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A expansão do alcance do Pluto TV para terras latinas, promete apostar no mix de programação em espanhol e português para disputar esse espaço na agenda apertada dos consumidores da região. Esse movimento estratégico levantou o questionamento do ano: será que 2020 vai marcar o início da década dos serviços AVoD no mundo?

Antes de começar a contextualizar essa hipótese que acabei de lançar, vale explicar melhor como o mercado divide as categorias de monetização dos serviços de streaming. Primeiramente, temos o Subscription Video on Demand (SVoD), que oferece um catálogo de produtos a partir de uma assinatura, normalmente isentando o usuário de assistir publicidade antes do vídeo começar a rodar. O exemplo mais conhecido de SVoD é a Netflix. O próximo é o Advertising Video on Demand (AVoD), que monetiza sua base por meio de comerciais e ações publicitárias permeados pelo serviço. YouTube é o exemplo mais conhecido deste segmento. E por fim, há o Transactional Video on Demand (TVoD) que simboliza o aluguel de algum produto por determinado tempo - é o conceito mais próximo da falecida locadora. Quem chama atenção no TVoD é o iTunes.

Apenas um detalhe: algumas empresas mesclam pacotes gratuitos com publicidade e ofertas premium sem comercial por assinatura. Esse blend de SVoD com AVoD é uma tendência crescente e funciona como uma degustação/isca.

Agora que os principais conceitos já foram esclarecidos, podemos seguir com o tema principal do nosso texto. Por que 2020 parece ser o início da década dos serviços AVoD? Muito se fala sobre o potencial dos grandes streamers americanos e seu apetite interminável por clientes. Mas o bolso do consumidor não é um saco sem fundo e, em algum momento, a conta chega. Utilizar múltiplos serviços de SVoD tem um custo alto no final do mês e saber escolher o melhor combinado será essencial para o equilíbrio saudável entre entretenimento e finanças pessoais (como explicamos detalhadamente aqui).

Como isso não é uma novidade, o mercado vem se organizando para atender ao interesse do público por conteúdo sem influenciar diretamente no orçamento mensal. O AVoD nada mais é do que o transplante da estrutura da TV comercial para o ambiente digital. Com a migração da verba de publicidade para o online, é importante fertilizar o caminho para frutificar iniciativas e parcerias que mimetizem o casamento tão longevo do anúncio com o conteúdo. E com o aditivo tecnológico da Big Data e da Mídia Programática, a tendência é haver cada vez mais assertividade no tiro publicitário. Logo, observamos um cenário bem próspero para os serviços de AVoD.

Dito isso, podemos nos debruçar sobre quais são os concorrentes que estão despontando no mercado e merecem um olhar mais atencioso de todos nós.

1.Pluto TV (comprado pela ViacomCBS)   

Adquirido pela ViacomCBS em março de 2019, o Pluto TV oferece mais de 100 canais de TV, com programação 24 horas, entre ao vivo e conteúdo de curadoria de parceiros. Criado em 2014, o serviço atingiu 20 milhões de usuários ativos em novembro de 2019, alcançando a marca do maior streaming gratuito de TV dos Estados Unidos. A expansão internacional ganhou reforço em setembro do ano passado, quando o Pluto TV se tornou disponível na Alemanha, Áustria, Suíça e Reino Unido. Agora em março, a América Latina será o foco da empresa. O Brasil entra na lista mais para o final do ano. A ideia é oferecer programação com a língua e cultura locais.

Pluto TV trabalha com mais de 175 parceiros de conteúdo. Os canais são agrupados por semelhanças, como notícias, esportes, filmes, entretenimento, comédia, geek, estilo e gaming; e previsão é atingir cerca de 30 milhões de usuários até o final de 2020.

2.Tubi (em conversa sobre compra pela Fox)

Criada em San Francisco, o Tubi reúne mais de 20 mil filmes e programas de TV de quase todos os grandes estúdios de Hollywood. Com uma proposta diferenciada, não oferece canais lineares, somente atrações on-demand. Atualmente disponível nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, o serviço pretende chegar ao México e Reino Unido até o final deste ano. O Tubi investe também em uma vertical de conteúdo infantil, com mais de 5 mil horas de material.   

As últimas notícias mostram que a Fox está em conversas para adquirir o Tubi pelo valor de 500 milhões de dólares. A estratégia seria adicionar um produto forte ao portfólio do grupo para surfar na onda do consumo de vídeos online.

3.Plex

Em dezembro de 2019, o Plex lançou oficialmente seu serviço de AVoD com filmes e programas da MGM, Warner Bros, Lionsgate e Legendary Wednesday. O serviço está disponível em 200 países e territórios. O catálogo do Plex será inicialmente focado em filmes do que programas, mas o plano da empresa é incluir gradualmente mais séries de TV. Além disso, há conteúdo infantil, documentários e concertos musicais.

4.Xumo (comprada pela Comcast)

Outra empresa nascida na Califórnia, a Xumo oferece programação de emissoras tradicionais e digitais, organizadas para o consumo linear ou on-demand. Com mais de 160 canais de notícias, eventos ao vivo, desenhos e vídeos virais, Xumo está disponível nos Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Reino Unidos, Itália, Espanha, Brasil e México.

Sobre a recente negociação com a Comcast, especialistas dizem que o grupo adquiriu a plataforma porque ela será estratégica no lançamento do Peacock, serviço AVoD da NBCUniversal previsto para abril. Por enquanto, o serviço continuará a funcionar de maneira independente a Comcast. 

5.IMDb TV

Subsidiária da Amazon, a enciclopédia online do cinema e da TV fundada no início dos anos 90 agora tem um serviço de streaming para chamar de seu. O IMDb TV foi lançado em janeiro de 2019 e funciona como uma plataforma gratuita apoiada por anúncios que oferece filmes e séries nos Estados Unidos. Para quem tem aparelhos da linha Amazon Fire, o IMDb TV funciona como um canal. Caso contrário, você pode consumir o conteúdo diretamente do site do IMDb.