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Ele Não Está Tão a Fim de Você

Um mosaico das complexidades românticas - talvez seja essa a melhor forma de definir o surpreendente "Ele Não Está Tão a Fim de Você"! Na verdade esse é um filme que transcenda aquele clichê das comédias românticas que estamos acostumados ao defender o difícil propósito de oferecer uma análise perspicaz, e muitas vezes dolorosamente realista, das relações amorosas. Dirigido pelo Ken Kwapis (de "O Grande Milagre") o filme não apenas diverte, mas também nos provoca ótimas reflexões sobre a intricada dinâmica dos relacionamentos modernos. Inspirado no best-seller homônimo de Greg Behrendt e Liz Tuccillo (consultor e roteirista de alguns episódios do seriado "Sex and the City", respectivamente), sua narrativa multifacetada explora uma gama de comportamentos e mal-entendidos que costumam complicar a vida amorosa de homens e mulheres através dos tempos, combinando um humor afiado com momentos de introspecção dos mais interessantes.

Na trama, "Ele Não Está Tão a Fim de Você" segue um grupo de amigos em Baltimore enquanto navegam pelas turbulentas águas dos relacionamentos. Gigi (Ginnifer Goodwin) é uma jovem romântica e idealista que está à procura do amor verdadeiro, mas tem dificuldades em interpretar os sinais dos homens. Ela se apoia em Alex (Justin Long), um barman que se torna seu guru relacional. Enquanto isso, Beth (Jennifer Aniston) está frustrada com o namorado Neil (Ben Affleck), que reluta em propor casamento, e Janine (Jennifer Connelly) enfrenta a infidelidade de seu marido Ben (Bradley Cooper), que está envolvido com a aspirante a cantora Anna (Scarlett Johansson). O filme também explora as histórias de Mary (Drew Barrymore), uma publicitária que luta com a realidade do namoro online, e Connor (Kevin Connolly), um corretor de imóveis obcecado por Anna. Essa teia de histórias entrelaçadas pinta um quadro complexo, porém familiar, dos altos e baixos do amor. Confira o trailer:

Um filme muito gostoso de assistir e o grande mérito, além do elenco, é de Ken Kwapis - sua direção sustenta a narrativa de "Ele Não Está Tão a Fim de Você" e habilmente orquestra as múltiplas histórias que o roteiro propõe sem perder o ritmo ou sua coesão. A habilidade de Kwapis em equilibrar humor e seriedade cria um tom que ressoa com a audiência já que em vez de cair na armadilha das fórmulas previsíveis, ele proporciona uma experiência de fácil identificação e ao mesmo tempo bastante provocante. A montagem de Cara Silverman é outra peça crucial dessa engrenagem, permitindo que as transições entre as narrativas fluam naturalmente, nos mantendo engajados e emocionalmente mergulhadas em como as histórias são entrelaçadas.

Outro ponto que vale ser citado é a fotografia de John Bailey (de "O Verão da Minha Vida")" - ele utiliza uma paleta de cores vibrantes para refletir as emoções e o estado de espírito dos personagens. Bailey, com sua vasta experiência em "filmes de relação" faz uso de enquadramentos inteligentes e uma iluminação sutil para destacar as nuances das interações - sempre com Baltimore servindo como um pano de fundo vivo que adiciona uma camada extra de autenticidade às histórias. Ao ver uma cidade sendo capturada em uma mistura de cenários urbanos e locais mais íntimos, espelhando com muita habilidade as complexidades e contradições da vida amorosa dos personagens, a química entre os atores soa mais palpável e contribui significativamente para o impacto emocional que o filme oferece.

"Ele Não Está Tão a Fim de Você", no final das contas, realmente oferece uma exploração autêntica dos desafios de um relacionamento. Com uma direção competente, uma fotografia bem estruturada e performances divertidas, o filme entrega o que promete: uma análise crítica e muitas vezes comovente sobre como interpretamos (ou falhamos em interpretar) os sinais no jogo do amor. Então, se você aprecia narrativas que combinam humor com reflexão e está interessado em personagens que refletem as dores da vida real, algo como "Modern Love", esse filme é uma escolha certeira. 

Vale muito o seu play!

Assista Agora

Um mosaico das complexidades românticas - talvez seja essa a melhor forma de definir o surpreendente "Ele Não Está Tão a Fim de Você"! Na verdade esse é um filme que transcenda aquele clichê das comédias românticas que estamos acostumados ao defender o difícil propósito de oferecer uma análise perspicaz, e muitas vezes dolorosamente realista, das relações amorosas. Dirigido pelo Ken Kwapis (de "O Grande Milagre") o filme não apenas diverte, mas também nos provoca ótimas reflexões sobre a intricada dinâmica dos relacionamentos modernos. Inspirado no best-seller homônimo de Greg Behrendt e Liz Tuccillo (consultor e roteirista de alguns episódios do seriado "Sex and the City", respectivamente), sua narrativa multifacetada explora uma gama de comportamentos e mal-entendidos que costumam complicar a vida amorosa de homens e mulheres através dos tempos, combinando um humor afiado com momentos de introspecção dos mais interessantes.

Na trama, "Ele Não Está Tão a Fim de Você" segue um grupo de amigos em Baltimore enquanto navegam pelas turbulentas águas dos relacionamentos. Gigi (Ginnifer Goodwin) é uma jovem romântica e idealista que está à procura do amor verdadeiro, mas tem dificuldades em interpretar os sinais dos homens. Ela se apoia em Alex (Justin Long), um barman que se torna seu guru relacional. Enquanto isso, Beth (Jennifer Aniston) está frustrada com o namorado Neil (Ben Affleck), que reluta em propor casamento, e Janine (Jennifer Connelly) enfrenta a infidelidade de seu marido Ben (Bradley Cooper), que está envolvido com a aspirante a cantora Anna (Scarlett Johansson). O filme também explora as histórias de Mary (Drew Barrymore), uma publicitária que luta com a realidade do namoro online, e Connor (Kevin Connolly), um corretor de imóveis obcecado por Anna. Essa teia de histórias entrelaçadas pinta um quadro complexo, porém familiar, dos altos e baixos do amor. Confira o trailer:

Um filme muito gostoso de assistir e o grande mérito, além do elenco, é de Ken Kwapis - sua direção sustenta a narrativa de "Ele Não Está Tão a Fim de Você" e habilmente orquestra as múltiplas histórias que o roteiro propõe sem perder o ritmo ou sua coesão. A habilidade de Kwapis em equilibrar humor e seriedade cria um tom que ressoa com a audiência já que em vez de cair na armadilha das fórmulas previsíveis, ele proporciona uma experiência de fácil identificação e ao mesmo tempo bastante provocante. A montagem de Cara Silverman é outra peça crucial dessa engrenagem, permitindo que as transições entre as narrativas fluam naturalmente, nos mantendo engajados e emocionalmente mergulhadas em como as histórias são entrelaçadas.

Outro ponto que vale ser citado é a fotografia de John Bailey (de "O Verão da Minha Vida")" - ele utiliza uma paleta de cores vibrantes para refletir as emoções e o estado de espírito dos personagens. Bailey, com sua vasta experiência em "filmes de relação" faz uso de enquadramentos inteligentes e uma iluminação sutil para destacar as nuances das interações - sempre com Baltimore servindo como um pano de fundo vivo que adiciona uma camada extra de autenticidade às histórias. Ao ver uma cidade sendo capturada em uma mistura de cenários urbanos e locais mais íntimos, espelhando com muita habilidade as complexidades e contradições da vida amorosa dos personagens, a química entre os atores soa mais palpável e contribui significativamente para o impacto emocional que o filme oferece.

"Ele Não Está Tão a Fim de Você", no final das contas, realmente oferece uma exploração autêntica dos desafios de um relacionamento. Com uma direção competente, uma fotografia bem estruturada e performances divertidas, o filme entrega o que promete: uma análise crítica e muitas vezes comovente sobre como interpretamos (ou falhamos em interpretar) os sinais no jogo do amor. Então, se você aprecia narrativas que combinam humor com reflexão e está interessado em personagens que refletem as dores da vida real, algo como "Modern Love", esse filme é uma escolha certeira. 

Vale muito o seu play!

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Elvis

"Elvis" é tranquilamente um dos melhores filmes de 2022 - independente do que possa conquistar daqui para frente. Mas antes de falar do filme em si, é preciso exaltar a capacidade que o diretor Baz Luhrmann tem de contar uma história com criatividade, inventividade, cor e música! Luhrmann traz com muita maturidade os inúmeros aprendizados de seus filmes anteriores, "Romeu + Julieta", "O Grande Gatsby", e, principalmente, "Moulin Rouge". Para alinhar as expectativas, eu diria até que "Elvis" é uma espécie de "Moulin Rouge", só que em Las Vegas, sem ser um musical, mas com muita música (boa) ditando o ritmo de quase três horas de filme!

Essa cinebiografia de Elvis Presley (Austin Butler) acompanha décadas da vida do "Rei do Rock" e sua ascensão à fama, a partir do seu relacionamento com o empresário "Coronel" Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na dinâmica entre o cantor e seu empresário controlador por mais de 20 anos de parceria, usando a paisagem dos EUA em constante evolução e a transformação de Elvis como cantor. No meio de sua jornada e carreira, Elvis ainda encontra Priscilla Presley (Olivia DeJonge), fonte de sua inspiração e uma das pessoas mais importantes de sua vida. Confira o trailer:

A partir de agora vamos falar de um filme tecnicamente exemplar. Sim, a história é incrível, Elvis Presley foi um personagem marcante e sua jornada tem tudo que uma cinebiografia de uma celebridade musical precisa, mas meu amigo, a forma como Luhrmann decodificou todos esses elementos narrativos em uma experiência visual, é impressionante! São técnicas e mais técnicas que combinadas estabelecem uma dinâmica tão orgânica, seja nas transições, nos movimentos de câmera ou simplesmente nas texturas, que muitas vezes nem sabemos se o que estamos assistindo são imagens de arquivo ou de fato um filme produzido mais de 50 anos depois dos fatos. O trabalho do diretor de fotografia e parceiro de Luhmann, Mandy Walker (de "Australia" e "Mulan"), é incrível! Junto com um departamento de arte comandado pelo Damien Drew (de "O Grande Gatsby") e a trilha sonora de Elliott Wheeler (de "The Get Down"), o que vemos é um raro alinhamento técnico e artístico que nos coloca em uma atmosfera única - reparem como tudo se encaixa perfeitamente na proposta do diretor, das aplicações gráficas aos belos enquadramentos do atores!

Aliás, o que dizer de Austin Butler e Tom Hanks? Butler se esforça ao máximo para fugir da superficialidade da imitação - da voz marcante ao estilo de dançar, o ator tenta criar um certa identificação com Elvis Presley, humanizando o ícone em cenas mais dramáticas e deixando que as performances musicais falem por si - e funciona.  Já Hanks, bem, ele sabe o que faz - e aqui um detalhe faz toda diferença na construção do seu personagem: a maquiagem! Hanks aproveita dessa transformação para se distanciar de outros personagens que interpretou e por incrível que pareça entrega algo completamente novo dentro de sua carreira tão completa. Existe uma certa complexidade na figura de Parker que qualquer outro ator sucumbiria a tentação do estereótipo; Tom Hanks não e Baz Luhrmann sabe tanto disso que teima em enquadrar o rosto do ator em close-ups onde apenas os olhos falam - é lindo de ver!

Sob o olhar de quem reconhece o entretenimento e as referências do pop como conceitos narrativos, é inegável que "Elvis" além de um grande filme, também é um belo espetáculo - mas essa visão, acreditem, foge do convencional. Luhrmann não é e nunca foi convencional! Essa característica marcante do diretor está em cada frame de "Elvis" e aceitar sua proposta será essencial para aproveitar a experiência que é assistir essa história. Inegável a qualidade como obra, mesmo com um recorte tão extenso e nada intimo do personagem que reflete muito bem uma de suas frases mais marcantes: "Se não puder falar, cante!"

Vale muito o seu play!

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"Elvis" é tranquilamente um dos melhores filmes de 2022 - independente do que possa conquistar daqui para frente. Mas antes de falar do filme em si, é preciso exaltar a capacidade que o diretor Baz Luhrmann tem de contar uma história com criatividade, inventividade, cor e música! Luhrmann traz com muita maturidade os inúmeros aprendizados de seus filmes anteriores, "Romeu + Julieta", "O Grande Gatsby", e, principalmente, "Moulin Rouge". Para alinhar as expectativas, eu diria até que "Elvis" é uma espécie de "Moulin Rouge", só que em Las Vegas, sem ser um musical, mas com muita música (boa) ditando o ritmo de quase três horas de filme!

Essa cinebiografia de Elvis Presley (Austin Butler) acompanha décadas da vida do "Rei do Rock" e sua ascensão à fama, a partir do seu relacionamento com o empresário "Coronel" Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na dinâmica entre o cantor e seu empresário controlador por mais de 20 anos de parceria, usando a paisagem dos EUA em constante evolução e a transformação de Elvis como cantor. No meio de sua jornada e carreira, Elvis ainda encontra Priscilla Presley (Olivia DeJonge), fonte de sua inspiração e uma das pessoas mais importantes de sua vida. Confira o trailer:

A partir de agora vamos falar de um filme tecnicamente exemplar. Sim, a história é incrível, Elvis Presley foi um personagem marcante e sua jornada tem tudo que uma cinebiografia de uma celebridade musical precisa, mas meu amigo, a forma como Luhrmann decodificou todos esses elementos narrativos em uma experiência visual, é impressionante! São técnicas e mais técnicas que combinadas estabelecem uma dinâmica tão orgânica, seja nas transições, nos movimentos de câmera ou simplesmente nas texturas, que muitas vezes nem sabemos se o que estamos assistindo são imagens de arquivo ou de fato um filme produzido mais de 50 anos depois dos fatos. O trabalho do diretor de fotografia e parceiro de Luhmann, Mandy Walker (de "Australia" e "Mulan"), é incrível! Junto com um departamento de arte comandado pelo Damien Drew (de "O Grande Gatsby") e a trilha sonora de Elliott Wheeler (de "The Get Down"), o que vemos é um raro alinhamento técnico e artístico que nos coloca em uma atmosfera única - reparem como tudo se encaixa perfeitamente na proposta do diretor, das aplicações gráficas aos belos enquadramentos do atores!

Aliás, o que dizer de Austin Butler e Tom Hanks? Butler se esforça ao máximo para fugir da superficialidade da imitação - da voz marcante ao estilo de dançar, o ator tenta criar um certa identificação com Elvis Presley, humanizando o ícone em cenas mais dramáticas e deixando que as performances musicais falem por si - e funciona.  Já Hanks, bem, ele sabe o que faz - e aqui um detalhe faz toda diferença na construção do seu personagem: a maquiagem! Hanks aproveita dessa transformação para se distanciar de outros personagens que interpretou e por incrível que pareça entrega algo completamente novo dentro de sua carreira tão completa. Existe uma certa complexidade na figura de Parker que qualquer outro ator sucumbiria a tentação do estereótipo; Tom Hanks não e Baz Luhrmann sabe tanto disso que teima em enquadrar o rosto do ator em close-ups onde apenas os olhos falam - é lindo de ver!

Sob o olhar de quem reconhece o entretenimento e as referências do pop como conceitos narrativos, é inegável que "Elvis" além de um grande filme, também é um belo espetáculo - mas essa visão, acreditem, foge do convencional. Luhrmann não é e nunca foi convencional! Essa característica marcante do diretor está em cada frame de "Elvis" e aceitar sua proposta será essencial para aproveitar a experiência que é assistir essa história. Inegável a qualidade como obra, mesmo com um recorte tão extenso e nada intimo do personagem que reflete muito bem uma de suas frases mais marcantes: "Se não puder falar, cante!"

Vale muito o seu play!

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Escola da Fraude

Quando você acha que já viu tudo, chega um documentário e te mostra que o ser humano é capaz de tudo para massagear o seu ego e ainda ganhar algum troco em cima do sonho dos outros - mesmo que essa mesma pessoa ainda tenha conseguido gerar algumas oportunidades que se dessem certo, fariam a história ser completamente diferente do que é contada em "Escola da Fraude: O Escândalo de Bishop Sycamore". Essa produção da HBO é uma mistura de "Fyre Festival"com "Last Chance U" e justamente por isso nos provoca uma série de sentimentos que tendem a embrulhar nosso estômago! Para nós, brasileiros, essa história soa um pouco descolada da realidade, mas acreditem: o caso Bishop Sycamore é um exemplo emblemático das complexidades e desafios que envolvem o esporte no ensino médio nos Estados Unidos - principalmente no que diz respeito a fragilidade da regulamentação que aflige esse cenário e o impacto que uma fraude "bem construída" pode ter na vida de tantos jovens..

Em 2021, um dos maiores canais esportivos do mundo, a ESPN, transmite para todos os Estados Unidos um jogo de futebol americano envolvendo uma desconhecida equipe da escola Bishop Sycamore de Ohio, os Centurions, contra a IMG Academy, uma verdadeira potência do esporte pré-universidade e uma das referências em preparar talentos para NFL. Após uma verdadeira lavada dentro de campo, começa uma investigação fora dele que acaba revelando que essa instituição jamais existiu de verdade! Mas então como a "BS High" chegou até ali, em uma partida desse nível e em rede nacional? Confira o trailer (em inglês) e veja onde esses jovens se enfiaram:

Os diretores Travon Free e Martin Desmond Roe, ambos vencedores do Oscar de "Curta-Metragem em 2021 por "Dois Estranhos", foram muito inteligentes, e corajosos, ao trazer para frente das câmeras a principal peça desse caso maluco: o criador e responsável pela Bishop Sycamore, Roy Johnson. Em um primeiro olhar, ele até parece ser um cara simpático, com a melhor das intenções, mas reparem como essa impressão começa a desabar e como sua verdadeira persona passa a nos gerar certa repulsa. Alternando depoimentos dos ex-jogadores da BS com os do próprio Roy, sempre ilustradas com inúmeras imagens de arquivo da época do escândalo, inclusive com cenas do jogo contra a IMG, o documentário de pouco mais de 90 minutos detalha cada passo da fraude, suas motivações e, principalmente, como ela ganhou enorme repercussão. 

