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Um Completo Desconhecido

Diretor
James Mangold
Elenco
Timothée Chalamet, Edward Norton, Elle Fanning
Ano
2024
País
EUA

Lançamentos Drama Cinema ml-real ml-musica ml-relacoes ml-biografia ml-oscar ml-celebridade ml-ne ml-gb

Um Completo Desconhecido

Tirando seu protagonista icônico, "Um Completo Desconhecido" não tem absolutamente nada de novo - e isso poderia até soar ruim, mas não: o filme é muito bom! James Mangold, um diretor que já demonstrou sua habilidade em biografias musicais com "Johnny & June" (de 2005), agora retorna ao gênero com "A Complete Unknown", no original - um filme que surge da premissa de explorar um dos momentos mais emblemáticos da carreira de Bob Dylan. Estrelado por Timothée Chalamet, a narrativa se concentra na transição de Dylan do seu folk acústico para um rock cheio de eletricidade dos anos 1960 - um período que redefiniu sua trajetória e polarizou sua base de fãs. Assim como "Não Estou Lá", do diretor Todd Haynes, que retratou Dylan de forma fragmentada, "Um Completo Desconhecido" busca capturar a essência de um artista único, em constante reinvenção, mas com aquela abordagem mais linear, para não dizer tradicional, lembrando produções como "Bohemian Rhapsody" e, mais recentemente, "Elvis", que dramatizam a ascensão de um ícone da música, mas também a complexidade de seus conflitos internos.

A narrativa se desenrola no contexto do Festival de Newport de 1965, quando Dylan (Chalamet) surpreendeu (e enfureceu) os puristas do folk ao empunhar uma guitarra elétrica no palco. O roteiro, baseado no livro "Dylan Goes Electric!" de Elijah Wald, não se limita a reconstruir esse evento, claro, mas busca se aprofundar na relação do cantor com figuras-chave da época, como Joan Baez (Monica Barbaro), Pete Seeger (Edward Norton) eSylvie Russo (Elle Fanning). A escolha de Mangold em focar nesse recorte específico da vida de Dylan evita o formato convencional mais abrangente de cinebiografias, permitindo um mergulho mais detalhado na tensão entre tradição e inovação, autenticidade e loucura, arte e indústria. Confira o trailer:

Um ponto interessante do trabalho de Mangold é a forma como ele equilibra a mitificação e a desconstrução de Dylan, explorando sua relutância em ser um porta-voz de qualquer movimento - e até de sua feroz resistência em ser definido por algum tipo rótulo. A transição do folk para o rock não é apenas uma escolha musical, mas uma declaração de independência artística que marcou Dylan por anos - o filme acerta na mosca ao explorar as reações exacerbadas do seu público, de artistas e de alguns empresários diante dessa mudança. A tensão, aliás, cresce conforme Dylan enfrenta a ira dos puristas, simbolizando, além de tudo, seus dilemas perante sua própria identidade artística e seus desafios diante de sua ascensão meteórica. Meu único incomodo aqui, está na abordagem de Mangold: ele segue um caminho mais convencional que para mim, soou preguiçoso (o que me fez ficar muito surpreso por sua indicação ao Oscar). Isso define o filme como ruim? Longe disso, mas também é inegável que "Um Completo Desconhecido" aposta mais em uma estrutura acessível e emocional, que pode agradar ao grande público, do que algo mais desconstruído e subjetivo como muitos esperavam que Mangold entregaria.

Já Timothée Chalamet entrega uma performance meticulosa - que lhe rendeu mais uma indicação ao Oscar de "Melhor Ator". Chalamet foge da imitação barata para capturar a persona enigmática e a atitude irreverente de Dylan. Seu trabalho vocal, essencial aqui, impressiona; especialmente pelo fato de ele mesmo interpretar as canções ao invés de recorrer às dublagens. Monica Barbaro, outra que ganhou uma indicação ao Oscar, assume com intensidade o papel de Joan Baez, demonstrando a complexa dinâmica entre os dois músicos, que transitava entre admiração, rivalidade e uma inevitável desconexão - especialmente quando Dylan se distancia da cena folk. Edward Norton, também indicado como "Coadjuvante", traz um equilíbrio necessário para narrativa, funcionando tanto como mentor quanto como catalisador emocional da metamorfose artística do protagonista.

Tecnicamente,"Um Completo Desconhecido" reforça sua atmosfera nostálgica com uma fotografia que remete ao cinema da década de 1960, assinada por Phedon Papamichael (de "Nebraska" e "Os 7 de Chigago"). O departamento de arte reconstrói minuciosamente os bastidores da cena musical folk de Greenwich Village e a transição para um Dylan mais sofisticado, cercado por músicos do blues elétrico. A trilha sonora, obviamente, é um dos pontos altos do filme - repare como a curadoria das canções reflete as camadas emocionais do protagonista, evitando um mero "greatest hits" e privilegiando faixas que dialogam com os dilemas de Dylan. No fim, "Um Completo Desconhecido" se destaca como uma cinebiografia sólida, talvez por isso tão tradicional, que é impulsionada por performances marcantes e por um olhar cuidadoso sobre um momento crucial da história do rock. O filme não tenta decifrar Bob Dylan, mas captura um instante em que ele se reinventou e, ao fazer isso, mudou para sempre o rumo da música americana. 

