Esse filme é uma graça - inteligente, criativo, envolvente e muito sensível! "(500) Dias com Ela", dirigido pelo Marc Webb pode, tranquilamente, ser considerada uma comédia romântica moderna, que sob um novo olhar narrativo, surpreende o público ao subverter alguns elementos tão emblemáticos do estilo "água com açúcar". Lançado em 2009, posso te afirmar que o filme, de fato, apresenta uma história cativante, narrada de uma forma diferente, mais para o não-linear do que para o clássico, e que explora as complexidades do amor com muita sabedoria, expondo os desejos mais íntimos ao mesmo tempo que precisamos lidar com as expectativas que criamos sobre os relacionamentos.
O filme gira em torno de Tom Hansen (interpretado por Joseph Gordon-Levitt), um romântico incorrigível que se apaixona perdidamente por Summer Finn (interpretada por Zooey Deschanel), uma mulher que não acredita em amor verdadeiro. A história é apresentada em 500 dias não consecutivos, pulando entre os altos e baixos do relacionamento de Tom e Summer. Confira o trailer (em inglês):
Marc Webb construiu sua carreira como diretor de videoclipes e certamente por isso, ele trouxe para o seu primeiro longa-metragem um certo suspiro de criatividade e inovação ao narrar uma cotidiana história de amor sob uma perspectiva bastante realista e nem por isso menos envolvente visualmente - já que o diretor usa e abusa da narrativa fragmentada para construir essa ligação que dificilmente conseguimos explicar quando acontece conosco. Isso é muito genial, pois embora nossa vida seja linear, nossas decisões e escolhas se baseiam em experiências diversas e, como conceito, "(500) Dias com Ela" tem muito disso. Reparem como a narrativa habilmente desconstrói a ideia de que o amor é sempre um conto de fadas, mostrando que as pessoas podem ter visões diferentes sobre o amor e sobre as expectativas que depositam nele.
Webb é notável ao usar técnicas como a sobreposição de imagens, animações e sequências de dança, criando uma dinâmica única para o filme e mergulhando no mundo mais subjetivo dos personagens, ajudando a transmitir suas emoções de maneira tangível. Joseph Gordon-Levitt entrega uma atuação encantadora como Tom, capturando perfeitamente a vulnerabilidade e a complexidade emocional de seu personagem. Zooey Deschanel traz uma mistura de doçura e atitude para sua performance como Summer, tornando-a uma figura intrigante e cheia de camadas. Agora, a química entre os dois atores, olha, é tão palpável - eu diria até que é o coração do filme.
O roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber é tão afiado quanto perspicaz. Os diálogos inteligentes e os monólogos internos que revelam os pensamentos e as inseguranças dos personagens, criando uma conexão genuína com a audiência, são excelentes! Talvez por isso, "(500) Days of Summer" (no original) transcenda o gênero de "comédia romântica", oferecendo uma visão mais realista e, por vezes, até melancólica dos relacionamentos amorosos - essa honestidade e capacidade de retratar as complexidades do amor moderno merecem todos os elogios (e prêmios) que o filme colecionou!
Vale muito o seu play!
Esse filme é uma graça - inteligente, criativo, envolvente e muito sensível! "(500) Dias com Ela", dirigido pelo Marc Webb pode, tranquilamente, ser considerada uma comédia romântica moderna, que sob um novo olhar narrativo, surpreende o público ao subverter alguns elementos tão emblemáticos do estilo "água com açúcar". Lançado em 2009, posso te afirmar que o filme, de fato, apresenta uma história cativante, narrada de uma forma diferente, mais para o não-linear do que para o clássico, e que explora as complexidades do amor com muita sabedoria, expondo os desejos mais íntimos ao mesmo tempo que precisamos lidar com as expectativas que criamos sobre os relacionamentos.
O filme gira em torno de Tom Hansen (interpretado por Joseph Gordon-Levitt), um romântico incorrigível que se apaixona perdidamente por Summer Finn (interpretada por Zooey Deschanel), uma mulher que não acredita em amor verdadeiro. A história é apresentada em 500 dias não consecutivos, pulando entre os altos e baixos do relacionamento de Tom e Summer. Confira o trailer (em inglês):
Marc Webb construiu sua carreira como diretor de videoclipes e certamente por isso, ele trouxe para o seu primeiro longa-metragem um certo suspiro de criatividade e inovação ao narrar uma cotidiana história de amor sob uma perspectiva bastante realista e nem por isso menos envolvente visualmente - já que o diretor usa e abusa da narrativa fragmentada para construir essa ligação que dificilmente conseguimos explicar quando acontece conosco. Isso é muito genial, pois embora nossa vida seja linear, nossas decisões e escolhas se baseiam em experiências diversas e, como conceito, "(500) Dias com Ela" tem muito disso. Reparem como a narrativa habilmente desconstrói a ideia de que o amor é sempre um conto de fadas, mostrando que as pessoas podem ter visões diferentes sobre o amor e sobre as expectativas que depositam nele.
Webb é notável ao usar técnicas como a sobreposição de imagens, animações e sequências de dança, criando uma dinâmica única para o filme e mergulhando no mundo mais subjetivo dos personagens, ajudando a transmitir suas emoções de maneira tangível. Joseph Gordon-Levitt entrega uma atuação encantadora como Tom, capturando perfeitamente a vulnerabilidade e a complexidade emocional de seu personagem. Zooey Deschanel traz uma mistura de doçura e atitude para sua performance como Summer, tornando-a uma figura intrigante e cheia de camadas. Agora, a química entre os dois atores, olha, é tão palpável - eu diria até que é o coração do filme.
O roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber é tão afiado quanto perspicaz. Os diálogos inteligentes e os monólogos internos que revelam os pensamentos e as inseguranças dos personagens, criando uma conexão genuína com a audiência, são excelentes! Talvez por isso, "(500) Days of Summer" (no original) transcenda o gênero de "comédia romântica", oferecendo uma visão mais realista e, por vezes, até melancólica dos relacionamentos amorosos - essa honestidade e capacidade de retratar as complexidades do amor moderno merecem todos os elogios (e prêmios) que o filme colecionou!
Vale muito o seu play!
"2 Outonos e 3 Invernos" é um premiado filme francês dirigido pelo Sébastien Betbeder que fala, basicamente, sobre os ciclos de um relacionamento. Com um conceito narrativo e visual bem particular, Betbeder nos entrega um filme leve, mas não por isso superficial, que nos provoca a entender como cada um dos personagens se relaciona com o amor.
Na história, Arman, um jovem de 33 anos, está querendo mudar seu estilo de vida e para começar, ele resolve correr no parque aos sábados. É lá que ele conhece Amélie, uma linda parisiense que parece não ser muito, digamos, feliz na escolha de seus relacionamentos. Ao se esbarrem, a primeira impressão causa um choque, porém é no segundo encontro casual que eles realmente se dão uma chance. Benjamin, melhor amigo de Arman, também está no inicio de relacionamento depois de se recuperar de um AVC e ambos vão trocando experiências para tentar encontrar o caminho da felicidade. Entre dois outonos e três invernos, as vidas de Amélie, Arman e Benjamin se cruzam em encontros, desencontros, acidentes e muitas memórias, em um cenário belíssimo! Confira o trailer:
Embora "2 Outonos e 3 Invernos" tenha muitos elementos que o confundem com uma comédia romântica, eu diria que sua história está mais para um leve drama com toques de romance e bem pouco de comédia - um típico filme francês de relações, eu diria: simpático e muito gostoso de assistir! Vale muito o seu play se você estiver no clima, se gostar do estilo Woody Allen e se curtiu a série da Prime Video, "Modern Love"!
Não por acaso citei o estilo Woody Allen de fazer um filme, pois "2 Outonos e 3 Invernos" claramente bebe da mesma fonte que "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977), principalmente ao permitir que os personagens quebrem a quarta parede, encarando diretamente a audiência, para comentar várias das circunstâncias que o filme está mostrando, quase como um narrador onipresente, com o intuito de facilitar o entendimento das complexidades sentimentais que estão vivendo. Ao escolher o aspecto 4:3 (que nos remete ao antigo estilo das telas de TV quadradas), a câmera na mão e uma quantidade enorme de grãos, praticamente "sujando" várias cenas, o diretor Sébastien Betbeder ao lado do fotógrafo Sylvain Verdet, trás um conceito muito documental para o filme - tanto que ele chegou a filmar algumas passagens com uma câmera 16mm. Esse conceito visual nos dá a ideia de se tratar de testemunhos pessoais dos casais, contrastando com uma espécie de "esquetes" que pontuam os três atos do filme. Enquanto assistia, em vários momentos tive a impressão que o roteiro mais parceria ser de uma peça de teatro do que cinema em si - e isso não é demérito, apenas um estilo narrativo que aqui funcionou perfeitamente.
Betbeder também assina o roteiro e com isso fica claro o alinhamento entre o estilo visual e o narrativo. Basicamente o que encontramos é uma história focada nos atores, no texto e com pouquíssima ação - o que para muitos pode dar a impressão de uma certa verborragia. Não foi o meu caso! Porém é preciso dizer que 90 minutos é pouco tempo de tela para abordar com profundidade as nuances e detalhes de dois casais. Quando o roteiro escorrega para os coadjuvantes, Benjamin (Bastien Bouillon) e Katia (Audrey Bastien), o filme perde força - não pela qualidade dos atores, mas pela dispersão, pela falta de foco. Tanto Vincent Macaigne (Arman), quanto Maud Wyler (Amélie) tinham qualidades suficientes para segurar a história tranquilamente - a impressão que ficou é que algo se perdeu nesse vai e volta de tramas e sub-tramas (que pouco acrescentam uma na outra, diga-se de passagem).
"2 Outonos e 3 Invernos" foi bem em bons festivais como Torino e RiverRun - o que já justificaria sua atenção, caso você tenha uma inclinação para filmes independentes, Mas essa produção francesa trás um pouco mais: ela vem para provar que é possível discutir assuntos pesados sem a necessidade vital de nos destruir emocionalmente, mesmo que em alguns momentos possamos sentir o vazio de uma relação fadada ao término, o resultado é extremamente agradável - um ótimo entretenimento!
"2 Outonos e 3 Invernos" é um premiado filme francês dirigido pelo Sébastien Betbeder que fala, basicamente, sobre os ciclos de um relacionamento. Com um conceito narrativo e visual bem particular, Betbeder nos entrega um filme leve, mas não por isso superficial, que nos provoca a entender como cada um dos personagens se relaciona com o amor.
Na história, Arman, um jovem de 33 anos, está querendo mudar seu estilo de vida e para começar, ele resolve correr no parque aos sábados. É lá que ele conhece Amélie, uma linda parisiense que parece não ser muito, digamos, feliz na escolha de seus relacionamentos. Ao se esbarrem, a primeira impressão causa um choque, porém é no segundo encontro casual que eles realmente se dão uma chance. Benjamin, melhor amigo de Arman, também está no inicio de relacionamento depois de se recuperar de um AVC e ambos vão trocando experiências para tentar encontrar o caminho da felicidade. Entre dois outonos e três invernos, as vidas de Amélie, Arman e Benjamin se cruzam em encontros, desencontros, acidentes e muitas memórias, em um cenário belíssimo! Confira o trailer:
Embora "2 Outonos e 3 Invernos" tenha muitos elementos que o confundem com uma comédia romântica, eu diria que sua história está mais para um leve drama com toques de romance e bem pouco de comédia - um típico filme francês de relações, eu diria: simpático e muito gostoso de assistir! Vale muito o seu play se você estiver no clima, se gostar do estilo Woody Allen e se curtiu a série da Prime Video, "Modern Love"!
Não por acaso citei o estilo Woody Allen de fazer um filme, pois "2 Outonos e 3 Invernos" claramente bebe da mesma fonte que "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977), principalmente ao permitir que os personagens quebrem a quarta parede, encarando diretamente a audiência, para comentar várias das circunstâncias que o filme está mostrando, quase como um narrador onipresente, com o intuito de facilitar o entendimento das complexidades sentimentais que estão vivendo. Ao escolher o aspecto 4:3 (que nos remete ao antigo estilo das telas de TV quadradas), a câmera na mão e uma quantidade enorme de grãos, praticamente "sujando" várias cenas, o diretor Sébastien Betbeder ao lado do fotógrafo Sylvain Verdet, trás um conceito muito documental para o filme - tanto que ele chegou a filmar algumas passagens com uma câmera 16mm. Esse conceito visual nos dá a ideia de se tratar de testemunhos pessoais dos casais, contrastando com uma espécie de "esquetes" que pontuam os três atos do filme. Enquanto assistia, em vários momentos tive a impressão que o roteiro mais parceria ser de uma peça de teatro do que cinema em si - e isso não é demérito, apenas um estilo narrativo que aqui funcionou perfeitamente.
Betbeder também assina o roteiro e com isso fica claro o alinhamento entre o estilo visual e o narrativo. Basicamente o que encontramos é uma história focada nos atores, no texto e com pouquíssima ação - o que para muitos pode dar a impressão de uma certa verborragia. Não foi o meu caso! Porém é preciso dizer que 90 minutos é pouco tempo de tela para abordar com profundidade as nuances e detalhes de dois casais. Quando o roteiro escorrega para os coadjuvantes, Benjamin (Bastien Bouillon) e Katia (Audrey Bastien), o filme perde força - não pela qualidade dos atores, mas pela dispersão, pela falta de foco. Tanto Vincent Macaigne (Arman), quanto Maud Wyler (Amélie) tinham qualidades suficientes para segurar a história tranquilamente - a impressão que ficou é que algo se perdeu nesse vai e volta de tramas e sub-tramas (que pouco acrescentam uma na outra, diga-se de passagem).
"2 Outonos e 3 Invernos" foi bem em bons festivais como Torino e RiverRun - o que já justificaria sua atenção, caso você tenha uma inclinação para filmes independentes, Mas essa produção francesa trás um pouco mais: ela vem para provar que é possível discutir assuntos pesados sem a necessidade vital de nos destruir emocionalmente, mesmo que em alguns momentos possamos sentir o vazio de uma relação fadada ao término, o resultado é extremamente agradável - um ótimo entretenimento!
Se Woody Allen fosse francês, ele teria dirigido esse filme! Está tudo lá: a narração conectando o sentimento com a ação, os personagens se encontrando por acaso, as relações sendo desconstruídas por situações incomuns, as sensações pontuando a narrativa, além do diálogo inteligente, enfim, "A Arte de Amar" é uma clara homenagem ao cineasta americano em sua fase mais autoral, apegado aos personagens mais adultos, urbanos, complexos, neuróticos e, por muitas vezes, até melancólicos. Dito isso, se você gosta dos clássicos dramas de relação fantasiados de comédia dos anos 70 e 80, você está no lugar certo!
A sinopse é tão curta quanto eficaz para nos fisgar sem a menor pretensão de nos indicar o que realmente vamos encontrar no filme, veja: um grupo heterogêneo de parisienses embarca em uma aventura diversa para tentar encontrar seu par ideal. Confira o trailer:
O título do filme faz uma referência pontual ao poeta Ovídio, cujo seu manual "Arte de Amar" ensinava técnicas de sedução para seus leitores. A referência literária não para por aí, já que o roteiro do também diretor (e ator) Emmanuel Mouret, se apropria de uma narração quase poética e de um certa divisão em capítulos para construir algumas histórias que se conectam em algum momento do filme. "Não há amor sem música", "É preciso esconder suas infidelidades", "Nunca recuse o que lhe é oferecido", são os ótimos títulos que ilustram perfeitamente o que vamos encontrar assim que começa a ação.
O tom é leve, divertido, cínico e muitas vezes até irônico - quase um crônica como vimos em "Modern Love". Aliás, a estrutura é bem parecida! Um ponto muito interessante, porém, é que todas as histórias giram em torno da infidelidade ou da lealdade entre amigos e casais, retratando uma classe média francesa de uma maneira auto-suficiente em sua "forma", mas neurótica em seu "conteúdo". Além de um direção competente de Mouret, é de brilhar os olhos o elenco estelar e sua performance - Frédérique Bel, Judith Godrèche, Julie Depardieu, Pascale Arbillot, François Cluzet, Élodie Navarre, Gaspard Ulliel, Stanislas Merhar; enfim, todos merecem ser aplaudidos de pé pela sensibilidade, pelo controle emocional e pela verdade com que tratam (e defendem) as imperfeições de seus personagens.
"A Arte de Amar" brinca com audiência de uma forma deliciosa - é como se estivéssemos ouvindo (ou assistindo) verdadeiros causos sobre o amor que acometeu algum conhecido de um conhecido ou aquele amigo que não vemos há anos. O filme brilha pela sua elegância estética e pela sua inteligência textual, mesmo quando não se preocupa em amarrar todas as pontas, afinal, uma história de amor é isso e o conceito narrativo se mantém 100% alinhado ao que mais importa: os sentimentos e sensações que tudo aquilo pode nos provocar!
