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A Bela e a Fera

Quando assisti a versão para cinema do musical "Les Miserables" fiz um review (que você pode ler aqui) torcendo para que desse muito certo e tudo aquilo que eu havia assistido no teatro se transformasse em grandes filmes. "Beauty and the Beast" (título original) é um grande filme, no sentido mais cinematográfico da afirmação! É uma história que fez sucesso em Animação, na Broadway e agora no Cinema - custou 160 milhões e "só" no final de semana de lançamento arrecadou 174 milhões (apenas nos EUA)! Confira o belíssimo trailer e tente não se emocionar:

O filme é sobre a fantástica história de Bela (Emma Watson), uma jovem brilhante, bonita e independente, que é aprisionada por um Monstro (Dan Stevens) no seu castelo. Apesar dos seus receios, Bela torna-se amiga dos empregados - figuras encantadas que personificam objetos de decoração ou de cozinha. A jovem se diferencia de outras "convidadas" por conseguir ver além do terrível exterior da Fera assim que começa conhecer a alma e o coração de um verdadeiro Príncipe amaldiçoado!

Dirigido pelo ótimo Bill Condon (de "Dreamgirls"), o filme é muito bem feito, muito bonito visualmente e pode separar um monte de estatuetas para as categorias técnicas e de arte (desenho de produção, figurino, maquiagem e se bobear até efeitos especiais) do Oscar 2018. É muito bacana o conceito que imprimiram no filme, você tem a impressão que está assistindo uma animação só que com pessoas de verdade - as cores, os efeitos, os movimentos de câmera, a fotografia; tudo colabora pra isso e trás muito da magia que é assistir "A Bela e a Fera" na Broadway.  

Torço para que a Disney traga mais dos seus clássicos para o cinema e que outros estúdios acreditem e invistam em adaptações de outras clássicos como Miss Saygon, Phanton of the Opera, Cats, etc!

É um filme para toda a familia! Vale muito o play!

Up-date: "A Bela e a Fera" foi indicada em duas categorias no Oscar 2018: Melhor Figurino e Melhor Desenho de Produção, mas acabou não ganhando nenhuma estatueta!

Assista Agora

Quando assisti a versão para cinema do musical "Les Miserables" fiz um review (que você pode ler aqui) torcendo para que desse muito certo e tudo aquilo que eu havia assistido no teatro se transformasse em grandes filmes. "Beauty and the Beast" (título original) é um grande filme, no sentido mais cinematográfico da afirmação! É uma história que fez sucesso em Animação, na Broadway e agora no Cinema - custou 160 milhões e "só" no final de semana de lançamento arrecadou 174 milhões (apenas nos EUA)! Confira o belíssimo trailer e tente não se emocionar:

O filme é sobre a fantástica história de Bela (Emma Watson), uma jovem brilhante, bonita e independente, que é aprisionada por um Monstro (Dan Stevens) no seu castelo. Apesar dos seus receios, Bela torna-se amiga dos empregados - figuras encantadas que personificam objetos de decoração ou de cozinha. A jovem se diferencia de outras "convidadas" por conseguir ver além do terrível exterior da Fera assim que começa conhecer a alma e o coração de um verdadeiro Príncipe amaldiçoado!

Dirigido pelo ótimo Bill Condon (de "Dreamgirls"), o filme é muito bem feito, muito bonito visualmente e pode separar um monte de estatuetas para as categorias técnicas e de arte (desenho de produção, figurino, maquiagem e se bobear até efeitos especiais) do Oscar 2018. É muito bacana o conceito que imprimiram no filme, você tem a impressão que está assistindo uma animação só que com pessoas de verdade - as cores, os efeitos, os movimentos de câmera, a fotografia; tudo colabora pra isso e trás muito da magia que é assistir "A Bela e a Fera" na Broadway.  

Torço para que a Disney traga mais dos seus clássicos para o cinema e que outros estúdios acreditem e invistam em adaptações de outras clássicos como Miss Saygon, Phanton of the Opera, Cats, etc!

É um filme para toda a familia! Vale muito o play!

Up-date: "A Bela e a Fera" foi indicada em duas categorias no Oscar 2018: Melhor Figurino e Melhor Desenho de Produção, mas acabou não ganhando nenhuma estatueta!

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A Mais Pura Verdade

Divertido e envolvente! "A Mais Pura Verdade" é uma minissérie rápida - daquelas perfeitas para maratonar de uma vez! Lançada em 2021 pela Netflix, "A Mais Pura Verdade" foi criada por Eric Newman (a mente criativa de "Narcos" e "Griselda") e traz para tela muito suspense, drama e um toque de ironia, ao explorar os limites da fama, as complexidades do sucesso e as consequências de algumas decisões desesperadas. Estrelada por Kevin Hart, em um de seus papéis mais interessantes até hoje, a minissérie se apoia no caos que se torna a vida de um astro da comédia depois que ele comete um crime e tenta sair ileso. Olha, bem na linha de um bom  thriller psicológico, é inegável como a trama, mesmo soando previsível desde o início, ainda assim nos mantém conectados com o drama do protagonista. Para aqueles que gostam de explorar a escuridão por trás das luzes brilhantes da fama, "True Story" (no original) oferece, de fato, uma experiência cativante e intensa durante os sete episódios.

A história gira em torno de Kid (Kevin Hart), um comediante de stand-up que alcançou enorme sucesso e fama. Durante uma parada em sua cidade natal, Filadélfia, em uma turnê, a vida de Kid rapidamente desmorona quando ele se vê envolvido em um evento trágico. O que começa como uma noite de festa. termina com um incidente fatal, e Kid, junto com seu problemático irmão mais velho, Carlton (Wesley Snipes), é forçado a lidar com as consequências de suas ações. À medida que a trama avança, segredos são revelados e a audiência é levada a questionar quem Kid realmente é e até onde ele irá para proteger sua carreira. Confira o trailer:

É indiscutível a habilidade de Eric Newman em criar narrativas tensas e envolventes - e mais uma vez, ele acerta na mosca! "A Mais Pura Verdade" é estruturada em um formato dos mais interessantes, onde em cada episódio, encontramos uma verdadeira mistura de gêneros que vai desde o suspense psicológico até o drama de personagem, sempre pontuado por um suspiro de humor negro e por alguma reviravolta que nos tira da zona de conforto. Sim, esse é aquele tipo de entretenimento onde a sensação de "vai dar ruim" nos acompanha por toda a jornada. A direção da minissérie, dividida entre Stephen Williams (de "Watchmen") e Hanelle M. Culpepper (de "Westworld") é extremamente eficaz em criar essa atmosfera claustrofóbica que reflete a crescente paranoia e o desespero de Kid perante um problema que só vai se complicando. A fotografia, repare, é sombria e estilizada - com uma iluminação contrastante que captura o estado mental tumultuado do protagonista e as incertezas de suas escolhas. Outro ponto interessante é como os ambientes urbanos da Filadélfia são filmados de maneira a refletir tanto a grandiosidade quanto a decadência, sublinhando o contraste entre o brilho superficial da fama e a escuridão que se esconde por trás dela. Genial!

Kevin Hart entrega uma performance surpreendentemente dramática como Kid, mostrando uma faceta mais séria e emocionalmente complexa de suas habilidades como ator. Hart, geralmente conhecido por seu trabalho em comédias, consegue transmitir a angústia e o conflito interno de um homem que enfrenta consequências devastadoras de seus próprios erros. Sua performance é crível e ressonante, tornando Kid um personagem cheio de camadas, humano - facilitando a identificação apesar de suas falhas. Wesley Snipes, como Carlton, também oferece uma performance igualmente forte. Snipes traz uma presença cheia de marcas, eu diria intensa para o papel, interpretando um homem conturbado, invejoso, fracassado, mas que mesmo assim encontra as suas próprias razões para proteger seu irmão. A química entre Hart e Snipes é ótima -  uma dinâmica de amor fraternal e desconfiança mútua que só fortalece o núcleo mais emocional da minissérie.

Obviamente que "A Mais Pura Verdade" não está isenta de críticas - em sua tentativa de manter um ritmo acelerado e um alto nível de suspense, Newman parece escolher sacrificar o desenvolvimento mais profundo de alguns personagens secundários para se apoiar nas várias reviravoltas que acompanham os protagonistas e que acabam nos mantendo ligados. Isso não diminui o impacto da história, mas deixa "A Mais Pura Verdade" na prateleira do bom entretenimento, mesmo tendo potencial para ser ainda mais provocadora. Ok, faz parte do jogo e mesmo com uma exploração corajosa dos lados obscuros da fama e das escolhas que as pessoas fazem sob pressão, a minissérie não deixa de questionar o que realmente significa ter sucesso e como as consequências morais de algumas decisões se tornam até irrelevantes quando estamos sob os holofotes. Para pensar!

Vale seu play!

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Divertido e envolvente! "A Mais Pura Verdade" é uma minissérie rápida - daquelas perfeitas para maratonar de uma vez! Lançada em 2021 pela Netflix, "A Mais Pura Verdade" foi criada por Eric Newman (a mente criativa de "Narcos" e "Griselda") e traz para tela muito suspense, drama e um toque de ironia, ao explorar os limites da fama, as complexidades do sucesso e as consequências de algumas decisões desesperadas. Estrelada por Kevin Hart, em um de seus papéis mais interessantes até hoje, a minissérie se apoia no caos que se torna a vida de um astro da comédia depois que ele comete um crime e tenta sair ileso. Olha, bem na linha de um bom  thriller psicológico, é inegável como a trama, mesmo soando previsível desde o início, ainda assim nos mantém conectados com o drama do protagonista. Para aqueles que gostam de explorar a escuridão por trás das luzes brilhantes da fama, "True Story" (no original) oferece, de fato, uma experiência cativante e intensa durante os sete episódios.

A história gira em torno de Kid (Kevin Hart), um comediante de stand-up que alcançou enorme sucesso e fama. Durante uma parada em sua cidade natal, Filadélfia, em uma turnê, a vida de Kid rapidamente desmorona quando ele se vê envolvido em um evento trágico. O que começa como uma noite de festa. termina com um incidente fatal, e Kid, junto com seu problemático irmão mais velho, Carlton (Wesley Snipes), é forçado a lidar com as consequências de suas ações. À medida que a trama avança, segredos são revelados e a audiência é levada a questionar quem Kid realmente é e até onde ele irá para proteger sua carreira. Confira o trailer:

É indiscutível a habilidade de Eric Newman em criar narrativas tensas e envolventes - e mais uma vez, ele acerta na mosca! "A Mais Pura Verdade" é estruturada em um formato dos mais interessantes, onde em cada episódio, encontramos uma verdadeira mistura de gêneros que vai desde o suspense psicológico até o drama de personagem, sempre pontuado por um suspiro de humor negro e por alguma reviravolta que nos tira da zona de conforto. Sim, esse é aquele tipo de entretenimento onde a sensação de "vai dar ruim" nos acompanha por toda a jornada. A direção da minissérie, dividida entre Stephen Williams (de "Watchmen") e Hanelle M. Culpepper (de "Westworld") é extremamente eficaz em criar essa atmosfera claustrofóbica que reflete a crescente paranoia e o desespero de Kid perante um problema que só vai se complicando. A fotografia, repare, é sombria e estilizada - com uma iluminação contrastante que captura o estado mental tumultuado do protagonista e as incertezas de suas escolhas. Outro ponto interessante é como os ambientes urbanos da Filadélfia são filmados de maneira a refletir tanto a grandiosidade quanto a decadência, sublinhando o contraste entre o brilho superficial da fama e a escuridão que se esconde por trás dela. Genial!

Kevin Hart entrega uma performance surpreendentemente dramática como Kid, mostrando uma faceta mais séria e emocionalmente complexa de suas habilidades como ator. Hart, geralmente conhecido por seu trabalho em comédias, consegue transmitir a angústia e o conflito interno de um homem que enfrenta consequências devastadoras de seus próprios erros. Sua performance é crível e ressonante, tornando Kid um personagem cheio de camadas, humano - facilitando a identificação apesar de suas falhas. Wesley Snipes, como Carlton, também oferece uma performance igualmente forte. Snipes traz uma presença cheia de marcas, eu diria intensa para o papel, interpretando um homem conturbado, invejoso, fracassado, mas que mesmo assim encontra as suas próprias razões para proteger seu irmão. A química entre Hart e Snipes é ótima -  uma dinâmica de amor fraternal e desconfiança mútua que só fortalece o núcleo mais emocional da minissérie.

Obviamente que "A Mais Pura Verdade" não está isenta de críticas - em sua tentativa de manter um ritmo acelerado e um alto nível de suspense, Newman parece escolher sacrificar o desenvolvimento mais profundo de alguns personagens secundários para se apoiar nas várias reviravoltas que acompanham os protagonistas e que acabam nos mantendo ligados. Isso não diminui o impacto da história, mas deixa "A Mais Pura Verdade" na prateleira do bom entretenimento, mesmo tendo potencial para ser ainda mais provocadora. Ok, faz parte do jogo e mesmo com uma exploração corajosa dos lados obscuros da fama e das escolhas que as pessoas fazem sob pressão, a minissérie não deixa de questionar o que realmente significa ter sucesso e como as consequências morais de algumas decisões se tornam até irrelevantes quando estamos sob os holofotes. Para pensar!

Vale seu play!

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A Música de John Williams

Se você ama cinema de verdade, você não vai precisar de mais que cinco minutos para se arrepiar, se emocionar e ficar com aquele leve sorriso no rosto assistindo o incrível "A Música de John Williams". Eu diria que o documentário da Disney+ é uma verdadeira viagem no tempo ao som das trilhas sonoras mais icônicas do cinema mundial, sempre pautada na simpatia e no carisma do gênio que é John Williams, ou simplesmente Johnny para os mais íntimos (como Steven Spielberg, por exemplo). Dirigido por Laurent Bouzereau, já conhecido por suas obras sobre o cinema e grandes artistas, esse documentário é uma celebração pela carreira de um dos compositores mais influentes e premiados de todos os tempos - é um mergulho profundo na obra e no processo criativo de Williams, destacando a grandiosidade de suas composições e seu impacto na cultura pop ao longo das gerações. Sério: "A Música de John Williams" não é apenas uma homenagem superficial, mas também uma análise interessante sobre a importância da música no cinema e como a conexão emocional que ela cria com o público transforma nossa relação com a narrativa.

"A Música de John Williams" oferece uma visão abrangente da carreira de Williams, abordando seus trabalhos mais memoráveis em filmes inesquecíveis como "Star Wars", "Tubarão", "E.T.", "Indiana Jones" e "Harry Potter". Bouzereau utiliza uma combinação de entrevistas com o próprio compositor, imagens de arquivo, depoimentos de diversos cineastas e músicos, incluindo Steven Spielberg e George Lucas, para traçar a trajetória de Williams e mostrar como seu talento moldou o cinema contemporâneo. Ao longo do documentário, vemos como Williams utiliza a música para dar vida a cenas e personagens, criando temas inesquecíveis que transcendem gerações e mexem com nossas emoções. Confira o trailer:

É muito envolvente a maneira como Bouzereau conduz o documentário - com muita sensibilidade e respeito, o diretor permite que o próprio Williams compartilhe suas reflexões e experiências pessoais de uma maneira muito honesta. O compositor fala sobre sua metodologia de trabalho, suas inspirações e os desafios de cada projeto, oferecendo para audiência uma compreensão profunda sobre como a música é essencial para a narrativa cinematográfica. As entrevistas revelam um artista minucioso e apaixonado, que vê a música como uma extensão emocional do que se passa na tela, que, aliás, é imediatamente chancelada por intervenções pontuais de Steven Spielberg. Repare como a amizade entre os dois é carregada de carinho, respeito, admiração e empatia. Bouzereau aproveita dessa energia contagiante e é muito feliz ao dar espaço para que algumas reflexões fluam de forma orgânica, tornando o documentário uma experiência tanto educativa quanto inspiradora.

A direção de Bouzereau, de fato, é cuidadosa ao destacar não apenas o impacto dos temas compostos por Williams, mas também como a inovação e a versatilidade acompanharam o compositor ao longo de seus trabalhos. A montagem intercala cenas de filmes com momentos curiosos de composição e de gravação das trilhas sonoras, oferecendo uma visão completa do processo criativo de Williams e da complexidade que é o seu trabalho - muitas dessas imagens de arquivo, inclusive, fazem parte do acervo pessoal de Spielberg. Outro ponto de destaque é a forma como o documentário explora a colaboração entre Williams e cineastas como o próprio Spielberg, Lucas, Abrams, Howard, entre outros - essas parcerias são apresentadas como uma das forças motrizes por trás de algumas das trilhas sonoras mais memoráveis do cinema.

É inegável que a trilha sonora, obviamente composta pelos temas icônicos de Williams, cria uma experiência única para quem assiste, pontuando, mas principalmente, relembrando a grandiosidade de suas composições - não se surpreenda se suas memórias mais íntimas surgirem e com ela uma emoção quase incontrolável. Esse é o poder do cinema, esse é o poder de uma trilha sonora marcante. Mesmo que o documentário ofereça insights sobre como a música de cinema evoluiu ao longo dos anos e como Williams se adaptou a diferentes eras e estilos, sem perder a essência de sua assinatura musical, "Music by John Williams" (no original) ganha valor histórico por retratar seu cuidado ao usar orquestras completas em trilhas sonoras épicas até em seus projetos mais recentes. Nesse aspecto, o documentário é mais que uma aula sobre a evolução do cinema e a importância da música para o impacto emocional de uma narrativa visual, na minha opinião, é um recorte preciso de um legado único que não se apagará por muitas gerações!

E antes do play, um agradecimento: obrigado John Williams! Imperdível!

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Se você ama cinema de verdade, você não vai precisar de mais que cinco minutos para se arrepiar, se emocionar e ficar com aquele leve sorriso no rosto assistindo o incrível "A Música de John Williams". Eu diria que o documentário da Disney+ é uma verdadeira viagem no tempo ao som das trilhas sonoras mais icônicas do cinema mundial, sempre pautada na simpatia e no carisma do gênio que é John Williams, ou simplesmente Johnny para os mais íntimos (como Steven Spielberg, por exemplo). Dirigido por Laurent Bouzereau, já conhecido por suas obras sobre o cinema e grandes artistas, esse documentário é uma celebração pela carreira de um dos compositores mais influentes e premiados de todos os tempos - é um mergulho profundo na obra e no processo criativo de Williams, destacando a grandiosidade de suas composições e seu impacto na cultura pop ao longo das gerações. Sério: "A Música de John Williams" não é apenas uma homenagem superficial, mas também uma análise interessante sobre a importância da música no cinema e como a conexão emocional que ela cria com o público transforma nossa relação com a narrativa.

