"Geração Riqueza" é um excelente (e duro) documentário da Amazon Studios sobre uma realidade social praticamente isenta de equilíbrio. Embora não seja uma experiência como "Fake Famous", o propósito é basicamente o mesmo: mostrar como valores essenciais estão subvertidos pelo dinheiro, fama, aparência e sexo - tudo sob o ponto de vista antropológico.
O documentário é parte de um projeto de 20 anos da fotógrafa Lauren Greenfield e mostra os excessos da cultura americana, compartilhada em grande parte do mundo em decorrência da globalização, onde o exagero de estilos de vida, movidos a muito dinheiro, que levam à compra de imensas casas, carros luxuosos e os mais supérfluos tipos de gastos, sempre com a intenção de impressionar o próximo, de chamar a atenção nas redes sociais e ainda massagear o ego. Lauren apresenta, por meio de personagens muito interessantes – da mãe que transformou a filha em modelo com apenas 3 anos de idade até a executiva que deixou a vida pessoal de lado por muitos anos e quis recuperar o tempo perdido gastando mais de meio milhão de dólares para tentar engravidar. "Geração Riqueza" é um reflexo da obsessão por riqueza e status social que, embora seja o principal combustível responsável por mover a economia do país, destrói as referências mais profundas de bom senso. Confira o trailer (em inglês):
“Generation Wealth” (no original) é muito feliz ao conduzir sua narrativa a partir das histórias de vida de jovens ricos em Los Angeles nos anos 90. Lauren Greenfield nos apresenta, com muita sensibilidade, o destino de muitos personagens, que naquela época possuíam um estilo de vida extravagante, e se tornaram agora pais de famílias e questionadores do seu comportamento no passado. Abrindo espaço para análises sociológicas, mas sem soar didático demais, o documentário faz uma radiografia de como o sonho americano se transformou em algo tão superficial como na busca de fama, fortuna (independente dos meios) e status social a partir dos anos 1970 e 1980 quando o crédito passou a ser facilitado pelos bancos - o que anos mais tarde culminou em uma grave crise imobiliária, diga-se de passagem exemplificada pela própria Islândia como vimos em "Trabalho Interno".
Relacionando o sucesso e dinheiro com a cultura da perfeição estética através de caros (e rentáveis) tratamentos com cosméticos e cirurgias plásticas, a valorização e o acesso à pornografia, jovens que transformam seus corpos em busca de reconhecimento masculino ou da mídia inspirados por celebridades como as Kardashians, vemos histórias sobre escolhas profissionais e pessoais que priorizam a fantasiosa sensação de bem estar que o dinheiro provoca, muitas vezes a partir de depoimentos surreais, tristes, reveladores e emocionantes, o roteiro facilmente nos convida para uma profunda reflexão crítica: como parte da sociedade vive alienada sem conseguir separar a realidade da ficção trazida por redes sociais e pela TV!
Olha, é um documentário tão impressionante quanto assustador - pela humanidade das histórias e pelo peso da realidade de uma geração que não tem a menor noção dos limites para alcançar um determinado status ou conseguir chamar a atenção pelo que se tem e não pelo que se é! Quando um filme "vazado", contendo uma relação sexual, transforma uma mulher em celebridade e passa a ser referência para muitos jovens, temos a exata ideia de como essa sociedade está doente e perdeu completamente a noção do respeito.
Realmente imperdível!
"Geração Riqueza" é um excelente (e duro) documentário da Amazon Studios sobre uma realidade social praticamente isenta de equilíbrio. Embora não seja uma experiência como "Fake Famous", o propósito é basicamente o mesmo: mostrar como valores essenciais estão subvertidos pelo dinheiro, fama, aparência e sexo - tudo sob o ponto de vista antropológico.
O documentário é parte de um projeto de 20 anos da fotógrafa Lauren Greenfield e mostra os excessos da cultura americana, compartilhada em grande parte do mundo em decorrência da globalização, onde o exagero de estilos de vida, movidos a muito dinheiro, que levam à compra de imensas casas, carros luxuosos e os mais supérfluos tipos de gastos, sempre com a intenção de impressionar o próximo, de chamar a atenção nas redes sociais e ainda massagear o ego. Lauren apresenta, por meio de personagens muito interessantes – da mãe que transformou a filha em modelo com apenas 3 anos de idade até a executiva que deixou a vida pessoal de lado por muitos anos e quis recuperar o tempo perdido gastando mais de meio milhão de dólares para tentar engravidar. "Geração Riqueza" é um reflexo da obsessão por riqueza e status social que, embora seja o principal combustível responsável por mover a economia do país, destrói as referências mais profundas de bom senso. Confira o trailer (em inglês):
“Generation Wealth” (no original) é muito feliz ao conduzir sua narrativa a partir das histórias de vida de jovens ricos em Los Angeles nos anos 90. Lauren Greenfield nos apresenta, com muita sensibilidade, o destino de muitos personagens, que naquela época possuíam um estilo de vida extravagante, e se tornaram agora pais de famílias e questionadores do seu comportamento no passado. Abrindo espaço para análises sociológicas, mas sem soar didático demais, o documentário faz uma radiografia de como o sonho americano se transformou em algo tão superficial como na busca de fama, fortuna (independente dos meios) e status social a partir dos anos 1970 e 1980 quando o crédito passou a ser facilitado pelos bancos - o que anos mais tarde culminou em uma grave crise imobiliária, diga-se de passagem exemplificada pela própria Islândia como vimos em "Trabalho Interno".
Relacionando o sucesso e dinheiro com a cultura da perfeição estética através de caros (e rentáveis) tratamentos com cosméticos e cirurgias plásticas, a valorização e o acesso à pornografia, jovens que transformam seus corpos em busca de reconhecimento masculino ou da mídia inspirados por celebridades como as Kardashians, vemos histórias sobre escolhas profissionais e pessoais que priorizam a fantasiosa sensação de bem estar que o dinheiro provoca, muitas vezes a partir de depoimentos surreais, tristes, reveladores e emocionantes, o roteiro facilmente nos convida para uma profunda reflexão crítica: como parte da sociedade vive alienada sem conseguir separar a realidade da ficção trazida por redes sociais e pela TV!
Olha, é um documentário tão impressionante quanto assustador - pela humanidade das histórias e pelo peso da realidade de uma geração que não tem a menor noção dos limites para alcançar um determinado status ou conseguir chamar a atenção pelo que se tem e não pelo que se é! Quando um filme "vazado", contendo uma relação sexual, transforma uma mulher em celebridade e passa a ser referência para muitos jovens, temos a exata ideia de como essa sociedade está doente e perdeu completamente a noção do respeito.
Realmente imperdível!
O documentário "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" é praticamente uma escolha obrigatória para quem assistiu (e gostou) de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão". Embora sem o mesmo brilhantismo narrativo da minissérie de 4 episódios que nos apresentou os detalhes mais secretos do esquema de pirâmide sexual com menores de Epstein, que envolvia poderosos políticos, empresários, acadêmicos e até celebridades; o filme sobre sua parceira Ghislaine serve, basicamente, como um epílogo de uma história que embrulha o estômago por todo contexto que envolveu suas vítimas.
Este documentário parte dos pontos que ficaram abertos depois dos acontecimentos da minissérie. Os detalhes sobre o caso de tráfico sexual pelo prisma do envolvimento de Ghislaine Maxwell, socialite e cúmplice de Jeffrey Epstein, ganha ainda mais força com os depoimentos das próprias vítimas e do recente julgamento pelo qual ela passou. Confira o trailer (em inglês):
Se "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" fosse o quinto episódio de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão" tudo faria mais sentido - porém há dois anos atrás Ghislaine sequer tinha sido indiciada, o que, claro, impactou na escolha da diretora Lisa Bryant em fechar o primeiro ciclo com o rico material que ela tinha na época. E aqui cabe uma observação relevante: a minissérie foi baseada no ivro de James Patterson “Filthy Rich: The Shocking True Story of Jeffrey Epstein”, o que permitiu a Lisa se aprofundar em diversos detalhes que, infelizmente, não se repetiu no filme de Ghislaine. Em muitos momentos, inclusive, a narrativa se torna até repetitiva e incrivelmente superficial com o claro intuito de tentar relembrar o caso Epstein sem tirar o foco da nova protagonista.
Isso prejudica a experiência? Absolutamente não, porém cria um vinculo tão grande com a obra anterior que seria desrespeitoso da minha parte dizer que a história de "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" se conta sozinha - não, ela não se conta e isolada perde completamente sua força! Com a ajuda de Maiken Baird (produtora de sucessos como "Ícaro" e "Allen contra Farrow") Lisa revisita alguns elementos que conectados ao caso, nos ajudam a entender um pouco mais da relação entre Ghislaine e Epstein - o ponto alto, no entanto, se dá na construção do perfil de Ghislaine e como sua relação com o pai, o milionário da mídia Robert Maxwell, definiu traços da sua personalidade marcante (e doentia).
"Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" basicamente repete a fragilidade de “Who is Ghislaine Maxwell?”, da HBO, que bebeu da fonte de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão", mas que trouxe poucas novidades para o entendimento do caso como um todo (inclusive de sua investigação e julgamento). Eu diria que esse documentário é até dinâmico, bem produzido, bem dirigido e que funciona muito bem como encerramento de um assunto que passou de novidade (e até surpreendente pelos nomes envolvidos e pelo fim trágico de Epstein) para um tema que dominou os noticiários por muito tempo e que me pareceu ter se desgastado demais.
Repetindo: vale seu play, apenas se você já assistiu "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão"!
O documentário "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" é praticamente uma escolha obrigatória para quem assistiu (e gostou) de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão". Embora sem o mesmo brilhantismo narrativo da minissérie de 4 episódios que nos apresentou os detalhes mais secretos do esquema de pirâmide sexual com menores de Epstein, que envolvia poderosos políticos, empresários, acadêmicos e até celebridades; o filme sobre sua parceira Ghislaine serve, basicamente, como um epílogo de uma história que embrulha o estômago por todo contexto que envolveu suas vítimas.
Este documentário parte dos pontos que ficaram abertos depois dos acontecimentos da minissérie. Os detalhes sobre o caso de tráfico sexual pelo prisma do envolvimento de Ghislaine Maxwell, socialite e cúmplice de Jeffrey Epstein, ganha ainda mais força com os depoimentos das próprias vítimas e do recente julgamento pelo qual ela passou. Confira o trailer (em inglês):
Se "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" fosse o quinto episódio de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão" tudo faria mais sentido - porém há dois anos atrás Ghislaine sequer tinha sido indiciada, o que, claro, impactou na escolha da diretora Lisa Bryant em fechar o primeiro ciclo com o rico material que ela tinha na época. E aqui cabe uma observação relevante: a minissérie foi baseada no ivro de James Patterson “Filthy Rich: The Shocking True Story of Jeffrey Epstein”, o que permitiu a Lisa se aprofundar em diversos detalhes que, infelizmente, não se repetiu no filme de Ghislaine. Em muitos momentos, inclusive, a narrativa se torna até repetitiva e incrivelmente superficial com o claro intuito de tentar relembrar o caso Epstein sem tirar o foco da nova protagonista.
Isso prejudica a experiência? Absolutamente não, porém cria um vinculo tão grande com a obra anterior que seria desrespeitoso da minha parte dizer que a história de "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" se conta sozinha - não, ela não se conta e isolada perde completamente sua força! Com a ajuda de Maiken Baird (produtora de sucessos como "Ícaro" e "Allen contra Farrow") Lisa revisita alguns elementos que conectados ao caso, nos ajudam a entender um pouco mais da relação entre Ghislaine e Epstein - o ponto alto, no entanto, se dá na construção do perfil de Ghislaine e como sua relação com o pai, o milionário da mídia Robert Maxwell, definiu traços da sua personalidade marcante (e doentia).
"Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" basicamente repete a fragilidade de “Who is Ghislaine Maxwell?”, da HBO, que bebeu da fonte de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão", mas que trouxe poucas novidades para o entendimento do caso como um todo (inclusive de sua investigação e julgamento). Eu diria que esse documentário é até dinâmico, bem produzido, bem dirigido e que funciona muito bem como encerramento de um assunto que passou de novidade (e até surpreendente pelos nomes envolvidos e pelo fim trágico de Epstein) para um tema que dominou os noticiários por muito tempo e que me pareceu ter se desgastado demais.
Repetindo: vale seu play, apenas se você já assistiu "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão"!
ELA (esclerose lateral amiotrófica) é um doença do sistema nervoso que enfraquece os músculos e afeta as funções físicas, já que o cérebro não consegue mais se comunicar com o corpo graças a destruição gradual das células nervosas. Agora, imagine ser diagnosticado com apenas 34 anos, ter uma expectativa de vida de 2 a 5 anos e ainda descobrir, na mesma época, que sua esposa está grávida do seu primeiro filho!
Se você, como eu, sentiu um aperto no peito ao ler esse primeiro parágrafo, "A Luta de Steve" (título nacional) mostra justamente a jornada do ex-jogador de futebol americano, ídolo do New Orleans Saints, Steve Gleason, para se adaptar a essa nova realidade e, de alguma forma, ter uma relação com seu filho prestes a nascer. Sem muitos rodeios e de uma forma bastante cruel, o documentário escancara a progressão da doença e a maneira como Steve e sua família se preparam para um futuro preocupante. A medida que vemos os vídeos gravados por eles mesmos, entendemos o poder devastador da doença como poucas vezes vi documentado - trazendo discussões complexas sobre fé, convivência, resiliência, aceitação, esperança, etc! Confira o trailer (em inglês):
"Gleason" tem quase duas horas e é muito duro! Muito difícil de digerir e emocionante. As escolhas do diretor J. Clay Tweel só colaboram para um retrato real de como a doença vai destruindo o paciente e mudando completamente sua relação com a família e com o mundo - a opção por mostrar cenas inteiras sem muita edição só potencializa uma enxurrada de sensações que temos ao acompanhar Steve. É difícil, mas não por acaso o documentário ganhou o "Critics' Choice Documentary Awards", o "SXSW Film Festival" e ainda foi finalista do "Sundance Festival" em 2016.
Produzido pela "Amazon Studios", o documentário tem momentos únicos que valem muito sua atenção. O primeiro mostra a reação de esposa de Steve quando seu sogro leva o filho para conhecer um curandeiro - embora seja tocante a força de vontade e desejo de continuar vivendo de Steve, o que vemos sem corte algum é muito dolorido. Outro momento interessante é a discussão que Steve tem com seu pai sobre fé - são pontos de vista completamente diferentes, mas o que nos comove é a força da relação construída na cena e a dor que ambos (pais) tem que suportar. E para finalizar, a forma como Steve usa de sua notoriedade como esportista para ajudar outros pacientes de ELA.
(Provavelmente você vai se lembrar de uma famosa campanha que viralizou em 2015 com o "Desafio do Balde de Gelo". Nela, celebridades se desafiavam a jogar um balde cheio de gelo em troca de doações para a pesquisa de ELA. Steve, inclusive, desafiou oPresidente Obama depois que ele aprovou a Lei Steven Gleason - o ato assinado pelo presidente americano dava acesso médico para as pessoas com a doença para conseguir um aparelho que gerava uma mensagem de acordo com os comandos visuais.)
Misturando gravações pessoais, noticiários da época, entrevistas com familiares, amigos e, claro, com Steve e sua mulher, Michel Varisco, "Gleason" vai fundo no reflexos sociais, familiares, fisico e psicológico da doença! Vale muito a pena, mas é preciso estar preparado (eu mesmo pensei em desistir algumas vezes)!
