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Fuja

"Fuja" é a boa opção de entretenimento da Netflix. Um drama familiar recheado de momentos de tensão e ótimas atuações. O diretor Aneesh Chaganty já deu mostras da sua criatividade e objetividade no disruptivo "Buscando..." (2018). Aqui, ele traz mais uma história urgente e ágil; porém, adota uma estética tradicional para compor sua narrativa.

Na trama, temos uma adolescente, Chloe (Kiera Allen), que nasceu com várias doenças físicas, exigindo adaptações na sua casa e na sua alimentação. Apesar disso, logo percebemos que a rotina dela é excessivamente controlada pela mãe (Sarah Paulson): de homeschooling (substituição da escola por estudos em casa) à restrição total de celular. Após presenciar alguns acontecimentos estranhos, desconfiada, Chloe inicia uma espécie de investigação que a leva a descobertas surpreendentes. Confira o trailer:

A superação física e a inteligência de Chloe faz com que tenhamos empatia imediata por ela. Isso é fundamental para que a narrativa funcione, pois é através do ponto de vista dela que enxergamos a história. Ponto para a atriz Kiera Allen, que ainda possui poucos trabalhos no currículo. E o que falar de Sarah Paulson? A queridinha do universo das séries honra sua fama de "força da natureza", dando vida (e morbidade) a uma mãe dúbia, controladora e misteriosa. É interessante notar que, apesar de não ser a protagonista, ela é vendida como tal na divulgação do filme, tamanho o prestígio que sua imagem tem.

O roteiro acha soluções criativas para os obstáculos enfrentados pela jovem. Além disso, é competente em criar tensão e preciso na duração das cenas. Entretanto, sofre com a estrutura convencional e relativamente previsível, perdendo forças no ato final – principalmente se você conhece histórias recentes como "Objetos Cortantes" e "The Act". Com um desfecho controverso (ou seria apenas subversivo?), "Run" (título original) é um thriller competente e bem executado. Para além do entretenimento, a reflexão causada não é das mais profundas. E menos ainda otimistas!

Vale seu play desde que acompanhado com muita pipoca!

Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria @dicastreaming 

Assista Agora

"Fuja" é a boa opção de entretenimento da Netflix. Um drama familiar recheado de momentos de tensão e ótimas atuações. O diretor Aneesh Chaganty já deu mostras da sua criatividade e objetividade no disruptivo "Buscando..." (2018). Aqui, ele traz mais uma história urgente e ágil; porém, adota uma estética tradicional para compor sua narrativa.

Na trama, temos uma adolescente, Chloe (Kiera Allen), que nasceu com várias doenças físicas, exigindo adaptações na sua casa e na sua alimentação. Apesar disso, logo percebemos que a rotina dela é excessivamente controlada pela mãe (Sarah Paulson): de homeschooling (substituição da escola por estudos em casa) à restrição total de celular. Após presenciar alguns acontecimentos estranhos, desconfiada, Chloe inicia uma espécie de investigação que a leva a descobertas surpreendentes. Confira o trailer:

A superação física e a inteligência de Chloe faz com que tenhamos empatia imediata por ela. Isso é fundamental para que a narrativa funcione, pois é através do ponto de vista dela que enxergamos a história. Ponto para a atriz Kiera Allen, que ainda possui poucos trabalhos no currículo. E o que falar de Sarah Paulson? A queridinha do universo das séries honra sua fama de "força da natureza", dando vida (e morbidade) a uma mãe dúbia, controladora e misteriosa. É interessante notar que, apesar de não ser a protagonista, ela é vendida como tal na divulgação do filme, tamanho o prestígio que sua imagem tem.

O roteiro acha soluções criativas para os obstáculos enfrentados pela jovem. Além disso, é competente em criar tensão e preciso na duração das cenas. Entretanto, sofre com a estrutura convencional e relativamente previsível, perdendo forças no ato final – principalmente se você conhece histórias recentes como "Objetos Cortantes" e "The Act". Com um desfecho controverso (ou seria apenas subversivo?), "Run" (título original) é um thriller competente e bem executado. Para além do entretenimento, a reflexão causada não é das mais profundas. E menos ainda otimistas!

Vale seu play desde que acompanhado com muita pipoca!

Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria @dicastreaming 

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Fyre Festival

"Fyre Festival" é o Instagram da vida real!!!! Só por essa frase eu te digo: "não deixe de assistir esse documentário da Netflix!!!!"

Agora vamos lá: em meados de 2017, o empresário Billy McFarland teve a brilhante idéia de fazer um Festival de Música em uma ilha particular, que ele supostamente havia comprado nas Bahamas, para promover um app que ele também tinha acabado de lançar. Para isso, Billy se associou ao rapper Ja Rule e começaram, juntos, a organizar o que viria a ser o maior fiasco da história dos Festivais. O projeto era grandioso, caro, difícil de realizar, mas inicialmente pareceu verdadeiro e incrivelmente tentador - alguns investidores e milhares de pessoas que compraram o ingresso caríssimo que o digam!!! Bom, como dizem por aí: o papel aceita tudo!!! Era óbvio que seria impossível transformar aquela idéia megalomaníaca em realidade em tão pouco tempo (e sem uma equipe experiente por trás)! Em todas as reuniões eles estavam sempre com uma cerveja na mão, o clima já era de festa, quase irresponsável... e todo mundo se envolvia com essa atmosfera!!! Surreal demais!!!

Feita essa introdução, já se pode imaginar o que aconteceu, certo? Errado!!! É muito pior... e é justamente por isso que o documentário é imperdível, pois a maneira como o diretor Chris Smith (de “Jim & Andy”) vai desvendando os bastidores do evento faz surgir uma quantidade tão grande de sensações em quem assiste que não tem como você não se envolver com a história ou com aquela situação constrangedora. Chega ser inacreditável! Confira o trailer:

Outro ponto alto é a construção do "personagem McFarland" - ela é tão precisa que em um determinado momento do filme você acaba torcendo para ele!!! Juro!!! Meu amigo, o cara é um poço de carisma, de auto-confiança e é aí que a comparação com o Instagram faz todo sentido, porque vamos descobrindo que aquilo que vemos é tudo fachada!!!!! E pode ficar tranquilo, isso não é spoiler e não vai atrapalhar em nada sua experiência, porque o objetivo do filme é justamente esse: entender em qual momento que as máscaras começam a cair e quando um projeto legítimo se transforma em uma fralde!!! Lembram da história do cara que se passou pelo dono da Gol e que foi até entrevistado pelo Amaury Jr. no camarote do carnaval de salvador alguns anos atrás? Pois é, Billy McFarland coloca esse cara no chinelo em proporções inimagináveis!!!

"Fyre Festival" é um documentário que deveria ser obrigatório para quem trabalha com eventos, mas também um material de reflexão para todos nós, pois o que acontece ali é só o reflexo dessa "sociedade de faz de conta" que vivemos hoje em dia, onde a superficialidade de uma "imagem" (desde que seja bonita ou ostensiva, claro) vale muito mais do que a verdade em si - e olha que essa critica não é minha, é só uma das muitas discussões levantadas por pessoas que estiveram envolvidas de alguma forma nesse evento ou com o próprio Billy. 

Pode apertar o play tranquilamente, mas se prepare para o turbilhão de emoções que o documentário vai te propor...

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"Fyre Festival" é o Instagram da vida real!!!! Só por essa frase eu te digo: "não deixe de assistir esse documentário da Netflix!!!!"

Agora vamos lá: em meados de 2017, o empresário Billy McFarland teve a brilhante idéia de fazer um Festival de Música em uma ilha particular, que ele supostamente havia comprado nas Bahamas, para promover um app que ele também tinha acabado de lançar. Para isso, Billy se associou ao rapper Ja Rule e começaram, juntos, a organizar o que viria a ser o maior fiasco da história dos Festivais. O projeto era grandioso, caro, difícil de realizar, mas inicialmente pareceu verdadeiro e incrivelmente tentador - alguns investidores e milhares de pessoas que compraram o ingresso caríssimo que o digam!!! Bom, como dizem por aí: o papel aceita tudo!!! Era óbvio que seria impossível transformar aquela idéia megalomaníaca em realidade em tão pouco tempo (e sem uma equipe experiente por trás)! Em todas as reuniões eles estavam sempre com uma cerveja na mão, o clima já era de festa, quase irresponsável... e todo mundo se envolvia com essa atmosfera!!! Surreal demais!!!

Feita essa introdução, já se pode imaginar o que aconteceu, certo? Errado!!! É muito pior... e é justamente por isso que o documentário é imperdível, pois a maneira como o diretor Chris Smith (de “Jim & Andy”) vai desvendando os bastidores do evento faz surgir uma quantidade tão grande de sensações em quem assiste que não tem como você não se envolver com a história ou com aquela situação constrangedora. Chega ser inacreditável! Confira o trailer:

Outro ponto alto é a construção do "personagem McFarland" - ela é tão precisa que em um determinado momento do filme você acaba torcendo para ele!!! Juro!!! Meu amigo, o cara é um poço de carisma, de auto-confiança e é aí que a comparação com o Instagram faz todo sentido, porque vamos descobrindo que aquilo que vemos é tudo fachada!!!!! E pode ficar tranquilo, isso não é spoiler e não vai atrapalhar em nada sua experiência, porque o objetivo do filme é justamente esse: entender em qual momento que as máscaras começam a cair e quando um projeto legítimo se transforma em uma fralde!!! Lembram da história do cara que se passou pelo dono da Gol e que foi até entrevistado pelo Amaury Jr. no camarote do carnaval de salvador alguns anos atrás? Pois é, Billy McFarland coloca esse cara no chinelo em proporções inimagináveis!!!

"Fyre Festival" é um documentário que deveria ser obrigatório para quem trabalha com eventos, mas também um material de reflexão para todos nós, pois o que acontece ali é só o reflexo dessa "sociedade de faz de conta" que vivemos hoje em dia, onde a superficialidade de uma "imagem" (desde que seja bonita ou ostensiva, claro) vale muito mais do que a verdade em si - e olha que essa critica não é minha, é só uma das muitas discussões levantadas por pessoas que estiveram envolvidas de alguma forma nesse evento ou com o próprio Billy. 

Pode apertar o play tranquilamente, mas se prepare para o turbilhão de emoções que o documentário vai te propor...

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GameStop contra Wall Street

Se "Gaming Wall Street" da HBO usou o caso da GameStop para discutir um fluxo de falhas no sistema financeiro americano, "GameStop contra Wall Street" faz justamente o contrário, ele se apoia em uma estrutura narrativa bastante eficiente e didaticamente das mais competentes para contar a história de uma quase falida loja de games que, graças ao mindset ganancioso e predatório de Wall Street, provocou um embate histórico entre pequenos investidores e grandes corretoras de investimento.

A minissérie em três partes da Netflix mostra justamente como esse grupo de pessoas sem muita experiência no mercado de ações se uniu pela internet para resgatar a GameStop da falência e assim se colocar em direta rota de colisão com grandes investidores de Wall Street que lucrariam muito se esse destino que parecia certo se concretizasse. Confira o trailer:

Vendido como "uma verdadeira saga de Davi contra Golias viralizada e ambientada no século 21", "GameStop contra Wall Street" é extremamente eficaz em posicionar a audiência em uma atmosfera onde seus protagonistas naturalmente entrariam em choque em algum momento. De um lado o cidadão comum, imerso na cultura da internet e que graças as novas tecnologias, como a do app "Robinhood", passou a ser capaz de controlar suas estratégias de investimento em ações sem depender de corretoras e de suas taxas de corretagem. Do outro lado o status-quo, o tradicional, o universo ganancioso (e preparado só para "ganhar dinheiro") de Wall Street. Acontece, e aí está o grande mérito do documentário e do diretor Theo Love (de "A Cobra do Alabama" e produtor de "McMillions"), que esses dois lados se misturam, se embaralham e, principalmente, se confundem sem perceber que o objetivo de ambos é impreterivelmente o mesmo: se dar bem, e rápido. Se atentem na história de Keith Gill, também conhecido no Reddit como DeepFuckingValue, e veja como essa fusão de ideais que a princípio soariam antagônicas, na verdade são mais complementares do que imaginamos.

O roteiro do próprio Love foi muito feliz em estabelecer vários conceitos financeiros como gatilhos para entendermos o que de fato aconteceu - tudo apresentado da forma mais simples possível. Mesmo que algumas dessas explicações possam soar superficiais para alguns, dentro do contexto do documentário, tudo fica muito fluido e se encaixa perfeitamente na linguagem fragmentada e moderninha que o diretor defendeu em toda sua narrativa. Com uma edição que prioriza essa linguagem, sempre com um leve toque de humor e ironia, "Eat the Rich: The GameStop Saga" (no original) se aproveita de muitos depoimentos, de muitos personagens interessantes, de imagens de arquivo da mídia e de ótimas inserções gráficas para detalhar essa história tão absurda quanto surpreendente, com muito mais qualidade e nuances do que encontramos na obra da HBO - aliás, eu diria até que "Gaming Wall Street" serve como uma boa introdução para "GameStop contra Wall Street".

Embora com um certo exagero nas piadinhas "de internet" (mesmo que esse exagero nem seja tão fora da realidade assim), "GameStop contra Wall Street" é mais um exemplo de narrativa capaz de entreter ao mesmo tempo em que cria uma espécie de senso crítico sem soar "burocrática" ou "chapa branca" demais - é perceptível a preocupação de Theo Love em sempre mostrar os dois lados das histórias, para que nós como audiência tenhamos a liberdade de encontrar as respostas que mais se alinhem com o que acreditamos.

Vale muito a pena!

Assista Agora

Se "Gaming Wall Street" da HBO usou o caso da GameStop para discutir um fluxo de falhas no sistema financeiro americano, "GameStop contra Wall Street" faz justamente o contrário, ele se apoia em uma estrutura narrativa bastante eficiente e didaticamente das mais competentes para contar a história de uma quase falida loja de games que, graças ao mindset ganancioso e predatório de Wall Street, provocou um embate histórico entre pequenos investidores e grandes corretoras de investimento.

A minissérie em três partes da Netflix mostra justamente como esse grupo de pessoas sem muita experiência no mercado de ações se uniu pela internet para resgatar a GameStop da falência e assim se colocar em direta rota de colisão com grandes investidores de Wall Street que lucrariam muito se esse destino que parecia certo se concretizasse. Confira o trailer:

Vendido como "uma verdadeira saga de Davi contra Golias viralizada e ambientada no século 21", "GameStop contra Wall Street" é extremamente eficaz em posicionar a audiência em uma atmosfera onde seus protagonistas naturalmente entrariam em choque em algum momento. De um lado o cidadão comum, imerso na cultura da internet e que graças as novas tecnologias, como a do app "Robinhood", passou a ser capaz de controlar suas estratégias de investimento em ações sem depender de corretoras e de suas taxas de corretagem. Do outro lado o status-quo, o tradicional, o universo ganancioso (e preparado só para "ganhar dinheiro") de Wall Street. Acontece, e aí está o grande mérito do documentário e do diretor Theo Love (de "A Cobra do Alabama" e produtor de "McMillions"), que esses dois lados se misturam, se embaralham e, principalmente, se confundem sem perceber que o objetivo de ambos é impreterivelmente o mesmo: se dar bem, e rápido. Se atentem na história de Keith Gill, também conhecido no Reddit como DeepFuckingValue, e veja como essa fusão de ideais que a princípio soariam antagônicas, na verdade são mais complementares do que imaginamos.

O roteiro do próprio Love foi muito feliz em estabelecer vários conceitos financeiros como gatilhos para entendermos o que de fato aconteceu - tudo apresentado da forma mais simples possível. Mesmo que algumas dessas explicações possam soar superficiais para alguns, dentro do contexto do documentário, tudo fica muito fluido e se encaixa perfeitamente na linguagem fragmentada e moderninha que o diretor defendeu em toda sua narrativa. Com uma edição que prioriza essa linguagem, sempre com um leve toque de humor e ironia, "Eat the Rich: The GameStop Saga" (no original) se aproveita de muitos depoimentos, de muitos personagens interessantes, de imagens de arquivo da mídia e de ótimas inserções gráficas para detalhar essa história tão absurda quanto surpreendente, com muito mais qualidade e nuances do que encontramos na obra da HBO - aliás, eu diria até que "Gaming Wall Street" serve como uma boa introdução para "GameStop contra Wall Street".

Embora com um certo exagero nas piadinhas "de internet" (mesmo que esse exagero nem seja tão fora da realidade assim), "GameStop contra Wall Street" é mais um exemplo de narrativa capaz de entreter ao mesmo tempo em que cria uma espécie de senso crítico sem soar "burocrática" ou "chapa branca" demais - é perceptível a preocupação de Theo Love em sempre mostrar os dois lados das histórias, para que nós como audiência tenhamos a liberdade de encontrar as respostas que mais se alinhem com o que acreditamos.

Vale muito a pena!

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GDLK

Se em "Console Wars", citamos na análise que o filme funcionava "quase" como um estudo de caso (Nintendo X Sega) de uma boa pós-graduação, então posso dizer tranquilamente que "GDLK" é um overview bastante interessante de como o mercado de games foi se transformando, pelo ponto de vista de vários personagens que atuaram ativamente nesse processo. Diferente do documentário da HBO, essa série de seis episódios da Netflix não se preocupa tanto com decisões corporativas, de marketing ou de gestão, mas sim com o fator humano e como o setor foi inovando, respeitando uma cronologia temporal bem pontuada, com ótimas histórias e muitas curiosidades, como essa, por exemplo:

"GDLK" é uma série documental que não se obriga a fazer um mergulho profundo nos temas mais marcantes de uma revolução mercadológica, mas sim em discutir a era dourada dos videogames, em uma época onde surgiram clássicos como Pac-Man ou Doom. Focando no talento (e muita força de vontade), esses pioneiros da computação e artistas visionários de todo o mundo deram vida aos icônicos jogos: Space Invaders, Final Fantasy, Street Fighter II, Mortal Kombat, Sonic the Hedgehog, John Madden Football e muitos outros. Sem regras ou orientações, jogadores e desenvolvedores descobriram novas formas de se entreter e, claro, ganhar muito dinheiro, destruir rivais e conquistar milhões de fãs e é assim, ponto a ponto, que "High Score" (título original) conta a história das mentes por trás dos pixels e de como essas invenções construíram uma indústria multibilionária — quase por acidente.

Não por acaso, "GDLK" é narrada por Charles Martinet – a famosa voz do Mário. A série dedica cada episódio a um gênero, tema ou período da história dos games, focando na experiência dos desenvolvedores e game designers na busca por executarem suas ideias. A partir dessa escolha narrativa, descobrimos como o jogos de esportes foram se transformando ou até como os Adventures surgiram. Também entendemos a força do marketing na criação de uma legião de fãs e como os e-sports se tornaram uma ferramenta de vendas de jogos e consoles.

