Esse filme é uma graça - inteligente, criativo, envolvente e muito sensível! "(500) Dias com Ela", dirigido pelo Marc Webb pode, tranquilamente, ser considerada uma comédia romântica moderna, que sob um novo olhar narrativo, surpreende o público ao subverter alguns elementos tão emblemáticos do estilo "água com açúcar". Lançado em 2009, posso te afirmar que o filme, de fato, apresenta uma história cativante, narrada de uma forma diferente, mais para o não-linear do que para o clássico, e que explora as complexidades do amor com muita sabedoria, expondo os desejos mais íntimos ao mesmo tempo que precisamos lidar com as expectativas que criamos sobre os relacionamentos.
O filme gira em torno de Tom Hansen (interpretado por Joseph Gordon-Levitt), um romântico incorrigível que se apaixona perdidamente por Summer Finn (interpretada por Zooey Deschanel), uma mulher que não acredita em amor verdadeiro. A história é apresentada em 500 dias não consecutivos, pulando entre os altos e baixos do relacionamento de Tom e Summer. Confira o trailer (em inglês):
Marc Webb construiu sua carreira como diretor de videoclipes e certamente por isso, ele trouxe para o seu primeiro longa-metragem um certo suspiro de criatividade e inovação ao narrar uma cotidiana história de amor sob uma perspectiva bastante realista e nem por isso menos envolvente visualmente - já que o diretor usa e abusa da narrativa fragmentada para construir essa ligação que dificilmente conseguimos explicar quando acontece conosco. Isso é muito genial, pois embora nossa vida seja linear, nossas decisões e escolhas se baseiam em experiências diversas e, como conceito, "(500) Dias com Ela" tem muito disso. Reparem como a narrativa habilmente desconstrói a ideia de que o amor é sempre um conto de fadas, mostrando que as pessoas podem ter visões diferentes sobre o amor e sobre as expectativas que depositam nele.
Webb é notável ao usar técnicas como a sobreposição de imagens, animações e sequências de dança, criando uma dinâmica única para o filme e mergulhando no mundo mais subjetivo dos personagens, ajudando a transmitir suas emoções de maneira tangível. Joseph Gordon-Levitt entrega uma atuação encantadora como Tom, capturando perfeitamente a vulnerabilidade e a complexidade emocional de seu personagem. Zooey Deschanel traz uma mistura de doçura e atitude para sua performance como Summer, tornando-a uma figura intrigante e cheia de camadas. Agora, a química entre os dois atores, olha, é tão palpável - eu diria até que é o coração do filme.
O roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber é tão afiado quanto perspicaz. Os diálogos inteligentes e os monólogos internos que revelam os pensamentos e as inseguranças dos personagens, criando uma conexão genuína com a audiência, são excelentes! Talvez por isso, "(500) Days of Summer" (no original) transcenda o gênero de "comédia romântica", oferecendo uma visão mais realista e, por vezes, até melancólica dos relacionamentos amorosos - essa honestidade e capacidade de retratar as complexidades do amor moderno merecem todos os elogios (e prêmios) que o filme colecionou!
Vale muito o seu play!
Esse filme é uma graça - inteligente, criativo, envolvente e muito sensível! "(500) Dias com Ela", dirigido pelo Marc Webb pode, tranquilamente, ser considerada uma comédia romântica moderna, que sob um novo olhar narrativo, surpreende o público ao subverter alguns elementos tão emblemáticos do estilo "água com açúcar". Lançado em 2009, posso te afirmar que o filme, de fato, apresenta uma história cativante, narrada de uma forma diferente, mais para o não-linear do que para o clássico, e que explora as complexidades do amor com muita sabedoria, expondo os desejos mais íntimos ao mesmo tempo que precisamos lidar com as expectativas que criamos sobre os relacionamentos.
O filme gira em torno de Tom Hansen (interpretado por Joseph Gordon-Levitt), um romântico incorrigível que se apaixona perdidamente por Summer Finn (interpretada por Zooey Deschanel), uma mulher que não acredita em amor verdadeiro. A história é apresentada em 500 dias não consecutivos, pulando entre os altos e baixos do relacionamento de Tom e Summer. Confira o trailer (em inglês):
Marc Webb construiu sua carreira como diretor de videoclipes e certamente por isso, ele trouxe para o seu primeiro longa-metragem um certo suspiro de criatividade e inovação ao narrar uma cotidiana história de amor sob uma perspectiva bastante realista e nem por isso menos envolvente visualmente - já que o diretor usa e abusa da narrativa fragmentada para construir essa ligação que dificilmente conseguimos explicar quando acontece conosco. Isso é muito genial, pois embora nossa vida seja linear, nossas decisões e escolhas se baseiam em experiências diversas e, como conceito, "(500) Dias com Ela" tem muito disso. Reparem como a narrativa habilmente desconstrói a ideia de que o amor é sempre um conto de fadas, mostrando que as pessoas podem ter visões diferentes sobre o amor e sobre as expectativas que depositam nele.
Webb é notável ao usar técnicas como a sobreposição de imagens, animações e sequências de dança, criando uma dinâmica única para o filme e mergulhando no mundo mais subjetivo dos personagens, ajudando a transmitir suas emoções de maneira tangível. Joseph Gordon-Levitt entrega uma atuação encantadora como Tom, capturando perfeitamente a vulnerabilidade e a complexidade emocional de seu personagem. Zooey Deschanel traz uma mistura de doçura e atitude para sua performance como Summer, tornando-a uma figura intrigante e cheia de camadas. Agora, a química entre os dois atores, olha, é tão palpável - eu diria até que é o coração do filme.
O roteiro de Scott Neustadter e Michael H. Weber é tão afiado quanto perspicaz. Os diálogos inteligentes e os monólogos internos que revelam os pensamentos e as inseguranças dos personagens, criando uma conexão genuína com a audiência, são excelentes! Talvez por isso, "(500) Days of Summer" (no original) transcenda o gênero de "comédia romântica", oferecendo uma visão mais realista e, por vezes, até melancólica dos relacionamentos amorosos - essa honestidade e capacidade de retratar as complexidades do amor moderno merecem todos os elogios (e prêmios) que o filme colecionou!
Vale muito o seu play!
Se Woody Allen fosse francês, ele teria dirigido esse filme! Está tudo lá: a narração conectando o sentimento com a ação, os personagens se encontrando por acaso, as relações sendo desconstruídas por situações incomuns, as sensações pontuando a narrativa, além do diálogo inteligente, enfim, "A Arte de Amar" é uma clara homenagem ao cineasta americano em sua fase mais autoral, apegado aos personagens mais adultos, urbanos, complexos, neuróticos e, por muitas vezes, até melancólicos. Dito isso, se você gosta dos clássicos dramas de relação fantasiados de comédia dos anos 70 e 80, você está no lugar certo!
A sinopse é tão curta quanto eficaz para nos fisgar sem a menor pretensão de nos indicar o que realmente vamos encontrar no filme, veja: um grupo heterogêneo de parisienses embarca em uma aventura diversa para tentar encontrar seu par ideal. Confira o trailer:
O título do filme faz uma referência pontual ao poeta Ovídio, cujo seu manual "Arte de Amar" ensinava técnicas de sedução para seus leitores. A referência literária não para por aí, já que o roteiro do também diretor (e ator) Emmanuel Mouret, se apropria de uma narração quase poética e de um certa divisão em capítulos para construir algumas histórias que se conectam em algum momento do filme. "Não há amor sem música", "É preciso esconder suas infidelidades", "Nunca recuse o que lhe é oferecido", são os ótimos títulos que ilustram perfeitamente o que vamos encontrar assim que começa a ação.
O tom é leve, divertido, cínico e muitas vezes até irônico - quase um crônica como vimos em "Modern Love". Aliás, a estrutura é bem parecida! Um ponto muito interessante, porém, é que todas as histórias giram em torno da infidelidade ou da lealdade entre amigos e casais, retratando uma classe média francesa de uma maneira auto-suficiente em sua "forma", mas neurótica em seu "conteúdo". Além de um direção competente de Mouret, é de brilhar os olhos o elenco estelar e sua performance - Frédérique Bel, Judith Godrèche, Julie Depardieu, Pascale Arbillot, François Cluzet, Élodie Navarre, Gaspard Ulliel, Stanislas Merhar; enfim, todos merecem ser aplaudidos de pé pela sensibilidade, pelo controle emocional e pela verdade com que tratam (e defendem) as imperfeições de seus personagens.
"A Arte de Amar" brinca com audiência de uma forma deliciosa - é como se estivéssemos ouvindo (ou assistindo) verdadeiros causos sobre o amor que acometeu algum conhecido de um conhecido ou aquele amigo que não vemos há anos. O filme brilha pela sua elegância estética e pela sua inteligência textual, mesmo quando não se preocupa em amarrar todas as pontas, afinal, uma história de amor é isso e o conceito narrativo se mantém 100% alinhado ao que mais importa: os sentimentos e sensações que tudo aquilo pode nos provocar!
Vale muito o seu play!
Se Woody Allen fosse francês, ele teria dirigido esse filme! Está tudo lá: a narração conectando o sentimento com a ação, os personagens se encontrando por acaso, as relações sendo desconstruídas por situações incomuns, as sensações pontuando a narrativa, além do diálogo inteligente, enfim, "A Arte de Amar" é uma clara homenagem ao cineasta americano em sua fase mais autoral, apegado aos personagens mais adultos, urbanos, complexos, neuróticos e, por muitas vezes, até melancólicos. Dito isso, se você gosta dos clássicos dramas de relação fantasiados de comédia dos anos 70 e 80, você está no lugar certo!
A sinopse é tão curta quanto eficaz para nos fisgar sem a menor pretensão de nos indicar o que realmente vamos encontrar no filme, veja: um grupo heterogêneo de parisienses embarca em uma aventura diversa para tentar encontrar seu par ideal. Confira o trailer:
O título do filme faz uma referência pontual ao poeta Ovídio, cujo seu manual "Arte de Amar" ensinava técnicas de sedução para seus leitores. A referência literária não para por aí, já que o roteiro do também diretor (e ator) Emmanuel Mouret, se apropria de uma narração quase poética e de um certa divisão em capítulos para construir algumas histórias que se conectam em algum momento do filme. "Não há amor sem música", "É preciso esconder suas infidelidades", "Nunca recuse o que lhe é oferecido", são os ótimos títulos que ilustram perfeitamente o que vamos encontrar assim que começa a ação.
O tom é leve, divertido, cínico e muitas vezes até irônico - quase um crônica como vimos em "Modern Love". Aliás, a estrutura é bem parecida! Um ponto muito interessante, porém, é que todas as histórias giram em torno da infidelidade ou da lealdade entre amigos e casais, retratando uma classe média francesa de uma maneira auto-suficiente em sua "forma", mas neurótica em seu "conteúdo". Além de um direção competente de Mouret, é de brilhar os olhos o elenco estelar e sua performance - Frédérique Bel, Judith Godrèche, Julie Depardieu, Pascale Arbillot, François Cluzet, Élodie Navarre, Gaspard Ulliel, Stanislas Merhar; enfim, todos merecem ser aplaudidos de pé pela sensibilidade, pelo controle emocional e pela verdade com que tratam (e defendem) as imperfeições de seus personagens.
"A Arte de Amar" brinca com audiência de uma forma deliciosa - é como se estivéssemos ouvindo (ou assistindo) verdadeiros causos sobre o amor que acometeu algum conhecido de um conhecido ou aquele amigo que não vemos há anos. O filme brilha pela sua elegância estética e pela sua inteligência textual, mesmo quando não se preocupa em amarrar todas as pontas, afinal, uma história de amor é isso e o conceito narrativo se mantém 100% alinhado ao que mais importa: os sentimentos e sensações que tudo aquilo pode nos provocar!
Vale muito o seu play!
"La délicatesse" (no original) é mais um daqueles filmes que você assiste sorrindo - até quando o peito aperta um pouquinho, dá para prever que algo bom vem pela frente. Eu diria que o filme traz um cinema francês clássico sob um novo olhar, com a propriedade de quem tem a sensibilidade de captar os pequenos gestos no meio de grandes atuações. Mérito de Audrey Tautou e François Damiens e de uma direção segura de David e Stéphane Foenkinos que vale a sessão!
Nathalie (Audrey Tautou) tem uma vida maravilhosa. Ela é jovem, bonita e tem o casamento perfeito. Mas depois de um terrível acidente, seu mundo vira de ponta cabeça. Nos anos seguintes, ela foca em seu trabalho, deixando seus sentimentos de lado. Então, de repente, sem mesmo entender o porquê, ela beija o homem mais inesperado -- seu colega de trabalho, Markus (François Damiens). Esse casal incomum embarca numa jornada emocional; uma jornada que suscita todos os tipos de questões e hostilidade no trabalho. Confira o trailer:
A grande questão que o roteiro levanta, brilhantemente adaptado do romance do próprio David Foenkinos, é se, de fato, podemos escolher uma maneira de redescobrir o prazer de viver?
Veja, Nathalie e Markus formam um casal improvável: ele, sueco, introspectivo e fisicamente desajeitado; ela, linda, naturalmente irradiante. E aqui cabe uma passagem interessante do filme que define a inteligência do roteiro e a felicidade da escolha do elenco: em um fim de noite, já levemente bêbado de vinho (e paixão), Charles (Bruno Todeschini), o chefe de Nathalie , diz: “Nathalie é daquela categoria especial de mulher que anula todas as outras. Nathalie é Yoko Ono – do tipo que é capaz de acabar com a maior banda de rock do mundo.”
Talvez o prólogo de "A Delicadeza do Amor" não justifique o que vem a seguir, mas ao mesmo tempo é muito inteligente ao nos posicionar naquilo que Tautou parece fazer de melhor no cinema: viver um conto de fadas - então espere, tenha paciência com a história! A própria fotografia do diretor Rémy Chevrin vai nos transportando para Paris pouco a pouco, da mesma forma que Gordon Willis fez com Manhattan de Woody Allen. Ela cria uma atmosfera de fantasia dentro de um cenário realista que é lindo de sentir. O filme dos irmãos Foenkinos é justamente isso: um drama sensorial, que nos tira da realidade, mesmo em muitos momentos explorando situações brutalmente reais! Esse choque é justamente o diferencial da narrativa!
"A Delicadeza do Amor" é uma história de renascimento, mas é também um conto sobre a singularidade do amor, que prova, mais uma vez, que a beleza está nos detalhes. Reparem como um filme de 2011 continua extremamente atual, em tempos instagramáveis de uma supervalorização da aparência, da beleza fútil, do sucesso material e da riqueza vazia, existem valores muito mais importantes e verdadeiros!
Vale muito a pena!
"La délicatesse" (no original) é mais um daqueles filmes que você assiste sorrindo - até quando o peito aperta um pouquinho, dá para prever que algo bom vem pela frente. Eu diria que o filme traz um cinema francês clássico sob um novo olhar, com a propriedade de quem tem a sensibilidade de captar os pequenos gestos no meio de grandes atuações. Mérito de Audrey Tautou e François Damiens e de uma direção segura de David e Stéphane Foenkinos que vale a sessão!
Nathalie (Audrey Tautou) tem uma vida maravilhosa. Ela é jovem, bonita e tem o casamento perfeito. Mas depois de um terrível acidente, seu mundo vira de ponta cabeça. Nos anos seguintes, ela foca em seu trabalho, deixando seus sentimentos de lado. Então, de repente, sem mesmo entender o porquê, ela beija o homem mais inesperado -- seu colega de trabalho, Markus (François Damiens). Esse casal incomum embarca numa jornada emocional; uma jornada que suscita todos os tipos de questões e hostilidade no trabalho. Confira o trailer:
A grande questão que o roteiro levanta, brilhantemente adaptado do romance do próprio David Foenkinos, é se, de fato, podemos escolher uma maneira de redescobrir o prazer de viver?
