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Dirty John – O Golpe do Amor

"Dirty John – O Golpe do Amor" é uma série interessante pela sua premissa, mas mediana na sua execução. É claro que fato de ser baseado em uma história real e trazer um personagem forte como protagonista chama atenção de cara! Inicialmente, me fez lembrar "American Crime Story", porém, na prática, "Dirty John" acaba se enrolando em todo seu potencial com um roteiro menos empolgante e uma estrutura narrativa um pouco confusa, se afastando de qualquer tipo de comparação com as duas temporadas de "American Crime" - até podemos considerar uma similaridade com "Versace" nos primeiros episódios, mas depois não se sustenta.

"Dirty John – O Golpe do Amor" é a versão para TV de um podcast do jornal Los Angeles Times que fez muito sucesso nos EUA. A série mostra a relação do golpista "profissional" John Meehan, com a empresária Debra Newell. Debra é uma mulher bem sucedida profissionalmente, mas com uma vida amorosa completamente fracassada. Carente e insegura, ela se torna uma presa fácil para John depois de um encontro marcado, veja só, pela internet! Com seu charme e sedução, John vai tomando conta da vida de Debra e é, justamente, esse o elemento que mais atrapalha e transforma a série em apenas um bom entretenimento. Confira o trailer:

As consequências do relacionamento abusivo e conturbado dos personagens são apresentados muito rapidamente, ou seja, nem bem nos envolvemos com o personagem do John e já definimos que ele é um canalha. O roteiro não nos coloca no papel da ótima Connie Britton, pois em nenhum momento temos a impressão que ele pode ser apenas um cara mal interpretado. O grande mérito de "American Crime Story", por exemplo, é sempre mostrar os dois lados e isso nos gera dúvidas ou até incredulidade em alguns momentos: O. J. Simpson era um monstro assassino ou um bode expiatório resultado de um ambiente conturbado pelas disputas raciais que os EUA vivia na época? John, nunca é tratado como um inocente pelo roteiro e isso é rotular demais o personagem. O próprio Eric Bana também não ajuda muito nesse processo - ele é muito canastrão, sem carisma e limitado demais para construir um personagem tão sedutor e cheio de camadas como o John deveria ser pra ter enganado tanta mulher inteligente e bem sucedida. A própria estrutura narrativa também começa a derrapar depois do 4º ou 5º episódio: ela se torna confusa demais com a construção do passado do John que simplesmente "cai de paraquedas" no episódio. Quando terminei série, tive a percepção que não existe uma linha narrativa convincente que justifique os 8 episódios - talvez por ser uma adaptação de um podcast, isso tenha se tornado um complicador. Não sei, em muitos momentos me pareceu arrastado demais!

O fato é que Dirty John nasceu para ser uma minissérie, mas se fez dela uma série que poderia ser muito melhor do que é! Não é ruim, de verdade... mas poderia ser melhor! Se você gostou de "American Crime Story" e até de "Você", é possível que se divirta com a série, mesmo com todas essas limitações criativas. É um entretenimento razoável de um gênero que está em alta na Netflix e que faz muito sucesso com a audiência!

Ah, uma segunda temporada já está confirmada e pelo que apurei deve mostrar um outro caso do próprio John que não, necessariamente, tenha a ver com a primeira temporada, criando assim uma contextualização mais antológica para o projeto. Vamos esperar!!!

Assista Agora

"Dirty John – O Golpe do Amor" é uma série interessante pela sua premissa, mas mediana na sua execução. É claro que fato de ser baseado em uma história real e trazer um personagem forte como protagonista chama atenção de cara! Inicialmente, me fez lembrar "American Crime Story", porém, na prática, "Dirty John" acaba se enrolando em todo seu potencial com um roteiro menos empolgante e uma estrutura narrativa um pouco confusa, se afastando de qualquer tipo de comparação com as duas temporadas de "American Crime" - até podemos considerar uma similaridade com "Versace" nos primeiros episódios, mas depois não se sustenta.

"Dirty John – O Golpe do Amor" é a versão para TV de um podcast do jornal Los Angeles Times que fez muito sucesso nos EUA. A série mostra a relação do golpista "profissional" John Meehan, com a empresária Debra Newell. Debra é uma mulher bem sucedida profissionalmente, mas com uma vida amorosa completamente fracassada. Carente e insegura, ela se torna uma presa fácil para John depois de um encontro marcado, veja só, pela internet! Com seu charme e sedução, John vai tomando conta da vida de Debra e é, justamente, esse o elemento que mais atrapalha e transforma a série em apenas um bom entretenimento. Confira o trailer:

As consequências do relacionamento abusivo e conturbado dos personagens são apresentados muito rapidamente, ou seja, nem bem nos envolvemos com o personagem do John e já definimos que ele é um canalha. O roteiro não nos coloca no papel da ótima Connie Britton, pois em nenhum momento temos a impressão que ele pode ser apenas um cara mal interpretado. O grande mérito de "American Crime Story", por exemplo, é sempre mostrar os dois lados e isso nos gera dúvidas ou até incredulidade em alguns momentos: O. J. Simpson era um monstro assassino ou um bode expiatório resultado de um ambiente conturbado pelas disputas raciais que os EUA vivia na época? John, nunca é tratado como um inocente pelo roteiro e isso é rotular demais o personagem. O próprio Eric Bana também não ajuda muito nesse processo - ele é muito canastrão, sem carisma e limitado demais para construir um personagem tão sedutor e cheio de camadas como o John deveria ser pra ter enganado tanta mulher inteligente e bem sucedida. A própria estrutura narrativa também começa a derrapar depois do 4º ou 5º episódio: ela se torna confusa demais com a construção do passado do John que simplesmente "cai de paraquedas" no episódio. Quando terminei série, tive a percepção que não existe uma linha narrativa convincente que justifique os 8 episódios - talvez por ser uma adaptação de um podcast, isso tenha se tornado um complicador. Não sei, em muitos momentos me pareceu arrastado demais!

O fato é que Dirty John nasceu para ser uma minissérie, mas se fez dela uma série que poderia ser muito melhor do que é! Não é ruim, de verdade... mas poderia ser melhor! Se você gostou de "American Crime Story" e até de "Você", é possível que se divirta com a série, mesmo com todas essas limitações criativas. É um entretenimento razoável de um gênero que está em alta na Netflix e que faz muito sucesso com a audiência!

Ah, uma segunda temporada já está confirmada e pelo que apurei deve mostrar um outro caso do próprio John que não, necessariamente, tenha a ver com a primeira temporada, criando assim uma contextualização mais antológica para o projeto. Vamos esperar!!!

Assista Agora

Man in the Arena

 "Man in the Arena" é um jóia, tão boa (ou melhor - dependendo da sua relação com o esporte do protagonista) que "Arremesso Final" da Netflix.

Dirigida pelo Gotham Chopra, que já havia trabalhado com Tom Brady em 2018 na série documental "Tom vs. Time" para o Facebook Watch, "Man in the Arena" é um relato exclusivo sobre cada uma das 9 aparições de Brady (com os Patriots) no Super Bowl. Cada episódio de uma hora em média, explora os momentos da vida do atleta dentro e fora do campo, da sua relação com os companheiros, com a imprensa e até com a família e amigos. Confira o trailer, em inglês:

Talvez o mais interessante da série é que mesmo tendo com pano de fundo as (até então) 9 disputas de Brady no Super Bowl, Chopra expande a narrativa construindo uma verdadeira linha do tempo com as passagens mais marcantes de 20 anos de carreira do QB. Das suas primeiras aparições ainda como novato na Universidade de Michigan, passando pela 199ª escolha no draft de 2000 da NFL, sua relação com o QB titular do Patriots na época, Drew Bledsoe, até o fim da dinastia de New England e da parceria com técnico Bill Belichick.

Com Tom Brady em todos os episódios como entrevistado e usando de seus próprios depoimentos como guia dessa linha narrativa tão rica para quem adora o esporte,  "Man in the Arena" pode até parecer não aliviar ao discutir algumas polêmicas envolvendo o jogador, mas ele também não se posicionando tão assertivamente sobre elas na frente das câmeras. Um exemplo, e pelo que muitos afirmam, talvez tenha sido a única mancha na carreira de Brady, o escândalo conhecido como Deflategate (onde, supostamente, os Patriots teriam usado bolas mais murchas do que a regra permite para levar vantagem sobre o Indianapolis Colts) poderia ter sido melhor desenvolvido no sentido de dar voz ao lado de Brady da história - mesmo sugerindo cobrir todos os pontos, Chopra parece não forçar muito a barra. No final, embora Brady tenha negado sua participação ou até a veracidade dessa denúncia, ele acabou suspenso por quatro jogos e os Patriots tiveram que pagar uma multa de US$ 1 milhão de dólares. Atualmente, virou história.

O único assunto que ficou de fora da série (e que incomodou um pouco) diz respeito ao drama vivido por seu companheiro de time Aaron Hernandez que, acusado de assassinar Ortiz Lloyd, foi preso e depois acabou se suicidando na prisão - tema, inclusive, que ganhou uma série documental na Netflix, também imperdível! O fato é que mesmo sendo considerado um fenômeno, Hernandez é citado rapidamente e seu nome praticamente desaparece na sombra do companheiro de posição, Rob Gronkowski.

 "Man in the Arena" é um recorte expressivo, profundo e honesto da carreira de Tom Brady, sem dúvida, um dos melhores atletas de todos os tempos e do esporte mundial - daqueles que se encontram na disputada prateleira ao lado de Pelé, Usain Bolt, Michael Phelps, Ayrton Senna, Michael Jordan e Tiger Woods. Em cada episódio temos uma verdadeira aula de liderança, relacionamento, adaptabilidade, desempenho, dedicação e até de motivação, com imagens de dentro de um ambiente extremamente fechado e pela voz de quem realmente esteve lá e venceu.

Vale muito a pena!

Assista Agora

 "Man in the Arena" é um jóia, tão boa (ou melhor - dependendo da sua relação com o esporte do protagonista) que "Arremesso Final" da Netflix.

Dirigida pelo Gotham Chopra, que já havia trabalhado com Tom Brady em 2018 na série documental "Tom vs. Time" para o Facebook Watch, "Man in the Arena" é um relato exclusivo sobre cada uma das 9 aparições de Brady (com os Patriots) no Super Bowl. Cada episódio de uma hora em média, explora os momentos da vida do atleta dentro e fora do campo, da sua relação com os companheiros, com a imprensa e até com a família e amigos. Confira o trailer, em inglês:

Talvez o mais interessante da série é que mesmo tendo com pano de fundo as (até então) 9 disputas de Brady no Super Bowl, Chopra expande a narrativa construindo uma verdadeira linha do tempo com as passagens mais marcantes de 20 anos de carreira do QB. Das suas primeiras aparições ainda como novato na Universidade de Michigan, passando pela 199ª escolha no draft de 2000 da NFL, sua relação com o QB titular do Patriots na época, Drew Bledsoe, até o fim da dinastia de New England e da parceria com técnico Bill Belichick.

Com Tom Brady em todos os episódios como entrevistado e usando de seus próprios depoimentos como guia dessa linha narrativa tão rica para quem adora o esporte,  "Man in the Arena" pode até parecer não aliviar ao discutir algumas polêmicas envolvendo o jogador, mas ele também não se posicionando tão assertivamente sobre elas na frente das câmeras. Um exemplo, e pelo que muitos afirmam, talvez tenha sido a única mancha na carreira de Brady, o escândalo conhecido como Deflategate (onde, supostamente, os Patriots teriam usado bolas mais murchas do que a regra permite para levar vantagem sobre o Indianapolis Colts) poderia ter sido melhor desenvolvido no sentido de dar voz ao lado de Brady da história - mesmo sugerindo cobrir todos os pontos, Chopra parece não forçar muito a barra. No final, embora Brady tenha negado sua participação ou até a veracidade dessa denúncia, ele acabou suspenso por quatro jogos e os Patriots tiveram que pagar uma multa de US$ 1 milhão de dólares. Atualmente, virou história.

O único assunto que ficou de fora da série (e que incomodou um pouco) diz respeito ao drama vivido por seu companheiro de time Aaron Hernandez que, acusado de assassinar Ortiz Lloyd, foi preso e depois acabou se suicidando na prisão - tema, inclusive, que ganhou uma série documental na Netflix, também imperdível! O fato é que mesmo sendo considerado um fenômeno, Hernandez é citado rapidamente e seu nome praticamente desaparece na sombra do companheiro de posição, Rob Gronkowski.

 "Man in the Arena" é um recorte expressivo, profundo e honesto da carreira de Tom Brady, sem dúvida, um dos melhores atletas de todos os tempos e do esporte mundial - daqueles que se encontram na disputada prateleira ao lado de Pelé, Usain Bolt, Michael Phelps, Ayrton Senna, Michael Jordan e Tiger Woods. Em cada episódio temos uma verdadeira aula de liderança, relacionamento, adaptabilidade, desempenho, dedicação e até de motivação, com imagens de dentro de um ambiente extremamente fechado e pela voz de quem realmente esteve lá e venceu.

Vale muito a pena!

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O Desaparecimento de Madeleine McCann

De cara eu já te digo:  "O Desaparecimento de Madeleine McCann" é viciante!!! A série de 8 episódios, com 50 minutos em média, conta, em detalhes, tudo o que envolveu a investigação sobre o sumiço da garotinha inglesa Madeleine em Portugal.

Mas antes das minhas impressões, vamos entender o que aconteceu: um casal de médicos ingleses viaja para um Resort, em uma linda praia de Portugal, com um grupo de amigos e seus respectivos filhos pequenos. Todos se divertem muito no verão europeu até que um dia resolvem sair para jantar e deixam as crianças no quarto dormindo. Como o restaurante ficava no mesmo complexo e era bem próximo aos quartos, tudo parecia normal, tranquilo, seguro - além do que, a cada 30 minutos ia alguém dar aquela espiada para ver se estava tudo certo com as crianças. Bom, por volta das 22:00, a mãe de Madeleine vai até o quarto e percebe que sua filha não está mais lá, seus outros filhos (um casal de gêmeos) continuavam dormindo no mesmo quarto, mas Madeleine havia desaparecido do nada!  Começava ai um mobilização no hotel e seus hospedes em busca da menina desaparecida!!! Só por esse prólogo já dá para começar os julgamentos...rs, ou melhor, as perguntas: "Por que catso os pais deixaram as crianças sozinhas dormindo no quarto se o hotel disponibilizava um serviço de babá??? E é a partir dessa simples pergunta que começa a se desenrolar uma série de teorias (e conspirações) que fazem com que você não queira parar de assistir a série!!!

O diretor Chris Smith (o mesmo de Fyre) conduz os episódios incitando questionamentos a todo momento. As teorias que criamos vão variando de acordo com os fatos que vão sendo apresentados pouco a pouco e isso é sensacional! A estrutra narrativa que ele constrói é quase que uma provocação com quem assiste - ele mistura depoimentos, com imagens de arquivo, com encenações, de maneira muito equilibrada e inteligente: a sensação é como se ele nos perguntasse a toda hora: O que você acha que aconteceu? Quem é o culpado? E, meu amigo, posso te garantir, a cada episódio você vai mudando de idéia!!!

O Desaparecimento de Madeleine McCann" é uma experiência muito interessante, já que a série tem o mérito de te colocar dentro da investigação, com uma certa dramaticidade (claro), mas sem aquela tendência de te influenciar logo de cara como fez ""Making a Murderer", por exemplo. A "dúvida" é, de fato, a protagonista da série. Agora, um fator precisa ser levado em consideração: diferente de "The Jinx", "Starcase" ou o do próprio "Making a Murderer", nessa série, a vítima tem a nossa empatia e isso muda tudo!!!! Outro elemento muito bem explorado, e que também apareceu no documentário da Amanda Knox, é o fato das diferenças culturais e sociais entre portugueses e ingleses interferirem ativamente na investigação e, importante, na cobertura do caso pela imprensa!!! É impressionante como a atmosfera criada ficou hostil!!! Como as particularidades de cada cultura transformou o caso em um grande circo - por isso minha brincadeira sobre os "julgamentos" no inicio do texto!!!

"O Desaparecimento de Madeleine McCann" é um ótimo entretenimento, que vai te fazer refletir, que vai te tocar emocionalmente em vários momentos (principalmente se você tiver filhos) e que vai te provocar em cada episódio!!! Se você gosta de séries investigativas de ficção, é certo que essa série documental vai te conquistar. Para mim, tão boa quanto "O.J. Made in America" que ganhou o Oscar há dois anos atrás!!!

Vale muito o play!!!!