Com entrevistas bem humoradas, a série nos cativa logo de cara - já que cada personagem dá seu depoimento muito mais com o coração do que com a razão! Com um roteiro muito inteligente e que amarrara várias histórias em um mesmo episódio, o trabalho da edição da série só imprime o ritmo que foi planejado, intercalando verdadeiros testemunhais, com imagens de arquivo e ótimas sequências de animação 8 bits. 

Como "Console Wars", o fator nostálgico trás um poder emocional muito bacana para a experiência de assistir a série. Se você tem mais de 40 anos, certamente viveu essa evolução de um ponto de vista diferente, mais inocente, cheio de fantasia e desejo de experimentar essas novidades, e isso é muito interessante, pois não será difícil se colocar (ou lembrar de situações) em cada uma das fases que o documentário retrata - é quase como se nos víssemos ali, fazendo parte daquela história! É claro que "GDLK" vai impactar mais quem gosta de video-game ou quem viveu os anos 80 e 90, mas de qualquer forma a recomendação é válida, pois a série merece ser vista pelo seu recorte histórico e por provocar uma reflexão importante: muito do que assistimos (e encontramos) hoje em dia, nada mais são, do que a confirmação de várias teses levantadas lá atrás, que se confirmaram e provaram ser o caminho natural do entretenimento em vários níveis - mais ou menos como a "guerra do streaming" apresenta na atualidade!

O bacana é que ainda existe muito mais histórias para se contar e a expectativa é que tenhamos uma segunda temporada em breve. Vamos aguardar! Por enquanto te garanto: "GDLK" vale muito o seu play!

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Se em "Console Wars", citamos na análise que o filme funcionava "quase" como um estudo de caso (Nintendo X Sega) de uma boa pós-graduação, então posso dizer tranquilamente que "GDLK" é um overview bastante interessante de como o mercado de games foi se transformando, pelo ponto de vista de vários personagens que atuaram ativamente nesse processo. Diferente do documentário da HBO, essa série de seis episódios da Netflix não se preocupa tanto com decisões corporativas, de marketing ou de gestão, mas sim com o fator humano e como o setor foi inovando, respeitando uma cronologia temporal bem pontuada, com ótimas histórias e muitas curiosidades, como essa, por exemplo:

"GDLK" é uma série documental que não se obriga a fazer um mergulho profundo nos temas mais marcantes de uma revolução mercadológica, mas sim em discutir a era dourada dos videogames, em uma época onde surgiram clássicos como Pac-Man ou Doom. Focando no talento (e muita força de vontade), esses pioneiros da computação e artistas visionários de todo o mundo deram vida aos icônicos jogos: Space Invaders, Final Fantasy, Street Fighter II, Mortal Kombat, Sonic the Hedgehog, John Madden Football e muitos outros. Sem regras ou orientações, jogadores e desenvolvedores descobriram novas formas de se entreter e, claro, ganhar muito dinheiro, destruir rivais e conquistar milhões de fãs e é assim, ponto a ponto, que "High Score" (título original) conta a história das mentes por trás dos pixels e de como essas invenções construíram uma indústria multibilionária — quase por acidente.

Não por acaso, "GDLK" é narrada por Charles Martinet – a famosa voz do Mário. A série dedica cada episódio a um gênero, tema ou período da história dos games, focando na experiência dos desenvolvedores e game designers na busca por executarem suas ideias. A partir dessa escolha narrativa, descobrimos como o jogos de esportes foram se transformando ou até como os Adventures surgiram. Também entendemos a força do marketing na criação de uma legião de fãs e como os e-sports se tornaram uma ferramenta de vendas de jogos e consoles.

Com entrevistas bem humoradas, a série nos cativa logo de cara - já que cada personagem dá seu depoimento muito mais com o coração do que com a razão! Com um roteiro muito inteligente e que amarrara várias histórias em um mesmo episódio, o trabalho da edição da série só imprime o ritmo que foi planejado, intercalando verdadeiros testemunhais, com imagens de arquivo e ótimas sequências de animação 8 bits. 

Como "Console Wars", o fator nostálgico trás um poder emocional muito bacana para a experiência de assistir a série. Se você tem mais de 40 anos, certamente viveu essa evolução de um ponto de vista diferente, mais inocente, cheio de fantasia e desejo de experimentar essas novidades, e isso é muito interessante, pois não será difícil se colocar (ou lembrar de situações) em cada uma das fases que o documentário retrata - é quase como se nos víssemos ali, fazendo parte daquela história! É claro que "GDLK" vai impactar mais quem gosta de video-game ou quem viveu os anos 80 e 90, mas de qualquer forma a recomendação é válida, pois a série merece ser vista pelo seu recorte histórico e por provocar uma reflexão importante: muito do que assistimos (e encontramos) hoje em dia, nada mais são, do que a confirmação de várias teses levantadas lá atrás, que se confirmaram e provaram ser o caminho natural do entretenimento em vários níveis - mais ou menos como a "guerra do streaming" apresenta na atualidade!

O bacana é que ainda existe muito mais histórias para se contar e a expectativa é que tenhamos uma segunda temporada em breve. Vamos aguardar! Por enquanto te garanto: "GDLK" vale muito o seu play!

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Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão

Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão

O documentário "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" é praticamente uma escolha obrigatória para quem assistiu (e gostou) de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão". Embora sem o mesmo brilhantismo narrativo da minissérie de 4 episódios que nos apresentou os detalhes mais secretos do esquema de pirâmide sexual com menores de Epstein, que envolvia poderosos políticos, empresários, acadêmicos e até celebridades; o filme sobre sua parceira Ghislaine serve, basicamente, como um epílogo de uma história que embrulha o estômago por todo contexto que envolveu suas vítimas.

Este documentário parte dos pontos que ficaram abertos depois dos acontecimentos da minissérie. Os detalhes sobre o caso de tráfico sexual pelo prisma do envolvimento de Ghislaine Maxwell, socialite e cúmplice de Jeffrey Epstein, ganha ainda mais força com os depoimentos das próprias vítimas e do recente julgamento pelo qual ela passou. Confira o trailer (em inglês):

Se "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" fosse o quinto episódio de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão" tudo faria mais sentido - porém há dois anos atrás Ghislaine sequer tinha sido indiciada, o que, claro, impactou na escolha da diretora Lisa Bryant em fechar o primeiro ciclo com o rico material que ela tinha na época. E aqui cabe uma observação relevante: a minissérie foi baseada no ivro de James Patterson “Filthy Rich: The Shocking True Story of Jeffrey Epstein”, o que permitiu a Lisa se aprofundar em diversos detalhes que, infelizmente, não se repetiu no filme de Ghislaine. Em muitos momentos, inclusive, a narrativa se torna até repetitiva e incrivelmente superficial com o claro intuito de tentar relembrar o caso Epstein sem tirar o foco da nova protagonista.

Isso prejudica a experiência? Absolutamente não, porém cria um vinculo tão grande com a obra anterior que seria desrespeitoso da minha parte dizer que a história de "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" se conta sozinha - não, ela não se conta e isolada perde completamente sua força! Com a ajuda de Maiken Baird (produtora de sucessos como "Ícaro" e "Allen contra Farrow") Lisa revisita alguns elementos que conectados ao caso, nos ajudam a entender um pouco mais da relação entre Ghislaine e Epstein -  o ponto alto, no entanto, se dá na construção do perfil de Ghislaine e como sua relação com o pai, o milionário da mídia Robert Maxwell, definiu traços da sua personalidade marcante (e doentia).

"Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" basicamente repete a fragilidade de “Who is Ghislaine Maxwell?”, da HBO, que bebeu da fonte de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão", mas que trouxe poucas novidades para o entendimento do caso como um todo (inclusive de sua investigação e julgamento). Eu diria que esse documentário é até dinâmico, bem produzido, bem dirigido e que funciona muito bem como encerramento de um assunto que passou de novidade (e até surpreendente pelos nomes envolvidos e pelo fim trágico de Epstein) para um tema que dominou os noticiários por muito tempo e que me pareceu ter se desgastado demais.

Repetindo: vale seu play, apenas se você já assistiu "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão"!

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O documentário "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" é praticamente uma escolha obrigatória para quem assistiu (e gostou) de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão". Embora sem o mesmo brilhantismo narrativo da minissérie de 4 episódios que nos apresentou os detalhes mais secretos do esquema de pirâmide sexual com menores de Epstein, que envolvia poderosos políticos, empresários, acadêmicos e até celebridades; o filme sobre sua parceira Ghislaine serve, basicamente, como um epílogo de uma história que embrulha o estômago por todo contexto que envolveu suas vítimas.

Este documentário parte dos pontos que ficaram abertos depois dos acontecimentos da minissérie. Os detalhes sobre o caso de tráfico sexual pelo prisma do envolvimento de Ghislaine Maxwell, socialite e cúmplice de Jeffrey Epstein, ganha ainda mais força com os depoimentos das próprias vítimas e do recente julgamento pelo qual ela passou. Confira o trailer (em inglês):

Se "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" fosse o quinto episódio de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão" tudo faria mais sentido - porém há dois anos atrás Ghislaine sequer tinha sido indiciada, o que, claro, impactou na escolha da diretora Lisa Bryant em fechar o primeiro ciclo com o rico material que ela tinha na época. E aqui cabe uma observação relevante: a minissérie foi baseada no ivro de James Patterson “Filthy Rich: The Shocking True Story of Jeffrey Epstein”, o que permitiu a Lisa se aprofundar em diversos detalhes que, infelizmente, não se repetiu no filme de Ghislaine. Em muitos momentos, inclusive, a narrativa se torna até repetitiva e incrivelmente superficial com o claro intuito de tentar relembrar o caso Epstein sem tirar o foco da nova protagonista.

Isso prejudica a experiência? Absolutamente não, porém cria um vinculo tão grande com a obra anterior que seria desrespeitoso da minha parte dizer que a história de "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" se conta sozinha - não, ela não se conta e isolada perde completamente sua força! Com a ajuda de Maiken Baird (produtora de sucessos como "Ícaro" e "Allen contra Farrow") Lisa revisita alguns elementos que conectados ao caso, nos ajudam a entender um pouco mais da relação entre Ghislaine e Epstein -  o ponto alto, no entanto, se dá na construção do perfil de Ghislaine e como sua relação com o pai, o milionário da mídia Robert Maxwell, definiu traços da sua personalidade marcante (e doentia).

"Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" basicamente repete a fragilidade de “Who is Ghislaine Maxwell?”, da HBO, que bebeu da fonte de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão", mas que trouxe poucas novidades para o entendimento do caso como um todo (inclusive de sua investigação e julgamento). Eu diria que esse documentário é até dinâmico, bem produzido, bem dirigido e que funciona muito bem como encerramento de um assunto que passou de novidade (e até surpreendente pelos nomes envolvidos e pelo fim trágico de Epstein) para um tema que dominou os noticiários por muito tempo e que me pareceu ter se desgastado demais.

Repetindo: vale seu play, apenas se você já assistiu "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão"!

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Girl

"Girl", que por aqui ganhou o sugestivo título de "O Florescer de Uma Garota", é um filme que precisa ser levado muito a sério e que certamente vai te exigir alguma reflexão, além de muita (mas, muita) empatia - e olha, não será uma jornada fácil! É inegável que essa obra dirigida pelo Lukas Dhont (o mesmo de "Close") se destaca não apenas pela delicadeza com que trata o tema da transição de gênero, como também pela intensidade de sua narrativa extremamente realista, profunda e visceral! A obra é uma verdadeira joia escondida no catálogo do streaming, capaz de capturar a complexidade de uma jovem bailarina em sua busca por identidade e aceitação - é de cortar a alma! Premiado com a "Camera d'Or" de Melhor Diretor, com o prêmio "FIPRESCI", com o "Victor Polster e com "Queer Palm", todos no Festival de Cannes de 2018, esse filme de fato se sobressai perante outras produções menos sensíveis sobre a experiência trans, por justamente se apoiar em uma abordagem única e corajosa de um assunto tão importante!

A trama segue Lara (Polster) uma garota de 16 anos que se dedica ao balé enquanto enfrenta a difícil jornada de sua transição de gênero. Ao lado de seu pai, Mathias (Arieh Worthalter), ela navega pelas complexidades emocionais e físicas do processo, enquanto se esforça para se relacionar normalmente com suas amigas adolescentes e com sua paixão pela dança. Essa história é um retrato íntimo e angustiante de Lara, que luta não só contra a disforia de gênero, mas também contra o preconceito e o auto-julgamento. Confira o trailer (com legendas em inglês):

De uma forma muito inteligente, Lukas Dhont combina a intensidade física da dedicação de Lara pelo balé com a sua dolorosa experiência em se aceitar - essa dinâmica narrativa cria uma sensação de angústia absurda que realmente chama nossa atenção. A câmera do fotógrafo Frank van den Eeden (também de "Close"), com seus closes inquietantes e longas tomadas, enfatiza ainda mais esse conceito ao focar na fisicalidade extrema da dança de um lado e nos desafios pessoais de Lara do outro, tornando palpável o esforço titânico da personagem em um jogo de simbologias dos mais interessantes. O balé, aqui, além de retratado como uma paixão da protagonista, também funciona como um campo de batalha onde cada movimento e cada ensaio se tornam um reflexo de sua luta diária por identidade. A precisão dessa conexão entre a semiose e a semiótica é poderoso e serve de contexto para explorar a necessidade de Lara em se adaptar a um mundo em movimento que constantemente testa e desafia sua alma de várias formas.

A performance de Victor Polster é impecável - chega a ser surpreendente como ele não foi indicado ao Oscar de 2019, especialmente quando lembramos que o vencedor daquele ano foi Rami Malek. Com pouca experiência até aquele momento, Polster entrega uma performance surpreendentemente madura e autêntica, trabalhando a vulnerabilidade e a determinação de Lara de maneira que transcende a tela e realmente nos toca fundo. Sua interpretação, combinada com a abordagem sensível do roteiro, evita estereótipos, mergulhando na psicologia do personagem como raramente vemos - repare nos olhares, nos momentos de silêncio, na respiração pausada. Embora seja uma performance que exige empatia e oferece uma janela indigesta para a realidade de uma jovem em transição, é incrível como seu trabalho reforça a sensação de humanidade de Lara sem reduzi-la a um símbolo ou um arquétipo.

A escolha de uma narrativa que não se esquiva de momentos dolorosos e desconfortáveis é um dos pontos altos de "Girl". As sequências em que Lara enfrenta seus próprios limites em um vestiário feminino ou na casa de uma de suas amigas do balé são particularmente impactantes. E esses são só dois rápidos exemplos da atmosfera emocional que o filme representa - um misto de angústia e esperança que nos acompanha durante toda jornada. Então, para aqueles que apreciam histórias duras, difíceis e que desafiam (e provocam) reflexões, esta é realmente uma obra que merece ser vista e discutida com um olhar mais humano. Impressionante!

Dê o play e embarque nessa experiência sem receios!

Assista Agora

"Girl", que por aqui ganhou o sugestivo título de "O Florescer de Uma Garota", é um filme que precisa ser levado muito a sério e que certamente vai te exigir alguma reflexão, além de muita (mas, muita) empatia - e olha, não será uma jornada fácil! É inegável que essa obra dirigida pelo Lukas Dhont (o mesmo de "Close") se destaca não apenas pela delicadeza com que trata o tema da transição de gênero, como também pela intensidade de sua narrativa extremamente realista, profunda e visceral! A obra é uma verdadeira joia escondida no catálogo do streaming, capaz de capturar a complexidade de uma jovem bailarina em sua busca por identidade e aceitação - é de cortar a alma! Premiado com a "Camera d'Or" de Melhor Diretor, com o prêmio "FIPRESCI", com o "Victor Polster e com "Queer Palm", todos no Festival de Cannes de 2018, esse filme de fato se sobressai perante outras produções menos sensíveis sobre a experiência trans, por justamente se apoiar em uma abordagem única e corajosa de um assunto tão importante!

A trama segue Lara (Polster) uma garota de 16 anos que se dedica ao balé enquanto enfrenta a difícil jornada de sua transição de gênero. Ao lado de seu pai, Mathias (Arieh Worthalter), ela navega pelas complexidades emocionais e físicas do processo, enquanto se esforça para se relacionar normalmente com suas amigas adolescentes e com sua paixão pela dança. Essa história é um retrato íntimo e angustiante de Lara, que luta não só contra a disforia de gênero, mas também contra o preconceito e o auto-julgamento. Confira o trailer (com legendas em inglês):

De uma forma muito inteligente, Lukas Dhont combina a intensidade física da dedicação de Lara pelo balé com a sua dolorosa experiência em se aceitar - essa dinâmica narrativa cria uma sensação de angústia absurda que realmente chama nossa atenção. A câmera do fotógrafo Frank van den Eeden (também de "Close"), com seus closes inquietantes e longas tomadas, enfatiza ainda mais esse conceito ao focar na fisicalidade extrema da dança de um lado e nos desafios pessoais de Lara do outro, tornando palpável o esforço titânico da personagem em um jogo de simbologias dos mais interessantes. O balé, aqui, além de retratado como uma paixão da protagonista, também funciona como um campo de batalha onde cada movimento e cada ensaio se tornam um reflexo de sua luta diária por identidade. A precisão dessa conexão entre a semiose e a semiótica é poderoso e serve de contexto para explorar a necessidade de Lara em se adaptar a um mundo em movimento que constantemente testa e desafia sua alma de várias formas.

A performance de Victor Polster é impecável - chega a ser surpreendente como ele não foi indicado ao Oscar de 2019, especialmente quando lembramos que o vencedor daquele ano foi Rami Malek. Com pouca experiência até aquele momento, Polster entrega uma performance surpreendentemente madura e autêntica, trabalhando a vulnerabilidade e a determinação de Lara de maneira que transcende a tela e realmente nos toca fundo. Sua interpretação, combinada com a abordagem sensível do roteiro, evita estereótipos, mergulhando na psicologia do personagem como raramente vemos - repare nos olhares, nos momentos de silêncio, na respiração pausada. Embora seja uma performance que exige empatia e oferece uma janela indigesta para a realidade de uma jovem em transição, é incrível como seu trabalho reforça a sensação de humanidade de Lara sem reduzi-la a um símbolo ou um arquétipo.

A escolha de uma narrativa que não se esquiva de momentos dolorosos e desconfortáveis é um dos pontos altos de "Girl". As sequências em que Lara enfrenta seus próprios limites em um vestiário feminino ou na casa de uma de suas amigas do balé são particularmente impactantes. E esses são só dois rápidos exemplos da atmosfera emocional que o filme representa - um misto de angústia e esperança que nos acompanha durante toda jornada. Então, para aqueles que apreciam histórias duras, difíceis e que desafiam (e provocam) reflexões, esta é realmente uma obra que merece ser vista e discutida com um olhar mais humano. Impressionante!