Veja, Nathalie e Markus formam um casal improvável: ele, sueco, introspectivo e fisicamente desajeitado; ela, linda, naturalmente irradiante. E aqui cabe uma passagem interessante do filme que define a inteligência do roteiro e a felicidade da escolha do elenco: em um fim de noite, já levemente bêbado de vinho (e paixão), Charles (Bruno Todeschini), o chefe de Nathalie , diz: “Nathalie é daquela categoria especial de mulher que anula todas as outras. Nathalie é Yoko Ono – do tipo que é capaz de acabar com a maior banda de rock do mundo.”
Talvez o prólogo de "A Delicadeza do Amor" não justifique o que vem a seguir, mas ao mesmo tempo é muito inteligente ao nos posicionar naquilo que Tautou parece fazer de melhor no cinema: viver um conto de fadas - então espere, tenha paciência com a história! A própria fotografia do diretor Rémy Chevrin vai nos transportando para Paris pouco a pouco, da mesma forma que Gordon Willis fez com Manhattan de Woody Allen. Ela cria uma atmosfera de fantasia dentro de um cenário realista que é lindo de sentir. O filme dos irmãos Foenkinos é justamente isso: um drama sensorial, que nos tira da realidade, mesmo em muitos momentos explorando situações brutalmente reais! Esse choque é justamente o diferencial da narrativa!
"A Delicadeza do Amor" é uma história de renascimento, mas é também um conto sobre a singularidade do amor, que prova, mais uma vez, que a beleza está nos detalhes. Reparem como um filme de 2011 continua extremamente atual, em tempos instagramáveis de uma supervalorização da aparência, da beleza fútil, do sucesso material e da riqueza vazia, existem valores muito mais importantes e verdadeiros!
Vale muito a pena!
"A Linha Vermelha do Destino" é uma espécie de "Before Sunrise" argentino, mas sem o talento do diretor Richard Linklater!
Uma lenda antiga diz que um fio vermelho invisível conecta aqueles que estão destinados a se encontrar, independentemente de hora, local ou das circunstâncias. Essa linha pode esticar ou contrair, mas nunca quebrar. Manuel (Benjamín Vicuña) e April (Eugenia Suárez) parecem estar vinculados por esse destino infalível. Depois de se conhecerem em um avião, eles se apaixonam instantaneamente, sentem que são um para o outro, mas o destino faz com que se separem e nunca mais se encontrem. Sete anos depois, ambos formaram suas famílias e estão felizes: Manuelcom Laura (Guillermina Valdés) e April com Bruno (Hugo Silva). Mas desejo, amor e destino os colocam frente a frente novamente para viver outro encontro inesquecível, colocando seus valores e crenças sobre o amor em crise e onde surgem aquelas perguntas com as respostas mais difíceis: Você pode amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo? Reencontrar o grande amor da vida é uma coisa boa? Quando existe amor entre duas pessoas, o fim é sempre feliz?
Olha, o filme não é ruim, longe disso - mas poderia ter ido além com uma premissa tão bacana quando essa! "El Hilo Rojo" (titulo original), na minha opinião, pecou pela falta de sensibilidade na hora de transformar algo simples em um filme com mais alma. É fato que existem lampejos de profundidade no roteiro, principalmente ao relatar aquela confusão de sentimentos tão único que os personagens estão vivendo, mas, infelizmente, 80% do tempo não passou de uma comédia romântica com um pouco mais de estilo. Nesse caso não acho que seja demérito e sim a proposta que a diretora Daniela Goggi escolheu.
Pra quem gosta do gênero, vale muito a pena!
"A Linha Vermelha do Destino" é uma espécie de "Before Sunrise" argentino, mas sem o talento do diretor Richard Linklater!
Uma lenda antiga diz que um fio vermelho invisível conecta aqueles que estão destinados a se encontrar, independentemente de hora, local ou das circunstâncias. Essa linha pode esticar ou contrair, mas nunca quebrar. Manuel (Benjamín Vicuña) e April (Eugenia Suárez) parecem estar vinculados por esse destino infalível. Depois de se conhecerem em um avião, eles se apaixonam instantaneamente, sentem que são um para o outro, mas o destino faz com que se separem e nunca mais se encontrem. Sete anos depois, ambos formaram suas famílias e estão felizes: Manuelcom Laura (Guillermina Valdés) e April com Bruno (Hugo Silva). Mas desejo, amor e destino os colocam frente a frente novamente para viver outro encontro inesquecível, colocando seus valores e crenças sobre o amor em crise e onde surgem aquelas perguntas com as respostas mais difíceis: Você pode amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo? Reencontrar o grande amor da vida é uma coisa boa? Quando existe amor entre duas pessoas, o fim é sempre feliz?
Olha, o filme não é ruim, longe disso - mas poderia ter ido além com uma premissa tão bacana quando essa! "El Hilo Rojo" (titulo original), na minha opinião, pecou pela falta de sensibilidade na hora de transformar algo simples em um filme com mais alma. É fato que existem lampejos de profundidade no roteiro, principalmente ao relatar aquela confusão de sentimentos tão único que os personagens estão vivendo, mas, infelizmente, 80% do tempo não passou de uma comédia romântica com um pouco mais de estilo. Nesse caso não acho que seja demérito e sim a proposta que a diretora Daniela Goggi escolheu.
Pra quem gosta do gênero, vale muito a pena!
Muito antes de "História de um Casamento", Noah Baumbach já nos presenteava com uma incisiva e honesta exploração das complexidades das relações familiares e os efeitos duradouros do divórcio, mas de uma forma diferente. "A Lula e a Baleia" tem um roteiro afiado e atuações excepcionalmente sinceras, tudo para retratar, com uma visão nua e crua, as dinâmicas disfuncionais de uma família intelectual do Brooklyn nos anos 80. Baseado em parte nas próprias experiências de Baumbach, "The Squid and the Whale" (no original) é de fato um estudo de caráter que ressoa com autenticidade e empatia de uma forma impressionante - razão pela qual recebeu uma indicação ao Oscar de "Melhor Roteiro Original" em 2006, além inúmeras outras no Critics Choice, no Golden Globe, no Spirit Awards e até em Sundance (inclusive levando os prêmios de "Melhor Diretor" e "Melhor Roteiro").
A trama segue os Berkman, uma família que se desintegra quando os pais, Bernard (Jeff Daniels) e Joan (Laura Linney), decidem se divorciar. Bernard é um escritor arrogante e pretensioso que enfrenta dificuldades em sua carreira, enquanto Joan está emergindo como uma escritora de sucesso. Seus filhos, Walt (Jesse Eisenberg) e Frank (Owen Kline), são pegos no meio do conflito, cada um lidando com a separação de maneiras distintas e muitas vezes dolorosas. Confira o trailer (em inglês):
Realmente a direção de Baumbach é precisa e cirurgicamente intimista - ele utiliza uma abordagem visual despojada que acaba colocando o foco nas performances e nos diálogos. Obviamente que ele sabe que seu roteiro é uma das maiores forças do filme, com um texto afiado e uma estrutura que permite a exploração profunda dos personagens. Baumbach não tem medo de expor as falhas e hipocrisias de seus protagonistas, criando uma narrativa que é ao mesmo tempo dolorosa e catártica. É muito interessante como "A Lula e a Baleia" é capaz de abordar temas como ego, insegurança, e a busca por identidade de uma maneira que ao mesmo tempo soa pessoal e universal.
A Fotografia de Robert Yeoman (indicado ao Oscar pelo seu belíssimo trabalho em "O Grande Hotel Budapeste") trabalha a suavidade das cores e traz uma iluminação mais naturalista para potencializar a sensação de realismo e de proximidade com a audiência - é como se não existisse a barreira entre a ficção e a realidade pela perspectiva mais íntima das situações. A escolha de filmar em locações reais no Brooklyn adiciona uma camada de autenticidade que enriquece a narrativa e impacta diretamente no trabalho do elenco. Jeff Daniels entrega uma performance memorável como Bernard, capturando perfeitamente a arrogância intelectual e a vulnerabilidade subjacente de um homem incapaz de lidar com o fracasso. Laura Linney, como Joan, oferece uma atuação poderosa e cheia de camadas, equilibrando a determinação profissional com a complexidade emocional de uma mulher em transição. Agora, o que dizer da química entre Daniels e Linney? Palpável ao extremo, o que torna suas interações simultaneamente cômicas e trágicas como poucas vezes encontramos na tela.
"A Lula e a Baleia" é um filme que se destaca por sua honestidade brutal e por sua habilidade em capturar em detalhes as especificidades das relações em um momento tão sensível - a confusão e a dor de um jovem tentando encontrar seu próprio caminho em meio ao caos familiar, por exemplo, é genal. Aliás, ponto para Jesse Eisenberg em um de seus primeiros papéis de destaque. Claro que a abordagem de Baumbach ao tema do divórcio é notável por sua sinceridade e falta de sentimentalismo, mas o seu valor mesmo está em como ele oferece uma visão clara e não idealizada das consequências emocionais para todos os envolvidos. Então sim, "A Lula e a Baleia" é um filme que desafia a audiência a confrontar as imperfeições da vida familiar e a reconhecer a resiliência necessária para seguir em frente, então se você gosta de narrativas introspectivas e emocionalmente ressonantes, eu diria que esse filme é para você e vai valer muito o seu play!
Muito antes de "História de um Casamento", Noah Baumbach já nos presenteava com uma incisiva e honesta exploração das complexidades das relações familiares e os efeitos duradouros do divórcio, mas de uma forma diferente. "A Lula e a Baleia" tem um roteiro afiado e atuações excepcionalmente sinceras, tudo para retratar, com uma visão nua e crua, as dinâmicas disfuncionais de uma família intelectual do Brooklyn nos anos 80. Baseado em parte nas próprias experiências de Baumbach, "The Squid and the Whale" (no original) é de fato um estudo de caráter que ressoa com autenticidade e empatia de uma forma impressionante - razão pela qual recebeu uma indicação ao Oscar de "Melhor Roteiro Original" em 2006, além inúmeras outras no Critics Choice, no Golden Globe, no Spirit Awards e até em Sundance (inclusive levando os prêmios de "Melhor Diretor" e "Melhor Roteiro").
A trama segue os Berkman, uma família que se desintegra quando os pais, Bernard (Jeff Daniels) e Joan (Laura Linney), decidem se divorciar. Bernard é um escritor arrogante e pretensioso que enfrenta dificuldades em sua carreira, enquanto Joan está emergindo como uma escritora de sucesso. Seus filhos, Walt (Jesse Eisenberg) e Frank (Owen Kline), são pegos no meio do conflito, cada um lidando com a separação de maneiras distintas e muitas vezes dolorosas. Confira o trailer (em inglês):
Realmente a direção de Baumbach é precisa e cirurgicamente intimista - ele utiliza uma abordagem visual despojada que acaba colocando o foco nas performances e nos diálogos. Obviamente que ele sabe que seu roteiro é uma das maiores forças do filme, com um texto afiado e uma estrutura que permite a exploração profunda dos personagens. Baumbach não tem medo de expor as falhas e hipocrisias de seus protagonistas, criando uma narrativa que é ao mesmo tempo dolorosa e catártica. É muito interessante como "A Lula e a Baleia" é capaz de abordar temas como ego, insegurança, e a busca por identidade de uma maneira que ao mesmo tempo soa pessoal e universal.
A Fotografia de Robert Yeoman (indicado ao Oscar pelo seu belíssimo trabalho em "O Grande Hotel Budapeste") trabalha a suavidade das cores e traz uma iluminação mais naturalista para potencializar a sensação de realismo e de proximidade com a audiência - é como se não existisse a barreira entre a ficção e a realidade pela perspectiva mais íntima das situações. A escolha de filmar em locações reais no Brooklyn adiciona uma camada de autenticidade que enriquece a narrativa e impacta diretamente no trabalho do elenco. Jeff Daniels entrega uma performance memorável como Bernard, capturando perfeitamente a arrogância intelectual e a vulnerabilidade subjacente de um homem incapaz de lidar com o fracasso. Laura Linney, como Joan, oferece uma atuação poderosa e cheia de camadas, equilibrando a determinação profissional com a complexidade emocional de uma mulher em transição. Agora, o que dizer da química entre Daniels e Linney? Palpável ao extremo, o que torna suas interações simultaneamente cômicas e trágicas como poucas vezes encontramos na tela.
"A Lula e a Baleia" é um filme que se destaca por sua honestidade brutal e por sua habilidade em capturar em detalhes as especificidades das relações em um momento tão sensível - a confusão e a dor de um jovem tentando encontrar seu próprio caminho em meio ao caos familiar, por exemplo, é genal. Aliás, ponto para Jesse Eisenberg em um de seus primeiros papéis de destaque. Claro que a abordagem de Baumbach ao tema do divórcio é notável por sua sinceridade e falta de sentimentalismo, mas o seu valor mesmo está em como ele oferece uma visão clara e não idealizada das consequências emocionais para todos os envolvidos. Então sim, "A Lula e a Baleia" é um filme que desafia a audiência a confrontar as imperfeições da vida familiar e a reconhecer a resiliência necessária para seguir em frente, então se você gosta de narrativas introspectivas e emocionalmente ressonantes, eu diria que esse filme é para você e vai valer muito o seu play!
Esse filme poderia, tranquilamente, ser um excelente episódio de "Modern Love". Sim, "A Maratona de Brittany" é apaixonante pela atmosfera, por sua personagem, pelas discussões que o roteiro levanta e, principalmente, pela forma sensível com que o diretor estreante Paul Downs Colaizzo brinca (no melhor dos sentidos) com nossas emoções. Mesmo que inicialmente o filme pareça mais uma daquelas comédias românticas onde a jornada de autodescoberta e superação dita a narrativa, o que encontramos mesmo é uma história sensível e profunda na sua proposta de retratar uma realidade de fácil identificação que a eleva para um outro patamar, ressignificando o que seria perigosamente definido como piegas em algo realmente cativante, inspirador e olha, até emocionante.
Aqui acompanhamos a história de Brittany Forgler (Jillian Bell), uma mulher de 27 anos, sem grana e bem acima do peso, que, após uma chamada de seu médico, decide mudar radicalmente sua vida. Ela começa uma verdadeira cruzada para melhorar seu corpo e seus hábitos, treinando para a Maratona de Nova York, que a levará a desafiar não apenas suas limitações físicas, mas também suas inseguranças e problemas de autoestima. Com o apoio de sua vizinha Catherine (Michaela Watkins) e do amigo gay Seth (Micah Stock), Brittany embarca em uma jornada de autodescoberta que a levará a lugares totalmente inesperados. Confira o trailer (em inglês):
Colaizzo acompanhou os desafios de sua amiga na vida real, Brittany O’Neill, para melhorar sua saúde e assim conseguir alcançar seu objetivo de terminar os 42 km da maratona de Nova York. Foi inspirado por ela, que ele convenceu a atriz Jillian Bell para protagonizar o filme que conta justamente essa história - uma história que poderia ser minha, sua ou de algum conhecido e é isso que nos prende nessa produção original da Amazon que chegou a ser indicado como "Melhor Filme" no Festival Internacional de Cinema de São Paulo e em Sundance em 2019 - aliás, pelo voto do público, o filme levou o prêmio nesse festival.
