De certa forma, a história de "Flamin' Hot" é melhor que o filme - e digo isso se comparamos com um filme de temática parecida como "Fome de Poder", por exemplo. Aqui o conceito narrativo escolhido pela "novata" na função de direção, Eva Longoria, se apropria de elementos que se apoiam, propositalmente, muito mais em clichês e que ajudam a contar a jornada de um herói improvável, misturando elementos dramáticos com (de certa forma) cômicos, com um tom mais agradável e uma dinâmica bastante coerente com o universo em que o próprio protagonista está inserido. Funciona, mas em um primeiro olhar pode afastar os mais exigentes - então te aconselho: dê uma chance ao filme.
"Flamin’ Hot" (que no Brasil ganhou o inspirado subtítulo "O Sabor que Mudou a História") conta a inspiradora jornada de Richard Montañez (Jesse Garcia), um zelador da Frito Lay que entendeu a importância de seu legado Mexicano-Americano e transformou o icônico salgadinho Cheetos Super Picante em um petisco que mudou a indústria alimentícia no inicio dos anos 90, tornando-se um fenômeno de vendas e um marco na relação multi-cultural entre o marketing e um público de nicho. Confira o trailer (em inglês):
É perceptível em "Flamin' Hot" que tudo foi muito bem pensado para que o filme passasse aquela mensagem que, com superação e determinação (ressaltando a importância do trabalho árduo e da crença em si mesmo), é possível alcançar nossos objetivos mais complicados. Seguindo esse propósito, Eva Longoria demonstra habilidade ao contar essa história real de uma forma bastante cativante. Ela utiliza uma narrativa que flui e que visualmente se torna atraente para audiência - ela se aproveita de uma variedade de técnicas visuais para nos colocar frente a frente com a vida de Richard Montañez. Repare como direção de Longoria está extremamente alinhada ao roteiro escrito pelo Lewis Colick e pela Linda Yvette Chávez (sob supervisão do próprio Montanez) que sabiamente explora toda dualidade entre o mundo corporativo e o principio da inovação, sob um olhar cultural (especificamente latino) trazendo à tona questões de identidade e pertencimento tão relevantes nos dias de hoje.
Embora o roteiro de "Flamin' Hot" seja bem construído, apresentando as dificuldades de Richard Montañez de forma coerente e envolvente, o recorte temporal me pareceu extenso demais: ao mostrar sua infância humilde e os desafios que enfrentou como imigrante nos Estados Unidos, até sua ascensão na Frito-Lay, o filme soa muito previsível. Por outro lado, é inegável que isso gera uma conexão imediata com o protagonista - aliás, Jesse Garcia consegue transmitir perfeitamente toda a determinação e a paixão pelo seu propósito ao mesmo tempo em que também expõe suas vulnerabilidades e dúvidas. Outro destaque positivo do elenco, sem dúvida, é Annie Gonzalez como Judy, a esposa e companheira fiel de Montañez.
"Flamin' Hot" é um filme que não apenas entretém, mas que também nos faz refletir sobre a importância da perseverança e do trabalho árduo na busca pelos nossos sonhos. São muitas lições empreendedoras que bem interpretadas podem nos trazer ótimos insights. Agora também é preciso dizer que a história de Richard Montañez tem uma levada "Sessão da Tarde" mesmo querendo ser um lembrete poderoso de que, independentemente de nossas origens ou circunstâncias, podemos alcançar grandes conquistas quando acreditamos em nós mesmos e nos esforçamos para transformar ideias em realidade - até quando insistem em nos dizer que aquilo não vai funcionar!
Vale muito seu play. Tipo de filme que ensina aquecendo o coração!
De certa forma, a história de "Flamin' Hot" é melhor que o filme - e digo isso se comparamos com um filme de temática parecida como "Fome de Poder", por exemplo. Aqui o conceito narrativo escolhido pela "novata" na função de direção, Eva Longoria, se apropria de elementos que se apoiam, propositalmente, muito mais em clichês e que ajudam a contar a jornada de um herói improvável, misturando elementos dramáticos com (de certa forma) cômicos, com um tom mais agradável e uma dinâmica bastante coerente com o universo em que o próprio protagonista está inserido. Funciona, mas em um primeiro olhar pode afastar os mais exigentes - então te aconselho: dê uma chance ao filme.
"Flamin’ Hot" (que no Brasil ganhou o inspirado subtítulo "O Sabor que Mudou a História") conta a inspiradora jornada de Richard Montañez (Jesse Garcia), um zelador da Frito Lay que entendeu a importância de seu legado Mexicano-Americano e transformou o icônico salgadinho Cheetos Super Picante em um petisco que mudou a indústria alimentícia no inicio dos anos 90, tornando-se um fenômeno de vendas e um marco na relação multi-cultural entre o marketing e um público de nicho. Confira o trailer (em inglês):
É perceptível em "Flamin' Hot" que tudo foi muito bem pensado para que o filme passasse aquela mensagem que, com superação e determinação (ressaltando a importância do trabalho árduo e da crença em si mesmo), é possível alcançar nossos objetivos mais complicados. Seguindo esse propósito, Eva Longoria demonstra habilidade ao contar essa história real de uma forma bastante cativante. Ela utiliza uma narrativa que flui e que visualmente se torna atraente para audiência - ela se aproveita de uma variedade de técnicas visuais para nos colocar frente a frente com a vida de Richard Montañez. Repare como direção de Longoria está extremamente alinhada ao roteiro escrito pelo Lewis Colick e pela Linda Yvette Chávez (sob supervisão do próprio Montanez) que sabiamente explora toda dualidade entre o mundo corporativo e o principio da inovação, sob um olhar cultural (especificamente latino) trazendo à tona questões de identidade e pertencimento tão relevantes nos dias de hoje.
Embora o roteiro de "Flamin' Hot" seja bem construído, apresentando as dificuldades de Richard Montañez de forma coerente e envolvente, o recorte temporal me pareceu extenso demais: ao mostrar sua infância humilde e os desafios que enfrentou como imigrante nos Estados Unidos, até sua ascensão na Frito-Lay, o filme soa muito previsível. Por outro lado, é inegável que isso gera uma conexão imediata com o protagonista - aliás, Jesse Garcia consegue transmitir perfeitamente toda a determinação e a paixão pelo seu propósito ao mesmo tempo em que também expõe suas vulnerabilidades e dúvidas. Outro destaque positivo do elenco, sem dúvida, é Annie Gonzalez como Judy, a esposa e companheira fiel de Montañez.
"Flamin' Hot" é um filme que não apenas entretém, mas que também nos faz refletir sobre a importância da perseverança e do trabalho árduo na busca pelos nossos sonhos. São muitas lições empreendedoras que bem interpretadas podem nos trazer ótimos insights. Agora também é preciso dizer que a história de Richard Montañez tem uma levada "Sessão da Tarde" mesmo querendo ser um lembrete poderoso de que, independentemente de nossas origens ou circunstâncias, podemos alcançar grandes conquistas quando acreditamos em nós mesmos e nos esforçamos para transformar ideias em realidade - até quando insistem em nos dizer que aquilo não vai funcionar!
Vale muito seu play. Tipo de filme que ensina aquecendo o coração!
O Brasil é mestre em criar personagens que, com o tempo, vão se mostrando mais complexos do que a própria mídia costuma retratar - e para o bem do entretenimento (e apenas dele), suas histórias vão sendo contadas de uma forma envolvente e, muitas vezes, surpreendente. A minissérie documental "Flordelis: Questiona ou Adora" é mais um ótimo exemplo dessa exploração da "vida como ela é" após um fato marcante, nesse caso um crime! Aqui temos um recorte dos mais interessantes sobre os escândalos em torno da figura pública, pastora evangélica e deputada-federal mulher mais votada do país em 2018 (pelo Rio de Janeiro), Flordelis dos Santos de Souza. Essa produção da Boutique de Filmes para o Globoplay, mergulha nos detalhes do assassinato do marido de Flordelis, Anderson do Carmo, em um crime que chocou o Brasil em 2019 e levantou questões perturbadoras sobre a moralidade, poder e manipulação a partir de uma personagem de aparente santidade. A produção parte de uma investigação intensa e detalhada ao mesmo tempo que traça um perfil psicológico e social de uma mulher cujas contradições são tão grandes quanto sua notoriedade.
Ao longo de seis episódios, vemos como Flordelis, uma líder religiosa carismática e influente, com uma trajetória de vida que ia da adoção de dezenas de crianças à atuação como parlamentar, transformou-se em ré em um julgamento acusada de ser a mandante do assassinato de seu próprio marido. A narrativa constrói uma visão em camadas da vida de Flordelis, desde sua ascensão meteórica como pastora e política, até a queda abrupta após as revelações chocantes sobre seu envolvimento no crime. Confira o trailer aqui:
É inegável que "Flordelis: Questiona ou Adora" é mais uma aula de narrativa documental que nos remete ao melhor do drama policial. A forma como a diretora Mariana Jaspe consegue equilibrar o factual com uma exploração mais profunda da figura pública de Flordelis e do impacto que suas ações tiveram na sociedade ao longo dos anos, é de se aplaudir de pé. O tom de mistério, da fotografia às inserções gráficas, potencializa a maneira como a minissérie levanta perguntas essenciais sobre poder, fé e manipulação, especialmente no contexto de líderes religiosos e sociais que têm influência não apenas dentro de suas igrejas, mas também em esferas políticas e na comunidade. O roteiro é muito eficaz em nos colocar diante de uma figura que, por anos, foi venerada por muitos, inclusive por repórteres e celebridades, mas que se viu envolta em um turbilhão de acusações, inclusive de assassinato.
Jaspe utiliza imagens de arquivo e reconstituições, além de uma variedade de fontes, incluindo entrevistas com familiares, investigadores, ex-integrantes da igreja, jornalistas e autoridades envolvidas no caso, para oferecer um panorama completo dos eventos que levaram ao assassinato de Anderson do Carmo e as investigações que se seguiram. Essa multiplicidade de perspectivas enriquece a narrativa, permitindo uma reflexão sobre as diversas faces da vida de Flordelis - desde a figura materna e de pastora carismática até a de uma mulher dissimulada acusada de tramar um crime brutal. Nesse sentido a montagem da minissérie dá um show - ela é muito eficaz ao manter o ritmo e a tensão constante, revelando as reviravoltas de forma não-linear, o que nos mantém intrigados e, ao mesmo tempo, chocados com as informações que surgem a cada episódio. O formato escolhido por Jaspe permite que a audiência acompanhe o desenvolvimento dos fatos em tempo real, trazendo à tona os detalhes da investigações e o processo judicial, sem perder de vista as complexidades do caso e o histórico de vida dos personagens.
O subtítulo "Questiona ou Adora" é uma provocação inteligente por refletir perfeitamente a dualidade que permeia a imagem de Flordelis: aqueles que a seguiam cegamente, admirando sua história de vida e devoção religiosa, e aqueles que começaram a questionar sua verdadeira índole quando as primeiras suspeitas sobre seu envolvimento no assassinato surgiram. A minissérie é muito competente ao explorar essa dicotomia, sempre de maneira cuidadosa, sem tentar oferecer respostas fáceis ou unilaterais, mas se aproveitando da ambiguidade que ronda a personagem principal para entregar uma peça sólida para quem busca entender mais sobre os aspectos sombrios que podem cercar figuras ditas "autoridade moral".
Vale muito o seu play!
O Brasil é mestre em criar personagens que, com o tempo, vão se mostrando mais complexos do que a própria mídia costuma retratar - e para o bem do entretenimento (e apenas dele), suas histórias vão sendo contadas de uma forma envolvente e, muitas vezes, surpreendente. A minissérie documental "Flordelis: Questiona ou Adora" é mais um ótimo exemplo dessa exploração da "vida como ela é" após um fato marcante, nesse caso um crime! Aqui temos um recorte dos mais interessantes sobre os escândalos em torno da figura pública, pastora evangélica e deputada-federal mulher mais votada do país em 2018 (pelo Rio de Janeiro), Flordelis dos Santos de Souza. Essa produção da Boutique de Filmes para o Globoplay, mergulha nos detalhes do assassinato do marido de Flordelis, Anderson do Carmo, em um crime que chocou o Brasil em 2019 e levantou questões perturbadoras sobre a moralidade, poder e manipulação a partir de uma personagem de aparente santidade. A produção parte de uma investigação intensa e detalhada ao mesmo tempo que traça um perfil psicológico e social de uma mulher cujas contradições são tão grandes quanto sua notoriedade.
Ao longo de seis episódios, vemos como Flordelis, uma líder religiosa carismática e influente, com uma trajetória de vida que ia da adoção de dezenas de crianças à atuação como parlamentar, transformou-se em ré em um julgamento acusada de ser a mandante do assassinato de seu próprio marido. A narrativa constrói uma visão em camadas da vida de Flordelis, desde sua ascensão meteórica como pastora e política, até a queda abrupta após as revelações chocantes sobre seu envolvimento no crime. Confira o trailer aqui:
É inegável que "Flordelis: Questiona ou Adora" é mais uma aula de narrativa documental que nos remete ao melhor do drama policial. A forma como a diretora Mariana Jaspe consegue equilibrar o factual com uma exploração mais profunda da figura pública de Flordelis e do impacto que suas ações tiveram na sociedade ao longo dos anos, é de se aplaudir de pé. O tom de mistério, da fotografia às inserções gráficas, potencializa a maneira como a minissérie levanta perguntas essenciais sobre poder, fé e manipulação, especialmente no contexto de líderes religiosos e sociais que têm influência não apenas dentro de suas igrejas, mas também em esferas políticas e na comunidade. O roteiro é muito eficaz em nos colocar diante de uma figura que, por anos, foi venerada por muitos, inclusive por repórteres e celebridades, mas que se viu envolta em um turbilhão de acusações, inclusive de assassinato.
Jaspe utiliza imagens de arquivo e reconstituições, além de uma variedade de fontes, incluindo entrevistas com familiares, investigadores, ex-integrantes da igreja, jornalistas e autoridades envolvidas no caso, para oferecer um panorama completo dos eventos que levaram ao assassinato de Anderson do Carmo e as investigações que se seguiram. Essa multiplicidade de perspectivas enriquece a narrativa, permitindo uma reflexão sobre as diversas faces da vida de Flordelis - desde a figura materna e de pastora carismática até a de uma mulher dissimulada acusada de tramar um crime brutal. Nesse sentido a montagem da minissérie dá um show - ela é muito eficaz ao manter o ritmo e a tensão constante, revelando as reviravoltas de forma não-linear, o que nos mantém intrigados e, ao mesmo tempo, chocados com as informações que surgem a cada episódio. O formato escolhido por Jaspe permite que a audiência acompanhe o desenvolvimento dos fatos em tempo real, trazendo à tona os detalhes da investigações e o processo judicial, sem perder de vista as complexidades do caso e o histórico de vida dos personagens.
O subtítulo "Questiona ou Adora" é uma provocação inteligente por refletir perfeitamente a dualidade que permeia a imagem de Flordelis: aqueles que a seguiam cegamente, admirando sua história de vida e devoção religiosa, e aqueles que começaram a questionar sua verdadeira índole quando as primeiras suspeitas sobre seu envolvimento no assassinato surgiram. A minissérie é muito competente ao explorar essa dicotomia, sempre de maneira cuidadosa, sem tentar oferecer respostas fáceis ou unilaterais, mas se aproveitando da ambiguidade que ronda a personagem principal para entregar uma peça sólida para quem busca entender mais sobre os aspectos sombrios que podem cercar figuras ditas "autoridade moral".
Vale muito o seu play!
Orlando, na Florida, é considerada a capital mundial das férias. Um paraíso que recebe anualmente milhões de turistas do mundo inteiro - uma espécie de "Reino Mágico" com incontáveis parques temáticos, jantares com espectáculos, etc. Mas Orlando tem o seu outro lado, sem tanto brilho, sem tanta diversão! É essa história que "Florida Project" teme em contar: Halley (Bria Vinaite) e sua filha Moonee (Brooklynn Prince), de seis anos, vivem em um motel barato de beira de estrada. Enquanto a mãe se vira entre um trabalho mal pago e uma vida caótica, Moonee e suas amigas do motel ao lado passam os dias explorando prédios abandonados, tomando sorvete e pregando peças nos funcionários – tendo como alvo especial o sempre paciente Bobby (Willem Dafoe). Confira o trailer:
Na maratona "Oscar 2018", acho que o filme que mais gostei (e o que tem menos indicações) foi "Florida Project"! Ele é quase um documentário, cruel, realista e visceral de uma sociedade americana que não costuma aparecer em Hollywood! O diretor Sean Baker (de "Tangerine") trouxe uma câmera solta, caótica as vezes - tudo isso para expor, sem pedir licença, as histórias por trás desse Motel baixo-custo de Orlando e, claro, de seus moradores - especialmente de uma mãe completamente irresponsável e de sua filha de 6 anos. São planos curtos, cortes secos e não lineares - o que dá uma dinâmica muito interessante para o filme. A fotografia do mexicano Alexis Zabe é sensacional, muitas vezes vista de baixo para cima, propositalmente sem um enquadramento perfeito e que escancara uma Orlando que não estamos acostumados e como ela interfere na vida dessas crianças "reais", sem condições de viver a magia que a cidade oferece aos turistas.
"Florida Project" é um filme muito interessante com uma narrativa inteligente e muito bem conduzida. O desenho de som, somada a essa fotografia, é um show a parte. A cada plano externo, ouvimos (e vemos) os helicópteros pousando ou decolando, jogando na nossa cara o abismo social que é discutido no filme. A indicação para o Oscar ficou por conta de Dafoe (melhor ator coadjuvante) - essa indicação faz justiça a um belíssimo trabalho. E digo mais, daria pra ter colocado a criança, Brooklyn Prince, e a sua mãe Bria Vinaite, nessa disputa tranquilamente.
