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Maudie

"Maudie: sua vida e sua arte" é mais um daqueles filmes que poderiam ter ido muito mais longe do que realmente foram - embora tenha levado o prêmio da audiência no Festival de Montclair em 2017, depois de seleções importantes em Berlin e Toronto. O filme é emocionante, tecnicamente impecável e com um elenco de altíssimo nível. A história, baseada em fatos reais, acompanha Maud Lewis (Sally Hawkins) desde sua juventude até se tornar uma das artistas mais populares do Canadá.

Maud, era uma mulher inteligente, cativante, mas suas mãos curvadas denunciavam um sério problema de saúde: ela tinha artrite reumatoide - um doença que causa inflamações e deformações nas articulações do corpo. Já Everett (Ethan Hawke) era um solteiro convicto de 40 anos. Abandonado pelos pais ainda jovem, ele tinha tudo que precisava, exceto alguém para limpar sua casa e cozinhar. Nesse contexto, Everett acaba publicando um anúncio para encontrar, digamos, uma empregada, mesmo assim Maud acaba encontrando ali uma ótima oportunidade para sair da casa de sua tia, a opressora Ida (Gabrielle Rose). Ao ver a aparência frágil de Maud, única candidata à vaga, ele acaba desconfiando da sua capacidade, mas sem opção, decide contratá-la. Em pouco tempo, ela se torna indispensável na vida de Everett, não pelo trabalho que foi contratada, mas pela relação que começa a se estabelecer entre os dois, dando inicio a uma história de aprendizado, crescimento e empoderamento, tendo como base o incrível talento artístico de Maud! Confira o trailer:

"Maudie: sua vida e sua arte" surpreende em muitos elementos que, para mim, transformam uma boa história, mas nada que já não tenhamos visto, em um filme que merece ser assistido. O roteiro soube estruturar grande parte da vida da artista, se apoiando nos seus momentos mais marcantes, e entregar uma ótima biografia em pouco mais de duas horas. A fotografia é um espetáculo e a direção muito competente (mas vamos nos aprofundar sobre os dois assuntos um pouco mais abaixo). O fato é que o filme provavelmente passou despercebido para muitas pessoas, o que é um pecado, pois ele é muito bom - bem ao estilo da minissérie "A Vida e a História de Madam C.J. Walker"! Vale a pena seu play!   

A fotografia do Guy Godfree, um premiado DP canadense, é uma pintura - a impressão é que seu enquadramento funciona exatamente como o ponto de vista de Maud, quando ela está pintando seus quadros. É claro que as locações escolhidas ajudam, e muito, essa concepção visual, mas é preciso ressaltar que a forma como Godfree e a equipe de arte reconstroem a belíssima Nova Escócia de meados 1940/50, é impressionante! A diretora Aisling Walsh, vencedora do BAFTA em 2013 por "Room at the Top", trabalha a direção de atores com muita competência! Ela é muito cirúrgica ao aproveitar o silêncio, os cortes mais emocionais, os planos mais introspectivos, e tudo isso sem cair no piegas ou sem usar "muletas" para contar uma história de superação que todos já sabemos o final! Reparem!

Sally Hawkins merecia uma terceira indicação ao Oscar por esse papel - lembrando que ela bateu na trave duas vezes: uma com "Blue Jasmine" (2014) e outra com "A Forma da Água" (em 2018). Aliás, muito de Maud pode ser encontrado na Elisa Esposito, no filme de Guillermo Del Toro. Ethan Hawke é outro que merecia uma lembrança, talvez tenha sido o seu melhor trabalho depois do Jesse de "Antes do Pôr do Sol" - seria sua quinta indicação ao Oscar, sem nunca ter levado o prêmio para casa!

Refletindo um pouco sobre o desempenho do filme em festivais, talvez o fato da história ser, basicamente, para o canadense assistir e valorizar seus artistas, tenha prejudicado uma caminhada até o Oscar de 2017 - é uma impressão, que é dura de aceitar já que o potencial era enorme. O cuidado técnico e artístico chamam a atenção e logo nos primeiros minutos, fica claro que se trata de um filme acima da média! Como disse anteriormente, "Maudie: sua vida e sua arte" pode até soar como "mais do mesmo" (embora não concorde), o que não se pode, é descartar histórias tão fascinantes como dessa personagem canadense tão peculiar e uma produção que realmente fez jus ao tamanho de sua importância como mulher e como artista visual!

Aproveite e dê o play!

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"Maudie: sua vida e sua arte" é mais um daqueles filmes que poderiam ter ido muito mais longe do que realmente foram - embora tenha levado o prêmio da audiência no Festival de Montclair em 2017, depois de seleções importantes em Berlin e Toronto. O filme é emocionante, tecnicamente impecável e com um elenco de altíssimo nível. A história, baseada em fatos reais, acompanha Maud Lewis (Sally Hawkins) desde sua juventude até se tornar uma das artistas mais populares do Canadá.

Maud, era uma mulher inteligente, cativante, mas suas mãos curvadas denunciavam um sério problema de saúde: ela tinha artrite reumatoide - um doença que causa inflamações e deformações nas articulações do corpo. Já Everett (Ethan Hawke) era um solteiro convicto de 40 anos. Abandonado pelos pais ainda jovem, ele tinha tudo que precisava, exceto alguém para limpar sua casa e cozinhar. Nesse contexto, Everett acaba publicando um anúncio para encontrar, digamos, uma empregada, mesmo assim Maud acaba encontrando ali uma ótima oportunidade para sair da casa de sua tia, a opressora Ida (Gabrielle Rose). Ao ver a aparência frágil de Maud, única candidata à vaga, ele acaba desconfiando da sua capacidade, mas sem opção, decide contratá-la. Em pouco tempo, ela se torna indispensável na vida de Everett, não pelo trabalho que foi contratada, mas pela relação que começa a se estabelecer entre os dois, dando inicio a uma história de aprendizado, crescimento e empoderamento, tendo como base o incrível talento artístico de Maud! Confira o trailer:

"Maudie: sua vida e sua arte" surpreende em muitos elementos que, para mim, transformam uma boa história, mas nada que já não tenhamos visto, em um filme que merece ser assistido. O roteiro soube estruturar grande parte da vida da artista, se apoiando nos seus momentos mais marcantes, e entregar uma ótima biografia em pouco mais de duas horas. A fotografia é um espetáculo e a direção muito competente (mas vamos nos aprofundar sobre os dois assuntos um pouco mais abaixo). O fato é que o filme provavelmente passou despercebido para muitas pessoas, o que é um pecado, pois ele é muito bom - bem ao estilo da minissérie "A Vida e a História de Madam C.J. Walker"! Vale a pena seu play!   

A fotografia do Guy Godfree, um premiado DP canadense, é uma pintura - a impressão é que seu enquadramento funciona exatamente como o ponto de vista de Maud, quando ela está pintando seus quadros. É claro que as locações escolhidas ajudam, e muito, essa concepção visual, mas é preciso ressaltar que a forma como Godfree e a equipe de arte reconstroem a belíssima Nova Escócia de meados 1940/50, é impressionante! A diretora Aisling Walsh, vencedora do BAFTA em 2013 por "Room at the Top", trabalha a direção de atores com muita competência! Ela é muito cirúrgica ao aproveitar o silêncio, os cortes mais emocionais, os planos mais introspectivos, e tudo isso sem cair no piegas ou sem usar "muletas" para contar uma história de superação que todos já sabemos o final! Reparem!

Sally Hawkins merecia uma terceira indicação ao Oscar por esse papel - lembrando que ela bateu na trave duas vezes: uma com "Blue Jasmine" (2014) e outra com "A Forma da Água" (em 2018). Aliás, muito de Maud pode ser encontrado na Elisa Esposito, no filme de Guillermo Del Toro. Ethan Hawke é outro que merecia uma lembrança, talvez tenha sido o seu melhor trabalho depois do Jesse de "Antes do Pôr do Sol" - seria sua quinta indicação ao Oscar, sem nunca ter levado o prêmio para casa!

Refletindo um pouco sobre o desempenho do filme em festivais, talvez o fato da história ser, basicamente, para o canadense assistir e valorizar seus artistas, tenha prejudicado uma caminhada até o Oscar de 2017 - é uma impressão, que é dura de aceitar já que o potencial era enorme. O cuidado técnico e artístico chamam a atenção e logo nos primeiros minutos, fica claro que se trata de um filme acima da média! Como disse anteriormente, "Maudie: sua vida e sua arte" pode até soar como "mais do mesmo" (embora não concorde), o que não se pode, é descartar histórias tão fascinantes como dessa personagem canadense tão peculiar e uma produção que realmente fez jus ao tamanho de sua importância como mulher e como artista visual!

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Messiah

Desde o lançamento do trailer, "Messiah" chamou atenção em dois aspectos: trazia uma discussão extremamente criativa (e se o Messias retornasse nos dias de hoje com toda essa tecnologia de disseminação de informação - inclusive as "fake news"?) e pelo nível de produção que colocou o projeto como o primeiro grande lançamento da Netflix para ano de 2020. 

A série conta a história de um homem (Mehdi Dehbi) que surge em meio a um conflito no Oriente Médio e chama a atenção do mundo pelos seus supostos milagres e sua mensagem de paz. Com um número de seguidores cada vez maior, todos os seus passos se tornam um evento e um perigo iminente - afinal não se sabe a verdadeira origem desse (falso?) profeta e o que ele será capaz de fazer com a multidão que o acompanha! Uma agente da CIA (Michelle Monaghan) começa uma investigação e com a "ajuda" do FBI acaba se infiltrando em uma enorme rede de conspiração politica, religiosa e ideológica com o único objetivo de desmascarar Al-Massih. A série tem elementos muito parecidos com "Homeland", então se você acompanhou a história de Brody e Carrie é bem provável que você não vá conseguir parar de assistir "Messiah".

Talvez o ponto alto de "Messiah" seja o seu roteiro. Em muitos momentos a idéia inicial parece que não vai se sustentar ou que alguns personagens surgem e não dão o fôlego que a trama precisa - olha, é um grande engano. Tudo vai se encaixando e movendo a história para frente com muita inteligência. É claro que é o tipo da série que exige uma certa suspensão da realidade, mas a jornada do tal Al-Massih é tão bem desenhada que fica impossível cravar se o personagem é ou não um vilão - e foi aí que me veio a primeira lembrança de "Homeland": com o retorno de Brody e todo mistério sobre seu personagem, o roteiro nos levava de um lado ao outro a cada episódio: essa dúvida constante nos prendia e nos obrigava a assistir ao próximo episódio - "Messiah" faz exatamente a mesma coisa! Quando vamos perdendo o interesse ou algo vai ficando claro demais, surge uma cena cena-chave ou uma nova informação que nos faz repensar a história! Talvez a personagem Eva (a agente da CIA que investiga o caso) não seja tão complexa quanto a Carrie, da excelente Claire Danes, mas mesmo assim é perceptível o conflito interno entre trabalho e vida pessoal da mesma forma, sem falar nos fantasmas do passado - um ponto muito interessante das duas personagens e que, ao fragiliza-las, reforça um drama paralelo, humanizando suas posturas e que sempre rendem ótimas cenas.

A dinâmica da história, mostrando dois núcleos: um no Oriente Médio e outro nos EUA, também trazem aquele tom de suspense e drama de "Homeland" - inclusive com os flashbacks bem pontuais que ajudam a contar um ou outro lado da história ou de um personagem e que compõem muito bem esse enorme quebra-cabeça. Reparem como nunca um episódio começa exatamente onde o anterior terminou. Sempre é dada mais uma informação no prólogo que, inclusive, parece completamente desconexa da história, mas que no final justifica uma ação ou decisão de algum personagem e capaz de modificar o rumo da história - essa técnica é um ótimo exemplo de roteiro bem planejado! Se atentem ao exame de tumor no inicio da temporada!

A produção da série é enorme, além de réplicas perfeitas de determinadas locações, a equipe filmou em Israel, na Palestina e na Jordânia (além dos EUA, claro) - isso só valida que"Messiah" não chegou para ser mais uma série de catálogo (só não entendo porque o marketing não foi mais agressivo, mas ok)! Os efeitos especiais não são perfeitos, mas estão longe de serem mal executados - a cena do Tornado é um ótimo exemplo de um bom resultado. A tempestade de areia também não foi tão ruim nos planos fechados, mas no aberto ficou um pouco estranho. As explosões funcionam bem e não devem incomodar. A direção em si é excelente - James McTeigue (Sense8) e Kate Woods (Castle) entregam ação, drama, suspense com planos muito bem elaborados e de extremo bom gosto. Até as sequências mais complicadas são muito bem realizadas - reparem na cena da Mesquita do episódio 9, vejam como ela cria uma certa tensão e como seu resultado final é avassalador e quebra uma expectativa que nos faz querer assistir o próximo imediatamente! Mais uma vez, se você assistiu "Homeland" as referências são claras e diretas - impossível não lembrar do final da primeira temporada!

Bom, dito tudo isso, eu posso garantir que "Messiah" vale a maratona e que o entretenimento está garantido! São dez episódios de 45 minutos em média, com "viradas surpreendentes" que nos mantém ligados em cada detalhe - é ótimo assistir uma série onde nada é jogado fora, mesmo que seja "apenas" para construir um sentimento em quem assiste e que pode até não interferir tanto no arco maior (o caso da menina com câncer é um bom exemplo)!

Boa diversão!

Up-date: Infelizmente no dia 17/04/2020 a Netflix informou o cancelamento da série com apenas uma temporada!

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Desde o lançamento do trailer, "Messiah" chamou atenção em dois aspectos: trazia uma discussão extremamente criativa (e se o Messias retornasse nos dias de hoje com toda essa tecnologia de disseminação de informação - inclusive as "fake news"?) e pelo nível de produção que colocou o projeto como o primeiro grande lançamento da Netflix para ano de 2020. 

A série conta a história de um homem (Mehdi Dehbi) que surge em meio a um conflito no Oriente Médio e chama a atenção do mundo pelos seus supostos milagres e sua mensagem de paz. Com um número de seguidores cada vez maior, todos os seus passos se tornam um evento e um perigo iminente - afinal não se sabe a verdadeira origem desse (falso?) profeta e o que ele será capaz de fazer com a multidão que o acompanha! Uma agente da CIA (Michelle Monaghan) começa uma investigação e com a "ajuda" do FBI acaba se infiltrando em uma enorme rede de conspiração politica, religiosa e ideológica com o único objetivo de desmascarar Al-Massih. A série tem elementos muito parecidos com "Homeland", então se você acompanhou a história de Brody e Carrie é bem provável que você não vá conseguir parar de assistir "Messiah".

Talvez o ponto alto de "Messiah" seja o seu roteiro. Em muitos momentos a idéia inicial parece que não vai se sustentar ou que alguns personagens surgem e não dão o fôlego que a trama precisa - olha, é um grande engano. Tudo vai se encaixando e movendo a história para frente com muita inteligência. É claro que é o tipo da série que exige uma certa suspensão da realidade, mas a jornada do tal Al-Massih é tão bem desenhada que fica impossível cravar se o personagem é ou não um vilão - e foi aí que me veio a primeira lembrança de "Homeland": com o retorno de Brody e todo mistério sobre seu personagem, o roteiro nos levava de um lado ao outro a cada episódio: essa dúvida constante nos prendia e nos obrigava a assistir ao próximo episódio - "Messiah" faz exatamente a mesma coisa! Quando vamos perdendo o interesse ou algo vai ficando claro demais, surge uma cena cena-chave ou uma nova informação que nos faz repensar a história! Talvez a personagem Eva (a agente da CIA que investiga o caso) não seja tão complexa quanto a Carrie, da excelente Claire Danes, mas mesmo assim é perceptível o conflito interno entre trabalho e vida pessoal da mesma forma, sem falar nos fantasmas do passado - um ponto muito interessante das duas personagens e que, ao fragiliza-las, reforça um drama paralelo, humanizando suas posturas e que sempre rendem ótimas cenas.

A dinâmica da história, mostrando dois núcleos: um no Oriente Médio e outro nos EUA, também trazem aquele tom de suspense e drama de "Homeland" - inclusive com os flashbacks bem pontuais que ajudam a contar um ou outro lado da história ou de um personagem e que compõem muito bem esse enorme quebra-cabeça. Reparem como nunca um episódio começa exatamente onde o anterior terminou. Sempre é dada mais uma informação no prólogo que, inclusive, parece completamente desconexa da história, mas que no final justifica uma ação ou decisão de algum personagem e capaz de modificar o rumo da história - essa técnica é um ótimo exemplo de roteiro bem planejado! Se atentem ao exame de tumor no inicio da temporada!

