Quando "Ozark" estreou em 2017, rapidamente ela foi definida como o "Breaking Bad da Netflix" ou até mesmo o "Novo Breaking Bad". Claro que as duas séries tem alguns elementos em comum, pontos que convergem narrativamente inclusive, mas o fato é que são séries completamente diferentes e talvez por isso, muita gente não deu o valor que "Ozark" merecia! Se como fã de "Breaking Bad" eu assisto os primeiros episódios de "Ozark", minha expectativa certamente sai abalada, pois esperar que a série da Netflix traga o mood e a cadência que Vince Gilligan imprimiu com maestria, é um erro! "Ozark" não tem elementos visuais (sequer) parecidos, o tom é completamente diferente e a velocidade como a trama é contada é quase oposta - por isso tenho a impressão que essa estratégia de marketing jogou mais contra do que a favor!
Dito isso, eu posso te afirmar sem receio algum: "Ozark" é tão espetacular quanto "Breaking Bad" e o tempo está ajudando a provar essa tese - mas olha, são séries diferentes, repito! Marty Byrde (Jason Bateman), um consultor financeiro honesto e cheio de princípios, acaba se envolvendo em um grande esquema de lavagem de dinheiro depois de descobrir um rombo nas contas de um potencial cliente que a principio dizia vender cerâmicas. A "pedido" desse mesmo cliente, mas já sabendo onde estava se metendo, Marty transforma sua empresa na fachada ideal para realizar os serviços que o narcotraficante Del (Esai Morales) precisava para manter seu dinheiro girando. Porém, o sócio de firma e melhor amigo, Bruce Liddell (Josh Randall), tenta roubar Del, mas acaba sendo descoberto e é cruelmente executado. Marty, mesmo muito abalado, consegue salvar a própria vida, prometendo para Del pagar a dívida do amigo e ainda dizendo que será capaz de lavar muito mais dinheiro se puder mudar com a família para o lago de Ozark, lugar que atrai diversos turistas no verão. Ao lado da esposa Wendy (Laura Linney) e dos filhos Charlotte (Sofia Hublitz) e Jonah (Skylar Gaertner), Marty chega em Ozark e não demora para perceber que, naquele lugar, sua missão não será tão fácil como imaginava. Confira o trailer:
Eu achei a primeira temporada quase perfeita e digo "quase" porque em dois momentos-chaves, "Ozark" não teve a coragem de bancar um caminho menos óbvio que ela mesmo estava insinuando ser o correto e que, tranquilamente, nos apunhalaria o coração sem dó, mas também nos tiraria completamente da zona de conforto e colocaria "Ozark" num patamar que poucas séries alcançaram - são cenas angustiantes, isso de fato não se perdeu, mas por alguns segundos foi possível imaginar que poderíamos estar diante de algo tão improvável como "Game of Thrones", por exemplo! Pois bem, fora essas duas escolhas duvidosas e uma ou outra distração (principalmente envolvendo a filha adolescente do casal), a série entrega um excelente entretenimento, focado em personagens incríveis e com roteiros primorosos (mas sobre isso comentarei mais abaixo). O fato é que "Ozark" é, sim, imperdível e se você, como eu, deixou para depois, largue tudo, pois a jornada de Marty Byrde é tão tensa quanto a de Walter White, porém com menos alegorias visuais e muito mais sombria, próxima de uma realidade (mesmo que absurda) como na primeira temporada de "Bloodline"!
Saber que o protagonista é um homem bom, mas que acaba comprometido em situações cada vez mais complicadas envolvendo drogas, poder e dinheiro, parece ser a receita ideal para que uma série nos prenda durante 10 episódios de uma hora por temporada - e "Ozark" terá apenas 4, informação já confirmada pela própria Netflix. Estamos diante de um estudo sobre a índole humana em diversos níveis - sem dúvida essa é uma ótima definição para a série. Esse impacto do "meio" em que os personagens estão inseridos e como isso reflete em suas ações, nos passa a impressão que estamos sempre por um fio de presenciar uma verdadeira catástrofe e os criadores de "Ozark", Bill Dubuque e Mark Williams, parecem se divertir com isso.
A questão é que não só Marty Byrde parece estar cada vez mais enrolado, como todos que o rodeiam também estão. Ruth Langmore (a premiada Julia Garner) é um ótimo exemplo: mesmo focada em se dar bem na vida, ela é uma personagem completamente perdida, sem base alguma para se apoiar ou buscar orientações, e isso é tão bem escrito e interpretado que a todo momento duvidamos do que ela seria capaz de fazer, não pela falta de caráter, mas pela necessidade de esconder sua fragilidade e ter que provar para o pai (que está preso) que é tão forte quanto ele. As cenas em que ela se relaciona com a família de Byrde é de cortar o coração - reparem como esse contraponto mexe com todos!
Aquela dinâmica social de Florida Keys que vimos em "Bloodline" é praticamente a mesma em "Ozark", mas com o agravante "caipira" da região - e quando esse agravante é confrontado, os resultados são surpreendentes (lembrem disso no último episódio da primeira temporada). Os personagens Jacob Snell (Peter Mullan) e, principalmente, sua mulher Darlene Snell (Lisa Emery) são muito bem construídos, mas representam um lado quase macabro da impulsividade! Buddy Dieker (Harris Yulin) e Russ Langmore (Marc Menchaca) são outros dois grandes personagens que merecem destaque - o primeiro, inclusive, deve ter ainda mais força na segunda temporada!
Olha, "Ozark" tem um roteiro excelente, uma direção bastante competente e um elenco acima da média! É violenta, nos provoca em cada episódio uma certa discussão sobre moralidade sem nos influenciar ou deixar claro o que é certo e o que é errado - e isso é viciante! Sério, não deixem de assistir a série, vale muito a pena mesmo!!!
Ah, reparem nos símbolos que aparecem dentro do "O" (de Ozark) no início de cada episódio - são representações gráficas dos rumos que a história vai tomar a partir dali! Instiga logo de cara e de uma maneira muito inteligente!
Quando "Ozark" estreou em 2017, rapidamente ela foi definida como o "Breaking Bad da Netflix" ou até mesmo o "Novo Breaking Bad". Claro que as duas séries tem alguns elementos em comum, pontos que convergem narrativamente inclusive, mas o fato é que são séries completamente diferentes e talvez por isso, muita gente não deu o valor que "Ozark" merecia! Se como fã de "Breaking Bad" eu assisto os primeiros episódios de "Ozark", minha expectativa certamente sai abalada, pois esperar que a série da Netflix traga o mood e a cadência que Vince Gilligan imprimiu com maestria, é um erro! "Ozark" não tem elementos visuais (sequer) parecidos, o tom é completamente diferente e a velocidade como a trama é contada é quase oposta - por isso tenho a impressão que essa estratégia de marketing jogou mais contra do que a favor!
Dito isso, eu posso te afirmar sem receio algum: "Ozark" é tão espetacular quanto "Breaking Bad" e o tempo está ajudando a provar essa tese - mas olha, são séries diferentes, repito! Marty Byrde (Jason Bateman), um consultor financeiro honesto e cheio de princípios, acaba se envolvendo em um grande esquema de lavagem de dinheiro depois de descobrir um rombo nas contas de um potencial cliente que a principio dizia vender cerâmicas. A "pedido" desse mesmo cliente, mas já sabendo onde estava se metendo, Marty transforma sua empresa na fachada ideal para realizar os serviços que o narcotraficante Del (Esai Morales) precisava para manter seu dinheiro girando. Porém, o sócio de firma e melhor amigo, Bruce Liddell (Josh Randall), tenta roubar Del, mas acaba sendo descoberto e é cruelmente executado. Marty, mesmo muito abalado, consegue salvar a própria vida, prometendo para Del pagar a dívida do amigo e ainda dizendo que será capaz de lavar muito mais dinheiro se puder mudar com a família para o lago de Ozark, lugar que atrai diversos turistas no verão. Ao lado da esposa Wendy (Laura Linney) e dos filhos Charlotte (Sofia Hublitz) e Jonah (Skylar Gaertner), Marty chega em Ozark e não demora para perceber que, naquele lugar, sua missão não será tão fácil como imaginava. Confira o trailer:
Eu achei a primeira temporada quase perfeita e digo "quase" porque em dois momentos-chaves, "Ozark" não teve a coragem de bancar um caminho menos óbvio que ela mesmo estava insinuando ser o correto e que, tranquilamente, nos apunhalaria o coração sem dó, mas também nos tiraria completamente da zona de conforto e colocaria "Ozark" num patamar que poucas séries alcançaram - são cenas angustiantes, isso de fato não se perdeu, mas por alguns segundos foi possível imaginar que poderíamos estar diante de algo tão improvável como "Game of Thrones", por exemplo! Pois bem, fora essas duas escolhas duvidosas e uma ou outra distração (principalmente envolvendo a filha adolescente do casal), a série entrega um excelente entretenimento, focado em personagens incríveis e com roteiros primorosos (mas sobre isso comentarei mais abaixo). O fato é que "Ozark" é, sim, imperdível e se você, como eu, deixou para depois, largue tudo, pois a jornada de Marty Byrde é tão tensa quanto a de Walter White, porém com menos alegorias visuais e muito mais sombria, próxima de uma realidade (mesmo que absurda) como na primeira temporada de "Bloodline"!
Saber que o protagonista é um homem bom, mas que acaba comprometido em situações cada vez mais complicadas envolvendo drogas, poder e dinheiro, parece ser a receita ideal para que uma série nos prenda durante 10 episódios de uma hora por temporada - e "Ozark" terá apenas 4, informação já confirmada pela própria Netflix. Estamos diante de um estudo sobre a índole humana em diversos níveis - sem dúvida essa é uma ótima definição para a série. Esse impacto do "meio" em que os personagens estão inseridos e como isso reflete em suas ações, nos passa a impressão que estamos sempre por um fio de presenciar uma verdadeira catástrofe e os criadores de "Ozark", Bill Dubuque e Mark Williams, parecem se divertir com isso.
A questão é que não só Marty Byrde parece estar cada vez mais enrolado, como todos que o rodeiam também estão. Ruth Langmore (a premiada Julia Garner) é um ótimo exemplo: mesmo focada em se dar bem na vida, ela é uma personagem completamente perdida, sem base alguma para se apoiar ou buscar orientações, e isso é tão bem escrito e interpretado que a todo momento duvidamos do que ela seria capaz de fazer, não pela falta de caráter, mas pela necessidade de esconder sua fragilidade e ter que provar para o pai (que está preso) que é tão forte quanto ele. As cenas em que ela se relaciona com a família de Byrde é de cortar o coração - reparem como esse contraponto mexe com todos!
Aquela dinâmica social de Florida Keys que vimos em "Bloodline" é praticamente a mesma em "Ozark", mas com o agravante "caipira" da região - e quando esse agravante é confrontado, os resultados são surpreendentes (lembrem disso no último episódio da primeira temporada). Os personagens Jacob Snell (Peter Mullan) e, principalmente, sua mulher Darlene Snell (Lisa Emery) são muito bem construídos, mas representam um lado quase macabro da impulsividade! Buddy Dieker (Harris Yulin) e Russ Langmore (Marc Menchaca) são outros dois grandes personagens que merecem destaque - o primeiro, inclusive, deve ter ainda mais força na segunda temporada!
Olha, "Ozark" tem um roteiro excelente, uma direção bastante competente e um elenco acima da média! É violenta, nos provoca em cada episódio uma certa discussão sobre moralidade sem nos influenciar ou deixar claro o que é certo e o que é errado - e isso é viciante! Sério, não deixem de assistir a série, vale muito a pena mesmo!!!
Ah, reparem nos símbolos que aparecem dentro do "O" (de Ozark) no início de cada episódio - são representações gráficas dos rumos que a história vai tomar a partir dali! Instiga logo de cara e de uma maneira muito inteligente!
"Pantera Negra" é um filme divertido, um bom filme de super-heróis e só!!! Definitivamente ele não é, nem de longe, o melhor filme do gênero já feito! São 7 indicações para o Oscar 2019, inclusive de Melhor Filme!!! Acho que forçaram um pouco a barra!!! O filme tem uma história interessante, é dinâmico, mas não me surpreendeu como obra! Agora, o fato de trazer um personagem que sempre foi secundário para um protagonismo importante que vai além das telas, tem seu valor, sua importância e ajudou muito na valorização do filme. Eu sempre gostei de quadrinhos, mas nunca havia lido uma história exclusiva do personagem, por exemplo - e certamente não sou o único!
O filme acompanha T’Challa (Chadwick Boseman) que após a morte de seu pai, o Rei de Wakanda, volta para casa - uma isolada e tecnologicamente avançada nação africana - para a suceder ao trono e ocupar o seu lugar de direito como rei. Mas, com o reaparecimento de um velho inimigo, Erik Killmonger (Michael B. Jordan), o valor de T’Challa como rei (e como Pantera Negra) é testado, colocando o destino de Wakanda, e do mundo todo, em risco!
Tecnicamente o filme é muito interessante, os efeitos especiais são realmente incríveis, muito bem integrados a história - principalmente nos planos de transformação do traje do personagem (funcionou de uma maneira orgânica até melhor que a armadura do Homem de Ferro - por ser quase uma segunda pele, a dificuldade na composição é muito maior e mereceu a indicação para o Oscar). Já o departamento de Arte do filme também merece um destaque. Os Figurinos, Cenários e Objetos de Cena (Desenho de Produção) estão lindos - trouxe uma veracidade muito interessante e criativa para aquele mundo fictício que mistura tradição com tecnologia. Das indicações ao Oscar, desenho de som e mixagem também são bacanas e me chamaram atenção - se leva a estatueta, aí eu já acho que a coisa fica mais complicada, mas tem chance! Música, esquece e trilha sonora, pode rolar!
O ponto alto do filme, uma das coisas que eu mais gostei, foi a criação da Mitologia de Wakanda e como isso pode ser explorado em toda a franquia da Marvel. A DC tinha sinalizado um pouco disso no filme do "Homem de Aço" com aqueles 30 minutos de Krypton, mas, como sempre, jogou o que tinha de melhor no lixo e não aproveitou nada daquilo nos filmes seguintes (pelo menos até agora)! O diretor de Pantera, Ryan Coogler, também é um cara que temos que acompanhar de perto - ele sempre trás um ar de cinema independente para os seus filmes - o que dá um certo charme para uma ou outra sequência. "Creed" (excelente filme aliás) foi um bom exemplo disso, e em Pantera Negra, nas cenas de diálogos, ele também soube conduzir de uma forma muito particular e funcionou muito bem contrastando com as cenas de ação e pancadaria. Nas atuações, tenho minhas ressalvas com o Chadwick Boseman, mas gostei muito do Michael B. Jordan e, claro, da Lupita Nyong'o - que atriz incrível!!!!
Enfim, "Pantera Negra" é bom, mas não tem nada de tão diferente de outros filmes de heróis. É um bom entretenimento e, definitivamente, foi indicado por outras questões que vão além das mais de duas horas de filme! Merece? Talvez... e isso já pode ser considerada uma vitória!!!!
Up-date: "Pantera Negra" ganhou em três categorias no Oscar 2019: Melhor Trilha Sonora, Melhor Figurino e Melhor Desenho de Produção!
"Pantera Negra" é um filme divertido, um bom filme de super-heróis e só!!! Definitivamente ele não é, nem de longe, o melhor filme do gênero já feito! São 7 indicações para o Oscar 2019, inclusive de Melhor Filme!!! Acho que forçaram um pouco a barra!!! O filme tem uma história interessante, é dinâmico, mas não me surpreendeu como obra! Agora, o fato de trazer um personagem que sempre foi secundário para um protagonismo importante que vai além das telas, tem seu valor, sua importância e ajudou muito na valorização do filme. Eu sempre gostei de quadrinhos, mas nunca havia lido uma história exclusiva do personagem, por exemplo - e certamente não sou o único!
O filme acompanha T’Challa (Chadwick Boseman) que após a morte de seu pai, o Rei de Wakanda, volta para casa - uma isolada e tecnologicamente avançada nação africana - para a suceder ao trono e ocupar o seu lugar de direito como rei. Mas, com o reaparecimento de um velho inimigo, Erik Killmonger (Michael B. Jordan), o valor de T’Challa como rei (e como Pantera Negra) é testado, colocando o destino de Wakanda, e do mundo todo, em risco!
Tecnicamente o filme é muito interessante, os efeitos especiais são realmente incríveis, muito bem integrados a história - principalmente nos planos de transformação do traje do personagem (funcionou de uma maneira orgânica até melhor que a armadura do Homem de Ferro - por ser quase uma segunda pele, a dificuldade na composição é muito maior e mereceu a indicação para o Oscar). Já o departamento de Arte do filme também merece um destaque. Os Figurinos, Cenários e Objetos de Cena (Desenho de Produção) estão lindos - trouxe uma veracidade muito interessante e criativa para aquele mundo fictício que mistura tradição com tecnologia. Das indicações ao Oscar, desenho de som e mixagem também são bacanas e me chamaram atenção - se leva a estatueta, aí eu já acho que a coisa fica mais complicada, mas tem chance! Música, esquece e trilha sonora, pode rolar!
O ponto alto do filme, uma das coisas que eu mais gostei, foi a criação da Mitologia de Wakanda e como isso pode ser explorado em toda a franquia da Marvel. A DC tinha sinalizado um pouco disso no filme do "Homem de Aço" com aqueles 30 minutos de Krypton, mas, como sempre, jogou o que tinha de melhor no lixo e não aproveitou nada daquilo nos filmes seguintes (pelo menos até agora)! O diretor de Pantera, Ryan Coogler, também é um cara que temos que acompanhar de perto - ele sempre trás um ar de cinema independente para os seus filmes - o que dá um certo charme para uma ou outra sequência. "Creed" (excelente filme aliás) foi um bom exemplo disso, e em Pantera Negra, nas cenas de diálogos, ele também soube conduzir de uma forma muito particular e funcionou muito bem contrastando com as cenas de ação e pancadaria. Nas atuações, tenho minhas ressalvas com o Chadwick Boseman, mas gostei muito do Michael B. Jordan e, claro, da Lupita Nyong'o - que atriz incrível!!!!
Enfim, "Pantera Negra" é bom, mas não tem nada de tão diferente de outros filmes de heróis. É um bom entretenimento e, definitivamente, foi indicado por outras questões que vão além das mais de duas horas de filme! Merece? Talvez... e isso já pode ser considerada uma vitória!!!!
Up-date: "Pantera Negra" ganhou em três categorias no Oscar 2019: Melhor Trilha Sonora, Melhor Figurino e Melhor Desenho de Produção!
Inicialmente o que mais me chamou a atenção em "Power" (ou "Project Power", título original) foi o fato de se tratar de um projeto do diretores Henry Joost e Ariel Schulman, reponsáveis pelo ótimo "Nerve" e pela adaptação (do anunciado) "Megaman". Acontece que essa produção da Netflix, com um orçamento de 85 milhões de dólares, se apega tanto nas cenas de ação que acaba esquecendo de contar a história como deveria.
