Se você ainda não assistiu "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão", minissérie documental da Netflix, pare, assista, tente suportar a frieza e o caráter doentio do protagonista e depois retorne para esse texto.
"True Crime" é notadamente um arrasa quarteirão por onde passa. O público ama saber detalhes sobre a mente perversa de pessoas famosas e poderosas. Por isso, a coluna de hoje vai falar sobre ela, a socialite, presa preventivamente pelo FBI em julho de 2020 acusada por aliciamento de menores para tráfico sexual e que terá seu julgamento iniciado em novembro deste ano.
Ghislaine Maxwell, nascida em 25 de dezembro de 1961, é uma socialite britânica famosa por sua ligação com o investidor americano Jeffrey Epstein, condenado por abuso sexual e encontrado morto na prisão em julho de 2019. Filha do magnata de mídia impressa Robert Maxwell, Ghislaine sempre esteve cercada pela alta sociedade da Inglaterra. Após a morte de seu pai, inúmeras acusações vieram à público que indicavam atuação fraudulenta de Robert, inclusive na apropriação irregular do fundo de pensão do Mirror Group, empresa que publica o jornal Daily Mirror.
Ghislaine Maxwell ao lado do pai, Robert Maxwell
No início dos anos 1990, Ghislaine se muda para os Estados Unidos, aproxima-se de Epstein e inicia um namoro com ele. Ao longo dos anos, o casal cresceu em influência e virou figurinha carimbada nos círculos mais poderosos dos EUA. Quando o escândalo de Epstein estourou, Ghislaine foi acusada de cooptar garotas menores de idade para o esquema de tráfico sexual do então namorado.
Por que agora?
Este ano promete ser bem quente para Ghislaine Maxwell porque a partir do dia 29 de novembro inicia-se o seu aguardado julgamento. A Justiça vai avaliar se a socialite foi responsável por recrutar várias jovens menores de idade durante o período de uma década para o esquema de tráfico sexual de Jeffrey Epstein.
Desenho da audiência judicial que negou fiança para Ghislaine Maxwell, em julho de 2020
Ghislaine é considerada uma peça-chave desse quebra-cabeças, que a acusação diz envolver empresários e políticos poderosos. Com a morte de Jeffrey, que muitos apontam ter sido suicídio, Ghislaine se torna uma testemunha ocular do crime de incontáveis personalidades do showbiz americano.
O que vem por aí?
1. Epstein's Shadow: Ghislaine Maxwell (Peacock)
A série documental de três episódios contará como a futura herdeira de um império de mídia britânico se transformou em uma aliciadora de menores para um esquema de tráfico sexual conduzido por seu namorado, Jeffrey Epstein. Com várias entrevistas exclusivas, além de imagens raras da família Maxwell, a docussérie vai esquentar o assunto do momento a partir do dia 24 de junho no Peacock (serviço de streaming ainda não disponível no Brasil).
2. Chasing Ghislaine (Discovery+)
O produtor-executivo e autor bestseller James Patterson se juntou com a jornalista e autora bestseller Vicky Ward para estruturar uma docussérie investigativa com acesso exclusivo a mais de 30 entrevistados. Ward é uma conhecida profissional da revista Vanity Fair, que conversou no início dos anos 2000 com as primeiras vítimas oficiais do caso Epstein, as irmãs Annie e Maria Farmer. Já Patterson é um dos responsáveis pelo livro investigativo “Filthy Rich”, que inspirou a série homônima da Netflix sobre os malfeitos de Jeffrey Epstein.
Além da docussérie, o Discovery+ disponibilizará um podcast original sobre o caso Ghislaine. Tudo isso previsto para o final de 2021.
3. Who Is Ghislaine Maxwell? (Channel 4)
O documentário analisa a vida e o relacionamento de Ghislaine com Epstein e reúne entrevistas com amigos, amantes, colegas, rivais e confidentes de Maxwell, muitos que nunca falaram em público até o momento. Da infância em Oxford como a filha de um poderoso empresário da mídia britânica, a vida em Londres e sua reinvenção em Nova York, antes de conhecer Epstein e, depois, ao virar “a mulher mais controversa da América daquela época”, segundo Dorothy Byrne, líder do departamento factual da emissora Channel 4, do Reino Unido.
O filme também vai examinar o profundo impacto de Robert Maxwell, pai de Ghislaine, e sua morte chocante em 1991, após desaparecer nas Ilhas Canárias, onde navegava com seu iate “Lady Ghislaine”. A versão oficial é que Robert se afogou após cair da embarcação devido, possivelmente, a uma parada cardíaca. Outras hipóteses, como acidente, suicídio ou até assassinato inundaram a mídia. Nenhuma delas foi comprovada até hoje.
O documentário está previsto para o final de 2021.
4. Hunting Ghislaine (Sony Pictures Television)
Única ficção da lista, “Hunting Ghislaine” é baseada no podcast homônimo da rádio britânica LBC e será adaptada para TV pela empresa do grupo Sony, Eleventh Hour Films. O jornalista da BBC John Sweeney, apresentador do podcast, vai integrar a equipe da série como consultor e produtor-executivo.
A história vai se concentrar na transição impressionante de socialite a acusada de aliciamento de menores, questionando o que levou uma mulher rica e poderosa a se envolver em um esquema de pedofilia internacional. De acordo com a diretora criativa da Eleventh Hour, Paula Cuddy, a biografia de Ghislaine “tem todas as marcas registradas de um drama premium”.
Ainda não há informações sobre o lançamento, mas acredita-se que a empresa não perderá o hype do julgamento de Maxwell a partir de novembro deste ano.