Um pouquinho de "Succession", um pouquinho de "Yellowstone" - é assim que você vai olhar para "Landman" e colocá-la naquela prateleira que só as "muito boas" têm a honra de estar! Taylor Sheridan, mais uma vez, reafirma sua posição como um dos grandes mestres da TV contemporânea com a sua mais nova produção para o Paramount+. Co-criada com Christian Wallace e baseada no podcast "Boomtown", a série segue a fórmula que consagrou Sheridan, misturando dramas familiares, tensões sociais e intrigas corporativas - agora ambientada no universo das petroleiras americanas. Após o sucesso estrondoso de "Yellowstone" e seus spin-offs, Sheridan expande seu alcance ao focar em um protagonista muito bem desenvolvido, cheio de camadas, que se encontra no centro da exploração econômica e ambiental do Texas, entregando uma narrativa que, mesmo soando familiar, encontra várias formas de cativar a audiência como raramente vemos.
A série segue Tommy Norris (Billy Bob Thornton), um gerente de campo implacável de uma poderosa petroleira. Enquanto "Yellowstone" apresentava a luta da família Dutton para proteger seu rancho de grandes corporações, "Landman" inverte a perspectiva, colocando Tommy como o representante das forças que transformam o mundo em nome do progresso. Tommy é um personagem complexo, moldado por ambição, ironia e uma certa dose de pragmatismo moral, que faz de tudo para atingir seus objetivos, seja enfrentando traficantes que contestam os terrenos arrendados, seja lidando com crises internas, como os acidentes catastróficos nas operações da empresa. Confira o trailer (dublado):
Você não vai precisar mais do que 5 minutos para entender o que "Landman" representa como força narrativa - é impressionante como a série apresenta, em tão pouco tempo, o universo tenso e dinâmico que vamos encontrar em todos os episódios dessa primeira temporada. Veja, Tommy não apenas enfrenta ameaças inerentes ao seu cargo, como também carrega o peso de manter a coesão de sua família disfuncional. Seus filhos, Ainsley (Michelle Randolph), uma jovem prestes a ingressar na faculdade, e Cooper (Jacob Lofland), enviado pelo pai para trabalhar na extração de petróleo, têm suas próprias trajetórias que ecoam o mesmo estilo de drama familiar explorado em "Succession" e em "Yellowstone". Repare como funciona a relação entre Tommy e seus filhos, oferecendo momentos de certa vulnerabilidade que contrastam com o ritmo intenso das operações corporativas e com os desafios impostos pelo terreno hostil do Texas.
O roteiro de "Landman", aliás, mantém o tom característico das produções de seu criador com diálogos afiados, um ritmo frenético e uma constante exploração de temas morais e éticos humanizados por seus personagens - aqui nada é tão simples quanto parece e essa sensação de urgência e insegurança constante, soa genial durante a narrativa. Se a trama aborda questões contemporâneas, como a exploração de recursos naturais e seus impactos sociais e ambientais, é no drama familiar que nos conectamos com os personagens e aí a direção de Stephen Kay (de "Friday Night Lights") ganha destaque. Assim como nas obras anteriores de Sheridan, as paisagens desempenham um papel fundamental na narrativa, mas é a relação dos protagonistas com esse universo tão particular que nos impacta como audiência. O Texas é capturado com planos exuberantes, seus terrenos acidentados, iluminados pelo nascer e pelo pôr do sol, sempre acompanhados por uma trilha sonora country que reforça o senso de identidade regional da série. Essa atenção aos detalhes visuais mais uma vez demonstra a habilidade de Sheridan em transformar o cenário em um personagem tão ativo na trama quanto seus protagonistas.
O elenco, liderado por Billy Bob Thornton, é um dos grandes trunfos da série - e pode anotar aí que vai ganhar muitos prêmios daqui para frente. Thornton traz carisma e certa intensidade para Tommy, ajustando uma postura muitas vezes fria de um empresário com as nuances de um pai que tenta preservar sua família em meio ao caos que é viver em Odessa, Texas. Michelle Randolph e Jacob Lofland trazem o frescor e a humanidade que comentei acima, enquanto Jon Hamm e Demi Moore trazem um sopro de tensão e intriga à narrativa. O fato é que "Landman" tem tudo que precisa para se estabelecer como uma obra única, cheia de identidade, mesmo referenciada por outros sucessos, criando um universo distinto e dando um foco mais incisivo para as consequências corporativas da exploração petrolífera. Espere um ritmo intenso e conflitos bem estruturados e não se irrite se, mais uma vez, você se vir mergulhado nas intrigas de uma boa história de família.
Vale muito o seu play! Realmente imperdível!
Um pouquinho de "Succession", um pouquinho de "Yellowstone" - é assim que você vai olhar para "Landman" e colocá-la naquela prateleira que só as "muito boas" têm a honra de estar! Taylor Sheridan, mais uma vez, reafirma sua posição como um dos grandes mestres da TV contemporânea com a sua mais nova produção para o Paramount+. Co-criada com Christian Wallace e baseada no podcast "Boomtown", a série segue a fórmula que consagrou Sheridan, misturando dramas familiares, tensões sociais e intrigas corporativas - agora ambientada no universo das petroleiras americanas. Após o sucesso estrondoso de "Yellowstone" e seus spin-offs, Sheridan expande seu alcance ao focar em um protagonista muito bem desenvolvido, cheio de camadas, que se encontra no centro da exploração econômica e ambiental do Texas, entregando uma narrativa que, mesmo soando familiar, encontra várias formas de cativar a audiência como raramente vemos.
A série segue Tommy Norris (Billy Bob Thornton), um gerente de campo implacável de uma poderosa petroleira. Enquanto "Yellowstone" apresentava a luta da família Dutton para proteger seu rancho de grandes corporações, "Landman" inverte a perspectiva, colocando Tommy como o representante das forças que transformam o mundo em nome do progresso. Tommy é um personagem complexo, moldado por ambição, ironia e uma certa dose de pragmatismo moral, que faz de tudo para atingir seus objetivos, seja enfrentando traficantes que contestam os terrenos arrendados, seja lidando com crises internas, como os acidentes catastróficos nas operações da empresa. Confira o trailer (dublado):
Você não vai precisar mais do que 5 minutos para entender o que "Landman" representa como força narrativa - é impressionante como a série apresenta, em tão pouco tempo, o universo tenso e dinâmico que vamos encontrar em todos os episódios dessa primeira temporada. Veja, Tommy não apenas enfrenta ameaças inerentes ao seu cargo, como também carrega o peso de manter a coesão de sua família disfuncional. Seus filhos, Ainsley (Michelle Randolph), uma jovem prestes a ingressar na faculdade, e Cooper (Jacob Lofland), enviado pelo pai para trabalhar na extração de petróleo, têm suas próprias trajetórias que ecoam o mesmo estilo de drama familiar explorado em "Succession" e em "Yellowstone". Repare como funciona a relação entre Tommy e seus filhos, oferecendo momentos de certa vulnerabilidade que contrastam com o ritmo intenso das operações corporativas e com os desafios impostos pelo terreno hostil do Texas.
O roteiro de "Landman", aliás, mantém o tom característico das produções de seu criador com diálogos afiados, um ritmo frenético e uma constante exploração de temas morais e éticos humanizados por seus personagens - aqui nada é tão simples quanto parece e essa sensação de urgência e insegurança constante, soa genial durante a narrativa. Se a trama aborda questões contemporâneas, como a exploração de recursos naturais e seus impactos sociais e ambientais, é no drama familiar que nos conectamos com os personagens e aí a direção de Stephen Kay (de "Friday Night Lights") ganha destaque. Assim como nas obras anteriores de Sheridan, as paisagens desempenham um papel fundamental na narrativa, mas é a relação dos protagonistas com esse universo tão particular que nos impacta como audiência. O Texas é capturado com planos exuberantes, seus terrenos acidentados, iluminados pelo nascer e pelo pôr do sol, sempre acompanhados por uma trilha sonora country que reforça o senso de identidade regional da série. Essa atenção aos detalhes visuais mais uma vez demonstra a habilidade de Sheridan em transformar o cenário em um personagem tão ativo na trama quanto seus protagonistas.
O elenco, liderado por Billy Bob Thornton, é um dos grandes trunfos da série - e pode anotar aí que vai ganhar muitos prêmios daqui para frente. Thornton traz carisma e certa intensidade para Tommy, ajustando uma postura muitas vezes fria de um empresário com as nuances de um pai que tenta preservar sua família em meio ao caos que é viver em Odessa, Texas. Michelle Randolph e Jacob Lofland trazem o frescor e a humanidade que comentei acima, enquanto Jon Hamm e Demi Moore trazem um sopro de tensão e intriga à narrativa. O fato é que "Landman" tem tudo que precisa para se estabelecer como uma obra única, cheia de identidade, mesmo referenciada por outros sucessos, criando um universo distinto e dando um foco mais incisivo para as consequências corporativas da exploração petrolífera. Espere um ritmo intenso e conflitos bem estruturados e não se irrite se, mais uma vez, você se vir mergulhado nas intrigas de uma boa história de família.
Vale muito o seu play! Realmente imperdível!
Essa série documental sempre foi uma das minhas preferidas, mas não só porque eu gosto muito de futebol americano, mas porque o esporte é só o pano de fundo para o elemento que mais interessa uma narrativa: os personagens. Em época de Copa do Mundo o que mais irrita quem gosta do esporte são comentários ou discussões superficiais sobre o comportamento de atletas (dentro e fora de campo) sem dimensionar o que pode ser o dia a dia desses jogadores e o que cada um um traz na sua bagagem de vida. Ver o esporte como única ferramenta de ascensão social e acompanhar o processo de crescimento ou fracasso desses jogadores, é impactante. Chega a ser desumano, eu diria; e "Last Chance U" fala disso: de esportistas acima da média que antes de tudo são seres humanos, com suas qualidades e, principalmente (e esse é o grande mérito da série e que nos faz refletir), com seus defeitos.
A premissa central da série gira em torno de times dejunior college (JUCO), instituições que servem como última oportunidade para jogadores que falharam em manter suas carreiras em grandes universidades devido a problemas acadêmicos, disciplinares ou pessoais. Com uma abordagem íntima e cinematográfica, o diretor Greg Whiteley (e sua equipe) captura não apenas o drama dentro de campo, mas também as complexas dinâmicas entre treinadores, atletas e a comunidade ao redor. Confira o trailer e entenda essa proposta sensacional:
"Last Chance U" mistura depoimentos dos jogadores, técnicos e educadores, cenas dos treinos e bastidores dos jogos, o dia a dia na Faculdade (e as dificuldades de aprendizado de cada um), a relação com a família, com os amigos, com as más companhias. A série ainda mostra os melhores momentos da temporada do College - as vitórias, derrotas, frustrações e muita, mas muita, pressão para tentar ser convidado para uma faculdade de elite e assim poder entrar no radar dos olheiros da NFL. O incrível da série é a forma como o Diretor (e os roteiristas) amarram tantas histórias, de tantos personagens. Seu sucesso enorme é resultado dessa fluidez, dessa organicidade na construção de uma linha narrativa coerente, profunda e divertida para quem assiste. É impossível não torcer, ou se revoltar, com algum personagem! É uma história da vida real muito bem desenvolvida, mesmo!
A série começa no East Mississippi Community College (EMCC), onde acompanhamos as temporadas 1 e 2 (2016-2017). Sob o comando do explosivo técnico Buddy Stephens, o time domina a liga com um estilo de jogo agressivo e jogadores altamente talentosos, mas também emocionalmente instáveis. Aqui, "Last Chance U" estabelece seu DNA: a dualidade entre a chance de recomeço e a pressão implacável por vitórias. Jogadores como John Franklin III, D.J. Law e Ronald Ollie se destacam tanto pelo talento quanto pelos desafios fora de campo, tornando-se alguns dos primeiros rostos icônicos da série. Stephens, apesar de sua abordagem muitas vezes questionável, representa a realidade de técnicos que priorizam desempenho acima de qualquer outro fator. O EMCC é um ambiente de alta intensidade, onde os atletas tentam equilibrar sua última chance no futebol universitário com suas próprias dificuldades emocionais e financeiras.
A terceira e quarta temporadas (2018-2019) mudam de cenário para o Independence Community College (ICC), no Kansas, e trazem uma mudança radical de tom. Se o EMCC era um programa consolidado, o ICC, liderado pelo carismático e problemático técnico Jason Brown, é um time acostumado a perder. Brown, com seu estilo desbocado e métodos pouco ortodoxos, se torna o grande personagem dessas temporadas – ao mesmo tempo um líder motivador e um exemplo de como o ego pode levar a uma implosão completa. A passagem pelo ICC mostra uma abordagem mais crua sobre a instabilidade desses programas e como a estrutura do JUCO muitas vezes falha em proteger os próprios jogadores. Figuras como Malik Henry, talentoso mas indisciplinado, exemplificam o conflito entre potencial e comportamento autodestrutivo. O resultado é um retrato mais caótico e, por vezes, mais dramático do que os anos anteriores.
A quinta e última temporada (2020) traz outra mudança de cenário, desta vez para o Laney College, na Califórnia, e apresenta uma narrativa ainda mais realista e fundamentada. Sob a liderança do técnico John Beam, Laney se destaca por sua abordagem mais centrada no desenvolvimento humano, contrastando com a visão puramente comercial do EMCC e o caos do ICC. Aqui, "Last Chance U" humaniza ainda mais os atletas, explorando questões como moradia, estabilidade familiar e a dificuldade de equilibrar esportes e educação. Jogadores como Dior Walker-Scott e RJ Stern personificam a luta diária não apenas para se destacarem no futebol, mas também para sobreviverem em um sistema que oferece poucos caminhos alternativos caso o esporte falhe.
Cada temporada tem 8 episódios de uma hora em média, que passam voando - não é preciso ser um expert em Futebol Americano, mas se você tiver um bom conhecimento da dinâmica do esporte, a experiência de assistir a história desses jovens fica ainda mais incrível! Saiba que a série é uma das coisas mais originais e interessantes que a Netflix já produziu em sua história.
Vale muito a pena!
Essa série documental sempre foi uma das minhas preferidas, mas não só porque eu gosto muito de futebol americano, mas porque o esporte é só o pano de fundo para o elemento que mais interessa uma narrativa: os personagens. Em época de Copa do Mundo o que mais irrita quem gosta do esporte são comentários ou discussões superficiais sobre o comportamento de atletas (dentro e fora de campo) sem dimensionar o que pode ser o dia a dia desses jogadores e o que cada um um traz na sua bagagem de vida. Ver o esporte como única ferramenta de ascensão social e acompanhar o processo de crescimento ou fracasso desses jogadores, é impactante. Chega a ser desumano, eu diria; e "Last Chance U" fala disso: de esportistas acima da média que antes de tudo são seres humanos, com suas qualidades e, principalmente (e esse é o grande mérito da série e que nos faz refletir), com seus defeitos.
A premissa central da série gira em torno de times dejunior college (JUCO), instituições que servem como última oportunidade para jogadores que falharam em manter suas carreiras em grandes universidades devido a problemas acadêmicos, disciplinares ou pessoais. Com uma abordagem íntima e cinematográfica, o diretor Greg Whiteley (e sua equipe) captura não apenas o drama dentro de campo, mas também as complexas dinâmicas entre treinadores, atletas e a comunidade ao redor. Confira o trailer e entenda essa proposta sensacional:
"Last Chance U" mistura depoimentos dos jogadores, técnicos e educadores, cenas dos treinos e bastidores dos jogos, o dia a dia na Faculdade (e as dificuldades de aprendizado de cada um), a relação com a família, com os amigos, com as más companhias. A série ainda mostra os melhores momentos da temporada do College - as vitórias, derrotas, frustrações e muita, mas muita, pressão para tentar ser convidado para uma faculdade de elite e assim poder entrar no radar dos olheiros da NFL. O incrível da série é a forma como o Diretor (e os roteiristas) amarram tantas histórias, de tantos personagens. Seu sucesso enorme é resultado dessa fluidez, dessa organicidade na construção de uma linha narrativa coerente, profunda e divertida para quem assiste. É impossível não torcer, ou se revoltar, com algum personagem! É uma história da vida real muito bem desenvolvida, mesmo!
A série começa no East Mississippi Community College (EMCC), onde acompanhamos as temporadas 1 e 2 (2016-2017). Sob o comando do explosivo técnico Buddy Stephens, o time domina a liga com um estilo de jogo agressivo e jogadores altamente talentosos, mas também emocionalmente instáveis. Aqui, "Last Chance U" estabelece seu DNA: a dualidade entre a chance de recomeço e a pressão implacável por vitórias. Jogadores como John Franklin III, D.J. Law e Ronald Ollie se destacam tanto pelo talento quanto pelos desafios fora de campo, tornando-se alguns dos primeiros rostos icônicos da série. Stephens, apesar de sua abordagem muitas vezes questionável, representa a realidade de técnicos que priorizam desempenho acima de qualquer outro fator. O EMCC é um ambiente de alta intensidade, onde os atletas tentam equilibrar sua última chance no futebol universitário com suas próprias dificuldades emocionais e financeiras.
A terceira e quarta temporadas (2018-2019) mudam de cenário para o Independence Community College (ICC), no Kansas, e trazem uma mudança radical de tom. Se o EMCC era um programa consolidado, o ICC, liderado pelo carismático e problemático técnico Jason Brown, é um time acostumado a perder. Brown, com seu estilo desbocado e métodos pouco ortodoxos, se torna o grande personagem dessas temporadas – ao mesmo tempo um líder motivador e um exemplo de como o ego pode levar a uma implosão completa. A passagem pelo ICC mostra uma abordagem mais crua sobre a instabilidade desses programas e como a estrutura do JUCO muitas vezes falha em proteger os próprios jogadores. Figuras como Malik Henry, talentoso mas indisciplinado, exemplificam o conflito entre potencial e comportamento autodestrutivo. O resultado é um retrato mais caótico e, por vezes, mais dramático do que os anos anteriores.
