechada por sérios problemas trabalhistas. Aproveitando do seu comprovado discurso de convencimento, Keith criou a ESP (Executive Success Programs) um Programa de Sucesso Executivo focado no desenvolvimento pessoal. Seguindo o mesmo conceito de pirâmide, ele foi, pouco a pouco, transformando seus professores em aliciadores e seus alunos em uma espécie de seguidores de uma seita com atuações bastante questionáveis e que, posteriormente, acabou se transformando no principal motivo para uma dura jornada pessoal de ex-membros da organização para desmascarar seu fundador, que se auto-denominava "Vanguarda", e suas reais intenções com tudo isso! Confira o trailer:

A história por trás de "The Vow" chamou atenção da mídia internacional pelo fato da atriz Allison Mack, a Chloe Sullivan em "Smallville", ser uma das aliciadoras mais próxima de Keith Raniere, porém o comentário é muito feliz em dissecar a instituição pelos olhos de quem esteve lá, mas saiu por vontade própria ao perceber que algo estava muito errado. A jornada de três personagens bastante importantes na desconstrução dessa organização criminosa que se tornou a NXIVM, é o ponto de partida para uma história realmente impressionante. Sarah Edmonson, Bonnie Piesse e Mark Vicente, e um pouco mais a frente, Catherine Oxenberg, são acompanhados pela produção durante todos os episódios, contando suas histórias e tentando reverter uma situação que eles mesmos ajudaram a provocar, cada um em seu nível. Ao mesmo tempo vemos inúmeras imagens de arquivos, depoimentos, cenas do treinamento, entrevistas do próprio Keith e sua equipe, e até um encontro bastante impactante com o Dalai-lama.

O que mais me chamou a atenção foram os discursos de Keith: completamente coerentes, bem estruturados e de uma capacidade intelectual e de manipulação que em muitos momentos me fizeram questionar se, em algum momento da vida, eu também não seria uma potencial vítima - tenho certeza que você fará esse mesmo questionamento e talvez por isso, esse sentimento gere tanta vergonha e arrependimento nos protagonistas.

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The Voyeurs

Como "A Mulher na Janela", com Amy Adams e Julianne Moor, "The Voyeurs" (ou "Observadores") é um filme datado, típico dos anos 90, em uma época onde nossas referências eram infinitamente mais limitadas do que são hoje - digo isso, pois será necessário uma enorme dose de suspensão da realidade para embarcar no plot twist  que o roteirista e diretor Michael Mohan no oferece no final do segundo ato - e aqui cabe um comentário: a solução não é ruim, chega a ser até surpreendente, mas não é nada palpável tendo como base os inúmeros outros filmes ou séries do gênero que já assistimos com tantas ofertas por aí!

Pippa (Sydney Sweeney) e Thomas (Justice Smith) são um casal muito apaixonado que acabam de se mudar para um lindo apartamento, onde vão morar juntos pela primeira vez. Tudo é um mar de rosas para o casal até eles perceberem que, pela janela, conseguem acompanhar absolutamente tudo que se passa no apartamento de um vizinho do prédio em frente. Curiosos, os dois começam um excitante passatempo de observar a rotina do casal vizinho: o fotógrafo Seb (Ben Hardy) e a esposa Julia (Natasha Liu Bordizzo). Aos poucos, o que parecia uma mera diversão vai se tornando uma verdadeira obsessão para Pippa, e o enorme interesse que ela constrói sobre a vida de seus vizinhos começa a ameaçar o seu próprio relacionamento com Thomas. Confira o trailer:

É inegável que "The Voyeurs" toca em um assunto que soa fascinante para quase todo ser humano: a curiosidade de saber o que acontece atrás da parede ao lado (no caso, no prédio da frente). Com isso, nos conectamos rapidamente com o casal de protagonistas e entendemos aquela incontrolável sensação, muitas vezes excitante, de observar a vida alheia. Muito bem dirigido pelo Michael Mohan, a angustia de estarmos sendo observados acompanha a própria Pippa em muitos momentos do filme e a forma como Sweeney lida com essa "tensão" é quase tão provocadora quanto nos momentos em que ela mesmo passa a ser a observadora - e tudo isso não é por acaso, reparem. O trabalho da atriz (e não é o primeiro, basta lembrar de "The White Lotus") é sensacional, pois ela transita naquela linha tênue entre a curiosidade e a invasão de privacidade, deixando claro que sempre existe espaço para arriscar um pouco mais.

