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Bastidores do Pop

"Bastidores do Pop" é um mistura de "Fyre Festival", "Menudo: Sempre Jovens" e "Bernie Madoff"! É sério, essa minissérie documental da Netflix oferece uma visão reveladora e chocante sobre a ascensão e queda de Lou Pearlman, o magnata da música responsável por criar algumas das maiores boy-bands dos anos 90, incluindo Backstreet Boys, *NSYNC e O-Town. Em apenas três episódios somos convidados a mergulhar fundo nos bastidores da indústria musical, expondo os esquemas e as fraudes que Pearlman arquitetou, ao mesmo tempo em que explora o impacto devastador de suas ações sobre os artistas e milhares de pessoas que caíram em seus golpes.

"Dirty Pop: The Boy Band Scam" (no original) é estruturada de maneira cronológica, apresentando Lou Pearlman como empresário da aviação, depois mostrando sua entrada na indústria musical através de sua habilidade inegável para descobrir e promover jovens talentos, até a descoberta de um dos maiores esquemas Ponzi da história dos EUA. Pearlman, em entrevistas e imagens de arquivo, é apresentado como um empresário carismático e visionário, mas também como um manipulador astuto e sem escrúpulos. A minissérie documenta a formação e o sucesso meteórico das boy-bands sob sua tutela, ao mesmo tempo em que revela os contratos draconianos e os golpes financeiros que acabaram por destruir sua carreira e a confiança de seus jovens artistas. Confira o trailer (em inglês):

Como não poderia deixar de ser, são os depoimentos dos membros das boy-bands que Pearlman empresariou que, de fato, causam impacto. Artistas como Lance Bass (*NSYNC) e AJ McLean (Backstreet Boys) compartilham suas experiências pessoais, desde o entusiasmo inicial de serem descobertos até a amarga desilusão ao perceberem a extensão da exploração que sofriam - esses relatos adicionam uma camada de profundidade emocional à narrativa impressionante. Nesse sentido o roteiro de "Bastidores do Pop" é cuidadosamente escrito para capturar tanto a grandiosidade de se criar fenômenos da música jovem quanto uma certa sordidez da trajetória de Pearlman. O documentário equilibra habilmente o glamour e o brilho da indústria musical, com a realidade sombria dos esquemas e manipulações financeiras que o empresário conduzia debaixo dos panos.

David Terry Fine (do excelente "Untold - a namorada que não existiu") dirige a minissérie com uma abordagem honesta e direta, combinando entrevistas com os membros das bandas, executivos da indústria musical, jornalistas especializados e outras pessoas próximas ao escândalo - alguns amigos e parceiros de Pearlman, inclusive, não economizam em suas duras opiniões. As entrevistas são realmente sinceras por um lado e emocionantes por outro, oferecendo um recorte bem provocador sobre os efeitos de todas as ações do empresário em diversos níveis de relacionamentos - do profissional ao pessoal. Nesse sentido a direção de Fine é sensível e meticulosa, capaz de entregar uma narrativa tão coesa e envolvente como todas as referências que citei acima, mas sem impor qualquer tipo de julgamento prévio.

"Bastidores do Pop" também aborda temas como a exploração, a ganância e a busca pelo sucesso a qualquer custo, pautado em uma crítica incisiva da indústria musical e dos mecanismos que permitiram que Pearlman operasse impunemente por tanto tempo. Ao som de músicas icônicas das boy-bands dos anos 90, a minissérie brinca com nossa percepção de "certo e errado" ao trazer uma sensação de nostalgia e contraste sobre os eventos sombrios da história, intensificando esse impacto emocional e nos envolvendo por toda jornada.

Antes de finalizar, um registro importante: uma decisão conceitual do diretor pode incomodar alguns já que ele usa inteligência artificial para criar um “Pearlman digital” narrando trechos de seu livro - embora os produtores sejam transparentes sobre o uso da tecnologia, essa escolha me pareceu duvidosa, mas fique tranquilo, não ao ponto de impactar nossa experiência como audiência.

Vale seu play!

Assista Agora

"Bastidores do Pop" é um mistura de "Fyre Festival", "Menudo: Sempre Jovens" e "Bernie Madoff"! É sério, essa minissérie documental da Netflix oferece uma visão reveladora e chocante sobre a ascensão e queda de Lou Pearlman, o magnata da música responsável por criar algumas das maiores boy-bands dos anos 90, incluindo Backstreet Boys, *NSYNC e O-Town. Em apenas três episódios somos convidados a mergulhar fundo nos bastidores da indústria musical, expondo os esquemas e as fraudes que Pearlman arquitetou, ao mesmo tempo em que explora o impacto devastador de suas ações sobre os artistas e milhares de pessoas que caíram em seus golpes.

"Dirty Pop: The Boy Band Scam" (no original) é estruturada de maneira cronológica, apresentando Lou Pearlman como empresário da aviação, depois mostrando sua entrada na indústria musical através de sua habilidade inegável para descobrir e promover jovens talentos, até a descoberta de um dos maiores esquemas Ponzi da história dos EUA. Pearlman, em entrevistas e imagens de arquivo, é apresentado como um empresário carismático e visionário, mas também como um manipulador astuto e sem escrúpulos. A minissérie documenta a formação e o sucesso meteórico das boy-bands sob sua tutela, ao mesmo tempo em que revela os contratos draconianos e os golpes financeiros que acabaram por destruir sua carreira e a confiança de seus jovens artistas. Confira o trailer (em inglês):

Como não poderia deixar de ser, são os depoimentos dos membros das boy-bands que Pearlman empresariou que, de fato, causam impacto. Artistas como Lance Bass (*NSYNC) e AJ McLean (Backstreet Boys) compartilham suas experiências pessoais, desde o entusiasmo inicial de serem descobertos até a amarga desilusão ao perceberem a extensão da exploração que sofriam - esses relatos adicionam uma camada de profundidade emocional à narrativa impressionante. Nesse sentido o roteiro de "Bastidores do Pop" é cuidadosamente escrito para capturar tanto a grandiosidade de se criar fenômenos da música jovem quanto uma certa sordidez da trajetória de Pearlman. O documentário equilibra habilmente o glamour e o brilho da indústria musical, com a realidade sombria dos esquemas e manipulações financeiras que o empresário conduzia debaixo dos panos.

David Terry Fine (do excelente "Untold - a namorada que não existiu") dirige a minissérie com uma abordagem honesta e direta, combinando entrevistas com os membros das bandas, executivos da indústria musical, jornalistas especializados e outras pessoas próximas ao escândalo - alguns amigos e parceiros de Pearlman, inclusive, não economizam em suas duras opiniões. As entrevistas são realmente sinceras por um lado e emocionantes por outro, oferecendo um recorte bem provocador sobre os efeitos de todas as ações do empresário em diversos níveis de relacionamentos - do profissional ao pessoal. Nesse sentido a direção de Fine é sensível e meticulosa, capaz de entregar uma narrativa tão coesa e envolvente como todas as referências que citei acima, mas sem impor qualquer tipo de julgamento prévio.

"Bastidores do Pop" também aborda temas como a exploração, a ganância e a busca pelo sucesso a qualquer custo, pautado em uma crítica incisiva da indústria musical e dos mecanismos que permitiram que Pearlman operasse impunemente por tanto tempo. Ao som de músicas icônicas das boy-bands dos anos 90, a minissérie brinca com nossa percepção de "certo e errado" ao trazer uma sensação de nostalgia e contraste sobre os eventos sombrios da história, intensificando esse impacto emocional e nos envolvendo por toda jornada.

Antes de finalizar, um registro importante: uma decisão conceitual do diretor pode incomodar alguns já que ele usa inteligência artificial para criar um “Pearlman digital” narrando trechos de seu livro - embora os produtores sejam transparentes sobre o uso da tecnologia, essa escolha me pareceu duvidosa, mas fique tranquilo, não ao ponto de impactar nossa experiência como audiência.

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Batalha Bilionária

"Batalha Bilionária: O Caso Google Earth" é um verdadeiro estudo de caso para empreendedores e suas startups - são tantas lições inseridas em um ótimo roteiro que fica até difícil classificar a minissérie de 4 episódios da Netflix em "apenas" um excelente entretenimento - embora o seja! A título de referência, ele segue bem a linha de "A Rede Social", filme de 2010, dirigido por David Fincher.

Baseada em fatos reais, "Batalha Bilionária: O Caso Google Earth" conta a história de dois jovens empreendedores, Juri Müller (Marius Ahrendt/Misel Maticevic) e Carsten Schlüter (Leonard Scheicher/Mark Waschke), criadores da startup "ART + COM", com sede em Berlim, que foram buscar na justiça seus direitos para serem reconhecidos como os verdadeiros inventores do algoritmo que deu origem ao Google Earth após uma violação de patente há mais de 25 anos atrás. Confira o trailer:

Criada por Oliver Ziegenbalg e Robert Thalheim, essa produção alemã fez uma escolha muito interessante ao priorizar o lado mais fraco da disputa. Se em "A Rede Social" a trama trouxe a perspectiva do vencedor, no caso Mark Zuckerberg, em "Batalha Bilionária" é como se o foco fosse os irmãos Winklevoss. 

Veja, embora o roteiro tenha sido muito feliz ao trazer para a tela muitos diálogos fiéis aos testemunhos judiciais, os protagonistas em si, Juri Müller e Carsten Schlüter, são apenas personagens fictícios - na verdade eles servem como representação dos quatro desenvolvedores alemães reais que criaram o "TerraVision" (base do Google Earth). Outro personagem importante, Brian Anderson (Lukas Loughran), a pessoa que supostamente copiou o algoritmo dos alemães antes de se tornar funcionário Google, também só existe na ficção, mesmo sendo fielmente baseado em uma pessoa real. O fato é que essas escolhas tinham tudo para desqualificar a sensação de veracidade da minissérie, mas o diretor Robert Thalheim conseguiu justamente o contrário - brilhantemente, ele criou uma dinâmica narrativa que absorve o lado humano da jornada, gerando uma identificação imediata com os protagonistas e uma relação de empatia muito profunda para depois, pouco a pouco, ir inserindo as discussões técnicas em si.

As sacadas do roteiro são ótimas - mas aqueles que estão mais envolvidos com empreendedorismo certamente vão aproveitar melhor dessa particularidade. Da idéia, passando pelo sonho, a luta por investimento, inúmeras apresentações, o medo do fracasso, a busca por mais investimentos, outro sonho - agora da venda da empresa; enfim, tudo está em "Batalha Bilionária: O Caso Google Earth" que ainda chega embalada por uma competente reconstrução de época de uma Berlin underground do inicio dos anos 90, do surgimento do Vale do Silício nos EUA e de sua cativante atmosfera empreendedora. Aqui cabe uma observação: apesar da Netflix ter apresentado a minissérie como um drama de tribunal, é apenas no último episódio que esse subgênero ganha força. Ele vai servir como aquele grande final que todos estão esperando: o embate decisivo entre David e Golias - mas a verdade é que toda a jornada vale a pena.

"Batalha Bilionária: O Caso Google Earth" vai te surpreender!

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"Batalha Bilionária: O Caso Google Earth" é um verdadeiro estudo de caso para empreendedores e suas startups - são tantas lições inseridas em um ótimo roteiro que fica até difícil classificar a minissérie de 4 episódios da Netflix em "apenas" um excelente entretenimento - embora o seja! A título de referência, ele segue bem a linha de "A Rede Social", filme de 2010, dirigido por David Fincher.

Baseada em fatos reais, "Batalha Bilionária: O Caso Google Earth" conta a história de dois jovens empreendedores, Juri Müller (Marius Ahrendt/Misel Maticevic) e Carsten Schlüter (Leonard Scheicher/Mark Waschke), criadores da startup "ART + COM", com sede em Berlim, que foram buscar na justiça seus direitos para serem reconhecidos como os verdadeiros inventores do algoritmo que deu origem ao Google Earth após uma violação de patente há mais de 25 anos atrás. Confira o trailer:

Criada por Oliver Ziegenbalg e Robert Thalheim, essa produção alemã fez uma escolha muito interessante ao priorizar o lado mais fraco da disputa. Se em "A Rede Social" a trama trouxe a perspectiva do vencedor, no caso Mark Zuckerberg, em "Batalha Bilionária" é como se o foco fosse os irmãos Winklevoss. 

Veja, embora o roteiro tenha sido muito feliz ao trazer para a tela muitos diálogos fiéis aos testemunhos judiciais, os protagonistas em si, Juri Müller e Carsten Schlüter, são apenas personagens fictícios - na verdade eles servem como representação dos quatro desenvolvedores alemães reais que criaram o "TerraVision" (base do Google Earth). Outro personagem importante, Brian Anderson (Lukas Loughran), a pessoa que supostamente copiou o algoritmo dos alemães antes de se tornar funcionário Google, também só existe na ficção, mesmo sendo fielmente baseado em uma pessoa real. O fato é que essas escolhas tinham tudo para desqualificar a sensação de veracidade da minissérie, mas o diretor Robert Thalheim conseguiu justamente o contrário - brilhantemente, ele criou uma dinâmica narrativa que absorve o lado humano da jornada, gerando uma identificação imediata com os protagonistas e uma relação de empatia muito profunda para depois, pouco a pouco, ir inserindo as discussões técnicas em si.

As sacadas do roteiro são ótimas - mas aqueles que estão mais envolvidos com empreendedorismo certamente vão aproveitar melhor dessa particularidade. Da idéia, passando pelo sonho, a luta por investimento, inúmeras apresentações, o medo do fracasso, a busca por mais investimentos, outro sonho - agora da venda da empresa; enfim, tudo está em "Batalha Bilionária: O Caso Google Earth" que ainda chega embalada por uma competente reconstrução de época de uma Berlin underground do inicio dos anos 90, do surgimento do Vale do Silício nos EUA e de sua cativante atmosfera empreendedora. Aqui cabe uma observação: apesar da Netflix ter apresentado a minissérie como um drama de tribunal, é apenas no último episódio que esse subgênero ganha força. Ele vai servir como aquele grande final que todos estão esperando: o embate decisivo entre David e Golias - mas a verdade é que toda a jornada vale a pena.

"Batalha Bilionária: O Caso Google Earth" vai te surpreender!

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Beckham

Nesse vasto universo do entretenimento, existem histórias que realmente transcendem o nicho ao qual pertencem e é aqui, mais uma vez, que a vida imita a arte! "Beckham", minissérie de 4 episódios sobre a vida e carreira do astro David Beckham, é uma dessas pérolas imperdíveis para quem gosta e para quem não gosta de futebol. Com o propósito de responder intermináveis questionamentos sobre sua capacidade como atleta ou seu valor como produto construído pela mídia para gerar mais dinheiro do que títulos nos clubes que jogou, essa produção dirigida pelo renomado Fisher Stevens (vencedor do Oscar por "A Enseada") é um verdadeiro estudo de caso sobre uma das maiores referências do esporte inglês de todos os tempos - e olha, ele pagou um preço bem caro para alcançar esse status.

A minissérie narra a jornada extraordinária de David Beckham, desde seu humilde começo com 12, 13 anos no Manchester United até se tornar um ícone global do esporte e do marketing. O roteiro apresenta um David Beckham autêntico e emocional, sem filtros, que explora não apenas os altos e baixos de sua carreira esportiva, mas também a influência de sua família, com destaque para sua esposa e ex-Spice Girls, Victoria Beckham. Confira o trailer:

Com uma abordagem extremamente íntima e cativante, "Beckham" é um mergulho na psique do atleta como poucas vezes vimos - até se compararmos com outros documentários do gênero, é de se elogiar a capacidade Stevens em alcançar tantas respostas sinceras de vários personagens que deram seu depoimento. Ao buscar uma certa originalidade conceitual para a narrativa, o diretor equilibra esses depoimentos com os fatos mais marcantes da história do atleta e um vasto material de arquivos da época para ilustrar tudo isso - muito em ordem cronológica, aliás. Dito isso, é impossível não destacar a presença de nomes como Alex Ferguson (seu treinador no Manchester United), Fabio Capello (seu treinador no Real Madrid), Ronaldo, Roberto Carlos, Roy Keane, Paul Scholes, Simeone, Landon Donovan, entre outros.

Essa combinação de elementos narrativos se encaixa perfeitamente em uma edição realmente primorosa que prioriza seu protagonista sem se esquecer do esmero visual como obra cinematográfica - isso torna a minissérie uma experiência única, muito agradável de acompanhar. Ao oferecer uma análise critica sobre os feitos esportivos de David Beckham, durante quase 5 horas de material, a produção não deixa de convidar o próprio atleta a fazer um olhar retrospectivo sobre os impasses que viveu com a imprensa, com a família (leia-se Victoria)  e com os colegas de equipe (principalmente com alguns de seus treinadores). O bacana disso tudo é que Beckham não se esquiva dessas polêmicas e mesmo soando "chapa branca", a minissérie se esforça para mostrar sempre os dois lados da história.