Vale muito o seu play!
Se Woody Allen fosse francês, ele teria dirigido esse filme! Está tudo lá: a narração conectando o sentimento com a ação, os personagens se encontrando por acaso, as relações sendo desconstruídas por situações incomuns, as sensações pontuando a narrativa, além do diálogo inteligente, enfim, "A Arte de Amar" é uma clara homenagem ao cineasta americano em sua fase mais autoral, apegado aos personagens mais adultos, urbanos, complexos, neuróticos e, por muitas vezes, até melancólicos. Dito isso, se você gosta dos clássicos dramas de relação fantasiados de comédia dos anos 70 e 80, você está no lugar certo!
A sinopse é tão curta quanto eficaz para nos fisgar sem a menor pretensão de nos indicar o que realmente vamos encontrar no filme, veja: um grupo heterogêneo de parisienses embarca em uma aventura diversa para tentar encontrar seu par ideal. Confira o trailer:
O título do filme faz uma referência pontual ao poeta Ovídio, cujo seu manual "Arte de Amar" ensinava técnicas de sedução para seus leitores. A referência literária não para por aí, já que o roteiro do também diretor (e ator) Emmanuel Mouret, se apropria de uma narração quase poética e de um certa divisão em capítulos para construir algumas histórias que se conectam em algum momento do filme. "Não há amor sem música", "É preciso esconder suas infidelidades", "Nunca recuse o que lhe é oferecido", são os ótimos títulos que ilustram perfeitamente o que vamos encontrar assim que começa a ação.
O tom é leve, divertido, cínico e muitas vezes até irônico - quase um crônica como vimos em "Modern Love". Aliás, a estrutura é bem parecida! Um ponto muito interessante, porém, é que todas as histórias giram em torno da infidelidade ou da lealdade entre amigos e casais, retratando uma classe média francesa de uma maneira auto-suficiente em sua "forma", mas neurótica em seu "conteúdo". Além de um direção competente de Mouret, é de brilhar os olhos o elenco estelar e sua performance - Frédérique Bel, Judith Godrèche, Julie Depardieu, Pascale Arbillot, François Cluzet, Élodie Navarre, Gaspard Ulliel, Stanislas Merhar; enfim, todos merecem ser aplaudidos de pé pela sensibilidade, pelo controle emocional e pela verdade com que tratam (e defendem) as imperfeições de seus personagens.
"A Arte de Amar" brinca com audiência de uma forma deliciosa - é como se estivéssemos ouvindo (ou assistindo) verdadeiros causos sobre o amor que acometeu algum conhecido de um conhecido ou aquele amigo que não vemos há anos. O filme brilha pela sua elegância estética e pela sua inteligência textual, mesmo quando não se preocupa em amarrar todas as pontas, afinal, uma história de amor é isso e o conceito narrativo se mantém 100% alinhado ao que mais importa: os sentimentos e sensações que tudo aquilo pode nos provocar!
Vale muito o seu play!
"A Crônica Francesa" é genial, mas vai se conectar com uma audiência muito (mas, muito) particular e disposta a embarcar em uma experiência visual e narrativa bastante autoral e profundamente experimental - característica aliás, que fez do premiado (e muito criativo) Wes Anderson ("O Grande Hotel Budapeste" e "Moonrise Kingdom") um dos diretores mais cultuados de sua geração.
O filme serve como uma carta de amor aos jornalistas. Ambientada em um posto avançado de um jornal americano em uma pacata cidade na França do século XX, a fictícia Ennui-sur-Blasé, Arthur Howitzer Jr. (Bill Murray), editor da revista "The French Dispatch", morre subitamente de ataque cardíaco. De acordo com os desejos expressos em seu testamento, a publicação da revista teria que ser imediatamente suspensa após um último número de despedida onde seriam publicados quatro crônicas, além, é claro, do seu obituário. Confira o trailer:
Vamos aos fatos: sabe-se que Wes Anderson pensou em "A Crônica Francesa" como uma espécie de agradecimento para a revistaThe New Yorker, fundada em 1905 por Raoul Fleishmann e Harold Ross, este último, referência para a criação do personagem Arthur Howitzer Jr., editor doFrench Dispatch. Pois bem, como estamos falando de uma clara homenagem ao jornalismo raiz, aquele preocupado com a qualidade do texto, com a identidade de quem escreve e não necessariamente com a interpretação de quem lê, somos jogados em uma atmosfera que visualmente tenta reconstruir a experiência de ler uma revista, enquanto narrativamente expõe a maravilha que é mergulhar nas mentes mais brilhantes da profissão pelos olhos de quem escreve maravilhosas (e profundas) crônicas - que, aliás, marcaram a existência da publicação!
Pontuar a qualidade visual de um filme de Anderson não é novidade - o que me surpreende é a Academia ter esnobado o trabalho do diretor e de sua equipe em departamentos como "desenho de produção", "montagem", "figurino" e "fotografia" - só para citar quatro categorias que o filme merecia disputar. O roteiro do próprio diretor, baseado em uma história que ele criou ao lado de Roman Coppola, Hugo Guinness e Jason Schwartzman, é um primor, mas difícil de compreender, já que cada um dos jornalistas se envolvem com sua crônica de uma maneira muito pessoal, criando uma dinâmica narrativa única para cada história que vemos na tela. Os quatros artigos são divididos entre diversos assuntos, o jornalista Herbsaint Sazerac (Owen Wilson) faz um tour rápido pela cidade de Ennui-sur-Blasé. Ele compara o passado e o presente de cada lugar, demonstrando o quanto pouco mudou em Ennui ao longo do tempo. O segundo artigo é feito por J.K.L. Berensen (Tilda Swinton), a partir de uma palestra na galeria de arte de seu ex-chefe - aqui temos um Benicio Del Toro como o pintor Moses Rosenthaler, magnífico. No terceiro, Lucinda Krementz (Frances McDormand) relata um protesto estudantil nas ruas de Ennui que logo se transforma na "Revolução do Tabuleiro de Xadrez". Enquanto a revolução inicialmente é inspirada por preocupações mesquinhas sobre o acesso ao dormitório feminino, o traumático recrutamento militar de um estudante, Mitch-Mitch, inspira uma revolta infinitamente maior. E por último, Roebuck Wright (Jeffrey Wright) conta a história de sua participação em um jantar privado da força policial do Ennui, preparado pelo lendário policial/chef tenente Nescaffier (Steve Park), no dia que o filho do comissário foi sequestrado.
Se você não se delicia com uma crônica bem escrita e cheio de referências culturais e politicas (que muitas vezes se misturam, exigindo do leitor um boa capacidade de interpretação) e também com uma gramática cinematográfica completamente autoral, criativa e subversiva até, certamente "A Crônica Francesa" não vai te agradar. Antes do play, parta do principio que a experimentação de Anderson vai muito além do que estamos acostumados a ver normalmente - sempre foi assim e aqui talvez ele tenha elevado esse conceito para um outro nível. O filme traz uma conexão com o passado sem esquecer da importância da sua narrativa para o presente e é uma pena que muita gente vai achar o filme "sem pé nem cabeça" enquanto poucos vão agradecer pela incrível experiência.
"A Crônica Francesa" é genial, mas vai se conectar com uma audiência muito (mas, muito) particular e disposta a embarcar em uma experiência visual e narrativa bastante autoral e profundamente experimental - característica aliás, que fez do premiado (e muito criativo) Wes Anderson ("O Grande Hotel Budapeste" e "Moonrise Kingdom") um dos diretores mais cultuados de sua geração.
O filme serve como uma carta de amor aos jornalistas. Ambientada em um posto avançado de um jornal americano em uma pacata cidade na França do século XX, a fictícia Ennui-sur-Blasé, Arthur Howitzer Jr. (Bill Murray), editor da revista "The French Dispatch", morre subitamente de ataque cardíaco. De acordo com os desejos expressos em seu testamento, a publicação da revista teria que ser imediatamente suspensa após um último número de despedida onde seriam publicados quatro crônicas, além, é claro, do seu obituário. Confira o trailer:
Vamos aos fatos: sabe-se que Wes Anderson pensou em "A Crônica Francesa" como uma espécie de agradecimento para a revistaThe New Yorker, fundada em 1905 por Raoul Fleishmann e Harold Ross, este último, referência para a criação do personagem Arthur Howitzer Jr., editor doFrench Dispatch. Pois bem, como estamos falando de uma clara homenagem ao jornalismo raiz, aquele preocupado com a qualidade do texto, com a identidade de quem escreve e não necessariamente com a interpretação de quem lê, somos jogados em uma atmosfera que visualmente tenta reconstruir a experiência de ler uma revista, enquanto narrativamente expõe a maravilha que é mergulhar nas mentes mais brilhantes da profissão pelos olhos de quem escreve maravilhosas (e profundas) crônicas - que, aliás, marcaram a existência da publicação!
Pontuar a qualidade visual de um filme de Anderson não é novidade - o que me surpreende é a Academia ter esnobado o trabalho do diretor e de sua equipe em departamentos como "desenho de produção", "montagem", "figurino" e "fotografia" - só para citar quatro categorias que o filme merecia disputar. O roteiro do próprio diretor, baseado em uma história que ele criou ao lado de Roman Coppola, Hugo Guinness e Jason Schwartzman, é um primor, mas difícil de compreender, já que cada um dos jornalistas se envolvem com sua crônica de uma maneira muito pessoal, criando uma dinâmica narrativa única para cada história que vemos na tela. Os quatros artigos são divididos entre diversos assuntos, o jornalista Herbsaint Sazerac (Owen Wilson) faz um tour rápido pela cidade de Ennui-sur-Blasé. Ele compara o passado e o presente de cada lugar, demonstrando o quanto pouco mudou em Ennui ao longo do tempo. O segundo artigo é feito por J.K.L. Berensen (Tilda Swinton), a partir de uma palestra na galeria de arte de seu ex-chefe - aqui temos um Benicio Del Toro como o pintor Moses Rosenthaler, magnífico. No terceiro, Lucinda Krementz (Frances McDormand) relata um protesto estudantil nas ruas de Ennui que logo se transforma na "Revolução do Tabuleiro de Xadrez". Enquanto a revolução inicialmente é inspirada por preocupações mesquinhas sobre o acesso ao dormitório feminino, o traumático recrutamento militar de um estudante, Mitch-Mitch, inspira uma revolta infinitamente maior. E por último, Roebuck Wright (Jeffrey Wright) conta a história de sua participação em um jantar privado da força policial do Ennui, preparado pelo lendário policial/chef tenente Nescaffier (Steve Park), no dia que o filho do comissário foi sequestrado.
Se você não se delicia com uma crônica bem escrita e cheio de referências culturais e politicas (que muitas vezes se misturam, exigindo do leitor um boa capacidade de interpretação) e também com uma gramática cinematográfica completamente autoral, criativa e subversiva até, certamente "A Crônica Francesa" não vai te agradar. Antes do play, parta do principio que a experimentação de Anderson vai muito além do que estamos acostumados a ver normalmente - sempre foi assim e aqui talvez ele tenha elevado esse conceito para um outro nível. O filme traz uma conexão com o passado sem esquecer da importância da sua narrativa para o presente e é uma pena que muita gente vai achar o filme "sem pé nem cabeça" enquanto poucos vão agradecer pela incrível experiência.
"A Favorita" teve 10 indicações para o Oscar de 2019 e isso, por si só, já o credenciaria como um grande filme. Na verdade é filme grandioso, mas não sei se é um grande filme - daqueles inesquecíveis!
"A Favorita" conta a história conturbada da Rainha Anne com sua amiga e confidente Sarah. A influência que Sarah tem sobre a Rainha abre caminho para vários tipos de interpretação e isso ganha ainda mais força com a chegada Abigail que, pouso a pouco, vai se inserindo no meio dessa relação. A disputa pela atenção da Rainha é só a maquiagem que o diretor usou para falar sobre a imperfeição do ser humano quando o assunto é a busca pelo poder!!!
A maneira provocativa que o diretor grego Yorgos Lanthimos imprime no filme émuito interessante: ele alinha esse conceito com vários elementos narrativos que vão pontuandomuito bem esse "tom acima", o problema éque essa escolha faz com que a história derrape em vários momentos!!! A interpretação é estereotipada, com raros momentos de internalização e isso, para mim, soa como o caminho mais fácil! Funcionou, pois das 10 indicações, 3 envolvem as atrizes do filme, 2em uma mesma categoria "Atriz Coadjuvante". A fotografia têm momentos magníficos e outros extremamente duvidosos. Na verdade, desde o "Cervo Sagrado", eu acho que Yorgos Lanthimos coloca tantas idéias, algumas desconexas, na sua direção que acabam atrapalhando o resultado final.
Bom, dito isso, talvez seja necessário entender cada uma das indicações: (1) "Edição", muito boa, mas não vai levar! (2) "Fotografia", como comentei acima, tem grandes momentos, lindos planos, o trabalho que o Robbie Ryan fez com o a luz do fogo contrastando com o fundo preto é lindo, mas foram nas escolhas das lentes que eu acho que ele derrapou. Eu vi ele explicando que era uma sensação de aprisionamento que ele buscou, para mim, não funcionou. A distorção da imagem ficou desconexa demais, mas é uma opinião muito pessoal. Nunca trocaria a fotografia de "Roma" pela de "A Favorita" - que se beneficia muito mais do cenário para compor grandes quadros! (3) "Desenho de Produção", forte candidato. Tudo é realmente lindo e vai brigar cabeça a cabeça com "Pantera Negra" - eu acho que essa é uma das categorias mais disputadas do ano! (4) "Figurino", também acho uma das favoritas, mas com um "Pantera Negra" bem próximo! (5) e (6) "Atriz Coadjuvante", Emma Stone e Rachel Weisz, ambas tem chance, talvez com Rachel Weisz um pouco a frente, mas acho difícil a Regina King de "Se a rua Beale falasse" não levar - lembrando que a Amy Adams ainda corre forte por fora!!! (6) "Atriz", Olivia Colman, mereceria demais, foi um grande trabalho - o ponto alto do filme ao lado do departamento de arte. (8) "Roteiro Original", não vai levar, pode esquecer - é bom, sim, critico, inteligente, mas tem "Green Book", "Roma" e "Vice" na frente! (9) Direção, se Yorgos Lanthimos ganhar eu mudo de nome! (10) "Melhor Filme", o prêmio foi a indicação!
O fato é que "A Favorita" é interessante, bem feito, bonito... mas achei um pouco super estimado pela Academia. Das 10 indicações, 3 ou 4 estariam de bom tamanho!! Eu não me apaixonei, mas não posso dizer que não é um filme bom!!! Como disse um amigo: Gostei, mas não gostei!!!!...rs
Up-Date: "A Favorita" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Atriz!
"A Favorita" teve 10 indicações para o Oscar de 2019 e isso, por si só, já o credenciaria como um grande filme. Na verdade é filme grandioso, mas não sei se é um grande filme - daqueles inesquecíveis!
"A Favorita" conta a história conturbada da Rainha Anne com sua amiga e confidente Sarah. A influência que Sarah tem sobre a Rainha abre caminho para vários tipos de interpretação e isso ganha ainda mais força com a chegada Abigail que, pouso a pouco, vai se inserindo no meio dessa relação. A disputa pela atenção da Rainha é só a maquiagem que o diretor usou para falar sobre a imperfeição do ser humano quando o assunto é a busca pelo poder!!!
A maneira provocativa que o diretor grego Yorgos Lanthimos imprime no filme émuito interessante: ele alinha esse conceito com vários elementos narrativos que vão pontuandomuito bem esse "tom acima", o problema éque essa escolha faz com que a história derrape em vários momentos!!! A interpretação é estereotipada, com raros momentos de internalização e isso, para mim, soa como o caminho mais fácil! Funcionou, pois das 10 indicações, 3 envolvem as atrizes do filme, 2em uma mesma categoria "Atriz Coadjuvante". A fotografia têm momentos magníficos e outros extremamente duvidosos. Na verdade, desde o "Cervo Sagrado", eu acho que Yorgos Lanthimos coloca tantas idéias, algumas desconexas, na sua direção que acabam atrapalhando o resultado final.