O filme acompanha um ex-militar, Art (Jamie Foxx) e um policial, Frank (Joseph Gordon-Levitt) que tentam descobrir quem está por trás do tráfico de uma nova droga que dá para seus usuários superpoderes aleatórios e com isso, claro, gerando uma série de problemas na cidade de New Orleans. Confira o trailer:
Embora não seja uma história muito original (basta lembrarmos do que assistimos em "The Boys"), "Power" tem alguns elementos bastante interessantes para um gênero de ação com grife - seu conceito visual e a montagem mais clipada, não são novidades, mas trazem uma certa elegância e uma dinâmica bacana para o filme, porém o roteiro não acompanha essa qualidade. Me deu a impressão de que quiseram criar algo tão complexo, que faltou tempo de tela para desenvolver todos os personagens - o fato de não sabermos exatamente quem é o vilão, é um ótimo exemplo dessa incoerência.
Mattson Tomlin é um roteirista romeno que caiu nas graças de Hollywood depois de escrever e dirigir alguns curtas-metragens. O interessante, porém, é que mesmo sem uma carreira premiada, Tomlin está envolvido com projetos grandes (e caros) como o do novo Batman, por exemplo. Só que seu trabalho em "Power" me deixou com a pulga atrás da orelha. Seu roteiro é irregular, com falhas técnicas, de certa forma, primárias para quem deveria dominar a gramática da ação - como já citamos, a falta de definição do vilão é o que mais me incomodou: em um primeiro momento achamos que seria o Rodrigo Santoro (e o seu estereotipado Biggie), logo depois achamos que o vilão mesmo é o fortão Wallace (Tait Fletcher), quando na verdade quem realmente manda em tudo é a Gardner (Amy Landecker). Outra coisa, o escolher para qual "mocinho" torcer também é um pouco confuso: seria para o Art, para o Frank ou para a adolescente Robin (Dominique Fishback)? Na verdade até não seria um grande problema ter três protagonistas, desde que ficasse estabelecido a importância de cada um dentro do contexto e com suas motivações bem desenvolvidas - não é o caso! O fato de não se aprofundar em nenhum dos temas que aborda, inclusive com algumas criticas sociais bem pontuadas, e nem explicar muito bem todas as motivações dos personagens-chave faz com que até os diálogos cheios de clichês pareçam gratuitos demais. E aqui cabe uma pequena observação: existe uma cultura de que filme de ação não precisa ter um bom roteiro para valer a pena, eu discordo, mas respeito - mas o que não pode, na minha opinião, é abrir mão de uma certa identificação com o protagonista para que venhamos a torcer por ele durante toda a jornada e no caso de "Power" isso acontece - sem falar que não existe grandes dificuldades para vencer os inimigos, nos privando daquela "tensão" pré combate!
A jovem Dominique Fishback talvez seja o destaque do elenco. Santoro tem potencial para mais, mas seu texto e tempo de tela não ajudaram. Jamie Foxx e Joseph Gordon-Levitt fazem o arroz com feijão bem feito e saem no 0 x 0. Amy Landecker e Tait Fletcher quase não aparecem, então não prejudicam. Alguns pontos que merecem destaque mostram a qualidade dos diretores: mesmo com uma edição bastante picotada (e aqui é impossível saber o quanto os produtores influenciaram no trabalho do montador Jeff McEvoy), o filme é bastante inventivo em algumas cenas de ação onde a câmera não está no lugar mais óbvio - isso pode causar uma certa confusão em algum momento, mas nos coloca dentro da cena: a sequência inicial do "Tocha Humana" e a cena no cassino clandestino com a "Mulher de Gelo" foram muito bem executadas. Reparem!
Antes de finalizar uma curiosidade que provavelmente vai passar despercebido para muitos, mas vale a referência: a camisa que Joseph Gordon-Levitt usa durante todo o filme é do time de futebol americano da cidade de New Orleans, o Saints. O nome estampado atrás é de um jogador chamado Steve Gleason - ele é considerado um verdadeiro herói por bloquear um punt do Falcons (de Atlanta) que acabou culminando no primeiro touchdownda equipe no seu retorno ao Estádio, que foi símbolo de uma cidade destruída pelo furacão Katrina. Essa jogada foi eternizada por uma estátua na frente do Superdome, mas a história não acaba por aí: em 2011, já aposentado e ainda muito jovem, Gleason foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA) poucos dias antes de receber a noticia de que seria pai pela primeira vez! Com medo de não ter saúde para conhecer e se relacionar com o filho, Gleason resolve filmar sua rotina para fazer uma espécie de diário para seu filho e toda essa jornada acabou virando um emocionante documentário que leva o seu nome!
Dito isso e voltando ao motivo desse review, posso dizer que os amantes do gênero de ação vão se divertir com "Power", mas é inegável que, se melhor desenvolvida, a história entregaria muito mais que um filme sobre drogas e heróis sem uniforme. Toda aquela ambição pelo poder pincelada em algumas cenas poderiam transformar o filme em uma ótima alegoria sobre o egoísmo e corrupção social, existentes na cultura da violência, tão em alta ultimamente.
Inicialmente o que mais me chamou a atenção em "Power" (ou "Project Power", título original) foi o fato de se tratar de um projeto do diretores Henry Joost e Ariel Schulman, reponsáveis pelo ótimo "Nerve" e pela adaptação (do anunciado) "Megaman". Acontece que essa produção da Netflix, com um orçamento de 85 milhões de dólares, se apega tanto nas cenas de ação que acaba esquecendo de contar a história como deveria.
O filme acompanha um ex-militar, Art (Jamie Foxx) e um policial, Frank (Joseph Gordon-Levitt) que tentam descobrir quem está por trás do tráfico de uma nova droga que dá para seus usuários superpoderes aleatórios e com isso, claro, gerando uma série de problemas na cidade de New Orleans. Confira o trailer:
Embora não seja uma história muito original (basta lembrarmos do que assistimos em "The Boys"), "Power" tem alguns elementos bastante interessantes para um gênero de ação com grife - seu conceito visual e a montagem mais clipada, não são novidades, mas trazem uma certa elegância e uma dinâmica bacana para o filme, porém o roteiro não acompanha essa qualidade. Me deu a impressão de que quiseram criar algo tão complexo, que faltou tempo de tela para desenvolver todos os personagens - o fato de não sabermos exatamente quem é o vilão, é um ótimo exemplo dessa incoerência.
Mattson Tomlin é um roteirista romeno que caiu nas graças de Hollywood depois de escrever e dirigir alguns curtas-metragens. O interessante, porém, é que mesmo sem uma carreira premiada, Tomlin está envolvido com projetos grandes (e caros) como o do novo Batman, por exemplo. Só que seu trabalho em "Power" me deixou com a pulga atrás da orelha. Seu roteiro é irregular, com falhas técnicas, de certa forma, primárias para quem deveria dominar a gramática da ação - como já citamos, a falta de definição do vilão é o que mais me incomodou: em um primeiro momento achamos que seria o Rodrigo Santoro (e o seu estereotipado Biggie), logo depois achamos que o vilão mesmo é o fortão Wallace (Tait Fletcher), quando na verdade quem realmente manda em tudo é a Gardner (Amy Landecker). Outra coisa, o escolher para qual "mocinho" torcer também é um pouco confuso: seria para o Art, para o Frank ou para a adolescente Robin (Dominique Fishback)? Na verdade até não seria um grande problema ter três protagonistas, desde que ficasse estabelecido a importância de cada um dentro do contexto e com suas motivações bem desenvolvidas - não é o caso! O fato de não se aprofundar em nenhum dos temas que aborda, inclusive com algumas criticas sociais bem pontuadas, e nem explicar muito bem todas as motivações dos personagens-chave faz com que até os diálogos cheios de clichês pareçam gratuitos demais. E aqui cabe uma pequena observação: existe uma cultura de que filme de ação não precisa ter um bom roteiro para valer a pena, eu discordo, mas respeito - mas o que não pode, na minha opinião, é abrir mão de uma certa identificação com o protagonista para que venhamos a torcer por ele durante toda a jornada e no caso de "Power" isso acontece - sem falar que não existe grandes dificuldades para vencer os inimigos, nos privando daquela "tensão" pré combate!
A jovem Dominique Fishback talvez seja o destaque do elenco. Santoro tem potencial para mais, mas seu texto e tempo de tela não ajudaram. Jamie Foxx e Joseph Gordon-Levitt fazem o arroz com feijão bem feito e saem no 0 x 0. Amy Landecker e Tait Fletcher quase não aparecem, então não prejudicam. Alguns pontos que merecem destaque mostram a qualidade dos diretores: mesmo com uma edição bastante picotada (e aqui é impossível saber o quanto os produtores influenciaram no trabalho do montador Jeff McEvoy), o filme é bastante inventivo em algumas cenas de ação onde a câmera não está no lugar mais óbvio - isso pode causar uma certa confusão em algum momento, mas nos coloca dentro da cena: a sequência inicial do "Tocha Humana" e a cena no cassino clandestino com a "Mulher de Gelo" foram muito bem executadas. Reparem!
Antes de finalizar uma curiosidade que provavelmente vai passar despercebido para muitos, mas vale a referência: a camisa que Joseph Gordon-Levitt usa durante todo o filme é do time de futebol americano da cidade de New Orleans, o Saints. O nome estampado atrás é de um jogador chamado Steve Gleason - ele é considerado um verdadeiro herói por bloquear um punt do Falcons (de Atlanta) que acabou culminando no primeiro touchdownda equipe no seu retorno ao Estádio, que foi símbolo de uma cidade destruída pelo furacão Katrina. Essa jogada foi eternizada por uma estátua na frente do Superdome, mas a história não acaba por aí: em 2011, já aposentado e ainda muito jovem, Gleason foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA) poucos dias antes de receber a noticia de que seria pai pela primeira vez! Com medo de não ter saúde para conhecer e se relacionar com o filho, Gleason resolve filmar sua rotina para fazer uma espécie de diário para seu filho e toda essa jornada acabou virando um emocionante documentário que leva o seu nome!
Dito isso e voltando ao motivo desse review, posso dizer que os amantes do gênero de ação vão se divertir com "Power", mas é inegável que, se melhor desenvolvida, a história entregaria muito mais que um filme sobre drogas e heróis sem uniforme. Toda aquela ambição pelo poder pincelada em algumas cenas poderiam transformar o filme em uma ótima alegoria sobre o egoísmo e corrupção social, existentes na cultura da violência, tão em alta ultimamente.
A adaptação da HQ "The Kitchen", da Vertigo, pela estreante na direção Andrea Berloff (indicada ao Oscar pelo roteiro de Straight Outta Compton: A História do N.W.A), é boa, mas poderia ser melhor. "Rainhas do Crime" é um exemplo claro de uma história com enorme potencial que é transformada em um bom filme, nada mais que isso. O que poderia ser o grande mérito da produção acabou se transformando no seu maior problema. É clara a tentativa da diretora de usar o empoderamento feminino como bandeira para dar o tom do filme e, sim, isso era importante, mas não essencial, pois a própria dinâmica da história já passaria a mensagem por si só se fosse bem trabalhada.
Para você ter uma idéia, o filme retrata uma Nova York no final dos anos 70, onde Kathy (Melissa McCarthy), Ruby (Tiffany Haddish) e Claire (Elisabeth Moss) estão casadas com mafiosos irlandeses que comandam os negócios em Hell's Kitchen (exato, o mesmo cenário do Demolidor). Quando seus maridos são presos após um assalto mal sucedido, o trio fica a mercê do novo chefe local, Little Jackie (Myk Watford), que se recusa repassar o dinheiro necessário para o sustento delas e de suas famílias. Entendendo que a situação apenas pioraria com o tempo, Kathy, Ruby e Claire decidem então unir forças para tomar o poder do bairro, oferecendo apoio e proteção aos pequenos comerciantes locais. O poder do trio cresce tanto, que além de começar a incomodar Little Jackie, também chama a atenção da máfia italiana no Brooklin. A partir daí inicia-se uma guerra, onde as três mulheres precisam resolver as diferenças entre elas ao mesmo tempo que procuram se estabelecer no poder e impedir que os homens possam, de alguma forma, retomar os negócios.
"Rainhas do Crime" tem no seu elenco, o maior trunfo. O trio de protagonistas realmente faz a diferença. Destaque para Elisabeth Moss (The Handmaid's Tale) que usa o silêncio como forma de expressão, capaz de passar todo o sentimento de opressão que sua personagem viveu durante seu casamento só com o olhar. Já Melissa McCarthy usa e abusa da sua capacidade de se questionar a todo momento e isso gera uma sensação de insegurança que cai como uma luva para sua personagem. E por fim, Tiffany Haddish, um surpreendente trabalho se levarmos em consideração que sua praia é a comédia! É importante dizer que a diretora Andrea Berloff é competente no que se propõe a fazer, embora eu tenha achado suas escolhas conceituais muito superficiais, o filme que ela entrega é divertido de se assistir. O roteiro derrapa um pouquinho, não desenvolve muito bem as personagens e suas motivações são rapidamente apresentadas (e resolvidas). Faltou um pouco da jornada de transformação e isso fez falta. Um detalhe que me incomodou foi a tentativa do plot twist do 3º ato que envolveu a personagem "Ruby" - tudo foi tão mal construído que pareceu idéia do montador e não do roteirista e essa escolha prejudicou demais o final do filme. Digamos que ficou tudo atropelado!
O fato é que "Rainhas do Crime" perdeu uma grande oportunidade de ser um grande filme. Com esse elenco, um pouco mais de violência e um conceito visual com mais identidade, certamente, o filme faria muito mais barulho. Sinceramente pareceu que o propósito pessoal da diretora se tornou maior que a sua própria obra e isso imprimiu na tela e vem gerando muitas críticas. Uma pena, eu até gostei do filme, me diverti, mas de fato a impressão que ficou é que "Rainhas do Crime" não decola. Acho o até que a história é tão boa que funcionaria muito melhor se tivesse sido desenvolvida como série. Como filme, um entretenimento para um dia chuvoso.
A adaptação da HQ "The Kitchen", da Vertigo, pela estreante na direção Andrea Berloff (indicada ao Oscar pelo roteiro de Straight Outta Compton: A História do N.W.A), é boa, mas poderia ser melhor. "Rainhas do Crime" é um exemplo claro de uma história com enorme potencial que é transformada em um bom filme, nada mais que isso. O que poderia ser o grande mérito da produção acabou se transformando no seu maior problema. É clara a tentativa da diretora de usar o empoderamento feminino como bandeira para dar o tom do filme e, sim, isso era importante, mas não essencial, pois a própria dinâmica da história já passaria a mensagem por si só se fosse bem trabalhada.
Para você ter uma idéia, o filme retrata uma Nova York no final dos anos 70, onde Kathy (Melissa McCarthy), Ruby (Tiffany Haddish) e Claire (Elisabeth Moss) estão casadas com mafiosos irlandeses que comandam os negócios em Hell's Kitchen (exato, o mesmo cenário do Demolidor). Quando seus maridos são presos após um assalto mal sucedido, o trio fica a mercê do novo chefe local, Little Jackie (Myk Watford), que se recusa repassar o dinheiro necessário para o sustento delas e de suas famílias. Entendendo que a situação apenas pioraria com o tempo, Kathy, Ruby e Claire decidem então unir forças para tomar o poder do bairro, oferecendo apoio e proteção aos pequenos comerciantes locais. O poder do trio cresce tanto, que além de começar a incomodar Little Jackie, também chama a atenção da máfia italiana no Brooklin. A partir daí inicia-se uma guerra, onde as três mulheres precisam resolver as diferenças entre elas ao mesmo tempo que procuram se estabelecer no poder e impedir que os homens possam, de alguma forma, retomar os negócios.
"Rainhas do Crime" tem no seu elenco, o maior trunfo. O trio de protagonistas realmente faz a diferença. Destaque para Elisabeth Moss (The Handmaid's Tale) que usa o silêncio como forma de expressão, capaz de passar todo o sentimento de opressão que sua personagem viveu durante seu casamento só com o olhar. Já Melissa McCarthy usa e abusa da sua capacidade de se questionar a todo momento e isso gera uma sensação de insegurança que cai como uma luva para sua personagem. E por fim, Tiffany Haddish, um surpreendente trabalho se levarmos em consideração que sua praia é a comédia! É importante dizer que a diretora Andrea Berloff é competente no que se propõe a fazer, embora eu tenha achado suas escolhas conceituais muito superficiais, o filme que ela entrega é divertido de se assistir. O roteiro derrapa um pouquinho, não desenvolve muito bem as personagens e suas motivações são rapidamente apresentadas (e resolvidas). Faltou um pouco da jornada de transformação e isso fez falta. Um detalhe que me incomodou foi a tentativa do plot twist do 3º ato que envolveu a personagem "Ruby" - tudo foi tão mal construído que pareceu idéia do montador e não do roteirista e essa escolha prejudicou demais o final do filme. Digamos que ficou tudo atropelado!
O fato é que "Rainhas do Crime" perdeu uma grande oportunidade de ser um grande filme. Com esse elenco, um pouco mais de violência e um conceito visual com mais identidade, certamente, o filme faria muito mais barulho. Sinceramente pareceu que o propósito pessoal da diretora se tornou maior que a sua própria obra e isso imprimiu na tela e vem gerando muitas críticas. Uma pena, eu até gostei do filme, me diverti, mas de fato a impressão que ficou é que "Rainhas do Crime" não decola. Acho o até que a história é tão boa que funcionaria muito melhor se tivesse sido desenvolvida como série. Como filme, um entretenimento para um dia chuvoso.
"Reacher" é muito divertida - e para os mais velhos, uma referência narrativa certamente vai emergir da nossa lembrança: "Prison Break". Baseada no aclamado romance "Dinheiro Sujo" de Lee Child, essa produção da Amazon é uma jornada eletrizante através do mundo sombrio e implacável do famoso personagem Jack Reacher - que no cinema foi interpretado por Tom Cruise. Sob o olhar habilidoso de Nick Santora (produtor executivo de "Prison Break" e de "Fubar"), a série é um verdadeiro convite ao entretenimento leve com uma trama cheia de reviravoltas e ação (leia-se pancadaria), que foi capaz capturar a essência de um personagem icônico da literatura com muita maestria, mas sem a pretensão de entregar um estudo complexo da psique humana. Com uma narrativa de fato envolvente e performances cativantes do trio de atores Alan Ritchson, Malcolm Goodwin e Willa Fitzgerald, "Reacher" é a escolha certa para aquele final de semana maratonando algo interessante e divertido com um toque investigativo anos 80.
