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Spielberg

Sem a menor dúvida que milhares de pessoas foram apresentadas ao Cinema porque seus filmes foram capazes de colocar a audiência em um Universo Fantástico como se fossem as mais palpáveis das realidades. Minha primeira lembrança de sentar em uma sala de cinema, por exemplo, foi com E.T. e meu sonho (acreditem) era poder filmá-lo (como uma brincadeira de criança) para poder assistir quantas vezes eu quisesse (já que na época nem video cassete existia) - essa foi minha história de identificação com o trabalho do diretor Steven Spielberg, mas cada amante de boas histórias e apaixonados pelo cinema de qualidade, tem a sua!

O documentário, "Spielberg", como não poderia deixar de ser, nos apresenta a notável carreira do diretor, suas influências e motivações, além de histórias pouco conhecidas sobre alguns de seus filmes mais famosos. Confira o trailer:

Produzido pela HBO e dirigido por Susan Lacy (vencedora de 14 Emmy - isso mesmo, 14), "Spielberg" sabe equilibrar perfeitamente momentos interessantes sobre a história pessoal do diretor com sua figura dentro de um set de filmagem, onde, de fato, sua capacidade técnica e criativa o coloca como um dos maiores da história - basta lembrar  de alguns dos seus sucessos, seja de público ou de critica, como: "ET", "Tubarão", "A.I.: Inteligência Artificial", "A Lista de Schindler", "Jurassic Park", entre muitos outros.

Embora o roteiro escrito pela própria Lacy deixe um certo ar de repetição ao longo de suas duas horas e meia de documentário, eu diria que "Spielberg" celebra o diretor pelos olhos de muita gente relevante de Hollywood - é o caso de Christian Bale, Cate Blanchett, Leonardo DiCaprio, Daniel Day-Lewis, Francis Ford Coppola, que aproveitam de seus depoimentos para confirmar aquilo que todo mundo já sabe: Spielberg é um gênio! 

Já pela ótica de sua vida pessoal, "Spielberg" foi muito competente ao mostrar como ele sofreu com a separação dos pais e como isso foi demonstrado em muitos de seus filmes que falavam sobre as relações familiares, sobre o abandono, sobre os reencontros, etc. O documentário também explora os problemas que sua origem judaica acarretaram em sua vida e como o cinema ajudou a resolver essa questão.

Olha, eu já havia agradecido a HBO quando assisti o trailer de "Spielberg"  pela primeira vez, então aproveito para agradecer de novo: esse documentário é daqueles filmes para assistirmos toda hora - como adoro fazer com o "Stanley Kubrick: Imagens de uma Vida", por exemplo - para quem trabalha ou gosta do cinema como processo criativo, é material obrigatório!

Imperdível! Vale muito o seu play!!!

Assista Agora

Sem a menor dúvida que milhares de pessoas foram apresentadas ao Cinema porque seus filmes foram capazes de colocar a audiência em um Universo Fantástico como se fossem as mais palpáveis das realidades. Minha primeira lembrança de sentar em uma sala de cinema, por exemplo, foi com E.T. e meu sonho (acreditem) era poder filmá-lo (como uma brincadeira de criança) para poder assistir quantas vezes eu quisesse (já que na época nem video cassete existia) - essa foi minha história de identificação com o trabalho do diretor Steven Spielberg, mas cada amante de boas histórias e apaixonados pelo cinema de qualidade, tem a sua!

O documentário, "Spielberg", como não poderia deixar de ser, nos apresenta a notável carreira do diretor, suas influências e motivações, além de histórias pouco conhecidas sobre alguns de seus filmes mais famosos. Confira o trailer:

Produzido pela HBO e dirigido por Susan Lacy (vencedora de 14 Emmy - isso mesmo, 14), "Spielberg" sabe equilibrar perfeitamente momentos interessantes sobre a história pessoal do diretor com sua figura dentro de um set de filmagem, onde, de fato, sua capacidade técnica e criativa o coloca como um dos maiores da história - basta lembrar  de alguns dos seus sucessos, seja de público ou de critica, como: "ET", "Tubarão", "A.I.: Inteligência Artificial", "A Lista de Schindler", "Jurassic Park", entre muitos outros.

Embora o roteiro escrito pela própria Lacy deixe um certo ar de repetição ao longo de suas duas horas e meia de documentário, eu diria que "Spielberg" celebra o diretor pelos olhos de muita gente relevante de Hollywood - é o caso de Christian Bale, Cate Blanchett, Leonardo DiCaprio, Daniel Day-Lewis, Francis Ford Coppola, que aproveitam de seus depoimentos para confirmar aquilo que todo mundo já sabe: Spielberg é um gênio! 

Já pela ótica de sua vida pessoal, "Spielberg" foi muito competente ao mostrar como ele sofreu com a separação dos pais e como isso foi demonstrado em muitos de seus filmes que falavam sobre as relações familiares, sobre o abandono, sobre os reencontros, etc. O documentário também explora os problemas que sua origem judaica acarretaram em sua vida e como o cinema ajudou a resolver essa questão.

Olha, eu já havia agradecido a HBO quando assisti o trailer de "Spielberg"  pela primeira vez, então aproveito para agradecer de novo: esse documentário é daqueles filmes para assistirmos toda hora - como adoro fazer com o "Stanley Kubrick: Imagens de uma Vida", por exemplo - para quem trabalha ou gosta do cinema como processo criativo, é material obrigatório!

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Spotlight

"Spotlight" é de fato marcante e vai te provocar inúmeras reflexões! Dirigido pelo Tom McCarthy (de "Ganhar ou Ganhar: A Vida é um Jogo"), o filme retrata uma das maiores investigações jornalísticas da história recente dos Estados Unidos. Lançado em 2015, o roteiro aborda com maestria, detalhes sobre o escândalo de abusos sexuais envolvendo membros da Igreja Católica em Boston, Massachusetts. Olha, é impressionante como filme apresenta uma análise detalhada da investigação ao mesmo tempo em que nos provoca um olhar critico para temas importantes e indigestos, como o abuso de poder e a influência institucional da Igreja.

O drama vencedor do Oscar de "Melhor Filme" em 2016, acompanha a equipe de jornalistas investigativos do jornal The Boston Globe, conhecida como "Spotlight", enquanto eles se aprofundam na denúncia de abusos sexuais cometidos por padres católicos na cidade de Boston. A história se desenrola de forma envolvente e realista, à medida que a equipe luta para desvendar o caso e expor a verdade por trás do abuso de poder dentro da Igreja. Confira o trailer:

O ponto alto de "Spotlight - Segredos Revelados" é, sem dúvida, sua abordagem sóbria e intensamente realista. O diretor Tom McCarthy opta por uma narrativa linear, focando no desenvolvimento meticuloso da investigação e no impacto que ela tem sobre toda equipe de jornalistas. Aliás, o trabalho dos atores só colabora para validar a escolha desse conceito. Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams e Stanley Tucci entregam performances poderosas e emocionalmente densas - chega a ser impressionante a entrega do elenco na construção de algumas camadas tão sensíveis que fica impossível não se identificar com toda aquela cruzada. É como se estivéssemos lá, nessa luta!

O roteiro, também vencedor do Oscar, foi escrito pelo próprio McCarthy com a ajuda de Josh Singer - olha, eu diria que é uma verdadeira obra-prima. Ele equilibra tão bem a complexidade da investigação com os dilemas éticos e morais enfrentados pelos personagens que não são raras a vezes que nos pegamos pensando o que faríamos naquelas situações. Outro ponto interessante do roteiro de "Spotlight" é a forma como ele mergulha no tema da responsabilidade da Igreja, questionando a influência e a força da instituição perante uma comunidade inteira - raparem no senso de urgência que acompanha os personagens na tentativa de expor a verdade, independentemente das consequências dessa decisão. A direção de McCarthy é precisa e minimalista, sem recorrer a artifícios visuais desnecessários ou cair em clichês baratos. Ele enfatiza o trabalho dos jornalistas e o peso das informações reveladas, criando uma atmosfera de tensão crescente ao longo do filme onde uma bela trilha sonora, embora sutil, soa extremamente eficaz como complemento para esse estilo de narrativa.

A grande verdade é que "Spotlight" é muito mais do que um simples filme de investigação. Sua complexidade ideológica está nos detalhes, na forma como ele aponta o problema e estimula o debate, a reflexão. Ao construir a sua narrativa em cima de discussões sobre a hipocrisia, a ética e a coragem, somos diretamente impactados e nos sentimos desafiados a sempre questionar o sistema e a lutar pelo que é certo, mesmo que para isso tenhamos que olhar para os nossos próprios fantasmas como sociedade e enfrenta-los.

Vale muito o seu play!

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"Spotlight" é de fato marcante e vai te provocar inúmeras reflexões! Dirigido pelo Tom McCarthy (de "Ganhar ou Ganhar: A Vida é um Jogo"), o filme retrata uma das maiores investigações jornalísticas da história recente dos Estados Unidos. Lançado em 2015, o roteiro aborda com maestria, detalhes sobre o escândalo de abusos sexuais envolvendo membros da Igreja Católica em Boston, Massachusetts. Olha, é impressionante como filme apresenta uma análise detalhada da investigação ao mesmo tempo em que nos provoca um olhar critico para temas importantes e indigestos, como o abuso de poder e a influência institucional da Igreja.

O drama vencedor do Oscar de "Melhor Filme" em 2016, acompanha a equipe de jornalistas investigativos do jornal The Boston Globe, conhecida como "Spotlight", enquanto eles se aprofundam na denúncia de abusos sexuais cometidos por padres católicos na cidade de Boston. A história se desenrola de forma envolvente e realista, à medida que a equipe luta para desvendar o caso e expor a verdade por trás do abuso de poder dentro da Igreja. Confira o trailer:

O ponto alto de "Spotlight - Segredos Revelados" é, sem dúvida, sua abordagem sóbria e intensamente realista. O diretor Tom McCarthy opta por uma narrativa linear, focando no desenvolvimento meticuloso da investigação e no impacto que ela tem sobre toda equipe de jornalistas. Aliás, o trabalho dos atores só colabora para validar a escolha desse conceito. Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams e Stanley Tucci entregam performances poderosas e emocionalmente densas - chega a ser impressionante a entrega do elenco na construção de algumas camadas tão sensíveis que fica impossível não se identificar com toda aquela cruzada. É como se estivéssemos lá, nessa luta!

O roteiro, também vencedor do Oscar, foi escrito pelo próprio McCarthy com a ajuda de Josh Singer - olha, eu diria que é uma verdadeira obra-prima. Ele equilibra tão bem a complexidade da investigação com os dilemas éticos e morais enfrentados pelos personagens que não são raras a vezes que nos pegamos pensando o que faríamos naquelas situações. Outro ponto interessante do roteiro de "Spotlight" é a forma como ele mergulha no tema da responsabilidade da Igreja, questionando a influência e a força da instituição perante uma comunidade inteira - raparem no senso de urgência que acompanha os personagens na tentativa de expor a verdade, independentemente das consequências dessa decisão. A direção de McCarthy é precisa e minimalista, sem recorrer a artifícios visuais desnecessários ou cair em clichês baratos. Ele enfatiza o trabalho dos jornalistas e o peso das informações reveladas, criando uma atmosfera de tensão crescente ao longo do filme onde uma bela trilha sonora, embora sutil, soa extremamente eficaz como complemento para esse estilo de narrativa.

A grande verdade é que "Spotlight" é muito mais do que um simples filme de investigação. Sua complexidade ideológica está nos detalhes, na forma como ele aponta o problema e estimula o debate, a reflexão. Ao construir a sua narrativa em cima de discussões sobre a hipocrisia, a ética e a coragem, somos diretamente impactados e nos sentimos desafiados a sempre questionar o sistema e a lutar pelo que é certo, mesmo que para isso tenhamos que olhar para os nossos próprios fantasmas como sociedade e enfrenta-los.

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Stan Lee

Se o ótimo documentário francês "Marvel Stories" (que infelizmente saiu do catálogo da Globoplay) dava uma visão mais corporativa sobre a história da Marvel Comics, a produção da Disney, "Stan Lee", basicamente humaniza essa jornada e faz um retrato mais, digamos, "inspirador" sobre a vida de um dos maiores ícones da indústria do entretenimento em todos os tempos. Dirigido com maestria pelo David Gelb (o mesmo de "Wolfgang"), o filme faz um recorte bastante interessante sobre a vida e carreira desse lendário escritor e editor, bem como seu impacto duradouro no universo dos super-heróis e, claro, na cultura pop mundial. Mesmo que em alguns momentos o roteiro pareça um pouco atropelado, te garanto: o documentário é uma aula sobre inovação e resiliência!

Narrado pelo próprio Stan Lee, o documentário fornece um contexto histórico importante ao explorar a participação de Lee no surgimento da indústria de quadrinhos nos Estados Unidos, as mudanças culturais que foram repercutindo na sua arte e, claro, todo o impacto que representou a criação de super-heróis perante a sociedade ao longo de décadas. Essa contextualização nos permite justamente entender melhor como Lee conseguiu captar as oportunidades, inovar em um mercado, para muitos, sem o menor futuro e mesmo assim moldar suas HQs, transformando histórias e personagens em uma forma de arte tão influente quanto rentável. Confira o trailer:

"Stan Lee", em um primeiro olhar, se destaca por dois elementos narrativos que dão um tom todo especial ao projeto. O primeiro, sem dúvida, é o fato de que toda a narrativa é feita a partir de uma série de entrevistas do próprio Lee explanando sobre diversos temas - escutar sua voz, mesmo depois de sua morte, cria um elo emocional tão forte que mesmo quando somos colocados diante de assuntos mais espinhosos, como o seu relacionamento com o ilustrador Steve Ditko (ou de como seu ego praticamente excluiu todos os outros artistas que ajudaram no processo criativo da Marvel), ainda assim enxergamos um senhorzinho simpático que venceu graças apenas aos seus esforços.

O segundo, é como a Gelb resolve com muita criatividade a falta de imagens de arquivo da vida pessoal e profissional de Lee. O diretor usa de maquetes e bonecos em massinha para recriar a infância, a juventude e até o estúdio Marvel que Lee ajudou a consolidar. Reparem como essas escolhas estéticas evocam carinho e afeto, além de nos dar um visão lúdica de momentos e lugares que ele viveu - tudo com detalhes tão delicados que fica impossível não se envolver ainda mais com a história. Já o roteiro traz muitas curiosidades e mesmo que o tom pareça até mais cadenciado (muito pela narração morosa de Lee), é muito bacana entender por uma perspectiva de bastidores, como ele criou personagens imperfeitos, com problemas do mundo real, e como isso ajudou na conexão com o público de uma maneira avassaladora - a passagem sobre o homem-aranha é um ótimo exemplo dessa abordagem criativa.

Lee sempre acreditou que a ideia era muito mais importante que sua materialização, dando assim mais valor para aquele que sonhava e criava, e não para aquele que realizava. Concordem ou não, seu ponto de vista diz muito sobre sua postura perante a vida e, principalmente, perante sua equipe no processo criativo. No entanto é de se exaltar como ele também foi um realizador - sua visão sobre o mercado, sobre as oportunidades que se abriam de acordo com os movimentos políticos em diferentes épocas que marcaram sua trajetória de uma maneira muito criativa e, inegavelmente, de como ele capitalizou suas criações, mesmo entendendo que vacilou quando o assunto era "propriedade intelectual". Enfim, "Stan Lee", o documentário, é muito mais uma peça, a princípio feita para canonizar Stan Lee como o grande pai da Marvel, do que um recorte definitivo sobre o homem imperfeito e artista genial que foi.

Vale seu play!

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Se o ótimo documentário francês "Marvel Stories" (que infelizmente saiu do catálogo da Globoplay) dava uma visão mais corporativa sobre a história da Marvel Comics, a produção da Disney, "Stan Lee", basicamente humaniza essa jornada e faz um retrato mais, digamos, "inspirador" sobre a vida de um dos maiores ícones da indústria do entretenimento em todos os tempos. Dirigido com maestria pelo David Gelb (o mesmo de "Wolfgang"), o filme faz um recorte bastante interessante sobre a vida e carreira desse lendário escritor e editor, bem como seu impacto duradouro no universo dos super-heróis e, claro, na cultura pop mundial. Mesmo que em alguns momentos o roteiro pareça um pouco atropelado, te garanto: o documentário é uma aula sobre inovação e resiliência!

Narrado pelo próprio Stan Lee, o documentário fornece um contexto histórico importante ao explorar a participação de Lee no surgimento da indústria de quadrinhos nos Estados Unidos, as mudanças culturais que foram repercutindo na sua arte e, claro, todo o impacto que representou a criação de super-heróis perante a sociedade ao longo de décadas. Essa contextualização nos permite justamente entender melhor como Lee conseguiu captar as oportunidades, inovar em um mercado, para muitos, sem o menor futuro e mesmo assim moldar suas HQs, transformando histórias e personagens em uma forma de arte tão influente quanto rentável. Confira o trailer:

"Stan Lee", em um primeiro olhar, se destaca por dois elementos narrativos que dão um tom todo especial ao projeto. O primeiro, sem dúvida, é o fato de que toda a narrativa é feita a partir de uma série de entrevistas do próprio Lee explanando sobre diversos temas - escutar sua voz, mesmo depois de sua morte, cria um elo emocional tão forte que mesmo quando somos colocados diante de assuntos mais espinhosos, como o seu relacionamento com o ilustrador Steve Ditko (ou de como seu ego praticamente excluiu todos os outros artistas que ajudaram no processo criativo da Marvel), ainda assim enxergamos um senhorzinho simpático que venceu graças apenas aos seus esforços.