Bom, dito isso, talvez seja necessário entender cada uma das indicações: (1) "Edição", muito boa, mas não vai levar! (2) "Fotografia", como comentei acima, tem grandes momentos, lindos planos, o trabalho que o Robbie Ryan fez com o a luz do fogo contrastando com o fundo preto é lindo, mas foram nas escolhas das lentes que eu acho que ele derrapou. Eu vi ele explicando que era uma sensação de aprisionamento que ele buscou, para mim, não funcionou. A distorção da imagem ficou desconexa demais, mas é uma opinião muito pessoal. Nunca trocaria a fotografia de "Roma" pela de "A Favorita" - que se beneficia muito mais do cenário para compor grandes quadros! (3) "Desenho de Produção", forte candidato. Tudo é realmente lindo e vai brigar cabeça a cabeça com "Pantera Negra" - eu acho que essa é uma das categorias mais disputadas do ano! (4) "Figurino", também acho uma das favoritas, mas com um "Pantera Negra" bem próximo! (5) e (6) "Atriz Coadjuvante", Emma Stone e Rachel Weisz, ambas tem chance, talvez com Rachel Weisz um pouco a frente, mas acho difícil a Regina King de "Se a rua Beale falasse" não levar - lembrando que a Amy Adams ainda corre forte por fora!!! (6) "Atriz", Olivia Colman, mereceria demais, foi um grande trabalho - o ponto alto do filme ao lado do departamento de arte. (8) "Roteiro Original", não vai levar, pode esquecer - é bom, sim, critico, inteligente, mas tem "Green Book", "Roma" e "Vice" na frente! (9) Direção, se Yorgos Lanthimos ganhar eu mudo de nome! (10) "Melhor Filme", o prêmio foi a indicação!
O fato é que "A Favorita" é interessante, bem feito, bonito... mas achei um pouco super estimado pela Academia. Das 10 indicações, 3 ou 4 estariam de bom tamanho!! Eu não me apaixonei, mas não posso dizer que não é um filme bom!!! Como disse um amigo: Gostei, mas não gostei!!!!...rs
Up-Date: "A Favorita" ganhou em uma categoria no Oscar 2020: Melhor Atriz!
Embora "A Festa De Despedida" discuta assuntos bastante delicados como a eutanásia, a velhice e a demênciasenil, saíba que essa produção israelense é um filme muito gostoso de assistir pela delicadeza e sensibilidade como os diretores Tal Granit e Sharon Maymon tratam de cada um dos assuntos. Grande vencedor do "Venice Film Festival" de 2014, o filme é uma montanha-russa de emoções, divertido, emocionante, inteligente e muito humano!
Em um asilo de Jerusalém, existe um grupo de amigos que está cansado de ver o sofrimento alheio e resolve criar uma máquina de morte instantânea. Essa idéia, criticada por muitos, acaba se tornando um sucesso quando outras pessoas em situações delicadas procuram o grupo de amigos para usarem a máquina. Ao mesmo tempo, todos os personagens se encontram em um grande vendaval emocional, seja por questões ligadas ao coração, seja por escolhas difíceis que precisarão ser tomadas. Confira o trailer:
A grande verdade é que tudo é bom em "A Festa De Despedida", da direção ao roteiro, da fotografia ao elenco; tudo funciona tão perfeitamente que ficamos nos perguntando a razão pela qual não assistimos esse filme antes - claro que em 2014 quando o filme foi lançado, nossa relação com os serviços de streaming era completamente diferente e talvez essa seja uma das grandes maravilhas de ter tantas opções no mercado, já que "pérolas" que antes transitavam apenas no circuito independente e em festivais pelo mundo, agora estão prontos para nos surpreender com o simples toque no play.
Embora o filme seja tecnicamente perfeito, o foco está nos personagens e na incrível relação estabelecida entre eles. O trabalho de Tal Granit e Sharon Maymon, que também assinam o roteiro, é econômico do ponto de vista estético - o que acaba trazendo uma elegância acima da média para o filme. Veja, exceção feita a uma inusitada, divertida e simpática sequência musical no meio do filme, "A Festa De Despedida" é construída em cima de diálogos afinadíssimos, com o equilíbrio certo entre o humor e a ironia de forma muito inteligente - muito próximo do que viemos a conhecer anos depois em "O Método Kominsky", por exemplo.
"A Festa De Despedida" (ou "Mita Tova", no original) vem de uma escola cinematográfica completamente independente e criativa, justamente por isso traz um certo frescor para a narrativa. O idioma que foi ficando menos desconfortável com a chegada de várias séries de sucesso que Israel produziu, agora é uma mera característica que pode definir a obra como "apenas" diferente. Saiba que você vai se conectar rapidamente com a história, vai rir e se emocionar, mas, principalmente, vai refletir sobre os argumentos prós e contra a eutanásia. Se o filme fala lindamente sobre "escolhas", provavelmente você vai se identificar com alguma passagem e isso vai te tocar profundamente.
Vale muito a pena!
Embora "A Festa De Despedida" discuta assuntos bastante delicados como a eutanásia, a velhice e a demênciasenil, saíba que essa produção israelense é um filme muito gostoso de assistir pela delicadeza e sensibilidade como os diretores Tal Granit e Sharon Maymon tratam de cada um dos assuntos. Grande vencedor do "Venice Film Festival" de 2014, o filme é uma montanha-russa de emoções, divertido, emocionante, inteligente e muito humano!
Em um asilo de Jerusalém, existe um grupo de amigos que está cansado de ver o sofrimento alheio e resolve criar uma máquina de morte instantânea. Essa idéia, criticada por muitos, acaba se tornando um sucesso quando outras pessoas em situações delicadas procuram o grupo de amigos para usarem a máquina. Ao mesmo tempo, todos os personagens se encontram em um grande vendaval emocional, seja por questões ligadas ao coração, seja por escolhas difíceis que precisarão ser tomadas. Confira o trailer:
A grande verdade é que tudo é bom em "A Festa De Despedida", da direção ao roteiro, da fotografia ao elenco; tudo funciona tão perfeitamente que ficamos nos perguntando a razão pela qual não assistimos esse filme antes - claro que em 2014 quando o filme foi lançado, nossa relação com os serviços de streaming era completamente diferente e talvez essa seja uma das grandes maravilhas de ter tantas opções no mercado, já que "pérolas" que antes transitavam apenas no circuito independente e em festivais pelo mundo, agora estão prontos para nos surpreender com o simples toque no play.
Embora o filme seja tecnicamente perfeito, o foco está nos personagens e na incrível relação estabelecida entre eles. O trabalho de Tal Granit e Sharon Maymon, que também assinam o roteiro, é econômico do ponto de vista estético - o que acaba trazendo uma elegância acima da média para o filme. Veja, exceção feita a uma inusitada, divertida e simpática sequência musical no meio do filme, "A Festa De Despedida" é construída em cima de diálogos afinadíssimos, com o equilíbrio certo entre o humor e a ironia de forma muito inteligente - muito próximo do que viemos a conhecer anos depois em "O Método Kominsky", por exemplo.
"A Festa De Despedida" (ou "Mita Tova", no original) vem de uma escola cinematográfica completamente independente e criativa, justamente por isso traz um certo frescor para a narrativa. O idioma que foi ficando menos desconfortável com a chegada de várias séries de sucesso que Israel produziu, agora é uma mera característica que pode definir a obra como "apenas" diferente. Saiba que você vai se conectar rapidamente com a história, vai rir e se emocionar, mas, principalmente, vai refletir sobre os argumentos prós e contra a eutanásia. Se o filme fala lindamente sobre "escolhas", provavelmente você vai se identificar com alguma passagem e isso vai te tocar profundamente.
Vale muito a pena!
Muito antes de "História de um Casamento", Noah Baumbach já nos presenteava com uma incisiva e honesta exploração das complexidades das relações familiares e os efeitos duradouros do divórcio, mas de uma forma diferente. "A Lula e a Baleia" tem um roteiro afiado e atuações excepcionalmente sinceras, tudo para retratar, com uma visão nua e crua, as dinâmicas disfuncionais de uma família intelectual do Brooklyn nos anos 80. Baseado em parte nas próprias experiências de Baumbach, "The Squid and the Whale" (no original) é de fato um estudo de caráter que ressoa com autenticidade e empatia de uma forma impressionante - razão pela qual recebeu uma indicação ao Oscar de "Melhor Roteiro Original" em 2006, além inúmeras outras no Critics Choice, no Golden Globe, no Spirit Awards e até em Sundance (inclusive levando os prêmios de "Melhor Diretor" e "Melhor Roteiro").
A trama segue os Berkman, uma família que se desintegra quando os pais, Bernard (Jeff Daniels) e Joan (Laura Linney), decidem se divorciar. Bernard é um escritor arrogante e pretensioso que enfrenta dificuldades em sua carreira, enquanto Joan está emergindo como uma escritora de sucesso. Seus filhos, Walt (Jesse Eisenberg) e Frank (Owen Kline), são pegos no meio do conflito, cada um lidando com a separação de maneiras distintas e muitas vezes dolorosas. Confira o trailer (em inglês):
Realmente a direção de Baumbach é precisa e cirurgicamente intimista - ele utiliza uma abordagem visual despojada que acaba colocando o foco nas performances e nos diálogos. Obviamente que ele sabe que seu roteiro é uma das maiores forças do filme, com um texto afiado e uma estrutura que permite a exploração profunda dos personagens. Baumbach não tem medo de expor as falhas e hipocrisias de seus protagonistas, criando uma narrativa que é ao mesmo tempo dolorosa e catártica. É muito interessante como "A Lula e a Baleia" é capaz de abordar temas como ego, insegurança, e a busca por identidade de uma maneira que ao mesmo tempo soa pessoal e universal.
A Fotografia de Robert Yeoman (indicado ao Oscar pelo seu belíssimo trabalho em "O Grande Hotel Budapeste") trabalha a suavidade das cores e traz uma iluminação mais naturalista para potencializar a sensação de realismo e de proximidade com a audiência - é como se não existisse a barreira entre a ficção e a realidade pela perspectiva mais íntima das situações. A escolha de filmar em locações reais no Brooklyn adiciona uma camada de autenticidade que enriquece a narrativa e impacta diretamente no trabalho do elenco. Jeff Daniels entrega uma performance memorável como Bernard, capturando perfeitamente a arrogância intelectual e a vulnerabilidade subjacente de um homem incapaz de lidar com o fracasso. Laura Linney, como Joan, oferece uma atuação poderosa e cheia de camadas, equilibrando a determinação profissional com a complexidade emocional de uma mulher em transição. Agora, o que dizer da química entre Daniels e Linney? Palpável ao extremo, o que torna suas interações simultaneamente cômicas e trágicas como poucas vezes encontramos na tela.
"A Lula e a Baleia" é um filme que se destaca por sua honestidade brutal e por sua habilidade em capturar em detalhes as especificidades das relações em um momento tão sensível - a confusão e a dor de um jovem tentando encontrar seu próprio caminho em meio ao caos familiar, por exemplo, é genal. Aliás, ponto para Jesse Eisenberg em um de seus primeiros papéis de destaque. Claro que a abordagem de Baumbach ao tema do divórcio é notável por sua sinceridade e falta de sentimentalismo, mas o seu valor mesmo está em como ele oferece uma visão clara e não idealizada das consequências emocionais para todos os envolvidos. Então sim, "A Lula e a Baleia" é um filme que desafia a audiência a confrontar as imperfeições da vida familiar e a reconhecer a resiliência necessária para seguir em frente, então se você gosta de narrativas introspectivas e emocionalmente ressonantes, eu diria que esse filme é para você e vai valer muito o seu play!
Muito antes de "História de um Casamento", Noah Baumbach já nos presenteava com uma incisiva e honesta exploração das complexidades das relações familiares e os efeitos duradouros do divórcio, mas de uma forma diferente. "A Lula e a Baleia" tem um roteiro afiado e atuações excepcionalmente sinceras, tudo para retratar, com uma visão nua e crua, as dinâmicas disfuncionais de uma família intelectual do Brooklyn nos anos 80. Baseado em parte nas próprias experiências de Baumbach, "The Squid and the Whale" (no original) é de fato um estudo de caráter que ressoa com autenticidade e empatia de uma forma impressionante - razão pela qual recebeu uma indicação ao Oscar de "Melhor Roteiro Original" em 2006, além inúmeras outras no Critics Choice, no Golden Globe, no Spirit Awards e até em Sundance (inclusive levando os prêmios de "Melhor Diretor" e "Melhor Roteiro").
A trama segue os Berkman, uma família que se desintegra quando os pais, Bernard (Jeff Daniels) e Joan (Laura Linney), decidem se divorciar. Bernard é um escritor arrogante e pretensioso que enfrenta dificuldades em sua carreira, enquanto Joan está emergindo como uma escritora de sucesso. Seus filhos, Walt (Jesse Eisenberg) e Frank (Owen Kline), são pegos no meio do conflito, cada um lidando com a separação de maneiras distintas e muitas vezes dolorosas. Confira o trailer (em inglês):
Realmente a direção de Baumbach é precisa e cirurgicamente intimista - ele utiliza uma abordagem visual despojada que acaba colocando o foco nas performances e nos diálogos. Obviamente que ele sabe que seu roteiro é uma das maiores forças do filme, com um texto afiado e uma estrutura que permite a exploração profunda dos personagens. Baumbach não tem medo de expor as falhas e hipocrisias de seus protagonistas, criando uma narrativa que é ao mesmo tempo dolorosa e catártica. É muito interessante como "A Lula e a Baleia" é capaz de abordar temas como ego, insegurança, e a busca por identidade de uma maneira que ao mesmo tempo soa pessoal e universal.
A Fotografia de Robert Yeoman (indicado ao Oscar pelo seu belíssimo trabalho em "O Grande Hotel Budapeste") trabalha a suavidade das cores e traz uma iluminação mais naturalista para potencializar a sensação de realismo e de proximidade com a audiência - é como se não existisse a barreira entre a ficção e a realidade pela perspectiva mais íntima das situações. A escolha de filmar em locações reais no Brooklyn adiciona uma camada de autenticidade que enriquece a narrativa e impacta diretamente no trabalho do elenco. Jeff Daniels entrega uma performance memorável como Bernard, capturando perfeitamente a arrogância intelectual e a vulnerabilidade subjacente de um homem incapaz de lidar com o fracasso. Laura Linney, como Joan, oferece uma atuação poderosa e cheia de camadas, equilibrando a determinação profissional com a complexidade emocional de uma mulher em transição. Agora, o que dizer da química entre Daniels e Linney? Palpável ao extremo, o que torna suas interações simultaneamente cômicas e trágicas como poucas vezes encontramos na tela.
"A Lula e a Baleia" é um filme que se destaca por sua honestidade brutal e por sua habilidade em capturar em detalhes as especificidades das relações em um momento tão sensível - a confusão e a dor de um jovem tentando encontrar seu próprio caminho em meio ao caos familiar, por exemplo, é genal. Aliás, ponto para Jesse Eisenberg em um de seus primeiros papéis de destaque. Claro que a abordagem de Baumbach ao tema do divórcio é notável por sua sinceridade e falta de sentimentalismo, mas o seu valor mesmo está em como ele oferece uma visão clara e não idealizada das consequências emocionais para todos os envolvidos. Então sim, "A Lula e a Baleia" é um filme que desafia a audiência a confrontar as imperfeições da vida familiar e a reconhecer a resiliência necessária para seguir em frente, então se você gosta de narrativas introspectivas e emocionalmente ressonantes, eu diria que esse filme é para você e vai valer muito o seu play!
Divertido e envolvente! "A Mais Pura Verdade" é uma minissérie rápida - daquelas perfeitas para maratonar de uma vez! Lançada em 2021 pela Netflix, "A Mais Pura Verdade" foi criada por Eric Newman (a mente criativa de "Narcos" e "Griselda") e traz para tela muito suspense, drama e um toque de ironia, ao explorar os limites da fama, as complexidades do sucesso e as consequências de algumas decisões desesperadas. Estrelada por Kevin Hart, em um de seus papéis mais interessantes até hoje, a minissérie se apoia no caos que se torna a vida de um astro da comédia depois que ele comete um crime e tenta sair ileso. Olha, bem na linha de um bom thriller psicológico, é inegável como a trama, mesmo soando previsível desde o início, ainda assim nos mantém conectados com o drama do protagonista. Para aqueles que gostam de explorar a escuridão por trás das luzes brilhantes da fama, "True Story" (no original) oferece, de fato, uma experiência cativante e intensa durante os sete episódios.