"A Música de John Williams" oferece uma visão abrangente da carreira de Williams, abordando seus trabalhos mais memoráveis em filmes inesquecíveis como "Star Wars", "Tubarão", "E.T.", "Indiana Jones" e "Harry Potter". Bouzereau utiliza uma combinação de entrevistas com o próprio compositor, imagens de arquivo, depoimentos de diversos cineastas e músicos, incluindo Steven Spielberg e George Lucas, para traçar a trajetória de Williams e mostrar como seu talento moldou o cinema contemporâneo. Ao longo do documentário, vemos como Williams utiliza a música para dar vida a cenas e personagens, criando temas inesquecíveis que transcendem gerações e mexem com nossas emoções. Confira o trailer:

É muito envolvente a maneira como Bouzereau conduz o documentário - com muita sensibilidade e respeito, o diretor permite que o próprio Williams compartilhe suas reflexões e experiências pessoais de uma maneira muito honesta. O compositor fala sobre sua metodologia de trabalho, suas inspirações e os desafios de cada projeto, oferecendo para audiência uma compreensão profunda sobre como a música é essencial para a narrativa cinematográfica. As entrevistas revelam um artista minucioso e apaixonado, que vê a música como uma extensão emocional do que se passa na tela, que, aliás, é imediatamente chancelada por intervenções pontuais de Steven Spielberg. Repare como a amizade entre os dois é carregada de carinho, respeito, admiração e empatia. Bouzereau aproveita dessa energia contagiante e é muito feliz ao dar espaço para que algumas reflexões fluam de forma orgânica, tornando o documentário uma experiência tanto educativa quanto inspiradora.

A direção de Bouzereau, de fato, é cuidadosa ao destacar não apenas o impacto dos temas compostos por Williams, mas também como a inovação e a versatilidade acompanharam o compositor ao longo de seus trabalhos. A montagem intercala cenas de filmes com momentos curiosos de composição e de gravação das trilhas sonoras, oferecendo uma visão completa do processo criativo de Williams e da complexidade que é o seu trabalho - muitas dessas imagens de arquivo, inclusive, fazem parte do acervo pessoal de Spielberg. Outro ponto de destaque é a forma como o documentário explora a colaboração entre Williams e cineastas como o próprio Spielberg, Lucas, Abrams, Howard, entre outros - essas parcerias são apresentadas como uma das forças motrizes por trás de algumas das trilhas sonoras mais memoráveis do cinema.

É inegável que a trilha sonora, obviamente composta pelos temas icônicos de Williams, cria uma experiência única para quem assiste, pontuando, mas principalmente, relembrando a grandiosidade de suas composições - não se surpreenda se suas memórias mais íntimas surgirem e com ela uma emoção quase incontrolável. Esse é o poder do cinema, esse é o poder de uma trilha sonora marcante. Mesmo que o documentário ofereça insights sobre como a música de cinema evoluiu ao longo dos anos e como Williams se adaptou a diferentes eras e estilos, sem perder a essência de sua assinatura musical, "Music by John Williams" (no original) ganha valor histórico por retratar seu cuidado ao usar orquestras completas em trilhas sonoras épicas até em seus projetos mais recentes. Nesse aspecto, o documentário é mais que uma aula sobre a evolução do cinema e a importância da música para o impacto emocional de uma narrativa visual, na minha opinião, é um recorte preciso de um legado único que não se apagará por muitas gerações!

E antes do play, um agradecimento: obrigado John Williams! Imperdível!

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A Noite que Mudou o Pop

Você precisa assistir esse documentário! Independente da sua idade, mas sabendo que para os maiores de 40 anos a história terá uma camada extra de nostalgia, "A Noite que Mudou o Pop" é uma das melhores coisas que você vai assistir em muito tempo. Sim, eu sei que posso parecer exagerado, mas o documentário do diretor Bao Nguyen ("Be Water") é um verdadeiro mergulho na emocionante gravação de "We Are the World", canção beneficente contra fome na Etiópia, que reuniu as maiores estrelas da música naquele ano. O filme é uma aula de criatividade, de network, de planejamento (naquelas condições tão especiais), de liderança e, principalmente, de generosidade (embora aqui dê para separar o "joio do trigo").

Em 28 de janeiro de 1985, ícones da música como Lionel Richie, Michael Jackson, Stevie Wonder, Cyndi Lauper, Bruce Springsteen, entre outros; se reuniram para gravar "We Are the World", uma canção composta por Richie e Jackson para combater a fome na África que alcançava números alarmantes. Aqui acompanhamos os bastidores desse projeto histórico, desde a ideia, a concepção da música, a logística para que todos estivessem em Los Angeles no mesmo dia, até a gravação final; revelando os desafios, as alegrias e uma envolvente camaradagem entre tantos profissionais bem acima da média. Confira o trailer (em inglês):

Cheio de preciosidades, o roteiro de Nguyen é preciso ao construir uma linha temporal clara e objetiva sobre o projeto e como tudo foi se encaixando. Bob Geldof e Midge Ure iniciaram um movimento contra a fome que originou o "Do They Know It’s Christmas?"- uma gravação realizada por uma "super banda" chamada Band Aid e que contava com nomes como George Michael, Phil Collins, Bono Vox, Paul McCartney, Sting, entre outros. Inspirado por Geldof e Ure, Harry Belafonte pediu para o agente musical e produtor americano Ken Kragen começar a reunir nomes importantes do que viria a se tornar o fenômeno "We Are the World". A grande questão é que não se reune quase 50 astros da música em apenas uma semana. Dito isso, dá para se ter uma ideia da maratona (e todas as dificuldades) que foi colocar esse projeto em pé, culminando nas gravações (de áudio e vídeo) em uma única noite e que acabou durando por toda a madrugada - era isso ou nada!

Com imagens de arquivo e entrevistas com alguns participantes memoráveis como Springsteen, Richie e Lauper, o documentário não só captura a magia daquele momento único como também pontua casos curiosos de bastidores que nunca antes foram revelados. Nguyen é sensível ao criar uma dinâmica que soa como uma viagem no tempo, intercalando essas entrevistas com imagens da gravação e cenas da época, fazendo um recorte histórico importante daquela noite - e digo histórico no sentido mais amplo da palavra, já que, infelizmente, muitos que estiveram ali, já se foram, e claro, não preciso nem dizer o quanto "We Are the World" foi importante como obra. Talvez, ou até justamente por isso, senti que "A Noite que Mudou o Pop" parece ter uma duração apertada. Para lidar com tantos nomes importantes, eu diria que é admirável o esforço da produção em não esquecer de ninguém ou de nenhum detalhe - o desconforto de Bob Dylan é tão evidente quanto a sua transformação quando ele vira protagonista da gravação. Reparem.

"The Greatest Night in Pop" (no original) vai além da música que estava sendo gravada - é um filme sobre esperança, união e o poder da arte para fazer a diferença. É um lembrete da importância da ação social e da responsabilidade que os artistas têm e de como usar sua enorme capacidade criativa (até da voz, claro) para causas tão importantes. Mais do que um documentário, o que temos aqui é uma experiência emocionante, inspiradora e muito envolvente - um filme que vai te tocar a alma e, certamente, te fazer cantar. Imperdível!

Vale muito o seu play!

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Você precisa assistir esse documentário! Independente da sua idade, mas sabendo que para os maiores de 40 anos a história terá uma camada extra de nostalgia, "A Noite que Mudou o Pop" é uma das melhores coisas que você vai assistir em muito tempo. Sim, eu sei que posso parecer exagerado, mas o documentário do diretor Bao Nguyen ("Be Water") é um verdadeiro mergulho na emocionante gravação de "We Are the World", canção beneficente contra fome na Etiópia, que reuniu as maiores estrelas da música naquele ano. O filme é uma aula de criatividade, de network, de planejamento (naquelas condições tão especiais), de liderança e, principalmente, de generosidade (embora aqui dê para separar o "joio do trigo").

Em 28 de janeiro de 1985, ícones da música como Lionel Richie, Michael Jackson, Stevie Wonder, Cyndi Lauper, Bruce Springsteen, entre outros; se reuniram para gravar "We Are the World", uma canção composta por Richie e Jackson para combater a fome na África que alcançava números alarmantes. Aqui acompanhamos os bastidores desse projeto histórico, desde a ideia, a concepção da música, a logística para que todos estivessem em Los Angeles no mesmo dia, até a gravação final; revelando os desafios, as alegrias e uma envolvente camaradagem entre tantos profissionais bem acima da média. Confira o trailer (em inglês):

Cheio de preciosidades, o roteiro de Nguyen é preciso ao construir uma linha temporal clara e objetiva sobre o projeto e como tudo foi se encaixando. Bob Geldof e Midge Ure iniciaram um movimento contra a fome que originou o "Do They Know It’s Christmas?"- uma gravação realizada por uma "super banda" chamada Band Aid e que contava com nomes como George Michael, Phil Collins, Bono Vox, Paul McCartney, Sting, entre outros. Inspirado por Geldof e Ure, Harry Belafonte pediu para o agente musical e produtor americano Ken Kragen começar a reunir nomes importantes do que viria a se tornar o fenômeno "We Are the World". A grande questão é que não se reune quase 50 astros da música em apenas uma semana. Dito isso, dá para se ter uma ideia da maratona (e todas as dificuldades) que foi colocar esse projeto em pé, culminando nas gravações (de áudio e vídeo) em uma única noite e que acabou durando por toda a madrugada - era isso ou nada!

Com imagens de arquivo e entrevistas com alguns participantes memoráveis como Springsteen, Richie e Lauper, o documentário não só captura a magia daquele momento único como também pontua casos curiosos de bastidores que nunca antes foram revelados. Nguyen é sensível ao criar uma dinâmica que soa como uma viagem no tempo, intercalando essas entrevistas com imagens da gravação e cenas da época, fazendo um recorte histórico importante daquela noite - e digo histórico no sentido mais amplo da palavra, já que, infelizmente, muitos que estiveram ali, já se foram, e claro, não preciso nem dizer o quanto "We Are the World" foi importante como obra. Talvez, ou até justamente por isso, senti que "A Noite que Mudou o Pop" parece ter uma duração apertada. Para lidar com tantos nomes importantes, eu diria que é admirável o esforço da produção em não esquecer de ninguém ou de nenhum detalhe - o desconforto de Bob Dylan é tão evidente quanto a sua transformação quando ele vira protagonista da gravação. Reparem.

"The Greatest Night in Pop" (no original) vai além da música que estava sendo gravada - é um filme sobre esperança, união e o poder da arte para fazer a diferença. É um lembrete da importância da ação social e da responsabilidade que os artistas têm e de como usar sua enorme capacidade criativa (até da voz, claro) para causas tão importantes. Mais do que um documentário, o que temos aqui é uma experiência emocionante, inspiradora e muito envolvente - um filme que vai te tocar a alma e, certamente, te fazer cantar. Imperdível!

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A Super Fantástica História do Balão

A Super Fantástica História do Balão

O documentário do Star+ foi até vendido com ares de drama e lavação de roupa suja, mas a grande verdade é que "A Super Fantástica História do Balão" é muito mais uma celebração, um recorte de uma época que praticamente marcou uma geração, e, principalmente, é uma análise sobre o sucesso pela perspectiva de cada um dos seus quatro integrantes. Se em "Sandy & Junior: A História" somos transportados para uma jornada de 30 anos de carreira da maior referência na música jovem que o Brasil já teve, aqui a minissérie de três episódios mergulha nos, inacreditáveis 3 anos de sucesso fenomenal do maior grupo infantil da nossa história. E já adianto, se você passou dos 40, você vai se emocionar!

Em "A Super Fantástica História do Balão", o quarteto Simony, Jairzinho, Tob e Mike se reunem pela primeira vez para dar suas versões sobre o começo, o auge e o fim do fenômeno infantil dos anos 80, o Balão Mágico. Ilustrados por depoimentos de pessoas que fizeram parte do projeto e por inéditas imagens de arquivo, os quatro relatam suas experiências pessoais e profissionais a partir do sucesso meteórico do grupo, ainda quando eram crianças. Confira o trailer:

Com direção de Tatiana Issa, que comandou o filme “Pacto Brutal: o assassinato de Daniela Perez” e roteiro de Fernando Ceylão (“Zorra Total”) e de Beatriz Monteiro (“Caso Evandro”), a minissérie sabe equilibrar perfeitamente dois cenários: um com os depoimentos dos quatro integrantes juntos, em uma espécie de reencontro emocional; e outro com uma versão tão honesta quanto, de entrevistas individuais com cada um deles. Obviamente que os assuntos mais espinhosos são discutidos individualmente e mesmo assim fica longe do que a plataforma insistiu em vender como polêmica desde o anúncio do projeto. Outro ponto a ser observado, diz respeito aos depoimentos dos artistas, familiares e executivos do entretenimento que participaram da construção do Balão Mágico - são eles que pontuam os dramas e os pontos mais sensíveis dos bastidores, mas já te adianto: nada que possa nos deixar de cabelo em pé ou nos provocar alguma emoção mais acalorada. O fato é que o tom da narrativa é leve, nostálgica, agradável e até emocionante; nunca tensa.

O grupo era claramente um produto da indústria fonográfica dos anos 80, mais precisamente da CBS (que depois veio ser vendida para a Som Livre). Tudo, absolutamente tudo, foi  moldado para atender aos interesses comerciais de uma fatia do mercado de entretenimento praticamente inexistente na época. O grande ponto, e aí "A Super Fantástica História do Balão" talvez não tenha a força dramática que outros documentários como "Showbiz Kids" (por exemplo), é que, mesmo com esse impacto cultural pioneiro do grupo infantil, a vida dos integrantes pós-sucesso não é muito bem explorada - o plot até existe, claro, mas me pareceu que poderia ter sido melhor desenvolvido. Essa abordagem mais, digamos, controversa, talvez trouxesse um pouco mais de conflito ao roteiro, nos foi vendido isso, mas ela não está ali. No entanto existe uma honestidade tão marcante em cada um dos ex-integrantes que até esse vacilo narrativo, parece não fazer tanta falta. Aliás aqui é impossível não destacar a postura do Mike em expor toda sua história e sua relação com seu pai, o famoso assaltante Ronald Biggs (falecido há 10 anos) ou de Tob nos contando sobre seus medos gerados pela necessidade de acertar sempre.

"A Super Fantástica História do Balão" é daquelas para assistir em uma sentada - muito bem produzida e com uma dinâmica narrativa das mais competentes, a minissérie merece sua atenção., principalmente se você for dessa época! Se sim, é bem possível que você se divirta e se emocione com as histórias e as lembranças nostálgicas que inevitavelmente vão te transportar para a sua infância - nisso o documentário cumpre seu papel. Agora, para ganhar um 10, faltou cutucar algumas feridas com mais vontade - tanto nas questões de bastidores envolvendo a família da Simony quanto na relação da própria Simony com a Mara Maravilha, são exemplos de alguns espinhos que ainda não parecem prontos para serem eliminados. Uma pena!

Para você que também cantou "A Galinha Magricela" o play é quase uma obrigação!

Assista Agora

O documentário do Star+ foi até vendido com ares de drama e lavação de roupa suja, mas a grande verdade é que "A Super Fantástica História do Balão" é muito mais uma celebração, um recorte de uma época que praticamente marcou uma geração, e, principalmente, é uma análise sobre o sucesso pela perspectiva de cada um dos seus quatro integrantes. Se em "Sandy & Junior: A História" somos transportados para uma jornada de 30 anos de carreira da maior referência na música jovem que o Brasil já teve, aqui a minissérie de três episódios mergulha nos, inacreditáveis 3 anos de sucesso fenomenal do maior grupo infantil da nossa história. E já adianto, se você passou dos 40, você vai se emocionar!

Em "A Super Fantástica História do Balão", o quarteto Simony, Jairzinho, Tob e Mike se reunem pela primeira vez para dar suas versões sobre o começo, o auge e o fim do fenômeno infantil dos anos 80, o Balão Mágico. Ilustrados por depoimentos de pessoas que fizeram parte do projeto e por inéditas imagens de arquivo, os quatro relatam suas experiências pessoais e profissionais a partir do sucesso meteórico do grupo, ainda quando eram crianças. Confira o trailer:

Com direção de Tatiana Issa, que comandou o filme “Pacto Brutal: o assassinato de Daniela Perez” e roteiro de Fernando Ceylão (“Zorra Total”) e de Beatriz Monteiro (“Caso Evandro”), a minissérie sabe equilibrar perfeitamente dois cenários: um com os depoimentos dos quatro integrantes juntos, em uma espécie de reencontro emocional; e outro com uma versão tão honesta quanto, de entrevistas individuais com cada um deles. Obviamente que os assuntos mais espinhosos são discutidos individualmente e mesmo assim fica longe do que a plataforma insistiu em vender como polêmica desde o anúncio do projeto. Outro ponto a ser observado, diz respeito aos depoimentos dos artistas, familiares e executivos do entretenimento que participaram da construção do Balão Mágico - são eles que pontuam os dramas e os pontos mais sensíveis dos bastidores, mas já te adianto: nada que possa nos deixar de cabelo em pé ou nos provocar alguma emoção mais acalorada. O fato é que o tom da narrativa é leve, nostálgica, agradável e até emocionante; nunca tensa.

