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Beekeeper

Se você está disposto a mergulhar em um filme de ação raiz, bem estilo "Sylvester Stallone anos 90", nem perca seu tempo lendo essa análise, role o cursor para baixo e clique em "assista agora" que seu entretenimento está garantido!Dirigido pelo experiente David Ayer (de "Esquadrão Suicida") e estrelado pelo carismático Jason Statham, "Beekeeper: Rede de Vingança" é um verdadeiro jogo de video-game, com muita pancadaria e alguma (mas pouca) história -tudo embalado, obviamente, por uma produção caprichada. O que eu quero dizer é que aqui não dá para esperar um roteiro dos mais inteligentes e complexos, embora ele seja realmente conciso, ou performances inesquecíveis; o inegável é que o filme entrega muita diversão para quem gosta do gênero e isso é mais que suficiente!

Aposentado da organização secreta “Beekeepers”, Adam Clay (Statham) volta à ativa quando sua vizinha sofre um golpe financeiro e acaba morrendo. Ao descobrir uma rede criminosa gerenciada por um grupo influente politicamente, a missão de Adam evolui, expondo um sistema de corrupção que ameaça toda sociedade americana. Confira o trailer:

Mesmo que Ayer se esforce para criar camadas mais profundas para um mero filme de ação com uma história onde o pano de fundo explora temas como ganância, impunidade e busca por justiça, "The Beekeeper" (no original) é bom mesmo por causa da pancadaria e dos tiroteios. O roteiro, escrito por Kurt Wimmer (de "Código de Conduta") é até que bem construído, com uma dinâmica bem estabelecida, mas os diálogos, meu Deus, são fracos demais - os paralelos entre os males da sociedade contemporânea e as particularidades do ecossistema das abelhas chegam a ser constrangedores. Mas isso é um problema? Claro que não, pois quem se propõe a dar um play em um filme de Jason Statham quer mesmo é assistir as cenas de ação - muito bem coreografadas e executadas com perfeição pelo protagonista, diga-se de passagem.

A direção de Ayer, como não podia deixar de ser, sabe muito bem como é potente sua estrela. Com uma condução precisa e muito dinâmica, o diretor se apropria de takes longos e planos bem pensados para aumentar a imersão da audiência em uma história que tem o mérito de nos prender desde o início. Veja, essa é uma  história de um herói rústico, um Rambo da vida, que solitário detona os falsos mocinhos e não se importa quem é o Papa ou o Presidente dos EUA, mas simcom o que está certo e o que está errado. Em cima desse conceito que a fotografia de Gabriel Beristain (de "Viúva Negra") gira, capturando a beleza ostensiva do sucesso (leia-se dinheiro e poder) a qualquer custo e a brutalidade de um homem em busca de justiça.

"Beekeeper" é só um filme de vingança - fácil na sua essência e divertido na sua proposta. Eu diria até que em tempos tão complexos como o nosso, normalmente retratado em filmes tão mais pretensiosos, ganhar quase duas horas se entretendo com uma história tão fantasiosa quanto inocente como essa, olha, é de se aplaudir sem o receio de parecer superficial. 

Vale o seu play e a pipoca que nos acompanha!

Assista Agora

Se você está disposto a mergulhar em um filme de ação raiz, bem estilo "Sylvester Stallone anos 90", nem perca seu tempo lendo essa análise, role o cursor para baixo e clique em "assista agora" que seu entretenimento está garantido!Dirigido pelo experiente David Ayer (de "Esquadrão Suicida") e estrelado pelo carismático Jason Statham, "Beekeeper: Rede de Vingança" é um verdadeiro jogo de video-game, com muita pancadaria e alguma (mas pouca) história -tudo embalado, obviamente, por uma produção caprichada. O que eu quero dizer é que aqui não dá para esperar um roteiro dos mais inteligentes e complexos, embora ele seja realmente conciso, ou performances inesquecíveis; o inegável é que o filme entrega muita diversão para quem gosta do gênero e isso é mais que suficiente!

Aposentado da organização secreta “Beekeepers”, Adam Clay (Statham) volta à ativa quando sua vizinha sofre um golpe financeiro e acaba morrendo. Ao descobrir uma rede criminosa gerenciada por um grupo influente politicamente, a missão de Adam evolui, expondo um sistema de corrupção que ameaça toda sociedade americana. Confira o trailer:

Mesmo que Ayer se esforce para criar camadas mais profundas para um mero filme de ação com uma história onde o pano de fundo explora temas como ganância, impunidade e busca por justiça, "The Beekeeper" (no original) é bom mesmo por causa da pancadaria e dos tiroteios. O roteiro, escrito por Kurt Wimmer (de "Código de Conduta") é até que bem construído, com uma dinâmica bem estabelecida, mas os diálogos, meu Deus, são fracos demais - os paralelos entre os males da sociedade contemporânea e as particularidades do ecossistema das abelhas chegam a ser constrangedores. Mas isso é um problema? Claro que não, pois quem se propõe a dar um play em um filme de Jason Statham quer mesmo é assistir as cenas de ação - muito bem coreografadas e executadas com perfeição pelo protagonista, diga-se de passagem.

A direção de Ayer, como não podia deixar de ser, sabe muito bem como é potente sua estrela. Com uma condução precisa e muito dinâmica, o diretor se apropria de takes longos e planos bem pensados para aumentar a imersão da audiência em uma história que tem o mérito de nos prender desde o início. Veja, essa é uma  história de um herói rústico, um Rambo da vida, que solitário detona os falsos mocinhos e não se importa quem é o Papa ou o Presidente dos EUA, mas simcom o que está certo e o que está errado. Em cima desse conceito que a fotografia de Gabriel Beristain (de "Viúva Negra") gira, capturando a beleza ostensiva do sucesso (leia-se dinheiro e poder) a qualquer custo e a brutalidade de um homem em busca de justiça.

"Beekeeper" é só um filme de vingança - fácil na sua essência e divertido na sua proposta. Eu diria até que em tempos tão complexos como o nosso, normalmente retratado em filmes tão mais pretensiosos, ganhar quase duas horas se entretendo com uma história tão fantasiosa quanto inocente como essa, olha, é de se aplaudir sem o receio de parecer superficial. 

Vale o seu play e a pipoca que nos acompanha!

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Bloodshot

"Bloodshot" é uma agradável surpresa para quem gosta de filmes de ação, de heróis e quer entretenimento enquanto saboreia um pacote de pipoca! Partindo do principio que eu não conhecia a história do herói dos quadrinhos da editora americanaValiant Comics, posso afirmar tranquilamente que "Bloodshot" é muito divertido e extremamente bem filmado pelo diretor estreante Dave Wilson - e aqui, meu amigo, vem uma informação essencial e que refletiu perfeitamente na tela: Wilson foi Supervisor Criativo dos efeitos visuais de "Vingadores - Era de Ultron" e trabalhou em vários games como "The Division", "Mass Effect 2" e "BioShock Infinite", esse último, inclusive, foi referência fundamental na construção do mooddas cenas de ação de "Bloodshot". Confira o trailer:

Vin Diesel interpreta Ray Garrison, um soldado morto recentemente em combate que foi trazido de volta à vida pela corporação RST como um super-humano. Com um exército nano-tecnológico correndo em suas veias que regeneram os danos do seu corpo, ele se torna uma força insuperável – mais forte do que nunca e com o poder de cura instantâneo. Mas, ao controlar seu corpo, a corporação também toma controle de sua mente, especialmente das suas memórias - afinal, a forma mais eficaz de potencializar uma arma como Ray é através da vingança! Como Ray não sabe diferenciar o que é real do que não é; ele precisa descobrir a verdade a qualquer custo para se tornar independente!

QueVin Diesel consegue segurar uma franquia, isso não é segredo para ninguém. Sabemos do que ele é capaz e por isso nem nos importamos com o tamanho da sua canastrice - tem um diálogo no filme onde ele confronta o Dr. Emil Harting (Guy Pearce), que chega a ser constrangedor, mas, sinceramente, o que vale é a pancadaria e isso ele segura bem! Embora o roteiro de "Bloodshot" não seja lá um primor de originalidade, ele cumpre muito bem o seu papel - ele estabelece o universo, apresenta os personagens (novos para a grande maioria) e ainda entrega muita ação. Mesmo sendo o primeiro longa-metragem dirigido pelo Dave Wilson, ele equilibra muito bem as cenas mais poéticas com as de ação completamente frenética - ele trabalha muito bem a velocidade de captação, usando cirurgicamente as técnicas de Matrix (mas sem o movimento de eixo). A fotografia do Jacques Jouffret se encaixou perfeitamente com o estilo de Wilson - a cena no túnel é um belíssimo exemplo! Reparem!

Olha, eu diria que o diretor Dave Wilson trouxe o melhor do games de ação, um cuidado muito interessante com os efeitos visuais (seu forte) e uma sensibilidade muito grande na humanização da câmera no enquadramento dos personagens em cenas de diálogo - o que faltou então? Direção de Atores, mas se tratando de um filme de herói, não impactou no resultado final. Gostei muito, vou acompanhar esse diretor mais de perto, "Bloodshot" terá uma continuação e eu diria que a parceria Sony e Valiant Comics pode render bons frutos para ambos!

Vale a pena!

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"Bloodshot" é uma agradável surpresa para quem gosta de filmes de ação, de heróis e quer entretenimento enquanto saboreia um pacote de pipoca! Partindo do principio que eu não conhecia a história do herói dos quadrinhos da editora americanaValiant Comics, posso afirmar tranquilamente que "Bloodshot" é muito divertido e extremamente bem filmado pelo diretor estreante Dave Wilson - e aqui, meu amigo, vem uma informação essencial e que refletiu perfeitamente na tela: Wilson foi Supervisor Criativo dos efeitos visuais de "Vingadores - Era de Ultron" e trabalhou em vários games como "The Division", "Mass Effect 2" e "BioShock Infinite", esse último, inclusive, foi referência fundamental na construção do mooddas cenas de ação de "Bloodshot". Confira o trailer:

Vin Diesel interpreta Ray Garrison, um soldado morto recentemente em combate que foi trazido de volta à vida pela corporação RST como um super-humano. Com um exército nano-tecnológico correndo em suas veias que regeneram os danos do seu corpo, ele se torna uma força insuperável – mais forte do que nunca e com o poder de cura instantâneo. Mas, ao controlar seu corpo, a corporação também toma controle de sua mente, especialmente das suas memórias - afinal, a forma mais eficaz de potencializar uma arma como Ray é através da vingança! Como Ray não sabe diferenciar o que é real do que não é; ele precisa descobrir a verdade a qualquer custo para se tornar independente!

QueVin Diesel consegue segurar uma franquia, isso não é segredo para ninguém. Sabemos do que ele é capaz e por isso nem nos importamos com o tamanho da sua canastrice - tem um diálogo no filme onde ele confronta o Dr. Emil Harting (Guy Pearce), que chega a ser constrangedor, mas, sinceramente, o que vale é a pancadaria e isso ele segura bem! Embora o roteiro de "Bloodshot" não seja lá um primor de originalidade, ele cumpre muito bem o seu papel - ele estabelece o universo, apresenta os personagens (novos para a grande maioria) e ainda entrega muita ação. Mesmo sendo o primeiro longa-metragem dirigido pelo Dave Wilson, ele equilibra muito bem as cenas mais poéticas com as de ação completamente frenética - ele trabalha muito bem a velocidade de captação, usando cirurgicamente as técnicas de Matrix (mas sem o movimento de eixo). A fotografia do Jacques Jouffret se encaixou perfeitamente com o estilo de Wilson - a cena no túnel é um belíssimo exemplo! Reparem!

Olha, eu diria que o diretor Dave Wilson trouxe o melhor do games de ação, um cuidado muito interessante com os efeitos visuais (seu forte) e uma sensibilidade muito grande na humanização da câmera no enquadramento dos personagens em cenas de diálogo - o que faltou então? Direção de Atores, mas se tratando de um filme de herói, não impactou no resultado final. Gostei muito, vou acompanhar esse diretor mais de perto, "Bloodshot" terá uma continuação e eu diria que a parceria Sony e Valiant Comics pode render bons frutos para ambos!

Vale a pena!

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Caminhos da Memória

Assistir "Caminhos da Memória" é como acompanhar a história de um bom jogo de video-game que mistura ficção científica com vários elementos de ação e investigação. Eu diria que o filme da estreante Lisa Joy (de "Westworld") é entretenimento puro, na linha de "Minority Report" com toques de "Max Payne" (o jogo).

Na história, Nick Bainnister (Hugh Jackman) é um veterano de guerra que vive em uma Miami do futuro, parcialmente submersa pelas águas do oceano que invadiram a cidade por causa do aquecimento global. Ele trabalha com a policia local operando uma “máquina da reminiscência” - uma tecnologia que permite que indivíduos revisitem memórias, experimentando-as novamente como se estivessem lá. Quando a cantora de boate Mae (Rebecca Ferguson) busca os serviços de Nick, os dois acabam se apaixonando e vivendo um caso intenso até que ela desaparece sem deixar vestígios, deixando o Nick obcecado por encontrá-la, custe o que custar. Confira o trailer:

Antes de mais nada é preciso dizer que muitas pessoas criticaram o filme por criarem uma espécie de comparação bastante injusta pela própria proposta de Lisa Joy - "Caminhos da Memória" não é (embora pudesse ser) um filme do Christopher Nolan. Ele não tem a profundidade narrativa, a complexidade conceitual entre texto e imagem e muito menos a genialidade estética do diretor. Joy foi roteirista e co-criadora de "Westworld", é casada com o irmão de Christopher Nolan, Jonathan, e certamente foi influenciada por uma gramática cinematográfica muito próxima de "Amnésia", "A Origem" e "Tenet", principalmente ao guardar na manga algumas cartas que ajudam a complicar, e não propriamente simplificar, seus personagens, ou seja, nem tudo é exatamente o que parece ser - mas continua sendo um filme de Joy, não de Nolan.

Um dos maiores acertos do filme, sem dúvida, foi ter Paul Cameron ("Déjà Vu" e "Westworld") como diretor de fotografia. A imersão naquela realidade distópica é imediata e tão palpável quanto nos trabalhos de Roger Deakins em "Nova York Sitiada" ou "Blade Runner 2049". A ambientação feita em CGI também impressiona pelo alinhamento com um excelente design de produção, do competente Howard Cummings ("Westworld" e "Contágio"). O que eu quero dizer é que Lisa Joy contou com o que existe de melhor, técnica e artisticamente, para entregar um filme de ficção científica e ação focado no público adulto, que busca uma história madura e emocionalmente inteligente.

Minha única observação, em tempos de tantos projetos de séries sensacionais para o streaming, diz respeito ao potencial do roteiro para um desenvolvimento melhor das histórias paralelas. Veja, a sub-trama dos Barões que comandam essa Miami destruída pelas águas e que tem o controle das terras secas, merecia, de fato, uma atenção maior até para justificar o final (sem spoiler, mas será que viria um série por aí?). O arco da família do Barão Walter Sylvan (Brett Cullen), de sua esposa Tamara (Marina de Tavira) e do filho Sebastian (Mojean Aria), funciona, mas é apressada. O mesmo serve para Saint Joe (Daniel Wu) e sua conexão com as drogas e com a corrupção da policia local.

Com uma certa "poesia Noir", "Reminiscence" (no original) faz uma reflexão romântica sobre o impacto da memória nas nossas vidas, sem fugir dos perigos que ela pode representar quando da sua dualidade perante as escolhas na jornada do protagonista - como muito já foi discutido nos filmes do Nolan. Mais uma vez, o filme é competente e será um excelente entretenimento para quem embarcar na trama, para depois desligar a TV ou quem sabe mudar de canal com aquela sensação de boas duas horas de diversão sem a pretensão de serem inesquecíveis.

Assista Agora

Assistir "Caminhos da Memória" é como acompanhar a história de um bom jogo de video-game que mistura ficção científica com vários elementos de ação e investigação. Eu diria que o filme da estreante Lisa Joy (de "Westworld") é entretenimento puro, na linha de "Minority Report" com toques de "Max Payne" (o jogo).

Na história, Nick Bainnister (Hugh Jackman) é um veterano de guerra que vive em uma Miami do futuro, parcialmente submersa pelas águas do oceano que invadiram a cidade por causa do aquecimento global. Ele trabalha com a policia local operando uma “máquina da reminiscência” - uma tecnologia que permite que indivíduos revisitem memórias, experimentando-as novamente como se estivessem lá. Quando a cantora de boate Mae (Rebecca Ferguson) busca os serviços de Nick, os dois acabam se apaixonando e vivendo um caso intenso até que ela desaparece sem deixar vestígios, deixando o Nick obcecado por encontrá-la, custe o que custar. Confira o trailer:

Antes de mais nada é preciso dizer que muitas pessoas criticaram o filme por criarem uma espécie de comparação bastante injusta pela própria proposta de Lisa Joy - "Caminhos da Memória" não é (embora pudesse ser) um filme do Christopher Nolan. Ele não tem a profundidade narrativa, a complexidade conceitual entre texto e imagem e muito menos a genialidade estética do diretor. Joy foi roteirista e co-criadora de "Westworld", é casada com o irmão de Christopher Nolan, Jonathan, e certamente foi influenciada por uma gramática cinematográfica muito próxima de "Amnésia", "A Origem" e "Tenet", principalmente ao guardar na manga algumas cartas que ajudam a complicar, e não propriamente simplificar, seus personagens, ou seja, nem tudo é exatamente o que parece ser - mas continua sendo um filme de Joy, não de Nolan.

Um dos maiores acertos do filme, sem dúvida, foi ter Paul Cameron ("Déjà Vu" e "Westworld") como diretor de fotografia. A imersão naquela realidade distópica é imediata e tão palpável quanto nos trabalhos de Roger Deakins em "Nova York Sitiada" ou "Blade Runner 2049". A ambientação feita em CGI também impressiona pelo alinhamento com um excelente design de produção, do competente Howard Cummings ("Westworld" e "Contágio"). O que eu quero dizer é que Lisa Joy contou com o que existe de melhor, técnica e artisticamente, para entregar um filme de ficção científica e ação focado no público adulto, que busca uma história madura e emocionalmente inteligente.