A história gira em torno de Kid (Kevin Hart), um comediante de stand-up que alcançou enorme sucesso e fama. Durante uma parada em sua cidade natal, Filadélfia, em uma turnê, a vida de Kid rapidamente desmorona quando ele se vê envolvido em um evento trágico. O que começa como uma noite de festa. termina com um incidente fatal, e Kid, junto com seu problemático irmão mais velho, Carlton (Wesley Snipes), é forçado a lidar com as consequências de suas ações. À medida que a trama avança, segredos são revelados e a audiência é levada a questionar quem Kid realmente é e até onde ele irá para proteger sua carreira. Confira o trailer:
É indiscutível a habilidade de Eric Newman em criar narrativas tensas e envolventes - e mais uma vez, ele acerta na mosca! "A Mais Pura Verdade" é estruturada em um formato dos mais interessantes, onde em cada episódio, encontramos uma verdadeira mistura de gêneros que vai desde o suspense psicológico até o drama de personagem, sempre pontuado por um suspiro de humor negro e por alguma reviravolta que nos tira da zona de conforto. Sim, esse é aquele tipo de entretenimento onde a sensação de "vai dar ruim" nos acompanha por toda a jornada. A direção da minissérie, dividida entre Stephen Williams (de "Watchmen") e Hanelle M. Culpepper (de "Westworld") é extremamente eficaz em criar essa atmosfera claustrofóbica que reflete a crescente paranoia e o desespero de Kid perante um problema que só vai se complicando. A fotografia, repare, é sombria e estilizada - com uma iluminação contrastante que captura o estado mental tumultuado do protagonista e as incertezas de suas escolhas. Outro ponto interessante é como os ambientes urbanos da Filadélfia são filmados de maneira a refletir tanto a grandiosidade quanto a decadência, sublinhando o contraste entre o brilho superficial da fama e a escuridão que se esconde por trás dela. Genial!
Kevin Hart entrega uma performance surpreendentemente dramática como Kid, mostrando uma faceta mais séria e emocionalmente complexa de suas habilidades como ator. Hart, geralmente conhecido por seu trabalho em comédias, consegue transmitir a angústia e o conflito interno de um homem que enfrenta consequências devastadoras de seus próprios erros. Sua performance é crível e ressonante, tornando Kid um personagem cheio de camadas, humano - facilitando a identificação apesar de suas falhas. Wesley Snipes, como Carlton, também oferece uma performance igualmente forte. Snipes traz uma presença cheia de marcas, eu diria intensa para o papel, interpretando um homem conturbado, invejoso, fracassado, mas que mesmo assim encontra as suas próprias razões para proteger seu irmão. A química entre Hart e Snipes é ótima - uma dinâmica de amor fraternal e desconfiança mútua que só fortalece o núcleo mais emocional da minissérie.
Obviamente que "A Mais Pura Verdade" não está isenta de críticas - em sua tentativa de manter um ritmo acelerado e um alto nível de suspense, Newman parece escolher sacrificar o desenvolvimento mais profundo de alguns personagens secundários para se apoiar nas várias reviravoltas que acompanham os protagonistas e que acabam nos mantendo ligados. Isso não diminui o impacto da história, mas deixa "A Mais Pura Verdade" na prateleira do bom entretenimento, mesmo tendo potencial para ser ainda mais provocadora. Ok, faz parte do jogo e mesmo com uma exploração corajosa dos lados obscuros da fama e das escolhas que as pessoas fazem sob pressão, a minissérie não deixa de questionar o que realmente significa ter sucesso e como as consequências morais de algumas decisões se tornam até irrelevantes quando estamos sob os holofotes. Para pensar!
Vale seu play!
Divertido e envolvente! "A Mais Pura Verdade" é uma minissérie rápida - daquelas perfeitas para maratonar de uma vez! Lançada em 2021 pela Netflix, "A Mais Pura Verdade" foi criada por Eric Newman (a mente criativa de "Narcos" e "Griselda") e traz para tela muito suspense, drama e um toque de ironia, ao explorar os limites da fama, as complexidades do sucesso e as consequências de algumas decisões desesperadas. Estrelada por Kevin Hart, em um de seus papéis mais interessantes até hoje, a minissérie se apoia no caos que se torna a vida de um astro da comédia depois que ele comete um crime e tenta sair ileso. Olha, bem na linha de um bom thriller psicológico, é inegável como a trama, mesmo soando previsível desde o início, ainda assim nos mantém conectados com o drama do protagonista. Para aqueles que gostam de explorar a escuridão por trás das luzes brilhantes da fama, "True Story" (no original) oferece, de fato, uma experiência cativante e intensa durante os sete episódios.
A história gira em torno de Kid (Kevin Hart), um comediante de stand-up que alcançou enorme sucesso e fama. Durante uma parada em sua cidade natal, Filadélfia, em uma turnê, a vida de Kid rapidamente desmorona quando ele se vê envolvido em um evento trágico. O que começa como uma noite de festa. termina com um incidente fatal, e Kid, junto com seu problemático irmão mais velho, Carlton (Wesley Snipes), é forçado a lidar com as consequências de suas ações. À medida que a trama avança, segredos são revelados e a audiência é levada a questionar quem Kid realmente é e até onde ele irá para proteger sua carreira. Confira o trailer:
É indiscutível a habilidade de Eric Newman em criar narrativas tensas e envolventes - e mais uma vez, ele acerta na mosca! "A Mais Pura Verdade" é estruturada em um formato dos mais interessantes, onde em cada episódio, encontramos uma verdadeira mistura de gêneros que vai desde o suspense psicológico até o drama de personagem, sempre pontuado por um suspiro de humor negro e por alguma reviravolta que nos tira da zona de conforto. Sim, esse é aquele tipo de entretenimento onde a sensação de "vai dar ruim" nos acompanha por toda a jornada. A direção da minissérie, dividida entre Stephen Williams (de "Watchmen") e Hanelle M. Culpepper (de "Westworld") é extremamente eficaz em criar essa atmosfera claustrofóbica que reflete a crescente paranoia e o desespero de Kid perante um problema que só vai se complicando. A fotografia, repare, é sombria e estilizada - com uma iluminação contrastante que captura o estado mental tumultuado do protagonista e as incertezas de suas escolhas. Outro ponto interessante é como os ambientes urbanos da Filadélfia são filmados de maneira a refletir tanto a grandiosidade quanto a decadência, sublinhando o contraste entre o brilho superficial da fama e a escuridão que se esconde por trás dela. Genial!
Kevin Hart entrega uma performance surpreendentemente dramática como Kid, mostrando uma faceta mais séria e emocionalmente complexa de suas habilidades como ator. Hart, geralmente conhecido por seu trabalho em comédias, consegue transmitir a angústia e o conflito interno de um homem que enfrenta consequências devastadoras de seus próprios erros. Sua performance é crível e ressonante, tornando Kid um personagem cheio de camadas, humano - facilitando a identificação apesar de suas falhas. Wesley Snipes, como Carlton, também oferece uma performance igualmente forte. Snipes traz uma presença cheia de marcas, eu diria intensa para o papel, interpretando um homem conturbado, invejoso, fracassado, mas que mesmo assim encontra as suas próprias razões para proteger seu irmão. A química entre Hart e Snipes é ótima - uma dinâmica de amor fraternal e desconfiança mútua que só fortalece o núcleo mais emocional da minissérie.
Obviamente que "A Mais Pura Verdade" não está isenta de críticas - em sua tentativa de manter um ritmo acelerado e um alto nível de suspense, Newman parece escolher sacrificar o desenvolvimento mais profundo de alguns personagens secundários para se apoiar nas várias reviravoltas que acompanham os protagonistas e que acabam nos mantendo ligados. Isso não diminui o impacto da história, mas deixa "A Mais Pura Verdade" na prateleira do bom entretenimento, mesmo tendo potencial para ser ainda mais provocadora. Ok, faz parte do jogo e mesmo com uma exploração corajosa dos lados obscuros da fama e das escolhas que as pessoas fazem sob pressão, a minissérie não deixa de questionar o que realmente significa ter sucesso e como as consequências morais de algumas decisões se tornam até irrelevantes quando estamos sob os holofotes. Para pensar!
Vale seu play!
Esse filme poderia, tranquilamente, ser um excelente episódio de "Modern Love". Sim, "A Maratona de Brittany" é apaixonante pela atmosfera, por sua personagem, pelas discussões que o roteiro levanta e, principalmente, pela forma sensível com que o diretor estreante Paul Downs Colaizzo brinca (no melhor dos sentidos) com nossas emoções. Mesmo que inicialmente o filme pareça mais uma daquelas comédias românticas onde a jornada de autodescoberta e superação dita a narrativa, o que encontramos mesmo é uma história sensível e profunda na sua proposta de retratar uma realidade de fácil identificação que a eleva para um outro patamar, ressignificando o que seria perigosamente definido como piegas em algo realmente cativante, inspirador e olha, até emocionante.
Aqui acompanhamos a história de Brittany Forgler (Jillian Bell), uma mulher de 27 anos, sem grana e bem acima do peso, que, após uma chamada de seu médico, decide mudar radicalmente sua vida. Ela começa uma verdadeira cruzada para melhorar seu corpo e seus hábitos, treinando para a Maratona de Nova York, que a levará a desafiar não apenas suas limitações físicas, mas também suas inseguranças e problemas de autoestima. Com o apoio de sua vizinha Catherine (Michaela Watkins) e do amigo gay Seth (Micah Stock), Brittany embarca em uma jornada de autodescoberta que a levará a lugares totalmente inesperados. Confira o trailer (em inglês):
Colaizzo acompanhou os desafios de sua amiga na vida real, Brittany O’Neill, para melhorar sua saúde e assim conseguir alcançar seu objetivo de terminar os 42 km da maratona de Nova York. Foi inspirado por ela, que ele convenceu a atriz Jillian Bell para protagonizar o filme que conta justamente essa história - uma história que poderia ser minha, sua ou de algum conhecido e é isso que nos prende nessa produção original da Amazon que chegou a ser indicado como "Melhor Filme" no Festival Internacional de Cinema de São Paulo e em Sundance em 2019 - aliás, pelo voto do público, o filme levou o prêmio nesse festival.
A escolha do elenco é realmente impecável. Jillian Bell entrega uma performance cativante e genuína - digna de uma indicação ao Oscar. Repare como ela se analisa, sem muitas falas, mais no olhar, na respiração, no silêncio. Ela, de fato, consegue nos levar em uma montanha-russa de sentimentos, fazendo com que a identificação se torne um gatilho poderoso que nos envolve em suas lutas, dores, fracassos e triunfos. "A Maratona de Brittany" também se destaca por uma trilha sonora (mais uma vez referenciada pelas comédias de relação mais moderninhas) que acentua nossas emoções se alinhando ao enredo de forma magistral. A fotografia do Seamus Tierney (de "Emily em Paris") retrata a solidão que contrasta com a agitação da cidade de Nova York, criando assim um ambiente que reflete exatamente as transformações de Brittany de uma maneira tão bela quanto simbólica.
É notável como "Brittany Runs a Marathon" (no original) usa de uma linguagem simples e acessível para abordar questões de autenticidade e autoaceitação. A narrativa não apenas toca no tema da perda de peso sem cair na armadilha da "gordofobia", como também examina a necessidade de se encontrar o amor próprio, independente das expectativas da sociedade - a relação com a "amiga" Gretchen (Alice Lee), mesmo que em algumas passagens soe estereotipada, não perdoa na honestidade de um texto nada maniqueísta. Então, se essa pode ou não ser uma mensagem inspiradora que equilibra elementos como disciplina, humildade e determinação, só o tempo dirá, mas tenha certeza que, no mínimo, você está diante de um ótimo entretenimento!
Vale seu play!
Esse filme poderia, tranquilamente, ser um excelente episódio de "Modern Love". Sim, "A Maratona de Brittany" é apaixonante pela atmosfera, por sua personagem, pelas discussões que o roteiro levanta e, principalmente, pela forma sensível com que o diretor estreante Paul Downs Colaizzo brinca (no melhor dos sentidos) com nossas emoções. Mesmo que inicialmente o filme pareça mais uma daquelas comédias românticas onde a jornada de autodescoberta e superação dita a narrativa, o que encontramos mesmo é uma história sensível e profunda na sua proposta de retratar uma realidade de fácil identificação que a eleva para um outro patamar, ressignificando o que seria perigosamente definido como piegas em algo realmente cativante, inspirador e olha, até emocionante.
Aqui acompanhamos a história de Brittany Forgler (Jillian Bell), uma mulher de 27 anos, sem grana e bem acima do peso, que, após uma chamada de seu médico, decide mudar radicalmente sua vida. Ela começa uma verdadeira cruzada para melhorar seu corpo e seus hábitos, treinando para a Maratona de Nova York, que a levará a desafiar não apenas suas limitações físicas, mas também suas inseguranças e problemas de autoestima. Com o apoio de sua vizinha Catherine (Michaela Watkins) e do amigo gay Seth (Micah Stock), Brittany embarca em uma jornada de autodescoberta que a levará a lugares totalmente inesperados. Confira o trailer (em inglês):
Colaizzo acompanhou os desafios de sua amiga na vida real, Brittany O’Neill, para melhorar sua saúde e assim conseguir alcançar seu objetivo de terminar os 42 km da maratona de Nova York. Foi inspirado por ela, que ele convenceu a atriz Jillian Bell para protagonizar o filme que conta justamente essa história - uma história que poderia ser minha, sua ou de algum conhecido e é isso que nos prende nessa produção original da Amazon que chegou a ser indicado como "Melhor Filme" no Festival Internacional de Cinema de São Paulo e em Sundance em 2019 - aliás, pelo voto do público, o filme levou o prêmio nesse festival.
A escolha do elenco é realmente impecável. Jillian Bell entrega uma performance cativante e genuína - digna de uma indicação ao Oscar. Repare como ela se analisa, sem muitas falas, mais no olhar, na respiração, no silêncio. Ela, de fato, consegue nos levar em uma montanha-russa de sentimentos, fazendo com que a identificação se torne um gatilho poderoso que nos envolve em suas lutas, dores, fracassos e triunfos. "A Maratona de Brittany" também se destaca por uma trilha sonora (mais uma vez referenciada pelas comédias de relação mais moderninhas) que acentua nossas emoções se alinhando ao enredo de forma magistral. A fotografia do Seamus Tierney (de "Emily em Paris") retrata a solidão que contrasta com a agitação da cidade de Nova York, criando assim um ambiente que reflete exatamente as transformações de Brittany de uma maneira tão bela quanto simbólica.
É notável como "Brittany Runs a Marathon" (no original) usa de uma linguagem simples e acessível para abordar questões de autenticidade e autoaceitação. A narrativa não apenas toca no tema da perda de peso sem cair na armadilha da "gordofobia", como também examina a necessidade de se encontrar o amor próprio, independente das expectativas da sociedade - a relação com a "amiga" Gretchen (Alice Lee), mesmo que em algumas passagens soe estereotipada, não perdoa na honestidade de um texto nada maniqueísta. Então, se essa pode ou não ser uma mensagem inspiradora que equilibra elementos como disciplina, humildade e determinação, só o tempo dirá, mas tenha certeza que, no mínimo, você está diante de um ótimo entretenimento!
Vale seu play!
Esse é mais um filme com uma história improvável, e por isso bastante inspiradora, que de fato merecia ser contada! Mas isso faz de "A Milhões de Quilômetros" inesquecível? Não, longe disso - no entanto, você pode ter a mais absoluta certeza que mesmo com um roteiro repleto de estereótipos, como entretenimento, ele é mais que ótimo! Veja, é como se misturássemos o ótimo e profundo drama francês "A Jornada" com o divertido e descomplicado "Flamin' Hot"! Baseado no livro "El Nino Que Alcanzo Las Estrellas", a diretora Alejandra Márquez Abella (do premiado "Os Céus do Norte sobre o Vazio") entrega uma biografia que derrapa pelo enorme recorte escolhido para contar uma história sobre a busca incansável pelo sonho americano, mas que por outro lado nos prende pela enorme conexão que desenvolvemos com o protagonista, o astronauta mexicano-americano, José Hernández.
Inspirado na história real de Hernández (Michael Peña), "A Million Miles Away" (no original) acompanha toda a jornada do jovem, e sua família, de uma vila rural em Michoacán, no México, para mais de 300 quilômetros acima da Terra na Estação Espacial Internacional. Com o apoio incondicional de sua esposa, muito foco e uma determinação fora do comum, o filme pontua passagens marcantes que levaram esse engenheiro brilhante ter a oportunidade de alcançar seu objetivo que, para muitos, parecia impossível. Confira o trailer:
Nascido em 13 de agosto de 1962, Hernández cresceu em uma família de trabalhadores rurais que se mudaram para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor - o valor e a dificuldade que representam essa jornada rumo ao espaço é rapidamente contextualizada em uma ou duas cenas do prólogo, o suficiente para entendermos que estamos diante de uma receita que normalmente agrada a audiência: um protagonista humilde e perseverante que passa por todas as dificuldades e alcança o seu objetivo. A grande questão é que Abella escolhe um tom mais leve para contar uma história até certo ponto batida, só que em nenhum momento ela se apega ao drama profundo e introspectivo, nem quando a própria a situação pede, e isso é um golaço. Ela sabe que naturalmente o personagem vai nos conquistar e que em algum momento vamos passar a torcer por ele, sofrer com suas derrotas e nos emocionar com suas conquistas. De fato isso acontece - talvez tirando o sofrimento, esse nunca é tão impactante pela pressa de colocar tudo na tela em apenas 120 minutos. É como se faltasse profundidade, mas embarcando na proposta da diretora, isso não faz a menor falta.