O grupo era claramente um produto da indústria fonográfica dos anos 80, mais precisamente da CBS (que depois veio ser vendida para a Som Livre). Tudo, absolutamente tudo, foi  moldado para atender aos interesses comerciais de uma fatia do mercado de entretenimento praticamente inexistente na época. O grande ponto, e aí "A Super Fantástica História do Balão" talvez não tenha a força dramática que outros documentários como "Showbiz Kids" (por exemplo), é que, mesmo com esse impacto cultural pioneiro do grupo infantil, a vida dos integrantes pós-sucesso não é muito bem explorada - o plot até existe, claro, mas me pareceu que poderia ter sido melhor desenvolvido. Essa abordagem mais, digamos, controversa, talvez trouxesse um pouco mais de conflito ao roteiro, nos foi vendido isso, mas ela não está ali. No entanto existe uma honestidade tão marcante em cada um dos ex-integrantes que até esse vacilo narrativo, parece não fazer tanta falta. Aliás aqui é impossível não destacar a postura do Mike em expor toda sua história e sua relação com seu pai, o famoso assaltante Ronald Biggs (falecido há 10 anos) ou de Tob nos contando sobre seus medos gerados pela necessidade de acertar sempre.

"A Super Fantástica História do Balão" é daquelas para assistir em uma sentada - muito bem produzida e com uma dinâmica narrativa das mais competentes, a minissérie merece sua atenção., principalmente se você for dessa época! Se sim, é bem possível que você se divirta e se emocione com as histórias e as lembranças nostálgicas que inevitavelmente vão te transportar para a sua infância - nisso o documentário cumpre seu papel. Agora, para ganhar um 10, faltou cutucar algumas feridas com mais vontade - tanto nas questões de bastidores envolvendo a família da Simony quanto na relação da própria Simony com a Mara Maravilha, são exemplos de alguns espinhos que ainda não parecem prontos para serem eliminados. Uma pena!

Para você que também cantou "A Galinha Magricela" o play é quase uma obrigação!

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A Última Loja de Consertos

"A Última Loja de Consertos" chega chancelada pelo Oscar de "Melhor Curta de Documentário" de 2024, trazendo com ele uma sinfonia emocionante de esperança e memória que merece ser apreciado em pouco menos de 40 minutos de história. Em meio a uma era descartável, esse sensível documentário dirigido pelo Kris Bowers (responsável por composições de filmes de peso como "Green Book" e "A Cor Púrpura") e pelo Ben Proudfoot (vencedor do Oscar na mesma categoria em 2022 com "The Queen of Basketball" e indicado em 2021 com "A Concerto Is a Conversation") nos transporta para o coração de Los Angeles, onde um oásis de restauração musical desafia a tirania da obsolescência. Mais do que um simples conserto de instrumentos, o filme celebra a paixão, a comunidade e a preservação daquilo que nos conecta ao passado e nutre o futuro através de quatro emocionantes depoimentos. Sim, o filme é sobre pessoas e isso é belíssimo!

Em linhas gerais, "The Last Repair Shop" (no original) narra a história real de um dos últimos ateliês de reparos de instrumentos musicais nos Estados Unidos. Localizado em Los Angeles, o local oferece consertos gratuitos para alunos de escolas públicas desde 1959. O filme acompanha a rotina dedicada dos profissionais que trabalham ali, revelando o impacto transformador que a arte teve em suas vidas e na vida de milhares de jovens e adultos americanos. Confira o trailer (em inglês):

Antes de mais nada é preciso enxergar "A Última Loja de Consertos" como um curta-metragem basicamente realizado para entrar em festivais ao redor do planeta - nesse formato, não existe o menor interesse comercial como obra. Essa característica permite ao seu realizador extrapolar o seu propósito critico, artístico e técnico com muito mais liberdade, ou seja, é perceptível a "alma" em uma história sobre um ateliê e seus funcionários, que nos leva a questionar a cultura descartável, claro, mas que ao mesmo tempo nos convida para celebrar a beleza da tradição e da busca pela perfeição em pró de algo maior.

Os depoimentos dos profissionais e dos jovens músicos que de alguma forma foram impactados pela "Última Loja de Consertos" são, de fato, inspiradores e nos fazem acreditar na força transformadora da música e da arte, pela perspectiva do ser humano. Mais do que um mero registro histórico, o filme é um hino à preservação da memória e da cultura que nos faz repensar nossa relação com os objetos (que por alguma razão descartamos) e a valorizar o trabalho artesanal, que transcende a mera funcionalidade e se torna uma expressão de amor e dedicação, capaz de mudar a vida de alguém.

A fotografia impecável do jovem David Feeney-Mosier (guardem esse nome) captura a beleza singular dos instrumentos e o cuidado meticuloso dos profissionais. Já a trilha sonora, composta pelo próprio co-diretor, Kris Bowers, é uma sinfonia emocionante que acompanha a narrativa com sensibilidade e força. Já a direção de Proudfoot é precisa e envolvente, tecendo uma história rica em emoções e reflexões. Tecnicamente invejável, "A Última Loja de Consertos" é um documentário imperdível para todos que apreciam histórias inspiradoras, música de qualidade e reflexões sobre o sentido da vida. Um filme que nos toca profundamente e nos deixa com a esperança de que a paixão, o amor pela comunidade e a preservação da tradição ainda são valores importantes em nosso mundo. 

Vale muito o seu play!

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"A Última Loja de Consertos" chega chancelada pelo Oscar de "Melhor Curta de Documentário" de 2024, trazendo com ele uma sinfonia emocionante de esperança e memória que merece ser apreciado em pouco menos de 40 minutos de história. Em meio a uma era descartável, esse sensível documentário dirigido pelo Kris Bowers (responsável por composições de filmes de peso como "Green Book" e "A Cor Púrpura") e pelo Ben Proudfoot (vencedor do Oscar na mesma categoria em 2022 com "The Queen of Basketball" e indicado em 2021 com "A Concerto Is a Conversation") nos transporta para o coração de Los Angeles, onde um oásis de restauração musical desafia a tirania da obsolescência. Mais do que um simples conserto de instrumentos, o filme celebra a paixão, a comunidade e a preservação daquilo que nos conecta ao passado e nutre o futuro através de quatro emocionantes depoimentos. Sim, o filme é sobre pessoas e isso é belíssimo!

Em linhas gerais, "The Last Repair Shop" (no original) narra a história real de um dos últimos ateliês de reparos de instrumentos musicais nos Estados Unidos. Localizado em Los Angeles, o local oferece consertos gratuitos para alunos de escolas públicas desde 1959. O filme acompanha a rotina dedicada dos profissionais que trabalham ali, revelando o impacto transformador que a arte teve em suas vidas e na vida de milhares de jovens e adultos americanos. Confira o trailer (em inglês):

Antes de mais nada é preciso enxergar "A Última Loja de Consertos" como um curta-metragem basicamente realizado para entrar em festivais ao redor do planeta - nesse formato, não existe o menor interesse comercial como obra. Essa característica permite ao seu realizador extrapolar o seu propósito critico, artístico e técnico com muito mais liberdade, ou seja, é perceptível a "alma" em uma história sobre um ateliê e seus funcionários, que nos leva a questionar a cultura descartável, claro, mas que ao mesmo tempo nos convida para celebrar a beleza da tradição e da busca pela perfeição em pró de algo maior.

Os depoimentos dos profissionais e dos jovens músicos que de alguma forma foram impactados pela "Última Loja de Consertos" são, de fato, inspiradores e nos fazem acreditar na força transformadora da música e da arte, pela perspectiva do ser humano. Mais do que um mero registro histórico, o filme é um hino à preservação da memória e da cultura que nos faz repensar nossa relação com os objetos (que por alguma razão descartamos) e a valorizar o trabalho artesanal, que transcende a mera funcionalidade e se torna uma expressão de amor e dedicação, capaz de mudar a vida de alguém.

A fotografia impecável do jovem David Feeney-Mosier (guardem esse nome) captura a beleza singular dos instrumentos e o cuidado meticuloso dos profissionais. Já a trilha sonora, composta pelo próprio co-diretor, Kris Bowers, é uma sinfonia emocionante que acompanha a narrativa com sensibilidade e força. Já a direção de Proudfoot é precisa e envolvente, tecendo uma história rica em emoções e reflexões. Tecnicamente invejável, "A Última Loja de Consertos" é um documentário imperdível para todos que apreciam histórias inspiradoras, música de qualidade e reflexões sobre o sentido da vida. Um filme que nos toca profundamente e nos deixa com a esperança de que a paixão, o amor pela comunidade e a preservação da tradição ainda são valores importantes em nosso mundo. 

Vale muito o seu play!

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A Voz Suprema do Blues

Se você gostou de "Uma noite em Miami..." certamente você vai gostar de "A Voz Suprema do Blues" já que ambos os filmes possuem elementos narrativos muito similares, embora com abordagens diferentes, um mais politico e o outro mais musical, as tramas giram em torno de diálogos muito bem construídos e de personagens cheios de camadas que interagem entre sim, em poucas locações, para que as discussões não se dissipem e ganhem o valor exato do seu propósito!

Também baseada na peça de teatro, dessa vez do premiado dramaturgo August Wilson, cujos textos são conhecidos por representarem os aspectos cômicos e trágicos da experiência dos africanos-americanos no século XX, "A Voz Suprema do Blues" se passa em Chicago de 1927 e volta sua atenção para dentro de um antigo estúdio de gravação da cidade. Lá, Ma Rainey (Viola Davis) e sua banda estão prontos para gravar mais um disco. Só que no estúdio o clima começa a esquentar quando a tensão aumenta entre a cantora, seu ambicioso trompista Levee (Chadwick Boseman) e a gerência branca determinada a controlar uma incontrolável “Mãe do Blues”. Confira o trailer:

Todo filme que possui bons personagens, a matéria prima para o ator bilhar, cria uma perspectiva de muito reconhecimento e, pode apostar, ele virá! Esse foi o último filme de Chadwick Boseman e sua performance está simplesmente magnífica, perfeita, no tom exato, com um range de interpretação impressionante, digno de Oscar! Visivelmente debilitado, sua postura praticamente transforma um problema em diferencial - tudo se encaixa tão perfeitamente que é triste condicionar esse reconhecimento em respeito por sua carreira: não é e não deveria ser o caso! Viola Davis é outra força da natureza, que nos tira o equilíbrio e explode na tela! Coberta de uma pesada maquiagem, roupas extravagantes e uma postura imponente, carregada de suor e arrogância, a atriz entrega um Ma Rainey digna de sua importância na música!

Com uma direção muito competente do George C. Wolfe (de Noites de Tormenta) e uma belíssima fotografia do Tobias Schliessler (de A Grande Mentira), o filme cria uma atmosfera desconfortável, angustiante, como se estivéssemos assistindo uma bomba prestes a explodir! O texto chega a nos provocar certa aflição e é muito inteligente ao pontuar os problemas sociais da época como racismo estrutural e todo o descaso com o negro de forma mais orgânica que ideológica.

“A Voz Suprema do Blues” é um daqueles filmes surpreendentes que usa de longos monólogos para evidenciar a força do seu texto e que transforma o ator em uma espécie de mensageiro e de ações muito mais internas do que impactantes - e o final é a maior prova disso! Filme para quem gosta do profundo, ao som de uma bela trilha sonora e daquela atmosfera nostálgica e sexy do blues bem tocado e interpretado com alma!

Assista Agora

Se você gostou de "Uma noite em Miami..." certamente você vai gostar de "A Voz Suprema do Blues" já que ambos os filmes possuem elementos narrativos muito similares, embora com abordagens diferentes, um mais politico e o outro mais musical, as tramas giram em torno de diálogos muito bem construídos e de personagens cheios de camadas que interagem entre sim, em poucas locações, para que as discussões não se dissipem e ganhem o valor exato do seu propósito!

Também baseada na peça de teatro, dessa vez do premiado dramaturgo August Wilson, cujos textos são conhecidos por representarem os aspectos cômicos e trágicos da experiência dos africanos-americanos no século XX, "A Voz Suprema do Blues" se passa em Chicago de 1927 e volta sua atenção para dentro de um antigo estúdio de gravação da cidade. Lá, Ma Rainey (Viola Davis) e sua banda estão prontos para gravar mais um disco. Só que no estúdio o clima começa a esquentar quando a tensão aumenta entre a cantora, seu ambicioso trompista Levee (Chadwick Boseman) e a gerência branca determinada a controlar uma incontrolável “Mãe do Blues”. Confira o trailer:

Todo filme que possui bons personagens, a matéria prima para o ator bilhar, cria uma perspectiva de muito reconhecimento e, pode apostar, ele virá! Esse foi o último filme de Chadwick Boseman e sua performance está simplesmente magnífica, perfeita, no tom exato, com um range de interpretação impressionante, digno de Oscar! Visivelmente debilitado, sua postura praticamente transforma um problema em diferencial - tudo se encaixa tão perfeitamente que é triste condicionar esse reconhecimento em respeito por sua carreira: não é e não deveria ser o caso! Viola Davis é outra força da natureza, que nos tira o equilíbrio e explode na tela! Coberta de uma pesada maquiagem, roupas extravagantes e uma postura imponente, carregada de suor e arrogância, a atriz entrega um Ma Rainey digna de sua importância na música!

Com uma direção muito competente do George C. Wolfe (de Noites de Tormenta) e uma belíssima fotografia do Tobias Schliessler (de A Grande Mentira), o filme cria uma atmosfera desconfortável, angustiante, como se estivéssemos assistindo uma bomba prestes a explodir! O texto chega a nos provocar certa aflição e é muito inteligente ao pontuar os problemas sociais da época como racismo estrutural e todo o descaso com o negro de forma mais orgânica que ideológica.

“A Voz Suprema do Blues” é um daqueles filmes surpreendentes que usa de longos monólogos para evidenciar a força do seu texto e que transforma o ator em uma espécie de mensageiro e de ações muito mais internas do que impactantes - e o final é a maior prova disso! Filme para quem gosta do profundo, ao som de uma bela trilha sonora e daquela atmosfera nostálgica e sexy do blues bem tocado e interpretado com alma!

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Alabama Monroe

Eu não precisei mais do que quatro minutos para ter meu coração completamente destruído por esse filme! É sério, "Alabama Monroe" é um excelente filme, mas também implacável, duro, intenso e muito profundo. Uma aula de roteiro, de direção e de montagem - não por acaso foi um dos filmes mais premiados no circuito de festivais entre os anos de 2013 e 2015, inclusive representou a Bélgica no Oscar de 2014 como "Melhor Filme Internacional".

Elise (Veerle Baetens) e Didier (Johan Heldenbergh) se apaixonam à primeira vista, apesar das diferenças entre eles: ela toda tatuada, realista religiosa e cosmopolita; ele um músico, ateu romântico e do campo. Quando a filha do casal fica muito doente, o amor dos dois é levado a julgamento pela dor, mas principalmente pela maneira como cada um enxerga o mundo. Confira o trailer:

Eu poderia iniciar esse review dizendo que "Alabama Monroe" é um filme sobre as dificuldades que a vida nos impõe sem pedir licença. Mas não, essa belíssima produção belga é, na verdade, uma verdadeira história de amor - mas não dessas onde as peças se encaixam perfeitamente. Aliás, é na diferença "de ser e de viver" que Elise e Didier se conectam, mesmo que o preço passe a ser muito alto quando os conflitos de ideias começam a pautar a relação. Embora tocante, principalmente se você já tiver uma família formada, o roteiro usa e abusa da música para estabelecer o mais profundo elo entre o casal e é assim, desde o inicio, que essa linda história é construída (e destruída).

Dirigida pelo talentoso Felix van Groeningen (de "Querido Menino"), "Alabama Monroe" teve o roteiro escrito pelo próprio diretor ao lado de Carl Joos Johan, adaptando de uma peça teatral de Johan Heldenbergh, o que cria uma atmosfera profunda de identificação entre o autor e o ator - fossem os tempos da Academia, Heldenbergh teria enormes chances de receber uma indicação como "Melhor Ator" no Oscar. Sua performance atém de visceral, é realista e tão cheia de camadas que temos a impressão de estarmos assistindo um documentário e não uma ficção. A cena em que ele expõe toda sua dor para a platéia durante um show da sua banda, já no terceiro ato do filme, é digna de se aplaudir de pé! Reparem. Veerle Baetens não fica muito atrás, ela é uma espécie de camaleão, capaz de entregar uma doçura em uma cena e imediatamente depois o que vemos é uma pessoa completamente diferente, selvagem, impulsiva. Essa quebra de expectativa é lindamente orquestrada por uma montagem que passei por várias linhas do tempo com muita sabedoria, criando um clima de incerteza e tensão impressionantes - Nico Leunen (de "Ad Astra") matou a pau!

Veja, inicialmente o filme parece querer nos levar para uma certa emotividade barata a partir de uma história que traz, em seu centro, uma linda criança com câncer - e de fato somos tocados por essa circunstância. Mas Groeningen é genial ao nos surpreender, ele entende o peso da sua narrativa e ao lado de Leunen, nos afasta desse sentimentalismo fácil, dispensando, por exemplo, uma trilha sonora nesses momentos de maior sofrimento. Por outro lado, ele usa a música para nos reconectar com o casal, com o amor, com a relação, na esperança de que tudo pode dar certo para eles, porém, como na vida, algumas marcas não são esquecidas assim!

Embora "Alabama Monroe" também faça sentido como título, talvez o original "The Broken Circle Breakdown" tenha muito mais a dizer sobre o filme!

Vale muito o seu play!

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Eu não precisei mais do que quatro minutos para ter meu coração completamente destruído por esse filme! É sério, "Alabama Monroe" é um excelente filme, mas também implacável, duro, intenso e muito profundo. Uma aula de roteiro, de direção e de montagem - não por acaso foi um dos filmes mais premiados no circuito de festivais entre os anos de 2013 e 2015, inclusive representou a Bélgica no Oscar de 2014 como "Melhor Filme Internacional".

Elise (Veerle Baetens) e Didier (Johan Heldenbergh) se apaixonam à primeira vista, apesar das diferenças entre eles: ela toda tatuada, realista religiosa e cosmopolita; ele um músico, ateu romântico e do campo. Quando a filha do casal fica muito doente, o amor dos dois é levado a julgamento pela dor, mas principalmente pela maneira como cada um enxerga o mundo. Confira o trailer:

Eu poderia iniciar esse review dizendo que "Alabama Monroe" é um filme sobre as dificuldades que a vida nos impõe sem pedir licença. Mas não, essa belíssima produção belga é, na verdade, uma verdadeira história de amor - mas não dessas onde as peças se encaixam perfeitamente. Aliás, é na diferença "de ser e de viver" que Elise e Didier se conectam, mesmo que o preço passe a ser muito alto quando os conflitos de ideias começam a pautar a relação. Embora tocante, principalmente se você já tiver uma família formada, o roteiro usa e abusa da música para estabelecer o mais profundo elo entre o casal e é assim, desde o inicio, que essa linda história é construída (e destruída).

