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Good Girls

Embora a revista Vogue tenha definido "Good Girls" como uma mistura de "Big Little Lies" e "Breaking Bad", eu diria que está mais para "Desperate Housewives" com "Rainhas do Crime" - e isso, por favor, não entendam como demérito, até porque a série de sucesso da NBC, distribuída pela Netflix, é muito (mas muito) divertida! Ela é daquele tipo de série onde o protagonista bonzinho (no caso três protagonistas) vai tomando decisões cada vez mais questionáveis ao longo da sua jornada, cada vez mais distante dos seus valores e aspectos morais, vai gostando da nova vida, da sensação de poder e de pertencimento viciante até que, de repente, está em uma enorme bola de neve de onde não consegue mais sair! Ao adicionar uma passagem importante da sua sinopse: "três mães decidem que o crime é a única opção para salvar suas famílias"; fica impossível não relacionar com Breaking Bad - e faz até sentido, mas, infelizmente, não dá para cobrar mais do que um ou outro elemento narrativo similar!

"Good Girls" acompanha a jornada de três mães de família em um momento onde precisam lidar com questões difíceis em suas vidas. Beth (Christina Hendricks) descobre que está sendo traída pelo marido depois de 20 anos de casada e, para piorar, ele contraiu uma dívida enorme de hipoteca; Ruby (Retta) e o marido Stan (Reno Wilson) não tem condições de bancar o tratamento médico da filha que precisa urgentemente de um transplante de rim; e Annie (Mae Whitman) precisa se resolver com o ex-marido, que luta pela guarda da filha de 11 anos, Sadie (Izzy Stannard).O fato é que as três precisam de muito dinheiro e por isso resolvem assaltar um supermercado local, o problema é que as consequências desta escolha colocam o trio frente a frente com um dos criminosos mais procurados de Detroit. Confira o trailer:

Já pelo trailer é possível reconhecer muito do tom de "Desperate Housewives" na narrativa, e isso não acontece por acaso: Jenna Bans foi roteirista da série. Embora ela entregue com muita competência uma história que desafia o conceito da vida pacata de uma “boa mãe, esposa e dona de casa” ao mesmo tempo em que se constrói uma (ou três) persona completamente estereotipada do empoderamento "custe o que custar" em meio a traições, crimes e vinganças; é explicita a falta que faz a genialidade de um Vince Gilligan no comando - tanto do roteiro, quanto da direção! Eu devorei os 10 primeiros episódios da primeira temporada e tenho certeza que o fã de Breaking Bad vai curtir também, mas não espere a profundidade no desenvolvimento dos personagens (o que é uma pena) e muito menos uma identidade narrativa e visual marcantes - mas disso falaremos mais a frente! Por enquanto é fácil afirmar: "Good Girls" vale muito pela diversão, pelo entretenimento e pela sensação de sentir algumas das angustias que para esse estilo de série é fundamental!

A primeira temporada de "Good Girls" realmente parece uma brincadeira - no melhor sentido da palavra. Embora traga elementos sérios como um assalto a mão armada, ameaças de morte, sequestros, extorsões e até uma tentativa de estupro, o tom escolhido ameniza a tensão visual e nos provoca muito mais por empatia do que por identificação às personagens. Ao se auto-definir como o "Breaking Bad de mulheres", trazemos a referência de um projeto muito bem construído em sua narrativa, principalmente na transformação dos personagens ao longo das temporadas. É claro que ainda é muito cedo para afirmar que "Good Girls" foge desse objetivo, mas quando vemos em um episódio Beth sofrendo como a esposa traída, mãe de quatro filhos e ainda falida, e no outro ela já se comporta como uma rainha do crime, perdemos completamente aquela experiência de julgamento moral que nos convidava à discussão após os episódios de Breaking Bad. Embora Christina Hendricks esteja dando um show, sua personagem sofre com a superficialidade de suas próprias dores. Quando falamos de Retta e Mae Whitman isso fica ainda mais evidente, porém é de se elogiar a química entre as três atrizes e a forma como a história vai unindo suas personagens e seus respectivos dramas.

Michael Weaver, o principal diretor da série, usa da sua experiencia como diretor de fotografia de Pushing Daisies para trazer um pouco de identidade para "Good Girls" - e aqui é preciso admitir: por se tratar de uma série da TV aberta dos EUA, fica muito complicado pesar a mão e assustar a audiência. O próprio "Breaking Bad", que era da TV fechada, foi construindo a sua durante as temporadas e só se tornou uma relevante, lá pela segunda temporada quando sua trama já estava estabelecida e aí o conceito visual passou a fazer parte da história quase como um protagonista! "Good Girls" é muito bem produzida, mas não arrisca!

Para mim, a série foi uma grande surpresa - me diverti muito. Em alguns momentos senti que faltou coragem para colocar a história em outro nível - como, por exemplo, assumir a tensão sexual entre Rio e Beth. Sacrificar um personagem-chave para mover a história em outra direção também seria interessante - imagina se a filha de Ruby morre por não aceitarem o cheque que pagaria o transplante! Não sei se devemos esperar por essa dramaticidade, mesmo que fantasiada de comédia - não acredito que "Good Girls" possa ir por esse caminho, mas achei tão bacana o que assisti até aqui, que vou pagar para ver e acho que você deveria fazer o mesmo. A segunda temporada já está disponível e uma terceira deve ser lançada ainda em 2020. 

Vale muito o seu play! Diversão garantida!

Assista Agora

Embora a revista Vogue tenha definido "Good Girls" como uma mistura de "Big Little Lies" e "Breaking Bad", eu diria que está mais para "Desperate Housewives" com "Rainhas do Crime" - e isso, por favor, não entendam como demérito, até porque a série de sucesso da NBC, distribuída pela Netflix, é muito (mas muito) divertida! Ela é daquele tipo de série onde o protagonista bonzinho (no caso três protagonistas) vai tomando decisões cada vez mais questionáveis ao longo da sua jornada, cada vez mais distante dos seus valores e aspectos morais, vai gostando da nova vida, da sensação de poder e de pertencimento viciante até que, de repente, está em uma enorme bola de neve de onde não consegue mais sair! Ao adicionar uma passagem importante da sua sinopse: "três mães decidem que o crime é a única opção para salvar suas famílias"; fica impossível não relacionar com Breaking Bad - e faz até sentido, mas, infelizmente, não dá para cobrar mais do que um ou outro elemento narrativo similar!

"Good Girls" acompanha a jornada de três mães de família em um momento onde precisam lidar com questões difíceis em suas vidas. Beth (Christina Hendricks) descobre que está sendo traída pelo marido depois de 20 anos de casada e, para piorar, ele contraiu uma dívida enorme de hipoteca; Ruby (Retta) e o marido Stan (Reno Wilson) não tem condições de bancar o tratamento médico da filha que precisa urgentemente de um transplante de rim; e Annie (Mae Whitman) precisa se resolver com o ex-marido, que luta pela guarda da filha de 11 anos, Sadie (Izzy Stannard).O fato é que as três precisam de muito dinheiro e por isso resolvem assaltar um supermercado local, o problema é que as consequências desta escolha colocam o trio frente a frente com um dos criminosos mais procurados de Detroit. Confira o trailer:

Já pelo trailer é possível reconhecer muito do tom de "Desperate Housewives" na narrativa, e isso não acontece por acaso: Jenna Bans foi roteirista da série. Embora ela entregue com muita competência uma história que desafia o conceito da vida pacata de uma “boa mãe, esposa e dona de casa” ao mesmo tempo em que se constrói uma (ou três) persona completamente estereotipada do empoderamento "custe o que custar" em meio a traições, crimes e vinganças; é explicita a falta que faz a genialidade de um Vince Gilligan no comando - tanto do roteiro, quanto da direção! Eu devorei os 10 primeiros episódios da primeira temporada e tenho certeza que o fã de Breaking Bad vai curtir também, mas não espere a profundidade no desenvolvimento dos personagens (o que é uma pena) e muito menos uma identidade narrativa e visual marcantes - mas disso falaremos mais a frente! Por enquanto é fácil afirmar: "Good Girls" vale muito pela diversão, pelo entretenimento e pela sensação de sentir algumas das angustias que para esse estilo de série é fundamental!

A primeira temporada de "Good Girls" realmente parece uma brincadeira - no melhor sentido da palavra. Embora traga elementos sérios como um assalto a mão armada, ameaças de morte, sequestros, extorsões e até uma tentativa de estupro, o tom escolhido ameniza a tensão visual e nos provoca muito mais por empatia do que por identificação às personagens. Ao se auto-definir como o "Breaking Bad de mulheres", trazemos a referência de um projeto muito bem construído em sua narrativa, principalmente na transformação dos personagens ao longo das temporadas. É claro que ainda é muito cedo para afirmar que "Good Girls" foge desse objetivo, mas quando vemos em um episódio Beth sofrendo como a esposa traída, mãe de quatro filhos e ainda falida, e no outro ela já se comporta como uma rainha do crime, perdemos completamente aquela experiência de julgamento moral que nos convidava à discussão após os episódios de Breaking Bad. Embora Christina Hendricks esteja dando um show, sua personagem sofre com a superficialidade de suas próprias dores. Quando falamos de Retta e Mae Whitman isso fica ainda mais evidente, porém é de se elogiar a química entre as três atrizes e a forma como a história vai unindo suas personagens e seus respectivos dramas.

Michael Weaver, o principal diretor da série, usa da sua experiencia como diretor de fotografia de Pushing Daisies para trazer um pouco de identidade para "Good Girls" - e aqui é preciso admitir: por se tratar de uma série da TV aberta dos EUA, fica muito complicado pesar a mão e assustar a audiência. O próprio "Breaking Bad", que era da TV fechada, foi construindo a sua durante as temporadas e só se tornou uma relevante, lá pela segunda temporada quando sua trama já estava estabelecida e aí o conceito visual passou a fazer parte da história quase como um protagonista! "Good Girls" é muito bem produzida, mas não arrisca!

Para mim, a série foi uma grande surpresa - me diverti muito. Em alguns momentos senti que faltou coragem para colocar a história em outro nível - como, por exemplo, assumir a tensão sexual entre Rio e Beth. Sacrificar um personagem-chave para mover a história em outra direção também seria interessante - imagina se a filha de Ruby morre por não aceitarem o cheque que pagaria o transplante! Não sei se devemos esperar por essa dramaticidade, mesmo que fantasiada de comédia - não acredito que "Good Girls" possa ir por esse caminho, mas achei tão bacana o que assisti até aqui, que vou pagar para ver e acho que você deveria fazer o mesmo. A segunda temporada já está disponível e uma terceira deve ser lançada ainda em 2020. 

Vale muito o seu play! Diversão garantida!

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Gotas Divinas

Se você é um amante da boa gastronomia, mais especificamente tem alguma ligação afetiva com o prazer de tomar algumas taças de vinho, pode parar tudo que está assistindo e dê o play nessa pérola escondida na AppleTV+. "Gotas Divinas" (ou "Drops of God") é de uma elegância cinematográfica e de uma profundidade narrativa que certamente vai te deixar com "água na boca" - e aqui, por favor, me desculpe o trocadilho, mas não existe maneira mais eficaz de traduzir o que vemos na tela sem estabelecer uma conexão, de fato, sensorial com a história de Camille Léger e de Issei Tomine.

Em oito episódios acompanhamos a jornada de Camille (Fleur Geffrier), uma jovem francesa e filha do especialista em vinhos Alexandre Léger (Stanley Weber), que acaba de falecer. Depois de ver seu pai pela última vez quando tinha ainda nove anos, Camille é levada para o Japão para a leitura de seu testamento. Lá, ela descobre que pode herdar a mais valiosa coleção de vinhos do mundo, avaliada em quase 150 milhões de dólares. No entanto, ela será submetida a três testes de enologia para finalmente receber sua herança, acontece que ela precisa passar por dois obstáculos: Issei Tomine (Tomohisa Yamashita), o talentoso pupilo de Léger, e o fato de que ela nunca antes ter provado uma gota de vinho sequer. Confira o trailer (em inglês):

Essa incrível co-produção França, EUA e Japão é baseado em um mangá de enorme sucesso, criado por Tadashi Agi e Shu Okimoto, e que foi lançado em 2004 no Japão. Adaptado pelo Quoc Dang Tran (do excelente "Dix Pour Cent"), "Gotas Divinas" é um verdadeiro mergulho na cultura e na história do vinho. A cada episódio somos apresentados a uma variedade de vinhos, regiões vinícolas e técnicas de degustação, nos proporcionando uma experiência tão divertida quanto educativa. Olha, a série é um convite para entender a diversidade e as sutilezas dessa bebida tão venerada no mundo inteiro.

Obviamente que como entretenimento, "Gotas Divinas" não se sustentaria apenas pela atmosfera onde a história está inserida - o drama, claramente focado em personagens complexos e muito cativantes, também expõe questões emocionais delicadas, colocando Camille em uma jornada de autodescoberta enquanto Issei busca se estabelecer como uma autoridade em enologia, mesmo indo contra as vontades de sua família tradicional japonesa. À medida que ambos vão encontrando seus propósitos com muita sensibilidade narrativa, vamos desvendando os segredos do mundo dos vinhos e nos conectando com os desafios de cada um deles. Talvez aí, inclusive, esteja o grande valor do roteiro escrito pelo próprio Tran ao lado de Clémence Madeleine-Perdrillat (da versão francesa de "Sessão de Terapia") e de Alice Vial (do inédito no Brasil, "La fille au coeur de cochon"): saber equilibrar os dramas dos protagonistas enquanto cria pontos em comum entre eles.

Com uma fotografia maravilhosa do Rotem Yaron (de "Losing Alice"), que enquadra com perfeição tanto as belas paisagens das vinícolas pelo mundo quanto as emoções mais profundas da personagem de Geffrier e de Yamashita; e uma trilha sonora sutil e elegante do (multi-plataforma) Kenma Shindo, "Gotas Divinas" chega até a brincar com aquela sensação de imersão nessa atmosfera tão particular e envolvente. Eu diria até que a série mereceria muito mais atenção do que recebeu aqui no Brasil, então não deixe essa oportunidade passar.

Para aqueles que têm interesse na cultura do vinho e apreciam uma abordagem mais contemplativa e profunda do ser humano, a série oferece uma experiência única! Vale muito o seu play! 

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Se você é um amante da boa gastronomia, mais especificamente tem alguma ligação afetiva com o prazer de tomar algumas taças de vinho, pode parar tudo que está assistindo e dê o play nessa pérola escondida na AppleTV+. "Gotas Divinas" (ou "Drops of God") é de uma elegância cinematográfica e de uma profundidade narrativa que certamente vai te deixar com "água na boca" - e aqui, por favor, me desculpe o trocadilho, mas não existe maneira mais eficaz de traduzir o que vemos na tela sem estabelecer uma conexão, de fato, sensorial com a história de Camille Léger e de Issei Tomine.

Em oito episódios acompanhamos a jornada de Camille (Fleur Geffrier), uma jovem francesa e filha do especialista em vinhos Alexandre Léger (Stanley Weber), que acaba de falecer. Depois de ver seu pai pela última vez quando tinha ainda nove anos, Camille é levada para o Japão para a leitura de seu testamento. Lá, ela descobre que pode herdar a mais valiosa coleção de vinhos do mundo, avaliada em quase 150 milhões de dólares. No entanto, ela será submetida a três testes de enologia para finalmente receber sua herança, acontece que ela precisa passar por dois obstáculos: Issei Tomine (Tomohisa Yamashita), o talentoso pupilo de Léger, e o fato de que ela nunca antes ter provado uma gota de vinho sequer. Confira o trailer (em inglês):

Essa incrível co-produção França, EUA e Japão é baseado em um mangá de enorme sucesso, criado por Tadashi Agi e Shu Okimoto, e que foi lançado em 2004 no Japão. Adaptado pelo Quoc Dang Tran (do excelente "Dix Pour Cent"), "Gotas Divinas" é um verdadeiro mergulho na cultura e na história do vinho. A cada episódio somos apresentados a uma variedade de vinhos, regiões vinícolas e técnicas de degustação, nos proporcionando uma experiência tão divertida quanto educativa. Olha, a série é um convite para entender a diversidade e as sutilezas dessa bebida tão venerada no mundo inteiro.

Obviamente que como entretenimento, "Gotas Divinas" não se sustentaria apenas pela atmosfera onde a história está inserida - o drama, claramente focado em personagens complexos e muito cativantes, também expõe questões emocionais delicadas, colocando Camille em uma jornada de autodescoberta enquanto Issei busca se estabelecer como uma autoridade em enologia, mesmo indo contra as vontades de sua família tradicional japonesa. À medida que ambos vão encontrando seus propósitos com muita sensibilidade narrativa, vamos desvendando os segredos do mundo dos vinhos e nos conectando com os desafios de cada um deles. Talvez aí, inclusive, esteja o grande valor do roteiro escrito pelo próprio Tran ao lado de Clémence Madeleine-Perdrillat (da versão francesa de "Sessão de Terapia") e de Alice Vial (do inédito no Brasil, "La fille au coeur de cochon"): saber equilibrar os dramas dos protagonistas enquanto cria pontos em comum entre eles.