O grande problema do filme, na nossa opinião, não está na forma, mas sim no conteúdo. Os dois primeiros atos nos direcionam para um drama muito mais profundo, sensual e até provocador do que necessariamente para um suspense psicológico - o envolvimento entre os personagens cria um clima onde o medo de ser descoberto é até maior do que saber o que aconteceria se, de fato, fossemos descobertos! Acontece que a força dessa tensão vai se enfraquecendo durante o filme, pois a história parece não encontrar caminhos para manter esse mood, com isso assistimos somos apresentados para soluções pouco interessantes e quase sempre absurdas, que impactam na veracidade daquele bom drama e, claro, na relação entre os personagens com um conflito menos potente. 

Ao som de uma ótima versão de “Eyes without a face” na voz de Angel Olsen, "The Voyeurs" brinca com a melancolia do ser humano ao mesmo tempo em que provoca o fetiche da invasão de privacidade, mas sem se aprofundar em nenhum dos temas - e é isso que pode incomodar alguns. Ao estabelecer que o universo dos personagens-chave está em observar, no caso de Pippa em lidar com a visão das pessoas (ela trabalha em um consultório oftalmológico) e no caso de Seb em fotografar modelos maravilhosas, o roteiro força a barra em ter que provar que tudo faz sentido sempre. O que eu quero dizer é que se você não se apegar aos detalhes, "The Voyeurs" será um ótimo entretenimento. Se você também não se apegar ao realismo no pé da letra, o filme pode ser um entretenimento melhor ainda. Mas se você quiser algo inteligente, bem construído e cheio de camadas, esquece, esse filme pode não ser para você e nem foi feito para ser.

Vale a pena? Sim, nessa condições! Então só dê o play se estiver disposto embarcar em uma ótima diversão!

Assista Agora

Como "A Mulher na Janela", com Amy Adams e Julianne Moor, "The Voyeurs" (ou "Observadores") é um filme datado, típico dos anos 90, em uma época onde nossas referências eram infinitamente mais limitadas do que são hoje - digo isso, pois será necessário uma enorme dose de suspensão da realidade para embarcar no plot twist  que o roteirista e diretor Michael Mohan no oferece no final do segundo ato - e aqui cabe um comentário: a solução não é ruim, chega a ser até surpreendente, mas não é nada palpável tendo como base os inúmeros outros filmes ou séries do gênero que já assistimos com tantas ofertas por aí!

Pippa (Sydney Sweeney) e Thomas (Justice Smith) são um casal muito apaixonado que acabam de se mudar para um lindo apartamento, onde vão morar juntos pela primeira vez. Tudo é um mar de rosas para o casal até eles perceberem que, pela janela, conseguem acompanhar absolutamente tudo que se passa no apartamento de um vizinho do prédio em frente. Curiosos, os dois começam um excitante passatempo de observar a rotina do casal vizinho: o fotógrafo Seb (Ben Hardy) e a esposa Julia (Natasha Liu Bordizzo). Aos poucos, o que parecia uma mera diversão vai se tornando uma verdadeira obsessão para Pippa, e o enorme interesse que ela constrói sobre a vida de seus vizinhos começa a ameaçar o seu próprio relacionamento com Thomas. Confira o trailer:

É inegável que "The Voyeurs" toca em um assunto que soa fascinante para quase todo ser humano: a curiosidade de saber o que acontece atrás da parede ao lado (no caso, no prédio da frente). Com isso, nos conectamos rapidamente com o casal de protagonistas e entendemos aquela incontrolável sensação, muitas vezes excitante, de observar a vida alheia. Muito bem dirigido pelo Michael Mohan, a angustia de estarmos sendo observados acompanha a própria Pippa em muitos momentos do filme e a forma como Sweeney lida com essa "tensão" é quase tão provocadora quanto nos momentos em que ela mesmo passa a ser a observadora - e tudo isso não é por acaso, reparem. O trabalho da atriz (e não é o primeiro, basta lembrar de "The White Lotus") é sensacional, pois ela transita naquela linha tênue entre a curiosidade e a invasão de privacidade, deixando claro que sempre existe espaço para arriscar um pouco mais.

O grande problema do filme, na nossa opinião, não está na forma, mas sim no conteúdo. Os dois primeiros atos nos direcionam para um drama muito mais profundo, sensual e até provocador do que necessariamente para um suspense psicológico - o envolvimento entre os personagens cria um clima onde o medo de ser descoberto é até maior do que saber o que aconteceria se, de fato, fossemos descobertos! Acontece que a força dessa tensão vai se enfraquecendo durante o filme, pois a história parece não encontrar caminhos para manter esse mood, com isso assistimos somos apresentados para soluções pouco interessantes e quase sempre absurdas, que impactam na veracidade daquele bom drama e, claro, na relação entre os personagens com um conflito menos potente. 

Ao som de uma ótima versão de “Eyes without a face” na voz de Angel Olsen, "The Voyeurs" brinca com a melancolia do ser humano ao mesmo tempo em que provoca o fetiche da invasão de privacidade, mas sem se aprofundar em nenhum dos temas - e é isso que pode incomodar alguns. Ao estabelecer que o universo dos personagens-chave está em observar, no caso de Pippa em lidar com a visão das pessoas (ela trabalha em um consultório oftalmológico) e no caso de Seb em fotografar modelos maravilhosas, o roteiro força a barra em ter que provar que tudo faz sentido sempre. O que eu quero dizer é que se você não se apegar aos detalhes, "The Voyeurs" será um ótimo entretenimento. Se você também não se apegar ao realismo no pé da letra, o filme pode ser um entretenimento melhor ainda. Mas se você quiser algo inteligente, bem construído e cheio de camadas, esquece, esse filme pode não ser para você e nem foi feito para ser.

Vale a pena? Sim, nessa condições! Então só dê o play se estiver disposto embarcar em uma ótima diversão!

Assista Agora

Three Pines

"Three Pines" merecia mais do que seus 8 episódios da primeira temporada, especialmente pelo seu confortável formato, antológico na sua essência, onde a cada dois episódios você tem uma uma nova trama de investigação para acompanhar ao lado do perspicaz Inspetor-Chefe Armand Gamache. Pois bem, Lançada em 2022 pela Amazon Prime Vídeo, mas aqui no Brasil disponível na Max, a série criada por Emilia di Girolamo (uma das roteiristas-chefe de "The Tunnel") é na verdade uma adaptação das famosas histórias de mistério policial da autora canadense Louise Penny, ambientadas na fictícia vila de Three Pines. A série mescla investigações de crimes complexos com uma atmosfera peculiar e misteriosa, combinando elementos de drama e suspense em uma narrativa bastante envolvente que explora temas sociais e psicológicos profundos. Assim como a saudosa série finlandesa "Bordertown" (quem souber do que eu estou falando, pode dar o play sem ao menos terminar essa análise), "Three Pines" vai além do enredo criminal americano que estamos acostumados, focando nas relações e histórias das pessoas envolvidas, se aproximando assim, muito mais do conceito nórdico de séries investigativas.