Minha única observação, em tempos de tantos projetos de séries sensacionais para o streaming, diz respeito ao potencial do roteiro para um desenvolvimento melhor das histórias paralelas. Veja, a sub-trama dos Barões que comandam essa Miami destruída pelas águas e que tem o controle das terras secas, merecia, de fato, uma atenção maior até para justificar o final (sem spoiler, mas será que viria um série por aí?). O arco da família do Barão Walter Sylvan (Brett Cullen), de sua esposa Tamara (Marina de Tavira) e do filho Sebastian (Mojean Aria), funciona, mas é apressada. O mesmo serve para Saint Joe (Daniel Wu) e sua conexão com as drogas e com a corrupção da policia local.

Com uma certa "poesia Noir", "Reminiscence" (no original) faz uma reflexão romântica sobre o impacto da memória nas nossas vidas, sem fugir dos perigos que ela pode representar quando da sua dualidade perante as escolhas na jornada do protagonista - como muito já foi discutido nos filmes do Nolan. Mais uma vez, o filme é competente e será um excelente entretenimento para quem embarcar na trama, para depois desligar a TV ou quem sabe mudar de canal com aquela sensação de boas duas horas de diversão sem a pretensão de serem inesquecíveis.

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Clark

Quanto menos você souber sobre a minissérie da Netflix, "Clark", mais você vai se surpreender - e imagino que positivamente. Se você ainda não clicou em "assista agora" presumo que queira entender se essa produção sueca, dirigida pelo talentoso Jonas Akerlund, é realmente para você. Pois bem, antes de mais nada é preciso dizer que Akerlund tem uma sólida carreira como diretor de publicidade e videoclipes, trabalhando com artistas do nível de Madonna, U2, Coldplay e Lady Gaga, apenas para citar alguns - assim você vai entender o tamanho do potencial desse cara que está estreando na ficção e te garanto: criatividade é o que não faltou para contar a história de Clark Olofsson.

Mas você sabe quem é Clark Olofsson? Se não sabe, não se preocupe, porque até o lançamento de "Clark" pouca gente sabia. A minissérie de seis episódios se propõe a contar a história do personagem que cunhou a expressão “Síndrome de Estocolmo”. Um criminoso que conseguiu enganar toda a Suécia por muitos anos e fez todo um país se apaixonar por ele, apesar de ter sido acusado de tráfico de drogas, tentativa de homicídio, agressão, roubos e centenas de assaltos a bancos. Confira o trailer (em inglês):

Embora a história de "Clark" seja incrível, é inegável que o conceito narrativo e visual que Akerlund imprime no projeto é o que chama mais a atenção - veja, é uma mistura de Jean-Pierre Jeunet (de "Amélie Poulain"), com Spike Lee (de "Infiltrado Na Klan") e ainda com um toque de Adam McKay (de "Vice"). Eu diria que é um sopro de criatividade (e inventividade) que pouco encontramos nas produções da Netflix (tirando algumas raras exceções). Com uma montagem primorosa e inserções gráficas divertidíssimas, o diretor nos leva para uma jornada tão absurda quanto empolgante.

A "síndrome de Estocolmo" define um estado bem particular daqueles que, uma vez submetidos a um período prolongado de intimidação, desenvolvem uma traumática conexão de empatia (e até mesmo simpatia) pelo agressor - resultado de uma complexa estratégia mental de sobrevivência ao abuso. Lendo essa definição, é bem possível que a premissa te transporte para uma outra minissérie da Netflix, "O Paraíso e a Serpente"- e de fato existem inúmeros elementos dramáticos que se assemelham, porém o tom é completamente diferente. Aqui a ação está apoiada na comédia, no non-sense e até no estereótipo (quase escrachado), ditando um ritmo alucinante para os episódios. O total controle da gramática cinematográfica proveniente de um certo estilo de publicidade e dos clipes, fazem com que "Clark" salte aos olhos, mesmo discutindo assuntos tão densos - e a proposta é tão genial, que até podemos suspeitar que "talvez" estejamos sofrendo uma, digamos, "versão lite-digital" da mesma síndrome que é discutida na história.

Baseada, obviamente, em uma história real, a minissérie reconta "as verdades e mentiras presentes" na autobiografia de Olofsson. São muitas passagens, recortes extensos, mas muito bem conectados pelo roteiro de Fredrik Agetoft e de Peter Arrhenius. Outro destaque (e que pode esperar estará em muitas premiações daqui para frente) é Bill Skarsgard - o Pennywise de "It: A Coisa". Ele está simplesmente incrível, capaz de construir uma personalidade doentia com tanto charme e veracidade que até suas enormes falhas de caráter soam como refutáveis.

"Clark" pode até causar um certo estranhamento inicial, mas embarque na proposta do diretor e repare como um personagem complexo, independente do tom imposto pela narrativa, é capaz de se humanizar através de uma construção muito cuidadosa, pouco expositiva e, principalmente, bastante sensível aos valores sobre si mesmo, trazendo uma verdade tão essencial para a história que em nenhum momento se propõe a ser documental ou tendenciosa - e isso é muito divertido!

Vale muito a pena e já se estabelece como uma das melhores produções do ano de 2022! 

Assista Agora

Quanto menos você souber sobre a minissérie da Netflix, "Clark", mais você vai se surpreender - e imagino que positivamente. Se você ainda não clicou em "assista agora" presumo que queira entender se essa produção sueca, dirigida pelo talentoso Jonas Akerlund, é realmente para você. Pois bem, antes de mais nada é preciso dizer que Akerlund tem uma sólida carreira como diretor de publicidade e videoclipes, trabalhando com artistas do nível de Madonna, U2, Coldplay e Lady Gaga, apenas para citar alguns - assim você vai entender o tamanho do potencial desse cara que está estreando na ficção e te garanto: criatividade é o que não faltou para contar a história de Clark Olofsson.

Mas você sabe quem é Clark Olofsson? Se não sabe, não se preocupe, porque até o lançamento de "Clark" pouca gente sabia. A minissérie de seis episódios se propõe a contar a história do personagem que cunhou a expressão “Síndrome de Estocolmo”. Um criminoso que conseguiu enganar toda a Suécia por muitos anos e fez todo um país se apaixonar por ele, apesar de ter sido acusado de tráfico de drogas, tentativa de homicídio, agressão, roubos e centenas de assaltos a bancos. Confira o trailer (em inglês):

Embora a história de "Clark" seja incrível, é inegável que o conceito narrativo e visual que Akerlund imprime no projeto é o que chama mais a atenção - veja, é uma mistura de Jean-Pierre Jeunet (de "Amélie Poulain"), com Spike Lee (de "Infiltrado Na Klan") e ainda com um toque de Adam McKay (de "Vice"). Eu diria que é um sopro de criatividade (e inventividade) que pouco encontramos nas produções da Netflix (tirando algumas raras exceções). Com uma montagem primorosa e inserções gráficas divertidíssimas, o diretor nos leva para uma jornada tão absurda quanto empolgante.

A "síndrome de Estocolmo" define um estado bem particular daqueles que, uma vez submetidos a um período prolongado de intimidação, desenvolvem uma traumática conexão de empatia (e até mesmo simpatia) pelo agressor - resultado de uma complexa estratégia mental de sobrevivência ao abuso. Lendo essa definição, é bem possível que a premissa te transporte para uma outra minissérie da Netflix, "O Paraíso e a Serpente"- e de fato existem inúmeros elementos dramáticos que se assemelham, porém o tom é completamente diferente. Aqui a ação está apoiada na comédia, no non-sense e até no estereótipo (quase escrachado), ditando um ritmo alucinante para os episódios. O total controle da gramática cinematográfica proveniente de um certo estilo de publicidade e dos clipes, fazem com que "Clark" salte aos olhos, mesmo discutindo assuntos tão densos - e a proposta é tão genial, que até podemos suspeitar que "talvez" estejamos sofrendo uma, digamos, "versão lite-digital" da mesma síndrome que é discutida na história.

Baseada, obviamente, em uma história real, a minissérie reconta "as verdades e mentiras presentes" na autobiografia de Olofsson. São muitas passagens, recortes extensos, mas muito bem conectados pelo roteiro de Fredrik Agetoft e de Peter Arrhenius. Outro destaque (e que pode esperar estará em muitas premiações daqui para frente) é Bill Skarsgard - o Pennywise de "It: A Coisa". Ele está simplesmente incrível, capaz de construir uma personalidade doentia com tanto charme e veracidade que até suas enormes falhas de caráter soam como refutáveis.

"Clark" pode até causar um certo estranhamento inicial, mas embarque na proposta do diretor e repare como um personagem complexo, independente do tom imposto pela narrativa, é capaz de se humanizar através de uma construção muito cuidadosa, pouco expositiva e, principalmente, bastante sensível aos valores sobre si mesmo, trazendo uma verdade tão essencial para a história que em nenhum momento se propõe a ser documental ou tendenciosa - e isso é muito divertido!

Vale muito a pena e já se estabelece como uma das melhores produções do ano de 2022! 

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Cobra Kai

Cobra Kai

"Cobra Kai" é um projeto que merece ser estudado. Imaginem um nova série onde dois antigos rivais do esporte: o primeiro se tornou um empresário de sucesso, casado, dois filhos, feliz; já o segundo, sobrevive como um fracassado, na vida pessoal e profissional, alcoólatra e solitário. De repente o caminho dos dois volta a se cruzar, o fracassado se vê com a oportunidade de ensinar karatê para que um jovem imigrante consiga se defender dos valentões da escola, enquanto o bem sucedido se sente na obrigação de evitar que o fantasma que o assombrou há 30 anos atrás, ressurja. Junte a essa premissa vários personagens estereotipados, um texto extremamente superficial e um conceito visual e narrativo completamente ultrapassado - você acha que essa série mereceria uma recomendação? Pois bem, "Cobra Kai" é, de fato, tudo isso que pontuei, porém com uma dupla de protagonistas que subverte toda essa percepção: Daniel LaRusso (Ralph Macchio) e Johnny Lawrence (William Zabka) - e quando ligamos "o nome à pessoa", uma enorme carga nostálgica toma conta do nosso subconsciente e tudo que julgávamos ruim se transforma em algo sensacional. Duvida? Então assista o trailer abaixo:

Nada em "Cobra Kai" é por acaso, pode acreditar - ou seja, por mais estranho que pareça, todos elementos que criticaríamos em qualquer outra circunstância se tornam simplesmente geniais ao recriar, 30 anos depois, o mesmo universo que marcou toda uma geração - e aqui é preciso deixar claro: essa série é justamente para quem tem mais que 40 anos e torceu por Daniel San como se estivesse assistindo uma final olímpica ou que tenha repetido aquele golpe final de "Karatê Kid" em alguma brincadeira adolescente lá pelos 80 e 90. É óbvio que essa conexão emocional está pautando o sucesso da série, mais ou menos como aconteceu com "Stranger Things", mas se você não faz parte dessa geração e ficou curioso, eu sugiro que você assista o clássico de 1984 antes e só se você se divertir muito, parta para os episódios da série disponíveis na Netflix. Para os mais de 40, imperdível!

A principio, "Cobra Kai" aproveitou o contexto do primeiro filme e os dez minutos iniciais do segundo, o resto foi para o lixo (e ainda bem!). Apresentar uma nova perspectiva em uma história que já foi contada, para mim, foi a grande sacada da série. Mostrar que para uma mesma história, existem pontos de vista diferentes, que aquela necessidade de escolhermos um lado e torcermos por ele, quase sempre funciona apenas como um gatilho para rotularmos quem é o herói e quem é o bandido - e é justamente ao discutir sobre "rótulos" que "Cobra Kai" ganha ainda mais força. Impactar uma nova geração com problemas atuais, mas se equilibrando em conceitos que já não se encaixam na sociedade moderna e ainda não problematizar sobre eles, certamente, deixa a série leve, entretenimento puro! Todos os signos que marcaram o gênero em 1984 estão presentes: desde os momentos de tensão pontuados com uma trilha sonora motivacional e transformadora à toda uma construção de jornada dos personagens mais jovens em cima da "imagem e semelhança" do que aconteceu há 30 anos atrás, porém repaginada! 

O roteiro é direto, sem pegadinhas ou necessidade de grandes plot twists, e é por isso que sempre sabemos exatamente o que vai acontecer em cada cena e quais serão suas consequências, e nem assim paramos de assistir ou deixamos de torcer pelos personagens que escolhemos como heróis (e aqui, mais uma vez, não sabemos exatamente quais são). É em cima disso que Jon Hurwitz, Hayden Schlossberg e Josh Heald, criadores da série, foram muito inteligentes - eles nos provocam, como se dissessem: "as coisas não são exatamente como nós achamos que elas são!" As homenagens são sensíveis, como ao citar o Sr. Miyagi (o saudoso Pat Morita - indicado ao Oscar pelo personagem) ou mostrar apenas de relance o carro amarelo que Daniel San tanto encerou no primeiro filme e até ao relembrar alguns eventos-chave da obra de John G. Avildsen (e que acabam fazendo todo sentido na narrativa da série, diga-se de passagem).

"Cobra Kai" reaproveita os clichês de um gênero que fez muito sucesso nos anos 80, sem a menor vergonha, e transforma em uma viagem nostálgica ao descompromisso com o subtexto, com a seriedade de discussões filosóficas ou existenciais, deixando que o entretenimento nos conduza e permitindo que nossas interpretações fiquem limitadas entre uma cena de pancadaria e outra, sem aquela necessidade de encontrar um algo a mais onde não existe - ou pelo menos, onde não precisaria existir! "Cobra Kai" foi um tiro certo da Netflix e mais uma prova de que os "fins" justificam os "meios", ou seja, mesmo com um certo sucesso que a série teve quando fazia parte do finado "YouTube Red", só agora ela alcançou o status de cult e o reconhecimento de crítica e público!

Vale muito a pena! Dê o play e divirta-se, só!

Assista Agora

"Cobra Kai" é um projeto que merece ser estudado. Imaginem um nova série onde dois antigos rivais do esporte: o primeiro se tornou um empresário de sucesso, casado, dois filhos, feliz; já o segundo, sobrevive como um fracassado, na vida pessoal e profissional, alcoólatra e solitário. De repente o caminho dos dois volta a se cruzar, o fracassado se vê com a oportunidade de ensinar karatê para que um jovem imigrante consiga se defender dos valentões da escola, enquanto o bem sucedido se sente na obrigação de evitar que o fantasma que o assombrou há 30 anos atrás, ressurja. Junte a essa premissa vários personagens estereotipados, um texto extremamente superficial e um conceito visual e narrativo completamente ultrapassado - você acha que essa série mereceria uma recomendação? Pois bem, "Cobra Kai" é, de fato, tudo isso que pontuei, porém com uma dupla de protagonistas que subverte toda essa percepção: Daniel LaRusso (Ralph Macchio) e Johnny Lawrence (William Zabka) - e quando ligamos "o nome à pessoa", uma enorme carga nostálgica toma conta do nosso subconsciente e tudo que julgávamos ruim se transforma em algo sensacional. Duvida? Então assista o trailer abaixo:

Nada em "Cobra Kai" é por acaso, pode acreditar - ou seja, por mais estranho que pareça, todos elementos que criticaríamos em qualquer outra circunstância se tornam simplesmente geniais ao recriar, 30 anos depois, o mesmo universo que marcou toda uma geração - e aqui é preciso deixar claro: essa série é justamente para quem tem mais que 40 anos e torceu por Daniel San como se estivesse assistindo uma final olímpica ou que tenha repetido aquele golpe final de "Karatê Kid" em alguma brincadeira adolescente lá pelos 80 e 90. É óbvio que essa conexão emocional está pautando o sucesso da série, mais ou menos como aconteceu com "Stranger Things", mas se você não faz parte dessa geração e ficou curioso, eu sugiro que você assista o clássico de 1984 antes e só se você se divertir muito, parta para os episódios da série disponíveis na Netflix. Para os mais de 40, imperdível!

A principio, "Cobra Kai" aproveitou o contexto do primeiro filme e os dez minutos iniciais do segundo, o resto foi para o lixo (e ainda bem!). Apresentar uma nova perspectiva em uma história que já foi contada, para mim, foi a grande sacada da série. Mostrar que para uma mesma história, existem pontos de vista diferentes, que aquela necessidade de escolhermos um lado e torcermos por ele, quase sempre funciona apenas como um gatilho para rotularmos quem é o herói e quem é o bandido - e é justamente ao discutir sobre "rótulos" que "Cobra Kai" ganha ainda mais força. Impactar uma nova geração com problemas atuais, mas se equilibrando em conceitos que já não se encaixam na sociedade moderna e ainda não problematizar sobre eles, certamente, deixa a série leve, entretenimento puro! Todos os signos que marcaram o gênero em 1984 estão presentes: desde os momentos de tensão pontuados com uma trilha sonora motivacional e transformadora à toda uma construção de jornada dos personagens mais jovens em cima da "imagem e semelhança" do que aconteceu há 30 anos atrás, porém repaginada! 

O roteiro é direto, sem pegadinhas ou necessidade de grandes plot twists, e é por isso que sempre sabemos exatamente o que vai acontecer em cada cena e quais serão suas consequências, e nem assim paramos de assistir ou deixamos de torcer pelos personagens que escolhemos como heróis (e aqui, mais uma vez, não sabemos exatamente quais são). É em cima disso que Jon Hurwitz, Hayden Schlossberg e Josh Heald, criadores da série, foram muito inteligentes - eles nos provocam, como se dissessem: "as coisas não são exatamente como nós achamos que elas são!" As homenagens são sensíveis, como ao citar o Sr. Miyagi (o saudoso Pat Morita - indicado ao Oscar pelo personagem) ou mostrar apenas de relance o carro amarelo que Daniel San tanto encerou no primeiro filme e até ao relembrar alguns eventos-chave da obra de John G. Avildsen (e que acabam fazendo todo sentido na narrativa da série, diga-se de passagem).

