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Estrangulador de Boston

Diretor
Matt Ruskin
Elenco
Keira Knightley, Carrie Coon, Chris Cooper
Ano
2023
País
EUA

Drama ml-real ml-investigação ml-assedio ml-jornalismo ml-serial-killer ml-crime ml-pf Disney+

Estrangulador de Boston

O "Estrangulador de Boston" é um excelente filme para quem está com saudades de uma trama bem construída, inteligente e sensível, onde as motivações perante a investigação são até mais importantes do que o impacto visual ou a brutalidade dos crimes em si. E aqui existe um componente que impacta diretamente na nossa experiência como audiência, mas que de forma alguma nos distancia do estilo "true crime" que a ficção carrega em seu DNA: as protagonistas, jornalistas, tem uma segunda camada que acaba dando um certo charme para a narrativa, já que nos anos 60 as mulheres praticamente não tinham voz nas redações dos jornais e muito menos no universo policial.

O filme acompanha os reflexos sociais provocados por um misterioso assassino que fazia cada vez mais vítimas (todas mulheres) e por Loretta McLaughlin (Keira Knightley), que se tornou uma das primeiras jornalistas a conectar os crimes do estrangulador de Boston ao termo que nem existia ainda: serial killer. Todavia, quando Loretta passa a seguir sua investigação ao lado da colega Jean Cole (Carrie Coon), a dupla se vê prejudicada pelo implacável sexismo da época. Mesmo assim, elas seguem corajosamente, arriscando suas vidas em uma busca para descobrir a verdade antes que a próxima vítima seja encontrada. Confira o trailer:

Entender o que leva uma jornalista a tentar resolver um caso notadamente policial, onde outras mulheres são vitimas de um cruel assassino, é quase uma jornada íntima de auto-sobrevivência fantasiada de motivação profissional - basta lembrar do excelente (e imperdível) documentário da HBO, "Eu Terei Sumido na Escuridão". No caso da escritora Michelle McNamara estávamos de frente com uma narração em off que foi capaz de transmitir as angustias, medos, revoltas e até com uma certa coragem, as fragilidades de uma mulher que buscava, incansavelmente,  desvendar uma das maiores sequências de crimes bárbaros da história dos EUA. Com Loretta McLaughlin é a mesma coisa, porém aqui, enxergamos a personagem, seu drama se torna mais palpável e com isso nossa relação com a trama passa a ser outra já que nos identificamos com os anseios da jornalista antes mesmo de nos sentirmos impactados pelos crimes. Veja, em nenhum momento conseguimos dissociar sua busca por igualdade com a preocupação para com as próximas vítimas.

Essa conceito do diretor e roteirista Matt Ruskin (de "Crown Heights") cobra seu preço: em alguns momentos a narrativa fica cadenciada demais, perde um pouco da dinâmica investigativa/policial para focar nos reflexos das escolhas pessoais e profissionais das personagens. Keira Knightley e Carrie Coon sustentam o filme mesmo quando o conflito principal se dissipa e isso nos dá uma certa sensação de desequilíbrio - é como se "Estrangulador de Boston" se distanciasse do estilo "Zodíaco" de David Fincher e se aproximasse de "Ela Disse" de Maria Schrader. Por outro lado o filme ganha em humanidade, em sororidade - é impressionante como Ruskin pontua elementos biográficos como a "coragem" e a "resiliência" dessas mulheres, para retratar como elas precisaram deixar de lado uma parte importante de suas vidas, para que pudessem passar a ser reconhecidas como profissionais de respeito.

Dito isso, é possível afirmar que o maior triunfo de "O Estrangulador de Boston" não é o de contar uma angustiante e misteriosa história sobre cruéis assassinatos em série, muito menos de glamourizar esses crimes ou seus autores, naquela busca incansável por encontrar padrões e com isso construir um perfil psicológico que nos ajude a resolver o caso. Embora exista um pouco disso tudo, o foco aqui é até menos impactante, já que as histórias como a de McLaughlin e de Cole falam por si só e certamente nos ajudam a refletir sobre como o machismo estrutural pode nos atingir em diferentes esferas e como o jornalismo sério pode mudar o jogo com competência e liberdade.