A produção da série é enorme, além de réplicas perfeitas de determinadas locações, a equipe filmou em Israel, na Palestina e na Jordânia (além dos EUA, claro) - isso só valida que"Messiah" não chegou para ser mais uma série de catálogo (só não entendo porque o marketing não foi mais agressivo, mas ok)! Os efeitos especiais não são perfeitos, mas estão longe de serem mal executados - a cena do Tornado é um ótimo exemplo de um bom resultado. A tempestade de areia também não foi tão ruim nos planos fechados, mas no aberto ficou um pouco estranho. As explosões funcionam bem e não devem incomodar. A direção em si é excelente - James McTeigue (Sense8) e Kate Woods (Castle) entregam ação, drama, suspense com planos muito bem elaborados e de extremo bom gosto. Até as sequências mais complicadas são muito bem realizadas - reparem na cena da Mesquita do episódio 9, vejam como ela cria uma certa tensão e como seu resultado final é avassalador e quebra uma expectativa que nos faz querer assistir o próximo imediatamente! Mais uma vez, se você assistiu "Homeland" as referências são claras e diretas - impossível não lembrar do final da primeira temporada!

Bom, dito tudo isso, eu posso garantir que "Messiah" vale a maratona e que o entretenimento está garantido! São dez episódios de 45 minutos em média, com "viradas surpreendentes" que nos mantém ligados em cada detalhe - é ótimo assistir uma série onde nada é jogado fora, mesmo que seja "apenas" para construir um sentimento em quem assiste e que pode até não interferir tanto no arco maior (o caso da menina com câncer é um bom exemplo)!

Boa diversão!

Up-date: Infelizmente no dia 17/04/2020 a Netflix informou o cancelamento da série com apenas uma temporada!

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Meu Pai

Poucas vezes eu dou 5 estrelas para alguma obra, mas “Meu Pai” tem todos os acertos que um filme precisa para ser excelente - é um drama que te coloca na pele de um personagem que sofre de demência, vivido brilhantemente pelo magnífico Anthony Hopkins.

Na trama, o personagem Anthony (Anthony Hopkins) é um homem idoso que recusa toda ajuda de sua filha Anne (Olivia Colman). Ela está se mudando para Paris e precisa garantir os cuidados dele enquanto estiver fora, por isso está buscando encontrar alguém para cuidar do pai. Porém, ao tentar entender as mudanças pela qual está passando, Anthony começa a duvidar de sua filha, de sua própria mente e até mesmo da estrutura da realidade. Confira o trailer:

“Meu Pai” constrói uma dinâmica narrativa muito interessante e que arrisca ao contar a história pela perspectiva de Anthony, então à medida que ele se torna confuso de seus atos e dos acontecimentos que o cercam, nós sentimos na pele essas mesmas angústias e medos. A direção do francês Florian Zeller é admirável por isso! O Filme com uma direção errada poderia apelar para o emocional da audiência, mas aqui a trama é desenvolvida de uma maneira delicada, sensível - por mais que toda a situação seja uma crescente de desespero.

Veja, em nenhum momento a direção parte para uma dramatização forçada. Tudo o que acompanhamos da trajetória de Anthony é extremamente verossímil, pois sabemos como uma pessoa que tem essa doença se comporta diante das mesmas situações do protagonista. O ator Anthony Hopkins, obviamente, dá um show de interpretação! Se antes o maior trabalho de sua carreira era em “O Silêncio dos Inocentes”, possivelmente você ficará em dúvida após assistir seu desempenho nesse drama.

“Meu Pai” foi indicado em mais de 150 premiações em diversos Festivais de Cinema pelo mundo. Só no Oscar foram 6 categorias. Independente do reconhecimento da Academia e de mais uma vitória de Anthony Hopkins (se tornando o ator mais velho a ganhar o prêmio de Melhor Ator com 83 anos), esse filme é uma verdadeira obra-prima que merece muito a sua atenção! É só dar o play!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Poucas vezes eu dou 5 estrelas para alguma obra, mas “Meu Pai” tem todos os acertos que um filme precisa para ser excelente - é um drama que te coloca na pele de um personagem que sofre de demência, vivido brilhantemente pelo magnífico Anthony Hopkins.

Na trama, o personagem Anthony (Anthony Hopkins) é um homem idoso que recusa toda ajuda de sua filha Anne (Olivia Colman). Ela está se mudando para Paris e precisa garantir os cuidados dele enquanto estiver fora, por isso está buscando encontrar alguém para cuidar do pai. Porém, ao tentar entender as mudanças pela qual está passando, Anthony começa a duvidar de sua filha, de sua própria mente e até mesmo da estrutura da realidade. Confira o trailer:

“Meu Pai” constrói uma dinâmica narrativa muito interessante e que arrisca ao contar a história pela perspectiva de Anthony, então à medida que ele se torna confuso de seus atos e dos acontecimentos que o cercam, nós sentimos na pele essas mesmas angústias e medos. A direção do francês Florian Zeller é admirável por isso! O Filme com uma direção errada poderia apelar para o emocional da audiência, mas aqui a trama é desenvolvida de uma maneira delicada, sensível - por mais que toda a situação seja uma crescente de desespero.

Veja, em nenhum momento a direção parte para uma dramatização forçada. Tudo o que acompanhamos da trajetória de Anthony é extremamente verossímil, pois sabemos como uma pessoa que tem essa doença se comporta diante das mesmas situações do protagonista. O ator Anthony Hopkins, obviamente, dá um show de interpretação! Se antes o maior trabalho de sua carreira era em “O Silêncio dos Inocentes”, possivelmente você ficará em dúvida após assistir seu desempenho nesse drama.

“Meu Pai” foi indicado em mais de 150 premiações em diversos Festivais de Cinema pelo mundo. Só no Oscar foram 6 categorias. Independente do reconhecimento da Academia e de mais uma vitória de Anthony Hopkins (se tornando o ator mais velho a ganhar o prêmio de Melhor Ator com 83 anos), esse filme é uma verdadeira obra-prima que merece muito a sua atenção! É só dar o play!

Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver

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Milagre Azul

"Milagre Azul" é uma produção original da Netflix, mas se estivesse no Disney+ não seria surpresa alguma - digo isso, poiso filme tem todos os elementos narrativos que constrói uma jornada de superação, se apoiando no caráter e na fé e que, como toda "Sessão da Tarde", traz na obviedade da narrativa uma sentimento de tranquilidade e uma provocação emocional das mais agradáveis. É um filme inesquecível? Longe disso, mas merece ser assistido pelo entretenimento e, claro, pela mensagem de otimismo que o roteiro faz questão de pontuar.

O filme se passa em 2014 e conta a história real do zelador Omar Venegas (Jimmy Gonzales), responsável por um orfanato em Beja, no México. O lugar foi diretamente afetado pela passagem do furacão Odile naquele ano, e passou a viver às voltas com as dívidas de uma hipoteca. Para tentar ajudar a salvar o local onde vivem várias crianças em condições de vulnerabilidade, Omar acaba se inscrevendo em um tradicional campeonato de pesca da região - nunca antes vencido por uma equipe mexicana, diga-se de passagem. Ao lado do carrancudo capitão Wade (Dennis Quaid) e de uma equipe formada basicamente por adolescentes, Omar precisa pescar o maior marlim da competição e assim garantir o prêmio que salvará o orfanato. Confira o trailer:

Dirigido por Julio Quintana (do interessante "O Mensageiro"), "Milagre Azul" não traz nada de novo além de uma história inspiradora e correta. A conceito visual do desenho de produção da Mailara Santana em parceria com a diretora de arte María Fernanda Sabogal, por exemplo, não poderia ser mais óbvia ao potencializar o azul da fotografia do diretor Santiago Benet Mari - o que não deixar de compor planos muito bonitos. Os personagens, todos, entram na regra comum dos esteriótipos: o capitão Wade de Dennis Quaid parece cheirar álcool e traz na sua composição o típico mal humor do anti-heróis e Omar é aquele que se transformou tendo como base seu caráter e disposição para ser sempre uma pessoa boa e otimista, enquanto briga com os fantasmas do passado e vê seus amigos de infância enriquecerem as custas do tráfico de drogas. O roteiro também não foge do arco narrativo clássico: um proposto, vem o problema, toma-se uma decisão difícil com base no caráter do herói, momento de superação, sobre a trilha, final feliz e créditos que nos emocionam - e, olha, tudo isso á muito legal se você estiver no clima para esse tipo de filme.

O fato é que se você gostou de "O Milagre na Cela 7", você também vai gostar de "Milagre Azul" - os vínculos emocionais são praticamente os mesmo e os gatilhos que nos fazem acompanhar a história, idem. Ao ignorar toda obviedade na narrativa, dá para encontrar algo muito concreto para se emocionar. Os conflitos durante  a competição seguem a mesma linha do conforto: uma certa empolgação com um bela mensagem. É claro que o fato de ser uma história real nos gera uma certa reflexão, mas não espere nada além disso: entretenimento familiar com toques de Disney!

Gosta da sensação de bem estar? Então dê o play sem medo!

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"Milagre Azul" é uma produção original da Netflix, mas se estivesse no Disney+ não seria surpresa alguma - digo isso, poiso filme tem todos os elementos narrativos que constrói uma jornada de superação, se apoiando no caráter e na fé e que, como toda "Sessão da Tarde", traz na obviedade da narrativa uma sentimento de tranquilidade e uma provocação emocional das mais agradáveis. É um filme inesquecível? Longe disso, mas merece ser assistido pelo entretenimento e, claro, pela mensagem de otimismo que o roteiro faz questão de pontuar.

O filme se passa em 2014 e conta a história real do zelador Omar Venegas (Jimmy Gonzales), responsável por um orfanato em Beja, no México. O lugar foi diretamente afetado pela passagem do furacão Odile naquele ano, e passou a viver às voltas com as dívidas de uma hipoteca. Para tentar ajudar a salvar o local onde vivem várias crianças em condições de vulnerabilidade, Omar acaba se inscrevendo em um tradicional campeonato de pesca da região - nunca antes vencido por uma equipe mexicana, diga-se de passagem. Ao lado do carrancudo capitão Wade (Dennis Quaid) e de uma equipe formada basicamente por adolescentes, Omar precisa pescar o maior marlim da competição e assim garantir o prêmio que salvará o orfanato. Confira o trailer:

Dirigido por Julio Quintana (do interessante "O Mensageiro"), "Milagre Azul" não traz nada de novo além de uma história inspiradora e correta. A conceito visual do desenho de produção da Mailara Santana em parceria com a diretora de arte María Fernanda Sabogal, por exemplo, não poderia ser mais óbvia ao potencializar o azul da fotografia do diretor Santiago Benet Mari - o que não deixar de compor planos muito bonitos. Os personagens, todos, entram na regra comum dos esteriótipos: o capitão Wade de Dennis Quaid parece cheirar álcool e traz na sua composição o típico mal humor do anti-heróis e Omar é aquele que se transformou tendo como base seu caráter e disposição para ser sempre uma pessoa boa e otimista, enquanto briga com os fantasmas do passado e vê seus amigos de infância enriquecerem as custas do tráfico de drogas. O roteiro também não foge do arco narrativo clássico: um proposto, vem o problema, toma-se uma decisão difícil com base no caráter do herói, momento de superação, sobre a trilha, final feliz e créditos que nos emocionam - e, olha, tudo isso á muito legal se você estiver no clima para esse tipo de filme.

O fato é que se você gostou de "O Milagre na Cela 7", você também vai gostar de "Milagre Azul" - os vínculos emocionais são praticamente os mesmo e os gatilhos que nos fazem acompanhar a história, idem. Ao ignorar toda obviedade na narrativa, dá para encontrar algo muito concreto para se emocionar. Os conflitos durante  a competição seguem a mesma linha do conforto: uma certa empolgação com um bela mensagem. É claro que o fato de ser uma história real nos gera uma certa reflexão, mas não espere nada além disso: entretenimento familiar com toques de Disney!

Gosta da sensação de bem estar? Então dê o play sem medo!

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Minha História

Minha História

Antes de mais nada é preciso dizer que "Minha História" ("Becoming", título original) é mais uma peça importante na campanha de marketing do livro de Michelle Obama do que uma obra que possa ser considerada uma profunda biografia ou até mesmo um retrato isento de uma fase da vida da ex-primeira dama. Dito isso, fico muito a vontade em dizer que esse documentário, dirigido pela Nadia Hallgren, é ótimo! O fato da diretora e roteirista usar a turnê de lançamento da auto-biografia de Michelle como pano de fundo, não diminui a importância dos comentários e sentimentos da protagonista sobre sua jornada ao lado do marido na Casa Branca durante 8 anos. O uso de filmagens exclusivas dos bastidores dessa turnê, assim como o formato do evento (com perguntas e respostas ao melhor estilo talk show) funcionam como fio condutor da narrativa que vai pontuando alguns assuntos importantes como o empoderamento feminino, discussões raciais e até comentários sobre dinâmica familiar e educação do filhos, que Michelle expõe com a maior naturalidade e simpatia em escolas, igrejas e em reuniões com sua família e equipe. Confira o trailer:

É claro que o maior mérito do documentário é a presença forte e carismática de Michelle Obama - e como seu próprio marido comentou na rápida aparição que fez em um dos eventos: "Michelle sabe contar boas histórias" - ela tem o dom da oratória e sua inteligência fica absurdamente clara perante a forma como ela conduz os assuntos e se posiciona sem ofender quem assiste, mesmo que a opinião seja contrária. Olha, é impressionante como sua posição de liderança simplesmente flui durante os 90 minutos que a acompanhamos. É claro que vale o play, mas vai soar muito mais agradável fazer um convite: assista "Minha História" e veja como respeito não se impõe, se conquista!

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Antes de mais nada é preciso dizer que "Minha História" ("Becoming", título original) é mais uma peça importante na campanha de marketing do livro de Michelle Obama do que uma obra que possa ser considerada uma profunda biografia ou até mesmo um retrato isento de uma fase da vida da ex-primeira dama. Dito isso, fico muito a vontade em dizer que esse documentário, dirigido pela Nadia Hallgren, é ótimo! O fato da diretora e roteirista usar a turnê de lançamento da auto-biografia de Michelle como pano de fundo, não diminui a importância dos comentários e sentimentos da protagonista sobre sua jornada ao lado do marido na Casa Branca durante 8 anos. O uso de filmagens exclusivas dos bastidores dessa turnê, assim como o formato do evento (com perguntas e respostas ao melhor estilo talk show) funcionam como fio condutor da narrativa que vai pontuando alguns assuntos importantes como o empoderamento feminino, discussões raciais e até comentários sobre dinâmica familiar e educação do filhos, que Michelle expõe com a maior naturalidade e simpatia em escolas, igrejas e em reuniões com sua família e equipe. Confira o trailer:

É claro que o maior mérito do documentário é a presença forte e carismática de Michelle Obama - e como seu próprio marido comentou na rápida aparição que fez em um dos eventos: "Michelle sabe contar boas histórias" - ela tem o dom da oratória e sua inteligência fica absurdamente clara perante a forma como ela conduz os assuntos e se posiciona sem ofender quem assiste, mesmo que a opinião seja contrária. Olha, é impressionante como sua posição de liderança simplesmente flui durante os 90 minutos que a acompanhamos. É claro que vale o play, mas vai soar muito mais agradável fazer um convite: assista "Minha História" e veja como respeito não se impõe, se conquista!

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Minha Obra-Prima

Eu começo esse review admitindo que sou fã do cinema argentino e sugerindo que o que você vai ler daqui para frente pode parecer tendencioso, mas não é... pelo menos não em sua totalidade!!! Vamos lá: acabei de assistir um filme argentino extremamente despretensioso chamado "Minha Obra-Prima". Na verdade é uma co-produção Argentina/Espanha e isso diz muito, principalmente depois de descobrir que quem dirigiu o filme foi o Gastón Duprat! Se você não está ligando o nome a pessoa, estou aqui para te ajudar. Duprat co-dirigiu o excelente "El Ciudadano Ilustre"! Com esse cartão de visita, fica muito mais fácil definir "Minha Obra-Prima" porque o filme bebe na mesma fonte do mais que premiado "Cidadão" - talvez sem tanto brilho, mas ainda muito divertido e imperdível!!!!

A história do pintor rabugento e falido, Renzo Nervi, de seu melhor amigo, Arturo Silva, dono de uma galeria de arte, que tenta ajuda-lo de todas as maneiras e da relação conflituosa entre os dois na esperança de reviver os bons tempos do passado em uma realidade tão diferente, cheia de tanto modernismo de qualidade duvidosa. O filme trás esse resgate emotivo novamente, com dois grandes atores Guillermo Francella ("O Segredo dos Seus Olhos") e Luis Brandoni, como Nervi, comandados por uma delicadeza única na direção. É um grande trabalho, de fato!

"Minha Obra-Prima" é um ótimo filme, com dois personagens marcantes e cheio de camadas que podem te tocar em algum momento. Como em "Cidadão Ilustre", Duprat trabalha naquela linha bem tênue do non-sense cotidiano real com o drama existencial dos seus personagens. Nesse filme também funciona bem, mas é mais previsível - até propositalmente (me pareceu), mas atrapalha um pouco a experiência ao saber que falta algo que no "Cidadão Ilustre" sobrou! O problema não está na direção, que fique bem claro! Está no roteiro e mesmo assim é só uma referência cruel de comparação, porque é fato que o filme é muito bacana de assistir, daqueles bons pra ver na sexta a noite, sem a preocupação de ter que pensar muito, mesmo se aproximando de assuntos bem profundos, mas com a desculpa de parecer "sem noção"!

