A adaptação da HQ "The Kitchen", da Vertigo, pela estreante na direção Andrea Berloff (indicada ao Oscar pelo roteiro de Straight Outta Compton: A História do N.W.A), é boa, mas poderia ser melhor. "Rainhas do Crime" é um exemplo claro de uma história com enorme potencial que é transformada em um bom filme, nada mais que isso. O que poderia ser o grande mérito da produção acabou se transformando no seu maior problema. É clara a tentativa da diretora de usar o empoderamento feminino como bandeira para dar o tom do filme e, sim, isso era importante, mas não essencial, pois a própria dinâmica da história já passaria a mensagem por si só se fosse bem trabalhada.
Para você ter uma idéia, o filme retrata uma Nova York no final dos anos 70, onde Kathy (Melissa McCarthy), Ruby (Tiffany Haddish) e Claire (Elisabeth Moss) estão casadas com mafiosos irlandeses que comandam os negócios em Hell's Kitchen (exato, o mesmo cenário do Demolidor). Quando seus maridos são presos após um assalto mal sucedido, o trio fica a mercê do novo chefe local, Little Jackie (Myk Watford), que se recusa repassar o dinheiro necessário para o sustento delas e de suas famílias. Entendendo que a situação apenas pioraria com o tempo, Kathy, Ruby e Claire decidem então unir forças para tomar o poder do bairro, oferecendo apoio e proteção aos pequenos comerciantes locais. O poder do trio cresce tanto, que além de começar a incomodar Little Jackie, também chama a atenção da máfia italiana no Brooklin. A partir daí inicia-se uma guerra, onde as três mulheres precisam resolver as diferenças entre elas ao mesmo tempo que procuram se estabelecer no poder e impedir que os homens possam, de alguma forma, retomar os negócios.
"Rainhas do Crime" tem no seu elenco, o maior trunfo. O trio de protagonistas realmente faz a diferença. Destaque para Elisabeth Moss (The Handmaid's Tale) que usa o silêncio como forma de expressão, capaz de passar todo o sentimento de opressão que sua personagem viveu durante seu casamento só com o olhar. Já Melissa McCarthy usa e abusa da sua capacidade de se questionar a todo momento e isso gera uma sensação de insegurança que cai como uma luva para sua personagem. E por fim, Tiffany Haddish, um surpreendente trabalho se levarmos em consideração que sua praia é a comédia! É importante dizer que a diretora Andrea Berloff é competente no que se propõe a fazer, embora eu tenha achado suas escolhas conceituais muito superficiais, o filme que ela entrega é divertido de se assistir. O roteiro derrapa um pouquinho, não desenvolve muito bem as personagens e suas motivações são rapidamente apresentadas (e resolvidas). Faltou um pouco da jornada de transformação e isso fez falta. Um detalhe que me incomodou foi a tentativa do plot twist do 3º ato que envolveu a personagem "Ruby" - tudo foi tão mal construído que pareceu idéia do montador e não do roteirista e essa escolha prejudicou demais o final do filme. Digamos que ficou tudo atropelado!
O fato é que "Rainhas do Crime" perdeu uma grande oportunidade de ser um grande filme. Com esse elenco, um pouco mais de violência e um conceito visual com mais identidade, certamente, o filme faria muito mais barulho. Sinceramente pareceu que o propósito pessoal da diretora se tornou maior que a sua própria obra e isso imprimiu na tela e vem gerando muitas críticas. Uma pena, eu até gostei do filme, me diverti, mas de fato a impressão que ficou é que "Rainhas do Crime" não decola. Acho o até que a história é tão boa que funcionaria muito melhor se tivesse sido desenvolvida como série. Como filme, um entretenimento para um dia chuvoso.
A adaptação da HQ "The Kitchen", da Vertigo, pela estreante na direção Andrea Berloff (indicada ao Oscar pelo roteiro de Straight Outta Compton: A História do N.W.A), é boa, mas poderia ser melhor. "Rainhas do Crime" é um exemplo claro de uma história com enorme potencial que é transformada em um bom filme, nada mais que isso. O que poderia ser o grande mérito da produção acabou se transformando no seu maior problema. É clara a tentativa da diretora de usar o empoderamento feminino como bandeira para dar o tom do filme e, sim, isso era importante, mas não essencial, pois a própria dinâmica da história já passaria a mensagem por si só se fosse bem trabalhada.
Para você ter uma idéia, o filme retrata uma Nova York no final dos anos 70, onde Kathy (Melissa McCarthy), Ruby (Tiffany Haddish) e Claire (Elisabeth Moss) estão casadas com mafiosos irlandeses que comandam os negócios em Hell's Kitchen (exato, o mesmo cenário do Demolidor). Quando seus maridos são presos após um assalto mal sucedido, o trio fica a mercê do novo chefe local, Little Jackie (Myk Watford), que se recusa repassar o dinheiro necessário para o sustento delas e de suas famílias. Entendendo que a situação apenas pioraria com o tempo, Kathy, Ruby e Claire decidem então unir forças para tomar o poder do bairro, oferecendo apoio e proteção aos pequenos comerciantes locais. O poder do trio cresce tanto, que além de começar a incomodar Little Jackie, também chama a atenção da máfia italiana no Brooklin. A partir daí inicia-se uma guerra, onde as três mulheres precisam resolver as diferenças entre elas ao mesmo tempo que procuram se estabelecer no poder e impedir que os homens possam, de alguma forma, retomar os negócios.
"Rainhas do Crime" tem no seu elenco, o maior trunfo. O trio de protagonistas realmente faz a diferença. Destaque para Elisabeth Moss (The Handmaid's Tale) que usa o silêncio como forma de expressão, capaz de passar todo o sentimento de opressão que sua personagem viveu durante seu casamento só com o olhar. Já Melissa McCarthy usa e abusa da sua capacidade de se questionar a todo momento e isso gera uma sensação de insegurança que cai como uma luva para sua personagem. E por fim, Tiffany Haddish, um surpreendente trabalho se levarmos em consideração que sua praia é a comédia! É importante dizer que a diretora Andrea Berloff é competente no que se propõe a fazer, embora eu tenha achado suas escolhas conceituais muito superficiais, o filme que ela entrega é divertido de se assistir. O roteiro derrapa um pouquinho, não desenvolve muito bem as personagens e suas motivações são rapidamente apresentadas (e resolvidas). Faltou um pouco da jornada de transformação e isso fez falta. Um detalhe que me incomodou foi a tentativa do plot twist do 3º ato que envolveu a personagem "Ruby" - tudo foi tão mal construído que pareceu idéia do montador e não do roteirista e essa escolha prejudicou demais o final do filme. Digamos que ficou tudo atropelado!
O fato é que "Rainhas do Crime" perdeu uma grande oportunidade de ser um grande filme. Com esse elenco, um pouco mais de violência e um conceito visual com mais identidade, certamente, o filme faria muito mais barulho. Sinceramente pareceu que o propósito pessoal da diretora se tornou maior que a sua própria obra e isso imprimiu na tela e vem gerando muitas críticas. Uma pena, eu até gostei do filme, me diverti, mas de fato a impressão que ficou é que "Rainhas do Crime" não decola. Acho o até que a história é tão boa que funcionaria muito melhor se tivesse sido desenvolvida como série. Como filme, um entretenimento para um dia chuvoso.
Quem nunca presenciou um familiar ou conhecido tendo um ataque de nervos, daqueles em que a fúria transcende corpo, mente e espírito?
Quanto mais próximo do ápice da raiva, mais tênue é a linha que separa o ser humano da barbárie. O diretor/roteirista argentino Damián Szifron consegue extrair o suprassumo do humor negro existente em situações extremas. Tudo aqui é absurdo, mas ao mesmo tempo, cotidiano. E bizarro. E muito, muito engraçado!
"Relatos Selvagens" é composto por 6 histórias independentes e conectadas por personagens que abraçam, por um momento, sua pior versão. Não há tempo e nem espaço para rodeios: as tramas são objetivas e as atuações, em sua maioria, estão pelo menos um tom dramático acima do normal – o que se encaixa perfeitamente aqui, uma vez que o desenvolvimento dos personagens é limitado pelo tempo. Confira o trailer:
- PASTERNAK: Os tripulantes de um voo descobrem uma estranha coincidência. Uma curta e ótima abertura, que já injeta a adrenalina que dará a tônica da projeção.
- LAS RATAS: Uma garçonete descobre que o novo cliente é o criminoso responsável pelo suicídio do seu pai, anos antes. A cozinheira, ao saber da história, sugere um plano fatal de vingança que terá terríveis desdobramentos. Um suspense mais sóbrio, violento e dramático.
- EL MÁS FUERTE: Uma discussão entre dois motoristas numa estrada deserta. Aqui, o diretor arregaça as mangas e o humor negro bizarro e sensacional mostra as caras. Além disso, a cena de luta dentro do carro é um show à parte.
- BOMBITA: A estrela do cinema argentino Ricardo Darín interpreta um engenheiro que se vê engolido pela burocracia e pela corrupção do sistema. Não à toa, a reação dele o transforma no ‘malvado favorito’ do país.
- LA PROPUESTA: Um jovem endinheirado causa um atropelamento fatal. Seu pai, então, corre contra o tempo para forjar a absolvição do filho, num jogo de extorsão, chantagens e mentiras. Mais uma história com final trágico e surpreendente.
- HASTA QUE LA MUERTE NOS SEPARE: O melhor está no final. Uma festa de casamento com desdobramentos insanos e inimagináveis. A comunhão de elementos de romance, suspense, drama, comédia e até gore é assustadoramente equilibrada e envolvente. E a noiva está incrível.
Todas essas histórias são envolvidas por um jogo de câmeras rico e criativo, além da trilha sonora inusitada que mistura hits atuais com rock n’ roll – e funciona muito bem.
"Relatos Salvajes" (no original) é uma experiência cinematográfica que não deve ser perdida. Você pode rir, chorar, revirar os olhos, ficar tenso, mas com certeza não ficará indiferente à essa pérola do cinema argentino.
Up date: "Relatos Selvagens"foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015 vencido por "Ida" e concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes no mesmo ano.
Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria @dicastreaming
Quem nunca presenciou um familiar ou conhecido tendo um ataque de nervos, daqueles em que a fúria transcende corpo, mente e espírito?
Quanto mais próximo do ápice da raiva, mais tênue é a linha que separa o ser humano da barbárie. O diretor/roteirista argentino Damián Szifron consegue extrair o suprassumo do humor negro existente em situações extremas. Tudo aqui é absurdo, mas ao mesmo tempo, cotidiano. E bizarro. E muito, muito engraçado!
"Relatos Selvagens" é composto por 6 histórias independentes e conectadas por personagens que abraçam, por um momento, sua pior versão. Não há tempo e nem espaço para rodeios: as tramas são objetivas e as atuações, em sua maioria, estão pelo menos um tom dramático acima do normal – o que se encaixa perfeitamente aqui, uma vez que o desenvolvimento dos personagens é limitado pelo tempo. Confira o trailer:
- PASTERNAK: Os tripulantes de um voo descobrem uma estranha coincidência. Uma curta e ótima abertura, que já injeta a adrenalina que dará a tônica da projeção.
- LAS RATAS: Uma garçonete descobre que o novo cliente é o criminoso responsável pelo suicídio do seu pai, anos antes. A cozinheira, ao saber da história, sugere um plano fatal de vingança que terá terríveis desdobramentos. Um suspense mais sóbrio, violento e dramático.
- EL MÁS FUERTE: Uma discussão entre dois motoristas numa estrada deserta. Aqui, o diretor arregaça as mangas e o humor negro bizarro e sensacional mostra as caras. Além disso, a cena de luta dentro do carro é um show à parte.
- BOMBITA: A estrela do cinema argentino Ricardo Darín interpreta um engenheiro que se vê engolido pela burocracia e pela corrupção do sistema. Não à toa, a reação dele o transforma no ‘malvado favorito’ do país.
- LA PROPUESTA: Um jovem endinheirado causa um atropelamento fatal. Seu pai, então, corre contra o tempo para forjar a absolvição do filho, num jogo de extorsão, chantagens e mentiras. Mais uma história com final trágico e surpreendente.
- HASTA QUE LA MUERTE NOS SEPARE: O melhor está no final. Uma festa de casamento com desdobramentos insanos e inimagináveis. A comunhão de elementos de romance, suspense, drama, comédia e até gore é assustadoramente equilibrada e envolvente. E a noiva está incrível.
Todas essas histórias são envolvidas por um jogo de câmeras rico e criativo, além da trilha sonora inusitada que mistura hits atuais com rock n’ roll – e funciona muito bem.
"Relatos Salvajes" (no original) é uma experiência cinematográfica que não deve ser perdida. Você pode rir, chorar, revirar os olhos, ficar tenso, mas com certeza não ficará indiferente à essa pérola do cinema argentino.
Up date: "Relatos Selvagens"foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2015 vencido por "Ida" e concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes no mesmo ano.
Escrito por Ricelli Ribeiro - uma parceria @dicastreaming
A minissérie documental da HBO, "Romário, O Cara", dirigida por Bruno Maia, é, de fato, imperdível - especialmente para amantes do futebol (e para os maiores de 40 anos então, nem se fala). Este documentário não apenas revigora a memória do Romário como um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, como também nos proporciona uma imersão profunda em sua jornada pessoal e profissional desde os tempos de Olaria. É inegável que a obra se destaca por sua abordagem íntima e desmistificadora, um tanto reminiscentes de produções como "The Last Dance" - referência que o diretor faz questão de citar para justificar as decisões criativas que tomou durante as filmagens. Agora, é preciso que se diga: o que diferencia "Romário, O Cara" das demais produções do gênero é, primeiro, o seu equilíbrio cuidadoso entre os momentos de glória do jogador no campo e as complexidades de sua vida fora dele, segundo, o tempo de tela infinitamente maior que de outros documentários sobre craques do Brasil - isso nos proporciona uma visão completa e emocionante da busca pelo Tetracampeonato na Copa do Mundo de 1994 sob a perspectiva da carreira do Cara!
"Romário, O Cara" explora a trajetória do carismático atacante brasileiro Romário, desde os campos de várzea no Rio de Janeiro até o estrelato no cenário mundial do futebol. A série narra os bastidores de sua carreira brilhante e controversa, passando pelo Vasco, PSV, Barcelona, Flamengo e culminando na conquista da Copa do Mundo de 1994 nos Estados Unidos. Com depoimentos inéditos de personalidades como Ronaldo, Bebeto, Neymar, Parreira e Guardiola, além de entrevistas exclusivas com um Romário sem filtro e imagens de arquivo impressionantes, a minissérie traz à vida os triunfos e as dificuldades enfrentadas pelo jogador que encantou o mundo com sua técnica apurada e sua personalidade inconfundível. Confira o trailer:
No cerne da série, a direção de Bruno Maia brilha intensamente - ele adota um estilo que se equilibra habilmente entre a reverência e a crítica. Ele não se limita a glorificar Romário, mas também explora suas falhas e contradições, apresentando um retrato complexo e honesto. As cenas de partidas clássicas são magistralmente intercaladas com entrevistas e imagens de bastidores, criando um ritmo que nos prende do início ao fim - é praticamente impossível não maratonar a série..
A montagem também merece destaque - é ela que consegue transformar dezenas de horas de entrevistas e cenas de arquivo em uma narrativa coesa e dinâmica. Com uma estrutura não linear, o que inicialmente pode parecer confuso, mas logo se revela uma decisão acertada, temos a exata noção da intensidade dos jogos do passado, mas também a introspecção dos momentos de reflexão do jogador do presente. Essa escolha permite que a série explore paralelamente a ascensão de Romário e os desafios pessoais que moldaram seu caráter e suas decisões dentro e fora do campo olhada em retrospectiva - funciona demais!
Como já era de se esperar, "Romário, O Cara" se destaca por sua profundidade emocional e capacidade de humanizar um protagonista autêntico. Romário, com sua personalidade e opiniões contundentes, é apresentado de forma crua e isso gera cada pérola que só nos resta rir. Seus conflitos com treinadores, sua relação com a mídia, suas bagunças fora de campo e suas vitórias e derrotas são explorados com um grau de franqueza que é raro em documentários esportivos. Para aqueles que vivem e respiram futebol, "Romário, O Cara" realmente oferece uma jornada nostálgica pelos anos dourados de um dos maiores ícones do esporte mundial que, para nossa sorte, é brasileiro!
Vale muito o seu play!
A minissérie documental da HBO, "Romário, O Cara", dirigida por Bruno Maia, é, de fato, imperdível - especialmente para amantes do futebol (e para os maiores de 40 anos então, nem se fala). Este documentário não apenas revigora a memória do Romário como um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, como também nos proporciona uma imersão profunda em sua jornada pessoal e profissional desde os tempos de Olaria. É inegável que a obra se destaca por sua abordagem íntima e desmistificadora, um tanto reminiscentes de produções como "The Last Dance" - referência que o diretor faz questão de citar para justificar as decisões criativas que tomou durante as filmagens. Agora, é preciso que se diga: o que diferencia "Romário, O Cara" das demais produções do gênero é, primeiro, o seu equilíbrio cuidadoso entre os momentos de glória do jogador no campo e as complexidades de sua vida fora dele, segundo, o tempo de tela infinitamente maior que de outros documentários sobre craques do Brasil - isso nos proporciona uma visão completa e emocionante da busca pelo Tetracampeonato na Copa do Mundo de 1994 sob a perspectiva da carreira do Cara!
