Um épico de verdade, em um contexto que traz elementos históricos de "The Last Kingdom" e lendários de "Vikings", mas com aquele toque de traição, mentiras e assassinatos que nos fizeram se apaixonar por "Game of Thrones"! A verdade é que "Xógum: A Gloriosa Saga do Japão", série baseada na aclamada obra de James Clavell, publicada em 1975, e criada por Rachel Kondo e Justin Marks, é uma grandiosa e detalhada recriação de uma era histórica marcada por conflitos culturais, políticos e religiosos. A produção, uma das mais ambiciosas de 2024, apresenta um mergulho profundo na Era Tokugawa do Japão, retratando o impacto do encontro entre o Ocidente e o Oriente através da jornada do marinheiro John Blackthorne, ao mesmo tempo em que explora a intrincada dinâmica de poder, honra e sobrevivência que permeava o período. Assim como a saudosa "Marco Polo", Xógum combina intrigas políticas com um espetáculo visual impressionante, oferecendo tanto drama quanto muita ação em terras japonesas.
A narrativa segue John Blackthorne (Cosmo Jarvis) após seu naufrágio nas costas do Japão no início do século XVII. A partir daí, ele é imerso em uma cultura que é ao mesmo tempo fascinante e impenetrável para ele. Enquanto aprende o idioma, os costumes e as regras da sociedade local, Blackthorne se encontra no centro de um jogo político entre o poderoso senhor feudal Toranaga (Hiroyuki Sanada), sua serva Toda Mariko (Anna Sawai) e seus rivais do Conselho de Regentes. Confira o trailer:
A estreante Rachel Kondo e o premiado Justin Marks (de "Top Gun: Maverick") se juntam ao diretor Frederick E.O. Toye (de "See") para abordar a adaptação de "Xógum: A Gloriosa Saga do Japão" com uma reverência evidente pela obra original, ao mesmo tempo que atualizam elementos narrativos para ressoar com uma audiência contemporâneo sedenta por um novo (e viciante) épico histórico. A série amplia o papel e a profundidade de personagens femininas, oferecendo um retrato mais inclusivo e matizado das dinâmicas de gênero em uma sociedade rigidamente hierarquizada como do Japão. Essa proposta se soma a um roteiro que acerta ao equilibrar momentos de introspecção e diálogos primorosos com sequências de ação e tensão política de altíssima qualidade, criando um ritmo que nos mantém envolvidos ao longo dos 10 episódios da primeira temporada como poucas vezes.
Visualmente, "Xógum" é um triunfo - a direção de arte recria o Japão feudal com uma atenção meticulosa aos detalhes, desde os trajes elaborados até as paisagens deslumbrantes que capturam a beleza natural e arquitetônica da época. A fotografia conceitualizada e assinada pelo Sam McCurdy (de "Game of Thrones") utiliza enquadramentos amplos e dinâmicos para destacar a grandiosidade dos cenários, enquanto planos mais íntimos revelam a complexidade emocional dos personagens inseridos naquela trama tão volátil. A trilha sonora, com composições que misturam instrumentos tradicionais japoneses e orquestrações mais modernas, adiciona uma camada emocional e atmosférica à narrativa que olha, merece muitos aplausos. Já as performances são um dos pilares da série. Cosmo Jarvis equilibra vulnerabilidade e determinação, transmitindo tanto a admiração quanto o desconforto de seu personagem em um ambiente estrangeiro tão inóspito. Hiroyuki Sanada, por sua vez, entrega carisma e profundidade, retratando tanto um líder estrategista implacável quanto um guardião de forte código de honra. As atuações de Anna Sawai, de Tadanobu Asano (o Kashigi Yabushige) e de Takehiro Hira (oIshido Kazunari) também merecerem sua atenção - eles oferecem nuances emocionais e uma riqueza narrativa que elevam a história para outro patamar.
Como em "Game of Thrones", a complexidade das intrigas políticas e das interações culturais, de fato, desafiam aqueles menos familiarizados com o contexto histórico do Japão feudal, mas também é preciso que se diga que a série se torna mais fluida quando examina os laços de lealdade e as escolhas morais que moldam o destino dos personagens, se apropriando de um mundo cheio de códigos rígidos que definem o mocinho e bandido - mesmo que essa perspectiva vá mudando naturalmente ao longo dos conflitos. "Xógum: A Gloriosa Saga do Japão" faz jus à grandiosidade do material original, entregando uma experiência visual e narrativa que justificam os 18 (isso mesmo, 18) Emmys conquistados em 2024 - inclusive o de "Melhor Série de Drama do Ano"!
Vale demais o seu play!
Um épico de verdade, em um contexto que traz elementos históricos de "The Last Kingdom" e lendários de "Vikings", mas com aquele toque de traição, mentiras e assassinatos que nos fizeram se apaixonar por "Game of Thrones"! A verdade é que "Xógum: A Gloriosa Saga do Japão", série baseada na aclamada obra de James Clavell, publicada em 1975, e criada por Rachel Kondo e Justin Marks, é uma grandiosa e detalhada recriação de uma era histórica marcada por conflitos culturais, políticos e religiosos. A produção, uma das mais ambiciosas de 2024, apresenta um mergulho profundo na Era Tokugawa do Japão, retratando o impacto do encontro entre o Ocidente e o Oriente através da jornada do marinheiro John Blackthorne, ao mesmo tempo em que explora a intrincada dinâmica de poder, honra e sobrevivência que permeava o período. Assim como a saudosa "Marco Polo", Xógum combina intrigas políticas com um espetáculo visual impressionante, oferecendo tanto drama quanto muita ação em terras japonesas.
A narrativa segue John Blackthorne (Cosmo Jarvis) após seu naufrágio nas costas do Japão no início do século XVII. A partir daí, ele é imerso em uma cultura que é ao mesmo tempo fascinante e impenetrável para ele. Enquanto aprende o idioma, os costumes e as regras da sociedade local, Blackthorne se encontra no centro de um jogo político entre o poderoso senhor feudal Toranaga (Hiroyuki Sanada), sua serva Toda Mariko (Anna Sawai) e seus rivais do Conselho de Regentes. Confira o trailer:
A estreante Rachel Kondo e o premiado Justin Marks (de "Top Gun: Maverick") se juntam ao diretor Frederick E.O. Toye (de "See") para abordar a adaptação de "Xógum: A Gloriosa Saga do Japão" com uma reverência evidente pela obra original, ao mesmo tempo que atualizam elementos narrativos para ressoar com uma audiência contemporâneo sedenta por um novo (e viciante) épico histórico. A série amplia o papel e a profundidade de personagens femininas, oferecendo um retrato mais inclusivo e matizado das dinâmicas de gênero em uma sociedade rigidamente hierarquizada como do Japão. Essa proposta se soma a um roteiro que acerta ao equilibrar momentos de introspecção e diálogos primorosos com sequências de ação e tensão política de altíssima qualidade, criando um ritmo que nos mantém envolvidos ao longo dos 10 episódios da primeira temporada como poucas vezes.
Visualmente, "Xógum" é um triunfo - a direção de arte recria o Japão feudal com uma atenção meticulosa aos detalhes, desde os trajes elaborados até as paisagens deslumbrantes que capturam a beleza natural e arquitetônica da época. A fotografia conceitualizada e assinada pelo Sam McCurdy (de "Game of Thrones") utiliza enquadramentos amplos e dinâmicos para destacar a grandiosidade dos cenários, enquanto planos mais íntimos revelam a complexidade emocional dos personagens inseridos naquela trama tão volátil. A trilha sonora, com composições que misturam instrumentos tradicionais japoneses e orquestrações mais modernas, adiciona uma camada emocional e atmosférica à narrativa que olha, merece muitos aplausos. Já as performances são um dos pilares da série. Cosmo Jarvis equilibra vulnerabilidade e determinação, transmitindo tanto a admiração quanto o desconforto de seu personagem em um ambiente estrangeiro tão inóspito. Hiroyuki Sanada, por sua vez, entrega carisma e profundidade, retratando tanto um líder estrategista implacável quanto um guardião de forte código de honra. As atuações de Anna Sawai, de Tadanobu Asano (o Kashigi Yabushige) e de Takehiro Hira (oIshido Kazunari) também merecerem sua atenção - eles oferecem nuances emocionais e uma riqueza narrativa que elevam a história para outro patamar.
Como em "Game of Thrones", a complexidade das intrigas políticas e das interações culturais, de fato, desafiam aqueles menos familiarizados com o contexto histórico do Japão feudal, mas também é preciso que se diga que a série se torna mais fluida quando examina os laços de lealdade e as escolhas morais que moldam o destino dos personagens, se apropriando de um mundo cheio de códigos rígidos que definem o mocinho e bandido - mesmo que essa perspectiva vá mudando naturalmente ao longo dos conflitos. "Xógum: A Gloriosa Saga do Japão" faz jus à grandiosidade do material original, entregando uma experiência visual e narrativa que justificam os 18 (isso mesmo, 18) Emmys conquistados em 2024 - inclusive o de "Melhor Série de Drama do Ano"!
Vale demais o seu play!
Assistir "1917" é como jogar "Medal of Honor" - a experiência é muito parecida e o fato de ter sido filmado em longos planos-sequência só fortalece essa tese, afinal o Diretor Sam Mendes te coloca em cena sem pedir licença! Embora a história seja muito simples: dois soldados são designados para entregar um carta ao oficial responsável por um batalhão de 1600 homens, cancelando um ataque que aparentemente seria um emboscada preparada pelos alemães. O grande problema é que para chegar até o destino, os dois soldados precisam atravessar o território inimigo o mais rápido possível, durante o dia e sem chamar a atenção, ou seja, uma missão quase impossível!
Só pela sinopse já dá para sentir o nível de tensão que representa essa jornada e como no video game, a gente nunca sabe "onde" e "quando" os inimigos vão atacar! É um fato afirmar que "1917" não é o melhor filme dos indicados ao Oscar, mas é preciso dizer também que, sem dúvida, é o mais espetacular e grandioso de todos eles, por consequência o mais complexo de se filmar - mas esses detalhes mais técnicos eu explico abaixo! Para você que sente saudade daquele clima de tensão de "O resgate do soldado Ryan" e de "Band of Brothers" ou é um apaixonado por jogos de guerra como "Call of Duty", não perca tempo, assista "1917" porque a imersão é enorme e a diversão está garantida!
Embora o marketing do filme aqui no Brasil tenha se apoiado na informação de que "1917" é um grande plano-sequência, essa premissa é mentirosa, mas isso não tem a menor importância, pois o que interessa é o conceito por trás das escolhas do diretor Sam Mendes (Beleza Americana) e do diretor de fotografia, Roger Deakins - 14 vezes indicado ao Oscar e vencedor por "Blade Runner 2049" em 2018. Claramente inspirado pelo processo de imersão dos jogos de video game, Mendes e Deakins quebraram a cabeça para colocar a audiência dentro do filme e explorar de maneira muito orgânica todos os movimentos de câmera que criassem a sensação de continuidade e realismo que é estar em um campo de batalha. A preocupação não era contar a história em um único plano, mas sim usar essa técnica para ampliar as sensações do público - nesse contexto outra peça importante merece ser citada: o montador Lee Smith (vencedor do Oscar por Dunkirk em 2018). Mesmo não sendo indicado ao Oscar desse ano, Smith teve um papel fundamental para criar a dinâmica de "1917": escolher o frame exato para juntar as partes e criar a sensação de continuidade sem perder o ritmo do filme.
Deakins ainda contou com o departamento de arte para recriar os campos de batalha em tamanho real para filmar cada uma das cenas: com atores, figurantes e tudo mais, em movimentos extremamente delicados, coreografadas e ensaiados, além de fazer um estudo profundo em maquetes desse cenário para aí sim escolher qual câmera, qual lente, qual equipamento de movimento e, principalmente, para saber onde colocaria cada ponto de luz artificial sem que pudesse aparecer - afinal não era possível contar com muitos cortes. Tudo isso sem falar na necessidade de ter uma continuidade da incidência de sol para que tudo ficasse natural e na montagem se encaixasse perfeitamente. Gente, isso é muito difícil, pois como todos sabem, o sol não fica parado no mesmo lugar o dia inteiro!
Outros dois elementos técnicos que ajudaram muito na construção e ambientação do filme foram: edição de som e mixagem. A edição de som é o momento onde todos os elementos sonoros da cena são criados para entregar o resultado que vemos na tela. Imaginem em um plano sem cortes, como tudo tem que se encaixar perfeitamente para criar a sensação de caos que é um campo de batalha. Nenhum dos ruídos ou barulhos que você ouve assistindo o filme foram captados durante a filmagem - do som do caminhar na grama, do avião voando ao fundo, da bomba explodindo, da porta abrindo e, às vezes, até do próprio personagem falando. Se com os cortes, já seria preocupante essa montagem, imagina em vários planos-sequência? - é muito difícil ter o controle sobre tudo, sobre cada detalhe! Já a mixagem pega todos esses elementos que foram criados e editados e ajusta exatamente no nível certo para que ambientação seja a mais natural possível. É lá que o silêncio ganha a força da dramaticidade de uma cena e a trilha sonora é inserida para ajudar no sentimento que um determinado momento pode causar! Por favor, ao assistir "1917" (e outros filmes, claro) reparem como existem inúmeros elementos sonoros que juntos criam a tensão, o desespero, a angústia! A trilha sonora desse filme é outro espetáculo, mas merece um post à parte!
"1917" é um filme complexo, como foi "Gravidade" por exemplo! Um filme que só aconteceu porque contou com mentes brilhantes e muito talento em cada um dos departamentos - é o maior exemplo de como o filme que chega na tela é uma obra coletiva (e não só do diretor como muitos acreditam). Se uma dessas engrenagens fosse mediana, não teríamos um filme como esse! "1917" é tecnicamente perfeito, mas não é o melhor filme. Das 10 indicações que levou para o Oscar, tem grandes chances em Edição de Som, Mixagem, Desenho de Produção, Trilha Sonora, Fotografia e Direção. Efeitos Visuais e Maquiagem (Cabelo) pode surpreender, mas não é o favorito. Roteiro Original não deveria nem ter sido indicado (achei só "ok") e Melhor Filme pode até levar, mas não seria justo com pelo menos 3 dos indicados!
Assista "1917" na maior tela que conseguir e com o melhor equipamento de som que estiver disponível! Vai por mim!
Up-date: "1917" ganhou em três categorias no Oscar 2020: Melhor Efeitos Visuais, Melhor Mixagem de Som e Melhor Fotografia!
Assistir "1917" é como jogar "Medal of Honor" - a experiência é muito parecida e o fato de ter sido filmado em longos planos-sequência só fortalece essa tese, afinal o Diretor Sam Mendes te coloca em cena sem pedir licença! Embora a história seja muito simples: dois soldados são designados para entregar um carta ao oficial responsável por um batalhão de 1600 homens, cancelando um ataque que aparentemente seria um emboscada preparada pelos alemães. O grande problema é que para chegar até o destino, os dois soldados precisam atravessar o território inimigo o mais rápido possível, durante o dia e sem chamar a atenção, ou seja, uma missão quase impossível!
Só pela sinopse já dá para sentir o nível de tensão que representa essa jornada e como no video game, a gente nunca sabe "onde" e "quando" os inimigos vão atacar! É um fato afirmar que "1917" não é o melhor filme dos indicados ao Oscar, mas é preciso dizer também que, sem dúvida, é o mais espetacular e grandioso de todos eles, por consequência o mais complexo de se filmar - mas esses detalhes mais técnicos eu explico abaixo! Para você que sente saudade daquele clima de tensão de "O resgate do soldado Ryan" e de "Band of Brothers" ou é um apaixonado por jogos de guerra como "Call of Duty", não perca tempo, assista "1917" porque a imersão é enorme e a diversão está garantida!
Embora o marketing do filme aqui no Brasil tenha se apoiado na informação de que "1917" é um grande plano-sequência, essa premissa é mentirosa, mas isso não tem a menor importância, pois o que interessa é o conceito por trás das escolhas do diretor Sam Mendes (Beleza Americana) e do diretor de fotografia, Roger Deakins - 14 vezes indicado ao Oscar e vencedor por "Blade Runner 2049" em 2018. Claramente inspirado pelo processo de imersão dos jogos de video game, Mendes e Deakins quebraram a cabeça para colocar a audiência dentro do filme e explorar de maneira muito orgânica todos os movimentos de câmera que criassem a sensação de continuidade e realismo que é estar em um campo de batalha. A preocupação não era contar a história em um único plano, mas sim usar essa técnica para ampliar as sensações do público - nesse contexto outra peça importante merece ser citada: o montador Lee Smith (vencedor do Oscar por Dunkirk em 2018). Mesmo não sendo indicado ao Oscar desse ano, Smith teve um papel fundamental para criar a dinâmica de "1917": escolher o frame exato para juntar as partes e criar a sensação de continuidade sem perder o ritmo do filme.
Deakins ainda contou com o departamento de arte para recriar os campos de batalha em tamanho real para filmar cada uma das cenas: com atores, figurantes e tudo mais, em movimentos extremamente delicados, coreografadas e ensaiados, além de fazer um estudo profundo em maquetes desse cenário para aí sim escolher qual câmera, qual lente, qual equipamento de movimento e, principalmente, para saber onde colocaria cada ponto de luz artificial sem que pudesse aparecer - afinal não era possível contar com muitos cortes. Tudo isso sem falar na necessidade de ter uma continuidade da incidência de sol para que tudo ficasse natural e na montagem se encaixasse perfeitamente. Gente, isso é muito difícil, pois como todos sabem, o sol não fica parado no mesmo lugar o dia inteiro!
