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Reality

Diretor
Tina Satter
Elenco
Sydney Sweeney, Josh Hamilton, Marchánt Davis
Ano
2023
País
EUA

Drama netflix ml-psicologico ml-real ml-independente ml-politico ml-assedio ml-gb ml-rm

Reality

O cinema tem uma longa tradição de explorar histórias baseadas em eventos reais, mas poucos filmes conseguem capturar a tensão de uma situação verídica com a precisão e o minimalismo de "Reality"- no entanto, ele vai dividir opiniões, muito mais por sua forma do que pelo seu conteúdo. Eu diria que se você não gostou do conceito narrativo de "A Assistente", possivelmente você também não terá um boa experiência com "Reality", mas saiba que o inverso é proporcionalmente verdadeiro! Dirigido pela Tina Satter e estrelado pela queridinha Sydney Sweeney, o filme adapta para as telas a transcrição exata do interrogatório do FBI com Reality Winner, ex-funcionária da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) que supostamente vazou um documento confidencial sobre a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016. Com uma abordagem, não por acaso, quase teatral e uma direção meticulosa, "Reality" se destaca como um thriller psicólogo e político atípico, que transforma diálogos burocráticos em uma experiência claustrofóbica e muito angustiante.

O filme inteiro se desenrola em 3 de junho de 2017, quando Reality Winner (Sweeney) retorna para casa e é imediatamente confrontada por agentes do FBI. Em tempo real, acompanhamos seu interrogatório, conduzido por dois agentes interpretados por Josh Hamilton e Marchánt Davis, enquanto a tensão cresce a cada resposta aparentemente inocente. O roteiro é construído inteiramente com base na transcrição do interrogatório oficial, o que confere ao filme um senso de autenticidade raro, sem concessões dramatúrgicas convencionais. A escolha de manter cada hesitação, pausa e repetição de palavras enfatiza a frieza do processo e a vulnerabilidade da protagonista. Confira o trailer (em inglês):

Tina Satter, que já havia explorado essa história no teatro com "Is This a Room", transporta sua visão para o cinema com uma direção extremamente austera e econômica. Sua câmera permanece próxima dos personagens, capturando os mínimos gestos e expressões, enquanto a montagem sutil reforça a crescente opressão psicológica que a protagonista precisa lidar. A decisão de manter a ação restrita ao ambiente fechado da casa de Reality contribui para todo esse caráter claustrofóbico e angustiante da narrativa, criando um senso de sufocamento que se intensifica conforme o interrogatório avança - é impossível você não se colocar no lugar dela e assim sentir seus medos e receios. Além disso, o uso ocasional de silêncios e sobreposições sonoras (como as falas censuradas da transcrição original) sublinha a natureza fria e meticulosa dessa operação do FBI.

Sydney Sweeney entrega, possivelmente, a melhor performance de sua carreira, afastando-se completamente de seus papéis anteriores em "Euphoria" e "The White Lotus". Aqui, ela encarna uma Reality com um realismo impressionante, equilibrando nervosismo, confusão e resignação diante de uma situação que rapidamente foge do seu controle (mesmo ela tentando manter a calma). Seu trabalho corporal e a maneira como ela reage aos agentes do FBI sem recorrer a exageros dramáticos demonstram uma maturidade impressionante como atriz - não por acaso ela foi indicada ao . Já Josh Hamilton e Marchánt Davis, como os agentes interrogadores, também brilham ao trazer uma performance contida, no tom exato, que enfatiza a banalidade do mal. Veja, aqui não há vilões caricatos, apenas burocratas fazendo seu trabalho de forma fria e impessoal.