"Romário, O Cara" explora a trajetória do carismático atacante brasileiro Romário, desde os campos de várzea no Rio de Janeiro até o estrelato no cenário mundial do futebol. A série narra os bastidores de sua carreira brilhante e controversa, passando pelo Vasco, PSV, Barcelona, Flamengo e culminando na conquista da Copa do Mundo de 1994 nos Estados Unidos. Com depoimentos inéditos de personalidades como Ronaldo, Bebeto, Neymar, Parreira e Guardiola, além de entrevistas exclusivas com um Romário sem filtro e imagens de arquivo impressionantes, a minissérie traz à vida os triunfos e as dificuldades enfrentadas pelo jogador que encantou o mundo com sua técnica apurada e sua personalidade inconfundível. Confira o trailer:
No cerne da série, a direção de Bruno Maia brilha intensamente - ele adota um estilo que se equilibra habilmente entre a reverência e a crítica. Ele não se limita a glorificar Romário, mas também explora suas falhas e contradições, apresentando um retrato complexo e honesto. As cenas de partidas clássicas são magistralmente intercaladas com entrevistas e imagens de bastidores, criando um ritmo que nos prende do início ao fim - é praticamente impossível não maratonar a série..
A montagem também merece destaque - é ela que consegue transformar dezenas de horas de entrevistas e cenas de arquivo em uma narrativa coesa e dinâmica. Com uma estrutura não linear, o que inicialmente pode parecer confuso, mas logo se revela uma decisão acertada, temos a exata noção da intensidade dos jogos do passado, mas também a introspecção dos momentos de reflexão do jogador do presente. Essa escolha permite que a série explore paralelamente a ascensão de Romário e os desafios pessoais que moldaram seu caráter e suas decisões dentro e fora do campo olhada em retrospectiva - funciona demais!
Como já era de se esperar, "Romário, O Cara" se destaca por sua profundidade emocional e capacidade de humanizar um protagonista autêntico. Romário, com sua personalidade e opiniões contundentes, é apresentado de forma crua e isso gera cada pérola que só nos resta rir. Seus conflitos com treinadores, sua relação com a mídia, suas bagunças fora de campo e suas vitórias e derrotas são explorados com um grau de franqueza que é raro em documentários esportivos. Para aqueles que vivem e respiram futebol, "Romário, O Cara" realmente oferece uma jornada nostálgica pelos anos dourados de um dos maiores ícones do esporte mundial que, para nossa sorte, é brasileiro!
Vale muito o seu play!
"Room 104" é uma série na HBO, que chegou sem tanta publicidade, mas que é muito interessante! Na verdade, eu estava muito curioso pra conhecer esse projeto, pois é dos mesmos caras de uma outra série que eu gosto muito: "Togetherness" - os irmão Duplass!
A série traz a tendência das antologias para HBO, se não por temporada, episódica - ou seja, cada episódio tem começo, meio e fim! A pegada é muito focada no roteiro e não na produção - como os ingleses adoram fazer e fazem muito bem há anos, inclusive. São histórias independentes e com sub-gêneros diferentes, onde o ponto de conexão entre todas essas histórias é "apenas" o "Quarto número 104" de um hotel beira de estrada dos EUA e mais nada! Confira o trailer:
Como acontece em "Twilight Zone", por exemplo, posso adiantar: existem histórias melhores, outras piores... Umas mais dinâmicas, outras conceituais demais, mas o fato é que a maioria dos roteiros são muito inteligentes e os diretores transitam muito bem nessa pluralidade de histórias, gêneros e até conceitos estéticos / narrativos - quase um experimento visual de luxo bancado pela HBO!
É uma série rápida com 12 episódios de 25 minutos, mas que não deve agradar todo mundo - então, só assista se você estiver disposto a se surpreender positivamente ou até negativamente com algum episódio e digo isso sem o receio de ser injusto, mas algumas pessoas tendem a gostar mais de um gênero do que de outro e assim por diante. "Room 104" é aquele tipo de série que depende muito de gosto!
A crítica adora, o publico é fiel e por isso já temos quatro temporadas produzidas! Vale o play e a surpresa em cada episódio.
"Room 104" é uma série na HBO, que chegou sem tanta publicidade, mas que é muito interessante! Na verdade, eu estava muito curioso pra conhecer esse projeto, pois é dos mesmos caras de uma outra série que eu gosto muito: "Togetherness" - os irmão Duplass!
A série traz a tendência das antologias para HBO, se não por temporada, episódica - ou seja, cada episódio tem começo, meio e fim! A pegada é muito focada no roteiro e não na produção - como os ingleses adoram fazer e fazem muito bem há anos, inclusive. São histórias independentes e com sub-gêneros diferentes, onde o ponto de conexão entre todas essas histórias é "apenas" o "Quarto número 104" de um hotel beira de estrada dos EUA e mais nada! Confira o trailer:
Como acontece em "Twilight Zone", por exemplo, posso adiantar: existem histórias melhores, outras piores... Umas mais dinâmicas, outras conceituais demais, mas o fato é que a maioria dos roteiros são muito inteligentes e os diretores transitam muito bem nessa pluralidade de histórias, gêneros e até conceitos estéticos / narrativos - quase um experimento visual de luxo bancado pela HBO!
É uma série rápida com 12 episódios de 25 minutos, mas que não deve agradar todo mundo - então, só assista se você estiver disposto a se surpreender positivamente ou até negativamente com algum episódio e digo isso sem o receio de ser injusto, mas algumas pessoas tendem a gostar mais de um gênero do que de outro e assim por diante. "Room 104" é aquele tipo de série que depende muito de gosto!
A crítica adora, o publico é fiel e por isso já temos quatro temporadas produzidas! Vale o play e a surpresa em cada episódio.
Se "Malcolm e Marie", do diretor Sam Levinson, se apoia em uma narrativa extremamente realista para discutir as relações entre casais, "Sempre em Frente" usa do mesmo conceito para explorar as relações familiares, focando em uma dinâmica bastante curiosa entre um tio e seu sobrinho de 9 anos. Aqui o talentoso diretor Mike Mills (de "Mulheres do Século 20") usa de toda a sua sensibilidade para traçar alguns paralelos entre a literatura e a realidade, entre a vida adulta e a de uma criança, mas, principalmente, entre o passado (e suas memórias) com o futuro (e suas expectativas).
"C’mon C’mon" (no original) acompanha Johnny (Joaquin Phoenix), um jornalista de meia-idade, que quando tem de tomar conta de seu sobrinho, Jesse (Woody Norman), embarca em uma viagem através do país entrevistando crianças sobre o que elas acham de suas vidas e do mundo em que vivem. Confira o trailer:
Definitivamente "Sempre em Frente" não é um filme que vai agradar a todos. Sua narrativa é bastante cadenciada e que ao se apropriar de um conceito (inteligente) que mistura realidade com ficção, vai criando camadas que poucas pessoas estarão dispostas a explorar - digo isso, pois mesmo tendo o "direito de fala" como fio condutor da história, nem tudo é dito. Tanto a direção quanto o roteiro do próprio Mills respeitam o silêncio, os sentimentos e as inúmeras sensações como saudade, dor e solidão, para se conectar com a audiência. Se temos a impressão de estarmos presenciando uma espécie de ensaio sobre as memórias marcantes da nossa infância, isso não necessariamente nos vai garantir uma jornada tranquila como audiência.
Veja, no prólogo entendemos que Johnny tem uma relação marcada por discussões com a irmã, Viv (Gaby Hoffman) - com quem não falava desde a morte de sua mãe, uma ano antes. Já Viv deixa claro que a maternidade não é uma viagem das mais tranquilas para ela, que é cansativa, difícil e desafiadora - ainda mais com um marido com sérios problemas psiquiátricos e com as memórias de uma relação conturbada com a mãe. Pelo lado da criança o que vemos é uma certa confusão, uma percepção crua e dolorida das lembranças recentes, além de uma dependência afetiva enorme. Quando o diretor de fotografia, Robbie Ryan (de "A Favorita" e "História de um Casamento"), enquadra isso tudo de uma forma magistral, com planos belíssimos em preto e branco que nos remetem aos mais profundos sentimentos, temos, de fato, um filme que vai muito além do que vemos na tela.
O trio de atores, Joaquin Phoenix, Woody Norman e Gaby Hoffman, estão simplesmente impecáveis - nas suas dores e alegrias de continuar vivendo. E é esse o princípio que Mills fortalece na narrativa ao colocar na trama a voz de crianças reais que discursam sobre suas visões de mundo, de futuro. A sinceridade desses depoimentos, lindamente inseridos e conectados por uma montagem muito competente da Jennifer Vecchiarello, cria um o mood reflexivo sobre a relação honesta entre os personagens - que normalmente não encontramos em qualquer filme.
Sim, "Sempre em Frente" vai te causar um certo desconforto, vai te provocar muitas reflexões e, pode apostar, alguma nostalgia. Como o escritor Charles Dickens defendeu em alguns de seus contos, as grandes memórias não são criadas, necessariamente, por momentos de plena felicidade e é exatamente isso que a obra de Mike Mills tenta equilibrar ao defender que mesmo a partir dessas experiências, algo bom e relevante pode ser construído ou recuperado para que a vida, nem sempre fácil, continue fazendo algum sentido.
Vale o seu play, mas tenha em mente que não se trata de um filme fácil.
Ps: Mesmo o filme tendo uma carreira de sucesso nos festivais e premiações pelo mundo, é inegável uma certa decepção por não tem atingido um nível de Oscar ou por ter tido apenas uma indicação ao BAFTA (Melhor Ator Coadjuvante para Woody Norman).
Se "Malcolm e Marie", do diretor Sam Levinson, se apoia em uma narrativa extremamente realista para discutir as relações entre casais, "Sempre em Frente" usa do mesmo conceito para explorar as relações familiares, focando em uma dinâmica bastante curiosa entre um tio e seu sobrinho de 9 anos. Aqui o talentoso diretor Mike Mills (de "Mulheres do Século 20") usa de toda a sua sensibilidade para traçar alguns paralelos entre a literatura e a realidade, entre a vida adulta e a de uma criança, mas, principalmente, entre o passado (e suas memórias) com o futuro (e suas expectativas).
"C’mon C’mon" (no original) acompanha Johnny (Joaquin Phoenix), um jornalista de meia-idade, que quando tem de tomar conta de seu sobrinho, Jesse (Woody Norman), embarca em uma viagem através do país entrevistando crianças sobre o que elas acham de suas vidas e do mundo em que vivem. Confira o trailer:
Definitivamente "Sempre em Frente" não é um filme que vai agradar a todos. Sua narrativa é bastante cadenciada e que ao se apropriar de um conceito (inteligente) que mistura realidade com ficção, vai criando camadas que poucas pessoas estarão dispostas a explorar - digo isso, pois mesmo tendo o "direito de fala" como fio condutor da história, nem tudo é dito. Tanto a direção quanto o roteiro do próprio Mills respeitam o silêncio, os sentimentos e as inúmeras sensações como saudade, dor e solidão, para se conectar com a audiência. Se temos a impressão de estarmos presenciando uma espécie de ensaio sobre as memórias marcantes da nossa infância, isso não necessariamente nos vai garantir uma jornada tranquila como audiência.
Veja, no prólogo entendemos que Johnny tem uma relação marcada por discussões com a irmã, Viv (Gaby Hoffman) - com quem não falava desde a morte de sua mãe, uma ano antes. Já Viv deixa claro que a maternidade não é uma viagem das mais tranquilas para ela, que é cansativa, difícil e desafiadora - ainda mais com um marido com sérios problemas psiquiátricos e com as memórias de uma relação conturbada com a mãe. Pelo lado da criança o que vemos é uma certa confusão, uma percepção crua e dolorida das lembranças recentes, além de uma dependência afetiva enorme. Quando o diretor de fotografia, Robbie Ryan (de "A Favorita" e "História de um Casamento"), enquadra isso tudo de uma forma magistral, com planos belíssimos em preto e branco que nos remetem aos mais profundos sentimentos, temos, de fato, um filme que vai muito além do que vemos na tela.
O trio de atores, Joaquin Phoenix, Woody Norman e Gaby Hoffman, estão simplesmente impecáveis - nas suas dores e alegrias de continuar vivendo. E é esse o princípio que Mills fortalece na narrativa ao colocar na trama a voz de crianças reais que discursam sobre suas visões de mundo, de futuro. A sinceridade desses depoimentos, lindamente inseridos e conectados por uma montagem muito competente da Jennifer Vecchiarello, cria um o mood reflexivo sobre a relação honesta entre os personagens - que normalmente não encontramos em qualquer filme.
Sim, "Sempre em Frente" vai te causar um certo desconforto, vai te provocar muitas reflexões e, pode apostar, alguma nostalgia. Como o escritor Charles Dickens defendeu em alguns de seus contos, as grandes memórias não são criadas, necessariamente, por momentos de plena felicidade e é exatamente isso que a obra de Mike Mills tenta equilibrar ao defender que mesmo a partir dessas experiências, algo bom e relevante pode ser construído ou recuperado para que a vida, nem sempre fácil, continue fazendo algum sentido.
Vale o seu play, mas tenha em mente que não se trata de um filme fácil.
Ps: Mesmo o filme tendo uma carreira de sucesso nos festivais e premiações pelo mundo, é inegável uma certa decepção por não tem atingido um nível de Oscar ou por ter tido apenas uma indicação ao BAFTA (Melhor Ator Coadjuvante para Woody Norman).
Gostei muito de "Sharp Objects" da HBO, mas com alguns "poréns"! Mas antes de seguir, é preciso fazer um parênteses: existe um cuidado em alguns projetos da HBO, que dificilmente vejo em outro serviço de streaming. São projetos premium, claro, um ou dois por ano (e isso é importante), normalmente minisséries: são tão bem produzidas, bem dirigidas e com roteiros extremamente complexos que o resultado salta aos olhos. Vejam "The Night of", "Big Little Lies"e agora "Sharp Objects", como exemplos! São impecáveis e isso é mérito de muito planejamento e, imagino, uma certa liberdade no desenvolvimento!!! Dá a impressão que, no conteúdo, a HBO está sempre um passo a frente... Para se pensar!!!
"Sharp Objects" é uma adaptação de um livro da autora Gillian Flynn que, inclusive, colabora no roteiro ao lado da Marti Noxon (do ótimo UnReal). Digo isso, pois a minissérie trás toda complexidade do livro, mas, ao mesmo tempo, deixa algumas pontas soltas que, na minha opinião, atrapalham a experiência de quem assiste a história na tela - a impressão que dá é que foi um cabo de guerra entre autora e roteirista! A história de uma jornalista que volta para sua cidade natal com a missão de fazer uma matéria sobre a morte e o desaparecimento de duas adolescentes é só o pano de fundo para uma trama muito mais profunda.
A minissérie fala das relações familiares, de machismo, de superficialidade social, de traumas, de solidão, de isolamento, de transtornos mentais, de luto; enfim, são tantas camadas que as vezes nem sabemos exatamente qual é a trama principal!!! É ai que o roteiro (ou quem escreveu) entra em conflito - parece que falta foco (engraçado que o trailer já passava essa sensação)! Isso poderia ser um grande problema, mas aí entra a genialidade do canadense Jean-Marc Vallée na direção. Ele conduz esse emaranhado de assuntos com muita maestria, criando uma dinâmica de montagem que transformam essas camadas em um fio condutor de uma maneira muito orgânica, natural! As vezes é só um frame rápido, quase imperceptível; as vezes é uma simples ação e muitas vezes é um olhar, uma mão passando no corpo, um ventilador girando, enfim, esses flashbacks transmitem tantos sentimentos que tudo (ou quase tudo) vai se encaixando com o passar dos episódios e passa a fazer sentido. Vale lembrar que ele já havia usado muito dessa técnica em "Big Little Lies", mas agora em "Sharp Objects" ele elevou o nível - é uma aula de construção narrativa em camadas!!!
Mais dois fatores também merecem destaque: o elenco feminino, principalmente a Amy Adams e a Patricia Clarkson (essa, inclusive, vem ganhando um prêmio atrás do outro na temporada - já levou Globo de Ouro e o Critic Choice Awards). Elas estão impecáveis nos papéis de filha e mãe - ambas perturbadas por uma história quase sobrenatural - vale reparar. E o outro destaque é o final de "Sharp Objects" - surpreendente pela maneira como é mostrado e inteligente no modo como foi construído! Surpreende mesmo e é isso que quem assiste quer ver, por isso acho que a minissérie entrega o que promete, mesmo derrapando em uma ou outra passagem do roteiro.
PS: Uma rápida cena pós crédito pode validar seu entendimento ou teoria - fica a dica!!!!