Dirigida pelo talentoso Felix van Groeningen (de "Querido Menino"), "Alabama Monroe" teve o roteiro escrito pelo próprio diretor ao lado de Carl Joos Johan, adaptando de uma peça teatral de Johan Heldenbergh, o que cria uma atmosfera profunda de identificação entre o autor e o ator - fossem os tempos da Academia, Heldenbergh teria enormes chances de receber uma indicação como "Melhor Ator" no Oscar. Sua performance atém de visceral, é realista e tão cheia de camadas que temos a impressão de estarmos assistindo um documentário e não uma ficção. A cena em que ele expõe toda sua dor para a platéia durante um show da sua banda, já no terceiro ato do filme, é digna de se aplaudir de pé! Reparem. Veerle Baetens não fica muito atrás, ela é uma espécie de camaleão, capaz de entregar uma doçura em uma cena e imediatamente depois o que vemos é uma pessoa completamente diferente, selvagem, impulsiva. Essa quebra de expectativa é lindamente orquestrada por uma montagem que passei por várias linhas do tempo com muita sabedoria, criando um clima de incerteza e tensão impressionantes - Nico Leunen (de "Ad Astra") matou a pau!

Veja, inicialmente o filme parece querer nos levar para uma certa emotividade barata a partir de uma história que traz, em seu centro, uma linda criança com câncer - e de fato somos tocados por essa circunstância. Mas Groeningen é genial ao nos surpreender, ele entende o peso da sua narrativa e ao lado de Leunen, nos afasta desse sentimentalismo fácil, dispensando, por exemplo, uma trilha sonora nesses momentos de maior sofrimento. Por outro lado, ele usa a música para nos reconectar com o casal, com o amor, com a relação, na esperança de que tudo pode dar certo para eles, porém, como na vida, algumas marcas não são esquecidas assim!

Embora "Alabama Monroe" também faça sentido como título, talvez o original "The Broken Circle Breakdown" tenha muito mais a dizer sobre o filme!

Vale muito o seu play!

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Amor, Sublime Amor

"Amor, Sublime Amor" é uma verdadeira declaração de amor de um dos maiores diretores de todos os tempos, Steven Spielberg, ao clássico "West Side Story" e ao cinema cantado dos anos 50. Definido pelo próprio diretor como “um sonho de criança”, o filme é uma adaptação do musical de Arthur Laurents, Leonard Bernstein e Stephen Sondheim e um remake da premiada produção de 1961 comandada por Robert Wise e Jerome Robbins. Perceba como essa trágica história de amor se confunde com as artes, ao melhor estilo "Romeu & Julieta", tirando o diretor de sua zona de conforto e o colocando para se divertir - e é isso que o filme representa: uma divertida e emocionante versão de Spielberg para um clássico musical que recebeu 7 indicações para o Oscar 2022!

Na trama acompanhamos uma história de amor à primeira vista, que acontece quando o jovem Tony (Ansel Elgort) vê Maria (Rachel Zegler) em um baile do ensino médio em 1957, na cidade de Nova York. Seu romance florescente ajuda a alimentar o fogo entre duas gangues adolescentes rivais que disputam o controle das ruas do Upper West Side: os Jets (formada por americanos brancos de terceira geração de imigrantes europeus) e os Sharks (de imigrantes porto-riquenhos de primeira geração). Confira o trailer:

Desde a divulgação do primeiro teaser do filme já dava para se ter a exata noção do espetáculo visual que seria "Amor, Sublime Amor"! O que Spielberg faz ao lado do seu parceiro, o diretor de fotografia, Janusz Kaminski, é uma aula de cinematografia - um verdadeiro baile que mistura movimentos de câmera tradicionais com outros extremamente criativos (e inventivos) em uma verdadeira festa de cores e texturas em um cenário que remete ao palco de um teatro com a amplitude de um estúdio de cinema, com muita luz, fumaça e poesia - puxa, como tem poesia em casa sequência desse filme!

Com base no roteiro de Tony Kushner (de "Munique" e "Lincoln") o diretor moderniza a narrativa ao dar um contexto ainda mais realista da rivalidade entre as gangues dos anos 50, apresentando elas como vítimas de um sistema que os quer longe de uma Manhattan que se moderniza. A sensibilidade crítica do diretor é completamente perceptível já no primeiro plano sequência do filme, que passeia pelo silêncio do caos até ganhar vida com a música envolvente de Leonard Bernstein. Aliás, o elenco é um show a parte - e quando escrevo "show" não é um exagero, já que as performances musicais são de cair o queixo. Destaque para a incrível Rita Moreno, queno novo filme faz as vezes do personagem Doc do original, e que interpreta Valentina, uma senhora que por essência está entre as duas gangues, por ser porto-riquenha, mas ter casado com um americano - ouvi-la cantando “Somewhere”, cheia de emoção, vale o filme! Ariana DeBose (a Anita), indicada ao Oscar de coadjuvante, também merece todos os elogios!

O fato é que "Amor, Sublime Amor" é um espetáculo - no significado mais contundente da palavra. O filme tem uma qualidade técnica e artística que, sem dúvida, o coloca em outro patamar. Para quem gosta dos musicais da Broadway, a produção é o equilíbrio perfeito entre cinema e o teatro, respeitando suas peculiaridades como manifestação artística, mas também não esquecendo das suas virtudes únicas - mais ou menos como fez Tom Hooper com "Les Miserables". Com seus 75 anos, Spielberg mostra que tem muita lenha para queimar, e que é capaz de transformar aquele seu toque mágico (que marcou sua carreira) em uma ferramenta essencial quando o assunto é visitar um clássico que parecia intocável, mas que na verdade, na opinião de muitos, acabou superando o original!

Vale muito seu play!

Up-date: "Amor, Sublime Amor" ganhou em uma categoria no Oscar 2022: Melhor Atriz Coadjuvante!

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"Amor, Sublime Amor" é uma verdadeira declaração de amor de um dos maiores diretores de todos os tempos, Steven Spielberg, ao clássico "West Side Story" e ao cinema cantado dos anos 50. Definido pelo próprio diretor como “um sonho de criança”, o filme é uma adaptação do musical de Arthur Laurents, Leonard Bernstein e Stephen Sondheim e um remake da premiada produção de 1961 comandada por Robert Wise e Jerome Robbins. Perceba como essa trágica história de amor se confunde com as artes, ao melhor estilo "Romeu & Julieta", tirando o diretor de sua zona de conforto e o colocando para se divertir - e é isso que o filme representa: uma divertida e emocionante versão de Spielberg para um clássico musical que recebeu 7 indicações para o Oscar 2022!

Na trama acompanhamos uma história de amor à primeira vista, que acontece quando o jovem Tony (Ansel Elgort) vê Maria (Rachel Zegler) em um baile do ensino médio em 1957, na cidade de Nova York. Seu romance florescente ajuda a alimentar o fogo entre duas gangues adolescentes rivais que disputam o controle das ruas do Upper West Side: os Jets (formada por americanos brancos de terceira geração de imigrantes europeus) e os Sharks (de imigrantes porto-riquenhos de primeira geração). Confira o trailer:

Desde a divulgação do primeiro teaser do filme já dava para se ter a exata noção do espetáculo visual que seria "Amor, Sublime Amor"! O que Spielberg faz ao lado do seu parceiro, o diretor de fotografia, Janusz Kaminski, é uma aula de cinematografia - um verdadeiro baile que mistura movimentos de câmera tradicionais com outros extremamente criativos (e inventivos) em uma verdadeira festa de cores e texturas em um cenário que remete ao palco de um teatro com a amplitude de um estúdio de cinema, com muita luz, fumaça e poesia - puxa, como tem poesia em casa sequência desse filme!

Com base no roteiro de Tony Kushner (de "Munique" e "Lincoln") o diretor moderniza a narrativa ao dar um contexto ainda mais realista da rivalidade entre as gangues dos anos 50, apresentando elas como vítimas de um sistema que os quer longe de uma Manhattan que se moderniza. A sensibilidade crítica do diretor é completamente perceptível já no primeiro plano sequência do filme, que passeia pelo silêncio do caos até ganhar vida com a música envolvente de Leonard Bernstein. Aliás, o elenco é um show a parte - e quando escrevo "show" não é um exagero, já que as performances musicais são de cair o queixo. Destaque para a incrível Rita Moreno, queno novo filme faz as vezes do personagem Doc do original, e que interpreta Valentina, uma senhora que por essência está entre as duas gangues, por ser porto-riquenha, mas ter casado com um americano - ouvi-la cantando “Somewhere”, cheia de emoção, vale o filme! Ariana DeBose (a Anita), indicada ao Oscar de coadjuvante, também merece todos os elogios!

O fato é que "Amor, Sublime Amor" é um espetáculo - no significado mais contundente da palavra. O filme tem uma qualidade técnica e artística que, sem dúvida, o coloca em outro patamar. Para quem gosta dos musicais da Broadway, a produção é o equilíbrio perfeito entre cinema e o teatro, respeitando suas peculiaridades como manifestação artística, mas também não esquecendo das suas virtudes únicas - mais ou menos como fez Tom Hooper com "Les Miserables". Com seus 75 anos, Spielberg mostra que tem muita lenha para queimar, e que é capaz de transformar aquele seu toque mágico (que marcou sua carreira) em uma ferramenta essencial quando o assunto é visitar um clássico que parecia intocável, mas que na verdade, na opinião de muitos, acabou superando o original!

Vale muito seu play!

Up-date: "Amor, Sublime Amor" ganhou em uma categoria no Oscar 2022: Melhor Atriz Coadjuvante!

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Apenas uma Vez

Já vamos partir de um principio básico: "Apenas uma Vez" é imperdível - daqueles filmes gostosos de assistir e que mesmo soando "meio água com açúcar", nos conquista pela sua capacidade de nos emocionar com uma premissa simples, mas muito eficaz: a de que mesmo nas dificuldades, a vida está sempre pronta para nos mostrar que podemos ser felizes! Sim, se você está em busca de um filme descomplicado e ao mesmo tempo muito surpreendente, "Once" (no original) é perfeito - para assistir várias vezes! O filme dirigidopelo John Carney, de fato, oferece uma experiência profundamente cativante e envolvente que combina uma narrativa simples e bem desenvolvida, performances excepcionais de um elenco muito bem escalado (com alma) e uma trilha sonora que olha, é de tirar o fôlego. Não é de surpreender que "Apenas uma Vez" tenha conquistado tantos elogios e prêmios no cenário independente até chegar no Oscar de 2008, para faturar a estatueta de "Melhor Canção Original" - e na minha opinião, foi pouco!

Na trama, somos jogados em meio às ruas movimentadas de Dublin, na Irlanda, onde um músico talentoso de rua e sem nome (Glen Hansard) encontra uma imigrante tcheca (Markéta Irglová) que toca piano. O destino que os uniu através da música faz com que eles compartilhem histórias pessoais, esperanças e sonhos, construindo uma conexão profunda, única e apaixonante. Confira o trailer (em inglês):

"Apenas uma Vez" é uma verdadeira joia do cinema indie que explora a alma humana através de sua sensibilidade e delicadeza. A beleza do filme reside muito na sua autenticidade e na forma como os personagens, interpretados de maneira magnífica por Glen Hansard e Markéta Irglová, transmitem emoções cruas e genuínas - eles são tão reais que parecem ter saído de um documentário. Hansard e Irglová não são apenas atores talentosos, mas também músicos excepcionais que oferecem performances deslumbrantes que evocam sensações que transitam entre a melancolia e a esperança. Hansard é vocalista da banda dublinense The Frames, onde, não por acaso, Carney participou como contrabaixista até 1993. Já  Irglova trabalhou com Hansard no álbum folk, The Swell Season.

A direção talentosa de Carney é evidente na escolha do elenco, mas também na construção do tom da narrativa - reparem nas pausas dramáticas que ele estimula entre um diálogo e outro. As belíssimas locações de Dublin se conectam perfeitamente com a fotografia do grande Tim Fleming (de "Citadel") - a maneira como ele captura a atmosfera da cidade, tornando-a quase um personagem em si mesma, lembra muito o trabalho de Sean Price Williams em "Amor, Drogas e Nova York".A fotografia contrastada e uma montagem extremamente cuidadosa do Paul Mullen aprofundam a imersão na história de um maneira arrebatadora - e é aí que entra a estrela do filme: a trilha sonora! Composta principalmente por canções originais escritas pelos próprios protagonistas, posso te garantir que é uma das mais marcantes da história do cinema independente - daquelas onde as músicas continuam ecoando na sua mente muito tempo após o término do filme e que passam a fazer parte da nossa playlist com muita naturalidade.

"Apenas uma Vez" é uma homenagem à beleza da música como uma forma de comunicação universal que transcende as barreiras linguísticas e culturais. O filme é uma jornada emocional que vai tocar seu coração e que alimentará sua alma pelo que ele é na sua essência - e isso é tão raro. Não hesite em dar o play para um filme que se destacou nos festivais independentes do mundo inteiro e se consolidou como um dos melhores exemplos do poder transformador que cinema pode proporcionar. Seja você um amante da boa música ou simplesmente alguém que busca uma história emocionalmente rica e muito sensível, "Once" é uma escolha inigualável que você não pode perder. É sério!

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Já vamos partir de um principio básico: "Apenas uma Vez" é imperdível - daqueles filmes gostosos de assistir e que mesmo soando "meio água com açúcar", nos conquista pela sua capacidade de nos emocionar com uma premissa simples, mas muito eficaz: a de que mesmo nas dificuldades, a vida está sempre pronta para nos mostrar que podemos ser felizes! Sim, se você está em busca de um filme descomplicado e ao mesmo tempo muito surpreendente, "Once" (no original) é perfeito - para assistir várias vezes! O filme dirigidopelo John Carney, de fato, oferece uma experiência profundamente cativante e envolvente que combina uma narrativa simples e bem desenvolvida, performances excepcionais de um elenco muito bem escalado (com alma) e uma trilha sonora que olha, é de tirar o fôlego. Não é de surpreender que "Apenas uma Vez" tenha conquistado tantos elogios e prêmios no cenário independente até chegar no Oscar de 2008, para faturar a estatueta de "Melhor Canção Original" - e na minha opinião, foi pouco!

Na trama, somos jogados em meio às ruas movimentadas de Dublin, na Irlanda, onde um músico talentoso de rua e sem nome (Glen Hansard) encontra uma imigrante tcheca (Markéta Irglová) que toca piano. O destino que os uniu através da música faz com que eles compartilhem histórias pessoais, esperanças e sonhos, construindo uma conexão profunda, única e apaixonante. Confira o trailer (em inglês):

"Apenas uma Vez" é uma verdadeira joia do cinema indie que explora a alma humana através de sua sensibilidade e delicadeza. A beleza do filme reside muito na sua autenticidade e na forma como os personagens, interpretados de maneira magnífica por Glen Hansard e Markéta Irglová, transmitem emoções cruas e genuínas - eles são tão reais que parecem ter saído de um documentário. Hansard e Irglová não são apenas atores talentosos, mas também músicos excepcionais que oferecem performances deslumbrantes que evocam sensações que transitam entre a melancolia e a esperança. Hansard é vocalista da banda dublinense The Frames, onde, não por acaso, Carney participou como contrabaixista até 1993. Já  Irglova trabalhou com Hansard no álbum folk, The Swell Season.

A direção talentosa de Carney é evidente na escolha do elenco, mas também na construção do tom da narrativa - reparem nas pausas dramáticas que ele estimula entre um diálogo e outro. As belíssimas locações de Dublin se conectam perfeitamente com a fotografia do grande Tim Fleming (de "Citadel") - a maneira como ele captura a atmosfera da cidade, tornando-a quase um personagem em si mesma, lembra muito o trabalho de Sean Price Williams em "Amor, Drogas e Nova York".A fotografia contrastada e uma montagem extremamente cuidadosa do Paul Mullen aprofundam a imersão na história de um maneira arrebatadora - e é aí que entra a estrela do filme: a trilha sonora! Composta principalmente por canções originais escritas pelos próprios protagonistas, posso te garantir que é uma das mais marcantes da história do cinema independente - daquelas onde as músicas continuam ecoando na sua mente muito tempo após o término do filme e que passam a fazer parte da nossa playlist com muita naturalidade.

"Apenas uma Vez" é uma homenagem à beleza da música como uma forma de comunicação universal que transcende as barreiras linguísticas e culturais. O filme é uma jornada emocional que vai tocar seu coração e que alimentará sua alma pelo que ele é na sua essência - e isso é tão raro. Não hesite em dar o play para um filme que se destacou nos festivais independentes do mundo inteiro e se consolidou como um dos melhores exemplos do poder transformador que cinema pode proporcionar. Seja você um amante da boa música ou simplesmente alguém que busca uma história emocionalmente rica e muito sensível, "Once" é uma escolha inigualável que você não pode perder. É sério!

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Atlanta

"Atlanta" é uma espécie de "O Urso", só que 2016 - e não por acaso produzidos na mesma casa, a FX. A série criada pelo ator Donald Glover é uma verdadeira e criativa jornada subversiva através da cultura negra americana. Imperdível por desafiar as convenções do drama ao trazer para sua narrativa fortes elementos de comédia, daquelas bem irônicas mesmo, "Atlanta" brilha ao equilibrar os tons e assim explorar temas nada superficiais como o racismo, a busca por uma identidade e por alguns sonhos, todos pautados pelo forte apelo dos problemas sociais, mas sem pesar muito no realismo crítico. Vencedora de diversos prêmios, incluindo 7 Emmys, a série se junta a outras produções aclamadas que quebram barreiras narrativas e apresentam novas perspectivas para um entretenimento de qualidade e muito potente.