Olha, é um grande trabalho... Emocionante!!! Não deixem de assistir!!!
Orlando, na Florida, é considerada a capital mundial das férias. Um paraíso que recebe anualmente milhões de turistas do mundo inteiro - uma espécie de "Reino Mágico" com incontáveis parques temáticos, jantares com espectáculos, etc. Mas Orlando tem o seu outro lado, sem tanto brilho, sem tanta diversão! É essa história que "Florida Project" teme em contar: Halley (Bria Vinaite) e sua filha Moonee (Brooklynn Prince), de seis anos, vivem em um motel barato de beira de estrada. Enquanto a mãe se vira entre um trabalho mal pago e uma vida caótica, Moonee e suas amigas do motel ao lado passam os dias explorando prédios abandonados, tomando sorvete e pregando peças nos funcionários – tendo como alvo especial o sempre paciente Bobby (Willem Dafoe). Confira o trailer:
Na maratona "Oscar 2018", acho que o filme que mais gostei (e o que tem menos indicações) foi "Florida Project"! Ele é quase um documentário, cruel, realista e visceral de uma sociedade americana que não costuma aparecer em Hollywood! O diretor Sean Baker (de "Tangerine") trouxe uma câmera solta, caótica as vezes - tudo isso para expor, sem pedir licença, as histórias por trás desse Motel baixo-custo de Orlando e, claro, de seus moradores - especialmente de uma mãe completamente irresponsável e de sua filha de 6 anos. São planos curtos, cortes secos e não lineares - o que dá uma dinâmica muito interessante para o filme. A fotografia do mexicano Alexis Zabe é sensacional, muitas vezes vista de baixo para cima, propositalmente sem um enquadramento perfeito e que escancara uma Orlando que não estamos acostumados e como ela interfere na vida dessas crianças "reais", sem condições de viver a magia que a cidade oferece aos turistas.
"Florida Project" é um filme muito interessante com uma narrativa inteligente e muito bem conduzida. O desenho de som, somada a essa fotografia, é um show a parte. A cada plano externo, ouvimos (e vemos) os helicópteros pousando ou decolando, jogando na nossa cara o abismo social que é discutido no filme. A indicação para o Oscar ficou por conta de Dafoe (melhor ator coadjuvante) - essa indicação faz justiça a um belíssimo trabalho. E digo mais, daria pra ter colocado a criança, Brooklyn Prince, e a sua mãe Bria Vinaite, nessa disputa tranquilamente.
Olha, é um grande trabalho... Emocionante!!! Não deixem de assistir!!!
Basicamente existe duas formas de assistir "Fome de Poder" - a primeira pelo entretenimento puro e simples, e aí talvez o filme não seja tão consistente, dinâmico e empolgante quanto sua premissa prometia. A segunda, e é aí que o roteiro brilha, é que a história por trás de Ray Kroc é simplesmente genial - uma aula com muitos elementos e nuances que servem de lição para quem empreende (para o lado bom e para lado ruim).
O filme do diretor John Lee Hancock (de "Um sonho possível") se propõe a contar a história de ascensão do McDonald's. Após receber uma demanda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, um fracassado vendedor de Illinois chamado Ray Kroc (Michael Keaton) adquire uma participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice "Mac" McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco, eliminando os dois das decisões estratégicas, acaba transformando a marca em um gigantesco império de fast food. Confira o trailer:
Muito mais do que uma rede de lanchonetes, o McDonald's se tornou um verdadeiro símbolo cultural que conquistou o planeta e como o próprio Mark Zuckerberg de Jesse Eisenberg sugeriu em "A Rede Social": "Você não faz 500 milhões de amigos, sem fazer alguns inimigos". Pois bem, a história de Ray Kroc inegavelmente segue esse mesmo conceito em sua jornada empreendedora e obviamente existe um preço a se pagar. Kroc é apresentado como uma pessoa determinada, visionária, resiliente e tão focada no sucesso que em nenhum momento hesita em abrir mão de sua ética profissional ou de sua relação com a família para alcançar seu objetivo - é impressionante como o roteiro do Robert Siegel (do imperdível "Bem-Vindos ao Clube da Sedução") vai construindo essa persona e Keaton vai embarcando na ideia com uma performance digna de muitos prêmios.
Embora "Fome de Poder" possa ser considerado um "filme de ator", sua estrutura narrativa naturalmente amplia a visão do entretenimento para ganhar ainda mais força com as lições que a própria história pode nos ensinar. Frases como "Se você pretende crescer na vida, pessoal e profissionalmente, deve aprender a assumir riscos" ou "Você não precisa ser o melhor em tudo, desde que esteja cercado das melhores pessoas para auxiliá-lo” pontuam uma linha do tempo bem construída, mas que não deixa de pincelar aquele certo tom de fábula. A fotografia do John Schwartzman (indicado ao Oscar por "Seabiscuit: Alma de Herói") prioriza as cores quentes e saturadas, criando uma ambientação agradável, enquanto a trilha sonora de Carter Burwell (de "Três Anúncios para um Crime") se prontifica a trazer a transição entre o triunfante e o sombrio - reparem como o mood do filme vai se modificando, ganhando ares de "Succession" mesmo antes da série da HBO se quer existir.
"Fome de Poder" pode dividir opiniões baseado no olhar ou na perspectiva de quem assiste. Sim, existe um discurso cínico, fortemente apoiado nos pilares do capitalismo (selvagem) americano, mas nunca crítico em relação aos movimentos de Ray Kroc e de suas escolhas estratégicas - principalmente se levarmos em consideração que todo marketing das redes de fast foodno EUA, historicamente, deriva de uma premissa de costumes, de coletividade; e não de conveniências da industrialização. Dito isso, posso te garantir que "The Founder" (no original) tem um apelo inegável enquanto narrativa e que certamente vai te provocar muitas reflexões, além de expandir seus horizontes como quem é capaz de ler (e perceber) as maravilhas escritas nas entre-linhas.
Vale muito o seu play!
Basicamente existe duas formas de assistir "Fome de Poder" - a primeira pelo entretenimento puro e simples, e aí talvez o filme não seja tão consistente, dinâmico e empolgante quanto sua premissa prometia. A segunda, e é aí que o roteiro brilha, é que a história por trás de Ray Kroc é simplesmente genial - uma aula com muitos elementos e nuances que servem de lição para quem empreende (para o lado bom e para lado ruim).
O filme do diretor John Lee Hancock (de "Um sonho possível") se propõe a contar a história de ascensão do McDonald's. Após receber uma demanda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, um fracassado vendedor de Illinois chamado Ray Kroc (Michael Keaton) adquire uma participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice "Mac" McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco, eliminando os dois das decisões estratégicas, acaba transformando a marca em um gigantesco império de fast food. Confira o trailer:
Muito mais do que uma rede de lanchonetes, o McDonald's se tornou um verdadeiro símbolo cultural que conquistou o planeta e como o próprio Mark Zuckerberg de Jesse Eisenberg sugeriu em "A Rede Social": "Você não faz 500 milhões de amigos, sem fazer alguns inimigos". Pois bem, a história de Ray Kroc inegavelmente segue esse mesmo conceito em sua jornada empreendedora e obviamente existe um preço a se pagar. Kroc é apresentado como uma pessoa determinada, visionária, resiliente e tão focada no sucesso que em nenhum momento hesita em abrir mão de sua ética profissional ou de sua relação com a família para alcançar seu objetivo - é impressionante como o roteiro do Robert Siegel (do imperdível "Bem-Vindos ao Clube da Sedução") vai construindo essa persona e Keaton vai embarcando na ideia com uma performance digna de muitos prêmios.
Embora "Fome de Poder" possa ser considerado um "filme de ator", sua estrutura narrativa naturalmente amplia a visão do entretenimento para ganhar ainda mais força com as lições que a própria história pode nos ensinar. Frases como "Se você pretende crescer na vida, pessoal e profissionalmente, deve aprender a assumir riscos" ou "Você não precisa ser o melhor em tudo, desde que esteja cercado das melhores pessoas para auxiliá-lo” pontuam uma linha do tempo bem construída, mas que não deixa de pincelar aquele certo tom de fábula. A fotografia do John Schwartzman (indicado ao Oscar por "Seabiscuit: Alma de Herói") prioriza as cores quentes e saturadas, criando uma ambientação agradável, enquanto a trilha sonora de Carter Burwell (de "Três Anúncios para um Crime") se prontifica a trazer a transição entre o triunfante e o sombrio - reparem como o mood do filme vai se modificando, ganhando ares de "Succession" mesmo antes da série da HBO se quer existir.
"Fome de Poder" pode dividir opiniões baseado no olhar ou na perspectiva de quem assiste. Sim, existe um discurso cínico, fortemente apoiado nos pilares do capitalismo (selvagem) americano, mas nunca crítico em relação aos movimentos de Ray Kroc e de suas escolhas estratégicas - principalmente se levarmos em consideração que todo marketing das redes de fast foodno EUA, historicamente, deriva de uma premissa de costumes, de coletividade; e não de conveniências da industrialização. Dito isso, posso te garantir que "The Founder" (no original) tem um apelo inegável enquanto narrativa e que certamente vai te provocar muitas reflexões, além de expandir seus horizontes como quem é capaz de ler (e perceber) as maravilhas escritas nas entre-linhas.
Vale muito o seu play!
"Ford vs Ferrari" é um filme que escancara a necessidade absurda que os americanos tem de provar que sua estrutura capitalista é a melhor do mundo! Por mais que essa frase possa parecer carregada de orientações políticas e até ideológicas, eu já me adianto: não é o caso! Porém é impossível fechar os olhos para a maneira como essa história foi contada!
No meio da década de 60, a Ford sentia a necessidade de transformar a percepção de como toda uma nova geração de americanos viam seus carros: de um meio de transporte para um símbolo de status e alta performance. Para isso, foi sugerido ao então presidente, Henry Ford II (Tracy Letts), neto do fundador da empresa, que iniciasse um processo de aquisição da Ferrari, que estava à beira da falência. A montadora italiana possuía os atributos que a Ford sonhava em construir e ainda, de quebra, vinha tendo anos de sucesso em competições automobilísticas - seria o casamento perfeito! Acontece que Enzo Ferrari queria manter o controle sobre sua marca mesmo depois da venda, mas a Ford nunca levou isso em consideração. Resultado: a Ferrari acabou fechando negócio com a Fiat e frustrou os planos de Henry Ford II. Ressentido, Henry partiu para o contra-ataque: convocou os melhores designers e engenheiros para fabricar um carro esportivo que pudesse destronar a Ferrari no maior evento esportivo da época: as 24 horas de Le Mans.
Pela sinopse é possível ter uma idéia bastante clara do que esperar de "Ford vs Ferrari", pois o filme é uma imersão nos bastidores do automobilismo raiz - com cheiro de pneu queimado e mancha de óleo para todo lado. Se você se identifica com esse universo, vá em frente que a diversão está garantida: no mínimo pelas boas sequências de corridas como Daytona e, claro, Le Mans.
Um dos aspectos técnicos que mais me agradou ao assistir "Ford vs Ferrari" foi, sem dúvida, a edição (inclusive indicada ao Oscar 2020). Embora muito bem filmadas pelo diretor James Mangold (Logan), a dinâmica das corridas tem muito da mão de Michael McCusker e equipe. São cortes rápidos, bem escolhidos e completamente alinhados aos movimentos de câmera que Mangold sabe fazer como poucos (basta lembrar das sequências de luta em "Logan") - na minha opinião, as cenas das corridas estão melhores do que assistimos em "Rush", embora, no geral, o filme dirigido pelo do Ron Howard me agrade mais! Desenho de Som e Mixagem, também indicados ao Oscar, merecem um destaque. A construção da ambientação de uma corrida de automóvel é extremamente complexa e "Ford vs Ferrari" foi capaz de entregar uma experiência muito interessante - é aquele típico filme que merece um tela grande e um bom equipamento de som como pede "1917", por exemplo. Nessas categorias, "Ford vs Ferrari" pode até ser considerado um dos favoritos e não me surpreenderia em nada se ganhasse. A quarta e última indicação é a mais polêmica: "Melhor Filme" - sinceramente, não acho que "Ford vs Ferrari" tem força para estar nessa categoria. Se compararmos com filmes como "Dois Papas"ou "Rocketman" é possível afirmar que a indicação já foi seu prêmio! Não estou dizendo com isso que o filme seja ruim, apenas que existem filmes melhores na fila que foram esquecidos só no Oscar! O roteiro de "Ford vs Ferrari" é bom nos dois primeiros atos, mas é completamente desequilibrado no terceiro: reparem como a história proposta já estava contada no final da corrida de Le Mans - não precisava de mais nada do que foi para tela depois. Christian Bale como o piloto Ken Miles está, mais uma vez, sensacional e sua ausência no Oscar se deve, única e exclusivamente, ao altíssimo nível dos indicados desse ano. Matt Damon como o lendário Carroll Shelby praticamente some ao lado dele.
O fato é que "Ford vs Ferrari" tem ótimos momentos de ação, uma história interessante, mas que infelizmente, muito em breve, será outro filme de "sessão da tarde". Os aspectos técnicos realmente merecem ser observados, mas, na minha opinião, faltou alma para que o filme vingasse. A natural comparação com "Rush" é perfeita nesse caso, pois fica bem fácil visualizar como a fusão dessas duas obras seria a situação ideal - se "Rush" tem um drama melhor construído e um texto mais consistente, "Ford vs Ferrari" tem nas cenas de ação sua maior força, o que diverte, mas não sei se justifica as duas horas e meia de tela! Eu, pessoalmente, até gostei do filme, mas indicaria apenas para um público bem especifico, pois para quem não se identifica com o tema, vai ser como assistir uma briga de dois garotos lutando para ver quem é o mais forte (como, inclusive, aparece no filme)!
Up-date: "Ford vs Ferrari" ganhou em duas categorias no Oscar 2020: Melhor Edição de Som e Melhor Montagem!
"Ford vs Ferrari" é um filme que escancara a necessidade absurda que os americanos tem de provar que sua estrutura capitalista é a melhor do mundo! Por mais que essa frase possa parecer carregada de orientações políticas e até ideológicas, eu já me adianto: não é o caso! Porém é impossível fechar os olhos para a maneira como essa história foi contada!
No meio da década de 60, a Ford sentia a necessidade de transformar a percepção de como toda uma nova geração de americanos viam seus carros: de um meio de transporte para um símbolo de status e alta performance. Para isso, foi sugerido ao então presidente, Henry Ford II (Tracy Letts), neto do fundador da empresa, que iniciasse um processo de aquisição da Ferrari, que estava à beira da falência. A montadora italiana possuía os atributos que a Ford sonhava em construir e ainda, de quebra, vinha tendo anos de sucesso em competições automobilísticas - seria o casamento perfeito! Acontece que Enzo Ferrari queria manter o controle sobre sua marca mesmo depois da venda, mas a Ford nunca levou isso em consideração. Resultado: a Ferrari acabou fechando negócio com a Fiat e frustrou os planos de Henry Ford II. Ressentido, Henry partiu para o contra-ataque: convocou os melhores designers e engenheiros para fabricar um carro esportivo que pudesse destronar a Ferrari no maior evento esportivo da época: as 24 horas de Le Mans.
Pela sinopse é possível ter uma idéia bastante clara do que esperar de "Ford vs Ferrari", pois o filme é uma imersão nos bastidores do automobilismo raiz - com cheiro de pneu queimado e mancha de óleo para todo lado. Se você se identifica com esse universo, vá em frente que a diversão está garantida: no mínimo pelas boas sequências de corridas como Daytona e, claro, Le Mans.
Um dos aspectos técnicos que mais me agradou ao assistir "Ford vs Ferrari" foi, sem dúvida, a edição (inclusive indicada ao Oscar 2020). Embora muito bem filmadas pelo diretor James Mangold (Logan), a dinâmica das corridas tem muito da mão de Michael McCusker e equipe. São cortes rápidos, bem escolhidos e completamente alinhados aos movimentos de câmera que Mangold sabe fazer como poucos (basta lembrar das sequências de luta em "Logan") - na minha opinião, as cenas das corridas estão melhores do que assistimos em "Rush", embora, no geral, o filme dirigido pelo do Ron Howard me agrade mais! Desenho de Som e Mixagem, também indicados ao Oscar, merecem um destaque. A construção da ambientação de uma corrida de automóvel é extremamente complexa e "Ford vs Ferrari" foi capaz de entregar uma experiência muito interessante - é aquele típico filme que merece um tela grande e um bom equipamento de som como pede "1917", por exemplo. Nessas categorias, "Ford vs Ferrari" pode até ser considerado um dos favoritos e não me surpreenderia em nada se ganhasse. A quarta e última indicação é a mais polêmica: "Melhor Filme" - sinceramente, não acho que "Ford vs Ferrari" tem força para estar nessa categoria. Se compararmos com filmes como "Dois Papas"ou "Rocketman" é possível afirmar que a indicação já foi seu prêmio! Não estou dizendo com isso que o filme seja ruim, apenas que existem filmes melhores na fila que foram esquecidos só no Oscar! O roteiro de "Ford vs Ferrari" é bom nos dois primeiros atos, mas é completamente desequilibrado no terceiro: reparem como a história proposta já estava contada no final da corrida de Le Mans - não precisava de mais nada do que foi para tela depois. Christian Bale como o piloto Ken Miles está, mais uma vez, sensacional e sua ausência no Oscar se deve, única e exclusivamente, ao altíssimo nível dos indicados desse ano. Matt Damon como o lendário Carroll Shelby praticamente some ao lado dele.