A quinta e última temporada (2020) traz outra mudança de cenário, desta vez para o Laney College, na Califórnia, e apresenta uma narrativa ainda mais realista e fundamentada. Sob a liderança do técnico John Beam, Laney se destaca por sua abordagem mais centrada no desenvolvimento humano, contrastando com a visão puramente comercial do EMCC e o caos do ICC. Aqui, "Last Chance U" humaniza ainda mais os atletas, explorando questões como moradia, estabilidade familiar e a dificuldade de equilibrar esportes e educação. Jogadores como Dior Walker-Scott e RJ Stern personificam a luta diária não apenas para se destacarem no futebol, mas também para sobreviverem em um sistema que oferece poucos caminhos alternativos caso o esporte falhe.
Cada temporada tem 8 episódios de uma hora em média, que passam voando - não é preciso ser um expert em Futebol Americano, mas se você tiver um bom conhecimento da dinâmica do esporte, a experiência de assistir a história desses jovens fica ainda mais incrível! Saiba que a série é uma das coisas mais originais e interessantes que a Netflix já produziu em sua história.
Vale muito a pena!
Imagine se o Mark Zuckerberg resolvesse criar um projeto que aparentemente parece impossível de realizar por questões tecnológicas e de logística, você investiria nessa ideia? "Linha Reta" (ou "The Hummingbird Project", no original) conta justamente essa história - inclusive com o Zuckerberg da ficção, Jesse Eisenberg, como protagonista.
O filme apresenta Vincent (Eisenberg) e Anton Zaleski (Alexander Skarsgård), funcionários de uma grande corretora que opera na bolsa de valores de Nova York e investe milhões em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para melhorar sua performance e gerar ainda mais lucro para a empresa graças a essas inovações. Ambiciosos, os dois resolvem se demitir para começar um novo empreendimento que promete revolucionar a maneira como o processo de compra e venda de ações acontece - eles queriam construir um cabo de fibra ótica, em linha reta, entre a Bolsa de Valores do Kansas e a de Nova York que geraria uma velocidade superior ao da concorrência, dando assim uma vantagem importante na escala das negociações. O grande problema: eles não sabiam exatamente se a tecnologia funcionaria com a velocidade que prometiam e se, na prática, seria possível traçar essa linha reta imaginária que cruzaria o país, devido aos desafios geográficos do percurso. Confira o trailer:
Embora o filme seja muito interessante e curioso, ele certamente vai dialogar melhor com aqueles que estão, de alguma forma, envolvidos com o universo do empreendedorismo - são tantas lições que fica até difícil enumerar. Talvez o grande elemento dramático que move a narrativa seja justamente a vontade de transformar uma ideia em algo real, custe o que custar (e no caso foram bilhões de dólares). A linha tênue entre ser resiliente e ser teimoso também está presente, em diferentes formas, na construção da personalidade dos dois personagens - se Vincent é o Steve Jobs, Zaleski é seu Wosniak.
Apesar de o roteiro do canadense Kim Nguyen, que também dirige o filme, conseguir equilibrar uma proposta que mistura a jornada empreendedora com entretenimento (tão bem realizado pela dupla Fincher/Sorkin em "A Rede Social"), a dinâmica da narrativa pode prejudicar a percepção sobre o filme - muitas pessoas vão achar ele lento. Sinceramente não acho que seja o caso. Nguyen também é muito competente tecnicamente, discreto eu diria. Minha única critica diz respeito a direção de atores: ele transformou os personagens de Skarsgård (o nerd, desenvolvedor, introspectivo) e de Salma Hayek (a empresária, ambiciosa, sem escrúpulos) em esteriótipos desnecessários - embora tragam algum alívio cômico para a trama, essa composição gera uma sensação de distanciamento da realidade.
A técnica do PDCA (Promete Depois Corre Atrás) tão comum no meio startupeiro envolve alguns riscos e "Linha Reta" explora muito bem esse elemento, principalmente na relação dos empreendedores com os investidores e depois no impacto que a pressão pelo sucesso (e daquele retorno financeiro prometido) tem na saúde e nas interações com equipe e sócios. O roteiro trabalha muito bem aquele tão falado conceito de "montanha russa" da jornada, onde o tempo e a concorrência podem definir o sucesso ou o fracasso, e por essa razão não acho que o filme seja sobre "ganância", mas sim sobre "limites" (ou a falta deles) para ser a primeira ou a melhor solução para um problema.
Vale muito o seu play!
Imagine se o Mark Zuckerberg resolvesse criar um projeto que aparentemente parece impossível de realizar por questões tecnológicas e de logística, você investiria nessa ideia? "Linha Reta" (ou "The Hummingbird Project", no original) conta justamente essa história - inclusive com o Zuckerberg da ficção, Jesse Eisenberg, como protagonista.
O filme apresenta Vincent (Eisenberg) e Anton Zaleski (Alexander Skarsgård), funcionários de uma grande corretora que opera na bolsa de valores de Nova York e investe milhões em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para melhorar sua performance e gerar ainda mais lucro para a empresa graças a essas inovações. Ambiciosos, os dois resolvem se demitir para começar um novo empreendimento que promete revolucionar a maneira como o processo de compra e venda de ações acontece - eles queriam construir um cabo de fibra ótica, em linha reta, entre a Bolsa de Valores do Kansas e a de Nova York que geraria uma velocidade superior ao da concorrência, dando assim uma vantagem importante na escala das negociações. O grande problema: eles não sabiam exatamente se a tecnologia funcionaria com a velocidade que prometiam e se, na prática, seria possível traçar essa linha reta imaginária que cruzaria o país, devido aos desafios geográficos do percurso. Confira o trailer:
Embora o filme seja muito interessante e curioso, ele certamente vai dialogar melhor com aqueles que estão, de alguma forma, envolvidos com o universo do empreendedorismo - são tantas lições que fica até difícil enumerar. Talvez o grande elemento dramático que move a narrativa seja justamente a vontade de transformar uma ideia em algo real, custe o que custar (e no caso foram bilhões de dólares). A linha tênue entre ser resiliente e ser teimoso também está presente, em diferentes formas, na construção da personalidade dos dois personagens - se Vincent é o Steve Jobs, Zaleski é seu Wosniak.
Apesar de o roteiro do canadense Kim Nguyen, que também dirige o filme, conseguir equilibrar uma proposta que mistura a jornada empreendedora com entretenimento (tão bem realizado pela dupla Fincher/Sorkin em "A Rede Social"), a dinâmica da narrativa pode prejudicar a percepção sobre o filme - muitas pessoas vão achar ele lento. Sinceramente não acho que seja o caso. Nguyen também é muito competente tecnicamente, discreto eu diria. Minha única critica diz respeito a direção de atores: ele transformou os personagens de Skarsgård (o nerd, desenvolvedor, introspectivo) e de Salma Hayek (a empresária, ambiciosa, sem escrúpulos) em esteriótipos desnecessários - embora tragam algum alívio cômico para a trama, essa composição gera uma sensação de distanciamento da realidade.
A técnica do PDCA (Promete Depois Corre Atrás) tão comum no meio startupeiro envolve alguns riscos e "Linha Reta" explora muito bem esse elemento, principalmente na relação dos empreendedores com os investidores e depois no impacto que a pressão pelo sucesso (e daquele retorno financeiro prometido) tem na saúde e nas interações com equipe e sócios. O roteiro trabalha muito bem aquele tão falado conceito de "montanha russa" da jornada, onde o tempo e a concorrência podem definir o sucesso ou o fracasso, e por essa razão não acho que o filme seja sobre "ganância", mas sim sobre "limites" (ou a falta deles) para ser a primeira ou a melhor solução para um problema.
Vale muito o seu play!
O conceito por trás dessa série documental da Netflix é sensacional, afinal não é comprovado que se aprende mais com as derrotas do que com as vitórias? "Losers", na minha opinião, tem um único problema: o nome! Por ser uma expressão atribuída àquelas pessoas que não teriam capacidade alguma de vencer na vida (ou no esporte), cria-se uma percepção errada para quem gostaria de assistir a série - não se engane, "Losers" não fala de perdedores, mas sim de atletas que foram derrotados por diversos motivos ou adversidades e que encontraram seu caminho além das expectativas que os outros (ou até eles mesmos) depositavam em suas carreiras. Dito isso, coloque uma "?" após o título e o propósito da série será muito melhor percebido!
Essa primeira temporada acompanha oito atletas, dos mais diversos esportes, como boxe, futebol, golfe, ultra-maratona e basquete até patinação artística, curling e o pouco conhecido Sled Dog Race - uma corrida de longa distância com cães de trenó através de condições difíceis no inverno do Alasca. Todos esses atletas, em vez de falar sobre seus feitos e vitórias inesquecíveis, expõem os momentos mais difíceis de suas jornadas, aqueles em que se viram derrotados, deixados para trás, fragilizados e até correndo perigo de morte. Confira o trailer (em inglês):
Além das histórias incríveis que só o esporte seria capaz de proporcionar, "Losers?" se destaca também pela forma bastante criativa de sua estrutura narrativa. A série não traz somente entrevistas com os atletas ou pessoas próximas aos eventos, como familiares ou jornalistas, mas também imagens de arquivo e animações bastante originais, que ilustram os momentos mais icônicos dos episódios, criando um certo tom de leveza para um assunto tão marcante que poderia parecer muito pesado ou vitimista. Na verdade, são tantas lições positivas que conseguimos extrair dessas histórias que a "derrota" acaba sendo sendo apenas um dos pontos (importante) dentro da trajetória do protagonista. Destaco o episódio do ultra-maratonista Mauro Prosperi que após uma tempestade de areia enquanto participava da "Marathon des Sables" em 1994, ficou 10 dias perdido no deserto do Marrocos e quase morreu.
Assinado pelo diretor e ilustrador Mickey Duzyj, e com roteiro de Brin-Jonathan Butler, "Losers" é bastante dinâmico e equilibrado narrativamente - o que faz da experiência de assistir a série um ótimo entretenimento. São muitas histórias interessantes que, certamente, dariam um filme solo. Ao refletir sobre uma das frases ditas no final da série: "No esporte, como na vida, há vencedores, mas ninguém consegue vencer toda semana"; percebemos que qualquer pessoa pode ter seu momento de derrota, mas basta saber canalizar os sentimentos ruins, conectar os pontos de aprendizado e transformá-los em combustível para reencontrar o caminho, que tudo se encaixará!
Vale muito seu play!
O conceito por trás dessa série documental da Netflix é sensacional, afinal não é comprovado que se aprende mais com as derrotas do que com as vitórias? "Losers", na minha opinião, tem um único problema: o nome! Por ser uma expressão atribuída àquelas pessoas que não teriam capacidade alguma de vencer na vida (ou no esporte), cria-se uma percepção errada para quem gostaria de assistir a série - não se engane, "Losers" não fala de perdedores, mas sim de atletas que foram derrotados por diversos motivos ou adversidades e que encontraram seu caminho além das expectativas que os outros (ou até eles mesmos) depositavam em suas carreiras. Dito isso, coloque uma "?" após o título e o propósito da série será muito melhor percebido!
Essa primeira temporada acompanha oito atletas, dos mais diversos esportes, como boxe, futebol, golfe, ultra-maratona e basquete até patinação artística, curling e o pouco conhecido Sled Dog Race - uma corrida de longa distância com cães de trenó através de condições difíceis no inverno do Alasca. Todos esses atletas, em vez de falar sobre seus feitos e vitórias inesquecíveis, expõem os momentos mais difíceis de suas jornadas, aqueles em que se viram derrotados, deixados para trás, fragilizados e até correndo perigo de morte. Confira o trailer (em inglês):
Além das histórias incríveis que só o esporte seria capaz de proporcionar, "Losers?" se destaca também pela forma bastante criativa de sua estrutura narrativa. A série não traz somente entrevistas com os atletas ou pessoas próximas aos eventos, como familiares ou jornalistas, mas também imagens de arquivo e animações bastante originais, que ilustram os momentos mais icônicos dos episódios, criando um certo tom de leveza para um assunto tão marcante que poderia parecer muito pesado ou vitimista. Na verdade, são tantas lições positivas que conseguimos extrair dessas histórias que a "derrota" acaba sendo sendo apenas um dos pontos (importante) dentro da trajetória do protagonista. Destaco o episódio do ultra-maratonista Mauro Prosperi que após uma tempestade de areia enquanto participava da "Marathon des Sables" em 1994, ficou 10 dias perdido no deserto do Marrocos e quase morreu.
Assinado pelo diretor e ilustrador Mickey Duzyj, e com roteiro de Brin-Jonathan Butler, "Losers" é bastante dinâmico e equilibrado narrativamente - o que faz da experiência de assistir a série um ótimo entretenimento. São muitas histórias interessantes que, certamente, dariam um filme solo. Ao refletir sobre uma das frases ditas no final da série: "No esporte, como na vida, há vencedores, mas ninguém consegue vencer toda semana"; percebemos que qualquer pessoa pode ter seu momento de derrota, mas basta saber canalizar os sentimentos ruins, conectar os pontos de aprendizado e transformá-los em combustível para reencontrar o caminho, que tudo se encaixará!
Vale muito seu play!
"Má Educação" expõe o sistema educacional americano pelos olhos de quem é corrompido por ele - e sim, a ganância do ser humano é mais uma vez protagonista, com a eterna desculpa de que os "fins" justificam os "meios". Se pensarmos que a história do maior roubo de escolas públicas da história dos Estados Unidos foi revelado por uma adolescente que fazia um artigo para o jornal da sua escola, é de se discutir que um esquema fraudulento que desviou cerca de US$ 11 milhões não passou de uma operação quase amadora de quem se achava intocável - e é aí que o filme se transforma em um estudo de personagem dos mais complexos.
Essa produção original da HBO conta a história real de Frank Tassone (Hugh Jackman), um profissional dedicado e apaixonado pela sua posição de superintendente do distrito escolar de Roslyn. Querido e respeitado por todos, Tassone fez com que sua instituição de ensino chegasse ao Top 5 do ranking de melhores escolas públicas do país - um feito impressionante pela pouca representatividade política de Long Island no cenário estudantil. Pois bem, esse bom desempenho trouxe consequências positivas não apenas à vida acadêmica dos jovens, mas também ao mercado imobiliário, que por muito tempo conseguiu surfar nessa projeção e assim cobrar preços altos pelas casas da região. Um dia, ao ser entrevistado pela adolescente Rachel (Geraldine Viswanathan) para o jornal do colégio, ele a incentiva a sempre inserir sua assinatura em qualquer matéria que faça, por menor que seja. Inspirada pela conversa, ela resolve investigar uma custosa empreitada que está prestes a acontecer, o projeto Skywalk, e acaba descobrindo uma série de fraudes na contabilidade da escola feitas pelo próprio Frank. Confira o trailer:
"Má Educação" é tão surpreende quanto óbvia - ao optar em manter o foco em uma figura, digamos, tão particular como Tassone, a narrativa acaba deixando um pouco de lado o elemento "investigação", mas ao mesmo tempo ganhamos uma profundidade tão bacana no processo de desconstrução do protagonista que só fortalece a experiência de acompanhar tantos segredos sendo revelados e que, de fato, surpreendem todos aqueles que transitavam por sua vida pessoal e profissional. Embora essa escolha pareça ousada, vale destacar que o roteirista Mike Makowsky (I Think We’re Alone Now) foi aluno de Tassone nessa época e com isso foi capaz de pontuar exatamente o sentimento de toda aquela comunidade e a importância das descobertas de Rachel.
A direção de Cory Finley (do excelente "Puro sangue") impõe uma narrativa bem séria, com leves toques de "overacting" para descolar algumas características dos personagens que se distanciavam de toda comunidade por algum tipo de vaidade - seja a estética de Tassone ou a social de Pam (Allison Janney), sua assistente direta. Finley aproveita do ótimo roteiro de Makowsky para nos fazer gostar do protagonista, mesmo com todas as falhas de caráter que ele possui - Hugh Jackman, aliás, deveria ter ganhado o Emmy de melhor ator pelo papel - reparem na beleza que é a sequência final, da montagem à perfomance sincera de Jackman.
Baseado no artigo da New York Magazine, "The Bad Superintendent", "Má Educação" é um filme excelente - daqueles que nos perguntamos a razão de não termos assistido antes. Sem dúvida o Emmy 2020 na categoria "Melhor filme feito para TV" ficou em boas mãos! Vale muito o seu play!
"Má Educação" expõe o sistema educacional americano pelos olhos de quem é corrompido por ele - e sim, a ganância do ser humano é mais uma vez protagonista, com a eterna desculpa de que os "fins" justificam os "meios". Se pensarmos que a história do maior roubo de escolas públicas da história dos Estados Unidos foi revelado por uma adolescente que fazia um artigo para o jornal da sua escola, é de se discutir que um esquema fraudulento que desviou cerca de US$ 11 milhões não passou de uma operação quase amadora de quem se achava intocável - e é aí que o filme se transforma em um estudo de personagem dos mais complexos.