Outros dois elementos técnicos que ajudaram muito na construção e ambientação do filme foram: edição de som e mixagem. A edição de som é o momento onde todos os elementos sonoros da cena são criados para entregar o resultado que vemos na tela. Imaginem em um plano sem cortes, como tudo tem que se encaixar perfeitamente para criar a sensação de caos que é um campo de batalha. Nenhum dos ruídos ou barulhos que você ouve assistindo o filme foram captados durante a filmagem - do som do caminhar na grama, do avião voando ao fundo, da bomba explodindo, da porta abrindo e, às vezes, até do próprio personagem falando. Se com os cortes, já seria preocupante essa montagem, imagina em vários planos-sequência? - é muito difícil ter o controle sobre tudo, sobre cada detalhe! Já a mixagem pega todos esses elementos que foram criados e editados e ajusta exatamente no nível certo para que ambientação seja a mais natural possível. É lá que o silêncio ganha a força da dramaticidade de uma cena e a trilha sonora é inserida para ajudar no sentimento que um determinado momento pode causar! Por favor, ao assistir "1917" (e outros filmes, claro) reparem como existem inúmeros elementos sonoros que juntos criam a tensão, o desespero, a angústia! A trilha sonora desse filme é outro espetáculo, mas merece um post à parte!
"1917" é um filme complexo, como foi "Gravidade" por exemplo! Um filme que só aconteceu porque contou com mentes brilhantes e muito talento em cada um dos departamentos - é o maior exemplo de como o filme que chega na tela é uma obra coletiva (e não só do diretor como muitos acreditam). Se uma dessas engrenagens fosse mediana, não teríamos um filme como esse! "1917" é tecnicamente perfeito, mas não é o melhor filme. Das 10 indicações que levou para o Oscar, tem grandes chances em Edição de Som, Mixagem, Desenho de Produção, Trilha Sonora, Fotografia e Direção. Efeitos Visuais e Maquiagem (Cabelo) pode surpreender, mas não é o favorito. Roteiro Original não deveria nem ter sido indicado (achei só "ok") e Melhor Filme pode até levar, mas não seria justo com pelo menos 3 dos indicados!
Assista "1917" na maior tela que conseguir e com o melhor equipamento de som que estiver disponível! Vai por mim!
Up-date: "1917" ganhou em três categorias no Oscar 2020: Melhor Efeitos Visuais, Melhor Mixagem de Som e Melhor Fotografia!
Finalmente "7 Dias em Entebbe", novo filme do brasileiro José Padilha que estreou em Berlin, está disponível no streaming! Antes de mais nada é preciso dizer que o filme foi muito criticado pelo fato do Padilha ter "humanizado" os terroristas e ter focado em relações pouco usuais quando o assunto é o sequestro de um avião cheio de civis que serviriam de moeda de troca para presos políticos. Sinceramente isso não interferiu em absolutamente nada na minha experiência ao assistir o filme - talvez até pelo fato de eu não conhecer muito da história e muito menos estar inserido nesse tipo de discussão.
Em julho de 1976, um voo da Air France que partiu de Tel-Aviv à Paris é sequestrado e forçado a pousar em Entebbe, na Uganda. Os passageiros judeus são mantidos reféns para que seja negociada a liberação dos terroristas e anarquistas palestinos presos em Israel, na Alemanha e na Suécia. Sob pressão, o governo israelita decide organizar uma operação de resgate, atacar o campo de pouso e soltar os reféns. Confira o trailer:
Independente do tipo de abordagem, o que me interessou foi o filme em si e nisso ele é irretocável. Tecnicamente perfeito! A fotografia do Lula Carvalho está linda, com planos muito bem construídos e um movimento de câmera que me agrada muito, equilibrando muito bem o estilo de direção do Padilha com o que a história pedia em cada cena. Aliás, o Padilha vai muito bem (óbvio) e mesmo trazendo uma ou outra referência dos seus antigos trabalhos, não se apoia em muletas que já foram motivo de muitas criticas recentes como aquele voice over de "Narcos" e do "Mecanismo", por exemplo - embora eu nunca tenha achado que era "mais do mesmo" e sim o estilo que ele gosta de imprimir como conceito narrativo e ponto final - escolha puramente pessoal do Diretor!
Eu realmente gostei do filme, trouxe uma sensação muito parecida de quando assisti "Argo", e a construção do roteiro proposta pelo Gregory Burke(de "71: Esquecido em Belfast") fazendo sempre um contraponto com os ensaios de uma companhia de ballet trouxe uma certa poesia para o filme, encaixou muito bem como alivio dramático e fez do trabalho do desenho de som, da mixagem e da trilha sonora um dos pontos mais interessantes do filme! Reparem como tudo se encaixa perfeitamente e nos convidam a refletir sobre tudo o que está acontecendo em Uganda!
Olha, é um filme com a marca do Padilha e ainda bem! Na minha opinião, um dos melhores de 2018!
Finalmente "7 Dias em Entebbe", novo filme do brasileiro José Padilha que estreou em Berlin, está disponível no streaming! Antes de mais nada é preciso dizer que o filme foi muito criticado pelo fato do Padilha ter "humanizado" os terroristas e ter focado em relações pouco usuais quando o assunto é o sequestro de um avião cheio de civis que serviriam de moeda de troca para presos políticos. Sinceramente isso não interferiu em absolutamente nada na minha experiência ao assistir o filme - talvez até pelo fato de eu não conhecer muito da história e muito menos estar inserido nesse tipo de discussão.
Em julho de 1976, um voo da Air France que partiu de Tel-Aviv à Paris é sequestrado e forçado a pousar em Entebbe, na Uganda. Os passageiros judeus são mantidos reféns para que seja negociada a liberação dos terroristas e anarquistas palestinos presos em Israel, na Alemanha e na Suécia. Sob pressão, o governo israelita decide organizar uma operação de resgate, atacar o campo de pouso e soltar os reféns. Confira o trailer:
Independente do tipo de abordagem, o que me interessou foi o filme em si e nisso ele é irretocável. Tecnicamente perfeito! A fotografia do Lula Carvalho está linda, com planos muito bem construídos e um movimento de câmera que me agrada muito, equilibrando muito bem o estilo de direção do Padilha com o que a história pedia em cada cena. Aliás, o Padilha vai muito bem (óbvio) e mesmo trazendo uma ou outra referência dos seus antigos trabalhos, não se apoia em muletas que já foram motivo de muitas criticas recentes como aquele voice over de "Narcos" e do "Mecanismo", por exemplo - embora eu nunca tenha achado que era "mais do mesmo" e sim o estilo que ele gosta de imprimir como conceito narrativo e ponto final - escolha puramente pessoal do Diretor!
Eu realmente gostei do filme, trouxe uma sensação muito parecida de quando assisti "Argo", e a construção do roteiro proposta pelo Gregory Burke(de "71: Esquecido em Belfast") fazendo sempre um contraponto com os ensaios de uma companhia de ballet trouxe uma certa poesia para o filme, encaixou muito bem como alivio dramático e fez do trabalho do desenho de som, da mixagem e da trilha sonora um dos pontos mais interessantes do filme! Reparem como tudo se encaixa perfeitamente e nos convidam a refletir sobre tudo o que está acontecendo em Uganda!
Olha, é um filme com a marca do Padilha e ainda bem! Na minha opinião, um dos melhores de 2018!
É inegável que desde seu anúncio, expectativas foram criadas em cima de "A Diplomata" como uma substituta natural de "House of Cards" pela perspectiva politica que a série traria para sua trama. De fato, ter Debora Cahn como criadora, trazendo toda sua expertise de "West Wing", potencializou essa premissa, no entanto, e até para alinharmos nossa expectativa, essa produção da Netflix está mais próxima da dinâmica de "Homeland" (também de Cahn) ou de "Scandal" - na forma e no conteúdo. Isso ruim? Não, muito pelo contrário, mas também não pode ser considerada uma produção "prime" como acompanhamos nos primórdios da Netflix.
Em meio a uma crise política de grandes proporções, graças a um ataque terrorista contra um porta-aviões britânico, Kate (Keri Russell) é designada pelo presidente americano para ser a representante dos EUA em Londres e assim tentar colocar panos quentes na tensão mundial enquanto uma delicada investigação acontece. Porém, esse novo posto de Kate é considerado largamente cerimonial e ela se sente inadequada para cumprir tal função, além de saber que as diferenças entre essa missão e sua personalidade podem afetar o seu casamento e ainda impactar o resto do mundo. Confira o trailer:
Não será preciso mais que alguns minutos para entender que Kate Wyler está anos luz de Frank e Claire Underwood - embora bem construída por Russel, a personagem não tem as nuances da dupla de "House of Cards", a profundidade dramática e muito menos o charme com aquele toque de ironia, muitas vezes requintada, de se comunicar. Isso impacta diretamente na forma como a direção conduz a série, e mais uma vez falando de requinte, faz falta um David Fincher. Por outro lado, "A Diplomata" acerta ao simplificar aquele universo complexo dos bastidores políticos, muitas vezes se apoiando em alívios cômicos bem inseridos, o que suaviza a narrativa e nos aproxima dos personagens sem a necessidade de julga-los a todo momento. Veja, nomes de cargos e suas dinâmicas de poder são condensados de uma forma que até os jargões políticos soam naturais, e toda aquela dinâmica de informações entre várias esferas de governo que nos deixavam de cabelo em pé em "House of Cards", na verdade, faz pouca ou nenhuma diferença no conflito central aqui - o que eu quero dizer, é que o entretenimento despretensioso impera, deixando as teorias de conspiração apenas como um bom e equilibrado recheio.
Outro ponto que merece ser observado está na maneira pela qual a série constrói um cenário plenamente reconhecível, porém sem se deixar datar por ele. Mais uma vez na linha de "Homeland" a história pega emprestado o contexto, se localiza, para só depois valorizar os pilares dramáticos de um mundo em crise onde a confiança na democracia está sempre colocada a prova. Os protagonistas, Kate e Hal (Rufus Sewell), funcionam como o elo de ligação entre a veracidade e o fantasioso - e até quando a tensão ganha força, o texto logo se apropria de um tom mais satírico para valorizar sua identidade. Imagine, isso só aconteceria em "House of Cards" se a Shonda Rhimes fosse sua criadora.
"A Diplomata" tem mesmo um ritmo frenético, com episódios dinâmicos e bem estruturados que nos permite diversão sem sofrimento. O roteiro sabe dosar a acidez de seus diálogos, com uma trama política envolvente e protagonistas divertidos - um verdadeiro mix de gêneros e estilos que vai se conectar com um público muito maior do que aqueles fãs de thrillers políticos mais sérios e densos. Com uma produção que merece elogios, belas locações e um requintado desenho de produção, a série tem tudo para cair nas graças da audiência e ganhar algumas temporadas - o que ela não pode, é ceder a tentação de querer ser algo que não nasceu para ser e você sabe do que eu estou falando!
Vale seu play!
É inegável que desde seu anúncio, expectativas foram criadas em cima de "A Diplomata" como uma substituta natural de "House of Cards" pela perspectiva politica que a série traria para sua trama. De fato, ter Debora Cahn como criadora, trazendo toda sua expertise de "West Wing", potencializou essa premissa, no entanto, e até para alinharmos nossa expectativa, essa produção da Netflix está mais próxima da dinâmica de "Homeland" (também de Cahn) ou de "Scandal" - na forma e no conteúdo. Isso ruim? Não, muito pelo contrário, mas também não pode ser considerada uma produção "prime" como acompanhamos nos primórdios da Netflix.
Em meio a uma crise política de grandes proporções, graças a um ataque terrorista contra um porta-aviões britânico, Kate (Keri Russell) é designada pelo presidente americano para ser a representante dos EUA em Londres e assim tentar colocar panos quentes na tensão mundial enquanto uma delicada investigação acontece. Porém, esse novo posto de Kate é considerado largamente cerimonial e ela se sente inadequada para cumprir tal função, além de saber que as diferenças entre essa missão e sua personalidade podem afetar o seu casamento e ainda impactar o resto do mundo. Confira o trailer:
Não será preciso mais que alguns minutos para entender que Kate Wyler está anos luz de Frank e Claire Underwood - embora bem construída por Russel, a personagem não tem as nuances da dupla de "House of Cards", a profundidade dramática e muito menos o charme com aquele toque de ironia, muitas vezes requintada, de se comunicar. Isso impacta diretamente na forma como a direção conduz a série, e mais uma vez falando de requinte, faz falta um David Fincher. Por outro lado, "A Diplomata" acerta ao simplificar aquele universo complexo dos bastidores políticos, muitas vezes se apoiando em alívios cômicos bem inseridos, o que suaviza a narrativa e nos aproxima dos personagens sem a necessidade de julga-los a todo momento. Veja, nomes de cargos e suas dinâmicas de poder são condensados de uma forma que até os jargões políticos soam naturais, e toda aquela dinâmica de informações entre várias esferas de governo que nos deixavam de cabelo em pé em "House of Cards", na verdade, faz pouca ou nenhuma diferença no conflito central aqui - o que eu quero dizer, é que o entretenimento despretensioso impera, deixando as teorias de conspiração apenas como um bom e equilibrado recheio.
Outro ponto que merece ser observado está na maneira pela qual a série constrói um cenário plenamente reconhecível, porém sem se deixar datar por ele. Mais uma vez na linha de "Homeland" a história pega emprestado o contexto, se localiza, para só depois valorizar os pilares dramáticos de um mundo em crise onde a confiança na democracia está sempre colocada a prova. Os protagonistas, Kate e Hal (Rufus Sewell), funcionam como o elo de ligação entre a veracidade e o fantasioso - e até quando a tensão ganha força, o texto logo se apropria de um tom mais satírico para valorizar sua identidade. Imagine, isso só aconteceria em "House of Cards" se a Shonda Rhimes fosse sua criadora.
"A Diplomata" tem mesmo um ritmo frenético, com episódios dinâmicos e bem estruturados que nos permite diversão sem sofrimento. O roteiro sabe dosar a acidez de seus diálogos, com uma trama política envolvente e protagonistas divertidos - um verdadeiro mix de gêneros e estilos que vai se conectar com um público muito maior do que aqueles fãs de thrillers políticos mais sérios e densos. Com uma produção que merece elogios, belas locações e um requintado desenho de produção, a série tem tudo para cair nas graças da audiência e ganhar algumas temporadas - o que ela não pode, é ceder a tentação de querer ser algo que não nasceu para ser e você sabe do que eu estou falando!
Vale seu play!
"A Fera" é uma espécie de "Orca - A Baleia Assassina" com "Jurassic Park", que se passa na África. Dito isso, fica muito simples alinhar as expectativas e entender o que esperar dessa produção dirigida pelo islandês Baltasar Kormákur (de "Vidas à Deriva"). De fato "Beast" (no original) não é um grande filme: ele é cheio de clichês, tem um roteiro que se apoia em esteriótipos bem batidos e toma decisões narrativas no terceiro ato, digamos, duvidosas; mas por outro lado, entrega exatamente o que promete: entretenimento, ação e alguns (bons) sustos.
O Dr. Nate Daniels (Idris Elba) é um recém viúvo que retorna para África do Sul, onde conheceu sua esposa, em uma viagem há muito tempo planejada com suas duas filhas. Em uma reserva gerenciada por Martin Battles (Sharlto Copley), um antigo amigo da família e biólogo da natureza selvagem, o que seria uma jornada de cura e redescobrimento, se desdobra em uma luta por sobrevivência quando um leão passa a enxergar todos os humanos como inimigos e começa a persegui-los até a morte. Confira o trailer:
O ponto alto do filme é a atmosfera de tensão que Kormákur constrói ao impor um conceito visual muito próximo do documental - com uma câmera bem solta, quase sempre dentro das cenas de ação ao lado dos personagens, uma montagem bem alinhada com a gramática do gênero que se apoia em poucos cortes, porém bruscos, no time certo de um desenho de som impactante e de uma trilha sonora incrível (aqui mérito do vencedor do Oscar por "Gravidade", Steven Price).
Obviamente que o visual da geografia africana ajuda muito na composição desse mood, inclusive com planos belíssimos da natureza local - o aspecto da imagem em 2.35 (mais alongado nas laterais do que o normal) dá uma sensação de amplitude que se encaixa perfeitamente na proposta de "A Fera" durante as cenas diurnas e na relação de sombra e luz, dos planos mais fechados, nas cenas noturnas, reparem! Ao optar pelo constante movimento, Kormákur cria uma dinâmica interessante para uma história que é bem morna, mas que ganha muita força quando o leão (em um belíssimo trabalho de composição e CGI) entra em cena. A Fera, como é conhecido o animal, é realmente tão assustador quanto os Velociraptors que perseguiam as crianças no primeiro Jurassic Park - aliás, as referências (e homenagens) da obra de Spielberg estão em várias sequências do filme, inclusive na camiseta de uma das filhas de Daniels.