"Minha Obra-Prima" é entretenimento de primeira. Se você gosta de filme argentino ou de filme espanhol, que equilibra bem o que é drama e o que é comédia (inteligente) provavelmente você vai gostar desse filme. Daqueles filmes que já estão no catálogo e que deve ter passado despercebido pelas sugestões da plataforma... mas que nós resgatamos e indicamos com a maior tranquilidade! Filme premiado em Festivas e que vale o play!

Assista Agora

Eu começo esse review admitindo que sou fã do cinema argentino e sugerindo que o que você vai ler daqui para frente pode parecer tendencioso, mas não é... pelo menos não em sua totalidade!!! Vamos lá: acabei de assistir um filme argentino extremamente despretensioso chamado "Minha Obra-Prima". Na verdade é uma co-produção Argentina/Espanha e isso diz muito, principalmente depois de descobrir que quem dirigiu o filme foi o Gastón Duprat! Se você não está ligando o nome a pessoa, estou aqui para te ajudar. Duprat co-dirigiu o excelente "El Ciudadano Ilustre"! Com esse cartão de visita, fica muito mais fácil definir "Minha Obra-Prima" porque o filme bebe na mesma fonte do mais que premiado "Cidadão" - talvez sem tanto brilho, mas ainda muito divertido e imperdível!!!!

A história do pintor rabugento e falido, Renzo Nervi, de seu melhor amigo, Arturo Silva, dono de uma galeria de arte, que tenta ajuda-lo de todas as maneiras e da relação conflituosa entre os dois na esperança de reviver os bons tempos do passado em uma realidade tão diferente, cheia de tanto modernismo de qualidade duvidosa. O filme trás esse resgate emotivo novamente, com dois grandes atores Guillermo Francella ("O Segredo dos Seus Olhos") e Luis Brandoni, como Nervi, comandados por uma delicadeza única na direção. É um grande trabalho, de fato!

"Minha Obra-Prima" é um ótimo filme, com dois personagens marcantes e cheio de camadas que podem te tocar em algum momento. Como em "Cidadão Ilustre", Duprat trabalha naquela linha bem tênue do non-sense cotidiano real com o drama existencial dos seus personagens. Nesse filme também funciona bem, mas é mais previsível - até propositalmente (me pareceu), mas atrapalha um pouco a experiência ao saber que falta algo que no "Cidadão Ilustre" sobrou! O problema não está na direção, que fique bem claro! Está no roteiro e mesmo assim é só uma referência cruel de comparação, porque é fato que o filme é muito bacana de assistir, daqueles bons pra ver na sexta a noite, sem a preocupação de ter que pensar muito, mesmo se aproximando de assuntos bem profundos, mas com a desculpa de parecer "sem noção"!

"Minha Obra-Prima" é entretenimento de primeira. Se você gosta de filme argentino ou de filme espanhol, que equilibra bem o que é drama e o que é comédia (inteligente) provavelmente você vai gostar desse filme. Daqueles filmes que já estão no catálogo e que deve ter passado despercebido pelas sugestões da plataforma... mas que nós resgatamos e indicamos com a maior tranquilidade! Filme premiado em Festivas e que vale o play!

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Miss Americana

"Miss Americana" é um excelente documentário, principalmente se você tomar o cuidado de olhar com mais profundidade para toda aquela história que mais parece um conto de fadas - não se engane, não trata de um entretenimento construído apenas para agradar aos fãs; sinceramente eu acho que o filme vai muito, mas muito, além do processo de construção de uma estrela da música country, trata-se de uma jornada de amadurecimento, com suas dores e alegrias, dificuldades e vitórias, que assombram cada um de nós durante a vida, em diferentes níveis, e em momentos distintos. 

O filme cobre uma série de eventos na vida e na carreira de Taylor Swift, incluindo a criação de seu sétimoálbum de estúdio,Lover (2019), sua anterior batalha com umdistúrbio alimentar, seu julgamento por agressão sexual, o diagnóstico decâncer de sua mãe e a decisão da cantora se posicionar para assuntos mais polêmicos e tornar público sua visão política. Confira o trailer:

Um dos pontos altos de "Miss Americana" é a maneira pouco intrusiva como a diretora Lana Wilson (de The Departure”) registra os momentos mais íntimos de Swift sem a necessidade de construir um ícone pop invencível e segura de todos os seus passos - esse, aliás, é um dos assuntos do documentário: ser tão organizada e planejar cada um dos seus passos tornou sua carreira muito mais densa do que realmente precisava ser? Certamente sim. Pelo que assistimos "não errar" era tão importante quanto "melhorar sempre", e a constante falta de posicionamento perante algumas situações ajudaram a protagonista estacionar em uma zona de conforto perigosa e traiçoeira. Em um mundo em evolução (e muitas vezes cruel) seria preciso reencontrar seu caminho como ser humano e artista que influencia milhões de pessoas mundo a fora. Como disse no início: é preciso olhar além, conectar algumas posturas que vamos conhecer às atitudes que nós mesmos temos (ou teríamos) perante a vida pessoal e, principalmente, profissional.

Ao tocar em pontos sensíveis, Wilson equilibra perfeitamente várias faces da cantora - ao ter acesso a uma enorme quantidade de imagens de arquivos pessoais, a diretora consegue unificar tudo, deixando a narrativa fluida, orgânica, de uma forma que não nos damos conta sobre quem é a figura pública e o que pode refletir profundamente na vida privada de Taylor Swift - ela é basicamente uma só, e isso é incrível! Veja, são passagens que humanizam a personagem, com imagens do primeiro violão, das primeiras apresentações, até quando ela resolve migrar do country para o pop, depois de já ser um nome conhecido na indústria e de ter que engolir a falta de educação de uma figura desprezível como a de Kanye West.

O filme tem tantos pontos que merecem nosso elogio, da edição à direção, passando por um roteiro bem estruturado, que eu diria que "Miss Americana" vai trazer ótimos insights até para aqueles que nem conhecem a cantora (o que deve ser raro) ou que não acompanham sua carreira (isso mais comum entre nossos usuários). Ser treinada para atender expectativas, para sorrir ao receber elogios e para não se envolver em discussões que não lhe pertencem, até  lidar com a necessidade de se provar constantemente e não se permitir errar, transforma “Miss Americana” em um relato sincero e importante para quem admira e a analisa a construção de uma carreira de sucesso.

Vale muito a pena, mesmo!

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"Miss Americana" é um excelente documentário, principalmente se você tomar o cuidado de olhar com mais profundidade para toda aquela história que mais parece um conto de fadas - não se engane, não trata de um entretenimento construído apenas para agradar aos fãs; sinceramente eu acho que o filme vai muito, mas muito, além do processo de construção de uma estrela da música country, trata-se de uma jornada de amadurecimento, com suas dores e alegrias, dificuldades e vitórias, que assombram cada um de nós durante a vida, em diferentes níveis, e em momentos distintos. 

O filme cobre uma série de eventos na vida e na carreira de Taylor Swift, incluindo a criação de seu sétimoálbum de estúdio,Lover (2019), sua anterior batalha com umdistúrbio alimentar, seu julgamento por agressão sexual, o diagnóstico decâncer de sua mãe e a decisão da cantora se posicionar para assuntos mais polêmicos e tornar público sua visão política. Confira o trailer:

Um dos pontos altos de "Miss Americana" é a maneira pouco intrusiva como a diretora Lana Wilson (de The Departure”) registra os momentos mais íntimos de Swift sem a necessidade de construir um ícone pop invencível e segura de todos os seus passos - esse, aliás, é um dos assuntos do documentário: ser tão organizada e planejar cada um dos seus passos tornou sua carreira muito mais densa do que realmente precisava ser? Certamente sim. Pelo que assistimos "não errar" era tão importante quanto "melhorar sempre", e a constante falta de posicionamento perante algumas situações ajudaram a protagonista estacionar em uma zona de conforto perigosa e traiçoeira. Em um mundo em evolução (e muitas vezes cruel) seria preciso reencontrar seu caminho como ser humano e artista que influencia milhões de pessoas mundo a fora. Como disse no início: é preciso olhar além, conectar algumas posturas que vamos conhecer às atitudes que nós mesmos temos (ou teríamos) perante a vida pessoal e, principalmente, profissional.

Ao tocar em pontos sensíveis, Wilson equilibra perfeitamente várias faces da cantora - ao ter acesso a uma enorme quantidade de imagens de arquivos pessoais, a diretora consegue unificar tudo, deixando a narrativa fluida, orgânica, de uma forma que não nos damos conta sobre quem é a figura pública e o que pode refletir profundamente na vida privada de Taylor Swift - ela é basicamente uma só, e isso é incrível! Veja, são passagens que humanizam a personagem, com imagens do primeiro violão, das primeiras apresentações, até quando ela resolve migrar do country para o pop, depois de já ser um nome conhecido na indústria e de ter que engolir a falta de educação de uma figura desprezível como a de Kanye West.

O filme tem tantos pontos que merecem nosso elogio, da edição à direção, passando por um roteiro bem estruturado, que eu diria que "Miss Americana" vai trazer ótimos insights até para aqueles que nem conhecem a cantora (o que deve ser raro) ou que não acompanham sua carreira (isso mais comum entre nossos usuários). Ser treinada para atender expectativas, para sorrir ao receber elogios e para não se envolver em discussões que não lhe pertencem, até  lidar com a necessidade de se provar constantemente e não se permitir errar, transforma “Miss Americana” em um relato sincero e importante para quem admira e a analisa a construção de uma carreira de sucesso.

Vale muito a pena, mesmo!

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Mistério e Morte no Hotel Cecil

"Mistério e Morte no Hotel Cecil" foi o nome dado para a primeira temporada de uma nova série que pretende desvendar todos os mistérios e ampliar as discussões sobre alguns crimes reais que, por alguma razão, ficaram marcados na memória de todos nós (ou pelo menos da sociedade americana). A temporada de estreia de "Cena do Crime" foi dirigida pelo indicado ao Oscar pela terceira parte da trilogia "Paradise Lost", Joe Berlinger - um diretor que usa e abusa das dramatizações para criar uma certa sensação de angustia e ansiedade, tornando seu conceito narrativo muito próximo da ficção, especialmente dos thrillers policiais.

Em "Cena do Crime: Mistério e Morte no Hotel Cecil" acompanhamos a desconstrução de toda uma mitologia e mistérios em torno de um dos locais mais infames de crimes contemporâneos: o Hotel Cecil. No centro de Los Angeles, o hotel é frequentemente associado a algumas das mais notórias atividades da cidade, entre suicídios, assassinatos e crimes sem explicações, até a presença de hóspedes "famosos" e serial killers que aterrorizaram a sociedade americana durante os anos. Em 2013, a universitária Elisa Lam estava hospedada no Cecil quando desapareceu, iniciando um frenesi na mídia e mobilizando uma comunidade global de detetives internéticos ansiosos para solucionar o caso. O desaparecimento de Lam, mais recente capítulo na complexa história do hotel, oferece uma visão arrepiante e cativante de um dos locais mais nefastos de LA. Confira o trailer:

Antes de mais nada é preciso dizer que "Cena do Crime: Mistério e Morte no Hotel Cecil" tem um história tão maluca que se encaixa muito bem no estilo que o diretor Joe Berlinger gosta de trabalhar e essa, digamos, espetacularização narrativa de um "drama real" pode incomodar algumas pessoas - veja, o caso de Elisa vai ser explorado de todas maneiras, da tese mais provável à teoria conspiratória mais absurda, e que nem por isso deixa de fazer algum sentido.

Não se trata de um relato documental tradicional, com uma linguagem mais jornalística e um tom mais sério do texto; muito pelo contrário, nos quatro episódios dessa primeira temporada o que mais vemos são tantas camadas sendo analisadas que até nos esquecemos de pontos realmente importantes da investigação. O que eu quero dizer com isso é que não se trata de uma série onde as pistas são entregues ao mesmo tempo que os investigadores tem acesso a elas para, juntos, encontrarmos a solução do mistério - tudo é entregue de acordo com as necessidades narrativas e não respeitando a linha do tempo! Com isso a série ganha em entretenimento, mas parece se distanciar da realidade - é um estilo!

Um ponto que vale a pena reparar é que todos os “personagens” do documentário foram cuidadosamente escolhidos para maximizar essa atmosfera surreal criada em torno da histeria que a morte de Elisa provocou na época e como isso impactou profundamente na vida de alguns deles. A relação dos investigadores de internet com o caso dava um spin-off tranquilamente. Enfim, "Cena do Crime: Mistério e Morte no Hotel Cecil" é dinâmico, te prende, é interessante, mas não toca a alma como "Making a Murderer" ou "The Staircase" - é entretenimento na forma de documentário com toques de ficção como o recente sucesso, também da Netflix, "Night Stalker" tão bem explorou!

PS: Aliás, um dica antes do play: se você não assistiu "Night Stalker", faça isso antes de "Cena do Crime: Mistério e Morte no Hotel Cecil", pois alguns personagens se repetem e a experiência fica ainda mais completa.   

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"Mistério e Morte no Hotel Cecil" foi o nome dado para a primeira temporada de uma nova série que pretende desvendar todos os mistérios e ampliar as discussões sobre alguns crimes reais que, por alguma razão, ficaram marcados na memória de todos nós (ou pelo menos da sociedade americana). A temporada de estreia de "Cena do Crime" foi dirigida pelo indicado ao Oscar pela terceira parte da trilogia "Paradise Lost", Joe Berlinger - um diretor que usa e abusa das dramatizações para criar uma certa sensação de angustia e ansiedade, tornando seu conceito narrativo muito próximo da ficção, especialmente dos thrillers policiais.

Em "Cena do Crime: Mistério e Morte no Hotel Cecil" acompanhamos a desconstrução de toda uma mitologia e mistérios em torno de um dos locais mais infames de crimes contemporâneos: o Hotel Cecil. No centro de Los Angeles, o hotel é frequentemente associado a algumas das mais notórias atividades da cidade, entre suicídios, assassinatos e crimes sem explicações, até a presença de hóspedes "famosos" e serial killers que aterrorizaram a sociedade americana durante os anos. Em 2013, a universitária Elisa Lam estava hospedada no Cecil quando desapareceu, iniciando um frenesi na mídia e mobilizando uma comunidade global de detetives internéticos ansiosos para solucionar o caso. O desaparecimento de Lam, mais recente capítulo na complexa história do hotel, oferece uma visão arrepiante e cativante de um dos locais mais nefastos de LA. Confira o trailer:

Antes de mais nada é preciso dizer que "Cena do Crime: Mistério e Morte no Hotel Cecil" tem um história tão maluca que se encaixa muito bem no estilo que o diretor Joe Berlinger gosta de trabalhar e essa, digamos, espetacularização narrativa de um "drama real" pode incomodar algumas pessoas - veja, o caso de Elisa vai ser explorado de todas maneiras, da tese mais provável à teoria conspiratória mais absurda, e que nem por isso deixa de fazer algum sentido.

Não se trata de um relato documental tradicional, com uma linguagem mais jornalística e um tom mais sério do texto; muito pelo contrário, nos quatro episódios dessa primeira temporada o que mais vemos são tantas camadas sendo analisadas que até nos esquecemos de pontos realmente importantes da investigação. O que eu quero dizer com isso é que não se trata de uma série onde as pistas são entregues ao mesmo tempo que os investigadores tem acesso a elas para, juntos, encontrarmos a solução do mistério - tudo é entregue de acordo com as necessidades narrativas e não respeitando a linha do tempo! Com isso a série ganha em entretenimento, mas parece se distanciar da realidade - é um estilo!

Um ponto que vale a pena reparar é que todos os “personagens” do documentário foram cuidadosamente escolhidos para maximizar essa atmosfera surreal criada em torno da histeria que a morte de Elisa provocou na época e como isso impactou profundamente na vida de alguns deles. A relação dos investigadores de internet com o caso dava um spin-off tranquilamente. Enfim, "Cena do Crime: Mistério e Morte no Hotel Cecil" é dinâmico, te prende, é interessante, mas não toca a alma como "Making a Murderer" ou "The Staircase" - é entretenimento na forma de documentário com toques de ficção como o recente sucesso, também da Netflix, "Night Stalker" tão bem explorou!

PS: Aliás, um dica antes do play: se você não assistiu "Night Stalker", faça isso antes de "Cena do Crime: Mistério e Morte no Hotel Cecil", pois alguns personagens se repetem e a experiência fica ainda mais completa.   

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Mito e Magnata: John Delorean

Se você, como eu, achava que "DeLorean" era apenas o carro que viajava no tempo em "De Volta para o Futuro", você precisa assistir essa excelente minissérie documental da Netflix, pois a história, te garanto, vai muito além do objeto de desejo de Martin McFly e da genialidade do Doutor Brown.