O segundo, é como a Gelb resolve com muita criatividade a falta de imagens de arquivo da vida pessoal e profissional de Lee. O diretor usa de maquetes e bonecos em massinha para recriar a infância, a juventude e até o estúdio Marvel que Lee ajudou a consolidar. Reparem como essas escolhas estéticas evocam carinho e afeto, além de nos dar um visão lúdica de momentos e lugares que ele viveu - tudo com detalhes tão delicados que fica impossível não se envolver ainda mais com a história. Já o roteiro traz muitas curiosidades e mesmo que o tom pareça até mais cadenciado (muito pela narração morosa de Lee), é muito bacana entender por uma perspectiva de bastidores, como ele criou personagens imperfeitos, com problemas do mundo real, e como isso ajudou na conexão com o público de uma maneira avassaladora - a passagem sobre o homem-aranha é um ótimo exemplo dessa abordagem criativa.

Lee sempre acreditou que a ideia era muito mais importante que sua materialização, dando assim mais valor para aquele que sonhava e criava, e não para aquele que realizava. Concordem ou não, seu ponto de vista diz muito sobre sua postura perante a vida e, principalmente, perante sua equipe no processo criativo. No entanto é de se exaltar como ele também foi um realizador - sua visão sobre o mercado, sobre as oportunidades que se abriam de acordo com os movimentos políticos em diferentes épocas que marcaram sua trajetória de uma maneira muito criativa e, inegavelmente, de como ele capitalizou suas criações, mesmo entendendo que vacilou quando o assunto era "propriedade intelectual". Enfim, "Stan Lee", o documentário, é muito mais uma peça, a princípio feita para canonizar Stan Lee como o grande pai da Marvel, do que um recorte definitivo sobre o homem imperfeito e artista genial que foi.

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Steve Jobs

Antes de mais nada é preciso dizer que esse filme do "Steve Jobs" é infinitamente melhor do que o anterior "Jobs" do Joshua Michael Stern e com Ashton Kutcher como protagonista. Dessa vez temos um filme de verdade, a altura do personagem, com roteiro de Aaron Sorkin (Rede Social), direção Danny Boyle (Quem quer ser um milionário) e com Michael Fassbender (Shame) interpretando Jobs - pronto, com apenas três nomes colocamos esse filmaço em outro patamar!

O filme se utiliza dos bastidores de três lançamentos icônicos de Jobs como pano de fundo, para discutir uma era de revolução digital ao mesmo tempo em que apresenta um retrato íntimo de Steve Jobs em sua relação com colaboradores, com a família e, principalmente, com sua forma de enxergar o mundo que ele se propôs a transformar com suas ideias. Confira o trailer:

Discutir a importância ou a influência que Steve Jobs teve no mundo moderno talvez representasse a grande armadilha ao se propor escrever um roteiro sobre a vida de um personagem tão importante e complexo - Sorkin não caiu nesse erro! Baseado na biografia escrita por Walter Isaacson, jornalista que cobriu grande parte das apresentações de Jobs, Sorkin transformou uma longa trajetória de sucessos e fracassos em três grandes momentos e com dois ótimos links: os lançamentos do Macintosh, da NeXT e do iMac e a relação com Lisa, sua filha. Dessa forma, detalhes técnicos e inovadores servem apenas como pano de fundo para o que o filme quer, de fato, discutir: a psicologia complexa por trás das decisões de Jobs e como sua personalidade influenciou nos relacionamentos com as pessoas que o cercavam.

Dirigir uma cinebiografia pautada pelo drama pessoal de Jobs, expondo suas manias, criações e erros exige uma habilidade que Boyle tem de sobra: a de criar uma agilidade cênica capaz de dar todas as ferramentas para Michael Fassbendere todo elenco de apoio brilharem - não por acaso as duas únicas indicações de "Steve Jobs" ao Oscar de 2016 foram de "Melhor Ator" e "Melhor Atriz Coadjuvante" com Kate Winslet. Merecia indicações por direção e roteiro, sem dúvida, mas é óbvio que a escolha conceitual de Boyle priorizou o talento do elenco que deu um show - embora ninguém se pareça fisicamente com seus personagens reais. Reparem como cada um dos coadjuvantes entram e saem de cena, com uma velocidade quase teatral, em um ritmo incrível para um filme de mais de duas horas.

"Steve Jobs" não vai ensinar os caminhos para o empreendedor ou fazer um estudo de caso para explicar como Apple se tornou a maior empresa de tecnologia do mundo. Muito menos radiografar os motivos que fizeram Jobs ser considerado um gênio, o maior de sua geração. O filme quer é explorar as camadas mais pessoais de um personagem tão inteligente e visionário quanto difícil e egocêntrico. Mesmo apoiado em famosas frases de efeito e em longos diálogos, esse filme se torna inesquecível pela forma como discute os pontos mais obscuros da vida de Jobs ao mesmo tempo em que comprova sua dedicação e propósito pelo trabalho!

Imperdível! Daqueles que assistiremos algumas vezes durante a vida!

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Antes de mais nada é preciso dizer que esse filme do "Steve Jobs" é infinitamente melhor do que o anterior "Jobs" do Joshua Michael Stern e com Ashton Kutcher como protagonista. Dessa vez temos um filme de verdade, a altura do personagem, com roteiro de Aaron Sorkin (Rede Social), direção Danny Boyle (Quem quer ser um milionário) e com Michael Fassbender (Shame) interpretando Jobs - pronto, com apenas três nomes colocamos esse filmaço em outro patamar!

O filme se utiliza dos bastidores de três lançamentos icônicos de Jobs como pano de fundo, para discutir uma era de revolução digital ao mesmo tempo em que apresenta um retrato íntimo de Steve Jobs em sua relação com colaboradores, com a família e, principalmente, com sua forma de enxergar o mundo que ele se propôs a transformar com suas ideias. Confira o trailer:

Discutir a importância ou a influência que Steve Jobs teve no mundo moderno talvez representasse a grande armadilha ao se propor escrever um roteiro sobre a vida de um personagem tão importante e complexo - Sorkin não caiu nesse erro! Baseado na biografia escrita por Walter Isaacson, jornalista que cobriu grande parte das apresentações de Jobs, Sorkin transformou uma longa trajetória de sucessos e fracassos em três grandes momentos e com dois ótimos links: os lançamentos do Macintosh, da NeXT e do iMac e a relação com Lisa, sua filha. Dessa forma, detalhes técnicos e inovadores servem apenas como pano de fundo para o que o filme quer, de fato, discutir: a psicologia complexa por trás das decisões de Jobs e como sua personalidade influenciou nos relacionamentos com as pessoas que o cercavam.

Dirigir uma cinebiografia pautada pelo drama pessoal de Jobs, expondo suas manias, criações e erros exige uma habilidade que Boyle tem de sobra: a de criar uma agilidade cênica capaz de dar todas as ferramentas para Michael Fassbendere todo elenco de apoio brilharem - não por acaso as duas únicas indicações de "Steve Jobs" ao Oscar de 2016 foram de "Melhor Ator" e "Melhor Atriz Coadjuvante" com Kate Winslet. Merecia indicações por direção e roteiro, sem dúvida, mas é óbvio que a escolha conceitual de Boyle priorizou o talento do elenco que deu um show - embora ninguém se pareça fisicamente com seus personagens reais. Reparem como cada um dos coadjuvantes entram e saem de cena, com uma velocidade quase teatral, em um ritmo incrível para um filme de mais de duas horas.

"Steve Jobs" não vai ensinar os caminhos para o empreendedor ou fazer um estudo de caso para explicar como Apple se tornou a maior empresa de tecnologia do mundo. Muito menos radiografar os motivos que fizeram Jobs ser considerado um gênio, o maior de sua geração. O filme quer é explorar as camadas mais pessoais de um personagem tão inteligente e visionário quanto difícil e egocêntrico. Mesmo apoiado em famosas frases de efeito e em longos diálogos, esse filme se torna inesquecível pela forma como discute os pontos mais obscuros da vida de Jobs ao mesmo tempo em que comprova sua dedicação e propósito pelo trabalho!

Imperdível! Daqueles que assistiremos algumas vezes durante a vida!

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Steve Jobs - O Homem e a Máquina

Steve Jobs - O Homem e a Máquina

Por que tantas pessoas choraram por Steve Jobs? - É com esse questionamento que o diretor e roteirista Alex Gibney, vencedor do Oscar de "Melhor Documentário" em 2008 com o excelente "Um Taxi para a Escuridão", inicia essa profunda jornada para desvendar a relação que as pessoas tinham com uma figura tão contraditória como Steve Jobs. Esse documentário imperdível, não passa pano nas inúmeras falhas de caráter de Jobs, mas também não deixa de exaltar sua importância na história recente da humanidade - e talvez esteja aí o grande diferencial do filme: a possibilidade que a narrativa nos dá de tirarmos nossas próprias conclusões, seja pela obra, seja do seu criador!

Vestindo gola alta preta e jeans, sua marca registrada, a imagem de Steve Jobs era onipresente. Mas quem era o homem no palco, por trás dos grandiosos iPhones? O que significou a tristeza de tantos em todo o mundo quando ele morreu? Em "Steve Jobs: O Homem e a Máquina", o diretor Alex Gibney apresenta uma análise crítica de Jobs, reverenciado como um gênio iconoclasta e denunciado como um tirano de língua afiada. O filme é um relato espontâneo da lenda da Apple, através de entrevistas com as pessoas mais próximas de Jobs, nas diferentes fases de sua vida. "Steve Jobs: O Homem e a Máquina" é um retrato significativo de seu legado e do nosso relacionamento com a tecnologia, revelando o gigantesco mito que ele criou deliberadamente e analisando a permanência de seus valores que continuam a moldar a cultura do Vale do Silício até hoje. Confira o trailer (em inglês):

Desde sua morte em 5 de outubro de 2011, muito foi falado, produzido e escrito sobre Steve Jobs. A impecável Biografia de Walter Isaacson talvez tenha sido o material mais completo e honesto que tive contato de lá para cá, até me deparar com essa pérola brilhantemente produzida com o selo da CNN. "Steve Jobs: O Homem e a Máquina" desconstrói, até com certa poesia (o epílogo é uma das coisas mais bonitas e reflexivas que assisti recentemente em uma biografia), a figura mítica de Jobs, humanizando suas atitudes e provocando ótimos questionamentos sobre sua maneira de ver o mundo e de se relacionar com as pessoas.

Tecnicamente perfeito e equilibrando todas as ferramentas essenciais para contar uma boa história, o documentário vai nos detalhes ao mostrar o processo de ascensão de Jobs, expondo suas falhas perante no amigo e co-fundador da Apple, Steve Wozniak; até a sua capacidade empreendedora de mudar um mercado, e percepção das pessoas sobre a tecnologia, mesmo que para isso tenha se afastado da premissa básica da evolução em se tornar um ser humano melhor, mais empático ou digno na relação com seus liderados. Se sua rigidez em todos os projetos se tornou famosa e o deixou com fama de carrasco, o roteiro não romantiza, mas também não esconde como essa postura pode ter influenciado sua equipe, colocando-os na posição de superar limites para conquistar objetivos maiores. 

Essa dicotomia está presente em toda narrativa - o que, admito como fã do protagonista, embaralha a nossa cabeça e a percepção perante o mito: os escândalos das unidades de fabricação dos Iphones na China, os inúmeros casos de suicídios de funcionários da Foxconn e até a relação com os jornalistas da Gizmodo após o vazamento de imagens e informações sobre o Iphone 4, no mínimo, nos fazem refletir sobre o papel de um líder. O fato é que "Steve Jobs: O Homem e a Máquina" é uma aula para empreendedores e um documento histórico para várias gerações, já que a jornada de Jobs se confunde com a disrupção de um mercado que reflete no nosso desenvolvimento como humanidade até hoje.

Vale muito o seu play!

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Por que tantas pessoas choraram por Steve Jobs? - É com esse questionamento que o diretor e roteirista Alex Gibney, vencedor do Oscar de "Melhor Documentário" em 2008 com o excelente "Um Taxi para a Escuridão", inicia essa profunda jornada para desvendar a relação que as pessoas tinham com uma figura tão contraditória como Steve Jobs. Esse documentário imperdível, não passa pano nas inúmeras falhas de caráter de Jobs, mas também não deixa de exaltar sua importância na história recente da humanidade - e talvez esteja aí o grande diferencial do filme: a possibilidade que a narrativa nos dá de tirarmos nossas próprias conclusões, seja pela obra, seja do seu criador!

Vestindo gola alta preta e jeans, sua marca registrada, a imagem de Steve Jobs era onipresente. Mas quem era o homem no palco, por trás dos grandiosos iPhones? O que significou a tristeza de tantos em todo o mundo quando ele morreu? Em "Steve Jobs: O Homem e a Máquina", o diretor Alex Gibney apresenta uma análise crítica de Jobs, reverenciado como um gênio iconoclasta e denunciado como um tirano de língua afiada. O filme é um relato espontâneo da lenda da Apple, através de entrevistas com as pessoas mais próximas de Jobs, nas diferentes fases de sua vida. "Steve Jobs: O Homem e a Máquina" é um retrato significativo de seu legado e do nosso relacionamento com a tecnologia, revelando o gigantesco mito que ele criou deliberadamente e analisando a permanência de seus valores que continuam a moldar a cultura do Vale do Silício até hoje. Confira o trailer (em inglês):

Desde sua morte em 5 de outubro de 2011, muito foi falado, produzido e escrito sobre Steve Jobs. A impecável Biografia de Walter Isaacson talvez tenha sido o material mais completo e honesto que tive contato de lá para cá, até me deparar com essa pérola brilhantemente produzida com o selo da CNN. "Steve Jobs: O Homem e a Máquina" desconstrói, até com certa poesia (o epílogo é uma das coisas mais bonitas e reflexivas que assisti recentemente em uma biografia), a figura mítica de Jobs, humanizando suas atitudes e provocando ótimos questionamentos sobre sua maneira de ver o mundo e de se relacionar com as pessoas.

Tecnicamente perfeito e equilibrando todas as ferramentas essenciais para contar uma boa história, o documentário vai nos detalhes ao mostrar o processo de ascensão de Jobs, expondo suas falhas perante no amigo e co-fundador da Apple, Steve Wozniak; até a sua capacidade empreendedora de mudar um mercado, e percepção das pessoas sobre a tecnologia, mesmo que para isso tenha se afastado da premissa básica da evolução em se tornar um ser humano melhor, mais empático ou digno na relação com seus liderados. Se sua rigidez em todos os projetos se tornou famosa e o deixou com fama de carrasco, o roteiro não romantiza, mas também não esconde como essa postura pode ter influenciado sua equipe, colocando-os na posição de superar limites para conquistar objetivos maiores. 

Essa dicotomia está presente em toda narrativa - o que, admito como fã do protagonista, embaralha a nossa cabeça e a percepção perante o mito: os escândalos das unidades de fabricação dos Iphones na China, os inúmeros casos de suicídios de funcionários da Foxconn e até a relação com os jornalistas da Gizmodo após o vazamento de imagens e informações sobre o Iphone 4, no mínimo, nos fazem refletir sobre o papel de um líder. O fato é que "Steve Jobs: O Homem e a Máquina" é uma aula para empreendedores e um documento histórico para várias gerações, já que a jornada de Jobs se confunde com a disrupção de um mercado que reflete no nosso desenvolvimento como humanidade até hoje.

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Stillwater

"Stillwater" poderia, tranquilamente, ser mais uma série de true crime que tanto nos acostumamos assistir. No entanto, o filme dirigido pelo brilhante Tom McCarthy (de "Spotlight: Segredos Revelados"), vai além daquela premissa envolvente onde a busca pela verdade vai ao encontro da inocência depois de um crime cruel - aqui o filme, mesmo que em muitos momentos soe cadenciado demais, é muito mais provocativo e sabe exatamente como nos tocar a alma com uma atmosfera de melancolia como se fosse a fusão perfeita de "Nomadland"com "Making a Murderer". Sim, aquela desconfortante sensação de perda, de deslocamento e de uma eterna finitude que anuncia sua chegada apenas com o vazio, vai te acompanhar por toda jornada.

A história do filme gira em torno de Bill Baker (Matt Damon), um trabalhador da construção civil de Oklahoma que viaja até Marselha, na França, para visitar sua filha Allison (Abigail Breslin), que está cumprindo pena por um crime que ela alega não ter cometido. Quando novas provas parecem surgir e que poderiam inocentar sua filha, Bill inicia uma cruzada pessoal ao lado da francesa Virginie (Camille Cottin) para reabrir o caso e finalmente encontrar o suposto assassino depois de cinco anos. Confira o trailer (em inglês):

Mesmo que o trailer e a sinopse de "Stillwater" deixem a entender que o roteiro está mais preocupado em acompanhar Bill tentando provar a inocência da filha, posso te garantir que existem camadas emocionais ainda mais profundas ao também retratar a jornada de redenção do personagem. A trama, de fato, se aproveita desses dois gatilhos narrativos e é habilmente construída, alternando momentos de drama, tensão, angustia e até de reflexão, para explorar temas que vão ganhando força, como justiça, família e a difícil jornada de um pai em busca de uma reconciliação com seu passado - a relação de Bill com Virginie e com a filha dela, Maya (Lilou Siauvaud), serve justamente como ponto de equilíbrio entre seus fantasmas do passado e a dura realidade que parece não dar um chance de felicidade para ele.