O ponto alto do filme, sem dúvida, está na química entre Michael Peña e Rosa Salazar, que interpreta a esposa do astronauta, Adela. Eles se comunicam pelo olhar, mesmo sem a necessidade daqueles gatilhos emocionais que um filme desse gênero gosta de usar (e abusar) - não que não tenha, mas aqui a performance dos atores vai além, nos conquista sem muito esforço. É quase como e assistíssemos o filme com aquele leve sorriso querendo escapar. E por isso faço um elogio: Peña é absoluto, um ator que já demonstrou seu talento inúmeras vezes, capaz de usar de uma delicadeza e sensibilidade, sem falar no seu carisma que é mesmo impressionante. Apesar da estrutura narrativa atrapalhar essa construção de grandes emoções, Peña sabe por quais caminhos seguir sem soar piegas - o próprio Jesse Garcia fez muito bem isso em "Flamin' Hot".
Hernández enfrentou inúmeras dificuldades em sua juventude, incluindo barreiras linguísticas e financeiras. No entanto, sua paixão pela ciência e pela exploração espacial o impulsionou a superar esses obstáculos. Ele obteve um diploma em engenharia elétrica e posteriormente um mestrado em engenharia de computação, demonstrando seu compromisso com a educação e aprimoramento pessoal. Aprendeu a pilotar aviões, com mais de 800 horas de voo; mergulhar mesmo com certa fobia e até a falar russo para ser aprovado pela Nasa depois de 12 tentativas. Sim, José Hernández deve ser considerado um verdadeiro exemplo e sua história de sucesso, uma fonte de inspiração para todos - esse é o propósito de "A Milhões de Quilômetros" e ele cumpre muito bem esse papel.
Ficou curioso? Então pode dar o play que você não vai se arrepender, mas traz a pipoca, ok?
Esse é mais um filme com uma história improvável, e por isso bastante inspiradora, que de fato merecia ser contada! Mas isso faz de "A Milhões de Quilômetros" inesquecível? Não, longe disso - no entanto, você pode ter a mais absoluta certeza que mesmo com um roteiro repleto de estereótipos, como entretenimento, ele é mais que ótimo! Veja, é como se misturássemos o ótimo e profundo drama francês "A Jornada" com o divertido e descomplicado "Flamin' Hot"! Baseado no livro "El Nino Que Alcanzo Las Estrellas", a diretora Alejandra Márquez Abella (do premiado "Os Céus do Norte sobre o Vazio") entrega uma biografia que derrapa pelo enorme recorte escolhido para contar uma história sobre a busca incansável pelo sonho americano, mas que por outro lado nos prende pela enorme conexão que desenvolvemos com o protagonista, o astronauta mexicano-americano, José Hernández.
Inspirado na história real de Hernández (Michael Peña), "A Million Miles Away" (no original) acompanha toda a jornada do jovem, e sua família, de uma vila rural em Michoacán, no México, para mais de 300 quilômetros acima da Terra na Estação Espacial Internacional. Com o apoio incondicional de sua esposa, muito foco e uma determinação fora do comum, o filme pontua passagens marcantes que levaram esse engenheiro brilhante ter a oportunidade de alcançar seu objetivo que, para muitos, parecia impossível. Confira o trailer:
Nascido em 13 de agosto de 1962, Hernández cresceu em uma família de trabalhadores rurais que se mudaram para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor - o valor e a dificuldade que representam essa jornada rumo ao espaço é rapidamente contextualizada em uma ou duas cenas do prólogo, o suficiente para entendermos que estamos diante de uma receita que normalmente agrada a audiência: um protagonista humilde e perseverante que passa por todas as dificuldades e alcança o seu objetivo. A grande questão é que Abella escolhe um tom mais leve para contar uma história até certo ponto batida, só que em nenhum momento ela se apega ao drama profundo e introspectivo, nem quando a própria a situação pede, e isso é um golaço. Ela sabe que naturalmente o personagem vai nos conquistar e que em algum momento vamos passar a torcer por ele, sofrer com suas derrotas e nos emocionar com suas conquistas. De fato isso acontece - talvez tirando o sofrimento, esse nunca é tão impactante pela pressa de colocar tudo na tela em apenas 120 minutos. É como se faltasse profundidade, mas embarcando na proposta da diretora, isso não faz a menor falta.
O ponto alto do filme, sem dúvida, está na química entre Michael Peña e Rosa Salazar, que interpreta a esposa do astronauta, Adela. Eles se comunicam pelo olhar, mesmo sem a necessidade daqueles gatilhos emocionais que um filme desse gênero gosta de usar (e abusar) - não que não tenha, mas aqui a performance dos atores vai além, nos conquista sem muito esforço. É quase como e assistíssemos o filme com aquele leve sorriso querendo escapar. E por isso faço um elogio: Peña é absoluto, um ator que já demonstrou seu talento inúmeras vezes, capaz de usar de uma delicadeza e sensibilidade, sem falar no seu carisma que é mesmo impressionante. Apesar da estrutura narrativa atrapalhar essa construção de grandes emoções, Peña sabe por quais caminhos seguir sem soar piegas - o próprio Jesse Garcia fez muito bem isso em "Flamin' Hot".
Hernández enfrentou inúmeras dificuldades em sua juventude, incluindo barreiras linguísticas e financeiras. No entanto, sua paixão pela ciência e pela exploração espacial o impulsionou a superar esses obstáculos. Ele obteve um diploma em engenharia elétrica e posteriormente um mestrado em engenharia de computação, demonstrando seu compromisso com a educação e aprimoramento pessoal. Aprendeu a pilotar aviões, com mais de 800 horas de voo; mergulhar mesmo com certa fobia e até a falar russo para ser aprovado pela Nasa depois de 12 tentativas. Sim, José Hernández deve ser considerado um verdadeiro exemplo e sua história de sucesso, uma fonte de inspiração para todos - esse é o propósito de "A Milhões de Quilômetros" e ele cumpre muito bem esse papel.
Ficou curioso? Então pode dar o play que você não vai se arrepender, mas traz a pipoca, ok?
"A Nova Vida de Toby" é uma pérola escondida no Star+! Eu diria que a série é uma espécie de "Sex and City" dos divorciados (com mais de 40 anos, claro). Sim, eu sei que pode parecer cômico, talvez irônico (e muitas vezes é assim mesmo que o roteiro encara algumas situações pela qual o protagonista precisa passar), porém é no tom de crônica da narração em off, vejam só, feito por uma mulher, que a história ganha um ar todo especial. Essa incrível adaptação da obra de Taffy Brodesser-Akner retrata, basicamente, o que acontece com um homem recém-divorciado em uma Nova York, dos apps de relacionamento, que "nunca dorme". Em uma mistura muito bem equilibrada (e inteligente) de drama e comédia, facilmente embarcamos na jornada de autodescoberta e de transformação de Toby, nos provocando muitas reflexões sobre os nossos próprios relacionamentos, mas, principalmente, sobre todas aquelas convenções que vão se ruindo com o dia a dia de um casamento. Olha, muito bacana mesmo!
Toby (Jesse Eisenberg) é um médico de quarenta anos em crise que precisa lidar com o divórcio mal resolvido. Em meio ao novo mundo dos encontros casuais por aplicativo e um inesperado sucesso em sua nova vida de solteiro, sua ex-mulher, Rachel (Claire Danes) simplesmente desaparece, deixando-o sozinho com seus dois filhos. Agora, com esse mistério pairando sobre sua cabeça e a responsabilidade de cuidar dos filhos, Toby precisa repensar sobre seu relacionamento e descobrir o que deu errado no casamento para, assim, tentar encontrar a ex-mulher com a ajuda dos amigos Seth (Adam Brody) e Libby (a impagável, Lizzy Caplan). Confira o trailer:
Uma das principais qualidades de "A Nova Vida de Toby" é, sem dúvida, o seu roteiro muito bem escrito - o texto é muito bom, honesto, sarcástico na medida certa e, obviamente, muito realista. Veja, é a partir de uma situação cada vez mais usual como o divórcio, que a série explora alguns aspectos da condição humana muito particulares da situação - em um mesmo episódio tentamos entender a razão da revolta de Toby, da sua tristeza, da sensação de solidão, das suas insatisfações e até da sua libido e fantasias sexuais. A narrativa é construída de forma a manter o nosso interesse, se apoiando em diálogos perspicazes e em situações muito familiares - acho até que a "graça" de tudo está aí.
A direção da Shari Springer Berman e do Robert Pulcini, ambos de "WeCrashed" e "Succession", merece muitos elogios - é sensacional como eles criam uma atmosfera de angustia e liberdade, aproveitando essa dualidade de sentimentos para enriquecer nossa experiência como audiência. Os planos que mostram Nova York de ponta cabeça (afinal é assim que Toby passa a enxergar sua vida), a câmera mais agitada capturando com sensibilidade como os personagens se encontram emocionalmente e os planos completamente estáticos, travados, quando apontam para um momento de introspecção; brincam com a nossa percepção sobre toda essa fase de fragilidade do protagonista de uma maneira única!
"Fleishman is in Trouble" (no original) vai se conectar com uma audiência mais madura, só que de uma maneira diferente de "O Método Kominsky", por exemplo. Aqui os papéis de gênero estão em destaque, são discutidos com mais intensidade, impactam mais nas nossas reflexões e na maneira como olhamos o outro lado da história - no entanto, como na série da Netflix, é possível esperar ótimos momentos de entretenimento, muita emoção, boas risadas e incontáveis reflexões sobre a importância de dividir o trabalho doméstico, de entender os anseios do companheiro, das mentiras (normalmente contadas pelos amigos) sobre o casamento, dos danos causados pelo mito ultrapassado do “felizes para sempre”, sobre a melancolia da meia-idade e sobre as duras verdades sobre a maternidade que ninguém quer discutir.
Dito tudo isso, é impossível deixar de dar um play, não é mesmo?
"A Nova Vida de Toby" é uma pérola escondida no Star+! Eu diria que a série é uma espécie de "Sex and City" dos divorciados (com mais de 40 anos, claro). Sim, eu sei que pode parecer cômico, talvez irônico (e muitas vezes é assim mesmo que o roteiro encara algumas situações pela qual o protagonista precisa passar), porém é no tom de crônica da narração em off, vejam só, feito por uma mulher, que a história ganha um ar todo especial. Essa incrível adaptação da obra de Taffy Brodesser-Akner retrata, basicamente, o que acontece com um homem recém-divorciado em uma Nova York, dos apps de relacionamento, que "nunca dorme". Em uma mistura muito bem equilibrada (e inteligente) de drama e comédia, facilmente embarcamos na jornada de autodescoberta e de transformação de Toby, nos provocando muitas reflexões sobre os nossos próprios relacionamentos, mas, principalmente, sobre todas aquelas convenções que vão se ruindo com o dia a dia de um casamento. Olha, muito bacana mesmo!
Toby (Jesse Eisenberg) é um médico de quarenta anos em crise que precisa lidar com o divórcio mal resolvido. Em meio ao novo mundo dos encontros casuais por aplicativo e um inesperado sucesso em sua nova vida de solteiro, sua ex-mulher, Rachel (Claire Danes) simplesmente desaparece, deixando-o sozinho com seus dois filhos. Agora, com esse mistério pairando sobre sua cabeça e a responsabilidade de cuidar dos filhos, Toby precisa repensar sobre seu relacionamento e descobrir o que deu errado no casamento para, assim, tentar encontrar a ex-mulher com a ajuda dos amigos Seth (Adam Brody) e Libby (a impagável, Lizzy Caplan). Confira o trailer:
Uma das principais qualidades de "A Nova Vida de Toby" é, sem dúvida, o seu roteiro muito bem escrito - o texto é muito bom, honesto, sarcástico na medida certa e, obviamente, muito realista. Veja, é a partir de uma situação cada vez mais usual como o divórcio, que a série explora alguns aspectos da condição humana muito particulares da situação - em um mesmo episódio tentamos entender a razão da revolta de Toby, da sua tristeza, da sensação de solidão, das suas insatisfações e até da sua libido e fantasias sexuais. A narrativa é construída de forma a manter o nosso interesse, se apoiando em diálogos perspicazes e em situações muito familiares - acho até que a "graça" de tudo está aí.
A direção da Shari Springer Berman e do Robert Pulcini, ambos de "WeCrashed" e "Succession", merece muitos elogios - é sensacional como eles criam uma atmosfera de angustia e liberdade, aproveitando essa dualidade de sentimentos para enriquecer nossa experiência como audiência. Os planos que mostram Nova York de ponta cabeça (afinal é assim que Toby passa a enxergar sua vida), a câmera mais agitada capturando com sensibilidade como os personagens se encontram emocionalmente e os planos completamente estáticos, travados, quando apontam para um momento de introspecção; brincam com a nossa percepção sobre toda essa fase de fragilidade do protagonista de uma maneira única!
"Fleishman is in Trouble" (no original) vai se conectar com uma audiência mais madura, só que de uma maneira diferente de "O Método Kominsky", por exemplo. Aqui os papéis de gênero estão em destaque, são discutidos com mais intensidade, impactam mais nas nossas reflexões e na maneira como olhamos o outro lado da história - no entanto, como na série da Netflix, é possível esperar ótimos momentos de entretenimento, muita emoção, boas risadas e incontáveis reflexões sobre a importância de dividir o trabalho doméstico, de entender os anseios do companheiro, das mentiras (normalmente contadas pelos amigos) sobre o casamento, dos danos causados pelo mito ultrapassado do “felizes para sempre”, sobre a melancolia da meia-idade e sobre as duras verdades sobre a maternidade que ninguém quer discutir.
Dito tudo isso, é impossível deixar de dar um play, não é mesmo?
“A Pior Pessoa do Mundo” foi a representante da Noruega na categoria "Melhor Filme Internacional" no Oscar de 2022, além de surpreender com uma indicação em "Melhor Roteiro Original" - muito merecido, diga-se de passagem. O filme é uma comédia romântica com muitos elementos de drama (ou vice-versa, dependendo da sua interpretação) sobre escolhas, decisões, consequências, crise de identidade e paixões.
Na trama, Julie (Renate Reinsve) é jovem, bonita, inteligente e não sabe exatamente o que deseja em sua vida amorosa e profissional. Uma noite ela conhece Aksel (Anders Danielsen Lie), um romancista gráfico, 15 anos mais velho que ela, e eles rapidamente se apaixonam. Algum tempo depois, ela também conhece um barista de café, Eivind (Herbert Nordrum), que também está em um relacionamento. Julie tem que decidir, não apenas entre dois homens, mas também quem ela é e quem ela quer ser. Confira o trailer:
Prepare-se pois a identificação será imediata, afinal o filme explora de maneira muito inteligente um momento delicado da vida da protagonista, em que a mente inquietante da jovem começa questionar sua existência e seus caminhos. O roteiro, assinado pelo diretor Joachim Trier e pelo também cineasta Eskil Vogt (do excelente "Blind") conduz todos os desdobramentos de maneira orgânica. Você tem a exata sensação de estar acompanhando filmagens reais e não atores interpretando papéis ficcionais - é impressionante.
A direção de Trier é sofisticada - ele faz algo que não é muito comum, abordando temas complexos com uma sensibilidade admirável, além de transitar entre os gêneros sem causar estranheza. No início temos uma comédia romântica e com as reviravoltas da vida da protagonista somos inseridos em seus dramas pessoais internos e amorosos. Alinhada a esse conceito narrativo, é perceptível a qualidade da direção de fotografia de Kasper Andersen (“Loucos por Justiça”) - um desbunde à parte. E aqui preciso citar uma cena que acontece no segundo ato que intercala a crueza da realidade e a magia do cinema de uma forma sensacional! Só não vou especificar detalhadamente para não estragar a sua experiência; mas repare e lembre desse review!
“A Pior Pessoa do Mundo” (ou Verdens Verste Menneske, no original) não se resume a uma história sobre o que o título sugere, mas sim sobre as complexidades do ser humano, que envolve crise existencial e que inclui a expectativa de seu parceiro, o receio de construir uma família, filhos e todos os desafios que a vida trás com o nosso amadurecimento.
