"O Relatório" é um dos melhores filmes de 2019 sem a menor dúvida e muito me impressiona o fato de ter sido praticamente descartado na temporada de prêmios do ano passado!
Uma co-produção original da Amazon em parceria com a Vice, baseado em fatos reais, "O Relatório" acompanha uma delicada investigação comandada por Daniel Jones (Adam Driver), um funcionário da senadora norte-americana Dianne Feinstein (Annette Bening), sobre um sigiloso programa de "Detenção e Interrogatório" desenvolvido pela CIA (sempre ela), logo após os ataques de 11 de Setembro. Jones acaba descobrindo que a metodologia usada contra os presos, conhecida como “técnicas de interrogatório avançadas”, nada mais era do que várias formas de tortura e, pior, muitos dos 119 detidos eram civis sem nenhuma ligação com a Al Qaeda. Essas práticas autorizadas pelo alto escalão da CIA, resultaram na morte de vários inocentes e de suspeitos pouco relevantes na prevenção de ataques terroristas, sendo considerada um fracasso em sua execução, além de infringir a legislação norte-americana e o Direitos Humanos. Confira o trailer (em inglês):
"O Relatório" é quase uma continuação dos fatos retratados em outra produção que está disponível na Prime Vídeo chamada "The Looming Tower" (da Hulu) - inclusive vários personagens são facilmente reconhecidos. Se em "The Looming Tower" a CIA demostrava sua total incompetência para impedir um ataque terrorista ao guardar para si informações importantes, graças a uma rixa política dom o FBI, em "O Relatório" é apenas a comprovação do seu despreparo para lidar com suas próprias falhas. É mais uma história de embrulhar o estômago, cercada de burocratas egocêntricos, que é muito bem contada por um diretor quase estreante, Scott Z. Burns - o roteirista que já nos entregou dois ótimos thrillers: "Terapia de Risco" e "Contágio"!
Olha, o filme vale muito a pena, mas se você assina Amazon Prime eu sugiro que você assista os dez episódios de "The Looming Tower" e logo depois "O Relatório" - pode se preparar para uma experiência incrível com dramas políticos (reais) de primeiríssima qualidade!
Um dos elementos que mais me impressionou no filme foi seu roteiro. Ele comprime cerca de dez anos de história em "apenas" duas horas, com muita maestria - não entendo como esse roteiro não concorreu ao Oscar! São várias cenas de interrogatórios com prisioneiros, filmadas quase documentalmente de uma maneira muito parecida ao premiado "A Hora Mais Escura", enquanto as cenas de investigação segue muito o conceito visual do cultuado "Spotlight" - eu diria que "O Relatório" é uma junção dessas duas referências. Imagine que o relatório oficial dessa investigação era composta por sete mil páginas e sua versão publicada, 400. Tendo em mente que o roteiro não tem mais que 200 páginas, imagine o trabalho que foi equilibrar os fatos reais com a dinâmica cinematográfica de uma história que precisaria ser assimilada pelo público e ainda sem uma denotação de superficial!
A senadora vivida por Annette Bening, responsável pelo comitê que ordena a investigação, é outro elemento que merece destaque. Ela funciona como o ponto de equilíbrio para o personagem de Adam Driver, já que ambos parecem comprometidos com a investigação, mas com preocupações completamente diferentes - o que ajuda a criar um ponto de tensão muito interessante para a história. Reparem quando ela questiona Dan: "Você trabalha para mim ou para o relatório?" E completa logo em seguida: "Cuidado com sua resposta!" - tecnicamente ela é a força racional enquanto ele é a emocional! Um verdadeiro convite ao nosso julgamento, posso concluir!
Sem dúvida que o trabalho do diretor Scott Z. Burns diminui a impressão que "O Relatório" poderia gerar ao assumir que está usando a linguagem cinematográfica como meio para tornar acessível uma informação relevante para a sociedade americana (e mundial) - e isso teria muito do envolvimento do grupo Vice na produção, mas também não dá para esquecer que o filme é uma espécie de aula sobre politica com toques de drama, com um texto denso e bastante difícil de se localizar para quem desconhece completamente o caso (ou a linha temporal que culminou na investigação).
Olha, eu gostei demais - em todos os aspectos: dos cinematográficos ao histórico! Vale muito a pena, mesmo!
