"Senna por Ayrton" transcende o propósito de ser mais um mero documentário em homenagem aos 30 anos de sua morte. Na verdade a minissérie em três episódios da Globoplay traz o que a própria Globo tem de melhor: um riquíssimo acervo de imagens e entrevistas com o piloto para assim construir um tributo comovente e íntimo a um dos maiores ícones do esporte mundial, o inesquecível Ayrton Senna da Silva (ou do Brasil, como preferir). Mais do que reviver corridas épicas e momentos marcantes de sua carreira, a minissérie ainda foi capaz de mergulhar na alma do piloto pela perspectiva nostálgica de quem acompanhou toda sua trajetória pela televisão - não só assistindo as corridas, mas também os telejornais, especiais, etc. Eu diria, inclusive, que "Senna por Ayrton" é um imperdível e definitivo recorte jornalístico que merece ser assistido toda vez que a saudade bater!
Com direção de Rafael Pirrho e Rafael Timóteo, ambos roteiristas ao lado de Camila Côrtes e José Emílio Aguiar, "Senna por Ayrton" é o resultado de um um mergulho em cerca de 150 horas de arquivos da Globo (e também de outros veículos de comunicação do país e estrangeiros) brilhantemente montados para traçar a trajetória de Senna desde seus primórdios no kart até o trágico acidente em Ímola, em 1994. Explorando suas relações, motivações, fé, ambições e lutas internas, a minissérie se apoia na perspectiva de vida e carreira do próprio Ayrton, um esportista que nunca escondeu a inquietude pela busca constante de aperfeiçoamento e, claro, de vitórias. Confira o trailer:
Bom, pelo trailer já dá para se ter uma ideia do que esperar, certo? Errado, é muito mais do que isso! "Senna por Ayrton" é um retorno ao melhores dias dos anos 80 e 90 pelo olhar muito especial de quem construiu memórias marcantes em toda uma geração. Nada na minissérie é ruim, tudo tem seu encaixe e propósito ao ponto de torcermos para que aquela experiência não acabe. "Senna por Ayrton" vai além das pistas, revelando um lado menos conhecido do piloto - embora, é preciso dizer, não traga lá muitas novidades para quem (como eu) de fato é fã ferrenho do piloto. Mesmo que a minissérie tenha matérias que exploram sua relação com a família, seus hobbies, sua fé, sem dúvida que é nas conquistas esportivas que nos apegamos emocionalmente.
Aqui, tudo é construído em cima de uma contexto mais amplo - o que deve ter dado um baita de um trabalho para organizar. Vemos desde um Senna devoto até um esportista (com razão) vingativo. Essa visão mais holística do homem contribui para uma compreensão mais profunda de sua persona e do impacto que ele teve para os brasileiros em uma época onde nada dava certo para nós - no esporte e na vida. Nesse sentido é impossível não destacar a qualidade técnica e artística impecáveis do projeto - a direção, o roteiro e a montagem foram capazes de capturar a beleza viciante das corridas de fórmula 1 (mas sem aquela gramática cinematográfica belíssima que hoje encontramos nos streamings) ao mesmo tempo que contam uma história coesa e dinâmica criando um ritmo envolvente que nos impede de sair da frente da TV até que o terceiro episódio termine.
Ao som do "Tema da Vitória" e envolvidos pelas narrações inesquecíveis de Galvão Bueno, "Senna por Ayrton" é tão emocionante quanto inspirador - cenário perfeito para nos conectarmos com as imagens históricas de Ayrton Senna ao longo de 20 anos de carreira. Mais do que um tributo ao campeão Ayrton Senna, essa minissérie é uma celebração da vida, da superação e do legado duradouro de um ídolo que continuará transcendendo gerações graças a esse tipo de produto audiovisual. Se você tem mais de 40 anos, prepare-se para se emocionar, porque eu te garanto: essas lembranças vão tocar sua alma!
Imperdível!
"Senna por Ayrton" transcende o propósito de ser mais um mero documentário em homenagem aos 30 anos de sua morte. Na verdade a minissérie em três episódios da Globoplay traz o que a própria Globo tem de melhor: um riquíssimo acervo de imagens e entrevistas com o piloto para assim construir um tributo comovente e íntimo a um dos maiores ícones do esporte mundial, o inesquecível Ayrton Senna da Silva (ou do Brasil, como preferir). Mais do que reviver corridas épicas e momentos marcantes de sua carreira, a minissérie ainda foi capaz de mergulhar na alma do piloto pela perspectiva nostálgica de quem acompanhou toda sua trajetória pela televisão - não só assistindo as corridas, mas também os telejornais, especiais, etc. Eu diria, inclusive, que "Senna por Ayrton" é um imperdível e definitivo recorte jornalístico que merece ser assistido toda vez que a saudade bater!
Com direção de Rafael Pirrho e Rafael Timóteo, ambos roteiristas ao lado de Camila Côrtes e José Emílio Aguiar, "Senna por Ayrton" é o resultado de um um mergulho em cerca de 150 horas de arquivos da Globo (e também de outros veículos de comunicação do país e estrangeiros) brilhantemente montados para traçar a trajetória de Senna desde seus primórdios no kart até o trágico acidente em Ímola, em 1994. Explorando suas relações, motivações, fé, ambições e lutas internas, a minissérie se apoia na perspectiva de vida e carreira do próprio Ayrton, um esportista que nunca escondeu a inquietude pela busca constante de aperfeiçoamento e, claro, de vitórias. Confira o trailer:
Bom, pelo trailer já dá para se ter uma ideia do que esperar, certo? Errado, é muito mais do que isso! "Senna por Ayrton" é um retorno ao melhores dias dos anos 80 e 90 pelo olhar muito especial de quem construiu memórias marcantes em toda uma geração. Nada na minissérie é ruim, tudo tem seu encaixe e propósito ao ponto de torcermos para que aquela experiência não acabe. "Senna por Ayrton" vai além das pistas, revelando um lado menos conhecido do piloto - embora, é preciso dizer, não traga lá muitas novidades para quem (como eu) de fato é fã ferrenho do piloto. Mesmo que a minissérie tenha matérias que exploram sua relação com a família, seus hobbies, sua fé, sem dúvida que é nas conquistas esportivas que nos apegamos emocionalmente.
Aqui, tudo é construído em cima de uma contexto mais amplo - o que deve ter dado um baita de um trabalho para organizar. Vemos desde um Senna devoto até um esportista (com razão) vingativo. Essa visão mais holística do homem contribui para uma compreensão mais profunda de sua persona e do impacto que ele teve para os brasileiros em uma época onde nada dava certo para nós - no esporte e na vida. Nesse sentido é impossível não destacar a qualidade técnica e artística impecáveis do projeto - a direção, o roteiro e a montagem foram capazes de capturar a beleza viciante das corridas de fórmula 1 (mas sem aquela gramática cinematográfica belíssima que hoje encontramos nos streamings) ao mesmo tempo que contam uma história coesa e dinâmica criando um ritmo envolvente que nos impede de sair da frente da TV até que o terceiro episódio termine.
Ao som do "Tema da Vitória" e envolvidos pelas narrações inesquecíveis de Galvão Bueno, "Senna por Ayrton" é tão emocionante quanto inspirador - cenário perfeito para nos conectarmos com as imagens históricas de Ayrton Senna ao longo de 20 anos de carreira. Mais do que um tributo ao campeão Ayrton Senna, essa minissérie é uma celebração da vida, da superação e do legado duradouro de um ídolo que continuará transcendendo gerações graças a esse tipo de produto audiovisual. Se você tem mais de 40 anos, prepare-se para se emocionar, porque eu te garanto: essas lembranças vão tocar sua alma!
Imperdível!
Antes de mais nada, é preciso alinhar as expectativas para que o documentário da Netflix, "Sexo Bilionário", não seja uma experiência menos marcante. Se você está esperando um interessante estudo de caso de como o PornHub se tornou um dos dez sites mais visitados no planeta, transformando todo um mercado e por isso faturando bilhões de dólares em publicidade, esquece - você vai se decepcionar. Não que o filme dirigido pela veterana Suzanne Hillinger (de "American Masters") não faça um rápido recorte dessa timeline de sucesso como negócio, mas o que ela quer mesmo (e por isso fique a vontade em julgar essa escolha), é colocar gasolina na fogueira - o roteiro claramente prefere discutir as polêmicas ao redor do site, do que só conectar os pontos sensíveis de toda jornada e deixar que a audiência tire suas próprias conclusões.
Para quem não conhece, o Pornhub é o mais famoso site de conteúdo adulto da internet. Ele não só revolucionou a maneira como as pessoas consomem pornografia, como mudou drasticamente todo seu mercado. No entanto, ao deixar o seu conteúdo mais acessível aos usuários, a empresa que fatura bilhões por ano, se envolveu em grandes polêmicas e sérias alegações, incluindo tráfico sexual e disseminação de conteúdo não consensual. Em meio a isso tudo, se abre o debate sob a proteção dos profissionais da pornografia, enquanto se tenta eliminar qualquer resquício de imagens proibidas por lei. Confira o trailer (em inglês):
Obviamente que os assuntos levantados no documentário são muito sérios, merecem uma discussão mais profunda e uma reflexão extremamente ampla, principalmente pela forma como esse tipo de conteúdo é destruído na internet e como isso pode impactar na vida de qualquer pessoa que tenha sua privacidade exposta sem sua autorização. Vincular a dor de uma pessoa ao prazer de outra, de fato, não faz o menor sentido. A grande questão é que aqui, o valor dado ao "polêmico" praticamente encobre o que de bom a plataforma tecnológica construiu ao longo dos anos - me refiro aos resultados como negócio e como beneficio no processo de independência de atores e atrizes que disruptou a indústria pornográfica no mundo.
Claro que Hillinger faz um esforço tremendo para mostrar todos os lados da mesma história, porém ela naturalmente acaba levantando uma bandeira que desequilibra a sua narrativa. Ao expor com muita habilidade os problemas das contas não verificadas que postavam vídeos com teor inapropriado (como tráfico sexual, pedofilia e estupros), ela praticamente nos obriga a concordar que o site não trouxe nada de bom para a sociedade - afinal tudo faz sentido em seu discurso. Mesmo quando ela sugere ampliar alguns pontos sobre o tema, trazendo para a conversa quem vive dessa indústria, nós já estamos pré dispostos a nem dar mais ouvidos. Acontece que no final do filme, fica fácil perceber esse tom de manipulação e é por isso que "Money Shot: The Pornhub Story" (no original) pode te fisgar com mais força - abra os olhos (e a mente), pois perceber a complexidade do negócio só vai enriquecer sua experiência.
"Sexo Bilionário" é mais complexo do que parece e certamente vai provocar longas discussões dependendo do prisma que você enxergar a história. Seja a partir de entrevistas interessantes com atrizes do cinema pornô (como Siri Dahl, Asa Akira e Gwen Adora) ou pelos depoimentos de ex-funcionárias que conheciam os bastidores do Pornhub (como Noelle Perdue), é inegável que o tema vai prender sua atenção do início ao fim, te tirar da zona de conforto e, principalmente, te convidar para ótimas reflexões - só não espere uma narrativa 100% isenta.
Vale muito o seu play!
Antes de mais nada, é preciso alinhar as expectativas para que o documentário da Netflix, "Sexo Bilionário", não seja uma experiência menos marcante. Se você está esperando um interessante estudo de caso de como o PornHub se tornou um dos dez sites mais visitados no planeta, transformando todo um mercado e por isso faturando bilhões de dólares em publicidade, esquece - você vai se decepcionar. Não que o filme dirigido pela veterana Suzanne Hillinger (de "American Masters") não faça um rápido recorte dessa timeline de sucesso como negócio, mas o que ela quer mesmo (e por isso fique a vontade em julgar essa escolha), é colocar gasolina na fogueira - o roteiro claramente prefere discutir as polêmicas ao redor do site, do que só conectar os pontos sensíveis de toda jornada e deixar que a audiência tire suas próprias conclusões.
Para quem não conhece, o Pornhub é o mais famoso site de conteúdo adulto da internet. Ele não só revolucionou a maneira como as pessoas consomem pornografia, como mudou drasticamente todo seu mercado. No entanto, ao deixar o seu conteúdo mais acessível aos usuários, a empresa que fatura bilhões por ano, se envolveu em grandes polêmicas e sérias alegações, incluindo tráfico sexual e disseminação de conteúdo não consensual. Em meio a isso tudo, se abre o debate sob a proteção dos profissionais da pornografia, enquanto se tenta eliminar qualquer resquício de imagens proibidas por lei. Confira o trailer (em inglês):
Obviamente que os assuntos levantados no documentário são muito sérios, merecem uma discussão mais profunda e uma reflexão extremamente ampla, principalmente pela forma como esse tipo de conteúdo é destruído na internet e como isso pode impactar na vida de qualquer pessoa que tenha sua privacidade exposta sem sua autorização. Vincular a dor de uma pessoa ao prazer de outra, de fato, não faz o menor sentido. A grande questão é que aqui, o valor dado ao "polêmico" praticamente encobre o que de bom a plataforma tecnológica construiu ao longo dos anos - me refiro aos resultados como negócio e como beneficio no processo de independência de atores e atrizes que disruptou a indústria pornográfica no mundo.
Claro que Hillinger faz um esforço tremendo para mostrar todos os lados da mesma história, porém ela naturalmente acaba levantando uma bandeira que desequilibra a sua narrativa. Ao expor com muita habilidade os problemas das contas não verificadas que postavam vídeos com teor inapropriado (como tráfico sexual, pedofilia e estupros), ela praticamente nos obriga a concordar que o site não trouxe nada de bom para a sociedade - afinal tudo faz sentido em seu discurso. Mesmo quando ela sugere ampliar alguns pontos sobre o tema, trazendo para a conversa quem vive dessa indústria, nós já estamos pré dispostos a nem dar mais ouvidos. Acontece que no final do filme, fica fácil perceber esse tom de manipulação e é por isso que "Money Shot: The Pornhub Story" (no original) pode te fisgar com mais força - abra os olhos (e a mente), pois perceber a complexidade do negócio só vai enriquecer sua experiência.
"Sexo Bilionário" é mais complexo do que parece e certamente vai provocar longas discussões dependendo do prisma que você enxergar a história. Seja a partir de entrevistas interessantes com atrizes do cinema pornô (como Siri Dahl, Asa Akira e Gwen Adora) ou pelos depoimentos de ex-funcionárias que conheciam os bastidores do Pornhub (como Noelle Perdue), é inegável que o tema vai prender sua atenção do início ao fim, te tirar da zona de conforto e, principalmente, te convidar para ótimas reflexões - só não espere uma narrativa 100% isenta.
Vale muito o seu play!
Independente dos julgamentos morais e éticos, "Shiny Flakes - Drogas online" é um excelente documentário, com uma história impressionante e que, fatalmente, será um tapa na cara de muita gente (e já vou explicar a razão). Ah, e antes de mais nada eu quero esclarecer que tudo que será escrito daqui pra frente não tem a menor intenção de glorificar o trabalho ou a postura de Maximilian Schmidt - o verdadeiro Moritz que serviu de inspiração para a ótima série da Netflix, "Como Vender Drogas Online (Rápido)".
"Shiny Flakes" narra a incrível jornada de ascensão e queda do alemão Maximilian Schmidt, e como ele criou um verdadeiro império de vendas de drogas com apenas 20 anos. A partir de uma loja virtual, montada e gerida dentro do seu próprio quarto, sem a ajuda de ninguém, em pouco mais de três anos, a ousada startup se transformou no maior (e disruptivo) sucesso de um mercado ilícito bilionário. Além de gerar um lucro absurdo e transformar Maximilian em uma verdadeira celebridade com requintes de Walter White, o documentário mostra em detalhes como tudo de fato aconteceu pelo olhar do próprio protagonista que, aliás, no momento da sua prisão tinha mais de uma tonelada de drogas no seu armário. Confira o trailer:
Inegavelmente "Shiny Flakes" é um estudo de caso dos mais curiosos para os empreendedores e para quem gosta do assunto, principalmente se trocarmos o produto em questão por algo, digamos, lícito. O próprio Maximilian Schmidt descreve todo o processo de ideação, execução, crescimento e logística de uma forma que certamente fará inveja a muito vendedor de curso de Instagram com a "fórmula mágica do sucesso". Talvez a lição mais interessante da primeira metade do documentário esteja resumida na seguinte frase: "Muita gente diz que com pouco esforço poderia ter feito isso. Essa é a diferença: alguns fazem, outros não!"
