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O Escândalo de Randall Emmett

No universo dos documentários que revelam os bastidores da indústria do entretenimento como "Showbiz Kids" e até o polêmico "Deixando Neverland", "O Escândalo de Randall Emmett" surge como uma peça intrigante que expõe os segredos por trás de um dos mais notórios e recentes escândalos de Hollywood - se nem tanto aqui no Brasil, sem sombra de dúvidas nos EUA, por ter seus dois protagonistas entre as estrelas do famoso reality da Bravo,"Vanderpump Rules". Produzido pela ABC News Studios e pelo LA Times para o Hulu, o filme captura a essência do escândalo a partir de uma construção bastante consistente do perfil de Emmett, um famoso produtor de filmes B, e da forma como ele se relacionava com as pessoas que o rodeavam.

Baseado no artigo intitulado "The Man Who Played Hollywood: Inside Randall Emmett’s Crumbling Empire" do L.A. Times, o documentário faz um recorte muito interessante da investigação sobre muitas das acusações chocantes contra Randall Emmett, que incluem alegações de discriminação racial, abusos psicológicos e comportamentos questionáveis no set (um deles, inclusive, contra o ator Bruce Willis já doente). Também são apresentadas entrevistas com Lala Kent, celebridade "Vanderpump" e ex-noiva do produtor. Ela fala sobre seu tumultuado relacionamento e como soube das acusações e supostas traições de Emmett ainda com uma filha recém-nascida. Confira o trailer (em inglês): 

Apenas para contextualizar, "Vanderpump Rules" é um famoso spin-off de "The Real Housewives of Beverly Hills", onde uma de suas protagonistas, Lisa Vanderpump, mentora talentos que buscam conquistar e construir suas carreiras no mundo da gastronomia. Bem ao estilo "real-life", o reality-show revela os bastidores do restaurante SUR, em West Hollywood: o dia-a-dia e os dramas dos jovens e belos funcionários de Lisa - entre eles, a bela Lala Kent. No entanto, "O Escândalo de Randall Emmett" vai um pouco além, já que o roteiro pontua a jornada de sucesso de Emmett, um dos produtores de "O Irlandês" da Netflix, em meio a muitas denúncias de abuso moral, até sua derrocada quando seu ego ajudou a destruir uma carreira sólida ao aceitar participar do mesmo reality que sua noiva.

A narrativa do documentário é, de fato, muito bem orquestrada até para quem não está familiarizado com essa doentia indústria das celebridades nos EUA. O que para aquela audiência pode parecer uma extensão curiosa do reality-show, para nós é mais um ótimo raio-x dos bastidores do cinema de Hollywood. A partir dos relatos da Amy Kaufman e da Meg James, autoras do artigo do Times, vamos conhecendo os detalhes da história de Emmett de forma meticulosa - são entrevistas com pessoas-chave do escândalo, entre elas Lisa e Easton Burningham, mãe e irmão de Lala, além de pelo menos três assistentes do produtor que até hoje sofrem de ansiedade crônica graças a forma como eram tratados. Imagens de arquivo e algumas reconstituições, dão o exato tom do terror que era estar próximo de Emmet - reparem como a trama tem um ar de suspense e como a estrutura cronológica contribui muito para mergulharmos nessa obscura atmosfera.

Ao adentrar nos aspectos emocionais da história, o documentário não se limita em relatar os acontecimentos, mas também explora as consequências pessoais e profissionais dos fatos - a empatia gerada por essas histórias, sem dúvida, humaniza a narrativa e a torna parte vital da nossa experiência como audiência. Talvez seja isso, inclusive, que faz com que "O Escândalo de Randall Emmett" transcenda seu propósito de documentar um evento isolado, abrindo espaço para uma discussão mais ampla sobre ética na indústria do entretenimento. Não tenha dúvidas que mais uma vez, você vai questionar o sistema desse mercado tão pautado no ego e no poder, que possibilitam escândalos como esse, e a refletir sobre as implicações sociais e culturais do caso.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

No universo dos documentários que revelam os bastidores da indústria do entretenimento como "Showbiz Kids" e até o polêmico "Deixando Neverland", "O Escândalo de Randall Emmett" surge como uma peça intrigante que expõe os segredos por trás de um dos mais notórios e recentes escândalos de Hollywood - se nem tanto aqui no Brasil, sem sombra de dúvidas nos EUA, por ter seus dois protagonistas entre as estrelas do famoso reality da Bravo,"Vanderpump Rules". Produzido pela ABC News Studios e pelo LA Times para o Hulu, o filme captura a essência do escândalo a partir de uma construção bastante consistente do perfil de Emmett, um famoso produtor de filmes B, e da forma como ele se relacionava com as pessoas que o rodeavam.

Baseado no artigo intitulado "The Man Who Played Hollywood: Inside Randall Emmett’s Crumbling Empire" do L.A. Times, o documentário faz um recorte muito interessante da investigação sobre muitas das acusações chocantes contra Randall Emmett, que incluem alegações de discriminação racial, abusos psicológicos e comportamentos questionáveis no set (um deles, inclusive, contra o ator Bruce Willis já doente). Também são apresentadas entrevistas com Lala Kent, celebridade "Vanderpump" e ex-noiva do produtor. Ela fala sobre seu tumultuado relacionamento e como soube das acusações e supostas traições de Emmett ainda com uma filha recém-nascida. Confira o trailer (em inglês): 

Apenas para contextualizar, "Vanderpump Rules" é um famoso spin-off de "The Real Housewives of Beverly Hills", onde uma de suas protagonistas, Lisa Vanderpump, mentora talentos que buscam conquistar e construir suas carreiras no mundo da gastronomia. Bem ao estilo "real-life", o reality-show revela os bastidores do restaurante SUR, em West Hollywood: o dia-a-dia e os dramas dos jovens e belos funcionários de Lisa - entre eles, a bela Lala Kent. No entanto, "O Escândalo de Randall Emmett" vai um pouco além, já que o roteiro pontua a jornada de sucesso de Emmett, um dos produtores de "O Irlandês" da Netflix, em meio a muitas denúncias de abuso moral, até sua derrocada quando seu ego ajudou a destruir uma carreira sólida ao aceitar participar do mesmo reality que sua noiva.

A narrativa do documentário é, de fato, muito bem orquestrada até para quem não está familiarizado com essa doentia indústria das celebridades nos EUA. O que para aquela audiência pode parecer uma extensão curiosa do reality-show, para nós é mais um ótimo raio-x dos bastidores do cinema de Hollywood. A partir dos relatos da Amy Kaufman e da Meg James, autoras do artigo do Times, vamos conhecendo os detalhes da história de Emmett de forma meticulosa - são entrevistas com pessoas-chave do escândalo, entre elas Lisa e Easton Burningham, mãe e irmão de Lala, além de pelo menos três assistentes do produtor que até hoje sofrem de ansiedade crônica graças a forma como eram tratados. Imagens de arquivo e algumas reconstituições, dão o exato tom do terror que era estar próximo de Emmet - reparem como a trama tem um ar de suspense e como a estrutura cronológica contribui muito para mergulharmos nessa obscura atmosfera.

Ao adentrar nos aspectos emocionais da história, o documentário não se limita em relatar os acontecimentos, mas também explora as consequências pessoais e profissionais dos fatos - a empatia gerada por essas histórias, sem dúvida, humaniza a narrativa e a torna parte vital da nossa experiência como audiência. Talvez seja isso, inclusive, que faz com que "O Escândalo de Randall Emmett" transcenda seu propósito de documentar um evento isolado, abrindo espaço para uma discussão mais ampla sobre ética na indústria do entretenimento. Não tenha dúvidas que mais uma vez, você vai questionar o sistema desse mercado tão pautado no ego e no poder, que possibilitam escândalos como esse, e a refletir sobre as implicações sociais e culturais do caso.

Vale muito o seu play!

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O Fotógrafo e o Carteiro

"O que é poder? Poder é ficar impune!" - Talvez a resposta do mega-empresário argentino Alfredo Yabrán tenha sido inocente ou uma armadilha para expor seu caráter, o fato é que essa frase define perfeitamente o que representa o documentário da Netflix, "O Fotógrafo e o Carteiro", que tem no seu subtítulo o tamanho da comoção que o assassinato do fotógrafo José Luiz Cabezas provocou no país. De fato foi "O Crime que Parou a Argentina"!

Em pouco mais de 90 minutos, acompanhamos a investigação sobre a morte de Cabezas. Sequestrado, torturado e assassinado, José foi morto um ano após ter feito a foto que tirou do anonimato Alfredo Yabrán, considerado um mafioso com forte influência no governo, acusado de utilizar suas empresas para o tráfico de drogas, de armas e lavagem de dinheiro. Por meio de material de arquivo e depoimentos, o documentário investiga o caso e reconstrói, passo a passo, o crime ocorrido em 1997. Confira o trailer (em espanhol):

Seguindo uma proposta narrativa que busca nas obras de "True Crime" dos EUA uma dinâmica narrativa mais envolvente, eu diria que "O Fotógrafo e o Carteiro: O crime que parou a Argentina" está mais para uma reportagem especial do Fantástico. Não falo isso com demérito algum, mas é claro que o trabalho do diretor argentino Alejandro Hartmann (o mesmo de "Quem Matou María Marta?") se apoia muito mais no jornalismo do que no entretenimento.

A forma como Hartmann constrói a linha do tempo, mesmo que não respeitando sua linearidade ao buscar no passado algumas explicações que poderiam ajudar no entendimento da audiência, é primorosa. Para nós brasileiros, pouco familiarizados com os bastidores da politica e da sociedade argentina, essa escolha do diretor cai como uma luva, pois facilmente entendemos o caso, reconhecemos seus personagens e suas motivações, mas, principalmente, nos envolvemos com a história - inclusive com muitas referências do caso PC Farias, além de aspectos narrativos que vi em "O Caso Celso Daniel" da Globoplay.

Era 27 de janeiro de 1997 quando encontraram o cadáver de Cabezas algemado e completamente carbonizado dentro de um carro em uma vala em um dos principais pontos turísticos do litoral portenho da época. A investigação que revelou esquemas de corrupção e atos de repressão à imprensa é o tema central do documentário, mas o que impressiona são os nomes envolvidos no caso que vão do ex-presidente Carlos Menem, passando pelo ex-ministro da economia do país, Domingo Cavallo, e do ex-governador de Buenos Aires, Eduardo Duhalde, até chegar no nome de Alfredo Yabrán.

Para quem gosta de conspirações politicas, investigações jornalísticas e, claro, de um bom "true crime" sem o sensacionalismo da narrativa, "O Fotógrafo e o Carteiro: O crime que parou a Argentina" é uma curiosa e até surpreendente pedida!

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"O que é poder? Poder é ficar impune!" - Talvez a resposta do mega-empresário argentino Alfredo Yabrán tenha sido inocente ou uma armadilha para expor seu caráter, o fato é que essa frase define perfeitamente o que representa o documentário da Netflix, "O Fotógrafo e o Carteiro", que tem no seu subtítulo o tamanho da comoção que o assassinato do fotógrafo José Luiz Cabezas provocou no país. De fato foi "O Crime que Parou a Argentina"!

Em pouco mais de 90 minutos, acompanhamos a investigação sobre a morte de Cabezas. Sequestrado, torturado e assassinado, José foi morto um ano após ter feito a foto que tirou do anonimato Alfredo Yabrán, considerado um mafioso com forte influência no governo, acusado de utilizar suas empresas para o tráfico de drogas, de armas e lavagem de dinheiro. Por meio de material de arquivo e depoimentos, o documentário investiga o caso e reconstrói, passo a passo, o crime ocorrido em 1997. Confira o trailer (em espanhol):

Seguindo uma proposta narrativa que busca nas obras de "True Crime" dos EUA uma dinâmica narrativa mais envolvente, eu diria que "O Fotógrafo e o Carteiro: O crime que parou a Argentina" está mais para uma reportagem especial do Fantástico. Não falo isso com demérito algum, mas é claro que o trabalho do diretor argentino Alejandro Hartmann (o mesmo de "Quem Matou María Marta?") se apoia muito mais no jornalismo do que no entretenimento.

A forma como Hartmann constrói a linha do tempo, mesmo que não respeitando sua linearidade ao buscar no passado algumas explicações que poderiam ajudar no entendimento da audiência, é primorosa. Para nós brasileiros, pouco familiarizados com os bastidores da politica e da sociedade argentina, essa escolha do diretor cai como uma luva, pois facilmente entendemos o caso, reconhecemos seus personagens e suas motivações, mas, principalmente, nos envolvemos com a história - inclusive com muitas referências do caso PC Farias, além de aspectos narrativos que vi em "O Caso Celso Daniel" da Globoplay.

Era 27 de janeiro de 1997 quando encontraram o cadáver de Cabezas algemado e completamente carbonizado dentro de um carro em uma vala em um dos principais pontos turísticos do litoral portenho da época. A investigação que revelou esquemas de corrupção e atos de repressão à imprensa é o tema central do documentário, mas o que impressiona são os nomes envolvidos no caso que vão do ex-presidente Carlos Menem, passando pelo ex-ministro da economia do país, Domingo Cavallo, e do ex-governador de Buenos Aires, Eduardo Duhalde, até chegar no nome de Alfredo Yabrán.

Para quem gosta de conspirações politicas, investigações jornalísticas e, claro, de um bom "true crime" sem o sensacionalismo da narrativa, "O Fotógrafo e o Carteiro: O crime que parou a Argentina" é uma curiosa e até surpreendente pedida!

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O Golpista do Tinder

"O Golpista do Tinder" é excelente, mas chega embrulhar o estômago! Eu diria até que o documentário é surpreendente, pela sua história bizarra e pela qualidade narrativa impressa pela diretora estreante Felicity Morris (que já havia produzido "Don't F**k with Cats: Uma Caçada Online"). O fato é que essa produção original da Netflix é uma mistura muito equilibrada de sucessos como "Fyre Festival" e "A Bad Boy Billionaires" com "Dirty John – O Golpe do Amor".

O filme tem uma premissa básica, acompanhar a história real de Simon Leviev, um prolífico vigarista conhecido por ganhar a confiança e aplicar golpes financeiros em várias mulheres que o conheceram pelo Tinder, a partir dos relatos de suas próprias vítimas. Confira o trailer:

Talvez o grande mérito de "O Golpista do Tinder" tenha sido humanizar uma história que para muitos pode parecer absurda (ou um ato de ingenuidade) com tantas ferramentas e informações que temos hoje em dia para nos proteger. Veja, quando Marcelo Nascimento da Rocha se passou por Henrique Constantino, filho do fundador daGole deu entrevista para Amaury Jr. falando (olha a cara de pau) dos planos de expansão da empresa aérea no meio de um famoso camarote do carnaval de Salvador, os tempos eram outros - era quase impossível validar uma informação (ou uma identidade) tão rapidamente para evitar o constrangimento de dar voz para um picareta. Hoje não, bastam alguns cliques e temos praticamente todas as informações que precisamos antes de conhecer uma pessoa pessoalmente - e mesmo assim histórias como essa continuam a se repetir.

Isso só mostra como Simon Leviev era profissional (além de doente). Partindo do principio que não é fácil achar o "amor da vida online", Cecilie (que teve mais de mil "matches" pelo app) mal conseguia acreditar quando encontrou um playboy boa pinta e bilionário que, de cara, se interessou por ela. Seu depoimento é tão sincero quanto desafiador - já que é impossível, sentado no sofá e sem conhecer profundamente o contexto de vida da vítima, não julgar suas atitudes desde o primeiro momento. Muito bem montado pelo premiado Julian Hart (Fórmula 1: Dirigir para Viver) e com um roteiro redondinho de Morris, "O Golpista do Tinder" vai construindo uma linha temporal coerente e dinâmica, usando de vários elementos narrativos muito pessoais para ilustrar os depoimentos das vitimas como mensagens de WhatsApp, ligações telefônicas, fotos do Instagram, etc.

Do depoimento da vítimas até a descoberta do golpe e o envolvimento da imprense norueguesa,"O Golpista do Tinder" constrói um conto de fadas, montando um verdadeiro palácio com cartas de baralho que depois simplesmente desmoronam - o interessante é que esse processo levou tempo e o documentário é muito feliz em nos posicionar nessa jornada a partir do desespero das vitimas perante as descobertas e do cinismo com que o golpista fortalecia suas relações. Aliás, esse cinismo é tão provocador que nos sentimos insultados pelas vitimas, impactando diretamente na nossa experiência ao assistir as quase duas horas de filme.

Olha, o que eu posso dizer é que vale muito a pena o seu play, mas o sentimento quando subirem os créditos não será dos mais agradáveis. Você vai entender!

Ah, e antes de finalizar, olhe são essa história: Em dezembro de 2020, Simon fingiu ser um paramédico para furar a fila das vacinas e ser imunizado contra a Covid-19. Em uma entrevista à emissora israelense Channel 12, ele comentou: “Não sou alguém que costuma esperar em filas”! 

Sem comentários!