O roteiro de McCarthy, de Marcus Hinchey ("A Caminho da Fé"), de Thomas Bidegain ("Ferrugem e Osso") e de Noé Debré ("Reputação") é genial - se não na sua estrutura, certamente nos detalhes. Reparem na cena em que Virginie ensaia sua peça de teatro sob os olhos atentos de Bill - em um close-up belíssimo ela diz: “Não há verdade. Apenas histórias para contar”. Uma passagem que pode parecer inofensiva, na verdade serve de gatilho para a transformação que vem a seguir em muitas esferas: da relação entre ela e Bill ao entendimento do crime que colocou Allison na cadeia. Aliás, aqui cabe um comentário pertinente: o elenco é outro ponto forte do filme - Matt Damon entrega uma performance excepcional. Sua interpretação transmite a angústia e a determinação do personagem de forma visceral, enquanto Abigail Breslin se destaca pela complexidade entre a sua vulnerabilidade e o contraste da carga cármica que ela carrega com ódio e repulsa, mesmo que em silêncio.

“Stillwater" (que o Brasil ganhou o didático subtítulo de "Em Busca da Verdade”) pode até parecer ter um grave problema de ritmo, dando a impressão de durar bem mais do que as duas horas e vinte que de fato tem, mas eu diria que o resultado final pode, tranquilamente, ser classificado como um ótimo entretenimento - com uma história que transcende os limites do gênero investigativo para oferecer uma experiência emocionalmente muito mais poderosa e reflexiva do que poderíamos imaginar.

Vale muito o seu play!

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"Stillwater" poderia, tranquilamente, ser mais uma série de true crime que tanto nos acostumamos assistir. No entanto, o filme dirigido pelo brilhante Tom McCarthy (de "Spotlight: Segredos Revelados"), vai além daquela premissa envolvente onde a busca pela verdade vai ao encontro da inocência depois de um crime cruel - aqui o filme, mesmo que em muitos momentos soe cadenciado demais, é muito mais provocativo e sabe exatamente como nos tocar a alma com uma atmosfera de melancolia como se fosse a fusão perfeita de "Nomadland"com "Making a Murderer". Sim, aquela desconfortante sensação de perda, de deslocamento e de uma eterna finitude que anuncia sua chegada apenas com o vazio, vai te acompanhar por toda jornada.

A história do filme gira em torno de Bill Baker (Matt Damon), um trabalhador da construção civil de Oklahoma que viaja até Marselha, na França, para visitar sua filha Allison (Abigail Breslin), que está cumprindo pena por um crime que ela alega não ter cometido. Quando novas provas parecem surgir e que poderiam inocentar sua filha, Bill inicia uma cruzada pessoal ao lado da francesa Virginie (Camille Cottin) para reabrir o caso e finalmente encontrar o suposto assassino depois de cinco anos. Confira o trailer (em inglês):

Mesmo que o trailer e a sinopse de "Stillwater" deixem a entender que o roteiro está mais preocupado em acompanhar Bill tentando provar a inocência da filha, posso te garantir que existem camadas emocionais ainda mais profundas ao também retratar a jornada de redenção do personagem. A trama, de fato, se aproveita desses dois gatilhos narrativos e é habilmente construída, alternando momentos de drama, tensão, angustia e até de reflexão, para explorar temas que vão ganhando força, como justiça, família e a difícil jornada de um pai em busca de uma reconciliação com seu passado - a relação de Bill com Virginie e com a filha dela, Maya (Lilou Siauvaud), serve justamente como ponto de equilíbrio entre seus fantasmas do passado e a dura realidade que parece não dar um chance de felicidade para ele.

O roteiro de McCarthy, de Marcus Hinchey ("A Caminho da Fé"), de Thomas Bidegain ("Ferrugem e Osso") e de Noé Debré ("Reputação") é genial - se não na sua estrutura, certamente nos detalhes. Reparem na cena em que Virginie ensaia sua peça de teatro sob os olhos atentos de Bill - em um close-up belíssimo ela diz: “Não há verdade. Apenas histórias para contar”. Uma passagem que pode parecer inofensiva, na verdade serve de gatilho para a transformação que vem a seguir em muitas esferas: da relação entre ela e Bill ao entendimento do crime que colocou Allison na cadeia. Aliás, aqui cabe um comentário pertinente: o elenco é outro ponto forte do filme - Matt Damon entrega uma performance excepcional. Sua interpretação transmite a angústia e a determinação do personagem de forma visceral, enquanto Abigail Breslin se destaca pela complexidade entre a sua vulnerabilidade e o contraste da carga cármica que ela carrega com ódio e repulsa, mesmo que em silêncio.

“Stillwater" (que o Brasil ganhou o didático subtítulo de "Em Busca da Verdade”) pode até parecer ter um grave problema de ritmo, dando a impressão de durar bem mais do que as duas horas e vinte que de fato tem, mas eu diria que o resultado final pode, tranquilamente, ser classificado como um ótimo entretenimento - com uma história que transcende os limites do gênero investigativo para oferecer uma experiência emocionalmente muito mais poderosa e reflexiva do que poderíamos imaginar.

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Subestimado

No universo do basquete, há nomes que transcendem as quadras e se transformam em verdadeiras lendas. Stephen Curry, também conhecido como "Chef Curry", é indiscutivelmente um desses ícones. Sua trajetória no esporte não apenas redefiniu a maneira como enxergamos o jogo, mas também inspirou uma geração de atletas a repensar os limites do possível. Dito isso fica fácil cravar: essa é uma história que merecia ser contada e acreditem, vai te surpreender! "Subestimado" acerta em cheio ao escolher uma narrativa que privilegia duas linhas temporais que se conectam de uma forma impressionante: uma a partir da carreira universitária de Stephen Curry na Universidade de Davidson e outra mostrando seu lado profissional e algumas relações pessoais já como um astro na NBA.

Unindo imagens de arquivo e entrevistas inéditas, o filme do diretor Peter Nicks (do elogiado documentário da Hulu, "Homeroom") acompanha a extraordinária história de amadurecimento de Stephen Curry, um dos atletas de basquete mais influente, dinâmico e imprevisível da história, além de sua impressionante jornada de ascensão, de um jogador universitário não tão alto e franzino para o super-atleta quatro vezes campeão da NBA. Confira o trailer (em inglês):

Como elemento narrativo, sem dúvida, a história que pouca gente conhece sobre a carreira universitária de Stephen Curry é o que mais vai te surpreender em "Subestimado". Aproveitando a atmosfera de superação dessa parte essencial da sua jornada, e que moldou a lenda do basquete que ele se tornou, o documentário foi muito inteligente em criar pontos de conexão entre o Stephen do passado e o Stephen Curry do presente - como pai, como atleta, como ser humano. Sua passagem marcante pela Universidade de Davidson é simplesmente espetacular, afinal ele praticamente foi renegado por todas grandes universidades do país pela sua pouca estatura, 1,83, e pelo seu porte fisico de 68kg. Curry era visto como um atleta incapaz de voar alto e ele sabia disso, no entanto, pelas mãos do coach Bob McKillop, ele teve sua chance e o resto é história!

Produzido pela A24 e pelo Ryan Coogler (de "Pantera Negra") o filme tem uma dinâmicacinematográfica muito interessante, pois ele praticamente replica a estrutura de um drama esportivo da ficção como "Swagger" ou "Estrada para a Glória" para contar uma história real em um documentário - o foco é o torneio da NCAA de 2008. Sem dúvida que esse foi um ponto de virada na carreira de Curry onde sua performance extraordinária e a capacidade de liderar aquela equipe em uma série de vitórias surpreendentes (20 seguidas) chamaram a atenção nacional. Vale ressaltar que a campanha do título 20/21, onde Golden State Warriors ficou em terceiro na temporada regular, voltando aos playoffs e à final da liga, na qual encontrou o Boston Celtics e venceu por 4 a 2, também é retratada.

"Subestimado" é mais um acerto da AppleTV+. Eu diria que o filme é muito mais do que uma retrospectiva da carreira de Stephen Curry; é um tributo à determinação, ao espírito inovador e à capacidade de inspirar aqueles que são subjugados. Sua jornada do anonimato ao estrelato é um testemunho de como a paixão e o comprometimento podem transformar sonhos em realidade - e aqui não quero parecer "coach de instagram", mas é isso. Através das lentes deste documentário, somos convidados a mergulhar na vida de um atleta que se transformou em ícone entendendo sua limitações e que deixou uma marca indelével no basquete e no coração dos torcedores de Davidson e dos Warriors.

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No universo do basquete, há nomes que transcendem as quadras e se transformam em verdadeiras lendas. Stephen Curry, também conhecido como "Chef Curry", é indiscutivelmente um desses ícones. Sua trajetória no esporte não apenas redefiniu a maneira como enxergamos o jogo, mas também inspirou uma geração de atletas a repensar os limites do possível. Dito isso fica fácil cravar: essa é uma história que merecia ser contada e acreditem, vai te surpreender! "Subestimado" acerta em cheio ao escolher uma narrativa que privilegia duas linhas temporais que se conectam de uma forma impressionante: uma a partir da carreira universitária de Stephen Curry na Universidade de Davidson e outra mostrando seu lado profissional e algumas relações pessoais já como um astro na NBA.

Unindo imagens de arquivo e entrevistas inéditas, o filme do diretor Peter Nicks (do elogiado documentário da Hulu, "Homeroom") acompanha a extraordinária história de amadurecimento de Stephen Curry, um dos atletas de basquete mais influente, dinâmico e imprevisível da história, além de sua impressionante jornada de ascensão, de um jogador universitário não tão alto e franzino para o super-atleta quatro vezes campeão da NBA. Confira o trailer (em inglês):

Como elemento narrativo, sem dúvida, a história que pouca gente conhece sobre a carreira universitária de Stephen Curry é o que mais vai te surpreender em "Subestimado". Aproveitando a atmosfera de superação dessa parte essencial da sua jornada, e que moldou a lenda do basquete que ele se tornou, o documentário foi muito inteligente em criar pontos de conexão entre o Stephen do passado e o Stephen Curry do presente - como pai, como atleta, como ser humano. Sua passagem marcante pela Universidade de Davidson é simplesmente espetacular, afinal ele praticamente foi renegado por todas grandes universidades do país pela sua pouca estatura, 1,83, e pelo seu porte fisico de 68kg. Curry era visto como um atleta incapaz de voar alto e ele sabia disso, no entanto, pelas mãos do coach Bob McKillop, ele teve sua chance e o resto é história!

Produzido pela A24 e pelo Ryan Coogler (de "Pantera Negra") o filme tem uma dinâmicacinematográfica muito interessante, pois ele praticamente replica a estrutura de um drama esportivo da ficção como "Swagger" ou "Estrada para a Glória" para contar uma história real em um documentário - o foco é o torneio da NCAA de 2008. Sem dúvida que esse foi um ponto de virada na carreira de Curry onde sua performance extraordinária e a capacidade de liderar aquela equipe em uma série de vitórias surpreendentes (20 seguidas) chamaram a atenção nacional. Vale ressaltar que a campanha do título 20/21, onde Golden State Warriors ficou em terceiro na temporada regular, voltando aos playoffs e à final da liga, na qual encontrou o Boston Celtics e venceu por 4 a 2, também é retratada.

"Subestimado" é mais um acerto da AppleTV+. Eu diria que o filme é muito mais do que uma retrospectiva da carreira de Stephen Curry; é um tributo à determinação, ao espírito inovador e à capacidade de inspirar aqueles que são subjugados. Sua jornada do anonimato ao estrelato é um testemunho de como a paixão e o comprometimento podem transformar sonhos em realidade - e aqui não quero parecer "coach de instagram", mas é isso. Através das lentes deste documentário, somos convidados a mergulhar na vida de um atleta que se transformou em ícone entendendo sua limitações e que deixou uma marca indelével no basquete e no coração dos torcedores de Davidson e dos Warriors.

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Suncoast

Selecionado para o Festival de Sundance em 2024, "Suncoast" é uma verdadeira pancada emocional, mas de uma beleza e sensibilidade admiráveis - ainda mais sabendo que muito do que vemos na tela faz parte de uma dolorida jornada que a própria diretora e sua família precisaram enfrentar. O filme dirigido pela estreante Laura Chinn captura com maestria a complexa dinâmica familiar e os desafios da vida sob a sombra da morte e aqui, sem cair no sentimentalismo piegas. "Suncoast" mostra o peso da iminência da morte, aquela que assombra, atormenta e sufoca, pela perspectiva de uma adolescente que transita entre a culpa, a angústia, a aflição e o desejo de seguir com sua vida e buscar a felicidade que sua mãe insiste em negar. Dói, eu admito, mas adianto que o roteiro transmite um inegável sentimento de aceitação que nos conforta e nos mantém reflexivos (talvez até positivos) durante todo o filme.

Doris (Nico Parker) é uma adolescente que passou os últimos seis anos ao lado da mãe, Kristine (Laura Linney), ajudando a cuidar do irmão que está gravemente doente. É nesse contexto de dor e revolta que ela acaba conhecendo o excêntrico ativista Paul Warren (Woody Harrelson) que está protestando contra um dos casos médicos mais marcantes do EUA e que acontece justamente na clínica onde o irmão de Doris está. Em um período de auto-descoberta e transformações, Doris se apoia nos conselhos de Paul para encontrar um caminho entre ser uma garota comum, aproveitando sua juventude com os colegas de turma da mesma idade, e viver uma jornada importante de amadurecimento, mesmo acompanhada do luto em vida. Confira o trailer:

Existe uma dor tão ou mais dolorosa do que a difícil tarefa de aceitar que o fim da vida de um ente querido está próximo - é a dor de precisar lidar com a verdade antes mesmo dela acontecer. Chinn (que como atriz se apresentava como Laura Kenley) sentiu isso na pele e com uma sabedoria singular foi capaz de transmitir toda essa confusão sentimental através de Doris e Kristine - é impressionante como ela consegue criar uma atmosfera intimista e muito realista, sem perder de vista uma certa beleza e até alguma poesia, em um momento onde em que a vida insiste em trazer dor e sofrimento. Ok, mas onde encontrar beleza e poesia tendo um filho (ou um irmão, dependendo do ponto de vista) com câncer no cérebro? A resposta não é simples e é justamente por isso que a diretora merece tantos elogios já que ela não romantiza o luto, mas nos posiciona como espectadores de um processo de aceitação muito bem desenvolvido. Veja, tanto Doris quanto Kristine têm seus próprios dilemas e frustrações mais íntimos, isso gera um embate constante, mas as possibilidades de entendimento diante da morte, basicamente é o que as mantém esperançosas perante a vida.

Nada em "Suncoast" é fácil de dirigir - existe uma certa dualidade entre esperança e tristeza que praticamente acompanha as protagonistas durante todo o filme. Aliás, que performances excepcionais! Laura Linney transmite com maestria a angústia e a resiliência de uma mãe que olha para a vida com a dificuldade de aceitar a doença do filho ao mesmo tempo que não admite ver sua outra filha amadurecer e buscar seus caminhos - esse, sem dúvida, é o seu melhor trabalho (e merece nossa atenção ao ponto de não me surpreender se for lembrada na temporada de premiações que vem pela frente). Já Nico Parker é o apoio que Linney. precisava - com muito talento, ela sabe equilibrar sentimentos complexos que partem da negação e da incompreensão até o encontro de uma beleza escondida nas relações sociais com pessoas da sua idade. E é aí que entra o outro pilar dessa tríade: Woody Harrelson - ele é a voz da razão, a figura paterna que carrega suas próprias dores, mas que está sempre disposto a ajudar ou, ao menos, consolar com sabedoria e experiência. Brilhante!

Produzido pelo Hulu, "Suncoast" é um filme difícil, cheio de simbolismos e que vai exigir alguma sensibilidade para entender que o que vemos na tela é só um recorte da dor mais profunda que um ser humano pode sentir. A narrativa é tocante no ponto certo, é vibrante ao não criar exageros ou embates desnecessários, é um convite para a reflexão sobre a importância da família, sobre a fragilidade da vida e, principalmente, sobre a força do amor eterno que nos mantém respirando mesmo dilacerados. Sensível, abordando temas tão delicados e sem a pretenção de ser inesquecível, mas cumprindo o seu papel como um ótimo drama  familiar, "Suncoast" é uma adorável (e viceral) surpresa do Star+!

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Selecionado para o Festival de Sundance em 2024, "Suncoast" é uma verdadeira pancada emocional, mas de uma beleza e sensibilidade admiráveis - ainda mais sabendo que muito do que vemos na tela faz parte de uma dolorida jornada que a própria diretora e sua família precisaram enfrentar. O filme dirigido pela estreante Laura Chinn captura com maestria a complexa dinâmica familiar e os desafios da vida sob a sombra da morte e aqui, sem cair no sentimentalismo piegas. "Suncoast" mostra o peso da iminência da morte, aquela que assombra, atormenta e sufoca, pela perspectiva de uma adolescente que transita entre a culpa, a angústia, a aflição e o desejo de seguir com sua vida e buscar a felicidade que sua mãe insiste em negar. Dói, eu admito, mas adianto que o roteiro transmite um inegável sentimento de aceitação que nos conforta e nos mantém reflexivos (talvez até positivos) durante todo o filme.