Aqui, acompanhamos Gamache (Alfred Molina) enquanto ele investiga uma série de assassinatos aparentemente desconexos em Three Pines. A vila, com seu charme bucólico e uma comunidade repleta de personagens excêntricos, serve de cenário para a descoberta de segredos e traumas enterrados pela sociedade local. À medida que Gamache se aprofunda em cada um dos casos, ele também enfrenta os desafios emocionais e morais envolvidos em suas investigações, o que o leva a questionar as camadas ocultas de humanidade que cercam cada crime. Confira o trailer (em inglês):

Logo de cara percebemos que "Three Pines" é habilmente dirigida por Samuel Donovan (de "The Crow"), pois ele cria, com muita elegância estética, uma ambientação visual que ao mesmo tempo que captura a beleza fria e melancólica das paisagens canadenses também reflete o mistério e a sensação de isolamento. Donovan aproveita do cenário quase nórdico do Canadá para intensificar o suspense de cada caso e nos remeter até uma gramática bem familiar para quem gosta de tramas investigativas. Ele retrata o vilarejo de Three Pines como um personagem (talvez aí a importância de seu título), ou seja, um lugar vivo que, embora aparentemente pacífico, abriga sombras e segredos que vão muito além do que é mostrado em sua superfície. Aliás, nesse sentido, o roteiro de Emilia di Girolamo é muito fiel ao espírito dos romances de Louise Penny, já que ela soube decodificar tanto o mistério dos casos quanto as nuances das relações pessoais dessa vila tão particular - algo como vimos uma ano antes em "Mare of Easttown".

É muito importante pontuar que série entende a importância de Three Pines em seu contexto narrativo da mesma forma como se apoia em Armand Gamache, não apenas nos plots de investigação, mas também ao abordar questões contemporâneas e sensíveis que inclui temas como desigualdade e preconceito, proporcionando um subtexto crítico que enriquece as reflexões perante os casos investigados. Alfred Molina, mais uma vez, entrega uma performance cativante. Com uma presença imponente, mas carregada de sensibilidade, Molina consegue transmitir a profundidade do personagem, um homem de moral irretocável e compassivo que está em constante confronto com as realidades sombrias que encontra em suas investigações. Gamache, nas mãos de Molina, é mais do que um simples detetive; ele é uma figura quase paternal, alguém que busca não apenas resolver crimes, mas entender o impacto deles sobre as pessoas ao seu redor - esse aspecto torna o personagem único e humaniza o enredo, oferecendo uma camada de emoção e introspecção das mais interessantes.

Veja, mesmo com uma narrativa que combina histórias episódicas com uma trama contínua que investiga temas mais amplos, como o valor da justiça e os impactos do trauma em uma comunidade, "Three Pines"pode parecer lenta para aqueles que esperam alguma ação ou reviravoltas frequentes. A proposta aqui, de fato, é adotar um ritmo mais pausado e introspectivo, o que permite uma construção detalhada da atmosfera e dos personagens. Talvez tenha sido esse estilo mais cadenciado o motivo que distanciou a série de um sucesso maior - para nós, diga-se de passagem, é justamente esse elemento, condizente com o tom literário da obra de Louise Penny, que faz dela um entretenimento dos mais agradáveis.

Vale muito o seu play, mas será preciso um pouco de paciência até entender a proposta dramática da série.

Assista Agora

"Three Pines" merecia mais do que seus 8 episódios da primeira temporada, especialmente pelo seu confortável formato, antológico na sua essência, onde a cada dois episódios você tem uma uma nova trama de investigação para acompanhar ao lado do perspicaz Inspetor-Chefe Armand Gamache. Pois bem, Lançada em 2022 pela Amazon Prime Vídeo, mas aqui no Brasil disponível na Max, a série criada por Emilia di Girolamo (uma das roteiristas-chefe de "The Tunnel") é na verdade uma adaptação das famosas histórias de mistério policial da autora canadense Louise Penny, ambientadas na fictícia vila de Three Pines. A série mescla investigações de crimes complexos com uma atmosfera peculiar e misteriosa, combinando elementos de drama e suspense em uma narrativa bastante envolvente que explora temas sociais e psicológicos profundos. Assim como a saudosa série finlandesa "Bordertown" (quem souber do que eu estou falando, pode dar o play sem ao menos terminar essa análise), "Three Pines" vai além do enredo criminal americano que estamos acostumados, focando nas relações e histórias das pessoas envolvidas, se aproximando assim, muito mais do conceito nórdico de séries investigativas.