Gostei muito de "Sharp Objects" da HBO, mas com alguns "poréns"! Mas antes de seguir, é preciso fazer um parênteses: existe um cuidado em alguns projetos da HBO, que dificilmente vejo em outro serviço de streaming. São projetos premium, claro, um ou dois por ano (e isso é importante), normalmente minisséries: são tão bem produzidas, bem dirigidas e com roteiros extremamente complexos que o resultado salta aos olhos. Vejam "The Night of", "Big Little Lies"e agora "Sharp Objects", como exemplos! São impecáveis e isso é mérito de muito planejamento e, imagino, uma certa liberdade no desenvolvimento!!! Dá a impressão que, no conteúdo, a HBO está sempre um passo a frente... Para se pensar!!!
"Sharp Objects" é uma adaptação de um livro da autora Gillian Flynn que, inclusive, colabora no roteiro ao lado da Marti Noxon (do ótimo UnReal). Digo isso, pois a minissérie trás toda complexidade do livro, mas, ao mesmo tempo, deixa algumas pontas soltas que, na minha opinião, atrapalham a experiência de quem assiste a história na tela - a impressão que dá é que foi um cabo de guerra entre autora e roteirista! A história de uma jornalista que volta para sua cidade natal com a missão de fazer uma matéria sobre a morte e o desaparecimento de duas adolescentes é só o pano de fundo para uma trama muito mais profunda.
A minissérie fala das relações familiares, de machismo, de superficialidade social, de traumas, de solidão, de isolamento, de transtornos mentais, de luto; enfim, são tantas camadas que as vezes nem sabemos exatamente qual é a trama principal!!! É ai que o roteiro (ou quem escreveu) entra em conflito - parece que falta foco (engraçado que o trailer já passava essa sensação)! Isso poderia ser um grande problema, mas aí entra a genialidade do canadense Jean-Marc Vallée na direção. Ele conduz esse emaranhado de assuntos com muita maestria, criando uma dinâmica de montagem que transformam essas camadas em um fio condutor de uma maneira muito orgânica, natural! As vezes é só um frame rápido, quase imperceptível; as vezes é uma simples ação e muitas vezes é um olhar, uma mão passando no corpo, um ventilador girando, enfim, esses flashbacks transmitem tantos sentimentos que tudo (ou quase tudo) vai se encaixando com o passar dos episódios e passa a fazer sentido. Vale lembrar que ele já havia usado muito dessa técnica em "Big Little Lies", mas agora em "Sharp Objects" ele elevou o nível - é uma aula de construção narrativa em camadas!!!
Mais dois fatores também merecem destaque: o elenco feminino, principalmente a Amy Adams e a Patricia Clarkson (essa, inclusive, vem ganhando um prêmio atrás do outro na temporada - já levou Globo de Ouro e o Critic Choice Awards). Elas estão impecáveis nos papéis de filha e mãe - ambas perturbadas por uma história quase sobrenatural - vale reparar. E o outro destaque é o final de "Sharp Objects" - surpreendente pela maneira como é mostrado e inteligente no modo como foi construído! Surpreende mesmo e é isso que quem assiste quer ver, por isso acho que a minissérie entrega o que promete, mesmo derrapando em uma ou outra passagem do roteiro.
PS: Uma rápida cena pós crédito pode validar seu entendimento ou teoria - fica a dica!!!!
A série inglesa "Sherlock" é tipo do projeto que merece respeito, inicialmente pela ousadia dos produtores, afinal tirar um personagem clássico da era vitoriana e colocar nos dias de hoje não deve ter sido uma idéia que tenha agradado a todos os executivos ingleses. Pois então, é o que sempre digo: quer ser um executivo de tv de sucesso? Então saia da zona de conforto e banque uma idéia criativa, mesmo que pareça muito arrojada no primeiro momento. Embora o personagem seja muito atual e o enredo excelente, o roteiro do piloto criou uma atmosfera nostálgica e misturou a modernidade com tecnologia, ao melhor estilo "CSI", com maestria! Imagine um personagem clássico desvendando assassinatos em uma Londres atual!
Protagonizada pelo Benedict Cumberbatch (como Sherlock Holmes) e Martin Freeman (como Dr. John Watson), a série alcançou um nível de excelência impressionante e o sucesso de público fez com que a série tivesse 4 temporadas até aqui. Muitos podem ter negado a obra por sua, digamos, modernização, porém essa preocupação se mostrou infundada de cara: já ao assistirmos o primeiro episódio de "Um Estudo em Rosa" (adaptado de "Um Estudo em Vermelho", na obra original), vemos uma Baker Street no século XXI e um Sherlock Holmes usando GPS, computador e celular, porém a alma do personagem e a construção da trama seguem os elementos básicos de mistério que conduziram o personagem em várias adaptações para a cinema e para a TV, mas nesse caso, com muito mais originalidade!
Os figurinos, os cenários, a fotografia e a edição estão, de fato, impecáveis. O trabalho de pós-produção e efeitos dão o tom mais inovador e uma dinâmica moderna para a série. Reparem como nos planos mais abertos existe uma certa distorção, criando uma sensação nostálgica ao mesmo tempo em que vemos todo aquele realismo! Embora Sherlock Holmes seja apresentado como uma espécie de sociopata funcional e Watson exatamente seu oposto e menos submisso que em outras versões, é fácil afirmar que a série, que a identificação com os personagens continua sendo o ponto alto da série e a relação que se estabelece entre os dois resulta em um excelente entretenimento.
Olha, "Sherlock" é isso: uma mistura de magia com realismo. Vale muito a pena!!! Um conceito visual interessante e uma produção primorosa, digno de "blockbuster". A BBC acertou, arriscou e colheu os resultados! Grande série!!! Vale muito o play!!!
A série inglesa "Sherlock" é tipo do projeto que merece respeito, inicialmente pela ousadia dos produtores, afinal tirar um personagem clássico da era vitoriana e colocar nos dias de hoje não deve ter sido uma idéia que tenha agradado a todos os executivos ingleses. Pois então, é o que sempre digo: quer ser um executivo de tv de sucesso? Então saia da zona de conforto e banque uma idéia criativa, mesmo que pareça muito arrojada no primeiro momento. Embora o personagem seja muito atual e o enredo excelente, o roteiro do piloto criou uma atmosfera nostálgica e misturou a modernidade com tecnologia, ao melhor estilo "CSI", com maestria! Imagine um personagem clássico desvendando assassinatos em uma Londres atual!
Protagonizada pelo Benedict Cumberbatch (como Sherlock Holmes) e Martin Freeman (como Dr. John Watson), a série alcançou um nível de excelência impressionante e o sucesso de público fez com que a série tivesse 4 temporadas até aqui. Muitos podem ter negado a obra por sua, digamos, modernização, porém essa preocupação se mostrou infundada de cara: já ao assistirmos o primeiro episódio de "Um Estudo em Rosa" (adaptado de "Um Estudo em Vermelho", na obra original), vemos uma Baker Street no século XXI e um Sherlock Holmes usando GPS, computador e celular, porém a alma do personagem e a construção da trama seguem os elementos básicos de mistério que conduziram o personagem em várias adaptações para a cinema e para a TV, mas nesse caso, com muito mais originalidade!
Os figurinos, os cenários, a fotografia e a edição estão, de fato, impecáveis. O trabalho de pós-produção e efeitos dão o tom mais inovador e uma dinâmica moderna para a série. Reparem como nos planos mais abertos existe uma certa distorção, criando uma sensação nostálgica ao mesmo tempo em que vemos todo aquele realismo! Embora Sherlock Holmes seja apresentado como uma espécie de sociopata funcional e Watson exatamente seu oposto e menos submisso que em outras versões, é fácil afirmar que a série, que a identificação com os personagens continua sendo o ponto alto da série e a relação que se estabelece entre os dois resulta em um excelente entretenimento.
Olha, "Sherlock" é isso: uma mistura de magia com realismo. Vale muito a pena!!! Um conceito visual interessante e uma produção primorosa, digno de "blockbuster". A BBC acertou, arriscou e colheu os resultados! Grande série!!! Vale muito o play!!!
"Showbiz Kids", documentário original da HBO, é simplesmente sensacional - um recorte de como é ser uma criança nos Estúdios de Hollywood! A forma como o diretor Alex Winter (também ex-ator quando criança) foi construindo a narrativa com entrevistas, imagens de arquivo e cenas dos filmes que cada uma daquelas ex-estrelas mirins participaram, criou uma dinâmica muito interessante que nos prende aos assuntos abordados e quando nos damos conta, o filme já acabou, nos deixando um certo aperto no coração e uma reflexão bastante importante, principalmente para aqueles que tem filhos!
O documentário expõe os altos e baixos de ser uma estrela mirim em Hollywood, mostrando como uma carreira na indústria do entretenimento com tão pouca idade pode cobrar um preço caro e afetar profundamente o psicológico e o futuro dessas crianças. São entrevistas com atores conhecidos por seus trabalhos na infância, como Henry Thomas, Evan Rachel Wood, Wil Wheaton, Cameron Boyce e Milla Jovovich. Além disso, o filme trás uma referência quase antropológica ao mostrar Baby Peggy, a primeira grande estrela mirim americana, além de acompanhar a jornada de dois jovens (e suas mães, claro) que estão buscando um lugar de destaque no "showbiz". Confira o trailer:
O mais bacana de "Showbiz Kids" é que o diretor foi capaz de encontrar vários perfis de atores que foram referências quando crianças, desde aquele que gostou da experiência até aquele se sentiu forçado pelos pais para estar ali. O interessante, inclusive, é que entre as duas pontas existem vários temas bastante espinhosos que fizeram parte da vida de todos, como: abuso sexual, pedofilia, drogas, ganância ou até os reflexos da pressão e insegurança daquela linha tênue entre sucesso e fracasso, natural da profissão, mas que para uma criança é de uma crueldade inimaginável (irresponsável, eu diria) - reparem nas mães das duas crianças que ainda não alcançaram a fama e entendam a postura opressora que é imposta à elas mesmo com uma certa fantasia de liberdade de escolha! Complicado!
"Showbiz Kids" é, sem dúvida, um dos melhores documentários de 2020 e certamente estará presente na temporada de premiações. Dito isso, não perca tempo, dê o play e saiba que são esses exemplos que nos fazem refletir sobre a educação que daremos aos nossos filhos!
"Showbiz Kids", documentário original da HBO, é simplesmente sensacional - um recorte de como é ser uma criança nos Estúdios de Hollywood! A forma como o diretor Alex Winter (também ex-ator quando criança) foi construindo a narrativa com entrevistas, imagens de arquivo e cenas dos filmes que cada uma daquelas ex-estrelas mirins participaram, criou uma dinâmica muito interessante que nos prende aos assuntos abordados e quando nos damos conta, o filme já acabou, nos deixando um certo aperto no coração e uma reflexão bastante importante, principalmente para aqueles que tem filhos!
O documentário expõe os altos e baixos de ser uma estrela mirim em Hollywood, mostrando como uma carreira na indústria do entretenimento com tão pouca idade pode cobrar um preço caro e afetar profundamente o psicológico e o futuro dessas crianças. São entrevistas com atores conhecidos por seus trabalhos na infância, como Henry Thomas, Evan Rachel Wood, Wil Wheaton, Cameron Boyce e Milla Jovovich. Além disso, o filme trás uma referência quase antropológica ao mostrar Baby Peggy, a primeira grande estrela mirim americana, além de acompanhar a jornada de dois jovens (e suas mães, claro) que estão buscando um lugar de destaque no "showbiz". Confira o trailer:
O mais bacana de "Showbiz Kids" é que o diretor foi capaz de encontrar vários perfis de atores que foram referências quando crianças, desde aquele que gostou da experiência até aquele se sentiu forçado pelos pais para estar ali. O interessante, inclusive, é que entre as duas pontas existem vários temas bastante espinhosos que fizeram parte da vida de todos, como: abuso sexual, pedofilia, drogas, ganância ou até os reflexos da pressão e insegurança daquela linha tênue entre sucesso e fracasso, natural da profissão, mas que para uma criança é de uma crueldade inimaginável (irresponsável, eu diria) - reparem nas mães das duas crianças que ainda não alcançaram a fama e entendam a postura opressora que é imposta à elas mesmo com uma certa fantasia de liberdade de escolha! Complicado!
"Showbiz Kids" é, sem dúvida, um dos melhores documentários de 2020 e certamente estará presente na temporada de premiações. Dito isso, não perca tempo, dê o play e saiba que são esses exemplos que nos fazem refletir sobre a educação que daremos aos nossos filhos!
Se você que nos acompanha e sempre está em busca de algum conteúdo que remeta a uma jornada empreendedora ou ao universo das startups de tecnologia e ainda não se aventurou por uma das melhores séries já criadas sobre o assunto, esteja preparado para conhecer desde os programadores mais brilhantes às ambições mais desenfreadas de fundadores excêntricos do Vale do Silício, como em "WeCrashed" ou em "The Dropout", só que aqui em um tom infinitamente mais leve, mas nem por isso menos crítico ou relevante ao tema. "Silicon Valley", criada por John Altschuler, Mike Judge e Alec Berg, tem 6 temporadas e é um verdadeiro tesouro cômico que brilha graças a combinação de uma sagacidade afiada única, uma sátira social bastante inteligente e, claro, pelo seu elenco simplesmente excepcional - não é à toa que a série recebeu uma pancada de prêmios, além de cerca de 40 indicações ao Emmy, e foi saudada como uma das melhores comédias da última década.
"Silicon Valley", basicamente, segue a jornada tumultuada de Richard Hendricks (Thomas Middleditch), um programador introvertido que cria um algoritmo revolucionário que pode mudar a história da internet. Com o apoio do "sem noção" Erlich Bachman (T.J. Miller ), do ambicioso Dinesh Chugtai (Kumail Nanjiani) e do mal-humorado Gilfoyle (Martin Starr), Hendricks precisa lidar com todo aquele universo de inovação, cheio de intrigas e competição, enquanto tenta transformar sua startup, a Pied Piper, em um verdadeiro império tecnológico. Confira o trailer:
O que torna "Silicon Valley" verdadeiramente especial, sem dúvida, é sua capacidade de lançar um olhar incisivo sobre o universo do empreendedorismo tecnológico que virou moda nos últimos anos. Muito à frente de seu tempo, a série da HBO se aproveita do humor afiado e cheio de simbolismos do seu roteiro, para destilar os absurdos da indústria e dos egos inflados de seus atores em momentos realmente inesquecíveis. A direção habilidosa de se seus criadores entrega um ambiente autêntico e convincente, cheio de referências que só enriquecem nossa experiência como audiência.
Enquanto a fotografia e o desenho de produção capturam a grandeza e a artificialidade do Vale do Silício, o elenco acaba se destacando por suas performances impecáveis. Thomas Middleditch personifica brilhantemente a inocência de Richard Hendricks, enquanto T.J. Miller rouba todas as cenas com sua interpretação impagável de Erlich Bachman. A química entre os atores é tão palpável que praticamente conduzem a série sozinhos - principalmente nas duas primeiras temporadas. Depois vemos alguns outros personagens crescerem, como é o caso de Dinesh, Gilfoyle, do Jared (Zach Woods) e por fim do Jian Yang (Jimmy O. Yang).
"Silicon Valley" é um entretenimento fácil, para aqueles envolvidos com o universo da tecnologia e de startups, pois mesmo que elevado ao absurdo, quase tudo que vemos na tela, de fato, acontece na vida real. O ritmo é frenético, o que adiciona uma camada extra de humor e certa autenticidade, mas por ser uma sátira, pode dividir opiniões. E aqui vale lembrar de uma postagem do GatesNotes em 2018 onde Bill Gates revelou que a série era uma das poucas obras da cultura pop até ali, que "retratava de forma realista a comunidade do Vale do Silício, na Califórnia, com seus programadores sarcásticos, porém, sem nenhum trato social" - como ele!
Vale muito o seu play!
Se você que nos acompanha e sempre está em busca de algum conteúdo que remeta a uma jornada empreendedora ou ao universo das startups de tecnologia e ainda não se aventurou por uma das melhores séries já criadas sobre o assunto, esteja preparado para conhecer desde os programadores mais brilhantes às ambições mais desenfreadas de fundadores excêntricos do Vale do Silício, como em "WeCrashed" ou em "The Dropout", só que aqui em um tom infinitamente mais leve, mas nem por isso menos crítico ou relevante ao tema. "Silicon Valley", criada por John Altschuler, Mike Judge e Alec Berg, tem 6 temporadas e é um verdadeiro tesouro cômico que brilha graças a combinação de uma sagacidade afiada única, uma sátira social bastante inteligente e, claro, pelo seu elenco simplesmente excepcional - não é à toa que a série recebeu uma pancada de prêmios, além de cerca de 40 indicações ao Emmy, e foi saudada como uma das melhores comédias da última década.