Essa produção original da HBO conta a história real de Frank Tassone (Hugh Jackman), um profissional dedicado e apaixonado pela sua posição de superintendente do distrito escolar de Roslyn. Querido e respeitado por todos, Tassone fez com que sua instituição de ensino chegasse ao Top 5 do ranking de melhores escolas públicas do país - um feito impressionante pela pouca representatividade política de Long Island no cenário estudantil. Pois bem, esse bom desempenho trouxe consequências positivas não apenas à vida acadêmica dos jovens, mas também ao mercado imobiliário, que por muito tempo conseguiu surfar nessa projeção e assim cobrar preços altos pelas casas da região. Um dia, ao ser entrevistado pela adolescente Rachel (Geraldine Viswanathan) para o jornal do colégio, ele a incentiva a sempre inserir sua assinatura em qualquer matéria que faça, por menor que seja. Inspirada pela conversa, ela resolve investigar uma custosa empreitada que está prestes a acontecer, o projeto Skywalk, e acaba descobrindo uma série de fraudes na contabilidade da escola feitas pelo próprio Frank. Confira o trailer:
"Má Educação" é tão surpreende quanto óbvia - ao optar em manter o foco em uma figura, digamos, tão particular como Tassone, a narrativa acaba deixando um pouco de lado o elemento "investigação", mas ao mesmo tempo ganhamos uma profundidade tão bacana no processo de desconstrução do protagonista que só fortalece a experiência de acompanhar tantos segredos sendo revelados e que, de fato, surpreendem todos aqueles que transitavam por sua vida pessoal e profissional. Embora essa escolha pareça ousada, vale destacar que o roteirista Mike Makowsky (I Think We’re Alone Now) foi aluno de Tassone nessa época e com isso foi capaz de pontuar exatamente o sentimento de toda aquela comunidade e a importância das descobertas de Rachel.
A direção de Cory Finley (do excelente "Puro sangue") impõe uma narrativa bem séria, com leves toques de "overacting" para descolar algumas características dos personagens que se distanciavam de toda comunidade por algum tipo de vaidade - seja a estética de Tassone ou a social de Pam (Allison Janney), sua assistente direta. Finley aproveita do ótimo roteiro de Makowsky para nos fazer gostar do protagonista, mesmo com todas as falhas de caráter que ele possui - Hugh Jackman, aliás, deveria ter ganhado o Emmy de melhor ator pelo papel - reparem na beleza que é a sequência final, da montagem à perfomance sincera de Jackman.
Baseado no artigo da New York Magazine, "The Bad Superintendent", "Má Educação" é um filme excelente - daqueles que nos perguntamos a razão de não termos assistido antes. Sem dúvida o Emmy 2020 na categoria "Melhor filme feito para TV" ficou em boas mãos! Vale muito o seu play!
"Margin Call" (ou "O dia antes do fim") do diretor e roteirista J.C. Chandor é excelente! O Roteiro foi indicado ao Oscar de 2012 e conta a história, livremente inspirada no Lehman Brothers, da noite que antecedeu a crise de 2008. E para quem gostou de "A Grande Virada" do John Wells, esse filme é simplesmente imperdível.
Peter Sullivan (Zachary Quinto), Seth Bregman (Penn Badgley) e Will Emerson (Paul Bettany) trabalham no setor de recursos humanos de uma empresa, sendo responsáveis pelos trâmites burocráticos da demissão dos funcionários. Um dos demitidos é Eric Dale (Stanley Tucci), que entrega a Peter um pendrive contendo um projeto que estava trabalhando. É quando Peter descobre que ele excede os níveis históricos de volatilidade com os quais uma instituição financeira é capaz de trabalhar com certa segurança. A situação é tão grave que faz com que os executivos que comandam o banco de investimentos se reúnam durante a madrugada para tentar encontrar uma solução o mais rápido possível. Confira o trailer:
A história é difícil e o roteiro não ajuda muito, já que trata a rotina do mercado financeiro como se fosse algo simples, sem muitas explicações. Porém, de uma forma muito inteligente, "Margin Call" vai além das palavras e do "bla-bla-bla" corporativo, ele fala de caráter X dinheiro X sucesso profissional como poucas vezes vemos em um filme - ainda mais ao se tratar de um escândalo de créditos imobiliários tão recente e que ajudou a nos levar para uma das maiores recessões da história.
Grande filme! Vale o play com muita tranquilidade!!!!
"Margin Call" (ou "O dia antes do fim") do diretor e roteirista J.C. Chandor é excelente! O Roteiro foi indicado ao Oscar de 2012 e conta a história, livremente inspirada no Lehman Brothers, da noite que antecedeu a crise de 2008. E para quem gostou de "A Grande Virada" do John Wells, esse filme é simplesmente imperdível.
Peter Sullivan (Zachary Quinto), Seth Bregman (Penn Badgley) e Will Emerson (Paul Bettany) trabalham no setor de recursos humanos de uma empresa, sendo responsáveis pelos trâmites burocráticos da demissão dos funcionários. Um dos demitidos é Eric Dale (Stanley Tucci), que entrega a Peter um pendrive contendo um projeto que estava trabalhando. É quando Peter descobre que ele excede os níveis históricos de volatilidade com os quais uma instituição financeira é capaz de trabalhar com certa segurança. A situação é tão grave que faz com que os executivos que comandam o banco de investimentos se reúnam durante a madrugada para tentar encontrar uma solução o mais rápido possível. Confira o trailer:
A história é difícil e o roteiro não ajuda muito, já que trata a rotina do mercado financeiro como se fosse algo simples, sem muitas explicações. Porém, de uma forma muito inteligente, "Margin Call" vai além das palavras e do "bla-bla-bla" corporativo, ele fala de caráter X dinheiro X sucesso profissional como poucas vezes vemos em um filme - ainda mais ao se tratar de um escândalo de créditos imobiliários tão recente e que ajudou a nos levar para uma das maiores recessões da história.
Grande filme! Vale o play com muita tranquilidade!!!!
"One person unicorn" é a expressão usada para designar uma "empresa de um homem só" que é avaliada em mais de US$ 1 bilhão e que, em tempos de influência digital, serve para definir um "fundador" que se transformou em uma marca tão sólida e tão poderosa capaz de gerar muito (mas, muito) dinheiro! Embora essa expressão tenha sido criada há mais de dez anos, ela foi se adaptando de acordo com as transformações culturais e de mercado, no entanto um nome precisa ser estudado quando tal assunto vem à tona: Martha Stewart! "Martha", dirigido por R.J. Cutler (de "Big Vape"), é um documentário biográfico que oferece uma visão íntima e ampla da vida de Martha Stewart, uma das figuras mais emblemáticas do empreendedorismo e lifestyle nos Estados Unidos. Cutler aproveita a colaboração e abertura pessoal da própria Martha, que compartilha seus arquivos pessoais, incluindo fotos, cartas e registros de um diário que escreveu na prisão, nunca antes visto, para construir um retrato completo da empresária e influenciadora.
O documentário da Netflix cobre desde a infância e juventude de Martha Stewart até seu caminho para se tornar um ícone da cultura americana, abordando marcos em sua vida como a construção de seu império e o período conturbado de sua prisão por acusações de "insider trading". Cutler estrutura o documentário de forma cronológica, utilizando uma narrativa que é ao mesmo tempo inspiradora e reveladora para explorar como Martha, com sua visão única de estilo e negócios, revolucionou o conceito de “faça você mesmo” e levou as práticas de organização e decoração ao mainstream, tornando-se uma referência para gerações de consumidores americanos. Confira o trailer:
Talvez o grande diferencial de "Martha" seja a abordagem de Cutler: intimista e respeitosa, o diretor permite que Martha Stewart apresente sua própria história em suas próprias palavras. As entrevistas com Martha são reveladoras e, em muitos momentos, emocionantes, pois ela compartilha suas conquistas e desafios com uma honestidade brutal - ao ponto de em algumas passagens pessoais soar até hipócrita. Essa perspectiva direta enriquece o documentário, pois permite que a audiência veja além da figura pública ("perfeitamente perfeita") e entenda as motivações, os sacrifícios e as ambições que moldaram sua trajetória cheia de erros e aprendizados. Martha reflete sobre a complexidade de seu sucesso e sobre as críticas e controvérsias que enfrentou, mostrando-se vulnerável e determinada ao mesmo tempo.
A montagem do documentário é hábil em intercalar essas entrevistas com imagens de arquivo, documentos pessoais e cenas icônicas de programas e eventos protagonizados por Martha ao longo de sua carreira. Esse material de arquivo dá ao público uma sensação autêntica da época e do impacto cultural de Martha Stewart, revelando não apenas a mulher de negócios implacável, mas também a pessoa por trás da marca. O uso de fotos e cartas pessoais adiciona camadas emocionais à narrativa, permitindo uma compreensão mais profunda de sua vida privada e de como ela lidou com momentos difíceis e de superação. Repare como o diretor usa a voz de pessoas próximas de Martha para narrar determinadas passagens e assim imprimir um certo mood de intimidade entre a história contada e a realidade vivida.
O documentário também explora as complexidades e as pressões de ser uma mulher empreendedora de sucesso em um mundo dominado por homens. "Martha" não ignora as dificuldades que Stewart enfrentou ao consolidar seu nome e seu império, incluindo a desconfiança e o ceticismo que muitas vezes são direcionados a mulheres bem-sucedidas e poderosas. Ao tratar do episódio de sua prisão, Cutler aborda como Martha enfrentou as consequências de uma perseguição velada com resiliência e como o episódio impactou sua vida pessoal e profissional. O filme também analisa como a mídia e o público reagiram a essa fase de sua vida, evidenciando os julgamentos e as expectativas frequentemente dirigidos à celebridades que, por alguma razão, desabam do topo!
Embora "Martha" seja uma espécie de celebração da vida e das conquistas de Martha Stewart, o documentário não se exime de fazer uma análise crítica de como o sucesso tem seu custo. Ao pontuar os sacrifícios que ela fez para alcançar o topo e as repercussões de ser uma figura dura e ambiciosa, o filme oferece um recorte de sua personalidade que poucas pessoas conhecem e utiliza de uma perspectiva bastante interessante para narrar os altos e baixos de uma vida marcada pelo sucesso e pela controvérsia!
Vale muito o seu play!
"One person unicorn" é a expressão usada para designar uma "empresa de um homem só" que é avaliada em mais de US$ 1 bilhão e que, em tempos de influência digital, serve para definir um "fundador" que se transformou em uma marca tão sólida e tão poderosa capaz de gerar muito (mas, muito) dinheiro! Embora essa expressão tenha sido criada há mais de dez anos, ela foi se adaptando de acordo com as transformações culturais e de mercado, no entanto um nome precisa ser estudado quando tal assunto vem à tona: Martha Stewart! "Martha", dirigido por R.J. Cutler (de "Big Vape"), é um documentário biográfico que oferece uma visão íntima e ampla da vida de Martha Stewart, uma das figuras mais emblemáticas do empreendedorismo e lifestyle nos Estados Unidos. Cutler aproveita a colaboração e abertura pessoal da própria Martha, que compartilha seus arquivos pessoais, incluindo fotos, cartas e registros de um diário que escreveu na prisão, nunca antes visto, para construir um retrato completo da empresária e influenciadora.
O documentário da Netflix cobre desde a infância e juventude de Martha Stewart até seu caminho para se tornar um ícone da cultura americana, abordando marcos em sua vida como a construção de seu império e o período conturbado de sua prisão por acusações de "insider trading". Cutler estrutura o documentário de forma cronológica, utilizando uma narrativa que é ao mesmo tempo inspiradora e reveladora para explorar como Martha, com sua visão única de estilo e negócios, revolucionou o conceito de “faça você mesmo” e levou as práticas de organização e decoração ao mainstream, tornando-se uma referência para gerações de consumidores americanos. Confira o trailer:
Talvez o grande diferencial de "Martha" seja a abordagem de Cutler: intimista e respeitosa, o diretor permite que Martha Stewart apresente sua própria história em suas próprias palavras. As entrevistas com Martha são reveladoras e, em muitos momentos, emocionantes, pois ela compartilha suas conquistas e desafios com uma honestidade brutal - ao ponto de em algumas passagens pessoais soar até hipócrita. Essa perspectiva direta enriquece o documentário, pois permite que a audiência veja além da figura pública ("perfeitamente perfeita") e entenda as motivações, os sacrifícios e as ambições que moldaram sua trajetória cheia de erros e aprendizados. Martha reflete sobre a complexidade de seu sucesso e sobre as críticas e controvérsias que enfrentou, mostrando-se vulnerável e determinada ao mesmo tempo.
A montagem do documentário é hábil em intercalar essas entrevistas com imagens de arquivo, documentos pessoais e cenas icônicas de programas e eventos protagonizados por Martha ao longo de sua carreira. Esse material de arquivo dá ao público uma sensação autêntica da época e do impacto cultural de Martha Stewart, revelando não apenas a mulher de negócios implacável, mas também a pessoa por trás da marca. O uso de fotos e cartas pessoais adiciona camadas emocionais à narrativa, permitindo uma compreensão mais profunda de sua vida privada e de como ela lidou com momentos difíceis e de superação. Repare como o diretor usa a voz de pessoas próximas de Martha para narrar determinadas passagens e assim imprimir um certo mood de intimidade entre a história contada e a realidade vivida.
O documentário também explora as complexidades e as pressões de ser uma mulher empreendedora de sucesso em um mundo dominado por homens. "Martha" não ignora as dificuldades que Stewart enfrentou ao consolidar seu nome e seu império, incluindo a desconfiança e o ceticismo que muitas vezes são direcionados a mulheres bem-sucedidas e poderosas. Ao tratar do episódio de sua prisão, Cutler aborda como Martha enfrentou as consequências de uma perseguição velada com resiliência e como o episódio impactou sua vida pessoal e profissional. O filme também analisa como a mídia e o público reagiram a essa fase de sua vida, evidenciando os julgamentos e as expectativas frequentemente dirigidos à celebridades que, por alguma razão, desabam do topo!
Embora "Martha" seja uma espécie de celebração da vida e das conquistas de Martha Stewart, o documentário não se exime de fazer uma análise crítica de como o sucesso tem seu custo. Ao pontuar os sacrifícios que ela fez para alcançar o topo e as repercussões de ser uma figura dura e ambiciosa, o filme oferece um recorte de sua personalidade que poucas pessoas conhecem e utiliza de uma perspectiva bastante interessante para narrar os altos e baixos de uma vida marcada pelo sucesso e pela controvérsia!
Vale muito o seu play!
Muito na linha de "A História da Pixar" e "A História do Imagineering", chegou na Globoplay (atenção: não no Disney+) um excelente documentário francês de 2016 que conta em quatro atos como a Marvel se reinventou e transformou o mercado depois de quase falir entre os anos 80 e 90, surfando no crescimento da cultura pop e inovando na forma e nas estratégias de contar histórias - porém, o mais interessante do filme é seu enfoque mercadológico e não necessariamente os processos criativos, assunto que encontramos em outros documentários como no ótimo "Marvel 616" (esse sim da Disney+).
"Marvel Stories" é quase um recorte da jornada corporativa da Marvel Comics do caos ao seu processo de ascensão e criação da Marvel Studios. Dividido em quatro temas, os diretores Philippe Guedj e Philippe Roure criam uma dinâmica narrativa bastante competente que expõe muitas das decisões e disputas que fizeram a Marvel renascer das cinzas. Embora seja um documentário de 2016, algumas passagens explicam exatamente o que vemos té hoje dentro do MCU, fazendo um paralelo com a mudança de status das HQs que trouxeram novos leitores, colecionadores e que, de alguma forma, ajudaram a salvar a empresa e a remodelar o negócio.
Uma das lições mais importantes, um pouco batida até, mas muito relevante no contexto, diz respeito a como o roteiro foi capaz de dar uma exata (e clara) noção de como uma empresa tem a necessidade de se reinventar a todo momento, independente do mercado, do tamanho e do passado glorioso!
Veja, se a DC dominava o mercado de HQs nos anos 60 e 70 e pioneira na produção de filmes de heróis, foi Marvel que colocou a importância de propriedade intelectual (IP) em outro patamar, mesmo que meio por acaso. O documentário detalhada muito bem esse processo e as estratégias desesperadas dos executivos para recuperar o controle de seus personagens e histórias. Os depoimentos de artistas e dos executivos que lideraram essas mudanças e bancaram algumas ideias que pareciam malucas na época, ajudam a posicionar cada uma das vitórias da empresa em uma linha do tempo e com pilares muito particulares: no primeiro ato, por exemplo, conhecemos os bastidores das negociações entre banqueiros e executivos de Wall Street pelo controle da empresa. Já no segundo ato o mergulho é no crescimento e nas transformações do mercado de cultura pop e como a Marvel entendeu essa oportunidade. No terceiro, o mais fraco na minha opinião (embora curioso), é discutido a relação histórica que Nova York tem com a Marvel, com as obras e com o mercado editorial. E finalmente o quarto e último ato, assistimos a migração da estratégia de crescimento da empresa que antes focava nas HQs e passa a valorizar seus IPs - que lhe rendeu, inclusive, a venda para a Disney, uma enorme e sustentável receita em licenciamentos e uma nova geração de Filmes com enorme sucesso em Hollywood.
O fato é que o documentário vai interessar mais aqueles curiosos e empreendedores do que o fãs de heróis. Não que seja um produto chato para os fãs, mas o enfoque é no negócio, não nas obras ou nos personagens. Fica claro porém, que essa história merecia um pouco mais de tempo, para que mais curiosidades pudessem ser desenvolvidas. São muitos detalhes interessantes e a presença de personalidades importantes como Avi Arad, Mark Millar, Harvey Miller (entre outros) poderia ter sido melhor aproveitada - certamente uma minissérie como "GDLK" funcionaria melhor, principalmente para quem já leu Marvel Comics - a História Secreta, que, aliás, recomendo para quem gostar do filme.
Vale a pena!
Muito na linha de "A História da Pixar" e "A História do Imagineering", chegou na Globoplay (atenção: não no Disney+) um excelente documentário francês de 2016 que conta em quatro atos como a Marvel se reinventou e transformou o mercado depois de quase falir entre os anos 80 e 90, surfando no crescimento da cultura pop e inovando na forma e nas estratégias de contar histórias - porém, o mais interessante do filme é seu enfoque mercadológico e não necessariamente os processos criativos, assunto que encontramos em outros documentários como no ótimo "Marvel 616" (esse sim da Disney+).
