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Escola da Fraude

Quando você acha que já viu tudo, chega um documentário e te mostra que o ser humano é capaz de tudo para massagear o seu ego e ainda ganhar algum troco em cima do sonho dos outros - mesmo que essa mesma pessoa ainda tenha conseguido gerar algumas oportunidades que se dessem certo, fariam a história ser completamente diferente do que é contada em "Escola da Fraude: O Escândalo de Bishop Sycamore". Essa produção da HBO é uma mistura de "Fyre Festival"com "Last Chance U" e justamente por isso nos provoca uma série de sentimentos que tendem a embrulhar nosso estômago! Para nós, brasileiros, essa história soa um pouco descolada da realidade, mas acreditem: o caso Bishop Sycamore é um exemplo emblemático das complexidades e desafios que envolvem o esporte no ensino médio nos Estados Unidos - principalmente no que diz respeito a fragilidade da regulamentação que aflige esse cenário e o impacto que uma fraude "bem construída" pode ter na vida de tantos jovens..

Em 2021, um dos maiores canais esportivos do mundo, a ESPN, transmite para todos os Estados Unidos um jogo de futebol americano envolvendo uma desconhecida equipe da escola Bishop Sycamore de Ohio, os Centurions, contra a IMG Academy, uma verdadeira potência do esporte pré-universidade e uma das referências em preparar talentos para NFL. Após uma verdadeira lavada dentro de campo, começa uma investigação fora dele que acaba revelando que essa instituição jamais existiu de verdade! Mas então como a "BS High" chegou até ali, em uma partida desse nível e em rede nacional? Confira o trailer (em inglês) e veja onde esses jovens se enfiaram:

Os diretores Travon Free e Martin Desmond Roe, ambos vencedores do Oscar de "Curta-Metragem em 2021 por "Dois Estranhos", foram muito inteligentes, e corajosos, ao trazer para frente das câmeras a principal peça desse caso maluco: o criador e responsável pela Bishop Sycamore, Roy Johnson. Em um primeiro olhar, ele até parece ser um cara simpático, com a melhor das intenções, mas reparem como essa impressão começa a desabar e como sua verdadeira persona passa a nos gerar certa repulsa. Alternando depoimentos dos ex-jogadores da BS com os do próprio Roy, sempre ilustradas com inúmeras imagens de arquivo da época do escândalo, inclusive com cenas do jogo contra a IMG, o documentário de pouco mais de 90 minutos detalha cada passo da fraude, suas motivações e, principalmente, como ela ganhou enorme repercussão. 

Veja, não se trata de um filme sobre futebol americano. Se trata de um filme sobre uma fraude absurda ao melhor estilo Billy McFarland (ele, aliás, é lembrado por um meme assim que descobrem que Bishop Sycamore não era bem aquilo que foi prometido). É interessante como o documentário explora as várias revelações perturbadoras sobre a escola e a equipe que apanhou feito da IMG. Johnson é questionado pelos diretores e não foge das respostas até quando é confrontado sobre seus jogadores serem adultos, alguns com mais de 20 anos de idade e ainda estarem no "ensino médio", ou sobre o histórico de inadimplência e os problemas legais monstruosos que levantaram a dúvidas sobre a própria existência da escola como uma instituição educacional legítima. Com um certo tom de deboche, Johnson deixa claro que as coisas não saíram exatamente como ele queria, mas que nem por isso, voltaria atrás em suas atitudes - ele realmente acredita ter feito tudo pelo bem dos jovens e essa convicção, de fato, nos faz refletir: até onde ele foi mal caráter, ou sonhou mais alto do que podia realizar?

O fato é que o caso Bishop Sycamore expôs lacunas significativas no sistema de regulamentação do futebol americano de ensino médio nos EUA. A falta de fiscalização permitiu que uma equipe fraudulenta ganhasse destaque nacional, enganando não apenas seus atletas e alunos, mas também os organizadores de um evento transmitido para o país inteiro - uma verdadeira vergonha nacional. Além disso, e aqui acho que "Escola da Fraude: O Escândalo de Bishop Sycamore" muda de patamar, o filme trouxe à tona, mais uma vez, questões sobre a pressão para com os jovens atletas que acabaram atraídos para a equipe com a promessa de exposição e futuras bolsas de estudo universitárias, mas que de repente se viram envolvidos em um esquema que não apenas os explorou, mas também os colocou em risco fisicamente e psicologicamente.

Olha, é uma pancada, mas vale muito o seu play!

Assista Agora

Quando você acha que já viu tudo, chega um documentário e te mostra que o ser humano é capaz de tudo para massagear o seu ego e ainda ganhar algum troco em cima do sonho dos outros - mesmo que essa mesma pessoa ainda tenha conseguido gerar algumas oportunidades que se dessem certo, fariam a história ser completamente diferente do que é contada em "Escola da Fraude: O Escândalo de Bishop Sycamore". Essa produção da HBO é uma mistura de "Fyre Festival"com "Last Chance U" e justamente por isso nos provoca uma série de sentimentos que tendem a embrulhar nosso estômago! Para nós, brasileiros, essa história soa um pouco descolada da realidade, mas acreditem: o caso Bishop Sycamore é um exemplo emblemático das complexidades e desafios que envolvem o esporte no ensino médio nos Estados Unidos - principalmente no que diz respeito a fragilidade da regulamentação que aflige esse cenário e o impacto que uma fraude "bem construída" pode ter na vida de tantos jovens..

Em 2021, um dos maiores canais esportivos do mundo, a ESPN, transmite para todos os Estados Unidos um jogo de futebol americano envolvendo uma desconhecida equipe da escola Bishop Sycamore de Ohio, os Centurions, contra a IMG Academy, uma verdadeira potência do esporte pré-universidade e uma das referências em preparar talentos para NFL. Após uma verdadeira lavada dentro de campo, começa uma investigação fora dele que acaba revelando que essa instituição jamais existiu de verdade! Mas então como a "BS High" chegou até ali, em uma partida desse nível e em rede nacional? Confira o trailer (em inglês) e veja onde esses jovens se enfiaram:

Os diretores Travon Free e Martin Desmond Roe, ambos vencedores do Oscar de "Curta-Metragem em 2021 por "Dois Estranhos", foram muito inteligentes, e corajosos, ao trazer para frente das câmeras a principal peça desse caso maluco: o criador e responsável pela Bishop Sycamore, Roy Johnson. Em um primeiro olhar, ele até parece ser um cara simpático, com a melhor das intenções, mas reparem como essa impressão começa a desabar e como sua verdadeira persona passa a nos gerar certa repulsa. Alternando depoimentos dos ex-jogadores da BS com os do próprio Roy, sempre ilustradas com inúmeras imagens de arquivo da época do escândalo, inclusive com cenas do jogo contra a IMG, o documentário de pouco mais de 90 minutos detalha cada passo da fraude, suas motivações e, principalmente, como ela ganhou enorme repercussão. 

Veja, não se trata de um filme sobre futebol americano. Se trata de um filme sobre uma fraude absurda ao melhor estilo Billy McFarland (ele, aliás, é lembrado por um meme assim que descobrem que Bishop Sycamore não era bem aquilo que foi prometido). É interessante como o documentário explora as várias revelações perturbadoras sobre a escola e a equipe que apanhou feito da IMG. Johnson é questionado pelos diretores e não foge das respostas até quando é confrontado sobre seus jogadores serem adultos, alguns com mais de 20 anos de idade e ainda estarem no "ensino médio", ou sobre o histórico de inadimplência e os problemas legais monstruosos que levantaram a dúvidas sobre a própria existência da escola como uma instituição educacional legítima. Com um certo tom de deboche, Johnson deixa claro que as coisas não saíram exatamente como ele queria, mas que nem por isso, voltaria atrás em suas atitudes - ele realmente acredita ter feito tudo pelo bem dos jovens e essa convicção, de fato, nos faz refletir: até onde ele foi mal caráter, ou sonhou mais alto do que podia realizar?

O fato é que o caso Bishop Sycamore expôs lacunas significativas no sistema de regulamentação do futebol americano de ensino médio nos EUA. A falta de fiscalização permitiu que uma equipe fraudulenta ganhasse destaque nacional, enganando não apenas seus atletas e alunos, mas também os organizadores de um evento transmitido para o país inteiro - uma verdadeira vergonha nacional. Além disso, e aqui acho que "Escola da Fraude: O Escândalo de Bishop Sycamore" muda de patamar, o filme trouxe à tona, mais uma vez, questões sobre a pressão para com os jovens atletas que acabaram atraídos para a equipe com a promessa de exposição e futuras bolsas de estudo universitárias, mas que de repente se viram envolvidos em um esquema que não apenas os explorou, mas também os colocou em risco fisicamente e psicologicamente.

Olha, é uma pancada, mas vale muito o seu play!

Assista Agora

Fake Famous

Até que ponto o "marketing de percepção" pode se tornar relevante em uma rede social? A reposta é simples: se não houver conteúdo que justifique aquela exposição, não vale a pena! Mas, será mesmo?

Esse documentário da HBOmostra como é possível construir uma influenciadora mesmo que seja completamente falsa a vida que ela leva. Em "Fake Famous" acompanhamos 3 cobaias escolhidas para um experimento onde são usados todos os truques possíveis para torná-las famosas - da compra de seguidores, likes e comentários no Instagram, até a produção de fotos falsas ou a criação de relações com patrocinadores que não existem comercialmente. Confira o trailer:

A ideia nasceu quando o jornalista Nick Bilton, em sua estreia como documentarista, depois de passar pelo The New York Times e depois pela Vanity Fair como repórter especializado em tecnologia, falou para um de seus editores que conseguiria transformar uma pessoa comum em um influenciador em 10 minutos. A resposta foi positiva, dizendo que o conceito poderia gerar um documentário bastante interessante. A partir daí, Bilton começou a colocar seu projeto em prática. Ele realizou um longo processo de pesquisa e escolha de elenco até encontrar seus três objetos de estudo: Dominique, uma carismática funcionária de uma loja de roupas e aspirante a atriz; Chris, um estilista iniciante recém chegado à Los Angeles; e Wylie, um jovem, gay, assistente em uma empresa do mercado imobiliário.

O interessante do documentário é justamente entender até que ponto o volume de seguidores reflete a relevância que um influenciador pode ter. Ao acompanhar os três personagens, temos a imediata percepção que com os números (na maioria falsos e comprados) vem um bônus, mas também o ônus. Criar algo inexistente pode funcionar, mas o teste prova que não é uma matemática exata e expõe diversos fatores - o impacto na vida desses personagens, certamente, é o que mais impressiona ou você conhece alguém que quer ter uma vida de mentira? Ops, não precisa responder!

Em uma sociedade pautada pelo que é visto e não pelo que é falado, "Fake Famous - uma experiência surreal nas redes" é uma provocação inteligente, com uma narrativa fácil, dinâmica e muito interessante, que nos prende e nos provoca a cada fase do processo. São atalhos que brincam com a percepção de quem acompanha a vida de personalidades nas redes sociais, mais precisamente o Instagram, e como isso vem se transformando em um problema para toda uma jovem geração - e aqui cabe minha única critica ao documentário: faltou se aprofundar nesse problema com uma proposta mais séria de informação e estatística. 

Tirando esse detalhe, é impossível não indicar "Fake Famous" por levantar questões importantes sobre esse recorte social tão atual e, claro, pelo entretenimento bastante curioso e instigante que a experiência proporciona para quem vive e assiste. Vale muito a pena!

Assista Agora

Até que ponto o "marketing de percepção" pode se tornar relevante em uma rede social? A reposta é simples: se não houver conteúdo que justifique aquela exposição, não vale a pena! Mas, será mesmo?

Esse documentário da HBOmostra como é possível construir uma influenciadora mesmo que seja completamente falsa a vida que ela leva. Em "Fake Famous" acompanhamos 3 cobaias escolhidas para um experimento onde são usados todos os truques possíveis para torná-las famosas - da compra de seguidores, likes e comentários no Instagram, até a produção de fotos falsas ou a criação de relações com patrocinadores que não existem comercialmente. Confira o trailer:

A ideia nasceu quando o jornalista Nick Bilton, em sua estreia como documentarista, depois de passar pelo The New York Times e depois pela Vanity Fair como repórter especializado em tecnologia, falou para um de seus editores que conseguiria transformar uma pessoa comum em um influenciador em 10 minutos. A resposta foi positiva, dizendo que o conceito poderia gerar um documentário bastante interessante. A partir daí, Bilton começou a colocar seu projeto em prática. Ele realizou um longo processo de pesquisa e escolha de elenco até encontrar seus três objetos de estudo: Dominique, uma carismática funcionária de uma loja de roupas e aspirante a atriz; Chris, um estilista iniciante recém chegado à Los Angeles; e Wylie, um jovem, gay, assistente em uma empresa do mercado imobiliário.

O interessante do documentário é justamente entender até que ponto o volume de seguidores reflete a relevância que um influenciador pode ter. Ao acompanhar os três personagens, temos a imediata percepção que com os números (na maioria falsos e comprados) vem um bônus, mas também o ônus. Criar algo inexistente pode funcionar, mas o teste prova que não é uma matemática exata e expõe diversos fatores - o impacto na vida desses personagens, certamente, é o que mais impressiona ou você conhece alguém que quer ter uma vida de mentira? Ops, não precisa responder!

Em uma sociedade pautada pelo que é visto e não pelo que é falado, "Fake Famous - uma experiência surreal nas redes" é uma provocação inteligente, com uma narrativa fácil, dinâmica e muito interessante, que nos prende e nos provoca a cada fase do processo. São atalhos que brincam com a percepção de quem acompanha a vida de personalidades nas redes sociais, mais precisamente o Instagram, e como isso vem se transformando em um problema para toda uma jovem geração - e aqui cabe minha única critica ao documentário: faltou se aprofundar nesse problema com uma proposta mais séria de informação e estatística. 

Tirando esse detalhe, é impossível não indicar "Fake Famous" por levantar questões importantes sobre esse recorte social tão atual e, claro, pelo entretenimento bastante curioso e instigante que a experiência proporciona para quem vive e assiste. Vale muito a pena!

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Flamin Hot

De certa forma, a história de "Flamin' Hot" é melhor que o filme - e digo isso se comparamos com um filme de temática parecida como "Fome de Poder", por exemplo. Aqui o conceito narrativo escolhido pela "novata" na função de direção, Eva Longoria, se apropria de elementos que se apoiam, propositalmente, muito mais em clichês e que ajudam a contar a jornada de um herói improvável, misturando elementos dramáticos com (de certa forma) cômicos, com um tom mais agradável e uma dinâmica bastante coerente com o universo em que o próprio protagonista está inserido. Funciona, mas em um primeiro olhar pode afastar os mais exigentes - então te aconselho: dê uma chance ao filme.

"Flamin’ Hot" (que no Brasil ganhou o inspirado subtítulo "O Sabor que Mudou a História") conta a inspiradora jornada de Richard Montañez (Jesse Garcia), um zelador da Frito Lay que entendeu a importância de seu legado Mexicano-Americano e transformou o icônico salgadinho Cheetos Super Picante em um petisco que mudou a indústria alimentícia no inicio dos anos 90, tornando-se um fenômeno de vendas e um marco na relação multi-cultural entre o marketing e um público de nicho. Confira o trailer (em inglês):

É perceptível em "Flamin' Hot" que tudo foi muito bem pensado para que o filme passasse aquela mensagem que, com superação e determinação (ressaltando a importância do trabalho árduo e da crença em si mesmo), é possível alcançar nossos objetivos mais complicados. Seguindo esse propósito, Eva Longoria demonstra habilidade ao contar essa história real de uma forma bastante cativante. Ela utiliza uma narrativa que flui e que visualmente se torna atraente para audiência - ela se aproveita de uma variedade de técnicas visuais para nos colocar frente a frente com a vida de Richard Montañez. Repare como direção de Longoria está extremamente alinhada ao roteiro escrito pelo Lewis Colick e pela Linda Yvette Chávez (sob supervisão do próprio Montanez) que sabiamente explora toda dualidade entre o mundo corporativo e o principio da inovação, sob um olhar cultural (especificamente latino) trazendo à tona questões de identidade e pertencimento tão relevantes nos dias de hoje.

Embora o roteiro de "Flamin' Hot" seja bem construído, apresentando as dificuldades de Richard Montañez de forma coerente e envolvente, o recorte temporal me pareceu extenso demais: ao mostrar sua infância humilde e os desafios que enfrentou como imigrante nos Estados Unidos, até sua ascensão na Frito-Lay, o filme soa muito previsível. Por outro lado, é inegável que isso gera uma conexão imediata com o protagonista - aliás, Jesse Garcia consegue transmitir perfeitamente toda a determinação e a paixão pelo seu propósito ao mesmo tempo em que também expõe suas vulnerabilidades e dúvidas. Outro destaque positivo do elenco, sem dúvida, é Annie Gonzalez como Judy, a esposa e companheira fiel de Montañez.