Veja, não se trata de um filme sobre futebol americano. Se trata de um filme sobre uma fraude absurda ao melhor estilo Billy McFarland (ele, aliás, é lembrado por um meme assim que descobrem que Bishop Sycamore não era bem aquilo que foi prometido). É interessante como o documentário explora as várias revelações perturbadoras sobre a escola e a equipe que apanhou feito da IMG. Johnson é questionado pelos diretores e não foge das respostas até quando é confrontado sobre seus jogadores serem adultos, alguns com mais de 20 anos de idade e ainda estarem no "ensino médio", ou sobre o histórico de inadimplência e os problemas legais monstruosos que levantaram a dúvidas sobre a própria existência da escola como uma instituição educacional legítima. Com um certo tom de deboche, Johnson deixa claro que as coisas não saíram exatamente como ele queria, mas que nem por isso, voltaria atrás em suas atitudes - ele realmente acredita ter feito tudo pelo bem dos jovens e essa convicção, de fato, nos faz refletir: até onde ele foi mal caráter, ou sonhou mais alto do que podia realizar?

O fato é que o caso Bishop Sycamore expôs lacunas significativas no sistema de regulamentação do futebol americano de ensino médio nos EUA. A falta de fiscalização permitiu que uma equipe fraudulenta ganhasse destaque nacional, enganando não apenas seus atletas e alunos, mas também os organizadores de um evento transmitido para o país inteiro - uma verdadeira vergonha nacional. Além disso, e aqui acho que "Escola da Fraude: O Escândalo de Bishop Sycamore" muda de patamar, o filme trouxe à tona, mais uma vez, questões sobre a pressão para com os jovens atletas que acabaram atraídos para a equipe com a promessa de exposição e futuras bolsas de estudo universitárias, mas que de repente se viram envolvidos em um esquema que não apenas os explorou, mas também os colocou em risco fisicamente e psicologicamente.

Olha, é uma pancada, mas vale muito o seu play!

Assista Agora

Quando você acha que já viu tudo, chega um documentário e te mostra que o ser humano é capaz de tudo para massagear o seu ego e ainda ganhar algum troco em cima do sonho dos outros - mesmo que essa mesma pessoa ainda tenha conseguido gerar algumas oportunidades que se dessem certo, fariam a história ser completamente diferente do que é contada em "Escola da Fraude: O Escândalo de Bishop Sycamore". Essa produção da HBO é uma mistura de "Fyre Festival"com "Last Chance U" e justamente por isso nos provoca uma série de sentimentos que tendem a embrulhar nosso estômago! Para nós, brasileiros, essa história soa um pouco descolada da realidade, mas acreditem: o caso Bishop Sycamore é um exemplo emblemático das complexidades e desafios que envolvem o esporte no ensino médio nos Estados Unidos - principalmente no que diz respeito a fragilidade da regulamentação que aflige esse cenário e o impacto que uma fraude "bem construída" pode ter na vida de tantos jovens..

Em 2021, um dos maiores canais esportivos do mundo, a ESPN, transmite para todos os Estados Unidos um jogo de futebol americano envolvendo uma desconhecida equipe da escola Bishop Sycamore de Ohio, os Centurions, contra a IMG Academy, uma verdadeira potência do esporte pré-universidade e uma das referências em preparar talentos para NFL. Após uma verdadeira lavada dentro de campo, começa uma investigação fora dele que acaba revelando que essa instituição jamais existiu de verdade! Mas então como a "BS High" chegou até ali, em uma partida desse nível e em rede nacional? Confira o trailer (em inglês) e veja onde esses jovens se enfiaram:

Os diretores Travon Free e Martin Desmond Roe, ambos vencedores do Oscar de "Curta-Metragem em 2021 por "Dois Estranhos", foram muito inteligentes, e corajosos, ao trazer para frente das câmeras a principal peça desse caso maluco: o criador e responsável pela Bishop Sycamore, Roy Johnson. Em um primeiro olhar, ele até parece ser um cara simpático, com a melhor das intenções, mas reparem como essa impressão começa a desabar e como sua verdadeira persona passa a nos gerar certa repulsa. Alternando depoimentos dos ex-jogadores da BS com os do próprio Roy, sempre ilustradas com inúmeras imagens de arquivo da época do escândalo, inclusive com cenas do jogo contra a IMG, o documentário de pouco mais de 90 minutos detalha cada passo da fraude, suas motivações e, principalmente, como ela ganhou enorme repercussão. 

Veja, não se trata de um filme sobre futebol americano. Se trata de um filme sobre uma fraude absurda ao melhor estilo Billy McFarland (ele, aliás, é lembrado por um meme assim que descobrem que Bishop Sycamore não era bem aquilo que foi prometido). É interessante como o documentário explora as várias revelações perturbadoras sobre a escola e a equipe que apanhou feito da IMG. Johnson é questionado pelos diretores e não foge das respostas até quando é confrontado sobre seus jogadores serem adultos, alguns com mais de 20 anos de idade e ainda estarem no "ensino médio", ou sobre o histórico de inadimplência e os problemas legais monstruosos que levantaram a dúvidas sobre a própria existência da escola como uma instituição educacional legítima. Com um certo tom de deboche, Johnson deixa claro que as coisas não saíram exatamente como ele queria, mas que nem por isso, voltaria atrás em suas atitudes - ele realmente acredita ter feito tudo pelo bem dos jovens e essa convicção, de fato, nos faz refletir: até onde ele foi mal caráter, ou sonhou mais alto do que podia realizar?

O fato é que o caso Bishop Sycamore expôs lacunas significativas no sistema de regulamentação do futebol americano de ensino médio nos EUA. A falta de fiscalização permitiu que uma equipe fraudulenta ganhasse destaque nacional, enganando não apenas seus atletas e alunos, mas também os organizadores de um evento transmitido para o país inteiro - uma verdadeira vergonha nacional. Além disso, e aqui acho que "Escola da Fraude: O Escândalo de Bishop Sycamore" muda de patamar, o filme trouxe à tona, mais uma vez, questões sobre a pressão para com os jovens atletas que acabaram atraídos para a equipe com a promessa de exposição e futuras bolsas de estudo universitárias, mas que de repente se viram envolvidos em um esquema que não apenas os explorou, mas também os colocou em risco fisicamente e psicologicamente.

Olha, é uma pancada, mas vale muito o seu play!

Assista Agora

Eu Te Amo, Agora Morra

Dividido em 2 partes de 1 hora, em média, essa minissérie documental da HBO mostra o julgamento de Michelle Carter, uma jovem de 17 anos que foi acusada de incentivar o namorado, Conrad Roy, de 18 anos, a se suicidar. O curioso dessa história é que eles sempre estiveram a mais de 60 km de distância um do outro. Todo relacionamento era baseado em mensagens de celular (60.000 pra ser exato)! Por mais maluca que possa parecer essa história, a diretora Erin Lee Carr (Mommy Dead and Dearest) foi muito inteligente em humanizar o caso sem levantar nenhuma bandeira e por mais que sejamos convidados a fazer nossos próprios julgamentos, a cada nova informação nossa cabeça dá um nó!

No dia 14 de julho de 2014, Conrad Roy foi encontrado morto depois de respirar uma enorme quantidade de monóxido de carbono dentro da sua caminhonete, no estacionamento de um supermercado. O que parecia mais um caso de suicídio logo se transformou em uma acusação de homicídio culposo quando, junto ao corpo, foi encontrado um celular sem bateria. Já com o inicio das investigações, foi descoberto uma série de mensagens que, aparentemente, incentivaram Roy a se matar. A responsável por essas mensagens era Michelle Carter, sua namorada. Roy e Michelle namoraram cerca de 2 anos e nesse período se encontraram apenas 5 vezes. A distância e o tempo não afastou o casal, pelo contrário, só fortaleceu a relação: as várias de mensagens que eles trocavam diariamente, só comprovam a enorme sintonia que existia entre os dois - e a minissérie usa muito bem esse material como conceito narrativo, o que dá um tom de proximidade com nossa realidade impressionante. O fato é que eles realmente pareciam se amar e se apoiar em todas as situações, porém Roy sofria de uma depressão severa e Michelle apresentava fortes sinais de sociopatia, ou seja, essa relação era uma bomba prestes a explodir!

É nesse cenário que o documentário ganha força. Com depoimentos da família Roy, dos investigadores, de um jornalista, do advogado de Michelle e de um psiquiatra, "Eu Te Amo, Agora Morra" mostra toda a cronologia do caso: da preparação do suicídio até o veredito do juiz, usando as trocas de mensagens entre o casal como uma espécie de "narrador" (o som das mensagem saindo e chegando são angustiantes) e as cenas do julgamento e das reportagens da época como "fechamentos de bloco", extremamente bem montados, diga-se de passagem. Esse é o tipo de documentário, aliás, que você não consegue tirar o olho da tela - ele é dinâmico, envolvente, interessante e até o último segundo fica impossível cravar qual será o resultado dessa trama tão complexa e mesmo assim a grande discussão moral da história fica martelando na nossa cabeça por algum tempo! Olha, vale o play!!!!

PS: A abertura da minissérie é de um bom gosto incrível!!!!

Assista Agora 

Dividido em 2 partes de 1 hora, em média, essa minissérie documental da HBO mostra o julgamento de Michelle Carter, uma jovem de 17 anos que foi acusada de incentivar o namorado, Conrad Roy, de 18 anos, a se suicidar. O curioso dessa história é que eles sempre estiveram a mais de 60 km de distância um do outro. Todo relacionamento era baseado em mensagens de celular (60.000 pra ser exato)! Por mais maluca que possa parecer essa história, a diretora Erin Lee Carr (Mommy Dead and Dearest) foi muito inteligente em humanizar o caso sem levantar nenhuma bandeira e por mais que sejamos convidados a fazer nossos próprios julgamentos, a cada nova informação nossa cabeça dá um nó!

No dia 14 de julho de 2014, Conrad Roy foi encontrado morto depois de respirar uma enorme quantidade de monóxido de carbono dentro da sua caminhonete, no estacionamento de um supermercado. O que parecia mais um caso de suicídio logo se transformou em uma acusação de homicídio culposo quando, junto ao corpo, foi encontrado um celular sem bateria. Já com o inicio das investigações, foi descoberto uma série de mensagens que, aparentemente, incentivaram Roy a se matar. A responsável por essas mensagens era Michelle Carter, sua namorada. Roy e Michelle namoraram cerca de 2 anos e nesse período se encontraram apenas 5 vezes. A distância e o tempo não afastou o casal, pelo contrário, só fortaleceu a relação: as várias de mensagens que eles trocavam diariamente, só comprovam a enorme sintonia que existia entre os dois - e a minissérie usa muito bem esse material como conceito narrativo, o que dá um tom de proximidade com nossa realidade impressionante. O fato é que eles realmente pareciam se amar e se apoiar em todas as situações, porém Roy sofria de uma depressão severa e Michelle apresentava fortes sinais de sociopatia, ou seja, essa relação era uma bomba prestes a explodir!

É nesse cenário que o documentário ganha força. Com depoimentos da família Roy, dos investigadores, de um jornalista, do advogado de Michelle e de um psiquiatra, "Eu Te Amo, Agora Morra" mostra toda a cronologia do caso: da preparação do suicídio até o veredito do juiz, usando as trocas de mensagens entre o casal como uma espécie de "narrador" (o som das mensagem saindo e chegando são angustiantes) e as cenas do julgamento e das reportagens da época como "fechamentos de bloco", extremamente bem montados, diga-se de passagem. Esse é o tipo de documentário, aliás, que você não consegue tirar o olho da tela - ele é dinâmico, envolvente, interessante e até o último segundo fica impossível cravar qual será o resultado dessa trama tão complexa e mesmo assim a grande discussão moral da história fica martelando na nossa cabeça por algum tempo! Olha, vale o play!!!!

PS: A abertura da minissérie é de um bom gosto incrível!!!!

Assista Agora 

Eu Terei Sumido na Escuridão

Eu Terei Sumido na Escuridão

Dos documentários "true crime" que já assisti e analisei até hoje, "Eu Terei Sumido na Escuridão" da HBO talvez seja o mais humano de todos. Essa característica não faz dele o melhor ou o pior do gênero, mas certamente nos entrega uma narrativa diferente, nos provocando a embarcar em uma história terrível, mas sob o ponto de vista de uma terceira pessoa, a escritora Michelle McNamara, que é capaz de nos conquistar com suas angustias, medos, revoltas e até com uma certa coragem ao expôr suas fragilidades da mesma forma com que tenta, incansavelmente,  desvendar uma das maiores sequências de crimes bárbaros da história dos EUA. 

McNamara é a autora do livro homônimo "I'll Be Gone in the Dark" (título original), onde narra sua jornada como escritora durante a investigação de uma série de casos de estupros e assassinatos em Sacramento durante as décadas de 70 e 80 que posteriormente ficou conhecido como "O caso do assassino de Golden State". Confira o trailer:

A série conta em detalhes todo o trabalho de Michelle McNamara como jornalista investigativa até o momento em que passa a se dedicar integralmente ao caso não resolvido do assassino de Golden State, que estuprou 50 mulheres e matou outras 10 pessoas. O interessante dessa jornada é que pouco a pouco a obstinação de McNamara vai se transformando em uma enorme obsessão, fazendo com que o próprio assassino (ou o que ele representa) domine sua mente e interfira visivelmente na sua vida pessoal - e aqui temos o ponto alto da série: essa linha tênue onde McNamara tenta se equilibrar tem reflexos cruciais e eles são muito mais profundos do que qualquer um que vivia com ela poderia imaginar. Olha, em vários momentos é preciso ter estômago, já que muitas sobreviventes contam sobre os ataques que sofreram com uma riqueza de sensações assustadora e em outros, sofremos na pele as mesmas angústias de uma McNamara inconformada (e pressionada) com o fato do assassino ainda estar solto e isso, de certa forma, vai nos impulsionando a torcer por uma resolução, mesmo sabendo que a protagonista não estará lá para ver! 

Escrito por Liz Garbus (que também dirige dois episódios), a série se divide entre a investigação de McNamara e sua biografia recente, até que ambos se misturam quando ela começa a escrever o livro sobre o assassino. Se apoiando muito na semiótica, Garbus (que já foi indicada para dois Oscars: um com "The Farm: Angola, USA" e outro com o excepcional "What Happened, Miss Simone?") soube trabalhar como ninguém o fato de que McNamara nunca esteve presente durante a produção da série - ao usar suas palavras escritas no livro, brilhantemente narradas por Karen Kilgariff, a diretora acabou criando um tom poético para a visão de McNamara ao mesmo tempo que a força emocional de suas palavras contrastam com a brutalidade dos ataques.

Garbus alternou inúmeras entrevistas bem interessantes, com imagens de arquivo e até uma ou outra dramatização. Dar voz ao marido de McNamara, aos amigos, fãs do blog que escrevia, policiais que trabalharam na investigação na época dos crimes e, por fim, para os seus próprios parceiros de trabalho, mostram exatamente a quantidade de informações relevantes que essa história demanda. O bacana é que mesmo com tanto material, em nenhum momento nos sentimos perdidos - o ritmo é intenso, mas muito bem construído, com muitos elementos de ficção, inclusive, só que extremamente pertinentes ao conceito narrativo imposto pela diretora!

""Eu Terei Sumido na Escuridão" vai agradar quem gosta de séries policiais de crimes reais da mesma forma de quem gosta de biografias com pessoas interessantes e inteligentes. Essa mistura de gêneros entrega um resultado impecável e que, certamente, virá muito forte na temporada de premiações do ano que vem. Vale muito o seu play, de verdade!

Assista Agora

Dos documentários "true crime" que já assisti e analisei até hoje, "Eu Terei Sumido na Escuridão" da HBO talvez seja o mais humano de todos. Essa característica não faz dele o melhor ou o pior do gênero, mas certamente nos entrega uma narrativa diferente, nos provocando a embarcar em uma história terrível, mas sob o ponto de vista de uma terceira pessoa, a escritora Michelle McNamara, que é capaz de nos conquistar com suas angustias, medos, revoltas e até com uma certa coragem ao expôr suas fragilidades da mesma forma com que tenta, incansavelmente,  desvendar uma das maiores sequências de crimes bárbaros da história dos EUA. 

McNamara é a autora do livro homônimo "I'll Be Gone in the Dark" (título original), onde narra sua jornada como escritora durante a investigação de uma série de casos de estupros e assassinatos em Sacramento durante as décadas de 70 e 80 que posteriormente ficou conhecido como "O caso do assassino de Golden State". Confira o trailer:

A série conta em detalhes todo o trabalho de Michelle McNamara como jornalista investigativa até o momento em que passa a se dedicar integralmente ao caso não resolvido do assassino de Golden State, que estuprou 50 mulheres e matou outras 10 pessoas. O interessante dessa jornada é que pouco a pouco a obstinação de McNamara vai se transformando em uma enorme obsessão, fazendo com que o próprio assassino (ou o que ele representa) domine sua mente e interfira visivelmente na sua vida pessoal - e aqui temos o ponto alto da série: essa linha tênue onde McNamara tenta se equilibrar tem reflexos cruciais e eles são muito mais profundos do que qualquer um que vivia com ela poderia imaginar. Olha, em vários momentos é preciso ter estômago, já que muitas sobreviventes contam sobre os ataques que sofreram com uma riqueza de sensações assustadora e em outros, sofremos na pele as mesmas angústias de uma McNamara inconformada (e pressionada) com o fato do assassino ainda estar solto e isso, de certa forma, vai nos impulsionando a torcer por uma resolução, mesmo sabendo que a protagonista não estará lá para ver! 

