"Era uma vez um sonho" é um filme que chegou sem muito barulho na Netflix e que apanhou muito da critica, na minha opinião, injustamente. A estrutura narrativa e o tema que movimenta a história tem como base o peso que o ciclos geracionais trazem para vida de um personagem - tudo muito parecido com o excelente "O Castelo de Vidro", embora sem a mesma profundidade e força dramática.
A filme conta a história real de J.D. Vance (Gabriel Basso) um jovem promissor que tenta vencer sua origem humilde para ingressar na prestigiada Universidade de Yale e se formar em Direito, mas vê seu sonho ameaçado quando recebe uma ligação de sua irmã Lindsay (Haley Bennett) contando que sua mãe, Beverly (Amy Adams), teve uma overdose de heroína. No caminho de volta para sua terra natal, Vance relembra sua vida através de três gerações: a de sua mãe, de sua avó Mamaw (Glenn Close) e sua própria e de sua irmã. Confira o trailer:
Definir o filme como uma peça política por ter tido seu relato disputado por democratas e republicanos, competindo pela narrativa exposta no livro lançado em 2016, é de uma limitação sem tamanho. Entender que essa mesma narrativa se baseia em provar que o chamado “sonho americano” está vivo e que todos podem conquistá-lo se batalharem bastante é tão frágil quanto a tese de que a história mostra exatamente o fundo do poço no qual estava a nação norte-americana que elegeu o (ex)presidente Donald Trump na época. Esquece! O filme pode ter as duas interpretações, porém, ambas, estão na camada mais superficial (e tendenciosa) da história. Tanto a direção de Ron Howard, quanto o roteiro de Vanessa Taylor, mesmo com algumas falhas conceituais, buscam algo muito mais intimista - um olhar para o passado, cheio de cicatrizes profundas, e a possibilidade de quebrar a repetição de padrões familiares que, pouco a pouco, destruiram todos daquela família.
Amy Adams e Glenn Close dão um show de interpretação - que rendeu mais uma indicação ao Oscar de Atriz Coadjuvante para Close e outra ignorada para o trabalho de Adams. Sério, as duas estão impecáveis - e aqui cabe um comentário: "Era uma vez um sonho" recebeu mais uma indicação ao Oscar 2021, o de "Cabelo e Maquiagem", elemento vital para a construção da personagem de Glenn Close. Ao ver os vídeos reais de J.D. Vance no final do filme, percebemos que a vó Mamaw é, de fato, a atriz. Impressionante a semelhança! Ah, antes de seguir, é preciso comentar sobre o trabalho de Owen Asztalos (o J.D. Vance jovem): ele também merece todos os elogios.
É fato que "Era uma vez um sonho" tinha pretensões maiores para a temporada de premiações e não só as dezenas de indicações que Glenn Close recebeu, mas olhando em perspectiva, nesse mundo polarizado que estamos vivendo, é até natural o distanciamento do público americano (e da Academia) por uma história biográfica tão complexa ideologicamente e que merecia ser contada, da forma que foi. Eu diria que vale muito a pena, desde que você se permita (e para nós isso será mais fácil) enxergar além dos esteriótipos regionais e assim encarar o que realmente importa: o significado de deixar nossos fantasmas para trás quando é necessário seguir nosso caminho olhando para frente!
"Era uma vez um sonho" é um filme que chegou sem muito barulho na Netflix e que apanhou muito da critica, na minha opinião, injustamente. A estrutura narrativa e o tema que movimenta a história tem como base o peso que o ciclos geracionais trazem para vida de um personagem - tudo muito parecido com o excelente "O Castelo de Vidro", embora sem a mesma profundidade e força dramática.
A filme conta a história real de J.D. Vance (Gabriel Basso) um jovem promissor que tenta vencer sua origem humilde para ingressar na prestigiada Universidade de Yale e se formar em Direito, mas vê seu sonho ameaçado quando recebe uma ligação de sua irmã Lindsay (Haley Bennett) contando que sua mãe, Beverly (Amy Adams), teve uma overdose de heroína. No caminho de volta para sua terra natal, Vance relembra sua vida através de três gerações: a de sua mãe, de sua avó Mamaw (Glenn Close) e sua própria e de sua irmã. Confira o trailer:
Definir o filme como uma peça política por ter tido seu relato disputado por democratas e republicanos, competindo pela narrativa exposta no livro lançado em 2016, é de uma limitação sem tamanho. Entender que essa mesma narrativa se baseia em provar que o chamado “sonho americano” está vivo e que todos podem conquistá-lo se batalharem bastante é tão frágil quanto a tese de que a história mostra exatamente o fundo do poço no qual estava a nação norte-americana que elegeu o (ex)presidente Donald Trump na época. Esquece! O filme pode ter as duas interpretações, porém, ambas, estão na camada mais superficial (e tendenciosa) da história. Tanto a direção de Ron Howard, quanto o roteiro de Vanessa Taylor, mesmo com algumas falhas conceituais, buscam algo muito mais intimista - um olhar para o passado, cheio de cicatrizes profundas, e a possibilidade de quebrar a repetição de padrões familiares que, pouco a pouco, destruiram todos daquela família.
Amy Adams e Glenn Close dão um show de interpretação - que rendeu mais uma indicação ao Oscar de Atriz Coadjuvante para Close e outra ignorada para o trabalho de Adams. Sério, as duas estão impecáveis - e aqui cabe um comentário: "Era uma vez um sonho" recebeu mais uma indicação ao Oscar 2021, o de "Cabelo e Maquiagem", elemento vital para a construção da personagem de Glenn Close. Ao ver os vídeos reais de J.D. Vance no final do filme, percebemos que a vó Mamaw é, de fato, a atriz. Impressionante a semelhança! Ah, antes de seguir, é preciso comentar sobre o trabalho de Owen Asztalos (o J.D. Vance jovem): ele também merece todos os elogios.
É fato que "Era uma vez um sonho" tinha pretensões maiores para a temporada de premiações e não só as dezenas de indicações que Glenn Close recebeu, mas olhando em perspectiva, nesse mundo polarizado que estamos vivendo, é até natural o distanciamento do público americano (e da Academia) por uma história biográfica tão complexa ideologicamente e que merecia ser contada, da forma que foi. Eu diria que vale muito a pena, desde que você se permita (e para nós isso será mais fácil) enxergar além dos esteriótipos regionais e assim encarar o que realmente importa: o significado de deixar nossos fantasmas para trás quando é necessário seguir nosso caminho olhando para frente!
"Estrada para a Glória" é um filmaço, mas que provavelmente você já assistiu algo parecido - e isso não é (e nem deve ser) um problema, pois histórias como essa movem a sociedade para frente, nos faz refletir e, principalmente, serve de ensinamento para inúmeros momentos da nossa vida se tivermos a capacidade de fazer a leitura certa. O fato é que se você gosta de filmes como "No Limite", "Talento e Fé"e "Coach Carter", você não vai se arrepender de ler esse review e dar o play!
O filme é baseado em uma história real que se passa em 1966 e conta a jornada do primeiro time de basquete universitário da NCAA formado apenas por negros como titulares. Em um momento de grande discriminação racial, o treinador Don Hanskins (Josh Lucas) inicia uma busca incansável pelos melhores jogadores de basquete do EUA, independente da cor de sua pele. Hanskins tinha como propósito avaliar um jogador apenas por suas habilidades e comprometimento, mas suas escolhas impactaram para além do esporte, iniciando assim uma luta admirável pelo fim do preconceito racial.
Embora o roteiro dos estreantes (em 2006) Christopher Cleveland e Bettina Gilois, não seja um primor técnico, sem dúvida que a produção de Jerry Bruckheimer é! "Glory Road" (no original) faz uma reconstrução de época extremamente detalhista e muito bem alinhado com o conceito estético que o diretor James Gartner e seu fotógrafo Jeffrey L. Kimball (de "Os Mercenários") impõem na narrativa. Você vai reparar que a imagem é até granulada, "suja", amarelada; tudo isso para nos colocar naquela atmosfera antiga e de tensão social dos anos 60. Talvez, para nós brasileiros, soe até um pouco distante entender o tamanho da responsabilidade que é treinar um time universitário de basquete, porém o roteiro trata de colocar os elementos dramáticos essenciais exatamente onde devem estar, para termos a noção de como os desafios daqueles personagens caminham para o sentido exato da história - se alguns plots são mal desenvolvidos, como a relação de Hanskins com sua mulher Mary (Emily Deschanel) ou até as ameaças que ela vinha recebendo por ser casada com um treinador acostumado a quebrar regras, até o drama sobre a condição de saúde que poderia ter matado um dos atletas durante a temporada; tudo parece se dissolver no último ato quando a "hora da verdade" chega.
Mas qual é "hora da verdade"? Simples: o grande jogo, a final da NCAA! E não, isso não é um spoiler e tenho certeza que você que leu até aqui não seria ingênuo de pensar que isso não aconteceria e é para você, que provavelmente conhece do esporte, que dois pontos do filme passam a enriquecer a experiência. O primeiro á a participação de luxo de Jon Voight como Adolph Rupp um dos treinadores mais bem-sucedidos da história de Kentucky e o segundo em número de vitórias da liga - Voight não tem muito tempo na tela, mas soube usar com muita sabedoria e talento. O outro ponto para se atentar diz respeito a um nome que não deve e nem pode passar despercebido - do então jogador de Kentucky, Pat Riley (Wes Brown). Riley é, até hoje, considerado um dos maiores da NBA de todos os tempos, com cinco títulos como treinador principal, um como jogador e mais quatro envolvido como assistente ou executivo.
"Estrada para a Glória" não é um filme exclusivo para os amantes do esporte - mas claro que será melhor aproveitados por eles. A trama é de fato potente, bem produzida, bem dirigida e traz todos os elementos dramáticos necessários para um bom entretenimento com o bônus de ser uma história real.
E em tempo: Texas Western X Kentucky é considerado até hoje o “Jogo do Século” no basquete universitário.
Vale a muito pena!
"Estrada para a Glória" é um filmaço, mas que provavelmente você já assistiu algo parecido - e isso não é (e nem deve ser) um problema, pois histórias como essa movem a sociedade para frente, nos faz refletir e, principalmente, serve de ensinamento para inúmeros momentos da nossa vida se tivermos a capacidade de fazer a leitura certa. O fato é que se você gosta de filmes como "No Limite", "Talento e Fé"e "Coach Carter", você não vai se arrepender de ler esse review e dar o play!
O filme é baseado em uma história real que se passa em 1966 e conta a jornada do primeiro time de basquete universitário da NCAA formado apenas por negros como titulares. Em um momento de grande discriminação racial, o treinador Don Hanskins (Josh Lucas) inicia uma busca incansável pelos melhores jogadores de basquete do EUA, independente da cor de sua pele. Hanskins tinha como propósito avaliar um jogador apenas por suas habilidades e comprometimento, mas suas escolhas impactaram para além do esporte, iniciando assim uma luta admirável pelo fim do preconceito racial.
Embora o roteiro dos estreantes (em 2006) Christopher Cleveland e Bettina Gilois, não seja um primor técnico, sem dúvida que a produção de Jerry Bruckheimer é! "Glory Road" (no original) faz uma reconstrução de época extremamente detalhista e muito bem alinhado com o conceito estético que o diretor James Gartner e seu fotógrafo Jeffrey L. Kimball (de "Os Mercenários") impõem na narrativa. Você vai reparar que a imagem é até granulada, "suja", amarelada; tudo isso para nos colocar naquela atmosfera antiga e de tensão social dos anos 60. Talvez, para nós brasileiros, soe até um pouco distante entender o tamanho da responsabilidade que é treinar um time universitário de basquete, porém o roteiro trata de colocar os elementos dramáticos essenciais exatamente onde devem estar, para termos a noção de como os desafios daqueles personagens caminham para o sentido exato da história - se alguns plots são mal desenvolvidos, como a relação de Hanskins com sua mulher Mary (Emily Deschanel) ou até as ameaças que ela vinha recebendo por ser casada com um treinador acostumado a quebrar regras, até o drama sobre a condição de saúde que poderia ter matado um dos atletas durante a temporada; tudo parece se dissolver no último ato quando a "hora da verdade" chega.
Mas qual é "hora da verdade"? Simples: o grande jogo, a final da NCAA! E não, isso não é um spoiler e tenho certeza que você que leu até aqui não seria ingênuo de pensar que isso não aconteceria e é para você, que provavelmente conhece do esporte, que dois pontos do filme passam a enriquecer a experiência. O primeiro á a participação de luxo de Jon Voight como Adolph Rupp um dos treinadores mais bem-sucedidos da história de Kentucky e o segundo em número de vitórias da liga - Voight não tem muito tempo na tela, mas soube usar com muita sabedoria e talento. O outro ponto para se atentar diz respeito a um nome que não deve e nem pode passar despercebido - do então jogador de Kentucky, Pat Riley (Wes Brown). Riley é, até hoje, considerado um dos maiores da NBA de todos os tempos, com cinco títulos como treinador principal, um como jogador e mais quatro envolvido como assistente ou executivo.
"Estrada para a Glória" não é um filme exclusivo para os amantes do esporte - mas claro que será melhor aproveitados por eles. A trama é de fato potente, bem produzida, bem dirigida e traz todos os elementos dramáticos necessários para um bom entretenimento com o bônus de ser uma história real.
E em tempo: Texas Western X Kentucky é considerado até hoje o “Jogo do Século” no basquete universitário.
Vale a muito pena!
Quando Céline Dion surgiu deslumbrante na Torre Eiffel para fechar a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris 2024 e encantou a todos cantando o sucesso "L’Hymne à l’amour", certamente grande parte do público não imaginava o que esse fenômeno da música mundial estava passando em sua vida privada e te garanto, você vai se emocionar com o que "Eu Sou: Celine Dion" vai te mostrar! Dirigido por Irene Taylor (documentarista indicada ao Oscar por "The Final Inch"), o filme é um retrato profundamente emotivo e intimista que oferece uma visão crua e abrangente da vida e da carreira da cantora canadense após ela ter anunciado sofrer da rara síndrome da pessoa rígida (em inglês, Stiff Person Syndrome). Conhecida mundialmente por sua voz poderosa e sua presença cativante no palco, Dion é uma das artistas mais bem-sucedidas de todos os tempos e olha, justamente por essa aura de intocável, chega a ser surpreendente sua coragem por permitir que esse documentário tenha sido produzido. "Eu Sou: Celine Dion" não apenas pontua suas realizações profissionais ao longo dos anos, como também explora sem cortes a sua luta diária para recuperar aquilo que mais ama fazer na vida: cantar!
“Eu Sou: Celine Dion” nos fornece uma visão honesta dos bastidores da luta da icônica superestrela contra uma doença que transformou sua vida. Este documentário inspirador destaca como a música guiou a vida da artista, ao mesmo tempo que mostra a resiliência do espírito humano. Agora é preciso um alerta: o filme contém cenas impactantes de traumas ligados à saúde! Confira o trailer:
Irene Taylor é conhecida por sua habilidade em contar histórias humanas com profundidade e é isso que ela traz para o difícil, "Eu Sou: Celine Dion". Taylor é meticulosa e, de certa forma, fria, permitindo que a personalidade vibrante e a resiliência de Dion brilhem em cada frame com o mesmo impacto com que retrata a doença da cantora - algumas sequências, como a de Celine tendo uma convulsão após ensaiar em um estúdio, são de rasgar o coração. A diretora utiliza uma combinação eficaz de entrevistas, imagens de arquivo e gravações de performances ao vivo para pintar um retrato completo da artista, mas é com material captado no presente que o documentário ganha força dramática. O roteiro é cuidadosamente estruturado para equilibrar os altos e baixos da jornada de Dion, na carreira e na vida. Ele não se esquiva de abordar outros momentos difíceis, como a morte de seu marido, René Angélil, em 2016, ou os desafios de Dion em equilibrar sua vida pessoal com uma carreira que exigiu e exige muito dela.
Seguindo essa proposta de dar uma perspectiva rica e multifacetada sobre sua vida e carreira pós-diagnóstico, o documentário se aproveita de vários momentos de vulnerabilidade de Dion, mas tudo é tratado com uma honestidade que a humaniza de uma forma avassaladora ao ponto de ela mesma permitir que as imagens pós-convulsão fossem captadas. A fotografia de Nick Midwig (de "Marvel 616") é impressionante pela sua eficácia - ele captura tanto a grandiosidade das performances de Dion quanto a intimidade dolorosa dos dias atuais. A edição de Richard Comeau e de Christian Jensen merece um destaque especial: repare como as cenas dos shows são montadas com uma energia que transmite a magia das apresentações ao vivo, enquanto as entrevistas e cenas do cotidiano atual de Dion são capturadas com uma sensibilidade que nos permite ser um mero observador, e assim nos conectar profundamente com as dores da artista.
Naturalmente que "Eu Sou: Celine Dion"inclui muitos dos maiores sucessos da cantora - as músicas são utilizadas de maneira que intensificam a narrativa, ajudam a contar passagens de sua vida e, obviamente, sublinham os momentos de triunfo e de tristeza. Como vimos em "Gleason", esse documentário também traz muita dor, desconforto e até questionamentos - não se surpreenda se em muitos momentos você se perguntar "Como isso é tudo possível?". Pois bem, deixando a "Diva" de lado e apresentando uma Celine Dion de cara limpa, cabelos presos e uma larga camisa branca e moletom, o documentário é sim um retrato de alguém que precisava desabafar e que não estava mais disposta a manter as mesmas e evasivas justificativas para o seu sumiço, o "problema" é que o resultado dessa proposta íntima e sincera é realmente brutal!