"Cobra Kai" reaproveita os clichês de um gênero que fez muito sucesso nos anos 80, sem a menor vergonha, e transforma em uma viagem nostálgica ao descompromisso com o subtexto, com a seriedade de discussões filosóficas ou existenciais, deixando que o entretenimento nos conduza e permitindo que nossas interpretações fiquem limitadas entre uma cena de pancadaria e outra, sem aquela necessidade de encontrar um algo a mais onde não existe - ou pelo menos, onde não precisaria existir! "Cobra Kai" foi um tiro certo da Netflix e mais uma prova de que os "fins" justificam os "meios", ou seja, mesmo com um certo sucesso que a série teve quando fazia parte do finado "YouTube Red", só agora ela alcançou o status de cult e o reconhecimento de crítica e público!

Vale muito a pena! Dê o play e divirta-se, só!

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Creed 2

Antes de falar de "Creed 2", eu preciso admitir que, para mim, a franquia "Rocky" terminou no quarto filme, quando ele nocauteia Ivan Drago com Burning Heart ecoando nos meus ouvidos, no ápice da guerra fria de 1985 - Meu Deus, eu assisti esse filme no cinema (rs)!!! Aquelas presepadas do 5 e do 6, devem ser esquecidas em nome do sucesso que essa nova série de filmes, que tem o filho do Apollo como protagonista, vem alcançando, ok?

Dito isso, agora podemos continuar sem nenhum peso na consciência! Creed trás para os anos 2000, um pouco do que Rocky representou para os anos 80! Fazendo esse paralelo, podemos dizer que "Creed" (2015) tem aquela atmosfera de cinema independente do "Rocky 1 e 2" - quando, inclusive, "o lutador" ganhou o Oscar de melhor filme em 1977. Ele espelha aquele conceito de cinema de autor, focado muito mais no drama do que na ação, nas lutas em si. Claro que com uma pegada mais moderna, mas com o mesmo foco na história mais existencial, com um roteiro mais profundo, trabalhado e com um diretor extremamente competente como o Ryan Coogler (de Pantera Negra) no comando para criar uma identidade própria, forte, ao mesmo tempo que revive um gênero que foi se perdendo no meio de tanta porcaria que fizeram durante anos. Funcionou! "Creed" foi um sucesso de bilheteria e de crítica - até presenteando o Stallone com uma indicação de melhor ator no Oscar de 2016!!!

Bom, ai vem Creed 2, filme que acabei de assistir: definitivamente é um filme menos autoral, eu diria que é mais de Estúdio, estilo blockbuster mesmo; sem tanta alma, sem tanto roteiro, mas com muito mais ação e aquela fórmula consagrada da jornada de superação do herói inseguro - como foi Rocky 3 e 4. Isso é um problema? De maneira nenhuma, Rocky 3 e 4 são os meus favoritos (me julguem, rs) e Creed 2 é praticamente um reboot desses dois filmes em um só! "Creed 2" é completamente previsível, superficial, mas muito (muito) divertido!  O filme trás aquele sorriso no rosto já nos primeiros acordes da música tema (aquela...) no momento da virada, na última luta, quando tudo parecia perdido...

É claro que você já viu isso, a sinopse já te entrega o que vem pela frente de cara: o filho do Apollo tendo que enfrentar o filho do Drago em busca de auto-afirmação fantasiada de vingança! O fato é que essa previsibilidade pouco importa, porque a sensação de assistir essa jornada "novamente" é maravilhosa!!! Aliás você que tem mais de 40 anos (e/ou é fã da série anterior), vai adivinhar o filme inteirinho; vai reconhecer muito dos filmes dos anos 80, mas vai se divertir como adolescente de novo!!! Já você, na casa do 20, vai começar a entender um pouco mais "por que?" o Stallone se tornou um dos atores mais bem pagos daquela época e um ícone de uma geração!!!

A verdade é que "Creed 2" é um conjunto de clichês, não tem nada de novo, tudo é uma versão mais moderna do que já foi contado um dia... Perde muito em qualidade cinematográfica para o primeiro filme, tem um diretor infinitamente menos relevante, deixam de lado aquela inserção gráfica magnífica do cartel dos lutadores que poderia virar uma marca da série (e que era linda), mas, mesmo assim, te garanto: "Creed 2" vale cada centavo!!! É muito divertido, além de ter aquele tom nostálgico dos anos 80... 

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Antes de falar de "Creed 2", eu preciso admitir que, para mim, a franquia "Rocky" terminou no quarto filme, quando ele nocauteia Ivan Drago com Burning Heart ecoando nos meus ouvidos, no ápice da guerra fria de 1985 - Meu Deus, eu assisti esse filme no cinema (rs)!!! Aquelas presepadas do 5 e do 6, devem ser esquecidas em nome do sucesso que essa nova série de filmes, que tem o filho do Apollo como protagonista, vem alcançando, ok?

Dito isso, agora podemos continuar sem nenhum peso na consciência! Creed trás para os anos 2000, um pouco do que Rocky representou para os anos 80! Fazendo esse paralelo, podemos dizer que "Creed" (2015) tem aquela atmosfera de cinema independente do "Rocky 1 e 2" - quando, inclusive, "o lutador" ganhou o Oscar de melhor filme em 1977. Ele espelha aquele conceito de cinema de autor, focado muito mais no drama do que na ação, nas lutas em si. Claro que com uma pegada mais moderna, mas com o mesmo foco na história mais existencial, com um roteiro mais profundo, trabalhado e com um diretor extremamente competente como o Ryan Coogler (de Pantera Negra) no comando para criar uma identidade própria, forte, ao mesmo tempo que revive um gênero que foi se perdendo no meio de tanta porcaria que fizeram durante anos. Funcionou! "Creed" foi um sucesso de bilheteria e de crítica - até presenteando o Stallone com uma indicação de melhor ator no Oscar de 2016!!!

Bom, ai vem Creed 2, filme que acabei de assistir: definitivamente é um filme menos autoral, eu diria que é mais de Estúdio, estilo blockbuster mesmo; sem tanta alma, sem tanto roteiro, mas com muito mais ação e aquela fórmula consagrada da jornada de superação do herói inseguro - como foi Rocky 3 e 4. Isso é um problema? De maneira nenhuma, Rocky 3 e 4 são os meus favoritos (me julguem, rs) e Creed 2 é praticamente um reboot desses dois filmes em um só! "Creed 2" é completamente previsível, superficial, mas muito (muito) divertido!  O filme trás aquele sorriso no rosto já nos primeiros acordes da música tema (aquela...) no momento da virada, na última luta, quando tudo parecia perdido...

É claro que você já viu isso, a sinopse já te entrega o que vem pela frente de cara: o filho do Apollo tendo que enfrentar o filho do Drago em busca de auto-afirmação fantasiada de vingança! O fato é que essa previsibilidade pouco importa, porque a sensação de assistir essa jornada "novamente" é maravilhosa!!! Aliás você que tem mais de 40 anos (e/ou é fã da série anterior), vai adivinhar o filme inteirinho; vai reconhecer muito dos filmes dos anos 80, mas vai se divertir como adolescente de novo!!! Já você, na casa do 20, vai começar a entender um pouco mais "por que?" o Stallone se tornou um dos atores mais bem pagos daquela época e um ícone de uma geração!!!

A verdade é que "Creed 2" é um conjunto de clichês, não tem nada de novo, tudo é uma versão mais moderna do que já foi contado um dia... Perde muito em qualidade cinematográfica para o primeiro filme, tem um diretor infinitamente menos relevante, deixam de lado aquela inserção gráfica magnífica do cartel dos lutadores que poderia virar uma marca da série (e que era linda), mas, mesmo assim, te garanto: "Creed 2" vale cada centavo!!! É muito divertido, além de ter aquele tom nostálgico dos anos 80... 

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Crime Sem Saída

"Crime Sem Saída" (ou "21 Bridges") traz o carimbo dos produtores Anthony Russo e Joe Russo de "Vingadores Ultimato" e, mais recentemente, do grande sucesso "Resgate" (da Netflix). O fato é que o irmãos Russo vem se posicionando como verdadeiros maestros quando se fala de um gênio tão pouco valorizado (antes da enxurrada de filmes de heróis) como o de "ação". Nesse filme temos um conceito muito interessante, mas que infelizmente não se sustenta - ou melhor, se dilui em poucos minutos de filme. A história mostra a caçada de um detetive chamado André (o eterno "Pantera Negra", Chadwick Boseman) encarregado de capturar uma dupla de ladrões que assassinou oito policiais durante um roubo, bastante suspeito, de cocaína. Pressionado pela própria corporação, Davis acredita que a única forma de encontrar os assassinos antes que eles fujam, é bloqueando as 21 pontes que ligam Manhattan aos outros bairros de NY, porém, para que o plano dê certo, ele tem apenas 5 horas para cumprir sua missão ou tudo estará perdido. Confira o trailer:

Pelo trailer já é possível perceber que o nível de ação é bem alto, e realmente é, mas é preciso dizer que o maior chamativo do filme, que é sua premissa, não dura mais do que os primeiros 30 minutos - o fato de Manhattan estar completamente sitiada (e do tempo ser escasso) não interfere em absolutamente nada (além da idéia de estar encurralado) nas escolhas ou motivações dos personagens e isso é um baita de um vacilo do roteiro. Conceitualmente o filme não sustenta a idéia, mas se apoia no ritmo frenético das perseguições muito bem realizadas e de um mistério bem raso e previsível, para nos levar até o final. "Crime Sem Saída" é um bom filme de ação, daqueles "pipoca" mesmo, que entretem e divertem sem a pretensão de se tornar um grande sucesso e sem parecer "forçado" demais! Vale o play se você gosta do gênero!

Uma coisa que me chamou muito a atenção foi a qualidade da produção, se não tão grandiosa quanto a do "Resgate", pelo menos foi muito bem fotografada pelo experiente diretor Paul Cameron (de "Colateral"  e "Déjà Vu"). Nova York tem um charme todo particular durante as madrugadas, completamente cinematográfica e Cameron aproveita muito bem esse mood para ajudar a contar a história - reparem! O diretor Brian Kirk é novato no cinema, mas ganhou muita notoriedade ao dirigir três excelentes episódios de Game of Thrones. Em "Crime Sem Saída" ele faz o "arroz com feijão", bem feito, mas sem nenhuma novidade estética ou conceitual - não dá para comparar com o trabalho que Sam Hargrave fez no "Resgate".

O roteiro acaba sendo o ponto fraco do filme. Não que seja ruim, vou reforçar, mas não se aprofunda em nada: na relação do protagonista com a mãe, no reflexo da tragédia familiar com a morte do pai e até na relação que André tem com sua "parceira" Frankie Burns (Sienna Miller). Entre os destaques do elenco não dá para deixar passar o ótimo trabalho de Chadwick Boseman - parece que o cara nasceu para ser herói de franquia e nesse filme ele é tão convincente que eu não vou me surpreender se tivermos outro filme. Stephan James (o Jesse Owens de "Raça") é um dos ladrões e sua performance está sensacional - ele fala com os olhos e essa qualidade, em um filme de ação, só coloca seu personagem em um outro patamar. Muita atenção para esse ator, com um personagem certo, ele pode ir bem longe! J.K. Simmons, lógico, sendo mais uma vez o próprio J.K. Simmons, com muita honra e talento!

Embora soe como uma certa crítica o enfoque na corrupção policial que o filme ensaia em fazer, tenho a impressão que essa escolha vem muito mais de uma referência narrativa dos filmes de ação dos anos 90 - justamente por isso que que encontramos um personagem completamente agarrado aos seus valores morais, muito (mas muito) reforçado em várias passagens do filme, mas que cria um vínculo fundamental com quem assiste - se Chadwick Boseman estivesse com a fantasia do Pantera Negra, já teríamos uma ótima continuação realizada (com o plus de vários efeitos especiais e explosões) e essas falhas do roteiro provavelmente nem estariam sendo discutidas, mas independente do figurino do protagonista, "Crime Sem Saída" entrega diversão, pode confiar!

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"Crime Sem Saída" (ou "21 Bridges") traz o carimbo dos produtores Anthony Russo e Joe Russo de "Vingadores Ultimato" e, mais recentemente, do grande sucesso "Resgate" (da Netflix). O fato é que o irmãos Russo vem se posicionando como verdadeiros maestros quando se fala de um gênio tão pouco valorizado (antes da enxurrada de filmes de heróis) como o de "ação". Nesse filme temos um conceito muito interessante, mas que infelizmente não se sustenta - ou melhor, se dilui em poucos minutos de filme. A história mostra a caçada de um detetive chamado André (o eterno "Pantera Negra", Chadwick Boseman) encarregado de capturar uma dupla de ladrões que assassinou oito policiais durante um roubo, bastante suspeito, de cocaína. Pressionado pela própria corporação, Davis acredita que a única forma de encontrar os assassinos antes que eles fujam, é bloqueando as 21 pontes que ligam Manhattan aos outros bairros de NY, porém, para que o plano dê certo, ele tem apenas 5 horas para cumprir sua missão ou tudo estará perdido. Confira o trailer:

Pelo trailer já é possível perceber que o nível de ação é bem alto, e realmente é, mas é preciso dizer que o maior chamativo do filme, que é sua premissa, não dura mais do que os primeiros 30 minutos - o fato de Manhattan estar completamente sitiada (e do tempo ser escasso) não interfere em absolutamente nada (além da idéia de estar encurralado) nas escolhas ou motivações dos personagens e isso é um baita de um vacilo do roteiro. Conceitualmente o filme não sustenta a idéia, mas se apoia no ritmo frenético das perseguições muito bem realizadas e de um mistério bem raso e previsível, para nos levar até o final. "Crime Sem Saída" é um bom filme de ação, daqueles "pipoca" mesmo, que entretem e divertem sem a pretensão de se tornar um grande sucesso e sem parecer "forçado" demais! Vale o play se você gosta do gênero!

Uma coisa que me chamou muito a atenção foi a qualidade da produção, se não tão grandiosa quanto a do "Resgate", pelo menos foi muito bem fotografada pelo experiente diretor Paul Cameron (de "Colateral"  e "Déjà Vu"). Nova York tem um charme todo particular durante as madrugadas, completamente cinematográfica e Cameron aproveita muito bem esse mood para ajudar a contar a história - reparem! O diretor Brian Kirk é novato no cinema, mas ganhou muita notoriedade ao dirigir três excelentes episódios de Game of Thrones. Em "Crime Sem Saída" ele faz o "arroz com feijão", bem feito, mas sem nenhuma novidade estética ou conceitual - não dá para comparar com o trabalho que Sam Hargrave fez no "Resgate".

O roteiro acaba sendo o ponto fraco do filme. Não que seja ruim, vou reforçar, mas não se aprofunda em nada: na relação do protagonista com a mãe, no reflexo da tragédia familiar com a morte do pai e até na relação que André tem com sua "parceira" Frankie Burns (Sienna Miller). Entre os destaques do elenco não dá para deixar passar o ótimo trabalho de Chadwick Boseman - parece que o cara nasceu para ser herói de franquia e nesse filme ele é tão convincente que eu não vou me surpreender se tivermos outro filme. Stephan James (o Jesse Owens de "Raça") é um dos ladrões e sua performance está sensacional - ele fala com os olhos e essa qualidade, em um filme de ação, só coloca seu personagem em um outro patamar. Muita atenção para esse ator, com um personagem certo, ele pode ir bem longe! J.K. Simmons, lógico, sendo mais uma vez o próprio J.K. Simmons, com muita honra e talento!

Embora soe como uma certa crítica o enfoque na corrupção policial que o filme ensaia em fazer, tenho a impressão que essa escolha vem muito mais de uma referência narrativa dos filmes de ação dos anos 90 - justamente por isso que que encontramos um personagem completamente agarrado aos seus valores morais, muito (mas muito) reforçado em várias passagens do filme, mas que cria um vínculo fundamental com quem assiste - se Chadwick Boseman estivesse com a fantasia do Pantera Negra, já teríamos uma ótima continuação realizada (com o plus de vários efeitos especiais e explosões) e essas falhas do roteiro provavelmente nem estariam sendo discutidas, mas independente do figurino do protagonista, "Crime Sem Saída" entrega diversão, pode confiar!

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Cruella

A Disney deveria seguir o exemplo da DC e criar um selo focado apenas em releituras menos convencionais de seus clássicos, como fez com "Cruella". Eu diria, inclusive, que esse filme é uma das estreias mais surpreendentes do ano - tecnicamente perfeito e narrativamente muito bem construído, equilibrando elementos clássicos da personagem, com a modernidade, beleza e a liberdade criativa para se aplaudir de pé - mais ou menos como Baz Luhrmann fez em "Romeu e Julieta".