O fato é que "Ford vs Ferrari" tem ótimos momentos de ação, uma história interessante, mas que infelizmente, muito em breve, será outro filme de "sessão da tarde". Os aspectos técnicos realmente merecem ser observados, mas, na minha opinião, faltou alma para que o filme vingasse. A natural comparação com "Rush" é perfeita nesse caso, pois fica bem fácil visualizar como a fusão dessas duas obras seria a situação ideal - se "Rush" tem um drama melhor construído e um texto mais consistente, "Ford vs Ferrari" tem nas cenas de ação sua maior força, o que diverte, mas não sei se justifica as duas horas e meia de tela! Eu, pessoalmente, até gostei do filme, mas indicaria apenas para um público bem especifico, pois para quem não se identifica com o tema, vai ser como assistir uma briga de dois garotos lutando para ver quem é o mais forte (como, inclusive, aparece no filme)!
Up-date: "Ford vs Ferrari" ganhou em duas categorias no Oscar 2020: Melhor Edição de Som e Melhor Montagem!
Quase um ano depois do Brasil ganhar a Copa do Mundo nos EUA em 94, estreiou o filme "Todos os corações do Mundo". Era a primeira vez que víamos um documentário sobre a Copa do Mundo por um outro angulo - não só aquele que as emissoras mostravam durante as transmissões, que, na época, não tinham essa tecnologia toda. Era a primeira vez que víamos um jogo de futebol no Cinema, filmado em película 35 mm, em 24 fps, e embora muita gente não soubesse muito bem explicar o motivo, aquelas imagens tinham uma atmosférica mágica, um história, personagens... A grande verdade é que o diretor Murilo Salles teve a sensibilidade de humanizar o evento esportivo mais amado pelos brasileiros e a sorte de documentar o tetra campeonato depois de 24 anos!!!! Uma cena icônica captada por Salles, foi quando Baggio encara Romário no túnel do estádio, pouco antes de entrar em campo para jogar a final!!! Lindo de ver e de viver!!! Pois bem, por que eu falei de futebol em um review de uma série sobre F1? Porque a sensação que eu tive ao assistir "Formula 1: Dirigir paraViver" foi muito parecida com a que eu tive ao assistir, no cinema, "Todos os corações do Mundo" - a série da Netflix é sensacional!!!! Para quem gosta do/de esporte, é daquelas coisas que você assiste bem devagar pra não acabar e ficar sem, sabe? É um episódio melhor que o outro, confira o trailer:
"Formula 1: Dirigir paraViver" é uma série Original da Netflix com 10 episódios, de 40 minutos cada, que mostra os bastidores da Formula 1 na temporada de 2018. Na verdade, muito mais que os bastidores, a série vai atrás de pequenas e rápidas histórias, mas com personagens grandiosos: sejam eles os próprios pilotos ou alguém da equipe: um mecânico, um projetista, o chefe... até a família dos pilotos o diretor teve o cuidado de retratar! Tudo isso com o pano de fundo dos 21 GPs da Temporada e todo aquele visual maravilhoso dos países onde as corridas acontecem! Sério, é incrível como o diretor foi capaz de construir uma linha narrativa tão dinâmica focando em histórias tão particulares dos personagens e não só nas corridas em si! A edição é espetacular, um show a parte - capaz de criar um clima de tensão, de curiosidade, de tristeza, de ansiedade... Demais! A fotografia é sensacional - um espetáculo: são imagens inéditas, com uma qualidade impressionante. As reações, os bastidores, os comentários e, claro, as corridas estão muito bem captadas!!! São cenas em em close total, outras vezes, super lentas, poéticas - e sem perder nada da qualidade ou da emoção de cada momento!!! É realmente muito bonito - em 4K é imbatível!!! O desenho e a própria captação de som estão sensacionais também - é o mesmo conceito dos filmes que a NFL produz em cada Superbowl!!! A sensação é de estarmos dentro da pista... é sério!!!
O ex "todo poderoso" da Formula 1, Bernie Ecclestone, dizia que não existe espetáculo esportivo mais grandioso que uma temporada de Formula 1. Na sua Biografia "Não sou um anjo" (para quem gosta do assunto, recomento) ele se gaba em dizer que era o único homem capaz que organizar uma Copa do Mundo por final de semana, tamanho era o Circo que precisava ser montado para uma corrida acontecer (em 4 Continentes, em pouquíssimo tempo entre uma e outra)... e é isso que a série mostra, essa grandiosidade: do glamour à pressão por resultados, da alegria de uma vitória ao desespero do abandono por um erro infantil, da frieza do piloto à ansiedade do mecânico que vai trocar um dos pneus, da empolgação por uma nova tecnologia à frustração de um carro mal nascido... enfim, todas as engrenagens estão lá e de uma forma muito particular... e linda!!! Talvez o primeiro episódio seja explicativo (e redundante) demais, mas depois, meu amigo, é só alegria!!!! Tudo muito cinematográfico!!!!!
"Formula 1: Dirigir paraViver" é para ver e rever!!! Série para aproveitar cada minuto!!! Se você é fã do esporte, vai ser difícil parar de assistir; se não é, tenho certeza que a temporada 2019 vai ganhar novo significado, pois não serão apenas carros correndo em uma pista à 300 km por hora... serão as histórias por trás dos personagens que fazem esse espetáculo acontecer!!! Olha, talvez a série se transforme em um grande case de Branded Entertainment, mas e daí???
Vale muito mais que o play!!!!!!!
Quase um ano depois do Brasil ganhar a Copa do Mundo nos EUA em 94, estreiou o filme "Todos os corações do Mundo". Era a primeira vez que víamos um documentário sobre a Copa do Mundo por um outro angulo - não só aquele que as emissoras mostravam durante as transmissões, que, na época, não tinham essa tecnologia toda. Era a primeira vez que víamos um jogo de futebol no Cinema, filmado em película 35 mm, em 24 fps, e embora muita gente não soubesse muito bem explicar o motivo, aquelas imagens tinham uma atmosférica mágica, um história, personagens... A grande verdade é que o diretor Murilo Salles teve a sensibilidade de humanizar o evento esportivo mais amado pelos brasileiros e a sorte de documentar o tetra campeonato depois de 24 anos!!!! Uma cena icônica captada por Salles, foi quando Baggio encara Romário no túnel do estádio, pouco antes de entrar em campo para jogar a final!!! Lindo de ver e de viver!!! Pois bem, por que eu falei de futebol em um review de uma série sobre F1? Porque a sensação que eu tive ao assistir "Formula 1: Dirigir paraViver" foi muito parecida com a que eu tive ao assistir, no cinema, "Todos os corações do Mundo" - a série da Netflix é sensacional!!!! Para quem gosta do/de esporte, é daquelas coisas que você assiste bem devagar pra não acabar e ficar sem, sabe? É um episódio melhor que o outro, confira o trailer:
"Formula 1: Dirigir paraViver" é uma série Original da Netflix com 10 episódios, de 40 minutos cada, que mostra os bastidores da Formula 1 na temporada de 2018. Na verdade, muito mais que os bastidores, a série vai atrás de pequenas e rápidas histórias, mas com personagens grandiosos: sejam eles os próprios pilotos ou alguém da equipe: um mecânico, um projetista, o chefe... até a família dos pilotos o diretor teve o cuidado de retratar! Tudo isso com o pano de fundo dos 21 GPs da Temporada e todo aquele visual maravilhoso dos países onde as corridas acontecem! Sério, é incrível como o diretor foi capaz de construir uma linha narrativa tão dinâmica focando em histórias tão particulares dos personagens e não só nas corridas em si! A edição é espetacular, um show a parte - capaz de criar um clima de tensão, de curiosidade, de tristeza, de ansiedade... Demais! A fotografia é sensacional - um espetáculo: são imagens inéditas, com uma qualidade impressionante. As reações, os bastidores, os comentários e, claro, as corridas estão muito bem captadas!!! São cenas em em close total, outras vezes, super lentas, poéticas - e sem perder nada da qualidade ou da emoção de cada momento!!! É realmente muito bonito - em 4K é imbatível!!! O desenho e a própria captação de som estão sensacionais também - é o mesmo conceito dos filmes que a NFL produz em cada Superbowl!!! A sensação é de estarmos dentro da pista... é sério!!!
O ex "todo poderoso" da Formula 1, Bernie Ecclestone, dizia que não existe espetáculo esportivo mais grandioso que uma temporada de Formula 1. Na sua Biografia "Não sou um anjo" (para quem gosta do assunto, recomento) ele se gaba em dizer que era o único homem capaz que organizar uma Copa do Mundo por final de semana, tamanho era o Circo que precisava ser montado para uma corrida acontecer (em 4 Continentes, em pouquíssimo tempo entre uma e outra)... e é isso que a série mostra, essa grandiosidade: do glamour à pressão por resultados, da alegria de uma vitória ao desespero do abandono por um erro infantil, da frieza do piloto à ansiedade do mecânico que vai trocar um dos pneus, da empolgação por uma nova tecnologia à frustração de um carro mal nascido... enfim, todas as engrenagens estão lá e de uma forma muito particular... e linda!!! Talvez o primeiro episódio seja explicativo (e redundante) demais, mas depois, meu amigo, é só alegria!!!! Tudo muito cinematográfico!!!!!
"Formula 1: Dirigir paraViver" é para ver e rever!!! Série para aproveitar cada minuto!!! Se você é fã do esporte, vai ser difícil parar de assistir; se não é, tenho certeza que a temporada 2019 vai ganhar novo significado, pois não serão apenas carros correndo em uma pista à 300 km por hora... serão as histórias por trás dos personagens que fazem esse espetáculo acontecer!!! Olha, talvez a série se transforme em um grande case de Branded Entertainment, mas e daí???
Vale muito mais que o play!!!!!!!
"Framing Britney Spears", que aqui no Brasil ganhou o subtítulo de "A vida de uma estrela", é mais um documentário produzido pelo The New York Times para a plataforma Hulu. De imediato, temos a sensação de que se trata de mais uma história de construção de um fenômeno pop americano que acaba despencando depois de decisões e atitudes bastante questionáveis. De fato esse arco narrativo está no filme, mas o interessante é a perspectiva que a diretora Samantha Stark nos mostra - o que acaba destruindo aquele pré conceito que tomamos como a mais absoluta verdade sem ao menos nos aprofundar ou procurar entender o outro lado da história.
O documentário acompanha a ascensão de Britney Spears como um fenômeno global até sua queda, considerado até hoje como uma espécie de esporte nacional da mais cruel das formas. A partir de depoimentos de pessoas próximas a ela e de advogados que, de alguma maneira, estavam envolvidos no mistério da tutela legal exercida por seu pai e que gerou um movimento popular importante no país: o Free Britney. Confira o teaser:
A carreira de Britney Spears é um case de sucesso em um período onde as "boys bands" dominavam as paradas e os corações adolescentes. Sua chegada no cenário musical criou um enorme desconforto, pela forma como ela se apresentava, mas por outro lado provocou um sentimento de identificação que subverteu as inúmeras manifestações machistas, hipócritas e conservadoras, tão comum na sociedade americana. O fato é que Britney venceu, marcou uma geração e o documentário é muito feliz em resumir essa jornada de forma direta, sem perder muito tempo. Hoje, quase 13 anos depois de um surto registrado pelas câmeras e virar piada no mundo inteiro, sua vida é controlada pelo seu pai - mesmo ela sendo considerada capaz de tomar suas próprias decisões. É incrível como muitas pessoas ainda consideram a cantora como uma artista de sucesso que simplesmente surtou e nem se preocupam em entender como a vida dela chegou neste ponto. É exatamente esse o objetivo de "Framing Britney Spears": dar voz à Britney, sem necessariamente poder contar com ela no documentário.
Veja, não se trata de um documentário com um conceito narrativo inovador ou visualmente inesquecível, digno de Oscar ou muitos prêmios, "Framing Britney Spears" é quase uma reportagem especial de qualquer programa jornalístico com um arco narrativo, digamos, mais cinematográfico - mas isso não deve incomodar, pois a história é realmente muito boa e a maneira como a diretora nos apresenta essa jornada, cria um vinculo emocional com a protagonista que fica difícil não defende-la. Os que antes a consideravam uma louca, certamente vão enxergar a situação com outros olhos.
O documentário é superficial, está longe de ter a qualidade narrativa e a pesquisa de "Sandy & Junior: A História", por exemplo; mas atinge seu objetivo e nos entretem ao mesmo temo que nos faz refletir sobre como existe um certo prazer sádico em endeusar um artista (ou esportista) durante o seu ápice, para depois sacramentar sua queda, transformando sua vida em um verdadeiro inferno - como em "Tiger" da HBO, para citar outra produção na mesma linha.
A verdade é que esse é outro documentário onde final não é tão feliz, mas que pelo menos ainda nos deixa uma esperança. Vale o play!
"Framing Britney Spears", que aqui no Brasil ganhou o subtítulo de "A vida de uma estrela", é mais um documentário produzido pelo The New York Times para a plataforma Hulu. De imediato, temos a sensação de que se trata de mais uma história de construção de um fenômeno pop americano que acaba despencando depois de decisões e atitudes bastante questionáveis. De fato esse arco narrativo está no filme, mas o interessante é a perspectiva que a diretora Samantha Stark nos mostra - o que acaba destruindo aquele pré conceito que tomamos como a mais absoluta verdade sem ao menos nos aprofundar ou procurar entender o outro lado da história.
O documentário acompanha a ascensão de Britney Spears como um fenômeno global até sua queda, considerado até hoje como uma espécie de esporte nacional da mais cruel das formas. A partir de depoimentos de pessoas próximas a ela e de advogados que, de alguma maneira, estavam envolvidos no mistério da tutela legal exercida por seu pai e que gerou um movimento popular importante no país: o Free Britney. Confira o teaser:
A carreira de Britney Spears é um case de sucesso em um período onde as "boys bands" dominavam as paradas e os corações adolescentes. Sua chegada no cenário musical criou um enorme desconforto, pela forma como ela se apresentava, mas por outro lado provocou um sentimento de identificação que subverteu as inúmeras manifestações machistas, hipócritas e conservadoras, tão comum na sociedade americana. O fato é que Britney venceu, marcou uma geração e o documentário é muito feliz em resumir essa jornada de forma direta, sem perder muito tempo. Hoje, quase 13 anos depois de um surto registrado pelas câmeras e virar piada no mundo inteiro, sua vida é controlada pelo seu pai - mesmo ela sendo considerada capaz de tomar suas próprias decisões. É incrível como muitas pessoas ainda consideram a cantora como uma artista de sucesso que simplesmente surtou e nem se preocupam em entender como a vida dela chegou neste ponto. É exatamente esse o objetivo de "Framing Britney Spears": dar voz à Britney, sem necessariamente poder contar com ela no documentário.
Veja, não se trata de um documentário com um conceito narrativo inovador ou visualmente inesquecível, digno de Oscar ou muitos prêmios, "Framing Britney Spears" é quase uma reportagem especial de qualquer programa jornalístico com um arco narrativo, digamos, mais cinematográfico - mas isso não deve incomodar, pois a história é realmente muito boa e a maneira como a diretora nos apresenta essa jornada, cria um vinculo emocional com a protagonista que fica difícil não defende-la. Os que antes a consideravam uma louca, certamente vão enxergar a situação com outros olhos.
O documentário é superficial, está longe de ter a qualidade narrativa e a pesquisa de "Sandy & Junior: A História", por exemplo; mas atinge seu objetivo e nos entretem ao mesmo temo que nos faz refletir sobre como existe um certo prazer sádico em endeusar um artista (ou esportista) durante o seu ápice, para depois sacramentar sua queda, transformando sua vida em um verdadeiro inferno - como em "Tiger" da HBO, para citar outra produção na mesma linha.
A verdade é que esse é outro documentário onde final não é tão feliz, mas que pelo menos ainda nos deixa uma esperança. Vale o play!
"Fyre Festival" é o Instagram da vida real!!!! Só por essa frase eu te digo: "não deixe de assistir esse documentário da Netflix!!!!"
Agora vamos lá: em meados de 2017, o empresário Billy McFarland teve a brilhante idéia de fazer um Festival de Música em uma ilha particular, que ele supostamente havia comprado nas Bahamas, para promover um app que ele também tinha acabado de lançar. Para isso, Billy se associou ao rapper Ja Rule e começaram, juntos, a organizar o que viria a ser o maior fiasco da história dos Festivais. O projeto era grandioso, caro, difícil de realizar, mas inicialmente pareceu verdadeiro e incrivelmente tentador - alguns investidores e milhares de pessoas que compraram o ingresso caríssimo que o digam!!! Bom, como dizem por aí: o papel aceita tudo!!! Era óbvio que seria impossível transformar aquela idéia megalomaníaca em realidade em tão pouco tempo (e sem uma equipe experiente por trás)! Em todas as reuniões eles estavam sempre com uma cerveja na mão, o clima já era de festa, quase irresponsável... e todo mundo se envolvia com essa atmosfera!!! Surreal demais!!!
Feita essa introdução, já se pode imaginar o que aconteceu, certo? Errado!!! É muito pior... e é justamente por isso que o documentário é imperdível, pois a maneira como o diretor Chris Smith (de “Jim & Andy”) vai desvendando os bastidores do evento faz surgir uma quantidade tão grande de sensações em quem assiste que não tem como você não se envolver com a história ou com aquela situação constrangedora. Chega ser inacreditável! Confira o trailer:
Outro ponto alto é a construção do "personagem McFarland" - ela é tão precisa que em um determinado momento do filme você acaba torcendo para ele!!! Juro!!! Meu amigo, o cara é um poço de carisma, de auto-confiança e é aí que a comparação com o Instagram faz todo sentido, porque vamos descobrindo que aquilo que vemos é tudo fachada!!!!! E pode ficar tranquilo, isso não é spoiler e não vai atrapalhar em nada sua experiência, porque o objetivo do filme é justamente esse: entender em qual momento que as máscaras começam a cair e quando um projeto legítimo se transforma em uma fralde!!! Lembram da história do cara que se passou pelo dono da Gol e que foi até entrevistado pelo Amaury Jr. no camarote do carnaval de salvador alguns anos atrás? Pois é, Billy McFarland coloca esse cara no chinelo em proporções inimagináveis!!!
