Há quem diga que o bolso do consumidor já está no limite, mas essa profecia não vem impedindo que novos concorrentes entrem no mercado de streaming de vídeo. Talvez a maior pedra no sapato da poderosa Netflix, o grupo Discovery anunciou seu representante neste panteão.
A concorrência já compreendeu que a nova corrida do ouro está situada no espaço da não-ficção. Considerado bastante versátil e muito mais em conta do que as produções de ficção, o foco no desenvolvimento de realities, talk shows, programas de variedades, docusséries e documentários para o streaming ganhou posição de destaque na mesa dos executivos.
Esta é a grande vantagem competitiva do Discovery frente aos principais concorrentes americanos. Enquanto Netflix, Amazon Prime Video, Apple TV e Disney+ disputam assinantes majoritariamente ofertando produtos de ficção, o futuro Discovery Plus prepara um mix diferente para fisgar a clientela. Veja o vídeo de divulgação aqui!
Fortemente estruturado em seu vasto catálogo, o grupo pretende estrear no streaming com 2.500 atrações, atingindo 1.000 horas de conteúdo exclusivo da plataforma ao término do primeiro ano do serviço. Esse feito será possível por conta da ampla rede de canais que o conglomerado possui, entre eles Discovery Channel, TLC, Food Network e HGTV. A empresa usa o termo “entretenimento de vida real” para classificar a sua oferta de conteúdo, ressaltando a principal característica da não-ficção: personagens e situações reais.
Em paralelo, o Discovery Plus realizou acordos cruciais para a diversificação do seu portfólio digital. Reunirá a coleção de documentários e séries documentais de história natural da BBC e distribuirá atrações dos canais A&E, History e Lifetime, todos da concorrente A+E Networks.
Os pilares do serviço espelharão as verticais do grupo na TV paga, que se estruturam essencialmente em relacionamentos, comida, casa, crime, aventura, natureza/ciência, estilo de vida e documentários. Títulos como “90 Dias Para Casar”, “A Guerra dos Cupcakes” e “Irmãos a Obra” são alguns dos famosos produtos que atuarão como carros-chefes da empreitada.
Segundo a previsão do grupo Discovery, o aplicativo tem um mercado potencial nos Estados Unidos de 70 milhões de lares. Em escala global, a estimativa é de, pelo menos, 400 milhões de lares. São dois modelos de precificação: com anúncio, por $4,99 por mês; ou sem anúncio, por $6.99 por mês. A estratégia internacional contemplará mais de 25 mercados ao longo de 2021, como partes da Europa, Ásia e América Latina, incluindo o Brasil.
Com maior flexibilidade orçamentária e crescente interesse dos consumidores pelo formato, o desenvolvimento de programas de não-ficção está na linha de frente das grandes empresas de mídia. O Brasil, considerado um dos países que mais se interessa por realities, deve figurar na lista de prioridades dos streamings, seja para produção e/ou distribuição. Vamos acompanhar os próximos passos nesta incansável guerra dos streamings.