Vale muito o seu play, mas esteja preparado!
Quando Céline Dion surgiu deslumbrante na Torre Eiffel para fechar a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris 2024 e encantou a todos cantando o sucesso "L’Hymne à l’amour", certamente grande parte do público não imaginava o que esse fenômeno da música mundial estava passando em sua vida privada e te garanto, você vai se emocionar com o que "Eu Sou: Celine Dion" vai te mostrar! Dirigido por Irene Taylor (documentarista indicada ao Oscar por "The Final Inch"), o filme é um retrato profundamente emotivo e intimista que oferece uma visão crua e abrangente da vida e da carreira da cantora canadense após ela ter anunciado sofrer da rara síndrome da pessoa rígida (em inglês, Stiff Person Syndrome). Conhecida mundialmente por sua voz poderosa e sua presença cativante no palco, Dion é uma das artistas mais bem-sucedidas de todos os tempos e olha, justamente por essa aura de intocável, chega a ser surpreendente sua coragem por permitir que esse documentário tenha sido produzido. "Eu Sou: Celine Dion" não apenas pontua suas realizações profissionais ao longo dos anos, como também explora sem cortes a sua luta diária para recuperar aquilo que mais ama fazer na vida: cantar!
“Eu Sou: Celine Dion” nos fornece uma visão honesta dos bastidores da luta da icônica superestrela contra uma doença que transformou sua vida. Este documentário inspirador destaca como a música guiou a vida da artista, ao mesmo tempo que mostra a resiliência do espírito humano. Agora é preciso um alerta: o filme contém cenas impactantes de traumas ligados à saúde! Confira o trailer:
Irene Taylor é conhecida por sua habilidade em contar histórias humanas com profundidade e é isso que ela traz para o difícil, "Eu Sou: Celine Dion". Taylor é meticulosa e, de certa forma, fria, permitindo que a personalidade vibrante e a resiliência de Dion brilhem em cada frame com o mesmo impacto com que retrata a doença da cantora - algumas sequências, como a de Celine tendo uma convulsão após ensaiar em um estúdio, são de rasgar o coração. A diretora utiliza uma combinação eficaz de entrevistas, imagens de arquivo e gravações de performances ao vivo para pintar um retrato completo da artista, mas é com material captado no presente que o documentário ganha força dramática. O roteiro é cuidadosamente estruturado para equilibrar os altos e baixos da jornada de Dion, na carreira e na vida. Ele não se esquiva de abordar outros momentos difíceis, como a morte de seu marido, René Angélil, em 2016, ou os desafios de Dion em equilibrar sua vida pessoal com uma carreira que exigiu e exige muito dela.
Seguindo essa proposta de dar uma perspectiva rica e multifacetada sobre sua vida e carreira pós-diagnóstico, o documentário se aproveita de vários momentos de vulnerabilidade de Dion, mas tudo é tratado com uma honestidade que a humaniza de uma forma avassaladora ao ponto de ela mesma permitir que as imagens pós-convulsão fossem captadas. A fotografia de Nick Midwig (de "Marvel 616") é impressionante pela sua eficácia - ele captura tanto a grandiosidade das performances de Dion quanto a intimidade dolorosa dos dias atuais. A edição de Richard Comeau e de Christian Jensen merece um destaque especial: repare como as cenas dos shows são montadas com uma energia que transmite a magia das apresentações ao vivo, enquanto as entrevistas e cenas do cotidiano atual de Dion são capturadas com uma sensibilidade que nos permite ser um mero observador, e assim nos conectar profundamente com as dores da artista.
Naturalmente que "Eu Sou: Celine Dion"inclui muitos dos maiores sucessos da cantora - as músicas são utilizadas de maneira que intensificam a narrativa, ajudam a contar passagens de sua vida e, obviamente, sublinham os momentos de triunfo e de tristeza. Como vimos em "Gleason", esse documentário também traz muita dor, desconforto e até questionamentos - não se surpreenda se em muitos momentos você se perguntar "Como isso é tudo possível?". Pois bem, deixando a "Diva" de lado e apresentando uma Celine Dion de cara limpa, cabelos presos e uma larga camisa branca e moletom, o documentário é sim um retrato de alguém que precisava desabafar e que não estava mais disposta a manter as mesmas e evasivas justificativas para o seu sumiço, o "problema" é que o resultado dessa proposta íntima e sincera é realmente brutal!
Vale muito o seu play, mas esteja preparado!
Uma imersão pelo desespero humano perante uma burocracia desumana de um sistema hipócrita e ultrapassada! Talvez não exista forma melhor de definir “Eu, Daniel Blake” depois de assimilar a pancada que é se envolver com a narrativa proposta pelo brilhante diretor Ken Loach (de "Mundo Livre"). E aqui vale ressaltar que Loach não apenas levou para casa a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2016, mas também tocou corações e mentes ao redor do mundo como poucas vezes vimos no cinema moderno - seu filme recebeu mais de 30 prêmios em festivais, além de reconhecimento no Bafta, no Goya, em Locarno e no Cézar Awards. Embora o filme seja uma crítica contundente ao sistema de assistência social britânico, sua mensagem ressoa universalmente, ecoando as lutas de muitos que enfrentam a burocracia opressora em momentos de extrema vulnerabilidade - e isso dói demais! Comparável a outras produções do próprio Loach ao trazer para tela discussões profundas sobre dramas sociais, “Eu, Daniel Blake”, posso garantir, se destaca por seu realismo brutal e por sua jornada visceral na busca pelo que é certo por direito.
Daniel Blake (Dave Johns) é um carpinteiro de 59 anos que, após sofrer um ataque cardíaco, se vê incapaz de trabalhar e por isso precisa solicitar benefícios sociais. Durante sua jornada, ele conhece Katie (Hayley Squires), uma mãe solteira que também enfrenta as dificuldades de um sistema indiferente às necessidades humanas. Juntos, Daniel e Katie formam uma aliança improvável e comovente contra a desumanização burocrática, lutando para manter sua dignidade e, principalmente, a esperança. Confira o trailer:
Não tem como iniciar uma análise mais técnica sem citar Ken Loach - ele é simplesmente magistral como diretor ao transformar uma narrativa até certo ponto simples em uma poderosa crítica social sem soar politizado demais! Loach, conhecido por seu estilo realista e por sua abordagem direta, captura a essência da luta cotidiana dos menos favorecidos e decodifica narrativamente como um verdadeira jornada do herói, sem esteriótipos ou pré-conceitos. Repare como ele faz isso sem exageros melodramáticos, sempre se apoiando em uma honestidade brutal que nos obriga, de um lado, uma reflexão mais estruturada e de outro, uma certa necessidade de confronto perante as injustiças retratadas.
A partir de sua identidade fortemente estabelecida em sua filmografia, Loach brinca com nossa percepção sobre onde começa a "ficção" e termina o "documental" ao escolher atores amadores ou pouco conhecidos, como o próprio Dave Johns, adicionando assim uma camada de autenticidade impressionante e para muitos, até rara. Aliás, Johns, com sua atuação crua e sincera, é a personificação da resistência silenciosa e um símbolo da desesperança para muitos que estão à margem da sociedade. A belíssima fotografia de Robbie Ryan (indicado ao Oscar duas vezes, por "Pobres Criaturas" e "A Favorita") também merece destaque - existe uma simplicidade tão eficaz perante um trabalho tão complexo que é preciso aplaudir de pé. A câmera de Ryan segue de perto os personagens, quase como um documentário, reforçando a sensação de realidade e urgência. As cores são frias e a iluminação é natural, refletindo toda essa atmosfera mais opressiva e desoladora da vida de Daniel e Katie. Essa abordagem visual complementa perfeitamente o conceito narrativo do filme, nos levando em uma experiência onde o foco é unicamente os protagonistas sem distração estética alguma.
“Eu, Daniel Blake” é um filme que todos deveriam assistir - e você vai entender essa observação assim que os créditos subirem. Esse filme não apenas expõe as falhas de um sistema que deveria proteger os mais vulneráveis, mas também celebra a resiliência e a solidariedade humana por um olhar bem mais empático. Ken Loach está no melhor da sua forma, ele oferece uma visão implacável, porém essencial, da luta por dignidade em um mundo cada vez mais indiferente. Olha, não será uma jornada confortável, mas se você estiver disposto a encarar a dura realidade apresentada por Loach, “Eu, Daniel Blake” será uma experiência, de fato, inesquecível. Pode me cobrar depois!
Uma imersão pelo desespero humano perante uma burocracia desumana de um sistema hipócrita e ultrapassada! Talvez não exista forma melhor de definir “Eu, Daniel Blake” depois de assimilar a pancada que é se envolver com a narrativa proposta pelo brilhante diretor Ken Loach (de "Mundo Livre"). E aqui vale ressaltar que Loach não apenas levou para casa a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2016, mas também tocou corações e mentes ao redor do mundo como poucas vezes vimos no cinema moderno - seu filme recebeu mais de 30 prêmios em festivais, além de reconhecimento no Bafta, no Goya, em Locarno e no Cézar Awards. Embora o filme seja uma crítica contundente ao sistema de assistência social britânico, sua mensagem ressoa universalmente, ecoando as lutas de muitos que enfrentam a burocracia opressora em momentos de extrema vulnerabilidade - e isso dói demais! Comparável a outras produções do próprio Loach ao trazer para tela discussões profundas sobre dramas sociais, “Eu, Daniel Blake”, posso garantir, se destaca por seu realismo brutal e por sua jornada visceral na busca pelo que é certo por direito.
Daniel Blake (Dave Johns) é um carpinteiro de 59 anos que, após sofrer um ataque cardíaco, se vê incapaz de trabalhar e por isso precisa solicitar benefícios sociais. Durante sua jornada, ele conhece Katie (Hayley Squires), uma mãe solteira que também enfrenta as dificuldades de um sistema indiferente às necessidades humanas. Juntos, Daniel e Katie formam uma aliança improvável e comovente contra a desumanização burocrática, lutando para manter sua dignidade e, principalmente, a esperança. Confira o trailer:
Não tem como iniciar uma análise mais técnica sem citar Ken Loach - ele é simplesmente magistral como diretor ao transformar uma narrativa até certo ponto simples em uma poderosa crítica social sem soar politizado demais! Loach, conhecido por seu estilo realista e por sua abordagem direta, captura a essência da luta cotidiana dos menos favorecidos e decodifica narrativamente como um verdadeira jornada do herói, sem esteriótipos ou pré-conceitos. Repare como ele faz isso sem exageros melodramáticos, sempre se apoiando em uma honestidade brutal que nos obriga, de um lado, uma reflexão mais estruturada e de outro, uma certa necessidade de confronto perante as injustiças retratadas.
A partir de sua identidade fortemente estabelecida em sua filmografia, Loach brinca com nossa percepção sobre onde começa a "ficção" e termina o "documental" ao escolher atores amadores ou pouco conhecidos, como o próprio Dave Johns, adicionando assim uma camada de autenticidade impressionante e para muitos, até rara. Aliás, Johns, com sua atuação crua e sincera, é a personificação da resistência silenciosa e um símbolo da desesperança para muitos que estão à margem da sociedade. A belíssima fotografia de Robbie Ryan (indicado ao Oscar duas vezes, por "Pobres Criaturas" e "A Favorita") também merece destaque - existe uma simplicidade tão eficaz perante um trabalho tão complexo que é preciso aplaudir de pé. A câmera de Ryan segue de perto os personagens, quase como um documentário, reforçando a sensação de realidade e urgência. As cores são frias e a iluminação é natural, refletindo toda essa atmosfera mais opressiva e desoladora da vida de Daniel e Katie. Essa abordagem visual complementa perfeitamente o conceito narrativo do filme, nos levando em uma experiência onde o foco é unicamente os protagonistas sem distração estética alguma.
“Eu, Daniel Blake” é um filme que todos deveriam assistir - e você vai entender essa observação assim que os créditos subirem. Esse filme não apenas expõe as falhas de um sistema que deveria proteger os mais vulneráveis, mas também celebra a resiliência e a solidariedade humana por um olhar bem mais empático. Ken Loach está no melhor da sua forma, ele oferece uma visão implacável, porém essencial, da luta por dignidade em um mundo cada vez mais indiferente. Olha, não será uma jornada confortável, mas se você estiver disposto a encarar a dura realidade apresentada por Loach, “Eu, Daniel Blake” será uma experiência, de fato, inesquecível. Pode me cobrar depois!
"Eu, Tonya" acompanha a vida da ex-patinadora no gelo Tonya Harding e mesmo construindo uma linha temporal com um recorte especifico, seu resultado como obra cinematográfica chama atenção pela qualidade do roteiro e pela performance do elenco - algo que dificilmente se conecta quando o assunto é cinebiografia.
Durante a década de 1990, ela conseguiu superar sua infância pobre e surgir como uma verdadeira campeã no campeonato nacional americano e ainda conquistar a medalha de prata no Campeonato Mundial de 1991. Porém, ela ficou realmente conhecida quando seu marido, Jeff Gilloly, e dois "supostos" ladrões tentaram incapacitar uma de suas principais adversárias, Nancy Kerrigan (Caitlin Carver) quebrando a perna dela durante a preparação para as Olimpíadas de Inverno na Noruega em 1994. Confira o trailer:
Gostei muito do filme, muito mesmo! Talvez por eu me lembrar perfeitamente do que aconteceu na época e como aquilo tomou conta da mídia (ao melhor estilo O.J. Simpson). O diretor Craig Gillespie foi capaz de fazer um filme com muita inteligência - usou de vários artifícios narrativos para costurar a história desde a época em que Tonya ainda era uma criança até a sua apresentação nas Olimpíadas de Inverno aos 23 anos de idade. Ele brincou com as mídias da época, usou vários recursos estéticos e narrativos com total equilíbrio e propriedade. O filme tem alguns planos sequências belíssimos. Ele fez uma espécie de "Cisne Negro" no gelo - aplicou o conceito que o Aronofsky usou na dança para dar a leveza e o movimento das apresentações no gelo e ficou lindo!
Margot Robbie mais uma vez provou ser uma ótima atriz e não fosse pelo show da Frances McDormand, seria minha favorita para o Oscar 2018! Ela é linda e estava completamente desconstruída para o papel - demais! Allison Janney vai levar melhor atriz coadjuvante - pode me cobrar!!! Grande performance!!! O trabalho de montagem, terceira e última indicação, também é muito bom, mas acho que não tem força vai levar!!!
Olha, estamos falando de um grande filme - acho até um pecado não estar entre os 9 finalistas na disputa de Melhor Filme do Ano - não que fosse, mas sua indicação chancelaria sua qualidade!
Vale muito seu play!
"Eu, Tonya" acompanha a vida da ex-patinadora no gelo Tonya Harding e mesmo construindo uma linha temporal com um recorte especifico, seu resultado como obra cinematográfica chama atenção pela qualidade do roteiro e pela performance do elenco - algo que dificilmente se conecta quando o assunto é cinebiografia.
Durante a década de 1990, ela conseguiu superar sua infância pobre e surgir como uma verdadeira campeã no campeonato nacional americano e ainda conquistar a medalha de prata no Campeonato Mundial de 1991. Porém, ela ficou realmente conhecida quando seu marido, Jeff Gilloly, e dois "supostos" ladrões tentaram incapacitar uma de suas principais adversárias, Nancy Kerrigan (Caitlin Carver) quebrando a perna dela durante a preparação para as Olimpíadas de Inverno na Noruega em 1994. Confira o trailer:
Gostei muito do filme, muito mesmo! Talvez por eu me lembrar perfeitamente do que aconteceu na época e como aquilo tomou conta da mídia (ao melhor estilo O.J. Simpson). O diretor Craig Gillespie foi capaz de fazer um filme com muita inteligência - usou de vários artifícios narrativos para costurar a história desde a época em que Tonya ainda era uma criança até a sua apresentação nas Olimpíadas de Inverno aos 23 anos de idade. Ele brincou com as mídias da época, usou vários recursos estéticos e narrativos com total equilíbrio e propriedade. O filme tem alguns planos sequências belíssimos. Ele fez uma espécie de "Cisne Negro" no gelo - aplicou o conceito que o Aronofsky usou na dança para dar a leveza e o movimento das apresentações no gelo e ficou lindo!
Margot Robbie mais uma vez provou ser uma ótima atriz e não fosse pelo show da Frances McDormand, seria minha favorita para o Oscar 2018! Ela é linda e estava completamente desconstruída para o papel - demais! Allison Janney vai levar melhor atriz coadjuvante - pode me cobrar!!! Grande performance!!! O trabalho de montagem, terceira e última indicação, também é muito bom, mas acho que não tem força vai levar!!!
Olha, estamos falando de um grande filme - acho até um pecado não estar entre os 9 finalistas na disputa de Melhor Filme do Ano - não que fosse, mas sua indicação chancelaria sua qualidade!
Vale muito seu play!
"Falsos Milionários" é excelente, mas não deve agradar a todos pela forma cadenciada como sua narrativa conduz uma história densa e cheia de nuances (com um conceito bem independente, aliás). Eu diria que o filme dirigido pela quase novata Miranda July segue muito a linha de "Florida Project", "Castelo de Vidro" e "Capitão Fantástico", para discutir as relações familiares e a maneira como o amor (ou a falta dele) pode impactar profundamente a vida de uma pessoa. Veja, o filme é muito feliz em não cair na tentação de cortar caminhos para expressar toda a complexidade e a dinâmica dessa relação pouco usual, porém quando as peças se encaixam, encontramos um verdadeiro ensaio sobre a solidão, sobre a busca por uma identidade e sobre os traumas mais íntimos. Então se prepare, você vai precisar de um tempo para digerir todas essas camadas.