Após abandonar o Exército dos Estados Unidos, o veterano Jack Reacher (Ritchson) chega em uma pequena cidade chamada Margrave, onde várias mortes começam a ocorrer e ele acaba se tornando o principal suspeito. Depois de provar sua inocência (claro), o xerife local decide pedir sua ajuda para resolver a série de brutais homicídios. Mesmo contrariado, Reacher decide usar suas habilidades para desvendar quem está por trás dos crimes e suas motivações. Para isso, ele não medirá esforços e usará todos os recursos disponíveis, inclusive burlando algumas leis quando necessário. Confira o trailer:
Cheia de piadinhas duvidosas, mas inegavelmente charmosas, "Reacher" sabe exatamente da sua capacidade de equilibrar bons momentos de ação com um desenvolvimento narrativo, no mínimo, perspicaz. Tudo é muito fluído, fácil, e parte disso se dá pela superficialidade fantasiada de complexidade do protagonista - Jack Reacher é uma espécie de super herói, um detetive que transita entre a capacidade de Sherlock Holmes deduzir o impossível e da habilidade de Batman em unir ironia com alguns socos e ponta-pés para alcançar seus objetivos. Embora a série até procure evitar, ela é um apanhado delicioso de clichês do gênero de investigação que opta por explorar temas como corrupção, moralidade e redenção de maneira divertida e muito envolvente.
Veja, comparando "Reacher" com uma outra série de ação da Prime Vídeo que se apoia em um personagem que segue a mesma cartilha narrativa, talvez sem tantos músculos é preciso ressaltar, como Jack Ryan, é possível afirmar que aqui temos uma versão "lite" criada essencialmente para os dias chuvosos - e isso não é um problema, é um enorme trunfo que faz com que a série possa perdurar por inúmeras temporadas. Se levarmos em consideração que a primeira temporada foi baseada no primeiro livro da obra de Child enquanto a segunda encontrou inspiração em "Azar e Contratempo" que é o 11º livro do autor, dá para se ter uma ideia de onde Nick Santora pode nos levar.
Muito bem produzida e dirigida, mas sem muitas inovações narrativas (sejam elas conceituais ou visuais), "Reacher" é um baita de um acerto da Prime Vídeo pela perspectiva da construção de franquia de gênero que a própria Netflix penou para estabelecer até encontrar seu "Resgate". Dito isso, você está prestes a encontrar uma espécie de versão plus size daqueles filmes meio "brucutus" dos anos 80 que tando fizeram sucesso e que trouxeram Steven Seagal, Sylvester Stallone e Bruce Willis para os holofotes, mas claro que com uma certa sensibilidade e requinte das produções atuais. Funciona e muito!
"Reacher" é muito divertida - e para os mais velhos, uma referência narrativa certamente vai emergir da nossa lembrança: "Prison Break". Baseada no aclamado romance "Dinheiro Sujo" de Lee Child, essa produção da Amazon é uma jornada eletrizante através do mundo sombrio e implacável do famoso personagem Jack Reacher - que no cinema foi interpretado por Tom Cruise. Sob o olhar habilidoso de Nick Santora (produtor executivo de "Prison Break" e de "Fubar"), a série é um verdadeiro convite ao entretenimento leve com uma trama cheia de reviravoltas e ação (leia-se pancadaria), que foi capaz capturar a essência de um personagem icônico da literatura com muita maestria, mas sem a pretensão de entregar um estudo complexo da psique humana. Com uma narrativa de fato envolvente e performances cativantes do trio de atores Alan Ritchson, Malcolm Goodwin e Willa Fitzgerald, "Reacher" é a escolha certa para aquele final de semana maratonando algo interessante e divertido com um toque investigativo anos 80.
Após abandonar o Exército dos Estados Unidos, o veterano Jack Reacher (Ritchson) chega em uma pequena cidade chamada Margrave, onde várias mortes começam a ocorrer e ele acaba se tornando o principal suspeito. Depois de provar sua inocência (claro), o xerife local decide pedir sua ajuda para resolver a série de brutais homicídios. Mesmo contrariado, Reacher decide usar suas habilidades para desvendar quem está por trás dos crimes e suas motivações. Para isso, ele não medirá esforços e usará todos os recursos disponíveis, inclusive burlando algumas leis quando necessário. Confira o trailer:
Cheia de piadinhas duvidosas, mas inegavelmente charmosas, "Reacher" sabe exatamente da sua capacidade de equilibrar bons momentos de ação com um desenvolvimento narrativo, no mínimo, perspicaz. Tudo é muito fluído, fácil, e parte disso se dá pela superficialidade fantasiada de complexidade do protagonista - Jack Reacher é uma espécie de super herói, um detetive que transita entre a capacidade de Sherlock Holmes deduzir o impossível e da habilidade de Batman em unir ironia com alguns socos e ponta-pés para alcançar seus objetivos. Embora a série até procure evitar, ela é um apanhado delicioso de clichês do gênero de investigação que opta por explorar temas como corrupção, moralidade e redenção de maneira divertida e muito envolvente.
Veja, comparando "Reacher" com uma outra série de ação da Prime Vídeo que se apoia em um personagem que segue a mesma cartilha narrativa, talvez sem tantos músculos é preciso ressaltar, como Jack Ryan, é possível afirmar que aqui temos uma versão "lite" criada essencialmente para os dias chuvosos - e isso não é um problema, é um enorme trunfo que faz com que a série possa perdurar por inúmeras temporadas. Se levarmos em consideração que a primeira temporada foi baseada no primeiro livro da obra de Child enquanto a segunda encontrou inspiração em "Azar e Contratempo" que é o 11º livro do autor, dá para se ter uma ideia de onde Nick Santora pode nos levar.
Muito bem produzida e dirigida, mas sem muitas inovações narrativas (sejam elas conceituais ou visuais), "Reacher" é um baita de um acerto da Prime Vídeo pela perspectiva da construção de franquia de gênero que a própria Netflix penou para estabelecer até encontrar seu "Resgate". Dito isso, você está prestes a encontrar uma espécie de versão plus size daqueles filmes meio "brucutus" dos anos 80 que tando fizeram sucesso e que trouxeram Steven Seagal, Sylvester Stallone e Bruce Willis para os holofotes, mas claro que com uma certa sensibilidade e requinte das produções atuais. Funciona e muito!
Antes de contar um pouco mais sobre o filme, eu peço licença para um comentário: a Academia deveria lançar um "Oscar Vitalício" para o Tom Hanks e assim desconsiderar todo trabalho que o ator fizer daqui para frente, pois todo filme que ele protagoniza (e nem todos tem um roteiro à altura dele) temos uma aula de interpretação! Dito isso, "Relatos do Mundo" é um excelente filme - ele tem a "alma" que pode ter faltado para o "O Céu da Meia-Noite" e mesmo sendo uma ação no velho-oeste e o outro uma ficção pós-apocalíptica, ambos tem elementos narrativos muito similares, que nos prendem à trama e nos movem até o final sem que a gente se dê conta de todas as variáveis que acompanhamos durante a jornada: "levar algo (ou alguém) do ponto A até o ponto B"!
Baseado no romance homônimo de Paulette Jiles, Tom Hanks interpreta o Capitão Jefferson Kyle Kidd, um veterano de guerra que trabalha viajando por diversas cidades pequenas do interior dos Estados Unidos lendo notícias dos principais jornais para uma curiosa população. No caminho entre um vilarejo e outro, Kidd encontra Johanna (Helena Zengel), uma jovem que foi sequestrada pelo povo indígena Kiowa e que não fala nada de inglês. Ele se oferece então, para levar a garota até a casa dos tios, os únicos parentes que sobreviveram ao ataque da tribo vários anos atrás. É nesse contexto, que a dupla inicia uma jornada pelo perigoso deserto texano ainda em ressaca pelo pós-guerra civil, em busca do novo lar para a pequena órfã. Confira o trailer:
Paul Greengrass é um grande diretor, responsável por sucessos como "Capitão Phillips", "Vôo United 93" e "Domingo Sangrento", o que chancela a qualidade em todos os aspectos técnicos e artísticos de "Relatos do Mundo" e, de cara, eu já cito um: a belíssima fotografia (digna de uma indicação ao Oscar) do experiente Dariusz Wolski (de "Perdido em Marte") - é um plano mais bonito que o outro, um equilíbrio entre as lentes abertas para as belas paisagens do deserto e as lentes fechadas para potencializar o trabalho de Tom Hanks e de Helena Zengel (indicada ao Globo de Ouro pela personagem). A trilha sonora do James Newton Howard (também indicado ao Globo de Ouro) cria uma atmosfera de tensão e angustia ao mesmo tempo em que traz a emoção que cenas algumas cenas pedem - é um trabalho belíssimo do compositor que já foi indicado 8 vezes ao Oscar!
Em um filme onde o próprio Tom Hanks compara a trama com a série “The Mandalorian”, onde o protagonista chega em uma região, encontra um desafio, vive uma aventura e parte para o próximo ponto, agora um pouco mais perto do seu objetivo, "Relatos do Mundo" não decepciona! Com um roteiro que aproveita das longas viagens entre as cidades para diminuir o ritmo da ação e estabelecer a relação afetiva entre os personagens, aprofundando suas histórias e criando uma série de camadas bem desenvolvidas, fica muito fácil recomendar o filme, já que agrada os interessados em ação da mesma forma que vai impactar aqueles que buscam um drama nada superficial. O fato é que "Relatos do Mundo" vale o seu play e muita gente vai gostar!
Antes de contar um pouco mais sobre o filme, eu peço licença para um comentário: a Academia deveria lançar um "Oscar Vitalício" para o Tom Hanks e assim desconsiderar todo trabalho que o ator fizer daqui para frente, pois todo filme que ele protagoniza (e nem todos tem um roteiro à altura dele) temos uma aula de interpretação! Dito isso, "Relatos do Mundo" é um excelente filme - ele tem a "alma" que pode ter faltado para o "O Céu da Meia-Noite" e mesmo sendo uma ação no velho-oeste e o outro uma ficção pós-apocalíptica, ambos tem elementos narrativos muito similares, que nos prendem à trama e nos movem até o final sem que a gente se dê conta de todas as variáveis que acompanhamos durante a jornada: "levar algo (ou alguém) do ponto A até o ponto B"!
Baseado no romance homônimo de Paulette Jiles, Tom Hanks interpreta o Capitão Jefferson Kyle Kidd, um veterano de guerra que trabalha viajando por diversas cidades pequenas do interior dos Estados Unidos lendo notícias dos principais jornais para uma curiosa população. No caminho entre um vilarejo e outro, Kidd encontra Johanna (Helena Zengel), uma jovem que foi sequestrada pelo povo indígena Kiowa e que não fala nada de inglês. Ele se oferece então, para levar a garota até a casa dos tios, os únicos parentes que sobreviveram ao ataque da tribo vários anos atrás. É nesse contexto, que a dupla inicia uma jornada pelo perigoso deserto texano ainda em ressaca pelo pós-guerra civil, em busca do novo lar para a pequena órfã. Confira o trailer:
Paul Greengrass é um grande diretor, responsável por sucessos como "Capitão Phillips", "Vôo United 93" e "Domingo Sangrento", o que chancela a qualidade em todos os aspectos técnicos e artísticos de "Relatos do Mundo" e, de cara, eu já cito um: a belíssima fotografia (digna de uma indicação ao Oscar) do experiente Dariusz Wolski (de "Perdido em Marte") - é um plano mais bonito que o outro, um equilíbrio entre as lentes abertas para as belas paisagens do deserto e as lentes fechadas para potencializar o trabalho de Tom Hanks e de Helena Zengel (indicada ao Globo de Ouro pela personagem). A trilha sonora do James Newton Howard (também indicado ao Globo de Ouro) cria uma atmosfera de tensão e angustia ao mesmo tempo em que traz a emoção que cenas algumas cenas pedem - é um trabalho belíssimo do compositor que já foi indicado 8 vezes ao Oscar!
Em um filme onde o próprio Tom Hanks compara a trama com a série “The Mandalorian”, onde o protagonista chega em uma região, encontra um desafio, vive uma aventura e parte para o próximo ponto, agora um pouco mais perto do seu objetivo, "Relatos do Mundo" não decepciona! Com um roteiro que aproveita das longas viagens entre as cidades para diminuir o ritmo da ação e estabelecer a relação afetiva entre os personagens, aprofundando suas histórias e criando uma série de camadas bem desenvolvidas, fica muito fácil recomendar o filme, já que agrada os interessados em ação da mesma forma que vai impactar aqueles que buscam um drama nada superficial. O fato é que "Relatos do Mundo" vale o seu play e muita gente vai gostar!
"Resgate" é um excelente filme de ação - um dos melhores que assisti ultimamente! Dito isso, temos que parabenizar a Netflix por essa produção - é impressionante a grandiosidade e a qualidade técnica do filme! Muito desse mérito é responsabilidade do diretor estreante, Sam Hargrave, pupilo dos diretores de "Vingadores Ultimato", Anthony Russo e Joe Russo que, inclusive, adaptaram (Joe) e produziram esse filme!
Após Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal), o filho de um perigoso bandido indiano, ser sequestrado pelo traficante, Arjun (Piyush Khati); Tyler Rake (Chris Hemsworth) é recrutado para salvar o garoto, mas para isso tem que enfrentar todo o exército de Bangladesh no meio da cidade de Dhaka, capital do país. Confira o trailer:
Sim, pela sinopse fica claro se tratar de um filme sem muita história, ou pelo menos sem uma trama tão complexa, porém é preciso dizer que no que diz respeito a "ação" em si, temos um prato cheio. É incrível como os diretores vem trazendo para os filmes do gênero muito do conceito dos video-games e isso se reflete justamente em uma característica bem peculiar: a história serve para motivar o personagem principal a se mover do ponto A até o ponto B sem morrer, com uma missão pré estabelecida, claro, porém sem a necessidade de uma exploração mais profunda da trama, afinal o que interessa mesmo é a ação (no caso, o período onde o jogador interage com a história de forma linear durante a jornada). Além dessa característica narrativa marcante, as referências visuais são absurdas: os movimentos de câmera que pareciam impossíveis serem recriadas em um "live action" há alguns anos atrás, agora fazem parte de uma coreografia impressionante entre fotografia e atuação - e olha que venho citando esse movimento desde "Projeto Gemini" e até em "1917". Em "Resgate" essa gramática cinematográfica é repetida e com muita competência, então se você gosta de filmes de ação não deixe de dar o play!
Embora seja necessário uma boa dose de suspensão da realidade, assim que embarcamos em um filme de ação estamos pré dispostos a enxergar aquele universo da maneira mais realista possível e aqui encontramos um grande mérito de "Resgate" - ele não se apropria de soluções mirabolantes para criar a dinâmica da ação! O malabarismo dos personagens existe, mas não "ofende" quem assiste! O trabalho do excelente diretor de fotografia Newton Thomas Sigel (de "Superman - o retorno" e de "Bohemian Rhapsody") merece ser destacado. Ao lado de Hargrave (especialista em cenas de ação e luta), Sigel criou um plano sequência sensacional já no segundo ato, onde acompanhamos (como no video game) o protagonista lutando, atirando na policia, pulando de prédios e finalmente fugindo de carro em uma perseguição de tirar o fôlego (tudo "sem" cortes) - é impressionante! E o que dá um ar ainda mais interessante é a forma como Sigel usa Dhaka para contrastar a ação com uma certa poesia que mistura realismo e fantasia perfeitamente - é sensacional!
Baseado na graphic novel "Ciudad", de Ande Parks, escrita pelo próprio Parks em parceria de Joe e Anthony Russo, "Resgate" usa da capacidade do seus produtores que por sinal são, talvez, os maiores responsáveis pelo sucesso do Universo Marvel, como garantia de um filme com muita ação, com lutas extremamente bem coreografadas (nível "Demolidor" nos bons tempos) e uma história que te prende graças ao ótimo trabalho de Chris Hemsworth e Rudhraksh Jaiswal.
Olha, filme de tiro e pancadaria dos bons! Entretenimento da melhor qualidade! E pode acreditar: teremos uma continuação - me cobrem!
"Resgate" é um excelente filme de ação - um dos melhores que assisti ultimamente! Dito isso, temos que parabenizar a Netflix por essa produção - é impressionante a grandiosidade e a qualidade técnica do filme! Muito desse mérito é responsabilidade do diretor estreante, Sam Hargrave, pupilo dos diretores de "Vingadores Ultimato", Anthony Russo e Joe Russo que, inclusive, adaptaram (Joe) e produziram esse filme!
Após Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal), o filho de um perigoso bandido indiano, ser sequestrado pelo traficante, Arjun (Piyush Khati); Tyler Rake (Chris Hemsworth) é recrutado para salvar o garoto, mas para isso tem que enfrentar todo o exército de Bangladesh no meio da cidade de Dhaka, capital do país. Confira o trailer:
Sim, pela sinopse fica claro se tratar de um filme sem muita história, ou pelo menos sem uma trama tão complexa, porém é preciso dizer que no que diz respeito a "ação" em si, temos um prato cheio. É incrível como os diretores vem trazendo para os filmes do gênero muito do conceito dos video-games e isso se reflete justamente em uma característica bem peculiar: a história serve para motivar o personagem principal a se mover do ponto A até o ponto B sem morrer, com uma missão pré estabelecida, claro, porém sem a necessidade de uma exploração mais profunda da trama, afinal o que interessa mesmo é a ação (no caso, o período onde o jogador interage com a história de forma linear durante a jornada). Além dessa característica narrativa marcante, as referências visuais são absurdas: os movimentos de câmera que pareciam impossíveis serem recriadas em um "live action" há alguns anos atrás, agora fazem parte de uma coreografia impressionante entre fotografia e atuação - e olha que venho citando esse movimento desde "Projeto Gemini" e até em "1917". Em "Resgate" essa gramática cinematográfica é repetida e com muita competência, então se você gosta de filmes de ação não deixe de dar o play!
Embora seja necessário uma boa dose de suspensão da realidade, assim que embarcamos em um filme de ação estamos pré dispostos a enxergar aquele universo da maneira mais realista possível e aqui encontramos um grande mérito de "Resgate" - ele não se apropria de soluções mirabolantes para criar a dinâmica da ação! O malabarismo dos personagens existe, mas não "ofende" quem assiste! O trabalho do excelente diretor de fotografia Newton Thomas Sigel (de "Superman - o retorno" e de "Bohemian Rhapsody") merece ser destacado. Ao lado de Hargrave (especialista em cenas de ação e luta), Sigel criou um plano sequência sensacional já no segundo ato, onde acompanhamos (como no video game) o protagonista lutando, atirando na policia, pulando de prédios e finalmente fugindo de carro em uma perseguição de tirar o fôlego (tudo "sem" cortes) - é impressionante! E o que dá um ar ainda mais interessante é a forma como Sigel usa Dhaka para contrastar a ação com uma certa poesia que mistura realismo e fantasia perfeitamente - é sensacional!
Baseado na graphic novel "Ciudad", de Ande Parks, escrita pelo próprio Parks em parceria de Joe e Anthony Russo, "Resgate" usa da capacidade do seus produtores que por sinal são, talvez, os maiores responsáveis pelo sucesso do Universo Marvel, como garantia de um filme com muita ação, com lutas extremamente bem coreografadas (nível "Demolidor" nos bons tempos) e uma história que te prende graças ao ótimo trabalho de Chris Hemsworth e Rudhraksh Jaiswal.