Dê o play e embarque nessa experiência sem receios!

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Girls5Eva

"Girls5Eva" é um estilo de comédia que, sem dúvida, funciona melhor na sua língua nativa e dentro da cultura americana, do que para nós, uma audiência que não vai entender muito das piadas escritas no roteiro - mais ou menos como acontece no Oscar, onde achamos sem graça pelo simples fato de não pertencermos àquele universo crítico. Mal e porcamente comparando, é como se colocássemos um americano que mal fala português para assistir a "TV Pirata" ou "Tá no Ar" (para ser menos nostálgico). Isso é um problema? Não e vou te explicar a razão...

A série é uma produção da NBC para o seu Peacock, tem 8 episódios de 30 minutos e conta a história do reencontro das integrantes de um grupo musical de sucesso efêmero dos anos 1990. Tempos depois do sucesso, cada personagem passou a levar uma vida longe dos holofotes. “Girls5Eva” foi uma banda famosa por apenas um único hit, esquecido pouco depois do lançamento. Porém, quase que milagrosamente, um rapper em ascensão se depara com o hit do passado e decide usar a batida em sua nova criação. O gesto, aparentemente inocente, reacende o desejo das quatro cantoras em retornar ao mundo artístico. O quarteto culpa o antigo agente pela rápida derrocada naquela época. Então essa é a oportunidade perfeita para o grupo, após anos de amadurecimento, trilhar uma carreira mais autêntica e honesta. Confira o trailer, em inglês:

Escrita e criada por Meredith Scardino, roteirista de “Unbreakble Kimmy Schmidt” (Netflix), e com produção executiva de Tina Fey, “Girls5Eva” tem um humor bastante peculiar - uma marca registrada de Fey que transforma críticas pontuais em ações que beiram o absurdo estético, desequilibrando a narrativa propositalmente para que o tom seja estereotipado, mesmo que soe realista para as personagens. Scardino, inclusive, é uma das aprendizes de Tina Fey e ainda carrega consigo a experiência de mais de 6 anos com Stephen Colbert do "The Colbert Report", com isso é natural que a sátira esteja fortemente embutida na série, bem non-sense, mas que causa uma certa quebra de expectativa e abusa de referências culturais do momento para divertir.

Protagonizada por Sara Bareilles (Dawn), Renée Elise Goldsberry (Wickie), Paula Pell (Gloria) e Busy Philipps (Summer) a série soa despretensiosa e mesmo perdendo muito do que o roteiro sugere em inglês, nos divertimos. Eu diria, inclusive, que as personagens ajudam muito nessa dinâmica e mesmo com um over-acting claro, nos importamos com elas já que suas dores nos tocam - você pode até achar que não, mas preste atenção porque se depois do último episódio você sentir aquela vontade de assistir a segunda temporada imediatamente, me desculpe: “Girls5Eva” te fisgou.

É verdade que a série leva um tempo até encontrar o seu ritmo e o seu equilíbrio cômico: seja percebendo qual personagem se desenvolve melhor, entendendo seu conceito narrativo mais "pastelão" ou até descobrindo a razão e os alvos de cada uma das sátiras. Mais uma vez o elenco ajuda muito e destaco Renée Elise Goldsberry (Wickie) - guardem esse nome, pois ela pode surpreender nas premiações de 2022.

Se você não gosta do trabalho de Tina Fey, “Girls5Eva” não é para você; caso contrário se prepare para se divertir, se emocionar e até se empolgar com um roteiro preciso e muito inteligente. Vale o play!

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"Girls5Eva" é um estilo de comédia que, sem dúvida, funciona melhor na sua língua nativa e dentro da cultura americana, do que para nós, uma audiência que não vai entender muito das piadas escritas no roteiro - mais ou menos como acontece no Oscar, onde achamos sem graça pelo simples fato de não pertencermos àquele universo crítico. Mal e porcamente comparando, é como se colocássemos um americano que mal fala português para assistir a "TV Pirata" ou "Tá no Ar" (para ser menos nostálgico). Isso é um problema? Não e vou te explicar a razão...

A série é uma produção da NBC para o seu Peacock, tem 8 episódios de 30 minutos e conta a história do reencontro das integrantes de um grupo musical de sucesso efêmero dos anos 1990. Tempos depois do sucesso, cada personagem passou a levar uma vida longe dos holofotes. “Girls5Eva” foi uma banda famosa por apenas um único hit, esquecido pouco depois do lançamento. Porém, quase que milagrosamente, um rapper em ascensão se depara com o hit do passado e decide usar a batida em sua nova criação. O gesto, aparentemente inocente, reacende o desejo das quatro cantoras em retornar ao mundo artístico. O quarteto culpa o antigo agente pela rápida derrocada naquela época. Então essa é a oportunidade perfeita para o grupo, após anos de amadurecimento, trilhar uma carreira mais autêntica e honesta. Confira o trailer, em inglês:

Escrita e criada por Meredith Scardino, roteirista de “Unbreakble Kimmy Schmidt” (Netflix), e com produção executiva de Tina Fey, “Girls5Eva” tem um humor bastante peculiar - uma marca registrada de Fey que transforma críticas pontuais em ações que beiram o absurdo estético, desequilibrando a narrativa propositalmente para que o tom seja estereotipado, mesmo que soe realista para as personagens. Scardino, inclusive, é uma das aprendizes de Tina Fey e ainda carrega consigo a experiência de mais de 6 anos com Stephen Colbert do "The Colbert Report", com isso é natural que a sátira esteja fortemente embutida na série, bem non-sense, mas que causa uma certa quebra de expectativa e abusa de referências culturais do momento para divertir.

Protagonizada por Sara Bareilles (Dawn), Renée Elise Goldsberry (Wickie), Paula Pell (Gloria) e Busy Philipps (Summer) a série soa despretensiosa e mesmo perdendo muito do que o roteiro sugere em inglês, nos divertimos. Eu diria, inclusive, que as personagens ajudam muito nessa dinâmica e mesmo com um over-acting claro, nos importamos com elas já que suas dores nos tocam - você pode até achar que não, mas preste atenção porque se depois do último episódio você sentir aquela vontade de assistir a segunda temporada imediatamente, me desculpe: “Girls5Eva” te fisgou.

É verdade que a série leva um tempo até encontrar o seu ritmo e o seu equilíbrio cômico: seja percebendo qual personagem se desenvolve melhor, entendendo seu conceito narrativo mais "pastelão" ou até descobrindo a razão e os alvos de cada uma das sátiras. Mais uma vez o elenco ajuda muito e destaco Renée Elise Goldsberry (Wickie) - guardem esse nome, pois ela pode surpreender nas premiações de 2022.

Se você não gosta do trabalho de Tina Fey, “Girls5Eva” não é para você; caso contrário se prepare para se divertir, se emocionar e até se empolgar com um roteiro preciso e muito inteligente. Vale o play!

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Glass Onion

"Glass Onion" já começa com a chancela de um subtítulo que nem o diretor Rian Johnson aprovou, mas que inegavelmente contextualiza a jornada que está prestes a começar. "Um Mistério Knives Out" deixa claro que "Entre Facas e Segredos"(o "Knives Out" em versão tupiniquim) vai se estabelecer como uma franquia de mistério com leves elementos de humor e que seu protagonista Benoit Blanc (Daniel Craig) já pode ser considerado uma espécie de Sherlock Holmes moderno!

Nesse segundo capítulo da franquia, Benoit se encontra em uma luxuosa propriedade privada em uma ilha grega onde conhece um grupo de amigos que foram reunidos a convite do bilionário Miles Bron (Edward Norton) para um jogo onde seu "suposto" assassinato aconteceria - claro que os convidados seriam os detetives. O interessante é que cada um dos convidados, de fato, teriam motivos suficientes para matar Miles de verdade, porém quando um deles aparece morto, todos passam a ser suspeitos e é aí que Benoit entra em cena para descobrir como uma rede de segredos, mentiras e motivações se transformaram em um crime real. Confira o trailer:

"Glass Onion: Um Mistério Knives Out" pode até não repetir aquela sensação de novidade narrativa do primeiro filme, mas certamente se apoia de novo naquilo que levou a produção ao titulo de uma das melhores surpresas daquele ano: seu elenco. Agora, com um orçamento bem maior que os 40 milhões de "Entre Facas e Segredos", Edward Norton,Janelle Monáe,Kathryn Hahn,Kate Hudson eDave Bautista se juntam ao Daniel Craig em uma dinâmica que repete a mesma estrutura que funcionou há 3 anos atrás (em 2019) e que mais uma vez nos remete aos deliciosos clássicos de Agatha Christie.

É interessante perceber como Johnson empacotou o novo filme sem perder as referências do antecessor - em sua forma e em seu conteúdo. Se antes a história acontecia entre os cômodos de uma mansão decadente, agora o cenário é uma ilha paradisíaca com tudo de excêntrico que um CEO de uma empresa de tecnologia poderia sonhar em ter - mais uma vez o diretor usa de alegorias para atacar a elite econômica (e pseudo-intelectual) dos EUA e a maneira como ela trabalha pela manutenção do seu status quo. Talvez a única fraqueza do roteiro, mesmo brincando com a quebra de linearidade com muita inteligência, seja o mistério em si - é um fato que ele é mais óbvio que o anterior, por outro lado as camadas construídas até a revelação, nesse caso, parecem mais consistentes e lógicas.

Muito bem realizado, com uma montagem frenética e um desenho de som espetacular, "Glass Onion: Um Mistério Knives Out" está longe de ser um filme perfeito, mas muito próximo de ser um dos filmes mais divertidos de 2022 - é entretenimento puro, do começo ao fim!

Vale muito a pena!

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"Glass Onion" já começa com a chancela de um subtítulo que nem o diretor Rian Johnson aprovou, mas que inegavelmente contextualiza a jornada que está prestes a começar. "Um Mistério Knives Out" deixa claro que "Entre Facas e Segredos"(o "Knives Out" em versão tupiniquim) vai se estabelecer como uma franquia de mistério com leves elementos de humor e que seu protagonista Benoit Blanc (Daniel Craig) já pode ser considerado uma espécie de Sherlock Holmes moderno!

Nesse segundo capítulo da franquia, Benoit se encontra em uma luxuosa propriedade privada em uma ilha grega onde conhece um grupo de amigos que foram reunidos a convite do bilionário Miles Bron (Edward Norton) para um jogo onde seu "suposto" assassinato aconteceria - claro que os convidados seriam os detetives. O interessante é que cada um dos convidados, de fato, teriam motivos suficientes para matar Miles de verdade, porém quando um deles aparece morto, todos passam a ser suspeitos e é aí que Benoit entra em cena para descobrir como uma rede de segredos, mentiras e motivações se transformaram em um crime real. Confira o trailer:

"Glass Onion: Um Mistério Knives Out" pode até não repetir aquela sensação de novidade narrativa do primeiro filme, mas certamente se apoia de novo naquilo que levou a produção ao titulo de uma das melhores surpresas daquele ano: seu elenco. Agora, com um orçamento bem maior que os 40 milhões de "Entre Facas e Segredos", Edward Norton,Janelle Monáe,Kathryn Hahn,Kate Hudson eDave Bautista se juntam ao Daniel Craig em uma dinâmica que repete a mesma estrutura que funcionou há 3 anos atrás (em 2019) e que mais uma vez nos remete aos deliciosos clássicos de Agatha Christie.

É interessante perceber como Johnson empacotou o novo filme sem perder as referências do antecessor - em sua forma e em seu conteúdo. Se antes a história acontecia entre os cômodos de uma mansão decadente, agora o cenário é uma ilha paradisíaca com tudo de excêntrico que um CEO de uma empresa de tecnologia poderia sonhar em ter - mais uma vez o diretor usa de alegorias para atacar a elite econômica (e pseudo-intelectual) dos EUA e a maneira como ela trabalha pela manutenção do seu status quo. Talvez a única fraqueza do roteiro, mesmo brincando com a quebra de linearidade com muita inteligência, seja o mistério em si - é um fato que ele é mais óbvio que o anterior, por outro lado as camadas construídas até a revelação, nesse caso, parecem mais consistentes e lógicas.

Muito bem realizado, com uma montagem frenética e um desenho de som espetacular, "Glass Onion: Um Mistério Knives Out" está longe de ser um filme perfeito, mas muito próximo de ser um dos filmes mais divertidos de 2022 - é entretenimento puro, do começo ao fim!

Vale muito a pena!

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Godzilla Minus One

"Godzilla Minus One" é um "filme de monstro" raiz - na sua forma e na sua essência! Justamente por essa característica tão marcante, fugindo desse estereótipo blockbuster mais genérico onde efeitos especiais cansativos se sobrepõem perante uma narrativa menos estruturada, é que essa produção japonesa, vencedora do Oscar de "Melhor Efeitos Visuais" em 2014, surge como uma relevante surpresa no universo kaiju (subgênero da ficção científica, criado pelos diretores Eiji Tsuburaya e Ishiro Honda, mentes por trás do "Godzilla" original de 1954). Dirigida pelo mestre japonês Takashi Yamazaki ("Papeis em Branco"), essa nova versão nos leva ao Japão do pós-Segunda Guerra Mundial, um país devastado e em reconstrução, assombrado por uma criatura colossal que emerge do mar para semear o terror. E aqui cabe um comentário importante: mais do que um monstro gigante, esse Godzilla se torna um símbolo das feridas ainda abertas da guerra, um lembrete cruel da fragilidade da paz e do custo humano que deixaram marcas em várias gerações daquele país.

Basicamente, a trama de "Minus One"acompanha a jornada de um jovem piloto kamikaze, Koichi Shikishima (Ryunosuke Kamiki), que se junta à uma força-tarefa encarregada de impedir que um misterioso monstro, Godzilla, chegue em Tóquio. Ao lado de outros sobreviventes da guerra, Koichi terá que enfrentar não apenas a fúria dessa criatura, mas também seus próprios traumas e demônios interiores. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Pensado para celebrar o aniversário de 70 anos de Gojira (nome original do monstrão), "Godzilla Minus One" se destaca por sua simplicidade narrativa e por um visual belíssimo - e não falo apenas dos incríveis efeitos especiais, mas de uma fotografia cheia de identidade e criatividade que soa até improvável dado o surpreendente baixo orçamento da produção. Densa e com camadas emocionais bastante sensíveis, essa versão de Godzilla vai além da simples proposta de mostrar o tamanho da destruição proporcionada pelo monstro ao se apropriar de personagens que se colocam no centro de uma reflexão mais ampla sobre a tradição e os costumes de toda uma sociedade ainda em reconstrução pós-guerra. Ao explorar temas como a culpa, a importância da sobrevivência como nação, a esperança como fator humano e a busca por uma redenção em um mundo em ruínas, Yamazaki constrói com maestria uma atmosfera opressiva e angustiante que praticamente nos impede de tirar os olhos da tela durante os 120 minutos de filme.

Se as cenas de ação são de tirar o fôlego, com efeitos visuais realmente impressionantes, eu diria que é conexão com uma realidade palpável que faz de "Godzilla Minus One" mais impactante - embora a estética seja diferente de"Cloverfield",  as sensações que o caos nos provoca são parecidas. Yamazaki sabe fazer do seu monstro um catalisador para o desenvolvimento dos personagens principais sem cair no estereótipo do herói hollywoodiano - embora Koichi tenha um pouquinho de "William Wallace", é inegável. A trilha sonora de Naoki Satô (seis vezes indicado ao Oscar do Japão, o "Awards of the Japanese Academy") é sensacional - ela funciona tão bem com o desenho de som criado pelo Moin G. Khan que somos incapazes de afirmar o que é real e o que é diegético. Tem uma cena no terceiro ato onde a total ausência de som dá o tom do drama - reparem na dramaticidade que essa escolha conceitual provoca!

O fato é "Minus One" é uma experiência completa, que nos faz sentir o horror do incontrolável, que nos faz pensar sobre o valor da vida e que até nos emociona por tudo que envolve aquela jornada. Falta alguma coragem para o roteiro assumir alguns riscos e deixar a entrega menos previsível? Sim, mas com tudo dentro do aceitável, é impossível negar que essa versão de "Godzilla" dá um baile em tudo que já foi feito, com muito mais dinheiro, no recente "Monsterverso". Aliás, essa é a prova que muitas vezes o retorno ao essencial bem feito vale muito mais do que o novo feito na superficialidade!

Vale muito o seu play!

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"Godzilla Minus One" é um "filme de monstro" raiz - na sua forma e na sua essência! Justamente por essa característica tão marcante, fugindo desse estereótipo blockbuster mais genérico onde efeitos especiais cansativos se sobrepõem perante uma narrativa menos estruturada, é que essa produção japonesa, vencedora do Oscar de "Melhor Efeitos Visuais" em 2014, surge como uma relevante surpresa no universo kaiju (subgênero da ficção científica, criado pelos diretores Eiji Tsuburaya e Ishiro Honda, mentes por trás do "Godzilla" original de 1954). Dirigida pelo mestre japonês Takashi Yamazaki ("Papeis em Branco"), essa nova versão nos leva ao Japão do pós-Segunda Guerra Mundial, um país devastado e em reconstrução, assombrado por uma criatura colossal que emerge do mar para semear o terror. E aqui cabe um comentário importante: mais do que um monstro gigante, esse Godzilla se torna um símbolo das feridas ainda abertas da guerra, um lembrete cruel da fragilidade da paz e do custo humano que deixaram marcas em várias gerações daquele país.

Basicamente, a trama de "Minus One"acompanha a jornada de um jovem piloto kamikaze, Koichi Shikishima (Ryunosuke Kamiki), que se junta à uma força-tarefa encarregada de impedir que um misterioso monstro, Godzilla, chegue em Tóquio. Ao lado de outros sobreviventes da guerra, Koichi terá que enfrentar não apenas a fúria dessa criatura, mas também seus próprios traumas e demônios interiores. Confira o trailer (com legendas em inglês):

Pensado para celebrar o aniversário de 70 anos de Gojira (nome original do monstrão), "Godzilla Minus One" se destaca por sua simplicidade narrativa e por um visual belíssimo - e não falo apenas dos incríveis efeitos especiais, mas de uma fotografia cheia de identidade e criatividade que soa até improvável dado o surpreendente baixo orçamento da produção. Densa e com camadas emocionais bastante sensíveis, essa versão de Godzilla vai além da simples proposta de mostrar o tamanho da destruição proporcionada pelo monstro ao se apropriar de personagens que se colocam no centro de uma reflexão mais ampla sobre a tradição e os costumes de toda uma sociedade ainda em reconstrução pós-guerra. Ao explorar temas como a culpa, a importância da sobrevivência como nação, a esperança como fator humano e a busca por uma redenção em um mundo em ruínas, Yamazaki constrói com maestria uma atmosfera opressiva e angustiante que praticamente nos impede de tirar os olhos da tela durante os 120 minutos de filme.

