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Terça, 14 Maio 2019 15:39

Formatos - Jurados e Rivais

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Se quiser conhecer um pouco mais sobre como e porque estes tipos de programas são criados, essa coluna (não sei se posso chamar isso de coluna, soa pretensioso), ou melhor, essa série de posts vai explorar o funcionamento do que eu chamo de Indústria de Formatos. Neste primeiro post, comento sobre como um elemento de um megaformato como 'The Voice' (no ar no Brasil pela TV Globo) influencia na criação de diversos formatos posteriores. Se ficou curioso, é só continuar.

Quando fui convidado pelo André para contribuir no Viu Review, comentei que provavelmente falaria sobre formatos de não-ficção, o que a maioria do público conhece como reality shows ou programas de auditório. É um universo gigantesco, que vai dos documentários tradicionais de natureza ao inusitado mundo dos game shows japoneses, passando pelas multimilionárias Kardashians e pelo BBB.

De vez em quando, no mundo dos formatos televisivos, algum tipo de mecânica vira mania entre os criadores e produtores. Em 2010, a Talpa lançou o The Voice na Holanda. Um dos elementos mais marcantes do formato são as cadeiras giratórias dos jurados, mas elas não são o único. O coaching dos participantes pelos próprios jurados também chamou a atenção e reverberou no mercado, sendo utilizado em outros tipos de competição de talentos, como culinária ou beleza.

O aproveitamento de elementos assim é mais comum do que parece. Em alguns casos eles podem até virar padrão de definição do gênero na indústria, como a ideia da eliminação semanal dos participantes, iniciada com "Survivor" em 1999 (e usada até no próprio "The Voice"). Quando o elemento "copiado" é muito marcante (as cadeiras, por exemplo), o formato pode ter complicações jurídicas e até mesmo ter sua exibição suspensa.

Veja o caso do dating game "The Choice", exibido na FOX (EUA) em 2012.

As semelhanças são claras. A imprensa cobriu o lançamento do programa como o 'The Voice do namoro' e o canal foi acionado pela Talpa. Nesse exemplo, apenas 'deslocar' o gênero de uma competição de talentos para um dating game não foi suficiente para afastar os problemas. Mas diversos outros programas pipocaram ao redor do mundo, tentando aproveitar os jurados como treinadores dos participantes em batalhas, com eliminações semanais.

Note como, mesmo sem ter cadeiras giratórias, o mercado é capaz de criar diversos formatos apenas deslocando o gênero e/ou o tópico deles. A seguir, alguns exemplos:

La Pista (Caracol - Colômbia, 2012)

Nem comida, nem canto. O canal colombiano Caracol foi o primeiro a perceber o potencial de colocar celebridades (cantores) para serem coaches e acrescentou as coreografias em grupo ao canto para utilizar a mecânica em seu formato. Dezesseis equipes competem com dezesseis treinadores. Dos formatos aqui citados, este é único em que os treinadores ainda não são os jurados, mas demonstra como um elemento de um formato pode 'viralizar' e entrar na criação de outros.

Rachael vs. Guy Celebrity Cook-Off (Food Network - EUA, 2012)

O deslocamento aqui é de tópico. De música para culinária. O famoso chefe de cozinha Guy Fieri e sua adversária Rachael montam dois times de celebridades aspirantes a cozinheiros que batalham em desafios gastronômicos e são julgados pela dupla semanalmente. É o primeiro exemplar que já utiliza a seleção de participantes na mecânica, a formação dos times e a batalha entre os jurados.

The Taste (ABC - EUA, 2013)

É uma das versões mais próximas do 'The Voice' em termos de mecânica de temporada, com 'audição' de participantes, treinamento e batalhas semanais. Quatro renomados chefes de cozinha atuam como coaches de cozinheiros aspirantes nessa competição de talentos culinários.

The Face (Oxygen - EUA, 2013)

Outro dos formatos mais próximos com o 'The Voice'. Neste, três supermodelos (Coco Rocha, Karolina Kurokova e, a lenda, Naomi Campbell) treinam quatro candidatas cada para serem a próxima representação facial da marca internacional de cosméticos Ultra Beauty.

Ice Show (M6 - França, 2013)

E se ao invés de cantores anônimos, colocássemos celebridades para patinar no gelo sob a batuta de quatro campeões da modalidade, treinando e competindo entre si? Essa foi a opção do canal francês M6 para o uso desse elemento. Confira no trailer (em francês) a seguir:

Sing My Song (CCTV - China, 2014)

A novidade conseguiu penetrar até no protegido mercado chinês de TV, com uma versão de competição de talentos musicais, também de canto. Perceba o esforço que os produtores tiveram para não copiar os elementos do formato holandês no trecho a seguir:

Ireland's Fittest Family (Rté One - Irlanda, 2014)

Aqui temos um deslocamento de gênero. Ao invés de buscar um talento, vamos atrás da transformação mais impactante (makeover). Cada família é treinada por um coach para condicionamento físico e perda de peso em conjunto. A que demonstrar o melhor desempenho até o fim da temporada, vence o programa. 

Under the Gunn (Lifetime - EUA, 2014)

A versão de 'Project Runway' com coaching de três mentores e do próprio Tim Gunn com batalhas semanais entre estilistas. Assista um trecho a seguir.

My Diet is Better Than Yours (ABC - EUA, 2016)

Como no formato irlandês com famílias, aqui também temos um makeover disfarçado de competição. O programa é uma versão de batalha de dietas onde cada coach treina seu participante com seu método de emagrecimento e todos eles julgam os participantes pela perda de peso ao final de cada semana.

Pura Magia (La 1 - Espanha, 2017)

Um dos últimos exemplos de utilização do elemento. Coaches/Jurados treinam as celebridades dos seus times para realizarem números de mágica ao vivo no palco do programa.

Vale acrescentar que o tempo médio de maturação de um projeto de TV até sua exibição é de 1 a 2 anos, dependendo da complexidade. O 'The Voice' foi lançado em 2010 e o primeiro a reutilizar esse elemento de mecânica foi em 2012 ('Rachael vs. Guy'). Depois disso temos um relativo boom em 2013-14 e depois ele praticamente desaparece, o que é comum com novidades assim.

Se você é um produtor ou criador de formatos, o acompanhamento dos lançamentos deve ser uma prática diária. Às vezes, é mais fácil convencer um canal/plataforma a aprovar seu projeto utilizando um elemento já reconhecido em um grande formato, do que tentar reinventar a roda. Anote o que você gosta e o que você não gosta quando assiste uma estreia. Tome cuidado apenas para que ele não seja tão marcante a ponto da sua ideia e o formato serem associados diretamente na mente da imprensa e do telespectador.

Se você é um telespectador de formatos de não-ficção, quais são seus programas favoritos? Eles têm algo em comum que te chamam a atenção?

Obrigado pela atenção e até o mês que vem!!!

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