Old Dolio (Evan Rachel Wood) é uma jovem de 26 anos que convive com sua família completamente desestruturada que frequentemente faz pequenos golpes para sobreviver. Desprovidos de qualquer nível de bom-senso (para dizer o mínimo), seus pais, Robert (Richard Jenkins) e Theresa (Debra Winger), acabam se envolvendo com a porto-riquenha Melanie (Gina Rodriguez) enquanto aplicavam mais um de seus golpes. A partir dessa nova relação, a vida de Dolio vira de cabeça para baixo e alguns questionamentos começam a tomar conta do seu dia a dia. Confira o trailer:
Apenas para alinhar as expectativas: o filme não é sobre os golpes e muito menos sobre os golpistas como em "Sharper"; e também não é uma comédia como muitos sites vem classificando "Falsos Milionários". O filme é um drama, com algumas passagens engraçadas, várias passagens bem constrangedoras, mas mesmo assim com uma temática bastante profunda e reflexiva. Embora esse seja apenas o terceiro longa-metragem de July, talvez o mais comercial de todos eles, a diretora foi muito feliz em construir sua história (ela também é a roteirista) sem a pretensão de impactar visualmente os embates sentimentais entre os personagens - tirando uma ou outra cena, nossa percepção de solidão vai além dos diálogos; ela está no silêncio, no olhar carregado de dor de Wood.
A fotografia do Sebastian Wintero (muito reconhecido pelo seu trabalho no cenário musical, em trabalhos com o U2, por exemplo) tem o cuidado de nos distanciar da movimentação dessa família disfuncional criando uma atmosfera extremamente esquisita - os planos abertos chegam a ser cômicos, já que as situações são impensáveis. Tudo parece acontecer em um universo à parte, distante de qualquer realismo lógico - as cenas da família tentando não chamar a atenção do dono do lugar onde eles dormem, seriam muito divertidas se não fossem trágicas. Nos planos mais fechados, aí Wintero brinca com nossas sensações mesmo, principalmente ao potencializar os olhares e os tempos certos, a falta de ética dos pais de Dolio e a ausência de amor entre todos eles.
Cheia de simbolismos, "Kajillionaire" (no seu curioso título original) é muito, mas muito maior do que aparenta ser. Existe uma sensibilidade incrível da diretora ao nos convidar para acompanhar o processo de despertar da protagonista que, mesmo sem entender as razões, passa a enxergar além de sua miserável realidade - o trabalho de Wood é tão intenso que surpreende o fato dela não ter sido lembrada no Oscar 2021. Pois bem, essa é uma obra genuína, original, daquelas de difícil digestão, pois embora nada nos seja apresentado de forma tão convencional, a trama sabe exatamente onde colocar o dedo na ferida para gerar conexão.
Pode ter certeza que essa será uma das mais belas surpresas que você vai experienciar! É só dar o play!
"Falsos Milionários" é excelente, mas não deve agradar a todos pela forma cadenciada como sua narrativa conduz uma história densa e cheia de nuances (com um conceito bem independente, aliás). Eu diria que o filme dirigido pela quase novata Miranda July segue muito a linha de "Florida Project", "Castelo de Vidro" e "Capitão Fantástico", para discutir as relações familiares e a maneira como o amor (ou a falta dele) pode impactar profundamente a vida de uma pessoa. Veja, o filme é muito feliz em não cair na tentação de cortar caminhos para expressar toda a complexidade e a dinâmica dessa relação pouco usual, porém quando as peças se encaixam, encontramos um verdadeiro ensaio sobre a solidão, sobre a busca por uma identidade e sobre os traumas mais íntimos. Então se prepare, você vai precisar de um tempo para digerir todas essas camadas.
Old Dolio (Evan Rachel Wood) é uma jovem de 26 anos que convive com sua família completamente desestruturada que frequentemente faz pequenos golpes para sobreviver. Desprovidos de qualquer nível de bom-senso (para dizer o mínimo), seus pais, Robert (Richard Jenkins) e Theresa (Debra Winger), acabam se envolvendo com a porto-riquenha Melanie (Gina Rodriguez) enquanto aplicavam mais um de seus golpes. A partir dessa nova relação, a vida de Dolio vira de cabeça para baixo e alguns questionamentos começam a tomar conta do seu dia a dia. Confira o trailer:
Apenas para alinhar as expectativas: o filme não é sobre os golpes e muito menos sobre os golpistas como em "Sharper"; e também não é uma comédia como muitos sites vem classificando "Falsos Milionários". O filme é um drama, com algumas passagens engraçadas, várias passagens bem constrangedoras, mas mesmo assim com uma temática bastante profunda e reflexiva. Embora esse seja apenas o terceiro longa-metragem de July, talvez o mais comercial de todos eles, a diretora foi muito feliz em construir sua história (ela também é a roteirista) sem a pretensão de impactar visualmente os embates sentimentais entre os personagens - tirando uma ou outra cena, nossa percepção de solidão vai além dos diálogos; ela está no silêncio, no olhar carregado de dor de Wood.
A fotografia do Sebastian Wintero (muito reconhecido pelo seu trabalho no cenário musical, em trabalhos com o U2, por exemplo) tem o cuidado de nos distanciar da movimentação dessa família disfuncional criando uma atmosfera extremamente esquisita - os planos abertos chegam a ser cômicos, já que as situações são impensáveis. Tudo parece acontecer em um universo à parte, distante de qualquer realismo lógico - as cenas da família tentando não chamar a atenção do dono do lugar onde eles dormem, seriam muito divertidas se não fossem trágicas. Nos planos mais fechados, aí Wintero brinca com nossas sensações mesmo, principalmente ao potencializar os olhares e os tempos certos, a falta de ética dos pais de Dolio e a ausência de amor entre todos eles.
Cheia de simbolismos, "Kajillionaire" (no seu curioso título original) é muito, mas muito maior do que aparenta ser. Existe uma sensibilidade incrível da diretora ao nos convidar para acompanhar o processo de despertar da protagonista que, mesmo sem entender as razões, passa a enxergar além de sua miserável realidade - o trabalho de Wood é tão intenso que surpreende o fato dela não ter sido lembrada no Oscar 2021. Pois bem, essa é uma obra genuína, original, daquelas de difícil digestão, pois embora nada nos seja apresentado de forma tão convencional, a trama sabe exatamente onde colocar o dedo na ferida para gerar conexão.
Pode ter certeza que essa será uma das mais belas surpresas que você vai experienciar! É só dar o play!
"Ferrugem e Osso" é uma adaptação do livro homónimo do canadense Craig Davidson. Ele foi um filme premiadíssimo na temporada de 2012 em vários festivais importantes e que rendeu a indicação de melhor atriz no Globo de Ouro para Marion Cotillard, 4 anos depois dela ter ganho o Oscar com "Piaf".
Alain (Matthias Schoenaerts) está desempregado e vive com o filho, de apenas cinco anos. Fracassado, ele parte para a casa da irmã em busca de ajuda e logo consegue um emprego como segurança de boate. Um dia, ao apartar uma confusão, ele acaba conhecendo Stéphanie (Marion Cotillard), uma bela treinadora de baleias que trabalha em um parque aquático da cidade. Alain leva Stéphanie para casa e acaba deixando seu cartão, caso ela precise de algum serviço. O que eles não imaginavam é que, pouco tempo depois, ela sofreria um grave acidente que mudaria sua vida para sempre. Confira o lindo trailer:
Olha, esse tipo tema os franceses dominam: o filme é muito bom, mas realmente quem rouba a cena é a Marion Cotillard com um trabalho sensível, profundo nas emoções, na entrega! A direção do Jacques Audiard ("O profeta") é impecável - sua capacidade de trabalhar as cenas mais delicadas do filme com uma certa poesia, não tirou sua dramaticidade e imprimiu uma atmosfera incrível para a história. Outro elemento que merece destaque é a Trilha Sonora do Alexandre Desplat - 11 vezes indicado ao Oscar e Vencedor com a "A Forma da Água"!
"Ferrugem e Osso" não é um "O Escafandro e a Borboleta", nem um "Intocáveis", mas caminha na mesma direção! Vale o seu play.
"Ferrugem e Osso" é uma adaptação do livro homónimo do canadense Craig Davidson. Ele foi um filme premiadíssimo na temporada de 2012 em vários festivais importantes e que rendeu a indicação de melhor atriz no Globo de Ouro para Marion Cotillard, 4 anos depois dela ter ganho o Oscar com "Piaf".
Alain (Matthias Schoenaerts) está desempregado e vive com o filho, de apenas cinco anos. Fracassado, ele parte para a casa da irmã em busca de ajuda e logo consegue um emprego como segurança de boate. Um dia, ao apartar uma confusão, ele acaba conhecendo Stéphanie (Marion Cotillard), uma bela treinadora de baleias que trabalha em um parque aquático da cidade. Alain leva Stéphanie para casa e acaba deixando seu cartão, caso ela precise de algum serviço. O que eles não imaginavam é que, pouco tempo depois, ela sofreria um grave acidente que mudaria sua vida para sempre. Confira o lindo trailer:
Olha, esse tipo tema os franceses dominam: o filme é muito bom, mas realmente quem rouba a cena é a Marion Cotillard com um trabalho sensível, profundo nas emoções, na entrega! A direção do Jacques Audiard ("O profeta") é impecável - sua capacidade de trabalhar as cenas mais delicadas do filme com uma certa poesia, não tirou sua dramaticidade e imprimiu uma atmosfera incrível para a história. Outro elemento que merece destaque é a Trilha Sonora do Alexandre Desplat - 11 vezes indicado ao Oscar e Vencedor com a "A Forma da Água"!
"Ferrugem e Osso" não é um "O Escafandro e a Borboleta", nem um "Intocáveis", mas caminha na mesma direção! Vale o seu play.
Simplesmente genial - ao lado de "Pobres Criaturas" talvez o mais criativo entre os indicados ao Oscar de "Melhor Filme" em 2024. "Ficção Americana" é uma verdadeira viagem metalinguística pelas contradições da indústria cultural pela perspectiva do afro-americano. Imperdível pela sua proposta narrativa, o filme discute temas extremamente sensíveis a partir de sátiras muito inteligentes e pontuações dramáticas bastante reflexivas. Dirigido pelo Cord Jefferson (de "Watchmen") e baseado no livro "Erasure" de Percival Everett, o filme recebeu cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator para Jeffrey Wright. Olha, prepare-se para mergulhar em uma crítica mordaz e perspicaz sobre os mecanismos do mercado editorial (e cinematográfica) e os estereótipos que permeiam a sociedade americana até hoje. Muito bom!
A trama basicamente acompanha a jornada de Thelonious 'Monk' Ellison (Jeffrey Wright), um escritor afro-americano respeitado por seus romances que exploram temas universais, embora não necessariamente raciais. Cansado de fugir de alguns rótulos e pressionado a escrever apenas sobre o que se espera dele, Monk decide subverter as expectativas e embarcar em um novo projeto: um romance superficial baseado em esteriótipos da cultura "black". A partir dessa escolha ousada, acompanhamos as repercussões na vida do autor, tanto em sua carreira profissional quanto em seus relacionamentos pessoais. Confira o trailer (em inglês):
O que torna "Ficção Americana" tão especial é a maneira como o roteiro tece uma complexa teia de metalinguagem, humor e drama ao criticar de forma inteligente a obsessão, especialmente de grande parte do público branco americano, em consumir vorazmente histórias negras que sejam caricatas, ou seja, cheias de violência, traumas e racismo, limitando a realidade de milhões de pessoas a uma simples prateleira de sofrimento e injustiça. O interessante, no entanto, é que Jefferson sabe muito bem onde está pisando e com sabedoria usa seus personagens para equilibrar a discussão, evitando uma polarização até certo ponto infantil. Repare como o diretor brinca com as expectativas da audiência, subvertendo clichês e criando situações inusitadas para dizer o óbvio, mas sem ofender - as colocações preconceituosas da mãe de Monk sobre raça, sexo e ideologia, são ótimos exemplos.
A performance de Jeffrey Wright é um verdadeiro espetáculo - o ator entrega um personagem cheio de camadas, carregado de nuances e contradições - marcas que a vida foi deixando e que naturalmente foi afastando as pessoas. As cenas com seu irmão recém-divorciado e gay, Cliff (Sterling K. Brown), são impagáveis - sempre no tom certo. Sua química com a atriz Erika Alexander, que interpreta seu par amoroso, Coraline, é outro destaque que merece ser observado com atenção - existe uma admiração dela por ele, mas isso não a impede de contrapor suas opiniões ou se posicionar perante o humor de Monk. A direção de Jefferson é segura ao perceber essas nuances entre os personagens, e de forma muito elegante utiliza de recursos puramente técnicos para não aparecer mais que sua história - embora tenha sido sempre muito criativo quando demandado.
Monk e sua família são de classe média alta, com carreiras estabelecidas e diplomas de medicina no currículo, estão sempre tomando vinho (o que surpreende até o produtor de cinema Wiley Valdespino, em uma ótima participação especial de Adam Brody), ou seja, são completamente estranhos ao clichê da violência ou da dificuldade social vividas pelos afro-americanos. Isso quer dizer que os Ellison não tem problemas? Claro que não e é por isso que "American Fiction" (no original) é um filme tão inteligente quanto provocativo e memorável. Uma obra que sabe o poder da sátira afiada e ácida, mas nunca gratuita, sempre servindo para provocar reflexões sobre os estereótipos que permeiam a indústria cultural e as relações raciais nos Estados Unidos.
Imperdível!
Simplesmente genial - ao lado de "Pobres Criaturas" talvez o mais criativo entre os indicados ao Oscar de "Melhor Filme" em 2024. "Ficção Americana" é uma verdadeira viagem metalinguística pelas contradições da indústria cultural pela perspectiva do afro-americano. Imperdível pela sua proposta narrativa, o filme discute temas extremamente sensíveis a partir de sátiras muito inteligentes e pontuações dramáticas bastante reflexivas. Dirigido pelo Cord Jefferson (de "Watchmen") e baseado no livro "Erasure" de Percival Everett, o filme recebeu cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e Melhor Ator para Jeffrey Wright. Olha, prepare-se para mergulhar em uma crítica mordaz e perspicaz sobre os mecanismos do mercado editorial (e cinematográfica) e os estereótipos que permeiam a sociedade americana até hoje. Muito bom!
A trama basicamente acompanha a jornada de Thelonious 'Monk' Ellison (Jeffrey Wright), um escritor afro-americano respeitado por seus romances que exploram temas universais, embora não necessariamente raciais. Cansado de fugir de alguns rótulos e pressionado a escrever apenas sobre o que se espera dele, Monk decide subverter as expectativas e embarcar em um novo projeto: um romance superficial baseado em esteriótipos da cultura "black". A partir dessa escolha ousada, acompanhamos as repercussões na vida do autor, tanto em sua carreira profissional quanto em seus relacionamentos pessoais. Confira o trailer (em inglês):
O que torna "Ficção Americana" tão especial é a maneira como o roteiro tece uma complexa teia de metalinguagem, humor e drama ao criticar de forma inteligente a obsessão, especialmente de grande parte do público branco americano, em consumir vorazmente histórias negras que sejam caricatas, ou seja, cheias de violência, traumas e racismo, limitando a realidade de milhões de pessoas a uma simples prateleira de sofrimento e injustiça. O interessante, no entanto, é que Jefferson sabe muito bem onde está pisando e com sabedoria usa seus personagens para equilibrar a discussão, evitando uma polarização até certo ponto infantil. Repare como o diretor brinca com as expectativas da audiência, subvertendo clichês e criando situações inusitadas para dizer o óbvio, mas sem ofender - as colocações preconceituosas da mãe de Monk sobre raça, sexo e ideologia, são ótimos exemplos.
A performance de Jeffrey Wright é um verdadeiro espetáculo - o ator entrega um personagem cheio de camadas, carregado de nuances e contradições - marcas que a vida foi deixando e que naturalmente foi afastando as pessoas. As cenas com seu irmão recém-divorciado e gay, Cliff (Sterling K. Brown), são impagáveis - sempre no tom certo. Sua química com a atriz Erika Alexander, que interpreta seu par amoroso, Coraline, é outro destaque que merece ser observado com atenção - existe uma admiração dela por ele, mas isso não a impede de contrapor suas opiniões ou se posicionar perante o humor de Monk. A direção de Jefferson é segura ao perceber essas nuances entre os personagens, e de forma muito elegante utiliza de recursos puramente técnicos para não aparecer mais que sua história - embora tenha sido sempre muito criativo quando demandado.
Monk e sua família são de classe média alta, com carreiras estabelecidas e diplomas de medicina no currículo, estão sempre tomando vinho (o que surpreende até o produtor de cinema Wiley Valdespino, em uma ótima participação especial de Adam Brody), ou seja, são completamente estranhos ao clichê da violência ou da dificuldade social vividas pelos afro-americanos. Isso quer dizer que os Ellison não tem problemas? Claro que não e é por isso que "American Fiction" (no original) é um filme tão inteligente quanto provocativo e memorável. Uma obra que sabe o poder da sátira afiada e ácida, mas nunca gratuita, sempre servindo para provocar reflexões sobre os estereótipos que permeiam a indústria cultural e as relações raciais nos Estados Unidos.