Escrito por Liz Garbus (que também dirige dois episódios), a série se divide entre a investigação de McNamara e sua biografia recente, até que ambos se misturam quando ela começa a escrever o livro sobre o assassino. Se apoiando muito na semiótica, Garbus (que já foi indicada para dois Oscars: um com "The Farm: Angola, USA" e outro com o excepcional "What Happened, Miss Simone?") soube trabalhar como ninguém o fato de que McNamara nunca esteve presente durante a produção da série - ao usar suas palavras escritas no livro, brilhantemente narradas por Karen Kilgariff, a diretora acabou criando um tom poético para a visão de McNamara ao mesmo tempo que a força emocional de suas palavras contrastam com a brutalidade dos ataques.

Garbus alternou inúmeras entrevistas bem interessantes, com imagens de arquivo e até uma ou outra dramatização. Dar voz ao marido de McNamara, aos amigos, fãs do blog que escrevia, policiais que trabalharam na investigação na época dos crimes e, por fim, para os seus próprios parceiros de trabalho, mostram exatamente a quantidade de informações relevantes que essa história demanda. O bacana é que mesmo com tanto material, em nenhum momento nos sentimos perdidos - o ritmo é intenso, mas muito bem construído, com muitos elementos de ficção, inclusive, só que extremamente pertinentes ao conceito narrativo imposto pela diretora!

""Eu Terei Sumido na Escuridão" vai agradar quem gosta de séries policiais de crimes reais da mesma forma de quem gosta de biografias com pessoas interessantes e inteligentes. Essa mistura de gêneros entrega um resultado impecável e que, certamente, virá muito forte na temporada de premiações do ano que vem. Vale muito o seu play, de verdade!

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Eu, Daniel Blake

Uma imersão pelo desespero humano perante uma burocracia desumana de um sistema hipócrita e ultrapassada! Talvez não exista forma melhor de definir “Eu, Daniel Blake” depois de assimilar a pancada que é se envolver com a narrativa proposta pelo brilhante diretor Ken Loach (de "Mundo Livre"). E aqui vale ressaltar que Loach não apenas levou para casa a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2016, mas também tocou corações e mentes ao redor do mundo como poucas vezes vimos no cinema moderno - seu filme recebeu mais de 30 prêmios em festivais, além de reconhecimento no Bafta, no Goya, em Locarno e no Cézar Awards. Embora o filme seja uma crítica contundente ao sistema de assistência social britânico, sua mensagem ressoa universalmente, ecoando as lutas de muitos que enfrentam a burocracia opressora em momentos de extrema vulnerabilidade - e isso dói demais! Comparável a outras produções do próprio Loach ao trazer para tela discussões profundas sobre dramas sociais, “Eu, Daniel Blake”, posso garantir, se destaca por seu realismo brutal e por sua jornada visceral na busca pelo que é certo por direito.

Daniel Blake (Dave Johns) é um carpinteiro de 59 anos que, após sofrer um ataque cardíaco, se vê incapaz de trabalhar e por isso precisa solicitar benefícios sociais. Durante sua jornada, ele conhece Katie (Hayley Squires), uma mãe solteira que também enfrenta as dificuldades de um sistema indiferente às necessidades humanas. Juntos, Daniel e Katie formam uma aliança improvável e comovente contra a desumanização burocrática, lutando para manter sua dignidade e, principalmente, a esperança. Confira o trailer:

Não tem como iniciar uma análise mais técnica sem citar Ken Loach - ele é simplesmente magistral como diretor ao transformar uma narrativa até certo ponto simples em uma poderosa crítica social sem soar politizado demais! Loach, conhecido por seu estilo realista e por sua abordagem direta, captura a essência da luta cotidiana dos menos favorecidos e decodifica narrativamente como um verdadeira jornada do herói, sem esteriótipos ou pré-conceitos. Repare como ele faz isso sem exageros melodramáticos, sempre se apoiando em uma honestidade brutal que nos obriga, de um lado, uma reflexão mais estruturada e de outro, uma certa necessidade de confronto perante as injustiças retratadas.

A partir de sua identidade fortemente estabelecida em sua filmografia, Loach brinca com nossa percepção sobre onde começa a "ficção" e termina o "documental" ao escolher atores amadores ou pouco conhecidos, como o próprio Dave Johns, adicionando assim uma camada de autenticidade impressionante e para muitos, até rara. Aliás, Johns, com sua atuação crua e sincera, é a personificação da resistência silenciosa e um símbolo da desesperança para muitos que estão à margem da sociedade. A belíssima fotografia de Robbie Ryan (indicado ao Oscar duas vezes, por "Pobres Criaturas" e "A Favorita")  também merece destaque - existe uma simplicidade tão eficaz perante um trabalho tão complexo que é preciso aplaudir de pé. A câmera de Ryan segue de perto os personagens, quase como um documentário, reforçando a sensação de realidade e urgência. As cores são frias e a iluminação é natural, refletindo toda essa atmosfera mais opressiva e desoladora da vida de Daniel e Katie. Essa abordagem visual complementa perfeitamente o conceito narrativo do filme, nos levando em uma experiência onde o foco é unicamente os protagonistas sem distração estética alguma.

“Eu, Daniel Blake” é um filme que todos deveriam assistir - e você vai entender essa observação assim que os créditos subirem. Esse filme não apenas expõe as falhas de um sistema que deveria proteger os mais vulneráveis, mas também celebra a resiliência e a solidariedade humana por um olhar bem mais empático. Ken Loach está no melhor da sua forma, ele oferece uma visão implacável, porém essencial, da luta por dignidade em um mundo cada vez mais indiferente. Olha, não será uma jornada confortável, mas se você estiver disposto a encarar a dura realidade apresentada por Loach, “Eu, Daniel Blake” será uma experiência, de fato, inesquecível. Pode me cobrar depois!

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Uma imersão pelo desespero humano perante uma burocracia desumana de um sistema hipócrita e ultrapassada! Talvez não exista forma melhor de definir “Eu, Daniel Blake” depois de assimilar a pancada que é se envolver com a narrativa proposta pelo brilhante diretor Ken Loach (de "Mundo Livre"). E aqui vale ressaltar que Loach não apenas levou para casa a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2016, mas também tocou corações e mentes ao redor do mundo como poucas vezes vimos no cinema moderno - seu filme recebeu mais de 30 prêmios em festivais, além de reconhecimento no Bafta, no Goya, em Locarno e no Cézar Awards. Embora o filme seja uma crítica contundente ao sistema de assistência social britânico, sua mensagem ressoa universalmente, ecoando as lutas de muitos que enfrentam a burocracia opressora em momentos de extrema vulnerabilidade - e isso dói demais! Comparável a outras produções do próprio Loach ao trazer para tela discussões profundas sobre dramas sociais, “Eu, Daniel Blake”, posso garantir, se destaca por seu realismo brutal e por sua jornada visceral na busca pelo que é certo por direito.

Daniel Blake (Dave Johns) é um carpinteiro de 59 anos que, após sofrer um ataque cardíaco, se vê incapaz de trabalhar e por isso precisa solicitar benefícios sociais. Durante sua jornada, ele conhece Katie (Hayley Squires), uma mãe solteira que também enfrenta as dificuldades de um sistema indiferente às necessidades humanas. Juntos, Daniel e Katie formam uma aliança improvável e comovente contra a desumanização burocrática, lutando para manter sua dignidade e, principalmente, a esperança. Confira o trailer:

Não tem como iniciar uma análise mais técnica sem citar Ken Loach - ele é simplesmente magistral como diretor ao transformar uma narrativa até certo ponto simples em uma poderosa crítica social sem soar politizado demais! Loach, conhecido por seu estilo realista e por sua abordagem direta, captura a essência da luta cotidiana dos menos favorecidos e decodifica narrativamente como um verdadeira jornada do herói, sem esteriótipos ou pré-conceitos. Repare como ele faz isso sem exageros melodramáticos, sempre se apoiando em uma honestidade brutal que nos obriga, de um lado, uma reflexão mais estruturada e de outro, uma certa necessidade de confronto perante as injustiças retratadas.

A partir de sua identidade fortemente estabelecida em sua filmografia, Loach brinca com nossa percepção sobre onde começa a "ficção" e termina o "documental" ao escolher atores amadores ou pouco conhecidos, como o próprio Dave Johns, adicionando assim uma camada de autenticidade impressionante e para muitos, até rara. Aliás, Johns, com sua atuação crua e sincera, é a personificação da resistência silenciosa e um símbolo da desesperança para muitos que estão à margem da sociedade. A belíssima fotografia de Robbie Ryan (indicado ao Oscar duas vezes, por "Pobres Criaturas" e "A Favorita")  também merece destaque - existe uma simplicidade tão eficaz perante um trabalho tão complexo que é preciso aplaudir de pé. A câmera de Ryan segue de perto os personagens, quase como um documentário, reforçando a sensação de realidade e urgência. As cores são frias e a iluminação é natural, refletindo toda essa atmosfera mais opressiva e desoladora da vida de Daniel e Katie. Essa abordagem visual complementa perfeitamente o conceito narrativo do filme, nos levando em uma experiência onde o foco é unicamente os protagonistas sem distração estética alguma.

“Eu, Daniel Blake” é um filme que todos deveriam assistir - e você vai entender essa observação assim que os créditos subirem. Esse filme não apenas expõe as falhas de um sistema que deveria proteger os mais vulneráveis, mas também celebra a resiliência e a solidariedade humana por um olhar bem mais empático. Ken Loach está no melhor da sua forma, ele oferece uma visão implacável, porém essencial, da luta por dignidade em um mundo cada vez mais indiferente. Olha, não será uma jornada confortável, mas se você estiver disposto a encarar a dura realidade apresentada por Loach, “Eu, Daniel Blake” será uma experiência, de fato, inesquecível. Pode me cobrar depois!

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Euphoria

"Euphoria" faz qualquer outra série adolescente parecer um episódio da "Galinha Pintadinha"! Dito isso, sem nenhum exagero, toda aquela discussão que envolveu "13 Reasons Why"depois de seu lançamento pela Netflix, certamente, vai alcançar outro patamar porque essa série da HBO traz um realismo tão chocante que nos faz refletir sobre a própria criação que devemos (ou conseguimos) dar para os nossos filhos!

Depois de assistir alguns episódios da série, a sensação que tive (com um pouco mais de 40 anos) foi a mesma quando assisti "Eu, Christiane F." pela primeira vez, há pelo menos 30 anos atrás. Sem qualquer tipo de comparação entre as duas obras ou o que elas podem representar para uma geração, "Euphoria" tem "cenas que são explícitas, difíceis de assistir e que podem ser gatilhos" - como bem definiu Zendaya, protagonista da série. Zendaya, aliás, nada se faz lembrar dos seus tempos de Disney - ela está impecável no papel da drogada Rue Bennett. É preciso dizer também que em um único episódio você vai encontrar uma adolescente tendo overdose, um pai de família tendo relações sexuais com uma adolescente trans, sexo com estrangulamento, muito bullying e até o drama de ter imagens intimas compartilhadas por WhatsApp! Parece chocante e realmente é, por mais que o criador da série, Sam Levinson, diga que não, que é apenas um retrato do jovem americano dos dias de hoje! Ok, esse retrato é chocante, fica mais um aviso!

"Euphoria" tem uma qualidade técnica e artística muito acima da média. A direção de atores é excelente, mesmo se apoiando em alguns esteriótipos. A fotografia e os movimentos de câmera são bem inventivos, provocadores como o roteiro que mistura loucura com realidade em muitas passagens... o fato é que fica tudo muito alinhado, redondinho! A pegada documental também está presente, o que trás veracidade para aquela ficção - seja por uma camera mais solta, por vários planos mais fechados (intimistas até) e pelos offs da protagonista que servem para costurar toda a história. "13 Reasons Why" trouxe muito desse conceito, mas como comentei anteriormente: "Euphoria" elevou o nível também na sua realização!

É certo que ainda é muito cedo para dizer se "Euphoria" vai funcionar como série. Às vezes a realidade choca demais e o público, normalmente, usa seu momento de lazer para fugir dela, mas não dá para negar que a qualidade narrativa da série, sua produção nível HBO e os assuntos bastante espinhosos criam uma curiosidade que a série vai ter como bancar em todos os episódios até o final da temporada. Na hora de colocar na balança, se muito do que for mostrado tiver um propósito, sua chance de sucesso aumenta, se cair no erro de querer chocar mais do que entreter ou provocar uma discussão, assino o cancelamento já na primeira temporada - pessoalmente eu acho muito difícil que aconteça!

Vale o play? Com certeza, mas esteja preparado para, ao abrir essa janela, enxergar uma realidade nada confortável!

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"Euphoria" faz qualquer outra série adolescente parecer um episódio da "Galinha Pintadinha"! Dito isso, sem nenhum exagero, toda aquela discussão que envolveu "13 Reasons Why"depois de seu lançamento pela Netflix, certamente, vai alcançar outro patamar porque essa série da HBO traz um realismo tão chocante que nos faz refletir sobre a própria criação que devemos (ou conseguimos) dar para os nossos filhos!

Depois de assistir alguns episódios da série, a sensação que tive (com um pouco mais de 40 anos) foi a mesma quando assisti "Eu, Christiane F." pela primeira vez, há pelo menos 30 anos atrás. Sem qualquer tipo de comparação entre as duas obras ou o que elas podem representar para uma geração, "Euphoria" tem "cenas que são explícitas, difíceis de assistir e que podem ser gatilhos" - como bem definiu Zendaya, protagonista da série. Zendaya, aliás, nada se faz lembrar dos seus tempos de Disney - ela está impecável no papel da drogada Rue Bennett. É preciso dizer também que em um único episódio você vai encontrar uma adolescente tendo overdose, um pai de família tendo relações sexuais com uma adolescente trans, sexo com estrangulamento, muito bullying e até o drama de ter imagens intimas compartilhadas por WhatsApp! Parece chocante e realmente é, por mais que o criador da série, Sam Levinson, diga que não, que é apenas um retrato do jovem americano dos dias de hoje! Ok, esse retrato é chocante, fica mais um aviso!

"Euphoria" tem uma qualidade técnica e artística muito acima da média. A direção de atores é excelente, mesmo se apoiando em alguns esteriótipos. A fotografia e os movimentos de câmera são bem inventivos, provocadores como o roteiro que mistura loucura com realidade em muitas passagens... o fato é que fica tudo muito alinhado, redondinho! A pegada documental também está presente, o que trás veracidade para aquela ficção - seja por uma camera mais solta, por vários planos mais fechados (intimistas até) e pelos offs da protagonista que servem para costurar toda a história. "13 Reasons Why" trouxe muito desse conceito, mas como comentei anteriormente: "Euphoria" elevou o nível também na sua realização!

É certo que ainda é muito cedo para dizer se "Euphoria" vai funcionar como série. Às vezes a realidade choca demais e o público, normalmente, usa seu momento de lazer para fugir dela, mas não dá para negar que a qualidade narrativa da série, sua produção nível HBO e os assuntos bastante espinhosos criam uma curiosidade que a série vai ter como bancar em todos os episódios até o final da temporada. Na hora de colocar na balança, se muito do que for mostrado tiver um propósito, sua chance de sucesso aumenta, se cair no erro de querer chocar mais do que entreter ou provocar uma discussão, assino o cancelamento já na primeira temporada - pessoalmente eu acho muito difícil que aconteça!

Vale o play? Com certeza, mas esteja preparado para, ao abrir essa janela, enxergar uma realidade nada confortável!

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Fake Famous

Até que ponto o "marketing de percepção" pode se tornar relevante em uma rede social? A reposta é simples: se não houver conteúdo que justifique aquela exposição, não vale a pena! Mas, será mesmo?

Esse documentário da HBOmostra como é possível construir uma influenciadora mesmo que seja completamente falsa a vida que ela leva. Em "Fake Famous" acompanhamos 3 cobaias escolhidas para um experimento onde são usados todos os truques possíveis para torná-las famosas - da compra de seguidores, likes e comentários no Instagram, até a produção de fotos falsas ou a criação de relações com patrocinadores que não existem comercialmente. Confira o trailer:

A ideia nasceu quando o jornalista Nick Bilton, em sua estreia como documentarista, depois de passar pelo The New York Times e depois pela Vanity Fair como repórter especializado em tecnologia, falou para um de seus editores que conseguiria transformar uma pessoa comum em um influenciador em 10 minutos. A resposta foi positiva, dizendo que o conceito poderia gerar um documentário bastante interessante. A partir daí, Bilton começou a colocar seu projeto em prática. Ele realizou um longo processo de pesquisa e escolha de elenco até encontrar seus três objetos de estudo: Dominique, uma carismática funcionária de uma loja de roupas e aspirante a atriz; Chris, um estilista iniciante recém chegado à Los Angeles; e Wylie, um jovem, gay, assistente em uma empresa do mercado imobiliário.