Vale muito seu play!

Assista Agora

O "Estrangulador de Boston" é um excelente filme para quem está com saudades de uma trama bem construída, inteligente e sensível, onde as motivações perante a investigação são até mais importantes do que o impacto visual ou a brutalidade dos crimes em si. E aqui existe um componente que impacta diretamente na nossa experiência como audiência, mas que de forma alguma nos distancia do estilo "true crime" que a ficção carrega em seu DNA: as protagonistas, jornalistas, tem uma segunda camada que acaba dando um certo charme para a narrativa, já que nos anos 60 as mulheres praticamente não tinham voz nas redações dos jornais e muito menos no universo policial.

O filme acompanha os reflexos sociais provocados por um misterioso assassino que fazia cada vez mais vítimas (todas mulheres) e por Loretta McLaughlin (Keira Knightley), que se tornou uma das primeiras jornalistas a conectar os crimes do estrangulador de Boston ao termo que nem existia ainda: serial killer. Todavia, quando Loretta passa a seguir sua investigação ao lado da colega Jean Cole (Carrie Coon), a dupla se vê prejudicada pelo implacável sexismo da época. Mesmo assim, elas seguem corajosamente, arriscando suas vidas em uma busca para descobrir a verdade antes que a próxima vítima seja encontrada. Confira o trailer:

Entender o que leva uma jornalista a tentar resolver um caso notadamente policial, onde outras mulheres são vitimas de um cruel assassino, é quase uma jornada íntima de auto-sobrevivência fantasiada de motivação profissional - basta lembrar do excelente (e imperdível) documentário da HBO, "Eu Terei Sumido na Escuridão". No caso da escritora Michelle McNamara estávamos de frente com uma narração em off que foi capaz de transmitir as angustias, medos, revoltas e até com uma certa coragem, as fragilidades de uma mulher que buscava, incansavelmente,  desvendar uma das maiores sequências de crimes bárbaros da história dos EUA. Com Loretta McLaughlin é a mesma coisa, porém aqui, enxergamos a personagem, seu drama se torna mais palpável e com isso nossa relação com a trama passa a ser outra já que nos identificamos com os anseios da jornalista antes mesmo de nos sentirmos impactados pelos crimes. Veja, em nenhum momento conseguimos dissociar sua busca por igualdade com a preocupação para com as próximas vítimas.

Essa conceito do diretor e roteirista Matt Ruskin (de "Crown Heights") cobra seu preço: em alguns momentos a narrativa fica cadenciada demais, perde um pouco da dinâmica investigativa/policial para focar nos reflexos das escolhas pessoais e profissionais das personagens. Keira Knightley e Carrie Coon sustentam o filme mesmo quando o conflito principal se dissipa e isso nos dá uma certa sensação de desequilíbrio - é como se "Estrangulador de Boston" se distanciasse do estilo "Zodíaco" de David Fincher e se aproximasse de "Ela Disse" de Maria Schrader. Por outro lado o filme ganha em humanidade, em sororidade - é impressionante como Ruskin pontua elementos biográficos como a "coragem" e a "resiliência" dessas mulheres, para retratar como elas precisaram deixar de lado uma parte importante de suas vidas, para que pudessem passar a ser reconhecidas como profissionais de respeito.

Dito isso, é possível afirmar que o maior triunfo de "O Estrangulador de Boston" não é o de contar uma angustiante e misteriosa história sobre cruéis assassinatos em série, muito menos de glamourizar esses crimes ou seus autores, naquela busca incansável por encontrar padrões e com isso construir um perfil psicológico que nos ajude a resolver o caso. Embora exista um pouco disso tudo, o foco aqui é até menos impactante, já que as histórias como a de McLaughlin e de Cole falam por si só e certamente nos ajudam a refletir sobre como o machismo estrutural pode nos atingir em diferentes esferas e como o jornalismo sério pode mudar o jogo com competência e liberdade.

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