A escolha do elenco é realmente impecável. Jillian Bell entrega uma performance cativante e genuína - digna de uma indicação ao Oscar. Repare como ela se analisa, sem muitas falas, mais no olhar, na respiração, no silêncio. Ela, de fato, consegue nos levar em uma montanha-russa de sentimentos, fazendo com que a identificação se torne um gatilho poderoso que nos envolve em suas lutas, dores, fracassos e triunfos. "A Maratona de Brittany" também se destaca por uma trilha sonora (mais uma vez referenciada pelas comédias de relação mais moderninhas) que acentua nossas emoções se alinhando ao enredo de forma magistral. A fotografia do Seamus Tierney (de "Emily em Paris") retrata a solidão que contrasta com a agitação da cidade de Nova York, criando assim um ambiente que reflete exatamente as transformações de Brittany de uma maneira tão bela quanto simbólica.
É notável como "Brittany Runs a Marathon" (no original) usa de uma linguagem simples e acessível para abordar questões de autenticidade e autoaceitação. A narrativa não apenas toca no tema da perda de peso sem cair na armadilha da "gordofobia", como também examina a necessidade de se encontrar o amor próprio, independente das expectativas da sociedade - a relação com a "amiga" Gretchen (Alice Lee), mesmo que em algumas passagens soe estereotipada, não perdoa na honestidade de um texto nada maniqueísta. Então, se essa pode ou não ser uma mensagem inspiradora que equilibra elementos como disciplina, humildade e determinação, só o tempo dirá, mas tenha certeza que, no mínimo, você está diante de um ótimo entretenimento!
Vale seu play!
Esse filme poderia, tranquilamente, ser um excelente episódio de "Modern Love". Sim, "A Maratona de Brittany" é apaixonante pela atmosfera, por sua personagem, pelas discussões que o roteiro levanta e, principalmente, pela forma sensível com que o diretor estreante Paul Downs Colaizzo brinca (no melhor dos sentidos) com nossas emoções. Mesmo que inicialmente o filme pareça mais uma daquelas comédias românticas onde a jornada de autodescoberta e superação dita a narrativa, o que encontramos mesmo é uma história sensível e profunda na sua proposta de retratar uma realidade de fácil identificação que a eleva para um outro patamar, ressignificando o que seria perigosamente definido como piegas em algo realmente cativante, inspirador e olha, até emocionante.
Aqui acompanhamos a história de Brittany Forgler (Jillian Bell), uma mulher de 27 anos, sem grana e bem acima do peso, que, após uma chamada de seu médico, decide mudar radicalmente sua vida. Ela começa uma verdadeira cruzada para melhorar seu corpo e seus hábitos, treinando para a Maratona de Nova York, que a levará a desafiar não apenas suas limitações físicas, mas também suas inseguranças e problemas de autoestima. Com o apoio de sua vizinha Catherine (Michaela Watkins) e do amigo gay Seth (Micah Stock), Brittany embarca em uma jornada de autodescoberta que a levará a lugares totalmente inesperados. Confira o trailer (em inglês):
Colaizzo acompanhou os desafios de sua amiga na vida real, Brittany O’Neill, para melhorar sua saúde e assim conseguir alcançar seu objetivo de terminar os 42 km da maratona de Nova York. Foi inspirado por ela, que ele convenceu a atriz Jillian Bell para protagonizar o filme que conta justamente essa história - uma história que poderia ser minha, sua ou de algum conhecido e é isso que nos prende nessa produção original da Amazon que chegou a ser indicado como "Melhor Filme" no Festival Internacional de Cinema de São Paulo e em Sundance em 2019 - aliás, pelo voto do público, o filme levou o prêmio nesse festival.
A escolha do elenco é realmente impecável. Jillian Bell entrega uma performance cativante e genuína - digna de uma indicação ao Oscar. Repare como ela se analisa, sem muitas falas, mais no olhar, na respiração, no silêncio. Ela, de fato, consegue nos levar em uma montanha-russa de sentimentos, fazendo com que a identificação se torne um gatilho poderoso que nos envolve em suas lutas, dores, fracassos e triunfos. "A Maratona de Brittany" também se destaca por uma trilha sonora (mais uma vez referenciada pelas comédias de relação mais moderninhas) que acentua nossas emoções se alinhando ao enredo de forma magistral. A fotografia do Seamus Tierney (de "Emily em Paris") retrata a solidão que contrasta com a agitação da cidade de Nova York, criando assim um ambiente que reflete exatamente as transformações de Brittany de uma maneira tão bela quanto simbólica.
É notável como "Brittany Runs a Marathon" (no original) usa de uma linguagem simples e acessível para abordar questões de autenticidade e autoaceitação. A narrativa não apenas toca no tema da perda de peso sem cair na armadilha da "gordofobia", como também examina a necessidade de se encontrar o amor próprio, independente das expectativas da sociedade - a relação com a "amiga" Gretchen (Alice Lee), mesmo que em algumas passagens soe estereotipada, não perdoa na honestidade de um texto nada maniqueísta. Então, se essa pode ou não ser uma mensagem inspiradora que equilibra elementos como disciplina, humildade e determinação, só o tempo dirá, mas tenha certeza que, no mínimo, você está diante de um ótimo entretenimento!
Vale seu play!
"A Nova Vida de Toby" é uma pérola escondida no Star+! Eu diria que a série é uma espécie de "Sex and City" dos divorciados (com mais de 40 anos, claro). Sim, eu sei que pode parecer cômico, talvez irônico (e muitas vezes é assim mesmo que o roteiro encara algumas situações pela qual o protagonista precisa passar), porém é no tom de crônica da narração em off, vejam só, feito por uma mulher, que a história ganha um ar todo especial. Essa incrível adaptação da obra de Taffy Brodesser-Akner retrata, basicamente, o que acontece com um homem recém-divorciado em uma Nova York, dos apps de relacionamento, que "nunca dorme". Em uma mistura muito bem equilibrada (e inteligente) de drama e comédia, facilmente embarcamos na jornada de autodescoberta e de transformação de Toby, nos provocando muitas reflexões sobre os nossos próprios relacionamentos, mas, principalmente, sobre todas aquelas convenções que vão se ruindo com o dia a dia de um casamento. Olha, muito bacana mesmo!
Toby (Jesse Eisenberg) é um médico de quarenta anos em crise que precisa lidar com o divórcio mal resolvido. Em meio ao novo mundo dos encontros casuais por aplicativo e um inesperado sucesso em sua nova vida de solteiro, sua ex-mulher, Rachel (Claire Danes) simplesmente desaparece, deixando-o sozinho com seus dois filhos. Agora, com esse mistério pairando sobre sua cabeça e a responsabilidade de cuidar dos filhos, Toby precisa repensar sobre seu relacionamento e descobrir o que deu errado no casamento para, assim, tentar encontrar a ex-mulher com a ajuda dos amigos Seth (Adam Brody) e Libby (a impagável, Lizzy Caplan). Confira o trailer:
Uma das principais qualidades de "A Nova Vida de Toby" é, sem dúvida, o seu roteiro muito bem escrito - o texto é muito bom, honesto, sarcástico na medida certa e, obviamente, muito realista. Veja, é a partir de uma situação cada vez mais usual como o divórcio, que a série explora alguns aspectos da condição humana muito particulares da situação - em um mesmo episódio tentamos entender a razão da revolta de Toby, da sua tristeza, da sensação de solidão, das suas insatisfações e até da sua libido e fantasias sexuais. A narrativa é construída de forma a manter o nosso interesse, se apoiando em diálogos perspicazes e em situações muito familiares - acho até que a "graça" de tudo está aí.
A direção da Shari Springer Berman e do Robert Pulcini, ambos de "WeCrashed" e "Succession", merece muitos elogios - é sensacional como eles criam uma atmosfera de angustia e liberdade, aproveitando essa dualidade de sentimentos para enriquecer nossa experiência como audiência. Os planos que mostram Nova York de ponta cabeça (afinal é assim que Toby passa a enxergar sua vida), a câmera mais agitada capturando com sensibilidade como os personagens se encontram emocionalmente e os planos completamente estáticos, travados, quando apontam para um momento de introspecção; brincam com a nossa percepção sobre toda essa fase de fragilidade do protagonista de uma maneira única!
"Fleishman is in Trouble" (no original) vai se conectar com uma audiência mais madura, só que de uma maneira diferente de "O Método Kominsky", por exemplo. Aqui os papéis de gênero estão em destaque, são discutidos com mais intensidade, impactam mais nas nossas reflexões e na maneira como olhamos o outro lado da história - no entanto, como na série da Netflix, é possível esperar ótimos momentos de entretenimento, muita emoção, boas risadas e incontáveis reflexões sobre a importância de dividir o trabalho doméstico, de entender os anseios do companheiro, das mentiras (normalmente contadas pelos amigos) sobre o casamento, dos danos causados pelo mito ultrapassado do “felizes para sempre”, sobre a melancolia da meia-idade e sobre as duras verdades sobre a maternidade que ninguém quer discutir.
Dito tudo isso, é impossível deixar de dar um play, não é mesmo?
"A Nova Vida de Toby" é uma pérola escondida no Star+! Eu diria que a série é uma espécie de "Sex and City" dos divorciados (com mais de 40 anos, claro). Sim, eu sei que pode parecer cômico, talvez irônico (e muitas vezes é assim mesmo que o roteiro encara algumas situações pela qual o protagonista precisa passar), porém é no tom de crônica da narração em off, vejam só, feito por uma mulher, que a história ganha um ar todo especial. Essa incrível adaptação da obra de Taffy Brodesser-Akner retrata, basicamente, o que acontece com um homem recém-divorciado em uma Nova York, dos apps de relacionamento, que "nunca dorme". Em uma mistura muito bem equilibrada (e inteligente) de drama e comédia, facilmente embarcamos na jornada de autodescoberta e de transformação de Toby, nos provocando muitas reflexões sobre os nossos próprios relacionamentos, mas, principalmente, sobre todas aquelas convenções que vão se ruindo com o dia a dia de um casamento. Olha, muito bacana mesmo!
Toby (Jesse Eisenberg) é um médico de quarenta anos em crise que precisa lidar com o divórcio mal resolvido. Em meio ao novo mundo dos encontros casuais por aplicativo e um inesperado sucesso em sua nova vida de solteiro, sua ex-mulher, Rachel (Claire Danes) simplesmente desaparece, deixando-o sozinho com seus dois filhos. Agora, com esse mistério pairando sobre sua cabeça e a responsabilidade de cuidar dos filhos, Toby precisa repensar sobre seu relacionamento e descobrir o que deu errado no casamento para, assim, tentar encontrar a ex-mulher com a ajuda dos amigos Seth (Adam Brody) e Libby (a impagável, Lizzy Caplan). Confira o trailer:
Uma das principais qualidades de "A Nova Vida de Toby" é, sem dúvida, o seu roteiro muito bem escrito - o texto é muito bom, honesto, sarcástico na medida certa e, obviamente, muito realista. Veja, é a partir de uma situação cada vez mais usual como o divórcio, que a série explora alguns aspectos da condição humana muito particulares da situação - em um mesmo episódio tentamos entender a razão da revolta de Toby, da sua tristeza, da sensação de solidão, das suas insatisfações e até da sua libido e fantasias sexuais. A narrativa é construída de forma a manter o nosso interesse, se apoiando em diálogos perspicazes e em situações muito familiares - acho até que a "graça" de tudo está aí.
A direção da Shari Springer Berman e do Robert Pulcini, ambos de "WeCrashed" e "Succession", merece muitos elogios - é sensacional como eles criam uma atmosfera de angustia e liberdade, aproveitando essa dualidade de sentimentos para enriquecer nossa experiência como audiência. Os planos que mostram Nova York de ponta cabeça (afinal é assim que Toby passa a enxergar sua vida), a câmera mais agitada capturando com sensibilidade como os personagens se encontram emocionalmente e os planos completamente estáticos, travados, quando apontam para um momento de introspecção; brincam com a nossa percepção sobre toda essa fase de fragilidade do protagonista de uma maneira única!
"Fleishman is in Trouble" (no original) vai se conectar com uma audiência mais madura, só que de uma maneira diferente de "O Método Kominsky", por exemplo. Aqui os papéis de gênero estão em destaque, são discutidos com mais intensidade, impactam mais nas nossas reflexões e na maneira como olhamos o outro lado da história - no entanto, como na série da Netflix, é possível esperar ótimos momentos de entretenimento, muita emoção, boas risadas e incontáveis reflexões sobre a importância de dividir o trabalho doméstico, de entender os anseios do companheiro, das mentiras (normalmente contadas pelos amigos) sobre o casamento, dos danos causados pelo mito ultrapassado do “felizes para sempre”, sobre a melancolia da meia-idade e sobre as duras verdades sobre a maternidade que ninguém quer discutir.
Dito tudo isso, é impossível deixar de dar um play, não é mesmo?
“A Pior Pessoa do Mundo” foi a representante da Noruega na categoria "Melhor Filme Internacional" no Oscar de 2022, além de surpreender com uma indicação em "Melhor Roteiro Original" - muito merecido, diga-se de passagem. O filme é uma comédia romântica com muitos elementos de drama (ou vice-versa, dependendo da sua interpretação) sobre escolhas, decisões, consequências, crise de identidade e paixões.
Na trama, Julie (Renate Reinsve) é jovem, bonita, inteligente e não sabe exatamente o que deseja em sua vida amorosa e profissional. Uma noite ela conhece Aksel (Anders Danielsen Lie), um romancista gráfico, 15 anos mais velho que ela, e eles rapidamente se apaixonam. Algum tempo depois, ela também conhece um barista de café, Eivind (Herbert Nordrum), que também está em um relacionamento. Julie tem que decidir, não apenas entre dois homens, mas também quem ela é e quem ela quer ser. Confira o trailer:
Prepare-se pois a identificação será imediata, afinal o filme explora de maneira muito inteligente um momento delicado da vida da protagonista, em que a mente inquietante da jovem começa questionar sua existência e seus caminhos. O roteiro, assinado pelo diretor Joachim Trier e pelo também cineasta Eskil Vogt (do excelente "Blind") conduz todos os desdobramentos de maneira orgânica. Você tem a exata sensação de estar acompanhando filmagens reais e não atores interpretando papéis ficcionais - é impressionante.
A direção de Trier é sofisticada - ele faz algo que não é muito comum, abordando temas complexos com uma sensibilidade admirável, além de transitar entre os gêneros sem causar estranheza. No início temos uma comédia romântica e com as reviravoltas da vida da protagonista somos inseridos em seus dramas pessoais internos e amorosos. Alinhada a esse conceito narrativo, é perceptível a qualidade da direção de fotografia de Kasper Andersen (“Loucos por Justiça”) - um desbunde à parte. E aqui preciso citar uma cena que acontece no segundo ato que intercala a crueza da realidade e a magia do cinema de uma forma sensacional! Só não vou especificar detalhadamente para não estragar a sua experiência; mas repare e lembre desse review!
“A Pior Pessoa do Mundo” (ou Verdens Verste Menneske, no original) não se resume a uma história sobre o que o título sugere, mas sim sobre as complexidades do ser humano, que envolve crise existencial e que inclui a expectativa de seu parceiro, o receio de construir uma família, filhos e todos os desafios que a vida trás com o nosso amadurecimento.