A grande verdade é que o que torna "Reality" tão impactante é a sua capacidade de transformar um simples diálogo em um thriller psicológico denso e inquietante. A ausência de trilha sonora, a iluminação naturalista e a montagem linear fazem com que a audiência sinta o peso da manipulação exercida durante o interrogatório - temos impressão que nada acontece, mas na realidade aquilo é nos leva para um caos íntimo e sem fim. Para mim,"Reality" é um estudo muito poderoso e atual sobre poder, vigilância, privacidade e, claro, sobre as consequências de desafiar um sistema que costuma ser implacável.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

O cinema tem uma longa tradição de explorar histórias baseadas em eventos reais, mas poucos filmes conseguem capturar a tensão de uma situação verídica com a precisão e o minimalismo de "Reality"- no entanto, ele vai dividir opiniões, muito mais por sua forma do que pelo seu conteúdo. Eu diria que se você não gostou do conceito narrativo de "A Assistente", possivelmente você também não terá um boa experiência com "Reality", mas saiba que o inverso é proporcionalmente verdadeiro! Dirigido pela Tina Satter e estrelado pela queridinha Sydney Sweeney, o filme adapta para as telas a transcrição exata do interrogatório do FBI com Reality Winner, ex-funcionária da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) que supostamente vazou um documento confidencial sobre a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016. Com uma abordagem, não por acaso, quase teatral e uma direção meticulosa, "Reality" se destaca como um thriller psicólogo e político atípico, que transforma diálogos burocráticos em uma experiência claustrofóbica e muito angustiante.

O filme inteiro se desenrola em 3 de junho de 2017, quando Reality Winner (Sweeney) retorna para casa e é imediatamente confrontada por agentes do FBI. Em tempo real, acompanhamos seu interrogatório, conduzido por dois agentes interpretados por Josh Hamilton e Marchánt Davis, enquanto a tensão cresce a cada resposta aparentemente inocente. O roteiro é construído inteiramente com base na transcrição do interrogatório oficial, o que confere ao filme um senso de autenticidade raro, sem concessões dramatúrgicas convencionais. A escolha de manter cada hesitação, pausa e repetição de palavras enfatiza a frieza do processo e a vulnerabilidade da protagonista. Confira o trailer (em inglês):

Tina Satter, que já havia explorado essa história no teatro com "Is This a Room", transporta sua visão para o cinema com uma direção extremamente austera e econômica. Sua câmera permanece próxima dos personagens, capturando os mínimos gestos e expressões, enquanto a montagem sutil reforça a crescente opressão psicológica que a protagonista precisa lidar. A decisão de manter a ação restrita ao ambiente fechado da casa de Reality contribui para todo esse caráter claustrofóbico e angustiante da narrativa, criando um senso de sufocamento que se intensifica conforme o interrogatório avança - é impossível você não se colocar no lugar dela e assim sentir seus medos e receios. Além disso, o uso ocasional de silêncios e sobreposições sonoras (como as falas censuradas da transcrição original) sublinha a natureza fria e meticulosa dessa operação do FBI.

Sydney Sweeney entrega, possivelmente, a melhor performance de sua carreira, afastando-se completamente de seus papéis anteriores em "Euphoria" e "The White Lotus". Aqui, ela encarna uma Reality com um realismo impressionante, equilibrando nervosismo, confusão e resignação diante de uma situação que rapidamente foge do seu controle (mesmo ela tentando manter a calma). Seu trabalho corporal e a maneira como ela reage aos agentes do FBI sem recorrer a exageros dramáticos demonstram uma maturidade impressionante como atriz - não por acaso ela foi indicada ao . Já Josh Hamilton e Marchánt Davis, como os agentes interrogadores, também brilham ao trazer uma performance contida, no tom exato, que enfatiza a banalidade do mal. Veja, aqui não há vilões caricatos, apenas burocratas fazendo seu trabalho de forma fria e impessoal.

A grande verdade é que o que torna "Reality" tão impactante é a sua capacidade de transformar um simples diálogo em um thriller psicológico denso e inquietante. A ausência de trilha sonora, a iluminação naturalista e a montagem linear fazem com que a audiência sinta o peso da manipulação exercida durante o interrogatório - temos impressão que nada acontece, mas na realidade aquilo é nos leva para um caos íntimo e sem fim. Para mim,"Reality" é um estudo muito poderoso e atual sobre poder, vigilância, privacidade e, claro, sobre as consequências de desafiar um sistema que costuma ser implacável.

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