Aqui, acompanhamos Gamache (Alfred Molina) enquanto ele investiga uma série de assassinatos aparentemente desconexos em Three Pines. A vila, com seu charme bucólico e uma comunidade repleta de personagens excêntricos, serve de cenário para a descoberta de segredos e traumas enterrados pela sociedade local. À medida que Gamache se aprofunda em cada um dos casos, ele também enfrenta os desafios emocionais e morais envolvidos em suas investigações, o que o leva a questionar as camadas ocultas de humanidade que cercam cada crime. Confira o trailer (em inglês):

Logo de cara percebemos que "Three Pines" é habilmente dirigida por Samuel Donovan (de "The Crow"), pois ele cria, com muita elegância estética, uma ambientação visual que ao mesmo tempo que captura a beleza fria e melancólica das paisagens canadenses também reflete o mistério e a sensação de isolamento. Donovan aproveita do cenário quase nórdico do Canadá para intensificar o suspense de cada caso e nos remeter até uma gramática bem familiar para quem gosta de tramas investigativas. Ele retrata o vilarejo de Three Pines como um personagem (talvez aí a importância de seu título), ou seja, um lugar vivo que, embora aparentemente pacífico, abriga sombras e segredos que vão muito além do que é mostrado em sua superfície. Aliás, nesse sentido, o roteiro de Emilia di Girolamo é muito fiel ao espírito dos romances de Louise Penny, já que ela soube decodificar tanto o mistério dos casos quanto as nuances das relações pessoais dessa vila tão particular - algo como vimos uma ano antes em "Mare of Easttown".

É muito importante pontuar que série entende a importância de Three Pines em seu contexto narrativo da mesma forma como se apoia em Armand Gamache, não apenas nos plots de investigação, mas também ao abordar questões contemporâneas e sensíveis que inclui temas como desigualdade e preconceito, proporcionando um subtexto crítico que enriquece as reflexões perante os casos investigados. Alfred Molina, mais uma vez, entrega uma performance cativante. Com uma presença imponente, mas carregada de sensibilidade, Molina consegue transmitir a profundidade do personagem, um homem de moral irretocável e compassivo que está em constante confronto com as realidades sombrias que encontra em suas investigações. Gamache, nas mãos de Molina, é mais do que um simples detetive; ele é uma figura quase paternal, alguém que busca não apenas resolver crimes, mas entender o impacto deles sobre as pessoas ao seu redor - esse aspecto torna o personagem único e humaniza o enredo, oferecendo uma camada de emoção e introspecção das mais interessantes.

Veja, mesmo com uma narrativa que combina histórias episódicas com uma trama contínua que investiga temas mais amplos, como o valor da justiça e os impactos do trauma em uma comunidade, "Three Pines"pode parecer lenta para aqueles que esperam alguma ação ou reviravoltas frequentes. A proposta aqui, de fato, é adotar um ritmo mais pausado e introspectivo, o que permite uma construção detalhada da atmosfera e dos personagens. Talvez tenha sido esse estilo mais cadenciado o motivo que distanciou a série de um sucesso maior - para nós, diga-se de passagem, é justamente esse elemento, condizente com o tom literário da obra de Louise Penny, que faz dela um entretenimento dos mais agradáveis.

Vale muito o seu play, mas será preciso um pouco de paciência até entender a proposta dramática da série.

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