Ah, antes de finalizar, o documentário ainda mostra uma conversa emocionante e franca com o vocalista do Pearl Jam, Eddie Vedder, sobre paternidade e escolhas de vida, que é de apertar o coração!
ELA (esclerose lateral amiotrófica) é um doença do sistema nervoso que enfraquece os músculos e afeta as funções físicas, já que o cérebro não consegue mais se comunicar com o corpo graças a destruição gradual das células nervosas. Agora, imagine ser diagnosticado com apenas 34 anos, ter uma expectativa de vida de 2 a 5 anos e ainda descobrir, na mesma época, que sua esposa está grávida do seu primeiro filho!
Se você, como eu, sentiu um aperto no peito ao ler esse primeiro parágrafo, "A Luta de Steve" (título nacional) mostra justamente a jornada do ex-jogador de futebol americano, ídolo do New Orleans Saints, Steve Gleason, para se adaptar a essa nova realidade e, de alguma forma, ter uma relação com seu filho prestes a nascer. Sem muitos rodeios e de uma forma bastante cruel, o documentário escancara a progressão da doença e a maneira como Steve e sua família se preparam para um futuro preocupante. A medida que vemos os vídeos gravados por eles mesmos, entendemos o poder devastador da doença como poucas vezes vi documentado - trazendo discussões complexas sobre fé, convivência, resiliência, aceitação, esperança, etc! Confira o trailer (em inglês):
"Gleason" tem quase duas horas e é muito duro! Muito difícil de digerir e emocionante. As escolhas do diretor J. Clay Tweel só colaboram para um retrato real de como a doença vai destruindo o paciente e mudando completamente sua relação com a família e com o mundo - a opção por mostrar cenas inteiras sem muita edição só potencializa uma enxurrada de sensações que temos ao acompanhar Steve. É difícil, mas não por acaso o documentário ganhou o "Critics' Choice Documentary Awards", o "SXSW Film Festival" e ainda foi finalista do "Sundance Festival" em 2016.
Produzido pela "Amazon Studios", o documentário tem momentos únicos que valem muito sua atenção. O primeiro mostra a reação de esposa de Steve quando seu sogro leva o filho para conhecer um curandeiro - embora seja tocante a força de vontade e desejo de continuar vivendo de Steve, o que vemos sem corte algum é muito dolorido. Outro momento interessante é a discussão que Steve tem com seu pai sobre fé - são pontos de vista completamente diferentes, mas o que nos comove é a força da relação construída na cena e a dor que ambos (pais) tem que suportar. E para finalizar, a forma como Steve usa de sua notoriedade como esportista para ajudar outros pacientes de ELA.
(Provavelmente você vai se lembrar de uma famosa campanha que viralizou em 2015 com o "Desafio do Balde de Gelo". Nela, celebridades se desafiavam a jogar um balde cheio de gelo em troca de doações para a pesquisa de ELA. Steve, inclusive, desafiou oPresidente Obama depois que ele aprovou a Lei Steven Gleason - o ato assinado pelo presidente americano dava acesso médico para as pessoas com a doença para conseguir um aparelho que gerava uma mensagem de acordo com os comandos visuais.)
Misturando gravações pessoais, noticiários da época, entrevistas com familiares, amigos e, claro, com Steve e sua mulher, Michel Varisco, "Gleason" vai fundo no reflexos sociais, familiares, fisico e psicológico da doença! Vale muito a pena, mas é preciso estar preparado (eu mesmo pensei em desistir algumas vezes)!
Ah, antes de finalizar, o documentário ainda mostra uma conversa emocionante e franca com o vocalista do Pearl Jam, Eddie Vedder, sobre paternidade e escolhas de vida, que é de apertar o coração!
"Guga por Kuerten" está longe de ser a homenagem que o atleta merecia - mas nem por isso você deve deixar de assistir! Guga é um cara iluminado, carismático, especial; então acredite: mesmo que a minissérie documental do Disney+ se limite ao superficial, ainda assim ela é imperdível! Como não poderia deixar de ser, "Guga por Kuerten"acompanha a trajetória de Gustavo Kuerten, o maior tenista da história do país (ao lado de Maria Esther Bueno), pela perspectiva do próprio atleta, do seu treinador e de sua família. Dividida em 5 episódios, a minissérie não apenas celebra suas vitórias no esporte, mas também revela o ser humano incrível por trás do ídolo, explorando suas lutas pessoais e a relação com a família e amigos. Com um olhar íntimo, a produção oferece aos amantes de tênis um recorte da jornada de Guga, especialmente em Roland Garros, até chegar ao topo do tênis mundial!
A partir de entrevistas com o próprio Guga, com seu irmão Rafael e seu treinador Larri Passos, "Guga por Kuerten" nos leva de volta a momentos icônicos de sua carreira, como a vitória surpreendente em 1997,quando ele se tornou o primeiro brasileiro a vencer o prestigioso torneio de Roland Garros. Além de seus triunfos nas quadras de Paris, a minissérie examina as dificuldades enfrentadas pelo atleta, desde a perda do pai logo cedo até sua lesão no quadril que marcou sua carreira e que o levou para uma aposentadoria precoce. Confira o trailer:
É inegável que "Guga por Kuerten" faz um ótimo trabalho ao equilibrar o sucesso estrondoso do atleta com as dificuldades pessoais de um garoto que viu seu maior ídolo, o pai, partir logo cedo. O Guga ainda dava seus primeiros passos na carreira quando seu pai enfartou em uma quadra de tênis e é a partir desse gatilho que a narrativa torna o relato do atleta ainda mais inspirador e emocionante. Logo no primeiro episódio você vai se emocionar muito, então é praticamente impossível não se conectar com sua dor; o que me incomodou no entanto, foi a forma "desesperada" como a direção/roteiro tirou Guga desse momento marcante e o colocou em Roland Garros - veja, o corte é tão brusco que eu precisei voltar o episódio para entender que não se tratava de um erro do player. Obviamente que essa escolha conceitual fortalece temas mais universais como superação, resiliência e até discute os impactos das escolhas pessoais do atleta, e de sua família, de uma maneira que transcende o esporte, trazendo as lições de vida e os valores que ele carrega até hoje, mas a impressão que fica é que faltou ir além do óbvio.
Alternando entrevistas emocionantes e cenas de arquivo que capturam os grandes momentos da sua carreira pelo seu olhar, Guga oferece insights diretos sobre sua jornada dentro das quadras com muita honestidade. Sua sinceridade em relação às dificuldades, as pressões da fama e as lesões que o impediram de continuar no auge tornam o documentário não apenas uma homenagem, mas uma reflexão interessante sobre a realidade por trás das glórias do esporte. A minissérie também destaca a relação de Guga com sua família, especialmente com seu irmão Guilherme, que sofria de paralisia cerebral e foi uma das maiores motivações para o tenista. Esses momentos trazem para a tela o lado mais sensível e pessoal de Guga, mostrando a importância da família e de suas raízes em sua formação como ser humano - os relatos de sua mãe Alice são especiais nesse sentido.
Duas horas e trinta minutos é muito pouco para dar aos brasileiros aquilo que Guga representou. Não se pode colocar Federer, Nadal e Djokovic na frente de uma câmera e só tirar deles dois minutos de depoimento - o fato é que Guga merecia um "Man in the Arena" ou um "Arremesso Final" e não teve. "Guga por Kuerten", infelizmente, sofre pelo esforço descomunal da edição para use tornar dinâmico e acaba falhando na maneira como utiliza esse vasto material de arquivo disponível, por outro lado é preciso que se diga: mesmo na correria, a minissérie tem alma! "Guga por Kuerten" é um tributo emocionante a uma das figuras mais queridas do esporte brasileiro de todos os tempos. Um cara que nos fez acordar cedo aos domingos novamente, um atleta incrível, monstruoso, importante para toda uma geração e que soube equilibrar suas vitórias profissionais com suas batalhas pessoais com honestidade e valores.
"Guga por Kuerten" oferece um resumo do que foi Gustavo Kuerten, não apenas como o tricampeão de Roland Garros, mas como ser humano - e justamente por isso vai ficar aquele sentimento de "quero mais"!
"Guga por Kuerten" está longe de ser a homenagem que o atleta merecia - mas nem por isso você deve deixar de assistir! Guga é um cara iluminado, carismático, especial; então acredite: mesmo que a minissérie documental do Disney+ se limite ao superficial, ainda assim ela é imperdível! Como não poderia deixar de ser, "Guga por Kuerten"acompanha a trajetória de Gustavo Kuerten, o maior tenista da história do país (ao lado de Maria Esther Bueno), pela perspectiva do próprio atleta, do seu treinador e de sua família. Dividida em 5 episódios, a minissérie não apenas celebra suas vitórias no esporte, mas também revela o ser humano incrível por trás do ídolo, explorando suas lutas pessoais e a relação com a família e amigos. Com um olhar íntimo, a produção oferece aos amantes de tênis um recorte da jornada de Guga, especialmente em Roland Garros, até chegar ao topo do tênis mundial!
A partir de entrevistas com o próprio Guga, com seu irmão Rafael e seu treinador Larri Passos, "Guga por Kuerten" nos leva de volta a momentos icônicos de sua carreira, como a vitória surpreendente em 1997,quando ele se tornou o primeiro brasileiro a vencer o prestigioso torneio de Roland Garros. Além de seus triunfos nas quadras de Paris, a minissérie examina as dificuldades enfrentadas pelo atleta, desde a perda do pai logo cedo até sua lesão no quadril que marcou sua carreira e que o levou para uma aposentadoria precoce. Confira o trailer:
É inegável que "Guga por Kuerten" faz um ótimo trabalho ao equilibrar o sucesso estrondoso do atleta com as dificuldades pessoais de um garoto que viu seu maior ídolo, o pai, partir logo cedo. O Guga ainda dava seus primeiros passos na carreira quando seu pai enfartou em uma quadra de tênis e é a partir desse gatilho que a narrativa torna o relato do atleta ainda mais inspirador e emocionante. Logo no primeiro episódio você vai se emocionar muito, então é praticamente impossível não se conectar com sua dor; o que me incomodou no entanto, foi a forma "desesperada" como a direção/roteiro tirou Guga desse momento marcante e o colocou em Roland Garros - veja, o corte é tão brusco que eu precisei voltar o episódio para entender que não se tratava de um erro do player. Obviamente que essa escolha conceitual fortalece temas mais universais como superação, resiliência e até discute os impactos das escolhas pessoais do atleta, e de sua família, de uma maneira que transcende o esporte, trazendo as lições de vida e os valores que ele carrega até hoje, mas a impressão que fica é que faltou ir além do óbvio.
Alternando entrevistas emocionantes e cenas de arquivo que capturam os grandes momentos da sua carreira pelo seu olhar, Guga oferece insights diretos sobre sua jornada dentro das quadras com muita honestidade. Sua sinceridade em relação às dificuldades, as pressões da fama e as lesões que o impediram de continuar no auge tornam o documentário não apenas uma homenagem, mas uma reflexão interessante sobre a realidade por trás das glórias do esporte. A minissérie também destaca a relação de Guga com sua família, especialmente com seu irmão Guilherme, que sofria de paralisia cerebral e foi uma das maiores motivações para o tenista. Esses momentos trazem para a tela o lado mais sensível e pessoal de Guga, mostrando a importância da família e de suas raízes em sua formação como ser humano - os relatos de sua mãe Alice são especiais nesse sentido.
Duas horas e trinta minutos é muito pouco para dar aos brasileiros aquilo que Guga representou. Não se pode colocar Federer, Nadal e Djokovic na frente de uma câmera e só tirar deles dois minutos de depoimento - o fato é que Guga merecia um "Man in the Arena" ou um "Arremesso Final" e não teve. "Guga por Kuerten", infelizmente, sofre pelo esforço descomunal da edição para use tornar dinâmico e acaba falhando na maneira como utiliza esse vasto material de arquivo disponível, por outro lado é preciso que se diga: mesmo na correria, a minissérie tem alma! "Guga por Kuerten" é um tributo emocionante a uma das figuras mais queridas do esporte brasileiro de todos os tempos. Um cara que nos fez acordar cedo aos domingos novamente, um atleta incrível, monstruoso, importante para toda uma geração e que soube equilibrar suas vitórias profissionais com suas batalhas pessoais com honestidade e valores.
"Guga por Kuerten" oferece um resumo do que foi Gustavo Kuerten, não apenas como o tricampeão de Roland Garros, mas como ser humano - e justamente por isso vai ficar aquele sentimento de "quero mais"!
Só assistam esse documentário! É sério!
Primeiro porque você ficará com um sorriso no rosto em pelo menos uns 80% do filme e segundo por se tratar da história de um dos maiores fenômenos de um esporte em todos os tempos - eu diria inclusive que ele está no meu top 5 ao lado de Pelé, Jordan, Phelps e Brady. Dirigido pela dupla Ben e Gabe Turner, "I am Bolt" tem uma dinâmica narrativa extremamente fluida, ágil e interessante cinematograficamente, ou seja, é muito fácil mergulhar no universo de Bolt e se apaixonar ainda mais por um dos atletas mais carismáticos de uma geração.
Usain Bolt é, e será o homem mais veloz do mundo por muito tempo ainda. Ele é único atleta na história do atletismo a ser tricampeão em três modalidades de pista em Jogos Olímpicos consecutivamente. E a lista de vitórias na carreira não para por aí, mas a vida de Bolt não se resume a isto. Em "I am Bolt", o velocista jamaicano abre as portas para um universo que vai além das pistas, ele se apresenta como o Bolt amigo, filho, com muitos sonhos e desafios e, principalmente, como um ser humano que muitos acreditam nem ser possível existir. Confira o trailer (em inglês):
Talvez o maior mérito de "I am Bolt" seja a forma como o roteiro construiu a jornada do atleta. Aproveitando uma linha narrativa que prioriza o desafio que foi para ele chegar ao Rio em 2016 em condições de lutar por uma medalha de ouro, após uma temporada de muitas incertezas e contusões, o documentário traça paralelos com várias passagens muito marcantes da sua carreira, desde o inicio como campeão mundial juvenil até se transformar no fenômeno esportivo que simplesmente não deu chances aos adversários durante mais de 10 anos.
Embora o jornada esportiva seja o valor histórico relevante aqui, a maneira como Ben e Gabe permitiram que Bolt criasse sua própria visão cinematográfica sobre sua vida, gerou ótimos e descontraídos momentos que dificilmente um atleta se propõe a mostrar. Bolt, é honesto em 100% do tempo, mesmo quando o assunto é mais delicado e que exige dele uma maior exposição: ao comentar sobre a necessidade de uma auto-motivação para se manter competitivo e confidenciar que isso parecia não ser mais tão impotente no final de sua carreira, temos a exata noção do que foi preciso fazer para ele se tornar esse atleta tão raro. Essa humanização é um presente para quem é capaz de criar paralelos com outras profissões e extrair a essência do que é querer ser o melhor (e conseguir).
O documentário nos ajuda a ter uma visão mais ampla do que é ser Usain Bolt - quase sempre em primeira pessoa. Em pouco menos que 120 minutos, percebemos, com muita proximidade, a importância de como determinados aspectos da vida do jamaicano, desde a infância no colégio de Trelawny até seu vínculo com os pais e amigos, ou a relação com os companheiros de equipe, seu treinador, Glenn Mills, o melhor amigo e empresário, Nugent Walker, e o agente, Ricky Simms; ajudaram a moldar seu caráter como ser humano, o diferenciando como atleta talentoso que sempre foi. São pouco depoimentos formais, é verdade, dando um aspecto quase caseiro aos vídeos, mas é de se elogiar como um recorte documental tão extenso se transformou em uma obra simplesmente imperdível para quem gosta de esporte e de biografia de atletas fora do normal.