A grande verdade é que, ao lado de "Arremesso Final" e  "Man in the Arena", "Beckham" é um dos melhores documentários biográficos sobre um atleta produzidos até aqui! Bem dirigido por Stevens, eu diria que esse é daqueles projetos que transcendem nossas expectativas como audiência. Com uma narrativa envolvente e depoimentos incríveis, oferece uma visão profunda da vida de um verdadeiro ícone. Seja você um fã de esportes ou alguém que aprecia apenas uma boa história, esta minissérie encapsula a essência do sucesso, perseverança e autenticidade, fazendo jus à grandiosidade de David Beckham e de sua enorme influência global além dos gramados, até hoje.

Imperdível!

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Nesse vasto universo do entretenimento, existem histórias que realmente transcendem o nicho ao qual pertencem e é aqui, mais uma vez, que a vida imita a arte! "Beckham", minissérie de 4 episódios sobre a vida e carreira do astro David Beckham, é uma dessas pérolas imperdíveis para quem gosta e para quem não gosta de futebol. Com o propósito de responder intermináveis questionamentos sobre sua capacidade como atleta ou seu valor como produto construído pela mídia para gerar mais dinheiro do que títulos nos clubes que jogou, essa produção dirigida pelo renomado Fisher Stevens (vencedor do Oscar por "A Enseada") é um verdadeiro estudo de caso sobre uma das maiores referências do esporte inglês de todos os tempos - e olha, ele pagou um preço bem caro para alcançar esse status.

A minissérie narra a jornada extraordinária de David Beckham, desde seu humilde começo com 12, 13 anos no Manchester United até se tornar um ícone global do esporte e do marketing. O roteiro apresenta um David Beckham autêntico e emocional, sem filtros, que explora não apenas os altos e baixos de sua carreira esportiva, mas também a influência de sua família, com destaque para sua esposa e ex-Spice Girls, Victoria Beckham. Confira o trailer:

Com uma abordagem extremamente íntima e cativante, "Beckham" é um mergulho na psique do atleta como poucas vezes vimos - até se compararmos com outros documentários do gênero, é de se elogiar a capacidade Stevens em alcançar tantas respostas sinceras de vários personagens que deram seu depoimento. Ao buscar uma certa originalidade conceitual para a narrativa, o diretor equilibra esses depoimentos com os fatos mais marcantes da história do atleta e um vasto material de arquivos da época para ilustrar tudo isso - muito em ordem cronológica, aliás. Dito isso, é impossível não destacar a presença de nomes como Alex Ferguson (seu treinador no Manchester United), Fabio Capello (seu treinador no Real Madrid), Ronaldo, Roberto Carlos, Roy Keane, Paul Scholes, Simeone, Landon Donovan, entre outros.

Essa combinação de elementos narrativos se encaixa perfeitamente em uma edição realmente primorosa que prioriza seu protagonista sem se esquecer do esmero visual como obra cinematográfica - isso torna a minissérie uma experiência única, muito agradável de acompanhar. Ao oferecer uma análise critica sobre os feitos esportivos de David Beckham, durante quase 5 horas de material, a produção não deixa de convidar o próprio atleta a fazer um olhar retrospectivo sobre os impasses que viveu com a imprensa, com a família (leia-se Victoria)  e com os colegas de equipe (principalmente com alguns de seus treinadores). O bacana disso tudo é que Beckham não se esquiva dessas polêmicas e mesmo soando "chapa branca", a minissérie se esforça para mostrar sempre os dois lados da história.

A grande verdade é que, ao lado de "Arremesso Final" e  "Man in the Arena", "Beckham" é um dos melhores documentários biográficos sobre um atleta produzidos até aqui! Bem dirigido por Stevens, eu diria que esse é daqueles projetos que transcendem nossas expectativas como audiência. Com uma narrativa envolvente e depoimentos incríveis, oferece uma visão profunda da vida de um verdadeiro ícone. Seja você um fã de esportes ou alguém que aprecia apenas uma boa história, esta minissérie encapsula a essência do sucesso, perseverança e autenticidade, fazendo jus à grandiosidade de David Beckham e de sua enorme influência global além dos gramados, até hoje.

Imperdível!

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Bernie Madoff

"Bernie Madoff" (que ganhou o subtítulo inspirado de "O golpista de Wall Street") talvez seja o maior e mais rentável "case" de marketing de percepção usado para o mal da história! E veja, a linha é muito tênue entre a fraude e a capacidade de criar uma atmosfera que vai além da realidade para atrair clientes e, nesse caso, Madoff desconstruiu as duas narrativas de uma forma tão alinhada que fez a Anna Sorokin, da série da Netflix "Inventando Anna", parecer uma personagem da Galinha Pintadinha!

Essa minissérie documental em 4 episódios mostra a ascensão e queda do mega-investidor Bernie Madoff, responsável por um dos maiores esquemas de pirâmide financeira na história de Wall Street. O cineasta Joe Berlinger, vencedor do Emmy por "Paradise Lost: The Child Murders at Robin Hood Hills" e "Ten Days That Unexpectedly Changed America", traz todos os detalhes sobre os bastidores do golpe de US$ 64 bilhões que quebrou centenas de pessoas. Confira o trailer (em inglês):

É inegável a capacidade de Joe Berlinger para construir uma narrativa dinâmica e coerente com a história que está contando - independente de sua complexidade. Em "Bernie Madoff: O Golpista de Wall Street", ele se distancia do conceito documental/jornalístico e se apropria de vários elementos da ficção que funcionam como pano de fundo para os inúmeros e surpreendentes depoimentos que o diretor foi capaz de copilar para contar as nuances de todo esquema fraudulento que Madoff conduziu durante décadas. Muito bem produzido, as entrevistas servem como condutor dos fatos, mas sem aquela densidade que o assunto certamente provocaria se a gramática cinematográfica fosse outra - aqui nos deparamos com inúmeras curiosidades contadas por pessoas que conviveram com Madoff em sua empresa (da secretária pessoal ao funcionário que não quis mostrar o rosto), que foram vítimas do golpe e que investigaram e/ou escreveram sobre o caso.

Até mesmo para quem conhece a história e seu personagem, algumas passagens são de fato bem interessantes: como a do analista financeiro Harry Markopolos que começou a desconfiar de Madoff e resolveu fazer um estudo detalhado do suposto fundo de cobertura que ele administrava, descobrindo assim o "Esquema Ponzi" do investidor. Outra passagem surpreendente diz respeito a maneira como a Comissão de Valores Imobiliários dos EUA tratou o caso mesmo depois de muitas denúncias e suspeitas de seus próprios agentes. Um detalhe que vale sua atenção, é a simplicidade como o roteiro vai nos apresentando as peças e como, pouco a pouco, ele vai encaixando organicamente, nos dando a exata impressão de que dominamos o assunto - olha, é de se aplaudir.

Diferente da excelente abordagem que (recomendo) assistimos em "O Mago das Mentiras", “Bernie Madoff: O Golpista de Wall Street” é um retrato menos familiar, impessoal e, talvez por isso, menos glamouroso, comprovando que, ao contrário do que muitos acreditaram por muito tempo, a fraude que o protagonista cometeu não foi obra de um único "gênio do mal" e sim de um grupo de cúmplices e de instituições que escolheram fechar os olhos para o comportamento suspeito de Madoff e para os resultados absurdos que seu fundo rendia aos clientes até o dia que a "bolha" estourou!

Se você gosta do assunto, essa minissérie é realmente imperdível! Belíssimo trabalho investigativo!

Assista Agora

"Bernie Madoff" (que ganhou o subtítulo inspirado de "O golpista de Wall Street") talvez seja o maior e mais rentável "case" de marketing de percepção usado para o mal da história! E veja, a linha é muito tênue entre a fraude e a capacidade de criar uma atmosfera que vai além da realidade para atrair clientes e, nesse caso, Madoff desconstruiu as duas narrativas de uma forma tão alinhada que fez a Anna Sorokin, da série da Netflix "Inventando Anna", parecer uma personagem da Galinha Pintadinha!

Essa minissérie documental em 4 episódios mostra a ascensão e queda do mega-investidor Bernie Madoff, responsável por um dos maiores esquemas de pirâmide financeira na história de Wall Street. O cineasta Joe Berlinger, vencedor do Emmy por "Paradise Lost: The Child Murders at Robin Hood Hills" e "Ten Days That Unexpectedly Changed America", traz todos os detalhes sobre os bastidores do golpe de US$ 64 bilhões que quebrou centenas de pessoas. Confira o trailer (em inglês):

É inegável a capacidade de Joe Berlinger para construir uma narrativa dinâmica e coerente com a história que está contando - independente de sua complexidade. Em "Bernie Madoff: O Golpista de Wall Street", ele se distancia do conceito documental/jornalístico e se apropria de vários elementos da ficção que funcionam como pano de fundo para os inúmeros e surpreendentes depoimentos que o diretor foi capaz de copilar para contar as nuances de todo esquema fraudulento que Madoff conduziu durante décadas. Muito bem produzido, as entrevistas servem como condutor dos fatos, mas sem aquela densidade que o assunto certamente provocaria se a gramática cinematográfica fosse outra - aqui nos deparamos com inúmeras curiosidades contadas por pessoas que conviveram com Madoff em sua empresa (da secretária pessoal ao funcionário que não quis mostrar o rosto), que foram vítimas do golpe e que investigaram e/ou escreveram sobre o caso.

Até mesmo para quem conhece a história e seu personagem, algumas passagens são de fato bem interessantes: como a do analista financeiro Harry Markopolos que começou a desconfiar de Madoff e resolveu fazer um estudo detalhado do suposto fundo de cobertura que ele administrava, descobrindo assim o "Esquema Ponzi" do investidor. Outra passagem surpreendente diz respeito a maneira como a Comissão de Valores Imobiliários dos EUA tratou o caso mesmo depois de muitas denúncias e suspeitas de seus próprios agentes. Um detalhe que vale sua atenção, é a simplicidade como o roteiro vai nos apresentando as peças e como, pouco a pouco, ele vai encaixando organicamente, nos dando a exata impressão de que dominamos o assunto - olha, é de se aplaudir.

Diferente da excelente abordagem que (recomendo) assistimos em "O Mago das Mentiras", “Bernie Madoff: O Golpista de Wall Street” é um retrato menos familiar, impessoal e, talvez por isso, menos glamouroso, comprovando que, ao contrário do que muitos acreditaram por muito tempo, a fraude que o protagonista cometeu não foi obra de um único "gênio do mal" e sim de um grupo de cúmplices e de instituições que escolheram fechar os olhos para o comportamento suspeito de Madoff e para os resultados absurdos que seu fundo rendia aos clientes até o dia que a "bolha" estourou!

Se você gosta do assunto, essa minissérie é realmente imperdível! Belíssimo trabalho investigativo!

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Big Vape

Big Vape

Um verdadeiro estudo de caso! Na verdade eu iria até mais longe, "Big Vape - A Ascensão e Queda da Juul" é de fato um playbook do que "se deve" e do que "não se deve" fazer no lançamento de um produto de tecnologia que tem no seu DNA um elemento muito sensível e que era sabido, geraria muita polêmica - o vício. Olha, dadas as devidas diferenças, é impossível não lembrar do caso da Theranos que conhecemos em "A Inventora"! Bom, para quem não conhece, o Juul é um cigarro eletrônico estiloso, parecido com um pen drive, que pode ser carregado em portas USB do computador. Ao conectar um pequeno cartucho, disponível em sabores como manga, menta e até crème brûlée, o device prometia as mesmas sensações de fumar um cigarro tradicional só que sem fazer o mal que a combustão do tabaco proporcionava para a saúde - leia-se câncer no pulmão, doença cardiovascular e enfisema pulmonar. Porém, o que parecia de fato revolucionário se mostrou um tanto perigoso quando adolescentes passaram a se viciar com a nicotina contida nos cartuchos, graças a uma campanha de marketing belíssima, mas completamente desastrosa na sua estratégia, que transformou o ato de "Juular" em um "estilo de vida instagramável" com sérias consequências morais.

Essa minissérie documental da Netflix oferece, em 4 episódios, uma análise profunda e bastante imparcial sobre essa história fascinante e controversa do Juul. Produzida pela Amblin de Steven Spielberg, ela traz uma visão multifacetada do que aconteceu nos bastidores da empresa que revolucionou o mercado de cigarros eletrônicos e que por um breve período preocupou a gigantesca e opressora indústria do tabaco, explorando não apenas o sucesso meteórico da startup, mas também os inúmeros desafios que a envolveram. Confira o trailer (em inglês):

A partir de uma narrativa extremamente fluida que mistura depoimento reveladores, animações muito bem produzidas e uma infinidade de imagens de arquivo, a minissérie dirigida pelo multi-premiado R.J. Cutler (de "Elton John Live: Farewell from Dodger Stadium") é muito inteligente ao analisar como James Monsees e Adam Bowen, dois ex-alunos da Universidade de Stanford, conseguiram criar um device de tabaco esteticamente atraente, bem no "estilo Apple" de design, que transformou uma startup duvidosa em uma empresa de mais de 40 bilhões do dólares e líder absoluta de mercado. A grande questão, no entanto, é que nem Monsees, nem Bowen, participam do documentário, deixando assim suas visões e ideias para quem, de alguma forma, via no Juul o real propósito de ser uma opção segura para quem queria parar de fumar cigarros tradicionais.

E é aí que talvez surja o ponto mais interessante de toda minissérie: como um propósito que conquistou inúmeros investidores no powerpoint se transformou em uma bomba relógio prestes a explodir ao se apoiar em uma estratégia de lançamento completamente desconectada de seu objetivo inicial. Veja, ao focar no jovem e não no fumante, o Juul conquistou rapidamente uma base de fãs absurda - seu design moderno, a variedade de sabores e uma fácil acessibilidade através de lojas de conveniência e vendas online atraiu uma nova geração de usuários de tabaco que a colocou como uma verdadeira sensação tecnológica e um ícone cultural, mas que também ligou um sinal de alerta nas autoridades - essa passagem é praticamente uma aula sobre branding e produto, mas ao mesmo tempo um convite para reflexões importantes sobre ICP (pu perfil de cliente ideal) e sobre o preço da pressa!

"Big Vape - A Ascensão e Queda da Juul" é baseada no livro de Jamie Ducharme, um renomado correspondente de saúde e ciência da Time - o que chancela sua narrativa autêntica e confiável, enquanto temos acesso à entrevistas com diversas partes envolvidas na jornada da Juul Lab. Eu diria que essa minissérie é um "prato cheio" se você está interessado em conhecer os bastidores do empreendedorismo no Vale do Silício, o desenvolvimento de tecnologias e produtos disruptivos, de negócios de impacto, de discussões sobre a saúde pública ou até se você simplesmente gosta de um história tão envolvente quanto intrigante, com um leve toque de hipocrisia.

Vale muito o seu play!

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Um verdadeiro estudo de caso! Na verdade eu iria até mais longe, "Big Vape - A Ascensão e Queda da Juul" é de fato um playbook do que "se deve" e do que "não se deve" fazer no lançamento de um produto de tecnologia que tem no seu DNA um elemento muito sensível e que era sabido, geraria muita polêmica - o vício. Olha, dadas as devidas diferenças, é impossível não lembrar do caso da Theranos que conhecemos em "A Inventora"! Bom, para quem não conhece, o Juul é um cigarro eletrônico estiloso, parecido com um pen drive, que pode ser carregado em portas USB do computador. Ao conectar um pequeno cartucho, disponível em sabores como manga, menta e até crème brûlée, o device prometia as mesmas sensações de fumar um cigarro tradicional só que sem fazer o mal que a combustão do tabaco proporcionava para a saúde - leia-se câncer no pulmão, doença cardiovascular e enfisema pulmonar. Porém, o que parecia de fato revolucionário se mostrou um tanto perigoso quando adolescentes passaram a se viciar com a nicotina contida nos cartuchos, graças a uma campanha de marketing belíssima, mas completamente desastrosa na sua estratégia, que transformou o ato de "Juular" em um "estilo de vida instagramável" com sérias consequências morais.

Essa minissérie documental da Netflix oferece, em 4 episódios, uma análise profunda e bastante imparcial sobre essa história fascinante e controversa do Juul. Produzida pela Amblin de Steven Spielberg, ela traz uma visão multifacetada do que aconteceu nos bastidores da empresa que revolucionou o mercado de cigarros eletrônicos e que por um breve período preocupou a gigantesca e opressora indústria do tabaco, explorando não apenas o sucesso meteórico da startup, mas também os inúmeros desafios que a envolveram. Confira o trailer (em inglês):

A partir de uma narrativa extremamente fluida que mistura depoimento reveladores, animações muito bem produzidas e uma infinidade de imagens de arquivo, a minissérie dirigida pelo multi-premiado R.J. Cutler (de "Elton John Live: Farewell from Dodger Stadium") é muito inteligente ao analisar como James Monsees e Adam Bowen, dois ex-alunos da Universidade de Stanford, conseguiram criar um device de tabaco esteticamente atraente, bem no "estilo Apple" de design, que transformou uma startup duvidosa em uma empresa de mais de 40 bilhões do dólares e líder absoluta de mercado. A grande questão, no entanto, é que nem Monsees, nem Bowen, participam do documentário, deixando assim suas visões e ideias para quem, de alguma forma, via no Juul o real propósito de ser uma opção segura para quem queria parar de fumar cigarros tradicionais.