Um dos grandes acertos de "Shiny Flakes", sem dúvida, foi a forma como a dupla de diretores, Eva Müller e Michael Schmitt, contam a história. Com uma dinâmica narrativa bastante fluída e simples. O documentário é praticamente um exercício de reconstituição com o próprio protagonista - isso mesmo, Maximilian atua nas cenas como um ator (e vai muito bem, inclusive). Misturando depoimentos dos investigadores envolvidos no caso com os de Maximilian Schmidt em vários momentos da sua vida de criminoso, tudo se encaixa perfeitamente com um mood quase irônico e cínico da situação - o sorriso arrogante e sem noção no rosto de Maximilian é irritante!
Quando a produção reproduz em detalhes o quarto de onde Maximilian realizava a operação e deixa bem claro que se trata de um cenário sem a menor intenção de esconder o que é "ficção" do que é "realidade", os diretores nos apresentam a uma técnica cinematográfica que gera muita empatia, identificação e acaba funcionando como um convite para aquela imersão: a quebra da quarta parede faz parte da narrativa e em diversas formas - quando escutamos a voz da diretora em uma pergunta, quando o protagonista fala diretamente para câmera após uma ação e até quando na reconstituição ouvimos o "corta" e o ator pergunta para "nós" se ficou bom.
Outro elemento que mostra o cuidado da produção diz respeito as inserções gráficas: a arte que constrói a planta original do apartamento de Maximilian a partir do seu quarto é um bom exemplo. Tudo funciona tão organicamente que nos dá a dimensão de como essa história é surreal de simples e encaixa tão bem na narrativa que temos a exata impressão que o modelo de operação do negócio seria facilmente replicável - além, claro, de ter deixado os investigadores boquiabertos pela simplicidade, audácia e ao mesmo tempo, pelo cuidado que Maximilian teve para não deixar rastros. O fato é que ninguém imaginava que o "Barão das Drogas Online" fosse um jovem que agia sozinho no quarto da casa em que morava com seus pais.
Olha, vale muito a pena!
Independente dos julgamentos morais e éticos, "Shiny Flakes - Drogas online" é um excelente documentário, com uma história impressionante e que, fatalmente, será um tapa na cara de muita gente (e já vou explicar a razão). Ah, e antes de mais nada eu quero esclarecer que tudo que será escrito daqui pra frente não tem a menor intenção de glorificar o trabalho ou a postura de Maximilian Schmidt - o verdadeiro Moritz que serviu de inspiração para a ótima série da Netflix, "Como Vender Drogas Online (Rápido)".
"Shiny Flakes" narra a incrível jornada de ascensão e queda do alemão Maximilian Schmidt, e como ele criou um verdadeiro império de vendas de drogas com apenas 20 anos. A partir de uma loja virtual, montada e gerida dentro do seu próprio quarto, sem a ajuda de ninguém, em pouco mais de três anos, a ousada startup se transformou no maior (e disruptivo) sucesso de um mercado ilícito bilionário. Além de gerar um lucro absurdo e transformar Maximilian em uma verdadeira celebridade com requintes de Walter White, o documentário mostra em detalhes como tudo de fato aconteceu pelo olhar do próprio protagonista que, aliás, no momento da sua prisão tinha mais de uma tonelada de drogas no seu armário. Confira o trailer:
Inegavelmente "Shiny Flakes" é um estudo de caso dos mais curiosos para os empreendedores e para quem gosta do assunto, principalmente se trocarmos o produto em questão por algo, digamos, lícito. O próprio Maximilian Schmidt descreve todo o processo de ideação, execução, crescimento e logística de uma forma que certamente fará inveja a muito vendedor de curso de Instagram com a "fórmula mágica do sucesso". Talvez a lição mais interessante da primeira metade do documentário esteja resumida na seguinte frase: "Muita gente diz que com pouco esforço poderia ter feito isso. Essa é a diferença: alguns fazem, outros não!"
Um dos grandes acertos de "Shiny Flakes", sem dúvida, foi a forma como a dupla de diretores, Eva Müller e Michael Schmitt, contam a história. Com uma dinâmica narrativa bastante fluída e simples. O documentário é praticamente um exercício de reconstituição com o próprio protagonista - isso mesmo, Maximilian atua nas cenas como um ator (e vai muito bem, inclusive). Misturando depoimentos dos investigadores envolvidos no caso com os de Maximilian Schmidt em vários momentos da sua vida de criminoso, tudo se encaixa perfeitamente com um mood quase irônico e cínico da situação - o sorriso arrogante e sem noção no rosto de Maximilian é irritante!
Quando a produção reproduz em detalhes o quarto de onde Maximilian realizava a operação e deixa bem claro que se trata de um cenário sem a menor intenção de esconder o que é "ficção" do que é "realidade", os diretores nos apresentam a uma técnica cinematográfica que gera muita empatia, identificação e acaba funcionando como um convite para aquela imersão: a quebra da quarta parede faz parte da narrativa e em diversas formas - quando escutamos a voz da diretora em uma pergunta, quando o protagonista fala diretamente para câmera após uma ação e até quando na reconstituição ouvimos o "corta" e o ator pergunta para "nós" se ficou bom.
Outro elemento que mostra o cuidado da produção diz respeito as inserções gráficas: a arte que constrói a planta original do apartamento de Maximilian a partir do seu quarto é um bom exemplo. Tudo funciona tão organicamente que nos dá a dimensão de como essa história é surreal de simples e encaixa tão bem na narrativa que temos a exata impressão que o modelo de operação do negócio seria facilmente replicável - além, claro, de ter deixado os investigadores boquiabertos pela simplicidade, audácia e ao mesmo tempo, pelo cuidado que Maximilian teve para não deixar rastros. O fato é que ninguém imaginava que o "Barão das Drogas Online" fosse um jovem que agia sozinho no quarto da casa em que morava com seus pais.
Olha, vale muito a pena!
"Showbiz Kids", documentário original da HBO, é simplesmente sensacional - um recorte de como é ser uma criança nos Estúdios de Hollywood! A forma como o diretor Alex Winter (também ex-ator quando criança) foi construindo a narrativa com entrevistas, imagens de arquivo e cenas dos filmes que cada uma daquelas ex-estrelas mirins participaram, criou uma dinâmica muito interessante que nos prende aos assuntos abordados e quando nos damos conta, o filme já acabou, nos deixando um certo aperto no coração e uma reflexão bastante importante, principalmente para aqueles que tem filhos!
O documentário expõe os altos e baixos de ser uma estrela mirim em Hollywood, mostrando como uma carreira na indústria do entretenimento com tão pouca idade pode cobrar um preço caro e afetar profundamente o psicológico e o futuro dessas crianças. São entrevistas com atores conhecidos por seus trabalhos na infância, como Henry Thomas, Evan Rachel Wood, Wil Wheaton, Cameron Boyce e Milla Jovovich. Além disso, o filme trás uma referência quase antropológica ao mostrar Baby Peggy, a primeira grande estrela mirim americana, além de acompanhar a jornada de dois jovens (e suas mães, claro) que estão buscando um lugar de destaque no "showbiz". Confira o trailer:
O mais bacana de "Showbiz Kids" é que o diretor foi capaz de encontrar vários perfis de atores que foram referências quando crianças, desde aquele que gostou da experiência até aquele se sentiu forçado pelos pais para estar ali. O interessante, inclusive, é que entre as duas pontas existem vários temas bastante espinhosos que fizeram parte da vida de todos, como: abuso sexual, pedofilia, drogas, ganância ou até os reflexos da pressão e insegurança daquela linha tênue entre sucesso e fracasso, natural da profissão, mas que para uma criança é de uma crueldade inimaginável (irresponsável, eu diria) - reparem nas mães das duas crianças que ainda não alcançaram a fama e entendam a postura opressora que é imposta à elas mesmo com uma certa fantasia de liberdade de escolha! Complicado!
"Showbiz Kids" é, sem dúvida, um dos melhores documentários de 2020 e certamente estará presente na temporada de premiações. Dito isso, não perca tempo, dê o play e saiba que são esses exemplos que nos fazem refletir sobre a educação que daremos aos nossos filhos!
"Showbiz Kids", documentário original da HBO, é simplesmente sensacional - um recorte de como é ser uma criança nos Estúdios de Hollywood! A forma como o diretor Alex Winter (também ex-ator quando criança) foi construindo a narrativa com entrevistas, imagens de arquivo e cenas dos filmes que cada uma daquelas ex-estrelas mirins participaram, criou uma dinâmica muito interessante que nos prende aos assuntos abordados e quando nos damos conta, o filme já acabou, nos deixando um certo aperto no coração e uma reflexão bastante importante, principalmente para aqueles que tem filhos!
O documentário expõe os altos e baixos de ser uma estrela mirim em Hollywood, mostrando como uma carreira na indústria do entretenimento com tão pouca idade pode cobrar um preço caro e afetar profundamente o psicológico e o futuro dessas crianças. São entrevistas com atores conhecidos por seus trabalhos na infância, como Henry Thomas, Evan Rachel Wood, Wil Wheaton, Cameron Boyce e Milla Jovovich. Além disso, o filme trás uma referência quase antropológica ao mostrar Baby Peggy, a primeira grande estrela mirim americana, além de acompanhar a jornada de dois jovens (e suas mães, claro) que estão buscando um lugar de destaque no "showbiz". Confira o trailer:
O mais bacana de "Showbiz Kids" é que o diretor foi capaz de encontrar vários perfis de atores que foram referências quando crianças, desde aquele que gostou da experiência até aquele se sentiu forçado pelos pais para estar ali. O interessante, inclusive, é que entre as duas pontas existem vários temas bastante espinhosos que fizeram parte da vida de todos, como: abuso sexual, pedofilia, drogas, ganância ou até os reflexos da pressão e insegurança daquela linha tênue entre sucesso e fracasso, natural da profissão, mas que para uma criança é de uma crueldade inimaginável (irresponsável, eu diria) - reparem nas mães das duas crianças que ainda não alcançaram a fama e entendam a postura opressora que é imposta à elas mesmo com uma certa fantasia de liberdade de escolha! Complicado!
"Showbiz Kids" é, sem dúvida, um dos melhores documentários de 2020 e certamente estará presente na temporada de premiações. Dito isso, não perca tempo, dê o play e saiba que são esses exemplos que nos fazem refletir sobre a educação que daremos aos nossos filhos!
"Sly", documentário da Netflix sobre Sylvester Stallone, é muito mais que uma retrospectiva sobre a vida do ator, diretor, roteirista e produtor; é uma reflexão profunda sobre os impactos do "abandono". Embora o diretor Thom Zimny (do premiado "Springsteen on Broadway") tente construir uma linha temporal organizada e equilibrada que cubra os altos e baixos de sua carreira, especialmente com franquias como "Rocky" e "Rambo", é na humanização do protagonista que o roteiro ganha alma - alguns depoimentos sinceros de "Sly" são de cortar o coração, mas a forma como ele próprio transforma seus fantasmas mais íntimos em resiliência, dedicação, auto-conhecimento, reflexões existenciais; e como tudo isso funciona como gatilho criativo para as histórias de seus filmes e personagens, sem dúvida, é o que vai te fazer olhar por uma outra perspectivas para alguns trabalhos do ator.
A prolífica carreira de quase cinquenta anos de Sylvester Stallone, que já entreteve milhões, é vista em retrospectiva num olhar íntimo do ator, fazendo um paralelo com sua inspiradora história de vida entre sua infância humilde até seu status de estrela de cinema internacional. Confira o trailer (em inglês):
O documentário embora siga uma estrutura narrativa convencional, sem intervenções gráficas ou encenações, se destaca pela sensibilidade pela qual diversos temas são retratados. Com uma montagem primorosa do próprio Zimny, entrevistas exclusivas com o Stallone de hoje são recortadas com uma seleção cuidadosa de depoimentos do ator no passado e de algumas pessoas próximas a ele - o que proporciona uma profundidade emocional impressionante. Aqui cito três figuras que realmente dão a exata dimensão da jornada pessoal e profissional de Sly - seu irmão Frank Stallone Jr, o amigo de longa data, Arnold Schwarzenegger e um estudioso Quentin Tarantino.
Em um primeiro olhar, a maneira como Stallone compartilha suas experiências e reflexões, muitas vezes pessoais e tocantes, revela um lado mais vulnerável do ator, o que é raramente visto na mídia convencional. O drama de sua relação conflituosa com seu pai Frank Stallone Sr. e a passagem sobre a morte de seu filho, Sage, são especialmente dolorosos. E aqui a direção de Thom Zimny se torna ainda mais notável - sua capacidade de mergulhar na jornada de Stallone com um estilo cinematográfico mais sensível ao mesmo tempo que muito respeitoso, é essencial para que certos tabus venham à tona sem uma desnecessária carga dramática sensacionalista. A fotografia deslumbrante e cuidadosamente elaborada pelo Justin Kane (de "Let There Be Drums!") acrescenta camadas à narrativa, criando uma experiência visualmente envolvente e extremamente alinhada com o tom que Zimny escolheu parta retratar um ser humano único, e uma celebridade ainda mais especial.
"Sly", de fato, nos permite conhecer o homem por trás de Rocky Balboa ou de John Rambo - sua disponibilidade, mesmo que deixe um certo ar de melancolia, é reveladora e apaixonante. Sua sinceridade e autenticidade contribuem para uma conexão imediata entre a audiência e a história. Claro que o documentário foge das polêmicas, preferindo uma espécie de celebração da resiliência, da determinação e da paixão de Sylvester Stallone pelo cinema. No entanto, fica o convite para ir além de uma análise superficial sobre um cara que se confunde com seus personagens propositalmente, um cara lutador que sempre consegue aguentar um pouco mais, que prefere falar dos filmes que foram sucesso na sua carreira e não gastar sua energia com seus fracassos, um cara que é unanimidade, mas que sofreu duros golpes até alcançar esse status.
Vale muito o seu play!
"Sly", documentário da Netflix sobre Sylvester Stallone, é muito mais que uma retrospectiva sobre a vida do ator, diretor, roteirista e produtor; é uma reflexão profunda sobre os impactos do "abandono". Embora o diretor Thom Zimny (do premiado "Springsteen on Broadway") tente construir uma linha temporal organizada e equilibrada que cubra os altos e baixos de sua carreira, especialmente com franquias como "Rocky" e "Rambo", é na humanização do protagonista que o roteiro ganha alma - alguns depoimentos sinceros de "Sly" são de cortar o coração, mas a forma como ele próprio transforma seus fantasmas mais íntimos em resiliência, dedicação, auto-conhecimento, reflexões existenciais; e como tudo isso funciona como gatilho criativo para as histórias de seus filmes e personagens, sem dúvida, é o que vai te fazer olhar por uma outra perspectivas para alguns trabalhos do ator.
A prolífica carreira de quase cinquenta anos de Sylvester Stallone, que já entreteve milhões, é vista em retrospectiva num olhar íntimo do ator, fazendo um paralelo com sua inspiradora história de vida entre sua infância humilde até seu status de estrela de cinema internacional. Confira o trailer (em inglês):
O documentário embora siga uma estrutura narrativa convencional, sem intervenções gráficas ou encenações, se destaca pela sensibilidade pela qual diversos temas são retratados. Com uma montagem primorosa do próprio Zimny, entrevistas exclusivas com o Stallone de hoje são recortadas com uma seleção cuidadosa de depoimentos do ator no passado e de algumas pessoas próximas a ele - o que proporciona uma profundidade emocional impressionante. Aqui cito três figuras que realmente dão a exata dimensão da jornada pessoal e profissional de Sly - seu irmão Frank Stallone Jr, o amigo de longa data, Arnold Schwarzenegger e um estudioso Quentin Tarantino.
