indika.tv - ml-gb

Rocketman

"Rocketman" é mais um filme biográfico de um astro da música com vários elementos dramáticos de "Bohemian Rhapsody" e "Judy", para citar apenas duas recentes produções! Porém, o conceito narrativo de "Rocketman" é diferente: ele traz para dentro do roteiro performances extremamente alinhadas com a história, que explicam determinadas passagens da vida do protagonista ao som de suas próprias músicas. Com isso, eu diria que o filme se torna um híbrido entre um drama biográfico e um musical da Broadway!

"Rocketman" acompanha a jornada do Elton John desde sua infância até sua transformação em um astro pop! Para contar essa história, porém, o roteirista Lee Hall colocou o protagonista em uma espécie de reunião dos Alcóolicos Anônimos para criar um mecanismo onde Elton John se mostrasse mais vulnerável e, de alguma forma, defendesse apenas seu ponto de vista, mesmo que a sua versão não fosse exatamente um reflexo da realidade, e sim a forma como ele enxergava essa "realidade"! Confira o trailer e sinta o clima que te espera:

O que mais me chamou a atenção é que "Rocketman" não estrutura sua história tendo o sucesso de Elton John como foco, mas sim a sua trajetória de fracasso. Rocketman, além do apelido famoso, tem outro significado: o do artista que alcançou um sucesso tão meteórico que mal conseguiu prever o tombo gigantesco que levaria da vida e é isso que humaniza o personagem, que deixa sua história menos romântica, se mostrando mais pessoal e sincera. Talvez "Judy" tenha um pouco disso também, mas nesse caso, o fato do próprio Elton John e do seu marido, David Furnish (que, inclusive, já fez um documentário sobre a vida do artista) terem participado da produção, fez toda a diferença! Olha, não é uma jornada das mais tranquilas, algumas cenas podem incomodar por diversos fatores, mas posso garantir que é um grande filme - certamente um dos mais injustiçados no Oscar 2020 ao lado de "Jóias Brutas" e "A Despedida"!

“Oi, meu nome é Elton Hercules John. Eu sou viciado em álcool, drogas em geral, cocaína, maconha, sou bulímico, tenho acessos de raiva e sou víciado em sexo” - esse é o cartão de visitas de um roteiro muito bem escrito pelo já citado Lee Hal (de "Billy Elliot" - filme que lhe garantiu uma indicação ao Oscar). Sua capacidade de condensar um história tão poderosa em tão pouco tempo merece elogios - mesmo que alguns possam reclamar que faltou profundidade em determinadas passagens! Eu discordaria, pois Hal foi cirúrgico em mostrar como o "caos" ajudou a construir o personagem que se transformou em Elton John!

O roteiro se mostra mais inteligente ainda em seus alívios dramáticos, sem perder a linha biográfica, quando, ao invés de focar em como o protagonista criou cada uma de suas composições, as músicas são inseridas para ressaltar o sentimento dos personagens, criando um clima de fantasia em uma história verdadeiramente real - mesmo que pelos olhos do próprio Elton! É lindo - mas será preciso gostar daquele estilo musical mais clássico do cinema antigo, embora modernizado por lindos movimentos de câmera e um aspecto gráfico belíssimo! Reparem na paleta de cores levemente desbotada da primeira intervenção musical do filme: ela serve para mostrar a difícil e pobre infância do garoto em contraponto com o colorido e exuberância do que ele gostaria de se tornar (e fazia questão de explorar em seus figurinos)!

A direção de Dexter Fletcher - que também trabalhou em "Bohemian Rhapsody", mas que não ganhou seus créditos pela assistência na direção; é exemplar! Ele explora a construção da personalidade de Elton John sem remediar nenhum dos seus excessos, com isso ele fortalece o drama pessoal do personagem, dando o tempo para que o grande Taron Egerton (vencedor do Globo de Ouro e, incrivelmente, nem indicado ao Oscar) encontre o sentimento de vazio que permeia a história de vida do astro - essa vida sem amor construiu uma pessoa cheia de buracos que só foi preenchida com a música e isso está no filme, com trocas de estilos narrativos tão orgânicas que muitas vezes nem nos damos conta! Ainda no elenco, destaco a química impressionante entre o Taron Egerton e Jamie Bell que interpreta o parceiro profissional de uma vida, Bernie Taupin - desde as primeiras cenas juntos, eles se completam. Reparem na cena em que surge a música "Your Song˜. Richard Madden como o empresário John Reid também merece seu destaque!

"Rocketman" segue a linha do gênero, mas é diferente por não cair no clichê da volta por cima a qualquer custo sem mostrar as marcas de quando se esteve por baixo - a última cena é um lindo e poético fechamento para essa jornada quase conceitual! Elton John descobriu que o pior do inferno não está na postura dos outros e sim que a responsabilidade de seus atos são exclusivamente dele, o que desperta um nível de honestidade absurdo - e como em uma reunião dos Alcóolicos Anônimos, esse é o primeiro passo para a redenção e as legendas finais comprovam a tese! 

Dê o play!

Assista Agora

"Rocketman" é mais um filme biográfico de um astro da música com vários elementos dramáticos de "Bohemian Rhapsody" e "Judy", para citar apenas duas recentes produções! Porém, o conceito narrativo de "Rocketman" é diferente: ele traz para dentro do roteiro performances extremamente alinhadas com a história, que explicam determinadas passagens da vida do protagonista ao som de suas próprias músicas. Com isso, eu diria que o filme se torna um híbrido entre um drama biográfico e um musical da Broadway!

"Rocketman" acompanha a jornada do Elton John desde sua infância até sua transformação em um astro pop! Para contar essa história, porém, o roteirista Lee Hall colocou o protagonista em uma espécie de reunião dos Alcóolicos Anônimos para criar um mecanismo onde Elton John se mostrasse mais vulnerável e, de alguma forma, defendesse apenas seu ponto de vista, mesmo que a sua versão não fosse exatamente um reflexo da realidade, e sim a forma como ele enxergava essa "realidade"! Confira o trailer e sinta o clima que te espera:

O que mais me chamou a atenção é que "Rocketman" não estrutura sua história tendo o sucesso de Elton John como foco, mas sim a sua trajetória de fracasso. Rocketman, além do apelido famoso, tem outro significado: o do artista que alcançou um sucesso tão meteórico que mal conseguiu prever o tombo gigantesco que levaria da vida e é isso que humaniza o personagem, que deixa sua história menos romântica, se mostrando mais pessoal e sincera. Talvez "Judy" tenha um pouco disso também, mas nesse caso, o fato do próprio Elton John e do seu marido, David Furnish (que, inclusive, já fez um documentário sobre a vida do artista) terem participado da produção, fez toda a diferença! Olha, não é uma jornada das mais tranquilas, algumas cenas podem incomodar por diversos fatores, mas posso garantir que é um grande filme - certamente um dos mais injustiçados no Oscar 2020 ao lado de "Jóias Brutas" e "A Despedida"!

“Oi, meu nome é Elton Hercules John. Eu sou viciado em álcool, drogas em geral, cocaína, maconha, sou bulímico, tenho acessos de raiva e sou víciado em sexo” - esse é o cartão de visitas de um roteiro muito bem escrito pelo já citado Lee Hal (de "Billy Elliot" - filme que lhe garantiu uma indicação ao Oscar). Sua capacidade de condensar um história tão poderosa em tão pouco tempo merece elogios - mesmo que alguns possam reclamar que faltou profundidade em determinadas passagens! Eu discordaria, pois Hal foi cirúrgico em mostrar como o "caos" ajudou a construir o personagem que se transformou em Elton John!

O roteiro se mostra mais inteligente ainda em seus alívios dramáticos, sem perder a linha biográfica, quando, ao invés de focar em como o protagonista criou cada uma de suas composições, as músicas são inseridas para ressaltar o sentimento dos personagens, criando um clima de fantasia em uma história verdadeiramente real - mesmo que pelos olhos do próprio Elton! É lindo - mas será preciso gostar daquele estilo musical mais clássico do cinema antigo, embora modernizado por lindos movimentos de câmera e um aspecto gráfico belíssimo! Reparem na paleta de cores levemente desbotada da primeira intervenção musical do filme: ela serve para mostrar a difícil e pobre infância do garoto em contraponto com o colorido e exuberância do que ele gostaria de se tornar (e fazia questão de explorar em seus figurinos)!

A direção de Dexter Fletcher - que também trabalhou em "Bohemian Rhapsody", mas que não ganhou seus créditos pela assistência na direção; é exemplar! Ele explora a construção da personalidade de Elton John sem remediar nenhum dos seus excessos, com isso ele fortalece o drama pessoal do personagem, dando o tempo para que o grande Taron Egerton (vencedor do Globo de Ouro e, incrivelmente, nem indicado ao Oscar) encontre o sentimento de vazio que permeia a história de vida do astro - essa vida sem amor construiu uma pessoa cheia de buracos que só foi preenchida com a música e isso está no filme, com trocas de estilos narrativos tão orgânicas que muitas vezes nem nos damos conta! Ainda no elenco, destaco a química impressionante entre o Taron Egerton e Jamie Bell que interpreta o parceiro profissional de uma vida, Bernie Taupin - desde as primeiras cenas juntos, eles se completam. Reparem na cena em que surge a música "Your Song˜. Richard Madden como o empresário John Reid também merece seu destaque!

"Rocketman" segue a linha do gênero, mas é diferente por não cair no clichê da volta por cima a qualquer custo sem mostrar as marcas de quando se esteve por baixo - a última cena é um lindo e poético fechamento para essa jornada quase conceitual! Elton John descobriu que o pior do inferno não está na postura dos outros e sim que a responsabilidade de seus atos são exclusivamente dele, o que desperta um nível de honestidade absurdo - e como em uma reunião dos Alcóolicos Anônimos, esse é o primeiro passo para a redenção e as legendas finais comprovam a tese! 

Dê o play!

Assista Agora

Roman J. Israel, Esq.

Um advogado com princípios muito enraizados que, por uma circunstância de vida, faz uma escolha errada. Não é uma história tão original, mas te prende do começo ao fim!

Roman J. Israel (Denzel Washington) é um inteligente advogado que trabalha há muito tempo em uma firma de advocacia que ajudava pessoas de baixa renda. Roman era uma espécie de coadjuvante, não ia aos tribunais, conhecia todos os casos e ajudava na sua resolução, mas sempre atuando nos bastidores. Quando, inesperadamente, seu sócio morre, o protagonista acaba se envolvendo na situação da empresa e acaba tendo que começar a aparecer mais, porém com a projeção vem a responsabilidade e é aí que Roman J. Israel começa a se perder entre seu idealismo e a necessidade de se transformar em algo maior!

"Roman J. Israel" já se define pelo título - É um filme de personagem e embora eu ache o Denzel Washington um péssimo "perdedor" (vide a cara feia no Oscar 2017), ele está impecável no papel. Foi realmente merecida sua indicação como "Melhor Ator" em 2018. Já o filme, olha, é bom, mas tem um "problema" de roteiro que pode incomodar os mais exigentes - o primeiro ato é muito longo, com isso o clímax e o desfecho são pouco desenvolvidos. Quando a história pega, faltam só 40 minutos para acabar o filme e dá a impressão que tudo acaba sendo resolvido com muita pressa. Tinha um potencial de exploração muito maior (e aí não sei se foi o Estúdio que mandou cortar) porque a trama é bem amarradinha no segundo ato, criando uma sensação de angústia muito grande em quem assiste, mas, infelizmente, acaba rápido demais! O ritmo muda tão drasticamente que no final surge aquele: "Já?"!!!

O diretor é o Dan Gilroy, o mesmo do excelente "Nightcrawler" (O Abutre). Ele constrói muito bem essa atmosfera de tensão (inclusive porque é ele que escreve os roteiros que filma), mas em "Roman J. Israel, Esq.", embora competente demais na direção, seguro e sem querer aparecer muito, achei que acabou derrapando no roteiro pelo elementos que citei acima!

Resumindo: é um filme bom; com uma história realmente boa, mas tinha potencial pra ser um filme muito melhor! Vale o play, será um ótimo entretenimento, mas não é um filme inesquecível!

Assista Agora

Um advogado com princípios muito enraizados que, por uma circunstância de vida, faz uma escolha errada. Não é uma história tão original, mas te prende do começo ao fim!

Roman J. Israel (Denzel Washington) é um inteligente advogado que trabalha há muito tempo em uma firma de advocacia que ajudava pessoas de baixa renda. Roman era uma espécie de coadjuvante, não ia aos tribunais, conhecia todos os casos e ajudava na sua resolução, mas sempre atuando nos bastidores. Quando, inesperadamente, seu sócio morre, o protagonista acaba se envolvendo na situação da empresa e acaba tendo que começar a aparecer mais, porém com a projeção vem a responsabilidade e é aí que Roman J. Israel começa a se perder entre seu idealismo e a necessidade de se transformar em algo maior!

"Roman J. Israel" já se define pelo título - É um filme de personagem e embora eu ache o Denzel Washington um péssimo "perdedor" (vide a cara feia no Oscar 2017), ele está impecável no papel. Foi realmente merecida sua indicação como "Melhor Ator" em 2018. Já o filme, olha, é bom, mas tem um "problema" de roteiro que pode incomodar os mais exigentes - o primeiro ato é muito longo, com isso o clímax e o desfecho são pouco desenvolvidos. Quando a história pega, faltam só 40 minutos para acabar o filme e dá a impressão que tudo acaba sendo resolvido com muita pressa. Tinha um potencial de exploração muito maior (e aí não sei se foi o Estúdio que mandou cortar) porque a trama é bem amarradinha no segundo ato, criando uma sensação de angústia muito grande em quem assiste, mas, infelizmente, acaba rápido demais! O ritmo muda tão drasticamente que no final surge aquele: "Já?"!!!

O diretor é o Dan Gilroy, o mesmo do excelente "Nightcrawler" (O Abutre). Ele constrói muito bem essa atmosfera de tensão (inclusive porque é ele que escreve os roteiros que filma), mas em "Roman J. Israel, Esq.", embora competente demais na direção, seguro e sem querer aparecer muito, achei que acabou derrapando no roteiro pelo elementos que citei acima!

Resumindo: é um filme bom; com uma história realmente boa, mas tinha potencial pra ser um filme muito melhor! Vale o play, será um ótimo entretenimento, mas não é um filme inesquecível!

Assista Agora

Safety

"Safety" é muito bacana (muito "mesmo"!) - daqueles filmes emocionantes que nos fazem sorrir com o coração e com a alma! Safety para quem está pouco familiarizado com o Futebol Americano é uma posição importante da linha de defesa de um time e que em uma tradução livre significa "segurança". Muito mais do que contar a história de um atleta que joga nessa posição, o título do filme pretende explorar o real significado da palavra dentro do âmbito familiar e é isso que transforma essa produção original da Disney em um filme simplesmente imperdível!

Essa é a história real de Ray McElrathbey (Jay Reeves), um jovem jogador de futebol americano recém chegado em uma das Universidades mais tradicionais dos EUA quando o assunto é o programa de bolsas para o esporte. A oportunidade de jogar nos "Tigers" de Clemson é tão relevante quanto ganhar uma bolsa integral da Universidade, porém McElrathbey precisa enfrentar uma série de desafiadores obstáculos na vida e lutar contra muitas adversidades para manter essa condição de estudante e atleta, ao mesmo tempo que precisa cuidar de seu irmão de 11 anos de idade enquanto sua mãe passa por um tratamento para se livrar das drogas. Confira o trailer:

Veja, mesmo com inúmeras referências ao esporte, inclusive com diálogos bastante complicados até para os mais familiarizados, "Safety" não é um filme de futebol americano na sua essência - são pouquíssimas cenas de jogos ou de citações sobre a necessidade de vencer o título da temporada. Obviamente que a atmosfera esportiva e a importância dos Tigers para a comunidade são claramente perceptíveis durante o desenrolar do filme, mas eu diria que a relação direta com o esporte em si para por aí. É inegável que a audiência acostumada com o futebol americano vai se relacionar de uma maneira muito mais profunda com a trama, mas o roteiro de Nick Santora (da série “Prison Break”) cumpre muito bem o papel didático para fisgar um público mais abrangente.

"Safety" é um excelente exemplo de história que daria um filme impactante se o conceito narrativo se apoiasse no realismo brutal do drama familiar como em "Florida Project"ou "Palmer", mas assim não seria um filme "Disney". A escolha (ou imposição) do diretor Reginald Hudlin (“O Pai da Black Music”) por um tom mais brando prejudica a experiência? Não, muito pelo contrário, mas não dá para negar que a busca pela solução do problema acaba ganhando uma importância narrativa muito maior do que o problema em si. 

Tecnicamente o filme é muito bem realizado - dos planos abertos do campo de futebol americano para nos posicionar perante a grandiosidade do esporte e de sua tradição para a universidade de Clemson aos cortes bem executados entre uma câmera subjetiva ou um movimento de travelling para nos colocar no campo de jogo. Tudo isso, porém, são apenas elementos visualmente impactantes para emoldurar as mensagens inspiradoras e emocionantes, além de ótimos momentos que servem como alívios cômicos (principalmente com o ótimo Thaddeus J. Mixson - o irmão mais novo de Ray, Fahmarr).