Imperdível!
"Fique Rico ou Morra Tentando" é uma jornada tão impressionante que por muitas vezes você vai se perguntar se tudo aquilo de fato aconteceu - e a resposta é: "não, nem tudo que está no filme faz parte da história real do rapper 50 Cent"! Dito isso é possível estabelecer que o filme funciona muito mais como thriller de ação do que como um drama biográfico - o que certamente vai dividir opiniões, porém é fato que após o play, seu entretenimento estará garantido, principalmente se você gostar de séries como "Power", por exemplo.
Marcus (50 Cent) é um jovem da periferia que sofreu uma atentado que por pouco não lhe tirou a vida. Em meio à sua recuperação, ele se lembra de uma vida difícil como órfão nas ruas violentas do Bronx. Sua vida muda após conhecer um ex-condenado, que luta para transforma-lo em uma estrela do rap. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo Jim Sheridan (indicado ao Oscar por 6 vezes e que tem em seu currículo clássicos como "Em Nome do Pai" e "Meu Pé Esquerdo"), "Fique Rico ou Morra Tentando" é um excelente exemplo de como uma história bem contada (mesmo com um roteiro mediano) é capaz de criar inúmeras sensações que vão da tensão absurda até o alívio de um momento de emoção - e aqui sugiro que você repare na ótima performance de Viola Davis como a vó de Marcus para entender como isso acontece na prática.
Como era de se esperar (e mesmo fora da sua zona de conforto), Sheridan comandou uma produção de altíssima qualidade, que tem no seu elenco o maior trunfo. Veja, se Curtis “50 Cent” Jackson não pode ser considerado um grande ator, é de se elogiar a capacidade que o diretor teve em potencializar a naturalidade do rapper criando uma química impressionante com atores veteranos como Adewale Akinnuoye-Agbaje (o Mr. Eko de "Lost") e Terrence Howard (de "Ray"). Se em "Nasce uma Estrela" a jornada (para a fama) do herói (músico) se pautava pelo romance e por uma relação problemática entre um casal improvável, aqui o foco é inversamente proporcional: não existe romantismo, tudo é obscuro, denso - como deve ser o submundo das drogas e da violência nua e crua. Aliás essa atmosfera é brilhantemente retratada por uma fotografia que coloca NY quase como um personagem, graças ao talento de Declan Quinn (o cara por trás de "Hamilton").
"Fique Rico ou Morra Tentando" pode não agradar a todos, mas é inegável sua qualidade como produção cinematográfica. Saíba que a dinâmica narrativa é extremamente eficiente, fazendo com que a história, mesmo carregada de violência e cenas impactantes, flua muito bem e que, embora superficialmente, nos permite embarcar em um universo sombrio, diferente do que vemos em um artista de sucesso como “50 Cent” quando está no palco - algo que também encontramos na minissérie "Mike".
Em tempo: mesmo com uma recepção favorável, chegando a 73% de aprovação da audiência, "Fique Rico ou Morra Tentando" rendeu apenas $46.442.528 dólares em bilheteria, pouco para um filme que havia custado $40.000.000 dólares na época.
"Fique Rico ou Morra Tentando" é uma jornada tão impressionante que por muitas vezes você vai se perguntar se tudo aquilo de fato aconteceu - e a resposta é: "não, nem tudo que está no filme faz parte da história real do rapper 50 Cent"! Dito isso é possível estabelecer que o filme funciona muito mais como thriller de ação do que como um drama biográfico - o que certamente vai dividir opiniões, porém é fato que após o play, seu entretenimento estará garantido, principalmente se você gostar de séries como "Power", por exemplo.
Marcus (50 Cent) é um jovem da periferia que sofreu uma atentado que por pouco não lhe tirou a vida. Em meio à sua recuperação, ele se lembra de uma vida difícil como órfão nas ruas violentas do Bronx. Sua vida muda após conhecer um ex-condenado, que luta para transforma-lo em uma estrela do rap. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo Jim Sheridan (indicado ao Oscar por 6 vezes e que tem em seu currículo clássicos como "Em Nome do Pai" e "Meu Pé Esquerdo"), "Fique Rico ou Morra Tentando" é um excelente exemplo de como uma história bem contada (mesmo com um roteiro mediano) é capaz de criar inúmeras sensações que vão da tensão absurda até o alívio de um momento de emoção - e aqui sugiro que você repare na ótima performance de Viola Davis como a vó de Marcus para entender como isso acontece na prática.
Como era de se esperar (e mesmo fora da sua zona de conforto), Sheridan comandou uma produção de altíssima qualidade, que tem no seu elenco o maior trunfo. Veja, se Curtis “50 Cent” Jackson não pode ser considerado um grande ator, é de se elogiar a capacidade que o diretor teve em potencializar a naturalidade do rapper criando uma química impressionante com atores veteranos como Adewale Akinnuoye-Agbaje (o Mr. Eko de "Lost") e Terrence Howard (de "Ray"). Se em "Nasce uma Estrela" a jornada (para a fama) do herói (músico) se pautava pelo romance e por uma relação problemática entre um casal improvável, aqui o foco é inversamente proporcional: não existe romantismo, tudo é obscuro, denso - como deve ser o submundo das drogas e da violência nua e crua. Aliás essa atmosfera é brilhantemente retratada por uma fotografia que coloca NY quase como um personagem, graças ao talento de Declan Quinn (o cara por trás de "Hamilton").
"Fique Rico ou Morra Tentando" pode não agradar a todos, mas é inegável sua qualidade como produção cinematográfica. Saíba que a dinâmica narrativa é extremamente eficiente, fazendo com que a história, mesmo carregada de violência e cenas impactantes, flua muito bem e que, embora superficialmente, nos permite embarcar em um universo sombrio, diferente do que vemos em um artista de sucesso como “50 Cent” quando está no palco - algo que também encontramos na minissérie "Mike".
Em tempo: mesmo com uma recepção favorável, chegando a 73% de aprovação da audiência, "Fique Rico ou Morra Tentando" rendeu apenas $46.442.528 dólares em bilheteria, pouco para um filme que havia custado $40.000.000 dólares na época.
De certa forma, a história de "Flamin' Hot" é melhor que o filme - e digo isso se comparamos com um filme de temática parecida como "Fome de Poder", por exemplo. Aqui o conceito narrativo escolhido pela "novata" na função de direção, Eva Longoria, se apropria de elementos que se apoiam, propositalmente, muito mais em clichês e que ajudam a contar a jornada de um herói improvável, misturando elementos dramáticos com (de certa forma) cômicos, com um tom mais agradável e uma dinâmica bastante coerente com o universo em que o próprio protagonista está inserido. Funciona, mas em um primeiro olhar pode afastar os mais exigentes - então te aconselho: dê uma chance ao filme.
"Flamin’ Hot" (que no Brasil ganhou o inspirado subtítulo "O Sabor que Mudou a História") conta a inspiradora jornada de Richard Montañez (Jesse Garcia), um zelador da Frito Lay que entendeu a importância de seu legado Mexicano-Americano e transformou o icônico salgadinho Cheetos Super Picante em um petisco que mudou a indústria alimentícia no inicio dos anos 90, tornando-se um fenômeno de vendas e um marco na relação multi-cultural entre o marketing e um público de nicho. Confira o trailer (em inglês):
É perceptível em "Flamin' Hot" que tudo foi muito bem pensado para que o filme passasse aquela mensagem que, com superação e determinação (ressaltando a importância do trabalho árduo e da crença em si mesmo), é possível alcançar nossos objetivos mais complicados. Seguindo esse propósito, Eva Longoria demonstra habilidade ao contar essa história real de uma forma bastante cativante. Ela utiliza uma narrativa que flui e que visualmente se torna atraente para audiência - ela se aproveita de uma variedade de técnicas visuais para nos colocar frente a frente com a vida de Richard Montañez. Repare como direção de Longoria está extremamente alinhada ao roteiro escrito pelo Lewis Colick e pela Linda Yvette Chávez (sob supervisão do próprio Montanez) que sabiamente explora toda dualidade entre o mundo corporativo e o principio da inovação, sob um olhar cultural (especificamente latino) trazendo à tona questões de identidade e pertencimento tão relevantes nos dias de hoje.
Embora o roteiro de "Flamin' Hot" seja bem construído, apresentando as dificuldades de Richard Montañez de forma coerente e envolvente, o recorte temporal me pareceu extenso demais: ao mostrar sua infância humilde e os desafios que enfrentou como imigrante nos Estados Unidos, até sua ascensão na Frito-Lay, o filme soa muito previsível. Por outro lado, é inegável que isso gera uma conexão imediata com o protagonista - aliás, Jesse Garcia consegue transmitir perfeitamente toda a determinação e a paixão pelo seu propósito ao mesmo tempo em que também expõe suas vulnerabilidades e dúvidas. Outro destaque positivo do elenco, sem dúvida, é Annie Gonzalez como Judy, a esposa e companheira fiel de Montañez.
"Flamin' Hot" é um filme que não apenas entretém, mas que também nos faz refletir sobre a importância da perseverança e do trabalho árduo na busca pelos nossos sonhos. São muitas lições empreendedoras que bem interpretadas podem nos trazer ótimos insights. Agora também é preciso dizer que a história de Richard Montañez tem uma levada "Sessão da Tarde" mesmo querendo ser um lembrete poderoso de que, independentemente de nossas origens ou circunstâncias, podemos alcançar grandes conquistas quando acreditamos em nós mesmos e nos esforçamos para transformar ideias em realidade - até quando insistem em nos dizer que aquilo não vai funcionar!
Vale muito seu play. Tipo de filme que ensina aquecendo o coração!
De certa forma, a história de "Flamin' Hot" é melhor que o filme - e digo isso se comparamos com um filme de temática parecida como "Fome de Poder", por exemplo. Aqui o conceito narrativo escolhido pela "novata" na função de direção, Eva Longoria, se apropria de elementos que se apoiam, propositalmente, muito mais em clichês e que ajudam a contar a jornada de um herói improvável, misturando elementos dramáticos com (de certa forma) cômicos, com um tom mais agradável e uma dinâmica bastante coerente com o universo em que o próprio protagonista está inserido. Funciona, mas em um primeiro olhar pode afastar os mais exigentes - então te aconselho: dê uma chance ao filme.
"Flamin’ Hot" (que no Brasil ganhou o inspirado subtítulo "O Sabor que Mudou a História") conta a inspiradora jornada de Richard Montañez (Jesse Garcia), um zelador da Frito Lay que entendeu a importância de seu legado Mexicano-Americano e transformou o icônico salgadinho Cheetos Super Picante em um petisco que mudou a indústria alimentícia no inicio dos anos 90, tornando-se um fenômeno de vendas e um marco na relação multi-cultural entre o marketing e um público de nicho. Confira o trailer (em inglês):
É perceptível em "Flamin' Hot" que tudo foi muito bem pensado para que o filme passasse aquela mensagem que, com superação e determinação (ressaltando a importância do trabalho árduo e da crença em si mesmo), é possível alcançar nossos objetivos mais complicados. Seguindo esse propósito, Eva Longoria demonstra habilidade ao contar essa história real de uma forma bastante cativante. Ela utiliza uma narrativa que flui e que visualmente se torna atraente para audiência - ela se aproveita de uma variedade de técnicas visuais para nos colocar frente a frente com a vida de Richard Montañez. Repare como direção de Longoria está extremamente alinhada ao roteiro escrito pelo Lewis Colick e pela Linda Yvette Chávez (sob supervisão do próprio Montanez) que sabiamente explora toda dualidade entre o mundo corporativo e o principio da inovação, sob um olhar cultural (especificamente latino) trazendo à tona questões de identidade e pertencimento tão relevantes nos dias de hoje.
Embora o roteiro de "Flamin' Hot" seja bem construído, apresentando as dificuldades de Richard Montañez de forma coerente e envolvente, o recorte temporal me pareceu extenso demais: ao mostrar sua infância humilde e os desafios que enfrentou como imigrante nos Estados Unidos, até sua ascensão na Frito-Lay, o filme soa muito previsível. Por outro lado, é inegável que isso gera uma conexão imediata com o protagonista - aliás, Jesse Garcia consegue transmitir perfeitamente toda a determinação e a paixão pelo seu propósito ao mesmo tempo em que também expõe suas vulnerabilidades e dúvidas. Outro destaque positivo do elenco, sem dúvida, é Annie Gonzalez como Judy, a esposa e companheira fiel de Montañez.
"Flamin' Hot" é um filme que não apenas entretém, mas que também nos faz refletir sobre a importância da perseverança e do trabalho árduo na busca pelos nossos sonhos. São muitas lições empreendedoras que bem interpretadas podem nos trazer ótimos insights. Agora também é preciso dizer que a história de Richard Montañez tem uma levada "Sessão da Tarde" mesmo querendo ser um lembrete poderoso de que, independentemente de nossas origens ou circunstâncias, podemos alcançar grandes conquistas quando acreditamos em nós mesmos e nos esforçamos para transformar ideias em realidade - até quando insistem em nos dizer que aquilo não vai funcionar!
Vale muito seu play. Tipo de filme que ensina aquecendo o coração!
Basicamente existe duas formas de assistir "Fome de Poder" - a primeira pelo entretenimento puro e simples, e aí talvez o filme não seja tão consistente, dinâmico e empolgante quanto sua premissa prometia. A segunda, e é aí que o roteiro brilha, é que a história por trás de Ray Kroc é simplesmente genial - uma aula com muitos elementos e nuances que servem de lição para quem empreende (para o lado bom e para lado ruim).
O filme do diretor John Lee Hancock (de "Um sonho possível") se propõe a contar a história de ascensão do McDonald's. Após receber uma demanda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, um fracassado vendedor de Illinois chamado Ray Kroc (Michael Keaton) adquire uma participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice "Mac" McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco, eliminando os dois das decisões estratégicas, acaba transformando a marca em um gigantesco império de fast food. Confira o trailer:
Muito mais do que uma rede de lanchonetes, o McDonald's se tornou um verdadeiro símbolo cultural que conquistou o planeta e como o próprio Mark Zuckerberg de Jesse Eisenberg sugeriu em "A Rede Social": "Você não faz 500 milhões de amigos, sem fazer alguns inimigos". Pois bem, a história de Ray Kroc inegavelmente segue esse mesmo conceito em sua jornada empreendedora e obviamente existe um preço a se pagar. Kroc é apresentado como uma pessoa determinada, visionária, resiliente e tão focada no sucesso que em nenhum momento hesita em abrir mão de sua ética profissional ou de sua relação com a família para alcançar seu objetivo - é impressionante como o roteiro do Robert Siegel (do imperdível "Bem-Vindos ao Clube da Sedução") vai construindo essa persona e Keaton vai embarcando na ideia com uma performance digna de muitos prêmios.
Embora "Fome de Poder" possa ser considerado um "filme de ator", sua estrutura narrativa naturalmente amplia a visão do entretenimento para ganhar ainda mais força com as lições que a própria história pode nos ensinar. Frases como "Se você pretende crescer na vida, pessoal e profissionalmente, deve aprender a assumir riscos" ou "Você não precisa ser o melhor em tudo, desde que esteja cercado das melhores pessoas para auxiliá-lo” pontuam uma linha do tempo bem construída, mas que não deixa de pincelar aquele certo tom de fábula. A fotografia do John Schwartzman (indicado ao Oscar por "Seabiscuit: Alma de Herói") prioriza as cores quentes e saturadas, criando uma ambientação agradável, enquanto a trilha sonora de Carter Burwell (de "Três Anúncios para um Crime") se prontifica a trazer a transição entre o triunfante e o sombrio - reparem como o mood do filme vai se modificando, ganhando ares de "Succession" mesmo antes da série da HBO se quer existir.
"Fome de Poder" pode dividir opiniões baseado no olhar ou na perspectiva de quem assiste. Sim, existe um discurso cínico, fortemente apoiado nos pilares do capitalismo (selvagem) americano, mas nunca crítico em relação aos movimentos de Ray Kroc e de suas escolhas estratégicas - principalmente se levarmos em consideração que todo marketing das redes de fast foodno EUA, historicamente, deriva de uma premissa de costumes, de coletividade; e não de conveniências da industrialização. Dito isso, posso te garantir que "The Founder" (no original) tem um apelo inegável enquanto narrativa e que certamente vai te provocar muitas reflexões, além de expandir seus horizontes como quem é capaz de ler (e perceber) as maravilhas escritas nas entre-linhas.
Vale muito o seu play!
Basicamente existe duas formas de assistir "Fome de Poder" - a primeira pelo entretenimento puro e simples, e aí talvez o filme não seja tão consistente, dinâmico e empolgante quanto sua premissa prometia. A segunda, e é aí que o roteiro brilha, é que a história por trás de Ray Kroc é simplesmente genial - uma aula com muitos elementos e nuances que servem de lição para quem empreende (para o lado bom e para lado ruim).