"Silicon Valley", basicamente, segue a jornada tumultuada de Richard Hendricks (Thomas Middleditch), um programador introvertido que cria um algoritmo revolucionário que pode mudar a história da internet. Com o apoio do "sem noção" Erlich Bachman (T.J. Miller ), do ambicioso Dinesh Chugtai (Kumail Nanjiani) e do mal-humorado Gilfoyle (Martin Starr), Hendricks precisa lidar com todo aquele universo de inovação, cheio de intrigas e competição, enquanto tenta transformar sua startup, a Pied Piper, em um verdadeiro império tecnológico. Confira o trailer:
O que torna "Silicon Valley" verdadeiramente especial, sem dúvida, é sua capacidade de lançar um olhar incisivo sobre o universo do empreendedorismo tecnológico que virou moda nos últimos anos. Muito à frente de seu tempo, a série da HBO se aproveita do humor afiado e cheio de simbolismos do seu roteiro, para destilar os absurdos da indústria e dos egos inflados de seus atores em momentos realmente inesquecíveis. A direção habilidosa de se seus criadores entrega um ambiente autêntico e convincente, cheio de referências que só enriquecem nossa experiência como audiência.
Enquanto a fotografia e o desenho de produção capturam a grandeza e a artificialidade do Vale do Silício, o elenco acaba se destacando por suas performances impecáveis. Thomas Middleditch personifica brilhantemente a inocência de Richard Hendricks, enquanto T.J. Miller rouba todas as cenas com sua interpretação impagável de Erlich Bachman. A química entre os atores é tão palpável que praticamente conduzem a série sozinhos - principalmente nas duas primeiras temporadas. Depois vemos alguns outros personagens crescerem, como é o caso de Dinesh, Gilfoyle, do Jared (Zach Woods) e por fim do Jian Yang (Jimmy O. Yang).
"Silicon Valley" é um entretenimento fácil, para aqueles envolvidos com o universo da tecnologia e de startups, pois mesmo que elevado ao absurdo, quase tudo que vemos na tela, de fato, acontece na vida real. O ritmo é frenético, o que adiciona uma camada extra de humor e certa autenticidade, mas por ser uma sátira, pode dividir opiniões. E aqui vale lembrar de uma postagem do GatesNotes em 2018 onde Bill Gates revelou que a série era uma das poucas obras da cultura pop até ali, que "retratava de forma realista a comunidade do Vale do Silício, na Califórnia, com seus programadores sarcásticos, porém, sem nenhum trato social" - como ele!
Vale muito o seu play!
“Spencer” é um ótimo drama baseado em uma história real. Com roteiro de Steven Knight (também roteirista da série “Peaky Blinders”).
O filme mostra o que aconteceu nos últimos dias do casamento da princesa Diana (Kristen Stewart) com o príncipe Charles (Jack Farthing), que andava frio já fazia um bom tempo. E embora houvesse muitos rumores de casos e até de um possível divórcio, a paz foi ordenada para as festividades de Natal, na casa de campo da Família Real. Diana, mesmo estando em um ambiente de luxo, poder e fama, conhecia as regras do jogo de aparências e cada vez mais se via infeliz e totalmente deslocada nesse ambiente. Confira o trailer:
A direção feita com maestria por Pablo Larrain (do excelente "O Clube"), transmite toda a sensação de desconforto da personagem. É claustrofóbico, angustiante e desesperador. Kristen Stewart está no melhor papel de sua carreira, que inclusive rendeu uma indicação ao Oscar 2022 - eu vi algumas cenas reais da princesa Diana, e com isso só tive mais certeza do talento dessa atriz que já foi muito subestimada anteriormente por ter iniciado sua carreira em “Crepúsculo”. A trilha sonora é do ótimo Jonny Greenwood, que recentemente trabalhou em “Ataque de Cães” - pesquise por esse nome e veja para quantos filmes ele já compôs, tenho certeza de que não restarão dúvidas que sua colaboração nesse drama também foi outro grande acerto de sua carreira.
“Spencer” é mais um filme que não deve agradar o público geral, mas para quem conhece um pouco da história real ou aprecia os trabalhos da atriz Kristen Stewart ou até do diretor Pablo Larrain (como “Jackie” ou "Neruda", só para citar as biografias), certamente vai ter uma experiência surpreendente.
Vale muito a pena!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
“Spencer” é um ótimo drama baseado em uma história real. Com roteiro de Steven Knight (também roteirista da série “Peaky Blinders”).
O filme mostra o que aconteceu nos últimos dias do casamento da princesa Diana (Kristen Stewart) com o príncipe Charles (Jack Farthing), que andava frio já fazia um bom tempo. E embora houvesse muitos rumores de casos e até de um possível divórcio, a paz foi ordenada para as festividades de Natal, na casa de campo da Família Real. Diana, mesmo estando em um ambiente de luxo, poder e fama, conhecia as regras do jogo de aparências e cada vez mais se via infeliz e totalmente deslocada nesse ambiente. Confira o trailer:
A direção feita com maestria por Pablo Larrain (do excelente "O Clube"), transmite toda a sensação de desconforto da personagem. É claustrofóbico, angustiante e desesperador. Kristen Stewart está no melhor papel de sua carreira, que inclusive rendeu uma indicação ao Oscar 2022 - eu vi algumas cenas reais da princesa Diana, e com isso só tive mais certeza do talento dessa atriz que já foi muito subestimada anteriormente por ter iniciado sua carreira em “Crepúsculo”. A trilha sonora é do ótimo Jonny Greenwood, que recentemente trabalhou em “Ataque de Cães” - pesquise por esse nome e veja para quantos filmes ele já compôs, tenho certeza de que não restarão dúvidas que sua colaboração nesse drama também foi outro grande acerto de sua carreira.
“Spencer” é mais um filme que não deve agradar o público geral, mas para quem conhece um pouco da história real ou aprecia os trabalhos da atriz Kristen Stewart ou até do diretor Pablo Larrain (como “Jackie” ou "Neruda", só para citar as biografias), certamente vai ter uma experiência surpreendente.
Vale muito a pena!
Escrito por Mark Hewes - uma parceria @indiqueipraver
Sem a menor dúvida que milhares de pessoas foram apresentadas ao Cinema porque seus filmes foram capazes de colocar a audiência em um Universo Fantástico como se fossem as mais palpáveis das realidades. Minha primeira lembrança de sentar em uma sala de cinema, por exemplo, foi com E.T. e meu sonho (acreditem) era poder filmá-lo (como uma brincadeira de criança) para poder assistir quantas vezes eu quisesse (já que na época nem video cassete existia) - essa foi minha história de identificação com o trabalho do diretor Steven Spielberg, mas cada amante de boas histórias e apaixonados pelo cinema de qualidade, tem a sua!
O documentário, "Spielberg", como não poderia deixar de ser, nos apresenta a notável carreira do diretor, suas influências e motivações, além de histórias pouco conhecidas sobre alguns de seus filmes mais famosos. Confira o trailer:
Produzido pela HBO e dirigido por Susan Lacy (vencedora de 14 Emmy - isso mesmo, 14), "Spielberg" sabe equilibrar perfeitamente momentos interessantes sobre a história pessoal do diretor com sua figura dentro de um set de filmagem, onde, de fato, sua capacidade técnica e criativa o coloca como um dos maiores da história - basta lembrar de alguns dos seus sucessos, seja de público ou de critica, como: "ET", "Tubarão", "A.I.: Inteligência Artificial", "A Lista de Schindler", "Jurassic Park", entre muitos outros.
Embora o roteiro escrito pela própria Lacy deixe um certo ar de repetição ao longo de suas duas horas e meia de documentário, eu diria que "Spielberg" celebra o diretor pelos olhos de muita gente relevante de Hollywood - é o caso de Christian Bale, Cate Blanchett, Leonardo DiCaprio, Daniel Day-Lewis, Francis Ford Coppola, que aproveitam de seus depoimentos para confirmar aquilo que todo mundo já sabe: Spielberg é um gênio!
Já pela ótica de sua vida pessoal, "Spielberg" foi muito competente ao mostrar como ele sofreu com a separação dos pais e como isso foi demonstrado em muitos de seus filmes que falavam sobre as relações familiares, sobre o abandono, sobre os reencontros, etc. O documentário também explora os problemas que sua origem judaica acarretaram em sua vida e como o cinema ajudou a resolver essa questão.
Olha, eu já havia agradecido a HBO quando assisti o trailer de "Spielberg" pela primeira vez, então aproveito para agradecer de novo: esse documentário é daqueles filmes para assistirmos toda hora - como adoro fazer com o "Stanley Kubrick: Imagens de uma Vida", por exemplo - para quem trabalha ou gosta do cinema como processo criativo, é material obrigatório!
Imperdível! Vale muito o seu play!!!
Sem a menor dúvida que milhares de pessoas foram apresentadas ao Cinema porque seus filmes foram capazes de colocar a audiência em um Universo Fantástico como se fossem as mais palpáveis das realidades. Minha primeira lembrança de sentar em uma sala de cinema, por exemplo, foi com E.T. e meu sonho (acreditem) era poder filmá-lo (como uma brincadeira de criança) para poder assistir quantas vezes eu quisesse (já que na época nem video cassete existia) - essa foi minha história de identificação com o trabalho do diretor Steven Spielberg, mas cada amante de boas histórias e apaixonados pelo cinema de qualidade, tem a sua!
O documentário, "Spielberg", como não poderia deixar de ser, nos apresenta a notável carreira do diretor, suas influências e motivações, além de histórias pouco conhecidas sobre alguns de seus filmes mais famosos. Confira o trailer:
Produzido pela HBO e dirigido por Susan Lacy (vencedora de 14 Emmy - isso mesmo, 14), "Spielberg" sabe equilibrar perfeitamente momentos interessantes sobre a história pessoal do diretor com sua figura dentro de um set de filmagem, onde, de fato, sua capacidade técnica e criativa o coloca como um dos maiores da história - basta lembrar de alguns dos seus sucessos, seja de público ou de critica, como: "ET", "Tubarão", "A.I.: Inteligência Artificial", "A Lista de Schindler", "Jurassic Park", entre muitos outros.
Embora o roteiro escrito pela própria Lacy deixe um certo ar de repetição ao longo de suas duas horas e meia de documentário, eu diria que "Spielberg" celebra o diretor pelos olhos de muita gente relevante de Hollywood - é o caso de Christian Bale, Cate Blanchett, Leonardo DiCaprio, Daniel Day-Lewis, Francis Ford Coppola, que aproveitam de seus depoimentos para confirmar aquilo que todo mundo já sabe: Spielberg é um gênio!
Já pela ótica de sua vida pessoal, "Spielberg" foi muito competente ao mostrar como ele sofreu com a separação dos pais e como isso foi demonstrado em muitos de seus filmes que falavam sobre as relações familiares, sobre o abandono, sobre os reencontros, etc. O documentário também explora os problemas que sua origem judaica acarretaram em sua vida e como o cinema ajudou a resolver essa questão.
Olha, eu já havia agradecido a HBO quando assisti o trailer de "Spielberg" pela primeira vez, então aproveito para agradecer de novo: esse documentário é daqueles filmes para assistirmos toda hora - como adoro fazer com o "Stanley Kubrick: Imagens de uma Vida", por exemplo - para quem trabalha ou gosta do cinema como processo criativo, é material obrigatório!
Imperdível! Vale muito o seu play!!!
Se você é um fã de "Billions" e acha que que já assistiu tudo sobre traições e armações em "Game of Thrones", provavelmente você (como eu) não vai conseguir parar de assistir "Succession" da HBO. A série pega o que tem de melhor dessas séries citadas e se aprofunda ainda mais no desenvolvimento de 5 ou 6 personagens bastante complexos e perturbadores. Ok, então como eu ainda não sabia que uma série tão interessante assim existia? Essa é uma boa pergunta, mas pode confiar: não perca mais tempo, assista e depois me agradeça.
"Succession" acompanha o dia a dia da Família Roy dona de um dos maiores conglomerados de Mídia e Entretenimento do Mundo. Acontece que as relações dentro dos convívio familiar não são, digamos, tão sadias assim. As disputas pelo poder movem os personagens dentro desse universo corporativo, trabalhando como ninguém aquela linha bastante tênue entre o objetivo pessoal (e privado) e a ganância profissional (e pública) - tudo isso regado a muito dinheiro e ostentação capaz de deixar "Suits" no chinelo!
Logan (Brian Cox) comanda o 5º maior conglomerado de mídia de entretenimento do mundo. O patriarca da família Roy conseguiu construir um verdadeiro império e se tronar um dos homens mais poderosos (e odiados) do mundo. Seu estilo pouco popular de administrar o negócio transformou Logan em um profissional muito bem sucedido, ao mesmo tempo em que foi um pai extremamente autoritário e um ser humano rancoroso, misógino e preconceituoso. Em cima desses valores nada nobres é que conhecemos Kendall (Jeremy Strong), o segundo filho mais velho, um rapaz esforçado e o mais envolvido com o negócio da família, o problema é que suas referências o tornaram um profissional inseguro, sem alto estima e limitado. Recém separado da mulher Rava e depois de um problema crônico com drogas, Kendall sofre para se tornar alguém respeitado dentro da empresa e principalmente para ganhar a aprovação e o apoio do pai - chega a dar dó! Roman (Kieran Culkin - o irmão de Macaulay) é o caçula, um playboy mimado, preguiçoso e sem noção, completamente sem escrúpulos nos negócios e nas relações pessoais - um perfeito idiota! Shiv (Saraha Snook), a única filha mulher, é completamente desequilibrada emocionalmente, provavelmente o reflexo da criação machista que teve durante toda sua infância. Embora seja uma profissional respeitada na carreira política, Shiv vive interferindo nas decisões da empresa da família e se colocando contra as atitudes egoístas e vaidosas dos irmãos (e muitas vezes do próprio pai). Para finalizar, o filho mais velho, Connor (Alan Ruck), não quer nenhuma ligação com a empresa desde que continue sendo financiado pelo dinheiro "que lhe é de direito"! Completamente fora da realidade, Connor mora em uma fazenda (de luxo) e namora uma jovem atriz de teatro que a família insiste em dizer que é uma prostituta! Outros três personagens coadjuvantes também chamam a atenção por sua importância nas tramas e pela complexidade com que se envolvem nas relações: Greg (Nicholas Braun) um sobrinho distante que quer vencer na vida custe o que custar, Tom (Matthew Macfadyen), noivo de Shiv e um executivo medíocre em busca de ascensão profissional / social e Marcia (Hiam Abbass), a companheira misteriosa de Logan.
A partir do trailer e da descrição dos personagens já dá para se ter uma idéia de como podem ser constrangedoras as situações envolvendo esses pares. Sério, a sensação é que somos colocados em um ambiente fechado, claustrofóbico até, com uma bomba prestes a explodir, só não sabemos exatamente "quando" e nem "como" - isso gera uma espécie de tensão como poucas vezes senti ao assistir uma série (talvez minha única lembrança imediata seja "Breaking Bad"). A relação entre eles é tão superficial e egocêntrica que chega a embrulhar o estômago e essa sensação é muito mérito do conceito estético que o showrunner aplicou na série. Com uma câmera mais solta, os diretores usam muito do "zoom" para nos aproximar da tensão de cada diálogo, trazendo um toque documental para a ficção - mais ou menos como foi feito em "The Office". A fotografia também merece destaque, os planos abertos, além de mostrar uma arquitetura moderna e luxuosa, trás uma Nova Yorke charmosa e agitada como nas já citadas "Billions" e "Suits".
É fato que "Succession" surfa na onda do hype corporativo e da tendência de dramas do mercado financeiro - como citamos recentemente no Blog da Viu Review, porém a série não deixa de ser uma grande (e agradável) surpresa, pois mesmo chegando quietinha, sem muito marketing, acabou levando o Emmy2019 de Melhor Roteiro para Série Dramática com "Nobody is ever missing" - do excelente episódio final da primeira temporada! Ah, a série ainda levou o prêmio de Melhor Música de Abertura! Olha, vale muito a pena, mas é preciso ter estômago, porque os roteiros escancaram, uma cena atrás da outra, aquele famoso ditado de que "dinheiro não traz felicidade" e vai além, trazendo para discussão uma outra pergunta: então, o que é preciso para feliz?
Dê o play sem medo!
Se você é um fã de "Billions" e acha que que já assistiu tudo sobre traições e armações em "Game of Thrones", provavelmente você (como eu) não vai conseguir parar de assistir "Succession" da HBO. A série pega o que tem de melhor dessas séries citadas e se aprofunda ainda mais no desenvolvimento de 5 ou 6 personagens bastante complexos e perturbadores. Ok, então como eu ainda não sabia que uma série tão interessante assim existia? Essa é uma boa pergunta, mas pode confiar: não perca mais tempo, assista e depois me agradeça.
"Succession" acompanha o dia a dia da Família Roy dona de um dos maiores conglomerados de Mídia e Entretenimento do Mundo. Acontece que as relações dentro dos convívio familiar não são, digamos, tão sadias assim. As disputas pelo poder movem os personagens dentro desse universo corporativo, trabalhando como ninguém aquela linha bastante tênue entre o objetivo pessoal (e privado) e a ganância profissional (e pública) - tudo isso regado a muito dinheiro e ostentação capaz de deixar "Suits" no chinelo!
