"Projeto Gemini" é um filme divertido, do tipo que merece ser visto em uma tela bem grande e comendo um balde enorme de pipoca; mas não espere um graaaande filme - ele é o que é: entretenimento puro! Talvez por isso o marketing em cima do projeto tenha sido muito mais pela tecnologia de captação (3D+ em HFR) que o Diretor Ang Lee (Tigre e o Dragão) usou nas filmagens do que propriamente pela história em si - mas isso nós vamos falar um pouco mais para frente.
Ter Will Smith protagonizando um filme de ação já é garantia de uma boa bilheteria e os Estúdios sabem muito bem que essa receita permite pesar um pouco na mão pela forma e não se preocupar tanto com o conteúdo - mais ou menos como acontece em alguns games do gênero: é preciso ser divertido e não tão profundo ou complicado; e essa comparação não é por acaso. O filme conta história de um assassino de elite prestes a se aposentar chamado Henry Brogan. Após sua última missão, ele recebe uma informação que colocam os motivos dessa missão em cheque, expondo uma enorme rede de mentiras do Governo dos EUA. Até aí aí nada de novo para um filme de ação, até que se descobre que o tal jovem agente é uma versão 30 anos mais nova de Brogan. Dá só uma olhada no trailer:
Agora vamos falar da tecnologia "inovadora" por trás dessa história:
Quando em 2012, Peter Jackson gravou "Hobbit" em 48 quadros por segundo (o normal seria 24) ele justificou sua escolha como "uma oportunidade de colocar a audiência mais próxima dos personagens", já que, como o dobro de quadros, ganharíamos em qualidade e profundidade ao mesmo tempo que os movimentos pareceriam mais próximos da realidade - isso de fato acontece, mas o estranhamento foi tanto que muita gente achou que o filme estivesse com problemas (o que fez a Warner preparar um informativo explicando porque o filme estaria diferente) - o fato é que o tiro saiu pela culatra, primeiro pela quantidade de cinemas que tinham a capacidade de exibir o filme usando essa tecnologia nativa e depois pelas centenas de salas que tinham cópias convertidas e que, na opinião de muita gente, fez o filme parecer uma novela. Aqui cabe um comentário: antigamente uma novela era gravada (em vídeo) à 30 quadros por segundo, enquanto os filmes eram feitos (em película) à 24 - por isso tínhamos uma sensação mais poética ao ver um filme, enquanto a novela parecia mais com as nossas gravações caseiras. Por favor, é óbvio que existiam muitas outras diferenças, mas o ponto que quero exemplificar para todos entenderem é que essa velocidade de captação de imagem influenciava na forma como enxergávamos os filmes! Aliás, era por esse mesmo motivo que achávamos a séries americanas melhores, "parecendo filme" - pois elas também eram captadas em 24 quadros (e em película).
Dito isso, o "Projeto Gemini" foi vendido como uma nova era na captação imagens, pois o filme foi rodado em 120 quadros por segundo - uma taxa muito maior que o normal, ou seja, a qualidade da imagem seria melhor percebida devido a quantidade de quadros. Acontece que, como na época de "Hobbit", poucos cinemas estão preparados para exibir um filme nessa velocidade nativa - é preciso fazer uma conversão para, no mínimo, 60 quadros (o que já seria lindo), mas nossas salas só conseguem exibir em 24 ou 30 quadros na sua maioria. Ok, então porque resolveram filmar assim? Simples, existe um conceito visual em cima do filme muito claro e esse mérito não dá pra passar batido: aproximar o público da ação como se ele estive jogando um video-game e aí a experiência me pareceu funciona! Nas cenas de ação, a velocidade, sem a menor dúvida, interfere positivamente no resultado - tem um plano específico, feito em primeira pessoa, que realmente nos remete a um "jogo de tiro"! Qual o problema para mim (que conhece câmera que o Ang Lee usou): quando o plano está muito fechado (em Close) para cenas de diálogo (sem muito movimento) temos a sensação que os atores estão em um estúdio com "fundo verde", pois existe tanta informação visível em profundidade (pelo dobro de quadros) que parece que a paisagem é uma pintura aplicada - não fica nada natural e isso acontece muito no filme! Enquanto os planos abertos (gerais) ficam lindos, os fechados sofrem com essa percepção (ainda mais em 3D que o primeiro plano tende a "saltar" na tela).
De fato as cenas de ação funcionam muito bem - fica clara a capacidade inventiva do Ang Lee como diretor (o que muitas vezes exige uma boa dose de suspensão de realidade para embarcarmos na dinâmica do filme) para criar uma movimentação muito próxima dos games - o filme vale por esse aspecto técnico e artístico. Já o roteiro é terrível de ruim, sem a menor coerência narrativa que justifique a importância de alguns personagens na trama, fica parecendo que depois que cada um fez sua cena, basta eliminação-los e está tudo resolvido! O próprio final é super previsível e nenhum ator se sobressai à tecnologia - isso, para mim, é sempre um problema! Como eu disse, vale pelo entretenimento, se você gosta de muita ação, perseguição, tiroteiro e uma pitada de ficção científica; caso contrário não perca seu tempo. Assistir o filme para conhecer a nova tecnologia e se impressionar (ou não) por ela, também é um bom motivo, mas não espere mais do que uma boa experiência de entretenimento!
Só como curiosidade, o personagem do Will Smith mais novo não é maquiagem ou rejuvenescimento digital, é um rosto construído 100% do zero por computador e ficou bem interessante mesmo! Vale reparar! ;)
"Projeto Gemini" é um filme divertido, do tipo que merece ser visto em uma tela bem grande e comendo um balde enorme de pipoca; mas não espere um graaaande filme - ele é o que é: entretenimento puro! Talvez por isso o marketing em cima do projeto tenha sido muito mais pela tecnologia de captação (3D+ em HFR) que o Diretor Ang Lee (Tigre e o Dragão) usou nas filmagens do que propriamente pela história em si - mas isso nós vamos falar um pouco mais para frente.
Ter Will Smith protagonizando um filme de ação já é garantia de uma boa bilheteria e os Estúdios sabem muito bem que essa receita permite pesar um pouco na mão pela forma e não se preocupar tanto com o conteúdo - mais ou menos como acontece em alguns games do gênero: é preciso ser divertido e não tão profundo ou complicado; e essa comparação não é por acaso. O filme conta história de um assassino de elite prestes a se aposentar chamado Henry Brogan. Após sua última missão, ele recebe uma informação que colocam os motivos dessa missão em cheque, expondo uma enorme rede de mentiras do Governo dos EUA. Até aí aí nada de novo para um filme de ação, até que se descobre que o tal jovem agente é uma versão 30 anos mais nova de Brogan. Dá só uma olhada no trailer:
Agora vamos falar da tecnologia "inovadora" por trás dessa história:
Quando em 2012, Peter Jackson gravou "Hobbit" em 48 quadros por segundo (o normal seria 24) ele justificou sua escolha como "uma oportunidade de colocar a audiência mais próxima dos personagens", já que, como o dobro de quadros, ganharíamos em qualidade e profundidade ao mesmo tempo que os movimentos pareceriam mais próximos da realidade - isso de fato acontece, mas o estranhamento foi tanto que muita gente achou que o filme estivesse com problemas (o que fez a Warner preparar um informativo explicando porque o filme estaria diferente) - o fato é que o tiro saiu pela culatra, primeiro pela quantidade de cinemas que tinham a capacidade de exibir o filme usando essa tecnologia nativa e depois pelas centenas de salas que tinham cópias convertidas e que, na opinião de muita gente, fez o filme parecer uma novela. Aqui cabe um comentário: antigamente uma novela era gravada (em vídeo) à 30 quadros por segundo, enquanto os filmes eram feitos (em película) à 24 - por isso tínhamos uma sensação mais poética ao ver um filme, enquanto a novela parecia mais com as nossas gravações caseiras. Por favor, é óbvio que existiam muitas outras diferenças, mas o ponto que quero exemplificar para todos entenderem é que essa velocidade de captação de imagem influenciava na forma como enxergávamos os filmes! Aliás, era por esse mesmo motivo que achávamos a séries americanas melhores, "parecendo filme" - pois elas também eram captadas em 24 quadros (e em película).
Dito isso, o "Projeto Gemini" foi vendido como uma nova era na captação imagens, pois o filme foi rodado em 120 quadros por segundo - uma taxa muito maior que o normal, ou seja, a qualidade da imagem seria melhor percebida devido a quantidade de quadros. Acontece que, como na época de "Hobbit", poucos cinemas estão preparados para exibir um filme nessa velocidade nativa - é preciso fazer uma conversão para, no mínimo, 60 quadros (o que já seria lindo), mas nossas salas só conseguem exibir em 24 ou 30 quadros na sua maioria. Ok, então porque resolveram filmar assim? Simples, existe um conceito visual em cima do filme muito claro e esse mérito não dá pra passar batido: aproximar o público da ação como se ele estive jogando um video-game e aí a experiência me pareceu funciona! Nas cenas de ação, a velocidade, sem a menor dúvida, interfere positivamente no resultado - tem um plano específico, feito em primeira pessoa, que realmente nos remete a um "jogo de tiro"! Qual o problema para mim (que conhece câmera que o Ang Lee usou): quando o plano está muito fechado (em Close) para cenas de diálogo (sem muito movimento) temos a sensação que os atores estão em um estúdio com "fundo verde", pois existe tanta informação visível em profundidade (pelo dobro de quadros) que parece que a paisagem é uma pintura aplicada - não fica nada natural e isso acontece muito no filme! Enquanto os planos abertos (gerais) ficam lindos, os fechados sofrem com essa percepção (ainda mais em 3D que o primeiro plano tende a "saltar" na tela).
De fato as cenas de ação funcionam muito bem - fica clara a capacidade inventiva do Ang Lee como diretor (o que muitas vezes exige uma boa dose de suspensão de realidade para embarcarmos na dinâmica do filme) para criar uma movimentação muito próxima dos games - o filme vale por esse aspecto técnico e artístico. Já o roteiro é terrível de ruim, sem a menor coerência narrativa que justifique a importância de alguns personagens na trama, fica parecendo que depois que cada um fez sua cena, basta eliminação-los e está tudo resolvido! O próprio final é super previsível e nenhum ator se sobressai à tecnologia - isso, para mim, é sempre um problema! Como eu disse, vale pelo entretenimento, se você gosta de muita ação, perseguição, tiroteiro e uma pitada de ficção científica; caso contrário não perca seu tempo. Assistir o filme para conhecer a nova tecnologia e se impressionar (ou não) por ela, também é um bom motivo, mas não espere mais do que uma boa experiência de entretenimento!
Só como curiosidade, o personagem do Will Smith mais novo não é maquiagem ou rejuvenescimento digital, é um rosto construído 100% do zero por computador e ficou bem interessante mesmo! Vale reparar! ;)
"Reacher" é muito divertida - e para os mais velhos, uma referência narrativa certamente vai emergir da nossa lembrança: "Prison Break". Baseada no aclamado romance "Dinheiro Sujo" de Lee Child, essa produção da Amazon é uma jornada eletrizante através do mundo sombrio e implacável do famoso personagem Jack Reacher - que no cinema foi interpretado por Tom Cruise. Sob o olhar habilidoso de Nick Santora (produtor executivo de "Prison Break" e de "Fubar"), a série é um verdadeiro convite ao entretenimento leve com uma trama cheia de reviravoltas e ação (leia-se pancadaria), que foi capaz capturar a essência de um personagem icônico da literatura com muita maestria, mas sem a pretensão de entregar um estudo complexo da psique humana. Com uma narrativa de fato envolvente e performances cativantes do trio de atores Alan Ritchson, Malcolm Goodwin e Willa Fitzgerald, "Reacher" é a escolha certa para aquele final de semana maratonando algo interessante e divertido com um toque investigativo anos 80.
Após abandonar o Exército dos Estados Unidos, o veterano Jack Reacher (Ritchson) chega em uma pequena cidade chamada Margrave, onde várias mortes começam a ocorrer e ele acaba se tornando o principal suspeito. Depois de provar sua inocência (claro), o xerife local decide pedir sua ajuda para resolver a série de brutais homicídios. Mesmo contrariado, Reacher decide usar suas habilidades para desvendar quem está por trás dos crimes e suas motivações. Para isso, ele não medirá esforços e usará todos os recursos disponíveis, inclusive burlando algumas leis quando necessário. Confira o trailer:
Cheia de piadinhas duvidosas, mas inegavelmente charmosas, "Reacher" sabe exatamente da sua capacidade de equilibrar bons momentos de ação com um desenvolvimento narrativo, no mínimo, perspicaz. Tudo é muito fluído, fácil, e parte disso se dá pela superficialidade fantasiada de complexidade do protagonista - Jack Reacher é uma espécie de super herói, um detetive que transita entre a capacidade de Sherlock Holmes deduzir o impossível e da habilidade de Batman em unir ironia com alguns socos e ponta-pés para alcançar seus objetivos. Embora a série até procure evitar, ela é um apanhado delicioso de clichês do gênero de investigação que opta por explorar temas como corrupção, moralidade e redenção de maneira divertida e muito envolvente.
Veja, comparando "Reacher" com uma outra série de ação da Prime Vídeo que se apoia em um personagem que segue a mesma cartilha narrativa, talvez sem tantos músculos é preciso ressaltar, como Jack Ryan, é possível afirmar que aqui temos uma versão "lite" criada essencialmente para os dias chuvosos - e isso não é um problema, é um enorme trunfo que faz com que a série possa perdurar por inúmeras temporadas. Se levarmos em consideração que a primeira temporada foi baseada no primeiro livro da obra de Child enquanto a segunda encontrou inspiração em "Azar e Contratempo" que é o 11º livro do autor, dá para se ter uma ideia de onde Nick Santora pode nos levar.
Muito bem produzida e dirigida, mas sem muitas inovações narrativas (sejam elas conceituais ou visuais), "Reacher" é um baita de um acerto da Prime Vídeo pela perspectiva da construção de franquia de gênero que a própria Netflix penou para estabelecer até encontrar seu "Resgate". Dito isso, você está prestes a encontrar uma espécie de versão plus size daqueles filmes meio "brucutus" dos anos 80 que tando fizeram sucesso e que trouxeram Steven Seagal, Sylvester Stallone e Bruce Willis para os holofotes, mas claro que com uma certa sensibilidade e requinte das produções atuais. Funciona e muito!
"Reacher" é muito divertida - e para os mais velhos, uma referência narrativa certamente vai emergir da nossa lembrança: "Prison Break". Baseada no aclamado romance "Dinheiro Sujo" de Lee Child, essa produção da Amazon é uma jornada eletrizante através do mundo sombrio e implacável do famoso personagem Jack Reacher - que no cinema foi interpretado por Tom Cruise. Sob o olhar habilidoso de Nick Santora (produtor executivo de "Prison Break" e de "Fubar"), a série é um verdadeiro convite ao entretenimento leve com uma trama cheia de reviravoltas e ação (leia-se pancadaria), que foi capaz capturar a essência de um personagem icônico da literatura com muita maestria, mas sem a pretensão de entregar um estudo complexo da psique humana. Com uma narrativa de fato envolvente e performances cativantes do trio de atores Alan Ritchson, Malcolm Goodwin e Willa Fitzgerald, "Reacher" é a escolha certa para aquele final de semana maratonando algo interessante e divertido com um toque investigativo anos 80.
Após abandonar o Exército dos Estados Unidos, o veterano Jack Reacher (Ritchson) chega em uma pequena cidade chamada Margrave, onde várias mortes começam a ocorrer e ele acaba se tornando o principal suspeito. Depois de provar sua inocência (claro), o xerife local decide pedir sua ajuda para resolver a série de brutais homicídios. Mesmo contrariado, Reacher decide usar suas habilidades para desvendar quem está por trás dos crimes e suas motivações. Para isso, ele não medirá esforços e usará todos os recursos disponíveis, inclusive burlando algumas leis quando necessário. Confira o trailer:
Cheia de piadinhas duvidosas, mas inegavelmente charmosas, "Reacher" sabe exatamente da sua capacidade de equilibrar bons momentos de ação com um desenvolvimento narrativo, no mínimo, perspicaz. Tudo é muito fluído, fácil, e parte disso se dá pela superficialidade fantasiada de complexidade do protagonista - Jack Reacher é uma espécie de super herói, um detetive que transita entre a capacidade de Sherlock Holmes deduzir o impossível e da habilidade de Batman em unir ironia com alguns socos e ponta-pés para alcançar seus objetivos. Embora a série até procure evitar, ela é um apanhado delicioso de clichês do gênero de investigação que opta por explorar temas como corrupção, moralidade e redenção de maneira divertida e muito envolvente.
Veja, comparando "Reacher" com uma outra série de ação da Prime Vídeo que se apoia em um personagem que segue a mesma cartilha narrativa, talvez sem tantos músculos é preciso ressaltar, como Jack Ryan, é possível afirmar que aqui temos uma versão "lite" criada essencialmente para os dias chuvosos - e isso não é um problema, é um enorme trunfo que faz com que a série possa perdurar por inúmeras temporadas. Se levarmos em consideração que a primeira temporada foi baseada no primeiro livro da obra de Child enquanto a segunda encontrou inspiração em "Azar e Contratempo" que é o 11º livro do autor, dá para se ter uma ideia de onde Nick Santora pode nos levar.
Muito bem produzida e dirigida, mas sem muitas inovações narrativas (sejam elas conceituais ou visuais), "Reacher" é um baita de um acerto da Prime Vídeo pela perspectiva da construção de franquia de gênero que a própria Netflix penou para estabelecer até encontrar seu "Resgate". Dito isso, você está prestes a encontrar uma espécie de versão plus size daqueles filmes meio "brucutus" dos anos 80 que tando fizeram sucesso e que trouxeram Steven Seagal, Sylvester Stallone e Bruce Willis para os holofotes, mas claro que com uma certa sensibilidade e requinte das produções atuais. Funciona e muito!
Antes de contar um pouco mais sobre o filme, eu peço licença para um comentário: a Academia deveria lançar um "Oscar Vitalício" para o Tom Hanks e assim desconsiderar todo trabalho que o ator fizer daqui para frente, pois todo filme que ele protagoniza (e nem todos tem um roteiro à altura dele) temos uma aula de interpretação! Dito isso, "Relatos do Mundo" é um excelente filme - ele tem a "alma" que pode ter faltado para o "O Céu da Meia-Noite" e mesmo sendo uma ação no velho-oeste e o outro uma ficção pós-apocalíptica, ambos tem elementos narrativos muito similares, que nos prendem à trama e nos movem até o final sem que a gente se dê conta de todas as variáveis que acompanhamos durante a jornada: "levar algo (ou alguém) do ponto A até o ponto B"!