"Marvel Stories" é quase um recorte da jornada corporativa da Marvel Comics do caos ao seu processo de ascensão e criação da Marvel Studios. Dividido em quatro temas, os diretores Philippe Guedj e Philippe Roure criam uma dinâmica narrativa bastante competente que expõe muitas das decisões e disputas que fizeram a Marvel renascer das cinzas. Embora seja um documentário de 2016, algumas passagens explicam exatamente o que vemos té hoje dentro do MCU, fazendo um paralelo com a mudança de status das HQs que trouxeram novos leitores, colecionadores e que, de alguma forma, ajudaram a salvar a empresa e a remodelar o negócio.
Uma das lições mais importantes, um pouco batida até, mas muito relevante no contexto, diz respeito a como o roteiro foi capaz de dar uma exata (e clara) noção de como uma empresa tem a necessidade de se reinventar a todo momento, independente do mercado, do tamanho e do passado glorioso!
Veja, se a DC dominava o mercado de HQs nos anos 60 e 70 e pioneira na produção de filmes de heróis, foi Marvel que colocou a importância de propriedade intelectual (IP) em outro patamar, mesmo que meio por acaso. O documentário detalhada muito bem esse processo e as estratégias desesperadas dos executivos para recuperar o controle de seus personagens e histórias. Os depoimentos de artistas e dos executivos que lideraram essas mudanças e bancaram algumas ideias que pareciam malucas na época, ajudam a posicionar cada uma das vitórias da empresa em uma linha do tempo e com pilares muito particulares: no primeiro ato, por exemplo, conhecemos os bastidores das negociações entre banqueiros e executivos de Wall Street pelo controle da empresa. Já no segundo ato o mergulho é no crescimento e nas transformações do mercado de cultura pop e como a Marvel entendeu essa oportunidade. No terceiro, o mais fraco na minha opinião (embora curioso), é discutido a relação histórica que Nova York tem com a Marvel, com as obras e com o mercado editorial. E finalmente o quarto e último ato, assistimos a migração da estratégia de crescimento da empresa que antes focava nas HQs e passa a valorizar seus IPs - que lhe rendeu, inclusive, a venda para a Disney, uma enorme e sustentável receita em licenciamentos e uma nova geração de Filmes com enorme sucesso em Hollywood.
O fato é que o documentário vai interessar mais aqueles curiosos e empreendedores do que o fãs de heróis. Não que seja um produto chato para os fãs, mas o enfoque é no negócio, não nas obras ou nos personagens. Fica claro porém, que essa história merecia um pouco mais de tempo, para que mais curiosidades pudessem ser desenvolvidas. São muitos detalhes interessantes e a presença de personalidades importantes como Avi Arad, Mark Millar, Harvey Miller (entre outros) poderia ter sido melhor aproveitada - certamente uma minissérie como "GDLK" funcionaria melhor, principalmente para quem já leu Marvel Comics - a História Secreta, que, aliás, recomendo para quem gostar do filme.
Vale a pena!
"Mercado de Capitais" já sai perdendo logo de cara por não traduzir o título original (Equity) de uma forma mais atraente e criativa. É claro que o fato de não atrair o assinante, não desmerece o filme - ele é bom como entretenimento. É possível encontrar vários momentos interessantes com uma forte protagonista feminina (Anna Gunn de "Breaking Bad"), mas que precisa se esforçar para aliviar um roteiro cheio de clichês e esteriótipos - esse me pareceu o único problema do filme.
"Mercado de Capitais" tem um argumento interessante e um cenário relevante hoje em dia, pois conta a história de Naomi Bishop (Gunn), dona de um alto cargo em um banco de investimentos americano, especializada em IPOs. A caminho de uma esperada promoção, ela precisa lidar com um erro de avaliação em seu último processo de abertura de capital que custou milhões de dólares para sua empresa e um pesado rótulo na sua vida profissional. Confira o trailer:
Vale dizer que o filme mostra um lado menos romântico do mercado de investimentos e isso tem o seu valor, mas a falta de consistência do roteiro, se aprofundar um pouco mais, melhorar alguns diálogos completamente fora de propósito e equilibrar uma necessidade enorme de levantar algumas bandeiras ideológicas, tudo isso prejudica muito a estrutura narrativa, mas ainda assim não destrói o filme. Talvez o ponto alto seja o final do segundo ato e o terceiro ato inteiro - isso nos traz uma sensação agradável ao terminar o filme, o que preocupa é se a audiência terá paciência de chegar até lá!
"Mercado de Capitais" deixa claro que pretende focar no empoderamento feminino em um ambiente dominado por homens. Até aí nenhum problema, porém a forma como essa dinâmica é apresentada soa um pouco forçada - mais nos afastamos, do que entendemos o valor da proposta. Mas é preciso dizer também que o roteiro foi muito feliz em não poupar a protagonista de todas suas falhas pessoais e profissionais e de não subverter o óbvio, porém a ideia de se apoiar em tantos clichês, acaba nos interessando muito mais pela fantasia que é construída do que pela realidade dos fatos em si, ou seja, nos divertimos com o filme, mas não nos importamos tanto com a protagonista como deveríamos.
Grande parte do orçamento do filme foi financiado por mulheres que trabalham ou já trabalharam no mercado financeiro dos EUA. Elas também ajudaram as realizadoras contando suas histórias e as dificuldades de se trabalhar em uma indústria dominada por homens egocêntricos, ambiciosos e poderosos. O filme realmente mostra o potencial que essas histórias tem, porém quando se quer tudo, acaba sem nada - o roteiro da novata Amy Fox é cheio de furos e a direção da Meera Menon vai para o mesmo caminho: se aprofundar em situações que não levam a protagonista a lugar algum. De fato "Mercado de Capitais" poderia ser uma série excelente, cheio da reviravoltas, mas se transformou em um filme bom, porém previsível.
Vale pelo entretenimento e pelo seu final bem interessante!
"Mercado de Capitais" já sai perdendo logo de cara por não traduzir o título original (Equity) de uma forma mais atraente e criativa. É claro que o fato de não atrair o assinante, não desmerece o filme - ele é bom como entretenimento. É possível encontrar vários momentos interessantes com uma forte protagonista feminina (Anna Gunn de "Breaking Bad"), mas que precisa se esforçar para aliviar um roteiro cheio de clichês e esteriótipos - esse me pareceu o único problema do filme.
"Mercado de Capitais" tem um argumento interessante e um cenário relevante hoje em dia, pois conta a história de Naomi Bishop (Gunn), dona de um alto cargo em um banco de investimentos americano, especializada em IPOs. A caminho de uma esperada promoção, ela precisa lidar com um erro de avaliação em seu último processo de abertura de capital que custou milhões de dólares para sua empresa e um pesado rótulo na sua vida profissional. Confira o trailer:
Vale dizer que o filme mostra um lado menos romântico do mercado de investimentos e isso tem o seu valor, mas a falta de consistência do roteiro, se aprofundar um pouco mais, melhorar alguns diálogos completamente fora de propósito e equilibrar uma necessidade enorme de levantar algumas bandeiras ideológicas, tudo isso prejudica muito a estrutura narrativa, mas ainda assim não destrói o filme. Talvez o ponto alto seja o final do segundo ato e o terceiro ato inteiro - isso nos traz uma sensação agradável ao terminar o filme, o que preocupa é se a audiência terá paciência de chegar até lá!
"Mercado de Capitais" deixa claro que pretende focar no empoderamento feminino em um ambiente dominado por homens. Até aí nenhum problema, porém a forma como essa dinâmica é apresentada soa um pouco forçada - mais nos afastamos, do que entendemos o valor da proposta. Mas é preciso dizer também que o roteiro foi muito feliz em não poupar a protagonista de todas suas falhas pessoais e profissionais e de não subverter o óbvio, porém a ideia de se apoiar em tantos clichês, acaba nos interessando muito mais pela fantasia que é construída do que pela realidade dos fatos em si, ou seja, nos divertimos com o filme, mas não nos importamos tanto com a protagonista como deveríamos.
Grande parte do orçamento do filme foi financiado por mulheres que trabalham ou já trabalharam no mercado financeiro dos EUA. Elas também ajudaram as realizadoras contando suas histórias e as dificuldades de se trabalhar em uma indústria dominada por homens egocêntricos, ambiciosos e poderosos. O filme realmente mostra o potencial que essas histórias tem, porém quando se quer tudo, acaba sem nada - o roteiro da novata Amy Fox é cheio de furos e a direção da Meera Menon vai para o mesmo caminho: se aprofundar em situações que não levam a protagonista a lugar algum. De fato "Mercado de Capitais" poderia ser uma série excelente, cheio da reviravoltas, mas se transformou em um filme bom, porém previsível.
Vale pelo entretenimento e pelo seu final bem interessante!
"Meu nome é Magic Johnson" tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que se trata de um excelente documentário sobre um dos jogadores mais marcantes e importantes da sua geração, em todos os esportes, que é Magic Johnson; já o lado ruim é que, certamente, se você estiver acompanhando a série da HBO, "Lakers: Hora de Vencer", você vai ter spoilers de pelo menos umas três temporadas!
Revelando entrevistas íntimas com o próprio Magic e outras estrelas do esporte e de diversos segmentos que vão da política à música, sem falar nos familiares e amigos, “They Call Me Magic” (no original) ilustra a vida e a carreira de um dos maiores ídolos culturais da nossa era com acesso inédito em uma série documental de quatro partes simplesmente imperdível. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo talentoso Rick Famuyiwa, "Meu nome é Magic Johnson" é mais uma excelente opção para aqueles que gostam de documentários sobre ícones do esporte e que, além da jornada profissional, ainda traz para dentro da sua narrativa, muitas curiosidades e passagens marcantes - tanto da carreira como atleta, como nas inúmeras dificuldades pessoais que, inclusive, ajudaram a moldar a idolatria pelo personagem. E olha que Magic Johnson foi longe nos dois sentidos!
Mesmo não gostando muito do apelido, para o próprio Earvin Johnson, “Magic” sempre teve muitos significados. O brilho do sorriso enorme, para ele, era apenas o reflexo do estilo de jogo impressionante que mudou para sempre o basquete - o roteiro foi muito inteligente ao simbolizar essas duas características com passagens marcantes da vida e da carreira de "Magic" e assim se aprofundar nos temas que rodeavam aquele universo temporal. O primeiro episódio e o inicio do segundo, basicamente, acompanham o período retratado na série da HBO: a chegada de Magic na NBA e o titulo conquistado no seu primeiro ano como profissional. Já a conexão magnética que o levou ao amor da sua vida, Cookie, e os embates marcantes contra o Boston Celtics estão no segundo episódio. O choque e o luto depois do diagnóstico do HIV que ele transformou em triunfo, redirecionando o diálogo mundial sobre a doença, superando as probabilidades alarmantes da época até o convite para jogar o All Star Game e depois as Olimpíadas de Barcelona em 1992, estão no terceiro. E finalmente, a ascendência de estrela do esporte ao megaempresário de sucesso, traçando novos caminhos para ex-atletas e revolucionando a forma como a sociedade corporativa norte-americana enxergava o público nas comunidades negras, estão no quarto e último episódio.
Com nomes do calibre de Barack Obama, Michael Jordan, Bill Clinton, Snoop Dogg e Spike Lee (apenas para citar alguns), o documentário é muito competente em humanizar Magic Johnson sem parecer "chapa branca" demais. Embora alguns momentos-chave da carreira do atleta tenham ficado de fora, como a confusão com Kareem Abdul-Jabbar após receber o MVP da Finais de 1979/80, "Meu nome é Magic Johnson" equilibra perfeitamente o trabalho jornalístico e de pesquisa, com depoimentos e imagens de arquivo que acabam oferecendo um olhar esclarecedor e definitivo sobre um cara que esteve a frente do seu tempo dentro de quadra e que pagou o preço por suas escolhas fora dela.
Vale muito a pena!
"Meu nome é Magic Johnson" tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que se trata de um excelente documentário sobre um dos jogadores mais marcantes e importantes da sua geração, em todos os esportes, que é Magic Johnson; já o lado ruim é que, certamente, se você estiver acompanhando a série da HBO, "Lakers: Hora de Vencer", você vai ter spoilers de pelo menos umas três temporadas!
Revelando entrevistas íntimas com o próprio Magic e outras estrelas do esporte e de diversos segmentos que vão da política à música, sem falar nos familiares e amigos, “They Call Me Magic” (no original) ilustra a vida e a carreira de um dos maiores ídolos culturais da nossa era com acesso inédito em uma série documental de quatro partes simplesmente imperdível. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo talentoso Rick Famuyiwa, "Meu nome é Magic Johnson" é mais uma excelente opção para aqueles que gostam de documentários sobre ícones do esporte e que, além da jornada profissional, ainda traz para dentro da sua narrativa, muitas curiosidades e passagens marcantes - tanto da carreira como atleta, como nas inúmeras dificuldades pessoais que, inclusive, ajudaram a moldar a idolatria pelo personagem. E olha que Magic Johnson foi longe nos dois sentidos!
Mesmo não gostando muito do apelido, para o próprio Earvin Johnson, “Magic” sempre teve muitos significados. O brilho do sorriso enorme, para ele, era apenas o reflexo do estilo de jogo impressionante que mudou para sempre o basquete - o roteiro foi muito inteligente ao simbolizar essas duas características com passagens marcantes da vida e da carreira de "Magic" e assim se aprofundar nos temas que rodeavam aquele universo temporal. O primeiro episódio e o inicio do segundo, basicamente, acompanham o período retratado na série da HBO: a chegada de Magic na NBA e o titulo conquistado no seu primeiro ano como profissional. Já a conexão magnética que o levou ao amor da sua vida, Cookie, e os embates marcantes contra o Boston Celtics estão no segundo episódio. O choque e o luto depois do diagnóstico do HIV que ele transformou em triunfo, redirecionando o diálogo mundial sobre a doença, superando as probabilidades alarmantes da época até o convite para jogar o All Star Game e depois as Olimpíadas de Barcelona em 1992, estão no terceiro. E finalmente, a ascendência de estrela do esporte ao megaempresário de sucesso, traçando novos caminhos para ex-atletas e revolucionando a forma como a sociedade corporativa norte-americana enxergava o público nas comunidades negras, estão no quarto e último episódio.
Com nomes do calibre de Barack Obama, Michael Jordan, Bill Clinton, Snoop Dogg e Spike Lee (apenas para citar alguns), o documentário é muito competente em humanizar Magic Johnson sem parecer "chapa branca" demais. Embora alguns momentos-chave da carreira do atleta tenham ficado de fora, como a confusão com Kareem Abdul-Jabbar após receber o MVP da Finais de 1979/80, "Meu nome é Magic Johnson" equilibra perfeitamente o trabalho jornalístico e de pesquisa, com depoimentos e imagens de arquivo que acabam oferecendo um olhar esclarecedor e definitivo sobre um cara que esteve a frente do seu tempo dentro de quadra e que pagou o preço por suas escolhas fora dela.
Vale muito a pena!
Antes de mais nada é preciso dizer que "Minha História" ("Becoming", título original) é mais uma peça importante na campanha de marketing do livro de Michelle Obama do que uma obra que possa ser considerada uma profunda biografia ou até mesmo um retrato isento de uma fase da vida da ex-primeira dama. Dito isso, fico muito a vontade em dizer que esse documentário, dirigido pela Nadia Hallgren, é ótimo! O fato da diretora e roteirista usar a turnê de lançamento da auto-biografia de Michelle como pano de fundo, não diminui a importância dos comentários e sentimentos da protagonista sobre sua jornada ao lado do marido na Casa Branca durante 8 anos. O uso de filmagens exclusivas dos bastidores dessa turnê, assim como o formato do evento (com perguntas e respostas ao melhor estilo talk show) funcionam como fio condutor da narrativa que vai pontuando alguns assuntos importantes como o empoderamento feminino, discussões raciais e até comentários sobre dinâmica familiar e educação do filhos, que Michelle expõe com a maior naturalidade e simpatia em escolas, igrejas e em reuniões com sua família e equipe. Confira o trailer:
É claro que o maior mérito do documentário é a presença forte e carismática de Michelle Obama - e como seu próprio marido comentou na rápida aparição que fez em um dos eventos: "Michelle sabe contar boas histórias" - ela tem o dom da oratória e sua inteligência fica absurdamente clara perante a forma como ela conduz os assuntos e se posiciona sem ofender quem assiste, mesmo que a opinião seja contrária. Olha, é impressionante como sua posição de liderança simplesmente flui durante os 90 minutos que a acompanhamos. É claro que vale o play, mas vai soar muito mais agradável fazer um convite: assista "Minha História" e veja como respeito não se impõe, se conquista!
"Minha História" sofre um pouco com a falta de foco e com isso o tempo de tela passa a ser um problema, já que impede que determinados assuntos sejam abordados com mais profundidade como as dificuldades que o casal sofreu durante a campanha presidencial e até sobre a curiosa relação de Michelle com seu pai - imagino que isso deve estar melhor contado no livro, o que confirma minha critica inicial: estamos assistindo uma espécie de teaser muito bem feito do que encontraremos mais detalhado no livro! Outro ponto que me incomodou um pouco e que me pareceu completamente dispensável é a forma como a diretora investe na história de duas estudantes (em momentos diferentes do documentário) sem a menor explicação ou conceito narrativo que justificasse essa escolha - só para validar um comentário anterior de Michelle.
Tecnicamente, "Minha História" é um documentário muito bem realizado. As imagens que vemos, a grandiosidade dos planos e o conceito visual escolhido impressionam pela qualidade e fluidez com os assuntos abordados. Muito bem editado e fotografado, temos um produto bem pensado, que nos instiga a querer saber mais e que quase nos obriga a entrar na Amazon e comprar o livro. Fica escancarado esse objetivo e, se tratando de Michelle, ler sua auto-biografia não parece ser um problema. Ficamos com água na boca para saber mais: mais curiosidades, mais da sua jornada, mais da sua experiência como primeira dama, mais das suas relações, etc.