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"O Golpista do Tinder" é excelente, mas chega embrulhar o estômago! Eu diria até que o documentário é surpreendente, pela sua história bizarra e pela qualidade narrativa impressa pela diretora estreante Felicity Morris (que já havia produzido "Don't F**k with Cats: Uma Caçada Online"). O fato é que essa produção original da Netflix é uma mistura muito equilibrada de sucessos como "Fyre Festival" e "A Bad Boy Billionaires" com "Dirty John – O Golpe do Amor".

O filme tem uma premissa básica, acompanhar a história real de Simon Leviev, um prolífico vigarista conhecido por ganhar a confiança e aplicar golpes financeiros em várias mulheres que o conheceram pelo Tinder, a partir dos relatos de suas próprias vítimas. Confira o trailer:

Talvez o grande mérito de "O Golpista do Tinder" tenha sido humanizar uma história que para muitos pode parecer absurda (ou um ato de ingenuidade) com tantas ferramentas e informações que temos hoje em dia para nos proteger. Veja, quando Marcelo Nascimento da Rocha se passou por Henrique Constantino, filho do fundador daGole deu entrevista para Amaury Jr. falando (olha a cara de pau) dos planos de expansão da empresa aérea no meio de um famoso camarote do carnaval de Salvador, os tempos eram outros - era quase impossível validar uma informação (ou uma identidade) tão rapidamente para evitar o constrangimento de dar voz para um picareta. Hoje não, bastam alguns cliques e temos praticamente todas as informações que precisamos antes de conhecer uma pessoa pessoalmente - e mesmo assim histórias como essa continuam a se repetir.

Isso só mostra como Simon Leviev era profissional (além de doente). Partindo do principio que não é fácil achar o "amor da vida online", Cecilie (que teve mais de mil "matches" pelo app) mal conseguia acreditar quando encontrou um playboy boa pinta e bilionário que, de cara, se interessou por ela. Seu depoimento é tão sincero quanto desafiador - já que é impossível, sentado no sofá e sem conhecer profundamente o contexto de vida da vítima, não julgar suas atitudes desde o primeiro momento. Muito bem montado pelo premiado Julian Hart (Fórmula 1: Dirigir para Viver) e com um roteiro redondinho de Morris, "O Golpista do Tinder" vai construindo uma linha temporal coerente e dinâmica, usando de vários elementos narrativos muito pessoais para ilustrar os depoimentos das vitimas como mensagens de WhatsApp, ligações telefônicas, fotos do Instagram, etc.

Do depoimento da vítimas até a descoberta do golpe e o envolvimento da imprense norueguesa,"O Golpista do Tinder" constrói um conto de fadas, montando um verdadeiro palácio com cartas de baralho que depois simplesmente desmoronam - o interessante é que esse processo levou tempo e o documentário é muito feliz em nos posicionar nessa jornada a partir do desespero das vitimas perante as descobertas e do cinismo com que o golpista fortalecia suas relações. Aliás, esse cinismo é tão provocador que nos sentimos insultados pelas vitimas, impactando diretamente na nossa experiência ao assistir as quase duas horas de filme.

Olha, o que eu posso dizer é que vale muito a pena o seu play, mas o sentimento quando subirem os créditos não será dos mais agradáveis. Você vai entender!

Ah, e antes de finalizar, olhe são essa história: Em dezembro de 2020, Simon fingiu ser um paramédico para furar a fila das vacinas e ser imunizado contra a Covid-19. Em uma entrevista à emissora israelense Channel 12, ele comentou: “Não sou alguém que costuma esperar em filas”! 

Sem comentários!

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O Homem mais odiado da Internet

O adjetivo "idiota" foi redefinido em "O Homem mais odiado da Internet" - e não falo apenas do personagem, mas também de todos que viam nele um herói! Dito isso, prepara-se para uma jornada completamente indigesta, cruel e revoltante! Essa minissérie de 3 episódios da Netflix expõe, de fato, uma das figuras mais desprezíveis que você vai conhecer na sua vida - e ver ele se dar muito mal, será a força motivadora que vai te fazer suportar essa história absurda!

Hunter Moore ganhou fama por se considerar um profissional especializado em arruinar a vida dos outros graças a um site que ele criou chamado "IsAnyoneUp", focado em fotos de mulheres nuas sem o consentimento das vítimas e ainda indicando seus respectivos perfis nas redes sociais. O mais mórbido, porém, é que, com a popularidade do site, Hunter conquistou milhares de seguidores fiéis, em especial por fortalecer misoginia e todo tipo de discurso de ódio em seu fórum. Além da busca de uma mãe para que Hunter fosse punido por seus crimes, a minissérie expõe o ponto de vista de várias vítimas que tiveram sua intimidade exposta e por isso sua vida transformada completamente.

Dirigida pelo praticamente estreante Rob Miller, "O Homem mais odiado da Internet" surpreende pela qualidade técnica e artística que além de criar uma linha do tempo extremamente cuidadosa para que a audiência tenha a exata noção do que aconteceu com algumas das vitimas do "IsAnyoneUp", ainda denuncia um verdadeiro submundo de depravação virtual e desmascara o que há de mais nojento na internet.

Miller foi muito inteligente ao construir um perfil do Hunter Moore a partir de suas próprias atitudes e declarações - essa escolha é provocativa já que naturalmente exalta nossas emoções não pelo olhar da vitima, mas pela perspectiva de alguém que um dia poderia ter sido sua vitima. Já ao detalhar os bastidores da saga de Charlotte Laws, que foi até às últimas consequências para impedir que outras mulheres fossem expostas como sua filha, o diretor usa da empatia imediata como gatilho para criar nossa conexão com a jornada e nos manter grudados na tela - como disse acima, a cada nova aparição de Moore temos mais vontade de vê-lo se dar mal (para manter a educação) - aqui é preciso mencionar o excelente trabalho do montador Jules Cornell (indicado ao Emmy em 2019 por "Deixando Neverland").

O fato é que no decorrer das quase três horas de documentário, acompanhamos a ascensão de Moore, que alcançou veículos de imprensa do nível de "The Rolling Stones", "Village Voice" e "Vice", até sua queda que envolveu o coletivo hacker "Anonymous" e uma grandiosa investigação do FBI - tudo graças à Laws. Mais do que uma caçada ao criminoso, "O Homem mais odiado da Internet" é um retrato de uma sociedade doentia, basta pensar que o site de Moore tinha mais 100 milhões de acessos em 2012, e que mesmo com muito mérito, parece ter chegado alguns anos atrasado. 

PS: a título de curiosidade, Charlotte Laws ajudou a implementar legislações sobre o tema em mais de 40 estados nos EUA.

Vale muito o seu play!

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O adjetivo "idiota" foi redefinido em "O Homem mais odiado da Internet" - e não falo apenas do personagem, mas também de todos que viam nele um herói! Dito isso, prepara-se para uma jornada completamente indigesta, cruel e revoltante! Essa minissérie de 3 episódios da Netflix expõe, de fato, uma das figuras mais desprezíveis que você vai conhecer na sua vida - e ver ele se dar muito mal, será a força motivadora que vai te fazer suportar essa história absurda!

Hunter Moore ganhou fama por se considerar um profissional especializado em arruinar a vida dos outros graças a um site que ele criou chamado "IsAnyoneUp", focado em fotos de mulheres nuas sem o consentimento das vítimas e ainda indicando seus respectivos perfis nas redes sociais. O mais mórbido, porém, é que, com a popularidade do site, Hunter conquistou milhares de seguidores fiéis, em especial por fortalecer misoginia e todo tipo de discurso de ódio em seu fórum. Além da busca de uma mãe para que Hunter fosse punido por seus crimes, a minissérie expõe o ponto de vista de várias vítimas que tiveram sua intimidade exposta e por isso sua vida transformada completamente.

Dirigida pelo praticamente estreante Rob Miller, "O Homem mais odiado da Internet" surpreende pela qualidade técnica e artística que além de criar uma linha do tempo extremamente cuidadosa para que a audiência tenha a exata noção do que aconteceu com algumas das vitimas do "IsAnyoneUp", ainda denuncia um verdadeiro submundo de depravação virtual e desmascara o que há de mais nojento na internet.

Miller foi muito inteligente ao construir um perfil do Hunter Moore a partir de suas próprias atitudes e declarações - essa escolha é provocativa já que naturalmente exalta nossas emoções não pelo olhar da vitima, mas pela perspectiva de alguém que um dia poderia ter sido sua vitima. Já ao detalhar os bastidores da saga de Charlotte Laws, que foi até às últimas consequências para impedir que outras mulheres fossem expostas como sua filha, o diretor usa da empatia imediata como gatilho para criar nossa conexão com a jornada e nos manter grudados na tela - como disse acima, a cada nova aparição de Moore temos mais vontade de vê-lo se dar mal (para manter a educação) - aqui é preciso mencionar o excelente trabalho do montador Jules Cornell (indicado ao Emmy em 2019 por "Deixando Neverland").

O fato é que no decorrer das quase três horas de documentário, acompanhamos a ascensão de Moore, que alcançou veículos de imprensa do nível de "The Rolling Stones", "Village Voice" e "Vice", até sua queda que envolveu o coletivo hacker "Anonymous" e uma grandiosa investigação do FBI - tudo graças à Laws. Mais do que uma caçada ao criminoso, "O Homem mais odiado da Internet" é um retrato de uma sociedade doentia, basta pensar que o site de Moore tinha mais 100 milhões de acessos em 2012, e que mesmo com muito mérito, parece ter chegado alguns anos atrasado. 

PS: a título de curiosidade, Charlotte Laws ajudou a implementar legislações sobre o tema em mais de 40 estados nos EUA.

Vale muito o seu play!

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O Limite

O Limite

"O Limite" (ou "The Line" no original) é uma minissérie documental em quatro episódios, simplesmente surpreendente. Embora os primeiros episódios sugiram se tratar de um impactante e imersivo documentário sobre "guerra" ao melhor estilo "1917" (só que dos dias atuais), essa produção da Apple, na verdade, está muito mais para um excelente "True Crime" - com o diferencial de que seu personagem principal é um oficial da marinha americana que está sendo acusado de ter cometido "crimes de guerra" e que precisa provar sua inocência antes de ser condenado a prisão perpétua.

Nas guerras, há uma linha tênue entre o certo e o errado. "O Limite" analisa justamente essas ambiguidades morais dentro de uma das missões mais difíceis, porém bem sucedida, da recente intervenção americana no Iraque, a partir das acusações feitas contra o oficial Eddie Gallagher. Denunciado em 2018 por grande parte dos seus subordinados e companheiros de pelotão, Gallagher acabou sendo levado aos tribunais dos EUA em um julgamento que mexeu com a opinião publica e até com o então presidente dos EUA, Donald Trump. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelos documentaristas Jeff Zimbalist e Doug Shultz, "O Limite" é mais uma aula de construção narrativa - daquelas que nos fazem ficar grudados na frente da TV até o último episódio sem a menor ideia do que realmente encontraremos pela frente.

Tanto na forma quanto no conteúdo, a minissérie chama atenção pela jornada de cada um dos personagens, quebrando a linha temporal entre o presente e o passando, nos colocando dentro de uma missão dos SEALs no Iraque "sem cortes" - como poucas vezes vi (e senti), tudo é muito impactante. Os diretores não economizaram nas imagens e muito menos nas histórias dos próprios soldados - nos entregando assim, uma trama complexa do ponto de vista moral, mas também cheia de camadas, onde os códigos de conduta de um esquadrão de elite são rapidamente colocados a prova, tamanho era a hostilidade da situação e o caráter de alguns soldados.

Veja, essa historia é contada por quem esteve lá, no campo de batalha e vivenciou os horrores da guerra - são depoimentos duros, fotografias impactantes e imagens das câmeras acopladas nos capacetes dos próprios soldados que chegam a embrulhar o estômago em vários momentos: é uma realidade de fato muito cruel. A edição também cria uma dinâmica bem interessante, que remete aos bons filmes de guerra na ficção, com os diretores construindo uma trama envolvente e ao mesmo tempo em que vão desconstruindo nossa percepção sobre o que realmente aconteceu. Quando o "Documentário de Guerra" dá lugar para o "True Crime", com bons elementos de um "Drama de Tribunal", temos a impressão que a história fica ainda melhor. Os desdobramentos são bem surpreendentes, com direito a ótimas reviravoltas e inacreditáveis desfechos - bem na linha de "Making a Murderer" ou até "The Jinx" (inclusive com um depoimento chocante já no apagar das luzes).

"O Limite" é sem dúvida uma das melhores minisséries documentais do ano. Um retrato de uma realidade cruel por um lado e hipócrita por outro. Uma enorme e polêmica discussão sobre moralidade, direitos humanos e até sobre comportamento geracional - tudo isso arquitetado por uma narrativa ágil em alguns momentos e reflexiva em outros. Um convite empolgante para a reflexão, mesmo que isso faça nossa opinião mudar a cada nova descoberta.

Vale muito a pena!

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"O Limite" (ou "The Line" no original) é uma minissérie documental em quatro episódios, simplesmente surpreendente. Embora os primeiros episódios sugiram se tratar de um impactante e imersivo documentário sobre "guerra" ao melhor estilo "1917" (só que dos dias atuais), essa produção da Apple, na verdade, está muito mais para um excelente "True Crime" - com o diferencial de que seu personagem principal é um oficial da marinha americana que está sendo acusado de ter cometido "crimes de guerra" e que precisa provar sua inocência antes de ser condenado a prisão perpétua.

Nas guerras, há uma linha tênue entre o certo e o errado. "O Limite" analisa justamente essas ambiguidades morais dentro de uma das missões mais difíceis, porém bem sucedida, da recente intervenção americana no Iraque, a partir das acusações feitas contra o oficial Eddie Gallagher. Denunciado em 2018 por grande parte dos seus subordinados e companheiros de pelotão, Gallagher acabou sendo levado aos tribunais dos EUA em um julgamento que mexeu com a opinião publica e até com o então presidente dos EUA, Donald Trump. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelos documentaristas Jeff Zimbalist e Doug Shultz, "O Limite" é mais uma aula de construção narrativa - daquelas que nos fazem ficar grudados na frente da TV até o último episódio sem a menor ideia do que realmente encontraremos pela frente.

Tanto na forma quanto no conteúdo, a minissérie chama atenção pela jornada de cada um dos personagens, quebrando a linha temporal entre o presente e o passando, nos colocando dentro de uma missão dos SEALs no Iraque "sem cortes" - como poucas vezes vi (e senti), tudo é muito impactante. Os diretores não economizaram nas imagens e muito menos nas histórias dos próprios soldados - nos entregando assim, uma trama complexa do ponto de vista moral, mas também cheia de camadas, onde os códigos de conduta de um esquadrão de elite são rapidamente colocados a prova, tamanho era a hostilidade da situação e o caráter de alguns soldados.

Veja, essa historia é contada por quem esteve lá, no campo de batalha e vivenciou os horrores da guerra - são depoimentos duros, fotografias impactantes e imagens das câmeras acopladas nos capacetes dos próprios soldados que chegam a embrulhar o estômago em vários momentos: é uma realidade de fato muito cruel. A edição também cria uma dinâmica bem interessante, que remete aos bons filmes de guerra na ficção, com os diretores construindo uma trama envolvente e ao mesmo tempo em que vão desconstruindo nossa percepção sobre o que realmente aconteceu. Quando o "Documentário de Guerra" dá lugar para o "True Crime", com bons elementos de um "Drama de Tribunal", temos a impressão que a história fica ainda melhor. Os desdobramentos são bem surpreendentes, com direito a ótimas reviravoltas e inacreditáveis desfechos - bem na linha de "Making a Murderer" ou até "The Jinx" (inclusive com um depoimento chocante já no apagar das luzes).

"O Limite" é sem dúvida uma das melhores minisséries documentais do ano. Um retrato de uma realidade cruel por um lado e hipócrita por outro. Uma enorme e polêmica discussão sobre moralidade, direitos humanos e até sobre comportamento geracional - tudo isso arquitetado por uma narrativa ágil em alguns momentos e reflexiva em outros. Um convite empolgante para a reflexão, mesmo que isso faça nossa opinião mudar a cada nova descoberta.

Vale muito a pena!

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O Mistério de Maya

"O Mistério de Maya" está muito longe de ser uma jornada das mais tranquilas, pois envolve alguns elementos que realmente nos impactam emocionalmente e adianto: impactam de uma forma devastadora (principalmente se você já tem filhos). Essa produção da Netflix é dirigida pelo estreante Henry Roosevelt e em um primeiro olhar pode até soar como mais um daqueles "true crime" que estamos acostumados, mas com o andar da narrativa fica muito claro que não é o caso - eu diria que a obra está mais para um "documentário denúncia' como vimos em boa parte de "Prescrição Fatal", por exemplo.