Baseado no romance homônimo de Paulette Jiles, Tom Hanks interpreta o Capitão Jefferson Kyle Kidd, um veterano de guerra que trabalha viajando por diversas cidades pequenas do interior dos Estados Unidos lendo notícias dos principais jornais para uma curiosa população. No caminho entre um vilarejo e outro, Kidd encontra Johanna (Helena Zengel), uma jovem que foi sequestrada pelo povo indígena Kiowa e que não fala nada de inglês. Ele se oferece então, para levar a garota até a casa dos tios, os únicos parentes que sobreviveram ao ataque da tribo vários anos atrás. É nesse contexto, que a dupla inicia uma jornada pelo perigoso deserto texano ainda em ressaca pelo pós-guerra civil, em busca do novo lar para a pequena órfã. Confira o trailer:
Paul Greengrass é um grande diretor, responsável por sucessos como "Capitão Phillips", "Vôo United 93" e "Domingo Sangrento", o que chancela a qualidade em todos os aspectos técnicos e artísticos de "Relatos do Mundo" e, de cara, eu já cito um: a belíssima fotografia (digna de uma indicação ao Oscar) do experiente Dariusz Wolski (de "Perdido em Marte") - é um plano mais bonito que o outro, um equilíbrio entre as lentes abertas para as belas paisagens do deserto e as lentes fechadas para potencializar o trabalho de Tom Hanks e de Helena Zengel (indicada ao Globo de Ouro pela personagem). A trilha sonora do James Newton Howard (também indicado ao Globo de Ouro) cria uma atmosfera de tensão e angustia ao mesmo tempo em que traz a emoção que cenas algumas cenas pedem - é um trabalho belíssimo do compositor que já foi indicado 8 vezes ao Oscar!
Em um filme onde o próprio Tom Hanks compara a trama com a série “The Mandalorian”, onde o protagonista chega em uma região, encontra um desafio, vive uma aventura e parte para o próximo ponto, agora um pouco mais perto do seu objetivo, "Relatos do Mundo" não decepciona! Com um roteiro que aproveita das longas viagens entre as cidades para diminuir o ritmo da ação e estabelecer a relação afetiva entre os personagens, aprofundando suas histórias e criando uma série de camadas bem desenvolvidas, fica muito fácil recomendar o filme, já que agrada os interessados em ação da mesma forma que vai impactar aqueles que buscam um drama nada superficial. O fato é que "Relatos do Mundo" vale o seu play e muita gente vai gostar!
Antes de contar um pouco mais sobre o filme, eu peço licença para um comentário: a Academia deveria lançar um "Oscar Vitalício" para o Tom Hanks e assim desconsiderar todo trabalho que o ator fizer daqui para frente, pois todo filme que ele protagoniza (e nem todos tem um roteiro à altura dele) temos uma aula de interpretação! Dito isso, "Relatos do Mundo" é um excelente filme - ele tem a "alma" que pode ter faltado para o "O Céu da Meia-Noite" e mesmo sendo uma ação no velho-oeste e o outro uma ficção pós-apocalíptica, ambos tem elementos narrativos muito similares, que nos prendem à trama e nos movem até o final sem que a gente se dê conta de todas as variáveis que acompanhamos durante a jornada: "levar algo (ou alguém) do ponto A até o ponto B"!
Baseado no romance homônimo de Paulette Jiles, Tom Hanks interpreta o Capitão Jefferson Kyle Kidd, um veterano de guerra que trabalha viajando por diversas cidades pequenas do interior dos Estados Unidos lendo notícias dos principais jornais para uma curiosa população. No caminho entre um vilarejo e outro, Kidd encontra Johanna (Helena Zengel), uma jovem que foi sequestrada pelo povo indígena Kiowa e que não fala nada de inglês. Ele se oferece então, para levar a garota até a casa dos tios, os únicos parentes que sobreviveram ao ataque da tribo vários anos atrás. É nesse contexto, que a dupla inicia uma jornada pelo perigoso deserto texano ainda em ressaca pelo pós-guerra civil, em busca do novo lar para a pequena órfã. Confira o trailer:
Paul Greengrass é um grande diretor, responsável por sucessos como "Capitão Phillips", "Vôo United 93" e "Domingo Sangrento", o que chancela a qualidade em todos os aspectos técnicos e artísticos de "Relatos do Mundo" e, de cara, eu já cito um: a belíssima fotografia (digna de uma indicação ao Oscar) do experiente Dariusz Wolski (de "Perdido em Marte") - é um plano mais bonito que o outro, um equilíbrio entre as lentes abertas para as belas paisagens do deserto e as lentes fechadas para potencializar o trabalho de Tom Hanks e de Helena Zengel (indicada ao Globo de Ouro pela personagem). A trilha sonora do James Newton Howard (também indicado ao Globo de Ouro) cria uma atmosfera de tensão e angustia ao mesmo tempo em que traz a emoção que cenas algumas cenas pedem - é um trabalho belíssimo do compositor que já foi indicado 8 vezes ao Oscar!
Em um filme onde o próprio Tom Hanks compara a trama com a série “The Mandalorian”, onde o protagonista chega em uma região, encontra um desafio, vive uma aventura e parte para o próximo ponto, agora um pouco mais perto do seu objetivo, "Relatos do Mundo" não decepciona! Com um roteiro que aproveita das longas viagens entre as cidades para diminuir o ritmo da ação e estabelecer a relação afetiva entre os personagens, aprofundando suas histórias e criando uma série de camadas bem desenvolvidas, fica muito fácil recomendar o filme, já que agrada os interessados em ação da mesma forma que vai impactar aqueles que buscam um drama nada superficial. O fato é que "Relatos do Mundo" vale o seu play e muita gente vai gostar!
"Resgate" é um excelente filme de ação - um dos melhores que assisti ultimamente! Dito isso, temos que parabenizar a Netflix por essa produção - é impressionante a grandiosidade e a qualidade técnica do filme! Muito desse mérito é responsabilidade do diretor estreante, Sam Hargrave, pupilo dos diretores de "Vingadores Ultimato", Anthony Russo e Joe Russo que, inclusive, adaptaram (Joe) e produziram esse filme!
Após Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal), o filho de um perigoso bandido indiano, ser sequestrado pelo traficante, Arjun (Piyush Khati); Tyler Rake (Chris Hemsworth) é recrutado para salvar o garoto, mas para isso tem que enfrentar todo o exército de Bangladesh no meio da cidade de Dhaka, capital do país. Confira o trailer:
Sim, pela sinopse fica claro se tratar de um filme sem muita história, ou pelo menos sem uma trama tão complexa, porém é preciso dizer que no que diz respeito a "ação" em si, temos um prato cheio. É incrível como os diretores vem trazendo para os filmes do gênero muito do conceito dos video-games e isso se reflete justamente em uma característica bem peculiar: a história serve para motivar o personagem principal a se mover do ponto A até o ponto B sem morrer, com uma missão pré estabelecida, claro, porém sem a necessidade de uma exploração mais profunda da trama, afinal o que interessa mesmo é a ação (no caso, o período onde o jogador interage com a história de forma linear durante a jornada). Além dessa característica narrativa marcante, as referências visuais são absurdas: os movimentos de câmera que pareciam impossíveis serem recriadas em um "live action" há alguns anos atrás, agora fazem parte de uma coreografia impressionante entre fotografia e atuação - e olha que venho citando esse movimento desde "Projeto Gemini" e até em "1917". Em "Resgate" essa gramática cinematográfica é repetida e com muita competência, então se você gosta de filmes de ação não deixe de dar o play!
Embora seja necessário uma boa dose de suspensão da realidade, assim que embarcamos em um filme de ação estamos pré dispostos a enxergar aquele universo da maneira mais realista possível e aqui encontramos um grande mérito de "Resgate" - ele não se apropria de soluções mirabolantes para criar a dinâmica da ação! O malabarismo dos personagens existe, mas não "ofende" quem assiste! O trabalho do excelente diretor de fotografia Newton Thomas Sigel (de "Superman - o retorno" e de "Bohemian Rhapsody") merece ser destacado. Ao lado de Hargrave (especialista em cenas de ação e luta), Sigel criou um plano sequência sensacional já no segundo ato, onde acompanhamos (como no video game) o protagonista lutando, atirando na policia, pulando de prédios e finalmente fugindo de carro em uma perseguição de tirar o fôlego (tudo "sem" cortes) - é impressionante! E o que dá um ar ainda mais interessante é a forma como Sigel usa Dhaka para contrastar a ação com uma certa poesia que mistura realismo e fantasia perfeitamente - é sensacional!
Baseado na graphic novel "Ciudad", de Ande Parks, escrita pelo próprio Parks em parceria de Joe e Anthony Russo, "Resgate" usa da capacidade do seus produtores que por sinal são, talvez, os maiores responsáveis pelo sucesso do Universo Marvel, como garantia de um filme com muita ação, com lutas extremamente bem coreografadas (nível "Demolidor" nos bons tempos) e uma história que te prende graças ao ótimo trabalho de Chris Hemsworth e Rudhraksh Jaiswal.
Olha, filme de tiro e pancadaria dos bons! Entretenimento da melhor qualidade! E pode acreditar: teremos uma continuação - me cobrem!
"Resgate" é um excelente filme de ação - um dos melhores que assisti ultimamente! Dito isso, temos que parabenizar a Netflix por essa produção - é impressionante a grandiosidade e a qualidade técnica do filme! Muito desse mérito é responsabilidade do diretor estreante, Sam Hargrave, pupilo dos diretores de "Vingadores Ultimato", Anthony Russo e Joe Russo que, inclusive, adaptaram (Joe) e produziram esse filme!
Após Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal), o filho de um perigoso bandido indiano, ser sequestrado pelo traficante, Arjun (Piyush Khati); Tyler Rake (Chris Hemsworth) é recrutado para salvar o garoto, mas para isso tem que enfrentar todo o exército de Bangladesh no meio da cidade de Dhaka, capital do país. Confira o trailer:
Sim, pela sinopse fica claro se tratar de um filme sem muita história, ou pelo menos sem uma trama tão complexa, porém é preciso dizer que no que diz respeito a "ação" em si, temos um prato cheio. É incrível como os diretores vem trazendo para os filmes do gênero muito do conceito dos video-games e isso se reflete justamente em uma característica bem peculiar: a história serve para motivar o personagem principal a se mover do ponto A até o ponto B sem morrer, com uma missão pré estabelecida, claro, porém sem a necessidade de uma exploração mais profunda da trama, afinal o que interessa mesmo é a ação (no caso, o período onde o jogador interage com a história de forma linear durante a jornada). Além dessa característica narrativa marcante, as referências visuais são absurdas: os movimentos de câmera que pareciam impossíveis serem recriadas em um "live action" há alguns anos atrás, agora fazem parte de uma coreografia impressionante entre fotografia e atuação - e olha que venho citando esse movimento desde "Projeto Gemini" e até em "1917". Em "Resgate" essa gramática cinematográfica é repetida e com muita competência, então se você gosta de filmes de ação não deixe de dar o play!
Embora seja necessário uma boa dose de suspensão da realidade, assim que embarcamos em um filme de ação estamos pré dispostos a enxergar aquele universo da maneira mais realista possível e aqui encontramos um grande mérito de "Resgate" - ele não se apropria de soluções mirabolantes para criar a dinâmica da ação! O malabarismo dos personagens existe, mas não "ofende" quem assiste! O trabalho do excelente diretor de fotografia Newton Thomas Sigel (de "Superman - o retorno" e de "Bohemian Rhapsody") merece ser destacado. Ao lado de Hargrave (especialista em cenas de ação e luta), Sigel criou um plano sequência sensacional já no segundo ato, onde acompanhamos (como no video game) o protagonista lutando, atirando na policia, pulando de prédios e finalmente fugindo de carro em uma perseguição de tirar o fôlego (tudo "sem" cortes) - é impressionante! E o que dá um ar ainda mais interessante é a forma como Sigel usa Dhaka para contrastar a ação com uma certa poesia que mistura realismo e fantasia perfeitamente - é sensacional!
Baseado na graphic novel "Ciudad", de Ande Parks, escrita pelo próprio Parks em parceria de Joe e Anthony Russo, "Resgate" usa da capacidade do seus produtores que por sinal são, talvez, os maiores responsáveis pelo sucesso do Universo Marvel, como garantia de um filme com muita ação, com lutas extremamente bem coreografadas (nível "Demolidor" nos bons tempos) e uma história que te prende graças ao ótimo trabalho de Chris Hemsworth e Rudhraksh Jaiswal.
Olha, filme de tiro e pancadaria dos bons! Entretenimento da melhor qualidade! E pode acreditar: teremos uma continuação - me cobrem!
Olha, como o primeiro, "Resgate 2" é tão divertido e dinâmico como jogar uma boa partida de videogame - daqueles "fps" ou First Person Shooter - gênero de jogo que coloca o jogador em uma perspectiva de câmera em primeira pessoa, portando armas de fogo em combates alucinantes e cenas de ação de tirar o fôlego; aliás, talvez essa seja a melhor forma de definir o novo filme da franquia, novamente dirigido pelo talentoso Sam Hargrave.
Algum tempo depois dos eventos do primeiro filme, Tyler Rake (Chris Hemsworth) precisa encarar um desafio ainda mais perigoso e insano do que o anterior: resgatar a família de um gângster georgiano, Zurab (Tornike Gogrichiani), de uma prisão e levá-los em segurança até a Áustria. No entanto, isso não será uma tarefa fácil, já que diversos criminosos estão tentando localizá-los. Mais uma vez contando com a ajuda dos irmãos Nik Khan (Golshifteh Farahani) e Yaz Khan (Adam Bessa), Tyler precisa enfrentar os fantasmas de seu passado nessa missão que vai muito além do dinheiro como recompensa. Confira o trailer:
Talvez o mais interessante de "Resgate 2" seja justamente o de se apropriar dos pontos fortes de primeiro filme e potencializa-los com um orçamento ainda mais generoso. Como não poderia deixar de ser, as cenas de ação e as coreografias das lutas são ainda mais impressionantes. As sequências de combate são perfeitamente realizadas pelo diretor de fotografia, Greg Baldi (de "A Origem"), com movimentos de câmera, muitas vezes em longos planos, de tirar o chapéu - esses movimentos de câmera, se olharmos por uma perspectiva mais técnica, já pareciam impossíveis de serem recriadas em um "live action" lá atrás com Newton Thomas Sigel, no entanto Hargrave se aproveita dos malabarismos visuais para nos entregar uma imersão ainda mais absurda para temos a noção exata da tensão e da intensidade dos confrontos que assistimos na tela.
Agora é preciso que se diga, o roteiro dos irmãos Russo (novamente ao lado de Ande Parks) volta a pecar por ser repleto de clichês e não ter profundidade alguma. É até notável o esforço do texto em adicionar camadas emocionais para que Chris Hemsworth possa brilhar também no drama, porém é a ação que faz valer o play. - não adianta, o foco aqui são os tiros e a pancadaria. Convincente, Hemsworth sabe exatamente o caminho para que o filme seja outro sucesso e ao colocar sua performance a serviço desse objetivo, é inegável a qualidade de "Extraction II" (no original) como entretenimento repleto de adrenalina.
Sim, "Resgate 2" é um capítulo que mantém a energia do filme original, apresentando sequências de ação e combate ainda melhores, com o bônus de um protagonista bastante carismático. Embora a história possa parecer familiar em muitos momentos e certos personagens pareçam pouco desenvolvidos, como Nik Khan, por exemplo; o filme ainda entrega uma jornada de herói emocionante e cheia de reviravoltas que certamente vai satisfazer os fãs do gênero.
Se você gostou de "Resgate", pode dar o play sem medo e já te adianto: vem mais por aí!
Olha, como o primeiro, "Resgate 2" é tão divertido e dinâmico como jogar uma boa partida de videogame - daqueles "fps" ou First Person Shooter - gênero de jogo que coloca o jogador em uma perspectiva de câmera em primeira pessoa, portando armas de fogo em combates alucinantes e cenas de ação de tirar o fôlego; aliás, talvez essa seja a melhor forma de definir o novo filme da franquia, novamente dirigido pelo talentoso Sam Hargrave.
Algum tempo depois dos eventos do primeiro filme, Tyler Rake (Chris Hemsworth) precisa encarar um desafio ainda mais perigoso e insano do que o anterior: resgatar a família de um gângster georgiano, Zurab (Tornike Gogrichiani), de uma prisão e levá-los em segurança até a Áustria. No entanto, isso não será uma tarefa fácil, já que diversos criminosos estão tentando localizá-los. Mais uma vez contando com a ajuda dos irmãos Nik Khan (Golshifteh Farahani) e Yaz Khan (Adam Bessa), Tyler precisa enfrentar os fantasmas de seu passado nessa missão que vai muito além do dinheiro como recompensa. Confira o trailer:
Talvez o mais interessante de "Resgate 2" seja justamente o de se apropriar dos pontos fortes de primeiro filme e potencializa-los com um orçamento ainda mais generoso. Como não poderia deixar de ser, as cenas de ação e as coreografias das lutas são ainda mais impressionantes. As sequências de combate são perfeitamente realizadas pelo diretor de fotografia, Greg Baldi (de "A Origem"), com movimentos de câmera, muitas vezes em longos planos, de tirar o chapéu - esses movimentos de câmera, se olharmos por uma perspectiva mais técnica, já pareciam impossíveis de serem recriadas em um "live action" lá atrás com Newton Thomas Sigel, no entanto Hargrave se aproveita dos malabarismos visuais para nos entregar uma imersão ainda mais absurda para temos a noção exata da tensão e da intensidade dos confrontos que assistimos na tela.
Agora é preciso que se diga, o roteiro dos irmãos Russo (novamente ao lado de Ande Parks) volta a pecar por ser repleto de clichês e não ter profundidade alguma. É até notável o esforço do texto em adicionar camadas emocionais para que Chris Hemsworth possa brilhar também no drama, porém é a ação que faz valer o play. - não adianta, o foco aqui são os tiros e a pancadaria. Convincente, Hemsworth sabe exatamente o caminho para que o filme seja outro sucesso e ao colocar sua performance a serviço desse objetivo, é inegável a qualidade de "Extraction II" (no original) como entretenimento repleto de adrenalina.