Doris (Nico Parker) é uma adolescente que passou os últimos seis anos ao lado da mãe, Kristine (Laura Linney), ajudando a cuidar do irmão que está gravemente doente. É nesse contexto de dor e revolta que ela acaba conhecendo o excêntrico ativista Paul Warren (Woody Harrelson) que está protestando contra um dos casos médicos mais marcantes do EUA e que acontece justamente na clínica onde o irmão de Doris está. Em um período de auto-descoberta e transformações, Doris se apoia nos conselhos de Paul para encontrar um caminho entre ser uma garota comum, aproveitando sua juventude com os colegas de turma da mesma idade, e viver uma jornada importante de amadurecimento, mesmo acompanhada do luto em vida. Confira o trailer:

Existe uma dor tão ou mais dolorosa do que a difícil tarefa de aceitar que o fim da vida de um ente querido está próximo - é a dor de precisar lidar com a verdade antes mesmo dela acontecer. Chinn (que como atriz se apresentava como Laura Kenley) sentiu isso na pele e com uma sabedoria singular foi capaz de transmitir toda essa confusão sentimental através de Doris e Kristine - é impressionante como ela consegue criar uma atmosfera intimista e muito realista, sem perder de vista uma certa beleza e até alguma poesia, em um momento onde em que a vida insiste em trazer dor e sofrimento. Ok, mas onde encontrar beleza e poesia tendo um filho (ou um irmão, dependendo do ponto de vista) com câncer no cérebro? A resposta não é simples e é justamente por isso que a diretora merece tantos elogios já que ela não romantiza o luto, mas nos posiciona como espectadores de um processo de aceitação muito bem desenvolvido. Veja, tanto Doris quanto Kristine têm seus próprios dilemas e frustrações mais íntimos, isso gera um embate constante, mas as possibilidades de entendimento diante da morte, basicamente é o que as mantém esperançosas perante a vida.

Nada em "Suncoast" é fácil de dirigir - existe uma certa dualidade entre esperança e tristeza que praticamente acompanha as protagonistas durante todo o filme. Aliás, que performances excepcionais! Laura Linney transmite com maestria a angústia e a resiliência de uma mãe que olha para a vida com a dificuldade de aceitar a doença do filho ao mesmo tempo que não admite ver sua outra filha amadurecer e buscar seus caminhos - esse, sem dúvida, é o seu melhor trabalho (e merece nossa atenção ao ponto de não me surpreender se for lembrada na temporada de premiações que vem pela frente). Já Nico Parker é o apoio que Linney. precisava - com muito talento, ela sabe equilibrar sentimentos complexos que partem da negação e da incompreensão até o encontro de uma beleza escondida nas relações sociais com pessoas da sua idade. E é aí que entra o outro pilar dessa tríade: Woody Harrelson - ele é a voz da razão, a figura paterna que carrega suas próprias dores, mas que está sempre disposto a ajudar ou, ao menos, consolar com sabedoria e experiência. Brilhante!

Produzido pelo Hulu, "Suncoast" é um filme difícil, cheio de simbolismos e que vai exigir alguma sensibilidade para entender que o que vemos na tela é só um recorte da dor mais profunda que um ser humano pode sentir. A narrativa é tocante no ponto certo, é vibrante ao não criar exageros ou embates desnecessários, é um convite para a reflexão sobre a importância da família, sobre a fragilidade da vida e, principalmente, sobre a força do amor eterno que nos mantém respirando mesmo dilacerados. Sensível, abordando temas tão delicados e sem a pretenção de ser inesquecível, mas cumprindo o seu papel como um ótimo drama  familiar, "Suncoast" é uma adorável (e viceral) surpresa do Star+!

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Super/Man

Muito emocionante na sua essência e reflexivo na sua proposta, assim é o excelente "Super/Man: A História de Christopher Reeve"! Esse documentário dirigido por Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, ambos do premiado "McQueen" de 2018, é um retrato profundamente comovente e inspirador de um homem que transcendeu seu papel icônico como o Super-Homem no cinema para se tornar um símbolo global de resiliência, coragem e determinação. A produção combina com muito equilíbrio e sensibilidade, a ascensão de Christopher Reeve ao estrelato com sua luta monumental para encontrar uma cura para lesões na medula espinhal após o acidente que o deixou tetraplégico, entregando uma narrativa que vai te deixar grudado na tela da Max!

O documentário é basicamente dividido em duas linhas temporais. A primeira aborda a vida de Reeve antes do acidente, explorando sua carreira de ator, desde sua formação no teatro até sua meteórica ascensão como o protagonista de "Superman: O Filme" em 1978. A segunda, porém, é o coração emocional da narrativa. Após o trágico acidente em 1995, Reeve transformou sua luta pessoal em uma missão pública, tornando-se um dos maiores defensores da pesquisa sobre lesões na medula espinhal. A obra mergulha em sua vida após o acidente, destacando sua determinação inabalável em enfrentar desafios físicos e emocionais enquanto liderava uma cruzada para trazer esperança a milhões de pessoas com deficiências. Confira o trailer:

Bonhôte e Ettedgui utilizam imagens de arquivo inéditas (inclusive de acervo pessoal), entrevistas com colegas de trabalho e cenas dos bastidores de seus filmes, para pintar o retrato de um ator dedicado e de um homem profundamente comprometido com suas crenças. "Super/Man" revela o lado humano de Reeve, mostrando sua paixão pela arte, seu senso de humor e a complexidade de lidar com a fama repentina. Por outro lado, os diretores também trazem para os holofotes, familiares (especialmente os três filhos e Reeve) e médicos especialistas, para explorar o impacto do acidente e como o ator se viu na posição de transformar o mundo através da ciência e da filantropia. Bonhôte e Ettedgui equilibram habilmente o tom inspirador da história com momentos de introspecção mais pesados, lembrando muito do que vimos em "Val" ou em "Gleason".

Tecnicamente, o documentário é primoroso.A montagem alterna entre cenas emblemáticas de Reeve como Super-Homem e momentos reais de sua vida pessoal, criando um contraste poderoso entre o herói invencível da ficção e o homem vulnerável que enfrentou desafios inimagináveis. Essa justaposição reforça a mensagem central do documentário: a verdadeira força de Christopher Reeve não estava em sua capacidade de voar, mas em sua determinação de se levantar, mesmo fisicamente incapaz. Nesse sentido, as entrevistas com seus filhos se tornam um dos pontos altos do documentário -  são depoimentos sinceros e emocionantes, revelando um lado de Reeve que poucos conheciam. Sua esposa, Dana Reeve, vale reforçar, recebe um destaque especial, com o documentário reconhecendo seu papel como uma parceira inabalável em sua jornada, pessoal e pública. Enquanto a curiosidade fica pela relação de irmãos que Reeve tinha com o saudoso Robin Williams.

"Super/Man: A História de Christopher Reeve", claro, é uma celebração profundamente tocante de um homem que, mesmo diante de adversidades esmagadoras, encontrou forças para inspirar milhões - não foi fácil e o roteiro não se exime de pontuar esse lado também. Dirigido com precisão por Bonhôte e Ettedgui, o documentário brilha por capturar não apenas o brilho de Reeve como ator, mas também sua grandeza como ser humano. Dito isso, fica fácil afirmar que "Super/Man" é uma experiência poderosa que vai ressoar muito além da tela, reafirmando o verdadeiro significado de ser um herói, mesmo soando poético demais. Para fãs do cinema com mais de 45 anos, de histórias de superação ou aqueles em busca por alguma reflexão sobre a vida, essa produção é realmente indispensável.

Vale muito o seu play!

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Muito emocionante na sua essência e reflexivo na sua proposta, assim é o excelente "Super/Man: A História de Christopher Reeve"! Esse documentário dirigido por Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, ambos do premiado "McQueen" de 2018, é um retrato profundamente comovente e inspirador de um homem que transcendeu seu papel icônico como o Super-Homem no cinema para se tornar um símbolo global de resiliência, coragem e determinação. A produção combina com muito equilíbrio e sensibilidade, a ascensão de Christopher Reeve ao estrelato com sua luta monumental para encontrar uma cura para lesões na medula espinhal após o acidente que o deixou tetraplégico, entregando uma narrativa que vai te deixar grudado na tela da Max!

O documentário é basicamente dividido em duas linhas temporais. A primeira aborda a vida de Reeve antes do acidente, explorando sua carreira de ator, desde sua formação no teatro até sua meteórica ascensão como o protagonista de "Superman: O Filme" em 1978. A segunda, porém, é o coração emocional da narrativa. Após o trágico acidente em 1995, Reeve transformou sua luta pessoal em uma missão pública, tornando-se um dos maiores defensores da pesquisa sobre lesões na medula espinhal. A obra mergulha em sua vida após o acidente, destacando sua determinação inabalável em enfrentar desafios físicos e emocionais enquanto liderava uma cruzada para trazer esperança a milhões de pessoas com deficiências. Confira o trailer:

Bonhôte e Ettedgui utilizam imagens de arquivo inéditas (inclusive de acervo pessoal), entrevistas com colegas de trabalho e cenas dos bastidores de seus filmes, para pintar o retrato de um ator dedicado e de um homem profundamente comprometido com suas crenças. "Super/Man" revela o lado humano de Reeve, mostrando sua paixão pela arte, seu senso de humor e a complexidade de lidar com a fama repentina. Por outro lado, os diretores também trazem para os holofotes, familiares (especialmente os três filhos e Reeve) e médicos especialistas, para explorar o impacto do acidente e como o ator se viu na posição de transformar o mundo através da ciência e da filantropia. Bonhôte e Ettedgui equilibram habilmente o tom inspirador da história com momentos de introspecção mais pesados, lembrando muito do que vimos em "Val" ou em "Gleason".

Tecnicamente, o documentário é primoroso.A montagem alterna entre cenas emblemáticas de Reeve como Super-Homem e momentos reais de sua vida pessoal, criando um contraste poderoso entre o herói invencível da ficção e o homem vulnerável que enfrentou desafios inimagináveis. Essa justaposição reforça a mensagem central do documentário: a verdadeira força de Christopher Reeve não estava em sua capacidade de voar, mas em sua determinação de se levantar, mesmo fisicamente incapaz. Nesse sentido, as entrevistas com seus filhos se tornam um dos pontos altos do documentário -  são depoimentos sinceros e emocionantes, revelando um lado de Reeve que poucos conheciam. Sua esposa, Dana Reeve, vale reforçar, recebe um destaque especial, com o documentário reconhecendo seu papel como uma parceira inabalável em sua jornada, pessoal e pública. Enquanto a curiosidade fica pela relação de irmãos que Reeve tinha com o saudoso Robin Williams.

"Super/Man: A História de Christopher Reeve", claro, é uma celebração profundamente tocante de um homem que, mesmo diante de adversidades esmagadoras, encontrou forças para inspirar milhões - não foi fácil e o roteiro não se exime de pontuar esse lado também. Dirigido com precisão por Bonhôte e Ettedgui, o documentário brilha por capturar não apenas o brilho de Reeve como ator, mas também sua grandeza como ser humano. Dito isso, fica fácil afirmar que "Super/Man" é uma experiência poderosa que vai ressoar muito além da tela, reafirmando o verdadeiro significado de ser um herói, mesmo soando poético demais. Para fãs do cinema com mais de 45 anos, de histórias de superação ou aqueles em busca por alguma reflexão sobre a vida, essa produção é realmente indispensável.

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Superpoderosos

Bem na linha dos documentários "Stan Lee" e "Marvel Stories", "Superpoderosos - A História da DC" traça um coerente e interessante paralelo entre o mercado editorial de HQs nos EUA, a força de sua propriedade intelectual e a jornada da DC em todas as mídias sob o enfoque social, cultural e também corporativo. Embora em alguns momentos, a minissérie em três partes possa parecer um amontoado de "extras" dos filmes da própria DC ao longo de décadas, é de se elogiar como o roteiro é capaz de conectar os pontos, criando uma linha temporal bastante dinâmica para contar essa história que soa como um fio de esperança para os fãs, mais ou menos como: "nós já erramos antes, mas encontramos um caminho. Acredite mais uma vez"! 

"Superpoderosos - A História da DC" é um mergulho no legado duradouro e influente da DC que permite aos fãs redescobrirem o universo de personagens, as origens da icônica empresa de quadrinhos, seu desenvolvimento e o impacto de quase nove décadas da DC em todas as formas de arte. Confira o trailer:

Sem dúvida que o ponto alto dessa produção da HBO está na forma como a narrativa consegue expor a complexidade que é lidar com uma marca como a DC. O recorte histórico é riquíssimo, embora soe apressado e nem tão atual - já que nada se comenta sobre o novo DCU ou a chegada de Gunn para comandar o reboot do universo. No entanto, é possível perceber um tom de esperança quando o documentário analisa os desafios enfrentados pela empresa ao longo dos anos, incluindo momentos delicados, de controvérsia, como as polêmicas mudanças de continuidade, crises e reformulações editoriais. Esses momentos, enaltece a narrativa, se mostram fundamentais para moldar valor da DC que conhecemos hoje - e de fato, a empresa parece ter uma habilidade fora do comum tanto para se reinventar como para tomar decisões bem duvidosas.

A minissérie dirigida pela talentosa Leslie Iwerks (de "A História do Imagineering") começa por traçar as origens humildes da DC nas páginas de quadrinhos na década de 1930 (muito, mas muito antes da Marvel existir), destacando a criação de personagens lendários como Superman, Batman, Flash e Mulher-Maravilha. Ao longo dos episódios, o roteiro aborda temas interessantes como a DC criou e expandiu seu multiverso, disruptando um mercado marcado pela linearidade de seus arcos. Repare como o conceito aplicado nas HQs parece se repetir agora no cinema - é quase como se a empresa fomentasse uma espécie de liberdade editorial para que todos os heróis e vilões de seu catálogo se modernizassem para que os autores e diretores pudessem explorar várias realidades.

Sempre com depoimentos de autores, diretores e produtores, "The DC Story" (no original), explora a influência da DC no cinema, com o clássico "Superman: O Filme" de 1978, que trouxe a aura dos super-heróis para a tela grande, até as recentes produções como "Cavaleiro da Trevas", "Liga da Justiça", "Aquaman" e "Mulher-Maravilha". A jornada na TV com suas populares séries do Arrowverse, como "Arrow", "The Flash e "Supergirl", também foram lembradas e explicam como essas produções abraçaram a mitologia dos HQs e criaram histórias envolventes que vieram cativando os fãs de todas as idades desde as animações clássicas como "Superamigos".

Para quem gosta do assunto, realmente "Superpoderosos - A História da DC" é imperdível. Eu diria que esse overview nos dá a exata noção do tamanho e da importância da DC para a cultura pop mundial, sem se abster dos seus erros estratégicos e da sua capacidade de se adaptar aos tempos, o documentário celebra com muita honestidade a riqueza de seu universo, que continua a inspirar gerações de fãs em todo o mundo.

Vale seu play!

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Bem na linha dos documentários "Stan Lee" e "Marvel Stories", "Superpoderosos - A História da DC" traça um coerente e interessante paralelo entre o mercado editorial de HQs nos EUA, a força de sua propriedade intelectual e a jornada da DC em todas as mídias sob o enfoque social, cultural e também corporativo. Embora em alguns momentos, a minissérie em três partes possa parecer um amontoado de "extras" dos filmes da própria DC ao longo de décadas, é de se elogiar como o roteiro é capaz de conectar os pontos, criando uma linha temporal bastante dinâmica para contar essa história que soa como um fio de esperança para os fãs, mais ou menos como: "nós já erramos antes, mas encontramos um caminho. Acredite mais uma vez"! 

"Superpoderosos - A História da DC" é um mergulho no legado duradouro e influente da DC que permite aos fãs redescobrirem o universo de personagens, as origens da icônica empresa de quadrinhos, seu desenvolvimento e o impacto de quase nove décadas da DC em todas as formas de arte. Confira o trailer:

Sem dúvida que o ponto alto dessa produção da HBO está na forma como a narrativa consegue expor a complexidade que é lidar com uma marca como a DC. O recorte histórico é riquíssimo, embora soe apressado e nem tão atual - já que nada se comenta sobre o novo DCU ou a chegada de Gunn para comandar o reboot do universo. No entanto, é possível perceber um tom de esperança quando o documentário analisa os desafios enfrentados pela empresa ao longo dos anos, incluindo momentos delicados, de controvérsia, como as polêmicas mudanças de continuidade, crises e reformulações editoriais. Esses momentos, enaltece a narrativa, se mostram fundamentais para moldar valor da DC que conhecemos hoje - e de fato, a empresa parece ter uma habilidade fora do comum tanto para se reinventar como para tomar decisões bem duvidosas.

A minissérie dirigida pela talentosa Leslie Iwerks (de "A História do Imagineering") começa por traçar as origens humildes da DC nas páginas de quadrinhos na década de 1930 (muito, mas muito antes da Marvel existir), destacando a criação de personagens lendários como Superman, Batman, Flash e Mulher-Maravilha. Ao longo dos episódios, o roteiro aborda temas interessantes como a DC criou e expandiu seu multiverso, disruptando um mercado marcado pela linearidade de seus arcos. Repare como o conceito aplicado nas HQs parece se repetir agora no cinema - é quase como se a empresa fomentasse uma espécie de liberdade editorial para que todos os heróis e vilões de seu catálogo se modernizassem para que os autores e diretores pudessem explorar várias realidades.

Sempre com depoimentos de autores, diretores e produtores, "The DC Story" (no original), explora a influência da DC no cinema, com o clássico "Superman: O Filme" de 1978, que trouxe a aura dos super-heróis para a tela grande, até as recentes produções como "Cavaleiro da Trevas", "Liga da Justiça", "Aquaman" e "Mulher-Maravilha". A jornada na TV com suas populares séries do Arrowverse, como "Arrow", "The Flash e "Supergirl", também foram lembradas e explicam como essas produções abraçaram a mitologia dos HQs e criaram histórias envolventes que vieram cativando os fãs de todas as idades desde as animações clássicas como "Superamigos".

Para quem gosta do assunto, realmente "Superpoderosos - A História da DC" é imperdível. Eu diria que esse overview nos dá a exata noção do tamanho e da importância da DC para a cultura pop mundial, sem se abster dos seus erros estratégicos e da sua capacidade de se adaptar aos tempos, o documentário celebra com muita honestidade a riqueza de seu universo, que continua a inspirar gerações de fãs em todo o mundo.