E é aí que talvez surja o ponto mais interessante de toda minissérie: como um propósito que conquistou inúmeros investidores no powerpoint se transformou em uma bomba relógio prestes a explodir ao se apoiar em uma estratégia de lançamento completamente desconectada de seu objetivo inicial. Veja, ao focar no jovem e não no fumante, o Juul conquistou rapidamente uma base de fãs absurda - seu design moderno, a variedade de sabores e uma fácil acessibilidade através de lojas de conveniência e vendas online atraiu uma nova geração de usuários de tabaco que a colocou como uma verdadeira sensação tecnológica e um ícone cultural, mas que também ligou um sinal de alerta nas autoridades - essa passagem é praticamente uma aula sobre branding e produto, mas ao mesmo tempo um convite para reflexões importantes sobre ICP (pu perfil de cliente ideal) e sobre o preço da pressa!

"Big Vape - A Ascensão e Queda da Juul" é baseada no livro de Jamie Ducharme, um renomado correspondente de saúde e ciência da Time - o que chancela sua narrativa autêntica e confiável, enquanto temos acesso à entrevistas com diversas partes envolvidas na jornada da Juul Lab. Eu diria que essa minissérie é um "prato cheio" se você está interessado em conhecer os bastidores do empreendedorismo no Vale do Silício, o desenvolvimento de tecnologias e produtos disruptivos, de negócios de impacto, de discussões sobre a saúde pública ou até se você simplesmente gosta de um história tão envolvente quanto intrigante, com um leve toque de hipocrisia.

Vale muito o seu play!

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BlackBerry

Não se engane pelo conceito narrativo mais satírico que "BlackBerry" passa em um primeiro olhar, pois, mesmo pontuado como uma comédia (até certo ponto escrachada que nos remete ao clássico "Silicon Valley"), sua jornada está mesmo mais para o drama do quepara qualquer outra coisa. Eu diria, inclusive, que o filme dirigido pelo ótimo Matt Johnson (de "Matt & Bird Break Loose") é uma verdadeira aula sobre o que se deve e, principalmente, o que não se deve fazer durante uma jornada empreendedora. E sim, se você gosta do tema, você será fisgado pela história real (e absurda) da RIM e da sua "galinha dos ovos de ouro", o "BlackBerry"- considerado por muitos o primeiro smartphone do mundo.

Em 1996, Mike Lazaridis (Jay Baruchel) e Douglas Fregin (Matt Johnson) estão prestes a criar o primeiro smartphone e revolucionar a forma como as pessoas trabalham e se comunicam via celular. Já em 2007, a Research In Motion (RIM), startup de Lazaridis e Fregin, domina o mercado, com 45% de market share, graças ao seu dispositivo inovador. Até que algumas decisões equivocadas, uma certa arrogância corporativa e a implacável ascensão do iPhone da Apple faz com que a RIM transforme uma ascensão meteórica em um desaparecimento catastrófico como poucas vezes se viu na história. Confira o trailer (em inglês):

Antes de mais nada é preciso dizer que "BlackBerry" é uma pancada, um turbilhão de adrenalina que nos leva do auge da inovação ao abismo da obsolescência da forma mais viceral e cruel que podemos testemunhar - o seu diferencial, no entanto, é a maneira como Johnson conduz sua narrativa. Com uma câmera mais solta e um misto de trocas de foco e de zoom manual (bem ao estilo "The Office"), ele se apropria de inúmeras pitadas de humor ácido e atuações impecáveis do seu elenco para estereotipar uma situação que, acreditem, é quase corriqueira dentro do universo da inovação. O filme tem uma dinâmica muito interessante, é eletrizante, seu discurso é ágil e com saltos temporais muito bem contextualizados dentro de um roteiro que conta a verdade, mas do seu jeito - roteiro, aliás, que foi baseado no livro "Losing the Signal" de Jacquie McNish e Sean Silcoff.

Tecnicamente o filme tem algumas particularidades que merecem ser comentadas. A fotografia do Jared Raab (de "VHS 94") é competente ao capturar a vibrante estética do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, em um período onde o universo NERD ganhava força e o mundo se transformava na surdina para ganhar os holofotes logo em seguida - essa concepção temporal do filme é quase um personagem dada sua importância histórica na trama. A trilha sonora também - ela se aproveita desse contexto nostálgico e pulsa com hits da época, enquanto o texto em si, brinca com as referências da cultura pop a todo momento. Outro ponto de destaque: a performance de Baruchel é sensacional - ele transmite a insegurança, o sonho, a ambição e finalmente a frustração de Lazaridis de uma maneira elogiável. Já Glenn Howerton que brilha como o arrogante e egocêntrico Balsillie, eu tenho a impressão, é o nome do filme - ele é a personificação do líder babaca, símbolo de status e poder que se confunde com o produto que vendia.

A real é que "BlackBerry" não se limita a ser um mero retrato biográfico ou um estudo de caso corporativo, ele é um filme que oferece uma reflexão profunda sobre os perigos da complacência, sobre a importância da adaptação às mudanças e sobre a relação da obsolescência programada no mundo da tecnologia. É um conto de advertência para qualquer empreendedor que se acomoda no sucesso, ignorando as tendências do mercado ou as necessidades de seus clientes. Claro que é um filme sobre tecnologia, mas também é uma história sobre cultura e ambição. É um retrato humano e complexo dos bastidores de uma empresa que revolucionou a comunicação, mas sucumbiu à falta de visão de seus líderes. 

Imperdível!

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Não se engane pelo conceito narrativo mais satírico que "BlackBerry" passa em um primeiro olhar, pois, mesmo pontuado como uma comédia (até certo ponto escrachada que nos remete ao clássico "Silicon Valley"), sua jornada está mesmo mais para o drama do quepara qualquer outra coisa. Eu diria, inclusive, que o filme dirigido pelo ótimo Matt Johnson (de "Matt & Bird Break Loose") é uma verdadeira aula sobre o que se deve e, principalmente, o que não se deve fazer durante uma jornada empreendedora. E sim, se você gosta do tema, você será fisgado pela história real (e absurda) da RIM e da sua "galinha dos ovos de ouro", o "BlackBerry"- considerado por muitos o primeiro smartphone do mundo.

Em 1996, Mike Lazaridis (Jay Baruchel) e Douglas Fregin (Matt Johnson) estão prestes a criar o primeiro smartphone e revolucionar a forma como as pessoas trabalham e se comunicam via celular. Já em 2007, a Research In Motion (RIM), startup de Lazaridis e Fregin, domina o mercado, com 45% de market share, graças ao seu dispositivo inovador. Até que algumas decisões equivocadas, uma certa arrogância corporativa e a implacável ascensão do iPhone da Apple faz com que a RIM transforme uma ascensão meteórica em um desaparecimento catastrófico como poucas vezes se viu na história. Confira o trailer (em inglês):

Antes de mais nada é preciso dizer que "BlackBerry" é uma pancada, um turbilhão de adrenalina que nos leva do auge da inovação ao abismo da obsolescência da forma mais viceral e cruel que podemos testemunhar - o seu diferencial, no entanto, é a maneira como Johnson conduz sua narrativa. Com uma câmera mais solta e um misto de trocas de foco e de zoom manual (bem ao estilo "The Office"), ele se apropria de inúmeras pitadas de humor ácido e atuações impecáveis do seu elenco para estereotipar uma situação que, acreditem, é quase corriqueira dentro do universo da inovação. O filme tem uma dinâmica muito interessante, é eletrizante, seu discurso é ágil e com saltos temporais muito bem contextualizados dentro de um roteiro que conta a verdade, mas do seu jeito - roteiro, aliás, que foi baseado no livro "Losing the Signal" de Jacquie McNish e Sean Silcoff.

Tecnicamente o filme tem algumas particularidades que merecem ser comentadas. A fotografia do Jared Raab (de "VHS 94") é competente ao capturar a vibrante estética do final dos anos 1990 e início dos anos 2000, em um período onde o universo NERD ganhava força e o mundo se transformava na surdina para ganhar os holofotes logo em seguida - essa concepção temporal do filme é quase um personagem dada sua importância histórica na trama. A trilha sonora também - ela se aproveita desse contexto nostálgico e pulsa com hits da época, enquanto o texto em si, brinca com as referências da cultura pop a todo momento. Outro ponto de destaque: a performance de Baruchel é sensacional - ele transmite a insegurança, o sonho, a ambição e finalmente a frustração de Lazaridis de uma maneira elogiável. Já Glenn Howerton que brilha como o arrogante e egocêntrico Balsillie, eu tenho a impressão, é o nome do filme - ele é a personificação do líder babaca, símbolo de status e poder que se confunde com o produto que vendia.

A real é que "BlackBerry" não se limita a ser um mero retrato biográfico ou um estudo de caso corporativo, ele é um filme que oferece uma reflexão profunda sobre os perigos da complacência, sobre a importância da adaptação às mudanças e sobre a relação da obsolescência programada no mundo da tecnologia. É um conto de advertência para qualquer empreendedor que se acomoda no sucesso, ignorando as tendências do mercado ou as necessidades de seus clientes. Claro que é um filme sobre tecnologia, mas também é uma história sobre cultura e ambição. É um retrato humano e complexo dos bastidores de uma empresa que revolucionou a comunicação, mas sucumbiu à falta de visão de seus líderes. 

Imperdível!

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Boa Noite, Oppy

É possível se conectar, se importar e se emocionar por um rover (aquela espécie de robô de exploração espacial projetado para mover-se na superfície de um outro planeta)? "Wall-E" da Disney/Pixar provou que sim, porém, tenho a impressão, que essa relação sentimental mudou de patamar com o belíssimo documentário produzido pela Amazon ao lado da Amblin (de Steven Spielberg), "Boa Noite, Oppy". O filme do diretor Ryan White (de "The Keepers") é uma aula de narrativa, com imagens belíssimas, que transforma um assunto extremamente complexo em uma verdadeira (e honesta) jornada sobre o amor incondicional!

"Boa Noite, Oppy" conta a história verídica e inspiradora da Opportunity e da Spirit, dois robôs enviados para Marte com a missão de explorar o planeta na busca por indícios de água que poderiam sugerir algum tipo de vida extraterrestre no passado. A missão que inicialmente seria de apenas 90 dias, acabou se extendendo por mais 15 anos, criando assim um elo extraordinário entre os rovers e seus cientistas e engenheiros, a milhões de quilômetros de distância. Confira o trailer (em inglês):

Como em "Inspiration4 - Viagem Estelar" e até em "De Volta ao Espaço", entender as motivações de determinadas pessoas que vivem pela ciência sem ao menos saber se todo o seu esforço técnico e intelectual um dia poderá ser recompensado com informações e descobertas que, de alguma forma, servirão como ponto de partida para mudar o mundo em que vivemos, é, no mínimo, uma jornada muito mais sobre propósito do que qualquer outra coisa. As relações humanas parecem ser deixadas de lado em pró de um bem maior, as relações emocionais parecem muito mais silenciosas e, claro, aquela atmosfera de tensão e recorrente pressão soa quase que insuportável.

Por incrível que pareça, "Boa Noite, Oppy" chega para desmistificar essa impressão e sua história acaba nos conquistando pela relação intima dos personagens com seu propósito e não só pelas dificuldades que esse propósito geram até alcançar o seu sucesso. A partir de um roteiro que equilibra perfeitamente a relações pessoais com as dificuldades inerentes ao desafio profissional de colocar um robô para explorar Marte, o documentário é muito feliz em revelar e acompanhar os bastidores da NASA pelos olhos de quem viveu seus melhores dias na agência espacial americana - são muitas curiosidades que, entre outras coisas, expõem a importância do planejamento e de toda ciência por trás do sonho que parecia impossível. Ao mostrar alguns hábitos interessantes e ritos que acabam fazendo toda diferença naquele ambiente, o roteiro também humaniza a narrativa - os depoimentos são lindamente inseridos dentro de um contexto que nos envolve, que nos faz torcer, que nos toca. A relação da música no dia a dia daquelas pessoas é um ótimo exemplo de como tudo aquilo é tão verdadeiro quanto emocionante!

O fato é que "Good Night Oppy" (no original) vai muito além do que uma simples narrativa documental - posso dizer que é a jornada que conquista pela sua alma. Reconhecer os laços emocionais entre criador e criatura é de uma honestidade incrível e que nos enche de amor, sem nos darmos conta. Dito isso, não se surpreenda ao perceber que está sentindo uma enorme emoção ao ver um robô saindo de uma condição critica em sua missão ou até quando ele resolve se comunicar após ensurdecedores minutos de silêncio.

Olha, vale muito o seu play!

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É possível se conectar, se importar e se emocionar por um rover (aquela espécie de robô de exploração espacial projetado para mover-se na superfície de um outro planeta)? "Wall-E" da Disney/Pixar provou que sim, porém, tenho a impressão, que essa relação sentimental mudou de patamar com o belíssimo documentário produzido pela Amazon ao lado da Amblin (de Steven Spielberg), "Boa Noite, Oppy". O filme do diretor Ryan White (de "The Keepers") é uma aula de narrativa, com imagens belíssimas, que transforma um assunto extremamente complexo em uma verdadeira (e honesta) jornada sobre o amor incondicional!

"Boa Noite, Oppy" conta a história verídica e inspiradora da Opportunity e da Spirit, dois robôs enviados para Marte com a missão de explorar o planeta na busca por indícios de água que poderiam sugerir algum tipo de vida extraterrestre no passado. A missão que inicialmente seria de apenas 90 dias, acabou se extendendo por mais 15 anos, criando assim um elo extraordinário entre os rovers e seus cientistas e engenheiros, a milhões de quilômetros de distância. Confira o trailer (em inglês):

Como em "Inspiration4 - Viagem Estelar" e até em "De Volta ao Espaço", entender as motivações de determinadas pessoas que vivem pela ciência sem ao menos saber se todo o seu esforço técnico e intelectual um dia poderá ser recompensado com informações e descobertas que, de alguma forma, servirão como ponto de partida para mudar o mundo em que vivemos, é, no mínimo, uma jornada muito mais sobre propósito do que qualquer outra coisa. As relações humanas parecem ser deixadas de lado em pró de um bem maior, as relações emocionais parecem muito mais silenciosas e, claro, aquela atmosfera de tensão e recorrente pressão soa quase que insuportável.

Por incrível que pareça, "Boa Noite, Oppy" chega para desmistificar essa impressão e sua história acaba nos conquistando pela relação intima dos personagens com seu propósito e não só pelas dificuldades que esse propósito geram até alcançar o seu sucesso. A partir de um roteiro que equilibra perfeitamente a relações pessoais com as dificuldades inerentes ao desafio profissional de colocar um robô para explorar Marte, o documentário é muito feliz em revelar e acompanhar os bastidores da NASA pelos olhos de quem viveu seus melhores dias na agência espacial americana - são muitas curiosidades que, entre outras coisas, expõem a importância do planejamento e de toda ciência por trás do sonho que parecia impossível. Ao mostrar alguns hábitos interessantes e ritos que acabam fazendo toda diferença naquele ambiente, o roteiro também humaniza a narrativa - os depoimentos são lindamente inseridos dentro de um contexto que nos envolve, que nos faz torcer, que nos toca. A relação da música no dia a dia daquelas pessoas é um ótimo exemplo de como tudo aquilo é tão verdadeiro quanto emocionante!

O fato é que "Good Night Oppy" (no original) vai muito além do que uma simples narrativa documental - posso dizer que é a jornada que conquista pela sua alma. Reconhecer os laços emocionais entre criador e criatura é de uma honestidade incrível e que nos enche de amor, sem nos darmos conta. Dito isso, não se surpreenda ao perceber que está sentindo uma enorme emoção ao ver um robô saindo de uma condição critica em sua missão ou até quando ele resolve se comunicar após ensurdecedores minutos de silêncio.

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Boys State

Eu sou capaz de cravar que "Boys State" estará na disputa do próximo Oscar na categoria "Melhor Documentário"! Dito isso, é preciso ressaltar que o belíssimo trabalho do premiado diretor Jesse Moss e da sua parceira Amanda McBaine, traz um recorte bastante interessante do momento politico que vivemos no mundo, muitas vezes pautado no ataque em detrimento ao diálogo, com uma polarização que parece fazer mais sentido para muitos e onde os assuntos polêmicos, normalmente apoiados no extremismo, impactam fortemente nos resultados das urnas. Na verdade, "Boys State" trás para o debate a força da democracia como "fim", mas o que nos incomoda de verdade é o "meio" que as pessoas resolvem seguir - graças aos recentes péssimos exemplos que toda uma geração aprendeu a observar!

"Boys State" acompanha um programa de verão que funciona como uma espécie de preparação para uma nova geração de líderes políticos. Cada um desses eventos recebem centenas de alunos, todos indicados pelas suas escolas, e lá eles simulam todo o processo democrático americano, desde a formação de dois partidos até a eleição de um governador, seguindo exatamente as regras eleitorais do país. Confira o trailer:

Vencedor em festivais importantes como Sundance e South By Southwest em 2020, "Boys State" é, de fato, imperdível. Com uma dinâmica narrativa bastante interessante, fica impossível não se envolver com aquela disputa fictícia como se estivéssemos assistindo uma competição esportiva real - e como no esporte, a política envolve paixão e é incrível como "apenas" 1.200 jovens podem representar uma parcela bastante fiel da sociedade americana atual e isso é assustador! Olha, vale muito a pena, até para aquele que não faz tanta questão de refletir sobre o momento politico que muitos países estão vivendo!