O interessante do documentário é justamente entender até que ponto o volume de seguidores reflete a relevância que um influenciador pode ter. Ao acompanhar os três personagens, temos a imediata percepção que com os números (na maioria falsos e comprados) vem um bônus, mas também o ônus. Criar algo inexistente pode funcionar, mas o teste prova que não é uma matemática exata e expõe diversos fatores - o impacto na vida desses personagens, certamente, é o que mais impressiona ou você conhece alguém que quer ter uma vida de mentira? Ops, não precisa responder!

Em uma sociedade pautada pelo que é visto e não pelo que é falado, "Fake Famous - uma experiência surreal nas redes" é uma provocação inteligente, com uma narrativa fácil, dinâmica e muito interessante, que nos prende e nos provoca a cada fase do processo. São atalhos que brincam com a percepção de quem acompanha a vida de personalidades nas redes sociais, mais precisamente o Instagram, e como isso vem se transformando em um problema para toda uma jovem geração - e aqui cabe minha única critica ao documentário: faltou se aprofundar nesse problema com uma proposta mais séria de informação e estatística. 

Tirando esse detalhe, é impossível não indicar "Fake Famous" por levantar questões importantes sobre esse recorte social tão atual e, claro, pelo entretenimento bastante curioso e instigante que a experiência proporciona para quem vive e assiste. Vale muito a pena!

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Até que ponto o "marketing de percepção" pode se tornar relevante em uma rede social? A reposta é simples: se não houver conteúdo que justifique aquela exposição, não vale a pena! Mas, será mesmo?

Esse documentário da HBOmostra como é possível construir uma influenciadora mesmo que seja completamente falsa a vida que ela leva. Em "Fake Famous" acompanhamos 3 cobaias escolhidas para um experimento onde são usados todos os truques possíveis para torná-las famosas - da compra de seguidores, likes e comentários no Instagram, até a produção de fotos falsas ou a criação de relações com patrocinadores que não existem comercialmente. Confira o trailer:

A ideia nasceu quando o jornalista Nick Bilton, em sua estreia como documentarista, depois de passar pelo The New York Times e depois pela Vanity Fair como repórter especializado em tecnologia, falou para um de seus editores que conseguiria transformar uma pessoa comum em um influenciador em 10 minutos. A resposta foi positiva, dizendo que o conceito poderia gerar um documentário bastante interessante. A partir daí, Bilton começou a colocar seu projeto em prática. Ele realizou um longo processo de pesquisa e escolha de elenco até encontrar seus três objetos de estudo: Dominique, uma carismática funcionária de uma loja de roupas e aspirante a atriz; Chris, um estilista iniciante recém chegado à Los Angeles; e Wylie, um jovem, gay, assistente em uma empresa do mercado imobiliário.

O interessante do documentário é justamente entender até que ponto o volume de seguidores reflete a relevância que um influenciador pode ter. Ao acompanhar os três personagens, temos a imediata percepção que com os números (na maioria falsos e comprados) vem um bônus, mas também o ônus. Criar algo inexistente pode funcionar, mas o teste prova que não é uma matemática exata e expõe diversos fatores - o impacto na vida desses personagens, certamente, é o que mais impressiona ou você conhece alguém que quer ter uma vida de mentira? Ops, não precisa responder!

Em uma sociedade pautada pelo que é visto e não pelo que é falado, "Fake Famous - uma experiência surreal nas redes" é uma provocação inteligente, com uma narrativa fácil, dinâmica e muito interessante, que nos prende e nos provoca a cada fase do processo. São atalhos que brincam com a percepção de quem acompanha a vida de personalidades nas redes sociais, mais precisamente o Instagram, e como isso vem se transformando em um problema para toda uma jovem geração - e aqui cabe minha única critica ao documentário: faltou se aprofundar nesse problema com uma proposta mais séria de informação e estatística. 

Tirando esse detalhe, é impossível não indicar "Fake Famous" por levantar questões importantes sobre esse recorte social tão atual e, claro, pelo entretenimento bastante curioso e instigante que a experiência proporciona para quem vive e assiste. Vale muito a pena!

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Ferrugem e Osso

"Ferrugem e Osso" é uma adaptação do livro homónimo do canadense Craig Davidson. Ele foi um filme premiadíssimo na temporada de 2012 em vários festivais importantes e que rendeu a indicação de melhor atriz no Globo de Ouro para Marion Cotillard, 4 anos depois dela ter ganho o Oscar com "Piaf". 

Alain (Matthias Schoenaerts) está desempregado e vive com o filho, de apenas cinco anos. Fracassado, ele parte para a casa da irmã em busca de ajuda e logo consegue um emprego como segurança de boate. Um dia, ao apartar uma confusão, ele acaba conhecendo Stéphanie (Marion Cotillard), uma bela treinadora de baleias que trabalha em um parque aquático da cidade. Alain leva Stéphanie para casa e acaba deixando seu cartão, caso ela precise de algum serviço. O que eles não imaginavam é que, pouco tempo depois, ela sofreria um grave acidente que mudaria sua vida para sempre. Confira o lindo trailer:

Olha, esse tipo tema os franceses dominam: o filme é muito bom, mas realmente quem rouba a cena é a Marion Cotillard com um trabalho sensível, profundo nas emoções, na entrega! A direção do Jacques Audiard ("O profeta") é impecável - sua capacidade de trabalhar as cenas mais delicadas do filme com uma certa poesia, não tirou sua dramaticidade e imprimiu uma atmosfera incrível para a história. Outro elemento que merece destaque é a Trilha Sonora do Alexandre Desplat - 11 vezes indicado ao Oscar e Vencedor com a "A Forma da Água"!

"Ferrugem e Osso" não é um "O Escafandro e a Borboleta", nem um "Intocáveis", mas caminha na mesma direção! Vale o seu  play.

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"Ferrugem e Osso" é uma adaptação do livro homónimo do canadense Craig Davidson. Ele foi um filme premiadíssimo na temporada de 2012 em vários festivais importantes e que rendeu a indicação de melhor atriz no Globo de Ouro para Marion Cotillard, 4 anos depois dela ter ganho o Oscar com "Piaf". 

Alain (Matthias Schoenaerts) está desempregado e vive com o filho, de apenas cinco anos. Fracassado, ele parte para a casa da irmã em busca de ajuda e logo consegue um emprego como segurança de boate. Um dia, ao apartar uma confusão, ele acaba conhecendo Stéphanie (Marion Cotillard), uma bela treinadora de baleias que trabalha em um parque aquático da cidade. Alain leva Stéphanie para casa e acaba deixando seu cartão, caso ela precise de algum serviço. O que eles não imaginavam é que, pouco tempo depois, ela sofreria um grave acidente que mudaria sua vida para sempre. Confira o lindo trailer:

Olha, esse tipo tema os franceses dominam: o filme é muito bom, mas realmente quem rouba a cena é a Marion Cotillard com um trabalho sensível, profundo nas emoções, na entrega! A direção do Jacques Audiard ("O profeta") é impecável - sua capacidade de trabalhar as cenas mais delicadas do filme com uma certa poesia, não tirou sua dramaticidade e imprimiu uma atmosfera incrível para a história. Outro elemento que merece destaque é a Trilha Sonora do Alexandre Desplat - 11 vezes indicado ao Oscar e Vencedor com a "A Forma da Água"!

"Ferrugem e Osso" não é um "O Escafandro e a Borboleta", nem um "Intocáveis", mas caminha na mesma direção! Vale o seu  play.

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Flash

Por mais que meu comentário possa parecer redundante, é preciso pontuar alguns detalhes antes de entrarmos em uma análise mais profunda: "Flash" é um filme de herói e como tal, eu diria que é um ótimo entretenimento para quem gosta do gênero - embora tenha alguns gaps de roteiro que provavelmente se devem as incontáveis montagens e alterações que o filme sofreu para se adequar ao novo DCU. Ao olhar para o filme como uma obra individual, tenha certeza que sua diversão está garantida (mesmo que para o meu gosto, ainda falte uma identidade estética para a DC desde que Zack Snyder deixou a direção artística do Estúdio). A síndrome de vira-lata da DC em querer transformar seus projetos em um conjunto de "piadinhas" como da Marvel, chega a irritar mesmo tendo momentos engraçados - mas isso a gente deixa para os fãs discutirem. O fato é que essa adaptação livremente baseada na HQ do personagem, "Ponto de Ignição", tem mais méritos do que problemas e se o James Gunn e o Peter Safran forem inteligentes (e acho que são), o pontapé inicial que eles precisavam para a nova fase, sem jogar fora tudo que já foi produzido até aqui, está no filme!

Depois dos eventos de "Liga da Justiça", Barry Allen decide viajar no tempo para evitar o assassinato de sua mãe, pelo qual seu pai foi injustamente condenado. O que ele não imaginava é que essa escolha teria consequências catastróficas para todo universo. Ao voltar no tempo, Allen se vê em uma espécie de efeito borboleta que vai muito além do seu drama pessoal, com isso ele precisa voltar ao seu plano original para tentar reestabelecer a ordem natural das coisas. Confira o trailer:

O criativo Andy Muschietti (que alcançou fama mundial após comandar os dois capítulos do terror "IT") faz um trabalho primoroso ao trazer elementos visuais vibrantes e muito bem estilizados de um personagem secundário da DC que veio ganhando cada vez mais a atenção do grande público. É perceptível que Muschietti ainda titubeia entre as cenas de ação e a narrativa mais dramática do roteiro, no entanto é preciso elogiar sua capacidade de criar uma dinâmica eletrizante para contar essa história. Os efeitos visuais oscilam entre a alta qualidade que dá vida à velocidade impressionante do Flash e as composições "Chapolin Colorado" de alguns eventos do filme como, por exemplo, a cena dos bebês em perigo do prólogo - os bebês eram tão falsos que nem angustiados ficamos. É importante ressaltar aqui, como a fotografia do inglês Henry Braham (parceiro de Gunn em "O Esquadrão Suicida") é importante: ele  brinca com o conceito de tempo e espaço, utilizando técnicas de câmera lenta e panorâmicas rápidas para transmitir a sensação de movimento supersônico com maestria. Golaço do filme!

Jogando um pouco na contramão do "épico de herói" com muita inteligência, "Flash" sabe aproveitar o drama emocionalmente marcante - algo como vimos no "Batman" do Nolan (não na forma, mas no conceito). O filme sabe muito bem mergulhar fundo nas consequências das escolhas do personagem fortalecendo o dilema central de sacrificar sua felicidade pessoal em prol de um mundo melhor - o relacionamento entre Barry e sua mãe Iris West (Kiersey Clemons), simboliza exatamente esse paradoxo! A relação entre eles na linha do tempo alternativa, adiciona uma dimensão de afeto e saudade que resolve o problema da falta de desenvolvimento que precede o drama de seu pai (Ron Livingston) e que potencializa os eventos do terceiro ato conectando toda a jornada do protagonista com um tom mais clássico.

Se o clímax de "Flash" está justamente na colisão dos mundos ao assumir que a sequência é um retalho de referências e homenagens que vão de Christopher Reeve até Nicolas Cage, passando por Jack Nicholson e até Adam West, fica fácil argumentar que estamos diante de um final de ciclo e de um inicio promissor de outro (essencialmente se o novo Batman for o George Clooney - se não for, Gunn pode ter perdido uma oportunidade marcante de apresentar o novo personagem e você vai entender ao assistir o filme). A verdade é que "Flash", surpreendentemente, cumpre muito bem o seu papel e não apenas como uma peça de quebra-cabeça, mas sim como um novo olhar para uma jornada que explora as consequências das escolhas e o peso do sacrifício pessoal perante o todo, mesmo que repleto de ação, alguma emoção e até funcionando como gatilho para um futuro que nos gera boas expectativas - então que venha "Superman: Legacy"!

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Por mais que meu comentário possa parecer redundante, é preciso pontuar alguns detalhes antes de entrarmos em uma análise mais profunda: "Flash" é um filme de herói e como tal, eu diria que é um ótimo entretenimento para quem gosta do gênero - embora tenha alguns gaps de roteiro que provavelmente se devem as incontáveis montagens e alterações que o filme sofreu para se adequar ao novo DCU. Ao olhar para o filme como uma obra individual, tenha certeza que sua diversão está garantida (mesmo que para o meu gosto, ainda falte uma identidade estética para a DC desde que Zack Snyder deixou a direção artística do Estúdio). A síndrome de vira-lata da DC em querer transformar seus projetos em um conjunto de "piadinhas" como da Marvel, chega a irritar mesmo tendo momentos engraçados - mas isso a gente deixa para os fãs discutirem. O fato é que essa adaptação livremente baseada na HQ do personagem, "Ponto de Ignição", tem mais méritos do que problemas e se o James Gunn e o Peter Safran forem inteligentes (e acho que são), o pontapé inicial que eles precisavam para a nova fase, sem jogar fora tudo que já foi produzido até aqui, está no filme!

Depois dos eventos de "Liga da Justiça", Barry Allen decide viajar no tempo para evitar o assassinato de sua mãe, pelo qual seu pai foi injustamente condenado. O que ele não imaginava é que essa escolha teria consequências catastróficas para todo universo. Ao voltar no tempo, Allen se vê em uma espécie de efeito borboleta que vai muito além do seu drama pessoal, com isso ele precisa voltar ao seu plano original para tentar reestabelecer a ordem natural das coisas. Confira o trailer:

O criativo Andy Muschietti (que alcançou fama mundial após comandar os dois capítulos do terror "IT") faz um trabalho primoroso ao trazer elementos visuais vibrantes e muito bem estilizados de um personagem secundário da DC que veio ganhando cada vez mais a atenção do grande público. É perceptível que Muschietti ainda titubeia entre as cenas de ação e a narrativa mais dramática do roteiro, no entanto é preciso elogiar sua capacidade de criar uma dinâmica eletrizante para contar essa história. Os efeitos visuais oscilam entre a alta qualidade que dá vida à velocidade impressionante do Flash e as composições "Chapolin Colorado" de alguns eventos do filme como, por exemplo, a cena dos bebês em perigo do prólogo - os bebês eram tão falsos que nem angustiados ficamos. É importante ressaltar aqui, como a fotografia do inglês Henry Braham (parceiro de Gunn em "O Esquadrão Suicida") é importante: ele  brinca com o conceito de tempo e espaço, utilizando técnicas de câmera lenta e panorâmicas rápidas para transmitir a sensação de movimento supersônico com maestria. Golaço do filme!

Jogando um pouco na contramão do "épico de herói" com muita inteligência, "Flash" sabe aproveitar o drama emocionalmente marcante - algo como vimos no "Batman" do Nolan (não na forma, mas no conceito). O filme sabe muito bem mergulhar fundo nas consequências das escolhas do personagem fortalecendo o dilema central de sacrificar sua felicidade pessoal em prol de um mundo melhor - o relacionamento entre Barry e sua mãe Iris West (Kiersey Clemons), simboliza exatamente esse paradoxo! A relação entre eles na linha do tempo alternativa, adiciona uma dimensão de afeto e saudade que resolve o problema da falta de desenvolvimento que precede o drama de seu pai (Ron Livingston) e que potencializa os eventos do terceiro ato conectando toda a jornada do protagonista com um tom mais clássico.

Se o clímax de "Flash" está justamente na colisão dos mundos ao assumir que a sequência é um retalho de referências e homenagens que vão de Christopher Reeve até Nicolas Cage, passando por Jack Nicholson e até Adam West, fica fácil argumentar que estamos diante de um final de ciclo e de um inicio promissor de outro (essencialmente se o novo Batman for o George Clooney - se não for, Gunn pode ter perdido uma oportunidade marcante de apresentar o novo personagem e você vai entender ao assistir o filme). A verdade é que "Flash", surpreendentemente, cumpre muito bem o seu papel e não apenas como uma peça de quebra-cabeça, mas sim como um novo olhar para uma jornada que explora as consequências das escolhas e o peso do sacrifício pessoal perante o todo, mesmo que repleto de ação, alguma emoção e até funcionando como gatilho para um futuro que nos gera boas expectativas - então que venha "Superman: Legacy"!

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Florida Project

Orlando, na Florida, é considerada a capital mundial das férias. Um paraíso que recebe anualmente milhões de turistas do mundo inteiro - uma espécie de "Reino Mágico" com incontáveis parques temáticos, jantares com espectáculos, etc. Mas Orlando tem o seu outro lado, sem tanto brilho, sem tanta diversão! É essa história que "Florida Project" teme em contar: ​Halley (Bria Vinaite) e sua filha Moonee (Brooklynn Prince), de seis anos, vivem em um motel barato de beira de estrada. Enquanto a mãe se vira entre um trabalho mal pago e uma vida caótica, Moonee e suas amigas do motel ao lado passam os dias explorando prédios abandonados, tomando sorvete e pregando peças nos funcionários – tendo como alvo especial o sempre paciente Bobby (Willem Dafoe). Confira o trailer:

Na maratona "Oscar 2018", acho que o filme que mais gostei (e o que tem menos indicações) foi "Florida Project"! Ele é quase um documentário, cruel, realista e visceral de uma sociedade americana que não costuma aparecer em Hollywood! O diretor Sean Baker (de "Tangerine") trouxe uma câmera solta, caótica as vezes - tudo isso para expor, sem pedir licença, as histórias por trás desse Motel baixo-custo de Orlando e, claro, de seus moradores - especialmente de uma mãe completamente irresponsável e de sua filha de 6 anos. São planos curtos, cortes secos e não lineares - o que dá uma dinâmica muito interessante para o filme. A fotografia do mexicano Alexis Zabe é sensacional, muitas vezes vista de baixo para cima, propositalmente sem um enquadramento perfeito e que escancara uma Orlando que não estamos acostumados e como ela interfere na vida dessas crianças "reais", sem condições de viver a magia que a cidade oferece aos turistas.