Em um primeiro olhar, a maneira como Stallone compartilha suas experiências e reflexões, muitas vezes pessoais e tocantes, revela um lado mais vulnerável do ator, o que é raramente visto na mídia convencional. O drama de sua relação conflituosa com seu pai Frank Stallone Sr. e a passagem sobre a morte de seu filho, Sage, são especialmente dolorosos. E aqui a direção de Thom Zimny se torna ainda mais notável - sua capacidade de mergulhar na jornada de Stallone com um estilo cinematográfico mais sensível ao mesmo tempo que muito respeitoso, é essencial para que certos tabus venham à tona sem uma desnecessária carga dramática sensacionalista. A fotografia deslumbrante e cuidadosamente elaborada pelo Justin Kane (de "Let There Be Drums!") acrescenta camadas à narrativa, criando uma experiência visualmente envolvente e extremamente alinhada com o tom que Zimny escolheu parta retratar um ser humano único, e uma celebridade ainda mais especial.
"Sly", de fato, nos permite conhecer o homem por trás de Rocky Balboa ou de John Rambo - sua disponibilidade, mesmo que deixe um certo ar de melancolia, é reveladora e apaixonante. Sua sinceridade e autenticidade contribuem para uma conexão imediata entre a audiência e a história. Claro que o documentário foge das polêmicas, preferindo uma espécie de celebração da resiliência, da determinação e da paixão de Sylvester Stallone pelo cinema. No entanto, fica o convite para ir além de uma análise superficial sobre um cara que se confunde com seus personagens propositalmente, um cara lutador que sempre consegue aguentar um pouco mais, que prefere falar dos filmes que foram sucesso na sua carreira e não gastar sua energia com seus fracassos, um cara que é unanimidade, mas que sofreu duros golpes até alcançar esse status.
Vale muito o seu play!
A Netflix continua apostando em séries documentais que abordam histórias de crimes reais. Se você gostou de "The Jinx", “The Staircase”, “Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha” e “Amanda Knox”, não deixe de assistir “Sob Suspeita: O Caso Wesphael”. Em cinco episódios de pouco mais de 30 minutos, o diretor Alain Brunard se aproveita de um ótimo roteiro de Georges Huercano, Yann Le Gal e Pascal Vrebos para mostrar o polêmico caso do político belga Bernard Wesphael, acusado de assassinar a esposa Véronique Pirotton, em 2013.
O crime chamou a atenção da mídia na época pelo fato de que, embora as investigações e todas as evidências o apontassem como culpado, Wesphael sustentou até o fim seu argumento de inocência, apesar de ter sido a única pessoa que esteve com Véronique naquela noite e de haver relatos de testemunhas que afirmaram ter escutado sons suspeitos vindos do quarto deles.
O casal, que estava recém-separado, estaria tentando uma reconciliação num hotel em Ostende, cidade turística belga, quando Véronique foi encontrada morta no banheiro, com um saco plástico na cabeça e vários hematomas pelo corpo. Mesmo que parecendo impossível, a tese sustentada por Wesphael foi a de que ela havia cometido suicídio.
A série, como todos já devem saber, não traz soluções para o crime e isso não é exatamente um problema, já que, como muitas de suas antecessoras, a narrativa acaba focando em um dos personagens, no caso o político, que insiste na versão de um possível comportamento autodestrutivo da ex-mulher, que envolvia desde a infidelidade, tendências suicidas até o consumo excessivo de álcool e medicamentos - os depoimentos Wesphael para o documentário são impressionantes.
Infelizmente Véronique não tem voz, apenas sua irmã, um primo e alguns jornalistas tentam mostrar um outro lado da personalidade da vitima e sua relação conflituosa com o acusado. O fato é que ficamos sem uma conclusão sobre o que de fato aconteceu, porém a produção tem o mérito de prender a atenção da audiência desde o primeiro minuto da narrativa e a todo momento, provocando cada um de nós a tirar nossas próprias conclusões, independente do veredito ou de todas as evidências apresentadas.
Vale muito a pena, mas será preciso ter estômago ou, no mínimo, uma boa dose de isenção para traçar mentalmente todas as possibilidades - e posso garantir, não são muitas!
Escrito por Ana Cristina Paixão com Edição de André Siqueira
A Netflix continua apostando em séries documentais que abordam histórias de crimes reais. Se você gostou de "The Jinx", “The Staircase”, “Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha” e “Amanda Knox”, não deixe de assistir “Sob Suspeita: O Caso Wesphael”. Em cinco episódios de pouco mais de 30 minutos, o diretor Alain Brunard se aproveita de um ótimo roteiro de Georges Huercano, Yann Le Gal e Pascal Vrebos para mostrar o polêmico caso do político belga Bernard Wesphael, acusado de assassinar a esposa Véronique Pirotton, em 2013.
O crime chamou a atenção da mídia na época pelo fato de que, embora as investigações e todas as evidências o apontassem como culpado, Wesphael sustentou até o fim seu argumento de inocência, apesar de ter sido a única pessoa que esteve com Véronique naquela noite e de haver relatos de testemunhas que afirmaram ter escutado sons suspeitos vindos do quarto deles.
O casal, que estava recém-separado, estaria tentando uma reconciliação num hotel em Ostende, cidade turística belga, quando Véronique foi encontrada morta no banheiro, com um saco plástico na cabeça e vários hematomas pelo corpo. Mesmo que parecendo impossível, a tese sustentada por Wesphael foi a de que ela havia cometido suicídio.
A série, como todos já devem saber, não traz soluções para o crime e isso não é exatamente um problema, já que, como muitas de suas antecessoras, a narrativa acaba focando em um dos personagens, no caso o político, que insiste na versão de um possível comportamento autodestrutivo da ex-mulher, que envolvia desde a infidelidade, tendências suicidas até o consumo excessivo de álcool e medicamentos - os depoimentos Wesphael para o documentário são impressionantes.
Infelizmente Véronique não tem voz, apenas sua irmã, um primo e alguns jornalistas tentam mostrar um outro lado da personalidade da vitima e sua relação conflituosa com o acusado. O fato é que ficamos sem uma conclusão sobre o que de fato aconteceu, porém a produção tem o mérito de prender a atenção da audiência desde o primeiro minuto da narrativa e a todo momento, provocando cada um de nós a tirar nossas próprias conclusões, independente do veredito ou de todas as evidências apresentadas.
Vale muito a pena, mas será preciso ter estômago ou, no mínimo, uma boa dose de isenção para traçar mentalmente todas as possibilidades - e posso garantir, não são muitas!
Escrito por Ana Cristina Paixão com Edição de André Siqueira
"Sobrevivendo ao 11/9" foi um dos últimos documentários a chegar no streaming após os especiais de 20 anos dos atentados terroristas aos EUA. Cercado de muita expectativa, essa produção da BBC foi indicada ao BAFTA de 2022 e certamente é um dos materiais mais humanos sobre o assunto - muito desse mérito é responsabilidade do diretor Arthur Cary (de "The Last Survivors") que foi capaz de encontrar em depoimentos muito particulares, o sentimento real do que aquela experiência representou para cada uma daquelas pessoas. Eu diria que o filme fala, basicamente, sobre o trauma do 11 de setembro!
"Surviving 9/11" (no original) tem pouco mais de 90 minutos de duração e retrata o período de duas horas dos ataques terroristas que mudaram o mundo e a vida de quem presenciou tudo, em uma interação entre passado e presente. Com imagens inéditas e um roteiro muito bem amarrado, o filme encontra em seus personagens, histórias surpreendentes e muito emocionantes. Confira o trailer (em inglês):
É possível que algumas das histórias que você vai encontrar nesse documentário, você já conheça. A forma como ele está envelopado, é que vai colocar a mesma história em outro patamar. O trabalho jornalístico do diretor Arthur Cary é tão importantequanto a qualidade cinematográfica de como ele constrói a narrativa visualmente. Embora o filme não se aprofunde em nenhuma das histórias, ele conecta os fatos de uma maneira muito inteligente, pois se apoia na emoção de quem esteve lá ou perdeu alguém muito próximo naquela manhã enrolada de setembro - existe muita honestidade sentimental nos depoimentos.
Embora as imagens dos ataques ao World Trade Center sejam impactantes - e aqui eu destaco o plano do segundo avião se chocando com uma das torres; é no fator humano que o roteiro se apoia. A história de um bombeiro que se preparava para entrar na Torre Sul e que foi atingido por uma mulher que se jogou, contada por sua esposa, é de cortar o coração. Ou da jovem oficial da aeronáutica de decolou com seu caça para colidir com o United 93 já que não houve tempo de carregar seu avião com mísseis, também é impressionante. Mas os depoimentos não param em Nova York, pela primeira vez uma testumunha ocular conta como o avião se chocou com o Pentágono e outro, em como o United praticamente se desintegrou ao encontrar o solo do condado de Somerset, naPensilvânia.
Com tantos documentários sobre os ataques de 11 de setembro já produzidos, os últimos tendem a requentar algumas histórias - não é o caso de "Sobrevivendo ao 11/9", porém é preciso que se diga que o filme não é o que traz as imagens mais impressionantes ou visualmente impactantes, mas com certeza está entre os melhores se considerarmos a qualidade cinematográfica da obra como um todo. Para quem gosta do assunto e já conferiu a seleção que fizemos para o Blog da Viu Review, o play é obrigatório!
"Sobrevivendo ao 11/9" foi um dos últimos documentários a chegar no streaming após os especiais de 20 anos dos atentados terroristas aos EUA. Cercado de muita expectativa, essa produção da BBC foi indicada ao BAFTA de 2022 e certamente é um dos materiais mais humanos sobre o assunto - muito desse mérito é responsabilidade do diretor Arthur Cary (de "The Last Survivors") que foi capaz de encontrar em depoimentos muito particulares, o sentimento real do que aquela experiência representou para cada uma daquelas pessoas. Eu diria que o filme fala, basicamente, sobre o trauma do 11 de setembro!
"Surviving 9/11" (no original) tem pouco mais de 90 minutos de duração e retrata o período de duas horas dos ataques terroristas que mudaram o mundo e a vida de quem presenciou tudo, em uma interação entre passado e presente. Com imagens inéditas e um roteiro muito bem amarrado, o filme encontra em seus personagens, histórias surpreendentes e muito emocionantes. Confira o trailer (em inglês):
É possível que algumas das histórias que você vai encontrar nesse documentário, você já conheça. A forma como ele está envelopado, é que vai colocar a mesma história em outro patamar. O trabalho jornalístico do diretor Arthur Cary é tão importantequanto a qualidade cinematográfica de como ele constrói a narrativa visualmente. Embora o filme não se aprofunde em nenhuma das histórias, ele conecta os fatos de uma maneira muito inteligente, pois se apoia na emoção de quem esteve lá ou perdeu alguém muito próximo naquela manhã enrolada de setembro - existe muita honestidade sentimental nos depoimentos.
Embora as imagens dos ataques ao World Trade Center sejam impactantes - e aqui eu destaco o plano do segundo avião se chocando com uma das torres; é no fator humano que o roteiro se apoia. A história de um bombeiro que se preparava para entrar na Torre Sul e que foi atingido por uma mulher que se jogou, contada por sua esposa, é de cortar o coração. Ou da jovem oficial da aeronáutica de decolou com seu caça para colidir com o United 93 já que não houve tempo de carregar seu avião com mísseis, também é impressionante. Mas os depoimentos não param em Nova York, pela primeira vez uma testumunha ocular conta como o avião se chocou com o Pentágono e outro, em como o United praticamente se desintegrou ao encontrar o solo do condado de Somerset, naPensilvânia.
Com tantos documentários sobre os ataques de 11 de setembro já produzidos, os últimos tendem a requentar algumas histórias - não é o caso de "Sobrevivendo ao 11/9", porém é preciso que se diga que o filme não é o que traz as imagens mais impressionantes ou visualmente impactantes, mas com certeza está entre os melhores se considerarmos a qualidade cinematográfica da obra como um todo. Para quem gosta do assunto e já conferiu a seleção que fizemos para o Blog da Viu Review, o play é obrigatório!
Se você gostou de “The Keepers” e “Sob Suspeita: O Caso Wesphael”não pode perder “Sophie: a Murder in West Cork", mais uma minissérie documental de true crime da Netflix. O documentário em três partes segue uma fórmula vencedora que desde “Making a Murderer” (2015): aborda um crime brutal, mostra falhas graves na investigação e um erro judiciário que leva ao reexame do caso, que permanece sem solução.
Nessa minissérie, que foi produzida com o aval da família da vítima (importante citar pelo impacto que tem na narrativa), explora as circunstâncias em torno do misterioso assassinato da produtora de cinema e TV francesa Sophie Toscan du Plantier, esposa do famoso produtor de cinema francês Daniel Toscan du Plantier. O corpo de Sophie foi encontrado dois dias antes do Natal de 1996 em sua casa de férias no condado de Cork na Irlanda. O principal suspeito do assassinato foi o jornalista inglês Ian Bailey, que manteve sua alegação de inocência. Bailey, um jornalista que colaborava com vários jornais ingleses, chegou a ser detido duas vezes, mas não foi indiciado por falta de provas. As suspeitas surgiram por matérias jornalísticas escritas por Bailey que revelavam elementos do crime que apenas os investigadores e o assassino poderiam conhecer. Confira o trailer (em inglês):
Sophie: a Murder in West Cork" foi dirigida e escrita pelo John Dower (“My Scientology Movie”) ecoproduzida pelo vencedor do Oscar Simon Chinn (“Man On Wire” e “Searching For Sugarman”) e é conduzida através dos depoimentos da polícia, residentes de Schull (cidade costeira da Irlanda), amigos e família da vítima, além do próprio suspeito do crime, Ian Bailey, que foi inclusive o primeiro a reportar a morte da produtora. A maioria das três partes do documentário é focada em como a polícia construiu um caso contra Bailey, que incluiu vários depoimentos de testemunhas.
O interessante é que a família de Sophie continua convencida da culpa de Bailey, mas nenhum elemento de informação coletado durante a investigação foi suficiente para elucidar o mistério em torno da morte dela. O único vestígio de DNA encontrado na cena do crime, que não pertencia a Sophie, não foi identificado. As especulações sobre outros assassinos em potencial vão desde a teoria de que um assassino perseguiu e matou Sophie até a improvável (e absurda) suposição de que ela foi atacada por um cavalo perdido.
O fato é que a minissérie vale a pena pela belíssima fotografia, uma excelente direção e pela sensibilidade ao retratar uma história tão absurda. “Sophie: a Murder in West Cork" nos faz pensar que nem em uma cidadezinha remota da Irlanda estamos a salvo da maldade humana. Sophie foi para Schull para ter paz de espírito e acabou encontrando a morte aos 39 anos.
Escrito por Ana Cristina Paixão
Se você gostou de “The Keepers” e “Sob Suspeita: O Caso Wesphael”não pode perder “Sophie: a Murder in West Cork", mais uma minissérie documental de true crime da Netflix. O documentário em três partes segue uma fórmula vencedora que desde “Making a Murderer” (2015): aborda um crime brutal, mostra falhas graves na investigação e um erro judiciário que leva ao reexame do caso, que permanece sem solução.