Vale muito a pena! Renate Reinsve, levou o prêmio de Melhor Atriz em Cannes pela protagonista do filme que, sem dúvida, pode ser considerado um dos melhores de 2021 e não fosse o incrível (mas polêmico) "Drive my Car", teria levado o Oscar tranquilamente!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
“A Pior Pessoa do Mundo” foi a representante da Noruega na categoria "Melhor Filme Internacional" no Oscar de 2022, além de surpreender com uma indicação em "Melhor Roteiro Original" - muito merecido, diga-se de passagem. O filme é uma comédia romântica com muitos elementos de drama (ou vice-versa, dependendo da sua interpretação) sobre escolhas, decisões, consequências, crise de identidade e paixões.
Na trama, Julie (Renate Reinsve) é jovem, bonita, inteligente e não sabe exatamente o que deseja em sua vida amorosa e profissional. Uma noite ela conhece Aksel (Anders Danielsen Lie), um romancista gráfico, 15 anos mais velho que ela, e eles rapidamente se apaixonam. Algum tempo depois, ela também conhece um barista de café, Eivind (Herbert Nordrum), que também está em um relacionamento. Julie tem que decidir, não apenas entre dois homens, mas também quem ela é e quem ela quer ser. Confira o trailer:
Prepare-se pois a identificação será imediata, afinal o filme explora de maneira muito inteligente um momento delicado da vida da protagonista, em que a mente inquietante da jovem começa questionar sua existência e seus caminhos. O roteiro, assinado pelo diretor Joachim Trier e pelo também cineasta Eskil Vogt (do excelente "Blind") conduz todos os desdobramentos de maneira orgânica. Você tem a exata sensação de estar acompanhando filmagens reais e não atores interpretando papéis ficcionais - é impressionante.
A direção de Trier é sofisticada - ele faz algo que não é muito comum, abordando temas complexos com uma sensibilidade admirável, além de transitar entre os gêneros sem causar estranheza. No início temos uma comédia romântica e com as reviravoltas da vida da protagonista somos inseridos em seus dramas pessoais internos e amorosos. Alinhada a esse conceito narrativo, é perceptível a qualidade da direção de fotografia de Kasper Andersen (“Loucos por Justiça”) - um desbunde à parte. E aqui preciso citar uma cena que acontece no segundo ato que intercala a crueza da realidade e a magia do cinema de uma forma sensacional! Só não vou especificar detalhadamente para não estragar a sua experiência; mas repare e lembre desse review!
“A Pior Pessoa do Mundo” (ou Verdens Verste Menneske, no original) não se resume a uma história sobre o que o título sugere, mas sim sobre as complexidades do ser humano, que envolve crise existencial e que inclui a expectativa de seu parceiro, o receio de construir uma família, filhos e todos os desafios que a vida trás com o nosso amadurecimento.
Vale muito a pena! Renate Reinsve, levou o prêmio de Melhor Atriz em Cannes pela protagonista do filme que, sem dúvida, pode ser considerado um dos melhores de 2021 e não fosse o incrível (mas polêmico) "Drive my Car", teria levado o Oscar tranquilamente!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
Embora pareça se tratar de mais uma comédia de relações que tem sua narrativa construída à partir de um drama potente e que, ao subverter o gênero, encontra um tom mais leve para, aí sim, seguirmos a jornada de transformação com um pouco mais graça, aqui não é muito bem o caso - pelo menos não em sua totalidade. A excelente "After Life", eu diria, pega muito mais na dor, no caso, do luto que teima em não passar, do que na piada fácil para minimizar o peso da realidade. É claro que existe uma beleza, um ar de esperança e de empatia no texto da série escrita e dirigida por Ricky Gervais, algo como "O Pior Vizinho do Mundo", mas é fato que essa jornada é muito mais daquelas que aperta o coração do que qualquer outra coisa.
"After Life" estreou em 2019 e conta com três excelente temporadas para retratar a história de Tony Johnson (Gervais), um homem que está lidando com a perda de sua esposa Lisa (Kerry Godliman) para o câncer. Tony, que costumava ser um homem otimista e amável, agora se tornou amargo, irônico, cínico; desprezando a sociedade, as pessoas que o rodeiam e que invariavelmente sempre considera o suicídio. Confira o trailer:
Uma das coisas mais notáveis sobre "After Life" é a forma como a série aborda temas sensíveis como a morte, o luto e a depressão sem tentar ser engraçada, mas sempre com uma perspectiva otimista. O roteiro é muito inteligente, seguindo a boa cartilha sarcástica do humor inglês, ao mergulhar profundamente na dor emocional do protagonista e explorar como ele lida com a vida após sua perda. Reparem como Ricky Gervais consegue equilibrar perfeitamente o tom sombrio da trama com o humor, criando momentos de riso fácil, quase constrangedor, em meio à tristeza que o cerca.
A história procura expor uma visão mais realista e sincera sobre o luto, mostrando como as pessoas passam por diferentes estágios emocionais, desde a raiva até a aceitação, e como a empatia, a solidariedade e a amizade são importantes nesse momento. Como em "O Pior Vizinho do Mundo", Tony começa a encontrar consolo e propósito em ajudar as pessoas, mesmo que de uma maneira sarcástica, no entanto sua atitude é capaz de nos provocar uma reflexão de como as conexões humanas podem, de fato, ser fundamentais para superarmos a dor.
"After Life" é o tipo da série que pode ser emocionalmente intensa e desafiadora para algumas pessoas - isso é um elogio, mas fique atento para alguns gatilhos. Existe sim o humor ácido, mesmo que misturado em um tom sombrio e isso pode não agradar a todos os gostos, especialmente aqueles que preferem narrativas menos densas, mas, no geral, é possível afirmar que série consegue equilibrar muito bem o humor e o drama de uma forma simpática. Ela apresenta uma história poderosa sobre o luto, mas essencialmente seu objetivo é nos levar por uma caminhada de redescoberta do significado da vida - sempre com muita sensibilidade e respeito.
Olha, vale muito o seu play!
Embora pareça se tratar de mais uma comédia de relações que tem sua narrativa construída à partir de um drama potente e que, ao subverter o gênero, encontra um tom mais leve para, aí sim, seguirmos a jornada de transformação com um pouco mais graça, aqui não é muito bem o caso - pelo menos não em sua totalidade. A excelente "After Life", eu diria, pega muito mais na dor, no caso, do luto que teima em não passar, do que na piada fácil para minimizar o peso da realidade. É claro que existe uma beleza, um ar de esperança e de empatia no texto da série escrita e dirigida por Ricky Gervais, algo como "O Pior Vizinho do Mundo", mas é fato que essa jornada é muito mais daquelas que aperta o coração do que qualquer outra coisa.
"After Life" estreou em 2019 e conta com três excelente temporadas para retratar a história de Tony Johnson (Gervais), um homem que está lidando com a perda de sua esposa Lisa (Kerry Godliman) para o câncer. Tony, que costumava ser um homem otimista e amável, agora se tornou amargo, irônico, cínico; desprezando a sociedade, as pessoas que o rodeiam e que invariavelmente sempre considera o suicídio. Confira o trailer:
Uma das coisas mais notáveis sobre "After Life" é a forma como a série aborda temas sensíveis como a morte, o luto e a depressão sem tentar ser engraçada, mas sempre com uma perspectiva otimista. O roteiro é muito inteligente, seguindo a boa cartilha sarcástica do humor inglês, ao mergulhar profundamente na dor emocional do protagonista e explorar como ele lida com a vida após sua perda. Reparem como Ricky Gervais consegue equilibrar perfeitamente o tom sombrio da trama com o humor, criando momentos de riso fácil, quase constrangedor, em meio à tristeza que o cerca.
A história procura expor uma visão mais realista e sincera sobre o luto, mostrando como as pessoas passam por diferentes estágios emocionais, desde a raiva até a aceitação, e como a empatia, a solidariedade e a amizade são importantes nesse momento. Como em "O Pior Vizinho do Mundo", Tony começa a encontrar consolo e propósito em ajudar as pessoas, mesmo que de uma maneira sarcástica, no entanto sua atitude é capaz de nos provocar uma reflexão de como as conexões humanas podem, de fato, ser fundamentais para superarmos a dor.
"After Life" é o tipo da série que pode ser emocionalmente intensa e desafiadora para algumas pessoas - isso é um elogio, mas fique atento para alguns gatilhos. Existe sim o humor ácido, mesmo que misturado em um tom sombrio e isso pode não agradar a todos os gostos, especialmente aqueles que preferem narrativas menos densas, mas, no geral, é possível afirmar que série consegue equilibrar muito bem o humor e o drama de uma forma simpática. Ela apresenta uma história poderosa sobre o luto, mas essencialmente seu objetivo é nos levar por uma caminhada de redescoberta do significado da vida - sempre com muita sensibilidade e respeito.
Olha, vale muito o seu play!
"Amigos para a Vida" é muito melhor do que pode parecer em um primeiro olhar, especialmente se você gostou de séries como "This is Us" ou "A Million Little Things". O filme dirigido pelo Jesse Zwick (da série "Nashville: No Ritmo da Fama") mescla com muita sabedoria um certo humor carregado de ironias com um drama cheio de camadas que vai ganhando corpo conforme a trama se desenrola, deixando uma aparente superficialidade para trás até chegar ao ponto de explorar com seriedade temas como amizade, amor, perda e a busca pela felicidade. Talvez quem tenha assistido a excelente produção francesa "Les petits mouchoirs" (que aqui no Brasil surgiu como "Até a Eternidade") ache "Amigos para a Vida" mais do mesmo, mas eu posso te garantir que além de um ótimo e leve entretenimento, esse filme vai tocar o seu coração.
A história, basicamente, gira em torno de Alex (Jason Ritter), um jovem que tenta lidar com a depressão. Quando seus amigos de faculdade descobrem sua tentativa de suicídio, decidem se reunir para um fim de semana juntos, na esperança de animá-lo. A partir desse encontro, antigos segredos são revelados, velhas feridas são reabertas e novos laços são formados. Confira o trailer (em inglês):
O tweet de Alex antes de sua tentativa de suicídio dizia: "Pergunte por mim amanhã e você encontrará um homem morto" - essa é uma frase dita por Mercutio antes de sua morte em "Romeu e Julieta" de William Shakespeare e não por acaso o ponto de partida para uma jornada de reencontro que discute a cada momento a importância de estar "hoje" ao lado de quem você realmente estima. "For Alex" (no original) se apropria de uma situação dramática para fazer um retrato honesto e comovente da vida, com seus altos e baixos, alegrias e tristezas. Quando o roteiro do próprio Zwick encontra seu verdadeiro caminho (e isso demora pelo menos um ato), percebemos que o desenvolvimento da trama vai além de uma premissa batida sobre a importância da amizade, do amor e da esperança; e a leveza como tudo isso é personificado pelo elenco cria uma fácil (e nostálgica) conexão que te fará rir, chorar e refletir sobre a vida.
O elenco, de fato, é um dos pontos fortes de "Amigos para a Vida" - basta dizer que esse foi um dos primeiros trabalhos de Jane Levy (a Zoey de "Zoey e a Sua Fantástica Playlist") e de Aubrey Plaza (a Harper Spiller de "The White Lotus"). Basicamente formado por 7 atores, o elenco mostra uma química invejável para esse tipo de texto - a forma como o roteiro vai envolvendo os personagens e seus dramas do passado, embora previsíveis, nos coloca dentro daquela dinâmica tão particular. Jason Ritter entrega uma performance interessante como Alex, transmitindo uma dor e uma fragilidade que vai além do estereótipo. Nate Parker e Max Greenfield também estão ótimos - seus personagens são multidimensionais e cheios de nuances, trazendo uma veracidade para a história que vale a pena ressaltar.
A direção de Jesse Zwick é competente, mas pouco criativa. Embora sensível e perspicaz, ele prefere se apoiar no equilíbrio entre o humor e o drama, sem cair em pieguices ou clichês, do que provocar seus atores e assim leva-los para um lugar desconhecido que traria ainda mais profundidade para as discussões - e é aqui que a fotografia do Andre Lascaris (de "Playdates") potencializa o trabalho do elenco, já que ele é capaz de capturar as nuances de cada relação sem expor seu real significado. "Amigos para a Vida" é isso, um filme que mostra como os amigos podem ser a nossa maior fonte de apoio nos momentos mais difíceis da vida, mesmo que essa relação seja carregada de marcas que precisam ser discutidas!
Vale seu play!
"Amigos para a Vida" é muito melhor do que pode parecer em um primeiro olhar, especialmente se você gostou de séries como "This is Us" ou "A Million Little Things". O filme dirigido pelo Jesse Zwick (da série "Nashville: No Ritmo da Fama") mescla com muita sabedoria um certo humor carregado de ironias com um drama cheio de camadas que vai ganhando corpo conforme a trama se desenrola, deixando uma aparente superficialidade para trás até chegar ao ponto de explorar com seriedade temas como amizade, amor, perda e a busca pela felicidade. Talvez quem tenha assistido a excelente produção francesa "Les petits mouchoirs" (que aqui no Brasil surgiu como "Até a Eternidade") ache "Amigos para a Vida" mais do mesmo, mas eu posso te garantir que além de um ótimo e leve entretenimento, esse filme vai tocar o seu coração.
A história, basicamente, gira em torno de Alex (Jason Ritter), um jovem que tenta lidar com a depressão. Quando seus amigos de faculdade descobrem sua tentativa de suicídio, decidem se reunir para um fim de semana juntos, na esperança de animá-lo. A partir desse encontro, antigos segredos são revelados, velhas feridas são reabertas e novos laços são formados. Confira o trailer (em inglês):
O tweet de Alex antes de sua tentativa de suicídio dizia: "Pergunte por mim amanhã e você encontrará um homem morto" - essa é uma frase dita por Mercutio antes de sua morte em "Romeu e Julieta" de William Shakespeare e não por acaso o ponto de partida para uma jornada de reencontro que discute a cada momento a importância de estar "hoje" ao lado de quem você realmente estima. "For Alex" (no original) se apropria de uma situação dramática para fazer um retrato honesto e comovente da vida, com seus altos e baixos, alegrias e tristezas. Quando o roteiro do próprio Zwick encontra seu verdadeiro caminho (e isso demora pelo menos um ato), percebemos que o desenvolvimento da trama vai além de uma premissa batida sobre a importância da amizade, do amor e da esperança; e a leveza como tudo isso é personificado pelo elenco cria uma fácil (e nostálgica) conexão que te fará rir, chorar e refletir sobre a vida.
O elenco, de fato, é um dos pontos fortes de "Amigos para a Vida" - basta dizer que esse foi um dos primeiros trabalhos de Jane Levy (a Zoey de "Zoey e a Sua Fantástica Playlist") e de Aubrey Plaza (a Harper Spiller de "The White Lotus"). Basicamente formado por 7 atores, o elenco mostra uma química invejável para esse tipo de texto - a forma como o roteiro vai envolvendo os personagens e seus dramas do passado, embora previsíveis, nos coloca dentro daquela dinâmica tão particular. Jason Ritter entrega uma performance interessante como Alex, transmitindo uma dor e uma fragilidade que vai além do estereótipo. Nate Parker e Max Greenfield também estão ótimos - seus personagens são multidimensionais e cheios de nuances, trazendo uma veracidade para a história que vale a pena ressaltar.
A direção de Jesse Zwick é competente, mas pouco criativa. Embora sensível e perspicaz, ele prefere se apoiar no equilíbrio entre o humor e o drama, sem cair em pieguices ou clichês, do que provocar seus atores e assim leva-los para um lugar desconhecido que traria ainda mais profundidade para as discussões - e é aqui que a fotografia do Andre Lascaris (de "Playdates") potencializa o trabalho do elenco, já que ele é capaz de capturar as nuances de cada relação sem expor seu real significado. "Amigos para a Vida" é isso, um filme que mostra como os amigos podem ser a nossa maior fonte de apoio nos momentos mais difíceis da vida, mesmo que essa relação seja carregada de marcas que precisam ser discutidas!
Vale seu play!
“Amor e Outras Drogas” é uma ótima comédia romântica para ver, dar muitas risadas e até se emocionar! Eu diria até que o filme poderia ser, tranquilamente, um longo episódio de “Modern Love” da Prime Video - até a personagem Maggie de Hathaway, lembra o papel que a atriz interpretou na série, aquela que transitava de mulher radiante de felicidade para uma pessoa deprimida.