Logan (Brian Cox) comanda o 5º maior conglomerado de mídia de entretenimento do mundo. O patriarca da família Roy conseguiu construir um verdadeiro império e se tronar um dos homens mais poderosos (e odiados) do mundo. Seu estilo pouco popular de administrar o negócio transformou Logan em um profissional muito bem sucedido, ao mesmo tempo em que foi um pai extremamente autoritário e um ser humano rancoroso, misógino e preconceituoso. Em cima desses valores nada nobres é que conhecemos Kendall (Jeremy Strong), o segundo filho mais velho, um rapaz esforçado e o mais envolvido com o negócio da família, o problema é que suas referências o tornaram um profissional inseguro, sem alto estima e limitado. Recém separado da mulher Rava e depois de um problema crônico com drogas, Kendall sofre para se tornar alguém respeitado dentro da empresa e principalmente para ganhar a aprovação e o apoio do pai - chega a dar dó! Roman (Kieran Culkin - o irmão de Macaulay) é o caçula, um playboy mimado, preguiçoso e sem noção, completamente sem escrúpulos nos negócios e nas relações pessoais - um perfeito idiota! Shiv (Saraha Snook), a única filha mulher, é completamente desequilibrada emocionalmente, provavelmente o reflexo da criação machista que teve durante toda sua infância. Embora seja uma profissional respeitada na carreira política, Shiv vive interferindo nas decisões da empresa da família e se colocando contra as atitudes egoístas e vaidosas dos irmãos (e muitas vezes do próprio pai). Para finalizar, o filho mais velho, Connor (Alan Ruck), não quer nenhuma ligação com a empresa desde que continue sendo financiado pelo dinheiro "que lhe é de direito"! Completamente fora da realidade, Connor mora em uma fazenda (de luxo) e namora uma jovem atriz de teatro que a família insiste em dizer que é uma prostituta! Outros três personagens coadjuvantes também chamam a atenção por sua importância nas tramas e pela complexidade com que se envolvem nas relações: Greg (Nicholas Braun) um sobrinho distante que quer vencer na vida custe o que custar, Tom (Matthew Macfadyen), noivo de Shiv e um executivo medíocre em busca de ascensão profissional / social e Marcia (Hiam Abbass), a companheira misteriosa de Logan.
A partir do trailer e da descrição dos personagens já dá para se ter uma idéia de como podem ser constrangedoras as situações envolvendo esses pares. Sério, a sensação é que somos colocados em um ambiente fechado, claustrofóbico até, com uma bomba prestes a explodir, só não sabemos exatamente "quando" e nem "como" - isso gera uma espécie de tensão como poucas vezes senti ao assistir uma série (talvez minha única lembrança imediata seja "Breaking Bad"). A relação entre eles é tão superficial e egocêntrica que chega a embrulhar o estômago e essa sensação é muito mérito do conceito estético que o showrunner aplicou na série. Com uma câmera mais solta, os diretores usam muito do "zoom" para nos aproximar da tensão de cada diálogo, trazendo um toque documental para a ficção - mais ou menos como foi feito em "The Office". A fotografia também merece destaque, os planos abertos, além de mostrar uma arquitetura moderna e luxuosa, trás uma Nova Yorke charmosa e agitada como nas já citadas "Billions" e "Suits".
É fato que "Succession" surfa na onda do hype corporativo e da tendência de dramas do mercado financeiro - como citamos recentemente no Blog da Viu Review, porém a série não deixa de ser uma grande (e agradável) surpresa, pois mesmo chegando quietinha, sem muito marketing, acabou levando o Emmy2019 de Melhor Roteiro para Série Dramática com "Nobody is ever missing" - do excelente episódio final da primeira temporada! Ah, a série ainda levou o prêmio de Melhor Música de Abertura! Olha, vale muito a pena, mas é preciso ter estômago, porque os roteiros escancaram, uma cena atrás da outra, aquele famoso ditado de que "dinheiro não traz felicidade" e vai além, trazendo para discussão uma outra pergunta: então, o que é preciso para feliz?
Dê o play sem medo!
Essa recomendação faz parte do nosso projeto "Semana dos Clássicos", onde convidamos você a revisitar filmes que mudaram os rumos da narrativa cinematográfica e que merecem um olhar mais critico sem esquecer, claro, do que pode ter representado emocionalmente na nossa vida!
"Superman", lançado em 1978 e dirigido pelo inesquecível Richard Donner, é um marco no cinema de heróis e uma das produções que mais influenciou o gênero ao longo dos anos. A obra introduziu o icônico personagem da DC Comics ao público em uma nova era cinematográfica, com um tom épico e uma escala visual impressionante para a época. O filme não apenas deu início à franquia do Superman no cinema, como também estabeleceu padrões de narrativa e produção que seriam seguidos por décadas.
A trama acompanha a origem de Kal-El, um bebê alienígena enviado à Terra momentos antes da destruição de seu planeta natal, Krypton. Criado por pais adotivos no interior dos Estados Unidos, ele cresce como Clark Kent (Christopher Reeve), desenvolvendo habilidades extraordinárias. Quando adulto, ele assume o papel de Superman, um herói dedicado à proteção da humanidade, enquanto trabalha disfarçado como o repórter tímido do Planeta Diário. O vilão Lex Luthor (Gene Hackman), um gênio criminoso, se torna seu principal antagonista nesse episódio ao arquitetar um plano que coloca milhões de vidas em risco, inclusive de Lois Lane (Margot Kidder). Confira o trailer (em inglês):
Delicioso de assistir, "Superman" se destaca não apenas por uma história clássica de origem, mas também pela habilidade de Donner em equilibrar fantasia e realidade sem a pretensão de parecer ranzinza demais. O primeiro ato do filme é brilhante - a narrativa se concentra na origem de Kal-El em Krypton e na sua criação na Terra. Repare como a jornada é cuidadosamente construída, sem se alongar demais, trazendo uma sensação de grandeza, mesmo que pontuada por uma certa melancolia. A transição de um jovem confuso para o icônico herói é tratada com delicadeza pelo diretor, o que humaniza o personagem e cria uma conexão emocional com o público. O roteiro, escrito por Mario Puzo (O Poderoso Chefão), David Newman, Leslie Newman e Robert Benton (Kramer vs. Kramer), equilibra bem a ação e o humor, sem desrespeitar a seriedade do personagem mítico. Veja, a narrativa é simples e direta, uma aula de roteiro, pois funciona bem para introduzir o herói e seus valores, tem aventura e diversão, mas também oferece profundidade suficiente para explorar as lutas íntimas de Clark com sua identidade e responsabilidade.
A direção de Richard Donner é impecável nesse sentido - ela mistura ótimas cenas de ação com momentos de desenvolvimento emocional relevantes. Ele consegue dar ao filme uma escala grandiosa, sem perder de vista a humanidade de Clark Kent/Superman. A utilização dos efeitos especiais que Donner usou, revolucionou o cinema - a partir da famosa campanha de marketing “Você acreditará que um homem pode voar”, as cenas de voo, apesar de simples pelos padrões atuais, foram impressionantes para o público dos anos 70 e se tornaram um dos elementos mais icônicos do filme. Outro ponto que merece destaque são as cenas em Krypton - embora soem datadas, elas foram visualmente impactantes, com uma estética futurista que refletia o alto nível de design de produção para a época.
Obviamente que interpretação de Christopher Reeve é um dos pilares que sustentam o filme. Ele conseguiu capturar perfeitamente a dualidade de Clark Kent e Superman - como Kent, ele é desajeitado e inseguro, uma fachada bem diferente do herói confiante e poderoso que o público vê como Superman. A performance de Reeve é marcada por sua naturalidade em ambos os papéis, o que lhe rendeu reconhecimento como uma das personificações definitivas do personagem. Basta um óculos e um bom ator para mergulharmos na proposta fantástica da DC. Gene Hackman, como Lex Luthor, traz uma interpretação carismática e um toque cômico ao vilão. Embora o tom leve de sua atuação contraste com a seriedade de Superman, Hackman oferece uma performance que equilibra malícia e humor, fazendo de Luthor um personagem inesquecível - a química entre Hackman e seus aliados de cena, como Otis (Ned Beatty) e Senhorita Teschmacher (Valerie Perrine), também adiciona leveza a um filme que, em muitos momentos, soa como um simples entretenimento de gênero.
A trilha sonora de John Williams é outro aspecto que define a grandiosidade de Superman. A tocada heróica de Williams, que acompanha as cenas de voo e ação, se tornou um dos temas mais reconhecíveis da história do cinema. Sua música captura a essência do personagem, uma mistura de esperança, nobreza e poder, e eleva cada cena em que é utilizada, reforçando o impacto épico da jornada. O fato é que "Superman" é um filme essencial para entender a evolução do gênero de heróis. Ele não apenas apresentou o herói de forma digna e fiel às suas raízes nas HQs, como também estabeleceu o tom para futuras adaptações no cinema. Com uma mistura de grandiosidade, performances memoráveis e um personagem que continua a inspirar gerações, o filme de 1978 permanece como um clássico atemporal que merece o seu play (novamente)!
Assista essa versão remasterizada e estendida do diretor!
Essa recomendação faz parte do nosso projeto "Semana dos Clássicos", onde convidamos você a revisitar filmes que mudaram os rumos da narrativa cinematográfica e que merecem um olhar mais critico sem esquecer, claro, do que pode ter representado emocionalmente na nossa vida!
"Superman", lançado em 1978 e dirigido pelo inesquecível Richard Donner, é um marco no cinema de heróis e uma das produções que mais influenciou o gênero ao longo dos anos. A obra introduziu o icônico personagem da DC Comics ao público em uma nova era cinematográfica, com um tom épico e uma escala visual impressionante para a época. O filme não apenas deu início à franquia do Superman no cinema, como também estabeleceu padrões de narrativa e produção que seriam seguidos por décadas.
A trama acompanha a origem de Kal-El, um bebê alienígena enviado à Terra momentos antes da destruição de seu planeta natal, Krypton. Criado por pais adotivos no interior dos Estados Unidos, ele cresce como Clark Kent (Christopher Reeve), desenvolvendo habilidades extraordinárias. Quando adulto, ele assume o papel de Superman, um herói dedicado à proteção da humanidade, enquanto trabalha disfarçado como o repórter tímido do Planeta Diário. O vilão Lex Luthor (Gene Hackman), um gênio criminoso, se torna seu principal antagonista nesse episódio ao arquitetar um plano que coloca milhões de vidas em risco, inclusive de Lois Lane (Margot Kidder). Confira o trailer (em inglês):
Delicioso de assistir, "Superman" se destaca não apenas por uma história clássica de origem, mas também pela habilidade de Donner em equilibrar fantasia e realidade sem a pretensão de parecer ranzinza demais. O primeiro ato do filme é brilhante - a narrativa se concentra na origem de Kal-El em Krypton e na sua criação na Terra. Repare como a jornada é cuidadosamente construída, sem se alongar demais, trazendo uma sensação de grandeza, mesmo que pontuada por uma certa melancolia. A transição de um jovem confuso para o icônico herói é tratada com delicadeza pelo diretor, o que humaniza o personagem e cria uma conexão emocional com o público. O roteiro, escrito por Mario Puzo (O Poderoso Chefão), David Newman, Leslie Newman e Robert Benton (Kramer vs. Kramer), equilibra bem a ação e o humor, sem desrespeitar a seriedade do personagem mítico. Veja, a narrativa é simples e direta, uma aula de roteiro, pois funciona bem para introduzir o herói e seus valores, tem aventura e diversão, mas também oferece profundidade suficiente para explorar as lutas íntimas de Clark com sua identidade e responsabilidade.
A direção de Richard Donner é impecável nesse sentido - ela mistura ótimas cenas de ação com momentos de desenvolvimento emocional relevantes. Ele consegue dar ao filme uma escala grandiosa, sem perder de vista a humanidade de Clark Kent/Superman. A utilização dos efeitos especiais que Donner usou, revolucionou o cinema - a partir da famosa campanha de marketing “Você acreditará que um homem pode voar”, as cenas de voo, apesar de simples pelos padrões atuais, foram impressionantes para o público dos anos 70 e se tornaram um dos elementos mais icônicos do filme. Outro ponto que merece destaque são as cenas em Krypton - embora soem datadas, elas foram visualmente impactantes, com uma estética futurista que refletia o alto nível de design de produção para a época.
Obviamente que interpretação de Christopher Reeve é um dos pilares que sustentam o filme. Ele conseguiu capturar perfeitamente a dualidade de Clark Kent e Superman - como Kent, ele é desajeitado e inseguro, uma fachada bem diferente do herói confiante e poderoso que o público vê como Superman. A performance de Reeve é marcada por sua naturalidade em ambos os papéis, o que lhe rendeu reconhecimento como uma das personificações definitivas do personagem. Basta um óculos e um bom ator para mergulharmos na proposta fantástica da DC. Gene Hackman, como Lex Luthor, traz uma interpretação carismática e um toque cômico ao vilão. Embora o tom leve de sua atuação contraste com a seriedade de Superman, Hackman oferece uma performance que equilibra malícia e humor, fazendo de Luthor um personagem inesquecível - a química entre Hackman e seus aliados de cena, como Otis (Ned Beatty) e Senhorita Teschmacher (Valerie Perrine), também adiciona leveza a um filme que, em muitos momentos, soa como um simples entretenimento de gênero.
A trilha sonora de John Williams é outro aspecto que define a grandiosidade de Superman. A tocada heróica de Williams, que acompanha as cenas de voo e ação, se tornou um dos temas mais reconhecíveis da história do cinema. Sua música captura a essência do personagem, uma mistura de esperança, nobreza e poder, e eleva cada cena em que é utilizada, reforçando o impacto épico da jornada. O fato é que "Superman" é um filme essencial para entender a evolução do gênero de heróis. Ele não apenas apresentou o herói de forma digna e fiel às suas raízes nas HQs, como também estabeleceu o tom para futuras adaptações no cinema. Com uma mistura de grandiosidade, performances memoráveis e um personagem que continua a inspirar gerações, o filme de 1978 permanece como um clássico atemporal que merece o seu play (novamente)!
Assista essa versão remasterizada e estendida do diretor!
Bem na linha dos documentários "Stan Lee" e "Marvel Stories", "Superpoderosos - A História da DC" traça um coerente e interessante paralelo entre o mercado editorial de HQs nos EUA, a força de sua propriedade intelectual e a jornada da DC em todas as mídias sob o enfoque social, cultural e também corporativo. Embora em alguns momentos, a minissérie em três partes possa parecer um amontoado de "extras" dos filmes da própria DC ao longo de décadas, é de se elogiar como o roteiro é capaz de conectar os pontos, criando uma linha temporal bastante dinâmica para contar essa história que soa como um fio de esperança para os fãs, mais ou menos como: "nós já erramos antes, mas encontramos um caminho. Acredite mais uma vez"!
"Superpoderosos - A História da DC" é um mergulho no legado duradouro e influente da DC que permite aos fãs redescobrirem o universo de personagens, as origens da icônica empresa de quadrinhos, seu desenvolvimento e o impacto de quase nove décadas da DC em todas as formas de arte. Confira o trailer:
Sem dúvida que o ponto alto dessa produção da HBO está na forma como a narrativa consegue expor a complexidade que é lidar com uma marca como a DC. O recorte histórico é riquíssimo, embora soe apressado e nem tão atual - já que nada se comenta sobre o novo DCU ou a chegada de Gunn para comandar o reboot do universo. No entanto, é possível perceber um tom de esperança quando o documentário analisa os desafios enfrentados pela empresa ao longo dos anos, incluindo momentos delicados, de controvérsia, como as polêmicas mudanças de continuidade, crises e reformulações editoriais. Esses momentos, enaltece a narrativa, se mostram fundamentais para moldar valor da DC que conhecemos hoje - e de fato, a empresa parece ter uma habilidade fora do comum tanto para se reinventar como para tomar decisões bem duvidosas.
A minissérie dirigida pela talentosa Leslie Iwerks (de "A História do Imagineering") começa por traçar as origens humildes da DC nas páginas de quadrinhos na década de 1930 (muito, mas muito antes da Marvel existir), destacando a criação de personagens lendários como Superman, Batman, Flash e Mulher-Maravilha. Ao longo dos episódios, o roteiro aborda temas interessantes como a DC criou e expandiu seu multiverso, disruptando um mercado marcado pela linearidade de seus arcos. Repare como o conceito aplicado nas HQs parece se repetir agora no cinema - é quase como se a empresa fomentasse uma espécie de liberdade editorial para que todos os heróis e vilões de seu catálogo se modernizassem para que os autores e diretores pudessem explorar várias realidades.
Sempre com depoimentos de autores, diretores e produtores, "The DC Story" (no original), explora a influência da DC no cinema, com o clássico "Superman: O Filme" de 1978, que trouxe a aura dos super-heróis para a tela grande, até as recentes produções como "Cavaleiro da Trevas", "Liga da Justiça", "Aquaman" e "Mulher-Maravilha". A jornada na TV com suas populares séries do Arrowverse, como "Arrow", "The Flash e "Supergirl", também foram lembradas e explicam como essas produções abraçaram a mitologia dos HQs e criaram histórias envolventes que vieram cativando os fãs de todas as idades desde as animações clássicas como "Superamigos".