Idris Elba como protagonista convence tanto quanto "The Rock" - ambos têm porte fisico para um filme tão movimentado como esse (embora o roteiro abuse narrativamente dessa qualidade do ator). Suas filhas na ficção: Meredith (Iyana Halley) de 18 anos, e Norah (Leah Sava Jeffries) de 13 anos, poderiam ser melhor aproveitadas caso o texto do Ryan Engle (de "Rampage") fosse um pouco mais inteligente ou criasse algumas camadas emocionais para que o talento delas pudessem sobressair - uma pena. Mas esperar muito de "A Fera" talvez fosse pedir demais, ou seja, se você quer apenas se divertir, esse filme é para você, mas saiba que ele exigirá uma boa dose de suspensão da realidade para que a experiência venha valer a pena.
"A Fera" é uma espécie de "Orca - A Baleia Assassina" com "Jurassic Park", que se passa na África. Dito isso, fica muito simples alinhar as expectativas e entender o que esperar dessa produção dirigida pelo islandês Baltasar Kormákur (de "Vidas à Deriva"). De fato "Beast" (no original) não é um grande filme: ele é cheio de clichês, tem um roteiro que se apoia em esteriótipos bem batidos e toma decisões narrativas no terceiro ato, digamos, duvidosas; mas por outro lado, entrega exatamente o que promete: entretenimento, ação e alguns (bons) sustos.
O Dr. Nate Daniels (Idris Elba) é um recém viúvo que retorna para África do Sul, onde conheceu sua esposa, em uma viagem há muito tempo planejada com suas duas filhas. Em uma reserva gerenciada por Martin Battles (Sharlto Copley), um antigo amigo da família e biólogo da natureza selvagem, o que seria uma jornada de cura e redescobrimento, se desdobra em uma luta por sobrevivência quando um leão passa a enxergar todos os humanos como inimigos e começa a persegui-los até a morte. Confira o trailer:
O ponto alto do filme é a atmosfera de tensão que Kormákur constrói ao impor um conceito visual muito próximo do documental - com uma câmera bem solta, quase sempre dentro das cenas de ação ao lado dos personagens, uma montagem bem alinhada com a gramática do gênero que se apoia em poucos cortes, porém bruscos, no time certo de um desenho de som impactante e de uma trilha sonora incrível (aqui mérito do vencedor do Oscar por "Gravidade", Steven Price).
Obviamente que o visual da geografia africana ajuda muito na composição desse mood, inclusive com planos belíssimos da natureza local - o aspecto da imagem em 2.35 (mais alongado nas laterais do que o normal) dá uma sensação de amplitude que se encaixa perfeitamente na proposta de "A Fera" durante as cenas diurnas e na relação de sombra e luz, dos planos mais fechados, nas cenas noturnas, reparem! Ao optar pelo constante movimento, Kormákur cria uma dinâmica interessante para uma história que é bem morna, mas que ganha muita força quando o leão (em um belíssimo trabalho de composição e CGI) entra em cena. A Fera, como é conhecido o animal, é realmente tão assustador quanto os Velociraptors que perseguiam as crianças no primeiro Jurassic Park - aliás, as referências (e homenagens) da obra de Spielberg estão em várias sequências do filme, inclusive na camiseta de uma das filhas de Daniels.
Idris Elba como protagonista convence tanto quanto "The Rock" - ambos têm porte fisico para um filme tão movimentado como esse (embora o roteiro abuse narrativamente dessa qualidade do ator). Suas filhas na ficção: Meredith (Iyana Halley) de 18 anos, e Norah (Leah Sava Jeffries) de 13 anos, poderiam ser melhor aproveitadas caso o texto do Ryan Engle (de "Rampage") fosse um pouco mais inteligente ou criasse algumas camadas emocionais para que o talento delas pudessem sobressair - uma pena. Mas esperar muito de "A Fera" talvez fosse pedir demais, ou seja, se você quer apenas se divertir, esse filme é para você, mas saiba que ele exigirá uma boa dose de suspensão da realidade para que a experiência venha valer a pena.
"A Guerra do Amanhã" é um típico filme de ação com toques de ficção cientifica que mistura viagem no tempo, aliens, fim do mundo e relações familiares. Sim, é isso mesmo: é como se o roteirista Zach Dean (A fuga) tivesse buscado os principais elementos narrativos de vários filmes do passado para construir a sua história - uma mistura de "Independence Day", "Armageddon" e "Alien".
Em plena final da Copa do Mundo de 2022 (onde, inclusive, o Brasil está prestes a fazer o seu gol), um exército chega do futuro para pedir socorro já que a humanidade está perdendo uma batalha global contra uma espécie mortal de alienígenas em 2051. Para garantir a sobrevivência dos humanos, soldados e civis do presente são recrutados e enviados para o futuro para continuar uma luta que parece ser em vão. Determinado a salvar o mundo por sua filha, Dan Forester (Chris Pratt) se une a uma cientista brilhante e a seu pai afastado para reescrever o destino do planeta. Confira o trailer:
Produzido originalmente pela Paramount Pictures, almejando um grande lançamento cinematográfico, o filme acabou sendo adquirido pela Amazon Studios e chegando no catálogo do Prime Vídeo de onde se transformou na maior estreia da história do serviço de streaming (pelo menos até o momento em que escrevemos esse review). Claramente referenciado por alguns jogos de video game como "Halo" ou "Destiny", o filme é entretenimento puro, ou seja, não espere um roteiro profundo, cheio de discussões existenciais ou construções narrativas surpreendentes. O filme é ação pura, em três cenários distintos, com objetivos e missões se renovando em cada ato, e com uma dinâmica totalmente ajustada ao gênero - de fato como um bom game.
Será preciso um boa dose de suspensão da realidade, mesmo considerando que essa realidade é uma ficção cientifica. O roteiro vai muito bem nos dois primeiros atos e talvez vacile no terceiro, porém não deve ser cobrado por isso já que ele entrega ação, tiros e pancadaria - ponto final! Algumas soluções são infantis? Sim. Temos a sensação de já termos assistido algo parecido? Muito. Mesmo assim é divertido? Completamente.
Tecnicamente muito bem dirigido pelo ótimo Chris McKay (LEGO Batman: O Filme), "A Guerra do Amanhã" tem um design de produção fantástico, especialmente com uma criatura muito bem concebida pelo Ken Barthelmey, das franquias "Maze Runner" e "Animais Fantásticos" - digno de Oscar e no nível de "Alien". Outro ponto que merece destaque são as ótimas sequências de ação - muito bem realizadas. Os efeitos visuais também não decepcionam e o Desenho de Som e Mixagem são incríveis! De fato teríamos uma ótima experiência cinematográfica se esse fosse o caso!
"A Guerra do Amanhã" é tão previsível quanto divertido! O filme se beneficia especialmente do carisma de Chris Pratt e de uma química bastante honesta com Yvonne Strahovski. Os aliens criam uma sensação de terror e desespero, dando a real situação de caos - completamente imersiva. Mesmo não sendo um exemplo de originalidade, posso dizer que para os fãs de ação e "ficção científica pipoca", o filme será uma ótima pedida. Então aumente o som, assista na maior tela que puder e dê play - nessas condições a experiência será das mais bacanas!
"A Guerra do Amanhã" é um típico filme de ação com toques de ficção cientifica que mistura viagem no tempo, aliens, fim do mundo e relações familiares. Sim, é isso mesmo: é como se o roteirista Zach Dean (A fuga) tivesse buscado os principais elementos narrativos de vários filmes do passado para construir a sua história - uma mistura de "Independence Day", "Armageddon" e "Alien".
Em plena final da Copa do Mundo de 2022 (onde, inclusive, o Brasil está prestes a fazer o seu gol), um exército chega do futuro para pedir socorro já que a humanidade está perdendo uma batalha global contra uma espécie mortal de alienígenas em 2051. Para garantir a sobrevivência dos humanos, soldados e civis do presente são recrutados e enviados para o futuro para continuar uma luta que parece ser em vão. Determinado a salvar o mundo por sua filha, Dan Forester (Chris Pratt) se une a uma cientista brilhante e a seu pai afastado para reescrever o destino do planeta. Confira o trailer:
Produzido originalmente pela Paramount Pictures, almejando um grande lançamento cinematográfico, o filme acabou sendo adquirido pela Amazon Studios e chegando no catálogo do Prime Vídeo de onde se transformou na maior estreia da história do serviço de streaming (pelo menos até o momento em que escrevemos esse review). Claramente referenciado por alguns jogos de video game como "Halo" ou "Destiny", o filme é entretenimento puro, ou seja, não espere um roteiro profundo, cheio de discussões existenciais ou construções narrativas surpreendentes. O filme é ação pura, em três cenários distintos, com objetivos e missões se renovando em cada ato, e com uma dinâmica totalmente ajustada ao gênero - de fato como um bom game.
Será preciso um boa dose de suspensão da realidade, mesmo considerando que essa realidade é uma ficção cientifica. O roteiro vai muito bem nos dois primeiros atos e talvez vacile no terceiro, porém não deve ser cobrado por isso já que ele entrega ação, tiros e pancadaria - ponto final! Algumas soluções são infantis? Sim. Temos a sensação de já termos assistido algo parecido? Muito. Mesmo assim é divertido? Completamente.
Tecnicamente muito bem dirigido pelo ótimo Chris McKay (LEGO Batman: O Filme), "A Guerra do Amanhã" tem um design de produção fantástico, especialmente com uma criatura muito bem concebida pelo Ken Barthelmey, das franquias "Maze Runner" e "Animais Fantásticos" - digno de Oscar e no nível de "Alien". Outro ponto que merece destaque são as ótimas sequências de ação - muito bem realizadas. Os efeitos visuais também não decepcionam e o Desenho de Som e Mixagem são incríveis! De fato teríamos uma ótima experiência cinematográfica se esse fosse o caso!
"A Guerra do Amanhã" é tão previsível quanto divertido! O filme se beneficia especialmente do carisma de Chris Pratt e de uma química bastante honesta com Yvonne Strahovski. Os aliens criam uma sensação de terror e desespero, dando a real situação de caos - completamente imersiva. Mesmo não sendo um exemplo de originalidade, posso dizer que para os fãs de ação e "ficção científica pipoca", o filme será uma ótima pedida. Então aumente o som, assista na maior tela que puder e dê play - nessas condições a experiência será das mais bacanas!
"A Hora do Desespero" é mais um filme do "ame ou odeie" - e muito disso se deve pelo fato de 100% da narrativa ser construída pelas ligações de celular que a protagonista faz (ou recebe) enquanto tenta lidar com uma situação dramática bem ao estilo do excelente filme dinamarquês "Culpa", mas talvez seguindo uma linha mais hollywoodiana como em "Buscando...".
Prestes a completar um ano da morte de seu marido, Amy Carr (Naomi Watts) sai para o que devia ter sido uma corrida matinal restauradora até que a policia local emite um alerta com notícias terríveis: a escola em que seu filho Noah (Colton Gobbo) frequenta foi sitiada por um atirador - o detalhe: pouco se sabe sobre a identidade do criminoso. Confira o trailer:
É impressionante como o cinema comercial americano sente a incontrolável necessidade de estabelecer quem é o herói, quem é o bandido e como é possível ter um final feliz para, assim, poder entregar uma mensagem de esperança enquanto a audiência sai emocionada da projeção. É justamente por causa dessa "cartilha" que "A Hora do Desespero" perde uma excelente oportunidade de se tornar impactante e com isso se colocar em outra prateleira de qualidade. Isso faz do filme ruim? Não, de maneira alguma, mas o classifica como um bom entretenimento quando poderia trazer muito mais sensações do que realmente traz.
Muito bem dirigido pelo australiano Phillip Noyce (da série "Revenge") e escrito pelo Chris Sparling (de "O Aviso"), "Lakewood" (no original) parece que vai entregar um drama potente, cheio de camadas, tenso e angustiante; até que se depara com soluções menos corajosas, transformando uma jornada claramente sensorial em mais um bom filme-pipoca, ótimo para um final de semana chuvoso - eu diria até que "despretensioso" quanto a sua sensibilidade. A direção de Noyce e a brilhante performance de Watts dão ao roteiro mediano uma certa elegância, que visualmente foi muito bem traduzida pelo diretor de fotografia John Brawley (de "The Thing About Pam"). A produção, de fato, chama atenção por sua ótima qualidade e, claro, pela inegável força que o assunto "bullying e cyberbullying" tem - é ele que nos conecta imediatamente àquele drama, porém é ele também que nos faz esperar mais.
Vários tons abaixo de "Utøya 22.juli", "A Hora do Desespero" pode ser considerado um bom thriller, daqueles que nos faz prender a respiração em alguns momentos e que é capaz de mexer com nossas emoções enquanto fazemos uma análise crítica mental sobre a situação que a protagonista está inserida. Seu grande mérito, porém, vai além: está na comprovação que mesmo com um pequeno orçamento é possível entregar uma jornada interessante para a audiência, provocando algum incômodo e, principalmente, proporcionando 90 minutos de um entretenimento "estilo clássico" sem nos deixar deprimidos no final.
Vale o play!
"A Hora do Desespero" é mais um filme do "ame ou odeie" - e muito disso se deve pelo fato de 100% da narrativa ser construída pelas ligações de celular que a protagonista faz (ou recebe) enquanto tenta lidar com uma situação dramática bem ao estilo do excelente filme dinamarquês "Culpa", mas talvez seguindo uma linha mais hollywoodiana como em "Buscando...".
Prestes a completar um ano da morte de seu marido, Amy Carr (Naomi Watts) sai para o que devia ter sido uma corrida matinal restauradora até que a policia local emite um alerta com notícias terríveis: a escola em que seu filho Noah (Colton Gobbo) frequenta foi sitiada por um atirador - o detalhe: pouco se sabe sobre a identidade do criminoso. Confira o trailer:
É impressionante como o cinema comercial americano sente a incontrolável necessidade de estabelecer quem é o herói, quem é o bandido e como é possível ter um final feliz para, assim, poder entregar uma mensagem de esperança enquanto a audiência sai emocionada da projeção. É justamente por causa dessa "cartilha" que "A Hora do Desespero" perde uma excelente oportunidade de se tornar impactante e com isso se colocar em outra prateleira de qualidade. Isso faz do filme ruim? Não, de maneira alguma, mas o classifica como um bom entretenimento quando poderia trazer muito mais sensações do que realmente traz.
Muito bem dirigido pelo australiano Phillip Noyce (da série "Revenge") e escrito pelo Chris Sparling (de "O Aviso"), "Lakewood" (no original) parece que vai entregar um drama potente, cheio de camadas, tenso e angustiante; até que se depara com soluções menos corajosas, transformando uma jornada claramente sensorial em mais um bom filme-pipoca, ótimo para um final de semana chuvoso - eu diria até que "despretensioso" quanto a sua sensibilidade. A direção de Noyce e a brilhante performance de Watts dão ao roteiro mediano uma certa elegância, que visualmente foi muito bem traduzida pelo diretor de fotografia John Brawley (de "The Thing About Pam"). A produção, de fato, chama atenção por sua ótima qualidade e, claro, pela inegável força que o assunto "bullying e cyberbullying" tem - é ele que nos conecta imediatamente àquele drama, porém é ele também que nos faz esperar mais.
Vários tons abaixo de "Utøya 22.juli", "A Hora do Desespero" pode ser considerado um bom thriller, daqueles que nos faz prender a respiração em alguns momentos e que é capaz de mexer com nossas emoções enquanto fazemos uma análise crítica mental sobre a situação que a protagonista está inserida. Seu grande mérito, porém, vai além: está na comprovação que mesmo com um pequeno orçamento é possível entregar uma jornada interessante para a audiência, provocando algum incômodo e, principalmente, proporcionando 90 minutos de um entretenimento "estilo clássico" sem nos deixar deprimidos no final.
Vale o play!
Desculpe o trocadilho, mas "A Lista Terminal" é um tiro certeiro! A série que mistura o drama com ação, criada por David DiGilio (de "Resgate Abaixo de Zero"), é o equilíbrio perfeito entre dois outros sucessos da Prime Vídeo: "Jack Ryan" e "Reacher". Baseada no best-seller de Jack Carr, "A Lista Terminal"aposta em uma fórmula clássica, mas com elementos narrativos que a tornam atraente tanto para fãs do gênero quanto para quem busca algo mais complexo do que um simples thriller militar - e aqui as referências de "Homeland" são descaradas. Aliás, se você se empolgou só com as referências que citei, pode dar o play tranquilamente porque, de fato, você vai encontrar uma temporada de 8 episódios recheada de ação, conspirações militares e dramas pessoais, mantendo sempre um equilíbrio sólido entre cenas eletrizantes e o desenvolvimento emocional de um protagonista bastante complexo.