"Flamin' Hot" é um filme que não apenas entretém, mas que também nos faz refletir sobre a importância da perseverança e do trabalho árduo na busca pelos nossos sonhos. São muitas lições empreendedoras que bem interpretadas podem nos trazer ótimos insights. Agora também é preciso dizer que a história de Richard Montañez tem uma levada "Sessão da Tarde" mesmo querendo ser um lembrete poderoso de que, independentemente de nossas origens ou circunstâncias, podemos alcançar grandes conquistas quando acreditamos em nós mesmos e nos esforçamos para transformar ideias em realidade - até quando insistem em nos dizer que aquilo não vai funcionar!

Vale muito seu play. Tipo de filme que ensina aquecendo o coração!

Assista Agora

De certa forma, a história de "Flamin' Hot" é melhor que o filme - e digo isso se comparamos com um filme de temática parecida como "Fome de Poder", por exemplo. Aqui o conceito narrativo escolhido pela "novata" na função de direção, Eva Longoria, se apropria de elementos que se apoiam, propositalmente, muito mais em clichês e que ajudam a contar a jornada de um herói improvável, misturando elementos dramáticos com (de certa forma) cômicos, com um tom mais agradável e uma dinâmica bastante coerente com o universo em que o próprio protagonista está inserido. Funciona, mas em um primeiro olhar pode afastar os mais exigentes - então te aconselho: dê uma chance ao filme.

"Flamin’ Hot" (que no Brasil ganhou o inspirado subtítulo "O Sabor que Mudou a História") conta a inspiradora jornada de Richard Montañez (Jesse Garcia), um zelador da Frito Lay que entendeu a importância de seu legado Mexicano-Americano e transformou o icônico salgadinho Cheetos Super Picante em um petisco que mudou a indústria alimentícia no inicio dos anos 90, tornando-se um fenômeno de vendas e um marco na relação multi-cultural entre o marketing e um público de nicho. Confira o trailer (em inglês):

É perceptível em "Flamin' Hot" que tudo foi muito bem pensado para que o filme passasse aquela mensagem que, com superação e determinação (ressaltando a importância do trabalho árduo e da crença em si mesmo), é possível alcançar nossos objetivos mais complicados. Seguindo esse propósito, Eva Longoria demonstra habilidade ao contar essa história real de uma forma bastante cativante. Ela utiliza uma narrativa que flui e que visualmente se torna atraente para audiência - ela se aproveita de uma variedade de técnicas visuais para nos colocar frente a frente com a vida de Richard Montañez. Repare como direção de Longoria está extremamente alinhada ao roteiro escrito pelo Lewis Colick e pela Linda Yvette Chávez (sob supervisão do próprio Montanez) que sabiamente explora toda dualidade entre o mundo corporativo e o principio da inovação, sob um olhar cultural (especificamente latino) trazendo à tona questões de identidade e pertencimento tão relevantes nos dias de hoje.

Embora o roteiro de "Flamin' Hot" seja bem construído, apresentando as dificuldades de Richard Montañez de forma coerente e envolvente, o recorte temporal me pareceu extenso demais: ao mostrar sua infância humilde e os desafios que enfrentou como imigrante nos Estados Unidos, até sua ascensão na Frito-Lay, o filme soa muito previsível. Por outro lado, é inegável que isso gera uma conexão imediata com o protagonista - aliás, Jesse Garcia consegue transmitir perfeitamente toda a determinação e a paixão pelo seu propósito ao mesmo tempo em que também expõe suas vulnerabilidades e dúvidas. Outro destaque positivo do elenco, sem dúvida, é Annie Gonzalez como Judy, a esposa e companheira fiel de Montañez.

"Flamin' Hot" é um filme que não apenas entretém, mas que também nos faz refletir sobre a importância da perseverança e do trabalho árduo na busca pelos nossos sonhos. São muitas lições empreendedoras que bem interpretadas podem nos trazer ótimos insights. Agora também é preciso dizer que a história de Richard Montañez tem uma levada "Sessão da Tarde" mesmo querendo ser um lembrete poderoso de que, independentemente de nossas origens ou circunstâncias, podemos alcançar grandes conquistas quando acreditamos em nós mesmos e nos esforçamos para transformar ideias em realidade - até quando insistem em nos dizer que aquilo não vai funcionar!

Vale muito seu play. Tipo de filme que ensina aquecendo o coração!

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Fome de Poder

Basicamente existe duas formas de assistir "Fome de Poder" - a primeira pelo entretenimento puro e simples, e aí talvez o filme não seja tão consistente, dinâmico e empolgante quanto sua premissa prometia. A segunda, e é aí que o roteiro brilha, é que a história por trás de Ray Kroc é simplesmente genial - uma aula com muitos elementos e nuances que servem de lição para quem empreende (para o lado bom e para lado ruim).

O filme do diretor John Lee Hancock (de "Um sonho possível") se propõe a contar a história de ascensão do McDonald's. Após receber uma demanda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, um fracassado vendedor de Illinois chamado Ray Kroc (Michael Keaton) adquire uma participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice "Mac" McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco, eliminando os dois das decisões estratégicas, acaba transformando a marca em um gigantesco império de fast food. Confira o trailer:

Muito mais do que uma rede de lanchonetes, o McDonald's se tornou um verdadeiro símbolo cultural que conquistou o planeta e como o próprio Mark Zuckerberg de Jesse Eisenberg sugeriu em "A Rede Social": "Você não faz 500 milhões de amigos, sem fazer alguns inimigos". Pois bem, a história de Ray Kroc inegavelmente segue esse mesmo conceito em sua jornada empreendedora e obviamente existe um preço a se pagar. Kroc é apresentado como uma pessoa determinada, visionária, resiliente e tão focada no sucesso que em nenhum momento hesita em abrir mão de sua ética profissional ou de sua relação com a família para alcançar seu objetivo - é impressionante como o roteiro do Robert Siegel (do imperdível "Bem-Vindos ao Clube da Sedução") vai construindo essa persona e Keaton vai embarcando na ideia com uma performance digna de muitos prêmios.

Embora "Fome de Poder" possa ser considerado um "filme de ator", sua estrutura narrativa naturalmente amplia a visão do entretenimento para ganhar ainda mais força com as lições que a própria história pode nos ensinar. Frases como "Se você pretende crescer na vida, pessoal e profissionalmente, deve aprender a assumir riscos" ou "Você não precisa ser o melhor em tudo, desde que esteja cercado das melhores pessoas para auxiliá-lo” pontuam uma linha do tempo bem construída, mas que não deixa de pincelar aquele certo tom de fábula. A fotografia do John Schwartzman (indicado ao Oscar por "Seabiscuit: Alma de Herói") prioriza as cores quentes e saturadas, criando uma ambientação agradável, enquanto a trilha sonora de Carter Burwell (de "Três Anúncios para um Crime") se prontifica a trazer a transição entre o triunfante e o sombrio - reparem como o mood do filme vai se modificando, ganhando ares de "Succession" mesmo antes da série da HBO se quer existir.

"Fome de Poder" pode dividir opiniões baseado no olhar ou na perspectiva de quem assiste. Sim, existe um discurso cínico, fortemente apoiado nos pilares do capitalismo (selvagem) americano, mas nunca crítico em relação aos movimentos de Ray Kroc e de suas escolhas estratégicas - principalmente se levarmos em consideração que todo marketing das redes de fast foodno EUA, historicamente, deriva de uma premissa de costumes, de coletividade; e não de conveniências da industrialização. Dito isso, posso te garantir que "The Founder" (no original) tem um apelo inegável enquanto narrativa e que certamente vai te provocar muitas reflexões, além de expandir seus horizontes como quem é capaz de ler (e perceber) as maravilhas escritas nas entre-linhas.

Vale muito o seu play! 

Assista Agora

Basicamente existe duas formas de assistir "Fome de Poder" - a primeira pelo entretenimento puro e simples, e aí talvez o filme não seja tão consistente, dinâmico e empolgante quanto sua premissa prometia. A segunda, e é aí que o roteiro brilha, é que a história por trás de Ray Kroc é simplesmente genial - uma aula com muitos elementos e nuances que servem de lição para quem empreende (para o lado bom e para lado ruim).

O filme do diretor John Lee Hancock (de "Um sonho possível") se propõe a contar a história de ascensão do McDonald's. Após receber uma demanda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, um fracassado vendedor de Illinois chamado Ray Kroc (Michael Keaton) adquire uma participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice "Mac" McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco, eliminando os dois das decisões estratégicas, acaba transformando a marca em um gigantesco império de fast food. Confira o trailer:

Muito mais do que uma rede de lanchonetes, o McDonald's se tornou um verdadeiro símbolo cultural que conquistou o planeta e como o próprio Mark Zuckerberg de Jesse Eisenberg sugeriu em "A Rede Social": "Você não faz 500 milhões de amigos, sem fazer alguns inimigos". Pois bem, a história de Ray Kroc inegavelmente segue esse mesmo conceito em sua jornada empreendedora e obviamente existe um preço a se pagar. Kroc é apresentado como uma pessoa determinada, visionária, resiliente e tão focada no sucesso que em nenhum momento hesita em abrir mão de sua ética profissional ou de sua relação com a família para alcançar seu objetivo - é impressionante como o roteiro do Robert Siegel (do imperdível "Bem-Vindos ao Clube da Sedução") vai construindo essa persona e Keaton vai embarcando na ideia com uma performance digna de muitos prêmios.

Embora "Fome de Poder" possa ser considerado um "filme de ator", sua estrutura narrativa naturalmente amplia a visão do entretenimento para ganhar ainda mais força com as lições que a própria história pode nos ensinar. Frases como "Se você pretende crescer na vida, pessoal e profissionalmente, deve aprender a assumir riscos" ou "Você não precisa ser o melhor em tudo, desde que esteja cercado das melhores pessoas para auxiliá-lo” pontuam uma linha do tempo bem construída, mas que não deixa de pincelar aquele certo tom de fábula. A fotografia do John Schwartzman (indicado ao Oscar por "Seabiscuit: Alma de Herói") prioriza as cores quentes e saturadas, criando uma ambientação agradável, enquanto a trilha sonora de Carter Burwell (de "Três Anúncios para um Crime") se prontifica a trazer a transição entre o triunfante e o sombrio - reparem como o mood do filme vai se modificando, ganhando ares de "Succession" mesmo antes da série da HBO se quer existir.

"Fome de Poder" pode dividir opiniões baseado no olhar ou na perspectiva de quem assiste. Sim, existe um discurso cínico, fortemente apoiado nos pilares do capitalismo (selvagem) americano, mas nunca crítico em relação aos movimentos de Ray Kroc e de suas escolhas estratégicas - principalmente se levarmos em consideração que todo marketing das redes de fast foodno EUA, historicamente, deriva de uma premissa de costumes, de coletividade; e não de conveniências da industrialização. Dito isso, posso te garantir que "The Founder" (no original) tem um apelo inegável enquanto narrativa e que certamente vai te provocar muitas reflexões, além de expandir seus horizontes como quem é capaz de ler (e perceber) as maravilhas escritas nas entre-linhas.

Vale muito o seu play! 

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Fyre Festival

Fyre Festival

"Fyre Festival" é o Instagram da vida real!!!! Só por essa frase eu te digo: "não deixe de assistir esse documentário da Netflix!!!!"

Agora vamos lá: em meados de 2017, o empresário Billy McFarland teve a brilhante idéia de fazer um Festival de Música em uma ilha particular, que ele supostamente havia comprado nas Bahamas, para promover um app que ele também tinha acabado de lançar. Para isso, Billy se associou ao rapper Ja Rule e começaram, juntos, a organizar o que viria a ser o maior fiasco da história dos Festivais. O projeto era grandioso, caro, difícil de realizar, mas inicialmente pareceu verdadeiro e incrivelmente tentador - alguns investidores e milhares de pessoas que compraram o ingresso caríssimo que o digam!!! Bom, como dizem por aí: o papel aceita tudo!!! Era óbvio que seria impossível transformar aquela idéia megalomaníaca em realidade em tão pouco tempo (e sem uma equipe experiente por trás)! Em todas as reuniões eles estavam sempre com uma cerveja na mão, o clima já era de festa, quase irresponsável... e todo mundo se envolvia com essa atmosfera!!! Surreal demais!!!

Feita essa introdução, já se pode imaginar o que aconteceu, certo? Errado!!! É muito pior... e é justamente por isso que o documentário é imperdível, pois a maneira como o diretor Chris Smith (de “Jim & Andy”) vai desvendando os bastidores do evento faz surgir uma quantidade tão grande de sensações em quem assiste que não tem como você não se envolver com a história ou com aquela situação constrangedora. Chega ser inacreditável! Confira o trailer:

Outro ponto alto é a construção do "personagem McFarland" - ela é tão precisa que em um determinado momento do filme você acaba torcendo para ele!!! Juro!!! Meu amigo, o cara é um poço de carisma, de auto-confiança e é aí que a comparação com o Instagram faz todo sentido, porque vamos descobrindo que aquilo que vemos é tudo fachada!!!!! E pode ficar tranquilo, isso não é spoiler e não vai atrapalhar em nada sua experiência, porque o objetivo do filme é justamente esse: entender em qual momento que as máscaras começam a cair e quando um projeto legítimo se transforma em uma fralde!!! Lembram da história do cara que se passou pelo dono da Gol e que foi até entrevistado pelo Amaury Jr. no camarote do carnaval de salvador alguns anos atrás? Pois é, Billy McFarland coloca esse cara no chinelo em proporções inimagináveis!!!

"Fyre Festival" é um documentário que deveria ser obrigatório para quem trabalha com eventos, mas também um material de reflexão para todos nós, pois o que acontece ali é só o reflexo dessa "sociedade de faz de conta" que vivemos hoje em dia, onde a superficialidade de uma "imagem" (desde que seja bonita ou ostensiva, claro) vale muito mais do que a verdade em si - e olha que essa critica não é minha, é só uma das muitas discussões levantadas por pessoas que estiveram envolvidas de alguma forma nesse evento ou com o próprio Billy. 

Pode apertar o play tranquilamente, mas se prepare para o turbilhão de emoções que o documentário vai te propor...

Assista Agora

"Fyre Festival" é o Instagram da vida real!!!! Só por essa frase eu te digo: "não deixe de assistir esse documentário da Netflix!!!!"

Agora vamos lá: em meados de 2017, o empresário Billy McFarland teve a brilhante idéia de fazer um Festival de Música em uma ilha particular, que ele supostamente havia comprado nas Bahamas, para promover um app que ele também tinha acabado de lançar. Para isso, Billy se associou ao rapper Ja Rule e começaram, juntos, a organizar o que viria a ser o maior fiasco da história dos Festivais. O projeto era grandioso, caro, difícil de realizar, mas inicialmente pareceu verdadeiro e incrivelmente tentador - alguns investidores e milhares de pessoas que compraram o ingresso caríssimo que o digam!!! Bom, como dizem por aí: o papel aceita tudo!!! Era óbvio que seria impossível transformar aquela idéia megalomaníaca em realidade em tão pouco tempo (e sem uma equipe experiente por trás)! Em todas as reuniões eles estavam sempre com uma cerveja na mão, o clima já era de festa, quase irresponsável... e todo mundo se envolvia com essa atmosfera!!! Surreal demais!!!

Feita essa introdução, já se pode imaginar o que aconteceu, certo? Errado!!! É muito pior... e é justamente por isso que o documentário é imperdível, pois a maneira como o diretor Chris Smith (de “Jim & Andy”) vai desvendando os bastidores do evento faz surgir uma quantidade tão grande de sensações em quem assiste que não tem como você não se envolver com a história ou com aquela situação constrangedora. Chega ser inacreditável! Confira o trailer:

Outro ponto alto é a construção do "personagem McFarland" - ela é tão precisa que em um determinado momento do filme você acaba torcendo para ele!!! Juro!!! Meu amigo, o cara é um poço de carisma, de auto-confiança e é aí que a comparação com o Instagram faz todo sentido, porque vamos descobrindo que aquilo que vemos é tudo fachada!!!!! E pode ficar tranquilo, isso não é spoiler e não vai atrapalhar em nada sua experiência, porque o objetivo do filme é justamente esse: entender em qual momento que as máscaras começam a cair e quando um projeto legítimo se transforma em uma fralde!!! Lembram da história do cara que se passou pelo dono da Gol e que foi até entrevistado pelo Amaury Jr. no camarote do carnaval de salvador alguns anos atrás? Pois é, Billy McFarland coloca esse cara no chinelo em proporções inimagináveis!!!

"Fyre Festival" é um documentário que deveria ser obrigatório para quem trabalha com eventos, mas também um material de reflexão para todos nós, pois o que acontece ali é só o reflexo dessa "sociedade de faz de conta" que vivemos hoje em dia, onde a superficialidade de uma "imagem" (desde que seja bonita ou ostensiva, claro) vale muito mais do que a verdade em si - e olha que essa critica não é minha, é só uma das muitas discussões levantadas por pessoas que estiveram envolvidas de alguma forma nesse evento ou com o próprio Billy. 