Com uma fotografia maravilhosa do Rotem Yaron (de "Losing Alice"), que enquadra com perfeição tanto as belas paisagens das vinícolas pelo mundo quanto as emoções mais profundas da personagem de Geffrier e de Yamashita; e uma trilha sonora sutil e elegante do (multi-plataforma) Kenma Shindo, "Gotas Divinas" chega até a brincar com aquela sensação de imersão nessa atmosfera tão particular e envolvente. Eu diria até que a série mereceria muito mais atenção do que recebeu aqui no Brasil, então não deixe essa oportunidade passar.

Para aqueles que têm interesse na cultura do vinho e apreciam uma abordagem mais contemplativa e profunda do ser humano, a série oferece uma experiência única! Vale muito o seu play! 

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Gravidade

O cineasta Alfonso Cuarón já havia mostrado seu virtuosismo estético em "Filhos da Esperança" de 2006. Em "Gravidade", ele cria um universo de computação gráfica (!) crível, original e simplesmente deslumbrante.

A premissa é relativamente simples: dois astronautas estão realizando manutenção em uma estação espacial, quando uma chuva de detritos começa a atingi-los. A partir daí, começa uma corrida pela sobrevivência no inóspito ambiente além da atmosfera. Confira o trailer:

A fotografia do ícone Emmanuel Lubezki, é maravilhosa: os enquadramentos são inventivos e o filme retrata fielmente o vácuo de som existente no espaço. A imponente trilha sonora “dubla” as explosões silenciosas e eleva o nível de tensão. Importante dizer que esse primor técnico rendeu ao filme 7 estatuetas do Oscar em 2014: Melhor Direção, Fotografia, Edição, Efeitos Visuais, Trilha Sonora, Edição de Som e Mixagem de Som. 

Sandra Bullock entrega uma grande atuação como a Dra. Ryan, lutando pela sobrevivência no espaço após perder o motivo de viver em terra firme. Através dela, o filme imprime alegorias sobre renascimento e até evolucionismo. George Clooney acumula as funções de alívio cômico e mentor, construindo ótimas interações com a astronauta inexperiente.

O fato é que "Gravidade" é um espetáculo espacial. É claustrofóbico, mesmo na imensidão galáctica. É tenso, mas incrivelmente belo. É um realismo digital, mas altamente imersivo. É uma experiência que deve ser sentida! Vale muito, mas muito, a pena!

Obs: Em sua carreira pelos festivais de cinema, "Gravidade" faturou mais de 230 prêmios além de outras 187 indicações. Impressionante!

Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria@dicastreaming 

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O cineasta Alfonso Cuarón já havia mostrado seu virtuosismo estético em "Filhos da Esperança" de 2006. Em "Gravidade", ele cria um universo de computação gráfica (!) crível, original e simplesmente deslumbrante.

A premissa é relativamente simples: dois astronautas estão realizando manutenção em uma estação espacial, quando uma chuva de detritos começa a atingi-los. A partir daí, começa uma corrida pela sobrevivência no inóspito ambiente além da atmosfera. Confira o trailer:

A fotografia do ícone Emmanuel Lubezki, é maravilhosa: os enquadramentos são inventivos e o filme retrata fielmente o vácuo de som existente no espaço. A imponente trilha sonora “dubla” as explosões silenciosas e eleva o nível de tensão. Importante dizer que esse primor técnico rendeu ao filme 7 estatuetas do Oscar em 2014: Melhor Direção, Fotografia, Edição, Efeitos Visuais, Trilha Sonora, Edição de Som e Mixagem de Som. 

Sandra Bullock entrega uma grande atuação como a Dra. Ryan, lutando pela sobrevivência no espaço após perder o motivo de viver em terra firme. Através dela, o filme imprime alegorias sobre renascimento e até evolucionismo. George Clooney acumula as funções de alívio cômico e mentor, construindo ótimas interações com a astronauta inexperiente.

O fato é que "Gravidade" é um espetáculo espacial. É claustrofóbico, mesmo na imensidão galáctica. É tenso, mas incrivelmente belo. É um realismo digital, mas altamente imersivo. É uma experiência que deve ser sentida! Vale muito, mas muito, a pena!

Obs: Em sua carreira pelos festivais de cinema, "Gravidade" faturou mais de 230 prêmios além de outras 187 indicações. Impressionante!

Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria@dicastreaming 

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Happy End

"Happy End" foi o filme francês que tentou a indicação ao Oscar 2018 e não conseguiu - na verdade não ficou nem entre os pré selecionados, mas tem uma grife de respeito por trás dele: o diretor austríaco Michael Haneke - vencedor do Oscar com "Amour" em 2013. Foi essa grife que me fez assistir o filme e valeu a pena, mas com algumas ressalvas!

O filme se passa em Calais uma cidade do norte da França. Georges Laurent (Jean-Louis Trintignant) é o patriarca de uma família típica da classe média. Ele está preso em uma cadeira de rodas e sua filha Anne (Isabelle Huppert) ainda mora com ele, porém Thomas (Mathieu Kassovitz), seu filho, acaba de retornar para a casa, junto com a esposa e a filha Eve (Fantine Harduin), cuja mãe faleceu recentemente. É nesse universo que "Happy End" transita - o filme fala sobre a intensa incomunicabilidade entre os membros dessa família, que faz com que todos levem uma vida segundo seus interesses pessoais e esqueçam que existe algo muito mais importante que o próprio umbigo: a empatia! Confira o trailer:

Como Cineasta, Michael Haneke, é um monstro! Ele dá mais uma aula de posicionamento de câmera (como em "Amour") e direção de atores. Haneke tem seu estilo muito bem definido e ele imprime isso em cada cena com muita personalidade e sempre no tom certo. Ele consegue tirar do ator aquilo que ele quer com muita precisão e isso é raro. O filme vale muito por isso - mas será preciso um olhar mais crítico, detalhista e mais paciente com o que comentarei a seguir!

"Happy End" é um filme que não vai agradar a todos. A história me pareceu um pouco fraca, as motivações não se sustentam ao longo do tempo de tela e isso deixa o filme razoavelmente arrastado. Não que seja um filme ruim, porque de fato ele não é, mas você fica sempre esperando algo mais e isso nunca chega - por isso é necessário alinhas as expectativas e embarcar na proposta de Haneke!

Esse filme foi até indicado pra Palme d'Or em Cannes 2017, o que deixa bem claro que ele vai agradar mais aquela audiência que gosta de uma cinema com um conceito narrativo e visual independente, autoral e, claro, para quem está disposto a ir além do que é dito nos diálogos.

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"Happy End" foi o filme francês que tentou a indicação ao Oscar 2018 e não conseguiu - na verdade não ficou nem entre os pré selecionados, mas tem uma grife de respeito por trás dele: o diretor austríaco Michael Haneke - vencedor do Oscar com "Amour" em 2013. Foi essa grife que me fez assistir o filme e valeu a pena, mas com algumas ressalvas!

O filme se passa em Calais uma cidade do norte da França. Georges Laurent (Jean-Louis Trintignant) é o patriarca de uma família típica da classe média. Ele está preso em uma cadeira de rodas e sua filha Anne (Isabelle Huppert) ainda mora com ele, porém Thomas (Mathieu Kassovitz), seu filho, acaba de retornar para a casa, junto com a esposa e a filha Eve (Fantine Harduin), cuja mãe faleceu recentemente. É nesse universo que "Happy End" transita - o filme fala sobre a intensa incomunicabilidade entre os membros dessa família, que faz com que todos levem uma vida segundo seus interesses pessoais e esqueçam que existe algo muito mais importante que o próprio umbigo: a empatia! Confira o trailer:

Como Cineasta, Michael Haneke, é um monstro! Ele dá mais uma aula de posicionamento de câmera (como em "Amour") e direção de atores. Haneke tem seu estilo muito bem definido e ele imprime isso em cada cena com muita personalidade e sempre no tom certo. Ele consegue tirar do ator aquilo que ele quer com muita precisão e isso é raro. O filme vale muito por isso - mas será preciso um olhar mais crítico, detalhista e mais paciente com o que comentarei a seguir!

"Happy End" é um filme que não vai agradar a todos. A história me pareceu um pouco fraca, as motivações não se sustentam ao longo do tempo de tela e isso deixa o filme razoavelmente arrastado. Não que seja um filme ruim, porque de fato ele não é, mas você fica sempre esperando algo mais e isso nunca chega - por isso é necessário alinhas as expectativas e embarcar na proposta de Haneke!

Esse filme foi até indicado pra Palme d'Or em Cannes 2017, o que deixa bem claro que ele vai agradar mais aquela audiência que gosta de uma cinema com um conceito narrativo e visual independente, autoral e, claro, para quem está disposto a ir além do que é dito nos diálogos.

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História de um Casamento

História de um Casamento

Costumo dizer que uma história tem sempre dois lados e por isso acredito que uma das maiores covardias sociais que pode existir é o julgamento ou pior, quando alguém próximo resolve tomar partido de um dos lados durante a separação ou no fim de um casamento, principalmente se o casal já tiver filhos! "História de um Casamento" é um soco no estômago por tudo isso e dependendo da sua história de vida, esse soco pode doer mais! O filme mostra o processo de separação de um Diretor de Teatro residente em NY e de uma atriz nascida em Los Angeles. Os dois foram muito felizes durante anos até que ela resolve se separar e voltar com o filho para sua cidade - o que acontece a partir daí é uma das mais doloridas jornadas de aceitação que um casal precisa passar durante a vida.

O interessante do filme é que o roteiro trás os dois lados da história desde o início (com uma prólogo sensacional que já dá o tom do que virá pela frente, apresentando os personagens e o momento que eles estão passando) e toda a transformação que eles se submetem graças a pressão social e, claro, ao ego ferido de cada um (inclusive dos advogados)! A crueldade do filme está em abordar com muita sensibilidade essa solidão muito particular que Charlie (Adam Driver) e Nicole (Scarlett Johansson) passam ao tentar esconder seus reais sentimentos para impedir que esse divórcio não acabe definitivamente com tudo que eles construíram juntos e com todos os sonhos que compartilharam durante anos - aliás, muito personificado na figura de um lindo garoto, filho do casal! Olha, se prepare para um grande filme, difícil, inteligente e muito visceral - mais um que deve brilhar nas premiações do próximo ano, pode apostar!

Poderia ser um filme dirigido pelo Wood Allen tranquilamente, mas a competência do Noah Baumbach (A Lula e a Baleia e The Meyerowitz Stories) nos proporciona a mesma qualidade na experiência de acompanhar a história dos dois protagonistas filmando em 35mm (e não em Digital) para aproveitar aquela magia do grão e o aspecto mais, digamos, antigo da imagem - propositalmente nostálgico. Noah, que também escreveu o roteiro, se inspirou no seu próprio processo de divórcio, deixando claro que o filme, na verdade, é mais uma provocação sobre o valor do verdadeiro amor, mesmo em um cenário tão conturbado como o divórcio. Pode parecer complexo, mas não é; "História de um Casamento" tem alma e uma direção focada nos detalhes - sem a necessidade de elevar o tom da interpretação, aproveitando o silêncio, os olhares, o sofrimento dos atores - puxa, e que atores!!!! Claro que os diálogos são excelentes, mas Scarlett Johansson e (principalmente) Adam Drive dão um show. Pode escrever: Adam Drive será indicado como melhor ator e não me surpreenderia se ganhasse, mesmo correndo por fora contra Adam Sandler e Joaquin Phoenix. Outra atriz que merece destaque e pode ganhar uma indicação de coadjuvante é Laura Dern (Big Little Lies) - ela está incrível como a advogada de Nicole.

"História de um Casamento" é o que é, um filme que mexe com a gente, que emociona pelo simples fato de nos colocarmos na pele de cada um dos personagens. É um filme de relação difícil, dolorido, injusto, mas muito (muito mesmo) sensível! Embora Noah Baumbach tenha colocado sua história em muitos detalhes dessa jornada, é notável sua capacidade de universalizar os assuntos discutidos no filme. O amor colocado em segundo plano por causa de convenções de uma mesma sociedade que cobra a cada instante e que se sente prazer ao julgar um casal quando não se assume alguma dificuldade ou até quando se toma alguma decisão diferente do óbvio pensando no bem do filho, por exemplo. Olha, "História de um Casamento" é sensacional; com um roteiro, direção e atuação extremamente alinhados. Impecável! O filme foi muito bem nos Festivais que participou até agora e, na minha opinião, vem muito forte para o Oscar de 2020 - dá para esperar umas 3 ou 4 indicações tranquilamente, entre elas, melhor filme (e não é exagero)! Não acredita? Dê o play e se prepare para duas horas com o coração apertado e muito tempo de reflexão quando o filme acabar - e por favor repare como a trilha sonora é a cereja desse bolo delicioso!!!

Up-date: "História de um Casamento" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Atriz Coadjuvante!

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Costumo dizer que uma história tem sempre dois lados e por isso acredito que uma das maiores covardias sociais que pode existir é o julgamento ou pior, quando alguém próximo resolve tomar partido de um dos lados durante a separação ou no fim de um casamento, principalmente se o casal já tiver filhos! "História de um Casamento" é um soco no estômago por tudo isso e dependendo da sua história de vida, esse soco pode doer mais! O filme mostra o processo de separação de um Diretor de Teatro residente em NY e de uma atriz nascida em Los Angeles. Os dois foram muito felizes durante anos até que ela resolve se separar e voltar com o filho para sua cidade - o que acontece a partir daí é uma das mais doloridas jornadas de aceitação que um casal precisa passar durante a vida.

O interessante do filme é que o roteiro trás os dois lados da história desde o início (com uma prólogo sensacional que já dá o tom do que virá pela frente, apresentando os personagens e o momento que eles estão passando) e toda a transformação que eles se submetem graças a pressão social e, claro, ao ego ferido de cada um (inclusive dos advogados)! A crueldade do filme está em abordar com muita sensibilidade essa solidão muito particular que Charlie (Adam Driver) e Nicole (Scarlett Johansson) passam ao tentar esconder seus reais sentimentos para impedir que esse divórcio não acabe definitivamente com tudo que eles construíram juntos e com todos os sonhos que compartilharam durante anos - aliás, muito personificado na figura de um lindo garoto, filho do casal! Olha, se prepare para um grande filme, difícil, inteligente e muito visceral - mais um que deve brilhar nas premiações do próximo ano, pode apostar!

Poderia ser um filme dirigido pelo Wood Allen tranquilamente, mas a competência do Noah Baumbach (A Lula e a Baleia e The Meyerowitz Stories) nos proporciona a mesma qualidade na experiência de acompanhar a história dos dois protagonistas filmando em 35mm (e não em Digital) para aproveitar aquela magia do grão e o aspecto mais, digamos, antigo da imagem - propositalmente nostálgico. Noah, que também escreveu o roteiro, se inspirou no seu próprio processo de divórcio, deixando claro que o filme, na verdade, é mais uma provocação sobre o valor do verdadeiro amor, mesmo em um cenário tão conturbado como o divórcio. Pode parecer complexo, mas não é; "História de um Casamento" tem alma e uma direção focada nos detalhes - sem a necessidade de elevar o tom da interpretação, aproveitando o silêncio, os olhares, o sofrimento dos atores - puxa, e que atores!!!! Claro que os diálogos são excelentes, mas Scarlett Johansson e (principalmente) Adam Drive dão um show. Pode escrever: Adam Drive será indicado como melhor ator e não me surpreenderia se ganhasse, mesmo correndo por fora contra Adam Sandler e Joaquin Phoenix. Outra atriz que merece destaque e pode ganhar uma indicação de coadjuvante é Laura Dern (Big Little Lies) - ela está incrível como a advogada de Nicole.

"História de um Casamento" é o que é, um filme que mexe com a gente, que emociona pelo simples fato de nos colocarmos na pele de cada um dos personagens. É um filme de relação difícil, dolorido, injusto, mas muito (muito mesmo) sensível! Embora Noah Baumbach tenha colocado sua história em muitos detalhes dessa jornada, é notável sua capacidade de universalizar os assuntos discutidos no filme. O amor colocado em segundo plano por causa de convenções de uma mesma sociedade que cobra a cada instante e que se sente prazer ao julgar um casal quando não se assume alguma dificuldade ou até quando se toma alguma decisão diferente do óbvio pensando no bem do filho, por exemplo. Olha, "História de um Casamento" é sensacional; com um roteiro, direção e atuação extremamente alinhados. Impecável! O filme foi muito bem nos Festivais que participou até agora e, na minha opinião, vem muito forte para o Oscar de 2020 - dá para esperar umas 3 ou 4 indicações tranquilamente, entre elas, melhor filme (e não é exagero)! Não acredita? Dê o play e se prepare para duas horas com o coração apertado e muito tempo de reflexão quando o filme acabar - e por favor repare como a trilha sonora é a cereja desse bolo delicioso!!!