A trama basicamente acompanha James Reece (Chris Pratt), um comandante da Marinha Americana que, após uma emboscada devastadora contra seu pelotão durante uma missão secreta no exterior, retorna para casa com dúvidas perturbadoras sobre o que realmente aconteceu. À medida que novas evidências surgem, Reece percebe que forças obscuras dentro do próprio governo estão agindo contra ele, colocando em risco não apenas sua vida, mas também a segurança de quem ele ama. Determinado a descobrir a verdade e movido pela vingança, ele cria uma lista para eliminar cada um dos envolvidos na conspiração que destruiu sua vida. Confira o trailer (em inglês):
O primeiro ponto a se analisar é como o roteiro adaptado por David DiGilio é eficiente ao criar tensão e gerar empatia imediata - embora nem sempre fuja completamente dos clichês típicos de histórias sobre soldados traídos ou conspirações governamentais. Entretanto, mesmo nos momentos em que a trama se torna mais previsível, a série compensa com uma narrativa sólida, cheia de ritmo e com um elenco coadjuvante bem escolhido, destacando-se especialmente Constance Wu e Taylor Kitsch, que acrescentam camadas importantes à trama com atuações convincentes e personagens que trazem à superfície as complexidades morais e éticas de uma guerra moderna. Chris Pratt, nesse sentido, também entrega uma performance madura e mais contida do que estamos acostumados a ver em seus papéis mais populares. Ele deixa para trás a leveza carismática de "Guardiões da Galáxia" e abraça um protagonista sombrio e angustiado, com uma intensidade que funciona muito bem para a história. Pratt demonstra habilidade em carregar não só o aspecto físico das cenas de ação (extremamente bem coreografadas e visualmente muito convincentes) como também os dilemas psicológicos do personagem, assombrado por suas perdas e pelo trauma físico da guerra.
"A Lista Terminal" também chama atenção pelo uso inteligente da violência. Ao invés de banalizar a brutalidade, a série a apresenta com uma abordagem que sempre remete às consequências psicológicas e éticas dos personagens. Aqui, a violência não é gratuita: é parte essencial da jornada pessoal de Reece em busca de justiça (ou vingança), e esse dilema é constantemente colocado à prova, o que garante que a narrativa nunca perca o peso emocional que se propõe a carregar desde o início. A direção dos episódios, com o conceito estabelecido pelo Antoine Fuqua, imprime uma identidade realmente cinematográfica para a produção, garantindo cenas de ação bastante realistas, cruas e impactantes, especialmente nas sequências de combate corpo a corpo e nas operações táticas - é nesse contexto que vale você reparar no cuidado com o desenho de som, detalhista e preciso, ele proporciona uma experiência de imersão impressionante durante os momentos mais tensos dos episódios.
Parte da audiência poderá sentir que a narrativa perde um pouco o ritmo no meio da temporada, quando a trama se concentra demais em subtramas políticas que não têm o mesmo impacto emocional que a jornada pessoal do protagonista - é verdade. Felizmente, posso te garantir, os episódios finais recuperam rapidamente essa intensidade e conduzem a série para um encerramento bastante satisfatório e eficaz - ao ponto de pedirmos novas temporadas (já confirmadas). Ao final, "A Lista Terminal", pode ter certeza, é uma grata surpresa, principalmente para quem (como eu) aprecia thrillers militares bem produzidos e que exploram não apenas as dinâmicas das cenas de ação, mas também as consequências pessoais das escolhas feitas no caos de uma guerra. Se a série não reinventa o gênero, ela certamente sabe usar os melhores elementos de outros sucesso para oferecer um produto final inteligente e muito envolvente. Baita entretenimento!
Vale demais o seu play!
PS: E vem aí "The Terminal List: Dark Wolf", um prequel que vai contar a história de Ben Edwards (Taylor Kitsch).
Desculpe o trocadilho, mas "A Lista Terminal" é um tiro certeiro! A série que mistura o drama com ação, criada por David DiGilio (de "Resgate Abaixo de Zero"), é o equilíbrio perfeito entre dois outros sucessos da Prime Vídeo: "Jack Ryan" e "Reacher". Baseada no best-seller de Jack Carr, "A Lista Terminal"aposta em uma fórmula clássica, mas com elementos narrativos que a tornam atraente tanto para fãs do gênero quanto para quem busca algo mais complexo do que um simples thriller militar - e aqui as referências de "Homeland" são descaradas. Aliás, se você se empolgou só com as referências que citei, pode dar o play tranquilamente porque, de fato, você vai encontrar uma temporada de 8 episódios recheada de ação, conspirações militares e dramas pessoais, mantendo sempre um equilíbrio sólido entre cenas eletrizantes e o desenvolvimento emocional de um protagonista bastante complexo.
A trama basicamente acompanha James Reece (Chris Pratt), um comandante da Marinha Americana que, após uma emboscada devastadora contra seu pelotão durante uma missão secreta no exterior, retorna para casa com dúvidas perturbadoras sobre o que realmente aconteceu. À medida que novas evidências surgem, Reece percebe que forças obscuras dentro do próprio governo estão agindo contra ele, colocando em risco não apenas sua vida, mas também a segurança de quem ele ama. Determinado a descobrir a verdade e movido pela vingança, ele cria uma lista para eliminar cada um dos envolvidos na conspiração que destruiu sua vida. Confira o trailer (em inglês):
O primeiro ponto a se analisar é como o roteiro adaptado por David DiGilio é eficiente ao criar tensão e gerar empatia imediata - embora nem sempre fuja completamente dos clichês típicos de histórias sobre soldados traídos ou conspirações governamentais. Entretanto, mesmo nos momentos em que a trama se torna mais previsível, a série compensa com uma narrativa sólida, cheia de ritmo e com um elenco coadjuvante bem escolhido, destacando-se especialmente Constance Wu e Taylor Kitsch, que acrescentam camadas importantes à trama com atuações convincentes e personagens que trazem à superfície as complexidades morais e éticas de uma guerra moderna. Chris Pratt, nesse sentido, também entrega uma performance madura e mais contida do que estamos acostumados a ver em seus papéis mais populares. Ele deixa para trás a leveza carismática de "Guardiões da Galáxia" e abraça um protagonista sombrio e angustiado, com uma intensidade que funciona muito bem para a história. Pratt demonstra habilidade em carregar não só o aspecto físico das cenas de ação (extremamente bem coreografadas e visualmente muito convincentes) como também os dilemas psicológicos do personagem, assombrado por suas perdas e pelo trauma físico da guerra.
"A Lista Terminal" também chama atenção pelo uso inteligente da violência. Ao invés de banalizar a brutalidade, a série a apresenta com uma abordagem que sempre remete às consequências psicológicas e éticas dos personagens. Aqui, a violência não é gratuita: é parte essencial da jornada pessoal de Reece em busca de justiça (ou vingança), e esse dilema é constantemente colocado à prova, o que garante que a narrativa nunca perca o peso emocional que se propõe a carregar desde o início. A direção dos episódios, com o conceito estabelecido pelo Antoine Fuqua, imprime uma identidade realmente cinematográfica para a produção, garantindo cenas de ação bastante realistas, cruas e impactantes, especialmente nas sequências de combate corpo a corpo e nas operações táticas - é nesse contexto que vale você reparar no cuidado com o desenho de som, detalhista e preciso, ele proporciona uma experiência de imersão impressionante durante os momentos mais tensos dos episódios.
Parte da audiência poderá sentir que a narrativa perde um pouco o ritmo no meio da temporada, quando a trama se concentra demais em subtramas políticas que não têm o mesmo impacto emocional que a jornada pessoal do protagonista - é verdade. Felizmente, posso te garantir, os episódios finais recuperam rapidamente essa intensidade e conduzem a série para um encerramento bastante satisfatório e eficaz - ao ponto de pedirmos novas temporadas (já confirmadas). Ao final, "A Lista Terminal", pode ter certeza, é uma grata surpresa, principalmente para quem (como eu) aprecia thrillers militares bem produzidos e que exploram não apenas as dinâmicas das cenas de ação, mas também as consequências pessoais das escolhas feitas no caos de uma guerra. Se a série não reinventa o gênero, ela certamente sabe usar os melhores elementos de outros sucesso para oferecer um produto final inteligente e muito envolvente. Baita entretenimento!
Vale demais o seu play!
PS: E vem aí "The Terminal List: Dark Wolf", um prequel que vai contar a história de Ben Edwards (Taylor Kitsch).
Desde a sua estreia nos cinemas, "A Mulher Rei" vem colecionando elogios do público e da crítica por evidenciar o poder da mulher ao assumir o protagonismo de sua história sem esquecer do entretenimento de excelente qualidade. Em uma narrativa que mistura vários elementos de "Pantera Negra" com "Vikings", o filme dirigido pela Gina Prince-Bythewood (de "The Old Guard") estabelece uma dinâmica tão interessante que praticamente nos impede de tirar os olhos da tela. Com uma trama consistente, personagens complexos e com conexões realmente emocionantes, além de sequências de ação muito bem coreografadas, "A Mulher Rei" surpreende tanto pela qualidade quanto pela maturidade e justifica a enorme quantidade prêmios que conquistou pelos Festivais ao redor do globo e as duas indicações ao BAFTA 2023 - Melhor Direção e Melhor Atriz.
Na trama acompanhamos Nanisca (Viola Davis) uma comandante do exército do Reino de Daomé, um dos locais mais poderosos da África nos séculos XVIII e XIX. Durante o período, esse grupo de elite era composto apenas por mulheres que, juntas, combateram seus colonizadores, tribos rivais e todos aqueles que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras. Conhecidas como Agojie, esse grupo foi criado por conta da população masculina que sofria com a violência da guerra e com a frequente comercialização de escravos pelo Império Oyo. Quando um novo inimigo decide destruir seu modo de vida, Nanisca precisa treinar a próxima geração de guerreiras para um sangrento combate que está por vir. Confira o trailer:
A habilidade de Gina Prince-Bythewood em equilibrar ação e emoção ao longo do filme, impressiona - dadas as devidas proporções e respeitando um subgênero mais, digamos, "realista", lembra muito "O Predador: A Caçada". A direção é bastante cuidadosa, com sequências de ação realmente empolgantes, mas também com momentos de introspecção que permitem aos personagens explorar suas motivações e desenvolver relacionamentos, de fato, significativos - essa construção de camadas mais profundas é o que dá certa "alma" ao filme. Aliás, é aí que Prince-Bythewood brilha, ao demonstrar a mesma maestria em criar um ritmo adequado para a narrativa, mantendo a história realmente envolvente do início ao fim.
O roteiro escrito pela Dana Stevens (criadora de uma série que eu adorava chamada "What About Brian" e roteirista de "Paternidade") e pela Maria Bello (de "Treta" da Netflix) proporciona momentos de tirar o fôlego ao mesmo tempo em que traz para discussão temas como propósito e a luta pela justiça, explorando questões filosóficas e éticas de uma maneira bastante interessante. Obviamente que o elenco só potencializa o texto, e nesse ponto Viola Davis toma conta do jogo - ela entrega uma performance emocionalmente complexa, capaz de capturar a dor de uma mulher marcada pelo passado com a mesma vibração e determinação de uma guerreira que parece imortal. A jovem Thuso Mbedu (que vive Nawi) também merece elogios - reparem como ela transita entre a altivez e a coragem sempre com um certo toque melancolia.
Resumindo, "A Mulher Rei" se destaca como um filme que vai além das convenções do gênero de ação, oferecendo uma abordagem envolvente e relevante culturalmente. Sob a direção de Prince-Bythewood, o filme encontra exatamente o valor de suas sequências de ação poderosas com os momentos de profundidade emocional de seus personagens, resultando em uma experiência cinematográfica das mais cativantes - eu diria que é uma prova da força do cinema em proporcionar um entretenimento impactante e reflexões tão significativas.
Vale muito seu play!
Desde a sua estreia nos cinemas, "A Mulher Rei" vem colecionando elogios do público e da crítica por evidenciar o poder da mulher ao assumir o protagonismo de sua história sem esquecer do entretenimento de excelente qualidade. Em uma narrativa que mistura vários elementos de "Pantera Negra" com "Vikings", o filme dirigido pela Gina Prince-Bythewood (de "The Old Guard") estabelece uma dinâmica tão interessante que praticamente nos impede de tirar os olhos da tela. Com uma trama consistente, personagens complexos e com conexões realmente emocionantes, além de sequências de ação muito bem coreografadas, "A Mulher Rei" surpreende tanto pela qualidade quanto pela maturidade e justifica a enorme quantidade prêmios que conquistou pelos Festivais ao redor do globo e as duas indicações ao BAFTA 2023 - Melhor Direção e Melhor Atriz.
Na trama acompanhamos Nanisca (Viola Davis) uma comandante do exército do Reino de Daomé, um dos locais mais poderosos da África nos séculos XVIII e XIX. Durante o período, esse grupo de elite era composto apenas por mulheres que, juntas, combateram seus colonizadores, tribos rivais e todos aqueles que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras. Conhecidas como Agojie, esse grupo foi criado por conta da população masculina que sofria com a violência da guerra e com a frequente comercialização de escravos pelo Império Oyo. Quando um novo inimigo decide destruir seu modo de vida, Nanisca precisa treinar a próxima geração de guerreiras para um sangrento combate que está por vir. Confira o trailer:
A habilidade de Gina Prince-Bythewood em equilibrar ação e emoção ao longo do filme, impressiona - dadas as devidas proporções e respeitando um subgênero mais, digamos, "realista", lembra muito "O Predador: A Caçada". A direção é bastante cuidadosa, com sequências de ação realmente empolgantes, mas também com momentos de introspecção que permitem aos personagens explorar suas motivações e desenvolver relacionamentos, de fato, significativos - essa construção de camadas mais profundas é o que dá certa "alma" ao filme. Aliás, é aí que Prince-Bythewood brilha, ao demonstrar a mesma maestria em criar um ritmo adequado para a narrativa, mantendo a história realmente envolvente do início ao fim.
O roteiro escrito pela Dana Stevens (criadora de uma série que eu adorava chamada "What About Brian" e roteirista de "Paternidade") e pela Maria Bello (de "Treta" da Netflix) proporciona momentos de tirar o fôlego ao mesmo tempo em que traz para discussão temas como propósito e a luta pela justiça, explorando questões filosóficas e éticas de uma maneira bastante interessante. Obviamente que o elenco só potencializa o texto, e nesse ponto Viola Davis toma conta do jogo - ela entrega uma performance emocionalmente complexa, capaz de capturar a dor de uma mulher marcada pelo passado com a mesma vibração e determinação de uma guerreira que parece imortal. A jovem Thuso Mbedu (que vive Nawi) também merece elogios - reparem como ela transita entre a altivez e a coragem sempre com um certo toque melancolia.
Resumindo, "A Mulher Rei" se destaca como um filme que vai além das convenções do gênero de ação, oferecendo uma abordagem envolvente e relevante culturalmente. Sob a direção de Prince-Bythewood, o filme encontra exatamente o valor de suas sequências de ação poderosas com os momentos de profundidade emocional de seus personagens, resultando em uma experiência cinematográfica das mais cativantes - eu diria que é uma prova da força do cinema em proporcionar um entretenimento impactante e reflexões tão significativas.
Vale muito seu play!
“A Origem” é mais uma obra-prima de Christopher Nolan. Astuta e incessante, o diretor abusa de uma direção eficaz e nos encanta com um filme de ação com toques de ficção científica avassaladora. É um filme obrigatório.
Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) é um ladrão eficiente que está entre os melhores na arte da extração: roubar segredos valiosos de dentro dos confins do inconsciente durante o estado de sono, quando a mente se encontra mais vulnerável. Esta rara habilidade tornou Cobb um perito cobiçado no traiçoeiro novo ramo da espionagem corporativa, mas também o transformou em um fugitivo internacional e o levou a sacrificar tudo aquilo que amava. Agora Cobb tem uma chance de redenção. Uma última oferta de trabalho poderá lhe devolver sua vida normal, mas para isso ele deverá encontrar o que é impossível -- a origem. Ao invés de executar um assalto, Cobb e sua equipe de especialistas precisam realizar o inverso; sua missão não é roubar uma ideia e sim plantar uma. Se conseguirem, este poderá ser o crime perfeito. Confira o trailer:
Ah, Nolan, Nolan, será que existe neste século algum diretor que dívida mais opiniões do que você? Alguns lhe consideram um gênio, outros lhe consideram um copiador de fórmulas já usadas, e vocês? Eu ainda sou do time que o considera um dos grandes pilares de diretores incríveis deste século. Por mais críticas que rondam sua trajetória, Nolan por seu próprio mérito figura entre os grandes do cinema, por obras majestosas como "Batman", "O Grande Truque" e "Amnésia". Com o lançamento de "A Origem", essa lista de obras primas crescerá, pois é um filme que brinca com a percepção da audiência de tal forma, que chega a ser impiedoso o fato de alguém entender o filme por completo na primeira vez. É um filme que necessita atenção e uma mente aberta para entender a fantasia dentro da própria fantasia, fixada em um amedrontamento que jugamos ser genialidade, ou será que não? Nada com Nolan é fácil, nada!
No que tange a realidade, "Inception" (no original) mescla elementos ilusórios a todo momento, é um filme que precisa ser revisto, é muita informação jogada em tela. Um sonho dentro de um sonho? E a gravidade? Como funcionaria o acordar disso tudo? Diversas perguntas, poucas respostas, mas são suficientes para entendermos a ousadia de Nolan em nos mostrar um espetáculo visual impecável. O desfecho é repleto de incógnitas, e é isso que deixa tudo mais apaixonante. Com um roteiro encaixado e fluido, coube a Nolan nos apresentar a nata do CGI moderno (não tínhamos visto nada assim antes), alucinante e ao mesmo tempo irrisório. O elenco foi escolhido a dedo, Nolan possuía um DiCaprio resplandescente e seguro, em uma atuação exemplar. O restante do elenco mantém o sarrafo lá no alto, é nítido o entrosamento entre eles - o diretor já havia trabalhado com a maioria em filmes anteriores.