"Florida Project" é um filme muito interessante com uma narrativa inteligente e muito bem conduzida. O desenho de som, somada a essa fotografia, é um show a parte. A cada plano externo, ouvimos (e vemos) os helicópteros pousando ou decolando, jogando na nossa cara o abismo social que é discutido no filme. A indicação para o Oscar ficou por conta de Dafoe (melhor ator coadjuvante) - essa indicação faz justiça a um belíssimo trabalho. E digo mais, daria pra ter colocado a criança, Brooklyn Prince, e a sua mãe Bria Vinaite, nessa disputa tranquilamente.

Olha, é um grande trabalho... Emocionante!!! Não deixem de assistir!!!

Assista Agora

Orlando, na Florida, é considerada a capital mundial das férias. Um paraíso que recebe anualmente milhões de turistas do mundo inteiro - uma espécie de "Reino Mágico" com incontáveis parques temáticos, jantares com espectáculos, etc. Mas Orlando tem o seu outro lado, sem tanto brilho, sem tanta diversão! É essa história que "Florida Project" teme em contar: ​Halley (Bria Vinaite) e sua filha Moonee (Brooklynn Prince), de seis anos, vivem em um motel barato de beira de estrada. Enquanto a mãe se vira entre um trabalho mal pago e uma vida caótica, Moonee e suas amigas do motel ao lado passam os dias explorando prédios abandonados, tomando sorvete e pregando peças nos funcionários – tendo como alvo especial o sempre paciente Bobby (Willem Dafoe). Confira o trailer:

Na maratona "Oscar 2018", acho que o filme que mais gostei (e o que tem menos indicações) foi "Florida Project"! Ele é quase um documentário, cruel, realista e visceral de uma sociedade americana que não costuma aparecer em Hollywood! O diretor Sean Baker (de "Tangerine") trouxe uma câmera solta, caótica as vezes - tudo isso para expor, sem pedir licença, as histórias por trás desse Motel baixo-custo de Orlando e, claro, de seus moradores - especialmente de uma mãe completamente irresponsável e de sua filha de 6 anos. São planos curtos, cortes secos e não lineares - o que dá uma dinâmica muito interessante para o filme. A fotografia do mexicano Alexis Zabe é sensacional, muitas vezes vista de baixo para cima, propositalmente sem um enquadramento perfeito e que escancara uma Orlando que não estamos acostumados e como ela interfere na vida dessas crianças "reais", sem condições de viver a magia que a cidade oferece aos turistas.

"Florida Project" é um filme muito interessante com uma narrativa inteligente e muito bem conduzida. O desenho de som, somada a essa fotografia, é um show a parte. A cada plano externo, ouvimos (e vemos) os helicópteros pousando ou decolando, jogando na nossa cara o abismo social que é discutido no filme. A indicação para o Oscar ficou por conta de Dafoe (melhor ator coadjuvante) - essa indicação faz justiça a um belíssimo trabalho. E digo mais, daria pra ter colocado a criança, Brooklyn Prince, e a sua mãe Bria Vinaite, nessa disputa tranquilamente.

Olha, é um grande trabalho... Emocionante!!! Não deixem de assistir!!!

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Fome de Poder

Basicamente existe duas formas de assistir "Fome de Poder" - a primeira pelo entretenimento puro e simples, e aí talvez o filme não seja tão consistente, dinâmico e empolgante quanto sua premissa prometia. A segunda, e é aí que o roteiro brilha, é que a história por trás de Ray Kroc é simplesmente genial - uma aula com muitos elementos e nuances que servem de lição para quem empreende (para o lado bom e para lado ruim).

O filme do diretor John Lee Hancock (de "Um sonho possível") se propõe a contar a história de ascensão do McDonald's. Após receber uma demanda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, um fracassado vendedor de Illinois chamado Ray Kroc (Michael Keaton) adquire uma participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice "Mac" McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco, eliminando os dois das decisões estratégicas, acaba transformando a marca em um gigantesco império de fast food. Confira o trailer:

Muito mais do que uma rede de lanchonetes, o McDonald's se tornou um verdadeiro símbolo cultural que conquistou o planeta e como o próprio Mark Zuckerberg de Jesse Eisenberg sugeriu em "A Rede Social": "Você não faz 500 milhões de amigos, sem fazer alguns inimigos". Pois bem, a história de Ray Kroc inegavelmente segue esse mesmo conceito em sua jornada empreendedora e obviamente existe um preço a se pagar. Kroc é apresentado como uma pessoa determinada, visionária, resiliente e tão focada no sucesso que em nenhum momento hesita em abrir mão de sua ética profissional ou de sua relação com a família para alcançar seu objetivo - é impressionante como o roteiro do Robert Siegel (do imperdível "Bem-Vindos ao Clube da Sedução") vai construindo essa persona e Keaton vai embarcando na ideia com uma performance digna de muitos prêmios.

Embora "Fome de Poder" possa ser considerado um "filme de ator", sua estrutura narrativa naturalmente amplia a visão do entretenimento para ganhar ainda mais força com as lições que a própria história pode nos ensinar. Frases como "Se você pretende crescer na vida, pessoal e profissionalmente, deve aprender a assumir riscos" ou "Você não precisa ser o melhor em tudo, desde que esteja cercado das melhores pessoas para auxiliá-lo” pontuam uma linha do tempo bem construída, mas que não deixa de pincelar aquele certo tom de fábula. A fotografia do John Schwartzman (indicado ao Oscar por "Seabiscuit: Alma de Herói") prioriza as cores quentes e saturadas, criando uma ambientação agradável, enquanto a trilha sonora de Carter Burwell (de "Três Anúncios para um Crime") se prontifica a trazer a transição entre o triunfante e o sombrio - reparem como o mood do filme vai se modificando, ganhando ares de "Succession" mesmo antes da série da HBO se quer existir.

"Fome de Poder" pode dividir opiniões baseado no olhar ou na perspectiva de quem assiste. Sim, existe um discurso cínico, fortemente apoiado nos pilares do capitalismo (selvagem) americano, mas nunca crítico em relação aos movimentos de Ray Kroc e de suas escolhas estratégicas - principalmente se levarmos em consideração que todo marketing das redes de fast foodno EUA, historicamente, deriva de uma premissa de costumes, de coletividade; e não de conveniências da industrialização. Dito isso, posso te garantir que "The Founder" (no original) tem um apelo inegável enquanto narrativa e que certamente vai te provocar muitas reflexões, além de expandir seus horizontes como quem é capaz de ler (e perceber) as maravilhas escritas nas entre-linhas.

Vale muito o seu play! 

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Basicamente existe duas formas de assistir "Fome de Poder" - a primeira pelo entretenimento puro e simples, e aí talvez o filme não seja tão consistente, dinâmico e empolgante quanto sua premissa prometia. A segunda, e é aí que o roteiro brilha, é que a história por trás de Ray Kroc é simplesmente genial - uma aula com muitos elementos e nuances que servem de lição para quem empreende (para o lado bom e para lado ruim).

O filme do diretor John Lee Hancock (de "Um sonho possível") se propõe a contar a história de ascensão do McDonald's. Após receber uma demanda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, um fracassado vendedor de Illinois chamado Ray Kroc (Michael Keaton) adquire uma participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice "Mac" McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco, eliminando os dois das decisões estratégicas, acaba transformando a marca em um gigantesco império de fast food. Confira o trailer:

Muito mais do que uma rede de lanchonetes, o McDonald's se tornou um verdadeiro símbolo cultural que conquistou o planeta e como o próprio Mark Zuckerberg de Jesse Eisenberg sugeriu em "A Rede Social": "Você não faz 500 milhões de amigos, sem fazer alguns inimigos". Pois bem, a história de Ray Kroc inegavelmente segue esse mesmo conceito em sua jornada empreendedora e obviamente existe um preço a se pagar. Kroc é apresentado como uma pessoa determinada, visionária, resiliente e tão focada no sucesso que em nenhum momento hesita em abrir mão de sua ética profissional ou de sua relação com a família para alcançar seu objetivo - é impressionante como o roteiro do Robert Siegel (do imperdível "Bem-Vindos ao Clube da Sedução") vai construindo essa persona e Keaton vai embarcando na ideia com uma performance digna de muitos prêmios.

Embora "Fome de Poder" possa ser considerado um "filme de ator", sua estrutura narrativa naturalmente amplia a visão do entretenimento para ganhar ainda mais força com as lições que a própria história pode nos ensinar. Frases como "Se você pretende crescer na vida, pessoal e profissionalmente, deve aprender a assumir riscos" ou "Você não precisa ser o melhor em tudo, desde que esteja cercado das melhores pessoas para auxiliá-lo” pontuam uma linha do tempo bem construída, mas que não deixa de pincelar aquele certo tom de fábula. A fotografia do John Schwartzman (indicado ao Oscar por "Seabiscuit: Alma de Herói") prioriza as cores quentes e saturadas, criando uma ambientação agradável, enquanto a trilha sonora de Carter Burwell (de "Três Anúncios para um Crime") se prontifica a trazer a transição entre o triunfante e o sombrio - reparem como o mood do filme vai se modificando, ganhando ares de "Succession" mesmo antes da série da HBO se quer existir.

"Fome de Poder" pode dividir opiniões baseado no olhar ou na perspectiva de quem assiste. Sim, existe um discurso cínico, fortemente apoiado nos pilares do capitalismo (selvagem) americano, mas nunca crítico em relação aos movimentos de Ray Kroc e de suas escolhas estratégicas - principalmente se levarmos em consideração que todo marketing das redes de fast foodno EUA, historicamente, deriva de uma premissa de costumes, de coletividade; e não de conveniências da industrialização. Dito isso, posso te garantir que "The Founder" (no original) tem um apelo inegável enquanto narrativa e que certamente vai te provocar muitas reflexões, além de expandir seus horizontes como quem é capaz de ler (e perceber) as maravilhas escritas nas entre-linhas.

Vale muito o seu play! 

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Gaming Wall Street

"Gaming Wall Street" chegou ao Brasil pela HBO Max com mais de 6 meses de atraso em relação ao seu lançamento nos EUA. Esse movimento gerou algumas indagações sobre as consequências dos assuntos abordados no documentário e, sinceramente, não me surpreenderia se essa especulação, de fato, fosse a razão de tanta demora. Por se tratar de uma das histórias mais loucas dos últimos anos e pelos nomes envolvidos na produção, toda narrativa dá a exata impressão de que uma nova crise nos moldes daquela de 2008 é só uma questão de tempo - o motivo, lógico, a ganância!

Narrado por Kieran Culkin (com um tom que faz muito lembrar seu personagem Roman Roy de "Succession"), o documentário dividido em duas partes tenta explicar como pequenos investidores que se organizaram a partir de um grupo do Reddit focado em investimentos, o r/Wallstreetbets, quase colapsaram o mercado de ações ao entrarem em um embate direto contra grandes fundos de investimento de Wall Street que apostavam na derrocada de uma (queridinha) rede de varejo especializada em compra e venda de mídias físicas de jogos de video-game chamada GameStop. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo austriaco Tobias Deml, "Gaming Wall Street" tem dois episódios completamente diferentes um do outro. Para alinharmos bem as expectativas, ele não é um documentário sobre o caso da GameStop, mas sim um estudo sobre as falhas no sistema que envolve Wall Street e que, ai sim, a partir desse caso específico, escancara a fragilidade do processo de negociação de ações com a entrada de novos players como o "Robinhood" - uma startup com base na tecnologia que criou um app extremamente intuitivo que entrega facilidade para que qualquer um possa investir na bolsa sem custo de corretagem.

O interessante é que ao longo das histórias que o documentário retrata, entendemos que nem tudo é o que parece. Por trás do "divino" propósito de um app que prometia democratizar uma relação financeira sem intermediários, na verdade existia uma dinâmica escondida (embora legal) de corretagem onde o conflito de interesses (esse sim ilegal) fez com que a startup manipulasse o mercado, evitando que grandes corretoras como a Melvin Capital fossem prejudicadas no caso da GameStop - sim, o app chegou a tirar o botão "comprar" da tela, para evitar maiores problemas (e perdas) para seus aliados (e para si mesmo).

Embora possa parecer bem complicado para um público pouco acostumado com o assunto e com os termos que envolvem essas operações, "Gaming Wall Street" tenta de todas as formas parecer didático ao mesmo tempo que entretém.  Em meio aos depoimentos dos vários personagens que transitaram por Wall Street ou pelas telas de computador (e de celular) durante o caso da GameStopsequências animadas explicam a mecânica de algumas ações como as "vendas a descoberto", por exemplo. Culkin traz leveza para as narrações enquanto gifs e memes estabelecem um conceito onde a cultura da Internet ou a dinâmica dos podcasts se encaixem melhor do que uma narrativa documental dura e enfadonha.

Para quem gosta do estilo "Trabalho Interno" sobre crimes financeiros, você vai se divertir com o play!

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"Gaming Wall Street" chegou ao Brasil pela HBO Max com mais de 6 meses de atraso em relação ao seu lançamento nos EUA. Esse movimento gerou algumas indagações sobre as consequências dos assuntos abordados no documentário e, sinceramente, não me surpreenderia se essa especulação, de fato, fosse a razão de tanta demora. Por se tratar de uma das histórias mais loucas dos últimos anos e pelos nomes envolvidos na produção, toda narrativa dá a exata impressão de que uma nova crise nos moldes daquela de 2008 é só uma questão de tempo - o motivo, lógico, a ganância!

Narrado por Kieran Culkin (com um tom que faz muito lembrar seu personagem Roman Roy de "Succession"), o documentário dividido em duas partes tenta explicar como pequenos investidores que se organizaram a partir de um grupo do Reddit focado em investimentos, o r/Wallstreetbets, quase colapsaram o mercado de ações ao entrarem em um embate direto contra grandes fundos de investimento de Wall Street que apostavam na derrocada de uma (queridinha) rede de varejo especializada em compra e venda de mídias físicas de jogos de video-game chamada GameStop. Confira o trailer (em inglês):

Dirigido pelo austriaco Tobias Deml, "Gaming Wall Street" tem dois episódios completamente diferentes um do outro. Para alinharmos bem as expectativas, ele não é um documentário sobre o caso da GameStop, mas sim um estudo sobre as falhas no sistema que envolve Wall Street e que, ai sim, a partir desse caso específico, escancara a fragilidade do processo de negociação de ações com a entrada de novos players como o "Robinhood" - uma startup com base na tecnologia que criou um app extremamente intuitivo que entrega facilidade para que qualquer um possa investir na bolsa sem custo de corretagem.

O interessante é que ao longo das histórias que o documentário retrata, entendemos que nem tudo é o que parece. Por trás do "divino" propósito de um app que prometia democratizar uma relação financeira sem intermediários, na verdade existia uma dinâmica escondida (embora legal) de corretagem onde o conflito de interesses (esse sim ilegal) fez com que a startup manipulasse o mercado, evitando que grandes corretoras como a Melvin Capital fossem prejudicadas no caso da GameStop - sim, o app chegou a tirar o botão "comprar" da tela, para evitar maiores problemas (e perdas) para seus aliados (e para si mesmo).

Embora possa parecer bem complicado para um público pouco acostumado com o assunto e com os termos que envolvem essas operações, "Gaming Wall Street" tenta de todas as formas parecer didático ao mesmo tempo que entretém.  Em meio aos depoimentos dos vários personagens que transitaram por Wall Street ou pelas telas de computador (e de celular) durante o caso da GameStopsequências animadas explicam a mecânica de algumas ações como as "vendas a descoberto", por exemplo. Culkin traz leveza para as narrações enquanto gifs e memes estabelecem um conceito onde a cultura da Internet ou a dinâmica dos podcasts se encaixem melhor do que uma narrativa documental dura e enfadonha.

Para quem gosta do estilo "Trabalho Interno" sobre crimes financeiros, você vai se divertir com o play!

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Gran Turismo

"Gran Turismo", que ganhou o expositivo subtítulo "De Jogador a Corredor", é divertido como uma partida de video-game, mas não espere um roteiro tão bem desenvolvido, com personagens cheio de camadas ou até com uma qualidade artística como "Rush" ou "Ford vs Ferrari". Na verdade, o filme dirigido pelo Neill Blomkamp (que fez fama com seu "Distrito 9") está muito mais para aquele entretenimento despretensioso do saudoso "Dias de Trovão". Blomkamp, que ficou conhecido por sua narrativa criativa, envolvente e com um apuro conceitual marcante, se aproveita de uma proposta bastante curiosa, adaptar um complexo simulador de corrida de carros, para criar uma experiência mais leve, interessante ao ponto de tornar uma história desconhecida, embora real, em algo emocionante e dinâmica que nem damos conta de suas várias limitações como obra cinematográfica.

Na trama, acompanhamos a jornada do jovem Jann Mardenborough (Archie Madekwe), um jogador de Gran Turismo que recebe a oportunidade de se tornar piloto de verdade após o diretor de marketing da Nissan, Danny Moore (Orlando Bloom), convencer os executivos japoneses a criar uma competição onde os melhores jogadores do simulador treinariam na GT Academy e o que mais de destacasse seria contratado para competir pela equipe oficial da montadora no Mundial de Marcas - isso, claro, com a ajuda do engenheiro e lendário ex-piloto, Jack Salter (David Harbour). Confira o trailer:

Em um primeiro olhar, é inegável que "Gran Turismo" soe como uma grandiosa peça de marketing -  o que de fato é, mas que não chega a incomodar tanto graças a honestidade com que o próprio personagem de Bloom contextualiza aquele ambiente corporativo e a proposta inovadora da Nissan de olhar para potenciais novos clientes - leia-se "jovens que gostam de jogos de carros". Veja, Gran Turismo, o jogo, por si só já é conhecido pela sua experiência pouco narrativa justamente por emular, em detalhes, a complexa física de dirigir, onde estudar as pistas, traçados, fabricantes e toda a dinâmica de configurar um carro de corrida faz toda a diferença. Pois bem, se o amante da velocidade já se frustra com a dificuldade do jogo ao ponto de correr para títulos mais populares como "Burnout", o que pensar de uma adaptação para o cinema com essa matéria prima, digamos, técnica demais?