"Mito e Magnata: John Delorean" explora a ascensão e queda de um prodígio engenheiro executivo da GM que se tornou um verdadeiro ícone do mercado automobilístico ao criar a DeLorean Motors Company. John DeLorean, uma espécie de Elon Musk dos anos 60/70, era um visionário, mas também um personagem carregado deganância e insegurança, que conseguiu criar um império com a mesma velocidade que o viu desabar. Confira o trailer (em inglês):

Em rápidos três episódios de 40 minutos, você vai conhecer o mito John DeLorean em seu palco dizendo frases como: "Não há atalhos para a qualidade" ou "A lealdade e satisfação do cliente são as únicas bases sólidas para crescer nesse mercado", mas também vai conhecer os bastidores (bem menos glamoroso) de um homem cheio de falhas e que se deixou levar pela possibilidade de se tornar uma lenda sem estar ao menos preparado psicologicamente para isso. Quando ele deixou a GM por não acreditar mais nos produtos que a empresa estava criando, seu propósito era muito claro: seria possível inovar de forma muito mais sustentável em um mercado que sofria com a crise do petróleo na década de 70 - aliás, essa história (e a farsa) lembra muito a jornada de Elizabeth Holmes de "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício".

Com entrevistas exclusivas e imagens inéditas gravadas há algum tempo pelo premiado D.A Pennebaker (Bob Dylan: Don’t Look Back), o diretor Mike Connolly faz um verdadeiro estudo de caso sobre a DeLorean Motors Company ao mesmo tempo que analisa o perfil de seu fundador. Os depoimentos de sua ex-esposa e de seu filho nos dias atuais, já evidenciam um final não tão feliz para a jornada empreendedora de John com reflexos diretos na vida pessoal. Eu diria que a minissérie é mais um exemplo do que não se deve fazer ao gerir um negócio promissor do que propriamente uma aula de empreendedorismo.

"Mito e Magnata: John Delorean" é direto, fácil de entender e tem uma narrativa bastante dinâmica para um documentário que transita muito bem entre vida pessoal e profissional, porém deixa alguns assuntos importantes de lado, como os outros casamentos de John após sua falência e a negociação para ter um "DeLorean" no filme que já comentamos. Ao traçar uma linha temporal bastante recortada, mas bem desenvolvida, a minissérie cumpre seu papel de deixar absolutamente claro que a pessoa que estava no palco era uma versão bastante limitada de um executivo que sonhou mais do que realizou, por falta de foco, organização, lealdade e de caráter - e que depois ficou mais claro ainda não tinha a menor condição moral de se tornar uma lenda.

Observação: tenho a impressão que, muito em breve, teremos muito mais histórias como essa, porque o que existe de empreendedor bom de palco e ruim de negócio, é impressionante!

Vale pela aula e pelo entretenimento!

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Se você, como eu, achava que "DeLorean" era apenas o carro que viajava no tempo em "De Volta para o Futuro", você precisa assistir essa excelente minissérie documental da Netflix, pois a história, te garanto, vai muito além do objeto de desejo de Martin McFly e da genialidade do Doutor Brown.

"Mito e Magnata: John Delorean" explora a ascensão e queda de um prodígio engenheiro executivo da GM que se tornou um verdadeiro ícone do mercado automobilístico ao criar a DeLorean Motors Company. John DeLorean, uma espécie de Elon Musk dos anos 60/70, era um visionário, mas também um personagem carregado deganância e insegurança, que conseguiu criar um império com a mesma velocidade que o viu desabar. Confira o trailer (em inglês):

Em rápidos três episódios de 40 minutos, você vai conhecer o mito John DeLorean em seu palco dizendo frases como: "Não há atalhos para a qualidade" ou "A lealdade e satisfação do cliente são as únicas bases sólidas para crescer nesse mercado", mas também vai conhecer os bastidores (bem menos glamoroso) de um homem cheio de falhas e que se deixou levar pela possibilidade de se tornar uma lenda sem estar ao menos preparado psicologicamente para isso. Quando ele deixou a GM por não acreditar mais nos produtos que a empresa estava criando, seu propósito era muito claro: seria possível inovar de forma muito mais sustentável em um mercado que sofria com a crise do petróleo na década de 70 - aliás, essa história (e a farsa) lembra muito a jornada de Elizabeth Holmes de "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício".

Com entrevistas exclusivas e imagens inéditas gravadas há algum tempo pelo premiado D.A Pennebaker (Bob Dylan: Don’t Look Back), o diretor Mike Connolly faz um verdadeiro estudo de caso sobre a DeLorean Motors Company ao mesmo tempo que analisa o perfil de seu fundador. Os depoimentos de sua ex-esposa e de seu filho nos dias atuais, já evidenciam um final não tão feliz para a jornada empreendedora de John com reflexos diretos na vida pessoal. Eu diria que a minissérie é mais um exemplo do que não se deve fazer ao gerir um negócio promissor do que propriamente uma aula de empreendedorismo.

"Mito e Magnata: John Delorean" é direto, fácil de entender e tem uma narrativa bastante dinâmica para um documentário que transita muito bem entre vida pessoal e profissional, porém deixa alguns assuntos importantes de lado, como os outros casamentos de John após sua falência e a negociação para ter um "DeLorean" no filme que já comentamos. Ao traçar uma linha temporal bastante recortada, mas bem desenvolvida, a minissérie cumpre seu papel de deixar absolutamente claro que a pessoa que estava no palco era uma versão bastante limitada de um executivo que sonhou mais do que realizou, por falta de foco, organização, lealdade e de caráter - e que depois ficou mais claro ainda não tinha a menor condição moral de se tornar uma lenda.

Observação: tenho a impressão que, muito em breve, teremos muito mais histórias como essa, porque o que existe de empreendedor bom de palco e ruim de negócio, é impressionante!

Vale pela aula e pelo entretenimento!

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Moneyball

"Moneyball" é um filme, de fato, fascinante e que oferece uma abordagem única que vai além do universo do beisebol (um esporte que o brasileiro não se conecta em sua maioria) - ou seja, embora tenha muitos elementos que remetam ao esporte em si, o filme é muito mais sobre um protagonista que pensava "fora da caixa", que estava a frente do seu tempo, do que qualquer outra coisa! Certamente um dos melhores de 2010, o filme dirigido pelo Bennett Miller (de "Capote") equilibra perfeitamente algumas curiosidades sobre os bastidores do esporte com a mesma habilidade com que constrói um drama coeso com um leve toque de crítica social, sem nunca perder seu ritmo empolgante.

Baseado em uma história real, o filme acompanha a jornada de Billy Beane (Brad Pitt), o gerente geral do time de beisebol Oakland Athletics, que decide abandonar as práticas convencionais de contratação de jogadores para adotar uma estratégia arriscada, baseada em dados e estatística, para formar um time barato, mas vencedor, e assim tentar mudar a história de como as pessoas viam o esporte. Confira o trailer:

Escrito por Aaron Sorkin e Steven Zaillian, e baseado na história de Stan Chervin, o roteiro de "Moneyball" é uma verdadeira obra-prima. Sua narrativa se desenvolve de maneira inteligente, cativando o público desde o primeiro momento. Embora o filme tenha um ritmo mais cadenciado em alguns momentos, com diálogos apressados (até verborrágicos demais) e termos pouco convencionais para o grande público, eu diria que a história é tão envolvente que fica até difícil perder o interesse pela jornada de Beane. 

Aliás, Brad Pitt entrega uma performance fenomenal, capturando perfeitamente a complexidade de seu personagem - dos seus sonhos até suas inseguranças. Sua presença em cena cativa nossa atenção, ele transmite as emoções e a determinação de Beane de uma forma muito autêntica, muito verdadeira. Jonah Hill também merece elogios como Peter Brand, o economista que se junta a Beane na busca por essa nova abordagem. A química entre os dois atores é evidente, proporcionando momentos divertidíssimos. A fotografia de "Moneyball" é outro elemento técnico que precisa ser citado: o trabalho do Wally Pfister (parceiro de Nolan em vários filmes e vencedor do Oscar por "A Origem") impõe uma estética tão elegante quanto realista. As cenas dentro e fora do campo são capturadas de forma magistral, transmitindo a intensidade do jogo e a pressão enfrentada por Beane de uma forma muito natural.

"Moneyball" é um filme excepcional que transcende o gênero esportivo. É uma história das mais inspiradoras sobre perseverança, inovação e a busca incansável para alcançar o sucesso. Sua mensagem é tão poderosa que o filme virou referência quando o assunto é questionar as tradições e lidar com a mudança.

Imperdível!

Up-date:"Moneyball" foi indicado em seis categorias no Oscar 2012, inclusive de "Melhor Filme".

Vale seu play!

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"Moneyball" é um filme, de fato, fascinante e que oferece uma abordagem única que vai além do universo do beisebol (um esporte que o brasileiro não se conecta em sua maioria) - ou seja, embora tenha muitos elementos que remetam ao esporte em si, o filme é muito mais sobre um protagonista que pensava "fora da caixa", que estava a frente do seu tempo, do que qualquer outra coisa! Certamente um dos melhores de 2010, o filme dirigido pelo Bennett Miller (de "Capote") equilibra perfeitamente algumas curiosidades sobre os bastidores do esporte com a mesma habilidade com que constrói um drama coeso com um leve toque de crítica social, sem nunca perder seu ritmo empolgante.

Baseado em uma história real, o filme acompanha a jornada de Billy Beane (Brad Pitt), o gerente geral do time de beisebol Oakland Athletics, que decide abandonar as práticas convencionais de contratação de jogadores para adotar uma estratégia arriscada, baseada em dados e estatística, para formar um time barato, mas vencedor, e assim tentar mudar a história de como as pessoas viam o esporte. Confira o trailer:

Escrito por Aaron Sorkin e Steven Zaillian, e baseado na história de Stan Chervin, o roteiro de "Moneyball" é uma verdadeira obra-prima. Sua narrativa se desenvolve de maneira inteligente, cativando o público desde o primeiro momento. Embora o filme tenha um ritmo mais cadenciado em alguns momentos, com diálogos apressados (até verborrágicos demais) e termos pouco convencionais para o grande público, eu diria que a história é tão envolvente que fica até difícil perder o interesse pela jornada de Beane. 

Aliás, Brad Pitt entrega uma performance fenomenal, capturando perfeitamente a complexidade de seu personagem - dos seus sonhos até suas inseguranças. Sua presença em cena cativa nossa atenção, ele transmite as emoções e a determinação de Beane de uma forma muito autêntica, muito verdadeira. Jonah Hill também merece elogios como Peter Brand, o economista que se junta a Beane na busca por essa nova abordagem. A química entre os dois atores é evidente, proporcionando momentos divertidíssimos. A fotografia de "Moneyball" é outro elemento técnico que precisa ser citado: o trabalho do Wally Pfister (parceiro de Nolan em vários filmes e vencedor do Oscar por "A Origem") impõe uma estética tão elegante quanto realista. As cenas dentro e fora do campo são capturadas de forma magistral, transmitindo a intensidade do jogo e a pressão enfrentada por Beane de uma forma muito natural.

"Moneyball" é um filme excepcional que transcende o gênero esportivo. É uma história das mais inspiradoras sobre perseverança, inovação e a busca incansável para alcançar o sucesso. Sua mensagem é tão poderosa que o filme virou referência quando o assunto é questionar as tradições e lidar com a mudança.

Imperdível!

Up-date:"Moneyball" foi indicado em seis categorias no Oscar 2012, inclusive de "Melhor Filme".

Vale seu play!

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Monstro

"Monster" (no original) vem dividindo opiniões desde sua estreia no Festival de Sundance em 2018! E aqui cabe uma aviso para as expectativas ficarem alinhadas: embora o filme narre o julgamento de um garoto negro acusado de participar de um crime, "Monstro" não é um filme de tribunal, de investigação ou policial - estamos falando de um drama, cheio de camadas e discussões sociais do mais alto nível, mas com uma narrativa e estética bem autoral, independente!

A história acompanha Steve Harmon (Kelvin Harrison Jr.), jovem de 17 anos do Harlen, inteligente e carismático que estuda para se tornar um cineasta no futuro. Porém, seu mundo vira de cabeça para baixo quando ele é acusado de um assassinato. A partir daí, acompanhamos sua jornada dramática, enquanto tenta provar sua inocência ao lado de sua advogada Maureen O'Brien (Jennifer Ehle). Confira o trailer:

"Monstro" é o primeiro filme do Anthony Mandler, diretor que construiu sua carreira em vídeo clipes trabalhando com artistas renomados como Black Eyed Peas, Snoop Dogg, 50 Cent, Eminem, Nelly Furtado, Rihanna, Beyoncé, entre outros. É preciso ressaltar, aliás, que sua estreia é extremamente sólida, cheia de personalidade e baseada em uma narrativa completamente fragmentada e muito bem fotografada - Mandler, de fato, impôs sua identidade e merece nossa atenção. Ele criou uma atmosfera bastante reflexiva a partir do roteiro escrito pela Janece Shaffer e pelo Colen C. Wiley, usando e abusando de planos fechados, com uma câmera bem nervosa, permitindo uma forte incidência da iluminação, tudo com o intuito de fortalecer a ideia daquela realidade brutal que o personagem estava vivendo.

O filme se apoia na narração em off de Steve Harmon - o texto é visceral, poético e muito profundo. Kelvin Harrison Jr. tem uma performance impressionante, de dilacerar o coração com sua capacidade de internalizar sua dor e expressar o sentimento com o mais correto minimalismo para não soar pegas - é um grande trabalho que merecia um maior reconhecimento. Outro que também merece elogios é, mais uma vez, Jeffrey Wright, o Mr. Harmon, pai de Steve - reparem na cena em que ele visita o filho na prisão. Lindo de ver!

"Monstro" é um filme corajoso ao quebrar completamente a linha temporal e nos prender em uma narrativa que tenta nos explicar como um garoto tão especial como Steve está sendo acusado de uma crime tão sério. Ao mesmo tempo somos convidados à uma reflexão importante, que nos acompanha durante todo o filme: independente de sua índole ou educação, um deslize pontual com consequências gravíssimas mereceria aquele julgamento? E se Steve for de fato inocente, o fato dele ser negro influenciou na acusação ou no tratamento que ele teve? Sim, todas essas perguntas vão nos martelando e embora a experiência de assistir "Monstro" seja até angustiante e pouco convencional, no final a jornada é das mais sensacionais!

Vale muito a pena!

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"Monster" (no original) vem dividindo opiniões desde sua estreia no Festival de Sundance em 2018! E aqui cabe uma aviso para as expectativas ficarem alinhadas: embora o filme narre o julgamento de um garoto negro acusado de participar de um crime, "Monstro" não é um filme de tribunal, de investigação ou policial - estamos falando de um drama, cheio de camadas e discussões sociais do mais alto nível, mas com uma narrativa e estética bem autoral, independente!

A história acompanha Steve Harmon (Kelvin Harrison Jr.), jovem de 17 anos do Harlen, inteligente e carismático que estuda para se tornar um cineasta no futuro. Porém, seu mundo vira de cabeça para baixo quando ele é acusado de um assassinato. A partir daí, acompanhamos sua jornada dramática, enquanto tenta provar sua inocência ao lado de sua advogada Maureen O'Brien (Jennifer Ehle). Confira o trailer:

"Monstro" é o primeiro filme do Anthony Mandler, diretor que construiu sua carreira em vídeo clipes trabalhando com artistas renomados como Black Eyed Peas, Snoop Dogg, 50 Cent, Eminem, Nelly Furtado, Rihanna, Beyoncé, entre outros. É preciso ressaltar, aliás, que sua estreia é extremamente sólida, cheia de personalidade e baseada em uma narrativa completamente fragmentada e muito bem fotografada - Mandler, de fato, impôs sua identidade e merece nossa atenção. Ele criou uma atmosfera bastante reflexiva a partir do roteiro escrito pela Janece Shaffer e pelo Colen C. Wiley, usando e abusando de planos fechados, com uma câmera bem nervosa, permitindo uma forte incidência da iluminação, tudo com o intuito de fortalecer a ideia daquela realidade brutal que o personagem estava vivendo.

O filme se apoia na narração em off de Steve Harmon - o texto é visceral, poético e muito profundo. Kelvin Harrison Jr. tem uma performance impressionante, de dilacerar o coração com sua capacidade de internalizar sua dor e expressar o sentimento com o mais correto minimalismo para não soar pegas - é um grande trabalho que merecia um maior reconhecimento. Outro que também merece elogios é, mais uma vez, Jeffrey Wright, o Mr. Harmon, pai de Steve - reparem na cena em que ele visita o filho na prisão. Lindo de ver!

"Monstro" é um filme corajoso ao quebrar completamente a linha temporal e nos prender em uma narrativa que tenta nos explicar como um garoto tão especial como Steve está sendo acusado de uma crime tão sério. Ao mesmo tempo somos convidados à uma reflexão importante, que nos acompanha durante todo o filme: independente de sua índole ou educação, um deslize pontual com consequências gravíssimas mereceria aquele julgamento? E se Steve for de fato inocente, o fato dele ser negro influenciou na acusação ou no tratamento que ele teve? Sim, todas essas perguntas vão nos martelando e embora a experiência de assistir "Monstro" seja até angustiante e pouco convencional, no final a jornada é das mais sensacionais!

Vale muito a pena!