Aqui, Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) é um "pegador" do tipo que perde a conta do número de mulheres com quem já transou. Após ser demitido do cargo de vendedor em uma loja de eletrodomésticos por ter seduzido uma das funcionárias, ele passa a trabalhar num grande laboratório da indústria farmacêutica. Como representante comercial, sua função é abordar médicos e convencê-los a prescrever os produtos da empresa para seus pacientes. Em uma dessas visitas, ele conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem de 26 anos que sofre de mal de Parkinson. Inicialmente, Jamie fica atraído pela beleza física e por ter sido dispensado por ela, mas aos poucos descobre que existe algo mais forte. Maggie, por sua vez, também sente o mesmo, mas não quer levar o caso adiante por causa de sua condição. Confira o trailer (em inglês):
Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, é o elenco. O ator Jake Gyllenhaal está perfeito, com seu charme e desenvoltura. - é impressionante a química que ele tem em cena ao lado de Anne Hathaway, que também está ótima. O filme se passa nos anos 90, então pode esperar inúmeras cenas com os dois embalados por uma trilha sonora cheia de músicas viciantes.
A direção de Edward Zwick (“Diamante de Sangue”) é competente ao mesclar comédia, romance e drama de forma fluída e leve. A fotografia de Steven Fierberg (de "Emily em Paris") também impressiona pela sensibilidade - algo pouco comum em filmes do gênero. Fierberg transida perfeitamente entre os planos mais abertos para estabelecer a dinâmica quase caótica do relacionamento dos personagens com o close-ups das passagens mais introspectivas e sentimentais que seguem - sua lente é capaz de captar perfeitamente o sentimento que o diretor provoca em seus atores e que, inegavelmente, nos toca de uma forma impressionante.
Escrita por Charles Randolph, Edward Zwick e Marshall Herskovitz e baseado no livro de Jamie Reidy, “Amor e Outras Drogas” tem um início cheio de momentos cômicos e muito romance, mas também vai te fazer refletir sobre alguns temas bem relevantes. E prepare-se para se comover com essa história que vai muito além de uma trama água com açúcar que possa parecer.
Vale muito a pena!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
“Amor e Outras Drogas” é uma ótima comédia romântica para ver, dar muitas risadas e até se emocionar! Eu diria até que o filme poderia ser, tranquilamente, um longo episódio de “Modern Love” da Prime Video - até a personagem Maggie de Hathaway, lembra o papel que a atriz interpretou na série, aquela que transitava de mulher radiante de felicidade para uma pessoa deprimida.
Aqui, Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) é um "pegador" do tipo que perde a conta do número de mulheres com quem já transou. Após ser demitido do cargo de vendedor em uma loja de eletrodomésticos por ter seduzido uma das funcionárias, ele passa a trabalhar num grande laboratório da indústria farmacêutica. Como representante comercial, sua função é abordar médicos e convencê-los a prescrever os produtos da empresa para seus pacientes. Em uma dessas visitas, ele conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem de 26 anos que sofre de mal de Parkinson. Inicialmente, Jamie fica atraído pela beleza física e por ter sido dispensado por ela, mas aos poucos descobre que existe algo mais forte. Maggie, por sua vez, também sente o mesmo, mas não quer levar o caso adiante por causa de sua condição. Confira o trailer (em inglês):
Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, é o elenco. O ator Jake Gyllenhaal está perfeito, com seu charme e desenvoltura. - é impressionante a química que ele tem em cena ao lado de Anne Hathaway, que também está ótima. O filme se passa nos anos 90, então pode esperar inúmeras cenas com os dois embalados por uma trilha sonora cheia de músicas viciantes.
A direção de Edward Zwick (“Diamante de Sangue”) é competente ao mesclar comédia, romance e drama de forma fluída e leve. A fotografia de Steven Fierberg (de "Emily em Paris") também impressiona pela sensibilidade - algo pouco comum em filmes do gênero. Fierberg transida perfeitamente entre os planos mais abertos para estabelecer a dinâmica quase caótica do relacionamento dos personagens com o close-ups das passagens mais introspectivas e sentimentais que seguem - sua lente é capaz de captar perfeitamente o sentimento que o diretor provoca em seus atores e que, inegavelmente, nos toca de uma forma impressionante.
Escrita por Charles Randolph, Edward Zwick e Marshall Herskovitz e baseado no livro de Jamie Reidy, “Amor e Outras Drogas” tem um início cheio de momentos cômicos e muito romance, mas também vai te fazer refletir sobre alguns temas bem relevantes. E prepare-se para se comover com essa história que vai muito além de uma trama água com açúcar que possa parecer.
Vale muito a pena!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
"Amor Platônico" vai te surpreender - especialmente se você gostou de séries como "Easy" ou "Love", ambas da Netflix. Eu diria, inclusive, que a série criada pela Francesca Delbanco (de "Amigos da Faculdade") e pelo Nicholas Stoller (de "Mais que Amigos") é a junção do que existe de melhor dessas duas referências. A produção original da AppleTV+ com a Sony nos conquista pela inteligência e sensibilidade com que equilibra o humor ácido com o drama real, trazendo para a história personagens cheios de camadas, que carregam suas inúmeras falhas, mas que nem por isso deixam de ser cativantes; além de uma abordagem extremamente honesta e complexa das relações interpessoais, especialmente entre homem e mulher, mas pela perspectiva (dúbia) da amizade.
"Platonic" (no original), basicamente, gira em torno de Will (Seth Rogen) e Sylvia (Rose Byrne), amigos de longa data que se reencontram após o divórcio de Will. Apesar do respeito mútuo, existe uma química inegável entre eles, o que transforma essa afetuosa relação em algo mais desafiador do que todos podiam imaginar, confrontando-os com seus próprios medos, inseguranças e expectativas de uma vida adulta que teima em complicar as coisas. Confira o trailer (em inglês):
Em um primeiro olhar fica claro que "Amor Platônico" se destaca pela forma com que o roteiro tece sua narrativa - existe uma dinâmica carregada de humor non senseque nos envolve. Veja, o humor ácido e perspicaz que encontramos no texto muito bem desenvolvido por Delbanco e Stoller funciona perfeitamente ao abordar os momentos de profunda sensibilidade que seus personagens estão vivendo - mesmo as situações soando absurdas, existe um toque de realismo que nos provoca alguma identificação e empatia. Ao explorar as nuances das relações humanas com essa leveza, a série sobe de patamar - ela não se contenta com soluções fáceis ou clichês, quebrando nossas expectativas ao mesmo tempo que nos convida para refletir sobre as diversas formas de amor e sobre a natureza de certa forma complexa da amizade entre o homem e a mulher.
Assuntos como: problemas no trabalho, desconfianças nos relacionamentos, o próximo passo dentro de um casamento de longa data, as idas e vindas conflituosas por problemas que surgem aos montes na vida adulta, o ciúmes fantasiado de segurança, enfim, vários pontos tão próximos de nós que aqui são uma espécie de plano de fundo para situações pela qual Will e Sylvia precisam passar - o interessante é que o fato dos personagens estarem na meia idade só potencializa tais discussões. Tanto Delbanco quanto Stoller também se dividem na direção dos episódios, deixando com que Seth Rogen e Rose Byrne entreguem o que têm de melhor. A química entre os dois atores é invejável e essencial para que nos apaixonemos pela proposta da série - mesmo que inicialmente pareça bobinha demais. A trilha sonora também merece destaque: as músicas da abertura dão o exato tom do que vem pela frente nos dez episódios da temporada.
"Amor Platônico" tem uma atmosfera positiva e acolhedora - é uma delicia de assistir. Seu conceito narrativo não busca grandiosidade, mas tenta (e quase sempre consegue) se aprofundar na dinâmica natural entre os personagens em pouco mais de trinta minutos por episódio - não será raro você se pegar refletindo sobre uma passagem que acabou de assistir ou de fazer algum paralelo com suas próprias histórias mais íntimas. Aqui realmente temos uma série inteligente, divertida e até emocionante; um retrato honesto sobre relacionamentos modernos que merece demais sua atenção!
Imperdível!
"Amor Platônico" vai te surpreender - especialmente se você gostou de séries como "Easy" ou "Love", ambas da Netflix. Eu diria, inclusive, que a série criada pela Francesca Delbanco (de "Amigos da Faculdade") e pelo Nicholas Stoller (de "Mais que Amigos") é a junção do que existe de melhor dessas duas referências. A produção original da AppleTV+ com a Sony nos conquista pela inteligência e sensibilidade com que equilibra o humor ácido com o drama real, trazendo para a história personagens cheios de camadas, que carregam suas inúmeras falhas, mas que nem por isso deixam de ser cativantes; além de uma abordagem extremamente honesta e complexa das relações interpessoais, especialmente entre homem e mulher, mas pela perspectiva (dúbia) da amizade.
"Platonic" (no original), basicamente, gira em torno de Will (Seth Rogen) e Sylvia (Rose Byrne), amigos de longa data que se reencontram após o divórcio de Will. Apesar do respeito mútuo, existe uma química inegável entre eles, o que transforma essa afetuosa relação em algo mais desafiador do que todos podiam imaginar, confrontando-os com seus próprios medos, inseguranças e expectativas de uma vida adulta que teima em complicar as coisas. Confira o trailer (em inglês):
Em um primeiro olhar fica claro que "Amor Platônico" se destaca pela forma com que o roteiro tece sua narrativa - existe uma dinâmica carregada de humor non senseque nos envolve. Veja, o humor ácido e perspicaz que encontramos no texto muito bem desenvolvido por Delbanco e Stoller funciona perfeitamente ao abordar os momentos de profunda sensibilidade que seus personagens estão vivendo - mesmo as situações soando absurdas, existe um toque de realismo que nos provoca alguma identificação e empatia. Ao explorar as nuances das relações humanas com essa leveza, a série sobe de patamar - ela não se contenta com soluções fáceis ou clichês, quebrando nossas expectativas ao mesmo tempo que nos convida para refletir sobre as diversas formas de amor e sobre a natureza de certa forma complexa da amizade entre o homem e a mulher.
Assuntos como: problemas no trabalho, desconfianças nos relacionamentos, o próximo passo dentro de um casamento de longa data, as idas e vindas conflituosas por problemas que surgem aos montes na vida adulta, o ciúmes fantasiado de segurança, enfim, vários pontos tão próximos de nós que aqui são uma espécie de plano de fundo para situações pela qual Will e Sylvia precisam passar - o interessante é que o fato dos personagens estarem na meia idade só potencializa tais discussões. Tanto Delbanco quanto Stoller também se dividem na direção dos episódios, deixando com que Seth Rogen e Rose Byrne entreguem o que têm de melhor. A química entre os dois atores é invejável e essencial para que nos apaixonemos pela proposta da série - mesmo que inicialmente pareça bobinha demais. A trilha sonora também merece destaque: as músicas da abertura dão o exato tom do que vem pela frente nos dez episódios da temporada.
"Amor Platônico" tem uma atmosfera positiva e acolhedora - é uma delicia de assistir. Seu conceito narrativo não busca grandiosidade, mas tenta (e quase sempre consegue) se aprofundar na dinâmica natural entre os personagens em pouco mais de trinta minutos por episódio - não será raro você se pegar refletindo sobre uma passagem que acabou de assistir ou de fazer algum paralelo com suas próprias histórias mais íntimas. Aqui realmente temos uma série inteligente, divertida e até emocionante; um retrato honesto sobre relacionamentos modernos que merece demais sua atenção!
Imperdível!
Não existe outra forma de iniciar essa análise que não seja afirmando que se você gostou de "This is Us", você também vai gostar de "As Pequenas Coisas da Vida". Talvez inicialmente você perceba que alguns alívios cômicos podem diminuir o valor da comparação com a série da NBC, principalmente pela performance propositalmente descontrolada de Kathryn Hahn; mas não se engane, a forma como essa adaptação da obra homônima da autora Cheryl Strayed vai se ajustando para retratar os dramas das relações de um casal em crise e de uma mãe com sua filha pouco amorosa, é genial. Inegavelmente muito sensível, o roteiro sabe tocar em elementos dramáticos que vão te tirar da zona de conforto - pode apostar!
A série conta a história de Clare (Hahn), uma mulher que passa por um momento complicado da sua vida - no lado profissional, sua carreira como escritora praticamente não existe mais; já pelo lado pessoal, o casamento com Danny (Quentin Plair) está em ruínas e a relação com sua filha adolescente, Rae (Tanzyn Crawford), um verdadeiro caos. Quando Clare assume uma coluna virtual de conselhos "auto-ajuda" chamado "Dear Sugar", ela vê sua vida desdobrar-se em uma complexa teia de memórias e solidão. Confira o trailer:
Com uma proposta narrativa que contempla duas linhas temporais que conceitualmente vão se cruzando, dando a exata sensação de que a protagonista precisa revisitar seu passado para poder lidar com os problemas do presente, "As Pequenas Coisas da Vida" mais acerta do que erra. Tentando equilibrar os rápidos episódios de meia hora para que tenhamos fôlego para suportar o drama até o final da temporada, e bem como "This is Us", a série que tem Reese Witherspoon e Laura Dern como produtoras executivas, vai conectando os pontos de forma bem homeopática, o que gera um certo desconforto inicialmente, mas que com o passar dos episódios vai fazendo sentido - a história do primeiro casamento de Claire é um bom exemplo dessa estratégia que brinca com nossa curiosidade.
Sob a supervisão da competente Liz Tigelaar (de "Little Fires Everywhere"), "As Pequenas Coisas da Vida" surpreende demais por quebrar nossa expectativa a cada episódio sem parecer estar perdendo o rumo. Veja, se inicialmente os conselhos de "Dear Sugar" podem parecer o elo entre a vida de Claire, do passado com o presente, é na dor da protagonista ao longo desse recorte temporal, nas suas imperfeições como ser humano e como tudo isso impactou em sua vida, que é onde a história ganha em profundidade. É claro que o conceito da narração em off ajuda a pontuar a trama quase como uma crônica, mas é lindo como a direção se aproveita do lúdico para dar sentido a tudo que é falado.
Com um elenco de peso que ainda conta com Merritt Wever como Frankie, a mãe de Clare, essa série original do Hulu vai mexer com suas emoções ao trazer temas que vão do amor incondicional à perda irreparável, passando pelos traumas familiares que exploram as complexidades e contradições da vida e das relações humanas em diversas camadas. Sim, “As Pequenas Coisas da Vida” é uma jornada de fato inspiradora, que mostra a importância de conexões autênticas e do amor verdadeiro para superar as adversidades e encontrar a felicidade, seja lá onde ela estiver - mas aviso: não será simples!
Vale muito o seu play!
Não existe outra forma de iniciar essa análise que não seja afirmando que se você gostou de "This is Us", você também vai gostar de "As Pequenas Coisas da Vida". Talvez inicialmente você perceba que alguns alívios cômicos podem diminuir o valor da comparação com a série da NBC, principalmente pela performance propositalmente descontrolada de Kathryn Hahn; mas não se engane, a forma como essa adaptação da obra homônima da autora Cheryl Strayed vai se ajustando para retratar os dramas das relações de um casal em crise e de uma mãe com sua filha pouco amorosa, é genial. Inegavelmente muito sensível, o roteiro sabe tocar em elementos dramáticos que vão te tirar da zona de conforto - pode apostar!
A série conta a história de Clare (Hahn), uma mulher que passa por um momento complicado da sua vida - no lado profissional, sua carreira como escritora praticamente não existe mais; já pelo lado pessoal, o casamento com Danny (Quentin Plair) está em ruínas e a relação com sua filha adolescente, Rae (Tanzyn Crawford), um verdadeiro caos. Quando Clare assume uma coluna virtual de conselhos "auto-ajuda" chamado "Dear Sugar", ela vê sua vida desdobrar-se em uma complexa teia de memórias e solidão. Confira o trailer:
Com uma proposta narrativa que contempla duas linhas temporais que conceitualmente vão se cruzando, dando a exata sensação de que a protagonista precisa revisitar seu passado para poder lidar com os problemas do presente, "As Pequenas Coisas da Vida" mais acerta do que erra. Tentando equilibrar os rápidos episódios de meia hora para que tenhamos fôlego para suportar o drama até o final da temporada, e bem como "This is Us", a série que tem Reese Witherspoon e Laura Dern como produtoras executivas, vai conectando os pontos de forma bem homeopática, o que gera um certo desconforto inicialmente, mas que com o passar dos episódios vai fazendo sentido - a história do primeiro casamento de Claire é um bom exemplo dessa estratégia que brinca com nossa curiosidade.
Sob a supervisão da competente Liz Tigelaar (de "Little Fires Everywhere"), "As Pequenas Coisas da Vida" surpreende demais por quebrar nossa expectativa a cada episódio sem parecer estar perdendo o rumo. Veja, se inicialmente os conselhos de "Dear Sugar" podem parecer o elo entre a vida de Claire, do passado com o presente, é na dor da protagonista ao longo desse recorte temporal, nas suas imperfeições como ser humano e como tudo isso impactou em sua vida, que é onde a história ganha em profundidade. É claro que o conceito da narração em off ajuda a pontuar a trama quase como uma crônica, mas é lindo como a direção se aproveita do lúdico para dar sentido a tudo que é falado.