Aqui, Christopher Nolan brinca com o abstrato, e assim vai modificando o entendimento do filme a cada take, quando damos conta já estamos entrelaçados a esse mundo de faz de conta, onde tudo que queremos saber é se tudo não passou de um sonho. Obra prima! "A Origem" é o suprassumo da quintessência da ficção científica com diálogos fabulosos, ação na medida certa, não há exposição barata, apenas a nata fílmica de Hollywood.
"A Origem" ganhou em quatro categorias no Oscar 2011: Melhor Fotografia, Melhor Mixagem, Melhor Edição de Som e Melhor Efeitos Visuais!
Não percam mais tempo, assistam!
Escrito por Bruno Overbeck - uma parceria @overcinee
“A Origem” é mais uma obra-prima de Christopher Nolan. Astuta e incessante, o diretor abusa de uma direção eficaz e nos encanta com um filme de ação com toques de ficção científica avassaladora. É um filme obrigatório.
Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) é um ladrão eficiente que está entre os melhores na arte da extração: roubar segredos valiosos de dentro dos confins do inconsciente durante o estado de sono, quando a mente se encontra mais vulnerável. Esta rara habilidade tornou Cobb um perito cobiçado no traiçoeiro novo ramo da espionagem corporativa, mas também o transformou em um fugitivo internacional e o levou a sacrificar tudo aquilo que amava. Agora Cobb tem uma chance de redenção. Uma última oferta de trabalho poderá lhe devolver sua vida normal, mas para isso ele deverá encontrar o que é impossível -- a origem. Ao invés de executar um assalto, Cobb e sua equipe de especialistas precisam realizar o inverso; sua missão não é roubar uma ideia e sim plantar uma. Se conseguirem, este poderá ser o crime perfeito. Confira o trailer:
Ah, Nolan, Nolan, será que existe neste século algum diretor que dívida mais opiniões do que você? Alguns lhe consideram um gênio, outros lhe consideram um copiador de fórmulas já usadas, e vocês? Eu ainda sou do time que o considera um dos grandes pilares de diretores incríveis deste século. Por mais críticas que rondam sua trajetória, Nolan por seu próprio mérito figura entre os grandes do cinema, por obras majestosas como "Batman", "O Grande Truque" e "Amnésia". Com o lançamento de "A Origem", essa lista de obras primas crescerá, pois é um filme que brinca com a percepção da audiência de tal forma, que chega a ser impiedoso o fato de alguém entender o filme por completo na primeira vez. É um filme que necessita atenção e uma mente aberta para entender a fantasia dentro da própria fantasia, fixada em um amedrontamento que jugamos ser genialidade, ou será que não? Nada com Nolan é fácil, nada!
No que tange a realidade, "Inception" (no original) mescla elementos ilusórios a todo momento, é um filme que precisa ser revisto, é muita informação jogada em tela. Um sonho dentro de um sonho? E a gravidade? Como funcionaria o acordar disso tudo? Diversas perguntas, poucas respostas, mas são suficientes para entendermos a ousadia de Nolan em nos mostrar um espetáculo visual impecável. O desfecho é repleto de incógnitas, e é isso que deixa tudo mais apaixonante. Com um roteiro encaixado e fluido, coube a Nolan nos apresentar a nata do CGI moderno (não tínhamos visto nada assim antes), alucinante e ao mesmo tempo irrisório. O elenco foi escolhido a dedo, Nolan possuía um DiCaprio resplandescente e seguro, em uma atuação exemplar. O restante do elenco mantém o sarrafo lá no alto, é nítido o entrosamento entre eles - o diretor já havia trabalhado com a maioria em filmes anteriores.
Aqui, Christopher Nolan brinca com o abstrato, e assim vai modificando o entendimento do filme a cada take, quando damos conta já estamos entrelaçados a esse mundo de faz de conta, onde tudo que queremos saber é se tudo não passou de um sonho. Obra prima! "A Origem" é o suprassumo da quintessência da ficção científica com diálogos fabulosos, ação na medida certa, não há exposição barata, apenas a nata fílmica de Hollywood.
"A Origem" ganhou em quatro categorias no Oscar 2011: Melhor Fotografia, Melhor Mixagem, Melhor Edição de Som e Melhor Efeitos Visuais!
Não percam mais tempo, assistam!
Escrito por Bruno Overbeck - uma parceria @overcinee
"Hell or High Water" (título original) é um ótimo filme, mas talvez para alguns não será inesquecível por, justamente, dramatizar a relação familiar dentro de um universo que depende de muita ação para prender a atenção de quem assiste.
O filme acompanha a história de dois irmãos no Oeste americano: Toby (Chris Pine), um pai divorciado que tenta assegurar uma vida melhor para o filho, e Tanner (Ben Foster), um ex-presidiário com tendências violentas. Juntos, eles decidem assaltar várias agências do banco que está penhorando a propriedade da sua família. Esta espécie de vingança parece ser um sucesso até que Toby e Tanner se cruzam com um incansável policial texano à procura de um triunfo final antes da aposentadoria. Assim, ao mesmo tempo que os dois assaltantes planeiam um último roubo para completarem o seu plano, o cerco parece se fechar sob o comando do Ranger Marcus Hamilton (Jeff Bridges).
O filme é muito bem dirigido pelo David Mackenzie, a fotografia do Giles Nuttgensé linda e, de fato, Jeff Bridges tinha tudo pra levar o Oscar de "Ator de Coadjuvante" em 2016 - mas não levou! Aliás, "A Qualquer Custo" teve 4 indicações naquele ano: Melhor Edição, Melhor Roteiro Original, Melhor Ator de Coadjuvante e Melhor Filme; e acabou saindo com as mãos vazias!
É preciso dizer que história é realmente boa, mas faltou algum plot twist que justificasse todo o clamor pelo filme, mas ele nunca vem, deixando a experiência bastante previsível! Vale o play, claro, mas encare como um entretenimento de muita qualidade e não um filme marcante!
"Hell or High Water" (título original) é um ótimo filme, mas talvez para alguns não será inesquecível por, justamente, dramatizar a relação familiar dentro de um universo que depende de muita ação para prender a atenção de quem assiste.
O filme acompanha a história de dois irmãos no Oeste americano: Toby (Chris Pine), um pai divorciado que tenta assegurar uma vida melhor para o filho, e Tanner (Ben Foster), um ex-presidiário com tendências violentas. Juntos, eles decidem assaltar várias agências do banco que está penhorando a propriedade da sua família. Esta espécie de vingança parece ser um sucesso até que Toby e Tanner se cruzam com um incansável policial texano à procura de um triunfo final antes da aposentadoria. Assim, ao mesmo tempo que os dois assaltantes planeiam um último roubo para completarem o seu plano, o cerco parece se fechar sob o comando do Ranger Marcus Hamilton (Jeff Bridges).
O filme é muito bem dirigido pelo David Mackenzie, a fotografia do Giles Nuttgensé linda e, de fato, Jeff Bridges tinha tudo pra levar o Oscar de "Ator de Coadjuvante" em 2016 - mas não levou! Aliás, "A Qualquer Custo" teve 4 indicações naquele ano: Melhor Edição, Melhor Roteiro Original, Melhor Ator de Coadjuvante e Melhor Filme; e acabou saindo com as mãos vazias!
É preciso dizer que história é realmente boa, mas faltou algum plot twist que justificasse todo o clamor pelo filme, mas ele nunca vem, deixando a experiência bastante previsível! Vale o play, claro, mas encare como um entretenimento de muita qualidade e não um filme marcante!
"A última coisa que ele queria" chegou no catálogo da Netflix com algumas credenciais importantes: tinha no seu comando uma diretora extremamente competente, Dee Rees (de Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi); um elenco com nomes de muito peso como: Anne Hathaway, Ben Affleck e Willem Dafoe; e para finalizar, era baseado em um livro que, mesmo sem tanta projeção, parecia servir como uma excelente premissa para um ótimo filme de ação com elementos dramáticos, políticos, históricos e até jornalísticos - um pouco na linha de "Argo"!
Confira o trailer:
Mesmo com tudo isso a favor, o filme tem problemas sérios de roteiro - são muitos detalhes (históricos, inclusive) que não dá tempo de desenvolver, explicar e até organizar dentro de um arco consistente: a história de uma repórter, Elena McMahon (Anne Hathaway), que investiga uma conspiração politica envolvendo contrabando de armas e que, por acaso, acaba se envolvendo nessas negociações em uma América Central marcada pela guerra miliciana; merecia, pelo menos, mais umas duas ou três horas! O filme não é ruim, mas eu tenho que admitir que esperava mais - talvez se fosse mesmo uma minissérie, teríamos um excelente entretenimento disponível, como é um filme, o resultado ficou apenas mediano!
É de se imaginar que no livro de Joan Didion, a história de "A última coisa que ele queria" avance com mais naturalidade e as peças do quebra-cabeça não sejam tão aleatórias, pois certamente existe uma coerência dramática na construção das motivações da protagonista. Nessa adaptação, o roteiro se perde com alguns elementos que para o filme não fazem o menor sentido. A relação de Elena McMahon com sua filha e a citação do seu câncer de mama criam o drama, mas não se justificam - experimente tirar todas essas cenas e reparem se faz (ou não) alguma diferença no resultado final! É claro que, com mais tempo, esses dramas seriam essenciais para a construção da personagem - mais ou menos como a bipolaridade e a tensão sexual serviam de gatilhos para Carrie Mathison (Claire Danes) em "Homeland". As relações estabelecidas com seu pai Dick (Willem Dafoe) e com o Treat Morrison (Ben Affleck) são superficiais, baseado em motivações sem questionamentos ou preocupações - Treat Morrison, por exemplo, parece o "Mestre do Magos": ele aparece (e some) em todos os lugares do planeta como em um passe de mágica!
Quando o filme começa com Elena McMahon cobrindo o conflito militar de El Salvador em 1982 e depois questionando o governo americano sobre uma possível relação com grupos milicianos da região, temos a impressão que tudo vai funcionar bem, porém quando o drama do seu pai é inserido na trama e uma série de personagens começam a surgir na história sem nenhuma explicação, ficamos apenas com a tensão que a personagem está vivendo por estar em um ambiente completamente inóspito, onde a chance de tudo acabar mal é muito grande - e aí temos o alivio dramático com o excelente trabalho de Hathaway. A direção consegue construir esse clima (tirando a última cena de Elena McMahon que foi pessimamente realizada), a fotografia do Bobby Bukowski não compromete (mas também não empolga), o desenho de produção é bem interessante na reconstrução dos anos 80 caribenho, mas o roteiro não acompanha - parece que faltaram cenas que contassem melhor a história! Embora o final tenha um certo valor, percebemos claramente um descompasso entre um primeiro ato interessante, um segundo ato fraco e um terceiro bem confuso e corrido.
"A última coisa que ele queria" deixa um gostinho de que poderia ser melhor - mas não nesse formato! Quem gosta de tramas politicas com aquele tempero investigativo vai se divertir mais do que aqueles que buscam apenas um bom entretenimento, mas ambos não vão terminar o filme com aquela sensação maravilhosa de ter assistido algo incrível!
"A última coisa que ele queria" chegou no catálogo da Netflix com algumas credenciais importantes: tinha no seu comando uma diretora extremamente competente, Dee Rees (de Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi); um elenco com nomes de muito peso como: Anne Hathaway, Ben Affleck e Willem Dafoe; e para finalizar, era baseado em um livro que, mesmo sem tanta projeção, parecia servir como uma excelente premissa para um ótimo filme de ação com elementos dramáticos, políticos, históricos e até jornalísticos - um pouco na linha de "Argo"!
Confira o trailer:
Mesmo com tudo isso a favor, o filme tem problemas sérios de roteiro - são muitos detalhes (históricos, inclusive) que não dá tempo de desenvolver, explicar e até organizar dentro de um arco consistente: a história de uma repórter, Elena McMahon (Anne Hathaway), que investiga uma conspiração politica envolvendo contrabando de armas e que, por acaso, acaba se envolvendo nessas negociações em uma América Central marcada pela guerra miliciana; merecia, pelo menos, mais umas duas ou três horas! O filme não é ruim, mas eu tenho que admitir que esperava mais - talvez se fosse mesmo uma minissérie, teríamos um excelente entretenimento disponível, como é um filme, o resultado ficou apenas mediano!
É de se imaginar que no livro de Joan Didion, a história de "A última coisa que ele queria" avance com mais naturalidade e as peças do quebra-cabeça não sejam tão aleatórias, pois certamente existe uma coerência dramática na construção das motivações da protagonista. Nessa adaptação, o roteiro se perde com alguns elementos que para o filme não fazem o menor sentido. A relação de Elena McMahon com sua filha e a citação do seu câncer de mama criam o drama, mas não se justificam - experimente tirar todas essas cenas e reparem se faz (ou não) alguma diferença no resultado final! É claro que, com mais tempo, esses dramas seriam essenciais para a construção da personagem - mais ou menos como a bipolaridade e a tensão sexual serviam de gatilhos para Carrie Mathison (Claire Danes) em "Homeland". As relações estabelecidas com seu pai Dick (Willem Dafoe) e com o Treat Morrison (Ben Affleck) são superficiais, baseado em motivações sem questionamentos ou preocupações - Treat Morrison, por exemplo, parece o "Mestre do Magos": ele aparece (e some) em todos os lugares do planeta como em um passe de mágica!
Quando o filme começa com Elena McMahon cobrindo o conflito militar de El Salvador em 1982 e depois questionando o governo americano sobre uma possível relação com grupos milicianos da região, temos a impressão que tudo vai funcionar bem, porém quando o drama do seu pai é inserido na trama e uma série de personagens começam a surgir na história sem nenhuma explicação, ficamos apenas com a tensão que a personagem está vivendo por estar em um ambiente completamente inóspito, onde a chance de tudo acabar mal é muito grande - e aí temos o alivio dramático com o excelente trabalho de Hathaway. A direção consegue construir esse clima (tirando a última cena de Elena McMahon que foi pessimamente realizada), a fotografia do Bobby Bukowski não compromete (mas também não empolga), o desenho de produção é bem interessante na reconstrução dos anos 80 caribenho, mas o roteiro não acompanha - parece que faltaram cenas que contassem melhor a história! Embora o final tenha um certo valor, percebemos claramente um descompasso entre um primeiro ato interessante, um segundo ato fraco e um terceiro bem confuso e corrido.
"A última coisa que ele queria" deixa um gostinho de que poderia ser melhor - mas não nesse formato! Quem gosta de tramas politicas com aquele tempero investigativo vai se divertir mais do que aqueles que buscam apenas um bom entretenimento, mas ambos não vão terminar o filme com aquela sensação maravilhosa de ter assistido algo incrível!
Mais um ótimo achado para quem gosta de uma série de ação e drama onde o tema predominante é o terrorismo. O surpreendente nesse caso, é o mergulho sobre o tema pela perspectiva europeia, mais precisamente a partir das operações de uma equipe de elite da Polícia Nacional da Espanha - e olha, se prepare porque você vai se surpreender com o tamanho dessa produção da Movistar Plus. Na linha de "Homeland", mas com fortes elementos de "Jack Ryan","A Unidade" é uma excelente série espanhola, distribuída internacionalmente pela HBO, que transcende as expectativas do gênero ao discutir com mais profundidade o combate antiterrorismo, enquanto expõe o impacto psicológico e pessoal que essa jornada impõe aos seus protagonistas. Criada por Dani de la Torre e Alberto Marini, e dirigida pelo próprio De la Torre, a série se apoia em uma abordagem mais realista e tecnicamente muito sofisticada para narrar, ao longo de três temporadas, as operações de contenção a atentados jihadistas em território europeu.
Repare como sinopse oficial já estabelece a tensão central de "La Unidad", no original: Uma unidade especial da polícia antiterrorismo da Espanha corre contra o tempo para impedir uma série de ataques coordenados enquanto lida com dilemas éticos, riscos políticos e dramas pessoais que ameaçam comprometer sua missão. Confira o trailer:
Desde a primeira temporada, lançada em 2020, "A Unidade" se destaca por equilibrar uma atmosfera de tensão permanente com um recorte sensível sobre os bastidores da inteligência antiterrorismo. O primeiro arco acompanha a operação para desmantelar uma célula jihadista antes que ela consiga executar um atentado em Madri. Com uma narrativa que se esforça (embora nem sempre consiga) evitar os clichês hollywoodianos, a série busca apresentar personagens mais complexos, liderados pela inspetora Carla Torres (Nathalie Poza), e se estrutura como um estudo sobre a responsabilidade de ter que tomar uma sucessão de decisões operacionais e morais que testam a humanidade de todos os envolvidos. Nesse sentido, vale destacar, a direção de De la Torre é precisa - ele opta por uma estética quase documental, uma fotografia marcante, cortes secos e cenas de ação bem cruas, para reforçar essa sensação de urgência e realismo que a série promete desde sua premissa.