Para quem gosta do assunto, realmente "Superpoderosos - A História da DC" é imperdível. Eu diria que esse overview nos dá a exata noção do tamanho e da importância da DC para a cultura pop mundial, sem se abster dos seus erros estratégicos e da sua capacidade de se adaptar aos tempos, o documentário celebra com muita honestidade a riqueza de seu universo, que continua a inspirar gerações de fãs em todo o mundo.
Vale seu play!
Bem na linha dos documentários "Stan Lee" e "Marvel Stories", "Superpoderosos - A História da DC" traça um coerente e interessante paralelo entre o mercado editorial de HQs nos EUA, a força de sua propriedade intelectual e a jornada da DC em todas as mídias sob o enfoque social, cultural e também corporativo. Embora em alguns momentos, a minissérie em três partes possa parecer um amontoado de "extras" dos filmes da própria DC ao longo de décadas, é de se elogiar como o roteiro é capaz de conectar os pontos, criando uma linha temporal bastante dinâmica para contar essa história que soa como um fio de esperança para os fãs, mais ou menos como: "nós já erramos antes, mas encontramos um caminho. Acredite mais uma vez"!
"Superpoderosos - A História da DC" é um mergulho no legado duradouro e influente da DC que permite aos fãs redescobrirem o universo de personagens, as origens da icônica empresa de quadrinhos, seu desenvolvimento e o impacto de quase nove décadas da DC em todas as formas de arte. Confira o trailer:
Sem dúvida que o ponto alto dessa produção da HBO está na forma como a narrativa consegue expor a complexidade que é lidar com uma marca como a DC. O recorte histórico é riquíssimo, embora soe apressado e nem tão atual - já que nada se comenta sobre o novo DCU ou a chegada de Gunn para comandar o reboot do universo. No entanto, é possível perceber um tom de esperança quando o documentário analisa os desafios enfrentados pela empresa ao longo dos anos, incluindo momentos delicados, de controvérsia, como as polêmicas mudanças de continuidade, crises e reformulações editoriais. Esses momentos, enaltece a narrativa, se mostram fundamentais para moldar valor da DC que conhecemos hoje - e de fato, a empresa parece ter uma habilidade fora do comum tanto para se reinventar como para tomar decisões bem duvidosas.
A minissérie dirigida pela talentosa Leslie Iwerks (de "A História do Imagineering") começa por traçar as origens humildes da DC nas páginas de quadrinhos na década de 1930 (muito, mas muito antes da Marvel existir), destacando a criação de personagens lendários como Superman, Batman, Flash e Mulher-Maravilha. Ao longo dos episódios, o roteiro aborda temas interessantes como a DC criou e expandiu seu multiverso, disruptando um mercado marcado pela linearidade de seus arcos. Repare como o conceito aplicado nas HQs parece se repetir agora no cinema - é quase como se a empresa fomentasse uma espécie de liberdade editorial para que todos os heróis e vilões de seu catálogo se modernizassem para que os autores e diretores pudessem explorar várias realidades.
Sempre com depoimentos de autores, diretores e produtores, "The DC Story" (no original), explora a influência da DC no cinema, com o clássico "Superman: O Filme" de 1978, que trouxe a aura dos super-heróis para a tela grande, até as recentes produções como "Cavaleiro da Trevas", "Liga da Justiça", "Aquaman" e "Mulher-Maravilha". A jornada na TV com suas populares séries do Arrowverse, como "Arrow", "The Flash e "Supergirl", também foram lembradas e explicam como essas produções abraçaram a mitologia dos HQs e criaram histórias envolventes que vieram cativando os fãs de todas as idades desde as animações clássicas como "Superamigos".
Para quem gosta do assunto, realmente "Superpoderosos - A História da DC" é imperdível. Eu diria que esse overview nos dá a exata noção do tamanho e da importância da DC para a cultura pop mundial, sem se abster dos seus erros estratégicos e da sua capacidade de se adaptar aos tempos, o documentário celebra com muita honestidade a riqueza de seu universo, que continua a inspirar gerações de fãs em todo o mundo.
Vale seu play!
"Tenet" é mais um filmaço do diretor Christopher Nolan, nível de "A Origem" ("Inception" de 2010) e tão complicado quanto (ou mais, eu diria). Sem a menor dúvida, a experiência visual é tão esmagadora quanto o conceito narrativo, e a forma como Nolan conecta os pontos dentro de uma história muito interessante, dinâmica e inteligente é impressionante - isso só nos dá a exata noção do quão genial ele é!
Na história, um agente da CIA conhecido como "O Protagonista" (John David Washington) é recrutado por uma organização misteriosa, chamada Tenet, para participar de uma missão de escala global. Eles precisam impedir que Andrei Sator (Kenneth Branagh), um renegado oligarca russo que teve acesso a uma tecnologia que lhe permite se comunicar com o futuro, inicie a Terceira Guerra Mundial. A organização está em posse de uma arma de fogo que consegue fazer o tempo correr ao contrário, acreditando que o objeto veio do futuro. Com essa habilidade em mãos, O Protagonista precisará usá-la como forma de se opor à ameaça que está por vir, impedindo que os planos de Sator se concretizem. Confira o trailer:
Olha, é impossível não ficar imediatamente fascinado e fisgado pela dinâmica de "Tenet", mesmo com a dolorosa impressão de que não estamos entendendo muito bem o que está acontecendo de cara - a belíssima sequência de ação que mostra a invasão da ópera de Kiev, na Ucrânia, já nos dá um nó na cabeça. A grande questão porém, é que essa sensação de desconforto não melhora em nada durante as duas horas e meia do filme, mesmo sabendo onde estamos nos enfiando e estando bastante dispostos a tentar entender o fluxo do tempo pelos olhos de quem assiste e não pela imersão na jornada dos personagens. Sim, eu sei que pode parecer confuso e de fato é - ainda mais com repetidas quebras temporais que além de alterar completamente nossa percepção de continuidade, também nos provoca visualmente já que temos a curiosa sensação de poder prever o futuro segundos antes dele acontecer - e aqui cabe uma observação de quem já esteve em um set de filmagem: o que Nolan faz com a gramática cinematográfica para sentirmos isso, é de se aplaudir de pé!
Veja, se nos filmes anteriores Nolan investiu algum tempo (e muitos efeitos especiais) para estabelecer as regras daqueles universos que ele criou, em "Tenet" ele simplesmente nos joga dentro de um "buraco de minhoca" - sem a menor intenção de fazer algum trocadilho! Nolan quis chegar em outro nível de construção narrativa, como se ele mesmo se desafiasse a entregar algo complexo, mas auto-explicativo ao mesmo tempo. Se ele não se preocupou com a audiência ao não dar explicações expositivas, com certeza ele agiu minuciosamente para não nos deixar a impressão de que alguma ponta ficou solta - e isso é impressionante!
Por mais difícil que seja compreender 100% de "Tenet", a sensação de entretenimento é tão boa que nem nos preocupamos com os detalhes - Nolan faz isso por nós! Quando ele se propõe em juntar as peças e repetir os planos, usando enquadramentos que por alguma razão possam ter passados despercebidos - de um retrovisor quebrado sem motivo ou de uma mulher saltando de um iate em segundo plano; tudo se conecta tão organicamente que passar esse tempo todo em uma espécie de zona nebulosa do entendimento, não atrapalha em nada nossa experiência, pelo contrario, só vai somando ao que receberemos no final!
Vencedor do Oscar de Efeitos Visuais e indicado em apenas mais uma categoria (Desenho de Produção) em 2021, Nolan mostrou que está muito a frente do seu tempo e que nem mesmo a Academia foi capaz de entender seu trabalho mais autoral. Ele não ter sido indicado como Melhor Diretor e Melhor Roteiro é de uma injustiça poucas vezes vista.
Agora um aviso: para aqueles que buscam uma jornada fácil, "Tenet" definitivamente não é para você. Mas se você está disposto a sair de uma zona de conforto intelectual e mergulhar em uma realidade complicada de assimilar e processar, dê o play e esteja preparado para lidar com um cérebro em frangalhos depois que o filme terminar, mas feliz pelo excelente entretenimento.
Vale muito a pena! Pela aula de cinema e pela experiência única!
"Tenet" é mais um filmaço do diretor Christopher Nolan, nível de "A Origem" ("Inception" de 2010) e tão complicado quanto (ou mais, eu diria). Sem a menor dúvida, a experiência visual é tão esmagadora quanto o conceito narrativo, e a forma como Nolan conecta os pontos dentro de uma história muito interessante, dinâmica e inteligente é impressionante - isso só nos dá a exata noção do quão genial ele é!
Na história, um agente da CIA conhecido como "O Protagonista" (John David Washington) é recrutado por uma organização misteriosa, chamada Tenet, para participar de uma missão de escala global. Eles precisam impedir que Andrei Sator (Kenneth Branagh), um renegado oligarca russo que teve acesso a uma tecnologia que lhe permite se comunicar com o futuro, inicie a Terceira Guerra Mundial. A organização está em posse de uma arma de fogo que consegue fazer o tempo correr ao contrário, acreditando que o objeto veio do futuro. Com essa habilidade em mãos, O Protagonista precisará usá-la como forma de se opor à ameaça que está por vir, impedindo que os planos de Sator se concretizem. Confira o trailer:
Olha, é impossível não ficar imediatamente fascinado e fisgado pela dinâmica de "Tenet", mesmo com a dolorosa impressão de que não estamos entendendo muito bem o que está acontecendo de cara - a belíssima sequência de ação que mostra a invasão da ópera de Kiev, na Ucrânia, já nos dá um nó na cabeça. A grande questão porém, é que essa sensação de desconforto não melhora em nada durante as duas horas e meia do filme, mesmo sabendo onde estamos nos enfiando e estando bastante dispostos a tentar entender o fluxo do tempo pelos olhos de quem assiste e não pela imersão na jornada dos personagens. Sim, eu sei que pode parecer confuso e de fato é - ainda mais com repetidas quebras temporais que além de alterar completamente nossa percepção de continuidade, também nos provoca visualmente já que temos a curiosa sensação de poder prever o futuro segundos antes dele acontecer - e aqui cabe uma observação de quem já esteve em um set de filmagem: o que Nolan faz com a gramática cinematográfica para sentirmos isso, é de se aplaudir de pé!
Veja, se nos filmes anteriores Nolan investiu algum tempo (e muitos efeitos especiais) para estabelecer as regras daqueles universos que ele criou, em "Tenet" ele simplesmente nos joga dentro de um "buraco de minhoca" - sem a menor intenção de fazer algum trocadilho! Nolan quis chegar em outro nível de construção narrativa, como se ele mesmo se desafiasse a entregar algo complexo, mas auto-explicativo ao mesmo tempo. Se ele não se preocupou com a audiência ao não dar explicações expositivas, com certeza ele agiu minuciosamente para não nos deixar a impressão de que alguma ponta ficou solta - e isso é impressionante!
Por mais difícil que seja compreender 100% de "Tenet", a sensação de entretenimento é tão boa que nem nos preocupamos com os detalhes - Nolan faz isso por nós! Quando ele se propõe em juntar as peças e repetir os planos, usando enquadramentos que por alguma razão possam ter passados despercebidos - de um retrovisor quebrado sem motivo ou de uma mulher saltando de um iate em segundo plano; tudo se conecta tão organicamente que passar esse tempo todo em uma espécie de zona nebulosa do entendimento, não atrapalha em nada nossa experiência, pelo contrario, só vai somando ao que receberemos no final!
Vencedor do Oscar de Efeitos Visuais e indicado em apenas mais uma categoria (Desenho de Produção) em 2021, Nolan mostrou que está muito a frente do seu tempo e que nem mesmo a Academia foi capaz de entender seu trabalho mais autoral. Ele não ter sido indicado como Melhor Diretor e Melhor Roteiro é de uma injustiça poucas vezes vista.
Agora um aviso: para aqueles que buscam uma jornada fácil, "Tenet" definitivamente não é para você. Mas se você está disposto a sair de uma zona de conforto intelectual e mergulhar em uma realidade complicada de assimilar e processar, dê o play e esteja preparado para lidar com um cérebro em frangalhos depois que o filme terminar, mas feliz pelo excelente entretenimento.
Vale muito a pena! Pela aula de cinema e pela experiência única!
Você não vai precisar mais do que 8 minutos para sentir seu estômago completamente embrulhado! Sim, esse documentário da HBO vai mexer com suas emoções de uma maneira avassaladora, vai te provocar muitos julgamentos e, principalmente, vai te fazer refletir justamente pela forma como sua narrativa vai desconstruindo, ponto a ponto, o atentado ocorrido em 19 de abril de 1995, em Oklahoma, até encontrar os motivos que levaram Timothy McVeigh a cometer um ato tão brutal contra seu próprio país - e olha, já te adianto: você vai se surpreender com essa relação "causa e consequência" às avessas e entender como nada acontece por acaso quando se trata de mentes doentias como a de McVeigh.
"Terrorismo Americano: O Atentado de Oklahoma City" oferece em pouco mais de 90 minutos, não apenas um relato factual e doloroso do maior ataque terrorista doméstico da história americana, mas também uma reflexão crítica sobre as raízes da violência extremista nos Estados Unidos, questionando como discursos ultra-radicais e a crescente ideologia do ódio fomentam atos de terror. Confira o trailer (em inglês):
Assim como em "13ª Emenda" (de 2016) e "American Manhunt: The Boston Marathon Bombing" (de 2023), esse documentário dirigido por Marc Levin (diretor premiado com um Emmy por "Thug Life in D.C." e em Cannes por "Slam") é muito competente em ir além dos eventos de 19 de abril de 1995 ao examinar todo o contexto social e político que moldou esse ato devastador. Basicamente, a narrativa se estrutura em duas frentes: por um lado, reconstitui o planejamento e a execução do atentado perpetrado por Timothy McVeigh e seus cúmplices, e por outro, investiga as motivações e ideologias que impulsionaram o ato. Muito bem dirigido e editado, o documentário entrelaça depoimentos dos familiares das vítimas com jornalistas, políticos (inclusive do ex-presidente americano, Bill Clinton), advogados e investigadores, mas também com especialistas em terrorismo doméstico e dissidentes do movimento de extrema direita americano, oferecendo uma perspectiva abrangente sobre o impacto do ataque e a crescente ameaça do terrorismo doméstico no país.
Marc Levin adota uma abordagem documental rigorosa, evitando sensacionalismo e priorizando a profundidade da análise bilateral. Ao intercalar imagens de arquivo, entrevistas e reconstituições para criar uma narrativa que mantém o ritmo e a tensão, o diretor se aprofunda em questões sociopolíticas para contextualizar o atentado dentro de uma linha histórica de eventos que parecem isolados, mas ao se permitir um mergulho mais rigoroso, tudo passa a fazer sentido — o cerco de Waco em 1993 e o confronto em Ruby Ridge em 1992, são dois exemplos dessa conexão com Timothy McVeigh. Repare como essa proposta de Levin oferece uma compreensão mais ampla tanto das motivações ideológicas quanto da retórica antigovernamental que só se intensificou a partir dos anos 1990. O diretor é muito competente ao explorar como discursos de ódio e as teorias conspiratórias encontraram terreno fértil em grupos paramilitares e movimentos supremacistas, desenhando paralelos inquietantes com a ascensão de extremistas no presente. Essa abordagem mais crítica torna a obra não apenas um recorte histórica, mas também uma reflexão relevante sobre a fragilidade da democracia e os riscos que surgem quando a desinformação e a radicalização são normalizadas.
Apesar de todos os seus méritos, "An American Bombing: The Road to April 19th" (no original) pode até ser considerado denso para parte de audiência - o que é compreensível. Mas para aqueles que entendem a complexidade dos temas abordados durante a jornada e a real tentativa de conectar o atentado na sede federal Alfred P. Murrah, em Oklahoma, com outros eventos históricos, eu diria que a experiência é das mais completas. Saiba que essa abordagem histórica ampla é um dos grandes trunfos da obra e é ela que vai te oferecer uma compreensão mais profunda das raízes da violência doméstica e do perigo que é a polarização política - até, obviamente, te levar ao play de outras duas obras co-relacionadas: "O Cerco de Waco" e "Waco".
Esteja preparado, mas vale muito o seu play!
Você não vai precisar mais do que 8 minutos para sentir seu estômago completamente embrulhado! Sim, esse documentário da HBO vai mexer com suas emoções de uma maneira avassaladora, vai te provocar muitos julgamentos e, principalmente, vai te fazer refletir justamente pela forma como sua narrativa vai desconstruindo, ponto a ponto, o atentado ocorrido em 19 de abril de 1995, em Oklahoma, até encontrar os motivos que levaram Timothy McVeigh a cometer um ato tão brutal contra seu próprio país - e olha, já te adianto: você vai se surpreender com essa relação "causa e consequência" às avessas e entender como nada acontece por acaso quando se trata de mentes doentias como a de McVeigh.