O filme do diretor John Lee Hancock (de "Um sonho possível") se propõe a contar a história de ascensão do McDonald's. Após receber uma demanda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, um fracassado vendedor de Illinois chamado Ray Kroc (Michael Keaton) adquire uma participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice "Mac" McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco, eliminando os dois das decisões estratégicas, acaba transformando a marca em um gigantesco império de fast food. Confira o trailer:
Muito mais do que uma rede de lanchonetes, o McDonald's se tornou um verdadeiro símbolo cultural que conquistou o planeta e como o próprio Mark Zuckerberg de Jesse Eisenberg sugeriu em "A Rede Social": "Você não faz 500 milhões de amigos, sem fazer alguns inimigos". Pois bem, a história de Ray Kroc inegavelmente segue esse mesmo conceito em sua jornada empreendedora e obviamente existe um preço a se pagar. Kroc é apresentado como uma pessoa determinada, visionária, resiliente e tão focada no sucesso que em nenhum momento hesita em abrir mão de sua ética profissional ou de sua relação com a família para alcançar seu objetivo - é impressionante como o roteiro do Robert Siegel (do imperdível "Bem-Vindos ao Clube da Sedução") vai construindo essa persona e Keaton vai embarcando na ideia com uma performance digna de muitos prêmios.
Embora "Fome de Poder" possa ser considerado um "filme de ator", sua estrutura narrativa naturalmente amplia a visão do entretenimento para ganhar ainda mais força com as lições que a própria história pode nos ensinar. Frases como "Se você pretende crescer na vida, pessoal e profissionalmente, deve aprender a assumir riscos" ou "Você não precisa ser o melhor em tudo, desde que esteja cercado das melhores pessoas para auxiliá-lo” pontuam uma linha do tempo bem construída, mas que não deixa de pincelar aquele certo tom de fábula. A fotografia do John Schwartzman (indicado ao Oscar por "Seabiscuit: Alma de Herói") prioriza as cores quentes e saturadas, criando uma ambientação agradável, enquanto a trilha sonora de Carter Burwell (de "Três Anúncios para um Crime") se prontifica a trazer a transição entre o triunfante e o sombrio - reparem como o mood do filme vai se modificando, ganhando ares de "Succession" mesmo antes da série da HBO se quer existir.
"Fome de Poder" pode dividir opiniões baseado no olhar ou na perspectiva de quem assiste. Sim, existe um discurso cínico, fortemente apoiado nos pilares do capitalismo (selvagem) americano, mas nunca crítico em relação aos movimentos de Ray Kroc e de suas escolhas estratégicas - principalmente se levarmos em consideração que todo marketing das redes de fast foodno EUA, historicamente, deriva de uma premissa de costumes, de coletividade; e não de conveniências da industrialização. Dito isso, posso te garantir que "The Founder" (no original) tem um apelo inegável enquanto narrativa e que certamente vai te provocar muitas reflexões, além de expandir seus horizontes como quem é capaz de ler (e perceber) as maravilhas escritas nas entre-linhas.
Vale muito o seu play!
Quase um ano depois do Brasil ganhar a Copa do Mundo nos EUA em 94, estreiou o filme "Todos os corações do Mundo". Era a primeira vez que víamos um documentário sobre a Copa do Mundo por um outro angulo - não só aquele que as emissoras mostravam durante as transmissões, que, na época, não tinham essa tecnologia toda. Era a primeira vez que víamos um jogo de futebol no Cinema, filmado em película 35 mm, em 24 fps, e embora muita gente não soubesse muito bem explicar o motivo, aquelas imagens tinham uma atmosférica mágica, um história, personagens... A grande verdade é que o diretor Murilo Salles teve a sensibilidade de humanizar o evento esportivo mais amado pelos brasileiros e a sorte de documentar o tetra campeonato depois de 24 anos!!!! Uma cena icônica captada por Salles, foi quando Baggio encara Romário no túnel do estádio, pouco antes de entrar em campo para jogar a final!!! Lindo de ver e de viver!!! Pois bem, por que eu falei de futebol em um review de uma série sobre F1? Porque a sensação que eu tive ao assistir "Formula 1: Dirigir paraViver" foi muito parecida com a que eu tive ao assistir, no cinema, "Todos os corações do Mundo" - a série da Netflix é sensacional!!!! Para quem gosta do/de esporte, é daquelas coisas que você assiste bem devagar pra não acabar e ficar sem, sabe? É um episódio melhor que o outro, confira o trailer:
"Formula 1: Dirigir paraViver" é uma série Original da Netflix com 10 episódios, de 40 minutos cada, que mostra os bastidores da Formula 1 na temporada de 2018. Na verdade, muito mais que os bastidores, a série vai atrás de pequenas e rápidas histórias, mas com personagens grandiosos: sejam eles os próprios pilotos ou alguém da equipe: um mecânico, um projetista, o chefe... até a família dos pilotos o diretor teve o cuidado de retratar! Tudo isso com o pano de fundo dos 21 GPs da Temporada e todo aquele visual maravilhoso dos países onde as corridas acontecem! Sério, é incrível como o diretor foi capaz de construir uma linha narrativa tão dinâmica focando em histórias tão particulares dos personagens e não só nas corridas em si! A edição é espetacular, um show a parte - capaz de criar um clima de tensão, de curiosidade, de tristeza, de ansiedade... Demais! A fotografia é sensacional - um espetáculo: são imagens inéditas, com uma qualidade impressionante. As reações, os bastidores, os comentários e, claro, as corridas estão muito bem captadas!!! São cenas em em close total, outras vezes, super lentas, poéticas - e sem perder nada da qualidade ou da emoção de cada momento!!! É realmente muito bonito - em 4K é imbatível!!! O desenho e a própria captação de som estão sensacionais também - é o mesmo conceito dos filmes que a NFL produz em cada Superbowl!!! A sensação é de estarmos dentro da pista... é sério!!!
O ex "todo poderoso" da Formula 1, Bernie Ecclestone, dizia que não existe espetáculo esportivo mais grandioso que uma temporada de Formula 1. Na sua Biografia "Não sou um anjo" (para quem gosta do assunto, recomento) ele se gaba em dizer que era o único homem capaz que organizar uma Copa do Mundo por final de semana, tamanho era o Circo que precisava ser montado para uma corrida acontecer (em 4 Continentes, em pouquíssimo tempo entre uma e outra)... e é isso que a série mostra, essa grandiosidade: do glamour à pressão por resultados, da alegria de uma vitória ao desespero do abandono por um erro infantil, da frieza do piloto à ansiedade do mecânico que vai trocar um dos pneus, da empolgação por uma nova tecnologia à frustração de um carro mal nascido... enfim, todas as engrenagens estão lá e de uma forma muito particular... e linda!!! Talvez o primeiro episódio seja explicativo (e redundante) demais, mas depois, meu amigo, é só alegria!!!! Tudo muito cinematográfico!!!!!
"Formula 1: Dirigir paraViver" é para ver e rever!!! Série para aproveitar cada minuto!!! Se você é fã do esporte, vai ser difícil parar de assistir; se não é, tenho certeza que a temporada 2019 vai ganhar novo significado, pois não serão apenas carros correndo em uma pista à 300 km por hora... serão as histórias por trás dos personagens que fazem esse espetáculo acontecer!!! Olha, talvez a série se transforme em um grande case de Branded Entertainment, mas e daí???
Vale muito mais que o play!!!!!!!
Quase um ano depois do Brasil ganhar a Copa do Mundo nos EUA em 94, estreiou o filme "Todos os corações do Mundo". Era a primeira vez que víamos um documentário sobre a Copa do Mundo por um outro angulo - não só aquele que as emissoras mostravam durante as transmissões, que, na época, não tinham essa tecnologia toda. Era a primeira vez que víamos um jogo de futebol no Cinema, filmado em película 35 mm, em 24 fps, e embora muita gente não soubesse muito bem explicar o motivo, aquelas imagens tinham uma atmosférica mágica, um história, personagens... A grande verdade é que o diretor Murilo Salles teve a sensibilidade de humanizar o evento esportivo mais amado pelos brasileiros e a sorte de documentar o tetra campeonato depois de 24 anos!!!! Uma cena icônica captada por Salles, foi quando Baggio encara Romário no túnel do estádio, pouco antes de entrar em campo para jogar a final!!! Lindo de ver e de viver!!! Pois bem, por que eu falei de futebol em um review de uma série sobre F1? Porque a sensação que eu tive ao assistir "Formula 1: Dirigir paraViver" foi muito parecida com a que eu tive ao assistir, no cinema, "Todos os corações do Mundo" - a série da Netflix é sensacional!!!! Para quem gosta do/de esporte, é daquelas coisas que você assiste bem devagar pra não acabar e ficar sem, sabe? É um episódio melhor que o outro, confira o trailer:
"Formula 1: Dirigir paraViver" é uma série Original da Netflix com 10 episódios, de 40 minutos cada, que mostra os bastidores da Formula 1 na temporada de 2018. Na verdade, muito mais que os bastidores, a série vai atrás de pequenas e rápidas histórias, mas com personagens grandiosos: sejam eles os próprios pilotos ou alguém da equipe: um mecânico, um projetista, o chefe... até a família dos pilotos o diretor teve o cuidado de retratar! Tudo isso com o pano de fundo dos 21 GPs da Temporada e todo aquele visual maravilhoso dos países onde as corridas acontecem! Sério, é incrível como o diretor foi capaz de construir uma linha narrativa tão dinâmica focando em histórias tão particulares dos personagens e não só nas corridas em si! A edição é espetacular, um show a parte - capaz de criar um clima de tensão, de curiosidade, de tristeza, de ansiedade... Demais! A fotografia é sensacional - um espetáculo: são imagens inéditas, com uma qualidade impressionante. As reações, os bastidores, os comentários e, claro, as corridas estão muito bem captadas!!! São cenas em em close total, outras vezes, super lentas, poéticas - e sem perder nada da qualidade ou da emoção de cada momento!!! É realmente muito bonito - em 4K é imbatível!!! O desenho e a própria captação de som estão sensacionais também - é o mesmo conceito dos filmes que a NFL produz em cada Superbowl!!! A sensação é de estarmos dentro da pista... é sério!!!
O ex "todo poderoso" da Formula 1, Bernie Ecclestone, dizia que não existe espetáculo esportivo mais grandioso que uma temporada de Formula 1. Na sua Biografia "Não sou um anjo" (para quem gosta do assunto, recomento) ele se gaba em dizer que era o único homem capaz que organizar uma Copa do Mundo por final de semana, tamanho era o Circo que precisava ser montado para uma corrida acontecer (em 4 Continentes, em pouquíssimo tempo entre uma e outra)... e é isso que a série mostra, essa grandiosidade: do glamour à pressão por resultados, da alegria de uma vitória ao desespero do abandono por um erro infantil, da frieza do piloto à ansiedade do mecânico que vai trocar um dos pneus, da empolgação por uma nova tecnologia à frustração de um carro mal nascido... enfim, todas as engrenagens estão lá e de uma forma muito particular... e linda!!! Talvez o primeiro episódio seja explicativo (e redundante) demais, mas depois, meu amigo, é só alegria!!!! Tudo muito cinematográfico!!!!!
"Formula 1: Dirigir paraViver" é para ver e rever!!! Série para aproveitar cada minuto!!! Se você é fã do esporte, vai ser difícil parar de assistir; se não é, tenho certeza que a temporada 2019 vai ganhar novo significado, pois não serão apenas carros correndo em uma pista à 300 km por hora... serão as histórias por trás dos personagens que fazem esse espetáculo acontecer!!! Olha, talvez a série se transforme em um grande case de Branded Entertainment, mas e daí???
Vale muito mais que o play!!!!!!!
"Framing Britney Spears", que aqui no Brasil ganhou o subtítulo de "A vida de uma estrela", é mais um documentário produzido pelo The New York Times para a plataforma Hulu. De imediato, temos a sensação de que se trata de mais uma história de construção de um fenômeno pop americano que acaba despencando depois de decisões e atitudes bastante questionáveis. De fato esse arco narrativo está no filme, mas o interessante é a perspectiva que a diretora Samantha Stark nos mostra - o que acaba destruindo aquele pré conceito que tomamos como a mais absoluta verdade sem ao menos nos aprofundar ou procurar entender o outro lado da história.
O documentário acompanha a ascensão de Britney Spears como um fenômeno global até sua queda, considerado até hoje como uma espécie de esporte nacional da mais cruel das formas. A partir de depoimentos de pessoas próximas a ela e de advogados que, de alguma maneira, estavam envolvidos no mistério da tutela legal exercida por seu pai e que gerou um movimento popular importante no país: o Free Britney. Confira o teaser:
A carreira de Britney Spears é um case de sucesso em um período onde as "boys bands" dominavam as paradas e os corações adolescentes. Sua chegada no cenário musical criou um enorme desconforto, pela forma como ela se apresentava, mas por outro lado provocou um sentimento de identificação que subverteu as inúmeras manifestações machistas, hipócritas e conservadoras, tão comum na sociedade americana. O fato é que Britney venceu, marcou uma geração e o documentário é muito feliz em resumir essa jornada de forma direta, sem perder muito tempo. Hoje, quase 13 anos depois de um surto registrado pelas câmeras e virar piada no mundo inteiro, sua vida é controlada pelo seu pai - mesmo ela sendo considerada capaz de tomar suas próprias decisões. É incrível como muitas pessoas ainda consideram a cantora como uma artista de sucesso que simplesmente surtou e nem se preocupam em entender como a vida dela chegou neste ponto. É exatamente esse o objetivo de "Framing Britney Spears": dar voz à Britney, sem necessariamente poder contar com ela no documentário.
Veja, não se trata de um documentário com um conceito narrativo inovador ou visualmente inesquecível, digno de Oscar ou muitos prêmios, "Framing Britney Spears" é quase uma reportagem especial de qualquer programa jornalístico com um arco narrativo, digamos, mais cinematográfico - mas isso não deve incomodar, pois a história é realmente muito boa e a maneira como a diretora nos apresenta essa jornada, cria um vinculo emocional com a protagonista que fica difícil não defende-la. Os que antes a consideravam uma louca, certamente vão enxergar a situação com outros olhos.
O documentário é superficial, está longe de ter a qualidade narrativa e a pesquisa de "Sandy & Junior: A História", por exemplo; mas atinge seu objetivo e nos entretem ao mesmo temo que nos faz refletir sobre como existe um certo prazer sádico em endeusar um artista (ou esportista) durante o seu ápice, para depois sacramentar sua queda, transformando sua vida em um verdadeiro inferno - como em "Tiger" da HBO, para citar outra produção na mesma linha.
A verdade é que esse é outro documentário onde final não é tão feliz, mas que pelo menos ainda nos deixa uma esperança. Vale o play!
"Framing Britney Spears", que aqui no Brasil ganhou o subtítulo de "A vida de uma estrela", é mais um documentário produzido pelo The New York Times para a plataforma Hulu. De imediato, temos a sensação de que se trata de mais uma história de construção de um fenômeno pop americano que acaba despencando depois de decisões e atitudes bastante questionáveis. De fato esse arco narrativo está no filme, mas o interessante é a perspectiva que a diretora Samantha Stark nos mostra - o que acaba destruindo aquele pré conceito que tomamos como a mais absoluta verdade sem ao menos nos aprofundar ou procurar entender o outro lado da história.
O documentário acompanha a ascensão de Britney Spears como um fenômeno global até sua queda, considerado até hoje como uma espécie de esporte nacional da mais cruel das formas. A partir de depoimentos de pessoas próximas a ela e de advogados que, de alguma maneira, estavam envolvidos no mistério da tutela legal exercida por seu pai e que gerou um movimento popular importante no país: o Free Britney. Confira o teaser:
A carreira de Britney Spears é um case de sucesso em um período onde as "boys bands" dominavam as paradas e os corações adolescentes. Sua chegada no cenário musical criou um enorme desconforto, pela forma como ela se apresentava, mas por outro lado provocou um sentimento de identificação que subverteu as inúmeras manifestações machistas, hipócritas e conservadoras, tão comum na sociedade americana. O fato é que Britney venceu, marcou uma geração e o documentário é muito feliz em resumir essa jornada de forma direta, sem perder muito tempo. Hoje, quase 13 anos depois de um surto registrado pelas câmeras e virar piada no mundo inteiro, sua vida é controlada pelo seu pai - mesmo ela sendo considerada capaz de tomar suas próprias decisões. É incrível como muitas pessoas ainda consideram a cantora como uma artista de sucesso que simplesmente surtou e nem se preocupam em entender como a vida dela chegou neste ponto. É exatamente esse o objetivo de "Framing Britney Spears": dar voz à Britney, sem necessariamente poder contar com ela no documentário.
Veja, não se trata de um documentário com um conceito narrativo inovador ou visualmente inesquecível, digno de Oscar ou muitos prêmios, "Framing Britney Spears" é quase uma reportagem especial de qualquer programa jornalístico com um arco narrativo, digamos, mais cinematográfico - mas isso não deve incomodar, pois a história é realmente muito boa e a maneira como a diretora nos apresenta essa jornada, cria um vinculo emocional com a protagonista que fica difícil não defende-la. Os que antes a consideravam uma louca, certamente vão enxergar a situação com outros olhos.
O documentário é superficial, está longe de ter a qualidade narrativa e a pesquisa de "Sandy & Junior: A História", por exemplo; mas atinge seu objetivo e nos entretem ao mesmo temo que nos faz refletir sobre como existe um certo prazer sádico em endeusar um artista (ou esportista) durante o seu ápice, para depois sacramentar sua queda, transformando sua vida em um verdadeiro inferno - como em "Tiger" da HBO, para citar outra produção na mesma linha.
A verdade é que esse é outro documentário onde final não é tão feliz, mas que pelo menos ainda nos deixa uma esperança. Vale o play!