Nessa minissérie, que foi produzida com o aval da família da vítima (importante citar pelo impacto que tem na narrativa), explora as circunstâncias em torno do misterioso assassinato da produtora de cinema e TV francesa Sophie Toscan du Plantier, esposa do famoso produtor de cinema francês Daniel Toscan du Plantier. O corpo de Sophie foi encontrado dois dias antes do Natal de 1996 em sua casa de férias no condado de Cork na Irlanda. O principal suspeito do assassinato foi o jornalista inglês Ian Bailey, que manteve sua alegação de inocência. Bailey, um jornalista que colaborava com vários jornais ingleses, chegou a ser detido duas vezes, mas não foi indiciado por falta de provas. As suspeitas surgiram por matérias jornalísticas escritas por Bailey que revelavam elementos do crime que apenas os investigadores e o assassino poderiam conhecer. Confira o trailer (em inglês):
Sophie: a Murder in West Cork" foi dirigida e escrita pelo John Dower (“My Scientology Movie”) ecoproduzida pelo vencedor do Oscar Simon Chinn (“Man On Wire” e “Searching For Sugarman”) e é conduzida através dos depoimentos da polícia, residentes de Schull (cidade costeira da Irlanda), amigos e família da vítima, além do próprio suspeito do crime, Ian Bailey, que foi inclusive o primeiro a reportar a morte da produtora. A maioria das três partes do documentário é focada em como a polícia construiu um caso contra Bailey, que incluiu vários depoimentos de testemunhas.
O interessante é que a família de Sophie continua convencida da culpa de Bailey, mas nenhum elemento de informação coletado durante a investigação foi suficiente para elucidar o mistério em torno da morte dela. O único vestígio de DNA encontrado na cena do crime, que não pertencia a Sophie, não foi identificado. As especulações sobre outros assassinos em potencial vão desde a teoria de que um assassino perseguiu e matou Sophie até a improvável (e absurda) suposição de que ela foi atacada por um cavalo perdido.
O fato é que a minissérie vale a pena pela belíssima fotografia, uma excelente direção e pela sensibilidade ao retratar uma história tão absurda. “Sophie: a Murder in West Cork" nos faz pensar que nem em uma cidadezinha remota da Irlanda estamos a salvo da maldade humana. Sophie foi para Schull para ter paz de espírito e acabou encontrando a morte aos 39 anos.
Escrito por Ana Cristina Paixão
"Spark Story - Tudo começa com uma idéia" é mais um presente que a Disney nos entrega através da sua plataforma de streaming. Seguindo o conceito de desmistificar seus bastidores, mas ao mesmo tempo exaltar o trabalho e, principalmente, a cultura de seus Estúdios, como vimos em "A História da Pixar" e em "A História do Imagineering", esse documentário de 90 minutos é mais uma aula de empreendedorismo com o foco na criatividade como processo de crescimento de seus ativos.
"A Spark Story" (no original) apresenta Aphton Corbi (diretora de "20 e Poucos") e Louis Gonzales (diretor de "Nona"), que navegam na montanha-russa emocional de assumir um papel de liderança e de inspirar suas equipes ao serem escolhidos para participar do programa SparkShorts. O filme é um olhar exclusivo e imersivo sobre os cineastas e seus projetos, a partir da filosofia criativa que torna a Pixar única. Confira o trailer (em inglês):
Para quem não sabe, o "SparkShorts" é um programa da Pixar que incentiva seus funcionários a buscar novos olhares técnicos, artísticos e narrativos a partir do desenvolvimento e produção de curtas-metragens autorais por um período de seis meses. Todo ano são escolhidos alguns artistas para apresentar suas ideias, montar suas equipes e liderar todo o processo para transformar o projeto em uma obra audiovisual - algumas delas, inclusive, já até ganharam o Oscar de "Melhor Animação em Curta-Metragem" (é o caso de "Bao").
Dirigido por Jason Sterman e Leanne Dare da Supper Club (produtora responsável por "Chef’s Table"), "Spark Story - Tudo começa com uma idéia" é quase um recorte institucional desse programa, mas como tudo na Pixar tem um apelo emocional, honesto e sensível, a jornada dos dois funcionários escolhidos em 2020 para produzir seus filmes é muito bacana. Posicionando a audiência de uma forma bastante simples sobre os estágios de uma processo criativo pelo ponto de vista da Pixar (de seus executivos e de seus artistas), o documentário equilibra perfeitamente elementos bastante didáticos com depoimentos completamente pessoais, onde as referências de vida se misturam com o desejo de colocar na tela algo verdadeiramente humano e inesquecível - e aqui cabe um comentários sobre a produção: os planos, os movimentos de câmera e as inserções gráficas do documentários são a "cereja do bolo"!
Eu diria que "Spark Story" é imperdível para quem trabalha com criatividade e para aquele empreendedor que enxerga na cultura, um pilar importante para o desenvolvimento das pessoas que refletirá de uma forma muito sólida nos resultados da empresa rapidamente. Mais uma vez, ao assistir um documentário, tenho cada vez mais certeza sobre uma afirmação de Roy Disney que dizia: "em uma empresa criativa, será a criatividade o motor propulsor para o sucesso do negócio" - e a Pixar leva isso muito a sério!
Vale muito a pena!
Obs: os dois curtas, "20 e Poucos" e "Nona", também estão disponíveis no Disney+ e valem tanto a pena quanto o documentário!
"Spark Story - Tudo começa com uma idéia" é mais um presente que a Disney nos entrega através da sua plataforma de streaming. Seguindo o conceito de desmistificar seus bastidores, mas ao mesmo tempo exaltar o trabalho e, principalmente, a cultura de seus Estúdios, como vimos em "A História da Pixar" e em "A História do Imagineering", esse documentário de 90 minutos é mais uma aula de empreendedorismo com o foco na criatividade como processo de crescimento de seus ativos.
"A Spark Story" (no original) apresenta Aphton Corbi (diretora de "20 e Poucos") e Louis Gonzales (diretor de "Nona"), que navegam na montanha-russa emocional de assumir um papel de liderança e de inspirar suas equipes ao serem escolhidos para participar do programa SparkShorts. O filme é um olhar exclusivo e imersivo sobre os cineastas e seus projetos, a partir da filosofia criativa que torna a Pixar única. Confira o trailer (em inglês):
Para quem não sabe, o "SparkShorts" é um programa da Pixar que incentiva seus funcionários a buscar novos olhares técnicos, artísticos e narrativos a partir do desenvolvimento e produção de curtas-metragens autorais por um período de seis meses. Todo ano são escolhidos alguns artistas para apresentar suas ideias, montar suas equipes e liderar todo o processo para transformar o projeto em uma obra audiovisual - algumas delas, inclusive, já até ganharam o Oscar de "Melhor Animação em Curta-Metragem" (é o caso de "Bao").
Dirigido por Jason Sterman e Leanne Dare da Supper Club (produtora responsável por "Chef’s Table"), "Spark Story - Tudo começa com uma idéia" é quase um recorte institucional desse programa, mas como tudo na Pixar tem um apelo emocional, honesto e sensível, a jornada dos dois funcionários escolhidos em 2020 para produzir seus filmes é muito bacana. Posicionando a audiência de uma forma bastante simples sobre os estágios de uma processo criativo pelo ponto de vista da Pixar (de seus executivos e de seus artistas), o documentário equilibra perfeitamente elementos bastante didáticos com depoimentos completamente pessoais, onde as referências de vida se misturam com o desejo de colocar na tela algo verdadeiramente humano e inesquecível - e aqui cabe um comentários sobre a produção: os planos, os movimentos de câmera e as inserções gráficas do documentários são a "cereja do bolo"!
Eu diria que "Spark Story" é imperdível para quem trabalha com criatividade e para aquele empreendedor que enxerga na cultura, um pilar importante para o desenvolvimento das pessoas que refletirá de uma forma muito sólida nos resultados da empresa rapidamente. Mais uma vez, ao assistir um documentário, tenho cada vez mais certeza sobre uma afirmação de Roy Disney que dizia: "em uma empresa criativa, será a criatividade o motor propulsor para o sucesso do negócio" - e a Pixar leva isso muito a sério!
Vale muito a pena!
Obs: os dois curtas, "20 e Poucos" e "Nona", também estão disponíveis no Disney+ e valem tanto a pena quanto o documentário!
Sem a menor dúvida que milhares de pessoas foram apresentadas ao Cinema porque seus filmes foram capazes de colocar a audiência em um Universo Fantástico como se fossem as mais palpáveis das realidades. Minha primeira lembrança de sentar em uma sala de cinema, por exemplo, foi com E.T. e meu sonho (acreditem) era poder filmá-lo (como uma brincadeira de criança) para poder assistir quantas vezes eu quisesse (já que na época nem video cassete existia) - essa foi minha história de identificação com o trabalho do diretor Steven Spielberg, mas cada amante de boas histórias e apaixonados pelo cinema de qualidade, tem a sua!
O documentário, "Spielberg", como não poderia deixar de ser, nos apresenta a notável carreira do diretor, suas influências e motivações, além de histórias pouco conhecidas sobre alguns de seus filmes mais famosos. Confira o trailer:
Produzido pela HBO e dirigido por Susan Lacy (vencedora de 14 Emmy - isso mesmo, 14), "Spielberg" sabe equilibrar perfeitamente momentos interessantes sobre a história pessoal do diretor com sua figura dentro de um set de filmagem, onde, de fato, sua capacidade técnica e criativa o coloca como um dos maiores da história - basta lembrar de alguns dos seus sucessos, seja de público ou de critica, como: "ET", "Tubarão", "A.I.: Inteligência Artificial", "A Lista de Schindler", "Jurassic Park", entre muitos outros.
Embora o roteiro escrito pela própria Lacy deixe um certo ar de repetição ao longo de suas duas horas e meia de documentário, eu diria que "Spielberg" celebra o diretor pelos olhos de muita gente relevante de Hollywood - é o caso de Christian Bale, Cate Blanchett, Leonardo DiCaprio, Daniel Day-Lewis, Francis Ford Coppola, que aproveitam de seus depoimentos para confirmar aquilo que todo mundo já sabe: Spielberg é um gênio!
Já pela ótica de sua vida pessoal, "Spielberg" foi muito competente ao mostrar como ele sofreu com a separação dos pais e como isso foi demonstrado em muitos de seus filmes que falavam sobre as relações familiares, sobre o abandono, sobre os reencontros, etc. O documentário também explora os problemas que sua origem judaica acarretaram em sua vida e como o cinema ajudou a resolver essa questão.
Olha, eu já havia agradecido a HBO quando assisti o trailer de "Spielberg" pela primeira vez, então aproveito para agradecer de novo: esse documentário é daqueles filmes para assistirmos toda hora - como adoro fazer com o "Stanley Kubrick: Imagens de uma Vida", por exemplo - para quem trabalha ou gosta do cinema como processo criativo, é material obrigatório!
Imperdível! Vale muito o seu play!!!
Sem a menor dúvida que milhares de pessoas foram apresentadas ao Cinema porque seus filmes foram capazes de colocar a audiência em um Universo Fantástico como se fossem as mais palpáveis das realidades. Minha primeira lembrança de sentar em uma sala de cinema, por exemplo, foi com E.T. e meu sonho (acreditem) era poder filmá-lo (como uma brincadeira de criança) para poder assistir quantas vezes eu quisesse (já que na época nem video cassete existia) - essa foi minha história de identificação com o trabalho do diretor Steven Spielberg, mas cada amante de boas histórias e apaixonados pelo cinema de qualidade, tem a sua!
O documentário, "Spielberg", como não poderia deixar de ser, nos apresenta a notável carreira do diretor, suas influências e motivações, além de histórias pouco conhecidas sobre alguns de seus filmes mais famosos. Confira o trailer:
Produzido pela HBO e dirigido por Susan Lacy (vencedora de 14 Emmy - isso mesmo, 14), "Spielberg" sabe equilibrar perfeitamente momentos interessantes sobre a história pessoal do diretor com sua figura dentro de um set de filmagem, onde, de fato, sua capacidade técnica e criativa o coloca como um dos maiores da história - basta lembrar de alguns dos seus sucessos, seja de público ou de critica, como: "ET", "Tubarão", "A.I.: Inteligência Artificial", "A Lista de Schindler", "Jurassic Park", entre muitos outros.
Embora o roteiro escrito pela própria Lacy deixe um certo ar de repetição ao longo de suas duas horas e meia de documentário, eu diria que "Spielberg" celebra o diretor pelos olhos de muita gente relevante de Hollywood - é o caso de Christian Bale, Cate Blanchett, Leonardo DiCaprio, Daniel Day-Lewis, Francis Ford Coppola, que aproveitam de seus depoimentos para confirmar aquilo que todo mundo já sabe: Spielberg é um gênio!
Já pela ótica de sua vida pessoal, "Spielberg" foi muito competente ao mostrar como ele sofreu com a separação dos pais e como isso foi demonstrado em muitos de seus filmes que falavam sobre as relações familiares, sobre o abandono, sobre os reencontros, etc. O documentário também explora os problemas que sua origem judaica acarretaram em sua vida e como o cinema ajudou a resolver essa questão.
Olha, eu já havia agradecido a HBO quando assisti o trailer de "Spielberg" pela primeira vez, então aproveito para agradecer de novo: esse documentário é daqueles filmes para assistirmos toda hora - como adoro fazer com o "Stanley Kubrick: Imagens de uma Vida", por exemplo - para quem trabalha ou gosta do cinema como processo criativo, é material obrigatório!
Imperdível! Vale muito o seu play!!!
Se o ótimo documentário francês "Marvel Stories" (que infelizmente saiu do catálogo da Globoplay) dava uma visão mais corporativa sobre a história da Marvel Comics, a produção da Disney, "Stan Lee", basicamente humaniza essa jornada e faz um retrato mais, digamos, "inspirador" sobre a vida de um dos maiores ícones da indústria do entretenimento em todos os tempos. Dirigido com maestria pelo David Gelb (o mesmo de "Wolfgang"), o filme faz um recorte bastante interessante sobre a vida e carreira desse lendário escritor e editor, bem como seu impacto duradouro no universo dos super-heróis e, claro, na cultura pop mundial. Mesmo que em alguns momentos o roteiro pareça um pouco atropelado, te garanto: o documentário é uma aula sobre inovação e resiliência!
Narrado pelo próprio Stan Lee, o documentário fornece um contexto histórico importante ao explorar a participação de Lee no surgimento da indústria de quadrinhos nos Estados Unidos, as mudanças culturais que foram repercutindo na sua arte e, claro, todo o impacto que representou a criação de super-heróis perante a sociedade ao longo de décadas. Essa contextualização nos permite justamente entender melhor como Lee conseguiu captar as oportunidades, inovar em um mercado, para muitos, sem o menor futuro e mesmo assim moldar suas HQs, transformando histórias e personagens em uma forma de arte tão influente quanto rentável. Confira o trailer:
"Stan Lee", em um primeiro olhar, se destaca por dois elementos narrativos que dão um tom todo especial ao projeto. O primeiro, sem dúvida, é o fato de que toda a narrativa é feita a partir de uma série de entrevistas do próprio Lee explanando sobre diversos temas - escutar sua voz, mesmo depois de sua morte, cria um elo emocional tão forte que mesmo quando somos colocados diante de assuntos mais espinhosos, como o seu relacionamento com o ilustrador Steve Ditko (ou de como seu ego praticamente excluiu todos os outros artistas que ajudaram no processo criativo da Marvel), ainda assim enxergamos um senhorzinho simpático que venceu graças apenas aos seus esforços.
O segundo, é como a Gelb resolve com muita criatividade a falta de imagens de arquivo da vida pessoal e profissional de Lee. O diretor usa de maquetes e bonecos em massinha para recriar a infância, a juventude e até o estúdio Marvel que Lee ajudou a consolidar. Reparem como essas escolhas estéticas evocam carinho e afeto, além de nos dar um visão lúdica de momentos e lugares que ele viveu - tudo com detalhes tão delicados que fica impossível não se envolver ainda mais com a história. Já o roteiro traz muitas curiosidades e mesmo que o tom pareça até mais cadenciado (muito pela narração morosa de Lee), é muito bacana entender por uma perspectiva de bastidores, como ele criou personagens imperfeitos, com problemas do mundo real, e como isso ajudou na conexão com o público de uma maneira avassaladora - a passagem sobre o homem-aranha é um ótimo exemplo dessa abordagem criativa.