Com um elenco de peso que ainda conta com Merritt Wever como Frankie, a mãe de Clare, essa série original do Hulu vai mexer com suas emoções ao trazer temas que vão do amor incondicional à perda irreparável, passando pelos traumas familiares que exploram as complexidades e contradições da vida e das relações humanas em diversas camadas. Sim, “As Pequenas Coisas da Vida” é uma jornada de fato inspiradora, que mostra a importância de conexões autênticas e do amor verdadeiro para superar as adversidades e encontrar a felicidade, seja lá onde ela estiver - mas aviso: não será simples!
Vale muito o seu play!
"Atlanta" é uma espécie de "O Urso", só que 2016 - e não por acaso produzidos na mesma casa, a FX. A série criada pelo ator Donald Glover é uma verdadeira e criativa jornada subversiva através da cultura negra americana. Imperdível por desafiar as convenções do drama ao trazer para sua narrativa fortes elementos de comédia, daquelas bem irônicas mesmo, "Atlanta" brilha ao equilibrar os tons e assim explorar temas nada superficiais como o racismo, a busca por uma identidade e por alguns sonhos, todos pautados pelo forte apelo dos problemas sociais, mas sem pesar muito no realismo crítico. Vencedora de diversos prêmios, incluindo 7 Emmys, a série se junta a outras produções aclamadas que quebram barreiras narrativas e apresentam novas perspectivas para um entretenimento de qualidade e muito potente.
A trama gira em torno de Earnest "Earn" Marks (Donald Glover) que tenta convencer seu primo, o rapper Paperboy (Bryan Tyree Henry) que é capaz de gerenciar sua carreira e torná-lo um artista de grande sucesso. Porém, os dois discordam em diversos pontos sobre a vida, arte e entretenimento, especialmente tendo a cultura do hip-hop como base para cada decisão. Earn ainda precisa lidar com a mãe de sua filha, Van (Zazie Beets), e com o colaborador do primo, Darius (LaKeith Stainfield), em uma jornada surreal pelos bastidores da indústria musical na busca por ascensão, dinheiro e sucesso. Confira o trailer:
É inegável que a primeira temporada da série surpreende ao estabelecer um tom irreverente e surrealista com episódios que abordam assuntos delicados de uma forma inovadora e muito instigante - existe uma espécie de licença poética dando ares de fantasia em um cenário associado com a austeridade. A fotografia, por exemplo, foge da sujeira estética do "caos" de cada personagem, trazendo uma certa plasticidade para os enquadramentos, que vale dizer, extremamente inventivos. Obviamente que a trilha sonora brinca com essa proposta de Glover criando uma atmosfera tão diferenciada quanto envolvente.
Seguindo as demais temporadas, a série se aprofunda na exploração da psique dos personagens, mergulhando em temas como traumas familiares e como isso pode impactar na busca pelo sucesso. Aqui a direção se torna ainda mais ousada, com episódios que experimentam diferentes formatos e estilos narrativos, dando um charme ainda maior aos testes feitos na primeira temporada - especialmente daquele plot envolvendo certo carro invisível.
O fato é que as quatro temporadas de "Atlanta" vão desafiando nossas expectativas (e em alguns momentos dividindo opiniões) ao apresentar uma visão ainda mais complexa da vida daqueles personagens até encontrar um ótimo final. Com um elenco que brilha pela originalidade a cada episódio e uma trama que sabe ser inovadora e ousada por oferecer uma visão única da cultura americana, é possível afirmar que essa série é, de fato, uma experiência imperdível para quem procura algo desafiador como entretenimento - e vale ressaltar que se para muitos "Atlanta" surge como uma das melhores séries de todos os tempos, para outros a receptividade não foi tão impactante assim!
Independente disso, experimente o play!
"Atlanta" é uma espécie de "O Urso", só que 2016 - e não por acaso produzidos na mesma casa, a FX. A série criada pelo ator Donald Glover é uma verdadeira e criativa jornada subversiva através da cultura negra americana. Imperdível por desafiar as convenções do drama ao trazer para sua narrativa fortes elementos de comédia, daquelas bem irônicas mesmo, "Atlanta" brilha ao equilibrar os tons e assim explorar temas nada superficiais como o racismo, a busca por uma identidade e por alguns sonhos, todos pautados pelo forte apelo dos problemas sociais, mas sem pesar muito no realismo crítico. Vencedora de diversos prêmios, incluindo 7 Emmys, a série se junta a outras produções aclamadas que quebram barreiras narrativas e apresentam novas perspectivas para um entretenimento de qualidade e muito potente.
A trama gira em torno de Earnest "Earn" Marks (Donald Glover) que tenta convencer seu primo, o rapper Paperboy (Bryan Tyree Henry) que é capaz de gerenciar sua carreira e torná-lo um artista de grande sucesso. Porém, os dois discordam em diversos pontos sobre a vida, arte e entretenimento, especialmente tendo a cultura do hip-hop como base para cada decisão. Earn ainda precisa lidar com a mãe de sua filha, Van (Zazie Beets), e com o colaborador do primo, Darius (LaKeith Stainfield), em uma jornada surreal pelos bastidores da indústria musical na busca por ascensão, dinheiro e sucesso. Confira o trailer:
É inegável que a primeira temporada da série surpreende ao estabelecer um tom irreverente e surrealista com episódios que abordam assuntos delicados de uma forma inovadora e muito instigante - existe uma espécie de licença poética dando ares de fantasia em um cenário associado com a austeridade. A fotografia, por exemplo, foge da sujeira estética do "caos" de cada personagem, trazendo uma certa plasticidade para os enquadramentos, que vale dizer, extremamente inventivos. Obviamente que a trilha sonora brinca com essa proposta de Glover criando uma atmosfera tão diferenciada quanto envolvente.
Seguindo as demais temporadas, a série se aprofunda na exploração da psique dos personagens, mergulhando em temas como traumas familiares e como isso pode impactar na busca pelo sucesso. Aqui a direção se torna ainda mais ousada, com episódios que experimentam diferentes formatos e estilos narrativos, dando um charme ainda maior aos testes feitos na primeira temporada - especialmente daquele plot envolvendo certo carro invisível.
O fato é que as quatro temporadas de "Atlanta" vão desafiando nossas expectativas (e em alguns momentos dividindo opiniões) ao apresentar uma visão ainda mais complexa da vida daqueles personagens até encontrar um ótimo final. Com um elenco que brilha pela originalidade a cada episódio e uma trama que sabe ser inovadora e ousada por oferecer uma visão única da cultura americana, é possível afirmar que essa série é, de fato, uma experiência imperdível para quem procura algo desafiador como entretenimento - e vale ressaltar que se para muitos "Atlanta" surge como uma das melhores séries de todos os tempos, para outros a receptividade não foi tão impactante assim!
Independente disso, experimente o play!
"Atypical" é uma série pequena, mas muito bem estruturada. Ela conta a história de uma família onde o filho mais velho é autista. O interessante (e acho que o mérito maior da série) é que ela aborda temas bem pesados, atitudes e consequências delicadas, mas equilibra essa narrativa com certa leveza - na linha de "Extraordinário"! Ela mostra o problema, pontua com uma trilha excelente, mas depois não fica fazendo drama com assunto, pois cada um dos personagens lidam com suas atitudes de uma forma bem particular e adulta. Confira o trailer:
O protagonista de "Atypical", Sam (Keir Gilchrist) é um típico adolescente americano que está no ensino médio e passando por todos os dilemas da idade - com o diferencial de ser autista! Ao redor dele, além dos estereótipos clássicos que estamos acostumados a encontrar em séries desse tipo, está uma família um pouco confusa e amigos que desconsideram as reais necessidades de Sam. O interessante do roteiro é perceber algumas peculiaridades que, mesmo elevando um pouco o tom das relações, nos aproximam de uma realidade dramática e legítima. Vejam os personagens da mãe (Jennifer Jason Leigh) e do pai (Michael Rapaport) de Sam: eles caminham em jornadas completamente opostas, mesmo tendo o filho como referência - reparem e não se preocupem, o julgamento é justamente proposta pelo texto; mesmo que por empatia!
Outra personagem que merece destaque é a irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) - mesmo que pareça um pouco ignorante de início, ela sabe lidar com Sam como poucas, com o silêncio ou até na gritaria, porém ela personifica seu amor através da compreensão, deixando de lado as relações de uma adolescente que vive os mesmos dilemas do irmão, só que em outra dimensão! O fato é que o roteiro trabalha muito bem essa dualidade, com a simplicidade do dia a dia e o desajuste de uma situação bem particular.
"Atypical" tem uma trama básica sobre problemas familiares que nos conquista logo de cara - é um ótimo exemplo de um bom drama fantasiado de comédia, que de boba não tem nada! O roteiro não se apoia na pieguice, ele questiona as atitudes de todos os personagens de maneira descontraída e mostra que ser normal é a missão mais complicada de todas, para todos!
Vale muito a pena!
"Atypical" é uma série pequena, mas muito bem estruturada. Ela conta a história de uma família onde o filho mais velho é autista. O interessante (e acho que o mérito maior da série) é que ela aborda temas bem pesados, atitudes e consequências delicadas, mas equilibra essa narrativa com certa leveza - na linha de "Extraordinário"! Ela mostra o problema, pontua com uma trilha excelente, mas depois não fica fazendo drama com assunto, pois cada um dos personagens lidam com suas atitudes de uma forma bem particular e adulta. Confira o trailer:
O protagonista de "Atypical", Sam (Keir Gilchrist) é um típico adolescente americano que está no ensino médio e passando por todos os dilemas da idade - com o diferencial de ser autista! Ao redor dele, além dos estereótipos clássicos que estamos acostumados a encontrar em séries desse tipo, está uma família um pouco confusa e amigos que desconsideram as reais necessidades de Sam. O interessante do roteiro é perceber algumas peculiaridades que, mesmo elevando um pouco o tom das relações, nos aproximam de uma realidade dramática e legítima. Vejam os personagens da mãe (Jennifer Jason Leigh) e do pai (Michael Rapaport) de Sam: eles caminham em jornadas completamente opostas, mesmo tendo o filho como referência - reparem e não se preocupem, o julgamento é justamente proposta pelo texto; mesmo que por empatia!
Outra personagem que merece destaque é a irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) - mesmo que pareça um pouco ignorante de início, ela sabe lidar com Sam como poucas, com o silêncio ou até na gritaria, porém ela personifica seu amor através da compreensão, deixando de lado as relações de uma adolescente que vive os mesmos dilemas do irmão, só que em outra dimensão! O fato é que o roteiro trabalha muito bem essa dualidade, com a simplicidade do dia a dia e o desajuste de uma situação bem particular.
"Atypical" tem uma trama básica sobre problemas familiares que nos conquista logo de cara - é um ótimo exemplo de um bom drama fantasiado de comédia, que de boba não tem nada! O roteiro não se apoia na pieguice, ele questiona as atitudes de todos os personagens de maneira descontraída e mostra que ser normal é a missão mais complicada de todas, para todos!
Vale muito a pena!
Em uma época pré-streaming, uma série como "Ballers" da HBO, é possível dizer, não recebeu os méritos que ela de fato merecia. Bem na linha do já clássico "Entourage" (o produtor executivo, Mark Wahlberg, também está envolvido nesse projeto), mas com uma levada mais adulta, "Ballers" consegue equilibrar perfeitamente o tom mais sério do drama com alívios cômicos que, mesmo recheados de clichês, divertem demais!
Na ensolarada e badalada cidade de Miami, muitos jogadores de futebol americano aproveitam a vida fora dos campos em meio à ostentação. Spencer Strassmore (Dwayne Johnson) também foi jogador, mas decidiu se aposentar para ser uma espécie de agente desses esportistas, um emprego para ainda tentar se manter no topo, mas quando se trata de ascensão social e oportunidades no esporte, nada fica muito fácil. Confira o trailer:
Não por acaso um dos diretores de "Ballers" é o talentoso Peter Berg, criador de "Friday Night Lights" - outro verdadeiro clássico para os amantes do futebol americano que passaram a acompanhar na ficção, os dramas (reais) dos bastidores do esporte no inicio dos anos 2000 (mais precisamente em 2006). Cito isso, pois essa série da HBO funciona como uma mistura perfeita da já citada "Entourage" com "Friday Night Lights", se apropriando do grande know-how de Berg em contar histórias sobre o esporte, mas também retratando com grande importância o glamour (e a efemeridade) dos bastidores que Wahlberg tanto domina.
Mesmo com cinco temporadas e um final planejado (e realizado), é preciso dizer que "Ballers" se constrói, na verdade, em cima de um grande e homeopático arco. Digo isso, pois em um primeiro olhar, o ritmo cadenciado dos episódios iniciais parece se sustentar apenas pela simpatia e química dos atores - em especial de Dwayne Johnson, mas sem esquecer das ótimas performances de John David Washington (como Ricky Jerret) e de Donovan W. Carter (como Vernon Littlefield). O que posso te garantir é que o roteiro vai muito além do trabalho do elenco e das, aparentemente, tramas superficiais que narrativamente são exemplificadas pelas loucuras e depravações dos personagens. O roteiro tem o mérito de mergulhar em interessantes camadas que exploram com muita inteligência (e alguma sensibilidade) o psicológico de tudo que envolve a jornada de crescimento e a carreira de um atleta de alto nível na NFL.
Para quem gosta e segue os noticiários dos esportes (americanos) e tem curiosidade de saber o que acontece antes da "bola subir", "Ballers" é um tiro certo! Notavelmente desenvolvida para o público masculino, a trama vai te trazer algumas memórias do "politicamente incorreto", mas com muita diversão - é como se "Californication" se passasse nos bastidores do Futebol Americano, com uma figura (também) muito carismática no comando e um texto extremamente afinado de Stephen Levinson (de "Padre Stu - Luta pela Fé").
Vale muito (muito mesmo) o seu play!
Em uma época pré-streaming, uma série como "Ballers" da HBO, é possível dizer, não recebeu os méritos que ela de fato merecia. Bem na linha do já clássico "Entourage" (o produtor executivo, Mark Wahlberg, também está envolvido nesse projeto), mas com uma levada mais adulta, "Ballers" consegue equilibrar perfeitamente o tom mais sério do drama com alívios cômicos que, mesmo recheados de clichês, divertem demais!
Na ensolarada e badalada cidade de Miami, muitos jogadores de futebol americano aproveitam a vida fora dos campos em meio à ostentação. Spencer Strassmore (Dwayne Johnson) também foi jogador, mas decidiu se aposentar para ser uma espécie de agente desses esportistas, um emprego para ainda tentar se manter no topo, mas quando se trata de ascensão social e oportunidades no esporte, nada fica muito fácil. Confira o trailer:
Não por acaso um dos diretores de "Ballers" é o talentoso Peter Berg, criador de "Friday Night Lights" - outro verdadeiro clássico para os amantes do futebol americano que passaram a acompanhar na ficção, os dramas (reais) dos bastidores do esporte no inicio dos anos 2000 (mais precisamente em 2006). Cito isso, pois essa série da HBO funciona como uma mistura perfeita da já citada "Entourage" com "Friday Night Lights", se apropriando do grande know-how de Berg em contar histórias sobre o esporte, mas também retratando com grande importância o glamour (e a efemeridade) dos bastidores que Wahlberg tanto domina.
Mesmo com cinco temporadas e um final planejado (e realizado), é preciso dizer que "Ballers" se constrói, na verdade, em cima de um grande e homeopático arco. Digo isso, pois em um primeiro olhar, o ritmo cadenciado dos episódios iniciais parece se sustentar apenas pela simpatia e química dos atores - em especial de Dwayne Johnson, mas sem esquecer das ótimas performances de John David Washington (como Ricky Jerret) e de Donovan W. Carter (como Vernon Littlefield). O que posso te garantir é que o roteiro vai muito além do trabalho do elenco e das, aparentemente, tramas superficiais que narrativamente são exemplificadas pelas loucuras e depravações dos personagens. O roteiro tem o mérito de mergulhar em interessantes camadas que exploram com muita inteligência (e alguma sensibilidade) o psicológico de tudo que envolve a jornada de crescimento e a carreira de um atleta de alto nível na NFL.
Para quem gosta e segue os noticiários dos esportes (americanos) e tem curiosidade de saber o que acontece antes da "bola subir", "Ballers" é um tiro certo! Notavelmente desenvolvida para o público masculino, a trama vai te trazer algumas memórias do "politicamente incorreto", mas com muita diversão - é como se "Californication" se passasse nos bastidores do Futebol Americano, com uma figura (também) muito carismática no comando e um texto extremamente afinado de Stephen Levinson (de "Padre Stu - Luta pela Fé").
Vale muito (muito mesmo) o seu play!