Sim, "Resgate 2" é um capítulo que mantém a energia do filme original, apresentando sequências de ação e combate ainda melhores, com o bônus de um protagonista bastante carismático. Embora a história possa parecer familiar em muitos momentos e certos personagens pareçam pouco desenvolvidos, como Nik Khan, por exemplo; o filme ainda entrega uma jornada de herói emocionante e cheia de reviravoltas que certamente vai satisfazer os fãs do gênero.
Se você gostou de "Resgate", pode dar o play sem medo e já te adianto: vem mais por aí!
Se você gosta de HQs de heróis, você vai gostar de "Samaritano" - e cito HQs, pois como você deve saber, a construção da história nos quadrinhos é completamente diferente de um roteiro cinematográfico, ou seja, o filme do diretor Julius Avery (de "Operação Overlord") prioriza a criação de uma atmosfera de ação e fantasia sem a necessidade de se aprofundar nos detalhes, sejam eles visuais ou narrativos - aqui os diálogos são, em sua maioria, curtos, diretos, expositivos e previsíveis; focando na expectativa da transformação dos protagonistas e só. Então, não espere algo cheio de camadas como em "Corpo Fechado" do Shyamalan, por exemplo, "Samaritano" está mais para aquele tipo de entretenimento mais puro!
Sam Cleary (Javon "Wanna" Walton), um garoto de 13 anos, suspeita que seu vizinho misterioso e solitário, o Sr. Smith (Sylvester Stallone) é, na verdade, o lendário vigilante Samaritano, que foi dado como morto há 25 anos. Com o crime em ascensão e a sociedade à beira do caos, Sam toma como sua missão persuadir seu vizinho a sair do esconderijo para salvar a cidade da ruína. Confira o trailer:
“Samaritano”, na verdade, se baseia em algumas HQs independentes da pequena editora americana Mythos Comics, que foram publicadas a partir de 2015, se apoiando no conceito do herói aposentado que busca não se envolver mais em problemas (impossível, mais uma vez, não lembrar de "Corpo Fechado"). Já o roteiro do Bragi F. Schut (de "Escape Room") que adaptou a história, propositalmente, trouxe a essência do gênero sem se preocupar em eliminar os esteriótipos - a sensação de já termos assistido algo muito parecido nos acompanha por todos os 90 minutos de filme.
Avery também parece não se preocupar com os impactos que um bom diálogo, entre bons atores, podem ter na narrativa. Stallone retoma sua performance "caras e bocas" ao melhor estilo anos 80 e Walton segue o mesmo tom juvenil que vimos no personagem Bastian (Barret Oliver) em "História sem fim" de 1984. Essa ingenuidade, característica daquela época que aprendia a se relacionar com a fantasia, pode incomodar parte da audiência acostumada com as produções mais elaboradas da DC ou da Marvel, porém, é preciso que se diga, a proposta desse filme é completamente outra - “Samaritano” não parece ter a pretensão de criar um universo (embora certamente terá uma continuação e até uma série poderia cair muito bem), o que lhe permite ficar na superficialidade do drama e da construção de uma mitologia que não precisará ser revisitada no futuro.
Resumindo, “Samaritano” é sim uma história que tem seus méritos, principalmente se você embarcar no que ela se propõe desde o seu prólogo. Os personagens são bons, os atores carismáticos, visualmente o filme é bonito (mesmo com alguma limitação de orçamento), existe uma certa criatividade estética e uma dinâmica bem elaborada que nos faz curtir o filme sem se apegar ao tempo. Como entretenimento de nicho (bem de nicho), eu não só não descartaria, como indico sem receio de errar.
Se você gosta de HQs de heróis, você vai gostar de "Samaritano" - e cito HQs, pois como você deve saber, a construção da história nos quadrinhos é completamente diferente de um roteiro cinematográfico, ou seja, o filme do diretor Julius Avery (de "Operação Overlord") prioriza a criação de uma atmosfera de ação e fantasia sem a necessidade de se aprofundar nos detalhes, sejam eles visuais ou narrativos - aqui os diálogos são, em sua maioria, curtos, diretos, expositivos e previsíveis; focando na expectativa da transformação dos protagonistas e só. Então, não espere algo cheio de camadas como em "Corpo Fechado" do Shyamalan, por exemplo, "Samaritano" está mais para aquele tipo de entretenimento mais puro!
Sam Cleary (Javon "Wanna" Walton), um garoto de 13 anos, suspeita que seu vizinho misterioso e solitário, o Sr. Smith (Sylvester Stallone) é, na verdade, o lendário vigilante Samaritano, que foi dado como morto há 25 anos. Com o crime em ascensão e a sociedade à beira do caos, Sam toma como sua missão persuadir seu vizinho a sair do esconderijo para salvar a cidade da ruína. Confira o trailer:
“Samaritano”, na verdade, se baseia em algumas HQs independentes da pequena editora americana Mythos Comics, que foram publicadas a partir de 2015, se apoiando no conceito do herói aposentado que busca não se envolver mais em problemas (impossível, mais uma vez, não lembrar de "Corpo Fechado"). Já o roteiro do Bragi F. Schut (de "Escape Room") que adaptou a história, propositalmente, trouxe a essência do gênero sem se preocupar em eliminar os esteriótipos - a sensação de já termos assistido algo muito parecido nos acompanha por todos os 90 minutos de filme.
Avery também parece não se preocupar com os impactos que um bom diálogo, entre bons atores, podem ter na narrativa. Stallone retoma sua performance "caras e bocas" ao melhor estilo anos 80 e Walton segue o mesmo tom juvenil que vimos no personagem Bastian (Barret Oliver) em "História sem fim" de 1984. Essa ingenuidade, característica daquela época que aprendia a se relacionar com a fantasia, pode incomodar parte da audiência acostumada com as produções mais elaboradas da DC ou da Marvel, porém, é preciso que se diga, a proposta desse filme é completamente outra - “Samaritano” não parece ter a pretensão de criar um universo (embora certamente terá uma continuação e até uma série poderia cair muito bem), o que lhe permite ficar na superficialidade do drama e da construção de uma mitologia que não precisará ser revisitada no futuro.
Resumindo, “Samaritano” é sim uma história que tem seus méritos, principalmente se você embarcar no que ela se propõe desde o seu prólogo. Os personagens são bons, os atores carismáticos, visualmente o filme é bonito (mesmo com alguma limitação de orçamento), existe uma certa criatividade estética e uma dinâmica bem elaborada que nos faz curtir o filme sem se apegar ao tempo. Como entretenimento de nicho (bem de nicho), eu não só não descartaria, como indico sem receio de errar.
"See" é uma série pós-apocalíptica com toques medievais! Sim, é contraditório mesmo, assim como é a nossa sensação ao assistir os primeiros episódios disponíveis na AppleTV+. Em alguns momentos você vai amar a série, em outros você vai achar uma tremenda perda de tempo! Do criador de "Peaky Blinders", Steve Knight, e com Jason Momoa como protagonista, "See" trazia a responsabilidade de ser uma espécie de "Game of Thrones" da Apple, com uma produção grandiosa e uma direção competente, tinha tudo para alcançar um patamar de respeito no gênero, porém o roteiro derrapa na sua própria proposta e isso prejudica nossa experiência... até que a história vai melhorando e melhorando...
Quando a humanidade é atingida por um vírus mortal, deixando apenas dois milhões de pessoas vivas e sem a capacidade de enxergar, o retrocesso é tão grande que essa nova civilização precisa de séculos para se adaptar a cegueira e recomeçar com pouco conhecimento, nada de tecnologia e muita crença mitológica. Até que uma jovem aldeã dá a luz a um casal de gêmeos que nascem com a visão normal, porém essa condição passa a ser tratada como heresia pela Rainha desse novo Mundo, criando assim uma verdadeira caça as bruxas afim de eliminar todos que possuem o "dom de enxergar" e possam, de alguma forma, ameaçar o seu reinado. Confira o trailer:
O universo de "See" é interessante, pois cria um contraponto muito bacana entre a época e a capacidade cognitiva - é quase uma nova forma de "enxergar" o desenvolvimento da humanidade, que agora convive com uma limitação física importante e em condições precárias. A série é original por trazer elementos medievais para um cenário pós apocalíptico e nisso o roteiro sai ganhando; o que complica é a falta de uma apresentação mais inteligente - até um lettering inicial estabelecendo aquele universo e suas peculiaridades poderia ajudar a resolver esse problema, desde que a mitologia também fosse desenvolvida e explicada pelos personagens durante os episódios, claro! A minha sensação é que se criou uma mitologia tão complexa que nem a história é capaz de absorver! Um exemplo é o surgimento de personagens que caem de para-quedas e que somem com a mesma velocidade, deixando tantas brechas que incomoda - as "sombras" são um bom exemplo dessa falha de construção. Outra coisa que incomoda é a pressa em passar o tempo até as crianças crescerem. Ok, isso faz a história andar, mas é tão atropelado que até a caracterização falha em estabelecer essa cronologia. Eu sei que a comparação é desleal, mas será inevitável: lembro que a geografia de "Game of Thrones" era extremamente difícil, mas já em toda abertura tínhamos informações de como aquele mundo estava disposto e o que estava mudando - isso nos colocava dentro da história de cara; em "See" fiquei perdido, pois nada criativo me guiou!
O fato dos personagens serem cegos cria uma certa angústia nas cenas (lembra de "Bird Box"?) e isso o time de diretores, sob o comando do Francis Lawrence (de "Jogos Vorazes"), aproveita muito bem. Tanto o dia a dia nas aldeias, quanto as batalhas, são impecáveis e trazem uma dinâmica extremamente original para o gênero até quando o roteiro vacila - o "Haka" no episódio 1 é um bom exemplo, emocionante conceitualmente, mas com o passar do tempo, percebemos que não significa muito para aquele universo - é uma solução apenas visual! A produção também tem suas falhas (muito por causa do roteiro novamente), mas não podemos dizer que é ruim. O Desenho de Produção está impecável, com cenários e locações perfeitas (muito bem fotografada pelo Jo Willems), sem falar dos figurinos - digno de prêmios.
"See" é realmente inconstante em um primeiro olhar, mas tem algo que nos faz acompanhar aquela jornada mesmo sabendo que sua complexidade é muito mais por uma falta de ajuste dos roteiristas do que pelo mérito de nos provocar a construir um quebra-cabeça digno de um RPG. Ok, com o passar das temporadas tudo melhora, mas será que todos vão ter essa paciência? O fato é que com o tempo realmente passamos a nos importar mais por alguns personagens e, claro, as ótimas batalhas e as cenas de ação também nos mantem ligados e fazem valer nosso tempo. Em resumo, "See" é um bom exemplo de uma série que começou morna, mas que foi se encontrando até nos entregar um final digno de aplausos.
Vale seu play.
"See" é uma série pós-apocalíptica com toques medievais! Sim, é contraditório mesmo, assim como é a nossa sensação ao assistir os primeiros episódios disponíveis na AppleTV+. Em alguns momentos você vai amar a série, em outros você vai achar uma tremenda perda de tempo! Do criador de "Peaky Blinders", Steve Knight, e com Jason Momoa como protagonista, "See" trazia a responsabilidade de ser uma espécie de "Game of Thrones" da Apple, com uma produção grandiosa e uma direção competente, tinha tudo para alcançar um patamar de respeito no gênero, porém o roteiro derrapa na sua própria proposta e isso prejudica nossa experiência... até que a história vai melhorando e melhorando...
Quando a humanidade é atingida por um vírus mortal, deixando apenas dois milhões de pessoas vivas e sem a capacidade de enxergar, o retrocesso é tão grande que essa nova civilização precisa de séculos para se adaptar a cegueira e recomeçar com pouco conhecimento, nada de tecnologia e muita crença mitológica. Até que uma jovem aldeã dá a luz a um casal de gêmeos que nascem com a visão normal, porém essa condição passa a ser tratada como heresia pela Rainha desse novo Mundo, criando assim uma verdadeira caça as bruxas afim de eliminar todos que possuem o "dom de enxergar" e possam, de alguma forma, ameaçar o seu reinado. Confira o trailer:
O universo de "See" é interessante, pois cria um contraponto muito bacana entre a época e a capacidade cognitiva - é quase uma nova forma de "enxergar" o desenvolvimento da humanidade, que agora convive com uma limitação física importante e em condições precárias. A série é original por trazer elementos medievais para um cenário pós apocalíptico e nisso o roteiro sai ganhando; o que complica é a falta de uma apresentação mais inteligente - até um lettering inicial estabelecendo aquele universo e suas peculiaridades poderia ajudar a resolver esse problema, desde que a mitologia também fosse desenvolvida e explicada pelos personagens durante os episódios, claro! A minha sensação é que se criou uma mitologia tão complexa que nem a história é capaz de absorver! Um exemplo é o surgimento de personagens que caem de para-quedas e que somem com a mesma velocidade, deixando tantas brechas que incomoda - as "sombras" são um bom exemplo dessa falha de construção. Outra coisa que incomoda é a pressa em passar o tempo até as crianças crescerem. Ok, isso faz a história andar, mas é tão atropelado que até a caracterização falha em estabelecer essa cronologia. Eu sei que a comparação é desleal, mas será inevitável: lembro que a geografia de "Game of Thrones" era extremamente difícil, mas já em toda abertura tínhamos informações de como aquele mundo estava disposto e o que estava mudando - isso nos colocava dentro da história de cara; em "See" fiquei perdido, pois nada criativo me guiou!
O fato dos personagens serem cegos cria uma certa angústia nas cenas (lembra de "Bird Box"?) e isso o time de diretores, sob o comando do Francis Lawrence (de "Jogos Vorazes"), aproveita muito bem. Tanto o dia a dia nas aldeias, quanto as batalhas, são impecáveis e trazem uma dinâmica extremamente original para o gênero até quando o roteiro vacila - o "Haka" no episódio 1 é um bom exemplo, emocionante conceitualmente, mas com o passar do tempo, percebemos que não significa muito para aquele universo - é uma solução apenas visual! A produção também tem suas falhas (muito por causa do roteiro novamente), mas não podemos dizer que é ruim. O Desenho de Produção está impecável, com cenários e locações perfeitas (muito bem fotografada pelo Jo Willems), sem falar dos figurinos - digno de prêmios.
"See" é realmente inconstante em um primeiro olhar, mas tem algo que nos faz acompanhar aquela jornada mesmo sabendo que sua complexidade é muito mais por uma falta de ajuste dos roteiristas do que pelo mérito de nos provocar a construir um quebra-cabeça digno de um RPG. Ok, com o passar das temporadas tudo melhora, mas será que todos vão ter essa paciência? O fato é que com o tempo realmente passamos a nos importar mais por alguns personagens e, claro, as ótimas batalhas e as cenas de ação também nos mantem ligados e fazem valer nosso tempo. Em resumo, "See" é um bom exemplo de uma série que começou morna, mas que foi se encontrando até nos entregar um final digno de aplausos.
Vale seu play.
"Segurança em Jogo" (ou Bodyguard) é daquelas séries que chegam na Netflix e ninguém dá muita bola. Essa produção da BBC (inglesa) foi a mais assistida no Reino Unido nessa década. Seu último episódio teve uma audiência de pelo menos 17 milhões de pessoas e, mesmo assim, não tivemos nenhuma grande campanha de marketing para sua chegada no streaming aqui no Brasil. O cartaz que a Netflix escolheu é muito parecido com o de "Designer Survivor" que, mesmo sendo uma série razoável, não está entre as mais queridas e, certamente, não atrairia um grande público. Até o ator principal, Richard Madden, o finado Robb Stark, está irreconhecível - eu mesmo demorei muito para ligar o nome a pessoa! Ou seja, nada chama pra série - o que é um pecado!!!! Bom, disse tudo isso para afirmar que "Segurança em Jogo" é uma surpresa tão boa quanto "La Casa de Papel" (que também chegou quietinha).
Se você gostou de "Homeland", você já sabe qual série precisa maratonar - e você vai nos agradecer por isso! Veja o trailer:
David Budd (Richard Madden) é um veterano de guerra que agora trabalha para o Serviço de Polícia Metropolitano de Londres. Quando ele é designado para ser o guarda-costas da secretária do Ministério de Administração Interna do Reino Unido, cuja política representa tudo o que despreza, Budd se vê dividido entre seu dever como profissional e suas crenças como pessoa - mais ou menos como colocar o Jack Bauer para proteger o Donald Trump (rs)! Só por esse story line já seria possível imaginar o potencial da história e os conflitos que poderiam gerar, mas depois de você assistir a primeira sequência do piloto, vai ser impossível você não querer ir até o final.
Os primeiros 20 minutos são grandiosos, como poucas vezes eu vi em uma série. O diretor cria um ambiente de tensão digno dos melhores tempos de "24 horas". O interessante é que o ritmo pode até diminuir (o que é natural), mas nunca deixa de ser convidativo para continuar acompanhando a saga do protagonista. Claro que tem alguns elementos de gênero completamente batidos, mas quando você acha que a história entra na zona de conforto, vem uma virada que te tira do eixo - você vai saber do que eu estou falando!
É assim, um drama politico da melhor qualidade, muito bem produzido pela World Productions e, na minha opinião, mesmo com um protagonista parecendo um pouco canastrão em vários momentos, em nada prejudica a ótima experiência que é assistir "Segurança em Jogo". Roteiro bom, excelente direção, super-produção, fotografia linda e um destaque especial para a atuação da Keeley Hawes.
São 6 episódios de 55 minutos em média. Assista, porque é entretenimento de primeira!
"Segurança em Jogo" (ou Bodyguard) é daquelas séries que chegam na Netflix e ninguém dá muita bola. Essa produção da BBC (inglesa) foi a mais assistida no Reino Unido nessa década. Seu último episódio teve uma audiência de pelo menos 17 milhões de pessoas e, mesmo assim, não tivemos nenhuma grande campanha de marketing para sua chegada no streaming aqui no Brasil. O cartaz que a Netflix escolheu é muito parecido com o de "Designer Survivor" que, mesmo sendo uma série razoável, não está entre as mais queridas e, certamente, não atrairia um grande público. Até o ator principal, Richard Madden, o finado Robb Stark, está irreconhecível - eu mesmo demorei muito para ligar o nome a pessoa! Ou seja, nada chama pra série - o que é um pecado!!!! Bom, disse tudo isso para afirmar que "Segurança em Jogo" é uma surpresa tão boa quanto "La Casa de Papel" (que também chegou quietinha).