Ambientado na Londres dos anos 70 em meio a revolução do punk rock, "Cruella" mostra a história de uma jovem vigarista chamada Estella (Emma Stone) que, desde a morte trágica de sua mãe, vive de pequenos golpes ao lado dos amigos Jasper (Joel Fry) e Horace (Paul Walter Hauser). Inteligente, criativa e determinada a mudar de vida e fazer seu nome através de seu talento na moda, ela acaba chamando a atenção da Baronesa Von Hellman (Emma Thompson), uma lenda fashion que é devastadoramente chique e assustadoramente egocêntrica. Entretanto, o relacionamento entre elas desencadeia uma série de eventos e revelações que farão com que Estella abrace seu lado mais rebelde, sombrio até, e se torne a impiedosa Cruella que, mesmo elegante, tem a vingança como seu maior combustível. Confira o trailer:

Antes de falar do bom roteiro de Dana Fox (Megarrromântico) e Tony McNamara (A Favorita), destaco como o visual de "Cruella" chama atenção - e aqui fica claro o enorme talento do diretor Craig Gillespie (Eu, Tonya) que, referenciado por uma respeitável carreira na publicidade, usa toda sua habilidade em construir uma atmosfera moderna e dinâmica para contar uma história mais adulta, mas sem perder a essência da fantasia clássica. Gillespie nos leva em viagem divertida, usando uma câmera quase sempre em movimento, criando um balé técnico pouco convencional e muito bem executado. A fotografia do Nicolas Karakatsanis, parceiro de Gillespie em "Eu, Tonya"- que também trouxe esse balé "Cisne Negro" para a arena de patinação no gelo), está 100% alinhada com um trabalho do departamento de direção de arte dos mais bonitos (e que fatalmente será indicado em algumas categorias do Oscar 2022 com muito mérito). Criados por Jenny Beavan (Mad Max: Estrada da Fúria), o figurino tem uma estética punk e funciona como um gatilho de transgressão, quebrando padrões que dialogam exatamente com o surgimento de Cruella - os cenários para isso são instalações criativas que vão de caminhões de lixo a shows cheios de pirotecnia ao som de uma trilha sonora com versões de Supertramp, Bee Gees, Queen e The Clash intercaladas com composições originais de Nicholas Britell (a mente brilhante por traz de "Sussession", "The Underground Railroad", "Moonlight" e "Se a rua Beale falasse").

O roteiro é ótimo, criativo, cheio de easter eggs que fazem referências à animação original de uma forma muito orgânica. No entanto, talvez o seu único deslize tenha sido a falta de sutileza na transição de Estella para Cruella - para os mais atentos e críticos, vai parecer uma falta de um cuidado maior, talvez com soluções menos óbvias, para aí sim se aproximar de um ápice de protagonista com momentos memoráveis como de "Coringa" por exemplo. Aliás, seguindo o trabalho exemplar de Joaquin Phoenix, Emma Stone está fantástica e não se surpreenda se ela for indicada mais uma vez ao Oscar - o mesmo eu digo para Emma Thompson, a implacável Baronesa, como coadjuvante.

Bem mais divertido do que eu esperava, "Cruella" é entretenimento de ótima qualidade - sem a pretensão de ser inesquecível, certamente o filme marca pela originalidade, inteligência e qualidade! Vale muito a pena, mesmo!

Up-date: "Cruella" foi indicado em duas das três categorias de arte, mas ganhou apenas em Melhor Figurino.

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A Disney deveria seguir o exemplo da DC e criar um selo focado apenas em releituras menos convencionais de seus clássicos, como fez com "Cruella". Eu diria, inclusive, que esse filme é uma das estreias mais surpreendentes do ano - tecnicamente perfeito e narrativamente muito bem construído, equilibrando elementos clássicos da personagem, com a modernidade, beleza e a liberdade criativa para se aplaudir de pé - mais ou menos como Baz Luhrmann fez em "Romeu e Julieta".

Ambientado na Londres dos anos 70 em meio a revolução do punk rock, "Cruella" mostra a história de uma jovem vigarista chamada Estella (Emma Stone) que, desde a morte trágica de sua mãe, vive de pequenos golpes ao lado dos amigos Jasper (Joel Fry) e Horace (Paul Walter Hauser). Inteligente, criativa e determinada a mudar de vida e fazer seu nome através de seu talento na moda, ela acaba chamando a atenção da Baronesa Von Hellman (Emma Thompson), uma lenda fashion que é devastadoramente chique e assustadoramente egocêntrica. Entretanto, o relacionamento entre elas desencadeia uma série de eventos e revelações que farão com que Estella abrace seu lado mais rebelde, sombrio até, e se torne a impiedosa Cruella que, mesmo elegante, tem a vingança como seu maior combustível. Confira o trailer:

Antes de falar do bom roteiro de Dana Fox (Megarrromântico) e Tony McNamara (A Favorita), destaco como o visual de "Cruella" chama atenção - e aqui fica claro o enorme talento do diretor Craig Gillespie (Eu, Tonya) que, referenciado por uma respeitável carreira na publicidade, usa toda sua habilidade em construir uma atmosfera moderna e dinâmica para contar uma história mais adulta, mas sem perder a essência da fantasia clássica. Gillespie nos leva em viagem divertida, usando uma câmera quase sempre em movimento, criando um balé técnico pouco convencional e muito bem executado. A fotografia do Nicolas Karakatsanis, parceiro de Gillespie em "Eu, Tonya"- que também trouxe esse balé "Cisne Negro" para a arena de patinação no gelo), está 100% alinhada com um trabalho do departamento de direção de arte dos mais bonitos (e que fatalmente será indicado em algumas categorias do Oscar 2022 com muito mérito). Criados por Jenny Beavan (Mad Max: Estrada da Fúria), o figurino tem uma estética punk e funciona como um gatilho de transgressão, quebrando padrões que dialogam exatamente com o surgimento de Cruella - os cenários para isso são instalações criativas que vão de caminhões de lixo a shows cheios de pirotecnia ao som de uma trilha sonora com versões de Supertramp, Bee Gees, Queen e The Clash intercaladas com composições originais de Nicholas Britell (a mente brilhante por traz de "Sussession", "The Underground Railroad", "Moonlight" e "Se a rua Beale falasse").

O roteiro é ótimo, criativo, cheio de easter eggs que fazem referências à animação original de uma forma muito orgânica. No entanto, talvez o seu único deslize tenha sido a falta de sutileza na transição de Estella para Cruella - para os mais atentos e críticos, vai parecer uma falta de um cuidado maior, talvez com soluções menos óbvias, para aí sim se aproximar de um ápice de protagonista com momentos memoráveis como de "Coringa" por exemplo. Aliás, seguindo o trabalho exemplar de Joaquin Phoenix, Emma Stone está fantástica e não se surpreenda se ela for indicada mais uma vez ao Oscar - o mesmo eu digo para Emma Thompson, a implacável Baronesa, como coadjuvante.

Bem mais divertido do que eu esperava, "Cruella" é entretenimento de ótima qualidade - sem a pretensão de ser inesquecível, certamente o filme marca pela originalidade, inteligência e qualidade! Vale muito a pena, mesmo!

Up-date: "Cruella" foi indicado em duas das três categorias de arte, mas ganhou apenas em Melhor Figurino.

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Destruição Final

Se "O Céu da Meia-Noite" da Netflix trouxe alguns elementos do cinema catástrofe que esteve tão em evidência em 1998, e estamos falando mais especificamente de "Armageddon", "Destruição Final" da Amazon Prime Vídeo segue exatamente a mesma receita, mas buscando referências de outro filme lançado no mesmo ano e igualmente reconhecido: "Impacto Profundo"! Ou seja, se dois desses três filmes significaram um bom entretenimento para você, pode dar o play sem o menor receio porque a diversão está garantida!

"Destruição Final" (que tem "O Último Refúgio"como sub-título) acompanha aquela trama padrão de filmes catástrofe: um cometa está passando pela órbita da Terra e o que inicialmente parecia apenas curiosidade logo se transforma em terror quando o corpo celeste começa a se partir e seus fragmentos passam a causar uma devastação global sem precedentes. Ao longo da história, porém, acompanhamos a jornada da família de John Garrity (Gerard Butler) que, sorteados pelo governo, buscam chegar a um local seguro, uma espécie de bunker construído na Groenlândia. Confira o trailer:

O filme de Ric Roman Waugh (deInvasão ao Serviço Secreto) bebe da fonte de clássicos como o já citado "Impacto Profundo" (de Mimi Leder), mas também trás muitos elementos de "2012" (de Roland Emmerich) e, especialmente, de "Guerra dos Mundos", filme dirigido porSteven Spielberg, que se apega a luta de um homem pela vida de sua família em um momento de reconstrução da relação. Dito isso fica muito fácil afirmar que o roteiro de Chris Sparling segue a receita do gênero, mas peca em um único detalhe: você não vai encontrar uma cena marcante da destruição causada pelo cometa e isso, para mim, é um ponto bem sensível do filme - culpa do orçamento! Não que faça falta, mas estamos falando de entretenimento de gênero, a expectativa sempre vai existir quando escolhemos um filme como esse e aqui o impacto catastrófico é solucionado por reportagens da imprensa ao redor do mundo que misturam planos bem fechado e montagens que usam de pontos turísticos ou construções simbólicas para localizar a destruição, mas com um detalhe muito interessante: essas estruturas construídas pelo homem sobrevivem, já o próprio homem... Reparem!

Com total controle de suas limitações orçamentárias, o diretor Ric Roman Waugh usa e abusa da criatividade para nos entregar ótimos momentos de ação e planos bem impactantes onde o horror nos olhos de quem vê é mais importante do que, de fato, a destruição que ele está testemunhando. A angústia dos personagens em busca de sobrevivência é a principal linha narrativa, o resto é perfumaria - superficial, mas divertida!

"Destruição Final" (ou "Greenland", título original) é uma ótima sessão da tarde, sem pretensões de ser inesquecível, mas que traz para o sofá um entretenimento raiz, sem teorizações e alívios poéticos - é pura, e simplesmente, diversão! Vale o play! 

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Se "O Céu da Meia-Noite" da Netflix trouxe alguns elementos do cinema catástrofe que esteve tão em evidência em 1998, e estamos falando mais especificamente de "Armageddon", "Destruição Final" da Amazon Prime Vídeo segue exatamente a mesma receita, mas buscando referências de outro filme lançado no mesmo ano e igualmente reconhecido: "Impacto Profundo"! Ou seja, se dois desses três filmes significaram um bom entretenimento para você, pode dar o play sem o menor receio porque a diversão está garantida!

"Destruição Final" (que tem "O Último Refúgio"como sub-título) acompanha aquela trama padrão de filmes catástrofe: um cometa está passando pela órbita da Terra e o que inicialmente parecia apenas curiosidade logo se transforma em terror quando o corpo celeste começa a se partir e seus fragmentos passam a causar uma devastação global sem precedentes. Ao longo da história, porém, acompanhamos a jornada da família de John Garrity (Gerard Butler) que, sorteados pelo governo, buscam chegar a um local seguro, uma espécie de bunker construído na Groenlândia. Confira o trailer:

O filme de Ric Roman Waugh (deInvasão ao Serviço Secreto) bebe da fonte de clássicos como o já citado "Impacto Profundo" (de Mimi Leder), mas também trás muitos elementos de "2012" (de Roland Emmerich) e, especialmente, de "Guerra dos Mundos", filme dirigido porSteven Spielberg, que se apega a luta de um homem pela vida de sua família em um momento de reconstrução da relação. Dito isso fica muito fácil afirmar que o roteiro de Chris Sparling segue a receita do gênero, mas peca em um único detalhe: você não vai encontrar uma cena marcante da destruição causada pelo cometa e isso, para mim, é um ponto bem sensível do filme - culpa do orçamento! Não que faça falta, mas estamos falando de entretenimento de gênero, a expectativa sempre vai existir quando escolhemos um filme como esse e aqui o impacto catastrófico é solucionado por reportagens da imprensa ao redor do mundo que misturam planos bem fechado e montagens que usam de pontos turísticos ou construções simbólicas para localizar a destruição, mas com um detalhe muito interessante: essas estruturas construídas pelo homem sobrevivem, já o próprio homem... Reparem!

Com total controle de suas limitações orçamentárias, o diretor Ric Roman Waugh usa e abusa da criatividade para nos entregar ótimos momentos de ação e planos bem impactantes onde o horror nos olhos de quem vê é mais importante do que, de fato, a destruição que ele está testemunhando. A angústia dos personagens em busca de sobrevivência é a principal linha narrativa, o resto é perfumaria - superficial, mas divertida!

"Destruição Final" (ou "Greenland", título original) é uma ótima sessão da tarde, sem pretensões de ser inesquecível, mas que traz para o sofá um entretenimento raiz, sem teorizações e alívios poéticos - é pura, e simplesmente, diversão! Vale o play! 

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Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Muita gente criticou, mas eu me diverti muito assistindo "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" - mesmo entendendo a estratégia da Marvel como uma aposta complicada de realizar, já que a interdependência entre as produções vem se tornando cada vez mais latente. Por outro lado, o Estúdio vem dando uma liberdade (até surpreendente) para que os diretores imponham sua identidade ao ponto de transformar um gênero (bastante criticado por sua pasteurização) em algo cada vez mais autoral - e foi aí que Sam Raimi brilhou!

Em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", após derrotar Dormammu e enfrentar Thanos nos eventos de "Vingadores: Ultimato", o Mago Supremo, Stephen Strange (Benedict Cumberbatch), e seu parceiro Wong (Benedict Wong), continuam suas pesquisas sobre a Jóia do Tempo. Mas uma velha conhecida coloca um ponto final nos seus planos e faz com que Strange desencadeie um mal indescritível, o obrigando a enfrentar uma nova e poderosa ameaça. Confira o trailer:

Antes de mais nada é preciso contextualizar onde estamos nessa complicada (e cheia de detalhes) linha temporal do MCU. Mas que fique claro, nossa função aqui não é fazer estudo aprofundado de caso e sim posicionar a audiência menos especializada em um ótimo cenário de entretenimento onde estão os filmes de heróis. Pois bem, em "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa", o Dr. Stephen Strange tenta ajudar Peter Parker, que teve sua identidade revelada em "Longe de Casa", com um feitiço que acaba dando errado, criando uma certa, digamos, confusão através de vários Universos. Mas não é só isso, toda uma preparação foi criada com as séries do Disney+, "WandaVision", "Loki" e, especialmente "What if...?", que se conectam diretamente com o filme, trazendo uma sensação de complementariedade para quem assistiu e de alguma confusão para quem não assistiu.

Em "What If…?", mais especificamente no 4º episódio (embora tenhamos outras referências da série no filme), há um Stephen Strange diferente que acaba enlouquecendo. Em “E se… O Doutor Estranho perdesse o coração em vez das mãos?”, uma realidade inteira é destruída após uma sequência desastrosa de atitudes precipitadas do personagem, após a morte do amor de sua vida, Christine Palmer (Rachel McAdams), em um acidente. Seguindo essa linha narrativa, o roteirista Michael Waldron (não por coincidência, o mesmo de "Loki") se esforça ao máximo para conectar as pontas sem a necessidade de explicações muito elaboradas e, na minha opinião, ele não é tão bem sucedido - não por culpa dele, mas pela aposta da Marvel de que todos que assistem seus filmes, também assistem suas séries e estão interessados em mergulhar muito fundo naquele universo que ela vem criando.

Isoladamente, o filme continua muito divertido, com excelentes sequências de ação e um toque magistral de Raimi que traz vários elementos de terror e suspense, variando a gramática cinematográfica entre diferentes subgêneros, que vai do slasher ao psicológico, pontuando a violência gráfica sem a necessidade de impactar com "sangue" - o que interferiria diretamente na classificação do filme. Elizabeth Olsen é outro grande destaque - ela transita brilhantemente entre a doçura de Wanda e a crueldade da Feiticeira Escarlate, enquanto Benedict Cumberbatch se afasta do piadista do primeiro filme e nos apresenta seu lado infeliz, amargurado, arrependido e, ao mesmo tempo, egoísta (muito do que vimos em "What If…?", inclusive)

Em um filme que se aproveita do equilíbrio conseguido em "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis", onde os ótimos efeitos em CGI estão completamente alinhados ao caráter mais místico das artes marciais, "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", acaba sendo um delicioso espetáculo visual digno de um personagem que finalmente parece ter encontrado o seu tom e uma história consistente para contar. Palmas para Sam Raimi!

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Muita gente criticou, mas eu me diverti muito assistindo "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" - mesmo entendendo a estratégia da Marvel como uma aposta complicada de realizar, já que a interdependência entre as produções vem se tornando cada vez mais latente. Por outro lado, o Estúdio vem dando uma liberdade (até surpreendente) para que os diretores imponham sua identidade ao ponto de transformar um gênero (bastante criticado por sua pasteurização) em algo cada vez mais autoral - e foi aí que Sam Raimi brilhou!

Em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", após derrotar Dormammu e enfrentar Thanos nos eventos de "Vingadores: Ultimato", o Mago Supremo, Stephen Strange (Benedict Cumberbatch), e seu parceiro Wong (Benedict Wong), continuam suas pesquisas sobre a Jóia do Tempo. Mas uma velha conhecida coloca um ponto final nos seus planos e faz com que Strange desencadeie um mal indescritível, o obrigando a enfrentar uma nova e poderosa ameaça. Confira o trailer:

Antes de mais nada é preciso contextualizar onde estamos nessa complicada (e cheia de detalhes) linha temporal do MCU. Mas que fique claro, nossa função aqui não é fazer estudo aprofundado de caso e sim posicionar a audiência menos especializada em um ótimo cenário de entretenimento onde estão os filmes de heróis. Pois bem, em "Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa", o Dr. Stephen Strange tenta ajudar Peter Parker, que teve sua identidade revelada em "Longe de Casa", com um feitiço que acaba dando errado, criando uma certa, digamos, confusão através de vários Universos. Mas não é só isso, toda uma preparação foi criada com as séries do Disney+, "WandaVision", "Loki" e, especialmente "What if...?", que se conectam diretamente com o filme, trazendo uma sensação de complementariedade para quem assistiu e de alguma confusão para quem não assistiu.

Em "What If…?", mais especificamente no 4º episódio (embora tenhamos outras referências da série no filme), há um Stephen Strange diferente que acaba enlouquecendo. Em “E se… O Doutor Estranho perdesse o coração em vez das mãos?”, uma realidade inteira é destruída após uma sequência desastrosa de atitudes precipitadas do personagem, após a morte do amor de sua vida, Christine Palmer (Rachel McAdams), em um acidente. Seguindo essa linha narrativa, o roteirista Michael Waldron (não por coincidência, o mesmo de "Loki") se esforça ao máximo para conectar as pontas sem a necessidade de explicações muito elaboradas e, na minha opinião, ele não é tão bem sucedido - não por culpa dele, mas pela aposta da Marvel de que todos que assistem seus filmes, também assistem suas séries e estão interessados em mergulhar muito fundo naquele universo que ela vem criando.