"Terrorismo Americano: O Atentado de Oklahoma City" oferece em pouco mais de 90 minutos, não apenas um relato factual e doloroso do maior ataque terrorista doméstico da história americana, mas também uma reflexão crítica sobre as raízes da violência extremista nos Estados Unidos, questionando como discursos ultra-radicais e a crescente ideologia do ódio fomentam atos de terror. Confira o trailer (em inglês):
Assim como em "13ª Emenda" (de 2016) e "American Manhunt: The Boston Marathon Bombing" (de 2023), esse documentário dirigido por Marc Levin (diretor premiado com um Emmy por "Thug Life in D.C." e em Cannes por "Slam") é muito competente em ir além dos eventos de 19 de abril de 1995 ao examinar todo o contexto social e político que moldou esse ato devastador. Basicamente, a narrativa se estrutura em duas frentes: por um lado, reconstitui o planejamento e a execução do atentado perpetrado por Timothy McVeigh e seus cúmplices, e por outro, investiga as motivações e ideologias que impulsionaram o ato. Muito bem dirigido e editado, o documentário entrelaça depoimentos dos familiares das vítimas com jornalistas, políticos (inclusive do ex-presidente americano, Bill Clinton), advogados e investigadores, mas também com especialistas em terrorismo doméstico e dissidentes do movimento de extrema direita americano, oferecendo uma perspectiva abrangente sobre o impacto do ataque e a crescente ameaça do terrorismo doméstico no país.
Marc Levin adota uma abordagem documental rigorosa, evitando sensacionalismo e priorizando a profundidade da análise bilateral. Ao intercalar imagens de arquivo, entrevistas e reconstituições para criar uma narrativa que mantém o ritmo e a tensão, o diretor se aprofunda em questões sociopolíticas para contextualizar o atentado dentro de uma linha histórica de eventos que parecem isolados, mas ao se permitir um mergulho mais rigoroso, tudo passa a fazer sentido — o cerco de Waco em 1993 e o confronto em Ruby Ridge em 1992, são dois exemplos dessa conexão com Timothy McVeigh. Repare como essa proposta de Levin oferece uma compreensão mais ampla tanto das motivações ideológicas quanto da retórica antigovernamental que só se intensificou a partir dos anos 1990. O diretor é muito competente ao explorar como discursos de ódio e as teorias conspiratórias encontraram terreno fértil em grupos paramilitares e movimentos supremacistas, desenhando paralelos inquietantes com a ascensão de extremistas no presente. Essa abordagem mais crítica torna a obra não apenas um recorte histórica, mas também uma reflexão relevante sobre a fragilidade da democracia e os riscos que surgem quando a desinformação e a radicalização são normalizadas.
Apesar de todos os seus méritos, "An American Bombing: The Road to April 19th" (no original) pode até ser considerado denso para parte de audiência - o que é compreensível. Mas para aqueles que entendem a complexidade dos temas abordados durante a jornada e a real tentativa de conectar o atentado na sede federal Alfred P. Murrah, em Oklahoma, com outros eventos históricos, eu diria que a experiência é das mais completas. Saiba que essa abordagem histórica ampla é um dos grandes trunfos da obra e é ela que vai te oferecer uma compreensão mais profunda das raízes da violência doméstica e do perigo que é a polarização política - até, obviamente, te levar ao play de outras duas obras co-relacionadas: "O Cerco de Waco" e "Waco".
Esteja preparado, mas vale muito o seu play!
Depois de todas as polêmicas que envolveram a produção de "The Idol", é natural que a série, de fato, chame a atenção da audiência - e aqui, também é inegável, que a forma como a trama foi embalada (sim, estou falando das inúmeras cenas de sexo e nudez), ainda potencialize esse interesse. Passado os cinco episódios da primeira temporada, essa expectativa criada em cima da produção da HBO acabou fazendo com que a conta ficasse alta demais - principalmente para aqueles que já não estavam dispostos a embarcar no conceito escolhido por Sam Levinson e pelo Abel ‘The Weeknd’ Tesfaye para retratar uma "realidade" tão distante para meros mortais como nós. É notável a tentativa de seus criadores em tentar mostrar os bastidores da indústria da música e seus excessos como forma de liberdade criativa, no entanto, me parece, que faltou um pouco mais de cuidado e, principalmente, de planejamento para as peças se encaixarem. Ok, mas isso faz da série algo horrível? Para alguns sim, mas esse não é o nosso caso - pelo menos não em sua totalidade!
Na história, a jovem mega-estrela pop Jocelyn (Lily-Rose Depp) está disposta a tudo para alcançar um patamar nunca antes visto em uma celebridade. Após sofrer um colapso nervoso em sua última turnê graças a morte prematura de sua mãe, ela conhece Tedros (The Weeknd), o dono de uma boate da moda de L.A., que se torna seu guru e uma espécie de diretor criativo. Seguindo um caminho conturbado que envolve fama, dinheiro, sexo e segredos, a cantora passa a se relacionar mais intensamente com o empresário, cruzando todos os limites do bom senso, onde o preço a ser pago pode ser crucial para sua carreira. Confira o trailer:
Embora "The Idol" ensaie priorizar o valor da fama pela perspectiva de uma estrela em estado de vulnerabilidade como em "Um Lugar Qualquer" ou até como em "Nasce uma Estrela", o que realmente encontramos na tela é um recorte surreal de um roteiro sem a menor profundidade. Talvez se esses cinco episódios fizessem parte de uma primeira temporada com 12 episódios, nossa análise pudesse ser menos rígida, afinal, como prólogo, essa breve jornada poderia até servir para algo maior. Acontece que esse algo maior não chega em nenhum momento e por mais que visualmente a série tenha um certo requinte estético, seu recheio deixa um pouco a desejar - sobrevivendo por lapsos de criatividade que só nos provoca alguma curiosidade.
Veja, classificar "The Idol" como horrorosa me parece um pouco exagerado demais e vou usar uma referência para tentar estabelecer um padrão entre critica e falso moralismo: quando entendemos que o Hank Moody (David Duchovny) de "Californication", mesmo sendo um escritor famoso, tinha sua personalidade completamente autodestrutiva, que precisava lidar com sua "insegurança" através dos vícios e de seus relacionamentos passageiros, criando, inclusive, sérios problemas de bloqueio criativo; estávamos frente a frente com um drama (em tom cômico, é verdade) construído a partir de escolhas onde o protagonista perdia mais do que ganhava. Isso gerou criticas na época? Sim, mas que se dissiparam pela proposta do Tom Kapinos que passou a fazer sentido narrativamente com o passar dos episódios. Aqui, a Jocelyn de Levinson parece nunca perder, mesmo quando apenas o prazer parece motiva-la. Mas é óbvio que existem camadas extremamente ricas para o roteiro explorar a partir dessa relação entre o prazer imediato e as consequências dessa sua postura - o potencial da cruzada de Jocelyn é tão rica quanto de Moody e embora o tom seja completamente diferente, existe uma luz no fim do túnel. Só que parece não ter dado tempo dessa luz aparecer - resta saber se isso não é resultado de falta de competência.
Lily-Rose Depp briga por sua Jocelyn com garras e dentes. Ela mantém a mesma atmosfera de vulnerabilidade até quando precisa ser sexy e segura perante sua posição como estrela do showbiz - e isso merece elogios, mesmo tento muito que provar como atriz (e ter contracenado tanto com ‘The Weeknd’ também não ajudou, vamos combinar). Algumas críticas também apontaram que "The Idol" retrata as mulheres de forma objetificada e que o estilo de vida autodestrutivo da protagonista é explorado de maneira glamorizada, e eu até concordo em partes, mas se olharmos essas circunstâncias como gatilhos para conflitos dramáticos que podem ser melhor explorados, faz até sentido; o problema é que não sabemos se a série terá chance de provar que tudo fazia parte de algo maior.
Dê seu play por conta e risco, mas se você leu até aqui, existe uma boa chance de você gostar.
Depois de todas as polêmicas que envolveram a produção de "The Idol", é natural que a série, de fato, chame a atenção da audiência - e aqui, também é inegável, que a forma como a trama foi embalada (sim, estou falando das inúmeras cenas de sexo e nudez), ainda potencialize esse interesse. Passado os cinco episódios da primeira temporada, essa expectativa criada em cima da produção da HBO acabou fazendo com que a conta ficasse alta demais - principalmente para aqueles que já não estavam dispostos a embarcar no conceito escolhido por Sam Levinson e pelo Abel ‘The Weeknd’ Tesfaye para retratar uma "realidade" tão distante para meros mortais como nós. É notável a tentativa de seus criadores em tentar mostrar os bastidores da indústria da música e seus excessos como forma de liberdade criativa, no entanto, me parece, que faltou um pouco mais de cuidado e, principalmente, de planejamento para as peças se encaixarem. Ok, mas isso faz da série algo horrível? Para alguns sim, mas esse não é o nosso caso - pelo menos não em sua totalidade!
Na história, a jovem mega-estrela pop Jocelyn (Lily-Rose Depp) está disposta a tudo para alcançar um patamar nunca antes visto em uma celebridade. Após sofrer um colapso nervoso em sua última turnê graças a morte prematura de sua mãe, ela conhece Tedros (The Weeknd), o dono de uma boate da moda de L.A., que se torna seu guru e uma espécie de diretor criativo. Seguindo um caminho conturbado que envolve fama, dinheiro, sexo e segredos, a cantora passa a se relacionar mais intensamente com o empresário, cruzando todos os limites do bom senso, onde o preço a ser pago pode ser crucial para sua carreira. Confira o trailer:
Embora "The Idol" ensaie priorizar o valor da fama pela perspectiva de uma estrela em estado de vulnerabilidade como em "Um Lugar Qualquer" ou até como em "Nasce uma Estrela", o que realmente encontramos na tela é um recorte surreal de um roteiro sem a menor profundidade. Talvez se esses cinco episódios fizessem parte de uma primeira temporada com 12 episódios, nossa análise pudesse ser menos rígida, afinal, como prólogo, essa breve jornada poderia até servir para algo maior. Acontece que esse algo maior não chega em nenhum momento e por mais que visualmente a série tenha um certo requinte estético, seu recheio deixa um pouco a desejar - sobrevivendo por lapsos de criatividade que só nos provoca alguma curiosidade.
Veja, classificar "The Idol" como horrorosa me parece um pouco exagerado demais e vou usar uma referência para tentar estabelecer um padrão entre critica e falso moralismo: quando entendemos que o Hank Moody (David Duchovny) de "Californication", mesmo sendo um escritor famoso, tinha sua personalidade completamente autodestrutiva, que precisava lidar com sua "insegurança" através dos vícios e de seus relacionamentos passageiros, criando, inclusive, sérios problemas de bloqueio criativo; estávamos frente a frente com um drama (em tom cômico, é verdade) construído a partir de escolhas onde o protagonista perdia mais do que ganhava. Isso gerou criticas na época? Sim, mas que se dissiparam pela proposta do Tom Kapinos que passou a fazer sentido narrativamente com o passar dos episódios. Aqui, a Jocelyn de Levinson parece nunca perder, mesmo quando apenas o prazer parece motiva-la. Mas é óbvio que existem camadas extremamente ricas para o roteiro explorar a partir dessa relação entre o prazer imediato e as consequências dessa sua postura - o potencial da cruzada de Jocelyn é tão rica quanto de Moody e embora o tom seja completamente diferente, existe uma luz no fim do túnel. Só que parece não ter dado tempo dessa luz aparecer - resta saber se isso não é resultado de falta de competência.
Lily-Rose Depp briga por sua Jocelyn com garras e dentes. Ela mantém a mesma atmosfera de vulnerabilidade até quando precisa ser sexy e segura perante sua posição como estrela do showbiz - e isso merece elogios, mesmo tento muito que provar como atriz (e ter contracenado tanto com ‘The Weeknd’ também não ajudou, vamos combinar). Algumas críticas também apontaram que "The Idol" retrata as mulheres de forma objetificada e que o estilo de vida autodestrutivo da protagonista é explorado de maneira glamorizada, e eu até concordo em partes, mas se olharmos essas circunstâncias como gatilhos para conflitos dramáticos que podem ser melhor explorados, faz até sentido; o problema é que não sabemos se a série terá chance de provar que tudo fazia parte de algo maior.
Dê seu play por conta e risco, mas se você leu até aqui, existe uma boa chance de você gostar.
Quando Ted Sarandos disse que queria que a Netflix se tornasse a HBO antes que a HBO pudesse se tornar uma Netflix, ele projetava que a Netflix pudesse ser tão boa quanto a HBO na produção de conteúdo original, antes mesmo que a HBO pudesse ser tão bom quanto a Netflix em oferecer produtos sob demanda. Assistindo "The Jinx" não pude deixar de refletir sobre essa afirmação do executivo da Netflix! "The Jinx" é incrível, realmente muito bom, ganhou 2 Emmys em 2015, inclusive de melhor série de "não-ficção" e mesmo assim não teve 1/5 da projeção, pelo menos no Brasil, do que representou "Making a Murderer"!
Isso mostra a força que a Netflix tem e como o trabalho de construção de uma marca ganhou tanta credibilidade ao desenvolver tantas produções de qualidade em tão pouco tempo. Não que a HBO não tenha feito, muito pelo contrário, mas as franquias Game of Thrones ou True Detective não duraram pra sempre.
Dito isso, vamos ao que interessa: "The Jinx" é a melhor série de true crime já desenvolvida - pelo menos na nossa opinião! Após o relativo sucesso de "Entre Segredos e Mentiras", filme baseado nos casos de violência que cercaram o protagonista Robert Durst com Rian Gosling e Kristen Dunst, o diretor Andrew Jarecki recebeu um telefonema do próprio Durst. A proposta era simples, ele queria dar um depoimento em vídeo sobre sua versão dos acontecimentos da história. Esclarecer de uma vez por todas que ele não é e nunca foi um assassino em série. Completamente extasiado, Jarecki aceitou na hora e aí surgiu essa obra de arte da HBO. Confira o trailer:
O fato de "The Jinx" ser uma série documental de seis episódios ampliou nosso entendimento sobre a psique do milionário nova-iorquino Robert Durst. Andrew Jarecki usou de anos de pesquisa para compor uma verdadeira e complicada investigação sobre Durst - um homem complexo, frio, tido como o principal suspeito de uma série de crimes não solucionados. Chega a ser impressionante como Jarecki tem a capacidade de fazer as perguntas certas ao mesmo tempo em que vai construindo uma linha temporal que culmina em um dos finais mais impressionantes que eu já assisti em toda a minha vida - e não estou brincando! Foram 25 horas de depoimento de Durst muito bem amarrados com encenações e gravações de arquivo que vão mudando a história de acordo com a própria investigação.
Carismático e inteligente, Robert Durst parece ter saído das histórias mais macabras sobre assassinatos e, mesmo que o público não saiba se ele realmente cometeu os assassinatos, sua serenidade assustadora acaba nos conquistando - é impressionante! O fato é que o documentário nos provoca a cada episódio, nos fazendo questionar se aquele homem tão particular (e corajoso - afinal ele está dando a cara a tapa a todo momento) é realmente um assassino ou apenas um azarado (por isso o “jinx” do título), que estava sempre no lugar e na hora errada.
Veja, "Making a Murderer" é realmente muito bom, claro, mas "The Jinx" é ainda melhor! Pode acreditar!
Quando Ted Sarandos disse que queria que a Netflix se tornasse a HBO antes que a HBO pudesse se tornar uma Netflix, ele projetava que a Netflix pudesse ser tão boa quanto a HBO na produção de conteúdo original, antes mesmo que a HBO pudesse ser tão bom quanto a Netflix em oferecer produtos sob demanda. Assistindo "The Jinx" não pude deixar de refletir sobre essa afirmação do executivo da Netflix! "The Jinx" é incrível, realmente muito bom, ganhou 2 Emmys em 2015, inclusive de melhor série de "não-ficção" e mesmo assim não teve 1/5 da projeção, pelo menos no Brasil, do que representou "Making a Murderer"!
Isso mostra a força que a Netflix tem e como o trabalho de construção de uma marca ganhou tanta credibilidade ao desenvolver tantas produções de qualidade em tão pouco tempo. Não que a HBO não tenha feito, muito pelo contrário, mas as franquias Game of Thrones ou True Detective não duraram pra sempre.
Dito isso, vamos ao que interessa: "The Jinx" é a melhor série de true crime já desenvolvida - pelo menos na nossa opinião! Após o relativo sucesso de "Entre Segredos e Mentiras", filme baseado nos casos de violência que cercaram o protagonista Robert Durst com Rian Gosling e Kristen Dunst, o diretor Andrew Jarecki recebeu um telefonema do próprio Durst. A proposta era simples, ele queria dar um depoimento em vídeo sobre sua versão dos acontecimentos da história. Esclarecer de uma vez por todas que ele não é e nunca foi um assassino em série. Completamente extasiado, Jarecki aceitou na hora e aí surgiu essa obra de arte da HBO. Confira o trailer:
O fato de "The Jinx" ser uma série documental de seis episódios ampliou nosso entendimento sobre a psique do milionário nova-iorquino Robert Durst. Andrew Jarecki usou de anos de pesquisa para compor uma verdadeira e complicada investigação sobre Durst - um homem complexo, frio, tido como o principal suspeito de uma série de crimes não solucionados. Chega a ser impressionante como Jarecki tem a capacidade de fazer as perguntas certas ao mesmo tempo em que vai construindo uma linha temporal que culmina em um dos finais mais impressionantes que eu já assisti em toda a minha vida - e não estou brincando! Foram 25 horas de depoimento de Durst muito bem amarrados com encenações e gravações de arquivo que vão mudando a história de acordo com a própria investigação.