Olha, filme de tiro e pancadaria dos bons! Entretenimento da melhor qualidade! E pode acreditar: teremos uma continuação - me cobrem!
Olha, como o primeiro, "Resgate 2" é tão divertido e dinâmico como jogar uma boa partida de videogame - daqueles "fps" ou First Person Shooter - gênero de jogo que coloca o jogador em uma perspectiva de câmera em primeira pessoa, portando armas de fogo em combates alucinantes e cenas de ação de tirar o fôlego; aliás, talvez essa seja a melhor forma de definir o novo filme da franquia, novamente dirigido pelo talentoso Sam Hargrave.
Algum tempo depois dos eventos do primeiro filme, Tyler Rake (Chris Hemsworth) precisa encarar um desafio ainda mais perigoso e insano do que o anterior: resgatar a família de um gângster georgiano, Zurab (Tornike Gogrichiani), de uma prisão e levá-los em segurança até a Áustria. No entanto, isso não será uma tarefa fácil, já que diversos criminosos estão tentando localizá-los. Mais uma vez contando com a ajuda dos irmãos Nik Khan (Golshifteh Farahani) e Yaz Khan (Adam Bessa), Tyler precisa enfrentar os fantasmas de seu passado nessa missão que vai muito além do dinheiro como recompensa. Confira o trailer:
Talvez o mais interessante de "Resgate 2" seja justamente o de se apropriar dos pontos fortes de primeiro filme e potencializa-los com um orçamento ainda mais generoso. Como não poderia deixar de ser, as cenas de ação e as coreografias das lutas são ainda mais impressionantes. As sequências de combate são perfeitamente realizadas pelo diretor de fotografia, Greg Baldi (de "A Origem"), com movimentos de câmera, muitas vezes em longos planos, de tirar o chapéu - esses movimentos de câmera, se olharmos por uma perspectiva mais técnica, já pareciam impossíveis de serem recriadas em um "live action" lá atrás com Newton Thomas Sigel, no entanto Hargrave se aproveita dos malabarismos visuais para nos entregar uma imersão ainda mais absurda para temos a noção exata da tensão e da intensidade dos confrontos que assistimos na tela.
Agora é preciso que se diga, o roteiro dos irmãos Russo (novamente ao lado de Ande Parks) volta a pecar por ser repleto de clichês e não ter profundidade alguma. É até notável o esforço do texto em adicionar camadas emocionais para que Chris Hemsworth possa brilhar também no drama, porém é a ação que faz valer o play. - não adianta, o foco aqui são os tiros e a pancadaria. Convincente, Hemsworth sabe exatamente o caminho para que o filme seja outro sucesso e ao colocar sua performance a serviço desse objetivo, é inegável a qualidade de "Extraction II" (no original) como entretenimento repleto de adrenalina.
Sim, "Resgate 2" é um capítulo que mantém a energia do filme original, apresentando sequências de ação e combate ainda melhores, com o bônus de um protagonista bastante carismático. Embora a história possa parecer familiar em muitos momentos e certos personagens pareçam pouco desenvolvidos, como Nik Khan, por exemplo; o filme ainda entrega uma jornada de herói emocionante e cheia de reviravoltas que certamente vai satisfazer os fãs do gênero.
Se você gostou de "Resgate", pode dar o play sem medo e já te adianto: vem mais por aí!
Olha, como o primeiro, "Resgate 2" é tão divertido e dinâmico como jogar uma boa partida de videogame - daqueles "fps" ou First Person Shooter - gênero de jogo que coloca o jogador em uma perspectiva de câmera em primeira pessoa, portando armas de fogo em combates alucinantes e cenas de ação de tirar o fôlego; aliás, talvez essa seja a melhor forma de definir o novo filme da franquia, novamente dirigido pelo talentoso Sam Hargrave.
Algum tempo depois dos eventos do primeiro filme, Tyler Rake (Chris Hemsworth) precisa encarar um desafio ainda mais perigoso e insano do que o anterior: resgatar a família de um gângster georgiano, Zurab (Tornike Gogrichiani), de uma prisão e levá-los em segurança até a Áustria. No entanto, isso não será uma tarefa fácil, já que diversos criminosos estão tentando localizá-los. Mais uma vez contando com a ajuda dos irmãos Nik Khan (Golshifteh Farahani) e Yaz Khan (Adam Bessa), Tyler precisa enfrentar os fantasmas de seu passado nessa missão que vai muito além do dinheiro como recompensa. Confira o trailer:
Talvez o mais interessante de "Resgate 2" seja justamente o de se apropriar dos pontos fortes de primeiro filme e potencializa-los com um orçamento ainda mais generoso. Como não poderia deixar de ser, as cenas de ação e as coreografias das lutas são ainda mais impressionantes. As sequências de combate são perfeitamente realizadas pelo diretor de fotografia, Greg Baldi (de "A Origem"), com movimentos de câmera, muitas vezes em longos planos, de tirar o chapéu - esses movimentos de câmera, se olharmos por uma perspectiva mais técnica, já pareciam impossíveis de serem recriadas em um "live action" lá atrás com Newton Thomas Sigel, no entanto Hargrave se aproveita dos malabarismos visuais para nos entregar uma imersão ainda mais absurda para temos a noção exata da tensão e da intensidade dos confrontos que assistimos na tela.
Agora é preciso que se diga, o roteiro dos irmãos Russo (novamente ao lado de Ande Parks) volta a pecar por ser repleto de clichês e não ter profundidade alguma. É até notável o esforço do texto em adicionar camadas emocionais para que Chris Hemsworth possa brilhar também no drama, porém é a ação que faz valer o play. - não adianta, o foco aqui são os tiros e a pancadaria. Convincente, Hemsworth sabe exatamente o caminho para que o filme seja outro sucesso e ao colocar sua performance a serviço desse objetivo, é inegável a qualidade de "Extraction II" (no original) como entretenimento repleto de adrenalina.
Sim, "Resgate 2" é um capítulo que mantém a energia do filme original, apresentando sequências de ação e combate ainda melhores, com o bônus de um protagonista bastante carismático. Embora a história possa parecer familiar em muitos momentos e certos personagens pareçam pouco desenvolvidos, como Nik Khan, por exemplo; o filme ainda entrega uma jornada de herói emocionante e cheia de reviravoltas que certamente vai satisfazer os fãs do gênero.
Se você gostou de "Resgate", pode dar o play sem medo e já te adianto: vem mais por aí!
"Roubos Inacreditáveis", série documental da Netflix, é surpreendentemente bacana. Além de dar uma outra conotação ao tão badalado sub-gênero de "true crime", a série tem um conceito narrativo leve, dinâmico e muito bem construído para entregar histórias sensacionais que misturam depoimentos dos envolvidos nos crimes com ótimas dramatizações. Talvez o que diferencia tanto essa produção seja o tom escolhido - ele é mais despojado e cínico, mesmo que muito emocionante em várias passagens.
O documentário conta em seis episódios, a história de três roubos muito curiosos - talvez os mais curiosos da história moderna dos Estados Unidos. O grande trunfo porém, é que todas as histórias partem de um único ponto de vista: o dos criminosos. Em um cassino de Las Vegas, Heather Tallchief, uma jovem de 21 anos rouba milhões em dinheiro vivo. Num aeroporto de Miami, Karls Monzon, um imigrante cubano, assalta um armazém, depois de recorrer aos programas de TV para conhecer as técnicas de como não ser preso. E por fim, em Kentucky, Toby Curtsinger, um pai de família e bastante respeitado na comunidade, é acusado de um dos maiores roubos de bourbon da história. Confira o trailer (em inglês):
Produzida pela Dirty Robber, empresa por trás do vencedor do Oscar de Melhor Curta-Metragem "Dois Estranhos", e com direção de Derek Doneen (The Price of Free), Martin Desmond Roe (Dois Estranhos ) e Nick Frew (Inacreditável Esporte Clube), "Roubos Inacreditáveis" tem tudo para se tornar um grande sucesso e ganhar várias temporadas. Ao posicionar a audiência para conhecer o lado do criminoso e assim entender as motivações que os levaram a cometerem os crimes, somos imediatamente fisgados por histórias bastante humanas, nos gerando uma enorme e surpreendente empatia - e quando nos damos conta, estamos torcendo para os bandidos e não para os mocinhos. Eu diria que assim que o crime é solucionados e os culpados são presos, a sensação que temos é quase decepcionante - por mais maluco que possa parecer.
Por ser uma série documental, naturalmente quebramos aquele pré-conceito da descrença - é como se estivéssemos assistido um "La Casa de Papel" da vida real! Entender como cada um dos personagens definiu seu alvo, montou seu planejamento, cuidou dos detalhes, lidou com a glória do sucesso e também com os erros bobos que ajudaram os investigadores a descobrir a verdade, é empolgante. Os diretores foram muito inteligentes em encontrar o perfeito equilíbrio ao captar depoimentos muito sinceros e emocionantes tanto dos criminosos quanto de seus familiares e cúmplices, enquanto do outro lado conhecemos o processo da polícia e dos investigadores que resolveram os casos.
Embora a série não faça questão alguma de esconder o resultado dos crimes, é muito curioso assistir os protagonistas falando sobre o assunto com tanta liberdade. Talvez o ponto mais curioso de "Heist" (no original) é que nos perguntamos, depois de conhecer todo o contexto, se fossemos nós os personagens, valeria a pena arriscar tudo para cometer um daqueles crimes que pareciam tão perfeitos e por motivos tão "justificáveis"?
Reflita sobre a resposta...rs.
Vale muito a pena! Mesmo!
"Roubos Inacreditáveis", série documental da Netflix, é surpreendentemente bacana. Além de dar uma outra conotação ao tão badalado sub-gênero de "true crime", a série tem um conceito narrativo leve, dinâmico e muito bem construído para entregar histórias sensacionais que misturam depoimentos dos envolvidos nos crimes com ótimas dramatizações. Talvez o que diferencia tanto essa produção seja o tom escolhido - ele é mais despojado e cínico, mesmo que muito emocionante em várias passagens.
O documentário conta em seis episódios, a história de três roubos muito curiosos - talvez os mais curiosos da história moderna dos Estados Unidos. O grande trunfo porém, é que todas as histórias partem de um único ponto de vista: o dos criminosos. Em um cassino de Las Vegas, Heather Tallchief, uma jovem de 21 anos rouba milhões em dinheiro vivo. Num aeroporto de Miami, Karls Monzon, um imigrante cubano, assalta um armazém, depois de recorrer aos programas de TV para conhecer as técnicas de como não ser preso. E por fim, em Kentucky, Toby Curtsinger, um pai de família e bastante respeitado na comunidade, é acusado de um dos maiores roubos de bourbon da história. Confira o trailer (em inglês):
Produzida pela Dirty Robber, empresa por trás do vencedor do Oscar de Melhor Curta-Metragem "Dois Estranhos", e com direção de Derek Doneen (The Price of Free), Martin Desmond Roe (Dois Estranhos ) e Nick Frew (Inacreditável Esporte Clube), "Roubos Inacreditáveis" tem tudo para se tornar um grande sucesso e ganhar várias temporadas. Ao posicionar a audiência para conhecer o lado do criminoso e assim entender as motivações que os levaram a cometerem os crimes, somos imediatamente fisgados por histórias bastante humanas, nos gerando uma enorme e surpreendente empatia - e quando nos damos conta, estamos torcendo para os bandidos e não para os mocinhos. Eu diria que assim que o crime é solucionados e os culpados são presos, a sensação que temos é quase decepcionante - por mais maluco que possa parecer.
Por ser uma série documental, naturalmente quebramos aquele pré-conceito da descrença - é como se estivéssemos assistido um "La Casa de Papel" da vida real! Entender como cada um dos personagens definiu seu alvo, montou seu planejamento, cuidou dos detalhes, lidou com a glória do sucesso e também com os erros bobos que ajudaram os investigadores a descobrir a verdade, é empolgante. Os diretores foram muito inteligentes em encontrar o perfeito equilíbrio ao captar depoimentos muito sinceros e emocionantes tanto dos criminosos quanto de seus familiares e cúmplices, enquanto do outro lado conhecemos o processo da polícia e dos investigadores que resolveram os casos.
Embora a série não faça questão alguma de esconder o resultado dos crimes, é muito curioso assistir os protagonistas falando sobre o assunto com tanta liberdade. Talvez o ponto mais curioso de "Heist" (no original) é que nos perguntamos, depois de conhecer todo o contexto, se fossemos nós os personagens, valeria a pena arriscar tudo para cometer um daqueles crimes que pareciam tão perfeitos e por motivos tão "justificáveis"?
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Vale muito a pena! Mesmo!
Se você gosta de HQs de heróis, você vai gostar de "Samaritano" - e cito HQs, pois como você deve saber, a construção da história nos quadrinhos é completamente diferente de um roteiro cinematográfico, ou seja, o filme do diretor Julius Avery (de "Operação Overlord") prioriza a criação de uma atmosfera de ação e fantasia sem a necessidade de se aprofundar nos detalhes, sejam eles visuais ou narrativos - aqui os diálogos são, em sua maioria, curtos, diretos, expositivos e previsíveis; focando na expectativa da transformação dos protagonistas e só. Então, não espere algo cheio de camadas como em "Corpo Fechado" do Shyamalan, por exemplo, "Samaritano" está mais para aquele tipo de entretenimento mais puro!
Sam Cleary (Javon "Wanna" Walton), um garoto de 13 anos, suspeita que seu vizinho misterioso e solitário, o Sr. Smith (Sylvester Stallone) é, na verdade, o lendário vigilante Samaritano, que foi dado como morto há 25 anos. Com o crime em ascensão e a sociedade à beira do caos, Sam toma como sua missão persuadir seu vizinho a sair do esconderijo para salvar a cidade da ruína. Confira o trailer:
“Samaritano”, na verdade, se baseia em algumas HQs independentes da pequena editora americana Mythos Comics, que foram publicadas a partir de 2015, se apoiando no conceito do herói aposentado que busca não se envolver mais em problemas (impossível, mais uma vez, não lembrar de "Corpo Fechado"). Já o roteiro do Bragi F. Schut (de "Escape Room") que adaptou a história, propositalmente, trouxe a essência do gênero sem se preocupar em eliminar os esteriótipos - a sensação de já termos assistido algo muito parecido nos acompanha por todos os 90 minutos de filme.
Avery também parece não se preocupar com os impactos que um bom diálogo, entre bons atores, podem ter na narrativa. Stallone retoma sua performance "caras e bocas" ao melhor estilo anos 80 e Walton segue o mesmo tom juvenil que vimos no personagem Bastian (Barret Oliver) em "História sem fim" de 1984. Essa ingenuidade, característica daquela época que aprendia a se relacionar com a fantasia, pode incomodar parte da audiência acostumada com as produções mais elaboradas da DC ou da Marvel, porém, é preciso que se diga, a proposta desse filme é completamente outra - “Samaritano” não parece ter a pretensão de criar um universo (embora certamente terá uma continuação e até uma série poderia cair muito bem), o que lhe permite ficar na superficialidade do drama e da construção de uma mitologia que não precisará ser revisitada no futuro.
Resumindo, “Samaritano” é sim uma história que tem seus méritos, principalmente se você embarcar no que ela se propõe desde o seu prólogo. Os personagens são bons, os atores carismáticos, visualmente o filme é bonito (mesmo com alguma limitação de orçamento), existe uma certa criatividade estética e uma dinâmica bem elaborada que nos faz curtir o filme sem se apegar ao tempo. Como entretenimento de nicho (bem de nicho), eu não só não descartaria, como indico sem receio de errar.
Se você gosta de HQs de heróis, você vai gostar de "Samaritano" - e cito HQs, pois como você deve saber, a construção da história nos quadrinhos é completamente diferente de um roteiro cinematográfico, ou seja, o filme do diretor Julius Avery (de "Operação Overlord") prioriza a criação de uma atmosfera de ação e fantasia sem a necessidade de se aprofundar nos detalhes, sejam eles visuais ou narrativos - aqui os diálogos são, em sua maioria, curtos, diretos, expositivos e previsíveis; focando na expectativa da transformação dos protagonistas e só. Então, não espere algo cheio de camadas como em "Corpo Fechado" do Shyamalan, por exemplo, "Samaritano" está mais para aquele tipo de entretenimento mais puro!
Sam Cleary (Javon "Wanna" Walton), um garoto de 13 anos, suspeita que seu vizinho misterioso e solitário, o Sr. Smith (Sylvester Stallone) é, na verdade, o lendário vigilante Samaritano, que foi dado como morto há 25 anos. Com o crime em ascensão e a sociedade à beira do caos, Sam toma como sua missão persuadir seu vizinho a sair do esconderijo para salvar a cidade da ruína. Confira o trailer:
“Samaritano”, na verdade, se baseia em algumas HQs independentes da pequena editora americana Mythos Comics, que foram publicadas a partir de 2015, se apoiando no conceito do herói aposentado que busca não se envolver mais em problemas (impossível, mais uma vez, não lembrar de "Corpo Fechado"). Já o roteiro do Bragi F. Schut (de "Escape Room") que adaptou a história, propositalmente, trouxe a essência do gênero sem se preocupar em eliminar os esteriótipos - a sensação de já termos assistido algo muito parecido nos acompanha por todos os 90 minutos de filme.
Avery também parece não se preocupar com os impactos que um bom diálogo, entre bons atores, podem ter na narrativa. Stallone retoma sua performance "caras e bocas" ao melhor estilo anos 80 e Walton segue o mesmo tom juvenil que vimos no personagem Bastian (Barret Oliver) em "História sem fim" de 1984. Essa ingenuidade, característica daquela época que aprendia a se relacionar com a fantasia, pode incomodar parte da audiência acostumada com as produções mais elaboradas da DC ou da Marvel, porém, é preciso que se diga, a proposta desse filme é completamente outra - “Samaritano” não parece ter a pretensão de criar um universo (embora certamente terá uma continuação e até uma série poderia cair muito bem), o que lhe permite ficar na superficialidade do drama e da construção de uma mitologia que não precisará ser revisitada no futuro.
Resumindo, “Samaritano” é sim uma história que tem seus méritos, principalmente se você embarcar no que ela se propõe desde o seu prólogo. Os personagens são bons, os atores carismáticos, visualmente o filme é bonito (mesmo com alguma limitação de orçamento), existe uma certa criatividade estética e uma dinâmica bem elaborada que nos faz curtir o filme sem se apegar ao tempo. Como entretenimento de nicho (bem de nicho), eu não só não descartaria, como indico sem receio de errar.
Se você não é um leitor fanático dos HQs da Marvel, certamente você não havia ouvido falar do Mestre do Kung-Fu, Shang-Chi - como provavelmente você também não conhecia os "Guardiões das Galáxia". Pois bem, a comparação é válida, pois a Marvel já provou ser capaz de transformar suas IPs (propriedades intelectuais) mais secundárias em grandes surpresas (e promissoras franquias) quando adaptadas para as telas de cinema - e aqui eu afirmo com todas as letras: "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é muito (muito mesmo) divertido! Entretenimento puro com o carimbo do Estúdio!