A trama gira em torno de Earnest "Earn" Marks (Donald Glover) que tenta convencer seu primo, o rapper Paperboy (Bryan Tyree Henry) que é capaz de gerenciar sua carreira e torná-lo um artista de grande sucesso. Porém, os dois discordam em diversos pontos sobre a vida, arte e entretenimento, especialmente tendo a cultura do  hip-hop como base para cada decisão. Earn ainda precisa lidar com a mãe de sua filha, Van (Zazie Beets), e com o colaborador do primo, Darius (LaKeith Stainfield), em uma jornada surreal pelos bastidores da indústria musical na busca por ascensão, dinheiro e sucesso. Confira o trailer:

É inegável que a primeira temporada da série surpreende ao estabelecer um tom irreverente e surrealista com episódios que abordam assuntos delicados de uma forma inovadora e muito instigante - existe uma espécie de licença poética dando ares de fantasia em um cenário associado com a austeridade. A fotografia, por exemplo, foge da sujeira estética do "caos" de cada personagem, trazendo uma certa plasticidade para os enquadramentos, que vale dizer, extremamente inventivos. Obviamente que a trilha sonora brinca com essa proposta de Glover criando uma atmosfera tão diferenciada quanto envolvente.

Seguindo as demais temporadas, a série se aprofunda na exploração da psique dos personagens, mergulhando em temas como traumas familiares e como isso pode impactar na busca pelo sucesso. Aqui a direção se torna ainda mais ousada, com episódios que experimentam diferentes formatos e estilos narrativos, dando um charme ainda maior aos testes feitos na primeira temporada - especialmente daquele plot envolvendo certo carro invisível.

O fato é que as quatro temporadas de "Atlanta" vão desafiando nossas expectativas (e em alguns momentos dividindo opiniões) ao apresentar uma visão ainda mais complexa da vida daqueles personagens até encontrar um ótimo final. Com um elenco que brilha pela originalidade a cada episódio e uma trama que sabe ser inovadora e ousada por oferecer uma visão única da cultura americana, é possível afirmar que essa série é, de fato, uma experiência imperdível para quem procura algo desafiador como entretenimento - e vale ressaltar que se para muitos  "Atlanta" surge como uma das melhores séries de todos os tempos, para outros a receptividade não foi tão impactante assim!

Independente disso, experimente o play!

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"Atlanta" é uma espécie de "O Urso", só que 2016 - e não por acaso produzidos na mesma casa, a FX. A série criada pelo ator Donald Glover é uma verdadeira e criativa jornada subversiva através da cultura negra americana. Imperdível por desafiar as convenções do drama ao trazer para sua narrativa fortes elementos de comédia, daquelas bem irônicas mesmo, "Atlanta" brilha ao equilibrar os tons e assim explorar temas nada superficiais como o racismo, a busca por uma identidade e por alguns sonhos, todos pautados pelo forte apelo dos problemas sociais, mas sem pesar muito no realismo crítico. Vencedora de diversos prêmios, incluindo 7 Emmys, a série se junta a outras produções aclamadas que quebram barreiras narrativas e apresentam novas perspectivas para um entretenimento de qualidade e muito potente.

A trama gira em torno de Earnest "Earn" Marks (Donald Glover) que tenta convencer seu primo, o rapper Paperboy (Bryan Tyree Henry) que é capaz de gerenciar sua carreira e torná-lo um artista de grande sucesso. Porém, os dois discordam em diversos pontos sobre a vida, arte e entretenimento, especialmente tendo a cultura do  hip-hop como base para cada decisão. Earn ainda precisa lidar com a mãe de sua filha, Van (Zazie Beets), e com o colaborador do primo, Darius (LaKeith Stainfield), em uma jornada surreal pelos bastidores da indústria musical na busca por ascensão, dinheiro e sucesso. Confira o trailer:

É inegável que a primeira temporada da série surpreende ao estabelecer um tom irreverente e surrealista com episódios que abordam assuntos delicados de uma forma inovadora e muito instigante - existe uma espécie de licença poética dando ares de fantasia em um cenário associado com a austeridade. A fotografia, por exemplo, foge da sujeira estética do "caos" de cada personagem, trazendo uma certa plasticidade para os enquadramentos, que vale dizer, extremamente inventivos. Obviamente que a trilha sonora brinca com essa proposta de Glover criando uma atmosfera tão diferenciada quanto envolvente.

Seguindo as demais temporadas, a série se aprofunda na exploração da psique dos personagens, mergulhando em temas como traumas familiares e como isso pode impactar na busca pelo sucesso. Aqui a direção se torna ainda mais ousada, com episódios que experimentam diferentes formatos e estilos narrativos, dando um charme ainda maior aos testes feitos na primeira temporada - especialmente daquele plot envolvendo certo carro invisível.

O fato é que as quatro temporadas de "Atlanta" vão desafiando nossas expectativas (e em alguns momentos dividindo opiniões) ao apresentar uma visão ainda mais complexa da vida daqueles personagens até encontrar um ótimo final. Com um elenco que brilha pela originalidade a cada episódio e uma trama que sabe ser inovadora e ousada por oferecer uma visão única da cultura americana, é possível afirmar que essa série é, de fato, uma experiência imperdível para quem procura algo desafiador como entretenimento - e vale ressaltar que se para muitos  "Atlanta" surge como uma das melhores séries de todos os tempos, para outros a receptividade não foi tão impactante assim!

Independente disso, experimente o play!

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Bastidores do Pop

"Bastidores do Pop" é um mistura de "Fyre Festival", "Menudo: Sempre Jovens" e "Bernie Madoff"! É sério, essa minissérie documental da Netflix oferece uma visão reveladora e chocante sobre a ascensão e queda de Lou Pearlman, o magnata da música responsável por criar algumas das maiores boy-bands dos anos 90, incluindo Backstreet Boys, *NSYNC e O-Town. Em apenas três episódios somos convidados a mergulhar fundo nos bastidores da indústria musical, expondo os esquemas e as fraudes que Pearlman arquitetou, ao mesmo tempo em que explora o impacto devastador de suas ações sobre os artistas e milhares de pessoas que caíram em seus golpes.

"Dirty Pop: The Boy Band Scam" (no original) é estruturada de maneira cronológica, apresentando Lou Pearlman como empresário da aviação, depois mostrando sua entrada na indústria musical através de sua habilidade inegável para descobrir e promover jovens talentos, até a descoberta de um dos maiores esquemas Ponzi da história dos EUA. Pearlman, em entrevistas e imagens de arquivo, é apresentado como um empresário carismático e visionário, mas também como um manipulador astuto e sem escrúpulos. A minissérie documenta a formação e o sucesso meteórico das boy-bands sob sua tutela, ao mesmo tempo em que revela os contratos draconianos e os golpes financeiros que acabaram por destruir sua carreira e a confiança de seus jovens artistas. Confira o trailer (em inglês):

Como não poderia deixar de ser, são os depoimentos dos membros das boy-bands que Pearlman empresariou que, de fato, causam impacto. Artistas como Lance Bass (*NSYNC) e AJ McLean (Backstreet Boys) compartilham suas experiências pessoais, desde o entusiasmo inicial de serem descobertos até a amarga desilusão ao perceberem a extensão da exploração que sofriam - esses relatos adicionam uma camada de profundidade emocional à narrativa impressionante. Nesse sentido o roteiro de "Bastidores do Pop" é cuidadosamente escrito para capturar tanto a grandiosidade de se criar fenômenos da música jovem quanto uma certa sordidez da trajetória de Pearlman. O documentário equilibra habilmente o glamour e o brilho da indústria musical, com a realidade sombria dos esquemas e manipulações financeiras que o empresário conduzia debaixo dos panos.

David Terry Fine (do excelente "Untold - a namorada que não existiu") dirige a minissérie com uma abordagem honesta e direta, combinando entrevistas com os membros das bandas, executivos da indústria musical, jornalistas especializados e outras pessoas próximas ao escândalo - alguns amigos e parceiros de Pearlman, inclusive, não economizam em suas duras opiniões. As entrevistas são realmente sinceras por um lado e emocionantes por outro, oferecendo um recorte bem provocador sobre os efeitos de todas as ações do empresário em diversos níveis de relacionamentos - do profissional ao pessoal. Nesse sentido a direção de Fine é sensível e meticulosa, capaz de entregar uma narrativa tão coesa e envolvente como todas as referências que citei acima, mas sem impor qualquer tipo de julgamento prévio.

"Bastidores do Pop" também aborda temas como a exploração, a ganância e a busca pelo sucesso a qualquer custo, pautado em uma crítica incisiva da indústria musical e dos mecanismos que permitiram que Pearlman operasse impunemente por tanto tempo. Ao som de músicas icônicas das boy-bands dos anos 90, a minissérie brinca com nossa percepção de "certo e errado" ao trazer uma sensação de nostalgia e contraste sobre os eventos sombrios da história, intensificando esse impacto emocional e nos envolvendo por toda jornada.

Antes de finalizar, um registro importante: uma decisão conceitual do diretor pode incomodar alguns já que ele usa inteligência artificial para criar um “Pearlman digital” narrando trechos de seu livro - embora os produtores sejam transparentes sobre o uso da tecnologia, essa escolha me pareceu duvidosa, mas fique tranquilo, não ao ponto de impactar nossa experiência como audiência.

Vale seu play!

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"Bastidores do Pop" é um mistura de "Fyre Festival", "Menudo: Sempre Jovens" e "Bernie Madoff"! É sério, essa minissérie documental da Netflix oferece uma visão reveladora e chocante sobre a ascensão e queda de Lou Pearlman, o magnata da música responsável por criar algumas das maiores boy-bands dos anos 90, incluindo Backstreet Boys, *NSYNC e O-Town. Em apenas três episódios somos convidados a mergulhar fundo nos bastidores da indústria musical, expondo os esquemas e as fraudes que Pearlman arquitetou, ao mesmo tempo em que explora o impacto devastador de suas ações sobre os artistas e milhares de pessoas que caíram em seus golpes.

"Dirty Pop: The Boy Band Scam" (no original) é estruturada de maneira cronológica, apresentando Lou Pearlman como empresário da aviação, depois mostrando sua entrada na indústria musical através de sua habilidade inegável para descobrir e promover jovens talentos, até a descoberta de um dos maiores esquemas Ponzi da história dos EUA. Pearlman, em entrevistas e imagens de arquivo, é apresentado como um empresário carismático e visionário, mas também como um manipulador astuto e sem escrúpulos. A minissérie documenta a formação e o sucesso meteórico das boy-bands sob sua tutela, ao mesmo tempo em que revela os contratos draconianos e os golpes financeiros que acabaram por destruir sua carreira e a confiança de seus jovens artistas. Confira o trailer (em inglês):

Como não poderia deixar de ser, são os depoimentos dos membros das boy-bands que Pearlman empresariou que, de fato, causam impacto. Artistas como Lance Bass (*NSYNC) e AJ McLean (Backstreet Boys) compartilham suas experiências pessoais, desde o entusiasmo inicial de serem descobertos até a amarga desilusão ao perceberem a extensão da exploração que sofriam - esses relatos adicionam uma camada de profundidade emocional à narrativa impressionante. Nesse sentido o roteiro de "Bastidores do Pop" é cuidadosamente escrito para capturar tanto a grandiosidade de se criar fenômenos da música jovem quanto uma certa sordidez da trajetória de Pearlman. O documentário equilibra habilmente o glamour e o brilho da indústria musical, com a realidade sombria dos esquemas e manipulações financeiras que o empresário conduzia debaixo dos panos.

David Terry Fine (do excelente "Untold - a namorada que não existiu") dirige a minissérie com uma abordagem honesta e direta, combinando entrevistas com os membros das bandas, executivos da indústria musical, jornalistas especializados e outras pessoas próximas ao escândalo - alguns amigos e parceiros de Pearlman, inclusive, não economizam em suas duras opiniões. As entrevistas são realmente sinceras por um lado e emocionantes por outro, oferecendo um recorte bem provocador sobre os efeitos de todas as ações do empresário em diversos níveis de relacionamentos - do profissional ao pessoal. Nesse sentido a direção de Fine é sensível e meticulosa, capaz de entregar uma narrativa tão coesa e envolvente como todas as referências que citei acima, mas sem impor qualquer tipo de julgamento prévio.

"Bastidores do Pop" também aborda temas como a exploração, a ganância e a busca pelo sucesso a qualquer custo, pautado em uma crítica incisiva da indústria musical e dos mecanismos que permitiram que Pearlman operasse impunemente por tanto tempo. Ao som de músicas icônicas das boy-bands dos anos 90, a minissérie brinca com nossa percepção de "certo e errado" ao trazer uma sensação de nostalgia e contraste sobre os eventos sombrios da história, intensificando esse impacto emocional e nos envolvendo por toda jornada.

Antes de finalizar, um registro importante: uma decisão conceitual do diretor pode incomodar alguns já que ele usa inteligência artificial para criar um “Pearlman digital” narrando trechos de seu livro - embora os produtores sejam transparentes sobre o uso da tecnologia, essa escolha me pareceu duvidosa, mas fique tranquilo, não ao ponto de impactar nossa experiência como audiência.

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Bob Marley: One Love

Uma cinebiografia diferente! Talvez essa seja a melhor forma de descrever "Bob Marley: One Love" do diretor Reinaldo Marcus Green - e basta lembrar do seu trabalho anterior, "King Richard", para entender que, como na história das tenistas Williams onde a perspectiva era de seu pai, sua proposta de humanizar o protagonista, focando muito mais em sua vulnerabilidade do que no ícone que ele se tornou, faz todo o sentido! É isso, essa é uma jornada que oferece uma visão íntima da vida e do legado de uma das maiores referências da música e da cultura mundial: Bob Marley.  "One Love" busca capturar a essência do homem por trás da lenda, mostrando não apenas seu impacto na música e na luta pela paz dentro de um contexto sócio-político, mas também os desafios pessoais e os obstáculos que enfrentou ao longo de sua trajetória.

A narrativa se passa quase que inteiramente entre 1976 e 1978, período de conflitos armados na Jamaica onde os hits como "I Shot the Sheriff" ou "No Woman, No Cry" já existiam. Através das memórias de seu protagonista (interpretado pelo talentoso Kingsley Ben-Adir) o filme se concentra em momentos-chave da vida de Marley, desde suas origens humildes na Jamaica até sua ascensão como um fenômeno global, imortalizado pelas mensagens de amor e resistência que permeiam sua música. O roteiro não se limita a ser um tributo à sua carreira; ele também aprofunda as relações pessoais de Marley, como seu casamento com Rita Marley e a complexa dinâmica com seus filhos e outros parceiros musicais. Confira o trailer:

Não espere encontrar um pequeno Bob, triste pelo abandono do seu pai, sofrendo sob a dura realidade de uma Jamaica colonizada. Esquece! O filme de Reinaldo Marcus Green entrega uma direção sensível e cuidadosa, mas sem cair na tentação de transformar a vida de Marley em uma narrativa simplista de “ascensão e queda”. Em vez disso,o diretor se apropria de um recorte temporal para focar na essência espiritual e cultural do protagonista. Claro que o filme não se esquiva dos momentos difíceis - ele aborda as tensões políticas na Jamaica e até o atentado sofrido por Marley, mas sem dúvida alguma que é pela celebração da alegria e da transcendência de sua música que somos praticamente obrigados a não tirar os olhos da tela. Repare como a música de Marley é incorporada à narrativa - canções icônicas como “One Love”, “Redemption Song” e “No Woman, No Cry” são usadas de maneira orgânica, não apenas como pano de fundo, mas como elementos que impulsionam a história e refletem emoções e desafios. Aqui, a trilha sonora é tratada como um personagem em si, lembrando o impacto que essas músicas continuam a ter globalmente, décadas após sua criação.

Kingsley Ben-Adir, mais uma vez, oferece uma performance poderosa e envolvente. Ele traz para tela a presença carismática e a serenidade de Marley, bem como suas lutas mais internas e a intensidade de seu compromisso com a arte em sua proposta de usar a música como uma mensagem de paz. É importante dizer que Ben-Adir não se limita a "imitar" ou a se apoiar nos trejeitos de Marley, muito pelo contrário, ele incorpora sua alma, tornando seu personagem mais do que apenas um ícone distante. Seu desempenho é complementar ao de Lashana Lynch, que interpreta Rita Marley - ela traz a complexidade e a força para uma mulher que, além de ser esposa, foi uma parceira essencial na vida e na carreira do músico. A química entre os dois é impressionante, tão palpável quanto a beleza dessa fala de Rita: "As vezes o mensageiro tem que se tornar a mensagem!".

Sem a menor dúvida que "Bob Marley: One Love" é uma cinematografia vibrante que evoca desde as paisagens jamaicanas, que nos transporta para os bairros humildes de Kingston, como o brilho do sucesso, através dos palcos ao redor do mundo onde Marley se apresentou. O filme realmente sabe capturar a essência de uma época, criando uma atmosfera autêntica que celebra a cultura jamaicana e a universalidade de uma mensagem muito potente. E embora enfrente as limitações inerentes de um biografia, o filme consegue equilibrar momentos de alegria e dor, oferecendo ao público uma experiência imersiva e emocionante que reflete a atemporalidade da obra de Marley. Para os fãs e para aqueles que buscam entender o impacto duradouro de sua música, "One Love" é uma obra imperdível.

Vale muito o seu play!

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Uma cinebiografia diferente! Talvez essa seja a melhor forma de descrever "Bob Marley: One Love" do diretor Reinaldo Marcus Green - e basta lembrar do seu trabalho anterior, "King Richard", para entender que, como na história das tenistas Williams onde a perspectiva era de seu pai, sua proposta de humanizar o protagonista, focando muito mais em sua vulnerabilidade do que no ícone que ele se tornou, faz todo o sentido! É isso, essa é uma jornada que oferece uma visão íntima da vida e do legado de uma das maiores referências da música e da cultura mundial: Bob Marley.  "One Love" busca capturar a essência do homem por trás da lenda, mostrando não apenas seu impacto na música e na luta pela paz dentro de um contexto sócio-político, mas também os desafios pessoais e os obstáculos que enfrentou ao longo de sua trajetória.