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Eu sou capaz de cravar que "Boys State" estará na disputa do próximo Oscar na categoria "Melhor Documentário"! Dito isso, é preciso ressaltar que o belíssimo trabalho do premiado diretor Jesse Moss e da sua parceira Amanda McBaine, traz um recorte bastante interessante do momento politico que vivemos no mundo, muitas vezes pautado no ataque em detrimento ao diálogo, com uma polarização que parece fazer mais sentido para muitos e onde os assuntos polêmicos, normalmente apoiados no extremismo, impactam fortemente nos resultados das urnas. Na verdade, "Boys State" trás para o debate a força da democracia como "fim", mas o que nos incomoda de verdade é o "meio" que as pessoas resolvem seguir - graças aos recentes péssimos exemplos que toda uma geração aprendeu a observar!

"Boys State" acompanha um programa de verão que funciona como uma espécie de preparação para uma nova geração de líderes políticos. Cada um desses eventos recebem centenas de alunos, todos indicados pelas suas escolas, e lá eles simulam todo o processo democrático americano, desde a formação de dois partidos até a eleição de um governador, seguindo exatamente as regras eleitorais do país. Confira o trailer:

Vencedor em festivais importantes como Sundance e South By Southwest em 2020, "Boys State" é, de fato, imperdível. Com uma dinâmica narrativa bastante interessante, fica impossível não se envolver com aquela disputa fictícia como se estivéssemos assistindo uma competição esportiva real - e como no esporte, a política envolve paixão e é incrível como "apenas" 1.200 jovens podem representar uma parcela bastante fiel da sociedade americana atual e isso é assustador! Olha, vale muito a pena, até para aquele que não faz tanta questão de refletir sobre o momento politico que muitos países estão vivendo!

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Brasil 2002 - Bastidores do Penta

Se você gosta de futebol e também acordou cedo para acompanhar a Copa do Mundo do Japão e da Coréia, você vai me agradecer muito por essa recomendação: "Brasil 2002 - Bastidores do Penta" é um excelente documentário sobre todo o contexto que envolveu nosso último (até aqui) título mundial. Muito além do campo, o filme do diretor americano Luís Ara (de "Para Sempre Chape") se aproveita de inúmeras imagens de arquivo (inclusive pessoais dos próprios jogadores) e de entrevistas marcantes com quem participou da jornada, para desenvolver uma narrativa dinâmica, nostálgica e muito interessante sobre os bastidores dessa conquista.

Luis Ara, que apesar de nascido em Houston, Estados Unidos, fez toda sua carreira no Uruguai e talvez por isso seja um grande entusiasta de um esporte que, digamos, não está entre as prioridades dos americanos. Depois de retratar com muita competência a tragédia da Chapecoense, Lara resolveu mergulhar em um passado não tão distante para recontar como uma Seleção desacreditada, cheia de problemas e ainda marcada pela convulsão de Ronaldo em 98, venceu a desconfiança e se tornou a primeira (e única) Pentacampeã de futebol.

Além de construir uma linha do tempo extremamente coerente com os fatos, se apoiando em depoimentos muito interessantes, "Brasil 2002 - Bastidores do Penta" humaniza a conquista e estabelece uma comunicação tão informal que nos sentimos a vontade em ouvir novamente as mesmas histórias. Claro que algumas delas são inéditas, algumas imagens também, mas a maioria das passagens que vemos na tela, nós já conhecemos, porém o interessante dessa nova experiência não está necessariamente no "conteúdo" e sim na "forma" como tudo está sendo contado.

Ara foi muito feliz em trazer para seu filme os protagonistas da Seleção: Ronaldo, Ronaldinho, Roberto Carlos e Lúcio; mas também alguns coadjuvantes como Belletti, Vampeta, Gilberto Silva e Rogério Ceni, porém o gol de placa foi mesmo colocar os "antagonistas" para comentar cada momento marcante da Copa pelo olhar de quem perdeu: Oliver Kahn, goleiro e capitão da Alemanha, comenta sobre seu momento na final da Copa e como a seleção alemã entendia o favoritismo do Brasil; Marc Wilmots, capitão da Bélgica, fala sobre o gol anulado de seu time e a forma como o Brasil se impôs quando se sentiu em perigo; David Beckham, capitão da Inglaterra, e Michael Owen, pontuam detalhes sobre a virada que sofreram de uma forma muito curiosa - reparem na história de Beckham sobre o humor de Ronaldo e Roberto Carlos mesmo enquanto o Brasil perdia o jogo e como ele, ali, percebeu que algo muito ruim aconteceria para sua seleção.

Basturk, jogador da Turquia, diz no documentário algo como: "Poderíamos ter ganho aquela Copa, mas Ala não via dessa forma e resolveu colocar o Brasil duas vezes na nossa trajetória" - é com esse tipo de depoimento, intimo e descontraído, que  "Brasil 2002 - Bastidores do Penta" nos conquista como torcedor e audiência. Além dos jogadores, o lado da imprensa também é mostrado graças aos depoimentos de Arnaldo Ribeiro e Juca Kfouri, além de uma curiosa passagem envolvendo Pierluigi Collina, ex-árbitro italiano e responsável por apitar a final.

"Brasil 2002 - Bastidores do Penta" não é um recorte sócio-político-esportivo de uma época, cheio de criticas ou que se propõe a mergulhar em tudo que acontecia no Brasil e no Mundo antes da Copa do Japão e da Coréia (talvez se fosse uma minissérie...). O documentário é muito mais uma celebração nostálgica que enaltece uma importante conquista esportiva que o mal humor de muita gente (principalmente críticos politizados) fazem questão de diminuir em pró de suas prioridades. Essa produção da Netflix não é para quem busca o embate, é para quem busca um outro olhar sobre o orgulho que sentimos em uma época onde até a Alemanha, Inglaterra e Bélgica nos aplaudiram de pé.

Vale o seu play, torcedor!

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Se você gosta de futebol e também acordou cedo para acompanhar a Copa do Mundo do Japão e da Coréia, você vai me agradecer muito por essa recomendação: "Brasil 2002 - Bastidores do Penta" é um excelente documentário sobre todo o contexto que envolveu nosso último (até aqui) título mundial. Muito além do campo, o filme do diretor americano Luís Ara (de "Para Sempre Chape") se aproveita de inúmeras imagens de arquivo (inclusive pessoais dos próprios jogadores) e de entrevistas marcantes com quem participou da jornada, para desenvolver uma narrativa dinâmica, nostálgica e muito interessante sobre os bastidores dessa conquista.

Luis Ara, que apesar de nascido em Houston, Estados Unidos, fez toda sua carreira no Uruguai e talvez por isso seja um grande entusiasta de um esporte que, digamos, não está entre as prioridades dos americanos. Depois de retratar com muita competência a tragédia da Chapecoense, Lara resolveu mergulhar em um passado não tão distante para recontar como uma Seleção desacreditada, cheia de problemas e ainda marcada pela convulsão de Ronaldo em 98, venceu a desconfiança e se tornou a primeira (e única) Pentacampeã de futebol.

Além de construir uma linha do tempo extremamente coerente com os fatos, se apoiando em depoimentos muito interessantes, "Brasil 2002 - Bastidores do Penta" humaniza a conquista e estabelece uma comunicação tão informal que nos sentimos a vontade em ouvir novamente as mesmas histórias. Claro que algumas delas são inéditas, algumas imagens também, mas a maioria das passagens que vemos na tela, nós já conhecemos, porém o interessante dessa nova experiência não está necessariamente no "conteúdo" e sim na "forma" como tudo está sendo contado.

Ara foi muito feliz em trazer para seu filme os protagonistas da Seleção: Ronaldo, Ronaldinho, Roberto Carlos e Lúcio; mas também alguns coadjuvantes como Belletti, Vampeta, Gilberto Silva e Rogério Ceni, porém o gol de placa foi mesmo colocar os "antagonistas" para comentar cada momento marcante da Copa pelo olhar de quem perdeu: Oliver Kahn, goleiro e capitão da Alemanha, comenta sobre seu momento na final da Copa e como a seleção alemã entendia o favoritismo do Brasil; Marc Wilmots, capitão da Bélgica, fala sobre o gol anulado de seu time e a forma como o Brasil se impôs quando se sentiu em perigo; David Beckham, capitão da Inglaterra, e Michael Owen, pontuam detalhes sobre a virada que sofreram de uma forma muito curiosa - reparem na história de Beckham sobre o humor de Ronaldo e Roberto Carlos mesmo enquanto o Brasil perdia o jogo e como ele, ali, percebeu que algo muito ruim aconteceria para sua seleção.

Basturk, jogador da Turquia, diz no documentário algo como: "Poderíamos ter ganho aquela Copa, mas Ala não via dessa forma e resolveu colocar o Brasil duas vezes na nossa trajetória" - é com esse tipo de depoimento, intimo e descontraído, que  "Brasil 2002 - Bastidores do Penta" nos conquista como torcedor e audiência. Além dos jogadores, o lado da imprensa também é mostrado graças aos depoimentos de Arnaldo Ribeiro e Juca Kfouri, além de uma curiosa passagem envolvendo Pierluigi Collina, ex-árbitro italiano e responsável por apitar a final.

"Brasil 2002 - Bastidores do Penta" não é um recorte sócio-político-esportivo de uma época, cheio de criticas ou que se propõe a mergulhar em tudo que acontecia no Brasil e no Mundo antes da Copa do Japão e da Coréia (talvez se fosse uma minissérie...). O documentário é muito mais uma celebração nostálgica que enaltece uma importante conquista esportiva que o mal humor de muita gente (principalmente críticos politizados) fazem questão de diminuir em pró de suas prioridades. Essa produção da Netflix não é para quem busca o embate, é para quem busca um outro olhar sobre o orgulho que sentimos em uma época onde até a Alemanha, Inglaterra e Bélgica nos aplaudiram de pé.

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Bye Bye Barry

Barry Sanders foi um dos maiores jogadores de futebol americano de todos os tempos. Sua carreira na NFL, de 1989 a 1998, foi marcada por uma combinação de velocidade, habilidade e força que o tornou um dos running backs mais dominantes da história da liga. O que ninguém esperava é que, no seu auge, Sanders se aposentasse "da noite para o dia" sem maiores explicações - algo como se o Pelé resolvesse parar de jogar 3 meses antes da Copa de 70. Sim, a comparação pode até parecer absurda, mas foi exatamente isso que aconteceu em 1999, levantando inúmeras perguntas sobre os reais motivos dessa decisão e que os diretores estreantes, Paul Monusky, Micaela Powers, Angela Torma, tentam responder a partir de uma retrospectiva belíssima e de uma entrevista inédita com o seu protagonista que fala de assuntos que vão muito além das histórias vividas dentro das quatro linhas.

Quando o craque Barry Sanders sumiu no auge de sua carreira, ele deixou o mundo da NFL em choque. Ele ainda estava voando, tentando quebrar o histórico recorde de jardas corridas, quando embarcou em um voo para a Inglaterra e nunca mais pisou em campo. Agora, 24 anos depois, Barry revisita sua carreira para finalmente desvendar o mistério sobre sua aposentadoria. Confira o trailer (em inglês):

Produzido pela "NFL Films", esse excelente documentário parece feito sob medida para os amantes do esporte. Aliás, mais que um documentário esportivo, "Bye Bye Barry" é uma verdadeira imersão na vida de um atleta cuja carreira transcendeu as estatísticas ao deixar uma marca impressionante nos livros da liga profissional de futebol americano. Mesmo estreantes, o trio de diretores se apropria de depoimentos exclusivos de colegas de equipe, treinadores, torcedores do Lions (entre eles astros como Jeff Daniels e Eminem), familiares e do próprio Sanders, para revelar os desafios e triunfos que moldaram a trajetória do jogador, proporcionando uma compreensão mais profunda do homem por trás do capacete - e talvez seja aqui que a obra surpreenda. O foco na personalidade de Sanders, humaniza o personagem e ao mostrar que ele era um jogador introvertido e que preferia manter sua vida pessoal longe dos holofotes, contrastando com a imagem de superstar que ele tinha dentro de campo, tudo que segue passa a fazer mais sentido.

Muito bem montado, o filme captura a intensidade dos momentos cruciais nos jogos, nos transportando para a emoção do campo, ao mesmo tempo que explora os desafios pessoais que levaram à sua decisão única de se aposentar, lançando luz sobre as complexidades do mundo esportivo para um jovem que só queria jogar futebol. Existe aqui uma sensibilidade da direção em criar paralelos entre o Sanders do passado e o do presente, como se esse olhar em retrospectiva nos ajudasse a entender que nada foi por acaso e que, mesmo sem parecer, nunca existiu arrependimentos. Veja, mesmo que exista um certo tom de homenagem para um dos maiores jogadores da história da liga, eu diria que "Bye Bye Barry" é mesmo uma oportunidade de conhecer a personalidade de alguém realmente diferente do que estamos acostumados.

A profundidade da pesquisa é evidente, revelando nuances pouco conhecidas sobre a dinâmica entre Sanders e as equipes em que jogou, essencialmente o Detroit Lions. Agora, saiba que o documentário vai além do simples relato de jogadas espetaculares, mergulhando nas questões humanas que moldaram o legado do jogador. Seja na busca por culpados de suas derrotas, no entendimento sobre as pressões externas diante de suas vitórias e, especialmente, pelas consequências pessoais que o esporte trouxe para a vida do atleta, "Bye Bye Barry" é um relato sensível feito para quem realmente gosta do esporte e de sua história através dos anos - nesse caso, pela perspectiva do ser humano e de suas escolhas.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Barry Sanders foi um dos maiores jogadores de futebol americano de todos os tempos. Sua carreira na NFL, de 1989 a 1998, foi marcada por uma combinação de velocidade, habilidade e força que o tornou um dos running backs mais dominantes da história da liga. O que ninguém esperava é que, no seu auge, Sanders se aposentasse "da noite para o dia" sem maiores explicações - algo como se o Pelé resolvesse parar de jogar 3 meses antes da Copa de 70. Sim, a comparação pode até parecer absurda, mas foi exatamente isso que aconteceu em 1999, levantando inúmeras perguntas sobre os reais motivos dessa decisão e que os diretores estreantes, Paul Monusky, Micaela Powers, Angela Torma, tentam responder a partir de uma retrospectiva belíssima e de uma entrevista inédita com o seu protagonista que fala de assuntos que vão muito além das histórias vividas dentro das quatro linhas.

Quando o craque Barry Sanders sumiu no auge de sua carreira, ele deixou o mundo da NFL em choque. Ele ainda estava voando, tentando quebrar o histórico recorde de jardas corridas, quando embarcou em um voo para a Inglaterra e nunca mais pisou em campo. Agora, 24 anos depois, Barry revisita sua carreira para finalmente desvendar o mistério sobre sua aposentadoria. Confira o trailer (em inglês):

Produzido pela "NFL Films", esse excelente documentário parece feito sob medida para os amantes do esporte. Aliás, mais que um documentário esportivo, "Bye Bye Barry" é uma verdadeira imersão na vida de um atleta cuja carreira transcendeu as estatísticas ao deixar uma marca impressionante nos livros da liga profissional de futebol americano. Mesmo estreantes, o trio de diretores se apropria de depoimentos exclusivos de colegas de equipe, treinadores, torcedores do Lions (entre eles astros como Jeff Daniels e Eminem), familiares e do próprio Sanders, para revelar os desafios e triunfos que moldaram a trajetória do jogador, proporcionando uma compreensão mais profunda do homem por trás do capacete - e talvez seja aqui que a obra surpreenda. O foco na personalidade de Sanders, humaniza o personagem e ao mostrar que ele era um jogador introvertido e que preferia manter sua vida pessoal longe dos holofotes, contrastando com a imagem de superstar que ele tinha dentro de campo, tudo que segue passa a fazer mais sentido.

Muito bem montado, o filme captura a intensidade dos momentos cruciais nos jogos, nos transportando para a emoção do campo, ao mesmo tempo que explora os desafios pessoais que levaram à sua decisão única de se aposentar, lançando luz sobre as complexidades do mundo esportivo para um jovem que só queria jogar futebol. Existe aqui uma sensibilidade da direção em criar paralelos entre o Sanders do passado e o do presente, como se esse olhar em retrospectiva nos ajudasse a entender que nada foi por acaso e que, mesmo sem parecer, nunca existiu arrependimentos. Veja, mesmo que exista um certo tom de homenagem para um dos maiores jogadores da história da liga, eu diria que "Bye Bye Barry" é mesmo uma oportunidade de conhecer a personalidade de alguém realmente diferente do que estamos acostumados.

A profundidade da pesquisa é evidente, revelando nuances pouco conhecidas sobre a dinâmica entre Sanders e as equipes em que jogou, essencialmente o Detroit Lions. Agora, saiba que o documentário vai além do simples relato de jogadas espetaculares, mergulhando nas questões humanas que moldaram o legado do jogador. Seja na busca por culpados de suas derrotas, no entendimento sobre as pressões externas diante de suas vitórias e, especialmente, pelas consequências pessoais que o esporte trouxe para a vida do atleta, "Bye Bye Barry" é um relato sensível feito para quem realmente gosta do esporte e de sua história através dos anos - nesse caso, pela perspectiva do ser humano e de suas escolhas.