"Safety" é repleto de clichês, mas que funciona perfeitamente para nos emocionar, além de trazer aquela sensação de bem-estar tão característico das produções da Disney que em nenhum momento perdem o seu brilho ou a simpatia dos personagens.

Vale muito a pena!

Assista Agora

"Safety" é muito bacana (muito "mesmo"!) - daqueles filmes emocionantes que nos fazem sorrir com o coração e com a alma! Safety para quem está pouco familiarizado com o Futebol Americano é uma posição importante da linha de defesa de um time e que em uma tradução livre significa "segurança". Muito mais do que contar a história de um atleta que joga nessa posição, o título do filme pretende explorar o real significado da palavra dentro do âmbito familiar e é isso que transforma essa produção original da Disney em um filme simplesmente imperdível!

Essa é a história real de Ray McElrathbey (Jay Reeves), um jovem jogador de futebol americano recém chegado em uma das Universidades mais tradicionais dos EUA quando o assunto é o programa de bolsas para o esporte. A oportunidade de jogar nos "Tigers" de Clemson é tão relevante quanto ganhar uma bolsa integral da Universidade, porém McElrathbey precisa enfrentar uma série de desafiadores obstáculos na vida e lutar contra muitas adversidades para manter essa condição de estudante e atleta, ao mesmo tempo que precisa cuidar de seu irmão de 11 anos de idade enquanto sua mãe passa por um tratamento para se livrar das drogas. Confira o trailer:

Veja, mesmo com inúmeras referências ao esporte, inclusive com diálogos bastante complicados até para os mais familiarizados, "Safety" não é um filme de futebol americano na sua essência - são pouquíssimas cenas de jogos ou de citações sobre a necessidade de vencer o título da temporada. Obviamente que a atmosfera esportiva e a importância dos Tigers para a comunidade são claramente perceptíveis durante o desenrolar do filme, mas eu diria que a relação direta com o esporte em si para por aí. É inegável que a audiência acostumada com o futebol americano vai se relacionar de uma maneira muito mais profunda com a trama, mas o roteiro de Nick Santora (da série “Prison Break”) cumpre muito bem o papel didático para fisgar um público mais abrangente.

"Safety" é um excelente exemplo de história que daria um filme impactante se o conceito narrativo se apoiasse no realismo brutal do drama familiar como em "Florida Project"ou "Palmer", mas assim não seria um filme "Disney". A escolha (ou imposição) do diretor Reginald Hudlin (“O Pai da Black Music”) por um tom mais brando prejudica a experiência? Não, muito pelo contrário, mas não dá para negar que a busca pela solução do problema acaba ganhando uma importância narrativa muito maior do que o problema em si. 

Tecnicamente o filme é muito bem realizado - dos planos abertos do campo de futebol americano para nos posicionar perante a grandiosidade do esporte e de sua tradição para a universidade de Clemson aos cortes bem executados entre uma câmera subjetiva ou um movimento de travelling para nos colocar no campo de jogo. Tudo isso, porém, são apenas elementos visualmente impactantes para emoldurar as mensagens inspiradoras e emocionantes, além de ótimos momentos que servem como alívios cômicos (principalmente com o ótimo Thaddeus J. Mixson - o irmão mais novo de Ray, Fahmarr).

"Safety" é repleto de clichês, mas que funciona perfeitamente para nos emocionar, além de trazer aquela sensação de bem-estar tão característico das produções da Disney que em nenhum momento perdem o seu brilho ou a simpatia dos personagens.

Vale muito a pena!

Assista Agora

Saint Laurent

Se “Halston” é a versão biográfica hollywoodiana de um ícone da moda para o streaming, sem a menor dúvida que "Saint Laurent" cumpre o mesmo papel para o cinema independente - e essa analogia vai além do conteúdo, já que a forma com que o diretor francês Bertrand Bonello (de "Coma") cobre um recorte importante da carreira do estilista é pouco convencional e extremamente autoral. Certamente que as escolhas estéticas e narrativas do diretor vão afastar parte da audiência, porém, para o amante da moda, de cinebiografias e, principalmente, para quem gosta de filmes mais autorais, posso dizer que você está prestes a assistir um excelente filme!

O filme basicamente acompanha um recorte da vida de Yves Saint Laurent, especificamente entre os anos de 1967 e 1976, período em que, mesmo frágil emocionalmente, o famoso estilista estava no auge de sua carreira. confira o trailer:

Não por acaso "Saint Laurent" ostenta o selo de "Seleção Oficial" no Festival de Cannes 2014 e foi indicado pela França para concorrer na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2015. O curioso, porém, é que essa não é a única obra sobre o estilista que foi produzida e reconhecida naquele ano de 2014 - enquanto "Saint Laurent", de Bonello, insiste em explorar os aspectos mais sombrios da personalidade do protagonista."Yves Saint Laurent", de Jalil Lespert, uma versão "autorizada" por Pierre Bergé, companheiro do estilista que faleceu em 2008, foca na vida do jovem que vai se transformando na velocidade de seu prestígio e através da tumultuada relação com o próprio Bergé.

Veja, aqui o roteiro se propõe a mostrar o reinado de Saint Laurent no mundo da alta costura francesa sem se aprofundar em como ele conquistou esse status. O valor da obra está no processo criativo, nos relacionamentos amorosos, nas dificuldades emocionais e nas polêmicas com o marido e empresário Pierre Berger, mas sem levantar nenhuma bandeira ou provocar grandes discussões sobre os caminhos que o estilista escolheu durante a carreira - o que acaba distanciando a narrativa de "Halston", por exemplo. Em compensação, o recorte do filme é verdadeiramente impactante visualmente - seja pela maneira como o protagonista criava ou pela sua postura íntima em relação aos seus parceiros e amigos.

Propositalmente cadenciado e sem respeitar a linearidade das passagens retratadas, "Saint Laurent" vai incomodar os menos dispostos a encarar uma narrativa quase experimental. O primeiro ato, de fato, é o menos chamativo, porém ao entender a proposta do diretor, tudo muda de figura e nos conectamos com o personagem maravilhosamente interpretado pelo Gaspard Ulliel (de "Era uma segunda vez") - performance que lhe rendeu inúmeros prêmios e indicações, inclusive para o "Oscar Francês", o César Awards. Dito isso, é preciso comentar que o filme cresce muito quando se apoia na ruína íntima de Yves Saint Laurent (é onde se aproxima de Halston - por isso a comparação inicial), principalmente nos instantes em que a notoriedade, o dinheiro, a bajulação e o reconhecimento, já não eram suficientes para torna-lo uma pessoa feliz e realizada - por incrível que pareça!

Vale seu play!

Assista Agora

Se “Halston” é a versão biográfica hollywoodiana de um ícone da moda para o streaming, sem a menor dúvida que "Saint Laurent" cumpre o mesmo papel para o cinema independente - e essa analogia vai além do conteúdo, já que a forma com que o diretor francês Bertrand Bonello (de "Coma") cobre um recorte importante da carreira do estilista é pouco convencional e extremamente autoral. Certamente que as escolhas estéticas e narrativas do diretor vão afastar parte da audiência, porém, para o amante da moda, de cinebiografias e, principalmente, para quem gosta de filmes mais autorais, posso dizer que você está prestes a assistir um excelente filme!

O filme basicamente acompanha um recorte da vida de Yves Saint Laurent, especificamente entre os anos de 1967 e 1976, período em que, mesmo frágil emocionalmente, o famoso estilista estava no auge de sua carreira. confira o trailer:

Não por acaso "Saint Laurent" ostenta o selo de "Seleção Oficial" no Festival de Cannes 2014 e foi indicado pela França para concorrer na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2015. O curioso, porém, é que essa não é a única obra sobre o estilista que foi produzida e reconhecida naquele ano de 2014 - enquanto "Saint Laurent", de Bonello, insiste em explorar os aspectos mais sombrios da personalidade do protagonista."Yves Saint Laurent", de Jalil Lespert, uma versão "autorizada" por Pierre Bergé, companheiro do estilista que faleceu em 2008, foca na vida do jovem que vai se transformando na velocidade de seu prestígio e através da tumultuada relação com o próprio Bergé.

Veja, aqui o roteiro se propõe a mostrar o reinado de Saint Laurent no mundo da alta costura francesa sem se aprofundar em como ele conquistou esse status. O valor da obra está no processo criativo, nos relacionamentos amorosos, nas dificuldades emocionais e nas polêmicas com o marido e empresário Pierre Berger, mas sem levantar nenhuma bandeira ou provocar grandes discussões sobre os caminhos que o estilista escolheu durante a carreira - o que acaba distanciando a narrativa de "Halston", por exemplo. Em compensação, o recorte do filme é verdadeiramente impactante visualmente - seja pela maneira como o protagonista criava ou pela sua postura íntima em relação aos seus parceiros e amigos.

Propositalmente cadenciado e sem respeitar a linearidade das passagens retratadas, "Saint Laurent" vai incomodar os menos dispostos a encarar uma narrativa quase experimental. O primeiro ato, de fato, é o menos chamativo, porém ao entender a proposta do diretor, tudo muda de figura e nos conectamos com o personagem maravilhosamente interpretado pelo Gaspard Ulliel (de "Era uma segunda vez") - performance que lhe rendeu inúmeros prêmios e indicações, inclusive para o "Oscar Francês", o César Awards. Dito isso, é preciso comentar que o filme cresce muito quando se apoia na ruína íntima de Yves Saint Laurent (é onde se aproxima de Halston - por isso a comparação inicial), principalmente nos instantes em que a notoriedade, o dinheiro, a bajulação e o reconhecimento, já não eram suficientes para torna-lo uma pessoa feliz e realizada - por incrível que pareça!

Vale seu play!

Assista Agora

Seberg

Seberg

"Seberg", que no Brasil ganhou o subtítulo de "Contra Todos", passou quase despercebido pelos cinemas em 2020 e, sinceramente, merecia mais atenção. Primeiro pela força de uma história real, de fato, surpreendente e segundo pelo excelente trabalho de Kristen Stewart como protagonista.

Para quem não conhece, Seberg foi uma verdadeira estrela de um movimento cinematográfico francês chamado Nouvelle Vague,trabalhando com nomes consagrados como Jean-Luc Godard e François Truffaut. Embora tenha evitado Hollywood ao máximo, Seberg acabou escalada para viverJoana D’Arc de Otto Preminger, porém um acidente durante as filmagens quase matou a atriz queimada. Embora o filme pontue esse fato, é o inicio do romance com Hakim Jamal (Anthony Mackie), integrante dos Panteras Negras, e sua relação com o movimento dos direitos civis, que transformaram uma investigação feita pelo FBI no maior pesadelo da sua vida. Confira o trailer:

O fato do roteiro focar em um breve recorte da vida de Jean Seberg ajuda no desenvolvimento do drama pela qual a atriz passou, mas nos distancia do entendimento sobre o tamanho e a importância que ela tinha como figura pública. Dito isso, demoramos um pouco mais para mergulhar nas aflições da personagem - fato que não aconteceu em "Judy", por exemplo. Porém, assim que nos familiarizamos com o contexto politico e social da época e nos reconhecemos na forma como a atriz reage aos absurdos raciais, claro, tudo passa a fluir melhor. Kristen Stewart tem muito mérito nisso, já que seu trabalho explora todas as camadas de uma estrela, cheia de problemas pessoais, mas incrivelmente a frente do seu tempo. Vince Vaughn como o veterano radical e sem escrúpulos que trabalha no FBI, Carl Kowalski, também merece elogios. Reparem!

O interessante de "Seberg contra Todos", além de apresentar uma personagem forte e uma história que merecia ser contada, é a forma cruel como os fatos vão sendo construídos e como, pouco a pouco, isso vai interferindo na vida (e na sanidade) da protagonista. Saiba que o filme tem um caminho, uma direção clara, que impede maiores distrações, com isso tudo fica engessado e não dá tempo de provocar muitas reflexões como em "Infiltrado na Klan" ou em "Os Sete de Chicago"- para citar produções com eventos de uma mesma época e que trazem muitas referências. Independente disso, a recomendação é das mais tranquilas: trata-se de um ótimo filme, que acabou sendo deixado de lado injustamente e que merece muito o seu play!

Antes de terminar, mais uma observação: Rachel Morrison, jovem indicada ao Oscar na categoria "Melhor Fotografia" por "Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi" de 2017, e que também trabalhou em "Pantera Negra" (2018), mais uma vez dá um show - o trabalho dela em "Seberg" é digno de prêmios!

Assista Agora

"Seberg", que no Brasil ganhou o subtítulo de "Contra Todos", passou quase despercebido pelos cinemas em 2020 e, sinceramente, merecia mais atenção. Primeiro pela força de uma história real, de fato, surpreendente e segundo pelo excelente trabalho de Kristen Stewart como protagonista.

Para quem não conhece, Seberg foi uma verdadeira estrela de um movimento cinematográfico francês chamado Nouvelle Vague,trabalhando com nomes consagrados como Jean-Luc Godard e François Truffaut. Embora tenha evitado Hollywood ao máximo, Seberg acabou escalada para viverJoana D’Arc de Otto Preminger, porém um acidente durante as filmagens quase matou a atriz queimada. Embora o filme pontue esse fato, é o inicio do romance com Hakim Jamal (Anthony Mackie), integrante dos Panteras Negras, e sua relação com o movimento dos direitos civis, que transformaram uma investigação feita pelo FBI no maior pesadelo da sua vida. Confira o trailer:

O fato do roteiro focar em um breve recorte da vida de Jean Seberg ajuda no desenvolvimento do drama pela qual a atriz passou, mas nos distancia do entendimento sobre o tamanho e a importância que ela tinha como figura pública. Dito isso, demoramos um pouco mais para mergulhar nas aflições da personagem - fato que não aconteceu em "Judy", por exemplo. Porém, assim que nos familiarizamos com o contexto politico e social da época e nos reconhecemos na forma como a atriz reage aos absurdos raciais, claro, tudo passa a fluir melhor. Kristen Stewart tem muito mérito nisso, já que seu trabalho explora todas as camadas de uma estrela, cheia de problemas pessoais, mas incrivelmente a frente do seu tempo. Vince Vaughn como o veterano radical e sem escrúpulos que trabalha no FBI, Carl Kowalski, também merece elogios. Reparem!

O interessante de "Seberg contra Todos", além de apresentar uma personagem forte e uma história que merecia ser contada, é a forma cruel como os fatos vão sendo construídos e como, pouco a pouco, isso vai interferindo na vida (e na sanidade) da protagonista. Saiba que o filme tem um caminho, uma direção clara, que impede maiores distrações, com isso tudo fica engessado e não dá tempo de provocar muitas reflexões como em "Infiltrado na Klan" ou em "Os Sete de Chicago"- para citar produções com eventos de uma mesma época e que trazem muitas referências. Independente disso, a recomendação é das mais tranquilas: trata-se de um ótimo filme, que acabou sendo deixado de lado injustamente e que merece muito o seu play!

Antes de terminar, mais uma observação: Rachel Morrison, jovem indicada ao Oscar na categoria "Melhor Fotografia" por "Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi" de 2017, e que também trabalhou em "Pantera Negra" (2018), mais uma vez dá um show - o trabalho dela em "Seberg" é digno de prêmios!

Assista Agora

Segredos de um Escândalo

Costumo dizer que antes de qualquer julgamento, precisamos escutar os dois lados da história. É mais ou menos o que o diretor Todd Haynes (indicado ao Oscar por "Longe do Paraíso" em 2003) faz em "Segredos de um Escândalo" ao revisitar a história real de Mary Kay Letourneau, uma professora de 34 anos que se envolveu com um aluno de 13, engravidou durante o relacionamento, foi presa e depois se casou com o jovem. Com uma narrativa repleta de simbolismos e algumas adaptações, Haynes mergulha no íntimo dos personagens (aqui fictícios) para discutir as consequências devastadoras de algumas escolhas complexas do passado e como o julgamento social, de fato, impacta para sempre nas relações mais íntimas de todos os envolvidos. O diretor constrói uma jornada cheia de nuances que explora os dilemas da paixão, mas que não entrega todas as respostas, ou seja, se você está esperando algo usual em dramas desse estilo, provavelmente você não vai se conectar com o filme - aqui nos afastamos do sensacionalismo barato para percorrer a via da autoconsciência e da reflexão.

Vinte anos anos após um escândalo que abalou a comunidade local, Gracie (Julianne Moore) e Joe (Charles Melton), um casal com 23 anos de diferença, tentam ter uma vida normal, até que a atriz Elizabeth (Natalie Portman) se aproxima de Grace com o objetivo de se preparar para o seu próximo filme em que ela interpretará a própria Gracie. O problema é que essa jornada de pesquisa e estudos não só traz de volta vários fantasmas do passado como mexe com toda dinâmica de uma comunidade que nunca esteve disposta a esquecer o ocorrido. Confira o trailer:

Embora "Segredos de um Escândalo" tenha uma premissa que sugira um drama cheio de embates e julgamentos, eu diria que a originalidade do roteiro indicado ao Oscar, da novata Samy Burch, está justamente na quebra dessas expectativas. Cadenciada, mas sempre no tom certo, a narrativa funciona muito mais como uma espécie de mosaico de tonalidades emocionais do que como uma investigação profunda sobre mocinhos e bandidos de um caso realmente marcante. Com uma proposta muito mais honesta, o roteiro nos leva para um olhar além do escândalo em si, entregando um drama mais humano e levantando questionamentos sobre a moralidade, sobre o amor real, sobre o desejo, mas principalmente sobre as consequências de escolhas impensáveis. Veja, a narrativa não oferece respostas fáceis, mas tenha certeza que você vai se sentir provocado a refletir sobre as diversas faces da natureza humana.