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Monstros: Irmãos Menendez

Essa é o tipo de recomendação que não tem erro - se você gostou de "Dahmer: Um Canibal Americano""O Paraíso e a Serpente" e "American Crime Story", é impossível você não gostar da segunda temporada da (queridinha) série antológica de Ryan Murphy, "Monstros: Irmãos Menendez". Essa leva de nove episódios foca no brutal assassinato de José e Kitty Menendez em 1989. A temporada mergulha profundamente nas complexidades desse caso de grande repercussão, que chocou os Estados Unidos e levantou debates sobre abuso, poder e as pressões dentro de uma família aparentemente perfeita. Tal como a primeira temporada da série, que abordou a história de Jeffrey Dahmer, esta nova abordagem de "Monstros" continua com o estilo característico de Ryan Murphy: visualmente impactante, intensa em sua trama e com uma narrativa que usa e abusa do drama psicológico.

Aqui história se passa em Beverly Hills, onde Lyle (Nicholas Alexander Chavez) e Erik Menendez (Cooper Kochassassinaram seus pais, José (Javier Bardem) e Kitty Menendez (Chloë Sevigny), em sua própria casa. Inicialmente, o crime parecia ser um assassinato motivado por ganância, já que os jovens herdeiros gastaram vastas quantias de dinheiro após a morte de seus pais. No entanto, durante o julgamento, a defesa revelou uma nova camada da narrativa: os irmãos alegaram que os assassinatos foram uma reação aos anos de abuso físico, psicológico e sexual que teriam sofrido nas mãos de José Menendez. A temporada explora esses dois lados — o do sensacionalismo e o íntimo e sombrio do abuso dentro de uma família completamente disfuncional. Confira o trailer:

Obviamente que a força da segunda temporada de Monstros está na forma como Ryan Murphy e seu parceiro Ian Brennan (de "Halston") estruturam a narrativa - eles não economizam na densidade dos diálogos, no grafismo dos assassinatos e no exagero de seus cenários, figurinos, maquiagens e até das performances. Dito isso, fica fácil afirmar: "Monstros: Irmãos Menendez" é, sim, apelativa, mas funciona! Por outro lado, a série se esforça para não apresentar uma versão simplificada do caso e, em vez disso, sugere um estudo de personagens muitas vezes desconfortável. Os episódios são montados de forma que a audiência constantemente questione as motivações dos irmãos - ao melhor estilo Suzane Richthofen, os Menendez  foram vítimas de uma situação insustentável ou assassinos friamente calculistas?

Essa temporada da série, como em muitas outras produções de Murphy, se move na direção da ambiguidade, deixando para quem assiste a reflexão sobre qual a verdade por trás dos acontecimentos. Murphy e Brennan fazem o que sabem de melhor: criar a atmosfera de tensão psicológica que permeia cada episódio - e aqui cabe um comentário: o episódio 5, chamado de "Apelido" e rodado em um único plano, com a câmera sem nunca sair da mesma posição, é algo a ser celebrado e aplaudido de pé. Embora seja notavelmente diferente do tom de "Dahmer", a estética visual dessa temporada é igualmente competente já que tem uma fotografia que não se intimida em mostrar o contraste entre o glamour de Beverly Hills e o horror silencioso dentro da mansão dos Menendez. O uso de sombras e tons escuros para simbolizar o trauma reprimido é uma assinatura estética de Murphy, que aqui é usada com a precisão que a narrativa pede.

Nicholas Alexander Chavez e Cooper Koch capturam com eficácia a complexidade emocional dos irmãos. Suas performances oscilam entre jovens traumatizados, tentando lidar com os horrores de suas infâncias, e figuras manipuladoras, cientes das repercussões de seus atos. Esse equilíbrio é fundamental para nos manter envolvidos na narrativa, uma vez que o caso real dos Menendez continua a ser um dos mais divisivos na história criminal americana. Repare na química entre os dois atores e como ela é crucial para retratar a relação entre os irmãos, que oscila entre cumplicidade, desespero e um profundo vínculo de dependência emocional.

Embora o caso Menendez seja chocante por si só, a tendência de Murphy em enfatizar o drama extremo pode, às vezes, parecer excessiva para quem busca uma análise mais equilibrada e factual dos eventos -  mas nesse caso não tem jeito, esse é seu estilo e muito do que você vai ver na tela foi de fato potencializado em troca de um conflito mais evidente e uma dramatização mais impactante. Apesar dessa ressalva, posso te garantir que "Monstros: Irmãos Menendez" é um entretenimento de primeira - essencialmente se você for mesmo um fã de true crime. Eu diria até que essa temporada é um retrato profundo e angustiante de uma das famílias mais disfuncionais da história criminal dos EUA, que aborda não apenas os atos brutais de violência, mas também as causas subjacentes do trauma.

Se você está disposto a considerar questões morais complexas, enquanto a narrativa desafia noções simplistas de culpabilidade e justiça, pode dar o play sem o menor medo de errar!

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Essa é o tipo de recomendação que não tem erro - se você gostou de "Dahmer: Um Canibal Americano""O Paraíso e a Serpente" e "American Crime Story", é impossível você não gostar da segunda temporada da (queridinha) série antológica de Ryan Murphy, "Monstros: Irmãos Menendez". Essa leva de nove episódios foca no brutal assassinato de José e Kitty Menendez em 1989. A temporada mergulha profundamente nas complexidades desse caso de grande repercussão, que chocou os Estados Unidos e levantou debates sobre abuso, poder e as pressões dentro de uma família aparentemente perfeita. Tal como a primeira temporada da série, que abordou a história de Jeffrey Dahmer, esta nova abordagem de "Monstros" continua com o estilo característico de Ryan Murphy: visualmente impactante, intensa em sua trama e com uma narrativa que usa e abusa do drama psicológico.

Aqui história se passa em Beverly Hills, onde Lyle (Nicholas Alexander Chavez) e Erik Menendez (Cooper Kochassassinaram seus pais, José (Javier Bardem) e Kitty Menendez (Chloë Sevigny), em sua própria casa. Inicialmente, o crime parecia ser um assassinato motivado por ganância, já que os jovens herdeiros gastaram vastas quantias de dinheiro após a morte de seus pais. No entanto, durante o julgamento, a defesa revelou uma nova camada da narrativa: os irmãos alegaram que os assassinatos foram uma reação aos anos de abuso físico, psicológico e sexual que teriam sofrido nas mãos de José Menendez. A temporada explora esses dois lados — o do sensacionalismo e o íntimo e sombrio do abuso dentro de uma família completamente disfuncional. Confira o trailer:

Obviamente que a força da segunda temporada de Monstros está na forma como Ryan Murphy e seu parceiro Ian Brennan (de "Halston") estruturam a narrativa - eles não economizam na densidade dos diálogos, no grafismo dos assassinatos e no exagero de seus cenários, figurinos, maquiagens e até das performances. Dito isso, fica fácil afirmar: "Monstros: Irmãos Menendez" é, sim, apelativa, mas funciona! Por outro lado, a série se esforça para não apresentar uma versão simplificada do caso e, em vez disso, sugere um estudo de personagens muitas vezes desconfortável. Os episódios são montados de forma que a audiência constantemente questione as motivações dos irmãos - ao melhor estilo Suzane Richthofen, os Menendez  foram vítimas de uma situação insustentável ou assassinos friamente calculistas?

Essa temporada da série, como em muitas outras produções de Murphy, se move na direção da ambiguidade, deixando para quem assiste a reflexão sobre qual a verdade por trás dos acontecimentos. Murphy e Brennan fazem o que sabem de melhor: criar a atmosfera de tensão psicológica que permeia cada episódio - e aqui cabe um comentário: o episódio 5, chamado de "Apelido" e rodado em um único plano, com a câmera sem nunca sair da mesma posição, é algo a ser celebrado e aplaudido de pé. Embora seja notavelmente diferente do tom de "Dahmer", a estética visual dessa temporada é igualmente competente já que tem uma fotografia que não se intimida em mostrar o contraste entre o glamour de Beverly Hills e o horror silencioso dentro da mansão dos Menendez. O uso de sombras e tons escuros para simbolizar o trauma reprimido é uma assinatura estética de Murphy, que aqui é usada com a precisão que a narrativa pede.

Nicholas Alexander Chavez e Cooper Koch capturam com eficácia a complexidade emocional dos irmãos. Suas performances oscilam entre jovens traumatizados, tentando lidar com os horrores de suas infâncias, e figuras manipuladoras, cientes das repercussões de seus atos. Esse equilíbrio é fundamental para nos manter envolvidos na narrativa, uma vez que o caso real dos Menendez continua a ser um dos mais divisivos na história criminal americana. Repare na química entre os dois atores e como ela é crucial para retratar a relação entre os irmãos, que oscila entre cumplicidade, desespero e um profundo vínculo de dependência emocional.

Embora o caso Menendez seja chocante por si só, a tendência de Murphy em enfatizar o drama extremo pode, às vezes, parecer excessiva para quem busca uma análise mais equilibrada e factual dos eventos -  mas nesse caso não tem jeito, esse é seu estilo e muito do que você vai ver na tela foi de fato potencializado em troca de um conflito mais evidente e uma dramatização mais impactante. Apesar dessa ressalva, posso te garantir que "Monstros: Irmãos Menendez" é um entretenimento de primeira - essencialmente se você for mesmo um fã de true crime. Eu diria até que essa temporada é um retrato profundo e angustiante de uma das famílias mais disfuncionais da história criminal dos EUA, que aborda não apenas os atos brutais de violência, mas também as causas subjacentes do trauma.

Se você está disposto a considerar questões morais complexas, enquanto a narrativa desafia noções simplistas de culpabilidade e justiça, pode dar o play sem o menor medo de errar!

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Mytho

Tenho a impressão que se o Vince Gilligan (Breaking Bad) tivesse escrito a série, nossa percepção seria completamente diferente, mas isso eu vou explicar um pouco mais a frente. "Mytho" é uma série francesa, distribuída pela Netflix, que traz para a discussão uma psicopatologia chamada Mitomania. Essa doença é definida como o hábito de mentir ou fantasiar desenfreadamente ou a tendência a narrar extraordinárias aventuras imaginárias como sendo verdadeiras - e é com essa informação que "Mytho" começa a fazer sentido. 

Elvira (Marina Hands de "Lady Chatterley") é uma mãe e esposa dedicada, porém vem se sentindo cada dia mais invisível para sua família. Depois de um exame de mamografia ela "resolve" mentir que está com câncer em troca do amor dos três filhos e da atenção do marido ausente que tanto deseja. O problema é que uma mentira nunca vem sozinha e a necessidade de mentir outras vezes para poder sustentar a história original vai criando uma verdadeira bola de neve que influencia não só sua relação familiar, mas também a forma como os outros enxergam sua vida. Não dá para negar que a idéia é boa e, na verdade, a série também não é ruim - embora eu ache que os 6 episódios da primeira temporada sejam bem inconstantes, quase sem identidade!

Eu assisti em uma sentada e não me decepcionei, mas deu para sacar que nem todo mundo vai curtir. "Mytho" tem uma levada quase non-sense e as dinâmicas narrativas lembram muito o texto do Vince Gilligan, mas sem sua genialidade (claro!) e aquela capacidade de amarrar todas as pontas com uma enorme criatividade -  e é isso que faz a série derrapar em vários momentos. Olha, eu acho que vale a tentativa, mas se você não gosta de "Better Call Saul" (para não cair no erro de comparar explicitamente com Breaking Bad), não dê o play! Agora, se você se diverte com aquele tipo de texto e está disposto a se aprofundar ou reinterpretar o que assistir, vá sem receio que você pode se surpreender!

Usando "Breaking Bad" como referência, "Mytho" foca na jornada, ou melhor, no processo de transformação da protagonista. Se para Walter White a doença era a contagem regressiva para mudar de vida e deixar sua família tranquila após a sua morte, para Elvira mentir sobre uma grave doença é a única alternativa para, também, melhorar sua vida, só que ela não vai morrer - mas é preciso ter em mente que ela está doente sim, e enxergar suas atitudes com base nessa afirmação muda toda experiência ao assistir a série. Marina Hands entrega uma personagem difícil, que começa frágil, mas que se transforma e ganha força, mesmo sem ter a consciência exata disso. A grande questão é que na série de Gilligan tudo estava muito mais amarrado e a dinâmica narrativa foi construindo um personagem muito mais complexo e sem pressa de entregar seu ápice. Em "Mytho" o roteiro se atropela - é perceptível a necessidade de se mostrar inventivo, mas erra na sua própria pretenção!

O texto é bom, as discussões interessantes, as sub-tramas são excelentes, mas o todo é confuso e sem um conceito narrativo muito definido - em um episódio tem uma sequência musical e em outro um travelling com a protagonista andando em primeiro plano enquanto tudo à sua volta está de frente para trás. Esse tipo de artificio narrativo não faz o menor sentido se não existir uma coerência com o conceito da série - a própria morte da vizinha ainda não foi explicada ou pelo menos como esse fato interfere na história (?). Com isso, os episódios vão passando e vamos ficando inseguros sobre o final que se aproxima, nos dá a sensação de que todos estão perdidos e não é verdade (pelo menos não 100%), porque a história até que caminha bem, tem alguns elementos bem discretos e interessantes (como a forma que Elvira compara sua família com os vizinhos toda manhã), tem um propósito interessante (a dor da transformação das relações - com o tempo e com o cotidiano) e ganha força quando caí a ficha que o problema da protagonista vai muito além "daquela" mentira pontual (afinal, existe uma psicopatologia ali) - eu confesso que cheguei até a achar que a história não se sustentaria, mas ela foi indo até que a entrega do final da temporada funciona bem.

Criada pelo Fabrice Gobert, o mesmo do grande sucesso "Les Revenants", a série é inteligente embora pareça bobinha em vários momentos. O drama do filho gay é bom, do marido adúltero também, da filha rebelde menos e da caçula blogueirinha tem um certo potencial, mas não foi tão bem aproveitado na primeira temporada. Agora, todo elenco merece parabéns; estão todos ótimos e no tom correto em seus conflitos pessoais - gostei! A produção também é muito boa, a fotografia também (uma mistura de "Breaking Bad" com "Desperates Housewives"). O trilha sonora merece destaque; é ela que ajuda a pontuar o momentos mais dramáticos com os momentos mais leves - alguns quase pastelão!

O fato é que só tempo dirá se "Mytho" é uma série que vai deixar saudade. Se as pontas abertas da primeira temporada fizerem algum sentido mais para frente e a jornada de cada um dos personagens se justificar de verdade, é bem possível que a série tenha algum sucesso; pessoalmente dou o benefício da dúvida depois de assistir essa primeira temporada, que vacila, que erra, mas que também traz bons elementos para nos entreter até seu final.

Não é, e imagino que nem será, uma unanimidade, então assista por conta e risco!

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Tenho a impressão que se o Vince Gilligan (Breaking Bad) tivesse escrito a série, nossa percepção seria completamente diferente, mas isso eu vou explicar um pouco mais a frente. "Mytho" é uma série francesa, distribuída pela Netflix, que traz para a discussão uma psicopatologia chamada Mitomania. Essa doença é definida como o hábito de mentir ou fantasiar desenfreadamente ou a tendência a narrar extraordinárias aventuras imaginárias como sendo verdadeiras - e é com essa informação que "Mytho" começa a fazer sentido. 

Elvira (Marina Hands de "Lady Chatterley") é uma mãe e esposa dedicada, porém vem se sentindo cada dia mais invisível para sua família. Depois de um exame de mamografia ela "resolve" mentir que está com câncer em troca do amor dos três filhos e da atenção do marido ausente que tanto deseja. O problema é que uma mentira nunca vem sozinha e a necessidade de mentir outras vezes para poder sustentar a história original vai criando uma verdadeira bola de neve que influencia não só sua relação familiar, mas também a forma como os outros enxergam sua vida. Não dá para negar que a idéia é boa e, na verdade, a série também não é ruim - embora eu ache que os 6 episódios da primeira temporada sejam bem inconstantes, quase sem identidade!

Eu assisti em uma sentada e não me decepcionei, mas deu para sacar que nem todo mundo vai curtir. "Mytho" tem uma levada quase non-sense e as dinâmicas narrativas lembram muito o texto do Vince Gilligan, mas sem sua genialidade (claro!) e aquela capacidade de amarrar todas as pontas com uma enorme criatividade -  e é isso que faz a série derrapar em vários momentos. Olha, eu acho que vale a tentativa, mas se você não gosta de "Better Call Saul" (para não cair no erro de comparar explicitamente com Breaking Bad), não dê o play! Agora, se você se diverte com aquele tipo de texto e está disposto a se aprofundar ou reinterpretar o que assistir, vá sem receio que você pode se surpreender!

Usando "Breaking Bad" como referência, "Mytho" foca na jornada, ou melhor, no processo de transformação da protagonista. Se para Walter White a doença era a contagem regressiva para mudar de vida e deixar sua família tranquila após a sua morte, para Elvira mentir sobre uma grave doença é a única alternativa para, também, melhorar sua vida, só que ela não vai morrer - mas é preciso ter em mente que ela está doente sim, e enxergar suas atitudes com base nessa afirmação muda toda experiência ao assistir a série. Marina Hands entrega uma personagem difícil, que começa frágil, mas que se transforma e ganha força, mesmo sem ter a consciência exata disso. A grande questão é que na série de Gilligan tudo estava muito mais amarrado e a dinâmica narrativa foi construindo um personagem muito mais complexo e sem pressa de entregar seu ápice. Em "Mytho" o roteiro se atropela - é perceptível a necessidade de se mostrar inventivo, mas erra na sua própria pretenção!