Isoladamente, o filme continua muito divertido, com excelentes sequências de ação e um toque magistral de Raimi que traz vários elementos de terror e suspense, variando a gramática cinematográfica entre diferentes subgêneros, que vai do slasher ao psicológico, pontuando a violência gráfica sem a necessidade de impactar com "sangue" - o que interferiria diretamente na classificação do filme. Elizabeth Olsen é outro grande destaque - ela transita brilhantemente entre a doçura de Wanda e a crueldade da Feiticeira Escarlate, enquanto Benedict Cumberbatch se afasta do piadista do primeiro filme e nos apresenta seu lado infeliz, amargurado, arrependido e, ao mesmo tempo, egoísta (muito do que vimos em "What If…?", inclusive)

Em um filme que se aproveita do equilíbrio conseguido em "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis", onde os ótimos efeitos em CGI estão completamente alinhados ao caráter mais místico das artes marciais, "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", acaba sendo um delicioso espetáculo visual digno de um personagem que finalmente parece ter encontrado o seu tom e uma história consistente para contar. Palmas para Sam Raimi!

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Drive

"Drive" é um excelente filme de ação carregado de drama, filmado pela lente poética de um grande diretor que em nenhum momento teve a preocupação de se apoiar em elementos narrativos que colocariam a história no lugar comum. "Drive" sem Nicolas Winding Refn ("Demônio de Neon") seria como "Breaking Bad" sem Vince Gilligan!

Na trama, Ryan Gosling é um habilidoso motorista que trabalha como dublê de Hollywood, mas que costuma usar seu talento no volante, pontualmente, dirigindo em fugas de assaltos. Quando ele se vê envolvido emocionalmente com sua vizinha Irene (Carey Mulligan) e com o filho, Benício (Kaden Leos), esse motorista (que propositalmente não tem um nome) tenta salvar a pele do marido dela, Standard (Oscar Isaac), que acaba de sair da prisão, para que eles possam viver em paz e em família, mas, claro, as coisas não saem exatamente como planejado. Confira o trailer (em inglês):

Em inglês,drive não significa apenas dirigir, pilotar, mas também tem uma outra conotação: algo como impulso ou motivação. O personagem de Gosling é justamente um homem movido pela ação nessa dupla interpretação do título original do filme - o interessante é que essa dualidade também brinca com a cadência da história e de como o protagonista se posiciona perante seus desafios - sua introspecção e o silêncio se opõem a velocidade (olha que sensacional) das suas ações de uma forma infinitamente mais lenta que sua principal habilidade exige. Mérito dessa leitura quase poética é do dinamarquês Nicolas Winding Refn, que ganhou o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes de 2012 e levou esse filme até a disputa da Palma de Ouro - mesmo com a Academia supreendentemente tendo ignorado "Drive" para o Oscar daquele ano, o indicando apenas em "Edição de Som".

É importante pontuar que o roteiro de "Drive", escrito por Hossein Amini (de "McMafia") a partir da adaptação do livro homônimo de James Sallis, busca expor uma personalidade pacata do protagonista como gatilho para nos conectarmos com sua jornada - é na tentativa de ajudar alguém que nunca esteve ao seu lado, que faz o personagem se transformar pelo meio em que se inseriu ou pelas próprias circunstâncias - e aqui é impossível não lembrar de Gilligan novamente e do seu Walter White.  A forma como Winding Refn nos faz experienciar a jornada desse motorista é muito potente - por mais que tenhamos poucas informações sobre ele, estamos sempre ao seu lado, como testemunhas de suas ações e transformações.

A fotografia do talentoso Newton Thomas Sigel (de "Os Suspeitos") traz uma sensação de solidão impressionante, mesmo o filme se passando em Los Angeles. Mais uma vez o diretor brinca com essa dualidade narrativa e é por isso que coloco "Drive" como uma obra de arte, muito mais profundo que a maioria dos filmes de ação, mas sem perder a emoção e a tensão do gênero. 

"Drive" merece ser apreciado, no seu tempo, mesmo que ele seja completamente diferente do que se espera de um filme de ação, mas não se engane: ele é muito violento e impactante visualmente - como se fosse um "Tarantino", com aquele esmero artístico e conceitual. Lindo de ver!

Vale muito a pena!

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"Drive" é um excelente filme de ação carregado de drama, filmado pela lente poética de um grande diretor que em nenhum momento teve a preocupação de se apoiar em elementos narrativos que colocariam a história no lugar comum. "Drive" sem Nicolas Winding Refn ("Demônio de Neon") seria como "Breaking Bad" sem Vince Gilligan!

Na trama, Ryan Gosling é um habilidoso motorista que trabalha como dublê de Hollywood, mas que costuma usar seu talento no volante, pontualmente, dirigindo em fugas de assaltos. Quando ele se vê envolvido emocionalmente com sua vizinha Irene (Carey Mulligan) e com o filho, Benício (Kaden Leos), esse motorista (que propositalmente não tem um nome) tenta salvar a pele do marido dela, Standard (Oscar Isaac), que acaba de sair da prisão, para que eles possam viver em paz e em família, mas, claro, as coisas não saem exatamente como planejado. Confira o trailer (em inglês):

Em inglês,drive não significa apenas dirigir, pilotar, mas também tem uma outra conotação: algo como impulso ou motivação. O personagem de Gosling é justamente um homem movido pela ação nessa dupla interpretação do título original do filme - o interessante é que essa dualidade também brinca com a cadência da história e de como o protagonista se posiciona perante seus desafios - sua introspecção e o silêncio se opõem a velocidade (olha que sensacional) das suas ações de uma forma infinitamente mais lenta que sua principal habilidade exige. Mérito dessa leitura quase poética é do dinamarquês Nicolas Winding Refn, que ganhou o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes de 2012 e levou esse filme até a disputa da Palma de Ouro - mesmo com a Academia supreendentemente tendo ignorado "Drive" para o Oscar daquele ano, o indicando apenas em "Edição de Som".

É importante pontuar que o roteiro de "Drive", escrito por Hossein Amini (de "McMafia") a partir da adaptação do livro homônimo de James Sallis, busca expor uma personalidade pacata do protagonista como gatilho para nos conectarmos com sua jornada - é na tentativa de ajudar alguém que nunca esteve ao seu lado, que faz o personagem se transformar pelo meio em que se inseriu ou pelas próprias circunstâncias - e aqui é impossível não lembrar de Gilligan novamente e do seu Walter White.  A forma como Winding Refn nos faz experienciar a jornada desse motorista é muito potente - por mais que tenhamos poucas informações sobre ele, estamos sempre ao seu lado, como testemunhas de suas ações e transformações.

A fotografia do talentoso Newton Thomas Sigel (de "Os Suspeitos") traz uma sensação de solidão impressionante, mesmo o filme se passando em Los Angeles. Mais uma vez o diretor brinca com essa dualidade narrativa e é por isso que coloco "Drive" como uma obra de arte, muito mais profundo que a maioria dos filmes de ação, mas sem perder a emoção e a tensão do gênero. 

"Drive" merece ser apreciado, no seu tempo, mesmo que ele seja completamente diferente do que se espera de um filme de ação, mas não se engane: ele é muito violento e impactante visualmente - como se fosse um "Tarantino", com aquele esmero artístico e conceitual. Lindo de ver!

Vale muito a pena!

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El Camino

"El Camino" não é um grande filme! Mas antes que as pessoas me destruam por aqui, deixe-me explicar: os 120 minutos de "El Camino" são, na verdade, um Epílogo de "Breaking Bad", um episódio de final de temporada, daqueles de 2 horas, que nos fazem torcer para que nunca acabe de tão contagiante que a história é! Se você não assistiu toda temporada de "Breaking Bad", a chance de você achar "El Camino" apenas "OK" é grande, mas nós que esperamos anos por um pouco mais do que consideramos uma das melhores séries de todos os tempos, aproveitamos cada frame dessa maravilhosa experiência que o Vince Gilligan nos entregou.

Como o Teaser e o Trailer já anunciavam, o filme gira em torno de um Jesse Pinkman (Aaron Paul) atordoado, logo após fugir do cativeiro (fato que acontece justamente no último episódio da série), tentando reencontrar um caminho para sua vida e deixar todo esse passado para trás! O que me surpreendeu é a jornada de transformação que, mais uma vez, Gilligan foi capaz de construir - mas para entender exatamente o que estou falando será preciso ler nossa análise completa. Para você, que precisa apenas da nossa sugestão temos duas opções: 1- Se assistiu a série inteira, assista o filme agora e agradeça a Netflix por ter nos proporcionado mais duas horas de êxtase. 2- Se não se interessou pela série, mas quer ver mesmo assim, se prepare para duas horas de diversão, mas não espere um filme transformador ou inesquecível!

Se arriscar na construção de um novo capítulo depois de alcançar o "Céu" com um final como o de Breaking Bad, 6 anos depois, é algo que poucos fariam! Vince Gilligan fez; e mesmo depois de 4 temporadas de "Better Call Saul", uma ponta parecia solta: o que teria acontecido com Jesse Pinkman? "El Camino" não só responde essa pergunta, como prova, mais uma vez, que além de louco, Gilligan tem total controle sobre suas idéias e sobre todo um universo que ele construiu! "El Camino" não pode ser visto como uma obra isolada, ele é parte de uma estrutura que nos transporta mais uma vez para o Novo Mexico, mas com uma Albuquerque diferente, menos contrastada, quente; agora ela é mais fria, melancólica, angustiante! Em um mês onde "Coringa" bagunçou a mente de quem assistiu, pela sua profundidade psicológica, Jessie Pinkman assume o mesmo papel em "El Camino" - e aqui vai mais um dica: assistam o resumo antes de começar o filme ou, melhor, assistam os 5 últimos episódios de "Breaking Bad" para ter uma imersão 100% segura!

A trama é simples ao mesmo tempo que complexa: Jesse está escapando em um carro El Camino (ah, Vince Gilligan por favor não pare por aqui!!!) após ter sido libertado por Walter White (Bryan Cranston) do cativeiro onde foi forçado a cozinhar metanfetamina por meses - esse momento é imediatamente depois de tudo que vimos em "Felina", episódio final de "Breaking Bad". Com a polícia atrás, já que ele foi reconhecido como cúmplice de Heisenberg encontrado morto no local da chacina, Pinkman é obrigado a procurar alguns personagens marcantes da série para conseguir algum dinheiro ou ter uma oportunidade de um recomeço - aqui é preciso dizer que alguns flashbacks funcionam melhores que outros, pois em alguns momentos Gilligan parece "roubar no jogo" para explicar uma ação do personagem, mas em outros momentos, mesmo ele "roubando no jogo", temos a impressão que tudo aquilo já tinha sido construído anteriormente de tão orgânico que ficou. Pois bem, toda essa jornada é pontuada com uma fotografia típica de Marshall Adams, parceiro conceitual de Gilligan. Grandes angulares, time-lapses, planos inventivos e inesperados, tudo está ali - como deveria ser!

O roteiro é enxuto, direto e cheio de detalhes como Breaking Bad adorava nos presentear. Agora, Aaron Paul, ou melhor, Jesse Pinkman, se transformando em tudo que ele mais odiava no Walter White e comprovando que o discurso transformador de Heisenberg era, no mínimo, coerente - meu Deus, isso foi genial! O ponto alto do filme! Outro detalhe bacana que merece ser observado é a importância que personagens satélites ganharam - pode até soar como Fan Service, mas não dá para negar que foi mais uma jogada inteligente de Gilligan: Old Joe, Skinny Pete (agora o Teaser faz ainda mais sentido), Badger, Neil e até o Ed - olha, que criatividade a favor da história como um todo! Muito legal!

"El Camino" não pode ser o ponto final. Muito do que você vai encontrar deve aparecer em algum  flashfoward de "Better Call Saul" ainda e, quem sabe, em algum outro "filme" ou "série", pois o material, ou melhor, as histórias paralelas parecem ter um força impensável - Pinkman é um exemplo, já que seu personagem não passaria da 1ª temporada de "Breaking Bad". Só torço para que essas surpresas em torno das idéias do Vince Gilligan nunca acabem!!!

Por favor, dê o play e divirta-se com aquela sensação deliciosa de nostalgia temperada com uma espécie de inspiração criativa do mais alto nível!

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"El Camino" não é um grande filme! Mas antes que as pessoas me destruam por aqui, deixe-me explicar: os 120 minutos de "El Camino" são, na verdade, um Epílogo de "Breaking Bad", um episódio de final de temporada, daqueles de 2 horas, que nos fazem torcer para que nunca acabe de tão contagiante que a história é! Se você não assistiu toda temporada de "Breaking Bad", a chance de você achar "El Camino" apenas "OK" é grande, mas nós que esperamos anos por um pouco mais do que consideramos uma das melhores séries de todos os tempos, aproveitamos cada frame dessa maravilhosa experiência que o Vince Gilligan nos entregou.

Como o Teaser e o Trailer já anunciavam, o filme gira em torno de um Jesse Pinkman (Aaron Paul) atordoado, logo após fugir do cativeiro (fato que acontece justamente no último episódio da série), tentando reencontrar um caminho para sua vida e deixar todo esse passado para trás! O que me surpreendeu é a jornada de transformação que, mais uma vez, Gilligan foi capaz de construir - mas para entender exatamente o que estou falando será preciso ler nossa análise completa. Para você, que precisa apenas da nossa sugestão temos duas opções: 1- Se assistiu a série inteira, assista o filme agora e agradeça a Netflix por ter nos proporcionado mais duas horas de êxtase. 2- Se não se interessou pela série, mas quer ver mesmo assim, se prepare para duas horas de diversão, mas não espere um filme transformador ou inesquecível!

Se arriscar na construção de um novo capítulo depois de alcançar o "Céu" com um final como o de Breaking Bad, 6 anos depois, é algo que poucos fariam! Vince Gilligan fez; e mesmo depois de 4 temporadas de "Better Call Saul", uma ponta parecia solta: o que teria acontecido com Jesse Pinkman? "El Camino" não só responde essa pergunta, como prova, mais uma vez, que além de louco, Gilligan tem total controle sobre suas idéias e sobre todo um universo que ele construiu! "El Camino" não pode ser visto como uma obra isolada, ele é parte de uma estrutura que nos transporta mais uma vez para o Novo Mexico, mas com uma Albuquerque diferente, menos contrastada, quente; agora ela é mais fria, melancólica, angustiante! Em um mês onde "Coringa" bagunçou a mente de quem assistiu, pela sua profundidade psicológica, Jessie Pinkman assume o mesmo papel em "El Camino" - e aqui vai mais um dica: assistam o resumo antes de começar o filme ou, melhor, assistam os 5 últimos episódios de "Breaking Bad" para ter uma imersão 100% segura!

A trama é simples ao mesmo tempo que complexa: Jesse está escapando em um carro El Camino (ah, Vince Gilligan por favor não pare por aqui!!!) após ter sido libertado por Walter White (Bryan Cranston) do cativeiro onde foi forçado a cozinhar metanfetamina por meses - esse momento é imediatamente depois de tudo que vimos em "Felina", episódio final de "Breaking Bad". Com a polícia atrás, já que ele foi reconhecido como cúmplice de Heisenberg encontrado morto no local da chacina, Pinkman é obrigado a procurar alguns personagens marcantes da série para conseguir algum dinheiro ou ter uma oportunidade de um recomeço - aqui é preciso dizer que alguns flashbacks funcionam melhores que outros, pois em alguns momentos Gilligan parece "roubar no jogo" para explicar uma ação do personagem, mas em outros momentos, mesmo ele "roubando no jogo", temos a impressão que tudo aquilo já tinha sido construído anteriormente de tão orgânico que ficou. Pois bem, toda essa jornada é pontuada com uma fotografia típica de Marshall Adams, parceiro conceitual de Gilligan. Grandes angulares, time-lapses, planos inventivos e inesperados, tudo está ali - como deveria ser!

O roteiro é enxuto, direto e cheio de detalhes como Breaking Bad adorava nos presentear. Agora, Aaron Paul, ou melhor, Jesse Pinkman, se transformando em tudo que ele mais odiava no Walter White e comprovando que o discurso transformador de Heisenberg era, no mínimo, coerente - meu Deus, isso foi genial! O ponto alto do filme! Outro detalhe bacana que merece ser observado é a importância que personagens satélites ganharam - pode até soar como Fan Service, mas não dá para negar que foi mais uma jogada inteligente de Gilligan: Old Joe, Skinny Pete (agora o Teaser faz ainda mais sentido), Badger, Neil e até o Ed - olha, que criatividade a favor da história como um todo! Muito legal!

"El Camino" não pode ser o ponto final. Muito do que você vai encontrar deve aparecer em algum  flashfoward de "Better Call Saul" ainda e, quem sabe, em algum outro "filme" ou "série", pois o material, ou melhor, as histórias paralelas parecem ter um força impensável - Pinkman é um exemplo, já que seu personagem não passaria da 1ª temporada de "Breaking Bad". Só torço para que essas surpresas em torno das idéias do Vince Gilligan nunca acabem!!!

Por favor, dê o play e divirta-se com aquela sensação deliciosa de nostalgia temperada com uma espécie de inspiração criativa do mais alto nível!

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Esquema de Risco

Muito divertido!

Sim, você está prestes a dar um play em um filme muito divertido, dinâmico e envolvente - ao melhor estilo Guy Ritchie! Em "Esquema de Risco" você vai encontrar muita ação, alguns elementos de comédia, toques de conspiração e espionagem, e, claro, muitos tiros, pancadarias, explosões, perseguições. De fato temos tudo que um bom entretenimento-pipoca pede em uma trama: muitas reviravoltas, personagens dos mais carismáticos e diálogos cheios de sagacidade, ironia, inteligência... Enfim, esse é o tipo do filme que torcemos para ter um segundo capítulo! 