A direção de Haynes é tecnicamente perfeita. Embora ele não arrisque na sua "forma", ele se aproveita do "conteúdo" para justamente desconstruir uma história complexa e ofertar para a audiência uma perspectiva menos superficial - Elizabeth é a personificação dessa estratégia que, simbolizada pela arte de atuar, lida com o desconforto daquela atmosfera de hipocrisia para entender as motivações todos os lados. Obviamente que a performance de Portman e de Moore dão tom desse jogo de verdades e aparências - as duas estão excepcionais, embora nenhuma tenha sido lembrada pela Academia e indicada ao Oscar. Uma pena, porque Portman entrega um trabalho realmente visceral, capturando toda a vulnerabilidade e a complexidade de Elizabeth enquanto ela navega pelos segredos mais obscuros de Gracie sem ao menos entender se está indo pelo caminho certo Enquanto Moore brilha com sua intensidade, transmitindo a dor, o arrependimento, a insegurança e a resiliência de uma mulher que enfrentou (e enfrenta) o julgamento da sociedade. 

"Segredos de um Escândalo" dividiu opiniões pelos caminhos escolhidos por Haynes - natural quando se troca o certo pelo diferente. Na minha humilde opinião estamos diante de um filme imperdível, especialmente se você aprecia dramas psicológicos mais intensos e reflexivos. Não será uma jornada tranquila, especialmente por sabermos como Hollywood e a indústria jornalística se apropriam de histórias repletas de sofrimento para entregar entretenimento barato sem ao menos olhar para seus protagonistas com alguma empatia. Aqui, mais do que empatia, existe respeito.

Vale seu play!

Assista Agora

Costumo dizer que antes de qualquer julgamento, precisamos escutar os dois lados da história. É mais ou menos o que o diretor Todd Haynes (indicado ao Oscar por "Longe do Paraíso" em 2003) faz em "Segredos de um Escândalo" ao revisitar a história real de Mary Kay Letourneau, uma professora de 34 anos que se envolveu com um aluno de 13, engravidou durante o relacionamento, foi presa e depois se casou com o jovem. Com uma narrativa repleta de simbolismos e algumas adaptações, Haynes mergulha no íntimo dos personagens (aqui fictícios) para discutir as consequências devastadoras de algumas escolhas complexas do passado e como o julgamento social, de fato, impacta para sempre nas relações mais íntimas de todos os envolvidos. O diretor constrói uma jornada cheia de nuances que explora os dilemas da paixão, mas que não entrega todas as respostas, ou seja, se você está esperando algo usual em dramas desse estilo, provavelmente você não vai se conectar com o filme - aqui nos afastamos do sensacionalismo barato para percorrer a via da autoconsciência e da reflexão.

Vinte anos anos após um escândalo que abalou a comunidade local, Gracie (Julianne Moore) e Joe (Charles Melton), um casal com 23 anos de diferença, tentam ter uma vida normal, até que a atriz Elizabeth (Natalie Portman) se aproxima de Grace com o objetivo de se preparar para o seu próximo filme em que ela interpretará a própria Gracie. O problema é que essa jornada de pesquisa e estudos não só traz de volta vários fantasmas do passado como mexe com toda dinâmica de uma comunidade que nunca esteve disposta a esquecer o ocorrido. Confira o trailer:

Embora "Segredos de um Escândalo" tenha uma premissa que sugira um drama cheio de embates e julgamentos, eu diria que a originalidade do roteiro indicado ao Oscar, da novata Samy Burch, está justamente na quebra dessas expectativas. Cadenciada, mas sempre no tom certo, a narrativa funciona muito mais como uma espécie de mosaico de tonalidades emocionais do que como uma investigação profunda sobre mocinhos e bandidos de um caso realmente marcante. Com uma proposta muito mais honesta, o roteiro nos leva para um olhar além do escândalo em si, entregando um drama mais humano e levantando questionamentos sobre a moralidade, sobre o amor real, sobre o desejo, mas principalmente sobre as consequências de escolhas impensáveis. Veja, a narrativa não oferece respostas fáceis, mas tenha certeza que você vai se sentir provocado a refletir sobre as diversas faces da natureza humana.

A direção de Haynes é tecnicamente perfeita. Embora ele não arrisque na sua "forma", ele se aproveita do "conteúdo" para justamente desconstruir uma história complexa e ofertar para a audiência uma perspectiva menos superficial - Elizabeth é a personificação dessa estratégia que, simbolizada pela arte de atuar, lida com o desconforto daquela atmosfera de hipocrisia para entender as motivações todos os lados. Obviamente que a performance de Portman e de Moore dão tom desse jogo de verdades e aparências - as duas estão excepcionais, embora nenhuma tenha sido lembrada pela Academia e indicada ao Oscar. Uma pena, porque Portman entrega um trabalho realmente visceral, capturando toda a vulnerabilidade e a complexidade de Elizabeth enquanto ela navega pelos segredos mais obscuros de Gracie sem ao menos entender se está indo pelo caminho certo Enquanto Moore brilha com sua intensidade, transmitindo a dor, o arrependimento, a insegurança e a resiliência de uma mulher que enfrentou (e enfrenta) o julgamento da sociedade. 

"Segredos de um Escândalo" dividiu opiniões pelos caminhos escolhidos por Haynes - natural quando se troca o certo pelo diferente. Na minha humilde opinião estamos diante de um filme imperdível, especialmente se você aprecia dramas psicológicos mais intensos e reflexivos. Não será uma jornada tranquila, especialmente por sabermos como Hollywood e a indústria jornalística se apropriam de histórias repletas de sofrimento para entregar entretenimento barato sem ao menos olhar para seus protagonistas com alguma empatia. Aqui, mais do que empatia, existe respeito.

Vale seu play!

Assista Agora

Self Made

"A Vida e a História de Madam C.J. Walker" retrata a incrível história real deSarah Breedlove, a primeira mulher negra no mundo a tronar-se milionária. A minissérie de 4 capítulos da Netflix pode até ser reconhecida pela trajetória de sucesso da C.J. Walker e toda revolução que seus produtos representaram no setor de beleza para mulheres negras, mas na verdade, a história fala mesmo é de resiliência - para mim, uma das qualidades essenciais para quem quer (ou precisa) empreender. Confira o trailer:

A impressionante história de uma filha de escravos que se tornou uma das mulheres mais influentes de sua época foi contada na biografia On Her Own Ground, escrita por  A'Lelia Bundles. O livro inspirou a série que tem como produtor executivo ninguém menos de LeBron James. Em 1908, na Louisiana, Sul dos Estados Unidos, Sarah Breedlove (Octavia Spencer) sobrevivia como lavadeira até que um dia ela recebeu a visita de Addie Munroe (Carmen Ejogo), uma vendedora que lhe oferecia um certo produto que prometia fazer seu cabelo crescer de uma forma mais rápida e sedosa. Com algum tempo de uso, a vida de Sarah muda completamente, aumentando sua auto-estima e abrindo a possibilidade de revender o produto usando seu depoimento real para convencer as possíveis compradoras. Sua estratégia funciona, porém Munroe impede que Breedlove continue com as vendas por não querer seu produto vinculado à uma lavandeira! Inconformada, ela resolve produzir seu próprio produto, atacando o ponto mais sensível da concorrente: o cheiro ruim que ficava no cabelo após a aplicação. A partir do sucesso do novo produto"A Vida e a História de Madam C.J. Walker" pontua todos os momentos cruciais na construção de um império da beleza em uma época em que grande parte dos Estados Unidos vivia sob rígidas leis de segregação racial.

De cara, é preciso dizer que o roteiro da minissérie escrito pela Nicole Jefferson Asher, Elle Johnson (Bosh) e Janine Sherman (E.R.) tropeça na própria pretensão de se tornar inovador, porém entrega um resultado interessante e satisfatório - muito mais pela força da história de Breedlove do que pelas escolhas criativas das roteiristas. Existem algumas intervenções visuais durante os momentos de reflexão da protagonista que poderiam criar uma certa leveza artística para a minissérie, mas a forma como foi realizada tira completamente do contexto narrativo e não entrega o impacto visual que se propunha - se a culpa é da roteirista, da produção ou da própria diretora, fica difícil cravar, mas o fato é que não funcionou - ficou simples demais! Essa, aliás, é minha única critica em relação a minissérie - até sua proposta musical ao melhor estilo Baz Luhrmann eu gostei, ou seja, ao mesmo tempo em que se constrói uma história de época super engessada, também encontramos cenas importantes sendo embaladas ao som de um hip hop moderno, por exemplo!

A direção de DeMane Davis (de "How to Get Away with Murder") e de Kasi Lemmons (de "Harriet") não impressiona, mas também não compromete - cada uma dirigiu dois capítulos. Já a fotografia de Kira Kelly (de "A 13ª Emenda") está muito bonita, embora seja perceptível o incomodo por ser uma produção sem tantos recursos. Gostei muito do trabalho de arte e um pouco menos da montagem - o resultado final é uma minissérie com uma grande história que mereceria um maior investimento para alcançar o status de forte concorrente na próxima temporada de premiações - e aí nem preciso mencionar a qualidade do trabalho da Octavia Spencer, certo?

Agora, quando nos deparamos com frases impactantes como “o cabelo é nossa herança", "ele diz de onde viemos, onde estivemos e para onde vamos”, “o cabelo pode ser liberdade ou prisão” e “se ela fica bonita, todas nós ficamos bonita”, temos uma tendência natural em diminuir o valor do roteiro perante uma grande história, mas nesse caso o contexto faz todo o sentido, pois esse tipo de escolha serve como um impulso perante uma postura de marca que hoje é até usual, mas que na época foi um grande diferencial. Sarah Breedlove não vendia apenas um produto, ela vendia um novo estilo de vida; e construiu um império graças à coerência do seu discurso com seu propósito - ela queria criar possibilidades reais para uma ascensão social da mulher negra através de um trabalho digno, em um mercado até então dominado pelos brancos e isso acabou se tornando prioridade nos investimentos que ela sempre fez em treinamentos para que centenas de mulheres pudessem trabalhar como cabeleireiras e vendedoras de seus produtos.

Olha, a minissérie é inspiradora, tem uma dinâmica muito interessante e escancara alguns elementos essências para quem quer ou já empreende. Além de uma aula de percepção de mercado, desenvolvimento de produto, comunicação com seu publico (comunidade), estratégia de vendas e pitching; "A Vida e a História de Madam C.J. Walker" é um excelente entretenimento! Vale muito a pena!

Assista Agora

"A Vida e a História de Madam C.J. Walker" retrata a incrível história real deSarah Breedlove, a primeira mulher negra no mundo a tronar-se milionária. A minissérie de 4 capítulos da Netflix pode até ser reconhecida pela trajetória de sucesso da C.J. Walker e toda revolução que seus produtos representaram no setor de beleza para mulheres negras, mas na verdade, a história fala mesmo é de resiliência - para mim, uma das qualidades essenciais para quem quer (ou precisa) empreender. Confira o trailer:

A impressionante história de uma filha de escravos que se tornou uma das mulheres mais influentes de sua época foi contada na biografia On Her Own Ground, escrita por  A'Lelia Bundles. O livro inspirou a série que tem como produtor executivo ninguém menos de LeBron James. Em 1908, na Louisiana, Sul dos Estados Unidos, Sarah Breedlove (Octavia Spencer) sobrevivia como lavadeira até que um dia ela recebeu a visita de Addie Munroe (Carmen Ejogo), uma vendedora que lhe oferecia um certo produto que prometia fazer seu cabelo crescer de uma forma mais rápida e sedosa. Com algum tempo de uso, a vida de Sarah muda completamente, aumentando sua auto-estima e abrindo a possibilidade de revender o produto usando seu depoimento real para convencer as possíveis compradoras. Sua estratégia funciona, porém Munroe impede que Breedlove continue com as vendas por não querer seu produto vinculado à uma lavandeira! Inconformada, ela resolve produzir seu próprio produto, atacando o ponto mais sensível da concorrente: o cheiro ruim que ficava no cabelo após a aplicação. A partir do sucesso do novo produto"A Vida e a História de Madam C.J. Walker" pontua todos os momentos cruciais na construção de um império da beleza em uma época em que grande parte dos Estados Unidos vivia sob rígidas leis de segregação racial.

De cara, é preciso dizer que o roteiro da minissérie escrito pela Nicole Jefferson Asher, Elle Johnson (Bosh) e Janine Sherman (E.R.) tropeça na própria pretensão de se tornar inovador, porém entrega um resultado interessante e satisfatório - muito mais pela força da história de Breedlove do que pelas escolhas criativas das roteiristas. Existem algumas intervenções visuais durante os momentos de reflexão da protagonista que poderiam criar uma certa leveza artística para a minissérie, mas a forma como foi realizada tira completamente do contexto narrativo e não entrega o impacto visual que se propunha - se a culpa é da roteirista, da produção ou da própria diretora, fica difícil cravar, mas o fato é que não funcionou - ficou simples demais! Essa, aliás, é minha única critica em relação a minissérie - até sua proposta musical ao melhor estilo Baz Luhrmann eu gostei, ou seja, ao mesmo tempo em que se constrói uma história de época super engessada, também encontramos cenas importantes sendo embaladas ao som de um hip hop moderno, por exemplo!

A direção de DeMane Davis (de "How to Get Away with Murder") e de Kasi Lemmons (de "Harriet") não impressiona, mas também não compromete - cada uma dirigiu dois capítulos. Já a fotografia de Kira Kelly (de "A 13ª Emenda") está muito bonita, embora seja perceptível o incomodo por ser uma produção sem tantos recursos. Gostei muito do trabalho de arte e um pouco menos da montagem - o resultado final é uma minissérie com uma grande história que mereceria um maior investimento para alcançar o status de forte concorrente na próxima temporada de premiações - e aí nem preciso mencionar a qualidade do trabalho da Octavia Spencer, certo?

Agora, quando nos deparamos com frases impactantes como “o cabelo é nossa herança", "ele diz de onde viemos, onde estivemos e para onde vamos”, “o cabelo pode ser liberdade ou prisão” e “se ela fica bonita, todas nós ficamos bonita”, temos uma tendência natural em diminuir o valor do roteiro perante uma grande história, mas nesse caso o contexto faz todo o sentido, pois esse tipo de escolha serve como um impulso perante uma postura de marca que hoje é até usual, mas que na época foi um grande diferencial. Sarah Breedlove não vendia apenas um produto, ela vendia um novo estilo de vida; e construiu um império graças à coerência do seu discurso com seu propósito - ela queria criar possibilidades reais para uma ascensão social da mulher negra através de um trabalho digno, em um mercado até então dominado pelos brancos e isso acabou se tornando prioridade nos investimentos que ela sempre fez em treinamentos para que centenas de mulheres pudessem trabalhar como cabeleireiras e vendedoras de seus produtos.

Olha, a minissérie é inspiradora, tem uma dinâmica muito interessante e escancara alguns elementos essências para quem quer ou já empreende. Além de uma aula de percepção de mercado, desenvolvimento de produto, comunicação com seu publico (comunidade), estratégia de vendas e pitching; "A Vida e a História de Madam C.J. Walker" é um excelente entretenimento! Vale muito a pena!

Assista Agora

Sementes Podres

Vamos filosofar um pouquinho! Sementes podres nunca irão cultivar bons frutos, correto? Mas como saber quais sementes são realmente ruins? A frase do célebre escritor Victor Hugo vai mais fundo nesta questão ao afirmar o seguinte: “Não há nem ervas daninhas, nem homens maus. Há sim, maus cultivadores.” Esta frase inicia esse ótimo filme francês “Sementes Podres”, assim como a introdução deste texto reflete a sua mensagem e tema.

Na trama, o trapaceiro Wael (Kheiron) vive de pequenos golpes com Monique (Catherine Deneuve), sua mãe adotiva. Sua vida se transforma no dia em que um amigo, Victor (André Dussollier), oferece a ele, por insistência de Monique, um pequeno trabalho voluntário como mentor de um grupo de estudantes com dificuldades. A partir desse entrecho, o filme irá promover muitos ensinamentos e reflexões. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Aprendemos que crianças e jovens precisam de educação, cuidado e oportunidades para se tornarem bons cidadãos. E que mesmo aqueles, rotulados como rebeldes infratores (ou as sementes podres do título), podem ter os seus destinos mudados caso uma mão seja estendida para que eles possam ter um novo recomeço. Esta temática - riquíssima e sempre muito necessária - nos é apresentada de forma leve e descontraída. O roteiro apresenta um humor simples e até mesmo inocente, mas ao mesmo tempo muito objetivo e assertivo nas suas intenções.

A mensagem é transmitida de forma tão clara que até mesmo uma criança de pouca idade poderá compreendê-la. O filme tem um apelo autobiográfico muito forte, já que o protagonista da história, o ator iraniano Kheiron, também é o roteirista e o diretor. As suas vivências pessoais, como refugiado de origem islâmica na Europa, serviram de inspiração para compor o seu personagem, dando um brilho ainda maior para obra. E o brilho não para aí, Kheiron divide a cena com a diva francesa Catherine Deneuve, numa dobradinha perfeita!