"Minha História" é aquele tipo de documentário que te conquista fácil, que te emociona e você não sabe nem muito bem a razão, mas infelizmente sofre com sua escolha estratégica de nos presentear apenas com a figura carismática e não com a profundidade das suas convicções.
Antes de mais nada é preciso dizer que "Minha História" ("Becoming", título original) é mais uma peça importante na campanha de marketing do livro de Michelle Obama do que uma obra que possa ser considerada uma profunda biografia ou até mesmo um retrato isento de uma fase da vida da ex-primeira dama. Dito isso, fico muito a vontade em dizer que esse documentário, dirigido pela Nadia Hallgren, é ótimo! O fato da diretora e roteirista usar a turnê de lançamento da auto-biografia de Michelle como pano de fundo, não diminui a importância dos comentários e sentimentos da protagonista sobre sua jornada ao lado do marido na Casa Branca durante 8 anos. O uso de filmagens exclusivas dos bastidores dessa turnê, assim como o formato do evento (com perguntas e respostas ao melhor estilo talk show) funcionam como fio condutor da narrativa que vai pontuando alguns assuntos importantes como o empoderamento feminino, discussões raciais e até comentários sobre dinâmica familiar e educação do filhos, que Michelle expõe com a maior naturalidade e simpatia em escolas, igrejas e em reuniões com sua família e equipe. Confira o trailer:
É claro que o maior mérito do documentário é a presença forte e carismática de Michelle Obama - e como seu próprio marido comentou na rápida aparição que fez em um dos eventos: "Michelle sabe contar boas histórias" - ela tem o dom da oratória e sua inteligência fica absurdamente clara perante a forma como ela conduz os assuntos e se posiciona sem ofender quem assiste, mesmo que a opinião seja contrária. Olha, é impressionante como sua posição de liderança simplesmente flui durante os 90 minutos que a acompanhamos. É claro que vale o play, mas vai soar muito mais agradável fazer um convite: assista "Minha História" e veja como respeito não se impõe, se conquista!
"Minha História" sofre um pouco com a falta de foco e com isso o tempo de tela passa a ser um problema, já que impede que determinados assuntos sejam abordados com mais profundidade como as dificuldades que o casal sofreu durante a campanha presidencial e até sobre a curiosa relação de Michelle com seu pai - imagino que isso deve estar melhor contado no livro, o que confirma minha critica inicial: estamos assistindo uma espécie de teaser muito bem feito do que encontraremos mais detalhado no livro! Outro ponto que me incomodou um pouco e que me pareceu completamente dispensável é a forma como a diretora investe na história de duas estudantes (em momentos diferentes do documentário) sem a menor explicação ou conceito narrativo que justificasse essa escolha - só para validar um comentário anterior de Michelle.
Tecnicamente, "Minha História" é um documentário muito bem realizado. As imagens que vemos, a grandiosidade dos planos e o conceito visual escolhido impressionam pela qualidade e fluidez com os assuntos abordados. Muito bem editado e fotografado, temos um produto bem pensado, que nos instiga a querer saber mais e que quase nos obriga a entrar na Amazon e comprar o livro. Fica escancarado esse objetivo e, se tratando de Michelle, ler sua auto-biografia não parece ser um problema. Ficamos com água na boca para saber mais: mais curiosidades, mais da sua jornada, mais da sua experiência como primeira dama, mais das suas relações, etc.
"Minha História" é aquele tipo de documentário que te conquista fácil, que te emociona e você não sabe nem muito bem a razão, mas infelizmente sofre com sua escolha estratégica de nos presentear apenas com a figura carismática e não com a profundidade das suas convicções.
Se você, como eu, achava que "DeLorean" era apenas o carro que viajava no tempo em "De Volta para o Futuro", você precisa assistir essa excelente minissérie documental da Netflix, pois a história, te garanto, vai muito além do objeto de desejo de Martin McFly e da genialidade do Doutor Brown.
"Mito e Magnata: John Delorean" explora a ascensão e queda de um prodígio engenheiro executivo da GM que se tornou um verdadeiro ícone do mercado automobilístico ao criar a DeLorean Motors Company. John DeLorean, uma espécie de Elon Musk dos anos 60/70, era um visionário, mas também um personagem carregado deganância e insegurança, que conseguiu criar um império com a mesma velocidade que o viu desabar. Confira o trailer (em inglês):
Em rápidos três episódios de 40 minutos, você vai conhecer o mito John DeLorean em seu palco dizendo frases como: "Não há atalhos para a qualidade" ou "A lealdade e satisfação do cliente são as únicas bases sólidas para crescer nesse mercado", mas também vai conhecer os bastidores (bem menos glamoroso) de um homem cheio de falhas e que se deixou levar pela possibilidade de se tornar uma lenda sem estar ao menos preparado psicologicamente para isso. Quando ele deixou a GM por não acreditar mais nos produtos que a empresa estava criando, seu propósito era muito claro: seria possível inovar de forma muito mais sustentável em um mercado que sofria com a crise do petróleo na década de 70 - aliás, essa história (e a farsa) lembra muito a jornada de Elizabeth Holmes de "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício".
Com entrevistas exclusivas e imagens inéditas gravadas há algum tempo pelo premiado D.A Pennebaker (Bob Dylan: Don’t Look Back), o diretor Mike Connolly faz um verdadeiro estudo de caso sobre a DeLorean Motors Company ao mesmo tempo que analisa o perfil de seu fundador. Os depoimentos de sua ex-esposa e de seu filho nos dias atuais, já evidenciam um final não tão feliz para a jornada empreendedora de John com reflexos diretos na vida pessoal. Eu diria que a minissérie é mais um exemplo do que não se deve fazer ao gerir um negócio promissor do que propriamente uma aula de empreendedorismo.
"Mito e Magnata: John Delorean" é direto, fácil de entender e tem uma narrativa bastante dinâmica para um documentário que transita muito bem entre vida pessoal e profissional, porém deixa alguns assuntos importantes de lado, como os outros casamentos de John após sua falência e a negociação para ter um "DeLorean" no filme que já comentamos. Ao traçar uma linha temporal bastante recortada, mas bem desenvolvida, a minissérie cumpre seu papel de deixar absolutamente claro que a pessoa que estava no palco era uma versão bastante limitada de um executivo que sonhou mais do que realizou, por falta de foco, organização, lealdade e de caráter - e que depois ficou mais claro ainda não tinha a menor condição moral de se tornar uma lenda.
Observação: tenho a impressão que, muito em breve, teremos muito mais histórias como essa, porque o que existe de empreendedor bom de palco e ruim de negócio, é impressionante!
Vale pela aula e pelo entretenimento!
Se você, como eu, achava que "DeLorean" era apenas o carro que viajava no tempo em "De Volta para o Futuro", você precisa assistir essa excelente minissérie documental da Netflix, pois a história, te garanto, vai muito além do objeto de desejo de Martin McFly e da genialidade do Doutor Brown.
"Mito e Magnata: John Delorean" explora a ascensão e queda de um prodígio engenheiro executivo da GM que se tornou um verdadeiro ícone do mercado automobilístico ao criar a DeLorean Motors Company. John DeLorean, uma espécie de Elon Musk dos anos 60/70, era um visionário, mas também um personagem carregado deganância e insegurança, que conseguiu criar um império com a mesma velocidade que o viu desabar. Confira o trailer (em inglês):
Em rápidos três episódios de 40 minutos, você vai conhecer o mito John DeLorean em seu palco dizendo frases como: "Não há atalhos para a qualidade" ou "A lealdade e satisfação do cliente são as únicas bases sólidas para crescer nesse mercado", mas também vai conhecer os bastidores (bem menos glamoroso) de um homem cheio de falhas e que se deixou levar pela possibilidade de se tornar uma lenda sem estar ao menos preparado psicologicamente para isso. Quando ele deixou a GM por não acreditar mais nos produtos que a empresa estava criando, seu propósito era muito claro: seria possível inovar de forma muito mais sustentável em um mercado que sofria com a crise do petróleo na década de 70 - aliás, essa história (e a farsa) lembra muito a jornada de Elizabeth Holmes de "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício".
Com entrevistas exclusivas e imagens inéditas gravadas há algum tempo pelo premiado D.A Pennebaker (Bob Dylan: Don’t Look Back), o diretor Mike Connolly faz um verdadeiro estudo de caso sobre a DeLorean Motors Company ao mesmo tempo que analisa o perfil de seu fundador. Os depoimentos de sua ex-esposa e de seu filho nos dias atuais, já evidenciam um final não tão feliz para a jornada empreendedora de John com reflexos diretos na vida pessoal. Eu diria que a minissérie é mais um exemplo do que não se deve fazer ao gerir um negócio promissor do que propriamente uma aula de empreendedorismo.
"Mito e Magnata: John Delorean" é direto, fácil de entender e tem uma narrativa bastante dinâmica para um documentário que transita muito bem entre vida pessoal e profissional, porém deixa alguns assuntos importantes de lado, como os outros casamentos de John após sua falência e a negociação para ter um "DeLorean" no filme que já comentamos. Ao traçar uma linha temporal bastante recortada, mas bem desenvolvida, a minissérie cumpre seu papel de deixar absolutamente claro que a pessoa que estava no palco era uma versão bastante limitada de um executivo que sonhou mais do que realizou, por falta de foco, organização, lealdade e de caráter - e que depois ficou mais claro ainda não tinha a menor condição moral de se tornar uma lenda.
Observação: tenho a impressão que, muito em breve, teremos muito mais histórias como essa, porque o que existe de empreendedor bom de palco e ruim de negócio, é impressionante!
Vale pela aula e pelo entretenimento!
"Moneyball" é um filme, de fato, fascinante e que oferece uma abordagem única que vai além do universo do beisebol (um esporte que o brasileiro não se conecta em sua maioria) - ou seja, embora tenha muitos elementos que remetam ao esporte em si, o filme é muito mais sobre um protagonista que pensava "fora da caixa", que estava a frente do seu tempo, do que qualquer outra coisa! Certamente um dos melhores de 2010, o filme dirigido pelo Bennett Miller (de "Capote") equilibra perfeitamente algumas curiosidades sobre os bastidores do esporte com a mesma habilidade com que constrói um drama coeso com um leve toque de crítica social, sem nunca perder seu ritmo empolgante.
Baseado em uma história real, o filme acompanha a jornada de Billy Beane (Brad Pitt), o gerente geral do time de beisebol Oakland Athletics, que decide abandonar as práticas convencionais de contratação de jogadores para adotar uma estratégia arriscada, baseada em dados e estatística, para formar um time barato, mas vencedor, e assim tentar mudar a história de como as pessoas viam o esporte. Confira o trailer:
Escrito por Aaron Sorkin e Steven Zaillian, e baseado na história de Stan Chervin, o roteiro de "Moneyball" é uma verdadeira obra-prima. Sua narrativa se desenvolve de maneira inteligente, cativando o público desde o primeiro momento. Embora o filme tenha um ritmo mais cadenciado em alguns momentos, com diálogos apressados (até verborrágicos demais) e termos pouco convencionais para o grande público, eu diria que a história é tão envolvente que fica até difícil perder o interesse pela jornada de Beane.
Aliás, Brad Pitt entrega uma performance fenomenal, capturando perfeitamente a complexidade de seu personagem - dos seus sonhos até suas inseguranças. Sua presença em cena cativa nossa atenção, ele transmite as emoções e a determinação de Beane de uma forma muito autêntica, muito verdadeira. Jonah Hill também merece elogios como Peter Brand, o economista que se junta a Beane na busca por essa nova abordagem. A química entre os dois atores é evidente, proporcionando momentos divertidíssimos. A fotografia de "Moneyball" é outro elemento técnico que precisa ser citado: o trabalho do Wally Pfister (parceiro de Nolan em vários filmes e vencedor do Oscar por "A Origem") impõe uma estética tão elegante quanto realista. As cenas dentro e fora do campo são capturadas de forma magistral, transmitindo a intensidade do jogo e a pressão enfrentada por Beane de uma forma muito natural.
"Moneyball" é um filme excepcional que transcende o gênero esportivo. É uma história das mais inspiradoras sobre perseverança, inovação e a busca incansável para alcançar o sucesso. Sua mensagem é tão poderosa que o filme virou referência quando o assunto é questionar as tradições e lidar com a mudança.
Imperdível!
Up-date:"Moneyball" foi indicado em seis categorias no Oscar 2012, inclusive de "Melhor Filme".
Vale seu play!
"Moneyball" é um filme, de fato, fascinante e que oferece uma abordagem única que vai além do universo do beisebol (um esporte que o brasileiro não se conecta em sua maioria) - ou seja, embora tenha muitos elementos que remetam ao esporte em si, o filme é muito mais sobre um protagonista que pensava "fora da caixa", que estava a frente do seu tempo, do que qualquer outra coisa! Certamente um dos melhores de 2010, o filme dirigido pelo Bennett Miller (de "Capote") equilibra perfeitamente algumas curiosidades sobre os bastidores do esporte com a mesma habilidade com que constrói um drama coeso com um leve toque de crítica social, sem nunca perder seu ritmo empolgante.
Baseado em uma história real, o filme acompanha a jornada de Billy Beane (Brad Pitt), o gerente geral do time de beisebol Oakland Athletics, que decide abandonar as práticas convencionais de contratação de jogadores para adotar uma estratégia arriscada, baseada em dados e estatística, para formar um time barato, mas vencedor, e assim tentar mudar a história de como as pessoas viam o esporte. Confira o trailer:
Escrito por Aaron Sorkin e Steven Zaillian, e baseado na história de Stan Chervin, o roteiro de "Moneyball" é uma verdadeira obra-prima. Sua narrativa se desenvolve de maneira inteligente, cativando o público desde o primeiro momento. Embora o filme tenha um ritmo mais cadenciado em alguns momentos, com diálogos apressados (até verborrágicos demais) e termos pouco convencionais para o grande público, eu diria que a história é tão envolvente que fica até difícil perder o interesse pela jornada de Beane.
Aliás, Brad Pitt entrega uma performance fenomenal, capturando perfeitamente a complexidade de seu personagem - dos seus sonhos até suas inseguranças. Sua presença em cena cativa nossa atenção, ele transmite as emoções e a determinação de Beane de uma forma muito autêntica, muito verdadeira. Jonah Hill também merece elogios como Peter Brand, o economista que se junta a Beane na busca por essa nova abordagem. A química entre os dois atores é evidente, proporcionando momentos divertidíssimos. A fotografia de "Moneyball" é outro elemento técnico que precisa ser citado: o trabalho do Wally Pfister (parceiro de Nolan em vários filmes e vencedor do Oscar por "A Origem") impõe uma estética tão elegante quanto realista. As cenas dentro e fora do campo são capturadas de forma magistral, transmitindo a intensidade do jogo e a pressão enfrentada por Beane de uma forma muito natural.
"Moneyball" é um filme excepcional que transcende o gênero esportivo. É uma história das mais inspiradoras sobre perseverança, inovação e a busca incansável para alcançar o sucesso. Sua mensagem é tão poderosa que o filme virou referência quando o assunto é questionar as tradições e lidar com a mudança.
Imperdível!
Up-date:"Moneyball" foi indicado em seis categorias no Oscar 2012, inclusive de "Melhor Filme".
Vale seu play!
"Mythic Quest: Raven's Banquet" é mais uma série de comédia, ao estilo "Silicon Valley" da HBO, que se apoia nos esteriótipos (propositalmente) para replicar o ambiente de trabalho de uma Produtora Desenvolvedora de Games. Para os NERDs, sem a menor dúvida, é uma ótima pedida - a série é cheia de easter eggs, não só do universo de vídeo-games, mas também do cinema, séries e cultura pop; mas é preciso conhecer um pouco sobre esses temas para que várias piadas façam o efeito desejado, mesmo que algumas delas ainda soem completamente fora de contexto. Confira o trailer (em inglês):
Embora a série não seja um procedural, os primeiros episódios tendem a resolver um tema especifico nele próprio - deixando poucas conexões para os seguintes, fazendo com que o elo de ligação entre eles seja, exclusivamente, os personagens. Essa dinâmica narrativa causa uma certa inconstância, que parece diminuir na segunda metade da temporada até o episódio 9 - porque o 10º é só para "cumprir tabela"! "Mythic Quest" oscila muito, mas não deixa de mostrar um enorme potencial - o episódio 5 é, justamente, o maior exemplo disso (reparem)!
Com episódios de 30 minutos, "Mythic Quest" é um entretenimento de nicho com ótimas sacadas e bastante curioso por retratar o processo de desenvolvimento de um game, no caso uma continuação (DLC) chamada "Raven's Banquet", pelos olhos de um diretor de criação egocêntrico (Ian Grimm), de uma chefe de programação pouco reconhecida (Poppy Li), de um produtor executivo inseguro (David Brittlesbee) e de um diretor financeiro ambicioso e muitas vezes inescrupuloso (Brad Bakshi).
Olha, a série é divertida na medida certa, mas com cara de que tem espaço para evoluir muito nas próximas temporadas. Por hora, vale a pena, mas só se você souber a diferença entre um Nintendo e um Mega Drive! É sério!
"Mythic Quest" é uma criação do trio Rob McElhenney, Charlie Day e Megan Ganz, responsáveis pela série "It’s Always Sunny in Philadelphia" - o que chancela um roteiro bastante peculiar, muitas vezes fora do tom (é preciso dizer), mas com outros vários momentos extremamente bem construídos - a referência ao stroytelling de "Star Wars" em um dos episódios é genial! Em algumas passagens, o roteiro expõe assuntos importantes como assédio, machismo, abuso de poder e até o preconceito em diversas camadas; e isso pode incomodar a audiência que não estiver mergulhada na escolha conceitual proposta pelos criadores. De fato, algumas piadas fogem um pouco do bom senso, digamos assim, mas é impossível crucificar a forma, dada a importância, e a coragem, como o conteúdo desses assuntos são conectados com aquela realidade.