O espião Orson Fortune (Jason Statham) precisa rastrear e conter a venda de uma nova tecnologia que está sendo realizada pelo bilionário Greg Simmonds (Hugh Grant). Junto com uma das melhores equipes de operações especiais do mundo, Fortune recruta o astro de Hollywood Danny Francesco (Josh Hartnett) para ajudá-los a passar despercebidos na missão de salvar o mundo. Confira o trailer:

Poucos diretores dominam tão bem a gramática cinematográfica de filmes de ação como Guy Ritchie - e melhor, sempre impondo sua identidade, seu estilo. Em "Esquema de Risco - Operação Fortune", mais uma vez, sua direção é impecável. Ele conduz a narrativa com uma habilidade impressionante, trabalhando todos os elementos técnicos e artísticos para criar uma dinâmica muito particular. Veja, Ritchie usa uma edição rápida e estilizada para manter um ritmo tão acelerado que fica impossível tirar os olhos da tela - ele (ao lado do seu montador e parceiro de "Magnatas do Crime", James Herbert) combinam perfeitamente as cenas de ação com momentos de humor e drama, com muito equilíbrio, criatividade e fluidez. A trilha sonora mais enérgica do Christopher Benstead e a fotografia vibrante do Alan Stewart, ambos de "Magnatas" também, contribuem para criar uma atmosfera das mais empolgantes em um cenário, olha, de cair o queixo.

O elenco também brilha! Ritchie é mestre em reunir um grupo de atores experientes e carismáticos, incluindo alguns de seus colaboradores frequentes, como Jason Statham, Mark Strong e Hugh Grant. A química entre eles é visível - reparem como todos, sem exceção, funcionam perfeitamente em pró da narrativa, entregando performances divertidas e convincentes, elevando ainda mais a qualidade do roteiro escrito pelo próprio diretor, pelo Ivan Atkinson e pelo Marn Davies (os dois acompanharam Ritchie em pelo menos quatro de seus filmes). Aqui, é impossível não destacar o trabalho exagerado (propositalmente) de Hugh Grant que funciona como um eficaz alívio cômico quase que permanente e a ironia cheia de sensualidade da ótima Aubrey Plaza.

Embora "Esquema de Risco - Operação Fortune" possa ser um filme extremamente divertido, ele pode não agradar aqueles que não são tão fãs do estilo de Ritchie - de fato, em algumas momentos, a narrativa pode parecer confusa, devido às reviravoltas e à estrutura fragmentada da história (além de se apoiar em alguns estereótipos e convenções do gênero de ação e do subgênero de "filmes de assalto"). No entanto, para quem estiver disposto a encarar essa experiência, como em "O Infiltrado", eu garanto: o filme é uma diversão no ponto certo, tão despretensioso quanto inteligente - daqueles que tanto faz falta no mundo das grandes franquias de hoje!

Vale muito o seu play!

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Muito divertido!

Sim, você está prestes a dar um play em um filme muito divertido, dinâmico e envolvente - ao melhor estilo Guy Ritchie! Em "Esquema de Risco" você vai encontrar muita ação, alguns elementos de comédia, toques de conspiração e espionagem, e, claro, muitos tiros, pancadarias, explosões, perseguições. De fato temos tudo que um bom entretenimento-pipoca pede em uma trama: muitas reviravoltas, personagens dos mais carismáticos e diálogos cheios de sagacidade, ironia, inteligência... Enfim, esse é o tipo do filme que torcemos para ter um segundo capítulo! 

O espião Orson Fortune (Jason Statham) precisa rastrear e conter a venda de uma nova tecnologia que está sendo realizada pelo bilionário Greg Simmonds (Hugh Grant). Junto com uma das melhores equipes de operações especiais do mundo, Fortune recruta o astro de Hollywood Danny Francesco (Josh Hartnett) para ajudá-los a passar despercebidos na missão de salvar o mundo. Confira o trailer:

Poucos diretores dominam tão bem a gramática cinematográfica de filmes de ação como Guy Ritchie - e melhor, sempre impondo sua identidade, seu estilo. Em "Esquema de Risco - Operação Fortune", mais uma vez, sua direção é impecável. Ele conduz a narrativa com uma habilidade impressionante, trabalhando todos os elementos técnicos e artísticos para criar uma dinâmica muito particular. Veja, Ritchie usa uma edição rápida e estilizada para manter um ritmo tão acelerado que fica impossível tirar os olhos da tela - ele (ao lado do seu montador e parceiro de "Magnatas do Crime", James Herbert) combinam perfeitamente as cenas de ação com momentos de humor e drama, com muito equilíbrio, criatividade e fluidez. A trilha sonora mais enérgica do Christopher Benstead e a fotografia vibrante do Alan Stewart, ambos de "Magnatas" também, contribuem para criar uma atmosfera das mais empolgantes em um cenário, olha, de cair o queixo.

O elenco também brilha! Ritchie é mestre em reunir um grupo de atores experientes e carismáticos, incluindo alguns de seus colaboradores frequentes, como Jason Statham, Mark Strong e Hugh Grant. A química entre eles é visível - reparem como todos, sem exceção, funcionam perfeitamente em pró da narrativa, entregando performances divertidas e convincentes, elevando ainda mais a qualidade do roteiro escrito pelo próprio diretor, pelo Ivan Atkinson e pelo Marn Davies (os dois acompanharam Ritchie em pelo menos quatro de seus filmes). Aqui, é impossível não destacar o trabalho exagerado (propositalmente) de Hugh Grant que funciona como um eficaz alívio cômico quase que permanente e a ironia cheia de sensualidade da ótima Aubrey Plaza.

Embora "Esquema de Risco - Operação Fortune" possa ser um filme extremamente divertido, ele pode não agradar aqueles que não são tão fãs do estilo de Ritchie - de fato, em algumas momentos, a narrativa pode parecer confusa, devido às reviravoltas e à estrutura fragmentada da história (além de se apoiar em alguns estereótipos e convenções do gênero de ação e do subgênero de "filmes de assalto"). No entanto, para quem estiver disposto a encarar essa experiência, como em "O Infiltrado", eu garanto: o filme é uma diversão no ponto certo, tão despretensioso quanto inteligente - daqueles que tanto faz falta no mundo das grandes franquias de hoje!

Vale muito o seu play!

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Eternos

"Eternos" é mais um filme de heróis e absolutamente nada mais do que isso. É ruim? Não, longe disso - continua sendo um bom entretenimento, mas que não traz nenhum sopro de criatividade como as recentes séries exclusivas para o streaming vem fazendo, por exemplo. O que "Eternos" traz é uma tentativa de transformar um grupo desconhecido de heróis (e aqui não estou falando com especialistas do universo nerd) em importantes peças para a continuidade do MCU onde, lá na frente, tudo isso fará um sentido maior. Ah, e tem outro elemento que pode chamar atenção dos mais atentos: a tentativa de uma identidade mais autoral da diretora Chloé Zhao (vencedora do Oscar por seu belíssimo Nomadland), que infelizmente não encaixou tão bem na proposta dinâmica de um filme de herói - como fez, por exemplo, Zack Snyder em "O Homem de Aço" (de 2003).

No filme acompanhamos os Eternos, seres super poderosos com características como imortalidade e manipulação de energia cósmica, frutos de experiências de seu próprio criador, o Celestial Arishem, desde o surgimento da Terra há milhões de anos. Criados para a salvar o mundo dos Deviantes, os Eternos convivem com a humanidade através de séculos com esse único objetivo, sendo impedidos de interferir em qualquer outra situação que possa impedir a evolução dos humanos - mesmo que a duras penas. Depois de extinguir os Deviantes o grupo de heróis se separa, mas após os acontecimentos de Vingadores: Ultimato (2019), eles precisam se reunir novamente para enfrentar uma nova ameaça. Muitos conflitos internos surgem, entre o amor que sentem pela Terra e a necessidade de protegê-la acima de tudo, e a fé naquilo que está acima deles. Confira o trailer:

De fato "Eternos" é grandioso, mas o impacto de uma marketing duvidoso em compara-lo com toda uma saga construída por anos como a dos "Vingadores" certamente jogou mais contra do que a favor - é até injusto, pois ainda não temos uma conexão profunda com os personagens, muitos menos com seu propósito heróico e sua importância para o planeta dentro daquele contexto. 

Além disso, existe uma reclamação quase repetitiva de que os recentes filmes (apenas filmes) da Marvel se encontram em uma espécie de estado de inércia. Suas produções vem se padronizando apenas como uma experiência de entretenimento dinâmico, com muitos (cada vez mais) alívios cômicos, mas pouco ou quase nada de profundidade emocional. Obviamente que isso não surpreende, da mesma forma que também não pode incomodar os amantes do MCU, afinal estamos falando de um "filme de herói". A grande questão, porém, é que o gênero deixou de surpreender com antes, mesmo continuando sendo muito divertido de assistir. "Eternos" tem tudo que a cartilha pede: ação, CGI, pancadaria, piadinhas, perigo de extinção da raça humana e final feliz - e até aí está tudo certo, mas essa situação começa a preocupar quando nem uma diretora como Zhao consegue entregar algo novo - e olha que ela tentou. Sim, ela traz alguns planos mais poéticos, enquadramentos mais reflexivos, com o sol de contra-luz e a câmera de baixo pra cima, além de algumas panorâmicas contemplativas; o que faltou mesmo foi mergulhar nas dores dos personagens, criar camadas, provocar suas fraquezas e ela tinha esse poder por ser também roteirista - Richard Donner fez isso com Super-Homem em 1978. 

A conclusão acaba sendo muito simples: "Eternos" não vai te surpreender, mas vai te divertir - se para você basta, dê o play sem medo porque serão mais de duas horas e meia de diversão; e mesmo com todas as alegorias religiosas e mitológicas que estão escondidas no roteiro de Zhao, você não vai encontrar uma história que vai além do que já estamos acostumados.

Dito isso, vale o play pelo entretenimento e pela expectativa de mordermos a língua quando o quebra-cabeça estiver completo "Deus lá sabe quando"!

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"Eternos" é mais um filme de heróis e absolutamente nada mais do que isso. É ruim? Não, longe disso - continua sendo um bom entretenimento, mas que não traz nenhum sopro de criatividade como as recentes séries exclusivas para o streaming vem fazendo, por exemplo. O que "Eternos" traz é uma tentativa de transformar um grupo desconhecido de heróis (e aqui não estou falando com especialistas do universo nerd) em importantes peças para a continuidade do MCU onde, lá na frente, tudo isso fará um sentido maior. Ah, e tem outro elemento que pode chamar atenção dos mais atentos: a tentativa de uma identidade mais autoral da diretora Chloé Zhao (vencedora do Oscar por seu belíssimo Nomadland), que infelizmente não encaixou tão bem na proposta dinâmica de um filme de herói - como fez, por exemplo, Zack Snyder em "O Homem de Aço" (de 2003).

No filme acompanhamos os Eternos, seres super poderosos com características como imortalidade e manipulação de energia cósmica, frutos de experiências de seu próprio criador, o Celestial Arishem, desde o surgimento da Terra há milhões de anos. Criados para a salvar o mundo dos Deviantes, os Eternos convivem com a humanidade através de séculos com esse único objetivo, sendo impedidos de interferir em qualquer outra situação que possa impedir a evolução dos humanos - mesmo que a duras penas. Depois de extinguir os Deviantes o grupo de heróis se separa, mas após os acontecimentos de Vingadores: Ultimato (2019), eles precisam se reunir novamente para enfrentar uma nova ameaça. Muitos conflitos internos surgem, entre o amor que sentem pela Terra e a necessidade de protegê-la acima de tudo, e a fé naquilo que está acima deles. Confira o trailer:

De fato "Eternos" é grandioso, mas o impacto de uma marketing duvidoso em compara-lo com toda uma saga construída por anos como a dos "Vingadores" certamente jogou mais contra do que a favor - é até injusto, pois ainda não temos uma conexão profunda com os personagens, muitos menos com seu propósito heróico e sua importância para o planeta dentro daquele contexto. 

Além disso, existe uma reclamação quase repetitiva de que os recentes filmes (apenas filmes) da Marvel se encontram em uma espécie de estado de inércia. Suas produções vem se padronizando apenas como uma experiência de entretenimento dinâmico, com muitos (cada vez mais) alívios cômicos, mas pouco ou quase nada de profundidade emocional. Obviamente que isso não surpreende, da mesma forma que também não pode incomodar os amantes do MCU, afinal estamos falando de um "filme de herói". A grande questão, porém, é que o gênero deixou de surpreender com antes, mesmo continuando sendo muito divertido de assistir. "Eternos" tem tudo que a cartilha pede: ação, CGI, pancadaria, piadinhas, perigo de extinção da raça humana e final feliz - e até aí está tudo certo, mas essa situação começa a preocupar quando nem uma diretora como Zhao consegue entregar algo novo - e olha que ela tentou. Sim, ela traz alguns planos mais poéticos, enquadramentos mais reflexivos, com o sol de contra-luz e a câmera de baixo pra cima, além de algumas panorâmicas contemplativas; o que faltou mesmo foi mergulhar nas dores dos personagens, criar camadas, provocar suas fraquezas e ela tinha esse poder por ser também roteirista - Richard Donner fez isso com Super-Homem em 1978. 

A conclusão acaba sendo muito simples: "Eternos" não vai te surpreender, mas vai te divertir - se para você basta, dê o play sem medo porque serão mais de duas horas e meia de diversão; e mesmo com todas as alegorias religiosas e mitológicas que estão escondidas no roteiro de Zhao, você não vai encontrar uma história que vai além do que já estamos acostumados.

Dito isso, vale o play pelo entretenimento e pela expectativa de mordermos a língua quando o quebra-cabeça estiver completo "Deus lá sabe quando"!

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Exército de Ladrões

"Exército de Ladrões" é entretenimento puro, divertido e muito bem realizado! Dito isso, é preciso apontar, na minha concepção, seu único ponto fraco - a necessidade absurda do roteiro em ter que conectar o filme ao seu "produto principal", "Army of the Dead: Invasão em Las Vegas". Aliás, para quem não se lembra, "Exército de Ladrões" funciona como uma espécie de prequel do filme dirigido pelo Zack Snyder para a Netflix - sem ao menos precisar que ele existisse, mas com o intuito estratégico de expandir um universo e criar uma franquia promissora.

O filme, que se passa algum tempo antes de "Army of the Dead", acompanha Sebastian Schlencht-Wöhnert (Matthias Schweighöfer, antes de se tornar Ludwig Dieter), um pacato caixa de banco que trabalha na cidade de Munique. Sebastian acaba sendo atraído para a aventura de sua vida após uma jovem misteriosa, a experiente ladra Gwendoline (Nathalie Emmanuel), o recrutar para ser parte de uma equipe formada por alguns dos criminosos mais procurados da Interpol, com o claro objetivo de roubar uma sequência de cofres lendários por toda Europa - esses desenhados de forma ornamentada por um dos maiores artesãos do história e praticamente impossíveis de arrobar. Confira o trailer:

"Exército de Ladrões: Invasão da Europa" também funciona como uma história de origem do carismático personagem Ludwig Dieter. Por si só, essa conexão já seria suficiente para criar um laço emocional com tudo que viria a seguir, porém a forma escolhida pelo roteirista Shay Hatten mais atrapalha do que ajuda - o fato é que não precisava de tantas citações sobre uma pandemia zumbi nos EUA. Por outro lado, Matthias Schweingöfer (que aqui também assume a direção) foi muito inteligente em se afastar do estilo de Snyder e assim criar uma identidade para o prequel que impõe um certo ar de independência - ao lado do diretor de fotografia alemão Bernhard Jasper, eles optaram por uma linguagem mais clean, com um mood sofisticado, apoiado nos tons mais frios da Europa e do aço dos cofres que os protagonistas pretendem roubar.

Embora construído em uma base completamente fantasiosa, "Exército de Ladrões" trabalha seu conceito estético (e narrativo) para se aproximar muito mais de "La Casa de Papel",  "Onze Homens e um Segredo" e "Um Truque de Mestre" do que propriamente de "Army of the Dead". Essa escolha cria uma atmosfera perfeita para nos conectarmos com os personagens e torcermos por eles - na trama a expectativa de superar algo que parecia impossível é muito mais importante do que as cenas de ação em si. Claro que existe ação, mas a diversão parte da relação entre os personagens. Schweingöfer mostra uma genuína paixão pelo seu Ludwig Dieter, fortalecendo ainda mais os alívios cômicos com os quais ele já havia trabalhado no filme anterior e transformando definitivamente o personagem em um protagonista carismático e cheio de potencial para mais produtos.

"Exército de Ladrões: Invasão da Europa" explora a gênese de Dieter a partir de uma história que vai se completando com parte do material que já conhecíamos - e isso funciona muito bem. Existe um tom mais intimista ao propor o primeiro amor ao herói improvável e uma direção para a construção de um mito capaz de arrombar qualquer tipo de cofre? Sim - e isso funciona também.  Eu diria que dadas as devidas diferenças, muitos elementos que nos conquistaram em "Lupin", retorna por aqui - com a mesma proposta de suspensão da realidade, mas igualmente gostoso de assistir!

Vela o play!

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"Exército de Ladrões" é entretenimento puro, divertido e muito bem realizado! Dito isso, é preciso apontar, na minha concepção, seu único ponto fraco - a necessidade absurda do roteiro em ter que conectar o filme ao seu "produto principal", "Army of the Dead: Invasão em Las Vegas". Aliás, para quem não se lembra, "Exército de Ladrões" funciona como uma espécie de prequel do filme dirigido pelo Zack Snyder para a Netflix - sem ao menos precisar que ele existisse, mas com o intuito estratégico de expandir um universo e criar uma franquia promissora.

