Quando assisti o primeiro trailer divulgado pela Amazon Prime, logo me empolguei com a possibilidade de assistir uma trama frenética, mas com o aprofundamento que as quase 2 horas do filme de 2011, naturalmente, não conseguiu desenvolver. Dá uma olhada e veja se não eu não tinha razão para estar ansioso:
A premissa é exatamente a mesma do filme comandado pelo Joe Wright ("O Destino de uma Nação"): uma adolescente é treinada por seu pai para se tornar uma habilidosa assassina, enquanto ambos são caçados pela CIA; porém a grande questão é que, embora tenha o tão sonhado tempo para desenvolver os personagens e suas sub-tramas, a série cai nos mesmos erros do filme: se transformando em um apanhado de clichês. A possibilidade de criar uma personagem atormentada pelo passado sem respostas, com aquela sede de vingança, ao mesmo tempo em que é apresentada para um mundo moderno, cheio de descobertas pessoais, tinha tudo para dar certo, mas o roteiro do David Farr parece apressado, de novo, em mostrar que não se trata de só mais uma série de ação, que tem algo mais... só que não tem, ou melhor, tem, mas não funciona como deveria! É superficial demais!!!!
Ter Joel Kinnaman e Mireille Enos, mesmo que em lados opostos, depois de tudo que os dois fizeram em "The Killing", é um luxo e ambos não decepcionam. Esme Creed-Miles, como Hanna, também não prejudica, embora algumas intenções, na minha opinião, estão completamente erradas - como na cena em que ela se encontra pela primeira vez com um rapaz da sua idade. Poxa, existe uma grande diferença em ser criada em isolamento total e ser criada em isolamento total, mas ser uma máquina de matar, com conhecimento e inteligência bem acima da média!!! Ficou muito, mas muito, caricato!!! E isso se repete em outros momentos - a relação com sua "nova" melhor amiga é um outro exemplo. Sério, chega a ser constrangedor se você for se apegar aos detalhes.
Agora, é preciso dizer que a produção é excelente, com uma fotografia muito bem trabalhada e com locações com um visual incrível, só que aí vem minha segunda grande crítica: com toda essa qualidade de produção/fotgrafia, por que "suavizar" tanto nas cenas de ação??? "Hanna" é uma espécie de "Laura" (de Logan) que mata sem dó, para se proteger ou para seguir sua jornada de vingança. No filme ela era mais visceral, na série ela está bem menos violenta, menos irracional nos momentos de adrenalina e isso diminui sensivelmente o impacto em quem assiste. A cena que vimos no trailer é ótima, estratégica até, mas não passa disso - e o próprio James Mangold, diretor de "Logan", já nos provou que é possível fazer arte em cenas bem chocantes de ação. A própria Amazon já pesou um pouco a mão em "The Boys"!!!
O fato é que "Hanna" não é ruim como entretenimento, mas poderia ser muuuuuito melhor com um pouquinho mais de coragem (ou liberdade, nunca saberemos). Agora, se a estratégia foi alcançar uma audiência carente de séries como "Orphan Black", ok, missão cumprida - só não espere mais que isso!!!