"Fyre Festival" é um documentário que deveria ser obrigatório para quem trabalha com eventos, mas também um material de reflexão para todos nós, pois o que acontece ali é só o reflexo dessa "sociedade de faz de conta" que vivemos hoje em dia, onde a superficialidade de uma "imagem" (desde que seja bonita ou ostensiva, claro) vale muito mais do que a verdade em si - e olha que essa critica não é minha, é só uma das muitas discussões levantadas por pessoas que estiveram envolvidas de alguma forma nesse evento ou com o próprio Billy.
Pode apertar o play tranquilamente, mas se prepare para o turbilhão de emoções que o documentário vai te propor...
"Fyre Festival" é o Instagram da vida real!!!! Só por essa frase eu te digo: "não deixe de assistir esse documentário da Netflix!!!!"
Agora vamos lá: em meados de 2017, o empresário Billy McFarland teve a brilhante idéia de fazer um Festival de Música em uma ilha particular, que ele supostamente havia comprado nas Bahamas, para promover um app que ele também tinha acabado de lançar. Para isso, Billy se associou ao rapper Ja Rule e começaram, juntos, a organizar o que viria a ser o maior fiasco da história dos Festivais. O projeto era grandioso, caro, difícil de realizar, mas inicialmente pareceu verdadeiro e incrivelmente tentador - alguns investidores e milhares de pessoas que compraram o ingresso caríssimo que o digam!!! Bom, como dizem por aí: o papel aceita tudo!!! Era óbvio que seria impossível transformar aquela idéia megalomaníaca em realidade em tão pouco tempo (e sem uma equipe experiente por trás)! Em todas as reuniões eles estavam sempre com uma cerveja na mão, o clima já era de festa, quase irresponsável... e todo mundo se envolvia com essa atmosfera!!! Surreal demais!!!
Feita essa introdução, já se pode imaginar o que aconteceu, certo? Errado!!! É muito pior... e é justamente por isso que o documentário é imperdível, pois a maneira como o diretor Chris Smith (de “Jim & Andy”) vai desvendando os bastidores do evento faz surgir uma quantidade tão grande de sensações em quem assiste que não tem como você não se envolver com a história ou com aquela situação constrangedora. Chega ser inacreditável! Confira o trailer:
Outro ponto alto é a construção do "personagem McFarland" - ela é tão precisa que em um determinado momento do filme você acaba torcendo para ele!!! Juro!!! Meu amigo, o cara é um poço de carisma, de auto-confiança e é aí que a comparação com o Instagram faz todo sentido, porque vamos descobrindo que aquilo que vemos é tudo fachada!!!!! E pode ficar tranquilo, isso não é spoiler e não vai atrapalhar em nada sua experiência, porque o objetivo do filme é justamente esse: entender em qual momento que as máscaras começam a cair e quando um projeto legítimo se transforma em uma fralde!!! Lembram da história do cara que se passou pelo dono da Gol e que foi até entrevistado pelo Amaury Jr. no camarote do carnaval de salvador alguns anos atrás? Pois é, Billy McFarland coloca esse cara no chinelo em proporções inimagináveis!!!
"Fyre Festival" é um documentário que deveria ser obrigatório para quem trabalha com eventos, mas também um material de reflexão para todos nós, pois o que acontece ali é só o reflexo dessa "sociedade de faz de conta" que vivemos hoje em dia, onde a superficialidade de uma "imagem" (desde que seja bonita ou ostensiva, claro) vale muito mais do que a verdade em si - e olha que essa critica não é minha, é só uma das muitas discussões levantadas por pessoas que estiveram envolvidas de alguma forma nesse evento ou com o próprio Billy.
Pode apertar o play tranquilamente, mas se prepare para o turbilhão de emoções que o documentário vai te propor...
A voz dele se confundiu com a história esportiva do país nos últimos 40 e poucos anos. Aliás, ninguém cobriu mais vitórias (e derrotas) do esporte brasileiro como ele. Sim, estou falando do locutor Galvão Bueno que teve um recorte bastante interessante de sua vida, com alguns momentos dos mais marcantes de sua carreira, retratados no documentário original da Globoplay, "Galvão: Olha o que ele fez". Dirigido pelo Sidney Garambone e pelo Gustavo Gomes, os cinco episódios tem um conceito visual e uma dinâmica narrativa das mais interessantes - equilibrando perfeitamente o lado humano com o do personagem "Galvão". Fica o aviso: para aqueles que são apaixonados pelo esporte, é impossível não maratonar essa série!
A beleza de "Galvão: Olha o que ele fez" está justamente na honestidade de seu protagonista. A partir de depoimentos do próprio Galvão e de muitas celebridades do esporte e do jornalismo, a série se concentra em expor os bastidores de sua jornada como locutor, além de sua intimidade profissional e, olha só, pessoal, como marido e pai. A série, obviamente, aborda seus momentos mais importantes, as conquistas, as dores e os muitos desafios profissionais, mas também desmistifica o personagem de um forma nunca vista antes e que vai te surpreender. Confira o trailer que você terá uma ideia do que esperar:
Galvão Bueno pode não ser uma unanimidade - alguns apreciam sua paixão e entusiasmo, enquanto outros criticam veemente sua forma de narrar um jogo ou de tecer alguns comentários, digamos, mais exaltados; mas é inegável que ele está (e estará) na memória emotiva da maioria dos brasileiros há (e por) muito tempo. Sua presença como locutor titular da Rede Globo proporcionou para ele e para nós, incontáveis jornadas esportivas que iam da Fórmula 1 ao Futebol, passando pelo Vôlei, pelo Boxe, pelo Basquete, etc.
E é mais ou menos seguindo essa linha nostálgica que o roteiro de "Galvão: Olha o que ele fez" consegue capturar uma verdade muito difícil para esse tipo de celebridade. O interessante, no entanto, é que a linha temporal de toda essa longa história é pontuada pelo presente, mais precisamente pelos jogos da Seleção na última Copa do Mundo, e isso nos dá a exata noção da responsabilidade que é comandar um evento esportivo como esse - assistir aos jogos pelo ponto de vista do Galvão, dentro de sua cabine de transmissão e ao lados de toda sua equipe, é simplesmente sensacional. A preparação, as resenhas com os amigos mais próximos, os bastidores antes de entrar no ar; tudo isso é mostrado, e melhor: sem filtro!
É praticamente impossível nominar todas as pessoas que deram seu depoimento durante a série - falando bem (e mal) de algumas de suas atitudes e posturas perante assuntos espinhosos, ou até de como ele mesmo foi se construindo e se tornando a "a voz do esporte" na Globo. Seu poder e influência é facilmente percebido por essas conversas com jornalistas, atletas, executivos e até com seus filhos e mulher. Suas paixões e desafetos também estão lá - e aqui cabe a curiosa informação das pessoas que não quiseram participar do projeto, é o caso do Piquet, do Renato Mauricio Prado, do Felipão e até do Neymar.
O fato é que "Galvão: Olha o que ele fez" é um documentário para assistir muitas vezes, um verdadeiro presente para quem viveu as melhores (e piores) experiências com o esporte desde os anos 80 ao lado de um profissional que é considerado insubstituível. Galvão Bueno para muitos é um gênio, para outros "chato pra caramba", mas olhar para sua carreira e não entender a importância dessa obra como recorte histórico da televisão brasileira e do esporte mundial, ou até como homenagem se assim preferirem, passa pela imaturidade de não celebrar o que será realmente inesquecível!
Golaço da Globoplay!
A voz dele se confundiu com a história esportiva do país nos últimos 40 e poucos anos. Aliás, ninguém cobriu mais vitórias (e derrotas) do esporte brasileiro como ele. Sim, estou falando do locutor Galvão Bueno que teve um recorte bastante interessante de sua vida, com alguns momentos dos mais marcantes de sua carreira, retratados no documentário original da Globoplay, "Galvão: Olha o que ele fez". Dirigido pelo Sidney Garambone e pelo Gustavo Gomes, os cinco episódios tem um conceito visual e uma dinâmica narrativa das mais interessantes - equilibrando perfeitamente o lado humano com o do personagem "Galvão". Fica o aviso: para aqueles que são apaixonados pelo esporte, é impossível não maratonar essa série!
A beleza de "Galvão: Olha o que ele fez" está justamente na honestidade de seu protagonista. A partir de depoimentos do próprio Galvão e de muitas celebridades do esporte e do jornalismo, a série se concentra em expor os bastidores de sua jornada como locutor, além de sua intimidade profissional e, olha só, pessoal, como marido e pai. A série, obviamente, aborda seus momentos mais importantes, as conquistas, as dores e os muitos desafios profissionais, mas também desmistifica o personagem de um forma nunca vista antes e que vai te surpreender. Confira o trailer que você terá uma ideia do que esperar:
Galvão Bueno pode não ser uma unanimidade - alguns apreciam sua paixão e entusiasmo, enquanto outros criticam veemente sua forma de narrar um jogo ou de tecer alguns comentários, digamos, mais exaltados; mas é inegável que ele está (e estará) na memória emotiva da maioria dos brasileiros há (e por) muito tempo. Sua presença como locutor titular da Rede Globo proporcionou para ele e para nós, incontáveis jornadas esportivas que iam da Fórmula 1 ao Futebol, passando pelo Vôlei, pelo Boxe, pelo Basquete, etc.
E é mais ou menos seguindo essa linha nostálgica que o roteiro de "Galvão: Olha o que ele fez" consegue capturar uma verdade muito difícil para esse tipo de celebridade. O interessante, no entanto, é que a linha temporal de toda essa longa história é pontuada pelo presente, mais precisamente pelos jogos da Seleção na última Copa do Mundo, e isso nos dá a exata noção da responsabilidade que é comandar um evento esportivo como esse - assistir aos jogos pelo ponto de vista do Galvão, dentro de sua cabine de transmissão e ao lados de toda sua equipe, é simplesmente sensacional. A preparação, as resenhas com os amigos mais próximos, os bastidores antes de entrar no ar; tudo isso é mostrado, e melhor: sem filtro!
É praticamente impossível nominar todas as pessoas que deram seu depoimento durante a série - falando bem (e mal) de algumas de suas atitudes e posturas perante assuntos espinhosos, ou até de como ele mesmo foi se construindo e se tornando a "a voz do esporte" na Globo. Seu poder e influência é facilmente percebido por essas conversas com jornalistas, atletas, executivos e até com seus filhos e mulher. Suas paixões e desafetos também estão lá - e aqui cabe a curiosa informação das pessoas que não quiseram participar do projeto, é o caso do Piquet, do Renato Mauricio Prado, do Felipão e até do Neymar.
O fato é que "Galvão: Olha o que ele fez" é um documentário para assistir muitas vezes, um verdadeiro presente para quem viveu as melhores (e piores) experiências com o esporte desde os anos 80 ao lado de um profissional que é considerado insubstituível. Galvão Bueno para muitos é um gênio, para outros "chato pra caramba", mas olhar para sua carreira e não entender a importância dessa obra como recorte histórico da televisão brasileira e do esporte mundial, ou até como homenagem se assim preferirem, passa pela imaturidade de não celebrar o que será realmente inesquecível!
Golaço da Globoplay!
Se "Gaming Wall Street" da HBO usou o caso da GameStop para discutir um fluxo de falhas no sistema financeiro americano, "GameStop contra Wall Street" faz justamente o contrário, ele se apoia em uma estrutura narrativa bastante eficiente e didaticamente das mais competentes para contar a história de uma quase falida loja de games que, graças ao mindset ganancioso e predatório de Wall Street, provocou um embate histórico entre pequenos investidores e grandes corretoras de investimento.
A minissérie em três partes da Netflix mostra justamente como esse grupo de pessoas sem muita experiência no mercado de ações se uniu pela internet para resgatar a GameStop da falência e assim se colocar em direta rota de colisão com grandes investidores de Wall Street que lucrariam muito se esse destino que parecia certo se concretizasse. Confira o trailer:
Vendido como "uma verdadeira saga de Davi contra Golias viralizada e ambientada no século 21", "GameStop contra Wall Street" é extremamente eficaz em posicionar a audiência em uma atmosfera onde seus protagonistas naturalmente entrariam em choque em algum momento. De um lado o cidadão comum, imerso na cultura da internet e que graças as novas tecnologias, como a do app "Robinhood", passou a ser capaz de controlar suas estratégias de investimento em ações sem depender de corretoras e de suas taxas de corretagem. Do outro lado o status-quo, o tradicional, o universo ganancioso (e preparado só para "ganhar dinheiro") de Wall Street. Acontece, e aí está o grande mérito do documentário e do diretor Theo Love (de "A Cobra do Alabama" e produtor de "McMillions"), que esses dois lados se misturam, se embaralham e, principalmente, se confundem sem perceber que o objetivo de ambos é impreterivelmente o mesmo: se dar bem, e rápido. Se atentem na história de Keith Gill, também conhecido no Reddit como DeepFuckingValue, e veja como essa fusão de ideais que a princípio soariam antagônicas, na verdade são mais complementares do que imaginamos.
O roteiro do próprio Love foi muito feliz em estabelecer vários conceitos financeiros como gatilhos para entendermos o que de fato aconteceu - tudo apresentado da forma mais simples possível. Mesmo que algumas dessas explicações possam soar superficiais para alguns, dentro do contexto do documentário, tudo fica muito fluido e se encaixa perfeitamente na linguagem fragmentada e moderninha que o diretor defendeu em toda sua narrativa. Com uma edição que prioriza essa linguagem, sempre com um leve toque de humor e ironia, "Eat the Rich: The GameStop Saga" (no original) se aproveita de muitos depoimentos, de muitos personagens interessantes, de imagens de arquivo da mídia e de ótimas inserções gráficas para detalhar essa história tão absurda quanto surpreendente, com muito mais qualidade e nuances do que encontramos na obra da HBO - aliás, eu diria até que "Gaming Wall Street" serve como uma boa introdução para "GameStop contra Wall Street".
Embora com um certo exagero nas piadinhas "de internet" (mesmo que esse exagero nem seja tão fora da realidade assim), "GameStop contra Wall Street" é mais um exemplo de narrativa capaz de entreter ao mesmo tempo em que cria uma espécie de senso crítico sem soar "burocrática" ou "chapa branca" demais - é perceptível a preocupação de Theo Love em sempre mostrar os dois lados das histórias, para que nós como audiência tenhamos a liberdade de encontrar as respostas que mais se alinhem com o que acreditamos.
Vale muito a pena!
Se "Gaming Wall Street" da HBO usou o caso da GameStop para discutir um fluxo de falhas no sistema financeiro americano, "GameStop contra Wall Street" faz justamente o contrário, ele se apoia em uma estrutura narrativa bastante eficiente e didaticamente das mais competentes para contar a história de uma quase falida loja de games que, graças ao mindset ganancioso e predatório de Wall Street, provocou um embate histórico entre pequenos investidores e grandes corretoras de investimento.
A minissérie em três partes da Netflix mostra justamente como esse grupo de pessoas sem muita experiência no mercado de ações se uniu pela internet para resgatar a GameStop da falência e assim se colocar em direta rota de colisão com grandes investidores de Wall Street que lucrariam muito se esse destino que parecia certo se concretizasse. Confira o trailer:
Vendido como "uma verdadeira saga de Davi contra Golias viralizada e ambientada no século 21", "GameStop contra Wall Street" é extremamente eficaz em posicionar a audiência em uma atmosfera onde seus protagonistas naturalmente entrariam em choque em algum momento. De um lado o cidadão comum, imerso na cultura da internet e que graças as novas tecnologias, como a do app "Robinhood", passou a ser capaz de controlar suas estratégias de investimento em ações sem depender de corretoras e de suas taxas de corretagem. Do outro lado o status-quo, o tradicional, o universo ganancioso (e preparado só para "ganhar dinheiro") de Wall Street. Acontece, e aí está o grande mérito do documentário e do diretor Theo Love (de "A Cobra do Alabama" e produtor de "McMillions"), que esses dois lados se misturam, se embaralham e, principalmente, se confundem sem perceber que o objetivo de ambos é impreterivelmente o mesmo: se dar bem, e rápido. Se atentem na história de Keith Gill, também conhecido no Reddit como DeepFuckingValue, e veja como essa fusão de ideais que a princípio soariam antagônicas, na verdade são mais complementares do que imaginamos.
O roteiro do próprio Love foi muito feliz em estabelecer vários conceitos financeiros como gatilhos para entendermos o que de fato aconteceu - tudo apresentado da forma mais simples possível. Mesmo que algumas dessas explicações possam soar superficiais para alguns, dentro do contexto do documentário, tudo fica muito fluido e se encaixa perfeitamente na linguagem fragmentada e moderninha que o diretor defendeu em toda sua narrativa. Com uma edição que prioriza essa linguagem, sempre com um leve toque de humor e ironia, "Eat the Rich: The GameStop Saga" (no original) se aproveita de muitos depoimentos, de muitos personagens interessantes, de imagens de arquivo da mídia e de ótimas inserções gráficas para detalhar essa história tão absurda quanto surpreendente, com muito mais qualidade e nuances do que encontramos na obra da HBO - aliás, eu diria até que "Gaming Wall Street" serve como uma boa introdução para "GameStop contra Wall Street".
Embora com um certo exagero nas piadinhas "de internet" (mesmo que esse exagero nem seja tão fora da realidade assim), "GameStop contra Wall Street" é mais um exemplo de narrativa capaz de entreter ao mesmo tempo em que cria uma espécie de senso crítico sem soar "burocrática" ou "chapa branca" demais - é perceptível a preocupação de Theo Love em sempre mostrar os dois lados das histórias, para que nós como audiência tenhamos a liberdade de encontrar as respostas que mais se alinhem com o que acreditamos.