Up-date: "História de um Casamento" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Atriz Coadjuvante!

Assista Agora 

I am Mother

"I am Mother" é um filme australiano, distribuído pela Netflix, que foi lançado na plataforma no começo de junho de 2019 e, olha, vou te dizer, ficção científica com alma! Grande filme, inteligente, profundo e um excelente entretenimento além de tudo! Tipo do filme que te faz refletir, na linha de "Mother!" do Aronofsky ou "Ex-Machina" do Alex Garland ou até de "Rua Cloverfild, 10" do Dan Trachtenberg.

O filme conta a história de uma adolescente, interpretada pela ótima Clara Rugaard (mas poderia ter sido a Jennifer Lawrence tranquilamente), que é criada em uma espécie de bunker após a extinção total da raça humana. Um robô auto-denominado "Mãe", projetado para ajudar na reconstrução da Terra, é a responsável por preparar sua "Filha" para expandir essa missão, elevando a capacidade humana de existir baseado em valores éticos e morais. Porém, toda essa realidade começa a ser colocada em dúvida com a chegada inesperada de uma suposta sobrevivente, papel da Hilary Swank. Confira o trailer:

Eu diria que "I am Mother" poderia ter sido dirigido pelo Nolan ou até pelo mestre Stanley Kubrick, dada a sua complexidade visual e elegância narrativa - no entanto, é visível a limitação de orçamento em vários elementos artísticos do filme: desde seu desenho de produção até na própria composição de pós em algumas cenas! Mas isso não atrapalha em absolutamente nada a experiência do filme, pois o roteiro é muito bem amarrado e fosse uma super produção, certamente estaria fazendo um enorme barulho!

Esse é o primeiro filme do diretor Grant Sputore - marquem esse nome, porque o cara é muito talentoso - e sua condução encontrou o equilíbrio perfeito entre o drama e a ficção, sempre pontuada por uma série de alegorias muito referenciadas em filmes como "Mother!", por exemplo. Aliás, vale uma pesquisa "pós-filme" para entender ou confirmar algumas interpretações e teorias que vamos encontrando durante toda jornada. Outro ponto que me chamou a atenção é a beleza da fotografia, grande trabalho do também novato Steve Annis - ele está nos créditos de impressionantes 58 curtas-metargem antes de assinar seu primeiro longa, ou seja, preparado ele está!

"I am Mother" é uma agradável surpresa que vale muito a pena e posso garantir: quanto menos souber do filme, melhor. Por isso tomei esse cuidado para não prejudicar a sua experiência, mas se posso dar uma única dica: preste muita atenção nos letterings no início do filme, eles farão toda a diferença lá no final!

Vale muito o play!!!!

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"I am Mother" é um filme australiano, distribuído pela Netflix, que foi lançado na plataforma no começo de junho de 2019 e, olha, vou te dizer, ficção científica com alma! Grande filme, inteligente, profundo e um excelente entretenimento além de tudo! Tipo do filme que te faz refletir, na linha de "Mother!" do Aronofsky ou "Ex-Machina" do Alex Garland ou até de "Rua Cloverfild, 10" do Dan Trachtenberg.

O filme conta a história de uma adolescente, interpretada pela ótima Clara Rugaard (mas poderia ter sido a Jennifer Lawrence tranquilamente), que é criada em uma espécie de bunker após a extinção total da raça humana. Um robô auto-denominado "Mãe", projetado para ajudar na reconstrução da Terra, é a responsável por preparar sua "Filha" para expandir essa missão, elevando a capacidade humana de existir baseado em valores éticos e morais. Porém, toda essa realidade começa a ser colocada em dúvida com a chegada inesperada de uma suposta sobrevivente, papel da Hilary Swank. Confira o trailer:

Eu diria que "I am Mother" poderia ter sido dirigido pelo Nolan ou até pelo mestre Stanley Kubrick, dada a sua complexidade visual e elegância narrativa - no entanto, é visível a limitação de orçamento em vários elementos artísticos do filme: desde seu desenho de produção até na própria composição de pós em algumas cenas! Mas isso não atrapalha em absolutamente nada a experiência do filme, pois o roteiro é muito bem amarrado e fosse uma super produção, certamente estaria fazendo um enorme barulho!

Esse é o primeiro filme do diretor Grant Sputore - marquem esse nome, porque o cara é muito talentoso - e sua condução encontrou o equilíbrio perfeito entre o drama e a ficção, sempre pontuada por uma série de alegorias muito referenciadas em filmes como "Mother!", por exemplo. Aliás, vale uma pesquisa "pós-filme" para entender ou confirmar algumas interpretações e teorias que vamos encontrando durante toda jornada. Outro ponto que me chamou a atenção é a beleza da fotografia, grande trabalho do também novato Steve Annis - ele está nos créditos de impressionantes 58 curtas-metargem antes de assinar seu primeiro longa, ou seja, preparado ele está!

"I am Mother" é uma agradável surpresa que vale muito a pena e posso garantir: quanto menos souber do filme, melhor. Por isso tomei esse cuidado para não prejudicar a sua experiência, mas se posso dar uma única dica: preste muita atenção nos letterings no início do filme, eles farão toda a diferença lá no final!

Vale muito o play!!!!

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I Know this Much is True

Desde que assistimos o primeiro episódio de "I Know this Much is True", ficou fácil perceber que se tratava de uma minissérie diferente! Pode até parecer repetitivo, mas encontrar na HBO um projeto comandado por Derek Cianfrance (de “Blue Valentine” e "A Luz entre Oceanos") já foi o suficiente para que embarcássemos nessa jornada sem o menor receio de errar - e olha, que jornada foi essa?! "I Know this Much is True" é um drama denso, profundo, incômodo; é um mergulho na intimidade mais obscura de um personagem tão complexo como Dominick Birdsey (Mark Ruffalo). São 6 episódios de 60 minutos que nos tiram completamente do equilíbrio emocional, que nos provocam ao julgamento, à empatia, compaixão e, principalmente, ao auto-conhecimento - isso mesmo, Cianfrance usa da mesma excelência ao discutir as relações de familiares, que usou para expôr a fragilidade da relação de um casal no ótimo "Blue Valentine").

"I Know this Much is True" não tem uma narrativa tão dinâmica, isso é um fato, mas a forma como o roteiro usa o relacionamento entre Dominick e seu irmão gêmeo para falar sobre a importância (e as influências) da ancestralidade, é genial! A minissérie é uma adaptação do livro de Wally Lamb e acompanha Dominick, um pintor divorciado que se sente responsável pelo irmão Thomas, que após um surto causado por sua esquizofrenia, corta a própria mão em uma biblioteca pública e é encaminhado para um hospital forense cheio de criminosos. Confira o belíssimo trailer e tente não se envolver com esse drama:

A partir das lembranças mais traumáticas do próprio Dominick, a minissérie vai pontuando como as experiências do passado refletem ativamente na sua relação com o irmão e nas atitudes de ambos no presente. Das agressões que sofriam do padrasto, Ray (John Procaccino), em uma infância completamente desestruturada e abusiva, ao dolorido divórcio de Dessa (Kathryn Hahn), até a morte prematura da sua mãe, vamos entendendo (e sofrendo com) o protagonista e nos relacionando com sua dor como poucas vezes fizemos recentemente. "I Know this Much is True" é uma aula de direção, de roteiro e de interpretação; que machuca, mas que também nos faz pensar e acreditar que nada acontece por acaso e que cabe a nós mudar o rumo das histórias onde somos os personagens!

Embora "I Know this Much is True" tenha uma qualidade de produção incontestável, a soma (ou o encontro) de talentos individuais é o ponto forte da minissérie. De cara, o trabalho do Mark Ruffalo salta aos olhos - sua performance como Dominick e como o gêmeo, Thomas, é algo digno de todos os prêmios da próxima temporada e pode acreditar: talvez seja o nome mais forte para levar tudo que se tem direito! Outros três trabalhos merecem nossa atenção: Kathryn Hahn como a ex-mulher de Dominick, Dessa, vai te destruir emocionalmente - quando descobrimos a razão da separação do casal é como se estivessem esmagando nosso coração!  John Procaccino como o padrasto abusivo, Ray - ele fica enrolando em 5 episódios, mas quando chega no último, ele dá um verdadeiro show! Rosie O'Donnell como Lisa Sheffer está sensacional - ela tem uma verdade na sua interpretação que é comovente! E para finalizar, Juliette Lewis - mesmo aparecendo com destaque apenas no primeiro episódio, sua Nedra Frank, uma descontrolada acadêmica contratada por Dominick para traduzir a história de seu avô italiano, está simplesmente impagável!

Além do show do elenco, não podemos deixar de citar o trabalho técnico e artístico de Derek Cianfrance. Ele cria uma atmosfera tão particular e, nesse caso, tão  depressiva, que praticamente nos obriga a pausar a minissérie algumas vezes para nos recompor, tamanho é o desconforto que sua narrativa nos causa. A direção está muito alinhada ao tipo de história que Wally Lamb quis contar e com isso fica fácil perceber a importância de um grande diretor para equilibrar o enquadramento mais adequado para aquele tipo de texto (invariavelmente com planos mais fechados) com uma ótima direção de atores, sem perder o realismo. Em "I Know this Much is True" as pausas dramáticas fazem tanto sentido que o silêncio é quase ensurdecedor - reparem! A fotografia do Jody Lee Lipes (de "Girls") é linda e a composição emocional que ela faz com a trilha sonora define muito bem a sensação de "vazio" dos personagens em vários momentos da minissérie!

Sinceramente, é a esperança por um final feliz que nos move até o sexto episódio, mas é a reflexão sobre cada uma das situações que acompanhamos que nos dá a força para continuar ao lado de Dominick. "I Know this Much is True" está longe de ser um entretenimento tranquilo, na verdade é uma minissérie cansativa psicologicamente, para assistir aos poucos, mas que vale pela experiência profunda, quase sensorial, de um trabalho único, de uma equipe talentosa e de um texto extremamente profundo! 

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Desde que assistimos o primeiro episódio de "I Know this Much is True", ficou fácil perceber que se tratava de uma minissérie diferente! Pode até parecer repetitivo, mas encontrar na HBO um projeto comandado por Derek Cianfrance (de “Blue Valentine” e "A Luz entre Oceanos") já foi o suficiente para que embarcássemos nessa jornada sem o menor receio de errar - e olha, que jornada foi essa?! "I Know this Much is True" é um drama denso, profundo, incômodo; é um mergulho na intimidade mais obscura de um personagem tão complexo como Dominick Birdsey (Mark Ruffalo). São 6 episódios de 60 minutos que nos tiram completamente do equilíbrio emocional, que nos provocam ao julgamento, à empatia, compaixão e, principalmente, ao auto-conhecimento - isso mesmo, Cianfrance usa da mesma excelência ao discutir as relações de familiares, que usou para expôr a fragilidade da relação de um casal no ótimo "Blue Valentine").

"I Know this Much is True" não tem uma narrativa tão dinâmica, isso é um fato, mas a forma como o roteiro usa o relacionamento entre Dominick e seu irmão gêmeo para falar sobre a importância (e as influências) da ancestralidade, é genial! A minissérie é uma adaptação do livro de Wally Lamb e acompanha Dominick, um pintor divorciado que se sente responsável pelo irmão Thomas, que após um surto causado por sua esquizofrenia, corta a própria mão em uma biblioteca pública e é encaminhado para um hospital forense cheio de criminosos. Confira o belíssimo trailer e tente não se envolver com esse drama:

A partir das lembranças mais traumáticas do próprio Dominick, a minissérie vai pontuando como as experiências do passado refletem ativamente na sua relação com o irmão e nas atitudes de ambos no presente. Das agressões que sofriam do padrasto, Ray (John Procaccino), em uma infância completamente desestruturada e abusiva, ao dolorido divórcio de Dessa (Kathryn Hahn), até a morte prematura da sua mãe, vamos entendendo (e sofrendo com) o protagonista e nos relacionando com sua dor como poucas vezes fizemos recentemente. "I Know this Much is True" é uma aula de direção, de roteiro e de interpretação; que machuca, mas que também nos faz pensar e acreditar que nada acontece por acaso e que cabe a nós mudar o rumo das histórias onde somos os personagens!

Embora "I Know this Much is True" tenha uma qualidade de produção incontestável, a soma (ou o encontro) de talentos individuais é o ponto forte da minissérie. De cara, o trabalho do Mark Ruffalo salta aos olhos - sua performance como Dominick e como o gêmeo, Thomas, é algo digno de todos os prêmios da próxima temporada e pode acreditar: talvez seja o nome mais forte para levar tudo que se tem direito! Outros três trabalhos merecem nossa atenção: Kathryn Hahn como a ex-mulher de Dominick, Dessa, vai te destruir emocionalmente - quando descobrimos a razão da separação do casal é como se estivessem esmagando nosso coração!  John Procaccino como o padrasto abusivo, Ray - ele fica enrolando em 5 episódios, mas quando chega no último, ele dá um verdadeiro show! Rosie O'Donnell como Lisa Sheffer está sensacional - ela tem uma verdade na sua interpretação que é comovente! E para finalizar, Juliette Lewis - mesmo aparecendo com destaque apenas no primeiro episódio, sua Nedra Frank, uma descontrolada acadêmica contratada por Dominick para traduzir a história de seu avô italiano, está simplesmente impagável!

Além do show do elenco, não podemos deixar de citar o trabalho técnico e artístico de Derek Cianfrance. Ele cria uma atmosfera tão particular e, nesse caso, tão  depressiva, que praticamente nos obriga a pausar a minissérie algumas vezes para nos recompor, tamanho é o desconforto que sua narrativa nos causa. A direção está muito alinhada ao tipo de história que Wally Lamb quis contar e com isso fica fácil perceber a importância de um grande diretor para equilibrar o enquadramento mais adequado para aquele tipo de texto (invariavelmente com planos mais fechados) com uma ótima direção de atores, sem perder o realismo. Em "I Know this Much is True" as pausas dramáticas fazem tanto sentido que o silêncio é quase ensurdecedor - reparem! A fotografia do Jody Lee Lipes (de "Girls") é linda e a composição emocional que ela faz com a trilha sonora define muito bem a sensação de "vazio" dos personagens em vários momentos da minissérie!

Sinceramente, é a esperança por um final feliz que nos move até o sexto episódio, mas é a reflexão sobre cada uma das situações que acompanhamos que nos dá a força para continuar ao lado de Dominick. "I Know this Much is True" está longe de ser um entretenimento tranquilo, na verdade é uma minissérie cansativa psicologicamente, para assistir aos poucos, mas que vale pela experiência profunda, quase sensorial, de um trabalho único, de uma equipe talentosa e de um texto extremamente profundo! 

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Ida Red

Se você está em busca de um bom entretenimento sobre assaltos espetaculares em uma mistura de ação com algum drama, "Ida Red - O Preço da Liberdade" pode ser uma boa pedida - mas te adianto: não se trata de um filme inesquecível, pelo contrário, ele é despretensioso ao ponto de abdicar de pelo menos 30 minutos de história, onde as tramas, subtramas e soluções narrativas certamente seriam melhores desenvolvidas, para ganhar em dinâmica e alguma emoção. Isso faz do filme escrito e dirigido por John Swab (do mediano "One Day as a Lion") honesto em sua proposta, tanto que chegou a ser indicado ao  Locarno em 2021, mas é inegável que deixa um gostinho de que poderia ser melhor do que realmente é!

"Ida Red - O Preço da Liberdade", basicamente, acompanha a carreira da criminosa Ida ‘Red’ Walker (Melissa Leo), que luta contra uma doença terminal enquanto cumpre uma pena de 25 anos de prisão em Oklahoma. Sob a tutela de Ida, seu filho, Wyatt Walker (Josh Hartnett) sustenta os negócios da família ao lado de seu tio, Dallas Walker (Frank Grillo), até que um assalto dá errado e o detetive local e cunhado de Wyatt, Bodie Collier (George Carroll), se junta ao agente do FBI Lawrence Twilley (William Forsythe) para tentar rastrear os responsáveis pelo crime - e como é de se imaginar, eles já têm seus suspeitos. Confira o trailer: 

Embora o filme se apresente como uma montanha-russa emocional que mergulha nas complexidades das relações familiares e do dilema moral para definir o que é certo, o que é errado e em qual circunstâncias isso pode se misturar, "Ida Red" é mesmo um filme de ação. Certo disso, percebemos que durante os 120 minutos de história, assistimos Swab nos negar alguns eventos importantes da trama e isso faz com que todos aqueles conflitos soem mais superficiais do que eles poderiam ser. Ao recortar o grande arco dramático de uma família amplamente envolvida com o mundo do crime e nos apresentar apenas uma parte desse todo, o diretor assume o risco de que sua audiência não se importe realmente com aqueles personagens - isso me pareceu acontecer, por outro lado não impacta no que ele prioriza como fio condutor.