Pode apertar o play tranquilamente, mas se prepare para o turbilhão de emoções que o documentário vai te propor...

Assista Agora

GameStop contra Wall Street

Se "Gaming Wall Street" da HBO usou o caso da GameStop para discutir um fluxo de falhas no sistema financeiro americano, "GameStop contra Wall Street" faz justamente o contrário, ele se apoia em uma estrutura narrativa bastante eficiente e didaticamente das mais competentes para contar a história de uma quase falida loja de games que, graças ao mindset ganancioso e predatório de Wall Street, provocou um embate histórico entre pequenos investidores e grandes corretoras de investimento.

A minissérie em três partes da Netflix mostra justamente como esse grupo de pessoas sem muita experiência no mercado de ações se uniu pela internet para resgatar a GameStop da falência e assim se colocar em direta rota de colisão com grandes investidores de Wall Street que lucrariam muito se esse destino que parecia certo se concretizasse. Confira o trailer:

Vendido como "uma verdadeira saga de Davi contra Golias viralizada e ambientada no século 21", "GameStop contra Wall Street" é extremamente eficaz em posicionar a audiência em uma atmosfera onde seus protagonistas naturalmente entrariam em choque em algum momento. De um lado o cidadão comum, imerso na cultura da internet e que graças as novas tecnologias, como a do app "Robinhood", passou a ser capaz de controlar suas estratégias de investimento em ações sem depender de corretoras e de suas taxas de corretagem. Do outro lado o status-quo, o tradicional, o universo ganancioso (e preparado só para "ganhar dinheiro") de Wall Street. Acontece, e aí está o grande mérito do documentário e do diretor Theo Love (de "A Cobra do Alabama" e produtor de "McMillions"), que esses dois lados se misturam, se embaralham e, principalmente, se confundem sem perceber que o objetivo de ambos é impreterivelmente o mesmo: se dar bem, e rápido. Se atentem na história de Keith Gill, também conhecido no Reddit como DeepFuckingValue, e veja como essa fusão de ideais que a princípio soariam antagônicas, na verdade são mais complementares do que imaginamos.

O roteiro do próprio Love foi muito feliz em estabelecer vários conceitos financeiros como gatilhos para entendermos o que de fato aconteceu - tudo apresentado da forma mais simples possível. Mesmo que algumas dessas explicações possam soar superficiais para alguns, dentro do contexto do documentário, tudo fica muito fluido e se encaixa perfeitamente na linguagem fragmentada e moderninha que o diretor defendeu em toda sua narrativa. Com uma edição que prioriza essa linguagem, sempre com um leve toque de humor e ironia, "Eat the Rich: The GameStop Saga" (no original) se aproveita de muitos depoimentos, de muitos personagens interessantes, de imagens de arquivo da mídia e de ótimas inserções gráficas para detalhar essa história tão absurda quanto surpreendente, com muito mais qualidade e nuances do que encontramos na obra da HBO - aliás, eu diria até que "Gaming Wall Street" serve como uma boa introdução para "GameStop contra Wall Street".

Embora com um certo exagero nas piadinhas "de internet" (mesmo que esse exagero nem seja tão fora da realidade assim), "GameStop contra Wall Street" é mais um exemplo de narrativa capaz de entreter ao mesmo tempo em que cria uma espécie de senso crítico sem soar "burocrática" ou "chapa branca" demais - é perceptível a preocupação de Theo Love em sempre mostrar os dois lados das histórias, para que nós como audiência tenhamos a liberdade de encontrar as respostas que mais se alinhem com o que acreditamos.

Vale muito a pena!

Assista Agora

Se "Gaming Wall Street" da HBO usou o caso da GameStop para discutir um fluxo de falhas no sistema financeiro americano, "GameStop contra Wall Street" faz justamente o contrário, ele se apoia em uma estrutura narrativa bastante eficiente e didaticamente das mais competentes para contar a história de uma quase falida loja de games que, graças ao mindset ganancioso e predatório de Wall Street, provocou um embate histórico entre pequenos investidores e grandes corretoras de investimento.

A minissérie em três partes da Netflix mostra justamente como esse grupo de pessoas sem muita experiência no mercado de ações se uniu pela internet para resgatar a GameStop da falência e assim se colocar em direta rota de colisão com grandes investidores de Wall Street que lucrariam muito se esse destino que parecia certo se concretizasse. Confira o trailer:

Vendido como "uma verdadeira saga de Davi contra Golias viralizada e ambientada no século 21", "GameStop contra Wall Street" é extremamente eficaz em posicionar a audiência em uma atmosfera onde seus protagonistas naturalmente entrariam em choque em algum momento. De um lado o cidadão comum, imerso na cultura da internet e que graças as novas tecnologias, como a do app "Robinhood", passou a ser capaz de controlar suas estratégias de investimento em ações sem depender de corretoras e de suas taxas de corretagem. Do outro lado o status-quo, o tradicional, o universo ganancioso (e preparado só para "ganhar dinheiro") de Wall Street. Acontece, e aí está o grande mérito do documentário e do diretor Theo Love (de "A Cobra do Alabama" e produtor de "McMillions"), que esses dois lados se misturam, se embaralham e, principalmente, se confundem sem perceber que o objetivo de ambos é impreterivelmente o mesmo: se dar bem, e rápido. Se atentem na história de Keith Gill, também conhecido no Reddit como DeepFuckingValue, e veja como essa fusão de ideais que a princípio soariam antagônicas, na verdade são mais complementares do que imaginamos.

O roteiro do próprio Love foi muito feliz em estabelecer vários conceitos financeiros como gatilhos para entendermos o que de fato aconteceu - tudo apresentado da forma mais simples possível. Mesmo que algumas dessas explicações possam soar superficiais para alguns, dentro do contexto do documentário, tudo fica muito fluido e se encaixa perfeitamente na linguagem fragmentada e moderninha que o diretor defendeu em toda sua narrativa. Com uma edição que prioriza essa linguagem, sempre com um leve toque de humor e ironia, "Eat the Rich: The GameStop Saga" (no original) se aproveita de muitos depoimentos, de muitos personagens interessantes, de imagens de arquivo da mídia e de ótimas inserções gráficas para detalhar essa história tão absurda quanto surpreendente, com muito mais qualidade e nuances do que encontramos na obra da HBO - aliás, eu diria até que "Gaming Wall Street" serve como uma boa introdução para "GameStop contra Wall Street".

Embora com um certo exagero nas piadinhas "de internet" (mesmo que esse exagero nem seja tão fora da realidade assim), "GameStop contra Wall Street" é mais um exemplo de narrativa capaz de entreter ao mesmo tempo em que cria uma espécie de senso crítico sem soar "burocrática" ou "chapa branca" demais - é perceptível a preocupação de Theo Love em sempre mostrar os dois lados das histórias, para que nós como audiência tenhamos a liberdade de encontrar as respostas que mais se alinhem com o que acreditamos.

Vale muito a pena!

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Gaming Wall Street

"Gaming Wall Street" chegou ao Brasil pela HBO Max com mais de 6 meses de atraso em relação ao seu lançamento nos EUA. Esse movimento gerou algumas indagações sobre as consequências dos assuntos abordados no documentário e, sinceramente, não me surpreenderia se essa especulação, de fato, fosse a razão de tanta demora. Por se tratar de uma das histórias mais loucas dos últimos anos e pelos nomes envolvidos na produção, toda narrativa dá a exata impressão de que uma nova crise nos moldes daquela de 2008 é só uma questão de tempo - o motivo, lógico, a ganância!

Narrado por Kieran Culkin (com um tom que faz muito lembrar seu personagem Roman Roy de "Succession"), o documentário dividido em duas partes tenta explicar como pequenos investidores que se organizaram a partir de um grupo do Reddit focado em investimentos, o r/Wallstreetbets, quase colapsaram o mercado de ações ao entrarem em um embate direto contra grandes fundos de investimento de Wall Street que apostavam na derrocada de uma (queridinha) rede de varejo especializada em compra e venda de mídias físicas de jogos de video-game chamada GameStop. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo austriaco Tobias Deml, "Gaming Wall Street" tem dois episódios completamente diferentes um do outro. Para alinharmos bem as expectativas, ele não é um documentário sobre o caso da GameStop, mas sim um estudo sobre as falhas no sistema que envolve Wall Street e que, ai sim, a partir desse caso específico, escancara a fragilidade do processo de negociação de ações com a entrada de novos players como o "Robinhood" - uma startup com base na tecnologia que criou um app extremamente intuitivo que entrega facilidade para que qualquer um possa investir na bolsa sem custo de corretagem.

O interessante é que ao longo das histórias que o documentário retrata, entendemos que nem tudo é o que parece. Por trás do "divino" propósito de um app que prometia democratizar uma relação financeira sem intermediários, na verdade existia uma dinâmica escondida (embora legal) de corretagem onde o conflito de interesses (esse sim ilegal) fez com que a startup manipulasse o mercado, evitando que grandes corretoras como a Melvin Capital fossem prejudicadas no caso da GameStop - sim, o app chegou a tirar o botão "comprar" da tela, para evitar maiores problemas (e perdas) para seus aliados (e para si mesmo).

Embora possa parecer bem complicado para um público pouco acostumado com o assunto e com os termos que envolvem essas operações, "Gaming Wall Street" tenta de todas as formas parecer didático ao mesmo tempo que entretém.  Em meio aos depoimentos dos vários personagens que transitaram por Wall Street ou pelas telas de computador (e de celular) durante o caso da GameStopsequências animadas explicam a mecânica de algumas ações como as "vendas a descoberto", por exemplo. Culkin traz leveza para as narrações enquanto gifs e memes estabelecem um conceito onde a cultura da Internet ou a dinâmica dos podcasts se encaixem melhor do que uma narrativa documental dura e enfadonha.

Para quem gosta do estilo "Trabalho Interno" sobre crimes financeiros, você vai se divertir com o play!

Assista Agora

"Gaming Wall Street" chegou ao Brasil pela HBO Max com mais de 6 meses de atraso em relação ao seu lançamento nos EUA. Esse movimento gerou algumas indagações sobre as consequências dos assuntos abordados no documentário e, sinceramente, não me surpreenderia se essa especulação, de fato, fosse a razão de tanta demora. Por se tratar de uma das histórias mais loucas dos últimos anos e pelos nomes envolvidos na produção, toda narrativa dá a exata impressão de que uma nova crise nos moldes daquela de 2008 é só uma questão de tempo - o motivo, lógico, a ganância!

Narrado por Kieran Culkin (com um tom que faz muito lembrar seu personagem Roman Roy de "Succession"), o documentário dividido em duas partes tenta explicar como pequenos investidores que se organizaram a partir de um grupo do Reddit focado em investimentos, o r/Wallstreetbets, quase colapsaram o mercado de ações ao entrarem em um embate direto contra grandes fundos de investimento de Wall Street que apostavam na derrocada de uma (queridinha) rede de varejo especializada em compra e venda de mídias físicas de jogos de video-game chamada GameStop. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo austriaco Tobias Deml, "Gaming Wall Street" tem dois episódios completamente diferentes um do outro. Para alinharmos bem as expectativas, ele não é um documentário sobre o caso da GameStop, mas sim um estudo sobre as falhas no sistema que envolve Wall Street e que, ai sim, a partir desse caso específico, escancara a fragilidade do processo de negociação de ações com a entrada de novos players como o "Robinhood" - uma startup com base na tecnologia que criou um app extremamente intuitivo que entrega facilidade para que qualquer um possa investir na bolsa sem custo de corretagem.

O interessante é que ao longo das histórias que o documentário retrata, entendemos que nem tudo é o que parece. Por trás do "divino" propósito de um app que prometia democratizar uma relação financeira sem intermediários, na verdade existia uma dinâmica escondida (embora legal) de corretagem onde o conflito de interesses (esse sim ilegal) fez com que a startup manipulasse o mercado, evitando que grandes corretoras como a Melvin Capital fossem prejudicadas no caso da GameStop - sim, o app chegou a tirar o botão "comprar" da tela, para evitar maiores problemas (e perdas) para seus aliados (e para si mesmo).

Embora possa parecer bem complicado para um público pouco acostumado com o assunto e com os termos que envolvem essas operações, "Gaming Wall Street" tenta de todas as formas parecer didático ao mesmo tempo que entretém.  Em meio aos depoimentos dos vários personagens que transitaram por Wall Street ou pelas telas de computador (e de celular) durante o caso da GameStopsequências animadas explicam a mecânica de algumas ações como as "vendas a descoberto", por exemplo. Culkin traz leveza para as narrações enquanto gifs e memes estabelecem um conceito onde a cultura da Internet ou a dinâmica dos podcasts se encaixem melhor do que uma narrativa documental dura e enfadonha.

Para quem gosta do estilo "Trabalho Interno" sobre crimes financeiros, você vai se divertir com o play!

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GDLK

Se em "Console Wars", citamos na análise que o filme funcionava "quase" como um estudo de caso (Nintendo X Sega) de uma boa pós-graduação, então posso dizer tranquilamente que "GDLK" é um overview bastante interessante de como o mercado de games foi se transformando, pelo ponto de vista de vários personagens que atuaram ativamente nesse processo. Diferente do documentário da HBO, essa série de seis episódios da Netflix não se preocupa tanto com decisões corporativas, de marketing ou de gestão, mas sim com o fator humano e como o setor foi inovando, respeitando uma cronologia temporal bem pontuada, com ótimas histórias e muitas curiosidades, como essa, por exemplo:

"GDLK" é uma série documental que não se obriga a fazer um mergulho profundo nos temas mais marcantes de uma revolução mercadológica, mas sim em discutir a era dourada dos videogames, em uma época onde surgiram clássicos como Pac-Man ou Doom. Focando no talento (e muita força de vontade), esses pioneiros da computação e artistas visionários de todo o mundo deram vida aos icônicos jogos: Space Invaders, Final Fantasy, Street Fighter II, Mortal Kombat, Sonic the Hedgehog, John Madden Football e muitos outros. Sem regras ou orientações, jogadores e desenvolvedores descobriram novas formas de se entreter e, claro, ganhar muito dinheiro, destruir rivais e conquistar milhões de fãs e é assim, ponto a ponto, que "High Score" (título original) conta a história das mentes por trás dos pixels e de como essas invenções construíram uma indústria multibilionária — quase por acidente.

Não por acaso, "GDLK" é narrada por Charles Martinet – a famosa voz do Mário. A série dedica cada episódio a um gênero, tema ou período da história dos games, focando na experiência dos desenvolvedores e game designers na busca por executarem suas ideias. A partir dessa escolha narrativa, descobrimos como o jogos de esportes foram se transformando ou até como os Adventures surgiram. Também entendemos a força do marketing na criação de uma legião de fãs e como os e-sports se tornaram uma ferramenta de vendas de jogos e consoles.

Com entrevistas bem humoradas, a série nos cativa logo de cara - já que cada personagem dá seu depoimento muito mais com o coração do que com a razão! Com um roteiro muito inteligente e que amarrara várias histórias em um mesmo episódio, o trabalho da edição da série só imprime o ritmo que foi planejado, intercalando verdadeiros testemunhais, com imagens de arquivo e ótimas sequências de animação 8 bits. 

Como "Console Wars", o fator nostálgico trás um poder emocional muito bacana para a experiência de assistir a série. Se você tem mais de 40 anos, certamente viveu essa evolução de um ponto de vista diferente, mais inocente, cheio de fantasia e desejo de experimentar essas novidades, e isso é muito interessante, pois não será difícil se colocar (ou lembrar de situações) em cada uma das fases que o documentário retrata - é quase como se nos víssemos ali, fazendo parte daquela história! É claro que "GDLK" vai impactar mais quem gosta de video-game ou quem viveu os anos 80 e 90, mas de qualquer forma a recomendação é válida, pois a série merece ser vista pelo seu recorte histórico e por provocar uma reflexão importante: muito do que assistimos (e encontramos) hoje em dia, nada mais são, do que a confirmação de várias teses levantadas lá atrás, que se confirmaram e provaram ser o caminho natural do entretenimento em vários níveis - mais ou menos como a "guerra do streaming" apresenta na atualidade!

O bacana é que ainda existe muito mais histórias para se contar e a expectativa é que tenhamos uma segunda temporada em breve. Vamos aguardar! Por enquanto te garanto: "GDLK" vale muito o seu play!