Vale muito a pena!
"Gaming Wall Street" chegou ao Brasil pela HBO Max com mais de 6 meses de atraso em relação ao seu lançamento nos EUA. Esse movimento gerou algumas indagações sobre as consequências dos assuntos abordados no documentário e, sinceramente, não me surpreenderia se essa especulação, de fato, fosse a razão de tanta demora. Por se tratar de uma das histórias mais loucas dos últimos anos e pelos nomes envolvidos na produção, toda narrativa dá a exata impressão de que uma nova crise nos moldes daquela de 2008 é só uma questão de tempo - o motivo, lógico, a ganância!
Narrado por Kieran Culkin (com um tom que faz muito lembrar seu personagem Roman Roy de "Succession"), o documentário dividido em duas partes tenta explicar como pequenos investidores que se organizaram a partir de um grupo do Reddit focado em investimentos, o r/Wallstreetbets, quase colapsaram o mercado de ações ao entrarem em um embate direto contra grandes fundos de investimento de Wall Street que apostavam na derrocada de uma (queridinha) rede de varejo especializada em compra e venda de mídias físicas de jogos de video-game chamada GameStop. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo austriaco Tobias Deml, "Gaming Wall Street" tem dois episódios completamente diferentes um do outro. Para alinharmos bem as expectativas, ele não é um documentário sobre o caso da GameStop, mas sim um estudo sobre as falhas no sistema que envolve Wall Street e que, ai sim, a partir desse caso específico, escancara a fragilidade do processo de negociação de ações com a entrada de novos players como o "Robinhood" - uma startup com base na tecnologia que criou um app extremamente intuitivo que entrega facilidade para que qualquer um possa investir na bolsa sem custo de corretagem.
O interessante é que ao longo das histórias que o documentário retrata, entendemos que nem tudo é o que parece. Por trás do "divino" propósito de um app que prometia democratizar uma relação financeira sem intermediários, na verdade existia uma dinâmica escondida (embora legal) de corretagem onde o conflito de interesses (esse sim ilegal) fez com que a startup manipulasse o mercado, evitando que grandes corretoras como a Melvin Capital fossem prejudicadas no caso da GameStop - sim, o app chegou a tirar o botão "comprar" da tela, para evitar maiores problemas (e perdas) para seus aliados (e para si mesmo).
Embora possa parecer bem complicado para um público pouco acostumado com o assunto e com os termos que envolvem essas operações, "Gaming Wall Street" tenta de todas as formas parecer didático ao mesmo tempo que entretém. Em meio aos depoimentos dos vários personagens que transitaram por Wall Street ou pelas telas de computador (e de celular) durante o caso da GameStop, sequências animadas explicam a mecânica de algumas ações como as "vendas a descoberto", por exemplo. Culkin traz leveza para as narrações enquanto gifs e memes estabelecem um conceito onde a cultura da Internet ou a dinâmica dos podcasts se encaixem melhor do que uma narrativa documental dura e enfadonha.
Para quem gosta do estilo "Trabalho Interno" sobre crimes financeiros, você vai se divertir com o play!
"Gaming Wall Street" chegou ao Brasil pela HBO Max com mais de 6 meses de atraso em relação ao seu lançamento nos EUA. Esse movimento gerou algumas indagações sobre as consequências dos assuntos abordados no documentário e, sinceramente, não me surpreenderia se essa especulação, de fato, fosse a razão de tanta demora. Por se tratar de uma das histórias mais loucas dos últimos anos e pelos nomes envolvidos na produção, toda narrativa dá a exata impressão de que uma nova crise nos moldes daquela de 2008 é só uma questão de tempo - o motivo, lógico, a ganância!
Narrado por Kieran Culkin (com um tom que faz muito lembrar seu personagem Roman Roy de "Succession"), o documentário dividido em duas partes tenta explicar como pequenos investidores que se organizaram a partir de um grupo do Reddit focado em investimentos, o r/Wallstreetbets, quase colapsaram o mercado de ações ao entrarem em um embate direto contra grandes fundos de investimento de Wall Street que apostavam na derrocada de uma (queridinha) rede de varejo especializada em compra e venda de mídias físicas de jogos de video-game chamada GameStop. Confira o trailer (em inglês):
Dirigido pelo austriaco Tobias Deml, "Gaming Wall Street" tem dois episódios completamente diferentes um do outro. Para alinharmos bem as expectativas, ele não é um documentário sobre o caso da GameStop, mas sim um estudo sobre as falhas no sistema que envolve Wall Street e que, ai sim, a partir desse caso específico, escancara a fragilidade do processo de negociação de ações com a entrada de novos players como o "Robinhood" - uma startup com base na tecnologia que criou um app extremamente intuitivo que entrega facilidade para que qualquer um possa investir na bolsa sem custo de corretagem.
O interessante é que ao longo das histórias que o documentário retrata, entendemos que nem tudo é o que parece. Por trás do "divino" propósito de um app que prometia democratizar uma relação financeira sem intermediários, na verdade existia uma dinâmica escondida (embora legal) de corretagem onde o conflito de interesses (esse sim ilegal) fez com que a startup manipulasse o mercado, evitando que grandes corretoras como a Melvin Capital fossem prejudicadas no caso da GameStop - sim, o app chegou a tirar o botão "comprar" da tela, para evitar maiores problemas (e perdas) para seus aliados (e para si mesmo).
Embora possa parecer bem complicado para um público pouco acostumado com o assunto e com os termos que envolvem essas operações, "Gaming Wall Street" tenta de todas as formas parecer didático ao mesmo tempo que entretém. Em meio aos depoimentos dos vários personagens que transitaram por Wall Street ou pelas telas de computador (e de celular) durante o caso da GameStop, sequências animadas explicam a mecânica de algumas ações como as "vendas a descoberto", por exemplo. Culkin traz leveza para as narrações enquanto gifs e memes estabelecem um conceito onde a cultura da Internet ou a dinâmica dos podcasts se encaixem melhor do que uma narrativa documental dura e enfadonha.
Para quem gosta do estilo "Trabalho Interno" sobre crimes financeiros, você vai se divertir com o play!
Chega a soar absurdo o que aconteceu com a família Von Erich! Olha, uma verdadeira pancada - então esteja preparado! "Garra de Ferro" é um drama biográfico que mergulha na trágica e complexa história da família Von Erich, que acabou ganhando notoriedade por ser uma dinastia de lutadores de luta livre que alcançou tanto o auge da fama e do sucesso profissional quanto o abismo de inúmeras tragédias pessoais. "The Iron Claw" (no original) traz a sensibilidade de seu diretor Sean Durkin (de "Martha Marcy May Marlene" e de "O Refúgio"), para contar uma história difícil de maneira íntima e emocional, capturando as nuances de personagens cheios de camadas e os efeitos devastadores de suas escolhas ao longo da vida. O filme, desde seu prólogo, é uma exploração intensa e muitas vezes melancólica das pressões e dos desafios enfrentados por uma família que viveu à sombra das frustração de seu patriarca.
"Garra de Ferro" acompanha a vida e a carreira dos irmãos Von Erich, pela perspectiva de Kevin (Zac Efron). A narrativa explora a ascensão dos irmãos no mundo da luta livre profissional durante os anos 1980, sua rivalidade tanto dentro quanto fora do ringue, e o impacto esmagador das expectativas familiares e da indústria brutal desse esporte. O filme também aborda o "Von Erich curse", uma série de tragédias pessoais que afetaram a família, resultando em um legado marcado pela dor e pela perda. Confira o trailer:
Durkin dirige "Garra de Ferro" com uma abordagem interessante: visceral, mas introspectiva. Ele cria uma atmosfera densa e carregada de tensão, utilizando um conceito visual que alterna entre a luz crua dos holofotes do ringue e os tons pesados das cenas mais íntimas e pessoais de seus protagonistas. Essa escolha de Durkin por uma câmera mais próxima reflete o peso emocional da história, nos colocando ali, como observadores, criando uma fácil conexão com a psicologia dos personagens. Esta abordagem, sem dúvida, dá ao filme uma autenticidade e uma profundidade emocional que faz toda diferença na nossa experiência, mas saiba: não estamos falando de um filme de esporte e superação, estamos falando de um drama profundo sobre as relações humanas. O roteiro, também escrito por Durkin, é bem estruturado e equilibrado, misturando momentos de intensidade física e ação com cenas mais silenciosas - em nenhum momento o roteiro se desvia das verdades mais duras e brutais sobre o que os irmãos Von Erich enfrentaram, tanto como lutadores quanto como indivíduos lidando com problemas de saúde mental, pressão familiar e a busca incessante por validação, amor e sucesso.
Zac Efron entrega uma performance poderosa, capturando a força física e emocional do seu personagem como poucas vezes vi - talvez aqui a referência de Mickey Rourke em "O Lutador" se faça presente. Efron se transformou fisicamente para o papel, mostrando uma dedicação ao seu desempenho que vai além da aparência, trazendo uma vulnerabilidade que ressoa ao longo do filme. Efron realmente entrega um retrato empático e convincente de um homem que traz o peso das expectativas familiares e a dor da perda. Holt McCallany, como o patriarca Fritz Von Erich, também merece elogios - odioso, ele é a presença dominante, e muitas vezes intimidadora, da família, cujo amor duro e suas expectativas inflexíveis moldaram o destino de seus filhos e deixaram sérias marcas. Repare como as interações entre os personagens são ricas e emocionalmente carregadas, mesmo em seu subtexto, refletindo a dinâmica disfuncional da família e o peso que cada um carrega.
"Garra de Ferro" realmente pode parecer um pouco denso ou sobrecarregado demais em certos momentos. A expectativa que a narrativa vai criando ao longo do primeiro ato e que se transforma em um caos tão avassalador no segundo, com a ênfase no sofrimento e na tragédia, pode até ser vista como um tanto opressiva. Com poucos momentos de alívio ou esperança, assistir todo o filme exige da audiência, mas nem de longe tira o seu brilho. O que temos aqui é uma obra poderosa e profundamente humana, retratada com uma honestidade brutal, mas também com o respeito pela resiliência de sua jornada e de seus protagonistas.
Vale eu play!
Chega a soar absurdo o que aconteceu com a família Von Erich! Olha, uma verdadeira pancada - então esteja preparado! "Garra de Ferro" é um drama biográfico que mergulha na trágica e complexa história da família Von Erich, que acabou ganhando notoriedade por ser uma dinastia de lutadores de luta livre que alcançou tanto o auge da fama e do sucesso profissional quanto o abismo de inúmeras tragédias pessoais. "The Iron Claw" (no original) traz a sensibilidade de seu diretor Sean Durkin (de "Martha Marcy May Marlene" e de "O Refúgio"), para contar uma história difícil de maneira íntima e emocional, capturando as nuances de personagens cheios de camadas e os efeitos devastadores de suas escolhas ao longo da vida. O filme, desde seu prólogo, é uma exploração intensa e muitas vezes melancólica das pressões e dos desafios enfrentados por uma família que viveu à sombra das frustração de seu patriarca.
"Garra de Ferro" acompanha a vida e a carreira dos irmãos Von Erich, pela perspectiva de Kevin (Zac Efron). A narrativa explora a ascensão dos irmãos no mundo da luta livre profissional durante os anos 1980, sua rivalidade tanto dentro quanto fora do ringue, e o impacto esmagador das expectativas familiares e da indústria brutal desse esporte. O filme também aborda o "Von Erich curse", uma série de tragédias pessoais que afetaram a família, resultando em um legado marcado pela dor e pela perda. Confira o trailer:
Durkin dirige "Garra de Ferro" com uma abordagem interessante: visceral, mas introspectiva. Ele cria uma atmosfera densa e carregada de tensão, utilizando um conceito visual que alterna entre a luz crua dos holofotes do ringue e os tons pesados das cenas mais íntimas e pessoais de seus protagonistas. Essa escolha de Durkin por uma câmera mais próxima reflete o peso emocional da história, nos colocando ali, como observadores, criando uma fácil conexão com a psicologia dos personagens. Esta abordagem, sem dúvida, dá ao filme uma autenticidade e uma profundidade emocional que faz toda diferença na nossa experiência, mas saiba: não estamos falando de um filme de esporte e superação, estamos falando de um drama profundo sobre as relações humanas. O roteiro, também escrito por Durkin, é bem estruturado e equilibrado, misturando momentos de intensidade física e ação com cenas mais silenciosas - em nenhum momento o roteiro se desvia das verdades mais duras e brutais sobre o que os irmãos Von Erich enfrentaram, tanto como lutadores quanto como indivíduos lidando com problemas de saúde mental, pressão familiar e a busca incessante por validação, amor e sucesso.
Zac Efron entrega uma performance poderosa, capturando a força física e emocional do seu personagem como poucas vezes vi - talvez aqui a referência de Mickey Rourke em "O Lutador" se faça presente. Efron se transformou fisicamente para o papel, mostrando uma dedicação ao seu desempenho que vai além da aparência, trazendo uma vulnerabilidade que ressoa ao longo do filme. Efron realmente entrega um retrato empático e convincente de um homem que traz o peso das expectativas familiares e a dor da perda. Holt McCallany, como o patriarca Fritz Von Erich, também merece elogios - odioso, ele é a presença dominante, e muitas vezes intimidadora, da família, cujo amor duro e suas expectativas inflexíveis moldaram o destino de seus filhos e deixaram sérias marcas. Repare como as interações entre os personagens são ricas e emocionalmente carregadas, mesmo em seu subtexto, refletindo a dinâmica disfuncional da família e o peso que cada um carrega.
"Garra de Ferro" realmente pode parecer um pouco denso ou sobrecarregado demais em certos momentos. A expectativa que a narrativa vai criando ao longo do primeiro ato e que se transforma em um caos tão avassalador no segundo, com a ênfase no sofrimento e na tragédia, pode até ser vista como um tanto opressiva. Com poucos momentos de alívio ou esperança, assistir todo o filme exige da audiência, mas nem de longe tira o seu brilho. O que temos aqui é uma obra poderosa e profundamente humana, retratada com uma honestidade brutal, mas também com o respeito pela resiliência de sua jornada e de seus protagonistas.
Vale eu play!
Se em "Console Wars", citamos na análise que o filme funcionava "quase" como um estudo de caso (Nintendo X Sega) de uma boa pós-graduação, então posso dizer tranquilamente que "GDLK" é um overview bastante interessante de como o mercado de games foi se transformando, pelo ponto de vista de vários personagens que atuaram ativamente nesse processo. Diferente do documentário da HBO, essa série de seis episódios da Netflix não se preocupa tanto com decisões corporativas, de marketing ou de gestão, mas sim com o fator humano e como o setor foi inovando, respeitando uma cronologia temporal bem pontuada, com ótimas histórias e muitas curiosidades, como essa, por exemplo:
"GDLK" é uma série documental que não se obriga a fazer um mergulho profundo nos temas mais marcantes de uma revolução mercadológica, mas sim em discutir a era dourada dos videogames, em uma época onde surgiram clássicos como Pac-Man ou Doom. Focando no talento (e muita força de vontade), esses pioneiros da computação e artistas visionários de todo o mundo deram vida aos icônicos jogos: Space Invaders, Final Fantasy, Street Fighter II, Mortal Kombat, Sonic the Hedgehog, John Madden Football e muitos outros. Sem regras ou orientações, jogadores e desenvolvedores descobriram novas formas de se entreter e, claro, ganhar muito dinheiro, destruir rivais e conquistar milhões de fãs e é assim, ponto a ponto, que "High Score" (título original) conta a história das mentes por trás dos pixels e de como essas invenções construíram uma indústria multibilionária — quase por acidente.
Não por acaso, "GDLK" é narrada por Charles Martinet – a famosa voz do Mário. A série dedica cada episódio a um gênero, tema ou período da história dos games, focando na experiência dos desenvolvedores e game designers na busca por executarem suas ideias. A partir dessa escolha narrativa, descobrimos como o jogos de esportes foram se transformando ou até como os Adventures surgiram. Também entendemos a força do marketing na criação de uma legião de fãs e como os e-sports se tornaram uma ferramenta de vendas de jogos e consoles.
Com entrevistas bem humoradas, a série nos cativa logo de cara - já que cada personagem dá seu depoimento muito mais com o coração do que com a razão! Com um roteiro muito inteligente e que amarrara várias histórias em um mesmo episódio, o trabalho da edição da série só imprime o ritmo que foi planejado, intercalando verdadeiros testemunhais, com imagens de arquivo e ótimas sequências de animação 8 bits.
Como "Console Wars", o fator nostálgico trás um poder emocional muito bacana para a experiência de assistir a série. Se você tem mais de 40 anos, certamente viveu essa evolução de um ponto de vista diferente, mais inocente, cheio de fantasia e desejo de experimentar essas novidades, e isso é muito interessante, pois não será difícil se colocar (ou lembrar de situações) em cada uma das fases que o documentário retrata - é quase como se nos víssemos ali, fazendo parte daquela história! É claro que "GDLK" vai impactar mais quem gosta de video-game ou quem viveu os anos 80 e 90, mas de qualquer forma a recomendação é válida, pois a série merece ser vista pelo seu recorte histórico e por provocar uma reflexão importante: muito do que assistimos (e encontramos) hoje em dia, nada mais são, do que a confirmação de várias teses levantadas lá atrás, que se confirmaram e provaram ser o caminho natural do entretenimento em vários níveis - mais ou menos como a "guerra do streaming" apresenta na atualidade!
O bacana é que ainda existe muito mais histórias para se contar e a expectativa é que tenhamos uma segunda temporada em breve. Vamos aguardar! Por enquanto te garanto: "GDLK" vale muito o seu play!