O documentário conta a história de Maya Kowalski, uma garota de 10 anos diagnosticada com uma rara doença e que acabou sendo tratada de forma alternativa, fora dos EUA, até melhorar. Acontece que um tempo depois ela tem um forte recaída e ao dar entrada às pressas em um hospital, aí sim nos EUA, Maya e seus pais, Jack e Beata, foram pegos de surpresa com uma notícia desoladora: por suspeitas da equipe médica acerca da relação familiar e dos cuidados (na visão deles incorretos) com a garota, Maya foi colocada sob a custódia do Estado, e qualquer tipo de contato com os pais foi proibido. Confira o trailer (em inglês):

O ponto forte de "O Mistério de Maya" está longe de ser seu conceito estético, embora Roosevelt encontre formas muito criativas para cobrir a falta de imagens de determinadas passagens do caso - principalmente com gravações em áudio e de algumas câmeras de segurança. A base narrativa mesmo, é construída a partir de depoimentos dos envolvidos, especialmente com o pai de Maya, Jack; e simulações que criam toda uma atmosfera de suspense e angústia que o filme sugere. Existe sim um tom sensacionalista no roteiro e talvez até na direção, mas nada que prejudique nossa experiência, pois é a história envolvendo Maya que nos provoca, que nos indigna.

O caso em si desperta várias questões e levanta preocupações em relação à justiça e ao sistema penal americano, mas isso não é entregue de cara. A contextualizarão do problema de Maya feita no primeiro ato, serve para nos conectarmos com o drama da família ao mesmo tempo em que também nos deixa uma pulga atrás da orelha - é impossível não nos colocarmos no lugar daquela mãe e daquele pai e até de julga-los, mas olha, é incrível como as peças vão se encaixando e o desenrolar da história vai nos fazendo entender a razão de determinadas atitudes e de determinadas escolhas.

Existe uma falta de dinâmica em "Take Care of Maya" (no original) que nos deixa clara a sensação que o jornalismo se desconectou do entretenimento para não sobrar muito espaço para nossa imaginação - e de fato esse é um ponto a ser observado, que pode incomodar parte da audiência, mas que até acaba fazendo sentido no final das contas. Talvez um aprofundamento maior em algumas passagens tenha deixado algumas dúvidas sobre esse ou aquele assunto (os jurídicos principalmente).  Agora é inegável como essa jornada é marcante, como o drama da família Kowalski é potente e como tudo isso mexe com a gente!

Vale muito o seu play! 

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"O Mistério de Maya" está muito longe de ser uma jornada das mais tranquilas, pois envolve alguns elementos que realmente nos impactam emocionalmente e adianto: impactam de uma forma devastadora (principalmente se você já tem filhos). Essa produção da Netflix é dirigida pelo estreante Henry Roosevelt e em um primeiro olhar pode até soar como mais um daqueles "true crime" que estamos acostumados, mas com o andar da narrativa fica muito claro que não é o caso - eu diria que a obra está mais para um "documentário denúncia' como vimos em boa parte de "Prescrição Fatal", por exemplo.

O documentário conta a história de Maya Kowalski, uma garota de 10 anos diagnosticada com uma rara doença e que acabou sendo tratada de forma alternativa, fora dos EUA, até melhorar. Acontece que um tempo depois ela tem um forte recaída e ao dar entrada às pressas em um hospital, aí sim nos EUA, Maya e seus pais, Jack e Beata, foram pegos de surpresa com uma notícia desoladora: por suspeitas da equipe médica acerca da relação familiar e dos cuidados (na visão deles incorretos) com a garota, Maya foi colocada sob a custódia do Estado, e qualquer tipo de contato com os pais foi proibido. Confira o trailer (em inglês):

O ponto forte de "O Mistério de Maya" está longe de ser seu conceito estético, embora Roosevelt encontre formas muito criativas para cobrir a falta de imagens de determinadas passagens do caso - principalmente com gravações em áudio e de algumas câmeras de segurança. A base narrativa mesmo, é construída a partir de depoimentos dos envolvidos, especialmente com o pai de Maya, Jack; e simulações que criam toda uma atmosfera de suspense e angústia que o filme sugere. Existe sim um tom sensacionalista no roteiro e talvez até na direção, mas nada que prejudique nossa experiência, pois é a história envolvendo Maya que nos provoca, que nos indigna.

O caso em si desperta várias questões e levanta preocupações em relação à justiça e ao sistema penal americano, mas isso não é entregue de cara. A contextualizarão do problema de Maya feita no primeiro ato, serve para nos conectarmos com o drama da família ao mesmo tempo em que também nos deixa uma pulga atrás da orelha - é impossível não nos colocarmos no lugar daquela mãe e daquele pai e até de julga-los, mas olha, é incrível como as peças vão se encaixando e o desenrolar da história vai nos fazendo entender a razão de determinadas atitudes e de determinadas escolhas.

Existe uma falta de dinâmica em "Take Care of Maya" (no original) que nos deixa clara a sensação que o jornalismo se desconectou do entretenimento para não sobrar muito espaço para nossa imaginação - e de fato esse é um ponto a ser observado, que pode incomodar parte da audiência, mas que até acaba fazendo sentido no final das contas. Talvez um aprofundamento maior em algumas passagens tenha deixado algumas dúvidas sobre esse ou aquele assunto (os jurídicos principalmente).  Agora é inegável como essa jornada é marcante, como o drama da família Kowalski é potente e como tudo isso mexe com a gente!

Vale muito o seu play! 

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O Ninho: Futebol & Tragédia

Olha, "O Ninho: Futebol & Tragédia" é uma pancada tão forte quanto o excelente documentário da Globoplay, "Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria". Essa produção da Netflix em parceria com o UOL, é um relato visceral e sensível sobre a tragédia que abalou o Flamengo em 2019, quando um incêndio no seu centro de treinamento vitimou 10 jovens jogadores das categorias de base do clube. Mais do que um doloroso registro histórico, a minissérie dirigida pelo Pedro Asbeg (de "Lei da Selva - A história do jogo do bicho") é um mergulho profundo na dor e na luta por justiça das famílias das vítimas, abrindo espaço para reflexões sobre as falhas estruturais e a negligência que culminaram em uma das mais brutais tragédias do nosso país.

"O Ninho: Futebol & Tragédia" acompanha a trajetória profissional de alguns jovens que estavam no centro de treinamento do Flamengo no dia do incêndio em 2019. Reunindo jornalistas, parentes, dirigentes e advogados, a minissérie de três episódios explora e busca as respostas sobre a tragédia ao mesmo tempo em que conta as histórias desses atletas que passavam parte de suas vidas dentro do Ninho, sob os cuidados do clube. "O Ninho" investiga não só o incêndio que marcou o futebol nacional, como também as consequências diretas da inércia da justiça em todos aqueles que foram impactados pela tragédia! Confira o trailer:

O fato do filme não se limitar apenas em apresentar os fatos obscuros que culminaram no dia do incêndio, sem a menor dúvida que humaniza a narrativa - muito ao expor a dor de quem, de fato, sofre até hoje com aquela tragédia. O roteiro é inteligente em se apoiar nas entrevistas com os familiares e com os jogadores sobreviventes para construir uma verdadeira cruzada emocional sobre o drama que todos viveram naquela noite sob diversas perspectivas. Essa estratégia conceitual funciona como uma espécie de quebra-cabeça e conforme as peças vão sendo apresentadas, sua montagem tem um resultado impressionante em quem assiste - eu diria que é um soco no estômago atrás do outro. 

A dor dilacerante dos pais que perderam seus filhos é retratada com sensibilidade e respeito, sem cair no sensacionalismo barato, graças a direção precisa e elegante de Asbeg - ele sabe respeitar o espaço do entrevistado, deixando a câmera fazer o seu papel de contar aquilo que não pode ser falado. Asbeg também utiliza de uma série de recursos gráficos e algumas reconstituições muito bem planejadas que não só contextualizam a história e dão voz aos personagens como também nos provoca algumas sensações nada agradáveis. Já com as imagens de arquivo, especialmente dos programas esportivos da época, e mais depoimentos de algumas peças-chave do processo, somos convidados a, mais uma vez, lidar com aquele terrível sentimento de impunidade que assola nosso pais desde sempre. Existe um tom de melancolia, denso e extremamente realista, que contribui demais para a imersão nessa atmosfera de luto e desolação que permeiam todos os episódios.

"O Ninho: Futebol & Tragédia" é um documentário essencial para entender as raízes da tragédia que atingiu o Flamengo e, por extensão, o futebol brasileiro e suas politicagens. Mais do que um filme sobre um incêndio, eu diria que é no grito por justiça e uma reflexão sobre a fragilidade da vida - somos tocados na alma como em "Dossiê Chapecó", por exemplo. Dito isso, fica fácil atestar que é mesmo impossível assistir a essa minissérie e não se emocionar com a dor das famílias, a resiliência dos sobreviventes e ao mesmo tempo não se indignar com a falta de empatia do clube e da justiça na busca pelos responsáveis. "O Ninho: Futebol & Tragédia" é uma obra imperdível, mas de difícil digestão - uma jornada realmente dolorosa e impactante que marca!

Vale seu play!

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Olha, "O Ninho: Futebol & Tragédia" é uma pancada tão forte quanto o excelente documentário da Globoplay, "Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria". Essa produção da Netflix em parceria com o UOL, é um relato visceral e sensível sobre a tragédia que abalou o Flamengo em 2019, quando um incêndio no seu centro de treinamento vitimou 10 jovens jogadores das categorias de base do clube. Mais do que um doloroso registro histórico, a minissérie dirigida pelo Pedro Asbeg (de "Lei da Selva - A história do jogo do bicho") é um mergulho profundo na dor e na luta por justiça das famílias das vítimas, abrindo espaço para reflexões sobre as falhas estruturais e a negligência que culminaram em uma das mais brutais tragédias do nosso país.

"O Ninho: Futebol & Tragédia" acompanha a trajetória profissional de alguns jovens que estavam no centro de treinamento do Flamengo no dia do incêndio em 2019. Reunindo jornalistas, parentes, dirigentes e advogados, a minissérie de três episódios explora e busca as respostas sobre a tragédia ao mesmo tempo em que conta as histórias desses atletas que passavam parte de suas vidas dentro do Ninho, sob os cuidados do clube. "O Ninho" investiga não só o incêndio que marcou o futebol nacional, como também as consequências diretas da inércia da justiça em todos aqueles que foram impactados pela tragédia! Confira o trailer:

O fato do filme não se limitar apenas em apresentar os fatos obscuros que culminaram no dia do incêndio, sem a menor dúvida que humaniza a narrativa - muito ao expor a dor de quem, de fato, sofre até hoje com aquela tragédia. O roteiro é inteligente em se apoiar nas entrevistas com os familiares e com os jogadores sobreviventes para construir uma verdadeira cruzada emocional sobre o drama que todos viveram naquela noite sob diversas perspectivas. Essa estratégia conceitual funciona como uma espécie de quebra-cabeça e conforme as peças vão sendo apresentadas, sua montagem tem um resultado impressionante em quem assiste - eu diria que é um soco no estômago atrás do outro. 

A dor dilacerante dos pais que perderam seus filhos é retratada com sensibilidade e respeito, sem cair no sensacionalismo barato, graças a direção precisa e elegante de Asbeg - ele sabe respeitar o espaço do entrevistado, deixando a câmera fazer o seu papel de contar aquilo que não pode ser falado. Asbeg também utiliza de uma série de recursos gráficos e algumas reconstituições muito bem planejadas que não só contextualizam a história e dão voz aos personagens como também nos provoca algumas sensações nada agradáveis. Já com as imagens de arquivo, especialmente dos programas esportivos da época, e mais depoimentos de algumas peças-chave do processo, somos convidados a, mais uma vez, lidar com aquele terrível sentimento de impunidade que assola nosso pais desde sempre. Existe um tom de melancolia, denso e extremamente realista, que contribui demais para a imersão nessa atmosfera de luto e desolação que permeiam todos os episódios.

"O Ninho: Futebol & Tragédia" é um documentário essencial para entender as raízes da tragédia que atingiu o Flamengo e, por extensão, o futebol brasileiro e suas politicagens. Mais do que um filme sobre um incêndio, eu diria que é no grito por justiça e uma reflexão sobre a fragilidade da vida - somos tocados na alma como em "Dossiê Chapecó", por exemplo. Dito isso, fica fácil atestar que é mesmo impossível assistir a essa minissérie e não se emocionar com a dor das famílias, a resiliência dos sobreviventes e ao mesmo tempo não se indignar com a falta de empatia do clube e da justiça na busca pelos responsáveis. "O Ninho: Futebol & Tragédia" é uma obra imperdível, mas de difícil digestão - uma jornada realmente dolorosa e impactante que marca!

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O Poder da Intuição

"O Poder da Intuição" é um documentário islandês (embora falado em inglês) de 2016, dos mais interessantes. Ele parte da seguinte questão para desenvolver sua narrativa e provocar nossa reflexão: Vivemos com a cabeça e não com nossas emoções. Sendo assim, como isso afeta nossas vidas? 

Depois que Hrund Gunnsteinsdottir pede demissão de seu alto cargo dentro da ONU por acreditar que seu propósito estava se tornando cada vez mais administrativo em vez de humanitário, ela resolve se unir com a diretora (e amiga pessoal), Kristín Ólafsdóttir, para iniciar uma jornada de pesquisa que conectasse elementos como a alma, a ciência, a natureza e a criatividade para assim entender o real poder da intuição. O documentário é uma viagem global na busca por respostas que nos ajudem a olhar para o "eu interior" em um mundo repleto de distrações e stress. Confira o trailer (em inglês):

Pessoalmente, tenho uma enorme aversão com qualquer narrativa que possa soar "auto-ajuda" - no sentido pejorativo e oportunista da palavra. Em "InnSaei" (título original) isso não acontece. Veja, ao nos depararmos com o conceito islandês "InnSaei", que pode significar “o mar de dentro” ou aquele que move o nosso mundo interior e está em constante movimento, começamos a entender para qual direção a narrativa pretende seguir, porém a palavra "InnSaei" é tão complexa quanto aquilo que ela pretende representar - alguns historiadores ainda definem esse conceito como “ver o interior”, ou seja, buscar as respostas dentro de si mesmo; ou ainda “ver de dentro para fora” indicando que podemos mudar as coisas, mas só depois que aceitarmos que precisamos de um tempo focado apenas em nós.

Gunnsteinsdottir e Ólafsdóttir (ainda bem que estou escrevendo essa análise e não falando sobre ela) foram muito felizes ao trazer para seu storytteling uma série de reflexões, seja de pensadores ou de espiritualistas, sobre o impacto do mundo moderno nas nossas vidas - principalmente no que diz respeito as decisões que tomamos diariamente. Ao iniciar essa busca em Harvard fica claro a predisposição de Gunnsteinsdottir em encontrar respostas mais racionais e é muito interessante como isso vai se desconstruindo - e aqui cabe uma provocação: será que você não partiria do mesmo lugar, estando preso na lógica e deixando de pensar sobre outras possibilidades, seja por crença limitante ou até por falta de tempo?

Quando uma espiritualista diz no documentário que o fracasso deve fazer parte da jornada e só a intuição pode nos ajudar a sair dele já subvertemos completamente o pré-conceito empreendedor que aceita o fracasso, mas que busca nos dados uma forma de responder nossas dúvidas. É claro que isso é importante, mas será que não estamos fechando os olhos para outros elementos igualmente importantes, como a natureza, por exemplo? "O Poder da Intuição" levanta essas questões a todo momento e mais do que trazer algumas respostas, ele nos faz pensar sobre ter foco no momento para se ouvir e deixar fluir as ideias (desde que o celular esteja longe e ninguém nos chame pelo WhatsApp). Sim, essa provocação é irônica, mas pertinente - aconteceu comigo.

"InnSaei" vai te fazer refletir, te provocar, expor suas fragilidades como ser humano moderno e te tirar da zona de conforto. Entender que o mundo atual "está em colapso" graças a uma forte cultura do imediatismo, que não nos deixa apreciar o que está diante de nós e nos impede de olhar uns para os outros com mais empatia; pode abrir seus olhos paras as barreiras que te impede de avançar - e isso não está escrito em tom de auto-ajuda, te juro. São só 72 minutos, mas que vão te fazer ir além do que o Instagram ou qualquer outra distração pode estar te mostrando durante o mesmo período de tempo!

Vale muito a pena!

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"O Poder da Intuição" é um documentário islandês (embora falado em inglês) de 2016, dos mais interessantes. Ele parte da seguinte questão para desenvolver sua narrativa e provocar nossa reflexão: Vivemos com a cabeça e não com nossas emoções. Sendo assim, como isso afeta nossas vidas? 

Depois que Hrund Gunnsteinsdottir pede demissão de seu alto cargo dentro da ONU por acreditar que seu propósito estava se tornando cada vez mais administrativo em vez de humanitário, ela resolve se unir com a diretora (e amiga pessoal), Kristín Ólafsdóttir, para iniciar uma jornada de pesquisa que conectasse elementos como a alma, a ciência, a natureza e a criatividade para assim entender o real poder da intuição. O documentário é uma viagem global na busca por respostas que nos ajudem a olhar para o "eu interior" em um mundo repleto de distrações e stress. Confira o trailer (em inglês):

Pessoalmente, tenho uma enorme aversão com qualquer narrativa que possa soar "auto-ajuda" - no sentido pejorativo e oportunista da palavra. Em "InnSaei" (título original) isso não acontece. Veja, ao nos depararmos com o conceito islandês "InnSaei", que pode significar “o mar de dentro” ou aquele que move o nosso mundo interior e está em constante movimento, começamos a entender para qual direção a narrativa pretende seguir, porém a palavra "InnSaei" é tão complexa quanto aquilo que ela pretende representar - alguns historiadores ainda definem esse conceito como “ver o interior”, ou seja, buscar as respostas dentro de si mesmo; ou ainda “ver de dentro para fora” indicando que podemos mudar as coisas, mas só depois que aceitarmos que precisamos de um tempo focado apenas em nós.