A voz dele se confundiu com a história esportiva do país nos últimos 40 e poucos anos. Aliás, ninguém cobriu mais vitórias (e derrotas) do esporte brasileiro como ele. Sim, estou falando do locutor Galvão Bueno que teve um recorte bastante interessante de sua vida, com alguns momentos dos mais marcantes de sua carreira, retratados no documentário original da Globoplay, "Galvão: Olha o que ele fez". Dirigido pelo Sidney Garambone e pelo Gustavo Gomes, os cinco episódios tem um conceito visual e uma dinâmica narrativa das mais interessantes - equilibrando perfeitamente o lado humano com o do personagem "Galvão". Fica o aviso: para aqueles que são apaixonados pelo esporte, é impossível não maratonar essa série!
A beleza de "Galvão: Olha o que ele fez" está justamente na honestidade de seu protagonista. A partir de depoimentos do próprio Galvão e de muitas celebridades do esporte e do jornalismo, a série se concentra em expor os bastidores de sua jornada como locutor, além de sua intimidade profissional e, olha só, pessoal, como marido e pai. A série, obviamente, aborda seus momentos mais importantes, as conquistas, as dores e os muitos desafios profissionais, mas também desmistifica o personagem de um forma nunca vista antes e que vai te surpreender. Confira o trailer que você terá uma ideia do que esperar:
Galvão Bueno pode não ser uma unanimidade - alguns apreciam sua paixão e entusiasmo, enquanto outros criticam veemente sua forma de narrar um jogo ou de tecer alguns comentários, digamos, mais exaltados; mas é inegável que ele está (e estará) na memória emotiva da maioria dos brasileiros há (e por) muito tempo. Sua presença como locutor titular da Rede Globo proporcionou para ele e para nós, incontáveis jornadas esportivas que iam da Fórmula 1 ao Futebol, passando pelo Vôlei, pelo Boxe, pelo Basquete, etc.
E é mais ou menos seguindo essa linha nostálgica que o roteiro de "Galvão: Olha o que ele fez" consegue capturar uma verdade muito difícil para esse tipo de celebridade. O interessante, no entanto, é que a linha temporal de toda essa longa história é pontuada pelo presente, mais precisamente pelos jogos da Seleção na última Copa do Mundo, e isso nos dá a exata noção da responsabilidade que é comandar um evento esportivo como esse - assistir aos jogos pelo ponto de vista do Galvão, dentro de sua cabine de transmissão e ao lados de toda sua equipe, é simplesmente sensacional. A preparação, as resenhas com os amigos mais próximos, os bastidores antes de entrar no ar; tudo isso é mostrado, e melhor: sem filtro!
É praticamente impossível nominar todas as pessoas que deram seu depoimento durante a série - falando bem (e mal) de algumas de suas atitudes e posturas perante assuntos espinhosos, ou até de como ele mesmo foi se construindo e se tornando a "a voz do esporte" na Globo. Seu poder e influência é facilmente percebido por essas conversas com jornalistas, atletas, executivos e até com seus filhos e mulher. Suas paixões e desafetos também estão lá - e aqui cabe a curiosa informação das pessoas que não quiseram participar do projeto, é o caso do Piquet, do Renato Mauricio Prado, do Felipão e até do Neymar.
O fato é que "Galvão: Olha o que ele fez" é um documentário para assistir muitas vezes, um verdadeiro presente para quem viveu as melhores (e piores) experiências com o esporte desde os anos 80 ao lado de um profissional que é considerado insubstituível. Galvão Bueno para muitos é um gênio, para outros "chato pra caramba", mas olhar para sua carreira e não entender a importância dessa obra como recorte histórico da televisão brasileira e do esporte mundial, ou até como homenagem se assim preferirem, passa pela imaturidade de não celebrar o que será realmente inesquecível!
Golaço da Globoplay!
A voz dele se confundiu com a história esportiva do país nos últimos 40 e poucos anos. Aliás, ninguém cobriu mais vitórias (e derrotas) do esporte brasileiro como ele. Sim, estou falando do locutor Galvão Bueno que teve um recorte bastante interessante de sua vida, com alguns momentos dos mais marcantes de sua carreira, retratados no documentário original da Globoplay, "Galvão: Olha o que ele fez". Dirigido pelo Sidney Garambone e pelo Gustavo Gomes, os cinco episódios tem um conceito visual e uma dinâmica narrativa das mais interessantes - equilibrando perfeitamente o lado humano com o do personagem "Galvão". Fica o aviso: para aqueles que são apaixonados pelo esporte, é impossível não maratonar essa série!
A beleza de "Galvão: Olha o que ele fez" está justamente na honestidade de seu protagonista. A partir de depoimentos do próprio Galvão e de muitas celebridades do esporte e do jornalismo, a série se concentra em expor os bastidores de sua jornada como locutor, além de sua intimidade profissional e, olha só, pessoal, como marido e pai. A série, obviamente, aborda seus momentos mais importantes, as conquistas, as dores e os muitos desafios profissionais, mas também desmistifica o personagem de um forma nunca vista antes e que vai te surpreender. Confira o trailer que você terá uma ideia do que esperar:
Galvão Bueno pode não ser uma unanimidade - alguns apreciam sua paixão e entusiasmo, enquanto outros criticam veemente sua forma de narrar um jogo ou de tecer alguns comentários, digamos, mais exaltados; mas é inegável que ele está (e estará) na memória emotiva da maioria dos brasileiros há (e por) muito tempo. Sua presença como locutor titular da Rede Globo proporcionou para ele e para nós, incontáveis jornadas esportivas que iam da Fórmula 1 ao Futebol, passando pelo Vôlei, pelo Boxe, pelo Basquete, etc.
E é mais ou menos seguindo essa linha nostálgica que o roteiro de "Galvão: Olha o que ele fez" consegue capturar uma verdade muito difícil para esse tipo de celebridade. O interessante, no entanto, é que a linha temporal de toda essa longa história é pontuada pelo presente, mais precisamente pelos jogos da Seleção na última Copa do Mundo, e isso nos dá a exata noção da responsabilidade que é comandar um evento esportivo como esse - assistir aos jogos pelo ponto de vista do Galvão, dentro de sua cabine de transmissão e ao lados de toda sua equipe, é simplesmente sensacional. A preparação, as resenhas com os amigos mais próximos, os bastidores antes de entrar no ar; tudo isso é mostrado, e melhor: sem filtro!
É praticamente impossível nominar todas as pessoas que deram seu depoimento durante a série - falando bem (e mal) de algumas de suas atitudes e posturas perante assuntos espinhosos, ou até de como ele mesmo foi se construindo e se tornando a "a voz do esporte" na Globo. Seu poder e influência é facilmente percebido por essas conversas com jornalistas, atletas, executivos e até com seus filhos e mulher. Suas paixões e desafetos também estão lá - e aqui cabe a curiosa informação das pessoas que não quiseram participar do projeto, é o caso do Piquet, do Renato Mauricio Prado, do Felipão e até do Neymar.
O fato é que "Galvão: Olha o que ele fez" é um documentário para assistir muitas vezes, um verdadeiro presente para quem viveu as melhores (e piores) experiências com o esporte desde os anos 80 ao lado de um profissional que é considerado insubstituível. Galvão Bueno para muitos é um gênio, para outros "chato pra caramba", mas olhar para sua carreira e não entender a importância dessa obra como recorte histórico da televisão brasileira e do esporte mundial, ou até como homenagem se assim preferirem, passa pela imaturidade de não celebrar o que será realmente inesquecível!
Golaço da Globoplay!
Chega a soar absurdo o que aconteceu com a família Von Erich! Olha, uma verdadeira pancada - então esteja preparado! "Garra de Ferro" é um drama biográfico que mergulha na trágica e complexa história da família Von Erich, que acabou ganhando notoriedade por ser uma dinastia de lutadores de luta livre que alcançou tanto o auge da fama e do sucesso profissional quanto o abismo de inúmeras tragédias pessoais. "The Iron Claw" (no original) traz a sensibilidade de seu diretor Sean Durkin (de "Martha Marcy May Marlene" e de "O Refúgio"), para contar uma história difícil de maneira íntima e emocional, capturando as nuances de personagens cheios de camadas e os efeitos devastadores de suas escolhas ao longo da vida. O filme, desde seu prólogo, é uma exploração intensa e muitas vezes melancólica das pressões e dos desafios enfrentados por uma família que viveu à sombra das frustração de seu patriarca.
"Garra de Ferro" acompanha a vida e a carreira dos irmãos Von Erich, pela perspectiva de Kevin (Zac Efron). A narrativa explora a ascensão dos irmãos no mundo da luta livre profissional durante os anos 1980, sua rivalidade tanto dentro quanto fora do ringue, e o impacto esmagador das expectativas familiares e da indústria brutal desse esporte. O filme também aborda o "Von Erich curse", uma série de tragédias pessoais que afetaram a família, resultando em um legado marcado pela dor e pela perda. Confira o trailer:
Durkin dirige "Garra de Ferro" com uma abordagem interessante: visceral, mas introspectiva. Ele cria uma atmosfera densa e carregada de tensão, utilizando um conceito visual que alterna entre a luz crua dos holofotes do ringue e os tons pesados das cenas mais íntimas e pessoais de seus protagonistas. Essa escolha de Durkin por uma câmera mais próxima reflete o peso emocional da história, nos colocando ali, como observadores, criando uma fácil conexão com a psicologia dos personagens. Esta abordagem, sem dúvida, dá ao filme uma autenticidade e uma profundidade emocional que faz toda diferença na nossa experiência, mas saiba: não estamos falando de um filme de esporte e superação, estamos falando de um drama profundo sobre as relações humanas. O roteiro, também escrito por Durkin, é bem estruturado e equilibrado, misturando momentos de intensidade física e ação com cenas mais silenciosas - em nenhum momento o roteiro se desvia das verdades mais duras e brutais sobre o que os irmãos Von Erich enfrentaram, tanto como lutadores quanto como indivíduos lidando com problemas de saúde mental, pressão familiar e a busca incessante por validação, amor e sucesso.
Zac Efron entrega uma performance poderosa, capturando a força física e emocional do seu personagem como poucas vezes vi - talvez aqui a referência de Mickey Rourke em "O Lutador" se faça presente. Efron se transformou fisicamente para o papel, mostrando uma dedicação ao seu desempenho que vai além da aparência, trazendo uma vulnerabilidade que ressoa ao longo do filme. Efron realmente entrega um retrato empático e convincente de um homem que traz o peso das expectativas familiares e a dor da perda. Holt McCallany, como o patriarca Fritz Von Erich, também merece elogios - odioso, ele é a presença dominante, e muitas vezes intimidadora, da família, cujo amor duro e suas expectativas inflexíveis moldaram o destino de seus filhos e deixaram sérias marcas. Repare como as interações entre os personagens são ricas e emocionalmente carregadas, mesmo em seu subtexto, refletindo a dinâmica disfuncional da família e o peso que cada um carrega.
"Garra de Ferro" realmente pode parecer um pouco denso ou sobrecarregado demais em certos momentos. A expectativa que a narrativa vai criando ao longo do primeiro ato e que se transforma em um caos tão avassalador no segundo, com a ênfase no sofrimento e na tragédia, pode até ser vista como um tanto opressiva. Com poucos momentos de alívio ou esperança, assistir todo o filme exige da audiência, mas nem de longe tira o seu brilho. O que temos aqui é uma obra poderosa e profundamente humana, retratada com uma honestidade brutal, mas também com o respeito pela resiliência de sua jornada e de seus protagonistas.
Vale eu play!
Chega a soar absurdo o que aconteceu com a família Von Erich! Olha, uma verdadeira pancada - então esteja preparado! "Garra de Ferro" é um drama biográfico que mergulha na trágica e complexa história da família Von Erich, que acabou ganhando notoriedade por ser uma dinastia de lutadores de luta livre que alcançou tanto o auge da fama e do sucesso profissional quanto o abismo de inúmeras tragédias pessoais. "The Iron Claw" (no original) traz a sensibilidade de seu diretor Sean Durkin (de "Martha Marcy May Marlene" e de "O Refúgio"), para contar uma história difícil de maneira íntima e emocional, capturando as nuances de personagens cheios de camadas e os efeitos devastadores de suas escolhas ao longo da vida. O filme, desde seu prólogo, é uma exploração intensa e muitas vezes melancólica das pressões e dos desafios enfrentados por uma família que viveu à sombra das frustração de seu patriarca.
"Garra de Ferro" acompanha a vida e a carreira dos irmãos Von Erich, pela perspectiva de Kevin (Zac Efron). A narrativa explora a ascensão dos irmãos no mundo da luta livre profissional durante os anos 1980, sua rivalidade tanto dentro quanto fora do ringue, e o impacto esmagador das expectativas familiares e da indústria brutal desse esporte. O filme também aborda o "Von Erich curse", uma série de tragédias pessoais que afetaram a família, resultando em um legado marcado pela dor e pela perda. Confira o trailer:
Durkin dirige "Garra de Ferro" com uma abordagem interessante: visceral, mas introspectiva. Ele cria uma atmosfera densa e carregada de tensão, utilizando um conceito visual que alterna entre a luz crua dos holofotes do ringue e os tons pesados das cenas mais íntimas e pessoais de seus protagonistas. Essa escolha de Durkin por uma câmera mais próxima reflete o peso emocional da história, nos colocando ali, como observadores, criando uma fácil conexão com a psicologia dos personagens. Esta abordagem, sem dúvida, dá ao filme uma autenticidade e uma profundidade emocional que faz toda diferença na nossa experiência, mas saiba: não estamos falando de um filme de esporte e superação, estamos falando de um drama profundo sobre as relações humanas. O roteiro, também escrito por Durkin, é bem estruturado e equilibrado, misturando momentos de intensidade física e ação com cenas mais silenciosas - em nenhum momento o roteiro se desvia das verdades mais duras e brutais sobre o que os irmãos Von Erich enfrentaram, tanto como lutadores quanto como indivíduos lidando com problemas de saúde mental, pressão familiar e a busca incessante por validação, amor e sucesso.
Zac Efron entrega uma performance poderosa, capturando a força física e emocional do seu personagem como poucas vezes vi - talvez aqui a referência de Mickey Rourke em "O Lutador" se faça presente. Efron se transformou fisicamente para o papel, mostrando uma dedicação ao seu desempenho que vai além da aparência, trazendo uma vulnerabilidade que ressoa ao longo do filme. Efron realmente entrega um retrato empático e convincente de um homem que traz o peso das expectativas familiares e a dor da perda. Holt McCallany, como o patriarca Fritz Von Erich, também merece elogios - odioso, ele é a presença dominante, e muitas vezes intimidadora, da família, cujo amor duro e suas expectativas inflexíveis moldaram o destino de seus filhos e deixaram sérias marcas. Repare como as interações entre os personagens são ricas e emocionalmente carregadas, mesmo em seu subtexto, refletindo a dinâmica disfuncional da família e o peso que cada um carrega.
"Garra de Ferro" realmente pode parecer um pouco denso ou sobrecarregado demais em certos momentos. A expectativa que a narrativa vai criando ao longo do primeiro ato e que se transforma em um caos tão avassalador no segundo, com a ênfase no sofrimento e na tragédia, pode até ser vista como um tanto opressiva. Com poucos momentos de alívio ou esperança, assistir todo o filme exige da audiência, mas nem de longe tira o seu brilho. O que temos aqui é uma obra poderosa e profundamente humana, retratada com uma honestidade brutal, mas também com o respeito pela resiliência de sua jornada e de seus protagonistas.
Vale eu play!
Essa história vai te surpreender - mas nem por isso será uma jornada das mais tranquilas! "George & Tammy", minissérie criada por Abe Sylvia, repete a fórmula do premiado "Os Olhos de Tammy Faye", ou seja, Sylvia oferece mais uma vez um olhar íntimo e profundo sobre o tumultuado relacionamento entre duas lendas, dessa vez da da música country americana, George Jones e Tammy Wynette. Estrelada por Michael Shannon e Jessica Chastain, a produção explora tanto o lado pessoal quanto o profissional do casal, que não apenas moldou o gênero country, mas também deixou uma marca indiscutível no cenário musical dos Estados Unidos. Com uma combinação pontente de drama e música, ao melhor estilo "Nasce uma Estrela", "George & Tammy" pode sim ser considerada uma imersão intensa na vida de dois ícones que ficaram marcados pelo amor, pelo talento e pela auto-destruição.
A trama basicamente se concentra na relação conflituosa entre Jones, um dos mais celebrados cantores de música country americana, e Wynette, conhecida por seu sucesso "Stand by Your Man". O relacionamento dos dois foi marcado por grande paixão, mas também por muitas turbulências. O abuso de substâncias, as lutas emocionais e as pressões envolvidas nas carreiras intensas das celebridades formam o pano de fundo para uma história que captura tanto os altos e baixos de sua vida pessoal quanto o impacto que eles tiveram na cena musical da época. Confira o trailer (em inglês):
Obviamente que essa uma história que se confunde com o contexto musical de um país e nesse caso, ainda é explorado sem a menor vergonha de assumir um certo "bairrismo". Baseado na obra de Georgette Jones, 'The Three of Us: Growing Up with Tammy and George', a minissérie mergulha não apenas no relacionamento tumultuado dos protagonistas, mas também no impacto que eles tiveram na música country, abordando a criação de suas canções e a influência que suas vidas pessoais tiveram em suas obras. A criação de Abe Sylvia é realmente notável nesse sentido, já que sua habilidade em equilibrar o drama com o contexto musical e cultural da época gera um recorte impactante. O diretor John Hillcoat, que fez carreira com video clipes, sabe o valor da trilha sonora como elemento narrativo/estratégico para esse tipo de projeto, com isso ele é capaz de adicionar uma camada autêntica à trama, permitindo que o público experimente de maneira mais íntima o talento musical que definiu o casal - mesmo que para alguns essas intervenções musicais soem um pouco maçante.