Se você gostou de "Homeland", você já sabe qual série precisa maratonar - e você vai nos agradecer por isso! Veja o trailer:
David Budd (Richard Madden) é um veterano de guerra que agora trabalha para o Serviço de Polícia Metropolitano de Londres. Quando ele é designado para ser o guarda-costas da secretária do Ministério de Administração Interna do Reino Unido, cuja política representa tudo o que despreza, Budd se vê dividido entre seu dever como profissional e suas crenças como pessoa - mais ou menos como colocar o Jack Bauer para proteger o Donald Trump (rs)! Só por esse story line já seria possível imaginar o potencial da história e os conflitos que poderiam gerar, mas depois de você assistir a primeira sequência do piloto, vai ser impossível você não querer ir até o final.
Os primeiros 20 minutos são grandiosos, como poucas vezes eu vi em uma série. O diretor cria um ambiente de tensão digno dos melhores tempos de "24 horas". O interessante é que o ritmo pode até diminuir (o que é natural), mas nunca deixa de ser convidativo para continuar acompanhando a saga do protagonista. Claro que tem alguns elementos de gênero completamente batidos, mas quando você acha que a história entra na zona de conforto, vem uma virada que te tira do eixo - você vai saber do que eu estou falando!
É assim, um drama politico da melhor qualidade, muito bem produzido pela World Productions e, na minha opinião, mesmo com um protagonista parecendo um pouco canastrão em vários momentos, em nada prejudica a ótima experiência que é assistir "Segurança em Jogo". Roteiro bom, excelente direção, super-produção, fotografia linda e um destaque especial para a atuação da Keeley Hawes.
São 6 episódios de 55 minutos em média. Assista, porque é entretenimento de primeira!
Se você não é um leitor fanático dos HQs da Marvel, certamente você não havia ouvido falar do Mestre do Kung-Fu, Shang-Chi - como provavelmente você também não conhecia os "Guardiões das Galáxia". Pois bem, a comparação é válida, pois a Marvel já provou ser capaz de transformar suas IPs (propriedades intelectuais) mais secundárias em grandes surpresas (e promissoras franquias) quando adaptadas para as telas de cinema - e aqui eu afirmo com todas as letras: "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é muito (muito mesmo) divertido! Entretenimento puro com o carimbo do Estúdio!
No filme, acompanhamos a história de Shang-Chi (Simu Liu), um jovem chinês que foi criado por seu pai em reclusão para que pudesse focar totalmente em ser um mestre de artes marciais. Entretanto, quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo pela primeira vez, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar e traçar o seu próprio caminho. Confira o trailer:
É inegável que os amantes de artes marciais vão se conectar rapidamente com o filme, da mesma forma que as pessoas que gostam de filmes de fantasia também vão - o mix de "O Tigre e o Dragão" com a competente linha narrativa de "história de origem" da Marvel funciona bem demais. mas não é perfeita e, quer saber, não tem a menor importância! "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é tão dinâmico e bem realizado que nem vemos o tempo passar - é tanta pancadaria, que os alívios cômicos acabam funcionando como um escapemuito mais para retomar o fôlego - a incrível sequência do ônibus nas ladeiras de San Francisco que o diga!
O filme tem o mérito de transformar citações da mitologia chinesa em elementos narrativos muito presentes em séries de fantasia - a luta entre "dragões" no terceiro ato é um convite emocional aos bons momentos de "Game of Thrones". Ao mesmo tempo, com a direção de Destin Daniel Cretton (de "Luta por Justiça") e a performance de Liu, temos lutas muito bem coreografadas - quando enquadradas "homem a homem", o ballet é perfeito e a sensação de leveza dos golpes contrastando com o peso do impacto produzido pelo desenho de som, chega a ser impactante visualmente. Mérito de uma equipe experiente de coreografia em artes marciais (nos EUA conhecido como "stage combat") comandada pelo Andy Cheng.
Outro detalhe que merece um destaque, sem dúvida, é o trabalho pontual, mas bem interessante de Awkwafina, como a melhor amiga de Shang-Chi, Katy - ela esbanja simpatia e carisma! Simu Liu é outro que deve ganhar cada vez mais destaque no MCU - ele está impecável como herói e trabalha tão bem com os elementos em CGI, que, certamente, será muito bem aproveitado daqui para frente.
Um filme que apresenta Xialing (Meng’er Zhang) e resgata Trevor (Ben Kingsley) de "Homem de Ferro 3", atém de apresentar um arco perfeito e enxuto do verdadeiro "Mandarim" Wenwu (Tony Leung), merece muito respeito. "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" tem seus defeitos? Claro que sim - inclusive técnicos, mas em hipótese alguma isso é motivo para tirar o filme daquela disputada prateleira como uma das maiores (e boas) surpresas que a Marvel já produziu até hoje!
Vale muito a pena!
Se você não é um leitor fanático dos HQs da Marvel, certamente você não havia ouvido falar do Mestre do Kung-Fu, Shang-Chi - como provavelmente você também não conhecia os "Guardiões das Galáxia". Pois bem, a comparação é válida, pois a Marvel já provou ser capaz de transformar suas IPs (propriedades intelectuais) mais secundárias em grandes surpresas (e promissoras franquias) quando adaptadas para as telas de cinema - e aqui eu afirmo com todas as letras: "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é muito (muito mesmo) divertido! Entretenimento puro com o carimbo do Estúdio!
No filme, acompanhamos a história de Shang-Chi (Simu Liu), um jovem chinês que foi criado por seu pai em reclusão para que pudesse focar totalmente em ser um mestre de artes marciais. Entretanto, quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo pela primeira vez, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar e traçar o seu próprio caminho. Confira o trailer:
É inegável que os amantes de artes marciais vão se conectar rapidamente com o filme, da mesma forma que as pessoas que gostam de filmes de fantasia também vão - o mix de "O Tigre e o Dragão" com a competente linha narrativa de "história de origem" da Marvel funciona bem demais. mas não é perfeita e, quer saber, não tem a menor importância! "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é tão dinâmico e bem realizado que nem vemos o tempo passar - é tanta pancadaria, que os alívios cômicos acabam funcionando como um escapemuito mais para retomar o fôlego - a incrível sequência do ônibus nas ladeiras de San Francisco que o diga!
O filme tem o mérito de transformar citações da mitologia chinesa em elementos narrativos muito presentes em séries de fantasia - a luta entre "dragões" no terceiro ato é um convite emocional aos bons momentos de "Game of Thrones". Ao mesmo tempo, com a direção de Destin Daniel Cretton (de "Luta por Justiça") e a performance de Liu, temos lutas muito bem coreografadas - quando enquadradas "homem a homem", o ballet é perfeito e a sensação de leveza dos golpes contrastando com o peso do impacto produzido pelo desenho de som, chega a ser impactante visualmente. Mérito de uma equipe experiente de coreografia em artes marciais (nos EUA conhecido como "stage combat") comandada pelo Andy Cheng.
Outro detalhe que merece um destaque, sem dúvida, é o trabalho pontual, mas bem interessante de Awkwafina, como a melhor amiga de Shang-Chi, Katy - ela esbanja simpatia e carisma! Simu Liu é outro que deve ganhar cada vez mais destaque no MCU - ele está impecável como herói e trabalha tão bem com os elementos em CGI, que, certamente, será muito bem aproveitado daqui para frente.
Um filme que apresenta Xialing (Meng’er Zhang) e resgata Trevor (Ben Kingsley) de "Homem de Ferro 3", atém de apresentar um arco perfeito e enxuto do verdadeiro "Mandarim" Wenwu (Tony Leung), merece muito respeito. "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" tem seus defeitos? Claro que sim - inclusive técnicos, mas em hipótese alguma isso é motivo para tirar o filme daquela disputada prateleira como uma das maiores (e boas) surpresas que a Marvel já produziu até hoje!
Vale muito a pena!
"Sicario - Terra de Ninguém" é um filme de ação que não está apenas preocupado com a pancadaria ou com os tiroteios, ele é carregado de drama em um roteiro muito bem amarrado, com personagens extremamente complexos e uma direção, bem, aí é só carimbar o selo "Denis Villeneuve"!
No filme acompanhamos Kate Macer (Emily Blunt), uma agente idealista do FBI que está inscrita em uma força-tarefa de elite do governo para ajudar na crescente guerra contra as drogas na região da fronteira com o México. Essa equipe é liderada por Matt Graver (Josh Brolin), um agente da CIA com um passado questionável. Além disso, para traçar estratégias contra um poderoso cartel mexicano, Matt pede auxílio para outro homem com história dúbia, seu consultor Alejandro (Benício del Toro). Assim, a força-tarefa sai em uma jornada clandestina, forçando Kate a embarcar nessa perigosa missão que vai obriga-la questionar todas as suas crenças e percepções de mundo. Confira o trailer:
Sem a menor dúvida que um dos destaques do roteiro escrito pelo Taylor Sheridan (isso mesmo, o ator da série "Sons of Anarchy") é que ao apresentar sua visão da guerra contra as drogas, ele nos coloca em em uma situação extremamente desconfortável, pois não temos a menor ideia (como a protagonista, aliás) do que, de fato, vai acontecer. Ao não entregar os objetivos reais da força-tarefa liderada por Matt e muito menos os limites de seus métodos, ficamos em uma zona tão cinzenta que em nenhum momento, nas duas horas de filme, temos a certeza de que os mocinhos são mesmo os mocinhos.
A relação estabelecida entre Matt e Alejandro é de uma subjetividade impressionante - mesmo quando o agente clareia algumas motivações para Kate, já no terceiro ato. Obviamente que nada disso seria possível sem ótimas performances de Blunt, Brolin e Del Toro. Embora seja um filme de ação, os atores imprimem um peso dramático aos seus personagens que mesmo sem um desenvolvimento tão expositivo, nos explica muito de suas escolhas durante a trama - essa dinâmica é raríssima e é essa, sem dúvida, é uma das razões que coloco "Sicario" entre os melhores filmes de ação de todos os tempos!
Bom, falar de Villeneuve é quase que me tornar repetitivo - ele domina a gramática cinematográfica de um filme de ação da mesma forma que mergulha no drama existencial pesado como em "Homem Duplicado" ou até na mitologia de uma ficção científica como em "Duna". Ao seu lado, nada menos que o fotógrafo Roger Deakins (vencedor de 2 Oscars com "Blade Runner 2049" e "1917", e indicado 14 vezes ao prêmio). Soma-se a isso um filme tecnicamente perfeito e de uma beleza visual que é de cair o queixo - a sequência filmada dentro do carro, na primeira fase da missão e que apresenta o real impacto da guerra contra as drogas em Juárez, uma pequena cidade mexicana, com direito a corpos decepados expostos a luz do dia, é primorosa!
"Sicario - Terra de Ninguém" tem uma personagem que transita por um mundo tão opressivo quando agressivo e imoral, sem se dar conta que esse mundo só faz sentido por causa de pessoas como ela. Ao mostrar que os "meios" justificam os "fins", o filme nos provoca a rever nossas "certezas" e sobre nossas possíveis atitudes se estivéssemos na mesma situação - essa dinâmica se reflete em uma experiência incrível e imperdível!
Vale muito, mas muito mesmo, o seu play!
Up-date: "Sicario - Terra de Ninguém" foi indicado em três categorias no Oscar 2016: Melhor Edição de Som, Melhor Música e Melhor Fotografia!
"Sicario - Terra de Ninguém" é um filme de ação que não está apenas preocupado com a pancadaria ou com os tiroteios, ele é carregado de drama em um roteiro muito bem amarrado, com personagens extremamente complexos e uma direção, bem, aí é só carimbar o selo "Denis Villeneuve"!
No filme acompanhamos Kate Macer (Emily Blunt), uma agente idealista do FBI que está inscrita em uma força-tarefa de elite do governo para ajudar na crescente guerra contra as drogas na região da fronteira com o México. Essa equipe é liderada por Matt Graver (Josh Brolin), um agente da CIA com um passado questionável. Além disso, para traçar estratégias contra um poderoso cartel mexicano, Matt pede auxílio para outro homem com história dúbia, seu consultor Alejandro (Benício del Toro). Assim, a força-tarefa sai em uma jornada clandestina, forçando Kate a embarcar nessa perigosa missão que vai obriga-la questionar todas as suas crenças e percepções de mundo. Confira o trailer:
Sem a menor dúvida que um dos destaques do roteiro escrito pelo Taylor Sheridan (isso mesmo, o ator da série "Sons of Anarchy") é que ao apresentar sua visão da guerra contra as drogas, ele nos coloca em em uma situação extremamente desconfortável, pois não temos a menor ideia (como a protagonista, aliás) do que, de fato, vai acontecer. Ao não entregar os objetivos reais da força-tarefa liderada por Matt e muito menos os limites de seus métodos, ficamos em uma zona tão cinzenta que em nenhum momento, nas duas horas de filme, temos a certeza de que os mocinhos são mesmo os mocinhos.
A relação estabelecida entre Matt e Alejandro é de uma subjetividade impressionante - mesmo quando o agente clareia algumas motivações para Kate, já no terceiro ato. Obviamente que nada disso seria possível sem ótimas performances de Blunt, Brolin e Del Toro. Embora seja um filme de ação, os atores imprimem um peso dramático aos seus personagens que mesmo sem um desenvolvimento tão expositivo, nos explica muito de suas escolhas durante a trama - essa dinâmica é raríssima e é essa, sem dúvida, é uma das razões que coloco "Sicario" entre os melhores filmes de ação de todos os tempos!
Bom, falar de Villeneuve é quase que me tornar repetitivo - ele domina a gramática cinematográfica de um filme de ação da mesma forma que mergulha no drama existencial pesado como em "Homem Duplicado" ou até na mitologia de uma ficção científica como em "Duna". Ao seu lado, nada menos que o fotógrafo Roger Deakins (vencedor de 2 Oscars com "Blade Runner 2049" e "1917", e indicado 14 vezes ao prêmio). Soma-se a isso um filme tecnicamente perfeito e de uma beleza visual que é de cair o queixo - a sequência filmada dentro do carro, na primeira fase da missão e que apresenta o real impacto da guerra contra as drogas em Juárez, uma pequena cidade mexicana, com direito a corpos decepados expostos a luz do dia, é primorosa!
"Sicario - Terra de Ninguém" tem uma personagem que transita por um mundo tão opressivo quando agressivo e imoral, sem se dar conta que esse mundo só faz sentido por causa de pessoas como ela. Ao mostrar que os "meios" justificam os "fins", o filme nos provoca a rever nossas "certezas" e sobre nossas possíveis atitudes se estivéssemos na mesma situação - essa dinâmica se reflete em uma experiência incrível e imperdível!
Vale muito, mas muito mesmo, o seu play!
Up-date: "Sicario - Terra de Ninguém" foi indicado em três categorias no Oscar 2016: Melhor Edição de Som, Melhor Música e Melhor Fotografia!
A jovem diretora Julia Hart, chamou a atenção no circuito de filmes independentes e agora entrega em "Sou sua Mulher", um filme que mistura ação e drama com uma narrativa aparentemente clássica, muito parecida com "Rainhas do Crime", inclusive; mas com toques autorais muito marcantes que trazem uma originalidade bem interessante para o filme.
Na história, estamos em 1970, onde Jean (Rachel Brosnahan) é casada com o misterioso Eddie (Bill Heck) e cuida de um bebê, Harry - que foi levado inesperadamente para casa pelo marido. O cotidiano comum de um típico jovem casal americano da época é abalado após Eddie aparentemente trair seus parceiros. A partir daí, sem muitas informações sobre o real ofício do marido ou o que de fato aconteceu com ele, ela precisa fugir com a criança imediatamente enquanto é perseguida pelos ex-comparsas traídos em busca de vingança. Confira o trailer:
Talvez o mais bacana de "I'm Your Woman"(título original) é a forma como a narrativa é desconstruída para propor uma experiência completamente diferente das expectativas, graças a maneira como a protagonista se relaciona com as inúmeras incógnitas criadas pelos acontecimentos do primeiro ato. De fato, Rachel Brosnahan é capaz de nos transmitir toda a angústia ao ver sua vida ser revirada e completamente transformada, sem nada ter a ver com as irresponsabilidades do marido - e acreditem, será uma surpresa atrás da outra!
Todo esse mistério acaba criando um suspense graças a falta de informações e é isso que nos move: a curiosidade! É aí que o trabalho da diretora Julia Hart ganha força, pois ao mesmo tempo que ela não se descuida do arco dramático de Jean, ela cria uma série de camadas psicológicas que vão transformando a jornada interna da personagem, deixando parecer que a ação é o elemento mais importante, quando na verdade é o auto-conhecimento e a capacidade de se emancipar que move a história - vale dizer que, desde o início, Jean é sufocada pelo machismo e por cobranças de que não seria “mulher” suficiente para os padrões sociais conservadores da época e isso é tão bem trabalhado que acaba ganhando uma profundidade muito maior que as excelentes cenas de ação que Hart no apresenta - aliás, reparem na cena da boate!
"Sou sua Mulher" é surpreendente por todos esse fatores, é muito bem realizado e é um ótimo entretenimento; mas não é apenas uma jornada superficial de tiros, perseguição, vingança e máfia! Sim, a narrativa estabelece uma perspectiva explicita sobre a importância do empoderamento feminino - no que é dito e no que pensado! Porém não força a barra, não cria malabarismos narrativos toscos só para provar uma posição ideológica e isso faz com que o filme cresça, agrade e flua.
Não é inesquecível, mas um bom entretenimento! Vale o play!
A jovem diretora Julia Hart, chamou a atenção no circuito de filmes independentes e agora entrega em "Sou sua Mulher", um filme que mistura ação e drama com uma narrativa aparentemente clássica, muito parecida com "Rainhas do Crime", inclusive; mas com toques autorais muito marcantes que trazem uma originalidade bem interessante para o filme.
Na história, estamos em 1970, onde Jean (Rachel Brosnahan) é casada com o misterioso Eddie (Bill Heck) e cuida de um bebê, Harry - que foi levado inesperadamente para casa pelo marido. O cotidiano comum de um típico jovem casal americano da época é abalado após Eddie aparentemente trair seus parceiros. A partir daí, sem muitas informações sobre o real ofício do marido ou o que de fato aconteceu com ele, ela precisa fugir com a criança imediatamente enquanto é perseguida pelos ex-comparsas traídos em busca de vingança. Confira o trailer:
Talvez o mais bacana de "I'm Your Woman"(título original) é a forma como a narrativa é desconstruída para propor uma experiência completamente diferente das expectativas, graças a maneira como a protagonista se relaciona com as inúmeras incógnitas criadas pelos acontecimentos do primeiro ato. De fato, Rachel Brosnahan é capaz de nos transmitir toda a angústia ao ver sua vida ser revirada e completamente transformada, sem nada ter a ver com as irresponsabilidades do marido - e acreditem, será uma surpresa atrás da outra!