Vale muito a pena!
Só assistam esse documentário! É sério!
Primeiro porque você ficará com um sorriso no rosto em pelo menos uns 80% do filme e segundo por se tratar da história de um dos maiores fenômenos de um esporte em todos os tempos - eu diria inclusive que ele está no meu top 5 ao lado de Pelé, Jordan, Phelps e Brady. Dirigido pela dupla Ben e Gabe Turner, "I am Bolt" tem uma dinâmica narrativa extremamente fluida, ágil e interessante cinematograficamente, ou seja, é muito fácil mergulhar no universo de Bolt e se apaixonar ainda mais por um dos atletas mais carismáticos de uma geração.
Usain Bolt é, e será o homem mais veloz do mundo por muito tempo ainda. Ele é único atleta na história do atletismo a ser tricampeão em três modalidades de pista em Jogos Olímpicos consecutivamente. E a lista de vitórias na carreira não para por aí, mas a vida de Bolt não se resume a isto. Em "I am Bolt", o velocista jamaicano abre as portas para um universo que vai além das pistas, ele se apresenta como o Bolt amigo, filho, com muitos sonhos e desafios e, principalmente, como um ser humano que muitos acreditam nem ser possível existir. Confira o trailer (em inglês):
Talvez o maior mérito de "I am Bolt" seja a forma como o roteiro construiu a jornada do atleta. Aproveitando uma linha narrativa que prioriza o desafio que foi para ele chegar ao Rio em 2016 em condições de lutar por uma medalha de ouro, após uma temporada de muitas incertezas e contusões, o documentário traça paralelos com várias passagens muito marcantes da sua carreira, desde o inicio como campeão mundial juvenil até se transformar no fenômeno esportivo que simplesmente não deu chances aos adversários durante mais de 10 anos.
Embora o jornada esportiva seja o valor histórico relevante aqui, a maneira como Ben e Gabe permitiram que Bolt criasse sua própria visão cinematográfica sobre sua vida, gerou ótimos e descontraídos momentos que dificilmente um atleta se propõe a mostrar. Bolt, é honesto em 100% do tempo, mesmo quando o assunto é mais delicado e que exige dele uma maior exposição: ao comentar sobre a necessidade de uma auto-motivação para se manter competitivo e confidenciar que isso parecia não ser mais tão impotente no final de sua carreira, temos a exata noção do que foi preciso fazer para ele se tornar esse atleta tão raro. Essa humanização é um presente para quem é capaz de criar paralelos com outras profissões e extrair a essência do que é querer ser o melhor (e conseguir).
O documentário nos ajuda a ter uma visão mais ampla do que é ser Usain Bolt - quase sempre em primeira pessoa. Em pouco menos que 120 minutos, percebemos, com muita proximidade, a importância de como determinados aspectos da vida do jamaicano, desde a infância no colégio de Trelawny até seu vínculo com os pais e amigos, ou a relação com os companheiros de equipe, seu treinador, Glenn Mills, o melhor amigo e empresário, Nugent Walker, e o agente, Ricky Simms; ajudaram a moldar seu caráter como ser humano, o diferenciando como atleta talentoso que sempre foi. São pouco depoimentos formais, é verdade, dando um aspecto quase caseiro aos vídeos, mas é de se elogiar como um recorte documental tão extenso se transformou em uma obra simplesmente imperdível para quem gosta de esporte e de biografia de atletas fora do normal.
Vale muito a pena!
Você certamente já ouviu falar de Warren Buffett - grande investidor (e filantropo) americano. Mas provavelmente o nome "Carl Icahn" ainda soe pouco familiar. Embora ambos sejam investidores de peso (e multi-bilionários) o modus operandi de cada um é bem particular e talvez esteja aí o grande valor do documentário da HBO, "Icahn: O Bilionário Incansável" - apresentar de uma forma simples e direta mais uma estratégia de investimento que ajudou a construir um mito - sim, Carl Icahn é um mito e você vai entender a razão nesse filme de um pouco mais de 90 minutos.
Como a própria sinopse oficial descreve, "Icahn: The Restless Billionaire" (no original) fornece acesso sem precedentes à visão do provocativo e franco financista bilionário, Carl Icahn, explorando as fascinantes contradições de um incansável investidor que acumulou cerca de US$ 20 bilhões ao longo do último meio século e que está na vanguarda de alguns dos negócios mais lendários de nossos tempos, como Apple, Netflix, entre outros. Confira o trailer (em inglês):
A trajetória de Icahn se confunde com a história do capitalismo americano e isso por si só já é um dos grandes motivos para você que gosta do assunto assistir esse documentário dirigido (e escrito) pelo Bruce David Klein. O diretor explora com maestria toda essa jornada, desde sua entrada no mercado financeiro (em 1961), passando por sua participação na aquisição hostil da TWA até criar a gestora de investimentos Icahn Enterprises onde Icahn ganhou fama e força no mercado na década de 90 graças ao seu estilo, digamos, pouco amistoso com os CEOs das empresas em que investia.
Icahn sempre foi um personagem interessante, vindo de uma família judia e de poucos recursos, ele entendeu que poderia ganhar muito dinheiro graças a sua enorme capacidade de aprendizado - do pôquer ao seu estilo de investir em empresas em queda na bolsa. É claro que sua personalidade impositiva (para ser educado) resultou em uma longa lista de disputas e animosidades - um dos casos mais marcantes de sua carreira foi uma discussão na TV, ao vivo, com o também investidor Bill Ackman, sobre a Herbalife - Ackman que recentemente comprou 1,1 bilhão de dólares de ações da Netflix (empresa que Icahn é o maior acionista).
O único assunto que na minha opinião faltou no documentário diz respeito a breve trajetória de Icahn na política. Também cercada de polêmicas e desentendimentos, seu posicionamento ganhou destaque mundial na eleição de 2016, época em que ele fez parte da chapa do presidente eleito Donald Trump.
O fato é que "Icahn: O Bilionário Incansável" é um retrato importante do desenvolvimento econômico dos EUA, pelos olhos de Wall Street. Sem abrir mão de explorar os fracassos do protagonista e de seu relacionamento com a esposa Gail, o documentário traz ótimos depoimentos (como de Bill Gates e de Andrew Ross Sorkin, roteirista de "Grande Demais para Quebrar" e "Billions"), imagens de arquivo (inclusive pessoais) e, claro, a presença do próprio Carl Icahn que analisa em retrospectiva passagens importantes da sua carreira de sucesso.
Vale muito a pena!
Você certamente já ouviu falar de Warren Buffett - grande investidor (e filantropo) americano. Mas provavelmente o nome "Carl Icahn" ainda soe pouco familiar. Embora ambos sejam investidores de peso (e multi-bilionários) o modus operandi de cada um é bem particular e talvez esteja aí o grande valor do documentário da HBO, "Icahn: O Bilionário Incansável" - apresentar de uma forma simples e direta mais uma estratégia de investimento que ajudou a construir um mito - sim, Carl Icahn é um mito e você vai entender a razão nesse filme de um pouco mais de 90 minutos.
Como a própria sinopse oficial descreve, "Icahn: The Restless Billionaire" (no original) fornece acesso sem precedentes à visão do provocativo e franco financista bilionário, Carl Icahn, explorando as fascinantes contradições de um incansável investidor que acumulou cerca de US$ 20 bilhões ao longo do último meio século e que está na vanguarda de alguns dos negócios mais lendários de nossos tempos, como Apple, Netflix, entre outros. Confira o trailer (em inglês):
A trajetória de Icahn se confunde com a história do capitalismo americano e isso por si só já é um dos grandes motivos para você que gosta do assunto assistir esse documentário dirigido (e escrito) pelo Bruce David Klein. O diretor explora com maestria toda essa jornada, desde sua entrada no mercado financeiro (em 1961), passando por sua participação na aquisição hostil da TWA até criar a gestora de investimentos Icahn Enterprises onde Icahn ganhou fama e força no mercado na década de 90 graças ao seu estilo, digamos, pouco amistoso com os CEOs das empresas em que investia.
Icahn sempre foi um personagem interessante, vindo de uma família judia e de poucos recursos, ele entendeu que poderia ganhar muito dinheiro graças a sua enorme capacidade de aprendizado - do pôquer ao seu estilo de investir em empresas em queda na bolsa. É claro que sua personalidade impositiva (para ser educado) resultou em uma longa lista de disputas e animosidades - um dos casos mais marcantes de sua carreira foi uma discussão na TV, ao vivo, com o também investidor Bill Ackman, sobre a Herbalife - Ackman que recentemente comprou 1,1 bilhão de dólares de ações da Netflix (empresa que Icahn é o maior acionista).
O único assunto que na minha opinião faltou no documentário diz respeito a breve trajetória de Icahn na política. Também cercada de polêmicas e desentendimentos, seu posicionamento ganhou destaque mundial na eleição de 2016, época em que ele fez parte da chapa do presidente eleito Donald Trump.
O fato é que "Icahn: O Bilionário Incansável" é um retrato importante do desenvolvimento econômico dos EUA, pelos olhos de Wall Street. Sem abrir mão de explorar os fracassos do protagonista e de seu relacionamento com a esposa Gail, o documentário traz ótimos depoimentos (como de Bill Gates e de Andrew Ross Sorkin, roteirista de "Grande Demais para Quebrar" e "Billions"), imagens de arquivo (inclusive pessoais) e, claro, a presença do próprio Carl Icahn que analisa em retrospectiva passagens importantes da sua carreira de sucesso.
Vale muito a pena!
Enquanto Bryan Fogel se propunha a documentar uma experiência pessoal para entender os efeitos do doping na performance de um atleta, no caso de um ciclista, uma reunião casual com um cientista acabou transformando completamente seu projeto: ele começa a descobrir uma verdade extremamente inconveniente sobre o sistema de doping no esporte russo. Confira o trailer (em inglês):
O vencedor do Oscar de melhor Documentário do Oscar de 2018 era pra ser uma espécie de "Super Size Me" do doping e virou uma das maiores revelações conspiratórias do esporte mundial de todos os tempos - se não a maior! Por muita sorte do diretor (e a história é inacreditável), o documentário mostra como a Rússia vinha burlando os exames anti-doping em competições olímpicas há anos - com 50% (dados reais) dos atletas que disputaram as Olimpíadas de Londres competindo a base de protocolos proibidos. Ainda mais surpreendente é a atuação do Governo (leia-se Vladimir Putin) na troca das amostras de urina dos atletas na Olimpíadas de Inverno em Sochi 2014.
O triste é, mais uma vez, comprovar que "o crime compensa" - pelo menos aos olhos da Política!!! "Ícaro" é um grande documentário, que usou o "acaso" a seu favor e foi capaz de construir um storytelling dinâmico e surpreendente, mostrando que as as melhores histórias estão por aí, mas ta estar disposto a descobri-las! Olha, esse documentário é realmente imperdível! Vale muito o seu play!!!
Enquanto Bryan Fogel se propunha a documentar uma experiência pessoal para entender os efeitos do doping na performance de um atleta, no caso de um ciclista, uma reunião casual com um cientista acabou transformando completamente seu projeto: ele começa a descobrir uma verdade extremamente inconveniente sobre o sistema de doping no esporte russo. Confira o trailer (em inglês):
O vencedor do Oscar de melhor Documentário do Oscar de 2018 era pra ser uma espécie de "Super Size Me" do doping e virou uma das maiores revelações conspiratórias do esporte mundial de todos os tempos - se não a maior! Por muita sorte do diretor (e a história é inacreditável), o documentário mostra como a Rússia vinha burlando os exames anti-doping em competições olímpicas há anos - com 50% (dados reais) dos atletas que disputaram as Olimpíadas de Londres competindo a base de protocolos proibidos. Ainda mais surpreendente é a atuação do Governo (leia-se Vladimir Putin) na troca das amostras de urina dos atletas na Olimpíadas de Inverno em Sochi 2014.
O triste é, mais uma vez, comprovar que "o crime compensa" - pelo menos aos olhos da Política!!! "Ícaro" é um grande documentário, que usou o "acaso" a seu favor e foi capaz de construir um storytelling dinâmico e surpreendente, mostrando que as as melhores histórias estão por aí, mas ta estar disposto a descobri-las! Olha, esse documentário é realmente imperdível! Vale muito o seu play!!!
Se tem uma coisa que o Disney+ vem nos proporcionando, é o acesso a documentários raros e que, embora muitos deles naturalmente datados, tem um conteúdo simplesmente espetacular. O "Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars" entra nessa prateleira e te adianto: é mais um daqueles "estudos de caso" que mais parecem um curso de MBA em empreendedorismo - mais ou menos como "A História do Imagineering". Emboraproduzido em 2004 para compor os “extras” do lançamento de uma edição especial da Trilogia Star Wars ainda em DVD, o documentário é mais uma imersão na visão e no comportamento de George Lucas do que uma história construída para os fãs da franquia.
Em pouco menos de 150 minutos, os diretores Edith Becker e Kevin Burns, ambos de "Playboy: Inside the Playboy Mansion", nos conduzem pelos bastidores da criação da Trilogia Original de Star Wars, focando no processo de desenvolvimento, produção e lançamento de "Guerra nas Estrelas", o filme original de 1977, e depois, com um pouco menos de profundidade, mas não menos interessante, nas histórias de O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. Confira o trailer:
A partir do acesso aos arquivos da Lucasfilm e do próprio Lucas, Becker e Burns desenvolvem uma narrativa dinâmica e inteligente, mas sem inventar muita moda, ou seja, a partir de uma montagem cronológica simples, os diretores contam a história pelos olhos do seu criador e de vários personagens que transitaram pelas produções dos três filmes. O interessante - e aqui cabe um elogio: é que o documentário parte da visão inovadora, mas também estratégica de Lucas para pontuar a mudança dos paradigmas de Hollywood no início da década de 70, passando pelo seu trabalho na Universidade com o curta-metragem THX-1138 (que depois se transformou em um longa), depois pela pré-produção, produção e pós-produção de Guerra nas Estrelas, seguido pelo receio do seu lançamento até a transformação em uma espécie de fenômeno mundial instantâneo - o roteiro, aliás, é muito feliz ao fazer paralelos com a realidade social e cultural da época e assim tentar explicar toda essa jornada.
O roteirista Ed Singer também foi muito inteligente ao estabelecer sua linha narrativa em cima de uma novidade que foi o "Guerra nas Estrelas" e tudo que envolveu sua produção, para depois simplesmente pontuar o documentário com curiosidades dos outros dois filmes, como a criação do Mestre Yoda, as estratégias para evitar que vazasse a informação sobre a revelação de quem era o pai de Luke, os Ewoks, etc. Singer aproveita e traz para a história nomes como Ralph McQuarrie - artista que trabalhou na Boeing e foi capaz de criar o conceito visual para Gorge Lucas tentar convencer os Estúdios que valia a pena apoiar seu projeto eAlan Ladd Jr., então presidente da Fox, que convenceu a diretoria do Estúdio em financiar o primeiro filme (pouco mais de 8 milhões de dólares) e quem segurou as pontas quando o orçamento e os prazos estouraram nas mãos daquele jovem diretor.
O fato é que o "Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars" é um rico e delicioso documentário sobre uma franquia que ultrapassou os limites do cinema e se transformou em um dos mais festejados produtos da cultura pop através dos tempos. Da genialidade de George Lucas, conseguimos entender seu propósito como cineasta, mas também sua visão de negócios e de mercado como poucos tiveram até hoje.