"O Relatório" é um dos melhores filmes de 2019 sem a menor dúvida e muito me impressiona o fato de ter sido praticamente descartado na temporada de prêmios do ano passado!
Uma co-produção original da Amazon em parceria com a Vice, baseado em fatos reais, "O Relatório" acompanha uma delicada investigação comandada por Daniel Jones (Adam Driver), um funcionário da senadora norte-americana Dianne Feinstein (Annette Bening), sobre um sigiloso programa de "Detenção e Interrogatório" desenvolvido pela CIA (sempre ela), logo após os ataques de 11 de Setembro. Jones acaba descobrindo que a metodologia usada contra os presos, conhecida como “técnicas de interrogatório avançadas”, nada mais era do que várias formas de tortura e, pior, muitos dos 119 detidos eram civis sem nenhuma ligação com a Al Qaeda. Essas práticas autorizadas pelo alto escalão da CIA, resultaram na morte de vários inocentes e de suspeitos pouco relevantes na prevenção de ataques terroristas, sendo considerada um fracasso em sua execução, além de infringir a legislação norte-americana e o Direitos Humanos. Confira o trailer (em inglês):
"O Relatório" é quase uma continuação dos fatos retratados em outra produção que está disponível na Prime Vídeo chamada "The Looming Tower" (da Hulu) - inclusive vários personagens são facilmente reconhecidos. Se em "The Looming Tower" a CIA demostrava sua total incompetência para impedir um ataque terrorista ao guardar para si informações importantes, graças a uma rixa política dom o FBI, em "O Relatório" é apenas a comprovação do seu despreparo para lidar com suas próprias falhas. É mais uma história de embrulhar o estômago, cercada de burocratas egocêntricos, que é muito bem contada por um diretor quase estreante, Scott Z. Burns - o roteirista que já nos entregou dois ótimos thrillers: "Terapia de Risco" e "Contágio"!
Olha, o filme vale muito a pena, mas se você assina Amazon Prime eu sugiro que você assista os dez episódios de "The Looming Tower" e logo depois "O Relatório" - pode se preparar para uma experiência incrível com dramas políticos (reais) de primeiríssima qualidade!
Um dos elementos que mais me impressionou no filme foi seu roteiro. Ele comprime cerca de dez anos de história em "apenas" duas horas, com muita maestria - não entendo como esse roteiro não concorreu ao Oscar! São várias cenas de interrogatórios com prisioneiros, filmadas quase documentalmente de uma maneira muito parecida ao premiado "A Hora Mais Escura", enquanto as cenas de investigação segue muito o conceito visual do cultuado "Spotlight" - eu diria que "O Relatório" é uma junção dessas duas referências. Imagine que o relatório oficial dessa investigação era composta por sete mil páginas e sua versão publicada, 400. Tendo em mente que o roteiro não tem mais que 200 páginas, imagine o trabalho que foi equilibrar os fatos reais com a dinâmica cinematográfica de uma história que precisaria ser assimilada pelo público e ainda sem uma denotação de superficial!
A senadora vivida por Annette Bening, responsável pelo comitê que ordena a investigação, é outro elemento que merece destaque. Ela funciona como o ponto de equilíbrio para o personagem de Adam Driver, já que ambos parecem comprometidos com a investigação, mas com preocupações completamente diferentes - o que ajuda a criar um ponto de tensão muito interessante para a história. Reparem quando ela questiona Dan: "Você trabalha para mim ou para o relatório?" E completa logo em seguida: "Cuidado com sua resposta!" - tecnicamente ela é a força racional enquanto ele é a emocional! Um verdadeiro convite ao nosso julgamento, posso concluir!
Sem dúvida que o trabalho do diretor Scott Z. Burns diminui a impressão que "O Relatório" poderia gerar ao assumir que está usando a linguagem cinematográfica como meio para tornar acessível uma informação relevante para a sociedade americana (e mundial) - e isso teria muito do envolvimento do grupo Vice na produção, mas também não dá para esquecer que o filme é uma espécie de aula sobre politica com toques de drama, com um texto denso e bastante difícil de se localizar para quem desconhece completamente o caso (ou a linha temporal que culminou na investigação).
Olha, eu gostei demais - em todos os aspectos: dos cinematográficos ao histórico! Vale muito a pena, mesmo!
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