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Chef's Table

"Chef's Table" é uma série documental produzido pela Netflix que estreiou em 2015 sem muito alarde, mas que virou um fenômeno - tanto que a Netflix já disponibiliza várias temporadas e alguns spin-offs! A ideia é muito simples: são de 4 a 6 episódios por temporada, com uma média de 45 minutos cada, que contam as histórias de 4 (ou 6) grandes chef's do mundo inteiro e, claro, os desafios e os diferenciais de sua arte e de seus respectivos restaurantes. O mais interessante, porém, é que o Formato não é propriamente sobre gastronomia em si, mas sobre pessoas, na verdade sobre gênios, que inovaram, que criaram um conceito e que aplicaram com maestria em seus restaurantes. Confira o trailer:

Pelo trailer já dá para perceber que além de boas histórias, a direção se preocupa com alguns elementos que colocam essa série documental em um outro patamar: a qualidade absurda da fotografia e da sua trilha sonora. Eu diria que "Chef's Table" é uma delicia de se assistir, é uma aula de história da gastronomia e uma referência multicultural impressionante, tanto que a série já foi indicada para 8 Emmys desde sua estréia!

Para não estragar a surpresa, comento sobre o primeiro episódio da primeira temporada que conta a história do italiano Massimo Bottura, top 5 no The World's 50 Best Restaurants Awards desde 2010, que quase faliu por acreditar que as tradições da gastronomia de Modenna mereciam ser modernizadas! Imagine isso em uma cidade super tradicional italiana!!! O cara é uma espécie de Steve Jobs da gastronomia! A história do Massimo Bottura é incrível e o que ele faz na cozinha é surreal, mas não é o único grande nome que encontramos, temos também o Francis Mallman, o Magnus Nilsson, o Grant Achatz, o Virgilio Martinez e até o nosso Alex Atala.

Olha, se você gosta de gastronomia, de conhecer as histórias de profissionais referência na sua profissão, não deixe de assistir essa série porque vale muito a pena!!!! 

Indico de olhos fechados!!!!

PS: Alguns podem achar os episódios um pouco lento demais e de fato não é um narrativa muito dinâmica, até porque o conceito usa da gastronomia para fazer uma espécie de poesia visual. Eu sugiro sempre um ou dois episódios por vez e pode ter certeza que você vai parecer um grande conhecedor da gastronomia no final das temporadas!

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"Chef's Table" é uma série documental produzido pela Netflix que estreiou em 2015 sem muito alarde, mas que virou um fenômeno - tanto que a Netflix já disponibiliza várias temporadas e alguns spin-offs! A ideia é muito simples: são de 4 a 6 episódios por temporada, com uma média de 45 minutos cada, que contam as histórias de 4 (ou 6) grandes chef's do mundo inteiro e, claro, os desafios e os diferenciais de sua arte e de seus respectivos restaurantes. O mais interessante, porém, é que o Formato não é propriamente sobre gastronomia em si, mas sobre pessoas, na verdade sobre gênios, que inovaram, que criaram um conceito e que aplicaram com maestria em seus restaurantes. Confira o trailer:

Pelo trailer já dá para perceber que além de boas histórias, a direção se preocupa com alguns elementos que colocam essa série documental em um outro patamar: a qualidade absurda da fotografia e da sua trilha sonora. Eu diria que "Chef's Table" é uma delicia de se assistir, é uma aula de história da gastronomia e uma referência multicultural impressionante, tanto que a série já foi indicada para 8 Emmys desde sua estréia!

Para não estragar a surpresa, comento sobre o primeiro episódio da primeira temporada que conta a história do italiano Massimo Bottura, top 5 no The World's 50 Best Restaurants Awards desde 2010, que quase faliu por acreditar que as tradições da gastronomia de Modenna mereciam ser modernizadas! Imagine isso em uma cidade super tradicional italiana!!! O cara é uma espécie de Steve Jobs da gastronomia! A história do Massimo Bottura é incrível e o que ele faz na cozinha é surreal, mas não é o único grande nome que encontramos, temos também o Francis Mallman, o Magnus Nilsson, o Grant Achatz, o Virgilio Martinez e até o nosso Alex Atala.

Olha, se você gosta de gastronomia, de conhecer as histórias de profissionais referência na sua profissão, não deixe de assistir essa série porque vale muito a pena!!!! 

Indico de olhos fechados!!!!

PS: Alguns podem achar os episódios um pouco lento demais e de fato não é um narrativa muito dinâmica, até porque o conceito usa da gastronomia para fazer uma espécie de poesia visual. Eu sugiro sempre um ou dois episódios por vez e pode ter certeza que você vai parecer um grande conhecedor da gastronomia no final das temporadas!

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Como Ser Warren Buffett

É preciso olhar para o sucesso e entender como algumas referências, de fato inspiradoras, podem nos mover para frente. "Como Ser Warren Buffett" nem de longe será o melhor documentário biográfico que você vai assistir, muito menos menos será o mais dinâmico ou inovador, mas nem por isso ele deixa de ser imperdível. Dirigido pelo Peter W. Kunhardt (de "Living with Lincoln", também da HBO), aqui temos um recorte biográfico mais tradicional, pelo olhar do próprio protagonista, o que naturalmente acaba nos oferecendo uma análise profunda, mais pessoal e íntima, sobre o "Oráculo de Omaha" - como ficou conhecido um dos homens mais ricos e influentes do mundo. Saiba que esse documentário, no mínimo, te fará repensar sobre seus conceitos de sucesso e pode ter certeza que, de alguma forma, te motivará a perseguir seus sonhos sob uma nova perspectiva.

Becoming Warren Buffett" (no original) nos leva a uma jornada pela vida de Warren Buffett, desde sua infância em Nebraska até o topo do mundo dos investimentos. Através de entrevistas exclusivas com o próprio Buffett, alguns familiares, amigos e colegas de trabalho, o filme procura analisar os métodos do investidor, desvendar os segredos do seu sucesso profissional e ainda entender como sua paixão por números, a disciplina inabalável e o foco permanente, transformaram sua vida ao longo dos anos. Confira o trailer (em inglês):

Com uma narrativa mais clássica, basicamente focada nos depoimentos cativantes de Buffett e de pessoas muito próximas a ele, eu diria que a experiência de assistir "Como Ser Warren Buffett" é algo mais educacional, inspiracional. A direção de Kunhardt é precisa e elegante ao dar esse tom ao documentário, utilizando recursos como imagens de arquivo, animações e gráficos para ilustrar os conceitos complexos do protagonista de uma forma clara e acessível para todos. Veja, o filme não é um manual definitivo de como ficar rico, muito pelo contrário, o objetivo aqui é desmistificar Buffett sem precisar apelar para aquele sensacionalismo barato de outros tempos - embora a passagem que conta sobre a doença de sua ex-mulher soe mais como gatilho para as decisões que ele veio a tomar em seguida, do que propriamente como um evento transformador de sua vida.

Sem dúvida que um dos pontos fortes do documentário é a forma como o roteiro desmistifica o mundo dos investimentos, tornando-o palpável para o público em geral. Através da história de Buffett, aprendemos sobre os princípios básicos de sua filosofia de investimento, a importância da pesquisa e da análise de dados e, claro, o valor da paciência e da disciplina em todo esse processo - Buffet chega brincar que os livros que ele leu estão disponíveis para todos, ou seja, não se trata apenas de adquirir conhecimento, é preciso colocar em prática. Mesmo com uma certa atmosfera "chapa branca" demais, o filme também nos convida a refletir sobre valores importantes para Buffet como ética, filantropia e uma busca frequente por uma vida significativa, especialmente próxima a quem amamos - essa abordagem se dá muito mais por uma provocação para se encontrar um equilíbrio, do que propriamente para revelar a fórmula mágica que ele seguiu e funcionou, afinal até Buffet tem seus fantasmas.

"Como Ser Warren Buffett" é uma história sobre a paixão, a perseverança e uma crença inabalável nos próprios sonhos. É um filme que nos inspira a buscar o sucesso em nossos próprios termos, mas pelo exemplo (vivo). Seja no universo do investimento ou do empreendedorismo, eu afirmo que assistir 90 minutos de Warren Buffett é um privilégio e um incentivo para todos aqueles que desejam aprender com um dos maiores gênios da nossa época.

Vale seu play!

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É preciso olhar para o sucesso e entender como algumas referências, de fato inspiradoras, podem nos mover para frente. "Como Ser Warren Buffett" nem de longe será o melhor documentário biográfico que você vai assistir, muito menos menos será o mais dinâmico ou inovador, mas nem por isso ele deixa de ser imperdível. Dirigido pelo Peter W. Kunhardt (de "Living with Lincoln", também da HBO), aqui temos um recorte biográfico mais tradicional, pelo olhar do próprio protagonista, o que naturalmente acaba nos oferecendo uma análise profunda, mais pessoal e íntima, sobre o "Oráculo de Omaha" - como ficou conhecido um dos homens mais ricos e influentes do mundo. Saiba que esse documentário, no mínimo, te fará repensar sobre seus conceitos de sucesso e pode ter certeza que, de alguma forma, te motivará a perseguir seus sonhos sob uma nova perspectiva.

Becoming Warren Buffett" (no original) nos leva a uma jornada pela vida de Warren Buffett, desde sua infância em Nebraska até o topo do mundo dos investimentos. Através de entrevistas exclusivas com o próprio Buffett, alguns familiares, amigos e colegas de trabalho, o filme procura analisar os métodos do investidor, desvendar os segredos do seu sucesso profissional e ainda entender como sua paixão por números, a disciplina inabalável e o foco permanente, transformaram sua vida ao longo dos anos. Confira o trailer (em inglês):

Com uma narrativa mais clássica, basicamente focada nos depoimentos cativantes de Buffett e de pessoas muito próximas a ele, eu diria que a experiência de assistir "Como Ser Warren Buffett" é algo mais educacional, inspiracional. A direção de Kunhardt é precisa e elegante ao dar esse tom ao documentário, utilizando recursos como imagens de arquivo, animações e gráficos para ilustrar os conceitos complexos do protagonista de uma forma clara e acessível para todos. Veja, o filme não é um manual definitivo de como ficar rico, muito pelo contrário, o objetivo aqui é desmistificar Buffett sem precisar apelar para aquele sensacionalismo barato de outros tempos - embora a passagem que conta sobre a doença de sua ex-mulher soe mais como gatilho para as decisões que ele veio a tomar em seguida, do que propriamente como um evento transformador de sua vida.

Sem dúvida que um dos pontos fortes do documentário é a forma como o roteiro desmistifica o mundo dos investimentos, tornando-o palpável para o público em geral. Através da história de Buffett, aprendemos sobre os princípios básicos de sua filosofia de investimento, a importância da pesquisa e da análise de dados e, claro, o valor da paciência e da disciplina em todo esse processo - Buffet chega brincar que os livros que ele leu estão disponíveis para todos, ou seja, não se trata apenas de adquirir conhecimento, é preciso colocar em prática. Mesmo com uma certa atmosfera "chapa branca" demais, o filme também nos convida a refletir sobre valores importantes para Buffet como ética, filantropia e uma busca frequente por uma vida significativa, especialmente próxima a quem amamos - essa abordagem se dá muito mais por uma provocação para se encontrar um equilíbrio, do que propriamente para revelar a fórmula mágica que ele seguiu e funcionou, afinal até Buffet tem seus fantasmas.

"Como Ser Warren Buffett" é uma história sobre a paixão, a perseverança e uma crença inabalável nos próprios sonhos. É um filme que nos inspira a buscar o sucesso em nossos próprios termos, mas pelo exemplo (vivo). Seja no universo do investimento ou do empreendedorismo, eu afirmo que assistir 90 minutos de Warren Buffett é um privilégio e um incentivo para todos aqueles que desejam aprender com um dos maiores gênios da nossa época.

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Criptofraude

Você não vai precisar mais do que alguns minutos para sentir seu estômago revirar com as histórias desse imperdível documentário da Netflix, "Criptofraude" - eu diria, uma mistura de "Shiny Flakes" com "O Escândalo da Wirecard" e, claro, com aquele toque Billy McFarland de "Fyre Festival". Com um roteiro impecável e uma narrativa envolvente, o filme dirigido pelo excelente Bryan Storkel (de um dos episódios de "Untold") não só joga luz sobre as falcatruas do infame Ray Trapani e de seus sócios na Centra Tech, como também oferece uma análise profunda de uma geração que acredita poder ganhar muito dinheiro, sem muito esforço - nesse caso a partir das entranhas mais obscuras do mundo das criptomoedas. Storkel, sem dúvidas, entrega uma obra que não apenas informa, mas também prende a audiência com uma história real absurda de um pseudo-empreendedorismo pautado na ganância, na irresponsabilidade, na mentira e na ironia de acreditar que sim, o crime compensa (até nos EUA)!

"Criptofraude" basicamente desvenda os bastidores da Centra Tech, uma startup que prometia revolucionar o mercado de criptomoedas transformando dinheiro digital em moeda física para se usar onde bem entender, na hora que o usuário quisesse. O que à primeira vista parecia uma promissora ideia, na verdade era a forma como Ray Trapani e Sam 'Sorbee' Sharma arquitetavam uma fraude que abalou o mundo financeiro e fez muita gente perder muito dinheiro. O documentário expõe não só as artimanhas de Trapani como faz um recorte profundo da sua personalidade e da maneira como ele enxerga a vida, revelando não só sua rede de cúmplices, mas também sua incrível façanha de iludir investidores, celebridades e clientes do mundo inteiro. Confira o trailer (em inglês):

"Criptofraude" se destaca não apenas pelo seu tema intrigante, atual, mas também por uma execução técnica e artística primorosa - tudo no documentário funciona tão harmoniosamente, dos irritantes depoimentos do próprio Trapani até as reconstituições (sempre desfocadas) que nos dão a exata noção do que foi a Centra Tech e de como toda aquela fraude foi pensada por seus fundadores. O roteiro do Jonathan Ignatius Green mergulha nas sombras do mundo digital, criando uma atmosfera que reflete a complexidade moral da história, essencialmente personificando aquele mindset de que a vida é uma eterna festa.

A direção de Storkel sabe navegar entre a gramática documental e da ficção - isso mantém o ritmo e o interesse em alta. Sua proposta visual é agradável, como se ler uma revista cheia de cores marcantes fosse mais prazeiroso que ler um melancólico jornal preto e branco e é nesse sentido que destaco a montagem precisa de Weston Currie: envolvente, divertida e de muito bom gosto. Veja, todos esses elementos juntos só potencializam a capacidade do documentário de desvendar a mente realmente criminosa de um jovem Trapani, oferecendo uma análise psicológica das mais interessantes, e da forma como ele enxergava oportunidades e transformava em negócios. Acho até que o filme não apenas acusa ele, mas também explora suas motivações e as nuances éticas por trás das suas ações sempre com um olhar perspicaz e muitas vezes provocador, mesmo soando inocente em várias passagens.

O fato é que "Criptofraude" adiciona camadas de profundidade emocionais à trama, tornando-a mais do que uma simples exposição de fraudes para se tornar um objeto de reflexão sobre essa era das redes sociais e da busca pela vida perfeita sem esforço. Saíba que você será envolvido em uma experiência única que combina uma narrativa fascinante com personagens odiáveis. Então se você procura uma história, ou melhor, uma jornada intrigante sobre os bastidores do empreendedorismo mentiroso em um universo digital que representa 78% de fraudes, "Criptofraude" é a escolha certa. Pode ir para o play!

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Você não vai precisar mais do que alguns minutos para sentir seu estômago revirar com as histórias desse imperdível documentário da Netflix, "Criptofraude" - eu diria, uma mistura de "Shiny Flakes" com "O Escândalo da Wirecard" e, claro, com aquele toque Billy McFarland de "Fyre Festival". Com um roteiro impecável e uma narrativa envolvente, o filme dirigido pelo excelente Bryan Storkel (de um dos episódios de "Untold") não só joga luz sobre as falcatruas do infame Ray Trapani e de seus sócios na Centra Tech, como também oferece uma análise profunda de uma geração que acredita poder ganhar muito dinheiro, sem muito esforço - nesse caso a partir das entranhas mais obscuras do mundo das criptomoedas. Storkel, sem dúvidas, entrega uma obra que não apenas informa, mas também prende a audiência com uma história real absurda de um pseudo-empreendedorismo pautado na ganância, na irresponsabilidade, na mentira e na ironia de acreditar que sim, o crime compensa (até nos EUA)!