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Swagger

"Swagger" não tem um conceito experimental como Ava DuVernay aplicou em  "Colin em Preto e Branco", mas muitos dos elementos narrativos usados nessa ficção para construir a jornada de um astro real do esporte estão, de fato, bastante parecidos. Veja, se na série da Netflix todos os holofotes estavam em cima de Colin Kaepernick, aqui a atenção é toda para Kevin Durant, mesmo que através de um outro protagonista, Jace Carson (Isaiah Hill). Em dez episódios, "Swagger" usa de seu arco principal, apoiado no esporte, para discutir desde os ideais de superação, autoestima e resiliência até temas mais delicados como o abandono parental e a tensão racial impregnada na sociedade americana.

"Swagger" acompanha os bastidores da liga de basquete Amateur Athletic Union e apresenta o cotidiano de jovens promissores do esporte, ao mesmo tempo em que explora o relacionamento dos atletas com a família e treinadores, enquanto tentam realizar o sonho de se tornar profissionais e um dia fazer parte da NBA. Com muita ambição e em busca de seus objetivos, alguns deles se submetem a situações oportunistas e até mesmo corruptas na expectativa de avançar na carreira. Confira o trailer (em inglês):

Inspirada no início da carreira de Kevin Durant, mas transportada para os dias de hoje, "Swagger" não é um retrato 100% realista como já estamos acostumados a assistir em produções como "Nada é de Bandeja", "Brooklyn Saints: Paixão pelo Esporte"ou até "Last Chance U" (que inclusive tem uma espécie de spin-off focado no basquete), mas soube equilibrar muito bem fatos (bastante atuais como o impacto da pandemia) com ficção. Essa série original da Apple TV+ é, na verdade, uma versão mais madura de um grande sucesso da TV aberta americana chamado "One Tree Hill" ou, no Brasil, "Lances da Vida". 

"One Tree Hill" tinha a paixão pelo esporte como pano de fundo para discutir as questões da juventude da época - graças ao seu enorme sucesso durou 8 temporadas, tendo sua estreia em 2003. Criada por Mark Schwahn (roteirista de "Coach Carter") a série era uma versão de "The OC" estabelecida no universo do basquete colegial. Em "Swagger", é preciso admitir, o drama "real" está muito mais enraizado na essência da narrativa do que sua antecessora, embora brigue a todo momento para se afastar das soluções mais fantasiosas do roteiro - as vezes consegue, outras nem tanto. Tenho a impressão que após o sétimo episódio da primeira temporada, esse posicionamento mais corajoso dos roteiristas acaba ganhando força e a voz tímida de uma crítica se transforma em potentes gritos de socorro - algumas cenas são chocantes, indigestas e não escondem assuntos bem espinhosos.

Assédio sexual infantil, racismo, bullying e violência policial estão na série - mesmo que pontuado de uma forma bem homeopática. Isaiah Hill, o Jace, não usou dublê dentro de quadra e isso ajuda na naturalidade do balé esportivo comandado pelos diretores, mas no único momento que exigiu mais de sua capacidade dramática como ator, ele não segurou a onda. Já O'Shea Jackson Jr., o coach Isaac 'Ike' Edwards, brilha muito - cheio de camadas, ele chama atenção por uma performance complexa, onde o range emocional varia muito de cena para cena e mesmo assim ele não deixa a peteca cair. Olho nele!

Embora flerte com um mood mais sombrio em algumas passagens, eu diria "Swagger" é até que leve e gostoso de assistir. As cenas dentro de quadra são muito bem realizadas, embora sejam quase sempre óbvias. De fato, a experiência é boa, nos importamos com os personagens e torcemos pelo time mesmo já sabendo o final, tudo isso embalados com uma trilha sonora incrível e disputas pessoais e esportivas bem construídas - como Nathan (James Lafferty) e Lucas (Chad Michael Murray) em "One Tree Hill", mas dessa vez com o carimbo visceral de Kevin Durant.

Se conseguir amarrar todas as pontas que ficaram abertas nessa primeira temporada, "Swagger" pode voltar ainda mais forte! Vale o play!

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"Swagger" não tem um conceito experimental como Ava DuVernay aplicou em  "Colin em Preto e Branco", mas muitos dos elementos narrativos usados nessa ficção para construir a jornada de um astro real do esporte estão, de fato, bastante parecidos. Veja, se na série da Netflix todos os holofotes estavam em cima de Colin Kaepernick, aqui a atenção é toda para Kevin Durant, mesmo que através de um outro protagonista, Jace Carson (Isaiah Hill). Em dez episódios, "Swagger" usa de seu arco principal, apoiado no esporte, para discutir desde os ideais de superação, autoestima e resiliência até temas mais delicados como o abandono parental e a tensão racial impregnada na sociedade americana.

"Swagger" acompanha os bastidores da liga de basquete Amateur Athletic Union e apresenta o cotidiano de jovens promissores do esporte, ao mesmo tempo em que explora o relacionamento dos atletas com a família e treinadores, enquanto tentam realizar o sonho de se tornar profissionais e um dia fazer parte da NBA. Com muita ambição e em busca de seus objetivos, alguns deles se submetem a situações oportunistas e até mesmo corruptas na expectativa de avançar na carreira. Confira o trailer (em inglês):

Inspirada no início da carreira de Kevin Durant, mas transportada para os dias de hoje, "Swagger" não é um retrato 100% realista como já estamos acostumados a assistir em produções como "Nada é de Bandeja", "Brooklyn Saints: Paixão pelo Esporte"ou até "Last Chance U" (que inclusive tem uma espécie de spin-off focado no basquete), mas soube equilibrar muito bem fatos (bastante atuais como o impacto da pandemia) com ficção. Essa série original da Apple TV+ é, na verdade, uma versão mais madura de um grande sucesso da TV aberta americana chamado "One Tree Hill" ou, no Brasil, "Lances da Vida". 

"One Tree Hill" tinha a paixão pelo esporte como pano de fundo para discutir as questões da juventude da época - graças ao seu enorme sucesso durou 8 temporadas, tendo sua estreia em 2003. Criada por Mark Schwahn (roteirista de "Coach Carter") a série era uma versão de "The OC" estabelecida no universo do basquete colegial. Em "Swagger", é preciso admitir, o drama "real" está muito mais enraizado na essência da narrativa do que sua antecessora, embora brigue a todo momento para se afastar das soluções mais fantasiosas do roteiro - as vezes consegue, outras nem tanto. Tenho a impressão que após o sétimo episódio da primeira temporada, esse posicionamento mais corajoso dos roteiristas acaba ganhando força e a voz tímida de uma crítica se transforma em potentes gritos de socorro - algumas cenas são chocantes, indigestas e não escondem assuntos bem espinhosos.

Assédio sexual infantil, racismo, bullying e violência policial estão na série - mesmo que pontuado de uma forma bem homeopática. Isaiah Hill, o Jace, não usou dublê dentro de quadra e isso ajuda na naturalidade do balé esportivo comandado pelos diretores, mas no único momento que exigiu mais de sua capacidade dramática como ator, ele não segurou a onda. Já O'Shea Jackson Jr., o coach Isaac 'Ike' Edwards, brilha muito - cheio de camadas, ele chama atenção por uma performance complexa, onde o range emocional varia muito de cena para cena e mesmo assim ele não deixa a peteca cair. Olho nele!

Embora flerte com um mood mais sombrio em algumas passagens, eu diria "Swagger" é até que leve e gostoso de assistir. As cenas dentro de quadra são muito bem realizadas, embora sejam quase sempre óbvias. De fato, a experiência é boa, nos importamos com os personagens e torcemos pelo time mesmo já sabendo o final, tudo isso embalados com uma trilha sonora incrível e disputas pessoais e esportivas bem construídas - como Nathan (James Lafferty) e Lucas (Chad Michael Murray) em "One Tree Hill", mas dessa vez com o carimbo visceral de Kevin Durant.

Se conseguir amarrar todas as pontas que ficaram abertas nessa primeira temporada, "Swagger" pode voltar ainda mais forte! Vale o play!

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Swimming with Sharks

Um entretenimento rápido, assim é "Swimming with Sharks", produção da Roku, mas distribuída no Brasil pela Prime Vídeo. O lado bom é que, sendo curta, a narrativa realmente é bem dinâmica e sempre está acontecendo alguma coisa que nos prende à história. O lado ruim é que temos uma sensação constante de que alguns plots poderiam (e deveriam) ser melhor desenvolvidos. Criada por Kathleen Robertson e dirigida por Tucker Gates, a série é uma releitura contemporânea do filme homônimo de 1994, que de certa forma satiriza a crueldade e as disputas de poder no mundo corporativo de Hollywood - eu diria que tem um ar de "O Diabo Veste Prada" , mas com o foco no cinema e não na moda. Nessa nova adaptação, a narrativa não apenas atualiza a história para refletir as estruturas atuais da indústria do entretenimento, mas também mergulha mais profundamente nos dilemas éticos, nas obsessões e nos jogos de manipulação que permeiam esse universo - mesmo que em alguns momentos exagere no tom. Assim como produções como "Succession" ou "Industry", "Swimming with Sharks" traz o drama psicológico como matéria-prima para expor as intrigas de bastidores em um mundo competitivo e muitas vezes implacável, só que com uma pegada mais moderninha.

A trama gira em torno de Lou Simms (Kiernan Shipka), uma jovem estagiária que entra em uma influente empresa de produção cinematográfica liderada pela poderosa Joyce Holt (Diane Kruger). O que começa como uma história de uma ambiciosa recém-chegada em busca de reconhecimento, rapidamente se transforma em um perigoso jogo psicológico de manipulação, onde Lou revela ser muito mais astuta do que aparenta. À medida que as relações entre Lou, Joyce e outros membros do escritório se complicam, a série desenvolve uma teia de segredos, traições e obsessões que desafiam a audiência a reconsiderar suas percepções sobre os personagens. Confira o trailer:

A atriz Kathleen Robertson, em sua estreia como criadora de séries, entrega um roteiro afiado que pontua o drama psicológico com diálogos mais expositivos para dar um tom menos naturalista à narrativa. O roteiro é estruturado de forma a manter a audiência constantemente questionando as motivações de Lou e o verdadeiro alcance de sua ambição. O interessante, no entanto, é como Robertson atualiza a crítica à indústria, incluindo comentários sobre poder e misoginia, expondo as complexas dinâmicas de gênero que ainda moldam Hollywood. A direção de Tucker Gates (não por acaso de "The Morning Show") é precisa ao capturar o brilho superficial e a escuridão subjacente daquele contexto que a série retrata. Tucker tentar alinhar a proposta mais jovem do texto de Robertson com uma gramática mais adulta de interpretação - nem sempre funciona, mas sem dúvida cria um identidade que tende a melhorar com o tempo. 

Kiernan Shipka alterna entre a imaturidade de uma estagiária idealista com a frieza calculista de uma mulher manipuladora implacável. Já Diane Kruger traz camadas mais complexas à sua personagem, que é ao mesmo tempo uma líder feroz e uma mulher presa em um sistema que exige perfeição e submissão às regras de poder - talvez aqui o texto de Robertson apresente algumas fraquezas, pois Kruger já demonstrou em "Joika" que pode ir muito além com personagens desse perfil. Por outro lado, a química entre Shipka e Kruger é palpável, tornando suas interações bem interessantes. Aliás, repare como os ambientes corporativos são fotografados com uma paleta fria e moderna para refletir essa desconexão emocional e os jogos de poder que dominam a relação entre as duas - essa sensação de constante inquietação entre elas merece elogios.

"Swimming with Sharks" é uma série intrigante que atualiza a crítica feroz aos bastidores de Hollywood para os desafios e nuances do século XXI, mas saiba que não tem a profundidade e o esmero narrativo de "Succession", por exemplo. É preciso alinhar esse conceito, pois mesmo a produção sendo um olhar fascinante sobre os jogos de poder, as ambições humanas e as consequências de ultrapassar limites, o que vale aqui é mesmo o entretenimento rápido e divertido.

Vale seu play!

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Um entretenimento rápido, assim é "Swimming with Sharks", produção da Roku, mas distribuída no Brasil pela Prime Vídeo. O lado bom é que, sendo curta, a narrativa realmente é bem dinâmica e sempre está acontecendo alguma coisa que nos prende à história. O lado ruim é que temos uma sensação constante de que alguns plots poderiam (e deveriam) ser melhor desenvolvidos. Criada por Kathleen Robertson e dirigida por Tucker Gates, a série é uma releitura contemporânea do filme homônimo de 1994, que de certa forma satiriza a crueldade e as disputas de poder no mundo corporativo de Hollywood - eu diria que tem um ar de "O Diabo Veste Prada" , mas com o foco no cinema e não na moda. Nessa nova adaptação, a narrativa não apenas atualiza a história para refletir as estruturas atuais da indústria do entretenimento, mas também mergulha mais profundamente nos dilemas éticos, nas obsessões e nos jogos de manipulação que permeiam esse universo - mesmo que em alguns momentos exagere no tom. Assim como produções como "Succession" ou "Industry", "Swimming with Sharks" traz o drama psicológico como matéria-prima para expor as intrigas de bastidores em um mundo competitivo e muitas vezes implacável, só que com uma pegada mais moderninha.

A trama gira em torno de Lou Simms (Kiernan Shipka), uma jovem estagiária que entra em uma influente empresa de produção cinematográfica liderada pela poderosa Joyce Holt (Diane Kruger). O que começa como uma história de uma ambiciosa recém-chegada em busca de reconhecimento, rapidamente se transforma em um perigoso jogo psicológico de manipulação, onde Lou revela ser muito mais astuta do que aparenta. À medida que as relações entre Lou, Joyce e outros membros do escritório se complicam, a série desenvolve uma teia de segredos, traições e obsessões que desafiam a audiência a reconsiderar suas percepções sobre os personagens. Confira o trailer:

A atriz Kathleen Robertson, em sua estreia como criadora de séries, entrega um roteiro afiado que pontua o drama psicológico com diálogos mais expositivos para dar um tom menos naturalista à narrativa. O roteiro é estruturado de forma a manter a audiência constantemente questionando as motivações de Lou e o verdadeiro alcance de sua ambição. O interessante, no entanto, é como Robertson atualiza a crítica à indústria, incluindo comentários sobre poder e misoginia, expondo as complexas dinâmicas de gênero que ainda moldam Hollywood. A direção de Tucker Gates (não por acaso de "The Morning Show") é precisa ao capturar o brilho superficial e a escuridão subjacente daquele contexto que a série retrata. Tucker tentar alinhar a proposta mais jovem do texto de Robertson com uma gramática mais adulta de interpretação - nem sempre funciona, mas sem dúvida cria um identidade que tende a melhorar com o tempo. 

Kiernan Shipka alterna entre a imaturidade de uma estagiária idealista com a frieza calculista de uma mulher manipuladora implacável. Já Diane Kruger traz camadas mais complexas à sua personagem, que é ao mesmo tempo uma líder feroz e uma mulher presa em um sistema que exige perfeição e submissão às regras de poder - talvez aqui o texto de Robertson apresente algumas fraquezas, pois Kruger já demonstrou em "Joika" que pode ir muito além com personagens desse perfil. Por outro lado, a química entre Shipka e Kruger é palpável, tornando suas interações bem interessantes. Aliás, repare como os ambientes corporativos são fotografados com uma paleta fria e moderna para refletir essa desconexão emocional e os jogos de poder que dominam a relação entre as duas - essa sensação de constante inquietação entre elas merece elogios.

"Swimming with Sharks" é uma série intrigante que atualiza a crítica feroz aos bastidores de Hollywood para os desafios e nuances do século XXI, mas saiba que não tem a profundidade e o esmero narrativo de "Succession", por exemplo. É preciso alinhar esse conceito, pois mesmo a produção sendo um olhar fascinante sobre os jogos de poder, as ambições humanas e as consequências de ultrapassar limites, o que vale aqui é mesmo o entretenimento rápido e divertido.

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Talento e Fé

"Talento e Fé" é um amontoado de clichês, mas, sinceramente, pouco importa, o filme é muito bacana - principalmente por se tratar de uma história real e inspiradora onde o esporte é o pano de fundo, no caso o futebol americano. Talvez o que possa incomodar alguns é sua deliberada linha religiosa e aqui cabe um comentário de quem analisa um filme como obra artística e não como panfletagem: não atrapalha a experiência, mesmo que em alguns momentos o roteiro tenha pesado um pouco demais na mão, porém, também é preciso admitir que o filme tem uma mensagem muito honesta e nos provoca uma reflexão que vai além da crença de cada um.

O filme acompanha a história de Tony Nathan (Caleb Castille) um jovem negro, jogador de futebol americano, que representa uma escola de Birmingham, no Alabama, e que diariamente precisa lutar contra as pressões sociais e raciais para encontrar seu espaço na sociedade e no esporte, em um momento histórico dos EUA onde o racismo extrapola os discursos de políticos extremistas. Talentoso, mas considerado um perdedor, Tony sofre com a desunião do time até que o pregador Hank Erwin (Sean Astin, do inesquecível "Rudy") surge com uma mensagem de fé e assim consegue iniciar uma verdadeira transformação nos jogadores e em todos que os rodeiam. Confira o trailer:

Tecnicamente, os diretores Andrew Erwin e Jon Erwin souberam captar a atmosfera esportiva tão cultural da sociedade americana com a mesma capacidade em que criaram ótimas cenas de ação em campo - se não com a maestria de Oliver Stone em "Um Domingo Qualquer", pelo menos com sua competência. A montagem, inclusive, foi muito feliz em alternar cenas reais com reconstituições bastante fiéis, trazendo para o filme um conceito quase documental e que valida o maior objetivo do roteiro: mostrar que é possível fazer uma impensável revolução se nos apegarmos na fé (seja ela qual for). Vale dizer que os irmãos Erwin estão envolvidos no filme que vai contar a história do astro da NFL, Kurt Warner, e que terá Zachary Levi, Denis Quaid e Anna Paquin no elenco.