A direção de John Swab respeita suas próprias escolhas conceituais e sua abordagem habilidosa dessa gramática de gênero ao criar uma atmosfera mais sombria do que tensa, especialmente no prólogo e no final do terceiro ato, onde a ação propriamente dita, nos conduz entre os dramas mais existenciais dos personagens. Essa proposta acaba deixando para o elenco todo ônus da falta de tempo de tela - Melissa Leo talvez seja o maior exemplo disso. Ela oferece uma atuação de tirar o fôlego quando é demandada, incorporando uma Ida Red com presença magnética, mas pouco aproveitada. Josh Hartnett e Frank Grillo, esses sim oferecem performances convincentes sem tanta pressa - a química entre eles é palpável, o que adiciona uma camada extra de autenticidade à história, mas infelizmente, mesmo assim, falta aquela conexão.

A fotografia do Matt Clegg (de "What Doesn't Float") é primorosa ao equilibrar o drama mais íntimo com seus planos fechados e quase sempre estáticos, com a ação mais dinâmica das lentes mais abertas e uma câmera mais nervosa. A escolha de locações e a trilha sonora se combinam com essa dualidade da fotografia para criar um ambiente mais imersivo que faz com que a audiência se sinta parte daquele submundo - uma pena que essas sensações sejam tão esporádicas devido aos gaps do roteiro. Em resumo, "Ida Red - O Preço da Liberdade" diverte mais do que nos impacta, mesmo quando escolhe questionar o real valor da família como instituição inabalável em meio aquele cenário imoral de crimes e redenção. Uma pena que não tenha tido o tempo necessário para unificar esses dois elementos dramáticos, que estão lá, mas que acabaram funcionando mais sozinhos do que juntos.

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Se você está em busca de um bom entretenimento sobre assaltos espetaculares em uma mistura de ação com algum drama, "Ida Red - O Preço da Liberdade" pode ser uma boa pedida - mas te adianto: não se trata de um filme inesquecível, pelo contrário, ele é despretensioso ao ponto de abdicar de pelo menos 30 minutos de história, onde as tramas, subtramas e soluções narrativas certamente seriam melhores desenvolvidas, para ganhar em dinâmica e alguma emoção. Isso faz do filme escrito e dirigido por John Swab (do mediano "One Day as a Lion") honesto em sua proposta, tanto que chegou a ser indicado ao  Locarno em 2021, mas é inegável que deixa um gostinho de que poderia ser melhor do que realmente é!

"Ida Red - O Preço da Liberdade", basicamente, acompanha a carreira da criminosa Ida ‘Red’ Walker (Melissa Leo), que luta contra uma doença terminal enquanto cumpre uma pena de 25 anos de prisão em Oklahoma. Sob a tutela de Ida, seu filho, Wyatt Walker (Josh Hartnett) sustenta os negócios da família ao lado de seu tio, Dallas Walker (Frank Grillo), até que um assalto dá errado e o detetive local e cunhado de Wyatt, Bodie Collier (George Carroll), se junta ao agente do FBI Lawrence Twilley (William Forsythe) para tentar rastrear os responsáveis pelo crime - e como é de se imaginar, eles já têm seus suspeitos. Confira o trailer: 

Embora o filme se apresente como uma montanha-russa emocional que mergulha nas complexidades das relações familiares e do dilema moral para definir o que é certo, o que é errado e em qual circunstâncias isso pode se misturar, "Ida Red" é mesmo um filme de ação. Certo disso, percebemos que durante os 120 minutos de história, assistimos Swab nos negar alguns eventos importantes da trama e isso faz com que todos aqueles conflitos soem mais superficiais do que eles poderiam ser. Ao recortar o grande arco dramático de uma família amplamente envolvida com o mundo do crime e nos apresentar apenas uma parte desse todo, o diretor assume o risco de que sua audiência não se importe realmente com aqueles personagens - isso me pareceu acontecer, por outro lado não impacta no que ele prioriza como fio condutor.

A direção de John Swab respeita suas próprias escolhas conceituais e sua abordagem habilidosa dessa gramática de gênero ao criar uma atmosfera mais sombria do que tensa, especialmente no prólogo e no final do terceiro ato, onde a ação propriamente dita, nos conduz entre os dramas mais existenciais dos personagens. Essa proposta acaba deixando para o elenco todo ônus da falta de tempo de tela - Melissa Leo talvez seja o maior exemplo disso. Ela oferece uma atuação de tirar o fôlego quando é demandada, incorporando uma Ida Red com presença magnética, mas pouco aproveitada. Josh Hartnett e Frank Grillo, esses sim oferecem performances convincentes sem tanta pressa - a química entre eles é palpável, o que adiciona uma camada extra de autenticidade à história, mas infelizmente, mesmo assim, falta aquela conexão.

A fotografia do Matt Clegg (de "What Doesn't Float") é primorosa ao equilibrar o drama mais íntimo com seus planos fechados e quase sempre estáticos, com a ação mais dinâmica das lentes mais abertas e uma câmera mais nervosa. A escolha de locações e a trilha sonora se combinam com essa dualidade da fotografia para criar um ambiente mais imersivo que faz com que a audiência se sinta parte daquele submundo - uma pena que essas sensações sejam tão esporádicas devido aos gaps do roteiro. Em resumo, "Ida Red - O Preço da Liberdade" diverte mais do que nos impacta, mesmo quando escolhe questionar o real valor da família como instituição inabalável em meio aquele cenário imoral de crimes e redenção. Uma pena que não tenha tido o tempo necessário para unificar esses dois elementos dramáticos, que estão lá, mas que acabaram funcionando mais sozinhos do que juntos.

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Imperdoável

"Imperdoável" vem dividindo opniões, mas eu posso te adiantar: o filme é realmente bom e vale o seu play! Agora, não é nenhuma surpresa também que essa produção da Netflix seja baseada em uma minissérie de três episódios - no caso a britânica "Unforgiven" (no original), lançada em janeiro de 2009 e que foi muito bem de audiência e de crítica. Digo isso, pois algumas relações entre personagens que estão no filme mereciam um pouco mais de tempo de tela e certos assuntos justificariam mais aprofundamento. Isso prejudica a experiência? Não, mas fica aquele gostinho de "quero mais" (que para alguns vem sendo interpretado como um filme de resoluções atropeladas").

Na história, conhecemos a protagonista Ruth Slater (Sandra Bullock) que passa 20 anos na prisão após ter sido acusada do assassinato de um policial que estava em serviço no dia em que seria despejada de sua casa. Depois de cumprir a longa pena, Slater tenta retomar a vida em sociedade, enquanto busca de todas as formas reencontrar a irmã caçula, com quem perdeu contato após a sua prisão e que foi adotada por uma outra família na época. Confira o trailer:

Alguns pontos chamam muito nossa atenção. Sandra Bullock está sensacional e não fosse um certo preconceito com a atriz (mesmo depois do seu Oscar com "The Blind Side"), eu apostaria, no mínimo, em uma indicação na premiação de 2022 - sua performance é contida, pontuada, minimalista e sempre no tom correto para os diferentes tipos de cenas que ela precisa estar. Uma delas, inclusive, talvez seja o grande ponto alto do filme, quando "Ruth" de Bullock encontra com "Liz" de Viola Davis - além de uma cena muito bem construída para nos surpreender e de um talentoso embate entre duas excelentes atrizes, outro ponto que merece destaque é a montagem. Desde o inicio do filme, a montagem cria um ritmo sensacional para "Imperdoável" - mérito de Joe Walker (indicado ao Oscar por "A Chegada" e que usa do mesmo conceito técnico e narrativo para construir um mistério (e um suspense) em cima de um roteiro bem menos genial).

Dirigido pela ótima cineasta alemã Nora Fingscheidt, estreando em produções com um maior orçamento, o filme flerta com discussões bastante relevantes como o difícil processo de ressocialização de um ex-presidiário e como as vidas desses indivíduos são impactadas pelos crimes cometidos (especialmente contra policiais). O roteiro até pincela algumas críticas sobre os privilégios de ser uma mulher branca perante o preconceito sofrido pelos negros nas mesmas condições, mas não se tem tempo de ir além. A própria relação e as motivações dos irmãos Whelan ficam prejudicadas pela restrição de tempo.

O fato é que "Imperdoável" merece muito mais elogios do que críticas, além de ser um excelente entretenimento com um plot twist bem arquitetado, mesmo que com um final não tão corajoso. Existe um certo ar emotivo no desfecho da história, claro, mas talvez tenha faltado um pouco mais de impacto - algo que uma série da HBO entregaria sem receio, entende? 

Se você gosta de um bom drama, pode ir tranquilo que vale a pena!

Assista Agora

"Imperdoável" vem dividindo opniões, mas eu posso te adiantar: o filme é realmente bom e vale o seu play! Agora, não é nenhuma surpresa também que essa produção da Netflix seja baseada em uma minissérie de três episódios - no caso a britânica "Unforgiven" (no original), lançada em janeiro de 2009 e que foi muito bem de audiência e de crítica. Digo isso, pois algumas relações entre personagens que estão no filme mereciam um pouco mais de tempo de tela e certos assuntos justificariam mais aprofundamento. Isso prejudica a experiência? Não, mas fica aquele gostinho de "quero mais" (que para alguns vem sendo interpretado como um filme de resoluções atropeladas").

Na história, conhecemos a protagonista Ruth Slater (Sandra Bullock) que passa 20 anos na prisão após ter sido acusada do assassinato de um policial que estava em serviço no dia em que seria despejada de sua casa. Depois de cumprir a longa pena, Slater tenta retomar a vida em sociedade, enquanto busca de todas as formas reencontrar a irmã caçula, com quem perdeu contato após a sua prisão e que foi adotada por uma outra família na época. Confira o trailer:

Alguns pontos chamam muito nossa atenção. Sandra Bullock está sensacional e não fosse um certo preconceito com a atriz (mesmo depois do seu Oscar com "The Blind Side"), eu apostaria, no mínimo, em uma indicação na premiação de 2022 - sua performance é contida, pontuada, minimalista e sempre no tom correto para os diferentes tipos de cenas que ela precisa estar. Uma delas, inclusive, talvez seja o grande ponto alto do filme, quando "Ruth" de Bullock encontra com "Liz" de Viola Davis - além de uma cena muito bem construída para nos surpreender e de um talentoso embate entre duas excelentes atrizes, outro ponto que merece destaque é a montagem. Desde o inicio do filme, a montagem cria um ritmo sensacional para "Imperdoável" - mérito de Joe Walker (indicado ao Oscar por "A Chegada" e que usa do mesmo conceito técnico e narrativo para construir um mistério (e um suspense) em cima de um roteiro bem menos genial).

Dirigido pela ótima cineasta alemã Nora Fingscheidt, estreando em produções com um maior orçamento, o filme flerta com discussões bastante relevantes como o difícil processo de ressocialização de um ex-presidiário e como as vidas desses indivíduos são impactadas pelos crimes cometidos (especialmente contra policiais). O roteiro até pincela algumas críticas sobre os privilégios de ser uma mulher branca perante o preconceito sofrido pelos negros nas mesmas condições, mas não se tem tempo de ir além. A própria relação e as motivações dos irmãos Whelan ficam prejudicadas pela restrição de tempo.

O fato é que "Imperdoável" merece muito mais elogios do que críticas, além de ser um excelente entretenimento com um plot twist bem arquitetado, mesmo que com um final não tão corajoso. Existe um certo ar emotivo no desfecho da história, claro, mas talvez tenha faltado um pouco mais de impacto - algo que uma série da HBO entregaria sem receio, entende? 

Se você gosta de um bom drama, pode ir tranquilo que vale a pena!

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Incêndios

“Incêndios” (ou “Incendies” no original) é uma obra-prima! Essa produção canadense dirigida pelo então desconhecido Denis Villeneuve (“Duna”e “A Chegada”) apontou como uma das favoritas ao Oscar de 2011, mas acabou deixando escapar o prêmio de “Melhor Filme Internacional” para o dinamarquês “Em um Mundo Melhor” de Susanne Bier ("Bird Box"). O fato é que “Incêndios” é daqueles filmes que nos tocam a alma com um drama pesado, realista, cruel e até desconfortável, mas ao mesmo tempo marcante - uma experiência única, eu diria.

Após a morte da mãe, Nawal Marwan (Lubna Azabal), os gêmeos Simon (Maxim Gaudette) e Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulin) descobrem que têm um irmão e que seu pai, que julgavam morto, ainda está vivo. Em um jornada que se confunde entre uma difícil investigação no Líbano pós-guerra e os reflexos de tantos conflitos internos, eles tem que enfrentar as descobertas de uma história familiar que vai muito além de suas origens libanesas. Confira o trailer (em inglês):

Talvez o grande mérito de “Incêndios” tenha sido o de construir uma narrativa extremamente densa onde a linha de condução são as ações e não a cronologia temporal, ou seja, sem muito aviso, a história vai do presente para o passado com o intuito de conectar os fatos com as motivações dos personagens - isso acaba criando uma dinâmica muito interessante onde, no final, ficamos com a exata sensação de "tudo faz sentido agora"! 

Baseado na peça homônima de Wajdi Mouawad, “Incêndios” retrata a guerra civil no Líbano dos anos 70 pelos olhos de Nawal Marwan enquanto vivenciamos os reflexos do horror pelos olhos de Jeanne, sua filha. Embora funcione como pano de fundo, as cenas de intolerância religiosa são pesadíssimas e ajudam a construir as inúmeras camadas de Nawal - e aqui cabe um comentário: o trabalho de introspecção de Lubna Azabal é simplesmente fantástico. A forma como ela vai se transformando com o passar do tempo, impressiona.

“Incêndios” é um filme de 2010, de uma época pré-streaming, que pode ter passado batido por muita gente. Se esse é o seu caso, não perca tempo - é uma aula de roteiro, de direção, de interpretação e além de tudo isso, tem alma - mesmo que machucada pelas verdade inconvenientes que a história vai nos jogando na cara até encontrar um final de nos tirar o chão!

Vale muito a pena!

Assista Agora

“Incêndios” (ou “Incendies” no original) é uma obra-prima! Essa produção canadense dirigida pelo então desconhecido Denis Villeneuve (“Duna”e “A Chegada”) apontou como uma das favoritas ao Oscar de 2011, mas acabou deixando escapar o prêmio de “Melhor Filme Internacional” para o dinamarquês “Em um Mundo Melhor” de Susanne Bier ("Bird Box"). O fato é que “Incêndios” é daqueles filmes que nos tocam a alma com um drama pesado, realista, cruel e até desconfortável, mas ao mesmo tempo marcante - uma experiência única, eu diria.

Após a morte da mãe, Nawal Marwan (Lubna Azabal), os gêmeos Simon (Maxim Gaudette) e Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulin) descobrem que têm um irmão e que seu pai, que julgavam morto, ainda está vivo. Em um jornada que se confunde entre uma difícil investigação no Líbano pós-guerra e os reflexos de tantos conflitos internos, eles tem que enfrentar as descobertas de uma história familiar que vai muito além de suas origens libanesas. Confira o trailer (em inglês):

Talvez o grande mérito de “Incêndios” tenha sido o de construir uma narrativa extremamente densa onde a linha de condução são as ações e não a cronologia temporal, ou seja, sem muito aviso, a história vai do presente para o passado com o intuito de conectar os fatos com as motivações dos personagens - isso acaba criando uma dinâmica muito interessante onde, no final, ficamos com a exata sensação de "tudo faz sentido agora"! 

Baseado na peça homônima de Wajdi Mouawad, “Incêndios” retrata a guerra civil no Líbano dos anos 70 pelos olhos de Nawal Marwan enquanto vivenciamos os reflexos do horror pelos olhos de Jeanne, sua filha. Embora funcione como pano de fundo, as cenas de intolerância religiosa são pesadíssimas e ajudam a construir as inúmeras camadas de Nawal - e aqui cabe um comentário: o trabalho de introspecção de Lubna Azabal é simplesmente fantástico. A forma como ela vai se transformando com o passar do tempo, impressiona.

“Incêndios” é um filme de 2010, de uma época pré-streaming, que pode ter passado batido por muita gente. Se esse é o seu caso, não perca tempo - é uma aula de roteiro, de direção, de interpretação e além de tudo isso, tem alma - mesmo que machucada pelas verdade inconvenientes que a história vai nos jogando na cara até encontrar um final de nos tirar o chão!

Vale muito a pena!