"Criptofraude" basicamente desvenda os bastidores da Centra Tech, uma startup que prometia revolucionar o mercado de criptomoedas transformando dinheiro digital em moeda física para se usar onde bem entender, na hora que o usuário quisesse. O que à primeira vista parecia uma promissora ideia, na verdade era a forma como Ray Trapani e Sam 'Sorbee' Sharma arquitetavam uma fraude que abalou o mundo financeiro e fez muita gente perder muito dinheiro. O documentário expõe não só as artimanhas de Trapani como faz um recorte profundo da sua personalidade e da maneira como ele enxerga a vida, revelando não só sua rede de cúmplices, mas também sua incrível façanha de iludir investidores, celebridades e clientes do mundo inteiro. Confira o trailer (em inglês):

"Criptofraude" se destaca não apenas pelo seu tema intrigante, atual, mas também por uma execução técnica e artística primorosa - tudo no documentário funciona tão harmoniosamente, dos irritantes depoimentos do próprio Trapani até as reconstituições (sempre desfocadas) que nos dão a exata noção do que foi a Centra Tech e de como toda aquela fraude foi pensada por seus fundadores. O roteiro do Jonathan Ignatius Green mergulha nas sombras do mundo digital, criando uma atmosfera que reflete a complexidade moral da história, essencialmente personificando aquele mindset de que a vida é uma eterna festa.

A direção de Storkel sabe navegar entre a gramática documental e da ficção - isso mantém o ritmo e o interesse em alta. Sua proposta visual é agradável, como se ler uma revista cheia de cores marcantes fosse mais prazeiroso que ler um melancólico jornal preto e branco e é nesse sentido que destaco a montagem precisa de Weston Currie: envolvente, divertida e de muito bom gosto. Veja, todos esses elementos juntos só potencializam a capacidade do documentário de desvendar a mente realmente criminosa de um jovem Trapani, oferecendo uma análise psicológica das mais interessantes, e da forma como ele enxergava oportunidades e transformava em negócios. Acho até que o filme não apenas acusa ele, mas também explora suas motivações e as nuances éticas por trás das suas ações sempre com um olhar perspicaz e muitas vezes provocador, mesmo soando inocente em várias passagens.

O fato é que "Criptofraude" adiciona camadas de profundidade emocionais à trama, tornando-a mais do que uma simples exposição de fraudes para se tornar um objeto de reflexão sobre essa era das redes sociais e da busca pela vida perfeita sem esforço. Saíba que você será envolvido em uma experiência única que combina uma narrativa fascinante com personagens odiáveis. Então se você procura uma história, ou melhor, uma jornada intrigante sobre os bastidores do empreendedorismo mentiroso em um universo digital que representa 78% de fraudes, "Criptofraude" é a escolha certa. Pode ir para o play!

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Crypto Boy

Se olharmos pela perspectiva do desejo de ser muito rico, ainda muito jovem e assim resolver todos os problemas da vida com dinheiro e sem pensar nas consequências, "Crypto Boy" é uma versão atualizada de todo dilema que assistimos em "O Clube dos Meninos Bilionários" e que depois fomos nos aprofundando em excelentes obras como "Altos Negócios""O Primeiro Milhão" e "O Mago das Mentiras". Dito isso, fica muito fácil definir a linha narrativa que essa produção holandesa da Netflix escolhe para discutir o jogo de altos e baixos, mentiras e meia-verdades, do universo das criptomoedas, sem cair na armadilha de se aprofundar ou analisar didaticamente um cenário que, pode ter certeza, ainda terá ótimas (e verídicas, talvez por isso absurdas) histórias para contar. 

Dirigido por Shady El-Hamus (de "Forever Rich"), o filme acompanha a história do jovem Amir (Shahine El-Hamus), um rapaz que anda ainda meio perdido na vida, mas cheio de sonhos e ambições, que não se sente feliz sendo o garoto de entregas do restaurante mexicano de seu pai. Quando, bem por acaso, Amir descobre o universo das criptomoedas e conhece o CEO de uma startup que transaciona esse tipo de ativo prometendo lucros de 2% ao dia, Roy (Minne Koole), tudo muda! O problema é que, com o tempo, aquilo que parecia uma mina de ouro se transforma em uma crise pessoal e familiar sem precedentes. Confira o trailer (no seu idioma original):

Talvez a grande força "Crypto Boy" esteja justamente no elemento que pode desagradar algumas pessoas: sua simplicidade. O filme não deve ser encarado como um documentário mais profundo sobre o assunto, para isso sugiro outra obra: "Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas", também da Netflix. Aqui estamos falando é de um drama despretensioso que, mesmo nos remetendo ao escândalo real da FTX e de seu fundador Sam Bankman-Fried, não passa de uma ficção com o único objetivo de entreter.  O roteiro de El-Hamus, ao lado de seu parceiro Jeroen Scholten van Aschat, é habilmente construído para tornar aquele mundo que pode soar complexo para alguns, em algo acessível para todos, independentemente do conhecimento prévio que podemos (ou não) ter.

A narrativa é sim muito inteligente e por isso envolvente, já que insere uma jornada de humanidade ao perigo que pode ser o mercado de criptomoedas. Embora um pouco estereotipado demais em alguns momentos, o filme proporciona uma visão mais perspicaz sobre as dinâmicas financeiras modernas ao mesmo tempo em que usa das consequências de sua fraude para pontuar as relações familiares e provocar uma reflexão sobre o valor da "ultrapassada" velha economia. A direção habilidosa de El-Hamus capta muito bem a distorção do conceito "não trabalhe por dinheiro; deixe o dinheiro trabalhar por você" na cabeça de uma geração que ainda acredita no "almoço grátis" para se dar bem. Agora reparem quando a realidade bate na porta, como a tensão simbolizada pelo olhar de Amir e a angustia de, mais uma vez, ter decepcionado seu pai, nos provoca reflexões - e acreditem, ao encarar, sob essa perspectiva, "Crypto Boy" muda de patamar.

É um fato que aqui temos um filme que nos cativa do início ao fim, mas que não deixa marcas inesquecíveis. Embora sua narrativa seja intrigante, o assunto esteja em voga, as atuações sejam de alto nível e a produção impecável dentro de suas limitações e proposta, "Crypto Boy" é apenas mais um ótimo entretenimento para um domingo à tarde. Ou seja, se você é um entusiasta de tecnologia, um investidor em criptomoedas ou simplesmente alguém em busca diversão sem precisar pensar demais, certamente você vai se conectar com a história e ficar muito satisfeito. 

Assista Agora

Se olharmos pela perspectiva do desejo de ser muito rico, ainda muito jovem e assim resolver todos os problemas da vida com dinheiro e sem pensar nas consequências, "Crypto Boy" é uma versão atualizada de todo dilema que assistimos em "O Clube dos Meninos Bilionários" e que depois fomos nos aprofundando em excelentes obras como "Altos Negócios""O Primeiro Milhão" e "O Mago das Mentiras". Dito isso, fica muito fácil definir a linha narrativa que essa produção holandesa da Netflix escolhe para discutir o jogo de altos e baixos, mentiras e meia-verdades, do universo das criptomoedas, sem cair na armadilha de se aprofundar ou analisar didaticamente um cenário que, pode ter certeza, ainda terá ótimas (e verídicas, talvez por isso absurdas) histórias para contar. 

Dirigido por Shady El-Hamus (de "Forever Rich"), o filme acompanha a história do jovem Amir (Shahine El-Hamus), um rapaz que anda ainda meio perdido na vida, mas cheio de sonhos e ambições, que não se sente feliz sendo o garoto de entregas do restaurante mexicano de seu pai. Quando, bem por acaso, Amir descobre o universo das criptomoedas e conhece o CEO de uma startup que transaciona esse tipo de ativo prometendo lucros de 2% ao dia, Roy (Minne Koole), tudo muda! O problema é que, com o tempo, aquilo que parecia uma mina de ouro se transforma em uma crise pessoal e familiar sem precedentes. Confira o trailer (no seu idioma original):

Talvez a grande força "Crypto Boy" esteja justamente no elemento que pode desagradar algumas pessoas: sua simplicidade. O filme não deve ser encarado como um documentário mais profundo sobre o assunto, para isso sugiro outra obra: "Não confie em ninguém: a caça ao rei das criptomoedas", também da Netflix. Aqui estamos falando é de um drama despretensioso que, mesmo nos remetendo ao escândalo real da FTX e de seu fundador Sam Bankman-Fried, não passa de uma ficção com o único objetivo de entreter.  O roteiro de El-Hamus, ao lado de seu parceiro Jeroen Scholten van Aschat, é habilmente construído para tornar aquele mundo que pode soar complexo para alguns, em algo acessível para todos, independentemente do conhecimento prévio que podemos (ou não) ter.

A narrativa é sim muito inteligente e por isso envolvente, já que insere uma jornada de humanidade ao perigo que pode ser o mercado de criptomoedas. Embora um pouco estereotipado demais em alguns momentos, o filme proporciona uma visão mais perspicaz sobre as dinâmicas financeiras modernas ao mesmo tempo em que usa das consequências de sua fraude para pontuar as relações familiares e provocar uma reflexão sobre o valor da "ultrapassada" velha economia. A direção habilidosa de El-Hamus capta muito bem a distorção do conceito "não trabalhe por dinheiro; deixe o dinheiro trabalhar por você" na cabeça de uma geração que ainda acredita no "almoço grátis" para se dar bem. Agora reparem quando a realidade bate na porta, como a tensão simbolizada pelo olhar de Amir e a angustia de, mais uma vez, ter decepcionado seu pai, nos provoca reflexões - e acreditem, ao encarar, sob essa perspectiva, "Crypto Boy" muda de patamar.

É um fato que aqui temos um filme que nos cativa do início ao fim, mas que não deixa marcas inesquecíveis. Embora sua narrativa seja intrigante, o assunto esteja em voga, as atuações sejam de alto nível e a produção impecável dentro de suas limitações e proposta, "Crypto Boy" é apenas mais um ótimo entretenimento para um domingo à tarde. Ou seja, se você é um entusiasta de tecnologia, um investidor em criptomoedas ou simplesmente alguém em busca diversão sem precisar pensar demais, certamente você vai se conectar com a história e ficar muito satisfeito. 

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De Volta ao Espaço

O novo documentário da Netflix, "De Volta ao Espaço", tem alguns elementos que a minissérie, também da plataforma, "Inspiration4 - Viagem Estelar", não conseguiu captar; porém, é preciso que se diga, grande parte da estrutura narrativa se repete para contar uma outra história e com o mesmo fim: ser um entretenimento de marca da Space X, mas aqui com uma participação mais ativa de Elon Musk - o que transforma o filme dirigido pela dupla Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhely (vencedores do Oscar de "Melhor Documentário" com "Free Solo") em um excelente e imperdível estudo de caso sobre acreditar em algo que muita gente via como impossível (sem romantismo e com uma sensibilidade que eu ainda não tinha presenciado em relação ao Musk).

O documentário relata a jornada de preparação da equipe SpaceX, junto ao trabalho de décadas desenvolvido ao lado de Elon Musk para a retomada das viagens espaciais desde o cancelamento do programa espacial da NASA em 2011. Confira o trailer (em inglês):

99% dos empreendedores sofrem questionamentos sobre seus negócios. Se o produto ou serviço prometem disruptar um mercado então, aí esse número sobe tranquilamente para 100% - não é uma jornada fácil lidar, dia a dia, com tanta rejeição, questionamentos e com a falta de percepção de pessoas que se julgam capazes de definir o que pode dar certo ou não baseados na "experiência". Acontece que vivemos em movimento, onde as regras nem sempre perpetuam ou acompanham as mudanças de paradigmas, onde transformar significa sair da zona de conforto e mergulhar no desconhecido baseado em uma tese que pode fazer algum sentido e é com essa crença que Elon Musk vem construindo sua fortaleza - em "De Volta ao Espaço" tudo isso fica muito claro!

Chin e Vasarhely foram muito felizes em equilibrar a narrativa do documentário, focando em Bob Behnken e Doug Hurley, os dois astronautas americanos que encabeçaram a missão de chegar a ISS (International Space Station ou Estação Espacial Internacional) decolando de solo americano, depois de tantos anos; ao mesmo tempo em que retrata as dores, os anseios, as decisões e as convicções de Elon Musk que o levaram a criar a SpaceX (investindo muito da sua fortuna). Um dos grande méritos da produção, sem dúvida, é o mood de muita intimidade da narrativa - isso humaniza a figura de Musk de uma forma que é impossível não torcer pelo seu sucesso. Quando ele diz que teria dinheiro para apenas três lançamentos; ou quando depois de mais um fracasso, ainda impactado emocionalmente, ele incentiva um outro lançamento a partir de todos os aprendizados que essas experiências deixaram; e ainda quando ele tem que ouvir de um de seus maiores ídolos, o astronauta Neil Armstrong, que aquele projeto não levaria a lugar algum e mesmo assim se manter alinhado com sua convicção; temos a certeza que estamos diante de alguém muito especial - como foi Steve Jobs por exemplo.

Com os depoimentos de muitas pessoas envolvidas com a SpaceX, engenheiros, astronautas, familiares e do próprio Musk, "De Volta ao Espaço" é um presente, um relato histórico para muitas gerações, mas principalmente é um material de muito aprendizado. São imagens belíssimas, mas que estão sempre acompanhadas de muita emoção, em um trabalho que mistura entretenimento com muitos insights empreendedores. De se aplaudir de pé!

Vale muito o seu play!

Assista Agora

O novo documentário da Netflix, "De Volta ao Espaço", tem alguns elementos que a minissérie, também da plataforma, "Inspiration4 - Viagem Estelar", não conseguiu captar; porém, é preciso que se diga, grande parte da estrutura narrativa se repete para contar uma outra história e com o mesmo fim: ser um entretenimento de marca da Space X, mas aqui com uma participação mais ativa de Elon Musk - o que transforma o filme dirigido pela dupla Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhely (vencedores do Oscar de "Melhor Documentário" com "Free Solo") em um excelente e imperdível estudo de caso sobre acreditar em algo que muita gente via como impossível (sem romantismo e com uma sensibilidade que eu ainda não tinha presenciado em relação ao Musk).

O documentário relata a jornada de preparação da equipe SpaceX, junto ao trabalho de décadas desenvolvido ao lado de Elon Musk para a retomada das viagens espaciais desde o cancelamento do programa espacial da NASA em 2011. Confira o trailer (em inglês):

99% dos empreendedores sofrem questionamentos sobre seus negócios. Se o produto ou serviço prometem disruptar um mercado então, aí esse número sobe tranquilamente para 100% - não é uma jornada fácil lidar, dia a dia, com tanta rejeição, questionamentos e com a falta de percepção de pessoas que se julgam capazes de definir o que pode dar certo ou não baseados na "experiência". Acontece que vivemos em movimento, onde as regras nem sempre perpetuam ou acompanham as mudanças de paradigmas, onde transformar significa sair da zona de conforto e mergulhar no desconhecido baseado em uma tese que pode fazer algum sentido e é com essa crença que Elon Musk vem construindo sua fortaleza - em "De Volta ao Espaço" tudo isso fica muito claro!

Chin e Vasarhely foram muito felizes em equilibrar a narrativa do documentário, focando em Bob Behnken e Doug Hurley, os dois astronautas americanos que encabeçaram a missão de chegar a ISS (International Space Station ou Estação Espacial Internacional) decolando de solo americano, depois de tantos anos; ao mesmo tempo em que retrata as dores, os anseios, as decisões e as convicções de Elon Musk que o levaram a criar a SpaceX (investindo muito da sua fortuna). Um dos grande méritos da produção, sem dúvida, é o mood de muita intimidade da narrativa - isso humaniza a figura de Musk de uma forma que é impossível não torcer pelo seu sucesso. Quando ele diz que teria dinheiro para apenas três lançamentos; ou quando depois de mais um fracasso, ainda impactado emocionalmente, ele incentiva um outro lançamento a partir de todos os aprendizados que essas experiências deixaram; e ainda quando ele tem que ouvir de um de seus maiores ídolos, o astronauta Neil Armstrong, que aquele projeto não levaria a lugar algum e mesmo assim se manter alinhado com sua convicção; temos a certeza que estamos diante de alguém muito especial - como foi Steve Jobs por exemplo.

Com os depoimentos de muitas pessoas envolvidas com a SpaceX, engenheiros, astronautas, familiares e do próprio Musk, "De Volta ao Espaço" é um presente, um relato histórico para muitas gerações, mas principalmente é um material de muito aprendizado. São imagens belíssimas, mas que estão sempre acompanhadas de muita emoção, em um trabalho que mistura entretenimento com muitos insights empreendedores. De se aplaudir de pé!

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Desastre Total: Woodstock 99

Se você acha que o "Fyre Festival" foi um verdadeiro caos (e de fato foi), você precisa assistir essa minissérie documental em três episódios da Netflix (porque aqui meu amigo, a bagunça foi ainda pior)! "Desastre Total: Woodstock 99" é o reflexo da ganância de seus organizadores potencializada por um bando de idiotas, narcisistas e sem noção, que se colocam acima de tudo com a desculpa da liberdade e da diversão - pessoas que se acham no direito de fazer o que bem entendem sem pensar nas consequências de seus atos ou da sua influência (e aqui estou falando de quem esteve em cima do palco e no público)!