Misturando comédia e drama de forma equilibrada, “Sementes Podres” diverte, emociona e passa a sua mensagem com maestria e simplicidade.

Vale muito a pena!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

Assista Agora

Vamos filosofar um pouquinho! Sementes podres nunca irão cultivar bons frutos, correto? Mas como saber quais sementes são realmente ruins? A frase do célebre escritor Victor Hugo vai mais fundo nesta questão ao afirmar o seguinte: “Não há nem ervas daninhas, nem homens maus. Há sim, maus cultivadores.” Esta frase inicia esse ótimo filme francês “Sementes Podres”, assim como a introdução deste texto reflete a sua mensagem e tema.

Na trama, o trapaceiro Wael (Kheiron) vive de pequenos golpes com Monique (Catherine Deneuve), sua mãe adotiva. Sua vida se transforma no dia em que um amigo, Victor (André Dussollier), oferece a ele, por insistência de Monique, um pequeno trabalho voluntário como mentor de um grupo de estudantes com dificuldades. A partir desse entrecho, o filme irá promover muitos ensinamentos e reflexões. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Aprendemos que crianças e jovens precisam de educação, cuidado e oportunidades para se tornarem bons cidadãos. E que mesmo aqueles, rotulados como rebeldes infratores (ou as sementes podres do título), podem ter os seus destinos mudados caso uma mão seja estendida para que eles possam ter um novo recomeço. Esta temática - riquíssima e sempre muito necessária - nos é apresentada de forma leve e descontraída. O roteiro apresenta um humor simples e até mesmo inocente, mas ao mesmo tempo muito objetivo e assertivo nas suas intenções.

A mensagem é transmitida de forma tão clara que até mesmo uma criança de pouca idade poderá compreendê-la. O filme tem um apelo autobiográfico muito forte, já que o protagonista da história, o ator iraniano Kheiron, também é o roteirista e o diretor. As suas vivências pessoais, como refugiado de origem islâmica na Europa, serviram de inspiração para compor o seu personagem, dando um brilho ainda maior para obra. E o brilho não para aí, Kheiron divide a cena com a diva francesa Catherine Deneuve, numa dobradinha perfeita!

Misturando comédia e drama de forma equilibrada, “Sementes Podres” diverte, emociona e passa a sua mensagem com maestria e simplicidade.

Vale muito a pena!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

Assista Agora

Sergio

Estava muito ansioso para assistir "Sergio" - filme sobre o diplomata Sergio Viera de Mello, morto em um ataque terrorista em Bagdá, mas também estava muito receoso com a escolha do diretor Greg Barker, um documentarista com nenhuma experiência em dramaturgia. Pois bem, meu receio se confirmou, mas o maior problema do filme está no seu roteiro e talvez Baker tenha muita culpa disso como com explicar mais a frente.

Baseado no livro "O homem que queria salvar o mundo: Uma biografia de Sergio Vieira de Mello" de Samantha Power, o filme acompanha os momentos mais marcantes do brasileiro Sergio Vieira de Mello (Wagner Moura) que dedicou a maior parte de sua carreira como diplomata da ONU trabalhando nas regiões mais instáveis do mundo, negociando habilmente com presidentes, revolucionários e criminosos de guerra para proteger a vida de pessoas comuns. Porém, assim que Sergio chega para uma missão em Bagdá, recém-mergulhada no caos após a invasão americana, uma explosão de um carro bomba faz com que as paredes da sede da ONU caiam literalmente sobre ele, desencadeando uma emocionante luta entre vida e morte. Confira o trailer:

De fato "Sergio" não é um filme ruim, mas quando um diretor se propõe a contar a história de uma personalidade tão importante pelas suas ações humanitárias e relacionamentos políticos que interferiram ativamente na história recente desse planeta, é de se esperar muito mais do que um romance água com açúcar como vemos em 1/3 do filme! Aliás, o tempo que o roteiro perde para contar a história de amor entre Sergio e Carolina é completamente desproporcional à quantidade de assuntos políticos (lei-se intrigas) que o filme deixou de explorar. Dito isso, "Sergio" é um filme muito bem realizado, com dois atores acima da média, uma fotografia linda e um roteiro fraco. O resultado final ainda é um filme mediano, que deve ser esquecido em poucas semanas, mas que merece ser assistido pelo tamanho e importância do seu protagonista!

Assista Agora ou

Estava muito ansioso para assistir "Sergio" - filme sobre o diplomata Sergio Viera de Mello, morto em um ataque terrorista em Bagdá, mas também estava muito receoso com a escolha do diretor Greg Barker, um documentarista com nenhuma experiência em dramaturgia. Pois bem, meu receio se confirmou, mas o maior problema do filme está no seu roteiro e talvez Baker tenha muita culpa disso como com explicar mais a frente.

Baseado no livro "O homem que queria salvar o mundo: Uma biografia de Sergio Vieira de Mello" de Samantha Power, o filme acompanha os momentos mais marcantes do brasileiro Sergio Vieira de Mello (Wagner Moura) que dedicou a maior parte de sua carreira como diplomata da ONU trabalhando nas regiões mais instáveis do mundo, negociando habilmente com presidentes, revolucionários e criminosos de guerra para proteger a vida de pessoas comuns. Porém, assim que Sergio chega para uma missão em Bagdá, recém-mergulhada no caos após a invasão americana, uma explosão de um carro bomba faz com que as paredes da sede da ONU caiam literalmente sobre ele, desencadeando uma emocionante luta entre vida e morte. Confira o trailer:

De fato "Sergio" não é um filme ruim, mas quando um diretor se propõe a contar a história de uma personalidade tão importante pelas suas ações humanitárias e relacionamentos políticos que interferiram ativamente na história recente desse planeta, é de se esperar muito mais do que um romance água com açúcar como vemos em 1/3 do filme! Aliás, o tempo que o roteiro perde para contar a história de amor entre Sergio e Carolina é completamente desproporcional à quantidade de assuntos políticos (lei-se intrigas) que o filme deixou de explorar. Dito isso, "Sergio" é um filme muito bem realizado, com dois atores acima da média, uma fotografia linda e um roteiro fraco. O resultado final ainda é um filme mediano, que deve ser esquecido em poucas semanas, mas que merece ser assistido pelo tamanho e importância do seu protagonista!

Assista Agora ou

Seven Seconds

Nada será tão tranquilo ao apertar o play! Sério, na linha do inesquecível "Olhos que Condenam", "Seven Seconds" é realmente visceral ao oferecer uma exploração corajosa e emocionalmente intensa sobre as tensões raciais nos EUA pela perspectiva da corrupção policial e das falhas do sistema de justiça do país. Inspirada no filme russo "Major", de Yuriy Bykov, essa minissérie lançada em 2018 e criada por Veena Sud, adapta com muita inteligência e sensibilidade a narrativa original, porém dentro de um contexto americano, abordando temas que são tanto oportunos quanto atemporais. Com performances de fato poderosas (que garantiu até um Emmy para Regina King), uma narrativa angustiante na sua essência e uma crítica social bastante incisiva, "Seven Seconds", é possível dizer, se estabelece como uma das minisséries mais impactantes dos últimos anos e que, sem dúvida, vai fazer você se perguntar "por que raios eu não assisti essa maravilha antes?".

A trama é desencadeada por um incidente trágico: um jovem afro-americano, Brenton Butler (Daykwon Gaines), é atropelado por um policial branco, Pete Jablonski (Beau Knapp), em Jersey City. O policial, em pânico, decide encobrir o acidente com a ajuda de seus colegas, desencadeando uma série de eventos que expõem as fissuras profundas no sistema de justiça e nas relações raciais. A minissérie acompanha a luta da família Butler, especialmente da mãe de Brenton, Latrice (Regina King), por justiça, enquanto a promotora pública KJ Harper (Clare-Hope Ashitey) tenta navegar pelos obstáculos institucionais que dificultam a busca pela verdade. Confira o trailer:

Veena Sud, conhecida por seu magistral trabalho como showrunner em "The Killing", traz para Netflix sua habilidade em construir mistérios complexos e dramas emocionais. "Seven Seconds", na realidade, não se limita a ser um simples drama policial, muito pelo contrário, ela é uma minissérie que se aprofunda nas questões sociais e raciais com muito tato, apresentando uma narrativa que funciona tanto como um thriller jurídico quanto como um recorte importante de uma sociedade doente. Sud sabe abordar a corrupção policial, o preconceito e a dor da perda com uma elegância que faz com que narrativa fuja do sensacionalismo e provoque discussões, sempre focando na humanidade dos personagens e na complexidade moral das situações que coda uma deles enfrentam. A direção, que envolve vários profissionais ao longo da minissérie, é igualmente eficaz ao criar uma atmosfera de tensão e desespero constantes. A fotografia do Yaron Orbach (de "Paixão Obsessiva") é um primor! Sombria e realista, Orbach utiliza cores frias e uma iluminação 100% naturalista, para acentuar a densidade da narrativa. Repare como as cenas são frequentemente filmadas de maneira a enfatizar o isolamento dos personagens, reforçando a sensação de alienação e da desconexão em uma sociedade marcada pela injustiça.

O roteiro, co-escrito por Sud e sua equipe, é bem estruturado e equilibrado, mesclando a dor do drama pessoal com a dinâmica mais envolvente de uma investigação criminal - nesse sentido, a minissérie faz um excelente trabalho ao capturar a frustração e a raiva de uma comunidade que se sente repetidamente traída por aqueles que deveriam protegê-la. Olha, é de embrulhar o estômago! O ritmo da narrativa é excelente, permitindo que as emoções dos personagens e as implicações de suas ações se desenrolem de maneira orgânica e impactante. Regina King é o coração pulsante dessa proposta - ela captura a dor crua de uma mãe que perde seu filho de forma brutal e injusta. King traz uma intensidade emocional devastadora e poderosa, tornando sua Latrice uma personagem profundamente humana e de fácil conexão. Clare-Hope Ashitey também se destaca retratando uma promotora pública que luta com seus próprios demônios enquanto tenta fazer o que é certo em um sistema corrupto e por isso muito traiçoeiro!

"Seven Seconds" traz temas pesados em um ritmo deliberado que pode ser emocionalmente exaustivo para muitos. No entanto, é justamente essa proposta que aumenta o impacto da minissérie, deixando a audiência de olhos vidrados de um lado e tocada na alma de outro! Poderosa e necessária, a trama oferece uma crítica incisiva sobre as falhas sistêmicas e da injustiça racial. Sem levantar bandeiras desnecessárias, a narrativa deixa a mensagem de uma exploração corajosa sobre as complexidades morais e emocionais envolvidas em casos de brutalidade policial com suas consequências devastadoras. Olha, essa jornada é um desafio que vai te provocar uma reflexão intensa sobre questões essenciais, especialmente sobre o valor da verdade e da humanidade.

Vale muito!

Assista Agora

Nada será tão tranquilo ao apertar o play! Sério, na linha do inesquecível "Olhos que Condenam", "Seven Seconds" é realmente visceral ao oferecer uma exploração corajosa e emocionalmente intensa sobre as tensões raciais nos EUA pela perspectiva da corrupção policial e das falhas do sistema de justiça do país. Inspirada no filme russo "Major", de Yuriy Bykov, essa minissérie lançada em 2018 e criada por Veena Sud, adapta com muita inteligência e sensibilidade a narrativa original, porém dentro de um contexto americano, abordando temas que são tanto oportunos quanto atemporais. Com performances de fato poderosas (que garantiu até um Emmy para Regina King), uma narrativa angustiante na sua essência e uma crítica social bastante incisiva, "Seven Seconds", é possível dizer, se estabelece como uma das minisséries mais impactantes dos últimos anos e que, sem dúvida, vai fazer você se perguntar "por que raios eu não assisti essa maravilha antes?".

A trama é desencadeada por um incidente trágico: um jovem afro-americano, Brenton Butler (Daykwon Gaines), é atropelado por um policial branco, Pete Jablonski (Beau Knapp), em Jersey City. O policial, em pânico, decide encobrir o acidente com a ajuda de seus colegas, desencadeando uma série de eventos que expõem as fissuras profundas no sistema de justiça e nas relações raciais. A minissérie acompanha a luta da família Butler, especialmente da mãe de Brenton, Latrice (Regina King), por justiça, enquanto a promotora pública KJ Harper (Clare-Hope Ashitey) tenta navegar pelos obstáculos institucionais que dificultam a busca pela verdade. Confira o trailer:

Veena Sud, conhecida por seu magistral trabalho como showrunner em "The Killing", traz para Netflix sua habilidade em construir mistérios complexos e dramas emocionais. "Seven Seconds", na realidade, não se limita a ser um simples drama policial, muito pelo contrário, ela é uma minissérie que se aprofunda nas questões sociais e raciais com muito tato, apresentando uma narrativa que funciona tanto como um thriller jurídico quanto como um recorte importante de uma sociedade doente. Sud sabe abordar a corrupção policial, o preconceito e a dor da perda com uma elegância que faz com que narrativa fuja do sensacionalismo e provoque discussões, sempre focando na humanidade dos personagens e na complexidade moral das situações que coda uma deles enfrentam. A direção, que envolve vários profissionais ao longo da minissérie, é igualmente eficaz ao criar uma atmosfera de tensão e desespero constantes. A fotografia do Yaron Orbach (de "Paixão Obsessiva") é um primor! Sombria e realista, Orbach utiliza cores frias e uma iluminação 100% naturalista, para acentuar a densidade da narrativa. Repare como as cenas são frequentemente filmadas de maneira a enfatizar o isolamento dos personagens, reforçando a sensação de alienação e da desconexão em uma sociedade marcada pela injustiça.

O roteiro, co-escrito por Sud e sua equipe, é bem estruturado e equilibrado, mesclando a dor do drama pessoal com a dinâmica mais envolvente de uma investigação criminal - nesse sentido, a minissérie faz um excelente trabalho ao capturar a frustração e a raiva de uma comunidade que se sente repetidamente traída por aqueles que deveriam protegê-la. Olha, é de embrulhar o estômago! O ritmo da narrativa é excelente, permitindo que as emoções dos personagens e as implicações de suas ações se desenrolem de maneira orgânica e impactante. Regina King é o coração pulsante dessa proposta - ela captura a dor crua de uma mãe que perde seu filho de forma brutal e injusta. King traz uma intensidade emocional devastadora e poderosa, tornando sua Latrice uma personagem profundamente humana e de fácil conexão. Clare-Hope Ashitey também se destaca retratando uma promotora pública que luta com seus próprios demônios enquanto tenta fazer o que é certo em um sistema corrupto e por isso muito traiçoeiro!

"Seven Seconds" traz temas pesados em um ritmo deliberado que pode ser emocionalmente exaustivo para muitos. No entanto, é justamente essa proposta que aumenta o impacto da minissérie, deixando a audiência de olhos vidrados de um lado e tocada na alma de outro! Poderosa e necessária, a trama oferece uma crítica incisiva sobre as falhas sistêmicas e da injustiça racial. Sem levantar bandeiras desnecessárias, a narrativa deixa a mensagem de uma exploração corajosa sobre as complexidades morais e emocionais envolvidas em casos de brutalidade policial com suas consequências devastadoras. Olha, essa jornada é um desafio que vai te provocar uma reflexão intensa sobre questões essenciais, especialmente sobre o valor da verdade e da humanidade.

Vale muito!

Assista Agora

Somos os que Tiveram Sorte

Esteja preparado para uma jornada que vai mexer com suas emoções - do inicio ao fim e sem pedir muita licença! "Somos os que Tiveram Sorte", minissérie criada por Erica Lipez (de "The Morning Show"), é baseada no aclamado romance homônimo de Georgia Hunter e retrata a emocionante e angustiante história de uma família judia polonesa durante a Segunda Guerra Mundial. Com uma estrutura narrativa que abrange vários países e linhas temporais diferentes, "Somos os que Tiveram Sorte" pode ser considerada uma verdadeira saga épica sobre resiliência, sobrevivência e amor, sempre pela perspectiva dos inabaláveis laços familiares. Para os fãs de dramas históricos sobre o Holocausto, esta minissérie oferece uma experiência, de fato, envolvente, difícil, profunda e emocionalmente poderosa.

A trama segue a família Kurc, começando na cidade de Radom, na Polônia, um ano antes da invasão nazista em 1939. À medida que a guerra se aproxima e vai se espalhando pela Europa, os Kurc são forçados a se separar e seguir diferentes caminhos, cada um enfrentando desafios devastadores em sua luta pela sobrevivência. A minissérie explora justamente as jornadas dos irmãos Kurc — incluindo uma fuga perigosa para a Rússia, as dores e dificuldades nos campos de trabalho forçado, a busca desesperada por entes queridos desaparecidos e a resistência corajosa em face da ocupação nazista. Confira o trailer:

Como é possível perceber por esse belíssimo trailer, a narrativa não apenas ilumina as histórias individuais de coragem e sacrifício dos Kurc, como também destaca a força coletiva da família e sua determinação de se reunir novamente após o terror da guerra. Nesse sentido, Erica Lipez adapta o romance de Georgia Hunter com uma fidelidade impressionante ao mesmo tempo em que cria uma dinâmica cinematográfica visualmente deslumbrante e emocionalmente envolvente. A minissérie é estruturada de uma maneira não linear, saltando entre diferentes linhas temporais (e geográficas), o que permite uma exploração mais profunda dos personagens e de suas experiências únicas diante do medo em várias esferas. Essa estrutura, aliás, é ponto fundamental para refletir, com muita veracidade, o caos e a fragmentação causados pela guerra, entrelaçando as histórias da família de maneira a nos manter envolvidos e emocionalmente provocados.