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Inspiration4 - Viagem Estelar

Seria muita ingenuidade acreditar que a minissérie documental da Netflix, "Inspiration4 - Viagem Estelar", não se trata de um entretenimento de marca da Space X de Elon Musk . O fato é que essa característica em momento algum deve ser observada como demérito, pois os cinco episódios são simplesmente sensacionais! Imagine, estamos testemunhando algo grandioso, que há pouco tempo soaria loucura - são quatro civis indo para o espaço, acima da estação espacial e ainda por três dias.

Em setembro de 2021, uma jovem tripulação se lançou ao espaço visando, aproximadamente, uma órbita de 575 km, voando mais longe da Terra do que qualquer ser humano desde o Hubble. Liderada e comandada por Jared Isaacman, fundador e CEO da Shift4 Payments, a missão SpaceX Dragon, chamada Inspiration4, fez história. Dirigida pelo vencedor do Emmy Award, Jason Hehir (The Last Dance), a produção teve acesso exclusivo à missão, mostrando os bastidores onde os quatro membros da tripulação arrecadaram fundos e conscientizaram as pessoas para o trabalho feito pelo St. Jude Children’s Research Hospital. De sua seleção não convencional ao treinamento intensivo para astronautas que durou meses, passando por momentos íntimos que antecederam a decolagem, acompanhamos os sonhos que se tornaram realidade - com todos os desafios mentais, físicos e emocionais que vieram junto com eles. Confira o trailer (em inglês):

Como em "The Last Dance", Hehir dá um verdadeiro show ao nos colocar ao lado de cada um dos escolhidos para a missão! Não se trata apenas de acompanhar o dia a dia dos tripulantes até o lançamento, mas sim de dividir seus sentimentos a cada nova etapa dessa preparação. A forma como o diretor construiu a narrativa, equilibrando depoimentos dos protagonistas com as histórias da conquista espacial e de quem participou (e participa) desse movimento, é simplesmente sensacional - eu diria que é uma aula de storytelling com toques de MBA de liderança.

"Inspiration4 - Viagem Estelar" é muito (mas, muito) bem produzida - reparem na qualidade da fotografia do diretor Thomas McCallum, na montagem de Kimberly Brown, Devin Concannon, Paul Frost e Gabriel Garton, e até, claro, na trilha sonora que é simplesmente perfeita. É impressionante como a união desses três elementos, mais a direção de Hehir, cria uma atmosfera de expectativa, insegurança, nostalgia e drama, tão emocional, que vivenciamos junto com os protagonistas toda essa jornada única. Olha, não será uma ou duas vezes que você se emocionará - a história de Hayley Arceneaux, por exemplo, é de uma humanidade que acerta em cheio nosso coração!

Aliás, não só a formação da tripulação como a construção do elenco para a minissérie, é algo de se aplaudir de pé - temos tantos pontos para comentar, elogiar e discutir que só colabora com a afirmação de que essa minissérie é realmente imperdível.

Uma curiosidade que pode parecer irrelevante em tempos de streaming, mas que merece ser mencionada: essa produção foi desenvolvida pelaTIME Studios em parceria com a Known, e distribuída exclusivamente pela Netflix em um formato pouco usual para a plataforma: os dois primeiros episódios foram disponibilizados no seu lançamento (dia 6), os outros dois foram lançados uma semana depois e o capítulo final apenas no dia 30 de setembro - e você sabe o que aconteceu entre os dias 13 e 30 de setembro? A viagem espacial que justamente estava sendo documentada ou seja, quem acompanhou a história com base no dia dos lançamentos dos episódios teve a experiência de curtir a jornada da Inspiration4 quase em tempo real. Sensacional!

Vale muito seu play!

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Seria muita ingenuidade acreditar que a minissérie documental da Netflix, "Inspiration4 - Viagem Estelar", não se trata de um entretenimento de marca da Space X de Elon Musk . O fato é que essa característica em momento algum deve ser observada como demérito, pois os cinco episódios são simplesmente sensacionais! Imagine, estamos testemunhando algo grandioso, que há pouco tempo soaria loucura - são quatro civis indo para o espaço, acima da estação espacial e ainda por três dias.

Em setembro de 2021, uma jovem tripulação se lançou ao espaço visando, aproximadamente, uma órbita de 575 km, voando mais longe da Terra do que qualquer ser humano desde o Hubble. Liderada e comandada por Jared Isaacman, fundador e CEO da Shift4 Payments, a missão SpaceX Dragon, chamada Inspiration4, fez história. Dirigida pelo vencedor do Emmy Award, Jason Hehir (The Last Dance), a produção teve acesso exclusivo à missão, mostrando os bastidores onde os quatro membros da tripulação arrecadaram fundos e conscientizaram as pessoas para o trabalho feito pelo St. Jude Children’s Research Hospital. De sua seleção não convencional ao treinamento intensivo para astronautas que durou meses, passando por momentos íntimos que antecederam a decolagem, acompanhamos os sonhos que se tornaram realidade - com todos os desafios mentais, físicos e emocionais que vieram junto com eles. Confira o trailer (em inglês):

Como em "The Last Dance", Hehir dá um verdadeiro show ao nos colocar ao lado de cada um dos escolhidos para a missão! Não se trata apenas de acompanhar o dia a dia dos tripulantes até o lançamento, mas sim de dividir seus sentimentos a cada nova etapa dessa preparação. A forma como o diretor construiu a narrativa, equilibrando depoimentos dos protagonistas com as histórias da conquista espacial e de quem participou (e participa) desse movimento, é simplesmente sensacional - eu diria que é uma aula de storytelling com toques de MBA de liderança.

"Inspiration4 - Viagem Estelar" é muito (mas, muito) bem produzida - reparem na qualidade da fotografia do diretor Thomas McCallum, na montagem de Kimberly Brown, Devin Concannon, Paul Frost e Gabriel Garton, e até, claro, na trilha sonora que é simplesmente perfeita. É impressionante como a união desses três elementos, mais a direção de Hehir, cria uma atmosfera de expectativa, insegurança, nostalgia e drama, tão emocional, que vivenciamos junto com os protagonistas toda essa jornada única. Olha, não será uma ou duas vezes que você se emocionará - a história de Hayley Arceneaux, por exemplo, é de uma humanidade que acerta em cheio nosso coração!

Aliás, não só a formação da tripulação como a construção do elenco para a minissérie, é algo de se aplaudir de pé - temos tantos pontos para comentar, elogiar e discutir que só colabora com a afirmação de que essa minissérie é realmente imperdível.

Uma curiosidade que pode parecer irrelevante em tempos de streaming, mas que merece ser mencionada: essa produção foi desenvolvida pelaTIME Studios em parceria com a Known, e distribuída exclusivamente pela Netflix em um formato pouco usual para a plataforma: os dois primeiros episódios foram disponibilizados no seu lançamento (dia 6), os outros dois foram lançados uma semana depois e o capítulo final apenas no dia 30 de setembro - e você sabe o que aconteceu entre os dias 13 e 30 de setembro? A viagem espacial que justamente estava sendo documentada ou seja, quem acompanhou a história com base no dia dos lançamentos dos episódios teve a experiência de curtir a jornada da Inspiration4 quase em tempo real. Sensacional!

Vale muito seu play!

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Instinto Materno

"Instinto Materno" é um filme sensacional e extremamente profundo se você estiver disposto a mergulhar nas relações familiares dentro de um contexto social que vai te provocar inúmeros julgamentos morais e mais do que isso: que vai te fazer refletir, te fazer repensar e até buscar algumas respostas (ou motivos) que justifiquem tantos sentimentos, tabus e comportamentos, muitas vezes incompreensíveis, que permeiam uma dinâmica entre mãe e filho - e essa jornada não será das mais simples!

Superprotetora, Cornelia Keneres (Luminita Gheorghiu) é uma mãe que possui um relacionamento conturbado com o filho Barbu (Bogdan Dumitrache) de 32 anos. Com uma perspectiva completamente infantil e dependente do filho, Cornelia tenta de todas as formas evitar que o filho seja indiciado por um acidente de carro que culminou na morte de um adolescente de 14 anos. Confira o trailer:

Essa produção romena, vencedora do Urso de Ouro em 2014 no Festival de Berlin, explora de maneira muito sútil o enorme abismo social do mundo moderno, sem a premissa de encontrar um vilão ou um mocinho. Na verdade, quando o roteiro pontua os reflexos do status social em algumas relações, como uma suposta facilidade em conseguir algumas informações com a polícia ou o pedido de favores entre patroa e empregada em troca de um lindo par de sapatos para a filha adolescente, a história ganha uma outra dimensão, não só baseada na obsessão de uma mãe, mas também em como isso esconde a fragilidade do ser humano e se conecta com a perda de valores ou com o abuso de privilégios. 

Dirigido pelo talentoso Cãlin Peter Netzer (de "Ana, meu Amor"), com roteiro dele ao lado de Razvan Radulescu, "Instinto Materno" usa e abusa de sua câmera na mão, para imprimir um aspecto documental impressionante - é como se observássemos toda cena de dentro dela e ele faz isso com o único intuito de nos constranger. Veja, as situações são apresentadas de maneira seca, sem nenhum tipo de muleta visual (no bom sentido) e isso cria uma enorme sensação de realidade - é como se a história que vemos na tela pode ser a mesma que vamos escutar no próximo encontro com os amigos. Tudo isso faz ainda mais sentido porque temos uma Luminita Gheorghiu roubando a cena - ela é simplesmente intragável ao mesmo tempo em que é frágil, ressentida, perturbada, mal amada, enfim, são tantas camadas que seria impossível definir sua personagem em uma única palavra. Para quem não sabe, Gheorghiu sempre foi considerada uma das melhores atrizes de seu país e que, infelizmente, nos deixou em 4 de julho de 2021, com 71 anos.

"Instinto Materno" discute em vários níveis o conforto que a sensação de controle pode nos gerar e, obviamente, o inferno que nossa vida pode se tornar se não o tivermos. É um preço muito caro viver assim, além de ser uma parte indissociável de uma classe com privilégios, capaz de moldar (e transformar) a índole de um ser humano de acordo com suas próprias frustrações ou anseios. Não se trata de ser bom ou ruim, mas sim de usar os "meios" para alcançar um "fim" por si só. Não estranhe o fato do filme começar e terminar com reticências - esse é o seu conceito narrativo e propósito: talvez te gere uma percepção de vazio além do que estamos acostumados - e se isso acontecer, ele cumpriu seu papel!

Vale muito a pena!

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"Instinto Materno" é um filme sensacional e extremamente profundo se você estiver disposto a mergulhar nas relações familiares dentro de um contexto social que vai te provocar inúmeros julgamentos morais e mais do que isso: que vai te fazer refletir, te fazer repensar e até buscar algumas respostas (ou motivos) que justifiquem tantos sentimentos, tabus e comportamentos, muitas vezes incompreensíveis, que permeiam uma dinâmica entre mãe e filho - e essa jornada não será das mais simples!

Superprotetora, Cornelia Keneres (Luminita Gheorghiu) é uma mãe que possui um relacionamento conturbado com o filho Barbu (Bogdan Dumitrache) de 32 anos. Com uma perspectiva completamente infantil e dependente do filho, Cornelia tenta de todas as formas evitar que o filho seja indiciado por um acidente de carro que culminou na morte de um adolescente de 14 anos. Confira o trailer:

Essa produção romena, vencedora do Urso de Ouro em 2014 no Festival de Berlin, explora de maneira muito sútil o enorme abismo social do mundo moderno, sem a premissa de encontrar um vilão ou um mocinho. Na verdade, quando o roteiro pontua os reflexos do status social em algumas relações, como uma suposta facilidade em conseguir algumas informações com a polícia ou o pedido de favores entre patroa e empregada em troca de um lindo par de sapatos para a filha adolescente, a história ganha uma outra dimensão, não só baseada na obsessão de uma mãe, mas também em como isso esconde a fragilidade do ser humano e se conecta com a perda de valores ou com o abuso de privilégios. 

Dirigido pelo talentoso Cãlin Peter Netzer (de "Ana, meu Amor"), com roteiro dele ao lado de Razvan Radulescu, "Instinto Materno" usa e abusa de sua câmera na mão, para imprimir um aspecto documental impressionante - é como se observássemos toda cena de dentro dela e ele faz isso com o único intuito de nos constranger. Veja, as situações são apresentadas de maneira seca, sem nenhum tipo de muleta visual (no bom sentido) e isso cria uma enorme sensação de realidade - é como se a história que vemos na tela pode ser a mesma que vamos escutar no próximo encontro com os amigos. Tudo isso faz ainda mais sentido porque temos uma Luminita Gheorghiu roubando a cena - ela é simplesmente intragável ao mesmo tempo em que é frágil, ressentida, perturbada, mal amada, enfim, são tantas camadas que seria impossível definir sua personagem em uma única palavra. Para quem não sabe, Gheorghiu sempre foi considerada uma das melhores atrizes de seu país e que, infelizmente, nos deixou em 4 de julho de 2021, com 71 anos.

"Instinto Materno" discute em vários níveis o conforto que a sensação de controle pode nos gerar e, obviamente, o inferno que nossa vida pode se tornar se não o tivermos. É um preço muito caro viver assim, além de ser uma parte indissociável de uma classe com privilégios, capaz de moldar (e transformar) a índole de um ser humano de acordo com suas próprias frustrações ou anseios. Não se trata de ser bom ou ruim, mas sim de usar os "meios" para alcançar um "fim" por si só. Não estranhe o fato do filme começar e terminar com reticências - esse é o seu conceito narrativo e propósito: talvez te gere uma percepção de vazio além do que estamos acostumados - e se isso acontecer, ele cumpriu seu papel!

Vale muito a pena!

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Interestelar

"Interestelar" do Christopher Nolan é genial. É um filme tecnicamente perfeito e nem vale a pena falar da direção porque é chover no molhado; mas o roteiro é, realmente, incrível - um dos mais profundos que o cinema recente teve o prazer de produzir! Como eu gosto de dizer, esse filme é uma ficção científica com alma - talvez uma ótima combinação de estilos que envolveria ícones como Spielberg, Kubrick e Malick. Com todo cuidado para não parecer exagerado e não decepcionar aqueles que esperam algo mais óbvio, é preciso alinhar as expectativas já que o filme é uma verdadeira jornada interdimensional que combina elementos científicos intrigantes com uma profundidade emocional arrebatadora - ao discutir a espiritualidade, o roteiro usa inúmeras referências de muitas doutrinas, mas tudo com um toque empírico e ao mesmo tempo com muita sensibilidade!

Após ver a Terra consumindo boa parte de suas reservas naturais, um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da espécie. Cooper (Matthew McConaughey) é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em busca de uma nova casa. No entanto, com o passar dos anos, sua filha Murph (Mackenzie Foy / Jessica Chastain) investirá numa própria jornada para também tentar salvar a população do planeta. Confira o trailer (que já é uma obra-prima):

Levantar questionamentos sobre o amor, a humanidade e o desconhecido. Sim, "Interestelar" não é apenas uma aventura espacial, mas também uma exploração íntima das conexões humanas. A relação entre Cooper (McConaughey) e sua filha Murphy (Chastain) é o coração pulsante do filme. A emoção desse vínculo ecoa através das vastas extensões do espaço, estabelecendo uma ligação única entre a jornada intergaláctica e as nossas experiências pessoais - especialmente se você tiver filhos. Nolan habilmente entrelaça a narrativa com fortes elementos científicos e com o que há de melhor no cinema: as emoções humanas. É impressionante como ele cria uma experiência cinematográfica verdadeiramente envolvente.

O aspecto científico de "Interestelar" também não pode ser subestimado. O filme mergulha na teoria da relatividade e explora o conceito de que o tempo pode ser afetado por campos gravitacionais intensos. A equipe de astronautas embarca em uma missão para encontrar um novo lar para a humanidade em planetas distantes, cada um com sua própria relação complexa com o tempo. A exploração desses mundos e a luta para entender as implicações do tempo dilatado geram momentos de tensão e emoção, mais uma vez demonstrando a mestria de Nolan em equilibrar ciência e entretenimento. A trilha sonora de Hans Zimmer desempenha um papel vital sob esse conceito - com sua combinação de elementos orquestrais e eletrônicos, a música intensifica as emoções e a grandiosidade das cenas. A trilha sonora se torna um elemento narrativo por si só, amplificando os momentos de suspense e de reflexão. A fusão entre a música de Zimmer e a direção de Nolan cria uma atmosfera única que ressoa profundamente na nossa alma!

No vasto panorama do cinema contemporâneo, poucos diretores conseguiram capturar a imaginação do público como Christopher Nolan. Seu épico sci-fi "Interestelar" está cheio de camadas, de interpretações e de teorias (cientificas e espirituais). A sensação que eu tive quando terminou o filme foi ainda mais especial e profunda de quando assisti o excelente "Contato" em 1997 - e olha, "Interestelar" é o tipo do filme onde é preciso ir "além" do que vemos na tela mesmo! Obra-Prima!