Quando se trata de Woodstock, é comum associarmos ao verão do amor americano da década de 60, mas não foi o que aconteceu em sua terceira edição organizada 30 anos depois do festival original. O Woodstock de 1999 é conhecido por ter sido um evento caótico, desorganizado, cheio de revoltas por parte do público e que, além de centenas de pessoas feridas, desidratadas, doentes e até estupradas; ainda deixou três mortos. Os episódios da série exploram o que aconteceu para que o festival fosse um desastre, tudo que deu errado no caminho e quem estava por trás da organização. Confira o trailer (em inglês):

A sensação de assistir "Desastre Total: Woodstock 99" não é nada agradável - a percepção de que algo daria errado é enorme, afinal um festival para 250 mil pessoas sem a menor estrutura para acontecer funcionou como um enorme barril de pólvora prestes a explodir... até que explodiu! A partir de inúmeras entrevistas com participantes, jornalistas e até com os organizadores, o diretor Jamie Crawford (de "À Procura de Ted Bundy") nos dá a exata noção do real significado da palavra "caos". As imagens de arquivo usadas para ilustrar os depoimentos de quem esteve envolvido com o festival são tão impressionantes que visto por outro prisma vai te parecer muito mais uma guerra do que um evento musical.

Crawford cria uma dinâmica narrativa bastante eficiente ao pontuar a atmosfera de tensão conforme os dias do evento vão passando. O aumento da temperatura a partir das cenas de nudez explícita, de violência e do consumo absurdo de drogas e bebida alcoólicas são apenas gatilhos que a minissérie tenta explorar para justificar a atitude do parte do público em seu último episódio. Por outro lado, os depoimentos de profissionais que participaram da produção do evento justificam como os cortes de orçamento impactaram no resultado final. É um atestado de despreparo, claro, mas pior foi postura dos organizadores, alheios aos acontecimentos de uma forma cínica e pouco empática  - chega a ser irritante ver dois deles (John Scher e Michael Lang) minimizarem os fatos, mesmo hoje em dia e olhando em retrospectiva.

"Em um bando, todos viram animais (até os que não são)" - esse comentário justifica muita coisa do que você verá na tela. A falta de noção e de bom senso de muitos artistas que se apresentaram naquele palco, também é revoltante - Red Hot e Limp Bizkit são bons exemplos desse descaso com o ser humano! "Desastre Total: Woodstock 99" ainda faz uma análise bastante inteligente sobre um determinado recorte daquela sociedade do final dos anos 90 nos EUA a partir de referências da política, do cinema, do entretenimento e da música, que trazem questões muito pertinentes sobre o machismo, a liberdade de expressão e o discurso questionador que influenciavam os jovens na época e que ajudou a distanciar essa edição do festival do seu propósito original.

Vale muito o seu play!

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Se você acha que o "Fyre Festival" foi um verdadeiro caos (e de fato foi), você precisa assistir essa minissérie documental em três episódios da Netflix (porque aqui meu amigo, a bagunça foi ainda pior)! "Desastre Total: Woodstock 99" é o reflexo da ganância de seus organizadores potencializada por um bando de idiotas, narcisistas e sem noção, que se colocam acima de tudo com a desculpa da liberdade e da diversão - pessoas que se acham no direito de fazer o que bem entendem sem pensar nas consequências de seus atos ou da sua influência (e aqui estou falando de quem esteve em cima do palco e no público)!

Quando se trata de Woodstock, é comum associarmos ao verão do amor americano da década de 60, mas não foi o que aconteceu em sua terceira edição organizada 30 anos depois do festival original. O Woodstock de 1999 é conhecido por ter sido um evento caótico, desorganizado, cheio de revoltas por parte do público e que, além de centenas de pessoas feridas, desidratadas, doentes e até estupradas; ainda deixou três mortos. Os episódios da série exploram o que aconteceu para que o festival fosse um desastre, tudo que deu errado no caminho e quem estava por trás da organização. Confira o trailer (em inglês):

A sensação de assistir "Desastre Total: Woodstock 99" não é nada agradável - a percepção de que algo daria errado é enorme, afinal um festival para 250 mil pessoas sem a menor estrutura para acontecer funcionou como um enorme barril de pólvora prestes a explodir... até que explodiu! A partir de inúmeras entrevistas com participantes, jornalistas e até com os organizadores, o diretor Jamie Crawford (de "À Procura de Ted Bundy") nos dá a exata noção do real significado da palavra "caos". As imagens de arquivo usadas para ilustrar os depoimentos de quem esteve envolvido com o festival são tão impressionantes que visto por outro prisma vai te parecer muito mais uma guerra do que um evento musical.

Crawford cria uma dinâmica narrativa bastante eficiente ao pontuar a atmosfera de tensão conforme os dias do evento vão passando. O aumento da temperatura a partir das cenas de nudez explícita, de violência e do consumo absurdo de drogas e bebida alcoólicas são apenas gatilhos que a minissérie tenta explorar para justificar a atitude do parte do público em seu último episódio. Por outro lado, os depoimentos de profissionais que participaram da produção do evento justificam como os cortes de orçamento impactaram no resultado final. É um atestado de despreparo, claro, mas pior foi postura dos organizadores, alheios aos acontecimentos de uma forma cínica e pouco empática  - chega a ser irritante ver dois deles (John Scher e Michael Lang) minimizarem os fatos, mesmo hoje em dia e olhando em retrospectiva.

"Em um bando, todos viram animais (até os que não são)" - esse comentário justifica muita coisa do que você verá na tela. A falta de noção e de bom senso de muitos artistas que se apresentaram naquele palco, também é revoltante - Red Hot e Limp Bizkit são bons exemplos desse descaso com o ser humano! "Desastre Total: Woodstock 99" ainda faz uma análise bastante inteligente sobre um determinado recorte daquela sociedade do final dos anos 90 nos EUA a partir de referências da política, do cinema, do entretenimento e da música, que trazem questões muito pertinentes sobre o machismo, a liberdade de expressão e o discurso questionador que influenciavam os jovens na época e que ajudou a distanciar essa edição do festival do seu propósito original.

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Educação Americana

"Educação Americana - Fraude e Privilégio" é um docudrama da Netflix do mesmo diretor dos excelentes "Fyre Festival: Fiasco no Caribe" e do "O Desaparecimento de Madeleine McCann". Para quem não sabe, docudrama é aquele tipo de documentário que usa de encenações com atores para construir uma narrativa visual que sente a falta de um bom material de arquivo para ilustrar o texto sobre uma determinada passagem da história.

O filme mostra os detalhes de uma investigação do FBI que desvendou um enorme esquema de suborno que simplesmente desqualificava todos os meios legais que um jovem tinha para ingressar em grandes universidades dos EUA. "Operation Varsity Blues: The College Admissions Scandal" (título original) coloca Rick Singer no centro de uma verdadeira conspiração mafiosa que usava da credibilidade de "Life Planner" do seu idealizador, para criar oportunidades para jovens de famílias muito ricas nos programas esportivos de instituições como Georgetown, Yale, Stanford, entre outras. A grande questão, no entanto, era que esses jovens nunca foram esportistas de verdade e muito menos tinham notas que justificassem uma admissão genuína. Confira o trailer:

O grande problema de "Educação Americana" é justamente o conceito narrativo escolhido para contar essa história impressionante - o docudrama, por si só, não possui o orçamento compatível com os recursos que uma obra dessa magnitude merece. O que eu quero dizer é que as encenações soam falsas, já que os atores são fracos, a produção das cenas são medianas e a direção está completamente fora de sua zona de conforto. Porém, quando o diretor Chris Smith consegue montar as cenas fictícias dentro de um contexto histórico real, usando o audio original das conversas telefônicas e depois mesclando com os depoimentos de personagens que, de alguma forma, participaram daquele universo, tudo funciona muito melhor e acaba ganhando um ritmo bem interessante.

O próprio Rick Singer é um personagem dos mais interessantes, já que consegue unir na mesma pessoa, uma capacidade de comunicação absurda, inteligência acima da média e excelente visão de negócios com um caráter dos mais desprezíveis - o cara além de ser um bandido, ainda é um grande traidor! Quanto ao roteiro, senti que ele talvez tenha derrapado um pouco, pois da forma como é contada a história, faltam algumas explicações de como os esquemas eram construídos em detalhes - só as conversas telefônicas criaram a linha narrativa, mas faltaram elementos que pudessem unir os casos particulares de cada uma das "vítimas" com o esquema como um todo. O próprio modus operandi vai se transformando durante a linha temporal e isso acaba sendo pouco explorado: reparem no personagem que fazia os testes para os alunos incapazes de conseguir a nota exigida pela Universidade - ele entra, sai da história e nem nos relacionamos com ele!

"Educação Americana - Fraude e Privilégio" serve muito como critica ao sistema educacional americano, a sociedade e a hipocrisia do ser humano, e nesse ponto alcançou seu objetivo. O documentário também funciona como um excelente entretenimento, cheio de informações pontuais e relevantes para quem quer ampliar sua visão de mundo.

Enfim, vale o play? Claro que sim!

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"Educação Americana - Fraude e Privilégio" é um docudrama da Netflix do mesmo diretor dos excelentes "Fyre Festival: Fiasco no Caribe" e do "O Desaparecimento de Madeleine McCann". Para quem não sabe, docudrama é aquele tipo de documentário que usa de encenações com atores para construir uma narrativa visual que sente a falta de um bom material de arquivo para ilustrar o texto sobre uma determinada passagem da história.

O filme mostra os detalhes de uma investigação do FBI que desvendou um enorme esquema de suborno que simplesmente desqualificava todos os meios legais que um jovem tinha para ingressar em grandes universidades dos EUA. "Operation Varsity Blues: The College Admissions Scandal" (título original) coloca Rick Singer no centro de uma verdadeira conspiração mafiosa que usava da credibilidade de "Life Planner" do seu idealizador, para criar oportunidades para jovens de famílias muito ricas nos programas esportivos de instituições como Georgetown, Yale, Stanford, entre outras. A grande questão, no entanto, era que esses jovens nunca foram esportistas de verdade e muito menos tinham notas que justificassem uma admissão genuína. Confira o trailer:

O grande problema de "Educação Americana" é justamente o conceito narrativo escolhido para contar essa história impressionante - o docudrama, por si só, não possui o orçamento compatível com os recursos que uma obra dessa magnitude merece. O que eu quero dizer é que as encenações soam falsas, já que os atores são fracos, a produção das cenas são medianas e a direção está completamente fora de sua zona de conforto. Porém, quando o diretor Chris Smith consegue montar as cenas fictícias dentro de um contexto histórico real, usando o audio original das conversas telefônicas e depois mesclando com os depoimentos de personagens que, de alguma forma, participaram daquele universo, tudo funciona muito melhor e acaba ganhando um ritmo bem interessante.

O próprio Rick Singer é um personagem dos mais interessantes, já que consegue unir na mesma pessoa, uma capacidade de comunicação absurda, inteligência acima da média e excelente visão de negócios com um caráter dos mais desprezíveis - o cara além de ser um bandido, ainda é um grande traidor! Quanto ao roteiro, senti que ele talvez tenha derrapado um pouco, pois da forma como é contada a história, faltam algumas explicações de como os esquemas eram construídos em detalhes - só as conversas telefônicas criaram a linha narrativa, mas faltaram elementos que pudessem unir os casos particulares de cada uma das "vítimas" com o esquema como um todo. O próprio modus operandi vai se transformando durante a linha temporal e isso acaba sendo pouco explorado: reparem no personagem que fazia os testes para os alunos incapazes de conseguir a nota exigida pela Universidade - ele entra, sai da história e nem nos relacionamos com ele!

"Educação Americana - Fraude e Privilégio" serve muito como critica ao sistema educacional americano, a sociedade e a hipocrisia do ser humano, e nesse ponto alcançou seu objetivo. O documentário também funciona como um excelente entretenimento, cheio de informações pontuais e relevantes para quem quer ampliar sua visão de mundo.

Enfim, vale o play? Claro que sim!

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Eike - Tudo ou Nada

É preciso muito cuidado ao analisar o filme "Eike - Tudo ou Nada" - primeiro como obra cinematográfica e depois pelo valor de seu personagem e do que ele representou para universo empreendedor por muitos anos, mas vamos por partes. Eike, o personagem, tem aura de Bernie Madoff com o mindset de Elizabeth Holmes (da Theranos), ou seja, ele era uma bomba relógio prestes a explodir e por isso é tão fascinante (independente de julgamentos pré-estabelecidos ou opniões pessoais) - e aqui cabe citar uma passagem do próprio roteiro que ilustra isso: "na vida não se pode pensar pequeno demais, mas também não se pode acreditar ser maior do que realmente é". Já como um filme de longa-metragem, muito bem produzido por sinal, a narrativa está repleta de problemas e escolhas criativas (ou conceituais) de qualidade muito duvidosa e passagens tão mal resolvidas que, infelizmente, beiram o constrangimento - se você acha que posso estar exagerando, reparem na forma que o texto explica o que é um IPO e como o passado do personagem com a atriz Luma de Oliveira foi retratado.

Feita essa introdução e colocando as cartas na mesa, admito que dei o play apenas pela curiosidade e, mesmo longe (mas muito longe) de ser um grande filme, saí satisfeito com o que encontrei. Baseado na obra de Malu Gaspar, "Eike - Tudo ou Nada" acompanha o processo de ascensão e queda do Grupo X pelos olhos do empresário e ex-bilionário Eike Batista. A história que começa em 2006, quando a economia brasileira estava borbulhando por conta do pré-sal, Eike decide criar a OGX, petroleira que o transforma no sétimo homem mais rico do mundo mesmo que acompanhado de especulações e mentiras - razões, inclusive, pela qual a empresa vai à falência, levando com ela tanto o seu patrimônio quanto o poder e prestígio que demorou anos para ele construir. Confira o trailer:

Assim como nos acostumamos a encontrar nos catálogos dos streamings obras que expõem os bastidores nada glamourosos do empreendedorismo (e de seus fundadores) como no Facebook, no Spotify, no Uber, na Theranos e até no WeWork, é notável a iniciativa de trazer para o grande público a história do grupo X, uma empresa brasileira, e os conceitos e ideias que fizeram um brasileiro, Eike Batista, convencer inúmeros investidores a entrar no negócio e assim captar mais de 1 bilhão de dólares. Veja, não tem nada de errado em acreditar que sua ideia pode dar certo e lutar por ela, o complicado é fechar os olhos para a realidade que teima em te mostrar que o caminho não é bem esse que o powerpoint aceitou - e pasmem, no caso do Eike, até o governo deu uma forcinha (mesmo que daquele jeito que estamos acostumados) ao mudar a regra do jogo no meio do campeonato quando resolveu retirar 41 blocos (os mais aptos a encontrar petróleo) do leilão do pré-sal para proteger a Petrobras.

O ponto alto do filme, como não poderia deixar de ser, está em abordar essas nuances em um recorte cruel do capitalismo pelos olhos de um empreendedor considerado visionário - e aqui pontuo elementos marcantes dessa trajetória de Eike, desde o risco de uma aposta, a busca por investimentos, os equívocos muitas vezes pautados pelo ego, a montanha-russa de emoções a cada movimento estratégico e, claro, até chegar na corrupção. Dirigido e roteirizado por Dida Andrade e Andradina Azevedo, "Eike - Tudo ou Nada" teria material para ser uma série, mas o recorte escolhido para o filme conecta muito bem a jornada com o personagem, mesmo que soe um pouco ingênuo nos dias de hoje. O que foge disso, é o que na verdade incomoda: embora compreensível, o arco do investidor amador que perde tudo com a queda do grupo X, especificamente da OGX, é tão dispensável quanto a discussão sobre a calvice de Eike!

Não serão poucas as vezes que você vai se perguntar se Eike era um mentiroso compulsivo ou um empreendedor genial, um nacionalista empenhado no progresso do país ou um egocêntrico sem limites e sem moral na busca pelo poder, um homem à frente do seu tempo ou mais um estelionatário que usou de seu passado para ganhar muito dinheiro; o fato é que se "Eike - Tudo ou Nada" não deve ser considerado um grande filme, mas certamente ele é um retrato curioso de um megalomaníaco, egocêntrico e manipulador que se encaixou dentro de um sistema mentiroso para ganhar muito dinheiro - mesmo sabendo que haveria um preço a se pagar!

Pela história, pelo personagem, vale seu play!

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É preciso muito cuidado ao analisar o filme "Eike - Tudo ou Nada" - primeiro como obra cinematográfica e depois pelo valor de seu personagem e do que ele representou para universo empreendedor por muitos anos, mas vamos por partes. Eike, o personagem, tem aura de Bernie Madoff com o mindset de Elizabeth Holmes (da Theranos), ou seja, ele era uma bomba relógio prestes a explodir e por isso é tão fascinante (independente de julgamentos pré-estabelecidos ou opniões pessoais) - e aqui cabe citar uma passagem do próprio roteiro que ilustra isso: "na vida não se pode pensar pequeno demais, mas também não se pode acreditar ser maior do que realmente é". Já como um filme de longa-metragem, muito bem produzido por sinal, a narrativa está repleta de problemas e escolhas criativas (ou conceituais) de qualidade muito duvidosa e passagens tão mal resolvidas que, infelizmente, beiram o constrangimento - se você acha que posso estar exagerando, reparem na forma que o texto explica o que é um IPO e como o passado do personagem com a atriz Luma de Oliveira foi retratado.