Outro destaque da minissérie são as atuações de seus protagonistas. Jessica Chastain entrega uma performance notável como Tammy Wynette, capturando com precisão a força e a vulnerabilidade da cantora. Ela traz profundidade emocional para o papel, equilibrando a imagem pública de Tammy como uma mulher forte com suas lutas internas, especialmente em seu relacionamento com George. Chastain transmite de forma tocante a pressão que Tammy sentiu tanto em sua vida pessoal quanto na carreira, oferecendo uma interpretação complexa de uma mulher que buscava equilíbrio entre o amor e sua própria identidade. Michael Shannon, como George Jones, também brilha, trazendo para a tela um retrato multifacetado do cantor. Shannon interpreta Jones como um homem talentoso, mas quebrado por seus próprios demônios, especialmente o alcoolismo. Ele consegue capturar tanto o carisma de Jones no palco quanto seus momentos mais sombrios fora dele - e aqui cabe um comentário: a química entre Shannon e Chastain é tão palpável que fundamenta a narrativa, dando peso emocional à montanha-russa que define esse relacionamento.
"George & Tammy" foi indicado em 4 categorias no Emmy de 2023, especialmente por capturar a atmosfera exata de uma época - seja com os dois protagonistas perfeitamente caracterizados, seja com a fotografia, seja com o desenho de produção e arte. Aliás, essa produção da Showtime, de fato, nos transporta para centro da música country dos anos 1960 e 1970, desde os estúdios de gravação até as turnês exaustivas que as celebridades faziam na época. A minissérie é eficaz em mostrar as pressões da fama como pano de fundo e como isso afeta o relacionamento de qualquer casal do showbiz - sua narrativa enfatiza o ciclo vicioso em que eles se encontravam, enquanto o amor alimentava suas carreiras musicais.
"George & Tammy" traz uma abordagem humana sobre duas figuras públicas que, à primeira vista, parecem intocáveis, mas que na verdade lida com os desafios comuns: no amor, no vício, no sucesso e no fracasso. Vale muito o seu play!
Essa história vai te surpreender - mas nem por isso será uma jornada das mais tranquilas! "George & Tammy", minissérie criada por Abe Sylvia, repete a fórmula do premiado "Os Olhos de Tammy Faye", ou seja, Sylvia oferece mais uma vez um olhar íntimo e profundo sobre o tumultuado relacionamento entre duas lendas, dessa vez da da música country americana, George Jones e Tammy Wynette. Estrelada por Michael Shannon e Jessica Chastain, a produção explora tanto o lado pessoal quanto o profissional do casal, que não apenas moldou o gênero country, mas também deixou uma marca indiscutível no cenário musical dos Estados Unidos. Com uma combinação pontente de drama e música, ao melhor estilo "Nasce uma Estrela", "George & Tammy" pode sim ser considerada uma imersão intensa na vida de dois ícones que ficaram marcados pelo amor, pelo talento e pela auto-destruição.
A trama basicamente se concentra na relação conflituosa entre Jones, um dos mais celebrados cantores de música country americana, e Wynette, conhecida por seu sucesso "Stand by Your Man". O relacionamento dos dois foi marcado por grande paixão, mas também por muitas turbulências. O abuso de substâncias, as lutas emocionais e as pressões envolvidas nas carreiras intensas das celebridades formam o pano de fundo para uma história que captura tanto os altos e baixos de sua vida pessoal quanto o impacto que eles tiveram na cena musical da época. Confira o trailer (em inglês):
Obviamente que essa uma história que se confunde com o contexto musical de um país e nesse caso, ainda é explorado sem a menor vergonha de assumir um certo "bairrismo". Baseado na obra de Georgette Jones, 'The Three of Us: Growing Up with Tammy and George', a minissérie mergulha não apenas no relacionamento tumultuado dos protagonistas, mas também no impacto que eles tiveram na música country, abordando a criação de suas canções e a influência que suas vidas pessoais tiveram em suas obras. A criação de Abe Sylvia é realmente notável nesse sentido, já que sua habilidade em equilibrar o drama com o contexto musical e cultural da época gera um recorte impactante. O diretor John Hillcoat, que fez carreira com video clipes, sabe o valor da trilha sonora como elemento narrativo/estratégico para esse tipo de projeto, com isso ele é capaz de adicionar uma camada autêntica à trama, permitindo que o público experimente de maneira mais íntima o talento musical que definiu o casal - mesmo que para alguns essas intervenções musicais soem um pouco maçante.
Outro destaque da minissérie são as atuações de seus protagonistas. Jessica Chastain entrega uma performance notável como Tammy Wynette, capturando com precisão a força e a vulnerabilidade da cantora. Ela traz profundidade emocional para o papel, equilibrando a imagem pública de Tammy como uma mulher forte com suas lutas internas, especialmente em seu relacionamento com George. Chastain transmite de forma tocante a pressão que Tammy sentiu tanto em sua vida pessoal quanto na carreira, oferecendo uma interpretação complexa de uma mulher que buscava equilíbrio entre o amor e sua própria identidade. Michael Shannon, como George Jones, também brilha, trazendo para a tela um retrato multifacetado do cantor. Shannon interpreta Jones como um homem talentoso, mas quebrado por seus próprios demônios, especialmente o alcoolismo. Ele consegue capturar tanto o carisma de Jones no palco quanto seus momentos mais sombrios fora dele - e aqui cabe um comentário: a química entre Shannon e Chastain é tão palpável que fundamenta a narrativa, dando peso emocional à montanha-russa que define esse relacionamento.
"George & Tammy" foi indicado em 4 categorias no Emmy de 2023, especialmente por capturar a atmosfera exata de uma época - seja com os dois protagonistas perfeitamente caracterizados, seja com a fotografia, seja com o desenho de produção e arte. Aliás, essa produção da Showtime, de fato, nos transporta para centro da música country dos anos 1960 e 1970, desde os estúdios de gravação até as turnês exaustivas que as celebridades faziam na época. A minissérie é eficaz em mostrar as pressões da fama como pano de fundo e como isso afeta o relacionamento de qualquer casal do showbiz - sua narrativa enfatiza o ciclo vicioso em que eles se encontravam, enquanto o amor alimentava suas carreiras musicais.
"George & Tammy" traz uma abordagem humana sobre duas figuras públicas que, à primeira vista, parecem intocáveis, mas que na verdade lida com os desafios comuns: no amor, no vício, no sucesso e no fracasso. Vale muito o seu play!
ELA (esclerose lateral amiotrófica) é um doença do sistema nervoso que enfraquece os músculos e afeta as funções físicas, já que o cérebro não consegue mais se comunicar com o corpo graças a destruição gradual das células nervosas. Agora, imagine ser diagnosticado com apenas 34 anos, ter uma expectativa de vida de 2 a 5 anos e ainda descobrir, na mesma época, que sua esposa está grávida do seu primeiro filho!
Se você, como eu, sentiu um aperto no peito ao ler esse primeiro parágrafo, "A Luta de Steve" (título nacional) mostra justamente a jornada do ex-jogador de futebol americano, ídolo do New Orleans Saints, Steve Gleason, para se adaptar a essa nova realidade e, de alguma forma, ter uma relação com seu filho prestes a nascer. Sem muitos rodeios e de uma forma bastante cruel, o documentário escancara a progressão da doença e a maneira como Steve e sua família se preparam para um futuro preocupante. A medida que vemos os vídeos gravados por eles mesmos, entendemos o poder devastador da doença como poucas vezes vi documentado - trazendo discussões complexas sobre fé, convivência, resiliência, aceitação, esperança, etc! Confira o trailer (em inglês):
"Gleason" tem quase duas horas e é muito duro! Muito difícil de digerir e emocionante. As escolhas do diretor J. Clay Tweel só colaboram para um retrato real de como a doença vai destruindo o paciente e mudando completamente sua relação com a família e com o mundo - a opção por mostrar cenas inteiras sem muita edição só potencializa uma enxurrada de sensações que temos ao acompanhar Steve. É difícil, mas não por acaso o documentário ganhou o "Critics' Choice Documentary Awards", o "SXSW Film Festival" e ainda foi finalista do "Sundance Festival" em 2016.
Produzido pela "Amazon Studios", o documentário tem momentos únicos que valem muito sua atenção. O primeiro mostra a reação de esposa de Steve quando seu sogro leva o filho para conhecer um curandeiro - embora seja tocante a força de vontade e desejo de continuar vivendo de Steve, o que vemos sem corte algum é muito dolorido. Outro momento interessante é a discussão que Steve tem com seu pai sobre fé - são pontos de vista completamente diferentes, mas o que nos comove é a força da relação construída na cena e a dor que ambos (pais) tem que suportar. E para finalizar, a forma como Steve usa de sua notoriedade como esportista para ajudar outros pacientes de ELA.
(Provavelmente você vai se lembrar de uma famosa campanha que viralizou em 2015 com o "Desafio do Balde de Gelo". Nela, celebridades se desafiavam a jogar um balde cheio de gelo em troca de doações para a pesquisa de ELA. Steve, inclusive, desafiou oPresidente Obama depois que ele aprovou a Lei Steven Gleason - o ato assinado pelo presidente americano dava acesso médico para as pessoas com a doença para conseguir um aparelho que gerava uma mensagem de acordo com os comandos visuais.)
Misturando gravações pessoais, noticiários da época, entrevistas com familiares, amigos e, claro, com Steve e sua mulher, Michel Varisco, "Gleason" vai fundo no reflexos sociais, familiares, fisico e psicológico da doença! Vale muito a pena, mas é preciso estar preparado (eu mesmo pensei em desistir algumas vezes)!
Ah, antes de finalizar, o documentário ainda mostra uma conversa emocionante e franca com o vocalista do Pearl Jam, Eddie Vedder, sobre paternidade e escolhas de vida, que é de apertar o coração!
ELA (esclerose lateral amiotrófica) é um doença do sistema nervoso que enfraquece os músculos e afeta as funções físicas, já que o cérebro não consegue mais se comunicar com o corpo graças a destruição gradual das células nervosas. Agora, imagine ser diagnosticado com apenas 34 anos, ter uma expectativa de vida de 2 a 5 anos e ainda descobrir, na mesma época, que sua esposa está grávida do seu primeiro filho!
Se você, como eu, sentiu um aperto no peito ao ler esse primeiro parágrafo, "A Luta de Steve" (título nacional) mostra justamente a jornada do ex-jogador de futebol americano, ídolo do New Orleans Saints, Steve Gleason, para se adaptar a essa nova realidade e, de alguma forma, ter uma relação com seu filho prestes a nascer. Sem muitos rodeios e de uma forma bastante cruel, o documentário escancara a progressão da doença e a maneira como Steve e sua família se preparam para um futuro preocupante. A medida que vemos os vídeos gravados por eles mesmos, entendemos o poder devastador da doença como poucas vezes vi documentado - trazendo discussões complexas sobre fé, convivência, resiliência, aceitação, esperança, etc! Confira o trailer (em inglês):
"Gleason" tem quase duas horas e é muito duro! Muito difícil de digerir e emocionante. As escolhas do diretor J. Clay Tweel só colaboram para um retrato real de como a doença vai destruindo o paciente e mudando completamente sua relação com a família e com o mundo - a opção por mostrar cenas inteiras sem muita edição só potencializa uma enxurrada de sensações que temos ao acompanhar Steve. É difícil, mas não por acaso o documentário ganhou o "Critics' Choice Documentary Awards", o "SXSW Film Festival" e ainda foi finalista do "Sundance Festival" em 2016.
Produzido pela "Amazon Studios", o documentário tem momentos únicos que valem muito sua atenção. O primeiro mostra a reação de esposa de Steve quando seu sogro leva o filho para conhecer um curandeiro - embora seja tocante a força de vontade e desejo de continuar vivendo de Steve, o que vemos sem corte algum é muito dolorido. Outro momento interessante é a discussão que Steve tem com seu pai sobre fé - são pontos de vista completamente diferentes, mas o que nos comove é a força da relação construída na cena e a dor que ambos (pais) tem que suportar. E para finalizar, a forma como Steve usa de sua notoriedade como esportista para ajudar outros pacientes de ELA.
(Provavelmente você vai se lembrar de uma famosa campanha que viralizou em 2015 com o "Desafio do Balde de Gelo". Nela, celebridades se desafiavam a jogar um balde cheio de gelo em troca de doações para a pesquisa de ELA. Steve, inclusive, desafiou oPresidente Obama depois que ele aprovou a Lei Steven Gleason - o ato assinado pelo presidente americano dava acesso médico para as pessoas com a doença para conseguir um aparelho que gerava uma mensagem de acordo com os comandos visuais.)
Misturando gravações pessoais, noticiários da época, entrevistas com familiares, amigos e, claro, com Steve e sua mulher, Michel Varisco, "Gleason" vai fundo no reflexos sociais, familiares, fisico e psicológico da doença! Vale muito a pena, mas é preciso estar preparado (eu mesmo pensei em desistir algumas vezes)!
Ah, antes de finalizar, o documentário ainda mostra uma conversa emocionante e franca com o vocalista do Pearl Jam, Eddie Vedder, sobre paternidade e escolhas de vida, que é de apertar o coração!
"Guga por Kuerten" está longe de ser a homenagem que o atleta merecia - mas nem por isso você deve deixar de assistir! Guga é um cara iluminado, carismático, especial; então acredite: mesmo que a minissérie documental do Disney+ se limite ao superficial, ainda assim ela é imperdível! Como não poderia deixar de ser, "Guga por Kuerten"acompanha a trajetória de Gustavo Kuerten, o maior tenista da história do país (ao lado de Maria Esther Bueno), pela perspectiva do próprio atleta, do seu treinador e de sua família. Dividida em 5 episódios, a minissérie não apenas celebra suas vitórias no esporte, mas também revela o ser humano incrível por trás do ídolo, explorando suas lutas pessoais e a relação com a família e amigos. Com um olhar íntimo, a produção oferece aos amantes de tênis um recorte da jornada de Guga, especialmente em Roland Garros, até chegar ao topo do tênis mundial!
A partir de entrevistas com o próprio Guga, com seu irmão Rafael e seu treinador Larri Passos, "Guga por Kuerten" nos leva de volta a momentos icônicos de sua carreira, como a vitória surpreendente em 1997,quando ele se tornou o primeiro brasileiro a vencer o prestigioso torneio de Roland Garros. Além de seus triunfos nas quadras de Paris, a minissérie examina as dificuldades enfrentadas pelo atleta, desde a perda do pai logo cedo até sua lesão no quadril que marcou sua carreira e que o levou para uma aposentadoria precoce. Confira o trailer:
É inegável que "Guga por Kuerten" faz um ótimo trabalho ao equilibrar o sucesso estrondoso do atleta com as dificuldades pessoais de um garoto que viu seu maior ídolo, o pai, partir logo cedo. O Guga ainda dava seus primeiros passos na carreira quando seu pai enfartou em uma quadra de tênis e é a partir desse gatilho que a narrativa torna o relato do atleta ainda mais inspirador e emocionante. Logo no primeiro episódio você vai se emocionar muito, então é praticamente impossível não se conectar com sua dor; o que me incomodou no entanto, foi a forma "desesperada" como a direção/roteiro tirou Guga desse momento marcante e o colocou em Roland Garros - veja, o corte é tão brusco que eu precisei voltar o episódio para entender que não se tratava de um erro do player. Obviamente que essa escolha conceitual fortalece temas mais universais como superação, resiliência e até discute os impactos das escolhas pessoais do atleta, e de sua família, de uma maneira que transcende o esporte, trazendo as lições de vida e os valores que ele carrega até hoje, mas a impressão que fica é que faltou ir além do óbvio.
Alternando entrevistas emocionantes e cenas de arquivo que capturam os grandes momentos da sua carreira pelo seu olhar, Guga oferece insights diretos sobre sua jornada dentro das quadras com muita honestidade. Sua sinceridade em relação às dificuldades, as pressões da fama e as lesões que o impediram de continuar no auge tornam o documentário não apenas uma homenagem, mas uma reflexão interessante sobre a realidade por trás das glórias do esporte. A minissérie também destaca a relação de Guga com sua família, especialmente com seu irmão Guilherme, que sofria de paralisia cerebral e foi uma das maiores motivações para o tenista. Esses momentos trazem para a tela o lado mais sensível e pessoal de Guga, mostrando a importância da família e de suas raízes em sua formação como ser humano - os relatos de sua mãe Alice são especiais nesse sentido.
Duas horas e trinta minutos é muito pouco para dar aos brasileiros aquilo que Guga representou. Não se pode colocar Federer, Nadal e Djokovic na frente de uma câmera e só tirar deles dois minutos de depoimento - o fato é que Guga merecia um "Man in the Arena" ou um "Arremesso Final" e não teve. "Guga por Kuerten", infelizmente, sofre pelo esforço descomunal da edição para use tornar dinâmico e acaba falhando na maneira como utiliza esse vasto material de arquivo disponível, por outro lado é preciso que se diga: mesmo na correria, a minissérie tem alma! "Guga por Kuerten" é um tributo emocionante a uma das figuras mais queridas do esporte brasileiro de todos os tempos. Um cara que nos fez acordar cedo aos domingos novamente, um atleta incrível, monstruoso, importante para toda uma geração e que soube equilibrar suas vitórias profissionais com suas batalhas pessoais com honestidade e valores.