Assista Agora

De cara eu já te digo:  "O Desaparecimento de Madeleine McCann" é viciante!!! A série de 8 episódios, com 50 minutos em média, conta, em detalhes, tudo o que envolveu a investigação sobre o sumiço da garotinha inglesa Madeleine em Portugal.

Mas antes das minhas impressões, vamos entender o que aconteceu: um casal de médicos ingleses viaja para um Resort, em uma linda praia de Portugal, com um grupo de amigos e seus respectivos filhos pequenos. Todos se divertem muito no verão europeu até que um dia resolvem sair para jantar e deixam as crianças no quarto dormindo. Como o restaurante ficava no mesmo complexo e era bem próximo aos quartos, tudo parecia normal, tranquilo, seguro - além do que, a cada 30 minutos ia alguém dar aquela espiada para ver se estava tudo certo com as crianças. Bom, por volta das 22:00, a mãe de Madeleine vai até o quarto e percebe que sua filha não está mais lá, seus outros filhos (um casal de gêmeos) continuavam dormindo no mesmo quarto, mas Madeleine havia desaparecido do nada!  Começava ai um mobilização no hotel e seus hospedes em busca da menina desaparecida!!! Só por esse prólogo já dá para começar os julgamentos...rs, ou melhor, as perguntas: "Por que catso os pais deixaram as crianças sozinhas dormindo no quarto se o hotel disponibilizava um serviço de babá??? E é a partir dessa simples pergunta que começa a se desenrolar uma série de teorias (e conspirações) que fazem com que você não queira parar de assistir a série!!!

O diretor Chris Smith (o mesmo de Fyre) conduz os episódios incitando questionamentos a todo momento. As teorias que criamos vão variando de acordo com os fatos que vão sendo apresentados pouco a pouco e isso é sensacional! A estrutra narrativa que ele constrói é quase que uma provocação com quem assiste - ele mistura depoimentos, com imagens de arquivo, com encenações, de maneira muito equilibrada e inteligente: a sensação é como se ele nos perguntasse a toda hora: O que você acha que aconteceu? Quem é o culpado? E, meu amigo, posso te garantir, a cada episódio você vai mudando de idéia!!!

O Desaparecimento de Madeleine McCann" é uma experiência muito interessante, já que a série tem o mérito de te colocar dentro da investigação, com uma certa dramaticidade (claro), mas sem aquela tendência de te influenciar logo de cara como fez ""Making a Murderer", por exemplo. A "dúvida" é, de fato, a protagonista da série. Agora, um fator precisa ser levado em consideração: diferente de "The Jinx", "Starcase" ou o do próprio "Making a Murderer", nessa série, a vítima tem a nossa empatia e isso muda tudo!!!! Outro elemento muito bem explorado, e que também apareceu no documentário da Amanda Knox, é o fato das diferenças culturais e sociais entre portugueses e ingleses interferirem ativamente na investigação e, importante, na cobertura do caso pela imprensa!!! É impressionante como a atmosfera criada ficou hostil!!! Como as particularidades de cada cultura transformou o caso em um grande circo - por isso minha brincadeira sobre os "julgamentos" no inicio do texto!!!

"O Desaparecimento de Madeleine McCann" é um ótimo entretenimento, que vai te fazer refletir, que vai te tocar emocionalmente em vários momentos (principalmente se você tiver filhos) e que vai te provocar em cada episódio!!! Se você gosta de séries investigativas de ficção, é certo que essa série documental vai te conquistar. Para mim, tão boa quanto "O.J. Made in America" que ganhou o Oscar há dois anos atrás!!!

Vale muito o play!!!!

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O Último Duelo

"O Último Duelo" não é um filme de ação, de disputas politicas ou religiosas, de traição ou violência - embora tenha tudo isso. "O Último Duelo" é um drama (profundo) sobre a verdade, mesmo que essa venha mascarada por um contexto de época onde a misoginia e o patriarcado significavam honra e virilidade. O roteiro escrito por Matt Damon, Ben Affleck e Nicole Holofcener, é baseado em um livro sobre o último duelo judicial oficialmente reconhecido na França, mas que chega acompanhado por um subtexto atual e importante que ganha muita potência na mão (e na cabeça) criativa de Ridley Scott que resolveu contar a mesma história a partir de três diferentes perspectivas. 

No filme acompanhamos a história real de uma mulher francesa do século XIV, Marguerite de Carrouges (Jodie Comer), que desafiou os costumes medievais ao denunciar e levar a julgamento o homem que a violentou, Jacque Le Cris (Adam Driver), ex-companheiro de batalhas e desafeto de seu marido, Jean de Carrouges (Matt Damon). Confira o trailer:

Embora "O Último Duelo" tenha sido muito criticado por se preocupar mais em estabelecer a rivalidade entre Le Cris e Jean de Carrouges, do que pela luta por justiça de Marguerite em uma época em que a Igreja ditava as regras e um Rei simplesmente as aplicava de acordo com sua vontade, eu gostei e, sinceramente, não tive essa leitura - muito pelo contrário, o valor das circunstâncias que levaram ao duelo, para mim, são muito mais potentes do que as disputas carregadas de vaidade entre os personagens, porém Scott usa desse gatilho para gerar entretenimento ao mesmo tempo em que cria pontos de reflexão sobre o ato sofrido por Marguerite.

Partindo do conceito de que uma história possui três versões, "O Último Duelo" se aproveita de uma montagem competente da Claire Simpson (vencedora do Oscar pelo inesquecível "Platoon") para criar uma dinâmica narrativa muito interessante e provocadora - reparem como vamos mudando nossa "interpretação da verdade" a cada perspectiva. Pois bem, alinhado a isso, Scott vai entregando pequenos detalhes que vão diferenciando cada uma das versões - são pequenas nuances, diálogos em ordens diferentes e até olhares significantes que vão remodelando a narrativa. É muito bacana!

Alternando cenas de batalhas (sangrentas) bem construídas, que nos lembram os bons tempos de Scott comandando "Gladiador" (2000), com momentos bastante intimistas mesmo envolto a crueldade daquele universo, "O Último Duelo" deve agradar uma audiência mais sensível aos assuntos que exigem um olhar menos superficial e também aqueles que buscam, simplesmente, entretenimento de qualidade. Tecnicamente muito seguro como sempre, Scott sabe o seu valor, marcando essa condução tão polarizada com planos perfeitos e movimentos de câmera belíssimos, sem falar, é claro, da marcante fotografia cinzenta e sombria (ao melhor estilo Game of Thrones) de Dariusz Wolski (de "Relatos do Mundo").

Olha, vale muito o seu play!

Assista Agora

"O Último Duelo" não é um filme de ação, de disputas politicas ou religiosas, de traição ou violência - embora tenha tudo isso. "O Último Duelo" é um drama (profundo) sobre a verdade, mesmo que essa venha mascarada por um contexto de época onde a misoginia e o patriarcado significavam honra e virilidade. O roteiro escrito por Matt Damon, Ben Affleck e Nicole Holofcener, é baseado em um livro sobre o último duelo judicial oficialmente reconhecido na França, mas que chega acompanhado por um subtexto atual e importante que ganha muita potência na mão (e na cabeça) criativa de Ridley Scott que resolveu contar a mesma história a partir de três diferentes perspectivas. 

No filme acompanhamos a história real de uma mulher francesa do século XIV, Marguerite de Carrouges (Jodie Comer), que desafiou os costumes medievais ao denunciar e levar a julgamento o homem que a violentou, Jacque Le Cris (Adam Driver), ex-companheiro de batalhas e desafeto de seu marido, Jean de Carrouges (Matt Damon). Confira o trailer:

Embora "O Último Duelo" tenha sido muito criticado por se preocupar mais em estabelecer a rivalidade entre Le Cris e Jean de Carrouges, do que pela luta por justiça de Marguerite em uma época em que a Igreja ditava as regras e um Rei simplesmente as aplicava de acordo com sua vontade, eu gostei e, sinceramente, não tive essa leitura - muito pelo contrário, o valor das circunstâncias que levaram ao duelo, para mim, são muito mais potentes do que as disputas carregadas de vaidade entre os personagens, porém Scott usa desse gatilho para gerar entretenimento ao mesmo tempo em que cria pontos de reflexão sobre o ato sofrido por Marguerite.

Partindo do conceito de que uma história possui três versões, "O Último Duelo" se aproveita de uma montagem competente da Claire Simpson (vencedora do Oscar pelo inesquecível "Platoon") para criar uma dinâmica narrativa muito interessante e provocadora - reparem como vamos mudando nossa "interpretação da verdade" a cada perspectiva. Pois bem, alinhado a isso, Scott vai entregando pequenos detalhes que vão diferenciando cada uma das versões - são pequenas nuances, diálogos em ordens diferentes e até olhares significantes que vão remodelando a narrativa. É muito bacana!

Alternando cenas de batalhas (sangrentas) bem construídas, que nos lembram os bons tempos de Scott comandando "Gladiador" (2000), com momentos bastante intimistas mesmo envolto a crueldade daquele universo, "O Último Duelo" deve agradar uma audiência mais sensível aos assuntos que exigem um olhar menos superficial e também aqueles que buscam, simplesmente, entretenimento de qualidade. Tecnicamente muito seguro como sempre, Scott sabe o seu valor, marcando essa condução tão polarizada com planos perfeitos e movimentos de câmera belíssimos, sem falar, é claro, da marcante fotografia cinzenta e sombria (ao melhor estilo Game of Thrones) de Dariusz Wolski (de "Relatos do Mundo").

Olha, vale muito o seu play!

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Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror

Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror

"Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror" é uma excelente série documental da Netflix que coloca na linha do tempo as "causas" e "consequências" do 11 de setembro pelo ponto de vista de várias pessoas que de alguma forma estiveram (e estão) envolvidas com a relação entre os EUA e os grupos terroristas da Al-Qaeda e do Talibã. E aqui cabe uma primeira observação: o documentário é muito cuidadoso em apontar quem são os bandidos e quem são os mocinhos dessa história e ao assistir os cinco episódios, nossa sensação é que os mocinhos simplesmente não existem!

Como é de se imaginar, "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror" acompanha os ataques terroristas lançados contra o World Trade Center pela Al-Qaeda em setembro de 2001, explorando desde as origens da organização terrorista na década de 1980, passando pela violenta resposta dos EUA no Oriente Médio depois dos ataques até os dias de hoje e o recente processo de desocupação das foças americanas no Afeganistão. Confira o trailer (em inglês):

Talvez "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror" seja o documentário que melhor explica tudo que envolveu os ataques terroristas até hoje. Misturando muitas imagens de arquivo, gravações telefônicas, depoimentos de muitos personagens (uns bastante impactantes, inclusive), fotografias e documentos confidenciais, no fim da jornada é possível ter a exata noção de como o ser humano é um caso perdido! Desculpem a constatação, mas a forma como as peças vão se encaixando e as ações vão sendo discutidas, não raramente mostrando os dois lados da história, é de se perder a fé perante a humanidade - alguns depoimentos são tão sinceros, doloridos, além de editados de uma forma tão sensacional, que fica impossível não se emocionar e, claro, refletir sobre tudo.

O diretor Brian Knappenberger, do ótimo "Nobody Speak: Trials of the Free Press", criou uma dinâmica bastante interessante para contar a história do 11 de setembro. Knappenberger vai e volta no tempo de acordo com as ramificações que cada assunto vai abrindo. Veja, em um único documentários acompanhamos a relação da União Soviética com o Afeganistão, o nascimento da Al-Qaeda, os conflitos entre Bush e Saddam Hussein, os abusos que aconteceram em Guantánamo, o despreparo de alguns oficiais do exército americano para traçar estratégias de combate, os absurdos (e desvios) durante a criação de um novo exército afegão, como se deu a caçada a Osama Bin Laden, entre várias outras passagens marcantes da "Guerra contra o Terror" mesmo antes dela existir.

O bacana "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror"é que todos os assuntos abordados, embora sem tanta profundidade, são extremamente bem pontuados e explicados de uma forma didática até, porém muito fácil de acompanhar - cada assunto faz sentido no todo e isso nos causa uma agradável sensação de conhecimento de causa. Vale dizer que os cinco episódios podem ser destrinchados se buscarmos outros títulos para termos uma visão mais completa sobre os temas - "9/11: Inside the President's War Room" mostra os ataques pelos olhos do presidente Bush e de seu staff; "Vice"conta a história Dick Cheney, vice-presidente dos EUA e responsável pela invasão do Iraque, tendo como desculpa os ataques de 11 de setembro; "Segredos Oficiais" acompanha uma funcionária inglesa que recebeu ordens para que buscasse informações sobre membros do Conselho de Segurança da ONU que pudessem ser utilizados para chantagear seis países a votarem a favor da Guerra do Iraque; e assim por diante.

Como disse, são muitos filmes e séries sobre vários sub-temas que se conectam ao documentário "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror" - então a partir desse competente overview vai ficar mais fácil decidir qual caminho seguir daqui para frente para se aprofundar nessas histórias que marcaram a humanidade.

Vale muito a pena, mesmo!!!

Assista Agora

"Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror" é uma excelente série documental da Netflix que coloca na linha do tempo as "causas" e "consequências" do 11 de setembro pelo ponto de vista de várias pessoas que de alguma forma estiveram (e estão) envolvidas com a relação entre os EUA e os grupos terroristas da Al-Qaeda e do Talibã. E aqui cabe uma primeira observação: o documentário é muito cuidadoso em apontar quem são os bandidos e quem são os mocinhos dessa história e ao assistir os cinco episódios, nossa sensação é que os mocinhos simplesmente não existem!

Como é de se imaginar, "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror" acompanha os ataques terroristas lançados contra o World Trade Center pela Al-Qaeda em setembro de 2001, explorando desde as origens da organização terrorista na década de 1980, passando pela violenta resposta dos EUA no Oriente Médio depois dos ataques até os dias de hoje e o recente processo de desocupação das foças americanas no Afeganistão. Confira o trailer (em inglês):

Talvez "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror" seja o documentário que melhor explica tudo que envolveu os ataques terroristas até hoje. Misturando muitas imagens de arquivo, gravações telefônicas, depoimentos de muitos personagens (uns bastante impactantes, inclusive), fotografias e documentos confidenciais, no fim da jornada é possível ter a exata noção de como o ser humano é um caso perdido! Desculpem a constatação, mas a forma como as peças vão se encaixando e as ações vão sendo discutidas, não raramente mostrando os dois lados da história, é de se perder a fé perante a humanidade - alguns depoimentos são tão sinceros, doloridos, além de editados de uma forma tão sensacional, que fica impossível não se emocionar e, claro, refletir sobre tudo.

O diretor Brian Knappenberger, do ótimo "Nobody Speak: Trials of the Free Press", criou uma dinâmica bastante interessante para contar a história do 11 de setembro. Knappenberger vai e volta no tempo de acordo com as ramificações que cada assunto vai abrindo. Veja, em um único documentários acompanhamos a relação da União Soviética com o Afeganistão, o nascimento da Al-Qaeda, os conflitos entre Bush e Saddam Hussein, os abusos que aconteceram em Guantánamo, o despreparo de alguns oficiais do exército americano para traçar estratégias de combate, os absurdos (e desvios) durante a criação de um novo exército afegão, como se deu a caçada a Osama Bin Laden, entre várias outras passagens marcantes da "Guerra contra o Terror" mesmo antes dela existir.

O bacana "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror"é que todos os assuntos abordados, embora sem tanta profundidade, são extremamente bem pontuados e explicados de uma forma didática até, porém muito fácil de acompanhar - cada assunto faz sentido no todo e isso nos causa uma agradável sensação de conhecimento de causa. Vale dizer que os cinco episódios podem ser destrinchados se buscarmos outros títulos para termos uma visão mais completa sobre os temas - "9/11: Inside the President's War Room" mostra os ataques pelos olhos do presidente Bush e de seu staff; "Vice"conta a história Dick Cheney, vice-presidente dos EUA e responsável pela invasão do Iraque, tendo como desculpa os ataques de 11 de setembro; "Segredos Oficiais" acompanha uma funcionária inglesa que recebeu ordens para que buscasse informações sobre membros do Conselho de Segurança da ONU que pudessem ser utilizados para chantagear seis países a votarem a favor da Guerra do Iraque; e assim por diante.

Como disse, são muitos filmes e séries sobre vários sub-temas que se conectam ao documentário "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror" - então a partir desse competente overview vai ficar mais fácil decidir qual caminho seguir daqui para frente para se aprofundar nessas histórias que marcaram a humanidade.

Vale muito a pena, mesmo!!!