Todo esse mistério acaba criando um suspense graças a falta de informações e é isso que nos move: a curiosidade! É aí que o trabalho da diretora Julia Hart ganha força, pois ao mesmo tempo que ela não se descuida do arco dramático de Jean, ela cria uma série de camadas psicológicas que vão transformando a jornada interna da personagem, deixando parecer que a ação é o elemento mais importante, quando na verdade é o auto-conhecimento e a capacidade de se emancipar que move a história - vale dizer que, desde o início, Jean é sufocada pelo machismo e por cobranças de que não seria “mulher” suficiente para os padrões sociais conservadores da época e isso é tão bem trabalhado que acaba ganhando uma profundidade muito maior que as excelentes cenas de ação que Hart no apresenta - aliás, reparem na cena da boate!
"Sou sua Mulher" é surpreendente por todos esse fatores, é muito bem realizado e é um ótimo entretenimento; mas não é apenas uma jornada superficial de tiros, perseguição, vingança e máfia! Sim, a narrativa estabelece uma perspectiva explicita sobre a importância do empoderamento feminino - no que é dito e no que pensado! Porém não força a barra, não cria malabarismos narrativos toscos só para provar uma posição ideológica e isso faz com que o filme cresça, agrade e flua.
Não é inesquecível, mas um bom entretenimento! Vale o play!
"Sr. & Sra. Smith" está mais para "Killing Eve" do que para "Segurança em Jogo", ou seja, todos os elementos de espionagem, investigação, crimes e conspiração estão aqui, mas é o "tom" que vai direcionar a narrativa. Lançada em 2024, essa produção original da Amazon para seu Prime Video, é uma releitura moderna e estilizada do filme de 2005, desta vez criada por Donald Glover e Francesca Sloane. A série traz uma abordagem moderna e cheia de energia para a premissa clássica de um casal de espiões cujas vidas secretas colidem de maneira explosiva em uma mistura de ação, comédia e drama. "Sr. & Sra. Smith" busca capturar a química entre seus protagonistas enquanto explora temas como amor, lealdade e identidade, sempre com um toque de humor afiado e cativante. Um excelente entretenimento!
A trama segue John e Jane Smith (interpretados por Donald Glover e Maya Erskine), dois estranhos solitários que conseguem empregos em uma misteriosa agência que lhes oferece uma oportunidade gloriosa como um casal de mentira que vive uma vida dupla como espiões. A série explora como missões perigosas e segredos cuidadosamente guardados começam a se entrelaçar com suas vidas pessoais, levando a situações caóticas e muitas vezes cômicas. A relação entre John e Jane é complexa, oscilando entre amor e rivalidade, confiança e traição. Confira o trailer:
Inspirado nos personagens criados por Simon Kinberg, essa adaptação co-escrita por Glover e Sloane (ambos de "Atlanta") expande o universo do filme de uma maneira até mais inteligente e, por consequência, com reviravoltas mais bem construídas - aliás, uma característica essencial para o sucesso de uma trama de espionagem. "Sr. & Sra. Smith" chama atenção desde o primeiro episódio pela sua capacidade de equilibrar habilmente o desenvolvimento dos personagens pela perspectiva mais intima e pessoal com cenas de ação repletas de ironias e alívios cômicos, criando assim uma narrativa envolvente e divertida. Veja, a série não tem medo de explorar os aspectos mais sombrios e complicados do relacionamento entre John e Jane, mas faz isso com um toque leve que evita aquela sensação de tensão e angústia constantes. A equipe de direção sabe disso e, mesmo sem pesar na mão, nos surpreende com um conceito estiloso e cheio de energia, utilizando ângulos dinâmicos, cortes rápidos e uma paleta de cores vibrante para criar uma atmosfera que combina ação de alta octanagem com um toque de comédia (romântica) e sofisticação. Repare como as sequências de ação são coreografadas com precisão, oferecendo uma mistura de combate corpo a corpo, tiroteios e perseguições que deixa muito "drama realista" com inveja.
Donald Glover, além de co-criar a série, também brilha como protagonista. Conhecido por seu talento que transita por vários gêneros, Glover traz seu carisma e charme com um timing cômico impecável ao papel, criando um personagem que é ao mesmo tempo letal e vulnerável. Sua performance é repleta de nuances, pontuando seu lado divertido com momentos de seriedade que revelam a profundidade emocional de suas lutas internas. Já Maya Erskine, sua co-protagonista, entrega um trabalho igualmente dinâmico ao capturar a dualidade oriental de Jane com habilidade, mostrando uma personagem que é tanto uma espiã implacável quanto uma mulher lidando com os desafios de um relacionamento complexo e com as marcas de seu passado. Agora vale o registro: o que é muito bacana mesmo é a química entre os dois - tudo é palpável, seus diálogos são cirúrgicos e até nas cenas de ação, onde o ritmo é mais acelerado, eles fazem com que essa relação seja, de fato, um dos pontos altos da série.
"Sr. & Sra. Smith", em sua tentativa de combinar tantos elementos diferentes, pode até se tornar um pouco dispersa em termos de tom e ritmo, especialmente nos primeiros episódios. No entanto, eu sugiro um pouco de paciência até se conectar com a proposta de Glover e Sloane, pois essa nova adaptação é realmente divertida, traz boas ideias e muita energia para um projeto que parecer ter potencial para muitas temporadas.
Vale o seu play, especialmente se você estiver em busca de histórias de espionagem com um toque de humor e com personagens cativantes!
"Sr. & Sra. Smith" está mais para "Killing Eve" do que para "Segurança em Jogo", ou seja, todos os elementos de espionagem, investigação, crimes e conspiração estão aqui, mas é o "tom" que vai direcionar a narrativa. Lançada em 2024, essa produção original da Amazon para seu Prime Video, é uma releitura moderna e estilizada do filme de 2005, desta vez criada por Donald Glover e Francesca Sloane. A série traz uma abordagem moderna e cheia de energia para a premissa clássica de um casal de espiões cujas vidas secretas colidem de maneira explosiva em uma mistura de ação, comédia e drama. "Sr. & Sra. Smith" busca capturar a química entre seus protagonistas enquanto explora temas como amor, lealdade e identidade, sempre com um toque de humor afiado e cativante. Um excelente entretenimento!
A trama segue John e Jane Smith (interpretados por Donald Glover e Maya Erskine), dois estranhos solitários que conseguem empregos em uma misteriosa agência que lhes oferece uma oportunidade gloriosa como um casal de mentira que vive uma vida dupla como espiões. A série explora como missões perigosas e segredos cuidadosamente guardados começam a se entrelaçar com suas vidas pessoais, levando a situações caóticas e muitas vezes cômicas. A relação entre John e Jane é complexa, oscilando entre amor e rivalidade, confiança e traição. Confira o trailer:
Inspirado nos personagens criados por Simon Kinberg, essa adaptação co-escrita por Glover e Sloane (ambos de "Atlanta") expande o universo do filme de uma maneira até mais inteligente e, por consequência, com reviravoltas mais bem construídas - aliás, uma característica essencial para o sucesso de uma trama de espionagem. "Sr. & Sra. Smith" chama atenção desde o primeiro episódio pela sua capacidade de equilibrar habilmente o desenvolvimento dos personagens pela perspectiva mais intima e pessoal com cenas de ação repletas de ironias e alívios cômicos, criando assim uma narrativa envolvente e divertida. Veja, a série não tem medo de explorar os aspectos mais sombrios e complicados do relacionamento entre John e Jane, mas faz isso com um toque leve que evita aquela sensação de tensão e angústia constantes. A equipe de direção sabe disso e, mesmo sem pesar na mão, nos surpreende com um conceito estiloso e cheio de energia, utilizando ângulos dinâmicos, cortes rápidos e uma paleta de cores vibrante para criar uma atmosfera que combina ação de alta octanagem com um toque de comédia (romântica) e sofisticação. Repare como as sequências de ação são coreografadas com precisão, oferecendo uma mistura de combate corpo a corpo, tiroteios e perseguições que deixa muito "drama realista" com inveja.
Donald Glover, além de co-criar a série, também brilha como protagonista. Conhecido por seu talento que transita por vários gêneros, Glover traz seu carisma e charme com um timing cômico impecável ao papel, criando um personagem que é ao mesmo tempo letal e vulnerável. Sua performance é repleta de nuances, pontuando seu lado divertido com momentos de seriedade que revelam a profundidade emocional de suas lutas internas. Já Maya Erskine, sua co-protagonista, entrega um trabalho igualmente dinâmico ao capturar a dualidade oriental de Jane com habilidade, mostrando uma personagem que é tanto uma espiã implacável quanto uma mulher lidando com os desafios de um relacionamento complexo e com as marcas de seu passado. Agora vale o registro: o que é muito bacana mesmo é a química entre os dois - tudo é palpável, seus diálogos são cirúrgicos e até nas cenas de ação, onde o ritmo é mais acelerado, eles fazem com que essa relação seja, de fato, um dos pontos altos da série.
"Sr. & Sra. Smith", em sua tentativa de combinar tantos elementos diferentes, pode até se tornar um pouco dispersa em termos de tom e ritmo, especialmente nos primeiros episódios. No entanto, eu sugiro um pouco de paciência até se conectar com a proposta de Glover e Sloane, pois essa nova adaptação é realmente divertida, traz boas ideias e muita energia para um projeto que parecer ter potencial para muitas temporadas.
Vale o seu play, especialmente se você estiver em busca de histórias de espionagem com um toque de humor e com personagens cativantes!
"Stranger Things", criada pelos Duffer Brothers, é uma série que se tornou um fenômeno cultural desde sua estreia em 2016. Com uma mistura de terror, ficção científica e nostalgia dos anos 80, a série da Netflix conquistou uma legião de fãs ao redor do mundo, transformando-se em um dos maiores sucessos da plataforma. Ao longo de suas temporadas, "Stranger Things" conseguiu equilibrar suspense, desenvolvimento de personagens e uma ambientação nostálgica que remete às obras de Stephen King e Steven Spielberg.
A trama de "Stranger Things" começa na pequena cidade fictícia de Hawkins, Indiana, onde um garoto chamado Will Byers (Noah Schnapp) desaparece misteriosamente. Seus amigos - Mike (Finn Wolfhard), Lucas (Caleb McLaughlin) e Dustin (Gaten Matarazzo) - se unem para procurá-lo, apenas para descobrir uma menina com poderes telecinéticos, chamada Eleven (Millie Bobby Brown), que escapou de um laboratório secreto. A partir daí, a série se desenrola em uma complexa teia de eventos que envolve dimensões paralelas, criaturas monstruosas e conspirações governamentais. Confira o trailer:
O maior trunfo de "Stranger Things" está em seu elenco jovem, que entrega performances cativantes e autênticas. Millie Bobby Brown, em particular, se destaca como Eleven, trazendo uma profundidade e vulnerabilidade que tornam sua personagem inesquecível. O núcleo adulto, liderado por Winona Ryder como Joyce Byers e David Harbour como o xerife Jim Hopper, também oferece atuações sólidas, adicionando camadas emocionais e dramáticas à narrativa. Os Duffer Brothers demonstram uma habilidade excepcional em criar uma atmosfera que mistura suspense e nostalgia. A ambientação dos anos 80 é meticulosamente recriada, desde as referências culturais até a trilha sonora, que inclui clássicos da época e uma trilha original sintetizada que evoca o espírito dos filmes de terror e aventura daquela década - essa atenção aos detalhes não só atrai os espectadores mais velhos que viveram naquela época, mas também cativa uma audiência mais jovem que aprecia a autenticidade e o estilo retro.
A narrativa de "Stranger Things" é bem estruturada, com arcos que se desenvolvem e se entrelaçam de maneira eficaz ao longo das temporadas. A série é habilidosa em equilibrar momentos de terror e ação com cenas emocionais e de crescimento dos personagens. A exploração do Mundo Invertido e suas criaturas, especialmente o Demogorgon e o Devorador de Mentes, adiciona uma camada de mistério e perigo constante muito interessante. Os efeitos visuais são outro ponto forte da série, especialmente considerando seu orçamento de TV. As criaturas e ambientes do Mundo Invertido são criados com um nível de detalhe que rivaliza com muitas produções cinematográficas. A direção de fotografia e a utilização de iluminação e cores contribuem para criar uma atmosfera tensa e envolvente.
No entanto, "Stranger Things" não é isenta de críticas. Alguns argumentam que as temporadas posteriores não conseguem capturar completamente a magia e a originalidade da primeira temporada. A série, em alguns momentos, parece repetir certas fórmulas e clichês, o que pode levar a uma sensação de previsibilidade. Além disso, a expansão do elenco e das subtramas em temporadas posteriores, embora ambiciosa, nem sempre mantém o mesmo nível de coesão e impacto emocional. Ainda assim, "Stranger Things" continua a ser uma série marcante que combina nostalgia, terror e aventura de maneira única. Seu impacto na cultura pop é inegável, com inúmeras referências e homenagens surgindo em outras obras e na própria sociedade. A série é um testemunho da habilidade dos Duffer Brothers em contar histórias envolventes e criar personagens memoráveis.
Em resumo, "Stranger Things" é uma série que vale muito o seu tempo, seja pela sua narrativa cativante, personagens bem desenvolvidos, ou pela viagem nostálgica aos anos 80. É um exemplo de como um projetos pode unir elementos de diferentes gêneros para criar algo verdadeiramente especial e duradouro.
"Stranger Things", criada pelos Duffer Brothers, é uma série que se tornou um fenômeno cultural desde sua estreia em 2016. Com uma mistura de terror, ficção científica e nostalgia dos anos 80, a série da Netflix conquistou uma legião de fãs ao redor do mundo, transformando-se em um dos maiores sucessos da plataforma. Ao longo de suas temporadas, "Stranger Things" conseguiu equilibrar suspense, desenvolvimento de personagens e uma ambientação nostálgica que remete às obras de Stephen King e Steven Spielberg.
A trama de "Stranger Things" começa na pequena cidade fictícia de Hawkins, Indiana, onde um garoto chamado Will Byers (Noah Schnapp) desaparece misteriosamente. Seus amigos - Mike (Finn Wolfhard), Lucas (Caleb McLaughlin) e Dustin (Gaten Matarazzo) - se unem para procurá-lo, apenas para descobrir uma menina com poderes telecinéticos, chamada Eleven (Millie Bobby Brown), que escapou de um laboratório secreto. A partir daí, a série se desenrola em uma complexa teia de eventos que envolve dimensões paralelas, criaturas monstruosas e conspirações governamentais. Confira o trailer:
O maior trunfo de "Stranger Things" está em seu elenco jovem, que entrega performances cativantes e autênticas. Millie Bobby Brown, em particular, se destaca como Eleven, trazendo uma profundidade e vulnerabilidade que tornam sua personagem inesquecível. O núcleo adulto, liderado por Winona Ryder como Joyce Byers e David Harbour como o xerife Jim Hopper, também oferece atuações sólidas, adicionando camadas emocionais e dramáticas à narrativa. Os Duffer Brothers demonstram uma habilidade excepcional em criar uma atmosfera que mistura suspense e nostalgia. A ambientação dos anos 80 é meticulosamente recriada, desde as referências culturais até a trilha sonora, que inclui clássicos da época e uma trilha original sintetizada que evoca o espírito dos filmes de terror e aventura daquela década - essa atenção aos detalhes não só atrai os espectadores mais velhos que viveram naquela época, mas também cativa uma audiência mais jovem que aprecia a autenticidade e o estilo retro.
A narrativa de "Stranger Things" é bem estruturada, com arcos que se desenvolvem e se entrelaçam de maneira eficaz ao longo das temporadas. A série é habilidosa em equilibrar momentos de terror e ação com cenas emocionais e de crescimento dos personagens. A exploração do Mundo Invertido e suas criaturas, especialmente o Demogorgon e o Devorador de Mentes, adiciona uma camada de mistério e perigo constante muito interessante. Os efeitos visuais são outro ponto forte da série, especialmente considerando seu orçamento de TV. As criaturas e ambientes do Mundo Invertido são criados com um nível de detalhe que rivaliza com muitas produções cinematográficas. A direção de fotografia e a utilização de iluminação e cores contribuem para criar uma atmosfera tensa e envolvente.
No entanto, "Stranger Things" não é isenta de críticas. Alguns argumentam que as temporadas posteriores não conseguem capturar completamente a magia e a originalidade da primeira temporada. A série, em alguns momentos, parece repetir certas fórmulas e clichês, o que pode levar a uma sensação de previsibilidade. Além disso, a expansão do elenco e das subtramas em temporadas posteriores, embora ambiciosa, nem sempre mantém o mesmo nível de coesão e impacto emocional. Ainda assim, "Stranger Things" continua a ser uma série marcante que combina nostalgia, terror e aventura de maneira única. Seu impacto na cultura pop é inegável, com inúmeras referências e homenagens surgindo em outras obras e na própria sociedade. A série é um testemunho da habilidade dos Duffer Brothers em contar histórias envolventes e criar personagens memoráveis.
Em resumo, "Stranger Things" é uma série que vale muito o seu tempo, seja pela sua narrativa cativante, personagens bem desenvolvidos, ou pela viagem nostálgica aos anos 80. É um exemplo de como um projetos pode unir elementos de diferentes gêneros para criar algo verdadeiramente especial e duradouro.
Essa recomendação faz parte do nosso projeto "Semana dos Clássicos", onde convidamos você a revisitar filmes que mudaram os rumos da narrativa cinematográfica e que merecem um olhar mais critico sem esquecer, claro, do que pode ter representado emocionalmente na nossa vida!
"Superman", lançado em 1978 e dirigido pelo inesquecível Richard Donner, é um marco no cinema de heróis e uma das produções que mais influenciou o gênero ao longo dos anos. A obra introduziu o icônico personagem da DC Comics ao público em uma nova era cinematográfica, com um tom épico e uma escala visual impressionante para a época. O filme não apenas deu início à franquia do Superman no cinema, como também estabeleceu padrões de narrativa e produção que seriam seguidos por décadas.