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Se em "Console Wars", citamos na análise que o filme funcionava "quase" como um estudo de caso (Nintendo X Sega) de uma boa pós-graduação, então posso dizer tranquilamente que "GDLK" é um overview bastante interessante de como o mercado de games foi se transformando, pelo ponto de vista de vários personagens que atuaram ativamente nesse processo. Diferente do documentário da HBO, essa série de seis episódios da Netflix não se preocupa tanto com decisões corporativas, de marketing ou de gestão, mas sim com o fator humano e como o setor foi inovando, respeitando uma cronologia temporal bem pontuada, com ótimas histórias e muitas curiosidades, como essa, por exemplo:

"GDLK" é uma série documental que não se obriga a fazer um mergulho profundo nos temas mais marcantes de uma revolução mercadológica, mas sim em discutir a era dourada dos videogames, em uma época onde surgiram clássicos como Pac-Man ou Doom. Focando no talento (e muita força de vontade), esses pioneiros da computação e artistas visionários de todo o mundo deram vida aos icônicos jogos: Space Invaders, Final Fantasy, Street Fighter II, Mortal Kombat, Sonic the Hedgehog, John Madden Football e muitos outros. Sem regras ou orientações, jogadores e desenvolvedores descobriram novas formas de se entreter e, claro, ganhar muito dinheiro, destruir rivais e conquistar milhões de fãs e é assim, ponto a ponto, que "High Score" (título original) conta a história das mentes por trás dos pixels e de como essas invenções construíram uma indústria multibilionária — quase por acidente.

Não por acaso, "GDLK" é narrada por Charles Martinet – a famosa voz do Mário. A série dedica cada episódio a um gênero, tema ou período da história dos games, focando na experiência dos desenvolvedores e game designers na busca por executarem suas ideias. A partir dessa escolha narrativa, descobrimos como o jogos de esportes foram se transformando ou até como os Adventures surgiram. Também entendemos a força do marketing na criação de uma legião de fãs e como os e-sports se tornaram uma ferramenta de vendas de jogos e consoles.

Com entrevistas bem humoradas, a série nos cativa logo de cara - já que cada personagem dá seu depoimento muito mais com o coração do que com a razão! Com um roteiro muito inteligente e que amarrara várias histórias em um mesmo episódio, o trabalho da edição da série só imprime o ritmo que foi planejado, intercalando verdadeiros testemunhais, com imagens de arquivo e ótimas sequências de animação 8 bits. 

Como "Console Wars", o fator nostálgico trás um poder emocional muito bacana para a experiência de assistir a série. Se você tem mais de 40 anos, certamente viveu essa evolução de um ponto de vista diferente, mais inocente, cheio de fantasia e desejo de experimentar essas novidades, e isso é muito interessante, pois não será difícil se colocar (ou lembrar de situações) em cada uma das fases que o documentário retrata - é quase como se nos víssemos ali, fazendo parte daquela história! É claro que "GDLK" vai impactar mais quem gosta de video-game ou quem viveu os anos 80 e 90, mas de qualquer forma a recomendação é válida, pois a série merece ser vista pelo seu recorte histórico e por provocar uma reflexão importante: muito do que assistimos (e encontramos) hoje em dia, nada mais são, do que a confirmação de várias teses levantadas lá atrás, que se confirmaram e provaram ser o caminho natural do entretenimento em vários níveis - mais ou menos como a "guerra do streaming" apresenta na atualidade!

O bacana é que ainda existe muito mais histórias para se contar e a expectativa é que tenhamos uma segunda temporada em breve. Vamos aguardar! Por enquanto te garanto: "GDLK" vale muito o seu play!

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Geração Riqueza

"Geração Riqueza" é um excelente (e duro) documentário da Amazon Studios sobre uma realidade social praticamente isenta de equilíbrio. Embora não seja uma experiência como "Fake Famous", o propósito é basicamente o mesmo: mostrar como valores essenciais estão subvertidos pelo dinheiro, a fama, a aparência e o sexo, sob o ponto de vista antropológico.

O documentário é parte de um projeto de 20 anos da fotógrafa Lauren Greenfield e mostra os excessos da cultura americana, compartilhada em grande parte do mundo em decorrência da globalização, onde o exagero de estilos de vida, movidos a muito dinheiro, que levam à compra de imensas casas, carros luxuosos e os mais supérfluos tipos de gastos, sempre com a intenção de impressionar o próximo, de chamar a atenção nas redes sociais e ainda massagear o ego. Lauren apresenta, por meio de personagens muito interessantes – da mãe que transformou a filha em modelo com apenas 3 anos de idade até a executiva que deixou a vida pessoal de lado por muitos anos e quis recuperar o tempo perdido gastando mais de meio milhão de dólares para tentar engravidar. "Geração Riqueza" é um reflexo da obsessão por riqueza e status social que, embora seja o principal combustível responsável por mover a economia do país, destrói as referências mais profundas de bom senso. Confira o trailer (em inglês):

“Generation Wealth” (no original) é muito feliz ao conduzir sua narrativa a partir das histórias de vida de jovens ricos em Los Angeles nos anos 90. Lauren Greenfield nos apresenta, com muita sensibilidade, o destino de muitos personagens, que naquela época possuíam um estilo de vida extravagante, e se tornaram agora pais de famílias e questionadores do seu comportamento no passado. Abrindo espaço para análises sociológicas, mas sem soar didático demais, o documentário faz uma radiografia de como o sonho americano se transformou em algo tão superficial como na busca de fama, fortuna (independente dos meios) e status social a partir dos anos 1970 e 1980 quando o crédito passou a ser facilitado pelos bancos - o que anos mais tarde culminou em uma grave crise imobiliária, diga-se de passagem exemplificada pela própria Islândia como vimos em "Trabalho Interno".

Relacionando o sucesso e dinheiro com a cultura da perfeição estética através de caros (e rentáveis) tratamentos com cosméticos e cirurgias plásticas, a valorização e o acesso à pornografia, jovens que transformam seus corpos em busca de reconhecimento masculino ou da mídia inspirados por celebridades como as Kardashians, vemos histórias sobre escolhas profissionais e pessoais que priorizam a fantasiosa sensação de bem estar que o dinheiro provoca, muitas vezes a partir de depoimentos surreais, tristes, reveladores e emocionantes, o roteiro facilmente nos convida para uma profunda reflexão crítica: como parte da sociedade vive alienada sem conseguir separar a realidade da ficção trazida por redes sociais e pela TV!

Olha, é um documentário tão impressionante quanto assustador - pela humanidade das histórias e pelo peso da realidade de uma geração que não tem a menor noção dos limites para alcançar um determinado status ou conseguir chamar a atenção pelo que se tem e não pelo que se é! Quando um filme "vazado", contendo uma relação sexual, transforma uma mulher em celebridade e passa a ser referência para muitos jovens, temos a exata ideia de como essa sociedade está doente e perdeu completamente a noção do respeito.

Realmente imperdível!

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"Geração Riqueza" é um excelente (e duro) documentário da Amazon Studios sobre uma realidade social praticamente isenta de equilíbrio. Embora não seja uma experiência como "Fake Famous", o propósito é basicamente o mesmo: mostrar como valores essenciais estão subvertidos pelo dinheiro, a fama, a aparência e o sexo, sob o ponto de vista antropológico.

O documentário é parte de um projeto de 20 anos da fotógrafa Lauren Greenfield e mostra os excessos da cultura americana, compartilhada em grande parte do mundo em decorrência da globalização, onde o exagero de estilos de vida, movidos a muito dinheiro, que levam à compra de imensas casas, carros luxuosos e os mais supérfluos tipos de gastos, sempre com a intenção de impressionar o próximo, de chamar a atenção nas redes sociais e ainda massagear o ego. Lauren apresenta, por meio de personagens muito interessantes – da mãe que transformou a filha em modelo com apenas 3 anos de idade até a executiva que deixou a vida pessoal de lado por muitos anos e quis recuperar o tempo perdido gastando mais de meio milhão de dólares para tentar engravidar. "Geração Riqueza" é um reflexo da obsessão por riqueza e status social que, embora seja o principal combustível responsável por mover a economia do país, destrói as referências mais profundas de bom senso. Confira o trailer (em inglês):

“Generation Wealth” (no original) é muito feliz ao conduzir sua narrativa a partir das histórias de vida de jovens ricos em Los Angeles nos anos 90. Lauren Greenfield nos apresenta, com muita sensibilidade, o destino de muitos personagens, que naquela época possuíam um estilo de vida extravagante, e se tornaram agora pais de famílias e questionadores do seu comportamento no passado. Abrindo espaço para análises sociológicas, mas sem soar didático demais, o documentário faz uma radiografia de como o sonho americano se transformou em algo tão superficial como na busca de fama, fortuna (independente dos meios) e status social a partir dos anos 1970 e 1980 quando o crédito passou a ser facilitado pelos bancos - o que anos mais tarde culminou em uma grave crise imobiliária, diga-se de passagem exemplificada pela própria Islândia como vimos em "Trabalho Interno".

Relacionando o sucesso e dinheiro com a cultura da perfeição estética através de caros (e rentáveis) tratamentos com cosméticos e cirurgias plásticas, a valorização e o acesso à pornografia, jovens que transformam seus corpos em busca de reconhecimento masculino ou da mídia inspirados por celebridades como as Kardashians, vemos histórias sobre escolhas profissionais e pessoais que priorizam a fantasiosa sensação de bem estar que o dinheiro provoca, muitas vezes a partir de depoimentos surreais, tristes, reveladores e emocionantes, o roteiro facilmente nos convida para uma profunda reflexão crítica: como parte da sociedade vive alienada sem conseguir separar a realidade da ficção trazida por redes sociais e pela TV!

Olha, é um documentário tão impressionante quanto assustador - pela humanidade das histórias e pelo peso da realidade de uma geração que não tem a menor noção dos limites para alcançar um determinado status ou conseguir chamar a atenção pelo que se tem e não pelo que se é! Quando um filme "vazado", contendo uma relação sexual, transforma uma mulher em celebridade e passa a ser referência para muitos jovens, temos a exata ideia de como essa sociedade está doente e perdeu completamente a noção do respeito.

Realmente imperdível!

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Grande Demais para Quebrar

"Grande demais para Quebrar" é um filmaço, mas não é nada fácil - embora tenha alguns diálogos bastante didáticos como o que define a crise de 2008 enquanto a equipe do governo se preparava para emitir um comunicado para a imprensa no inicio do terceiro ato. É preciso que se diga que o filme, uma ficção baseada em fatos reais, não é, nem de longe, uma narrativa fluida e auto-explicativa para quem conhece pouco do assunto ou da dinâmica econômica da época. O vencedor do Oscar de 2011, "Trabalho Interno" é quase um pré-requisito para assistir "Grande demais para Quebrar". Sim, o assunto é exatamente o mesmo, mas dessa vez acompanhamos a bomba explodindo pelos olhos de Henry Paulson, secretário do Tesouro dos Estados Unidos e na época o grande responsável pela saúde da economia do governo Bush.

O mercado financeiro era, há poucos anos, um paraíso: salários multimilionários, bônus exagerados e lucros astronômicos. Tudo começou a ruir em 2008. O filme retrata a crise econômica que até hoje afeta a economia dos EUA, tomando como tema central os esforços do então secretário do tesouro americano, Henry Paulson (William Hurt), para controlar os danos a partir de conversas com Richard Fuld, Ben Bernanke, Warren Buffett e Tim Geithner, e assim tentar salvar o Lehman Brothers. Durante as negociações, buscava-se uma solução privada envolvendo banqueiros de investimento e membros do Congresso para preservar a empresa sediada em Nova York, mas, como se sabe, o problema era muito mais complexo. Confira o trailer, em inglês:

"Grande demais para Quebrar" foi indicado para 3 Globos de Ouro em 2012: Melhor Filme para TV, Melhor Ator (William Hurt) e Melhor ator Coadjuvante (Paul Giamatti), sem contar a indicação para, acreditem, 11 Emmys em 2011 - e provavelmente você não assistiu a essa obra de arte!

O que salta aos olhos logo de cara, sem a menor dúvida, é o elenco: William Hurt, Paul Giamatti, James Woods, Cynthia Nixon, Billy Crudup - só para citar alguns! A direção de Curtis Hanson de "L.A. Confidential", a fotografia de Kramer Morgenthau (Creed II) e o roteiro de Peter Gould (Breaking Bad) terminam de compor esse perfeito Dream Team! Mas vamos aos fatos: o maior mérito do filme é o de não demonizar seus personagens, deixando o julgamento exclusivamente para quem assiste. É possível perceber em algumas cenas, todo o mindset daquele grupo de executivos e membros do governo, mas será preciso alguma sensibilidade para separar os sentimentos mais íntimos em um momento conturbado da economia com sua postura maniqueísta como tomador de decisões no ambiente corporativo - e isso humaniza os personagens de tal forma, que temos a exata impressão que não se trata de uma ficção (o prólogo do filme e as cenas de arquivo, normalmente da imprensa falada, inseridas na narrativa, ajudam muito nessa percepção).

Como todos os filmes e documentários sobre o tema, "Grande demais para Quebrar" é um retrato da hipocrisia corporativa e de como o descaso do mercado financeiro, tão em evidência, podem gerar consequências catastróficas. O diferencial está na forma como o filme mostra, por dentro e de maneira inteligente, as tentativas e equívocos do governo durante o caos financeiro – lidando com egos de grandes executivos que só pensaram em si, mesmo assistindo de camarote suas empresas afundarem após conscientes vendas de derivativos e títulos podres.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

"Grande demais para Quebrar" é um filmaço, mas não é nada fácil - embora tenha alguns diálogos bastante didáticos como o que define a crise de 2008 enquanto a equipe do governo se preparava para emitir um comunicado para a imprensa no inicio do terceiro ato. É preciso que se diga que o filme, uma ficção baseada em fatos reais, não é, nem de longe, uma narrativa fluida e auto-explicativa para quem conhece pouco do assunto ou da dinâmica econômica da época. O vencedor do Oscar de 2011, "Trabalho Interno" é quase um pré-requisito para assistir "Grande demais para Quebrar". Sim, o assunto é exatamente o mesmo, mas dessa vez acompanhamos a bomba explodindo pelos olhos de Henry Paulson, secretário do Tesouro dos Estados Unidos e na época o grande responsável pela saúde da economia do governo Bush.

O mercado financeiro era, há poucos anos, um paraíso: salários multimilionários, bônus exagerados e lucros astronômicos. Tudo começou a ruir em 2008. O filme retrata a crise econômica que até hoje afeta a economia dos EUA, tomando como tema central os esforços do então secretário do tesouro americano, Henry Paulson (William Hurt), para controlar os danos a partir de conversas com Richard Fuld, Ben Bernanke, Warren Buffett e Tim Geithner, e assim tentar salvar o Lehman Brothers. Durante as negociações, buscava-se uma solução privada envolvendo banqueiros de investimento e membros do Congresso para preservar a empresa sediada em Nova York, mas, como se sabe, o problema era muito mais complexo. Confira o trailer, em inglês:

"Grande demais para Quebrar" foi indicado para 3 Globos de Ouro em 2012: Melhor Filme para TV, Melhor Ator (William Hurt) e Melhor ator Coadjuvante (Paul Giamatti), sem contar a indicação para, acreditem, 11 Emmys em 2011 - e provavelmente você não assistiu a essa obra de arte!

O que salta aos olhos logo de cara, sem a menor dúvida, é o elenco: William Hurt, Paul Giamatti, James Woods, Cynthia Nixon, Billy Crudup - só para citar alguns! A direção de Curtis Hanson de "L.A. Confidential", a fotografia de Kramer Morgenthau (Creed II) e o roteiro de Peter Gould (Breaking Bad) terminam de compor esse perfeito Dream Team! Mas vamos aos fatos: o maior mérito do filme é o de não demonizar seus personagens, deixando o julgamento exclusivamente para quem assiste. É possível perceber em algumas cenas, todo o mindset daquele grupo de executivos e membros do governo, mas será preciso alguma sensibilidade para separar os sentimentos mais íntimos em um momento conturbado da economia com sua postura maniqueísta como tomador de decisões no ambiente corporativo - e isso humaniza os personagens de tal forma, que temos a exata impressão que não se trata de uma ficção (o prólogo do filme e as cenas de arquivo, normalmente da imprensa falada, inseridas na narrativa, ajudam muito nessa percepção).

Como todos os filmes e documentários sobre o tema, "Grande demais para Quebrar" é um retrato da hipocrisia corporativa e de como o descaso do mercado financeiro, tão em evidência, podem gerar consequências catastróficas. O diferencial está na forma como o filme mostra, por dentro e de maneira inteligente, as tentativas e equívocos do governo durante o caos financeiro – lidando com egos de grandes executivos que só pensaram em si, mesmo assistindo de camarote suas empresas afundarem após conscientes vendas de derivativos e títulos podres.

Vale muito o seu play!

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High Flying Bird

"High Flying Bird" é, antes de mais nada, um filme de reflexão! Aí você me pergunta: como um filme sobre basquete pode ser um filme para reflexão? Vamos lá: "High Flying Bird" não é sobre basquete, é sobre disrupção!!! E o genial do projeto é que essa disrupção sai da tela, vem para o processo de produção do filme e termina na maneira como o filme está sendo distribuído! Ok, vamos por partes...