Se as cenas de ação são de tirar o fôlego, com efeitos visuais realmente impressionantes, eu diria que é conexão com uma realidade palpável que faz de "Godzilla Minus One" mais impactante - embora a estética seja diferente de"Cloverfield",  as sensações que o caos nos provoca são parecidas. Yamazaki sabe fazer do seu monstro um catalisador para o desenvolvimento dos personagens principais sem cair no estereótipo do herói hollywoodiano - embora Koichi tenha um pouquinho de "William Wallace", é inegável. A trilha sonora de Naoki Satô (seis vezes indicado ao Oscar do Japão, o "Awards of the Japanese Academy") é sensacional - ela funciona tão bem com o desenho de som criado pelo Moin G. Khan que somos incapazes de afirmar o que é real e o que é diegético. Tem uma cena no terceiro ato onde a total ausência de som dá o tom do drama - reparem na dramaticidade que essa escolha conceitual provoca!

O fato é "Minus One" é uma experiência completa, que nos faz sentir o horror do incontrolável, que nos faz pensar sobre o valor da vida e que até nos emociona por tudo que envolve aquela jornada. Falta alguma coragem para o roteiro assumir alguns riscos e deixar a entrega menos previsível? Sim, mas com tudo dentro do aceitável, é impossível negar que essa versão de "Godzilla" dá um baile em tudo que já foi feito, com muito mais dinheiro, no recente "Monsterverso". Aliás, essa é a prova que muitas vezes o retorno ao essencial bem feito vale muito mais do que o novo feito na superficialidade!

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Good Girls

Embora a revista Vogue tenha definido "Good Girls" como uma mistura de "Big Little Lies" e "Breaking Bad", eu diria que está mais para "Desperate Housewives" com "Rainhas do Crime" - e isso, por favor, não entendam como demérito, até porque a série de sucesso da NBC, distribuída pela Netflix, é muito (mas muito) divertida! Ela é daquele tipo de série onde o protagonista bonzinho (no caso três protagonistas) vai tomando decisões cada vez mais questionáveis ao longo da sua jornada, cada vez mais distante dos seus valores e aspectos morais, vai gostando da nova vida, da sensação de poder e de pertencimento viciante até que, de repente, está em uma enorme bola de neve de onde não consegue mais sair! Ao adicionar uma passagem importante da sua sinopse: "três mães decidem que o crime é a única opção para salvar suas famílias"; fica impossível não relacionar com Breaking Bad - e faz até sentido, mas, infelizmente, não dá para cobrar mais do que um ou outro elemento narrativo similar!

"Good Girls" acompanha a jornada de três mães de família em um momento onde precisam lidar com questões difíceis em suas vidas. Beth (Christina Hendricks) descobre que está sendo traída pelo marido depois de 20 anos de casada e, para piorar, ele contraiu uma dívida enorme de hipoteca; Ruby (Retta) e o marido Stan (Reno Wilson) não tem condições de bancar o tratamento médico da filha que precisa urgentemente de um transplante de rim; e Annie (Mae Whitman) precisa se resolver com o ex-marido, que luta pela guarda da filha de 11 anos, Sadie (Izzy Stannard).O fato é que as três precisam de muito dinheiro e por isso resolvem assaltar um supermercado local, o problema é que as consequências desta escolha colocam o trio frente a frente com um dos criminosos mais procurados de Detroit. Confira o trailer:

Já pelo trailer é possível reconhecer muito do tom de "Desperate Housewives" na narrativa, e isso não acontece por acaso: Jenna Bans foi roteirista da série. Embora ela entregue com muita competência uma história que desafia o conceito da vida pacata de uma “boa mãe, esposa e dona de casa” ao mesmo tempo em que se constrói uma (ou três) persona completamente estereotipada do empoderamento "custe o que custar" em meio a traições, crimes e vinganças; é explicita a falta que faz a genialidade de um Vince Gilligan no comando - tanto do roteiro, quanto da direção! Eu devorei os 10 primeiros episódios da primeira temporada e tenho certeza que o fã de Breaking Bad vai curtir também, mas não espere a profundidade no desenvolvimento dos personagens (o que é uma pena) e muito menos uma identidade narrativa e visual marcantes - mas disso falaremos mais a frente! Por enquanto é fácil afirmar: "Good Girls" vale muito pela diversão, pelo entretenimento e pela sensação de sentir algumas das angustias que para esse estilo de série é fundamental!

A primeira temporada de "Good Girls" realmente parece uma brincadeira - no melhor sentido da palavra. Embora traga elementos sérios como um assalto a mão armada, ameaças de morte, sequestros, extorsões e até uma tentativa de estupro, o tom escolhido ameniza a tensão visual e nos provoca muito mais por empatia do que por identificação às personagens. Ao se auto-definir como o "Breaking Bad de mulheres", trazemos a referência de um projeto muito bem construído em sua narrativa, principalmente na transformação dos personagens ao longo das temporadas. É claro que ainda é muito cedo para afirmar que "Good Girls" foge desse objetivo, mas quando vemos em um episódio Beth sofrendo como a esposa traída, mãe de quatro filhos e ainda falida, e no outro ela já se comporta como uma rainha do crime, perdemos completamente aquela experiência de julgamento moral que nos convidava à discussão após os episódios de Breaking Bad. Embora Christina Hendricks esteja dando um show, sua personagem sofre com a superficialidade de suas próprias dores. Quando falamos de Retta e Mae Whitman isso fica ainda mais evidente, porém é de se elogiar a química entre as três atrizes e a forma como a história vai unindo suas personagens e seus respectivos dramas.

Michael Weaver, o principal diretor da série, usa da sua experiencia como diretor de fotografia de Pushing Daisies para trazer um pouco de identidade para "Good Girls" - e aqui é preciso admitir: por se tratar de uma série da TV aberta dos EUA, fica muito complicado pesar a mão e assustar a audiência. O próprio "Breaking Bad", que era da TV fechada, foi construindo a sua durante as temporadas e só se tornou uma relevante, lá pela segunda temporada quando sua trama já estava estabelecida e aí o conceito visual passou a fazer parte da história quase como um protagonista! "Good Girls" é muito bem produzida, mas não arrisca!

Para mim, a série foi uma grande surpresa - me diverti muito. Em alguns momentos senti que faltou coragem para colocar a história em outro nível - como, por exemplo, assumir a tensão sexual entre Rio e Beth. Sacrificar um personagem-chave para mover a história em outra direção também seria interessante - imagina se a filha de Ruby morre por não aceitarem o cheque que pagaria o transplante! Não sei se devemos esperar por essa dramaticidade, mesmo que fantasiada de comédia - não acredito que "Good Girls" possa ir por esse caminho, mas achei tão bacana o que assisti até aqui, que vou pagar para ver e acho que você deveria fazer o mesmo. A segunda temporada já está disponível e uma terceira deve ser lançada ainda em 2020. 

Vale muito o seu play! Diversão garantida!

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Embora a revista Vogue tenha definido "Good Girls" como uma mistura de "Big Little Lies" e "Breaking Bad", eu diria que está mais para "Desperate Housewives" com "Rainhas do Crime" - e isso, por favor, não entendam como demérito, até porque a série de sucesso da NBC, distribuída pela Netflix, é muito (mas muito) divertida! Ela é daquele tipo de série onde o protagonista bonzinho (no caso três protagonistas) vai tomando decisões cada vez mais questionáveis ao longo da sua jornada, cada vez mais distante dos seus valores e aspectos morais, vai gostando da nova vida, da sensação de poder e de pertencimento viciante até que, de repente, está em uma enorme bola de neve de onde não consegue mais sair! Ao adicionar uma passagem importante da sua sinopse: "três mães decidem que o crime é a única opção para salvar suas famílias"; fica impossível não relacionar com Breaking Bad - e faz até sentido, mas, infelizmente, não dá para cobrar mais do que um ou outro elemento narrativo similar!

"Good Girls" acompanha a jornada de três mães de família em um momento onde precisam lidar com questões difíceis em suas vidas. Beth (Christina Hendricks) descobre que está sendo traída pelo marido depois de 20 anos de casada e, para piorar, ele contraiu uma dívida enorme de hipoteca; Ruby (Retta) e o marido Stan (Reno Wilson) não tem condições de bancar o tratamento médico da filha que precisa urgentemente de um transplante de rim; e Annie (Mae Whitman) precisa se resolver com o ex-marido, que luta pela guarda da filha de 11 anos, Sadie (Izzy Stannard).O fato é que as três precisam de muito dinheiro e por isso resolvem assaltar um supermercado local, o problema é que as consequências desta escolha colocam o trio frente a frente com um dos criminosos mais procurados de Detroit. Confira o trailer:

Já pelo trailer é possível reconhecer muito do tom de "Desperate Housewives" na narrativa, e isso não acontece por acaso: Jenna Bans foi roteirista da série. Embora ela entregue com muita competência uma história que desafia o conceito da vida pacata de uma “boa mãe, esposa e dona de casa” ao mesmo tempo em que se constrói uma (ou três) persona completamente estereotipada do empoderamento "custe o que custar" em meio a traições, crimes e vinganças; é explicita a falta que faz a genialidade de um Vince Gilligan no comando - tanto do roteiro, quanto da direção! Eu devorei os 10 primeiros episódios da primeira temporada e tenho certeza que o fã de Breaking Bad vai curtir também, mas não espere a profundidade no desenvolvimento dos personagens (o que é uma pena) e muito menos uma identidade narrativa e visual marcantes - mas disso falaremos mais a frente! Por enquanto é fácil afirmar: "Good Girls" vale muito pela diversão, pelo entretenimento e pela sensação de sentir algumas das angustias que para esse estilo de série é fundamental!

A primeira temporada de "Good Girls" realmente parece uma brincadeira - no melhor sentido da palavra. Embora traga elementos sérios como um assalto a mão armada, ameaças de morte, sequestros, extorsões e até uma tentativa de estupro, o tom escolhido ameniza a tensão visual e nos provoca muito mais por empatia do que por identificação às personagens. Ao se auto-definir como o "Breaking Bad de mulheres", trazemos a referência de um projeto muito bem construído em sua narrativa, principalmente na transformação dos personagens ao longo das temporadas. É claro que ainda é muito cedo para afirmar que "Good Girls" foge desse objetivo, mas quando vemos em um episódio Beth sofrendo como a esposa traída, mãe de quatro filhos e ainda falida, e no outro ela já se comporta como uma rainha do crime, perdemos completamente aquela experiência de julgamento moral que nos convidava à discussão após os episódios de Breaking Bad. Embora Christina Hendricks esteja dando um show, sua personagem sofre com a superficialidade de suas próprias dores. Quando falamos de Retta e Mae Whitman isso fica ainda mais evidente, porém é de se elogiar a química entre as três atrizes e a forma como a história vai unindo suas personagens e seus respectivos dramas.

Michael Weaver, o principal diretor da série, usa da sua experiencia como diretor de fotografia de Pushing Daisies para trazer um pouco de identidade para "Good Girls" - e aqui é preciso admitir: por se tratar de uma série da TV aberta dos EUA, fica muito complicado pesar a mão e assustar a audiência. O próprio "Breaking Bad", que era da TV fechada, foi construindo a sua durante as temporadas e só se tornou uma relevante, lá pela segunda temporada quando sua trama já estava estabelecida e aí o conceito visual passou a fazer parte da história quase como um protagonista! "Good Girls" é muito bem produzida, mas não arrisca!

Para mim, a série foi uma grande surpresa - me diverti muito. Em alguns momentos senti que faltou coragem para colocar a história em outro nível - como, por exemplo, assumir a tensão sexual entre Rio e Beth. Sacrificar um personagem-chave para mover a história em outra direção também seria interessante - imagina se a filha de Ruby morre por não aceitarem o cheque que pagaria o transplante! Não sei se devemos esperar por essa dramaticidade, mesmo que fantasiada de comédia - não acredito que "Good Girls" possa ir por esse caminho, mas achei tão bacana o que assisti até aqui, que vou pagar para ver e acho que você deveria fazer o mesmo. A segunda temporada já está disponível e uma terceira deve ser lançada ainda em 2020. 

Vale muito o seu play! Diversão garantida!

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Halston

“Halston” é mais uma produção Original Netflix assinada por Ryan Murphy (“American Horror Story”, “O Povo contra O.J. Simpson”, “O Assassinato de Gianni Versace”), depois dos mais recentes lançamentos como “Hollywood”, “The Politician” e “Ratched”, além dos filmes “Baile de Formatura” e “The Boys in the Band”. Pois bem, a minissérie conta a história da ascensão e queda do lendário estilista que virou um ícone da moda nos anos 70, Roy Halston. Estrelada por Ewan McGregor, essa é uma minissérie que já vale o destaque entre os lançamentos da plataforma em 2021.

Baseado na biografia “Simply Halston: The Untold Story” de Steven Gaines, “Halston” reconstitui as famosas festas no Studio 54 e mostra, sem nenhum pudor, as farras com drogas e sexo do estilista. Ao longo dos 5 episódios, podemos acompanhar o seu processo criativo, além de ver suas peças mais icônicas tais como o chapéu “pillbox” de Jackie Kennedy, os macacões decotados e brilhantes de Liza Minelli (uma das melhores amigas do estilista) e os lindos figurinos dos balés da Martha Graham. Sua alta produtividade e versatilidade o levavam a criar até 10 coleções por ano, algo até hoje impensável. Sua ambição, segundo ele, era “vestir todas as pessoas da América”. Multifacetado, além de roupas, ele assinou uma linha luxuosa de cama e banho, óculos escuros, tapetes, sapatos, luvas e até o uniforme da polícia de Nova York. Confira o Trailer:

Roy Halston Frowick (1932-1990) foi o primeiro estilista americano a se tornar uma celebridade. Ewan McGregor está excelente no papel e encarnou com perfeição os maneirismos e até a forma peculiar com que Halston falava, tendo recebido elogios rasgados de Ryan Murphy por sua atuação. Todos os trejeitos e estilo de Halston faziam parte do seu branding pessoal. Ele intuitivamente sabia que tinha que se destacar como uma personalidade excêntrica da moda e se inventar como marca, a fim de se tornar um ícone do mundo fashion. A minissérie mostra bem como sua personalidade destemida ajudou a transformar seu nome numa marca tão famosa. Halston conseguia ser tão envolvente e persuasivo que montou o seu primeiro ateliê sem ainda ter os recursos (milionários) necessários, convencendo clientes a investir em sua marca. O que Halston queria, conseguia realizar. 

Embora tenha sentido falta de alguns artistas famosos e intelectuais que faziam parte do círculo de Halston, entre eles Andy Warhol e Bianca Jagger, aparentemente a produção preferiu focar mais na genialidade do estilista e na evolução dos seus negócios desde o bem-sucedido licenciamento da marca Halston nos anos 70, fazendo com que a marca se expandisse além das roupas e acessórios até o seu famoso perfume, lançado em 1975, que vendeu 85 milhões de dólares em apenas dois anos. 

Se você gosta de dramas biográficos, com aquele toque de empreendedorismo,  “Halston” é sob medida para você. Seja pela grande atuação de Ewan McGregor, pela produção impecável ou apenas para conhecer a história desse grande ícone da moda!

Escrito por Ana Cristina Paixão

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“Halston” é mais uma produção Original Netflix assinada por Ryan Murphy (“American Horror Story”, “O Povo contra O.J. Simpson”, “O Assassinato de Gianni Versace”), depois dos mais recentes lançamentos como “Hollywood”, “The Politician” e “Ratched”, além dos filmes “Baile de Formatura” e “The Boys in the Band”. Pois bem, a minissérie conta a história da ascensão e queda do lendário estilista que virou um ícone da moda nos anos 70, Roy Halston. Estrelada por Ewan McGregor, essa é uma minissérie que já vale o destaque entre os lançamentos da plataforma em 2021.

Baseado na biografia “Simply Halston: The Untold Story” de Steven Gaines, “Halston” reconstitui as famosas festas no Studio 54 e mostra, sem nenhum pudor, as farras com drogas e sexo do estilista. Ao longo dos 5 episódios, podemos acompanhar o seu processo criativo, além de ver suas peças mais icônicas tais como o chapéu “pillbox” de Jackie Kennedy, os macacões decotados e brilhantes de Liza Minelli (uma das melhores amigas do estilista) e os lindos figurinos dos balés da Martha Graham. Sua alta produtividade e versatilidade o levavam a criar até 10 coleções por ano, algo até hoje impensável. Sua ambição, segundo ele, era “vestir todas as pessoas da América”. Multifacetado, além de roupas, ele assinou uma linha luxuosa de cama e banho, óculos escuros, tapetes, sapatos, luvas e até o uniforme da polícia de Nova York. Confira o Trailer:

Roy Halston Frowick (1932-1990) foi o primeiro estilista americano a se tornar uma celebridade. Ewan McGregor está excelente no papel e encarnou com perfeição os maneirismos e até a forma peculiar com que Halston falava, tendo recebido elogios rasgados de Ryan Murphy por sua atuação. Todos os trejeitos e estilo de Halston faziam parte do seu branding pessoal. Ele intuitivamente sabia que tinha que se destacar como uma personalidade excêntrica da moda e se inventar como marca, a fim de se tornar um ícone do mundo fashion. A minissérie mostra bem como sua personalidade destemida ajudou a transformar seu nome numa marca tão famosa. Halston conseguia ser tão envolvente e persuasivo que montou o seu primeiro ateliê sem ainda ter os recursos (milionários) necessários, convencendo clientes a investir em sua marca. O que Halston queria, conseguia realizar. 

Embora tenha sentido falta de alguns artistas famosos e intelectuais que faziam parte do círculo de Halston, entre eles Andy Warhol e Bianca Jagger, aparentemente a produção preferiu focar mais na genialidade do estilista e na evolução dos seus negócios desde o bem-sucedido licenciamento da marca Halston nos anos 70, fazendo com que a marca se expandisse além das roupas e acessórios até o seu famoso perfume, lançado em 1975, que vendeu 85 milhões de dólares em apenas dois anos. 

Se você gosta de dramas biográficos, com aquele toque de empreendedorismo,  “Halston” é sob medida para você. Seja pela grande atuação de Ewan McGregor, pela produção impecável ou apenas para conhecer a história desse grande ícone da moda!

Escrito por Ana Cristina Paixão

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Heartstopper

Passados quase ¼ do século XXI, o tema homossexualidade ainda é considerado um tabu. Mesmo que a sociedade tenha evoluído na garantia dos direitos fundamentais da população LGBTQIA+, como casamento civil, adoção, etc; o preconceito ainda perdura e pode deixar marcas profundas no indivíduo. Digo isso, pois tenho certeza que muitos pais vão se incomodar que seus filhos assistam “Heartstopper”, série teen que adapta a obra de  Alice Oseman para Netflix. Mesmo com uma narrativa inocente, honesta e educativa, a série, inicialmente, deve chamar mais atenção de um determinado nicho, já que os personagens principais são gays ou bissexuais - uma pena, pois a produção é uma das mais sensíveis e acolhedoras disponíveis no streaming. Todos os assuntos são tratados com uma delicadeza e cuidado pouco visto em produções voltadas para os adolescentes.