Lee sempre acreditou que a ideia era muito mais importante que sua materialização, dando assim mais valor para aquele que sonhava e criava, e não para aquele que realizava. Concordem ou não, seu ponto de vista diz muito sobre sua postura perante a vida e, principalmente, perante sua equipe no processo criativo. No entanto é de se exaltar como ele também foi um realizador - sua visão sobre o mercado, sobre as oportunidades que se abriam de acordo com os movimentos políticos em diferentes épocas que marcaram sua trajetória de uma maneira muito criativa e, inegavelmente, de como ele capitalizou suas criações, mesmo entendendo que vacilou quando o assunto era "propriedade intelectual". Enfim, "Stan Lee", o documentário, é muito mais uma peça, a princípio feita para canonizar Stan Lee como o grande pai da Marvel, do que um recorte definitivo sobre o homem imperfeito e artista genial que foi.
Vale seu play!
Se o ótimo documentário francês "Marvel Stories" (que infelizmente saiu do catálogo da Globoplay) dava uma visão mais corporativa sobre a história da Marvel Comics, a produção da Disney, "Stan Lee", basicamente humaniza essa jornada e faz um retrato mais, digamos, "inspirador" sobre a vida de um dos maiores ícones da indústria do entretenimento em todos os tempos. Dirigido com maestria pelo David Gelb (o mesmo de "Wolfgang"), o filme faz um recorte bastante interessante sobre a vida e carreira desse lendário escritor e editor, bem como seu impacto duradouro no universo dos super-heróis e, claro, na cultura pop mundial. Mesmo que em alguns momentos o roteiro pareça um pouco atropelado, te garanto: o documentário é uma aula sobre inovação e resiliência!
Narrado pelo próprio Stan Lee, o documentário fornece um contexto histórico importante ao explorar a participação de Lee no surgimento da indústria de quadrinhos nos Estados Unidos, as mudanças culturais que foram repercutindo na sua arte e, claro, todo o impacto que representou a criação de super-heróis perante a sociedade ao longo de décadas. Essa contextualização nos permite justamente entender melhor como Lee conseguiu captar as oportunidades, inovar em um mercado, para muitos, sem o menor futuro e mesmo assim moldar suas HQs, transformando histórias e personagens em uma forma de arte tão influente quanto rentável. Confira o trailer:
"Stan Lee", em um primeiro olhar, se destaca por dois elementos narrativos que dão um tom todo especial ao projeto. O primeiro, sem dúvida, é o fato de que toda a narrativa é feita a partir de uma série de entrevistas do próprio Lee explanando sobre diversos temas - escutar sua voz, mesmo depois de sua morte, cria um elo emocional tão forte que mesmo quando somos colocados diante de assuntos mais espinhosos, como o seu relacionamento com o ilustrador Steve Ditko (ou de como seu ego praticamente excluiu todos os outros artistas que ajudaram no processo criativo da Marvel), ainda assim enxergamos um senhorzinho simpático que venceu graças apenas aos seus esforços.
O segundo, é como a Gelb resolve com muita criatividade a falta de imagens de arquivo da vida pessoal e profissional de Lee. O diretor usa de maquetes e bonecos em massinha para recriar a infância, a juventude e até o estúdio Marvel que Lee ajudou a consolidar. Reparem como essas escolhas estéticas evocam carinho e afeto, além de nos dar um visão lúdica de momentos e lugares que ele viveu - tudo com detalhes tão delicados que fica impossível não se envolver ainda mais com a história. Já o roteiro traz muitas curiosidades e mesmo que o tom pareça até mais cadenciado (muito pela narração morosa de Lee), é muito bacana entender por uma perspectiva de bastidores, como ele criou personagens imperfeitos, com problemas do mundo real, e como isso ajudou na conexão com o público de uma maneira avassaladora - a passagem sobre o homem-aranha é um ótimo exemplo dessa abordagem criativa.
Lee sempre acreditou que a ideia era muito mais importante que sua materialização, dando assim mais valor para aquele que sonhava e criava, e não para aquele que realizava. Concordem ou não, seu ponto de vista diz muito sobre sua postura perante a vida e, principalmente, perante sua equipe no processo criativo. No entanto é de se exaltar como ele também foi um realizador - sua visão sobre o mercado, sobre as oportunidades que se abriam de acordo com os movimentos políticos em diferentes épocas que marcaram sua trajetória de uma maneira muito criativa e, inegavelmente, de como ele capitalizou suas criações, mesmo entendendo que vacilou quando o assunto era "propriedade intelectual". Enfim, "Stan Lee", o documentário, é muito mais uma peça, a princípio feita para canonizar Stan Lee como o grande pai da Marvel, do que um recorte definitivo sobre o homem imperfeito e artista genial que foi.
Vale seu play!
Por que tantas pessoas choraram por Steve Jobs? - É com esse questionamento que o diretor e roteirista Alex Gibney, vencedor do Oscar de "Melhor Documentário" em 2008 com o excelente "Um Taxi para a Escuridão", inicia essa profunda jornada para desvendar a relação que as pessoas tinham com uma figura tão contraditória como Steve Jobs. Esse documentário imperdível, não passa pano nas inúmeras falhas de caráter de Jobs, mas também não deixa de exaltar sua importância na história recente da humanidade - e talvez esteja aí o grande diferencial do filme: a possibilidade que a narrativa nos dá de tirarmos nossas próprias conclusões, seja pela obra, seja do seu criador!
Vestindo gola alta preta e jeans, sua marca registrada, a imagem de Steve Jobs era onipresente. Mas quem era o homem no palco, por trás dos grandiosos iPhones? O que significou a tristeza de tantos em todo o mundo quando ele morreu? Em "Steve Jobs: O Homem e a Máquina", o diretor Alex Gibney apresenta uma análise crítica de Jobs, reverenciado como um gênio iconoclasta e denunciado como um tirano de língua afiada. O filme é um relato espontâneo da lenda da Apple, através de entrevistas com as pessoas mais próximas de Jobs, nas diferentes fases de sua vida. "Steve Jobs: O Homem e a Máquina" é um retrato significativo de seu legado e do nosso relacionamento com a tecnologia, revelando o gigantesco mito que ele criou deliberadamente e analisando a permanência de seus valores que continuam a moldar a cultura do Vale do Silício até hoje. Confira o trailer (em inglês):
Desde sua morte em 5 de outubro de 2011, muito foi falado, produzido e escrito sobre Steve Jobs. A impecável Biografia de Walter Isaacson talvez tenha sido o material mais completo e honesto que tive contato de lá para cá, até me deparar com essa pérola escondida no catálogo do Star+ e brilhantemente produzida com o selo da CNN. "Steve Jobs: O Homem e a Máquina" desconstrói, até com certa poesia (o epílogo é uma das coisas mais bonitas e reflexivas que assisti recentemente em uma biografia), a figura mítica de Jobs, humanizando suas atitudes e provocando ótimos questionamentos sobre sua maneira de ver o mundo e de se relacionar com as pessoas.
Tecnicamente perfeito e equilibrando todas as ferramentas essenciais para contar uma boa história, o documentário vai nos detalhes ao mostrar o processo de ascensão de Jobs, expondo suas falhas perante no amigo e co-fundador da Apple, Steve Wozniak; até a sua capacidade empreendedora de mudar um mercado, e percepção das pessoas sobre a tecnologia, mesmo que para isso tenha se afastado da premissa básica da evolução em se tornar um ser humano melhor, mais empático ou digno na relação com seus liderados. Se sua rigidez em todos os projetos se tornou famosa e o deixou com fama de carrasco, o roteiro não romantiza, mas também não esconde como essa postura pode ter influenciado sua equipe, colocando-os na posição de superar limites para conquistar objetivos maiores.
Essa dicotomia está presente em toda narrativa - o que, admito como fã do protagonista, embaralha a nossa cabeça e a percepção perante o mito: os escândalos das unidades de fabricação dos Iphones na China, os inúmeros casos de suicídios de funcionários da Foxconn e até a relação com os jornalistas da Gizmodo após o vazamento de imagens e informações sobre o Iphone 4, no mínimo, nos fazem refletir sobre o papel de um líder. O fato é que "Steve Jobs: O Homem e a Máquina" é uma aula para empreendedores e um documento histórico para várias gerações, já que a jornada de Jobs se confunde com a disrupção de um mercado que reflete no nosso desenvolvimento como humanidade até hoje.
Vale muito o seu play!
Por que tantas pessoas choraram por Steve Jobs? - É com esse questionamento que o diretor e roteirista Alex Gibney, vencedor do Oscar de "Melhor Documentário" em 2008 com o excelente "Um Taxi para a Escuridão", inicia essa profunda jornada para desvendar a relação que as pessoas tinham com uma figura tão contraditória como Steve Jobs. Esse documentário imperdível, não passa pano nas inúmeras falhas de caráter de Jobs, mas também não deixa de exaltar sua importância na história recente da humanidade - e talvez esteja aí o grande diferencial do filme: a possibilidade que a narrativa nos dá de tirarmos nossas próprias conclusões, seja pela obra, seja do seu criador!
Vestindo gola alta preta e jeans, sua marca registrada, a imagem de Steve Jobs era onipresente. Mas quem era o homem no palco, por trás dos grandiosos iPhones? O que significou a tristeza de tantos em todo o mundo quando ele morreu? Em "Steve Jobs: O Homem e a Máquina", o diretor Alex Gibney apresenta uma análise crítica de Jobs, reverenciado como um gênio iconoclasta e denunciado como um tirano de língua afiada. O filme é um relato espontâneo da lenda da Apple, através de entrevistas com as pessoas mais próximas de Jobs, nas diferentes fases de sua vida. "Steve Jobs: O Homem e a Máquina" é um retrato significativo de seu legado e do nosso relacionamento com a tecnologia, revelando o gigantesco mito que ele criou deliberadamente e analisando a permanência de seus valores que continuam a moldar a cultura do Vale do Silício até hoje. Confira o trailer (em inglês):
Desde sua morte em 5 de outubro de 2011, muito foi falado, produzido e escrito sobre Steve Jobs. A impecável Biografia de Walter Isaacson talvez tenha sido o material mais completo e honesto que tive contato de lá para cá, até me deparar com essa pérola escondida no catálogo do Star+ e brilhantemente produzida com o selo da CNN. "Steve Jobs: O Homem e a Máquina" desconstrói, até com certa poesia (o epílogo é uma das coisas mais bonitas e reflexivas que assisti recentemente em uma biografia), a figura mítica de Jobs, humanizando suas atitudes e provocando ótimos questionamentos sobre sua maneira de ver o mundo e de se relacionar com as pessoas.
Tecnicamente perfeito e equilibrando todas as ferramentas essenciais para contar uma boa história, o documentário vai nos detalhes ao mostrar o processo de ascensão de Jobs, expondo suas falhas perante no amigo e co-fundador da Apple, Steve Wozniak; até a sua capacidade empreendedora de mudar um mercado, e percepção das pessoas sobre a tecnologia, mesmo que para isso tenha se afastado da premissa básica da evolução em se tornar um ser humano melhor, mais empático ou digno na relação com seus liderados. Se sua rigidez em todos os projetos se tornou famosa e o deixou com fama de carrasco, o roteiro não romantiza, mas também não esconde como essa postura pode ter influenciado sua equipe, colocando-os na posição de superar limites para conquistar objetivos maiores.
Essa dicotomia está presente em toda narrativa - o que, admito como fã do protagonista, embaralha a nossa cabeça e a percepção perante o mito: os escândalos das unidades de fabricação dos Iphones na China, os inúmeros casos de suicídios de funcionários da Foxconn e até a relação com os jornalistas da Gizmodo após o vazamento de imagens e informações sobre o Iphone 4, no mínimo, nos fazem refletir sobre o papel de um líder. O fato é que "Steve Jobs: O Homem e a Máquina" é uma aula para empreendedores e um documento histórico para várias gerações, já que a jornada de Jobs se confunde com a disrupção de um mercado que reflete no nosso desenvolvimento como humanidade até hoje.
Vale muito o seu play!
No universo do basquete, há nomes que transcendem as quadras e se transformam em verdadeiras lendas. Stephen Curry, também conhecido como "Chef Curry", é indiscutivelmente um desses ícones. Sua trajetória no esporte não apenas redefiniu a maneira como enxergamos o jogo, mas também inspirou uma geração de atletas a repensar os limites do possível. Dito isso fica fácil cravar: essa é uma história que merecia ser contada e acreditem, vai te surpreender! "Subestimado" acerta em cheio ao escolher uma narrativa que privilegia duas linhas temporais que se conectam de uma forma impressionante: uma a partir da carreira universitária de Stephen Curry na Universidade de Davidson e outra mostrando seu lado profissional e algumas relações pessoais já como um astro na NBA.
Unindo imagens de arquivo e entrevistas inéditas, o filme do diretor Peter Nicks (do elogiado documentário da Hulu, "Homeroom") acompanha a extraordinária história de amadurecimento de Stephen Curry, um dos atletas de basquete mais influente, dinâmico e imprevisível da história, além de sua impressionante jornada de ascensão, de um jogador universitário não tão alto e franzino para o super-atleta quatro vezes campeão da NBA. Confira o trailer (em inglês):
Como elemento narrativo, sem dúvida, a história que pouca gente conhece sobre a carreira universitária de Stephen Curry é o que mais vai te surpreender em "Subestimado". Aproveitando a atmosfera de superação dessa parte essencial da sua jornada, e que moldou a lenda do basquete que ele se tornou, o documentário foi muito inteligente em criar pontos de conexão entre o Stephen do passado e o Stephen Curry do presente - como pai, como atleta, como ser humano. Sua passagem marcante pela Universidade de Davidson é simplesmente espetacular, afinal ele praticamente foi renegado por todas grandes universidades do país pela sua pouca estatura, 1,83, e pelo seu porte fisico de 68kg. Curry era visto como um atleta incapaz de voar alto e ele sabia disso, no entanto, pelas mãos do coach Bob McKillop, ele teve sua chance e o resto é história!
Produzido pela A24 e pelo Ryan Coogler (de "Pantera Negra") o filme tem uma dinâmicacinematográfica muito interessante, pois ele praticamente replica a estrutura de um drama esportivo da ficção como "Swagger" ou "Estrada para a Glória" para contar uma história real em um documentário - o foco é o torneio da NCAA de 2008. Sem dúvida que esse foi um ponto de virada na carreira de Curry onde sua performance extraordinária e a capacidade de liderar aquela equipe em uma série de vitórias surpreendentes (20 seguidas) chamaram a atenção nacional. Vale ressaltar que a campanha do título 20/21, onde Golden State Warriors ficou em terceiro na temporada regular, voltando aos playoffs e à final da liga, na qual encontrou o Boston Celtics e venceu por 4 a 2, também é retratada.
"Subestimado" é mais um acerto da AppleTV+. Eu diria que o filme é muito mais do que uma retrospectiva da carreira de Stephen Curry; é um tributo à determinação, ao espírito inovador e à capacidade de inspirar aqueles que são subjugados. Sua jornada do anonimato ao estrelato é um testemunho de como a paixão e o comprometimento podem transformar sonhos em realidade - e aqui não quero parecer "coach de instagram", mas é isso. Através das lentes deste documentário, somos convidados a mergulhar na vida de um atleta que se transformou em ícone entendendo sua limitações e que deixou uma marca indelével no basquete e no coração dos torcedores de Davidson e dos Warriors.
Vale muito o seu play!