Na segunda temporada, lançada em 2022, o escopo da narrativa se expande um pouco mais. Agora, a Unidade precisa lidar com a ameaça de um ataque de vingança após a morte de um líder jihadista, o que coloca os agentes em uma corrida contra o tempo em múltiplas frentes. O roteiro adota uma estrutura mais coral, destacando novos personagens e explorando as consequências emocionais dos eventos anteriores. É nessa temporada que a série aprofunda as relações interpessoais e o desgaste psicológico da equipe - especialmente de Carla, que enfrenta conflitos relacionados à sua filha e à sua própria vocação. Essa temporada foi igualmente elogiada, especialmente por introduzir críticas sutis ao sistema de segurança europeu, aos conflitos entre agências e à tensão constante entre vigilância e liberdade individual.
Já na terceira temporada, lançada em 2023, “A Unidade” decide ousar ao deslocar sua narrativa para fora da Espanha, concentrando boa parte da ação no norte da África e na fronteira síria. Com um arco que remete ao recrutamento infantil, aos campos de refugiados e a radicalização transnacional, a série atinge seu ponto mais maduro, tanto em termos de conteúdo quanto de execução - mas se afasta do seu DNA, o que acabou gerando muitas criticas na época. A construção dos episódios é mais contemplativa e por isso emocionalmente intensa, mesmo sem abrir mão de uma ação pontual. Aqui, De la Torre adota uma abordagem ainda mais cinematográfica, com longos planos-sequência e uso expressivo da luz natural. A performance do elenco se mantém sólida ao oferecer atuações até mais contidas, mas profundamente tocantes, à medida que os personagens confrontam os limites do que é possível suportar - física, emocional e eticamente.
Para finalizar, vale ressaltar como tecnicamente, “A Unidade” é irrepreensível: desde o desenho de som, hiper meticuloso; passando pela trilha que traz um misto de sobriedade e tensão; até o trabalho de câmera que evita o espetáculo gratuito, priorizando a imersão da audiência e as sensações que determinadas passagens provocam. A série também se beneficia de uma consultoria precisa sobre protocolos antiterrorismo e de uma montagem que jamais subestima o fã mais acostumado ao tema - o uso equilibrado do espanhol, do árabe e do francês, por exemplo, acrescenta uma camada de verossimilhança que torna a jornada ainda mais universal, além, obviamente, de reforçar a complexidade da geopolítica abordada no roteiro. Enfim, ao longo de suas três temporadas, “A Unidade” se consolida como uma das produções espanholas mais consistentes dos últimos anos - é uma série que não apenas entretém, mas que provoca, que levanta questionamentos sobre até onde ir em nome da segurança; que traz discussões sobre as fronteiras entre o bem e o mal, e sobre as cicatrizes invisíveis que o dever impõe àqueles que vivem à sombra do terrorismo.
Dura, contida e envolvente, “A Unidade” merece ser descoberta - e debatida. Vale o seu play!
Mais um ótimo achado para quem gosta de uma série de ação e drama onde o tema predominante é o terrorismo. O surpreendente nesse caso, é o mergulho sobre o tema pela perspectiva europeia, mais precisamente a partir das operações de uma equipe de elite da Polícia Nacional da Espanha - e olha, se prepare porque você vai se surpreender com o tamanho dessa produção da Movistar Plus. Na linha de "Homeland", mas com fortes elementos de "Jack Ryan","A Unidade" é uma excelente série espanhola, distribuída internacionalmente pela HBO, que transcende as expectativas do gênero ao discutir com mais profundidade o combate antiterrorismo, enquanto expõe o impacto psicológico e pessoal que essa jornada impõe aos seus protagonistas. Criada por Dani de la Torre e Alberto Marini, e dirigida pelo próprio De la Torre, a série se apoia em uma abordagem mais realista e tecnicamente muito sofisticada para narrar, ao longo de três temporadas, as operações de contenção a atentados jihadistas em território europeu.
Repare como sinopse oficial já estabelece a tensão central de "La Unidad", no original: Uma unidade especial da polícia antiterrorismo da Espanha corre contra o tempo para impedir uma série de ataques coordenados enquanto lida com dilemas éticos, riscos políticos e dramas pessoais que ameaçam comprometer sua missão. Confira o trailer:
Desde a primeira temporada, lançada em 2020, "A Unidade" se destaca por equilibrar uma atmosfera de tensão permanente com um recorte sensível sobre os bastidores da inteligência antiterrorismo. O primeiro arco acompanha a operação para desmantelar uma célula jihadista antes que ela consiga executar um atentado em Madri. Com uma narrativa que se esforça (embora nem sempre consiga) evitar os clichês hollywoodianos, a série busca apresentar personagens mais complexos, liderados pela inspetora Carla Torres (Nathalie Poza), e se estrutura como um estudo sobre a responsabilidade de ter que tomar uma sucessão de decisões operacionais e morais que testam a humanidade de todos os envolvidos. Nesse sentido, vale destacar, a direção de De la Torre é precisa - ele opta por uma estética quase documental, uma fotografia marcante, cortes secos e cenas de ação bem cruas, para reforçar essa sensação de urgência e realismo que a série promete desde sua premissa.
Na segunda temporada, lançada em 2022, o escopo da narrativa se expande um pouco mais. Agora, a Unidade precisa lidar com a ameaça de um ataque de vingança após a morte de um líder jihadista, o que coloca os agentes em uma corrida contra o tempo em múltiplas frentes. O roteiro adota uma estrutura mais coral, destacando novos personagens e explorando as consequências emocionais dos eventos anteriores. É nessa temporada que a série aprofunda as relações interpessoais e o desgaste psicológico da equipe - especialmente de Carla, que enfrenta conflitos relacionados à sua filha e à sua própria vocação. Essa temporada foi igualmente elogiada, especialmente por introduzir críticas sutis ao sistema de segurança europeu, aos conflitos entre agências e à tensão constante entre vigilância e liberdade individual.
Já na terceira temporada, lançada em 2023, “A Unidade” decide ousar ao deslocar sua narrativa para fora da Espanha, concentrando boa parte da ação no norte da África e na fronteira síria. Com um arco que remete ao recrutamento infantil, aos campos de refugiados e a radicalização transnacional, a série atinge seu ponto mais maduro, tanto em termos de conteúdo quanto de execução - mas se afasta do seu DNA, o que acabou gerando muitas criticas na época. A construção dos episódios é mais contemplativa e por isso emocionalmente intensa, mesmo sem abrir mão de uma ação pontual. Aqui, De la Torre adota uma abordagem ainda mais cinematográfica, com longos planos-sequência e uso expressivo da luz natural. A performance do elenco se mantém sólida ao oferecer atuações até mais contidas, mas profundamente tocantes, à medida que os personagens confrontam os limites do que é possível suportar - física, emocional e eticamente.
Para finalizar, vale ressaltar como tecnicamente, “A Unidade” é irrepreensível: desde o desenho de som, hiper meticuloso; passando pela trilha que traz um misto de sobriedade e tensão; até o trabalho de câmera que evita o espetáculo gratuito, priorizando a imersão da audiência e as sensações que determinadas passagens provocam. A série também se beneficia de uma consultoria precisa sobre protocolos antiterrorismo e de uma montagem que jamais subestima o fã mais acostumado ao tema - o uso equilibrado do espanhol, do árabe e do francês, por exemplo, acrescenta uma camada de verossimilhança que torna a jornada ainda mais universal, além, obviamente, de reforçar a complexidade da geopolítica abordada no roteiro. Enfim, ao longo de suas três temporadas, “A Unidade” se consolida como uma das produções espanholas mais consistentes dos últimos anos - é uma série que não apenas entretém, mas que provoca, que levanta questionamentos sobre até onde ir em nome da segurança; que traz discussões sobre as fronteiras entre o bem e o mal, e sobre as cicatrizes invisíveis que o dever impõe àqueles que vivem à sombra do terrorismo.
Dura, contida e envolvente, “A Unidade” merece ser descoberta - e debatida. Vale o seu play!
Se em 1971, "Encurralado" mostrou para o mercado o potencial do diretor Steven Spielberg; dadas as devidas proporções, "A Viatura" representou a mesma coisa para o jovem diretor de 34 anos, Jon Watts, em 2015 - ano em que esse filme esteve Top Ten Independent Films pela National Board of Review dos EUA. Aliás, foi graças a "Cop Car" (no original), que Watts recebeu o convite para dirigir a nova trilogia do "Homem- Aranha" para a Sony.
Em um ótimo filme de ação com inúmeras referências ao estilo "Vince Gilligan" (de "Breaking Bad") de contar uma história que transita entre a angustia e a tensão (cheia de humor ácido), dois amigos com 10 anos de idade encontram um carro da polícia abandonado e decidem dirigi-lo para se divertir. Porém, ambos não sabem como fazer isso e acabam se afastando do local onde estavam. Acontece que a viatura pertence ao corrupto xerife da cidade que, claro, decide reaver seu carro para não se complicar - é aí que o jogo de gato e rato começa. Confira o trailer (em inglês):
Para entender o caráter independente de "A Viatura", o filme foi destaque no Festival de Sundance em 2015 - o mesmo festival que também catapultou as carreiras de nomes (hoje) consagrados como Kevin Smith, Quentin Tarantino, Bryan Singer, Noah Baumbach, David O. Russell. De fato Watts conseguiu a mesma coisa ao transportar para o filme, em pouco menos de 90 minutos, toda a ingenuidade de dois garotos que só queriam se divertir, mas que tomaram decisões erradas por não entenderem o real perigo que estavam passando - sair dirigindo qualquer carro com dez anos de idade já seria um absurdo, imagina uma viatura de policia no interior dos EUA?
O interessante do roteiro escrito por Watts e Christopher Ford (de "Mundo em Caos") é que é a partir dessa ingenuidade que a tensão vai se construindo. Aquele principio da "bola de neve" que Gilligan usou em "Breaking Bad" é exatamente o mesmo aqui. As similaridades não são apenas narrativas, mas também conceituais, já que Watts está sempre procurando posicionar sua câmera de uma forma criativa para contar a história certa, no momento certo, aproveitando todos os detalhes que a própria ação deixou para trás - reparem nos gravetos deixados pelos garotos e na garrafa quebrada na estrada (pode parecer besteira, mas não, tudo tem uma razão de ser e de estar em cena). O desenho de som é outra forte referência de Gilligan - ele conta a história, mas mais do que isso, também serve para potencializar a tensão que está sendo construída ou que está prestes a estourar. Reparem no som "ensurdecedor" dos moinhos de vento no terceiro ato do filme.
De fato "A Viatura" não é um filme inesquecível, mas é tão bom dentro da sua simplicidade que fica fácil entender porque Watts foi exaltado. Seu trabalho com os jovens atores James Freedson-Jackson e Hays Wellford, foi sensacional. O direcionamento para que Kevin Bacon, mais uma vez, também brilhasse, merece elogios. Sua habilidade em subverter algumas ações simples em algo aterrorizante ditou o ritmo do filme (dois meninos mexendo em armas de fogo com nenhum cuidado, ajuda a definir essa sensação). Tendo em mente que o filme custou menos de um milhão de dólares, posso te garantir que saiu barato pelo entretenimento que ele proporciona!
Vale o play!
Se em 1971, "Encurralado" mostrou para o mercado o potencial do diretor Steven Spielberg; dadas as devidas proporções, "A Viatura" representou a mesma coisa para o jovem diretor de 34 anos, Jon Watts, em 2015 - ano em que esse filme esteve Top Ten Independent Films pela National Board of Review dos EUA. Aliás, foi graças a "Cop Car" (no original), que Watts recebeu o convite para dirigir a nova trilogia do "Homem- Aranha" para a Sony.
Em um ótimo filme de ação com inúmeras referências ao estilo "Vince Gilligan" (de "Breaking Bad") de contar uma história que transita entre a angustia e a tensão (cheia de humor ácido), dois amigos com 10 anos de idade encontram um carro da polícia abandonado e decidem dirigi-lo para se divertir. Porém, ambos não sabem como fazer isso e acabam se afastando do local onde estavam. Acontece que a viatura pertence ao corrupto xerife da cidade que, claro, decide reaver seu carro para não se complicar - é aí que o jogo de gato e rato começa. Confira o trailer (em inglês):
Para entender o caráter independente de "A Viatura", o filme foi destaque no Festival de Sundance em 2015 - o mesmo festival que também catapultou as carreiras de nomes (hoje) consagrados como Kevin Smith, Quentin Tarantino, Bryan Singer, Noah Baumbach, David O. Russell. De fato Watts conseguiu a mesma coisa ao transportar para o filme, em pouco menos de 90 minutos, toda a ingenuidade de dois garotos que só queriam se divertir, mas que tomaram decisões erradas por não entenderem o real perigo que estavam passando - sair dirigindo qualquer carro com dez anos de idade já seria um absurdo, imagina uma viatura de policia no interior dos EUA?
O interessante do roteiro escrito por Watts e Christopher Ford (de "Mundo em Caos") é que é a partir dessa ingenuidade que a tensão vai se construindo. Aquele principio da "bola de neve" que Gilligan usou em "Breaking Bad" é exatamente o mesmo aqui. As similaridades não são apenas narrativas, mas também conceituais, já que Watts está sempre procurando posicionar sua câmera de uma forma criativa para contar a história certa, no momento certo, aproveitando todos os detalhes que a própria ação deixou para trás - reparem nos gravetos deixados pelos garotos e na garrafa quebrada na estrada (pode parecer besteira, mas não, tudo tem uma razão de ser e de estar em cena). O desenho de som é outra forte referência de Gilligan - ele conta a história, mas mais do que isso, também serve para potencializar a tensão que está sendo construída ou que está prestes a estourar. Reparem no som "ensurdecedor" dos moinhos de vento no terceiro ato do filme.
De fato "A Viatura" não é um filme inesquecível, mas é tão bom dentro da sua simplicidade que fica fácil entender porque Watts foi exaltado. Seu trabalho com os jovens atores James Freedson-Jackson e Hays Wellford, foi sensacional. O direcionamento para que Kevin Bacon, mais uma vez, também brilhasse, merece elogios. Sua habilidade em subverter algumas ações simples em algo aterrorizante ditou o ritmo do filme (dois meninos mexendo em armas de fogo com nenhum cuidado, ajuda a definir essa sensação). Tendo em mente que o filme custou menos de um milhão de dólares, posso te garantir que saiu barato pelo entretenimento que ele proporciona!
Vale o play!
Mesmo com algumas críticas, eu te garanto: "Adão Negro" é um ótimo filme de herói - daqueles bem realizados, com boas cenas de ação, uma história descomplicada e um personagem para lá de cativante (muito mérito do The Rock, diga-se de passagem)! Seu único "problema" é que ele não parece um filme da DC, ele é uma cópia descarada da cartilha da Marvel - então não espere aquele belíssimo visual mais sombrio (e requintado) dos tempos de Snyder e muito menos o refinamento e a densidade narrativa de "The Batman" ou de "Coringa".
Alter ego de Teth-Adam e filho do faraó Ramsés II, "Adão Negro" conta a história de origem do anti-herói que foi consumido por poderes mágicos e transformado em um feiticeiro com habilidades inimagináveis com um forte sentimento de vingança. Campeão de Kahndaq que combateu a escravidão para salvar seu povo na Antiguidade, Adam é libertado por caçadores de relíquias no Oriente Médio após mais de 5.000 anos e agora precisa encontrar o seu verdadeiro caminho, além de impor o seu senso de justiça perante um mundo onde a humanidade está à beira do caos. Confira o trailer:
Embora descartado da primeira fase do que tende a ser uma nova era no Universo DC no cinema e no streaming, "Adão Negro" cumpre o seu papel como entretenimento e ganha uma sobrevida para um futuro retorno em melhores condições, digamos, de planejamento. Dinâmico e mais equilibrado que muitos dos últimos filmes da Marvel, incluindo "Thor: Amor e Trovão", o filme dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (de "Jungle Cruise" e "Águas Rasas") tem o mérito de mexer com a nossa curiosidade ao apresentar um personagem com potencial de encarar ícones da cultura pop como o próprio Super-Homem, afinal sua super força, sua velocidade, resistência, capacidade de voar e de disparar raios são a maior representatividade do que esses personagens míticos podem representar perante os humanos - algo muito bem trabalhado no passado, como vimos em "O Homem de Aço" e "Batman vs Superman: A Origem da Justiça", e que vinha sendo descartado aos poucos.
Ao citar essas duas obras de Zack Snyder e justamente por isso colocar na balança a qualidade cinematográfica do filme de Collet-Serra, percebemos um outro nível de experiência (inferior, claro); no entanto os elementos narrativos testados e aprovados pelo MCU estão lá e isso faz com que "Adão Negro" mais acerte do que erre como filme de gênero, mesmo que aquela incômoda sensação de "já vi isso em algum lugar" nos acompanhe durante toda a jornada - o dispensável arco de apresentação da Sociedade da Justiça e de seus membros são um bom exemplo disso: tem um Senhor Destino que parece o Doutor Estranho, um Esmaga-Átomo que é a "cara" do Homem-Formiga com um toque de "Homem-Aranha", sem falar no Pantera, digo Gavião Negro, e até aquele QG com nave espacial e tudo, ao melhor estilo "X-Men".
