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Anora

Diretor
Sean Baker
Elenco
Mikey Madison, Paul Weissman, Yura Borisov
Ano
2024
País
EUA

Lançamentos Drama Cinema ml-real ml-relacoes ml-independente ml-perseguição ml-oscar ml-scorsese ml-rm

Anora

Vamos lá: "Anora" é um filme de muita personalidade, mas que traz em seu DNA um caráter que nos remete aos filmes mais independentes e autorais, mesmo que transitando por um conceito narrativo que tende a quebrar algumas objeções ao se apropriar do drama e da ironia com o único intuito de entreter. O mérito dessa "disrupção", sem dúvida, é de Sean Baker. Baker é um cineasta que construiu sua carreira explorando personagens à margem da sociedade, revelando com sensibilidade e autenticidade as realidades invisibilizadas pelo cinema mais mainstream. Depois de filmes marcantes como "Tangerine" e "Projeto Flórida", ele retorna com "Anora", vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2024, consolidando seu status como um dos diretores mais instigantes da atualidade - mas é preciso que se diga: nem todos vão comprar suas ideias. Assim como "Zola" "Victoria" , "Anora" transita entre a crueldade do realismo social e a intensidade emocional de uma narrativa que escapa dos clichês habituais para entregar uma jornada realmente provocadora!

Na trama, conhecemos Ani (Mikey Madison), uma jovem dançarina e stripper que se vê inesperadamente envolvida em um casamento com o jovem e irresponsável filho de um oligarca russo. O que começa como uma oportunidade de ganhar um bom dinheiro, logo se transforma em um conto de fadas improvável que, mais rápido ainda, se torna uma batalha pelo controle de sua própria vida, assim que a família bilionária do rapaz intervém brutalmente para anular o tal casamento. Confira o trailer:

"Anora" é uma jornada tensa e emocional que desconstrói a ilusão de poder e autonomia quando até os sonhos mais simples podem ser esmagados pelo privilégio e por uma impressionante posição de desigualdade. No entanto, Baker não suaviza em um elemento que define a forma como nos relacionamos com a história de Ani (que na verdade se chama Anora): a intenção! O diretor, mais uma vez, prova sua habilidade em criar personagens autênticos e cheios de camadas. Ani não é apenas uma protagonista cativante, mas uma força de resistência contra as estruturas que tentam defini-la, porém cheia de falhas (e até oportunista). Mikey Madison, nesse sentido, entrega uma atuação visceral, equilibrando a fragilidade e a resiliência de sua personagem com uma naturalidade impressionante. Seu desempenho carrega a narrativa, conferindo credibilidade para a história e tornando a jornada da protagonista ainda mais impactante e dúbia. 

A direção de Baker entende a potência de sua criação e por isso aposta no estilo quase documental para acompanhar a protagonista - essa câmera mais observadora, que usa e abusa de movimentos mais nervosos, já se tornou uma assinatura do cineasta. A fotografia do Drew Daniels (não por acaso de "The Idol") é granulada e totalmente naturalista, captando as ruas de Nova York com um olhar sem filtros - o que nos aproxima da realidade de Ani. Veja, a câmera de Baker está sempre em movimento, acompanhando a protagonista em longos planos-sequência que aumentam a imersão na história e ao se conectar com esse uso de luzes neon e com a ambientação urbana, temos a exata (e desconfortável) sensação de viver um certo romantismo decadente que reforça o contraste entre os sonhos da protagonista e a brutalidade do mundo que ela vive.

O roteiro, escrito pelo próprio Baker, combina um humor mais ácido, muita simbologia e um drama cheio de tensão - tudo flui de maneira bem orgânica, sem jamais perder o tom realista. Com uma trilha sonora, que mistura hip-hop, música eletrônica e composições bem melancólicas para pontuar os momentos mais intensos da narrativa, "Anora" mantém o ritmo envolvente, garantindo que cada cena contribua para a evolução da protagonista até o impacto de um desfecho que vai dividir opiniões, mas que observado mais profundamente, entrega algumas verdades que o diretor nunca fez questão de esconder. Dito isso, entenda que a história de "Anora" evita armadilhas narrativas convencionais, optando por um desenvolvimento mais imprevisível e emocionalmente honesto - ao invés de demonizar ou romantizar seus personagens, o filme os apresenta toda a sua complexidade que provoca a audiência a tirar suas próprias conclusões , especialmente sobre dilemas morais e intenções!