Dirigida, basicamente, por Todd Biermann (Black-ish e Grown-ish) e por David Gordon Green (O que te faz mais forte), a série não trás muitas inovações cinematográficas, porém é tecnicamente impecável. Já a edição trabalha um elemento bastante interessante e que chama a atenção: nas passagens de cena é inserido uma CG como se fosse cutscenes do game "Mythic Quest" que pontuam (literalmente) o tom da narrativa que acabamos de ver - é sensacional e muito divertido! Outro elemento interessante é a direção de arte, mesmo com 70% da história acontecendo em um mesmo ambiente (o escritório da Produtora), a riqueza de detalhes que constroem os cenários ajudam muito na composição da fotografia, dando um moodmuito interessante para a série e que conta muito na experiência de quem assiste.
O elenco talvez seja o ponto mais interessante de "Mythic Quest". Os personagens, mesmo vários tons acima, são ótimos e nada superficiais - grande mérito do roteiro, mas claramente potencializado por performances muito boas! Três destaques mais evidentes: Charlotte Nicdao (Poppy Li), David Hornsby (David Brittlesbee) e Rob McElhenney (Ian) - pode ter certeza que um deles, no mínimo, disputam as premiações de comédia na próxima temporada! Mais coadjuvantes, duas peças raras chamam a atenção: F. Murray Abraham (o "sem noção", C.W) e Jessie Ennis (a "visceral", Jo) - não vou me surpreender se eles também aparecerem entre indicados de Emmy e Globo de Ouro!
Resumindo, "Mythic Quest" tem muito que se ajustar, para não oscilar tanto, mas é notória a qualidade do texto e o trabalho do elenco, tendo como pano de fundo um universo que atinge uma audiência fiel e bastante qualificada. Eu diria que "Mythic Quest" ainda é uma promessa, mas que já vale ser observada muito de perto! Dê o play!
"Mythic Quest: Raven's Banquet" é mais uma série de comédia, ao estilo "Silicon Valley" da HBO, que se apoia nos esteriótipos (propositalmente) para replicar o ambiente de trabalho de uma Produtora Desenvolvedora de Games. Para os NERDs, sem a menor dúvida, é uma ótima pedida - a série é cheia de easter eggs, não só do universo de vídeo-games, mas também do cinema, séries e cultura pop; mas é preciso conhecer um pouco sobre esses temas para que várias piadas façam o efeito desejado, mesmo que algumas delas ainda soem completamente fora de contexto. Confira o trailer (em inglês):
Embora a série não seja um procedural, os primeiros episódios tendem a resolver um tema especifico nele próprio - deixando poucas conexões para os seguintes, fazendo com que o elo de ligação entre eles seja, exclusivamente, os personagens. Essa dinâmica narrativa causa uma certa inconstância, que parece diminuir na segunda metade da temporada até o episódio 9 - porque o 10º é só para "cumprir tabela"! "Mythic Quest" oscila muito, mas não deixa de mostrar um enorme potencial - o episódio 5 é, justamente, o maior exemplo disso (reparem)!
Com episódios de 30 minutos, "Mythic Quest" é um entretenimento de nicho com ótimas sacadas e bastante curioso por retratar o processo de desenvolvimento de um game, no caso uma continuação (DLC) chamada "Raven's Banquet", pelos olhos de um diretor de criação egocêntrico (Ian Grimm), de uma chefe de programação pouco reconhecida (Poppy Li), de um produtor executivo inseguro (David Brittlesbee) e de um diretor financeiro ambicioso e muitas vezes inescrupuloso (Brad Bakshi).
Olha, a série é divertida na medida certa, mas com cara de que tem espaço para evoluir muito nas próximas temporadas. Por hora, vale a pena, mas só se você souber a diferença entre um Nintendo e um Mega Drive! É sério!
"Mythic Quest" é uma criação do trio Rob McElhenney, Charlie Day e Megan Ganz, responsáveis pela série "It’s Always Sunny in Philadelphia" - o que chancela um roteiro bastante peculiar, muitas vezes fora do tom (é preciso dizer), mas com outros vários momentos extremamente bem construídos - a referência ao stroytelling de "Star Wars" em um dos episódios é genial! Em algumas passagens, o roteiro expõe assuntos importantes como assédio, machismo, abuso de poder e até o preconceito em diversas camadas; e isso pode incomodar a audiência que não estiver mergulhada na escolha conceitual proposta pelos criadores. De fato, algumas piadas fogem um pouco do bom senso, digamos assim, mas é impossível crucificar a forma, dada a importância, e a coragem, como o conteúdo desses assuntos são conectados com aquela realidade.
Dirigida, basicamente, por Todd Biermann (Black-ish e Grown-ish) e por David Gordon Green (O que te faz mais forte), a série não trás muitas inovações cinematográficas, porém é tecnicamente impecável. Já a edição trabalha um elemento bastante interessante e que chama a atenção: nas passagens de cena é inserido uma CG como se fosse cutscenes do game "Mythic Quest" que pontuam (literalmente) o tom da narrativa que acabamos de ver - é sensacional e muito divertido! Outro elemento interessante é a direção de arte, mesmo com 70% da história acontecendo em um mesmo ambiente (o escritório da Produtora), a riqueza de detalhes que constroem os cenários ajudam muito na composição da fotografia, dando um moodmuito interessante para a série e que conta muito na experiência de quem assiste.
O elenco talvez seja o ponto mais interessante de "Mythic Quest". Os personagens, mesmo vários tons acima, são ótimos e nada superficiais - grande mérito do roteiro, mas claramente potencializado por performances muito boas! Três destaques mais evidentes: Charlotte Nicdao (Poppy Li), David Hornsby (David Brittlesbee) e Rob McElhenney (Ian) - pode ter certeza que um deles, no mínimo, disputam as premiações de comédia na próxima temporada! Mais coadjuvantes, duas peças raras chamam a atenção: F. Murray Abraham (o "sem noção", C.W) e Jessie Ennis (a "visceral", Jo) - não vou me surpreender se eles também aparecerem entre indicados de Emmy e Globo de Ouro!
Resumindo, "Mythic Quest" tem muito que se ajustar, para não oscilar tanto, mas é notória a qualidade do texto e o trabalho do elenco, tendo como pano de fundo um universo que atinge uma audiência fiel e bastante qualificada. Eu diria que "Mythic Quest" ainda é uma promessa, mas que já vale ser observada muito de perto! Dê o play!
Se você gosta de séries mais provocadoras como "Bad Boys e Bilionários: Índia" ou até de algo mais leve, tipo "entretenimento puro", como "The Con", pode dar o play em "Na Rota do Dinheiro Sujo" que sua diversão está garantida por algumas (boas) horas - até porquê a série já tem duas temporadas disponíveis na Netflix. Bem ao estilo Michael Moore, essa produção indicada ao Critics' Choice Documentary Award em 2018, apresenta uma ampla gama de perspectivas sobre o que existe de pior no ser humano quando o assunto é lucrar descontroladamente - mesmo que para isso muitas pessoas tenham que ser prejudicadas. Chega a embrulhar o estômago, mas é incrível como a narrativa criada pelo Josh Adler (de "Murder on Middle Beach") é envolvente!
Essa é uma série documental que inegavelmente provoca um certo fascínio por mergulhar no obscuro mundo da ganância sob diversas formas de "negócios" e "fraudes". Através de uma investigação detalhada e com relatos de muitos especialistas, jornalistas, autoridades e, claro, os envolvidos nos casos, "Na Rota do Dinheiro Sujo"expõe, sem a menor preocupação, as táticas e os métodos utilizados por indivíduos e organizações para ocultar as artimanhas que os levaram a ganhar muito dinheiro - obviamente proveniente de atividades ilegais. Confira o trailer (em inglês):
Sem a menor dúvida, uma das principais qualidades de "Na Rota do Dinheiro Sujo" é sua abordagem profunda, imparcial e objetiva sobre os casos. Digo imparcial porque ela se esforça ao máximo para mostrar sempre os dois lados da história - em alguns episódios isso é mais perceptível, em outros soa mais como uma convenção, porém em ambos os casos, Adler é capaz de criar uma atmosfera de indignação que fica impossível não julgar os envolvidos mesmo quando a complexidade do caso nos impede de ter total compreensão sobre os vieses do problema. Digo isso, pois a série tem sim um aspecto um tanto denso e invariavelmente técnico - isso credibiliza a narrativa, mas não a torna tão simples assim.
A produção também merece muitos elogios: o departamento de pesquisa faz um trabalho minucioso e a forma como o roteiro se preocupa com a apresentação dos fatos impressiona. Pouco a pouco, a narrativa vai nos fornecendo informações detalhadas sobre casos reais, muitas vezes apoiadas em imagens de arquivo, reconstituições e intervenções gráficas que nos ajudam a conectar os pontos e a entender os fluxos dos pensamentos e, claro, do dinheiro que essas artimanhas geraram. Já no primeiro episódio que desmascara o esquema da Volkswagen para burlar os testes de poluentes nos EUA, temos o exato tom do que vamos encontrar durante toda a temporada.
Embora a série contextualize os casos a partir de uma análise sobre os impactos financeiros, existe uma preocupação em pontuar como a sociedade também é prejudicada pelas fraudes. A produção explora como esse dinheiro sujo pode financiar do tráfico de drogas ao terrorismo, contribuindo assim para a desestabilização de economias e nações inteiras. Essa proposta da série, sem dúvida, cria camadas bastante relevantes, nos proporcionando uma compreensão ainda mais profunda sobre um cenário macro e como a importância do combate a esse tipo de crime deveria ser prioridade - e aqui cabe uma ressalva, já que alguns políticos fecham os olhos com receio do impacto que o assunto pode ter em seus mandatos.
"Dirty Money" (no original) pode ser um desafio para aqueles que não estão familiarizados com os assuntos que a série aborda. Além disso, em certos momentos, sua narrativa pode parecer excessivamente longa ou até repetitiva, mas eu te garanto, envolvido no tema do episódio, essa é uma das melhores séries sobre "fraudes" já produzida. Entretenimento e educação que faz valer o seu play!
Se você gosta de séries mais provocadoras como "Bad Boys e Bilionários: Índia" ou até de algo mais leve, tipo "entretenimento puro", como "The Con", pode dar o play em "Na Rota do Dinheiro Sujo" que sua diversão está garantida por algumas (boas) horas - até porquê a série já tem duas temporadas disponíveis na Netflix. Bem ao estilo Michael Moore, essa produção indicada ao Critics' Choice Documentary Award em 2018, apresenta uma ampla gama de perspectivas sobre o que existe de pior no ser humano quando o assunto é lucrar descontroladamente - mesmo que para isso muitas pessoas tenham que ser prejudicadas. Chega a embrulhar o estômago, mas é incrível como a narrativa criada pelo Josh Adler (de "Murder on Middle Beach") é envolvente!
Essa é uma série documental que inegavelmente provoca um certo fascínio por mergulhar no obscuro mundo da ganância sob diversas formas de "negócios" e "fraudes". Através de uma investigação detalhada e com relatos de muitos especialistas, jornalistas, autoridades e, claro, os envolvidos nos casos, "Na Rota do Dinheiro Sujo"expõe, sem a menor preocupação, as táticas e os métodos utilizados por indivíduos e organizações para ocultar as artimanhas que os levaram a ganhar muito dinheiro - obviamente proveniente de atividades ilegais. Confira o trailer (em inglês):
Sem a menor dúvida, uma das principais qualidades de "Na Rota do Dinheiro Sujo" é sua abordagem profunda, imparcial e objetiva sobre os casos. Digo imparcial porque ela se esforça ao máximo para mostrar sempre os dois lados da história - em alguns episódios isso é mais perceptível, em outros soa mais como uma convenção, porém em ambos os casos, Adler é capaz de criar uma atmosfera de indignação que fica impossível não julgar os envolvidos mesmo quando a complexidade do caso nos impede de ter total compreensão sobre os vieses do problema. Digo isso, pois a série tem sim um aspecto um tanto denso e invariavelmente técnico - isso credibiliza a narrativa, mas não a torna tão simples assim.
A produção também merece muitos elogios: o departamento de pesquisa faz um trabalho minucioso e a forma como o roteiro se preocupa com a apresentação dos fatos impressiona. Pouco a pouco, a narrativa vai nos fornecendo informações detalhadas sobre casos reais, muitas vezes apoiadas em imagens de arquivo, reconstituições e intervenções gráficas que nos ajudam a conectar os pontos e a entender os fluxos dos pensamentos e, claro, do dinheiro que essas artimanhas geraram. Já no primeiro episódio que desmascara o esquema da Volkswagen para burlar os testes de poluentes nos EUA, temos o exato tom do que vamos encontrar durante toda a temporada.
Embora a série contextualize os casos a partir de uma análise sobre os impactos financeiros, existe uma preocupação em pontuar como a sociedade também é prejudicada pelas fraudes. A produção explora como esse dinheiro sujo pode financiar do tráfico de drogas ao terrorismo, contribuindo assim para a desestabilização de economias e nações inteiras. Essa proposta da série, sem dúvida, cria camadas bastante relevantes, nos proporcionando uma compreensão ainda mais profunda sobre um cenário macro e como a importância do combate a esse tipo de crime deveria ser prioridade - e aqui cabe uma ressalva, já que alguns políticos fecham os olhos com receio do impacto que o assunto pode ter em seus mandatos.
"Dirty Money" (no original) pode ser um desafio para aqueles que não estão familiarizados com os assuntos que a série aborda. Além disso, em certos momentos, sua narrativa pode parecer excessivamente longa ou até repetitiva, mas eu te garanto, envolvido no tema do episódio, essa é uma das melhores séries sobre "fraudes" já produzida. Entretenimento e educação que faz valer o seu play!
Definir o elemento essencial que diferencia um profissional ou suas decisões, é praticamente impossível. Existe uma linha que defende que a constância seria esse elemento, outros afirmam que é o estudo (os dados), já alguns preferem acreditar simplesmente no talento natural - eu, pessoalmente, acredito que é um pouco (ou muito) de tudo isso, mas não descarto dois pontos que, no meu entendimento, são cruciais: a "criatividade" e a "paixão"!
"Na Trilha do Sucesso" (ou "Search of Greatness" no original) é daqueles documentários imperdíveis, bem na linha de "Playbook", que através da perspectiva de alguns dos melhores atletas de todos os tempos, tenta explorar a "genialidade esportiva" do ponto de vista da "criatividade" - inclusive com um viés filosófico em muitos momentos. Estudos e depoimentos tentam decifrar o que faz com que alguns esportistas como Wayne Gretzky (hóquei no gelo), Jerry Rice (futebol americano) e Pelé (futebol) sejam praticamente unânimes e soberanos no que fazem, mesmo que as circunstâncias sejam desfavoráveis. Confira o trailer (em inglês):
O diretor Gabe Polsky (de "Red Army" e "Genius") foi muito inteligente em construir uma narrativa sobre os fatores que levaram alguns atletas a se tornarem ícones de suas respectivas modalidades, trazendo para discussão pontos de vista diferentes, porém complementares - talvez o mais relevante aqui, seja a visão desses próprios atletas e o modo como eles encaram os feitos que realizaram. Ao trazer apenas o topo da pirâmide esportiva (propositalmente) para um bate papo quase informal, Polsky humaniza essas conquistas ao mesmo tempo que consegue fisgar detalhes que normalmente são deixados em segundo plano nesse tipo de estudo - a importância da criatividade para o sucesso é um bom exemplo.
O mágico de "Na Trilha do Sucesso", sem a menor dúvida, são as respostas de Gretzky, Rice e Pelé às perguntas certeiras do próprio Polsky. Aliás, a capacidade de conexão que o diretor tem com cada um dos atletas chega a ser impressionante. O roteiro traz para a discussão outros fenômenos como Tom Brady, Garrincha, Roger Federer, Michael Jordan, Rocky Marciano, Serena Williams, entre muitos outros. Quando o escritor e pesquisador Ken Robinson, uma referência sobre a importância da criatividade e um dos maiores defensores do conceito de "escolas criativas", analisa e nos explica como algumas características dos atletas impactaram nos seus resultados ao longo da carreira - é aí que temos a exata noção de como a criatividade fez a diferença. Reparem quando Richard "Dick" Douglas Fosbury é citado por revolucionar o salto em altura, criando uma técnica inovadora de saltar de costas para conseguir melhores resultados ou até nas analogias que Robinson faz com arte a partir de nomes como David Bowie e os Beatles.
O repórter David Epstein também está no documentário. Autor de 2 livros: "Gama: Por que os generalistas triunfam em um mundo especializado" (um dos mais vendidos do New York Times) e "The Sports Gene: Inside the Science of Extraordinary Athletic Performance" (outro best-seller também do New York Times), Epstein nos orienta através de casos muito particulares de atletas de alta performance. O testemunho dele sobre o aquecimento de Roger Federer no US Open é simplesmente genial!
O fato é que "Na Trilha do Sucesso" é mais uma aula sobre performance! Se você é apaixonado por esporte e enxerga nesses gênios, habilidades e conceitos que facilmente podemos aplicar na nossa vida empreendedora, te afirmo sem o menor medo de errar: esse documentário é essencial para qualquer tipo de discussão sobre o assunto! Uma verdadeira jóia escondida no catálogo de um serviço streaming que trago para você!
Antes de finalizar, uma lição que você vai encontrar em "Na Trilha do Sucesso": "As pessoas engenhosas e criativas não se prendem a definições fixas de como a vida ou a realidade devem ser. Elas tem a ambição de que querer dominar uma área e capacidade de aprender para alcançar esse objetivo."
Vale muito a pena!
Definir o elemento essencial que diferencia um profissional ou suas decisões, é praticamente impossível. Existe uma linha que defende que a constância seria esse elemento, outros afirmam que é o estudo (os dados), já alguns preferem acreditar simplesmente no talento natural - eu, pessoalmente, acredito que é um pouco (ou muito) de tudo isso, mas não descarto dois pontos que, no meu entendimento, são cruciais: a "criatividade" e a "paixão"!