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Schumacher

"Schumacher" é muito mais uma homenagem ao piloto do que um documentário com passagens inéditas ou curiosidades de bastidores - como atleta ou sobre seu acidente. Na verdade, talvez o momento mais marcante do filme seja justamente quando vemos a relação entre ele e Senna, antes e depois do acidente -  eu diria até que esse é o ponto alto do documentário, o que para mim, amante da Fórmula 1, é pouco perante o tamanho que foi Michael Schumacher.

A Netflix apresentou o projeto da seguinte maneira: "Schumacher" é o documentário definitivo sobre um dos maiores nomes da Fórmula 1. O único filme aprovado pela família do piloto, traz entrevistas raras e imagens de arquivos nunca antes reveladas, para traçar um sensível perfil do homem que foi 7 vezes campeão mundial. Confira o trailer:

Dirigido porHanns-Bruno Kammertöns, Michael Wech e Vanessa Nöcke (todos responsáveis pelo documentários de outro ídolo do esporte alemão "Boris Becker: Der Spieler"), "Schumacher" tem uma narrativa dinâmica e para quem acompanha Fórmula 1 há alguns bons anos, certamente vai trazer uma sensação de nostalgia bastante interessante. É preciso dizer, porém, que o documentário não tem a qualidade cinematográfica de "Senna" e muito menos de "Formula 1: Dirigir para Viver" - é como se os diretores e roteiristas não quisesse arriscar em nenhum momento. Veja, a forma cronológica e linear como a carreira de Schumacher é construída, se apoia muito mais no seu envolvimento com o automobilismo do que na construção de um ícone do esporte - e aqui a comparação com "Senna" (o documentário) é ainda mais cruel.

Desde muito cedo, Michael se dedicou ao automobilismo, começou em uma equipe pequena (no caso a Jordan), logo depois chamou a atenção da Benetton - na época a quarta força do circuito, até ser o piloto mais jovem a vencer uma corrida e depois levar a equipe ao título em 1994. Tudo isso nós já sabemos, então o que esperávamos era um pouco mais de intimidade, dos bastidores - e por esse caminho, vemos muito pouco. Mesmo com depoimentos de pilotos como o irmão Ralf Schumacher, o ex-companheiro Eddie Irvine, David Coulthard, Mika Hakkinen e Sebastian Vettel, faltam informações, histórias. Por isso comentei acima: o tom é tão leve, mesmo nas explosões e nas atitudes anti-desportivas que marcaram a trajetória do piloto, que tudo não passa de uma grande homenagem.

É natural a curiosidade sobre o acidente - não que se esperasse mostrar a situação atual do piloto, longe disso; mas apenas citar o acidente nos dez minutos finais do documentário, me soou decepcionante, confesso. Os poucos relatos mais íntimos da família, especialmente deCorinna, esposa de Michael, e dos filhos, Gina-Maria e Mick trazem um pouco de emoção ao documentário, mas é tão rápido que não dá nem tempo de mergulhamos no drama e na saudade.

"Schumacher" é um documentário imperdível? Não. Merece ser assistido? Não tenha a menor dúvida - principalmente para os amantes do esporte!

PS: Nem Barrichello e muito menos Massa (um dos melhores amigos do piloto) inexplicavelmente sequer são citados em todo documentário.

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"Schumacher" é muito mais uma homenagem ao piloto do que um documentário com passagens inéditas ou curiosidades de bastidores - como atleta ou sobre seu acidente. Na verdade, talvez o momento mais marcante do filme seja justamente quando vemos a relação entre ele e Senna, antes e depois do acidente -  eu diria até que esse é o ponto alto do documentário, o que para mim, amante da Fórmula 1, é pouco perante o tamanho que foi Michael Schumacher.

A Netflix apresentou o projeto da seguinte maneira: "Schumacher" é o documentário definitivo sobre um dos maiores nomes da Fórmula 1. O único filme aprovado pela família do piloto, traz entrevistas raras e imagens de arquivos nunca antes reveladas, para traçar um sensível perfil do homem que foi 7 vezes campeão mundial. Confira o trailer:

Dirigido porHanns-Bruno Kammertöns, Michael Wech e Vanessa Nöcke (todos responsáveis pelo documentários de outro ídolo do esporte alemão "Boris Becker: Der Spieler"), "Schumacher" tem uma narrativa dinâmica e para quem acompanha Fórmula 1 há alguns bons anos, certamente vai trazer uma sensação de nostalgia bastante interessante. É preciso dizer, porém, que o documentário não tem a qualidade cinematográfica de "Senna" e muito menos de "Formula 1: Dirigir para Viver" - é como se os diretores e roteiristas não quisesse arriscar em nenhum momento. Veja, a forma cronológica e linear como a carreira de Schumacher é construída, se apoia muito mais no seu envolvimento com o automobilismo do que na construção de um ícone do esporte - e aqui a comparação com "Senna" (o documentário) é ainda mais cruel.

Desde muito cedo, Michael se dedicou ao automobilismo, começou em uma equipe pequena (no caso a Jordan), logo depois chamou a atenção da Benetton - na época a quarta força do circuito, até ser o piloto mais jovem a vencer uma corrida e depois levar a equipe ao título em 1994. Tudo isso nós já sabemos, então o que esperávamos era um pouco mais de intimidade, dos bastidores - e por esse caminho, vemos muito pouco. Mesmo com depoimentos de pilotos como o irmão Ralf Schumacher, o ex-companheiro Eddie Irvine, David Coulthard, Mika Hakkinen e Sebastian Vettel, faltam informações, histórias. Por isso comentei acima: o tom é tão leve, mesmo nas explosões e nas atitudes anti-desportivas que marcaram a trajetória do piloto, que tudo não passa de uma grande homenagem.

É natural a curiosidade sobre o acidente - não que se esperasse mostrar a situação atual do piloto, longe disso; mas apenas citar o acidente nos dez minutos finais do documentário, me soou decepcionante, confesso. Os poucos relatos mais íntimos da família, especialmente deCorinna, esposa de Michael, e dos filhos, Gina-Maria e Mick trazem um pouco de emoção ao documentário, mas é tão rápido que não dá nem tempo de mergulhamos no drama e na saudade.

"Schumacher" é um documentário imperdível? Não. Merece ser assistido? Não tenha a menor dúvida - principalmente para os amantes do esporte!

PS: Nem Barrichello e muito menos Massa (um dos melhores amigos do piloto) inexplicavelmente sequer são citados em todo documentário.

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100 Metros

Esse é o tipo do filme que você até suspeita o que vai acontecer e mesmo assim, quando acontece, você se emociona e tem aquela gostosa sensação do "coração quentinho". Mas "100 Metros" é um grande filme? Não na sua "forma", mas certamente em seu "conteúdo", sim! Essa produção espanhola dirigida pelo Marcel Barrena (de "Món Petit") conquistou corações ao redor do mundo com sua história tocante de inspiração e superação. Mesmo que a produção não seja um primor e que o roteiro muitas vezes encontre atalhos para provocar determinadas emoções, eu posso te garantir que se trata de um ótimo entretenimento que vale a pena ser assistido - essencialmente por sua história impressionante, bem na linha de "O Escafandro e a Borboleta" e "Intocáveis"!

Baseado em uma história real, "100 Metros" nos apresenta Ramón, um publicitário de 35 anos que vê sua vida virar de cabeça para baixo ao ser diagnosticado com esclerose múltipla. Inconformado com sua condição, Ramón se propõe a terminar uma competição "Ironman", apesar de lhe terem dito que não conseguia fazer ao menos uma corrida de 100 metros. Confira o trailer (em espanhol):

Existe uma certa sensibilidade do roteiro, também escrito por Barrena, em acompanhar a jornada de Ramón sem apelar para o "coitadismo" - algo como vimos no documentário, esse sim mais impactante e igualmente imperdível, "Gleason". Veja, não se trata de uma narrativa focada numa condição repleta de desafios e obstáculos, isso está subentendido, o que importa mesmo é como o protagonista busca a aceitação do diagnostico e encontra um objetivo que o motiva a continuar vivendo. A forma como o enredo mergulha nas complexidades físicas e emocionais de Ramón é notável, proporcionando uma conexão genuína com quem assiste - e talvez aí, esteja o maior mérito do filme e a razão pela qual nem nos importamos com algumas inconsistências do roteiro. Reparem como a narrativa não se limita em destacar o sofrimento, mas também celebra os triunfos e a capacidade humana de enfrentar adversidades aparentemente insuperáveis e mesmo que soe "auto-ajuda", faz todo sentido na nossa percepção e, olha, nos faz refletir!

O elenco de "100 Metros" merece aplausos por suas performances. Dani Rovira, o Ramón, entrega uma atuação poderosa e cheia de nuances - ele nos faz rir e chorar com a mesma facilidade com que nos faz torcer por sua jornada. A química com seus companheiros de cena, Karra Elejalde (seu sogro, Manolo) e Alexandra Jiménez (sua esposa, Inma), é impressionante - a dinâmica familiar e de amizade entre eles, confere uma profundidade à história que certamente a coloca em outro patamar. As atuações são genuínas, elas amplificam a mensagem do filme, transmitindo a importância do apoio mútuo diante de problemas que facilmente nos derrubaria. A fotografia do Xavi Giménez (o mesmo de "Durante a Tormenta") é cativante, afinal o que dizer das belas locações de Calella e Barcelona, na Espanha. Já a trilha sonora (bastante premiada), essa é impecável - emotiva, ela trabalha em perfeita harmonia com o texto para intensificar nossas sensações, nos transportando diretamente para a experiência de estar ao lado de Ramón.

"100 Metros" naturalmente transcende suas próprias fronteiras com uma narrativa profundamente comovente e com performances das mais honestas - especialmente Jiménez. Esse é o tipo do  filme que nos cativa desde o primeiro momento com sua mensagem de determinação e de superação que ressoa intensamente, nos convidando a refletir sobre nossas próprias vidas - uma jornada compartilhada de emoções e inspiração que continuará a ecoar muito além dos créditos finais, acreditem!

PS: a montagem que intercala cenas da ficção com os arquivos pessoais de Ramón é sensacional e muito, muito, forte!

Vale seu play!

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Esse é o tipo do filme que você até suspeita o que vai acontecer e mesmo assim, quando acontece, você se emociona e tem aquela gostosa sensação do "coração quentinho". Mas "100 Metros" é um grande filme? Não na sua "forma", mas certamente em seu "conteúdo", sim! Essa produção espanhola dirigida pelo Marcel Barrena (de "Món Petit") conquistou corações ao redor do mundo com sua história tocante de inspiração e superação. Mesmo que a produção não seja um primor e que o roteiro muitas vezes encontre atalhos para provocar determinadas emoções, eu posso te garantir que se trata de um ótimo entretenimento que vale a pena ser assistido - essencialmente por sua história impressionante, bem na linha de "O Escafandro e a Borboleta" e "Intocáveis"!

Baseado em uma história real, "100 Metros" nos apresenta Ramón, um publicitário de 35 anos que vê sua vida virar de cabeça para baixo ao ser diagnosticado com esclerose múltipla. Inconformado com sua condição, Ramón se propõe a terminar uma competição "Ironman", apesar de lhe terem dito que não conseguia fazer ao menos uma corrida de 100 metros. Confira o trailer (em espanhol):

Existe uma certa sensibilidade do roteiro, também escrito por Barrena, em acompanhar a jornada de Ramón sem apelar para o "coitadismo" - algo como vimos no documentário, esse sim mais impactante e igualmente imperdível, "Gleason". Veja, não se trata de uma narrativa focada numa condição repleta de desafios e obstáculos, isso está subentendido, o que importa mesmo é como o protagonista busca a aceitação do diagnostico e encontra um objetivo que o motiva a continuar vivendo. A forma como o enredo mergulha nas complexidades físicas e emocionais de Ramón é notável, proporcionando uma conexão genuína com quem assiste - e talvez aí, esteja o maior mérito do filme e a razão pela qual nem nos importamos com algumas inconsistências do roteiro. Reparem como a narrativa não se limita em destacar o sofrimento, mas também celebra os triunfos e a capacidade humana de enfrentar adversidades aparentemente insuperáveis e mesmo que soe "auto-ajuda", faz todo sentido na nossa percepção e, olha, nos faz refletir!

O elenco de "100 Metros" merece aplausos por suas performances. Dani Rovira, o Ramón, entrega uma atuação poderosa e cheia de nuances - ele nos faz rir e chorar com a mesma facilidade com que nos faz torcer por sua jornada. A química com seus companheiros de cena, Karra Elejalde (seu sogro, Manolo) e Alexandra Jiménez (sua esposa, Inma), é impressionante - a dinâmica familiar e de amizade entre eles, confere uma profundidade à história que certamente a coloca em outro patamar. As atuações são genuínas, elas amplificam a mensagem do filme, transmitindo a importância do apoio mútuo diante de problemas que facilmente nos derrubaria. A fotografia do Xavi Giménez (o mesmo de "Durante a Tormenta") é cativante, afinal o que dizer das belas locações de Calella e Barcelona, na Espanha. Já a trilha sonora (bastante premiada), essa é impecável - emotiva, ela trabalha em perfeita harmonia com o texto para intensificar nossas sensações, nos transportando diretamente para a experiência de estar ao lado de Ramón.

"100 Metros" naturalmente transcende suas próprias fronteiras com uma narrativa profundamente comovente e com performances das mais honestas - especialmente Jiménez. Esse é o tipo do  filme que nos cativa desde o primeiro momento com sua mensagem de determinação e de superação que ressoa intensamente, nos convidando a refletir sobre nossas próprias vidas - uma jornada compartilhada de emoções e inspiração que continuará a ecoar muito além dos créditos finais, acreditem!

PS: a montagem que intercala cenas da ficção com os arquivos pessoais de Ramón é sensacional e muito, muito, forte!

Vale seu play!

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11/9 - A Vida sob Ataque

"11/9 - A Vida sob Ataque" é um documentário muito humano, sensível e ao mesmo tempo impactante, já que seu foco é exclusivamente contar a história do 11 de setembro pelos olhos de alguns novaiorquinos que de alguma forma presenciaram os ataques as Torres Gêmeas. 

É de fato um relato único, comovente e vívido do dia que mudou o mundo moderno. "9/11 Life Under Attack" (no original) é um filme de 90 minutos da ITV que conta histórias nunca antes reveladas, criadas por meio de uma montagem de vários vídeos e áudios inéditos. Confira o trailer (em inglês):

Veja, o que você vai encontrar é o mais próximo do que uma pessoa conseguiu assistir durante os ataques em NY. O diretor Nigel Levy (o mesmo por trás de "Formula 1: Dirigir para Viver") reuniu dezenas de vídeos caseiros e construiu uma narrativa "minuto a minuto" dos atentados. Sem nenhum depoimento, apenas apresentando os personagens com legendas, áudios das rádios locais, dos controladores de voo, de telefonemas vindos das Torres e dos aviões, Levy ilustra toda a tensão e incredulidade que as testemunhas viveram naquela manhã.

Claro que muitas daquelas imagens nós já conhecemos, mas as histórias não - são tão pessoais quanto desesperadoras! É conjunto de narrativas em primeira pessoa (na maioria das vezes) que nos impacta de uma forma muito sentimental, pois não faz parte de uma reinterpretação dos fatos, de uma lembrança distante ou de uma visão confortável do que acontecia - tudo que vemos em "real time" talvez seja a melhor definição do caos e isso é impressionante!

Para quem gostou de "11/9: Dentro da Sala de Guerra do Presidente" e "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror" esse é mais um documentário imperdível - pela originalidade e pelo testemunho cruel! Vale muito a pena, mesmo!

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"11/9 - A Vida sob Ataque" é um documentário muito humano, sensível e ao mesmo tempo impactante, já que seu foco é exclusivamente contar a história do 11 de setembro pelos olhos de alguns novaiorquinos que de alguma forma presenciaram os ataques as Torres Gêmeas. 

É de fato um relato único, comovente e vívido do dia que mudou o mundo moderno. "9/11 Life Under Attack" (no original) é um filme de 90 minutos da ITV que conta histórias nunca antes reveladas, criadas por meio de uma montagem de vários vídeos e áudios inéditos. Confira o trailer (em inglês):

Veja, o que você vai encontrar é o mais próximo do que uma pessoa conseguiu assistir durante os ataques em NY. O diretor Nigel Levy (o mesmo por trás de "Formula 1: Dirigir para Viver") reuniu dezenas de vídeos caseiros e construiu uma narrativa "minuto a minuto" dos atentados. Sem nenhum depoimento, apenas apresentando os personagens com legendas, áudios das rádios locais, dos controladores de voo, de telefonemas vindos das Torres e dos aviões, Levy ilustra toda a tensão e incredulidade que as testemunhas viveram naquela manhã.