Gunnsteinsdottir e Ólafsdóttir (ainda bem que estou escrevendo essa análise e não falando sobre ela) foram muito felizes ao trazer para seu storytteling uma série de reflexões, seja de pensadores ou de espiritualistas, sobre o impacto do mundo moderno nas nossas vidas - principalmente no que diz respeito as decisões que tomamos diariamente. Ao iniciar essa busca em Harvard fica claro a predisposição de Gunnsteinsdottir em encontrar respostas mais racionais e é muito interessante como isso vai se desconstruindo - e aqui cabe uma provocação: será que você não partiria do mesmo lugar, estando preso na lógica e deixando de pensar sobre outras possibilidades, seja por crença limitante ou até por falta de tempo?

Quando uma espiritualista diz no documentário que o fracasso deve fazer parte da jornada e só a intuição pode nos ajudar a sair dele já subvertemos completamente o pré-conceito empreendedor que aceita o fracasso, mas que busca nos dados uma forma de responder nossas dúvidas. É claro que isso é importante, mas será que não estamos fechando os olhos para outros elementos igualmente importantes, como a natureza, por exemplo? "O Poder da Intuição" levanta essas questões a todo momento e mais do que trazer algumas respostas, ele nos faz pensar sobre ter foco no momento para se ouvir e deixar fluir as ideias (desde que o celular esteja longe e ninguém nos chame pelo WhatsApp). Sim, essa provocação é irônica, mas pertinente - aconteceu comigo.

"InnSaei" vai te fazer refletir, te provocar, expor suas fragilidades como ser humano moderno e te tirar da zona de conforto. Entender que o mundo atual "está em colapso" graças a uma forte cultura do imediatismo, que não nos deixa apreciar o que está diante de nós e nos impede de olhar uns para os outros com mais empatia; pode abrir seus olhos paras as barreiras que te impede de avançar - e isso não está escrito em tom de auto-ajuda, te juro. São só 72 minutos, mas que vão te fazer ir além do que o Instagram ou qualquer outra distração pode estar te mostrando durante o mesmo período de tempo!

Vale muito a pena!

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O Time da Redenção

Um MBA de Liderança!

Sim, o documentário "O Time da Redenção" é uma aula sobre liderança graças a alguns personagens que merecem ser observados muito de perto para que se possa entender o contexto da jornada de reconstrução da Seleção Americana de Basquete Masculino e a importância da diferença entre se ter um "plano" ou um bom "planejamento" para conquistar determinados objetivos. Mike Krzyzewski (o Coach K), Kobe Bryant, LeBron James e Dwyane Wade são protagonistas dessa produção da Uninterrupted (a mesma de "Neymar - O Caos Perfeito" e de "Naomi Osaka: Estrela do Tênis") que vai te provocar excelentes reflexões!

Com imagens e conteúdo de bastidores inéditos, "O Time da Redenção" conta a história da jornada rumo ao ouro do time de basquete masculino dos EUA em Pequim 2008, após repetidos "fiascos" em dois campeonatos mundiais e nas Olimpíadas de Atenas (2004) quando perdeu uma semi-final improvável para a Argentina. Confira o trailer:

Contextualizando, após a derrota nas Olimpíadas de 1988 em Seul a Confederação Americana de Basquete tinha um plano: fazer com que o Comitê Olímpico permitisse que jogadores profissionais da NBA pudessem disputar uma competição "amadora" e assim reconquistar a hegemonia absoluta do esporte quatro anos depois em Barcelona. Até aquele momento o time dos Universitário dos EUA tinham um histórico de 84 vitórias e apenas 1 derrota - a dolorida e controversa medalha de prata em Munique quando a URSS venceu no último segundo após uma readequação no cronometro para que o time soviético tivesse mais uma chance no jogo. Pois bem, como todo plano, a estratégia funcionou em curto prazo, os EUA foram campeões olímpicos em Barcelona, em Atlanta e em Sidney (já com muita dificuldade); mas não se sustentou no longo prazo quando as outras seleções começaram a ser adequar àquele novo cenário, complicando a vida (e o jogo) dos americanos com muito mais eficiência e frequência como nunca. Era preciso urgente de um planejamento!

Depois da derrota na semi-final olímpica de 2004 foi iniciado um programa de reconstrução - se reunir 15 dias antes de uma competição importante para treinar, já não era uma opção. Com a chegada do nosso primeiro personagem, Mike Krzyzewski, se estabeleceu que os astros da NBA passariam a jogar dentro de um sistema que privilegiaria o conjunto, mesmo que incentivados a ser quem eram em seus times - até porquê, tanto LeBron James quanto Dwyane Wade já haviam participado da campanha fracassada de Atenas e sentiram na pele que o individualismo não se sustentaria mais. Explorar essa transição de mentalidade é, sem dúvida, o grande diferencial do documentário dirigido pelo Jon Weinbach (o cara por traz de "Arremesso Final") - com vários depoimentos dos personagens que fizeram parte dessa reconstrução e uma quantidade considerável de imagens inéditas dos bastidores dessa preparação, "O Time da Redenção" é um estudo de caso dos mais completos e complexos sobre liderança, motivação e planejamento que já assisti! Uma verdadeira aula de gestão em todos os níveis de relação!

"O Time da Redenção" é um presente para quem gosta do esporte e se aproveita dessas histórias (e aqui não estamos falando apenas das histórias de sucesso, mas também das de fracasso) para decodificar tantas lições e aplicar em seu dia a dia profissional. Entender que é preciso liderar pelo exemplo, como Kobe Bryant fez em sua chegada ao time; ou refletir sobre o papel do profissional que está no topo da pirâmide dentro de uma organização, como sempre pregou o Coach K; e até como o fracasso pode servir de combustível para quem não teria mais nada que provar, como aconteceu com James e Wade; enfim, tudo isso e muito mais está nesses 90 minutos de documentário que, no mínimo, vai te deixar muito mais atento a certos detalhes que para muitos nem importantes são, mas fazem muita diferença como prova essa história.

Vale muito o seu play!

E em tempo, se você quiser se aprofundar nos conceitos de liderança de Mike Krzyzewski (o Coach K) indico com muita tranquilidade o livro "Liderar com o Coração" que ele escreveu ao lado de Jamie K. Spatola.

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Um MBA de Liderança!

Sim, o documentário "O Time da Redenção" é uma aula sobre liderança graças a alguns personagens que merecem ser observados muito de perto para que se possa entender o contexto da jornada de reconstrução da Seleção Americana de Basquete Masculino e a importância da diferença entre se ter um "plano" ou um bom "planejamento" para conquistar determinados objetivos. Mike Krzyzewski (o Coach K), Kobe Bryant, LeBron James e Dwyane Wade são protagonistas dessa produção da Uninterrupted (a mesma de "Neymar - O Caos Perfeito" e de "Naomi Osaka: Estrela do Tênis") que vai te provocar excelentes reflexões!

Com imagens e conteúdo de bastidores inéditos, "O Time da Redenção" conta a história da jornada rumo ao ouro do time de basquete masculino dos EUA em Pequim 2008, após repetidos "fiascos" em dois campeonatos mundiais e nas Olimpíadas de Atenas (2004) quando perdeu uma semi-final improvável para a Argentina. Confira o trailer:

Contextualizando, após a derrota nas Olimpíadas de 1988 em Seul a Confederação Americana de Basquete tinha um plano: fazer com que o Comitê Olímpico permitisse que jogadores profissionais da NBA pudessem disputar uma competição "amadora" e assim reconquistar a hegemonia absoluta do esporte quatro anos depois em Barcelona. Até aquele momento o time dos Universitário dos EUA tinham um histórico de 84 vitórias e apenas 1 derrota - a dolorida e controversa medalha de prata em Munique quando a URSS venceu no último segundo após uma readequação no cronometro para que o time soviético tivesse mais uma chance no jogo. Pois bem, como todo plano, a estratégia funcionou em curto prazo, os EUA foram campeões olímpicos em Barcelona, em Atlanta e em Sidney (já com muita dificuldade); mas não se sustentou no longo prazo quando as outras seleções começaram a ser adequar àquele novo cenário, complicando a vida (e o jogo) dos americanos com muito mais eficiência e frequência como nunca. Era preciso urgente de um planejamento!

Depois da derrota na semi-final olímpica de 2004 foi iniciado um programa de reconstrução - se reunir 15 dias antes de uma competição importante para treinar, já não era uma opção. Com a chegada do nosso primeiro personagem, Mike Krzyzewski, se estabeleceu que os astros da NBA passariam a jogar dentro de um sistema que privilegiaria o conjunto, mesmo que incentivados a ser quem eram em seus times - até porquê, tanto LeBron James quanto Dwyane Wade já haviam participado da campanha fracassada de Atenas e sentiram na pele que o individualismo não se sustentaria mais. Explorar essa transição de mentalidade é, sem dúvida, o grande diferencial do documentário dirigido pelo Jon Weinbach (o cara por traz de "Arremesso Final") - com vários depoimentos dos personagens que fizeram parte dessa reconstrução e uma quantidade considerável de imagens inéditas dos bastidores dessa preparação, "O Time da Redenção" é um estudo de caso dos mais completos e complexos sobre liderança, motivação e planejamento que já assisti! Uma verdadeira aula de gestão em todos os níveis de relação!

"O Time da Redenção" é um presente para quem gosta do esporte e se aproveita dessas histórias (e aqui não estamos falando apenas das histórias de sucesso, mas também das de fracasso) para decodificar tantas lições e aplicar em seu dia a dia profissional. Entender que é preciso liderar pelo exemplo, como Kobe Bryant fez em sua chegada ao time; ou refletir sobre o papel do profissional que está no topo da pirâmide dentro de uma organização, como sempre pregou o Coach K; e até como o fracasso pode servir de combustível para quem não teria mais nada que provar, como aconteceu com James e Wade; enfim, tudo isso e muito mais está nesses 90 minutos de documentário que, no mínimo, vai te deixar muito mais atento a certos detalhes que para muitos nem importantes são, mas fazem muita diferença como prova essa história.

Vale muito o seu play!

E em tempo, se você quiser se aprofundar nos conceitos de liderança de Mike Krzyzewski (o Coach K) indico com muita tranquilidade o livro "Liderar com o Coração" que ele escreveu ao lado de Jamie K. Spatola.

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O.J.: Made in America

Lançado em uma época em que o "True Crime" ainda colhia os frutos do sucesso repentino de "Making a Murderer"e do surpreendente "The Jinx", "O.J.: Made in America" foi uma verdadeira bomba no mercado cinematográfico quando a ESPN, e seu diretor Ezra Edelman, montaram uma versão de 8 horas, transformando a minissérie de 5 episódios em um longa-metragem que rodou os principais festivais de cinema do mundo, sendo amplamente premiado e mais: fechando sua carreira como o grande vencedor do Oscar de 2017.

Essa minissérie documental é uma profunda exploração sobre o caso O.J. Simpson (quando o ex-astro da NFL "supostamente" assassinou sua ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e um amigo dela, Ron Goldman) em uma das tramas mais famosas da história dos Estados Unidos e provavelmente a narrativa criminal mais importante da cultura recente do hemisfério ocidental. A partir desse evento brutal, o que vemos é uma análise definitiva sobre o culto à personalidade, sobre as celebridades, a mídia sensacionalista, o racismo estrutural, o poder e, principalmente, sobre o falho sistema de justiça americano. Confira o trailer (em inglês):

Muito do que se tornou "O.J.: Made in America" é mérito de Edelman, pois com muita criatividade (e sagacidade), o diretor conta a história dos Estados Unidos dos últimos 50 anos a partir de um olhar crítico sobre um crime que simplesmente parou o país em 1994. Pelo prisma da tensão racial que sempre existiu por lá, a minissérie discute a adoração cega por celebridades durante o processo de transformação midiática da sociedade que passou a se relacionar com assuntos sérios (muitos deles extremamente pesados) com se fossem espetáculos em uma era pré-rede social.

Com uma edição lindamente equilibrada e muito competente do trio Bret Granato, Maya Mumma e Ben Sozanski, "O.J.: Made in America" basicamente se divide em três linhas narrativas diferentes, mas que se conversam a todo momento: a primeira explora a carreira esportiva de sucesso de  O.J.. A segunda já faz um recorte mais intimista da vida pessoal do ex-atleta, enquanto a terceira, expõe, sem se preocupar com o impacto do tema, o aumento da violência racial em Los Angeles. Veja, tudo isso é costurado de forma muito orgânica e, de certa forma, respeitando toda a cronologia do caso - com isso, temos a impressão de estar assistindo a vários documentários misturados em um; contudo, cada um desenvolvido com extrema competência pelo roteiro do próprio Edelman.

"O.J.: Made in America" é, acima de tudo, um sério e minucioso trabalho jornalístico que habilmente se transformou em entretenimento - esse de muita qualidade e sempre muito preocupado em não levantar bandeiras desnecessárias ou que fugissem ao contexto tão bem estabelecido pela produção. Todos os lados da história e seus atores, são apresentados como iguais: O.J., a família das vítimas, a comunidade negra dos EUA, o departamento de polícia de Los Angeles, etc. Por tudo isso, a minissérie merece todo o reconhecimento recebido e não por acaso é considerado um dos melhores trabalhos do gênero "true crime" da história!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Lançado em uma época em que o "True Crime" ainda colhia os frutos do sucesso repentino de "Making a Murderer"e do surpreendente "The Jinx", "O.J.: Made in America" foi uma verdadeira bomba no mercado cinematográfico quando a ESPN, e seu diretor Ezra Edelman, montaram uma versão de 8 horas, transformando a minissérie de 5 episódios em um longa-metragem que rodou os principais festivais de cinema do mundo, sendo amplamente premiado e mais: fechando sua carreira como o grande vencedor do Oscar de 2017.

Essa minissérie documental é uma profunda exploração sobre o caso O.J. Simpson (quando o ex-astro da NFL "supostamente" assassinou sua ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e um amigo dela, Ron Goldman) em uma das tramas mais famosas da história dos Estados Unidos e provavelmente a narrativa criminal mais importante da cultura recente do hemisfério ocidental. A partir desse evento brutal, o que vemos é uma análise definitiva sobre o culto à personalidade, sobre as celebridades, a mídia sensacionalista, o racismo estrutural, o poder e, principalmente, sobre o falho sistema de justiça americano. Confira o trailer (em inglês):

Muito do que se tornou "O.J.: Made in America" é mérito de Edelman, pois com muita criatividade (e sagacidade), o diretor conta a história dos Estados Unidos dos últimos 50 anos a partir de um olhar crítico sobre um crime que simplesmente parou o país em 1994. Pelo prisma da tensão racial que sempre existiu por lá, a minissérie discute a adoração cega por celebridades durante o processo de transformação midiática da sociedade que passou a se relacionar com assuntos sérios (muitos deles extremamente pesados) com se fossem espetáculos em uma era pré-rede social.

Com uma edição lindamente equilibrada e muito competente do trio Bret Granato, Maya Mumma e Ben Sozanski, "O.J.: Made in America" basicamente se divide em três linhas narrativas diferentes, mas que se conversam a todo momento: a primeira explora a carreira esportiva de sucesso de  O.J.. A segunda já faz um recorte mais intimista da vida pessoal do ex-atleta, enquanto a terceira, expõe, sem se preocupar com o impacto do tema, o aumento da violência racial em Los Angeles. Veja, tudo isso é costurado de forma muito orgânica e, de certa forma, respeitando toda a cronologia do caso - com isso, temos a impressão de estar assistindo a vários documentários misturados em um; contudo, cada um desenvolvido com extrema competência pelo roteiro do próprio Edelman.

"O.J.: Made in America" é, acima de tudo, um sério e minucioso trabalho jornalístico que habilmente se transformou em entretenimento - esse de muita qualidade e sempre muito preocupado em não levantar bandeiras desnecessárias ou que fugissem ao contexto tão bem estabelecido pela produção. Todos os lados da história e seus atores, são apresentados como iguais: O.J., a família das vítimas, a comunidade negra dos EUA, o departamento de polícia de Los Angeles, etc. Por tudo isso, a minissérie merece todo o reconhecimento recebido e não por acaso é considerado um dos melhores trabalhos do gênero "true crime" da história!

Vale muito o seu play!

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Os Crimes da Nossa Mãe

"Os Crimes da Nossa Mãe" é mais uma minissérie de true crime que vai revirar o seu estômago! Sim, a história é tão bizarra quanto surpreendente, mas não é um caso isolado e justamente por isso, eu sugiro que antes do play aqui, assista "Em Nome do Céu" - uma produção do FX que aqui no Brasil está disponível no Star+. Digo isso pois muito do que é explicado, detalhado e discutido na minissérie de ficção (mesmo que baseado em fatos reais) servirá de base para que você realmente entenda o tamanho das atrocidades em que Lori Vallow, seu atual parceiro, Chad Daybell, e seu irmão, Alex Cox, estavam envolvidos.