No universo do basquete, há nomes que transcendem as quadras e se transformam em verdadeiras lendas. Stephen Curry, também conhecido como "Chef Curry", é indiscutivelmente um desses ícones. Sua trajetória no esporte não apenas redefiniu a maneira como enxergamos o jogo, mas também inspirou uma geração de atletas a repensar os limites do possível. Dito isso fica fácil cravar: essa é uma história que merecia ser contada e acreditem, vai te surpreender! "Subestimado" acerta em cheio ao escolher uma narrativa que privilegia duas linhas temporais que se conectam de uma forma impressionante: uma a partir da carreira universitária de Stephen Curry na Universidade de Davidson e outra mostrando seu lado profissional e algumas relações pessoais já como um astro na NBA.
Unindo imagens de arquivo e entrevistas inéditas, o filme do diretor Peter Nicks (do elogiado documentário da Hulu, "Homeroom") acompanha a extraordinária história de amadurecimento de Stephen Curry, um dos atletas de basquete mais influente, dinâmico e imprevisível da história, além de sua impressionante jornada de ascensão, de um jogador universitário não tão alto e franzino para o super-atleta quatro vezes campeão da NBA. Confira o trailer (em inglês):
Como elemento narrativo, sem dúvida, a história que pouca gente conhece sobre a carreira universitária de Stephen Curry é o que mais vai te surpreender em "Subestimado". Aproveitando a atmosfera de superação dessa parte essencial da sua jornada, e que moldou a lenda do basquete que ele se tornou, o documentário foi muito inteligente em criar pontos de conexão entre o Stephen do passado e o Stephen Curry do presente - como pai, como atleta, como ser humano. Sua passagem marcante pela Universidade de Davidson é simplesmente espetacular, afinal ele praticamente foi renegado por todas grandes universidades do país pela sua pouca estatura, 1,83, e pelo seu porte fisico de 68kg. Curry era visto como um atleta incapaz de voar alto e ele sabia disso, no entanto, pelas mãos do coach Bob McKillop, ele teve sua chance e o resto é história!
Produzido pela A24 e pelo Ryan Coogler (de "Pantera Negra") o filme tem uma dinâmicacinematográfica muito interessante, pois ele praticamente replica a estrutura de um drama esportivo da ficção como "Swagger" ou "Estrada para a Glória" para contar uma história real em um documentário - o foco é o torneio da NCAA de 2008. Sem dúvida que esse foi um ponto de virada na carreira de Curry onde sua performance extraordinária e a capacidade de liderar aquela equipe em uma série de vitórias surpreendentes (20 seguidas) chamaram a atenção nacional. Vale ressaltar que a campanha do título 20/21, onde Golden State Warriors ficou em terceiro na temporada regular, voltando aos playoffs e à final da liga, na qual encontrou o Boston Celtics e venceu por 4 a 2, também é retratada.
"Subestimado" é mais um acerto da AppleTV+. Eu diria que o filme é muito mais do que uma retrospectiva da carreira de Stephen Curry; é um tributo à determinação, ao espírito inovador e à capacidade de inspirar aqueles que são subjugados. Sua jornada do anonimato ao estrelato é um testemunho de como a paixão e o comprometimento podem transformar sonhos em realidade - e aqui não quero parecer "coach de instagram", mas é isso. Através das lentes deste documentário, somos convidados a mergulhar na vida de um atleta que se transformou em ícone entendendo sua limitações e que deixou uma marca indelével no basquete e no coração dos torcedores de Davidson e dos Warriors.
Vale muito o seu play!
Bem na linha dos documentários "Stan Lee" e "Marvel Stories", "Superpoderosos - A História da DC" traça um coerente e interessante paralelo entre o mercado editorial de HQs nos EUA, a força de sua propriedade intelectual e a jornada da DC em todas as mídias sob o enfoque social, cultural e também corporativo. Embora em alguns momentos, a minissérie em três partes possa parecer um amontoado de "extras" dos filmes da própria DC ao longo de décadas, é de se elogiar como o roteiro é capaz de conectar os pontos, criando uma linha temporal bastante dinâmica para contar essa história que soa como um fio de esperança para os fãs, mais ou menos como: "nós já erramos antes, mas encontramos um caminho. Acredite mais uma vez"!
"Superpoderosos - A História da DC" é um mergulho no legado duradouro e influente da DC que permite aos fãs redescobrirem o universo de personagens, as origens da icônica empresa de quadrinhos, seu desenvolvimento e o impacto de quase nove décadas da DC em todas as formas de arte. Confira o trailer:
Sem dúvida que o ponto alto dessa produção da HBO está na forma como a narrativa consegue expor a complexidade que é lidar com uma marca como a DC. O recorte histórico é riquíssimo, embora soe apressado e nem tão atual - já que nada se comenta sobre o novo DCU ou a chegada de Gunn para comandar o reboot do universo. No entanto, é possível perceber um tom de esperança quando o documentário analisa os desafios enfrentados pela empresa ao longo dos anos, incluindo momentos delicados, de controvérsia, como as polêmicas mudanças de continuidade, crises e reformulações editoriais. Esses momentos, enaltece a narrativa, se mostram fundamentais para moldar valor da DC que conhecemos hoje - e de fato, a empresa parece ter uma habilidade fora do comum tanto para se reinventar como para tomar decisões bem duvidosas.
A minissérie dirigida pela talentosa Leslie Iwerks (de "A História do Imagineering") começa por traçar as origens humildes da DC nas páginas de quadrinhos na década de 1930 (muito, mas muito antes da Marvel existir), destacando a criação de personagens lendários como Superman, Batman, Flash e Mulher-Maravilha. Ao longo dos episódios, o roteiro aborda temas interessantes como a DC criou e expandiu seu multiverso, disruptando um mercado marcado pela linearidade de seus arcos. Repare como o conceito aplicado nas HQs parece se repetir agora no cinema - é quase como se a empresa fomentasse uma espécie de liberdade editorial para que todos os heróis e vilões de seu catálogo se modernizassem para que os autores e diretores pudessem explorar várias realidades.
Sempre com depoimentos de autores, diretores e produtores, "The DC Story" (no original), explora a influência da DC no cinema, com o clássico "Superman: O Filme" de 1978, que trouxe a aura dos super-heróis para a tela grande, até as recentes produções como "Cavaleiro da Trevas", "Liga da Justiça", "Aquaman" e "Mulher-Maravilha". A jornada na TV com suas populares séries do Arrowverse, como "Arrow", "The Flash e "Supergirl", também foram lembradas e explicam como essas produções abraçaram a mitologia dos HQs e criaram histórias envolventes que vieram cativando os fãs de todas as idades desde as animações clássicas como "Superamigos".
Para quem gosta do assunto, realmente "Superpoderosos - A História da DC" é imperdível. Eu diria que esse overview nos dá a exata noção do tamanho e da importância da DC para a cultura pop mundial, sem se abster dos seus erros estratégicos e da sua capacidade de se adaptar aos tempos, o documentário celebra com muita honestidade a riqueza de seu universo, que continua a inspirar gerações de fãs em todo o mundo.
Vale seu play!
Bem na linha dos documentários "Stan Lee" e "Marvel Stories", "Superpoderosos - A História da DC" traça um coerente e interessante paralelo entre o mercado editorial de HQs nos EUA, a força de sua propriedade intelectual e a jornada da DC em todas as mídias sob o enfoque social, cultural e também corporativo. Embora em alguns momentos, a minissérie em três partes possa parecer um amontoado de "extras" dos filmes da própria DC ao longo de décadas, é de se elogiar como o roteiro é capaz de conectar os pontos, criando uma linha temporal bastante dinâmica para contar essa história que soa como um fio de esperança para os fãs, mais ou menos como: "nós já erramos antes, mas encontramos um caminho. Acredite mais uma vez"!
"Superpoderosos - A História da DC" é um mergulho no legado duradouro e influente da DC que permite aos fãs redescobrirem o universo de personagens, as origens da icônica empresa de quadrinhos, seu desenvolvimento e o impacto de quase nove décadas da DC em todas as formas de arte. Confira o trailer:
Sem dúvida que o ponto alto dessa produção da HBO está na forma como a narrativa consegue expor a complexidade que é lidar com uma marca como a DC. O recorte histórico é riquíssimo, embora soe apressado e nem tão atual - já que nada se comenta sobre o novo DCU ou a chegada de Gunn para comandar o reboot do universo. No entanto, é possível perceber um tom de esperança quando o documentário analisa os desafios enfrentados pela empresa ao longo dos anos, incluindo momentos delicados, de controvérsia, como as polêmicas mudanças de continuidade, crises e reformulações editoriais. Esses momentos, enaltece a narrativa, se mostram fundamentais para moldar valor da DC que conhecemos hoje - e de fato, a empresa parece ter uma habilidade fora do comum tanto para se reinventar como para tomar decisões bem duvidosas.
A minissérie dirigida pela talentosa Leslie Iwerks (de "A História do Imagineering") começa por traçar as origens humildes da DC nas páginas de quadrinhos na década de 1930 (muito, mas muito antes da Marvel existir), destacando a criação de personagens lendários como Superman, Batman, Flash e Mulher-Maravilha. Ao longo dos episódios, o roteiro aborda temas interessantes como a DC criou e expandiu seu multiverso, disruptando um mercado marcado pela linearidade de seus arcos. Repare como o conceito aplicado nas HQs parece se repetir agora no cinema - é quase como se a empresa fomentasse uma espécie de liberdade editorial para que todos os heróis e vilões de seu catálogo se modernizassem para que os autores e diretores pudessem explorar várias realidades.
Sempre com depoimentos de autores, diretores e produtores, "The DC Story" (no original), explora a influência da DC no cinema, com o clássico "Superman: O Filme" de 1978, que trouxe a aura dos super-heróis para a tela grande, até as recentes produções como "Cavaleiro da Trevas", "Liga da Justiça", "Aquaman" e "Mulher-Maravilha". A jornada na TV com suas populares séries do Arrowverse, como "Arrow", "The Flash e "Supergirl", também foram lembradas e explicam como essas produções abraçaram a mitologia dos HQs e criaram histórias envolventes que vieram cativando os fãs de todas as idades desde as animações clássicas como "Superamigos".
Para quem gosta do assunto, realmente "Superpoderosos - A História da DC" é imperdível. Eu diria que esse overview nos dá a exata noção do tamanho e da importância da DC para a cultura pop mundial, sem se abster dos seus erros estratégicos e da sua capacidade de se adaptar aos tempos, o documentário celebra com muita honestidade a riqueza de seu universo, que continua a inspirar gerações de fãs em todo o mundo.
Vale seu play!
Você não vai precisar mais do que 8 minutos para sentir seu estômago completamente embrulhado! Sim, esse documentário da HBO vai mexer com suas emoções de uma maneira avassaladora, vai te provocar muitos julgamentos e, principalmente, vai te fazer refletir justamente pela forma como sua narrativa vai desconstruindo, ponto a ponto, o atentado ocorrido em 19 de abril de 1995, em Oklahoma, até encontrar os motivos que levaram Timothy McVeigh a cometer um ato tão brutal contra seu próprio país - e olha, já te adianto: você vai se surpreender com essa relação "causa e consequência" às avessas e entender como nada acontece por acaso quando se trata de mentes doentias como a de McVeigh.
"Terrorismo Americano: O Atentado de Oklahoma City" oferece em pouco mais de 90 minutos, não apenas um relato factual e doloroso do maior ataque terrorista doméstico da história americana, mas também uma reflexão crítica sobre as raízes da violência extremista nos Estados Unidos, questionando como discursos ultra-radicais e a crescente ideologia do ódio fomentam atos de terror. Confira o trailer (em inglês):
Assim como em "13ª Emenda" (de 2016) e "American Manhunt: The Boston Marathon Bombing" (de 2023), esse documentário dirigido por Marc Levin (diretor premiado com um Emmy por "Thug Life in D.C." e em Cannes por "Slam") é muito competente em ir além dos eventos de 19 de abril de 1995 ao examinar todo o contexto social e político que moldou esse ato devastador. Basicamente, a narrativa se estrutura em duas frentes: por um lado, reconstitui o planejamento e a execução do atentado perpetrado por Timothy McVeigh e seus cúmplices, e por outro, investiga as motivações e ideologias que impulsionaram o ato. Muito bem dirigido e editado, o documentário entrelaça depoimentos dos familiares das vítimas com jornalistas, políticos (inclusive do ex-presidente americano, Bill Clinton), advogados e investigadores, mas também com especialistas em terrorismo doméstico e dissidentes do movimento de extrema direita americano, oferecendo uma perspectiva abrangente sobre o impacto do ataque e a crescente ameaça do terrorismo doméstico no país.
Marc Levin adota uma abordagem documental rigorosa, evitando sensacionalismo e priorizando a profundidade da análise bilateral. Ao intercalar imagens de arquivo, entrevistas e reconstituições para criar uma narrativa que mantém o ritmo e a tensão, o diretor se aprofunda em questões sociopolíticas para contextualizar o atentado dentro de uma linha histórica de eventos que parecem isolados, mas ao se permitir um mergulho mais rigoroso, tudo passa a fazer sentido — o cerco de Waco em 1993 e o confronto em Ruby Ridge em 1992, são dois exemplos dessa conexão com Timothy McVeigh. Repare como essa proposta de Levin oferece uma compreensão mais ampla tanto das motivações ideológicas quanto da retórica antigovernamental que só se intensificou a partir dos anos 1990. O diretor é muito competente ao explorar como discursos de ódio e as teorias conspiratórias encontraram terreno fértil em grupos paramilitares e movimentos supremacistas, desenhando paralelos inquietantes com a ascensão de extremistas no presente. Essa abordagem mais crítica torna a obra não apenas um recorte histórica, mas também uma reflexão relevante sobre a fragilidade da democracia e os riscos que surgem quando a desinformação e a radicalização são normalizadas.
Apesar de todos os seus méritos, "An American Bombing: The Road to April 19th" (no original) pode até ser considerado denso para parte de audiência - o que é compreensível. Mas para aqueles que entendem a complexidade dos temas abordados durante a jornada e a real tentativa de conectar o atentado na sede federal Alfred P. Murrah, em Oklahoma, com outros eventos históricos, eu diria que a experiência é das mais completas. Saiba que essa abordagem histórica ampla é um dos grandes trunfos da obra e é ela que vai te oferecer uma compreensão mais profunda das raízes da violência doméstica e do perigo que é a polarização política - até, obviamente, te levar ao play de outras duas obras co-relacionadas: "O Cerco de Waco" e "Waco".
Esteja preparado, mas vale muito o seu play!
Você não vai precisar mais do que 8 minutos para sentir seu estômago completamente embrulhado! Sim, esse documentário da HBO vai mexer com suas emoções de uma maneira avassaladora, vai te provocar muitos julgamentos e, principalmente, vai te fazer refletir justamente pela forma como sua narrativa vai desconstruindo, ponto a ponto, o atentado ocorrido em 19 de abril de 1995, em Oklahoma, até encontrar os motivos que levaram Timothy McVeigh a cometer um ato tão brutal contra seu próprio país - e olha, já te adianto: você vai se surpreender com essa relação "causa e consequência" às avessas e entender como nada acontece por acaso quando se trata de mentes doentias como a de McVeigh.
"Terrorismo Americano: O Atentado de Oklahoma City" oferece em pouco mais de 90 minutos, não apenas um relato factual e doloroso do maior ataque terrorista doméstico da história americana, mas também uma reflexão crítica sobre as raízes da violência extremista nos Estados Unidos, questionando como discursos ultra-radicais e a crescente ideologia do ódio fomentam atos de terror. Confira o trailer (em inglês):
Assim como em "13ª Emenda" (de 2016) e "American Manhunt: The Boston Marathon Bombing" (de 2023), esse documentário dirigido por Marc Levin (diretor premiado com um Emmy por "Thug Life in D.C." e em Cannes por "Slam") é muito competente em ir além dos eventos de 19 de abril de 1995 ao examinar todo o contexto social e político que moldou esse ato devastador. Basicamente, a narrativa se estrutura em duas frentes: por um lado, reconstitui o planejamento e a execução do atentado perpetrado por Timothy McVeigh e seus cúmplices, e por outro, investiga as motivações e ideologias que impulsionaram o ato. Muito bem dirigido e editado, o documentário entrelaça depoimentos dos familiares das vítimas com jornalistas, políticos (inclusive do ex-presidente americano, Bill Clinton), advogados e investigadores, mas também com especialistas em terrorismo doméstico e dissidentes do movimento de extrema direita americano, oferecendo uma perspectiva abrangente sobre o impacto do ataque e a crescente ameaça do terrorismo doméstico no país.