Se em "Console Wars", citamos na análise que o filme funcionava "quase" como um estudo de caso (Nintendo X Sega) de uma boa pós-graduação, então posso dizer tranquilamente que "GDLK" é um overview bastante interessante de como o mercado de games foi se transformando, pelo ponto de vista de vários personagens que atuaram ativamente nesse processo. Diferente do documentário da HBO, essa série de seis episódios da Netflix não se preocupa tanto com decisões corporativas, de marketing ou de gestão, mas sim com o fator humano e como o setor foi inovando, respeitando uma cronologia temporal bem pontuada, com ótimas histórias e muitas curiosidades, como essa, por exemplo:
"GDLK" é uma série documental que não se obriga a fazer um mergulho profundo nos temas mais marcantes de uma revolução mercadológica, mas sim em discutir a era dourada dos videogames, em uma época onde surgiram clássicos como Pac-Man ou Doom. Focando no talento (e muita força de vontade), esses pioneiros da computação e artistas visionários de todo o mundo deram vida aos icônicos jogos: Space Invaders, Final Fantasy, Street Fighter II, Mortal Kombat, Sonic the Hedgehog, John Madden Football e muitos outros. Sem regras ou orientações, jogadores e desenvolvedores descobriram novas formas de se entreter e, claro, ganhar muito dinheiro, destruir rivais e conquistar milhões de fãs e é assim, ponto a ponto, que "High Score" (título original) conta a história das mentes por trás dos pixels e de como essas invenções construíram uma indústria multibilionária — quase por acidente.
Não por acaso, "GDLK" é narrada por Charles Martinet – a famosa voz do Mário. A série dedica cada episódio a um gênero, tema ou período da história dos games, focando na experiência dos desenvolvedores e game designers na busca por executarem suas ideias. A partir dessa escolha narrativa, descobrimos como o jogos de esportes foram se transformando ou até como os Adventures surgiram. Também entendemos a força do marketing na criação de uma legião de fãs e como os e-sports se tornaram uma ferramenta de vendas de jogos e consoles.
Com entrevistas bem humoradas, a série nos cativa logo de cara - já que cada personagem dá seu depoimento muito mais com o coração do que com a razão! Com um roteiro muito inteligente e que amarrara várias histórias em um mesmo episódio, o trabalho da edição da série só imprime o ritmo que foi planejado, intercalando verdadeiros testemunhais, com imagens de arquivo e ótimas sequências de animação 8 bits.
Como "Console Wars", o fator nostálgico trás um poder emocional muito bacana para a experiência de assistir a série. Se você tem mais de 40 anos, certamente viveu essa evolução de um ponto de vista diferente, mais inocente, cheio de fantasia e desejo de experimentar essas novidades, e isso é muito interessante, pois não será difícil se colocar (ou lembrar de situações) em cada uma das fases que o documentário retrata - é quase como se nos víssemos ali, fazendo parte daquela história! É claro que "GDLK" vai impactar mais quem gosta de video-game ou quem viveu os anos 80 e 90, mas de qualquer forma a recomendação é válida, pois a série merece ser vista pelo seu recorte histórico e por provocar uma reflexão importante: muito do que assistimos (e encontramos) hoje em dia, nada mais são, do que a confirmação de várias teses levantadas lá atrás, que se confirmaram e provaram ser o caminho natural do entretenimento em vários níveis - mais ou menos como a "guerra do streaming" apresenta na atualidade!
O bacana é que ainda existe muito mais histórias para se contar e a expectativa é que tenhamos uma segunda temporada em breve. Vamos aguardar! Por enquanto te garanto: "GDLK" vale muito o seu play!
Essa história vai te surpreender - mas nem por isso será uma jornada das mais tranquilas! "George & Tammy", minissérie criada por Abe Sylvia, repete a fórmula do premiado "Os Olhos de Tammy Faye", ou seja, Sylvia oferece mais uma vez um olhar íntimo e profundo sobre o tumultuado relacionamento entre duas lendas, dessa vez da da música country americana, George Jones e Tammy Wynette. Estrelada por Michael Shannon e Jessica Chastain, a produção explora tanto o lado pessoal quanto o profissional do casal, que não apenas moldou o gênero country, mas também deixou uma marca indiscutível no cenário musical dos Estados Unidos. Com uma combinação pontente de drama e música, ao melhor estilo "Nasce uma Estrela", "George & Tammy" pode sim ser considerada uma imersão intensa na vida de dois ícones que ficaram marcados pelo amor, pelo talento e pela auto-destruição.
A trama basicamente se concentra na relação conflituosa entre Jones, um dos mais celebrados cantores de música country americana, e Wynette, conhecida por seu sucesso "Stand by Your Man". O relacionamento dos dois foi marcado por grande paixão, mas também por muitas turbulências. O abuso de substâncias, as lutas emocionais e as pressões envolvidas nas carreiras intensas das celebridades formam o pano de fundo para uma história que captura tanto os altos e baixos de sua vida pessoal quanto o impacto que eles tiveram na cena musical da época. Confira o trailer (em inglês):
Obviamente que essa uma história que se confunde com o contexto musical de um país e nesse caso, ainda é explorado sem a menor vergonha de assumir um certo "bairrismo". Baseado na obra de Georgette Jones, 'The Three of Us: Growing Up with Tammy and George', a minissérie mergulha não apenas no relacionamento tumultuado dos protagonistas, mas também no impacto que eles tiveram na música country, abordando a criação de suas canções e a influência que suas vidas pessoais tiveram em suas obras. A criação de Abe Sylvia é realmente notável nesse sentido, já que sua habilidade em equilibrar o drama com o contexto musical e cultural da época gera um recorte impactante. O diretor John Hillcoat, que fez carreira com video clipes, sabe o valor da trilha sonora como elemento narrativo/estratégico para esse tipo de projeto, com isso ele é capaz de adicionar uma camada autêntica à trama, permitindo que o público experimente de maneira mais íntima o talento musical que definiu o casal - mesmo que para alguns essas intervenções musicais soem um pouco maçante.
Outro destaque da minissérie são as atuações de seus protagonistas. Jessica Chastain entrega uma performance notável como Tammy Wynette, capturando com precisão a força e a vulnerabilidade da cantora. Ela traz profundidade emocional para o papel, equilibrando a imagem pública de Tammy como uma mulher forte com suas lutas internas, especialmente em seu relacionamento com George. Chastain transmite de forma tocante a pressão que Tammy sentiu tanto em sua vida pessoal quanto na carreira, oferecendo uma interpretação complexa de uma mulher que buscava equilíbrio entre o amor e sua própria identidade. Michael Shannon, como George Jones, também brilha, trazendo para a tela um retrato multifacetado do cantor. Shannon interpreta Jones como um homem talentoso, mas quebrado por seus próprios demônios, especialmente o alcoolismo. Ele consegue capturar tanto o carisma de Jones no palco quanto seus momentos mais sombrios fora dele - e aqui cabe um comentário: a química entre Shannon e Chastain é tão palpável que fundamenta a narrativa, dando peso emocional à montanha-russa que define esse relacionamento.
"George & Tammy" foi indicado em 4 categorias no Emmy de 2023, especialmente por capturar a atmosfera exata de uma época - seja com os dois protagonistas perfeitamente caracterizados, seja com a fotografia, seja com o desenho de produção e arte. Aliás, essa produção da Showtime, de fato, nos transporta para centro da música country dos anos 1960 e 1970, desde os estúdios de gravação até as turnês exaustivas que as celebridades faziam na época. A minissérie é eficaz em mostrar as pressões da fama como pano de fundo e como isso afeta o relacionamento de qualquer casal do showbiz - sua narrativa enfatiza o ciclo vicioso em que eles se encontravam, enquanto o amor alimentava suas carreiras musicais.
"George & Tammy" traz uma abordagem humana sobre duas figuras públicas que, à primeira vista, parecem intocáveis, mas que na verdade lida com os desafios comuns: no amor, no vício, no sucesso e no fracasso. Vale muito o seu play!
Essa história vai te surpreender - mas nem por isso será uma jornada das mais tranquilas! "George & Tammy", minissérie criada por Abe Sylvia, repete a fórmula do premiado "Os Olhos de Tammy Faye", ou seja, Sylvia oferece mais uma vez um olhar íntimo e profundo sobre o tumultuado relacionamento entre duas lendas, dessa vez da da música country americana, George Jones e Tammy Wynette. Estrelada por Michael Shannon e Jessica Chastain, a produção explora tanto o lado pessoal quanto o profissional do casal, que não apenas moldou o gênero country, mas também deixou uma marca indiscutível no cenário musical dos Estados Unidos. Com uma combinação pontente de drama e música, ao melhor estilo "Nasce uma Estrela", "George & Tammy" pode sim ser considerada uma imersão intensa na vida de dois ícones que ficaram marcados pelo amor, pelo talento e pela auto-destruição.
A trama basicamente se concentra na relação conflituosa entre Jones, um dos mais celebrados cantores de música country americana, e Wynette, conhecida por seu sucesso "Stand by Your Man". O relacionamento dos dois foi marcado por grande paixão, mas também por muitas turbulências. O abuso de substâncias, as lutas emocionais e as pressões envolvidas nas carreiras intensas das celebridades formam o pano de fundo para uma história que captura tanto os altos e baixos de sua vida pessoal quanto o impacto que eles tiveram na cena musical da época. Confira o trailer (em inglês):
Obviamente que essa uma história que se confunde com o contexto musical de um país e nesse caso, ainda é explorado sem a menor vergonha de assumir um certo "bairrismo". Baseado na obra de Georgette Jones, 'The Three of Us: Growing Up with Tammy and George', a minissérie mergulha não apenas no relacionamento tumultuado dos protagonistas, mas também no impacto que eles tiveram na música country, abordando a criação de suas canções e a influência que suas vidas pessoais tiveram em suas obras. A criação de Abe Sylvia é realmente notável nesse sentido, já que sua habilidade em equilibrar o drama com o contexto musical e cultural da época gera um recorte impactante. O diretor John Hillcoat, que fez carreira com video clipes, sabe o valor da trilha sonora como elemento narrativo/estratégico para esse tipo de projeto, com isso ele é capaz de adicionar uma camada autêntica à trama, permitindo que o público experimente de maneira mais íntima o talento musical que definiu o casal - mesmo que para alguns essas intervenções musicais soem um pouco maçante.
Outro destaque da minissérie são as atuações de seus protagonistas. Jessica Chastain entrega uma performance notável como Tammy Wynette, capturando com precisão a força e a vulnerabilidade da cantora. Ela traz profundidade emocional para o papel, equilibrando a imagem pública de Tammy como uma mulher forte com suas lutas internas, especialmente em seu relacionamento com George. Chastain transmite de forma tocante a pressão que Tammy sentiu tanto em sua vida pessoal quanto na carreira, oferecendo uma interpretação complexa de uma mulher que buscava equilíbrio entre o amor e sua própria identidade. Michael Shannon, como George Jones, também brilha, trazendo para a tela um retrato multifacetado do cantor. Shannon interpreta Jones como um homem talentoso, mas quebrado por seus próprios demônios, especialmente o alcoolismo. Ele consegue capturar tanto o carisma de Jones no palco quanto seus momentos mais sombrios fora dele - e aqui cabe um comentário: a química entre Shannon e Chastain é tão palpável que fundamenta a narrativa, dando peso emocional à montanha-russa que define esse relacionamento.
"George & Tammy" foi indicado em 4 categorias no Emmy de 2023, especialmente por capturar a atmosfera exata de uma época - seja com os dois protagonistas perfeitamente caracterizados, seja com a fotografia, seja com o desenho de produção e arte. Aliás, essa produção da Showtime, de fato, nos transporta para centro da música country dos anos 1960 e 1970, desde os estúdios de gravação até as turnês exaustivas que as celebridades faziam na época. A minissérie é eficaz em mostrar as pressões da fama como pano de fundo e como isso afeta o relacionamento de qualquer casal do showbiz - sua narrativa enfatiza o ciclo vicioso em que eles se encontravam, enquanto o amor alimentava suas carreiras musicais.
"George & Tammy" traz uma abordagem humana sobre duas figuras públicas que, à primeira vista, parecem intocáveis, mas que na verdade lida com os desafios comuns: no amor, no vício, no sucesso e no fracasso. Vale muito o seu play!
"Geração Riqueza" é um excelente (e duro) documentário da Amazon Studios sobre uma realidade social praticamente isenta de equilíbrio. Embora não seja uma experiência como "Fake Famous", o propósito é basicamente o mesmo: mostrar como valores essenciais estão subvertidos pelo dinheiro, fama, aparência e sexo - tudo sob o ponto de vista antropológico.
O documentário é parte de um projeto de 20 anos da fotógrafa Lauren Greenfield e mostra os excessos da cultura americana, compartilhada em grande parte do mundo em decorrência da globalização, onde o exagero de estilos de vida, movidos a muito dinheiro, que levam à compra de imensas casas, carros luxuosos e os mais supérfluos tipos de gastos, sempre com a intenção de impressionar o próximo, de chamar a atenção nas redes sociais e ainda massagear o ego. Lauren apresenta, por meio de personagens muito interessantes – da mãe que transformou a filha em modelo com apenas 3 anos de idade até a executiva que deixou a vida pessoal de lado por muitos anos e quis recuperar o tempo perdido gastando mais de meio milhão de dólares para tentar engravidar. "Geração Riqueza" é um reflexo da obsessão por riqueza e status social que, embora seja o principal combustível responsável por mover a economia do país, destrói as referências mais profundas de bom senso. Confira o trailer (em inglês):
“Generation Wealth” (no original) é muito feliz ao conduzir sua narrativa a partir das histórias de vida de jovens ricos em Los Angeles nos anos 90. Lauren Greenfield nos apresenta, com muita sensibilidade, o destino de muitos personagens, que naquela época possuíam um estilo de vida extravagante, e se tornaram agora pais de famílias e questionadores do seu comportamento no passado. Abrindo espaço para análises sociológicas, mas sem soar didático demais, o documentário faz uma radiografia de como o sonho americano se transformou em algo tão superficial como na busca de fama, fortuna (independente dos meios) e status social a partir dos anos 1970 e 1980 quando o crédito passou a ser facilitado pelos bancos - o que anos mais tarde culminou em uma grave crise imobiliária, diga-se de passagem exemplificada pela própria Islândia como vimos em "Trabalho Interno".
Relacionando o sucesso e dinheiro com a cultura da perfeição estética através de caros (e rentáveis) tratamentos com cosméticos e cirurgias plásticas, a valorização e o acesso à pornografia, jovens que transformam seus corpos em busca de reconhecimento masculino ou da mídia inspirados por celebridades como as Kardashians, vemos histórias sobre escolhas profissionais e pessoais que priorizam a fantasiosa sensação de bem estar que o dinheiro provoca, muitas vezes a partir de depoimentos surreais, tristes, reveladores e emocionantes, o roteiro facilmente nos convida para uma profunda reflexão crítica: como parte da sociedade vive alienada sem conseguir separar a realidade da ficção trazida por redes sociais e pela TV!
Olha, é um documentário tão impressionante quanto assustador - pela humanidade das histórias e pelo peso da realidade de uma geração que não tem a menor noção dos limites para alcançar um determinado status ou conseguir chamar a atenção pelo que se tem e não pelo que se é! Quando um filme "vazado", contendo uma relação sexual, transforma uma mulher em celebridade e passa a ser referência para muitos jovens, temos a exata ideia de como essa sociedade está doente e perdeu completamente a noção do respeito.
Realmente imperdível!
"Geração Riqueza" é um excelente (e duro) documentário da Amazon Studios sobre uma realidade social praticamente isenta de equilíbrio. Embora não seja uma experiência como "Fake Famous", o propósito é basicamente o mesmo: mostrar como valores essenciais estão subvertidos pelo dinheiro, fama, aparência e sexo - tudo sob o ponto de vista antropológico.
O documentário é parte de um projeto de 20 anos da fotógrafa Lauren Greenfield e mostra os excessos da cultura americana, compartilhada em grande parte do mundo em decorrência da globalização, onde o exagero de estilos de vida, movidos a muito dinheiro, que levam à compra de imensas casas, carros luxuosos e os mais supérfluos tipos de gastos, sempre com a intenção de impressionar o próximo, de chamar a atenção nas redes sociais e ainda massagear o ego. Lauren apresenta, por meio de personagens muito interessantes – da mãe que transformou a filha em modelo com apenas 3 anos de idade até a executiva que deixou a vida pessoal de lado por muitos anos e quis recuperar o tempo perdido gastando mais de meio milhão de dólares para tentar engravidar. "Geração Riqueza" é um reflexo da obsessão por riqueza e status social que, embora seja o principal combustível responsável por mover a economia do país, destrói as referências mais profundas de bom senso. Confira o trailer (em inglês):
“Generation Wealth” (no original) é muito feliz ao conduzir sua narrativa a partir das histórias de vida de jovens ricos em Los Angeles nos anos 90. Lauren Greenfield nos apresenta, com muita sensibilidade, o destino de muitos personagens, que naquela época possuíam um estilo de vida extravagante, e se tornaram agora pais de famílias e questionadores do seu comportamento no passado. Abrindo espaço para análises sociológicas, mas sem soar didático demais, o documentário faz uma radiografia de como o sonho americano se transformou em algo tão superficial como na busca de fama, fortuna (independente dos meios) e status social a partir dos anos 1970 e 1980 quando o crédito passou a ser facilitado pelos bancos - o que anos mais tarde culminou em uma grave crise imobiliária, diga-se de passagem exemplificada pela própria Islândia como vimos em "Trabalho Interno".