A narrativa se passa quase que inteiramente entre 1976 e 1978, período de conflitos armados na Jamaica onde os hits como "I Shot the Sheriff" ou "No Woman, No Cry" já existiam. Através das memórias de seu protagonista (interpretado pelo talentoso Kingsley Ben-Adir) o filme se concentra em momentos-chave da vida de Marley, desde suas origens humildes na Jamaica até sua ascensão como um fenômeno global, imortalizado pelas mensagens de amor e resistência que permeiam sua música. O roteiro não se limita a ser um tributo à sua carreira; ele também aprofunda as relações pessoais de Marley, como seu casamento com Rita Marley e a complexa dinâmica com seus filhos e outros parceiros musicais. Confira o trailer:

Não espere encontrar um pequeno Bob, triste pelo abandono do seu pai, sofrendo sob a dura realidade de uma Jamaica colonizada. Esquece! O filme de Reinaldo Marcus Green entrega uma direção sensível e cuidadosa, mas sem cair na tentação de transformar a vida de Marley em uma narrativa simplista de “ascensão e queda”. Em vez disso,o diretor se apropria de um recorte temporal para focar na essência espiritual e cultural do protagonista. Claro que o filme não se esquiva dos momentos difíceis - ele aborda as tensões políticas na Jamaica e até o atentado sofrido por Marley, mas sem dúvida alguma que é pela celebração da alegria e da transcendência de sua música que somos praticamente obrigados a não tirar os olhos da tela. Repare como a música de Marley é incorporada à narrativa - canções icônicas como “One Love”, “Redemption Song” e “No Woman, No Cry” são usadas de maneira orgânica, não apenas como pano de fundo, mas como elementos que impulsionam a história e refletem emoções e desafios. Aqui, a trilha sonora é tratada como um personagem em si, lembrando o impacto que essas músicas continuam a ter globalmente, décadas após sua criação.

Kingsley Ben-Adir, mais uma vez, oferece uma performance poderosa e envolvente. Ele traz para tela a presença carismática e a serenidade de Marley, bem como suas lutas mais internas e a intensidade de seu compromisso com a arte em sua proposta de usar a música como uma mensagem de paz. É importante dizer que Ben-Adir não se limita a "imitar" ou a se apoiar nos trejeitos de Marley, muito pelo contrário, ele incorpora sua alma, tornando seu personagem mais do que apenas um ícone distante. Seu desempenho é complementar ao de Lashana Lynch, que interpreta Rita Marley - ela traz a complexidade e a força para uma mulher que, além de ser esposa, foi uma parceira essencial na vida e na carreira do músico. A química entre os dois é impressionante, tão palpável quanto a beleza dessa fala de Rita: "As vezes o mensageiro tem que se tornar a mensagem!".

Sem a menor dúvida que "Bob Marley: One Love" é uma cinematografia vibrante que evoca desde as paisagens jamaicanas, que nos transporta para os bairros humildes de Kingston, como o brilho do sucesso, através dos palcos ao redor do mundo onde Marley se apresentou. O filme realmente sabe capturar a essência de uma época, criando uma atmosfera autêntica que celebra a cultura jamaicana e a universalidade de uma mensagem muito potente. E embora enfrente as limitações inerentes de um biografia, o filme consegue equilibrar momentos de alegria e dor, oferecendo ao público uma experiência imersiva e emocionante que reflete a atemporalidade da obra de Marley. Para os fãs e para aqueles que buscam entender o impacto duradouro de sua música, "One Love" é uma obra imperdível.

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Bohemian Rhapsody

É incrível como a música ativa os gatilhos das lembranças e das emoções com tanta força!!! E como o cinema potencializa isso!!! Acho que um dos trunfos de "Bohemian Rhapsody" é justamente esse: nos levar para uma época que deixou muita saudade (se você tem mais de 35 anos), tendo como trilha sonora uma das maiores bandas de todos os tempos, o Queen! 

"Bohemian Rhapsody" conta a história por trás da ascensão do Queen, através de seu estilo próprio, da sua música que oscilava entre o rock e o pop capaz, e dos enormes sucessos como a própria canção que da nome ao filme. "Bohemian Rhapsody" é inteligente ao relatar também as tensões da banda, o estilo de vida de Freddie Mercury e passagens emblemáticas como a reunião na véspera do festival Live Aid (organizado por Bob Geldof, em Wembley, no ano de 1985), onde cantor, compositor e pianista do Queen, já lidando com a realidade da sua doença, conduziu a sua banda em um dos concertos mais lendários da história da música!

De fato, a história do Freddie Mercury merecia ser contada, ele era um gênio, muito a frente do seu tempo e não consigo imaginar o tamanho que seria se ainda estivesse vivo; mas tenho que dizer que, como filme em si, o roteiro deixa um pouco a desejar. Ele nos passa a impressão de já termos assistido algo parecido, pois a estrutura narrativa segue a mesma fórmula de vários outros filmes biográficos de um Rock Star. Claro que isso não prejudica a experiência, mas também não coloca o filme como uma obra a ser referenciada ou inovadora. Faça o exercício de assistir "Cazuza" ou "Elis" antes de assistir "Bohemian Rhapsody" e você vai entender o que eu estou falando.  O filme é grandioso sim, mas não é um grande filme! Ele tinha potencial para provocar mais, mas aliviaram!

Na minha opinião "Quase Famosos" e "Ray" são melhores como obras cinematográficas, mas isso pouco vai importar porque o diretor Bryan Singer (Os Suspeitos e X-men) entrega o que promete com muita maestria: um filme dinâmico, bem realizado e, principalmente, nostálgico! É impossível não destacar o 3º ato para ilustrar minha afirmação - ele é alucinante!!!! Singer trás a atmosfera grandiosa de um show histórico como nunca tinha visto; ele nos coloca no palco, junto com a banda, e no meio do publico em um Wembley lotado - tudo ao mesmo tempo! Ele mexe com nossa fantasia de subir no palco e ver um Estádio com mais de 100 mil pessoas esperando para cantar sua música - mais ou menos como o Aronofsky fez em Cisne Negro ou como o Oliver Stone fez em "Any Given Sunday". É muito bacana! Fiquei imaginando esse filme em Imax!!! A fotografia também merece um destaque especial. Belo trabalho do Newton Thomas Sigel (Tom Sigel). Rami Malek como Freddie Mercury tem seus bons momentos - tem uma cena que ele fala com os olhos que é sensacional!! É possível sentir sua dor sem ele dizer uma só palavra - digna de prêmios!!! A direção de arte e maquiagem eu achei mediana, não compromete, mas também não salta aos olhos. 

O fato é que mesmo, com algumas limitações de roteiro, "Bohemian Rhapsody" merece ser visto, com o som lá no alto! É divertido, emocionante e justifica o Hype!!!!

Up-date: "Bohemian Rhapsody" ganhou em quatro categorias no Oscar 2019: Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem, Melhor Montagem e Melhor Ator!

Assista Agora

É incrível como a música ativa os gatilhos das lembranças e das emoções com tanta força!!! E como o cinema potencializa isso!!! Acho que um dos trunfos de "Bohemian Rhapsody" é justamente esse: nos levar para uma época que deixou muita saudade (se você tem mais de 35 anos), tendo como trilha sonora uma das maiores bandas de todos os tempos, o Queen! 

"Bohemian Rhapsody" conta a história por trás da ascensão do Queen, através de seu estilo próprio, da sua música que oscilava entre o rock e o pop capaz, e dos enormes sucessos como a própria canção que da nome ao filme. "Bohemian Rhapsody" é inteligente ao relatar também as tensões da banda, o estilo de vida de Freddie Mercury e passagens emblemáticas como a reunião na véspera do festival Live Aid (organizado por Bob Geldof, em Wembley, no ano de 1985), onde cantor, compositor e pianista do Queen, já lidando com a realidade da sua doença, conduziu a sua banda em um dos concertos mais lendários da história da música!

De fato, a história do Freddie Mercury merecia ser contada, ele era um gênio, muito a frente do seu tempo e não consigo imaginar o tamanho que seria se ainda estivesse vivo; mas tenho que dizer que, como filme em si, o roteiro deixa um pouco a desejar. Ele nos passa a impressão de já termos assistido algo parecido, pois a estrutura narrativa segue a mesma fórmula de vários outros filmes biográficos de um Rock Star. Claro que isso não prejudica a experiência, mas também não coloca o filme como uma obra a ser referenciada ou inovadora. Faça o exercício de assistir "Cazuza" ou "Elis" antes de assistir "Bohemian Rhapsody" e você vai entender o que eu estou falando.  O filme é grandioso sim, mas não é um grande filme! Ele tinha potencial para provocar mais, mas aliviaram!

Na minha opinião "Quase Famosos" e "Ray" são melhores como obras cinematográficas, mas isso pouco vai importar porque o diretor Bryan Singer (Os Suspeitos e X-men) entrega o que promete com muita maestria: um filme dinâmico, bem realizado e, principalmente, nostálgico! É impossível não destacar o 3º ato para ilustrar minha afirmação - ele é alucinante!!!! Singer trás a atmosfera grandiosa de um show histórico como nunca tinha visto; ele nos coloca no palco, junto com a banda, e no meio do publico em um Wembley lotado - tudo ao mesmo tempo! Ele mexe com nossa fantasia de subir no palco e ver um Estádio com mais de 100 mil pessoas esperando para cantar sua música - mais ou menos como o Aronofsky fez em Cisne Negro ou como o Oliver Stone fez em "Any Given Sunday". É muito bacana! Fiquei imaginando esse filme em Imax!!! A fotografia também merece um destaque especial. Belo trabalho do Newton Thomas Sigel (Tom Sigel). Rami Malek como Freddie Mercury tem seus bons momentos - tem uma cena que ele fala com os olhos que é sensacional!! É possível sentir sua dor sem ele dizer uma só palavra - digna de prêmios!!! A direção de arte e maquiagem eu achei mediana, não compromete, mas também não salta aos olhos. 

O fato é que mesmo, com algumas limitações de roteiro, "Bohemian Rhapsody" merece ser visto, com o som lá no alto! É divertido, emocionante e justifica o Hype!!!!

Up-date: "Bohemian Rhapsody" ganhou em quatro categorias no Oscar 2019: Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem, Melhor Montagem e Melhor Ator!

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Divertimento

Não por acaso gosto de afirmar que a maravilha do streaming está na possibilidade de ter contato com filmes como "Divertimento"! Sim, essa é uma história improvável que merecia ser contada e mesmo com um roteiro que deixa algumas pontas soltas, eu te adianto: é impossível não se apaixonar pela história de Zahia Ziouali. Não se preocupe, eu sei que você nem imagina quem seja Zahia Ziouali, natural (eu também nunca tinha ouvido falar); e é justamente por isso que esse filme é tão bacana e merece ser visto - ele vai deixar o seu coração bem quentinho e será difícil tirar o sorriso do rosto por alguns minutos após os créditos! Dirigido por Marie-Castille Mention-Schaar (de "Os Herdeiros"), "Divertimento" é um drama francês inspirado em eventos reais que celebra a paixão pela música e a luta pela igualdade e diversidade no mundo das artes. Através da história de Ziouani, conhecemos uma jovem maestrina de origem argelina que, contra todas as adversidades, luta para realizar seu sonho de liderar uma orquestra sinfônica. Saiba que o filme é mais do que um simples relato sobre superação; é uma reflexão sobre a importância da resiliência e a força transformadora da arte perante a sociedade.

A trama se passa em 1995 e segue Zahia Ziouani (Oulaya Amamra), uma jovem talentosa e ambiciosa de apenas 17 anos que deseja se tornar regente em um universo predominantemente masculino e elitista. Vinda de um subúrbio parisiense, ela enfrenta todo tipo de preconceito enquanto tenta abrir seu próprio caminho no mundo da música clássica. Para alcançar esse objetivo, Zahia decide fundar sua própria orquestra, a Divertimento, onde busca não apenas realizar seus sonhos, mas também oferecer oportunidades para jovens talentos que, como ela e sua irmã Fettouma (Lina El Arabi), foram historicamente excluídos dos palcos tradicionais. Confira o trailer:

"Divertimento" usa da força e do talento da sua protagonista para abordar a questão da representatividade e da inclusão na música clássica, um campo frequentemente associado a uma elite cultural e econômica. O filme não se esquiva de retratar os obstáculos enfrentados por Zahia, desde o preconceito racial até a resistência do establishment musical em aceitar uma jovem mulher de origem árabe como líder de uma orquestra na França dos anos 90. A diretora Marie-Castille Mention-Schaar constrói uma narrativa que é uma homenagem ao talento e a paixão pela música, mas também uma crítica social que questiona as barreiras impostas por uma sociedade inegavelmente machista. A direção de Mention-Schaar é sensível e cuidadosa ao tocar em temas tão sensíveis, evitando o melodrama gratuito e focando muito mais na autenticidade da história de Zahia do que no vitimismo. O filme, nesse sentido, se destaca por seu realismo, utilizando a música como um elemento narrativo que transcende palavras e emoções, servindo como um meio de expressão e, principalmente, de resistência - as cenas em que Zahia conduz a orquestra são particularmente emocionantes, transmitindo a beleza e a intensidade da música clássica de uma forma que captura a audiência, mesmo para aqueles que não são tão familiarizados com esse tipo de arte.

Oulaya Amamra entrega uma atuação poderosa como Zahia, capturando a determinação da personagem, mas também a vulnerabilidade e a insegurança de uma garota de 17 anos. Amamra transmite com autenticidade o peso das expectativas e dos desafios que Zahia enfrenta, ao mesmo tempo que mostra sua paixão ardente pela música que a impulsiona. A forma como Amamra conduz sua personagem é magnética, com uma presença carismática e nuances emocionais primorosas - novamente: é impossível não se conectar com sua jornada. Outro ponto que merece ser observado é a forma como o roteiro sabe lidar com a relação entre a música e a identidade cultural, no entanto Clara Bourreau, que co-escreve com Mention-Schaar, vacila ao querer discutir tantos polis ao ponto de ficar sem tempo de tela para entregar o que ficou apenas sugerido como conflito.

Aproveitando dos contrastes visuais entre os cenários do subúrbio parisiense e os espaços clássicos e imponentes das salas de concerto, "Divertimento" usa da dicotomia entre a origem humilde de Zahia e o mundo elitista da música que ela deseja conquistar, para reforçar o caráter transformador da arte. Emocionante e inspirador, o filme combina a beleza da música com uma mensagem poderosa e atual sobre igualdade. Até por se tratar de um recorte biográfico, é possível afirmar que o filme não é apenas um tributo ao poder da música, mas também à força de uma mulher que, apesar de todas as adversidades, lutou para fazer da sua paixão uma realidade e um exemplo!

Imperdível!

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Não por acaso gosto de afirmar que a maravilha do streaming está na possibilidade de ter contato com filmes como "Divertimento"! Sim, essa é uma história improvável que merecia ser contada e mesmo com um roteiro que deixa algumas pontas soltas, eu te adianto: é impossível não se apaixonar pela história de Zahia Ziouali. Não se preocupe, eu sei que você nem imagina quem seja Zahia Ziouali, natural (eu também nunca tinha ouvido falar); e é justamente por isso que esse filme é tão bacana e merece ser visto - ele vai deixar o seu coração bem quentinho e será difícil tirar o sorriso do rosto por alguns minutos após os créditos! Dirigido por Marie-Castille Mention-Schaar (de "Os Herdeiros"), "Divertimento" é um drama francês inspirado em eventos reais que celebra a paixão pela música e a luta pela igualdade e diversidade no mundo das artes. Através da história de Ziouani, conhecemos uma jovem maestrina de origem argelina que, contra todas as adversidades, luta para realizar seu sonho de liderar uma orquestra sinfônica. Saiba que o filme é mais do que um simples relato sobre superação; é uma reflexão sobre a importância da resiliência e a força transformadora da arte perante a sociedade.

A trama se passa em 1995 e segue Zahia Ziouani (Oulaya Amamra), uma jovem talentosa e ambiciosa de apenas 17 anos que deseja se tornar regente em um universo predominantemente masculino e elitista. Vinda de um subúrbio parisiense, ela enfrenta todo tipo de preconceito enquanto tenta abrir seu próprio caminho no mundo da música clássica. Para alcançar esse objetivo, Zahia decide fundar sua própria orquestra, a Divertimento, onde busca não apenas realizar seus sonhos, mas também oferecer oportunidades para jovens talentos que, como ela e sua irmã Fettouma (Lina El Arabi), foram historicamente excluídos dos palcos tradicionais. Confira o trailer:

"Divertimento" usa da força e do talento da sua protagonista para abordar a questão da representatividade e da inclusão na música clássica, um campo frequentemente associado a uma elite cultural e econômica. O filme não se esquiva de retratar os obstáculos enfrentados por Zahia, desde o preconceito racial até a resistência do establishment musical em aceitar uma jovem mulher de origem árabe como líder de uma orquestra na França dos anos 90. A diretora Marie-Castille Mention-Schaar constrói uma narrativa que é uma homenagem ao talento e a paixão pela música, mas também uma crítica social que questiona as barreiras impostas por uma sociedade inegavelmente machista. A direção de Mention-Schaar é sensível e cuidadosa ao tocar em temas tão sensíveis, evitando o melodrama gratuito e focando muito mais na autenticidade da história de Zahia do que no vitimismo. O filme, nesse sentido, se destaca por seu realismo, utilizando a música como um elemento narrativo que transcende palavras e emoções, servindo como um meio de expressão e, principalmente, de resistência - as cenas em que Zahia conduz a orquestra são particularmente emocionantes, transmitindo a beleza e a intensidade da música clássica de uma forma que captura a audiência, mesmo para aqueles que não são tão familiarizados com esse tipo de arte.

Oulaya Amamra entrega uma atuação poderosa como Zahia, capturando a determinação da personagem, mas também a vulnerabilidade e a insegurança de uma garota de 17 anos. Amamra transmite com autenticidade o peso das expectativas e dos desafios que Zahia enfrenta, ao mesmo tempo que mostra sua paixão ardente pela música que a impulsiona. A forma como Amamra conduz sua personagem é magnética, com uma presença carismática e nuances emocionais primorosas - novamente: é impossível não se conectar com sua jornada. Outro ponto que merece ser observado é a forma como o roteiro sabe lidar com a relação entre a música e a identidade cultural, no entanto Clara Bourreau, que co-escreve com Mention-Schaar, vacila ao querer discutir tantos polis ao ponto de ficar sem tempo de tela para entregar o que ficou apenas sugerido como conflito.

