indika.tv - Triângulo da Tristeza
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Triângulo da Tristeza

Diretor
Ruben Östlund
Elenco
Harris Dickinson, Charlbi Dean Kriek, Woody Harrelson
Ano
2022
País
EUA

Comédia Prime Video ml-dramedia ml-relacoes ml-vince-gilligan ml-cannes ml-oscar ml-mk

Triângulo da Tristeza

Filmaço! Bem na linha do genial "White Lotus", o surpreendente, e indicado ao Oscar 2023, "Triângulo da Tristeza" é uma verdadeira coleção de criticas sociais, políticas e até, com uma certa pitada proposital de hipocrisia, ideológicas. Com uma narrativa muito bem construída, se apoiando em uma sátira fundamentada, o filme que venceu a Palma de Ouro em Cannes em 2022 coloca em uma mesma prateleira as nuances (mesmo que estereotipadas) de uma luta de classes constante com os notáveis prazeres e desprazeres do capitalismo - na mesma linha de "Parasita", mas talvez aqui melhor posicionado quanto sua predileção.

Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean) são dois jovens modelos que acabam sendo convidados para um cruzeiro em um iate de luxo, repleto de milionários que esbanjam auto-confiança e desprezo pelos menos favorecidos. Porém, após uma noite de tormenta e um ataque de piratas, o barco acaba naufragando, deixando os sobreviventes presos numa ilha deserta. É nesse contexto que hierarquia social se inverte, afinal, ali, o dinheiro pouco importa e uma pessoa que sabe como sobreviver nesse local inóspito vira rei. Confira o trailer:

Dirigido e escrito pelo multi-talentoso sueco Ruben Östlund (de "The Square"), "Triângulo da Tristeza"  expõe com muita inteligência a fragilidade de uma nova classe de privilegiados que nada se diferencia daquela usualmente criticada por eles mesmos através de suas inúmeras "#", os influencers! A partir de diálogos inteligentes, profundos e irônicos, os personagens vão se contradizendo a cada nova situação que aquele universo proporciona, normalmente de forma bem bem-humorada, mas nem por isso menos impactante - a cena da senhora rica tentando convencer a jovem que trabalha no iate a entrar e relaxar na piscina é tão desconcertante quanto genial e dá o exato tom do filme.

Como nas duas referências citadas, além do roteiro ácido na medida certa, o elenco também se sobressai - na verdade, os personagens são tão bem construídos que os diálogos acabam fluindo de uma maneira muito orgânica, dando a exata sensação que nada ali é por acaso. Veja, se Carl é inseguro, sua namorada, Yaya, é uma modelo famosa que quer mais ser influencer (ou troféu de marido, como ela mesmo diz) mesmo que seu conteúdo consista apenas em selfies mentirosas. O filme ainda apresenta um simpático casal de idosos britânicos cuja fortuna foi conquistada com a venda de armas (e que sobreviveu, vejam só, a taxação de 25% sobre as minas terrestres, campeã de vendas da empresa) e um magnata russo, Dimitry (Zlatko Buric), que cresceu às custas da exploração do Leste Europeu pós-União Soviética, vendendo adubo, e que está aproveitando o cruzeiro junto com sua antiga esposa e sua atual (e claro, mais jovem) namorada.

"Triângulo da Tristeza" tem o mérito de transitar por todas as camadas desse abismo social com a sensibilidade de quem consegue enxergar além do luxo e do dinheiro. O roteiro visivelmente critica uma elite tão cega e presa na sua própria bolha, que nem no choque de realidade é capaz de trazer um pouco de bom senso para o seu modo de se relacionar com o mundo. Mas não se enganem, esse é o tipo do filme onde é necessário um olhar atento aos detalhes, pois é na forma como um hóspede rejeita uma bebida ou  como a tripulação se prepara para o cruzeiro pensando exclusivamente na gordas gorjetas, que entendemos perfeitamente como é a "ocasião que faz o ladrão".