Vale muito a pena!
Se tem uma coisa que o Disney+ vem nos proporcionando, é o acesso a documentários raros e que, embora muitos deles naturalmente datados, tem um conteúdo simplesmente espetacular. O "Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars" entra nessa prateleira e te adianto: é mais um daqueles "estudos de caso" que mais parecem um curso de MBA em empreendedorismo - mais ou menos como "A História do Imagineering". Emboraproduzido em 2004 para compor os “extras” do lançamento de uma edição especial da Trilogia Star Wars ainda em DVD, o documentário é mais uma imersão na visão e no comportamento de George Lucas do que uma história construída para os fãs da franquia.
Em pouco menos de 150 minutos, os diretores Edith Becker e Kevin Burns, ambos de "Playboy: Inside the Playboy Mansion", nos conduzem pelos bastidores da criação da Trilogia Original de Star Wars, focando no processo de desenvolvimento, produção e lançamento de "Guerra nas Estrelas", o filme original de 1977, e depois, com um pouco menos de profundidade, mas não menos interessante, nas histórias de O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. Confira o trailer:
A partir do acesso aos arquivos da Lucasfilm e do próprio Lucas, Becker e Burns desenvolvem uma narrativa dinâmica e inteligente, mas sem inventar muita moda, ou seja, a partir de uma montagem cronológica simples, os diretores contam a história pelos olhos do seu criador e de vários personagens que transitaram pelas produções dos três filmes. O interessante - e aqui cabe um elogio: é que o documentário parte da visão inovadora, mas também estratégica de Lucas para pontuar a mudança dos paradigmas de Hollywood no início da década de 70, passando pelo seu trabalho na Universidade com o curta-metragem THX-1138 (que depois se transformou em um longa), depois pela pré-produção, produção e pós-produção de Guerra nas Estrelas, seguido pelo receio do seu lançamento até a transformação em uma espécie de fenômeno mundial instantâneo - o roteiro, aliás, é muito feliz ao fazer paralelos com a realidade social e cultural da época e assim tentar explicar toda essa jornada.
O roteirista Ed Singer também foi muito inteligente ao estabelecer sua linha narrativa em cima de uma novidade que foi o "Guerra nas Estrelas" e tudo que envolveu sua produção, para depois simplesmente pontuar o documentário com curiosidades dos outros dois filmes, como a criação do Mestre Yoda, as estratégias para evitar que vazasse a informação sobre a revelação de quem era o pai de Luke, os Ewoks, etc. Singer aproveita e traz para a história nomes como Ralph McQuarrie - artista que trabalhou na Boeing e foi capaz de criar o conceito visual para Gorge Lucas tentar convencer os Estúdios que valia a pena apoiar seu projeto eAlan Ladd Jr., então presidente da Fox, que convenceu a diretoria do Estúdio em financiar o primeiro filme (pouco mais de 8 milhões de dólares) e quem segurou as pontas quando o orçamento e os prazos estouraram nas mãos daquele jovem diretor.
O fato é que o "Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars" é um rico e delicioso documentário sobre uma franquia que ultrapassou os limites do cinema e se transformou em um dos mais festejados produtos da cultura pop através dos tempos. Da genialidade de George Lucas, conseguimos entender seu propósito como cineasta, mas também sua visão de negócios e de mercado como poucos tiveram até hoje.
Vale muito a pena!
"Indústria Americana" é um recorte dos mais interessantes sobre o que não se deve fazer em um processo de internacionalização de uma empresa (ou no caso de uma indústria). O documentário vencedor do Oscar de 2020 é tão bem construído que fica tão evidente o choque cultural que, sinceramente, é impossível definir quem é o mocinho e quem é o bandido - e isso nos provoca uma excelente reflexão, já que em grande parte da história ouvimos sempre os dois lados.
No Estado de Ohio, durante um grande momento pós-industrial, um chinês bilionário se aproveita de um terreno abandonado da General Motors para criar uma filial da sua empresa de vidros automotivos, Fuyao, com a intenção de realizar uma grande mudança no cenário de Dayton (e obviamente lucrar muito com isso), após milhares de pessoas perderem emprego. Com a contratação de mais de dois mil trabalhadores locais, as perspectivas para cidade se amplificam, porém a cultura corporativa dos dois países são muito diferentes e é nesse momento que os embates ficam ainda mais sérios. Confira o trailer:
É inegável que existe uma certa miopia americana sobre a importância cultural no resto do mundo - claro que isso vem mudando ao longo dos anos, mas aqui estamos falando de uma cidadezinha do interior de Ohio onde a memória afetiva do local está diretamente ligada a um símbolo do capitalismo americano: a GM. Imagine, no entanto, que graças a globalização, esse cenário passe a impactar diretamente no inconsciente coletivo já que agora, os nativos estão à mercê dos imigrantes. Opa, mas isso seria possível depois do eterno discurso sobre o "american way of life" que ajudou a construir uma sociedade onde os subempregos eram relegados aos imigrantes e não aos americanos?
É nessa dicotomia que "Indústria Americana", dos diretores Steven Bognar e Julia Reichert, tenta equilibrar a formalidade do assunto com um interesse "sincero" pelas vidas - e aqui não me soou um "filme denúncia" e sim uma provocação das mais pertinentes nos dias de hoje. Se os executivos americanos da filial chinesa não conseguem alinhar a nova cultura com seus próprios compatriotas, por que não trazer um executivo chinês para jogar na cara desses mesmos americanos que seu povo é, de fato, melhor e mais produtivo? Esses embates são muito bem conduzidos pelo roteiro e vai fazendo com que nossa opinião vá mudando a cada nova situação - e talvez a melhor conclusão seja que ambos os lados estavam certos dentro o seu contexto cultural, mas muito errados ao não olhar o "diferente".
Existe uma tendência do filme pintar os chineses como tipos desumanizados, capitalistas, opressores e robotizados pelo pensamento industrial, em contraponto ao calor amigável e familiar do americano do Centro-Oeste - o que traz uma ironia genial para a história. Quando Bognar e Reichert enxergam esse potencial, naturalmente eles se afastam do estilo espalhafatoso Michael Moore retratava os trabalhadores de colarinho azul nos seus primeiros documentários, e fortalecem sua identidade.
Se alguém ainda tiver dúvida sobre a importância da cultura dentro de uma organização e a necessidade de adaptações nos processos e na comunicação durante a internacionalização, não perca tempo e dê o play - esse documentário mostra "da pior forma possível" como as diferenças podem destruir uma enorme oportunidade (para os dois lados)!
Vale muito a pena!
"Indústria Americana" é um recorte dos mais interessantes sobre o que não se deve fazer em um processo de internacionalização de uma empresa (ou no caso de uma indústria). O documentário vencedor do Oscar de 2020 é tão bem construído que fica tão evidente o choque cultural que, sinceramente, é impossível definir quem é o mocinho e quem é o bandido - e isso nos provoca uma excelente reflexão, já que em grande parte da história ouvimos sempre os dois lados.
No Estado de Ohio, durante um grande momento pós-industrial, um chinês bilionário se aproveita de um terreno abandonado da General Motors para criar uma filial da sua empresa de vidros automotivos, Fuyao, com a intenção de realizar uma grande mudança no cenário de Dayton (e obviamente lucrar muito com isso), após milhares de pessoas perderem emprego. Com a contratação de mais de dois mil trabalhadores locais, as perspectivas para cidade se amplificam, porém a cultura corporativa dos dois países são muito diferentes e é nesse momento que os embates ficam ainda mais sérios. Confira o trailer:
É inegável que existe uma certa miopia americana sobre a importância cultural no resto do mundo - claro que isso vem mudando ao longo dos anos, mas aqui estamos falando de uma cidadezinha do interior de Ohio onde a memória afetiva do local está diretamente ligada a um símbolo do capitalismo americano: a GM. Imagine, no entanto, que graças a globalização, esse cenário passe a impactar diretamente no inconsciente coletivo já que agora, os nativos estão à mercê dos imigrantes. Opa, mas isso seria possível depois do eterno discurso sobre o "american way of life" que ajudou a construir uma sociedade onde os subempregos eram relegados aos imigrantes e não aos americanos?
É nessa dicotomia que "Indústria Americana", dos diretores Steven Bognar e Julia Reichert, tenta equilibrar a formalidade do assunto com um interesse "sincero" pelas vidas - e aqui não me soou um "filme denúncia" e sim uma provocação das mais pertinentes nos dias de hoje. Se os executivos americanos da filial chinesa não conseguem alinhar a nova cultura com seus próprios compatriotas, por que não trazer um executivo chinês para jogar na cara desses mesmos americanos que seu povo é, de fato, melhor e mais produtivo? Esses embates são muito bem conduzidos pelo roteiro e vai fazendo com que nossa opinião vá mudando a cada nova situação - e talvez a melhor conclusão seja que ambos os lados estavam certos dentro o seu contexto cultural, mas muito errados ao não olhar o "diferente".
Existe uma tendência do filme pintar os chineses como tipos desumanizados, capitalistas, opressores e robotizados pelo pensamento industrial, em contraponto ao calor amigável e familiar do americano do Centro-Oeste - o que traz uma ironia genial para a história. Quando Bognar e Reichert enxergam esse potencial, naturalmente eles se afastam do estilo espalhafatoso Michael Moore retratava os trabalhadores de colarinho azul nos seus primeiros documentários, e fortalecem sua identidade.
Se alguém ainda tiver dúvida sobre a importância da cultura dentro de uma organização e a necessidade de adaptações nos processos e na comunicação durante a internacionalização, não perca tempo e dê o play - esse documentário mostra "da pior forma possível" como as diferenças podem destruir uma enorme oportunidade (para os dois lados)!
Vale muito a pena!
Seria muita ingenuidade acreditar que a minissérie documental da Netflix, "Inspiration4 - Viagem Estelar", não se trata de um entretenimento de marca da Space X de Elon Musk . O fato é que essa característica em momento algum deve ser observada como demérito, pois os cinco episódios são simplesmente sensacionais! Imagine, estamos testemunhando algo grandioso, que há pouco tempo soaria loucura - são quatro civis indo para o espaço, acima da estação espacial e ainda por três dias.
Em setembro de 2021, uma jovem tripulação se lançou ao espaço visando, aproximadamente, uma órbita de 575 km, voando mais longe da Terra do que qualquer ser humano desde o Hubble. Liderada e comandada por Jared Isaacman, fundador e CEO da Shift4 Payments, a missão SpaceX Dragon, chamada Inspiration4, fez história. Dirigida pelo vencedor do Emmy Award, Jason Hehir (The Last Dance), a produção teve acesso exclusivo à missão, mostrando os bastidores onde os quatro membros da tripulação arrecadaram fundos e conscientizaram as pessoas para o trabalho feito pelo St. Jude Children’s Research Hospital. De sua seleção não convencional ao treinamento intensivo para astronautas que durou meses, passando por momentos íntimos que antecederam a decolagem, acompanhamos os sonhos que se tornaram realidade - com todos os desafios mentais, físicos e emocionais que vieram junto com eles. Confira o trailer (em inglês):
Como em "The Last Dance", Hehir dá um verdadeiro show ao nos colocar ao lado de cada um dos escolhidos para a missão! Não se trata apenas de acompanhar o dia a dia dos tripulantes até o lançamento, mas sim de dividir seus sentimentos a cada nova etapa dessa preparação. A forma como o diretor construiu a narrativa, equilibrando depoimentos dos protagonistas com as histórias da conquista espacial e de quem participou (e participa) desse movimento, é simplesmente sensacional - eu diria que é uma aula de storytelling com toques de MBA de liderança.
"Inspiration4 - Viagem Estelar" é muito (mas, muito) bem produzida - reparem na qualidade da fotografia do diretor Thomas McCallum, na montagem de Kimberly Brown, Devin Concannon, Paul Frost e Gabriel Garton, e até, claro, na trilha sonora que é simplesmente perfeita. É impressionante como a união desses três elementos, mais a direção de Hehir, cria uma atmosfera de expectativa, insegurança, nostalgia e drama, tão emocional, que vivenciamos junto com os protagonistas toda essa jornada única. Olha, não será uma ou duas vezes que você se emocionará - a história de Hayley Arceneaux, por exemplo, é de uma humanidade que acerta em cheio nosso coração!
Aliás, não só a formação da tripulação como a construção do elenco para a minissérie, é algo de se aplaudir de pé - temos tantos pontos para comentar, elogiar e discutir que só colabora com a afirmação de que essa minissérie é realmente imperdível.
Uma curiosidade que pode parecer irrelevante em tempos de streaming, mas que merece ser mencionada: essa produção foi desenvolvida pelaTIME Studios em parceria com a Known, e distribuída exclusivamente pela Netflix em um formato pouco usual para a plataforma: os dois primeiros episódios foram disponibilizados no seu lançamento (dia 6), os outros dois foram lançados uma semana depois e o capítulo final apenas no dia 30 de setembro - e você sabe o que aconteceu entre os dias 13 e 30 de setembro? A viagem espacial que justamente estava sendo documentada ou seja, quem acompanhou a história com base no dia dos lançamentos dos episódios teve a experiência de curtir a jornada da Inspiration4 quase em tempo real. Sensacional!
Vale muito seu play!
Seria muita ingenuidade acreditar que a minissérie documental da Netflix, "Inspiration4 - Viagem Estelar", não se trata de um entretenimento de marca da Space X de Elon Musk . O fato é que essa característica em momento algum deve ser observada como demérito, pois os cinco episódios são simplesmente sensacionais! Imagine, estamos testemunhando algo grandioso, que há pouco tempo soaria loucura - são quatro civis indo para o espaço, acima da estação espacial e ainda por três dias.
Em setembro de 2021, uma jovem tripulação se lançou ao espaço visando, aproximadamente, uma órbita de 575 km, voando mais longe da Terra do que qualquer ser humano desde o Hubble. Liderada e comandada por Jared Isaacman, fundador e CEO da Shift4 Payments, a missão SpaceX Dragon, chamada Inspiration4, fez história. Dirigida pelo vencedor do Emmy Award, Jason Hehir (The Last Dance), a produção teve acesso exclusivo à missão, mostrando os bastidores onde os quatro membros da tripulação arrecadaram fundos e conscientizaram as pessoas para o trabalho feito pelo St. Jude Children’s Research Hospital. De sua seleção não convencional ao treinamento intensivo para astronautas que durou meses, passando por momentos íntimos que antecederam a decolagem, acompanhamos os sonhos que se tornaram realidade - com todos os desafios mentais, físicos e emocionais que vieram junto com eles. Confira o trailer (em inglês):
Como em "The Last Dance", Hehir dá um verdadeiro show ao nos colocar ao lado de cada um dos escolhidos para a missão! Não se trata apenas de acompanhar o dia a dia dos tripulantes até o lançamento, mas sim de dividir seus sentimentos a cada nova etapa dessa preparação. A forma como o diretor construiu a narrativa, equilibrando depoimentos dos protagonistas com as histórias da conquista espacial e de quem participou (e participa) desse movimento, é simplesmente sensacional - eu diria que é uma aula de storytelling com toques de MBA de liderança.
"Inspiration4 - Viagem Estelar" é muito (mas, muito) bem produzida - reparem na qualidade da fotografia do diretor Thomas McCallum, na montagem de Kimberly Brown, Devin Concannon, Paul Frost e Gabriel Garton, e até, claro, na trilha sonora que é simplesmente perfeita. É impressionante como a união desses três elementos, mais a direção de Hehir, cria uma atmosfera de expectativa, insegurança, nostalgia e drama, tão emocional, que vivenciamos junto com os protagonistas toda essa jornada única. Olha, não será uma ou duas vezes que você se emocionará - a história de Hayley Arceneaux, por exemplo, é de uma humanidade que acerta em cheio nosso coração!