Vale muito a pena! Renate Reinsve, levou o prêmio de Melhor Atriz em Cannes pela protagonista do filme que, sem dúvida, pode ser considerado um dos melhores de 2021 e não fosse o incrível (mas polêmico) "Drive my Car", teria levado o Oscar tranquilamente!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
“A Pior Pessoa do Mundo” foi a representante da Noruega na categoria "Melhor Filme Internacional" no Oscar de 2022, além de surpreender com uma indicação em "Melhor Roteiro Original" - muito merecido, diga-se de passagem. O filme é uma comédia romântica com muitos elementos de drama (ou vice-versa, dependendo da sua interpretação) sobre escolhas, decisões, consequências, crise de identidade e paixões.
Na trama, Julie (Renate Reinsve) é jovem, bonita, inteligente e não sabe exatamente o que deseja em sua vida amorosa e profissional. Uma noite ela conhece Aksel (Anders Danielsen Lie), um romancista gráfico, 15 anos mais velho que ela, e eles rapidamente se apaixonam. Algum tempo depois, ela também conhece um barista de café, Eivind (Herbert Nordrum), que também está em um relacionamento. Julie tem que decidir, não apenas entre dois homens, mas também quem ela é e quem ela quer ser. Confira o trailer:
Prepare-se pois a identificação será imediata, afinal o filme explora de maneira muito inteligente um momento delicado da vida da protagonista, em que a mente inquietante da jovem começa questionar sua existência e seus caminhos. O roteiro, assinado pelo diretor Joachim Trier e pelo também cineasta Eskil Vogt (do excelente "Blind") conduz todos os desdobramentos de maneira orgânica. Você tem a exata sensação de estar acompanhando filmagens reais e não atores interpretando papéis ficcionais - é impressionante.
A direção de Trier é sofisticada - ele faz algo que não é muito comum, abordando temas complexos com uma sensibilidade admirável, além de transitar entre os gêneros sem causar estranheza. No início temos uma comédia romântica e com as reviravoltas da vida da protagonista somos inseridos em seus dramas pessoais internos e amorosos. Alinhada a esse conceito narrativo, é perceptível a qualidade da direção de fotografia de Kasper Andersen (“Loucos por Justiça”) - um desbunde à parte. E aqui preciso citar uma cena que acontece no segundo ato que intercala a crueza da realidade e a magia do cinema de uma forma sensacional! Só não vou especificar detalhadamente para não estragar a sua experiência; mas repare e lembre desse review!
“A Pior Pessoa do Mundo” (ou Verdens Verste Menneske, no original) não se resume a uma história sobre o que o título sugere, mas sim sobre as complexidades do ser humano, que envolve crise existencial e que inclui a expectativa de seu parceiro, o receio de construir uma família, filhos e todos os desafios que a vida trás com o nosso amadurecimento.
Vale muito a pena! Renate Reinsve, levou o prêmio de Melhor Atriz em Cannes pela protagonista do filme que, sem dúvida, pode ser considerado um dos melhores de 2021 e não fosse o incrível (mas polêmico) "Drive my Car", teria levado o Oscar tranquilamente!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
Embora pareça se tratar de mais uma comédia de relações que tem sua narrativa construída à partir de um drama potente e que, ao subverter o gênero, encontra um tom mais leve para, aí sim, seguirmos a jornada de transformação com um pouco mais graça, aqui não é muito bem o caso - pelo menos não em sua totalidade. A excelente "After Life", eu diria, pega muito mais na dor, no caso, do luto que teima em não passar, do que na piada fácil para minimizar o peso da realidade. É claro que existe uma beleza, um ar de esperança e de empatia no texto da série escrita e dirigida por Ricky Gervais, algo como "O Pior Vizinho do Mundo", mas é fato que essa jornada é muito mais daquelas que aperta o coração do que qualquer outra coisa.
"After Life" estreou em 2019 e conta com três excelente temporadas para retratar a história de Tony Johnson (Gervais), um homem que está lidando com a perda de sua esposa Lisa (Kerry Godliman) para o câncer. Tony, que costumava ser um homem otimista e amável, agora se tornou amargo, irônico, cínico; desprezando a sociedade, as pessoas que o rodeiam e que invariavelmente sempre considera o suicídio. Confira o trailer:
Uma das coisas mais notáveis sobre "After Life" é a forma como a série aborda temas sensíveis como a morte, o luto e a depressão sem tentar ser engraçada, mas sempre com uma perspectiva otimista. O roteiro é muito inteligente, seguindo a boa cartilha sarcástica do humor inglês, ao mergulhar profundamente na dor emocional do protagonista e explorar como ele lida com a vida após sua perda. Reparem como Ricky Gervais consegue equilibrar perfeitamente o tom sombrio da trama com o humor, criando momentos de riso fácil, quase constrangedor, em meio à tristeza que o cerca.
A história procura expor uma visão mais realista e sincera sobre o luto, mostrando como as pessoas passam por diferentes estágios emocionais, desde a raiva até a aceitação, e como a empatia, a solidariedade e a amizade são importantes nesse momento. Como em "O Pior Vizinho do Mundo", Tony começa a encontrar consolo e propósito em ajudar as pessoas, mesmo que de uma maneira sarcástica, no entanto sua atitude é capaz de nos provocar uma reflexão de como as conexões humanas podem, de fato, ser fundamentais para superarmos a dor.
"After Life" é o tipo da série que pode ser emocionalmente intensa e desafiadora para algumas pessoas - isso é um elogio, mas fique atento para alguns gatilhos. Existe sim o humor ácido, mesmo que misturado em um tom sombrio e isso pode não agradar a todos os gostos, especialmente aqueles que preferem narrativas menos densas, mas, no geral, é possível afirmar que série consegue equilibrar muito bem o humor e o drama de uma forma simpática. Ela apresenta uma história poderosa sobre o luto, mas essencialmente seu objetivo é nos levar por uma caminhada de redescoberta do significado da vida - sempre com muita sensibilidade e respeito.
Olha, vale muito o seu play!
Embora pareça se tratar de mais uma comédia de relações que tem sua narrativa construída à partir de um drama potente e que, ao subverter o gênero, encontra um tom mais leve para, aí sim, seguirmos a jornada de transformação com um pouco mais graça, aqui não é muito bem o caso - pelo menos não em sua totalidade. A excelente "After Life", eu diria, pega muito mais na dor, no caso, do luto que teima em não passar, do que na piada fácil para minimizar o peso da realidade. É claro que existe uma beleza, um ar de esperança e de empatia no texto da série escrita e dirigida por Ricky Gervais, algo como "O Pior Vizinho do Mundo", mas é fato que essa jornada é muito mais daquelas que aperta o coração do que qualquer outra coisa.
"After Life" estreou em 2019 e conta com três excelente temporadas para retratar a história de Tony Johnson (Gervais), um homem que está lidando com a perda de sua esposa Lisa (Kerry Godliman) para o câncer. Tony, que costumava ser um homem otimista e amável, agora se tornou amargo, irônico, cínico; desprezando a sociedade, as pessoas que o rodeiam e que invariavelmente sempre considera o suicídio. Confira o trailer:
Uma das coisas mais notáveis sobre "After Life" é a forma como a série aborda temas sensíveis como a morte, o luto e a depressão sem tentar ser engraçada, mas sempre com uma perspectiva otimista. O roteiro é muito inteligente, seguindo a boa cartilha sarcástica do humor inglês, ao mergulhar profundamente na dor emocional do protagonista e explorar como ele lida com a vida após sua perda. Reparem como Ricky Gervais consegue equilibrar perfeitamente o tom sombrio da trama com o humor, criando momentos de riso fácil, quase constrangedor, em meio à tristeza que o cerca.
A história procura expor uma visão mais realista e sincera sobre o luto, mostrando como as pessoas passam por diferentes estágios emocionais, desde a raiva até a aceitação, e como a empatia, a solidariedade e a amizade são importantes nesse momento. Como em "O Pior Vizinho do Mundo", Tony começa a encontrar consolo e propósito em ajudar as pessoas, mesmo que de uma maneira sarcástica, no entanto sua atitude é capaz de nos provocar uma reflexão de como as conexões humanas podem, de fato, ser fundamentais para superarmos a dor.
"After Life" é o tipo da série que pode ser emocionalmente intensa e desafiadora para algumas pessoas - isso é um elogio, mas fique atento para alguns gatilhos. Existe sim o humor ácido, mesmo que misturado em um tom sombrio e isso pode não agradar a todos os gostos, especialmente aqueles que preferem narrativas menos densas, mas, no geral, é possível afirmar que série consegue equilibrar muito bem o humor e o drama de uma forma simpática. Ela apresenta uma história poderosa sobre o luto, mas essencialmente seu objetivo é nos levar por uma caminhada de redescoberta do significado da vida - sempre com muita sensibilidade e respeito.
Olha, vale muito o seu play!
“Amor e Outras Drogas” é uma ótima comédia romântica para ver, dar muitas risadas e até se emocionar! Eu diria até que o filme poderia ser, tranquilamente, um longo episódio de “Modern Love” da Prime Video - até a personagem Maggie de Hathaway, lembra o papel que a atriz interpretou na série, aquela que transitava de mulher radiante de felicidade para uma pessoa deprimida.
Aqui, Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) é um "pegador" do tipo que perde a conta do número de mulheres com quem já transou. Após ser demitido do cargo de vendedor em uma loja de eletrodomésticos por ter seduzido uma das funcionárias, ele passa a trabalhar num grande laboratório da indústria farmacêutica. Como representante comercial, sua função é abordar médicos e convencê-los a prescrever os produtos da empresa para seus pacientes. Em uma dessas visitas, ele conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem de 26 anos que sofre de mal de Parkinson. Inicialmente, Jamie fica atraído pela beleza física e por ter sido dispensado por ela, mas aos poucos descobre que existe algo mais forte. Maggie, por sua vez, também sente o mesmo, mas não quer levar o caso adiante por causa de sua condição. Confira o trailer (em inglês):
Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, é o elenco. O ator Jake Gyllenhaal está perfeito, com seu charme e desenvoltura. - é impressionante a química que ele tem em cena ao lado de Anne Hathaway, que também está ótima. O filme se passa nos anos 90, então pode esperar inúmeras cenas com os dois embalados por uma trilha sonora cheia de músicas viciantes.
A direção de Edward Zwick (“Diamante de Sangue”) é competente ao mesclar comédia, romance e drama de forma fluída e leve. A fotografia de Steven Fierberg (de "Emily em Paris") também impressiona pela sensibilidade - algo pouco comum em filmes do gênero. Fierberg transida perfeitamente entre os planos mais abertos para estabelecer a dinâmica quase caótica do relacionamento dos personagens com o close-ups das passagens mais introspectivas e sentimentais que seguem - sua lente é capaz de captar perfeitamente o sentimento que o diretor provoca em seus atores e que, inegavelmente, nos toca de uma forma impressionante.
Escrita por Charles Randolph, Edward Zwick e Marshall Herskovitz e baseado no livro de Jamie Reidy, “Amor e Outras Drogas” tem um início cheio de momentos cômicos e muito romance, mas também vai te fazer refletir sobre alguns temas bem relevantes. E prepare-se para se comover com essa história que vai muito além de uma trama água com açúcar que possa parecer.
Vale muito a pena!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
“Amor e Outras Drogas” é uma ótima comédia romântica para ver, dar muitas risadas e até se emocionar! Eu diria até que o filme poderia ser, tranquilamente, um longo episódio de “Modern Love” da Prime Video - até a personagem Maggie de Hathaway, lembra o papel que a atriz interpretou na série, aquela que transitava de mulher radiante de felicidade para uma pessoa deprimida.
Aqui, Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) é um "pegador" do tipo que perde a conta do número de mulheres com quem já transou. Após ser demitido do cargo de vendedor em uma loja de eletrodomésticos por ter seduzido uma das funcionárias, ele passa a trabalhar num grande laboratório da indústria farmacêutica. Como representante comercial, sua função é abordar médicos e convencê-los a prescrever os produtos da empresa para seus pacientes. Em uma dessas visitas, ele conhece Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem de 26 anos que sofre de mal de Parkinson. Inicialmente, Jamie fica atraído pela beleza física e por ter sido dispensado por ela, mas aos poucos descobre que existe algo mais forte. Maggie, por sua vez, também sente o mesmo, mas não quer levar o caso adiante por causa de sua condição. Confira o trailer (em inglês):
Um dos pontos altos do filme, sem dúvida, é o elenco. O ator Jake Gyllenhaal está perfeito, com seu charme e desenvoltura. - é impressionante a química que ele tem em cena ao lado de Anne Hathaway, que também está ótima. O filme se passa nos anos 90, então pode esperar inúmeras cenas com os dois embalados por uma trilha sonora cheia de músicas viciantes.
A direção de Edward Zwick (“Diamante de Sangue”) é competente ao mesclar comédia, romance e drama de forma fluída e leve. A fotografia de Steven Fierberg (de "Emily em Paris") também impressiona pela sensibilidade - algo pouco comum em filmes do gênero. Fierberg transida perfeitamente entre os planos mais abertos para estabelecer a dinâmica quase caótica do relacionamento dos personagens com o close-ups das passagens mais introspectivas e sentimentais que seguem - sua lente é capaz de captar perfeitamente o sentimento que o diretor provoca em seus atores e que, inegavelmente, nos toca de uma forma impressionante.
Escrita por Charles Randolph, Edward Zwick e Marshall Herskovitz e baseado no livro de Jamie Reidy, “Amor e Outras Drogas” tem um início cheio de momentos cômicos e muito romance, mas também vai te fazer refletir sobre alguns temas bem relevantes. E prepare-se para se comover com essa história que vai muito além de uma trama água com açúcar que possa parecer.
Vale muito a pena!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
“Amor ou Consequência” é daqueles filmes que passam bem rápido, mas que a gente gostaria que não tivesse fim!
“Jeux d'enfants” (título original) é uma produção fraco-suiça de 2003, que aproveita de seu roteiro primoroso e uma narrativa fantástica (no sentido estético da palavra), para contar um ingênua história de amor através do tempo: já adultos, os melhores amigos Julien Janvier (Guillaume Canet) e Sophie Kowalsky (Marion Cotillard) continuam um estranho jogo que começaram quando ainda eram crianças - uma espécie de competição onde, para superar o outro, é preciso aceitar desafios bem ousados que os colocam em situações bastante, digamos, constrangedoras! Veja o trailer:
Seguindo o conceito estético de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", “Amor ou Consequência” tem o mérito de unir fotografia, trilha, interpretação e construir uma unidade narrativa impressionante - tudo é muito bem planejado pelo diretor Yann Samuel (de "Ironias do Amor"). É incrível como ele faz com que a gente tenha a estranha sensação de não parar de sorrir durante o filme inteiro, tão belo é o seu trabalho.
Eu diria que “Amor ou Consequência” não se trata de uma comédia romântica normal ou uma história água com açúcar tipo "Sessão da tarde", mas sim de um filme inteligente, criativo, muito bem realizado, tecnicamente perfeito - leve, reflexivo e, além de tudo, muito gostoso de assistir!
Recomendadíssimo!!!!!
“Amor ou Consequência” é daqueles filmes que passam bem rápido, mas que a gente gostaria que não tivesse fim!
“Jeux d'enfants” (título original) é uma produção fraco-suiça de 2003, que aproveita de seu roteiro primoroso e uma narrativa fantástica (no sentido estético da palavra), para contar um ingênua história de amor através do tempo: já adultos, os melhores amigos Julien Janvier (Guillaume Canet) e Sophie Kowalsky (Marion Cotillard) continuam um estranho jogo que começaram quando ainda eram crianças - uma espécie de competição onde, para superar o outro, é preciso aceitar desafios bem ousados que os colocam em situações bastante, digamos, constrangedoras! Veja o trailer:
Seguindo o conceito estético de "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", “Amor ou Consequência” tem o mérito de unir fotografia, trilha, interpretação e construir uma unidade narrativa impressionante - tudo é muito bem planejado pelo diretor Yann Samuel (de "Ironias do Amor"). É incrível como ele faz com que a gente tenha a estranha sensação de não parar de sorrir durante o filme inteiro, tão belo é o seu trabalho.