O filme, que se passa algum tempo antes de "Army of the Dead", acompanha Sebastian Schlencht-Wöhnert (Matthias Schweighöfer, antes de se tornar Ludwig Dieter), um pacato caixa de banco que trabalha na cidade de Munique. Sebastian acaba sendo atraído para a aventura de sua vida após uma jovem misteriosa, a experiente ladra Gwendoline (Nathalie Emmanuel), o recrutar para ser parte de uma equipe formada por alguns dos criminosos mais procurados da Interpol, com o claro objetivo de roubar uma sequência de cofres lendários por toda Europa - esses desenhados de forma ornamentada por um dos maiores artesãos do história e praticamente impossíveis de arrobar. Confira o trailer:

"Exército de Ladrões: Invasão da Europa" também funciona como uma história de origem do carismático personagem Ludwig Dieter. Por si só, essa conexão já seria suficiente para criar um laço emocional com tudo que viria a seguir, porém a forma escolhida pelo roteirista Shay Hatten mais atrapalha do que ajuda - o fato é que não precisava de tantas citações sobre uma pandemia zumbi nos EUA. Por outro lado, Matthias Schweingöfer (que aqui também assume a direção) foi muito inteligente em se afastar do estilo de Snyder e assim criar uma identidade para o prequel que impõe um certo ar de independência - ao lado do diretor de fotografia alemão Bernhard Jasper, eles optaram por uma linguagem mais clean, com um mood sofisticado, apoiado nos tons mais frios da Europa e do aço dos cofres que os protagonistas pretendem roubar.

Embora construído em uma base completamente fantasiosa, "Exército de Ladrões" trabalha seu conceito estético (e narrativo) para se aproximar muito mais de "La Casa de Papel",  "Onze Homens e um Segredo" e "Um Truque de Mestre" do que propriamente de "Army of the Dead". Essa escolha cria uma atmosfera perfeita para nos conectarmos com os personagens e torcermos por eles - na trama a expectativa de superar algo que parecia impossível é muito mais importante do que as cenas de ação em si. Claro que existe ação, mas a diversão parte da relação entre os personagens. Schweingöfer mostra uma genuína paixão pelo seu Ludwig Dieter, fortalecendo ainda mais os alívios cômicos com os quais ele já havia trabalhado no filme anterior e transformando definitivamente o personagem em um protagonista carismático e cheio de potencial para mais produtos.

"Exército de Ladrões: Invasão da Europa" explora a gênese de Dieter a partir de uma história que vai se completando com parte do material que já conhecíamos - e isso funciona muito bem. Existe um tom mais intimista ao propor o primeiro amor ao herói improvável e uma direção para a construção de um mito capaz de arrombar qualquer tipo de cofre? Sim - e isso funciona também.  Eu diria que dadas as devidas diferenças, muitos elementos que nos conquistaram em "Lupin", retorna por aqui - com a mesma proposta de suspensão da realidade, mas igualmente gostoso de assistir!

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Falcão e o Soldado Invernal

Diferente de "WandaVision", "Falcão e o Soldado Invernal" não me pareceu uma série essencial para a nova fase que a Marvel está construindo, agora com o suporte do serviço de streaming da Disney; mas é! Claro que não falo isso como critica, ou diminuindo a qualidade da série, muito pelo contrário, achei a série divertida, bem produzida e, embora com algumas subtramas frágeis como a de Sharon Carter (Emily VanCamp), me satisfez como audiência que acompanha filmes de heróis.

E é isso: se você gosta de filmes de heróis, a série vai te agradar!

Sam Wilson (Anthony Mackie) desde os acontecimentos de "Ultimato" recebe o legado de ser o dono do escudo do Capitão América, pois Steve o escolhe ao invés de Bucky (Sebastian Stan). Entretanto, o Falcão abdica do símbolo, mas o governo dos Estados Unidos não vai ficar sem um Sentinela da Liberdade, sem uma peça de marketing tão potente em um momento onde o mundo está se reconstruindo. Enquanto isso, um grupo denominado Apátridas se forma para derrubar as fronteiras das nações, buscando unir o mundo e criar um só território, com igualdade e paz. 

Se em "WandaVision" tivemos uma trama que se apropriava com muita criatividade de um relato profundo de uma mulher em luto e perturbada pela solidão, em "Falcão e o Soldado Invernal" a questão é muito mais politica e filosófica, trazendo uma grande discussão sobre fronteiras, legados e símbolos. A partir dessa observação fica claro para quem acompanha o MCU que a série quer expandir alguns pontos pessoais dos personagens. Na série, enquanto o "Falcão" tenta se convencer que pode ser o novo Capitão América, o "Soldado Invernal" busca reparar o mal que causou em seus dias como assassino da HIDRA. 

O surgimento de um novo Capitão América na figura de John Walker (Wyatt Russell), os atentados dos Apátridas, e até o retorno de Batroc (Georges St-Pierre) contribuem de alguma forma para que a série discuta sobre conceitos de justiça que vão além do maniqueísmo simplista de “bem e mal”, além, obviamente, de proporcionar ótimas cenas de ação e de se estabelecer como um excelente entretenimento - as sequências com os heróis atuando são espetaculares. Acontece que o conceito inicial de expandir histórias, fica um pouco raso devido a quantidade de pontas que o roteiro abre e que rapidamente precisa fechar, nos dando a impressão de não nos levar a lugar algum. 

E é apenas uma impressão, já que no final da temporada é possível imaginar como a Marvel vai se aproveitar de toda essa jornada. Novos personagens são inseridos e outros foram bem recuperados, porém é preciso ser dito: faltou roteiro para segurar 6 horas de série - os episódios vacilaram muito. Olhando em retrospectiva isso não é um problema já que o Kevin Feige é mestre em usar uma passagem aparentemente sem importância para criar o link necessário para algo que realmente vai mover a história, eu só acho que, depois de "WandaVision", algo espetacular estava sendo construído e que "Falcão e o Soldado Invernal" nos entregaria mais que o Blip de Thanos nos entregou em "Vingadores: Ultimato".

"Falcão e o Soldado Invernal" vale a pena, é muito visual mas não tem uma história inesquecível... pelo menos até sabermos que sua continuidade não se dará na segunda temporada e sim em uma obra série ("Armor Wars") ou em um filme que será produzido em breve (Capitão América 4)!

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Diferente de "WandaVision", "Falcão e o Soldado Invernal" não me pareceu uma série essencial para a nova fase que a Marvel está construindo, agora com o suporte do serviço de streaming da Disney; mas é! Claro que não falo isso como critica, ou diminuindo a qualidade da série, muito pelo contrário, achei a série divertida, bem produzida e, embora com algumas subtramas frágeis como a de Sharon Carter (Emily VanCamp), me satisfez como audiência que acompanha filmes de heróis.

E é isso: se você gosta de filmes de heróis, a série vai te agradar!

Sam Wilson (Anthony Mackie) desde os acontecimentos de "Ultimato" recebe o legado de ser o dono do escudo do Capitão América, pois Steve o escolhe ao invés de Bucky (Sebastian Stan). Entretanto, o Falcão abdica do símbolo, mas o governo dos Estados Unidos não vai ficar sem um Sentinela da Liberdade, sem uma peça de marketing tão potente em um momento onde o mundo está se reconstruindo. Enquanto isso, um grupo denominado Apátridas se forma para derrubar as fronteiras das nações, buscando unir o mundo e criar um só território, com igualdade e paz. 

Se em "WandaVision" tivemos uma trama que se apropriava com muita criatividade de um relato profundo de uma mulher em luto e perturbada pela solidão, em "Falcão e o Soldado Invernal" a questão é muito mais politica e filosófica, trazendo uma grande discussão sobre fronteiras, legados e símbolos. A partir dessa observação fica claro para quem acompanha o MCU que a série quer expandir alguns pontos pessoais dos personagens. Na série, enquanto o "Falcão" tenta se convencer que pode ser o novo Capitão América, o "Soldado Invernal" busca reparar o mal que causou em seus dias como assassino da HIDRA. 

O surgimento de um novo Capitão América na figura de John Walker (Wyatt Russell), os atentados dos Apátridas, e até o retorno de Batroc (Georges St-Pierre) contribuem de alguma forma para que a série discuta sobre conceitos de justiça que vão além do maniqueísmo simplista de “bem e mal”, além, obviamente, de proporcionar ótimas cenas de ação e de se estabelecer como um excelente entretenimento - as sequências com os heróis atuando são espetaculares. Acontece que o conceito inicial de expandir histórias, fica um pouco raso devido a quantidade de pontas que o roteiro abre e que rapidamente precisa fechar, nos dando a impressão de não nos levar a lugar algum. 

E é apenas uma impressão, já que no final da temporada é possível imaginar como a Marvel vai se aproveitar de toda essa jornada. Novos personagens são inseridos e outros foram bem recuperados, porém é preciso ser dito: faltou roteiro para segurar 6 horas de série - os episódios vacilaram muito. Olhando em retrospectiva isso não é um problema já que o Kevin Feige é mestre em usar uma passagem aparentemente sem importância para criar o link necessário para algo que realmente vai mover a história, eu só acho que, depois de "WandaVision", algo espetacular estava sendo construído e que "Falcão e o Soldado Invernal" nos entregaria mais que o Blip de Thanos nos entregou em "Vingadores: Ultimato".

"Falcão e o Soldado Invernal" vale a pena, é muito visual mas não tem uma história inesquecível... pelo menos até sabermos que sua continuidade não se dará na segunda temporada e sim em uma obra série ("Armor Wars") ou em um filme que será produzido em breve (Capitão América 4)!

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Fique Rico ou Morra Tentando

"Fique Rico ou Morra Tentando" é uma jornada tão impressionante que por muitas vezes você vai se perguntar se tudo aquilo de fato aconteceu - e a resposta é: "não, nem tudo que está no filme faz parte da história real do rapper 50 Cent"! Dito isso é possível estabelecer que o filme funciona muito mais como thriller de ação do que como um drama biográfico - o que certamente vai dividir opiniões, porém é fato que após o play, seu entretenimento estará garantido, principalmente se você gostar de séries como "Power", por exemplo.

Marcus (50 Cent) é um jovem da periferia que sofreu uma atentado que por pouco não lhe tirou a vida. Em meio à sua recuperação, ele se lembra de uma vida difícil como órfão nas ruas violentas do Bronx. Sua vida muda após conhecer um ex-condenado, que luta para transforma-lo em uma estrela do rap. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo Jim Sheridan (indicado ao Oscar por 6 vezes e que tem em seu currículo clássicos como "Em Nome do Pai" e "Meu Pé Esquerdo"), "Fique Rico ou Morra Tentando" é um excelente exemplo de como uma história bem contada (mesmo com um roteiro mediano) é capaz de criar inúmeras sensações que vão da tensão absurda até o alívio de um momento de emoção -  e aqui sugiro que você repare na ótima performance de Viola Davis como a vó de Marcus para entender como isso acontece na prática.

Como era de se esperar (e mesmo fora da sua zona de conforto), Sheridan comandou uma produção de altíssima qualidade, que tem no seu elenco o maior trunfo. Veja, se Curtis “50 Cent” Jackson não pode ser considerado um grande ator, é de se elogiar a capacidade que o diretor teve em potencializar a naturalidade do rapper criando uma química impressionante com atores veteranos como Adewale Akinnuoye-Agbaje (o Mr. Eko de "Lost") e Terrence Howard (de "Ray"). Se em "Nasce uma Estrela" a jornada (para a fama) do herói (músico) se pautava pelo romance e por uma relação problemática entre um casal improvável, aqui o foco é inversamente proporcional: não existe romantismo, tudo é obscuro, denso - como deve ser o submundo das drogas e da violência nua e crua. Aliás essa atmosfera é brilhantemente retratada por uma fotografia que coloca NY quase como um personagem, graças ao talento de Declan Quinn (o cara por trás de "Hamilton").

"Fique Rico ou Morra Tentando" pode não agradar a todos, mas é inegável sua qualidade como produção cinematográfica. Saíba que a dinâmica narrativa é extremamente eficiente, fazendo com que a história, mesmo carregada de violência e cenas impactantes, flua muito bem e que, embora superficialmente, nos permite embarcar em um universo sombrio, diferente do que vemos em um artista de sucesso como “50 Cent” quando está no palco - algo que também encontramos na minissérie "Mike".

Em tempo: mesmo com uma recepção favorável, chegando a 73% de aprovação da audiência, "Fique Rico ou Morra Tentando" rendeu apenas $46.442.528 dólares em bilheteria, pouco para um filme que havia custado $40.000.000 dólares na época.

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"Fique Rico ou Morra Tentando" é uma jornada tão impressionante que por muitas vezes você vai se perguntar se tudo aquilo de fato aconteceu - e a resposta é: "não, nem tudo que está no filme faz parte da história real do rapper 50 Cent"! Dito isso é possível estabelecer que o filme funciona muito mais como thriller de ação do que como um drama biográfico - o que certamente vai dividir opiniões, porém é fato que após o play, seu entretenimento estará garantido, principalmente se você gostar de séries como "Power", por exemplo.

Marcus (50 Cent) é um jovem da periferia que sofreu uma atentado que por pouco não lhe tirou a vida. Em meio à sua recuperação, ele se lembra de uma vida difícil como órfão nas ruas violentas do Bronx. Sua vida muda após conhecer um ex-condenado, que luta para transforma-lo em uma estrela do rap. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo Jim Sheridan (indicado ao Oscar por 6 vezes e que tem em seu currículo clássicos como "Em Nome do Pai" e "Meu Pé Esquerdo"), "Fique Rico ou Morra Tentando" é um excelente exemplo de como uma história bem contada (mesmo com um roteiro mediano) é capaz de criar inúmeras sensações que vão da tensão absurda até o alívio de um momento de emoção -  e aqui sugiro que você repare na ótima performance de Viola Davis como a vó de Marcus para entender como isso acontece na prática.

Como era de se esperar (e mesmo fora da sua zona de conforto), Sheridan comandou uma produção de altíssima qualidade, que tem no seu elenco o maior trunfo. Veja, se Curtis “50 Cent” Jackson não pode ser considerado um grande ator, é de se elogiar a capacidade que o diretor teve em potencializar a naturalidade do rapper criando uma química impressionante com atores veteranos como Adewale Akinnuoye-Agbaje (o Mr. Eko de "Lost") e Terrence Howard (de "Ray"). Se em "Nasce uma Estrela" a jornada (para a fama) do herói (músico) se pautava pelo romance e por uma relação problemática entre um casal improvável, aqui o foco é inversamente proporcional: não existe romantismo, tudo é obscuro, denso - como deve ser o submundo das drogas e da violência nua e crua. Aliás essa atmosfera é brilhantemente retratada por uma fotografia que coloca NY quase como um personagem, graças ao talento de Declan Quinn (o cara por trás de "Hamilton").

"Fique Rico ou Morra Tentando" pode não agradar a todos, mas é inegável sua qualidade como produção cinematográfica. Saíba que a dinâmica narrativa é extremamente eficiente, fazendo com que a história, mesmo carregada de violência e cenas impactantes, flua muito bem e que, embora superficialmente, nos permite embarcar em um universo sombrio, diferente do que vemos em um artista de sucesso como “50 Cent” quando está no palco - algo que também encontramos na minissérie "Mike".

Em tempo: mesmo com uma recepção favorável, chegando a 73% de aprovação da audiência, "Fique Rico ou Morra Tentando" rendeu apenas $46.442.528 dólares em bilheteria, pouco para um filme que havia custado $40.000.000 dólares na época.

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Flash

Por mais que meu comentário possa parecer redundante, é preciso pontuar alguns detalhes antes de entrarmos em uma análise mais profunda: "Flash" é um filme de herói e como tal, eu diria que é um ótimo entretenimento para quem gosta do gênero - embora tenha alguns gaps de roteiro que provavelmente se devem as incontáveis montagens e alterações que o filme sofreu para se adequar ao novo DCU. Ao olhar para o filme como uma obra individual, tenha certeza que sua diversão está garantida (mesmo que para o meu gosto, ainda falte uma identidade estética para a DC desde que Zack Snyder deixou a direção artística do Estúdio). A síndrome de vira-lata da DC em querer transformar seus projetos em um conjunto de "piadinhas" como da Marvel, chega a irritar mesmo tendo momentos engraçados - mas isso a gente deixa para os fãs discutirem. O fato é que essa adaptação livremente baseada na HQ do personagem, "Ponto de Ignição", tem mais méritos do que problemas e se o James Gunn e o Peter Safran forem inteligentes (e acho que são), o pontapé inicial que eles precisavam para a nova fase, sem jogar fora tudo que já foi produzido até aqui, está no filme!

Depois dos eventos de "Liga da Justiça", Barry Allen decide viajar no tempo para evitar o assassinato de sua mãe, pelo qual seu pai foi injustamente condenado. O que ele não imaginava é que essa escolha teria consequências catastróficas para todo universo. Ao voltar no tempo, Allen se vê em uma espécie de efeito borboleta que vai muito além do seu drama pessoal, com isso ele precisa voltar ao seu plano original para tentar reestabelecer a ordem natural das coisas. Confira o trailer:

O criativo Andy Muschietti (que alcançou fama mundial após comandar os dois capítulos do terror "IT") faz um trabalho primoroso ao trazer elementos visuais vibrantes e muito bem estilizados de um personagem secundário da DC que veio ganhando cada vez mais a atenção do grande público. É perceptível que Muschietti ainda titubeia entre as cenas de ação e a narrativa mais dramática do roteiro, no entanto é preciso elogiar sua capacidade de criar uma dinâmica eletrizante para contar essa história. Os efeitos visuais oscilam entre a alta qualidade que dá vida à velocidade impressionante do Flash e as composições "Chapolin Colorado" de alguns eventos do filme como, por exemplo, a cena dos bebês em perigo do prólogo - os bebês eram tão falsos que nem angustiados ficamos. É importante ressaltar aqui, como a fotografia do inglês Henry Braham (parceiro de Gunn em "O Esquadrão Suicida") é importante: ele  brinca com o conceito de tempo e espaço, utilizando técnicas de câmera lenta e panorâmicas rápidas para transmitir a sensação de movimento supersônico com maestria. Golaço do filme!