"Na Trilha do Sucesso" (ou "Search of Greatness" no original) é daqueles documentários imperdíveis, bem na linha de "Playbook", que através da perspectiva de alguns dos melhores atletas de todos os tempos, tenta explorar a "genialidade esportiva" do ponto de vista da "criatividade" - inclusive com um viés filosófico em muitos momentos. Estudos e depoimentos tentam decifrar o que faz com que alguns esportistas como Wayne Gretzky (hóquei no gelo), Jerry Rice (futebol americano) e Pelé (futebol) sejam praticamente unânimes e soberanos no que fazem, mesmo que as circunstâncias sejam desfavoráveis. Confira o trailer (em inglês):
O diretor Gabe Polsky (de "Red Army" e "Genius") foi muito inteligente em construir uma narrativa sobre os fatores que levaram alguns atletas a se tornarem ícones de suas respectivas modalidades, trazendo para discussão pontos de vista diferentes, porém complementares - talvez o mais relevante aqui, seja a visão desses próprios atletas e o modo como eles encaram os feitos que realizaram. Ao trazer apenas o topo da pirâmide esportiva (propositalmente) para um bate papo quase informal, Polsky humaniza essas conquistas ao mesmo tempo que consegue fisgar detalhes que normalmente são deixados em segundo plano nesse tipo de estudo - a importância da criatividade para o sucesso é um bom exemplo.
O mágico de "Na Trilha do Sucesso", sem a menor dúvida, são as respostas de Gretzky, Rice e Pelé às perguntas certeiras do próprio Polsky. Aliás, a capacidade de conexão que o diretor tem com cada um dos atletas chega a ser impressionante. O roteiro traz para a discussão outros fenômenos como Tom Brady, Garrincha, Roger Federer, Michael Jordan, Rocky Marciano, Serena Williams, entre muitos outros. Quando o escritor e pesquisador Ken Robinson, uma referência sobre a importância da criatividade e um dos maiores defensores do conceito de "escolas criativas", analisa e nos explica como algumas características dos atletas impactaram nos seus resultados ao longo da carreira - é aí que temos a exata noção de como a criatividade fez a diferença. Reparem quando Richard "Dick" Douglas Fosbury é citado por revolucionar o salto em altura, criando uma técnica inovadora de saltar de costas para conseguir melhores resultados ou até nas analogias que Robinson faz com arte a partir de nomes como David Bowie e os Beatles.
O repórter David Epstein também está no documentário. Autor de 2 livros: "Gama: Por que os generalistas triunfam em um mundo especializado" (um dos mais vendidos do New York Times) e "The Sports Gene: Inside the Science of Extraordinary Athletic Performance" (outro best-seller também do New York Times), Epstein nos orienta através de casos muito particulares de atletas de alta performance. O testemunho dele sobre o aquecimento de Roger Federer no US Open é simplesmente genial!
O fato é que "Na Trilha do Sucesso" é mais uma aula sobre performance! Se você é apaixonado por esporte e enxerga nesses gênios, habilidades e conceitos que facilmente podemos aplicar na nossa vida empreendedora, te afirmo sem o menor medo de errar: esse documentário é essencial para qualquer tipo de discussão sobre o assunto! Uma verdadeira jóia escondida no catálogo de um serviço streaming que trago para você!
Antes de finalizar, uma lição que você vai encontrar em "Na Trilha do Sucesso": "As pessoas engenhosas e criativas não se prendem a definições fixas de como a vida ou a realidade devem ser. Elas tem a ambição de que querer dominar uma área e capacidade de aprender para alcançar esse objetivo."
Vale muito a pena!
"Não existe almoço grátis" - essa é uma expressão que usamos para classificar aqueles investimentos que expõem a ganância de pessoas que acreditam que podem ganhar muito dinheiro, rapidamente e com pouco risco; mas que na verdade não existem. A equação é muito simples: quanto maior o lucro, maior o risco - tudo que for diferente disso, pode desconfiar que tem algo errado. Em "Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas" muitas pessoas embarcaram no hype dessa nova modalidade de investimento, as criptomoedas, e não se preocuparam em fazer a lição de casa de pesquisar sobre a empresa (e seus fundadores) que movimentaria seus ativos. O resultado: golpe!
O documentário além de explorar o misterioso caso da agência de criptomoedas canadense QuadrigaCX (definida por muitos como a maior do país) e a suposta morte do seu fundador Gerald “Gerry” Cotten que gerou um prejuízo de mais de 200 milhões de dólares para seus clientes, também pontua todas as teorias criadas em torno do caso e as investigações que foram feitas na época. Confira o trailer (em inglês):
Muito mais do que criar uma atmosfera conspiratória, "Trust No One: The Hunt for the Crypto King" (no original) funciona como um aviso! Talvez a frase de um dos entrevistados defina muito bem a dicotomia que é embarcar em uma oportunidade que parece única (e que muitos se beneficiam com ela): "eu confio muito mais na tecnologia, do que nas pessoas!". Ao assistir o documentário, original da Netflix, entendemos perfeitamente como Gerry Cotten construiu um império as custas da ingenuidade (e ganância) das pessoas. Seu estilo NERD ajudou a passar uma imagem de confiança, mas seu modo de agir em pouco difere do que fez Bernie Madoff em Wall Street (talvez o volume do golpe, mas acho que vale a comparação) - mais uma vez o Esquema Ponzi entra em ação (para saber mais sobre o assunto, sugiro que assistam "O Mago das Mentiras").
Embora o documentário faça um recorte interessante e fácil de entender sobre o que fez as pessoas passarem a considerar as criptomoedas como possibilidade de diversificação na carteira de investimentos, o diretor Luke Sewell foca mesmo no processo de investigação feito pelos próprios investidores lesados pela QuadrigaCX e por seu fundador. Obviamente que a morte prematura de Cotten, na Índia e justamente quando as pessoas viam o valor das criptos desabarem, gerou desconfiança. A partir de um grupo de Telegram, essas pessoas iniciam uma verdadeira força-tarefa para tentar reaver o dinheiro (perdido). Um dos personagens mais interessantes atende pelo apelido QCXINT - de máscara e com a voz distorcida, ele dá detalhes de toda a linha do tempo que resultou na resolução de todo mistério. Pela quantia superior a seis dígitos que ele perdeu, e pelo cuidado em nunca mostrar sua identidade, desconfio que seja alguém bem importante que também caiu no golpe.
"Não Confie em Ninguém: A Caça ao Rei da Criptomoeda" é um documentário rápido, de 90 minutos, interessante e dinâmico, além de muito curioso. Se olharmos por uma perspectiva mais antropológica, fica fácil perceber como o ser humano tem a tendência a querer justificar suas falhas (ou seus erros de julgamento) através da genialidade de quem conseguiu engana-lo. Muito mais do que genial, talvez a esperteza seja a qualidade de quem engana ao tocar no ponto que mais faz o olho da vitima brilhar: normalmente dinheiro fácil ou poder. A reflexão é boa, e o documentário também!
Vale o seu play!
"Não existe almoço grátis" - essa é uma expressão que usamos para classificar aqueles investimentos que expõem a ganância de pessoas que acreditam que podem ganhar muito dinheiro, rapidamente e com pouco risco; mas que na verdade não existem. A equação é muito simples: quanto maior o lucro, maior o risco - tudo que for diferente disso, pode desconfiar que tem algo errado. Em "Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas" muitas pessoas embarcaram no hype dessa nova modalidade de investimento, as criptomoedas, e não se preocuparam em fazer a lição de casa de pesquisar sobre a empresa (e seus fundadores) que movimentaria seus ativos. O resultado: golpe!
O documentário além de explorar o misterioso caso da agência de criptomoedas canadense QuadrigaCX (definida por muitos como a maior do país) e a suposta morte do seu fundador Gerald “Gerry” Cotten que gerou um prejuízo de mais de 200 milhões de dólares para seus clientes, também pontua todas as teorias criadas em torno do caso e as investigações que foram feitas na época. Confira o trailer (em inglês):
Muito mais do que criar uma atmosfera conspiratória, "Trust No One: The Hunt for the Crypto King" (no original) funciona como um aviso! Talvez a frase de um dos entrevistados defina muito bem a dicotomia que é embarcar em uma oportunidade que parece única (e que muitos se beneficiam com ela): "eu confio muito mais na tecnologia, do que nas pessoas!". Ao assistir o documentário, original da Netflix, entendemos perfeitamente como Gerry Cotten construiu um império as custas da ingenuidade (e ganância) das pessoas. Seu estilo NERD ajudou a passar uma imagem de confiança, mas seu modo de agir em pouco difere do que fez Bernie Madoff em Wall Street (talvez o volume do golpe, mas acho que vale a comparação) - mais uma vez o Esquema Ponzi entra em ação (para saber mais sobre o assunto, sugiro que assistam "O Mago das Mentiras").
Embora o documentário faça um recorte interessante e fácil de entender sobre o que fez as pessoas passarem a considerar as criptomoedas como possibilidade de diversificação na carteira de investimentos, o diretor Luke Sewell foca mesmo no processo de investigação feito pelos próprios investidores lesados pela QuadrigaCX e por seu fundador. Obviamente que a morte prematura de Cotten, na Índia e justamente quando as pessoas viam o valor das criptos desabarem, gerou desconfiança. A partir de um grupo de Telegram, essas pessoas iniciam uma verdadeira força-tarefa para tentar reaver o dinheiro (perdido). Um dos personagens mais interessantes atende pelo apelido QCXINT - de máscara e com a voz distorcida, ele dá detalhes de toda a linha do tempo que resultou na resolução de todo mistério. Pela quantia superior a seis dígitos que ele perdeu, e pelo cuidado em nunca mostrar sua identidade, desconfio que seja alguém bem importante que também caiu no golpe.
"Não Confie em Ninguém: A Caça ao Rei da Criptomoeda" é um documentário rápido, de 90 minutos, interessante e dinâmico, além de muito curioso. Se olharmos por uma perspectiva mais antropológica, fica fácil perceber como o ser humano tem a tendência a querer justificar suas falhas (ou seus erros de julgamento) através da genialidade de quem conseguiu engana-lo. Muito mais do que genial, talvez a esperteza seja a qualidade de quem engana ao tocar no ponto que mais faz o olho da vitima brilhar: normalmente dinheiro fácil ou poder. A reflexão é boa, e o documentário também!
Vale o seu play!
É impossível assistir os primeiros minutos da série documental da Netflix, "Naomi Osaka: Estrela do Tênis" e não lembrar do recente "King Richard" - a jornada é muito parecida, porém tendo como protagonista uma asiática de 20 e poucos anos que, curiosamente, chega ao estrelato ao derrotar justamente a americana Serena Williams na final do Aberto dos Estados Unidos de 2018. Dirigido pela Garrett Bradley (indicada ao Oscar pelo excelente e imperdível "Time"), essa é mais uma produção de LeBron e Maverick Carter da Uninterrupted, empresa responsável, entre outros, pelo documentário "Neymar - O Caos Perfeito".
Em três episódios, o documentário é um olhar íntimo sobre a vida de uma das mais dotadas e complexas atletas da sua geração. Uma perspetiva sobre as duras decisões e os incríveis triunfos que definem Naomi Osaka simultaneamente como uma superestrela de elite mundial e uma jovem que precisa lidar com uma enorme pressão graças ao mundo conectado de hoje. Confira o trailer:
Com uma linha narrativa bem construída, mas sem se aprofundar muito nos assuntos levantados pelo roteiro, a série segue uma linha bem de observação, com pouca ou nenhuma influência da diretora na condução da história, fazendo com que a audiência seja um olhar curioso sobre o dia a dia da atleta. Através de um acesso inédito, Bradley acompanha Osaka durante dois anos - talvez os mais importantes na vida dela até aqui. São os anos de transformação esportiva, mas também uma época onde ela começa a encontrar a sua voz e compreender seu poder como referência na modalidade.
O interessante é que vemos a preparação para defender os dois títulos de Grand Slam que ela conquistou no ano anterior, da mesma forma em que ela se coloca como defensora dos direitos humanos usando máscaras com o nome de pessoas afro-americanas que perderam suas vidas covardemente. Outro ponto interessante é o seu processo de luto pela perda inesperada do seu mentor e amigo Kobe Bryant - e como isso impactou na sua performance nas quadras. Talvez o pouco esforço do roteiro em humanizar Osaka seja uma das coisas mais surpreendentes da narrativa (diferente do documentário de Neymar, por exemplo) - sua relação com a tenista americana de 15 anos, Cori Gauff, é real e muito bacana por isso. Quando Osaka perde para Gauff, sua naturalidade em dizer o quanto aquilo foi ruim, mesmo gostando da adversária, é muito honesto!
Com essa abordagem empática, "Naomi Osaka: Estrela do Tênis" brilha pelas curiosidades: seja pelo infernal programa de treinos e viagens, ou pela exploração de todas as camadas de pressão que a atleta está sujeita - é de se compreender o histórico de ansiedade, medos, perdas, derrotas, reinvenção, vitórias e posicionamento perante a importância da saúde mental que Osaka encabeçou ao lado de Simone Biles. Ela mesmo faz uma auto-avaliação sobre a necessidade de desenvolver seu mindset vencedor para mudar de patamar como atleta.
O fato é que, pelo esporte, pela figura marcante e pelo aprendizado, a minissérie vale muito a pena!
É impossível assistir os primeiros minutos da série documental da Netflix, "Naomi Osaka: Estrela do Tênis" e não lembrar do recente "King Richard" - a jornada é muito parecida, porém tendo como protagonista uma asiática de 20 e poucos anos que, curiosamente, chega ao estrelato ao derrotar justamente a americana Serena Williams na final do Aberto dos Estados Unidos de 2018. Dirigido pela Garrett Bradley (indicada ao Oscar pelo excelente e imperdível "Time"), essa é mais uma produção de LeBron e Maverick Carter da Uninterrupted, empresa responsável, entre outros, pelo documentário "Neymar - O Caos Perfeito".
Em três episódios, o documentário é um olhar íntimo sobre a vida de uma das mais dotadas e complexas atletas da sua geração. Uma perspetiva sobre as duras decisões e os incríveis triunfos que definem Naomi Osaka simultaneamente como uma superestrela de elite mundial e uma jovem que precisa lidar com uma enorme pressão graças ao mundo conectado de hoje. Confira o trailer:
Com uma linha narrativa bem construída, mas sem se aprofundar muito nos assuntos levantados pelo roteiro, a série segue uma linha bem de observação, com pouca ou nenhuma influência da diretora na condução da história, fazendo com que a audiência seja um olhar curioso sobre o dia a dia da atleta. Através de um acesso inédito, Bradley acompanha Osaka durante dois anos - talvez os mais importantes na vida dela até aqui. São os anos de transformação esportiva, mas também uma época onde ela começa a encontrar a sua voz e compreender seu poder como referência na modalidade.
O interessante é que vemos a preparação para defender os dois títulos de Grand Slam que ela conquistou no ano anterior, da mesma forma em que ela se coloca como defensora dos direitos humanos usando máscaras com o nome de pessoas afro-americanas que perderam suas vidas covardemente. Outro ponto interessante é o seu processo de luto pela perda inesperada do seu mentor e amigo Kobe Bryant - e como isso impactou na sua performance nas quadras. Talvez o pouco esforço do roteiro em humanizar Osaka seja uma das coisas mais surpreendentes da narrativa (diferente do documentário de Neymar, por exemplo) - sua relação com a tenista americana de 15 anos, Cori Gauff, é real e muito bacana por isso. Quando Osaka perde para Gauff, sua naturalidade em dizer o quanto aquilo foi ruim, mesmo gostando da adversária, é muito honesto!
Com essa abordagem empática, "Naomi Osaka: Estrela do Tênis" brilha pelas curiosidades: seja pelo infernal programa de treinos e viagens, ou pela exploração de todas as camadas de pressão que a atleta está sujeita - é de se compreender o histórico de ansiedade, medos, perdas, derrotas, reinvenção, vitórias e posicionamento perante a importância da saúde mental que Osaka encabeçou ao lado de Simone Biles. Ela mesmo faz uma auto-avaliação sobre a necessidade de desenvolver seu mindset vencedor para mudar de patamar como atleta.
O fato é que, pelo esporte, pela figura marcante e pelo aprendizado, a minissérie vale muito a pena!
Que história fantástica! Se você tem mais de 40 anos e é um apaixonado por basquete, esse documentário da HBO Sports, disponível na Max, vai te fazer dar boas gargalhadas. Quando se fala no Dream Team dos Estados Unidos, a lembrança é de um time que esmagou seus adversários nas Olimpíadas de Barcelona em 1992. Liderado por Michael Jordan, Magic Johnson e Larry Bird, o primeiro time olímpico formado por jogadores da NBA se tornou um dos maiores ícones do esporte coletivo mundial. Mas há um detalhe pouco mencionado nessa trajetória: antes de dominar as quadras na Espanha, o Dream Team perdeu um jogo-treino contra um grupo de universitários conhecido como "Select Team". E é justamente essa história que "Nós Derrotamos o Dream Team", busca resgatar.