A trama acompanha a origem de Kal-El, um bebê alienígena enviado à Terra momentos antes da destruição de seu planeta natal, Krypton. Criado por pais adotivos no interior dos Estados Unidos, ele cresce como Clark Kent (Christopher Reeve), desenvolvendo habilidades extraordinárias. Quando adulto, ele assume o papel de Superman, um herói dedicado à proteção da humanidade, enquanto trabalha disfarçado como o repórter tímido do Planeta Diário. O vilão Lex Luthor (Gene Hackman), um gênio criminoso, se torna seu principal antagonista nesse episódio ao arquitetar um plano que coloca milhões de vidas em risco, inclusive de Lois Lane (Margot Kidder). Confira o trailer (em inglês):
Delicioso de assistir, "Superman" se destaca não apenas por uma história clássica de origem, mas também pela habilidade de Donner em equilibrar fantasia e realidade sem a pretensão de parecer ranzinza demais. O primeiro ato do filme é brilhante - a narrativa se concentra na origem de Kal-El em Krypton e na sua criação na Terra. Repare como a jornada é cuidadosamente construída, sem se alongar demais, trazendo uma sensação de grandeza, mesmo que pontuada por uma certa melancolia. A transição de um jovem confuso para o icônico herói é tratada com delicadeza pelo diretor, o que humaniza o personagem e cria uma conexão emocional com o público. O roteiro, escrito por Mario Puzo (O Poderoso Chefão), David Newman, Leslie Newman e Robert Benton (Kramer vs. Kramer), equilibra bem a ação e o humor, sem desrespeitar a seriedade do personagem mítico. Veja, a narrativa é simples e direta, uma aula de roteiro, pois funciona bem para introduzir o herói e seus valores, tem aventura e diversão, mas também oferece profundidade suficiente para explorar as lutas íntimas de Clark com sua identidade e responsabilidade.
A direção de Richard Donner é impecável nesse sentido - ela mistura ótimas cenas de ação com momentos de desenvolvimento emocional relevantes. Ele consegue dar ao filme uma escala grandiosa, sem perder de vista a humanidade de Clark Kent/Superman. A utilização dos efeitos especiais que Donner usou, revolucionou o cinema - a partir da famosa campanha de marketing “Você acreditará que um homem pode voar”, as cenas de voo, apesar de simples pelos padrões atuais, foram impressionantes para o público dos anos 70 e se tornaram um dos elementos mais icônicos do filme. Outro ponto que merece destaque são as cenas em Krypton - embora soem datadas, elas foram visualmente impactantes, com uma estética futurista que refletia o alto nível de design de produção para a época.
Obviamente que interpretação de Christopher Reeve é um dos pilares que sustentam o filme. Ele conseguiu capturar perfeitamente a dualidade de Clark Kent e Superman - como Kent, ele é desajeitado e inseguro, uma fachada bem diferente do herói confiante e poderoso que o público vê como Superman. A performance de Reeve é marcada por sua naturalidade em ambos os papéis, o que lhe rendeu reconhecimento como uma das personificações definitivas do personagem. Basta um óculos e um bom ator para mergulharmos na proposta fantástica da DC. Gene Hackman, como Lex Luthor, traz uma interpretação carismática e um toque cômico ao vilão. Embora o tom leve de sua atuação contraste com a seriedade de Superman, Hackman oferece uma performance que equilibra malícia e humor, fazendo de Luthor um personagem inesquecível - a química entre Hackman e seus aliados de cena, como Otis (Ned Beatty) e Senhorita Teschmacher (Valerie Perrine), também adiciona leveza a um filme que, em muitos momentos, soa como um simples entretenimento de gênero.
A trilha sonora de John Williams é outro aspecto que define a grandiosidade de Superman. A tocada heróica de Williams, que acompanha as cenas de voo e ação, se tornou um dos temas mais reconhecíveis da história do cinema. Sua música captura a essência do personagem, uma mistura de esperança, nobreza e poder, e eleva cada cena em que é utilizada, reforçando o impacto épico da jornada. O fato é que "Superman" é um filme essencial para entender a evolução do gênero de heróis. Ele não apenas apresentou o herói de forma digna e fiel às suas raízes nas HQs, como também estabeleceu o tom para futuras adaptações no cinema. Com uma mistura de grandiosidade, performances memoráveis e um personagem que continua a inspirar gerações, o filme de 1978 permanece como um clássico atemporal que merece o seu play (novamente)!
Assista essa versão remasterizada e estendida do diretor!
Essa recomendação faz parte do nosso projeto "Semana dos Clássicos", onde convidamos você a revisitar filmes que mudaram os rumos da narrativa cinematográfica e que merecem um olhar mais critico sem esquecer, claro, do que pode ter representado emocionalmente na nossa vida!
"Superman", lançado em 1978 e dirigido pelo inesquecível Richard Donner, é um marco no cinema de heróis e uma das produções que mais influenciou o gênero ao longo dos anos. A obra introduziu o icônico personagem da DC Comics ao público em uma nova era cinematográfica, com um tom épico e uma escala visual impressionante para a época. O filme não apenas deu início à franquia do Superman no cinema, como também estabeleceu padrões de narrativa e produção que seriam seguidos por décadas.
A trama acompanha a origem de Kal-El, um bebê alienígena enviado à Terra momentos antes da destruição de seu planeta natal, Krypton. Criado por pais adotivos no interior dos Estados Unidos, ele cresce como Clark Kent (Christopher Reeve), desenvolvendo habilidades extraordinárias. Quando adulto, ele assume o papel de Superman, um herói dedicado à proteção da humanidade, enquanto trabalha disfarçado como o repórter tímido do Planeta Diário. O vilão Lex Luthor (Gene Hackman), um gênio criminoso, se torna seu principal antagonista nesse episódio ao arquitetar um plano que coloca milhões de vidas em risco, inclusive de Lois Lane (Margot Kidder). Confira o trailer (em inglês):
Delicioso de assistir, "Superman" se destaca não apenas por uma história clássica de origem, mas também pela habilidade de Donner em equilibrar fantasia e realidade sem a pretensão de parecer ranzinza demais. O primeiro ato do filme é brilhante - a narrativa se concentra na origem de Kal-El em Krypton e na sua criação na Terra. Repare como a jornada é cuidadosamente construída, sem se alongar demais, trazendo uma sensação de grandeza, mesmo que pontuada por uma certa melancolia. A transição de um jovem confuso para o icônico herói é tratada com delicadeza pelo diretor, o que humaniza o personagem e cria uma conexão emocional com o público. O roteiro, escrito por Mario Puzo (O Poderoso Chefão), David Newman, Leslie Newman e Robert Benton (Kramer vs. Kramer), equilibra bem a ação e o humor, sem desrespeitar a seriedade do personagem mítico. Veja, a narrativa é simples e direta, uma aula de roteiro, pois funciona bem para introduzir o herói e seus valores, tem aventura e diversão, mas também oferece profundidade suficiente para explorar as lutas íntimas de Clark com sua identidade e responsabilidade.
A direção de Richard Donner é impecável nesse sentido - ela mistura ótimas cenas de ação com momentos de desenvolvimento emocional relevantes. Ele consegue dar ao filme uma escala grandiosa, sem perder de vista a humanidade de Clark Kent/Superman. A utilização dos efeitos especiais que Donner usou, revolucionou o cinema - a partir da famosa campanha de marketing “Você acreditará que um homem pode voar”, as cenas de voo, apesar de simples pelos padrões atuais, foram impressionantes para o público dos anos 70 e se tornaram um dos elementos mais icônicos do filme. Outro ponto que merece destaque são as cenas em Krypton - embora soem datadas, elas foram visualmente impactantes, com uma estética futurista que refletia o alto nível de design de produção para a época.
Obviamente que interpretação de Christopher Reeve é um dos pilares que sustentam o filme. Ele conseguiu capturar perfeitamente a dualidade de Clark Kent e Superman - como Kent, ele é desajeitado e inseguro, uma fachada bem diferente do herói confiante e poderoso que o público vê como Superman. A performance de Reeve é marcada por sua naturalidade em ambos os papéis, o que lhe rendeu reconhecimento como uma das personificações definitivas do personagem. Basta um óculos e um bom ator para mergulharmos na proposta fantástica da DC. Gene Hackman, como Lex Luthor, traz uma interpretação carismática e um toque cômico ao vilão. Embora o tom leve de sua atuação contraste com a seriedade de Superman, Hackman oferece uma performance que equilibra malícia e humor, fazendo de Luthor um personagem inesquecível - a química entre Hackman e seus aliados de cena, como Otis (Ned Beatty) e Senhorita Teschmacher (Valerie Perrine), também adiciona leveza a um filme que, em muitos momentos, soa como um simples entretenimento de gênero.
A trilha sonora de John Williams é outro aspecto que define a grandiosidade de Superman. A tocada heróica de Williams, que acompanha as cenas de voo e ação, se tornou um dos temas mais reconhecíveis da história do cinema. Sua música captura a essência do personagem, uma mistura de esperança, nobreza e poder, e eleva cada cena em que é utilizada, reforçando o impacto épico da jornada. O fato é que "Superman" é um filme essencial para entender a evolução do gênero de heróis. Ele não apenas apresentou o herói de forma digna e fiel às suas raízes nas HQs, como também estabeleceu o tom para futuras adaptações no cinema. Com uma mistura de grandiosidade, performances memoráveis e um personagem que continua a inspirar gerações, o filme de 1978 permanece como um clássico atemporal que merece o seu play (novamente)!
Assista essa versão remasterizada e estendida do diretor!
"Tenet" é mais um filmaço do diretor Christopher Nolan, nível de "A Origem" ("Inception" de 2010) e tão complicado quanto (ou mais, eu diria). Sem a menor dúvida, a experiência visual é tão esmagadora quanto o conceito narrativo, e a forma como Nolan conecta os pontos dentro de uma história muito interessante, dinâmica e inteligente é impressionante - isso só nos dá a exata noção do quão genial ele é!
Na história, um agente da CIA conhecido como "O Protagonista" (John David Washington) é recrutado por uma organização misteriosa, chamada Tenet, para participar de uma missão de escala global. Eles precisam impedir que Andrei Sator (Kenneth Branagh), um renegado oligarca russo que teve acesso a uma tecnologia que lhe permite se comunicar com o futuro, inicie a Terceira Guerra Mundial. A organização está em posse de uma arma de fogo que consegue fazer o tempo correr ao contrário, acreditando que o objeto veio do futuro. Com essa habilidade em mãos, O Protagonista precisará usá-la como forma de se opor à ameaça que está por vir, impedindo que os planos de Sator se concretizem. Confira o trailer:
Olha, é impossível não ficar imediatamente fascinado e fisgado pela dinâmica de "Tenet", mesmo com a dolorosa impressão de que não estamos entendendo muito bem o que está acontecendo de cara - a belíssima sequência de ação que mostra a invasão da ópera de Kiev, na Ucrânia, já nos dá um nó na cabeça. A grande questão porém, é que essa sensação de desconforto não melhora em nada durante as duas horas e meia do filme, mesmo sabendo onde estamos nos enfiando e estando bastante dispostos a tentar entender o fluxo do tempo pelos olhos de quem assiste e não pela imersão na jornada dos personagens. Sim, eu sei que pode parecer confuso e de fato é - ainda mais com repetidas quebras temporais que além de alterar completamente nossa percepção de continuidade, também nos provoca visualmente já que temos a curiosa sensação de poder prever o futuro segundos antes dele acontecer - e aqui cabe uma observação de quem já esteve em um set de filmagem: o que Nolan faz com a gramática cinematográfica para sentirmos isso, é de se aplaudir de pé!
Veja, se nos filmes anteriores Nolan investiu algum tempo (e muitos efeitos especiais) para estabelecer as regras daqueles universos que ele criou, em "Tenet" ele simplesmente nos joga dentro de um "buraco de minhoca" - sem a menor intenção de fazer algum trocadilho! Nolan quis chegar em outro nível de construção narrativa, como se ele mesmo se desafiasse a entregar algo complexo, mas auto-explicativo ao mesmo tempo. Se ele não se preocupou com a audiência ao não dar explicações expositivas, com certeza ele agiu minuciosamente para não nos deixar a impressão de que alguma ponta ficou solta - e isso é impressionante!
Por mais difícil que seja compreender 100% de "Tenet", a sensação de entretenimento é tão boa que nem nos preocupamos com os detalhes - Nolan faz isso por nós! Quando ele se propõe em juntar as peças e repetir os planos, usando enquadramentos que por alguma razão possam ter passados despercebidos - de um retrovisor quebrado sem motivo ou de uma mulher saltando de um iate em segundo plano; tudo se conecta tão organicamente que passar esse tempo todo em uma espécie de zona nebulosa do entendimento, não atrapalha em nada nossa experiência, pelo contrario, só vai somando ao que receberemos no final!
Vencedor do Oscar de Efeitos Visuais e indicado em apenas mais uma categoria (Desenho de Produção) em 2021, Nolan mostrou que está muito a frente do seu tempo e que nem mesmo a Academia foi capaz de entender seu trabalho mais autoral. Ele não ter sido indicado como Melhor Diretor e Melhor Roteiro é de uma injustiça poucas vezes vista.
Agora um aviso: para aqueles que buscam uma jornada fácil, "Tenet" definitivamente não é para você. Mas se você está disposto a sair de uma zona de conforto intelectual e mergulhar em uma realidade complicada de assimilar e processar, dê o play e esteja preparado para lidar com um cérebro em frangalhos depois que o filme terminar, mas feliz pelo excelente entretenimento.
Vale muito a pena! Pela aula de cinema e pela experiência única!
"Tenet" é mais um filmaço do diretor Christopher Nolan, nível de "A Origem" ("Inception" de 2010) e tão complicado quanto (ou mais, eu diria). Sem a menor dúvida, a experiência visual é tão esmagadora quanto o conceito narrativo, e a forma como Nolan conecta os pontos dentro de uma história muito interessante, dinâmica e inteligente é impressionante - isso só nos dá a exata noção do quão genial ele é!
Na história, um agente da CIA conhecido como "O Protagonista" (John David Washington) é recrutado por uma organização misteriosa, chamada Tenet, para participar de uma missão de escala global. Eles precisam impedir que Andrei Sator (Kenneth Branagh), um renegado oligarca russo que teve acesso a uma tecnologia que lhe permite se comunicar com o futuro, inicie a Terceira Guerra Mundial. A organização está em posse de uma arma de fogo que consegue fazer o tempo correr ao contrário, acreditando que o objeto veio do futuro. Com essa habilidade em mãos, O Protagonista precisará usá-la como forma de se opor à ameaça que está por vir, impedindo que os planos de Sator se concretizem. Confira o trailer:
Olha, é impossível não ficar imediatamente fascinado e fisgado pela dinâmica de "Tenet", mesmo com a dolorosa impressão de que não estamos entendendo muito bem o que está acontecendo de cara - a belíssima sequência de ação que mostra a invasão da ópera de Kiev, na Ucrânia, já nos dá um nó na cabeça. A grande questão porém, é que essa sensação de desconforto não melhora em nada durante as duas horas e meia do filme, mesmo sabendo onde estamos nos enfiando e estando bastante dispostos a tentar entender o fluxo do tempo pelos olhos de quem assiste e não pela imersão na jornada dos personagens. Sim, eu sei que pode parecer confuso e de fato é - ainda mais com repetidas quebras temporais que além de alterar completamente nossa percepção de continuidade, também nos provoca visualmente já que temos a curiosa sensação de poder prever o futuro segundos antes dele acontecer - e aqui cabe uma observação de quem já esteve em um set de filmagem: o que Nolan faz com a gramática cinematográfica para sentirmos isso, é de se aplaudir de pé!
Veja, se nos filmes anteriores Nolan investiu algum tempo (e muitos efeitos especiais) para estabelecer as regras daqueles universos que ele criou, em "Tenet" ele simplesmente nos joga dentro de um "buraco de minhoca" - sem a menor intenção de fazer algum trocadilho! Nolan quis chegar em outro nível de construção narrativa, como se ele mesmo se desafiasse a entregar algo complexo, mas auto-explicativo ao mesmo tempo. Se ele não se preocupou com a audiência ao não dar explicações expositivas, com certeza ele agiu minuciosamente para não nos deixar a impressão de que alguma ponta ficou solta - e isso é impressionante!
Por mais difícil que seja compreender 100% de "Tenet", a sensação de entretenimento é tão boa que nem nos preocupamos com os detalhes - Nolan faz isso por nós! Quando ele se propõe em juntar as peças e repetir os planos, usando enquadramentos que por alguma razão possam ter passados despercebidos - de um retrovisor quebrado sem motivo ou de uma mulher saltando de um iate em segundo plano; tudo se conecta tão organicamente que passar esse tempo todo em uma espécie de zona nebulosa do entendimento, não atrapalha em nada nossa experiência, pelo contrario, só vai somando ao que receberemos no final!
Vencedor do Oscar de Efeitos Visuais e indicado em apenas mais uma categoria (Desenho de Produção) em 2021, Nolan mostrou que está muito a frente do seu tempo e que nem mesmo a Academia foi capaz de entender seu trabalho mais autoral. Ele não ter sido indicado como Melhor Diretor e Melhor Roteiro é de uma injustiça poucas vezes vista.
Agora um aviso: para aqueles que buscam uma jornada fácil, "Tenet" definitivamente não é para você. Mas se você está disposto a sair de uma zona de conforto intelectual e mergulhar em uma realidade complicada de assimilar e processar, dê o play e esteja preparado para lidar com um cérebro em frangalhos depois que o filme terminar, mas feliz pelo excelente entretenimento.
Vale muito a pena! Pela aula de cinema e pela experiência única!
Antes de mais nada é preciso dizer: a série, embora traga muito do humor negro do seu criador Garth Ennis, não é uma adaptação fiel dos quadrinhos, mas nem por isso deve ser renegada ou subestimada. "The Boys" é, sem dúvida, uma das séries mais originais lançadas em 2019 - um prato cheio para a Prime Vídeo mostrar o seu cartão de visita e definitivamente entrar na briga pela aquisição de assinantes em um mercado que está se transformando em uma verdadeira batalha.