Claro que muitas daquelas imagens nós já conhecemos, mas as histórias não - são tão pessoais quanto desesperadoras! É conjunto de narrativas em primeira pessoa (na maioria das vezes) que nos impacta de uma forma muito sentimental, pois não faz parte de uma reinterpretação dos fatos, de uma lembrança distante ou de uma visão confortável do que acontecia - tudo que vemos em "real time" talvez seja a melhor definição do caos e isso é impressionante!

Para quem gostou de "11/9: Dentro da Sala de Guerra do Presidente" e "Ponto de Virada: 11/9 e a Guerra ao Terror" esse é mais um documentário imperdível - pela originalidade e pelo testemunho cruel! Vale muito a pena, mesmo!

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11/9: Dentro da Sala de Guerra do Presidente

"9/11: Inside the President's War Room" (no original), documentário da BBC Films em parceria com a Apple, é simplesmente imperdível - pelas imagens dramáticas, pelos depoimentos de quem esteve ao lado do presidente Bush naquele dia e, principalmente, pela forma como a linha do tempo foi construída. Eu diria que esse documentário da AppleTV+ é um dos melhores do ano e certamente vai te colocar naquela atmosfera tão marcante de 20 anos atrás.

Em pouco mais de 90 minutos experimentamos os eventos de 11 de setembro de 2001 através dos olhos do presidente Bush e de seus assessores mais próximos, enquanto eles detalham pessoalmente alguns momentos cruciais e as principais decisões daquele dia histórico. O documentário cobre as primeiras 12 horas de terror e desinformação de uma forma avassaladora. Confira o trailer (em inglês):

O diferencial desse documentário com relação aos vários outros que já assisti, sem dúvida, diz respeito aos personagens que dão depoimentos: são entrevistas exclusivas com o presidente George W. Bush, com o vice Dick Cheney, com a conselheira de segurança nacional Condoleezza Rice, com o secretário de Estado Colin Powell, ente outros - inclusive profissionais da imprensa que cobriam a agenda do presidente na Flórida e que, indiretamente, viveram aquele dia histórico ao lado dele.

É muito interessante a proposta do diretor Adam Wishart em nos posicionar na linha do tempo em relação as (des)informações do staff do presidente em paralelo aos acontecimentos de Nova York e Washington, em tempo real. A forma como os personagens se dividem nas ações em resposta aos relatórios iniciais, primeiro descartando um acidente com um avião de pequeno porte e depois quando os ataques foram confirmados como uma atividade terrorista - as reações, a tensão, tudo está ali. É muito curioso como cada personagem assume uma posição hierárquica perante o caos e como algumas deficiências tecnológicas da época impactaram nas tomadas de decisões - a ordem para abater o United 93 é um ótimo exemplo e sem dúvida um dos momentos que mais embrulha o estômago. 

"9/11: Inside the President's War Room" é uma aula de narrativa que equilibra perfeitamente entrevistas, cenas de arquivo e imagens inéditas dos ataques, incluindo uma quantidade enorme de fotos de dentro da própria "sala de guerra" do presidente (e de seu vice) que passou o dia entre o Air Force One e vários Bunkers, até chegar na Casa Branca para um pronunciamento emocionante e histórico.

Em tempo, se você gosta do assunto eu sugiro que você assista dois títulos antes de chegar no documentário (nessa ordem): "The Looming Tower" com Jeff Daniels (que inclusive é o narrador de "9/11: Inside the President's War Room") e depois "O Relatório"com Adam Driver - tenha certeza que a experiência será incrível pelo encaixe das narrativas e visões dos seus personagens.

Imperdível!

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"9/11: Inside the President's War Room" (no original), documentário da BBC Films em parceria com a Apple, é simplesmente imperdível - pelas imagens dramáticas, pelos depoimentos de quem esteve ao lado do presidente Bush naquele dia e, principalmente, pela forma como a linha do tempo foi construída. Eu diria que esse documentário da AppleTV+ é um dos melhores do ano e certamente vai te colocar naquela atmosfera tão marcante de 20 anos atrás.

Em pouco mais de 90 minutos experimentamos os eventos de 11 de setembro de 2001 através dos olhos do presidente Bush e de seus assessores mais próximos, enquanto eles detalham pessoalmente alguns momentos cruciais e as principais decisões daquele dia histórico. O documentário cobre as primeiras 12 horas de terror e desinformação de uma forma avassaladora. Confira o trailer (em inglês):

O diferencial desse documentário com relação aos vários outros que já assisti, sem dúvida, diz respeito aos personagens que dão depoimentos: são entrevistas exclusivas com o presidente George W. Bush, com o vice Dick Cheney, com a conselheira de segurança nacional Condoleezza Rice, com o secretário de Estado Colin Powell, ente outros - inclusive profissionais da imprensa que cobriam a agenda do presidente na Flórida e que, indiretamente, viveram aquele dia histórico ao lado dele.

É muito interessante a proposta do diretor Adam Wishart em nos posicionar na linha do tempo em relação as (des)informações do staff do presidente em paralelo aos acontecimentos de Nova York e Washington, em tempo real. A forma como os personagens se dividem nas ações em resposta aos relatórios iniciais, primeiro descartando um acidente com um avião de pequeno porte e depois quando os ataques foram confirmados como uma atividade terrorista - as reações, a tensão, tudo está ali. É muito curioso como cada personagem assume uma posição hierárquica perante o caos e como algumas deficiências tecnológicas da época impactaram nas tomadas de decisões - a ordem para abater o United 93 é um ótimo exemplo e sem dúvida um dos momentos que mais embrulha o estômago. 

"9/11: Inside the President's War Room" é uma aula de narrativa que equilibra perfeitamente entrevistas, cenas de arquivo e imagens inéditas dos ataques, incluindo uma quantidade enorme de fotos de dentro da própria "sala de guerra" do presidente (e de seu vice) que passou o dia entre o Air Force One e vários Bunkers, até chegar na Casa Branca para um pronunciamento emocionante e histórico.

Em tempo, se você gosta do assunto eu sugiro que você assista dois títulos antes de chegar no documentário (nessa ordem): "The Looming Tower" com Jeff Daniels (que inclusive é o narrador de "9/11: Inside the President's War Room") e depois "O Relatório"com Adam Driver - tenha certeza que a experiência será incrível pelo encaixe das narrativas e visões dos seus personagens.

Imperdível!

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127 horas

"127 horas" é a uma espécie de "versão moderninha" (o que não é demérito algum) do excelente "Into the Wild", dirigido pelo do Sean Penn. Aqui, o também competente Danny Boyle (de "Steve Jobs") nos leva para uma jornada intensa e inspiradora de uma forma muito sensorial - reparem como ele nos provoca a cada dificuldade do protagonista, tornando praticamente impossível assistir todo o filme sem ter que pausar para, acreditem, tomar um copo de água (você vai entender ao assistir). Mesmo pautado na angústia do protagonista, "127 Horas" não é apenas um filme sobre sobrevivência, mas sim uma história que discute a força do espírito humano, eu diria até que é uma história de autodescoberta, de coragem e de superação, que merecia ser contada.

Baseado na história real de como alpinista Aron Ralston lutou para salvar a própria vida após um acidente. Em maio de 2003, Aron (James Franco) fazia mais uma escalada nas montanhas de Utah, Estados Unidos, quando acabou ficando com seu braço preso em uma fenda. Sua luta pela sobrevivência durante mais de cinco dias (sua agonia durou 127 horas) foi marcada por memórias e momentos de muita tensão e reflexão. Confira o trailer:

O roteiro, escrito pelo próprio Boyle ao lado de Simon Beaufoy, é excepcional, pois ele é capaz de capturar toda a essência da história de Ralston. A narrativa nos transporta para o deserto inóspito de Utah, onde somos imersos na angústia e no desespero de um homem que precisa lutar por sua sobrevivência. A habilidade do diretor em criar tensão é impressionante - sua escolha por uma narrativa visualmente impactante, usando vários formatos para captar as imagens dentro do Canyon, é tão arrojada quanto eficaz. Os planos que detalham aquela paisagem áridas através de uma fotografia vibrante do Anthony Dod Mantle (de "Quem quer ser um Milionário?") e do Enrique Chediak (de "Buena Vista Social Club") criam uma atmosfera visceral que nos transporta para o coração da história - reparem como os flashbacks e alucinações nos ajuda a mergulhar ainda mais na mente de Ralston.

A performance de James Franco é simplesmente extraordinária (tanto que lhe rendeu uma indicação ao Oscar por esse personagem). Ele personifica com maestria a jornada emocional de Aron Ralston, passando por uma ampla gama de emoções, desde a alegria inicial do aventureiro sem responsabilidades até o desespero e a dor intensa após o acidente. Franco consegue transmitir toda essa vulnerabilidade ao mesmo tempo uma determinação impressionante -  ele é tão convincente que fica impossível não se conectar com sua luta. Outro aspecto marcante do filme é sem dúvida a trilha sonora composta por A.R. Rahman - ela desempenha um papel fundamental para intensificar as emoções e criar um profundo mood de suspense. 

"127 Horas" nos desafia a refletir sobre nossas próprias limitações e sobre o valor de cada momento de nossa vida. Com uma atuação brilhante de Franco, que praticamente carrega o filme sozinho por mais de 90 minutos, uma direção das mais competentes (e inovadoras) de Danny Boyle e uma trama densa e envolvente, fica fácil atestar o impacto que o filme tem como experiência cinematográfica. Então prepare-se, pois essa história real de coragem e sobrevivência ficará gravada na sua memória por muito tempo. 

Vale seu play!

Up-date: "127 horas" foi indicado em 6 categorias no Oscar 2011, inclusive como "Melhor Filme".

Assista Agora

"127 horas" é a uma espécie de "versão moderninha" (o que não é demérito algum) do excelente "Into the Wild", dirigido pelo do Sean Penn. Aqui, o também competente Danny Boyle (de "Steve Jobs") nos leva para uma jornada intensa e inspiradora de uma forma muito sensorial - reparem como ele nos provoca a cada dificuldade do protagonista, tornando praticamente impossível assistir todo o filme sem ter que pausar para, acreditem, tomar um copo de água (você vai entender ao assistir). Mesmo pautado na angústia do protagonista, "127 Horas" não é apenas um filme sobre sobrevivência, mas sim uma história que discute a força do espírito humano, eu diria até que é uma história de autodescoberta, de coragem e de superação, que merecia ser contada.

Baseado na história real de como alpinista Aron Ralston lutou para salvar a própria vida após um acidente. Em maio de 2003, Aron (James Franco) fazia mais uma escalada nas montanhas de Utah, Estados Unidos, quando acabou ficando com seu braço preso em uma fenda. Sua luta pela sobrevivência durante mais de cinco dias (sua agonia durou 127 horas) foi marcada por memórias e momentos de muita tensão e reflexão. Confira o trailer:

O roteiro, escrito pelo próprio Boyle ao lado de Simon Beaufoy, é excepcional, pois ele é capaz de capturar toda a essência da história de Ralston. A narrativa nos transporta para o deserto inóspito de Utah, onde somos imersos na angústia e no desespero de um homem que precisa lutar por sua sobrevivência. A habilidade do diretor em criar tensão é impressionante - sua escolha por uma narrativa visualmente impactante, usando vários formatos para captar as imagens dentro do Canyon, é tão arrojada quanto eficaz. Os planos que detalham aquela paisagem áridas através de uma fotografia vibrante do Anthony Dod Mantle (de "Quem quer ser um Milionário?") e do Enrique Chediak (de "Buena Vista Social Club") criam uma atmosfera visceral que nos transporta para o coração da história - reparem como os flashbacks e alucinações nos ajuda a mergulhar ainda mais na mente de Ralston.

A performance de James Franco é simplesmente extraordinária (tanto que lhe rendeu uma indicação ao Oscar por esse personagem). Ele personifica com maestria a jornada emocional de Aron Ralston, passando por uma ampla gama de emoções, desde a alegria inicial do aventureiro sem responsabilidades até o desespero e a dor intensa após o acidente. Franco consegue transmitir toda essa vulnerabilidade ao mesmo tempo uma determinação impressionante -  ele é tão convincente que fica impossível não se conectar com sua luta. Outro aspecto marcante do filme é sem dúvida a trilha sonora composta por A.R. Rahman - ela desempenha um papel fundamental para intensificar as emoções e criar um profundo mood de suspense. 

"127 Horas" nos desafia a refletir sobre nossas próprias limitações e sobre o valor de cada momento de nossa vida. Com uma atuação brilhante de Franco, que praticamente carrega o filme sozinho por mais de 90 minutos, uma direção das mais competentes (e inovadoras) de Danny Boyle e uma trama densa e envolvente, fica fácil atestar o impacto que o filme tem como experiência cinematográfica. Então prepare-se, pois essa história real de coragem e sobrevivência ficará gravada na sua memória por muito tempo. 

Vale seu play!

Up-date: "127 horas" foi indicado em 6 categorias no Oscar 2011, inclusive como "Melhor Filme".

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13 de Novembro: Terror em Paris

Por mais dolorido que possa parecer, a série documental da Netflix é um retrato da capacidade humana de se reinventar, seja nos momentos mais extremos, seja pela forma como ela reage ao evento que transformou sua vida!

São 3 episódios de quase 1 hora, mostrando minuto a minuto, tudo o que aconteceu naquela noite em Paris quando as primeiras explosões chamaram a atenção de todos que acompanhavam o amistoso França e Alemanha no Stade de France em Saint-Denis. As 80 mil pessoas que ali estavam, não tinham a menor noção do se transformaria aquela noite quando, poucos minutos depois, restaurantes e bares começaram a ser atacados por terroristas, culminando no massacre da boate Bataclan.

Pelo olhar e a lembrança de quem estava lá, em cada um desses lugares, ou pelos depoimentos de quem socorreu as vítimas naquela noite, e até pelas constatações dos políticos e policiais que precisaram tomar decisões difíceis durante os ataques, "13 de Novembro: Terror em Paris", talvez seja o documentário mais humano sobre um ataque terrorista que eu já assisti. É impressionante, marcante, mas, principalmente, necessário, pois só assim vamos entender o quanto a humanidade está machucada, mas ainda luta para continuar caminhando com a cabeça erguida!

A série mistura depoimentos com imagens de arquivos, vídeos feitos por celulares e até gravações da própria polícia, para ilustrar, em detalhes, o inferno de quem viveu e sobreviveu aos atentados. Muito interessante é a dinâmica que os diretores Gédéon Naudet e Jules Naudet, que já ganharam um Emmy pelo também excelente "9/11" de 2002, usaram para contar cada uma das histórias do ataque. Em nenhum momento sentimos um viés político, muito pelo contrário - nem o Estado Islâmico é citado durante os episódios. O foco é realmente o lado humano dos atentados e é aí que o drama pega forte. Fica fácil de visualizar aqueles momentos tão particulares que são contados pelos sobreviventes e isso dói. Os relatos são impressionantes, sinceros, sem nenhum tipo de máscara ou receio. É forte!!!!

Um dos artifícios usados pelos irmãos Naudet foi a inserção de elementos gráficos que serviram para pontuar o trajeto que os terroristas fizeram até chegar na Bataclan. Enquanto o primeiro episódio da série se dedica aos ataques nos restaurantes e bares, o segundo e o terceiro mergulham no interior da boate - o bacana é que, mesmo complexos, os fatos são facilmente explicados e localizados por uma  animação que ilustra perfeitamente onde estavam os personagens, os terroristas e, finalmente, os policiais. Fica tudo muito simples, fluido, o que, sem dúvida, nos coloca dentro da história sem a menor piedade. É belo como obra, como técnica de storytelling, mas difícil de digerir como ser humano!

"13 de Novembro: Terror em Paris" é uma bela surpresa escondida dentro do catálogo da Netflix. É preciso estar disposto para encarar uma história como essa, mas a experiência é extremamente imersiva e provocadora. É impossível não se colocar no lugar daquelas pessoas quando relatam o silêncio após os disparos, o cheiro de sangue misturado com pólvora, os clarões das explosões e até o barulho ensurdecedor dos celulares das vítimas tocando depois do massacre.  Embora esse seja o melhor elogio que um documentário pode receber, estar ali dentro, mesmo que pelos olhos dos outros, não é uma tarefa fácil!!!

Eu indico tranquilamente, mas assista sabendo que o assunto vai machucar e que o resultado da obra é um relato emocionante, cheio de detalhes, de uma noite que nunca mais será esquecida!!!!

Assista Agora 

Por mais dolorido que possa parecer, a série documental da Netflix é um retrato da capacidade humana de se reinventar, seja nos momentos mais extremos, seja pela forma como ela reage ao evento que transformou sua vida!