No filme, acompanhamos a história de Shang-Chi (Simu Liu), um jovem chinês que foi criado por seu pai em reclusão para que pudesse focar totalmente em ser um mestre de artes marciais. Entretanto, quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo pela primeira vez, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar e traçar o seu próprio caminho. Confira o trailer:
É inegável que os amantes de artes marciais vão se conectar rapidamente com o filme, da mesma forma que as pessoas que gostam de filmes de fantasia também vão - o mix de "O Tigre e o Dragão" com a competente linha narrativa de "história de origem" da Marvel funciona bem demais. mas não é perfeita e, quer saber, não tem a menor importância! "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é tão dinâmico e bem realizado que nem vemos o tempo passar - é tanta pancadaria, que os alívios cômicos acabam funcionando como um escapemuito mais para retomar o fôlego - a incrível sequência do ônibus nas ladeiras de San Francisco que o diga!
O filme tem o mérito de transformar citações da mitologia chinesa em elementos narrativos muito presentes em séries de fantasia - a luta entre "dragões" no terceiro ato é um convite emocional aos bons momentos de "Game of Thrones". Ao mesmo tempo, com a direção de Destin Daniel Cretton (de "Luta por Justiça") e a performance de Liu, temos lutas muito bem coreografadas - quando enquadradas "homem a homem", o ballet é perfeito e a sensação de leveza dos golpes contrastando com o peso do impacto produzido pelo desenho de som, chega a ser impactante visualmente. Mérito de uma equipe experiente de coreografia em artes marciais (nos EUA conhecido como "stage combat") comandada pelo Andy Cheng.
Outro detalhe que merece um destaque, sem dúvida, é o trabalho pontual, mas bem interessante de Awkwafina, como a melhor amiga de Shang-Chi, Katy - ela esbanja simpatia e carisma! Simu Liu é outro que deve ganhar cada vez mais destaque no MCU - ele está impecável como herói e trabalha tão bem com os elementos em CGI, que, certamente, será muito bem aproveitado daqui para frente.
Um filme que apresenta Xialing (Meng’er Zhang) e resgata Trevor (Ben Kingsley) de "Homem de Ferro 3", atém de apresentar um arco perfeito e enxuto do verdadeiro "Mandarim" Wenwu (Tony Leung), merece muito respeito. "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" tem seus defeitos? Claro que sim - inclusive técnicos, mas em hipótese alguma isso é motivo para tirar o filme daquela disputada prateleira como uma das maiores (e boas) surpresas que a Marvel já produziu até hoje!
Vale muito a pena!
Se você não é um leitor fanático dos HQs da Marvel, certamente você não havia ouvido falar do Mestre do Kung-Fu, Shang-Chi - como provavelmente você também não conhecia os "Guardiões das Galáxia". Pois bem, a comparação é válida, pois a Marvel já provou ser capaz de transformar suas IPs (propriedades intelectuais) mais secundárias em grandes surpresas (e promissoras franquias) quando adaptadas para as telas de cinema - e aqui eu afirmo com todas as letras: "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é muito (muito mesmo) divertido! Entretenimento puro com o carimbo do Estúdio!
No filme, acompanhamos a história de Shang-Chi (Simu Liu), um jovem chinês que foi criado por seu pai em reclusão para que pudesse focar totalmente em ser um mestre de artes marciais. Entretanto, quando ele tem a chance de entrar em contato com o resto do mundo pela primeira vez, logo percebe que seu pai não é o humanitário que dizia ser, vendo-se obrigado a se rebelar e traçar o seu próprio caminho. Confira o trailer:
É inegável que os amantes de artes marciais vão se conectar rapidamente com o filme, da mesma forma que as pessoas que gostam de filmes de fantasia também vão - o mix de "O Tigre e o Dragão" com a competente linha narrativa de "história de origem" da Marvel funciona bem demais. mas não é perfeita e, quer saber, não tem a menor importância! "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" é tão dinâmico e bem realizado que nem vemos o tempo passar - é tanta pancadaria, que os alívios cômicos acabam funcionando como um escapemuito mais para retomar o fôlego - a incrível sequência do ônibus nas ladeiras de San Francisco que o diga!
O filme tem o mérito de transformar citações da mitologia chinesa em elementos narrativos muito presentes em séries de fantasia - a luta entre "dragões" no terceiro ato é um convite emocional aos bons momentos de "Game of Thrones". Ao mesmo tempo, com a direção de Destin Daniel Cretton (de "Luta por Justiça") e a performance de Liu, temos lutas muito bem coreografadas - quando enquadradas "homem a homem", o ballet é perfeito e a sensação de leveza dos golpes contrastando com o peso do impacto produzido pelo desenho de som, chega a ser impactante visualmente. Mérito de uma equipe experiente de coreografia em artes marciais (nos EUA conhecido como "stage combat") comandada pelo Andy Cheng.
Outro detalhe que merece um destaque, sem dúvida, é o trabalho pontual, mas bem interessante de Awkwafina, como a melhor amiga de Shang-Chi, Katy - ela esbanja simpatia e carisma! Simu Liu é outro que deve ganhar cada vez mais destaque no MCU - ele está impecável como herói e trabalha tão bem com os elementos em CGI, que, certamente, será muito bem aproveitado daqui para frente.
Um filme que apresenta Xialing (Meng’er Zhang) e resgata Trevor (Ben Kingsley) de "Homem de Ferro 3", atém de apresentar um arco perfeito e enxuto do verdadeiro "Mandarim" Wenwu (Tony Leung), merece muito respeito. "Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" tem seus defeitos? Claro que sim - inclusive técnicos, mas em hipótese alguma isso é motivo para tirar o filme daquela disputada prateleira como uma das maiores (e boas) surpresas que a Marvel já produziu até hoje!
Vale muito a pena!
"Sicario - Terra de Ninguém" é um filme de ação que não está apenas preocupado com a pancadaria ou com os tiroteios, ele é carregado de drama em um roteiro muito bem amarrado, com personagens extremamente complexos e uma direção, bem, aí é só carimbar o selo "Denis Villeneuve"!
No filme acompanhamos Kate Macer (Emily Blunt), uma agente idealista do FBI que está inscrita em uma força-tarefa de elite do governo para ajudar na crescente guerra contra as drogas na região da fronteira com o México. Essa equipe é liderada por Matt Graver (Josh Brolin), um agente da CIA com um passado questionável. Além disso, para traçar estratégias contra um poderoso cartel mexicano, Matt pede auxílio para outro homem com história dúbia, seu consultor Alejandro (Benício del Toro). Assim, a força-tarefa sai em uma jornada clandestina, forçando Kate a embarcar nessa perigosa missão que vai obriga-la questionar todas as suas crenças e percepções de mundo. Confira o trailer:
Sem a menor dúvida que um dos destaques do roteiro escrito pelo Taylor Sheridan (isso mesmo, o ator da série "Sons of Anarchy") é que ao apresentar sua visão da guerra contra as drogas, ele nos coloca em em uma situação extremamente desconfortável, pois não temos a menor ideia (como a protagonista, aliás) do que, de fato, vai acontecer. Ao não entregar os objetivos reais da força-tarefa liderada por Matt e muito menos os limites de seus métodos, ficamos em uma zona tão cinzenta que em nenhum momento, nas duas horas de filme, temos a certeza de que os mocinhos são mesmo os mocinhos.
A relação estabelecida entre Matt e Alejandro é de uma subjetividade impressionante - mesmo quando o agente clareia algumas motivações para Kate, já no terceiro ato. Obviamente que nada disso seria possível sem ótimas performances de Blunt, Brolin e Del Toro. Embora seja um filme de ação, os atores imprimem um peso dramático aos seus personagens que mesmo sem um desenvolvimento tão expositivo, nos explica muito de suas escolhas durante a trama - essa dinâmica é raríssima e é essa, sem dúvida, é uma das razões que coloco "Sicario" entre os melhores filmes de ação de todos os tempos!
Bom, falar de Villeneuve é quase que me tornar repetitivo - ele domina a gramática cinematográfica de um filme de ação da mesma forma que mergulha no drama existencial pesado como em "Homem Duplicado" ou até na mitologia de uma ficção científica como em "Duna". Ao seu lado, nada menos que o fotógrafo Roger Deakins (vencedor de 2 Oscars com "Blade Runner 2049" e "1917", e indicado 14 vezes ao prêmio). Soma-se a isso um filme tecnicamente perfeito e de uma beleza visual que é de cair o queixo - a sequência filmada dentro do carro, na primeira fase da missão e que apresenta o real impacto da guerra contra as drogas em Juárez, uma pequena cidade mexicana, com direito a corpos decepados expostos a luz do dia, é primorosa!
"Sicario - Terra de Ninguém" tem uma personagem que transita por um mundo tão opressivo quando agressivo e imoral, sem se dar conta que esse mundo só faz sentido por causa de pessoas como ela. Ao mostrar que os "meios" justificam os "fins", o filme nos provoca a rever nossas "certezas" e sobre nossas possíveis atitudes se estivéssemos na mesma situação - essa dinâmica se reflete em uma experiência incrível e imperdível!
Vale muito, mas muito mesmo, o seu play!
Up-date: "Sicario - Terra de Ninguém" foi indicado em três categorias no Oscar 2016: Melhor Edição de Som, Melhor Música e Melhor Fotografia!
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"Sicario - Terra de Ninguém" é um filme de ação que não está apenas preocupado com a pancadaria ou com os tiroteios, ele é carregado de drama em um roteiro muito bem amarrado, com personagens extremamente complexos e uma direção, bem, aí é só carimbar o selo "Denis Villeneuve"!
No filme acompanhamos Kate Macer (Emily Blunt), uma agente idealista do FBI que está inscrita em uma força-tarefa de elite do governo para ajudar na crescente guerra contra as drogas na região da fronteira com o México. Essa equipe é liderada por Matt Graver (Josh Brolin), um agente da CIA com um passado questionável. Além disso, para traçar estratégias contra um poderoso cartel mexicano, Matt pede auxílio para outro homem com história dúbia, seu consultor Alejandro (Benício del Toro). Assim, a força-tarefa sai em uma jornada clandestina, forçando Kate a embarcar nessa perigosa missão que vai obriga-la questionar todas as suas crenças e percepções de mundo. Confira o trailer:
Sem a menor dúvida que um dos destaques do roteiro escrito pelo Taylor Sheridan (isso mesmo, o ator da série "Sons of Anarchy") é que ao apresentar sua visão da guerra contra as drogas, ele nos coloca em em uma situação extremamente desconfortável, pois não temos a menor ideia (como a protagonista, aliás) do que, de fato, vai acontecer. Ao não entregar os objetivos reais da força-tarefa liderada por Matt e muito menos os limites de seus métodos, ficamos em uma zona tão cinzenta que em nenhum momento, nas duas horas de filme, temos a certeza de que os mocinhos são mesmo os mocinhos.
A relação estabelecida entre Matt e Alejandro é de uma subjetividade impressionante - mesmo quando o agente clareia algumas motivações para Kate, já no terceiro ato. Obviamente que nada disso seria possível sem ótimas performances de Blunt, Brolin e Del Toro. Embora seja um filme de ação, os atores imprimem um peso dramático aos seus personagens que mesmo sem um desenvolvimento tão expositivo, nos explica muito de suas escolhas durante a trama - essa dinâmica é raríssima e é essa, sem dúvida, é uma das razões que coloco "Sicario" entre os melhores filmes de ação de todos os tempos!
Bom, falar de Villeneuve é quase que me tornar repetitivo - ele domina a gramática cinematográfica de um filme de ação da mesma forma que mergulha no drama existencial pesado como em "Homem Duplicado" ou até na mitologia de uma ficção científica como em "Duna". Ao seu lado, nada menos que o fotógrafo Roger Deakins (vencedor de 2 Oscars com "Blade Runner 2049" e "1917", e indicado 14 vezes ao prêmio). Soma-se a isso um filme tecnicamente perfeito e de uma beleza visual que é de cair o queixo - a sequência filmada dentro do carro, na primeira fase da missão e que apresenta o real impacto da guerra contra as drogas em Juárez, uma pequena cidade mexicana, com direito a corpos decepados expostos a luz do dia, é primorosa!
"Sicario - Terra de Ninguém" tem uma personagem que transita por um mundo tão opressivo quando agressivo e imoral, sem se dar conta que esse mundo só faz sentido por causa de pessoas como ela. Ao mostrar que os "meios" justificam os "fins", o filme nos provoca a rever nossas "certezas" e sobre nossas possíveis atitudes se estivéssemos na mesma situação - essa dinâmica se reflete em uma experiência incrível e imperdível!
Vale muito, mas muito mesmo, o seu play!
Up-date: "Sicario - Terra de Ninguém" foi indicado em três categorias no Oscar 2016: Melhor Edição de Som, Melhor Música e Melhor Fotografia!
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"As crianças de Deus não estão a venda!" - é com essa frase de impacto e emocionalmente difícil de digerir, já sabendo da realidade que "Som da Liberdade" retrata, que te garanto: esse filme é imperdível! Dirigido pelo talentoso Alejandro Monteverde (de "Little Boy - Além do Impossível"), o filme é muito mais do que um simples relato de eventos reais; é uma jornada emocional que transcende as telas, deixando uma marca profunda em quem a assiste (especialmente para quem tem filhos), mesmo que o roteiro, em vários momentos, pese um pouco na mão ao colocar seu protagonista na condição divina de "grande salvador". Na realidade essa escolha narrativa do roteirista Rod Barr (do premiado "Is That You?") e do próprio Monteverde, nem seria um problema se o foco fosse a ação, mas por se tratar de um drama tão impactante fica difícil acreditar que tudo ocorreu exatamente daquela maneira. Isso impacta na sua experiência? De forma alguma, eu diria que pelo contrário, já que mesmo se tratando de um assunto tão sério, o entretenimento também existe ali, especialmente após o meio do segundo ato.
"Sound of Freedom" conta a história real de Tim Ballard (Jim Caviezel), um ex-agente do governo americano responsável por uma missão de resgate de dezenas de crianças vítimas do tráfico sexual na Colômbia. Na trama, depois de recuperar Miguel (Lucás Ávila) um garoto hondurenho que estava nas mãos de uma rede de pedofilia, Ballard descobre que a irmã do menino, Roccio (Cristal Aparicio) também está sendo mantida como refém. Ele decide, então, dar início a uma perigosa, porém nobre, jornada para salvá-la, mesmo que para isso precise enfrentar a violência do exército rebelde colombiano. Confira o trailer:
Produzido em 2018 com um orçamento modesto de US$14 milhões, "Som da Liberdade" arrecadou mais de US$250 milhões mundialmente, só nas bilheterias - números realmente impressionantes para um filme que ficou na gaveta por muitos anos mesmo depois de finalizado, já que a Disney, quando comprou a Fox, se recusou a lançá-lo comercialmente até que um de seus produtores, Eduardo Verástegui, conseguiu readquirir os direitos e o ofereceu à Angel Studios, pequena distribuidora de produções cristãs, como "The Chosen", que o aceitou o desafio e o risco - e que acabou se dando muito bem.
No coração do sucesso de "O Som da Liberdade", sem dúvida, está a habilidade de Monteverde em transmitir a verdadeira essência do protagonista equilibrando o drama com a ação - não se surpreenda se os olhos marejarem e o coração apertar na primeira metade do filme e se um misto de ansiedade e torcida emergirem na segunda metade com a mesma facilidade. A fotografia de Gorka Gómez Andreu (de "Uma Janela para o Mar") captura de maneira impressionante as nuances emocionais dos personagens com igual capacidade com que recorta uma atmosfera tensa e inóspita da geografia colombiana - algo como vimos em "Narcos", por exemplo. Ao mergulhar a audiência nos bastidores das missões de Ballard, as lentes de Andreu deixa claro o que, de fato, representa o terror desprezível do turismo sexual na Colômbia bem como as profundezas daquela selva opressora, um "lugar de ninguém", berço da produção de cocaína do país e do mundo.
Antes de finalizar quero destacar mais dois elementos: o primeiro é a trilha sonora do Javier Navarrete - poética na medida certa e extremamente alinhada com o belíssimo conceito visual do filme, as músicas são um fator crucial que intensifica a nossa experiência, criando uma atmosfera emotiva que permanece mesmo após o término do filme. Já o segundo merece um aplauso de pé: Bill Camp como "Vampiro" dá uma aula - ao ponto de, para mim, merecer até uma indicação ao Oscar (que infelizmente esqueceu de "Som da Liberdade" em muitos aspectos). Um filme que aborda temas sensíveis e urgentes, que não apenas destaca a brutalidade do tráfico humano, mas também oferece uma visão esperançosa e, mesmo acompanhada da crítica dos chatos de plantão, inspiradora.
Um filme imperdível em todos os seus méritos e que vale muito o seu play!
"As crianças de Deus não estão a venda!" - é com essa frase de impacto e emocionalmente difícil de digerir, já sabendo da realidade que "Som da Liberdade" retrata, que te garanto: esse filme é imperdível! Dirigido pelo talentoso Alejandro Monteverde (de "Little Boy - Além do Impossível"), o filme é muito mais do que um simples relato de eventos reais; é uma jornada emocional que transcende as telas, deixando uma marca profunda em quem a assiste (especialmente para quem tem filhos), mesmo que o roteiro, em vários momentos, pese um pouco na mão ao colocar seu protagonista na condição divina de "grande salvador". Na realidade essa escolha narrativa do roteirista Rod Barr (do premiado "Is That You?") e do próprio Monteverde, nem seria um problema se o foco fosse a ação, mas por se tratar de um drama tão impactante fica difícil acreditar que tudo ocorreu exatamente daquela maneira. Isso impacta na sua experiência? De forma alguma, eu diria que pelo contrário, já que mesmo se tratando de um assunto tão sério, o entretenimento também existe ali, especialmente após o meio do segundo ato.
"Sound of Freedom" conta a história real de Tim Ballard (Jim Caviezel), um ex-agente do governo americano responsável por uma missão de resgate de dezenas de crianças vítimas do tráfico sexual na Colômbia. Na trama, depois de recuperar Miguel (Lucás Ávila) um garoto hondurenho que estava nas mãos de uma rede de pedofilia, Ballard descobre que a irmã do menino, Roccio (Cristal Aparicio) também está sendo mantida como refém. Ele decide, então, dar início a uma perigosa, porém nobre, jornada para salvá-la, mesmo que para isso precise enfrentar a violência do exército rebelde colombiano. Confira o trailer:
Produzido em 2018 com um orçamento modesto de US$14 milhões, "Som da Liberdade" arrecadou mais de US$250 milhões mundialmente, só nas bilheterias - números realmente impressionantes para um filme que ficou na gaveta por muitos anos mesmo depois de finalizado, já que a Disney, quando comprou a Fox, se recusou a lançá-lo comercialmente até que um de seus produtores, Eduardo Verástegui, conseguiu readquirir os direitos e o ofereceu à Angel Studios, pequena distribuidora de produções cristãs, como "The Chosen", que o aceitou o desafio e o risco - e que acabou se dando muito bem.