Aliás, não só a formação da tripulação como a construção do elenco para a minissérie, é algo de se aplaudir de pé - temos tantos pontos para comentar, elogiar e discutir que só colabora com a afirmação de que essa minissérie é realmente imperdível.
Uma curiosidade que pode parecer irrelevante em tempos de streaming, mas que merece ser mencionada: essa produção foi desenvolvida pelaTIME Studios em parceria com a Known, e distribuída exclusivamente pela Netflix em um formato pouco usual para a plataforma: os dois primeiros episódios foram disponibilizados no seu lançamento (dia 6), os outros dois foram lançados uma semana depois e o capítulo final apenas no dia 30 de setembro - e você sabe o que aconteceu entre os dias 13 e 30 de setembro? A viagem espacial que justamente estava sendo documentada ou seja, quem acompanhou a história com base no dia dos lançamentos dos episódios teve a experiência de curtir a jornada da Inspiration4 quase em tempo real. Sensacional!
Vale muito seu play!
No cenário dos crimes que chocaram o Brasil, sem a menor dúvida, o caso da morte da menina Isabella Nardoni se destaca como um dos mais intrigantes e emocionalmente carregados da nossa história. O documentário "Isabella: O Caso Nardoni" oferece uma oportunidade única de explorar não apenas os aspectos investigativos do caso, mas também a profundidade das emoções humanas de quem, de fato, sofreu com o crime - e te falo: você não vai precisar mais do que dez minutos para sentir o coração completamente dilacerado! Embora a produção da Netflix não acrescente absolutamente nenhuma informação nova sobre o caso, inclusive, inexplicavelmente, deixe de lado elementos importantes da perícia, posso afirmar que se trata de um ótimo entretenimento para quem gosta do gênero "true crime".
Passados 15 anos, a Netflix retoma o assunto em "Isabella: O Caso Nardoni" - um filme que explora, em detalhes, os eventos em torno do assassinato de 2008, quando o pai Alexandre e a madrasta Anna Carolina Jatobá, asfixiaram a criança e depois a jogaram do sexto andar. Mostrando como foi o trabalho da polícia, da perícia e dos advogados, em meio ao sofrimento da mãe biológica, do circo midiático em torno do caso e das calorosas cobranças da população que, indignada, desejava uma rápida resolução para esse violento homicídio, os diretores Micael Langer e Cláudio Manoel praticamente reconstroem o dia do crime e exploram, passo a passo, os reflexos dessa tragédia. Confira o trailer:
Sem a menor dúvida, um dos pontos fortes do documentário está na discussão sobre os detalhes técnicos da investigação policial e do processo judicial que se seguiram ao crime. Desde a reconstituição dos fatos até a análise forense, a narrativa é muito feliz em explorar os desafios enfrentados pelas autoridades para reconstruir os eventos da noite fatídica, dando voz a quem realmente esteve lá. Mesmo que o filme soe superficial em alguns momentos, a história é recheada de curiosidades e passagens que ao mesmo tempo que indignam, nos envolvem. Misturando depoimentos atuais e um rico material de pesquisa, essencialmente imagens de arquivo, "Isabella: O Caso Nardoni" praticamente nos impede de tirar os olhos da tela até que os créditos subam.
Agora, é preciso que se diga, o roteiro explora a tragédia da morte de Isabella evocando uma gama complexa de emoções: tristeza, raiva, empatia e indignação; permitindo que a audiência compreenda não apenas a dor da família, mas também os desafios emocionais enfrentados pelas equipes de investigação e de advogados. As entrevistas com a delegada, com uma especialista criminal, com a responsável pela perícia e com o promotor, são tão reveladoras quanto a dos familiares, no entanto os insights emocionais mais poderosos, que enriquecem a narrativa, são mesmo da mãe, Ana, e da avó, Rosa.
"Isabella: O Caso Nardoni" não se limita aos fatos frios do caso, já que o filme, naturalmente, cria uma conexão emocional com a audiência - principalmente pornos transportar de volta no tempo, proporcionando uma visão mais vívida sobre os eventos. Esse olhar em retrospectiva faz toda a diferença na maneira como interpretamos os detalhes do caso e, essencialmente, cada comportamento dos envolvidos. Sim, existe uma leve sensação de que algo diferente poderia ter sido mostrado, mas essa cereja do bolo nunca chega - então não crie tantas expectativas, apenas mergulhe na proposta dos diretores e revisite a história com um pouco mais de maturidade, mesmo que ainda pareça um certo oportunismo.
No cenário dos crimes que chocaram o Brasil, sem a menor dúvida, o caso da morte da menina Isabella Nardoni se destaca como um dos mais intrigantes e emocionalmente carregados da nossa história. O documentário "Isabella: O Caso Nardoni" oferece uma oportunidade única de explorar não apenas os aspectos investigativos do caso, mas também a profundidade das emoções humanas de quem, de fato, sofreu com o crime - e te falo: você não vai precisar mais do que dez minutos para sentir o coração completamente dilacerado! Embora a produção da Netflix não acrescente absolutamente nenhuma informação nova sobre o caso, inclusive, inexplicavelmente, deixe de lado elementos importantes da perícia, posso afirmar que se trata de um ótimo entretenimento para quem gosta do gênero "true crime".
Passados 15 anos, a Netflix retoma o assunto em "Isabella: O Caso Nardoni" - um filme que explora, em detalhes, os eventos em torno do assassinato de 2008, quando o pai Alexandre e a madrasta Anna Carolina Jatobá, asfixiaram a criança e depois a jogaram do sexto andar. Mostrando como foi o trabalho da polícia, da perícia e dos advogados, em meio ao sofrimento da mãe biológica, do circo midiático em torno do caso e das calorosas cobranças da população que, indignada, desejava uma rápida resolução para esse violento homicídio, os diretores Micael Langer e Cláudio Manoel praticamente reconstroem o dia do crime e exploram, passo a passo, os reflexos dessa tragédia. Confira o trailer:
Sem a menor dúvida, um dos pontos fortes do documentário está na discussão sobre os detalhes técnicos da investigação policial e do processo judicial que se seguiram ao crime. Desde a reconstituição dos fatos até a análise forense, a narrativa é muito feliz em explorar os desafios enfrentados pelas autoridades para reconstruir os eventos da noite fatídica, dando voz a quem realmente esteve lá. Mesmo que o filme soe superficial em alguns momentos, a história é recheada de curiosidades e passagens que ao mesmo tempo que indignam, nos envolvem. Misturando depoimentos atuais e um rico material de pesquisa, essencialmente imagens de arquivo, "Isabella: O Caso Nardoni" praticamente nos impede de tirar os olhos da tela até que os créditos subam.
Agora, é preciso que se diga, o roteiro explora a tragédia da morte de Isabella evocando uma gama complexa de emoções: tristeza, raiva, empatia e indignação; permitindo que a audiência compreenda não apenas a dor da família, mas também os desafios emocionais enfrentados pelas equipes de investigação e de advogados. As entrevistas com a delegada, com uma especialista criminal, com a responsável pela perícia e com o promotor, são tão reveladoras quanto a dos familiares, no entanto os insights emocionais mais poderosos, que enriquecem a narrativa, são mesmo da mãe, Ana, e da avó, Rosa.
"Isabella: O Caso Nardoni" não se limita aos fatos frios do caso, já que o filme, naturalmente, cria uma conexão emocional com a audiência - principalmente pornos transportar de volta no tempo, proporcionando uma visão mais vívida sobre os eventos. Esse olhar em retrospectiva faz toda a diferença na maneira como interpretamos os detalhes do caso e, essencialmente, cada comportamento dos envolvidos. Sim, existe uma leve sensação de que algo diferente poderia ter sido mostrado, mas essa cereja do bolo nunca chega - então não crie tantas expectativas, apenas mergulhe na proposta dos diretores e revisite a história com um pouco mais de maturidade, mesmo que ainda pareça um certo oportunismo.
"Jeffrey Epstein: Poder e Perversão" é mais uma daquelas histórias, como a que vimos em "Deixando Neverland" (da HBO), que nos embrulha o estômago a cada minuto ou a cada descoberta. Como comentamos em um artigo no nosso blog no começo de 2020, chamado: "Jeffrey Epstein, guardem esse nome", a Netflix seguiu a tendência e resolveu produzir um documentário dividido em quatro episódios sobre os detalhes mais secretos do esquema de pirâmide sexual com menores de Epstein, que envolviam poderosos políticos, empresários, acadêmicos e até celebridades. O livro de James Patterson “Filthy Rich: The Shocking True Story of Jeffrey Epstein” serviu como base para o desenvolvimento da minissérie onde nos deparamos com o lado mais sombrio de um ser humano que acreditava que, com sua fortuna, sairia ileso de qualquer situação que o comprometesse (e ele não era o único!). Confira o trailer:
Se no documentário da HBO o incômodo vinha dos depoimentos impressionantes dos jovens abusados por uma celebridade tão importante como Michael Jackson, já em "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão", vemos claramente o mindset de impunidade que o dinheiro, o poder e a influência causam no ser humano e as marcas que deixam nas suas vítimas. O mais interessante desse roteiro da dupla John Connolly e Tom Malloy, é a forma como a história vai se construindo através de uma narrativa não linear - um conceito que vimos recentemente em outra produção da Netflix: "Arremesso Final" e que funcionou muito bem em uma jornada tão carregada de drama como essa. O "vai e volta" dos fatos vai nos situando em uma linha do tempo cheia de recortes e fatos isolados que, juntos, vão nos corroendo com uma força absurda - são tantos detalhes que fica impossível não reconstruir as cenas de abuso e perversão mentalmente - e isso é extremamente cruel. Imaginar crianças de 12, 14 anos, compradas com duzentos dólares, sendo abusadas por Epstein com tanta recorrência, chega parecer mentira. E não era!
Não contente, a sequência de depoimentos chocantes sobre a época em que eram abusadas, contadas pelas próprias vítimas, com um nível de clareza e sinceridade absurdas (muitas vezes admitindo os próprios erros e excessos), o documentários ainda desvenda a forma maquiavélica como tudo era arquitetado, como as garotas eram aliciadas e a razão pela qual Epstein não temia ser pego. Se nos três primeiros episódios temos a impressão que se tratava de um fetiche doentio de Epstein, no último descobrimos que o problema era muito maior, amplo e tão sério que deve ter tirado o sono de muita gente grande! A exposição dessa história impressionante envolve desde presidentes americanos até um membro da realeza britânica - e além de deixar claro (mas sem tantas provas, isso é um fato) que a perversão não era exclusividade de Epstein, muito do poder que ele tinha se baseava em uma moeda de troca muito peculiar!
O documentário é muito cuidadoso ao mostrar (ou pelo menos tentar mostrar) todos os lados da história, mesmo que muitos deles apenas por legendas, mas é preciso elogiar o poder que a edição trouxe para o projeto: com muitas cenas de noticiários e inúmeras entrevistas com personagens envolvidos na investigação, dando voz até para defesa de Epstein, cria-se uma dinâmica tão envolvente que vai nos provocando, nos mal-tratando, mas que nos mantém ligados até o final e com aquele desejo insuportável que justiça seja feita!
"Jeffrey Epstein: Poder e Perversão" é uma minissérie que vale muito a pena, mas que não é tão fácil de digerir ou suportar (principalmente para aqueles que já tem filhos).
"Jeffrey Epstein: Poder e Perversão" é mais uma daquelas histórias, como a que vimos em "Deixando Neverland" (da HBO), que nos embrulha o estômago a cada minuto ou a cada descoberta. Como comentamos em um artigo no nosso blog no começo de 2020, chamado: "Jeffrey Epstein, guardem esse nome", a Netflix seguiu a tendência e resolveu produzir um documentário dividido em quatro episódios sobre os detalhes mais secretos do esquema de pirâmide sexual com menores de Epstein, que envolviam poderosos políticos, empresários, acadêmicos e até celebridades. O livro de James Patterson “Filthy Rich: The Shocking True Story of Jeffrey Epstein” serviu como base para o desenvolvimento da minissérie onde nos deparamos com o lado mais sombrio de um ser humano que acreditava que, com sua fortuna, sairia ileso de qualquer situação que o comprometesse (e ele não era o único!). Confira o trailer:
Se no documentário da HBO o incômodo vinha dos depoimentos impressionantes dos jovens abusados por uma celebridade tão importante como Michael Jackson, já em "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão", vemos claramente o mindset de impunidade que o dinheiro, o poder e a influência causam no ser humano e as marcas que deixam nas suas vítimas. O mais interessante desse roteiro da dupla John Connolly e Tom Malloy, é a forma como a história vai se construindo através de uma narrativa não linear - um conceito que vimos recentemente em outra produção da Netflix: "Arremesso Final" e que funcionou muito bem em uma jornada tão carregada de drama como essa. O "vai e volta" dos fatos vai nos situando em uma linha do tempo cheia de recortes e fatos isolados que, juntos, vão nos corroendo com uma força absurda - são tantos detalhes que fica impossível não reconstruir as cenas de abuso e perversão mentalmente - e isso é extremamente cruel. Imaginar crianças de 12, 14 anos, compradas com duzentos dólares, sendo abusadas por Epstein com tanta recorrência, chega parecer mentira. E não era!
Não contente, a sequência de depoimentos chocantes sobre a época em que eram abusadas, contadas pelas próprias vítimas, com um nível de clareza e sinceridade absurdas (muitas vezes admitindo os próprios erros e excessos), o documentários ainda desvenda a forma maquiavélica como tudo era arquitetado, como as garotas eram aliciadas e a razão pela qual Epstein não temia ser pego. Se nos três primeiros episódios temos a impressão que se tratava de um fetiche doentio de Epstein, no último descobrimos que o problema era muito maior, amplo e tão sério que deve ter tirado o sono de muita gente grande! A exposição dessa história impressionante envolve desde presidentes americanos até um membro da realeza britânica - e além de deixar claro (mas sem tantas provas, isso é um fato) que a perversão não era exclusividade de Epstein, muito do poder que ele tinha se baseava em uma moeda de troca muito peculiar!
O documentário é muito cuidadoso ao mostrar (ou pelo menos tentar mostrar) todos os lados da história, mesmo que muitos deles apenas por legendas, mas é preciso elogiar o poder que a edição trouxe para o projeto: com muitas cenas de noticiários e inúmeras entrevistas com personagens envolvidos na investigação, dando voz até para defesa de Epstein, cria-se uma dinâmica tão envolvente que vai nos provocando, nos mal-tratando, mas que nos mantém ligados até o final e com aquele desejo insuportável que justiça seja feita!
"Jeffrey Epstein: Poder e Perversão" é uma minissérie que vale muito a pena, mas que não é tão fácil de digerir ou suportar (principalmente para aqueles que já tem filhos).
Sua definição de "pirado" vai mudar depois que você assistir o documentário da Netflix "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo". É sério, McAfee (aquele mesmo do antivírus que todo mundo usava quando os PCs ainda dominavam o mundo) faz CEOs excêntricos como Adam Neumann da WeWork e Travis Kalanick da UBER parecerem ter saído do jardim da infância!