Eu diria que “Amor ou Consequência” não se trata de uma comédia romântica normal ou uma história água com açúcar tipo "Sessão da tarde", mas sim de um filme inteligente, criativo, muito bem realizado, tecnicamente perfeito - leve, reflexivo e, além de tudo, muito gostoso de assistir!
Recomendadíssimo!!!!!
"Amor Platônico" vai te surpreender - especialmente se você gostou de séries como "Easy" ou "Love", ambas da Netflix. Eu diria, inclusive, que a série criada pela Francesca Delbanco (de "Amigos da Faculdade") e pelo Nicholas Stoller (de "Mais que Amigos") é a junção do que existe de melhor dessas duas referências. A produção original da AppleTV+ com a Sony nos conquista pela inteligência e sensibilidade com que equilibra o humor ácido com o drama real, trazendo para a história personagens cheios de camadas, que carregam suas inúmeras falhas, mas que nem por isso deixam de ser cativantes; além de uma abordagem extremamente honesta e complexa das relações interpessoais, especialmente entre homem e mulher, mas pela perspectiva (dúbia) da amizade.
"Platonic" (no original), basicamente, gira em torno de Will (Seth Rogen) e Sylvia (Rose Byrne), amigos de longa data que se reencontram após o divórcio de Will. Apesar do respeito mútuo, existe uma química inegável entre eles, o que transforma essa afetuosa relação em algo mais desafiador do que todos podiam imaginar, confrontando-os com seus próprios medos, inseguranças e expectativas de uma vida adulta que teima em complicar as coisas. Confira o trailer (em inglês):
Em um primeiro olhar fica claro que "Amor Platônico" se destaca pela forma com que o roteiro tece sua narrativa - existe uma dinâmica carregada de humor non senseque nos envolve. Veja, o humor ácido e perspicaz que encontramos no texto muito bem desenvolvido por Delbanco e Stoller funciona perfeitamente ao abordar os momentos de profunda sensibilidade que seus personagens estão vivendo - mesmo as situações soando absurdas, existe um toque de realismo que nos provoca alguma identificação e empatia. Ao explorar as nuances das relações humanas com essa leveza, a série sobe de patamar - ela não se contenta com soluções fáceis ou clichês, quebrando nossas expectativas ao mesmo tempo que nos convida para refletir sobre as diversas formas de amor e sobre a natureza de certa forma complexa da amizade entre o homem e a mulher.
Assuntos como: problemas no trabalho, desconfianças nos relacionamentos, o próximo passo dentro de um casamento de longa data, as idas e vindas conflituosas por problemas que surgem aos montes na vida adulta, o ciúmes fantasiado de segurança, enfim, vários pontos tão próximos de nós que aqui são uma espécie de plano de fundo para situações pela qual Will e Sylvia precisam passar - o interessante é que o fato dos personagens estarem na meia idade só potencializa tais discussões. Tanto Delbanco quanto Stoller também se dividem na direção dos episódios, deixando com que Seth Rogen e Rose Byrne entreguem o que têm de melhor. A química entre os dois atores é invejável e essencial para que nos apaixonemos pela proposta da série - mesmo que inicialmente pareça bobinha demais. A trilha sonora também merece destaque: as músicas da abertura dão o exato tom do que vem pela frente nos dez episódios da temporada.
"Amor Platônico" tem uma atmosfera positiva e acolhedora - é uma delicia de assistir. Seu conceito narrativo não busca grandiosidade, mas tenta (e quase sempre consegue) se aprofundar na dinâmica natural entre os personagens em pouco mais de trinta minutos por episódio - não será raro você se pegar refletindo sobre uma passagem que acabou de assistir ou de fazer algum paralelo com suas próprias histórias mais íntimas. Aqui realmente temos uma série inteligente, divertida e até emocionante; um retrato honesto sobre relacionamentos modernos que merece demais sua atenção!
Imperdível!
"Amor Platônico" vai te surpreender - especialmente se você gostou de séries como "Easy" ou "Love", ambas da Netflix. Eu diria, inclusive, que a série criada pela Francesca Delbanco (de "Amigos da Faculdade") e pelo Nicholas Stoller (de "Mais que Amigos") é a junção do que existe de melhor dessas duas referências. A produção original da AppleTV+ com a Sony nos conquista pela inteligência e sensibilidade com que equilibra o humor ácido com o drama real, trazendo para a história personagens cheios de camadas, que carregam suas inúmeras falhas, mas que nem por isso deixam de ser cativantes; além de uma abordagem extremamente honesta e complexa das relações interpessoais, especialmente entre homem e mulher, mas pela perspectiva (dúbia) da amizade.
"Platonic" (no original), basicamente, gira em torno de Will (Seth Rogen) e Sylvia (Rose Byrne), amigos de longa data que se reencontram após o divórcio de Will. Apesar do respeito mútuo, existe uma química inegável entre eles, o que transforma essa afetuosa relação em algo mais desafiador do que todos podiam imaginar, confrontando-os com seus próprios medos, inseguranças e expectativas de uma vida adulta que teima em complicar as coisas. Confira o trailer (em inglês):
Em um primeiro olhar fica claro que "Amor Platônico" se destaca pela forma com que o roteiro tece sua narrativa - existe uma dinâmica carregada de humor non senseque nos envolve. Veja, o humor ácido e perspicaz que encontramos no texto muito bem desenvolvido por Delbanco e Stoller funciona perfeitamente ao abordar os momentos de profunda sensibilidade que seus personagens estão vivendo - mesmo as situações soando absurdas, existe um toque de realismo que nos provoca alguma identificação e empatia. Ao explorar as nuances das relações humanas com essa leveza, a série sobe de patamar - ela não se contenta com soluções fáceis ou clichês, quebrando nossas expectativas ao mesmo tempo que nos convida para refletir sobre as diversas formas de amor e sobre a natureza de certa forma complexa da amizade entre o homem e a mulher.
Assuntos como: problemas no trabalho, desconfianças nos relacionamentos, o próximo passo dentro de um casamento de longa data, as idas e vindas conflituosas por problemas que surgem aos montes na vida adulta, o ciúmes fantasiado de segurança, enfim, vários pontos tão próximos de nós que aqui são uma espécie de plano de fundo para situações pela qual Will e Sylvia precisam passar - o interessante é que o fato dos personagens estarem na meia idade só potencializa tais discussões. Tanto Delbanco quanto Stoller também se dividem na direção dos episódios, deixando com que Seth Rogen e Rose Byrne entreguem o que têm de melhor. A química entre os dois atores é invejável e essencial para que nos apaixonemos pela proposta da série - mesmo que inicialmente pareça bobinha demais. A trilha sonora também merece destaque: as músicas da abertura dão o exato tom do que vem pela frente nos dez episódios da temporada.
"Amor Platônico" tem uma atmosfera positiva e acolhedora - é uma delicia de assistir. Seu conceito narrativo não busca grandiosidade, mas tenta (e quase sempre consegue) se aprofundar na dinâmica natural entre os personagens em pouco mais de trinta minutos por episódio - não será raro você se pegar refletindo sobre uma passagem que acabou de assistir ou de fazer algum paralelo com suas próprias histórias mais íntimas. Aqui realmente temos uma série inteligente, divertida e até emocionante; um retrato honesto sobre relacionamentos modernos que merece demais sua atenção!
Imperdível!
Do mesmo diretor de "Joy: O Nome do Sucesso"e "Trapaça", o premiadíssimo David O. Russell, "Amsterdam" fatalmente vai entrar naquela prateleira do "ame ou odeie" - a própria bilheteria do filme provou essa tese. Bem na linha de Wes Anderson (de "O Grande Hotel Budapeste" e "A Crônica Francesa") com um leve toque de "Entre Facas e Segredos" a história tranquilamente poderia ter sido tirada da obra de Agatha Christie ou de um conto de Sherlock Holmes, porém (e aí que está a divisão do público) com uma narração mais cadenciada, muitas vezes até cansativa, onde os detalhes estéticos se sobrepõem à trama (que curiosamente foi baseada em fatos reais) - é como se estivéssemos lendo um livro do Jô Soares (O Xangô de Baker Street ) que era cheio de descrições contextuais, mas ainda assim com uma história com certa criatividade.
"Amsterdam" acompanha a jornada de três amigos que se conheceram durante a Primeira Guerra Mundial. Eles são Burt Berendsen (Christian Bale), um médico que perdeu o olho em combate; seu amigo advogado Harold Woodman (John David Washington); e uma excêntrica artista/enfermeira Valerie Voze (Margot Robbie). Após retornarem do campo de batalha, o trio passa um período se divertindo em Amsterdam, mas acabam se separando, apenas para se reunirem muitos anos depois no meio de um assassinato em plena década de 30, em que Burt e Harold são suspeitos. Os amigos, então, se unem para limpar seus nomes, enquanto tentam desvendar uma conspiração gigantesca. Confira o trailer:
Inegavelmente que o que mais chama atenção inicialmente é a qualidade da produção no que diz respeito ao departamento de arte - do desenho de produção, passando pelo figurino e maquiagem, "Amsterdam" brilha no quesito técnico e artístico extremamente alinhado com a fotografia do (sempre ele) Emmanuel Lubezki (vencedor de três Oscars, sendo o último deles por "O Regresso"). Logo depois, no entanto, o que vemos brilhar é o elenco - e aqui cabe uma observação importante: os protagonistas e os coadjuvantes são tão importantes quanto todo elenco de apoio que é recheado de convidados que vão de Taylor Swift até Robert De Niro.
O que teria tudo para fazer o filme brilhar, na verdade acaba escondendo um roteiro que soa um pouco confuso e uma edição (de Jay Cassidy) com soluções que várias vezes mais atrapalham do que nos conecta com a história - os flashbacks contextualizam, mas ao mesmo tempo quebram o ritmo. Além disso, o conceito narrativo que O. Russell propõe causa um certo estranhamento - demora para entendermos sua intenção (muitas delas, inclusive, criadas para funcionar como alivio cômico onde não precisava). É preciso dizer, no entanto, que a sensação de "caos" existe e ao embarcarmos na jornada, atentos a proposta, vemos que tudo isso faz sentido.
Após duas horas de filme, temos a exata noção que "Amsterdam" aproveita da sua excentricidade para discutir elementos políticos de uma época onde o fascismo começava a imperar. Mesmo que com essa caricatura visual na sua forma, é de se perceber o propósito politico de O. Russell no seu conteúdo até quando soa dispensável - o personagem de Chris Rock é um bom exemplo: ele aparece, faz um comentário sobre racismo e/ou supremacia branca e depois desaparece na mesma velocidade. O fato é que o filme transita entre a conspiração e a espionagem, mas com sua base enraizada na sátira política, quase pastelão, com aquele leve toque de drama de relação mais emocional. Confuso? Sim, mas como entretenimento é inegável o seu charme!
Do mesmo diretor de "Joy: O Nome do Sucesso"e "Trapaça", o premiadíssimo David O. Russell, "Amsterdam" fatalmente vai entrar naquela prateleira do "ame ou odeie" - a própria bilheteria do filme provou essa tese. Bem na linha de Wes Anderson (de "O Grande Hotel Budapeste" e "A Crônica Francesa") com um leve toque de "Entre Facas e Segredos" a história tranquilamente poderia ter sido tirada da obra de Agatha Christie ou de um conto de Sherlock Holmes, porém (e aí que está a divisão do público) com uma narração mais cadenciada, muitas vezes até cansativa, onde os detalhes estéticos se sobrepõem à trama (que curiosamente foi baseada em fatos reais) - é como se estivéssemos lendo um livro do Jô Soares (O Xangô de Baker Street ) que era cheio de descrições contextuais, mas ainda assim com uma história com certa criatividade.
"Amsterdam" acompanha a jornada de três amigos que se conheceram durante a Primeira Guerra Mundial. Eles são Burt Berendsen (Christian Bale), um médico que perdeu o olho em combate; seu amigo advogado Harold Woodman (John David Washington); e uma excêntrica artista/enfermeira Valerie Voze (Margot Robbie). Após retornarem do campo de batalha, o trio passa um período se divertindo em Amsterdam, mas acabam se separando, apenas para se reunirem muitos anos depois no meio de um assassinato em plena década de 30, em que Burt e Harold são suspeitos. Os amigos, então, se unem para limpar seus nomes, enquanto tentam desvendar uma conspiração gigantesca. Confira o trailer:
Inegavelmente que o que mais chama atenção inicialmente é a qualidade da produção no que diz respeito ao departamento de arte - do desenho de produção, passando pelo figurino e maquiagem, "Amsterdam" brilha no quesito técnico e artístico extremamente alinhado com a fotografia do (sempre ele) Emmanuel Lubezki (vencedor de três Oscars, sendo o último deles por "O Regresso"). Logo depois, no entanto, o que vemos brilhar é o elenco - e aqui cabe uma observação importante: os protagonistas e os coadjuvantes são tão importantes quanto todo elenco de apoio que é recheado de convidados que vão de Taylor Swift até Robert De Niro.
O que teria tudo para fazer o filme brilhar, na verdade acaba escondendo um roteiro que soa um pouco confuso e uma edição (de Jay Cassidy) com soluções que várias vezes mais atrapalham do que nos conecta com a história - os flashbacks contextualizam, mas ao mesmo tempo quebram o ritmo. Além disso, o conceito narrativo que O. Russell propõe causa um certo estranhamento - demora para entendermos sua intenção (muitas delas, inclusive, criadas para funcionar como alivio cômico onde não precisava). É preciso dizer, no entanto, que a sensação de "caos" existe e ao embarcarmos na jornada, atentos a proposta, vemos que tudo isso faz sentido.
Após duas horas de filme, temos a exata noção que "Amsterdam" aproveita da sua excentricidade para discutir elementos políticos de uma época onde o fascismo começava a imperar. Mesmo que com essa caricatura visual na sua forma, é de se perceber o propósito politico de O. Russell no seu conteúdo até quando soa dispensável - o personagem de Chris Rock é um bom exemplo: ele aparece, faz um comentário sobre racismo e/ou supremacia branca e depois desaparece na mesma velocidade. O fato é que o filme transita entre a conspiração e a espionagem, mas com sua base enraizada na sátira política, quase pastelão, com aquele leve toque de drama de relação mais emocional. Confuso? Sim, mas como entretenimento é inegável o seu charme!
"As Leis da Termodinâmica", filme espanhol distribuído pela Netflix (por isso o selo de Original), é muito bacana. Na verdade ele começa um pouco lento, fiquei até na dúvida se o filme era um documentário ou uma ficção e isso até me gerou um certo desconforto. O fato é que o filme é um híbrido dos dois gêneros e assim que se entende a dinâmica narrativa, o filme flui muito tranquilo porque tem um roteiro inteligente e é muito bem dirigido pelo Mateo Gil - um dos roteiristas de "Mar Adentro" do chileno Alejandro Amenábar e vencedor do Oscar estrangeiro de 2005.
"Las leyes de la termodinámica" (no original), conta a história (improvável) de amor entre um assistente de professor universitário e cientista com uma modelo famosa - uma pegada meio "Nothing Hill". O grande trunfo do filme, é a forma como essa história é contada, pois é feito um paralelo entre as fases de um relacionamento com as Leis da Termodinâmica - pode parecer chato e até um formato repetitivo, mas é muito inteligente e extremamente bem explorada pelo diretor (que também assina o roteiro). Fica impossível não se identificar com uma ou outra situação! O filme é categorizado como uma comédia romântica, mas é inteligente e vai além do óbvio, surpreende pela qualidade.