São 3 episódios de quase 1 hora, mostrando minuto a minuto, tudo o que aconteceu naquela noite em Paris quando as primeiras explosões chamaram a atenção de todos que acompanhavam o amistoso França e Alemanha no Stade de France em Saint-Denis. As 80 mil pessoas que ali estavam, não tinham a menor noção do se transformaria aquela noite quando, poucos minutos depois, restaurantes e bares começaram a ser atacados por terroristas, culminando no massacre da boate Bataclan.

Pelo olhar e a lembrança de quem estava lá, em cada um desses lugares, ou pelos depoimentos de quem socorreu as vítimas naquela noite, e até pelas constatações dos políticos e policiais que precisaram tomar decisões difíceis durante os ataques, "13 de Novembro: Terror em Paris", talvez seja o documentário mais humano sobre um ataque terrorista que eu já assisti. É impressionante, marcante, mas, principalmente, necessário, pois só assim vamos entender o quanto a humanidade está machucada, mas ainda luta para continuar caminhando com a cabeça erguida!

A série mistura depoimentos com imagens de arquivos, vídeos feitos por celulares e até gravações da própria polícia, para ilustrar, em detalhes, o inferno de quem viveu e sobreviveu aos atentados. Muito interessante é a dinâmica que os diretores Gédéon Naudet e Jules Naudet, que já ganharam um Emmy pelo também excelente "9/11" de 2002, usaram para contar cada uma das histórias do ataque. Em nenhum momento sentimos um viés político, muito pelo contrário - nem o Estado Islâmico é citado durante os episódios. O foco é realmente o lado humano dos atentados e é aí que o drama pega forte. Fica fácil de visualizar aqueles momentos tão particulares que são contados pelos sobreviventes e isso dói. Os relatos são impressionantes, sinceros, sem nenhum tipo de máscara ou receio. É forte!!!!

Um dos artifícios usados pelos irmãos Naudet foi a inserção de elementos gráficos que serviram para pontuar o trajeto que os terroristas fizeram até chegar na Bataclan. Enquanto o primeiro episódio da série se dedica aos ataques nos restaurantes e bares, o segundo e o terceiro mergulham no interior da boate - o bacana é que, mesmo complexos, os fatos são facilmente explicados e localizados por uma  animação que ilustra perfeitamente onde estavam os personagens, os terroristas e, finalmente, os policiais. Fica tudo muito simples, fluido, o que, sem dúvida, nos coloca dentro da história sem a menor piedade. É belo como obra, como técnica de storytelling, mas difícil de digerir como ser humano!

"13 de Novembro: Terror em Paris" é uma bela surpresa escondida dentro do catálogo da Netflix. É preciso estar disposto para encarar uma história como essa, mas a experiência é extremamente imersiva e provocadora. É impossível não se colocar no lugar daquelas pessoas quando relatam o silêncio após os disparos, o cheiro de sangue misturado com pólvora, os clarões das explosões e até o barulho ensurdecedor dos celulares das vítimas tocando depois do massacre.  Embora esse seja o melhor elogio que um documentário pode receber, estar ali dentro, mesmo que pelos olhos dos outros, não é uma tarefa fácil!!!

Eu indico tranquilamente, mas assista sabendo que o assunto vai machucar e que o resultado da obra é um relato emocionante, cheio de detalhes, de uma noite que nunca mais será esquecida!!!!

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15:17 Destino Paris

Baseado no livro “The 15:17 to Paris: The True Story of a Terrorist, a Train, and Three American Soldiers”, o filme de Clint Eastwood conta a história de três americanos, Spencer Stone, Anthony Sadler e Alek Skarlatos. Amigos desde a infância, eles estavam viajando pela Europa quando acabaram reféns de um terrorista marroquino, Ayoub El-Khazzani (Ray Corasani), em um trem que ia de Amsterdã para Paris.

Pelo trailer temos a impressão que é mais um grande filme sobre heróis americanos "15:17 Destino Paris", certo? Pois é, de fato, esse é o objetivo de Eastwood, mas o resultado talvez deixe a desejar para os mais exigentes, embora seja um bom entretenimento se você não assistir com as expectativas que um filme do diretor carrega!

"15:17 Destino Paris" é muito bem dirigido por uma cara que domina a gramática cinematográfica como ninguém - é perceptível a qualidade técnica e a capacidade que Eastwood tem de contar uma história que dialoga com seus propósitos, mas para mim, o maior problema do filme acabou sendo seu roteiro! Ele é muito inconsistente - parece que editaram para caber na "Tela Quente", sabe? 

O roteiro de Dorothy Blyskal transita entre a vida adulta e a infância dos três protagonistas, porém, o que poderia ser um trabalho profundo sobre a formação do caráter e dos valores dos futuros heróis em diversas camadas, é só um retrato de três garotos fazendo malcriação! Já adultos, o filme soa mais como uma espécie de Road Movie, quase colegial, com diálogos muitas vezes superficiais e sem muito propósito para o que mais interessa: os momentos de tensão perante uma experiência marcante e aterrorizante vivida naquele 21 de agosto de 2015 - como, por exemplo, Paul Greengrass fez brilhantemente no excelente "Voo United 93".

A parte curiosa do filme é que Clint Eastwood não usou atores para contar a história! Quem viveu aquele dia, reviveu na ficção - e isso pesa no filme! Spencer Stone, Anthony Sadler e Alek Skarlatos se esforçam, mas não entregam a dramaticidade que o filme pedia!

Olha, de fato, "15:17 Destino Paris" era uma história que merecia ser contada! Vale como referência histórica, como retrato de uma sociedade doentia, mas como filme em si, é aquele típico entretenimento "Sessão da Tarde" sem maiores pretensões ou seja, vale pela diversão!

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Baseado no livro “The 15:17 to Paris: The True Story of a Terrorist, a Train, and Three American Soldiers”, o filme de Clint Eastwood conta a história de três americanos, Spencer Stone, Anthony Sadler e Alek Skarlatos. Amigos desde a infância, eles estavam viajando pela Europa quando acabaram reféns de um terrorista marroquino, Ayoub El-Khazzani (Ray Corasani), em um trem que ia de Amsterdã para Paris.

Pelo trailer temos a impressão que é mais um grande filme sobre heróis americanos "15:17 Destino Paris", certo? Pois é, de fato, esse é o objetivo de Eastwood, mas o resultado talvez deixe a desejar para os mais exigentes, embora seja um bom entretenimento se você não assistir com as expectativas que um filme do diretor carrega!

"15:17 Destino Paris" é muito bem dirigido por uma cara que domina a gramática cinematográfica como ninguém - é perceptível a qualidade técnica e a capacidade que Eastwood tem de contar uma história que dialoga com seus propósitos, mas para mim, o maior problema do filme acabou sendo seu roteiro! Ele é muito inconsistente - parece que editaram para caber na "Tela Quente", sabe? 

O roteiro de Dorothy Blyskal transita entre a vida adulta e a infância dos três protagonistas, porém, o que poderia ser um trabalho profundo sobre a formação do caráter e dos valores dos futuros heróis em diversas camadas, é só um retrato de três garotos fazendo malcriação! Já adultos, o filme soa mais como uma espécie de Road Movie, quase colegial, com diálogos muitas vezes superficiais e sem muito propósito para o que mais interessa: os momentos de tensão perante uma experiência marcante e aterrorizante vivida naquele 21 de agosto de 2015 - como, por exemplo, Paul Greengrass fez brilhantemente no excelente "Voo United 93".

A parte curiosa do filme é que Clint Eastwood não usou atores para contar a história! Quem viveu aquele dia, reviveu na ficção - e isso pesa no filme! Spencer Stone, Anthony Sadler e Alek Skarlatos se esforçam, mas não entregam a dramaticidade que o filme pedia!

Olha, de fato, "15:17 Destino Paris" era uma história que merecia ser contada! Vale como referência histórica, como retrato de uma sociedade doentia, mas como filme em si, é aquele típico entretenimento "Sessão da Tarde" sem maiores pretensões ou seja, vale pela diversão!

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150 Miligramas

Quando os interesses econômicos se sobressaem ao que realmente impacta na sociedade, independente do universo em que essa "mentira" (para não dizer hipocrisia) esteja inserida, encontramos uma ótima premissa para o desenvolvimento de uma jornada que, de fato, vai prender a atenção da audiência - primeiro por nos provocar, de imediato, indignação e depois por gerar uma enorme empatia pela protagonista que luta contra tudo e contra todos para provar que o "sistema" não está preocupado com o ser humano e sim com o seu lucro. Indicado ao César Awards (o Oscar Francês) em 2017, "150 Miligramas" é uma surpreendente adaptação do livro da pneumologista Irène Frachon que segue justamente essa linha narrativa - o filme retrata o que foi considerado por muitos, uma das mais impactantes denúncias que a indústria farmacêutica já sofreu em todos os tempos.

"La Fille de Brest" (no original) recria a luta travada pela Dra. Franchon (Sidse Babett Knudsen), entre 2009 e 2011, quando ela colocou a própria profissão em risco ao desafiar a indústria farmacêutica e estabelecer uma ligação direta entre mortes suspeitas e o consumo de Mediator, um medicamento para controle da obesidade em diabéticos que apresentava graves efeitos colaterais, mesmo já no mercado há mais 30 anos. Confira o trailer:

Contextualizando, a ótima diretora Emmanuelle Bercot já havia se destacado ao priorizar personagens femininas fortes - seus dois trabalhos anteriores teve "só" Catherine Deneuve como protagonista ("Ela Vai" de 2013 e "De Cabeça Erguida" de 2015), então já era de se esperar que a talentosa Sidse Babett Knudsen fosse capaz de entregar uma Irène Frachon incrível - e é o que acontece! Knudsen foi capaz de traduzir a expectativa de Bercot, criando uma protagonista que oscila emocionalmente de acordo com a situação em que ela se encontra. Essa capacidade da atriz humaniza sua personagem de uma forma que, por muitos momentos, temos a impressão de estarmos assistindo ao mesmo tempo um documentário investigativo e um filme caseiro de sua família. E aqui cabe um comentário: Knudsen concorreu ao prêmio de Melhor Atriz no César Awards daquele ano por essa performance.

Por se tratar de uma adaptação, a linha acaba ficando muito tênue entre o genial e o superficial, principalmente pelo pouco tempo para expor os sentimentos mais honestos e profundos dos personagens e é justamente por isso que destaco um dos grandes acertos do roteiro de Séverine Bosschem ao lado de Bercot: existe um equilíbrio entre poesia e drama - as cenas da protagonista no mar, ilustrando de forma metafórica sua incessante luta contra o laboratório Servier, nadando contra a maré, quase perdendo o fôlego e ainda tentando sobreviver em meio a tanta pressão, é simplesmente incrível! Impossível também não destacar o trabalho do fotógrafo indicado ao Oscar em 2012 pelo "O Artista", Guillaume Schiffman.

Como em "Minamata" ou no mais recente "O Preço da Verdade", existe uma proposital sensação de exaustão depois de duas horas de filme para ilustrar o peso da jornada de Irène Frachon, rodeada de estafa física e psicológica, mas lindamente decodificada pela diretora que não se limitou em construir "uma salvadora da pátria" e sim retratar os seus medos, suas falhas e inseguranças - e como dito em uma das melhores passagens do filme: "não há luta sem medo e ele atinge todos os rebeldes".

Vale muito a pena!

Assista Agora

Quando os interesses econômicos se sobressaem ao que realmente impacta na sociedade, independente do universo em que essa "mentira" (para não dizer hipocrisia) esteja inserida, encontramos uma ótima premissa para o desenvolvimento de uma jornada que, de fato, vai prender a atenção da audiência - primeiro por nos provocar, de imediato, indignação e depois por gerar uma enorme empatia pela protagonista que luta contra tudo e contra todos para provar que o "sistema" não está preocupado com o ser humano e sim com o seu lucro. Indicado ao César Awards (o Oscar Francês) em 2017, "150 Miligramas" é uma surpreendente adaptação do livro da pneumologista Irène Frachon que segue justamente essa linha narrativa - o filme retrata o que foi considerado por muitos, uma das mais impactantes denúncias que a indústria farmacêutica já sofreu em todos os tempos.

"La Fille de Brest" (no original) recria a luta travada pela Dra. Franchon (Sidse Babett Knudsen), entre 2009 e 2011, quando ela colocou a própria profissão em risco ao desafiar a indústria farmacêutica e estabelecer uma ligação direta entre mortes suspeitas e o consumo de Mediator, um medicamento para controle da obesidade em diabéticos que apresentava graves efeitos colaterais, mesmo já no mercado há mais 30 anos. Confira o trailer:

Contextualizando, a ótima diretora Emmanuelle Bercot já havia se destacado ao priorizar personagens femininas fortes - seus dois trabalhos anteriores teve "só" Catherine Deneuve como protagonista ("Ela Vai" de 2013 e "De Cabeça Erguida" de 2015), então já era de se esperar que a talentosa Sidse Babett Knudsen fosse capaz de entregar uma Irène Frachon incrível - e é o que acontece! Knudsen foi capaz de traduzir a expectativa de Bercot, criando uma protagonista que oscila emocionalmente de acordo com a situação em que ela se encontra. Essa capacidade da atriz humaniza sua personagem de uma forma que, por muitos momentos, temos a impressão de estarmos assistindo ao mesmo tempo um documentário investigativo e um filme caseiro de sua família. E aqui cabe um comentário: Knudsen concorreu ao prêmio de Melhor Atriz no César Awards daquele ano por essa performance.

Por se tratar de uma adaptação, a linha acaba ficando muito tênue entre o genial e o superficial, principalmente pelo pouco tempo para expor os sentimentos mais honestos e profundos dos personagens e é justamente por isso que destaco um dos grandes acertos do roteiro de Séverine Bosschem ao lado de Bercot: existe um equilíbrio entre poesia e drama - as cenas da protagonista no mar, ilustrando de forma metafórica sua incessante luta contra o laboratório Servier, nadando contra a maré, quase perdendo o fôlego e ainda tentando sobreviver em meio a tanta pressão, é simplesmente incrível! Impossível também não destacar o trabalho do fotógrafo indicado ao Oscar em 2012 pelo "O Artista", Guillaume Schiffman.

Como em "Minamata" ou no mais recente "O Preço da Verdade", existe uma proposital sensação de exaustão depois de duas horas de filme para ilustrar o peso da jornada de Irène Frachon, rodeada de estafa física e psicológica, mas lindamente decodificada pela diretora que não se limitou em construir "uma salvadora da pátria" e sim retratar os seus medos, suas falhas e inseguranças - e como dito em uma das melhores passagens do filme: "não há luta sem medo e ele atinge todos os rebeldes".

Vale muito a pena!

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1917

Assistir "1917" é como jogar "Medal of Honor" - a experiência é muito parecida e o fato de ter sido filmado em longos planos-sequência só fortalece essa tese, afinal o Diretor Sam Mendes te coloca em cena sem pedir licença! Embora a história seja muito simples: dois soldados são designados para entregar um carta ao oficial responsável por um batalhão de 1600 homens, cancelando um ataque que aparentemente seria um emboscada preparada pelos alemães. O grande problema é que para chegar até o destino, os dois soldados precisam atravessar o território inimigo o mais rápido possível, durante o dia e sem chamar a atenção, ou seja, uma missão quase impossível!

Só pela sinopse já dá para sentir o nível de tensão que representa essa jornada e como no video game, a gente nunca sabe "onde" e "quando" os inimigos vão atacar! É um fato afirmar que "1917" não é o melhor filme dos indicados ao Oscar, mas é preciso dizer também que, sem dúvida, é o mais espetacular e grandioso de todos eles, por consequência o mais complexo de se filmar - mas esses detalhes mais técnicos eu explico abaixo! Para você que sente saudade daquele clima de tensão de "O resgate do soldado Ryan" e de "Band of Brothers" ou é um apaixonado por jogos de guerra como "Call of Duty", não perca tempo, assista "1917" porque a imersão é enorme e a diversão está garantida!

Embora o marketing do filme aqui no Brasil tenha se apoiado na informação de que "1917" é um grande plano-sequência, essa premissa é mentirosa, mas isso não tem a menor importância, pois o que interessa é o conceito por trás das escolhas do diretor Sam Mendes (Beleza Americana) e do diretor de fotografia, Roger Deakins - 14 vezes indicado ao Oscar e vencedor por "Blade Runner 2049" em 2018. Claramente inspirado pelo processo de imersão dos jogos de video game, Mendes e Deakins quebraram a cabeça para colocar a audiência dentro do filme e explorar de maneira muito orgânica todos os movimentos de câmera que criassem a sensação de continuidade e realismo que é estar em um campo de batalha. A preocupação não era contar a história em um único plano, mas sim usar essa técnica para ampliar as sensações do público - nesse contexto outra peça importante merece ser citada: o montador Lee Smith (vencedor do Oscar por Dunkirk em 2018). Mesmo não sendo indicado ao Oscar desse ano, Smith teve um papel fundamental para criar a dinâmica de "1917": escolher o frame exato para juntar as partes e criar a sensação de continuidade sem perder o ritmo do filme. 