Se você não assistiu, assista. Se você assistiu em 2014, reveja - sua experiência será igualmente espetacular!

Up-date: "Interestelar" ganhou em uma categoria no Oscar 2015: Melhor Efeitos Visuais, mas foram cinco indicações.

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"Interestelar" do Christopher Nolan é genial. É um filme tecnicamente perfeito e nem vale a pena falar da direção porque é chover no molhado; mas o roteiro é, realmente, incrível - um dos mais profundos que o cinema recente teve o prazer de produzir! Como eu gosto de dizer, esse filme é uma ficção científica com alma - talvez uma ótima combinação de estilos que envolveria ícones como Spielberg, Kubrick e Malick. Com todo cuidado para não parecer exagerado e não decepcionar aqueles que esperam algo mais óbvio, é preciso alinhar as expectativas já que o filme é uma verdadeira jornada interdimensional que combina elementos científicos intrigantes com uma profundidade emocional arrebatadora - ao discutir a espiritualidade, o roteiro usa inúmeras referências de muitas doutrinas, mas tudo com um toque empírico e ao mesmo tempo com muita sensibilidade!

Após ver a Terra consumindo boa parte de suas reservas naturais, um grupo de astronautas recebe a missão de verificar possíveis planetas para receberem a população mundial, possibilitando a continuação da espécie. Cooper (Matthew McConaughey) é chamado para liderar o grupo e aceita a missão sabendo que pode nunca mais ver os filhos. Ao lado de Brand (Anne Hathaway), Jenkins (Marlon Sanders) e Doyle (Wes Bentley), ele seguirá em busca de uma nova casa. No entanto, com o passar dos anos, sua filha Murph (Mackenzie Foy / Jessica Chastain) investirá numa própria jornada para também tentar salvar a população do planeta. Confira o trailer (que já é uma obra-prima):

Levantar questionamentos sobre o amor, a humanidade e o desconhecido. Sim, "Interestelar" não é apenas uma aventura espacial, mas também uma exploração íntima das conexões humanas. A relação entre Cooper (McConaughey) e sua filha Murphy (Chastain) é o coração pulsante do filme. A emoção desse vínculo ecoa através das vastas extensões do espaço, estabelecendo uma ligação única entre a jornada intergaláctica e as nossas experiências pessoais - especialmente se você tiver filhos. Nolan habilmente entrelaça a narrativa com fortes elementos científicos e com o que há de melhor no cinema: as emoções humanas. É impressionante como ele cria uma experiência cinematográfica verdadeiramente envolvente.

O aspecto científico de "Interestelar" também não pode ser subestimado. O filme mergulha na teoria da relatividade e explora o conceito de que o tempo pode ser afetado por campos gravitacionais intensos. A equipe de astronautas embarca em uma missão para encontrar um novo lar para a humanidade em planetas distantes, cada um com sua própria relação complexa com o tempo. A exploração desses mundos e a luta para entender as implicações do tempo dilatado geram momentos de tensão e emoção, mais uma vez demonstrando a mestria de Nolan em equilibrar ciência e entretenimento. A trilha sonora de Hans Zimmer desempenha um papel vital sob esse conceito - com sua combinação de elementos orquestrais e eletrônicos, a música intensifica as emoções e a grandiosidade das cenas. A trilha sonora se torna um elemento narrativo por si só, amplificando os momentos de suspense e de reflexão. A fusão entre a música de Zimmer e a direção de Nolan cria uma atmosfera única que ressoa profundamente na nossa alma!

No vasto panorama do cinema contemporâneo, poucos diretores conseguiram capturar a imaginação do público como Christopher Nolan. Seu épico sci-fi "Interestelar" está cheio de camadas, de interpretações e de teorias (cientificas e espirituais). A sensação que eu tive quando terminou o filme foi ainda mais especial e profunda de quando assisti o excelente "Contato" em 1997 - e olha, "Interestelar" é o tipo do filme onde é preciso ir "além" do que vemos na tela mesmo! Obra-Prima!

Se você não assistiu, assista. Se você assistiu em 2014, reveja - sua experiência será igualmente espetacular!

Up-date: "Interestelar" ganhou em uma categoria no Oscar 2015: Melhor Efeitos Visuais, mas foram cinco indicações.

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Intocáveis

Se você está em busca de uma experiência cinematográfica que misture boas risadas com algumas lágrimas de emoção, nem perca seu tempo lendo essa análise - pode dar o play que seu entretenimento está garantido! Ao embarcar na incrível jornada que é "Intocáveis", dirigido e escrito por Olivier Nakache e Éric Toledano, você vai encontrar um verdadeiro tesouro do cinema contemporâneo, graças a uma história cativante, com elementos técnicos extremamente bem trabalhados, da direção às performances do elenco (passando pela fotografia e trilha sonora impecáveis), além de uma rara conexão emocional tão profunda que nos acompanha muito depois dos créditos finais. Olha, essa premiadíssima produção francesa de 2011 é realmente imperdível!

Na trama somos apresentado a uma improvável amizade entre o rabugento Philippe (François Cluzet), um aristocrata rico que sofreu um grave acidente e ficou tetraplégico, e o esforçado Driss (Omar Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas com problemas físicos. Aos poucos, Driss aprende a função, apesar das diversas gafes que comete. Philippe, por sua vez, se afeiçoa cada vez mais pelo jovem por ele não tratá-lo como um pobre coitado. Confira o trailer e saiba o que espera:

"Intocáveis" mergulha na jornada de transformação de ambos os personagens, explorando suas diferenças culturais e sociais de maneira tocante. A narrativa tem o mérito de equilibrar momentos hilários com passagens de grande emoção, receita infalível para conquistar os corações da audiência. O filme, de fato, conquistou não apenas os franceses, mas também o público ao redor do mundo - para você ter uma ideia, o filme custou pouco menos de 10 milhões de euros e faturou mais de 425 milhões de dólares. Um verdadeiro fenômeno de bilheteria!  

Nakache e Toledano mostram toda sua maestria na direção ao criar passagens que nos envolvem profundamente com a história. Ao focar na importância da empatia e da quebra de barreiras sociais, os cineastas que estiveram juntos na versão francesa de "Sessão de Terapia", exploram com tanta sensibilidade e inteligência a relação entre Philippe e Driss ao ponto de criar um potente lembrete sobre a importância da amizade e como ela pode surgir nas circunstâncias mais inesperadas - reafirmando que e conexão humana vai muito além de diferenças de classe, cultura ou até de currículo.. A cinematografia do talentoso Mathieu Vadepied (que também assina a direção de arte do filme) captura perfeitamente tanto a grandiosidade dos cenários parisienses quanto a intimidade dos momentos compartilhados entre os dois protagonistas com a mesma delicadeza - é impressionante como os planos bem construídos tocam nossa alma. Aliás, falando em tocar a alma, o que dizer da trilha sonora de "Intocáveis"? É ela que dá o tom do filme, intensificando os sentimentos dos personagens e adicionando camadas emocionais à narrativa como poucas vezes encontramos.

"Intocáveis" é mesmo um filme especial - daqueles que deixam uma marca duradoura em quem o assiste devido a sua história envolvente, com valores emocionais verdadeiramente profundos e que elevam sua narrativa muito além de uma simples comédia dramática - como, aliás, a obra é percebida inicialmente. Eu diria que o filme é uma celebração da amizade genuína, da superação de obstáculos e do poder essencial do amor capaz de transformar as relações humanas. Um filme lindo, para rir, para chorar, mas, principalmente, para refletir sobre o que realmente importa nessa breve passagem que vivenciamos por aqui.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Se você está em busca de uma experiência cinematográfica que misture boas risadas com algumas lágrimas de emoção, nem perca seu tempo lendo essa análise - pode dar o play que seu entretenimento está garantido! Ao embarcar na incrível jornada que é "Intocáveis", dirigido e escrito por Olivier Nakache e Éric Toledano, você vai encontrar um verdadeiro tesouro do cinema contemporâneo, graças a uma história cativante, com elementos técnicos extremamente bem trabalhados, da direção às performances do elenco (passando pela fotografia e trilha sonora impecáveis), além de uma rara conexão emocional tão profunda que nos acompanha muito depois dos créditos finais. Olha, essa premiadíssima produção francesa de 2011 é realmente imperdível!

Na trama somos apresentado a uma improvável amizade entre o rabugento Philippe (François Cluzet), um aristocrata rico que sofreu um grave acidente e ficou tetraplégico, e o esforçado Driss (Omar Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas com problemas físicos. Aos poucos, Driss aprende a função, apesar das diversas gafes que comete. Philippe, por sua vez, se afeiçoa cada vez mais pelo jovem por ele não tratá-lo como um pobre coitado. Confira o trailer e saiba o que espera:

"Intocáveis" mergulha na jornada de transformação de ambos os personagens, explorando suas diferenças culturais e sociais de maneira tocante. A narrativa tem o mérito de equilibrar momentos hilários com passagens de grande emoção, receita infalível para conquistar os corações da audiência. O filme, de fato, conquistou não apenas os franceses, mas também o público ao redor do mundo - para você ter uma ideia, o filme custou pouco menos de 10 milhões de euros e faturou mais de 425 milhões de dólares. Um verdadeiro fenômeno de bilheteria!  

Nakache e Toledano mostram toda sua maestria na direção ao criar passagens que nos envolvem profundamente com a história. Ao focar na importância da empatia e da quebra de barreiras sociais, os cineastas que estiveram juntos na versão francesa de "Sessão de Terapia", exploram com tanta sensibilidade e inteligência a relação entre Philippe e Driss ao ponto de criar um potente lembrete sobre a importância da amizade e como ela pode surgir nas circunstâncias mais inesperadas - reafirmando que e conexão humana vai muito além de diferenças de classe, cultura ou até de currículo.. A cinematografia do talentoso Mathieu Vadepied (que também assina a direção de arte do filme) captura perfeitamente tanto a grandiosidade dos cenários parisienses quanto a intimidade dos momentos compartilhados entre os dois protagonistas com a mesma delicadeza - é impressionante como os planos bem construídos tocam nossa alma. Aliás, falando em tocar a alma, o que dizer da trilha sonora de "Intocáveis"? É ela que dá o tom do filme, intensificando os sentimentos dos personagens e adicionando camadas emocionais à narrativa como poucas vezes encontramos.

"Intocáveis" é mesmo um filme especial - daqueles que deixam uma marca duradoura em quem o assiste devido a sua história envolvente, com valores emocionais verdadeiramente profundos e que elevam sua narrativa muito além de uma simples comédia dramática - como, aliás, a obra é percebida inicialmente. Eu diria que o filme é uma celebração da amizade genuína, da superação de obstáculos e do poder essencial do amor capaz de transformar as relações humanas. Um filme lindo, para rir, para chorar, mas, principalmente, para refletir sobre o que realmente importa nessa breve passagem que vivenciamos por aqui.

Vale muito o seu play!

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Julho Agosto

"Julho Agosto" (que em algumas plataformas de streaming ganhou o título de "Verão em Família") pode até soar como uma história adolescente com aquele tempero quase independente de um filme francês produzido para encantar o grande público - e de fato o filme escrito e dirigido pelo cineasta francês Diastème traz esses elementos, mas basta alguns minutos para perceber que a proposta é muito mais profunda, pois o roteiro se apoia em diversas camadas para expor um delicado retrato sobre a juventude e como essa realidade pode impactar no relacionamento entre pais (separados) e seus filhos.

As irmãs Laura (Luna Lou) e Josephine (Alma Jodorowsky) vão passar as férias de julho na casa de praia do padrasto. Enquanto a primeira se esforça para esconder uma grave travessura, a mais velha vive a dor e a delícia de uma intensa paixão de verão. No mês seguinte, elas vão visitar o pai em outra região da França e os problemas mudam de figura: enquanto Josephine lida com as consequências inimagináveis de seu romance, Luna se afasta a cada dia da infância em busca de respostas para suas próprias convicções. Confira o trailer:

Veja, "Juillet août" (no original) constrói uma narrativa interessante, mesmo que em alguns momentos pareça se perder na proposta - digo isso pelos caminhos que o roteiro escolhe para criar os conflitos e justificar a relação, essa sim muito mais interessante, entre as irmãs Laura e Josephine com seus pais que não estão mais juntos, mas fazem questão de se mostrar amorosos com elas e respeitosos entre si. Aqui, é bacana relatar que em nenhum momento (ou quase nenhum, graças a personalidade forte de Laura) o embate tem um tom dramático, pelo contrário, Diastème provoca a audiência muito mais por priorizar o diálogo do que por criar cenas impactantes - isso humaniza a relação familiar de tal maneira que fica impossível não nos colocarmos (como pais) nas situações vividas pelos personagens. Não existe a dicotomia usual dos filmes americanos do bom e do mal, ou do certo e do errado - como na vida real, são pontos de vista para uma mesma situação, e a partir daí as demonstrações de carinho, mesmo quando a bronca é necessária, são construídas com o intuito de educar e de encontrar as melhores soluções.

"Julho Agosto" tem o mérito de falar sobre o amadurecimento pelo olhar das jovens protagonistas - e como todos sabem, amadurecer não é um jornada das mais fáceis. O filme é realmente muito feliz ao discutir uma dinâmica de comunicação moderna observando uma nova estrutura familiar, com suas dores, mas também com seus pontos positivos: o papel do padrasto das meninas, é um bom exemplo, já que da sua forma mais simples, ele tenta passar ensinamentos e ainda deixa claro que está sempre disposto a ajudar no que elas precisarem; enquanto, ao mesmo tempo, Laura sente um enorme ciúme do pai e de forma honesta com seu sentimento tenta se colocar entre ele e sua pretendente. Entendem a complexidade das relações, mas com que delicadeza que esse filme trata do tema?

O filme é uma graça, muito mérito do seu roteiro. É incrível como a audiência se sente bem ao lado dos personagens e como eles são carismáticos - não é por acaso que nos interessamos por suas jornadas, entendemos suas motivações e principalmente torcemos para que tudo dê certo em nome da paz para aquela família. A mensagem é das melhores, mesmo que a vida teime em desafiar todos eles.

Vale muito a pena!

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"Julho Agosto" (que em algumas plataformas de streaming ganhou o título de "Verão em Família") pode até soar como uma história adolescente com aquele tempero quase independente de um filme francês produzido para encantar o grande público - e de fato o filme escrito e dirigido pelo cineasta francês Diastème traz esses elementos, mas basta alguns minutos para perceber que a proposta é muito mais profunda, pois o roteiro se apoia em diversas camadas para expor um delicado retrato sobre a juventude e como essa realidade pode impactar no relacionamento entre pais (separados) e seus filhos.

As irmãs Laura (Luna Lou) e Josephine (Alma Jodorowsky) vão passar as férias de julho na casa de praia do padrasto. Enquanto a primeira se esforça para esconder uma grave travessura, a mais velha vive a dor e a delícia de uma intensa paixão de verão. No mês seguinte, elas vão visitar o pai em outra região da França e os problemas mudam de figura: enquanto Josephine lida com as consequências inimagináveis de seu romance, Luna se afasta a cada dia da infância em busca de respostas para suas próprias convicções. Confira o trailer:

Veja, "Juillet août" (no original) constrói uma narrativa interessante, mesmo que em alguns momentos pareça se perder na proposta - digo isso pelos caminhos que o roteiro escolhe para criar os conflitos e justificar a relação, essa sim muito mais interessante, entre as irmãs Laura e Josephine com seus pais que não estão mais juntos, mas fazem questão de se mostrar amorosos com elas e respeitosos entre si. Aqui, é bacana relatar que em nenhum momento (ou quase nenhum, graças a personalidade forte de Laura) o embate tem um tom dramático, pelo contrário, Diastème provoca a audiência muito mais por priorizar o diálogo do que por criar cenas impactantes - isso humaniza a relação familiar de tal maneira que fica impossível não nos colocarmos (como pais) nas situações vividas pelos personagens. Não existe a dicotomia usual dos filmes americanos do bom e do mal, ou do certo e do errado - como na vida real, são pontos de vista para uma mesma situação, e a partir daí as demonstrações de carinho, mesmo quando a bronca é necessária, são construídas com o intuito de educar e de encontrar as melhores soluções.

"Julho Agosto" tem o mérito de falar sobre o amadurecimento pelo olhar das jovens protagonistas - e como todos sabem, amadurecer não é um jornada das mais fáceis. O filme é realmente muito feliz ao discutir uma dinâmica de comunicação moderna observando uma nova estrutura familiar, com suas dores, mas também com seus pontos positivos: o papel do padrasto das meninas, é um bom exemplo, já que da sua forma mais simples, ele tenta passar ensinamentos e ainda deixa claro que está sempre disposto a ajudar no que elas precisarem; enquanto, ao mesmo tempo, Laura sente um enorme ciúme do pai e de forma honesta com seu sentimento tenta se colocar entre ele e sua pretendente. Entendem a complexidade das relações, mas com que delicadeza que esse filme trata do tema?