Dirigido por Michael Tolajian (produtor de "The Last Dance"), o documentário se apoia em imagens de arquivo e depoimentos de quem esteve lá e foi testemunha ocular desse acontecimento esportivo. "Nós Derrotamos o Dream Team" explora como oito jovens talentos do basquete universitário dos EUA conseguiram vencer, ainda que em um jogo treino, o time que mudaria a história do basquete mundial. Entre os entrevistados está Grant Hill, que se tornou um dos maiores jogadores da NBA e que serve como uma espécie de narrador dos eventos, detalhando o impacto desse jogo para todos os envolvidos e para a continuidade do projeto americano de retomar a hegemonia no basquete. Confira o trailer (em inglês):
O contexto histórico é essencial para entender a importância desse episódio. Até 1988, os Estados Unidos enviavam apenas equipes universitárias para torneios internacionais, mas a derrota para a União Soviética na semifinal olímpica daquele ano escancarou a necessidade de mudança. O acordo com a FIBA permitiu que os atletas da NBA representassem seu país nos Jogos, e assim nasceu o Dream Team, uma equipe montada para vencer o que disputar e com larga vantagem. Sabendo que as regras internacionais eram diferentes daquelas praticadas na NBA, o técnico Chuck Daly (ex-Detroit Pistons) resolveu testar seus jogadores em um ambiente controlado. Para isso, reuniu um grupo de universitários de elite, que incluía nomes como Chris Webber, Penny Hardaway e Allan Houston, para enfrentar os astros da NBA em um jogo-treino fechado ao público. O que deveria ser apenas um teste se transformou em um alerta para o Dream Team - acreditem: os jovens venceram a partida.
A grande sacada do documentário é justamente reconstruir a tensão desse momento. Os depoimentos dos jogadores universitários revelam a empolgação de quem sabia que estava vivendo um evento histórico. Já os relatos dos atletas do Dream Team mostram a surpresa e a frustração diante daquela derrota. A narrativa se intensifica ainda mais quando um dos assistentes técnicos de Daly, o emblemático Coach K, sugere que o treinador pode ter planejado algum tipo de situação adversa para acordar seus jogadores. Essa revelação, aliás, adiciona uma camada intrigante ao documentário, levantando questões sobre motivação e estratégia.
Visualmente, "Nós Derrotamos o Dream Team" é bem construído, combinando imagens restauradas da época com entrevistas recentes e algumas intervenções gráficas bem pertinentes. A montagem é outro ponto a se elogiar - ela mantém um ritmo dinâmico, alternando momentos de nostalgia com algumas análises mais técnicas do jogo, mas sempre preservando o bom humor. Além disso, a produção acerta demais ao contextualizar a evolução do basquete internacional, mostrando como esse episódio foi um prenúncio do crescimento do esporte fora dos Estados Unidos. No fim, o documentário não tenta diminuir o impacto do Dream Team, mas sim enriquecer sua história. O jogo contra os universitários foi um momento de vulnerabilidade para um time que parecia invencível, e a forma como reagiram a ele só reforça a grandeza do que conquistaram em Barcelona.
Para os fãs de basquete e de histórias esportivas, "Nós Derrotamos o Dream Team" é um relato fascinante, que mostra que até os gigantes podem tropeçar - e que às vezes, perder faz parte do processo e acaba se tornando essencial para alcançar a glória!
Vale demais o seu play!
Que história fantástica! Se você tem mais de 40 anos e é um apaixonado por basquete, esse documentário da HBO Sports, disponível na Max, vai te fazer dar boas gargalhadas. Quando se fala no Dream Team dos Estados Unidos, a lembrança é de um time que esmagou seus adversários nas Olimpíadas de Barcelona em 1992. Liderado por Michael Jordan, Magic Johnson e Larry Bird, o primeiro time olímpico formado por jogadores da NBA se tornou um dos maiores ícones do esporte coletivo mundial. Mas há um detalhe pouco mencionado nessa trajetória: antes de dominar as quadras na Espanha, o Dream Team perdeu um jogo-treino contra um grupo de universitários conhecido como "Select Team". E é justamente essa história que "Nós Derrotamos o Dream Team", busca resgatar.
Dirigido por Michael Tolajian (produtor de "The Last Dance"), o documentário se apoia em imagens de arquivo e depoimentos de quem esteve lá e foi testemunha ocular desse acontecimento esportivo. "Nós Derrotamos o Dream Team" explora como oito jovens talentos do basquete universitário dos EUA conseguiram vencer, ainda que em um jogo treino, o time que mudaria a história do basquete mundial. Entre os entrevistados está Grant Hill, que se tornou um dos maiores jogadores da NBA e que serve como uma espécie de narrador dos eventos, detalhando o impacto desse jogo para todos os envolvidos e para a continuidade do projeto americano de retomar a hegemonia no basquete. Confira o trailer (em inglês):
O contexto histórico é essencial para entender a importância desse episódio. Até 1988, os Estados Unidos enviavam apenas equipes universitárias para torneios internacionais, mas a derrota para a União Soviética na semifinal olímpica daquele ano escancarou a necessidade de mudança. O acordo com a FIBA permitiu que os atletas da NBA representassem seu país nos Jogos, e assim nasceu o Dream Team, uma equipe montada para vencer o que disputar e com larga vantagem. Sabendo que as regras internacionais eram diferentes daquelas praticadas na NBA, o técnico Chuck Daly (ex-Detroit Pistons) resolveu testar seus jogadores em um ambiente controlado. Para isso, reuniu um grupo de universitários de elite, que incluía nomes como Chris Webber, Penny Hardaway e Allan Houston, para enfrentar os astros da NBA em um jogo-treino fechado ao público. O que deveria ser apenas um teste se transformou em um alerta para o Dream Team - acreditem: os jovens venceram a partida.
A grande sacada do documentário é justamente reconstruir a tensão desse momento. Os depoimentos dos jogadores universitários revelam a empolgação de quem sabia que estava vivendo um evento histórico. Já os relatos dos atletas do Dream Team mostram a surpresa e a frustração diante daquela derrota. A narrativa se intensifica ainda mais quando um dos assistentes técnicos de Daly, o emblemático Coach K, sugere que o treinador pode ter planejado algum tipo de situação adversa para acordar seus jogadores. Essa revelação, aliás, adiciona uma camada intrigante ao documentário, levantando questões sobre motivação e estratégia.
Visualmente, "Nós Derrotamos o Dream Team" é bem construído, combinando imagens restauradas da época com entrevistas recentes e algumas intervenções gráficas bem pertinentes. A montagem é outro ponto a se elogiar - ela mantém um ritmo dinâmico, alternando momentos de nostalgia com algumas análises mais técnicas do jogo, mas sempre preservando o bom humor. Além disso, a produção acerta demais ao contextualizar a evolução do basquete internacional, mostrando como esse episódio foi um prenúncio do crescimento do esporte fora dos Estados Unidos. No fim, o documentário não tenta diminuir o impacto do Dream Team, mas sim enriquecer sua história. O jogo contra os universitários foi um momento de vulnerabilidade para um time que parecia invencível, e a forma como reagiram a ele só reforça a grandeza do que conquistaram em Barcelona.
Para os fãs de basquete e de histórias esportivas, "Nós Derrotamos o Dream Team" é um relato fascinante, que mostra que até os gigantes podem tropeçar - e que às vezes, perder faz parte do processo e acaba se tornando essencial para alcançar a glória!
Vale demais o seu play!
É muito difícil olhar para "O Aprendiz" simplesmente pelo viés cinematográfico. Independente do posicionamento político, é praticamente impossível desassociar a figura pública de Donald Trump de um ser-humano com uma dificuldade enorme de lidar com o poder - graças as suas incontáveis inseguranças que aliás, o filme pontua com perfeição. Ao olhar pela perspectiva do empreendedor, certamente você vai encontrar em seu íntimo, traços megalomaníacos de um Adam Neumann com uma boa dose de fraqueza de Mark Zuckerberg - e aqui estou levando muito em consideração o que assistimos em "WeCrashed" e em "A Rede Social" (nada mais). Pois bem, "O Aprendiz" não é apenas um filme biográfico convencional, mas um estudo de personagem que examina as engrenagens do poder e a construção de uma persona pública. Dirigido por Ali Abbasi (de "Holy Spider") e roteirizado por Gabriel Sherman (de "A Voz Mais Forte"), temos aqui um recorte capaz de nos levar pelos bastidores da ascensão de Trump nos anos 1970 e 1980, explorando sua relação com o polêmico advogado e estrategista Roy Cohn. Longe de um retrato panfletário, o filme se apresenta como um drama psicológico dos mais eficientes, especialmente por discutir as nuances da ambição, da corrupção e da formação de um dos personagens mais polarizadores da história recente. A abordagem de Abbasi nos remete a obras como "O Lobo de Wall Street" e "Vice" com um toque nostálgico de "Succession", onde a ascensão ao poder é tratada com um misto de fascínio e, principalmente, de repulsa.
No início de sua carreira, Donald Trump (Sebastian Stan) buscou orientação de Roy Cohn (Jeremy Strong), advogado de extrema direita conhecido por sua influência pouco ortodoxa nos bastidores da política e dos negócios. Cohn se tornou uma figura determinante para a consolidação do ambicioso jovem empresário no mercado imobiliário, especialmente nos círculos de poder de Nova York. Ao longo dos anos, essa relação moldou não apenas sua trajetória profissional, mas sua visão de mundo e sua estratégia política. Confira o trailer:
Ali Abbasi constrói sua narrativa sem apelar para caricaturas ou julgamentos óbvios. Em vez disso, ele nos apresenta um jovem Trump ainda em processo de formação, absorvendo a crueldade e o pragmatismo de Cohn. A relação entre os dois é o coração do filme, funcionando como uma espécie de pacto faustiano, onde Trump, inicialmente ingênuo e ambicioso, aprende a manipular e dobrar as regras do jogo para alcançar seus objetivos - e aqui é preciso elogiar de pé, Jeremy Strong. Ele entrega uma performance que canaliza toda a arrogância, astúcia e frieza de Cohn, um personagem que se torna quase um mentor malévolo para Trump. Enquanto Sebastian Stan constrói um Trump diferente do que estamos acostumados a ver na mídia. Não é a figura bombástica dos anos 2010, mas um jovem empresário tentando consolidar seu nome em Nova York. Sua atuação foge da imitação barata na busca por nuances: há momentos de insegurança, hesitação e até mesmo vulnerabilidade, mas sempre permeados por uma crescente absorção da filosofia implacável de Cohn. A transformação ao longo da jornada é sutil, mas perceptível – e é aí que Abbasi acerta em cheio. Ele nos faz testemunhar a mutação do protagonista, em vez de simplesmente retratar a história por si só.
A direção de Abbasi aposta em um realismo seco, evitando os maneirismos estilísticos comuns em cinebiografias políticas. A fotografia do dinamarquês Kasper Tuxen (de "Loucos por Justiça") é primorosa - ele cria uma ambientação com tons frios e pastéis, sempre muito granulado, em enquadramentos que projetam os contrastes entre os luxuosos escritórios e os ambientes mais sombrios onde as negociações de bastidores aconteciam - é difícil não se perguntar a razão pela qual Tuxen não foi indicado ao Oscar 2025. O desenho de produção é outro espetáculo - limitado pelo aspecto 4:3 da tela, ele recria com precisão a Nova York dos anos 70 e 80, trazendo detalhes que vão desde dos trajes impecáveis de Cohn até os primeiros edifícios que levariam o nome Trump na fachada. Outro ponto que favorece demais nossa imersão é a trilha sonora - ela transita entre o minimalismo que intensifica a tensão e o jogo de poder entre os personagens com as referências culturais da época, marcada por bandas como Pet Shop Boys, por exemplo!
O roteiro de Gabriel Sherman se baseia em pesquisas detalhadas e depoimentos sobre essa fase inicial da vida de Trump, mas evita cair em uma abordagem documental. Em vez disso, a estrutura de "O Aprendiz" se assemelha ao drama mais psicológico, onde cada decisão tomada pelo protagonista tem consequências que reverberam até hoje. O diálogo é afiado, refletindo a retórica agressiva de Cohn e o aprendizado gradual de Trump em dominar o discurso e a manipulação da mídia. Mesmo que o filme não tente oferecer respostas definitivas sobre o impacto da relação entre Trump e Cohn, ele deixa claro como esse período foi determinante para o que viria depois - a transformação do jovem empresário em um jogador implacável da política e dos negócios não é tratada como um evento isolado, mas como um processo meticulosamente arquitetado.
Veja, "O Aprendiz" não é um filme que busca escândalos ou grandes revelações, mas sim uma imersão na mentalidade de poder e influência que moldou um dos personagens mais controversos do EUA, ou seja, para aqueles interessados em histórias de ascensão e corrupção, este é um drama que vale a pena ser visto e, claro, debatido.
Up Date: Tanto Sebastian Stan quanto Jeremy Strong foram indicados ao Oscar 2025 - o trabalho dos dois é uma aula!
É muito difícil olhar para "O Aprendiz" simplesmente pelo viés cinematográfico. Independente do posicionamento político, é praticamente impossível desassociar a figura pública de Donald Trump de um ser-humano com uma dificuldade enorme de lidar com o poder - graças as suas incontáveis inseguranças que aliás, o filme pontua com perfeição. Ao olhar pela perspectiva do empreendedor, certamente você vai encontrar em seu íntimo, traços megalomaníacos de um Adam Neumann com uma boa dose de fraqueza de Mark Zuckerberg - e aqui estou levando muito em consideração o que assistimos em "WeCrashed" e em "A Rede Social" (nada mais). Pois bem, "O Aprendiz" não é apenas um filme biográfico convencional, mas um estudo de personagem que examina as engrenagens do poder e a construção de uma persona pública. Dirigido por Ali Abbasi (de "Holy Spider") e roteirizado por Gabriel Sherman (de "A Voz Mais Forte"), temos aqui um recorte capaz de nos levar pelos bastidores da ascensão de Trump nos anos 1970 e 1980, explorando sua relação com o polêmico advogado e estrategista Roy Cohn. Longe de um retrato panfletário, o filme se apresenta como um drama psicológico dos mais eficientes, especialmente por discutir as nuances da ambição, da corrupção e da formação de um dos personagens mais polarizadores da história recente. A abordagem de Abbasi nos remete a obras como "O Lobo de Wall Street" e "Vice" com um toque nostálgico de "Succession", onde a ascensão ao poder é tratada com um misto de fascínio e, principalmente, de repulsa.
No início de sua carreira, Donald Trump (Sebastian Stan) buscou orientação de Roy Cohn (Jeremy Strong), advogado de extrema direita conhecido por sua influência pouco ortodoxa nos bastidores da política e dos negócios. Cohn se tornou uma figura determinante para a consolidação do ambicioso jovem empresário no mercado imobiliário, especialmente nos círculos de poder de Nova York. Ao longo dos anos, essa relação moldou não apenas sua trajetória profissional, mas sua visão de mundo e sua estratégia política. Confira o trailer:
Ali Abbasi constrói sua narrativa sem apelar para caricaturas ou julgamentos óbvios. Em vez disso, ele nos apresenta um jovem Trump ainda em processo de formação, absorvendo a crueldade e o pragmatismo de Cohn. A relação entre os dois é o coração do filme, funcionando como uma espécie de pacto faustiano, onde Trump, inicialmente ingênuo e ambicioso, aprende a manipular e dobrar as regras do jogo para alcançar seus objetivos - e aqui é preciso elogiar de pé, Jeremy Strong. Ele entrega uma performance que canaliza toda a arrogância, astúcia e frieza de Cohn, um personagem que se torna quase um mentor malévolo para Trump. Enquanto Sebastian Stan constrói um Trump diferente do que estamos acostumados a ver na mídia. Não é a figura bombástica dos anos 2010, mas um jovem empresário tentando consolidar seu nome em Nova York. Sua atuação foge da imitação barata na busca por nuances: há momentos de insegurança, hesitação e até mesmo vulnerabilidade, mas sempre permeados por uma crescente absorção da filosofia implacável de Cohn. A transformação ao longo da jornada é sutil, mas perceptível – e é aí que Abbasi acerta em cheio. Ele nos faz testemunhar a mutação do protagonista, em vez de simplesmente retratar a história por si só.
A direção de Abbasi aposta em um realismo seco, evitando os maneirismos estilísticos comuns em cinebiografias políticas. A fotografia do dinamarquês Kasper Tuxen (de "Loucos por Justiça") é primorosa - ele cria uma ambientação com tons frios e pastéis, sempre muito granulado, em enquadramentos que projetam os contrastes entre os luxuosos escritórios e os ambientes mais sombrios onde as negociações de bastidores aconteciam - é difícil não se perguntar a razão pela qual Tuxen não foi indicado ao Oscar 2025. O desenho de produção é outro espetáculo - limitado pelo aspecto 4:3 da tela, ele recria com precisão a Nova York dos anos 70 e 80, trazendo detalhes que vão desde dos trajes impecáveis de Cohn até os primeiros edifícios que levariam o nome Trump na fachada. Outro ponto que favorece demais nossa imersão é a trilha sonora - ela transita entre o minimalismo que intensifica a tensão e o jogo de poder entre os personagens com as referências culturais da época, marcada por bandas como Pet Shop Boys, por exemplo!
O roteiro de Gabriel Sherman se baseia em pesquisas detalhadas e depoimentos sobre essa fase inicial da vida de Trump, mas evita cair em uma abordagem documental. Em vez disso, a estrutura de "O Aprendiz" se assemelha ao drama mais psicológico, onde cada decisão tomada pelo protagonista tem consequências que reverberam até hoje. O diálogo é afiado, refletindo a retórica agressiva de Cohn e o aprendizado gradual de Trump em dominar o discurso e a manipulação da mídia. Mesmo que o filme não tente oferecer respostas definitivas sobre o impacto da relação entre Trump e Cohn, ele deixa claro como esse período foi determinante para o que viria depois - a transformação do jovem empresário em um jogador implacável da política e dos negócios não é tratada como um evento isolado, mas como um processo meticulosamente arquitetado.
Veja, "O Aprendiz" não é um filme que busca escândalos ou grandes revelações, mas sim uma imersão na mentalidade de poder e influência que moldou um dos personagens mais controversos do EUA, ou seja, para aqueles interessados em histórias de ascensão e corrupção, este é um drama que vale a pena ser visto e, claro, debatido.
Up Date: Tanto Sebastian Stan quanto Jeremy Strong foram indicados ao Oscar 2025 - o trabalho dos dois é uma aula!