A direção de "Somos os que Tiveram Sorte", realizada pelo talentoso trio Thomas Kail (de "Hamilton"), Amit Gupta (de "His Dark Materials") e Neasa Hardiman (de "Happy Valley"), consegue capturar tanto a grandiosidade dos eventos históricos quanto a intimidade das experiências mais pessoais dos personagens, proporcionando uma imersão brutal em um período que transformou a vida das pessoas e deixou marcas difíceis de curar. Aqui preciso citar dois pontos: primeiro a fotografia de Tim Ives (indicado a três Emmys e responsável pelo conceito visual de "Stranger Things") - seu trabalho é notável ao partir de uma paleta desbotada que reflete o ambiente sombrio e opressor da guerra, enquanto nas cenas de flashback ele se apropria de cores mais quentes e vibrantes, para destacar o contraste entre os tempos de paz e os horrores da guerra. Repare como essa escolha visual impacta diretamente na nossa relação emocional com a história. Depois, a trilha sonora, composta por Jon Ehrlich (de "House") e Rachel Portman (vencedora do Oscar por Emma") - é impressionante como as composições melancólicas (e muitas vezes evocativas) intensificam as cenas mais dramáticas e oferecem um contraponto potente aos momentos de silêncio e de reflexão, ajudando a criar uma atmosfera não só de tristeza, mas também de esperança e perseverança.

"Somos os que Tiveram Sorte" é dura! Parte da audiência pode achar que a minissérie é cadenciada demais e até um pouco confusa de acompanhar. É verdade, no entanto é preciso que se diga que a natureza mais abrangente da narrativa ajuda demais nessa conexão mais empática com os personagens e, de maneira comovente, nos oferece uma exploração rica e complexa de um dos períodos mais sombrios da história moderna.

Uma pancada, mas que vale cada segundo do seu play!

Assista Agora

Esteja preparado para uma jornada que vai mexer com suas emoções - do inicio ao fim e sem pedir muita licença! "Somos os que Tiveram Sorte", minissérie criada por Erica Lipez (de "The Morning Show"), é baseada no aclamado romance homônimo de Georgia Hunter e retrata a emocionante e angustiante história de uma família judia polonesa durante a Segunda Guerra Mundial. Com uma estrutura narrativa que abrange vários países e linhas temporais diferentes, "Somos os que Tiveram Sorte" pode ser considerada uma verdadeira saga épica sobre resiliência, sobrevivência e amor, sempre pela perspectiva dos inabaláveis laços familiares. Para os fãs de dramas históricos sobre o Holocausto, esta minissérie oferece uma experiência, de fato, envolvente, difícil, profunda e emocionalmente poderosa.

A trama segue a família Kurc, começando na cidade de Radom, na Polônia, um ano antes da invasão nazista em 1939. À medida que a guerra se aproxima e vai se espalhando pela Europa, os Kurc são forçados a se separar e seguir diferentes caminhos, cada um enfrentando desafios devastadores em sua luta pela sobrevivência. A minissérie explora justamente as jornadas dos irmãos Kurc — incluindo uma fuga perigosa para a Rússia, as dores e dificuldades nos campos de trabalho forçado, a busca desesperada por entes queridos desaparecidos e a resistência corajosa em face da ocupação nazista. Confira o trailer:

Como é possível perceber por esse belíssimo trailer, a narrativa não apenas ilumina as histórias individuais de coragem e sacrifício dos Kurc, como também destaca a força coletiva da família e sua determinação de se reunir novamente após o terror da guerra. Nesse sentido, Erica Lipez adapta o romance de Georgia Hunter com uma fidelidade impressionante ao mesmo tempo em que cria uma dinâmica cinematográfica visualmente deslumbrante e emocionalmente envolvente. A minissérie é estruturada de uma maneira não linear, saltando entre diferentes linhas temporais (e geográficas), o que permite uma exploração mais profunda dos personagens e de suas experiências únicas diante do medo em várias esferas. Essa estrutura, aliás, é ponto fundamental para refletir, com muita veracidade, o caos e a fragmentação causados pela guerra, entrelaçando as histórias da família de maneira a nos manter envolvidos e emocionalmente provocados.

A direção de "Somos os que Tiveram Sorte", realizada pelo talentoso trio Thomas Kail (de "Hamilton"), Amit Gupta (de "His Dark Materials") e Neasa Hardiman (de "Happy Valley"), consegue capturar tanto a grandiosidade dos eventos históricos quanto a intimidade das experiências mais pessoais dos personagens, proporcionando uma imersão brutal em um período que transformou a vida das pessoas e deixou marcas difíceis de curar. Aqui preciso citar dois pontos: primeiro a fotografia de Tim Ives (indicado a três Emmys e responsável pelo conceito visual de "Stranger Things") - seu trabalho é notável ao partir de uma paleta desbotada que reflete o ambiente sombrio e opressor da guerra, enquanto nas cenas de flashback ele se apropria de cores mais quentes e vibrantes, para destacar o contraste entre os tempos de paz e os horrores da guerra. Repare como essa escolha visual impacta diretamente na nossa relação emocional com a história. Depois, a trilha sonora, composta por Jon Ehrlich (de "House") e Rachel Portman (vencedora do Oscar por Emma") - é impressionante como as composições melancólicas (e muitas vezes evocativas) intensificam as cenas mais dramáticas e oferecem um contraponto potente aos momentos de silêncio e de reflexão, ajudando a criar uma atmosfera não só de tristeza, mas também de esperança e perseverança.

"Somos os que Tiveram Sorte" é dura! Parte da audiência pode achar que a minissérie é cadenciada demais e até um pouco confusa de acompanhar. É verdade, no entanto é preciso que se diga que a natureza mais abrangente da narrativa ajuda demais nessa conexão mais empática com os personagens e, de maneira comovente, nos oferece uma exploração rica e complexa de um dos períodos mais sombrios da história moderna.

Uma pancada, mas que vale cada segundo do seu play!

Assista Agora

Somos Todos Iguais

"Somos Todos Iguais" é um filme muito bonito! Daqueles com uma mensagem que mexe com a gente e que, mesmo na dor, nos faz olhar o mundo e a vida de uma forma diferente! Ele é baseado numa história real descrita no livro de Denver Moore, Ron Hall, Lynn Vincent, "Some Kind of Differente as Me", e que toca com muita sensibilidade e delicadeza em assuntos muito sensíveis como a fé, a importância da caridade e ensinamentos cristãos baseados no amor. Não se trata de um filme religioso, mas eu diria sim, que ele é muito espiritualista - principalmente por nos convidar a refletir sobre nossa missão perante os desafios que a vida vai nos impondo, que a sociedade nos apresenta e na maneira como reagimos às adversidades, mas sob o olhar de diferentes personagens e crenças.

Deborah Hall (Renee Zellweger) é uma mulher religiosa que é casada com Ron (Greg Kinnear), um negociante de arte reconhecido internacionalmente. O casamento entre eles não vai bem, até que Ron é obrigado a contar para Debbie sobre uma traição. Arrependido, Ron busca uma nova chance quando sua mulher apresenta para ele um trabalho voluntário em que atua para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade. É nesse contexto que ela insiste para que o marido se aproxime de Denver (Djimon Hounsou), um violento mendigo que carrega com ele as marcas de um passado de sofrimento e exploração. Para salvar seu casamento, Ron tenta fazer amizade com Denver, mas os sonhos escondidos de Deborah podem leva-los em uma direção completamente diferente do que Ron imagina. Confira o trailer (em inglês):

"Somos Todos Iguais" não traz nenhum elemento técnico ou artístico que faça o filme se tornar inesquecível, por outro lado ele se apoia em uma história muito bem contada, com boas performances de todo elenco e uma direção muito segura do estreante Michael Carney. Talvez até, o mérito do filme seja justamente esse: não parecer aquilo que ele não teria condições de ser! O roteiro é simples, mas bem escrito. O prólogo e o epílogo são fracos, mas não prejudicam a jornada - e essa sim é muito bacana! Renée Zellweger, mesmo irreconhecível, é uma atriz muito talentosa e entrega verdade como Deborah. Greg Kinnear talvez não tenha o mesmo talento, mas sempre entrega bons personagens. Djimon Hounsou, esse decolou! Seu "Denver" é um ótimo trabalho!

É preciso que se diga que "Somos Todos Iguais" mesmo discutindo assuntos como racismo e desigualdade social não se propõe a levantar alguma bandeira ou se tornar impositivo em suas convicções. Ele é muito honesto em sua proposta, o que o transforma o filme em um ótimo entretenimento, com momentos emocionantes e que vão nos trazer reflexões importantes, mas sem aquela necessidade de uma narrativa pesada. Resumindo, esse filme é para você que gostou de  "O Segredo - Ouse Sonhar" ou "Milagre Azul".

Vale o seu play!

Assista Agora

"Somos Todos Iguais" é um filme muito bonito! Daqueles com uma mensagem que mexe com a gente e que, mesmo na dor, nos faz olhar o mundo e a vida de uma forma diferente! Ele é baseado numa história real descrita no livro de Denver Moore, Ron Hall, Lynn Vincent, "Some Kind of Differente as Me", e que toca com muita sensibilidade e delicadeza em assuntos muito sensíveis como a fé, a importância da caridade e ensinamentos cristãos baseados no amor. Não se trata de um filme religioso, mas eu diria sim, que ele é muito espiritualista - principalmente por nos convidar a refletir sobre nossa missão perante os desafios que a vida vai nos impondo, que a sociedade nos apresenta e na maneira como reagimos às adversidades, mas sob o olhar de diferentes personagens e crenças.

Deborah Hall (Renee Zellweger) é uma mulher religiosa que é casada com Ron (Greg Kinnear), um negociante de arte reconhecido internacionalmente. O casamento entre eles não vai bem, até que Ron é obrigado a contar para Debbie sobre uma traição. Arrependido, Ron busca uma nova chance quando sua mulher apresenta para ele um trabalho voluntário em que atua para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade. É nesse contexto que ela insiste para que o marido se aproxime de Denver (Djimon Hounsou), um violento mendigo que carrega com ele as marcas de um passado de sofrimento e exploração. Para salvar seu casamento, Ron tenta fazer amizade com Denver, mas os sonhos escondidos de Deborah podem leva-los em uma direção completamente diferente do que Ron imagina. Confira o trailer (em inglês):

"Somos Todos Iguais" não traz nenhum elemento técnico ou artístico que faça o filme se tornar inesquecível, por outro lado ele se apoia em uma história muito bem contada, com boas performances de todo elenco e uma direção muito segura do estreante Michael Carney. Talvez até, o mérito do filme seja justamente esse: não parecer aquilo que ele não teria condições de ser! O roteiro é simples, mas bem escrito. O prólogo e o epílogo são fracos, mas não prejudicam a jornada - e essa sim é muito bacana! Renée Zellweger, mesmo irreconhecível, é uma atriz muito talentosa e entrega verdade como Deborah. Greg Kinnear talvez não tenha o mesmo talento, mas sempre entrega bons personagens. Djimon Hounsou, esse decolou! Seu "Denver" é um ótimo trabalho!

É preciso que se diga que "Somos Todos Iguais" mesmo discutindo assuntos como racismo e desigualdade social não se propõe a levantar alguma bandeira ou se tornar impositivo em suas convicções. Ele é muito honesto em sua proposta, o que o transforma o filme em um ótimo entretenimento, com momentos emocionantes e que vão nos trazer reflexões importantes, mas sem aquela necessidade de uma narrativa pesada. Resumindo, esse filme é para você que gostou de  "O Segredo - Ouse Sonhar" ou "Milagre Azul".

Vale o seu play!

Assista Agora

Spotlight

"Spotlight" é de fato marcante e vai te provocar inúmeras reflexões! Dirigido pelo Tom McCarthy (de "Ganhar ou Ganhar: A Vida é um Jogo"), o filme retrata uma das maiores investigações jornalísticas da história recente dos Estados Unidos. Lançado em 2015, o roteiro aborda com maestria, detalhes sobre o escândalo de abusos sexuais envolvendo membros da Igreja Católica em Boston, Massachusetts. Olha, é impressionante como filme apresenta uma análise detalhada da investigação ao mesmo tempo em que nos provoca um olhar critico para temas importantes e indigestos, como o abuso de poder e a influência institucional da Igreja.

O drama vencedor do Oscar de "Melhor Filme" em 2016, acompanha a equipe de jornalistas investigativos do jornal The Boston Globe, conhecida como "Spotlight", enquanto eles se aprofundam na denúncia de abusos sexuais cometidos por padres católicos na cidade de Boston. A história se desenrola de forma envolvente e realista, à medida que a equipe luta para desvendar o caso e expor a verdade por trás do abuso de poder dentro da Igreja. Confira o trailer:

O ponto alto de "Spotlight - Segredos Revelados" é, sem dúvida, sua abordagem sóbria e intensamente realista. O diretor Tom McCarthy opta por uma narrativa linear, focando no desenvolvimento meticuloso da investigação e no impacto que ela tem sobre toda equipe de jornalistas. Aliás, o trabalho dos atores só colabora para validar a escolha desse conceito. Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams e Stanley Tucci entregam performances poderosas e emocionalmente densas - chega a ser impressionante a entrega do elenco na construção de algumas camadas tão sensíveis que fica impossível não se identificar com toda aquela cruzada. É como se estivéssemos lá, nessa luta!

O roteiro, também vencedor do Oscar, foi escrito pelo próprio McCarthy com a ajuda de Josh Singer - olha, eu diria que é uma verdadeira obra-prima. Ele equilibra tão bem a complexidade da investigação com os dilemas éticos e morais enfrentados pelos personagens que não são raras a vezes que nos pegamos pensando o que faríamos naquelas situações. Outro ponto interessante do roteiro de "Spotlight" é a forma como ele mergulha no tema da responsabilidade da Igreja, questionando a influência e a força da instituição perante uma comunidade inteira - raparem no senso de urgência que acompanha os personagens na tentativa de expor a verdade, independentemente das consequências dessa decisão. A direção de McCarthy é precisa e minimalista, sem recorrer a artifícios visuais desnecessários ou cair em clichês baratos. Ele enfatiza o trabalho dos jornalistas e o peso das informações reveladas, criando uma atmosfera de tensão crescente ao longo do filme onde uma bela trilha sonora, embora sutil, soa extremamente eficaz como complemento para esse estilo de narrativa.

A grande verdade é que "Spotlight" é muito mais do que um simples filme de investigação. Sua complexidade ideológica está nos detalhes, na forma como ele aponta o problema e estimula o debate, a reflexão. Ao construir a sua narrativa em cima de discussões sobre a hipocrisia, a ética e a coragem, somos diretamente impactados e nos sentimos desafiados a sempre questionar o sistema e a lutar pelo que é certo, mesmo que para isso tenhamos que olhar para os nossos próprios fantasmas como sociedade e enfrenta-los.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

"Spotlight" é de fato marcante e vai te provocar inúmeras reflexões! Dirigido pelo Tom McCarthy (de "Ganhar ou Ganhar: A Vida é um Jogo"), o filme retrata uma das maiores investigações jornalísticas da história recente dos Estados Unidos. Lançado em 2015, o roteiro aborda com maestria, detalhes sobre o escândalo de abusos sexuais envolvendo membros da Igreja Católica em Boston, Massachusetts. Olha, é impressionante como filme apresenta uma análise detalhada da investigação ao mesmo tempo em que nos provoca um olhar critico para temas importantes e indigestos, como o abuso de poder e a influência institucional da Igreja.

O drama vencedor do Oscar de "Melhor Filme" em 2016, acompanha a equipe de jornalistas investigativos do jornal The Boston Globe, conhecida como "Spotlight", enquanto eles se aprofundam na denúncia de abusos sexuais cometidos por padres católicos na cidade de Boston. A história se desenrola de forma envolvente e realista, à medida que a equipe luta para desvendar o caso e expor a verdade por trás do abuso de poder dentro da Igreja. Confira o trailer:

O ponto alto de "Spotlight - Segredos Revelados" é, sem dúvida, sua abordagem sóbria e intensamente realista. O diretor Tom McCarthy opta por uma narrativa linear, focando no desenvolvimento meticuloso da investigação e no impacto que ela tem sobre toda equipe de jornalistas. Aliás, o trabalho dos atores só colabora para validar a escolha desse conceito. Michael Keaton, Mark Ruffalo, Rachel McAdams e Stanley Tucci entregam performances poderosas e emocionalmente densas - chega a ser impressionante a entrega do elenco na construção de algumas camadas tão sensíveis que fica impossível não se identificar com toda aquela cruzada. É como se estivéssemos lá, nessa luta!