"The Boys" narra alguns eventos ocorridos entre 2006 e 2008, em uma Nova York ficcional, onde super-heróis existem, mas que, em sua grande maioria, tiveram seus valores morais corrompidos pela fama, sucesso e exposição. Ao se comportar de forma irresponsável, muitos desses heróis mascaram sua verdadeira personalidade se escondendo atrás do controle (e do marketing) de uma grande Corporação - o que representa uma crítica direta ao mundo das celebridades de hoje, diga-se de passagem. Continuando: após ver sua noiva ser morta por um desses heróis, Hughie Campbell (Jack Quaid) percebe que existe uma verdadeira indústria de influência para encobrir as falhas de caráter desses poderosos agentes de mídia. É preciso dar um fim nessa situação, então Hughie se une ao misterioso Billy Butcher (Karl Urban) e inicia sua bizarra jornada para desmascarar essa enorme mentira.
Uma das coisas mais interessantes que percebi nessa primeira temporada, foram alguns elementos narrativos muito parecidos com aqueles que encontrávamos em Breaking Bad. Está certo que são elementos pontuais, mas que foram essenciais para que a série de Vince Gilligan se tornasse um grande sucesso, pela inovação narrativa e inventividade visual. O primeiro deles é a jornada de transformação de um personagem pacato em um potencial assassino - e se inicio vemos muito de Walter White em Hughie, com o passar dos episódios temos a impressão que seu personagem é muito mais próximo do Jessie, afinal ele está sempre se questionando e sua aproximação com a Annie January (Erin Moriarty), a Starlight, só aumenta sua dúvida sobre estar no caminho certo e es caminho deve ser percorrido com um ressentido Billy Butcher! Outro elemento bastante perceptível está na quebra das barreiras que separavamm os heróis dos bandidos, o certo do errado e até os motivos que justificavam (para quem assiste) algumas ações extremas - é preciso lembrar que em Breaking Bad torcíamos para os bandidos, nos identificávamos com suas motivações e parecia tudo "normal". Mas em "The Boys", quem são os bandidos? E por fim, e não menos importante, é o tom que série trás para seus episódios, é aquele mood quase escrachado, mas que serve para mascarar todos os dramas mais íntimos e pesados de personagens muito bem desenvolvidos, toda a ação (e reação) entre eles e, principalmente, que diminui a importância daqueles momentos mais sanguinários e impactantes da trama (ao melhor estilo Tarantino), quase como uma pintura que choca, mas que já será esquecida ou digerida ao se trocar o foco. Olha, que fique claro que não é uma comparação (é até muito cedo para isso), mas todos esses elementos tiram "The Boys" do lugar comum, basta reparar!
Resumindo: com um roteiro inteligente (cheio de detalhes e referências), uma direção muito competente, uma fotografia bem interessante e um tratamento de cor de muita personalidade - que já criou uma identidade muito particular, um look único e lindo para a série - "The Boys" mostra, para quem assiste, que nada está na tela por acaso e que se mantiver esse mesmo nível em algumas temporadas, pode realmente fazer muito barulho! Com o final da primeira temporada é fácil afirmar que a série está irrepreensível! Vale muito a pena!!!!
Antes de mais nada é preciso dizer: a série, embora traga muito do humor negro do seu criador Garth Ennis, não é uma adaptação fiel dos quadrinhos, mas nem por isso deve ser renegada ou subestimada. "The Boys" é, sem dúvida, uma das séries mais originais lançadas em 2019 - um prato cheio para a Prime Vídeo mostrar o seu cartão de visita e definitivamente entrar na briga pela aquisição de assinantes em um mercado que está se transformando em uma verdadeira batalha.
"The Boys" narra alguns eventos ocorridos entre 2006 e 2008, em uma Nova York ficcional, onde super-heróis existem, mas que, em sua grande maioria, tiveram seus valores morais corrompidos pela fama, sucesso e exposição. Ao se comportar de forma irresponsável, muitos desses heróis mascaram sua verdadeira personalidade se escondendo atrás do controle (e do marketing) de uma grande Corporação - o que representa uma crítica direta ao mundo das celebridades de hoje, diga-se de passagem. Continuando: após ver sua noiva ser morta por um desses heróis, Hughie Campbell (Jack Quaid) percebe que existe uma verdadeira indústria de influência para encobrir as falhas de caráter desses poderosos agentes de mídia. É preciso dar um fim nessa situação, então Hughie se une ao misterioso Billy Butcher (Karl Urban) e inicia sua bizarra jornada para desmascarar essa enorme mentira.
Uma das coisas mais interessantes que percebi nessa primeira temporada, foram alguns elementos narrativos muito parecidos com aqueles que encontrávamos em Breaking Bad. Está certo que são elementos pontuais, mas que foram essenciais para que a série de Vince Gilligan se tornasse um grande sucesso, pela inovação narrativa e inventividade visual. O primeiro deles é a jornada de transformação de um personagem pacato em um potencial assassino - e se inicio vemos muito de Walter White em Hughie, com o passar dos episódios temos a impressão que seu personagem é muito mais próximo do Jessie, afinal ele está sempre se questionando e sua aproximação com a Annie January (Erin Moriarty), a Starlight, só aumenta sua dúvida sobre estar no caminho certo e es caminho deve ser percorrido com um ressentido Billy Butcher! Outro elemento bastante perceptível está na quebra das barreiras que separavamm os heróis dos bandidos, o certo do errado e até os motivos que justificavam (para quem assiste) algumas ações extremas - é preciso lembrar que em Breaking Bad torcíamos para os bandidos, nos identificávamos com suas motivações e parecia tudo "normal". Mas em "The Boys", quem são os bandidos? E por fim, e não menos importante, é o tom que série trás para seus episódios, é aquele mood quase escrachado, mas que serve para mascarar todos os dramas mais íntimos e pesados de personagens muito bem desenvolvidos, toda a ação (e reação) entre eles e, principalmente, que diminui a importância daqueles momentos mais sanguinários e impactantes da trama (ao melhor estilo Tarantino), quase como uma pintura que choca, mas que já será esquecida ou digerida ao se trocar o foco. Olha, que fique claro que não é uma comparação (é até muito cedo para isso), mas todos esses elementos tiram "The Boys" do lugar comum, basta reparar!
Resumindo: com um roteiro inteligente (cheio de detalhes e referências), uma direção muito competente, uma fotografia bem interessante e um tratamento de cor de muita personalidade - que já criou uma identidade muito particular, um look único e lindo para a série - "The Boys" mostra, para quem assiste, que nada está na tela por acaso e que se mantiver esse mesmo nível em algumas temporadas, pode realmente fazer muito barulho! Com o final da primeira temporada é fácil afirmar que a série está irrepreensível! Vale muito a pena!!!!
Sabe aquele tipo de série "se dormir, dormiu", mas que não deixa de ser um ótimo entretenimento - bem no estilo procedural de ""CSI" ou "The Law & Order", com alguma ação mais empolgante, investigações razoavelmente inteligentes e uma narrativa bem amarrada? Pois bem, "The Equalizer" é a bola da vez - lançada em 2021 pela CBS, é um verdadeiro sucesso nos EUA, rendendo várias temporadas com uma dinâmica de ação e crime que reinventa a clássica série dos anos 80, mas agora com uma nova protagonista e uma abordagem mais contemporânea. Estrelada por Queen Latifah, a série oferece um novo conceito sobre os dilemas de um herói urbano, trazendo uma forte protagonista feminina para o centro de missões muito divertidas para quem quer passar o tempo sem ter que pensar muito.
Basicamente, a trama segue Robyn McCall (Queen Latifah), uma ex-agente da CIA que, após se afastar do mundo da espionagem, dedica-se a ajudar aqueles que não têm mais para onde recorrer. Usando suas habilidades de combate, investigação e inteligência, McCall se torna uma figura misteriosa conhecida como "The Equalizer", protegendo os oprimidos e punindo aqueles que se aproveitam dos mais fracos. Ao mesmo tempo, no entanto, ela precisa lidar com os desafios de ser mãe solteira de uma adolescente e de manter sua vida dupla em segredo para quem sabe encontrar um caminho menos traumático como mulher. Confira o trailer:
"The Equalizer" é dirigida por uma equipe talentosa que inclui nomes como Liz Friedlander (de "Jessica Jones") e Solvan "Slick" Naim (de "Black List") - eles conseguem manter um ritmo dinâmico e envolvente ao longo dos mais de 50 episódios, durante todas as temporadas. Com roteiro escrito por Andrew W. Marlowe (do clássico "Força Aérea Um") e Terri Edda Miller (de "Castle"), a série equilibra uma ótima atmosfera de ação com histórias que exploram questões sociais mais atuais, como corrupção, violência doméstica e até injustiça racial. Pautada nos clássicos da TV aberta americana, cada episódio funciona como uma narrativa fechada, com McCall resolvendo um caso por vez ao mesmo tempo em que outros arcos dos personagens vão, pouco a pouco, se ampliando e se desenvolvendo ao ponto de não conseguirmos mais parar de assistir. Veja, embora o formato "caso da semana" seja familiar e possa até parecer previsível para alguns, eu diria que aqui a série consegue manter nosso interesse especialmente por se aprofundar na vida pessoal de McCall.
Queen Latifah traz uma presença carismática e poderosa para a série. Ela transita muito bem entre a dureza necessária de uma vigilante implacável com a sensibilidade de uma mãe que está tentando proteger sua família. Latifah é convincente nas cenas de ação da mesma forma que entrega ótimos momentos emocionais, tornando McCall uma personagem cheio de camadas e fácil de se conectar - tudo isso sem maiores neuroses para não complicar demais! Sua performance, é preciso que se diga, é o coração da série, proporcionando uma ancoragem dramática que eleva o básico para um patamar que entrega uma ótima jornada de entretenimento. Já no elenco de apoio, é preciso citar Tory Kittles como o honrado Marcus Dante; Adam Goldberg como o hacker/nerd/moderninho, Harry Keshegian; e Liza Lapira como a ex-soldado sempre parceira, Melody. É muito bacana ver como cada "estereótipo" contribui significativamente para que a narrativa funcione de uma maneira tão orgânica e que nos traz certo conforto ao dar o play.
Antes de embarcar em "The Equalizer", saiba que, em sua tentativa de combinar ação e drama, a narrativa se apoia demais em clichês do gênero - o que pode diminuir sensivelmente a sua originalidade, mas ao mesmo tempo traz ótimas lembranças de uma época onde o divertido era só assistir Jack Bauer em "24 Horas". Esse é objetivo do projeto: soar familiar para os mais velhos e divertir uma nova geração sem exigir muito ou ter que fazer a audiência quebrar a cabeça. Não espere arcos mais longos e complexos, isso não faz parte do DNA da série - e funciona!
Sabe aquele tipo de série "se dormir, dormiu", mas que não deixa de ser um ótimo entretenimento - bem no estilo procedural de ""CSI" ou "The Law & Order", com alguma ação mais empolgante, investigações razoavelmente inteligentes e uma narrativa bem amarrada? Pois bem, "The Equalizer" é a bola da vez - lançada em 2021 pela CBS, é um verdadeiro sucesso nos EUA, rendendo várias temporadas com uma dinâmica de ação e crime que reinventa a clássica série dos anos 80, mas agora com uma nova protagonista e uma abordagem mais contemporânea. Estrelada por Queen Latifah, a série oferece um novo conceito sobre os dilemas de um herói urbano, trazendo uma forte protagonista feminina para o centro de missões muito divertidas para quem quer passar o tempo sem ter que pensar muito.
Basicamente, a trama segue Robyn McCall (Queen Latifah), uma ex-agente da CIA que, após se afastar do mundo da espionagem, dedica-se a ajudar aqueles que não têm mais para onde recorrer. Usando suas habilidades de combate, investigação e inteligência, McCall se torna uma figura misteriosa conhecida como "The Equalizer", protegendo os oprimidos e punindo aqueles que se aproveitam dos mais fracos. Ao mesmo tempo, no entanto, ela precisa lidar com os desafios de ser mãe solteira de uma adolescente e de manter sua vida dupla em segredo para quem sabe encontrar um caminho menos traumático como mulher. Confira o trailer:
"The Equalizer" é dirigida por uma equipe talentosa que inclui nomes como Liz Friedlander (de "Jessica Jones") e Solvan "Slick" Naim (de "Black List") - eles conseguem manter um ritmo dinâmico e envolvente ao longo dos mais de 50 episódios, durante todas as temporadas. Com roteiro escrito por Andrew W. Marlowe (do clássico "Força Aérea Um") e Terri Edda Miller (de "Castle"), a série equilibra uma ótima atmosfera de ação com histórias que exploram questões sociais mais atuais, como corrupção, violência doméstica e até injustiça racial. Pautada nos clássicos da TV aberta americana, cada episódio funciona como uma narrativa fechada, com McCall resolvendo um caso por vez ao mesmo tempo em que outros arcos dos personagens vão, pouco a pouco, se ampliando e se desenvolvendo ao ponto de não conseguirmos mais parar de assistir. Veja, embora o formato "caso da semana" seja familiar e possa até parecer previsível para alguns, eu diria que aqui a série consegue manter nosso interesse especialmente por se aprofundar na vida pessoal de McCall.
Queen Latifah traz uma presença carismática e poderosa para a série. Ela transita muito bem entre a dureza necessária de uma vigilante implacável com a sensibilidade de uma mãe que está tentando proteger sua família. Latifah é convincente nas cenas de ação da mesma forma que entrega ótimos momentos emocionais, tornando McCall uma personagem cheio de camadas e fácil de se conectar - tudo isso sem maiores neuroses para não complicar demais! Sua performance, é preciso que se diga, é o coração da série, proporcionando uma ancoragem dramática que eleva o básico para um patamar que entrega uma ótima jornada de entretenimento. Já no elenco de apoio, é preciso citar Tory Kittles como o honrado Marcus Dante; Adam Goldberg como o hacker/nerd/moderninho, Harry Keshegian; e Liza Lapira como a ex-soldado sempre parceira, Melody. É muito bacana ver como cada "estereótipo" contribui significativamente para que a narrativa funcione de uma maneira tão orgânica e que nos traz certo conforto ao dar o play.
Antes de embarcar em "The Equalizer", saiba que, em sua tentativa de combinar ação e drama, a narrativa se apoia demais em clichês do gênero - o que pode diminuir sensivelmente a sua originalidade, mas ao mesmo tempo traz ótimas lembranças de uma época onde o divertido era só assistir Jack Bauer em "24 Horas". Esse é objetivo do projeto: soar familiar para os mais velhos e divertir uma nova geração sem exigir muito ou ter que fazer a audiência quebrar a cabeça. Não espere arcos mais longos e complexos, isso não faz parte do DNA da série - e funciona!
Se você gosta de "Vikings", essa série produzida pela BBC não deixa absolutamente nada a desejar à produção do History Channel.
Baseada no grande sucesso Crônicas Saxônicas de Bernard Cornwell, "The Last Kingdom" acompanha a jornada do jovem Uhtred (Alexander Dreymon) que foi sequestrado pelos dinamarqueses quando eles invadiram seu reino. Nobre de berço, Uhtred viu toda sua família ser assassinada, mas acabou sendo poupado e criado como um filho nórdico ao lado de Brida (Emily Cox). Porém a desgraça parece acompanhar Uhtred e quando ele perde sua nova família em um ato de vingança, ele acaba sendo considerado o culpado. Sem chance alguma de explicação e jurado de morte, Uhtred e Brida precisam fugir para o único reino saxão ainda não dominado pelos Vikings: Wessex - comandado pelo aparentemente debilitado Rei Alfredo. Lá, apesar do desgosto de Brida, Uhtred passa a usar seus conhecimentos sobre os hábitos e estratégias dinamarquesas para ajudar o rei, tudo com o propósito egoísta de recuperar Bebbanburg, hoje controlada por seu tio traidor. Confira o trailer (em inglês):
"The Last Kingdom" é realmente muito bom e muito bem realizado - mais uma prova que é possível fazer um produto de qualidade desse gênero, com o cuidado que ele merece, com um roteiro bem trabalhado e sem um custo de produção proibitivo. Embora a história aparente ser complicada demais, cheia de nomes, territórios e deuses, o roteiro trabalha para criar uma linha narrativa quase intuitiva onde uma história vai levando a outra e assim por diante. Tenho a impressão que Vikings é mais dinâmica, mas nem por isso "The Last Kingdom" seja parada, muito pelo contrário, as vezes é até corrida demais, porém não é uma série que aposta em cenas grandiosas como Game of Thrones por exemplo. É uma série de história, não necessariamente de muitas batalhas!
A fotografia e a direção de arte são muito competentes e para quem gosta do gênero, vale muito a pena. Uma informação importante é que a Netflix assumiu a co-produtora a partir da segunda temporada, ou seja, houve um injeção de orçamento o que deu fôlego para, pelo menos, mais 3 temporadas!
Vale seu play!
Se você gosta de "Vikings", essa série produzida pela BBC não deixa absolutamente nada a desejar à produção do History Channel.
Baseada no grande sucesso Crônicas Saxônicas de Bernard Cornwell, "The Last Kingdom" acompanha a jornada do jovem Uhtred (Alexander Dreymon) que foi sequestrado pelos dinamarqueses quando eles invadiram seu reino. Nobre de berço, Uhtred viu toda sua família ser assassinada, mas acabou sendo poupado e criado como um filho nórdico ao lado de Brida (Emily Cox). Porém a desgraça parece acompanhar Uhtred e quando ele perde sua nova família em um ato de vingança, ele acaba sendo considerado o culpado. Sem chance alguma de explicação e jurado de morte, Uhtred e Brida precisam fugir para o único reino saxão ainda não dominado pelos Vikings: Wessex - comandado pelo aparentemente debilitado Rei Alfredo. Lá, apesar do desgosto de Brida, Uhtred passa a usar seus conhecimentos sobre os hábitos e estratégias dinamarquesas para ajudar o rei, tudo com o propósito egoísta de recuperar Bebbanburg, hoje controlada por seu tio traidor. Confira o trailer (em inglês):
"The Last Kingdom" é realmente muito bom e muito bem realizado - mais uma prova que é possível fazer um produto de qualidade desse gênero, com o cuidado que ele merece, com um roteiro bem trabalhado e sem um custo de produção proibitivo. Embora a história aparente ser complicada demais, cheia de nomes, territórios e deuses, o roteiro trabalha para criar uma linha narrativa quase intuitiva onde uma história vai levando a outra e assim por diante. Tenho a impressão que Vikings é mais dinâmica, mas nem por isso "The Last Kingdom" seja parada, muito pelo contrário, as vezes é até corrida demais, porém não é uma série que aposta em cenas grandiosas como Game of Thrones por exemplo. É uma série de história, não necessariamente de muitas batalhas!