Tecnicamente é excelente também: tem uma montagem dinâmica, intervenções gráficas interessantes (e que ajudam contar a história sem chamar muito a atenção) e os atores estão ótimos (Vito Sanz, especialmente). Vale muito a pena. Entretenimento leve e inteligente!
\Vale o play. Vale a indicação!!! Assistam no clima que a surpresa será boa!!!
"As Leis da Termodinâmica", filme espanhol distribuído pela Netflix (por isso o selo de Original), é muito bacana. Na verdade ele começa um pouco lento, fiquei até na dúvida se o filme era um documentário ou uma ficção e isso até me gerou um certo desconforto. O fato é que o filme é um híbrido dos dois gêneros e assim que se entende a dinâmica narrativa, o filme flui muito tranquilo porque tem um roteiro inteligente e é muito bem dirigido pelo Mateo Gil - um dos roteiristas de "Mar Adentro" do chileno Alejandro Amenábar e vencedor do Oscar estrangeiro de 2005.
"Las leyes de la termodinámica" (no original), conta a história (improvável) de amor entre um assistente de professor universitário e cientista com uma modelo famosa - uma pegada meio "Nothing Hill". O grande trunfo do filme, é a forma como essa história é contada, pois é feito um paralelo entre as fases de um relacionamento com as Leis da Termodinâmica - pode parecer chato e até um formato repetitivo, mas é muito inteligente e extremamente bem explorada pelo diretor (que também assina o roteiro). Fica impossível não se identificar com uma ou outra situação! O filme é categorizado como uma comédia romântica, mas é inteligente e vai além do óbvio, surpreende pela qualidade.
Tecnicamente é excelente também: tem uma montagem dinâmica, intervenções gráficas interessantes (e que ajudam contar a história sem chamar muito a atenção) e os atores estão ótimos (Vito Sanz, especialmente). Vale muito a pena. Entretenimento leve e inteligente!
\Vale o play. Vale a indicação!!! Assistam no clima que a surpresa será boa!!!
Se você é fã de true crime (mas fã mesmo), você vai se amarrar em "Baseado Numa História Real" - não por ser mais uma trama do gênero, mas pela forma como a narrativa brinca com os elementos dramáticos tão característicos para construir mistérios que vem conquistando uma audiência absurda nos últimos anos. "Baseado Numa História Real" está para o true crime, da mesma forma que Silicon Valley está para o universo de startups. Lançada em 2023 pelo Peacock e aqui distribuída pelo Globoplay, a série criada por Craig Rosenberg (de, nada menos que, "The Boys"), combina a leveza da sátira com a densidade do suspense para explorar a obsessão contemporânea com crimes reais e a cultura dos podcasts sobre o assunto. Com uma abordagem que mescla humor ácido (um tanto sombrio em vários momentos), mistério e crítica social, "Baseado Numa História Real" questiona o fascínio que o público tem por histórias de crimes violentos, enquanto cria uma jornada envolvente e, por vezes, desconcertante.
A trama gira em torno de Ava (Kaley Cuoco) e Nathan (Chris Messina), um casal de Los Angeles que, ao enfrentar dificuldades financeiras, vê uma oportunidade lucrativa quando descobrem que alguém próximo a eles pode ser um assassino em série. Em vez de denunciar o criminoso, eles decidem criar um podcast de crime real, capitalizando o fascínio público por esse tipo de conteúdo. Ao longo dos 8 episódios, o casal se vê envolvido em uma série de eventos cada vez mais perigosos e fora de controle, enquanto tentam equilibrar suas vidas pessoais e o desejo de sucesso na mídia. Confira o trailer:
Uma das forças de "Baseado Numa História Real", sem dúvida, é a forma como a série satiriza a obsessão moderna por crimes reais - menos pastelão de que "Only Murders in the Building"e menos criativa que "Depois da Festa", no entanto igualmente divertida e possivelmente mais equilibrada do que as duas. Se criação de podcasts e séries documentais sobre assassinatos se tornou um fenômeno da cultura pop, a série de Craig Rosenberg captura muito bem a ironia dessa obsessão ao questionar o quanto as pessoas estão dispostas a explorar o sofrimento real em nome do entretenimento (e, óbvio, do dinheiro). Ava e Nathan, longe de serem heróis tradicionais, se tornam cúmplices morais na exploração de uma tragédia para seus próprios ganhos, o que faz a audiência refletir sobre a linha tênue entre a curiosidade e a hipocrisia.
A série se destaca também pelo tom sarcástico, mesmo quando lida com temas perturbadores ou cenas visualmente impactantes. O humor negro do roteiro permeia os diálogos e as situações absurdas em que Ava e Nathan se metem - o que ajuda nesse equilíbrio entre o suspense crescente e os momentos mais leves da história. Essa mistura de comédia e tensão, aliás, é uma das marcas registradas da narrativa de Rosenberg, basta lembrar de "The Boys, porém, aqui, com episódios mais curtos e uma trama que avança rapidamente, a narrativa precisa ser realmente eficaz para manter o engajamento. Repleta de reviravoltas inesperadas que, embora por vezes exageradas, mantêm o tom cômico e satírico, a série usa e abusa de um ar de imprevisibilidade que funciona demais! Kaley Cuoco parece se reinventar mais uma vez - ela oferece uma atuação divertida e cheia de camadas. Repare como ela é competente ao criar uma mulher desesperada para revitalizar sua vida e seu casamento, ao mesmo tempo em que se vê fascinada pela possibilidade de sucesso financeiro com o podcast. E aí a química com Chris Messina se faz valer - é o marido cético e pragmático que, apesar de inicialmente hesitante, acaba sendo atraído pela ideia da mulher amada, o que cria uma dinâmica interessante entre o casal.
Já pelo título, a crítica que "Baseado Numa História Real" faz ao consumo desenfreado de histórias de crimes reais, levanta questões sobre a moralidade de transformar a brutalidade em entretenimento e a forma como o público, muitas vezes, se desconecta da realidade por trás dessas histórias. Os protagonistas que inicialmente começam o podcast como uma solução para seus problemas, rapidamente percebem que estão em um caminho perigoso e que pode ter consequências reais - esse "comentário" sobre a desumanização do trágico na cultura moderna dá à série uma profundidade surpreendente, fazendo com que "as entrelinhas" cheguem muito além de um comédia superficial.
Vale a pena conferir!
Se você é fã de true crime (mas fã mesmo), você vai se amarrar em "Baseado Numa História Real" - não por ser mais uma trama do gênero, mas pela forma como a narrativa brinca com os elementos dramáticos tão característicos para construir mistérios que vem conquistando uma audiência absurda nos últimos anos. "Baseado Numa História Real" está para o true crime, da mesma forma que Silicon Valley está para o universo de startups. Lançada em 2023 pelo Peacock e aqui distribuída pelo Globoplay, a série criada por Craig Rosenberg (de, nada menos que, "The Boys"), combina a leveza da sátira com a densidade do suspense para explorar a obsessão contemporânea com crimes reais e a cultura dos podcasts sobre o assunto. Com uma abordagem que mescla humor ácido (um tanto sombrio em vários momentos), mistério e crítica social, "Baseado Numa História Real" questiona o fascínio que o público tem por histórias de crimes violentos, enquanto cria uma jornada envolvente e, por vezes, desconcertante.
A trama gira em torno de Ava (Kaley Cuoco) e Nathan (Chris Messina), um casal de Los Angeles que, ao enfrentar dificuldades financeiras, vê uma oportunidade lucrativa quando descobrem que alguém próximo a eles pode ser um assassino em série. Em vez de denunciar o criminoso, eles decidem criar um podcast de crime real, capitalizando o fascínio público por esse tipo de conteúdo. Ao longo dos 8 episódios, o casal se vê envolvido em uma série de eventos cada vez mais perigosos e fora de controle, enquanto tentam equilibrar suas vidas pessoais e o desejo de sucesso na mídia. Confira o trailer:
Uma das forças de "Baseado Numa História Real", sem dúvida, é a forma como a série satiriza a obsessão moderna por crimes reais - menos pastelão de que "Only Murders in the Building"e menos criativa que "Depois da Festa", no entanto igualmente divertida e possivelmente mais equilibrada do que as duas. Se criação de podcasts e séries documentais sobre assassinatos se tornou um fenômeno da cultura pop, a série de Craig Rosenberg captura muito bem a ironia dessa obsessão ao questionar o quanto as pessoas estão dispostas a explorar o sofrimento real em nome do entretenimento (e, óbvio, do dinheiro). Ava e Nathan, longe de serem heróis tradicionais, se tornam cúmplices morais na exploração de uma tragédia para seus próprios ganhos, o que faz a audiência refletir sobre a linha tênue entre a curiosidade e a hipocrisia.
A série se destaca também pelo tom sarcástico, mesmo quando lida com temas perturbadores ou cenas visualmente impactantes. O humor negro do roteiro permeia os diálogos e as situações absurdas em que Ava e Nathan se metem - o que ajuda nesse equilíbrio entre o suspense crescente e os momentos mais leves da história. Essa mistura de comédia e tensão, aliás, é uma das marcas registradas da narrativa de Rosenberg, basta lembrar de "The Boys, porém, aqui, com episódios mais curtos e uma trama que avança rapidamente, a narrativa precisa ser realmente eficaz para manter o engajamento. Repleta de reviravoltas inesperadas que, embora por vezes exageradas, mantêm o tom cômico e satírico, a série usa e abusa de um ar de imprevisibilidade que funciona demais! Kaley Cuoco parece se reinventar mais uma vez - ela oferece uma atuação divertida e cheia de camadas. Repare como ela é competente ao criar uma mulher desesperada para revitalizar sua vida e seu casamento, ao mesmo tempo em que se vê fascinada pela possibilidade de sucesso financeiro com o podcast. E aí a química com Chris Messina se faz valer - é o marido cético e pragmático que, apesar de inicialmente hesitante, acaba sendo atraído pela ideia da mulher amada, o que cria uma dinâmica interessante entre o casal.
Já pelo título, a crítica que "Baseado Numa História Real" faz ao consumo desenfreado de histórias de crimes reais, levanta questões sobre a moralidade de transformar a brutalidade em entretenimento e a forma como o público, muitas vezes, se desconecta da realidade por trás dessas histórias. Os protagonistas que inicialmente começam o podcast como uma solução para seus problemas, rapidamente percebem que estão em um caminho perigoso e que pode ter consequências reais - esse "comentário" sobre a desumanização do trágico na cultura moderna dá à série uma profundidade surpreendente, fazendo com que "as entrelinhas" cheguem muito além de um comédia superficial.
Vale a pena conferir!
"Belle Époque" é um delicioso convite à nostalgia! Como em "Meia-noite em Paris" ou em “O Último Amor de Mr. Morgan”, o filme traz no roteiro uma leveza e uma sensibilidade impressionantes para discutir a importância de olhar para si, para só depois poder encontrar o outro. Eu diria, inclusive, que essa produção francesa dirigida pelo talentoso Nicolas Bedos (de "Os Infiéis") traz o que existe de melhor nos dramas de relação para o tom envolvente de uma comédia que em nenhum instante se perde no usual e que sabe aproveitar os gatilhos emocionais para nos perguntar, a cada momento, se estaríamos dispostos a viver a melhor época de nossa vida de novo!
Victor (Daniel Auteuil) é um sexagenário desiludido com o casamento em crise. Quando ele é apresentado para a empresa de Antoine (Guillaume Canet) que o sugere um serviço que une encenação teatral com recriação histórica, sua vida vira de cabeça para baixo. Victor decide então reviver o que ele considera a semana mais marcante de sua vida, onde, 40 anos antes, conheceu um grande e inesquecível amor. Confira o trailer:
Talvez o grande mérito de "Belle Époque" seja o de nos provocar, não só uma reflexão profunda como também a lidar com a dor da autoindulgência! Obviamente que todo aquele sentimento mais nostálgico escondido em nossa memória e principalmente em nosso coração, nos acompanha por toda jornada, porém o texto do próprio Bedos estabelece que mesmo nas decisões mais racionais, de alguma forma, é possível encontrar um leve sorriso ou um aprendizado capaz de mudar nossa percepção - essa dinâmica narrativa deixa tudo mais agradável, te garanto. Sim, eu sei que pode até parecer filosófico demais, mas é justamente por isso que o filme nos prende do começo ao fim - a identificação com Victor é imediata e a conexão com sua situação soa tão realista que nos permite estar ao seu lado, custe o que custar.
Guillaume Canet (como Antoine) e a belíssima Doria Tillier (como Margot) representam com muita sabedoria alguns arquétipos que se encaixam perfeitamente ao novo olhar sobre o sucesso e o fracasso das relações: o controlador e bem sucedido empresário que se apaixona pela sensível e talentosa artista que busca o seu lugar no mundo. Esse é exatamente o mesmo recorte, só que invertido, de Marianne Drumond (Fanny Ardant) e de Victor (Daniel Auteuil) - aqui as discussões sobre o peso de algumas escolhas e o reflexo de determinadas decisões de vida vão do presente ao passado para o casal em crise com a mesma simetria que um dia pode se tornar o futuro do casal que ainda luta para se encontrar.
Com uma trilha sonora original que vai de Billie Holiday à Fontella Bass, "La Belle Époque" (no original) celebra o amor sem pieguice - como uma bela poesia aos saudosistas ou um choque de realidade aos mais racionais, tudo sem esquecer do bom entretenimento. Se a arte nos permite sonhar, Bedos certamente se aproveitou da sua para nos presentear com um universo tão mágico quanto palpável, daqueles que não queremos acordar mesmo na hora marcada. Se o filme soa como uma reencenação de uma história de amor, certamente você vai sentir seu coração apertar por desejar reviver algum momento especial da sua vida!
E é por isso que vale muito o seu play!
"Belle Époque" é um delicioso convite à nostalgia! Como em "Meia-noite em Paris" ou em “O Último Amor de Mr. Morgan”, o filme traz no roteiro uma leveza e uma sensibilidade impressionantes para discutir a importância de olhar para si, para só depois poder encontrar o outro. Eu diria, inclusive, que essa produção francesa dirigida pelo talentoso Nicolas Bedos (de "Os Infiéis") traz o que existe de melhor nos dramas de relação para o tom envolvente de uma comédia que em nenhum instante se perde no usual e que sabe aproveitar os gatilhos emocionais para nos perguntar, a cada momento, se estaríamos dispostos a viver a melhor época de nossa vida de novo!
Victor (Daniel Auteuil) é um sexagenário desiludido com o casamento em crise. Quando ele é apresentado para a empresa de Antoine (Guillaume Canet) que o sugere um serviço que une encenação teatral com recriação histórica, sua vida vira de cabeça para baixo. Victor decide então reviver o que ele considera a semana mais marcante de sua vida, onde, 40 anos antes, conheceu um grande e inesquecível amor. Confira o trailer:
Talvez o grande mérito de "Belle Époque" seja o de nos provocar, não só uma reflexão profunda como também a lidar com a dor da autoindulgência! Obviamente que todo aquele sentimento mais nostálgico escondido em nossa memória e principalmente em nosso coração, nos acompanha por toda jornada, porém o texto do próprio Bedos estabelece que mesmo nas decisões mais racionais, de alguma forma, é possível encontrar um leve sorriso ou um aprendizado capaz de mudar nossa percepção - essa dinâmica narrativa deixa tudo mais agradável, te garanto. Sim, eu sei que pode até parecer filosófico demais, mas é justamente por isso que o filme nos prende do começo ao fim - a identificação com Victor é imediata e a conexão com sua situação soa tão realista que nos permite estar ao seu lado, custe o que custar.