Vale muito a pena!

Um Completo Desconhecido" recebeu oito indicações ao Oscar 2025!

O filme está em cartaz nos cinemas.

Tirando seu protagonista icônico, "Um Completo Desconhecido" não tem absolutamente nada de novo - e isso poderia até soar ruim, mas não: o filme é muito bom! James Mangold, um diretor que já demonstrou sua habilidade em biografias musicais com "Johnny & June" (de 2005), agora retorna ao gênero com "A Complete Unknown", no original - um filme que surge da premissa de explorar um dos momentos mais emblemáticos da carreira de Bob Dylan. Estrelado por Timothée Chalamet, a narrativa se concentra na transição de Dylan do seu folk acústico para um rock cheio de eletricidade dos anos 1960 - um período que redefiniu sua trajetória e polarizou sua base de fãs. Assim como "Não Estou Lá", do diretor Todd Haynes, que retratou Dylan de forma fragmentada, "Um Completo Desconhecido" busca capturar a essência de um artista único, em constante reinvenção, mas com aquela abordagem mais linear, para não dizer tradicional, lembrando produções como "Bohemian Rhapsody" e, mais recentemente, "Elvis", que dramatizam a ascensão de um ícone da música, mas também a complexidade de seus conflitos internos.

A narrativa se desenrola no contexto do Festival de Newport de 1965, quando Dylan (Chalamet) surpreendeu (e enfureceu) os puristas do folk ao empunhar uma guitarra elétrica no palco. O roteiro, baseado no livro "Dylan Goes Electric!" de Elijah Wald, não se limita a reconstruir esse evento, claro, mas busca se aprofundar na relação do cantor com figuras-chave da época, como Joan Baez (Monica Barbaro), Pete Seeger (Edward Norton) eSylvie Russo (Elle Fanning). A escolha de Mangold em focar nesse recorte específico da vida de Dylan evita o formato convencional mais abrangente de cinebiografias, permitindo um mergulho mais detalhado na tensão entre tradição e inovação, autenticidade e loucura, arte e indústria. Confira o trailer:

Um ponto interessante do trabalho de Mangold é a forma como ele equilibra a mitificação e a desconstrução de Dylan, explorando sua relutância em ser um porta-voz de qualquer movimento - e até de sua feroz resistência em ser definido por algum tipo rótulo. A transição do folk para o rock não é apenas uma escolha musical, mas uma declaração de independência artística que marcou Dylan por anos - o filme acerta na mosca ao explorar as reações exacerbadas do seu público, de artistas e de alguns empresários diante dessa mudança. A tensão, aliás, cresce conforme Dylan enfrenta a ira dos puristas, simbolizando, além de tudo, seus dilemas perante sua própria identidade artística e seus desafios diante de sua ascensão meteórica. Meu único incomodo aqui, está na abordagem de Mangold: ele segue um caminho mais convencional que para mim, soou preguiçoso (o que me fez ficar muito surpreso por sua indicação ao Oscar). Isso define o filme como ruim? Longe disso, mas também é inegável que "Um Completo Desconhecido" aposta mais em uma estrutura acessível e emocional, que pode agradar ao grande público, do que algo mais desconstruído e subjetivo como muitos esperavam que Mangold entregaria.

Já Timothée Chalamet entrega uma performance meticulosa - que lhe rendeu mais uma indicação ao Oscar de "Melhor Ator". Chalamet foge da imitação barata para capturar a persona enigmática e a atitude irreverente de Dylan. Seu trabalho vocal, essencial aqui, impressiona; especialmente pelo fato de ele mesmo interpretar as canções ao invés de recorrer às dublagens. Monica Barbaro, outra que ganhou uma indicação ao Oscar, assume com intensidade o papel de Joan Baez, demonstrando a complexa dinâmica entre os dois músicos, que transitava entre admiração, rivalidade e uma inevitável desconexão - especialmente quando Dylan se distancia da cena folk. Edward Norton, também indicado como "Coadjuvante", traz um equilíbrio necessário para narrativa, funcionando tanto como mentor quanto como catalisador emocional da metamorfose artística do protagonista.

Tecnicamente,"Um Completo Desconhecido" reforça sua atmosfera nostálgica com uma fotografia que remete ao cinema da década de 1960, assinada por Phedon Papamichael (de "Nebraska" e "Os 7 de Chigago"). O departamento de arte reconstrói minuciosamente os bastidores da cena musical folk de Greenwich Village e a transição para um Dylan mais sofisticado, cercado por músicos do blues elétrico. A trilha sonora, obviamente, é um dos pontos altos do filme - repare como a curadoria das canções reflete as camadas emocionais do protagonista, evitando um mero "greatest hits" e privilegiando faixas que dialogam com os dilemas de Dylan. No fim, "Um Completo Desconhecido" se destaca como uma cinebiografia sólida, talvez por isso tão tradicional, que é impulsionada por performances marcantes e por um olhar cuidadoso sobre um momento crucial da história do rock. O filme não tenta decifrar Bob Dylan, mas captura um instante em que ele se reinventou e, ao fazer isso, mudou para sempre o rumo da música americana. 

Vale muito a pena!

Um Completo Desconhecido" recebeu oito indicações ao Oscar 2025!

O filme está em cartaz nos cinemas.

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