Deakins ainda contou com o departamento de arte para recriar os campos de batalha em tamanho real para filmar cada uma das cenas: com atores, figurantes e tudo mais, em movimentos extremamente delicados, coreografadas e ensaiados, além de fazer um estudo profundo em maquetes desse cenário para aí sim escolher qual câmera, qual lente, qual equipamento de movimento e, principalmente, para saber onde colocaria cada ponto de luz artificial sem que pudesse aparecer - afinal não era possível contar com muitos cortes. Tudo isso sem falar na necessidade de ter uma continuidade da incidência de sol para que tudo ficasse natural e na montagem se encaixasse perfeitamente. Gente, isso é muito difícil, pois como todos sabem, o sol não fica parado no mesmo lugar o dia inteiro! Assistam o vídeo abaixo e entendam a complexidade que foi produzir "1917". Reparem nas soluções encontradas para uma cena noturna (que ficou maravilhosa na tela) e como isso tudo foi cuidadosamente planejado:

Outros dois elementos técnicos que ajudaram muito na construção e ambientação do filme foram: edição de som e mixagem. A edição de som é o momento onde todos os elementos sonoros da cena são criados para entregar o resultado que vemos na tela. Imaginem em um plano sem cortes, como tudo tem que se encaixar perfeitamente para criar a sensação de caos que é um campo de batalha. Nenhum dos ruídos ou barulhos que você ouve assistindo o filme foram captados durante a filmagem - do som do caminhar na grama, do avião voando ao fundo, da bomba explodindo, da porta abrindo e, às vezes, até do próprio personagem falando. Se com os cortes, já seria preocupante essa montagem, imagina em vários planos-sequência? - é muito difícil ter o controle sobre tudo, sobre cada detalhe! Já a mixagem pega todos esses elementos que foram criados e editados e ajusta exatamente no nível certo para que ambientação seja a mais natural possível. É lá que o silêncio ganha a força da dramaticidade de uma cena e a trilha sonora é inserida para ajudar no sentimento que um determinado momento pode causar! Por favor, ao assistir "1917" (e outros filmes, claro) reparem como existem inúmeros elementos sonoros que juntos criam a tensão, o desespero, a angústia! A trilha sonora desse filme é outro espetáculo, mas merece um post à parte!

"1917" é um filme complexo, como foi "Gravidade" por exemplo! Um filme que só aconteceu porque contou com mentes brilhantes e muito talento em cada um dos departamentos - é o maior exemplo de como o filme que chega na tela é uma obra coletiva (e não só do diretor como muitos acreditam). Se uma dessas engrenagens fosse mediana, não teríamos um filme como esse! "1917" é tecnicamente perfeito, mas não é o melhor filme. Das 10 indicações que levou para o Oscar, tem grandes chances em Edição de Som, Mixagem, Desenho de Produção, Trilha Sonora, Fotografia e Direção. Efeitos Visuais e Maquiagem (Cabelo) pode surpreender, mas não é o favorito. Roteiro Original não deveria nem ter sido indicado (achei só "ok") e Melhor Filme pode até levar, mas não seria justo com pelo menos 3 dos indicados!

Assista "1917" na maior tela que conseguir e com o melhor equipamento de som que estiver disponível! Vai por mim!

Up-date: "1917" ganhou em três categorias no Oscar 2020: Melhor Efeitos Visuais, Melhor Mixagem de Som e Melhor Fotografia!

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Assistir "1917" é como jogar "Medal of Honor" - a experiência é muito parecida e o fato de ter sido filmado em longos planos-sequência só fortalece essa tese, afinal o Diretor Sam Mendes te coloca em cena sem pedir licença! Embora a história seja muito simples: dois soldados são designados para entregar um carta ao oficial responsável por um batalhão de 1600 homens, cancelando um ataque que aparentemente seria um emboscada preparada pelos alemães. O grande problema é que para chegar até o destino, os dois soldados precisam atravessar o território inimigo o mais rápido possível, durante o dia e sem chamar a atenção, ou seja, uma missão quase impossível!

Só pela sinopse já dá para sentir o nível de tensão que representa essa jornada e como no video game, a gente nunca sabe "onde" e "quando" os inimigos vão atacar! É um fato afirmar que "1917" não é o melhor filme dos indicados ao Oscar, mas é preciso dizer também que, sem dúvida, é o mais espetacular e grandioso de todos eles, por consequência o mais complexo de se filmar - mas esses detalhes mais técnicos eu explico abaixo! Para você que sente saudade daquele clima de tensão de "O resgate do soldado Ryan" e de "Band of Brothers" ou é um apaixonado por jogos de guerra como "Call of Duty", não perca tempo, assista "1917" porque a imersão é enorme e a diversão está garantida!

Embora o marketing do filme aqui no Brasil tenha se apoiado na informação de que "1917" é um grande plano-sequência, essa premissa é mentirosa, mas isso não tem a menor importância, pois o que interessa é o conceito por trás das escolhas do diretor Sam Mendes (Beleza Americana) e do diretor de fotografia, Roger Deakins - 14 vezes indicado ao Oscar e vencedor por "Blade Runner 2049" em 2018. Claramente inspirado pelo processo de imersão dos jogos de video game, Mendes e Deakins quebraram a cabeça para colocar a audiência dentro do filme e explorar de maneira muito orgânica todos os movimentos de câmera que criassem a sensação de continuidade e realismo que é estar em um campo de batalha. A preocupação não era contar a história em um único plano, mas sim usar essa técnica para ampliar as sensações do público - nesse contexto outra peça importante merece ser citada: o montador Lee Smith (vencedor do Oscar por Dunkirk em 2018). Mesmo não sendo indicado ao Oscar desse ano, Smith teve um papel fundamental para criar a dinâmica de "1917": escolher o frame exato para juntar as partes e criar a sensação de continuidade sem perder o ritmo do filme. 

Deakins ainda contou com o departamento de arte para recriar os campos de batalha em tamanho real para filmar cada uma das cenas: com atores, figurantes e tudo mais, em movimentos extremamente delicados, coreografadas e ensaiados, além de fazer um estudo profundo em maquetes desse cenário para aí sim escolher qual câmera, qual lente, qual equipamento de movimento e, principalmente, para saber onde colocaria cada ponto de luz artificial sem que pudesse aparecer - afinal não era possível contar com muitos cortes. Tudo isso sem falar na necessidade de ter uma continuidade da incidência de sol para que tudo ficasse natural e na montagem se encaixasse perfeitamente. Gente, isso é muito difícil, pois como todos sabem, o sol não fica parado no mesmo lugar o dia inteiro! Assistam o vídeo abaixo e entendam a complexidade que foi produzir "1917". Reparem nas soluções encontradas para uma cena noturna (que ficou maravilhosa na tela) e como isso tudo foi cuidadosamente planejado:

Outros dois elementos técnicos que ajudaram muito na construção e ambientação do filme foram: edição de som e mixagem. A edição de som é o momento onde todos os elementos sonoros da cena são criados para entregar o resultado que vemos na tela. Imaginem em um plano sem cortes, como tudo tem que se encaixar perfeitamente para criar a sensação de caos que é um campo de batalha. Nenhum dos ruídos ou barulhos que você ouve assistindo o filme foram captados durante a filmagem - do som do caminhar na grama, do avião voando ao fundo, da bomba explodindo, da porta abrindo e, às vezes, até do próprio personagem falando. Se com os cortes, já seria preocupante essa montagem, imagina em vários planos-sequência? - é muito difícil ter o controle sobre tudo, sobre cada detalhe! Já a mixagem pega todos esses elementos que foram criados e editados e ajusta exatamente no nível certo para que ambientação seja a mais natural possível. É lá que o silêncio ganha a força da dramaticidade de uma cena e a trilha sonora é inserida para ajudar no sentimento que um determinado momento pode causar! Por favor, ao assistir "1917" (e outros filmes, claro) reparem como existem inúmeros elementos sonoros que juntos criam a tensão, o desespero, a angústia! A trilha sonora desse filme é outro espetáculo, mas merece um post à parte!

"1917" é um filme complexo, como foi "Gravidade" por exemplo! Um filme que só aconteceu porque contou com mentes brilhantes e muito talento em cada um dos departamentos - é o maior exemplo de como o filme que chega na tela é uma obra coletiva (e não só do diretor como muitos acreditam). Se uma dessas engrenagens fosse mediana, não teríamos um filme como esse! "1917" é tecnicamente perfeito, mas não é o melhor filme. Das 10 indicações que levou para o Oscar, tem grandes chances em Edição de Som, Mixagem, Desenho de Produção, Trilha Sonora, Fotografia e Direção. Efeitos Visuais e Maquiagem (Cabelo) pode surpreender, mas não é o favorito. Roteiro Original não deveria nem ter sido indicado (achei só "ok") e Melhor Filme pode até levar, mas não seria justo com pelo menos 3 dos indicados!

Assista "1917" na maior tela que conseguir e com o melhor equipamento de som que estiver disponível! Vai por mim!

Up-date: "1917" ganhou em três categorias no Oscar 2020: Melhor Efeitos Visuais, Melhor Mixagem de Som e Melhor Fotografia!

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22 July

Um filme europeu chamou muito a minha atenção quando esteve em Berlin: Utøya 22. juli. - pelo "simples" fato do filme ser um plano sequência de mais de uma hora. Pois bem, eu não conhecia a história dos atentados a um grupo de jovens que estavam em um ilha na Noruega antes de assistir esse filme, e de fato é realmente perturbador! Agora a Netflix que não é boba nem nada, resolveu trazer para o seu catálogo original esses terríveis e dramáticos acontecimentos com uma visão mais complexa. Então, ninguém melhor que Paul Greengrass (de "Vôo United 93" e "Capitão Phillips") para contar parte da história real que o filme do Erik Poppe não contou. Aliás, se tiverem oportunidade, não deixem de assistir os dois, eles se completam - da mesma forma que "Dunkirk" foi essencial para contar parte da história que "O Destino de uma Nação" não contou.

Noruega, 2011. Anders Behring Breivik, consumido pelos seus ideias fundamentalistas cristãos e anti-islâmicos, mata 75 pessoas a tiros em um acampamento na Ilha de Utoya. Os sobreviventes do ataque pedem justiça ao governo Norueguês, enquanto os advogados do terrorista condenado se mobilizam para defendê-lo perante a lei. Confira o trailer:

"22 July" não é visceral como "Utøya", mas nem por isso deixa de ser um grande filme, muito pelo contrário, cinematograficamente falando é até mais relevante pois mostra muito mais do que o ataque a ilha, mostra a causa, a consequência, o debate, os absurdos que o extremismo pode gerar em uma sociedade cheia de pessoas doentes (estou falando só do filme, ok?). O roteiro foi baseado no livro do Åsne Seierstad ("One of Us") - ponto alto do filme ao lado da camera solta, quase documental, do Greengrass.

Se no filme norueguês sofremos com aqueles adolescentes que estavam sem saída na ilha, nessa versão da Netflix vemos o inicio dos atentados, o que pensava o terrorista, como ele agiu, como ele planejou e como ele lidou com a prisão. É curioso que na ilha mesmo, são poucas cenas, e não sentimos falta porque nada é gratuito no filme. As sequências se constroem de uma forma tão orgânica que você nem sente as mais de duas horas passarem.

Pessoalmente achei "Utøya" mais marcante (quase uma experiência sensorial), enquanto "22 July" é mais um entretenimento - os dois são excelentes filmes, que fique claro. A dica, no entanto, é para que você assista os dois e tenha experiências tão diferentes quanto complementares! Pode acreditar, vai valer muito a pena!

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Um filme europeu chamou muito a minha atenção quando esteve em Berlin: Utøya 22. juli. - pelo "simples" fato do filme ser um plano sequência de mais de uma hora. Pois bem, eu não conhecia a história dos atentados a um grupo de jovens que estavam em um ilha na Noruega antes de assistir esse filme, e de fato é realmente perturbador! Agora a Netflix que não é boba nem nada, resolveu trazer para o seu catálogo original esses terríveis e dramáticos acontecimentos com uma visão mais complexa. Então, ninguém melhor que Paul Greengrass (de "Vôo United 93" e "Capitão Phillips") para contar parte da história real que o filme do Erik Poppe não contou. Aliás, se tiverem oportunidade, não deixem de assistir os dois, eles se completam - da mesma forma que "Dunkirk" foi essencial para contar parte da história que "O Destino de uma Nação" não contou.

Noruega, 2011. Anders Behring Breivik, consumido pelos seus ideias fundamentalistas cristãos e anti-islâmicos, mata 75 pessoas a tiros em um acampamento na Ilha de Utoya. Os sobreviventes do ataque pedem justiça ao governo Norueguês, enquanto os advogados do terrorista condenado se mobilizam para defendê-lo perante a lei. Confira o trailer:

"22 July" não é visceral como "Utøya", mas nem por isso deixa de ser um grande filme, muito pelo contrário, cinematograficamente falando é até mais relevante pois mostra muito mais do que o ataque a ilha, mostra a causa, a consequência, o debate, os absurdos que o extremismo pode gerar em uma sociedade cheia de pessoas doentes (estou falando só do filme, ok?). O roteiro foi baseado no livro do Åsne Seierstad ("One of Us") - ponto alto do filme ao lado da camera solta, quase documental, do Greengrass.

Se no filme norueguês sofremos com aqueles adolescentes que estavam sem saída na ilha, nessa versão da Netflix vemos o inicio dos atentados, o que pensava o terrorista, como ele agiu, como ele planejou e como ele lidou com a prisão. É curioso que na ilha mesmo, são poucas cenas, e não sentimos falta porque nada é gratuito no filme. As sequências se constroem de uma forma tão orgânica que você nem sente as mais de duas horas passarem.

Pessoalmente achei "Utøya" mais marcante (quase uma experiência sensorial), enquanto "22 July" é mais um entretenimento - os dois são excelentes filmes, que fique claro. A dica, no entanto, é para que você assista os dois e tenha experiências tão diferentes quanto complementares! Pode acreditar, vai valer muito a pena!

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3096 Dias

Esse filme é perturbador! "3096 Dias" (que depois ganhou um complemento no título, ficando "3096 Dias de Cativeiro") não alivia na sua narrativa - uma característica muito marcante do cinema alemão inclusive, mesmo tendo uma diretora americana no comando - Sherry Hormann. Se você assistiu a excelente série documental "O Desaparecimento de Madeleine McCann", fica impossível não conectar as histórias, porém, dessa vez, sob o ponto de vista da vítima - o que traz sentimentos e sensações nada agradáveis, transformando essa experiência em uma jornada bem indigesta.

"3096 Dias" é uma adaptação do livro autobiográfico da austríaca Natascha Kampusch e conta a história de um dos mais brutais casos de sequestro já reportados pela mídia: em 2 de março de 1998, aos 10 anos de idade, Natascha (Amelia Pidgeon e depois Antonia Campbell-Hughes) foi capturada por um homem, Wolfgang Priklopil (Thure Lindhardt), que a manteve em cativeiro por mais de oito anos – ou 3096 dias, precisamente. Confira o trailer:

Outra referência que logo vem a cabeça é o ótimo "O Quarto de Jack", filme de 2015 com Brie Larson e Jacob Tremblay. Acontece que nessa produção alemã, a história não "romantiza" a situação, ela simplesmente expõe os horrores do cativeiro e de ter que se relacionar tanto tempo com um psicopata. Um dos méritos de Ruth Toma, roteirista do filme, foi capturar os momentos mais críticos dessa experiência e transformar em uma narrativa que usa e abusa da expectativa para nos manter grudados na tela. A diretora Sherry Hormann impõe um conceito muito autoral ao filme, trabalhando a narrativa sem se preocupar em dar todas as respostas ou motivações para cada ação - o que traz um caráter independente muito interessante para o filme. A ideia, aliás, é justamente criar uma espécie de confusão com o passar do tempo - algo muito claro e palpável por se tratar de uma história real que foi pautada em anos de abuso psicológico e sexual.