O roteiro, também vencedor do Oscar, foi escrito pelo próprio McCarthy com a ajuda de Josh Singer - olha, eu diria que é uma verdadeira obra-prima. Ele equilibra tão bem a complexidade da investigação com os dilemas éticos e morais enfrentados pelos personagens que não são raras a vezes que nos pegamos pensando o que faríamos naquelas situações. Outro ponto interessante do roteiro de "Spotlight" é a forma como ele mergulha no tema da responsabilidade da Igreja, questionando a influência e a força da instituição perante uma comunidade inteira - raparem no senso de urgência que acompanha os personagens na tentativa de expor a verdade, independentemente das consequências dessa decisão. A direção de McCarthy é precisa e minimalista, sem recorrer a artifícios visuais desnecessários ou cair em clichês baratos. Ele enfatiza o trabalho dos jornalistas e o peso das informações reveladas, criando uma atmosfera de tensão crescente ao longo do filme onde uma bela trilha sonora, embora sutil, soa extremamente eficaz como complemento para esse estilo de narrativa.

A grande verdade é que "Spotlight" é muito mais do que um simples filme de investigação. Sua complexidade ideológica está nos detalhes, na forma como ele aponta o problema e estimula o debate, a reflexão. Ao construir a sua narrativa em cima de discussões sobre a hipocrisia, a ética e a coragem, somos diretamente impactados e nos sentimos desafiados a sempre questionar o sistema e a lutar pelo que é certo, mesmo que para isso tenhamos que olhar para os nossos próprios fantasmas como sociedade e enfrenta-los.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Swagger

"Swagger" não tem um conceito experimental como Ava DuVernay aplicou em  "Colin em Preto e Branco", mas muitos dos elementos narrativos usados nessa ficção para construir a jornada de um astro real do esporte estão, de fato, bastante parecidos. Veja, se na série da Netflix todos os holofotes estavam em cima de Colin Kaepernick, aqui a atenção é toda para Kevin Durant, mesmo que através de um outro protagonista, Jace Carson (Isaiah Hill). Em dez episódios, "Swagger" usa de seu arco principal, apoiado no esporte, para discutir desde os ideais de superação, autoestima e resiliência até temas mais delicados como o abandono parental e a tensão racial impregnada na sociedade americana.

"Swagger" acompanha os bastidores da liga de basquete Amateur Athletic Union e apresenta o cotidiano de jovens promissores do esporte, ao mesmo tempo em que explora o relacionamento dos atletas com a família e treinadores, enquanto tentam realizar o sonho de se tornar profissionais e um dia fazer parte da NBA. Com muita ambição e em busca de seus objetivos, alguns deles se submetem a situações oportunistas e até mesmo corruptas na expectativa de avançar na carreira. Confira o trailer (em inglês):

Inspirada no início da carreira de Kevin Durant, mas transportada para os dias de hoje, "Swagger" não é um retrato 100% realista como já estamos acostumados a assistir em produções como "Nada é de Bandeja", "Brooklyn Saints: Paixão pelo Esporte"ou até "Last Chance U" (que inclusive tem uma espécie de spin-off focado no basquete), mas soube equilibrar muito bem fatos (bastante atuais como o impacto da pandemia) com ficção. Essa série original da Apple TV+ é, na verdade, uma versão mais madura de um grande sucesso da TV aberta americana chamado "One Tree Hill" ou, no Brasil, "Lances da Vida". 

"One Tree Hill" tinha a paixão pelo esporte como pano de fundo para discutir as questões da juventude da época - graças ao seu enorme sucesso durou 8 temporadas, tendo sua estreia em 2003. Criada por Mark Schwahn (roteirista de "Coach Carter") a série era uma versão de "The OC" estabelecida no universo do basquete colegial. Em "Swagger", é preciso admitir, o drama "real" está muito mais enraizado na essência da narrativa do que sua antecessora, embora brigue a todo momento para se afastar das soluções mais fantasiosas do roteiro - as vezes consegue, outras nem tanto. Tenho a impressão que após o sétimo episódio da primeira temporada, esse posicionamento mais corajoso dos roteiristas acaba ganhando força e a voz tímida de uma crítica se transforma em potentes gritos de socorro - algumas cenas são chocantes, indigestas e não escondem assuntos bem espinhosos.

Assédio sexual infantil, racismo, bullying e violência policial estão na série - mesmo que pontuado de uma forma bem homeopática. Isaiah Hill, o Jace, não usou dublê dentro de quadra e isso ajuda na naturalidade do balé esportivo comandado pelos diretores, mas no único momento que exigiu mais de sua capacidade dramática como ator, ele não segurou a onda. Já O'Shea Jackson Jr., o coach Isaac 'Ike' Edwards, brilha muito - cheio de camadas, ele chama atenção por uma performance complexa, onde o range emocional varia muito de cena para cena e mesmo assim ele não deixa a peteca cair. Olho nele!

Embora flerte com um mood mais sombrio em algumas passagens, eu diria "Swagger" é até que leve e gostoso de assistir. As cenas dentro de quadra são muito bem realizadas, embora sejam quase sempre óbvias. De fato, a experiência é boa, nos importamos com os personagens e torcemos pelo time mesmo já sabendo o final, tudo isso embalados com uma trilha sonora incrível e disputas pessoais e esportivas bem construídas - como Nathan (James Lafferty) e Lucas (Chad Michael Murray) em "One Tree Hill", mas dessa vez com o carimbo visceral de Kevin Durant.

Se conseguir amarrar todas as pontas que ficaram abertas nessa primeira temporada, "Swagger" pode voltar ainda mais forte! Vale o play!

Assista Agora

"Swagger" não tem um conceito experimental como Ava DuVernay aplicou em  "Colin em Preto e Branco", mas muitos dos elementos narrativos usados nessa ficção para construir a jornada de um astro real do esporte estão, de fato, bastante parecidos. Veja, se na série da Netflix todos os holofotes estavam em cima de Colin Kaepernick, aqui a atenção é toda para Kevin Durant, mesmo que através de um outro protagonista, Jace Carson (Isaiah Hill). Em dez episódios, "Swagger" usa de seu arco principal, apoiado no esporte, para discutir desde os ideais de superação, autoestima e resiliência até temas mais delicados como o abandono parental e a tensão racial impregnada na sociedade americana.

"Swagger" acompanha os bastidores da liga de basquete Amateur Athletic Union e apresenta o cotidiano de jovens promissores do esporte, ao mesmo tempo em que explora o relacionamento dos atletas com a família e treinadores, enquanto tentam realizar o sonho de se tornar profissionais e um dia fazer parte da NBA. Com muita ambição e em busca de seus objetivos, alguns deles se submetem a situações oportunistas e até mesmo corruptas na expectativa de avançar na carreira. Confira o trailer (em inglês):

Inspirada no início da carreira de Kevin Durant, mas transportada para os dias de hoje, "Swagger" não é um retrato 100% realista como já estamos acostumados a assistir em produções como "Nada é de Bandeja", "Brooklyn Saints: Paixão pelo Esporte"ou até "Last Chance U" (que inclusive tem uma espécie de spin-off focado no basquete), mas soube equilibrar muito bem fatos (bastante atuais como o impacto da pandemia) com ficção. Essa série original da Apple TV+ é, na verdade, uma versão mais madura de um grande sucesso da TV aberta americana chamado "One Tree Hill" ou, no Brasil, "Lances da Vida". 

"One Tree Hill" tinha a paixão pelo esporte como pano de fundo para discutir as questões da juventude da época - graças ao seu enorme sucesso durou 8 temporadas, tendo sua estreia em 2003. Criada por Mark Schwahn (roteirista de "Coach Carter") a série era uma versão de "The OC" estabelecida no universo do basquete colegial. Em "Swagger", é preciso admitir, o drama "real" está muito mais enraizado na essência da narrativa do que sua antecessora, embora brigue a todo momento para se afastar das soluções mais fantasiosas do roteiro - as vezes consegue, outras nem tanto. Tenho a impressão que após o sétimo episódio da primeira temporada, esse posicionamento mais corajoso dos roteiristas acaba ganhando força e a voz tímida de uma crítica se transforma em potentes gritos de socorro - algumas cenas são chocantes, indigestas e não escondem assuntos bem espinhosos.

Assédio sexual infantil, racismo, bullying e violência policial estão na série - mesmo que pontuado de uma forma bem homeopática. Isaiah Hill, o Jace, não usou dublê dentro de quadra e isso ajuda na naturalidade do balé esportivo comandado pelos diretores, mas no único momento que exigiu mais de sua capacidade dramática como ator, ele não segurou a onda. Já O'Shea Jackson Jr., o coach Isaac 'Ike' Edwards, brilha muito - cheio de camadas, ele chama atenção por uma performance complexa, onde o range emocional varia muito de cena para cena e mesmo assim ele não deixa a peteca cair. Olho nele!

Embora flerte com um mood mais sombrio em algumas passagens, eu diria "Swagger" é até que leve e gostoso de assistir. As cenas dentro de quadra são muito bem realizadas, embora sejam quase sempre óbvias. De fato, a experiência é boa, nos importamos com os personagens e torcemos pelo time mesmo já sabendo o final, tudo isso embalados com uma trilha sonora incrível e disputas pessoais e esportivas bem construídas - como Nathan (James Lafferty) e Lucas (Chad Michael Murray) em "One Tree Hill", mas dessa vez com o carimbo visceral de Kevin Durant.

Se conseguir amarrar todas as pontas que ficaram abertas nessa primeira temporada, "Swagger" pode voltar ainda mais forte! Vale o play!

Assista Agora

Talento e Fé

"Talento e Fé" é um amontoado de clichês, mas, sinceramente, pouco importa, o filme é muito bacana - principalmente por se tratar de uma história real e inspiradora onde o esporte é o pano de fundo, no caso o futebol americano. Talvez o que possa incomodar alguns é sua deliberada linha religiosa e aqui cabe um comentário de quem analisa um filme como obra artística e não como panfletagem: não atrapalha a experiência, mesmo que em alguns momentos o roteiro tenha pesado um pouco demais na mão, porém, também é preciso admitir que o filme tem uma mensagem muito honesta e nos provoca uma reflexão que vai além da crença de cada um.

O filme acompanha a história de Tony Nathan (Caleb Castille) um jovem negro, jogador de futebol americano, que representa uma escola de Birmingham, no Alabama, e que diariamente precisa lutar contra as pressões sociais e raciais para encontrar seu espaço na sociedade e no esporte, em um momento histórico dos EUA onde o racismo extrapola os discursos de políticos extremistas. Talentoso, mas considerado um perdedor, Tony sofre com a desunião do time até que o pregador Hank Erwin (Sean Astin, do inesquecível "Rudy") surge com uma mensagem de fé e assim consegue iniciar uma verdadeira transformação nos jogadores e em todos que os rodeiam. Confira o trailer:

Tecnicamente, os diretores Andrew Erwin e Jon Erwin souberam captar a atmosfera esportiva tão cultural da sociedade americana com a mesma capacidade em que criaram ótimas cenas de ação em campo - se não com a maestria de Oliver Stone em "Um Domingo Qualquer", pelo menos com sua competência. A montagem, inclusive, foi muito feliz em alternar cenas reais com reconstituições bastante fiéis, trazendo para o filme um conceito quase documental e que valida o maior objetivo do roteiro: mostrar que é possível fazer uma impensável revolução se nos apegarmos na fé (seja ela qual for). Vale dizer que os irmãos Erwin estão envolvidos no filme que vai contar a história do astro da NFL, Kurt Warner, e que terá Zachary Levi, Denis Quaid e Anna Paquin no elenco.

Já o roteiro de Jon Erwin, baseado no livro "Woodlawn" (que também é o título original do filme) de Todd Gerelds, acaba deixando a questão racial para o primeiro ato e passa a se apoiar no viés religioso da trama. Como disse, não é que atrapalhe a experiência, mas faltou sensibilidade para equilibrar com outros temas relevantes pela qual o personagem estava lutando - eu diria que se não fosse uma história real, certamente, teríamos a sensação de estarmos acompanhando uma certa espetacularização da fé. Agora, são passagens muito marcantes e a mensagem por trás de algumas cenas recheadas de clichês (da trilha sonora ao texto motivacional), nem de longe vão ofender quem não está alinhado ao tema. No final das contas o saldo é positivo, te garanto.

"Talento e Fé" não é um filme sobre futebol americano, mas conhecer o esporte e a dinâmica esportiva nos EUA vai melhorar a experiência. Também não é uma história de superação e luta racial, embora esses dois elementos narrativos estejam presentes na história. O título "Talento e Fé" talvez fosse melhor resolvido com "Talento, Trabalho e Fé" e assim direcionasse a história mais para Tony Nathan do que para Hank Erwin, aí teríamos uma impressão de obra mais isenta.

 "Woodlawn" é bom para aqueles dias que precisamos entender que existe algo que vai além do talento e do trabalho! É filme bom de assistir, pode ir sem receio!

Assista Agora

"Talento e Fé" é um amontoado de clichês, mas, sinceramente, pouco importa, o filme é muito bacana - principalmente por se tratar de uma história real e inspiradora onde o esporte é o pano de fundo, no caso o futebol americano. Talvez o que possa incomodar alguns é sua deliberada linha religiosa e aqui cabe um comentário de quem analisa um filme como obra artística e não como panfletagem: não atrapalha a experiência, mesmo que em alguns momentos o roteiro tenha pesado um pouco demais na mão, porém, também é preciso admitir que o filme tem uma mensagem muito honesta e nos provoca uma reflexão que vai além da crença de cada um.

O filme acompanha a história de Tony Nathan (Caleb Castille) um jovem negro, jogador de futebol americano, que representa uma escola de Birmingham, no Alabama, e que diariamente precisa lutar contra as pressões sociais e raciais para encontrar seu espaço na sociedade e no esporte, em um momento histórico dos EUA onde o racismo extrapola os discursos de políticos extremistas. Talentoso, mas considerado um perdedor, Tony sofre com a desunião do time até que o pregador Hank Erwin (Sean Astin, do inesquecível "Rudy") surge com uma mensagem de fé e assim consegue iniciar uma verdadeira transformação nos jogadores e em todos que os rodeiam. Confira o trailer:

Tecnicamente, os diretores Andrew Erwin e Jon Erwin souberam captar a atmosfera esportiva tão cultural da sociedade americana com a mesma capacidade em que criaram ótimas cenas de ação em campo - se não com a maestria de Oliver Stone em "Um Domingo Qualquer", pelo menos com sua competência. A montagem, inclusive, foi muito feliz em alternar cenas reais com reconstituições bastante fiéis, trazendo para o filme um conceito quase documental e que valida o maior objetivo do roteiro: mostrar que é possível fazer uma impensável revolução se nos apegarmos na fé (seja ela qual for). Vale dizer que os irmãos Erwin estão envolvidos no filme que vai contar a história do astro da NFL, Kurt Warner, e que terá Zachary Levi, Denis Quaid e Anna Paquin no elenco.

Já o roteiro de Jon Erwin, baseado no livro "Woodlawn" (que também é o título original do filme) de Todd Gerelds, acaba deixando a questão racial para o primeiro ato e passa a se apoiar no viés religioso da trama. Como disse, não é que atrapalhe a experiência, mas faltou sensibilidade para equilibrar com outros temas relevantes pela qual o personagem estava lutando - eu diria que se não fosse uma história real, certamente, teríamos a sensação de estarmos acompanhando uma certa espetacularização da fé. Agora, são passagens muito marcantes e a mensagem por trás de algumas cenas recheadas de clichês (da trilha sonora ao texto motivacional), nem de longe vão ofender quem não está alinhado ao tema. No final das contas o saldo é positivo, te garanto.

"Talento e Fé" não é um filme sobre futebol americano, mas conhecer o esporte e a dinâmica esportiva nos EUA vai melhorar a experiência. Também não é uma história de superação e luta racial, embora esses dois elementos narrativos estejam presentes na história. O título "Talento e Fé" talvez fosse melhor resolvido com "Talento, Trabalho e Fé" e assim direcionasse a história mais para Tony Nathan do que para Hank Erwin, aí teríamos uma impressão de obra mais isenta.

 "Woodlawn" é bom para aqueles dias que precisamos entender que existe algo que vai além do talento e do trabalho! É filme bom de assistir, pode ir sem receio!

Assista Agora

The Offer

Essa minissérie é para você que tem uma relação muito particular com o cinema raiz americano em seus anos de ouro e, claro, com um dos melhores filmes de todos os tempos: o inigualável "O Poderoso Chefão". Criada por Leslie Greif (de "Brando") e Michael Tolkin (de "Escape at Dannemora"),"The Offer" mergulha com muita inteligência nos bastidores da produção de um dos filmes mais icônicos da história do cinema a partir de uma visão fascinante, e muitas vezes tumultuada, dos desafios enfrentados pela equipe de produção para trazer à vida a obra-prima de Mario Puzo e Francis Ford Coppola. Com uma narrativa envolvente, cheia de referências divertidas e um elenco dos mais inspirados, "The Offer", eu diria, é uma celebração sobre o cinema ao mesmo tempo que desmistifica a indústria cinematográfica justamente por mostrar as complexidades que é produzir um filme. Imperdível!