O texto é bom, as discussões interessantes, as sub-tramas são excelentes, mas o todo é confuso e sem um conceito narrativo muito definido - em um episódio tem uma sequência musical e em outro um travelling com a protagonista andando em primeiro plano enquanto tudo à sua volta está de frente para trás. Esse tipo de artificio narrativo não faz o menor sentido se não existir uma coerência com o conceito da série - a própria morte da vizinha ainda não foi explicada ou pelo menos como esse fato interfere na história (?). Com isso, os episódios vão passando e vamos ficando inseguros sobre o final que se aproxima, nos dá a sensação de que todos estão perdidos e não é verdade (pelo menos não 100%), porque a história até que caminha bem, tem alguns elementos bem discretos e interessantes (como a forma que Elvira compara sua família com os vizinhos toda manhã), tem um propósito interessante (a dor da transformação das relações - com o tempo e com o cotidiano) e ganha força quando caí a ficha que o problema da protagonista vai muito além "daquela" mentira pontual (afinal, existe uma psicopatologia ali) - eu confesso que cheguei até a achar que a história não se sustentaria, mas ela foi indo até que a entrega do final da temporada funciona bem.

Criada pelo Fabrice Gobert, o mesmo do grande sucesso "Les Revenants", a série é inteligente embora pareça bobinha em vários momentos. O drama do filho gay é bom, do marido adúltero também, da filha rebelde menos e da caçula blogueirinha tem um certo potencial, mas não foi tão bem aproveitado na primeira temporada. Agora, todo elenco merece parabéns; estão todos ótimos e no tom correto em seus conflitos pessoais - gostei! A produção também é muito boa, a fotografia também (uma mistura de "Breaking Bad" com "Desperates Housewives"). O trilha sonora merece destaque; é ela que ajuda a pontuar o momentos mais dramáticos com os momentos mais leves - alguns quase pastelão!

O fato é que só tempo dirá se "Mytho" é uma série que vai deixar saudade. Se as pontas abertas da primeira temporada fizerem algum sentido mais para frente e a jornada de cada um dos personagens se justificar de verdade, é bem possível que a série tenha algum sucesso; pessoalmente dou o benefício da dúvida depois de assistir essa primeira temporada, que vacila, que erra, mas que também traz bons elementos para nos entreter até seu final.

Não é, e imagino que nem será, uma unanimidade, então assista por conta e risco!

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Na Própria Pele

Para mim, um dos grandes diferenciais da Netflix atualmente, são os títulos de filmes premiados em festivais importantes que ela adquire os direitos de distribuição. Normalmente filmes independentes, esse material dificilmente chegaria ao grande público sem a atuação de um grande player como a Netflix. Só lamento que o marketing da empresa não invista na sua divulgação como faz com alguns lançamentos de gosto bem duvidosos, mas enfim, regras da casa, regras do mercado.

O filme conta a história real do que aconteceu com Stefano Cucchi durante a semana que ficou preso após uma corriqueira batida policial no seu bairro. Com elementos narrativos muito parecidos com "Bicho de 7 Cabeças" e "Olhos que Condenam", esse premiado filme italiano é imperdível, mas esteja preparado, pois digerir aqueles fatos que vemos durante pouco mais 100 minutos, não é tarefa fácil.

"Na própria pele: o caso Stefano Cucchi" é uma dessas pérolas escondidas no catálogo que, para quem aprecia um cinema de qualidade, nos faz acreditar na importância  de uma boa história, de uma produção bem realizada e de uma direção autoral bastante competente, mas já adianto: o filme é duro, dolorido, intenso e ao mesmo tempo ótimo.

Stefano Cucchi era um jovem italiano de 31 anos que, em 2009, foi detido em uma abordagem policial enquanto fumava um simples cigarro com um amigo de infância. Embora não estivesse usando drogas no momento de sua prisão, os policiais que o abordaram naquela noite, encontraram dois cigarros de maconha e 2g de cocaína com ele. Após revistar a casa dos seus pais e não encontrar nada, Stefano passaria apenas uma noite na prisão e seria liberado, porém uma série de fatos transformaram a vida do rapaz. Uma atuação desastrosa da policia, uma postura extremamente arrogante das autoridades e com vários dos seus direitos simplesmente ignorados, Stefano Cucchi morreu apenas uma semana depois de ser condenado por, acreditem, tráfico de drogas! É importante ressaltar que trata-se de um caso real que mobilizou a Itália na época e que por isso, o valor do filme não está no resultado trágico dessa história e, sim, em que circunstâncias os fatos foram acontecendo e como se tornou uma enorme bola de neve. É terrível a velocidade como tudo se desenrola e como isso reflete na sua família. É uma realidade que incomoda pela naturalidade de como tudo é mostrado e de como as pessoas se relacionam com um ser humano pré julgado, impotente, assustado e ingênuo - sim, Stefano Cucchi foi muito ingênuo (e talvez aqui caiba a única crítica em relação ao roteiro)!!!

"Na própria pele" chega validado por inúmeros prêmios em festivais pelo mundo, inclusive em Veneza - além de uma importante indicação como melhor filme na Mostra "Novos Horizontes". É um trabalho irretocável do diretor Alessio Cremonini, com uma fotografia linda de Matteo Cocco - reparem como a câmera passeia lentamente pelo ambiente até chegar no protagonista, nos causando uma sensação absurda de ansiedade. Ou como o Diretor escolhe simplesmente travar a câmera e não acompanhar uma determinada ação até o fim, deixando que a imaginação de quem assiste construa parte dessa narrativa - assim foi no que seria a cena mais chocante do filme (o espancamento de Stefano)! Isso é cinema autoral de qualidade e com propósito conceitual que justificam as escolhas! Palmas!!!! 

Com um trabalho sensacional de um irreconhecível Alessandro Borghi (Suburra), fica impossível não se emocionar ou se revoltar com o que assistimos. "Na própria pele: o caso Stefano Cucchi" é daqueles filmes que ficam martelando na nossa cabeça, que nos trazem sensações únicas e que nos faz ficar em silêncio enquanto os créditos sobem - aliás, durante os créditos ouvimos os áudios reais do julgamento de Stefano e isso potencializa a dor que sentimos por aqueles personagens da vida real. O fato é que o filme vale muito a pena, mas esteja preparado para digerir uma história cruel que até hoje não foi totalmente explicada. Indico de olhos fechados!

Assista Agora 

Para mim, um dos grandes diferenciais da Netflix atualmente, são os títulos de filmes premiados em festivais importantes que ela adquire os direitos de distribuição. Normalmente filmes independentes, esse material dificilmente chegaria ao grande público sem a atuação de um grande player como a Netflix. Só lamento que o marketing da empresa não invista na sua divulgação como faz com alguns lançamentos de gosto bem duvidosos, mas enfim, regras da casa, regras do mercado.

O filme conta a história real do que aconteceu com Stefano Cucchi durante a semana que ficou preso após uma corriqueira batida policial no seu bairro. Com elementos narrativos muito parecidos com "Bicho de 7 Cabeças" e "Olhos que Condenam", esse premiado filme italiano é imperdível, mas esteja preparado, pois digerir aqueles fatos que vemos durante pouco mais 100 minutos, não é tarefa fácil.

"Na própria pele: o caso Stefano Cucchi" é uma dessas pérolas escondidas no catálogo que, para quem aprecia um cinema de qualidade, nos faz acreditar na importância  de uma boa história, de uma produção bem realizada e de uma direção autoral bastante competente, mas já adianto: o filme é duro, dolorido, intenso e ao mesmo tempo ótimo.

Stefano Cucchi era um jovem italiano de 31 anos que, em 2009, foi detido em uma abordagem policial enquanto fumava um simples cigarro com um amigo de infância. Embora não estivesse usando drogas no momento de sua prisão, os policiais que o abordaram naquela noite, encontraram dois cigarros de maconha e 2g de cocaína com ele. Após revistar a casa dos seus pais e não encontrar nada, Stefano passaria apenas uma noite na prisão e seria liberado, porém uma série de fatos transformaram a vida do rapaz. Uma atuação desastrosa da policia, uma postura extremamente arrogante das autoridades e com vários dos seus direitos simplesmente ignorados, Stefano Cucchi morreu apenas uma semana depois de ser condenado por, acreditem, tráfico de drogas! É importante ressaltar que trata-se de um caso real que mobilizou a Itália na época e que por isso, o valor do filme não está no resultado trágico dessa história e, sim, em que circunstâncias os fatos foram acontecendo e como se tornou uma enorme bola de neve. É terrível a velocidade como tudo se desenrola e como isso reflete na sua família. É uma realidade que incomoda pela naturalidade de como tudo é mostrado e de como as pessoas se relacionam com um ser humano pré julgado, impotente, assustado e ingênuo - sim, Stefano Cucchi foi muito ingênuo (e talvez aqui caiba a única crítica em relação ao roteiro)!!!

"Na própria pele" chega validado por inúmeros prêmios em festivais pelo mundo, inclusive em Veneza - além de uma importante indicação como melhor filme na Mostra "Novos Horizontes". É um trabalho irretocável do diretor Alessio Cremonini, com uma fotografia linda de Matteo Cocco - reparem como a câmera passeia lentamente pelo ambiente até chegar no protagonista, nos causando uma sensação absurda de ansiedade. Ou como o Diretor escolhe simplesmente travar a câmera e não acompanhar uma determinada ação até o fim, deixando que a imaginação de quem assiste construa parte dessa narrativa - assim foi no que seria a cena mais chocante do filme (o espancamento de Stefano)! Isso é cinema autoral de qualidade e com propósito conceitual que justificam as escolhas! Palmas!!!! 

Com um trabalho sensacional de um irreconhecível Alessandro Borghi (Suburra), fica impossível não se emocionar ou se revoltar com o que assistimos. "Na própria pele: o caso Stefano Cucchi" é daqueles filmes que ficam martelando na nossa cabeça, que nos trazem sensações únicas e que nos faz ficar em silêncio enquanto os créditos sobem - aliás, durante os créditos ouvimos os áudios reais do julgamento de Stefano e isso potencializa a dor que sentimos por aqueles personagens da vida real. O fato é que o filme vale muito a pena, mas esteja preparado para digerir uma história cruel que até hoje não foi totalmente explicada. Indico de olhos fechados!

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Na Rota do Dinheiro Sujo

Se você gosta de séries mais provocadoras como "Bad Boys e Bilionários: Índia" ou até de algo mais leve, tipo "entretenimento puro", como "The Con", pode dar o play em "Na Rota do Dinheiro Sujo" que sua diversão está garantida por algumas (boas) horas - até porquê a série já tem duas temporadas disponíveis na Netflix. Bem ao estilo Michael Moore, essa produção indicada ao Critics' Choice Documentary Award em 2018, apresenta uma ampla gama de perspectivas sobre o que existe de pior no ser humano quando o assunto é lucrar descontroladamente - mesmo que para isso muitas pessoas tenham que ser prejudicadas. Chega a embrulhar o estômago, mas é incrível como a narrativa criada pelo Josh Adler (de "Murder on Middle Beach") é envolvente!

Essa é uma série documental que inegavelmente provoca um certo fascínio por mergulhar no obscuro mundo da ganância sob diversas formas de "negócios" e "fraudes". Através de uma investigação detalhada e com relatos de muitos especialistas, jornalistas, autoridades e, claro, os envolvidos nos casos, "Na Rota do Dinheiro Sujo"expõe, sem a menor preocupação, as táticas e os métodos utilizados por indivíduos e organizações para ocultar as artimanhas que os levaram a ganhar muito dinheiro - obviamente proveniente de atividades ilegais. Confira o trailer (em inglês):

Sem a menor dúvida, uma das principais qualidades de "Na Rota do Dinheiro Sujo" é sua abordagem profunda, imparcial e objetiva sobre os casos. Digo imparcial porque ela se esforça ao máximo para mostrar sempre os dois lados da história - em alguns episódios isso é mais perceptível, em outros soa mais como uma convenção, porém em ambos os casos, Adler é capaz de criar uma atmosfera de indignação que fica impossível não julgar os envolvidos mesmo quando a complexidade do caso nos impede de ter total compreensão sobre os vieses do problema. Digo isso, pois a série tem sim um aspecto um tanto denso e invariavelmente técnico - isso credibiliza a narrativa, mas não a torna tão simples assim.

A produção também merece muitos elogios: o departamento de pesquisa faz um trabalho minucioso e a  forma como o roteiro se preocupa com a apresentação dos fatos impressiona. Pouco a pouco, a narrativa vai nos fornecendo informações detalhadas sobre casos reais, muitas vezes apoiadas em imagens de arquivo, reconstituições e intervenções gráficas que nos ajudam a conectar os pontos e a entender os fluxos dos pensamentos e, claro, do dinheiro que essas artimanhas geraram. Já no primeiro episódio que desmascara o esquema da Volkswagen para burlar os testes de poluentes nos EUA, temos o exato tom do que vamos encontrar durante toda a temporada.

Embora a série contextualize os casos a partir de uma análise sobre os impactos financeiros, existe uma preocupação em pontuar como a sociedade também é prejudicada pelas fraudes. A produção explora como esse dinheiro sujo pode financiar do tráfico de drogas ao terrorismo, contribuindo assim para a desestabilização de economias e nações inteiras. Essa proposta da série, sem dúvida, cria camadas bastante relevantes, nos proporcionando uma compreensão ainda mais profunda sobre um cenário macro e como a importância do combate a esse tipo de crime deveria ser prioridade - e aqui cabe uma ressalva, já que alguns políticos fecham os olhos com receio do impacto que o assunto pode ter em seus mandatos.

"Dirty Money" (no original) pode ser um desafio para aqueles que não estão familiarizados com os assuntos que a série aborda. Além disso, em certos momentos, sua narrativa pode parecer excessivamente longa ou até repetitiva, mas eu te garanto, envolvido no tema do episódio, essa é uma das melhores séries sobre "fraudes" já produzida. Entretenimento e educação que faz valer o seu play!

Assista Agora

Se você gosta de séries mais provocadoras como "Bad Boys e Bilionários: Índia" ou até de algo mais leve, tipo "entretenimento puro", como "The Con", pode dar o play em "Na Rota do Dinheiro Sujo" que sua diversão está garantida por algumas (boas) horas - até porquê a série já tem duas temporadas disponíveis na Netflix. Bem ao estilo Michael Moore, essa produção indicada ao Critics' Choice Documentary Award em 2018, apresenta uma ampla gama de perspectivas sobre o que existe de pior no ser humano quando o assunto é lucrar descontroladamente - mesmo que para isso muitas pessoas tenham que ser prejudicadas. Chega a embrulhar o estômago, mas é incrível como a narrativa criada pelo Josh Adler (de "Murder on Middle Beach") é envolvente!

Essa é uma série documental que inegavelmente provoca um certo fascínio por mergulhar no obscuro mundo da ganância sob diversas formas de "negócios" e "fraudes". Através de uma investigação detalhada e com relatos de muitos especialistas, jornalistas, autoridades e, claro, os envolvidos nos casos, "Na Rota do Dinheiro Sujo"expõe, sem a menor preocupação, as táticas e os métodos utilizados por indivíduos e organizações para ocultar as artimanhas que os levaram a ganhar muito dinheiro - obviamente proveniente de atividades ilegais. Confira o trailer (em inglês):

Sem a menor dúvida, uma das principais qualidades de "Na Rota do Dinheiro Sujo" é sua abordagem profunda, imparcial e objetiva sobre os casos. Digo imparcial porque ela se esforça ao máximo para mostrar sempre os dois lados da história - em alguns episódios isso é mais perceptível, em outros soa mais como uma convenção, porém em ambos os casos, Adler é capaz de criar uma atmosfera de indignação que fica impossível não julgar os envolvidos mesmo quando a complexidade do caso nos impede de ter total compreensão sobre os vieses do problema. Digo isso, pois a série tem sim um aspecto um tanto denso e invariavelmente técnico - isso credibiliza a narrativa, mas não a torna tão simples assim.

A produção também merece muitos elogios: o departamento de pesquisa faz um trabalho minucioso e a  forma como o roteiro se preocupa com a apresentação dos fatos impressiona. Pouco a pouco, a narrativa vai nos fornecendo informações detalhadas sobre casos reais, muitas vezes apoiadas em imagens de arquivo, reconstituições e intervenções gráficas que nos ajudam a conectar os pontos e a entender os fluxos dos pensamentos e, claro, do dinheiro que essas artimanhas geraram. Já no primeiro episódio que desmascara o esquema da Volkswagen para burlar os testes de poluentes nos EUA, temos o exato tom do que vamos encontrar durante toda a temporada.