No coração do sucesso de "O Som da Liberdade", sem dúvida, está a habilidade de Monteverde em transmitir a verdadeira essência do protagonista equilibrando o drama com a ação - não se surpreenda se os olhos marejarem e o coração apertar na primeira metade do filme e se um misto de ansiedade e torcida emergirem na segunda metade com a mesma facilidade. A fotografia de Gorka Gómez Andreu (de "Uma Janela para o Mar") captura de maneira impressionante as nuances emocionais dos personagens com igual capacidade com que recorta uma atmosfera tensa e inóspita da geografia colombiana - algo como vimos em "Narcos", por exemplo. Ao mergulhar a audiência nos bastidores das missões de Ballard, as lentes de Andreu deixa claro o que, de fato, representa o terror desprezível do turismo sexual na Colômbia bem como as profundezas daquela selva opressora, um "lugar de ninguém", berço da produção de cocaína do país e do mundo.
Antes de finalizar quero destacar mais dois elementos: o primeiro é a trilha sonora do Javier Navarrete - poética na medida certa e extremamente alinhada com o belíssimo conceito visual do filme, as músicas são um fator crucial que intensifica a nossa experiência, criando uma atmosfera emotiva que permanece mesmo após o término do filme. Já o segundo merece um aplauso de pé: Bill Camp como "Vampiro" dá uma aula - ao ponto de, para mim, merecer até uma indicação ao Oscar (que infelizmente esqueceu de "Som da Liberdade" em muitos aspectos). Um filme que aborda temas sensíveis e urgentes, que não apenas destaca a brutalidade do tráfico humano, mas também oferece uma visão esperançosa e, mesmo acompanhada da crítica dos chatos de plantão, inspiradora.
Um filme imperdível em todos os seus méritos e que vale muito o seu play!
A jovem diretora Julia Hart, chamou a atenção no circuito de filmes independentes e agora entrega em "Sou sua Mulher", um filme que mistura ação e drama com uma narrativa aparentemente clássica, muito parecida com "Rainhas do Crime", inclusive; mas com toques autorais muito marcantes que trazem uma originalidade bem interessante para o filme.
Na história, estamos em 1970, onde Jean (Rachel Brosnahan) é casada com o misterioso Eddie (Bill Heck) e cuida de um bebê, Harry - que foi levado inesperadamente para casa pelo marido. O cotidiano comum de um típico jovem casal americano da época é abalado após Eddie aparentemente trair seus parceiros. A partir daí, sem muitas informações sobre o real ofício do marido ou o que de fato aconteceu com ele, ela precisa fugir com a criança imediatamente enquanto é perseguida pelos ex-comparsas traídos em busca de vingança. Confira o trailer:
Talvez o mais bacana de "I'm Your Woman"(título original) é a forma como a narrativa é desconstruída para propor uma experiência completamente diferente das expectativas, graças a maneira como a protagonista se relaciona com as inúmeras incógnitas criadas pelos acontecimentos do primeiro ato. De fato, Rachel Brosnahan é capaz de nos transmitir toda a angústia ao ver sua vida ser revirada e completamente transformada, sem nada ter a ver com as irresponsabilidades do marido - e acreditem, será uma surpresa atrás da outra!
Todo esse mistério acaba criando um suspense graças a falta de informações e é isso que nos move: a curiosidade! É aí que o trabalho da diretora Julia Hart ganha força, pois ao mesmo tempo que ela não se descuida do arco dramático de Jean, ela cria uma série de camadas psicológicas que vão transformando a jornada interna da personagem, deixando parecer que a ação é o elemento mais importante, quando na verdade é o auto-conhecimento e a capacidade de se emancipar que move a história - vale dizer que, desde o início, Jean é sufocada pelo machismo e por cobranças de que não seria “mulher” suficiente para os padrões sociais conservadores da época e isso é tão bem trabalhado que acaba ganhando uma profundidade muito maior que as excelentes cenas de ação que Hart no apresenta - aliás, reparem na cena da boate!
"Sou sua Mulher" é surpreendente por todos esse fatores, é muito bem realizado e é um ótimo entretenimento; mas não é apenas uma jornada superficial de tiros, perseguição, vingança e máfia! Sim, a narrativa estabelece uma perspectiva explicita sobre a importância do empoderamento feminino - no que é dito e no que pensado! Porém não força a barra, não cria malabarismos narrativos toscos só para provar uma posição ideológica e isso faz com que o filme cresça, agrade e flua.
Não é inesquecível, mas um bom entretenimento! Vale o play!
A jovem diretora Julia Hart, chamou a atenção no circuito de filmes independentes e agora entrega em "Sou sua Mulher", um filme que mistura ação e drama com uma narrativa aparentemente clássica, muito parecida com "Rainhas do Crime", inclusive; mas com toques autorais muito marcantes que trazem uma originalidade bem interessante para o filme.
Na história, estamos em 1970, onde Jean (Rachel Brosnahan) é casada com o misterioso Eddie (Bill Heck) e cuida de um bebê, Harry - que foi levado inesperadamente para casa pelo marido. O cotidiano comum de um típico jovem casal americano da época é abalado após Eddie aparentemente trair seus parceiros. A partir daí, sem muitas informações sobre o real ofício do marido ou o que de fato aconteceu com ele, ela precisa fugir com a criança imediatamente enquanto é perseguida pelos ex-comparsas traídos em busca de vingança. Confira o trailer:
Talvez o mais bacana de "I'm Your Woman"(título original) é a forma como a narrativa é desconstruída para propor uma experiência completamente diferente das expectativas, graças a maneira como a protagonista se relaciona com as inúmeras incógnitas criadas pelos acontecimentos do primeiro ato. De fato, Rachel Brosnahan é capaz de nos transmitir toda a angústia ao ver sua vida ser revirada e completamente transformada, sem nada ter a ver com as irresponsabilidades do marido - e acreditem, será uma surpresa atrás da outra!
Todo esse mistério acaba criando um suspense graças a falta de informações e é isso que nos move: a curiosidade! É aí que o trabalho da diretora Julia Hart ganha força, pois ao mesmo tempo que ela não se descuida do arco dramático de Jean, ela cria uma série de camadas psicológicas que vão transformando a jornada interna da personagem, deixando parecer que a ação é o elemento mais importante, quando na verdade é o auto-conhecimento e a capacidade de se emancipar que move a história - vale dizer que, desde o início, Jean é sufocada pelo machismo e por cobranças de que não seria “mulher” suficiente para os padrões sociais conservadores da época e isso é tão bem trabalhado que acaba ganhando uma profundidade muito maior que as excelentes cenas de ação que Hart no apresenta - aliás, reparem na cena da boate!
"Sou sua Mulher" é surpreendente por todos esse fatores, é muito bem realizado e é um ótimo entretenimento; mas não é apenas uma jornada superficial de tiros, perseguição, vingança e máfia! Sim, a narrativa estabelece uma perspectiva explicita sobre a importância do empoderamento feminino - no que é dito e no que pensado! Porém não força a barra, não cria malabarismos narrativos toscos só para provar uma posição ideológica e isso faz com que o filme cresça, agrade e flua.
Não é inesquecível, mas um bom entretenimento! Vale o play!
"Sr. & Sra. Smith" está mais para "Killing Eve" do que para "Segurança em Jogo", ou seja, todos os elementos de espionagem, investigação, crimes e conspiração estão aqui, mas é o "tom" que vai direcionar a narrativa. Lançada em 2024, essa produção original da Amazon para seu Prime Video, é uma releitura moderna e estilizada do filme de 2005, desta vez criada por Donald Glover e Francesca Sloane. A série traz uma abordagem moderna e cheia de energia para a premissa clássica de um casal de espiões cujas vidas secretas colidem de maneira explosiva em uma mistura de ação, comédia e drama. "Sr. & Sra. Smith" busca capturar a química entre seus protagonistas enquanto explora temas como amor, lealdade e identidade, sempre com um toque de humor afiado e cativante. Um excelente entretenimento!
A trama segue John e Jane Smith (interpretados por Donald Glover e Maya Erskine), dois estranhos solitários que conseguem empregos em uma misteriosa agência que lhes oferece uma oportunidade gloriosa como um casal de mentira que vive uma vida dupla como espiões. A série explora como missões perigosas e segredos cuidadosamente guardados começam a se entrelaçar com suas vidas pessoais, levando a situações caóticas e muitas vezes cômicas. A relação entre John e Jane é complexa, oscilando entre amor e rivalidade, confiança e traição. Confira o trailer:
Inspirado nos personagens criados por Simon Kinberg, essa adaptação co-escrita por Glover e Sloane (ambos de "Atlanta") expande o universo do filme de uma maneira até mais inteligente e, por consequência, com reviravoltas mais bem construídas - aliás, uma característica essencial para o sucesso de uma trama de espionagem. "Sr. & Sra. Smith" chama atenção desde o primeiro episódio pela sua capacidade de equilibrar habilmente o desenvolvimento dos personagens pela perspectiva mais intima e pessoal com cenas de ação repletas de ironias e alívios cômicos, criando assim uma narrativa envolvente e divertida. Veja, a série não tem medo de explorar os aspectos mais sombrios e complicados do relacionamento entre John e Jane, mas faz isso com um toque leve que evita aquela sensação de tensão e angústia constantes. A equipe de direção sabe disso e, mesmo sem pesar na mão, nos surpreende com um conceito estiloso e cheio de energia, utilizando ângulos dinâmicos, cortes rápidos e uma paleta de cores vibrante para criar uma atmosfera que combina ação de alta octanagem com um toque de comédia (romântica) e sofisticação. Repare como as sequências de ação são coreografadas com precisão, oferecendo uma mistura de combate corpo a corpo, tiroteios e perseguições que deixa muito "drama realista" com inveja.
Donald Glover, além de co-criar a série, também brilha como protagonista. Conhecido por seu talento que transita por vários gêneros, Glover traz seu carisma e charme com um timing cômico impecável ao papel, criando um personagem que é ao mesmo tempo letal e vulnerável. Sua performance é repleta de nuances, pontuando seu lado divertido com momentos de seriedade que revelam a profundidade emocional de suas lutas internas. Já Maya Erskine, sua co-protagonista, entrega um trabalho igualmente dinâmico ao capturar a dualidade oriental de Jane com habilidade, mostrando uma personagem que é tanto uma espiã implacável quanto uma mulher lidando com os desafios de um relacionamento complexo e com as marcas de seu passado. Agora vale o registro: o que é muito bacana mesmo é a química entre os dois - tudo é palpável, seus diálogos são cirúrgicos e até nas cenas de ação, onde o ritmo é mais acelerado, eles fazem com que essa relação seja, de fato, um dos pontos altos da série.
"Sr. & Sra. Smith", em sua tentativa de combinar tantos elementos diferentes, pode até se tornar um pouco dispersa em termos de tom e ritmo, especialmente nos primeiros episódios. No entanto, eu sugiro um pouco de paciência até se conectar com a proposta de Glover e Sloane, pois essa nova adaptação é realmente divertida, traz boas ideias e muita energia para um projeto que parecer ter potencial para muitas temporadas.
Vale o seu play, especialmente se você estiver em busca de histórias de espionagem com um toque de humor e com personagens cativantes!
"Sr. & Sra. Smith" está mais para "Killing Eve" do que para "Segurança em Jogo", ou seja, todos os elementos de espionagem, investigação, crimes e conspiração estão aqui, mas é o "tom" que vai direcionar a narrativa. Lançada em 2024, essa produção original da Amazon para seu Prime Video, é uma releitura moderna e estilizada do filme de 2005, desta vez criada por Donald Glover e Francesca Sloane. A série traz uma abordagem moderna e cheia de energia para a premissa clássica de um casal de espiões cujas vidas secretas colidem de maneira explosiva em uma mistura de ação, comédia e drama. "Sr. & Sra. Smith" busca capturar a química entre seus protagonistas enquanto explora temas como amor, lealdade e identidade, sempre com um toque de humor afiado e cativante. Um excelente entretenimento!
A trama segue John e Jane Smith (interpretados por Donald Glover e Maya Erskine), dois estranhos solitários que conseguem empregos em uma misteriosa agência que lhes oferece uma oportunidade gloriosa como um casal de mentira que vive uma vida dupla como espiões. A série explora como missões perigosas e segredos cuidadosamente guardados começam a se entrelaçar com suas vidas pessoais, levando a situações caóticas e muitas vezes cômicas. A relação entre John e Jane é complexa, oscilando entre amor e rivalidade, confiança e traição. Confira o trailer:
Inspirado nos personagens criados por Simon Kinberg, essa adaptação co-escrita por Glover e Sloane (ambos de "Atlanta") expande o universo do filme de uma maneira até mais inteligente e, por consequência, com reviravoltas mais bem construídas - aliás, uma característica essencial para o sucesso de uma trama de espionagem. "Sr. & Sra. Smith" chama atenção desde o primeiro episódio pela sua capacidade de equilibrar habilmente o desenvolvimento dos personagens pela perspectiva mais intima e pessoal com cenas de ação repletas de ironias e alívios cômicos, criando assim uma narrativa envolvente e divertida. Veja, a série não tem medo de explorar os aspectos mais sombrios e complicados do relacionamento entre John e Jane, mas faz isso com um toque leve que evita aquela sensação de tensão e angústia constantes. A equipe de direção sabe disso e, mesmo sem pesar na mão, nos surpreende com um conceito estiloso e cheio de energia, utilizando ângulos dinâmicos, cortes rápidos e uma paleta de cores vibrante para criar uma atmosfera que combina ação de alta octanagem com um toque de comédia (romântica) e sofisticação. Repare como as sequências de ação são coreografadas com precisão, oferecendo uma mistura de combate corpo a corpo, tiroteios e perseguições que deixa muito "drama realista" com inveja.
Donald Glover, além de co-criar a série, também brilha como protagonista. Conhecido por seu talento que transita por vários gêneros, Glover traz seu carisma e charme com um timing cômico impecável ao papel, criando um personagem que é ao mesmo tempo letal e vulnerável. Sua performance é repleta de nuances, pontuando seu lado divertido com momentos de seriedade que revelam a profundidade emocional de suas lutas internas. Já Maya Erskine, sua co-protagonista, entrega um trabalho igualmente dinâmico ao capturar a dualidade oriental de Jane com habilidade, mostrando uma personagem que é tanto uma espiã implacável quanto uma mulher lidando com os desafios de um relacionamento complexo e com as marcas de seu passado. Agora vale o registro: o que é muito bacana mesmo é a química entre os dois - tudo é palpável, seus diálogos são cirúrgicos e até nas cenas de ação, onde o ritmo é mais acelerado, eles fazem com que essa relação seja, de fato, um dos pontos altos da série.
"Sr. & Sra. Smith", em sua tentativa de combinar tantos elementos diferentes, pode até se tornar um pouco dispersa em termos de tom e ritmo, especialmente nos primeiros episódios. No entanto, eu sugiro um pouco de paciência até se conectar com a proposta de Glover e Sloane, pois essa nova adaptação é realmente divertida, traz boas ideias e muita energia para um projeto que parecer ter potencial para muitas temporadas.
Vale o seu play, especialmente se você estiver em busca de histórias de espionagem com um toque de humor e com personagens cativantes!
"Tenet" é mais um filmaço do diretor Christopher Nolan, nível de "A Origem" ("Inception" de 2010) e tão complicado quanto (ou mais, eu diria). Sem a menor dúvida, a experiência visual é tão esmagadora quanto o conceito narrativo, e a forma como Nolan conecta os pontos dentro de uma história muito interessante, dinâmica e inteligente é impressionante - isso só nos dá a exata noção do quão genial ele é!
Na história, um agente da CIA conhecido como "O Protagonista" (John David Washington) é recrutado por uma organização misteriosa, chamada Tenet, para participar de uma missão de escala global. Eles precisam impedir que Andrei Sator (Kenneth Branagh), um renegado oligarca russo que teve acesso a uma tecnologia que lhe permite se comunicar com o futuro, inicie a Terceira Guerra Mundial. A organização está em posse de uma arma de fogo que consegue fazer o tempo correr ao contrário, acreditando que o objeto veio do futuro. Com essa habilidade em mãos, O Protagonista precisará usá-la como forma de se opor à ameaça que está por vir, impedindo que os planos de Sator se concretizem. Confira o trailer:
Olha, é impossível não ficar imediatamente fascinado e fisgado pela dinâmica de "Tenet", mesmo com a dolorosa impressão de que não estamos entendendo muito bem o que está acontecendo de cara - a belíssima sequência de ação que mostra a invasão da ópera de Kiev, na Ucrânia, já nos dá um nó na cabeça. A grande questão porém, é que essa sensação de desconforto não melhora em nada durante as duas horas e meia do filme, mesmo sabendo onde estamos nos enfiando e estando bastante dispostos a tentar entender o fluxo do tempo pelos olhos de quem assiste e não pela imersão na jornada dos personagens. Sim, eu sei que pode parecer confuso e de fato é - ainda mais com repetidas quebras temporais que além de alterar completamente nossa percepção de continuidade, também nos provoca visualmente já que temos a curiosa sensação de poder prever o futuro segundos antes dele acontecer - e aqui cabe uma observação de quem já esteve em um set de filmagem: o que Nolan faz com a gramática cinematográfica para sentirmos isso, é de se aplaudir de pé!
Veja, se nos filmes anteriores Nolan investiu algum tempo (e muitos efeitos especiais) para estabelecer as regras daqueles universos que ele criou, em "Tenet" ele simplesmente nos joga dentro de um "buraco de minhoca" - sem a menor intenção de fazer algum trocadilho! Nolan quis chegar em outro nível de construção narrativa, como se ele mesmo se desafiasse a entregar algo complexo, mas auto-explicativo ao mesmo tempo. Se ele não se preocupou com a audiência ao não dar explicações expositivas, com certeza ele agiu minuciosamente para não nos deixar a impressão de que alguma ponta ficou solta - e isso é impressionante!
Por mais difícil que seja compreender 100% de "Tenet", a sensação de entretenimento é tão boa que nem nos preocupamos com os detalhes - Nolan faz isso por nós! Quando ele se propõe em juntar as peças e repetir os planos, usando enquadramentos que por alguma razão possam ter passados despercebidos - de um retrovisor quebrado sem motivo ou de uma mulher saltando de um iate em segundo plano; tudo se conecta tão organicamente que passar esse tempo todo em uma espécie de zona nebulosa do entendimento, não atrapalha em nada nossa experiência, pelo contrario, só vai somando ao que receberemos no final!
Vencedor do Oscar de Efeitos Visuais e indicado em apenas mais uma categoria (Desenho de Produção) em 2021, Nolan mostrou que está muito a frente do seu tempo e que nem mesmo a Academia foi capaz de entender seu trabalho mais autoral. Ele não ter sido indicado como Melhor Diretor e Melhor Roteiro é de uma injustiça poucas vezes vista.