O filme fala sobre um "lockout" da NBA.  "Lockout" para quem não sabe, é uma espécie de greve ao contrário, onde quem contrata impede que os contratados exerçam seu trabalho, normalmente, porque estão buscando uma melhor negociação em benefício próprio ou do negócio em si, porém durante todo esse período em que ninguém trabalha, os salários são suspensos e uma grande bola de neve começa se formar forçando a corda estourar sempre do lado mais fraco. Na NBA, para os cartolas, o lado mais fraco são os jogadores! E é aí que o filme ganha força, pois o protagonista, um agente de jovens atletas e potenciais estrelas, trabalha 72 horas para provar que o lado mais fraco, na verdade, é o sistema que a NBA insiste em exaltar e que está ficando cada vez mais ultrapassado - afinal as novas tecnologias estão aí e se você tem a matéria prima, no caso os jogadores, o show está garantido basta as pessoas saberem onde assistir. 

O Steven Soderbergh é um Diretor "a frente do seu tempo" - desde suas estreia em 89 com "Sexo, Mentiras e Videotape", filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original, até o ano 2000 onde foi indicado duas vezes na mesma categoria de Melhor Diretor: uma com "Erin Brockovich" e outra com "Traffic" . Aliás o que esse cara fez em "Traffic" há 19 anos atrás foi um absurdo (se você ainda não assistiu, assista e repare no que eu estou falando!!!): ele dividiu o filme em três pontos de vista diferentes para um mesmo assunto: as drogas. E conceituou cada um desses olhares com uma gramática cinematográfica diferente, apoiado em conceitos emocionais e sensoriais! Incrível, inteligente, criativo e mais quantos adjetivos couberem na mesma frase para justificar esse trabalho!!!

Bom, continuando, Soderberg, então, seguindo o mesmo conceito disruptivo do roteiro (escrito pelo Tarell Alvin McCraney de "Moonlight"), resolve filmar com um Iphone 8 e assim mostrar, mais uma vez, que com a matéria prima, o equipamento é o que menos importa: é possível fazer um filme bom até com um telefone celular que tenha uma boa câmera!!! Isso já tinha acontecido lá atrás com o movimento "Dogma" (no início da mini-DV contra o altíssimo custo da película) mas agora ele dá um passo além, tira do bolso seu iPhone, coloca uma adaptador anamórfico que custa 180 dólares e filma (em 2.35) seu projeto sem a necessidade de um Estúdio bancar o projeto! Claro que tecnicamente o filme é limitado, principalmente na óptica (lentes realmente boas e caras fazem muita falta!), mas de maneira alguma prejudica a experiência de quem assiste. Ok, mas e para distribuir um filme feito com iPhone? Tem uma melhor plataforma para bancar esse marketing disruptivo e atingir tantas pessoas no mundo inteiro, ao mesmo tempo, melhor que a Netflix? Entendem como essa cadeia foi totalmente reinterpretada nesse projeto????

"High Flying Bird" é um filme bom, inteligente e por todos esses fatores merece ser assistido! Sobre a reflexão, eu deixo para cada um buscar dentro do seu universo as respostas para mudar um sistema que não se sustenta mais com imposições ou controle financeiro - sem a matéria prima, tudo isso vira fumaça!!! 

Vale o play!!! Vale a reflexão!!!

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"High Flying Bird" é, antes de mais nada, um filme de reflexão! Aí você me pergunta: como um filme sobre basquete pode ser um filme para reflexão? Vamos lá: "High Flying Bird" não é sobre basquete, é sobre disrupção!!! E o genial do projeto é que essa disrupção sai da tela, vem para o processo de produção do filme e termina na maneira como o filme está sendo distribuído! Ok, vamos por partes...

O filme fala sobre um "lockout" da NBA.  "Lockout" para quem não sabe, é uma espécie de greve ao contrário, onde quem contrata impede que os contratados exerçam seu trabalho, normalmente, porque estão buscando uma melhor negociação em benefício próprio ou do negócio em si, porém durante todo esse período em que ninguém trabalha, os salários são suspensos e uma grande bola de neve começa se formar forçando a corda estourar sempre do lado mais fraco. Na NBA, para os cartolas, o lado mais fraco são os jogadores! E é aí que o filme ganha força, pois o protagonista, um agente de jovens atletas e potenciais estrelas, trabalha 72 horas para provar que o lado mais fraco, na verdade, é o sistema que a NBA insiste em exaltar e que está ficando cada vez mais ultrapassado - afinal as novas tecnologias estão aí e se você tem a matéria prima, no caso os jogadores, o show está garantido basta as pessoas saberem onde assistir. 

O Steven Soderbergh é um Diretor "a frente do seu tempo" - desde suas estreia em 89 com "Sexo, Mentiras e Videotape", filme que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original, até o ano 2000 onde foi indicado duas vezes na mesma categoria de Melhor Diretor: uma com "Erin Brockovich" e outra com "Traffic" . Aliás o que esse cara fez em "Traffic" há 19 anos atrás foi um absurdo (se você ainda não assistiu, assista e repare no que eu estou falando!!!): ele dividiu o filme em três pontos de vista diferentes para um mesmo assunto: as drogas. E conceituou cada um desses olhares com uma gramática cinematográfica diferente, apoiado em conceitos emocionais e sensoriais! Incrível, inteligente, criativo e mais quantos adjetivos couberem na mesma frase para justificar esse trabalho!!!

Bom, continuando, Soderberg, então, seguindo o mesmo conceito disruptivo do roteiro (escrito pelo Tarell Alvin McCraney de "Moonlight"), resolve filmar com um Iphone 8 e assim mostrar, mais uma vez, que com a matéria prima, o equipamento é o que menos importa: é possível fazer um filme bom até com um telefone celular que tenha uma boa câmera!!! Isso já tinha acontecido lá atrás com o movimento "Dogma" (no início da mini-DV contra o altíssimo custo da película) mas agora ele dá um passo além, tira do bolso seu iPhone, coloca uma adaptador anamórfico que custa 180 dólares e filma (em 2.35) seu projeto sem a necessidade de um Estúdio bancar o projeto! Claro que tecnicamente o filme é limitado, principalmente na óptica (lentes realmente boas e caras fazem muita falta!), mas de maneira alguma prejudica a experiência de quem assiste. Ok, mas e para distribuir um filme feito com iPhone? Tem uma melhor plataforma para bancar esse marketing disruptivo e atingir tantas pessoas no mundo inteiro, ao mesmo tempo, melhor que a Netflix? Entendem como essa cadeia foi totalmente reinterpretada nesse projeto????

"High Flying Bird" é um filme bom, inteligente e por todos esses fatores merece ser assistido! Sobre a reflexão, eu deixo para cada um buscar dentro do seu universo as respostas para mudar um sistema que não se sustenta mais com imposições ou controle financeiro - sem a matéria prima, tudo isso vira fumaça!!! 

Vale o play!!! Vale a reflexão!!!

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I am Bolt

Só assistam esse documentário! É sério!

Primeiro porque você ficará com um sorriso no rosto em pelo menos uns 80% do filme e segundo por se tratar da história de um dos maiores fenômenos de um esporte em todos os tempos - eu diria inclusive que ele está no meu top 5 ao lado de Pelé, Jordan, Phelps e Brady. Dirigido pela dupla Ben e Gabe Turner, "I am Bolt" tem uma dinâmica narrativa extremamente fluida, ágil e interessante cinematograficamente, ou seja, é muito fácil mergulhar no universo de Bolt e se apaixonar ainda mais por um dos atletas mais carismáticos de uma geração.

Usain Bolt é, e será o homem mais veloz do mundo por muito tempo ainda. Ele é único atleta na história do atletismo a ser tricampeão em três modalidades de pista em Jogos Olímpicos consecutivamente. E a lista de vitórias na carreira não para por aí, mas a vida de Bolt não se resume a isto. Em "I am Bolt", o velocista jamaicano abre as portas para um universo que vai além das pistas, ele se apresenta como o Bolt amigo, filho, com muitos sonhos e desafios e, principalmente, como um ser humano que muitos acreditam nem ser possível existir. Confira o trailer (em inglês):

Talvez o maior mérito de "I am Bolt" seja a forma como o roteiro construiu a jornada do atleta. Aproveitando uma linha narrativa que prioriza o desafio que foi para ele chegar ao Rio em 2016 em condições de lutar por uma medalha de ouro, após uma temporada de muitas incertezas e contusões, o documentário traça paralelos com várias passagens muito marcantes da sua carreira, desde o inicio como campeão mundial juvenil até se transformar no fenômeno esportivo que simplesmente não deu chances aos adversários durante mais de 10 anos.

Embora o jornada esportiva seja o valor histórico relevante aqui, a maneira como Ben e Gabe permitiram que Bolt criasse sua própria visão cinematográfica sobre sua vida, gerou ótimos e descontraídos momentos que dificilmente um atleta se propõe a mostrar. Bolt, é honesto em 100% do tempo, mesmo quando o assunto é mais delicado e que exige dele uma maior exposição: ao comentar sobre a necessidade de uma auto-motivação para se manter competitivo e confidenciar que isso parecia não ser mais tão impotente no final de sua carreira, temos a exata noção do que foi preciso fazer para ele se tornar esse atleta tão raro. Essa humanização é um presente para quem é capaz de criar paralelos com outras profissões e extrair a essência do que é querer ser o melhor (e conseguir).

O documentário nos ajuda a ter uma visão mais ampla do que é ser Usain Bolt - quase sempre em primeira pessoa. Em pouco menos que 120 minutos, percebemos, com muita proximidade, a importância de como determinados aspectos da vida do jamaicano, desde a infância no colégio de Trelawny até seu vínculo com os pais e amigos, ou a relação com os companheiros de equipe, seu treinador, Glenn Mills, o melhor amigo e empresário, Nugent Walker, e o agente, Ricky Simms; ajudaram a moldar seu caráter como ser humano, o diferenciando como atleta talentoso que sempre foi. São pouco depoimentos formais, é verdade, dando um aspecto quase caseiro aos vídeos, mas é de se elogiar como um recorte documental tão extenso se transformou em uma obra simplesmente imperdível para quem gosta de esporte e de biografia de atletas fora do normal.

Vale muito a pena!

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Só assistam esse documentário! É sério!

Primeiro porque você ficará com um sorriso no rosto em pelo menos uns 80% do filme e segundo por se tratar da história de um dos maiores fenômenos de um esporte em todos os tempos - eu diria inclusive que ele está no meu top 5 ao lado de Pelé, Jordan, Phelps e Brady. Dirigido pela dupla Ben e Gabe Turner, "I am Bolt" tem uma dinâmica narrativa extremamente fluida, ágil e interessante cinematograficamente, ou seja, é muito fácil mergulhar no universo de Bolt e se apaixonar ainda mais por um dos atletas mais carismáticos de uma geração.

Usain Bolt é, e será o homem mais veloz do mundo por muito tempo ainda. Ele é único atleta na história do atletismo a ser tricampeão em três modalidades de pista em Jogos Olímpicos consecutivamente. E a lista de vitórias na carreira não para por aí, mas a vida de Bolt não se resume a isto. Em "I am Bolt", o velocista jamaicano abre as portas para um universo que vai além das pistas, ele se apresenta como o Bolt amigo, filho, com muitos sonhos e desafios e, principalmente, como um ser humano que muitos acreditam nem ser possível existir. Confira o trailer (em inglês):

Talvez o maior mérito de "I am Bolt" seja a forma como o roteiro construiu a jornada do atleta. Aproveitando uma linha narrativa que prioriza o desafio que foi para ele chegar ao Rio em 2016 em condições de lutar por uma medalha de ouro, após uma temporada de muitas incertezas e contusões, o documentário traça paralelos com várias passagens muito marcantes da sua carreira, desde o inicio como campeão mundial juvenil até se transformar no fenômeno esportivo que simplesmente não deu chances aos adversários durante mais de 10 anos.

Embora o jornada esportiva seja o valor histórico relevante aqui, a maneira como Ben e Gabe permitiram que Bolt criasse sua própria visão cinematográfica sobre sua vida, gerou ótimos e descontraídos momentos que dificilmente um atleta se propõe a mostrar. Bolt, é honesto em 100% do tempo, mesmo quando o assunto é mais delicado e que exige dele uma maior exposição: ao comentar sobre a necessidade de uma auto-motivação para se manter competitivo e confidenciar que isso parecia não ser mais tão impotente no final de sua carreira, temos a exata noção do que foi preciso fazer para ele se tornar esse atleta tão raro. Essa humanização é um presente para quem é capaz de criar paralelos com outras profissões e extrair a essência do que é querer ser o melhor (e conseguir).

O documentário nos ajuda a ter uma visão mais ampla do que é ser Usain Bolt - quase sempre em primeira pessoa. Em pouco menos que 120 minutos, percebemos, com muita proximidade, a importância de como determinados aspectos da vida do jamaicano, desde a infância no colégio de Trelawny até seu vínculo com os pais e amigos, ou a relação com os companheiros de equipe, seu treinador, Glenn Mills, o melhor amigo e empresário, Nugent Walker, e o agente, Ricky Simms; ajudaram a moldar seu caráter como ser humano, o diferenciando como atleta talentoso que sempre foi. São pouco depoimentos formais, é verdade, dando um aspecto quase caseiro aos vídeos, mas é de se elogiar como um recorte documental tão extenso se transformou em uma obra simplesmente imperdível para quem gosta de esporte e de biografia de atletas fora do normal.

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Icahn: O Bilionário Incansável

Você certamente já ouviu falar de Warren Buffett - grande investidor (e filantropo) americano. Mas provavelmente o nome "Carl Icahn" ainda soe pouco familiar. Embora ambos sejam investidores de peso (e multi-bilionários) o modus operandi de cada um é bem particular e talvez esteja aí o grande valor do documentário da HBO, "Icahn: O Bilionário Incansável" -  apresentar de uma forma simples e direta mais uma estratégia de investimento que ajudou a construir um mito - sim, Carl Icahn é um mito e você vai entender a razão nesse filme de um pouco mais de 90 minutos.

Como a própria sinopse oficial descreve, "Icahn: The Restless Billionaire" (no original) fornece acesso sem precedentes à visão do provocativo e franco financista bilionário, Carl Icahn, explorando as fascinantes contradições de um incansável investidor que acumulou cerca de US$ 20 bilhões ao longo do último meio século e que está na vanguarda de alguns dos negócios mais lendários de nossos tempos, como Apple, Netflix, entre outros. Confira o trailer (em inglês):

A trajetória de Icahn se confunde com a história do capitalismo americano e isso por si só já é um dos grandes motivos para você que gosta do assunto assistir esse documentário dirigido (e escrito) pelo Bruce David Klein. O diretor explora com maestria toda essa jornada, desde sua entrada no mercado financeiro (em 1961), passando por sua participação na aquisição hostil da TWA até criar a gestora de investimentos Icahn Enterprises onde Icahn ganhou fama e força no mercado na década de 90 graças ao seu estilo, digamos, pouco amistoso com os CEOs das empresas em que investia.

Icahn sempre foi um personagem interessante, vindo de uma família judia e de poucos recursos, ele entendeu que poderia ganhar muito dinheiro graças a sua enorme capacidade de aprendizado - do pôquer ao seu estilo de investir em empresas em queda na bolsa.  É claro que sua personalidade impositiva (para ser educado) resultou em uma longa lista de disputas e animosidades - um dos casos mais marcantes de sua carreira foi uma discussão na TV, ao vivo, com o também investidor Bill Ackman, sobre a Herbalife - Ackman que recentemente comprou 1,1 bilhão de dólares de ações da Netflix (empresa que Icahn é o maior acionista). 

O único assunto que na minha opinião faltou no documentário diz respeito a breve trajetória de Icahn na política. Também cercada de polêmicas e desentendimentos, seu posicionamento ganhou destaque mundial na eleição de 2016, época em que ele fez parte da chapa do presidente eleito Donald Trump.

O fato é que "Icahn: O Bilionário Incansável" é um retrato importante do desenvolvimento econômico dos EUA, pelos olhos de Wall Street. Sem abrir mão de explorar os fracassos do protagonista e de seu relacionamento com a esposa Gail, o documentário traz ótimos depoimentos (como de Bill Gates e de Andrew Ross Sorkin, roteirista de "Grande Demais para Quebrar" e "Billions"), imagens de arquivo (inclusive pessoais) e, claro, a presença do próprio Carl Icahn que analisa em retrospectiva passagens importantes da sua carreira de sucesso.

Vale muito a pena!

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Você certamente já ouviu falar de Warren Buffett - grande investidor (e filantropo) americano. Mas provavelmente o nome "Carl Icahn" ainda soe pouco familiar. Embora ambos sejam investidores de peso (e multi-bilionários) o modus operandi de cada um é bem particular e talvez esteja aí o grande valor do documentário da HBO, "Icahn: O Bilionário Incansável" -  apresentar de uma forma simples e direta mais uma estratégia de investimento que ajudou a construir um mito - sim, Carl Icahn é um mito e você vai entender a razão nesse filme de um pouco mais de 90 minutos.