É aí que a proposta do "Branded Entertainment" de "Gran Turismo" titubeia, já que é o fator humano que nos prende ao filme. Pouca gente conhece a improvável história de Jann Mardenborough - ele é o astro, sua jornada para o sucesso é o ponto de conexão, não o jogo do Sony ou os carros da Nissan! Embora o diretor até acerte ao criar mais pontos de sinergia estética entre o "digital" e o "real", o filme nos prende mesmo é por causa da situação inusitada que colocou o protagonista em um universo que até ali não era para amadores. Obviamente que Blomkamp sabia que a gramática cinematográfica do jogo poderia ser replicada no filme com muito CGI e com a ajuda do competente diretor de fotografia francês, Jacques Jouffret (de "Bloodshot" - outra adaptação com esse aspecto mais "video-game" de ação), mas é na relação entre um outsider, Mardenborough, e um desconfiado "macaco-velho", Jack Salter, que o filme ganha sua alma.

Embora o roteiro, dos indicados ao Oscar, Jason Hall (por "Sniper Americano") e Zach Baylin (por "King Richard"), siga a receita de qualquer drama esportivo onde um azarão com um sonho impossível recebe uma oportunidade única, passando por obstáculos profissionais e emocionais, empecilhos de classe, rejeição de colegas e familiares, chega ao seu destino com muita resiliência; eu diria que "Gran Turismo - De Jogador a Corredor" está mais para a celebração de uma paixão que a tecnologia nos fez o favor de tornar palpável, seja jogando uma boa partida no playstation ou simplesmente dando um play nesse longa-metragem bastante fiel ao que o jogo representa.

Vale pela diversão e, por que não, pela nostalgia de quem um dia esteve com o controle na mão.

Assista Agora

"Gran Turismo", que ganhou o expositivo subtítulo "De Jogador a Corredor", é divertido como uma partida de video-game, mas não espere um roteiro tão bem desenvolvido, com personagens cheio de camadas ou até com uma qualidade artística como "Rush" ou "Ford vs Ferrari". Na verdade, o filme dirigido pelo Neill Blomkamp (que fez fama com seu "Distrito 9") está muito mais para aquele entretenimento despretensioso do saudoso "Dias de Trovão". Blomkamp, que ficou conhecido por sua narrativa criativa, envolvente e com um apuro conceitual marcante, se aproveita de uma proposta bastante curiosa, adaptar um complexo simulador de corrida de carros, para criar uma experiência mais leve, interessante ao ponto de tornar uma história desconhecida, embora real, em algo emocionante e dinâmica que nem damos conta de suas várias limitações como obra cinematográfica.

Na trama, acompanhamos a jornada do jovem Jann Mardenborough (Archie Madekwe), um jogador de Gran Turismo que recebe a oportunidade de se tornar piloto de verdade após o diretor de marketing da Nissan, Danny Moore (Orlando Bloom), convencer os executivos japoneses a criar uma competição onde os melhores jogadores do simulador treinariam na GT Academy e o que mais de destacasse seria contratado para competir pela equipe oficial da montadora no Mundial de Marcas - isso, claro, com a ajuda do engenheiro e lendário ex-piloto, Jack Salter (David Harbour). Confira o trailer:

Em um primeiro olhar, é inegável que "Gran Turismo" soe como uma grandiosa peça de marketing -  o que de fato é, mas que não chega a incomodar tanto graças a honestidade com que o próprio personagem de Bloom contextualiza aquele ambiente corporativo e a proposta inovadora da Nissan de olhar para potenciais novos clientes - leia-se "jovens que gostam de jogos de carros". Veja, Gran Turismo, o jogo, por si só já é conhecido pela sua experiência pouco narrativa justamente por emular, em detalhes, a complexa física de dirigir, onde estudar as pistas, traçados, fabricantes e toda a dinâmica de configurar um carro de corrida faz toda a diferença. Pois bem, se o amante da velocidade já se frustra com a dificuldade do jogo ao ponto de correr para títulos mais populares como "Burnout", o que pensar de uma adaptação para o cinema com essa matéria prima, digamos, técnica demais?

É aí que a proposta do "Branded Entertainment" de "Gran Turismo" titubeia, já que é o fator humano que nos prende ao filme. Pouca gente conhece a improvável história de Jann Mardenborough - ele é o astro, sua jornada para o sucesso é o ponto de conexão, não o jogo do Sony ou os carros da Nissan! Embora o diretor até acerte ao criar mais pontos de sinergia estética entre o "digital" e o "real", o filme nos prende mesmo é por causa da situação inusitada que colocou o protagonista em um universo que até ali não era para amadores. Obviamente que Blomkamp sabia que a gramática cinematográfica do jogo poderia ser replicada no filme com muito CGI e com a ajuda do competente diretor de fotografia francês, Jacques Jouffret (de "Bloodshot" - outra adaptação com esse aspecto mais "video-game" de ação), mas é na relação entre um outsider, Mardenborough, e um desconfiado "macaco-velho", Jack Salter, que o filme ganha sua alma.

Embora o roteiro, dos indicados ao Oscar, Jason Hall (por "Sniper Americano") e Zach Baylin (por "King Richard"), siga a receita de qualquer drama esportivo onde um azarão com um sonho impossível recebe uma oportunidade única, passando por obstáculos profissionais e emocionais, empecilhos de classe, rejeição de colegas e familiares, chega ao seu destino com muita resiliência; eu diria que "Gran Turismo - De Jogador a Corredor" está mais para a celebração de uma paixão que a tecnologia nos fez o favor de tornar palpável, seja jogando uma boa partida no playstation ou simplesmente dando um play nesse longa-metragem bastante fiel ao que o jogo representa.

Vale pela diversão e, por que não, pela nostalgia de quem um dia esteve com o controle na mão.

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Grande Demais para Quebrar

"Grande demais para Quebrar" é um filmaço, mas não é nada fácil - embora tenha alguns diálogos bastante didáticos como o que define a crise de 2008 enquanto a equipe do governo se preparava para emitir um comunicado para a imprensa no inicio do terceiro ato. É preciso que se diga que o filme, uma ficção baseada em fatos reais, não é, nem de longe, uma narrativa fluida e auto-explicativa para quem conhece pouco do assunto ou da dinâmica econômica da época. O vencedor do Oscar de 2011, "Trabalho Interno" é quase um pré-requisito para assistir "Grande demais para Quebrar". Sim, o assunto é exatamente o mesmo, mas dessa vez acompanhamos a bomba explodindo pelos olhos de Henry Paulson, secretário do Tesouro dos Estados Unidos e na época o grande responsável pela saúde da economia do governo Bush.

O mercado financeiro era, há poucos anos, um paraíso: salários multimilionários, bônus exagerados e lucros astronômicos. Tudo começou a ruir em 2008. O filme retrata a crise econômica que até hoje afeta a economia dos EUA, tomando como tema central os esforços do então secretário do tesouro americano, Henry Paulson (William Hurt), para controlar os danos a partir de conversas com Richard Fuld, Ben Bernanke, Warren Buffett e Tim Geithner, e assim tentar salvar o Lehman Brothers. Durante as negociações, buscava-se uma solução privada envolvendo banqueiros de investimento e membros do Congresso para preservar a empresa sediada em Nova York, mas, como se sabe, o problema era muito mais complexo. Confira o trailer, em inglês:

"Grande demais para Quebrar" foi indicado para 3 Globos de Ouro em 2012: Melhor Filme para TV, Melhor Ator (William Hurt) e Melhor ator Coadjuvante (Paul Giamatti), sem contar a indicação para, acreditem, 11 Emmys em 2011 - e provavelmente você não assistiu a essa obra de arte!

O que salta aos olhos logo de cara, sem a menor dúvida, é o elenco: William Hurt, Paul Giamatti, James Woods, Cynthia Nixon, Billy Crudup - só para citar alguns! A direção de Curtis Hanson de "L.A. Confidential", a fotografia de Kramer Morgenthau (Creed II) e o roteiro de Peter Gould (Breaking Bad) terminam de compor esse perfeito Dream Team! Mas vamos aos fatos: o maior mérito do filme é o de não demonizar seus personagens, deixando o julgamento exclusivamente para quem assiste. É possível perceber em algumas cenas, todo o mindset daquele grupo de executivos e membros do governo, mas será preciso alguma sensibilidade para separar os sentimentos mais íntimos em um momento conturbado da economia com sua postura maniqueísta como tomador de decisões no ambiente corporativo - e isso humaniza os personagens de tal forma, que temos a exata impressão que não se trata de uma ficção (o prólogo do filme e as cenas de arquivo, normalmente da imprensa falada, inseridas na narrativa, ajudam muito nessa percepção).

Como todos os filmes e documentários sobre o tema, "Grande demais para Quebrar" é um retrato da hipocrisia corporativa e de como o descaso do mercado financeiro, tão em evidência, podem gerar consequências catastróficas. O diferencial está na forma como o filme mostra, por dentro e de maneira inteligente, as tentativas e equívocos do governo durante o caos financeiro – lidando com egos de grandes executivos que só pensaram em si, mesmo assistindo de camarote suas empresas afundarem após conscientes vendas de derivativos e títulos podres.

Vale muito o seu play!

Assista Agora

"Grande demais para Quebrar" é um filmaço, mas não é nada fácil - embora tenha alguns diálogos bastante didáticos como o que define a crise de 2008 enquanto a equipe do governo se preparava para emitir um comunicado para a imprensa no inicio do terceiro ato. É preciso que se diga que o filme, uma ficção baseada em fatos reais, não é, nem de longe, uma narrativa fluida e auto-explicativa para quem conhece pouco do assunto ou da dinâmica econômica da época. O vencedor do Oscar de 2011, "Trabalho Interno" é quase um pré-requisito para assistir "Grande demais para Quebrar". Sim, o assunto é exatamente o mesmo, mas dessa vez acompanhamos a bomba explodindo pelos olhos de Henry Paulson, secretário do Tesouro dos Estados Unidos e na época o grande responsável pela saúde da economia do governo Bush.

O mercado financeiro era, há poucos anos, um paraíso: salários multimilionários, bônus exagerados e lucros astronômicos. Tudo começou a ruir em 2008. O filme retrata a crise econômica que até hoje afeta a economia dos EUA, tomando como tema central os esforços do então secretário do tesouro americano, Henry Paulson (William Hurt), para controlar os danos a partir de conversas com Richard Fuld, Ben Bernanke, Warren Buffett e Tim Geithner, e assim tentar salvar o Lehman Brothers. Durante as negociações, buscava-se uma solução privada envolvendo banqueiros de investimento e membros do Congresso para preservar a empresa sediada em Nova York, mas, como se sabe, o problema era muito mais complexo. Confira o trailer, em inglês:

"Grande demais para Quebrar" foi indicado para 3 Globos de Ouro em 2012: Melhor Filme para TV, Melhor Ator (William Hurt) e Melhor ator Coadjuvante (Paul Giamatti), sem contar a indicação para, acreditem, 11 Emmys em 2011 - e provavelmente você não assistiu a essa obra de arte!

O que salta aos olhos logo de cara, sem a menor dúvida, é o elenco: William Hurt, Paul Giamatti, James Woods, Cynthia Nixon, Billy Crudup - só para citar alguns! A direção de Curtis Hanson de "L.A. Confidential", a fotografia de Kramer Morgenthau (Creed II) e o roteiro de Peter Gould (Breaking Bad) terminam de compor esse perfeito Dream Team! Mas vamos aos fatos: o maior mérito do filme é o de não demonizar seus personagens, deixando o julgamento exclusivamente para quem assiste. É possível perceber em algumas cenas, todo o mindset daquele grupo de executivos e membros do governo, mas será preciso alguma sensibilidade para separar os sentimentos mais íntimos em um momento conturbado da economia com sua postura maniqueísta como tomador de decisões no ambiente corporativo - e isso humaniza os personagens de tal forma, que temos a exata impressão que não se trata de uma ficção (o prólogo do filme e as cenas de arquivo, normalmente da imprensa falada, inseridas na narrativa, ajudam muito nessa percepção).

Como todos os filmes e documentários sobre o tema, "Grande demais para Quebrar" é um retrato da hipocrisia corporativa e de como o descaso do mercado financeiro, tão em evidência, podem gerar consequências catastróficas. O diferencial está na forma como o filme mostra, por dentro e de maneira inteligente, as tentativas e equívocos do governo durante o caos financeiro – lidando com egos de grandes executivos que só pensaram em si, mesmo assistindo de camarote suas empresas afundarem após conscientes vendas de derivativos e títulos podres.

Vale muito o seu play!

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Grandes Chefs: Torneio dos Campeões

"Grandes Chefs: Torneio dos Campeões" é uma competição de verdade - tão emocionante quanto viciante para quem realmente gosta de gastronomia e na minha opinião, com o modelo mais justo para definir o seu campeão! Pois bem, mais para um "The Final Table"ou "24 em 24: O Último Chef de Pé" do que para "Masterchef" ou "Top Chef", "Tournament of Champions" (no original) é um reality de competição culinária da Food Network (leia-se Max), que traz uma abordagem realmente eletrizante para o gênero ao criar um torneio no estilo "mata-mata" com chefs, de fato, renomados, competindo em batalhas das mais intensas - e não se surpreenda se você reconhecer um chef que já esteve competindo em algum outro programa de tv ou até que já tenha sido jurado ao lado do Gordon Ramsay, por exemplo. Sim, essa série lançado em 2020 e que já perpetua por algumas temporadas, merece sua atenção pela combinação entre o alto nível técnico, a enorme pressão das batalhas e algumas surpresas inesperadas que deixam a disputa ainda mais interessante!

Apresentado pelo excêntrico Guy Fieri, "Grandes Chefs: Torneio dos Campeões" traz para a gastronomia o modelo de disputa de muitas modalidades esportivas com eliminação direta. Chefs de diferentes partes dos Estados Unidos se enfrentam em batalhas "um contra um", logo após passar por uma espécie de roleta, nomeada de "Randomizer", que gera aleatoriamente os ingredientes, os equipamentos, os estilos culinários e o tempo de preparo que eles devem usar até entregar seu prato para os juízes julgarem. Esse elemento, aliás, introduz um nível adicional de dificuldade, desafiando os participantes a improvisarem e adaptarem suas habilidades de forma criativa e ágil. Confira no teaser (em inglês):

Olha, se o ponto forte de "Grandes Chefs: Torneio dos Campeões" é o nível excepcional de habilidades técnicas dos competidores, ao reunir chefs estabelecidos e renomados, especialmente para aqueles que já acompanham outras competições do gênero, é inegável que a experiência fica ainda mais envolvente e divertida - a excelência culinária é o centro das atenções, claro, mas a conexão com alguns dos participantes ajuda demais na jornada. O formato se beneficia da tensão natural de uma batalha "quem perder cai fora", mas repare como algumas rivalidades são carregadas desde outras competições, fazendo com que as disputas passem a representar uma espécie de "tira-teima" no que diz respeito as demonstrações de técnicas avançadas, além, obviamente, de toda criatividade no uso dos ingredientes e da capacidade dos chefs de trabalhar sob extrema pressão. Competidores como Brooke Williamson, Antonia Lofaso e Michael Voltaggio, todos experientes, vencedores de prêmios e "Top Chefs" ou "Choppeds" da vida, trazem um alto nível de profissionalismo e competitividade que nos prende, também pela torcida, até o final!

Se o "Randomizer" é uma das inovações mais interessantes do programa, colocando os chefs fora de suas zonas de conforto ao impor desafios inesperados, como ter que preparar um prato com ingredientes improváveis ou em tempos curtos, é o sistema de julgamento que, no meu modo de ver, coloca a competição em uma outra prateleira de seriedade e justiça. Ao contrário de muitos programas de culinária, onde os jurados podem ver quem está cozinhando, aqui os pratos são julgados às cegas - isso garante um nível de imparcialidade e transparência impressionante, eliminando possíveis favoritismos e fazendo com que o sabor, a técnica e a apresentação falem mais alto do que o nome ou o currículo!

Guy Fieri, com sua personalidade carismática e energia contagiante, desempenha o papel de host com entusiasmo, criando uma atmosfera animada e, ao mesmo tempo, competitiva. Sua experiência como chef e apresentador de programas do gênero traz credibilidade à competição, dando a ele uma liberdade natural na interação com os competidores, mas sem perder sua função de maestro de todo o show. Já o corpo de jurados é composto por alguns dos nomes mais respeitados da gastronomia americana, incluindo chefs e críticos experientes - repare como os comentários e avaliações são criteriosos e também oferece para a audiência uma perspectiva educacional sobre o processo culinário, destacando as complexidades e as decisões que os chefs enfrentam.

Enfim, *Grandes Chefs - Torneio dos Campeões* é mais um reality de competição que vale muito o seu play, especialmente para os amantes da gastronomia que apreciam as técnicas e as dinâmicas de grandes chefs que se propõem a enfrentar desafios imprevisíveis em um formato que mantém a imparcialidade dos julgamentos ao mesmo tempo que oferece uma experiência emocionante e inspiradora para quem assiste. Imperdível!