Agora um aviso: para aqueles que buscam uma jornada fácil, "Tenet" definitivamente não é para você. Mas se você está disposto a sair de uma zona de conforto intelectual e mergulhar em uma realidade complicada de assimilar e processar, dê o play e esteja preparado para lidar com um cérebro em frangalhos depois que o filme terminar, mas feliz pelo excelente entretenimento.
Vale muito a pena! Pela aula de cinema e pela experiência única!
"Tenet" é mais um filmaço do diretor Christopher Nolan, nível de "A Origem" ("Inception" de 2010) e tão complicado quanto (ou mais, eu diria). Sem a menor dúvida, a experiência visual é tão esmagadora quanto o conceito narrativo, e a forma como Nolan conecta os pontos dentro de uma história muito interessante, dinâmica e inteligente é impressionante - isso só nos dá a exata noção do quão genial ele é!
Na história, um agente da CIA conhecido como "O Protagonista" (John David Washington) é recrutado por uma organização misteriosa, chamada Tenet, para participar de uma missão de escala global. Eles precisam impedir que Andrei Sator (Kenneth Branagh), um renegado oligarca russo que teve acesso a uma tecnologia que lhe permite se comunicar com o futuro, inicie a Terceira Guerra Mundial. A organização está em posse de uma arma de fogo que consegue fazer o tempo correr ao contrário, acreditando que o objeto veio do futuro. Com essa habilidade em mãos, O Protagonista precisará usá-la como forma de se opor à ameaça que está por vir, impedindo que os planos de Sator se concretizem. Confira o trailer:
Olha, é impossível não ficar imediatamente fascinado e fisgado pela dinâmica de "Tenet", mesmo com a dolorosa impressão de que não estamos entendendo muito bem o que está acontecendo de cara - a belíssima sequência de ação que mostra a invasão da ópera de Kiev, na Ucrânia, já nos dá um nó na cabeça. A grande questão porém, é que essa sensação de desconforto não melhora em nada durante as duas horas e meia do filme, mesmo sabendo onde estamos nos enfiando e estando bastante dispostos a tentar entender o fluxo do tempo pelos olhos de quem assiste e não pela imersão na jornada dos personagens. Sim, eu sei que pode parecer confuso e de fato é - ainda mais com repetidas quebras temporais que além de alterar completamente nossa percepção de continuidade, também nos provoca visualmente já que temos a curiosa sensação de poder prever o futuro segundos antes dele acontecer - e aqui cabe uma observação de quem já esteve em um set de filmagem: o que Nolan faz com a gramática cinematográfica para sentirmos isso, é de se aplaudir de pé!
Veja, se nos filmes anteriores Nolan investiu algum tempo (e muitos efeitos especiais) para estabelecer as regras daqueles universos que ele criou, em "Tenet" ele simplesmente nos joga dentro de um "buraco de minhoca" - sem a menor intenção de fazer algum trocadilho! Nolan quis chegar em outro nível de construção narrativa, como se ele mesmo se desafiasse a entregar algo complexo, mas auto-explicativo ao mesmo tempo. Se ele não se preocupou com a audiência ao não dar explicações expositivas, com certeza ele agiu minuciosamente para não nos deixar a impressão de que alguma ponta ficou solta - e isso é impressionante!
Por mais difícil que seja compreender 100% de "Tenet", a sensação de entretenimento é tão boa que nem nos preocupamos com os detalhes - Nolan faz isso por nós! Quando ele se propõe em juntar as peças e repetir os planos, usando enquadramentos que por alguma razão possam ter passados despercebidos - de um retrovisor quebrado sem motivo ou de uma mulher saltando de um iate em segundo plano; tudo se conecta tão organicamente que passar esse tempo todo em uma espécie de zona nebulosa do entendimento, não atrapalha em nada nossa experiência, pelo contrario, só vai somando ao que receberemos no final!
Vencedor do Oscar de Efeitos Visuais e indicado em apenas mais uma categoria (Desenho de Produção) em 2021, Nolan mostrou que está muito a frente do seu tempo e que nem mesmo a Academia foi capaz de entender seu trabalho mais autoral. Ele não ter sido indicado como Melhor Diretor e Melhor Roteiro é de uma injustiça poucas vezes vista.
Agora um aviso: para aqueles que buscam uma jornada fácil, "Tenet" definitivamente não é para você. Mas se você está disposto a sair de uma zona de conforto intelectual e mergulhar em uma realidade complicada de assimilar e processar, dê o play e esteja preparado para lidar com um cérebro em frangalhos depois que o filme terminar, mas feliz pelo excelente entretenimento.
Vale muito a pena! Pela aula de cinema e pela experiência única!
Antes de mais nada é preciso dizer: a série, embora traga muito do humor negro do seu criador Garth Ennis, não é uma adaptação fiel dos quadrinhos, mas nem por isso deve ser renegada ou subestimada. "The Boys" é, sem dúvida, uma das séries mais originais lançadas em 2019 - um prato cheio para a Prime Vídeo mostrar o seu cartão de visita e definitivamente entrar na briga pela aquisição de assinantes em um mercado que está se transformando em uma verdadeira batalha.
"The Boys" narra alguns eventos ocorridos entre 2006 e 2008, em uma Nova York ficcional, onde super-heróis existem, mas que, em sua grande maioria, tiveram seus valores morais corrompidos pela fama, sucesso e exposição. Ao se comportar de forma irresponsável, muitos desses heróis mascaram sua verdadeira personalidade se escondendo atrás do controle (e do marketing) de uma grande Corporação - o que representa uma crítica direta ao mundo das celebridades de hoje, diga-se de passagem. Continuando: após ver sua noiva ser morta por um desses heróis, Hughie Campbell (Jack Quaid) percebe que existe uma verdadeira indústria de influência para encobrir as falhas de caráter desses poderosos agentes de mídia. É preciso dar um fim nessa situação, então Hughie se une ao misterioso Billy Butcher (Karl Urban) e inicia sua bizarra jornada para desmascarar essa enorme mentira.
Uma das coisas mais interessantes que percebi nessa primeira temporada, foram alguns elementos narrativos muito parecidos com aqueles que encontrávamos em Breaking Bad. Está certo que são elementos pontuais, mas que foram essenciais para que a série de Vince Gilligan se tornasse um grande sucesso, pela inovação narrativa e inventividade visual. O primeiro deles é a jornada de transformação de um personagem pacato em um potencial assassino - e se inicio vemos muito de Walter White em Hughie, com o passar dos episódios temos a impressão que seu personagem é muito mais próximo do Jessie, afinal ele está sempre se questionando e sua aproximação com a Annie January (Erin Moriarty), a Starlight, só aumenta sua dúvida sobre estar no caminho certo e es caminho deve ser percorrido com um ressentido Billy Butcher! Outro elemento bastante perceptível está na quebra das barreiras que separavamm os heróis dos bandidos, o certo do errado e até os motivos que justificavam (para quem assiste) algumas ações extremas - é preciso lembrar que em Breaking Bad torcíamos para os bandidos, nos identificávamos com suas motivações e parecia tudo "normal". Mas em "The Boys", quem são os bandidos? E por fim, e não menos importante, é o tom que série trás para seus episódios, é aquele mood quase escrachado, mas que serve para mascarar todos os dramas mais íntimos e pesados de personagens muito bem desenvolvidos, toda a ação (e reação) entre eles e, principalmente, que diminui a importância daqueles momentos mais sanguinários e impactantes da trama (ao melhor estilo Tarantino), quase como uma pintura que choca, mas que já será esquecida ou digerida ao se trocar o foco. Olha, que fique claro que não é uma comparação (é até muito cedo para isso), mas todos esses elementos tiram "The Boys" do lugar comum, basta reparar!
Resumindo: com um roteiro inteligente (cheio de detalhes e referências), uma direção muito competente, uma fotografia bem interessante e um tratamento de cor de muita personalidade - que já criou uma identidade muito particular, um look único e lindo para a série - "The Boys" mostra, para quem assiste, que nada está na tela por acaso e que se mantiver esse mesmo nível em algumas temporadas, pode realmente fazer muito barulho! Com o final da primeira temporada é fácil afirmar que a série está irrepreensível! Vale muito a pena!!!!
Antes de mais nada é preciso dizer: a série, embora traga muito do humor negro do seu criador Garth Ennis, não é uma adaptação fiel dos quadrinhos, mas nem por isso deve ser renegada ou subestimada. "The Boys" é, sem dúvida, uma das séries mais originais lançadas em 2019 - um prato cheio para a Prime Vídeo mostrar o seu cartão de visita e definitivamente entrar na briga pela aquisição de assinantes em um mercado que está se transformando em uma verdadeira batalha.
"The Boys" narra alguns eventos ocorridos entre 2006 e 2008, em uma Nova York ficcional, onde super-heróis existem, mas que, em sua grande maioria, tiveram seus valores morais corrompidos pela fama, sucesso e exposição. Ao se comportar de forma irresponsável, muitos desses heróis mascaram sua verdadeira personalidade se escondendo atrás do controle (e do marketing) de uma grande Corporação - o que representa uma crítica direta ao mundo das celebridades de hoje, diga-se de passagem. Continuando: após ver sua noiva ser morta por um desses heróis, Hughie Campbell (Jack Quaid) percebe que existe uma verdadeira indústria de influência para encobrir as falhas de caráter desses poderosos agentes de mídia. É preciso dar um fim nessa situação, então Hughie se une ao misterioso Billy Butcher (Karl Urban) e inicia sua bizarra jornada para desmascarar essa enorme mentira.
Uma das coisas mais interessantes que percebi nessa primeira temporada, foram alguns elementos narrativos muito parecidos com aqueles que encontrávamos em Breaking Bad. Está certo que são elementos pontuais, mas que foram essenciais para que a série de Vince Gilligan se tornasse um grande sucesso, pela inovação narrativa e inventividade visual. O primeiro deles é a jornada de transformação de um personagem pacato em um potencial assassino - e se inicio vemos muito de Walter White em Hughie, com o passar dos episódios temos a impressão que seu personagem é muito mais próximo do Jessie, afinal ele está sempre se questionando e sua aproximação com a Annie January (Erin Moriarty), a Starlight, só aumenta sua dúvida sobre estar no caminho certo e es caminho deve ser percorrido com um ressentido Billy Butcher! Outro elemento bastante perceptível está na quebra das barreiras que separavamm os heróis dos bandidos, o certo do errado e até os motivos que justificavam (para quem assiste) algumas ações extremas - é preciso lembrar que em Breaking Bad torcíamos para os bandidos, nos identificávamos com suas motivações e parecia tudo "normal". Mas em "The Boys", quem são os bandidos? E por fim, e não menos importante, é o tom que série trás para seus episódios, é aquele mood quase escrachado, mas que serve para mascarar todos os dramas mais íntimos e pesados de personagens muito bem desenvolvidos, toda a ação (e reação) entre eles e, principalmente, que diminui a importância daqueles momentos mais sanguinários e impactantes da trama (ao melhor estilo Tarantino), quase como uma pintura que choca, mas que já será esquecida ou digerida ao se trocar o foco. Olha, que fique claro que não é uma comparação (é até muito cedo para isso), mas todos esses elementos tiram "The Boys" do lugar comum, basta reparar!
Resumindo: com um roteiro inteligente (cheio de detalhes e referências), uma direção muito competente, uma fotografia bem interessante e um tratamento de cor de muita personalidade - que já criou uma identidade muito particular, um look único e lindo para a série - "The Boys" mostra, para quem assiste, que nada está na tela por acaso e que se mantiver esse mesmo nível em algumas temporadas, pode realmente fazer muito barulho! Com o final da primeira temporada é fácil afirmar que a série está irrepreensível! Vale muito a pena!!!!
Sabe aquele tipo de série "se dormir, dormiu", mas que não deixa de ser um ótimo entretenimento - bem no estilo procedural de ""CSI" ou "The Law & Order", com alguma ação mais empolgante, investigações razoavelmente inteligentes e uma narrativa bem amarrada? Pois bem, "The Equalizer" é a bola da vez - lançada em 2021 pela CBS, é um verdadeiro sucesso nos EUA, rendendo várias temporadas com uma dinâmica de ação e crime que reinventa a clássica série dos anos 80, mas agora com uma nova protagonista e uma abordagem mais contemporânea. Estrelada por Queen Latifah, a série oferece um novo conceito sobre os dilemas de um herói urbano, trazendo uma forte protagonista feminina para o centro de missões muito divertidas para quem quer passar o tempo sem ter que pensar muito.
Basicamente, a trama segue Robyn McCall (Queen Latifah), uma ex-agente da CIA que, após se afastar do mundo da espionagem, dedica-se a ajudar aqueles que não têm mais para onde recorrer. Usando suas habilidades de combate, investigação e inteligência, McCall se torna uma figura misteriosa conhecida como "The Equalizer", protegendo os oprimidos e punindo aqueles que se aproveitam dos mais fracos. Ao mesmo tempo, no entanto, ela precisa lidar com os desafios de ser mãe solteira de uma adolescente e de manter sua vida dupla em segredo para quem sabe encontrar um caminho menos traumático como mulher. Confira o trailer:
"The Equalizer" é dirigida por uma equipe talentosa que inclui nomes como Liz Friedlander (de "Jessica Jones") e Solvan "Slick" Naim (de "Black List") - eles conseguem manter um ritmo dinâmico e envolvente ao longo dos mais de 50 episódios, durante todas as temporadas. Com roteiro escrito por Andrew W. Marlowe (do clássico "Força Aérea Um") e Terri Edda Miller (de "Castle"), a série equilibra uma ótima atmosfera de ação com histórias que exploram questões sociais mais atuais, como corrupção, violência doméstica e até injustiça racial. Pautada nos clássicos da TV aberta americana, cada episódio funciona como uma narrativa fechada, com McCall resolvendo um caso por vez ao mesmo tempo em que outros arcos dos personagens vão, pouco a pouco, se ampliando e se desenvolvendo ao ponto de não conseguirmos mais parar de assistir. Veja, embora o formato "caso da semana" seja familiar e possa até parecer previsível para alguns, eu diria que aqui a série consegue manter nosso interesse especialmente por se aprofundar na vida pessoal de McCall.
Queen Latifah traz uma presença carismática e poderosa para a série. Ela transita muito bem entre a dureza necessária de uma vigilante implacável com a sensibilidade de uma mãe que está tentando proteger sua família. Latifah é convincente nas cenas de ação da mesma forma que entrega ótimos momentos emocionais, tornando McCall uma personagem cheio de camadas e fácil de se conectar - tudo isso sem maiores neuroses para não complicar demais! Sua performance, é preciso que se diga, é o coração da série, proporcionando uma ancoragem dramática que eleva o básico para um patamar que entrega uma ótima jornada de entretenimento. Já no elenco de apoio, é preciso citar Tory Kittles como o honrado Marcus Dante; Adam Goldberg como o hacker/nerd/moderninho, Harry Keshegian; e Liza Lapira como a ex-soldado sempre parceira, Melody. É muito bacana ver como cada "estereótipo" contribui significativamente para que a narrativa funcione de uma maneira tão orgânica e que nos traz certo conforto ao dar o play.
Antes de embarcar em "The Equalizer", saiba que, em sua tentativa de combinar ação e drama, a narrativa se apoia demais em clichês do gênero - o que pode diminuir sensivelmente a sua originalidade, mas ao mesmo tempo traz ótimas lembranças de uma época onde o divertido era só assistir Jack Bauer em "24 Horas". Esse é objetivo do projeto: soar familiar para os mais velhos e divertir uma nova geração sem exigir muito ou ter que fazer a audiência quebrar a cabeça. Não espere arcos mais longos e complexos, isso não faz parte do DNA da série - e funciona!
Sabe aquele tipo de série "se dormir, dormiu", mas que não deixa de ser um ótimo entretenimento - bem no estilo procedural de ""CSI" ou "The Law & Order", com alguma ação mais empolgante, investigações razoavelmente inteligentes e uma narrativa bem amarrada? Pois bem, "The Equalizer" é a bola da vez - lançada em 2021 pela CBS, é um verdadeiro sucesso nos EUA, rendendo várias temporadas com uma dinâmica de ação e crime que reinventa a clássica série dos anos 80, mas agora com uma nova protagonista e uma abordagem mais contemporânea. Estrelada por Queen Latifah, a série oferece um novo conceito sobre os dilemas de um herói urbano, trazendo uma forte protagonista feminina para o centro de missões muito divertidas para quem quer passar o tempo sem ter que pensar muito.
Basicamente, a trama segue Robyn McCall (Queen Latifah), uma ex-agente da CIA que, após se afastar do mundo da espionagem, dedica-se a ajudar aqueles que não têm mais para onde recorrer. Usando suas habilidades de combate, investigação e inteligência, McCall se torna uma figura misteriosa conhecida como "The Equalizer", protegendo os oprimidos e punindo aqueles que se aproveitam dos mais fracos. Ao mesmo tempo, no entanto, ela precisa lidar com os desafios de ser mãe solteira de uma adolescente e de manter sua vida dupla em segredo para quem sabe encontrar um caminho menos traumático como mulher. Confira o trailer:
"The Equalizer" é dirigida por uma equipe talentosa que inclui nomes como Liz Friedlander (de "Jessica Jones") e Solvan "Slick" Naim (de "Black List") - eles conseguem manter um ritmo dinâmico e envolvente ao longo dos mais de 50 episódios, durante todas as temporadas. Com roteiro escrito por Andrew W. Marlowe (do clássico "Força Aérea Um") e Terri Edda Miller (de "Castle"), a série equilibra uma ótima atmosfera de ação com histórias que exploram questões sociais mais atuais, como corrupção, violência doméstica e até injustiça racial. Pautada nos clássicos da TV aberta americana, cada episódio funciona como uma narrativa fechada, com McCall resolvendo um caso por vez ao mesmo tempo em que outros arcos dos personagens vão, pouco a pouco, se ampliando e se desenvolvendo ao ponto de não conseguirmos mais parar de assistir. Veja, embora o formato "caso da semana" seja familiar e possa até parecer previsível para alguns, eu diria que aqui a série consegue manter nosso interesse especialmente por se aprofundar na vida pessoal de McCall.
Queen Latifah traz uma presença carismática e poderosa para a série. Ela transita muito bem entre a dureza necessária de uma vigilante implacável com a sensibilidade de uma mãe que está tentando proteger sua família. Latifah é convincente nas cenas de ação da mesma forma que entrega ótimos momentos emocionais, tornando McCall uma personagem cheio de camadas e fácil de se conectar - tudo isso sem maiores neuroses para não complicar demais! Sua performance, é preciso que se diga, é o coração da série, proporcionando uma ancoragem dramática que eleva o básico para um patamar que entrega uma ótima jornada de entretenimento. Já no elenco de apoio, é preciso citar Tory Kittles como o honrado Marcus Dante; Adam Goldberg como o hacker/nerd/moderninho, Harry Keshegian; e Liza Lapira como a ex-soldado sempre parceira, Melody. É muito bacana ver como cada "estereótipo" contribui significativamente para que a narrativa funcione de uma maneira tão orgânica e que nos traz certo conforto ao dar o play.
