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Entre Mulheres

Diretor
Sarah Polley
Elenco
Rooney Mara, Claire Foy, Frances McDormand, Jessie Buckley
Ano
2022
País
EUA

Drama Prime Video ml-religiao ml-relacoes ml-violencia ml-independente ml-epoca ml-assedio ml-livro ml-oscar ml-rm

Entre Mulheres

"Entre Mulheres" é excelente, mas muito difícil! Veja, no cenário cinematográfico contemporâneo, obras que exploram a complexidade das relações humanas e abordam temas sensíveis como o estupro, o assédio e a violência contra a mulher, têm ganhado cada vez mais destaque e o filme dirigido por Sarah Pulley (de "Histórias que Contamos"), é mais um exemplo notável dessa tendência. No entanto, aqui, não encontramos uma narrativa tão fluida, pois, propositalmente, a diretora prefere explorar o texto de uma forma que mistura o simbolismo com a dura realidade e essa escolha certamente vai afastar parte da audiência. Existe uma poesia e uma profundidade nas entrelinhas que impressionam, mas a cadência de como a trama é desenvolvida exige muita boa vontade até alcançar o final. 

Baseado no livro homônimo de Miriam Toews, "Entre Mulheres"  acompanha um grupo de mulheres que moram em uma comunidade cristã menonita isolada nos EUA. Alvos de crimes sexuais cometidos pelos homens da comunidade, elas criam um plebiscito para decidir se deixam a comunidade, que representa tudo o que elas conhecem até então, ou se ficam e lutam para torná-la um lugar mais seguro para elas e para as próximas gerações – uma opção não muito mais fácil, visto que quase todos os homens adultos do local se dispuseram a pagar a fiança dos criminosos e deram às suas esposas, mães, irmãs e filhas um ultimato: ou elas perdoam os agressores, ou terão de arriscar a danação eterna. Confira o trailer:

Depois de um prólogo praticamente perfeito em sua estrutura dramática, não existiria forma mais irônica de iniciar o filme em si se não com a frase: “Esta história é fruto da fértil imaginação feminina”. É impressionante como Sarah Pulley contextualiza o problema, apresenta as personagens e nos indica exatamente qual o caminho sua narrativa vai seguir, em pouquíssimos planos, quase sem nenhum diálogo, mas com uma narração tão potente quanto profunda e um texto, de fato, digno de Oscar - aliás, "Entre Mulheres" ganhou o prêmio de "Roteiro Adaptado" em 2023 e concorreu como "Melhor Filme do Ano".

A direção de Pulley merece aplausos, especialmente pela maneira como ela constrói a narrativa visualmente - eu diria que o filme é uma poesia visual, como "Retrato de uma Jovem em Chamas". A paleta de cores mais esverdeada, quase sem saturação, reflete exatamente o momento íntimo que as personagens estão passando. Existe uma frieza que conectada à fotografia do diretor Luc Montpellier (de "Tales from the Loop") cria uma atmosfera delicada, porém densa, que serve de moldura para o excepcional elenco brilhar. Além disso, por favor, reparem na trilha sonora original e como ela contribui para uma imersão visceral, nos guiando pelas profundezas das emoções sem precisar se sobressair. 

De fato, o elenco de "Entre Mulheres" oferece performances notáveis que elevam a narrativa aos patamares mais altos que uma produção tão intimista pode chegar. Pulley é sagaz em trabalhar o silêncio e em quebrar nossas expectativas com trocas de tom em um piscar de olhos - a verdade é que nunca sabemos o que vamos encontrar: se um conforto, uma palavra de sabedoria, uma passagem religiosa ou simplesmente uma discussão bastante ofensiva. Claire Foy, Rooney Mara, Judith Ivey e Jessie Buckley dão um verdadeiro show!

Para aqueles que se permitirem embarcar na proposta da diretora, eu adianto que "Entre Mulheres" tem uma capacidade única de mexer com nossas emoções de uma forma muito particular - essencialmente na audiência feminina. A narrativa não se contenta em apresentar uma história simples com superficialidade; em vez disso, ela mergulha fundo nas experiências das personagens, explorando temas como o amor, o perdão, o arrependimento e a reconciliação, mesmo que submersa naquela atmosfera de alienação, religião e violência. 