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"Grandes Chefs: Torneio dos Campeões" é uma competição de verdade - tão emocionante quanto viciante para quem realmente gosta de gastronomia e na minha opinião, com o modelo mais justo para definir o seu campeão! Pois bem, mais para um "The Final Table"ou "24 em 24: O Último Chef de Pé" do que para "Masterchef" ou "Top Chef", "Tournament of Champions" (no original) é um reality de competição culinária da Food Network (leia-se Max), que traz uma abordagem realmente eletrizante para o gênero ao criar um torneio no estilo "mata-mata" com chefs, de fato, renomados, competindo em batalhas das mais intensas - e não se surpreenda se você reconhecer um chef que já esteve competindo em algum outro programa de tv ou até que já tenha sido jurado ao lado do Gordon Ramsay, por exemplo. Sim, essa série lançado em 2020 e que já perpetua por algumas temporadas, merece sua atenção pela combinação entre o alto nível técnico, a enorme pressão das batalhas e algumas surpresas inesperadas que deixam a disputa ainda mais interessante!

Apresentado pelo excêntrico Guy Fieri, "Grandes Chefs: Torneio dos Campeões" traz para a gastronomia o modelo de disputa de muitas modalidades esportivas com eliminação direta. Chefs de diferentes partes dos Estados Unidos se enfrentam em batalhas "um contra um", logo após passar por uma espécie de roleta, nomeada de "Randomizer", que gera aleatoriamente os ingredientes, os equipamentos, os estilos culinários e o tempo de preparo que eles devem usar até entregar seu prato para os juízes julgarem. Esse elemento, aliás, introduz um nível adicional de dificuldade, desafiando os participantes a improvisarem e adaptarem suas habilidades de forma criativa e ágil. Confira no teaser (em inglês):

Olha, se o ponto forte de "Grandes Chefs: Torneio dos Campeões" é o nível excepcional de habilidades técnicas dos competidores, ao reunir chefs estabelecidos e renomados, especialmente para aqueles que já acompanham outras competições do gênero, é inegável que a experiência fica ainda mais envolvente e divertida - a excelência culinária é o centro das atenções, claro, mas a conexão com alguns dos participantes ajuda demais na jornada. O formato se beneficia da tensão natural de uma batalha "quem perder cai fora", mas repare como algumas rivalidades são carregadas desde outras competições, fazendo com que as disputas passem a representar uma espécie de "tira-teima" no que diz respeito as demonstrações de técnicas avançadas, além, obviamente, de toda criatividade no uso dos ingredientes e da capacidade dos chefs de trabalhar sob extrema pressão. Competidores como Brooke Williamson, Antonia Lofaso e Michael Voltaggio, todos experientes, vencedores de prêmios e "Top Chefs" ou "Choppeds" da vida, trazem um alto nível de profissionalismo e competitividade que nos prende, também pela torcida, até o final!

Se o "Randomizer" é uma das inovações mais interessantes do programa, colocando os chefs fora de suas zonas de conforto ao impor desafios inesperados, como ter que preparar um prato com ingredientes improváveis ou em tempos curtos, é o sistema de julgamento que, no meu modo de ver, coloca a competição em uma outra prateleira de seriedade e justiça. Ao contrário de muitos programas de culinária, onde os jurados podem ver quem está cozinhando, aqui os pratos são julgados às cegas - isso garante um nível de imparcialidade e transparência impressionante, eliminando possíveis favoritismos e fazendo com que o sabor, a técnica e a apresentação falem mais alto do que o nome ou o currículo!

Guy Fieri, com sua personalidade carismática e energia contagiante, desempenha o papel de host com entusiasmo, criando uma atmosfera animada e, ao mesmo tempo, competitiva. Sua experiência como chef e apresentador de programas do gênero traz credibilidade à competição, dando a ele uma liberdade natural na interação com os competidores, mas sem perder sua função de maestro de todo o show. Já o corpo de jurados é composto por alguns dos nomes mais respeitados da gastronomia americana, incluindo chefs e críticos experientes - repare como os comentários e avaliações são criteriosos e também oferece para a audiência uma perspectiva educacional sobre o processo culinário, destacando as complexidades e as decisões que os chefs enfrentam.

Enfim, *Grandes Chefs - Torneio dos Campeões* é mais um reality de competição que vale muito o seu play, especialmente para os amantes da gastronomia que apreciam as técnicas e as dinâmicas de grandes chefs que se propõem a enfrentar desafios imprevisíveis em um formato que mantém a imparcialidade dos julgamentos ao mesmo tempo que oferece uma experiência emocionante e inspiradora para quem assiste. Imperdível!

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Gravidade

O cineasta Alfonso Cuarón já havia mostrado seu virtuosismo estético em "Filhos da Esperança" de 2006. Em "Gravidade", ele cria um universo de computação gráfica (!) crível, original e simplesmente deslumbrante.

A premissa é relativamente simples: dois astronautas estão realizando manutenção em uma estação espacial, quando uma chuva de detritos começa a atingi-los. A partir daí, começa uma corrida pela sobrevivência no inóspito ambiente além da atmosfera. Confira o trailer:

A fotografia do ícone Emmanuel Lubezki, é maravilhosa: os enquadramentos são inventivos e o filme retrata fielmente o vácuo de som existente no espaço. A imponente trilha sonora “dubla” as explosões silenciosas e eleva o nível de tensão. Importante dizer que esse primor técnico rendeu ao filme 7 estatuetas do Oscar em 2014: Melhor Direção, Fotografia, Edição, Efeitos Visuais, Trilha Sonora, Edição de Som e Mixagem de Som. 

Sandra Bullock entrega uma grande atuação como a Dra. Ryan, lutando pela sobrevivência no espaço após perder o motivo de viver em terra firme. Através dela, o filme imprime alegorias sobre renascimento e até evolucionismo. George Clooney acumula as funções de alívio cômico e mentor, construindo ótimas interações com a astronauta inexperiente.

O fato é que "Gravidade" é um espetáculo espacial. É claustrofóbico, mesmo na imensidão galáctica. É tenso, mas incrivelmente belo. É um realismo digital, mas altamente imersivo. É uma experiência que deve ser sentida! Vale muito, mas muito, a pena!

Obs: Em sua carreira pelos festivais de cinema, "Gravidade" faturou mais de 230 prêmios além de outras 187 indicações. Impressionante!

Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria@dicastreaming 

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O cineasta Alfonso Cuarón já havia mostrado seu virtuosismo estético em "Filhos da Esperança" de 2006. Em "Gravidade", ele cria um universo de computação gráfica (!) crível, original e simplesmente deslumbrante.

A premissa é relativamente simples: dois astronautas estão realizando manutenção em uma estação espacial, quando uma chuva de detritos começa a atingi-los. A partir daí, começa uma corrida pela sobrevivência no inóspito ambiente além da atmosfera. Confira o trailer:

A fotografia do ícone Emmanuel Lubezki, é maravilhosa: os enquadramentos são inventivos e o filme retrata fielmente o vácuo de som existente no espaço. A imponente trilha sonora “dubla” as explosões silenciosas e eleva o nível de tensão. Importante dizer que esse primor técnico rendeu ao filme 7 estatuetas do Oscar em 2014: Melhor Direção, Fotografia, Edição, Efeitos Visuais, Trilha Sonora, Edição de Som e Mixagem de Som. 

Sandra Bullock entrega uma grande atuação como a Dra. Ryan, lutando pela sobrevivência no espaço após perder o motivo de viver em terra firme. Através dela, o filme imprime alegorias sobre renascimento e até evolucionismo. George Clooney acumula as funções de alívio cômico e mentor, construindo ótimas interações com a astronauta inexperiente.

O fato é que "Gravidade" é um espetáculo espacial. É claustrofóbico, mesmo na imensidão galáctica. É tenso, mas incrivelmente belo. É um realismo digital, mas altamente imersivo. É uma experiência que deve ser sentida! Vale muito, mas muito, a pena!

Obs: Em sua carreira pelos festivais de cinema, "Gravidade" faturou mais de 230 prêmios além de outras 187 indicações. Impressionante!

Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria@dicastreaming 

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Homem-Aranha Através do Aranhaverso

Visualmente espetacular, "Homem-Aranha Através do Aranhaverso" coloca o gênero de longa-metragem de animação em outro patamar, conseguindo o que parecia impossível: ser ainda mais inovador conceitualmente que seu antecessor "Homem-Aranha no Aranhaverso". Sem a menor dúvida que o filme dirigido pelos premiados Kemp Powers e Justin K. Thompson, além do "novato" Joaquim Dos Santos (de Invencível"), mais uma vez, transcende as barreiras do que poderíamos chamar de convencional, com uma narrativa dinâmica que oferece uma experiência ainda mais imersiva, sem esquecer, claro, do princípio básico de nunca se afastar daquele mood de HQ. Obviamente que o que faz o filme se destacar são os elementos visuais, mas a narrativa cativante e a abordagem corajosa da mitologia do Homem-Aranha em seu multiverso também merece destaque - no entanto, e é preciso que se diga, são tantas referências, de tantas fases e formas do herói, que para quem não é tão ligado naquele contexto, pode soar bastante confuso ou no mínimo não tão interessante.

Miles Morales (Shameik Moore), o simpático jovem Homem-Aranha do Brooklyn, é transportado para uma aventura através do tempo e espaço ao lado de sua amiga Gwen Stacy (Hailee Steinfeld), onde acaba mudando os rumos de um dos universos quando salva um policial da morte. Ao ser confrontado sobre essa atitude impensada por Miguel O’Hara e Jessica Drew, as cabeças por trás da Sociedade Aranha que fiscaliza a integridade do multiverso, Morales fica sabendo que ele é o único Homem-Aranha que não deveria existir e agora, para salvar as pessoas que ele mais ama, ele precisa redefinir o significado de ser um super-herói enquanto luta para encontrar seu lugar no Aranhaverso sem tantos lutos! Confira o trailer:

"Homem-Aranha Através do Aranhaverso" é uma explosão de criatividade visual e narrativa que chega ser difícil até definir, dadas as inúmeras técnicas usadas para contar uma história que parece amarrar muito bem todo esse conceito maluco de multiverso. A proposta de mesclar diferentes estilos de animação, desde o traço mais tradicional da HQ até o visual mais moderno do vídeo-game, sem dúvida que cria uma experiência deslumbrante para a audiência. A direção de arte e as animações em si, são impecáveis, fazendo com que cada cena, cada plano, cada sequência, de fato, pareçam obras de arte em movimento - e o interessante é que isso está no DNA desde a criação do projeto, no entanto, diretores e roteiristas parecem não usar desse deslumbre como bengala para esconder uma trama fraca ou sem sentido. Reparem como a história de conexão entre Miles e Gwenpromove a clássica expansão da mitologia do herói, o que aliás se espera dos segundos filmes de uma trilogia, sem tornar isso um inchaço ou uma barriga narrativa típica de uma continuação mal planejada.

É incrível como "Através do Aranhaverso" também amadureceu, indo além de uma história de herói para explorar temas mais universais como autodescoberta, responsabilidade e pertencimento - tudo está inserido dentro de um objetivo tão maior que, a cada camada, o filme ganha em profundidade, mas sem nunca esquecer da diversão. Aqui, inclusive, a trilha sonora, repleta de batidas pulsantes e músicas envolventes, contribui para essa atmosfera única do filme, dando a exata sensação de que a edição "MTV" quando bem usada, ainda pode trazer muita diversão para o cinema em suas diferentes formas - existe toda uma proposital poluição visual dos infinitos Aranhas, em suas cores e traços, mas depois sempre vem momentos de calmaria como se merecêssemos um certo descanso aos olhos e são nesses alívios que o roteiro reforça os laços relacionais que constroem de maneira tão empática a base dos princípios do herói.

Mesmo sabendo que o filme vai acabar abruptamente, já que um terceiro capitulo sempre foi anunciado como o final definitivo da jornada de Morales (o que eu duvido), "Homem-Aranha Através do Aranhaverso" entrega o que promete e em nenhum momento diminui as conquistas históricas do primeiro filme. A fusão entre inovação técnica, narrativa envolvente e uma abordagem corajosa do personagem, realmente cria uma experiência que ressoa na audiência independente do conhecimento prévio daquele universo. Ajuda ser um super fã? Claro, a trama está cheio de easter eggs, no entanto é o fato do filme ser um deleite para os sentidos que fica impossível não atestar que essa será uma das melhores animações que você assistirá na vida!

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Visualmente espetacular, "Homem-Aranha Através do Aranhaverso" coloca o gênero de longa-metragem de animação em outro patamar, conseguindo o que parecia impossível: ser ainda mais inovador conceitualmente que seu antecessor "Homem-Aranha no Aranhaverso". Sem a menor dúvida que o filme dirigido pelos premiados Kemp Powers e Justin K. Thompson, além do "novato" Joaquim Dos Santos (de Invencível"), mais uma vez, transcende as barreiras do que poderíamos chamar de convencional, com uma narrativa dinâmica que oferece uma experiência ainda mais imersiva, sem esquecer, claro, do princípio básico de nunca se afastar daquele mood de HQ. Obviamente que o que faz o filme se destacar são os elementos visuais, mas a narrativa cativante e a abordagem corajosa da mitologia do Homem-Aranha em seu multiverso também merece destaque - no entanto, e é preciso que se diga, são tantas referências, de tantas fases e formas do herói, que para quem não é tão ligado naquele contexto, pode soar bastante confuso ou no mínimo não tão interessante.

Miles Morales (Shameik Moore), o simpático jovem Homem-Aranha do Brooklyn, é transportado para uma aventura através do tempo e espaço ao lado de sua amiga Gwen Stacy (Hailee Steinfeld), onde acaba mudando os rumos de um dos universos quando salva um policial da morte. Ao ser confrontado sobre essa atitude impensada por Miguel O’Hara e Jessica Drew, as cabeças por trás da Sociedade Aranha que fiscaliza a integridade do multiverso, Morales fica sabendo que ele é o único Homem-Aranha que não deveria existir e agora, para salvar as pessoas que ele mais ama, ele precisa redefinir o significado de ser um super-herói enquanto luta para encontrar seu lugar no Aranhaverso sem tantos lutos! Confira o trailer:

"Homem-Aranha Através do Aranhaverso" é uma explosão de criatividade visual e narrativa que chega ser difícil até definir, dadas as inúmeras técnicas usadas para contar uma história que parece amarrar muito bem todo esse conceito maluco de multiverso. A proposta de mesclar diferentes estilos de animação, desde o traço mais tradicional da HQ até o visual mais moderno do vídeo-game, sem dúvida que cria uma experiência deslumbrante para a audiência. A direção de arte e as animações em si, são impecáveis, fazendo com que cada cena, cada plano, cada sequência, de fato, pareçam obras de arte em movimento - e o interessante é que isso está no DNA desde a criação do projeto, no entanto, diretores e roteiristas parecem não usar desse deslumbre como bengala para esconder uma trama fraca ou sem sentido. Reparem como a história de conexão entre Miles e Gwenpromove a clássica expansão da mitologia do herói, o que aliás se espera dos segundos filmes de uma trilogia, sem tornar isso um inchaço ou uma barriga narrativa típica de uma continuação mal planejada.

É incrível como "Através do Aranhaverso" também amadureceu, indo além de uma história de herói para explorar temas mais universais como autodescoberta, responsabilidade e pertencimento - tudo está inserido dentro de um objetivo tão maior que, a cada camada, o filme ganha em profundidade, mas sem nunca esquecer da diversão. Aqui, inclusive, a trilha sonora, repleta de batidas pulsantes e músicas envolventes, contribui para essa atmosfera única do filme, dando a exata sensação de que a edição "MTV" quando bem usada, ainda pode trazer muita diversão para o cinema em suas diferentes formas - existe toda uma proposital poluição visual dos infinitos Aranhas, em suas cores e traços, mas depois sempre vem momentos de calmaria como se merecêssemos um certo descanso aos olhos e são nesses alívios que o roteiro reforça os laços relacionais que constroem de maneira tão empática a base dos princípios do herói.

Mesmo sabendo que o filme vai acabar abruptamente, já que um terceiro capitulo sempre foi anunciado como o final definitivo da jornada de Morales (o que eu duvido), "Homem-Aranha Através do Aranhaverso" entrega o que promete e em nenhum momento diminui as conquistas históricas do primeiro filme. A fusão entre inovação técnica, narrativa envolvente e uma abordagem corajosa do personagem, realmente cria uma experiência que ressoa na audiência independente do conhecimento prévio daquele universo. Ajuda ser um super fã? Claro, a trama está cheio de easter eggs, no entanto é o fato do filme ser um deleite para os sentidos que fica impossível não atestar que essa será uma das melhores animações que você assistirá na vida!

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I Know this Much is True

Desde que assistimos o primeiro episódio de "I Know this Much is True", ficou fácil perceber que se tratava de uma minissérie diferente! Pode até parecer repetitivo, mas encontrar na HBO um projeto comandado por Derek Cianfrance (de “Blue Valentine” e "A Luz entre Oceanos") já foi o suficiente para que embarcássemos nessa jornada sem o menor receio de errar - e olha, que jornada foi essa?! "I Know this Much is True" é um drama denso, profundo, incômodo; é um mergulho na intimidade mais obscura de um personagem tão complexo como Dominick Birdsey (Mark Ruffalo). São 6 episódios de 60 minutos que nos tiram completamente do equilíbrio emocional, que nos provocam ao julgamento, à empatia, compaixão e, principalmente, ao auto-conhecimento - isso mesmo, Cianfrance usa da mesma excelência ao discutir as relações de familiares, que usou para expôr a fragilidade da relação de um casal no ótimo "Blue Valentine").