O filme é uma graça, muito mérito do seu roteiro. É incrível como a audiência se sente bem ao lado dos personagens e como eles são carismáticos - não é por acaso que nos interessamos por suas jornadas, entendemos suas motivações e principalmente torcemos para que tudo dê certo em nome da paz para aquela família. A mensagem é das melhores, mesmo que a vida teime em desafiar todos eles.

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Julieta

"Julieta" é um filme de Pedro Almodóvar e isso, por si só, já nos prepara pelo que vem pela frente. Porém, Almodóvar vem surpreendendo - se não pela forma, pelo conteúdo. É impressionante como sua identidade como diretor está em cada frame, mas cada vez mais com um certo tom inventivo, agora carregando no drama e na densidade, saindo completamente da sua zona de conforto como roteirista - e vem funcionando.

A premissa é incrivelmente simples, já que o filme acompanha Julieta (Adriana Ugarte e depois Emma Suárez) que, ao longo de três décadas, tenta descobrir por que Antía (Priscilla Delgado e depois Blanca Parés), sua única filha, se afastou dela inesperadamente. Quando Julieta estava prestes a se mudar de Madrid para Portugal, um encontro inesperado a fez mudar de ideia e reviver sua relação como mãe. Ainda na Espanha, ela então começa a escrever uma carta para Antía, contando sua história e como se deu o relacionamento com os homens de sua vida. Confira o trailer:

Baseado em três contos do livro "Fugitiva", da vencedora do Prêmio Nobel Alice Munro, Almodóvar entrega seu talento na construção de uma personagem complexa, cheia de camadas e brilhantemente interpretado pela Emma Suárez - trabalho que lhe garantiu o prêmio Goya (o Oscar Espanhol em 2017). O interessante da performance de Suárez é que sua essência vai muito de encontro ao trabalho que Antônio Banderas teve em "Dor e Glória", onde ambosdesconstroem o personagem para encontrar no passado um sentido para lidar com o presente. Esse mergulho nostálgico, mas doloroso, está em cada detalhe - inclusive na escolha narrativa e na transição lírica que o diretor faz, aproximando o amargo da vida e suas profundas marcas de expressão já nascendo em um rosto jovem e se apoderando da sua versão mais madura.

O roteiro é, de fato, muito inteligente ao juntar as pontas soltas de uma história de vida com uma elegância impressionante. A quebra da linha temporal cria uma dinâmica interessante, conceitualmente pontuada por uma trilha sonora sombria (até over) - quase que antecipando os acontecimentos, mas adicionando sensações e sentimentos que vão da angústia até a culpa, do mistério ao óbvio, mesmo antes de entendermos exatamente o que está acontecendo e para onde a história vai nos guiar - é incrível como Almodóvar tem a capacidade de entregar as situações sem aquela pressa usual e ao mesmo tempo nos provocar curiosidade sem que percamos a paciência.

"Julieta" é na sua essência um filme de relações familiares. Um recorte de sentimentos (bons e ruins) que precisam ser revisitados para que a vida siga seu caminho natural. É um processo de amadurecimento do diretor que troca a ousadia de antes por uma serenidade profunda - sem perder o elemento provocativo das composições visuais e de suas mensagens mais poéticas e abstratas. É um "Almodóvar" - do tipo que o filme poderia ser uma pintura, mas que nos toca profundamente e que encontra na genialidade do diretor uma razão coerente para sua filmografia cada vez mais interiorizada, seja na figura de Julieta, da sua filha ou até do seu pai que repete justamente o mesmo ciclo que ela viveu.

Vale a pena para quem acompanha a carreira do diretor e para quem gosta da profundidade das relações e de como elas nos impactam.

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"Julieta" é um filme de Pedro Almodóvar e isso, por si só, já nos prepara pelo que vem pela frente. Porém, Almodóvar vem surpreendendo - se não pela forma, pelo conteúdo. É impressionante como sua identidade como diretor está em cada frame, mas cada vez mais com um certo tom inventivo, agora carregando no drama e na densidade, saindo completamente da sua zona de conforto como roteirista - e vem funcionando.

A premissa é incrivelmente simples, já que o filme acompanha Julieta (Adriana Ugarte e depois Emma Suárez) que, ao longo de três décadas, tenta descobrir por que Antía (Priscilla Delgado e depois Blanca Parés), sua única filha, se afastou dela inesperadamente. Quando Julieta estava prestes a se mudar de Madrid para Portugal, um encontro inesperado a fez mudar de ideia e reviver sua relação como mãe. Ainda na Espanha, ela então começa a escrever uma carta para Antía, contando sua história e como se deu o relacionamento com os homens de sua vida. Confira o trailer:

Baseado em três contos do livro "Fugitiva", da vencedora do Prêmio Nobel Alice Munro, Almodóvar entrega seu talento na construção de uma personagem complexa, cheia de camadas e brilhantemente interpretado pela Emma Suárez - trabalho que lhe garantiu o prêmio Goya (o Oscar Espanhol em 2017). O interessante da performance de Suárez é que sua essência vai muito de encontro ao trabalho que Antônio Banderas teve em "Dor e Glória", onde ambosdesconstroem o personagem para encontrar no passado um sentido para lidar com o presente. Esse mergulho nostálgico, mas doloroso, está em cada detalhe - inclusive na escolha narrativa e na transição lírica que o diretor faz, aproximando o amargo da vida e suas profundas marcas de expressão já nascendo em um rosto jovem e se apoderando da sua versão mais madura.

O roteiro é, de fato, muito inteligente ao juntar as pontas soltas de uma história de vida com uma elegância impressionante. A quebra da linha temporal cria uma dinâmica interessante, conceitualmente pontuada por uma trilha sonora sombria (até over) - quase que antecipando os acontecimentos, mas adicionando sensações e sentimentos que vão da angústia até a culpa, do mistério ao óbvio, mesmo antes de entendermos exatamente o que está acontecendo e para onde a história vai nos guiar - é incrível como Almodóvar tem a capacidade de entregar as situações sem aquela pressa usual e ao mesmo tempo nos provocar curiosidade sem que percamos a paciência.

"Julieta" é na sua essência um filme de relações familiares. Um recorte de sentimentos (bons e ruins) que precisam ser revisitados para que a vida siga seu caminho natural. É um processo de amadurecimento do diretor que troca a ousadia de antes por uma serenidade profunda - sem perder o elemento provocativo das composições visuais e de suas mensagens mais poéticas e abstratas. É um "Almodóvar" - do tipo que o filme poderia ser uma pintura, mas que nos toca profundamente e que encontra na genialidade do diretor uma razão coerente para sua filmografia cada vez mais interiorizada, seja na figura de Julieta, da sua filha ou até do seu pai que repete justamente o mesmo ciclo que ela viveu.

Vale a pena para quem acompanha a carreira do diretor e para quem gosta da profundidade das relações e de como elas nos impactam.

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Lady Bird

"Lady Bird" é um filme simples, mas nem por isso deve ser tratado como superficial. Imagine uma jovem que tenta deixar sua família e a pequena cidade onde vive para ir estudar numa universidade em Nova Iorque; agora aplique na história as várias camadas com todos os tipos de relações que existem na adolescência e você já pode imaginar o que esperar em "Lady Bird". Confira o trailer:

O ano é 2002, Christine "Lady Bird" McPherson (Saoirse Ronan) e sua mãe Marion(Laurie Metcalf) estão retornando de uma visita a uma universidade local que pode representar o futuro da garota. Emocionadas ao ouvirem As Vinhas da Ira no toca-fitas do carro, elas enxugam as lágrimas e imediatamente retomam uma briga que parece ter surgido do nada, numa dinâmica que, facilmente, compreendemos ser a marca da relação entre as duas. A partir daí, acompanhamos cerca de um ano da vida de Lady Bird, retratando suas paixões ainda adolescentes, suas ansiedades e também as relações com várias pessoas que fazem parte do seu universo.

O filme é sensível, delicado e ao mesmo tempo extremamente profundo. Muito bem dirigido pela Greta Gerwig, mas melhor que sua direção (se é que isso é possível) é o roteiro que ela mesmo escreveu - quase auto-biográfico! Laurie Metcalfe, atriz coadjuvante, e Saoirse Ronan, protagonista, mereceram as indicações para o Oscar 2018. Gerwig disputava como diretora e como roteirista. A quinta indicação, na minha opinião, era a que poderia surpreender - Melhor filme! Não foi o caso!

Vale muito a pena!

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"Lady Bird" é um filme simples, mas nem por isso deve ser tratado como superficial. Imagine uma jovem que tenta deixar sua família e a pequena cidade onde vive para ir estudar numa universidade em Nova Iorque; agora aplique na história as várias camadas com todos os tipos de relações que existem na adolescência e você já pode imaginar o que esperar em "Lady Bird". Confira o trailer:

O ano é 2002, Christine "Lady Bird" McPherson (Saoirse Ronan) e sua mãe Marion(Laurie Metcalf) estão retornando de uma visita a uma universidade local que pode representar o futuro da garota. Emocionadas ao ouvirem As Vinhas da Ira no toca-fitas do carro, elas enxugam as lágrimas e imediatamente retomam uma briga que parece ter surgido do nada, numa dinâmica que, facilmente, compreendemos ser a marca da relação entre as duas. A partir daí, acompanhamos cerca de um ano da vida de Lady Bird, retratando suas paixões ainda adolescentes, suas ansiedades e também as relações com várias pessoas que fazem parte do seu universo.

O filme é sensível, delicado e ao mesmo tempo extremamente profundo. Muito bem dirigido pela Greta Gerwig, mas melhor que sua direção (se é que isso é possível) é o roteiro que ela mesmo escreveu - quase auto-biográfico! Laurie Metcalfe, atriz coadjuvante, e Saoirse Ronan, protagonista, mereceram as indicações para o Oscar 2018. Gerwig disputava como diretora e como roteirista. A quinta indicação, na minha opinião, era a que poderia surpreender - Melhor filme! Não foi o caso!

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Landscapers

Séries de crimes existem de sobra, e algumas seguem aquela linearidade e padrões já estabelecidos que muitas vezes temos a impressão de estarmos em uma nova temporada de algo que já vimos antes. Nem sempre essa familiaridade é um bom sinal, por isso quando alguma obra ousa contar de forma diferente a sua história, acaba se tornando um grande sucesso - como foi com o caso de ”Mare of Easttown” e “True Detective” da HBO, que embora não sejam tão diferentes assim, apostavam nos dramas pessoais de seus personagens que eram tão complexos quanto o mistério do crime central. ”Landscapers” consegue ser até mais do que isso (não estou dizendo que é melhor que as outras duas que eu citei, porque todas são excelentes em diferentes formas), já que além da profundidade que os personagens também possuem, a minissérie de quatro episódios acaba inserindo um conceito estético e narrativo diferentes, e muita arte para ir além de uma história previsível de crime, no caso, real - bem no tom de "Flesh and Blood: Um Crime Na Vizinhança", aliás.

O casal Susan (Olivia Colman) e Christopher (David Thewlis) viviam uma vida tranquila em um bairro residencial na pequena cidade de Mansfield, na Inglaterra, até se mudarem misteriosamente para Lille na França. Quando a polícia inglesa encontram dois corpos enterrados no quintal da casa que eram deles e descobrem que os cadáveres pertencem aos pais de Susan, ela e o marido se tornam, obviamente, os principais suspeitos de um crime que aconteceu 15 anos atrás. Confira o trailer (em inglês):

O interessante dessa minissérie é que ela transita entre vários gêneros com uma delicadeza admirável - do drama ao suspense, do suspense ao humor ácido (muito próximo de “Fargo”), e certas vezes até ao romance, afinal ”Landscapers”, no final das contas, não deixa de ser uma história de amor. Apesar de todos seus acertos, “Landscapers” deve atrair uma parcela bem específica da audiência, basta ver a grande aceitação entre a crítica especializada, alcançando até 98% de aceitação com base em 46 resenhas. Já a porcentagem entre o público ficou apenas em 75% - e eu digo "apenas" porque uma minissérie desse calibre merecia um consenso geral.

A minissérie tem um conceito narrativo bastante experimental, brincando com tudo que é possível (algo como acontece nos filmes de Wes Anderson, por exemplo): desde recriar cenas de clássicos do cinema para fazer metáforas com a trama principal, até mesmo mostrar os bastidores da gravação de alguma cena enquanto a trama acontece! O excelente diretor Will Sharpe (“A Vida Eletrizante de Louis Wain”) não tem medo de ousar e ir além do que uma história de crime deveria entregar, entretanto, são justamente essas escolhas conceituais que podem distanciar algumas pessoas mais desatentas.

Veja, embora a trama oscile entre o realismo e o surrealismo, nenhum dos recursos visuais parece gratuito, especialmente por se tratar de uma história em que os personagens, de fato, se encaixam nesse mundo fantástico - para não dizer "esquisito". A protagonista Susan (Olivia Colman) adora tanto cinema, que praticamente ignora os problemas da sua vida real, gastando até mais do que poderia para ter seus pôsteres e colecionáveis de clássicos do faroeste - entre outros absurdos que a personagem faz.

"Landscapers” prende a atenção - inicialmente pela história real em que se baseia, mas com o decorrer dos episódios o que nos encanta é a proposta artística, com o capricho da produção, a enorme criatividade, as sutilezas e, claro, as performances sublimes de seus protagonistas. Vale muito a pena e esteja preparado para se surpreender!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Séries de crimes existem de sobra, e algumas seguem aquela linearidade e padrões já estabelecidos que muitas vezes temos a impressão de estarmos em uma nova temporada de algo que já vimos antes. Nem sempre essa familiaridade é um bom sinal, por isso quando alguma obra ousa contar de forma diferente a sua história, acaba se tornando um grande sucesso - como foi com o caso de ”Mare of Easttown” e “True Detective” da HBO, que embora não sejam tão diferentes assim, apostavam nos dramas pessoais de seus personagens que eram tão complexos quanto o mistério do crime central. ”Landscapers” consegue ser até mais do que isso (não estou dizendo que é melhor que as outras duas que eu citei, porque todas são excelentes em diferentes formas), já que além da profundidade que os personagens também possuem, a minissérie de quatro episódios acaba inserindo um conceito estético e narrativo diferentes, e muita arte para ir além de uma história previsível de crime, no caso, real - bem no tom de "Flesh and Blood: Um Crime Na Vizinhança", aliás.

O casal Susan (Olivia Colman) e Christopher (David Thewlis) viviam uma vida tranquila em um bairro residencial na pequena cidade de Mansfield, na Inglaterra, até se mudarem misteriosamente para Lille na França. Quando a polícia inglesa encontram dois corpos enterrados no quintal da casa que eram deles e descobrem que os cadáveres pertencem aos pais de Susan, ela e o marido se tornam, obviamente, os principais suspeitos de um crime que aconteceu 15 anos atrás. Confira o trailer (em inglês):

O interessante dessa minissérie é que ela transita entre vários gêneros com uma delicadeza admirável - do drama ao suspense, do suspense ao humor ácido (muito próximo de “Fargo”), e certas vezes até ao romance, afinal ”Landscapers”, no final das contas, não deixa de ser uma história de amor. Apesar de todos seus acertos, “Landscapers” deve atrair uma parcela bem específica da audiência, basta ver a grande aceitação entre a crítica especializada, alcançando até 98% de aceitação com base em 46 resenhas. Já a porcentagem entre o público ficou apenas em 75% - e eu digo "apenas" porque uma minissérie desse calibre merecia um consenso geral.

A minissérie tem um conceito narrativo bastante experimental, brincando com tudo que é possível (algo como acontece nos filmes de Wes Anderson, por exemplo): desde recriar cenas de clássicos do cinema para fazer metáforas com a trama principal, até mesmo mostrar os bastidores da gravação de alguma cena enquanto a trama acontece! O excelente diretor Will Sharpe (“A Vida Eletrizante de Louis Wain”) não tem medo de ousar e ir além do que uma história de crime deveria entregar, entretanto, são justamente essas escolhas conceituais que podem distanciar algumas pessoas mais desatentas.

Veja, embora a trama oscile entre o realismo e o surrealismo, nenhum dos recursos visuais parece gratuito, especialmente por se tratar de uma história em que os personagens, de fato, se encaixam nesse mundo fantástico - para não dizer "esquisito". A protagonista Susan (Olivia Colman) adora tanto cinema, que praticamente ignora os problemas da sua vida real, gastando até mais do que poderia para ter seus pôsteres e colecionáveis de clássicos do faroeste - entre outros absurdos que a personagem faz.