Marc Levin adota uma abordagem documental rigorosa, evitando sensacionalismo e priorizando a profundidade da análise bilateral. Ao intercalar imagens de arquivo, entrevistas e reconstituições para criar uma narrativa que mantém o ritmo e a tensão, o diretor se aprofunda em questões sociopolíticas para contextualizar o atentado dentro de uma linha histórica de eventos que parecem isolados, mas ao se permitir um mergulho mais rigoroso, tudo passa a fazer sentido — o cerco de Waco em 1993 e o confronto em Ruby Ridge em 1992, são dois exemplos dessa conexão com Timothy McVeigh. Repare como essa proposta de Levin oferece uma compreensão mais ampla tanto das motivações ideológicas quanto da retórica antigovernamental que só se intensificou a partir dos anos 1990. O diretor é muito competente ao explorar como discursos de ódio e as teorias conspiratórias encontraram terreno fértil em grupos paramilitares e movimentos supremacistas, desenhando paralelos inquietantes com a ascensão de extremistas no presente. Essa abordagem mais crítica torna a obra não apenas um recorte histórica, mas também uma reflexão relevante sobre a fragilidade da democracia e os riscos que surgem quando a desinformação e a radicalização são normalizadas.
Apesar de todos os seus méritos, "An American Bombing: The Road to April 19th" (no original) pode até ser considerado denso para parte de audiência - o que é compreensível. Mas para aqueles que entendem a complexidade dos temas abordados durante a jornada e a real tentativa de conectar o atentado na sede federal Alfred P. Murrah, em Oklahoma, com outros eventos históricos, eu diria que a experiência é das mais completas. Saiba que essa abordagem histórica ampla é um dos grandes trunfos da obra e é ela que vai te oferecer uma compreensão mais profunda das raízes da violência doméstica e do perigo que é a polarização política - até, obviamente, te levar ao play de outras duas obras co-relacionadas: "O Cerco de Waco" e "Waco".
Esteja preparado, mas vale muito o seu play!
Independente das discussões (e serão muitas) sobre Juízo de Valor, eu diria que a minissérie documental do Hulu, "The Ashley Madison Affair", é imperdível. A partir de um roteiro extremamente dinâmico, temos acesso aos bastidores do controverso site de relacionamentos para pessoas casadas, o Ashley Madison, e tudo que envolveu os vazamentos de dados de milhões de usuários em 2005. O filme, dirigido com maestria pela competente Johanna Hamilton (de "Bad Boys e Bilionários: Índia"), não apenas apresenta os escândalos de adultérios que chocaram o mundo, mas também oferece uma visão crítica e envolvente sobre a interseção entre negócio, tecnologia e intimidade. Elogiado pela profundidade de sua abordagem e pela coragem ao discutir verdades incômodas, aqui temos uma obra que transcende a mera exposição de fatos para explorar as complexidades morais e sociais que envolvem a privacidade online, mesmo para quem trai.
"The Ashley Madison Affair" nos conduz por uma jornada fascinante pelos meandros do site conhecido por facilitar encontros extraconjugais. O documentário revela a ascensão e queda do império digital comandado pelo então CEO da companhia, Noel Biderman. Por meio de entrevistas exclusivas com funcionários da empresa, jornalistas e investigadores, além de um rico material de arquivo e encenações de muito bom gosto, a minissérie discute as consequências devastadoras para relacionamentos e reputações depois do vazamento de dados que impactou, além da empresa, milhões de pessoas. Confira o trailer (em inglês):
Vale tudo para fazer um negócio se tornar um enorme sucesso financeiro, mesmo com um produto teoricamente imoral, se existirem milhões de pessoas dispostas a pagar por ele? Talvez tenha partido desse questionamento a construção narrativa que Hamilton brilhantemente explora em três episódios. Em nenhum momento você vai ficar confortável com o que está assistindo, ao mesmo tempo, olhando pela perspectiva do negócio, sua análise ficará ainda mais confusa, pois mesmo que tenhamos a exata sensação de que tudo aquilo faz um grande sentido, do conceito ao produto em si, curiosamente ficamos em dúvida se realmente vale a pena embarcar na jornada.
Ao adentrar os meandros da história, "The Ashley Madison Affair" não se contenta em ser um mero relato sobre eventos polêmicos envolvendo os usuários de um site que estimula o adultério. Muito pelo contrário, a diretora quer mesmo provocar, para só depois expor as motivações por trás do negócio, dando voz para a figura de Noel Biderman que revela uma complexidade humana que transcende os julgamentos mais simplistas - chega ser impressionante como ele se expõe ao mesmo tempo em fazia muita coisa errada nos bastidores da empresa. Veja, o roteiro destaca essa interconexão entre o sucesso do site e os desejos de seus usuários frequentes, dando certo holofote para um mal que acompanha a sociedade americana desde sempre: a hipocrisia.
Na linha de "Sexo Bilionário", o que eleva "The Ashley Madison Affair" é sua capacidade de fundir uma história polêmica com uma qualidade técnica e artística de produção de uma maneira bastante harmoniosa - os depoimentos de usuários na voz de atores e atrizes dão o exato tom do que significa essa exploração intensa sobre os limites da privacidade em um mundo cada vez mais conectado. A fotografia também cria uma atmosfera de sedução que intensifica as emoções, guiando a audiência por esse labirinto de escândalos e fantasia, de fato, envolvente.A pesquisa meticulosa é evidente em cada cena, revelando nuances que escapariam a narrativas superficiais - e isso é um golaço. A edição dinâmica mantém um ritmo que prende a nossa atenção, transformando informações densas em uma experiência cativante que certamente vai te fazer refletir, independente do olhar que você tenha sobre o site ou sobre o caso (e aqui sem trocadilhos)!
Vale muito o seu play!
Independente das discussões (e serão muitas) sobre Juízo de Valor, eu diria que a minissérie documental do Hulu, "The Ashley Madison Affair", é imperdível. A partir de um roteiro extremamente dinâmico, temos acesso aos bastidores do controverso site de relacionamentos para pessoas casadas, o Ashley Madison, e tudo que envolveu os vazamentos de dados de milhões de usuários em 2005. O filme, dirigido com maestria pela competente Johanna Hamilton (de "Bad Boys e Bilionários: Índia"), não apenas apresenta os escândalos de adultérios que chocaram o mundo, mas também oferece uma visão crítica e envolvente sobre a interseção entre negócio, tecnologia e intimidade. Elogiado pela profundidade de sua abordagem e pela coragem ao discutir verdades incômodas, aqui temos uma obra que transcende a mera exposição de fatos para explorar as complexidades morais e sociais que envolvem a privacidade online, mesmo para quem trai.
"The Ashley Madison Affair" nos conduz por uma jornada fascinante pelos meandros do site conhecido por facilitar encontros extraconjugais. O documentário revela a ascensão e queda do império digital comandado pelo então CEO da companhia, Noel Biderman. Por meio de entrevistas exclusivas com funcionários da empresa, jornalistas e investigadores, além de um rico material de arquivo e encenações de muito bom gosto, a minissérie discute as consequências devastadoras para relacionamentos e reputações depois do vazamento de dados que impactou, além da empresa, milhões de pessoas. Confira o trailer (em inglês):
Vale tudo para fazer um negócio se tornar um enorme sucesso financeiro, mesmo com um produto teoricamente imoral, se existirem milhões de pessoas dispostas a pagar por ele? Talvez tenha partido desse questionamento a construção narrativa que Hamilton brilhantemente explora em três episódios. Em nenhum momento você vai ficar confortável com o que está assistindo, ao mesmo tempo, olhando pela perspectiva do negócio, sua análise ficará ainda mais confusa, pois mesmo que tenhamos a exata sensação de que tudo aquilo faz um grande sentido, do conceito ao produto em si, curiosamente ficamos em dúvida se realmente vale a pena embarcar na jornada.
Ao adentrar os meandros da história, "The Ashley Madison Affair" não se contenta em ser um mero relato sobre eventos polêmicos envolvendo os usuários de um site que estimula o adultério. Muito pelo contrário, a diretora quer mesmo provocar, para só depois expor as motivações por trás do negócio, dando voz para a figura de Noel Biderman que revela uma complexidade humana que transcende os julgamentos mais simplistas - chega ser impressionante como ele se expõe ao mesmo tempo em fazia muita coisa errada nos bastidores da empresa. Veja, o roteiro destaca essa interconexão entre o sucesso do site e os desejos de seus usuários frequentes, dando certo holofote para um mal que acompanha a sociedade americana desde sempre: a hipocrisia.
Na linha de "Sexo Bilionário", o que eleva "The Ashley Madison Affair" é sua capacidade de fundir uma história polêmica com uma qualidade técnica e artística de produção de uma maneira bastante harmoniosa - os depoimentos de usuários na voz de atores e atrizes dão o exato tom do que significa essa exploração intensa sobre os limites da privacidade em um mundo cada vez mais conectado. A fotografia também cria uma atmosfera de sedução que intensifica as emoções, guiando a audiência por esse labirinto de escândalos e fantasia, de fato, envolvente.A pesquisa meticulosa é evidente em cada cena, revelando nuances que escapariam a narrativas superficiais - e isso é um golaço. A edição dinâmica mantém um ritmo que prende a nossa atenção, transformando informações densas em uma experiência cativante que certamente vai te fazer refletir, independente do olhar que você tenha sobre o site ou sobre o caso (e aqui sem trocadilhos)!
Vale muito o seu play!
"A vida é boa, mas não é fácil" - é com essa frase que o excelente documentário "The Book of Manning", da ESPN Filmes, termina depois de uma jornada cativante que mergulha na vida e no legado de uma das famílias mais influentes e talentosas do futebol americano: os Mannings. Dirigido por Rory Karpf, o documentário é um tributo comovente ao patriarca da família, Archie Manning, e para seus filhos, Cooper, Peyton e Eli Manning, que se tornaram ícones inesquecíveis do esporte.
O filme captura habilmente a trajetória da família Manning, desde as origens modestas de Archie em uma pequena cidade do Mississippi até a ascensão meteórica de seus filhos ao estrelato do futebol americano profissional. Ao longo do filme, somos levados a uma jornada emocional, explorando não apenas as conquistas esportivas dos Mannings, mas também os desafios pessoais e as adversidades que enfrentaram. Confira o trailer (em inglês):
É inegável que uma das maiores forças de "The Book of Manning" é a maneira como Karpf equilibra o contexto histórico com as jornadas pessoais dos Mannings. O filme examina o sul segregado da década de 1960, onde Archie enfrentou obstáculos raciais significativos, e mostra como essas experiências moldaram seu caráter e influenciaram sua abordagem em relação à paternidade e ao futebol americano em si. Além disso, o roteiro lança uma luz sobre o relacionamento íntimo entre pai e filhos, revelando como Archie desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de seus filhos como atletas, e como Peyton e Eli se inspiraram no exemplo e no apoio de seu pai para se tornarem tão vencedores.
Os depoimentos sinceros e comoventes com os membros da família Manning dão ao documentário uma autenticidade notável, permitindo que a audiência se conecte emocionalmente com a história e com as lutas e triunfos dos protagonistas, além , é claro, de oferecer uma visão fascinante sobre os bastidores da NFL, mostrando tanto os desafios enfrentados pelos jogadores no campo quanto a pressão implacável fora dele. É impressionante como a narrativa foi habilmente construída com imagens de arquivo cuidadosamente selecionadas para tornar a nossa experiência ainda mais envolvente e dinâmica, capaz de nos transportar para os momentos cruciais da carreira dos Mannings.
O fato é que "The Book of Manning" transmite uma mensagem poderosa sobre o valor do trabalho árduo, da dedicação e das referências (e exemplos) familiares. Ao explorar a resiliência dos Mannings diante das adversidades, o documentário nos inspira a perseguirmos nossos sonhos e a valorizarmos nossas relações mais intimas criando assim a base para o sucesso - eu diria, inclusive, que esse é o tipo do filme para você assistir quando você achar que já fez o suficiente para se tornar o melhor naquilo que se propõe.
Se você é fã de futebol americano ou simplesmente aprecia histórias emocionantes, este documentário é a escolha perfeita!
"A vida é boa, mas não é fácil" - é com essa frase que o excelente documentário "The Book of Manning", da ESPN Filmes, termina depois de uma jornada cativante que mergulha na vida e no legado de uma das famílias mais influentes e talentosas do futebol americano: os Mannings. Dirigido por Rory Karpf, o documentário é um tributo comovente ao patriarca da família, Archie Manning, e para seus filhos, Cooper, Peyton e Eli Manning, que se tornaram ícones inesquecíveis do esporte.
O filme captura habilmente a trajetória da família Manning, desde as origens modestas de Archie em uma pequena cidade do Mississippi até a ascensão meteórica de seus filhos ao estrelato do futebol americano profissional. Ao longo do filme, somos levados a uma jornada emocional, explorando não apenas as conquistas esportivas dos Mannings, mas também os desafios pessoais e as adversidades que enfrentaram. Confira o trailer (em inglês):
É inegável que uma das maiores forças de "The Book of Manning" é a maneira como Karpf equilibra o contexto histórico com as jornadas pessoais dos Mannings. O filme examina o sul segregado da década de 1960, onde Archie enfrentou obstáculos raciais significativos, e mostra como essas experiências moldaram seu caráter e influenciaram sua abordagem em relação à paternidade e ao futebol americano em si. Além disso, o roteiro lança uma luz sobre o relacionamento íntimo entre pai e filhos, revelando como Archie desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento de seus filhos como atletas, e como Peyton e Eli se inspiraram no exemplo e no apoio de seu pai para se tornarem tão vencedores.
Os depoimentos sinceros e comoventes com os membros da família Manning dão ao documentário uma autenticidade notável, permitindo que a audiência se conecte emocionalmente com a história e com as lutas e triunfos dos protagonistas, além , é claro, de oferecer uma visão fascinante sobre os bastidores da NFL, mostrando tanto os desafios enfrentados pelos jogadores no campo quanto a pressão implacável fora dele. É impressionante como a narrativa foi habilmente construída com imagens de arquivo cuidadosamente selecionadas para tornar a nossa experiência ainda mais envolvente e dinâmica, capaz de nos transportar para os momentos cruciais da carreira dos Mannings.
O fato é que "The Book of Manning" transmite uma mensagem poderosa sobre o valor do trabalho árduo, da dedicação e das referências (e exemplos) familiares. Ao explorar a resiliência dos Mannings diante das adversidades, o documentário nos inspira a perseguirmos nossos sonhos e a valorizarmos nossas relações mais intimas criando assim a base para o sucesso - eu diria, inclusive, que esse é o tipo do filme para você assistir quando você achar que já fez o suficiente para se tornar o melhor naquilo que se propõe.
Se você é fã de futebol americano ou simplesmente aprecia histórias emocionantes, este documentário é a escolha perfeita!
Antes de mais nada é preciso alinhar as expectativas: "The Con" não é uma série documental - pelo menos não como estamos acostumados a encontrar nas plataformas de streaming. "The Con" é um programa de TV que está disponível em um streaming. Dito isso, a série antológica da ABC americana se apoia em um conteúdo que vem fazendo muito sucesso ultimamente: contar histórias de falcatruas pela ótica de quem sofreu a fraude e te garanto: embora cruel, é muito divertido!