Na trama, os adolescentes Charlie (Joe Locke) e Nick (Kit Connor) acabam descobrindo que são mais que apenas bons amigos. A partir daí, eles precisam lidar com as dificuldades que esta relação amorosa irá provocar, principalmente no convívio escolar. O bacana é que a série não apresenta jovens drogados, bêbados, e tampouco mostra cenas vulgares de sexo para chocar. Não que isso seja necessariamente um problema, mas o conceito narrativo não precisou utilizar estes artifícios clichês para rotular os adolescentes, muito pelo contrário. Confira o trailer:

Ter Oseman como roteirista e produtora executiva na série trouxe uma sensibilidade impressionante para adaptação e que dialoga perfeitamente com a direção de Euros Lyn (de "Doctor Who") - a qualidade cinematográfica de “Heartstopper” impressiona (algo pouco comum em séries adolescentes).  Leve, o roteiro fala sobre o primeiro amor, sobre o valor da amizade, sobre realizar bons gestos para fazer o bem ao próximo. Apesar de focar nas descobertas e no relacionamento amoroso entre dois garotos, a série não deveria ser encarada como uma produção voltada apenas para o público gay. Acredito, inclusive, que todos irão se encantar, se surpreender e ainda se identificar com os personagens, pois a trama fala de um tema universal: o amor!

Com um mood que nos faz lembrar de "Atypical" ou "O céu está em todo lugar", é muito interessante como acompanhamos Charlie passar pelos difíceis obstáculos da adolescência com o apoio de seus inseparáveis melhores amigos: Tao (William Gao) o amigo hétero e superprotetor; Elle (Yasmin Finney), uma aluna transsexual que estudou com os garotos anteriormente e que agora frequenta o colégio vizinho, apenas para garotas; e Isaac (Tobie Donovan) um personagem silencioso que infelizmente não teve muito destaque no núcleo na primeira temporada; sem falar, claro, em Sarah Nelson (mãe de Nick), interpretada por Olivia Colman (sim, ela mesmo!) e que entrega no olhar a cumplicidade e o amor fraternal que é pedido diante de várias situações.

“Heartstopper” me parece ser a grande surpresa de 2022 na Netflix. Sua história é necessária, incrivelmente irresistível e deliciosa de acompanhar. Recomendo que todos deixem de lado qualquer tipo de preconceito e assistam porque vale muito a pena!

Por fim, vale destacar a nota altíssima que a atração recebeu no site de avaliações IMDb: 9,0 - o que prova que não há exageros quanto a qualidade impecável desta produção inglesa da badalada "See-Saw Films" (de "Ataque do Cães", "Lion", entre outras) para a Netflix!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

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Passados quase ¼ do século XXI, o tema homossexualidade ainda é considerado um tabu. Mesmo que a sociedade tenha evoluído na garantia dos direitos fundamentais da população LGBTQIA+, como casamento civil, adoção, etc; o preconceito ainda perdura e pode deixar marcas profundas no indivíduo. Digo isso, pois tenho certeza que muitos pais vão se incomodar que seus filhos assistam “Heartstopper”, série teen que adapta a obra de  Alice Oseman para Netflix. Mesmo com uma narrativa inocente, honesta e educativa, a série, inicialmente, deve chamar mais atenção de um determinado nicho, já que os personagens principais são gays ou bissexuais - uma pena, pois a produção é uma das mais sensíveis e acolhedoras disponíveis no streaming. Todos os assuntos são tratados com uma delicadeza e cuidado pouco visto em produções voltadas para os adolescentes.

Na trama, os adolescentes Charlie (Joe Locke) e Nick (Kit Connor) acabam descobrindo que são mais que apenas bons amigos. A partir daí, eles precisam lidar com as dificuldades que esta relação amorosa irá provocar, principalmente no convívio escolar. O bacana é que a série não apresenta jovens drogados, bêbados, e tampouco mostra cenas vulgares de sexo para chocar. Não que isso seja necessariamente um problema, mas o conceito narrativo não precisou utilizar estes artifícios clichês para rotular os adolescentes, muito pelo contrário. Confira o trailer:

Ter Oseman como roteirista e produtora executiva na série trouxe uma sensibilidade impressionante para adaptação e que dialoga perfeitamente com a direção de Euros Lyn (de "Doctor Who") - a qualidade cinematográfica de “Heartstopper” impressiona (algo pouco comum em séries adolescentes).  Leve, o roteiro fala sobre o primeiro amor, sobre o valor da amizade, sobre realizar bons gestos para fazer o bem ao próximo. Apesar de focar nas descobertas e no relacionamento amoroso entre dois garotos, a série não deveria ser encarada como uma produção voltada apenas para o público gay. Acredito, inclusive, que todos irão se encantar, se surpreender e ainda se identificar com os personagens, pois a trama fala de um tema universal: o amor!

Com um mood que nos faz lembrar de "Atypical" ou "O céu está em todo lugar", é muito interessante como acompanhamos Charlie passar pelos difíceis obstáculos da adolescência com o apoio de seus inseparáveis melhores amigos: Tao (William Gao) o amigo hétero e superprotetor; Elle (Yasmin Finney), uma aluna transsexual que estudou com os garotos anteriormente e que agora frequenta o colégio vizinho, apenas para garotas; e Isaac (Tobie Donovan) um personagem silencioso que infelizmente não teve muito destaque no núcleo na primeira temporada; sem falar, claro, em Sarah Nelson (mãe de Nick), interpretada por Olivia Colman (sim, ela mesmo!) e que entrega no olhar a cumplicidade e o amor fraternal que é pedido diante de várias situações.

“Heartstopper” me parece ser a grande surpresa de 2022 na Netflix. Sua história é necessária, incrivelmente irresistível e deliciosa de acompanhar. Recomendo que todos deixem de lado qualquer tipo de preconceito e assistam porque vale muito a pena!

Por fim, vale destacar a nota altíssima que a atração recebeu no site de avaliações IMDb: 9,0 - o que prova que não há exageros quanto a qualidade impecável desta produção inglesa da badalada "See-Saw Films" (de "Ataque do Cães", "Lion", entre outras) para a Netflix!

Escrito por Lucio Tannure - uma parceria @dicas_pra_maratonar

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Hereditário

"Hereditário" é um suspense sobrenatural clássico na sua narrativa, mas inovador na forma como ela é articulada pelo roteirista e diretor Ari Aster - e justamente por isso vai causar o efeito: ame ou odeie! Se você gostou de "Midsommar", outro filme do mesmo diretor, é bem provável que "Hereditário" te conquiste ainda mais, porém se você achou "Midsommar" sem pé nem cabeça, pare de ler esse review agora e parta para a próxima recomendação - sem ressentimentos! É isso, praticamente impossível existir um "meio-termo" para definir a qualidade desse filme, como explicarei no texto abaixo.

"Hereditário" conta, de forma perturbadora, a história de uma família classe média americana que está em luto pela perda de sua matriarca Ellen (Kathleen Chalfant), mãe de Annie (Toni Collette) e avó de Peter (Alex Wolff) e Charlie (Milly Shapiro). Após o funeral, fenômenos estranhos começam a acontecer na casa onde a família reside, o que acaba culminando em novas desgraças e trazendo à tona um incrível mistério sobre as circunstâncias que envolveram a morte de Ellen e seu passado. Confira o trailer:

Pois bem, "Hereditário" é considerado por muitos o melhor filme de suspense de 2018, o que para mim soa como um certo exagero, mas é compreensível essa adoração que o filme do então novato, Ari Aster, gerou na audiência. Foram mais de 100 indicações em festivais do mundo inteiro e 45 prêmios, inclusive foi finalista no "Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films"em 2019, um dos prêmios mais respeitados do gênero - Aster acabou ganhando o Saturn Awards nesse mesmo ano! Mesmo com todo esse cartão de visitas, nem todos vão gostar, pois o filme, de fato, não segue um contexto tão convencional, onde tudo é explicado e o maior mérito fica para a quantidade de sustos que o filme provoca! "Hereditário" definitivamente não é isso; ele é um suspense sobrenatural sim, mas com elementos de drama psicológico que enriquecem o roteiro, mesmo com alguns esteriótipos de gênero. É o típico filme que você assiste, se envolve e assim que termina corre para a internet em busca de explicações que estão escondidas em pequenos detalhes ou em diálogos que podem parecer despretensiosos, mas que funcionam como estrutura vital para que a história faça algum sentido. É por isso que gostei mais do roteiro do que do filme - comparando com "Midsommar", por exemplo, achei que faltou algo que me causasse uma certa angústia; em todo caso, acho que vale muito a pena o play! 

Ari Aster é um diretor extremamente criativo e seu trabalho merece muitos elogios: já na primeira sequência do filme entendemos que se trata de um diretor diferenciado, elegante na sua maneira de enquadrar e de dar dinâmica para a história. O fato dele ter escrito o filme ajuda nesse alinhamento conceitual entre o que está no roteiro e o que vai para a tela e é aqui que temos o ponto alto do filme: cheio de surpresas, "Hereditário" é um filme para ser interpretado, ele tem várias camadas e muitos (muitos) detalhes que impactam diretamente em como nos relacionamos com ele - um ótimo exemplo é o fato de que tudo leva a crer que a filha mais nova, Charlie, será a protagonista, porém já no final do primeiro ato o diretor nos mostra que nem tudo "é", aquilo que "parece"! Reparem também que o simbolismo está em todos os lugares e será ele o guia dessa jornada - mas, aviso: será preciso ficar muito atento, pois Aster alterna o "explícito" e o "sugestionável" com a mesma eficiência - reparem (sem spoiler) no colar que Ellen está usando no seu velório e onde mais aquele mesmo símbolo vai aparecer, e muita coisa fará sentido!

Outro elemento do roteiro que me chamou atenção é a mitologia que Aster usa para invocar o sobrenatural: ele escolhe "Paimon" em vez do "Demônio" e com isso amplia a curiosidade sobre a história, já que nos provoca a pesquisar as razões que levaram os personagens a agir de determinadas formas - eu acho isso genial, uma pequena troca e tudo ganha um sentido muito mais amplo! Dica: se após o filme você quiser ir mais profundamente na história por trás das decisões criativas do diretor, eu sugiro esse ótimo texto escrito pela Boo Mesquita para o site "Farofa Geek".

A produtora americana "A24", responsável por "Hereditário", já possui inúmeros sucessos que surpreenderam por agradar tanto a crítica como o público: é o caso de “A Bruxa” (2016) e “Ex Machina" (2015), além de todos os prêmios que conquistou com “Moonlight” (2017) e “O Quarto de Jack” (2016), e ainda inúmeras indicações com “Lady Bird" (2018) e “Projeto Flórida” (2018), com isso é de se esperar que a qualidade técnica esteja a altura da artística e é o que acontece. A produção, mesmo com um baixo orçamento - apenas 10 milhões de dólares - é um primor de detalhes! Basicamente faz uma releitura da "Casa mal-assombrada", ao melhor estilo "O Exorcista", que funciona de gatilho para gerar uma tensão permanente durante as duas horas de filme. A fotografia do Pawel Pogorzelski lembra muito o trabalho que vemos, alguns anos depois, em "Servant" da AppleTv+. O elenco é excelente também - Toni Collette (Sexto Sentido) merecia ter sido lembrada nas premiações por esse trabalho, ela está incrível como uma mãe completamente perturbada que transita com muita sensibilidade entre o "real" e o "paranóico". Mesmo muito contido, Gabriel Byrne também merece elogios e, claro, Alex Wolff é o grande destaque do filme. Apenas a jovem Milly Shapiro não me agradou - muito caricata para o meu gosto.

É bem possível que "Hereditário" vá te assustar, mas é o aspecto oculto que vai mexer com você. A riqueza da história está em uma camada mais profunda e se você não estiver disposto a acessá-la, provavelmente, você vai se decepcionar. Agora, se você quiser ir além do que a tela está sugerindo, certamente você vai encontrar um material vasto que serve como ferramenta na construção de um quebra-cabeça muito bem pensado. Visto o lucro nas bilheterias, mais de 80 milhões de dólares, "Hereditário" conseguiu alcançar o seu público e ainda fortalecer essa nova geração de diretores que estão transformando as histórias de suspense/terror no cinema!

Indico! 

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"Hereditário" é um suspense sobrenatural clássico na sua narrativa, mas inovador na forma como ela é articulada pelo roteirista e diretor Ari Aster - e justamente por isso vai causar o efeito: ame ou odeie! Se você gostou de "Midsommar", outro filme do mesmo diretor, é bem provável que "Hereditário" te conquiste ainda mais, porém se você achou "Midsommar" sem pé nem cabeça, pare de ler esse review agora e parta para a próxima recomendação - sem ressentimentos! É isso, praticamente impossível existir um "meio-termo" para definir a qualidade desse filme, como explicarei no texto abaixo.

"Hereditário" conta, de forma perturbadora, a história de uma família classe média americana que está em luto pela perda de sua matriarca Ellen (Kathleen Chalfant), mãe de Annie (Toni Collette) e avó de Peter (Alex Wolff) e Charlie (Milly Shapiro). Após o funeral, fenômenos estranhos começam a acontecer na casa onde a família reside, o que acaba culminando em novas desgraças e trazendo à tona um incrível mistério sobre as circunstâncias que envolveram a morte de Ellen e seu passado. Confira o trailer:

Pois bem, "Hereditário" é considerado por muitos o melhor filme de suspense de 2018, o que para mim soa como um certo exagero, mas é compreensível essa adoração que o filme do então novato, Ari Aster, gerou na audiência. Foram mais de 100 indicações em festivais do mundo inteiro e 45 prêmios, inclusive foi finalista no "Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films"em 2019, um dos prêmios mais respeitados do gênero - Aster acabou ganhando o Saturn Awards nesse mesmo ano! Mesmo com todo esse cartão de visitas, nem todos vão gostar, pois o filme, de fato, não segue um contexto tão convencional, onde tudo é explicado e o maior mérito fica para a quantidade de sustos que o filme provoca! "Hereditário" definitivamente não é isso; ele é um suspense sobrenatural sim, mas com elementos de drama psicológico que enriquecem o roteiro, mesmo com alguns esteriótipos de gênero. É o típico filme que você assiste, se envolve e assim que termina corre para a internet em busca de explicações que estão escondidas em pequenos detalhes ou em diálogos que podem parecer despretensiosos, mas que funcionam como estrutura vital para que a história faça algum sentido. É por isso que gostei mais do roteiro do que do filme - comparando com "Midsommar", por exemplo, achei que faltou algo que me causasse uma certa angústia; em todo caso, acho que vale muito a pena o play! 

Ari Aster é um diretor extremamente criativo e seu trabalho merece muitos elogios: já na primeira sequência do filme entendemos que se trata de um diretor diferenciado, elegante na sua maneira de enquadrar e de dar dinâmica para a história. O fato dele ter escrito o filme ajuda nesse alinhamento conceitual entre o que está no roteiro e o que vai para a tela e é aqui que temos o ponto alto do filme: cheio de surpresas, "Hereditário" é um filme para ser interpretado, ele tem várias camadas e muitos (muitos) detalhes que impactam diretamente em como nos relacionamos com ele - um ótimo exemplo é o fato de que tudo leva a crer que a filha mais nova, Charlie, será a protagonista, porém já no final do primeiro ato o diretor nos mostra que nem tudo "é", aquilo que "parece"! Reparem também que o simbolismo está em todos os lugares e será ele o guia dessa jornada - mas, aviso: será preciso ficar muito atento, pois Aster alterna o "explícito" e o "sugestionável" com a mesma eficiência - reparem (sem spoiler) no colar que Ellen está usando no seu velório e onde mais aquele mesmo símbolo vai aparecer, e muita coisa fará sentido!

Outro elemento do roteiro que me chamou atenção é a mitologia que Aster usa para invocar o sobrenatural: ele escolhe "Paimon" em vez do "Demônio" e com isso amplia a curiosidade sobre a história, já que nos provoca a pesquisar as razões que levaram os personagens a agir de determinadas formas - eu acho isso genial, uma pequena troca e tudo ganha um sentido muito mais amplo! Dica: se após o filme você quiser ir mais profundamente na história por trás das decisões criativas do diretor, eu sugiro esse ótimo texto escrito pela Boo Mesquita para o site "Farofa Geek".

A produtora americana "A24", responsável por "Hereditário", já possui inúmeros sucessos que surpreenderam por agradar tanto a crítica como o público: é o caso de “A Bruxa” (2016) e “Ex Machina" (2015), além de todos os prêmios que conquistou com “Moonlight” (2017) e “O Quarto de Jack” (2016), e ainda inúmeras indicações com “Lady Bird" (2018) e “Projeto Flórida” (2018), com isso é de se esperar que a qualidade técnica esteja a altura da artística e é o que acontece. A produção, mesmo com um baixo orçamento - apenas 10 milhões de dólares - é um primor de detalhes! Basicamente faz uma releitura da "Casa mal-assombrada", ao melhor estilo "O Exorcista", que funciona de gatilho para gerar uma tensão permanente durante as duas horas de filme. A fotografia do Pawel Pogorzelski lembra muito o trabalho que vemos, alguns anos depois, em "Servant" da AppleTv+. O elenco é excelente também - Toni Collette (Sexto Sentido) merecia ter sido lembrada nas premiações por esse trabalho, ela está incrível como uma mãe completamente perturbada que transita com muita sensibilidade entre o "real" e o "paranóico". Mesmo muito contido, Gabriel Byrne também merece elogios e, claro, Alex Wolff é o grande destaque do filme. Apenas a jovem Milly Shapiro não me agradou - muito caricata para o meu gosto.

É bem possível que "Hereditário" vá te assustar, mas é o aspecto oculto que vai mexer com você. A riqueza da história está em uma camada mais profunda e se você não estiver disposto a acessá-la, provavelmente, você vai se decepcionar. Agora, se você quiser ir além do que a tela está sugerindo, certamente você vai encontrar um material vasto que serve como ferramenta na construção de um quebra-cabeça muito bem pensado. Visto o lucro nas bilheterias, mais de 80 milhões de dólares, "Hereditário" conseguiu alcançar o seu público e ainda fortalecer essa nova geração de diretores que estão transformando as histórias de suspense/terror no cinema!

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High Flying Bird

"High Flying Bird" é, antes de mais nada, um filme de reflexão! Aí você me pergunta: como um filme sobre basquete pode ser um filme para reflexão? Vamos lá: "High Flying Bird" não é sobre basquete, é sobre disrupção!!! E o genial do projeto é que essa disrupção sai da tela, vem para o processo de produção do filme e termina na maneira como o filme está sendo distribuído! Ok, vamos por partes...