A criação da ambientação é sensacional. O cenário que reconstrói o porão (ou melhor, o cubículo) em que Natascha ficou presa por tanto tempo já ajuda a entender a mente doentia de Wolfgang - saber que ele construiu o local com as próprias mãos, pensando no difícil acesso, em ser um lugar sem janelas, sem cama e sem acesso as condições básicas de higiene, incomoda demais. O desenho de som também merece ser mencionado: reparem que em determinado momento do filme, só de escutar a porta que dá acesso ao porão sendo aberta, já nos causa uma péssima sensação. Outro detalhe: em muitos momentos o silêncio estará tão presente que chegamos a escutar o coração de Natascha batendo, bem ao fundo, quase imperceptível - é um grande trabalho de sonorização.

O elenco também está incrível, mas a última cena da Amelia Pidgeon (a Natascha criança) é de cortar o coração - um monólogo digno de aplausos. O trabalho corporal de Antonia Campbell-Hughes, transformando sua personagem em uma adolescente esquálida e sem vida é impressionante - prestem atenção no olhar e em como ela também se relaciona com todas as oportunidades de sair daquela situação: seja fugindo, se matando, esfaqueando o Wolfgang, etc. O trabalho de Campbell-Hughes me lembrou muito a performance premiada de Shira Haas em "Nada Ortodoxa". Obviamente que Thure Lindhardt está sensacional como Wolfgang Priklopil, principalmente quando passa a expor os problemas de sexualidade do personagem: seja em um ataque de pânico silencioso em uma boate ou até quando obriga Natascha usar cuecas e andar sem camisa em casa, como se fosse um garoto.

"3096 Dias", deixando um pouco de lado sua relação e fidelidade com um livro rico em detalhes, é possível afirmar que o filme entrega o que promete e com louvor: não é fácil adaptar uma obra como essa, com uma uma linha cronológica tão extensa e importante, ainda retratar uma história real tão marcante e complexa, repleta de frieza e crueldade. Olha, é um recorte do que existe de pior no ser humano doente e covarde!

Vale muito o seu play!

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Esse filme é perturbador! "3096 Dias" (que depois ganhou um complemento no título, ficando "3096 Dias de Cativeiro") não alivia na sua narrativa - uma característica muito marcante do cinema alemão inclusive, mesmo tendo uma diretora americana no comando - Sherry Hormann. Se você assistiu a excelente série documental "O Desaparecimento de Madeleine McCann", fica impossível não conectar as histórias, porém, dessa vez, sob o ponto de vista da vítima - o que traz sentimentos e sensações nada agradáveis, transformando essa experiência em uma jornada bem indigesta.

"3096 Dias" é uma adaptação do livro autobiográfico da austríaca Natascha Kampusch e conta a história de um dos mais brutais casos de sequestro já reportados pela mídia: em 2 de março de 1998, aos 10 anos de idade, Natascha (Amelia Pidgeon e depois Antonia Campbell-Hughes) foi capturada por um homem, Wolfgang Priklopil (Thure Lindhardt), que a manteve em cativeiro por mais de oito anos – ou 3096 dias, precisamente. Confira o trailer:

Outra referência que logo vem a cabeça é o ótimo "O Quarto de Jack", filme de 2015 com Brie Larson e Jacob Tremblay. Acontece que nessa produção alemã, a história não "romantiza" a situação, ela simplesmente expõe os horrores do cativeiro e de ter que se relacionar tanto tempo com um psicopata. Um dos méritos de Ruth Toma, roteirista do filme, foi capturar os momentos mais críticos dessa experiência e transformar em uma narrativa que usa e abusa da expectativa para nos manter grudados na tela. A diretora Sherry Hormann impõe um conceito muito autoral ao filme, trabalhando a narrativa sem se preocupar em dar todas as respostas ou motivações para cada ação - o que traz um caráter independente muito interessante para o filme. A ideia, aliás, é justamente criar uma espécie de confusão com o passar do tempo - algo muito claro e palpável por se tratar de uma história real que foi pautada em anos de abuso psicológico e sexual.

A criação da ambientação é sensacional. O cenário que reconstrói o porão (ou melhor, o cubículo) em que Natascha ficou presa por tanto tempo já ajuda a entender a mente doentia de Wolfgang - saber que ele construiu o local com as próprias mãos, pensando no difícil acesso, em ser um lugar sem janelas, sem cama e sem acesso as condições básicas de higiene, incomoda demais. O desenho de som também merece ser mencionado: reparem que em determinado momento do filme, só de escutar a porta que dá acesso ao porão sendo aberta, já nos causa uma péssima sensação. Outro detalhe: em muitos momentos o silêncio estará tão presente que chegamos a escutar o coração de Natascha batendo, bem ao fundo, quase imperceptível - é um grande trabalho de sonorização.

O elenco também está incrível, mas a última cena da Amelia Pidgeon (a Natascha criança) é de cortar o coração - um monólogo digno de aplausos. O trabalho corporal de Antonia Campbell-Hughes, transformando sua personagem em uma adolescente esquálida e sem vida é impressionante - prestem atenção no olhar e em como ela também se relaciona com todas as oportunidades de sair daquela situação: seja fugindo, se matando, esfaqueando o Wolfgang, etc. O trabalho de Campbell-Hughes me lembrou muito a performance premiada de Shira Haas em "Nada Ortodoxa". Obviamente que Thure Lindhardt está sensacional como Wolfgang Priklopil, principalmente quando passa a expor os problemas de sexualidade do personagem: seja em um ataque de pânico silencioso em uma boate ou até quando obriga Natascha usar cuecas e andar sem camisa em casa, como se fosse um garoto.

"3096 Dias", deixando um pouco de lado sua relação e fidelidade com um livro rico em detalhes, é possível afirmar que o filme entrega o que promete e com louvor: não é fácil adaptar uma obra como essa, com uma uma linha cronológica tão extensa e importante, ainda retratar uma história real tão marcante e complexa, repleta de frieza e crueldade. Olha, é um recorte do que existe de pior no ser humano doente e covarde!

Vale muito o seu play!

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438 Dias

Uma das maravilhas desses tempos de streaming é poder ter acesso à filmes incríveis que certamente não teriam a menor chance no circuito comercial das salas de cinema - esse é o caso de "438 Dias", produção sueca do diretor Jesper Ganslandt ( o mesmo de "Dinheiro Fácil: A Série" da Netflix). Muito bem realizado cinematograficamente, essa é uma história que de fato merecia ser contada - então se você gosta de tramas investigativas ou de denúncias que impactam toda uma sociedade, como "150 Miligramas""Minamata" ou "O Preço da Verdade", sua diversão está garantida!

Em 2011 os jornalistas suecos Martin Schibbye (Gustaf Skarsgård) e Johan Persson (Matias Varela) colocaram tudo em jogo, inclusive suas vidas, ao cruzar ilegalmente a fronteira da Somália para a Etiópia. Depois de meses de pesquisa, planejamento e tentativas fracassadas, eles estavam finalmente no caminho para relatar como a implacável busca por petróleo afetou a comunidade da isolada e conflituosa região de Ogaden. Confira o trailer:

Baseado, obviamente, na história real contada no livro escrito pelos próprios protagonistas de "438 Dias", o roteiro de Peter Birro traz para a narrativa vários elementos dramáticos dos títulos referenciados acima, porém com uma diferença fundamental: ele conta sim a jornada investigativa pela qual os jornalistas Johan Persson e Martin Schibbyeo estavam trabalhando, mas o foco mesmo é o incidente que levou a dupla à prisão na Etiópia e suas consequências.

Se apoiando nos relatos pessoais de ambos, Ganslandt foi muito feliz em criar um clima de tensão permanente durante toda a narrativa - provocando sensações bem particulares, o filme mostra como provas foram forjadas, porquê as autoridades queriam evitar que eles investigassem o envolvimento da Lundin Oil na região de Ogaden e como se deu uma eventual participação do Ministro das Relações Exteriores da Suécia (antes um alto diretor da empresa). Olha, existe um equilíbrio perfeito de temas que vai do jornalismo investigativo, passando ao drama político e que culmina nos momentos de terror que os personagens passaram enquanto esperavam seus julgamentos, presos em condições desumanas - e aqui cabe um comentário: o tom de denúncia do filme é tão forte que a estrutura narrativa soa quase como documental, com o diretor, inclusive, impondo um conceito que mistura as duas linguagens (ficção e documentário) em muitas passagens-chave da história.

Agora, é preciso dizer também que "438 Dias" não é um filme sobre prisão, onde a ação muitas vezes se sobrepõe ao drama real - aqui temos uma narrativa que não se apoia em sensacionalismo, ou seja, o roteiro mais sugere do que mostra, não aumenta os fatos e muito menos exagera em passagens que por si só já são impactantes. Claro que existem gatilhos visuais em situações marcantes que provocam certas emoções, mas nunca além da conta e isso transforma a jornada em algo muito mais introspectiva do que expositiva - mesmo que cadenciada demais para alguns, essa escolha foi um golaço do diretor!

Em dias turbulentos, "438 Dias" é um filme importante, para que governos autoritários ou os interesses de grandes corporações não suprimam o direito básico da "liberdade de expressão". Vale muito seu play!  

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Uma das maravilhas desses tempos de streaming é poder ter acesso à filmes incríveis que certamente não teriam a menor chance no circuito comercial das salas de cinema - esse é o caso de "438 Dias", produção sueca do diretor Jesper Ganslandt ( o mesmo de "Dinheiro Fácil: A Série" da Netflix). Muito bem realizado cinematograficamente, essa é uma história que de fato merecia ser contada - então se você gosta de tramas investigativas ou de denúncias que impactam toda uma sociedade, como "150 Miligramas""Minamata" ou "O Preço da Verdade", sua diversão está garantida!

Em 2011 os jornalistas suecos Martin Schibbye (Gustaf Skarsgård) e Johan Persson (Matias Varela) colocaram tudo em jogo, inclusive suas vidas, ao cruzar ilegalmente a fronteira da Somália para a Etiópia. Depois de meses de pesquisa, planejamento e tentativas fracassadas, eles estavam finalmente no caminho para relatar como a implacável busca por petróleo afetou a comunidade da isolada e conflituosa região de Ogaden. Confira o trailer:

Baseado, obviamente, na história real contada no livro escrito pelos próprios protagonistas de "438 Dias", o roteiro de Peter Birro traz para a narrativa vários elementos dramáticos dos títulos referenciados acima, porém com uma diferença fundamental: ele conta sim a jornada investigativa pela qual os jornalistas Johan Persson e Martin Schibbyeo estavam trabalhando, mas o foco mesmo é o incidente que levou a dupla à prisão na Etiópia e suas consequências.

Se apoiando nos relatos pessoais de ambos, Ganslandt foi muito feliz em criar um clima de tensão permanente durante toda a narrativa - provocando sensações bem particulares, o filme mostra como provas foram forjadas, porquê as autoridades queriam evitar que eles investigassem o envolvimento da Lundin Oil na região de Ogaden e como se deu uma eventual participação do Ministro das Relações Exteriores da Suécia (antes um alto diretor da empresa). Olha, existe um equilíbrio perfeito de temas que vai do jornalismo investigativo, passando ao drama político e que culmina nos momentos de terror que os personagens passaram enquanto esperavam seus julgamentos, presos em condições desumanas - e aqui cabe um comentário: o tom de denúncia do filme é tão forte que a estrutura narrativa soa quase como documental, com o diretor, inclusive, impondo um conceito que mistura as duas linguagens (ficção e documentário) em muitas passagens-chave da história.

Agora, é preciso dizer também que "438 Dias" não é um filme sobre prisão, onde a ação muitas vezes se sobrepõe ao drama real - aqui temos uma narrativa que não se apoia em sensacionalismo, ou seja, o roteiro mais sugere do que mostra, não aumenta os fatos e muito menos exagera em passagens que por si só já são impactantes. Claro que existem gatilhos visuais em situações marcantes que provocam certas emoções, mas nunca além da conta e isso transforma a jornada em algo muito mais introspectiva do que expositiva - mesmo que cadenciada demais para alguns, essa escolha foi um golaço do diretor!

Em dias turbulentos, "438 Dias" é um filme importante, para que governos autoritários ou os interesses de grandes corporações não suprimam o direito básico da "liberdade de expressão". Vale muito seu play!  

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548 Dias

"É preciso olhar por nossas crianças!"

Mais uma vez eu inicio um review com esse aviso já que, depois do play, você vai encontrar uma narrativa bastante interessante sobre o que de fato aconteceu com Patricia Aguilar, uma jovem espanhola de 18 anos, que permaneceu refém de uma seita no Peru, entre 2016 e 2018, depois de ficar dois anos trocando mensagens com um falso guru espiritual pela internet. Em 3 episódios extremamente dinâmicos, "548 Dias: Capturadas por uma Seita‘" vai te provocar profundas reflexões sobre o valor de uma relação mais próxima e aberta entre pais e filhos. E reparem: o golaço do documentário escrito e dirigido pela dupla Olmo Figueredo e José Ortuño é justamente o de mostrar os dois lados da história: o dos pais e o da filha. Olha, eu diria que essa é uma saga perturbadora, mas igualmente essencial!

Como dá para imaginar, a minissérie conta a história real de Patricia Aguilar que foge de casa assim que chega à maioridade. A família fica dias sem notícias até que recebe um sinal de vida mais preocupante que seu silêncio: a garota parece estar fora de si, sendo controlada por outra pessoa. Patricia fora manipulada desde os 16 anos por Félix Steven Manrique, conhecido como "Príncipe Gurdjieff", um autointitulado guru que a convenceu ir encontra-lo no Peru. Ao longo dos episódios, a família Aguilar narra com muita honestidade e dor, os longos meses de angústia até recuperar a filha, além de mostrar o primeiro depoimento da própria Patrícia contando a sua versão da história. Confira o trailer:

A partir de um conceito corajoso que mistura depoimentos dos envolvidos nos caso, conversas gravadas dos celulares, reconstituições de passagens importantes da história, animação em estilo japonês e até imagens de arquivo da própria policia peruana, "548 Dias: Capturadas por uma Seita‘" dá uma verdadeira aula de como construir uma narrativa com uma linha temporal complexa pelo tempo a ser retratado, mas ao mesmo tempo humana e honesta, que se preocupa em não esconder as falhas dentro de uma relação familiar que parecia ser tão saudável, do mesmo jeito que explora os perigos escondidos atrás de uma tela de computador e que, infelizmente, não podemos controlar.

Chega ser revoltante a maneira como o roteiro desvenda toda a operação online da seita e como seu idealizador agia de forma coercitiva e manipuladora. Manrique se baseava em ensinamentos espirituais e filosóficos distorcidos, com fortes elementos de manipulação psicológica e lavagem cerebral para recrutar sua vitimas - normalmente mulheres mais jovens em total estado de vulnerabilidade emocional. Mais impressionante até, é como essas vitimas se submetiam aos desejos do falso guru e como ele sempre foi capaz de controlar a situação fazendo com que suas "esposas" acreditassem que ele, de fato, era um ser iluminado e especial. Sem dar spoiler, mas tem uma cena onde uma de suas vitimas, mesmo depois de todos os abusos que sofreu, ainda demonstra carinho e respeito por Manrique.

Certamente "548 días: Captada por una Secta" (no original) vai mexer com suas emoções e julgamentos, mas talvez, mais importante que a dura jornada da família Aguilar em si, seja a mensagem que fica durante os créditos: atenção para os perigos das seitas e o poder que líderes carismáticos podem ter sobre os seguidores vulneráveis! A minissérie sabe exatamente seu lugar como ferramenta de informação e denúncia e, sem cair na morosidade dos jornalismo tradicional, expõe um fluxo de acontecimentos que se mistura ao entretenimento, mas que não esquece do elemento humano. Olmo Figueredo e José Ortuño sabem o valor do drama, mostram a dor de quem fica e de quem vai, mas fazem questão de deixar claro que, nos dias de hoje, ninguém está imune a uma experiência terrível como essa. 

Por tudo isso, vale muito o seu play!

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"É preciso olhar por nossas crianças!"

Mais uma vez eu inicio um review com esse aviso já que, depois do play, você vai encontrar uma narrativa bastante interessante sobre o que de fato aconteceu com Patricia Aguilar, uma jovem espanhola de 18 anos, que permaneceu refém de uma seita no Peru, entre 2016 e 2018, depois de ficar dois anos trocando mensagens com um falso guru espiritual pela internet. Em 3 episódios extremamente dinâmicos, "548 Dias: Capturadas por uma Seita‘" vai te provocar profundas reflexões sobre o valor de uma relação mais próxima e aberta entre pais e filhos. E reparem: o golaço do documentário escrito e dirigido pela dupla Olmo Figueredo e José Ortuño é justamente o de mostrar os dois lados da história: o dos pais e o da filha. Olha, eu diria que essa é uma saga perturbadora, mas igualmente essencial!