A minissérie de apenas três episódios conta a história, justamente, de Lori Vallow - uma mulher vista pelos amigos e familiares como uma mãe dedicada de três filhos, uma esposa amorosa e uma pessoa bastante religiosa que fazia parte da comunidade mórmon do Texas. Tudo muda em três anos quando ela conhece Chad Daybell e ambos passam a ser considerados os principais suspeitos do desaparecimento e assassinato dos dois filhos mais novos Lori, de seu quarto marido e da mulher de Chad. Confira o trailer:

Dirigido pela Skye Borgman (a mesma de "A Garota da Foto") a minissérie se apoia em depoimentos bem impactantes e extremamente honestos, carregado de emoção, de Colby Ryan, o filho mais velho (e único sobrevivente) de Lori. Ao contar em detalhes toda história da sua família, Colby acaba funcionando como uma espécie e fio condutor da trama, humanizando a narrativa e adicionando um elemento essencial para que um true crime nos impacta tanto: incredulidade! Veja, tudo em  "Os Crimes da Nossa Mãe" é apresentado para que possamos colocar uma única questão em pauta: como uma mulher aparentemente comum se tornou a mãe mais infame e odiada dos Estados Unidos?

De fato Borgman consegue nos manter grudados à trama com muita competência, mesmo que em alguns momentos use de um artifício (para mim pouco honesto) que manipula nossa percepção sobre o andamento da história: a edição. Ao montar os episódios suprimindo algumas informações ou colocando-as fora de ordem, a diretora acaba fortalecendo certas passagens que, na verdade, nem precisariam de tamanho sensacionalismo para nos impactar. A técnica funciona se olharmos pelo prisma do entretenimento, mas incomoda pela sensação de manipulação. Atrapalha nossa experiência? Só para aqueles que gostam de ir construindo o quebra-cabeça junto com a narrativa. 

Ao explorar o impacto que o fundamentalismo religioso tem na vida das pessoas e como isso pode ser facilmente inserido dentro de qualquer comunidade ou cotidiano, temos a real dimensão de como o ser humano pode ser doente, cruel e perigoso em nome da palavra de Deus - esse é um viés que vem sendo muito bem explorado nesse tipo de produção, inclusive com muitas imagens de arquivo e recortes de como a mídia sempre tratou o assunto. A verdade é que o que antes parecia "coisa de ficção", hoje em dia é a "mais pura realidade"!

Nesse aspecto, "Os Crimes da Nossa Mãe" vai te deixar sem chão, ao mesmo tempo em que procura a todo momento fugir daquela estrutura mais, digamos, investigativa. Entender (ou não) o "porquê" é muito mais o foco do que essencialmente descobrir "quem" matou - mas já adianto: são tantas passagens tão insanas, vários fatos tão desconexos com a realidade, que olha, até a "confusão natural" da narrativa passa a fazer parte fundamental da nossa experiência como audiência. 

Vale muito o seu play!

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"Os Crimes da Nossa Mãe" é mais uma minissérie de true crime que vai revirar o seu estômago! Sim, a história é tão bizarra quanto surpreendente, mas não é um caso isolado e justamente por isso, eu sugiro que antes do play aqui, assista "Em Nome do Céu" - uma produção do FX que aqui no Brasil está disponível no Star+. Digo isso pois muito do que é explicado, detalhado e discutido na minissérie de ficção (mesmo que baseado em fatos reais) servirá de base para que você realmente entenda o tamanho das atrocidades em que Lori Vallow, seu atual parceiro, Chad Daybell, e seu irmão, Alex Cox, estavam envolvidos.

A minissérie de apenas três episódios conta a história, justamente, de Lori Vallow - uma mulher vista pelos amigos e familiares como uma mãe dedicada de três filhos, uma esposa amorosa e uma pessoa bastante religiosa que fazia parte da comunidade mórmon do Texas. Tudo muda em três anos quando ela conhece Chad Daybell e ambos passam a ser considerados os principais suspeitos do desaparecimento e assassinato dos dois filhos mais novos Lori, de seu quarto marido e da mulher de Chad. Confira o trailer:

Dirigido pela Skye Borgman (a mesma de "A Garota da Foto") a minissérie se apoia em depoimentos bem impactantes e extremamente honestos, carregado de emoção, de Colby Ryan, o filho mais velho (e único sobrevivente) de Lori. Ao contar em detalhes toda história da sua família, Colby acaba funcionando como uma espécie e fio condutor da trama, humanizando a narrativa e adicionando um elemento essencial para que um true crime nos impacta tanto: incredulidade! Veja, tudo em  "Os Crimes da Nossa Mãe" é apresentado para que possamos colocar uma única questão em pauta: como uma mulher aparentemente comum se tornou a mãe mais infame e odiada dos Estados Unidos?

De fato Borgman consegue nos manter grudados à trama com muita competência, mesmo que em alguns momentos use de um artifício (para mim pouco honesto) que manipula nossa percepção sobre o andamento da história: a edição. Ao montar os episódios suprimindo algumas informações ou colocando-as fora de ordem, a diretora acaba fortalecendo certas passagens que, na verdade, nem precisariam de tamanho sensacionalismo para nos impactar. A técnica funciona se olharmos pelo prisma do entretenimento, mas incomoda pela sensação de manipulação. Atrapalha nossa experiência? Só para aqueles que gostam de ir construindo o quebra-cabeça junto com a narrativa. 

Ao explorar o impacto que o fundamentalismo religioso tem na vida das pessoas e como isso pode ser facilmente inserido dentro de qualquer comunidade ou cotidiano, temos a real dimensão de como o ser humano pode ser doente, cruel e perigoso em nome da palavra de Deus - esse é um viés que vem sendo muito bem explorado nesse tipo de produção, inclusive com muitas imagens de arquivo e recortes de como a mídia sempre tratou o assunto. A verdade é que o que antes parecia "coisa de ficção", hoje em dia é a "mais pura realidade"!

Nesse aspecto, "Os Crimes da Nossa Mãe" vai te deixar sem chão, ao mesmo tempo em que procura a todo momento fugir daquela estrutura mais, digamos, investigativa. Entender (ou não) o "porquê" é muito mais o foco do que essencialmente descobrir "quem" matou - mas já adianto: são tantas passagens tão insanas, vários fatos tão desconexos com a realidade, que olha, até a "confusão natural" da narrativa passa a fazer parte fundamental da nossa experiência como audiência. 

Vale muito o seu play!

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Os Filhos de Sam

A obsessão do jornalismo investigativo em busca da resolução de um crime (ou de vários que estejam conectados) que a policia não foi capaz de fazer, vem se transformando em uma linha narrativa cada vez mais presente em minisséries de "true crime". De fato essa escolha conceitual não se trata de uma novidade, mas com os recursos usados para contar essas histórias, temos e exata sensação de uma proximidade cada vez mais evidente com a ficção - proporcionando assim, uma imersão imediata na jornada de um protagonista onipresente que, normalmente, funciona como narrador e que se relaciona com os fatos de uma forma muito visceral. Em "Os Filhos de Sam" essa função ficou com Paul Giamatti (Billions), onde sua capacidade como grande ator que é, foi essencial para apresentar uma das investigações mais impressionantes e surpreendentes que já assistimos até aqui - e olha, se fosse um podcast o impacto seria bem próximo!

"Os Filhos de Sam" conta a história de um dos assassinos em série mais conhecidos dos Estados Unidos, David Berkowitz. O foco, porém, acaba se transformando durante os 4 episódios da minissérie - se no início eram os brutais assassinatos que ocorriam na região de Nova York, aparentemente sem motivo algum e tendo apenas uma arma de calibre 44 como ponto de ligação entre os crimes, logo depois passamos acompanhar a repercussão da prisão e do julgamento de Berkowitz até que o personagem de Maury Terry, um jornalista investigativo, vai ganhando cada vez mais protagonismo por sempre defender a tese de que David Berkowitz não teria sido capaz de agir sozinho por razões bastante obscuras. Confira o trailer (em inglês):

Como no excelente "Eu Terei Sumido na Escuridão" da HBO, "Os Filhos de Sam" humaniza a busca pela "verdade", levando a investigação de Maury Terry às últimas consequências e é com esse propósito que o diretor Joshua Zeman (Cropseyvai construindo sua narrativa: ele usa de um enorme arsenal de imagens de arquivo, vídeos de noticiários da época e entrevistas com vários personagens que, de alguma forma, estiveram envolvidos com o caso e, principalmente, com Terry. Usar todo esse material parailustrar e analisar o caso sob a ótica mais complexa do jornalista, ajuda quem assiste a entender com muita facilidade como muitas de suas teorias faziam, de fato, mesmo sentido, mesmo sendo completamente ignoradas pela policia de NY por questões políticas e de egocentrismo, porém é inegável a maneira como ele vai se perdendo no meio de sua própria obsessão - como se Terry preferisse provar sua tese em vez de encontrar a verdade.

"Os Filhos de Sam" tem material para ser uma minissérie (ou série) de ficção incrível, principalmente se também usarmos os crimes de David Berkowitz apenas como ponto de partida. Ao dar espaço aos contrapontos entre a tese de Terry e a da policia, é aberto um leque enorme de ramificações que vai da cientologia até Charles Manson ou o assassinato de Sharon Tate (brilhantemente recontada em "Era uma vez em… Hollywood" do Tarantino).

Pois bem, essa produção da Netflix acerta ao equilibrar perfeitamente a estrutura narrativa com o conceito visual do diretor com uma montagem muito bem realizada, com um roteiro bem amarrado e de fácil compreensão - mesmo com a clara intenção de defender a investigação paralela feita pelo jornalista Maury Terry e que durou anos, mas que até hoje não mudou a ordem dos acontecimentos e nem comprovada pelas autoridades americanas.

Vale o play!

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A obsessão do jornalismo investigativo em busca da resolução de um crime (ou de vários que estejam conectados) que a policia não foi capaz de fazer, vem se transformando em uma linha narrativa cada vez mais presente em minisséries de "true crime". De fato essa escolha conceitual não se trata de uma novidade, mas com os recursos usados para contar essas histórias, temos e exata sensação de uma proximidade cada vez mais evidente com a ficção - proporcionando assim, uma imersão imediata na jornada de um protagonista onipresente que, normalmente, funciona como narrador e que se relaciona com os fatos de uma forma muito visceral. Em "Os Filhos de Sam" essa função ficou com Paul Giamatti (Billions), onde sua capacidade como grande ator que é, foi essencial para apresentar uma das investigações mais impressionantes e surpreendentes que já assistimos até aqui - e olha, se fosse um podcast o impacto seria bem próximo!

"Os Filhos de Sam" conta a história de um dos assassinos em série mais conhecidos dos Estados Unidos, David Berkowitz. O foco, porém, acaba se transformando durante os 4 episódios da minissérie - se no início eram os brutais assassinatos que ocorriam na região de Nova York, aparentemente sem motivo algum e tendo apenas uma arma de calibre 44 como ponto de ligação entre os crimes, logo depois passamos acompanhar a repercussão da prisão e do julgamento de Berkowitz até que o personagem de Maury Terry, um jornalista investigativo, vai ganhando cada vez mais protagonismo por sempre defender a tese de que David Berkowitz não teria sido capaz de agir sozinho por razões bastante obscuras. Confira o trailer (em inglês):

Como no excelente "Eu Terei Sumido na Escuridão" da HBO, "Os Filhos de Sam" humaniza a busca pela "verdade", levando a investigação de Maury Terry às últimas consequências e é com esse propósito que o diretor Joshua Zeman (Cropseyvai construindo sua narrativa: ele usa de um enorme arsenal de imagens de arquivo, vídeos de noticiários da época e entrevistas com vários personagens que, de alguma forma, estiveram envolvidos com o caso e, principalmente, com Terry. Usar todo esse material parailustrar e analisar o caso sob a ótica mais complexa do jornalista, ajuda quem assiste a entender com muita facilidade como muitas de suas teorias faziam, de fato, mesmo sentido, mesmo sendo completamente ignoradas pela policia de NY por questões políticas e de egocentrismo, porém é inegável a maneira como ele vai se perdendo no meio de sua própria obsessão - como se Terry preferisse provar sua tese em vez de encontrar a verdade.

"Os Filhos de Sam" tem material para ser uma minissérie (ou série) de ficção incrível, principalmente se também usarmos os crimes de David Berkowitz apenas como ponto de partida. Ao dar espaço aos contrapontos entre a tese de Terry e a da policia, é aberto um leque enorme de ramificações que vai da cientologia até Charles Manson ou o assassinato de Sharon Tate (brilhantemente recontada em "Era uma vez em… Hollywood" do Tarantino).

Pois bem, essa produção da Netflix acerta ao equilibrar perfeitamente a estrutura narrativa com o conceito visual do diretor com uma montagem muito bem realizada, com um roteiro bem amarrado e de fácil compreensão - mesmo com a clara intenção de defender a investigação paralela feita pelo jornalista Maury Terry e que durou anos, mas que até hoje não mudou a ordem dos acontecimentos e nem comprovada pelas autoridades americanas.

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Os Homens que venderam a Copa

Se a Copa do Mundo do Catar já acabou no campo, o que se vê nas plataformas de streaming é um lado nada glamoroso do que representou o maior evento esportivo da Terra. Nessa produção do Discovery+, que você já encontra no HBO Max, somos convidados a conhecer os detalhes de como a escolha das sedes de 2018 e 2022 foram uma espécie de "ponto de partida" para um dos maiores escândalos de corrupção institucionalizada da História. Diferente do também excelente "Esquemas da FIFA" da Netflix, "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" faz um recorte mais preciso do caso a partir de como o jornal The Sunday Times investigou todas as denúncias e de como FBI e o MI6 se envolveram definitivamente no "FIFAGate".

Em dois episódios de cerca de 60 minutos, os jornalistas Heidi Blake e Jonathan Calvert expõem os bastidores da corrupção desenfreada que acontecia no coração da FIFA na Suíça, como isso levou à escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo e ainda acompanha alguns dos personagens vitais para que toda essa sujeira viesse à tona. Confira o trailer:

Dirigido pelo Daniel DiMauro e pelo Morgan Pehme, parceiros de projetos documentais relevantes como "Na Rota do Dinheiro Sujo" e "Get Me Roger Stone", "The Heist" (no original) se apoia em todo material da investigação relatado no livro "The Ugly Game: The Qatari Plot to Buy the World Cup", de Blake e Calvert, para construir uma narrativa simples, porém densa, sobre o tão falado "FIFAGate". Embora menos apegado ao valor histórico do esporte e da própria FIFA que a produção da Netflix usou para contextualizar o mesmo caso, aqui temos uma dinâmica que soa mais fluída por chegar ao ponto-chave da história sem tantos rodeios - o olhar dos jornalistas do The Sunday Times, os primeiros a receber os documentos de possíveis casos de suborno envolvendo dirigentes da FIFA, do ex-agente do MI6 contratado para investigar possíveis irregularidades na escolha dos países que realizariam a Copa (pela própria Federação Inglesa que sonhava em sediar o evento) e do investigador do FBI responsável pelo caso em si, ajudam a amarrar os fatos, nos afastando um pouco de uma visão sensacionalista (e as vezes até oportunista) da imprensa, para criar uma atmosfera muito mais crítica e criminal.

DiMauro e Pehme até se esforçam para equilibrar o tom jornalístico do documentário com uma narrativa mais voltada para o entretenimento - isso, obviamente, traz curiosidades que ajudam a construir uma visão mais ampla para quem já vem acompanhando e gosta do assunto desde "El Presidente". Aliás, um fator curioso e que nos remete imediatamente ao segundo ano da série antológica da Prime Vídeo, "Jogo da Corrupção", é a participação importante da mulher de Chuck Blazer (principal delator do caso), Mary Lynn, nos depoimentos. Talvez esse seja até o ponto alto dos bastidores da investigação, já que Lynn ajuda a construir um perfil de Blazer inédito para quem já tinha assistido "Esquemas da FIFA".

De fato, "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" traz pouca novidade para quem já conhece e assistiu outras produções sobre o assunto, porém seu valor como documentário não pode (e nem deve) ser descartado para quem deseja ter acesso a outros pontos da investigação e até ouvir algumas passagens, histórias e impressões bastante interessantes de quem esteve lá. Mais uma vez o "vovô" Sepp Blatter dá sua versão, e personagens como Sunil Gulati (Presidente da Federação Americana de Futebol e amigo íntimo de Chuck Blazer) e até Gianni Infantino (atual presidente da FIFA) tentam mostrar que mesmo com uma difícil missão de reestabelecer a credibilidade dos seus membros, a FIFA ainda é uma instituição que tem no Esporte seu principal propósito!

Vale seu play!

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Se a Copa do Mundo do Catar já acabou no campo, o que se vê nas plataformas de streaming é um lado nada glamoroso do que representou o maior evento esportivo da Terra. Nessa produção do Discovery+, que você já encontra no HBO Max, somos convidados a conhecer os detalhes de como a escolha das sedes de 2018 e 2022 foram uma espécie de "ponto de partida" para um dos maiores escândalos de corrupção institucionalizada da História. Diferente do também excelente "Esquemas da FIFA" da Netflix, "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" faz um recorte mais preciso do caso a partir de como o jornal The Sunday Times investigou todas as denúncias e de como FBI e o MI6 se envolveram definitivamente no "FIFAGate".