Embora a série contextualize os casos a partir de uma análise sobre os impactos financeiros, existe uma preocupação em pontuar como a sociedade também é prejudicada pelas fraudes. A produção explora como esse dinheiro sujo pode financiar do tráfico de drogas ao terrorismo, contribuindo assim para a desestabilização de economias e nações inteiras. Essa proposta da série, sem dúvida, cria camadas bastante relevantes, nos proporcionando uma compreensão ainda mais profunda sobre um cenário macro e como a importância do combate a esse tipo de crime deveria ser prioridade - e aqui cabe uma ressalva, já que alguns políticos fecham os olhos com receio do impacto que o assunto pode ter em seus mandatos.

"Dirty Money" (no original) pode ser um desafio para aqueles que não estão familiarizados com os assuntos que a série aborda. Além disso, em certos momentos, sua narrativa pode parecer excessivamente longa ou até repetitiva, mas eu te garanto, envolvido no tema do episódio, essa é uma das melhores séries sobre "fraudes" já produzida. Entretenimento e educação que faz valer o seu play!

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Nada a esconder

“Nada a esconder” (título original - "Le seu") é um filme francês distribuído pela Netflix que é mais uma adaptação do premiadíssimo filme italiano de 2016, “Perfetti Sconosciuti” que, inclusive, já tinha ganhado uma versão espanhola do genial Álex de la Iglesia e que por muito tempo figurou na lista “não deixe de assistir” da Viu Review!

Vamos lá, essa versão francesa é muito parecida com a versão espanhola: Em um jantar entre amigos, para aliviar as tensões típicas da convivência, eles resolvem fazer uma brincadeira: todos os celulares são colocados na mesa e qualquer mensagem, e-mail ou ligação que eles receberem devem ser compartilhadas com os outros em voz alta, imediatamente, não importando o assunto ou quem esteja do outro lado da linha. Bem, só por essa breve sinopse dá para imaginar o constrangimento que se torna esse jantar. Impossível não se colocar na situação dos personagens e o clima que que se estabelece é angustiante e divertido.

O diretor Fred Cavayé trouxe para o filme um pouco menos de non-sense que o diretor espanhol - até por característica cinematográfica; trabalhando aquelas mesmas situações de uma forma mais realista, quase dramáticas em alguns momentos. É um conceito narrativo que funciona - talvez eu tivesse até ido por esse caminho se eu fosse dirigir esse roteiro, mas admito que com essa escolha, perdemos um pouco da inventividade e da fantasia que o Álex de la Iglesia havia mostrado anteriormente e que encaixou tão bem na trama.

Certamente, se eu não tivesse assistido a versão espanhola antes, eu teria colocado “Nada a esconder” na lista de imperdíveis com muita tranquilidade, mas eu gostaria de sugerir uma outra proposta com esse meu review: assistam as duas versões e vejam como, com um mesmo texto, os filmes podem ser tão diferentes e igualmente bons! Veja como o Non-sense espanhol é muito mais caricato e como o realismo francês é muito mais delicado. Veja como um não diminui o valor outro - é um bom exercício nos dias de hoje, afinal, ambos tem seus méritos, porém são diferentes! 

“Nada a esconder” merece ser visto tanto quando “Perfectos Desconocidos”. Vale o play!!!

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“Nada a esconder” (título original - "Le seu") é um filme francês distribuído pela Netflix que é mais uma adaptação do premiadíssimo filme italiano de 2016, “Perfetti Sconosciuti” que, inclusive, já tinha ganhado uma versão espanhola do genial Álex de la Iglesia e que por muito tempo figurou na lista “não deixe de assistir” da Viu Review!

Vamos lá, essa versão francesa é muito parecida com a versão espanhola: Em um jantar entre amigos, para aliviar as tensões típicas da convivência, eles resolvem fazer uma brincadeira: todos os celulares são colocados na mesa e qualquer mensagem, e-mail ou ligação que eles receberem devem ser compartilhadas com os outros em voz alta, imediatamente, não importando o assunto ou quem esteja do outro lado da linha. Bem, só por essa breve sinopse dá para imaginar o constrangimento que se torna esse jantar. Impossível não se colocar na situação dos personagens e o clima que que se estabelece é angustiante e divertido.

O diretor Fred Cavayé trouxe para o filme um pouco menos de non-sense que o diretor espanhol - até por característica cinematográfica; trabalhando aquelas mesmas situações de uma forma mais realista, quase dramáticas em alguns momentos. É um conceito narrativo que funciona - talvez eu tivesse até ido por esse caminho se eu fosse dirigir esse roteiro, mas admito que com essa escolha, perdemos um pouco da inventividade e da fantasia que o Álex de la Iglesia havia mostrado anteriormente e que encaixou tão bem na trama.

Certamente, se eu não tivesse assistido a versão espanhola antes, eu teria colocado “Nada a esconder” na lista de imperdíveis com muita tranquilidade, mas eu gostaria de sugerir uma outra proposta com esse meu review: assistam as duas versões e vejam como, com um mesmo texto, os filmes podem ser tão diferentes e igualmente bons! Veja como o Non-sense espanhol é muito mais caricato e como o realismo francês é muito mais delicado. Veja como um não diminui o valor outro - é um bom exercício nos dias de hoje, afinal, ambos tem seus méritos, porém são diferentes! 

“Nada a esconder” merece ser visto tanto quando “Perfectos Desconocidos”. Vale o play!!!

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Nada de Bandeja

"Nada de Bandeja" (Basketball or Nothing) é uma série documental, Original Netflix, que acompanha a temporada de um time de basquete do Ensino Médio nos EUA. Tenho certeza que por essa descrição, seu interesse pode não ter sido dos maiores - a não ser que você seja um viciado em esportes como eu! Pois bem, o diferencial dessa história é que a escola desses garotos fica dentro de uma reserva indígena Navajo, onde as condições de vida são extremamente limitadas e a expectativa de ascensão social quase não existe, pelo simples fato que não existem oportunidades (por isso do título em inglês, algo como: "Basquete ou Nada"). São 6 episódios de 30 minutos, em média, contando a trajetória esportiva dos jovens Navajos e, muito mais importante, mostrando o processo de amadurecimento como homens, apoiado em valores que só o esporte pode proporcionar... e é emocionante! 

Diferente de "Last Chance U", não vemos histórias de "jogadores problema" ou de grandes talentos obcecados pela vitória ou por uma chance na NFL; não, "Nada de Bandeja" é um série mais leve, menos dramática, menos profunda, mas, na minha opinião, tão importante quanto. É impressionante como a modo de vida americano interfere na cultura indígena daquela região de uma forma natural - da estrutura absurda do ginásio da Chinle High School (uma antítese das condições precárias da comunidade) ao fone de ouvido hype que os jovens usam quando viajam para os jogos. Pelo menos na série, não existe um choque de culturas ou uma necessidade de priorizar um ou outro comportamento e isso é muito bacana, pois não se levanta nenhuma bandeira ideológica - tudo está lá e cabe a quem assiste tirar suas próprias conclusões. Em cada episódio descobrimos um pouco mais da vida de um dos jogadores, seus sonhos, seus anseios; e aí fica claro a importâncias das suas raízes, ao mesmo tempo em que todos concordam que ter a oportunidade de ampliar os horizontes é o melhor caminho. O senso de agradecimento e pertencimento é enorme e legítimo, mas a prioridade é criar ferramentas para que os garotos possam se desenvolver e lutar pelos seus sonhos - isso merece uma reflexão! A prioridade é o desenvolvimento do ser humana - repito!!!!

Embora curtinha, a série muitas vezes se torna repetitiva, principalmente nos primeiros 2 episódios, mas depois o ritmo melhora e nem vemos o final chegar. Nos colocar ao lado daqueles jovens jogadores é muito interessante, mas conhecendo a história de cada um, fica impossível não torcer pela vitória deles na vida. O roteiro nos provoca a cada minuto para isso e a produção aproveita um cenário deslumbrante do Arizona, que a fotografia só potencializa, para gerar uma certa sensação de solidão e ao mesmo de esperança. Essa brincadeira dá o tom da série! Imagine um lugar árido, deserto, que se enche de vida nos dias de jogos - é demais!!! 

"Nada de Bandeja" é daquelas séries que vão além das histórias que vemos na tela. Vão além da busca por um título inédito para uma comunidade carente de sucesso. Vão além de disputas esportivas ou da necessidade de vencer a qualquer preço. "Nada de Bandeja" não é sobre basquete, é sobre entender o significado da esperança pelos olhos de jovens navajos. Em quase 3 horas é possível assistir a temporada inteira e se você estiver disposto a viver aquela história, certamente se sentirá mais leve nos créditos finais.

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"Nada de Bandeja" (Basketball or Nothing) é uma série documental, Original Netflix, que acompanha a temporada de um time de basquete do Ensino Médio nos EUA. Tenho certeza que por essa descrição, seu interesse pode não ter sido dos maiores - a não ser que você seja um viciado em esportes como eu! Pois bem, o diferencial dessa história é que a escola desses garotos fica dentro de uma reserva indígena Navajo, onde as condições de vida são extremamente limitadas e a expectativa de ascensão social quase não existe, pelo simples fato que não existem oportunidades (por isso do título em inglês, algo como: "Basquete ou Nada"). São 6 episódios de 30 minutos, em média, contando a trajetória esportiva dos jovens Navajos e, muito mais importante, mostrando o processo de amadurecimento como homens, apoiado em valores que só o esporte pode proporcionar... e é emocionante! 

Diferente de "Last Chance U", não vemos histórias de "jogadores problema" ou de grandes talentos obcecados pela vitória ou por uma chance na NFL; não, "Nada de Bandeja" é um série mais leve, menos dramática, menos profunda, mas, na minha opinião, tão importante quanto. É impressionante como a modo de vida americano interfere na cultura indígena daquela região de uma forma natural - da estrutura absurda do ginásio da Chinle High School (uma antítese das condições precárias da comunidade) ao fone de ouvido hype que os jovens usam quando viajam para os jogos. Pelo menos na série, não existe um choque de culturas ou uma necessidade de priorizar um ou outro comportamento e isso é muito bacana, pois não se levanta nenhuma bandeira ideológica - tudo está lá e cabe a quem assiste tirar suas próprias conclusões. Em cada episódio descobrimos um pouco mais da vida de um dos jogadores, seus sonhos, seus anseios; e aí fica claro a importâncias das suas raízes, ao mesmo tempo em que todos concordam que ter a oportunidade de ampliar os horizontes é o melhor caminho. O senso de agradecimento e pertencimento é enorme e legítimo, mas a prioridade é criar ferramentas para que os garotos possam se desenvolver e lutar pelos seus sonhos - isso merece uma reflexão! A prioridade é o desenvolvimento do ser humana - repito!!!!

Embora curtinha, a série muitas vezes se torna repetitiva, principalmente nos primeiros 2 episódios, mas depois o ritmo melhora e nem vemos o final chegar. Nos colocar ao lado daqueles jovens jogadores é muito interessante, mas conhecendo a história de cada um, fica impossível não torcer pela vitória deles na vida. O roteiro nos provoca a cada minuto para isso e a produção aproveita um cenário deslumbrante do Arizona, que a fotografia só potencializa, para gerar uma certa sensação de solidão e ao mesmo de esperança. Essa brincadeira dá o tom da série! Imagine um lugar árido, deserto, que se enche de vida nos dias de jogos - é demais!!! 

"Nada de Bandeja" é daquelas séries que vão além das histórias que vemos na tela. Vão além da busca por um título inédito para uma comunidade carente de sucesso. Vão além de disputas esportivas ou da necessidade de vencer a qualquer preço. "Nada de Bandeja" não é sobre basquete, é sobre entender o significado da esperança pelos olhos de jovens navajos. Em quase 3 horas é possível assistir a temporada inteira e se você estiver disposto a viver aquela história, certamente se sentirá mais leve nos créditos finais.

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Nada de Novo no Front

"Nada de Novo no Front" pode ser considerado, tranquilamente, um dos melhores filmes de 2022 - da mesma forma como também deve ser classificado como um dos mais violentos e impactantes visualmente - ele é, de fato, muito pesado! Saiba que após o "play" você estará diante de uma jornada de cerca de duas horas e meia, muito dura, visceral, indigesta e extremamente tocante - eu diria que essa produção da Netflix é praticamente um complemento ou um outro ponto de vista do que assistimos no brilhante "1917"!

"Nada de Novo no Front" conta a emocionante história de um jovem alemão, Paul Baumer (Felix Kammerer), e de seus amigos Albert Kopp (Aaron Hilmer) e Franz Muller (Moritz Klaus), durante a Primeira Guerra Mundial. Lutando pelas próprias vidas, Paul e seus colegas sentem como a euforia inicial, marcada por uma onda de fervor patriótico, se transforma em desespero e medo quando enfrentam a realidade brutal da vida no front. Confira o trailer:

"Im Westen nichts Neues" (no original) é baseado no livro de Erich Maria Remarque publicado em 1929. Já em 1930, a primeira versão de "Nada de Novo no Front", dirigida por Lewis Milestone, venceu o Oscar de "Melhor Filme", "Melhor Roteiro", "Melhor Fotografia" e "Melhor Direção". Chancelado por uma obra premiada e inegavelmente potente, o talentoso diretor alemão Edward Berger (vencedor do Emmy em 2018 por "Patrick Melrose" e do Urso de Ouro em Berlin por "Jack", em 2014) reconstrói uma atmosfera da primeira guerra tão realista quanto impressionante, se apropriando de uma dinâmica narrativa muito envolvente que nem vemos o tempo passar!

Alguns elementos saltam aos olhos: o elenco é o primeiro deles. É tocante como todos os atores (protagonistas e coadjuvantes) passam de uma maneira muito autêntica, todo o horror de estar em uma situação indigna e desprovida de qualquer humanidade, seja durante as batalhas, seja nos momentos em que buscam alguma esperança de um dia voltar para casa, vivos - aliás, estar vivo é um dos gatilhos narrativos que mais vai te provocar durante o filme. A partir de uma bela, mas densa, fotografia do inglês James Friend (vencedor do BAFTA por "Rillington Place"), somos expostos ao que de pior a guerra pode representar e muito habilmente, Berger não suaviza em nenhum momento, deixando claro que diferença entre a vida e morte passa por um mísero milésimo de segundo (ou qualquer ação mal pensada).

"Nada de Novo no Front" foi construído de uma forma que nos tira o fôlego (mesmo com raros momentos de alívios narrativos) - as situações são, de fato, angustiantes e diversas vezes claustrofóbicas, mas é na capacidade humana de representar o medo através do olhar, que mais somos tocados. É interessante como o roteiro (também escrito por Edward Berger) faz paralelos entre o caos e o luxo, entre o horror e a tranquilidade, entre o gabinete politico e o campo de batalha. Tudo é tão bem encaixado pela edição do Sven Budelmann (de "Dark") que temos uma noção exata de como o "bastidor" é tão cruel quanto o "palco", e vice-versa. Reparem como a trilha sonora conecta esses dois mundos - ela parece rasgar a narrativa, cortando a ação com sons e notas completamente desconcertantes que incomodam demais.

Olha, "Nada de Novo no Front" vale muito a pena, mas saiba que não será uma jornada das mais fáceis!

Up-date: o Filme ganhou em quatro categorias no Oscar 2023, inclusive de Melhor Filme Internacional!

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"Nada de Novo no Front" pode ser considerado, tranquilamente, um dos melhores filmes de 2022 - da mesma forma como também deve ser classificado como um dos mais violentos e impactantes visualmente - ele é, de fato, muito pesado! Saiba que após o "play" você estará diante de uma jornada de cerca de duas horas e meia, muito dura, visceral, indigesta e extremamente tocante - eu diria que essa produção da Netflix é praticamente um complemento ou um outro ponto de vista do que assistimos no brilhante "1917"!

"Nada de Novo no Front" conta a emocionante história de um jovem alemão, Paul Baumer (Felix Kammerer), e de seus amigos Albert Kopp (Aaron Hilmer) e Franz Muller (Moritz Klaus), durante a Primeira Guerra Mundial. Lutando pelas próprias vidas, Paul e seus colegas sentem como a euforia inicial, marcada por uma onda de fervor patriótico, se transforma em desespero e medo quando enfrentam a realidade brutal da vida no front. Confira o trailer:

"Im Westen nichts Neues" (no original) é baseado no livro de Erich Maria Remarque publicado em 1929. Já em 1930, a primeira versão de "Nada de Novo no Front", dirigida por Lewis Milestone, venceu o Oscar de "Melhor Filme", "Melhor Roteiro", "Melhor Fotografia" e "Melhor Direção". Chancelado por uma obra premiada e inegavelmente potente, o talentoso diretor alemão Edward Berger (vencedor do Emmy em 2018 por "Patrick Melrose" e do Urso de Ouro em Berlin por "Jack", em 2014) reconstrói uma atmosfera da primeira guerra tão realista quanto impressionante, se apropriando de uma dinâmica narrativa muito envolvente que nem vemos o tempo passar!