Antes de embarcar em "The Equalizer", saiba que, em sua tentativa de combinar ação e drama, a narrativa se apoia demais em clichês do gênero - o que pode diminuir sensivelmente a sua originalidade, mas ao mesmo tempo traz ótimas lembranças de uma época onde o divertido era só assistir Jack Bauer em "24 Horas". Esse é objetivo do projeto: soar familiar para os mais velhos e divertir uma nova geração sem exigir muito ou ter que fazer a audiência quebrar a cabeça. Não espere arcos mais longos e complexos, isso não faz parte do DNA da série - e funciona!
"The Old Guard" é claramente a tentativa da Netflix de emplacar uma franquia de herói consistente com seu selo "Originals" e de quebra ainda fidelizar um público que pode migrar de plataforma com a chegada do Disney+. Dito isso, é preciso analisar o filme sob dois aspectos: o primeiro, mercadológico - baseado na HQ daImage Comics, escrita pelo Greg Rucka e desenhada pelo Leandro Fernández, "The Old Guard" caiu como uma luva dentro da estratégia da Netflix desde o momento em que ela trás para o time criativo o próprio Rucka para escrever o roteiro. Outro golaço foi escolher Charlize Theron como protagonista, já acostumada com a dinâmica de heroína em filmes de ação/ficção como em "Prometheus", "Mad Max: Estrada da Fúria" e até mesmo em "Atômica". O segundo aspecto relevante, sem dúvida, diz respeito à história escolhida - ao trazer a memória afetiva de "Highlander – O Guerreiro Imortal", o filme usa e abusa de uma narrativa atual (bem no estilo Marvel) ao mesmo tempo em que tenta construir uma mitologia própria (em flashbacks) que possibilita inúmeras ramificações dramáticas que podem resultar em várias sequências - a "cena pós crédito" (que na verdade nem é pós crédito, mas serve como uma espécie de "gancho") é um exemplo descarado desse planejamento. Bom, vamos ao trailer e depois voltamos para a discussão:
"The Old Guard" acompanha Andrômaca ou Andy (Charlize Theron) uma espécie de guerreira imortal que lidera uma equipe com outros três imortais, Booker (Matthias Schoenaerts), Joe (Marwan Kenzari) e Nicki (Luca Marinelli), que se encontraram ao longo dos séculos para lutar, como o próprio Booker diz, "por aquilo que eles acreditam ser o certo". Porém eles passam a ser perseguidos por um bilionário, Merrick (Harry Melling), CEO de uma gigante da industria farmacêutica, que pretende captura-los e assim descobrir os segredos dessa longevidade. É aí que entra Nile Freeman (KiKi Layne), uma soldada americana que depois de muitos séculos surge como uma nova imortal e precisa do auxílio de Andy para entender essa nova condição até se tornar mais um membro da equipe.
De fato, "The Old Guard" tem potencial para ser uma franquia de sucesso. Nesse primeiro filme encontramos a ação que o gênero sugere, a discussão filosófica e íntima que os personagens precisam e ainda uma série elementos fantásticos que nos acompanham e nos instigam até o final. Se tem algo que não funciona, certamente é o vilão de Harry Melling - sua motivação é fraca e a performance completamente estereotipada, mas sobre isso falaremos mais adiante. No geral achei o filme divertido, dinâmico (nem sentimos as duas horas de duração) e interessante por tudo que é contado, mas mais ainda por um background que ainda vai ser explorado. Se você gosta de filme de herói, com uma pegada bem de fantasia, pode dar o play sem medo!
Embora seja um filme de herói, a força de "The Old Guard", definitivamente, não está na luta para vencer um vilão e sim na jornada da protagonista para encontrar a paz, mesmo que para isso ela tenha que vencer seu inimigo que, como já citamos, não tem elementos suficientes para nos causar alguma dúvida de que não será facilmente derrotado - não existe uma forte motivação que mova esse vilão na busca de redenção, por exemplo. O próprio Copley (Chiwetel Ejiofor), ex-agente da CIA que já havia trabalhado em uma missão com a equipe de Andy e que perdeu a esposa recentemente devido a uma doença degenerativa, "ELA", teria um papel muito mais relevante se fosse um vilão de verdade do que o Merrick.
Quando Greg Rucka adapta sua história, ele não só se mantém muito fiel à HQ, como ele acrescenta elementos que tornam a jornada de Andrômacaainda mais complexa e profunda - a sua dor ao encarar o seu dom como uma terrível maldição durante séculos (mais uma vez evocando a música "Who wants to live forever!") e a relação que ela estabelece com seus pares, inclusive com sua parceira Quynh (Van Veronica Ngo), é sensacional! Mas aqui cabe uma pequena crítica: tenho a impressão que a produção das cenas em flashback poderia ter sido melhor trabalhada - achei tudo muito flat, fake até,; sem a menor identidade! A fotografia não ajudou em nada e a forma como a diretora Gina Prince-Bythewood (do aclamado "Além dos Limites") comandou a construção da mitologia não me agradou - faltou uma Patty Jenkins de "Mulher Maravilha". Por outro lado, nas cenas de ação e pancadaria, Prince-Bythewood soube se equilibrar e em nenhum momento usou de piruetas ou explosões para roubar no jogo ou entregar algo que já não tivesse sugerido.
No fima das contas, "The Old Guard" tem qualidade! Nasceu bom: com um roteiro que soube trabalhar o drama e a ação sem cansar quem assiste e ao mesmo tempo apresentar uma história que ainda tem muito para contar. Charlize Theron ajudou a levantar o filme, mas não deve seguir por muito tempo na franquia, sabendo disso, achei muito inteligente a forma como Greg Rucka já nos oferece as opções de continuação - e pode ter certeza: ela virá!
Vale pelo entretenimento, com certeza!
"The Old Guard" é claramente a tentativa da Netflix de emplacar uma franquia de herói consistente com seu selo "Originals" e de quebra ainda fidelizar um público que pode migrar de plataforma com a chegada do Disney+. Dito isso, é preciso analisar o filme sob dois aspectos: o primeiro, mercadológico - baseado na HQ daImage Comics, escrita pelo Greg Rucka e desenhada pelo Leandro Fernández, "The Old Guard" caiu como uma luva dentro da estratégia da Netflix desde o momento em que ela trás para o time criativo o próprio Rucka para escrever o roteiro. Outro golaço foi escolher Charlize Theron como protagonista, já acostumada com a dinâmica de heroína em filmes de ação/ficção como em "Prometheus", "Mad Max: Estrada da Fúria" e até mesmo em "Atômica". O segundo aspecto relevante, sem dúvida, diz respeito à história escolhida - ao trazer a memória afetiva de "Highlander – O Guerreiro Imortal", o filme usa e abusa de uma narrativa atual (bem no estilo Marvel) ao mesmo tempo em que tenta construir uma mitologia própria (em flashbacks) que possibilita inúmeras ramificações dramáticas que podem resultar em várias sequências - a "cena pós crédito" (que na verdade nem é pós crédito, mas serve como uma espécie de "gancho") é um exemplo descarado desse planejamento. Bom, vamos ao trailer e depois voltamos para a discussão:
"The Old Guard" acompanha Andrômaca ou Andy (Charlize Theron) uma espécie de guerreira imortal que lidera uma equipe com outros três imortais, Booker (Matthias Schoenaerts), Joe (Marwan Kenzari) e Nicki (Luca Marinelli), que se encontraram ao longo dos séculos para lutar, como o próprio Booker diz, "por aquilo que eles acreditam ser o certo". Porém eles passam a ser perseguidos por um bilionário, Merrick (Harry Melling), CEO de uma gigante da industria farmacêutica, que pretende captura-los e assim descobrir os segredos dessa longevidade. É aí que entra Nile Freeman (KiKi Layne), uma soldada americana que depois de muitos séculos surge como uma nova imortal e precisa do auxílio de Andy para entender essa nova condição até se tornar mais um membro da equipe.
De fato, "The Old Guard" tem potencial para ser uma franquia de sucesso. Nesse primeiro filme encontramos a ação que o gênero sugere, a discussão filosófica e íntima que os personagens precisam e ainda uma série elementos fantásticos que nos acompanham e nos instigam até o final. Se tem algo que não funciona, certamente é o vilão de Harry Melling - sua motivação é fraca e a performance completamente estereotipada, mas sobre isso falaremos mais adiante. No geral achei o filme divertido, dinâmico (nem sentimos as duas horas de duração) e interessante por tudo que é contado, mas mais ainda por um background que ainda vai ser explorado. Se você gosta de filme de herói, com uma pegada bem de fantasia, pode dar o play sem medo!
Embora seja um filme de herói, a força de "The Old Guard", definitivamente, não está na luta para vencer um vilão e sim na jornada da protagonista para encontrar a paz, mesmo que para isso ela tenha que vencer seu inimigo que, como já citamos, não tem elementos suficientes para nos causar alguma dúvida de que não será facilmente derrotado - não existe uma forte motivação que mova esse vilão na busca de redenção, por exemplo. O próprio Copley (Chiwetel Ejiofor), ex-agente da CIA que já havia trabalhado em uma missão com a equipe de Andy e que perdeu a esposa recentemente devido a uma doença degenerativa, "ELA", teria um papel muito mais relevante se fosse um vilão de verdade do que o Merrick.
Quando Greg Rucka adapta sua história, ele não só se mantém muito fiel à HQ, como ele acrescenta elementos que tornam a jornada de Andrômacaainda mais complexa e profunda - a sua dor ao encarar o seu dom como uma terrível maldição durante séculos (mais uma vez evocando a música "Who wants to live forever!") e a relação que ela estabelece com seus pares, inclusive com sua parceira Quynh (Van Veronica Ngo), é sensacional! Mas aqui cabe uma pequena crítica: tenho a impressão que a produção das cenas em flashback poderia ter sido melhor trabalhada - achei tudo muito flat, fake até,; sem a menor identidade! A fotografia não ajudou em nada e a forma como a diretora Gina Prince-Bythewood (do aclamado "Além dos Limites") comandou a construção da mitologia não me agradou - faltou uma Patty Jenkins de "Mulher Maravilha". Por outro lado, nas cenas de ação e pancadaria, Prince-Bythewood soube se equilibrar e em nenhum momento usou de piruetas ou explosões para roubar no jogo ou entregar algo que já não tivesse sugerido.
No fima das contas, "The Old Guard" tem qualidade! Nasceu bom: com um roteiro que soube trabalhar o drama e a ação sem cansar quem assiste e ao mesmo tempo apresentar uma história que ainda tem muito para contar. Charlize Theron ajudou a levantar o filme, mas não deve seguir por muito tempo na franquia, sabendo disso, achei muito inteligente a forma como Greg Rucka já nos oferece as opções de continuação - e pode ter certeza: ela virá!
Vale pelo entretenimento, com certeza!
Embora não seja minha preferência, eu definitivamente entendo as escolhas conceituais de "Thor: Amor e Trovão" e como a escolha do diretor Taika Waititi (de "Jojo Rabbit") potencializou uma construção de um sub-gênero dentro do MCU muito mais próximo do "pastelão" do que de um desenvolvimento de um realismo mais fantástico ou até mitológico dos personagens - não que isso não exista, mas é inegável que a aposta da Marvel em trazer um mood mais leve para alguns de seus heróis, agora ganhou status de "receita de bolo". Em outras palavras, "Thor: Amor e Trovão" é tão divertido quanto bobinho, bem na levada autoral que Waititi imprimiu em “Ragnarok”, de 2017, definido pelo próprio Estúdio como "uma aventura cósmica e cômica".
Aqui, o "Deus do Trovão" embarca em uma jornada diferente de tudo que já viveu: uma jornada de autoconhecimento. Contudo, sua busca é comprometida por um assassino galáctico conhecido como Gorr (Christian Bale), o Carniceiro dos Deuses, que deseja a extinção dessas figuras mitológicas. Para combater essa ameaça, Thor (Chris Hemsworth) pede a ajuda de Rei Valkiria (Tessa Thompson), Korg (Taika Waititi) e da ex-namorada Jane Foster (Natalie Portman). Juntos, eles se lançam em uma terrível aventura cósmica para desvendar o mistério da vingança do Carniceiro dos Deuses e detê-lo antes que seja tarde demais. Confira o trailer:
Essa liberdade autoral que a Marvel vem imprimindo cada vez mais em seus títulos, sem dúvida alguma, traz algum frescor para os filmes de herói, mas ao mesmo tempo nos afasta daquela unidade dramática que o próprio Estúdio apresentou em suas primeiras fases (principalmente no inicio da jornada, nas fases 1 e 2). Na prática, os filmes perdem certa coerência e passam a servir muito mais de vitrine para que os diretores deixem sua marca, onde, normalmente, eles se sentem mais confortáveis, ao invés de trabalhar a favor do "todo". Em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", por exemplo, Sam Raimi deu o seu tom e funcionou magistralmente; em "Eternos", Chloé Zhao impôs o seu ritmo com status de "super star" ganhadora do Oscar e já não conseguiu o mesmo sucesso, porém em ambos os casos era perceptível uma linha mais, digamos, adulta.
Em "Thor: Amor e Trovão" pegue isso e jogue fora, pois existe uma certa infantilização da narrativa que vai dividir opiniões - mesmo quando o diretor traz o drama para os holofotes. Ok, mas o filme é ruim? Claro que não - a aventura é muito divertida, temos muitas cenas de ação bem construídas e até várias sacadas inteligentes do roteiro - mas a sensação que fica é que o filme é bobo! Talvez o Gorr de Christian Bale seja o único personagem que traz uma certa profundidade dramática - nem o fato das vitimas serem crianças nos fazem ter empatia pela jornada de Thor. Por outro lado a chegada da "Poderosa Thor" na história é impactante - lembra um pouco a chegada da Capitã Marvel em "Vingadores - Ultimato" e aí sim temos uma conexão mais forte com a personagem.
O fato é que essa produção da Marvel se encaixa muito mais naquela prateleira de "entretenimento despretensioso" do que na de um "grande filme do gênero" - eu diria que "Thor: Amor e Trovão" é o filme que mais se apoia na comédia de todo MCU até aqui. Eu, pessoalmente, não gosto - até porquê eu tenho a referência saudosista da animação clássica de 1966, que no Brasil teve sua exibição nas décadas de 70 e 80. Essa informalidade cinematográfica de Waititi rende sim algumas boas risadas, muita criatividade (destaco a trilha sonora e a homenagem ao "Guns N'Roses" que o diretor faz) e umas ótimas duas horas de diversão em meio a um visual deslumbrante (até quando o "preto e branco" ganha força em seu simbolismo); o que nos facilita muito no momento da indicação: se você gostou de “Thor: Ragnarok” vai gostar de "Thor: Amor e Trovão" (porém o inverso também será verdadeiro).
Embora não seja minha preferência, eu definitivamente entendo as escolhas conceituais de "Thor: Amor e Trovão" e como a escolha do diretor Taika Waititi (de "Jojo Rabbit") potencializou uma construção de um sub-gênero dentro do MCU muito mais próximo do "pastelão" do que de um desenvolvimento de um realismo mais fantástico ou até mitológico dos personagens - não que isso não exista, mas é inegável que a aposta da Marvel em trazer um mood mais leve para alguns de seus heróis, agora ganhou status de "receita de bolo". Em outras palavras, "Thor: Amor e Trovão" é tão divertido quanto bobinho, bem na levada autoral que Waititi imprimiu em “Ragnarok”, de 2017, definido pelo próprio Estúdio como "uma aventura cósmica e cômica".
Aqui, o "Deus do Trovão" embarca em uma jornada diferente de tudo que já viveu: uma jornada de autoconhecimento. Contudo, sua busca é comprometida por um assassino galáctico conhecido como Gorr (Christian Bale), o Carniceiro dos Deuses, que deseja a extinção dessas figuras mitológicas. Para combater essa ameaça, Thor (Chris Hemsworth) pede a ajuda de Rei Valkiria (Tessa Thompson), Korg (Taika Waititi) e da ex-namorada Jane Foster (Natalie Portman). Juntos, eles se lançam em uma terrível aventura cósmica para desvendar o mistério da vingança do Carniceiro dos Deuses e detê-lo antes que seja tarde demais. Confira o trailer:
Essa liberdade autoral que a Marvel vem imprimindo cada vez mais em seus títulos, sem dúvida alguma, traz algum frescor para os filmes de herói, mas ao mesmo tempo nos afasta daquela unidade dramática que o próprio Estúdio apresentou em suas primeiras fases (principalmente no inicio da jornada, nas fases 1 e 2). Na prática, os filmes perdem certa coerência e passam a servir muito mais de vitrine para que os diretores deixem sua marca, onde, normalmente, eles se sentem mais confortáveis, ao invés de trabalhar a favor do "todo". Em "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura", por exemplo, Sam Raimi deu o seu tom e funcionou magistralmente; em "Eternos", Chloé Zhao impôs o seu ritmo com status de "super star" ganhadora do Oscar e já não conseguiu o mesmo sucesso, porém em ambos os casos era perceptível uma linha mais, digamos, adulta.
Em "Thor: Amor e Trovão" pegue isso e jogue fora, pois existe uma certa infantilização da narrativa que vai dividir opiniões - mesmo quando o diretor traz o drama para os holofotes. Ok, mas o filme é ruim? Claro que não - a aventura é muito divertida, temos muitas cenas de ação bem construídas e até várias sacadas inteligentes do roteiro - mas a sensação que fica é que o filme é bobo! Talvez o Gorr de Christian Bale seja o único personagem que traz uma certa profundidade dramática - nem o fato das vitimas serem crianças nos fazem ter empatia pela jornada de Thor. Por outro lado a chegada da "Poderosa Thor" na história é impactante - lembra um pouco a chegada da Capitã Marvel em "Vingadores - Ultimato" e aí sim temos uma conexão mais forte com a personagem.
O fato é que essa produção da Marvel se encaixa muito mais naquela prateleira de "entretenimento despretensioso" do que na de um "grande filme do gênero" - eu diria que "Thor: Amor e Trovão" é o filme que mais se apoia na comédia de todo MCU até aqui. Eu, pessoalmente, não gosto - até porquê eu tenho a referência saudosista da animação clássica de 1966, que no Brasil teve sua exibição nas décadas de 70 e 80. Essa informalidade cinematográfica de Waititi rende sim algumas boas risadas, muita criatividade (destaco a trilha sonora e a homenagem ao "Guns N'Roses" que o diretor faz) e umas ótimas duas horas de diversão em meio a um visual deslumbrante (até quando o "preto e branco" ganha força em seu simbolismo); o que nos facilita muito no momento da indicação: se você gostou de “Thor: Ragnarok” vai gostar de "Thor: Amor e Trovão" (porém o inverso também será verdadeiro).