indika.tv - Cherry
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Cherry

Diretor
Anthony Russo, Joe Russo
Elenco
Tom Holland, Ciara Bravo, Jack Reynor
Ano
2021
País
EUA

Drama AppleTV+ ml-real ml-relacoes ml-familia ml-superação ml-gb ml-guerra

Cherry

"Cherry - Inocência Perdida", novo filme dos irmão Russo para o AppleTV+, vem dividindo opiniões graças a quantidade enorme de elementos que os diretores Anthony e Joe escolheram para compor, tanto o conceito visual como o narrativo. Eu, pessoalmente, gostei muito do filme - especialmente do trabalho do Tom Holland que desde "O diabo de cada dia" vem se mostrando cada vez mais maduro e consciente do seu talento.

O fato é que "Cherry" não é linear como obra, sua cadência varia muito entre os "capítulos" (cinco no total + prólogo e epílogo) que pontuam a jornada do protagonista e, talvez por isso, tenha encontrado ainda mais resistência - acho até que se o filme tivesse poucas intervenções gráficas e vinte minutos a menos, tirando um epílogo completamente dispensável, a percepção pudesse até ser outra - e aqui estou falando de percepção mesmo, porque o filme está longe de ser ruim como vou explicar abaixo.

Holland é Cherry (algo como "cabaço" - em um jogo de palavras também usado para definir alguém fraco de cabeça e de postura perante a vida) é um jovem americano que se alista no Exército depois que sua namorada resolve estudar no Canadá apenas para se afastar dele. Nessa mistura entre o luto emocional e a busca por um novo propósito, Cherry acaba descobrindo o horror na Guerra do Iraque e seus terríveis reflexos pós-traumáticos. Essa ruína física e mental culmina em um profundo vicio, primeiro em remédios contra a ansiedade e depois em heroína, transformando sua vida em um verdadeiro caos - uma bola de neve que mistura drogas, crimes e solidão. Confira o trailer:

Primeiro a quebra da quarta parede (aquele artifício narrativo onde o personagem fala diretamente para câmera, no meio da ação, quase como um confidente para quem assiste - tão bem utilizada por Frank Underwood de "House of Cards", diga-se de passagem) e depois muita narração em off, passam a impressão de um filme com muita identidade logo de cara. O problema é que identidade demais pode ter justamente o efeito contrário e os irmão Russo sentem isso na pele ao se perderem em decisões um pouco ingênuas e na necessidade de ganhar dinâmica reproduzindo uma estética de videoclipe dos anos 90. O curioso, porém, é que o trabalho dos irmãos no set é irretocável! Tanto a direção de cena como na de atores, eles merecem muitos elogios - eles entregam um filme muito bonito, bem fotografado e com personagens interessantes! Aliás, não é só o Tom Holland (esse digno de Oscar) que está voando, destaco também o trabalho da ótima Ciara Bravo (como Emily).

Misturando vários gêneros, muitos sem nenhuma conexão, que vão do romance ao drama de guerra, "Cherry - Inocência Perdida" é um filme (propositalmente) caótico que cobre um período gigantesco da vida de um personagem bem complexo, um homem que definha por conta do sistema que ele claramente não estava preparado para lidar, sem nenhum apoio, e que é incapaz de encontrar uma oportunidade para tentar sair desse caos que ele mesmo entrou - mais ou menos como aconteceu com os irmão Russo na direção tentando ser os irmãos Cohen.

Eu recomendo "Cherry", é ótimo entretenimento, uma produção de extrema qualidade técnica e que tem um trabalho que chancela Tom Holland como um grande ator; mas aquele potencial de Oscar que tanto se comentou, pode até ter pesado no final - exatamente como aconteceu com "Malcolm e Marie".

Vale muito o play, mesmo assim.

Assista Agora

"Cherry - Inocência Perdida", novo filme dos irmão Russo para o AppleTV+, vem dividindo opiniões graças a quantidade enorme de elementos que os diretores Anthony e Joe escolheram para compor, tanto o conceito visual como o narrativo. Eu, pessoalmente, gostei muito do filme - especialmente do trabalho do Tom Holland que desde "O diabo de cada dia" vem se mostrando cada vez mais maduro e consciente do seu talento.

O fato é que "Cherry" não é linear como obra, sua cadência varia muito entre os "capítulos" (cinco no total + prólogo e epílogo) que pontuam a jornada do protagonista e, talvez por isso, tenha encontrado ainda mais resistência - acho até que se o filme tivesse poucas intervenções gráficas e vinte minutos a menos, tirando um epílogo completamente dispensável, a percepção pudesse até ser outra - e aqui estou falando de percepção mesmo, porque o filme está longe de ser ruim como vou explicar abaixo.

Holland é Cherry (algo como "cabaço" - em um jogo de palavras também usado para definir alguém fraco de cabeça e de postura perante a vida) é um jovem americano que se alista no Exército depois que sua namorada resolve estudar no Canadá apenas para se afastar dele. Nessa mistura entre o luto emocional e a busca por um novo propósito, Cherry acaba descobrindo o horror na Guerra do Iraque e seus terríveis reflexos pós-traumáticos. Essa ruína física e mental culmina em um profundo vicio, primeiro em remédios contra a ansiedade e depois em heroína, transformando sua vida em um verdadeiro caos - uma bola de neve que mistura drogas, crimes e solidão. Confira o trailer:

Primeiro a quebra da quarta parede (aquele artifício narrativo onde o personagem fala diretamente para câmera, no meio da ação, quase como um confidente para quem assiste - tão bem utilizada por Frank Underwood de "House of Cards", diga-se de passagem) e depois muita narração em off, passam a impressão de um filme com muita identidade logo de cara. O problema é que identidade demais pode ter justamente o efeito contrário e os irmão Russo sentem isso na pele ao se perderem em decisões um pouco ingênuas e na necessidade de ganhar dinâmica reproduzindo uma estética de videoclipe dos anos 90. O curioso, porém, é que o trabalho dos irmãos no set é irretocável! Tanto a direção de cena como na de atores, eles merecem muitos elogios - eles entregam um filme muito bonito, bem fotografado e com personagens interessantes! Aliás, não é só o Tom Holland (esse digno de Oscar) que está voando, destaco também o trabalho da ótima Ciara Bravo (como Emily).

Misturando vários gêneros, muitos sem nenhuma conexão, que vão do romance ao drama de guerra, "Cherry - Inocência Perdida" é um filme (propositalmente) caótico que cobre um período gigantesco da vida de um personagem bem complexo, um homem que definha por conta do sistema que ele claramente não estava preparado para lidar, sem nenhum apoio, e que é incapaz de encontrar uma oportunidade para tentar sair desse caos que ele mesmo entrou - mais ou menos como aconteceu com os irmão Russo na direção tentando ser os irmãos Cohen.

Eu recomendo "Cherry", é ótimo entretenimento, uma produção de extrema qualidade técnica e que tem um trabalho que chancela Tom Holland como um grande ator; mas aquele potencial de Oscar que tanto se comentou, pode até ter pesado no final - exatamente como aconteceu com "Malcolm e Marie".

Vale muito o play, mesmo assim.

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