Já o roteiro de Jon Erwin, baseado no livro "Woodlawn" (que também é o título original do filme) de Todd Gerelds, acaba deixando a questão racial para o primeiro ato e passa a se apoiar no viés religioso da trama. Como disse, não é que atrapalhe a experiência, mas faltou sensibilidade para equilibrar com outros temas relevantes pela qual o personagem estava lutando - eu diria que se não fosse uma história real, certamente, teríamos a sensação de estarmos acompanhando uma certa espetacularização da fé. Agora, são passagens muito marcantes e a mensagem por trás de algumas cenas recheadas de clichês (da trilha sonora ao texto motivacional), nem de longe vão ofender quem não está alinhado ao tema. No final das contas o saldo é positivo, te garanto.

"Talento e Fé" não é um filme sobre futebol americano, mas conhecer o esporte e a dinâmica esportiva nos EUA vai melhorar a experiência. Também não é uma história de superação e luta racial, embora esses dois elementos narrativos estejam presentes na história. O título "Talento e Fé" talvez fosse melhor resolvido com "Talento, Trabalho e Fé" e assim direcionasse a história mais para Tony Nathan do que para Hank Erwin, aí teríamos uma impressão de obra mais isenta.

 "Woodlawn" é bom para aqueles dias que precisamos entender que existe algo que vai além do talento e do trabalho! É filme bom de assistir, pode ir sem receio!

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"Talento e Fé" é um amontoado de clichês, mas, sinceramente, pouco importa, o filme é muito bacana - principalmente por se tratar de uma história real e inspiradora onde o esporte é o pano de fundo, no caso o futebol americano. Talvez o que possa incomodar alguns é sua deliberada linha religiosa e aqui cabe um comentário de quem analisa um filme como obra artística e não como panfletagem: não atrapalha a experiência, mesmo que em alguns momentos o roteiro tenha pesado um pouco demais na mão, porém, também é preciso admitir que o filme tem uma mensagem muito honesta e nos provoca uma reflexão que vai além da crença de cada um.

O filme acompanha a história de Tony Nathan (Caleb Castille) um jovem negro, jogador de futebol americano, que representa uma escola de Birmingham, no Alabama, e que diariamente precisa lutar contra as pressões sociais e raciais para encontrar seu espaço na sociedade e no esporte, em um momento histórico dos EUA onde o racismo extrapola os discursos de políticos extremistas. Talentoso, mas considerado um perdedor, Tony sofre com a desunião do time até que o pregador Hank Erwin (Sean Astin, do inesquecível "Rudy") surge com uma mensagem de fé e assim consegue iniciar uma verdadeira transformação nos jogadores e em todos que os rodeiam. Confira o trailer:

Tecnicamente, os diretores Andrew Erwin e Jon Erwin souberam captar a atmosfera esportiva tão cultural da sociedade americana com a mesma capacidade em que criaram ótimas cenas de ação em campo - se não com a maestria de Oliver Stone em "Um Domingo Qualquer", pelo menos com sua competência. A montagem, inclusive, foi muito feliz em alternar cenas reais com reconstituições bastante fiéis, trazendo para o filme um conceito quase documental e que valida o maior objetivo do roteiro: mostrar que é possível fazer uma impensável revolução se nos apegarmos na fé (seja ela qual for). Vale dizer que os irmãos Erwin estão envolvidos no filme que vai contar a história do astro da NFL, Kurt Warner, e que terá Zachary Levi, Denis Quaid e Anna Paquin no elenco.

Já o roteiro de Jon Erwin, baseado no livro "Woodlawn" (que também é o título original do filme) de Todd Gerelds, acaba deixando a questão racial para o primeiro ato e passa a se apoiar no viés religioso da trama. Como disse, não é que atrapalhe a experiência, mas faltou sensibilidade para equilibrar com outros temas relevantes pela qual o personagem estava lutando - eu diria que se não fosse uma história real, certamente, teríamos a sensação de estarmos acompanhando uma certa espetacularização da fé. Agora, são passagens muito marcantes e a mensagem por trás de algumas cenas recheadas de clichês (da trilha sonora ao texto motivacional), nem de longe vão ofender quem não está alinhado ao tema. No final das contas o saldo é positivo, te garanto.

"Talento e Fé" não é um filme sobre futebol americano, mas conhecer o esporte e a dinâmica esportiva nos EUA vai melhorar a experiência. Também não é uma história de superação e luta racial, embora esses dois elementos narrativos estejam presentes na história. O título "Talento e Fé" talvez fosse melhor resolvido com "Talento, Trabalho e Fé" e assim direcionasse a história mais para Tony Nathan do que para Hank Erwin, aí teríamos uma impressão de obra mais isenta.

 "Woodlawn" é bom para aqueles dias que precisamos entender que existe algo que vai além do talento e do trabalho! É filme bom de assistir, pode ir sem receio!

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Tár

Nem de longe "Tár" é um filme fácil - e complemento: sua complexidade está em sua forma e em seu conteúdo. Dirigido brilhantemente por Todd Field (de "Pecados Íntimos"), o filme é uma uma espécie de drama psicológico, daqueles densos e envolventes, que explora as nuances do poder e da genialidade dentro de um contexto artístico muito particular. Assim como "Cisne Negro" de Darren Aronofsky ou "O Mestre" de Paul Thomas Anderson, "Tár" mergulha na psique de uma protagonista ambígua, revelando tanto seu talento quanto suas falhas mais palpáveis, através de uma narrativa que examina com muita inteligência a relação entre a arte e o ego, sempre questionando os limites da ambição em um universo onde a genialidade frequentemente é usada para justificar comportamentos tóxicos.

Lydia Tár (Cate Blanchett) é uma maestra renomada e diretora de uma importante orquestra sinfônica, cuja vida pessoal e carreira começam a se desintegrar em meio a acusações de abuso de poder e manipulação. A narrativa acompanha Lydia enquanto ela lida com a pressão de manter sua posição em um ambiente artístico altamente competitivo onde é lavada a enfrentar as consequências de suas próprias ações. A queda de Tár é retratada como uma exploração lenta e introspectiva dos reflexos psicológicos e sociais de seu comportamento, fazendo com que a audiência questione a linha tênue entre a genialidade e a tirania. Confira o belíssimo trailer aqui:

É impossível começar qualquer análise sobre "Tár" sem citar Cate Blanchett. É impressionante como ela é capaz de entregar uma atuação impecável atrás da outra - para mim, essa uma das mais marcantes da carreira, capturando com muita profundidade toda a complexidade de Lydia Tár através de uma performance poderosa e cheia de sensibilidade. Blanchett consegue transmitir tanto a genialidade quanto a arrogância da protagonista ao mesmo tempo que transita por uma área de vulnerabilidade oculta dificílima de alcançar como atriz. A forma como ela expressa o controle obsessivo de Tár sobre sua música, enquanto retrata a sua incapacidade de controlar sua vida pessoal, é hipnotizante. Sem dúvida que essa performance é essencial para a construção estética e narrativa do filme, já que o diretor se ancora, sem medo de errar, em uma personagem fascinante e imperfeita. A direção de Todd Field é precisa e contida nesse sentido, permitindo que a história se desenvolva de uma maneira deliberadamente imersiva. Obviamente que o filme evita julgamentos fáceis, optando por uma abordagem mais ambígua, que deixa espaço para diferentes interpretações sobre a protagonista e suas motivações. Repare como Field utiliza planos mais longos e uma estética bastante minimalista, capturando momentos de silêncio e criando uma tensão não-verbal para enriquecer o impacto emocional da trama. A atmosfera elegante e fria do filme reflete a sofisticação do mundo da música clássica, ao mesmo tempo que amplifica a sensação de isolamento que permeia a jornada de Tár.

A cinematografia do fotógrafo alemão Florian Hoffmeister (de "A Casa de Saddam") complementa a narrativa com uma estética extremamente precisa no sentido mais conceitual da palavra - ele pontua a cenas utilizando uma iluminação sutil com cores frias, para criar essa atmosfera opressiva e introspectiva proposta por Field. A câmera segue Tár em seus momentos mais íntimos, capturando a dualidade entre a figura pública brilhante e a mulher solitária e atormentada em sua vida pessoal. A escolha de filmar performances musicais em sequências mais longas e imersivas reflete tanto a beleza quanto o peso da criação artística - ao melhor estilo Darren Aronofsky (de "Cisne Negro"). Outro ponto que merece sua atenção é a montagem da indicada ao Oscar, Monika Willi (de "Amor") - seu trabalho intensifica a estrutura mais emocional do filme, refletindo a tensão crescente na vida de Tár como um elemento narrativo capaz de revelar os conflitos internos da protagonista a partir do ritmo, criando uma conexão contagiante com a música clássica. 

Ao explorar questões relevantes sobre poder e abuso, pela perspectiva critica da responsabilidade pessoal em um mundo que muitas vezes idolatra o talento em detrimento da ética, "Tár" levanta muito mais perguntas incômodas do que respostas superficiais, especialmente sobre as consequências de um comportamento arbitrário e da forma como a sociedade lida com figuras poderosas, especialmente nesse universo das artes. Dito isso, antecipo: não espere nada muito usual com esse filme, já que o objetivo aqui é provocar reflexões sobre a ambiguidade moral e as circunstâncias fascinantes do seu redor. 

Para aqueles que apreciam narrativas densas, "Tár" é de fato uma experiência cinematográfica que vale cada segundo.

Up-date: "Tár" recebeu seis indicações no Oscar 2023, inclusive de Melhor Filme.

Assista Agora

Nem de longe "Tár" é um filme fácil - e complemento: sua complexidade está em sua forma e em seu conteúdo. Dirigido brilhantemente por Todd Field (de "Pecados Íntimos"), o filme é uma uma espécie de drama psicológico, daqueles densos e envolventes, que explora as nuances do poder e da genialidade dentro de um contexto artístico muito particular. Assim como "Cisne Negro" de Darren Aronofsky ou "O Mestre" de Paul Thomas Anderson, "Tár" mergulha na psique de uma protagonista ambígua, revelando tanto seu talento quanto suas falhas mais palpáveis, através de uma narrativa que examina com muita inteligência a relação entre a arte e o ego, sempre questionando os limites da ambição em um universo onde a genialidade frequentemente é usada para justificar comportamentos tóxicos.

Lydia Tár (Cate Blanchett) é uma maestra renomada e diretora de uma importante orquestra sinfônica, cuja vida pessoal e carreira começam a se desintegrar em meio a acusações de abuso de poder e manipulação. A narrativa acompanha Lydia enquanto ela lida com a pressão de manter sua posição em um ambiente artístico altamente competitivo onde é lavada a enfrentar as consequências de suas próprias ações. A queda de Tár é retratada como uma exploração lenta e introspectiva dos reflexos psicológicos e sociais de seu comportamento, fazendo com que a audiência questione a linha tênue entre a genialidade e a tirania. Confira o belíssimo trailer aqui:

É impossível começar qualquer análise sobre "Tár" sem citar Cate Blanchett. É impressionante como ela é capaz de entregar uma atuação impecável atrás da outra - para mim, essa uma das mais marcantes da carreira, capturando com muita profundidade toda a complexidade de Lydia Tár através de uma performance poderosa e cheia de sensibilidade. Blanchett consegue transmitir tanto a genialidade quanto a arrogância da protagonista ao mesmo tempo que transita por uma área de vulnerabilidade oculta dificílima de alcançar como atriz. A forma como ela expressa o controle obsessivo de Tár sobre sua música, enquanto retrata a sua incapacidade de controlar sua vida pessoal, é hipnotizante. Sem dúvida que essa performance é essencial para a construção estética e narrativa do filme, já que o diretor se ancora, sem medo de errar, em uma personagem fascinante e imperfeita. A direção de Todd Field é precisa e contida nesse sentido, permitindo que a história se desenvolva de uma maneira deliberadamente imersiva. Obviamente que o filme evita julgamentos fáceis, optando por uma abordagem mais ambígua, que deixa espaço para diferentes interpretações sobre a protagonista e suas motivações. Repare como Field utiliza planos mais longos e uma estética bastante minimalista, capturando momentos de silêncio e criando uma tensão não-verbal para enriquecer o impacto emocional da trama. A atmosfera elegante e fria do filme reflete a sofisticação do mundo da música clássica, ao mesmo tempo que amplifica a sensação de isolamento que permeia a jornada de Tár.

A cinematografia do fotógrafo alemão Florian Hoffmeister (de "A Casa de Saddam") complementa a narrativa com uma estética extremamente precisa no sentido mais conceitual da palavra - ele pontua a cenas utilizando uma iluminação sutil com cores frias, para criar essa atmosfera opressiva e introspectiva proposta por Field. A câmera segue Tár em seus momentos mais íntimos, capturando a dualidade entre a figura pública brilhante e a mulher solitária e atormentada em sua vida pessoal. A escolha de filmar performances musicais em sequências mais longas e imersivas reflete tanto a beleza quanto o peso da criação artística - ao melhor estilo Darren Aronofsky (de "Cisne Negro"). Outro ponto que merece sua atenção é a montagem da indicada ao Oscar, Monika Willi (de "Amor") - seu trabalho intensifica a estrutura mais emocional do filme, refletindo a tensão crescente na vida de Tár como um elemento narrativo capaz de revelar os conflitos internos da protagonista a partir do ritmo, criando uma conexão contagiante com a música clássica. 

Ao explorar questões relevantes sobre poder e abuso, pela perspectiva critica da responsabilidade pessoal em um mundo que muitas vezes idolatra o talento em detrimento da ética, "Tár" levanta muito mais perguntas incômodas do que respostas superficiais, especialmente sobre as consequências de um comportamento arbitrário e da forma como a sociedade lida com figuras poderosas, especialmente nesse universo das artes. Dito isso, antecipo: não espere nada muito usual com esse filme, já que o objetivo aqui é provocar reflexões sobre a ambiguidade moral e as circunstâncias fascinantes do seu redor. 

Para aqueles que apreciam narrativas densas, "Tár" é de fato uma experiência cinematográfica que vale cada segundo.

Up-date: "Tár" recebeu seis indicações no Oscar 2023, inclusive de Melhor Filme.

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Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal

"Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal"  é um filme muito interessante! Embora seja um história já conhecida, essa adaptação do livro "The Phantom Prince: My Life with Ted Bundy", surpreende pela originalidade. "A Irresistível Face do Mal" não é um filme sobre serial-killer ou um thriller policial como poderia se imaginar.. É um drama, e é aí que o filme ganha muitos pontos. Ao mostrar a visão de quem convivia com Ted Bundy, um charmoso e inteligente estudante de direito, o roteiro nos guia por um caminho cheio de incertezas: nos provocando, nos instigando e, principalmente, brincando com nossos julgamentos - aliás, esse tipo de ferramenta narrativa foi muito bem utilizada em projetos mais documentais como "Making a Murderer", por exemplo. O fato é que embarcamos nessa proposta e realmente ficamos em dúvida sobre sua inocência, mesmo sabendo de toda história... mas calma, será que a história que conhecemos é a verdadeira?

Ted Bundy foi considerado um dos serial killers mais perigosos dos anos 70 nos EUA - é o que dizia a mídia da época! Além de ser um assassino, era sequestrador, estuprador, ladrão e até necrófilo. Sua namorada, Elizabeth Kloepfer, tornou-se uma de suas defensoras mais leais, pois era difícil acreditar que seu companheiro, tão amoroso e dedicado, pudesse realmente ser o autor de crimes tão cruéis. Sabe-se que Ted foi acusado pelo assassinato de mais de 30 mulheres, mas especula-se que esse número seja bem maior. 

Após a estreia mundial no Festival de Sundance desse ano, o filme passou a ser muito comentado por três fatores: o primeiro já descrevemos acima, sua originalidade narrativa (acompanhar a história pelos olhos de Elizabeth é muito interessante... de verdade!). O segundo, pelo excelente trabalho do diretor Joe Berlinger (indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2011 por Paradise Lost 3: Purgatory) - ele inclusive ganhou o prêmio de melhor diretor no último Festival de Cinema de Atlanta. O terceiro fator, para mim o menos relevante, é a atuação de Zac Efron como Ted Bundy. Sem dúvida seu trabalho é infinitamente melhor do que o do Eric Bana em Dirty John, mas mesmo assim, minha impressão é que Efron foi encontrando o personagem apenas durante o filme -  primeira cena dele é de uma canastrice absurda... já a última, impressiona pela verdade sem dizer uma única palavra!

É um filme que merece ser assistido em algum momento. Tecnicamente muito bem realizado - mesmo sendo gravado com equipamento digital, a pós inseriu um grão que deu todo um charme para o filme - parece película inclusive. O roteiro é inteligente e as atuações também não comprometem. Eu diria que para um dia chuvoso, sem muita pretenção, é uma ótima sugestão. Vale a pena, mas se dormir, ok!

Assista Agora

"Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal"  é um filme muito interessante! Embora seja um história já conhecida, essa adaptação do livro "The Phantom Prince: My Life with Ted Bundy", surpreende pela originalidade. "A Irresistível Face do Mal" não é um filme sobre serial-killer ou um thriller policial como poderia se imaginar.. É um drama, e é aí que o filme ganha muitos pontos. Ao mostrar a visão de quem convivia com Ted Bundy, um charmoso e inteligente estudante de direito, o roteiro nos guia por um caminho cheio de incertezas: nos provocando, nos instigando e, principalmente, brincando com nossos julgamentos - aliás, esse tipo de ferramenta narrativa foi muito bem utilizada em projetos mais documentais como "Making a Murderer", por exemplo. O fato é que embarcamos nessa proposta e realmente ficamos em dúvida sobre sua inocência, mesmo sabendo de toda história... mas calma, será que a história que conhecemos é a verdadeira?

