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Athena

Diretor
Romain Gavras
Elenco
Dali Benssalah, Sami Slimane, Anthony Bajon
Ano
2022
País
França

Ação netflix ml-real ml-relacoes ml-violencia ml-politico ml-frança ml-europa ml-familia ml-gb ml-lcp

Athena

"Athena" chama muito mais atenção por sua experiência visual do que propriamente por um roteiro impecável - e isso não é um grande problema se lembrarmos de "1917", que segue justamente esse mesmo conceito (dadas as devidas proporções técnicas e de orçamento). Aqui, é possível perceber que o filme do francês Romain Gavras usa de elementos dramáticos extremamente atuais, muitos deles referenciados no grande sucesso "Os Miseráveis", de 2019, para entregar uma dinâmica focada no caos, muito mais próxima do mexicano "Nuevo Orden", inclusive.

Em um Conjunto Habitacional conhecido como Athena, um crime brutal abala toda a comunidade. A trágica história se passa na vida de três jovens, que têm os seus destinos completamente transformados quando o irmão mais novo é morto sob circunstâncias inexplicáveis. Os irmãos de origem argelina e indignados com o assassinato, dão início a uma cruzada em busca de respostas e de justiça, cada um da sua maneira. Porém os embates violentos em Athena colocam eles no centro de um conflito, obrigando-os a ressignificar o luto e a dor em uma revolta organizada de enormes proporções. Confira o trailer (em inglês):

É de se admirar a escolha de Gavras em acompanhar seus personagens principais a partir de longos e eficientes planos sequência - o do prólogo, por exemplo, é de uma qualidade técnica e artística de fazer inveja a muito diretor experiente. No entanto a pirotecnia visual acaba se sobressaindo perante um roteiro que beira a superficialidade, mesmo quando traz para discussão assuntos relevantes como a realidade multicultural na França e a intolerância que essa condição provoca. Dos três irmãos (e protagonistas), Abdel (Dali Benssalah) e Karim (Sami Slimane) possuem arcos até que interessantes (e corajosos); já o terceiro, que segue Moktar (Ouassini Embarek), eu diria que é completamente dispensável.

De fato, a impressão que dá é que "Athena" poderia ser uma minissérie de 4 episódios tranquilamente - com os três primeiros contando a história do ponto de vista de cada um dos irmãos e o quarto seguindo o policial Jérôme (Anthony Bajon). Dito isso, Gavras se apoia no roteiro (que contou com a ilustre colaboração de Ladj Ly de "Os Miseráveis") para priorizar muito mais o "movimento" do que a "profundidade" - isso impacta na nossa percepção do caos, do barril de pólvora que já explodiu, criando uma sensação de desconforto impressionante, mas acaba prejudicando aqueles que buscam um pouco mais de camadas para nos conectarmos emocionalmente com os personagens. A impressão é que são tantas histórias para contar que o filme acaba não contando nenhuma delas tão bem.

Ainda que "Athena" seja um filme de muita (muita mesmo) qualidade, extremamente bem filmado e com várias sequências inacreditáveis de tão boas; as emoções e a indignação que a morte de um jovem naquelas condições provocaria, não florescem. Isso deixa muito claro que aqui, o drama deu lugar para a ação da mesma forma que a reflexão sucumbiu ao entretenimento. Funciona? Sim, funciona muito bem, mas como recomendação sugiro que antes de "Athena" você assista "Os Miseráveis" para que todo esse contexto social e cultural faça ainda mais sentido na narrativa como um todo.

Vale seu play!

Assista Agora

"Athena" chama muito mais atenção por sua experiência visual do que propriamente por um roteiro impecável - e isso não é um grande problema se lembrarmos de "1917", que segue justamente esse mesmo conceito (dadas as devidas proporções técnicas e de orçamento). Aqui, é possível perceber que o filme do francês Romain Gavras usa de elementos dramáticos extremamente atuais, muitos deles referenciados no grande sucesso "Os Miseráveis", de 2019, para entregar uma dinâmica focada no caos, muito mais próxima do mexicano "Nuevo Orden", inclusive.

Em um Conjunto Habitacional conhecido como Athena, um crime brutal abala toda a comunidade. A trágica história se passa na vida de três jovens, que têm os seus destinos completamente transformados quando o irmão mais novo é morto sob circunstâncias inexplicáveis. Os irmãos de origem argelina e indignados com o assassinato, dão início a uma cruzada em busca de respostas e de justiça, cada um da sua maneira. Porém os embates violentos em Athena colocam eles no centro de um conflito, obrigando-os a ressignificar o luto e a dor em uma revolta organizada de enormes proporções. Confira o trailer (em inglês):

É de se admirar a escolha de Gavras em acompanhar seus personagens principais a partir de longos e eficientes planos sequência - o do prólogo, por exemplo, é de uma qualidade técnica e artística de fazer inveja a muito diretor experiente. No entanto a pirotecnia visual acaba se sobressaindo perante um roteiro que beira a superficialidade, mesmo quando traz para discussão assuntos relevantes como a realidade multicultural na França e a intolerância que essa condição provoca. Dos três irmãos (e protagonistas), Abdel (Dali Benssalah) e Karim (Sami Slimane) possuem arcos até que interessantes (e corajosos); já o terceiro, que segue Moktar (Ouassini Embarek), eu diria que é completamente dispensável.

De fato, a impressão que dá é que "Athena" poderia ser uma minissérie de 4 episódios tranquilamente - com os três primeiros contando a história do ponto de vista de cada um dos irmãos e o quarto seguindo o policial Jérôme (Anthony Bajon). Dito isso, Gavras se apoia no roteiro (que contou com a ilustre colaboração de Ladj Ly de "Os Miseráveis") para priorizar muito mais o "movimento" do que a "profundidade" - isso impacta na nossa percepção do caos, do barril de pólvora que já explodiu, criando uma sensação de desconforto impressionante, mas acaba prejudicando aqueles que buscam um pouco mais de camadas para nos conectarmos emocionalmente com os personagens. A impressão é que são tantas histórias para contar que o filme acaba não contando nenhuma delas tão bem.

Ainda que "Athena" seja um filme de muita (muita mesmo) qualidade, extremamente bem filmado e com várias sequências inacreditáveis de tão boas; as emoções e a indignação que a morte de um jovem naquelas condições provocaria, não florescem. Isso deixa muito claro que aqui, o drama deu lugar para a ação da mesma forma que a reflexão sucumbiu ao entretenimento. Funciona? Sim, funciona muito bem, mas como recomendação sugiro que antes de "Athena" você assista "Os Miseráveis" para que todo esse contexto social e cultural faça ainda mais sentido na narrativa como um todo.

Vale seu play!

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