Como dá para imaginar, a minissérie conta a história real de Patricia Aguilar que foge de casa assim que chega à maioridade. A família fica dias sem notícias até que recebe um sinal de vida mais preocupante que seu silêncio: a garota parece estar fora de si, sendo controlada por outra pessoa. Patricia fora manipulada desde os 16 anos por Félix Steven Manrique, conhecido como "Príncipe Gurdjieff", um autointitulado guru que a convenceu ir encontra-lo no Peru. Ao longo dos episódios, a família Aguilar narra com muita honestidade e dor, os longos meses de angústia até recuperar a filha, além de mostrar o primeiro depoimento da própria Patrícia contando a sua versão da história. Confira o trailer:

A partir de um conceito corajoso que mistura depoimentos dos envolvidos nos caso, conversas gravadas dos celulares, reconstituições de passagens importantes da história, animação em estilo japonês e até imagens de arquivo da própria policia peruana, "548 Dias: Capturadas por uma Seita‘" dá uma verdadeira aula de como construir uma narrativa com uma linha temporal complexa pelo tempo a ser retratado, mas ao mesmo tempo humana e honesta, que se preocupa em não esconder as falhas dentro de uma relação familiar que parecia ser tão saudável, do mesmo jeito que explora os perigos escondidos atrás de uma tela de computador e que, infelizmente, não podemos controlar.

Chega ser revoltante a maneira como o roteiro desvenda toda a operação online da seita e como seu idealizador agia de forma coercitiva e manipuladora. Manrique se baseava em ensinamentos espirituais e filosóficos distorcidos, com fortes elementos de manipulação psicológica e lavagem cerebral para recrutar sua vitimas - normalmente mulheres mais jovens em total estado de vulnerabilidade emocional. Mais impressionante até, é como essas vitimas se submetiam aos desejos do falso guru e como ele sempre foi capaz de controlar a situação fazendo com que suas "esposas" acreditassem que ele, de fato, era um ser iluminado e especial. Sem dar spoiler, mas tem uma cena onde uma de suas vitimas, mesmo depois de todos os abusos que sofreu, ainda demonstra carinho e respeito por Manrique.

Certamente "548 días: Captada por una Secta" (no original) vai mexer com suas emoções e julgamentos, mas talvez, mais importante que a dura jornada da família Aguilar em si, seja a mensagem que fica durante os créditos: atenção para os perigos das seitas e o poder que líderes carismáticos podem ter sobre os seguidores vulneráveis! A minissérie sabe exatamente seu lugar como ferramenta de informação e denúncia e, sem cair na morosidade dos jornalismo tradicional, expõe um fluxo de acontecimentos que se mistura ao entretenimento, mas que não esquece do elemento humano. Olmo Figueredo e José Ortuño sabem o valor do drama, mostram a dor de quem fica e de quem vai, mas fazem questão de deixar claro que, nos dias de hoje, ninguém está imune a uma experiência terrível como essa. 

Por tudo isso, vale muito o seu play!

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7 Dias em Entebbe

Finalmente "7 Dias em Entebbe", novo filme do brasileiro José Padilha que estreou em Berlin, está disponível no streaming! Antes de mais nada é preciso dizer que o filme foi muito criticado pelo fato do Padilha ter "humanizado" os terroristas e ter focado em relações pouco usuais quando o assunto é o sequestro de um avião cheio de civis que serviriam de moeda de troca para presos políticos. Sinceramente isso não interferiu em absolutamente nada na minha experiência ao assistir o filme - talvez até pelo fato de eu não conhecer muito da história e muito menos estar inserido nesse tipo de discussão.

Em julho de 1976, um voo da Air France que partiu de Tel-Aviv à Paris é sequestrado e forçado a pousar em Entebbe, na Uganda. Os passageiros judeus são mantidos reféns para que seja negociada a liberação dos terroristas e anarquistas palestinos presos em Israel, na Alemanha e na Suécia. Sob pressão, o governo israelita decide organizar uma operação de resgate, atacar o campo de pouso e soltar os reféns. Confira o trailer:

Independente do tipo de abordagem, o que me interessou foi o filme em si e nisso ele é irretocável. Tecnicamente perfeito! A fotografia do Lula Carvalho está linda, com planos muito bem construídos e um movimento de câmera que me agrada muito, equilibrando muito bem o estilo de direção do Padilha com o que a história pedia em cada cena. Aliás, o Padilha vai muito bem (óbvio) e mesmo trazendo uma ou outra referência dos seus antigos trabalhos, não se apoia em muletas que já foram motivo de muitas criticas recentes como aquele voice over de "Narcos" e do "Mecanismo", por exemplo - embora eu nunca tenha achado que era "mais do mesmo" e sim o estilo que ele gosta de imprimir como conceito narrativo e ponto final - escolha puramente pessoal do Diretor!

Eu realmente gostei do filme, trouxe uma sensação muito parecida de quando assisti "Argo", e a construção do roteiro proposta pelo Gregory Burke(de "71: Esquecido em Belfast") fazendo sempre um contraponto com os ensaios de uma companhia de ballet trouxe uma certa poesia para o filme, encaixou muito bem como alivio dramático e fez do trabalho do desenho de som, da mixagem e da trilha sonora um dos pontos mais interessantes do filme! Reparem como tudo se encaixa perfeitamente e nos convidam a refletir sobre tudo o que está acontecendo em Uganda!

Olha, é um filme com a marca do Padilha e ainda bem! Na minha opinião, um dos melhores de 2018!

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Finalmente "7 Dias em Entebbe", novo filme do brasileiro José Padilha que estreou em Berlin, está disponível no streaming! Antes de mais nada é preciso dizer que o filme foi muito criticado pelo fato do Padilha ter "humanizado" os terroristas e ter focado em relações pouco usuais quando o assunto é o sequestro de um avião cheio de civis que serviriam de moeda de troca para presos políticos. Sinceramente isso não interferiu em absolutamente nada na minha experiência ao assistir o filme - talvez até pelo fato de eu não conhecer muito da história e muito menos estar inserido nesse tipo de discussão.

Em julho de 1976, um voo da Air France que partiu de Tel-Aviv à Paris é sequestrado e forçado a pousar em Entebbe, na Uganda. Os passageiros judeus são mantidos reféns para que seja negociada a liberação dos terroristas e anarquistas palestinos presos em Israel, na Alemanha e na Suécia. Sob pressão, o governo israelita decide organizar uma operação de resgate, atacar o campo de pouso e soltar os reféns. Confira o trailer:

Independente do tipo de abordagem, o que me interessou foi o filme em si e nisso ele é irretocável. Tecnicamente perfeito! A fotografia do Lula Carvalho está linda, com planos muito bem construídos e um movimento de câmera que me agrada muito, equilibrando muito bem o estilo de direção do Padilha com o que a história pedia em cada cena. Aliás, o Padilha vai muito bem (óbvio) e mesmo trazendo uma ou outra referência dos seus antigos trabalhos, não se apoia em muletas que já foram motivo de muitas criticas recentes como aquele voice over de "Narcos" e do "Mecanismo", por exemplo - embora eu nunca tenha achado que era "mais do mesmo" e sim o estilo que ele gosta de imprimir como conceito narrativo e ponto final - escolha puramente pessoal do Diretor!

Eu realmente gostei do filme, trouxe uma sensação muito parecida de quando assisti "Argo", e a construção do roteiro proposta pelo Gregory Burke(de "71: Esquecido em Belfast") fazendo sempre um contraponto com os ensaios de uma companhia de ballet trouxe uma certa poesia para o filme, encaixou muito bem como alivio dramático e fez do trabalho do desenho de som, da mixagem e da trilha sonora um dos pontos mais interessantes do filme! Reparem como tudo se encaixa perfeitamente e nos convidam a refletir sobre tudo o que está acontecendo em Uganda!

Olha, é um filme com a marca do Padilha e ainda bem! Na minha opinião, um dos melhores de 2018!

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7500

"7500" é mais uma excelente surpresa que você pode encontrar na Prime Vídeo! O filme acompanha a história de um voo entre Alemanha e França que sofre uma tentativa de ataque terrorista comandada por extremistas muçulmanos. O interessante, porém, é que o diretor e roteirista alemão, Patrick Vollrath, acabou criando uma atmosfera de tensão quase insuportável ao decidir nos mostrar um único ponto de vista dessa situação de terror: a do co-piloto Tobias Ellis (Joseph Gordon-Levitt), "preso" em sua cabine de comando! Confira o trailer (em inglês):

Para quem gosta desse estilo de filme, a lembrança do ótimo "Voo United 93", do grande diretor Paul Greengrass, surgirá imediatamente na memória. Pelo estilo da câmera solta, mais nervosa, quase documental, ao conceito narrativo escolhido para contar a história, "7500" bebe da mesma fonte com muita competência e nos coloca dentro do avião sem pedir muita licença. Vollrath não economiza ao mostrar os momentos de desespero do protagonista ao ter que tomar decisões muito difíceis, ao mesmo tempo que apenas sugere o que está acontecendo entre a tripulação, passageiros e terroristas fora da cabine. De fato, pode parecer que a história está incompleta, mas a sensação acaba sendo tão claustrofóbica e profunda que temos a impressão de estarmos assistindo uma transmissão ao vivo de tudo aquilo! Mas aqui cabe um aviso importante: "7500" não é um filme de ação, é um drama quase psicológico, angustiante pela veracidade das situações e muito difícil de digerir. Vale muito a pena, mesmo!

Como curiosidade, o código de emergência em situações de seqüestro de um avião é "7500" e a apropriação dessa importante informação para ser o ponto de partida desse filme se justifica desde as primeiras cenas. Enquanto os créditos iniciais ainda são mostrados, vemos a imagem de monitores de segurança acompanhando (e apresentando) os terroristas - muito parecido com o que vimos exaustivamente durante as investigações do 11 de setembro, inclusive. Enquanto isso o co-piloto Tobias Ellis e o comandante Michael Lutzmann (Carlo Kitzlinger) fazem todo o procedimento de checagem e preparação para o voo -  eles conversam sobre amenidades, mas já se cria uma relação de empatia com quem assiste ao filme que é impressionante. A câmera se move pouco, o ambiente é realmente muito apertado, escuro, mas o trabalho dos atores deixa transparecer que tudo aquilo é muito aconchegante para ambos. Ao mesmo tempo, a tripulação vai recebendo os passageiros que estão embarcando - temos a impressão de estarmos espiando a cena, até que vemos um dos terroristas passando sem gerar nenhuma suspeita - claro que sabemos o que vai acontecer, mas a forma como esse prólogo é construído já nos incomoda demais! A partir daí, entre a decolagem e o inicio do ato terrorista, vemos um show de direção, um domínio impressionante da gramática cinematográfica do suspense, sem ter que mostrar muito, muitas vezes observando situações apenas pelo monitor da cabine, ou somente escutando a crescente tensão entre os terroristas e passageiros fora dali! Reparem, é sensacional!

Patrick Vollrath é comedido, mas também tem uma direção potente, que até Joseph Gordon-Levitt chama atenção pela sua imersão comovente ao viver aquela situação extrema - ele consegue transmitir todo o peso de ser o responsável por tentar manter passageiros e tripulação seguros ao mesmo tempo em que tem que seguir alguns protocolos para evitar uma tragédia ainda maior. É um trabalho complicado, solitário, silencioso muitas vezes, mas Gordon-Levitt entrega todos esses sentimentos com muita habilidade - eu diria até que o filme poderia ter se tornado um fiasco não fosse seu trabalho! Vollrath, indicado ao Oscar com seu curta-metragem "Tudo ficará bem" de 2016, tem ao seu lado Sebastian Thaler como diretor de Fotografia, e ambos praticamente se completam nesse filme. Thaler usa da restrição de movimento (e das escolhas perfeitas das lentes) sua principal arma, com isso, tudo que vemos na tela fica palpável, visceral! 

"7500" nos transporta, em apenas 90 minutos, para o inferno de uma situação improvável com uma verdade perturbadora. Se em alguns momentos o filme pode parecer simplista demais, fica claro que o grande objetivo foi contar uma história pelo ponto de vista de um único personagem que agiu com coragem, cautela, paciência e até desespero, de uma jeito tão humano que acabou transformando o ato de assistir um filme bom em uma ótima experiência! 

Imperdível!

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"7500" é mais uma excelente surpresa que você pode encontrar na Prime Vídeo! O filme acompanha a história de um voo entre Alemanha e França que sofre uma tentativa de ataque terrorista comandada por extremistas muçulmanos. O interessante, porém, é que o diretor e roteirista alemão, Patrick Vollrath, acabou criando uma atmosfera de tensão quase insuportável ao decidir nos mostrar um único ponto de vista dessa situação de terror: a do co-piloto Tobias Ellis (Joseph Gordon-Levitt), "preso" em sua cabine de comando! Confira o trailer (em inglês):

Para quem gosta desse estilo de filme, a lembrança do ótimo "Voo United 93", do grande diretor Paul Greengrass, surgirá imediatamente na memória. Pelo estilo da câmera solta, mais nervosa, quase documental, ao conceito narrativo escolhido para contar a história, "7500" bebe da mesma fonte com muita competência e nos coloca dentro do avião sem pedir muita licença. Vollrath não economiza ao mostrar os momentos de desespero do protagonista ao ter que tomar decisões muito difíceis, ao mesmo tempo que apenas sugere o que está acontecendo entre a tripulação, passageiros e terroristas fora da cabine. De fato, pode parecer que a história está incompleta, mas a sensação acaba sendo tão claustrofóbica e profunda que temos a impressão de estarmos assistindo uma transmissão ao vivo de tudo aquilo! Mas aqui cabe um aviso importante: "7500" não é um filme de ação, é um drama quase psicológico, angustiante pela veracidade das situações e muito difícil de digerir. Vale muito a pena, mesmo!

Como curiosidade, o código de emergência em situações de seqüestro de um avião é "7500" e a apropriação dessa importante informação para ser o ponto de partida desse filme se justifica desde as primeiras cenas. Enquanto os créditos iniciais ainda são mostrados, vemos a imagem de monitores de segurança acompanhando (e apresentando) os terroristas - muito parecido com o que vimos exaustivamente durante as investigações do 11 de setembro, inclusive. Enquanto isso o co-piloto Tobias Ellis e o comandante Michael Lutzmann (Carlo Kitzlinger) fazem todo o procedimento de checagem e preparação para o voo -  eles conversam sobre amenidades, mas já se cria uma relação de empatia com quem assiste ao filme que é impressionante. A câmera se move pouco, o ambiente é realmente muito apertado, escuro, mas o trabalho dos atores deixa transparecer que tudo aquilo é muito aconchegante para ambos. Ao mesmo tempo, a tripulação vai recebendo os passageiros que estão embarcando - temos a impressão de estarmos espiando a cena, até que vemos um dos terroristas passando sem gerar nenhuma suspeita - claro que sabemos o que vai acontecer, mas a forma como esse prólogo é construído já nos incomoda demais! A partir daí, entre a decolagem e o inicio do ato terrorista, vemos um show de direção, um domínio impressionante da gramática cinematográfica do suspense, sem ter que mostrar muito, muitas vezes observando situações apenas pelo monitor da cabine, ou somente escutando a crescente tensão entre os terroristas e passageiros fora dali! Reparem, é sensacional!

Patrick Vollrath é comedido, mas também tem uma direção potente, que até Joseph Gordon-Levitt chama atenção pela sua imersão comovente ao viver aquela situação extrema - ele consegue transmitir todo o peso de ser o responsável por tentar manter passageiros e tripulação seguros ao mesmo tempo em que tem que seguir alguns protocolos para evitar uma tragédia ainda maior. É um trabalho complicado, solitário, silencioso muitas vezes, mas Gordon-Levitt entrega todos esses sentimentos com muita habilidade - eu diria até que o filme poderia ter se tornado um fiasco não fosse seu trabalho! Vollrath, indicado ao Oscar com seu curta-metragem "Tudo ficará bem" de 2016, tem ao seu lado Sebastian Thaler como diretor de Fotografia, e ambos praticamente se completam nesse filme. Thaler usa da restrição de movimento (e das escolhas perfeitas das lentes) sua principal arma, com isso, tudo que vemos na tela fica palpável, visceral! 

"7500" nos transporta, em apenas 90 minutos, para o inferno de uma situação improvável com uma verdade perturbadora. Se em alguns momentos o filme pode parecer simplista demais, fica claro que o grande objetivo foi contar uma história pelo ponto de vista de um único personagem que agiu com coragem, cautela, paciência e até desespero, de uma jeito tão humano que acabou transformando o ato de assistir um filme bom em uma ótima experiência! 

Imperdível!

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