A trama é centrada na figura de Albert S. Ruddy (Miles Teller), o produtor que, contra todas as probabilidades, conseguiu navegar pelos inúmeros obstáculos que surgiram durante a produção de "O Poderoso Chefão". A série detalha suas interações com figuras-chave como o chefe do estúdio Robert Evans (Matthew Goode), o autor Mario Puzo (Patrick Gallo), e o próprio Coppola (Dan Fogler). Ao longo dos 10 episódios, "The Offer" explora as batalhas criativas, políticas e pessoais que marcaram a realização do clássico de 1972. Confira o trailer (em inglês):

Obviamente que essa é uma minissérie para quem assistiu "O Poderoso Chefão" - o roteiro de "The Offer" é tão bem construído, que você não vai precisar mais que cinco minutos para entender a proposta de seus criadores. Oferecendo um equilíbrio perfeito entre os desafios práticos de uma produção cinematográfica (sem ser didática demais) e as dinâmicas pessoais entre os personagens icônicos que se envolveram com o projeto, Tolkin e Greif não hesitam em explorar as dificuldades reais enfrentadas pela equipe, desde a resistência inicial dos executivos do estúdio até as ameaças da máfia, que temiam a representação "estereotipada" dos ítalo-americanos no filme. O interessante dessa abordagem escolhida pelos roteiristas é que ela provoca uma certa sensação de autenticidade e urgência, destacando a determinação e a paixão dos envolvidos em fazer de "O Poderoso Chefão" uma realidade, ao melhor estilo "custe o que custar".

Miles Teller oferece uma performance cativante como Albert S. Ruddy, capturando a vontade e o carisma necessários para superar os desafios monumentais da produção. Teller traz uma energia dinâmica ao personagem, tornando convincente sua jornada desde um produtor iniciante até um dos nomes mais respeitados de Hollywood. Já Matthew Goode, como o lendário Robert Evans, brilha com uma atuação cheia de nuances, retratando o chefe do estúdio com uma mistura de charme e intensidade realmente apaixonante. Dan Fogler, como Francis Ford Coppola, e Patrick Gallo, como Mario Puzo, também se destacam, trazendo à vida as personalidades únicas dos criadores do filme em uma jornada repleta de curiosidades - aliás, a química entre esses personagens é tão palpável, e suas interações fornecem insights tão valiosos sobre o processo criativo (e as tensões que permeiam a indústria), que temos a exata sensação de que ambos saíram de um documentário.

A direção é eficaz em capturar a época e o ambiente de Hollywood nos anos 70. A recriação de cenários e a atenção aos detalhes de produção, de fato, nos transportam para aquele universo de uma maneira muito divertida - só não podemos esquecer que a minissérie, em sua tentativa de dramatizar alguns eventos, toma certas liberdades criativas que podem até distorcer a realidade dos acontecimentos em si, afinal estamos falando de entretenimento! No entanto, posso te garantir que "The Offer" é muito bem-sucedida em oferecer uma visão intrigante e cativante do making of de um dos maiores filmes de todos os tempos. Como parte das comemorações dos 50 anos de "O Poderoso Chefão", essa minissérie é sim uma carta de amor ao cinema e merece demais sua atenção!

Assista Agora

Essa minissérie é para você que tem uma relação muito particular com o cinema raiz americano em seus anos de ouro e, claro, com um dos melhores filmes de todos os tempos: o inigualável "O Poderoso Chefão". Criada por Leslie Greif (de "Brando") e Michael Tolkin (de "Escape at Dannemora"),"The Offer" mergulha com muita inteligência nos bastidores da produção de um dos filmes mais icônicos da história do cinema a partir de uma visão fascinante, e muitas vezes tumultuada, dos desafios enfrentados pela equipe de produção para trazer à vida a obra-prima de Mario Puzo e Francis Ford Coppola. Com uma narrativa envolvente, cheia de referências divertidas e um elenco dos mais inspirados, "The Offer", eu diria, é uma celebração sobre o cinema ao mesmo tempo que desmistifica a indústria cinematográfica justamente por mostrar as complexidades que é produzir um filme. Imperdível!

A trama é centrada na figura de Albert S. Ruddy (Miles Teller), o produtor que, contra todas as probabilidades, conseguiu navegar pelos inúmeros obstáculos que surgiram durante a produção de "O Poderoso Chefão". A série detalha suas interações com figuras-chave como o chefe do estúdio Robert Evans (Matthew Goode), o autor Mario Puzo (Patrick Gallo), e o próprio Coppola (Dan Fogler). Ao longo dos 10 episódios, "The Offer" explora as batalhas criativas, políticas e pessoais que marcaram a realização do clássico de 1972. Confira o trailer (em inglês):

Obviamente que essa é uma minissérie para quem assistiu "O Poderoso Chefão" - o roteiro de "The Offer" é tão bem construído, que você não vai precisar mais que cinco minutos para entender a proposta de seus criadores. Oferecendo um equilíbrio perfeito entre os desafios práticos de uma produção cinematográfica (sem ser didática demais) e as dinâmicas pessoais entre os personagens icônicos que se envolveram com o projeto, Tolkin e Greif não hesitam em explorar as dificuldades reais enfrentadas pela equipe, desde a resistência inicial dos executivos do estúdio até as ameaças da máfia, que temiam a representação "estereotipada" dos ítalo-americanos no filme. O interessante dessa abordagem escolhida pelos roteiristas é que ela provoca uma certa sensação de autenticidade e urgência, destacando a determinação e a paixão dos envolvidos em fazer de "O Poderoso Chefão" uma realidade, ao melhor estilo "custe o que custar".

Miles Teller oferece uma performance cativante como Albert S. Ruddy, capturando a vontade e o carisma necessários para superar os desafios monumentais da produção. Teller traz uma energia dinâmica ao personagem, tornando convincente sua jornada desde um produtor iniciante até um dos nomes mais respeitados de Hollywood. Já Matthew Goode, como o lendário Robert Evans, brilha com uma atuação cheia de nuances, retratando o chefe do estúdio com uma mistura de charme e intensidade realmente apaixonante. Dan Fogler, como Francis Ford Coppola, e Patrick Gallo, como Mario Puzo, também se destacam, trazendo à vida as personalidades únicas dos criadores do filme em uma jornada repleta de curiosidades - aliás, a química entre esses personagens é tão palpável, e suas interações fornecem insights tão valiosos sobre o processo criativo (e as tensões que permeiam a indústria), que temos a exata sensação de que ambos saíram de um documentário.

A direção é eficaz em capturar a época e o ambiente de Hollywood nos anos 70. A recriação de cenários e a atenção aos detalhes de produção, de fato, nos transportam para aquele universo de uma maneira muito divertida - só não podemos esquecer que a minissérie, em sua tentativa de dramatizar alguns eventos, toma certas liberdades criativas que podem até distorcer a realidade dos acontecimentos em si, afinal estamos falando de entretenimento! No entanto, posso te garantir que "The Offer" é muito bem-sucedida em oferecer uma visão intrigante e cativante do making of de um dos maiores filmes de todos os tempos. Como parte das comemorações dos 50 anos de "O Poderoso Chefão", essa minissérie é sim uma carta de amor ao cinema e merece demais sua atenção!

Assista Agora

Tick, Tick... Boom!

Em 2012 a série que mais me chamou a atenção no up-front da NBC foi, sem dúvida alguma, "Smash"!  Produzida por Steven Spielberg a série era uma experiência visual que tinha como proposta trazer para a TV aberta americana toda a atmosfera de um espetáculo da Broadway, sem esquecer, claro, de uma narrativa focada no entretenimento e no drama dos bastidores de um musical. Para os menos envolvido com esse universo, a série acompanhava a jornada de dois diretores, Julia e Tom, tentando criar mais um sucesso na Broadway, dessa vez um musical baseado na vida da icônica atriz Marilyn Monroe. 

"Tick, Tick... Boom!" segue o mesmo conceito de "Smash", com a mesma genialidade e mais: com muita sensibilidade por se tratar de uma história real. E aqui cabe um aviso importante: só assista essa produção da Netflix se você gostar de musical, pois sua estrutura narrativa foi construída em cima de lindas melodias e as performances musicais funcionam como ferramenta para que a "suspensão da realidade" seja inserida dentro de um contexto completamente dramático e realista.

O filme conta a história de Jonathan Larson (Andrew Garfield), um jovem compositor teatral que sonhava em lançar "Superbia", um musical que escreveu durante 8 anos - sua dedicação ao projeto, os desafios criativos, a relação com os amigos e com a namorada, as dúvidas, a falta de dinheiro e, talvez o mais dramático disso tudo, em uma Nova York dos anos 80 onde a AIDS ceifava a comunidade artística da cidade. Confira o trailer:

Para quem não sabe, Jonathan Larson foi o criador de RENT, espetáculo da Broadway que ganhou todos os prêmios possíveis e imagináveis e que continua em cartaz até hoje - 25 anos após sua estreia. RENT acompanhava um grupo de jovens lidando com a falta de dinheiro, de oportunidades, em um ambiente de pressão, assombrados pela AIDS, e que surpreendeu pela inovação narrativa que trazia para o palco uma realidade que nada tinha a ver com o mundo lúdico de "Cats", por exemplo. Pois bem, o que vemos em  "Tick, Tick... Boom!" é justamente esse universo sendo contado por Larson em um espetáculo que ele criou antes de RENT.

Embora o filme destaque RENT como um futuro que a trama nunca alcança, o diretor Lin-Manuel Miranda é cirúrgico ao conectar as duas pontas de um recorte tão importante da vida do protagonista sem esquecer da sua essência: as músicas. É lindo como elas ajudam a contar a história e para aqueles apaixonados por musicais, sem dúvida, que referências como "Seasons of Love" ou "La Vie Boheme" vão emocionar. Veja, embora "Tick, Tick... Boom!" não tenha tantas cenas grandiosas onde a música domina a narrativa e a estética como "Rocketman", por exemplo, o que não vai faltar é emoção, pois tudo é tão bem amarrado que em muitos momentos apenas embarcamos na história seja ela falada ou cantada.

É impensável que Andrew Garfield não seja indicado ao Oscar de "Melhor Ator" em 2022 - e embora o filme siga a fórmula de estabelecer um desafio que mesmo com talento e dedicação ele soa impossível de se atingir, contemplando assim as dores e as dúvidas de ser um artista, Garfield ainda canta, com alma, com emoção e com o carisma de Larson - que inclusive pode ser comprovado nos créditos onde imagens de arquivo mostram algumas passagens que acabamos de assistir no filme.

"Tick, Tick... Boom!" é uma aula de roteiro adaptado, de trilha sonora, de direção e de performance dos atores. Um dos melhores filmes do ano, tranquilamente - mas que vai agradar apenas um pequeno nicho e que com certeza vai fazer muito barulho na próxima temporada de premiações. Simplesmente imperdível!

Assista Agora

Em 2012 a série que mais me chamou a atenção no up-front da NBC foi, sem dúvida alguma, "Smash"!  Produzida por Steven Spielberg a série era uma experiência visual que tinha como proposta trazer para a TV aberta americana toda a atmosfera de um espetáculo da Broadway, sem esquecer, claro, de uma narrativa focada no entretenimento e no drama dos bastidores de um musical. Para os menos envolvido com esse universo, a série acompanhava a jornada de dois diretores, Julia e Tom, tentando criar mais um sucesso na Broadway, dessa vez um musical baseado na vida da icônica atriz Marilyn Monroe. 

"Tick, Tick... Boom!" segue o mesmo conceito de "Smash", com a mesma genialidade e mais: com muita sensibilidade por se tratar de uma história real. E aqui cabe um aviso importante: só assista essa produção da Netflix se você gostar de musical, pois sua estrutura narrativa foi construída em cima de lindas melodias e as performances musicais funcionam como ferramenta para que a "suspensão da realidade" seja inserida dentro de um contexto completamente dramático e realista.

O filme conta a história de Jonathan Larson (Andrew Garfield), um jovem compositor teatral que sonhava em lançar "Superbia", um musical que escreveu durante 8 anos - sua dedicação ao projeto, os desafios criativos, a relação com os amigos e com a namorada, as dúvidas, a falta de dinheiro e, talvez o mais dramático disso tudo, em uma Nova York dos anos 80 onde a AIDS ceifava a comunidade artística da cidade. Confira o trailer:

Para quem não sabe, Jonathan Larson foi o criador de RENT, espetáculo da Broadway que ganhou todos os prêmios possíveis e imagináveis e que continua em cartaz até hoje - 25 anos após sua estreia. RENT acompanhava um grupo de jovens lidando com a falta de dinheiro, de oportunidades, em um ambiente de pressão, assombrados pela AIDS, e que surpreendeu pela inovação narrativa que trazia para o palco uma realidade que nada tinha a ver com o mundo lúdico de "Cats", por exemplo. Pois bem, o que vemos em  "Tick, Tick... Boom!" é justamente esse universo sendo contado por Larson em um espetáculo que ele criou antes de RENT.

Embora o filme destaque RENT como um futuro que a trama nunca alcança, o diretor Lin-Manuel Miranda é cirúrgico ao conectar as duas pontas de um recorte tão importante da vida do protagonista sem esquecer da sua essência: as músicas. É lindo como elas ajudam a contar a história e para aqueles apaixonados por musicais, sem dúvida, que referências como "Seasons of Love" ou "La Vie Boheme" vão emocionar. Veja, embora "Tick, Tick... Boom!" não tenha tantas cenas grandiosas onde a música domina a narrativa e a estética como "Rocketman", por exemplo, o que não vai faltar é emoção, pois tudo é tão bem amarrado que em muitos momentos apenas embarcamos na história seja ela falada ou cantada.

É impensável que Andrew Garfield não seja indicado ao Oscar de "Melhor Ator" em 2022 - e embora o filme siga a fórmula de estabelecer um desafio que mesmo com talento e dedicação ele soa impossível de se atingir, contemplando assim as dores e as dúvidas de ser um artista, Garfield ainda canta, com alma, com emoção e com o carisma de Larson - que inclusive pode ser comprovado nos créditos onde imagens de arquivo mostram algumas passagens que acabamos de assistir no filme.

"Tick, Tick... Boom!" é uma aula de roteiro adaptado, de trilha sonora, de direção e de performance dos atores. Um dos melhores filmes do ano, tranquilamente - mas que vai agradar apenas um pequeno nicho e que com certeza vai fazer muito barulho na próxima temporada de premiações. Simplesmente imperdível!

Assista Agora

Time

"Time" vai muito além do que uma crítica ao sistema prisional americano ou a forma como o judiciário lida com os crimes cometidos por negros e pobres - o documentário fala sobre a solidão! Esse sentimento, tão doloroso, e ainda potencializado pelas repetidas decepções de um luta quase que diária pela liberdade, mas vista, olhem só, pelos olhos de quem está livre!

Nos anos 90, ainda muito jovens e cheios de sonhos, Fox e Rob Rich tentaram assaltar um banco em um ato de desespero, depois de ver seu negócio fracassar e se afundarem em dívidas. O resultado: ambos foram presos. Ela recebeu uma sentença de 13 anos, mas foi solta depois de três anos e meio. Ele pegou 60 anos de prisão, sem direito a fiança ou liberdade condicional. Confira o trailer:

Dirigido pela vencedora da categoria em Sundance (2020), Garrett Bradley usa de uma linguagem quase experimental para expor o que de mais íntimo acontece com Fox Rich assim que ela consegue sua liberdade. Única responsável por sua família com seis filhos, ela precisa encontrar uma maneira de manter a união, a esperança e, de alguma forma, ainda sobreviver perante uma dura realidade sem a presença do marido, preso. O interessante é que a diretora se apega as dificuldades do dia a dia e explora a dor que é não poder controlar o "tempo" (daí o nome do documentário): o bem mais precioso que um ser humano pode ter para ser feliz e que é ceifado pelo sistema. São gravações pessoais de Fox, misturadas ao trabalho de Bradley, que humanizam esses sentimentos e nos provocam a entender o valor da empatia.

Vale ressaltar que o documentário, embora crítico, não coloca Fox na posição de vítima - ela tem total consciência da besteira que cometeu e como suas atitudes influenciaram na vida de tantas famílias, inclusive na sua. O que vale, e isso também é genial, é que para toda história existem dois lados e ao quebrar a necessidade do julgamento e focar nos sentimentos, do arrependimento ao amor incondicional, "Time" prioriza muito mais os efeitos do encarceramento do que os fatos e acontecimentos em si!

Posso garantir que esse documentário vem forte para temporada de premiações em 2021!Vale muito a pena o seu play!

Assista Agora 

"Time" vai muito além do que uma crítica ao sistema prisional americano ou a forma como o judiciário lida com os crimes cometidos por negros e pobres - o documentário fala sobre a solidão! Esse sentimento, tão doloroso, e ainda potencializado pelas repetidas decepções de um luta quase que diária pela liberdade, mas vista, olhem só, pelos olhos de quem está livre!

