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Segunda, 17 Junho 2019 16:17

Tendências - "Quibi", quando o Vale do Silício encontra Hollywood

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A fome de conteúdo não diminui, mas o paladar do público demonstra ser mais variado do que pensávamos. O vídeo curto caiu nas graças do mercado e torna-se a maior aposta para o presente e o futuro próximo da indústria. Fruto da ousadia de Jeffrey Katzenberg e Meg Whitman, o "Quibi"  promete mostrar que o aperitivo pode ser o prato principal do entretenimento. Entenda como:

“Tamanho não é documento!” Pelo menos, para a indústria audiovisual essa frase anda fazendo total sentido. Os conteúdos de curta duração entraram no jogo e estão conquistando espaço na agenda apertada dos consumidores. O hábito de assistir à vídeos no celular tornou-se quase um vício e as empresas estão preparadas para aproveitar esse comportamento do usuário da melhor maneira possível.

Com o aumento vertiginoso da oferta de entretenimento, o comprometimento da audiência com séries longas tende a sofrer um impacto. A explicação é simples: somos bombardeados por inúmeras novidades a cada semana e o vínculo com produções extensas acaba evidenciando um desgaste natural. É necessário ser amante daquele produto para maratoná-lo de uma só vez ou priorizá-lo sempre que tiver tempo livre. 

Foi observando esse cenário que os executivos Jeffrey Katzenberg (fundador da DreamWorks Animation) e Meg Whitman (CEO do eBay e da HP) conseguiram levantar um 1 bilhão de dólares para fomentar a nova aposta do mercado: o "Quibi" (abreviação de Quick Bites).

"Quibi" é a aposta bilionária do mercado de entretenimento para 2020!!!

Focado em consumo mobile, a plataforma será o hub para produções curtas com altíssimas qualidades técnica e artística. O discurso da dupla de CEOs converge bastante com a dinâmica já aplicada em outras concorrentes do setor. O diferencial do "Quibi" está no desenvolvimento de conteúdo direcionado para celular. A empresa já arrebatou contratos com pesos pesados do meio, como Guillermo del Toro, Antoine Fuqua e Sam Raimi. 

O serviço tem previsão de lançamento para abril de 2020, com dois modelos de assinatura: um plano de $4,99 por mês com publicidade e outro de $7,99 sem propaganda. A empresa promete inaugurar a plataforma com 7.000 episódios.

Meg Whitman e Jeffrey Katzenberg

A estratégia de conteúdo reside em três núcleos editorais: Quick Bites, com programação não seriada; Daily Essentials, uma atração de seis minutos e meio, disparada três vezes ao dia, com uma curadoria de títulos baseada nas preferências do usuário; Lighthouses, programação seriada desenvolvida por famosos cineastas, como Steven Spielberg, Steven Soderbergh, Paul Feig, que será distribuída em episódios de até 10 minutos cada.      

Para Meg Whitman, “os usuários serão atraídos pelos Lighthouses, ficarão encantados pelos Quick Bites e, depois, eles estabelecerão o hábito de consumo diário ao redor dos Daily Essentials”.

O modelo de negócios do "Quibi" para os criadores também apresenta novidades. A companhia terá exclusividade sobre o conteúdo segmentado em episódios ao longo de sete anos, porém após dois anos na plataforma, o criador do programa (junto com os produtores) poderá editar o material para transformá-lo em uma única peça e tentar vender os direitos para novas audiências.  

Do pacote de estreias, podemos destacar a parceria com Steven Spielberg. A série de terror chamada After Dark ressuscita o conceito de Appointment TV ao permitir que o produto seja assistido somente após o entardecer.

Ainda no seleto grupo de celebridades, o "Quibi" contará com os serviços de Idris Elba (Elba vs. Block: reality de aventura automobilístico), Anna Kendrick (Dummy: série de comédia com uma boneca sexual), Naomi Watts (Wolves and Villagers: produção considerada o Atração Fatal 2.0), Jennifer Lopez (Thanks a Million: reality que distribui dinheiro para outras pessoas) e Guillermo del Toro (projeto descrito como uma história moderna de zumbis). Uma parceria com a Telemundo também pavimentará um prequel da novela El Señor de Los Cielos, que retrata a ascensão do poderoso traficante Amado Carrillo Fuentes.

 

Steven Spielberg, Jennifer Lopez e Idris Elba

O apetite do "Quibi" é imenso, assim como a concorrência do setor. Em 2020, o campo para experimentações estará ainda mais escasso. É fundamental que a aposta nesta nova plataforma seja realista e cautelosa, sem ignorar o que os novos entrantes vêm propondo ao mercado. O investimento em estratégia mobile e o conteúdo enxuto de grife hollywoodiana podem chacoalhar as estruturas das gigantes do entretenimento. Veremos se o "Quibi" mostrará fôlego para entrar no time de quem está ganhando.     

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