Relacionando o sucesso e dinheiro com a cultura da perfeição estética através de caros (e rentáveis) tratamentos com cosméticos e cirurgias plásticas, a valorização e o acesso à pornografia, jovens que transformam seus corpos em busca de reconhecimento masculino ou da mídia inspirados por celebridades como as Kardashians, vemos histórias sobre escolhas profissionais e pessoais que priorizam a fantasiosa sensação de bem estar que o dinheiro provoca, muitas vezes a partir de depoimentos surreais, tristes, reveladores e emocionantes, o roteiro facilmente nos convida para uma profunda reflexão crítica: como parte da sociedade vive alienada sem conseguir separar a realidade da ficção trazida por redes sociais e pela TV!
Olha, é um documentário tão impressionante quanto assustador - pela humanidade das histórias e pelo peso da realidade de uma geração que não tem a menor noção dos limites para alcançar um determinado status ou conseguir chamar a atenção pelo que se tem e não pelo que se é! Quando um filme "vazado", contendo uma relação sexual, transforma uma mulher em celebridade e passa a ser referência para muitos jovens, temos a exata ideia de como essa sociedade está doente e perdeu completamente a noção do respeito.
Realmente imperdível!
O documentário "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" é praticamente uma escolha obrigatória para quem assistiu (e gostou) de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão". Embora sem o mesmo brilhantismo narrativo da minissérie de 4 episódios que nos apresentou os detalhes mais secretos do esquema de pirâmide sexual com menores de Epstein, que envolvia poderosos políticos, empresários, acadêmicos e até celebridades; o filme sobre sua parceira Ghislaine serve, basicamente, como um epílogo de uma história que embrulha o estômago por todo contexto que envolveu suas vítimas.
Este documentário parte dos pontos que ficaram abertos depois dos acontecimentos da minissérie. Os detalhes sobre o caso de tráfico sexual pelo prisma do envolvimento de Ghislaine Maxwell, socialite e cúmplice de Jeffrey Epstein, ganha ainda mais força com os depoimentos das próprias vítimas e do recente julgamento pelo qual ela passou. Confira o trailer (em inglês):
Se "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" fosse o quinto episódio de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão" tudo faria mais sentido - porém há dois anos atrás Ghislaine sequer tinha sido indiciada, o que, claro, impactou na escolha da diretora Lisa Bryant em fechar o primeiro ciclo com o rico material que ela tinha na época. E aqui cabe uma observação relevante: a minissérie foi baseada no ivro de James Patterson “Filthy Rich: The Shocking True Story of Jeffrey Epstein”, o que permitiu a Lisa se aprofundar em diversos detalhes que, infelizmente, não se repetiu no filme de Ghislaine. Em muitos momentos, inclusive, a narrativa se torna até repetitiva e incrivelmente superficial com o claro intuito de tentar relembrar o caso Epstein sem tirar o foco da nova protagonista.
Isso prejudica a experiência? Absolutamente não, porém cria um vinculo tão grande com a obra anterior que seria desrespeitoso da minha parte dizer que a história de "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" se conta sozinha - não, ela não se conta e isolada perde completamente sua força! Com a ajuda de Maiken Baird (produtora de sucessos como "Ícaro" e "Allen contra Farrow") Lisa revisita alguns elementos que conectados ao caso, nos ajudam a entender um pouco mais da relação entre Ghislaine e Epstein - o ponto alto, no entanto, se dá na construção do perfil de Ghislaine e como sua relação com o pai, o milionário da mídia Robert Maxwell, definiu traços da sua personalidade marcante (e doentia).
"Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" basicamente repete a fragilidade de “Who is Ghislaine Maxwell?”, da HBO, que bebeu da fonte de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão", mas que trouxe poucas novidades para o entendimento do caso como um todo (inclusive de sua investigação e julgamento). Eu diria que esse documentário é até dinâmico, bem produzido, bem dirigido e que funciona muito bem como encerramento de um assunto que passou de novidade (e até surpreendente pelos nomes envolvidos e pelo fim trágico de Epstein) para um tema que dominou os noticiários por muito tempo e que me pareceu ter se desgastado demais.
Repetindo: vale seu play, apenas se você já assistiu "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão"!
O documentário "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" é praticamente uma escolha obrigatória para quem assistiu (e gostou) de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão". Embora sem o mesmo brilhantismo narrativo da minissérie de 4 episódios que nos apresentou os detalhes mais secretos do esquema de pirâmide sexual com menores de Epstein, que envolvia poderosos políticos, empresários, acadêmicos e até celebridades; o filme sobre sua parceira Ghislaine serve, basicamente, como um epílogo de uma história que embrulha o estômago por todo contexto que envolveu suas vítimas.
Este documentário parte dos pontos que ficaram abertos depois dos acontecimentos da minissérie. Os detalhes sobre o caso de tráfico sexual pelo prisma do envolvimento de Ghislaine Maxwell, socialite e cúmplice de Jeffrey Epstein, ganha ainda mais força com os depoimentos das próprias vítimas e do recente julgamento pelo qual ela passou. Confira o trailer (em inglês):
Se "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" fosse o quinto episódio de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão" tudo faria mais sentido - porém há dois anos atrás Ghislaine sequer tinha sido indiciada, o que, claro, impactou na escolha da diretora Lisa Bryant em fechar o primeiro ciclo com o rico material que ela tinha na época. E aqui cabe uma observação relevante: a minissérie foi baseada no ivro de James Patterson “Filthy Rich: The Shocking True Story of Jeffrey Epstein”, o que permitiu a Lisa se aprofundar em diversos detalhes que, infelizmente, não se repetiu no filme de Ghislaine. Em muitos momentos, inclusive, a narrativa se torna até repetitiva e incrivelmente superficial com o claro intuito de tentar relembrar o caso Epstein sem tirar o foco da nova protagonista.
Isso prejudica a experiência? Absolutamente não, porém cria um vinculo tão grande com a obra anterior que seria desrespeitoso da minha parte dizer que a história de "Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" se conta sozinha - não, ela não se conta e isolada perde completamente sua força! Com a ajuda de Maiken Baird (produtora de sucessos como "Ícaro" e "Allen contra Farrow") Lisa revisita alguns elementos que conectados ao caso, nos ajudam a entender um pouco mais da relação entre Ghislaine e Epstein - o ponto alto, no entanto, se dá na construção do perfil de Ghislaine e como sua relação com o pai, o milionário da mídia Robert Maxwell, definiu traços da sua personalidade marcante (e doentia).
"Ghislaine Maxwell: Poder e Perversão" basicamente repete a fragilidade de “Who is Ghislaine Maxwell?”, da HBO, que bebeu da fonte de "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão", mas que trouxe poucas novidades para o entendimento do caso como um todo (inclusive de sua investigação e julgamento). Eu diria que esse documentário é até dinâmico, bem produzido, bem dirigido e que funciona muito bem como encerramento de um assunto que passou de novidade (e até surpreendente pelos nomes envolvidos e pelo fim trágico de Epstein) para um tema que dominou os noticiários por muito tempo e que me pareceu ter se desgastado demais.
Repetindo: vale seu play, apenas se você já assistiu "Jeffrey Epstein: Poder e Perversão"!
ELA (esclerose lateral amiotrófica) é um doença do sistema nervoso que enfraquece os músculos e afeta as funções físicas, já que o cérebro não consegue mais se comunicar com o corpo graças a destruição gradual das células nervosas. Agora, imagine ser diagnosticado com apenas 34 anos, ter uma expectativa de vida de 2 a 5 anos e ainda descobrir, na mesma época, que sua esposa está grávida do seu primeiro filho!
Se você, como eu, sentiu um aperto no peito ao ler esse primeiro parágrafo, "A Luta de Steve" (título nacional) mostra justamente a jornada do ex-jogador de futebol americano, ídolo do New Orleans Saints, Steve Gleason, para se adaptar a essa nova realidade e, de alguma forma, ter uma relação com seu filho prestes a nascer. Sem muitos rodeios e de uma forma bastante cruel, o documentário escancara a progressão da doença e a maneira como Steve e sua família se preparam para um futuro preocupante. A medida que vemos os vídeos gravados por eles mesmos, entendemos o poder devastador da doença como poucas vezes vi documentado - trazendo discussões complexas sobre fé, convivência, resiliência, aceitação, esperança, etc! Confira o trailer (em inglês):
"Gleason" tem quase duas horas e é muito duro! Muito difícil de digerir e emocionante. As escolhas do diretor J. Clay Tweel só colaboram para um retrato real de como a doença vai destruindo o paciente e mudando completamente sua relação com a família e com o mundo - a opção por mostrar cenas inteiras sem muita edição só potencializa uma enxurrada de sensações que temos ao acompanhar Steve. É difícil, mas não por acaso o documentário ganhou o "Critics' Choice Documentary Awards", o "SXSW Film Festival" e ainda foi finalista do "Sundance Festival" em 2016.
Produzido pela "Amazon Studios", o documentário tem momentos únicos que valem muito sua atenção. O primeiro mostra a reação de esposa de Steve quando seu sogro leva o filho para conhecer um curandeiro - embora seja tocante a força de vontade e desejo de continuar vivendo de Steve, o que vemos sem corte algum é muito dolorido. Outro momento interessante é a discussão que Steve tem com seu pai sobre fé - são pontos de vista completamente diferentes, mas o que nos comove é a força da relação construída na cena e a dor que ambos (pais) tem que suportar. E para finalizar, a forma como Steve usa de sua notoriedade como esportista para ajudar outros pacientes de ELA.
(Provavelmente você vai se lembrar de uma famosa campanha que viralizou em 2015 com o "Desafio do Balde de Gelo". Nela, celebridades se desafiavam a jogar um balde cheio de gelo em troca de doações para a pesquisa de ELA. Steve, inclusive, desafiou oPresidente Obama depois que ele aprovou a Lei Steven Gleason - o ato assinado pelo presidente americano dava acesso médico para as pessoas com a doença para conseguir um aparelho que gerava uma mensagem de acordo com os comandos visuais.)
Misturando gravações pessoais, noticiários da época, entrevistas com familiares, amigos e, claro, com Steve e sua mulher, Michel Varisco, "Gleason" vai fundo no reflexos sociais, familiares, fisico e psicológico da doença! Vale muito a pena, mas é preciso estar preparado (eu mesmo pensei em desistir algumas vezes)!
Ah, antes de finalizar, o documentário ainda mostra uma conversa emocionante e franca com o vocalista do Pearl Jam, Eddie Vedder, sobre paternidade e escolhas de vida, que é de apertar o coração!
ELA (esclerose lateral amiotrófica) é um doença do sistema nervoso que enfraquece os músculos e afeta as funções físicas, já que o cérebro não consegue mais se comunicar com o corpo graças a destruição gradual das células nervosas. Agora, imagine ser diagnosticado com apenas 34 anos, ter uma expectativa de vida de 2 a 5 anos e ainda descobrir, na mesma época, que sua esposa está grávida do seu primeiro filho!
Se você, como eu, sentiu um aperto no peito ao ler esse primeiro parágrafo, "A Luta de Steve" (título nacional) mostra justamente a jornada do ex-jogador de futebol americano, ídolo do New Orleans Saints, Steve Gleason, para se adaptar a essa nova realidade e, de alguma forma, ter uma relação com seu filho prestes a nascer. Sem muitos rodeios e de uma forma bastante cruel, o documentário escancara a progressão da doença e a maneira como Steve e sua família se preparam para um futuro preocupante. A medida que vemos os vídeos gravados por eles mesmos, entendemos o poder devastador da doença como poucas vezes vi documentado - trazendo discussões complexas sobre fé, convivência, resiliência, aceitação, esperança, etc! Confira o trailer (em inglês):
"Gleason" tem quase duas horas e é muito duro! Muito difícil de digerir e emocionante. As escolhas do diretor J. Clay Tweel só colaboram para um retrato real de como a doença vai destruindo o paciente e mudando completamente sua relação com a família e com o mundo - a opção por mostrar cenas inteiras sem muita edição só potencializa uma enxurrada de sensações que temos ao acompanhar Steve. É difícil, mas não por acaso o documentário ganhou o "Critics' Choice Documentary Awards", o "SXSW Film Festival" e ainda foi finalista do "Sundance Festival" em 2016.
Produzido pela "Amazon Studios", o documentário tem momentos únicos que valem muito sua atenção. O primeiro mostra a reação de esposa de Steve quando seu sogro leva o filho para conhecer um curandeiro - embora seja tocante a força de vontade e desejo de continuar vivendo de Steve, o que vemos sem corte algum é muito dolorido. Outro momento interessante é a discussão que Steve tem com seu pai sobre fé - são pontos de vista completamente diferentes, mas o que nos comove é a força da relação construída na cena e a dor que ambos (pais) tem que suportar. E para finalizar, a forma como Steve usa de sua notoriedade como esportista para ajudar outros pacientes de ELA.
(Provavelmente você vai se lembrar de uma famosa campanha que viralizou em 2015 com o "Desafio do Balde de Gelo". Nela, celebridades se desafiavam a jogar um balde cheio de gelo em troca de doações para a pesquisa de ELA. Steve, inclusive, desafiou oPresidente Obama depois que ele aprovou a Lei Steven Gleason - o ato assinado pelo presidente americano dava acesso médico para as pessoas com a doença para conseguir um aparelho que gerava uma mensagem de acordo com os comandos visuais.)
Misturando gravações pessoais, noticiários da época, entrevistas com familiares, amigos e, claro, com Steve e sua mulher, Michel Varisco, "Gleason" vai fundo no reflexos sociais, familiares, fisico e psicológico da doença! Vale muito a pena, mas é preciso estar preparado (eu mesmo pensei em desistir algumas vezes)!
Ah, antes de finalizar, o documentário ainda mostra uma conversa emocionante e franca com o vocalista do Pearl Jam, Eddie Vedder, sobre paternidade e escolhas de vida, que é de apertar o coração!
Esse é um filme sobre os horrores da guerra pela perspectiva do silêncio. E aqui não estou falando sobre "a ausência de som" e sim sobre a sua jornada solitária de alguém que precisa tomar decisões que impactam a vida de milhares de semelhantes e que precisa carregar a dor de estar nessa posição. Se você está em busca de uma experiência íntima que mistura o drama das tensões geopolíticas com a luta de um personagem histórico que pouca gente conhece, "Golda" é simplesmente imperdível. Dirigido por Guy Nattiv, o filme nos transporta para um momento crucial na história de Israel a partir de uma narrativa truncada, cadenciada, mas extremamente envolvente para aqueles que se identificam com o tema e com esse tipo de dinâmica. Bem ao estilo de "Oslo" ou de "O Destino de uma Nação", "Golda" é um filme que se destaca, proporcionando uma visão única e poderosa desse doloroso capítulo da humanidade.
Ambientado na Guerra do Yom Kippur, em 1973, esse drama político baseado em uma história real, mostra como a primeira-ministra Golda Meir (Helen Mirren), conhecida como a “Dama de Ferro” de Israel, enfrenta uma possível destruição do Estado, tomando decisões de alto risco, enquanto trava uma batalha pessoal contra o câncer. Confira o trailer (em inglês):
Esteja preparado para se deparar com um filme difícil na sua proposta narrativa, mas genial na forma com que explora não apenas os desafios políticos da protagonista, mas também sua luta pessoal contra o câncer, oferecendo um olhar íntimo e humano de um momento crítico na história de Israel e também impactante na sua vida. O brilhantismo do trabalho de Mirren, que inexplicavelmente não foi indicada ao Oscar 2024 por esse personagem, está justamente em desmistificar a imagem de Golda Meir como uma líder incansável e segura que toma decisões de alto risco para salvar seu país de uma iminente destruição. Aqui, o que vemos é a fragilidade, o receio, o medo, a dor, e até a insegurança sobre o futuro, mas sempre com muita sensibilidade - o sentimento de Meir está no olhar não nas palavras e isso é bonito demais!
Obviamente que "Golda" brilha não apenas por sua narrativa envolvente ou por uma performance notavelmente acima da média, mas também por elementos técnicos e artísticos que elevam a nossa jornada como audiência. A fotografia do Jasper Wolf (de "Monos - Entre o Céu e o Inferno"), por exemplo, captura de maneira extremamente realista a atmosfera tensa da guerra através dos sentidos - olhar esse horror por uma tela ou escutar o sofrimento por um rádio, estando em segurança, exige do ator um trabalho de introspecção difícil, mas com uma lente fechada (85mm) que super expõe essa condição, conseguimos não só sentir a angustia e a tensão como também testemunhar os reflexos das decisões ali tomadas, sejam elas certas ou erradas. A direção habilidosa de Guy Nattiv (vencedor do Oscar de "Melhor Curta-Metragem" em 2019 por "Skin") sabe da importância dessa dicotomia e não por acaso mescla imagens documentais com suas reconstituições, nos guiando por essas reviravoltas politicas (e bélicas) com a eficiência de quem não esquece que é o ser humano quem transforma uma história.
Dito isso, é de se elogiar como "Golda" demonstra um compromisso impressionante com a autenticidade histórica, recriando fielmente os eventos da época bem como transformando Helen Mirren na própria Meir com uma maquiagem que rendeu até uma indicação ao Oscar para o time de " ais do que um filme histórico, muito bem produzido e realizado, "Golda" é uma jornada emocional que nos leva aos corredores do poder, revelando a complexidade e coragem por trás da "Dama de Ferro" de Israel. Todo mundo vai gostar? Acho que não, mas se você leu até aqui, pode dar o play porque você não vai se arrepender. História pura, simplesmente imperdível!
Esse é um filme sobre os horrores da guerra pela perspectiva do silêncio. E aqui não estou falando sobre "a ausência de som" e sim sobre a sua jornada solitária de alguém que precisa tomar decisões que impactam a vida de milhares de semelhantes e que precisa carregar a dor de estar nessa posição. Se você está em busca de uma experiência íntima que mistura o drama das tensões geopolíticas com a luta de um personagem histórico que pouca gente conhece, "Golda" é simplesmente imperdível. Dirigido por Guy Nattiv, o filme nos transporta para um momento crucial na história de Israel a partir de uma narrativa truncada, cadenciada, mas extremamente envolvente para aqueles que se identificam com o tema e com esse tipo de dinâmica. Bem ao estilo de "Oslo" ou de "O Destino de uma Nação", "Golda" é um filme que se destaca, proporcionando uma visão única e poderosa desse doloroso capítulo da humanidade.