O filme fala sobre um "lockout" da NBA.  "Lockout" para quem não sabe, é uma espécie de greve ao contrário, onde quem contrata impede que os contratados exerçam seu trabalho, normalmente, porque estão buscando uma melhor negociação em benefício próprio ou do negócio em si, porém durante todo esse período em que ninguém trabalha, os salários são suspensos e uma grande bola de neve começa se formar forçando a corda estourar sempre do lado mais fraco. Na NBA, para os cartolas, o lado mais fraco são os jogadores! E é aí que o filme ganha força, pois o protagonista, um agente de jovens atletas e potenciais estrelas, trabalha 72 horas para provar que o lado mais fraco, na verdade, é o sistema que a NBA insiste em exaltar e que está ficando cada vez mais ultrapassado - afinal as novas tecnologias estão aí e se você tem a matéria prima, no caso os jogadores, o show está garantido basta as pessoas saberem onde assistir. 

O Steven Soderbergh é um Diretor "a frente do seu tempo" - desde suas estreia em 89 com "Sexo, Mentiras e Videotape", filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original, até o ano 2000 onde foi indicado duas vezes na mesma categoria de Melhor Diretor: uma com "Erin Brockovich" e outra com "Traffic" . Aliás o que esse cara fez em "Traffic" há 19 anos atrás foi um absurdo (se você ainda não assistiu, assista e repare no que eu estou falando!!!): ele dividiu o filme em três pontos de vista diferentes para um mesmo assunto: as drogas. E conceituou cada um desses olhares com uma gramática cinematográfica diferente, apoiado em conceitos emocionais e sensoriais! Incrível, inteligente, criativo e mais quantos adjetivos couberem na mesma frase para justificar esse trabalho!!!

Bom, continuando, Soderberg, então, seguindo o mesmo conceito disruptivo do roteiro (escrito pelo Tarell Alvin McCraney de "Moonlight"), resolve filmar com um Iphone 8 e assim mostrar, mais uma vez, que com a matéria prima, o equipamento é o que menos importa: é possível fazer um filme bom até com um telefone celular que tenha uma boa câmera!!! Isso já tinha acontecido lá atrás com o movimento "Dogma" (no início da mini-DV contra o altíssimo custo da película) mas agora ele dá um passo além, tira do bolso seu iPhone, coloca uma adaptador anamórfico que custa 180 dólares e filma (em 2.35) seu projeto sem a necessidade de um Estúdio bancar o projeto! Claro que tecnicamente o filme é limitado, principalmente na óptica (lentes realmente boas e caras fazem muita falta!), mas de maneira alguma prejudica a experiência de quem assiste. Ok, mas e para distribuir um filme feito com iPhone? Tem uma melhor plataforma para bancar esse marketing disruptivo e atingir tantas pessoas no mundo inteiro, ao mesmo tempo, melhor que a Netflix? Entendem como essa cadeia foi totalmente reinterpretada nesse projeto????

"High Flying Bird" é um filme bom, inteligente e por todos esses fatores merece ser assistido! Sobre a reflexão, eu deixo para cada um buscar dentro do seu universo as respostas para mudar um sistema que não se sustenta mais com imposições ou controle financeiro - sem a matéria prima, tudo isso vira fumaça!!! 

Vale o play!!! Vale a reflexão!!!

Assista Agora

"High Flying Bird" é, antes de mais nada, um filme de reflexão! Aí você me pergunta: como um filme sobre basquete pode ser um filme para reflexão? Vamos lá: "High Flying Bird" não é sobre basquete, é sobre disrupção!!! E o genial do projeto é que essa disrupção sai da tela, vem para o processo de produção do filme e termina na maneira como o filme está sendo distribuído! Ok, vamos por partes...

O filme fala sobre um "lockout" da NBA.  "Lockout" para quem não sabe, é uma espécie de greve ao contrário, onde quem contrata impede que os contratados exerçam seu trabalho, normalmente, porque estão buscando uma melhor negociação em benefício próprio ou do negócio em si, porém durante todo esse período em que ninguém trabalha, os salários são suspensos e uma grande bola de neve começa se formar forçando a corda estourar sempre do lado mais fraco. Na NBA, para os cartolas, o lado mais fraco são os jogadores! E é aí que o filme ganha força, pois o protagonista, um agente de jovens atletas e potenciais estrelas, trabalha 72 horas para provar que o lado mais fraco, na verdade, é o sistema que a NBA insiste em exaltar e que está ficando cada vez mais ultrapassado - afinal as novas tecnologias estão aí e se você tem a matéria prima, no caso os jogadores, o show está garantido basta as pessoas saberem onde assistir. 

O Steven Soderbergh é um Diretor "a frente do seu tempo" - desde suas estreia em 89 com "Sexo, Mentiras e Videotape", filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original, até o ano 2000 onde foi indicado duas vezes na mesma categoria de Melhor Diretor: uma com "Erin Brockovich" e outra com "Traffic" . Aliás o que esse cara fez em "Traffic" há 19 anos atrás foi um absurdo (se você ainda não assistiu, assista e repare no que eu estou falando!!!): ele dividiu o filme em três pontos de vista diferentes para um mesmo assunto: as drogas. E conceituou cada um desses olhares com uma gramática cinematográfica diferente, apoiado em conceitos emocionais e sensoriais! Incrível, inteligente, criativo e mais quantos adjetivos couberem na mesma frase para justificar esse trabalho!!!

Bom, continuando, Soderberg, então, seguindo o mesmo conceito disruptivo do roteiro (escrito pelo Tarell Alvin McCraney de "Moonlight"), resolve filmar com um Iphone 8 e assim mostrar, mais uma vez, que com a matéria prima, o equipamento é o que menos importa: é possível fazer um filme bom até com um telefone celular que tenha uma boa câmera!!! Isso já tinha acontecido lá atrás com o movimento "Dogma" (no início da mini-DV contra o altíssimo custo da película) mas agora ele dá um passo além, tira do bolso seu iPhone, coloca uma adaptador anamórfico que custa 180 dólares e filma (em 2.35) seu projeto sem a necessidade de um Estúdio bancar o projeto! Claro que tecnicamente o filme é limitado, principalmente na óptica (lentes realmente boas e caras fazem muita falta!), mas de maneira alguma prejudica a experiência de quem assiste. Ok, mas e para distribuir um filme feito com iPhone? Tem uma melhor plataforma para bancar esse marketing disruptivo e atingir tantas pessoas no mundo inteiro, ao mesmo tempo, melhor que a Netflix? Entendem como essa cadeia foi totalmente reinterpretada nesse projeto????

"High Flying Bird" é um filme bom, inteligente e por todos esses fatores merece ser assistido! Sobre a reflexão, eu deixo para cada um buscar dentro do seu universo as respostas para mudar um sistema que não se sustenta mais com imposições ou controle financeiro - sem a matéria prima, tudo isso vira fumaça!!! 

Vale o play!!! Vale a reflexão!!!

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História de um Casamento

Costumo dizer que uma história tem sempre dois lados e por isso acredito que uma das maiores covardias sociais que pode existir é o julgamento ou pior, quando alguém próximo resolve tomar partido de um dos lados durante a separação ou no fim de um casamento, principalmente se o casal já tiver filhos! "História de um Casamento" é um soco no estômago por tudo isso e dependendo da sua história de vida, esse soco pode doer mais! O filme mostra o processo de separação de um Diretor de Teatro residente em NY e de uma atriz nascida em Los Angeles. Os dois foram muito felizes durante anos até que ela resolve se separar e voltar com o filho para sua cidade - o que acontece a partir daí é uma das mais doloridas jornadas de aceitação que um casal precisa passar durante a vida.

O interessante do filme é que o roteiro trás os dois lados da história desde o início (com uma prólogo sensacional que já dá o tom do que virá pela frente, apresentando os personagens e o momento que eles estão passando) e toda a transformação que eles se submetem graças a pressão social e, claro, ao ego ferido de cada um (inclusive dos advogados)! A crueldade do filme está em abordar com muita sensibilidade essa solidão muito particular que Charlie (Adam Driver) e Nicole (Scarlett Johansson) passam ao tentar esconder seus reais sentimentos para impedir que esse divórcio não acabe definitivamente com tudo que eles construíram juntos e com todos os sonhos que compartilharam durante anos - aliás, muito personificado na figura de um lindo garoto, filho do casal! Olha, se prepare para um grande filme, difícil, inteligente e muito visceral - mais um que deve brilhar nas premiações do próximo ano, pode apostar!

Poderia ser um filme dirigido pelo Wood Allen tranquilamente, mas a competência do Noah Baumbach (A Lula e a Baleia e The Meyerowitz Stories) nos proporciona a mesma qualidade na experiência de acompanhar a história dos dois protagonistas filmando em 35mm (e não em Digital) para aproveitar aquela magia do grão e o aspecto mais, digamos, antigo da imagem - propositalmente nostálgico. Noah, que também escreveu o roteiro, se inspirou no seu próprio processo de divórcio, deixando claro que o filme, na verdade, é mais uma provocação sobre o valor do verdadeiro amor, mesmo em um cenário tão conturbado como o divórcio. Pode parecer complexo, mas não é; "História de um Casamento" tem alma e uma direção focada nos detalhes - sem a necessidade de elevar o tom da interpretação, aproveitando o silêncio, os olhares, o sofrimento dos atores - puxa, e que atores!!!! Claro que os diálogos são excelentes, mas Scarlett Johansson e (principalmente) Adam Drive dão um show. Pode escrever: Adam Drive será indicado como melhor ator e não me surpreenderia se ganhasse, mesmo correndo por fora contra Adam Sandler e Joaquin Phoenix. Outra atriz que merece destaque e pode ganhar uma indicação de coadjuvante é Laura Dern (Big Little Lies) - ela está incrível como a advogada de Nicole.

"História de um Casamento" é o que é, um filme que mexe com a gente, que emociona pelo simples fato de nos colocarmos na pele de cada um dos personagens. É um filme de relação difícil, dolorido, injusto, mas muito (muito mesmo) sensível! Embora Noah Baumbach tenha colocado sua história em muitos detalhes dessa jornada, é notável sua capacidade de universalizar os assuntos discutidos no filme. O amor colocado em segundo plano por causa de convenções de uma mesma sociedade que cobra a cada instante e que se sente prazer ao julgar um casal quando não se assume alguma dificuldade ou até quando se toma alguma decisão diferente do óbvio pensando no bem do filho, por exemplo. Olha, "História de um Casamento" é sensacional; com um roteiro, direção e atuação extremamente alinhados. Impecável! O filme foi muito bem nos Festivais que participou até agora e, na minha opinião, vem muito forte para o Oscar de 2020 - dá para esperar umas 3 ou 4 indicações tranquilamente, entre elas, melhor filme (e não é exagero)! Não acredita? Dê o play e se prepare para duas horas com o coração apertado e muito tempo de reflexão quando o filme acabar - e por favor repare como a trilha sonora é a cereja desse bolo delicioso!!!

Up-date: "História de um Casamento" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Atriz Coadjuvante!

Assista Agora 

Costumo dizer que uma história tem sempre dois lados e por isso acredito que uma das maiores covardias sociais que pode existir é o julgamento ou pior, quando alguém próximo resolve tomar partido de um dos lados durante a separação ou no fim de um casamento, principalmente se o casal já tiver filhos! "História de um Casamento" é um soco no estômago por tudo isso e dependendo da sua história de vida, esse soco pode doer mais! O filme mostra o processo de separação de um Diretor de Teatro residente em NY e de uma atriz nascida em Los Angeles. Os dois foram muito felizes durante anos até que ela resolve se separar e voltar com o filho para sua cidade - o que acontece a partir daí é uma das mais doloridas jornadas de aceitação que um casal precisa passar durante a vida.

O interessante do filme é que o roteiro trás os dois lados da história desde o início (com uma prólogo sensacional que já dá o tom do que virá pela frente, apresentando os personagens e o momento que eles estão passando) e toda a transformação que eles se submetem graças a pressão social e, claro, ao ego ferido de cada um (inclusive dos advogados)! A crueldade do filme está em abordar com muita sensibilidade essa solidão muito particular que Charlie (Adam Driver) e Nicole (Scarlett Johansson) passam ao tentar esconder seus reais sentimentos para impedir que esse divórcio não acabe definitivamente com tudo que eles construíram juntos e com todos os sonhos que compartilharam durante anos - aliás, muito personificado na figura de um lindo garoto, filho do casal! Olha, se prepare para um grande filme, difícil, inteligente e muito visceral - mais um que deve brilhar nas premiações do próximo ano, pode apostar!

Poderia ser um filme dirigido pelo Wood Allen tranquilamente, mas a competência do Noah Baumbach (A Lula e a Baleia e The Meyerowitz Stories) nos proporciona a mesma qualidade na experiência de acompanhar a história dos dois protagonistas filmando em 35mm (e não em Digital) para aproveitar aquela magia do grão e o aspecto mais, digamos, antigo da imagem - propositalmente nostálgico. Noah, que também escreveu o roteiro, se inspirou no seu próprio processo de divórcio, deixando claro que o filme, na verdade, é mais uma provocação sobre o valor do verdadeiro amor, mesmo em um cenário tão conturbado como o divórcio. Pode parecer complexo, mas não é; "História de um Casamento" tem alma e uma direção focada nos detalhes - sem a necessidade de elevar o tom da interpretação, aproveitando o silêncio, os olhares, o sofrimento dos atores - puxa, e que atores!!!! Claro que os diálogos são excelentes, mas Scarlett Johansson e (principalmente) Adam Drive dão um show. Pode escrever: Adam Drive será indicado como melhor ator e não me surpreenderia se ganhasse, mesmo correndo por fora contra Adam Sandler e Joaquin Phoenix. Outra atriz que merece destaque e pode ganhar uma indicação de coadjuvante é Laura Dern (Big Little Lies) - ela está incrível como a advogada de Nicole.

"História de um Casamento" é o que é, um filme que mexe com a gente, que emociona pelo simples fato de nos colocarmos na pele de cada um dos personagens. É um filme de relação difícil, dolorido, injusto, mas muito (muito mesmo) sensível! Embora Noah Baumbach tenha colocado sua história em muitos detalhes dessa jornada, é notável sua capacidade de universalizar os assuntos discutidos no filme. O amor colocado em segundo plano por causa de convenções de uma mesma sociedade que cobra a cada instante e que se sente prazer ao julgar um casal quando não se assume alguma dificuldade ou até quando se toma alguma decisão diferente do óbvio pensando no bem do filho, por exemplo. Olha, "História de um Casamento" é sensacional; com um roteiro, direção e atuação extremamente alinhados. Impecável! O filme foi muito bem nos Festivais que participou até agora e, na minha opinião, vem muito forte para o Oscar de 2020 - dá para esperar umas 3 ou 4 indicações tranquilamente, entre elas, melhor filme (e não é exagero)! Não acredita? Dê o play e se prepare para duas horas com o coração apertado e muito tempo de reflexão quando o filme acabar - e por favor repare como a trilha sonora é a cereja desse bolo delicioso!!!

Up-date: "História de um Casamento" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Atriz Coadjuvante!

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Hollywood

A minissérie "Hollywood", nova produção da Netflix com o carimbo do badalado showrunner Ryan Murphy ("Feud", "Glee" e "Nip Tuck"), tem muitos acertos e algumas transgressões, mas depois de assistir os sete episódios fiquei com a sensação de que o projeto poderia ter ido muito além do que foi em um ponto muito particular: o roteiro! Para tudo fazer um pouco mais de sentido, te convido a assistir o trailer:

Ao assistir o trailer temos a impressão que estamos diante da melhor minissérie que um amante da sétima arte poderia sonhar: uma excelente produção, ótimos atores, uma história real muito cativante e, claro, tudo isso embrulhado perfeitamente com o glamour e o charme do universo do cinema americano! Pois bem, acontece que "Hollywood" não sustenta essa expectativa ao escolher soluções narrativas mais fáceis e, por incrível que pareça, acaba se perdendo na falta de identidade. 

No final da década de 1940, diversos jovens desembarcavam em Los Angeles com a esperança de se tornarem famosos e reconhecidos no cinema. Entretanto, para chamar atenção na multidão, os aspirantes ao estrelato precisavam sobreviver em uma cidade muitas vezes cruel e ainda dar a sorte de conhecer as pessoas certas. É nesse contexto que o ex-soldado Jack Castello (David Corenswet) passa a se prostituir enquanto espera por uma oportunidade de se tornar ator. No meio dessa jornada, ele conhece Archie Coleman (Jeremy Pope), um roteirista negro e gay, o jovem diretor Raymond Ainsley (Darren Chris) e a milionária Avis Amberg (Patti LuPone), casada com o dono de um dos maiores Estúdios de Cinema dos EUA, o ACE Studios!

Questões como assédio, abuso de poder e preconceito são elementos exaustivamente discutidos da minissérie, porém com um enfoque diferente do que estamos acostumados: os homens são as vítimas, retratando assim, em uma mesma tacada, tanto o movimento gay, como as perseguições raciais nos bastidores da Era de Ouro do Cinema Americano! Quase como um manifesto, o que vemos nos episódios não é exatamente o que se dá a entender que veremos pelo trailer! A minissérie não economiza em nenhum tipo de cena: nas relações pessoais, amorosas ou na prostituição, até no diálogo mais ácido sobre alguns assuntos bem pesados! De fato não é uma minissérie que vai agradar a todos justamente por isso, mas há de se destacar a coragem em mostrar a realidade, por mais que possa nos incomodar (e não estou falando de um assunto em particular e sim do todo)! Vale o play, mas com essas ressalvas e algumas outras que discuto à seguir!

Quando o roteiro assume sua clara preocupação em priorizar a forma e não o conteúdo, "Hollywood" perde sua alma! Escrevo isso com dor no coração, pois era uma oportunidade de ouro. Reparem na trama: precisando de dinheiro para cuidar da esposa grávida e sem conseguir uma oportunidade como figurante em um filme, Jack Castello é aliciado pelo dono de um posto de gasolina que, além de encher o tanque dos carros, serve de fachada para serviços sexuais. Embora Jack recuse se prostituir com outros homens (como era de costume aliás), ele cede à necessidade de sobrevivência e se dispõe a sair com mulheres ricas - é aí que conhece Avis Amberg e sua vida começa a mudar.Em paralelo somos apresentados a história de mais alguns personagens intrigantes, mas que vão parecer pouco explorados: Archie Coleman, também trabalha no posto - ele gerou interesse do Estúdio ao ter seu roteiro (que enviou pelo correio) lido por um dos produtores. Sabendo desse interesse, ele precisa esconder do dono do Estúdio que é negro e gay enquanto não assina o contrato de produção. Já Camille Washington (Laura Harrier), é uma excelente atriz que sempre acaba em papéis secundários justamente por também ser negra e por fim, Henry Wilson (Jim Parsons), um importante agente de talentos bastante conhecido por transformar bons atores em estrelas de cinema, em troca de favores sexuais. 

