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Falsos Milionários

Diretor
Miranda July
Elenco
Evan Rachel Wood, Gina Rodriguez, Richard Jenkins
Ano
2020
País
EUA

Drama netflix ml-real ml-relacoes ml-biografia ml-livro ml-familia ml-rm

Falsos Milionários

"Falsos Milionários" é excelente, mas não deve agradar a todos pela forma cadenciada como sua narrativa conduz uma história densa e cheia de nuances (com um conceito bem independente, aliás). Eu diria que o filme dirigido pela quase novata Miranda July segue muito a linha de "Florida Project", "Castelo de Vidro" e "Capitão Fantástico", para discutir as relações familiares e a maneira como o amor (ou a falta dele) pode impactar profundamente a vida de uma pessoa. Veja, o filme é muito feliz em não cair na tentação de cortar caminhos para expressar toda a complexidade e a dinâmica dessa relação pouco usual, porém quando as peças se encaixam, encontramos um verdadeiro ensaio sobre a solidão, sobre a busca por uma identidade e sobre os traumas mais íntimos. Então se prepare, você vai precisar de um tempo para digerir todas essas camadas.

Old Dolio (Evan Rachel Wood) é uma jovem de 26 anos que convive com sua família completamente desestruturada que frequentemente faz pequenos golpes para sobreviver. Desprovidos de qualquer nível de bom-senso (para dizer o mínimo), seus pais, Robert (Richard Jenkins) e Theresa (Debra Winger), acabam se envolvendo com a porto-riquenha Melanie (Gina Rodriguez) enquanto aplicavam mais um de seus golpes. A partir dessa nova relação, a vida de Dolio vira de cabeça para baixo e alguns questionamentos começam a tomar conta do seu dia a dia. Confira o trailer:

Apenas para alinhar as expectativas: o filme não é sobre os golpes e muito menos sobre os golpistas como em "Sharper"; e também não é uma comédia como muitos sites vem classificando "Falsos Milionários". O filme é um drama, com algumas passagens engraçadas, várias passagens bem constrangedoras, mas mesmo assim com uma temática bastante profunda e reflexiva. Embora esse seja apenas o terceiro longa-metragem de July, talvez o mais comercial de todos eles, a diretora foi muito feliz em construir sua história (ela também é a roteirista) sem a pretensão de impactar visualmente os embates sentimentais entre os personagens - tirando uma ou outra cena, nossa percepção de solidão vai além dos diálogos; ela está no silêncio, no olhar carregado de dor de Wood.

A fotografia do Sebastian Wintero (muito reconhecido pelo seu trabalho no cenário musical, em trabalhos com o U2, por exemplo) tem o cuidado de nos distanciar da movimentação dessa família disfuncional criando uma atmosfera extremamente esquisita - os planos abertos chegam a ser cômicos, já que as situações são impensáveis. Tudo parece acontecer em um universo à parte, distante de qualquer realismo lógico - as cenas da família tentando não chamar a atenção do dono do lugar onde eles dormem, seriam muito divertidas se não fossem trágicas. Nos planos mais fechados, aí Wintero brinca com nossas sensações mesmo, principalmente ao potencializar os olhares e os tempos certos, a falta de ética dos pais de Dolio e a ausência de amor entre todos eles.

Cheia de simbolismos, "Kajillionaire" (no seu curioso título original) é muito, mas muito maior do que aparenta ser. Existe uma sensibilidade incrível da diretora ao nos convidar para acompanhar o processo de despertar da protagonista que, mesmo sem entender as razões, passa a enxergar além de sua miserável realidade - o trabalho de Wood é tão intenso que surpreende o fato dela não ter sido lembrada no Oscar 2021. Pois bem, essa é uma obra genuína, original, daquelas de difícil digestão, pois embora nada nos seja apresentado de forma tão convencional, a trama sabe exatamente onde colocar o dedo na ferida para gerar conexão.

Pode ter certeza que essa será uma das mais belas surpresas que você vai experienciar! É só dar o play!

Assista Agora

"Falsos Milionários" é excelente, mas não deve agradar a todos pela forma cadenciada como sua narrativa conduz uma história densa e cheia de nuances (com um conceito bem independente, aliás). Eu diria que o filme dirigido pela quase novata Miranda July segue muito a linha de "Florida Project", "Castelo de Vidro" e "Capitão Fantástico", para discutir as relações familiares e a maneira como o amor (ou a falta dele) pode impactar profundamente a vida de uma pessoa. Veja, o filme é muito feliz em não cair na tentação de cortar caminhos para expressar toda a complexidade e a dinâmica dessa relação pouco usual, porém quando as peças se encaixam, encontramos um verdadeiro ensaio sobre a solidão, sobre a busca por uma identidade e sobre os traumas mais íntimos. Então se prepare, você vai precisar de um tempo para digerir todas essas camadas.

Old Dolio (Evan Rachel Wood) é uma jovem de 26 anos que convive com sua família completamente desestruturada que frequentemente faz pequenos golpes para sobreviver. Desprovidos de qualquer nível de bom-senso (para dizer o mínimo), seus pais, Robert (Richard Jenkins) e Theresa (Debra Winger), acabam se envolvendo com a porto-riquenha Melanie (Gina Rodriguez) enquanto aplicavam mais um de seus golpes. A partir dessa nova relação, a vida de Dolio vira de cabeça para baixo e alguns questionamentos começam a tomar conta do seu dia a dia. Confira o trailer:

Apenas para alinhar as expectativas: o filme não é sobre os golpes e muito menos sobre os golpistas como em "Sharper"; e também não é uma comédia como muitos sites vem classificando "Falsos Milionários". O filme é um drama, com algumas passagens engraçadas, várias passagens bem constrangedoras, mas mesmo assim com uma temática bastante profunda e reflexiva. Embora esse seja apenas o terceiro longa-metragem de July, talvez o mais comercial de todos eles, a diretora foi muito feliz em construir sua história (ela também é a roteirista) sem a pretensão de impactar visualmente os embates sentimentais entre os personagens - tirando uma ou outra cena, nossa percepção de solidão vai além dos diálogos; ela está no silêncio, no olhar carregado de dor de Wood.

A fotografia do Sebastian Wintero (muito reconhecido pelo seu trabalho no cenário musical, em trabalhos com o U2, por exemplo) tem o cuidado de nos distanciar da movimentação dessa família disfuncional criando uma atmosfera extremamente esquisita - os planos abertos chegam a ser cômicos, já que as situações são impensáveis. Tudo parece acontecer em um universo à parte, distante de qualquer realismo lógico - as cenas da família tentando não chamar a atenção do dono do lugar onde eles dormem, seriam muito divertidas se não fossem trágicas. Nos planos mais fechados, aí Wintero brinca com nossas sensações mesmo, principalmente ao potencializar os olhares e os tempos certos, a falta de ética dos pais de Dolio e a ausência de amor entre todos eles.

Cheia de simbolismos, "Kajillionaire" (no seu curioso título original) é muito, mas muito maior do que aparenta ser. Existe uma sensibilidade incrível da diretora ao nos convidar para acompanhar o processo de despertar da protagonista que, mesmo sem entender as razões, passa a enxergar além de sua miserável realidade - o trabalho de Wood é tão intenso que surpreende o fato dela não ter sido lembrada no Oscar 2021. Pois bem, essa é uma obra genuína, original, daquelas de difícil digestão, pois embora nada nos seja apresentado de forma tão convencional, a trama sabe exatamente onde colocar o dedo na ferida para gerar conexão.

Pode ter certeza que essa será uma das mais belas surpresas que você vai experienciar! É só dar o play!

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