Como a própria sinopse oficial descreve, "Icahn: The Restless Billionaire" (no original) fornece acesso sem precedentes à visão do provocativo e franco financista bilionário, Carl Icahn, explorando as fascinantes contradições de um incansável investidor que acumulou cerca de US$ 20 bilhões ao longo do último meio século e que está na vanguarda de alguns dos negócios mais lendários de nossos tempos, como Apple, Netflix, entre outros. Confira o trailer (em inglês):

A trajetória de Icahn se confunde com a história do capitalismo americano e isso por si só já é um dos grandes motivos para você que gosta do assunto assistir esse documentário dirigido (e escrito) pelo Bruce David Klein. O diretor explora com maestria toda essa jornada, desde sua entrada no mercado financeiro (em 1961), passando por sua participação na aquisição hostil da TWA até criar a gestora de investimentos Icahn Enterprises onde Icahn ganhou fama e força no mercado na década de 90 graças ao seu estilo, digamos, pouco amistoso com os CEOs das empresas em que investia.

Icahn sempre foi um personagem interessante, vindo de uma família judia e de poucos recursos, ele entendeu que poderia ganhar muito dinheiro graças a sua enorme capacidade de aprendizado - do pôquer ao seu estilo de investir em empresas em queda na bolsa.  É claro que sua personalidade impositiva (para ser educado) resultou em uma longa lista de disputas e animosidades - um dos casos mais marcantes de sua carreira foi uma discussão na TV, ao vivo, com o também investidor Bill Ackman, sobre a Herbalife - Ackman que recentemente comprou 1,1 bilhão de dólares de ações da Netflix (empresa que Icahn é o maior acionista). 

O único assunto que na minha opinião faltou no documentário diz respeito a breve trajetória de Icahn na política. Também cercada de polêmicas e desentendimentos, seu posicionamento ganhou destaque mundial na eleição de 2016, época em que ele fez parte da chapa do presidente eleito Donald Trump.

O fato é que "Icahn: O Bilionário Incansável" é um retrato importante do desenvolvimento econômico dos EUA, pelos olhos de Wall Street. Sem abrir mão de explorar os fracassos do protagonista e de seu relacionamento com a esposa Gail, o documentário traz ótimos depoimentos (como de Bill Gates e de Andrew Ross Sorkin, roteirista de "Grande Demais para Quebrar" e "Billions"), imagens de arquivo (inclusive pessoais) e, claro, a presença do próprio Carl Icahn que analisa em retrospectiva passagens importantes da sua carreira de sucesso.

Vale muito a pena!

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Império dos Sonhos

Se tem uma coisa que o Disney+ vem nos proporcionando, é o acesso a documentários raros e que, embora muitos deles naturalmente datados, tem um conteúdo simplesmente espetacular. O "Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars" entra nessa prateleira e te adianto: é mais um daqueles "estudos de caso" que mais parecem um curso de MBA em empreendedorismo - mais ou menos como "A História do Imagineering". Emboraproduzido em 2004 para compor os “extras” do lançamento de uma edição especial da Trilogia Star Wars ainda em DVD, o documentário é mais uma imersão na visão e no comportamento de George Lucas do que uma história construída para os fãs da franquia. 

Em pouco menos de 150 minutos, os diretores Edith Becker e Kevin Burns, ambos de "Playboy: Inside the Playboy Mansion", nos conduzem pelos bastidores da criação da Trilogia Original de Star Wars, focando no processo de desenvolvimento, produção e lançamento de "Guerra nas Estrelas", o filme original de 1977, e depois, com um pouco menos de profundidade, mas não menos interessante, nas histórias de O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. Confira o trailer:

A partir do acesso aos arquivos da Lucasfilm e do próprio Lucas, Becker e Burns desenvolvem uma narrativa dinâmica e inteligente, mas sem inventar muita moda, ou seja, a partir de uma montagem cronológica simples, os diretores contam a história pelos olhos do seu criador e de vários personagens que transitaram pelas produções dos três filmes. O interessante - e aqui cabe um elogio: é que o documentário parte da visão inovadora, mas também estratégica de Lucas para pontuar a mudança dos paradigmas de Hollywood no início da década de 70, passando pelo seu trabalho na Universidade com o curta-metragem THX-1138 (que depois se transformou em um longa), depois pela pré-produção, produção e pós-produção de Guerra nas Estrelas, seguido pelo receio do seu lançamento até a transformação em uma espécie de fenômeno mundial instantâneo - o roteiro, aliás, é muito feliz ao fazer paralelos com a realidade social e cultural da época e assim tentar explicar toda essa jornada.

O roteirista Ed Singer também foi muito inteligente ao estabelecer sua linha narrativa em cima de uma novidade que foi o "Guerra nas Estrelas" e tudo que envolveu sua produção, para depois simplesmente pontuar o documentário com curiosidades dos outros dois filmes, como a criação do Mestre Yoda, as estratégias para evitar que vazasse a informação sobre a revelação de quem era o pai de Luke, os Ewoks, etc. Singer aproveita e traz para a história nomes como Ralph McQuarrie - artista que trabalhou na Boeing e foi capaz de criar o conceito visual para Gorge Lucas tentar convencer os Estúdios que valia a pena apoiar seu projeto eAlan Ladd Jr., então presidente da Fox, que convenceu a diretoria do Estúdio em financiar o primeiro filme (pouco mais de 8 milhões de dólares) e quem segurou as pontas quando o orçamento e os prazos estouraram nas mãos daquele jovem diretor.

O fato é que o "Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars" é um rico e delicioso documentário sobre uma franquia que ultrapassou os limites do cinema e se transformou em um dos mais festejados produtos da cultura pop através dos tempos. Da genialidade de George Lucas, conseguimos entender seu propósito como cineasta, mas também sua visão de negócios e de mercado como poucos tiveram até hoje.

Vale muito a pena!

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Se tem uma coisa que o Disney+ vem nos proporcionando, é o acesso a documentários raros e que, embora muitos deles naturalmente datados, tem um conteúdo simplesmente espetacular. O "Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars" entra nessa prateleira e te adianto: é mais um daqueles "estudos de caso" que mais parecem um curso de MBA em empreendedorismo - mais ou menos como "A História do Imagineering". Emboraproduzido em 2004 para compor os “extras” do lançamento de uma edição especial da Trilogia Star Wars ainda em DVD, o documentário é mais uma imersão na visão e no comportamento de George Lucas do que uma história construída para os fãs da franquia. 

Em pouco menos de 150 minutos, os diretores Edith Becker e Kevin Burns, ambos de "Playboy: Inside the Playboy Mansion", nos conduzem pelos bastidores da criação da Trilogia Original de Star Wars, focando no processo de desenvolvimento, produção e lançamento de "Guerra nas Estrelas", o filme original de 1977, e depois, com um pouco menos de profundidade, mas não menos interessante, nas histórias de O Império Contra-Ataca e O Retorno de Jedi. Confira o trailer:

A partir do acesso aos arquivos da Lucasfilm e do próprio Lucas, Becker e Burns desenvolvem uma narrativa dinâmica e inteligente, mas sem inventar muita moda, ou seja, a partir de uma montagem cronológica simples, os diretores contam a história pelos olhos do seu criador e de vários personagens que transitaram pelas produções dos três filmes. O interessante - e aqui cabe um elogio: é que o documentário parte da visão inovadora, mas também estratégica de Lucas para pontuar a mudança dos paradigmas de Hollywood no início da década de 70, passando pelo seu trabalho na Universidade com o curta-metragem THX-1138 (que depois se transformou em um longa), depois pela pré-produção, produção e pós-produção de Guerra nas Estrelas, seguido pelo receio do seu lançamento até a transformação em uma espécie de fenômeno mundial instantâneo - o roteiro, aliás, é muito feliz ao fazer paralelos com a realidade social e cultural da época e assim tentar explicar toda essa jornada.

O roteirista Ed Singer também foi muito inteligente ao estabelecer sua linha narrativa em cima de uma novidade que foi o "Guerra nas Estrelas" e tudo que envolveu sua produção, para depois simplesmente pontuar o documentário com curiosidades dos outros dois filmes, como a criação do Mestre Yoda, as estratégias para evitar que vazasse a informação sobre a revelação de quem era o pai de Luke, os Ewoks, etc. Singer aproveita e traz para a história nomes como Ralph McQuarrie - artista que trabalhou na Boeing e foi capaz de criar o conceito visual para Gorge Lucas tentar convencer os Estúdios que valia a pena apoiar seu projeto eAlan Ladd Jr., então presidente da Fox, que convenceu a diretoria do Estúdio em financiar o primeiro filme (pouco mais de 8 milhões de dólares) e quem segurou as pontas quando o orçamento e os prazos estouraram nas mãos daquele jovem diretor.

O fato é que o "Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars" é um rico e delicioso documentário sobre uma franquia que ultrapassou os limites do cinema e se transformou em um dos mais festejados produtos da cultura pop através dos tempos. Da genialidade de George Lucas, conseguimos entender seu propósito como cineasta, mas também sua visão de negócios e de mercado como poucos tiveram até hoje.

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Indústria Americana

"Indústria Americana" é um recorte dos mais interessantes sobre o que não se deve fazer em um processo de internacionalização de uma empresa (ou no caso de uma indústria). O documentário vencedor do Oscar de 2020 é tão bem construído que fica tão evidente o choque cultural que, sinceramente, é impossível definir quem é o mocinho e quem é o bandido - e isso nos provoca uma excelente reflexão, já que em grande parte da história ouvimos sempre os dois lados.

No Estado de Ohio, durante um grande momento pós-industrial, um chinês bilionário se aproveita de um terreno abandonado da General Motors para criar uma filial da sua empresa de vidros automotivos, Fuyao, com a intenção de realizar uma grande mudança no cenário de Dayton (e obviamente lucrar muito com isso), após milhares de pessoas perderem emprego. Com a contratação de mais de dois mil trabalhadores locais, as perspectivas para cidade se amplificam, porém a cultura corporativa dos dois países são muito diferentes e é nesse momento que os embates ficam ainda mais sérios. Confira o trailer:

É inegável que existe uma certa miopia americana sobre a importância cultural no resto do mundo - claro que isso vem mudando ao longo dos anos, mas aqui estamos falando de uma cidadezinha do interior de Ohio onde a memória afetiva do local está diretamente ligada a um símbolo do capitalismo americano: a GM. Imagine, no entanto, que graças a globalização, esse cenário passe a impactar diretamente no inconsciente coletivo já que agora, os nativos estão à mercê dos imigrantes. Opa, mas isso seria possível depois do eterno discurso sobre o "american way of life" que ajudou a construir uma sociedade onde os subempregos eram relegados aos imigrantes e não aos americanos?

É nessa dicotomia que "Indústria Americana", dos diretores Steven Bognar e Julia Reichert, tenta equilibrar a formalidade do assunto com um interesse "sincero" pelas vidas - e aqui não me soou um "filme denúncia" e sim uma provocação das mais pertinentes nos dias de hoje. Se os executivos americanos da filial chinesa não conseguem alinhar a nova cultura com seus próprios compatriotas, por que não trazer um executivo chinês para jogar na cara desses mesmos americanos que seu povo é, de fato, melhor e mais produtivo? Esses embates são muito bem conduzidos pelo roteiro e vai fazendo com que nossa opinião vá mudando a cada nova situação - e talvez a melhor conclusão seja que ambos os lados estavam certos dentro o seu contexto cultural, mas muito errados ao não olhar o "diferente".

Existe uma tendência do filme pintar os chineses como tipos desumanizados, capitalistas, opressores e robotizados pelo pensamento industrial, em contraponto ao calor amigável e familiar do americano do Centro-Oeste - o que traz uma ironia genial para a história. Quando Bognar e Reichert enxergam esse potencial, naturalmente eles se afastam do estilo espalhafatoso Michael Moore retratava os trabalhadores de colarinho azul nos seus primeiros documentários, e fortalecem sua identidade.

Se alguém ainda tiver dúvida sobre a importância da cultura dentro de uma organização e a necessidade de adaptações nos processos e na comunicação durante a internacionalização, não perca tempo e dê o play - esse documentário mostra "da pior forma possível" como as diferenças podem destruir uma enorme oportunidade (para os dois lados)!

Vale muito a pena!

Assista Agora

"Indústria Americana" é um recorte dos mais interessantes sobre o que não se deve fazer em um processo de internacionalização de uma empresa (ou no caso de uma indústria). O documentário vencedor do Oscar de 2020 é tão bem construído que fica tão evidente o choque cultural que, sinceramente, é impossível definir quem é o mocinho e quem é o bandido - e isso nos provoca uma excelente reflexão, já que em grande parte da história ouvimos sempre os dois lados.

No Estado de Ohio, durante um grande momento pós-industrial, um chinês bilionário se aproveita de um terreno abandonado da General Motors para criar uma filial da sua empresa de vidros automotivos, Fuyao, com a intenção de realizar uma grande mudança no cenário de Dayton (e obviamente lucrar muito com isso), após milhares de pessoas perderem emprego. Com a contratação de mais de dois mil trabalhadores locais, as perspectivas para cidade se amplificam, porém a cultura corporativa dos dois países são muito diferentes e é nesse momento que os embates ficam ainda mais sérios. Confira o trailer:

É inegável que existe uma certa miopia americana sobre a importância cultural no resto do mundo - claro que isso vem mudando ao longo dos anos, mas aqui estamos falando de uma cidadezinha do interior de Ohio onde a memória afetiva do local está diretamente ligada a um símbolo do capitalismo americano: a GM. Imagine, no entanto, que graças a globalização, esse cenário passe a impactar diretamente no inconsciente coletivo já que agora, os nativos estão à mercê dos imigrantes. Opa, mas isso seria possível depois do eterno discurso sobre o "american way of life" que ajudou a construir uma sociedade onde os subempregos eram relegados aos imigrantes e não aos americanos?

É nessa dicotomia que "Indústria Americana", dos diretores Steven Bognar e Julia Reichert, tenta equilibrar a formalidade do assunto com um interesse "sincero" pelas vidas - e aqui não me soou um "filme denúncia" e sim uma provocação das mais pertinentes nos dias de hoje. Se os executivos americanos da filial chinesa não conseguem alinhar a nova cultura com seus próprios compatriotas, por que não trazer um executivo chinês para jogar na cara desses mesmos americanos que seu povo é, de fato, melhor e mais produtivo? Esses embates são muito bem conduzidos pelo roteiro e vai fazendo com que nossa opinião vá mudando a cada nova situação - e talvez a melhor conclusão seja que ambos os lados estavam certos dentro o seu contexto cultural, mas muito errados ao não olhar o "diferente".

Existe uma tendência do filme pintar os chineses como tipos desumanizados, capitalistas, opressores e robotizados pelo pensamento industrial, em contraponto ao calor amigável e familiar do americano do Centro-Oeste - o que traz uma ironia genial para a história. Quando Bognar e Reichert enxergam esse potencial, naturalmente eles se afastam do estilo espalhafatoso Michael Moore retratava os trabalhadores de colarinho azul nos seus primeiros documentários, e fortalecem sua identidade.

Se alguém ainda tiver dúvida sobre a importância da cultura dentro de uma organização e a necessidade de adaptações nos processos e na comunicação durante a internacionalização, não perca tempo e dê o play - esse documentário mostra "da pior forma possível" como as diferenças podem destruir uma enorme oportunidade (para os dois lados)!

Vale muito a pena!

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Industry

"Industry", co-produção da BBC com a HBO, está mais para "Billions" do que para "Succession", no entanto, e é preciso que se diga, essa característica menos "premium" acaba não exigindo muito da audiência, deixando a experiência muito mais próxima do entretenimento despretensioso do que se a narrativa fosse construída em cima de camadas mais profundas e com personagens mais complexos. O que eu quero dizer, é que a série criada pela Lena Dunham (de "Girls") é daquelas que vamos acompanhando sem a necessidade de maratonar ou ficar revisitando outros episódios para entender a trama como um todo - "Industry" é divertida por ser ágil e envolvente, mesmo dentro de sua superficialidade (lembram dos bons tempos de "How To Get Away With Murder" ou de "Suits"?).

Aqui somos apresentados a uma perspectiva única do competitivo setor financeiro de Londres. A trama acompanha um grupo de jovens recém-formados em busca de sucesso, dinheiro e reconhecimento em um prestigioso banco de investimentos, o Pierpoint. "Industry" mergulha no submundo corporativo, expondo os desafios enfrentados por esses jovens profissionais enquanto lidam com ambição, rivalidade e dilemas éticos do dia a dia. Confira o trailer:

Citar "How To Get Away With Murder" não foi por acaso, pois "Industry" é basicamente construída em cima de quatro personagens-chave, na faixa dos vinte e poucos anos, que estão buscando se estabelecer profissionalmente custe o que custar - como dito no próprio roteiro: "fazer parte dos 3% no topo da pirâmide, enquanto são temidos por todos". É nesse contexto que passamos a entender, mais ou menos no quarto episódio (não desista antes disso), como o texto deseja trabalhar a riqueza de seus personagens, mesmo que apoiado em alguns estereótipos. Cada um dos protagonistas representam uma classe muito bem definida - seja socialmente, politicamente e até na orientação sexual. Obviamente que essas características geram motivações pessoais mais complexas devido ao ambiente onde a história acontece e é justamente por isso que os dilemas profissionais passam a nos impactar, deixando a narrativa ainda mais divertida.