Vinte minutos a menos e a percepção de muita gente poderia mudar, mas mesmo assim ainda digo que vale a pena!!

O filme está em cartaz nos cinemas.

Vamos lá: "Anora" é um filme de muita personalidade, mas que traz em seu DNA um caráter que nos remete aos filmes mais independentes e autorais, mesmo que transitando por um conceito narrativo que tende a quebrar algumas objeções ao se apropriar do drama e da ironia com o único intuito de entreter. O mérito dessa "disrupção", sem dúvida, é de Sean Baker. Baker é um cineasta que construiu sua carreira explorando personagens à margem da sociedade, revelando com sensibilidade e autenticidade as realidades invisibilizadas pelo cinema mais mainstream. Depois de filmes marcantes como "Tangerine" e "Projeto Flórida", ele retorna com "Anora", vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2024, consolidando seu status como um dos diretores mais instigantes da atualidade - mas é preciso que se diga: nem todos vão comprar suas ideias. Assim como "Zola" "Victoria" , "Anora" transita entre a crueldade do realismo social e a intensidade emocional de uma narrativa que escapa dos clichês habituais para entregar uma jornada realmente provocadora!

Na trama, conhecemos Ani (Mikey Madison), uma jovem dançarina e stripper que se vê inesperadamente envolvida em um casamento com o jovem e irresponsável filho de um oligarca russo. O que começa como uma oportunidade de ganhar um bom dinheiro, logo se transforma em um conto de fadas improvável que, mais rápido ainda, se torna uma batalha pelo controle de sua própria vida, assim que a família bilionária do rapaz intervém brutalmente para anular o tal casamento. Confira o trailer:

"Anora" é uma jornada tensa e emocional que desconstrói a ilusão de poder e autonomia quando até os sonhos mais simples podem ser esmagados pelo privilégio e por uma impressionante posição de desigualdade. No entanto, Baker não suaviza em um elemento que define a forma como nos relacionamos com a história de Ani (que na verdade se chama Anora): a intenção! O diretor, mais uma vez, prova sua habilidade em criar personagens autênticos e cheios de camadas. Ani não é apenas uma protagonista cativante, mas uma força de resistência contra as estruturas que tentam defini-la, porém cheia de falhas (e até oportunista). Mikey Madison, nesse sentido, entrega uma atuação visceral, equilibrando a fragilidade e a resiliência de sua personagem com uma naturalidade impressionante. Seu desempenho carrega a narrativa, conferindo credibilidade para a história e tornando a jornada da protagonista ainda mais impactante e dúbia. 

A direção de Baker entende a potência de sua criação e por isso aposta no estilo quase documental para acompanhar a protagonista - essa câmera mais observadora, que usa e abusa de movimentos mais nervosos, já se tornou uma assinatura do cineasta. A fotografia do Drew Daniels (não por acaso de "The Idol") é granulada e totalmente naturalista, captando as ruas de Nova York com um olhar sem filtros - o que nos aproxima da realidade de Ani. Veja, a câmera de Baker está sempre em movimento, acompanhando a protagonista em longos planos-sequência que aumentam a imersão na história e ao se conectar com esse uso de luzes neon e com a ambientação urbana, temos a exata (e desconfortável) sensação de viver um certo romantismo decadente que reforça o contraste entre os sonhos da protagonista e a brutalidade do mundo que ela vive.

O roteiro, escrito pelo próprio Baker, combina um humor mais ácido, muita simbologia e um drama cheio de tensão - tudo flui de maneira bem orgânica, sem jamais perder o tom realista. Com uma trilha sonora, que mistura hip-hop, música eletrônica e composições bem melancólicas para pontuar os momentos mais intensos da narrativa, "Anora" mantém o ritmo envolvente, garantindo que cada cena contribua para a evolução da protagonista até o impacto de um desfecho que vai dividir opiniões, mas que observado mais profundamente, entrega algumas verdades que o diretor nunca fez questão de esconder. Dito isso, entenda que a história de "Anora" evita armadilhas narrativas convencionais, optando por um desenvolvimento mais imprevisível e emocionalmente honesto - ao invés de demonizar ou romantizar seus personagens, o filme os apresenta toda a sua complexidade que provoca a audiência a tirar suas próprias conclusões , especialmente sobre dilemas morais e intenções!

Vinte minutos a menos e a percepção de muita gente poderia mudar, mas mesmo assim ainda digo que vale a pena!!

O filme está em cartaz nos cinemas.

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