"Running With The Devil: The Wild World Of John McAfee" (no original) conta em pouco menos de duas horas, toda a jornada do milionário e gênio da tecnologia John McAfee durante os anos em que viveu como foragido da justiça, acusado, inclusive, de assassinato. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo Charlie Russell (de "Chris Packham: Asperger's and Me") esse documentário traz cenas e entrevistas inéditas (e surpreendentes) sobre alguns dos momentos mais conturbados da vida deMcAfee. Com uma edição primorosa do Joby Gee, Russell se aproveita de um material riquíssimo produzido pela "Vice" pouco mais de dez anos atrás, que resultou em uma estreita relação de amizade entre o próprio McAfee e um videomaker que anos depois voltou a captar em imagens, a loucura e o comportamento cheio de abusos do protagonista até ele ser preso na Espanha em outubro de 2020.
Um dos pioneiros da indústria da segurança digital, o criador do antivírus que até hoje ainda leva seu nome, se tornou milionário quando sua empresa foi vendida para a Intel em um negócio de US$ 7,6 bilhões. A partir daí, McAfee passou a viver no limite, com direito a envolvimento com drogas pesadas, álcool e prostituição - sua última esposa, inclusive, era prostituta. Porém a questão mais presente em "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" diz respeito a sua fuga de Belize para Guatemala quando foi acusado de assassinar seu vizinho, Gregory Faull, com um tiro na nuca - o crime, inclusive, que nunca foi solucionado. Essa passagem foi só o gatilho para as inúmeras paranóias (ou não) e teorias da conspiração que fizeram McAfee praticamente viver em águas internacionais com medo de ser morto.
Embora o documentário seja muito competente em explorar esse recorte específico, citando rapidamente outras polêmicas em que McAfee esteve envolvido, temos a sensação que o personagem merecia uma obra mais completa - talvez uma minissérie que se aprofundasse em temas como a derrocada de sua fortuna, os embates com a Intel para que a empresa desvinculasse o seu nome do antivírus, a pretensão de se tornar presidente dos EUA e os outros investimentos que ele fez em startups que foram mal sucedidas - o cara foi de antibióticos naturais à criptomoedas, para você ter uma ideia.
"John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" é um documentário dinâmico, bem construído e muito interessante - um mergulho no intimo de um personagem único e que foi capaz de transitar entre a genialidade e o caos com a mesma competência. Vale muito o seu play!
Sua definição de "pirado" vai mudar depois que você assistir o documentário da Netflix "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo". É sério, McAfee (aquele mesmo do antivírus que todo mundo usava quando os PCs ainda dominavam o mundo) faz CEOs excêntricos como Adam Neumann da WeWork e Travis Kalanick da UBER parecerem ter saído do jardim da infância!
"Running With The Devil: The Wild World Of John McAfee" (no original) conta em pouco menos de duas horas, toda a jornada do milionário e gênio da tecnologia John McAfee durante os anos em que viveu como foragido da justiça, acusado, inclusive, de assassinato. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo Charlie Russell (de "Chris Packham: Asperger's and Me") esse documentário traz cenas e entrevistas inéditas (e surpreendentes) sobre alguns dos momentos mais conturbados da vida deMcAfee. Com uma edição primorosa do Joby Gee, Russell se aproveita de um material riquíssimo produzido pela "Vice" pouco mais de dez anos atrás, que resultou em uma estreita relação de amizade entre o próprio McAfee e um videomaker que anos depois voltou a captar em imagens, a loucura e o comportamento cheio de abusos do protagonista até ele ser preso na Espanha em outubro de 2020.
Um dos pioneiros da indústria da segurança digital, o criador do antivírus que até hoje ainda leva seu nome, se tornou milionário quando sua empresa foi vendida para a Intel em um negócio de US$ 7,6 bilhões. A partir daí, McAfee passou a viver no limite, com direito a envolvimento com drogas pesadas, álcool e prostituição - sua última esposa, inclusive, era prostituta. Porém a questão mais presente em "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" diz respeito a sua fuga de Belize para Guatemala quando foi acusado de assassinar seu vizinho, Gregory Faull, com um tiro na nuca - o crime, inclusive, que nunca foi solucionado. Essa passagem foi só o gatilho para as inúmeras paranóias (ou não) e teorias da conspiração que fizeram McAfee praticamente viver em águas internacionais com medo de ser morto.
Embora o documentário seja muito competente em explorar esse recorte específico, citando rapidamente outras polêmicas em que McAfee esteve envolvido, temos a sensação que o personagem merecia uma obra mais completa - talvez uma minissérie que se aprofundasse em temas como a derrocada de sua fortuna, os embates com a Intel para que a empresa desvinculasse o seu nome do antivírus, a pretensão de se tornar presidente dos EUA e os outros investimentos que ele fez em startups que foram mal sucedidas - o cara foi de antibióticos naturais à criptomoedas, para você ter uma ideia.
"John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" é um documentário dinâmico, bem construído e muito interessante - um mergulho no intimo de um personagem único e que foi capaz de transitar entre a genialidade e o caos com a mesma competência. Vale muito o seu play!
"Lance" é um dos melhores documentários sobre um atleta que já assisti - pela coragem do protagonista (mesmo que possa soar oportunista), o ex-ciclista Lance Armstrong, e pela capacidade da diretora Marina Zenovich em construir uma narrativa completa, isenta, dinâmica e muito impactante. Mais ou menos como assistimos em "Tiger" da HBO.
"Lance" é um crônica fascinante, reveladora e abrangente sobre um dos mais inspiradores, e também infames, atletas de todos os tempos. Através de extensas entrevistas e conversas com Lance Armstrong, essa minissérie em dois episódios produzida pela ESPN conta a jornada completa de ascensão e queda do maior ciclista da história - pelo menos até ele admitir o uso de substâncias proibidas que aumentavam sua performance nas competições. Confira o trailer (em inglês):
Lance Armstrong era daqueles raros atletas onde seu nome se confundia com o esporte que praticava - algo como Jordan para o basquete, Pelé para o Futebol, Tiger Woods para o Golfe e Ayrton Senna para a Fórmula 1. Armstrong era sinônimo de ciclismo - afinal ele foi o único atleta da história a vencer o Tour de France sete vezes! A grande questão é que Armstrong também é considerado a maior farsa do esporte - talvez ao lado de Ben Johnson, e justamente pelo mesmo problema: o doping!
Armstrong saiu da posição de fenômeno para chegar ao fundo do poço em 48 horas, depois de uma denúncia de um outro ciclista americano (que também havia sido pego do doping) e uma longa investigação sobre o uso de uma droga chamada EPO em competições de ciclismo, principalmente na Europa - essa droga, aliás, quando usada em doses adequadas, não aparecia nos testes. O que se dá a entender que todos trapaceavam, uns melhores que outros, mas todos!
Enquanto Armstrong dá a sua versão para diferentes passagens da sua carreira, Zenovich mescla esses depoimentos com as falas de ex-companheiros de equipe, rivais, jornalistas, familiares, empresários e amigos íntimos, além de inúmeras imagens de arquivo que servem para ilustrar três pontos de vista da mesma história. O interessante é que, por mais que Armstrong pareça estar sendo sincero hoje, ele não tem a menor credibilidade de fala - talvez o único momento que não deixa nenhuma dúvida sobre seu sentimento é quando ele conta sobre a visita que fez ao alemão Jan Ulrich, seu grande rival no esporte. De fato emocionante.
Diferente do que eu li por aí, "Lance" não me pareceu uma tentativa de ressignificar o valor de Armstrong como ser humano. Muito pelo contrário, achei que o documentário não alivia em nenhuma passagem da vida do atleta - inclusive quando superou o câncer, criou a sua Fundação para apoiar pessoas com a doença e depois ainda foi duramente acusado de usar dessa sua luta como escudo para minimizar suas falhas de caráter. Agora vale uma observação: você estará julgando cada uma das palavras de Armstrong, das suas atitudes e da sua postura - é impossível não fazer isso. Mas tenha certeza de uma coisa: o veredito final sobre tudo que você vai ouvir ele falar, vai variar de pessoa para pessoa - o que torna a experiência de assistir "Lance" ainda mais sensacional.
Se você gostou de "Last Dance", "Tiger" e até "Schumacher", esse documentário é imperdível!
"Lance" é um dos melhores documentários sobre um atleta que já assisti - pela coragem do protagonista (mesmo que possa soar oportunista), o ex-ciclista Lance Armstrong, e pela capacidade da diretora Marina Zenovich em construir uma narrativa completa, isenta, dinâmica e muito impactante. Mais ou menos como assistimos em "Tiger" da HBO.
"Lance" é um crônica fascinante, reveladora e abrangente sobre um dos mais inspiradores, e também infames, atletas de todos os tempos. Através de extensas entrevistas e conversas com Lance Armstrong, essa minissérie em dois episódios produzida pela ESPN conta a jornada completa de ascensão e queda do maior ciclista da história - pelo menos até ele admitir o uso de substâncias proibidas que aumentavam sua performance nas competições. Confira o trailer (em inglês):
Lance Armstrong era daqueles raros atletas onde seu nome se confundia com o esporte que praticava - algo como Jordan para o basquete, Pelé para o Futebol, Tiger Woods para o Golfe e Ayrton Senna para a Fórmula 1. Armstrong era sinônimo de ciclismo - afinal ele foi o único atleta da história a vencer o Tour de France sete vezes! A grande questão é que Armstrong também é considerado a maior farsa do esporte - talvez ao lado de Ben Johnson, e justamente pelo mesmo problema: o doping!
Armstrong saiu da posição de fenômeno para chegar ao fundo do poço em 48 horas, depois de uma denúncia de um outro ciclista americano (que também havia sido pego do doping) e uma longa investigação sobre o uso de uma droga chamada EPO em competições de ciclismo, principalmente na Europa - essa droga, aliás, quando usada em doses adequadas, não aparecia nos testes. O que se dá a entender que todos trapaceavam, uns melhores que outros, mas todos!
Enquanto Armstrong dá a sua versão para diferentes passagens da sua carreira, Zenovich mescla esses depoimentos com as falas de ex-companheiros de equipe, rivais, jornalistas, familiares, empresários e amigos íntimos, além de inúmeras imagens de arquivo que servem para ilustrar três pontos de vista da mesma história. O interessante é que, por mais que Armstrong pareça estar sendo sincero hoje, ele não tem a menor credibilidade de fala - talvez o único momento que não deixa nenhuma dúvida sobre seu sentimento é quando ele conta sobre a visita que fez ao alemão Jan Ulrich, seu grande rival no esporte. De fato emocionante.
Diferente do que eu li por aí, "Lance" não me pareceu uma tentativa de ressignificar o valor de Armstrong como ser humano. Muito pelo contrário, achei que o documentário não alivia em nenhuma passagem da vida do atleta - inclusive quando superou o câncer, criou a sua Fundação para apoiar pessoas com a doença e depois ainda foi duramente acusado de usar dessa sua luta como escudo para minimizar suas falhas de caráter. Agora vale uma observação: você estará julgando cada uma das palavras de Armstrong, das suas atitudes e da sua postura - é impossível não fazer isso. Mas tenha certeza de uma coisa: o veredito final sobre tudo que você vai ouvir ele falar, vai variar de pessoa para pessoa - o que torna a experiência de assistir "Lance" ainda mais sensacional.
Se você gostou de "Last Dance", "Tiger" e até "Schumacher", esse documentário é imperdível!
Essa série documental é uma das minhas preferidas, mas não só porque eu gosto muito de futebol americano, mas porque o esporte é só o pano de fundo para o elemento que mais interessa uma narrativa: os personagens.
Em época de Copa do Mundo o que mais irrita quem gosta do esporte são comentários ou discussões superficiais sobre o comportamento de atletas (dentro e fora de campo) sem dimensionar o que pode ser o dia a dia desses jogadores e o que cada um um trás na sua bagagem de vida. Ver o esporte como única ferramenta de ascensão social e acompanhar o processo de crescimento ou fracasso desses jogadores, é impactante. Chega a ser desumano, eu diria."Last Chance U" fala disso, de esportistas acima da média que antes de tudo são seres humanos, com suas qualidades e, principalmente (e esse é o grande mérito da série e que nos faz refletir), com seus defeitos. Confira o trailer:
"Last Chance U" mistura depoimentos dos jogadores, técnicos e educadores, cenas dos treinos e bastidores dos jogos, o dia a dia na Faculdade (e as dificuldades de aprendizado de cada um), a relação com a família, com os amigos, com as más companhias. A série ainda mostra os melhores momentos da temporada do College - as vitórias, derrotas, frustrações e muita, mas muita, pressão para tentar ser convidado para uma faculdade de elite e assim poder entrar no radar dos olheiros da NFL. O incrível da série é a forma como o Diretor (e os roteiristas) amarram tantas histórias, de tantos personagens. Seu sucesso enorme é resultado dessa fluidez, dessa organicidade na construção de uma linha narrativa coerente, profunda e divertida para quem assiste. É impossível não torcer, ou se revoltar, com algum personagem! É uma história da vida real muito bem desenvolvida, mesmo!!!!
Cada temporada tem 8 episódios de uma hora em média, que passam voando - não é preciso ser um expert em Futebol Americano, mas se você tiver um bom conhecimento da dinâmica do esporte, a experiência de assistir a história desses jovens fica ainda mais incrível! Saiba que a série é uma das coisas mais originais e interessantes que a Netflix já produziu. Vale a pena!
Essa série documental é uma das minhas preferidas, mas não só porque eu gosto muito de futebol americano, mas porque o esporte é só o pano de fundo para o elemento que mais interessa uma narrativa: os personagens.
Em época de Copa do Mundo o que mais irrita quem gosta do esporte são comentários ou discussões superficiais sobre o comportamento de atletas (dentro e fora de campo) sem dimensionar o que pode ser o dia a dia desses jogadores e o que cada um um trás na sua bagagem de vida. Ver o esporte como única ferramenta de ascensão social e acompanhar o processo de crescimento ou fracasso desses jogadores, é impactante. Chega a ser desumano, eu diria."Last Chance U" fala disso, de esportistas acima da média que antes de tudo são seres humanos, com suas qualidades e, principalmente (e esse é o grande mérito da série e que nos faz refletir), com seus defeitos. Confira o trailer:
"Last Chance U" mistura depoimentos dos jogadores, técnicos e educadores, cenas dos treinos e bastidores dos jogos, o dia a dia na Faculdade (e as dificuldades de aprendizado de cada um), a relação com a família, com os amigos, com as más companhias. A série ainda mostra os melhores momentos da temporada do College - as vitórias, derrotas, frustrações e muita, mas muita, pressão para tentar ser convidado para uma faculdade de elite e assim poder entrar no radar dos olheiros da NFL. O incrível da série é a forma como o Diretor (e os roteiristas) amarram tantas histórias, de tantos personagens. Seu sucesso enorme é resultado dessa fluidez, dessa organicidade na construção de uma linha narrativa coerente, profunda e divertida para quem assiste. É impossível não torcer, ou se revoltar, com algum personagem! É uma história da vida real muito bem desenvolvida, mesmo!!!!
Cada temporada tem 8 episódios de uma hora em média, que passam voando - não é preciso ser um expert em Futebol Americano, mas se você tiver um bom conhecimento da dinâmica do esporte, a experiência de assistir a história desses jovens fica ainda mais incrível! Saiba que a série é uma das coisas mais originais e interessantes que a Netflix já produziu. Vale a pena!
"Lorena" é uma minissérie documental da Prime Vídeo das mais curiosas - primeiro por se tratar de uma história incomum e segundo por ser um recorte infeliz de parte de uma sociedade americana que merece (ou não) ser estudada. Desde o inicio do documentário já nos deparamos com o circo que foi criado em cima de um fato muito sério, que teve como causa episódios de violência doméstica e como resultado uma lesão corporal das mais graves. O grande problema, no entanto, foi a espetacularização do caso e graças a isso, as consequências foram as mais cruéis para todos os envolvidos.
