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Terça, 21 Janeiro 2020 10:07

Tendências - "Jeffrey Epstein", guardem esse nome

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Ainda pode parecer um nome desconhecido para o grande público no Brasil, mas no post de hoje vamos descobrir quem foi Jeffrey Epstein e por que ele vai fomentar a produção de conteúdo em 2020. Confira:

Quem é Jeffrey Epstein? 

Ele nasceu em Nova York, estudou física e matemática, porém nunca se formou. Entrou no mercado financeiro e, poucos anos depois, já havia criado sua própria empresa. Administrava recursos bilionários, expandiu seu patrimônio drasticamente e seu círculo social passou a ser frequentado por celebridades, artistas e políticos. Em 2005, veio à tona a primeira acusação: abuso sexual de uma menina de 14 anos. Sua condenação foi leve: somente 13 meses em cárcere privado. Em novembro de 2018, o jornal Miami Herald publica uma investigação sobre o caso e expõe “o acordo do século”, termo usado para classificar como o então procurador federal Alexander Acosta propôs esconder a extensão dos crimes do magnata novaiorquino. Em julho de 2019, Epstein retorna para a cadeia sob a acusação de tráfico sexual de menores. Em um mês, o poderoso financista americano foi encontrado morto na prisão de Manhattan, algo que as autoridades registraram como suicídio. Aos 66 anos, Jeffrey Epstein morreu declarando-se inocente, porém sua histórica ficha suja relacionada ao mundo do crime não arrefece o apetite da indústria audiovisual. 

A rede americana ABC produziu um ostensivo trabalho documental sobre as vítimas de Jeffrey Epstein. “Truth and Lies: Jeffrey Epstein” é um podcast com oito episódios que reconstrói a trajetória do misterioso homem de Nova York com os depoimentos das mulheres afetadas pelo comportamento abusivo e criminoso do empresário. O conteúdo também analisa como Epstein conseguiu costurar uma rede de contatos resistente o suficiente para blindá-lo da Justiça por tantos anos. As histórias foram garimpadas pelos jornalistas da Unidade Investigativa da ABC News. 

Além da experiência imersiva em áudio, a ABC desenvolveu um especial de duas horas para exibição na TV. O documentário acompanha a vida e o histórico de Epstein, questionando detalhes sobre como ele construiu sua fortuna; seus relacionamentos com várias pessoas notáveis; décadas de abuso sexual de menores; depoimentos emocionantes de duas irmãs sobre como eram manipuladas por ele. A franquia de sucesso da ABC “Truth and Lies” já acompanhou outros casos polêmicos, como os irmãos Menendez, Charles Manson e Watergate. Trechos do episódio de Jeffrey Epstein estão disponíveis no YouTube (sem legenda em português), confira:

Seguindo a linha de documentários sobre crimes reais (true crime) e depois do surpreendente sucesso do recém-lançado "A Mente do Assassino: Aaron Hernandez", a Netflix pretende realizar mais uma série de quatro episódios sobre os detalhes mais secretos do esquema de pirâmide sexual de Epstein, que envolveram poderosos políticos, empresários, acadêmicos e celebridades. O livro de James Patterson “Filthy Rich: The Shocking True Story of Jeffrey Epstein” servirá como base para o desenvolvimento da série. Pessoas próximas à produção contam que a equipe já entrevistou dezenas de personagens e ainda passou um período filmando na ilha privativa de Epstein no Caribe. 

Outro canal que vai apostar nessa tendência baseado em um sucesso anterior é o Lifetime - já conhecido por sua programação contra a violência feminina. Em 2019, a produção “Surviving R. Kelly” foi um estouro de público e crítica. A docussérie de seis episódios reuniu depoimentos fortes sobre mulheres abusadas pelo cantor de R&B americano Robert “R.” Kelly. Logo após a exibição da série, a gravadora de Kelly rescindiu o contrato com ele e em fevereiro daquele ano o cantor foi formalmente acusado por 10 casos de abuso sexual com agravante criminal. A continuação da série (“Surviving R. Kelly Part II: The Reckoning”) está sendo exibida agora em janeiro, confira o trailer:

Com o caso de Epstein não será diferente. A emissora anunciou neste mês que realizará a docussérie “Surviving Jeffrey Epstein”, expandindo a franquia que oferece espaço e voz para as sobreviventes da violência contra o sexo feminino. O trabalho documental irá investigar como o bilionário novaiorquino utilizou suas conexões entre os ricos e famosos para esconder seu comportamento predatório com menores. A previsão de lançamento é para o meio do ano. 

Jeffrey Epstein e R. Kelly

O braço especializado em investigação do grupo Discovery (Investigation Discovery – ID) também não poderia ficar de fora deste assunto. Com um olhar mais voltado para o que aconteceu no dia da morte de Epstein, “Who Killed Jeffrey Epstein?” é um especial com três episódios que remonta às circunstâncias misteriosas do suicídio do magnata. A produção vai explorar evidências forenses e depoimentos de vários especialistas para sustentar a hipótese de que Jeffrey Epstein pode não ter tirado sua vida própria na prisão, levantando a suspeita de uma assustadora trama de “queima de arquivo”. 

Por fim, chegamos à primeira adaptação ficcional anunciada sobre o caso Epstein. A HBO escalou Adam McKay, produtor da aclamada série “Succession”, para comandar o projeto. Baseado no futuro livro de Julie K. Brown, repórter investigativa do Miami Herald responsável pelo conjunto de entrevistas “Perversion of Justice” que ajudou a derrubar o empresário - a produção vai estruturar a narrativa de Epstein como um homem poderoso e potencialmente destrutivo permeado por personalidades do universo político e do showbiz. A minissérie terá a jornalista Brown como produtora executiva, movimento importante para garantir a autenticidade da história apurada por ela. 

Julie K. Brown e Adam McKay

O olhar atento para a biografia de Jeffrey Epstein diz muito sobre os tempos atuais. Movimentos como o #metoo decretaram o fim da condescendência com os casos de abusos sexuais, assédios e outros tipos de violações ao feminino. A mídia precisa acompanhar esse ritmo e atender aos anseios de uma geração mais consciente do machismo estrutural e da necessidade do combate ao comportamento abusivo. Visibilidade traz reflexão, problematização e pertencimento.    

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