Em dois episódios de cerca de 60 minutos, os jornalistas Heidi Blake e Jonathan Calvert expõem os bastidores da corrupção desenfreada que acontecia no coração da FIFA na Suíça, como isso levou à escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo e ainda acompanha alguns dos personagens vitais para que toda essa sujeira viesse à tona. Confira o trailer:

Dirigido pelo Daniel DiMauro e pelo Morgan Pehme, parceiros de projetos documentais relevantes como "Na Rota do Dinheiro Sujo" e "Get Me Roger Stone", "The Heist" (no original) se apoia em todo material da investigação relatado no livro "The Ugly Game: The Qatari Plot to Buy the World Cup", de Blake e Calvert, para construir uma narrativa simples, porém densa, sobre o tão falado "FIFAGate". Embora menos apegado ao valor histórico do esporte e da própria FIFA que a produção da Netflix usou para contextualizar o mesmo caso, aqui temos uma dinâmica que soa mais fluída por chegar ao ponto-chave da história sem tantos rodeios - o olhar dos jornalistas do The Sunday Times, os primeiros a receber os documentos de possíveis casos de suborno envolvendo dirigentes da FIFA, do ex-agente do MI6 contratado para investigar possíveis irregularidades na escolha dos países que realizariam a Copa (pela própria Federação Inglesa que sonhava em sediar o evento) e do investigador do FBI responsável pelo caso em si, ajudam a amarrar os fatos, nos afastando um pouco de uma visão sensacionalista (e as vezes até oportunista) da imprensa, para criar uma atmosfera muito mais crítica e criminal.

DiMauro e Pehme até se esforçam para equilibrar o tom jornalístico do documentário com uma narrativa mais voltada para o entretenimento - isso, obviamente, traz curiosidades que ajudam a construir uma visão mais ampla para quem já vem acompanhando e gosta do assunto desde "El Presidente". Aliás, um fator curioso e que nos remete imediatamente ao segundo ano da série antológica da Prime Vídeo, "Jogo da Corrupção", é a participação importante da mulher de Chuck Blazer (principal delator do caso), Mary Lynn, nos depoimentos. Talvez esse seja até o ponto alto dos bastidores da investigação, já que Lynn ajuda a construir um perfil de Blazer inédito para quem já tinha assistido "Esquemas da FIFA".

De fato, "Os Homens que venderam a Copa do Mundo" traz pouca novidade para quem já conhece e assistiu outras produções sobre o assunto, porém seu valor como documentário não pode (e nem deve) ser descartado para quem deseja ter acesso a outros pontos da investigação e até ouvir algumas passagens, histórias e impressões bastante interessantes de quem esteve lá. Mais uma vez o "vovô" Sepp Blatter dá sua versão, e personagens como Sunil Gulati (Presidente da Federação Americana de Futebol e amigo íntimo de Chuck Blazer) e até Gianni Infantino (atual presidente da FIFA) tentam mostrar que mesmo com uma difícil missão de reestabelecer a credibilidade dos seus membros, a FIFA ainda é uma instituição que tem no Esporte seu principal propósito!

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Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez

"Brutal" - talvez essa seja a melhor forma de definir a minissérie de 5 capítulos da HBO que conta a terrível história do assassinato da jovem atriz Daniella Perez. De cara é preciso dizer que não será uma jornada fácil - o que vemos na tela é difícil de digerir, causa revolta, nos surpreende e, invariavelmente, nos emociona. O fato do fio condutor ser baseado nos depoimentos (e recordações) da sua mãe, Glória, cria uma dimensão sentimental que normalmente não costumamos encontrar no gênero de "True Crime", o que diferencia a obra e nos aproxima da dor e da saudade de quem realmente sofre com isso até hoje.

"Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez" conta em detalhes tudo o que esteve por trás do crime a partir da perspectiva da mãe de Daniella, além de uma visão muito particular dos familiares e de amigos da atriz. Das motivações ao veredito, passando pelas investigações e a repercussão do crime na época, a minissérie constrói uma linha do tempo que te coloca dentro do drama vivido pela Gloria Perez durante tantos anos. Confira o trailer:

É inegável a qualidade estética e narrativa de "Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez", porém a série não responde várias perguntas ou insinuações que ela mesmo levanta, principalmente em seus primeiros episódios - o real envolvimento da policia na investigação do crime é um exemplo desse gap. Isso, inclusive, não é uma critica ao resultado final da obra, que fique claro, mas é preciso alinhar as expectativas para que você não se decepcione com algumas questões que possam te acompanhar durante toda a jornada e que você não terá uma resposta definitiva.

Para organizar a complexa narrativa, os diretores Guto Barra e Tatiana Issa (amiga pessoal do ex-marido de Raul Gazola), pontuam os capítulos a partir de tópicos específicos que nos ajudam a criar uma linha concisa e orgânica de entendimento. No primeiro episódio o foco é o dia do crime; no segundo, os assassinos são apresentados e se estabelece a ligação com os fatos e com a época; no terceiro, Glória passa a dar detalhes da sua cruzada em encontrar respostas por conta própria; no quarto, o histórico dos criminosos é exposto com o intuito de criar um perfil mais profundo sobre eles; e por fim, no quinto e último, acompanhamos o julgamento e como a justiça lidou com o caso anos após o assassinato de Daniella.

"Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez" é impactante na forma e no conteúdo, da mesma maneira em que nos fisga emocionalmente graças as ótimas escolhas da direção. Eu diria que é uma minissérie dura de assistir, daquelas que precisamos parar e respirar em várias passagens. Por outro lado é uma das melhores produções do gênero já produzidas no país e que nos ajuda a entender uma história que foi espetacularizada pela mídia, mas que tinha um lado humano muito importante e que não foi respeitado. Pela voz de Glória, de seu irmão, de seu filho e de sua sobrinha, conhecemos a dor de ter uma família devastada por dois personagens cruéis, perigosos, gananciosos e desprezíveis.

Um golaço da HBO Brasil que vale muito o seu play (desde que você esteja preparado para uma dura jornada)!

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"Brutal" - talvez essa seja a melhor forma de definir a minissérie de 5 capítulos da HBO que conta a terrível história do assassinato da jovem atriz Daniella Perez. De cara é preciso dizer que não será uma jornada fácil - o que vemos na tela é difícil de digerir, causa revolta, nos surpreende e, invariavelmente, nos emociona. O fato do fio condutor ser baseado nos depoimentos (e recordações) da sua mãe, Glória, cria uma dimensão sentimental que normalmente não costumamos encontrar no gênero de "True Crime", o que diferencia a obra e nos aproxima da dor e da saudade de quem realmente sofre com isso até hoje.

"Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez" conta em detalhes tudo o que esteve por trás do crime a partir da perspectiva da mãe de Daniella, além de uma visão muito particular dos familiares e de amigos da atriz. Das motivações ao veredito, passando pelas investigações e a repercussão do crime na época, a minissérie constrói uma linha do tempo que te coloca dentro do drama vivido pela Gloria Perez durante tantos anos. Confira o trailer:

É inegável a qualidade estética e narrativa de "Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez", porém a série não responde várias perguntas ou insinuações que ela mesmo levanta, principalmente em seus primeiros episódios - o real envolvimento da policia na investigação do crime é um exemplo desse gap. Isso, inclusive, não é uma critica ao resultado final da obra, que fique claro, mas é preciso alinhar as expectativas para que você não se decepcione com algumas questões que possam te acompanhar durante toda a jornada e que você não terá uma resposta definitiva.

Para organizar a complexa narrativa, os diretores Guto Barra e Tatiana Issa (amiga pessoal do ex-marido de Raul Gazola), pontuam os capítulos a partir de tópicos específicos que nos ajudam a criar uma linha concisa e orgânica de entendimento. No primeiro episódio o foco é o dia do crime; no segundo, os assassinos são apresentados e se estabelece a ligação com os fatos e com a época; no terceiro, Glória passa a dar detalhes da sua cruzada em encontrar respostas por conta própria; no quarto, o histórico dos criminosos é exposto com o intuito de criar um perfil mais profundo sobre eles; e por fim, no quinto e último, acompanhamos o julgamento e como a justiça lidou com o caso anos após o assassinato de Daniella.

"Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez" é impactante na forma e no conteúdo, da mesma maneira em que nos fisga emocionalmente graças as ótimas escolhas da direção. Eu diria que é uma minissérie dura de assistir, daquelas que precisamos parar e respirar em várias passagens. Por outro lado é uma das melhores produções do gênero já produzidas no país e que nos ajuda a entender uma história que foi espetacularizada pela mídia, mas que tinha um lado humano muito importante e que não foi respeitado. Pela voz de Glória, de seu irmão, de seu filho e de sua sobrinha, conhecemos a dor de ter uma família devastada por dois personagens cruéis, perigosos, gananciosos e desprezíveis.

Um golaço da HBO Brasil que vale muito o seu play (desde que você esteja preparado para uma dura jornada)!

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Pai, Filho, Pátria

"Pai, Filho, Pátria" (Father Soldier Son, título original) é um documentário que destrói seu coração - e é preciso dizer isso logo de cara, pois será necessário estar muito no clima para conseguir enfrentar a história da família Eisch até o final! O filme é uma produção do New York Times e foi um dos indicados como "Melhor Documentário" no Tribeca Film Festival de 2020 e vencedor na categoria "Melhor Edição" no mesmo evento. De fato, essa indicação só confirma o ótimo trabalho das jornalistas e diretoras Leslye Davis e Catrin Einhorn que acompanharam a jornada do sargento Brian Eisch para se reconectar com seus filhos depois de retornar da guerra do Afeganistão. 

Propositalmente não vou colocar o trailer nessa primeira parte do review como de costume, pois a experiência de assistir "Pai, Filho, Pátria" sem saber muito sobre ele é visceral, quase devastadora, mas incrivelmente marcante - principalmente se você, como eu, já for pai. Eu admito que não tinha assistido cinco minutos do filme (fiz questão de pausar para ver o tempo) e já estava emocionado e, claro, muito angustiado pelo que poderia vir mais à frente. Posso adiantar que é um plot twist atrás do outro e muitos deles de difícil digestão. Olha, "Pai, Filho, Pátria" é cruel, mas vale muito a pena pela reflexão que ele nos provoca a fazer e pelo recorte de uma cultura que, mesmo conhecida, tem um impacto muito marcante dentro das famílias americanas! 

Era pra ser apenas uma reportagem para o NYT sobre o drama de ser um jovem soldado, pai solteiro e obrigado a ficar longe dos filhos para lutar no Afeganistão, mas acabou se transformando em um documentário extremamente crítico sobre a real função das forças armadas, do patriotismo e da alternativa de ascensão social que o exército proporciona para muitos jovens. A equipe, então, passou a acompanhar Brian e seus dois filhos, Isaac, 12 anos, e Joey, com 7 anos,por dez anos. O que vemos a partir daí é uma série de situações que nos incomodam, seja pela ideologia, pelo modo de encarar a vida, pela maneira míope e antiquada de criar os filhos e também pelas surpresas que a vida teima em nos apresentar. Confira o trailer (em inglês): 

Além do roteiro, tecnicamente o filme tem dois pontos altos: a direção foge um pouco da gramática documental - na verdade, ela se apoia muito mais na dinâmica de uma ficção quase poética, com enquadramentos belíssimos e uma sensibilidade muito grande para escolher o distanciamento exato de cada uma das discussões. A impressão que me deu é que as diretoras tinham sempre a lente certa para captar cada uma das emoções - como se já estivesse tudo programado. O outro ponto alto, claro, é a edição:  a montadora Amy Foote foi brilhante ao encaixar as peças de 10 anos de material em apenas 1:40 de filme e mesmo assim contar uma história com uma lógica incrível, trazer tantas discussões e ainda por cima nos provocar tantas sensações.

"Pai, Filho, Pátria" é um documentário que não me surpreenderá se for indicado ao Oscar 2021 - tem potencial para isso, pelo tema e pela densidade que a história se transformou. Se prepare emocionalmente, dê o play e depois reflita sobre tudo o que acabou de assistir!

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"Pai, Filho, Pátria" (Father Soldier Son, título original) é um documentário que destrói seu coração - e é preciso dizer isso logo de cara, pois será necessário estar muito no clima para conseguir enfrentar a história da família Eisch até o final! O filme é uma produção do New York Times e foi um dos indicados como "Melhor Documentário" no Tribeca Film Festival de 2020 e vencedor na categoria "Melhor Edição" no mesmo evento. De fato, essa indicação só confirma o ótimo trabalho das jornalistas e diretoras Leslye Davis e Catrin Einhorn que acompanharam a jornada do sargento Brian Eisch para se reconectar com seus filhos depois de retornar da guerra do Afeganistão. 

Propositalmente não vou colocar o trailer nessa primeira parte do review como de costume, pois a experiência de assistir "Pai, Filho, Pátria" sem saber muito sobre ele é visceral, quase devastadora, mas incrivelmente marcante - principalmente se você, como eu, já for pai. Eu admito que não tinha assistido cinco minutos do filme (fiz questão de pausar para ver o tempo) e já estava emocionado e, claro, muito angustiado pelo que poderia vir mais à frente. Posso adiantar que é um plot twist atrás do outro e muitos deles de difícil digestão. Olha, "Pai, Filho, Pátria" é cruel, mas vale muito a pena pela reflexão que ele nos provoca a fazer e pelo recorte de uma cultura que, mesmo conhecida, tem um impacto muito marcante dentro das famílias americanas! 

Era pra ser apenas uma reportagem para o NYT sobre o drama de ser um jovem soldado, pai solteiro e obrigado a ficar longe dos filhos para lutar no Afeganistão, mas acabou se transformando em um documentário extremamente crítico sobre a real função das forças armadas, do patriotismo e da alternativa de ascensão social que o exército proporciona para muitos jovens. A equipe, então, passou a acompanhar Brian e seus dois filhos, Isaac, 12 anos, e Joey, com 7 anos,por dez anos. O que vemos a partir daí é uma série de situações que nos incomodam, seja pela ideologia, pelo modo de encarar a vida, pela maneira míope e antiquada de criar os filhos e também pelas surpresas que a vida teima em nos apresentar. Confira o trailer (em inglês): 

Além do roteiro, tecnicamente o filme tem dois pontos altos: a direção foge um pouco da gramática documental - na verdade, ela se apoia muito mais na dinâmica de uma ficção quase poética, com enquadramentos belíssimos e uma sensibilidade muito grande para escolher o distanciamento exato de cada uma das discussões. A impressão que me deu é que as diretoras tinham sempre a lente certa para captar cada uma das emoções - como se já estivesse tudo programado. O outro ponto alto, claro, é a edição:  a montadora Amy Foote foi brilhante ao encaixar as peças de 10 anos de material em apenas 1:40 de filme e mesmo assim contar uma história com uma lógica incrível, trazer tantas discussões e ainda por cima nos provocar tantas sensações.

"Pai, Filho, Pátria" é um documentário que não me surpreenderá se for indicado ao Oscar 2021 - tem potencial para isso, pelo tema e pela densidade que a história se transformou. Se prepare emocionalmente, dê o play e depois reflita sobre tudo o que acabou de assistir!

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Pamela Anderson

É inegável a fragilidade do documentário da Netflix, "Pamela Anderson - Uma História de Amor". Por outro lado, com um pouco menos de olhar crítico, é perceptível seu magnetismo, onde, ao final de quase 120 minutos de filme, vemos o reflexo de uma mulher em busca de redenção sem ao menos se dar conta que seus maiores fantasmas apontam justamente para suas próprias escolhas - escolhas essas que a protagonista faz questão de dizer não se arrepender de ter feito, diga-se de passagem. A história é bem interessante (dolorida para ela) e a personagem é de fato marcante (se você tem mais que 40 anos vai saber do que estou falando), mas nem a soma desses dois elementos essenciais para uma boa narrativa, chega a nos provocar mais do que 20 minutos de empatia - embora o esforço para isso seja tremendo!

"Pamela, A Love Story" (no original) não é um documentário ruim, longe disso, mas talvez a forma como alguns assuntos foram abordados possa dar essa impressão errada. A história de vida que retrata a ascensão à fama e uma quebra de privacidade marcante, de uma vida pessoal turbulenta, bem como seu casamento com Tommy Lee, sua sex tape vazada, os fracassos como atriz e ainda sua ambígua relação com a mídia, fazem do documentário uma curiosa jornada pela intimidade da mulher, Pamela Anderson. Confira o trailer (em inglês):

Se pegarmos o documentário da HBO, "Tina", e compararmos com "Pamela Anderson - Uma História de Amor", encontramos inúmeras semelhanças narrativas - na forma e no conteúdo. O diferencial, e aí já é preciso uma certa reflexão, diz respeito ao que cada uma das personagens representou para sua arte. Obviamente que a comparação é mais teórica do que prática (eu diria até injusta), mas o enredo, repare, aponta para as mesmas lacunas emocionais: uma infância dura, sem muita referência afetiva, relacionamentos tóxicos por todos os lados, fracassos, sucessos, muito sensacionalismo e, claro, uma busca pelo auto-perdão. Indo um pouco mais longe, ambos documentários têm um importante e cruel fio condutor: o amor (ou a falta que ele faz).