Em 1993, as manchetes de todo mundo divulgavam, vorazmente, a história da jovem imigrante Lorena Bobbitt que cortou o órgão genital de seu marido, John Wayne Bobbitt, um ex-fuzileiro da marinha americana. O assunto, que dominou a imprensa ao longo de todo o ano, e que virou motivo piada por muito tempo, trazia o "bizarro" como seu fator mais instigante, mas escondia uma dolorosa experiência de sofrimento fisico e psicológico contínuo ao longo de quatro anos de uma relação completamente abusiva. Confira o trailer (em inglês):
Dividida em quatro episódios de uma hora, a minissérie produzida por Jordan Peele (vencedor do Oscar por "Corra!") tenta corrigir os erros cometidos pela mídia nos anos 90, entender as motivações de Lorena para atacar John Wayne e ainda posicionar os dois lados da história de uma forma que a própria audiência tire suas conclusões - e te garanto: é impossível não julgar as atitudes dos dois personagens a cada nova informação! Obviamente, o documentário traça uma linha do tempo baseada não apenas em como o crime se tornou alvo de tabloides mundiais (com um significado cultural bem mais forte nos Estados Unidos), mas de como essa narrativa foi contada de uma forma completamente unilateral. Mesmo respeitando as limitações da época do crime, "Lorena" busca outros olhares, interpretações e acaba pontuando, da sua forma, como a sociedade lidou com tudo isso da pior maneira possível. Vale lembrar que quando o caso veio à tona, todos lembravam do membro decepado do rapaz, mas poucos comentavam sobre a moça que foi agredida e estuprada.
A minissérie é muito competente em montar um denso e complexo mapa de conexões onde nomes, locais, circunstâncias e contextos são interligados de maneira muito simples e inteligente, nos dando uma percepção bastante clara e completa sobre o caso. São depoimentos de médicos, cirurgiões, enfermeiros, socorristas, advogados, familiares, amigos e até de membros do júri, que se conectam com uma quantidade enorme (e relevante) de imagens de arquivo - aliás, em um dos episódios temos acesso aos trechos mais importantes do testemunho da própria Lorena em seu julgamento, que na época foi transmitido ao vivo pela "Court TV", e olha, são impressionantes! Sem cortes, sem trilha, apenas as palavras de uma mulher que mal consegue se comunicar, relatando como foi violentada e estuprada pelo marido - é de embrulhar o estômago e muito difícil de assistir.
Dirigida pelo talentoso Joshua Rofé, a minissérie acerta em cheio ao mostrar diversos olhares de uma mesma história sem ter a pretensão (pelo menos descaradamente) de nomear um vilão ou um mocinho. O fato é que "Lorena" explica como o senso comum preferiu se apegar ao que existe de mais superficial sobre o assunto, buscando um debate ignorante sobre violência em troca de uma audiência alta, enquanto as consequências desse silêncio serviram apenas para dar continuidade a um problema que está longe de ser extinto!
Vale muito o seu play!
"Lorena" é uma minissérie documental da Prime Vídeo das mais curiosas - primeiro por se tratar de uma história incomum e segundo por ser um recorte infeliz de parte de uma sociedade americana que merece (ou não) ser estudada. Desde o inicio do documentário já nos deparamos com o circo que foi criado em cima de um fato muito sério, que teve como causa episódios de violência doméstica e como resultado uma lesão corporal das mais graves. O grande problema, no entanto, foi a espetacularização do caso e graças a isso, as consequências foram as mais cruéis para todos os envolvidos.
Em 1993, as manchetes de todo mundo divulgavam, vorazmente, a história da jovem imigrante Lorena Bobbitt que cortou o órgão genital de seu marido, John Wayne Bobbitt, um ex-fuzileiro da marinha americana. O assunto, que dominou a imprensa ao longo de todo o ano, e que virou motivo piada por muito tempo, trazia o "bizarro" como seu fator mais instigante, mas escondia uma dolorosa experiência de sofrimento fisico e psicológico contínuo ao longo de quatro anos de uma relação completamente abusiva. Confira o trailer (em inglês):
Dividida em quatro episódios de uma hora, a minissérie produzida por Jordan Peele (vencedor do Oscar por "Corra!") tenta corrigir os erros cometidos pela mídia nos anos 90, entender as motivações de Lorena para atacar John Wayne e ainda posicionar os dois lados da história de uma forma que a própria audiência tire suas conclusões - e te garanto: é impossível não julgar as atitudes dos dois personagens a cada nova informação! Obviamente, o documentário traça uma linha do tempo baseada não apenas em como o crime se tornou alvo de tabloides mundiais (com um significado cultural bem mais forte nos Estados Unidos), mas de como essa narrativa foi contada de uma forma completamente unilateral. Mesmo respeitando as limitações da época do crime, "Lorena" busca outros olhares, interpretações e acaba pontuando, da sua forma, como a sociedade lidou com tudo isso da pior maneira possível. Vale lembrar que quando o caso veio à tona, todos lembravam do membro decepado do rapaz, mas poucos comentavam sobre a moça que foi agredida e estuprada.
A minissérie é muito competente em montar um denso e complexo mapa de conexões onde nomes, locais, circunstâncias e contextos são interligados de maneira muito simples e inteligente, nos dando uma percepção bastante clara e completa sobre o caso. São depoimentos de médicos, cirurgiões, enfermeiros, socorristas, advogados, familiares, amigos e até de membros do júri, que se conectam com uma quantidade enorme (e relevante) de imagens de arquivo - aliás, em um dos episódios temos acesso aos trechos mais importantes do testemunho da própria Lorena em seu julgamento, que na época foi transmitido ao vivo pela "Court TV", e olha, são impressionantes! Sem cortes, sem trilha, apenas as palavras de uma mulher que mal consegue se comunicar, relatando como foi violentada e estuprada pelo marido - é de embrulhar o estômago e muito difícil de assistir.
Dirigida pelo talentoso Joshua Rofé, a minissérie acerta em cheio ao mostrar diversos olhares de uma mesma história sem ter a pretensão (pelo menos descaradamente) de nomear um vilão ou um mocinho. O fato é que "Lorena" explica como o senso comum preferiu se apegar ao que existe de mais superficial sobre o assunto, buscando um debate ignorante sobre violência em troca de uma audiência alta, enquanto as consequências desse silêncio serviram apenas para dar continuidade a um problema que está longe de ser extinto!
Vale muito o seu play!
O conceito por trás dessa série documental da Netflix é sensacional, afinal não é comprovado que se aprende mais com as derrotas do que com as vitórias? "Losers", na minha opinião, tem um único problema: o nome! Por ser uma expressão atribuída àquelas pessoas que não teriam capacidade alguma de vencer na vida (ou no esporte), cria-se uma percepção errada para quem gostaria de assistir a série - não se engane, "Losers" não fala de perdedores, mas sim de atletas que foram derrotados por diversos motivos ou adversidades e que encontraram seu caminho além das expectativas que os outros (ou até eles mesmos) depositavam em suas carreiras. Dito isso, coloque uma "?" após o título e o propósito da série será muito melhor percebido!
Essa primeira temporada acompanha oito atletas, dos mais diversos esportes, como boxe, futebol, golfe, ultra-maratona e basquete até patinação artística, curling e o pouco conhecido Sled Dog Race - uma corrida de longa distância com cães de trenó através de condições difíceis no inverno do Alasca. Todos esses atletas, em vez de falar sobre seus feitos e vitórias inesquecíveis, expõem os momentos mais difíceis de suas jornadas, aqueles em que se viram derrotados, deixados para trás, fragilizados e até correndo perigo de morte. Confira o trailer (em inglês):
Além das histórias incríveis que só o esporte seria capaz de proporcionar, "Losers?" se destaca também pela forma bastante criativa de sua estrutura narrativa. A série não traz somente entrevistas com os atletas ou pessoas próximas aos eventos, como familiares ou jornalistas, mas também imagens de arquivo e animações bastante originais, que ilustram os momentos mais icônicos dos episódios, criando um certo tom de leveza para um assunto tão marcante que poderia parecer muito pesado ou vitimista. Na verdade, são tantas lições positivas que conseguimos extrair dessas histórias que a "derrota" acaba sendo sendo apenas um dos pontos (importante) dentro da trajetória do protagonista. Destaco o episódio do ultra-maratonista Mauro Prosperi que após uma tempestade de areia enquanto participava da "Marathon des Sables" em 1994, ficou 10 dias perdido no deserto do Marrocos e quase morreu.
Assinado pelo diretor e ilustrador Mickey Duzyj, e com roteiro de Brin-Jonathan Butler, "Losers" é bastante dinâmico e equilibrado narrativamente - o que faz da experiência de assistir a série um ótimo entretenimento. São muitas histórias interessantes que, certamente, dariam um filme solo. Ao refletir sobre uma das frases ditas no final da série: "No esporte, como na vida, há vencedores, mas ninguém consegue vencer toda semana"; percebemos que qualquer pessoa pode ter seu momento de derrota, mas basta saber canalizar os sentimentos ruins, conectar os pontos de aprendizado e transformá-los em combustível para reencontrar o caminho, que tudo se encaixará!
Vale muito seu play!
O conceito por trás dessa série documental da Netflix é sensacional, afinal não é comprovado que se aprende mais com as derrotas do que com as vitórias? "Losers", na minha opinião, tem um único problema: o nome! Por ser uma expressão atribuída àquelas pessoas que não teriam capacidade alguma de vencer na vida (ou no esporte), cria-se uma percepção errada para quem gostaria de assistir a série - não se engane, "Losers" não fala de perdedores, mas sim de atletas que foram derrotados por diversos motivos ou adversidades e que encontraram seu caminho além das expectativas que os outros (ou até eles mesmos) depositavam em suas carreiras. Dito isso, coloque uma "?" após o título e o propósito da série será muito melhor percebido!
Essa primeira temporada acompanha oito atletas, dos mais diversos esportes, como boxe, futebol, golfe, ultra-maratona e basquete até patinação artística, curling e o pouco conhecido Sled Dog Race - uma corrida de longa distância com cães de trenó através de condições difíceis no inverno do Alasca. Todos esses atletas, em vez de falar sobre seus feitos e vitórias inesquecíveis, expõem os momentos mais difíceis de suas jornadas, aqueles em que se viram derrotados, deixados para trás, fragilizados e até correndo perigo de morte. Confira o trailer (em inglês):
Além das histórias incríveis que só o esporte seria capaz de proporcionar, "Losers?" se destaca também pela forma bastante criativa de sua estrutura narrativa. A série não traz somente entrevistas com os atletas ou pessoas próximas aos eventos, como familiares ou jornalistas, mas também imagens de arquivo e animações bastante originais, que ilustram os momentos mais icônicos dos episódios, criando um certo tom de leveza para um assunto tão marcante que poderia parecer muito pesado ou vitimista. Na verdade, são tantas lições positivas que conseguimos extrair dessas histórias que a "derrota" acaba sendo sendo apenas um dos pontos (importante) dentro da trajetória do protagonista. Destaco o episódio do ultra-maratonista Mauro Prosperi que após uma tempestade de areia enquanto participava da "Marathon des Sables" em 1994, ficou 10 dias perdido no deserto do Marrocos e quase morreu.
Assinado pelo diretor e ilustrador Mickey Duzyj, e com roteiro de Brin-Jonathan Butler, "Losers" é bastante dinâmico e equilibrado narrativamente - o que faz da experiência de assistir a série um ótimo entretenimento. São muitas histórias interessantes que, certamente, dariam um filme solo. Ao refletir sobre uma das frases ditas no final da série: "No esporte, como na vida, há vencedores, mas ninguém consegue vencer toda semana"; percebemos que qualquer pessoa pode ter seu momento de derrota, mas basta saber canalizar os sentimentos ruins, conectar os pontos de aprendizado e transformá-los em combustível para reencontrar o caminho, que tudo se encaixará!
Vale muito seu play!
Por mais paradoxal que meu comentário possa parecer, "Making a Murderer" é uma aula de roteiro, de direção, mas, principalmente, de atuação! Que história sensacional e o quanto ela é capaz de gerar sensações tão intensas!
"Making a Murderer" é uma série documental da Netflix que conta a história deSteven Averyque, após ter passado 18 anos preso por um crime que "supostamente" não cometeu, consegue a liberdade devido a um exame de DNA que provaria sua inocência. O caso vira notícia, claro, afinal a fragilidade do sistema penal americano é completamente exposta, e quando Avery está prestes a ganhar uma gigantesca indenização do Estado, ele se torna o principal suspeito de um outro assassinato: o da fotógrafa e jornalista Teresa Halbach. Confira o trailer:
A série foi pioneira em construir uma narrativa quase ficcional para contara essa história - por isso meu comentário no inicio desse review. Com episódios de uma hora, "Making a Murderer" acompanha a investigação, o julgamento e todas as contradições que giram em torno dos dois casos envolvendo Avery.Muito bem dirigido pelas diretoras Laura Ricciardi e Moira Demos, além de incrivelmente bem editado pela própria Demos, a série é um case de storytelling! As duas trabalharam durante dez anos em cima dessa história, entrevistando pessoas próximas ao Steven Avery e até alguns dos investigadores envolvidos nos casos, mas o ponto alto da série é a forma como elas vão juntando as peças e decifrando cada um dos acontecimentos em uma linha do tempo quase imaginária, ao mesmo tempo em que continuam apurando outros fatos e juntando documentos e gravações para uma segunda temporada!
A frase de um dos advogados de Avery define exatamente o conceito da série: "você pode até ter certeza de que nunca vai cometer um crime, mas não pode ter certeza de que nunca vai ser acusado de um. Caso você seja, é isso que pode te acontecer. E é aterrorizante." - de fato não sabemos se Steven cometeu ou não um crime ou o que realmente aconteceu com Teresa Halback, mas as pessoas envolvidas são tão singulares e estão dentro de um universo tão sem noção que somos imediatamente sugados para dentro da história e ela vai nos consumindo pouco a pouco!
"Making a Murderer" ganhou quatro Emmys em 2016 e se tonou uma experiência imperdível para quem gosta de séries de investigação e mistério! Vale muito a pena no nível mais elevado que um review pode oferecer!
Por mais paradoxal que meu comentário possa parecer, "Making a Murderer" é uma aula de roteiro, de direção, mas, principalmente, de atuação! Que história sensacional e o quanto ela é capaz de gerar sensações tão intensas!
"Making a Murderer" é uma série documental da Netflix que conta a história deSteven Averyque, após ter passado 18 anos preso por um crime que "supostamente" não cometeu, consegue a liberdade devido a um exame de DNA que provaria sua inocência. O caso vira notícia, claro, afinal a fragilidade do sistema penal americano é completamente exposta, e quando Avery está prestes a ganhar uma gigantesca indenização do Estado, ele se torna o principal suspeito de um outro assassinato: o da fotógrafa e jornalista Teresa Halbach. Confira o trailer:
A série foi pioneira em construir uma narrativa quase ficcional para contara essa história - por isso meu comentário no inicio desse review. Com episódios de uma hora, "Making a Murderer" acompanha a investigação, o julgamento e todas as contradições que giram em torno dos dois casos envolvendo Avery.Muito bem dirigido pelas diretoras Laura Ricciardi e Moira Demos, além de incrivelmente bem editado pela própria Demos, a série é um case de storytelling! As duas trabalharam durante dez anos em cima dessa história, entrevistando pessoas próximas ao Steven Avery e até alguns dos investigadores envolvidos nos casos, mas o ponto alto da série é a forma como elas vão juntando as peças e decifrando cada um dos acontecimentos em uma linha do tempo quase imaginária, ao mesmo tempo em que continuam apurando outros fatos e juntando documentos e gravações para uma segunda temporada!