Carismático e inteligente, Robert Durst parece ter saído das histórias mais macabras sobre assassinatos e, mesmo que o público não saiba se ele realmente cometeu os assassinatos, sua serenidade assustadora acaba nos conquistando - é impressionante! O fato é que o documentário nos provoca a cada episódio, nos fazendo questionar se aquele homem tão particular (e corajoso - afinal ele está dando a cara a tapa a todo momento) é realmente um assassino ou apenas um azarado (por isso o “jinx” do título), que estava sempre no lugar e na hora errada.
Veja, "Making a Murderer" é realmente muito bom, claro, mas "The Jinx" é ainda melhor! Pode acreditar!
Se você ainda não assistiu, dê o play sem o menor receio de errar, mas saiba: muito mais do que uma "série de zumbis", "The Last of Us" é uma jornada de autoconhecimento, emocionalmente carregada de feridas profundas, onde as relações estabelecidas entre os personagens tem muito mais valor do que a mera luta pela sobrevivência ou pela cura da humanidade. Lançada em 2023 pela HBO, a série é uma adaptação do aclamado jogo de videogame da Naughty Dog, criado por Neil Druckmann. Com uma narrativa poderosa e personagens cheios de camadas, "The Last of Us" traz para as telas uma história de redenção em um mundo pós-apocalíptico que nos envolve do inicio ao fim! Desenvolvida por Craig Mazin (a mente criativa por trás de "Chernobyl") e pelo próprio Neil Druckmann, a série consegue capturar a essência do jogo ao mesmo tempo que expande as possibilidades dramáticas, oferecendo uma experiência cinematográfica intensa e emocionalmente, de fato, ressonante. Imperdível!
A trama se passa em uma realidade onde parte da humanidade foi dizimada por uma infecção fúngica que transforma pessoas em uma espécie de zumbi. Joel (Pedro Pascal), um sobrevivente que carrega a dor de ter perdido sua filha adolescente, é incumbido de proteger Ellie (Bella Ramsey), uma jovem que pode ser a chave para encontrar uma cura. A série segue sua perigosa jornada através de um Estados Unidos devastado, explorando os laços que se formam na busca por um bem maior e os sacrifícios feitos em troca de alguma esperança. Confira o trailer:
Mazin e Druckmann trazem para "The Last of Us" uma jornada sensível diante do caos que é 'viver sob uma ameaça invisível - algo que parecia distante, mas que, nas devidas proporções, experienciamos durante a pandemia. Acontece que aqui o invisível vai ganhando forma e o horror do inexplicável se transforma em algo ainda mais assustador. Embora a série nos entregue uma fotografia deslumbrante e grandiosa das paisagens devastadas de um EUA irreconhecível, é na intimidade das interações humanas (e na sua constante tensão) que a série muda de patamar. As cores sombrias e a iluminação naturalista extremamente recortada pelas intervenções externas da destruição, criam uma atmosfera tão opressiva quanto autêntica que acaba nos envolvendo em uma realidade brutal de um mundo pós-apocalíptico que nem parece tão absurdo assim - e esse fator mais, digamos, palpável diante do que em outros tempos parecia apenas ficção, é que se torna essencial para nossa imersão pela cruzada de Joel e Ellie. E olha, de certa forma foi assim do videogame, e agora só potencializou na série.
O roteiro é fiel ao material original e o conceito visual, idem. Mas é preciso dizer que a série também oferece novas camadas de profundidade aos personagens e ao mundo que nos é apresentado. Mazin e Druckmann sabem equilibrar a luta pela vida, em vários momentos de ação, com pausas introspectivas, poéticas até, que exploram temas como a dor e as marcas da perda, sugerindo um olhar de esperança e de fé na humanidade. É interessante como essa premissa mais sensível do roteiro impacta em diálogos mais afiados e cheios de subtexto, fugindo um pouco do gênero "sobrevivência" para refletir as complexidades das relações entre os personagens e os dilemas morais que cada um deles enfrentam durante a jornada. Pedro Pascal captura a dureza quase bronca de Joel com a vulnerabilidade interior de um pai marcado por uma tragédia - sua intensidade emocional torna seu personagem uma figura profundamente empática. Já Bella Ramsey traz uma mistura de coragem, inocência e determinação, sempre com um toque de ironia para não dizer, de deboche. Mas é a química entre os dois que deixa tudo ainda mais real, formando uma conexão emocional entre a audiência e a série que chama atenção desde o primeiro episódio.
"The Last of Us" não está isenta de críticas. Algumas pessoas podem achar que a série, em sua fidelidade ao jogo, é previsível demais. Eu discordo. Claro que a história é a mesma, alguns enquadramentos e várias sequências são praticamente uma cópia em live-action, mas a série traz uma intensidade emocional diferente, mais contemplativa até, e a violência gráfica que encontramos no jogo, na minha opinião, está ainda melhor aqui. O fato é que "The Last of Us" é uma adaptação notável, que consegue honrar o legado do jogo e ainda oferecer uma experiência cinematográfica envolvente e profunda - uma exploração poderosa da condição humana em face da adversidade extrema, destacando os laços que nos definem e os sacrifícios que fazemos por aqueles que amamos. Sem dúvida, uma das melhores produções realizadas nos últimos anos!
"The Last of Us" ganhou 8 Emmys em 2023 depois de receber, surpreendentes, 24 indicações!
Vale muito o seu play!
Se você ainda não assistiu, dê o play sem o menor receio de errar, mas saiba: muito mais do que uma "série de zumbis", "The Last of Us" é uma jornada de autoconhecimento, emocionalmente carregada de feridas profundas, onde as relações estabelecidas entre os personagens tem muito mais valor do que a mera luta pela sobrevivência ou pela cura da humanidade. Lançada em 2023 pela HBO, a série é uma adaptação do aclamado jogo de videogame da Naughty Dog, criado por Neil Druckmann. Com uma narrativa poderosa e personagens cheios de camadas, "The Last of Us" traz para as telas uma história de redenção em um mundo pós-apocalíptico que nos envolve do inicio ao fim! Desenvolvida por Craig Mazin (a mente criativa por trás de "Chernobyl") e pelo próprio Neil Druckmann, a série consegue capturar a essência do jogo ao mesmo tempo que expande as possibilidades dramáticas, oferecendo uma experiência cinematográfica intensa e emocionalmente, de fato, ressonante. Imperdível!
A trama se passa em uma realidade onde parte da humanidade foi dizimada por uma infecção fúngica que transforma pessoas em uma espécie de zumbi. Joel (Pedro Pascal), um sobrevivente que carrega a dor de ter perdido sua filha adolescente, é incumbido de proteger Ellie (Bella Ramsey), uma jovem que pode ser a chave para encontrar uma cura. A série segue sua perigosa jornada através de um Estados Unidos devastado, explorando os laços que se formam na busca por um bem maior e os sacrifícios feitos em troca de alguma esperança. Confira o trailer:
Mazin e Druckmann trazem para "The Last of Us" uma jornada sensível diante do caos que é 'viver sob uma ameaça invisível - algo que parecia distante, mas que, nas devidas proporções, experienciamos durante a pandemia. Acontece que aqui o invisível vai ganhando forma e o horror do inexplicável se transforma em algo ainda mais assustador. Embora a série nos entregue uma fotografia deslumbrante e grandiosa das paisagens devastadas de um EUA irreconhecível, é na intimidade das interações humanas (e na sua constante tensão) que a série muda de patamar. As cores sombrias e a iluminação naturalista extremamente recortada pelas intervenções externas da destruição, criam uma atmosfera tão opressiva quanto autêntica que acaba nos envolvendo em uma realidade brutal de um mundo pós-apocalíptico que nem parece tão absurdo assim - e esse fator mais, digamos, palpável diante do que em outros tempos parecia apenas ficção, é que se torna essencial para nossa imersão pela cruzada de Joel e Ellie. E olha, de certa forma foi assim do videogame, e agora só potencializou na série.
O roteiro é fiel ao material original e o conceito visual, idem. Mas é preciso dizer que a série também oferece novas camadas de profundidade aos personagens e ao mundo que nos é apresentado. Mazin e Druckmann sabem equilibrar a luta pela vida, em vários momentos de ação, com pausas introspectivas, poéticas até, que exploram temas como a dor e as marcas da perda, sugerindo um olhar de esperança e de fé na humanidade. É interessante como essa premissa mais sensível do roteiro impacta em diálogos mais afiados e cheios de subtexto, fugindo um pouco do gênero "sobrevivência" para refletir as complexidades das relações entre os personagens e os dilemas morais que cada um deles enfrentam durante a jornada. Pedro Pascal captura a dureza quase bronca de Joel com a vulnerabilidade interior de um pai marcado por uma tragédia - sua intensidade emocional torna seu personagem uma figura profundamente empática. Já Bella Ramsey traz uma mistura de coragem, inocência e determinação, sempre com um toque de ironia para não dizer, de deboche. Mas é a química entre os dois que deixa tudo ainda mais real, formando uma conexão emocional entre a audiência e a série que chama atenção desde o primeiro episódio.
"The Last of Us" não está isenta de críticas. Algumas pessoas podem achar que a série, em sua fidelidade ao jogo, é previsível demais. Eu discordo. Claro que a história é a mesma, alguns enquadramentos e várias sequências são praticamente uma cópia em live-action, mas a série traz uma intensidade emocional diferente, mais contemplativa até, e a violência gráfica que encontramos no jogo, na minha opinião, está ainda melhor aqui. O fato é que "The Last of Us" é uma adaptação notável, que consegue honrar o legado do jogo e ainda oferecer uma experiência cinematográfica envolvente e profunda - uma exploração poderosa da condição humana em face da adversidade extrema, destacando os laços que nos definem e os sacrifícios que fazemos por aqueles que amamos. Sem dúvida, uma das melhores produções realizadas nos últimos anos!
"The Last of Us" ganhou 8 Emmys em 2023 depois de receber, surpreendentes, 24 indicações!
Vale muito o seu play!
"The Newsroom" é daquelas pérolas que nem acreditamos que deixamos passar na época de seu lançamento - no caso, em 2012. Aqui temos um drama verdadeiramente imperdível, dinâmico, inteligente e viciante, que acompanha os bastidores de um telejornal americano, liderado pelo ácido e talentoso Will McAvoy (um Jeff Daniels no melhor de sua forma). Criada pelo premiado Aaron Sorkin (de "A Rede Social"), a série se destaca pelas tramas fluídas de seus episódios, com aqueles diálogos rápidos e envolventes (tão característicos de Sorkin), personagens extremamente complexos e temas bastante relevantes ainda hoje. Ao levantar discussões sobre a ética jornalística, o patriotismo como pauta e os desafios da mídia na era digital, "The Newsroom"pode até soar datado para alguns, mas ao olhar em retrospectiva, certamente será um entretenimento de altíssima qualidade que deixará saudades após sua terceira temporada - pode acreditar!
A trama em si gira em torno da equipe do "News Night", que busca apresentar notícias de qualidade em um mundo dominado pela busca por audiência. Will, um jornalista veterano e idealista, se choca com a nova produtora executiva, MacKenzie McHale (Emily Mortimer), sua ex-namorada, que deseja modernizar o programa. Juntos, eles e a equipe enfrentam dilemas éticos, conflitos pessoais e, claro, a pressão constante pela conquista do público. Confira o trailer:
"The Newsroom", pode acreditar, é mais do que um drama sobre jornalismo. A série é uma reflexão sobre o papel da mídia na sociedade americana e como os desafios da profissão em tempos de fake news são tão delicados. O roteiro de Sorkin é muito feliz ao apresentar um retrato idealizado do jornalismo, onde a verdade e a ética são prioridades absolutas, e apesar de algumas críticas por ser fantasioso demais, é impossível não reconhecer sua força como entretenimento. Veja, a série consegue ser emocionante e inspiradora, mostrando a importância de um jornalismo sério e comprometido com a verdade - e isso é de fato empolgante para quem gosta dos bastidores da TV.
Visualmente rica, a fotografia belíssima do Todd McMullen (de "The Leftovers") e a direção precisa de Alan Poul (de "Tokyo Vice) capturam todo aquele clima de tensão e ansiedade, além daquela energia tão particular de uma redação - sim, existe um certo tom de romance aqui, mas eu diria completamente perdoável dada a experiência maravilhosa que essa imersão proporciona. As performances, claro, são memoráveis - e como não poderia deixar de ser, o destaque fica para Jeff Daniels, que entrega um Will McAvoy complexo e convincente. Personagem esse que lhe rendeu um Emmy em 2013. Emily Mortimer, John Gallagher Jr., Alison Pill e Sam Waterston, é preciso dizer, também brilham com seus personagens - aliás, o elenco secundário de "The Newsroom" é uma aula de casting bem produzido! .
"The Newsroom"é uma série que nos faz pensar sobre o papel da mídia na sociedade ao longo da história. É uma provocação das mais interessantes sobre a importância da verdade e os desafios do jornalismo no mundo atual. Não por acaso que seu roteiro busca fazer uma espécie de raio-x sobre a produção de notícias no mundo contemporâneo e apesar do olhar americano, passagens como a reeleição de Barack Obama, o movimento Ocuppy Wall Street, a Primavera Árabe e o acidente nuclear de Fukushima, ganham outra dimensão, menos dramática talvez, mas certamente muito divertida de assistir.
Imperdível!
"The Newsroom" é daquelas pérolas que nem acreditamos que deixamos passar na época de seu lançamento - no caso, em 2012. Aqui temos um drama verdadeiramente imperdível, dinâmico, inteligente e viciante, que acompanha os bastidores de um telejornal americano, liderado pelo ácido e talentoso Will McAvoy (um Jeff Daniels no melhor de sua forma). Criada pelo premiado Aaron Sorkin (de "A Rede Social"), a série se destaca pelas tramas fluídas de seus episódios, com aqueles diálogos rápidos e envolventes (tão característicos de Sorkin), personagens extremamente complexos e temas bastante relevantes ainda hoje. Ao levantar discussões sobre a ética jornalística, o patriotismo como pauta e os desafios da mídia na era digital, "The Newsroom"pode até soar datado para alguns, mas ao olhar em retrospectiva, certamente será um entretenimento de altíssima qualidade que deixará saudades após sua terceira temporada - pode acreditar!
A trama em si gira em torno da equipe do "News Night", que busca apresentar notícias de qualidade em um mundo dominado pela busca por audiência. Will, um jornalista veterano e idealista, se choca com a nova produtora executiva, MacKenzie McHale (Emily Mortimer), sua ex-namorada, que deseja modernizar o programa. Juntos, eles e a equipe enfrentam dilemas éticos, conflitos pessoais e, claro, a pressão constante pela conquista do público. Confira o trailer:
"The Newsroom", pode acreditar, é mais do que um drama sobre jornalismo. A série é uma reflexão sobre o papel da mídia na sociedade americana e como os desafios da profissão em tempos de fake news são tão delicados. O roteiro de Sorkin é muito feliz ao apresentar um retrato idealizado do jornalismo, onde a verdade e a ética são prioridades absolutas, e apesar de algumas críticas por ser fantasioso demais, é impossível não reconhecer sua força como entretenimento. Veja, a série consegue ser emocionante e inspiradora, mostrando a importância de um jornalismo sério e comprometido com a verdade - e isso é de fato empolgante para quem gosta dos bastidores da TV.
Visualmente rica, a fotografia belíssima do Todd McMullen (de "The Leftovers") e a direção precisa de Alan Poul (de "Tokyo Vice) capturam todo aquele clima de tensão e ansiedade, além daquela energia tão particular de uma redação - sim, existe um certo tom de romance aqui, mas eu diria completamente perdoável dada a experiência maravilhosa que essa imersão proporciona. As performances, claro, são memoráveis - e como não poderia deixar de ser, o destaque fica para Jeff Daniels, que entrega um Will McAvoy complexo e convincente. Personagem esse que lhe rendeu um Emmy em 2013. Emily Mortimer, John Gallagher Jr., Alison Pill e Sam Waterston, é preciso dizer, também brilham com seus personagens - aliás, o elenco secundário de "The Newsroom" é uma aula de casting bem produzido! .
"The Newsroom"é uma série que nos faz pensar sobre o papel da mídia na sociedade ao longo da história. É uma provocação das mais interessantes sobre a importância da verdade e os desafios do jornalismo no mundo atual. Não por acaso que seu roteiro busca fazer uma espécie de raio-x sobre a produção de notícias no mundo contemporâneo e apesar do olhar americano, passagens como a reeleição de Barack Obama, o movimento Ocuppy Wall Street, a Primavera Árabe e o acidente nuclear de Fukushima, ganham outra dimensão, menos dramática talvez, mas certamente muito divertida de assistir.
Imperdível!