O diretor Ryan White (do excelente "Boa Noite Oppy") usa e abusa dos depoimentos de Pamela para construir a imagem de uma mulher frágil, em certos momentos até infantil, o que de alguma forma (para quem conhece um pouco mais da vida da atriz) soa hipocrisia. Ela mesmo tenta se desvencilhar da imagem de vítima, mas com as narrações em off de passagens escritas por ela em seu diário, fica mais difícil. No entanto, uma característica nos chama atenção: a capacidade que Pamela Anderson tem de rir de si mesma é impressionante - e sempre foi assim. É perceptível seu constrangimento ao enfrentar as piadas mais infames e machistas dos Late Show's dos anos 80/90, mas ela se sai bem - já atualmente, quando em uma situação realmente mais desconfortável, ela simplesmente sai de cena.

Para quem assistiu a ótima minissérie do Star+ (no caso, do Hulu), "Pam & Tommy", e gostou; "Pamela Anderson - Uma História de Amor" é quase um complemento obrigatório que possibilita um mergulho mais profundo e real na intimidade de Anderson. A construção apoteótica do mito vs. a mulher que só queria uma família ao lado do amor de sua vida, está ali; o que nos resta é entender se seu ponto de vista, de fato, condiz com uma realidade que ela mesmo semeou, plantou e colheu - difícil dizer, mas o exercício, ao assistir o filme, é dos melhores. Ah, e não deixe de ver os créditos, ele conecta muitos pontos - vai por mim!

Vale seu play!   

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É inegável a fragilidade do documentário da Netflix, "Pamela Anderson - Uma História de Amor". Por outro lado, com um pouco menos de olhar crítico, é perceptível seu magnetismo, onde, ao final de quase 120 minutos de filme, vemos o reflexo de uma mulher em busca de redenção sem ao menos se dar conta que seus maiores fantasmas apontam justamente para suas próprias escolhas - escolhas essas que a protagonista faz questão de dizer não se arrepender de ter feito, diga-se de passagem. A história é bem interessante (dolorida para ela) e a personagem é de fato marcante (se você tem mais que 40 anos vai saber do que estou falando), mas nem a soma desses dois elementos essenciais para uma boa narrativa, chega a nos provocar mais do que 20 minutos de empatia - embora o esforço para isso seja tremendo!

"Pamela, A Love Story" (no original) não é um documentário ruim, longe disso, mas talvez a forma como alguns assuntos foram abordados possa dar essa impressão errada. A história de vida que retrata a ascensão à fama e uma quebra de privacidade marcante, de uma vida pessoal turbulenta, bem como seu casamento com Tommy Lee, sua sex tape vazada, os fracassos como atriz e ainda sua ambígua relação com a mídia, fazem do documentário uma curiosa jornada pela intimidade da mulher, Pamela Anderson. Confira o trailer (em inglês):

Se pegarmos o documentário da HBO, "Tina", e compararmos com "Pamela Anderson - Uma História de Amor", encontramos inúmeras semelhanças narrativas - na forma e no conteúdo. O diferencial, e aí já é preciso uma certa reflexão, diz respeito ao que cada uma das personagens representou para sua arte. Obviamente que a comparação é mais teórica do que prática (eu diria até injusta), mas o enredo, repare, aponta para as mesmas lacunas emocionais: uma infância dura, sem muita referência afetiva, relacionamentos tóxicos por todos os lados, fracassos, sucessos, muito sensacionalismo e, claro, uma busca pelo auto-perdão. Indo um pouco mais longe, ambos documentários têm um importante e cruel fio condutor: o amor (ou a falta que ele faz).

O diretor Ryan White (do excelente "Boa Noite Oppy") usa e abusa dos depoimentos de Pamela para construir a imagem de uma mulher frágil, em certos momentos até infantil, o que de alguma forma (para quem conhece um pouco mais da vida da atriz) soa hipocrisia. Ela mesmo tenta se desvencilhar da imagem de vítima, mas com as narrações em off de passagens escritas por ela em seu diário, fica mais difícil. No entanto, uma característica nos chama atenção: a capacidade que Pamela Anderson tem de rir de si mesma é impressionante - e sempre foi assim. É perceptível seu constrangimento ao enfrentar as piadas mais infames e machistas dos Late Show's dos anos 80/90, mas ela se sai bem - já atualmente, quando em uma situação realmente mais desconfortável, ela simplesmente sai de cena.

Para quem assistiu a ótima minissérie do Star+ (no caso, do Hulu), "Pam & Tommy", e gostou; "Pamela Anderson - Uma História de Amor" é quase um complemento obrigatório que possibilita um mergulho mais profundo e real na intimidade de Anderson. A construção apoteótica do mito vs. a mulher que só queria uma família ao lado do amor de sua vida, está ali; o que nos resta é entender se seu ponto de vista, de fato, condiz com uma realidade que ela mesmo semeou, plantou e colheu - difícil dizer, mas o exercício, ao assistir o filme, é dos melhores. Ah, e não deixe de ver os créditos, ele conecta muitos pontos - vai por mim!

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Pistorius

Oscar Pistorius é um fenômeno! Daqueles raros atletas que estão indiscutivelmente muito acima de seus adversários - e aqui com um detalhe ainda mais impressionante, Pistorius não tem parte das duas pernas e mesmo assim disputou uma semi-final olímpica em Londres! Dono de seis medalhas de ouro paralímpicas, o ex-atleta sul-africano Oscar Pistorius é acusado de premeditar e assassinar sua então namorada, a modelo, Reeva Steenkamp em 14 de fevereiro de 2013. Ao melhor estilo "A Mente do Assassino: Aaron Hernandez" e "O.J.: Made in America", essa série documental da Prime Vídeo, destrincha não só crime, mas o seu julgamento e como o acontecimento está inserido em uma sociedade marcada pela desigualdade. Mas é preciso dizer: embora a série seja sensacional, ela é muito (mas, muito) impactante - inclusive visualmente.

Dividido em quatro partes, "Pistorius" mostra a história do velocista Oscar Pistorius, que matou a tiros sua namorada no Dia dos Namorados de 2013. Sendo um homem, branco, de classe média, que viveu inserido em uma nação destruída pelo racismo, pela violência e pela desigualdade social, o filme contextualiza os desafios, esperanças e triunfos do atleta que viu todos os seus sonhos desmoronarem após, supostamente, assassinar sua namorada deliberadamente e depois enfrentar um julgamento recheado de emoção, sob um olhar marcante de desaprovação de toda imprensa internacional. Confira o trailer:

Muito bem dirigida pelo diretor Vaughan Sivell, série se aproveita de um rico material de apoio para expor as duas teses sobre aquela noite de 2013. A partir do segundo episódio - já que o primeiro faz um verdadeiro (e competente) resumo da vida e da carreira de Pistorius - temos acesso a documentos importantes da investigação, reconstituições em 3D, fotografias (muito impactantes) e cenas do tribunal, que na época foi transmitido ao vivo pela TV africana. Aliás, dois elementos chamam muito atenção durante os episódios: a cobertura mundial da imprensa, com diversas reportagens repercutindo o crime e tentando entender qual foi a motivação de Pistorius já o sentenciando antes mesmo do julgamento e, infelizmente, as imagens do corpo de Reeve Steenkamp, completamente ensanguentado, após ser assassinada.

Embora "Pistorius" não deixe dúvidas sobre a culpa do ex-atleta, fica claro que seu julgamento foi cercado de elementos que iam além dos fatos marcantes da noite do crime - mais ou menos como aconteceu com O.J. Simpson - e aqui não estou fazendo nenhum  julgamento de valor e muito menos inocentando ou culpando os personagens, mas relatando que o mórbido interesse que as pessoas têm em histórias que envolvam crimes e figuras famosas, sem dúvida, fazem de um julgamento sério, um circo de horrores (a própria juíza sofreu o gosto dessa postura parcial das pessoas que se baseiam em suas crenças para definir quem é o mocinho e quem é o bandido).

O fato é que  "Pistorius" vai te provocar a cada episódio, vai incentivar discussões e interpretações; mas ao mesmo tempo funciona como um ótimo entretenimento, mesmo que apoiado em uma situação de embrulhar o estômago. Vale muito a pena se você também for fã de "true crime"!

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Oscar Pistorius é um fenômeno! Daqueles raros atletas que estão indiscutivelmente muito acima de seus adversários - e aqui com um detalhe ainda mais impressionante, Pistorius não tem parte das duas pernas e mesmo assim disputou uma semi-final olímpica em Londres! Dono de seis medalhas de ouro paralímpicas, o ex-atleta sul-africano Oscar Pistorius é acusado de premeditar e assassinar sua então namorada, a modelo, Reeva Steenkamp em 14 de fevereiro de 2013. Ao melhor estilo "A Mente do Assassino: Aaron Hernandez" e "O.J.: Made in America", essa série documental da Prime Vídeo, destrincha não só crime, mas o seu julgamento e como o acontecimento está inserido em uma sociedade marcada pela desigualdade. Mas é preciso dizer: embora a série seja sensacional, ela é muito (mas, muito) impactante - inclusive visualmente.

Dividido em quatro partes, "Pistorius" mostra a história do velocista Oscar Pistorius, que matou a tiros sua namorada no Dia dos Namorados de 2013. Sendo um homem, branco, de classe média, que viveu inserido em uma nação destruída pelo racismo, pela violência e pela desigualdade social, o filme contextualiza os desafios, esperanças e triunfos do atleta que viu todos os seus sonhos desmoronarem após, supostamente, assassinar sua namorada deliberadamente e depois enfrentar um julgamento recheado de emoção, sob um olhar marcante de desaprovação de toda imprensa internacional. Confira o trailer:

Muito bem dirigida pelo diretor Vaughan Sivell, série se aproveita de um rico material de apoio para expor as duas teses sobre aquela noite de 2013. A partir do segundo episódio - já que o primeiro faz um verdadeiro (e competente) resumo da vida e da carreira de Pistorius - temos acesso a documentos importantes da investigação, reconstituições em 3D, fotografias (muito impactantes) e cenas do tribunal, que na época foi transmitido ao vivo pela TV africana. Aliás, dois elementos chamam muito atenção durante os episódios: a cobertura mundial da imprensa, com diversas reportagens repercutindo o crime e tentando entender qual foi a motivação de Pistorius já o sentenciando antes mesmo do julgamento e, infelizmente, as imagens do corpo de Reeve Steenkamp, completamente ensanguentado, após ser assassinada.

Embora "Pistorius" não deixe dúvidas sobre a culpa do ex-atleta, fica claro que seu julgamento foi cercado de elementos que iam além dos fatos marcantes da noite do crime - mais ou menos como aconteceu com O.J. Simpson - e aqui não estou fazendo nenhum  julgamento de valor e muito menos inocentando ou culpando os personagens, mas relatando que o mórbido interesse que as pessoas têm em histórias que envolvam crimes e figuras famosas, sem dúvida, fazem de um julgamento sério, um circo de horrores (a própria juíza sofreu o gosto dessa postura parcial das pessoas que se baseiam em suas crenças para definir quem é o mocinho e quem é o bandido).

O fato é que  "Pistorius" vai te provocar a cada episódio, vai incentivar discussões e interpretações; mas ao mesmo tempo funciona como um ótimo entretenimento, mesmo que apoiado em uma situação de embrulhar o estômago. Vale muito a pena se você também for fã de "true crime"!

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Playbook

"Playbook", série documental da Netflix que recebeu o subtítulo de "Estratégias para Vencer" é uma das coisas mais bacanas que assisti em 2020! Para quem gosta de esporte ou empreendedorismo, esse material é quase indispensável - pela sua qualidade didática e, principalmente, pela forma natural como cada um dos personagens contam suas respectivas histórias e codificam os aprendizados mais marcantes da carreira até chegar ao sucesso!

Doc Rivers, técnico do Los Angels Clippers da NBA; Jill Ellis, técnica da seleção americana de futebol feminino; José Mourinho, hoje técnico do Tottenham; Patrick Mouratoglou, técnico da tenista Serena Williams e, finalmente, Dawn Staley, treinadora da seleção feminina de basquete dos EUA; contam em episódios de 30 minutos, quais foram suas principais estratégias que ajudaram colocar os times e atletas que treinaram na elite do esporte. Confira o trailer e veja o que te espera:

Desde que o técnico Bernardinho trouxe para o Brasil (ao lado da editora Sextante) a coleção "Na Vida como no Esporte" em 2009 venho acompanhando os conceitos, princípios e valores que grandes atletas e treinadores pautaram suas trajetórias, talvez por isso que "Palybook" tenha me conquistado com tanta facilidade. A série equilibra depoimentos dos treinadores com imagens de arquivo que ilustram o assunto que está sendo discutido. Como na coleção da Sextante, alguns ensinamentos são destacados e servem de fio condutor para uma narrativa dinâmica, motivadora (sem ser piegas) e, muitas vezes, emocionantes. Tenha certeza que você vai encontrar muito além do que apenas uma personalidade do esporte contando suas façanhas - é o lado humano, palpável, muitas vezes frágil, que transformam essa série em algo imperdível e, claro, irretocável!

"Playbook - Estratégias para Vencer" é mais um grande trabalho do diretor e produtor executivo John Henion - que já esteve envolvido com outro grande sucesso: "Chefs Table". Produzida pela Boardwalk Pictures, Delirio Films e SpringHill Enternaiment, a série contou com um total de 24 produtores, entre eles, LeBron James, o que notadamente imprime um valor histórico, artístico e técnico, impressionantes para a produção. O roteiro equilibra tão bem o didatismo de como cada um deles valoriza o processo de preparação, a importância do espirito de equipe, da determinação permanente, ao mesmo tempo que expõe, sem qualquer receio, as preocupações perante as armadilhas do sucesso e a forma como lidam com as derrotas mais dolorosas.

Alguns episódios traduzem exatamente o perfil midiático do treinador - é o caso do José Mourinho, por exemplo. Porém a quebra de expectativa ao mostrar o lado humano do treinador é tão grande que parece não se tratar da mesma pessoa. Essa estratégia narrativa é tão divertida como emocionante! Outro episódio que te tira o chão é o da Jill Ellis - simplesmente incrível como ela foi capaz de expor suas fragilidades ao mesmo tempo em que contava os detalhes da construção da sua trajetória como treinadora. A verdade é que a série traz a informalidade de um papo de boteco com a seriedade e profundidade de uma palestra caríssima desses mesmos treinadores.

Lições como “Nunca se faça de vítima”, “Seja verdadeiro com você mesmo”, “Algumas regras foram feitas para serem quebradas”, “Nunca tenha medo de ser demitido”, “O que está atrasado não significa que foi negado. Tenha fé”, parecem ter saído de uma obra barata de auto-ajuda, mas te garanto: todos os pontos são tão bem embasados, ilustrados e explicados que fazem todo sentido dentro do contexto que a série se propõe a entregar -  e funciona muito bem! Por isso, como já comentei, coloco "Playbook" como mais uma agradável surpresa desse ano e espero, do fundo do coração, que tenhamos muitas outras temporadas! Essa primeira, por exemplo, é para assistir em uma sentada só: são 5 episódios de 30 minutos que você nem vai sentir passar! Não perca tempo!

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"Playbook", série documental da Netflix que recebeu o subtítulo de "Estratégias para Vencer" é uma das coisas mais bacanas que assisti em 2020! Para quem gosta de esporte ou empreendedorismo, esse material é quase indispensável - pela sua qualidade didática e, principalmente, pela forma natural como cada um dos personagens contam suas respectivas histórias e codificam os aprendizados mais marcantes da carreira até chegar ao sucesso!

Doc Rivers, técnico do Los Angels Clippers da NBA; Jill Ellis, técnica da seleção americana de futebol feminino; José Mourinho, hoje técnico do Tottenham; Patrick Mouratoglou, técnico da tenista Serena Williams e, finalmente, Dawn Staley, treinadora da seleção feminina de basquete dos EUA; contam em episódios de 30 minutos, quais foram suas principais estratégias que ajudaram colocar os times e atletas que treinaram na elite do esporte. Confira o trailer e veja o que te espera:

Desde que o técnico Bernardinho trouxe para o Brasil (ao lado da editora Sextante) a coleção "Na Vida como no Esporte" em 2009 venho acompanhando os conceitos, princípios e valores que grandes atletas e treinadores pautaram suas trajetórias, talvez por isso que "Palybook" tenha me conquistado com tanta facilidade. A série equilibra depoimentos dos treinadores com imagens de arquivo que ilustram o assunto que está sendo discutido. Como na coleção da Sextante, alguns ensinamentos são destacados e servem de fio condutor para uma narrativa dinâmica, motivadora (sem ser piegas) e, muitas vezes, emocionantes. Tenha certeza que você vai encontrar muito além do que apenas uma personalidade do esporte contando suas façanhas - é o lado humano, palpável, muitas vezes frágil, que transformam essa série em algo imperdível e, claro, irretocável!