Vale seu play, mas não assista com sono!

Assista Agora

"Entre Mulheres" é excelente, mas muito difícil! Veja, no cenário cinematográfico contemporâneo, obras que exploram a complexidade das relações humanas e abordam temas sensíveis como o estupro, o assédio e a violência contra a mulher, têm ganhado cada vez mais destaque e o filme dirigido por Sarah Pulley (de "Histórias que Contamos"), é mais um exemplo notável dessa tendência. No entanto, aqui, não encontramos uma narrativa tão fluida, pois, propositalmente, a diretora prefere explorar o texto de uma forma que mistura o simbolismo com a dura realidade e essa escolha certamente vai afastar parte da audiência. Existe uma poesia e uma profundidade nas entrelinhas que impressionam, mas a cadência de como a trama é desenvolvida exige muita boa vontade até alcançar o final. 

Baseado no livro homônimo de Miriam Toews, "Entre Mulheres"  acompanha um grupo de mulheres que moram em uma comunidade cristã menonita isolada nos EUA. Alvos de crimes sexuais cometidos pelos homens da comunidade, elas criam um plebiscito para decidir se deixam a comunidade, que representa tudo o que elas conhecem até então, ou se ficam e lutam para torná-la um lugar mais seguro para elas e para as próximas gerações – uma opção não muito mais fácil, visto que quase todos os homens adultos do local se dispuseram a pagar a fiança dos criminosos e deram às suas esposas, mães, irmãs e filhas um ultimato: ou elas perdoam os agressores, ou terão de arriscar a danação eterna. Confira o trailer:

Depois de um prólogo praticamente perfeito em sua estrutura dramática, não existiria forma mais irônica de iniciar o filme em si se não com a frase: “Esta história é fruto da fértil imaginação feminina”. É impressionante como Sarah Pulley contextualiza o problema, apresenta as personagens e nos indica exatamente qual o caminho sua narrativa vai seguir, em pouquíssimos planos, quase sem nenhum diálogo, mas com uma narração tão potente quanto profunda e um texto, de fato, digno de Oscar - aliás, "Entre Mulheres" ganhou o prêmio de "Roteiro Adaptado" em 2023 e concorreu como "Melhor Filme do Ano".

A direção de Pulley merece aplausos, especialmente pela maneira como ela constrói a narrativa visualmente - eu diria que o filme é uma poesia visual, como "Retrato de uma Jovem em Chamas". A paleta de cores mais esverdeada, quase sem saturação, reflete exatamente o momento íntimo que as personagens estão passando. Existe uma frieza que conectada à fotografia do diretor Luc Montpellier (de "Tales from the Loop") cria uma atmosfera delicada, porém densa, que serve de moldura para o excepcional elenco brilhar. Além disso, por favor, reparem na trilha sonora original e como ela contribui para uma imersão visceral, nos guiando pelas profundezas das emoções sem precisar se sobressair. 

De fato, o elenco de "Entre Mulheres" oferece performances notáveis que elevam a narrativa aos patamares mais altos que uma produção tão intimista pode chegar. Pulley é sagaz em trabalhar o silêncio e em quebrar nossas expectativas com trocas de tom em um piscar de olhos - a verdade é que nunca sabemos o que vamos encontrar: se um conforto, uma palavra de sabedoria, uma passagem religiosa ou simplesmente uma discussão bastante ofensiva. Claire Foy, Rooney Mara, Judith Ivey e Jessie Buckley dão um verdadeiro show!

Para aqueles que se permitirem embarcar na proposta da diretora, eu adianto que "Entre Mulheres" tem uma capacidade única de mexer com nossas emoções de uma forma muito particular - essencialmente na audiência feminina. A narrativa não se contenta em apresentar uma história simples com superficialidade; em vez disso, ela mergulha fundo nas experiências das personagens, explorando temas como o amor, o perdão, o arrependimento e a reconciliação, mesmo que submersa naquela atmosfera de alienação, religião e violência. 

Vale seu play, mas não assista com sono!

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