A série apresenta uma diversidade muito bem-vinda como conflito narrativo, abordando questões relevantes sobre inclusão e representatividade no ambiente corporativo, sem ser didática demais. A atmosfera do Pierpoint se propõe a ser "uma recriação mais realista possível" do mercado financeiro de Londres - e para quem gosta desse universo, fica fácil se conectar. Eu diria até que é como se estivéssemos assistindo uma série baseada no filme "O Clube dos Meninos Bilionários" Com o play você passa a mergulhar em uma cultura corporativa tóxica, destacando a pressão implacável e o ritmo frenético que define esse universo, além de oferecer um olhar atento sobre as relações no ambiente de trabalho, demonstrando como as ambições individuais podem se chocar em um canário tão competitivo.

"Industry" é entretenimento puro. Uma série que cativa mais pelos temas contemporâneos e pela atmosfera imersiva, do que pela profundidade de sua trama ou de seus personagens. Mesmo que inicialmente os assuntos e as relações soem desconexos, tudo vai se ajustando durante a primeira temporada e a entrega passa a ser bem satisfatória, para não dizer viciante! Tem muito sexo, drogas, abusos psicológicos, traições; mas sempre com aquela ideia mais fantasiosa de que se trata de uma ficção e não de um recorte especifico da vida real, certo?

Vale seu play!

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"Industry", co-produção da BBC com a HBO, está mais para "Billions" do que para "Succession", no entanto, e é preciso que se diga, essa característica menos "premium" acaba não exigindo muito da audiência, deixando a experiência muito mais próxima do entretenimento despretensioso do que se a narrativa fosse construída em cima de camadas mais profundas e com personagens mais complexos. O que eu quero dizer, é que a série criada pela Lena Dunham (de "Girls") é daquelas que vamos acompanhando sem a necessidade de maratonar ou ficar revisitando outros episódios para entender a trama como um todo - "Industry" é divertida por ser ágil e envolvente, mesmo dentro de sua superficialidade (lembram dos bons tempos de "How To Get Away With Murder" ou de "Suits"?).

Aqui somos apresentados a uma perspectiva única do competitivo setor financeiro de Londres. A trama acompanha um grupo de jovens recém-formados em busca de sucesso, dinheiro e reconhecimento em um prestigioso banco de investimentos, o Pierpoint. "Industry" mergulha no submundo corporativo, expondo os desafios enfrentados por esses jovens profissionais enquanto lidam com ambição, rivalidade e dilemas éticos do dia a dia. Confira o trailer:

Citar "How To Get Away With Murder" não foi por acaso, pois "Industry" é basicamente construída em cima de quatro personagens-chave, na faixa dos vinte e poucos anos, que estão buscando se estabelecer profissionalmente custe o que custar - como dito no próprio roteiro: "fazer parte dos 3% no topo da pirâmide, enquanto são temidos por todos". É nesse contexto que passamos a entender, mais ou menos no quarto episódio (não desista antes disso), como o texto deseja trabalhar a riqueza de seus personagens, mesmo que apoiado em alguns estereótipos. Cada um dos protagonistas representam uma classe muito bem definida - seja socialmente, politicamente e até na orientação sexual. Obviamente que essas características geram motivações pessoais mais complexas devido ao ambiente onde a história acontece e é justamente por isso que os dilemas profissionais passam a nos impactar, deixando a narrativa ainda mais divertida.

A série apresenta uma diversidade muito bem-vinda como conflito narrativo, abordando questões relevantes sobre inclusão e representatividade no ambiente corporativo, sem ser didática demais. A atmosfera do Pierpoint se propõe a ser "uma recriação mais realista possível" do mercado financeiro de Londres - e para quem gosta desse universo, fica fácil se conectar. Eu diria até que é como se estivéssemos assistindo uma série baseada no filme "O Clube dos Meninos Bilionários" Com o play você passa a mergulhar em uma cultura corporativa tóxica, destacando a pressão implacável e o ritmo frenético que define esse universo, além de oferecer um olhar atento sobre as relações no ambiente de trabalho, demonstrando como as ambições individuais podem se chocar em um canário tão competitivo.

"Industry" é entretenimento puro. Uma série que cativa mais pelos temas contemporâneos e pela atmosfera imersiva, do que pela profundidade de sua trama ou de seus personagens. Mesmo que inicialmente os assuntos e as relações soem desconexos, tudo vai se ajustando durante a primeira temporada e a entrega passa a ser bem satisfatória, para não dizer viciante! Tem muito sexo, drogas, abusos psicológicos, traições; mas sempre com aquela ideia mais fantasiosa de que se trata de uma ficção e não de um recorte especifico da vida real, certo?

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Inspiration4 - Viagem Estelar

Seria muita ingenuidade acreditar que a minissérie documental da Netflix, "Inspiration4 - Viagem Estelar", não se trata de um entretenimento de marca da Space X de Elon Musk . O fato é que essa característica em momento algum deve ser observada como demérito, pois os cinco episódios são simplesmente sensacionais! Imagine, estamos testemunhando algo grandioso, que há pouco tempo soaria loucura - são quatro civis indo para o espaço, acima da estação espacial e ainda por três dias.

Em setembro de 2021, uma jovem tripulação se lançou ao espaço visando, aproximadamente, uma órbita de 575 km, voando mais longe da Terra do que qualquer ser humano desde o Hubble. Liderada e comandada por Jared Isaacman, fundador e CEO da Shift4 Payments, a missão SpaceX Dragon, chamada Inspiration4, fez história. Dirigida pelo vencedor do Emmy Award, Jason Hehir (The Last Dance), a produção teve acesso exclusivo à missão, mostrando os bastidores onde os quatro membros da tripulação arrecadaram fundos e conscientizaram as pessoas para o trabalho feito pelo St. Jude Children’s Research Hospital. De sua seleção não convencional ao treinamento intensivo para astronautas que durou meses, passando por momentos íntimos que antecederam a decolagem, acompanhamos os sonhos que se tornaram realidade - com todos os desafios mentais, físicos e emocionais que vieram junto com eles. Confira o trailer (em inglês):

Como em "The Last Dance", Hehir dá um verdadeiro show ao nos colocar ao lado de cada um dos escolhidos para a missão! Não se trata apenas de acompanhar o dia a dia dos tripulantes até o lançamento, mas sim de dividir seus sentimentos a cada nova etapa dessa preparação. A forma como o diretor construiu a narrativa, equilibrando depoimentos dos protagonistas com as histórias da conquista espacial e de quem participou (e participa) desse movimento, é simplesmente sensacional - eu diria que é uma aula de storytelling com toques de MBA de liderança.

"Inspiration4 - Viagem Estelar" é muito (mas, muito) bem produzida - reparem na qualidade da fotografia do diretor Thomas McCallum, na montagem de Kimberly Brown, Devin Concannon, Paul Frost e Gabriel Garton, e até, claro, na trilha sonora que é simplesmente perfeita. É impressionante como a união desses três elementos, mais a direção de Hehir, cria uma atmosfera de expectativa, insegurança, nostalgia e drama, tão emocional, que vivenciamos junto com os protagonistas toda essa jornada única. Olha, não será uma ou duas vezes que você se emocionará - a história de Hayley Arceneaux, por exemplo, é de uma humanidade que acerta em cheio nosso coração!

Aliás, não só a formação da tripulação como a construção do elenco para a minissérie, é algo de se aplaudir de pé - temos tantos pontos para comentar, elogiar e discutir que só colabora com a afirmação de que essa minissérie é realmente imperdível.

Uma curiosidade que pode parecer irrelevante em tempos de streaming, mas que merece ser mencionada: essa produção foi desenvolvida pelaTIME Studios em parceria com a Known, e distribuída exclusivamente pela Netflix em um formato pouco usual para a plataforma: os dois primeiros episódios foram disponibilizados no seu lançamento (dia 6), os outros dois foram lançados uma semana depois e o capítulo final apenas no dia 30 de setembro - e você sabe o que aconteceu entre os dias 13 e 30 de setembro? A viagem espacial que justamente estava sendo documentada ou seja, quem acompanhou a história com base no dia dos lançamentos dos episódios teve a experiência de curtir a jornada da Inspiration4 quase em tempo real. Sensacional!

Vale muito seu play!

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Seria muita ingenuidade acreditar que a minissérie documental da Netflix, "Inspiration4 - Viagem Estelar", não se trata de um entretenimento de marca da Space X de Elon Musk . O fato é que essa característica em momento algum deve ser observada como demérito, pois os cinco episódios são simplesmente sensacionais! Imagine, estamos testemunhando algo grandioso, que há pouco tempo soaria loucura - são quatro civis indo para o espaço, acima da estação espacial e ainda por três dias.

Em setembro de 2021, uma jovem tripulação se lançou ao espaço visando, aproximadamente, uma órbita de 575 km, voando mais longe da Terra do que qualquer ser humano desde o Hubble. Liderada e comandada por Jared Isaacman, fundador e CEO da Shift4 Payments, a missão SpaceX Dragon, chamada Inspiration4, fez história. Dirigida pelo vencedor do Emmy Award, Jason Hehir (The Last Dance), a produção teve acesso exclusivo à missão, mostrando os bastidores onde os quatro membros da tripulação arrecadaram fundos e conscientizaram as pessoas para o trabalho feito pelo St. Jude Children’s Research Hospital. De sua seleção não convencional ao treinamento intensivo para astronautas que durou meses, passando por momentos íntimos que antecederam a decolagem, acompanhamos os sonhos que se tornaram realidade - com todos os desafios mentais, físicos e emocionais que vieram junto com eles. Confira o trailer (em inglês):

Como em "The Last Dance", Hehir dá um verdadeiro show ao nos colocar ao lado de cada um dos escolhidos para a missão! Não se trata apenas de acompanhar o dia a dia dos tripulantes até o lançamento, mas sim de dividir seus sentimentos a cada nova etapa dessa preparação. A forma como o diretor construiu a narrativa, equilibrando depoimentos dos protagonistas com as histórias da conquista espacial e de quem participou (e participa) desse movimento, é simplesmente sensacional - eu diria que é uma aula de storytelling com toques de MBA de liderança.

"Inspiration4 - Viagem Estelar" é muito (mas, muito) bem produzida - reparem na qualidade da fotografia do diretor Thomas McCallum, na montagem de Kimberly Brown, Devin Concannon, Paul Frost e Gabriel Garton, e até, claro, na trilha sonora que é simplesmente perfeita. É impressionante como a união desses três elementos, mais a direção de Hehir, cria uma atmosfera de expectativa, insegurança, nostalgia e drama, tão emocional, que vivenciamos junto com os protagonistas toda essa jornada única. Olha, não será uma ou duas vezes que você se emocionará - a história de Hayley Arceneaux, por exemplo, é de uma humanidade que acerta em cheio nosso coração!

Aliás, não só a formação da tripulação como a construção do elenco para a minissérie, é algo de se aplaudir de pé - temos tantos pontos para comentar, elogiar e discutir que só colabora com a afirmação de que essa minissérie é realmente imperdível.

Uma curiosidade que pode parecer irrelevante em tempos de streaming, mas que merece ser mencionada: essa produção foi desenvolvida pelaTIME Studios em parceria com a Known, e distribuída exclusivamente pela Netflix em um formato pouco usual para a plataforma: os dois primeiros episódios foram disponibilizados no seu lançamento (dia 6), os outros dois foram lançados uma semana depois e o capítulo final apenas no dia 30 de setembro - e você sabe o que aconteceu entre os dias 13 e 30 de setembro? A viagem espacial que justamente estava sendo documentada ou seja, quem acompanhou a história com base no dia dos lançamentos dos episódios teve a experiência de curtir a jornada da Inspiration4 quase em tempo real. Sensacional!

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Inventando Anna

O grande segredo para você não se decepcionar ao assistir "Inventando Anna" está no alinhamento de expectativas. Veja, a minissérie da Netflix é muito boa, mas não tem uma narrativa realista, tão comum em projetos que usam os elementos documentais de "true crime" para simular a veracidade na ficção. Não, "Inventando Anna" não se propõe a ser um mergulho profundo na mente da protagonista (mesmo sugerindo), a minissérie é dinâmica, divertida, mas entretenimento puro - bem no estilo da sua criadora, Shonda Rhimes (de "Grey’s Anatomy", "How to Get Away with Murder" e "Scandal").

A minissérie acompanha a jornalista Vivian (Anna Chlumsky) enquanto ela investiga a glamourosa e misteriosa Anna Delvey (Julia Garner), uma jovem socialite que tem uma vida de luxos e festas e que se apresenta como uma herdeira alemã milionária, mas que na verdade utiliza dessa fachada para dar inúmeros golpes em bancos e jovens ricos. Depois que os golpes de Anna são expostos e ela acaba sendo processada e presa, Vivian decide contar a história de como Anna conseguiu se tornar uma das maiores figuras da elite burguesa de Nova Iorque mesmo vindo de origem pobre. Confira o trailer:

Você não vai precisar de mais que dois episódios para perceber que "Inventando Anna" poderia, tranquilamente, ser um spin-off de "Gossip Girl" - e não falo isso com demérito, pois a dinâmica imposta por Rhimes, embora nada original, funciona muito bem e diverte. Existe um mood mais jovem na narrativa, sempre pontuada com uma trilha sonora moderninha e interpretações mais caricatas. Eu sei que pode parecer que estou criticando a minissérie, mas não é o caso, porém o estilo escolhido para contar uma história real como essa, pode não agradar quem procura por algo, digamos, mais sério.

Com uma aplicação gráfica criativa, recebemos um aviso no inicio de cada episódio: Esta história é completamente verdadeira. Exceto pelas partes que foram totalmente inventadas”. Baseada em uma publicação da jornalistaJessica Pressler da revista "New York", "Inventando Anna" transita muito bem entre o "fato" e o "conto" em um dos temas mais interessantes na construção de uma narrativa envolvente e que fomenta muita curiosidade para audiência: como o anti-herói conseguiu enganar tanta gente e viver de uma forma que "eu" gostaria de viver, mas dificilmente vou conseguir trabalhando honestamente (por favor, entendam a ironia da afirmação). A maneira como essa premissa nos provoca, reflete exatamente nosso sentimento ao assistir a minissérie: nunca sabemos para quem torcer, quem está certo, errado, o que faríamos em determinada situação - e é esse o charme da experiência, basta reparar no sucesso que "O Golpista do Tinder" fez recentemente.

Muito bem produzida e com Julia Garner (de "Ozark") brilhando, "Inventando Anna" é um retrato de uma sociedade instagramável - vimos isso em "Fake Famous" e em "As Faces da Marca". Mas as referências não param por aí: picaretas que lesaram muita gente também são citados durante os episódios dentro de um contexto que deixa claro como Anna tinha o dom do convencimento. Ela era uma mistura de Elizabeth Holmes (do ótimo e imperdível "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício") com Billy McFarland (criador do "Fyre Festival") - esse último, inclusive, era amigo de Anna e é muito citado na história.

O fato é que "Inventando Anna" é fácil de assistir, diverte de verdade e não cansa. Mesmo com uma falta de unidade na estrutura narrativa, você sempre vai encontrar um artificio visual para renovar sua atenção, seja uma tela dividida, um freeze frame,um corte rápido que te leva para um flashback, uma quebra de linha temporal entre passado e presente na mesma cena. São 9 episódios, mas poderiam ser 7. Os dois últimos focam no julgamento, mas poderiam ser resolvidos com algumas legendas na tela preta, mas como isso não seria um "Shonda Rhimes" acabamos embarcando na proposta.

Antes de finalizar, um detalhe importante: boas atrizes são aquelas que aparecem nos mínimos movimentos e na introspecção de uma ação carregada de sentimento - reparem na cena em que Anna, sem dinheiro algum e sozinha, está no metro e encontra um saco com fast food.Veja como Julia Garner se relaciona com aquela situação e com que prazer que ela come a batata frita - tudo isso sem dizer uma só palavra! Lindo!

Se você chegou até aqui, pode dar o play, você vai se divertir!

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O grande segredo para você não se decepcionar ao assistir "Inventando Anna" está no alinhamento de expectativas. Veja, a minissérie da Netflix é muito boa, mas não tem uma narrativa realista, tão comum em projetos que usam os elementos documentais de "true crime" para simular a veracidade na ficção. Não, "Inventando Anna" não se propõe a ser um mergulho profundo na mente da protagonista (mesmo sugerindo), a minissérie é dinâmica, divertida, mas entretenimento puro - bem no estilo da sua criadora, Shonda Rhimes (de "Grey’s Anatomy", "How to Get Away with Murder" e "Scandal").