Guillaume Canet (como Antoine) e a belíssima Doria Tillier (como Margot) representam com muita sabedoria alguns arquétipos que se encaixam perfeitamente ao novo olhar sobre o sucesso e o fracasso das relações: o controlador e bem sucedido empresário que se apaixona pela sensível e talentosa artista que busca o seu lugar no mundo. Esse é exatamente o mesmo recorte, só que invertido, de Marianne Drumond (Fanny Ardant) e de Victor (Daniel Auteuil) - aqui as discussões sobre o peso de algumas escolhas e o reflexo de determinadas decisões de vida vão do presente ao passado para o casal em crise com a mesma simetria que um dia pode se tornar o futuro do casal que ainda luta para se encontrar.
Com uma trilha sonora original que vai de Billie Holiday à Fontella Bass, "La Belle Époque" (no original) celebra o amor sem pieguice - como uma bela poesia aos saudosistas ou um choque de realidade aos mais racionais, tudo sem esquecer do bom entretenimento. Se a arte nos permite sonhar, Bedos certamente se aproveitou da sua para nos presentear com um universo tão mágico quanto palpável, daqueles que não queremos acordar mesmo na hora marcada. Se o filme soa como uma reencenação de uma história de amor, certamente você vai sentir seu coração apertar por desejar reviver algum momento especial da sua vida!
E é por isso que vale muito o seu play!
Como em "O Método Kominsky" e mais recentemente em "A Nova Vida de Toby", assistir "Better Things" é como olhar pela janela, reconhecer a vida e, com muito bom humor, enfrentá-la. Existe uma honestidade no texto dessa excelente produção do FX (disponível aqui no Star+) que nos envolve e nos conecta com a protagonista de uma forma muito natural. Enxergar a beleza da maternidade pode soar até usual, mas reconhecer suas dificuldades já exige um pouco mais de coragem, e é nesse ponto que os criadores da série, Pamela Adlon e Louis C.K., dão uma aula de sensibilidade ao entregar uma jornada emocionante, inteligente, dinâmica e muito afinada com a realidade, a partir da perspectiva de quem de fato merece os holofotes: a mulher!
'Better Things', basicamente, conta a história de Sam (Pamela Adlon), uma atriz, mãe e divorciada que cuida de suas três filhas sozinha. Apesar de sua profissão, a vida de Sam não é tão glamorosa quanto se pensa; ela trabalha duro para pagar as contas, cuidar das três filhas, Max (Mikey Madison), Frankie (Hannah Alligood) e Duke (Olivia Edward); e ainda poder se reconectar com sua essência, mesmo com as marcas que a vida foi deixando para ela. Confira o excelente 'first look' (em inglês):
Premiadíssimo, Louis C.K. é a mente criativa por trás de projetos como "Louis" e "Trapaça"; que ao se encontrar com Pamela Adlon (a inesquecível Marcy de "Californication"), nos entrega uma abordagem realista sobre a vida cotidiana, retratando com muita autenticidade os altos e baixos da experiência de ser mãe, explorando os desafios, as alegrias, as frustrações e os sacrifícios envolvidos na criação e na educação dos filhos. A dupla mostra muita competência ao abordar uma variedade de questões relevantes, como relacionamentos, feminismo, envelhecimento e até passagens mais curiosas como o mercado de trabalho para mulheres na indústria do entretenimento - reparem como o texto trata desses temas de forma inteligente e perspicaz, sem perder a mão, equilibrando o tom mais descontraído ao mesmo tempo em que não deixa de lado o drama e os sentimentos mais íntimos dos personagens.
Aliás, o que dizer sobre a performance de Pamela Adlon como Sam Fox? É impossível não citá-la como um dos destaques não só da série, mas do entretenimento como um todo. Sua interpretação é crua, quase documental, sincera ao extremo e muitas vezes hilária - ela já tinha provado sua capacidade com Marcy e agora só ratifica sua qualidade como artista, inclusive sendo indicada ao Emmy 7 vezes. Adlon tem um alcance de interpretação invejável, capaz de trabalhar uma vulnerabilidade e uma autenticidade cativantes, tornando Sam uma personagem mais humana, com falhas palpáveis, na qual a audiência se reconhece, se identifica e, claro, torce!
Outro aspecto que me chamou a atenção em "Better Things" diz respeito à sua representação diversificada de personagens. A série foi capaz de apresentar uma ampla gama de possibilidades ao retratar mulheres complexas, cada uma com suas próprias histórias e desafios, capazes de abordar assuntos difíceis e desconfortáveis, mas sempre de forma genuína e respeitosa. Repare no terceiro episódio da primeira temporada como a mãe de Sam lida com o fato de um homem negro ir jantar em sua casa. Existe uma leveza e uma ironia no texto que são dignas de muitos elogios.
"Better Things" é uma série cativante que retrata com autenticidade a vida e a luta de uma mulher moderna: como mãe e como profissional. Eu diria que essas cinco temporadas (e sim, a série tem um final) são uma experiência das mais envolventes, divertidas, sinceras e reflexivas - que vão deixar muitas saudades.
Vai na fé que vale muito o seu play!
Como em "O Método Kominsky" e mais recentemente em "A Nova Vida de Toby", assistir "Better Things" é como olhar pela janela, reconhecer a vida e, com muito bom humor, enfrentá-la. Existe uma honestidade no texto dessa excelente produção do FX (disponível aqui no Star+) que nos envolve e nos conecta com a protagonista de uma forma muito natural. Enxergar a beleza da maternidade pode soar até usual, mas reconhecer suas dificuldades já exige um pouco mais de coragem, e é nesse ponto que os criadores da série, Pamela Adlon e Louis C.K., dão uma aula de sensibilidade ao entregar uma jornada emocionante, inteligente, dinâmica e muito afinada com a realidade, a partir da perspectiva de quem de fato merece os holofotes: a mulher!
'Better Things', basicamente, conta a história de Sam (Pamela Adlon), uma atriz, mãe e divorciada que cuida de suas três filhas sozinha. Apesar de sua profissão, a vida de Sam não é tão glamorosa quanto se pensa; ela trabalha duro para pagar as contas, cuidar das três filhas, Max (Mikey Madison), Frankie (Hannah Alligood) e Duke (Olivia Edward); e ainda poder se reconectar com sua essência, mesmo com as marcas que a vida foi deixando para ela. Confira o excelente 'first look' (em inglês):
Premiadíssimo, Louis C.K. é a mente criativa por trás de projetos como "Louis" e "Trapaça"; que ao se encontrar com Pamela Adlon (a inesquecível Marcy de "Californication"), nos entrega uma abordagem realista sobre a vida cotidiana, retratando com muita autenticidade os altos e baixos da experiência de ser mãe, explorando os desafios, as alegrias, as frustrações e os sacrifícios envolvidos na criação e na educação dos filhos. A dupla mostra muita competência ao abordar uma variedade de questões relevantes, como relacionamentos, feminismo, envelhecimento e até passagens mais curiosas como o mercado de trabalho para mulheres na indústria do entretenimento - reparem como o texto trata desses temas de forma inteligente e perspicaz, sem perder a mão, equilibrando o tom mais descontraído ao mesmo tempo em que não deixa de lado o drama e os sentimentos mais íntimos dos personagens.
Aliás, o que dizer sobre a performance de Pamela Adlon como Sam Fox? É impossível não citá-la como um dos destaques não só da série, mas do entretenimento como um todo. Sua interpretação é crua, quase documental, sincera ao extremo e muitas vezes hilária - ela já tinha provado sua capacidade com Marcy e agora só ratifica sua qualidade como artista, inclusive sendo indicada ao Emmy 7 vezes. Adlon tem um alcance de interpretação invejável, capaz de trabalhar uma vulnerabilidade e uma autenticidade cativantes, tornando Sam uma personagem mais humana, com falhas palpáveis, na qual a audiência se reconhece, se identifica e, claro, torce!
Outro aspecto que me chamou a atenção em "Better Things" diz respeito à sua representação diversificada de personagens. A série foi capaz de apresentar uma ampla gama de possibilidades ao retratar mulheres complexas, cada uma com suas próprias histórias e desafios, capazes de abordar assuntos difíceis e desconfortáveis, mas sempre de forma genuína e respeitosa. Repare no terceiro episódio da primeira temporada como a mãe de Sam lida com o fato de um homem negro ir jantar em sua casa. Existe uma leveza e uma ironia no texto que são dignas de muitos elogios.
"Better Things" é uma série cativante que retrata com autenticidade a vida e a luta de uma mulher moderna: como mãe e como profissional. Eu diria que essas cinco temporadas (e sim, a série tem um final) são uma experiência das mais envolventes, divertidas, sinceras e reflexivas - que vão deixar muitas saudades.
Vai na fé que vale muito o seu play!
"Cheaters" traz para sua narrativa o tom mais leve de "Easy"da Netflix com o drama mais profundo e cheio de camadas de "Cenas de um Casamento"da Max - obviamente que empacotado com o charme estético das produções britânicas e o humor requintado de seu criador, o roteirista Oliver Lyttelton. O fato é que "Cheaters" parece descender de "Dates" e "True Love" ao oferecer uma abordagem criativa e pontualmente cômica sobre as complexidades dos relacionamentos. Dirigida por Elliot Hegarty (de "Lovesick"), a série se destaca pelo seu texto afiado e por personagens muito bem desenvolvidos que trazem para tela temas sensíveis como a infidelidade e a importância do sexo, com uma sinceridade que cativa a audiência de uma maneira impressionante. Aqui, aliás, temos uma combinação de humor ácido e de observações bem pertinentes sobre a vida amorosa em uma série que possivelmente você nem ouviu falar, mas que vale demais a sua atenção!
A trama segue Fola (Susan Wokoma) e Josh (Joshua McGuire), dois estranhos que se conhecem de maneira inusitada quando seu voo da Finlândia para a Inglaterra é cancelado - depois da tensão e de alguns drinks, eles acabam passando a noite juntos. O que começa como uma aventura casual de apenas uma noite, rapidamente se complica quando eles descobrem que ambos estão em relacionamentos sérios e pior, que eles acabaram de se tornar vizinhos em Londres. Confira o teaser original da BBC em inglês:
A série explora com muita inteligência e equilíbrio as consequências das ações de Fola e Joshe as dificuldades deles em manter o segredo em um mundo onde a verdade inevitavelmente vem à tona quando o destino resolve interferir. Partindo desse princípio, Oliver Lyttelton demonstra uma habilidade notável para escrever diálogos ágeis e inteligentes que capturam a essência das interações humanas com muita sensibilidade. "Cheaters" não se limita em explorar apenas a infidelidade, mas também consegue mergulhar nas emoções e nos dilemas que surgem de situações complicadas e que moralmente soam ambíguas - é inegável que a proximidade da ficção com a realidade, nos envolve como protagonistas de histórias parecidas.
Enquanto a narrativa é estruturada de forma a manter o público engajado, com episódios curtos e bem ritmados que facilitam a maratona, a direção de Elliot Hegarty traz uma elegância estética eficaz utilizando uma abordagem visual simples e direta que permite que os diálogos e as atuações brilhem, enquanto a imagem é composta com muito bom gosto. Hegarty aproveita bem os cenários urbanos e a vida cotidiana de Londres para criar uma sensação de autenticidade - reparem como a fotografia de Karl Oskarsson (de "Borgen") contribui para isso, criando uma conexão eficaz entre a cidade e seus personagens de forma vibrante e realista.
Wokoma e McGuire são o coração da série, trazendo performances carismáticas e autênticas que tornam seus personagens simpáticos, mesmo com suas falhas. Wokoma, em particular, se destaca por sua habilidade de equilibrar humor e vulnerabilidade, enquanto McGuire traz uma energia desajeitada e cativante a Josh. A química entre os dois é palpável, o que é crucial para a história - aliás, Jack Fox como Zack e Callie Cooke como Esther, parceiros de Fola e Josh, respectivamente, também merecem elogios.
Sempre com uma trilha sonora belíssima, "Cheaters" transita muito bem entre o leve e o melancólico, refletindo as emoções dos personagens com muita coerência. Essa mistura de comédia com drama para falar sobre honestidade, arrependimento e até sobre a busca por conexão em um mundo muitas vezes superficial, faz da série uma verdadeira pérola escondida no catálogo da Globoplay - uma visão honesta e muitas vezes hilária das dificuldades de manter relacionamentos em um mundo moderno sem precisar se apoiar em clichês!
Vale muito o play!
"Cheaters" traz para sua narrativa o tom mais leve de "Easy"da Netflix com o drama mais profundo e cheio de camadas de "Cenas de um Casamento"da Max - obviamente que empacotado com o charme estético das produções britânicas e o humor requintado de seu criador, o roteirista Oliver Lyttelton. O fato é que "Cheaters" parece descender de "Dates" e "True Love" ao oferecer uma abordagem criativa e pontualmente cômica sobre as complexidades dos relacionamentos. Dirigida por Elliot Hegarty (de "Lovesick"), a série se destaca pelo seu texto afiado e por personagens muito bem desenvolvidos que trazem para tela temas sensíveis como a infidelidade e a importância do sexo, com uma sinceridade que cativa a audiência de uma maneira impressionante. Aqui, aliás, temos uma combinação de humor ácido e de observações bem pertinentes sobre a vida amorosa em uma série que possivelmente você nem ouviu falar, mas que vale demais a sua atenção!
A trama segue Fola (Susan Wokoma) e Josh (Joshua McGuire), dois estranhos que se conhecem de maneira inusitada quando seu voo da Finlândia para a Inglaterra é cancelado - depois da tensão e de alguns drinks, eles acabam passando a noite juntos. O que começa como uma aventura casual de apenas uma noite, rapidamente se complica quando eles descobrem que ambos estão em relacionamentos sérios e pior, que eles acabaram de se tornar vizinhos em Londres. Confira o teaser original da BBC em inglês:
A série explora com muita inteligência e equilíbrio as consequências das ações de Fola e Joshe as dificuldades deles em manter o segredo em um mundo onde a verdade inevitavelmente vem à tona quando o destino resolve interferir. Partindo desse princípio, Oliver Lyttelton demonstra uma habilidade notável para escrever diálogos ágeis e inteligentes que capturam a essência das interações humanas com muita sensibilidade. "Cheaters" não se limita em explorar apenas a infidelidade, mas também consegue mergulhar nas emoções e nos dilemas que surgem de situações complicadas e que moralmente soam ambíguas - é inegável que a proximidade da ficção com a realidade, nos envolve como protagonistas de histórias parecidas.
Enquanto a narrativa é estruturada de forma a manter o público engajado, com episódios curtos e bem ritmados que facilitam a maratona, a direção de Elliot Hegarty traz uma elegância estética eficaz utilizando uma abordagem visual simples e direta que permite que os diálogos e as atuações brilhem, enquanto a imagem é composta com muito bom gosto. Hegarty aproveita bem os cenários urbanos e a vida cotidiana de Londres para criar uma sensação de autenticidade - reparem como a fotografia de Karl Oskarsson (de "Borgen") contribui para isso, criando uma conexão eficaz entre a cidade e seus personagens de forma vibrante e realista.