"Guga por Kuerten" oferece um resumo do que foi Gustavo Kuerten, não apenas como o tricampeão de Roland Garros, mas como ser humano - e justamente por isso vai ficar aquele sentimento de "quero mais"!
"Guga por Kuerten" está longe de ser a homenagem que o atleta merecia - mas nem por isso você deve deixar de assistir! Guga é um cara iluminado, carismático, especial; então acredite: mesmo que a minissérie documental do Disney+ se limite ao superficial, ainda assim ela é imperdível! Como não poderia deixar de ser, "Guga por Kuerten"acompanha a trajetória de Gustavo Kuerten, o maior tenista da história do país (ao lado de Maria Esther Bueno), pela perspectiva do próprio atleta, do seu treinador e de sua família. Dividida em 5 episódios, a minissérie não apenas celebra suas vitórias no esporte, mas também revela o ser humano incrível por trás do ídolo, explorando suas lutas pessoais e a relação com a família e amigos. Com um olhar íntimo, a produção oferece aos amantes de tênis um recorte da jornada de Guga, especialmente em Roland Garros, até chegar ao topo do tênis mundial!
A partir de entrevistas com o próprio Guga, com seu irmão Rafael e seu treinador Larri Passos, "Guga por Kuerten" nos leva de volta a momentos icônicos de sua carreira, como a vitória surpreendente em 1997,quando ele se tornou o primeiro brasileiro a vencer o prestigioso torneio de Roland Garros. Além de seus triunfos nas quadras de Paris, a minissérie examina as dificuldades enfrentadas pelo atleta, desde a perda do pai logo cedo até sua lesão no quadril que marcou sua carreira e que o levou para uma aposentadoria precoce. Confira o trailer:
É inegável que "Guga por Kuerten" faz um ótimo trabalho ao equilibrar o sucesso estrondoso do atleta com as dificuldades pessoais de um garoto que viu seu maior ídolo, o pai, partir logo cedo. O Guga ainda dava seus primeiros passos na carreira quando seu pai enfartou em uma quadra de tênis e é a partir desse gatilho que a narrativa torna o relato do atleta ainda mais inspirador e emocionante. Logo no primeiro episódio você vai se emocionar muito, então é praticamente impossível não se conectar com sua dor; o que me incomodou no entanto, foi a forma "desesperada" como a direção/roteiro tirou Guga desse momento marcante e o colocou em Roland Garros - veja, o corte é tão brusco que eu precisei voltar o episódio para entender que não se tratava de um erro do player. Obviamente que essa escolha conceitual fortalece temas mais universais como superação, resiliência e até discute os impactos das escolhas pessoais do atleta, e de sua família, de uma maneira que transcende o esporte, trazendo as lições de vida e os valores que ele carrega até hoje, mas a impressão que fica é que faltou ir além do óbvio.
Alternando entrevistas emocionantes e cenas de arquivo que capturam os grandes momentos da sua carreira pelo seu olhar, Guga oferece insights diretos sobre sua jornada dentro das quadras com muita honestidade. Sua sinceridade em relação às dificuldades, as pressões da fama e as lesões que o impediram de continuar no auge tornam o documentário não apenas uma homenagem, mas uma reflexão interessante sobre a realidade por trás das glórias do esporte. A minissérie também destaca a relação de Guga com sua família, especialmente com seu irmão Guilherme, que sofria de paralisia cerebral e foi uma das maiores motivações para o tenista. Esses momentos trazem para a tela o lado mais sensível e pessoal de Guga, mostrando a importância da família e de suas raízes em sua formação como ser humano - os relatos de sua mãe Alice são especiais nesse sentido.
Duas horas e trinta minutos é muito pouco para dar aos brasileiros aquilo que Guga representou. Não se pode colocar Federer, Nadal e Djokovic na frente de uma câmera e só tirar deles dois minutos de depoimento - o fato é que Guga merecia um "Man in the Arena" ou um "Arremesso Final" e não teve. "Guga por Kuerten", infelizmente, sofre pelo esforço descomunal da edição para use tornar dinâmico e acaba falhando na maneira como utiliza esse vasto material de arquivo disponível, por outro lado é preciso que se diga: mesmo na correria, a minissérie tem alma! "Guga por Kuerten" é um tributo emocionante a uma das figuras mais queridas do esporte brasileiro de todos os tempos. Um cara que nos fez acordar cedo aos domingos novamente, um atleta incrível, monstruoso, importante para toda uma geração e que soube equilibrar suas vitórias profissionais com suas batalhas pessoais com honestidade e valores.
"Guga por Kuerten" oferece um resumo do que foi Gustavo Kuerten, não apenas como o tricampeão de Roland Garros, mas como ser humano - e justamente por isso vai ficar aquele sentimento de "quero mais"!
“Halston” é mais uma produção Original Netflix assinada por Ryan Murphy (“American Horror Story”, “O Povo contra O.J. Simpson”, “O Assassinato de Gianni Versace”), depois dos mais recentes lançamentos como “Hollywood”, “The Politician” e “Ratched”, além dos filmes “Baile de Formatura” e “The Boys in the Band”. Pois bem, a minissérie conta a história da ascensão e queda do lendário estilista que virou um ícone da moda nos anos 70, Roy Halston. Estrelada por Ewan McGregor, essa é uma minissérie que já vale o destaque entre os lançamentos da plataforma em 2021.
Baseado na biografia “Simply Halston: The Untold Story” de Steven Gaines, “Halston” reconstitui as famosas festas no Studio 54 e mostra, sem nenhum pudor, as farras com drogas e sexo do estilista. Ao longo dos 5 episódios, podemos acompanhar o seu processo criativo, além de ver suas peças mais icônicas tais como o chapéu “pillbox” de Jackie Kennedy, os macacões decotados e brilhantes de Liza Minelli (uma das melhores amigas do estilista) e os lindos figurinos dos balés da Martha Graham. Sua alta produtividade e versatilidade o levavam a criar até 10 coleções por ano, algo até hoje impensável. Sua ambição, segundo ele, era “vestir todas as pessoas da América”. Multifacetado, além de roupas, ele assinou uma linha luxuosa de cama e banho, óculos escuros, tapetes, sapatos, luvas e até o uniforme da polícia de Nova York. Confira o Trailer:
Roy Halston Frowick (1932-1990) foi o primeiro estilista americano a se tornar uma celebridade. Ewan McGregor está excelente no papel e encarnou com perfeição os maneirismos e até a forma peculiar com que Halston falava, tendo recebido elogios rasgados de Ryan Murphy por sua atuação. Todos os trejeitos e estilo de Halston faziam parte do seu branding pessoal. Ele intuitivamente sabia que tinha que se destacar como uma personalidade excêntrica da moda e se inventar como marca, a fim de se tornar um ícone do mundo fashion. A minissérie mostra bem como sua personalidade destemida ajudou a transformar seu nome numa marca tão famosa. Halston conseguia ser tão envolvente e persuasivo que montou o seu primeiro ateliê sem ainda ter os recursos (milionários) necessários, convencendo clientes a investir em sua marca. O que Halston queria, conseguia realizar.
Embora tenha sentido falta de alguns artistas famosos e intelectuais que faziam parte do círculo de Halston, entre eles Andy Warhol e Bianca Jagger, aparentemente a produção preferiu focar mais na genialidade do estilista e na evolução dos seus negócios desde o bem-sucedido licenciamento da marca Halston nos anos 70, fazendo com que a marca se expandisse além das roupas e acessórios até o seu famoso perfume, lançado em 1975, que vendeu 85 milhões de dólares em apenas dois anos.
Se você gosta de dramas biográficos, com aquele toque de empreendedorismo, “Halston” é sob medida para você. Seja pela grande atuação de Ewan McGregor, pela produção impecável ou apenas para conhecer a história desse grande ícone da moda!
Escrito por Ana Cristina Paixão
“Halston” é mais uma produção Original Netflix assinada por Ryan Murphy (“American Horror Story”, “O Povo contra O.J. Simpson”, “O Assassinato de Gianni Versace”), depois dos mais recentes lançamentos como “Hollywood”, “The Politician” e “Ratched”, além dos filmes “Baile de Formatura” e “The Boys in the Band”. Pois bem, a minissérie conta a história da ascensão e queda do lendário estilista que virou um ícone da moda nos anos 70, Roy Halston. Estrelada por Ewan McGregor, essa é uma minissérie que já vale o destaque entre os lançamentos da plataforma em 2021.
Baseado na biografia “Simply Halston: The Untold Story” de Steven Gaines, “Halston” reconstitui as famosas festas no Studio 54 e mostra, sem nenhum pudor, as farras com drogas e sexo do estilista. Ao longo dos 5 episódios, podemos acompanhar o seu processo criativo, além de ver suas peças mais icônicas tais como o chapéu “pillbox” de Jackie Kennedy, os macacões decotados e brilhantes de Liza Minelli (uma das melhores amigas do estilista) e os lindos figurinos dos balés da Martha Graham. Sua alta produtividade e versatilidade o levavam a criar até 10 coleções por ano, algo até hoje impensável. Sua ambição, segundo ele, era “vestir todas as pessoas da América”. Multifacetado, além de roupas, ele assinou uma linha luxuosa de cama e banho, óculos escuros, tapetes, sapatos, luvas e até o uniforme da polícia de Nova York. Confira o Trailer:
Roy Halston Frowick (1932-1990) foi o primeiro estilista americano a se tornar uma celebridade. Ewan McGregor está excelente no papel e encarnou com perfeição os maneirismos e até a forma peculiar com que Halston falava, tendo recebido elogios rasgados de Ryan Murphy por sua atuação. Todos os trejeitos e estilo de Halston faziam parte do seu branding pessoal. Ele intuitivamente sabia que tinha que se destacar como uma personalidade excêntrica da moda e se inventar como marca, a fim de se tornar um ícone do mundo fashion. A minissérie mostra bem como sua personalidade destemida ajudou a transformar seu nome numa marca tão famosa. Halston conseguia ser tão envolvente e persuasivo que montou o seu primeiro ateliê sem ainda ter os recursos (milionários) necessários, convencendo clientes a investir em sua marca. O que Halston queria, conseguia realizar.
Embora tenha sentido falta de alguns artistas famosos e intelectuais que faziam parte do círculo de Halston, entre eles Andy Warhol e Bianca Jagger, aparentemente a produção preferiu focar mais na genialidade do estilista e na evolução dos seus negócios desde o bem-sucedido licenciamento da marca Halston nos anos 70, fazendo com que a marca se expandisse além das roupas e acessórios até o seu famoso perfume, lançado em 1975, que vendeu 85 milhões de dólares em apenas dois anos.
Se você gosta de dramas biográficos, com aquele toque de empreendedorismo, “Halston” é sob medida para você. Seja pela grande atuação de Ewan McGregor, pela produção impecável ou apenas para conhecer a história desse grande ícone da moda!
Escrito por Ana Cristina Paixão
É impossível assistir "Hebe - A estrela do Brasil" e não imaginar qual seria seu discurso ou sua postura ao acompanhar tudo o que vem acontecendo no mundo atualmente. De fato, Hebe era uma comunicadora à frente do seu tempo e, realmente, sua história merecia ser contada; mas qual delas? O grande acerto do filme dirigido pelo Maurício Farias, foi entender que uma vida tão intensa como a que Hebe viveu, poderia ser facilmente comprimida em menos de duas horas de projeção desde que se encontrasse o recorte perfeito - e foi o que a aconteceu! O recorte escolhido foi capaz de mostrar toda sua personalidade, sua enorme capacidade profissional, suas convicções pessoais, sua relação com os amigos, filho, marido e companheiros de trabalho, mas acima de tudo, foi certeiro ao mostrar a forma como ela se comportava perante as mais diversas situações onde uma mulher precisava se impor para conquistar seu lugar!
O Brasil dos anos 80 vivia uma de suas piores crises econômicas e politicas da história. Era um período de transição, onde os limites ainda estavam sendo restabelecidos e a maneira como as celebridades da TV se mostravam influenciava ativamente sua enorme audiência. Eram outros tempos, onde apenas a TV consumia toda a atenção de milhões de pessoas durante a noite - o chamado horário nobre. É nesse contexto que Hebe surgia na tela: exuberante! Era a imagem perfeita do poder e do sucesso. Ao completar 40 anos de profissão, perto de chegar aos 60 de vida, Hebe estava madura e já não aceitava ser apenas um produto do seu sucesso. Mais do que isso, já não suportava mais ser uma mulher submissa ao marido, ao salário e ao governo. O filme acompanha justamente o período de abertura política do país, essa transição entre a ditadura militar e a democracia, período onde Hebe resolveu trocar de emissora e se colocar ativamente como a voz dos brasileiros!
O filme é inteligente ao mostrar com o equilíbrio perfeito, todo o brilho da sua vida pública e a escuridão da sua vida privada. Todo o preconceito que sofreu por defender as minorias, o machismo de um marido ciumento, a pressão dos seus superiores e, claro, a repressão de uma ditadura militar que se escondia nos gritos abafados de uma fraca democracia! Mesmo com algumas cenas sem o menor propósito narrativo (como todas que envolvem seu ex-marido) e algumas falas sem sentido algum para época (não existia a necessidade de se levantar uma bandeira como hoje, tudo partia apenas da livre expressão e não de um idealismo fabricado), o roteiro é bom e é refletido no dinamismo do filme. Arrisco dizer que, com vinte minutos a menos, "Hebe - A estrela do Brasil" seria a melhor cinebiografia produzida até o momento no Brasil. É preciso exaltar o trabalho de Andrea Beltrão como Hebe - ela está impecável! É um grande trabalho de atriz, com uma grande pesquisa corporal (cheio de detalhes per particulares) e sua capacidade de sentir as emoções são tão verdadeiras que nos emocionamos até com os momentos de alegria da personagem - o que é raro! Marco Ricca também, um monstro como Lélio, marido de Hebe - intenso, reflexivo, inseguro.
"Hebe - A estrela do Brasil" é um filme divertido e emocionante. Um retrato de uma época importante na nossa história, cheio de personagens inesquecíveis e com um toque nostálgico muito bacana. Entretenimento de primeira. Vale muito a pena!
É impossível assistir "Hebe - A estrela do Brasil" e não imaginar qual seria seu discurso ou sua postura ao acompanhar tudo o que vem acontecendo no mundo atualmente. De fato, Hebe era uma comunicadora à frente do seu tempo e, realmente, sua história merecia ser contada; mas qual delas? O grande acerto do filme dirigido pelo Maurício Farias, foi entender que uma vida tão intensa como a que Hebe viveu, poderia ser facilmente comprimida em menos de duas horas de projeção desde que se encontrasse o recorte perfeito - e foi o que a aconteceu! O recorte escolhido foi capaz de mostrar toda sua personalidade, sua enorme capacidade profissional, suas convicções pessoais, sua relação com os amigos, filho, marido e companheiros de trabalho, mas acima de tudo, foi certeiro ao mostrar a forma como ela se comportava perante as mais diversas situações onde uma mulher precisava se impor para conquistar seu lugar!
O Brasil dos anos 80 vivia uma de suas piores crises econômicas e politicas da história. Era um período de transição, onde os limites ainda estavam sendo restabelecidos e a maneira como as celebridades da TV se mostravam influenciava ativamente sua enorme audiência. Eram outros tempos, onde apenas a TV consumia toda a atenção de milhões de pessoas durante a noite - o chamado horário nobre. É nesse contexto que Hebe surgia na tela: exuberante! Era a imagem perfeita do poder e do sucesso. Ao completar 40 anos de profissão, perto de chegar aos 60 de vida, Hebe estava madura e já não aceitava ser apenas um produto do seu sucesso. Mais do que isso, já não suportava mais ser uma mulher submissa ao marido, ao salário e ao governo. O filme acompanha justamente o período de abertura política do país, essa transição entre a ditadura militar e a democracia, período onde Hebe resolveu trocar de emissora e se colocar ativamente como a voz dos brasileiros!
O filme é inteligente ao mostrar com o equilíbrio perfeito, todo o brilho da sua vida pública e a escuridão da sua vida privada. Todo o preconceito que sofreu por defender as minorias, o machismo de um marido ciumento, a pressão dos seus superiores e, claro, a repressão de uma ditadura militar que se escondia nos gritos abafados de uma fraca democracia! Mesmo com algumas cenas sem o menor propósito narrativo (como todas que envolvem seu ex-marido) e algumas falas sem sentido algum para época (não existia a necessidade de se levantar uma bandeira como hoje, tudo partia apenas da livre expressão e não de um idealismo fabricado), o roteiro é bom e é refletido no dinamismo do filme. Arrisco dizer que, com vinte minutos a menos, "Hebe - A estrela do Brasil" seria a melhor cinebiografia produzida até o momento no Brasil. É preciso exaltar o trabalho de Andrea Beltrão como Hebe - ela está impecável! É um grande trabalho de atriz, com uma grande pesquisa corporal (cheio de detalhes per particulares) e sua capacidade de sentir as emoções são tão verdadeiras que nos emocionamos até com os momentos de alegria da personagem - o que é raro! Marco Ricca também, um monstro como Lélio, marido de Hebe - intenso, reflexivo, inseguro.
"Hebe - A estrela do Brasil" é um filme divertido e emocionante. Um retrato de uma época importante na nossa história, cheio de personagens inesquecíveis e com um toque nostálgico muito bacana. Entretenimento de primeira. Vale muito a pena!