A minissérie acompanha a jornalista Vivian (Anna Chlumsky) enquanto ela investiga a glamourosa e misteriosa Anna Delvey (Julia Garner), uma jovem socialite que tem uma vida de luxos e festas e que se apresenta como uma herdeira alemã milionária, mas que na verdade utiliza dessa fachada para dar inúmeros golpes em bancos e jovens ricos. Depois que os golpes de Anna são expostos e ela acaba sendo processada e presa, Vivian decide contar a história de como Anna conseguiu se tornar uma das maiores figuras da elite burguesa de Nova Iorque mesmo vindo de origem pobre. Confira o trailer:

Você não vai precisar de mais que dois episódios para perceber que "Inventando Anna" poderia, tranquilamente, ser um spin-off de "Gossip Girl" - e não falo isso com demérito, pois a dinâmica imposta por Rhimes, embora nada original, funciona muito bem e diverte. Existe um mood mais jovem na narrativa, sempre pontuada com uma trilha sonora moderninha e interpretações mais caricatas. Eu sei que pode parecer que estou criticando a minissérie, mas não é o caso, porém o estilo escolhido para contar uma história real como essa, pode não agradar quem procura por algo, digamos, mais sério.

Com uma aplicação gráfica criativa, recebemos um aviso no inicio de cada episódio: Esta história é completamente verdadeira. Exceto pelas partes que foram totalmente inventadas”. Baseada em uma publicação da jornalistaJessica Pressler da revista "New York", "Inventando Anna" transita muito bem entre o "fato" e o "conto" em um dos temas mais interessantes na construção de uma narrativa envolvente e que fomenta muita curiosidade para audiência: como o anti-herói conseguiu enganar tanta gente e viver de uma forma que "eu" gostaria de viver, mas dificilmente vou conseguir trabalhando honestamente (por favor, entendam a ironia da afirmação). A maneira como essa premissa nos provoca, reflete exatamente nosso sentimento ao assistir a minissérie: nunca sabemos para quem torcer, quem está certo, errado, o que faríamos em determinada situação - e é esse o charme da experiência, basta reparar no sucesso que "O Golpista do Tinder" fez recentemente.

Muito bem produzida e com Julia Garner (de "Ozark") brilhando, "Inventando Anna" é um retrato de uma sociedade instagramável - vimos isso em "Fake Famous" e em "As Faces da Marca". Mas as referências não param por aí: picaretas que lesaram muita gente também são citados durante os episódios dentro de um contexto que deixa claro como Anna tinha o dom do convencimento. Ela era uma mistura de Elizabeth Holmes (do ótimo e imperdível "A Inventora: À Procura de Sangue no Vale do Silício") com Billy McFarland (criador do "Fyre Festival") - esse último, inclusive, era amigo de Anna e é muito citado na história.

O fato é que "Inventando Anna" é fácil de assistir, diverte de verdade e não cansa. Mesmo com uma falta de unidade na estrutura narrativa, você sempre vai encontrar um artificio visual para renovar sua atenção, seja uma tela dividida, um freeze frame,um corte rápido que te leva para um flashback, uma quebra de linha temporal entre passado e presente na mesma cena. São 9 episódios, mas poderiam ser 7. Os dois últimos focam no julgamento, mas poderiam ser resolvidos com algumas legendas na tela preta, mas como isso não seria um "Shonda Rhimes" acabamos embarcando na proposta.

Antes de finalizar, um detalhe importante: boas atrizes são aquelas que aparecem nos mínimos movimentos e na introspecção de uma ação carregada de sentimento - reparem na cena em que Anna, sem dinheiro algum e sozinha, está no metro e encontra um saco com fast food.Veja como Julia Garner se relaciona com aquela situação e com que prazer que ela come a batata frita - tudo isso sem dizer uma só palavra! Lindo!

Se você chegou até aqui, pode dar o play, você vai se divertir!

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John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo

Sua definição de "pirado" vai mudar depois que você assistir o documentário da Netflix "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo". É sério, McAfee (aquele mesmo do antivírus que todo mundo usava quando os PCs ainda dominavam o mundo) faz CEOs excêntricos como Adam Neumann da WeWork e Travis Kalanick da UBER parecerem ter saído do jardim da infância!

"Running With The Devil: The Wild World Of John McAfee" (no original) conta em pouco menos de duas horas, toda a jornada do milionário e gênio da tecnologia John McAfee durante os anos em que viveu como foragido da justiça, acusado, inclusive, de assassinato. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo Charlie Russell (de "Chris Packham: Asperger's and Me") esse documentário traz cenas e entrevistas inéditas (e surpreendentes) sobre alguns dos momentos mais conturbados da vida deMcAfee. Com uma edição primorosa do Joby Gee, Russell se aproveita de um material riquíssimo produzido pela "Vice" pouco mais de dez anos atrás, que resultou em uma estreita relação de amizade entre o próprio McAfee e um videomaker que anos depois voltou a captar em imagens, a loucura e o comportamento cheio de abusos do protagonista até ele ser preso na Espanha em outubro de 2020.

Um dos pioneiros da indústria da segurança digital, o criador do antivírus que até hoje ainda leva seu nome, se tornou milionário quando sua empresa foi vendida para a Intel em um negócio de US$ 7,6 bilhões. A partir daí, McAfee passou a viver no limite, com direito a envolvimento com drogas pesadas, álcool e prostituição - sua última esposa, inclusive, era prostituta. Porém a questão mais presente em "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" diz respeito a sua fuga de Belize para Guatemala quando foi acusado de assassinar seu vizinho, Gregory Faull, com um tiro na nuca - o crime, inclusive, que nunca foi solucionado. Essa passagem foi só o gatilho para as inúmeras paranóias (ou não) e teorias da conspiração que fizeram McAfee praticamente viver em águas internacionais com medo de ser morto.

Embora o documentário seja muito competente em explorar esse recorte específico, citando rapidamente outras polêmicas em que McAfee esteve envolvido, temos a sensação que o personagem merecia uma obra mais completa - talvez uma minissérie que se aprofundasse em temas como a derrocada de sua fortuna, os embates com a Intel para que a empresa desvinculasse o seu nome do antivírus, a pretensão de se tornar presidente dos EUA e os outros investimentos que ele fez em startups que foram mal sucedidas - o cara foi de antibióticos naturais à criptomoedas, para você ter uma ideia.

"John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" é um documentário dinâmico, bem construído e muito interessante - um mergulho no intimo de um personagem único e que foi capaz de transitar entre a genialidade e o caos com a mesma competência. Vale muito o seu play!

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Sua definição de "pirado" vai mudar depois que você assistir o documentário da Netflix "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo". É sério, McAfee (aquele mesmo do antivírus que todo mundo usava quando os PCs ainda dominavam o mundo) faz CEOs excêntricos como Adam Neumann da WeWork e Travis Kalanick da UBER parecerem ter saído do jardim da infância!

"Running With The Devil: The Wild World Of John McAfee" (no original) conta em pouco menos de duas horas, toda a jornada do milionário e gênio da tecnologia John McAfee durante os anos em que viveu como foragido da justiça, acusado, inclusive, de assassinato. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo Charlie Russell (de "Chris Packham: Asperger's and Me") esse documentário traz cenas e entrevistas inéditas (e surpreendentes) sobre alguns dos momentos mais conturbados da vida deMcAfee. Com uma edição primorosa do Joby Gee, Russell se aproveita de um material riquíssimo produzido pela "Vice" pouco mais de dez anos atrás, que resultou em uma estreita relação de amizade entre o próprio McAfee e um videomaker que anos depois voltou a captar em imagens, a loucura e o comportamento cheio de abusos do protagonista até ele ser preso na Espanha em outubro de 2020.

Um dos pioneiros da indústria da segurança digital, o criador do antivírus que até hoje ainda leva seu nome, se tornou milionário quando sua empresa foi vendida para a Intel em um negócio de US$ 7,6 bilhões. A partir daí, McAfee passou a viver no limite, com direito a envolvimento com drogas pesadas, álcool e prostituição - sua última esposa, inclusive, era prostituta. Porém a questão mais presente em "John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" diz respeito a sua fuga de Belize para Guatemala quando foi acusado de assassinar seu vizinho, Gregory Faull, com um tiro na nuca - o crime, inclusive, que nunca foi solucionado. Essa passagem foi só o gatilho para as inúmeras paranóias (ou não) e teorias da conspiração que fizeram McAfee praticamente viver em águas internacionais com medo de ser morto.

Embora o documentário seja muito competente em explorar esse recorte específico, citando rapidamente outras polêmicas em que McAfee esteve envolvido, temos a sensação que o personagem merecia uma obra mais completa - talvez uma minissérie que se aprofundasse em temas como a derrocada de sua fortuna, os embates com a Intel para que a empresa desvinculasse o seu nome do antivírus, a pretensão de se tornar presidente dos EUA e os outros investimentos que ele fez em startups que foram mal sucedidas - o cara foi de antibióticos naturais à criptomoedas, para você ter uma ideia.

"John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo" é um documentário dinâmico, bem construído e muito interessante - um mergulho no intimo de um personagem único e que foi capaz de transitar entre a genialidade e o caos com a mesma competência. Vale muito o seu play!

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King Richard

Essa era uma história que merecia ser contada - e o interessante é que o protagonista não é exatamente um personagem que já conhecemos ou admiramos pela sua obra ou conquistas, embora essa percepção esteja completamente errada já que seu nome está diretamente ligado a dois fenômenos do esporte mundial: Venus e Serena Williams.

Motivado por uma visão clara do futuro brilhante de suas talentosas filhas e empregando métodos próprios e nada convencionais de treinamento, Richard (Will Smith) cria um plano detalhado para levar Venus e Serena Williams, das ruas de Compton, na Califórnia, para as quadras de todo o mundo, como lendas vivas do tênis. Profundamente comovente, o filme retrata a importância da família, da perseverança, do trabalho duro e da fé inabalável como instrumentos para alcançar o que para muitos parecia impossível e assim transformar para sempre a história de um esporte considerado até ali, branco e elitista. Confira o trailer:

Obviamente que assistimos esse excelente filme com aquela confortável sensação de que tudo vai dar certo no final, pois já conhecemos (mesmo que muitos superficialmente) a história de sucesso e o que vieram a representar Venus e Serena para o esporte mundial. Portanto, "King Richard" (que no Brasil ganhou o sugestivo e dispensável subtítulo de "Criando Campeãs") se trata de um filme sobre o que representou "a jornada" e não necessariamente "as conquistas"! O interessante, e um dos grandes acertos do roteiro, foi que o filme transformou essa jornada em um recorte bastante claro e importante de onde a trama poderia nos levar (e aqui assunto não é o esporte): o fato de termos duas personagens com um futuro brilhante pela frente, em momento algum impediu que o personagem título brilhasse - o foco é realmente o homem que nunca deixou de acreditar, de lutar, que errava tentando acertar e que, em muitos momentos, convivia com o medo de falhar como pai. Essa construção de camadas do personagem, brilhantemente interpretado por Smith, foi um verdadeiro golaço do roteirista estreante Zach Baylin (que vai assinar "Creed III" e que pode até surpreender como um dos indicados no próximo Oscar por esse trabalho).

Além de Will Smith, todo o elenco está impecável - é praticamente impossível não se apaixonar e depois torcer muito para as meninas tamanho é o carisma que a dinâmica familiar dos Williams traz. Saniyya Sidney como Venus e Demi Singleton como Serena são (e estão) incríveis, além, é claro, de mais um belíssimo trabalho da Aunjanue Ellis como Oracene 'Brandy' Williams. Existe um certo equilíbrio entre a leveza e a profundidade em diálogos que não fogem, em nenhum momento, de discussões duras (e delicadas) sobre racismo e desigualdade social - e esse mérito, sem dúvida, deve ser creditado aos atores.

Veja, o recente "O Quinto Set" também trabalha com muito cuidado e sensibilidade os dramas vividos pelos atletas e suas relações familiares fora das quadras (até com um tom mais independente da narrativa), mas talvez se distancie de "King Richard" por se tratar de uma obra de ficção - mesmo sendo cruelmente realista. Porém, também é preciso que se diga que o conceito visual da produção francesa, especialmente nos embates dentro das quadras, são infinitamente superiores ao que vemos aqui sob o comando do diretor Reinaldo Marcus Green. Essa talvez seja a única lacuna que "King Richard – Criando Campeãs" não conseguiu preencher - funciona bem no drama, mas perde no impacto visual da ação.

Cheio de curiosidades sobre os bastidores do tênis, o filme vai dialogar da mesma forma com aqueles que acompanham (e conhecem) o esporte e com outros que apenas se identificam com histórias de superação. Existe muita emoção na narrativa, algumas frases de efeito e um pouco de romantismo perante a jornada, mas te garanto: tudo isso funciona perfeitamente e só soma para a deliciosa experiência que é acompanhar a história de Richard e de Venus - o que deixa um enorme desafio pela frente: quem será capaz e quando a história de Serena será contada - porque o sarrafo agora está bem alto!

Vale cada segundo!

Up-date: "King Richard" foi indicado em seis categorias no Oscar 2022, ganhando em Melhor Ator.

Assista Agora

Essa era uma história que merecia ser contada - e o interessante é que o protagonista não é exatamente um personagem que já conhecemos ou admiramos pela sua obra ou conquistas, embora essa percepção esteja completamente errada já que seu nome está diretamente ligado a dois fenômenos do esporte mundial: Venus e Serena Williams.

Motivado por uma visão clara do futuro brilhante de suas talentosas filhas e empregando métodos próprios e nada convencionais de treinamento, Richard (Will Smith) cria um plano detalhado para levar Venus e Serena Williams, das ruas de Compton, na Califórnia, para as quadras de todo o mundo, como lendas vivas do tênis. Profundamente comovente, o filme retrata a importância da família, da perseverança, do trabalho duro e da fé inabalável como instrumentos para alcançar o que para muitos parecia impossível e assim transformar para sempre a história de um esporte considerado até ali, branco e elitista. Confira o trailer:

Obviamente que assistimos esse excelente filme com aquela confortável sensação de que tudo vai dar certo no final, pois já conhecemos (mesmo que muitos superficialmente) a história de sucesso e o que vieram a representar Venus e Serena para o esporte mundial. Portanto, "King Richard" (que no Brasil ganhou o sugestivo e dispensável subtítulo de "Criando Campeãs") se trata de um filme sobre o que representou "a jornada" e não necessariamente "as conquistas"! O interessante, e um dos grandes acertos do roteiro, foi que o filme transformou essa jornada em um recorte bastante claro e importante de onde a trama poderia nos levar (e aqui assunto não é o esporte): o fato de termos duas personagens com um futuro brilhante pela frente, em momento algum impediu que o personagem título brilhasse - o foco é realmente o homem que nunca deixou de acreditar, de lutar, que errava tentando acertar e que, em muitos momentos, convivia com o medo de falhar como pai. Essa construção de camadas do personagem, brilhantemente interpretado por Smith, foi um verdadeiro golaço do roteirista estreante Zach Baylin (que vai assinar "Creed III" e que pode até surpreender como um dos indicados no próximo Oscar por esse trabalho).

Além de Will Smith, todo o elenco está impecável - é praticamente impossível não se apaixonar e depois torcer muito para as meninas tamanho é o carisma que a dinâmica familiar dos Williams traz. Saniyya Sidney como Venus e Demi Singleton como Serena são (e estão) incríveis, além, é claro, de mais um belíssimo trabalho da Aunjanue Ellis como Oracene 'Brandy' Williams. Existe um certo equilíbrio entre a leveza e a profundidade em diálogos que não fogem, em nenhum momento, de discussões duras (e delicadas) sobre racismo e desigualdade social - e esse mérito, sem dúvida, deve ser creditado aos atores.

Veja, o recente "O Quinto Set" também trabalha com muito cuidado e sensibilidade os dramas vividos pelos atletas e suas relações familiares fora das quadras (até com um tom mais independente da narrativa), mas talvez se distancie de "King Richard" por se tratar de uma obra de ficção - mesmo sendo cruelmente realista. Porém, também é preciso que se diga que o conceito visual da produção francesa, especialmente nos embates dentro das quadras, são infinitamente superiores ao que vemos aqui sob o comando do diretor Reinaldo Marcus Green. Essa talvez seja a única lacuna que "King Richard – Criando Campeãs" não conseguiu preencher - funciona bem no drama, mas perde no impacto visual da ação.

Cheio de curiosidades sobre os bastidores do tênis, o filme vai dialogar da mesma forma com aqueles que acompanham (e conhecem) o esporte e com outros que apenas se identificam com histórias de superação. Existe muita emoção na narrativa, algumas frases de efeito e um pouco de romantismo perante a jornada, mas te garanto: tudo isso funciona perfeitamente e só soma para a deliciosa experiência que é acompanhar a história de Richard e de Venus - o que deixa um enorme desafio pela frente: quem será capaz e quando a história de Serena será contada - porque o sarrafo agora está bem alto!

Vale cada segundo!

Up-date: "King Richard" foi indicado em seis categorias no Oscar 2022, ganhando em Melhor Ator.

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