Wokoma e McGuire são o coração da série, trazendo performances carismáticas e autênticas que tornam seus personagens simpáticos, mesmo com suas falhas. Wokoma, em particular, se destaca por sua habilidade de equilibrar humor e vulnerabilidade, enquanto McGuire traz uma energia desajeitada e cativante a Josh. A química entre os dois é palpável, o que é crucial para a história - aliás, Jack Fox como Zack e Callie Cooke como Esther, parceiros de Fola e Josh, respectivamente, também merecem elogios.
Sempre com uma trilha sonora belíssima, "Cheaters" transita muito bem entre o leve e o melancólico, refletindo as emoções dos personagens com muita coerência. Essa mistura de comédia com drama para falar sobre honestidade, arrependimento e até sobre a busca por conexão em um mundo muitas vezes superficial, faz da série uma verdadeira pérola escondida no catálogo da Globoplay - uma visão honesta e muitas vezes hilária das dificuldades de manter relacionamentos em um mundo moderno sem precisar se apoiar em clichês!
Vale muito o play!
Meu primeiro conselho, talvez seja o mais importante: não assista "Chef" com fome! O segundo: após assistir o filme, retorne para esse review que a receita no final do texto fará muito mais sentido para você!
Carl Casper (Jon Favreau) é um respeitado chef de cozinha do restaurante Riva em Los Angeles. Sua equipe o adora, principalmente seus amigos Martin (John Leguizamo) e Tony (Bobby Cannavale). Quando um famoso crítico gastronômico marca de visitar o restaurante, Casper quer impressiona-lo de toda forma. Infelizmente, o dono do local, Riva (Dustin Hoffman), decide que eles devem continuar servindo os mesmos pratos de um cardápio, na visão dele, estabelecido e aprovado pelos clientes. Acontece que Carl não está nada confiante que esse cardápio possa impressionar o critico, mas sob pressão do empresário, e mesmo contrariado, atende ao pedido de Riva e acaba sendo massacrado pelo crítico. A crítica pouco elogiosa viraliza nas redes sociais e Carl resolve tirar satisfação, mas por não conhecer a dinâmica de postagens do Twitter, ele acaba provocando o crítico para uma espécie de revanche. Mais uma vez seus planos são minados por Riva, só que com um agravante: ele é demitido. Agora Carl precisa arranjar uma forma de se reinventar como chef ao mesmo tempo em que tenta se aproximar do seu filho. Confira o trailer:
Pela sinopse e pelo trailer, fica fácil perceber que o filme é praticamente uma comédia romântica onde a grande paixão do protagonista é a comida. Não é exagero algum comparar a dinâmica narrativa de "Chef" a um clássico dos anos 2000 e que trazia na sua história a mesma leveza e atmosfera: "Duets: Vem Cantar Comigo". Veja, um filme não tem nada a ver com outro, mas o mood é semelhante: uma espécie de "Sessão da Tarde com um algo a mais" e que adoramos assistir!
Favreau que também dirigiu o filme, acertou em cheio na forma - e mesmo não tendo um conteúdo tão original ou sendo uma história imprevisível, eu diria que pela proposta, vai ser difícil encontrar algum defeito em "Chef". Visualmente, Favreau trabalhou a narrativa usando muito da poesia e provocando os sentidos como um ano depois "Chefs Table" fez. Ele consegue prender a audiência do primeiro ao último segundo do filme, literalmente - aliás, não deixe de assistir o "making of" de uma das cenas que fica disponível durante os créditos.
Outro elemento que salta aos olhos é o elenco: temos Dustin Hoffman, Scarlett Johansson, Bobby Cannavale, Oliver Platt e até Robert Downey Jr. em rápidas cenas, mas que colocam o filme em outro patamar. Sofia Vergara e de John Leguizamo dão o tom do filme ao lado do sempre carismático Favreau, porém o grande destaque é o jovem Emjay Anthony que interpreta o filho de Carl, Percy. Sensível e divertido, Anthony mostra muita maturidade e cria uma química impressionante com Leguizamo e Favreau, principalmente no final do segundo ato quando "Chef" ganha um "delicioso" status de road movie gastronômico.
"Chef" pode ter passado despercebido por você, até pelo tom independente do filme, então sugiro que você aproveite a oportunidade que o streaming está te proporcionando e dê o play! Será uma jornada muito agradável, divertida, emocionante e que vai aguçar os seus sentidos de uma forma que nos praticamente nos obrigou a colar uma receita de comida em um review de filme!
Bom apetite!
Bom, agora que vamos ao que interessa, o "Sanduíche Cubano":
Ingredientes:
Para Marinada
As instruções do chef:
Para a Marinada
Para o Sanduíche
Para a Montagem
Meu primeiro conselho, talvez seja o mais importante: não assista "Chef" com fome! O segundo: após assistir o filme, retorne para esse review que a receita no final do texto fará muito mais sentido para você!
Carl Casper (Jon Favreau) é um respeitado chef de cozinha do restaurante Riva em Los Angeles. Sua equipe o adora, principalmente seus amigos Martin (John Leguizamo) e Tony (Bobby Cannavale). Quando um famoso crítico gastronômico marca de visitar o restaurante, Casper quer impressiona-lo de toda forma. Infelizmente, o dono do local, Riva (Dustin Hoffman), decide que eles devem continuar servindo os mesmos pratos de um cardápio, na visão dele, estabelecido e aprovado pelos clientes. Acontece que Carl não está nada confiante que esse cardápio possa impressionar o critico, mas sob pressão do empresário, e mesmo contrariado, atende ao pedido de Riva e acaba sendo massacrado pelo crítico. A crítica pouco elogiosa viraliza nas redes sociais e Carl resolve tirar satisfação, mas por não conhecer a dinâmica de postagens do Twitter, ele acaba provocando o crítico para uma espécie de revanche. Mais uma vez seus planos são minados por Riva, só que com um agravante: ele é demitido. Agora Carl precisa arranjar uma forma de se reinventar como chef ao mesmo tempo em que tenta se aproximar do seu filho. Confira o trailer:
Pela sinopse e pelo trailer, fica fácil perceber que o filme é praticamente uma comédia romântica onde a grande paixão do protagonista é a comida. Não é exagero algum comparar a dinâmica narrativa de "Chef" a um clássico dos anos 2000 e que trazia na sua história a mesma leveza e atmosfera: "Duets: Vem Cantar Comigo". Veja, um filme não tem nada a ver com outro, mas o mood é semelhante: uma espécie de "Sessão da Tarde com um algo a mais" e que adoramos assistir!
Favreau que também dirigiu o filme, acertou em cheio na forma - e mesmo não tendo um conteúdo tão original ou sendo uma história imprevisível, eu diria que pela proposta, vai ser difícil encontrar algum defeito em "Chef". Visualmente, Favreau trabalhou a narrativa usando muito da poesia e provocando os sentidos como um ano depois "Chefs Table" fez. Ele consegue prender a audiência do primeiro ao último segundo do filme, literalmente - aliás, não deixe de assistir o "making of" de uma das cenas que fica disponível durante os créditos.
Outro elemento que salta aos olhos é o elenco: temos Dustin Hoffman, Scarlett Johansson, Bobby Cannavale, Oliver Platt e até Robert Downey Jr. em rápidas cenas, mas que colocam o filme em outro patamar. Sofia Vergara e de John Leguizamo dão o tom do filme ao lado do sempre carismático Favreau, porém o grande destaque é o jovem Emjay Anthony que interpreta o filho de Carl, Percy. Sensível e divertido, Anthony mostra muita maturidade e cria uma química impressionante com Leguizamo e Favreau, principalmente no final do segundo ato quando "Chef" ganha um "delicioso" status de road movie gastronômico.
"Chef" pode ter passado despercebido por você, até pelo tom independente do filme, então sugiro que você aproveite a oportunidade que o streaming está te proporcionando e dê o play! Será uma jornada muito agradável, divertida, emocionante e que vai aguçar os seus sentidos de uma forma que nos praticamente nos obrigou a colar uma receita de comida em um review de filme!
Bom apetite!
Bom, agora que vamos ao que interessa, o "Sanduíche Cubano":
Ingredientes:
Para Marinada
As instruções do chef:
Para a Marinada
Para o Sanduíche
Para a Montagem
Mariano Cohn e Gastón Duprat é dupla responsável por "O Cidadão Ilustre" e por "Minha Obra-Prima" - não por acaso você vai encontrar o mesmo humor ácido, inteligente, irônico e as vezes até estereotipado em "Concorrência Oficial". Dito isso, eu sugiro que você conheça o trabalho da dupla de diretores antes do play, pois dos três filmes, certamente esse é o mais autoral na sua essência - mas nem por isso menos divertido.
Aqui, conhecemos Humberto Suárez (José Luis Gómez) um bilionário de 80 anos que, com medo de perder sua significância, decide fazer um filme para deixar sua marca. Ele contrata os melhores para a missão: Lola Cuevas (Penélope Cruz) é uma cineasta famosa, premiada, mas excêntrica em seu método de trabalho. Para protagonistas, dois atores incrivelmente talentosos, mas com egos enormes, Félix Rivero (Antonio Banderas) e Iván Torres (Oscar Martínez). Um é famoso em Hollywood e o outro, um ator radical com fortes bases teatrais. Durante o processo de ensaio, eles não só terão que se aturar enquanto contracenam, mas também terão que decidir qual legado querem deixar depois do último "corta". Confira o trailer:
"Concorrência Oficial" é muito divertido, mas claramente vai dialogar com aquela audiência que já esteve envolvida com os bastidores da Arte, seja no cinema ou no teatro - existe uma forte crítica sobre um olhar elitizado a respeito da própria cultura, como se a teoria suplantasse a prática ou o aprofundamento técnico à inspiração e o talento. Essa dissociação não é saudável, provoca a polarização radical de ideias sobre um mesmo assunto e o roteiro (que conta com a mão certeira do irmão de Gastón, Andrés Duprat) aproveita demais os gatilhos dessa discussão (sem fim). Isso cria uma dinâmica narrativa muito agradável, leve e engraçada, onde os atores (na maioria das cenas apenas três) dão um verdadeiro show.
Para aqueles que buscam o bom entretenimento de uma comédia divertida, essa co-produção Argentiona/Espanha pode parecer nichada demais, incompreensiva até, já que muito que está na tela tem uma gramática particular do teatro, dos métodos de interpretação e de criação, onde mesmo com a intenção de fazer graça, pode parecer o contrário. Veja, "Concorrência Oficial" não tem o humor escrachado de "O Peso do Talento", muito menos o drama profundo de "Dor e Glória", mas tem um equilíbrio, cheio de camadas e ótimas sacadas dos dois. Alias, são tantas referências ao Almodóvar que Penélope Cruz praticamente se declara para o diretor espanhol (e amigo) - a cena em que sua personagem discute com a diretora de arte sobre o cenário que será a casa de um dos protagonistas parece ter sido tirada, justamente, de algum causo contado por Cruz.
Dois pontos que precisam ser comentados: "Concorrência Oficial" parece ser uma resposta mais íntima ao polêmico "The Square" do sueco Ruben Östlund - embora, para mim, ambos convergem nas suas intenções de formas diferentes, um mais leve e irônico, enquanto o outro de uma forma mais incômoda e provocativa. O segundo detalhe que merece sua atenção é o excelente trabalho de design de som do Aitor Berenguer (profissional indicado ao Emmy em 2016 por "The Night Manager") - é incrível como a construção usando esse elemento cria uma sensação de instabilidade nas relações entre os personagens (a cena do beijo, com os microfones ligados e o som saindo apenas nos fones de ouvido, é genial!).
"Competencia Oficial" (no original) se apropria do talento dos envolvidos, com uma projeção artística e técnica elogiável, um texto inteligente e performances dignas de prêmios. Não por acaso o filme esteve em festivais renomados como San Sebastián e Veneza, o que justifica seu caráter autoral, mas sem perder a elegância tão particular da cinematografia de Mariano Cohn e Gastón Duprat.
Vale muito a pena!
Mariano Cohn e Gastón Duprat é dupla responsável por "O Cidadão Ilustre" e por "Minha Obra-Prima" - não por acaso você vai encontrar o mesmo humor ácido, inteligente, irônico e as vezes até estereotipado em "Concorrência Oficial". Dito isso, eu sugiro que você conheça o trabalho da dupla de diretores antes do play, pois dos três filmes, certamente esse é o mais autoral na sua essência - mas nem por isso menos divertido.
Aqui, conhecemos Humberto Suárez (José Luis Gómez) um bilionário de 80 anos que, com medo de perder sua significância, decide fazer um filme para deixar sua marca. Ele contrata os melhores para a missão: Lola Cuevas (Penélope Cruz) é uma cineasta famosa, premiada, mas excêntrica em seu método de trabalho. Para protagonistas, dois atores incrivelmente talentosos, mas com egos enormes, Félix Rivero (Antonio Banderas) e Iván Torres (Oscar Martínez). Um é famoso em Hollywood e o outro, um ator radical com fortes bases teatrais. Durante o processo de ensaio, eles não só terão que se aturar enquanto contracenam, mas também terão que decidir qual legado querem deixar depois do último "corta". Confira o trailer:
"Concorrência Oficial" é muito divertido, mas claramente vai dialogar com aquela audiência que já esteve envolvida com os bastidores da Arte, seja no cinema ou no teatro - existe uma forte crítica sobre um olhar elitizado a respeito da própria cultura, como se a teoria suplantasse a prática ou o aprofundamento técnico à inspiração e o talento. Essa dissociação não é saudável, provoca a polarização radical de ideias sobre um mesmo assunto e o roteiro (que conta com a mão certeira do irmão de Gastón, Andrés Duprat) aproveita demais os gatilhos dessa discussão (sem fim). Isso cria uma dinâmica narrativa muito agradável, leve e engraçada, onde os atores (na maioria das cenas apenas três) dão um verdadeiro show.
Para aqueles que buscam o bom entretenimento de uma comédia divertida, essa co-produção Argentiona/Espanha pode parecer nichada demais, incompreensiva até, já que muito que está na tela tem uma gramática particular do teatro, dos métodos de interpretação e de criação, onde mesmo com a intenção de fazer graça, pode parecer o contrário. Veja, "Concorrência Oficial" não tem o humor escrachado de "O Peso do Talento", muito menos o drama profundo de "Dor e Glória", mas tem um equilíbrio, cheio de camadas e ótimas sacadas dos dois. Alias, são tantas referências ao Almodóvar que Penélope Cruz praticamente se declara para o diretor espanhol (e amigo) - a cena em que sua personagem discute com a diretora de arte sobre o cenário que será a casa de um dos protagonistas parece ter sido tirada, justamente, de algum causo contado por Cruz.
Dois pontos que precisam ser comentados: "Concorrência Oficial" parece ser uma resposta mais íntima ao polêmico "The Square" do sueco Ruben Östlund - embora, para mim, ambos convergem nas suas intenções de formas diferentes, um mais leve e irônico, enquanto o outro de uma forma mais incômoda e provocativa. O segundo detalhe que merece sua atenção é o excelente trabalho de design de som do Aitor Berenguer (profissional indicado ao Emmy em 2016 por "The Night Manager") - é incrível como a construção usando esse elemento cria uma sensação de instabilidade nas relações entre os personagens (a cena do beijo, com os microfones ligados e o som saindo apenas nos fones de ouvido, é genial!).
"Competencia Oficial" (no original) se apropria do talento dos envolvidos, com uma projeção artística e técnica elogiável, um texto inteligente e performances dignas de prêmios. Não por acaso o filme esteve em festivais renomados como San Sebastián e Veneza, o que justifica seu caráter autoral, mas sem perder a elegância tão particular da cinematografia de Mariano Cohn e Gastón Duprat.
Vale muito a pena!