Aproveitando dos contrastes visuais entre os cenários do subúrbio parisiense e os espaços clássicos e imponentes das salas de concerto, "Divertimento" usa da dicotomia entre a origem humilde de Zahia e o mundo elitista da música que ela deseja conquistar, para reforçar o caráter transformador da arte. Emocionante e inspirador, o filme combina a beleza da música com uma mensagem poderosa e atual sobre igualdade. Até por se tratar de um recorte biográfico, é possível afirmar que o filme não é apenas um tributo ao poder da música, mas também à força de uma mulher que, apesar de todas as adversidades, lutou para fazer da sua paixão uma realidade e um exemplo!

Imperdível!

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Dreamgirls

"Dreamgirls" (que no Brasil ganhou o subtítulo de "Em Busca de um Sonho") é uma verdadeira viagem pela "Black Music" através dos anos 60, 70 e 80, com suas releituras e o seu movimento (politico, social e cultural). Visualmente impecável, o filme é um musical bem construído e potente, que carrega em seus personagens o ritmo e o drama com a mesma importância, e mesmo que falte um aprofundamento maior nas histórias isoladas, o conjunto é praticamente impecável, realista e emocionante - um verdadeiro show!

Baseado no musical homônimo, que estreou na Broadway em 1981, "Dreamgirls" acompanha a jornada de Effie White (Jennifer Hudson), Deena Jones (Beyoncé) e Lorrell Robinson (Anika Noni Rose) que formam um grupo musical e começam a fazer sucesso com a ajuda de um empresário extremamente manipulador, Curtis Taylor Jr. (Jamie Foxx). Não demora para surgir tensões inconciliáveis entre as talentosas jovens quando Curtis resolve mudar a dinâmica do grupo para se ajustar a uma demanda do mercado. Confira o trailer (em inglês):

O roteiro do excelente Bill Condon (de "Deuses e Monstros" e "Chicago") adapta com muita qualidade o espetáculo de Tom Eyen e nos apresenta um trio fictício livremente inspirado na história de Diana Ross e as Supremes. O caminho entre a realidade e a ficção é praticamente o mesmo: três garotas de Detroit são descobertas pela recém-inagurada gravadora Motown ao fazerem muito sucesso com um ingênuo, mas envolvente, doo-wopda época. Logo depois, a líder, daquele estilo "Diva", com a voz mais potente, mas esteticamente menos atraente, é trocada pela integrante mais bonita, tudo isso para que o grupo emplaque nas paradas de sucesso. Daí vem a  necessidade de se reinventar, custe o que custar, com o trio se moldando à moda musical de cada época, do soul ao disco music das décadas de 70 e 80.

O interessante porém, é que essa jornada de sucesso, conflitos, decadência e reinvenção é até melhor trabalhado pelo diretor do que pelo roteiro - não que a história seja ruim, mas o recorte temporal é muito extenso e com isso fica impossível se aprofundar nas peculiaridades de cada momento com o a mesma qualidade que vemos no prólogo. Condon que também dirige o filme, aplica um conceito estético muito particular, que equilibra perfeitamente a tradição dos musicais da Broadway com a modernidade das superproduções dos vídeo clipes para criar uma atmosfera cinematográfica bem alinhada com o mood da disrupção do cenário musical - mesmo respeitando as características mais marcantes de cada período.

"Dreamgirls" é belíssimo como musical e muito competente como drama. Se Beyoncé não pode ser considerada uma atriz de primeira linha, certamente ela também não decepciona ao encarnar, com muita propriedade, aquele perfil de cantora que se adapta a um novo momento da música negra. Por outro lado, a novata Jennifer Hudson rouba a cena assim que abre a boca - todos os seus solos são verdadeiros monólogos cantados, de se aplaudir de pé. Eddie Murphy como James 'Thunder' Early, uma mistura de James Brown com Marvin Gaye, alcança o grande papel dramático da sua carreira - ele está sensacional!

Entretenimento de primeira qualidade artística e técnica, com ritmo, cor, drama e muita emoção!

Pode dar o play sem o menor receio! 

Up-date: "Dreamgirls" ganhou em duas categorias no Oscar 2007: Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Mixagem, mas esteve indicado em mais 4 categorias, sendo que em "Melhor Música" tinha três composições na disputa.

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"Dreamgirls" (que no Brasil ganhou o subtítulo de "Em Busca de um Sonho") é uma verdadeira viagem pela "Black Music" através dos anos 60, 70 e 80, com suas releituras e o seu movimento (politico, social e cultural). Visualmente impecável, o filme é um musical bem construído e potente, que carrega em seus personagens o ritmo e o drama com a mesma importância, e mesmo que falte um aprofundamento maior nas histórias isoladas, o conjunto é praticamente impecável, realista e emocionante - um verdadeiro show!

Baseado no musical homônimo, que estreou na Broadway em 1981, "Dreamgirls" acompanha a jornada de Effie White (Jennifer Hudson), Deena Jones (Beyoncé) e Lorrell Robinson (Anika Noni Rose) que formam um grupo musical e começam a fazer sucesso com a ajuda de um empresário extremamente manipulador, Curtis Taylor Jr. (Jamie Foxx). Não demora para surgir tensões inconciliáveis entre as talentosas jovens quando Curtis resolve mudar a dinâmica do grupo para se ajustar a uma demanda do mercado. Confira o trailer (em inglês):

O roteiro do excelente Bill Condon (de "Deuses e Monstros" e "Chicago") adapta com muita qualidade o espetáculo de Tom Eyen e nos apresenta um trio fictício livremente inspirado na história de Diana Ross e as Supremes. O caminho entre a realidade e a ficção é praticamente o mesmo: três garotas de Detroit são descobertas pela recém-inagurada gravadora Motown ao fazerem muito sucesso com um ingênuo, mas envolvente, doo-wopda época. Logo depois, a líder, daquele estilo "Diva", com a voz mais potente, mas esteticamente menos atraente, é trocada pela integrante mais bonita, tudo isso para que o grupo emplaque nas paradas de sucesso. Daí vem a  necessidade de se reinventar, custe o que custar, com o trio se moldando à moda musical de cada época, do soul ao disco music das décadas de 70 e 80.

O interessante porém, é que essa jornada de sucesso, conflitos, decadência e reinvenção é até melhor trabalhado pelo diretor do que pelo roteiro - não que a história seja ruim, mas o recorte temporal é muito extenso e com isso fica impossível se aprofundar nas peculiaridades de cada momento com o a mesma qualidade que vemos no prólogo. Condon que também dirige o filme, aplica um conceito estético muito particular, que equilibra perfeitamente a tradição dos musicais da Broadway com a modernidade das superproduções dos vídeo clipes para criar uma atmosfera cinematográfica bem alinhada com o mood da disrupção do cenário musical - mesmo respeitando as características mais marcantes de cada período.

"Dreamgirls" é belíssimo como musical e muito competente como drama. Se Beyoncé não pode ser considerada uma atriz de primeira linha, certamente ela também não decepciona ao encarnar, com muita propriedade, aquele perfil de cantora que se adapta a um novo momento da música negra. Por outro lado, a novata Jennifer Hudson rouba a cena assim que abre a boca - todos os seus solos são verdadeiros monólogos cantados, de se aplaudir de pé. Eddie Murphy como James 'Thunder' Early, uma mistura de James Brown com Marvin Gaye, alcança o grande papel dramático da sua carreira - ele está sensacional!

Entretenimento de primeira qualidade artística e técnica, com ritmo, cor, drama e muita emoção!

Pode dar o play sem o menor receio! 

Up-date: "Dreamgirls" ganhou em duas categorias no Oscar 2007: Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Mixagem, mas esteve indicado em mais 4 categorias, sendo que em "Melhor Música" tinha três composições na disputa.

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Elvis

"Elvis" é tranquilamente um dos melhores filmes de 2022 - independente do que possa conquistar daqui para frente. Mas antes de falar do filme em si, é preciso exaltar a capacidade que o diretor Baz Luhrmann tem de contar uma história com criatividade, inventividade, cor e música! Luhrmann traz com muita maturidade os inúmeros aprendizados de seus filmes anteriores, "Romeu + Julieta", "O Grande Gatsby", e, principalmente, "Moulin Rouge". Para alinhar as expectativas, eu diria até que "Elvis" é uma espécie de "Moulin Rouge", só que em Las Vegas, sem ser um musical, mas com muita música (boa) ditando o ritmo de quase três horas de filme!

Essa cinebiografia de Elvis Presley (Austin Butler) acompanha décadas da vida do "Rei do Rock" e sua ascensão à fama, a partir do seu relacionamento com o empresário "Coronel" Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na dinâmica entre o cantor e seu empresário controlador por mais de 20 anos de parceria, usando a paisagem dos EUA em constante evolução e a transformação de Elvis como cantor. No meio de sua jornada e carreira, Elvis ainda encontra Priscilla Presley (Olivia DeJonge), fonte de sua inspiração e uma das pessoas mais importantes de sua vida. Confira o trailer:

A partir de agora vamos falar de um filme tecnicamente exemplar. Sim, a história é incrível, Elvis Presley foi um personagem marcante e sua jornada tem tudo que uma cinebiografia de uma celebridade musical precisa, mas meu amigo, a forma como Luhrmann decodificou todos esses elementos narrativos em uma experiência visual, é impressionante! São técnicas e mais técnicas que combinadas estabelecem uma dinâmica tão orgânica, seja nas transições, nos movimentos de câmera ou simplesmente nas texturas, que muitas vezes nem sabemos se o que estamos assistindo são imagens de arquivo ou de fato um filme produzido mais de 50 anos depois dos fatos. O trabalho do diretor de fotografia e parceiro de Luhmann, Mandy Walker (de "Australia" e "Mulan"), é incrível! Junto com um departamento de arte comandado pelo Damien Drew (de "O Grande Gatsby") e a trilha sonora de Elliott Wheeler (de "The Get Down"), o que vemos é um raro alinhamento técnico e artístico que nos coloca em uma atmosfera única - reparem como tudo se encaixa perfeitamente na proposta do diretor, das aplicações gráficas aos belos enquadramentos do atores!

Aliás, o que dizer de Austin Butler e Tom Hanks? Butler se esforça ao máximo para fugir da superficialidade da imitação - da voz marcante ao estilo de dançar, o ator tenta criar um certa identificação com Elvis Presley, humanizando o ícone em cenas mais dramáticas e deixando que as performances musicais falem por si - e funciona.  Já Hanks, bem, ele sabe o que faz - e aqui um detalhe faz toda diferença na construção do seu personagem: a maquiagem! Hanks aproveita dessa transformação para se distanciar de outros personagens que interpretou e por incrível que pareça entrega algo completamente novo dentro de sua carreira tão completa. Existe uma certa complexidade na figura de Parker que qualquer outro ator sucumbiria a tentação do estereótipo; Tom Hanks não e Baz Luhrmann sabe tanto disso que teima em enquadrar o rosto do ator em close-ups onde apenas os olhos falam - é lindo de ver!

Sob o olhar de quem reconhece o entretenimento e as referências do pop como conceitos narrativos, é inegável que "Elvis" além de um grande filme, também é um belo espetáculo - mas essa visão, acreditem, foge do convencional. Luhrmann não é e nunca foi convencional! Essa característica marcante do diretor está em cada frame de "Elvis" e aceitar sua proposta será essencial para aproveitar a experiência que é assistir essa história. Inegável a qualidade como obra, mesmo com um recorte tão extenso e nada intimo do personagem que reflete muito bem uma de suas frases mais marcantes: "Se não puder falar, cante!"

Vale muito o seu play!

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"Elvis" é tranquilamente um dos melhores filmes de 2022 - independente do que possa conquistar daqui para frente. Mas antes de falar do filme em si, é preciso exaltar a capacidade que o diretor Baz Luhrmann tem de contar uma história com criatividade, inventividade, cor e música! Luhrmann traz com muita maturidade os inúmeros aprendizados de seus filmes anteriores, "Romeu + Julieta", "O Grande Gatsby", e, principalmente, "Moulin Rouge". Para alinhar as expectativas, eu diria até que "Elvis" é uma espécie de "Moulin Rouge", só que em Las Vegas, sem ser um musical, mas com muita música (boa) ditando o ritmo de quase três horas de filme!

Essa cinebiografia de Elvis Presley (Austin Butler) acompanha décadas da vida do "Rei do Rock" e sua ascensão à fama, a partir do seu relacionamento com o empresário "Coronel" Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na dinâmica entre o cantor e seu empresário controlador por mais de 20 anos de parceria, usando a paisagem dos EUA em constante evolução e a transformação de Elvis como cantor. No meio de sua jornada e carreira, Elvis ainda encontra Priscilla Presley (Olivia DeJonge), fonte de sua inspiração e uma das pessoas mais importantes de sua vida. Confira o trailer:

A partir de agora vamos falar de um filme tecnicamente exemplar. Sim, a história é incrível, Elvis Presley foi um personagem marcante e sua jornada tem tudo que uma cinebiografia de uma celebridade musical precisa, mas meu amigo, a forma como Luhrmann decodificou todos esses elementos narrativos em uma experiência visual, é impressionante! São técnicas e mais técnicas que combinadas estabelecem uma dinâmica tão orgânica, seja nas transições, nos movimentos de câmera ou simplesmente nas texturas, que muitas vezes nem sabemos se o que estamos assistindo são imagens de arquivo ou de fato um filme produzido mais de 50 anos depois dos fatos. O trabalho do diretor de fotografia e parceiro de Luhmann, Mandy Walker (de "Australia" e "Mulan"), é incrível! Junto com um departamento de arte comandado pelo Damien Drew (de "O Grande Gatsby") e a trilha sonora de Elliott Wheeler (de "The Get Down"), o que vemos é um raro alinhamento técnico e artístico que nos coloca em uma atmosfera única - reparem como tudo se encaixa perfeitamente na proposta do diretor, das aplicações gráficas aos belos enquadramentos do atores!

Aliás, o que dizer de Austin Butler e Tom Hanks? Butler se esforça ao máximo para fugir da superficialidade da imitação - da voz marcante ao estilo de dançar, o ator tenta criar um certa identificação com Elvis Presley, humanizando o ícone em cenas mais dramáticas e deixando que as performances musicais falem por si - e funciona.  Já Hanks, bem, ele sabe o que faz - e aqui um detalhe faz toda diferença na construção do seu personagem: a maquiagem! Hanks aproveita dessa transformação para se distanciar de outros personagens que interpretou e por incrível que pareça entrega algo completamente novo dentro de sua carreira tão completa. Existe uma certa complexidade na figura de Parker que qualquer outro ator sucumbiria a tentação do estereótipo; Tom Hanks não e Baz Luhrmann sabe tanto disso que teima em enquadrar o rosto do ator em close-ups onde apenas os olhos falam - é lindo de ver!

Sob o olhar de quem reconhece o entretenimento e as referências do pop como conceitos narrativos, é inegável que "Elvis" além de um grande filme, também é um belo espetáculo - mas essa visão, acreditem, foge do convencional. Luhrmann não é e nunca foi convencional! Essa característica marcante do diretor está em cada frame de "Elvis" e aceitar sua proposta será essencial para aproveitar a experiência que é assistir essa história. Inegável a qualidade como obra, mesmo com um recorte tão extenso e nada intimo do personagem que reflete muito bem uma de suas frases mais marcantes: "Se não puder falar, cante!"

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Estados Unidos vs Billie Holiday

"Estados Unidos vs Billie Holiday" é mais um soco no estômago que acompanha a tendência audiovisual de discutir o racismo estrutural que foi se construindo durante as gerações e que não perdoava nem as celebridades de sua época, no caso uma das maiores vozes do jazz americano. Inegavelmente que o filme funciona muito mais como uma apresentação biográfica bastante relevante na história do que como uma obra cinematográfica inesquecível, porém é de se elogiar alguns pontos importantes, entre eles o incrível trabalho de Andra Day como protagonista - que lhe rendeu uma indicação ao Oscar 2021 de Melhor Atriz.

No filme, Billie Holiday é investigada pela Agência Americana de Narcóticos no auge do seu sucesso. A entidade suspeitava que a cantora recebia drogas como retribuição por seu ativismo político. Voz do sucesso "Strange Fruit", cuja letra denunciava o linchamento que os negros sofriam na época e que incomodava a elite (criando a sensação da insegurança de que através da música surgisse uma revolução de cobrança aos direitos civis dos negros), Holiday sofreu uma intensa perseguição com o claro objetivo de impedir suas apresentações, sempre lotadas. No entanto, o responsável pelo caso, o agente Jimmy Fletcher (Trevante Rhodes), acaba trocando de lado após se apaixonar pela cantora. Confira o trailer (em inglês):

Talvez o ponto que mais incomode quem assiste "Estados Unidos vs Billie Holiday" é seu ritmo. A dinâmica narrativa imposta pelo roteiro, de fato, não é das mais fluídas, nos causando uma ligeira sensação de cansaço, já que o eventos se tornam repetitivos. Por outro lado, existem duas jornadas de personagens, de Holiday e de Fletcher, que vão se transformando com o passar dos atos e que nos mantém ligados na história, torcendo para que tudo possa ser resolvido e ambos tenham paz. Me parece, mais uma vez, que o tempo de tela jogou contra - o filme do diretor Lee Daniels (indicado ao Oscar por "Preciosa") merecia um roteiro melhor, com um recorte mais cirúrgico da vida de Holiday para se encaixar melhor no formato, talvez como  aconteceu em Judy ou, melhor ainda, em "Uma noite em Miami..." e em "A Voz Suprema do Blues".

Se desconectar do impacto psicológico e político do Estado norte-americano sobre a cantora é praticamente impossível, algo muito próximo do que passou a atriz Seberg alguns anos mais tarde, porém é preciso que se diga que a proximidade ideológica do diretor traz um sentimentalismo um pouco exagerado para o filme, como se fosse necessário bater sempre na mesma tecla para alcançar a empatia de quem assiste. Definitivamente, Billie Holiday não precisava disso! Quando Daniels se propõe a explorar sua capacidade como cineasta, ele entrega um plano sequência belíssimo no final do segundo ato, com uma fotografia linda e uma construção cênica exuberante que nos causa um impacto bastante profundo ao ver aquela cruz queimando - o que prova que faltou mais equilíbrio, mais roteiro e mais sensibilidade.