A fotografia e a direção de arte são muito competentes e para quem gosta do gênero, vale muito a pena. Uma informação importante é que a Netflix assumiu a co-produtora a partir da segunda temporada, ou seja, houve um injeção de orçamento o que deu fôlego para, pelo menos, mais 3 temporadas!
Vale seu play!
"The Old Guard" é claramente a tentativa da Netflix de emplacar uma franquia de herói consistente com seu selo "Originals" e de quebra ainda fidelizar um público que pode migrar de plataforma com a chegada do Disney+. Dito isso, é preciso analisar o filme sob dois aspectos: o primeiro, mercadológico - baseado na HQ daImage Comics, escrita pelo Greg Rucka e desenhada pelo Leandro Fernández, "The Old Guard" caiu como uma luva dentro da estratégia da Netflix desde o momento em que ela trás para o time criativo o próprio Rucka para escrever o roteiro. Outro golaço foi escolher Charlize Theron como protagonista, já acostumada com a dinâmica de heroína em filmes de ação/ficção como em "Prometheus", "Mad Max: Estrada da Fúria" e até mesmo em "Atômica". O segundo aspecto relevante, sem dúvida, diz respeito à história escolhida - ao trazer a memória afetiva de "Highlander – O Guerreiro Imortal", o filme usa e abusa de uma narrativa atual (bem no estilo Marvel) ao mesmo tempo em que tenta construir uma mitologia própria (em flashbacks) que possibilita inúmeras ramificações dramáticas que podem resultar em várias sequências - a "cena pós crédito" (que na verdade nem é pós crédito, mas serve como uma espécie de "gancho") é um exemplo descarado desse planejamento. Bom, vamos ao trailer e depois voltamos para a discussão:
"The Old Guard" acompanha Andrômaca ou Andy (Charlize Theron) uma espécie de guerreira imortal que lidera uma equipe com outros três imortais, Booker (Matthias Schoenaerts), Joe (Marwan Kenzari) e Nicki (Luca Marinelli), que se encontraram ao longo dos séculos para lutar, como o próprio Booker diz, "por aquilo que eles acreditam ser o certo". Porém eles passam a ser perseguidos por um bilionário, Merrick (Harry Melling), CEO de uma gigante da industria farmacêutica, que pretende captura-los e assim descobrir os segredos dessa longevidade. É aí que entra Nile Freeman (KiKi Layne), uma soldada americana que depois de muitos séculos surge como uma nova imortal e precisa do auxílio de Andy para entender essa nova condição até se tornar mais um membro da equipe.
De fato, "The Old Guard" tem potencial para ser uma franquia de sucesso. Nesse primeiro filme encontramos a ação que o gênero sugere, a discussão filosófica e íntima que os personagens precisam e ainda uma série elementos fantásticos que nos acompanham e nos instigam até o final. Se tem algo que não funciona, certamente é o vilão de Harry Melling - sua motivação é fraca e a performance completamente estereotipada, mas sobre isso falaremos mais adiante. No geral achei o filme divertido, dinâmico (nem sentimos as duas horas de duração) e interessante por tudo que é contado, mas mais ainda por um background que ainda vai ser explorado. Se você gosta de filme de herói, com uma pegada bem de fantasia, pode dar o play sem medo!
Embora seja um filme de herói, a força de "The Old Guard", definitivamente, não está na luta para vencer um vilão e sim na jornada da protagonista para encontrar a paz, mesmo que para isso ela tenha que vencer seu inimigo que, como já citamos, não tem elementos suficientes para nos causar alguma dúvida de que não será facilmente derrotado - não existe uma forte motivação que mova esse vilão na busca de redenção, por exemplo. O próprio Copley (Chiwetel Ejiofor), ex-agente da CIA que já havia trabalhado em uma missão com a equipe de Andy e que perdeu a esposa recentemente devido a uma doença degenerativa, "ELA", teria um papel muito mais relevante se fosse um vilão de verdade do que o Merrick.
Quando Greg Rucka adapta sua história, ele não só se mantém muito fiel à HQ, como ele acrescenta elementos que tornam a jornada de Andrômacaainda mais complexa e profunda - a sua dor ao encarar o seu dom como uma terrível maldição durante séculos (mais uma vez evocando a música "Who wants to live forever!") e a relação que ela estabelece com seus pares, inclusive com sua parceira Quynh (Van Veronica Ngo), é sensacional! Mas aqui cabe uma pequena crítica: tenho a impressão que a produção das cenas em flashback poderia ter sido melhor trabalhada - achei tudo muito flat, fake até,; sem a menor identidade! A fotografia não ajudou em nada e a forma como a diretora Gina Prince-Bythewood (do aclamado "Além dos Limites") comandou a construção da mitologia não me agradou - faltou uma Patty Jenkins de "Mulher Maravilha". Por outro lado, nas cenas de ação e pancadaria, Prince-Bythewood soube se equilibrar e em nenhum momento usou de piruetas ou explosões para roubar no jogo ou entregar algo que já não tivesse sugerido.
No fima das contas, "The Old Guard" tem qualidade! Nasceu bom: com um roteiro que soube trabalhar o drama e a ação sem cansar quem assiste e ao mesmo tempo apresentar uma história que ainda tem muito para contar. Charlize Theron ajudou a levantar o filme, mas não deve seguir por muito tempo na franquia, sabendo disso, achei muito inteligente a forma como Greg Rucka já nos oferece as opções de continuação - e pode ter certeza: ela virá!
Vale pelo entretenimento, com certeza!
"The Old Guard" é claramente a tentativa da Netflix de emplacar uma franquia de herói consistente com seu selo "Originals" e de quebra ainda fidelizar um público que pode migrar de plataforma com a chegada do Disney+. Dito isso, é preciso analisar o filme sob dois aspectos: o primeiro, mercadológico - baseado na HQ daImage Comics, escrita pelo Greg Rucka e desenhada pelo Leandro Fernández, "The Old Guard" caiu como uma luva dentro da estratégia da Netflix desde o momento em que ela trás para o time criativo o próprio Rucka para escrever o roteiro. Outro golaço foi escolher Charlize Theron como protagonista, já acostumada com a dinâmica de heroína em filmes de ação/ficção como em "Prometheus", "Mad Max: Estrada da Fúria" e até mesmo em "Atômica". O segundo aspecto relevante, sem dúvida, diz respeito à história escolhida - ao trazer a memória afetiva de "Highlander – O Guerreiro Imortal", o filme usa e abusa de uma narrativa atual (bem no estilo Marvel) ao mesmo tempo em que tenta construir uma mitologia própria (em flashbacks) que possibilita inúmeras ramificações dramáticas que podem resultar em várias sequências - a "cena pós crédito" (que na verdade nem é pós crédito, mas serve como uma espécie de "gancho") é um exemplo descarado desse planejamento. Bom, vamos ao trailer e depois voltamos para a discussão:
"The Old Guard" acompanha Andrômaca ou Andy (Charlize Theron) uma espécie de guerreira imortal que lidera uma equipe com outros três imortais, Booker (Matthias Schoenaerts), Joe (Marwan Kenzari) e Nicki (Luca Marinelli), que se encontraram ao longo dos séculos para lutar, como o próprio Booker diz, "por aquilo que eles acreditam ser o certo". Porém eles passam a ser perseguidos por um bilionário, Merrick (Harry Melling), CEO de uma gigante da industria farmacêutica, que pretende captura-los e assim descobrir os segredos dessa longevidade. É aí que entra Nile Freeman (KiKi Layne), uma soldada americana que depois de muitos séculos surge como uma nova imortal e precisa do auxílio de Andy para entender essa nova condição até se tornar mais um membro da equipe.
De fato, "The Old Guard" tem potencial para ser uma franquia de sucesso. Nesse primeiro filme encontramos a ação que o gênero sugere, a discussão filosófica e íntima que os personagens precisam e ainda uma série elementos fantásticos que nos acompanham e nos instigam até o final. Se tem algo que não funciona, certamente é o vilão de Harry Melling - sua motivação é fraca e a performance completamente estereotipada, mas sobre isso falaremos mais adiante. No geral achei o filme divertido, dinâmico (nem sentimos as duas horas de duração) e interessante por tudo que é contado, mas mais ainda por um background que ainda vai ser explorado. Se você gosta de filme de herói, com uma pegada bem de fantasia, pode dar o play sem medo!
Embora seja um filme de herói, a força de "The Old Guard", definitivamente, não está na luta para vencer um vilão e sim na jornada da protagonista para encontrar a paz, mesmo que para isso ela tenha que vencer seu inimigo que, como já citamos, não tem elementos suficientes para nos causar alguma dúvida de que não será facilmente derrotado - não existe uma forte motivação que mova esse vilão na busca de redenção, por exemplo. O próprio Copley (Chiwetel Ejiofor), ex-agente da CIA que já havia trabalhado em uma missão com a equipe de Andy e que perdeu a esposa recentemente devido a uma doença degenerativa, "ELA", teria um papel muito mais relevante se fosse um vilão de verdade do que o Merrick.
Quando Greg Rucka adapta sua história, ele não só se mantém muito fiel à HQ, como ele acrescenta elementos que tornam a jornada de Andrômacaainda mais complexa e profunda - a sua dor ao encarar o seu dom como uma terrível maldição durante séculos (mais uma vez evocando a música "Who wants to live forever!") e a relação que ela estabelece com seus pares, inclusive com sua parceira Quynh (Van Veronica Ngo), é sensacional! Mas aqui cabe uma pequena crítica: tenho a impressão que a produção das cenas em flashback poderia ter sido melhor trabalhada - achei tudo muito flat, fake até,; sem a menor identidade! A fotografia não ajudou em nada e a forma como a diretora Gina Prince-Bythewood (do aclamado "Além dos Limites") comandou a construção da mitologia não me agradou - faltou uma Patty Jenkins de "Mulher Maravilha". Por outro lado, nas cenas de ação e pancadaria, Prince-Bythewood soube se equilibrar e em nenhum momento usou de piruetas ou explosões para roubar no jogo ou entregar algo que já não tivesse sugerido.
No fima das contas, "The Old Guard" tem qualidade! Nasceu bom: com um roteiro que soube trabalhar o drama e a ação sem cansar quem assiste e ao mesmo tempo apresentar uma história que ainda tem muito para contar. Charlize Theron ajudou a levantar o filme, mas não deve seguir por muito tempo na franquia, sabendo disso, achei muito inteligente a forma como Greg Rucka já nos oferece as opções de continuação - e pode ter certeza: ela virá!
Vale pelo entretenimento, com certeza!
Embora não seja minha preferência, eu definitivamente entendo as escolhas conceituais de "Thor: Amor e Trovão" e como a escolha do diretor Taika Waititi (de "Jojo Rabbit") potencializou uma construção de um sub-gênero dentro do MCU muito mais próximo do "pastelão" do que de um desenvolvimento de um realismo mais fantástico ou até mitológico dos personagens - não que isso não exista, mas é inegável que a aposta da Marvel em trazer um mood mais leve para alguns de seus heróis, agora ganhou status de "receita de bolo". Em outras palavras, "Thor: Amor e Trovão" é tão divertido quanto bobinho, bem na levada autoral que Waititi imprimiu em “Ragnarok”, de 2017, definido pelo próprio Estúdio como "uma aventura cósmica e cômica".
Aqui, o "Deus do Trovão" embarca em uma jornada diferente de tudo que já viveu: uma jornada de autoconhecimento. Contudo, sua busca é comprometida por um assassino galáctico conhecido como Gorr (Christian Bale), o Carniceiro dos Deuses, que deseja a extinção dessas figuras mitológicas. Para combater essa ameaça, Thor (Chris Hemsworth) pede a ajuda de Rei Valkiria (Tessa Thompson), Korg (Taika Waititi) e da ex-namorada Jane Foster (Natalie Portman). Juntos, eles se lançam em uma terrível aventura cósmica para desvendar o mistério da vingança do Carniceiro dos Deuses e detê-lo antes que seja tarde demais. Confira o trailer:
Essa liberdade autoral que a Marvel vem imprimindo cada vez mais em seus títulos, sem dúvida alguma, traz algum frescor para os filmes de herói, mas ao mesmo tempo nos afasta daquela unidade dramática que o próprio Estúdio apresentou em suas primeiras fases (principalmente no inicio da jornada, nas fases 1 e 2). Na prática, os filmes perdem certa coerência e passam a servir muito mais de vitrine para que os diretores deixem sua marca, onde, normalmente, eles se sentem mais confortáveis, ao invés de trabalhar a favor do "todo". Em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", por exemplo, Sam Raimi deu o seu tom e funcionou magistralmente; em "Eternos", Chloé Zhao impôs o seu ritmo com status de "super star" ganhadora do Oscar e já não conseguiu o mesmo sucesso, porém em ambos os casos era perceptível uma linha mais, digamos, adulta.
Em "Thor: Amor e Trovão" pegue isso e jogue fora, pois existe uma certa infantilização da narrativa que vai dividir opiniões - mesmo quando o diretor traz o drama para os holofotes. Ok, mas o filme é ruim? Claro que não - a aventura é muito divertida, temos muitas cenas de ação bem construídas e até várias sacadas inteligentes do roteiro - mas a sensação que fica é que o filme é bobo! Talvez o Gorr de Christian Bale seja o único personagem que traz uma certa profundidade dramática - nem o fato das vitimas serem crianças nos fazem ter empatia pela jornada de Thor. Por outro lado a chegada da "Poderosa Thor" na história é impactante - lembra um pouco a chegada da Capitã Marvel em "Vingadores - Ultimato" e aí sim temos uma conexão mais forte com a personagem.
O fato é que essa produção da Marvel se encaixa muito mais naquela prateleira de "entretenimento despretensioso" do que na de um "grande filme do gênero" - eu diria que "Thor: Amor e Trovão" é o filme que mais se apoia na comédia de todo MCU até aqui. Eu, pessoalmente, não gosto - até porquê eu tenho a referência saudosista da animação clássica de 1966, que no Brasil teve sua exibição nas décadas de 70 e 80. Essa informalidade cinematográfica de Waititi rende sim algumas boas risadas, muita criatividade (destaco a trilha sonora e a homenagem ao "Guns N'Roses" que o diretor faz) e umas ótimas duas horas de diversão em meio a um visual deslumbrante (até quando o "preto e branco" ganha força em seu simbolismo); o que nos facilita muito no momento da indicação: se você gostou de “Thor: Ragnarok” vai gostar de "Thor: Amor e Trovão" (porém o inverso também será verdadeiro).
Embora não seja minha preferência, eu definitivamente entendo as escolhas conceituais de "Thor: Amor e Trovão" e como a escolha do diretor Taika Waititi (de "Jojo Rabbit") potencializou uma construção de um sub-gênero dentro do MCU muito mais próximo do "pastelão" do que de um desenvolvimento de um realismo mais fantástico ou até mitológico dos personagens - não que isso não exista, mas é inegável que a aposta da Marvel em trazer um mood mais leve para alguns de seus heróis, agora ganhou status de "receita de bolo". Em outras palavras, "Thor: Amor e Trovão" é tão divertido quanto bobinho, bem na levada autoral que Waititi imprimiu em “Ragnarok”, de 2017, definido pelo próprio Estúdio como "uma aventura cósmica e cômica".
Aqui, o "Deus do Trovão" embarca em uma jornada diferente de tudo que já viveu: uma jornada de autoconhecimento. Contudo, sua busca é comprometida por um assassino galáctico conhecido como Gorr (Christian Bale), o Carniceiro dos Deuses, que deseja a extinção dessas figuras mitológicas. Para combater essa ameaça, Thor (Chris Hemsworth) pede a ajuda de Rei Valkiria (Tessa Thompson), Korg (Taika Waititi) e da ex-namorada Jane Foster (Natalie Portman). Juntos, eles se lançam em uma terrível aventura cósmica para desvendar o mistério da vingança do Carniceiro dos Deuses e detê-lo antes que seja tarde demais. Confira o trailer:
Essa liberdade autoral que a Marvel vem imprimindo cada vez mais em seus títulos, sem dúvida alguma, traz algum frescor para os filmes de herói, mas ao mesmo tempo nos afasta daquela unidade dramática que o próprio Estúdio apresentou em suas primeiras fases (principalmente no inicio da jornada, nas fases 1 e 2). Na prática, os filmes perdem certa coerência e passam a servir muito mais de vitrine para que os diretores deixem sua marca, onde, normalmente, eles se sentem mais confortáveis, ao invés de trabalhar a favor do "todo". Em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", por exemplo, Sam Raimi deu o seu tom e funcionou magistralmente; em "Eternos", Chloé Zhao impôs o seu ritmo com status de "super star" ganhadora do Oscar e já não conseguiu o mesmo sucesso, porém em ambos os casos era perceptível uma linha mais, digamos, adulta.
Em "Thor: Amor e Trovão" pegue isso e jogue fora, pois existe uma certa infantilização da narrativa que vai dividir opiniões - mesmo quando o diretor traz o drama para os holofotes. Ok, mas o filme é ruim? Claro que não - a aventura é muito divertida, temos muitas cenas de ação bem construídas e até várias sacadas inteligentes do roteiro - mas a sensação que fica é que o filme é bobo! Talvez o Gorr de Christian Bale seja o único personagem que traz uma certa profundidade dramática - nem o fato das vitimas serem crianças nos fazem ter empatia pela jornada de Thor. Por outro lado a chegada da "Poderosa Thor" na história é impactante - lembra um pouco a chegada da Capitã Marvel em "Vingadores - Ultimato" e aí sim temos uma conexão mais forte com a personagem.
O fato é que essa produção da Marvel se encaixa muito mais naquela prateleira de "entretenimento despretensioso" do que na de um "grande filme do gênero" - eu diria que "Thor: Amor e Trovão" é o filme que mais se apoia na comédia de todo MCU até aqui. Eu, pessoalmente, não gosto - até porquê eu tenho a referência saudosista da animação clássica de 1966, que no Brasil teve sua exibição nas décadas de 70 e 80. Essa informalidade cinematográfica de Waititi rende sim algumas boas risadas, muita criatividade (destaco a trilha sonora e a homenagem ao "Guns N'Roses" que o diretor faz) e umas ótimas duas horas de diversão em meio a um visual deslumbrante (até quando o "preto e branco" ganha força em seu simbolismo); o que nos facilita muito no momento da indicação: se você gostou de “Thor: Ragnarok” vai gostar de "Thor: Amor e Trovão" (porém o inverso também será verdadeiro).