Whoopi Goldberg narra esta série que explora histórias perturbadoras de pessoas enganadas por promessas que provaram serem boas demais para, de fato, serem verdadeiras. Confira o trailer do episódio de estreia (em inglês):
Veja, por se tratar de uma série para a TV, você não vai encontrar uma profundidade na narrativa - a proposta é, propositalmente, contar uma história absurda, mas sem se preocupar em conectar todos os pontos ou criar um perfil mais aprofundado dos criminosos. Muito pelo contrário, a ideia de "The Con" é entreter e para isso ele usa um formato bem estabelecido em outros gêneros (como em realities de gastronomia, transformações ou de empreendedorismo) para criar uma atmosfera de suspense e ser a base de toda uma temporada, não importando a história que está sendo contada no episódio. Do tom da narração à trilha sonora escolhida, tudo tem um certo, digamos, sensacionalismo, mas isso não quer dizer que não tenha qualidade, é só o estilo - até porquê o diretor, Star Price, vem chancelado com 10 indicações ao Emmy no currículo.
Em 8 episódios vemos desde uma fraude de identidade em um romance mentiroso até o escândalo de admissão em faculdades nos EUA, passando pelo inesquecível "Fyre Festival". A dinâmica da narrativa se propõe a revelar como as vítimas foram enganadas e mostrar o custo dessa falsa confiança – seja ela emocional ou financeira. Apresentando entrevistas com as principais pessoas envolvidas nos golpes, incluindo vítimas e testemunhas oculares e, em alguns casos, policiais e os próprios golpistas, "The Con" é aquele típico programa para relaxar, se indignar e, eventualmente, dar até umas boas risadas com nossa terrível mania de sempre julgar os fatos (e as vítimas).
Se você gostou de documentários como"Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas", "O Golpista do Tinder", "Fyre Festval" e "Educação Americana - Fraude e Privilégio" (os dois últimos, inclusive com episódios inteiramente dedicados aos fatos), ou até de séries como "Inventando Anna", "Dirty John – O Golpe do Amor", "O Paraíso e a Serpente" e "Má Educação", pode dar o play tranquilamente que sua diversão está garantida. Aliás, reparem na história Anthony Gignac, que apesar de ter nascido no estado de Michigan, usava uma identidade falsa para forjar uma origem saudita e mais do que isso: ele se declarava membro da família real; ou mesmo no caso de Marianne Smyth, uma jovem que alegou ser uma herdeira irlandesa cuja família estava tentando roubar sua enorme herança, mas que no fundo queria mesmo é ganhar muito dinheiro nas custas dos amigos (bem no estilo de Anna Delvey).
Olha, vale muito a pena como aquele entretenimento despretensioso.
Antes de mais nada é preciso alinhar as expectativas: "The Con" não é uma série documental - pelo menos não como estamos acostumados a encontrar nas plataformas de streaming. "The Con" é um programa de TV que está disponível em um streaming. Dito isso, a série antológica da ABC americana se apoia em um conteúdo que vem fazendo muito sucesso ultimamente: contar histórias de falcatruas pela ótica de quem sofreu a fraude e te garanto: embora cruel, é muito divertido!
Whoopi Goldberg narra esta série que explora histórias perturbadoras de pessoas enganadas por promessas que provaram serem boas demais para, de fato, serem verdadeiras. Confira o trailer do episódio de estreia (em inglês):
Veja, por se tratar de uma série para a TV, você não vai encontrar uma profundidade na narrativa - a proposta é, propositalmente, contar uma história absurda, mas sem se preocupar em conectar todos os pontos ou criar um perfil mais aprofundado dos criminosos. Muito pelo contrário, a ideia de "The Con" é entreter e para isso ele usa um formato bem estabelecido em outros gêneros (como em realities de gastronomia, transformações ou de empreendedorismo) para criar uma atmosfera de suspense e ser a base de toda uma temporada, não importando a história que está sendo contada no episódio. Do tom da narração à trilha sonora escolhida, tudo tem um certo, digamos, sensacionalismo, mas isso não quer dizer que não tenha qualidade, é só o estilo - até porquê o diretor, Star Price, vem chancelado com 10 indicações ao Emmy no currículo.
Em 8 episódios vemos desde uma fraude de identidade em um romance mentiroso até o escândalo de admissão em faculdades nos EUA, passando pelo inesquecível "Fyre Festival". A dinâmica da narrativa se propõe a revelar como as vítimas foram enganadas e mostrar o custo dessa falsa confiança – seja ela emocional ou financeira. Apresentando entrevistas com as principais pessoas envolvidas nos golpes, incluindo vítimas e testemunhas oculares e, em alguns casos, policiais e os próprios golpistas, "The Con" é aquele típico programa para relaxar, se indignar e, eventualmente, dar até umas boas risadas com nossa terrível mania de sempre julgar os fatos (e as vítimas).
Se você gostou de documentários como"Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas", "O Golpista do Tinder", "Fyre Festval" e "Educação Americana - Fraude e Privilégio" (os dois últimos, inclusive com episódios inteiramente dedicados aos fatos), ou até de séries como "Inventando Anna", "Dirty John – O Golpe do Amor", "O Paraíso e a Serpente" e "Má Educação", pode dar o play tranquilamente que sua diversão está garantida. Aliás, reparem na história Anthony Gignac, que apesar de ter nascido no estado de Michigan, usava uma identidade falsa para forjar uma origem saudita e mais do que isso: ele se declarava membro da família real; ou mesmo no caso de Marianne Smyth, uma jovem que alegou ser uma herdeira irlandesa cuja família estava tentando roubar sua enorme herança, mas que no fundo queria mesmo é ganhar muito dinheiro nas custas dos amigos (bem no estilo de Anna Delvey).
Olha, vale muito a pena como aquele entretenimento despretensioso.
Quando Ted Sarandos disse que queria que a Netflix se tornasse a HBO antes que a HBO pudesse se tornar uma Netflix, ele projetava que a Netflix pudesse ser tão boa quanto a HBO na produção de conteúdo original, antes mesmo que a HBO pudesse ser tão bom quanto a Netflix em oferecer produtos sob demanda. Assistindo "The Jinx" não pude deixar de refletir sobre essa afirmação do executivo da Netflix! "The Jinx" é incrível, realmente muito bom, ganhou 2 Emmys em 2015, inclusive de melhor série de "não-ficção" e mesmo assim não teve 1/5 da projeção, pelo menos no Brasil, do que representou "Making a Murderer"!
Isso mostra a força que a Netflix tem e como o trabalho de construção de uma marca ganhou tanta credibilidade ao desenvolver tantas produções de qualidade em tão pouco tempo. Não que a HBO não tenha feito, muito pelo contrário, mas as franquias Game of Thrones ou True Detective não duraram pra sempre.
Dito isso, vamos ao que interessa: "The Jinx" é a melhor série de true crime já desenvolvida - pelo menos na nossa opinião! Após o relativo sucesso de "Entre Segredos e Mentiras", filme baseado nos casos de violência que cercaram o protagonista Robert Durst com Rian Gosling e Kristen Dunst, o diretor Andrew Jarecki recebeu um telefonema do próprio Durst. A proposta era simples, ele queria dar um depoimento em vídeo sobre sua versão dos acontecimentos da história. Esclarecer de uma vez por todas que ele não é e nunca foi um assassino em série. Completamente extasiado, Jarecki aceitou na hora e aí surgiu essa obra de arte da HBO. Confira o trailer:
O fato de "The Jinx" ser uma série documental de seis episódios ampliou nosso entendimento sobre a psique do milionário nova-iorquino Robert Durst. Andrew Jarecki usou de anos de pesquisa para compor uma verdadeira e complicada investigação sobre Durst - um homem complexo, frio, tido como o principal suspeito de uma série de crimes não solucionados. Chega a ser impressionante como Jarecki tem a capacidade de fazer as perguntas certas ao mesmo tempo em que vai construindo uma linha temporal que culmina em um dos finais mais impressionantes que eu já assisti em toda a minha vida - e não estou brincando! Foram 25 horas de depoimento de Durst muito bem amarrados com encenações e gravações de arquivo que vão mudando a história de acordo com a própria investigação.
Carismático e inteligente, Robert Durst parece ter saído das histórias mais macabras sobre assassinatos e, mesmo que o público não saiba se ele realmente cometeu os assassinatos, sua serenidade assustadora acaba nos conquistando - é impressionante! O fato é que o documentário nos provoca a cada episódio, nos fazendo questionar se aquele homem tão particular (e corajoso - afinal ele está dando a cara a tapa a todo momento) é realmente um assassino ou apenas um azarado (por isso o “jinx” do título), que estava sempre no lugar e na hora errada.
Veja, "Making a Murderer" é realmente muito bom, claro, mas "The Jinx" é ainda melhor! Pode acreditar!
Quando Ted Sarandos disse que queria que a Netflix se tornasse a HBO antes que a HBO pudesse se tornar uma Netflix, ele projetava que a Netflix pudesse ser tão boa quanto a HBO na produção de conteúdo original, antes mesmo que a HBO pudesse ser tão bom quanto a Netflix em oferecer produtos sob demanda. Assistindo "The Jinx" não pude deixar de refletir sobre essa afirmação do executivo da Netflix! "The Jinx" é incrível, realmente muito bom, ganhou 2 Emmys em 2015, inclusive de melhor série de "não-ficção" e mesmo assim não teve 1/5 da projeção, pelo menos no Brasil, do que representou "Making a Murderer"!
Isso mostra a força que a Netflix tem e como o trabalho de construção de uma marca ganhou tanta credibilidade ao desenvolver tantas produções de qualidade em tão pouco tempo. Não que a HBO não tenha feito, muito pelo contrário, mas as franquias Game of Thrones ou True Detective não duraram pra sempre.
Dito isso, vamos ao que interessa: "The Jinx" é a melhor série de true crime já desenvolvida - pelo menos na nossa opinião! Após o relativo sucesso de "Entre Segredos e Mentiras", filme baseado nos casos de violência que cercaram o protagonista Robert Durst com Rian Gosling e Kristen Dunst, o diretor Andrew Jarecki recebeu um telefonema do próprio Durst. A proposta era simples, ele queria dar um depoimento em vídeo sobre sua versão dos acontecimentos da história. Esclarecer de uma vez por todas que ele não é e nunca foi um assassino em série. Completamente extasiado, Jarecki aceitou na hora e aí surgiu essa obra de arte da HBO. Confira o trailer:
O fato de "The Jinx" ser uma série documental de seis episódios ampliou nosso entendimento sobre a psique do milionário nova-iorquino Robert Durst. Andrew Jarecki usou de anos de pesquisa para compor uma verdadeira e complicada investigação sobre Durst - um homem complexo, frio, tido como o principal suspeito de uma série de crimes não solucionados. Chega a ser impressionante como Jarecki tem a capacidade de fazer as perguntas certas ao mesmo tempo em que vai construindo uma linha temporal que culmina em um dos finais mais impressionantes que eu já assisti em toda a minha vida - e não estou brincando! Foram 25 horas de depoimento de Durst muito bem amarrados com encenações e gravações de arquivo que vão mudando a história de acordo com a própria investigação.
Carismático e inteligente, Robert Durst parece ter saído das histórias mais macabras sobre assassinatos e, mesmo que o público não saiba se ele realmente cometeu os assassinatos, sua serenidade assustadora acaba nos conquistando - é impressionante! O fato é que o documentário nos provoca a cada episódio, nos fazendo questionar se aquele homem tão particular (e corajoso - afinal ele está dando a cara a tapa a todo momento) é realmente um assassino ou apenas um azarado (por isso o “jinx” do título), que estava sempre no lugar e na hora errada.
Veja, "Making a Murderer" é realmente muito bom, claro, mas "The Jinx" é ainda melhor! Pode acreditar!
Se você gostou das séries "The Jinx" (HBO), "Making a Murderer" (Netflix) e do documentário "Amanda Knox" (Netflix) não deixe de assistir "The Staircase" (Netflix). Embora tenha uma dinâmica narrativa um pouco diferente de todos os outros, onde a investigação se mistura com o julgamento (e sua repercussão), "The Starircase" foca, 80% do tempo, no julgamento (e nas estratégias de defesa) de Michael Peterson - um escritor americano que foi acusado de ter assassinado sua mulher Kathleen empurrando ela escada abaixo.
O documentário com oito episódios acompanha a história de Michael Peterson, um romancista norte-americano com então 58 anos que foi acusado de ter assassinado sua mulher Kathleen jogando-a da escada. David Rudolf, advogado de Peterson, argumenta que Kathleen estava sozinha quando levou um tombo e caiu, tratando-se o caso de um acidente. Michael e Kathleen moravam em Durham, na Carolina do Norte, em uma casa com Clayton, Todd, Margaret e Martha, filhos de Michael, e Caitlin, filha de Kathleen. Na madrugada do acidente, Michael afirmou que estava no quintal perto da piscina quando ouviu um barulho no interior do imóvel, se deparando com Kathleen sangrando na beira das escadas. Confira o trailer:
Bom, como é característica desse tipo de série documental, vemos apenas um lado dos envolvidos, mas sem dúvida alguma isso não diminui a complexidade que é contar uma história maluca como essa. E acreditem, a história é muito maluca!!! A série tem um ritmo interessante, embora não tão cheio de reviravoltas como "Making a Murderer" - isso precisa ser dito. Ela é mais convidativa à reflexão dos fatos do que sobre as teorias de conspiração, o que pode dar a sensação que ela é mais lenta, mas não é! Assim que você pega o ritmo, ela voa! O caso é complexo, cheio de especulações, e isso ajuda quem assiste a não querer parar a maratona!
Se você gosta do tema, vai adorar a série - só não espere um final surpreendente como "The Jinx", por exemplo, pois acho que nunca mais vai acontecer aquilo! "The Starircase" tem 13 episódios, de 50 minutos em média, que passam voando! Vale muito o seu play!
Se você gostou das séries "The Jinx" (HBO), "Making a Murderer" (Netflix) e do documentário "Amanda Knox" (Netflix) não deixe de assistir "The Staircase" (Netflix). Embora tenha uma dinâmica narrativa um pouco diferente de todos os outros, onde a investigação se mistura com o julgamento (e sua repercussão), "The Starircase" foca, 80% do tempo, no julgamento (e nas estratégias de defesa) de Michael Peterson - um escritor americano que foi acusado de ter assassinado sua mulher Kathleen empurrando ela escada abaixo.
O documentário com oito episódios acompanha a história de Michael Peterson, um romancista norte-americano com então 58 anos que foi acusado de ter assassinado sua mulher Kathleen jogando-a da escada. David Rudolf, advogado de Peterson, argumenta que Kathleen estava sozinha quando levou um tombo e caiu, tratando-se o caso de um acidente. Michael e Kathleen moravam em Durham, na Carolina do Norte, em uma casa com Clayton, Todd, Margaret e Martha, filhos de Michael, e Caitlin, filha de Kathleen. Na madrugada do acidente, Michael afirmou que estava no quintal perto da piscina quando ouviu um barulho no interior do imóvel, se deparando com Kathleen sangrando na beira das escadas. Confira o trailer:
Bom, como é característica desse tipo de série documental, vemos apenas um lado dos envolvidos, mas sem dúvida alguma isso não diminui a complexidade que é contar uma história maluca como essa. E acreditem, a história é muito maluca!!! A série tem um ritmo interessante, embora não tão cheio de reviravoltas como "Making a Murderer" - isso precisa ser dito. Ela é mais convidativa à reflexão dos fatos do que sobre as teorias de conspiração, o que pode dar a sensação que ela é mais lenta, mas não é! Assim que você pega o ritmo, ela voa! O caso é complexo, cheio de especulações, e isso ajuda quem assiste a não querer parar a maratona!
Se você gosta do tema, vai adorar a série - só não espere um final surpreendente como "The Jinx", por exemplo, pois acho que nunca mais vai acontecer aquilo! "The Starircase" tem 13 episódios, de 50 minutos em média, que passam voando! Vale muito o seu play!