Ted Bundy foi considerado um dos serial killers mais perigosos dos anos 70 nos EUA - é o que dizia a mídia da época! Além de ser um assassino, era sequestrador, estuprador, ladrão e até necrófilo. Sua namorada, Elizabeth Kloepfer, tornou-se uma de suas defensoras mais leais, pois era difícil acreditar que seu companheiro, tão amoroso e dedicado, pudesse realmente ser o autor de crimes tão cruéis. Sabe-se que Ted foi acusado pelo assassinato de mais de 30 mulheres, mas especula-se que esse número seja bem maior. 

Após a estreia mundial no Festival de Sundance desse ano, o filme passou a ser muito comentado por três fatores: o primeiro já descrevemos acima, sua originalidade narrativa (acompanhar a história pelos olhos de Elizabeth é muito interessante... de verdade!). O segundo, pelo excelente trabalho do diretor Joe Berlinger (indicado ao Oscar de Melhor Documentário em 2011 por Paradise Lost 3: Purgatory) - ele inclusive ganhou o prêmio de melhor diretor no último Festival de Cinema de Atlanta. O terceiro fator, para mim o menos relevante, é a atuação de Zac Efron como Ted Bundy. Sem dúvida seu trabalho é infinitamente melhor do que o do Eric Bana em Dirty John, mas mesmo assim, minha impressão é que Efron foi encontrando o personagem apenas durante o filme -  primeira cena dele é de uma canastrice absurda... já a última, impressiona pela verdade sem dizer uma única palavra!

É um filme que merece ser assistido em algum momento. Tecnicamente muito bem realizado - mesmo sendo gravado com equipamento digital, a pós inseriu um grão que deu todo um charme para o filme - parece película inclusive. O roteiro é inteligente e as atuações também não comprometem. Eu diria que para um dia chuvoso, sem muita pretenção, é uma ótima sugestão. Vale a pena, mas se dormir, ok!

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Terrorismo Americano

Você não vai precisar mais do que 8 minutos para sentir seu estômago completamente embrulhado! Sim, esse documentário da HBO vai mexer com suas emoções de uma maneira avassaladora, vai te provocar muitos julgamentos e, principalmente, vai te fazer refletir justamente pela forma como sua narrativa vai desconstruindo, ponto a ponto, o atentado ocorrido em 19 de abril de 1995, em Oklahoma, até encontrar os motivos que levaram Timothy McVeigh a cometer um ato tão brutal contra seu próprio país - e olha, já te adianto: você vai se surpreender com essa relação "causa e consequência" às avessas e entender como nada acontece por acaso quando se trata de mentes doentias como a de McVeigh.

"Terrorismo Americano: O Atentado de Oklahoma City" oferece em pouco mais de 90 minutos, não apenas um relato factual e doloroso do maior ataque terrorista doméstico da história americana, mas também uma reflexão crítica sobre as raízes da violência extremista nos Estados Unidos, questionando como discursos ultra-radicais e a crescente ideologia do ódio fomentam atos de terror. Confira o trailer (em inglês):

Assim como em "13ª Emenda" (de 2016) e "American Manhunt: The Boston Marathon Bombing" (de 2023), esse documentário dirigido por Marc Levin (diretor premiado com um Emmy por "Thug Life in D.C." e em Cannes por "Slam") é muito competente em ir além dos eventos de 19 de abril de 1995 ao examinar todo o contexto social e político que moldou esse ato devastador. Basicamente, a narrativa se estrutura em duas frentes: por um lado, reconstitui o planejamento e a execução do atentado perpetrado por Timothy McVeigh e seus cúmplices, e por outro, investiga as motivações e ideologias que impulsionaram o ato. Muito bem dirigido e editado, o documentário entrelaça depoimentos dos familiares das vítimas com jornalistas, políticos (inclusive do ex-presidente americano, Bill Clinton), advogados e investigadores, mas também com especialistas em terrorismo doméstico e dissidentes do movimento de extrema direita americano, oferecendo uma perspectiva abrangente sobre o impacto do ataque e a crescente ameaça do terrorismo doméstico no país. 

Marc Levin adota uma abordagem documental rigorosa, evitando sensacionalismo e priorizando a profundidade da análise bilateral. Ao intercalar imagens de arquivo, entrevistas e reconstituições para criar uma narrativa que mantém o ritmo e a tensão, o diretor se aprofunda em questões sociopolíticas para contextualizar o atentado dentro de uma linha histórica de eventos que parecem isolados, mas ao se permitir um mergulho mais rigoroso, tudo passa a fazer sentido  — o cerco de Waco em 1993 e o confronto em Ruby Ridge em 1992, são dois exemplos dessa conexão com Timothy McVeigh. Repare como essa proposta de Levin oferece uma compreensão mais ampla tanto das motivações ideológicas  quanto da retórica antigovernamental que só se intensificou a partir dos anos 1990. O diretor é muito competente ao explorar como discursos de ódio e as teorias conspiratórias encontraram terreno fértil em grupos paramilitares e movimentos supremacistas, desenhando paralelos inquietantes com a ascensão de extremistas no presente. Essa abordagem mais crítica torna a obra não apenas um recorte histórica, mas também uma reflexão relevante sobre a fragilidade da democracia e os riscos que surgem quando a desinformação e a radicalização são normalizadas.

Apesar de todos os seus méritos, "An American Bombing: The Road to April 19th" (no original) pode até ser considerado denso para parte de audiência - o que é compreensível. Mas para aqueles que entendem a complexidade dos temas abordados durante a jornada e a real tentativa de conectar o atentado na sede federal Alfred P. Murrah, em Oklahoma, com outros eventos históricos, eu diria que a experiência é das mais completas. Saiba que essa abordagem histórica ampla é um dos grandes trunfos da obra e é ela que vai te oferecer uma compreensão mais profunda das raízes da violência doméstica e do perigo que é a polarização política - até, obviamente, te levar ao play de outras duas obras co-relacionadas: "O Cerco de Waco" e "Waco".

Esteja preparado, mas vale muito o seu play!

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Você não vai precisar mais do que 8 minutos para sentir seu estômago completamente embrulhado! Sim, esse documentário da HBO vai mexer com suas emoções de uma maneira avassaladora, vai te provocar muitos julgamentos e, principalmente, vai te fazer refletir justamente pela forma como sua narrativa vai desconstruindo, ponto a ponto, o atentado ocorrido em 19 de abril de 1995, em Oklahoma, até encontrar os motivos que levaram Timothy McVeigh a cometer um ato tão brutal contra seu próprio país - e olha, já te adianto: você vai se surpreender com essa relação "causa e consequência" às avessas e entender como nada acontece por acaso quando se trata de mentes doentias como a de McVeigh.

"Terrorismo Americano: O Atentado de Oklahoma City" oferece em pouco mais de 90 minutos, não apenas um relato factual e doloroso do maior ataque terrorista doméstico da história americana, mas também uma reflexão crítica sobre as raízes da violência extremista nos Estados Unidos, questionando como discursos ultra-radicais e a crescente ideologia do ódio fomentam atos de terror. Confira o trailer (em inglês):

Assim como em "13ª Emenda" (de 2016) e "American Manhunt: The Boston Marathon Bombing" (de 2023), esse documentário dirigido por Marc Levin (diretor premiado com um Emmy por "Thug Life in D.C." e em Cannes por "Slam") é muito competente em ir além dos eventos de 19 de abril de 1995 ao examinar todo o contexto social e político que moldou esse ato devastador. Basicamente, a narrativa se estrutura em duas frentes: por um lado, reconstitui o planejamento e a execução do atentado perpetrado por Timothy McVeigh e seus cúmplices, e por outro, investiga as motivações e ideologias que impulsionaram o ato. Muito bem dirigido e editado, o documentário entrelaça depoimentos dos familiares das vítimas com jornalistas, políticos (inclusive do ex-presidente americano, Bill Clinton), advogados e investigadores, mas também com especialistas em terrorismo doméstico e dissidentes do movimento de extrema direita americano, oferecendo uma perspectiva abrangente sobre o impacto do ataque e a crescente ameaça do terrorismo doméstico no país. 

Marc Levin adota uma abordagem documental rigorosa, evitando sensacionalismo e priorizando a profundidade da análise bilateral. Ao intercalar imagens de arquivo, entrevistas e reconstituições para criar uma narrativa que mantém o ritmo e a tensão, o diretor se aprofunda em questões sociopolíticas para contextualizar o atentado dentro de uma linha histórica de eventos que parecem isolados, mas ao se permitir um mergulho mais rigoroso, tudo passa a fazer sentido  — o cerco de Waco em 1993 e o confronto em Ruby Ridge em 1992, são dois exemplos dessa conexão com Timothy McVeigh. Repare como essa proposta de Levin oferece uma compreensão mais ampla tanto das motivações ideológicas  quanto da retórica antigovernamental que só se intensificou a partir dos anos 1990. O diretor é muito competente ao explorar como discursos de ódio e as teorias conspiratórias encontraram terreno fértil em grupos paramilitares e movimentos supremacistas, desenhando paralelos inquietantes com a ascensão de extremistas no presente. Essa abordagem mais crítica torna a obra não apenas um recorte histórica, mas também uma reflexão relevante sobre a fragilidade da democracia e os riscos que surgem quando a desinformação e a radicalização são normalizadas.

Apesar de todos os seus méritos, "An American Bombing: The Road to April 19th" (no original) pode até ser considerado denso para parte de audiência - o que é compreensível. Mas para aqueles que entendem a complexidade dos temas abordados durante a jornada e a real tentativa de conectar o atentado na sede federal Alfred P. Murrah, em Oklahoma, com outros eventos históricos, eu diria que a experiência é das mais completas. Saiba que essa abordagem histórica ampla é um dos grandes trunfos da obra e é ela que vai te oferecer uma compreensão mais profunda das raízes da violência doméstica e do perigo que é a polarização política - até, obviamente, te levar ao play de outras duas obras co-relacionadas: "O Cerco de Waco" e "Waco".

Esteja preparado, mas vale muito o seu play!

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Tetris

"Tetris", isso mesmo, o filme que conta a história daquele famoso jogo da Nintendo, é surpreendente de tão divertido - mesmo que em alguns momentos soe fantasioso demais! Com muitos elementos dramáticos que acostumamos encontrar em séries que desvendam os bastidores de uma startup como em "WeCrashed" ou de um produto revolucionário como "Batalha Bilionária: O Caso Google Earth", essa produção da AppleTV+ ainda traz para trama toda uma atmosfera de nostalgia, de dramas políticos e até de filmes de ação, que nos envolve de tal maneira que não conseguimos tirar os olhos da tela durante duas horas. Olha, é entretenimento puro, mas com muita qualidade.

Antes de Tetris se tornar um fenômeno, ele passou por uma jornada extraordinária: quando o representante de jogos, Henk Rogers (Taron Egerton), descobriu o jogo do programador russo Alexey Pajitno (Nikita Efrenov) no final da década de 1980, quando a "Cortina de Ferro" da URSS estava prestes a cair. Com o objetivo de licenciar o titulo mundialmente para consoles de videogame, fliperamas, PCs e também para o futuro "gameboy", Rogers se envolve em um turbilhão de mentiras e corrupção, de modo que precisa negociar até com o serviço secreto russo, a KGB. Enquanto várias partes fazem reivindicações legais sobre o jogo, Rogers logo se vê no meio de uma enorme batalha legal que pode custar até seu casamento. Confira o trailer (em inglês):

É claro que, mesmo se baseando em fatos, o promissor diretor Jon S. Baird (de "Stan & Ollie") se permitiu algumas licenças poéticas para criar uma dinâmica que vai além de um estudo de caso e acaba se tornando um filme muito divertido - como o próprio Baird antecipou em uma matéria para o Collider, Tetris "não é um documentário"! Dito isso, fica muito fácil aceitar toda a jornada de Rogers já que Egerton mostra mais uma vez seu range na interpretação, capaz de dominar os alívios cômicos com a mesma qualidade em que convence como um empreendedor em busca de um sonho (muito arriscado) que parece impossível de realizar.

O roteiro de Noah Pink (criador de "Genius"), de fato, está longe de ser um profundo mergulho na psique do personagem - daqueles construídos em cima de inúmeras camadas e dramas marcantes que refletem algumas ações intempestivas no presente. Muito menos é uma detalhada investigação sobre a importância sociocultural ou politica do jogo em questão, no entanto, a simplicidade do texto, que em nenhum momento se perde em referências nostálgicas ou na densidade jurídica dos conflitos, aliada a uma narrativa inteligente, faz da nossa experiência como audiência, algo muito prazeroso.

As referências visuais, normalmente pautadas nos gráficos 8 bits dos videogames mais antigos, e uma trilha sonora simplesmente fantástica são as cerejas do bolo de "Tetris". Mesmo que em alguns momentos o filme vacile ao abusar dos estereótipos soviéticos (ao melhor estilo Stranger Things), é interessante perceber que tudo isso faz parte de escolha conceitual que torna a história, em termos narrativos, algo leve e fácil de consumir; deixando claro que até por trás dos bloquinhos caindo do alto de uma tela, existe uma boa história!

Vale muito o seu play!

PS: Sugiro, para contextualizar esse universo dos primórdios dos video-games, assistir a série "GDLK".

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"Tetris", isso mesmo, o filme que conta a história daquele famoso jogo da Nintendo, é surpreendente de tão divertido - mesmo que em alguns momentos soe fantasioso demais! Com muitos elementos dramáticos que acostumamos encontrar em séries que desvendam os bastidores de uma startup como em "WeCrashed" ou de um produto revolucionário como "Batalha Bilionária: O Caso Google Earth", essa produção da AppleTV+ ainda traz para trama toda uma atmosfera de nostalgia, de dramas políticos e até de filmes de ação, que nos envolve de tal maneira que não conseguimos tirar os olhos da tela durante duas horas. Olha, é entretenimento puro, mas com muita qualidade.

Antes de Tetris se tornar um fenômeno, ele passou por uma jornada extraordinária: quando o representante de jogos, Henk Rogers (Taron Egerton), descobriu o jogo do programador russo Alexey Pajitno (Nikita Efrenov) no final da década de 1980, quando a "Cortina de Ferro" da URSS estava prestes a cair. Com o objetivo de licenciar o titulo mundialmente para consoles de videogame, fliperamas, PCs e também para o futuro "gameboy", Rogers se envolve em um turbilhão de mentiras e corrupção, de modo que precisa negociar até com o serviço secreto russo, a KGB. Enquanto várias partes fazem reivindicações legais sobre o jogo, Rogers logo se vê no meio de uma enorme batalha legal que pode custar até seu casamento. Confira o trailer (em inglês):

É claro que, mesmo se baseando em fatos, o promissor diretor Jon S. Baird (de "Stan & Ollie") se permitiu algumas licenças poéticas para criar uma dinâmica que vai além de um estudo de caso e acaba se tornando um filme muito divertido - como o próprio Baird antecipou em uma matéria para o Collider, Tetris "não é um documentário"! Dito isso, fica muito fácil aceitar toda a jornada de Rogers já que Egerton mostra mais uma vez seu range na interpretação, capaz de dominar os alívios cômicos com a mesma qualidade em que convence como um empreendedor em busca de um sonho (muito arriscado) que parece impossível de realizar.

O roteiro de Noah Pink (criador de "Genius"), de fato, está longe de ser um profundo mergulho na psique do personagem - daqueles construídos em cima de inúmeras camadas e dramas marcantes que refletem algumas ações intempestivas no presente. Muito menos é uma detalhada investigação sobre a importância sociocultural ou politica do jogo em questão, no entanto, a simplicidade do texto, que em nenhum momento se perde em referências nostálgicas ou na densidade jurídica dos conflitos, aliada a uma narrativa inteligente, faz da nossa experiência como audiência, algo muito prazeroso.

As referências visuais, normalmente pautadas nos gráficos 8 bits dos videogames mais antigos, e uma trilha sonora simplesmente fantástica são as cerejas do bolo de "Tetris". Mesmo que em alguns momentos o filme vacile ao abusar dos estereótipos soviéticos (ao melhor estilo Stranger Things), é interessante perceber que tudo isso faz parte de escolha conceitual que torna a história, em termos narrativos, algo leve e fácil de consumir; deixando claro que até por trás dos bloquinhos caindo do alto de uma tela, existe uma boa história!

Vale muito o seu play!

PS: Sugiro, para contextualizar esse universo dos primórdios dos video-games, assistir a série "GDLK".

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The Ashley Madison Affair

Independente das discussões (e serão muitas) sobre Juízo de Valor, eu diria que a minissérie documental do Hulu, "The Ashley Madison Affair", é imperdível. A partir de um roteiro extremamente dinâmico, temos acesso aos bastidores do controverso site de relacionamentos para pessoas casadas, o Ashley Madison, e tudo que envolveu os vazamentos de dados de milhões de usuários em 2005. O filme, dirigido com maestria pela competente Johanna Hamilton (de "Bad Boys e Bilionários: Índia"), não apenas apresenta os escândalos de adultérios que chocaram o mundo, mas também oferece uma visão crítica e envolvente sobre a interseção entre negócio, tecnologia e intimidade. Elogiado pela profundidade de sua abordagem e pela coragem ao discutir verdades incômodas, aqui temos uma obra que transcende a mera exposição de fatos para explorar as complexidades morais e sociais que envolvem a privacidade online, mesmo para quem trai.