"Estados Unidos vs Billie Holiday" é filme didático, importante culturalmente e denso! Vai agradar quem gosta de cinebiografias musicais - inclusive as cenas em que Andra Day está cantando e uma narrativa é construída em segundo plano para sobrepor as letras das músicas, são lindas! Vale como entretenimento para aqueles se identificam com o tema e com o gênero. O filme é uma mistura de "Small Axe"com a já citada, "Judy"!

Assista Agora

"Estados Unidos vs Billie Holiday" é mais um soco no estômago que acompanha a tendência audiovisual de discutir o racismo estrutural que foi se construindo durante as gerações e que não perdoava nem as celebridades de sua época, no caso uma das maiores vozes do jazz americano. Inegavelmente que o filme funciona muito mais como uma apresentação biográfica bastante relevante na história do que como uma obra cinematográfica inesquecível, porém é de se elogiar alguns pontos importantes, entre eles o incrível trabalho de Andra Day como protagonista - que lhe rendeu uma indicação ao Oscar 2021 de Melhor Atriz.

No filme, Billie Holiday é investigada pela Agência Americana de Narcóticos no auge do seu sucesso. A entidade suspeitava que a cantora recebia drogas como retribuição por seu ativismo político. Voz do sucesso "Strange Fruit", cuja letra denunciava o linchamento que os negros sofriam na época e que incomodava a elite (criando a sensação da insegurança de que através da música surgisse uma revolução de cobrança aos direitos civis dos negros), Holiday sofreu uma intensa perseguição com o claro objetivo de impedir suas apresentações, sempre lotadas. No entanto, o responsável pelo caso, o agente Jimmy Fletcher (Trevante Rhodes), acaba trocando de lado após se apaixonar pela cantora. Confira o trailer (em inglês):

Talvez o ponto que mais incomode quem assiste "Estados Unidos vs Billie Holiday" é seu ritmo. A dinâmica narrativa imposta pelo roteiro, de fato, não é das mais fluídas, nos causando uma ligeira sensação de cansaço, já que o eventos se tornam repetitivos. Por outro lado, existem duas jornadas de personagens, de Holiday e de Fletcher, que vão se transformando com o passar dos atos e que nos mantém ligados na história, torcendo para que tudo possa ser resolvido e ambos tenham paz. Me parece, mais uma vez, que o tempo de tela jogou contra - o filme do diretor Lee Daniels (indicado ao Oscar por "Preciosa") merecia um roteiro melhor, com um recorte mais cirúrgico da vida de Holiday para se encaixar melhor no formato, talvez como  aconteceu em Judy ou, melhor ainda, em "Uma noite em Miami..." e em "A Voz Suprema do Blues".

Se desconectar do impacto psicológico e político do Estado norte-americano sobre a cantora é praticamente impossível, algo muito próximo do que passou a atriz Seberg alguns anos mais tarde, porém é preciso que se diga que a proximidade ideológica do diretor traz um sentimentalismo um pouco exagerado para o filme, como se fosse necessário bater sempre na mesma tecla para alcançar a empatia de quem assiste. Definitivamente, Billie Holiday não precisava disso! Quando Daniels se propõe a explorar sua capacidade como cineasta, ele entrega um plano sequência belíssimo no final do segundo ato, com uma fotografia linda e uma construção cênica exuberante que nos causa um impacto bastante profundo ao ver aquela cruz queimando - o que prova que faltou mais equilíbrio, mais roteiro e mais sensibilidade.

"Estados Unidos vs Billie Holiday" é filme didático, importante culturalmente e denso! Vai agradar quem gosta de cinebiografias musicais - inclusive as cenas em que Andra Day está cantando e uma narrativa é construída em segundo plano para sobrepor as letras das músicas, são lindas! Vale como entretenimento para aqueles se identificam com o tema e com o gênero. O filme é uma mistura de "Small Axe"com a já citada, "Judy"!

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Eu Sou: Celine Dion

Quando Céline Dion surgiu deslumbrante na Torre Eiffel para fechar a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris 2024 e encantou a todos cantando o sucesso "L’Hymne à l’amour", certamente grande parte do público não imaginava o que esse fenômeno da música mundial estava passando em sua vida privada e te garanto, você vai se emocionar com o que "Eu Sou: Celine Dion" vai te mostrar! Dirigido por Irene Taylor (documentarista indicada ao Oscar por "The Final Inch"), o filme é um retrato profundamente emotivo e intimista que oferece uma visão crua e abrangente da vida e da carreira da cantora canadense após ela ter anunciado sofrer da rara síndrome da pessoa rígida (em inglês, Stiff Person Syndrome). Conhecida mundialmente por sua voz poderosa e sua presença cativante no palco, Dion é uma das artistas mais bem-sucedidas de todos os tempos e olha, justamente por essa aura de intocável, chega a ser surpreendente sua coragem por permitir que esse documentário tenha sido produzido. "Eu Sou: Celine Dion" não apenas pontua suas realizações profissionais ao longo dos anos, como também explora sem cortes a sua luta diária para recuperar aquilo que mais ama fazer na vida: cantar!

“Eu Sou: Celine Dion” nos fornece uma visão honesta dos bastidores da luta da icônica superestrela contra uma doença que transformou sua vida. Este documentário inspirador destaca como a música guiou a vida da artista, ao mesmo tempo que mostra a resiliência do espírito humano. Agora é preciso um alerta: o filme contém cenas impactantes de traumas ligados à saúde! Confira o trailer:

Irene Taylor é conhecida por sua habilidade em contar histórias humanas com profundidade e é isso que ela traz para o difícil, "Eu Sou: Celine Dion". Taylor é meticulosa e, de certa forma, fria, permitindo que a personalidade vibrante e a resiliência de Dion brilhem em cada frame com o mesmo impacto com que retrata a doença da cantora - algumas sequências, como a de Celine tendo uma convulsão após ensaiar em um estúdio, são de rasgar o coração. A diretora utiliza uma combinação eficaz de entrevistas, imagens de arquivo e gravações de performances ao vivo para pintar um retrato completo da artista, mas é com material captado no presente que o documentário ganha força dramática. O roteiro é cuidadosamente estruturado para equilibrar os altos e baixos da jornada de Dion, na carreira e na vida. Ele não se esquiva de abordar outros momentos difíceis, como a morte de seu marido, René Angélil, em 2016, ou os desafios de Dion em equilibrar sua vida pessoal com uma carreira que exigiu e exige muito dela.

Seguindo essa proposta de dar uma perspectiva rica e multifacetada sobre sua vida e carreira pós-diagnóstico, o documentário se aproveita de vários momentos de vulnerabilidade de Dion, mas tudo é tratado com uma honestidade que a humaniza de uma forma avassaladora ao ponto de ela mesma permitir que as imagens pós-convulsão fossem captadas. A fotografia de Nick Midwig (de "Marvel 616") é impressionante pela sua eficácia - ele captura tanto a grandiosidade das performances de Dion quanto a intimidade dolorosa dos dias atuais. A edição de Richard Comeau e de Christian Jensen merece um destaque especial: repare como as cenas dos shows são montadas com uma energia que transmite a magia das apresentações ao vivo, enquanto as entrevistas e cenas do cotidiano atual de Dion são capturadas com uma sensibilidade que nos permite ser um mero observador, e assim nos conectar profundamente com as dores da artista.

Naturalmente que "Eu Sou: Celine Dion"inclui muitos dos maiores sucessos da cantora - as músicas são utilizadas de maneira que intensificam a narrativa, ajudam a contar passagens de sua vida e, obviamente, sublinham os momentos de triunfo e de tristeza. Como vimos em "Gleason", esse documentário também traz muita dor, desconforto e até questionamentos - não se surpreenda se em muitos momentos você se perguntar "Como isso é tudo possível?". Pois bem, deixando a "Diva" de lado e apresentando uma Celine Dion de cara limpa, cabelos presos e uma larga camisa branca e moletom, o documentário é sim um retrato de alguém que precisava desabafar e que não estava mais disposta a manter as mesmas e evasivas justificativas para o seu sumiço, o "problema" é que o resultado dessa proposta íntima e sincera é realmente brutal!

Vale muito o seu play, mas esteja preparado!

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Quando Céline Dion surgiu deslumbrante na Torre Eiffel para fechar a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris 2024 e encantou a todos cantando o sucesso "L’Hymne à l’amour", certamente grande parte do público não imaginava o que esse fenômeno da música mundial estava passando em sua vida privada e te garanto, você vai se emocionar com o que "Eu Sou: Celine Dion" vai te mostrar! Dirigido por Irene Taylor (documentarista indicada ao Oscar por "The Final Inch"), o filme é um retrato profundamente emotivo e intimista que oferece uma visão crua e abrangente da vida e da carreira da cantora canadense após ela ter anunciado sofrer da rara síndrome da pessoa rígida (em inglês, Stiff Person Syndrome). Conhecida mundialmente por sua voz poderosa e sua presença cativante no palco, Dion é uma das artistas mais bem-sucedidas de todos os tempos e olha, justamente por essa aura de intocável, chega a ser surpreendente sua coragem por permitir que esse documentário tenha sido produzido. "Eu Sou: Celine Dion" não apenas pontua suas realizações profissionais ao longo dos anos, como também explora sem cortes a sua luta diária para recuperar aquilo que mais ama fazer na vida: cantar!

“Eu Sou: Celine Dion” nos fornece uma visão honesta dos bastidores da luta da icônica superestrela contra uma doença que transformou sua vida. Este documentário inspirador destaca como a música guiou a vida da artista, ao mesmo tempo que mostra a resiliência do espírito humano. Agora é preciso um alerta: o filme contém cenas impactantes de traumas ligados à saúde! Confira o trailer:

Irene Taylor é conhecida por sua habilidade em contar histórias humanas com profundidade e é isso que ela traz para o difícil, "Eu Sou: Celine Dion". Taylor é meticulosa e, de certa forma, fria, permitindo que a personalidade vibrante e a resiliência de Dion brilhem em cada frame com o mesmo impacto com que retrata a doença da cantora - algumas sequências, como a de Celine tendo uma convulsão após ensaiar em um estúdio, são de rasgar o coração. A diretora utiliza uma combinação eficaz de entrevistas, imagens de arquivo e gravações de performances ao vivo para pintar um retrato completo da artista, mas é com material captado no presente que o documentário ganha força dramática. O roteiro é cuidadosamente estruturado para equilibrar os altos e baixos da jornada de Dion, na carreira e na vida. Ele não se esquiva de abordar outros momentos difíceis, como a morte de seu marido, René Angélil, em 2016, ou os desafios de Dion em equilibrar sua vida pessoal com uma carreira que exigiu e exige muito dela.

Seguindo essa proposta de dar uma perspectiva rica e multifacetada sobre sua vida e carreira pós-diagnóstico, o documentário se aproveita de vários momentos de vulnerabilidade de Dion, mas tudo é tratado com uma honestidade que a humaniza de uma forma avassaladora ao ponto de ela mesma permitir que as imagens pós-convulsão fossem captadas. A fotografia de Nick Midwig (de "Marvel 616") é impressionante pela sua eficácia - ele captura tanto a grandiosidade das performances de Dion quanto a intimidade dolorosa dos dias atuais. A edição de Richard Comeau e de Christian Jensen merece um destaque especial: repare como as cenas dos shows são montadas com uma energia que transmite a magia das apresentações ao vivo, enquanto as entrevistas e cenas do cotidiano atual de Dion são capturadas com uma sensibilidade que nos permite ser um mero observador, e assim nos conectar profundamente com as dores da artista.

Naturalmente que "Eu Sou: Celine Dion"inclui muitos dos maiores sucessos da cantora - as músicas são utilizadas de maneira que intensificam a narrativa, ajudam a contar passagens de sua vida e, obviamente, sublinham os momentos de triunfo e de tristeza. Como vimos em "Gleason", esse documentário também traz muita dor, desconforto e até questionamentos - não se surpreenda se em muitos momentos você se perguntar "Como isso é tudo possível?". Pois bem, deixando a "Diva" de lado e apresentando uma Celine Dion de cara limpa, cabelos presos e uma larga camisa branca e moletom, o documentário é sim um retrato de alguém que precisava desabafar e que não estava mais disposta a manter as mesmas e evasivas justificativas para o seu sumiço, o "problema" é que o resultado dessa proposta íntima e sincera é realmente brutal!

Vale muito o seu play, mas esteja preparado!

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Fique Rico ou Morra Tentando

"Fique Rico ou Morra Tentando" é uma jornada tão impressionante que por muitas vezes você vai se perguntar se tudo aquilo de fato aconteceu - e a resposta é: "não, nem tudo que está no filme faz parte da história real do rapper 50 Cent"! Dito isso é possível estabelecer que o filme funciona muito mais como thriller de ação do que como um drama biográfico - o que certamente vai dividir opiniões, porém é fato que após o play, seu entretenimento estará garantido, principalmente se você gostar de séries como "Power", por exemplo.

Marcus (50 Cent) é um jovem da periferia que sofreu uma atentado que por pouco não lhe tirou a vida. Em meio à sua recuperação, ele se lembra de uma vida difícil como órfão nas ruas violentas do Bronx. Sua vida muda após conhecer um ex-condenado, que luta para transforma-lo em uma estrela do rap. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo Jim Sheridan (indicado ao Oscar por 6 vezes e que tem em seu currículo clássicos como "Em Nome do Pai" e "Meu Pé Esquerdo"), "Fique Rico ou Morra Tentando" é um excelente exemplo de como uma história bem contada (mesmo com um roteiro mediano) é capaz de criar inúmeras sensações que vão da tensão absurda até o alívio de um momento de emoção -  e aqui sugiro que você repare na ótima performance de Viola Davis como a vó de Marcus para entender como isso acontece na prática.

Como era de se esperar (e mesmo fora da sua zona de conforto), Sheridan comandou uma produção de altíssima qualidade, que tem no seu elenco o maior trunfo. Veja, se Curtis “50 Cent” Jackson não pode ser considerado um grande ator, é de se elogiar a capacidade que o diretor teve em potencializar a naturalidade do rapper criando uma química impressionante com atores veteranos como Adewale Akinnuoye-Agbaje (o Mr. Eko de "Lost") e Terrence Howard (de "Ray"). Se em "Nasce uma Estrela" a jornada (para a fama) do herói (músico) se pautava pelo romance e por uma relação problemática entre um casal improvável, aqui o foco é inversamente proporcional: não existe romantismo, tudo é obscuro, denso - como deve ser o submundo das drogas e da violência nua e crua. Aliás essa atmosfera é brilhantemente retratada por uma fotografia que coloca NY quase como um personagem, graças ao talento de Declan Quinn (o cara por trás de "Hamilton").

"Fique Rico ou Morra Tentando" pode não agradar a todos, mas é inegável sua qualidade como produção cinematográfica. Saíba que a dinâmica narrativa é extremamente eficiente, fazendo com que a história, mesmo carregada de violência e cenas impactantes, flua muito bem e que, embora superficialmente, nos permite embarcar em um universo sombrio, diferente do que vemos em um artista de sucesso como “50 Cent” quando está no palco - algo que também encontramos na minissérie "Mike".

Em tempo: mesmo com uma recepção favorável, chegando a 73% de aprovação da audiência, "Fique Rico ou Morra Tentando" rendeu apenas $46.442.528 dólares em bilheteria, pouco para um filme que havia custado $40.000.000 dólares na época.

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"Fique Rico ou Morra Tentando" é uma jornada tão impressionante que por muitas vezes você vai se perguntar se tudo aquilo de fato aconteceu - e a resposta é: "não, nem tudo que está no filme faz parte da história real do rapper 50 Cent"! Dito isso é possível estabelecer que o filme funciona muito mais como thriller de ação do que como um drama biográfico - o que certamente vai dividir opiniões, porém é fato que após o play, seu entretenimento estará garantido, principalmente se você gostar de séries como "Power", por exemplo.

Marcus (50 Cent) é um jovem da periferia que sofreu uma atentado que por pouco não lhe tirou a vida. Em meio à sua recuperação, ele se lembra de uma vida difícil como órfão nas ruas violentas do Bronx. Sua vida muda após conhecer um ex-condenado, que luta para transforma-lo em uma estrela do rap. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo Jim Sheridan (indicado ao Oscar por 6 vezes e que tem em seu currículo clássicos como "Em Nome do Pai" e "Meu Pé Esquerdo"), "Fique Rico ou Morra Tentando" é um excelente exemplo de como uma história bem contada (mesmo com um roteiro mediano) é capaz de criar inúmeras sensações que vão da tensão absurda até o alívio de um momento de emoção -  e aqui sugiro que você repare na ótima performance de Viola Davis como a vó de Marcus para entender como isso acontece na prática.

Como era de se esperar (e mesmo fora da sua zona de conforto), Sheridan comandou uma produção de altíssima qualidade, que tem no seu elenco o maior trunfo. Veja, se Curtis “50 Cent” Jackson não pode ser considerado um grande ator, é de se elogiar a capacidade que o diretor teve em potencializar a naturalidade do rapper criando uma química impressionante com atores veteranos como Adewale Akinnuoye-Agbaje (o Mr. Eko de "Lost") e Terrence Howard (de "Ray"). Se em "Nasce uma Estrela" a jornada (para a fama) do herói (músico) se pautava pelo romance e por uma relação problemática entre um casal improvável, aqui o foco é inversamente proporcional: não existe romantismo, tudo é obscuro, denso - como deve ser o submundo das drogas e da violência nua e crua. Aliás essa atmosfera é brilhantemente retratada por uma fotografia que coloca NY quase como um personagem, graças ao talento de Declan Quinn (o cara por trás de "Hamilton").

"Fique Rico ou Morra Tentando" pode não agradar a todos, mas é inegável sua qualidade como produção cinematográfica. Saíba que a dinâmica narrativa é extremamente eficiente, fazendo com que a história, mesmo carregada de violência e cenas impactantes, flua muito bem e que, embora superficialmente, nos permite embarcar em um universo sombrio, diferente do que vemos em um artista de sucesso como “50 Cent” quando está no palco - algo que também encontramos na minissérie "Mike".

Em tempo: mesmo com uma recepção favorável, chegando a 73% de aprovação da audiência, "Fique Rico ou Morra Tentando" rendeu apenas $46.442.528 dólares em bilheteria, pouco para um filme que havia custado $40.000.000 dólares na época.

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