"I Know this Much is True" não tem uma narrativa tão dinâmica, isso é um fato, mas a forma como o roteiro usa o relacionamento entre Dominick e seu irmão gêmeo para falar sobre a importância (e as influências) da ancestralidade, é genial! A minissérie é uma adaptação do livro de Wally Lamb e acompanha Dominick, um pintor divorciado que se sente responsável pelo irmão Thomas, que após um surto causado por sua esquizofrenia, corta a própria mão em uma biblioteca pública e é encaminhado para um hospital forense cheio de criminosos. Confira o belíssimo trailer e tente não se envolver com esse drama:

A partir das lembranças mais traumáticas do próprio Dominick, a minissérie vai pontuando como as experiências do passado refletem ativamente na sua relação com o irmão e nas atitudes de ambos no presente. Das agressões que sofriam do padrasto, Ray (John Procaccino), em uma infância completamente desestruturada e abusiva, ao dolorido divórcio de Dessa (Kathryn Hahn), até a morte prematura da sua mãe, vamos entendendo (e sofrendo com) o protagonista e nos relacionando com sua dor como poucas vezes fizemos recentemente. "I Know this Much is True" é uma aula de direção, de roteiro e de interpretação; que machuca, mas que também nos faz pensar e acreditar que nada acontece por acaso e que cabe a nós mudar o rumo das histórias onde somos os personagens!

Embora "I Know this Much is True" tenha uma qualidade de produção incontestável, a soma (ou o encontro) de talentos individuais é o ponto forte da minissérie. De cara, o trabalho do Mark Ruffalo salta aos olhos - sua performance como Dominick e como o gêmeo, Thomas, é algo digno de todos os prêmios da próxima temporada e pode acreditar: talvez seja o nome mais forte para levar tudo que se tem direito! Outros três trabalhos merecem nossa atenção: Kathryn Hahn como a ex-mulher de Dominick, Dessa, vai te destruir emocionalmente - quando descobrimos a razão da separação do casal é como se estivessem esmagando nosso coração!  John Procaccino como o padrasto abusivo, Ray - ele fica enrolando em 5 episódios, mas quando chega no último, ele dá um verdadeiro show! Rosie O'Donnell como Lisa Sheffer está sensacional - ela tem uma verdade na sua interpretação que é comovente! E para finalizar, Juliette Lewis - mesmo aparecendo com destaque apenas no primeiro episódio, sua Nedra Frank, uma descontrolada acadêmica contratada por Dominick para traduzir a história de seu avô italiano, está simplesmente impagável!

Além do show do elenco, não podemos deixar de citar o trabalho técnico e artístico de Derek Cianfrance. Ele cria uma atmosfera tão particular e, nesse caso, tão  depressiva, que praticamente nos obriga a pausar a minissérie algumas vezes para nos recompor, tamanho é o desconforto que sua narrativa nos causa. A direção está muito alinhada ao tipo de história que Wally Lamb quis contar e com isso fica fácil perceber a importância de um grande diretor para equilibrar o enquadramento mais adequado para aquele tipo de texto (invariavelmente com planos mais fechados) com uma ótima direção de atores, sem perder o realismo. Em "I Know this Much is True" as pausas dramáticas fazem tanto sentido que o silêncio é quase ensurdecedor - reparem! A fotografia do Jody Lee Lipes (de "Girls") é linda e a composição emocional que ela faz com a trilha sonora define muito bem a sensação de "vazio" dos personagens em vários momentos da minissérie!

Sinceramente, é a esperança por um final feliz que nos move até o sexto episódio, mas é a reflexão sobre cada uma das situações que acompanhamos que nos dá a força para continuar ao lado de Dominick. "I Know this Much is True" está longe de ser um entretenimento tranquilo, na verdade é uma minissérie cansativa psicologicamente, para assistir aos poucos, mas que vale pela experiência profunda, quase sensorial, de um trabalho único, de uma equipe talentosa e de um texto extremamente profundo! 

Assista Agora

Desde que assistimos o primeiro episódio de "I Know this Much is True", ficou fácil perceber que se tratava de uma minissérie diferente! Pode até parecer repetitivo, mas encontrar na HBO um projeto comandado por Derek Cianfrance (de “Blue Valentine” e "A Luz entre Oceanos") já foi o suficiente para que embarcássemos nessa jornada sem o menor receio de errar - e olha, que jornada foi essa?! "I Know this Much is True" é um drama denso, profundo, incômodo; é um mergulho na intimidade mais obscura de um personagem tão complexo como Dominick Birdsey (Mark Ruffalo). São 6 episódios de 60 minutos que nos tiram completamente do equilíbrio emocional, que nos provocam ao julgamento, à empatia, compaixão e, principalmente, ao auto-conhecimento - isso mesmo, Cianfrance usa da mesma excelência ao discutir as relações de familiares, que usou para expôr a fragilidade da relação de um casal no ótimo "Blue Valentine").

"I Know this Much is True" não tem uma narrativa tão dinâmica, isso é um fato, mas a forma como o roteiro usa o relacionamento entre Dominick e seu irmão gêmeo para falar sobre a importância (e as influências) da ancestralidade, é genial! A minissérie é uma adaptação do livro de Wally Lamb e acompanha Dominick, um pintor divorciado que se sente responsável pelo irmão Thomas, que após um surto causado por sua esquizofrenia, corta a própria mão em uma biblioteca pública e é encaminhado para um hospital forense cheio de criminosos. Confira o belíssimo trailer e tente não se envolver com esse drama:

A partir das lembranças mais traumáticas do próprio Dominick, a minissérie vai pontuando como as experiências do passado refletem ativamente na sua relação com o irmão e nas atitudes de ambos no presente. Das agressões que sofriam do padrasto, Ray (John Procaccino), em uma infância completamente desestruturada e abusiva, ao dolorido divórcio de Dessa (Kathryn Hahn), até a morte prematura da sua mãe, vamos entendendo (e sofrendo com) o protagonista e nos relacionando com sua dor como poucas vezes fizemos recentemente. "I Know this Much is True" é uma aula de direção, de roteiro e de interpretação; que machuca, mas que também nos faz pensar e acreditar que nada acontece por acaso e que cabe a nós mudar o rumo das histórias onde somos os personagens!

Embora "I Know this Much is True" tenha uma qualidade de produção incontestável, a soma (ou o encontro) de talentos individuais é o ponto forte da minissérie. De cara, o trabalho do Mark Ruffalo salta aos olhos - sua performance como Dominick e como o gêmeo, Thomas, é algo digno de todos os prêmios da próxima temporada e pode acreditar: talvez seja o nome mais forte para levar tudo que se tem direito! Outros três trabalhos merecem nossa atenção: Kathryn Hahn como a ex-mulher de Dominick, Dessa, vai te destruir emocionalmente - quando descobrimos a razão da separação do casal é como se estivessem esmagando nosso coração!  John Procaccino como o padrasto abusivo, Ray - ele fica enrolando em 5 episódios, mas quando chega no último, ele dá um verdadeiro show! Rosie O'Donnell como Lisa Sheffer está sensacional - ela tem uma verdade na sua interpretação que é comovente! E para finalizar, Juliette Lewis - mesmo aparecendo com destaque apenas no primeiro episódio, sua Nedra Frank, uma descontrolada acadêmica contratada por Dominick para traduzir a história de seu avô italiano, está simplesmente impagável!

Além do show do elenco, não podemos deixar de citar o trabalho técnico e artístico de Derek Cianfrance. Ele cria uma atmosfera tão particular e, nesse caso, tão  depressiva, que praticamente nos obriga a pausar a minissérie algumas vezes para nos recompor, tamanho é o desconforto que sua narrativa nos causa. A direção está muito alinhada ao tipo de história que Wally Lamb quis contar e com isso fica fácil perceber a importância de um grande diretor para equilibrar o enquadramento mais adequado para aquele tipo de texto (invariavelmente com planos mais fechados) com uma ótima direção de atores, sem perder o realismo. Em "I Know this Much is True" as pausas dramáticas fazem tanto sentido que o silêncio é quase ensurdecedor - reparem! A fotografia do Jody Lee Lipes (de "Girls") é linda e a composição emocional que ela faz com a trilha sonora define muito bem a sensação de "vazio" dos personagens em vários momentos da minissérie!

Sinceramente, é a esperança por um final feliz que nos move até o sexto episódio, mas é a reflexão sobre cada uma das situações que acompanhamos que nos dá a força para continuar ao lado de Dominick. "I Know this Much is True" está longe de ser um entretenimento tranquilo, na verdade é uma minissérie cansativa psicologicamente, para assistir aos poucos, mas que vale pela experiência profunda, quase sensorial, de um trabalho único, de uma equipe talentosa e de um texto extremamente profundo! 

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I May Destroy You

"I May Destroy You" é aquele típico fenômeno que não conseguimos explicar a razão pela qual ainda não está sendo aplaudida de pé por todo mundo, como rapidamente aconteceu com Chernobyl, por exemplo. A série é desconfortante, pesada, profunda e muito provocadora; mas em nenhum momento precisa agredir para alcançar o seu objetivo - ou melhor, talvez uma ou outra cena, para uma audiência mais conservadora, possa chocar pela naturalidade, mas nunca pela falta de propósito ao trazer inúmeros assuntos tão delicados (e importantes)!

Arabella Essiedu (Michaela Coel) é uma jovem escritora que foi descoberta no Twitter e que acaba de ser contratada por uma editora de vanguarda para escrever seu livro. Após passar uma breve temporada na Itália trabalhando na obra, Anabella retorna para Londres e acaba sofrendo um bloqueio criativo. Pressionada por um cronograma super apertado, ela decide sair para relaxar com os amigos e, uma hora depois, voltar para frente do seu laptop e finalizar o trabalho. Acontece que essa noite marca a vida de Anabella para sempre, já que ela acorda em sua casa e não se lembra exatamente o que aconteceu, apenas alguns flashes deixam a entender que ela foi drogada e abusada sexualmente! Confira o trailer:

De fato, você não vai encontrar uma série leve, mas pode ter a mais absoluta certeza que ela não vai te poupar de várias reflexões e, da maneira mais inteligente que um roteiro pode entregar, te colocar em uma posição de vulnerabilidade intelectual ao expôr o que o ser humano tem de bom e de ruim, sem ao menos ser capaz de definir a linha tênue que justifique essa diferença. A série fala sobre consentimento sexual e racismo, claro, mas ela vai muito além e graças a uma construção de personagem impecável é possível entender que nem tudo é tão racional ou fácil de se explicar. Posso dizer que através das inúmeras camadas que vamos conhecendo, tanto de Anabella quanto dos seus dois melhores amigos, Terry (Weruche Opia) e Kwame (Paapa Essiedu), é possível perceber que antes de tudo somos imperfeitos, mas que nem por isso seremos absolvidos de algumas atitudes ou posturas perante o outro! Olha, vale muito seu play, now!

"I may destroy you" é uma co-produção entre BBC e da HBO criada pela própria Michaela Coel. Coel é uma atriz versátil que fez muito sucesso como comediante, mas que também foi capaz de entregar personagens dramáticos com a mesma competência. Na série, ela traz para discussão várias releituras auto-biográficas o que, naturalmente, causam um incômodo ainda maior. Os episódios de 30 minutos são cirurgicamente precisos, embora a narrativa gire entorno do que realmente aconteceu na noite em que Anabella saiu com os amigos e que, possivelmente, foi abusada, outros elementos ajudam a construir uma história de personagens. Não por acaso existem quebras na linha do tempo, mas todas elas servem para encaixar uma ou outra peça desse enorme quebra-cabeça que forma a personalidade da protagonista. Ao discutir amizade, influência nas redes sociais, relacionamentos, masculinidade, machismo, feminismo, raça, gênero, carreira, arte e muito mais, usando sempre um tom bastante existencialista, "I may destroy you" se coloca em um patamar que poucas vezes encontramos em uma série - talvez seja uma espécie de amadurecimento (se é que é possível) de "Euphoria", também da HBO. 

Muito bem dirigida por Sam Miller (Luther), mas com a própria Michaela Coel como co-diretora (em 9 dos 12 episódios da temporada), fica fácil perceber como o conceito visual é de uma elegância estética impressionante, mas que nunca alivia no conteúdo. Eu te convido a reparar no 9º episódio quando a psicóloga de Anabella desenha em um simples pedaço de papel, uma explicação extremamente profunda de como, nos dias de hoje, é difícil abraçar a nossa essência em relação a performance que somos obrigados a ter em um mundo de espetáculos como nas redes sociais. É incrível a delicadeza como essa cena foi dirigida e o impacto que ela nos causa - um excelente exemplo de como direção e roteiro estão 100% alinhados!

Embora a série tenha uma conclusão bastante satisfatória, fica claro que existe assunto para uma segunda temporada, porém nenhuma posição, tanto da HBO quanto da BBC, foi confirmada. Portanto, eu sugiro que você aproveite muito, cada um dos episódios de "I may destroy you", pois a série é de fato imperdível - com uma trilha sonora sensacional e performances incríveis de todo elenco. Eu sou capaz de apostar que ela vem muito forte na temporada de premiações de 2021.

Tudo é bom, mas nada do que vemos ali é fácil! Vale muito a pena! Mesmo!

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"I May Destroy You" é aquele típico fenômeno que não conseguimos explicar a razão pela qual ainda não está sendo aplaudida de pé por todo mundo, como rapidamente aconteceu com Chernobyl, por exemplo. A série é desconfortante, pesada, profunda e muito provocadora; mas em nenhum momento precisa agredir para alcançar o seu objetivo - ou melhor, talvez uma ou outra cena, para uma audiência mais conservadora, possa chocar pela naturalidade, mas nunca pela falta de propósito ao trazer inúmeros assuntos tão delicados (e importantes)!

Arabella Essiedu (Michaela Coel) é uma jovem escritora que foi descoberta no Twitter e que acaba de ser contratada por uma editora de vanguarda para escrever seu livro. Após passar uma breve temporada na Itália trabalhando na obra, Anabella retorna para Londres e acaba sofrendo um bloqueio criativo. Pressionada por um cronograma super apertado, ela decide sair para relaxar com os amigos e, uma hora depois, voltar para frente do seu laptop e finalizar o trabalho. Acontece que essa noite marca a vida de Anabella para sempre, já que ela acorda em sua casa e não se lembra exatamente o que aconteceu, apenas alguns flashes deixam a entender que ela foi drogada e abusada sexualmente! Confira o trailer:

De fato, você não vai encontrar uma série leve, mas pode ter a mais absoluta certeza que ela não vai te poupar de várias reflexões e, da maneira mais inteligente que um roteiro pode entregar, te colocar em uma posição de vulnerabilidade intelectual ao expôr o que o ser humano tem de bom e de ruim, sem ao menos ser capaz de definir a linha tênue que justifique essa diferença. A série fala sobre consentimento sexual e racismo, claro, mas ela vai muito além e graças a uma construção de personagem impecável é possível entender que nem tudo é tão racional ou fácil de se explicar. Posso dizer que através das inúmeras camadas que vamos conhecendo, tanto de Anabella quanto dos seus dois melhores amigos, Terry (Weruche Opia) e Kwame (Paapa Essiedu), é possível perceber que antes de tudo somos imperfeitos, mas que nem por isso seremos absolvidos de algumas atitudes ou posturas perante o outro! Olha, vale muito seu play, now!

"I may destroy you" é uma co-produção entre BBC e da HBO criada pela própria Michaela Coel. Coel é uma atriz versátil que fez muito sucesso como comediante, mas que também foi capaz de entregar personagens dramáticos com a mesma competência. Na série, ela traz para discussão várias releituras auto-biográficas o que, naturalmente, causam um incômodo ainda maior. Os episódios de 30 minutos são cirurgicamente precisos, embora a narrativa gire entorno do que realmente aconteceu na noite em que Anabella saiu com os amigos e que, possivelmente, foi abusada, outros elementos ajudam a construir uma história de personagens. Não por acaso existem quebras na linha do tempo, mas todas elas servem para encaixar uma ou outra peça desse enorme quebra-cabeça que forma a personalidade da protagonista. Ao discutir amizade, influência nas redes sociais, relacionamentos, masculinidade, machismo, feminismo, raça, gênero, carreira, arte e muito mais, usando sempre um tom bastante existencialista, "I may destroy you" se coloca em um patamar que poucas vezes encontramos em uma série - talvez seja uma espécie de amadurecimento (se é que é possível) de "Euphoria", também da HBO. 

Muito bem dirigida por Sam Miller (Luther), mas com a própria Michaela Coel como co-diretora (em 9 dos 12 episódios da temporada), fica fácil perceber como o conceito visual é de uma elegância estética impressionante, mas que nunca alivia no conteúdo. Eu te convido a reparar no 9º episódio quando a psicóloga de Anabella desenha em um simples pedaço de papel, uma explicação extremamente profunda de como, nos dias de hoje, é difícil abraçar a nossa essência em relação a performance que somos obrigados a ter em um mundo de espetáculos como nas redes sociais. É incrível a delicadeza como essa cena foi dirigida e o impacto que ela nos causa - um excelente exemplo de como direção e roteiro estão 100% alinhados!

Embora a série tenha uma conclusão bastante satisfatória, fica claro que existe assunto para uma segunda temporada, porém nenhuma posição, tanto da HBO quanto da BBC, foi confirmada. Portanto, eu sugiro que você aproveite muito, cada um dos episódios de "I may destroy you", pois a série é de fato imperdível - com uma trilha sonora sensacional e performances incríveis de todo elenco. Eu sou capaz de apostar que ela vem muito forte na temporada de premiações de 2021.

Tudo é bom, mas nada do que vemos ali é fácil! Vale muito a pena! Mesmo!

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