Vale muito o seu play!

Ah, em tempo, "Triângulo da Tristeza" foi indicado em 3 categorias: "Melhor Roteiro Original", "Melhor Direção" e "Melhor Filme"!

Assista Agora

Filmaço! Bem na linha do genial "White Lotus", o surpreendente, e indicado ao Oscar 2023, "Triângulo da Tristeza" é uma verdadeira coleção de criticas sociais, políticas e até, com uma certa pitada proposital de hipocrisia, ideológicas. Com uma narrativa muito bem construída, se apoiando em uma sátira fundamentada, o filme que venceu a Palma de Ouro em Cannes em 2022 coloca em uma mesma prateleira as nuances (mesmo que estereotipadas) de uma luta de classes constante com os notáveis prazeres e desprazeres do capitalismo - na mesma linha de "Parasita", mas talvez aqui melhor posicionado quanto sua predileção.

Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean) são dois jovens modelos que acabam sendo convidados para um cruzeiro em um iate de luxo, repleto de milionários que esbanjam auto-confiança e desprezo pelos menos favorecidos. Porém, após uma noite de tormenta e um ataque de piratas, o barco acaba naufragando, deixando os sobreviventes presos numa ilha deserta. É nesse contexto que hierarquia social se inverte, afinal, ali, o dinheiro pouco importa e uma pessoa que sabe como sobreviver nesse local inóspito vira rei. Confira o trailer:

Dirigido e escrito pelo multi-talentoso sueco Ruben Östlund (de "The Square"), "Triângulo da Tristeza"  expõe com muita inteligência a fragilidade de uma nova classe de privilegiados que nada se diferencia daquela usualmente criticada por eles mesmos através de suas inúmeras "#", os influencers! A partir de diálogos inteligentes, profundos e irônicos, os personagens vão se contradizendo a cada nova situação que aquele universo proporciona, normalmente de forma bem bem-humorada, mas nem por isso menos impactante - a cena da senhora rica tentando convencer a jovem que trabalha no iate a entrar e relaxar na piscina é tão desconcertante quanto genial e dá o exato tom do filme.

Como nas duas referências citadas, além do roteiro ácido na medida certa, o elenco também se sobressai - na verdade, os personagens são tão bem construídos que os diálogos acabam fluindo de uma maneira muito orgânica, dando a exata sensação que nada ali é por acaso. Veja, se Carl é inseguro, sua namorada, Yaya, é uma modelo famosa que quer mais ser influencer (ou troféu de marido, como ela mesmo diz) mesmo que seu conteúdo consista apenas em selfies mentirosas. O filme ainda apresenta um simpático casal de idosos britânicos cuja fortuna foi conquistada com a venda de armas (e que sobreviveu, vejam só, a taxação de 25% sobre as minas terrestres, campeã de vendas da empresa) e um magnata russo, Dimitry (Zlatko Buric), que cresceu às custas da exploração do Leste Europeu pós-União Soviética, vendendo adubo, e que está aproveitando o cruzeiro junto com sua antiga esposa e sua atual (e claro, mais jovem) namorada.

"Triângulo da Tristeza" tem o mérito de transitar por todas as camadas desse abismo social com a sensibilidade de quem consegue enxergar além do luxo e do dinheiro. O roteiro visivelmente critica uma elite tão cega e presa na sua própria bolha, que nem no choque de realidade é capaz de trazer um pouco de bom senso para o seu modo de se relacionar com o mundo. Mas não se enganem, esse é o tipo do filme onde é necessário um olhar atento aos detalhes, pois é na forma como um hóspede rejeita uma bebida ou  como a tripulação se prepara para o cruzeiro pensando exclusivamente na gordas gorjetas, que entendemos perfeitamente como é a "ocasião que faz o ladrão".

Vale muito o seu play!

Ah, em tempo, "Triângulo da Tristeza" foi indicado em 3 categorias: "Melhor Roteiro Original", "Melhor Direção" e "Melhor Filme"!

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