"The Ashley Madison Affair" nos conduz por uma jornada fascinante pelos meandros do site conhecido por facilitar encontros extraconjugais. O documentário revela a ascensão e queda do império digital comandado pelo então CEO da companhia, Noel Biderman. Por meio de entrevistas exclusivas com funcionários da empresa, jornalistas e investigadores, além de um rico material de arquivo e encenações de muito bom gosto, a minissérie discute as consequências devastadoras para relacionamentos e reputações depois do vazamento de dados que impactou, além da empresa, milhões de pessoas. Confira o trailer (em inglês):

Vale tudo para fazer um negócio se tornar um enorme sucesso financeiro, mesmo com um produto teoricamente imoral, se existirem milhões de pessoas dispostas a pagar por ele? Talvez tenha partido desse questionamento a construção narrativa que Hamilton brilhantemente explora em três episódios. Em nenhum momento você vai ficar confortável com o que está assistindo, ao mesmo tempo, olhando pela perspectiva do negócio, sua análise ficará ainda mais confusa, pois mesmo que tenhamos a exata sensação de que tudo aquilo faz um grande sentido, do conceito ao produto em si, curiosamente ficamos em dúvida se realmente vale a pena embarcar na jornada.

Ao adentrar os meandros da história, "The Ashley Madison Affair" não se contenta em ser um mero relato sobre eventos polêmicos envolvendo os usuários de um site que estimula o adultério. Muito pelo contrário, a diretora quer mesmo provocar, para só depois expor as motivações por trás do negócio, dando voz para a figura de Noel Biderman que revela uma complexidade humana que transcende os julgamentos mais simplistas - chega ser impressionante como ele se expõe ao mesmo tempo em fazia muita coisa errada nos bastidores da empresa. Veja, o roteiro destaca essa interconexão entre o sucesso do site e os desejos de seus usuários frequentes, dando certo holofote para um mal que acompanha a sociedade americana desde sempre: a hipocrisia.

Na linha de "Sexo Bilionário", o que eleva "The Ashley Madison Affair" é sua capacidade de fundir uma história polêmica com uma qualidade técnica e artística de produção de uma maneira bastante harmoniosa - os depoimentos de usuários na voz de atores e atrizes dão o exato tom do que significa essa exploração intensa sobre os limites da privacidade em um mundo cada vez mais conectado. A fotografia também cria uma atmosfera de sedução que intensifica as emoções, guiando a audiência por esse labirinto de escândalos e fantasia, de fato, envolvente.A pesquisa meticulosa é evidente em cada cena, revelando nuances que escapariam a narrativas superficiais - e isso é um golaço. A edição dinâmica mantém um ritmo que prende a nossa atenção, transformando informações densas em uma experiência cativante que certamente vai te fazer refletir, independente do olhar que você tenha sobre o site ou sobre o caso (e aqui sem trocadilhos)!

Vale muito o seu play!

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Independente das discussões (e serão muitas) sobre Juízo de Valor, eu diria que a minissérie documental do Hulu, "The Ashley Madison Affair", é imperdível. A partir de um roteiro extremamente dinâmico, temos acesso aos bastidores do controverso site de relacionamentos para pessoas casadas, o Ashley Madison, e tudo que envolveu os vazamentos de dados de milhões de usuários em 2005. O filme, dirigido com maestria pela competente Johanna Hamilton (de "Bad Boys e Bilionários: Índia"), não apenas apresenta os escândalos de adultérios que chocaram o mundo, mas também oferece uma visão crítica e envolvente sobre a interseção entre negócio, tecnologia e intimidade. Elogiado pela profundidade de sua abordagem e pela coragem ao discutir verdades incômodas, aqui temos uma obra que transcende a mera exposição de fatos para explorar as complexidades morais e sociais que envolvem a privacidade online, mesmo para quem trai.

"The Ashley Madison Affair" nos conduz por uma jornada fascinante pelos meandros do site conhecido por facilitar encontros extraconjugais. O documentário revela a ascensão e queda do império digital comandado pelo então CEO da companhia, Noel Biderman. Por meio de entrevistas exclusivas com funcionários da empresa, jornalistas e investigadores, além de um rico material de arquivo e encenações de muito bom gosto, a minissérie discute as consequências devastadoras para relacionamentos e reputações depois do vazamento de dados que impactou, além da empresa, milhões de pessoas. Confira o trailer (em inglês):

Vale tudo para fazer um negócio se tornar um enorme sucesso financeiro, mesmo com um produto teoricamente imoral, se existirem milhões de pessoas dispostas a pagar por ele? Talvez tenha partido desse questionamento a construção narrativa que Hamilton brilhantemente explora em três episódios. Em nenhum momento você vai ficar confortável com o que está assistindo, ao mesmo tempo, olhando pela perspectiva do negócio, sua análise ficará ainda mais confusa, pois mesmo que tenhamos a exata sensação de que tudo aquilo faz um grande sentido, do conceito ao produto em si, curiosamente ficamos em dúvida se realmente vale a pena embarcar na jornada.

Ao adentrar os meandros da história, "The Ashley Madison Affair" não se contenta em ser um mero relato sobre eventos polêmicos envolvendo os usuários de um site que estimula o adultério. Muito pelo contrário, a diretora quer mesmo provocar, para só depois expor as motivações por trás do negócio, dando voz para a figura de Noel Biderman que revela uma complexidade humana que transcende os julgamentos mais simplistas - chega ser impressionante como ele se expõe ao mesmo tempo em fazia muita coisa errada nos bastidores da empresa. Veja, o roteiro destaca essa interconexão entre o sucesso do site e os desejos de seus usuários frequentes, dando certo holofote para um mal que acompanha a sociedade americana desde sempre: a hipocrisia.

Na linha de "Sexo Bilionário", o que eleva "The Ashley Madison Affair" é sua capacidade de fundir uma história polêmica com uma qualidade técnica e artística de produção de uma maneira bastante harmoniosa - os depoimentos de usuários na voz de atores e atrizes dão o exato tom do que significa essa exploração intensa sobre os limites da privacidade em um mundo cada vez mais conectado. A fotografia também cria uma atmosfera de sedução que intensifica as emoções, guiando a audiência por esse labirinto de escândalos e fantasia, de fato, envolvente.A pesquisa meticulosa é evidente em cada cena, revelando nuances que escapariam a narrativas superficiais - e isso é um golaço. A edição dinâmica mantém um ritmo que prende a nossa atenção, transformando informações densas em uma experiência cativante que certamente vai te fazer refletir, independente do olhar que você tenha sobre o site ou sobre o caso (e aqui sem trocadilhos)!

Vale muito o seu play!

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The Book of Manning

"A vida é boa, mas não é fácil" - é com essa frase que o excelente documentário "The Book of Manning", da ESPN Filmes, termina depois de uma jornada cativante que mergulha na vida e no legado de uma das famílias mais influentes e talentosas do futebol americano: os Mannings. Dirigido por Rory Karpf, o documentário é um tributo comovente ao patriarca da família, Archie Manning, e para seus filhos, Cooper, Peyton e Eli Manning, que se tornaram ícones inesquecíveis do esporte.

O filme captura habilmente a trajetória da família Manning, desde as origens modestas de Archie em uma pequena cidade do Mississippi até a ascensão meteórica de seus filhos ao estrelato do futebol americano profissional. Ao longo do filme, somos levados a uma jornada emocional, explorando não apenas as conquistas esportivas dos Mannings, mas também os desafios pessoais e as adversidades que enfrentaram. Confira o trailer (em inglês):

É inegável que uma das maiores forças de "The Book of Manning" é a maneira como Karpf equilibra o contexto histórico com as jornadas pessoais dos Mannings. O filme examina o sul segregado da década de 1960, onde Archie enfrentou obstáculos raciais significativos, e mostra como essas experiências moldaram seu caráter e influenciaram sua abordagem em relação à paternidade e ao futebol americano em si. Além disso, o roteiro lança uma luz sobre o relacionamento íntimo entre pai e filhos, revelando como Archie desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de seus filhos como atletas, e como Peyton e Eli se inspiraram no exemplo e no apoio de seu pai para se tornarem tão vencedores.

Os depoimentos sinceros e comoventes com os membros da família Manning dão ao documentário uma autenticidade notável, permitindo que a audiência se conecte emocionalmente com a história e com as lutas e triunfos dos protagonistas, além , é claro, de oferecer uma visão fascinante sobre os bastidores da NFL, mostrando tanto os desafios enfrentados pelos jogadores no campo quanto a pressão implacável fora dele. É impressionante como a narrativa foi habilmente construída com imagens de arquivo cuidadosamente selecionadas para tornar a nossa experiência ainda mais envolvente e dinâmica, capaz de nos transportar para os momentos cruciais da carreira dos Mannings.

O fato é que "The Book of Manning" transmite uma mensagem poderosa sobre o valor do trabalho árduo, da dedicação e das referências (e exemplos) familiares. Ao explorar a resiliência dos Mannings diante das adversidades, o documentário nos inspira a perseguirmos nossos sonhos e a valorizarmos nossas relações mais intimas criando assim a base para o sucesso - eu diria, inclusive, que esse é o tipo do filme para você assistir quando você achar que já fez o suficiente para se tornar o melhor naquilo que se propõe. 

Se você é fã de futebol americano ou simplesmente aprecia histórias emocionantes, este documentário é a escolha perfeita!

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"A vida é boa, mas não é fácil" - é com essa frase que o excelente documentário "The Book of Manning", da ESPN Filmes, termina depois de uma jornada cativante que mergulha na vida e no legado de uma das famílias mais influentes e talentosas do futebol americano: os Mannings. Dirigido por Rory Karpf, o documentário é um tributo comovente ao patriarca da família, Archie Manning, e para seus filhos, Cooper, Peyton e Eli Manning, que se tornaram ícones inesquecíveis do esporte.

O filme captura habilmente a trajetória da família Manning, desde as origens modestas de Archie em uma pequena cidade do Mississippi até a ascensão meteórica de seus filhos ao estrelato do futebol americano profissional. Ao longo do filme, somos levados a uma jornada emocional, explorando não apenas as conquistas esportivas dos Mannings, mas também os desafios pessoais e as adversidades que enfrentaram. Confira o trailer (em inglês):

É inegável que uma das maiores forças de "The Book of Manning" é a maneira como Karpf equilibra o contexto histórico com as jornadas pessoais dos Mannings. O filme examina o sul segregado da década de 1960, onde Archie enfrentou obstáculos raciais significativos, e mostra como essas experiências moldaram seu caráter e influenciaram sua abordagem em relação à paternidade e ao futebol americano em si. Além disso, o roteiro lança uma luz sobre o relacionamento íntimo entre pai e filhos, revelando como Archie desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de seus filhos como atletas, e como Peyton e Eli se inspiraram no exemplo e no apoio de seu pai para se tornarem tão vencedores.

Os depoimentos sinceros e comoventes com os membros da família Manning dão ao documentário uma autenticidade notável, permitindo que a audiência se conecte emocionalmente com a história e com as lutas e triunfos dos protagonistas, além , é claro, de oferecer uma visão fascinante sobre os bastidores da NFL, mostrando tanto os desafios enfrentados pelos jogadores no campo quanto a pressão implacável fora dele. É impressionante como a narrativa foi habilmente construída com imagens de arquivo cuidadosamente selecionadas para tornar a nossa experiência ainda mais envolvente e dinâmica, capaz de nos transportar para os momentos cruciais da carreira dos Mannings.

O fato é que "The Book of Manning" transmite uma mensagem poderosa sobre o valor do trabalho árduo, da dedicação e das referências (e exemplos) familiares. Ao explorar a resiliência dos Mannings diante das adversidades, o documentário nos inspira a perseguirmos nossos sonhos e a valorizarmos nossas relações mais intimas criando assim a base para o sucesso - eu diria, inclusive, que esse é o tipo do filme para você assistir quando você achar que já fez o suficiente para se tornar o melhor naquilo que se propõe. 

Se você é fã de futebol americano ou simplesmente aprecia histórias emocionantes, este documentário é a escolha perfeita!

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The Con

Antes de mais nada é preciso alinhar as expectativas: "The Con" não é uma série documental - pelo menos não como estamos acostumados a encontrar nas plataformas de streaming. "The Con" é um programa de TV que está disponível em um streaming. Dito isso, a série antológica da ABC americana se apoia em um conteúdo que vem fazendo muito sucesso ultimamente: contar histórias de falcatruas pela ótica de quem sofreu a fraude e te garanto: embora cruel, é muito divertido!

Whoopi Goldberg narra esta série que explora histórias perturbadoras de pessoas enganadas por promessas que provaram serem boas demais para, de fato, serem verdadeiras. Confira o trailer do episódio de estreia (em inglês):

Veja, por se tratar de uma série para a TV, você não vai encontrar uma profundidade na narrativa -  a proposta é, propositalmente, contar uma história absurda, mas sem se preocupar em conectar todos os pontos ou criar um perfil mais aprofundado dos criminosos. Muito pelo contrário, a ideia de "The Con" é entreter e para isso ele usa um formato bem estabelecido em outros gêneros (como em realities de gastronomia, transformações ou de empreendedorismo) para criar uma atmosfera de suspense e ser a base de toda uma temporada, não importando a história que está sendo contada no episódio. Do tom da narração à trilha sonora escolhida, tudo tem um certo, digamos, sensacionalismo, mas isso não quer dizer que não tenha qualidade, é só o estilo - até porquê o diretor, Star Price, vem chancelado com 10 indicações ao Emmy no currículo.

Em 8 episódios vemos desde uma fraude de identidade em um romance mentiroso até o escândalo de admissão em faculdades nos EUA, passando pelo inesquecível "Fyre Festival". A dinâmica da narrativa se propõe a revelar como as vítimas foram enganadas e mostrar o custo dessa falsa confiança – seja ela emocional ou financeira. Apresentando entrevistas com as principais pessoas envolvidas nos golpes, incluindo vítimas e testemunhas oculares e, em alguns casos, policiais e os próprios golpistas, "The Con" é aquele típico programa para relaxar, se indignar e, eventualmente, dar até umas boas risadas com nossa terrível mania de sempre julgar os fatos (e as vítimas).

Se você gostou de documentários como "Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas", "O Golpista do Tinder", "Fyre Festval" e "Educação Americana - Fraude e Privilégio" (os dois últimos, inclusive com episódios inteiramente dedicados aos fatos), ou até de séries como "Inventando Anna""Dirty John – O Golpe do Amor", "O Paraíso e a Serpente" e "Má Educação", pode dar o play tranquilamente que sua diversão está garantida. Aliás, reparem na história Anthony Gignac, que apesar de ter nascido no estado de Michigan, usava uma identidade falsa para forjar uma origem saudita e mais do que isso: ele se declarava membro da família real; ou mesmo no caso de Marianne Smyth, uma jovem que alegou ser uma herdeira irlandesa cuja família estava tentando roubar sua enorme herança, mas que no fundo queria mesmo é ganhar muito dinheiro nas custas dos amigos (bem no estilo de Anna Delvey).

Olha, vale muito a pena como aquele entretenimento despretensioso.

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Antes de mais nada é preciso alinhar as expectativas: "The Con" não é uma série documental - pelo menos não como estamos acostumados a encontrar nas plataformas de streaming. "The Con" é um programa de TV que está disponível em um streaming. Dito isso, a série antológica da ABC americana se apoia em um conteúdo que vem fazendo muito sucesso ultimamente: contar histórias de falcatruas pela ótica de quem sofreu a fraude e te garanto: embora cruel, é muito divertido!

Whoopi Goldberg narra esta série que explora histórias perturbadoras de pessoas enganadas por promessas que provaram serem boas demais para, de fato, serem verdadeiras. Confira o trailer do episódio de estreia (em inglês):

Veja, por se tratar de uma série para a TV, você não vai encontrar uma profundidade na narrativa -  a proposta é, propositalmente, contar uma história absurda, mas sem se preocupar em conectar todos os pontos ou criar um perfil mais aprofundado dos criminosos. Muito pelo contrário, a ideia de "The Con" é entreter e para isso ele usa um formato bem estabelecido em outros gêneros (como em realities de gastronomia, transformações ou de empreendedorismo) para criar uma atmosfera de suspense e ser a base de toda uma temporada, não importando a história que está sendo contada no episódio. Do tom da narração à trilha sonora escolhida, tudo tem um certo, digamos, sensacionalismo, mas isso não quer dizer que não tenha qualidade, é só o estilo - até porquê o diretor, Star Price, vem chancelado com 10 indicações ao Emmy no currículo.

Em 8 episódios vemos desde uma fraude de identidade em um romance mentiroso até o escândalo de admissão em faculdades nos EUA, passando pelo inesquecível "Fyre Festival". A dinâmica da narrativa se propõe a revelar como as vítimas foram enganadas e mostrar o custo dessa falsa confiança – seja ela emocional ou financeira. Apresentando entrevistas com as principais pessoas envolvidas nos golpes, incluindo vítimas e testemunhas oculares e, em alguns casos, policiais e os próprios golpistas, "The Con" é aquele típico programa para relaxar, se indignar e, eventualmente, dar até umas boas risadas com nossa terrível mania de sempre julgar os fatos (e as vítimas).

Se você gostou de documentários como "Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas", "O Golpista do Tinder", "Fyre Festval" e "Educação Americana - Fraude e Privilégio" (os dois últimos, inclusive com episódios inteiramente dedicados aos fatos), ou até de séries como "Inventando Anna""Dirty John – O Golpe do Amor", "O Paraíso e a Serpente" e "Má Educação", pode dar o play tranquilamente que sua diversão está garantida. Aliás, reparem na história Anthony Gignac, que apesar de ter nascido no estado de Michigan, usava uma identidade falsa para forjar uma origem saudita e mais do que isso: ele se declarava membro da família real; ou mesmo no caso de Marianne Smyth, uma jovem que alegou ser uma herdeira irlandesa cuja família estava tentando roubar sua enorme herança, mas que no fundo queria mesmo é ganhar muito dinheiro nas custas dos amigos (bem no estilo de Anna Delvey).

Olha, vale muito a pena como aquele entretenimento despretensioso.

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