Jogando um pouco na contramão do "épico de herói" com muita inteligência, "Flash" sabe aproveitar o drama emocionalmente marcante - algo como vimos no "Batman" do Nolan (não na forma, mas no conceito). O filme sabe muito bem mergulhar fundo nas consequências das escolhas do personagem fortalecendo o dilema central de sacrificar sua felicidade pessoal em prol de um mundo melhor - o relacionamento entre Barry e sua mãe Iris West (Kiersey Clemons), simboliza exatamente esse paradoxo! A relação entre eles na linha do tempo alternativa, adiciona uma dimensão de afeto e saudade que resolve o problema da falta de desenvolvimento que precede o drama de seu pai (Ron Livingston) e que potencializa os eventos do terceiro ato conectando toda a jornada do protagonista com um tom mais clássico.

Se o clímax de "Flash" está justamente na colisão dos mundos ao assumir que a sequência é um retalho de referências e homenagens que vão de Christopher Reeve até Nicolas Cage, passando por Jack Nicholson e até Adam West, fica fácil argumentar que estamos diante de um final de ciclo e de um inicio promissor de outro (essencialmente se o novo Batman for o George Clooney - se não for, Gunn pode ter perdido uma oportunidade marcante de apresentar o novo personagem e você vai entender ao assistir o filme). A verdade é que "Flash", surpreendentemente, cumpre muito bem o seu papel e não apenas como uma peça de quebra-cabeça, mas sim como um novo olhar para uma jornada que explora as consequências das escolhas e o peso do sacrifício pessoal perante o todo, mesmo que repleto de ação, alguma emoção e até funcionando como gatilho para um futuro que nos gera boas expectativas - então que venha "Superman: Legacy"!

Assista Agora

Por mais que meu comentário possa parecer redundante, é preciso pontuar alguns detalhes antes de entrarmos em uma análise mais profunda: "Flash" é um filme de herói e como tal, eu diria que é um ótimo entretenimento para quem gosta do gênero - embora tenha alguns gaps de roteiro que provavelmente se devem as incontáveis montagens e alterações que o filme sofreu para se adequar ao novo DCU. Ao olhar para o filme como uma obra individual, tenha certeza que sua diversão está garantida (mesmo que para o meu gosto, ainda falte uma identidade estética para a DC desde que Zack Snyder deixou a direção artística do Estúdio). A síndrome de vira-lata da DC em querer transformar seus projetos em um conjunto de "piadinhas" como da Marvel, chega a irritar mesmo tendo momentos engraçados - mas isso a gente deixa para os fãs discutirem. O fato é que essa adaptação livremente baseada na HQ do personagem, "Ponto de Ignição", tem mais méritos do que problemas e se o James Gunn e o Peter Safran forem inteligentes (e acho que são), o pontapé inicial que eles precisavam para a nova fase, sem jogar fora tudo que já foi produzido até aqui, está no filme!

Depois dos eventos de "Liga da Justiça", Barry Allen decide viajar no tempo para evitar o assassinato de sua mãe, pelo qual seu pai foi injustamente condenado. O que ele não imaginava é que essa escolha teria consequências catastróficas para todo universo. Ao voltar no tempo, Allen se vê em uma espécie de efeito borboleta que vai muito além do seu drama pessoal, com isso ele precisa voltar ao seu plano original para tentar reestabelecer a ordem natural das coisas. Confira o trailer:

O criativo Andy Muschietti (que alcançou fama mundial após comandar os dois capítulos do terror "IT") faz um trabalho primoroso ao trazer elementos visuais vibrantes e muito bem estilizados de um personagem secundário da DC que veio ganhando cada vez mais a atenção do grande público. É perceptível que Muschietti ainda titubeia entre as cenas de ação e a narrativa mais dramática do roteiro, no entanto é preciso elogiar sua capacidade de criar uma dinâmica eletrizante para contar essa história. Os efeitos visuais oscilam entre a alta qualidade que dá vida à velocidade impressionante do Flash e as composições "Chapolin Colorado" de alguns eventos do filme como, por exemplo, a cena dos bebês em perigo do prólogo - os bebês eram tão falsos que nem angustiados ficamos. É importante ressaltar aqui, como a fotografia do inglês Henry Braham (parceiro de Gunn em "O Esquadrão Suicida") é importante: ele  brinca com o conceito de tempo e espaço, utilizando técnicas de câmera lenta e panorâmicas rápidas para transmitir a sensação de movimento supersônico com maestria. Golaço do filme!

Jogando um pouco na contramão do "épico de herói" com muita inteligência, "Flash" sabe aproveitar o drama emocionalmente marcante - algo como vimos no "Batman" do Nolan (não na forma, mas no conceito). O filme sabe muito bem mergulhar fundo nas consequências das escolhas do personagem fortalecendo o dilema central de sacrificar sua felicidade pessoal em prol de um mundo melhor - o relacionamento entre Barry e sua mãe Iris West (Kiersey Clemons), simboliza exatamente esse paradoxo! A relação entre eles na linha do tempo alternativa, adiciona uma dimensão de afeto e saudade que resolve o problema da falta de desenvolvimento que precede o drama de seu pai (Ron Livingston) e que potencializa os eventos do terceiro ato conectando toda a jornada do protagonista com um tom mais clássico.

Se o clímax de "Flash" está justamente na colisão dos mundos ao assumir que a sequência é um retalho de referências e homenagens que vão de Christopher Reeve até Nicolas Cage, passando por Jack Nicholson e até Adam West, fica fácil argumentar que estamos diante de um final de ciclo e de um inicio promissor de outro (essencialmente se o novo Batman for o George Clooney - se não for, Gunn pode ter perdido uma oportunidade marcante de apresentar o novo personagem e você vai entender ao assistir o filme). A verdade é que "Flash", surpreendentemente, cumpre muito bem o seu papel e não apenas como uma peça de quebra-cabeça, mas sim como um novo olhar para uma jornada que explora as consequências das escolhas e o peso do sacrifício pessoal perante o todo, mesmo que repleto de ação, alguma emoção e até funcionando como gatilho para um futuro que nos gera boas expectativas - então que venha "Superman: Legacy"!

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Free Guy

“Free Guy"  que no Brasil ganhou o subtítulo de "Assumindo o Controle” é uma mistura de vários filmes que deram certo como, por exemplo, “Jogador Nº 1” e “O Show de Truman”, mas as semelhanças vão além!

Na trama, Guy (Ryan Reynalds) é um personagem "não-jogável" (NPC) em Free City, um jogo de RPG online. Sem saber que o mundo em que vive é um videogame, ele trabalha como caixa de banco em uma entediante rotina, que se repete diversas vezes (como no clássico “O Feitiço do Tempo”). No jogo, Millie (Jodie Comer), conhecida como Molotov Girl, chama a atenção de Guy cantando sua música favorita da Mariah Carey, é aí que ele começa a se desviar de sua programação. Mas é quando Guy pega um óculos de um jogador, que ele passa a ver Free City através de uma versão única da interface e, surpreendentemente, acaba virando um jogador. Agora ele precisa aceitar sua realidade e lidar com o fato de que é o único personagem-jogável que pode salvar o mundo. Confira o trailer:

Os clichês frequentes acabam tirando o brilho de um filme que poderia ser tão mais criativo e original quanto “Jogador Nº 1” - ainda mais tendo como um dos roteiristas Zak Penn que também colaborou para o filme de Steven Spielberg. Mas em um longa visualmente atrativo e com os carismáticos Ryan Reynalds e Jodie Comer no elenco, chegar até o final e sentir aquele gostinho de que a aventura tinha muito potencial e foi desperdiçada por excessivos clichês acaba sendo um pouco frustrante.

Ainda assim, os efeitos especiais e visuais são mágicos e criam uma dimensão bastante imersiva. É evidente que a aventura descompromissada funciona e entrega momentos divertidíssimos que incluem ótimas sequências de ação e referências da cultura pop. Uma trilha sonora bem gostosinha (daquelas que procuramos a playlist para ouvir) também é um dos bons ingredientes do filme. A canção “Fantasy” da Mariah Carey gruda como chiclete.

“Free Guy” diverte e garante boas risadas, mas não é nenhuma aventura que você já não tenha visto antes, mas se você gosta do estilo "Ryan Reynalds" de filmes, vale o seu play!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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“Free Guy"  que no Brasil ganhou o subtítulo de "Assumindo o Controle” é uma mistura de vários filmes que deram certo como, por exemplo, “Jogador Nº 1” e “O Show de Truman”, mas as semelhanças vão além!

Na trama, Guy (Ryan Reynalds) é um personagem "não-jogável" (NPC) em Free City, um jogo de RPG online. Sem saber que o mundo em que vive é um videogame, ele trabalha como caixa de banco em uma entediante rotina, que se repete diversas vezes (como no clássico “O Feitiço do Tempo”). No jogo, Millie (Jodie Comer), conhecida como Molotov Girl, chama a atenção de Guy cantando sua música favorita da Mariah Carey, é aí que ele começa a se desviar de sua programação. Mas é quando Guy pega um óculos de um jogador, que ele passa a ver Free City através de uma versão única da interface e, surpreendentemente, acaba virando um jogador. Agora ele precisa aceitar sua realidade e lidar com o fato de que é o único personagem-jogável que pode salvar o mundo. Confira o trailer:

Os clichês frequentes acabam tirando o brilho de um filme que poderia ser tão mais criativo e original quanto “Jogador Nº 1” - ainda mais tendo como um dos roteiristas Zak Penn que também colaborou para o filme de Steven Spielberg. Mas em um longa visualmente atrativo e com os carismáticos Ryan Reynalds e Jodie Comer no elenco, chegar até o final e sentir aquele gostinho de que a aventura tinha muito potencial e foi desperdiçada por excessivos clichês acaba sendo um pouco frustrante.

Ainda assim, os efeitos especiais e visuais são mágicos e criam uma dimensão bastante imersiva. É evidente que a aventura descompromissada funciona e entrega momentos divertidíssimos que incluem ótimas sequências de ação e referências da cultura pop. Uma trilha sonora bem gostosinha (daquelas que procuramos a playlist para ouvir) também é um dos bons ingredientes do filme. A canção “Fantasy” da Mariah Carey gruda como chiclete.

“Free Guy” diverte e garante boas risadas, mas não é nenhuma aventura que você já não tenha visto antes, mas se você gosta do estilo "Ryan Reynalds" de filmes, vale o seu play!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Ghostbusters - Mais Além

O que mais chama atenção em "Ghostbusters - Mais Além", sem a menor dúvida, é o elemento nostálgico - principalmente se você estiver na casa dos 45 anos e lembrar do que representou o filme original para a cultura pop da época. Já para os mais novos, a comparação com "Stranger Things" será natural e isso, de fato, pode prejudicar sua percepção sobre a proposta do filme. Claro que existem similaridades, mas o tom é completamente outro e basta assistir ao "Ghostbusters" de 1984 para entender que a estrutura narrativa do novo filme é muito semelhante, menos densa que a série da Netflix, mas também muito divertida - alinhar as expectativas é a principal premissa para que sua experiência seja divertida aqui!

Depois de se mudar com seus filhos, Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (Mckenna Grace), para uma pequena cidade, Callie (Carrie Coon) acaba descobrindo sobre os escombros de seu passado uma conexão inesperada com os Caça-Fantasmas por meio da herança deixada para trás por seu pai. Confira o trailer:

Mesmo não sendo uma continuação direta (simplesmente ignorando os filmes de 1989 e o reboot de 2016), eu sugiro que antes do play, você assista o "Ghostbusters" original, pois, muito mais do que uma revitalização da franquia (que nunca decolou, convenhamos),  "Ghostbusters - Afterlife" (no original) é uma grande homenagem, cheio de elementos emocionais e referências narrativas que impactam diretamente na nossa jornada como audiência - e aqui cabe um comentário que pode gerar certa polêmica: eu não tenho certeza se esse filme funciona tão bem isoladamente, quanto dentro de um contexto histórico e , principalmente, afetivo.

Mas "afetivo"? Sim e cito dois pontos cruciais que justificam essa tese. O primeiro é o fato de Jason Reitman (do imperdível "Tully") ser filho do diretor Ivan Reitman, responsável pelos dois primeiros filmes - é incrível como Jason moderniza seu conceito cinematográfico, construindo belíssimas cenas com a ajuda do fotógrafo Eric Steelberg (também de "Tully"), entregando um filme visualmente impecável, sem perder aquele estilo narrativo que fez muito sucesso nos anos 80 com os clássicos "Goonies", "Gremlins" e até "E.T.". A sensação de estarmos assistindo um filme "datado", que exige uma boa dose de suspensão da realidade (mesmo sendo fantasia), nos acompanha durante toda a história - e é proposital, então se acostume. Já o segundo fato diz respeito ao subtítulo em inglês (claro). "Afterlife" nos remete a algo como "o que acontece depois que morremos" - é quando a arte imita a vida,  já que Harold Ramis (o Caça Fantasma original Egan Spangler) nos deixou em 2014. E é a partir da sua "morte" em "Ghostbusters - Mais Além" que essa jornada começa (eu diria, inclusive, que as cenas finais são emocionantes justamente por essa conexão entre presente e passado, entre ficção e realidade)!

"Ghostbusters - Mais Além" está recheado de easter-eggs que passam pelos diálogos (muitos deles com um certo tom de humor - como quando o xerife pergunta para quem Phoebe gostaria de ligar?), pelos cenários, até chegar nos objetos de cena onde encontramos com as mochilas de prótons, com várias Ghost Trap e, claro, com o inesquecível Ectomóvel, o Ecto-1 - sem falar nas participações mais que especiais de vários personagens do filme original! Dito isso, é impossível não se conectar emocionalmente com a história, mesmo não sendo um primor de roteiro; por outro lado é de se elogiar que o elenco formado por Finn Wolfhard, McKenna Grace, Celeste O 'Connor e o estreante (e impagável) Logan Kim, tenha deixado muito claro sua capacidade de perpetuar uma franquia que precisava se revitalizar e que agora sabe exatamente qual o melhor caminho à seguir.

Vale a pena pelo entretenimento e pela nostalgia!

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O que mais chama atenção em "Ghostbusters - Mais Além", sem a menor dúvida, é o elemento nostálgico - principalmente se você estiver na casa dos 45 anos e lembrar do que representou o filme original para a cultura pop da época. Já para os mais novos, a comparação com "Stranger Things" será natural e isso, de fato, pode prejudicar sua percepção sobre a proposta do filme. Claro que existem similaridades, mas o tom é completamente outro e basta assistir ao "Ghostbusters" de 1984 para entender que a estrutura narrativa do novo filme é muito semelhante, menos densa que a série da Netflix, mas também muito divertida - alinhar as expectativas é a principal premissa para que sua experiência seja divertida aqui!

Depois de se mudar com seus filhos, Trevor (Finn Wolfhard) e Phoebe (Mckenna Grace), para uma pequena cidade, Callie (Carrie Coon) acaba descobrindo sobre os escombros de seu passado uma conexão inesperada com os Caça-Fantasmas por meio da herança deixada para trás por seu pai. Confira o trailer:

Mesmo não sendo uma continuação direta (simplesmente ignorando os filmes de 1989 e o reboot de 2016), eu sugiro que antes do play, você assista o "Ghostbusters" original, pois, muito mais do que uma revitalização da franquia (que nunca decolou, convenhamos),  "Ghostbusters - Afterlife" (no original) é uma grande homenagem, cheio de elementos emocionais e referências narrativas que impactam diretamente na nossa jornada como audiência - e aqui cabe um comentário que pode gerar certa polêmica: eu não tenho certeza se esse filme funciona tão bem isoladamente, quanto dentro de um contexto histórico e , principalmente, afetivo.

Mas "afetivo"? Sim e cito dois pontos cruciais que justificam essa tese. O primeiro é o fato de Jason Reitman (do imperdível "Tully") ser filho do diretor Ivan Reitman, responsável pelos dois primeiros filmes - é incrível como Jason moderniza seu conceito cinematográfico, construindo belíssimas cenas com a ajuda do fotógrafo Eric Steelberg (também de "Tully"), entregando um filme visualmente impecável, sem perder aquele estilo narrativo que fez muito sucesso nos anos 80 com os clássicos "Goonies", "Gremlins" e até "E.T.". A sensação de estarmos assistindo um filme "datado", que exige uma boa dose de suspensão da realidade (mesmo sendo fantasia), nos acompanha durante toda a história - e é proposital, então se acostume. Já o segundo fato diz respeito ao subtítulo em inglês (claro). "Afterlife" nos remete a algo como "o que acontece depois que morremos" - é quando a arte imita a vida,  já que Harold Ramis (o Caça Fantasma original Egan Spangler) nos deixou em 2014. E é a partir da sua "morte" em "Ghostbusters - Mais Além" que essa jornada começa (eu diria, inclusive, que as cenas finais são emocionantes justamente por essa conexão entre presente e passado, entre ficção e realidade)!

"Ghostbusters - Mais Além" está recheado de easter-eggs que passam pelos diálogos (muitos deles com um certo tom de humor - como quando o xerife pergunta para quem Phoebe gostaria de ligar?), pelos cenários, até chegar nos objetos de cena onde encontramos com as mochilas de prótons, com várias Ghost Trap e, claro, com o inesquecível Ectomóvel, o Ecto-1 - sem falar nas participações mais que especiais de vários personagens do filme original! Dito isso, é impossível não se conectar emocionalmente com a história, mesmo não sendo um primor de roteiro; por outro lado é de se elogiar que o elenco formado por Finn Wolfhard, McKenna Grace, Celeste O 'Connor e o estreante (e impagável) Logan Kim, tenha deixado muito claro sua capacidade de perpetuar uma franquia que precisava se revitalizar e que agora sabe exatamente qual o melhor caminho à seguir.

Vale a pena pelo entretenimento e pela nostalgia!

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