Ambientado na Guerra do Yom Kippur, em 1973, esse drama político baseado em uma história real, mostra como a primeira-ministra Golda Meir (Helen Mirren), conhecida como a “Dama de Ferro” de Israel, enfrenta uma possível destruição do Estado, tomando decisões de alto risco, enquanto trava uma batalha pessoal contra o câncer. Confira o trailer (em inglês):
Esteja preparado para se deparar com um filme difícil na sua proposta narrativa, mas genial na forma com que explora não apenas os desafios políticos da protagonista, mas também sua luta pessoal contra o câncer, oferecendo um olhar íntimo e humano de um momento crítico na história de Israel e também impactante na sua vida. O brilhantismo do trabalho de Mirren, que inexplicavelmente não foi indicada ao Oscar 2024 por esse personagem, está justamente em desmistificar a imagem de Golda Meir como uma líder incansável e segura que toma decisões de alto risco para salvar seu país de uma iminente destruição. Aqui, o que vemos é a fragilidade, o receio, o medo, a dor, e até a insegurança sobre o futuro, mas sempre com muita sensibilidade - o sentimento de Meir está no olhar não nas palavras e isso é bonito demais!
Obviamente que "Golda" brilha não apenas por sua narrativa envolvente ou por uma performance notavelmente acima da média, mas também por elementos técnicos e artísticos que elevam a nossa jornada como audiência. A fotografia do Jasper Wolf (de "Monos - Entre o Céu e o Inferno"), por exemplo, captura de maneira extremamente realista a atmosfera tensa da guerra através dos sentidos - olhar esse horror por uma tela ou escutar o sofrimento por um rádio, estando em segurança, exige do ator um trabalho de introspecção difícil, mas com uma lente fechada (85mm) que super expõe essa condição, conseguimos não só sentir a angustia e a tensão como também testemunhar os reflexos das decisões ali tomadas, sejam elas certas ou erradas. A direção habilidosa de Guy Nattiv (vencedor do Oscar de "Melhor Curta-Metragem" em 2019 por "Skin") sabe da importância dessa dicotomia e não por acaso mescla imagens documentais com suas reconstituições, nos guiando por essas reviravoltas politicas (e bélicas) com a eficiência de quem não esquece que é o ser humano quem transforma uma história.
Dito isso, é de se elogiar como "Golda" demonstra um compromisso impressionante com a autenticidade histórica, recriando fielmente os eventos da época bem como transformando Helen Mirren na própria Meir com uma maquiagem que rendeu até uma indicação ao Oscar para o time de " ais do que um filme histórico, muito bem produzido e realizado, "Golda" é uma jornada emocional que nos leva aos corredores do poder, revelando a complexidade e coragem por trás da "Dama de Ferro" de Israel. Todo mundo vai gostar? Acho que não, mas se você leu até aqui, pode dar o play porque você não vai se arrepender. História pura, simplesmente imperdível!
"Gran Turismo", que ganhou o expositivo subtítulo "De Jogador a Corredor", é divertido como uma partida de video-game, mas não espere um roteiro tão bem desenvolvido, com personagens cheio de camadas ou até com uma qualidade artística como "Rush" ou "Ford vs Ferrari". Na verdade, o filme dirigido pelo Neill Blomkamp (que fez fama com seu "Distrito 9") está muito mais para aquele entretenimento despretensioso do saudoso "Dias de Trovão". Blomkamp, que ficou conhecido por sua narrativa criativa, envolvente e com um apuro conceitual marcante, se aproveita de uma proposta bastante curiosa, adaptar um complexo simulador de corrida de carros, para criar uma experiência mais leve, interessante ao ponto de tornar uma história desconhecida, embora real, em algo emocionante e dinâmica que nem damos conta de suas várias limitações como obra cinematográfica.
Na trama, acompanhamos a jornada do jovem Jann Mardenborough (Archie Madekwe), um jogador de Gran Turismo que recebe a oportunidade de se tornar piloto de verdade após o diretor de marketing da Nissan, Danny Moore (Orlando Bloom), convencer os executivos japoneses a criar uma competição onde os melhores jogadores do simulador treinariam na GT Academy e o que mais de destacasse seria contratado para competir pela equipe oficial da montadora no Mundial de Marcas - isso, claro, com a ajuda do engenheiro e lendário ex-piloto, Jack Salter (David Harbour). Confira o trailer:
Em um primeiro olhar, é inegável que "Gran Turismo" soe como uma grandiosa peça de marketing - o que de fato é, mas que não chega a incomodar tanto graças a honestidade com que o próprio personagem de Bloom contextualiza aquele ambiente corporativo e a proposta inovadora da Nissan de olhar para potenciais novos clientes - leia-se "jovens que gostam de jogos de carros". Veja, Gran Turismo, o jogo, por si só já é conhecido pela sua experiência pouco narrativa justamente por emular, em detalhes, a complexa física de dirigir, onde estudar as pistas, traçados, fabricantes e toda a dinâmica de configurar um carro de corrida faz toda a diferença. Pois bem, se o amante da velocidade já se frustra com a dificuldade do jogo ao ponto de correr para títulos mais populares como "Burnout", o que pensar de uma adaptação para o cinema com essa matéria prima, digamos, técnica demais?
É aí que a proposta do "Branded Entertainment" de "Gran Turismo" titubeia, já que é o fator humano que nos prende ao filme. Pouca gente conhece a improvável história de Jann Mardenborough - ele é o astro, sua jornada para o sucesso é o ponto de conexão, não o jogo do Sony ou os carros da Nissan! Embora o diretor até acerte ao criar mais pontos de sinergia estética entre o "digital" e o "real", o filme nos prende mesmo é por causa da situação inusitada que colocou o protagonista em um universo que até ali não era para amadores. Obviamente que Blomkamp sabia que a gramática cinematográfica do jogo poderia ser replicada no filme com muito CGI e com a ajuda do competente diretor de fotografia francês, Jacques Jouffret (de "Bloodshot" - outra adaptação com esse aspecto mais "video-game" de ação), mas é na relação entre um outsider, Mardenborough, e um desconfiado "macaco-velho", Jack Salter, que o filme ganha sua alma.
Embora o roteiro, dos indicados ao Oscar, Jason Hall (por "Sniper Americano") e Zach Baylin (por "King Richard"), siga a receita de qualquer drama esportivo onde um azarão com um sonho impossível recebe uma oportunidade única, passando por obstáculos profissionais e emocionais, empecilhos de classe, rejeição de colegas e familiares, chega ao seu destino com muita resiliência; eu diria que "Gran Turismo - De Jogador a Corredor" está mais para a celebração de uma paixão que a tecnologia nos fez o favor de tornar palpável, seja jogando uma boa partida no playstation ou simplesmente dando um play nesse longa-metragem bastante fiel ao que o jogo representa.
Vale pela diversão e, por que não, pela nostalgia de quem um dia esteve com o controle na mão.
"Gran Turismo", que ganhou o expositivo subtítulo "De Jogador a Corredor", é divertido como uma partida de video-game, mas não espere um roteiro tão bem desenvolvido, com personagens cheio de camadas ou até com uma qualidade artística como "Rush" ou "Ford vs Ferrari". Na verdade, o filme dirigido pelo Neill Blomkamp (que fez fama com seu "Distrito 9") está muito mais para aquele entretenimento despretensioso do saudoso "Dias de Trovão". Blomkamp, que ficou conhecido por sua narrativa criativa, envolvente e com um apuro conceitual marcante, se aproveita de uma proposta bastante curiosa, adaptar um complexo simulador de corrida de carros, para criar uma experiência mais leve, interessante ao ponto de tornar uma história desconhecida, embora real, em algo emocionante e dinâmica que nem damos conta de suas várias limitações como obra cinematográfica.
Na trama, acompanhamos a jornada do jovem Jann Mardenborough (Archie Madekwe), um jogador de Gran Turismo que recebe a oportunidade de se tornar piloto de verdade após o diretor de marketing da Nissan, Danny Moore (Orlando Bloom), convencer os executivos japoneses a criar uma competição onde os melhores jogadores do simulador treinariam na GT Academy e o que mais de destacasse seria contratado para competir pela equipe oficial da montadora no Mundial de Marcas - isso, claro, com a ajuda do engenheiro e lendário ex-piloto, Jack Salter (David Harbour). Confira o trailer:
Em um primeiro olhar, é inegável que "Gran Turismo" soe como uma grandiosa peça de marketing - o que de fato é, mas que não chega a incomodar tanto graças a honestidade com que o próprio personagem de Bloom contextualiza aquele ambiente corporativo e a proposta inovadora da Nissan de olhar para potenciais novos clientes - leia-se "jovens que gostam de jogos de carros". Veja, Gran Turismo, o jogo, por si só já é conhecido pela sua experiência pouco narrativa justamente por emular, em detalhes, a complexa física de dirigir, onde estudar as pistas, traçados, fabricantes e toda a dinâmica de configurar um carro de corrida faz toda a diferença. Pois bem, se o amante da velocidade já se frustra com a dificuldade do jogo ao ponto de correr para títulos mais populares como "Burnout", o que pensar de uma adaptação para o cinema com essa matéria prima, digamos, técnica demais?
É aí que a proposta do "Branded Entertainment" de "Gran Turismo" titubeia, já que é o fator humano que nos prende ao filme. Pouca gente conhece a improvável história de Jann Mardenborough - ele é o astro, sua jornada para o sucesso é o ponto de conexão, não o jogo do Sony ou os carros da Nissan! Embora o diretor até acerte ao criar mais pontos de sinergia estética entre o "digital" e o "real", o filme nos prende mesmo é por causa da situação inusitada que colocou o protagonista em um universo que até ali não era para amadores. Obviamente que Blomkamp sabia que a gramática cinematográfica do jogo poderia ser replicada no filme com muito CGI e com a ajuda do competente diretor de fotografia francês, Jacques Jouffret (de "Bloodshot" - outra adaptação com esse aspecto mais "video-game" de ação), mas é na relação entre um outsider, Mardenborough, e um desconfiado "macaco-velho", Jack Salter, que o filme ganha sua alma.
Embora o roteiro, dos indicados ao Oscar, Jason Hall (por "Sniper Americano") e Zach Baylin (por "King Richard"), siga a receita de qualquer drama esportivo onde um azarão com um sonho impossível recebe uma oportunidade única, passando por obstáculos profissionais e emocionais, empecilhos de classe, rejeição de colegas e familiares, chega ao seu destino com muita resiliência; eu diria que "Gran Turismo - De Jogador a Corredor" está mais para a celebração de uma paixão que a tecnologia nos fez o favor de tornar palpável, seja jogando uma boa partida no playstation ou simplesmente dando um play nesse longa-metragem bastante fiel ao que o jogo representa.
Vale pela diversão e, por que não, pela nostalgia de quem um dia esteve com o controle na mão.
"Grande demais para Quebrar" é um filmaço, mas não é nada fácil - embora tenha alguns diálogos bastante didáticos como o que define a crise de 2008 enquanto a equipe do governo se preparava para emitir um comunicado para a imprensa no inicio do terceiro ato. É preciso que se diga que o filme, uma ficção baseada em fatos reais, não é, nem de longe, uma narrativa fluida e auto-explicativa para quem conhece pouco do assunto ou da dinâmica econômica da época. O vencedor do Oscar de 2011, "Trabalho Interno" é quase um pré-requisito para assistir "Grande demais para Quebrar". Sim, o assunto é exatamente o mesmo, mas dessa vez acompanhamos a bomba explodindo pelos olhos de Henry Paulson, secretário do Tesouro dos Estados Unidos e na época o grande responsável pela saúde da economia do governo Bush.
O mercado financeiro era, há poucos anos, um paraíso: salários multimilionários, bônus exagerados e lucros astronômicos. Tudo começou a ruir em 2008. O filme retrata a crise econômica que até hoje afeta a economia dos EUA, tomando como tema central os esforços do então secretário do tesouro americano, Henry Paulson (William Hurt), para controlar os danos a partir de conversas com Richard Fuld, Ben Bernanke, Warren Buffett e Tim Geithner, e assim tentar salvar o Lehman Brothers. Durante as negociações, buscava-se uma solução privada envolvendo banqueiros de investimento e membros do Congresso para preservar a empresa sediada em Nova York, mas, como se sabe, o problema era muito mais complexo. Confira o trailer, em inglês:
"Grande demais para Quebrar" foi indicado para 3 Globos de Ouro em 2012: Melhor Filme para TV, Melhor Ator (William Hurt) e Melhor ator Coadjuvante (Paul Giamatti), sem contar a indicação para, acreditem, 11 Emmys em 2011 - e provavelmente você não assistiu a essa obra de arte!
O que salta aos olhos logo de cara, sem a menor dúvida, é o elenco: William Hurt, Paul Giamatti, James Woods, Cynthia Nixon, Billy Crudup - só para citar alguns! A direção de Curtis Hanson de "L.A. Confidential", a fotografia de Kramer Morgenthau (Creed II) e o roteiro de Peter Gould (Breaking Bad) terminam de compor esse perfeito Dream Team! Mas vamos aos fatos: o maior mérito do filme é o de não demonizar seus personagens, deixando o julgamento exclusivamente para quem assiste. É possível perceber em algumas cenas, todo o mindset daquele grupo de executivos e membros do governo, mas será preciso alguma sensibilidade para separar os sentimentos mais íntimos em um momento conturbado da economia com sua postura maniqueísta como tomador de decisões no ambiente corporativo - e isso humaniza os personagens de tal forma, que temos a exata impressão que não se trata de uma ficção (o prólogo do filme e as cenas de arquivo, normalmente da imprensa falada, inseridas na narrativa, ajudam muito nessa percepção).
Como todos os filmes e documentários sobre o tema, "Grande demais para Quebrar" é um retrato da hipocrisia corporativa e de como o descaso do mercado financeiro, tão em evidência, podem gerar consequências catastróficas. O diferencial está na forma como o filme mostra, por dentro e de maneira inteligente, as tentativas e equívocos do governo durante o caos financeiro – lidando com egos de grandes executivos que só pensaram em si, mesmo assistindo de camarote suas empresas afundarem após conscientes vendas de derivativos e títulos podres.
Vale muito o seu play!
"Grande demais para Quebrar" é um filmaço, mas não é nada fácil - embora tenha alguns diálogos bastante didáticos como o que define a crise de 2008 enquanto a equipe do governo se preparava para emitir um comunicado para a imprensa no inicio do terceiro ato. É preciso que se diga que o filme, uma ficção baseada em fatos reais, não é, nem de longe, uma narrativa fluida e auto-explicativa para quem conhece pouco do assunto ou da dinâmica econômica da época. O vencedor do Oscar de 2011, "Trabalho Interno" é quase um pré-requisito para assistir "Grande demais para Quebrar". Sim, o assunto é exatamente o mesmo, mas dessa vez acompanhamos a bomba explodindo pelos olhos de Henry Paulson, secretário do Tesouro dos Estados Unidos e na época o grande responsável pela saúde da economia do governo Bush.
O mercado financeiro era, há poucos anos, um paraíso: salários multimilionários, bônus exagerados e lucros astronômicos. Tudo começou a ruir em 2008. O filme retrata a crise econômica que até hoje afeta a economia dos EUA, tomando como tema central os esforços do então secretário do tesouro americano, Henry Paulson (William Hurt), para controlar os danos a partir de conversas com Richard Fuld, Ben Bernanke, Warren Buffett e Tim Geithner, e assim tentar salvar o Lehman Brothers. Durante as negociações, buscava-se uma solução privada envolvendo banqueiros de investimento e membros do Congresso para preservar a empresa sediada em Nova York, mas, como se sabe, o problema era muito mais complexo. Confira o trailer, em inglês:
"Grande demais para Quebrar" foi indicado para 3 Globos de Ouro em 2012: Melhor Filme para TV, Melhor Ator (William Hurt) e Melhor ator Coadjuvante (Paul Giamatti), sem contar a indicação para, acreditem, 11 Emmys em 2011 - e provavelmente você não assistiu a essa obra de arte!
O que salta aos olhos logo de cara, sem a menor dúvida, é o elenco: William Hurt, Paul Giamatti, James Woods, Cynthia Nixon, Billy Crudup - só para citar alguns! A direção de Curtis Hanson de "L.A. Confidential", a fotografia de Kramer Morgenthau (Creed II) e o roteiro de Peter Gould (Breaking Bad) terminam de compor esse perfeito Dream Team! Mas vamos aos fatos: o maior mérito do filme é o de não demonizar seus personagens, deixando o julgamento exclusivamente para quem assiste. É possível perceber em algumas cenas, todo o mindset daquele grupo de executivos e membros do governo, mas será preciso alguma sensibilidade para separar os sentimentos mais íntimos em um momento conturbado da economia com sua postura maniqueísta como tomador de decisões no ambiente corporativo - e isso humaniza os personagens de tal forma, que temos a exata impressão que não se trata de uma ficção (o prólogo do filme e as cenas de arquivo, normalmente da imprensa falada, inseridas na narrativa, ajudam muito nessa percepção).
Como todos os filmes e documentários sobre o tema, "Grande demais para Quebrar" é um retrato da hipocrisia corporativa e de como o descaso do mercado financeiro, tão em evidência, podem gerar consequências catastróficas. O diferencial está na forma como o filme mostra, por dentro e de maneira inteligente, as tentativas e equívocos do governo durante o caos financeiro – lidando com egos de grandes executivos que só pensaram em si, mesmo assistindo de camarote suas empresas afundarem após conscientes vendas de derivativos e títulos podres.
Vale muito o seu play!