Com um tom muito parecido com os dois primeiros atos de "Era uma vez em… Hollywood", mas sem o brilhantismo de Quentin Tarantino para conduzir a história, "Hollywood" mistura fatos e personagens reais com muita fantasia - se em alguns momentos temos a impressão de acompanhar uma aula de história do cinema, em outros presenciamos uma trama completamente superficial que parecia ser uma coisa e na realidade é algo completamente diferente - bem menos interessante! Com personagens tão complexos, a história sofre com a falta de rumo (e talvez até de tempo - se fosse uma série, poderia ser diferente!). Mas é preciso dizer também, que não se trata de uma minissérie ruim - existem algumas forçadas de barra com o claro objetivo de chocar quem assiste e que depois não se sustentam com o passar dos episódios, culminando em um último ato que mais parece um final de novela, que incomoda! É um pouco frustrante, mas não dá par dizer que é um jornada chata!

Ryan Murphy entregou uma minissérie muito bem produzida: a "arte" está impecável em todos os seus departamentos, mas uma das suas maiores qualidades, simplesmente, vai se desfazendo lentamente com um problema sério de progressão narrativa: os cinco primeiros episódios tem um ritmo e os dois últimos, outro - é tão perceptível que a falta unidade chega a confundir!  "Hollywood" é um bom entretenimento se você estiver disposto a entrar no jogo que o roteiro propõe - tem uma história interessante, bons temas para se discutir e refletir, mas uma dramaturgia pouco inspirada! Vai do gosto!

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A minissérie "Hollywood", nova produção da Netflix com o carimbo do badalado showrunner Ryan Murphy ("Feud", "Glee" e "Nip Tuck"), tem muitos acertos e algumas transgressões, mas depois de assistir os sete episódios fiquei com a sensação de que o projeto poderia ter ido muito além do que foi em um ponto muito particular: o roteiro! Para tudo fazer um pouco mais de sentido, te convido a assistir o trailer:

Ao assistir o trailer temos a impressão que estamos diante da melhor minissérie que um amante da sétima arte poderia sonhar: uma excelente produção, ótimos atores, uma história real muito cativante e, claro, tudo isso embrulhado perfeitamente com o glamour e o charme do universo do cinema americano! Pois bem, acontece que "Hollywood" não sustenta essa expectativa ao escolher soluções narrativas mais fáceis e, por incrível que pareça, acaba se perdendo na falta de identidade. 

No final da década de 1940, diversos jovens desembarcavam em Los Angeles com a esperança de se tornarem famosos e reconhecidos no cinema. Entretanto, para chamar atenção na multidão, os aspirantes ao estrelato precisavam sobreviver em uma cidade muitas vezes cruel e ainda dar a sorte de conhecer as pessoas certas. É nesse contexto que o ex-soldado Jack Castello (David Corenswet) passa a se prostituir enquanto espera por uma oportunidade de se tornar ator. No meio dessa jornada, ele conhece Archie Coleman (Jeremy Pope), um roteirista negro e gay, o jovem diretor Raymond Ainsley (Darren Chris) e a milionária Avis Amberg (Patti LuPone), casada com o dono de um dos maiores Estúdios de Cinema dos EUA, o ACE Studios!

Questões como assédio, abuso de poder e preconceito são elementos exaustivamente discutidos da minissérie, porém com um enfoque diferente do que estamos acostumados: os homens são as vítimas, retratando assim, em uma mesma tacada, tanto o movimento gay, como as perseguições raciais nos bastidores da Era de Ouro do Cinema Americano! Quase como um manifesto, o que vemos nos episódios não é exatamente o que se dá a entender que veremos pelo trailer! A minissérie não economiza em nenhum tipo de cena: nas relações pessoais, amorosas ou na prostituição, até no diálogo mais ácido sobre alguns assuntos bem pesados! De fato não é uma minissérie que vai agradar a todos justamente por isso, mas há de se destacar a coragem em mostrar a realidade, por mais que possa nos incomodar (e não estou falando de um assunto em particular e sim do todo)! Vale o play, mas com essas ressalvas e algumas outras que discuto à seguir!

Quando o roteiro assume sua clara preocupação em priorizar a forma e não o conteúdo, "Hollywood" perde sua alma! Escrevo isso com dor no coração, pois era uma oportunidade de ouro. Reparem na trama: precisando de dinheiro para cuidar da esposa grávida e sem conseguir uma oportunidade como figurante em um filme, Jack Castello é aliciado pelo dono de um posto de gasolina que, além de encher o tanque dos carros, serve de fachada para serviços sexuais. Embora Jack recuse se prostituir com outros homens (como era de costume aliás), ele cede à necessidade de sobrevivência e se dispõe a sair com mulheres ricas - é aí que conhece Avis Amberg e sua vida começa a mudar.Em paralelo somos apresentados a história de mais alguns personagens intrigantes, mas que vão parecer pouco explorados: Archie Coleman, também trabalha no posto - ele gerou interesse do Estúdio ao ter seu roteiro (que enviou pelo correio) lido por um dos produtores. Sabendo desse interesse, ele precisa esconder do dono do Estúdio que é negro e gay enquanto não assina o contrato de produção. Já Camille Washington (Laura Harrier), é uma excelente atriz que sempre acaba em papéis secundários justamente por também ser negra e por fim, Henry Wilson (Jim Parsons), um importante agente de talentos bastante conhecido por transformar bons atores em estrelas de cinema, em troca de favores sexuais. 

Com um tom muito parecido com os dois primeiros atos de "Era uma vez em… Hollywood", mas sem o brilhantismo de Quentin Tarantino para conduzir a história, "Hollywood" mistura fatos e personagens reais com muita fantasia - se em alguns momentos temos a impressão de acompanhar uma aula de história do cinema, em outros presenciamos uma trama completamente superficial que parecia ser uma coisa e na realidade é algo completamente diferente - bem menos interessante! Com personagens tão complexos, a história sofre com a falta de rumo (e talvez até de tempo - se fosse uma série, poderia ser diferente!). Mas é preciso dizer também, que não se trata de uma minissérie ruim - existem algumas forçadas de barra com o claro objetivo de chocar quem assiste e que depois não se sustentam com o passar dos episódios, culminando em um último ato que mais parece um final de novela, que incomoda! É um pouco frustrante, mas não dá par dizer que é um jornada chata!

Ryan Murphy entregou uma minissérie muito bem produzida: a "arte" está impecável em todos os seus departamentos, mas uma das suas maiores qualidades, simplesmente, vai se desfazendo lentamente com um problema sério de progressão narrativa: os cinco primeiros episódios tem um ritmo e os dois últimos, outro - é tão perceptível que a falta unidade chega a confundir!  "Hollywood" é um bom entretenimento se você estiver disposto a entrar no jogo que o roteiro propõe - tem uma história interessante, bons temas para se discutir e refletir, mas uma dramaturgia pouco inspirada! Vai do gosto!

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Holy Spider

Antes de mais nada é preciso alinhar as expectativas, já que "Holy Spider" pode ser entendido de duas formas: uma pela perspectiva mais sócio-cultural e religiosa do cinema independente iraniano e outra pelo olhar mais investigativo do entretenimento nórdico. Pois bem, se analisarmos o filme mais superficialmente, eu diria que essa produção dinamarquesa dirigida pelo iraniano Ali Abbasi (de "Border"), é apenas um mediado (para bom) thriller policial. Então não caia nessa armadilha, pois essa atmosfera "serial killer" é apenas o pano de fundo para discutir camadas muito mais delicadas sobre a relação visceral entre o ser humano extremista  e a violência misógina do Irã. Um dos lançamentos mais comentados de 2022, dividindo opiniões e gerando debates acalorados,  "Holy Spider" chega chancelado por mais de 20 prêmios em festivais ao redor do planeta incluindo o de Melhor Atriz no Festival de Cannes para Zar Amir Ebrahimi.

A trama acompanha a saga da destemida jornalista Arezoo Rahimi (Amir-Ebrahimi), que se infiltra no submundo da cidade sagrada de Mashhad, no Irã, em busca de um serial killer que aterroriza a comunidade: o "Aranha Assassina". Motivado por crenças religiosas distorcidas e sexistas, ele se autoproclama o purificador da cidade, exterminando prostitutas que considera "impuras". Confira o trailer (com legendas em inglês):

Impactante no seu conteúdo e provocar na forma como esse conteúdo é apresentado, Abbasi merece todos os elogios por nos entregar um retrato cru e sem concessões sobre a realidade iraniana, onde a misoginia está enraizada na cultura e na religião. Embora em um primeiro olhar "Holy Spider" pareça focar na investigação de Rahimi, o roteiro do próprio diretor com o estreante Afshin Kamran Bahrami, sai do óbvio ao colocar a jornalista em uma verdadeira rota de colisão com as autoridades corruptas e os homens misóginos que defendem os atos do assassino. Se a cada passo, Rahimi enfrenta os perigos e os obstáculos de uma mulher, solteira, jornalista e forasteira, tentando entender a razão da polícia local não estar dando atenção aos crimes, seu impulso, sem dúvida, está na razão pela qual essa busca por justiça acontece: é preciso dar voz às mulheres silenciadas pela violência.

O diretor constrói uma atmosfera claustrofóbica e sufocante, utilizando planos fechados e uma paleta de cores sombrias que refletem a opressão e a violência presentes na história. Esse estilo de fotografia do dinamarquês Nadim Carlsen nos remete aos excelentes policiais nórdicos - aqui sem o azul gélido, mas com o verde e o marrom das paisagens de Mashhad totalmente alinhados ao conceito mais documental de Abbasi. Ele usa muito da câmera solta para trazer veracidade para a narrativa e valorizar a história que é baseada em fatos reais. As performances dos atores são igualmente competentes, com destaque para Zar Amir-Ebrahimi, que entrega uma jornada comovente como Rahimi.

"Holy Spider" é realmente um filme mais difícil, que vai exigir um olhar mais holístico sobre a trama e por se tratar de uma forte crítica social, profunda e contundente, que expõe a hipocrisia e a brutalidade de um sistema patriarcal que oprime e silencia as mulheres iranianas. É um filme que choca e que revolta, mas que também nos convida para uma reflexão importante sobre a força e a resiliência das mulheres em sua luta por justiça e liberdade. Então se você busca uma experiência cinematográfica perturbadora e ao mesmo tempo instigante, que te fará questionar as estruturas de poder e as raízes da violência contra as mulheres, "Holy Spider" é um filme imperdível - especialmente por um terceiro ato digno de muitos prêmios.

Prepare-se para ser confrontado com realidades duras e incômodas, mas também com a força e a bravura de uma mulher que luta por um mundo mais justo. Pode dar o play!

Assista Agora

Antes de mais nada é preciso alinhar as expectativas, já que "Holy Spider" pode ser entendido de duas formas: uma pela perspectiva mais sócio-cultural e religiosa do cinema independente iraniano e outra pelo olhar mais investigativo do entretenimento nórdico. Pois bem, se analisarmos o filme mais superficialmente, eu diria que essa produção dinamarquesa dirigida pelo iraniano Ali Abbasi (de "Border"), é apenas um mediado (para bom) thriller policial. Então não caia nessa armadilha, pois essa atmosfera "serial killer" é apenas o pano de fundo para discutir camadas muito mais delicadas sobre a relação visceral entre o ser humano extremista  e a violência misógina do Irã. Um dos lançamentos mais comentados de 2022, dividindo opiniões e gerando debates acalorados,  "Holy Spider" chega chancelado por mais de 20 prêmios em festivais ao redor do planeta incluindo o de Melhor Atriz no Festival de Cannes para Zar Amir Ebrahimi.

A trama acompanha a saga da destemida jornalista Arezoo Rahimi (Amir-Ebrahimi), que se infiltra no submundo da cidade sagrada de Mashhad, no Irã, em busca de um serial killer que aterroriza a comunidade: o "Aranha Assassina". Motivado por crenças religiosas distorcidas e sexistas, ele se autoproclama o purificador da cidade, exterminando prostitutas que considera "impuras". Confira o trailer (com legendas em inglês):

Impactante no seu conteúdo e provocar na forma como esse conteúdo é apresentado, Abbasi merece todos os elogios por nos entregar um retrato cru e sem concessões sobre a realidade iraniana, onde a misoginia está enraizada na cultura e na religião. Embora em um primeiro olhar "Holy Spider" pareça focar na investigação de Rahimi, o roteiro do próprio diretor com o estreante Afshin Kamran Bahrami, sai do óbvio ao colocar a jornalista em uma verdadeira rota de colisão com as autoridades corruptas e os homens misóginos que defendem os atos do assassino. Se a cada passo, Rahimi enfrenta os perigos e os obstáculos de uma mulher, solteira, jornalista e forasteira, tentando entender a razão da polícia local não estar dando atenção aos crimes, seu impulso, sem dúvida, está na razão pela qual essa busca por justiça acontece: é preciso dar voz às mulheres silenciadas pela violência.

O diretor constrói uma atmosfera claustrofóbica e sufocante, utilizando planos fechados e uma paleta de cores sombrias que refletem a opressão e a violência presentes na história. Esse estilo de fotografia do dinamarquês Nadim Carlsen nos remete aos excelentes policiais nórdicos - aqui sem o azul gélido, mas com o verde e o marrom das paisagens de Mashhad totalmente alinhados ao conceito mais documental de Abbasi. Ele usa muito da câmera solta para trazer veracidade para a narrativa e valorizar a história que é baseada em fatos reais. As performances dos atores são igualmente competentes, com destaque para Zar Amir-Ebrahimi, que entrega uma jornada comovente como Rahimi.

"Holy Spider" é realmente um filme mais difícil, que vai exigir um olhar mais holístico sobre a trama e por se tratar de uma forte crítica social, profunda e contundente, que expõe a hipocrisia e a brutalidade de um sistema patriarcal que oprime e silencia as mulheres iranianas. É um filme que choca e que revolta, mas que também nos convida para uma reflexão importante sobre a força e a resiliência das mulheres em sua luta por justiça e liberdade. Então se você busca uma experiência cinematográfica perturbadora e ao mesmo tempo instigante, que te fará questionar as estruturas de poder e as raízes da violência contra as mulheres, "Holy Spider" é um filme imperdível - especialmente por um terceiro ato digno de muitos prêmios.

Prepare-se para ser confrontado com realidades duras e incômodas, mas também com a força e a bravura de uma mulher que luta por um mundo mais justo. Pode dar o play!

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Homem-Aranha: Longe de Casa

"Homem-Aranha: Longe de Casa" é, sem dúvida, um dos melhores filmes do Universo Marvel no Cinema! Pode parecer exagerado ou até empolgação depois de uma "obra de arte" como "Vingadores Ultimato", mas não; posso te garantir que o segundo filme do Homem-Aranha é daqueles acertos que agradam à todos pelo seu equilíbrio narrativo e pela qualidade técnica, ou seja, a história é muito boa e o visual melhor ainda!!! Mais um acerto - o que parece redundante, vale dizer!

Anunciado como um Epílogo para a Fase 3, após os acontecimentos do último "Vingadores", "Homem-Aranha: Longe de Casa" está muito bem amarrado como arco narrativo e como desenvolvimento de personagem (no caso, a ascensão do Homem Aranha dentro da equipe e a promessa intelectual de Peter Parker assumir responsabilidades que antes eram do Stark). É preciso dizer que o reboot (o terceiro) do herói pareceu prematuro, mas o tempo provou ter sido uma decisão correta, pois a identificação do público com um personagem mais jovem, com tantas descobertas e inseguranças, foi imediata - e olha, nesse filme eles acertam o tom de uma forma surpreendente. O filme é leve ao mesmo tempo que é dinâmico. Os personagens são extremamente carismáticos, humanos e os alívios cômicos estão muito bem pontuados. Eu diria que "Homem-Aranha: Longe de Casa" é ainda melhor que o primeiro filme e que Tom Holland é, definitivamente, o melhor Homem-Aranha dos últimos tempos.

Em meio a ressaca de "Ultimato" e todas as perdas tão doloridas para a humanidade, o planeta começa a sofrer uma série de ataques de Monstros Elementais. É quando surge um novo "herói" chamado Mystério (Jake Gyllenhaal). Ele parece ser a única esperança de deter essas criaturas e isso deixa Nick Fury preocupado. Para que os Vingadores não sejam esquecidos ou fragilizados na presença de um desconhecido, ele vai atrás do Homem-Aranha para representar a equipe e se unir a Mystério nessa luta. Acontece que Parker também está abalado com o que aconteceu na batalha com Thanos e, aproveitando um programa de reintegração dos alunos que ficaram fora do mundo por cinco anos depois de "Guerra Infinita", deseja sair de férias com os amigos em um tour pela Europa.  -  aqui cabe um comentário: eles amarraram tão bem os dois filmes finais dos Vingadores e inseriram esses fatos melhor ainda no Epílogo - um show de planejamento! Bem, voltando... Com a pressão de Fury e o medo de colocar em risco seus amigos, Parker resolve abraçar a causa e lutar ao lado de Mystério. Acontece que as coisas não são exatamente como Parker imagina e aqui eu me sinto obrigado a parar para não estragar a sua experiência de assistir essa dualidade de sentimentos que o personagem vive no filme. Só te adianto, vem um show pela frente: nas cenas de ação, na qualidade dos efeitos (CG) e na forma como o arco, mais uma vez, se fecha!

"Homem-Aranha: Longe de Casa" é um grande filme, merece ser assistido no cinema e abre caminho para uma nova fase do MCU que parece ser ainda mais promissora, pois vai trazer muito dos "Universos Paralelos" dos quadrinhos e quem sabe até um resgate do sucesso da recente animação do "Aranhaverso". Olha, nada mais me surpreenderia (rs), pois a Marvel já me provou que tudo acontece por um motivo nos (vários) filmes que compõem o seu Universo, eles sabem muito bem o que estão fazendo e conhecem melhor ainda o potencial dos seus personagens e das suas sagas!!!

Que venham muitos outros grandes filmes!!!

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"Homem-Aranha: Longe de Casa" é, sem dúvida, um dos melhores filmes do Universo Marvel no Cinema! Pode parecer exagerado ou até empolgação depois de uma "obra de arte" como "Vingadores Ultimato", mas não; posso te garantir que o segundo filme do Homem-Aranha é daqueles acertos que agradam à todos pelo seu equilíbrio narrativo e pela qualidade técnica, ou seja, a história é muito boa e o visual melhor ainda!!! Mais um acerto - o que parece redundante, vale dizer!