A frase de um dos advogados de Avery define exatamente o conceito da série: "você pode até ter certeza de que nunca vai cometer um crime, mas não pode ter certeza de que nunca vai ser acusado de um. Caso você seja, é isso que pode te acontecer. E é aterrorizante." - de fato não sabemos se Steven cometeu ou não um crime ou o que realmente aconteceu com Teresa Halback, mas as pessoas envolvidas são tão singulares e estão dentro de um universo tão sem noção que somos imediatamente sugados para dentro da história e ela vai nos consumindo pouco a pouco!
"Making a Murderer" ganhou quatro Emmys em 2016 e se tonou uma experiência imperdível para quem gosta de séries de investigação e mistério! Vale muito a pena no nível mais elevado que um review pode oferecer!
"One person unicorn" é a expressão usada para designar uma "empresa de um homem só" que é avaliada em mais de US$ 1 bilhão e que, em tempos de influência digital, serve para definir um "fundador" que se transformou em uma marca tão sólida e tão poderosa capaz de gerar muito (mas, muito) dinheiro! Embora essa expressão tenha sido criada há mais de dez anos, ela foi se adaptando de acordo com as transformações culturais e de mercado, no entanto um nome precisa ser estudado quando tal assunto vem à tona: Martha Stewart! "Martha", dirigido por R.J. Cutler (de "Big Vape"), é um documentário biográfico que oferece uma visão íntima e ampla da vida de Martha Stewart, uma das figuras mais emblemáticas do empreendedorismo e lifestyle nos Estados Unidos. Cutler aproveita a colaboração e abertura pessoal da própria Martha, que compartilha seus arquivos pessoais, incluindo fotos, cartas e registros de um diário que escreveu na prisão, nunca antes visto, para construir um retrato completo da empresária e influenciadora.
O documentário da Netflix cobre desde a infância e juventude de Martha Stewart até seu caminho para se tornar um ícone da cultura americana, abordando marcos em sua vida como a construção de seu império e o período conturbado de sua prisão por acusações de "insider trading". Cutler estrutura o documentário de forma cronológica, utilizando uma narrativa que é ao mesmo tempo inspiradora e reveladora para explorar como Martha, com sua visão única de estilo e negócios, revolucionou o conceito de “faça você mesmo” e levou as práticas de organização e decoração ao mainstream, tornando-se uma referência para gerações de consumidores americanos. Confira o trailer:
Talvez o grande diferencial de "Martha" seja a abordagem de Cutler: intimista e respeitosa, o diretor permite que Martha Stewart apresente sua própria história em suas próprias palavras. As entrevistas com Martha são reveladoras e, em muitos momentos, emocionantes, pois ela compartilha suas conquistas e desafios com uma honestidade brutal - ao ponto de em algumas passagens pessoais soar até hipócrita. Essa perspectiva direta enriquece o documentário, pois permite que a audiência veja além da figura pública ("perfeitamente perfeita") e entenda as motivações, os sacrifícios e as ambições que moldaram sua trajetória cheia de erros e aprendizados. Martha reflete sobre a complexidade de seu sucesso e sobre as críticas e controvérsias que enfrentou, mostrando-se vulnerável e determinada ao mesmo tempo.
A montagem do documentário é hábil em intercalar essas entrevistas com imagens de arquivo, documentos pessoais e cenas icônicas de programas e eventos protagonizados por Martha ao longo de sua carreira. Esse material de arquivo dá ao público uma sensação autêntica da época e do impacto cultural de Martha Stewart, revelando não apenas a mulher de negócios implacável, mas também a pessoa por trás da marca. O uso de fotos e cartas pessoais adiciona camadas emocionais à narrativa, permitindo uma compreensão mais profunda de sua vida privada e de como ela lidou com momentos difíceis e de superação. Repare como o diretor usa a voz de pessoas próximas de Martha para narrar determinadas passagens e assim imprimir um certo mood de intimidade entre a história contada e a realidade vivida.
O documentário também explora as complexidades e as pressões de ser uma mulher empreendedora de sucesso em um mundo dominado por homens. "Martha" não ignora as dificuldades que Stewart enfrentou ao consolidar seu nome e seu império, incluindo a desconfiança e o ceticismo que muitas vezes são direcionados a mulheres bem-sucedidas e poderosas. Ao tratar do episódio de sua prisão, Cutler aborda como Martha enfrentou as consequências de uma perseguição velada com resiliência e como o episódio impactou sua vida pessoal e profissional. O filme também analisa como a mídia e o público reagiram a essa fase de sua vida, evidenciando os julgamentos e as expectativas frequentemente dirigidos à celebridades que, por alguma razão, desabam do topo!
Embora "Martha" seja uma espécie de celebração da vida e das conquistas de Martha Stewart, o documentário não se exime de fazer uma análise crítica de como o sucesso tem seu custo. Ao pontuar os sacrifícios que ela fez para alcançar o topo e as repercussões de ser uma figura dura e ambiciosa, o filme oferece um recorte de sua personalidade que poucas pessoas conhecem e utiliza de uma perspectiva bastante interessante para narrar os altos e baixos de uma vida marcada pelo sucesso e pela controvérsia!
Vale muito o seu play!
"One person unicorn" é a expressão usada para designar uma "empresa de um homem só" que é avaliada em mais de US$ 1 bilhão e que, em tempos de influência digital, serve para definir um "fundador" que se transformou em uma marca tão sólida e tão poderosa capaz de gerar muito (mas, muito) dinheiro! Embora essa expressão tenha sido criada há mais de dez anos, ela foi se adaptando de acordo com as transformações culturais e de mercado, no entanto um nome precisa ser estudado quando tal assunto vem à tona: Martha Stewart! "Martha", dirigido por R.J. Cutler (de "Big Vape"), é um documentário biográfico que oferece uma visão íntima e ampla da vida de Martha Stewart, uma das figuras mais emblemáticas do empreendedorismo e lifestyle nos Estados Unidos. Cutler aproveita a colaboração e abertura pessoal da própria Martha, que compartilha seus arquivos pessoais, incluindo fotos, cartas e registros de um diário que escreveu na prisão, nunca antes visto, para construir um retrato completo da empresária e influenciadora.
O documentário da Netflix cobre desde a infância e juventude de Martha Stewart até seu caminho para se tornar um ícone da cultura americana, abordando marcos em sua vida como a construção de seu império e o período conturbado de sua prisão por acusações de "insider trading". Cutler estrutura o documentário de forma cronológica, utilizando uma narrativa que é ao mesmo tempo inspiradora e reveladora para explorar como Martha, com sua visão única de estilo e negócios, revolucionou o conceito de “faça você mesmo” e levou as práticas de organização e decoração ao mainstream, tornando-se uma referência para gerações de consumidores americanos. Confira o trailer:
Talvez o grande diferencial de "Martha" seja a abordagem de Cutler: intimista e respeitosa, o diretor permite que Martha Stewart apresente sua própria história em suas próprias palavras. As entrevistas com Martha são reveladoras e, em muitos momentos, emocionantes, pois ela compartilha suas conquistas e desafios com uma honestidade brutal - ao ponto de em algumas passagens pessoais soar até hipócrita. Essa perspectiva direta enriquece o documentário, pois permite que a audiência veja além da figura pública ("perfeitamente perfeita") e entenda as motivações, os sacrifícios e as ambições que moldaram sua trajetória cheia de erros e aprendizados. Martha reflete sobre a complexidade de seu sucesso e sobre as críticas e controvérsias que enfrentou, mostrando-se vulnerável e determinada ao mesmo tempo.
A montagem do documentário é hábil em intercalar essas entrevistas com imagens de arquivo, documentos pessoais e cenas icônicas de programas e eventos protagonizados por Martha ao longo de sua carreira. Esse material de arquivo dá ao público uma sensação autêntica da época e do impacto cultural de Martha Stewart, revelando não apenas a mulher de negócios implacável, mas também a pessoa por trás da marca. O uso de fotos e cartas pessoais adiciona camadas emocionais à narrativa, permitindo uma compreensão mais profunda de sua vida privada e de como ela lidou com momentos difíceis e de superação. Repare como o diretor usa a voz de pessoas próximas de Martha para narrar determinadas passagens e assim imprimir um certo mood de intimidade entre a história contada e a realidade vivida.
O documentário também explora as complexidades e as pressões de ser uma mulher empreendedora de sucesso em um mundo dominado por homens. "Martha" não ignora as dificuldades que Stewart enfrentou ao consolidar seu nome e seu império, incluindo a desconfiança e o ceticismo que muitas vezes são direcionados a mulheres bem-sucedidas e poderosas. Ao tratar do episódio de sua prisão, Cutler aborda como Martha enfrentou as consequências de uma perseguição velada com resiliência e como o episódio impactou sua vida pessoal e profissional. O filme também analisa como a mídia e o público reagiram a essa fase de sua vida, evidenciando os julgamentos e as expectativas frequentemente dirigidos à celebridades que, por alguma razão, desabam do topo!
Embora "Martha" seja uma espécie de celebração da vida e das conquistas de Martha Stewart, o documentário não se exime de fazer uma análise crítica de como o sucesso tem seu custo. Ao pontuar os sacrifícios que ela fez para alcançar o topo e as repercussões de ser uma figura dura e ambiciosa, o filme oferece um recorte de sua personalidade que poucas pessoas conhecem e utiliza de uma perspectiva bastante interessante para narrar os altos e baixos de uma vida marcada pelo sucesso e pela controvérsia!
Vale muito o seu play!
"Memórias do 11 de Setembro" talvez tenha sido a série documental que melhor pontuou os ataques ao World Trade Center em Nova York, especificamente. Se a excelente dinâmica narrativa, focada nos olhos das pessoas que testemunharam os ataques com suas câmeras, de "11/9 - A Vida sob Ataque" me impressionou pela humanidade e "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror" trouxe um apanhado de informações e depoimentos que nos deu uma visão mais ampla sobre tudo que aconteceu naquele dia, posso te garantir que "9/11: One Day in America" (no original) é uma belíssima fusão desses dois conceitos.
Em colaboração com o "9/11 Memorial & Museum", essa série documental em seis episódios da National Geographic nos conduz por momentos angustiantes da manhã histórica de 11 de setembro de 2001 através de histórias, imagens e fotografias de quem esteve lá. São momentos tão emocionantes quanto impressionantes que valem cada segundo como se pode ter uma ideia já pelo trailer (em inglês), confira:
O Diretor Daniel Bogado (o mesmo do excelente "Bandidos na TV") não economiza nas cenas impactantes do terror que muitos personagens viveram e captaram há 20 anos atrás. São tantos ângulos e histórias que parecia até impossível que Bogado seria capaz de colocar tudo em uma linha do tempo e criar uma certa lógica narrativa para unir tantas pontas soltas - e é aqui que "9/11: One Day in America" se diferencia, pois a história é contada em depoimentos, mas a trama é construída com imagens que não só servem como apoio para a narrativa, mas também que se conecta exatamente por aquelas passagens no exato momento em que tudo acontece. Fico imaginando o quão difícil foi o trabalho de pesquisa e decupagem para encontrar os personagens dos depoimentos em tantas gravações, com tantas vítimas e em diversas fontes diferentes.
Em seis episódios, assistimos em detalhes tudo que aconteceu naquele dia de uma forma muito dinâmica graças a um roteiro excelente e uma montagem digna de muitos prêmios! A cada assunto, naturalmente surgem algumas dúvidas na nossa cabeça e é impressionante como a série responde todas elas e de uma forma que eu nunca tinha visto ou escutado falar - ou você sabia que o caças que foram designados para abater o voo 93 da United não estavam carregados com mísseis? Ok, então como eles derrubariam o avião? O documentário responde em depoimentos emocionantes!
São tanto elogios para essa produção que já o coloco entre um dos melhores do ano ao lado de "9/11: Inside the President's War Room" da Apple. Eu diria até que talvez tenhamos aqui o documentário com relatos mais interessantes e melhor ilustrados com imagens amadoras, além de cinematograficamente a série melhor finalizada - tecnicamente impecável! Reparem em dois elementos bem marcantes: na linda fotografia dos depoimentos e como os enquadramentos são cuidadosamente guiados pela emoção das pessoas; e no desenho de som que nos transporta exatamente para o local dos ataques e nos transmitem tanta angústia que chega a impressionar.
Olha, vale muito a pena mesmo! Imperdível!
"Memórias do 11 de Setembro" talvez tenha sido a série documental que melhor pontuou os ataques ao World Trade Center em Nova York, especificamente. Se a excelente dinâmica narrativa, focada nos olhos das pessoas que testemunharam os ataques com suas câmeras, de "11/9 - A Vida sob Ataque" me impressionou pela humanidade e "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror" trouxe um apanhado de informações e depoimentos que nos deu uma visão mais ampla sobre tudo que aconteceu naquele dia, posso te garantir que "9/11: One Day in America" (no original) é uma belíssima fusão desses dois conceitos.
Em colaboração com o "9/11 Memorial & Museum", essa série documental em seis episódios da National Geographic nos conduz por momentos angustiantes da manhã histórica de 11 de setembro de 2001 através de histórias, imagens e fotografias de quem esteve lá. São momentos tão emocionantes quanto impressionantes que valem cada segundo como se pode ter uma ideia já pelo trailer (em inglês), confira:
O Diretor Daniel Bogado (o mesmo do excelente "Bandidos na TV") não economiza nas cenas impactantes do terror que muitos personagens viveram e captaram há 20 anos atrás. São tantos ângulos e histórias que parecia até impossível que Bogado seria capaz de colocar tudo em uma linha do tempo e criar uma certa lógica narrativa para unir tantas pontas soltas - e é aqui que "9/11: One Day in America" se diferencia, pois a história é contada em depoimentos, mas a trama é construída com imagens que não só servem como apoio para a narrativa, mas também que se conecta exatamente por aquelas passagens no exato momento em que tudo acontece. Fico imaginando o quão difícil foi o trabalho de pesquisa e decupagem para encontrar os personagens dos depoimentos em tantas gravações, com tantas vítimas e em diversas fontes diferentes.
Em seis episódios, assistimos em detalhes tudo que aconteceu naquele dia de uma forma muito dinâmica graças a um roteiro excelente e uma montagem digna de muitos prêmios! A cada assunto, naturalmente surgem algumas dúvidas na nossa cabeça e é impressionante como a série responde todas elas e de uma forma que eu nunca tinha visto ou escutado falar - ou você sabia que o caças que foram designados para abater o voo 93 da United não estavam carregados com mísseis? Ok, então como eles derrubariam o avião? O documentário responde em depoimentos emocionantes!
São tanto elogios para essa produção que já o coloco entre um dos melhores do ano ao lado de "9/11: Inside the President's War Room" da Apple. Eu diria até que talvez tenhamos aqui o documentário com relatos mais interessantes e melhor ilustrados com imagens amadoras, além de cinematograficamente a série melhor finalizada - tecnicamente impecável! Reparem em dois elementos bem marcantes: na linda fotografia dos depoimentos e como os enquadramentos são cuidadosamente guiados pela emoção das pessoas; e no desenho de som que nos transporta exatamente para o local dos ataques e nos transmitem tanta angústia que chega a impressionar.
Olha, vale muito a pena mesmo! Imperdível!