"Playbook - Estratégias para Vencer" é mais um grande trabalho do diretor e produtor executivo John Henion - que já esteve envolvido com outro grande sucesso: "Chefs Table". Produzida pela Boardwalk Pictures, Delirio Films e SpringHill Enternaiment, a série contou com um total de 24 produtores, entre eles, LeBron James, o que notadamente imprime um valor histórico, artístico e técnico, impressionantes para a produção. O roteiro equilibra tão bem o didatismo de como cada um deles valoriza o processo de preparação, a importância do espirito de equipe, da determinação permanente, ao mesmo tempo que expõe, sem qualquer receio, as preocupações perante as armadilhas do sucesso e a forma como lidam com as derrotas mais dolorosas.

Alguns episódios traduzem exatamente o perfil midiático do treinador - é o caso do José Mourinho, por exemplo. Porém a quebra de expectativa ao mostrar o lado humano do treinador é tão grande que parece não se tratar da mesma pessoa. Essa estratégia narrativa é tão divertida como emocionante! Outro episódio que te tira o chão é o da Jill Ellis - simplesmente incrível como ela foi capaz de expor suas fragilidades ao mesmo tempo em que contava os detalhes da construção da sua trajetória como treinadora. A verdade é que a série traz a informalidade de um papo de boteco com a seriedade e profundidade de uma palestra caríssima desses mesmos treinadores.

Lições como “Nunca se faça de vítima”, “Seja verdadeiro com você mesmo”, “Algumas regras foram feitas para serem quebradas”, “Nunca tenha medo de ser demitido”, “O que está atrasado não significa que foi negado. Tenha fé”, parecem ter saído de uma obra barata de auto-ajuda, mas te garanto: todos os pontos são tão bem embasados, ilustrados e explicados que fazem todo sentido dentro do contexto que a série se propõe a entregar -  e funciona muito bem! Por isso, como já comentei, coloco "Playbook" como mais uma agradável surpresa desse ano e espero, do fundo do coração, que tenhamos muitas outras temporadas! Essa primeira, por exemplo, é para assistir em uma sentada só: são 5 episódios de 30 minutos que você nem vai sentir passar! Não perca tempo!

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Por que você partiu?

"Por que você partiu?" é um documentário brasileiro muito, mas muito, interessante e que merece ser assistido pelas ótimas histórias que o filme conta, mas, principalmente, pela sensibilidade do Diretor Eric Belhassen ao se colocar como uma espécie de protagonista oculto que tem o importante papel de unir os pontos levantados por todos os personagens e assim encontrar uma resposta (ou várias) para a pergunta que serve de título da obra! 

O filme se propõe a contar a história de cinco chefes de cozinha franceses que moram e trabalham no Brasil. Pesos pesados da gastronomia como Laurent Suaudeau, Erick Jacquin, Frédéric Monnier, Roland Villard, Alain Uzan e Emmanuel Bassoleil, nos contam as razões que os levaram a deixar a França para construir suas carreiras aqui no Brasil. Agora, muito mais interessante que isso (se é que é possível) é que o documentário ainda mostra o outro lado da história, o lado de quem ficou na França, ou seja, o sentimento dos pais e irmãos de cada um dos "exilados" - como o próprio filme os definem. Confira o trailer:

Antes do seu play, é preciso dizer que "Por que você partiu?" não é um filme sobre gastronomia, mesmo tendo personagens tão ilustres da área. Embora seja possível conferir um pouco do trabalho de cada um deles e até suas formas de liderar uma cozinha, o filme está muito mais preocupado em pontuar a jornada e a decisão de partir, do que propriamente exaltar a qualidade técnica e profissional dos chefs - ou seja, não se trata de mais um "Chef's Table". O processo de adaptação, as dificuldades, os fracassos, enfim, tudo isso é discutido, mas equilibrando muito mais a emoção do que a razão, enquanto pelo outro lado, o que vemos é basicamente a emoção guiando cada um dos depoimentos dos familiares! Vale muito a pena, é uma aula de humildade para quem acredita que profissionais de sucesso tiveram apenas "sorte"!

O roteiro de "Por que você partiu?" foi escrito pelo próprio Eric Belhassen e por seu irmão Marc. Inicialmente ele nos parece confuso, por não entregar de cara quem são as pessoas ligadas aos personagens principais e por que aquela história está sendo contada. Claro que logo entendemos a dinâmica narrativa, mas essa confusão (talvez) proposital poderia ser facilmente eliminada com algumas legendas de apresentação, porém é preciso respeitar a escolha do diretor (ou dos roteiristas) que optaram por nos provocar à refletir e entender o que se passa na cabeça de quem fica e não somente na de quem parte para uma aventura em outro país. 

A intimidade de cada um dos cinco chefs é revelada a partir de entrevistas cara a cara - não existe a necessidade de muitas inserções gráficas ou de imagens de arquivo para criar o clima do filme! Estamos falando de "chegadas e partidas" e como isso impacta na vida de cada um - o tema, por si só, já é o suficiente para nos envolver com as histórias. Se levarmos em conta que os franceses são completamente diferentes dos brasileiros ao exporem suas emoções, o que vemos é uma enorme habilidade de Belhassen para se tornar tão íntimo, tão rápido - e ele consegue em todos os casos! Os problemas familiares decorrentes das escolhas de cada personagem, basicamente, pautam as conversas, tanto de uma lado quanto do outro, mas, de fato, é muito interessante como a montagem em si nos ajudam nessa experiência, não criando bengalas emocionais para nos fisgar - óbvio que um ou outro momento somos movidos ao emocional extremo, mas em nenhum momento me pareceu que estavam forçando a barra!

Talvez a única "escorregada" do roteiro foi ter se apegado apenas as histórias de sucesso, mas é compreensível essa escolha e fez muito sentido para o documentário; porém se tivéssemos um "retorno" sem o sucesso esperado, poderia se criar um plot até mais surpreendente para o final! Em todo caso, admito que o documentário me surpreendeu pela qualidade técnica e artística, pelo conceito narrativo e visual, além de um elenco de muita qualidade e, olha, ter nomes como Laurent Suaudeau, Erick Jacquin e Emmanuel Bassoleil sem máscaras é no mínimo sensacional! 

Documentário imperdível!

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"Por que você partiu?" é um documentário brasileiro muito, mas muito, interessante e que merece ser assistido pelas ótimas histórias que o filme conta, mas, principalmente, pela sensibilidade do Diretor Eric Belhassen ao se colocar como uma espécie de protagonista oculto que tem o importante papel de unir os pontos levantados por todos os personagens e assim encontrar uma resposta (ou várias) para a pergunta que serve de título da obra! 

O filme se propõe a contar a história de cinco chefes de cozinha franceses que moram e trabalham no Brasil. Pesos pesados da gastronomia como Laurent Suaudeau, Erick Jacquin, Frédéric Monnier, Roland Villard, Alain Uzan e Emmanuel Bassoleil, nos contam as razões que os levaram a deixar a França para construir suas carreiras aqui no Brasil. Agora, muito mais interessante que isso (se é que é possível) é que o documentário ainda mostra o outro lado da história, o lado de quem ficou na França, ou seja, o sentimento dos pais e irmãos de cada um dos "exilados" - como o próprio filme os definem. Confira o trailer:

Antes do seu play, é preciso dizer que "Por que você partiu?" não é um filme sobre gastronomia, mesmo tendo personagens tão ilustres da área. Embora seja possível conferir um pouco do trabalho de cada um deles e até suas formas de liderar uma cozinha, o filme está muito mais preocupado em pontuar a jornada e a decisão de partir, do que propriamente exaltar a qualidade técnica e profissional dos chefs - ou seja, não se trata de mais um "Chef's Table". O processo de adaptação, as dificuldades, os fracassos, enfim, tudo isso é discutido, mas equilibrando muito mais a emoção do que a razão, enquanto pelo outro lado, o que vemos é basicamente a emoção guiando cada um dos depoimentos dos familiares! Vale muito a pena, é uma aula de humildade para quem acredita que profissionais de sucesso tiveram apenas "sorte"!

O roteiro de "Por que você partiu?" foi escrito pelo próprio Eric Belhassen e por seu irmão Marc. Inicialmente ele nos parece confuso, por não entregar de cara quem são as pessoas ligadas aos personagens principais e por que aquela história está sendo contada. Claro que logo entendemos a dinâmica narrativa, mas essa confusão (talvez) proposital poderia ser facilmente eliminada com algumas legendas de apresentação, porém é preciso respeitar a escolha do diretor (ou dos roteiristas) que optaram por nos provocar à refletir e entender o que se passa na cabeça de quem fica e não somente na de quem parte para uma aventura em outro país. 

A intimidade de cada um dos cinco chefs é revelada a partir de entrevistas cara a cara - não existe a necessidade de muitas inserções gráficas ou de imagens de arquivo para criar o clima do filme! Estamos falando de "chegadas e partidas" e como isso impacta na vida de cada um - o tema, por si só, já é o suficiente para nos envolver com as histórias. Se levarmos em conta que os franceses são completamente diferentes dos brasileiros ao exporem suas emoções, o que vemos é uma enorme habilidade de Belhassen para se tornar tão íntimo, tão rápido - e ele consegue em todos os casos! Os problemas familiares decorrentes das escolhas de cada personagem, basicamente, pautam as conversas, tanto de uma lado quanto do outro, mas, de fato, é muito interessante como a montagem em si nos ajudam nessa experiência, não criando bengalas emocionais para nos fisgar - óbvio que um ou outro momento somos movidos ao emocional extremo, mas em nenhum momento me pareceu que estavam forçando a barra!

Talvez a única "escorregada" do roteiro foi ter se apegado apenas as histórias de sucesso, mas é compreensível essa escolha e fez muito sentido para o documentário; porém se tivéssemos um "retorno" sem o sucesso esperado, poderia se criar um plot até mais surpreendente para o final! Em todo caso, admito que o documentário me surpreendeu pela qualidade técnica e artística, pelo conceito narrativo e visual, além de um elenco de muita qualidade e, olha, ter nomes como Laurent Suaudeau, Erick Jacquin e Emmanuel Bassoleil sem máscaras é no mínimo sensacional! 

Documentário imperdível!

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Prescrição Fatal

"Prescrição Fatal" é uma minissérie documental da Netflix muito curiosa, pois ela mistura dois estilos de documentários bastante peculiares: no primeiro momento, achamos que estamos assistindo mais um "Making a Murderer", onde o foco é a investigação de um crime misterioso, porém as coisas são resolvidas tão rapidamente que logo desconfiamos se existirá conteúdo relevante para segurar mais 3 episódios até o seu final! Não é por acaso, pois esse segundo momento traz muito do "estilo Michael Moore", usando esse prólogo "true crime" só como motivação para o que vem a seguir - e aí a forma se encontra com o conteúdo e o narrador se coloca em primeira pessoa, não mais para desvendar, mas sim para expor!

"Pharmacist" (O Farmacêutico) é o nome original da série e, nesse caso, a tradução jogou contra nossa experiência, pois ela entrega o que vem pela frente e, conceitualmente, tira de quem move a história o seu protagonismo! Dan Schneider é um senhor de Nova Orleans que perdeu seu filho assassinado quando, supostamente, ele iria comprar drogas. Ainda em um período de intensa dor e luto, ele começa a perceber que muitos outros jovens estão morrendo de overdose na sua cidade, porém a droga responsável por tantas mortes sai do local onde ele trabalha: uma farmácia! É aí que que os paralelos vão sendo construídos e a série vai ganhando força, afinal Schneider não se conforma em ser uma peça fundamental nessa cadeia - da mesma forma que um traficante foi na morte do seu filho! Olha, vale muito a pena, mas é preciso dizer que, mais uma vez, ter acesso a essa realidade tão dura (e completamente institucionalizada) não é tão fácil de digerir! Assista o trailer (em inglês) porque vale a pena:

Encontrar o assassino do seu filho e entender o motivo da sua morte, é assim que Dan Schneider nos é apresentado. O primeiro episódio é, de fato, uma grande sequência investigativa com um plot twist sensacional, mas não é esse o gênero da minissérie - que fique bem claro! A direção de Jenner Furst e Julia Willoughby Nason usa desse primeiro ato como um convite para conhecer o protagonista em um momento de muita dor e entender como um drama pessoal é capaz de mover (e motivar) suas ações para que os acontecimentos que vão se seguir sejam devidamente justificados - embora não necessariamente vinculados! É até engraçado como o roteiro se preocupa em tentar transformar um fato isolado em um propósito de vida - eu diria até que funciona, mas não me pareceu tão natural como a minissérie nos vende! O fato é que, conhecendo o modo de enxergar seus desafios, temos um perfil bastante sólido de Dan Schneider - ele é o herói da série! Mas e o vilão? É quando entra em cena Jacqueline Cleggett, uma média que só atende depois que o sol se põe e que tem como pacientes jovens viciados em uma droga chamada OxyContin. O OxyContin é um opioide analgésico extremamente potente que, mal prescrito, pode causar o vício - afinal sua composição é basicamente igual ao da heroína (palavras de uma especialista). Não é preciso dizer que Cleggett não se preocupava com a saúde dos pacientes, certo?

A luta de Dan Schneider é muito bem retratada durante os quatro episódios, existem ganchos muito fortes entre um episódio e outro que nos prendem à história e sabendo que a série não é sobre o crime que matou o filho de Schneider e sim sobre sua luta para provar que Cleggett e o OxyContin são os reais motivos de tantas mortes de jovens na sua região (a maior dos EUA), o entretenimento está garantido. Existem elementos completamente dispensáveis durante a narrativa como a passagem do Katrina e a destruição total da região ou a citação da indústria do tabaco ou até uma suposta perseguição de carro que Schneider sofreu, porém não se pode negar que o roteiro aproveita dessas passagens importantes para criar vínculos de tensão e empatia com sua narrativa principal, fazendo com que tudo ganhe um sentido e deixando a história bastante dinâmica!

Eu gostei muito de "Prescrição Fatal" e indico tranquilamente!

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"Pharmacist" (O Farmacêutico) é o nome original da série e, nesse caso, a tradução jogou contra nossa experiência, pois ela entrega o que vem pela frente e, conceitualmente, tira de quem move a história o seu protagonismo! Dan Schneider é um senhor de Nova Orleans que perdeu seu filho assassinado quando, supostamente, ele iria comprar drogas. Ainda em um período de intensa dor e luto, ele começa a perceber que muitos outros jovens estão morrendo de overdose na sua cidade, porém a droga responsável por tantas mortes sai do local onde ele trabalha: uma farmácia! É aí que que os paralelos vão sendo construídos e a série vai ganhando força, afinal Schneider não se conforma em ser uma peça fundamental nessa cadeia - da mesma forma que um traficante foi na morte do seu filho! Olha, vale muito a pena, mas é preciso dizer que, mais uma vez, ter acesso a essa realidade tão dura (e completamente institucionalizada) não é tão fácil de digerir! Assista o trailer (em inglês) porque vale a pena:

Encontrar o assassino do seu filho e entender o motivo da sua morte, é assim que Dan Schneider nos é apresentado. O primeiro episódio é, de fato, uma grande sequência investigativa com um plot twist sensacional, mas não é esse o gênero da minissérie - que fique bem claro! A direção de Jenner Furst e Julia Willoughby Nason usa desse primeiro ato como um convite para conhecer o protagonista em um momento de muita dor e entender como um drama pessoal é capaz de mover (e motivar) suas ações para que os acontecimentos que vão se seguir sejam devidamente justificados - embora não necessariamente vinculados! É até engraçado como o roteiro se preocupa em tentar transformar um fato isolado em um propósito de vida - eu diria até que funciona, mas não me pareceu tão natural como a minissérie nos vende! O fato é que, conhecendo o modo de enxergar seus desafios, temos um perfil bastante sólido de Dan Schneider - ele é o herói da série! Mas e o vilão? É quando entra em cena Jacqueline Cleggett, uma média que só atende depois que o sol se põe e que tem como pacientes jovens viciados em uma droga chamada OxyContin. O OxyContin é um opioide analgésico extremamente potente que, mal prescrito, pode causar o vício - afinal sua composição é basicamente igual ao da heroína (palavras de uma especialista). Não é preciso dizer que Cleggett não se preocupava com a saúde dos pacientes, certo?

A luta de Dan Schneider é muito bem retratada durante os quatro episódios, existem ganchos muito fortes entre um episódio e outro que nos prendem à história e sabendo que a série não é sobre o crime que matou o filho de Schneider e sim sobre sua luta para provar que Cleggett e o OxyContin são os reais motivos de tantas mortes de jovens na sua região (a maior dos EUA), o entretenimento está garantido. Existem elementos completamente dispensáveis durante a narrativa como a passagem do Katrina e a destruição total da região ou a citação da indústria do tabaco ou até uma suposta perseguição de carro que Schneider sofreu, porém não se pode negar que o roteiro aproveita dessas passagens importantes para criar vínculos de tensão e empatia com sua narrativa principal, fazendo com que tudo ganhe um sentido e deixando a história bastante dinâmica!

Eu gostei muito de "Prescrição Fatal" e indico tranquilamente!

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