Se a cena pós-crédito de "Liga da Justiça"(o "Snyder Cut", óbvio) nos encheu de esperança, eu diria que a de "Adão Negro" foi capaz de definir exatamente o que um verdadeiro fã de HQ imaginou durante muitos anos. Pena que o atual "todo poderoso da DC" já disse que aquilo não vai acontecer exatamente como nos foi apresentado (e aqui vou te poupar de spolers - você vai entender rapidamente quando assistir), mas é inegável que "Adão Negro" prova que a pancadaria muitas vezes se justifica como escolha narrativa e que a profundidade dos personagens e suas cruzadas mais íntimas não necessariamente precisam conviver em harmonia em todo projeto, desde que, claro, a identidade tenha solidez, o conceito seja respeitado e que a construção do Universo se mantenha coerente com a proposta como um todo.
"Adão Negro" vale sim o seu play, mesmo com as derrapadas cômicas que não se encaixam na DC, mas que tanta gente adora que nem a cópia vai incomodar!
Mesmo com algumas críticas, eu te garanto: "Adão Negro" é um ótimo filme de herói - daqueles bem realizados, com boas cenas de ação, uma história descomplicada e um personagem para lá de cativante (muito mérito do The Rock, diga-se de passagem)! Seu único "problema" é que ele não parece um filme da DC, ele é uma cópia descarada da cartilha da Marvel - então não espere aquele belíssimo visual mais sombrio (e requintado) dos tempos de Snyder e muito menos o refinamento e a densidade narrativa de "The Batman" ou de "Coringa".
Alter ego de Teth-Adam e filho do faraó Ramsés II, "Adão Negro" conta a história de origem do anti-herói que foi consumido por poderes mágicos e transformado em um feiticeiro com habilidades inimagináveis com um forte sentimento de vingança. Campeão de Kahndaq que combateu a escravidão para salvar seu povo na Antiguidade, Adam é libertado por caçadores de relíquias no Oriente Médio após mais de 5.000 anos e agora precisa encontrar o seu verdadeiro caminho, além de impor o seu senso de justiça perante um mundo onde a humanidade está à beira do caos. Confira o trailer:
Embora descartado da primeira fase do que tende a ser uma nova era no Universo DC no cinema e no streaming, "Adão Negro" cumpre o seu papel como entretenimento e ganha uma sobrevida para um futuro retorno em melhores condições, digamos, de planejamento. Dinâmico e mais equilibrado que muitos dos últimos filmes da Marvel, incluindo "Thor: Amor e Trovão", o filme dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (de "Jungle Cruise" e "Águas Rasas") tem o mérito de mexer com a nossa curiosidade ao apresentar um personagem com potencial de encarar ícones da cultura pop como o próprio Super-Homem, afinal sua super força, sua velocidade, resistência, capacidade de voar e de disparar raios são a maior representatividade do que esses personagens míticos podem representar perante os humanos - algo muito bem trabalhado no passado, como vimos em "O Homem de Aço" e "Batman vs Superman: A Origem da Justiça", e que vinha sendo descartado aos poucos.
Ao citar essas duas obras de Zack Snyder e justamente por isso colocar na balança a qualidade cinematográfica do filme de Collet-Serra, percebemos um outro nível de experiência (inferior, claro); no entanto os elementos narrativos testados e aprovados pelo MCU estão lá e isso faz com que "Adão Negro" mais acerte do que erre como filme de gênero, mesmo que aquela incômoda sensação de "já vi isso em algum lugar" nos acompanhe durante toda a jornada - o dispensável arco de apresentação da Sociedade da Justiça e de seus membros são um bom exemplo disso: tem um Senhor Destino que parece o Doutor Estranho, um Esmaga-Átomo que é a "cara" do Homem-Formiga com um toque de "Homem-Aranha", sem falar no Pantera, digo Gavião Negro, e até aquele QG com nave espacial e tudo, ao melhor estilo "X-Men".
Se a cena pós-crédito de "Liga da Justiça"(o "Snyder Cut", óbvio) nos encheu de esperança, eu diria que a de "Adão Negro" foi capaz de definir exatamente o que um verdadeiro fã de HQ imaginou durante muitos anos. Pena que o atual "todo poderoso da DC" já disse que aquilo não vai acontecer exatamente como nos foi apresentado (e aqui vou te poupar de spolers - você vai entender rapidamente quando assistir), mas é inegável que "Adão Negro" prova que a pancadaria muitas vezes se justifica como escolha narrativa e que a profundidade dos personagens e suas cruzadas mais íntimas não necessariamente precisam conviver em harmonia em todo projeto, desde que, claro, a identidade tenha solidez, o conceito seja respeitado e que a construção do Universo se mantenha coerente com a proposta como um todo.
"Adão Negro" vale sim o seu play, mesmo com as derrapadas cômicas que não se encaixam na DC, mas que tanta gente adora que nem a cópia vai incomodar!
Assistir "Alerta Máximo" é como jogar uma boa partida de "Fair Cry" ou como viajar para os anos 80 ou 90 e reviver os clássicos filmes de ação onde um herói improvável ao melhor estilo Nicolas Cage, Bruce Willis, Steven Seagal ou até Sylvester Stallone, busca sua redenção tentando salvar um grupo de pessoas em uma perigosa (para não dizer suicida) jornada contra mercenários infinitamente melhor equipados que ele. Dito isso, já dá para imaginar o tamanho da abstração da realidade que será necessário para embarcar nessa aventura , certo? Então soma-se o fato de um piloto tentando pousar um avião comercial em uma estrada de terra, com árvores para todo lado, durante uma forte tempestade noturna e sem nenhum tipo de instrumento de navegação para auxiliá-lo. Difícil, né? Mas acredite: tudo isso é muito (mais muito) divertido!
O experiente piloto Brodie Torrance (Gerard Butler), após ser atingido por um raio em meio a uma forte tempestade, salva seus passageirosfazendo um pouso arriscado em uma ilha devastada pela guerra civil – é ali que ele descobre que sobreviver a um acidente aéreo será apenas o começo de uma perigosa jornada. Quando a maioria dos passageiros são feitos de reféns por perigosos rebeldes, a única pessoa com quem Torrance pode contar para ajudar no resgate é Louis Gaspare (Mike Colter), um acusado de assassinato que estava sendo transportado pelo FBI. Confira o trailer:
Como um bom filme de ação deve ser, os roteiristas J. P. Davis (de "Contrato Perigoso) e o estreante Charles Cumming não perdem muito tempo na apresentação dos personagens, muito menos nas motivações que os colocaram naquela situação - mesmo que o gatilho emocional seja a conexão familiar, sua exposição superficial praticamente não interfere no andamento da trama, ou seja, você até vai encontrar algum sentimentalismo barato (natural), mas o que vai te divertir mesmo serão os tiros para tudo quanto é lado. Obviamente que essa dinâmica narrativa tão particular nos exige certo relaxamento intelectual, porém é de se elogiar a forma como o diretor francês Jean-François Richet (de "Assalto ao 13° Distrito" e "Inimigo Público") se alinha ao texto e nos entrega um excelente entretenimento de pouco mais de 90 minutos.
Richet não esconde suas referências que vão de "Duro de Matar" ao game "Call of Duty" em apenas um corte de câmera - ele conduz a narrativa com uma eficaz alternância de estilos, chancelando sua capacidade e conhecimento sobre a gramática cinematográfica do gênero. Se no primeiro ato ele se apoia no tradicional da câmera fixa, a partir do segundo sua câmera nervosa tira a audiência do papel de observador e rapidamente nos coloca como parte da tropa, aproveitando todo clima de tensão e angustia que os personagens estão vivendo - e aqui cabe um comentário: a sequência de caos quando o avião é atingido pelo raio e as consequências desse acidente funcionam lindamente (que chega a dar uma saudade de "Lost").
No final das contas, "Plane" (no original) pode até parecer um emaranhado de referências e estilos narrativos, mas na verdade ele simplesmente segue, linha a linha, a cartilha do bom filme de ação dos anos 80 e 90 - e com muitos méritos eu diria! Então se você viveu esses anos dourados do cinema de gênero e gostou de "obras-primas" como "Con Air", "A Outra Face", "A Força em Alerta", etc; pode ter certeza que você vai se amarrar em "Alerta Máximo" e ainda colocar o ator escocês Gerard Butler naquela prateleira que poucos tem a honra de estar!
Vale muito a pena!
Assistir "Alerta Máximo" é como jogar uma boa partida de "Fair Cry" ou como viajar para os anos 80 ou 90 e reviver os clássicos filmes de ação onde um herói improvável ao melhor estilo Nicolas Cage, Bruce Willis, Steven Seagal ou até Sylvester Stallone, busca sua redenção tentando salvar um grupo de pessoas em uma perigosa (para não dizer suicida) jornada contra mercenários infinitamente melhor equipados que ele. Dito isso, já dá para imaginar o tamanho da abstração da realidade que será necessário para embarcar nessa aventura , certo? Então soma-se o fato de um piloto tentando pousar um avião comercial em uma estrada de terra, com árvores para todo lado, durante uma forte tempestade noturna e sem nenhum tipo de instrumento de navegação para auxiliá-lo. Difícil, né? Mas acredite: tudo isso é muito (mais muito) divertido!
O experiente piloto Brodie Torrance (Gerard Butler), após ser atingido por um raio em meio a uma forte tempestade, salva seus passageirosfazendo um pouso arriscado em uma ilha devastada pela guerra civil – é ali que ele descobre que sobreviver a um acidente aéreo será apenas o começo de uma perigosa jornada. Quando a maioria dos passageiros são feitos de reféns por perigosos rebeldes, a única pessoa com quem Torrance pode contar para ajudar no resgate é Louis Gaspare (Mike Colter), um acusado de assassinato que estava sendo transportado pelo FBI. Confira o trailer:
Como um bom filme de ação deve ser, os roteiristas J. P. Davis (de "Contrato Perigoso) e o estreante Charles Cumming não perdem muito tempo na apresentação dos personagens, muito menos nas motivações que os colocaram naquela situação - mesmo que o gatilho emocional seja a conexão familiar, sua exposição superficial praticamente não interfere no andamento da trama, ou seja, você até vai encontrar algum sentimentalismo barato (natural), mas o que vai te divertir mesmo serão os tiros para tudo quanto é lado. Obviamente que essa dinâmica narrativa tão particular nos exige certo relaxamento intelectual, porém é de se elogiar a forma como o diretor francês Jean-François Richet (de "Assalto ao 13° Distrito" e "Inimigo Público") se alinha ao texto e nos entrega um excelente entretenimento de pouco mais de 90 minutos.
Richet não esconde suas referências que vão de "Duro de Matar" ao game "Call of Duty" em apenas um corte de câmera - ele conduz a narrativa com uma eficaz alternância de estilos, chancelando sua capacidade e conhecimento sobre a gramática cinematográfica do gênero. Se no primeiro ato ele se apoia no tradicional da câmera fixa, a partir do segundo sua câmera nervosa tira a audiência do papel de observador e rapidamente nos coloca como parte da tropa, aproveitando todo clima de tensão e angustia que os personagens estão vivendo - e aqui cabe um comentário: a sequência de caos quando o avião é atingido pelo raio e as consequências desse acidente funcionam lindamente (que chega a dar uma saudade de "Lost").
No final das contas, "Plane" (no original) pode até parecer um emaranhado de referências e estilos narrativos, mas na verdade ele simplesmente segue, linha a linha, a cartilha do bom filme de ação dos anos 80 e 90 - e com muitos méritos eu diria! Então se você viveu esses anos dourados do cinema de gênero e gostou de "obras-primas" como "Con Air", "A Outra Face", "A Força em Alerta", etc; pode ter certeza que você vai se amarrar em "Alerta Máximo" e ainda colocar o ator escocês Gerard Butler naquela prateleira que poucos tem a honra de estar!
Vale muito a pena!
Verdade seja dita: não é fácil encontrar bons "blockbusters". Histórias batidas, atores no piloto automático e CGI caro/ruim são a receita de dezenas de títulos lançados ano após ano. Felizmente, "Amor e Monstros" é diferente. Em poucos minutos, o filme estabelece o contexto daquele mundo pós-apocalíptico: a humanidade perdeu o topo da cadeia alimentar e a soberania da superfície terrestre. Os poucos que sobraram foram relegados a (sobre)viver em bunkers e abrigos subterrâneos.
Após 7 anos, o medroso Joel (Dylan O’Brien) encarna o Thomas de Maze Runner para correr até a sua amada Aimee (Jessica Henwick). No caminho, encontra alguns aliados e vários monstros. A premissa simples parece uma mistura de Zumbilândia com Sessão da Tarde, mas eu garanto: a execução é impecável! Confira o trailer:
Conhecemos um mundo selvagem, verde, pitoresco e ameaçador. Desde Aniquilação (2018) a natureza anômala não era retratada de forma tão estupenda. Os efeitos visuais, reconhecidos pela academia do Oscar com uma indicação na categoria, são incríveis: da computação gráfica que cria os monstros aos efeitos práticos empregados nas cenas de ação. A facilidade do filme em transitar por vários gêneros chama atenção. Além do "terrir" (terror + comédia), vemos uma aventura cheia de ação e suspense, com um tempero de ficção científica - mérito do diretorMichael Matthews. Destaque para o bom elenco coadjuvante, especialmente Michael Rooker como Clyde e a sagaz Minnow de Ariana Greenblatt, sem falar no "Melhor Cachorro de 2021" - Boy é ótimo!
"Love and Monsters" (título original) pode ainda deixar reflexões sobre a importância da comunicação e do enfrentamento dos medos. Mas antes disso, deve ser encarado como um entretenimento ótimo e empolgante, capaz de assustar e divertir na mesma proporção.
A verdade é que o filme poderia ser uma premiada animação da Pixar - o contexto narrativo da jornada do herói e do auto-conhecimento está todo ali, porém é um "Cinema Pipoca" acima da média, acredite!
Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria @dicastreaming
Verdade seja dita: não é fácil encontrar bons "blockbusters". Histórias batidas, atores no piloto automático e CGI caro/ruim são a receita de dezenas de títulos lançados ano após ano. Felizmente, "Amor e Monstros" é diferente. Em poucos minutos, o filme estabelece o contexto daquele mundo pós-apocalíptico: a humanidade perdeu o topo da cadeia alimentar e a soberania da superfície terrestre. Os poucos que sobraram foram relegados a (sobre)viver em bunkers e abrigos subterrâneos.
Após 7 anos, o medroso Joel (Dylan O’Brien) encarna o Thomas de Maze Runner para correr até a sua amada Aimee (Jessica Henwick). No caminho, encontra alguns aliados e vários monstros. A premissa simples parece uma mistura de Zumbilândia com Sessão da Tarde, mas eu garanto: a execução é impecável! Confira o trailer:
Conhecemos um mundo selvagem, verde, pitoresco e ameaçador. Desde Aniquilação (2018) a natureza anômala não era retratada de forma tão estupenda. Os efeitos visuais, reconhecidos pela academia do Oscar com uma indicação na categoria, são incríveis: da computação gráfica que cria os monstros aos efeitos práticos empregados nas cenas de ação. A facilidade do filme em transitar por vários gêneros chama atenção. Além do "terrir" (terror + comédia), vemos uma aventura cheia de ação e suspense, com um tempero de ficção científica - mérito do diretorMichael Matthews. Destaque para o bom elenco coadjuvante, especialmente Michael Rooker como Clyde e a sagaz Minnow de Ariana Greenblatt, sem falar no "Melhor Cachorro de 2021" - Boy é ótimo!
"Love and Monsters" (título original) pode ainda deixar reflexões sobre a importância da comunicação e do enfrentamento dos medos. Mas antes disso, deve ser encarado como um entretenimento ótimo e empolgante, capaz de assustar e divertir na mesma proporção.
A verdade é que o filme poderia ser uma premiada animação da Pixar - o contexto narrativo da jornada do herói e do auto-conhecimento está todo ali, porém é um "Cinema Pipoca" acima da média, acredite!
Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria @dicastreaming
"Anna" é aquele típico filme de ação e espionagem anos 90, com um pouco mais de sangue! Se você gostou de "Nikita" (1990) e "A Assassina" (1993) você não pode deixar de assistir o filme de Luc Besson (de "O Quinto Elemento"). Como seus antecessores, não espere de "Anna" um filme digno de Oscar, mas um entretenimento despretensioso muito bem filmado - Besson continua em forma! Tendo como pano de fundo o mundo da moda parisiense ou uma charmosa Moscou, "Anna" mistura elegância com pancadaria em uma história que, mesmo sem grande profundidade, diverte do começo ao fim.
"Anna" mostra a história de uma jovem russa que vive em meio a um relacionamento abusivo na Moscou dos anos 90, até receber a visita do agente da KGB, Alex Tchenkov, que lhe oferece uma oportunidade única de mudar de vida. Por causa de algumas habilidades específicas, Anna foi selecionada para participar de um programa de treinamento ultra-secreto da agência soviética para missões especiais. Sem muita opção, e isso fica claro depois de uma sequência marcante do filme, ela acaba aceitando a proposta de Tchenkov: 5 anos trabalhando "full-time" para o governo e depois liberdade total para seguir sua vida. Como todo filme de espionagem que se preze, obviamente, as coisas não saem como esperado e Anna acaba sendo obrigada a lidar com uma série de missões suicidas ao mesmo tempo em que busca uma outra maneira de recomeçar sua vida sem o peso de ser uma assassina à serviço da União Soviética.