Anunciado como um Epílogo para a Fase 3, após os acontecimentos do último "Vingadores", "Homem-Aranha: Longe de Casa" está muito bem amarrado como arco narrativo e como desenvolvimento de personagem (no caso, a ascensão do Homem Aranha dentro da equipe e a promessa intelectual de Peter Parker assumir responsabilidades que antes eram do Stark). É preciso dizer que o reboot (o terceiro) do herói pareceu prematuro, mas o tempo provou ter sido uma decisão correta, pois a identificação do público com um personagem mais jovem, com tantas descobertas e inseguranças, foi imediata - e olha, nesse filme eles acertam o tom de uma forma surpreendente. O filme é leve ao mesmo tempo que é dinâmico. Os personagens são extremamente carismáticos, humanos e os alívios cômicos estão muito bem pontuados. Eu diria que "Homem-Aranha: Longe de Casa" é ainda melhor que o primeiro filme e que Tom Holland é, definitivamente, o melhor Homem-Aranha dos últimos tempos.

Em meio a ressaca de "Ultimato" e todas as perdas tão doloridas para a humanidade, o planeta começa a sofrer uma série de ataques de Monstros Elementais. É quando surge um novo "herói" chamado Mystério (Jake Gyllenhaal). Ele parece ser a única esperança de deter essas criaturas e isso deixa Nick Fury preocupado. Para que os Vingadores não sejam esquecidos ou fragilizados na presença de um desconhecido, ele vai atrás do Homem-Aranha para representar a equipe e se unir a Mystério nessa luta. Acontece que Parker também está abalado com o que aconteceu na batalha com Thanos e, aproveitando um programa de reintegração dos alunos que ficaram fora do mundo por cinco anos depois de "Guerra Infinita", deseja sair de férias com os amigos em um tour pela Europa.  -  aqui cabe um comentário: eles amarraram tão bem os dois filmes finais dos Vingadores e inseriram esses fatos melhor ainda no Epílogo - um show de planejamento! Bem, voltando... Com a pressão de Fury e o medo de colocar em risco seus amigos, Parker resolve abraçar a causa e lutar ao lado de Mystério. Acontece que as coisas não são exatamente como Parker imagina e aqui eu me sinto obrigado a parar para não estragar a sua experiência de assistir essa dualidade de sentimentos que o personagem vive no filme. Só te adianto, vem um show pela frente: nas cenas de ação, na qualidade dos efeitos (CG) e na forma como o arco, mais uma vez, se fecha!

"Homem-Aranha: Longe de Casa" é um grande filme, merece ser assistido no cinema e abre caminho para uma nova fase do MCU que parece ser ainda mais promissora, pois vai trazer muito dos "Universos Paralelos" dos quadrinhos e quem sabe até um resgate do sucesso da recente animação do "Aranhaverso". Olha, nada mais me surpreenderia (rs), pois a Marvel já me provou que tudo acontece por um motivo nos (vários) filmes que compõem o seu Universo, eles sabem muito bem o que estão fazendo e conhecem melhor ainda o potencial dos seus personagens e das suas sagas!!!

Que venham muitos outros grandes filmes!!!

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Hotel Mumbai

Talvez você ainda não tenha assistido um filme sobre ataques terroristas ao redor do planeta por uma perspectiva tão brutal como em "Hotel Mumbai". Esse filme realmente traz o horror dessa experiência tão marcante de uma forma muito palpável, visceral eu diria, que é impossível não se sentir impactado - sua narrativa me lembrou muito o documentário (também imperdível), "13 de Novembro: Terror em Paris". O fato é que "Atentado ao Hotel Taj Mahal" (título nacional), filme de estréia do diretor Anthony Maras, é uma obra cinematográfica que se destaca não apenas pela sua excelência técnica, mas também pela maneira como sua narrativa constrói uma jornada de profunda humanidade e coragem de personagens. Baseado nos eventos reais do atentado ao Hotel Taj Mahal Palace em Mumbai, Índia, o filme oferece uma visão angustiante e comovente sobre os horrores do terrorismo e a resiliência do espírito humano. Recebendo elogios tanto da crítica quanto do público, esse é aquele tipo de obra que transcende os limites do entretenimento e que, de fato, nos faz refletir sobre o extremismo e suas implicações na sociedade - em vários níveis, aliás.

Basicamente "Hotel Mumbai" acompanha a história real de alguns dos seus  funcionários, incluindo o renomado chef Hemant Oberoi (Anupam Kher) e de seu ajudante Arjun (Dev Patel), que arriscam suas próprias vidas para proteger os hóspedes do requintado Hotel Taj Mahal Palace durante os ataques terroristas de 2008. Enquanto o caos se desenrola ao seu redor, esses funcionários se tornam heróis improváveis, lutando para manter a calma e a esperança em meio à violência dos extremistas e ao desespero de seus hóspedes. Confira o trailer:

É perceptível a tentativa do diretor Anthony Maras de fazer de "Hotel Mumbai" um recorte intimista do que realmente aconteceu naquele 26 de novembro de 2008 - e por isso fica fácil atestar que sua proposta se destaca pela autenticidade e realismo com que narra os bastidores do atentado. Sua direção é magistral, justamente por criar uma impressionante atmosfera de tensão, capaz de transportar a audiência para dentro do caos sem pedir muita licença. “Golpear contra um símbolo da riqueza e do progresso daÍndia” - era esse um dos objetivos do grupo terrorista Lashkar-e-Taiba ao atacar o Taj Mahal Palace Hotel e outros pontos isolados de Mumbai e é seguindo uma ordem cronológica das mais interessantes que Maras nos dá a exata noção da carnificina que aconteceu na cidade naquele dia. Veja, se o filme propositalmente não se aprofunda nas relações entre os diversos personagens, é nessa sensação de abandono que sua narrativa se apoia - reparem como as histórias pessoais de cada um dos personagens (sejam eles terroristas, hóspedes ou funcionários) são mais sugeridas do que escancaradas.  

Existe um conceito claro em "Hotel Mumbai" que ajuda na nossa imersão: em muitos momentos o diretor mistura cenas reais (imagens de arquivo mesmo) com sua versão na ficção - a reconstituição é tão bem feita que vai exigir muito da audiência caso ela queira diferenciar uma da outra. A fotografia do também estreante Nick Remy Matthews, é impecável, já que ele é capaz de captar cada momento com uma intensidade absurda e sem esquecer das referências reais daquelas horas intermináveis de terror. Junto com a montagem e com a direção, sem dúvida, que é a fotografia quem expõe o poder do roteiro de John Collee (de "Mestre dos Mares") em transitar entre o suspense e o drama com a mesma competência e sensibilidade.

Antes de finalizar, impossível não citar as performances dos atores. Dev Patel entrega um trabalho emotivo e poderoso como Arjun, o garçom determinado a proteger os hóspedes do hotel a todo custo, independente do preconceito que sofria. Seu desempenho convincente é a base para brilhante interpretação de Anupam Kher (chef Oberoi) cuja coragem e liderança inspiraram aqueles ao seu redor - a química entre eles é lindo de ver.

"Hotel Mumbai" é uma homenagem aos heróis anônimos que emergiram em meio àquela tragédia, demonstrando coragem, compaixão e humanidade em face do terror. O filme sabe de sua força ao nos servir como um meio de nos transportar para lugares e experiências além de nossa imaginação e vontade, ou seja, não serão raras as vezes que você vai se pegar pensando em "o que eu faria" se estivesse no Hotel Taj Mahal aquela noite. Como "Utoya 22 de Julho", sua narrativa envolvente, performances emocionantes e uma direção habilidosa, "Hotel Mumbai" é uma obra que ficará gravada na sua memória, pode ter certeza!

Vale seu play!

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Talvez você ainda não tenha assistido um filme sobre ataques terroristas ao redor do planeta por uma perspectiva tão brutal como em "Hotel Mumbai". Esse filme realmente traz o horror dessa experiência tão marcante de uma forma muito palpável, visceral eu diria, que é impossível não se sentir impactado - sua narrativa me lembrou muito o documentário (também imperdível), "13 de Novembro: Terror em Paris". O fato é que "Atentado ao Hotel Taj Mahal" (título nacional), filme de estréia do diretor Anthony Maras, é uma obra cinematográfica que se destaca não apenas pela sua excelência técnica, mas também pela maneira como sua narrativa constrói uma jornada de profunda humanidade e coragem de personagens. Baseado nos eventos reais do atentado ao Hotel Taj Mahal Palace em Mumbai, Índia, o filme oferece uma visão angustiante e comovente sobre os horrores do terrorismo e a resiliência do espírito humano. Recebendo elogios tanto da crítica quanto do público, esse é aquele tipo de obra que transcende os limites do entretenimento e que, de fato, nos faz refletir sobre o extremismo e suas implicações na sociedade - em vários níveis, aliás.

Basicamente "Hotel Mumbai" acompanha a história real de alguns dos seus  funcionários, incluindo o renomado chef Hemant Oberoi (Anupam Kher) e de seu ajudante Arjun (Dev Patel), que arriscam suas próprias vidas para proteger os hóspedes do requintado Hotel Taj Mahal Palace durante os ataques terroristas de 2008. Enquanto o caos se desenrola ao seu redor, esses funcionários se tornam heróis improváveis, lutando para manter a calma e a esperança em meio à violência dos extremistas e ao desespero de seus hóspedes. Confira o trailer:

É perceptível a tentativa do diretor Anthony Maras de fazer de "Hotel Mumbai" um recorte intimista do que realmente aconteceu naquele 26 de novembro de 2008 - e por isso fica fácil atestar que sua proposta se destaca pela autenticidade e realismo com que narra os bastidores do atentado. Sua direção é magistral, justamente por criar uma impressionante atmosfera de tensão, capaz de transportar a audiência para dentro do caos sem pedir muita licença. “Golpear contra um símbolo da riqueza e do progresso daÍndia” - era esse um dos objetivos do grupo terrorista Lashkar-e-Taiba ao atacar o Taj Mahal Palace Hotel e outros pontos isolados de Mumbai e é seguindo uma ordem cronológica das mais interessantes que Maras nos dá a exata noção da carnificina que aconteceu na cidade naquele dia. Veja, se o filme propositalmente não se aprofunda nas relações entre os diversos personagens, é nessa sensação de abandono que sua narrativa se apoia - reparem como as histórias pessoais de cada um dos personagens (sejam eles terroristas, hóspedes ou funcionários) são mais sugeridas do que escancaradas.  

Existe um conceito claro em "Hotel Mumbai" que ajuda na nossa imersão: em muitos momentos o diretor mistura cenas reais (imagens de arquivo mesmo) com sua versão na ficção - a reconstituição é tão bem feita que vai exigir muito da audiência caso ela queira diferenciar uma da outra. A fotografia do também estreante Nick Remy Matthews, é impecável, já que ele é capaz de captar cada momento com uma intensidade absurda e sem esquecer das referências reais daquelas horas intermináveis de terror. Junto com a montagem e com a direção, sem dúvida, que é a fotografia quem expõe o poder do roteiro de John Collee (de "Mestre dos Mares") em transitar entre o suspense e o drama com a mesma competência e sensibilidade.

Antes de finalizar, impossível não citar as performances dos atores. Dev Patel entrega um trabalho emotivo e poderoso como Arjun, o garçom determinado a proteger os hóspedes do hotel a todo custo, independente do preconceito que sofria. Seu desempenho convincente é a base para brilhante interpretação de Anupam Kher (chef Oberoi) cuja coragem e liderança inspiraram aqueles ao seu redor - a química entre eles é lindo de ver.

"Hotel Mumbai" é uma homenagem aos heróis anônimos que emergiram em meio àquela tragédia, demonstrando coragem, compaixão e humanidade em face do terror. O filme sabe de sua força ao nos servir como um meio de nos transportar para lugares e experiências além de nossa imaginação e vontade, ou seja, não serão raras as vezes que você vai se pegar pensando em "o que eu faria" se estivesse no Hotel Taj Mahal aquela noite. Como "Utoya 22 de Julho", sua narrativa envolvente, performances emocionantes e uma direção habilidosa, "Hotel Mumbai" é uma obra que ficará gravada na sua memória, pode ter certeza!

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House of Cards

"House of Cards", criada por Beau Willimon e baseada no romance homônimo de Michael Dobbs, é uma série que redefiniu o drama político na televisão. Lançada em 2013 pela Netflix, a série rapidamente se tornou um fenômeno cultural, destacando-se por sua narrativa intricada, personagens complexos e uma visão cínica e implacável do mundo da política americana. Ao longo de suas seis temporadas, "House of Cards" ofereceu um mergulho profundo no poder e na corrupção, capturando a atenção e a imaginação dos espectadores em todo o mundo.

A trama de "House of Cards" segue Francis "Frank" Underwood (Kevin Spacey), um político ambicioso e implacável que, após ser preterido para o cargo de Secretário de Estado, embarca em uma jornada de vingança e manipulação para conquistar a presidência dos Estados Unidos. Ao seu lado está sua igualmente ambiciosa esposa, Claire Underwood (Robin Wright), cuja busca por poder e influência é tão implacável quanto a de Frank. Juntos, eles formam uma das duplas mais formidáveis e temíveis da televisão.

O maior trunfo de "House of Cards" está em suas performances soberbas, especialmente as de Kevin Spacey e Robin Wright. Spacey traz uma intensidade magnética a Frank Underwood, quebrando a quarta parede com seus monólogos cínicos e perspicazes, que revelam as profundezas de sua mente maquiavélica. Robin Wright, por sua vez, entrega uma atuação igualmente poderosa como Claire Underwood, evoluindo de uma parceira silenciosa para uma figura de poder autônoma e dominante. Sua química é palpável e sua dinâmica, fascinante, sustentando a série mesmo nos momentos mais sombrios.

A direção de David Fincher no piloto estabelece o tom visual da série: elegante, sombrio e imbuído de uma sensação constante de tensão. A cinematografia de Igor Martinovic e a trilha sonora de Jeff Beal complementam perfeitamente a narrativa, criando uma atmosfera opressiva que espelha o mundo moralmente ambíguo que os personagens habitam. As escolhas estéticas e a atenção aos detalhes visuais reforçam a sensação de decadência e corrupção que permeia a série. A narrativa de "House of Cards" é intricada e cheia de reviravoltas, explorando os mecanismos sombrios da política e do poder. A série é habilidosa em desenvolver arcos complexos e personagens multifacetados, onde cada ação tem consequências profundas e muitas vezes devastadoras. A escrita de Beau Willimon e sua equipe é afiada, com diálogos mordazes e uma trama que mantém os espectadores na ponta da cadeira.

No entanto, "House of Cards" não está isenta de controvérsias e desafios. As alegações de má conduta contra Kevin Spacey resultaram em sua saída abrupta após a quinta temporada, obrigando a série a reformular sua narrativa para a temporada final. Robin Wright assumiu o papel principal, e embora sua performance tenha sido amplamente elogiada, a série lutou para manter a mesma intensidade e coesão sem a presença de Spacey. Além disso, alguns críticos apontaram que as temporadas posteriores não conseguiram capturar a mesma magia das primeiras, com tramas que, por vezes, se tornaram excessivamente enroladas e menos impactantes.

Ainda assim, "House of Cards" permanece uma série marcante e influente, que ofereceu uma visão corajosa e muitas vezes perturbadora do mundo da política. Seu impacto na cultura pop é inegável, inspirando inúmeras discussões e análises sobre poder, ética e corrupção. A série é um testemunho da capacidade da televisão de explorar temas complexos e de desafiar os espectadores a refletir sobre a natureza do poder e da ambição.

Em resumo, temos uma obra imperdível para os amantes de dramas políticos que vale muito o seu play!

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"House of Cards", criada por Beau Willimon e baseada no romance homônimo de Michael Dobbs, é uma série que redefiniu o drama político na televisão. Lançada em 2013 pela Netflix, a série rapidamente se tornou um fenômeno cultural, destacando-se por sua narrativa intricada, personagens complexos e uma visão cínica e implacável do mundo da política americana. Ao longo de suas seis temporadas, "House of Cards" ofereceu um mergulho profundo no poder e na corrupção, capturando a atenção e a imaginação dos espectadores em todo o mundo.

A trama de "House of Cards" segue Francis "Frank" Underwood (Kevin Spacey), um político ambicioso e implacável que, após ser preterido para o cargo de Secretário de Estado, embarca em uma jornada de vingança e manipulação para conquistar a presidência dos Estados Unidos. Ao seu lado está sua igualmente ambiciosa esposa, Claire Underwood (Robin Wright), cuja busca por poder e influência é tão implacável quanto a de Frank. Juntos, eles formam uma das duplas mais formidáveis e temíveis da televisão.

O maior trunfo de "House of Cards" está em suas performances soberbas, especialmente as de Kevin Spacey e Robin Wright. Spacey traz uma intensidade magnética a Frank Underwood, quebrando a quarta parede com seus monólogos cínicos e perspicazes, que revelam as profundezas de sua mente maquiavélica. Robin Wright, por sua vez, entrega uma atuação igualmente poderosa como Claire Underwood, evoluindo de uma parceira silenciosa para uma figura de poder autônoma e dominante. Sua química é palpável e sua dinâmica, fascinante, sustentando a série mesmo nos momentos mais sombrios.

A direção de David Fincher no piloto estabelece o tom visual da série: elegante, sombrio e imbuído de uma sensação constante de tensão. A cinematografia de Igor Martinovic e a trilha sonora de Jeff Beal complementam perfeitamente a narrativa, criando uma atmosfera opressiva que espelha o mundo moralmente ambíguo que os personagens habitam. As escolhas estéticas e a atenção aos detalhes visuais reforçam a sensação de decadência e corrupção que permeia a série. A narrativa de "House of Cards" é intricada e cheia de reviravoltas, explorando os mecanismos sombrios da política e do poder. A série é habilidosa em desenvolver arcos complexos e personagens multifacetados, onde cada ação tem consequências profundas e muitas vezes devastadoras. A escrita de Beau Willimon e sua equipe é afiada, com diálogos mordazes e uma trama que mantém os espectadores na ponta da cadeira.

No entanto, "House of Cards" não está isenta de controvérsias e desafios. As alegações de má conduta contra Kevin Spacey resultaram em sua saída abrupta após a quinta temporada, obrigando a série a reformular sua narrativa para a temporada final. Robin Wright assumiu o papel principal, e embora sua performance tenha sido amplamente elogiada, a série lutou para manter a mesma intensidade e coesão sem a presença de Spacey. Além disso, alguns críticos apontaram que as temporadas posteriores não conseguiram capturar a mesma magia das primeiras, com tramas que, por vezes, se tornaram excessivamente enroladas e menos impactantes.

Ainda assim, "House of Cards" permanece uma série marcante e influente, que ofereceu uma visão corajosa e muitas vezes perturbadora do mundo da política. Seu impacto na cultura pop é inegável, inspirando inúmeras discussões e análises sobre poder, ética e corrupção. A série é um testemunho da capacidade da televisão de explorar temas complexos e de desafiar os espectadores a refletir sobre a natureza do poder e da ambição.

Em resumo, temos uma obra imperdível para os amantes de dramas políticos que vale muito o seu play!

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