Alguns elementos saltam aos olhos: o elenco é o primeiro deles. É tocante como todos os atores (protagonistas e coadjuvantes) passam de uma maneira muito autêntica, todo o horror de estar em uma situação indigna e desprovida de qualquer humanidade, seja durante as batalhas, seja nos momentos em que buscam alguma esperança de um dia voltar para casa, vivos - aliás, estar vivo é um dos gatilhos narrativos que mais vai te provocar durante o filme. A partir de uma bela, mas densa, fotografia do inglês James Friend (vencedor do BAFTA por "Rillington Place"), somos expostos ao que de pior a guerra pode representar e muito habilmente, Berger não suaviza em nenhum momento, deixando claro que diferença entre a vida e morte passa por um mísero milésimo de segundo (ou qualquer ação mal pensada).

"Nada de Novo no Front" foi construído de uma forma que nos tira o fôlego (mesmo com raros momentos de alívios narrativos) - as situações são, de fato, angustiantes e diversas vezes claustrofóbicas, mas é na capacidade humana de representar o medo através do olhar, que mais somos tocados. É interessante como o roteiro (também escrito por Edward Berger) faz paralelos entre o caos e o luxo, entre o horror e a tranquilidade, entre o gabinete politico e o campo de batalha. Tudo é tão bem encaixado pela edição do Sven Budelmann (de "Dark") que temos uma noção exata de como o "bastidor" é tão cruel quanto o "palco", e vice-versa. Reparem como a trilha sonora conecta esses dois mundos - ela parece rasgar a narrativa, cortando a ação com sons e notas completamente desconcertantes que incomodam demais.

Olha, "Nada de Novo no Front" vale muito a pena, mas saiba que não será uma jornada das mais fáceis!

Up-date: o Filme ganhou em quatro categorias no Oscar 2023, inclusive de Melhor Filme Internacional!

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Nada Ortodoxa

Dois países europeus vem me chamando ainda mais atenção ultimamente devido suas produções de altíssima qualidade e, principalmente, pela qualidade dos roteiros, são eles: Espanha e Alemanha. "Nada Ortodoxa" é mais um achado da Netflix - uma minissérie alemã com apenas 4 episódios de 50 minutos que nos tira completamente da zona de conforto enquanto assistimos. Baseada no no best-seller “Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots” (de Deborah Feldman), acompanhamos a jornada de libertação de Esther Shapiro (Shira Haas) uma judia hassídica que vivia em Williamsburg, Brooklyn, sob os rígidos costumes de numa comunidade fundamentada na crença de que os judeus devem viver à parte da sociedade, obedecendo regras religiosas ultra-conservadoras, onde as mulheres têm a única função de ter muitos filhos para substituir os 6 milhões de mortos no Holocausto. Confira o trailer:

"Nada Ortodoxa" tem muitas qualidades, mas sem dúvida nenhuma a construção de um linha narrativa que nos convida a lidar com o conflito da protagonista dividida entre a obrigação de uma vida enraizada nos costumes e hábitos de uma das células ultra-ortodoxas do judaísmo contra a oportunidade de viver sua juventude, ir atrás dos seus sonhos e, claro, experimentar tudo que uma cidade moderna e pulsante como Berlin pode oferecer. O choque de culturas visto pelos olhos de uma excelente atriz como a israelense Shira Haas (guardem esse nome) transforma uma história que pode parecer simples e batida em uma ótima opção de entretenimento e reflexão! Vale muito a pena mesmo! Golaço da Netflix!

Antes de mais nada é preciso dizer que "Nada Ortodoxa" não tem a intenção de discutir religião, muito pelo contrário, é perceptível a preocupação da ótima diretora alemã Maria Schrader em expor uma realidade sem a necessidade de pré-julgamentos. Ela mostra, com muito cuidado, hábitos e costumes de uma comunidade patriarcal, extremamente machista, que tem castrado as mulheres durante séculos em nome de uma ideologia religiosa - por mais que isso possa nos incomodar (e incomoda!), a relação dentro dessa comunidade não parece aflitiva para outros personagens femininos. A própria Esther assume ser diferente para o marido, Yakov Shapiro (Amit Rahav) - outra vitima de sua descendência! O roteiro ainda acerta ao expôr a imaturidade de Yakov em momentos chave da história: da sua insegurança ao se relacionar sexualmente com a esposa até a incapacidade de entender que existe um mundo além Williamsburg - inclusive com internet!

A relação emocional que Esther tem com a música nos move durante os episódios, mas não se apeguem a isso - não por ser desinteressante, mas por existir um conflito muito maior dentro da protagonista. A montagem intercala sua jornada atual com flashbacks que constroem a motivação de Esther até sua decisão de fugir dos EUA! A fotografia do Wolfgang Thaler está tão alinhada com os sentimentos dela, que chega emocionar - reparem na cena em que ela entra no lago e tira a peruca - lido de ver e sentir! Se as cenas em Williamsbur são mais claustrofóbicas, os planos em Berlin são mais abertos, amplos, coloridos! O elenco está sensacional - e aqui eu faço um convite: assistam os 20 minutos de "making-of" que a Netflix sugere ao final do último episódio da minissérie - todo o esforço do Design de Produção, da Maquiagem, Cabelo, Fotografia e do próprio Elenco são bem documentados e fica fácil entender porque a minissérie deve ir bem na temporada de premiação em 2020. Shira Haas, por exemplo, deve aparecer como uma grande descoberta do ano - que trabalho magnífico que ela fez. O próprio Amit Rahav e Jeff Wilbusch (Moische Lefkovitch) também dão um show!

Olha, "Nada Ortodoxa" é uma minissérie que vai sofrer uma enorme pressão para se tornar série - seria um erro, mesmo tendo deixado alguns ganhos abertos! O que vemos em 4 episódios justificam os elogios que a produção vem recebendo da crítica. É uma história mais parada, de fato, mas nem por isso é chata ou daquelas que dão sono. O ponto de tensão está na expectativa do que vai acontecer com a protagonista quando seu marido encontrar ela em Berlin - essa angústia nos acompanha durante toda a jornada. Dito isso, eu sugiro "Nada Ortodoxa" para aqueles que se identificam com dramas de relação ao estilo "História de um Casamento"  - não pela similaridade da história, mas pela cadência narrativa e pelos conflitos emocionais.

Vale muito a pena!!!!!

Assista Agora

Dois países europeus vem me chamando ainda mais atenção ultimamente devido suas produções de altíssima qualidade e, principalmente, pela qualidade dos roteiros, são eles: Espanha e Alemanha. "Nada Ortodoxa" é mais um achado da Netflix - uma minissérie alemã com apenas 4 episódios de 50 minutos que nos tira completamente da zona de conforto enquanto assistimos. Baseada no no best-seller “Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots” (de Deborah Feldman), acompanhamos a jornada de libertação de Esther Shapiro (Shira Haas) uma judia hassídica que vivia em Williamsburg, Brooklyn, sob os rígidos costumes de numa comunidade fundamentada na crença de que os judeus devem viver à parte da sociedade, obedecendo regras religiosas ultra-conservadoras, onde as mulheres têm a única função de ter muitos filhos para substituir os 6 milhões de mortos no Holocausto. Confira o trailer:

"Nada Ortodoxa" tem muitas qualidades, mas sem dúvida nenhuma a construção de um linha narrativa que nos convida a lidar com o conflito da protagonista dividida entre a obrigação de uma vida enraizada nos costumes e hábitos de uma das células ultra-ortodoxas do judaísmo contra a oportunidade de viver sua juventude, ir atrás dos seus sonhos e, claro, experimentar tudo que uma cidade moderna e pulsante como Berlin pode oferecer. O choque de culturas visto pelos olhos de uma excelente atriz como a israelense Shira Haas (guardem esse nome) transforma uma história que pode parecer simples e batida em uma ótima opção de entretenimento e reflexão! Vale muito a pena mesmo! Golaço da Netflix!

Antes de mais nada é preciso dizer que "Nada Ortodoxa" não tem a intenção de discutir religião, muito pelo contrário, é perceptível a preocupação da ótima diretora alemã Maria Schrader em expor uma realidade sem a necessidade de pré-julgamentos. Ela mostra, com muito cuidado, hábitos e costumes de uma comunidade patriarcal, extremamente machista, que tem castrado as mulheres durante séculos em nome de uma ideologia religiosa - por mais que isso possa nos incomodar (e incomoda!), a relação dentro dessa comunidade não parece aflitiva para outros personagens femininos. A própria Esther assume ser diferente para o marido, Yakov Shapiro (Amit Rahav) - outra vitima de sua descendência! O roteiro ainda acerta ao expôr a imaturidade de Yakov em momentos chave da história: da sua insegurança ao se relacionar sexualmente com a esposa até a incapacidade de entender que existe um mundo além Williamsburg - inclusive com internet!

A relação emocional que Esther tem com a música nos move durante os episódios, mas não se apeguem a isso - não por ser desinteressante, mas por existir um conflito muito maior dentro da protagonista. A montagem intercala sua jornada atual com flashbacks que constroem a motivação de Esther até sua decisão de fugir dos EUA! A fotografia do Wolfgang Thaler está tão alinhada com os sentimentos dela, que chega emocionar - reparem na cena em que ela entra no lago e tira a peruca - lido de ver e sentir! Se as cenas em Williamsbur são mais claustrofóbicas, os planos em Berlin são mais abertos, amplos, coloridos! O elenco está sensacional - e aqui eu faço um convite: assistam os 20 minutos de "making-of" que a Netflix sugere ao final do último episódio da minissérie - todo o esforço do Design de Produção, da Maquiagem, Cabelo, Fotografia e do próprio Elenco são bem documentados e fica fácil entender porque a minissérie deve ir bem na temporada de premiação em 2020. Shira Haas, por exemplo, deve aparecer como uma grande descoberta do ano - que trabalho magnífico que ela fez. O próprio Amit Rahav e Jeff Wilbusch (Moische Lefkovitch) também dão um show!

Olha, "Nada Ortodoxa" é uma minissérie que vai sofrer uma enorme pressão para se tornar série - seria um erro, mesmo tendo deixado alguns ganhos abertos! O que vemos em 4 episódios justificam os elogios que a produção vem recebendo da crítica. É uma história mais parada, de fato, mas nem por isso é chata ou daquelas que dão sono. O ponto de tensão está na expectativa do que vai acontecer com a protagonista quando seu marido encontrar ela em Berlin - essa angústia nos acompanha durante toda a jornada. Dito isso, eu sugiro "Nada Ortodoxa" para aqueles que se identificam com dramas de relação ao estilo "História de um Casamento"  - não pela similaridade da história, mas pela cadência narrativa e pelos conflitos emocionais.

Vale muito a pena!!!!!

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Não confie em ninguém

"Não existe almoço grátis" - essa é uma expressão que usamos para classificar aqueles investimentos que expõem a ganância de pessoas que acreditam que podem ganhar muito dinheiro, rapidamente e com pouco risco; mas que na verdade não existem. A equação é muito simples: quanto maior o lucro, maior o risco - tudo que for diferente disso, pode desconfiar que tem algo errado. Em "Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas" muitas pessoas embarcaram no hype dessa nova modalidade de investimento, as criptomoedas, e não se preocuparam em fazer a lição de casa de pesquisar sobre a empresa (e seus fundadores) que movimentaria seus ativos. O resultado: golpe!

O documentário além de explorar o misterioso caso da agência de criptomoedas canadense QuadrigaCX (definida por muitos como a maior do país) e a suposta morte do seu fundador Gerald “Gerry” Cotten que gerou um prejuízo de mais de 200  milhões de dólares para seus clientes, também pontua todas as teorias criadas em torno do caso e as investigações que foram feitas na época. Confira o trailer (em inglês):

Muito mais do que criar uma atmosfera conspiratória, "Trust No One: The Hunt for the Crypto King" (no original) funciona como um aviso! Talvez a frase de um dos entrevistados defina muito bem a dicotomia que é embarcar em uma oportunidade que parece única (e que muitos se beneficiam com ela): "eu confio muito mais na tecnologia, do que nas pessoas!". Ao assistir o documentário, original da Netflix, entendemos perfeitamente como Gerry Cotten construiu um império as custas da ingenuidade (e ganância) das pessoas. Seu estilo NERD ajudou a passar uma imagem de confiança, mas seu modo de agir em pouco difere do que fez Bernie Madoff em Wall Street (talvez o volume do golpe, mas acho que vale a comparação) - mais uma vez o Esquema Ponzi entra em ação (para saber mais sobre o assunto, sugiro que assistam "O Mago das Mentiras").

Embora o documentário faça um recorte interessante e fácil de entender sobre o que fez as pessoas passarem a considerar as criptomoedas como possibilidade de diversificação na carteira de investimentos, o diretor Luke Sewell foca mesmo no processo de investigação feito pelos próprios investidores lesados pela QuadrigaCX e por  seu fundador. Obviamente que a morte prematura de Cotten, na Índia e justamente quando as pessoas viam o valor das criptos desabarem, gerou desconfiança. A partir de um grupo de Telegram, essas pessoas iniciam uma verdadeira força-tarefa para tentar reaver o dinheiro (perdido). Um dos personagens mais interessantes atende pelo apelido QCXINT - de máscara e com a voz distorcida, ele dá detalhes de toda a linha do tempo que resultou na resolução de todo mistério. Pela quantia superior a seis dígitos que ele perdeu, e pelo cuidado em nunca mostrar sua identidade, desconfio que seja alguém bem importante que também caiu no golpe.

"Não Confie em Ninguém: A Caça ao Rei da Criptomoeda" é um documentário rápido, de 90 minutos, interessante e dinâmico, além de muito curioso. Se olharmos por uma perspectiva mais antropológica, fica fácil perceber como o ser humano tem a tendência a querer justificar suas falhas (ou seus erros de julgamento) através da genialidade de quem conseguiu engana-lo. Muito mais do que genial, talvez a esperteza seja a qualidade de quem engana ao tocar no ponto que mais faz o olho da vitima brilhar: normalmente dinheiro fácil ou poder. A reflexão é boa, e o documentário também!

Vale o seu play!

Assista Agora

"Não existe almoço grátis" - essa é uma expressão que usamos para classificar aqueles investimentos que expõem a ganância de pessoas que acreditam que podem ganhar muito dinheiro, rapidamente e com pouco risco; mas que na verdade não existem. A equação é muito simples: quanto maior o lucro, maior o risco - tudo que for diferente disso, pode desconfiar que tem algo errado. Em "Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas" muitas pessoas embarcaram no hype dessa nova modalidade de investimento, as criptomoedas, e não se preocuparam em fazer a lição de casa de pesquisar sobre a empresa (e seus fundadores) que movimentaria seus ativos. O resultado: golpe!

O documentário além de explorar o misterioso caso da agência de criptomoedas canadense QuadrigaCX (definida por muitos como a maior do país) e a suposta morte do seu fundador Gerald “Gerry” Cotten que gerou um prejuízo de mais de 200  milhões de dólares para seus clientes, também pontua todas as teorias criadas em torno do caso e as investigações que foram feitas na época. Confira o trailer (em inglês):

Muito mais do que criar uma atmosfera conspiratória, "Trust No One: The Hunt for the Crypto King" (no original) funciona como um aviso! Talvez a frase de um dos entrevistados defina muito bem a dicotomia que é embarcar em uma oportunidade que parece única (e que muitos se beneficiam com ela): "eu confio muito mais na tecnologia, do que nas pessoas!". Ao assistir o documentário, original da Netflix, entendemos perfeitamente como Gerry Cotten construiu um império as custas da ingenuidade (e ganância) das pessoas. Seu estilo NERD ajudou a passar uma imagem de confiança, mas seu modo de agir em pouco difere do que fez Bernie Madoff em Wall Street (talvez o volume do golpe, mas acho que vale a comparação) - mais uma vez o Esquema Ponzi entra em ação (para saber mais sobre o assunto, sugiro que assistam "O Mago das Mentiras").

Embora o documentário faça um recorte interessante e fácil de entender sobre o que fez as pessoas passarem a considerar as criptomoedas como possibilidade de diversificação na carteira de investimentos, o diretor Luke Sewell foca mesmo no processo de investigação feito pelos próprios investidores lesados pela QuadrigaCX e por  seu fundador. Obviamente que a morte prematura de Cotten, na Índia e justamente quando as pessoas viam o valor das criptos desabarem, gerou desconfiança. A partir de um grupo de Telegram, essas pessoas iniciam uma verdadeira força-tarefa para tentar reaver o dinheiro (perdido). Um dos personagens mais interessantes atende pelo apelido QCXINT - de máscara e com a voz distorcida, ele dá detalhes de toda a linha do tempo que resultou na resolução de todo mistério. Pela quantia superior a seis dígitos que ele perdeu, e pelo cuidado em nunca mostrar sua identidade, desconfio que seja alguém bem importante que também caiu no golpe.

"Não Confie em Ninguém: A Caça ao Rei da Criptomoeda" é um documentário rápido, de 90 minutos, interessante e dinâmico, além de muito curioso. Se olharmos por uma perspectiva mais antropológica, fica fácil perceber como o ser humano tem a tendência a querer justificar suas falhas (ou seus erros de julgamento) através da genialidade de quem conseguiu engana-lo. Muito mais do que genial, talvez a esperteza seja a qualidade de quem engana ao tocar no ponto que mais faz o olho da vitima brilhar: normalmente dinheiro fácil ou poder. A reflexão é boa, e o documentário também!

Vale o seu play!

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