É preciso dizer que o diretor Luc Besson realmente conhece a gramatica cinematográfica de filmes de ação. "Anna" tem de tudo: perseguição nas ruas de Moscou, pancadaria em restaurante de luxo, missões quase impossíveis em hotéis, parques e até no quartel general da KGB (aqui a referência é até mais anos 80 do que 90. mas mesmo assim muito divertida), disfarces, espionagem e tudo que o gênero tem direito! O bacana do roteiro é a estrutura não-linear como a história é contada - confesso que essa dinâmica acaba cansando um pouco, mas não há como negar também, que ajuda (e muito) na narrativa e na dinâmica do filme. Ter Moscou e Paris como locações dá um charme para fotografia que inclusive, funciona muito nas cenas de luta - super bem coreografadas ao melhor estilo "Demolidor" (Netflix).
"Anna" é um conjunto de clichês que combinados funciona exatamente como tem que funcionar!!! É um excelente exemplo de um filme muito bem realizado sem a pretenção de se tornar uma obra inesquecível, mas que proporciona duas horas de entretenimento puro! Eu me diverti, mesmo não sendo um grande fã de filmes de ação e confesso que me surpreendi com a qualidade do trabalho da Sasha Luss - que além de linda, mostra segurança como atriz nos momentos que a personagem mais exigiu dela. Vale o ingresso, e se vier com um balde de pipoca e a desprendimento de aceitar que o filme é só um thriller de espionagem e ação, a experiência melhora muito!!!
"Anna" é aquele típico filme de ação e espionagem anos 90, com um pouco mais de sangue! Se você gostou de "Nikita" (1990) e "A Assassina" (1993) você não pode deixar de assistir o filme de Luc Besson (de "O Quinto Elemento"). Como seus antecessores, não espere de "Anna" um filme digno de Oscar, mas um entretenimento despretensioso muito bem filmado - Besson continua em forma! Tendo como pano de fundo o mundo da moda parisiense ou uma charmosa Moscou, "Anna" mistura elegância com pancadaria em uma história que, mesmo sem grande profundidade, diverte do começo ao fim.
"Anna" mostra a história de uma jovem russa que vive em meio a um relacionamento abusivo na Moscou dos anos 90, até receber a visita do agente da KGB, Alex Tchenkov, que lhe oferece uma oportunidade única de mudar de vida. Por causa de algumas habilidades específicas, Anna foi selecionada para participar de um programa de treinamento ultra-secreto da agência soviética para missões especiais. Sem muita opção, e isso fica claro depois de uma sequência marcante do filme, ela acaba aceitando a proposta de Tchenkov: 5 anos trabalhando "full-time" para o governo e depois liberdade total para seguir sua vida. Como todo filme de espionagem que se preze, obviamente, as coisas não saem como esperado e Anna acaba sendo obrigada a lidar com uma série de missões suicidas ao mesmo tempo em que busca uma outra maneira de recomeçar sua vida sem o peso de ser uma assassina à serviço da União Soviética.
É preciso dizer que o diretor Luc Besson realmente conhece a gramatica cinematográfica de filmes de ação. "Anna" tem de tudo: perseguição nas ruas de Moscou, pancadaria em restaurante de luxo, missões quase impossíveis em hotéis, parques e até no quartel general da KGB (aqui a referência é até mais anos 80 do que 90. mas mesmo assim muito divertida), disfarces, espionagem e tudo que o gênero tem direito! O bacana do roteiro é a estrutura não-linear como a história é contada - confesso que essa dinâmica acaba cansando um pouco, mas não há como negar também, que ajuda (e muito) na narrativa e na dinâmica do filme. Ter Moscou e Paris como locações dá um charme para fotografia que inclusive, funciona muito nas cenas de luta - super bem coreografadas ao melhor estilo "Demolidor" (Netflix).
"Anna" é um conjunto de clichês que combinados funciona exatamente como tem que funcionar!!! É um excelente exemplo de um filme muito bem realizado sem a pretenção de se tornar uma obra inesquecível, mas que proporciona duas horas de entretenimento puro! Eu me diverti, mesmo não sendo um grande fã de filmes de ação e confesso que me surpreendi com a qualidade do trabalho da Sasha Luss - que além de linda, mostra segurança como atriz nos momentos que a personagem mais exigiu dela. Vale o ingresso, e se vier com um balde de pipoca e a desprendimento de aceitar que o filme é só um thriller de espionagem e ação, a experiência melhora muito!!!
Se você gostou de "Breaking Bad", pode dar o play com a mais absoluta certeza, pois você vai amar "Nobody" (título original de "Anônimo" e que, cá entre nós, faz muito mais sentido que o título nacional). Seguindo a cartilha narrativa (e não visual) do Vince Gilligan, o filme é uma mistura perfeita de gêneros, cirurgicamente equilibrados entre as excelentes sequências de ação (bastante intensas, eu diria), aquele toque de humor quase sádico, além, é claro, de um drama de personagem cheio de camadas que, por incrível que pareça, colocam o filme em outro patamar - aliás aqui, de fato, temos uma experiência cinematográfica completa e que certamente agradará muita gente!
O roteiro, escrito por Derek Kolstad, o mesmo criador de "John Wick", acompanha a história de Hutch Mansell (Bob Odenkirk), um pacato pai e marido que sempre arca com as injustiças da vida, sem revidar. Quando dois ladrões invadem sua casa, Hutch se recusa a defender a si mesmo e sua família na esperança de evitar qualquer violência - o que acaba desapontando seu filho por sua passividade e, para ele, covardia. As consequências do incidente, no entanto, acabam despertando uma raiva latente em Hutch, desencadeando instintos adormecidos e impulsionando-o em um caminho brutal que irá trazer à tona segredos sombrios e habilidades letais de seu passado. Confira o trailer:
Obviamente que as referências de Gilligan vão além do processo de redenção e da transformação de seu personagem em algo muito maior do que a própria sociedade (daquele universo) estaria disposta a reconhecer - o filme traz o rosto conhecido de Odenkirk (o eterno Jimmy McGill) que oferece uma performance impressionante, mostrando uma versatilidade surpreendente. Ele é capaz de transitar habilmente entre os momentos de ação explosiva com as passagens mais introspectivas, que expõem sua vulnerabilidade emocional, adicionando profundidade ao personagem e fazendo com que nos importemos com sua jornada logo de cara. Além de Odenkirk, o elenco de apoio também merece elogios - o destaque, para mim, fica com Christopher Lloyd, o pai de Hutch, um personagem carismático e cheio de camadas que vai te surpreender..
A direção de Ilya Naishuller é outro ponto que merece muitos elogios - e se aqui ele não mostra a mesma capacidade criativa de Gilligan, certamente ele impõe sua identidade com uma tocada ágil e precisa, garantindo que as cenas de ação sejam realizadas de forma magistral. As sequências de luta são coreografadas de uma maneira quase realista, porém muito brutal, ou seja, Naishuller não se apoia em exageros desnecessários, porém nos mantém envolvidos visualmente com aquele toque "filme de herói" das cenas. A fotografia de Pawel Pogorzelski (de "Fresh") e a trilha sonora de David Buckley (de "Destruição Final") merecem sua atenção - reparem como tudo contribui para a construção de uma atmosfera tensa, potencializando nossa imersão de uma forma impressionante..
Veja, embora priorize a ação, "Anônimo" não é apenas um festival de pancadarias. Ele aborda temas mais profundos e sensíveis, como o valor que a identidade pode ter para um ser humano mesmo com as marcas do arrependimento e a necessidade da redenção para encontrar seu lugar de paz. Tudo isso sem soar pretensioso demais para um filme de pouco mais de 90 minutos, onde através da jornada interna de seu protagonista, somos provocados a refletir sobre o real significado da vida e o impacto de nossas escolhas em nós e nos que estão ao nosso redor.
Vale muito o seu play!
Se você gostou de "Breaking Bad", pode dar o play com a mais absoluta certeza, pois você vai amar "Nobody" (título original de "Anônimo" e que, cá entre nós, faz muito mais sentido que o título nacional). Seguindo a cartilha narrativa (e não visual) do Vince Gilligan, o filme é uma mistura perfeita de gêneros, cirurgicamente equilibrados entre as excelentes sequências de ação (bastante intensas, eu diria), aquele toque de humor quase sádico, além, é claro, de um drama de personagem cheio de camadas que, por incrível que pareça, colocam o filme em outro patamar - aliás aqui, de fato, temos uma experiência cinematográfica completa e que certamente agradará muita gente!
O roteiro, escrito por Derek Kolstad, o mesmo criador de "John Wick", acompanha a história de Hutch Mansell (Bob Odenkirk), um pacato pai e marido que sempre arca com as injustiças da vida, sem revidar. Quando dois ladrões invadem sua casa, Hutch se recusa a defender a si mesmo e sua família na esperança de evitar qualquer violência - o que acaba desapontando seu filho por sua passividade e, para ele, covardia. As consequências do incidente, no entanto, acabam despertando uma raiva latente em Hutch, desencadeando instintos adormecidos e impulsionando-o em um caminho brutal que irá trazer à tona segredos sombrios e habilidades letais de seu passado. Confira o trailer:
Obviamente que as referências de Gilligan vão além do processo de redenção e da transformação de seu personagem em algo muito maior do que a própria sociedade (daquele universo) estaria disposta a reconhecer - o filme traz o rosto conhecido de Odenkirk (o eterno Jimmy McGill) que oferece uma performance impressionante, mostrando uma versatilidade surpreendente. Ele é capaz de transitar habilmente entre os momentos de ação explosiva com as passagens mais introspectivas, que expõem sua vulnerabilidade emocional, adicionando profundidade ao personagem e fazendo com que nos importemos com sua jornada logo de cara. Além de Odenkirk, o elenco de apoio também merece elogios - o destaque, para mim, fica com Christopher Lloyd, o pai de Hutch, um personagem carismático e cheio de camadas que vai te surpreender..
A direção de Ilya Naishuller é outro ponto que merece muitos elogios - e se aqui ele não mostra a mesma capacidade criativa de Gilligan, certamente ele impõe sua identidade com uma tocada ágil e precisa, garantindo que as cenas de ação sejam realizadas de forma magistral. As sequências de luta são coreografadas de uma maneira quase realista, porém muito brutal, ou seja, Naishuller não se apoia em exageros desnecessários, porém nos mantém envolvidos visualmente com aquele toque "filme de herói" das cenas. A fotografia de Pawel Pogorzelski (de "Fresh") e a trilha sonora de David Buckley (de "Destruição Final") merecem sua atenção - reparem como tudo contribui para a construção de uma atmosfera tensa, potencializando nossa imersão de uma forma impressionante..
Veja, embora priorize a ação, "Anônimo" não é apenas um festival de pancadarias. Ele aborda temas mais profundos e sensíveis, como o valor que a identidade pode ter para um ser humano mesmo com as marcas do arrependimento e a necessidade da redenção para encontrar seu lugar de paz. Tudo isso sem soar pretensioso demais para um filme de pouco mais de 90 minutos, onde através da jornada interna de seu protagonista, somos provocados a refletir sobre o real significado da vida e o impacto de nossas escolhas em nós e nos que estão ao nosso redor.
Vale muito o seu play!
"Athena" chama muito mais atenção por sua experiência visual do que propriamente por um roteiro impecável - e isso não é um grande problema se lembrarmos de "1917", que segue justamente esse mesmo conceito (dadas as devidas proporções técnicas e de orçamento). Aqui, é possível perceber que o filme do francês Romain Gavras usa de elementos dramáticos extremamente atuais, muitos deles referenciados no grande sucesso "Os Miseráveis", de 2019, para entregar uma dinâmica focada no caos, muito mais próxima do mexicano "Nuevo Orden", inclusive.
Em um Conjunto Habitacional conhecido como Athena, um crime brutal abala toda a comunidade. A trágica história se passa na vida de três jovens, que têm os seus destinos completamente transformados quando o irmão mais novo é morto sob circunstâncias inexplicáveis. Os irmãos de origem argelina e indignados com o assassinato, dão início a uma cruzada em busca de respostas e de justiça, cada um da sua maneira. Porém os embates violentos em Athena colocam eles no centro de um conflito, obrigando-os a ressignificar o luto e a dor em uma revolta organizada de enormes proporções. Confira o trailer (em inglês):
É de se admirar a escolha de Gavras em acompanhar seus personagens principais a partir de longos e eficientes planos sequência - o do prólogo, por exemplo, é de uma qualidade técnica e artística de fazer inveja a muito diretor experiente. No entanto a pirotecnia visual acaba se sobressaindo perante um roteiro que beira a superficialidade, mesmo quando traz para discussão assuntos relevantes como a realidade multicultural na França e a intolerância que essa condição provoca. Dos três irmãos (e protagonistas), Abdel (Dali Benssalah) e Karim (Sami Slimane) possuem arcos até que interessantes (e corajosos); já o terceiro, que segue Moktar (Ouassini Embarek), eu diria que é completamente dispensável.
De fato, a impressão que dá é que "Athena" poderia ser uma minissérie de 4 episódios tranquilamente - com os três primeiros contando a história do ponto de vista de cada um dos irmãos e o quarto seguindo o policial Jérôme (Anthony Bajon). Dito isso, Gavras se apoia no roteiro (que contou com a ilustre colaboração de Ladj Ly de "Os Miseráveis") para priorizar muito mais o "movimento" do que a "profundidade" - isso impacta na nossa percepção do caos, do barril de pólvora que já explodiu, criando uma sensação de desconforto impressionante, mas acaba prejudicando aqueles que buscam um pouco mais de camadas para nos conectarmos emocionalmente com os personagens. A impressão é que são tantas histórias para contar que o filme acaba não contando nenhuma delas tão bem.
Ainda que "Athena" seja um filme de muita (muita mesmo) qualidade, extremamente bem filmado e com várias sequências inacreditáveis de tão boas; as emoções e a indignação que a morte de um jovem naquelas condições provocaria, não florescem. Isso deixa muito claro que aqui, o drama deu lugar para a ação da mesma forma que a reflexão sucumbiu ao entretenimento. Funciona? Sim, funciona muito bem, mas como recomendação sugiro que antes de "Athena" você assista "Os Miseráveis" para que todo esse contexto social e cultural faça ainda mais sentido na narrativa como um todo.
Vale seu play!
"Athena" chama muito mais atenção por sua experiência visual do que propriamente por um roteiro impecável - e isso não é um grande problema se lembrarmos de "1917", que segue justamente esse mesmo conceito (dadas as devidas proporções técnicas e de orçamento). Aqui, é possível perceber que o filme do francês Romain Gavras usa de elementos dramáticos extremamente atuais, muitos deles referenciados no grande sucesso "Os Miseráveis", de 2019, para entregar uma dinâmica focada no caos, muito mais próxima do mexicano "Nuevo Orden", inclusive.
Em um Conjunto Habitacional conhecido como Athena, um crime brutal abala toda a comunidade. A trágica história se passa na vida de três jovens, que têm os seus destinos completamente transformados quando o irmão mais novo é morto sob circunstâncias inexplicáveis. Os irmãos de origem argelina e indignados com o assassinato, dão início a uma cruzada em busca de respostas e de justiça, cada um da sua maneira. Porém os embates violentos em Athena colocam eles no centro de um conflito, obrigando-os a ressignificar o luto e a dor em uma revolta organizada de enormes proporções. Confira o trailer (em inglês):
É de se admirar a escolha de Gavras em acompanhar seus personagens principais a partir de longos e eficientes planos sequência - o do prólogo, por exemplo, é de uma qualidade técnica e artística de fazer inveja a muito diretor experiente. No entanto a pirotecnia visual acaba se sobressaindo perante um roteiro que beira a superficialidade, mesmo quando traz para discussão assuntos relevantes como a realidade multicultural na França e a intolerância que essa condição provoca. Dos três irmãos (e protagonistas), Abdel (Dali Benssalah) e Karim (Sami Slimane) possuem arcos até que interessantes (e corajosos); já o terceiro, que segue Moktar (Ouassini Embarek), eu diria que é completamente dispensável.
De fato, a impressão que dá é que "Athena" poderia ser uma minissérie de 4 episódios tranquilamente - com os três primeiros contando a história do ponto de vista de cada um dos irmãos e o quarto seguindo o policial Jérôme (Anthony Bajon). Dito isso, Gavras se apoia no roteiro (que contou com a ilustre colaboração de Ladj Ly de "Os Miseráveis") para priorizar muito mais o "movimento" do que a "profundidade" - isso impacta na nossa percepção do caos, do barril de pólvora que já explodiu, criando uma sensação de desconforto impressionante, mas acaba prejudicando aqueles que buscam um pouco mais de camadas para nos conectarmos emocionalmente com os personagens. A impressão é que são tantas histórias para contar que o filme acaba não contando nenhuma delas tão bem.
Ainda que "Athena" seja um filme de muita (muita mesmo) qualidade, extremamente bem filmado e com várias sequências inacreditáveis de tão boas; as emoções e a indignação que a morte de um jovem naquelas condições provocaria, não florescem. Isso deixa muito claro que aqui, o drama deu lugar para a ação da mesma forma que a reflexão sucumbiu ao entretenimento. Funciona? Sim, funciona muito bem, mas como recomendação sugiro que antes de "Athena" você assista "Os Miseráveis" para que todo esse contexto social e cultural faça ainda mais sentido na narrativa como um todo.
Vale seu play!