Feita essa introdução e colocando as cartas na mesa, admito que dei o play apenas pela curiosidade e, mesmo longe (mas muito longe) de ser um grande filme, saí satisfeito com o que encontrei. Baseado na obra de Malu Gaspar, "Eike - Tudo ou Nada" acompanha o processo de ascensão e queda do Grupo X pelos olhos do empresário e ex-bilionário Eike Batista. A história que começa em 2006, quando a economia brasileira estava borbulhando por conta do pré-sal, Eike decide criar a OGX, petroleira que o transforma no sétimo homem mais rico do mundo mesmo que acompanhado de especulações e mentiras - razões, inclusive, pela qual a empresa vai à falência, levando com ela tanto o seu patrimônio quanto o poder e prestígio que demorou anos para ele construir. Confira o trailer:

Assim como nos acostumamos a encontrar nos catálogos dos streamings obras que expõem os bastidores nada glamourosos do empreendedorismo (e de seus fundadores) como no Facebook, no Spotify, no Uber, na Theranos e até no WeWork, é notável a iniciativa de trazer para o grande público a história do grupo X, uma empresa brasileira, e os conceitos e ideias que fizeram um brasileiro, Eike Batista, convencer inúmeros investidores a entrar no negócio e assim captar mais de 1 bilhão de dólares. Veja, não tem nada de errado em acreditar que sua ideia pode dar certo e lutar por ela, o complicado é fechar os olhos para a realidade que teima em te mostrar que o caminho não é bem esse que o powerpoint aceitou - e pasmem, no caso do Eike, até o governo deu uma forcinha (mesmo que daquele jeito que estamos acostumados) ao mudar a regra do jogo no meio do campeonato quando resolveu retirar 41 blocos (os mais aptos a encontrar petróleo) do leilão do pré-sal para proteger a Petrobras.

O ponto alto do filme, como não poderia deixar de ser, está em abordar essas nuances em um recorte cruel do capitalismo pelos olhos de um empreendedor considerado visionário - e aqui pontuo elementos marcantes dessa trajetória de Eike, desde o risco de uma aposta, a busca por investimentos, os equívocos muitas vezes pautados pelo ego, a montanha-russa de emoções a cada movimento estratégico e, claro, até chegar na corrupção. Dirigido e roteirizado por Dida Andrade e Andradina Azevedo, "Eike - Tudo ou Nada" teria material para ser uma série, mas o recorte escolhido para o filme conecta muito bem a jornada com o personagem, mesmo que soe um pouco ingênuo nos dias de hoje. O que foge disso, é o que na verdade incomoda: embora compreensível, o arco do investidor amador que perde tudo com a queda do grupo X, especificamente da OGX, é tão dispensável quanto a discussão sobre a calvice de Eike!

Não serão poucas as vezes que você vai se perguntar se Eike era um mentiroso compulsivo ou um empreendedor genial, um nacionalista empenhado no progresso do país ou um egocêntrico sem limites e sem moral na busca pelo poder, um homem à frente do seu tempo ou mais um estelionatário que usou de seu passado para ganhar muito dinheiro; o fato é que se "Eike - Tudo ou Nada" não deve ser considerado um grande filme, mas certamente ele é um retrato curioso de um megalomaníaco, egocêntrico e manipulador que se encaixou dentro de um sistema mentiroso para ganhar muito dinheiro - mesmo sabendo que haveria um preço a se pagar!

Pela história, pelo personagem, vale seu play!

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Escola da Fraude

Quando você acha que já viu tudo, chega um documentário e te mostra que o ser humano é capaz de tudo para massagear o seu ego e ainda ganhar algum troco em cima do sonho dos outros - mesmo que essa mesma pessoa ainda tenha conseguido gerar algumas oportunidades que se dessem certo, fariam a história ser completamente diferente do que é contada em "Escola da Fraude: O Escândalo de Bishop Sycamore". Essa produção da HBO é uma mistura de "Fyre Festival"com "Last Chance U" e justamente por isso nos provoca uma série de sentimentos que tendem a embrulhar nosso estômago! Para nós, brasileiros, essa história soa um pouco descolada da realidade, mas acreditem: o caso Bishop Sycamore é um exemplo emblemático das complexidades e desafios que envolvem o esporte no ensino médio nos Estados Unidos - principalmente no que diz respeito a fragilidade da regulamentação que aflige esse cenário e o impacto que uma fraude "bem construída" pode ter na vida de tantos jovens..

Em 2021, um dos maiores canais esportivos do mundo, a ESPN, transmite para todos os Estados Unidos um jogo de futebol americano envolvendo uma desconhecida equipe da escola Bishop Sycamore de Ohio, os Centurions, contra a IMG Academy, uma verdadeira potência do esporte pré-universidade e uma das referências em preparar talentos para NFL. Após uma verdadeira lavada dentro de campo, começa uma investigação fora dele que acaba revelando que essa instituição jamais existiu de verdade! Mas então como a "BS High" chegou até ali, em uma partida desse nível e em rede nacional? Confira o trailer (em inglês) e veja onde esses jovens se enfiaram:

Os diretores Travon Free e Martin Desmond Roe, ambos vencedores do Oscar de "Curta-Metragem em 2021 por "Dois Estranhos", foram muito inteligentes, e corajosos, ao trazer para frente das câmeras a principal peça desse caso maluco: o criador e responsável pela Bishop Sycamore, Roy Johnson. Em um primeiro olhar, ele até parece ser um cara simpático, com a melhor das intenções, mas reparem como essa impressão começa a desabar e como sua verdadeira persona passa a nos gerar certa repulsa. Alternando depoimentos dos ex-jogadores da BS com os do próprio Roy, sempre ilustradas com inúmeras imagens de arquivo da época do escândalo, inclusive com cenas do jogo contra a IMG, o documentário de pouco mais de 90 minutos detalha cada passo da fraude, suas motivações e, principalmente, como ela ganhou enorme repercussão. 

Veja, não se trata de um filme sobre futebol americano. Se trata de um filme sobre uma fraude absurda ao melhor estilo Billy McFarland (ele, aliás, é lembrado por um meme assim que descobrem que Bishop Sycamore não era bem aquilo que foi prometido). É interessante como o documentário explora as várias revelações perturbadoras sobre a escola e a equipe que apanhou feito da IMG. Johnson é questionado pelos diretores e não foge das respostas até quando é confrontado sobre seus jogadores serem adultos, alguns com mais de 20 anos de idade e ainda estarem no "ensino médio", ou sobre o histórico de inadimplência e os problemas legais monstruosos que levantaram a dúvidas sobre a própria existência da escola como uma instituição educacional legítima. Com um certo tom de deboche, Johnson deixa claro que as coisas não saíram exatamente como ele queria, mas que nem por isso, voltaria atrás em suas atitudes - ele realmente acredita ter feito tudo pelo bem dos jovens e essa convicção, de fato, nos faz refletir: até onde ele foi mal caráter, ou sonhou mais alto do que podia realizar?

O fato é que o caso Bishop Sycamore expôs lacunas significativas no sistema de regulamentação do futebol americano de ensino médio nos EUA. A falta de fiscalização permitiu que uma equipe fraudulenta ganhasse destaque nacional, enganando não apenas seus atletas e alunos, mas também os organizadores de um evento transmitido para o país inteiro - uma verdadeira vergonha nacional. Além disso, e aqui acho que "Escola da Fraude: O Escândalo de Bishop Sycamore" muda de patamar, o filme trouxe à tona, mais uma vez, questões sobre a pressão para com os jovens atletas que acabaram atraídos para a equipe com a promessa de exposição e futuras bolsas de estudo universitárias, mas que de repente se viram envolvidos em um esquema que não apenas os explorou, mas também os colocou em risco fisicamente e psicologicamente.

Olha, é uma pancada, mas vale muito o seu play!

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Quando você acha que já viu tudo, chega um documentário e te mostra que o ser humano é capaz de tudo para massagear o seu ego e ainda ganhar algum troco em cima do sonho dos outros - mesmo que essa mesma pessoa ainda tenha conseguido gerar algumas oportunidades que se dessem certo, fariam a história ser completamente diferente do que é contada em "Escola da Fraude: O Escândalo de Bishop Sycamore". Essa produção da HBO é uma mistura de "Fyre Festival"com "Last Chance U" e justamente por isso nos provoca uma série de sentimentos que tendem a embrulhar nosso estômago! Para nós, brasileiros, essa história soa um pouco descolada da realidade, mas acreditem: o caso Bishop Sycamore é um exemplo emblemático das complexidades e desafios que envolvem o esporte no ensino médio nos Estados Unidos - principalmente no que diz respeito a fragilidade da regulamentação que aflige esse cenário e o impacto que uma fraude "bem construída" pode ter na vida de tantos jovens..

Em 2021, um dos maiores canais esportivos do mundo, a ESPN, transmite para todos os Estados Unidos um jogo de futebol americano envolvendo uma desconhecida equipe da escola Bishop Sycamore de Ohio, os Centurions, contra a IMG Academy, uma verdadeira potência do esporte pré-universidade e uma das referências em preparar talentos para NFL. Após uma verdadeira lavada dentro de campo, começa uma investigação fora dele que acaba revelando que essa instituição jamais existiu de verdade! Mas então como a "BS High" chegou até ali, em uma partida desse nível e em rede nacional? Confira o trailer (em inglês) e veja onde esses jovens se enfiaram:

Os diretores Travon Free e Martin Desmond Roe, ambos vencedores do Oscar de "Curta-Metragem em 2021 por "Dois Estranhos", foram muito inteligentes, e corajosos, ao trazer para frente das câmeras a principal peça desse caso maluco: o criador e responsável pela Bishop Sycamore, Roy Johnson. Em um primeiro olhar, ele até parece ser um cara simpático, com a melhor das intenções, mas reparem como essa impressão começa a desabar e como sua verdadeira persona passa a nos gerar certa repulsa. Alternando depoimentos dos ex-jogadores da BS com os do próprio Roy, sempre ilustradas com inúmeras imagens de arquivo da época do escândalo, inclusive com cenas do jogo contra a IMG, o documentário de pouco mais de 90 minutos detalha cada passo da fraude, suas motivações e, principalmente, como ela ganhou enorme repercussão. 

Veja, não se trata de um filme sobre futebol americano. Se trata de um filme sobre uma fraude absurda ao melhor estilo Billy McFarland (ele, aliás, é lembrado por um meme assim que descobrem que Bishop Sycamore não era bem aquilo que foi prometido). É interessante como o documentário explora as várias revelações perturbadoras sobre a escola e a equipe que apanhou feito da IMG. Johnson é questionado pelos diretores e não foge das respostas até quando é confrontado sobre seus jogadores serem adultos, alguns com mais de 20 anos de idade e ainda estarem no "ensino médio", ou sobre o histórico de inadimplência e os problemas legais monstruosos que levantaram a dúvidas sobre a própria existência da escola como uma instituição educacional legítima. Com um certo tom de deboche, Johnson deixa claro que as coisas não saíram exatamente como ele queria, mas que nem por isso, voltaria atrás em suas atitudes - ele realmente acredita ter feito tudo pelo bem dos jovens e essa convicção, de fato, nos faz refletir: até onde ele foi mal caráter, ou sonhou mais alto do que podia realizar?

O fato é que o caso Bishop Sycamore expôs lacunas significativas no sistema de regulamentação do futebol americano de ensino médio nos EUA. A falta de fiscalização permitiu que uma equipe fraudulenta ganhasse destaque nacional, enganando não apenas seus atletas e alunos, mas também os organizadores de um evento transmitido para o país inteiro - uma verdadeira vergonha nacional. Além disso, e aqui acho que "Escola da Fraude: O Escândalo de Bishop Sycamore" muda de patamar, o filme trouxe à tona, mais uma vez, questões sobre a pressão para com os jovens atletas que acabaram atraídos para a equipe com a promessa de exposição e futuras bolsas de estudo universitárias, mas que de repente se viram envolvidos em um esquema que não apenas os explorou, mas também os colocou em risco fisicamente e psicologicamente.

Olha, é uma pancada, mas vale muito o seu play!

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Fake Famous

Até que ponto o "marketing de percepção" pode se tornar relevante em uma rede social? A reposta é simples: se não houver conteúdo que justifique aquela exposição, não vale a pena! Mas, será mesmo?

Esse documentário da HBOmostra como é possível construir uma influenciadora mesmo que seja completamente falsa a vida que ela leva. Em "Fake Famous" acompanhamos 3 cobaias escolhidas para um experimento onde são usados todos os truques possíveis para torná-las famosas - da compra de seguidores, likes e comentários no Instagram, até a produção de fotos falsas ou a criação de relações com patrocinadores que não existem comercialmente. Confira o trailer:

A ideia nasceu quando o jornalista Nick Bilton, em sua estreia como documentarista, depois de passar pelo The New York Times e depois pela Vanity Fair como repórter especializado em tecnologia, falou para um de seus editores que conseguiria transformar uma pessoa comum em um influenciador em 10 minutos. A resposta foi positiva, dizendo que o conceito poderia gerar um documentário bastante interessante. A partir daí, Bilton começou a colocar seu projeto em prática. Ele realizou um longo processo de pesquisa e escolha de elenco até encontrar seus três objetos de estudo: Dominique, uma carismática funcionária de uma loja de roupas e aspirante a atriz; Chris, um estilista iniciante recém chegado à Los Angeles; e Wylie, um jovem, gay, assistente em uma empresa do mercado imobiliário.

O interessante do documentário é justamente entender até que ponto o volume de seguidores reflete a relevância que um influenciador pode ter. Ao acompanhar os três personagens, temos a imediata percepção que com os números (na maioria falsos e comprados) vem um bônus, mas também o ônus. Criar algo inexistente pode funcionar, mas o teste prova que não é uma matemática exata e expõe diversos fatores - o impacto na vida desses personagens, certamente, é o que mais impressiona ou você conhece alguém que quer ter uma vida de mentira? Ops, não precisa responder!

Em uma sociedade pautada pelo que é visto e não pelo que é falado, "Fake Famous - uma experiência surreal nas redes" é uma provocação inteligente, com uma narrativa fácil, dinâmica e muito interessante, que nos prende e nos provoca a cada fase do processo. São atalhos que brincam com a percepção de quem acompanha a vida de personalidades nas redes sociais, mais precisamente o Instagram, e como isso vem se transformando em um problema para toda uma jovem geração - e aqui cabe minha única critica ao documentário: faltou se aprofundar nesse problema com uma proposta mais séria de informação e estatística. 

Tirando esse detalhe, é impossível não indicar "Fake Famous" por levantar questões importantes sobre esse recorte social tão atual e, claro, pelo entretenimento bastante curioso e instigante que a experiência proporciona para quem vive e assiste. Vale muito a pena!

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Até que ponto o "marketing de percepção" pode se tornar relevante em uma rede social? A reposta é simples: se não houver conteúdo que justifique aquela exposição, não vale a pena! Mas, será mesmo?

Esse documentário da HBOmostra como é possível construir uma influenciadora mesmo que seja completamente falsa a vida que ela leva. Em "Fake Famous" acompanhamos 3 cobaias escolhidas para um experimento onde são usados todos os truques possíveis para torná-las famosas - da compra de seguidores, likes e comentários no Instagram, até a produção de fotos falsas ou a criação de relações com patrocinadores que não existem comercialmente. Confira o trailer:

A ideia nasceu quando o jornalista Nick Bilton, em sua estreia como documentarista, depois de passar pelo The New York Times e depois pela Vanity Fair como repórter especializado em tecnologia, falou para um de seus editores que conseguiria transformar uma pessoa comum em um influenciador em 10 minutos. A resposta foi positiva, dizendo que o conceito poderia gerar um documentário bastante interessante. A partir daí, Bilton começou a colocar seu projeto em prática. Ele realizou um longo processo de pesquisa e escolha de elenco até encontrar seus três objetos de estudo: Dominique, uma carismática funcionária de uma loja de roupas e aspirante a atriz; Chris, um estilista iniciante recém chegado à Los Angeles; e Wylie, um jovem, gay, assistente em uma empresa do mercado imobiliário.

O interessante do documentário é justamente entender até que ponto o volume de seguidores reflete a relevância que um influenciador pode ter. Ao acompanhar os três personagens, temos a imediata percepção que com os números (na maioria falsos e comprados) vem um bônus, mas também o ônus. Criar algo inexistente pode funcionar, mas o teste prova que não é uma matemática exata e expõe diversos fatores - o impacto na vida desses personagens, certamente, é o que mais impressiona ou você conhece alguém que quer ter uma vida de mentira? Ops, não precisa responder!

Em uma sociedade pautada pelo que é visto e não pelo que é falado, "Fake Famous - uma experiência surreal nas redes" é uma provocação inteligente, com uma narrativa fácil, dinâmica e muito interessante, que nos prende e nos provoca a cada fase do processo. São atalhos que brincam com a percepção de quem acompanha a vida de personalidades nas redes sociais, mais precisamente o Instagram, e como isso vem se transformando em um problema para toda uma jovem geração - e aqui cabe minha única critica ao documentário: faltou se aprofundar nesse problema com uma proposta mais séria de informação e estatística. 

Tirando esse detalhe, é impossível não indicar "Fake Famous" por levantar questões importantes sobre esse recorte social tão atual e, claro, pelo entretenimento bastante curioso e instigante que a experiência proporciona para quem vive e assiste. Vale muito a pena!

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