"Landscapers” prende a atenção - inicialmente pela história real em que se baseia, mas com o decorrer dos episódios o que nos encanta é a proposta artística, com o capricho da produção, a enorme criatividade, as sutilezas e, claro, as performances sublimes de seus protagonistas. Vale muito a pena e esteja preparado para se surpreender!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Leviathan

Talvez "Leviathan" tenha sofrido pela falta de um marketing mais potente em uma época onde as plataformas de streaming apenas engatinhavam. O fato é que esse filme foi o representante russo na disputa o Oscar de Melhor Filme Internacional de 2015 e que, embora não tenha levado a Palme d'Or em 2014, ganhou como "Melhor Roteiro" em Cannes, o Golden Globe nos EUA e teve mais de 35 vitórias e 52 indicações em festivais importantes ao redor do planeta! Dirigido pelo Andrey Zvyagintsev (de "Sem Amor"), esse é o tipo do filme que não deve ser ignorado por nenhum cinéfilo que tem no cinema independente sua jornada de descobertas. Eu diria, inclusive, que esse drama russo é uma obra-prima que soube combinar como poucos, uma narrativa poderosa com uma crítica social atemporal extremamente contundente e necessária, criando um retrato visceral e devastador da corrupção e da injustiça que assolam a sociedade desde sempre. Aclamado internacionalmente, "Leviathan" foi comparado a obras inesquecíveis como "A Separação" de Asghar Farhadi e "A Caça" de Thomas Vinterberg, pela sua habilidade única em abordar temas universais através de uma lente profundamente pessoal e culturalmente marcante.

Sua trama gira em torno de Kolya (Aleksey Serebryakov) um homem que vive em uma pequena cidade da Península de Kola, no norte da Rússia. Sua vida é virada de cabeça para baixo quando o prefeito corrupto decide tomar posse de sua casa e do terreno onde vive com sua jovem esposa Lilya (Elena Lyadova) e seu filho Romka (Sergey Pokhodaev). Desesperado, Kolya pede ajuda a Dmitriy (Vladimir Vdovichenkov), um velho amigo e advogado de Moscou, para lutar contra essa injustiça. No entanto, a chegada de advogado não traz a salvação esperada, mas sim uma série de tragédias que afundam Kolya e sua família em um abismo de desespero. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Todos sabemos como as coisas são resolvidas na Rússia e isso, por si só, já seria o suficiente para nos dilacerar o coração ao nos conectarmos com a luta de Kolya e de sua família pelo que lhe é de direito, no entanto, inserido nesse elemento realmente dramático, existe uma sensação de abandono que é lindamente dissecada no roteiro do próprio Zvyagintsev com seu parceiro Oleg Negin - primeiro na briga com o prefeito, depois com os magistrados, com a polícia, e então, com os amigos. Veja, ao mesmo tempo que temos um filme de caráter extremamente simbólico, estamos diante da história "real" de uma vida "como tantas outras na Rússia" que é destruída em todos os aspectos pela ganância (e poder).

A direção de Zvyagintsev é magistral ao trabalhar esses aspectos de uma forma muito sensorial, utilizando a vastidão gelada da paisagem russa para refletir o vazio e a implacabilidade do sistema corrupto contra o qual Kolya luta, luta e luta - é dolorido demais, machuca de verdade. A fotografia de Mikhail Krichman (também parceiro de longa data do diretor) tem um papel fundamental na construção dessa atmosfera - eu diria até que ela é uma das jóias do filme! Repare como os planos longos e contemplativos capturam a beleza e a desolação da natureza, criando um contraste com o embate moral dos personagens que ocupam essa paisagem. Aqui, a fotografia não só estabelece o tom melancólico do filme, como também reforça a sensação angustiante de isolamento e impotência que permeia a vida de Kolya - a impressão de que algo ruim está para acontecer a cada nova cena, um medo igualmente alimentado pela sombria trilha de Philip Glass, vai te acompanhar por toda essa jornada e vai te tirar do conforto.

Tudo em "Leviathan" é provocador - de seus personagens odiosos ao ritmo deliberadamente lento que nos permite absorver a gravidade das situações enfrentadas pelo protagonista. Sim, estamos diante de um filme difícil, mas ao mesmo tempo poderoso, que combina uma crítica social contundente com uma jornada pessoal profundamente comovente. É uma obra que nos desafia a confrontar as realidades brutais da injustiça e da corrupção, enquanto oferece uma experiência absurdamente envolvente - e aqui cabe um disclaimer: "Leviathan" era minha aposta para o Oscar de 2015, um ano que tivemos "Relatos Selvagens" e a vencedora, "Ida".

Para aqueles que apreciam filmes que exploram a condição humana com uma abordagem artística e introspectiva, "Leviathan" é uma escolha indispensável, contudo já adianto: sua intensidade e crueza podem não ser tão fácil de digerir. Vale muito o seu play!

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Talvez "Leviathan" tenha sofrido pela falta de um marketing mais potente em uma época onde as plataformas de streaming apenas engatinhavam. O fato é que esse filme foi o representante russo na disputa o Oscar de Melhor Filme Internacional de 2015 e que, embora não tenha levado a Palme d'Or em 2014, ganhou como "Melhor Roteiro" em Cannes, o Golden Globe nos EUA e teve mais de 35 vitórias e 52 indicações em festivais importantes ao redor do planeta! Dirigido pelo Andrey Zvyagintsev (de "Sem Amor"), esse é o tipo do filme que não deve ser ignorado por nenhum cinéfilo que tem no cinema independente sua jornada de descobertas. Eu diria, inclusive, que esse drama russo é uma obra-prima que soube combinar como poucos, uma narrativa poderosa com uma crítica social atemporal extremamente contundente e necessária, criando um retrato visceral e devastador da corrupção e da injustiça que assolam a sociedade desde sempre. Aclamado internacionalmente, "Leviathan" foi comparado a obras inesquecíveis como "A Separação" de Asghar Farhadi e "A Caça" de Thomas Vinterberg, pela sua habilidade única em abordar temas universais através de uma lente profundamente pessoal e culturalmente marcante.

Sua trama gira em torno de Kolya (Aleksey Serebryakov) um homem que vive em uma pequena cidade da Península de Kola, no norte da Rússia. Sua vida é virada de cabeça para baixo quando o prefeito corrupto decide tomar posse de sua casa e do terreno onde vive com sua jovem esposa Lilya (Elena Lyadova) e seu filho Romka (Sergey Pokhodaev). Desesperado, Kolya pede ajuda a Dmitriy (Vladimir Vdovichenkov), um velho amigo e advogado de Moscou, para lutar contra essa injustiça. No entanto, a chegada de advogado não traz a salvação esperada, mas sim uma série de tragédias que afundam Kolya e sua família em um abismo de desespero. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Todos sabemos como as coisas são resolvidas na Rússia e isso, por si só, já seria o suficiente para nos dilacerar o coração ao nos conectarmos com a luta de Kolya e de sua família pelo que lhe é de direito, no entanto, inserido nesse elemento realmente dramático, existe uma sensação de abandono que é lindamente dissecada no roteiro do próprio Zvyagintsev com seu parceiro Oleg Negin - primeiro na briga com o prefeito, depois com os magistrados, com a polícia, e então, com os amigos. Veja, ao mesmo tempo que temos um filme de caráter extremamente simbólico, estamos diante da história "real" de uma vida "como tantas outras na Rússia" que é destruída em todos os aspectos pela ganância (e poder).

A direção de Zvyagintsev é magistral ao trabalhar esses aspectos de uma forma muito sensorial, utilizando a vastidão gelada da paisagem russa para refletir o vazio e a implacabilidade do sistema corrupto contra o qual Kolya luta, luta e luta - é dolorido demais, machuca de verdade. A fotografia de Mikhail Krichman (também parceiro de longa data do diretor) tem um papel fundamental na construção dessa atmosfera - eu diria até que ela é uma das jóias do filme! Repare como os planos longos e contemplativos capturam a beleza e a desolação da natureza, criando um contraste com o embate moral dos personagens que ocupam essa paisagem. Aqui, a fotografia não só estabelece o tom melancólico do filme, como também reforça a sensação angustiante de isolamento e impotência que permeia a vida de Kolya - a impressão de que algo ruim está para acontecer a cada nova cena, um medo igualmente alimentado pela sombria trilha de Philip Glass, vai te acompanhar por toda essa jornada e vai te tirar do conforto.

Tudo em "Leviathan" é provocador - de seus personagens odiosos ao ritmo deliberadamente lento que nos permite absorver a gravidade das situações enfrentadas pelo protagonista. Sim, estamos diante de um filme difícil, mas ao mesmo tempo poderoso, que combina uma crítica social contundente com uma jornada pessoal profundamente comovente. É uma obra que nos desafia a confrontar as realidades brutais da injustiça e da corrupção, enquanto oferece uma experiência absurdamente envolvente - e aqui cabe um disclaimer: "Leviathan" era minha aposta para o Oscar de 2015, um ano que tivemos "Relatos Selvagens" e a vencedora, "Ida".

Para aqueles que apreciam filmes que exploram a condição humana com uma abordagem artística e introspectiva, "Leviathan" é uma escolha indispensável, contudo já adianto: sua intensidade e crueza podem não ser tão fácil de digerir. Vale muito o seu play!

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Life & Beth

A vida como ela é - talvez uns dois (ou três) tons acima, capaz de causar um desconforto proposital tão palpável que não se espante se você se reconhecer em algumas das situações que vai encontrar ao longo dessas duas temporadas. "Life & Beth", lançada pelo Hulu em 2022, é uma série de dramédia que explora a vida de uma mulher em busca de sentido e renovação após passar por um evento trágico que a força confrontar o passado para tentar entender o futuro que a espera. Mesclando um humor requintado (sempre na medida certa) e momentos profundamente emocionais, "Life & Beth", eu diria, é uma reflexão honesta sobre conexão na busca por identidade, por autoconhecimento e por aprendizado ao lidar com o trauma. Amy Schumer, criadora do projeto, é conhecida nos EUA por seu estilo de comédia mordaz e provocadora, no entanto, aqui, ela entrega uma jornada mais introspectiva e sutil, revelando uma faceta de sua atuação que vai além do tradicional - e funciona (mesmo que não para todos)!

Beth (Schumer) é uma mulher de 30 e poucos anos que vive em Nova York e aparentemente tem uma vida estável e bem-sucedida. No entanto, após um incidente que abala sua vida, ela se vê forçada a reavaliar suas escolhas e repensar quem realmente é e o que quer da vida. Esse processo a leva de volta para Long Island onde cresceu, porém agora Beth precisa lidar com as memórias de sua infância e adolescência, enquanto tenta encontrar um novo caminho de amadurecimento. Confira o trailer:

Fácil na teoria, mas extremamente complicado na prática, uma das forças de "Life & Beth" está justamente na forma como a série sabe equilibrar o humor com o drama. Embora Amy Schumer seja conhecida pelo "over", aqui ela opta por um conceito mais contido, entregando momentos de vulnerabilidade genuína que exploram o impacto de traumas do passado e o desafio que é redefinir a própria identidade na vida adulta. O humor, embora presente, é mais delicado no conteúdo e muitas vezes vem de situações cotidianas e constrangedoras em sua forma, ou seja, em vez de piadas diretas, o divertido está na provocação inteligente da união muitas vezes desconexa do texto com a imagem. Essa proposta cria uma narrativa realmente envolvente que é ao mesmo tempo tocante e engraçada para aqueles que gostam de dramas de relação.

Amy Schumer, como não poderia deixar de ser, leva a série nas costas - ela oferece uma performance surpreendentemente emocional como Beth. Schumer consegue capturar a ambiguidade de uma mulher que, por fora, parece ter tudo sob controle, mas por dentro está profundamente insatisfeita e perdida. Sua atuação alinhado com o seu texto, é cheia de nuances - ela de fato mostra uma capacidade impressionante ao transmitir a complexidade de Beth sem recorrer ao escrachado. Essa jornada de redescoberta é cheia de momentos íntimos que destacam a pressão social para se ter sucesso, para que as expectativas de felicidade se comprovem e para que o peso dos traumas de infância seja apenas uma fase. Quanto ao elenco, destaco também o trabalho de Michael Cera - seu John, um fazendeiro excêntrico e interesse amoroso de Beth, traz uma atuação sutil e cativante, equilibrando uma certa inocência com seu jeito peculiar e tranquilo de enxergar a vida.

"Life & Beth" é eficaz ao explorar como o passado pode influenciar nossas decisões quando adultas, e como muitas vezes somos forçados a confrontá-lo para encontrar um caminho mais autêntico - muita atenção as discussões levantadas sobre os traumas familiares e as expectativas que são impostas desde a juventude. Mesmo que a série soe ter um ritmo mais lento, especialmente para aqueles que esperam um foco maior na comédia, eu adianto que "Life & Beth" entrega muito ao desenvolver sua narrativa de uma forma mais reflexiva e introspectiva, se apoiando em uma abordagem sincera sobre os desafios da "nossa" vida adulta com muita sabedoria.

Vale muito o seu play!

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A vida como ela é - talvez uns dois (ou três) tons acima, capaz de causar um desconforto proposital tão palpável que não se espante se você se reconhecer em algumas das situações que vai encontrar ao longo dessas duas temporadas. "Life & Beth", lançada pelo Hulu em 2022, é uma série de dramédia que explora a vida de uma mulher em busca de sentido e renovação após passar por um evento trágico que a força confrontar o passado para tentar entender o futuro que a espera. Mesclando um humor requintado (sempre na medida certa) e momentos profundamente emocionais, "Life & Beth", eu diria, é uma reflexão honesta sobre conexão na busca por identidade, por autoconhecimento e por aprendizado ao lidar com o trauma. Amy Schumer, criadora do projeto, é conhecida nos EUA por seu estilo de comédia mordaz e provocadora, no entanto, aqui, ela entrega uma jornada mais introspectiva e sutil, revelando uma faceta de sua atuação que vai além do tradicional - e funciona (mesmo que não para todos)!

Beth (Schumer) é uma mulher de 30 e poucos anos que vive em Nova York e aparentemente tem uma vida estável e bem-sucedida. No entanto, após um incidente que abala sua vida, ela se vê forçada a reavaliar suas escolhas e repensar quem realmente é e o que quer da vida. Esse processo a leva de volta para Long Island onde cresceu, porém agora Beth precisa lidar com as memórias de sua infância e adolescência, enquanto tenta encontrar um novo caminho de amadurecimento. Confira o trailer:

Fácil na teoria, mas extremamente complicado na prática, uma das forças de "Life & Beth" está justamente na forma como a série sabe equilibrar o humor com o drama. Embora Amy Schumer seja conhecida pelo "over", aqui ela opta por um conceito mais contido, entregando momentos de vulnerabilidade genuína que exploram o impacto de traumas do passado e o desafio que é redefinir a própria identidade na vida adulta. O humor, embora presente, é mais delicado no conteúdo e muitas vezes vem de situações cotidianas e constrangedoras em sua forma, ou seja, em vez de piadas diretas, o divertido está na provocação inteligente da união muitas vezes desconexa do texto com a imagem. Essa proposta cria uma narrativa realmente envolvente que é ao mesmo tempo tocante e engraçada para aqueles que gostam de dramas de relação.

Amy Schumer, como não poderia deixar de ser, leva a série nas costas - ela oferece uma performance surpreendentemente emocional como Beth. Schumer consegue capturar a ambiguidade de uma mulher que, por fora, parece ter tudo sob controle, mas por dentro está profundamente insatisfeita e perdida. Sua atuação alinhado com o seu texto, é cheia de nuances - ela de fato mostra uma capacidade impressionante ao transmitir a complexidade de Beth sem recorrer ao escrachado. Essa jornada de redescoberta é cheia de momentos íntimos que destacam a pressão social para se ter sucesso, para que as expectativas de felicidade se comprovem e para que o peso dos traumas de infância seja apenas uma fase. Quanto ao elenco, destaco também o trabalho de Michael Cera - seu John, um fazendeiro excêntrico e interesse amoroso de Beth, traz uma atuação sutil e cativante, equilibrando uma certa inocência com seu jeito peculiar e tranquilo de enxergar a vida.

"Life & Beth" é eficaz ao explorar como o passado pode influenciar nossas decisões quando adultas, e como muitas vezes somos forçados a confrontá-lo para encontrar um caminho mais autêntico - muita atenção as discussões levantadas sobre os traumas familiares e as expectativas que são impostas desde a juventude. Mesmo que a série soe ter um ritmo mais lento, especialmente para aqueles que esperam um foco maior na comédia, eu adianto que "Life & Beth" entrega muito ao desenvolver sua narrativa de uma forma mais reflexiva e introspectiva, se apoiando em uma abordagem sincera sobre os desafios da "nossa" vida adulta com muita sabedoria.

Vale muito o seu play!

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