Nos anos 90, ainda muito jovens e cheios de sonhos, Fox e Rob Rich tentaram assaltar um banco em um ato de desespero, depois de ver seu negócio fracassar e se afundarem em dívidas. O resultado: ambos foram presos. Ela recebeu uma sentença de 13 anos, mas foi solta depois de três anos e meio. Ele pegou 60 anos de prisão, sem direito a fiança ou liberdade condicional. Confira o trailer:

Dirigido pela vencedora da categoria em Sundance (2020), Garrett Bradley usa de uma linguagem quase experimental para expor o que de mais íntimo acontece com Fox Rich assim que ela consegue sua liberdade. Única responsável por sua família com seis filhos, ela precisa encontrar uma maneira de manter a união, a esperança e, de alguma forma, ainda sobreviver perante uma dura realidade sem a presença do marido, preso. O interessante é que a diretora se apega as dificuldades do dia a dia e explora a dor que é não poder controlar o "tempo" (daí o nome do documentário): o bem mais precioso que um ser humano pode ter para ser feliz e que é ceifado pelo sistema. São gravações pessoais de Fox, misturadas ao trabalho de Bradley, que humanizam esses sentimentos e nos provocam a entender o valor da empatia.

Vale ressaltar que o documentário, embora crítico, não coloca Fox na posição de vítima - ela tem total consciência da besteira que cometeu e como suas atitudes influenciaram na vida de tantas famílias, inclusive na sua. O que vale, e isso também é genial, é que para toda história existem dois lados e ao quebrar a necessidade do julgamento e focar nos sentimentos, do arrependimento ao amor incondicional, "Time" prioriza muito mais os efeitos do encarceramento do que os fatos e acontecimentos em si!

Posso garantir que esse documentário vem forte para temporada de premiações em 2021!Vale muito a pena o seu play!

Assista Agora 

Tina

Duro, mas emocionante como a vida pode ser! Finalmente estreou no Brasil o documentário indicado em três categorias no Emmy de 2021, "Tina"! Em meio a tantas cinebiografias, essa maravilhosa produção da HBO nos remete ao universo de uma verdadeira Diva ou, como ela mesma gosta de se posicionar, de uma verdadeira lenda do rock’n’roll! A grande questão porém, é que o roteiro (como não podia deixar de ser) foca pouco mais da metade do seu tempo nas dores mais profundas da cantora enquanto ainda era casada com Ike Turner, ex-marido e figura abusiva que marcou a carreira e a vida de Tina Turner, deixando sua redenção apenas para o final do segundo ato, onde, aí sim, conseguimos relaxar de uma narrativa extremamente densa e curtir alguns dos sucessos que fizeram muita gente dançar nos anos 80.

"Tina" se propõe a fazer um recorte bastante delicado da vida e da carreira da cantora americana Tina Turner. Ela que começou sua carreira cantando em corais de igrejas e virou uma das maiores artistas de sua geração, superou as probabilidades impossíveis de se tornar uma das primeiras artistas afro-americanas a alcançar um público internacional capaz de lotar estádios e ainda chegar ao primeiro lugar da Billboard. Confira o trailer (em inglês):

Existe uma arriscada escolha conceitual dos diretores e roteiristas Daniel Lindsay e T.J. Martin (vencedores do Oscar em 2012 pelo incrível "Undefeated") ao desenhar uma árdua linha do tempo que nos movimenta pela história de Tina Turner - veja, ao assumir alguns pontos contrastantes em relação ao que representou a cantora na sua vida pública e na sua vida privada, "Tina" acaba reconectando a protagonista com seus piores fantasmas, deixando boa parte da história muito cadenciada e realmente densa. Seu depoimento inicial, por exemplo, é forte, dolorido e carrega um certo tom de melancolia e isso impacta diretamente na nossa experiência como audiência, já que nem todos vão suportar o baque da narrativa - o que eu quero dizer é que não existe um equilíbrio, tudo de ruim é jogado na nossa cara sem dó!

Por outro lado, passada a tempestade, a sensação de alívio é enorme e é quando somos tomados pela emoção, pela nostalgia e passamos a valorizar ainda mais as conquistas de Tina Turner. É muito interessante como os depoimentos vão sendo recortados com imagens de arquivo nunca antes mostrados e gravações de antigas entrevistas com a própria cantora que contextualizam exatamente o momento que ela estava passando e tudo que ela vinha carregando. Aqui cabe um comentário pessoal, duas passagens me chamaram a atenção: a tentativa de suicídio contado por ela e uma entrevista onde o entrevistador pergunta se ela já amou ou foi amada durante a vida! Olha, se prepare para sentir uma facada no peito!

A proposta de pontuar o processo de redenção de Tina Turner parece encontrar um final apoteótico com esse documentário. Com alguma variedade de fortes depoimentos, de gente de peso como Oprah Winfrey e Angela Bassett (que viveu a cantora em sua cinebiografia de 1993, chamada "Tina – A verdadeira história de Tina Turner") além, é claro, dos relatos da própria protagonista (hoje uma jovem senhora cheia de vida), "Tina" tem o mérito de organizar perfeitamente a trajetória de uma vida difícil, mas que serviu como combustível para moldar a cantora que conhecemos dançando com aquele sorriso fácil como poucas artistas de sua geração. Não é exagero afirmar que a emoção vai tomando conta da narrativa, trocando a dor pela alegria, como se fosse um belíssimo prêmio por termos dividido tantos momentos complicados com a protagonista - e te garanto: não deixe de assistir os créditos após o "black" do final, serão os créditos mais especiais que você vai assistir em muito tempo!

Vale demais o seu play!

Em tempo, Tina lançou uma autobiografia no início dos anos 1990 chamada "Tina Turner: Minha história de amor" e atualmente um espetáculo vem fazendo muito sucesso na Broadway: "Tina -The Tina Turner Musical".

Assista Agora

Duro, mas emocionante como a vida pode ser! Finalmente estreou no Brasil o documentário indicado em três categorias no Emmy de 2021, "Tina"! Em meio a tantas cinebiografias, essa maravilhosa produção da HBO nos remete ao universo de uma verdadeira Diva ou, como ela mesma gosta de se posicionar, de uma verdadeira lenda do rock’n’roll! A grande questão porém, é que o roteiro (como não podia deixar de ser) foca pouco mais da metade do seu tempo nas dores mais profundas da cantora enquanto ainda era casada com Ike Turner, ex-marido e figura abusiva que marcou a carreira e a vida de Tina Turner, deixando sua redenção apenas para o final do segundo ato, onde, aí sim, conseguimos relaxar de uma narrativa extremamente densa e curtir alguns dos sucessos que fizeram muita gente dançar nos anos 80.

"Tina" se propõe a fazer um recorte bastante delicado da vida e da carreira da cantora americana Tina Turner. Ela que começou sua carreira cantando em corais de igrejas e virou uma das maiores artistas de sua geração, superou as probabilidades impossíveis de se tornar uma das primeiras artistas afro-americanas a alcançar um público internacional capaz de lotar estádios e ainda chegar ao primeiro lugar da Billboard. Confira o trailer (em inglês):

Existe uma arriscada escolha conceitual dos diretores e roteiristas Daniel Lindsay e T.J. Martin (vencedores do Oscar em 2012 pelo incrível "Undefeated") ao desenhar uma árdua linha do tempo que nos movimenta pela história de Tina Turner - veja, ao assumir alguns pontos contrastantes em relação ao que representou a cantora na sua vida pública e na sua vida privada, "Tina" acaba reconectando a protagonista com seus piores fantasmas, deixando boa parte da história muito cadenciada e realmente densa. Seu depoimento inicial, por exemplo, é forte, dolorido e carrega um certo tom de melancolia e isso impacta diretamente na nossa experiência como audiência, já que nem todos vão suportar o baque da narrativa - o que eu quero dizer é que não existe um equilíbrio, tudo de ruim é jogado na nossa cara sem dó!

Por outro lado, passada a tempestade, a sensação de alívio é enorme e é quando somos tomados pela emoção, pela nostalgia e passamos a valorizar ainda mais as conquistas de Tina Turner. É muito interessante como os depoimentos vão sendo recortados com imagens de arquivo nunca antes mostrados e gravações de antigas entrevistas com a própria cantora que contextualizam exatamente o momento que ela estava passando e tudo que ela vinha carregando. Aqui cabe um comentário pessoal, duas passagens me chamaram a atenção: a tentativa de suicídio contado por ela e uma entrevista onde o entrevistador pergunta se ela já amou ou foi amada durante a vida! Olha, se prepare para sentir uma facada no peito!

A proposta de pontuar o processo de redenção de Tina Turner parece encontrar um final apoteótico com esse documentário. Com alguma variedade de fortes depoimentos, de gente de peso como Oprah Winfrey e Angela Bassett (que viveu a cantora em sua cinebiografia de 1993, chamada "Tina – A verdadeira história de Tina Turner") além, é claro, dos relatos da própria protagonista (hoje uma jovem senhora cheia de vida), "Tina" tem o mérito de organizar perfeitamente a trajetória de uma vida difícil, mas que serviu como combustível para moldar a cantora que conhecemos dançando com aquele sorriso fácil como poucas artistas de sua geração. Não é exagero afirmar que a emoção vai tomando conta da narrativa, trocando a dor pela alegria, como se fosse um belíssimo prêmio por termos dividido tantos momentos complicados com a protagonista - e te garanto: não deixe de assistir os créditos após o "black" do final, serão os créditos mais especiais que você vai assistir em muito tempo!

Vale demais o seu play!

Em tempo, Tina lançou uma autobiografia no início dos anos 1990 chamada "Tina Turner: Minha história de amor" e atualmente um espetáculo vem fazendo muito sucesso na Broadway: "Tina -The Tina Turner Musical".

Assista Agora

Treze Vidas

O senso de urgência que experienciamos ao assistir "Treze Vidas" é impressionante - muito similar ao "127 Horas", premiado filme de 2010 do diretor Danny Boyle, porém pelo prisma de quem está fora do problema em si. Essa excelente produção da Amazon tem alguns elementos que só potencializam o nosso envolvimento com a história: primeiro por ser um fato recente (que aconteceu em 2018) e segundo pelas vítimas serem crianças, o que mobilizou o mundo na busca por soluções que pudessem ajudar no sucesso do resgate - mais uma vez, nós queremos salvar, não sermos salvos! Olha, são duas horas e meia de filme onde você será incapaz de tirar os olhos da tela mesmo já sabendo o final.  

Baseado na história real que tocou o mundo, "Treze Vidas" é o relato emocionante do resgate de um time de futebol infantil da caverna Tham Luang, na Tailândia, onde doze crianças e seu treinador ficaram presos devido a um fenômeno meteorológico que antecipou as chuvas torrenciais na região, pegando o grupo de surpresa, impossibilitando qualquer tentativa de socorro graças a inundação do local. Confira o trailer:

Ron Howard (de "O Código Da Vinci") é um craque em criar narrativas que nos prendem à trama e nos fazem torcer pelos protagonistas desde o primeiro minuto. Dito isso, pode até parecer superficial sobre o que se esperar de "Thirteen Lives" (no original), mas não, Howard encontra o exato equilíbrio entre a potência de um drama real e a dinâmica de ação que a história pede. Ao lado do roteirista William Nicholson (de "Terra das Sombras") e baseado na história desenvolvida pelo Don MacPherson (de "Os Vingadores"), o diretor não perde tempo com apresentações de personagens ou se aprofunda nas motivações que fizeram os mergulhadores britânicos Rick Stanton (Viggo Mortensen) e John Volanthen (Colin Farrell) encararem esse desafio - eles criam mesmo é uma análise quase documental sobre os acontecimentos, não sobre os envolvidos.

A escolha de Howard em trabalhar boa parte do filme com tailandeses (muitos nem atores) em sua língua nativa, cria uma atmosfera de realidade muito interessante. Algumas das falas nem legendadas são e isso gera uma sensação de desconforto, de falta de informação, de angustia por noticias. Já em inglês, a relação dos mergulhadores com a marinha tailandesa funciona muito mais como um gatilho dramático do que como parte essencial da trama - a impressão que temos é que para existir um herói seria preciso criar um bandido e aqui não funcionou, pois o problema era muito maior e se sustentaria por si só.

"Treze Vidas" não se interessa em mostrar como a equipe de futebol ficou presa ou o que se passou com os jovens e seu treinador durante o período - o olhar do filme é o de quem ficou do lado de fora de Tham Luang e como o problema poderia ser resolvido. Ao mostrar todos os perigos que envolvem a missão de resgate, Howard deixa muito claro como a caverna alagada era perigosa, como aquele complexo labirinto claustrofóbico poderia ser fatal. Com o uso cirúrgico de uma inserção gráfica para ilustrar a caverna, temos a perfeita noção de como era complicado chegar aos jovens e pior, como era quase impossível tira-los de lá - afinal, um trajeto de mais de 6 horas embaixo da água, digamos que não é para qualquer um.

Obviamente que diversos momentos foram omitidos ou elipsados para que a história fosse mais objetiva - e funcionou. O desenho de produção e a fotografia do tailandês Sayombhu Mukdeeprom (de "Me chame pelo seu nome") são invejáveis e ajudam a criar uma tensão quase insuportável para a audiência. O trabalho do elenco, embora não seja memorável, também não compromete - meu destaque, óbvio, fica com Mortensen. 

Resumindo, "Treze Vidas" é uma história sobre a sobrevivência humana contra todas as probabilidades de sucesso, que emociona na mesma dimensão que entretém! Vale muito o seu play!

PS: Para nós brasileiros um fato curioso: o roteiro usa a Copa do Mundo de 2018 como ferramenta para estabelecer a época que os eventos aconteceram e, infelizmente, a derrota do Brasil para a Bélgica aconteceu em um momento importante da história e por isso é citada algumas vezes! (rs)

Assista Agora

O senso de urgência que experienciamos ao assistir "Treze Vidas" é impressionante - muito similar ao "127 Horas", premiado filme de 2010 do diretor Danny Boyle, porém pelo prisma de quem está fora do problema em si. Essa excelente produção da Amazon tem alguns elementos que só potencializam o nosso envolvimento com a história: primeiro por ser um fato recente (que aconteceu em 2018) e segundo pelas vítimas serem crianças, o que mobilizou o mundo na busca por soluções que pudessem ajudar no sucesso do resgate - mais uma vez, nós queremos salvar, não sermos salvos! Olha, são duas horas e meia de filme onde você será incapaz de tirar os olhos da tela mesmo já sabendo o final.  

Baseado na história real que tocou o mundo, "Treze Vidas" é o relato emocionante do resgate de um time de futebol infantil da caverna Tham Luang, na Tailândia, onde doze crianças e seu treinador ficaram presos devido a um fenômeno meteorológico que antecipou as chuvas torrenciais na região, pegando o grupo de surpresa, impossibilitando qualquer tentativa de socorro graças a inundação do local. Confira o trailer:

Ron Howard (de "O Código Da Vinci") é um craque em criar narrativas que nos prendem à trama e nos fazem torcer pelos protagonistas desde o primeiro minuto. Dito isso, pode até parecer superficial sobre o que se esperar de "Thirteen Lives" (no original), mas não, Howard encontra o exato equilíbrio entre a potência de um drama real e a dinâmica de ação que a história pede. Ao lado do roteirista William Nicholson (de "Terra das Sombras") e baseado na história desenvolvida pelo Don MacPherson (de "Os Vingadores"), o diretor não perde tempo com apresentações de personagens ou se aprofunda nas motivações que fizeram os mergulhadores britânicos Rick Stanton (Viggo Mortensen) e John Volanthen (Colin Farrell) encararem esse desafio - eles criam mesmo é uma análise quase documental sobre os acontecimentos, não sobre os envolvidos.

A escolha de Howard em trabalhar boa parte do filme com tailandeses (muitos nem atores) em sua língua nativa, cria uma atmosfera de realidade muito interessante. Algumas das falas nem legendadas são e isso gera uma sensação de desconforto, de falta de informação, de angustia por noticias. Já em inglês, a relação dos mergulhadores com a marinha tailandesa funciona muito mais como um gatilho dramático do que como parte essencial da trama - a impressão que temos é que para existir um herói seria preciso criar um bandido e aqui não funcionou, pois o problema era muito maior e se sustentaria por si só.

"Treze Vidas" não se interessa em mostrar como a equipe de futebol ficou presa ou o que se passou com os jovens e seu treinador durante o período - o olhar do filme é o de quem ficou do lado de fora de Tham Luang e como o problema poderia ser resolvido. Ao mostrar todos os perigos que envolvem a missão de resgate, Howard deixa muito claro como a caverna alagada era perigosa, como aquele complexo labirinto claustrofóbico poderia ser fatal. Com o uso cirúrgico de uma inserção gráfica para ilustrar a caverna, temos a perfeita noção de como era complicado chegar aos jovens e pior, como era quase impossível tira-los de lá - afinal, um trajeto de mais de 6 horas embaixo da água, digamos que não é para qualquer um.

Obviamente que diversos momentos foram omitidos ou elipsados para que a história fosse mais objetiva - e funcionou. O desenho de produção e a fotografia do tailandês Sayombhu Mukdeeprom (de "Me chame pelo seu nome") são invejáveis e ajudam a criar uma tensão quase insuportável para a audiência. O trabalho do elenco, embora não seja memorável, também não compromete - meu destaque, óbvio, fica com Mortensen. 

Resumindo, "Treze Vidas" é uma história sobre a sobrevivência humana contra todas as probabilidades de sucesso, que emociona na mesma dimensão que entretém! Vale muito o seu play!

PS: Para nós brasileiros um fato curioso: o roteiro usa a Copa do Mundo de 2018 como ferramenta para estabelecer a época que os eventos aconteceram e, infelizmente, a derrota do Brasil para a Bélgica aconteceu em um momento importante da história e por isso é citada algumas vezes! (rs)

Assista Agora